feminismo - resenhas

5
Filosofia e feminismo Docente: Ana Míriam Wuensch Discente: Rogério Gonçalves Graças. Matrícula: 140051040 Fichamento de textos da pasta “Convidados” do Dropbox Texto 1: Retóricas de descolonização do pensamento: projeto epistêmico islâmico- feminista contra a colonialidade do saber, de Elzahra Osman O ano de 1492 é reconhecido como o ano de conquista da América e início da modernidade, mas é também visto como o ano do início dos fundamentalismos. No caso islâmico o fundamentalismo estará relacionado à idéia de que seria preciso se proteger de um Ocidente que inibe o desenvolvimento de outros projetos históricos, principalmente devido ao ataque que sofrerão suas sociedades e suas culturas. E também porque as dissidências internas são silenciadas em momentos em que há alguma ameaça externa, sendo chamadas a se posicionar contrariamente ao colonizador, dando ensejo à prevalência de forças sempre mais conservadoras e obscurantistas (OSMAN, 2015). Os colonialismos conseguiram transformar a realidade histórico-política da totalidade dos povos ao fazê-los crer que não possuíam um projeto histórico existencial em que pudessem buscar as retóricas para seus problemas; estes povos acabam vendo-se obrigados a estar sempre se referindo a um projeto universal totalmente outro, tendo que negar o seu próprio em nome de uma universalidade unilateral.

Upload: leonardo-ramsey

Post on 14-Apr-2016

214 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Textos feministas

TRANSCRIPT

Page 1: Feminismo - resenhas

Filosofia e feminismo

Docente: Ana Míriam Wuensch

Discente: Rogério Gonçalves Graças. Matrícula: 140051040

Fichamento de textos da pasta “Convidados” do Dropbox

Texto 1:

Retóricas de descolonização do pensamento: projeto epistêmico islâmico-feminista contra a colonialidade do saber, de Elzahra Osman

O ano de 1492 é reconhecido como o ano de conquista da América e início da modernidade, mas é também visto como o ano do início dos fundamentalismos. No caso islâmico o fundamentalismo estará relacionado à idéia de que seria preciso se proteger de um Ocidente que inibe o desenvolvimento de outros projetos históricos, principalmente devido ao ataque que sofrerão suas sociedades e suas culturas. E também porque as dissidências internas são silenciadas em momentos em que há alguma ameaça externa, sendo chamadas a se posicionar contrariamente ao colonizador, dando ensejo à prevalência de forças sempre mais conservadoras e obscurantistas (OSMAN, 2015).

Os colonialismos conseguiram transformar a realidade histórico-política da totalidade dos povos ao fazê-los crer que não possuíam um projeto histórico existencial em que pudessem buscar as retóricas para seus problemas; estes povos acabam vendo-se obrigados a estar sempre se referindo a um projeto universal totalmente outro, tendo que negar o seu próprio em nome de uma universalidade unilateral.

O feminismo islâmico diz-se ser um movimento recente (década de 1990), embora movimentos reivindicatórios de mulheres islâmicas tenham existido desde o início do século passado. Os feminismos islâmicos são um projeto em expansão (auxiliado pela emergência da internet e das redes sociais), que tem se firmado como campo teórico e influído nos projetos epistêmicos e sociais em que se encontram presente. Faz-se importante enfatizar que esse movimento responde não apenas às tentativas de descolonização (seja a do poder, a do saber ou a da vida), mas também às várias tentativas de normatização das próprias interpretações islâmicas feitas por movimentos religiosos conduzidos por homens que fizeram e fazem leituras a partir de seus respectivos contextos históricos e privilégios de gênero (OSMAN, op. Cit).

Para os estudos coloniais, essas leituras ganham expressões diferenciadas com o processo colonizador, uma vez que estressam hierarquias existentes internamente a cada

Page 2: Feminismo - resenhas

tradição cultural, como as sociais e as de gêneros, reflexo de sociedades que vivem sob um forte poder opressor e, portanto, logram a manutenção de privilégios dentro de sua própria sociedade e dentro do sistema mundo moderno/colonial.

Palavras-chave: Modernidade. Colonialidade. Feminismo islâmico.

Texto 2:

Pensar o invisível: as mulheres negras como produtoras de pensamento filosófico, de Aline Matos da Rocha

O lugar do pensamento para as mulheres negras não está dado. Há uma construção racista e sexista em relação ao seu estatuto intelectual, que as relega à marginalidade e ao desprezo.

A pergunta acerca do ser ou não-ser não constitui propriamente uma questão, e sim, o clamor para que o Ser se defina através da oposição ao não-ser. Esta explicitação demonstra que Ser ou não-ser representam uma (in) tensa relação frequentemente muito destrutiva, ao desvelar a estrutura de dominação da ontologia – o domínio do Ser sobre o não-ser – e o amplo controle que o pensamento filosófico constituído por oposição concebe – a distinção entre humano e inumano (ROCHA, 2014).

Caracterizadas constantemente na história da filosofia como não-ser estão as populações negras, as quais foram negadas a possibilidade de Ser (homem/ser humano).

Há, assim, uma base ontológica que nega às mulheres negras o estatuto de produtoras de pensamento filosófico. O ideal de Ser que povoa a filosofia atua no sepultamento das pensadoras negras, evidenciando o conceito de epistemicídio cunhado por Sousa Santos, pensador português.

O espaço da filosofia é hegemonizado pela masculinidade branca que necessita construir o não-ser para potencializar o Ser. Deste modo, na história da filosofia há uma profunda lacuna sobre mulheres negras como agentes de produção de pensamento filosófico. Possuímos uma filosofia que ignora as pensadoras negras, e cria a sensação da completa ausência de seu pertencimento a ela (ROCHA, op. Cit). A evidência dessa assertiva reside no obstáculo derivado de serem mulheres negras em um mundo branco, que tem como fundamento a manutenção da sociedade arquitetada em sistemas de exclusão, que articulam gênero, raça e classe na subalternização de determinados sujeitos, sendo as mulheres negras as mais atingidas em toda a estrutura social.

Page 3: Feminismo - resenhas

O presente trabalho é um caminho para além das hegemonias estabelecidas. Deste modo, traçar um percurso filosófico não hegemônico é recusar conectar-se com os modos de produção e reprodução de invisibilidades, exclusões e domínio presentes na filosofia. Pensar o invisível é um exercício inicial, que tenta estabelecer um contato entre a filosofia e as pensadoras negras.

Palavras-chave: Mulheres negras. Ontologia. Exclusão.

Referências

ROCHA, A. M. (2014) “Pensar o invisível: as mulheres negras como produtoras de pensamento filosófico”. Monografia apresentada como requisito parcial a obtenção do título de licenciada em Filosofia , UnB.

OSMAN, E. (2015) “Retóricas de descolonização do pensamento: projeto epistêmico islâmico feminista contra a colonialidade do saber”. Problemata: R. Intern. Fil.n. especial (2015), p. 283-316.