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FELIPE RIBEIRO DANTAS MAIA UMA ABORDAGEM CRÍTICA FRENTE AO NOVO CÓDIGO ESTADUAL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE NATAL-RN 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

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FELIPE RIBEIRO DANTAS MAIA

UMA ABORDAGEM CRÍTICA FRENTE AO NOVO CÓDIGO

ESTADUAL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E

PÂNICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

NATAL-RN

2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

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Felipe Ribeiro Dantas Maia

Uma abordagem crítica frente ao novo Código Estadual de Segurança Contra Incêndio e

Pânico do estado do Rio Grande do Norte

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade

Monografia, submetido ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como parte dos requisitos

necessários para obtenção do Título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Orientador: Dr. Marcos Lacerda Almeida

Coorientador: Me. Laurêncio Menezes de Aquino

Natal-RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Maia, Felipe Ribeiro Dantas.

Uma abordagem crítica frente ao novo Código estadual de

segurança contra incêndio e pânico do estado do Rio Grande do Norte / Felipe Ribeiro Dantas Maia. - 2018.

56 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Tecnologia, Graduação em Engenharia Civil. Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida.

Coorientador: Eng. Me. Laurêncio Menezes de Aquino.

1. Código estadual de segurança contra incêndio e pânico (RN)

- análise - Monografia. 2. Segurança contra incêndio – Legislação

- Monografia. 3. Aplicação de normas - Monografia. 4.

Regulamentação contra incêndio - Monografia. I. Almeida, Marcos

Lacerda. II. Aquino, Laurêncio Menezes de. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 614.841.3Modelagem

hidráulica computacional como ferramenta de gestão para sistemas de abastecimento de água / Manoel Felipe Araujo Pereira. - Natal, 2016.

15 f. : il. Orientador: Lindolfo Neto de Oliveira Sales. Coorientador: Djalma Mariz Medeiros. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio

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Felipe Ribeiro Dantas Maia

Uma abordagem crítica frente ao novo Código Estadual de Segurança Contra Incêndio e

Pânico do estado do Rio Grande do Norte

Trabalho de conclusão de curso na modalidade

Monografia, submetido ao Departamento de

Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de Bacharel em

Engenharia Civil.

Aprovado em 03 de dezembro de 2018:

___________________________________________________

Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida – Orientador

___________________________________________________

Eng. Me. Laurêncio Menezes de Aquino – Coorientador

___________________________________________________

Prof. Dr. Moacir Guilhermino da Silva – Examinador interno

___________________________________________________

Eng. Eduardo Oliveira dos Santos – Examinador externo

Natal-RN

2018

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e por iluminar minha consciência a traçar caminhos

responsáveis e justos, além de me colocar em um seio familiar que tanto me presenteou com

ensinamentos valiosos;

Aos meus familiares, especialmente à minha mãe Ilana e ao meu pai Janduí, por serem

o berço acolhedor deste que vos escreve;

Ao professor Dr. Marcos Lacerda Almeida e ao engenheiro Me. Laurêncio Menezes de

Aquino, por terem me recebido tão bem para compor este trabalho e me incentivarem a seguir

estudos nesta área tão necessária e desafiadora que é a segurança contra incêndio;

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em nome de todos os professores e

funcionários que contribuíram com um ambiente propício para a minha formação acadêmica;

Ao Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, por ter contribuído

prontamente com este trabalho fornecendo dados da própria instituição militar;

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RESUMO

Uma abordagem crítica frente ao novo Código Estadual de Segurança Contra Incêndio e

Pânico do estado do Rio Grande do Norte

Com o objetivo de se aperfeiçoar a legislação de segurança contra incêndio do estado do Rio

Grande do Norte, procurou-se fazer um comparativo entre as normas de prevenção e combate

a incêndio vigentes dos estados do Rio Grande do Norte e de São Paulo, utilizando o Código

Estadual de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande do Norte – Lei

Complementar n° 601, sancionada no dia 07 de agosto de 2017 – como objeto de estudo. Para

isso, foi aplicado um questionário ao Corpo de Bombeiros Militar do estado do Rio Grande do

Norte, no intuito de se tomar conhecimento sobre as práticas correntes dessa corporação quanto

aos processos e dispositivos de prevenção e combate a incêndio utilizados e de se fazer uma

análise da postura adotada por tal instituição militar em relação à prevista no código citado.

Chegou-se à conclusão de que, embora a referida legislação tenha evoluído, trazendo melhorias

normativas as quais a anterior (Lei n° 4.436 e Decreto n° 6.576) não disciplinava, há algumas

lacunas e incoerências que devem ser alteradas, preferencialmente por meio de lei

complementar, a exemplo do inciso XIV do artigo 2º, que cria obrigações através das

denominadas instruções técnicas.

Palavras-chave: Segurança contra incêndio. Legislação. Aplicação de normas.

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ABSTRACT

A critical approach to the new State of Rio Grande do Norte Fire and Panic Safety Code

With the aim of improving the fire safety legislation in the state of Rio Grande do Norte, a

comparison was made between the prevailing fire prevention and control standards in the states

of Rio Grande do Norte and São Paulo, using the State of Rio Grande do Norte Fire and Panic

Safety Code – Complementary Law No. 601, sanctioned on August 7th, 2017 – as an object of

study. For this purpose, a questionnaire was applied to the State of Rio Grande do Norte Military

Fire Department, in order to learn about the current practices of this corporation regarding the

processes and devices for fire prevention and combat used and to make a review of the applied

procedure by such military institution in relation to the one provided in the aforementioned

code. It was concluded that, although the mentioned legislation has evolved, bringing normative

improvements that the previous one (Law No. 4,436 and Decree No. 6,576) had not disciplined,

there are some gaps and inconsistencies that should be changed, preferably by means of

supplementary law, as in item XIV of article 2, which creates obligations through the so-called

technical instructions.

Keywords: Fire safety. Legislation. Application of standards.

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SUMÁRIO

Capítulo 1 ............................................................................................................................ 07

Introdução ............................................................................................................................. 07

1.1 Considerações iniciais .................................................................................................... 07

1.2 Objetivos ......................................................................................................................... 11

1.3 Estrutura da monografia.................................................................................................. 12

Capítulo 2 ............................................................................................................................ 13

Revisão da literatura ............................................................................................................. 13

2.1 Fogo e incêndio ............................................................................................................... 13

2.2 Classificação de risco de incêndio .................................................................................. 16

2.3 Princípios básicos de segurança contra incêndio ............................................................ 20

2.4 Fatores que influenciam os incêndios ............................................................................. 24

2.4.1 Carga de incêndio ........................................................................................................ 25

2.4.2 Ventilação em incêndios .............................................................................................. 27

2.4.3 Extintores de incêndio ................................................................................................. 30

2.4.4 Detecção de calor ou fumaça e alarme de incêndio ..................................................... 32

2.4.5 Saídas de emergência ................................................................................................... 35

Capítulo 3 ........................................................................................................................... 38

Metodologia .......................................................................................................................... 38

Capítulo 4 ............................................................................................................................ 40

Apresentação e análise dos resultados .................................................................................. 40

4.1 Avanços alcançados com o CESIP ................................................................................. 40

4.2 Questionário ao Corpo de Bombeiros Militar do estado do Rio Grande do Norte ......... 44

Capítulo 5 ............................................................................................................................ 52

Considerações finais ............................................................................................................ 52

Referências ........................................................................................................................... 54

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CAPÍTULO 1

Introdução

1.1 Considerações iniciais

A importância do fogo na vida humana pode ser brevemente atestada ao notar-se as

seguintes conquistas com o domínio dele: aquecimento de ambientes, iluminação, afastamento

de predadores, cozimento de alimentos, fabricação de vasos, telhas cerâmicas, forja do aço;

porém, uma vez descontrolado, este elemento pode gerar perdas tanto humanas quanto

patrimoniais, como ocorreu com o incêndio florestal de Pedrógão Grande em junho de 2017,

resultando em 64 mortes e, aproximadamente, 53 mil hectares devastados pelo fogo, segundo

matéria veiculada pelo jornal português Diário de Notícias no mesmo período.

Muitos ramos do conhecimento devem ser estudados para se ter uma resposta

satisfatória do homem quando submetido ao fogo em descontrole, dentre os quais pode-se citar:

química, física, engenharia, e, até mesmo, psicologia – já que o comportamento humano diante

de situações de pânico pode ser crucial na defesa da vida. Pensando nisso, de acordo com Del

Carlo (2008), o fogo passou a ser estudado como ciência – envolvendo, portanto: pesquisa,

desenvolvimento e ensino – após a segunda guerra mundial, influenciando inclusive os

métodos construtivos dos prédios que foram reerguidos após a destruição causada pela guerra

na França, por exemplo, país onde o Centre Scientifique et Techniques du Bâtiment [Centro

Científico e Técnico de Construção] foi um dos grandes centros fomentadores de pesquisa de

segurança contra incêndio por meio de modelagens físicas do desenvolvimento do fogo e da

fumaça, estudo do comportamento das estruturas submetidas ao fogo, entre outros.

Constata-se uma grande influência da segurança contra incêndio (SCI) no mundo sobre

esse tema no Brasil ao se notar que “a semente que resultou na regulamentação das Instruções

Técnicas do CBMESP”, ainda de acordo com Del Carlo (2008), foi fruto do seguinte texto, de

autoria do pesquisador Bill Malhotra: Proposed Code for Fire Safety in Buildings for the State

of São Paulo [Proposta de Código de Segurança Contra Incêndios em Edifícios para o Estado

de São Paulo]. Esse documento data de outubro de 1993 e traz em seu texto desde mecanismos

de prevenção contra o início do incêndio a instalações de combate a incêndios em edificações.

Com relação à SCI no Brasil, um laboratório tradicional – do final da década de 70 – e

que ainda é referência nacional é o Laboratório de Segurança ao Fogo e a Explosões (LSFEx),

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do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), localizado no estado de São Paulo. Trata-se de

uma tendência mundial a execução de ensaios em componentes das edificações que atestem um

bom desempenho contra incêndio, e o LSFEx concorre para isso, em virtude de atuar de forma

ampla envolvendo avaliações de materiais e elementos construtivos, sistemas de detecção e

alarme de incêndio, sistemas de extinção automática e manual, de acordo com o próprio IPT.

Ademais, por ser uma ciência em expansão, as legislações nacionais devem dar a devida atenção

ao ensino de SCI nos diversos níveis educativos e, concernente a essa pauta, o Brasil tende a

progredir ao abarcar em seu arcabouço legal a Lei n° 13.425, de 30 de março de 2017, que traz

a obrigação de inclusão de assuntos correlatos à prevenção e ao combate a incêndio e desastres

em alguns grupos de escolas e universidades.

Considerando-se a questão mundial do ensino em SCI nas universidades, se percebe a

vasta rede educativa até a nível de graduação, como ocorre nas seguintes universidades, de

acordo com o jornal latino-americano da National Fire Protection Association (NFPA):

Oklahoma State University, University of Maryland, University of New Haven, todas essas

situadas nos Estados Unidos da América; Lund University (Suécia), Stord/Haugesund

University College (Noruega), entre outras. Já no Brasil, o estudo nesse tema é mais voltado a

cursos de menor duração, de pós-graduação latu sensu, a exemplo da especialização, oferecida

desde 2009, em Engenharia de Segurança contra Incêndio e Pânico pela Pontifícia Universidade

Católica do Paraná (PUC-PR). Inclusive, um dos coordenadores dessa especialização, Ivan

Ricardo Fernandes, é autor de um dos livros de SCI no Brasil, intitulado por “Engenharia de

Segurança contra Incêndio e Pânico”, datado de 2010 e com contribuições do Conselho

Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (CREA-PR) e do Corpo de

Bombeiros do estado do Paraná. Nesse sentido, cabe a seguinte expressão do professor doutor

Ualfrido Del Carlo:

Caso decidíssemos implantar cursos de SCI em todos os cursos de arquitetura

e engenharia, seria um desastre, pois não temos quadros de professores para

ministrar tais cursos. Temos apenas alguns professores orientando alunos de

pós-graduação nessa área do conhecimento. (Del Carlo, 2008, p.10)

Visto isso, é preciso que haja uma cultura de segurança mais fortalecida nacionalmente

para que os investimentos em educação de SCI venham à tona, e a legislação brasileira busca

isso, ao se notar o caput do artigo 8° da Lei Federal n° 13.425, de 30 de março de 2017:

Os cursos de graduação em Engenharia e Arquitetura em funcionamento no

País, em universidades e organizações de ensino públicas e privadas, bem

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como os cursos de tecnologia e de ensino médio correlatos, incluirão nas

disciplinas ministradas conteúdo relativo à prevenção e ao combate a incêndio

e a desastres. (caput do art. 8°, Lei n° 13.425, 2017)

Essa preocupação é pertinente, até porque a tendência da população brasileira ainda é

de crescimento até meados de 2050, de acordo com a figura 1 do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) em seu próprio site, e um aumento populacional não

acompanhado de um sentimento prevencionista faz crescerem os riscos de incêndios.

Figura 1 – população total, homens e mulheres 2010-2060

Fonte: IBGE (2018)

Considerando-se ainda o crescimento populacional nos próximos anos, a questão do

déficit habitacional atual continua como algo que mereça atenção, em virtude de já existirem

moradias precárias e com o aumento da população isso ter chances de se agravar, sobretudo ao

analisar-se o recente incêndio ocorrido em 01 maio de 2018, no edifício Wilton Paes de

Almeida, no centro da cidade de São Paulo, que continha ocupações irregulares com condições

péssimas de segurança contra incêndio – o que contribuiu para o rápido alastramento do fogo e

desabamento do prédio. A seguir, para se ter uma dimensão do desastre, tem-se uma ilustração

do prédio em chamas (figura 2), que provocou a morte de, pelo menos, sete pessoas.

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Figura 2 – edifício Wilton Paes de Almeida em chamas

Fonte: G1, Globo (2018)

Com relação ao estado do Rio Grande do Norte (RN), a Lei nº 4.436, de 09 de dezembro

de 1974, regulamentada pelo Decreto n° 6.576, de 03 de janeiro de 1975 são as primeiras

referências normativas quanto à SCI no RN. É interessante notar que elas surgiram pouco tempo

após os grandes incêndios que ocorreram no estado de São Paulo (SP) nos edifícios Andraus,

em 1972, e Joelma, em 1974, eventos que despertaram os demais estados do Brasil a se

preocuparem com o campo de segurança contra incêndio.

É importante destacar que a legislação de combate a incêndio no RN passou por mais

de quarenta anos sem ser atualizada, visto que antes da Lei Complementar n° 601, de 07 de

agosto de 2017, que instituiu o Código Estadual de Segurança Contra Incêndio e Pânico

(CESIP) do RN, o arcabouço legal quanto à SCI nesse estado era composto pela Lei n° 4.436 e

o Decreto n° 6.576 que a regulamentou.

Vale ressaltar que o artigo 87 desse decreto estabelecia que os casos omissos fossem

resolvidos a critério exclusivo do Corpo de Bombeiros do estado do Rio Grande do Norte

(CBMRN), entretanto, segundo Aquino (2015), essas alterações introduzidas no texto do

documento legal geraram dúvidas entre projetistas e profissionais que atuavam na área de SCI,

por questões de divergências técnicas entre essas modificações e parâmetros da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já referenciados pelo próprio decreto, além de não

atenderem ao princípio constitucional da legalidade, uma vez que essas alterações não foram

submetidas a um processo legislativo.

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Enfatiza-se a legalidade ou não de uma norma neste trabalho, em razão de a Constituição

Federal, em seu artigo 5°, inciso II, afirmar: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa senão em virtude de lei”.

O CESIP foi aprovado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN) no

dia 12 de julho de 2017, após passar três anos na referida casa legislativa, sendo bastante

transformado ao longo desse período. É bem verdade que esse código trouxe perspectiva de

celeridade na análise de projetos de pequeno risco por meio de licenciamento eletrônico e

dispensa de vistoria, esse último em alguns casos, porém há determinados pontos relevantes

que deveriam constar em um aparato legal de combate a incêndio e pânico a nível estadual que

não foram abordados.

Em razão do exposto acima, surge o questionamento se o RN apresenta um instrumento

normativo atualizado às mais modernas tecnologias e procedimentos contra incêndio e controle

de pânico com vistas a proteger os cidadãos e o patrimônio desse estado.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Contribuir com o avanço na legislação de combate a incêndio e pânico no RN ao abordar

tanto aspectos em que o CESIP foi inovador quanto itens desse código passíveis de adequação.

1.2.1 Objetivos específicos

▪ Apontar os avanços obtidos com o CESIP frente à legislação antiga de SCI no

RN (Lei n° 4.436 e Decreto n° 6.576);

▪ Estudar as legislações atualizadas de combate a incêndio e pânico dos estados

de São Paulo e do Rio Grande do Norte;

▪ Identificar pontos da legislação norte-rio-grandense objeto de estudo que não

foram bem explanados;

▪ Comparar os itens do CESIP que são carentes de maior detalhamento ao que se

tem sobre eles na legislação paulista sobre o referido tema;

▪ Obter o posicionamento do CBMRN quanto às considerações feitas neste

trabalho e promover uma discussão dos temas abordados;

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1.3 Estrutura da monografia

O trabalho foi organiza-se em cinco capítulos, seguindo o raciocínio explicado a seguir.

O primeiro capítulo traz um breve histórico da segurança contra incêndio no mundo e

no Brasil, assim como apresenta aspectos relevantes quanto ao ensino desse tema, já que se

trata de uma ciência. Além disso, há uma breve contextualização da legislação de segurança

contra incêndio no RN, assim como elencam-se a importância e os objetivos desse trabalho.

O segundo capítulo é destinado a fazer uma revisão da literatura, trazendo conceitos de

fogo e incêndio, tal como disposições normativas sobre classificações de riscos de incêndio.

Além do mais, disserta-se sobre fatores que influenciam os incêndios, focando-se em algumas

medidas de segurança contra incêndio, bem como avaliando-se questões comportamentais

diante de situações de incêndios.

O terceiro capítulo trata da metodologia aplicada, em que se descrevem os meios pelos

quais os objetivos específicos foram alcançados. Nesse caso, a metodologia compreendeu o

estudo e a comparação entre diferentes normas de prevenção e combate a incêndio e, inclusive,

aplicou-se um questionário ao CBMRN.

No quarto capítulo os resultados da pesquisa são apresentados e discutidos.

Por fim, o quinto capítulo contém as conclusões do trabalho, até mesmo contendo

limitações da pesquisa, bem como as contribuições da monografia.

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CAPÍTULO 2

Revisão da literatura

2.1 Fogo e incêndio

De acordo com a norma internacional ISO 8421-1, fogo é o processo de combustão

caracterizado pela emissão de calor acompanhado de fumaça, chama ou ambos; já para a NFPA,

fogo é a oxidação rápida autossustentada acompanhada de evolução variada da intensidade de

calor e de luz.

Para que o fogo ocorra, há uma teoria que elenca três elementos necessários para tal

feito, porém, caso um dos elementos seja retirado, o fogo cessa. Essa ideia é conhecida por

“triângulo do fogo”, e os elementos necessários para que ele venha a ocorrer são combustível,

comburente e calor.

Com relação à retirada de alguns dos elementos que compõem o fogo, tem-se as

seguintes técnicas, no intuito de extinguir o fogo: isolamento, resfriamento e abafamento.

O isolamento consiste no afastamento de combustíveis do local em que o fogo está

atuando, assim como a retirada do material que está próximo ao fogo. Em operações de rescaldo

promovidas pelos corpos de bombeiros, os militares podem promover cordões de isolamento

de áreas atingidas por incêndio, numa tentativa de dificultar novas ignições de combustíveis

próximos ao local sinistrado.

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O resfriamento consiste em reduzir a temperatura do local do fogo, com o objetivo de

fazer com que possíveis vapores liberados pelos combustíveis não venham a queimar ou

sustentar o fogo. Ainda com relação às operações de rescaldo, após a extinção de um incêndio,

há o resfriamento de pontos quentes do ambiente, a fim de evitar novas combustões, como

mostrado na figura 3.

Figura 3 – operação de rescaldo após incêndio em bares de Butantã, São Paulo

Fonte: Folha de S. Paulo (2013)

O abafamento é uma técnica de extinção do fogo em que se procura reduzir o percentual

de oxigênio no ar próximo ao local onde a reação de combustão está ocorrendo, por meio de,

por exemplo, gás carbônico ou pó químico seco.

Segundo a NBR 13860, o incêndio é o fogo fora de controle. Isto é, trata-se de uma

reação exotérmica rápida no tempo e no espaço, em que muitos fatores concorrem para sua

ocorrência, a exemplo de: dimensões e distribuição dos materiais combustíveis no local,

condições climáticas, aberturas para ventilação do ambiente, medidas de proteção contra

incêndio existentes, entre outros.

Considerando-se a extensa lista de fatores que concorrem para o surgimento de um

incêndio, Gouveia (2000) aponta:

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Os incêndios são eventos capazes de causar pânico e assombro a qualquer

pessoa. Tais sentimentos de insegurança são acentuados pelo fato dos

incêndios serem fenômenos influenciados por um grande número de

parâmetros, muitos deles aleatórios, o que faz com que cada ocorrência seja

um fenômeno único. Desta maneira, não é possível determinar como, onde ou

com que severidade os incêndios irão ocorrer. (apud Aquino, 2015, p.10)

Entretanto, vale salientar que uma postura preventiva desde a concepção arquitetônica

de um prédio até a instalação dos meios de segurança contra incêndio necessários reduz a

probabilidade de perdas significativas com o surgimento de um incêndio.

É válido salientar que para um eficaz combate a um incêndio, é necessário conhecer

como ele se processa e, para isso, tem-se a figura 4 a seguir:

Figura 4 – Curva de evolução de um incêndio celulósico

Fonte: Adaptado de Seito et al (2008)

Basicamente, existem três fases no processo de desenvolvimento de um incêndio

celulósico, de acordo com a figura 4 acima, a saber: ignição, incêndio desenvolvido e extinção.

Na fase de ignição há um pequeno calor liberado pelo processo de combustão do

material em queima, podendo fazer com que esse calor ative reações de combustão em outros

materiais combustíveis próximos, ampliando o fogo, até se chegar a uma situação caótica,

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denominada na figura 4 por “incêndio desenvolvido”, onde as chamas estão plenas e espera-se

o material combustível reduzir-se, se diminuindo o calor desenvolvido, para poder retirar o

material queimado e evitar novas ignições, caracterizando a fase de extinção.

2.2 Classificação de risco de incêndio

Além de se conhecer como um incêndio se processa, para preveni-lo é preciso cercar-se

das medidas de segurança contra incêndio e pânico necessárias para cada caso, de acordo com

a classificação do risco da localidade. O Decreto nº 56.819, de 10 de março de 2011, que institui

o Regulamento de Segurança contra Incêndio das Edificações e Áreas de Risco no estado de

São Paulo, foi referenciado pela seguinte legislação vigente de SP: Lei Complementar n° 1.257,

de 6 de janeiro de 2015, que versa da seguinte forma em seu artigo 3°: “As exigências de

segurança contra incêndios das edificações e áreas de risco são estabelecidas no

Regulamento de Segurança Contra Incêndio das edificações e áreas de risco no Estado de São

Paulo e respectivas Instruções Técnicas, aplicando-se subsidiariamente a legislação municipal

correlata”. Esse decreto trata sobre a classificação das edificações e áreas de risco, em seu artigo

23, classificando-as de acordo com a altura, carga de incêndio e ocupação; recortes desses

enquadramentos são apresentados nos quadros 1 e 2 a seguir.

Quadro 1 – classificação das edificações quanto à altura

Tipo Denominação Altura

I Edificação Térrea Um pavimento

II Edificação Baixa H ≤ 6,00 m

III Edificação de Baixa-Média Altura 6,00 m < H ≤ 12,00 m

IV Edificação de Média Altura 12,00 m < H ≤ 23,00 m

V Edificação Medianamente Alta 23,00 m < H ≤ 30,00 m

VI Edificação Alta Acima de 30,00 m

Fonte: Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo (2011)

Quadro 2 – classificação das edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio

Risco Carga de incêndio MJ/m²

Baixo até 300 MJ/m²

Médio Entre 300 e 1200 MJ/m²

Alto Acima de 1200 MJ/m²

Fonte: Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo (2011)

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No quadro 3, a seguir, ilustra-se o trecho correspondente aos três primeiros tipos de

ocupação considerados no referido decreto de 2011 do estado de São Paulo, de um total de treze

ocupações, incluindo: residencial, serviço de hospedagem, comercial, serviço profissional,

educacional e cultura física, local de reunião de público, serviços automotivos e assemelhados,

serviço de saúde e institucional, indústria, depósito, explosivos e categoria especial.

Quadro 3 – trecho da classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação

Grupo Ocupação/Uso Divisão Descrição Exemplos

A Residencial

A-1 Habitação unifamiliar

Casas térreas ou assobradadas

(isoladas e não isoladas) e

condomínios horizontais

A-2 Habitação multifamiliar Edifícios de apartamento em geral

A-3 Habitação coletiva

Pensionatos, internatos, alojamentos,

mosteiros, conventos, residências

geriátricas. Capacidade máxima de

16 leitos

B Serviço de

hospedagem

B-1 Hotel e assemelhado

Hotéis, motéis, pensões, hospedarias,

pousadas, albergues, casas de

cômodos, divisão A-3 com mais de

16 leitos

B-2 Hotel residencial

Hotéis e assemelhados com cozinha

própria nos apartamentos (incluem-

se apart hotéis, flats, hotéis

residenciais)

C Comercial

C-1 Comércio com baixa

carga de incêndio

Artigos de metal, louças, artigos

hospitalares e outros

C-2 Comércio com média e

alta carga de incêndio

Edifícios de lojas de departamentos,

magazines, armarinhos, galerias

comerciais, supermercados em geral,

mercados e outros

C-3 Shopping centers Centro de compras em geral

(shopping centers)

Fonte: adaptado de Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo (2011)

Além de promover uma classificação detalhada das edificações e áreas de risco, a

referida legislação do estado de São Paulo, no parágrafo único do artigo 25, obriga a adoção de

medidas de segurança específicas assinaladas com “X” de acordo com tabelas de exigências

que estão em anexo no decreto em discussão. A seguir, são apresentados dois quadros referentes

a essas exigências de medidas de segurança contra incêndio, sendo o quadro 4 relativo a

edificações de variadas ocupações com baixo risco de incêndio, por não possuírem área

construída e altura elevadas, e o quadro 5 referente a exigências de medidas de segurança contra

incêndio em edificações do tipo residencial com área ou altura consideráveis – requerendo

maiores investimentos em estruturas de combate a incêndio.

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18

Quadro 4 – exigências para edificações com área menor ou igual a 750 m² e altura inferior ou igual a 12 m

Fonte: Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo (2011)

Medidas de Segurança

contra incêndio

A, D,

E e G B C

F H

I e J

L

F2, F3, F4,

F6, F7 e F8 F1e F5 F9 e F10

H1, H4 e

H6

H2, H3 e

H5 L1

Controle de Materiais

de Acabamento - X - X X - - X - X

Saídas de Emergência X X X X X X X X X X

Iluminação de

Emergência X¹ X² X¹ X³ X³ X³ X¹ X¹ X¹ -

Sinalização de

Emergência X X X X X X X X X X

Extintores X X X X X X X X X X

Brigada de Incêndio - - - 𝑋4 𝑋4 𝑋4 - - - X

NOTAS ESPECÍFICAS:

1- Somente para edificações com mais de dois pavimentos;

2- Estão isentos os motéis que não possuam corredores internos de serviços;

3- Para edificação com lotação superior a 50 pessoas ou edificações com mais de dois pavimentos;

4- Exigido para lotação superior a 100 pessoas.

NOTAS GERAIS:

a- Para o Grupo M (especiais) ver tabelas específicas;

b- Para a Divisão G-5 (hangares): prever sistema de drenagem de líquidos nos pisos para bacias de contenção à

distância. Não é permitido o armazenamento de líquidos combustíveis ou inflamáveis dentro dos hangares;

c- Para a Divisão L-1 (explosivos), atender a ITCB-30. As Divisões L-2 e L-3 somente serão avaliadas pelo Corpo de

Bombeiros mediante Comissão Técnica;

d- Os subsolos das edificações devem ser compartimentados com PCF P-90 em relação aos demais pisos contíguos.

Para subsolos ocupados ver Tabela 7;

e- As instalações elétricas e o SPDA devem estar em conformidade com as normas técnicas oficiais;

f- Observar ainda as exigências para os riscos específicos das respectivas Instruções Técnicas;

g- Depósitos em áreas descobertas, observar as exigências da Tabela 6J;

h- No cômputo de pavimentos, desconsiderar os pavimentos de subsolo quando destinados a estacionamento de

veículos, vestiários e instalações sanitárias, áreas técnicas sem aproveitamento para quaisquer atividades ou

permanência humana.

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Quadro 5 – Exigências para edificações do grupo A com área superior a 750 m² ou altura superior a 12 m

Grupo de ocupação e uso GRUPO A - RESIDENCIAL

Divisão A-2, A-3, e Condomínios Residenciais

Medidas de Segurança contra Incêndio Classificação quanto à altura (em metros)

Térrea H ≤ 6 6 < H ≤ 12 12 < H ≤ 23 23 < H ≤ 30 Acima de 30

Acesso de viatura na edificação X X X X X X

Segurança Estrutural contra Incêndio X X X X X X

Compartimentação Vertical - - - X² X² X²

Controle de Materiais de Acabamento - - - X X X

Saídas de Emergência X X X X X X¹

Brigada de Incêndio X X X X X X

Iluminação de Emergência X X X X X X

Alarme de Incêndio X³ X³ X³ X³ X³ X

Sinalização de Emergência X X X X X X

Extintores X X X X X X

Hidrante e Mangotinhos X X X X X X

NOTAS ESPECÍFICAS:

1- Deve haver Elevador de Emergência para altura maior que 80 m;

2- Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça somente nos átrios;

3- Pode ser substituído pelo sistema de interfone, desde que cada apartamento possua um ramal ligado à

central, que deve ficar numa portaria com vigilância humana 24 horas e tenha uma fonte autônoma, com

duração mínima de 60 min.

NOTAS GERAIS:

a- O pavimento superior da unidade duplex do último piso da edificação não será computado para a altura

da edificação;

b- As instalações elétricas e o SPDA devem estar em conformidade com as normas técnicas oficiais;

c- Para subsolos ocupados ver Tabela 7;

d- Observar ainda as exigências para os riscos específicos das respectivas Instruções Técnicas.

Fonte: Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo (2011).

“Cada medida de segurança contra incêndio, constante das tabelas 4, 5, 6 (6A a 6M), 7,

deve obedecer aos parâmetros estabelecidos na ITCB respectiva.” (artigo 26, Decreto nº

56.819/2011, São Paulo).

Percebe-se, por meio do artigo acima, que a legislação de combate a incêndio e pânico

do estado de São Paulo preferiu colocar as exigências de medidas de segurança contra incêndio

em um grau hierárquico de normas jurídicas superior (decreto) ao adotado para se definir

parâmetros de dimensionamento dessas mesmas medidas (instrução técnica). Segundo Aquino

(2015), o Decreto n° 6.576, sancionado no RN na década de 70, estabelecia critérios de

dimensionamento de sistemas de proteção contra incêndio, o que segundo ele dificultava a

atualização das normas diante do avanço da tecnologia de segurança contra incêndio.

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Ao se estudar o CESIP, cria-se uma boa expectativa do conteúdo do novo código ao se

ler em seu artigo 4°: “As edificações e áreas de risco serão classificadas em função das

características arquitetônicas, da carga de incêndio e da natureza das ocupações”. Porém,

percebe-se que a classificação das edificações ou áreas de risco é bem simplificada, havendo

apenas dois artigos que abordam esse tema, os artigos 12 e 13, tendo-se edificações de alto ou

baixo risco.

É verdade que esse código também elenca as medidas gerais de segurança contra

incêndio e pânico, em seu artigo 6°, porém, não estabelece critérios para adoção de cada um

desses sistemas de acordo com a classificação de risco de incêndio da edificação,

diferentemente da legislação de combate a incêndio e pânico do estado de São Paulo.

2.3 Princípios básicos de segurança contra incêndio

Segundo a norma internacional ISO 6241, que trata do quesito desempenho nas

construções, as edificações em geral devem apresentar dispositivos de segurança que dificultem

as chances de ocorrência de incêndio, e, caso ele venha a se iniciar, as medidas de combate ao

incêndio devem conter o seu alastramento para que se possa viabilizar a evacuação das pessoas

em tempo hábil.

Com relação ao início de um incêndio, o controle dos materiais de acabamento de um

prédio pode selecionar revestimentos de divisórias, por exemplo, com menores chances de

sofrerem ignição. Além disso, caso ocorra a queima de algum material, é interessante haver

uma boa compartimentação dos ambientes, de modo a limitar a propagação do fogo e facilitar

a sua extinção e/ou evacuação do prédio.

Na visão do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo, constante na IT 02/2018, que

trata dos conceitos básicos de segurança contra incêndio, os objetivos da prevenção de incêndio

– termo utilizado por essa corporação para designar tanto a educação pública quanto as medidas

de proteção contra incêndio em um edifício – são:

(a) proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso de incêndio;

(b) dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao patrimônio;

(c) proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;

(d) dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros;

(e) proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações e áreas de risco;

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É interessante notar o item “d” dessa lista de objetivos de prevenção de incêndio, com

a justa razão de se preocupar com a rapidez e segurança das intervenções externas para o

enfrentamento ao incêndio por pessoal habilitado. As figuras 5, 6 e 7, a seguir, trazem requisitos

tanto de capacidade de suporte de pavimentos internos à edificação como espaços mínimos

destinados à circulação de veículos de emergência, baseados na IT 06/2018, do RN, que versa

sobre acesso de viaturas às edificações e áreas de risco.

Figura 5 – largura mínima e capacidade suporte de vias em edificações e áreas

de risco

Fonte: CBMRN (2018)

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Figura 6 – dimensões mínimas do portão de acesso à edificação

Fonte: CBMRN (2018)

Figura 7 – circulação de veículos de emergência em edificação

Fonte: CBMRN (2018)

Considerando-se a necessidade de se atingir os objetivos da segurança contra incêndio,

o conhecimento dos meios que o combatam se faz necessário, logo, a seguir tem-se uma

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categorização das medidas de proteção contra incêndio em passivas e ativas, como descreve

Silva (2003):

Um sistema de segurança contra incêndio consiste em um conjunto de meios

ativos (detecção de calor ou fumaça, chuveiros automáticos, brigada contra

incêndio, etc.) e passivos (resistência ao fogo das estruturas,

compartimentação, saídas de emergência, etc.) que possam garantir a fuga dos

ocupantes da edificação em condições de segurança, a minimização de danos

a edificações adjacentes e à infraestrutura pública e a segurança das operações

de combate ao incêndio, quando essas forem necessárias (apud Aquino, 2015,

p.10).

Retomando-se a IT 02/2018, do estado de São Paulo, os objetivos de prevenção de

incêndio são alcançados pelo:

(a) controle da natureza e da quantidade dos materiais combustíveis constituintes e contidos no

edifício;

(b) dimensionamento da compartimentação interna, da resistência ao fogo de seus elementos e

do distanciamento entre edifícios;

(c) dimensionamento da proteção e da resistência ao fogo da estrutura do edifício;

(d) dimensionamento dos sistemas de detecção e alarme de incêndio e/ou dos sistemas de

chuveiros automáticos de extinção de incêndio e/ou dos equipamentos manuais para combate;

(e) dimensionamento das rotas de escape e dos dispositivos para controle do movimento da

fumaça;

(f) controle das fontes de ignição e riscos de incêndio;

(g) acesso aos equipamentos de combate a incêndio;

(h) treinamento do pessoal habilitado a combater um princípio de incêndio e coordenar o

abandono seguro da população de um edifício;

(i) gerenciamento e manutenção dos sistemas de proteção contra incêndio instalados;

(j) controle dos danos ao meio ambiente decorrentes de um incêndio.

Sabendo-se da severidade dos incêndios tanto em termos humanos quanto ambientais e

patrimoniais, é preciso que as legislações disciplinadoras dos dispositivos de prevenção e

combate ao incêndio sejam claras ao elencarem as medidas gerais de SCI necessárias para cada

caso de edificações e áreas de risco. Nesse sentido, o próximo item discorre sobre algumas

dessas medidas, inclusive tratando sobre o comportamento humano diante dos incêndios.

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2.4 Fatores que influenciam os incêndios

Existem muitos fatores que se relacionam ao poder destrutivo dos incêndios sobre as

vidas humanas, a fauna, a flora, as edificações. Alguns indícios da alta agressividade de um

incêndio são, por exemplo: temperaturas insuportáveis, fumaças tóxicas, visibilidade reduzida,

dificuldades respiratórias.

De acordo com Araújo (2008), referenciando a instituição inglesa The Fire Service

College (1995), as condições críticas durante um incêndio em uma edificação ocorrem quando

uma das seguintes marcas são atingidas:

(a) o nível de oxigênio cai abaixo de 10%;

(b) a temperatura excede 75°C;

(c) as concentrações de monóxido de carbono ultrapassam 5000 ppm (cinco mil partes por

milhão);

Ressalta-se que o monóxido de carbono (CO) prejudica o transporte de oxigênio (𝑂2)

aos tecidos do corpo, já que a afinidade da hemoglobina – proteína que se liga ao oxigênio para

o transporte do mesmo ao corpo – é duzentas vezes maior com o CO do que com o 𝑂2, de

acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (2013). Logo, daí vêm as dores de cabeça,

náuseas, perda de consciência e, até mesmo, o risco de morte. As fumaças tóxicas contendo CO

são produtos da combustão incompleta dos materiais, situação encontrada quando as chamas

de um incêndio não estão mais tão vivas e a disponibilidade de oxigênio para o ambiente

incendiado não é suficiente para a combustão completa dos materiais combustíveis.

Em situações de incêndios críticos, muitas vezes se tem tanto altas concentrações de CO

quanto baixos níveis de oxigênio, levando as pessoas a aumentarem a velocidade de respiração

em busca de oxigênio, sem muito sucesso, postura essa que amplia a absorção de gases tóxicos,

como cianetos, sulfetos, cloro, piorando, assim, o quadro de saúde delas.

Tendo-se conhecimento acerca das condições críticas de um incêndio, é interessante

analisar o tempo que se tem para evacuar, com segurança, as pessoas das edificações sinistradas.

Nesse sentido, o tempo para evacuação de uma edificação deve ser menor que o tempo para

ocorrência da inflamação generalizada, e aquele é composto pelos seguintes intervalos de

tempo, de acordo com Gouveia (2002):

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Em um enfoque de Engenharia de Incêndio, o tempo necessário para o escape

costuma ser composto de várias parcelas. Supondo o instante inicial de

referência no início de ignição, a sua detecção somente ocorrerá após Dtdet

segundos, dependendo de diversos fatores, entre os quais das características

físicas do sistema de detecção e da sua localização em relação à fonte de calor

ou de fumaça. Do mesmo modo, decorrem Dta segundos até que o alarme seja

acionado. A reação ao alarme, isto é, o intervalo de tempo decorrido entre o

acionamento do alarme e o primeiro movimento em direção de uma saída de

emergência, se dá com um atraso que se denomina tempo de pré-movimento,

Dtpre. O tempo que a população da edificação gasta até a passagem através da

saída é Dte. Portanto deve-se ter o tempo de escape de toda a população de

usuários da edificação, Dtesc [...] (Gouveia, 2002)

Ainda segundo Gouveia (2002): Dtesc = Dtdet + Dta + Dtpre + Dte.

Araújo (2008, p.98) trata o tempo para ocorrência de inflamação generalizada como

“período-limite de sustentabilidade da vida (Tls)”, e o conceitua como sendo “o tempo-limite,

em que as condições de calor, chama, fumaça e insuficiência de oxigênio tornem a manutenção

da vida humana insustentável”. Ademais, ele cita que se o tempo para escape completo for

maior que o Tls, haverá fatalidades.

2.4.1 Carga de incêndio

A carga de incêndio em uma edificação exprime a energia calorífica capaz de ser

liberada pela combustão completa de todos os materiais combustíveis presentes na edificação.

Esse parâmetro revela o quão perigoso pode ser um recinto pela sua carga de incêndio

acumulada, expressa em megajoule por metro quadrado (MJ/m²), como classifica o quadro 6 a

seguir.

Quadro 6 – Classificação das edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio

Risco Carga de incêndio MJ/m²

Baixo até 300 MJ/m²

Médio Entre 300 e 1200 MJ/m²

Alto Acima de 1200 MJ/m²

Fonte: CBMRN (2018)

A carga de incêndio de um ambiente é um importante fator que influencia a magnitude

de um possível incêndio desse lugar. Nesse sentido, a IT 01/2018 (Parte 1) – Procedimentos

gerais e classificação das edificações, do RN, traz na tabela 1 do anexo único, que classifica as

edificações quanto à ocupação, três ocupações que são divididas exclusivamente pelo grau de

carga de incêndio: depósito, indústria e comércio. A exemplo disso, tem-se o quadro 7 a seguir,

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como um recorte da tabela 1 da instrução técnica citada, ilustrando as referidas divisões para o

uso de depósito.

Quadro 7 – recorte da classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação

Grupo Ocupação/uso Divisão Descrição Exemplos

J Depóstio

J-1 Depósitos de material

incombustível

Edificações sem processo industrial

que armazenam tijolos, pedras,

areais, cimentos, metais e outros

materiais incombustíveis. Todos sem

embalagem

J-2 Todo tipo de Depóstio Depósitos com carga de incêndio até

300 MJ/m²

J-3 Todo tipo de Depóstio Depósitos com carga de incêndio

entre 300 MJ/m² a 1200 MJ/m²

J-4 Todo tipo de Depóstio Depósitos onde a carga de incêndio

ultrapassa a 1200 MJ/m²

Fonte: adaptado de CBM-RN (2018)

Percebe-se, no quadro 7 acima, quatro divisões para um mesmo tipo de ocupação em

função da carga de incêndio: J-1 referindo-se a depósitos com materiais incombustíveis; J-2

indicando depósitos com baixa carga de incêndio; J-3 associado a depósitos com média carga

de incêndio; e J-4 relacionado a depósitos com alta carga de incêndio.

Nesse sentido, um maior rigor normativo deve ser esperado com relação aos ambientes

com maiores potenciais de dano de incêndio, e isso é evidenciado no quadro 8 a seguir.

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Quadro 8 – grau de exigências de medidas de segurança contra incêndio para elemento do Grupo J-

Depósitos

Grupo de ocupação e uso Grupo J - Depósito

Altura (em metros) 6 < H ≤ 12

Medidas de Segurança contra

Incêndio

Divisão

J-1

(incombustível)

J-2

(risco baixo)

J-3

(risco médio)

J-4 (risco

alto)

Acesso de Viatura na

Edificação X X X X

Segurança Estrutural contra

Incêndio X X X X

Compartimentação Horizontal

(áreas) - X¹ X¹ X¹

Compartimentação Vertical - - - -

Controle de Materiais de

Acabamento X X X X

Saídas de Emergência X X X X

Plano de Emergência - - X X

Brigada de Incêndio X X X X

Iluminação de Emergência X X X X

Detecção de Incêndio - - - -

Alarme de Incêndio - X X X

Sinalização de Emergência X X X X

Extintores X X X X

Hidrantes e Mangotinhos - X X X

Chuveiros Automáticos - - - -

Controle de Fumaça - - - -

NOTA ESPECÍFICA

1 - Pode ser substituída por sistema de chuveiros automáticos

Fonte: adaptado de CBMRN (2018)

Analisando-se o quadro 8 acima, se nota a necessidade de inclusão no rol de exigências

dos depósitos de baixo risco quando comparado a depósitos de materiais incombustíveis:

compartimentação horizontal, alarme de incêndio e hidrantes. Além disso, se percebe o

incremento de plano de emergência como medida de segurança contra incêndio para depósitos

de médio e alto risco, quando comparado a depósitos de baixo risco.

Logo, constata-se um maior rigor técnico – esperado – em locais onde os incêndios

podem causar danos mais severos à vida, ao meio ambiente e a propriedades, em virtude de

terem maior valor de energia gerada por área.

2.4.2 Ventilação em incêndios

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As características dos ventos que circundam uma edificação influenciam o

desenvolvimento de um incêndio que venha a ocorrer nesse ambiente, pois de acordo com

Araújo (2008), os fortes ventos presentes durante o incêndio do edifício Andraus, em 1972,

faziam com que as chamas e a fumaça fossem projetadas lateralmente ao prédio, de forma a

inúmeras pessoas se dirigirem à cobertura desse prédio e serem resgatadas por helicóptero; caso

diferente ocorreu no incêndio do edifício Joelma, ainda segundo o mesmo autor, onde a

concentração de prédios vizinhos dificultava a ventilação do edifício, proporcionando

empecilhos às pessoas que buscavam resgate pela parte superior do prédio, pois as chamas e a

fumaça ascenderam ao topo dele.

“Fumaça: partículas de ar transportadas na forma sólida, líquidas e gasosas, decorrentes

de um material submetido à pirólise ou combustão que juntamente com a quantidade de ar

formam uma massa.” (IT 15/2018 (Parte 2) – Conceitos, definições e componentes do sistema,

CBMRN)

De acordo com Aquino (2015), a fumaça provoca os seguintes efeitos:

(a) tira a visibilidade das rotas de fuga;

(b) irritação dos olhos, lacrimejamento, tosses e sufocação;

(c) aumenta a palpitação devido à presença de gás carbônico;

(d) provoca o pânico por ocupar grande volume do ambiente;

(e) provoca o pânico devido aos efeitos fisiológicos causados;

(f) debilita a movimentação das pessoas pelo efeito tóxico de seus componentes;

(g) tem grande mobilidade podendo atingir ambientes distantes em poucos minutos;

(h) pode provocar a morte por asfixia ou intoxicação;

Percebe-se, ao analisar as consequências da fumaça proveniente da combustão dos

materiais em uma edificação, a severidade oferecida por ela aos ocupantes do prédio, e espera-

se que esse conteúdo tóxico seja afastado com segurança a fim de, sobretudo, não comprometer

a saúde das pessoas que entrariam em contato com esse ar em maior grau.

O controle de fumaça pode ser feito por ventilação natural ou mecânica; de forma breve,

a extração natural de fumaça apresenta ventilação silenciosa e praticamente livre de

manutenção, porém as condições de edificações ao redor podem dificultar essa extração, como

ilustra a figura 8 a seguir.

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Figura 8: condições de ventilação natural e extração de fumaça dificultada

Fonte: Cunha e Martinelli (2008)

Uma das vantagens do sistema de ventilação mecânica é justamente conseguir operar

em situações adversas de vento, como no caso da figura 8 acima, ou seja, correntes térmicas e

pressões de vento desfavoráveis não irão dificultar a extração de fumaça de um prédio que

contempla sistema de ventilação monitorada (mecanizada). Todavia, o meio mecânico que

possibilita a retirada da fumaça produz barulho, além disso uma fonte de energia deve alimentá-

lo durante os incêndios, aumentando chances de curto-circuito.

De acordo com Cunha e Martinelli (2008), um sistema de controle de fumaça bem

dimensionado e integrado com outros sistemas de proteção contra incêndio traz como

benefícios:

(a) ventilação prévia, reduzindo assim a temperatura interna, protegendo estragos e colapso

estrutural;

(b) bom meio de escape, com visibilidade da rota de fuga;

(c) manter a atmosfera limpa;

(d) limitar a temperatura, impedindo ignição espontânea;

(e) prevenir estrago desnecessário por fumaça;

(f) prevenir estrago desnecessário por água;

(g) reduzir o tempo de limpeza;

(h) proporcionar uma visão clara do fogo;

(i) ajudar a extinguir o fogo no seu início;

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(j) reduzir os custos do incêndio;

Nesse sentido, existe um fator que é sensivelmente sentido por um ocupante de um

prédio que busca abandoná-lo rapidamente quando se tem um eficiente sistema de controle de

fumaça: melhora na visibilidade das rotas de fuga. Esse benefício oferece grandes chances de

redução do tempo de movimento para as saídas de emergências, facilitando o escape da

edificação sinistrada.

2.4.3 Extintores de incêndio

Os extintores são meios portáteis ou sobre rodas que possuem uma quantidade de agente

extintor limitada e, em função dessa baixa carga extintora, eles servem para combater princípios

de incêndio, como conceitua a IT 03/2018 – Terminologia de segurança contra incêndio, do

RN, em seu item 4.303: “Extintor de incêndio: aparelho de acionamento manual, portátil ou

sobre rodas, destinado a combater princípios de incêndio.”

Entende-se por agente extintor a substância que irá frear a reação de combustão em

incêndios, no caso, em suas fases iniciais. É importante ressaltar que o agente extintor a ser

aplicado depende do tipo de material combustível predominante que se tem e da origem elétrica

ou não dos componentes envolvidos, determinando assim a classe de fogo correspondente, que

se divide, ainda de acordo com a IT 03/2018, agora do item 4.323 ao item 4.326, em:

(a) Fogo classe A: fogo em materiais combustíveis sólidos que queimam em superfície e

profundidade, deixando resíduos;

(b) Fogo classe B: fogo em líquidos e gases inflamáveis ou combustíveis sólidos que se

liquefazem por ação do calor e queima somente em superfície;

(c) Fogo classe C: fogo em equipamentos de instalações elétricas energizados;

(d) Fogo classe D: fogo em metais pirofóricos;

Para se combater o incêndio em sua fase incipiente utiliza-se extintores que possuem,

normalmente, os seguintes agentes, apropriados ou não – como revela o quadro 9 –

relativamente às classes de fogo.

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Quadro 9: seleção do agente extintor segundo a classificação do fogo

CLASSE

DE

FOGO

AGENTE EXTINTOR

ÁGUA ESPUMA

MECÂNICA

DIÓXIDO

DE

CARBONO

CO2

PÓ BC PÓ ABC HALOGE-

NADOS

A (A) (A) (NR) (NR) (A) (A)

B (P) (A) (A) (A) (A) (A)

C (P) (P) (A) (A) (A) (A)

D Deve ser verificada a compatibilidade entre o metal combustível e o

agente extintor

(A) apropriado à classe de fogo | (NR) não recomendado à classe de fogo |

(P) proibido à classe de fogo

Fonte: Almiron, Del Carlo e Pereira (2008)

Fala-se, ao longo deste item, em uso de extintores para situações de princípio de

incêndio; logo, é importante saber quais as características desse estágio de incêndio e, para

tanto, Almiron, Del Carlo e Pereira (2008) as indicam:

(a) O material combustível está queimando sem ser sustentado por uma fonte externa de calor;

(b) O fogo está confinado ao material no qual se iniciou o fogo sem espalhar-se a outros

materiais circunvizinhos;

(c) É pequena a quantidade de fumaça no ambiente e não atrapalha a visão para atuar com o

extintor;

(d) A temperatura do ambiente também se mantém no nível de conforto na pessoa que, sem

proteção específica, vai usar o extintor de incêndio;

Ressalte-se que o extintor manual pode ser do tipo portátil ou sobre rodas, sendo o uso

do segundo caso preferível quando se está diante de princípios de incêndio com rápida evolução

do fogo, já que o extintor sobre rodas tem maior alcance, vazão de descarga e tempo efetivo de

descarga. A exemplo disso, a IT 21/2018 – Sistema de proteção por extintores de incêndio, do

RN, traz em seus itens 5.1.1 (a) e 5.1.2 (a), respectivamente, a carga d´água mínima para um

extintor portátil sendo 2-A e a carga d´água mínima para um extintor sobre rodas sendo 10-A.

Logo, infere-se que o extintor sobre rodas é mais pesado que o portátil, por conter, por exemplo,

maior carga extintora e, dessa forma, o seu uso não é irrestrito em uma edificação, justamente

pelo fato de nem todos os lugares apresentarem livre acesso para essa unidade extintora sobre

rodas, conforme ainda cita a IT 21/2018, agora em seus itens 5.2.2.1 e 5.2.2.2, respectivamente:

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Não é permitida a proteção de edificações ou áreas de risco unicamente por

extintores sobrerrodas, admitindo-se, no máximo, a proteção da metade da

área total correspondente ao risco, considerando o complemento por

extintores portáteis, de forma alternada entre extintores portáteis e sobrerrodas

na área de risco. (item 5.2.2.1, IT 21/2018, CBMRN)

“O emprego de extintores sobrerrodas só é computado como proteção efetiva em locais

que permitam o livre acesso.” (item 5.2.2.2, IT 21/2018, CBMRN)

Em uma situação de princípio de incêndio, é importante que os extintores estejam, além

de bem sinalizados, com acessos desobstruídos, próximos aos locais de entrada e saída, também

proporcionem rápido acesso às pessoas, tanto mais ágil quanto maior o risco de incêndio, como

orienta o quadro 10 a seguir.

Quadro 10: distância máxima de

caminhamento

RISCO Dmáx.

A. Risco baixo 25 m

B. Risco médio 20 m

C. Risco alto 15 m

Fonte: adaptado de CBMRN-2018

Nesse seguimento, a manutenção dos extintores associada ao treinamento das pessoas,

que porventura os utilizem, é primordial para o sucesso do combate ao princípio do incêndio,

como elencam, concernente aos objetivos do treinamento do uso de extintores, Almiron, Del

Carlo e Pereira (2008):

(a) identificação dos vários tipos de extintores;

(b) familiaridade com os vários tipos de extintores;

(c) operação para cada tipo de extintor quanto à sequência para o uso;

(d) ter noção da distância segura para atacar o princípio de incêndio;

(e) perder o receio de operar o extintor;

2.4.4 Detecção de calor ou fumaça e alarme de incêndio

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Os benefícios advindos com um bom sistema de detecção e alarme de incêndio podem

ser sentidos na redução da potencial severidade de um incêndio, nas vidas dos ocupantes da

edificação que contempla esse sistema, e mesmo no meio ambiente. Essa constatação baseia-se

no fato de que um eficiente sistema de detecção e alarme de incêndio permite o acionamento

do alarme de incêndio ainda na fase inicial de crescimento do fogo, mobilizando brigadistas a

já tomarem as medidas iniciais de combate à propagação do fogo, assim como sinalizando aos

ocupantes da edificação em questão que evacuem o prédio.

Uma vez dada a informação para abandono do local, a população deve captar esse sinal

e obedecer ao alerta, se configurando o tempo de reação ao alarme. Todavia, esse tempo de pré-

movimento é bastante influenciado pelo grau de habitualidade das pessoas com situações como

essa, ou seja, depende muito do quanto a população está informada sobre o que fazer em uma

situação de princípio de incêndio, no caso.

Considerando-se esse raciocínio, é preocupante o que afirma Moncada (2005), citado

por Araújo (2008): “Normalmente, as pessoas demoram a reagir diante de uma situação de

incêndio, como se estivessem paralisadas nos primeiros minutos, não acreditando que estejam

sendo envolvidas numa situação de risco grave”. Nesse sentido, o alarme de incêndio não

deveria gerar dúvida e, para tanto, treinamentos de abandono do local devem ser regulares,

como dito anteriormente: para que essa postura se torne natural, um hábito.

Vale ressaltar que atrasos para abandonar um ambiente inserido em um local onde há

princípio de incêndio pode dificultar a efetiva saída do recinto, em virtude do rápido

alastramento de fumaças, por exemplo, reduzindo a visibilidade e prejudicando a respiração,

além da tensão nervosa gerada. A figura 9 a seguir exemplifica essa situação embaraçosa que

poderia ser minimizada em função da pronta resposta dos ocupantes de uma edificação frente

a um perigo iminente.

Figura 9: ambiente com baixa visibilidade em função da presença de

fumaça

Fonte: Negrisolo (2011)

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Ainda de acordo com Araújo (2008), agora citando um estudo do National Institute of

Standards and Technology (NIST), entrevistas com pessoas que saíram do incêndio nas torres

gêmeas, nos EUA, 2001, relataram uma demora, em torno de seis minutos, para que elas

resolvessem evacuar o prédio após terem ciência do conflito das aeronaves com as torres. Eis

os motivos da demora, ainda segundo a fonte citada: espera para desligar os computadores do

ambiente de trabalho, reunir objetos pessoais, realizar telefonemas.

Situações de relapso como as comentadas acima podem e devem ser modificadas, se

zelando por uma postura prevencionista que seja aprendida, por meio de educação pública e

treinamentos constantes em programas de emergência de edificações, e também compartilhada.

Essa postura inerte frente a um iminente perigo de incêndio é agravada quando se trata

de bares e casas de shows, em função de serem ambientes onde o consumo de bebidas alcoólicas

associado a distrações como som alto e jogo de luzes desviar a atenção dos usuários desses

locais em situações de riscos de incêndio. O tempo de reação de uma pessoa a um alarme de

incêndio é preocupante, sobretudo, quando se trata de populações com mobilidade reduzida

temporária – acamados em hospitais – ou permanente – deficientes físicos, por exemplo –, ou

até mesmo quando se trata de crianças ou idosos. Nesses casos, a atenção dispensada a esses

indivíduos deve ser prioritária para que o suporte à evacuação do prédio seja eficiente.

Relativo a essa maior preocupação com as populações especiais citadas no parágrafo

anterior, tem-se o seguinte quadro 11 que relaciona o tipo de ocupação, ou seja, o indicativo do

tipo de público de tais recintos, ao tempo de pré-movimento.

Quadro 11: ocupação X tempo de pré-movimento

Ocupação

Tempo de pré-movimento tpre (s)

Ruído do alarme

Evacuação não orientada

Evacuação orientada

Hospitais 480 300 180

Residencial 360 240 120

Hotéis 300 240 120

Locais de assembleias 300 180 120

Estádio 300 180 120

Centros Comerciais 300 180 120

Lojas 300 180 120

Estações de metrô 240 180 60

Escritórios 240 180 60 Fonte: Gouveia (2002)

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Com as informações constantes no quadro 11 acima, percebe-se que, tanto utilizando-

se sistema de som interno com alto-falantes – colunas “evacuação não orientada” e “evacuação

orientada” – quanto apenas o sinal do alarme, o atraso na reação ao aviso para evacuação do

prédio é preponderante em hospitais, muito em função da situação debilitada em que pacientes

se encontram, tendo que receberem cuidados prévios antes de serem removidos da unidade de

saúde numa situação de alerta de incêndio. Ademais, o menor tempo de reação ao alarme de

incêndio é em escritórios, já que são locais onde as pessoas estão a maioria do tempo ativas,

diferentemente de apartamentos residenciais e hotéis, onde as pessoas podem estar dormindo

quando um alerta soa, retardando o tempo de reação delas. Soma-se a isso a rotatividade dos

hotéis, de forma a dificultar a adaptação dos clientes com as rotas de fuga existentes.

2.4.5 Saídas de emergência

As saídas de emergência compreendem, segundo a IT 11/2018, do RN, referente a esse

tema:

(a) acessos ou corredores;

(b) rotas de saídas horizontais, quando houver, e respectivas portas ou espaço livre exterior, nas

edificações térreas ou no pavimento de saída/descarga das pessoas nas edificações com mais de

um pavimento;

(c) escadas ou rampas;

(d) descarga;

(e) elevador de emergência;

Ao tomarem a iniciativa de evacuar o prédio, as pessoas deverão se dirigir às rotas de

fuga, que devem estar bem sinalizadas, além de haver a presença da iluminação de emergência

– que atua quando a fonte de energia normal do local é interrompida, como em casos de

incêndios. Ressalta-se, ainda, a importância da habitualidade fomentada com o treinamento

tanto à reação ao alarme de incêndio quanto à escolha da saída mais segura, que vai depender

da familiaridade do usuário do prédio com o layout da edificação.

Quanto a essa chamada de atenção, cabem as palavras de Araújo (2008, p.93):

“Atualmente, no Brasil, se tem dado mais ênfase ao projeto do sistema de segurança contra

incêndios e sua implantação, ao invés de quem e como esse sistema vai ser utilizado, seja como

equipe de emergência ou como usuário das edificações”. Tendo-se isso em mente, acredita-se

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na importância, para tentar suprir a carência de orientação aos usuários de um sistema que

contemple dispositivos de SCI, de mapas de situação instalados nos corredores das edificações,

contendo não somente a localização dos extintores, saídas de emergência e demais

equipamentos de combate a incêndios, mas também as rotas de fuga preferenciais e alternativas

em situações de incêndio. É válido ressaltar que a probabilidade de um sujeito entrar em pânico

– termo definido pelo CESIP como “susto ou medo súbito que pode provocar uma reação

descontrolada de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos” – cresce quando não se tem nem

contato com mapas de situação do pavimento onde se encontra, nem conhecimento adquirido

com simulações de situações de incêndio.

Nesse ponto de vista, o comportamento humano deve ser considerado ao se pensar em

estruturas que auxiliam o ser humano a escapar de situações tensas, não apenas propondo-se o

dimensionamento de meios ativos e passivos de proteção contra incêndio, como também

oferecendo-se orientações para as possíveis vítimas do sinistro em questão e, inclusive,

levando-se em consideração as deficiências dessas pessoas. Nessa lógica, é bem-vinda a lista

proposta por (Sime, 1991) e referenciada por Araújo (2008, p.98), que segue sobre os principais

fatores de escolha de saídas de emergências:

(1) o escurecimento de ambiente pela fumaça, que pode causar irritação e toxicidade;

(2) características do incêndio, como calor e cheiro;

(3) familiaridade com as rotas de fuga;

(4) características como idade, debilidades e incapacidades;

(5) orientação existente antes do incêndio, em como proceder em caso de incêndio;

(6) níveis de iluminamento e fonte de luz;

(7) tipo de função do usuário, se funcionário ou público externo à edificação;

(8) grupo de relacionamento, em que pessoas ligadas por laços afetivos tendem a permanecerem

juntas;

(9) posição e proximidade da pessoa até uma saída;

(10) informação / comunicação do incêndio;

(11) sinalização da saída de emergência;

Para se ter uma ideia sobre requisitos mínimos sobre saídas de emergência, segundo a

IT 11/2018, do RN, excetuadas as ocupações referentes a serviços de saúde, a largura mínima

de acessos, escadas, rampas ou descargas deve ser de 1,2 m (um metro e vinte centímetros),

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lembrando-se que o cálculo das larguras das saídas é feito considerando-se dados de população

e unidade de passagem.

De acordo com a NBR 9077 (2001), que trata sobre saídas de emergência em

edificações, as escadas, por exemplo, devem ser construídas com material incombustível,

quando enclausuradas; já quando não são enclausuradas, as escadas devem apresentar, além de

materiais incombustíveis em sua constituição: elementos estruturais com resistência ao fogo de,

no mínimo, duas horas; terem os pisos dos degraus e patamares revestidos com materiais

resistentes à propagação superficial de chama; serem dotadas de guarda-corpo em seus lados

abertos; apresentarem corrimãos; atenderem a todos os pavimentos, acima e abaixo da descarga,

mas terminando obrigatoriamente no piso desta, não podendo ter comunicação direta com outro

lance na mesma prumada, conforme a figura 10 a seguir.

Figura 10: segmentação das escadas no piso da descarga

Fonte: NBR 9077 (2001)

Toda a proteção da escada ao fogo, comentada no parágrafo anterior, se faz necessária

visto que se trata de uma saída de emergência, e como tal, deve-se oferecer ao usuário da

edificação, em caso de incêndio, um caminho para se chegar ao exterior do prédio de forma

segura e sem necessidade de ajuda externa.

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CAPÍTULO 3

Metodologia

A metodologia aplicada a este trabalho baseou-se, principalmente, no estudo tanto do

CESIP quanto do decreto vigente no estado de São Paulo – Decreto n° 56.819, de 10 de março

de 2011 –, notadamente um estado brasileiro que alcançou um dos maiores níveis de

desenvolvimento na legislação aplicada à segurança contra incêndio e pânico nas edificações e

áreas de risco, além do aprofundamento em livros, instruções técnicas e dissertações que tratam

do tema da segurança contra incêndio para obter uma base de conhecimento dos princípios que

regem este tema. Todo esse estudo serviu para avaliar, por meio de considerações de avanços

bem como de críticas construtivas, o CESIP – nova legislação que rege o tema de segurança

contra incêndio e pânico no estado do Rio Grande do Norte –, aprovado sob forma de lei

complementar no dia 07 de agosto de 2017. Inicialmente, mostram-se avanços do CESIP

relativos à legislação antiga que regia a SCI no RN e, posteriormente, se aplicou um

questionário ao CBMRN para saber o nível de satisfação deles com esse novo código aprovado,

se considerando nas perguntas tanto a relação entre a prática corrente do CBMRN e o conteúdo

do CESIP, quanto a proximidade normativa entre o que se aplica no RN e em SP relativo à SCI.

No quadro 12, a seguir, mostra-se, em uma coluna, o teor das perguntas feitas ao

CBMRN, e em outra coluna tem-se o que se buscou analisar em cada questão formulada.

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Quadro 12: considerações do questionário aplicado ao CBMRN

TEMA DA QUESTÃO FORMULADA ASPECTO CONSIDERADO NA ANÁLISE

1. Classificação de risco de incêndio em

edificações e áreas de risco

Legislação que rege o tema no RN (leis, decretos,

instruções técnicas, portarias, etc.)

2. Decreto n° 6.576, de 3 de janeiro de 1975 Prática corrente do CBMRN e vigência do

referido decreto

3. Legislação paulista e norte-rio-grandense

quanto a incêndio Uso das normas de SCI de SP por parte do RN

4. Medidas gerais de segurança contra

incêndio e pânico

Relação entre classificação do risco de incêndio e

as respectivas medidas exigidas

5. Medidas gerais de segurança contra

incêndio e pânico

Grau de exigências técnicas para cada medida

exigida

6. Instruções técnicas editadas pelo

CBMRN

Participação de diversas entidades em possíveis

alterações dessas instruções técnicas

7. Legislação federal que oriente aspectos de

SCI

Recepção dessas orientações por parte do

CBMRN

Fonte: autor

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CAPÍTULO 4

Apresentação e análise dos resultados

4.1 Avanços alcançados com o CESIP

Neste tópico procurou-se apontar alguns itens considerados pelo CESIP que são

melhorias normativas quando comparados ao que se tinha na legislação antiga de SCI no RN;

para tanto, tomou-se como base trechos de um quadro resumo proposto por Aquino (2015,

p.96), em que esse autor compara a legislação antiga de SCI no RN com uma proposta de projeto

de lei constante no próprio trabalho dele, como está exemplificado no quadro 13 a seguir.

Quadro 13: avanços sugeridos no projeto de lei em relação à antiga legislação

Legislação antiga (Lei 4.436 e Decreto 6.576) Avanço sugerido no projeto de lei

1. Estabelece a aplicação de multa e interdição, mas

não traz detalhamento sobre sua aplicação;

1. Estabelece critérios sobre aplicação de

penalidades, determinando procedimentos,

prazos, direito de defesa e valores

correspondentes;

2. Estabelece critérios de dimensionamento de

sistemas de proteção contra incêndio, o que

dificulta a atualização das normas diante do avanço

da tecnologia de segurança contra incêndio;

2. Adota os critérios estabelecidos nas normas

brasileiras para a elaboração de projetos e

dimensionamentos de sistemas de segurança

contra incêndio, disciplinando a adoção de

instruções técnicas e normas estrangeiras em

caso de inexistência de norma brasileira;

3. Não disciplina os procedimentos de análise de

projetos e vistoria técnica para emissão de atestado

de aprovação;

4. Estabelece critérios, procedimentos,

competências e prazos para os serviços de

análise de projeto e vistoria técnica para

emissão dos competentes atestados de

aprovação;

4. Não apresenta definição dos termos técnicos

utilizados, possibilitando erros de interpretação;

4. Define os termos técnicos utilizados,

esclarecendo cada terminologia de forma

detalhada;

5. Estabelece a obrigação ao cumprimento das

normas apenas às cidades de Natal e Mossoró, bem

como aos municípios onde existam ou venham a

existir parques e/ou distritos industriais;

5. Estende a obrigatoriedade de cumprimento

das normas a território estadual;

6. Estabelece de forma resumida as competências

do Serviço Técnico de Engenharia (SERTEN);

6. Detalha e amplia as atividades relacionadas

às atividades de competência do SERTEN;

Fonte: adaptado de Aquino (2015)

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• Item 1:

O CESIP é bem detalhista quanto a procedimentos de aplicação de multas e

fiscalizações, uma vez que constam nele três capítulos para tratarem de assuntos correlatos, a

saber: Capítulo IV: Da Fiscalização, Das Infrações e Da Imposição de Sanções; Capítulo V:

Dos Recursos Administrativos; Capítulo VI: Das Taxas;

A exemplo desse detalhamento, tem-se o artigo 43, do capítulo IV do CESIP, versando

inclusive sobre como destinar recursos de multa recolhidos.

Os recursos oriundos da aplicação da Pena de Multa prevista no inciso VII do

art. 34 desta Lei Complementar, serão recolhidos em subconta do Fundo

Especial de Reaparelhamento do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande

do Norte (FUNREBOM) instituído pela Lei Complementar Estadual nº

247/2002 e serão destinados, excluído o percentual de 10% (dez por cento)

para a constituição da reserva de contingência a que se refere o parágrafo único

do art. 23 para as finalidades do art. 21, da mesma Lei Complementar. (art.

43, CESIP, 2017)

• Item 2:

O CESIP não estabelece critérios de dimensionamento de sistemas de segurança contra

incêndio, o que constitui um avanço, pois caso esses critérios constassem na lei complementar,

seria difícil modificá-los no ritmo dos avanços tecnológicos do ramo de segurança contra

incêndio. Porém, esse documento legal incumbe a observância dessas conformidades técnicas

a várias entidades que tratam do tema – isso é uma observação retomada no tópico do

questionário aplicado ao CBMRN.

• Item 3:

Embora o modo simplório de classificação de risco de incêndio proposto pelo CESIP

seja discutido no tópico do questionário aplicado ao CBMRN, esse novo código disciplina os

procedimentos de análise de projetos e vistorias técnicas, fazendo-se uma diferenciação para

edificações e áreas de baixo e alto risco, como seguem, respectivamente, o artigo 20 e o caput

do artigo 24.

Os requerimentos de expedição do Certificado de Licenciamento do Corpo de

Bombeiros para as edificações e áreas de baixo risco receberão tratamento

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diferenciado e simplificado, observada a atividade econômica exercida,

associada ou não a outros critérios de controle sanitário, controle ambiental e

segurança contra incêndio. (art. 20, CESIP, 2017)

Somente após analisados os riscos, vistoriadas as execuções das medidas de

segurança e comprovado o pagamento das Taxas de Vistoria, o Corpo de

Bombeiros Militar concederá a liberação da edificação ou área de risco

mediante a expedição do Auto de Vistoria (AVCB), ou Auto de Vistoria de

Medidas Compensatórias (AVCBMC). (caput do art. 24, CESIP, 2017)

Vale ressaltar que o tratamento diferenciado e simplificado às edificações e áreas de

baixo risco é uma forma de oferecer maior fluidez à economia do país em situações que não

oferecem grandes riscos de incêndio e, inclusive, há uma disposição federal recente que se

utiliza desse conceito de tratamento diferenciado a alguns estabelecimentos, como pode-se

observar adiante no § 7º do artigo 2° da Lei Federal n° 13.425, de 30 de março de 2017,

legislação essa que trata, entre outras pautas, sobre normas especiais de prevenção e combate a

incêndio e a desastres em áreas de reunião de público: “Regulamento disporá sobre o

licenciamento simplificado de microempresas e empresas de pequeno porte, cuja atividade não

ofereça risco de incêndios.”

Além do mais, o CESIP contempla o capítulo III dedicado ao licenciamento eletrônico

dos processos, buscando dar celeridade em suas análises e despachos, sendo harmonioso ainda

ao que diz a Lei Federal n° 13.425, agora no caput do seu artigo 10.

O poder público municipal e o Corpo de Bombeiros Militar manterão

disponíveis, na rede mundial de computadores, informações completas sobre

todos os alvarás de licença ou autorização, ou documento equivalente, laudos

ou documento similar concedidos a estabelecimentos, edificações e áreas de

reunião de público, com atividades permanentes ou temporárias. (caput do

art. 10, Lei n° 13.425, 2017)

Será admitido o uso de meio eletrônico na tramitação de processo

administrativo, na comunicação de atos e transmissão de peças processuais no

âmbito do CBMRN relativos ao licenciamento, incluídas as análises de risco,

incêndio, pânico e vistorias nas edificações, estruturas provisórias e áreas de

risco a que se refere esta Lei Complementar. (art. 9°, CESIP, 2017)

• Item 4:

O CESIP define, em seu artigo 2°, vinte e um termos, auxiliando, dessa forma, o

entendimento do código; a título de exemplo, tem-se o inciso XII nos seguintes termos:

“edificação: área construída para abrigar atividade humana ou qualquer instalação,

equipamento ou material;”

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• Item 5:

Além de Natal e Mossoró, as cidades de todo o estado do Rio Grande do Norte são

obrigadas a seguirem as disposições do CESIP, como citado em seu artigo 31:

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Norte, no

exercício de suas atribuições de prevenção e combate ao incêndio e pânico,

fiscalizará toda e qualquer edificação e área de risco existente no Estado e,

quando necessário, expedirá notificações e auto de infração, aplicará multas,

procederá embargos e interdições e apreensão de bens e produtos, com o

intuito de sanar as irregularidades verificadas. (art. 31, CESIP, 2017)

• Item 6:

Este item 6 foi analisado para evidenciar uma mudança de nomenclatura: com o advento

do CESIP, o Serviço Técnico de Engenharia (SERTEN) passa a se chamar Serviço de

Atividades Técnicas (SAT), todavia vale ressaltar que as competências do SAT não são

detalhadas, são gerais, como pode-se constatar no inciso XXI do art. 2°: “Serviço de Atividades

Técnicas (SAT): é a seção do Corpo de Bombeiros responsável pelas atividades preventivas de

combate ao incêndio e controle de pânico;”

Tome-se como referência de detalhamento de funções de órgão interno da corporação

militar estadual o que propõe Aquino (2015), no artigo 8°, incisos de I a IX, da proposta de

projeto de lei constante em seu trabalho:

Art. 8° - São funções do Serviço Técnico de Engenharia:

I – realizar pesquisa e perícia de incêndio;

II – propor as medidas de segurança contra incêndio e pânico;

III – capacitar seu quadro próprio de pessoal e oferecer capacitação para profissionais da área

de segurança contra incêndio;

IV – credenciar empresas e/ou profissionais prestadores de serviços relacionados ao

treinamento de pessoas e/ou prestadores de serviços de fabricação, instalação e manutenção de

equipamentos ou serviços relacionados à prevenção e combate a incêndio;

V – analisar os processos de segurança contra incêndio e pânico;

VI – realizar vistoria nas edificações e áreas de risco;

VII – expedir o Atestado de Vistoria;

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VIII – cassar o Atestado de Vistoria ou credenciamento de empresa ou profissional que

apresente irregularidade;

IX – aplicar penalidades;

4.2 Questionário ao Corpo de Bombeiros Militar do estado do Rio Grande do Norte

Primeiramente, é preciso destacar a celeridade com que este questionário foi respondido,

já que o questionário foi protocolado na seção do Comando do CBMRN no dia 21 de setembro

de 2018 e as respostas datam de 28 de setembro de 2018. Logo, fica evidente o compromisso

com a transparência dos seus dados por parte do CBMRN, auxiliando sobremaneira a confecção

deste trabalho.

A seguir, tem-se os conteúdos das questões propostas, juntamente com os resultados e

discussão.

• Questão 1: Como é feita a classificação quanto ao risco das edificações e áreas de risco

no estado do Rio Grande do Norte?

Foi informado que essa classificação é feita de acordo com o “Código de Segurança

antigo” e com base nas tabelas do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Além disso,

informou-se que essa classificação também é possível de ser feita baseada na IT 14, do Corpo

de Bombeiros de São Paulo, que estabelece valores característicos de carga de incêndio nas

edificações e áreas de risco, conforme ocupação e uso específico.

Vale salientar que há recomendações de classificação de edificações e áreas de risco no

RN, além dos meios informados na resposta ao questionário, no próprio CESIP e na IT 01/2018

– Parte I – Procedimentos Geais e Classificação das Edificações, editada pelo CBMRN.

Quanto à IRB, essa entidade apresenta uma tabela denominada Tarifa Seguro Incêndio

do Brasil (TSIB), editada por uma Portaria de 1956 – bem antiga –, que apresenta uma lista de

treze ocupações classificadas em três classes de risco de incêndio, constante no Código de

Segurança contra Incêndio e Pânico do estado do Rio Grande do Norte (2012), de acordo com

Aquino (2015), como mostrado no quadro 14 a seguir.

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Quadro 14: classificação de risco de incêndio do Código

de Segurança contra Incêndio e Pânico do RN

RISCO DE INCÊNDIO CLASSE DE OCUPAÇÃO

Risco de classe A 01 a 02

Risco de classe B 03 a 06

Risco de classe C 07 a 13

Fonte: adaptado de Aquino (2015)

Já a IT 01/2018 – Parte I – Procedimentos Geais e Classificação das Edificações, editada

pelo CBMRN no corrente ano de 2018, traz em seu item nove a classificação das edificações e

áreas de risco, com base em tabelas semelhantes ao que se tem no Decreto n° 56.819 (2011) de

São Paulo, considerando-se aspectos de carga de incêndio, tipo de ocupação e altura de

edificação.

Com relação à classificação das edificações e áreas de risco pelo CESIP, que é o

instrumento legal vigente relativo a SCI no Rio Grande do Norte, há, nos artigos 12 e 13, uma

divisão em alto risco e baixo risco, apenas, tratando-se qualquer edificação ou área de risco com

mais de 750 metros quadrados de área construída como alto risco, entre outras disposições.

Percebe-se, portanto, que vários dispositivos (instruções técnicas, instituto de seguros,

lei complementar) versam sobre classificação do risco de incêndio em edificações e áreas de

risco no RN, todavia, o instrumento normativo de mais força hierárquica dentre eles – CESIP

– e de edição recente deveria ser o escolhido para uso efetivo no Rio Grande do Norte, mas isso

não está ocorrendo. Nesse sentido, pode ser que haja um desconforto quanto à efetiva utilização

da referida classificação presente no CESIP por tratar-se apenas de ou alto ou baixo risco de

incêndio para os mais variados tipos de edificação e áreas de risco.

• Questão 2: O Corpo de Bombeiros Militar do estado do Rio Grande do Norte (CBM-

RN) ainda utiliza, em suas vistorias técnicas ou análises de projetos, critérios técnicos

constantes no Decreto n° 6.576, de 3 de janeiro de 1975?

A resposta recebida foi que ainda se utiliza o Decreto n° 6.576, porém até o dia 10 de

outubro de 2018, data a partir da qual as exigências técnicas seriam tomadas com base nas

instruções técnicas editadas pelo próprio CBMRN.

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De acordo com o art. 64 do CESIP, a Lei n° 4.436 – a qual o Decreto n° 6.576

regulamenta –, foi revogada: “Art. 64. Ficam revogados a Lei Estadual nº 4.436, de 9 de

dezembro de 1974 e os §§ 2º e 3º do art. 25 da Lei Complementar nº 247, de 2002.”

Vale salientar que o CESIP foi sancionado pelo então governador do RN, Robinson

Faria, em 7 de agosto de 2017 e, ademais, o artigo 63 do CESIP afirma que ele entre em vigor

na sua data de publicação: “Art. 63. Este CESIP entra em vigor na data de sua publicação,

devendo produzir efeitos tributários com observância do disposto no art. 150, III, “b” e “c”, da

Constituição Federal.”

Portanto, legalmente, o referido decreto não deveria mais estar sendo utilizado após 7

de agosto de 2017.

• Questão 3: O CBM-RN utiliza-se de instruções ou legislações do estado de São Paulo

em suas vistorias técnicas ou análises de projetos de segurança e combate a incêndio?

Como resposta, o CBMRN afirmou que desde o ano de 2013 algumas Instruções

Técnicas de São Paulo são utilizadas no âmbito da SCI no Rio Grande do Norte, por meio da

Portaria n° 191/2013 do próprio Comando Geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do

Norte. Inclusive, de forma alternativa, projetos baseados integralmente nas normas de São

Paulo também estavam sendo aceitos.

Nesse sentido, cabem as constatações de Aquino (2015) em seu questionário aplicado

a vários estados do Brasil, relativas à influência normativa da legislação de SCI do estado de

São Paulo aos demais estados da federação:

“Constatou-se ainda que uma grande quantidade de estados passou a utilizar os parâmetros das

Instruções Técnicas elaboradas pelos Corpos de Bombeiros, normalmente baseados no modelo

de São Paulo.” (Aquino, 2015, p.77)

“Em virtude da deficiência de profissionais especializados nos Corpos de Bombeiros, o que

também reflete a carência de pesquisa em segurança contra incêndio nas universidades de todo

o país, são adotadas as Instruções Técnicas do estado de São Paulo [...]” (Aquino, 2015, p. 78)

Considerando-se essa realidade, se admite como benéfica a utilização dessas normas de

um estado da federação pioneiro no quesito de SCI, por parte de outro ente federativo, até

porque é interessante que haja uma unificação dos parâmetros, exigências e processos relativos

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à SCI no Estado, reduzindo incompatibilidades técnicas e aprimorando esse ramo da ciência no

Brasil.

• Questão 4: Como saber quais medidas gerais de segurança contra incêndio e pânico

serão necessárias de acordo com cada tipo de risco das edificações ou áreas de risco?

Afirmou-se, na resposta, que até o dia 10 de outubro de 2018 esse enquadramento estava

sendo feito pelo “Código de Segurança antigo”, mas a partir dessa data será de acordo com

tabelas de exigências contidas na IT 01/2018 do CBMRN, que trata dos procedimentos

administrativos. Além do mais, apontou-se na resposta a possibilidade de criação de Instruções

Técnicas dada pelo CESIP.

“Instrução Técnica (IT/CBMRN): é o ato administrativo de cunho normativo, expedido pelo

CBMRN com a finalidade de disciplinar a aplicação das exigências técnicas e medidas de

segurança de prevenção de incêndio e pânico, nos termos da legislação em vigor;” (inciso XIV,

art. 2°, CESIP, 2017)

Analisando-se a conceituação do termo “instrução técnica” pelo CESIP, percebe-se que

houve uma responsabilização das instruções técnicas para a determinação dos meios

obrigatórios de proteção contra incêndio de acordo com os riscos inerentes e, nesse sentido,

cabem as palavras de Aquino (2015), ao fazer uma diferenciação entre exigências de medidas

de proteção contra incêndio e estabelecimento de parâmetros de dimensionamento para cada

uma dessas medidas.

Para compreensão dessa questão torna-se importante diferenciar os

dispositivos legais que trazem exigências legais de requisitos de proteção

contra incêndio, estamos falando aqui de regras para classificação do risco de

incêndio das edificações e dos respectivos meios de proteção que serão

exigidos em cada situação, nesse caso, estabelecidos por Lei. Por outro lado,

existem as Normas Técnicas, ABNT, por exemplo, que definem parâmetros

para dimensionamento dos sistemas de proteção, representando uma norma

técnica. (Aquino, 2015, p.77)

Aplicando-se esse raciocínio ao que é praticado no Rio Grande do Norte, as instruções

técnicas, que estão no rol de normas técnicas, deveriam definir os parâmetros de

dimensionamento das medidas de segurança contra incêndio, essas últimas exigidas em lei

complementar ou, pelo menos, em decreto regulamentador, o que ocorre no estado de São

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Paulo, como pode-se observar no § 1º do artigo 24 do Decreto nº 56.819/2011, do estado de

São Paulo: “para a execução e implantação das medidas de segurança contra incêndio, devem

ser atendidas as Instruções Técnicas elaboradas pelo CBPMESP. ”

Ademais, tome-se como exemplo o artigo 26 do mesmo decreto: “Cada medida de

segurança contra incêndio, constante das tabelas 4, 5, 6 (6A a 6M), 7, deve obedecer aos

parâmetros estabelecidos na ITCB respectiva.”

• Questão 5: Qual(is) documento(s) deve(m) ser consultado(s) para se ter conhecimento

sobre o grau de exigências técnicas para cada tipo de medida geral de segurança contra incêndio

e pânico?

Foi informado que os documentos a serem consultados para tal fim constam na Portaria

n° 191/2013 do Comando Geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte, e, a partir do

dia 10 de outubro de 2018, entrarão em vigor as Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros

Militar do Rio Grande do Norte, que também serão utilizadas para se ter conhecimento sobre o

grau de exigências técnicas para cada tipo de medida geral de segurança contra incêndio e

pânico neste estado.

É válido salientar que o CESIP orienta essa questão, porém indicando não somente as

Instruções Técnicas do CBMRN, mas também outras instituições. O caput do artigo 3° do

CESIP disserta da seguinte maneira:

Na aplicação deste CESIP são consideradas as exigências técnicas de

prevenção e as medidas de segurança contra incêndio e pânico aquelas

estabelecidas nas NBR/ABNT e NR Ministério do Trabalho e Emprego

(MTE), Superintendência de Seguros Privados (SUSEPI) e a Agência

Nacional de Petróleo (ANP), e Instruções Técnicas (IT/CBMRN) e são

obrigatórios para: (caput do art. 3°, CESIP, 2017)

Quanto a esse recorte do CESIP, cabem as palavras de Aquino (2015), como

contraponto:

Diante da contraposição de exigências das normas de diferentes instituições

como: Seguradoras, Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT,

Corpos de Bombeiros dos estados, Ministério do Trabalho e Emprego – MTE,

entre outras, o profissional da área de segurança contra incêndio se depara

com um difícil problema de conciliação entre os fundamentos que embasaram

essas diferentes normas, principalmente quanto às divergências de parâmetros

de dimensionamento e incompatibilidades técnicas. (Aquino, 2015, p.2)

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Ressalta-se, além do mais, que o CESIP prevê, em seu artigo 48, multa, cassação da

licença, entre outras sanções administrativas, aos responsáveis pelas edificações, construções

provisórias ou áreas de risco que deixarem de cumprir exigências das Instruções Técnica do

Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte. Logo, de acordo com o CESIP, infere-se

que há a possibilidade de um administrador de uma construção provisória, por exemplo, estar

cumprindo com o texto legal ao se utilizar exigências técnicas da SUSEPI, porém o responsável

por essa obra ser prejudicado por possíveis divergências entre normas dessa instituição e as

referidas instruções técnicas.

XVIII - deixar o responsável pela edificação, construção provisória e área de

risco, ou por sua administração, deixar de cumprir as exigências estabelecidas

neste CESIP e nas IT/CBMRN relativas à segurança contra incêndio e

controle de pânico:

Sanção: multa e, na reincidência, embargo administrativo da obra, construção

ou interdição temporária, parcial ou total das atividades, ou remoção, retenção

ou apreensão, ou cassação da licença. (inciso XVIII, art. 48, CESIP, 2017)

Nessa questão, vale dizer que o Decreto n° 56.819 do estado de São Paulo traz em seu

§ 1º do artigo 24: “para a execução e implantação das medidas de segurança contra incêndio,

devem ser atendidas as Instruções Técnicas elaboradas pelo CBPMESP. ”; Além do mais, o

artigo 27 do mesmo decreto contempla o seguinte texto: “Os riscos específicos não abrangidos

pelas exigências contidas nas tabelas deste Regulamento, devem atender às respectivas

Instruções Técnicas do CBPMESP.”

Percebe-se que a referida legislação paulista considera que a diversidade de normas em

vigor no arcabouço normativo de um estado contribui para dúvidas entre projetistas e

profissionais que atuam na área de segurança contra incêndio, referenciando, pois, apenas as

instruções técnicas do seu estado.

• Questão 6: Há a possibilidade de representantes de entidades públicas ou privadas

participarem de discussões, juntamente com oficiais bombeiros militares do estado do Rio

Grande do Norte, que visem alterações em instruções técnicas editadas pelo próprio CBM-RN?

Informou-se que há essa possibilidade.

Porém, não há previsão no CESIP para que essas discussões ocorram entre vários entes

com vistas a alterações nas Instruções Técnicas do Rio Grande do Norte.

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Em seu artigo 59, o CESIP disserta da seguinte forma:

O CBMRN poderá constituir Câmara Técnica, formada por grupo de estudos

formado por profissionais qualificados do CBMRN, legalmente habilitado no

âmbito de segurança contra incêndio e pânico, tendo como objetivos propor

normas de prevenção contra incêndio e pânico, analisar, avaliar e emitir

pareceres relativos aos casos que necessitarem de soluções técnicas complexas

ou apresentarem dúvidas quanto às exigências previstas neste CESIP. (art. 59,

CESIP, 2017)

Com relação à participação da sociedade civil na elaboração ou alteração de normas

relativas ao combate a incêndio e pânico no estado de São Paulo, o parágrafo primeiro do artigo

37 do Decreto n° 56.819 desse estado afirma que há a possibilidade de representantes de

entidades públicas ou privadas, com notório conhecimento em segurança contra incêndio,

comporem a Comissão Especial de Avaliação, que tem como funções, de acordo com o artigo

38 do mesmo decreto, avaliar a execução de normas previstas no próprio decreto e os eventuais

problemas ocorridos em sua aplicação, além de apresentar propostas de alterações do decreto

em discussão e das instruções técnicas do referido estado.

Portanto, nota-se que há no CESIP uma tendência a dar exclusividade ao CBMRN no

que tange a competências para dirimir casos complexos da legislação de combate a incêndio e

pânico do estado do Rio Grande do Norte; já no estado de São Paulo, o Decreto n° 56.819 busca

não isolar o Corpo de Bombeiros Militar para analisar a legislação que interfere na sua atuação,

mas cria a oportunidade de convocar entidades representativas da sociedade organizada com

competência de avaliar e propor alteração de normas.

• Questão 7: O que o CBM-RN segue a nível de recomendações de legislações federais

no âmbito de medidas de prevenção e combate a incêndio?

Foi ressaltado na resposta que as Normas de Proteção Contra Incêndio são elaboradas

pelos respectivos estados da federação e, além do mais, frisou-se a importância do Corpo de

Bombeiros Militar do estado de São Paulo como referência nacional no assunto.

Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 determina que os Corpos de Bombeiros

Militares, além de atribuições definidas em lei, são responsáveis pelas atividades de defesa

civil, compondo um dos órgãos da segurança pública e estão subordinadas aos governadores

dos seus respectivos estados. Dessa forma, cada estado tem autonomia para propor as suas

Normas de Proteção Contra Incêndio, idealmente na forma de lei, visto que são criadas

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obrigações e, para tanto, é primordial que as exigências referentes a esse tema estejam no

arcabouço legal de cada estado; nessa ótica, destaca-se o que diz a Constituição Federal no

inciso II do artigo 5°: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em

virtude de lei;”

É valido salientar também a edição recente da Lei Federal n° 13.425, de 30 de março de

2017, que reforça algumas incumbências das corporações de bombeiros militares estaduais,

ressaltando parcerias com poderes públicos municipais dos seus respectivos estados, como se

pode observar no caput do artigo 3° dessa lei, bem como no § 2º desse mesmo artigo.

Cabe ao Corpo de Bombeiros Militar planejar, analisar, avaliar, vistoriar,

aprovar e fiscalizar as medidas de prevenção e combate a incêndio e a

desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público, sem

prejuízo das prerrogativas municipais no controle das edificações e do uso, do

parcelamento e da ocupação do solo urbano e das atribuições dos profissionais

responsáveis pelos respectivos projetos. (caput do art. 3°, Lei n° 13.425,

2017)

Os Municípios que não contarem com unidade do Corpo de Bombeiros Militar

instalada poderão criar e manter serviços de prevenção e combate a incêndio

e atendimento a emergências, mediante convênio com a respectiva corporação

militar estadual. (§ 2º do art. 3°, Lei n° 13.425, 2017)

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CAPÍTULO 5

Considerações finais

A segurança contra incêndio no Brasil é um fenômeno recente, já que a legislação que

foi pioneira nesse tema é do estado de São Paulo, na década de setenta e, nesse sentido, muitos

estados do Brasil adotaram recomendações normativas do próprio estado paulista, bem como

trataram do tema em suas próprias legislações estaduais. Todavia, é necessário que o arcabouço

legal referente à segurança e combate a incêndio de cada estado da federação seja claro e

coerente em seus princípios e exigências, contribuindo para o desenvolvimento desse ramo da

ciência que está em pleno desenvolvimento no Brasil, inclusive destacando-se a ampliação de

pós-graduações nessa área pelas universidades do país.

Por meio do estudo dos aparatos legais que regem a segurança contra incêndio no Rio

Grande do Norte e em São Paulo, bem como por meio de um questionário aplicado ao Corpo

de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, chega-se ao entendimento de que o CESIP traz

benefícios que a legislação antiga (Lei n° 4.436 e Decreto n° 6.576) não contemplava, a

exemplo de definição de termos técnicos e a tentativa de proporcionar agilidade aos processos

relativos à liberação de edificações e áreas consideradas de baixo risco, dispensando maior

atenção e tempo aos projetos mais complexos.

No entanto, é válido ressaltar que a construção civil, por exemplo, segue um processo

dinâmico e necessita de parâmetros muito bem esclarecidos para elaboração dos projetos de

edificações, e nessa temática, o CESIP não deveria deixar lacunas que gerassem situações de

insegurança aos projetistas e empreendedores. Nesse sentido, há alguns pontos que necessitam

de um maior detalhamento, como a classificação de risco de incêndio, que está bastante

simplificada e, pelo exposto ao longo deste documento, não está sendo predominantemente

utilizada. Além do mais, o CESIP orienta as Instruções Técnicas do Rio Grande do Norte a

criarem obrigações, algo que não é ideal para o ordenamento jurídico do estado.

Como principais limitações deste trabalho, consideram-se: o reduzido tempo para estudo

das normas de SCI vigentes no Brasil, fato pelo qual limitou-se o estudo apenas aos estados do

Rio Grande do Norte e de São Paulo e, inclusive, estudou-se de forma rasa as instruções técnicas

vigentes desses estados da federação; o limitado número de medidas gerais de segurança contra

incêndio abordadas na revisão bibliográfica, além de pouco aprofundamento nas medidas gerais

que foram analisadas.

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Por fim, considera-se que este trabalho estimulou a curiosidade e o espírito questionador

do discente que o elaborou, bem como espera-se que este documento sirva como apoio para

uma possível proposta de projeto de lei complementar que altere itens do CESIP, especialmente

os que carecem de melhorias normativas, como discutido ao longo do texto.

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