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FARMACÊUTICOS UNIDOS EM DEFESA DO TRABALHO E DO BRASIL CONGRESSO DA FENAFAR Caderno de Debates 2 a 4 de agosto de 2018 Sesc Praia Formosa Aracruz/ES democracia salário digno qualidade de vida saúde

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FARMACÊUTICOS UNIDOS EM DEFESA

DO TRABALHO E DO BRASIL

CONGRESSO DAFENAFAR

Caderno de Debates

2 a 4de agostode 2018

SescPraia

FormosaAracruz/ES

democracia salário digno qualidade de vidasaúde

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Expediente:Caderno de Debates da Fenafar

Redação, Edição e Revisão: Renata MielliColaboradores: Adelir da Veiga, Ewerton Pereira e Zizia Oliveira

Comissão Organizadora do 9º Congresso da Fenafar:Debora Melecchi

Elaine Cristina CâmaraCarlos ToledoCélia ChavesFabio Basílio

Maria Maruza CarlessoRilke Novato PúblioRonald dos SantosSilvana Nair LeiteVeridiana Ribeiro

Comissão de Redação do Caderno de Debates para o 9º Congresso da Fenafar:Dalmare Anderson Sá

Débora MelecchiGilda Almeida de Souza

Júnia Dark VieiraLavínia Magalhães Maia

Luciano MamedeRilke Novato PúblioRonald dos SantosSergio Luiz GomesSilvana Nair Leite

Projeto gráfico e diagramação: Movimento Web e Artes Gráficas

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Um mundo marcado pela instabilidade política e econômica

Saúde Pública em tempos de barbárie: Resistir é preciso!

As táticas do movimento sindical para os próximos anos

Desafios e perspectivas para a Educação Farmacêutica

Três anos de unidade e ação para defender o Brasil, a Saúde e valorizar a profissão farmacêutica

Diretoria da Fenafar

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SUMÁRIO

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CONJUNTURA

UM MUNDO MARCADO PELA INSTABILIDADE

POLÍTICA E ECONÔMICA

A crise do capitalismo, que se iniciou em 2008, completa 10 anos sem que tenham sido

construídas as condições para a sua superação. Países tiveram suas eco-nomias devastadas, contingentes enormes de trabalhadores e traba-lhadoras perderam seus empregos e outras fontes de renda, ampliando a miséria e as desigualdades. Para salvar sua riqueza e garantir suas margens de lucro, o grande capital impõe restrições democráticas e re-tira direitos sociais e trabalhistas em todo o mundo.

Este cenário é propício para o avanço das forças mais conserva-doras, que difundem preconceitos e aprofundam o discurso de ódio e a intolerância. Aumenta a crimi-nalização da política, dos movi-mentos sociais e de trabalhadores, produzindo tensões internas e ex-ternas, agravando a instabilidade, aumentando a agressividade das forças imperialistas e aprofundan-do as contradições entre os inte-resses imperialistas e das grandes empresas monopolistas e a defesa da soberania das nações.

Sinais do avanço desse conserva-dorismo foram o resultado do ple-biscito no Reino Unido, que aprovou a sua retirada da União Europeia, a eleição de Donald Trump nos Esta-dos Unidos, e a elevada votação dos setores de extrema-direita na eleição presidencial francesa.

A eleição de Donald Trump teve

impacto negativo em inúmeras ini-ciativas importantes na região, entre as quais o fim do bloqueio econô-mico à Cuba e a retomada das relações diplomá-ticas entre os dois países iniciadas no final do governo de Barack Oba-ma. Além disso, aumentou a pres-são estadunidense contra a Venezue-la e outros países que mantém uma postura de indepen-dência com relação aos EUA e persistem na manutenção de governos de caráter progressistas.

OFENSIVA CONTRA OS AVANÇOS DA AMÉRICA LATINA

Nos últimos 15 anos, a América Latina foi palco de mudanças impor-tantes no campo político e econô-mico. O surgimento e consolidação de governos democráticos e popu-lares iniciou um processo de integra-ção soberana entre os países, com a aplicação de políticas de caráter eco-nômico redistributivo, de aposta na participação social, fortalecimento dos serviços públicos e do papel do Estado na sociedade.

A criação dos BRICS, pólo de resistên-cia e afirmação dos interesses dos países do eixo Sul, se constituiu num obstáculo aos interesses do imperialismo.

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Por outro lado, a crise econômica internacional começou a ter reflexo nas economias da região, colocando dificuldades para a manutenção de um ciclo virtuoso na economia des-tes países e para adoção de políticas de inclusão.

Neste cená-rio, se ampliou a ofensiva con-servadora para colocar um fim ao ciclo pro-gressista nes-tes países, seja pela via eleitoral, seja através de golpes de novo tipo, os cha-mados golpes institucionais. O primeiro país

alvo deste tipo de golpe foi Honduras, seguido do Paraguai. O discurso do combate à corrupção foi usado em todos os países como narrativa para deslegitimar governos e criminalizar os segmentos progressistas. Na Ar-gentina, a eleição de Macri foi o cami-nho para iniciar a retomada da agenda neoliberal. As sucessivas tentativas de golpe na Venezuela também criam um ambiente de instabilidade regional.

O BRASIL NA MIRA DO NEOLIBERALISMO

O Brasil de 2018 sofre as conse-quências do golpe midiático, jurídico, parlamentar impetrado pela elite polí-tica e econômica em agosto de 2016.

Sob o mesmo discurso de com-bate à corrupção, os grandes meios de comunicação atuaram de forma partidarizada, ao lado de setores da burguesia e dos poderes Legislativo e Judiciário, para tecer uma narrati-va que supostamente justificasse a destituição da presidenta. Narrativa

tão bem construída que incutiu na mente de grande parte da população o discurso de que o impeachment concretizava o ideal da luta contra a corrupção, mesmo que Dilma não ti-vesse sido denunciada, ao passo que seus acusadores e detratores, sim. E provável que, ainda hoje, boa parte de quem comprou esse discurso não saiba que o motivo do processo mo-vido contra a presidenta não foi qual-quer acusação de corrupção, mas as manobras contábeis praticadas pelo Tesouro Nacional, com o atraso de repasse para bancos financiadores de despesas do governo com benefícios sociais e previdenciários, ajudando a fechar as contas de um determina-do período ao jogar a fatura para o período seguinte — o que, de acordo com vários especialistas, não consti-tui crime de responsabilidade, e que inclusive foi praticado em muitos outros governos, até por Fernando Henrique Cardoso.

Após o golpe, o governo insta-lado no país iniciou a aplicação de uma agenda de redução do papel do Estado na economia, de diminui-ção dos investimentos em serviços públicos, de privatização, desnacio-nalização e desregulamentação da economia.

A imposição de um limite para os investimentos públicos (Emenda Constitucional 95) foi uma das pri-meiras e principais medidas do go-verno golpista para consolidar esse projeto. Com essa exclusão do povo e das políticas públicas essenciais do orçamento do país sofreram a saúde (cada vez mais sucateada), a educa-ção (mais e mais à mercê da sanha privatista), a ciência e tecnologia, a assistência social, a segurança públi-ca, e a comunicação pública – com o desmonte da Empresa Brasil de Co-municação (EBC) e da Telecomuni-cações Brasileiras S/A (Telebras).

📄 Manifestação contra a Reforma da Previdência, realizada em São Paulo, maio de 2016.

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Para 2018, o governo golpista de-finiu quinze pontos prioritários para a sua agenda política e econômica, entre eles a privatização da Eletro-bras, a aprovação da autonomia do Banco Central, entre outros pacotes de desmonte do Estado brasileiro.

Todas essas medidas objetivam inibir a capacidade do Estado de promover a infraestrutura essencial à produção e ao desenvolvimento social e são determinantes para abrir espaço para as demais ações leva-das a cabo pelo governo ilegítimo, da reforma do ensino médio à reforma trabalhista, favo-recendo a privatização de serviços públicos e a entrega de empresas e bens públi-cos ao capital. A conclusão é lógica: se o Estado, limita-do pelo teto de gastos, abre mão de seu papel de aten-der às demandas presentes e futuras relacionadas às po-líticas públicas e aos direitos constitucionais pelos quais tem o dever de zelar, cria-se uma re-serva de mercado a ser avidamente explorada pelo setor privado e pelo mercado financeiro.

A Lei nº 13.467/2017 da Reforma Trabalhista, sancionada em 13 de ju-lho do ano passado e em vigor des-de 11 de novembro, foi um segundo passo nesta manobra. Ao privilegiar a descaracterização e a informalidade das relações de trabalho, ela exclui dos trabalhadores também o próprio direito de acesso à Justiça do Tra-balho, e individualiza as regras que ainda restam — afetando em cheio o movimento sindical e a coletividade da luta por melhores condições de trabalho —, diminui os custos da mão de obra e o valor do trabalho e coloca a jornada e o tempo do trabalhador à total disposição do empregador.

Aliada à reforma trabalhista e à

lei das terceirizações está a reforma da Previdência e da Seguridade So-cial, que visa, na prática, a reduzir as responsabilidades do Estado na ga-rantia de direitos dos trabalhadores e das parcelas mais pobres da socie-dade, excluindo quase 40% dos tra-balhadores segurados de seus direi-tos previdenciários. Enfrentar essas reformas tem exigido uma ampla mobilização social, sendo de extre-ma importância articulações como as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Para completar o cenário,

tem-se uma política de privatizações generalizada, por meio da qual em-presas públicas e serviços públicos são colocados à venda, disponíveis aos interesses do capital, sobretudo internacional. A massiva campanha de desvalorização da Petrobras, que segue seu fluxo com a continuidade dos desdobramentos da Operação Lava-Jato, é um exemplo disso.

Outra consequência direta das políticas neoliberais é o empobre-cimento do povo e o aumento da concentração de renda. O Brasil vol-tou ao Mapa da Fome mundial e o número de famílias vivendo nas ruas ampliou-se exponencialmente. O país atingiu o recorde de 14 milhões de desempregados, 25% dos quais jovens de 18 a 24 anos. Em 2016, a média dos reajustes salariais do país se reduziu a 0,52% e só 19% dos dis-

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sídios coletivos alcançaram aumen-to real de salários. O ajuste recessivo produz queda na arrecadação, nos orçamentos dos estados e municí-pios e, a cada dia, aumenta a deterio-ração dos serviços públicos.

Apesar do crescimento das mobi-lizações contra as Reformas da Previ-

dência e Trabalhista, e da construção de importantes espaços de articulação do movimento sindical e social, há um re-fluxo da luta política face à crise econô-mico-social, e em função da própria criminalização da política difundida de forma cotidiana pe-los meios hegemôni-cos de comunicação.

Apesar da insatis-fação da maioria do povo com o governo e os rumos do país, esse descontenta-

mento ainda não se transformou em força política para enfrentar o avanço da direita conservadora.

E preciso manter a construção dos instrumentos de unidade do campo democrático e popular con-tra o governo golpista, em defesa da Constituição e dos direitos sociais, em defesa do próprio Estado Demo-crático de Direito e para garantir a realização de eleições em outubro. Também é fundamental que esta unidade seja efetivada em torno de propostas para o Brasil, em torno de um projeto nacional de desenvolvi-mento, com protagonismo da so-ciedade e fortalecimento do Estado.

A Fenafar deve contribuir neste es-forço de construção da unidade, par-ticipando das frentes e apresentando propostas que ajudem a formatar esse

novo projeto de nação para superar a crise e recolocar o país no rumo da soberania, do desenvolvimento, com direitos e qualidade de vida.

PROPOSTAS

01. Apoiar as políticas de fortale-cimento da soberania nacional

dos países latino-americanos.

02. Apoiar políticas de integração e fortalecimento da América

Latina, do Mercosul e em defesa da autodeterminação dos povos.

03. Participar ativamente dos Fóruns e do Movimento Sin-

dical Internacional com objetivo de unificar a luta pelo desenvolvimento sustentável e com valorização do tra-balho, como por exemplo, o Fórum Nostra América.

04. Lutar pelo efetivo fim do blo-queio econômico a Cuba, e

apoiar sua independência e soberania.

05. Apoiar o desenvolvimento da produção científica e tecno-

lógica de fármacos e medicamentos nos países do BRICS, MERCOSUL, e em outros países da América Latina.

06. Lutar pelo fechamento das bases militares dos EUA insta-

ladas na América Latina e em todos os outros países que afrontam a so-berania dos mesmos.

07. Defender a Amazônia brasilei-ra e lutar pela defesa incondi-

cional da biodiversidade e dos recur-sos naturais do país.

08. Estimular políticas e ações que visem à redução da vio-

lência em suas várias manifestações.

📄 Desemprego e diminuição de programas sociais faz voltar a fome. O Globo, 30/06/2017

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09. Lutar e defender uma Política Macroe-conômica que reduza os juros. Por uma

reforma tributária com arrecadação e utilização dos impostos de forma socialmente justa, priori-zando o desenvolvimento nacional e a garantia dos direitos sociais do povo brasileiro.

10. Defender o crescimento do setor produtivo nacional, visando a geração de empregos.

11. Defender a democratização dos meios de comunicação, com liberdade de expressão

para todos e todas, rompendo com a hegemonia de grupos econômicos para garantir a diversida-de e pluralidade na mídia, o respeito aos direitos humanos, e a valorização da cultura regional.

12. Defender a continuidade e ampliação dos investimentos públicos nas áreas sociais e

em programas de geração de emprego e renda.

13. Defender o fortalecimento da saúde e a valorização do trabalho como meios para o

crescimento interno do país.

14. Reivindicar uma política que garanta o pleno emprego, de forma que os trabalha-

dores mantenham seus postos de trabalho, redu-zindo o índice do desemprego e promovendo o incentivo ao primeiro emprego.

15. Defender que a geração de empregos seja acompanhada de políticas públicas volta-

das à garantia de salários e condições dignas de trabalho, com ampliação dos direitos dos traba-lhadores.

16. Defender a reforma agrária e uma políti-ca agrícola nacional que leve em conta a

segurança e soberania alimentar e tecnológica no campo para o fortalecimento da agricultura familiar.

17. Defender uma política de valorização de alimentos orgânicos e medidas protetivas

contra o uso excessivo de agrotóxicos que con-tribuem para o alto índice de intoxicação.

18. Defender uma política salarial de reajustes automáticos do salário mínimo que garan-

ta a verdadeira recuperação do poder de compra do cidadão brasileiro.

19. Participar ativamente nas eleições de 2018 e 2020, defendendo plataformas compro-

metidas com políticas e justiça social, defesa do SUS e valorização do trabalho e da profissão far-macêutica.

20. Defender as reformas democráticas po-pulares (Reforma Política, Reforma Tribu-

tária, Reforma do Judiciário, Democratização dos Meios de Comunicação, Reforma do Sistema de Segurança Pública e Reforma do Pacto Federativo) que atendam as reivindicações do povo brasileiro.

21. Lutar para que parte dos recursos do pré--sal sejam de fato destinados para a saúde

e educação.

22. Defender a elaboração e aprovação de uma Reforma Política que contemple os

interesses da população brasileira, não subordi-nada à ingerência de poderes econômicos; con-tra o financiamento empresarial de campanhas políticas e pelo aprofundamento do debate.

23. Lutar pela implementação da Política de Logística Reversa de Medicamentos nos

setores público e privado, frente ao nosso com-promisso com a Saúde e o Meio Ambiente.

24. Apoiar ações de combate à corrupção.

25. Defender proposta de criminalização do desvio de recursos públicos como crime

de lesa-pátria e obrigação de restituição aos co-fres públicos.

26. Defender a Petrobras e políticas nacionais que garantam a soberania brasileira.

27. Inserir a categoria farmacêutica no deba-te da legalização da cannabis sp, na pers-

pectiva de uma discussão técnica e científica, e

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ampliar o debate sobre a discriminalização do uso de drogas.

28. Defender a utilização do uso terapêutico, medicinal, de pesquisa e científico da can-

nabis sativa.

29. Defender o Estado Democrático de Direi-to socialmente referenciado, com respeito

à cidadania, à dignidade humana e à soberania do Brasil.

30. Enfrentar com coragem e ousadia a onda conservadora de cunho fascista que res-

surge alimentada pelo ódio, o preconceito e a in-tolerância, valorizando os princípios fundamen-tais do mundo do trabalho, da solidariedade, a paz e o respeito à dignidade humana.

31. Lutar contra a ofensiva conservadora que está em curso, em especial no Congresso

Nacional, denunciando tentativas de aprovação de projetos de leis que atentem contra o Estado laico, os direitos trabalhistas, a autonomia sin-dical, direitos da juventude, direito dos idosos, direitos humanos, a participação popular, o SUS público, a demarcação de terras indígenas e ou-

tros povos tradicionais, os direitos dos LGBT e outros segmentos sociais, e demais conquistas populares.

32. Defender intransigentemente as eleições gerais 2018 pela democracia e pela sobe-

rania do voto popular.

33. Apoiar projetos de lei que tratam do im-pedimento de participação de contratos/

licitações/convênios com municípios/estados de empresas que financiaram campanhas eleitorais.

34. Lutar e resistir a todo e qualquer retroces-so das conquistas do povo brasileiro.

35. Alinhar as ações da Fenafar aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da

ONU, em especial nº3, saúde e bem-estar, e nº 8 - crescimento econômico, emprego e trabalho e nº 9 ciência e tecnologia e inovação.

36. Defender a soberania nacional através de um projeto de desenvolvimento tecnoló-

gico sustentável, com valorização do trabalho farmacêutico e da saúde da população.

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SAÚDE E ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

SAÚDE PÚBLICA EM TEMPOS DE BARBÁRIE RESISTIR É PRECISO!

Em 2018, o país celebra 30 anos da Constituição Cidadã – pro-mulgada em 1988 – e assim

denominada por trazer garantias de importantes direitos sociais. Entre eles, em destaque, o capítulo que eleva a saúde ao patamar de dever do estado e direito do povo brasileiro por meio da criação do Sistema Úni-co de Saúde- SUS.

Pela primeira vez na história do país, se incluiu num texto constitu-cional a saúde como direito de todos os cidadãos e o dever do Estado de garantir a sua realização, de forma plena e integral, mediante um proje-to de desenvolvimento que promo-vesse condições de renda, trabalho, educação, acesso à terra, moradia, lazer, alimentação e transporte para todos. O artigo 196 da Constituição Cidadã representou uma conquista social e democrática fundamental para avançar na luta pela saúde do povo brasileiro.

Conforme preconizam os artigos de 196 a 200 da Constituição Federal brasileira, o SUS é uma política públi-ca redistributiva, cuja finalidade é a universalização do direito à saúde a todos os cidadãos e cidadãs – me-diante o acesso às ações e serviços ofertados pela gestão pública –, fi-nanciada com recursos do orçamen-to da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, além de outras fontes, e submetida ao controle social.

Após três décadas, no lugar de a

sociedade estar discutindo os ajus-tes necessários para aprimorar o SUS – tornando-o mais inclusivo, integral, universal, com financiamento ade-quado e permanente –, para nossa tristeza e indignação, os desafios pos-tos são de resistência para manuten-ção das conquistas e de organização para evitar profundos retrocessos em um Sistema que se traduz na única opção de acesso à saúde para a gran-de maioria da população brasileira.

Avanços nos indicadores de saú-de de qualquer povo estão dire-tamente relacionados à maior ou menor capacidade de se conside-rar todos os determinantes e con-dicionantes de saúde para a ado-ção de políticas públicas voltadas à promoção da saúde e prevenção de doenças. Por isso, não podem

📄 Fenafar nas mobilizações contra o impeachment,

Brasília, 2016

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ser medidos apenas de forma seg-mentada ou exclusivamente com o olhar sobre o setor saúde. E também necessária a articulação com polí-ticas intra e intersetoriais que têm repercussões diretas e indiretas na saúde, a exemplo daquelas políticas públicas que produzem avanços nos

determinantes e condicionantes da saúde como meio ambiente saudá-vel, renda, trabalho, transporte, sa-neamento, alimentação, educação, bem como a garantia de ações e serviços de saúde que promovam, protejam e recuperem a saúde indi-vidual e coletiva.

O avanço do SUS e a consequente melhoria da saúde da população foi acontecendo à medida em que os avanços ou investimentos nas políti-cas sociais foram acontecendo. Um olhar ampliado em áreas sociais que historicamente estavam esquecidas ou que nunca foram priorizadas, foi uma medida inteligente e estratégica para o crescimento nos indicadores de saúde de modo geral.

Destacamos a seguir, conquistas importantes e fundamentais para a melhoria das condições de vida do brasileiro desde a implantação do Sistema Único de Saúde - SUS:

✊ A efetiva participação do Contro-le Social por meio da criação de milhares de conselhos municipais de saúde e realização de confe-rências de saúde com encami-nhamentos concretos, instituindo de fato a democracia participativa nas políticas de saúde. ✊ A implantação da Política de Saúde Bucal por meio do Pro-grama Brasil Sorridente, conside-rado como a primeira política de saúde bucal mais abrangente do país, com o intuito de expandir o cuidado odontológico de forma mais universal e em níveis mais complexos. Esse programa deu grande salto de qualidade nesta importante área. Em 2008, foram acrescidas 2.569 equipes de Saú-de Bucal para atenção básica e instalados 196 novos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), que oferecem ações es-pecializadas.

✊ A importância da criação do Ser-viço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para o atendi-mento pré-hospitalar móvel no âmbito da Política de Atenção às Urgências e Emergências em um País de dimensões continentais como o Brasil revelou-se como política estratégica para preencher uma lacuna de deficiência históri-ca em nosso País.

✊ A decisão política de aumento do repasse dos recursos do Piso de Atenção Básica, passando do valor de R$ 10,00, congelado des-de 1988, para R$ 15,00 per capita, somado ao aumento de 57% no número de equipes de Estratégia da Saúde da Família (ESF) am-pliou significativamente as ações na Atenção Básica sobretudo, nos pequenos municípios.

✊ A criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs) como

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estratégia para ampliar a abran-gência e a diversidade das ações das ESF (Equipes Saúde da Famí-lia), que dispõem de estrutura fí-sica adequada para atendimento e profissionais de diferentes áreas de saúde, como médicos (gine-cologistas, pediatras e psiquiatras), professores de educação física, nutricionistas, acupunturistas, ho-meopatas, assistentes sociais, fi-sioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacio-nais, e farmacêuticos. Este último não menos importante, com pa-pel fundamental na atenção bási-ca, não apenas na dispensação do medicamento, mas também no manejo e uso correto de medica-mentos, com especial atenção às doenças crônicas, auto-imunes, de uso contínuo, atento à eficácia do tratamento e possíveis notifi-cações de reações adversas.

✊ O fortalecimento da Política Na-cional em Saúde Mental com a expansão dos Centros de Aten-ção Psicossocial (CAPS), dando impulso à Reforma Psiquiátrica com intenção de “desospitaliza-ção” através do Programa Anual de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no SUS. E ainda na atenção básica o acom-panhamento terapêutico ao tra-tamento de transtornos mentais como a ansiedade e depressão são comuns em usuários do SUS, com atenção especial a mulheres e crianças de baixa renda, levan-do-os à medicalização, o que re-quer assistência e atenção farma-cêutica constante.

✊ O Sistema Nacional de Imuniza-ções, com a utilização do Sistema de Informações (SI-PNI) que é cer-tamente, um dos maiores progra-mas de imunizações do mundo.

✊ O Programa Nacional de Contro-

le de HIV/Aids, exemplo copiado por diversos países do mundo, assim como o importante Siste-ma Nacional de Transplantes de Órgãos, interligado aos estados e diversos municípios. A quebra do medicamento Efavirenz, o remé-dio mais usado para tratamento de HIV/Aids no Brasil. Atualmen-

te 104 mil soropositivos usam o medicamento, o que equivale a 47,5% dos pacientes que estão em tratamento de acordo com dados do SUS. A Fundação Osvaldo Cruz, no Complexo Tecnológico de Me-dicamentos (CTM), no Rio de Ja-neiro-RJ, em Farmanguinhos é responsável pela produção e dis-tribuição de 23 antirretrovirais que compõem o coquetel antiHIV: atazanavir, efavirenz, isoniazida, lamivudina, lamivudina+zidovudi-na, nevirapina e zidovudina. Com isso, a unidade cumpre seu com-promisso de abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), be-neficiando milhares de brasileiros que necessitam se tratar usando estes medicamentos.

✊ As ações voltadas para grupos

📄 Fenafar presente na manifestação em defesa do

SUS, Brasília, 2016

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específicos, como a Política Na-cional de Atenção Integral à Saú-de da Mulher (2004-2007); ações voltadas para a saúde da criança e do adolescente, entre essas a tentativa de articular o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas ao Programa Nacional de DST/AIDS,

além da educação sexual nas es-colas, tentando prevenir DST e gravidez na adolescência;

✊ Ações para a Saúde do trabalha-dor, buscando implantar a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST); ✊ O programa Farmácia Popular com mais de 10 anos, um dos mais bem avaliados pela popu-lação por cumprir o papel de garantir que usuários da saúde suplementar possam ter a garan-tia da assistência farmacêutica, e que não tem a intenção de subs-tituir a assistência farmacêutica prestada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com um elenco de medicamentos escolhidos a par-tir de critérios epidemiológicos, eram distribuídos medicamentos essenciais de uso contínuo, para problemas de saúde relaciona-dos para hipertensão, diabetes, asma, Parkinson, glaucoma, ri-nite, osteoporose e transtornos mentais, entre outros, e que têm um peso no orçamento domés-tico da população. De acordo com dados do Ministério da Saú-

de, cerca de 80% dos beneficia-dos pelo programa recebem até dois salários mínimos, são tra-balhadores, que acessam a saú-de suplementar através de seus empregadores, via contratos de trabalho, mas que não têm con-dição de adquirir medicamentos. E ainda do ponto de vista do tra-balho farmacêutico, o Programa também contribui para a visibili-dade do trabalho do farmacêuti-co junto à população, uma vez que o mesmo, é por diversas vezes, solicitado para orientar e assistir os usuários durante o tratamento do medicamento, de forma a garantir sua eficácia.

✊ Ações relativas à saúde da popula-ção negra, dos quilombolas, dos in-dígenas e dos assentados. E preciso destacar também a aprovação, em 2003, do Estatuto do Idoso, com um capítulo específico voltado para a saúde e com uma sinalização no sentido de suprimir o processo asi-lar e atuar na promoção e recupe-ração da saúde do idoso.

No campo da Segurança alimen-tar e nutricional, tendo como ob-jetivo central o combate à fome, é necessário ressaltar a grandiosidade daquele que se tornou o carro chefe das políticas sociais do governo Lula que é o Programa Bolsa Família – um programa ambicioso de transferên-cia de renda com condicionalidades e que tem como objetivo comba-ter a fome e a miséria e promover a emancipação das famílias mais pobres do país. Tendo como foco as famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza, com efeitos de diminuição da desigualdade e certa-mente nos indicadores de saúde da população brasileira mais fragilizada.

Todas essas políticas citadas e ou-tras mais que foram implementadas

📄 Arte da Campanha organizada pela Fenafar em defesa da Farmácia Popular

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mostram que, mesmo sobrevivendo em um estado crônico de subfinan-ciamento desde a sua criação, o SUS consegue feitos inimagináveis. Com todos os percalços, realiza milhões de procedimentos diários e atende mais de 170 milhões de brasileiros e estrangeiros, totalizando mais de 71,1% da população, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados em 2015 pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em parceria com o IBGE. A principal porta de en-trada segue sendo a Unidade Básica de Saúde (UBS), segundo 47,15% dos entrevistados.

A magnitude e relevância dessas realizações sem dúvida teria sido mais expressiva, de maior alcance e de resultados mais profundos, não fossem os impasses estruturais re-sultantes de uma visão fragmentada e financista sobre o cuidado à saú-de, que impuseram ao longo de toda a implantação do SUS, fortes limites orçamentários e financeiros que im-pediram a plena realização de seus fundamentos e geraram estímulos à privatização.

A política de aprofundamento de cortes dos gastos sociais, no atual contexto de negação de di-reitos, de desvalorização das polí-ticas universais e ajuste fiscal neo-liberal, intensificam retrocessos e ameaçam descaracterizar definiti-vamente o SUS, conformando um projeto que trata o cuidado à saú-de como mercadoria.

Nos últimos tempos, a popula-ção brasileira amarga uma crise sem precedentes no SUS. A retirada de uma presidente legitimamente elei-ta trouxe, juntamente com seu su-cessor ilegítimo, uma avassaladora onda de retrocessos sociais que bei-ram à barbárie.

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), que se constituiu

como eixo central, norteador do SUS, está sendo desconstruída após as mudanças propostas pela atual gestão ministerial. O SUS estrutura--se a partir de sistemas integrados que favoreçam o acesso com orga-nização assistencial, integralidade da atenção e a utilização racional dos recursos existentes. O fortalecimen-to da atenção primária em saúde, como instância responsável pelo or-denamento e coordenação do cui-dado, constitui-se na principal porta de entrada do SUS. Assim, a deses-truturação da PNAB mina as bases do SUS e todas as políticas construí-das ao seu redor.

O governo ilegítimo está pro-pondo uma verdadeira “deforma” da vitoriosa e bem-sucedida Re-forma Psiquiátrica Brasileira, ao propor a criação de leitos psiqui-átricos específicos, ou seja, a vol-ta dos hospitais manicomiais, cuja eliminação foi uma das principais bandeiras desta Reforma.

A extinção do Programa Farmá-cia Popular do Brasil, que possibilitou acesso a medicamentos essenciais a milhões de brasileiros e que, por conta dos cortes de investimentos, foi total-mente descontinuado. A forma abrup-ta que foi encerrado o programa levou ao desemprego mais de mil profissio-nais, muitos destes farmacêuticos.

A redução de investimentos da

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União por 20 anos, prevista pela Emenda Constitucional 95, que ficou conhecida como emenda do Teto de Gastos, ou PEC DA MORTE (durante o processo de sua tramitação), pois determina que o Orçamento para os gastos públicos de cada ano seja de-finido pelo crescimento da inflação do ano anterior, deixando de ser vincula-

do ao aumento de receita ou ao crescimento do Produto Inter-no Bruto (PIB). Logo, mais do que impedir o governo de gas-tar valores su-periores ao que arrecada, impe-de aumento de gastos em áreas sensíveis mes-mo que o País arrecade mais do que previsto.

Por outro lado, o governo

ilegítimo promove favorecimento aos Planos Privados de Saúde, com auto-rização e estímulo ao funcionamento dos chamados planos simples (popu-lares) de saúde, fortalecendo absurda-mente o setor privado com subsídios governamentais. A solução, no entan-to, não passa de falácia, uma vez que muitos procedimentos dos planos privados, como exames, continuam sendo prestados e realizados no SUS. Nos planos populares, não oferecem além de simples exames laboratoriais.

O CONTROLE SOCIAL NO PAÍS DAS ARBOVIROSES

Com muita garra e persistência, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) vem jogando importante “papel” de não aceitação e resistência histórica

ante às ações de desmonte do SUS perpetradas pelo governo ilegítimo e golpista, nos últimos dois anos.

A destacada determinação do CNS na realização da II Conferência Nacio-nal da Saúde da Mulher e da I Confe-rência Nacional de Vigilância em Saú-de - I CNVS, foi fundamental para que ambas acontecessem mesmo enfren-tando todo o descaso e adversidades por parte do Ministério da Saúde.

Cento e um anos anos após a morte de Osvaldo Cruz, destemido sanitarista que combateu epidemias no País, lastimavelmente e de for-ma assombrosa, deparamo-nos com mais de duas centenas de vítimas fa-tais por conta da terrível febre ama-rela, doença prevenível e que com investimentos na atenção básica po-deria ter sido evitada esta terrível tra-gédia em saúde pública.

Do mesmo modo, podemos afir-mar que, sem investimentos míni-mos que assegurem uma Política Nacional de Atenção Básica, voltada à estruturação e fortalecimento des-te nível de atenção, com profissionais em suficiência e capacitados, conti-nuaremos ano após ano, com velhas (dengue, febre amarela) e novas epi-demias (zika, chicungunya, microce-falias) dizimando e produzindo agra-vos à saúde da nossa população.

A realização destas duas importan-tes Conferências Nacionais demons-trou que o Controle Social estava co-berto de razão em trazer este debate para a sociedade e propor conjunta-mente os encaminhamentos ao en-frentamento destas e de outras epide-mias e agravos à saúde da população.

A POBREZA ENCURTA A VIDA

O baixo nível socioeconômico é um dos mais fortes indicadores de morbidade e mortalidade prematura em todo o mundo.

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Um estudo sobre 1,7 milhão de pessoas, publicado pela revista médi-ca The Lancet em 2017, traz de vol-ta esse problema negligenciado: a pobreza encurta a vida quase tanto quanto o sedentarismo e muito mais do que a obesidade, a hipertensão e o consumo excessivo de álcool. O es-tudo é uma crítica às políticas da Or-ganização Mundial de Saúde (OMS), que não incluiu em sua agenda este fator determinante da saúde — tão importante ou mais do que outros que fazem parte de seus objetivos e recomendações.

O estudo foi centrado em dados do Reino Unido, França, Suíça, Portu-gal, Itália, Estados Unidos e Austrália e aponta diferenças insuportáveis na expectativa de vida dentro da mesma cidade, como Barcelona, Madri, Glas-gow ou Baltimore.

QUAL SAÍDA?

Para alcançar os avanços conquis-tados na Constituição e nos princí-pios do SUS será preciso mudar as concepções políticas de gestão dos serviços públicos em nosso País.

Ações realizadas no campo de po-líticas sociais, como a ampliação do emprego, particularmente o formal; di-minuição das desigualdades por meio de políticas de transferência de renda, benefícios previdenciários e aumento real do salário mínimo; ações de com-bate à fome e para geração de renda; e, particularmente, a opção explícita por um tipo de desenvolvimento que se articula com o desenvolvimento social, impactam diretamente na qua-lidade de vida das pessoas.

Não há outro caminho. A mudan-ça que almejamos, de um sistema de saúde universal e público, com inte-gralidade e participação da popula-ção já tem nome: SUS. Não precisa-mos inventar outro.

E necessário retomar o Movimento Nacional em Defesa da Saúde Pública – Saúde + 10 – lançado em março de 2012, após uma histórica reunião com ampla participação de diversas entida-des representativas da sociedade bra-sileira. O movimento teve por objetivo coletar assinaturas para um Projeto de Lei de Iniciativa Popular. A iniciativa ob-teve êxito e, em 5 de agosto de 2013,

mais de 2,2 milhões de assinaturas fo-ram entregues ao Congresso Nacional

Por isso, é preciso eleger depu-tados, senadores e governantes que mudem a atual visão hegemônica no governo e no parlamento de que a Saúde, ao invés de investimento, é gasto e que a gestão em moldes empresariais e a redução dos dis-pêndios são prioridades absolutas, ainda que comprometam a quali-dade e universalidade do cuidado à saúde. Daí também decorre a vi-são largamente disseminada de que o SUS não pode ser universal, pois “não cabe no orçamento” e deve se destinar a prover cuidados mais simples aos mais pobres.

A disseminação da imagem de um SUS precário, estruturalmente captu-rado por trocas político-partidárias, atendendo a interesses privados e

📄 Documentos com propostas, produzidos pela Fenafar sobre as

Conferências de Saúde da Mulher e de Vigilância em

Saúde

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insustentável com recursos públicos, apaga da percepção pública os im-portantes avanços obtidos e fragiliza sua sustentação social. Tal acepção, embora equivocada, se apoia tam-bém nos reais empecilhos enfrenta-dos pela população que recorre ao SUS. Apesar do gigantesco esforço de gestores, profissionais, movimentos e entidades comprometidas com o SUS, a experiência cotidiana da população é com frequência negativa em termos de acolhimento, acesso e qualidade.

Para mudar esta situação de des-monte e recuperar o projeto emanci-pador e democrático do SUS vamos precisar de todo mundo. As mudan-ças que queremos ver acontecer es-tão diretamente relacionadas com as escolhas que o povo brasileiro irá fazer nas próximas eleições para de-putados, senadores, governadores e Presidente da República.

E preciso persistir na construção de um projeto coletivo, um mais um será sempre mais que dois. Isso só será possível com participação popu-lar democrática, com informação, com educação política e determinação para mudarmos os rumos do nosso País.

POR UMA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DE QUALIDADE E COMPROMETIDA COM A SAÚDE DO POVO BRASILEIRO“O papel do Farmacêutico no mun-do é tão nobre quão vital. O Far-macêutico representa o órgão de ligação entre a medicina e a huma-nidade sofredora. É o atento guar-dião do arsenal de armas com que o Médico dá combate às doenças. É quem atende às requisições a qual-quer hora do dia ou da noite. O lema do Farmacêutico é o mesmo do soldado: servir. Um serve à pátria; outro à humanidade, sem nenhuma

discriminação de cor ou raça”.Monteiro Lobato

Assim como o avanço do SUS nos últimos 30 anos, desde a aprovação da Constituição de 1988, é inegável reconhecer as melhorias na imple-mentação de uma política de Assis-tência Farmacêutica em nosso país.

Em uma “passada de olhos” rápida pelos fatos marcantes (avanços e re-trocessos) da Assistência Farmacêutica no Brasil neste período, destacamos:

✊ O Programa de distribuição gra-tuita de medicamentos antirretro-virais, fruto de grande mobilização social e que impactou fortemente na redução de óbitos por AIDS no País; e ainda do ponto de vista do trabalho farmacêutico, a produção nacional de medicamentos con-tribui para o aumento da empre-gabilidade de farmacêuticos no setor da indústria e laboratórios.

✊ A publicação do Decreto nº 793

📄 Ato de entrega das assinaturas do Movimento Saúde + 10 para Projeto de Iniciativa popular, Brasília, 2013

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em 1993 pelo Governo Itamar Franco, conhecido como “Decreto dos Genéricos” e que deu os pri-meiros passos para a definição da política que viria posteriormente.

✊ A discussão do Projeto de Lei 4385/94 pela então Senadora Mar-luce Pinto (RR) que irresponsa-velmente propunha a retirada de farmacêutico das drogarias e que desencadeou grande reação por parte de entidades, profissionais, es-tudantes e da sociedade brasileira.

✊ Publicação da Lei de Patentes em 1996 pelo Governo FHC, apro-fundando irremediavelmente a dependência tecnológica do Bra-sil quanto à pesquisa e produção de fármacos, condenando o País à eterna exportação de medica-mentos. Importante ressaltar que países como a China e a Índia também aprovaram a mesma lei, critério obrigatório para o ingresso de países em desenvolvimento na OMC – Organização Mundial do Comércio. O Brasil, assim como os demais países, tinham que aderir ao Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio (Acor-do TRIPS). O processo de transição e adequação dos países seria até 2005, mas o Brasil o fez em me-nos de doze meses. A garantia de padrões “mínimos” de proteção da propriedade intelectual seguiu um modelo único no mundo inteiro - 20 anos de proteção para produtos e processos farmacêuticos, entre outros. Desta forma, deixou trans-parecer que não havia nenhuma diferença entre medicamentos que salvam vidas e quaisquer outras mercadorias (carros, brinquedos, etc.). A Índia, por exemplo, aguar-dou os 10 anos para a aprovação e retardou sua entrada na OMC. Com isso, manteve-se com mais

independência na produção de genéricos. Já o Brasil, sob a batu-ta de FHC, aprovou a lei sem que houvesse diferenciação entre me-dicamentos, pneus ou brinquedos, tornando a espera para o licencia-mento de medicamentos genéri-cos por 20 anos ou mais.

✊ A Publicação da Portaria n° 344/98, que aprovou o regulamento técni-co das substâncias e medicamen-tos sujeitos a controle especial, trazendo maiores responsabilida-des e organização ao controle de medicamentos psicoativos.

✊ A criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 1999, e a definição em lei do Siste-ma Nacional de Vigilância Sanitária, ainda carece de concretude prática.

✊ A publicação da Lei no 9.787/99 criando a Política de Medicamen-tos Genéricos.

✊ Publicação da Resolução CNE/CES nº 2, que instituiu as Diretrizes Cur-riculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia (DCNs).

✊ A realização da I Conferência Na-cional de Políticas de Medicamen-tos e Assistência Farmacêutica, em 2003, colocou o papel do Far-macêutico e do acesso a medica-mentos no centro dos debates.

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✊ A aprovação, em 2004 pelo Con-selho Nacional de Saúde, da Políti-ca Nacional de Assistência Farma-cêutica – PNAF, que viria a ampliar significativamente os avanços na Assistência Farmacêutica em todo o País, inclusive, definindo aumentos importantes nos inves-

timentos de recursos financeiros. ✊ A criação do Programa Farmácia Popular do Brasil e posteriormen-te sua ampliação para convênios com farmácias e drogarias da rede privada, credenciadas para vender medicamentos e produtos com até 90% de desconto em relação ao preço de comercialização, me-diante subsídio governamental.

✊ A inauguração, em 2006, pelo Ins-tituto de Tecnologia em Fárma-cos da Fiocruz (Farmanguinhos) da área de produção por via seca do Complexo Tecnológico de Me-dicamentos (CTM), em Jacarepa-guá, na cidade do Rio de Janeiro. Instalando a primeira linha com-pleta no CTM. O investimento de R$ 1,1 milhão aumentou em até 131% a capacidade de fabricação dos medicamentos que abaste-cem o SUS – e o Programa Far-mácia Popular do Brasil.

✊ A criação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CAMED) e a fixação de normas para o controle de preços desses produtos, diminuindo a abusivida-de descontrolada de aumento dos preços de medicamentos que im-perava no mercado farmacêutico.

✊ A definição da isenção de ICMS para medicamentos do compo-nente especializado, possibilitan-do maior acesso.

Neste passo de investimentos, a vinculação de saúde com desenvol-vimento, transcendendo a discussão das políticas de saúde para além da atenção à saúde, mas inserindo-a como um dos pilares do crescimen-to industrial foi um grande marco na política de medicamentos e produtos para saúde.

No segundo mandato do Presi-dente Lula houve atenção especial sobre o lugar estratégico das indús-trias produtoras de insumos para a saúde em virtude de seus vínculos com a política de saúde e com a po-lítica industrial, tecnológica e de co-mércio exterior. Ao destacar o lugar dessas indústrias na composição do PIB e na geração de empregos, pas-sou-se a destacar a competitividade e o potencial de inovação nas in-dústrias da saúde propondo-se que elas devessem se constituir em nú-cleos centrais da estratégia nacional de desenvolvimento do governo.

Também soma-se a estas inúme-ras ações do governo a publicação, em 2013, da resolução do Conselho Federal de Farmácia que regulamen-tou a Prescrição Farmacêutica para medicamentos isentos de prescrição.

E, em 2014, finalmente foi publi-cada a Lei nº 13.021, que dispõe so-bre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas, definindo a farmácia como uma unidade de

📄 1ª Jornada de Valorização do Trabalho Farmacêutico, com blitz nas farmácias em Maceió, 2017

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serviços de saúde destinada a pres-tar assistência farmacêutica, assis-tência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva e que foi fruto de diversas batalhas iniciadas com a discussão da importância do papel do farmacêutico nas drogarias, ge-radas pelo nefasto projeto de lei nº 4385/94.

Essa Lei tem propiciado impactos positivos ao trabalho do farmacêu-tico, a confirmação da obrigatorie-dade do profissional durante todo o tempo de abertura do estabeleci-mento, conforme já preconizava a Lei 5991/1973. Após sua divulgação, a população passou a ser mais exigen-te na garantia deste direito.

O leque de serviços prestados pelos farmacêuticos à população foi ampliado, a educação em saúde, dosagem de glicemia, vacinação, aferição de pressão arterial, e ain-da a atuação clínica do farmacêu-tico foram incluídas. Hoje, diversas redes de farmácias já contam com todos estes serviços disponíveis à população.

A Lei nº 13.021/2014, ao dispor da farmácia como estabelecimen-to de saúde, pode contribuir forte-mente na organização do território nas ações da vigilância em saúde, de forma a fornecer dados sobre os quais recaem a análise das vulne-rabilidades e dos riscos à saúde da população, de acordo com a lógica de estruturação do SUS, dentre da atenção básica à saúde. Nesta ló-gica, o farmacêutico – mesmo atu-ando no setor privado – tem como ser efetivamente um profissional de saúde, tem a capacidade de intervir social, científica e criticamente so-bre os problemas de saúde e o siste-ma de saúde, de forma a promover a integralidade da atenção à saúde de forma ética, interdisciplinar e estru-turante ao Sistema.

PESQUISA NACIONAL MOSTRA RESULTADOS IMPORTANTES

E preciso fazer um registro espe-cial sobre a ampliação do investi-mento financeiro público pela União, destinado à assistência farmacêutica (AF), que passou de cerca de R$ 2 bilhões em 2003, para aproximada-mente R$ 15 bilhões em 2015, influen-ciando diretamente o mercado farma-cêutico e levando o País a figurar entre os seis maiores mer-cados farmacêuticos do mundo.

Resultados da pes-quisa encomendada pelo Departamento de Assistência Far-macêutica do Mi-nistério da Saúde no Governo Dilma, a Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utili-zação e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM) apresentou importantes avanços na assistência farmacêutica em um quantitativo importante de municípios no Brasil.

Muitos destes avanços diziam respeito à implantação de sistemas informatizados para a gestão deste serviço e, principalmente, quanto às consequências positivas da organi-zação do financiamento, definição das responsabilidades executivas e estratégias pactuadas de forma com-partilhada entre os gestores para via-bilizar o acesso aos medicamentos nos municípios.

Não obstante, ainda permanecem a falta de condições mais adequadas aos ambientes em que se realizam esses serviços, quanto ao espaço fí-sico, tempo de espera para o atendi-

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mento nas farmácias e principalmente à melho-ria das condições de trabalho dos profissionais.

A pesquisa apontou, também, como relevan-te o número de usuários que obteve os medi-camentos nas farmácias das unidades públicas de saúde. No entanto, foi observada uma baixa disponibilidade média de alguns medicamentos importantes na atenção primária, permanecen-do o desafio de garantir e ampliar o acesso mais equitativos dos medicamentos.

A PNAUM de 2013, possibilita concluir que, de modo geral, tivemos avanços expressivos com a implementação da Política Nacional de Assis-tência Farmacêutica na Atenção Primária mas que obviamente, ainda temos grandes desafios na ampliação e garantia do acesso e na estru-turação dos serviços. Desafios também quanto a viabilidade de aprimorar as atividades relacio-nadas à gestão e logística dos medicamentos e insumos.

O atual cenário epidemiológico do Brasil, com a chamada tripla carga de doenças (a relevância das condições crônicas, a agenda brasileira in-conclusa das doenças infecciosas e parasitárias, ao lado da crescente importância das chamadas “causas externas”, como violência, acidentes etc.) somados ao envelhecimento da população, o elevado uso de medicamentos e a baixa adesão aos tratamentos farmacológicos trazem cada vez mais exigências quanto à qualificação e aprimo-ramento aos farmacêuticos, notadamente aos que estão atuando na atenção primária.

No entanto, compreende-se que não é sufi-ciente apenas ampliar os esforços para garantir o acesso à Assistência Farmacêutica ao conjun-to da população, é necessário também avaliar o quanto esses esforços se transformam em im-pactos efetivos na saúde dos indivíduos.

A participação dos profissionais farmacêuti-cos foi estratégica para subsidiar a trajetória de construção do SUS e, principalmente, para a im-plantação da Política de Assistência Farmacêu-tica como parte integrante da Política de Saúde. O papel da PNAF e do profissional farmacêutico inserido neste processo, seja atuando na presta-ção do serviço, na gestão ou no controle social, é contribuir para a conquista do acesso à assis-tência farmacêutica como direito constitucional de todo o cidadão brasileiro.

Portanto, para que o centro da política de saú-de gravite em torno do cidadão e que a cidada-nia ocupe centralidade no cuidado e para que a democracia e soberania nacional tornem-se valores sociais sustentados por todos, apresenta-mos as seguintes proposições:

PROPOSTAS

01. Reafirmação da Saúde como direito de todos e dever do estado, por meio da con-

solidação do SUS público, integral, universal e de qualidade;

02. Aprovação da PEC 01/2015, que garan-ta a alocação de recursos suficientes para

uma mudança de modelo de atenção à saúde, que fortaleça a atenção primária/básica como responsável sanitária para uma população terri-torialmente referenciada, fazendo com que seja a principal porta de entrada ao SUS e a ordena-dora dos cuidados de saúde nas redes de aten-ção, com priorização da alocação de recursos orçamentários e financeiros públicos de saúde para o fortalecimento das unidades próprias de prestação de serviço no âmbito do SUS;

03. Lutar pela ampliação do financiamento pú-blico do SUS retomando a campanha Saúde

+10, com a aplicação de 10% das receitas correntes brutas da União, utilizadas para ações e serviços de natureza pública, tendo a taxação das grandes for-tunas como uma das fontes de arrecadação;

04. Revogação da EC 95; implementação de uma reforma fiscal e tributária, que con-

temple a revisão da questão da dívida pública, da efetiva implantação do imposto sobre gran-des fortunas e heranças, e outras medidas que garantam a sustentabilidade econômica do SUS;

05. Garantia do acesso da população a ser-viços de qualidade, com equidade, in-

tegralidade e em tempo adequado ao atendi-mento das necessidades de saúde, de modo a considerar os determinantes sociais, atendendo às questões culturais, de raça/cor/etnia, gênero, orientação sexual, identidade de gênero e ge-ração, através do aprimorando das políticas de

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atenção a saúde, vigilância em saúde e assis-tência farmacêutica e a consolidação das redes regionalizadas de atenção integral às pessoas no território, e por uma sociedade sem mani-cômios, por nem um retrocesso na reforma psi-quiátrica antimanicomial;

06. Defender a seguridade social como um conjunto de ações e instrumentos que

envolvem a saúde, a previdência social e a assis-tência social, destinados a alcançar uma socie-dade livre, justa e solidária.

07. Combater qualquer redução no orçamen-to do Ministério da Saúde nos próximos

anos, acompanhando a tramitação das leis orça-mentárias para que não seja desrespeitado o prin-cípio constitucional da vedação de retrocesso;

08. Fortalecimento da política do Complexo Econômico Industrial da Saúde, incluindo

ministérios e órgãos da área de ciência e tecnologia, com o fortalecimento da pesquisa, desenvolvimen-to e inovação em nossas instituições nacionais;

09. Lutar pelo fortalecimento do controle so-cial e pelo respeito e cumprimento às suas

deliberações, com ampla participação no proces-so da 16ª Conferência Nacional de Saúde, incen-tivando a participação e a formação dos farma-cêuticos para atuarem nos conselhos de saúde, bem como estimular a criação das comissões de assistência farmacêutica, no âmbito dos mesmos.

10. Lutar pela ampliação do acesso à Assistên-cia Farmacêutica com qualidade e raciona-

lidade como uma das formas de defesa do SUS;

11. Lutar pela regulamentação e implementa-ção efetiva da Lei nº 13.021/2014 que consi-

dera a Farmácia como Estabelecimento de Saúde;

12. Lutar pela concretização da Assistência Farmacêutica como parte do eixo funda-

mental das políticas públicas de saúde;

13. Lutar pela integralidade e interdisciplinari-dade na Assistência Farmacêutica;

14. Lutar pela inserção da Assistência Far-macêutica nas políticas de atenção à

saúde, com ações que envolvam o ciclo da AF, atendimento humanizado, qualidade e equi-dade no acesso aos medicamentos essenciais, ações de prevenções de doenças, promoção da saúde, recuperação dos agravos e ainda in-tegração com as ações de vigilância e de apoio diagnóstico;

15. Lutar pela integração da Assistência Far-macêutica às Redes de Atenção à Saúde

(RAS), inclusive como Ponto de Atenção, como condição para a garantia da integralidade da atenção;

16. Lutar pela regulamentação e implantação das recomendações do Ministério da Saú-

de contidas na publicação “Diretrizes para Estru-turação das Farmácias no âmbito do SUS”;

17. Lutar pelo reconhecimento dos esta-belecimentos farmacêuticos em todas

as unidades de saúde como farmácia, criando incentivos para garantir a presença integral do profissional farmacêutico, a estruturação física e organizacional dos serviços de Assistência Farmacêutica;

18. Lutar para que os planos nacional, esta-duais e municipais de saúde contemplem

os serviços e cuidados farmacêuticos e inclusão destes na Tabela de Procedimentos e Órteses do SUS e no Sistema de Informações Ambulatorial (SIA-SUS), com metas e indicadores bem defini-dos, e constando como política Intersetorial com aspecto, ações, orçamento e financiamento que permeiem a gestão (estruturação de serviços e recursos humanos), custeio de serviços, de insu-mos e medicamentos;

19. Lutar pela implementação do Sistema Na-cional de Vigilância em Saúde (SNVS);

20. Aprofundar discussões e implementação do cuidado farmacêutico na promoção

e prevenção aos agravos como ações não frag-mentadas e sim, integradas à vigilância em saúde;

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21. Discutir e implementar um processo de diagnóstico de problemas de saúde através

da oferta de serviços de análises clínicas e toxi-cológicas;

22. Apoiar o Conselho Nacional de Saúde para a realização da 2ª Conferência Nacional de

Medicamentos e Assistência Farmacêutica;

23. Lutar pelo cumprimento da Lei nº 6259/75, que dispõe sobre a organização

das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações, que estabe-lece normas relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras providências;

24. Lutar por uma Política Nacional na área de Análises Clínicas;

25. Lutar contra a privatização da gestão do SUS, especialmente OS´s, Ocip´s, empre-

sas públicas (EBSERH) e quaisquer outros mode-los de gestão privada;

26. Lutar pela normatização do ressarcimen-to ao setor público dos atendimentos de

pacientes que deveriam ser custeados por pla-nos de saúde suplementar;

27. Discutir o desenvolvimento e a regula-mentação dos trabalhadores que atuam no

apoio das atividades privativas do farmacêutico;

28. Fortalecer a campanha “Cinco de Maio – Pelo URM”, promovido pela ENEFAR nos

estados interessados, entendendo e respeitando a autonomia e iniciativa dos estudantes na orga-nização da mesma;

29. Implementar, qualificar e disseminar as ações de promoção do uso racional dos

medicamentos;

30. Lutar pela criação de estratégias e Polí-ticas Públicas de Promoção à saúde com

financiamento regulamentado para ações de práticas integrativas e prevenção já previstos na Portaria Nº 971 de 03 de maio de 2006 (PNPIC);

31. Criar estratégias de fortalecimento para a atuação do farmacêutico na prática clínica

em todos os níveis de atenção à saúde;

32. Fortalecer a discussão sobre a judiciali-zação da saúde, envolvendo os atores de

forma resolutiva e responsável, bem como lutar para a inserção de farmacêuticos junto às esferas envolvidas na judicialização de medicamentos;

33. Lutar pela qualificação e integralidade da Assistência Farmacêutica no âmbito do

Programa Aqui Tem Farmácia Popular, exigindo o compromisso aos ditames da Lei 13.021 aos es-tabelecimentos conveniados, sob pena de perda da concessão;

34. Lutar pela inclusão de farmacêuticos nas equipes de Vigilância Sanitária dos Estados

e Municípios, em consonância ao Decreto nº 85878/81;

35. Realizar campanhas para incentivar a po-pulação a frequentar farmácias assistidas

por farmacêuticos, ou seja, que tenham assistên-cia farmacêutica plena;

36. Realizar parcerias com os PROCONs, para garantia da assistência farmacêutica plena

conforme preconiza a lei, é direito do cidadão;

37. Articular junto aos representantes das en-tidades farmacêuticas, do Judiciário, do Mi-

nistério Público, do CONASEMS, do CONASS, do COSEMS, Comitês intergestores e Conselhos de Saúde, ações para orientá-los quanto à legislação sanitária e à necessidade da presença de farma-cêuticos exercendo a Assistência Farmacêutica, para o fortalecimento e a consolidação do SUS;

38. Discutir diretrizes e estratégias ao estabe-lecimento de ações efetivas e sistematiza-

das em farmacovigilância no país;

39. Estimular os farmacêuticos em torno de uma política de monitoramento perma-

nente da qualidade e de estratégias de avanços para laboratórios de saúde pública;

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40. Lutar pela autonomia do farmacêutico na prática clínica reconhecendo também

o parecer deste profissional como ferramenta te-rapêutica;

41. Lutar para que a PNAF esteja integrada a uma Política Nacional de Vigilância em

Saúde enquanto políticas integrantes do SUS, re-afirmando a assistência farmacêutica como di-reito da população.

REFERÊNCIAS

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– Caderno de Debates do 8º Congresso da Fenafar. Texto: Renata Mielli; Colaboração: Nor-berto Rech, Adelir da Veiga, Zizia de Oliveira, Ewerton Pereira; Diagramação: Andocides Be-zerra Movimento Web e Artes Gráficas Tiragem: 2.500 exemplares.2015

– Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar - Primeira Conferência Nacional de Vigi-lância em Saúde- Direito, conquista e defesa de um SUS público de qualidade. Contribuições da categoria farmacêutica – Boletim. Tiragem 5.000 exemplares. 2017

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SINDICAL

AS TÁTICAS DO MOVIMENTO SINDICAL

PARA OS PRÓXIMOS ANOS

O ano de 2018 começou desa-fiador para os trabalhadores. As mudanças aprovadas na

reforma trabalhista, no final de 2017, resultaram em um novo e nefasto pa-norama no mundo do trabalho.

De acordo com dados do Minis-tério do Trabalho, em 2015, mais de 62% da força de trabalho farmacêu-tica estava no mercado formal de trabalho, empregada predominan-temente no comércio farmacêutico, seguido do setor de serviços com 35% dos profissionais atuando na área da saúde, e apenas 3% no setor da indústria (desenvolvimento e pro-dução de fármacos).

A Federação Nacional dos Farma-cêuticos tem buscado levantar da-dos sobre o perfil da categoria. Nos anos de 2016 e 2017 realizou três encontros estaduais - Bahia, Mato Grosso e Porto Alegre - sobre a saú-de do trabalhador farmacêutico. E ainda realizou pesquisa via método survey monkey, com os farmacêu-ticos nos estados da Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Rio Gran-

de do Norte, Ceará, Pernambuco e Maranhão. Os dados coletados nes-tes estudos nos confirmam as infor-mações da RAIS/MTE de 2015, mas foram além: a categoria é jovem, fe-minina, tem em geral mais de dois vínculos de trabalho, e sofrem com problemas de saúde - psíquicos, or-topédicos, gástricos, ginecológicos, entre outros apontados. A média de trabalho farmacêutico semanal é de 46 horas, de acordo com os dados coletados pela Fenafar. A maioria dos profissionais tem planos de mi-grar para o setor de serviços de saú-de, almejam um concurso público, e tem expectativas em reduzir a jor-nada exaustiva de trabalho.

A retomada das políticas neolibe-rais pós-golpe de 2016, com medidas como a emenda constitucional (EC 95) – que congela os investimentos públicos em saúde e educação e ou-tros serviços públicos em até 20 anos –, a reforma trabalhista, as políticas de privatização, entre outras tendem a agravar essas condições de traba-lho, já evidenciadas pela Fenafar.

Denúncias de farmacêuticas e farmacêuticos contra empresas que fazem contratação de profissionais com jornadas semanais de 50 horas, como no caso de farmácias no esta-do do Rio de Janeiro, já foram relata-das pelos sindicatos filiados à Fenafar.

Redes de farmácias têm feito um chamamento à profissionais que queiram trabalhar em farmácias nas regiões sul e sudeste do país, onde

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se concentra o maior número de es-tabelecimentos e indústrias farma-cêuticas. Tal medida tem gerado um fluxo migratório de farmacêuticos do norte e nordeste do país, desfalcando ainda mais as demandas dentro des-tas regiões, aumentando a concen-tração do trabalho farmacêutico.

A reforma trabalhista tenta a qual-quer custo retirar a legitimidade dos sindicatos de proteger o trabalhador. O fim da homologação no sindicato permite ao patrão a possibilidade de quitar os contratos sem que o farma-cêutico tenha o direito ao amparo le-gal, até então oferecido pela entida-de sindical, de que a quitação esteja respeitando todos os direitos do tra-balhador. Também há medidas na re-forma trabalhista que inibem o traba-lhador acessar à Justiça do Trabalho.

A ideia de um Estado mínimo que não seja o componente indutor de recursos e políticas geradoras de ren-da e emprego leva à estagnação e precarização do trabalho. E um ata-que frontal à soberania do país e à Constituição cidadã de 1988.

Outro fato que deve ser avaliado no contexto dos desafios do sindi-calismo farmacêutico é que somos uma categoria constituída majorita-riamente por mulheres. Assim, como vivemos em um país onde o salário entre homens e mulheres é desigual, uma categoria predominantemen-te feminina tende a sentir com mais força os efeitos nefastos desta crise.

Essa desigualdade está explícita e endossada por declarações públicas de presidenciáveis que justificam que mulher deve ganhar menos que homens, uma vez que ela poderá ser mãe. E, apesar de a Reforma Traba-lhista ter preservado a licença ma-ternidade, houve uma precarização das condições de trabalho das ges-tantes. Na categoria farmacêutica há muitas áreas de atuação profissional

que são de periculosidade ou insa-lubridade. Antes da reforma, as ges-tantes estavam protegidas e tinham garantias de realocação de função durante a gravidez, tendo em vista preservar a gestante e o bebê destes ambientes. Com o advento da refor-ma, sem uma convenção coletiva

forte, que seja fruto de uma pauta de negociação amplamente debatida em assembleias, e sem um sindicato forte e atuante, não teremos como nos preservar destes ambientes. A grande força de trabalho jovem e feminina da farmácia está à mercê dessa realidade.

Na história do Brasil, em todas as crises políticas e econômicas, foram os trabalhadores que perderam. Os empresários jogam nas costas dos trabalhadores a responsabilidade de “pagar pela crise”. De que forma? Com a elevação das taxas de juros, com o aumento dos impostos dire-tos e indiretos, num país em que os tributos incidem de forma mais pe-sada sobre os mais pobres e a classe média – sobretaxada com grandes descontos de 27% sobre os ganhos para a Receita Federal. São atacados os direitos trabalhistas, aumentam o desemprego e a informalidade. As-sim, durante a crise o que se vê é o aumento da concentração de renda.

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Os mais ricos ficam mais ricos e os demais perdem renda e trabalho.

Toda a crise financeira e política acirra os ânimos sociais e evidencia os conflitos. A interação entre a es-fera do trabalho e a familiar, aspecto central na vida das pessoas, também passa a ser afetada pelas relações en-tre capital e trabalho.

No setor privado, o patrão tem reduzido salários, aumentado jorna-das, retirado direitos, e se negado a negociar as convenções coletivas. Os

empresários, com o apoio dos meios de comunicação de massa, tentam criminalizar a política e a atividade sindical, insuflando os trabalhado-res a não recolherem a contribuição sindical, e tenta colocá-los contra os sindicatos da categoria. No setor público, há um total desrespeito às servidoras e aos servidores, fruto da redução do financiamento dos ser-viços públicos, de uma política de desmonte do papel do Estado. Os vencimentos dos servidores são par-celados, há estados que o atraso no pagamento do salário se acumula há meses, não há condições mínimas de trabalho.

Em 2018, a farsa do negociado sobre o legislado, propagandeado como um benefício para os trabalha-dores, começa a cair por terra. Os sin-

dicatos da base da Fenafar têm, nos últimos anos, confrontado os sindi-catos patronais com paralisações e mobilizações da categoria que sur-tiram efeitos positivos. Exemplos de manifestações da categoria como as realizadas em Pernambuco, Ceará e Paraíba tendem a ser uma das formas de resistência. Além de pressionar o setor patronal, elas dialogam com a sociedade sobre a realidade do far-macêutico profissional, cada dia mais essencial na vida da população. Elas também contribuem para discutir as condições de trabalho, os problemas na área da saúde e cria uma consci-ência maior sobre a necessidade de todos abraçarem essa luta por um di-reito que é de todos.

Temos que orientar nossa atua-ção sindical também para o campo legislativo, uma vez que também te-mos sofrido diversos ataques à Lei nº 13.021/2014. Diversos projetos de lei alterando a 13.021 propõem retirar a prerrogativa que confere ao farma-cêutico a responsabilidade técnica sobre a farmácia como estabeleci-mento de saúde. Em 2017, a Fenafar construiu uma estratégia, de forma coordenada e em unidade com os seus sindicatos, que permitiu a reti-rada de uma destas propostas, apre-sentada pelo deputado federal Do-mingos Neto, do Estado do Ceará.

Toda essa crise brasileira tem ori-gem política e, portanto, a saída da crise também precisa ser política. Assim, nestas eleições de 2018, o movimento sindical tem a tarefa de incentivar o voto consciente e po-litizado, distanciando-se do debate extremista e polarizado que somen-te nos conduziu à configuração do atual Congresso Nacional – o mais conservador da história democrática brasileira – capaz de vender nosso petróleo ao capital estrangeiro, de facilitar o desmatamento florestal, de

📄 Assembléia com farmacêuticos e técnicos de farmácia, chamada pelo Sinfar/SP, contra o fechamento de farmácias nas UBS em SP, São Paulo, 2017

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tentar revisar as normas do trabalho escravo e de alcançar o cúmulo da perversidade ao permitir que mu-lheres grávidas e lactantes trabalhem em locais insalubres.

As eleições diretas, com a valoriza-ção do voto popular, podem pôr fim à crise institucional, política e econô-mica vivenciada no Brasil. Lutar por eleições diretas é o melhor caminho para restaurar a democracia no país e ter novas perspectivas para as tra-balhadoras e os trabalhadores. Nes-se escopo, precisamos debater um projeto nacional de desenvolvimen-to, com unidade e amplitude, que preveja a retomada do crescimento econômico e da industrialização; a defesa e ampliação dos direitos do povo e a reforma do Estado, tornan-do-o democrático e capaz de induzir o desenvolvimento através da valo-rização do trabalho, que passa pela geração de emprego e distribuição de renda, para garantir a proteção das populações carentes, as pessoas ido-sas e a classe trabalhadora: parcelas da sociedade em situação de maior fragilidade.

E para todos esses enfrentamen-tos necessitamos de um movimento sindical forte.

Todo este cenário de precarização do trabalho, de desvalorização profis-sional, redução de direitos exigem a mais profunda e imediata unidade dos trabalhadores e trabalhadoras, a resistência e a luta das centrais sindi-cais, confederações, federações e dos sindicatos, em aliança com outras or-ganizações e forças progressistas.

A conjuntura é de resistência. E de lutar para impedir maiores retro-cessos. A resistência é o fio condutor para defender os direitos e conquis-tas do povo brasileiro.

O desafio do movimento sindical é aprofundar seu trabalho junto aos trabalhadores e trabalhadoras para

fortalecer o sindicato. Só com um sindicato forte e com apoio da cate-goria é possível proteger o direito ao trabalho digno das farmacêuticas e dos farmacêuticos.

Temos que nos manter conecta-dos, diretores do sindicato e farma-cêuticos, em uníssono, para enfrentar os ataques, construir estratégias e so-luções para os problemas colocados e, assim, impedir a retirada de direitos sociais e trabalhistas, que conquista-mos até agora com muita luta e esfor-ço em nossas convenções coletivas.

Para isso, se faz necessário a am-pliação da sindicalização e a defesa do financiamento das entidades. Em especial, o recolhimento das Contri-buições Sindicais é fundamental para a manutenção e o fortalecimen-to das entidades sindicais, para que estas continuem atuando na defesa dos interesses individuais e coletivos de seus representados. E preciso dar força coletiva à demanda dos traba-lhadores e protegê-los de maneira organizada de possíveis abusos de seus empregadores. A defesa da livre associação e contribuição deve es-tar no dia a dia dos sindicatos e da categoria. O setor patronal persegue os trabalhadores que se associam ao sindicato e criam mecanismos para normatizar, com fichas individuais, a desautorização para contribuição sob olhares de assédio.

📄 Reunião do Conselho de Representantes da Fenafar,

São Paulo, 2017

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Nesse contexto, precisamos nos recompor rapidamente, reorganizar nossos esforços presentes e fortale-cer nossa atuação futura. Temos que acreditar na unidade sindical e no for-talecimento das bases para preservar os direitos da classe trabalhadora.

E fundamental que o movimen-to sindical busque os movimentos/organizações que prezam pela jus-tiça social, que incentivam as po-líticas públicas na redução das de-sigualdades, tendo o Estado como protagonista do desenvolvimento. Mas, para vencermos se faz neces-sário muita unidade com amplitude em torno de bandeiras agregadoras, como a democracia, a soberania, o desenvolvimento e o progresso so-cial com mobilização popular.

Assim, a tarefa que se impõe con-siste em superar a crise do sindica-lismo e conquistar um protagonis-mo maior da classe trabalhadora no cenário político nacional, de forma a suplantar o neoliberalismo. Isto re-quer unidade, organização, mobiliza-ção e consciência.

E para cumprir essas tarefas, os movimentos precisam ter criatividade e solidariedade para promover forma-ção política e melhorar sua comuni-cação institucional e interpessoal.

A Federação Nacional dos Farma-

cêuticos (Fenafar) e seus sindicatos filiados têm atuado nesta perspec-tiva e conclamam a categoria dos farmacêuticos a se juntarem nas se-guintes frentes:

PROPOSTAS

Sindicalismo forte e atuante

01. Lutar contra as emendas à Constituição que violem direi-

tos trabalhistas.

02. Combater a Emenda nº 45/04, que diz respeito à necessidade

de comum acordo para ajuizamento de dissídio coletivo, pois desta forma ficam os trabalhadores impedidos de acessar o Poder Judiciário.

03. Defender a liberdade e auto-nomia sindical como preconi-

zado na Constituição Federal.

04. Garantir a implementação da Convenção 158 da Organiza-

ção Internacional do Trabalho (OIT) pela garantia contra a dispensa imo-tivada.

05. Apoiar e lutar pela implemen-tação da Convenção 151 da

OIT, pela proteção do direito de orga-nização, de negociação e condições de trabalho dos servidores públicos.

06. Lutar para que o Brasil ratifi-que a Convenção 156 da OIT,

pela igualdade de oportunidades en-tre homens e mulheres.

07. Incluir nas convenções cole-tivas a previsão da ultratividade

das normas.

08. Realizar e apoiar campanhas que defendem a unicidade sin-

dical e a permanência da cobrança da

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arrecadação sindical enquanto fortalecimento do sistema confederativo.

09. Repudiar qualquer medida que coloque em risco a sobrevivência financeira das

entidades sindicais.

10. Incentivar a organização da (o) s traba-lhadora (e) s no local de trabalho com a

defesa da efetiva estabilidade de emprego para dirigentes sindicais e integrantes dessas Organi-zações Locais do Trabalho.

11. Intensificar a campanha nacional pela jor-nada máxima de 30 horas, com a ampliação

das ações por parte dos sindicatos, dos farma-cêuticos e demais profissionais de saúde.

12. Continuar a luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, para

todos os trabalhadores, devendo articular-se com outras entidades sindicais, com o Fórum Nacio-nal pela Valorização da Profissão Farmacêutica, os fóruns estaduais e com parlamentares.

13. Cobrar das autoridades públicas de todos os entes federativos, acionando inclusive

o Ministério Público, para que estejam defini-dos nos editais de concursos públicos, garantia de salários e jornadas de trabalho dignas, com planos de carreira, cargos e salários em regimes estatutários.

14. Intensificar a ação da FENAFAR e dos sindi-catos nas mesas de negociação do SUS (na-

cional, estaduais e municipais) e na defesa do es-tabelecimento de planos de carreira e salários que atendam aos interesses dos profissionais farma-cêuticos na condição de trabalhadores de saúde.

15. Combater toda e qualquer forma de precarização do trabalho, bem como de-

nunciar ao Ministério Público a não contrata-ção de servidores através de concurso público, contra a contratação dos serviços terceirizados de todo o tipo e contratação temporária, a fim de evitar a fragilidade dessas relações no setor público e privado.

16. Exigir a penalização de práticas antissindicais.

17. Lutar contra qualquer proposta que pro-ponha a terceirização do trabalho.

18. Estimular a participação dos sindicatos e da FENAFAR nos Fóruns Estaduais e no Fó-

rum Nacional contra as privatizações.

19. Atuar contra qualquer forma de privatiza-ção dos serviços públicos.

20. Combater a desigualdade étnico-racial, de gênero e de classe social no acesso ao

emprego, aos salários e às condições de trabalho.

21. Viabilizar, desenvolver e apoiar projetos, ações e mobilizações que visem à consoli-

dação e fortalecimento da categoria farmacêutica.

22. Ampliar as ações voltadas à organização sindical da categoria farmacêutica.

23. Mobilizar, fortalecer e apoiar entidades e grupos que tenham interesse na integra-

ção dos sindicatos estaduais à FENAFAR, visando o crescimento e valorização da profissão com diversas instituições da categoria/órgãos.

24. Realizar campanhas e ações estratégicas, contando com a parceria de outras enti-

dades/órgãos, para estimular a filiação sindical.

25. Estimular a organização da diretoria de educação, das mulheres e da juventude

no âmbito dos sindicatos.

26. Reafirmar e ampliar o diálogo e as parce-rias da FENAFAR e seus sindicatos com as

entidades dos estudantes de farmácia e de en-sino, na perspectiva de gerar interfaces positivas e ampliar o debate político sobre as questões de interesse da categoria e dos trabalhadores.

27. Realizar cursos de formação política, sin-dical e de políticas de saúde para trabalha-

dores, diretores sindicais e estudantes.

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28. Ampliar as ações de divulgação, informa-ção e debate com a categoria, em conjun-

to com os sindicatos, utilizando os instrumentos e as ferramentas de comunicação disponíveis.

29. Realizar campanhas e ações que bus-quem a compreensão sobre o papel do

profissional farmacêutico na sociedade.

30. Fortalecer, contribuir e instrumentalizar os sindicatos para participaram das nego-

ciações coletivas e campanhas salariais.

31. Lutar contra a interferência do Ministério Público do Trabalho (MPT) no funciona-

mento dos sindicatos e em relação às práticas antissindicais.

32. Buscar apoio junto às centrais sindicais, no que se refere ao desenvolvimento de

temas que tratem da formação do cidadão e po-líticas no ensino básico, fundamental e superior.

33. Lutar por um piso nacional para os farma-cêuticos.

34. Promover a valorização do trabalho do far-macêutico em todas as áreas de atuação.

35. Conquistar espaço de representação da FENAFAR em todos os fóruns/grupos de

trabalho/câmaras nacionais que venham definir regras/normas ou outros que venha intervir no trabalho do farmacêutico.

36. Fomentar a construção da unidade po-lítica, de planos de lutas e organizacional

através do fortalecimento do Fórum Nacional de Valorização da Profissão Farmacêutica divulgan-do e executando sua agenda no contexto nacio-nal da categoria.

37. Acompanhar todos os projetos de leis re-lacionados à saúde, às relações do trabalho

em especial ao âmbito farmacêutico.

38. Orientar os sindicatos para que se aten-tem quanto aos textos de chamamento

dos editais dos concursos públicos de forma a garantir o direito dos farmacêuticos.

39. Lutar pela inclusão dos farmacêuticos nas equipes de vigilância sanitária, mediante

concurso público, com valorização no plano de cargos, carreiras e salários do regime de dedica-ção exclusiva a que estão expostos, por impedi-mento das Leis 5991/1973 e 6360/1976 e Resolu-ção CFF 596/2014.

40. Lutar para que os entes públicos garan-tam quantitativos suficientes de farma-

cêuticos para suprir todas as responsabilidades técnicas e também atribuições diárias destes profissionais em todas as áreas de atuação nas ações de saúde pública.

41. Apoiar e acompanhar a agenda da classe trabalhadora em torno dos seis eixos apro-

vados na Conferência Nacional da Classe Traba-lhadora (Conclat): Crescimento com distribuição de renda e fortalecimento do mercado interno; Valorização do trabalho decente com igualdade e inclusão social; Estado como indutor do de-senvolvimento socioeconômico e ambiental; Democracia com efetiva participação popular; Soberania e integração internacional; Direitos Sindicais e Negociação Coletiva.

42. Criar instrumentos na perspectiva de ga-rantir a liberação dos trabalhadores, dos

setores público e privado, sem prejuízo do dia de trabalho, para participação nas instâncias do controle social e entidades da categoria.

43. Apoiar programas de governo que preve-jam a proteção ao empregado, desde que

não ocorra a redução de salário.

44. Exigir e estimular que nas minutas das convenções coletivas de trabalho este-

jam previstas o cumprimento dos artigos 607 e 608 da CLT e a nota técnica nº 201 de 2009 do MTE que prevêem que os órgãos fiscalizadores devem cobrar o comprovante do pagamento da contribuição sindical para emissão das licenças/alvarás sanitários.

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45. Apoiar o PL 4135/12 que prevê a integra-lidade da assistência farmacêutica no SUS.

46. Lutar contra o sucateamento das vigilân-cias sanitárias e do MTE visando garantir a

estruturação de RH e infraestrutura.

47. Apoiar a contratação dos farmacêuticos como assessoria técnica junto às defenso-

rias públicas.

48. Estimular elaboração de projetos de lei (municipais, estaduais e federal) que pre-

vejam a instituição da semana do uso racional de medicamentos, para promover ações educativas junto à população.

49. Fortalecer a negociação da Fenafar com as grandes redes de farmácia.

50. Incentivar os farmacêuticos denuncia-rem o não cumprimento da assistência

farmacêutica plena.

51. Criar um cadastro positivo de empresas que atendem as legislações trabalhistas.

52. Criar uma cartilha sobre o trabalho legal do farmacêutico, orientando sobre o reco-

lhimento de provas, de práticas ilegais, realizadas pelo empregador.

53. Divulgar canais de denúncia de práticas ilegais, realizadas pelo empregador, aos

profissionais farmacêuticos.

54. Estimular a criação de comissões nos conselhos profissionais com participação

dos sindicatos, para orientação do trabalho do farmacêutico.

55. Realizar palestras e debates sobre o tema do trabalho do farmacêutico.

56. Incluir nas pautas de Convenções Cole-tivas cláusulas de atribuições dos farma-

cêuticos.

57. Incluir nas pautas de Convenções Coleti-vas cláusulas que o farmacêutico gerente

possa receber uma porcentagem, acima do pre-visto em Lei, sobre o piso salarial.

58. Incluir nas pautas de Convenções Coleti-vas cláusulas que o farmacêutico respon-

sável técnico possa receber uma porcentagem sobre o piso salarial.

59. Estimular que a categoria tenha por refe-rência de salário PL do piso nacional (dez

salários mínimos) ou três salários do DIEESE

60. Negociar para as convenções coletivas o pagamento de adicional de insalubridade

tendo por base a lei nº 13021/2014, que define a farmácia como estabelecimento de saúde.

61. Negociar para as convenções coletivas prever um percentual sobre a remunera-

ção para os farmacêuticos que prestarem os Ser-viços Farmacêuticos.

62. Internalizar a agenda do trabalho decen-te do protocolo nº 9 da Mesa Nacional de

Negociação Permanente do SUS, promovendo o seu reconhecimento efetivo através das nego-ciações coletivas.

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EDUCAÇÃO FARMACÊUTICA

DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO

FARMACÊUTICA

A formação da força de trabalho farmacêutica no Brasil vive um momento singular e altamen-

te crítico para a definição do futuro da categoria profissional. Para analisar este cenário, vamos focar em alguns pontos: o tamanho e características da força de trabalho; o setor formador, ou

as instituições de ensino e sua norma-tização; as velhas e as novas Diretrizes Curriculares, a educação por compe-tências e as necessidades sociais; a educação a distância; a proposta de exames para registro profissional; a ne-cessidade de um planejamento para a força de trabalho farmacêutica.

A categoria farmacêutica alcan-çou uma marca bastante significativa entre 2015-2016: em torno de 1 far-macêutico registrado para cada 1.000 habitantes. Ou seja, não podemos mais falar em uma falta importante de profissionais no cenário brasileiro. Taxas parecidas são encontradas em diversos países que planejam e regu-lam sua força de trabalho, como Rei-no Unido e Alemanha.

Nos distanciamos das taxas dos países em que oficialmente se relata falta de farmacêuticos, como países africanos e alguns da América Latina; por outro lado, encontram-se exem-plos de países muito desenvolvidos, como o Japão, em que há cerca de 27 farmacêuticos atuantes para cada 1.000 habitantes.

O bacharelado em Farmácia, por-tanto, tem contribuído de forma ex-pressiva com as metas brasileiras de aumentar a proporção da população com nível de educação superior. E esta taxa tende a aumentar, pois po-de-se esperar a graduação de até 15.000 novos farmacêuticos por ano. No entanto, há uma má distribuição destes profissionais pelas regiões do país e no interior de vários estados. O crescimento no período 2010/2015 foi de 35% e superior ao período 1995/2000 que foi de 31,5%.

Ao contrário da maioria das pro-fissões de saúde, os farmacêuticos atuam predominantemente no se-tor privado lucrativo, o que se deve à indústria farmacêutica e, principal-mente, às farmácias privadas, que de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) es-tão classificadas como atividade de comércio, enquanto que ao setor serviço cabem as atividades relacio-nadas à assistência à saúde humana, seja no setor público ou privado. Em 2015, a maioria (62%) dos farmacêu-ticos do mercado formal de trabalho estava empregado no comércio, se-

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guido dos setores serviço (35%) e in-dústria (3%). Para mais detalhes, con-sultar a publicação Mercado de tra-balho farmacêutico no Brasil (http://escoladosfarmaceuticos.org.br/pdf/livreto-mercado-WEB.pdf)

Assim como a força de trabalho, as instituições formadoras estão dis-tribuídas iniquamente entre as regi-ões brasileiras: proporcionalmente à população habitante, a região sul tem quase três vezes mais cursos de far-mácia que a região nordeste. O nú-mero de cursos com autorização do Ministério da Educação e ofertando vagas, no entanto, é alto em todo o país. Se é tão alto, é por resultado, principalmente, de políticas de total abertura da educação superior para o mercado, adotadas desde a década de 1990 (para detalhamento, consul-tar os cadernos de 2015 em http://www.fenafar.org.br/8congresso/ca-derno-de-debates/). Tais políticas, a partir dos últimos anos, passaram a ter repercussão ainda mais significativa com o forte investimento de grupos econômicos internacionais no setor educação e comando mais direto das instituições reguladoras do MEC pelas grandes empresas do setor.

As políticas de ampliação das uni-versidades públicas encontram-se paralisadas e o processo de sucate-amento, muito forte nos anos 1990, volta agora com a falta de recursos e a campanha de desmoralização das uni-versidades e dos servidores públicos.

O número de vagas ofertadas nos últimos anos tem crescido, porém o número de vagas ociosas é cada vez maior e o número de formandos tem caído ano a ano, apontando um ce-nário de esgotamento do mercado para as escolas de farmácia e o iní-cio de uma tendência de queda no número de formandos por ano. Estes fatos não têm, no entanto, diminuído o número de novas escolas e vagas

ofertadas, mas têm forçado muitas escolas privadas com estruturas e corpo docente qualificados a dimi-nuírem seu nível de qualidade para poder competir no mercado cada vez mais disputado.

E interessante observar que o grande número de cursos abertos se caracteriza por uma maioria de instituições de pequeno porte, com estrutura colegial, sem condições de desenvolver pesquisa, extensão ou educação de nível realmente supe-

rior. Estes cursos, em grande parte das vezes, não possuem as condi-ções mínimas para a formação de profissionais com capacidade cien-tífica, intelectual e prática para res-ponder a uma “demanda esperada para que o farmacêutico” intervenha clínica, científica e tecnologicamen-te, tomando responsabilidades reais sobre a saúde das pessoas e sobre as demandas por desenvolvimento e acesso a medicamentos no país.

Mas a supracitada “demanda es-perada para a farmacêutico intervir” precisa também de certa análise. Um forte movimento internacional na área da educação profissional em saúde tem construído propostas chamadas “educação baseada na ne-cessidade social”. O que se sustenta é que as necessidades de saúde da

📄 Reunião da Fenafar com Cofen sobre a campanha

contra EaD para os cursos de graduação em saúde,

Fortaleza, 2016

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população, as demandas para apri-moramento do funcionamento e re-sultados em saúde dos serviços e dos sistemas de saúde sejam a base para a definição do número e das caracte-rísticas da força de trabalho na saúde, derivando para a definição das com-petências esperadas de cada profis-sional para atender as tais necessi-dades. Precisamos analisar com mais cuidado o que são as competências necessárias no Brasil para as nossas necessidades.

As competências clínicas são, hoje, quase uma unanimidade inter-nacional como prioridades na for-mação desejada de farmacêuticos. No Brasil, parece como uma ponte de salvação para todos os proble-mas historicamente e socialmente construídos no setor farmacêutico. Primeiro, é preciso ter consciência de que ter responsabilidades sobre o processo clínico terapêutico exi-ge um nível de formação em clínica correspondente ao tamanho desta responsabilidade. Certamente, não são algumas disciplinas distribuídas aleatoriamente na graduação ou um curso teórico de pós-graduação que podem garantir autonomia técnico--científica para um profissional as-sumir tal responsabilidade de intervir no processo terapêutico de um pa-ciente. E preciso, então, que esteja mais clara a relação entre esta ten-dência de formação “aligeirada” para

a atuação clínica e o novo modelo de negócios desenhado para o maior setor de atuação dos farmacêuticos: o comércio varejista.

Em 2007, promovemos o I Fórum Nacional de Educação Farmacêutica com o sugestivo título: O farmacêu-tico de que o Brasil necessita (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaco-es/1_forum_nacional_educacao_far-maceutica.pdf). O resultado de am-pla discussão e participação gerou a definição de uma imagem-objetivo: o farmacêutico como profissional de saúde, preparado para o SUS, capaz de intervir científica e criticamente sobre os problemas de saúde e so-bre o sistema de saúde, com compe-tência para promover a integralidade da atenção à saúde, de forma ética e interdisciplinar, e valorizado pela sociedade, constitui o objetivo a ser alcançado por meio da educação, segundo os participantes do evento.

Nesta definição fica nítido que as necessidades do país que devem ser atendidas pela força de trabalho farmacêutica são complexas, mui-to mais complexas do que aquelas de países desenvolvidos, em que a produção de medicamentos já está plenamente desenvolvida, onde não há uma política de assistência far-macêutica ou serviços farmacêuti-cos em sistema público de saúde, e em geral os farmacêuticos estão em farmácias que são extremamente re-gulamentados, hospitais bem organi-zados, e a população é bem educada e com alta qualidade de vida. Em tal cenário, focar apenas na formação para as competências clínicas pode ser viável. Para o Brasil, as necessida-des merecem muito mais aprofun-damento e, portanto, as competên-cias profissionais requeridas.

As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Farmácia aprovadas em 2017 (http://portal.mec.gov.br/

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index.php?option=com_docman&-view=download&alias=74371-rces-006-17-pdf&category_slug=outubro--2017-pdf&Itemid=30192) são fruto de intenso processo participativo e amadurecimento da categoria far-macêutica. Integram a formação por eixos de atuação e não mais por di-visões das habilitações. Os eixos: I - Cuidado em Saúde; II - Tecnologia e Inovação em Saúde; III - Gestão em Saúde, ampliam o horizonte de for-mação e atuação e expressam um entendimento mais complexo da atuação do profissional. O desafio a partir deste ano é como interpre-tar tais diretrizes e materializá-las na formatação de um curso de farmácia que, de fato, abranja a magnitude e a profundidade de formação para os 3 eixos definidos. O papel das nossas entidades será definitivo na colabo-ração para que as novas diretrizes signifiquem avanços na formação e não estreitamento do entendimento do que seja formar um farmacêutico para as necessidades sociais.

E imperativo que as avaliações dos cursos de farmácia, da mesma forma, passem a ter como padrão esperado de um curso de farmácia, estrutura e condições plenas para a real forma-ção humanista, científica e técnica para o cuidado em saúde, a tecnolo-gia e a gestão em saúde. Esta é uma das questões mais difíceis da educa-ção hoje, pois as instituições de regu-lação estão sob mando daqueles que deveriam estar subordinados aos pro-cessos de avaliação de sua qualidade, como já referimos anteriormente.

Indicativo de tal inversão de posi-ções e de valores é a regulamenta-ção recente (DECRETO Nº 9.057, DE 25 DE MAIO DE 2017 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9057.htm) da oferta de cursos na modalidade edu-cação à distância para qualquer área

do conhecimento, sem a necessi-dade de manter estrutura física de um curso correspondente. ‘Por mais que as instituições públicas estejam investindo no desenvolvimento de tecnologias aplicadas à educação a distância para ampliar o alcance da educação, este é um setor de alto interesse comercial por possibilitar a conquista de um mercado em larga escala. A educação a distância tem sido entendida como uma forma in-teressante de derrubar barreiras ge-ográficas e ampliar as possibilidades para que as pessoas tenham acesso à educação. Mas não há evidências

da existência de cursos de graduação em farmácia na modalidade a distân-cia no mundo: há sim, e com grande investimento e incentivos, o uso das tecnologias para apoiar a formação, facilitar a aprendizagem. E um instru-mento incremental, não substitutivo da vida acadêmica, da convivência, da experimentação, da prática. Há hoje mais de 40.000 vagas aprovadas pelo MEC para graduação em farmá-cia. Ainda não há registros de cursos iniciados e não há informação ainda do que estes cursos pretendem: di-vulgam-se como curso a distância, mas não divulgam como vão aten-der as diretrizes curriculares para os cursos de farmácia, sendo a distân-cia. E fundamental a ação das nossas entidades na divulgação dos riscos do uso inadequado de EaD, na pres-

📄 A Fenafar, a Escola Nacional dos Farmacêuticos

participam da audiência pública realizada pelo Conselho Nacional de

Educação para debater as Diretrizes Curriculares

Nacionais do curso de Graduação em Farmácia

(DCNs), Brasília, 2017.

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são junto aos órgãos de regulação da educação e junto das instituições de ensino que cogitam ofertar cursos de graduação nesta modalidade.

Este cenário subsidiou o ressurgi-mento das discussões sobre exames para a obtenção de registro profissio-nal. Este é um tema antigo e contro-verso. Muitos países adotam esta es-tratégia para pressionar a qualidade dos cursos, mas sempre acompanha-das de um forte processo de avaliação das universidades. Ou seja, as univer-sidades são rigorosamente avaliadas para manter um alto nível de quali-dade, e os egressos são avaliados por suas competências individuais.

No Brasil, com o processo de ava-liação fraco e enviesado que temos e a grande autonomia outorgada para as instituições de ensino, uma pro-va para avaliar apenas o componen-te mais vulnerável do processo – o egresso – certamente não pode ser um processo justo. Temos já o exem-plo do Direito, que expõe milhares de egressos de cursos de graduação de qualidade duvidosa (cursos que foram autorizados e avaliados pelo MEC!) ao enorme mercado dos cursinhos para passar na prova da OAB. O direciona-mento da prova é também duvidoso, e certamente não garante que os ad-vogados em exercício no país sejam mais éticos, mais competentes, me-lhores defensores dos justos.

Certamente, não serão os cursi-nhos preparatórios que proporciona-rão melhores competências para os egressos que não puderam adqui-ri-las durante 5 anos de graduação. No entanto, precisamos debater este tema, pois assim despertamos a so-ciedade para a necessidade de discu-tir e tomar as rédeas sobre a questão da qualidade da formação na área da saúde. E preciso colocar em prá-tica a prerrogativa do Sistema Único de Saúde, previsto no artigo 200 da

Constituição e na sua lei orgânica, de ter responsabilidade por fazer a ordenação e avaliação dos recursos humanos para a área da Saúde. O Controle Social é o instrumento que precisamos utilizar.

Fica claro que o Brasil não tem dis-cutido e nem desenvolvido qualquer planejamento para a sua força de tra-balho em saúde, incluindo farmacêu-ticos. A formação é definida ao sabor do mercado da educação e do mer-cado farmacêutico, entendendo estes como os definidores das necessida-des sociais. Resta que nossas entida-des de representação da categoria e o controle social tomem a frente desta tarefa e a conduzam com racionalida-de e compromisso social.

PROPOSTAS

01. Promover a discussão em tor-no do âmbito profissional, res-

gatando o acúmulo que a FENAFAR possui sobre o tema e sintonizando com o atual estágio de desenvolvi-mento do trabalho farmacêutico.

02. Propor reformulação da Po-lítica Nacional de Educação

Superior no Brasil, no sentido de criar uma política educacional que inte-gre, de forma orgânico-sistêmica, a formação das profissões da área da saúde com o SUS.

03. Planejar estratégias educa-tivas para a população como

forma de desenvolver a concepção de direitos à saúde e sobre o uso cor-reto de medicamentos.

04. Pleitear junto aos órgãos de fomento linhas de financia-

mento para desenvolver, divulgar e discutir pesquisas que contribuam com o aprimoramento da gestão do trabalho e da educação na assistência

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farmacêutica de maneira articulada com universi-dades, serviços, vigilâncias, conselhos de saúde, e demais segmentos.

05. Lutar para que a academia direcione sua produção científica e tecnológica para as

necessidades nacionais, articulada com a forma-ção acadêmica voltada para a realidade social com ênfase no SUS.

06. Promover atividades nos cursos de Far-mácia para estimular os futuros profissio-

nais a atuarem em conformidade com as Polí-ticas de Saúde em parceria com o movimento estudantil e outros atores.

07. Lutar para garantir ações de educação permanente e continuada para os profis-

sionais em todos os âmbitos da assistência far-macêutica, contextualizada nos cenários das realidades regional e local, e incluindo as relacio-nadas com as políticas de práticas integrativas e complementares.

08. Discutir e intervir sobre a educação far-macêutica, fortalecendo a ABEF e Escola

Nacional de Farmacêuticos incluindo o debate sobre educação e trabalho na agenda de ativida-des sindicais.

09. Defender a criação e implantação de es-tratégias de formação e qualificação do-

cente para o ensino da Assistência Farmacêutica de acordo com os princípios do SUS.

10. Defender a valorização das residências multiprofissionais e em áreas profissionais

da saúde.

11. Promover a discussão com a sociedade sobre a definição de critérios para a aber-

tura e funcionamento de estabelecimentos far-macêuticos.

12. Defender que as residências multipro-fissionais em saúde sejam reconhecidas

como título de pós-graduação voltadas para a formação em serviço, devendo ser valorizadas

em concurso público com pontuação superior a pós-graduação lacto sensu.

13. Lutar pela inclusão e valorização do tra-balho farmacêutico, com remuneração

digna, e a inclusão do profissional em diferentes áreas estratégicas, como a vigilância sanitária e alimentos.

14. Fomentar e desenvolver ações em parce-ria com os órgãos de fiscalização do tra-

balho, do exercício profissional e demais órgãos competentes pela valorização do trabalho far-macêutico.

15. Debater novas formas da valorização da produção da pesquisa acadêmica do país.

16. Defender que os eventos técnico-cien-tíficos (congressos, simpósios, etc) sejam

mais acessíveis economicamente aos estudan-tes, profissionais e população.

17. Estimular o empoderamento do farma-cêutico quanto à sua responsabilidade, au-

toridade e autonomia no exercício da assistência plena, voltada ao cuidado e saúde do paciente.

18. Formar uma lista das Faculdades forma-doras de opinião, utilizar a Semana de far-

mácia e realizar reuniões com os diretores do Curso de Farmácias.

19. Capacitar os egressos através de pales-tras para os farmacêuticos que assumirão

a Responsabilidade Técnica, em parceria com a Escola Nacional dos Farmacêuticos, e em parce-ria com ABEF, Comissões de Ensino dos CRFs e ENEFAR.

20. Atentar para o Cuidado ao paciente como a centralidade do trabalho farma-

cêutico, com sua valorização como trabalhador de saúde.

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BALANÇO DE GESTÃO

TRÊS ANOS DE UNIDADE E AÇÃO PARA DEFENDER

O BRASIL, A SAÚDE E VALORIZAR A PROFISSÃO

FARMACÊUTICA

Balanço da Gestão de Diretoria da Federação Nacional dos Far-macêuticos – agosto de 2015 a

março de 2018

A gestão da Federação Nacional dos Farmacêuticos que se encerra neste 9º Congresso atravessou uma das maiores crises políticas da histó-ria do país. Eleita no curso da ofen-siva conservadora da elite política e econômica pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a direto-ria da Fenafar saiu do Congresso de Cuiabá com o compromisso de inte-grar todos os movimentos de luta em defesa da democracia.

Um ano depois, com a consolida-ção do golpe que interrompeu o Es-tado Democrático de Direito, o novo governo do país iniciou de forma acelerada a aplicação das políticas que motivaram o golpe: diminuição

do papel do Estado, ataques aos di-reitos sociais e trabalhistas e desna-cionalização da economia.

A marca destes três anos foi a da resistência para impedir retrocessos. A Fenafar respondeu a altura essa tarefa e, ao mesmo tempo em que conse-guiu de forma decidida e dinâmica manter a luta em defesa dos direitos da categoria farmacêutica, também lutou pela ampliação destes direitos.

Manteve como objetivo a cons-trução da unidade da categoria como elemento estruturante de sua ação co-tidiana. O acerto da combinação entre resistir e avançar e a busca da unida-de para desenvolver a luta política se expressou na filiação de quatro novos sindicatos à Fenafar neste período.

A construção coletiva das pautas da entidade se deu em reuniões e seminários, sempre de forma plural e ampla. Mesmo com a agenda da luta contra o golpe e contra as políticas de desmonte do país que, de cer-ta forma, colocaram o movimento sindical numa agenda responsiva, a Fenafar conseguiu realizar inúmeros seminários e eventos, além de parti-cipar de dezenas de outros espaços de construção e elaboração política, nacional e internacional.

O eixo gravitacional da atuação da Fenafar continuou sendo os sindica-

📄 Seminário de Planejamento da Fenafar, realizado em Campinas, 2016

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tos. Muitas ações foram desenvolvidas conjuntamente, como cursos de for-mação. Foi ampliado o acompanha-mento jurídico e da assessoria para fortalecer a base da representação da categoria. A campanha de filiação “Não fique só, fique sócio” foi um im-portante instrumento para unificar nacionalmente as ações de fortaleci-mento do sindicato, que se mostrou extremamente oportuna diante dos ataques ao movimento sindical.

A Federação manteve ativo seus instrumentos de comunicação, com o site e as redes sociais, além de pro-duzir publicações para eventos e posi-cionamentos públicos da Fenafar. Vale destacar que, mesmo diante das difi-culdades, a diretoria da Fenafar publi-cou uma importante contribuição para compreender a importância histórica da entidade de luta da categoria: a Re-vista da História da Fenafar. Também, dentro das possibilidades financeiras, buscamos diversificar nossos instru-mentos, com a produção de vídeos que tiveram grande alcance, como o da luta contra a reforma da previdência e o da defesa do sindicato.

VEJA ABAIXO UMA SÍNTESE DAS AÇÕES E INICIATIVAS DA FENAFAR NESTA GESTÃO

Reuniões Realizadas até Dez 2017 • Seminário de planejamento Es-

tratégico da Gestão • 5 reuniões da diretoria executiva • 5 reuniões do conselho de re-

presentantes• 1 assembleia congressual extra-

ordinária (alteração estatuto)

Novas filiações a Fenafar:• Sindicato dos Farmacêuticos do

Estado de São Paulo – dezembro 2015• Sindicato dos Farmacêuticos do

Estado de Alagoas - outubro/2016• Sindicato dos Farmacêuticos do

Estado do Rio de Janeiro - dezem-bro/2016

• Sindicato dos Farmacêuticos do Distrito Federal – janeiro 2017

Novas filiações da Fenafar:• FSM – Federação Sindical Mundial,• ALASS – Associação Latina de

Análises de Sistema de Saúde

Encontros de Sindicatos • 5º Encontro Norte e Nordeste

de Sindicatos Farmacêuticos –Recife/PE – Outubro/2016

• 3º Encontro Sul, Sudeste, Cen-tro-Oeste de Sindicatos Farmacêuti-cos – Brasília/DF – Outubro/2017

• Encontros Estaduais sobre a Saúde do Trabalhador Farmacêutico nos estados Bahia, Mato Grosso e Rio Grande do Sul

Cursos de Formação Sindical para a Base da Fenafar• Estados realizados: Rio Grande

do Norte, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Pernam-buco, Roraima, Acre, Distrito Federal, Maranhão, Piauí, Paraíba, Santa Cata-rina, Amazonas.

• Curso: trajetória do Trabalho Farmacêutico no Brasil: da industria-lização ao cuidado ao paciente. Nos estados: Rio Grande do Sul, São Paulo e Alagoas

• Curso de Formação Sindical da CNTU

📄 Curso de Formação sindical realizado em 2017, em vários estados. Foto do

curso no Acre, 2017

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• Curso de Formação para sindi-calistas e formação de formadoras CES- Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho

Pesquisas• Sobre a Saúde do Trabalhador

Farmacêutico • Bahia, Mato Grosso, Rio Grande

do Sul, Rio Grande do Norte, Per-nambuco, Ceará e Maranhão.

Conferências • 15ª Conferência Nacional de

Saúde – dez 2015

• 1ª Conferência Livre de Comu-nicação em Saúde

• 2ª Conferência Nacional de Saú-de da Mulher

• 1ª Conferência Nacional de Vigi-lância em Saúde

Composição na direção da Con-federação Nacional dos Trabalhado-res Universitários Regulamentados e da Central das Trabalhadoras e Tra-balhadores do Brasil -CTB

Representações:• Conselho Nacional de Saúde • Fentas – Fórum das entidades

Nacionais dos Trabalhadores da Saúde• Mesa Nacional de Negociação

Permanente do SUS • Grupo de Trabalho de Desprecari-

zação do Trabalho no SUS/MNNP-SUS• Comissão de Ciência e Tecnolo-

gia e Assistência Farmacêutica /CNS

• Comissão de Orçamento e Fi-nanças/CNS

• Comissão de Práticas integrati-vas e complementares/CNS

• Comissão de Vigilância em Saúde • Comissão Intersetorial de Saúde

da Mulher • Comissão Intersetorial de Edu-

cação Permanente para o Controle Social da Saúde

• Comitê para a Proteção do uso Ra-cional de Medicamentos /DAF/SCTIE/MS

• Fórum Permanente para o Tra-balho e Saúde no Mercosul

• Palestra o Direito dos Farmacêu-ticos nas relações de Trabalho em Cruzeiro, Acre

• Comissão Especial de Estudo de Resíduos de Serviços da Saúde

• FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação

Conquistas • Convênio de Cooperação OIT –

A Fenafar assinou com a OIT – Or-ganização Internacional do Trabalho um convênio de cooperação para coleta de dados e subsídios para os sindicatos incluírem nas negociações com o setor patronal dispositivos de garantia do trabalho decente. Além disso, orientar os Sindicatos a coletar e construir dados para entendermos melhor cada realidade.

• Manutenção das farmácias pú-blicas dentro dos equipamentos de saúde dentro da rede municipal de saúde de São Paulo

• Publicação do Caderno de Ava-liação dos 10 anos da PNAF

• Publicação da Revista da Histó-ria da Fenafar

Relações Internacionais • XXVII Congresso Alass – Asso-

ciação Latina para Análise dos Siste-mas de Saúde – Brasília/DF

• 7º Encontro sindical Nuestra América – Montevidéu -Uruguai

📄 5º Encontro Norte e Nordeste de Sindicados Farmacêuticos, Recife, 2016

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• 17º Congresso Federação Sindi-cal Mundial – Durban/África do Sul

• Conferência Internacional da In-dustria de Saúde – Paris-FR

• XXVIII Congresso Alass – Asso-ciação Latina para Análise dos Siste-mas de Saúde – Liége/Bélgica

• 76º Congresso Mundial de Far-mácia e Ciências Farmacêuticas -FIP – Buenos Aires/Argentina

• 77º Congresso Mundial de Far-mácia e Ciências Farmacêuticas – FIP – Seul/Coreia do Sul

• II Conselho Internacional de Saúde – Montevidéu-Uruguai

• Congresso Latinoamericano de Medicina Social e Saúde Coletiva – Assunção/Paraguai

• Encontro Latinoamericano de Movimentos Sociais pelo Direito a Saúde – Assunção/Paraguai

Relações Institucionais nos anos de agosto de 2015 a março de 2018• Seminário Internacional da CTB:

Diálogos Impertinentes: O Fórum So-cial Mundial na construção de um ou-tro mundo possível.

• III Fórum do Trabalho Decente do Ceará

• II Fórum Nacional de Educação Farmacêutica

• 2º Conselho Nacional da CTB• Conferência Nacional Popular

em defesa da democracia e por uma nova política econômica

• XVIII Congresso Farmacêutico de São Paulo

• 9ª Jornada Brasil inteligente da CNTU

• Fórum de Educação Farmacêu-tica da Ufrgs

• 5º Dialogo com Mulheres sindi-calistas – Diálogos sobre o Mundo do Trabalho

• Solenidade dos 70 anos do Sin-dicato dos Farmacêuticos do Estado de São Paulo

• II Marcha em Defesa do SUS e da Previdência Social

• 4º Congresso Internacional de Direito Sindical

• XV Encontro Regional de Estu-dantes Farmácias Velho Chico

• II Fórum de Valorização da Pro-fissão Farmacêutica

• VII Congresso Brasileiro de Far-macêuticos em Oncologia

• 22ª Conferência Mundial de Pro-moção da Saúde

• XXXII Congresso Nacional de Se-cretários Municipais de Saúde

• XII Congresso Mundial de Far-macêuticos de Língua Portuguesa

• II Fórum Nacional de Diretrizes Curriculares de Farmácia

• Bliz nas Farmácia Imperatriz/MA • 12º Congresso Internacional da

Rede Unida• Fórum da Comissão de Saúde

Pública - Tema: “O Farmacêutico e a Assistência Farmacêutica na Atenção Primária à Saúde”

• 7º Simpósio Brasileiro de Vigi-lância Sanitária

• Encontro Nacional de Mulheres da CTB

• ENFARP – Encontro Farmacêuti-co de Ribeiro Preto

• 3º Prêmio Personalidade Profis-sional da CNTU

• 10ª Jornada Brasil Inteligente da CNTU

• Oficina sobre assistência far-macêutica no SUS: Preparando Novos Rumos/CNS

📄 3° Encontro Sul, Sudeste e Centro-Oeste de Sindicatos Farmacêuticos, Brasília, 2017

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CONGRESSO DAFENAFAR44

• II Simpósio Internacional de Re-síduos de Serviços da Saúde

• V Congresso Internacional de Direito Sindical

• Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde

• Fórum Nacional de Assistência Farmacêutica

• Café da Manhã CNTU/SRT/TEM• Jornada de Valorização do Tra-

balho Farmacêutico em Alagoas

• III Marcha em Defesa do SUS• BLITZ NAS FARMÁCIAS DE MA-

CEÍO• Seminário de Educação Perma-

nente para o Controle Social da Saú-de /CNS

• 40º Encontro Nacional de Estu-dantes de Farmácia

• 15ª Mostra Nacional de Expe-riências Bem-Sucedidas em Epide-miologia, Prevenção e Controle de Doenças

• XI Congresso Associação Brasi-leira de Farmácia Hospitalar

• Seminário Nacional de Mobili-zação da 1ªCNVS com o movimento de trabalhadores

• Seminário Medicalização e Judi-cialização da Vida: Contribuições da psicologia e da farmácia ao debate (ABRAPEE)

• 14º Congresso de Farmácia e Bioquímica de Minas Gerais

• 4º Congresso Nacional da CTB• Evento: Reforma Trabalhista e os

desafios para os profissionais farma-cêuticos do Ceará

• Bliz nas farmácias de Fortaleza/CE• X Congresso Brasileiro de Epide-

miologia • 2ª Jornada de Direito Processual

e material do Trabalho• 8º Encontro das Comissões Inter-

setoriais de Saúde do Trabalhador /CNS• I Congresso Brasileiro de Ciên-

cias Farmacêutica • I Fórum Trabalho Decente do

Rio Grande do Norte• 8º Congresso Brasileiro para o

Uso Racional de Medicamentos • 11ª Jornada Brasil Inteligente

da CNTU • Fórum Social Mundial Porto Alegre• Fórum Social Mundial Salvador

📄 Blitz nas farmácias de Fortaleza, Campanha Nacional de Sindicalização, 2017

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Presidente: Ronald Ferreira dos Santos - SCPrimeiro Vice-Presidente: Fabio José Basílio - GOSegundo Vice-Presidente: Veridiana Ribeiro da Silva - PESecretario Geral: Maria Maruza Carlesso - ESPrimeiro Secretário: Elaine Cristina Câmara Pereira - RNTesoureiro Geral: Célia Machado Gervásio Chaves - RSPrimeiro Tesoureiro: Ulisses Nogueira de Aguiar - PIDiretoria de Comunicação: Sergio Luis Gomes da Silva - PBDiretoria de Formação Sindical: Luciano Mamede de Freitas Junior - MADiretoria de Relações Institucionais: Rilke Novato Públio - MGDiretoria de Relações Internacionais: Gilda Almeida de Souza - SPDiretoria de Organização Sindical: Débora Raymundo Melecchi - RSDiretoria da Mulher: Maria Soraya Pinheiro de Amorim - BADiretoria de Educação: Silvana Nair Leite Contezini - SCDiretoria de Assuntos Jurídicos: Isabela de Oliveira Sobrinho - ACDiretoria de Saúde e Segurança do Trabalho: Eliane Araujo Simões - BADiretoria de Relações Trabalhistas: José Márcio Machado Batista - CEDiretoria de Juventude e Direitos Humanos: Dalmare Anderson Bezerra de Oliveira Sá - SEDiretoria da Região Norte: Cecilia Leite Motta de Oliveira - AMDiretoria da Região Nordeste: Lavinia Salete de Melo Maia Magalhães - CEDiretoria da Região Centro-Oeste: Larissa Utsch Seba da Silva - MTDiretoria da Região Sudeste: Júnia Dark Vieira Lelis - MGDiretoria da Região Sul: Lia Mello de Almeida - PR

Suplentes1. Angélica Anielli Laurindo de Souza - RR2. Wendell Torres de Cerqueira - RJ3. Maria do Socorro Cordeiro Ferreira - PI4. Jorge Luiz Pereira de Araujo Mariano - DF5. Ricardo Jorge Bouez Ribeiro - RO6. Paulo Anderson Silva Gomes - AL7. Maria Fani Dolabela - PA

Conselho Fiscal – TitularesSirlete Maria Orleti - ESJosias Pina - MTCristiane Oliveira Costa - SE

SuplentesHariad Ribeiro Morais - PBDaniela Ester de Lima Xavier - RRAlexandre Corrêa dos Santos Oliveira - MS

DIRETORIA DA FENAFAR TRIÊNIO 2015/2018

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SOSOCIO

NÃO

SINDICALIZE-SE!

AO SINDICATODIGA SIM

FIQUE

FIQUE

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CONGRESSO DAFENAFAR

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CONGRESSO DAFENAFAR

Caderno de Debates

Sindicatos filiados

SinfarpiINDIFAR-PR

SINDICATO DOS FARMACÊUTICOSNO ESTADODE SÃO PAULO

Sindicato dos Farmacêuticos do Estado da Bahia

Sindicato dosFarmacêuticos

DE GOIÁS

FederaçãoNacional dosFarmacêuticos

Realização e Organização:

SINDICATO DOSFARMACÊUTICOSDO ESTADO DOESPÍRITO SANTO

SINFES

Sede da Fenafar: Rua Barão de Itapetininga, 255, 11º Andar, conjunto 1105, CEP 01042-001 - Centro, São Paulo, SP - Fone/Fax: (11) 3259-1191fenafar.org.br

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