influência social - donald trump

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INFLUÊNCIA SOCIAL 29 JUNHO 2016 ISPA - INSTITUTO UNIVERSITÁRIO DONALD TRUMP DOCENTE: JORGE SENOS DISCENTE: MAFALDA MASCARENHAS Fique a conhecer melhor Donald Jr. Trump o multimilionário que decidiu que queria ser o Presidente dos Estados Unidos. Reciprocidade, Consentimento, Conformismo, Validação Social, Liking, como é que ele convenceu milhões de americanos a escolhê-lo como candidato presidencial? O que irá acontecer agora que já chegou a candidato presidencial? QUEM É DONALD TRUMP? ESTRATÉGIAS DE INFLUÊNCIA SOCIAL E AGORA?

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Esta revista foi produzida no âmbito da Unidade Curricular de Influência Social do Mestrado em Psicologia Social e das Organizações. Debruça-se sobre o tema das estratégias de Influência Social na campanha de Donald Trump

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INFLUÊNCIASOCIAL

29 JUNHO 2016ISPA - INSTITUTO UNIVERSITÁRIO

D O N A L D T R U M P

DOCENTE: JORGE SENOSDISCENTE: MAFALDA MASCARENHAS

Fique a conhecer melhor Donald Jr. Trumpo multimilionário que decidiu que queria

ser o Presidente dos Estados Unidos.

Reciprocidade, Consentimento,Conformismo, Validação Social, Liking,como é que ele convenceu milhões de

americanos a escolhê-lo comocandidato presidencial?

O que irá acontecer agora que já chegou acandidato presidencial?

QUEM É DONALDTRUMP?

ESTRATÉGIAS DEINFLUÊNCIA SOCIAL

E AGORA?

influência social

influência social

04 15 19

8 14

21 17

índice

03 Primeiraspalavras

05 Quem é DonaldTrump?

08 A Campanha

14 Estratégias deinfluência social

15 Reciprocidade17 Consenso &

ConformismoValidação Social

19 Liking

21 NomeaçãoPresumível dosRepublicanos

23 Muito mais a dizer

Projeto Pessoal de Mafalda Mascarenhaspara a unidade curricular de Influência Social

2015/2016 ISPA - Instituto Universitário das Ciências

Psicológicas, Sociais e da Vida

* imagem da capa - No Clowning Around de Tony Pro

22 Referências

UM TRABALHO DEINFLUÊNCIA SOCIALSOBRE DONALDTRUMP?

Po r Mafa lda Masca renhasEd i to ra -che fe

P R I M E I R A S P A L A V R A S

Antes de mais queroapresentar-vos o primeironúmero da revista InfluênciaSocial. Surgiu no contexto deum trabalho para umaunidade curricular com omesmo nome. Para estacadeira tínhamos que criarum projecto pessoal em quecriaríamos ou analisaríamosuma campanha eleitoral.

Escolhi o meu tema nasegunda ou terceira aula:queria abordar a influênciasocial na política. Apsicologia política sempreme interessou e achei queseria uma boa oportunidadepara o explorar mais afundo.Na aula surgiu a ideia deestudar ou as eleiçõesparlamente legislativasportuguesas (que entretantodecorreram) ou a campanhade Donald Trump, umpersonagem caricato quedizia querer ser candidato àCasa Branca.

A maior proximidade do casoportuguês pesaram a favor(por ter acesso a maisinformação e de váriospontos de vista) e contra(por ser difícil o afastamentonecessário para poder fazeruma boa análise. Optei porTrump e embarquei numagrande aventura.

E porque apresentar o meutrabalho através de umarevista? Porque para mimesta unidade curricular foimuito sobre a capacidade decomunicar para lá do mundocientífico, a capacidade delermos os acontecimentosdo dia-a-dia com a nossaferramenta predilecta, apsicologia e sermos capazesde criar campanhas eprojectos onde a psicologianão se vê, mas sente-se. Eassim surgiram as próximaspáginas , espero quegostem.

p. 3

SADLY THEAMERICAN DREAMIS DEAD. BUT IF IGET ELECTED

PRESIDENT. I WLLBRING IT BACK,BIGGER ANDBETTER THAN

EVER.

DONALD TRUMP

Jnho

2016

| Influência

Social ! N

úmero

especial: D

onald

Trump

QUEM É DONALD TRUMP?Junho 2016

foto

de

Emilee

Franklin-Pine

County C

ourier

Influência Social

onald John Trump nasceu a 14 de

Junho de 1946, em Queens, Nova Iorque. É o

presidente da The Trum Organization e é

atualmente o candidato presumido do

partido republicano para as eleições

presidenciais de 2016.

Filho de Fred Trump e Marie Anne MacLeod.

A sua mãe era escocesa e os seus avós

paternos alemães, todos foram para os

Estados Unidos à procura do sonho

americano. Também duas das três

mulheres com quem foi casado, não são

americanas:Ivana é checa e Melania é

jugoslava. Com uma família tão

multicultural, torna-se difícil compreender

a sua intolerância face aos imigrantes.

D

p. 5

Quem é Donald Trump? Junho 2016Influência Social

Aos 13 anos foi para a Academia Militar de Nova

Iorque devido ao seu mau comportamento. E

apesar de alegadamente ter tido muito sucesso

na Academia, nunca serviu o seu país,

nomeadamente na Guerra do Vietname por ter

sido considerado não apto por razões médicas a

maior parte dos anos e ter tido sorte nos

restantes.

O seu pai tinha uma empresa imobiliária

Elizabeth Trump and son que teve bastante

sucesso em Manhattan. Foi lá que Donald

começou a sua carreira quando terminou a

faculdade. Quando assumiu a liderança, em

1971, com apenas 25 anos. Nessa altura, mudou

o nome da empresa para The Trump

Organization. Por esta altura, já tinha feito uma

série de negócios bem sucedidos, sobretudo na

zona de Manhattan.

Quando entrou para a empresa do pai

incentivou o investimento em projetos de

renovação e construção civil, aumentando o

capital da empresa. Para além disso, é de

salientar que os edifícios mais marcantes do seu

império têm o seu nome, sendo o mais

conhecido a Trump Tower, em Manhattan, onde

estão os seus escritórios e residência.

Mas o nome Trump, não ficou só pelos edifícios

e ao longo dos anos foi-se alastrando a todos os

produtos possíveis e imaginários, desde

perfumes, a champanhes, passando por sites de

viagens, concursos de beleza, campos de golf,

marcas de roupa e até bonecos do Donald

Trump. Assim, Donald Trump não só se tornou

um dos homens mais ricos do mundo, como se

tornou numa marca que todos já ouviram falar.

Outro marco na carreira de Trump é o seu reality

show The Apprentice (o Estagiário), muito

conhecido nos Estados Unidos, onde eram

comuns as cenas onde Trump maltratava os

seus estagiários, sendo que ficou famosa a

frase “You’re fired”, por Trump despedir com

frequência os concorrentes.

Ultimamente, quase a chegar aos 70 anos

decidiu dedicar-se à vida política. Mas

desenganem-se aqueles que pensam que

esta foi a primeira tentativa. Já em 2000,

Trump tentou candidatar-se pelo partida

reformista, mas acabou por desistir perante

projeções que lhe davam apenas 7% dos

votos.

Ao longo dos anos Trump doou para

campanhas democratas e republicanas.

Em 2015, decidiu candidatar-se à nomeação

republicana e a 3 de Maio de 2016 foi

nomeado candidato presumido do partido.

foto

retirada d

a página d

e faceb

ook oficial d

e Donald

J. Trum

p

324Pessoa mais rica do mundo

com uma fortuna avaliada em 4,5 mil

milhões de dólares

THAT'S ONE OF THE NICE THINGS. I

MEAN, PART OF THE BEAUTY OF ME IS

THAT I'M VERY RICH. SO IF I NEED $600

MILLION, I CAN PUT $600 MILLION

MYSELF. THAT'S A HUGE ADVANTAGE.

Junho 2016Influência Social

Donald Trump anunciou a sua candidatura a 16 de Junho de 2015 na Trump Tower em Nova Iorque.

Atualmente é o candidato presumível do partido republicano às eleições presidenciais. Apesar de

existir uma maioria dos delegados que apoia Trump (neste momento 1239), existem alguns deputados

que ainda procuram alternativas à nomeação de Trump.

Uma campanha que começou quase como uma anedota, mas que terminou com a vitória das primárias

por Donald Trump, pelo meio uma série de incidentes mediáticos, como quando pessoas de raça negra

foram expulsas dos seus comícios; com declarações pouco diplomáticas e momentos que geraram

indignação um pouco por todas as partes do mundo, como quando afirmou que deveria ser bloqueada a

entrada de muçulmanos no país, até se compreenderem completamente as questões relacionadas com

o Daesh, ou quando propos a recuperação de métodos de tortura proibidos há anos pelas convenções

de direitos humanos.

Alguns críticos prevêm uma mudança de discurso nas eleições presidenciais, mas é difícil saber o que

esperar de um personagem tão carismático.

p. 8

A CAMPANHA

foto

de

Jonatho

n Gruenke

/ Daily Press

A Campanha Junho 2016Influência Socialp. 9

AS POSIÇÕES DE TRUMPFAZER O MÉXICO PAGAR O MURO

REFORMA DO SISTEMA DE SAÚDE

REFORMA NO COMÉRCIO COM A CHINA

REFORMAS NA ADMINISTRAÇÃO DOS VETERANOS

DIREITO À SEGUNDA EMENDA

REFORMA NOS IMPOSTOS

REFORMA NA IMIGRAÇÃO

Esta é uma das posições mais polémicas da campanha de DonaldTrump, ele não só quer construir um muro entre o México e osEstados Unidos, como quer que seja os mexicanos a pagar poresse muro.

Donald Trump já se manifestou várias vezes contra o Obamacare,o programa que garante um maior acesso a cuidados de saúdepor parte dos americanos. Assim, Trump pretende revogar esta

lei e restabelecer o mercado livre nos cuidados de saúde .

Donald Trump considera que os Estados Unidos abriram os seusmercados à China e que a China não reciprocou esta ação, acusaainda a China de manipular a moeda. .

Diminuir os tempos de espera no acesso aos cuidados de saúdepara os veteranos e melhorar a qualidade dos mesmos

Novamente, aqui uma das ferramentas será a liberalização domercado dos cuidados de saúde.

Donald Trump defende o direito à posse de armas por civis paraauto-defesa, previsto pela segunda emenda da constituição dos

Estados Unidos. Propõe uma melhoria no sistema de saúdemental como forma de prevenir tiroteios em massa.

A nível tributário Trump quer a isençao de impostos para pessoascom um rendimento anual inferior a 25 mil dólares e a diminuiçãodos impostos aos restantes, incluindo uma diminuição datributação relativamente aos negócios de grande volume.

Dificultar a entrada de imigrantes, obrigar à contratação decidadãos nacionais vs. estrangeiros, enviar de volta para o país deorigem todos os imigrantes que tenham sido condenados ourevogar a lei do direito à cidadania por nascimento são algumaspropostas de Trump para diminuir a taxa de imigração.

Baseado no site oficial da campanha de Trump

A Campanha Junho 2016Influência Social

Sobre as propostas de Trump (ver a página

anterior), podemos ver que a palavra mais usada

é reforma, presente em cinco das sete

propostas. De facto, neste momento a luta entre

a democrata Hillary Clinton e o republicano

Trump prende-se com a escolha entre "mais do

mesmo" ou uma reforma ao país.

Trump tem reunido um grande apoio junto da

classe média, que perdeu poder económico com

a crise mundial que se tem vivido nos últimos

anos. Numa análise de Dezembro, do

Washington Post, a base de apoiantes de Trump

eram os homens, brancos e com um salário

abaixo dos 50 mil dólares anuais. Numa nova

análise, realizada pelo The Atlantic, em Março, os

maiores preditores do voto a favor de Trump

eram: não ter concluído nenhum grau de ensino

superior; sentir que não se tem voz politica;

apoiar o autoritarismo e ter medo do terrorismo e

vivem em estados onde existem resentimentos

relativamente ao racismo.

Isto não será uma surpresa, dado que são

precisamente as pessoas da classe média/média

baixa que mais sofreram com a crise e que viram

perder-se o ideal do sonho americano. São estes

que são mais afectados pelas promessas de

voltar à antiga prosperidade económica. Mas

como muitos oponentes de Trump têm feito

notar, a América de Trump não será melhor para

todos. "Make America Hate Again" (fazer a

América odiar outra vez) é o que muitos vêm na

campanha de Trump.

A começar pelos seus comícios, onde apelou à

violência contra protestantes (nomeadamente

negros e muçulmanos) e tendo em conta a

recente escalada do racismo em Inglaterra, pós-

Brexit, é muito provável que se Trump for eleito

o mesmo aconteça nos Estados Unidos.

Trump tem utilizado a retórica divisionista dos

partidos nacionalistas, para exaltar os valores

americanos (o que dizer das Freedom Girls, as

meninas vestidas com a bandeira dos Estados

Unidos que cantam o hino de Trump?),

reforçando frequentemente que o país estaria

melhor se impusesse a sua soberania (face à

China) e expulsasse os imigrantes (sobretudo,

os muçulmanos e os mexicanos). Também tem

planos para as forças militares, nomeadamente

uma das suas medidas refere-se aos veteranos

de guerra, uma forma de exaltar vitórias

passadas.

Este discurso é particularmente curioso quando

pensamos que os americanos são uma mistura

de culturas e o próprio Trump não tem origem

americana. Mas não se trata de estar

cientificamente correto, o objetivo desta retórica

é aproveitar a crise económica e os avanços do

Estado Islâmico para criar um discurso que divida

"nós" - os americanos e eleitores - e "eles" - os

imigrantes, que sem voz, assistem a tudo isto.

A sua campanha não é só favorável a americanos

com pouca educação, mas também as empresas

poderão ter muito a ganhar: o mercado livre na

saúde, a diminuição de impostos para empresas

e uma luta para recuperar de volta negócios

perdidos com a China, são tudo medidas que

Trump pretende por em prática.

Enfim, quando Trump se candidatou, muitos

acharam que não passava de uma piada de mau

gosto para animar as eleições ou de um capricho

de "menino rico". No entanto, Trump mostrou

que não estava a brincar, venceu as primárias e é

quase certo que será o candidato a presidente

do partido republicano. Se há uns meses atrás

todos achavam que a sua carreira política

terminaria rápido, agora as sondagens apontam

apenas uma ligeira vantagem de Hillary para

Trump. Apesar de todos os escândalos,

declarações indelicadas e medidas polémicas, é

cada vez mais provável que Trump possa vir a

ser o 45º presidente dos Estados Unidos da

América.

A Campanha Junho 2016Influência Socialp. 11

8 MOMENTOS POLÉMICOSOS VÁRIOS ATAQUES AO MÉXICO, sendo que umadas bandeiras da sua campanha é o muro que querconstruir na fronteira sul, pago pelo México

ATAQUES AOS MUÇULMANOS, proibindo a suaentrada nos EUA e sugerindo que andem na ruaidentificados

THE FREEDOM KIDS - as crianças que cantam ohino de Donald Trump e que fazem lembrar amocidade portuguesa de Salazar

"SAUDAÇÃO A TRUMP" - durante os seus comíciospediu aos seus apoiantes que prometessem votarnele, com um movimento parecido com asaudação nazista

"Se a Ivanka não fosse minha filha, namorava comela"

INCIDENTES COM PROTESTANTES e incitar aviolência contra os mesmos

OFENDER JORNALISTAS DO SEXO FEMININO,chamando-lhes gordas, feias e outras ofensas damesma índole

GOZAR COM A SUDAÇÃO DO SEU ADVERSÁRIOMARCO RUBIO, Donald Trump usou uma garrafa deágua para exemplificar a sudação do seuadversário, no comments

I WILL BUILD A GREATWALL - AND NOBODYBUILDS WALLS BETTERTHAN ME, BELIEVE ME -AND I'LL BUILD THEMVERY INEXPENSIVELY . IWILL BUILD A GREAT,GREAT WALL ON OUR

SOUTHERN BORDER, ANDI WILL MAKE MEXICO PAYFOR THAT WALL. MARK

MY WORDS.

DONALD TRUMP

Jnho

2016

| Influência

Social ! N

úmero

especial: D

onald

Trump

Junho 2016Influência Social

O NOVO LIVRO

Junho 2016Influência Social

p. 14

ESTRATÉGIAS DEINFLUÊNCIA SOCIAL

Existem duas abordagens aparentemente semelhantes na análise de campanhaspolíticas: a persuasão e a influência social. Enquanto que a primeira envolve mudançade atitudes, a segunda envolve mudanças de comportamentos na presença dos outros;

enquanto que a primeira analisa a mensagem, os emissores e os receptores e entramais frequentemente no campo da cognição, a segunda estuda comportamentos

visíveis de compliance com as normas. Apesar de a maior parte das estratégias utilizadas nas campanhas políticas serem as

estratégias de persuasão, também são mobilizadas estratégias de influência social. sobreelas se debruçará este artigo.

Foto

de

guff.co

m

Junho 2016Influência Social

amos começar por estudar o papel da

reciprocidade na campanha de Donald Trump.

Na realidade, este é um dos princípios mais

presentes nas usa campanha, a par da

Likbability.

O princípio da reciprocidade refere-se à

necessidade de as pessoas tentarem pagar de

volta aquilo que outra pessoa lhes dá. Na

política, este princípio significa que quando as

pessoas sentem que um político ou um partido

lhes deu algo, se irão sentir mais compelidas a

votar neles, como forma de reciprocar aquilo que

lhes foi dado e de minimizar a dívida. Porém, para

que o princípio seja activado é necessário que as

pessoas sintam que algo lhes foi dado, isto

implica que aquilo que é dado, não seja algo que

as pessoas sintam que lhes é devido, nem algo

que ative a ideia de que estamos perante uma

troca comercial. Assim, se um político quer

obter votos e oferece electrodomésticos

durante a campanha eleitoral, as pessoas

sentem que estão a ser pagas para votar nele

e isso não activa a necessidade de

reciprocidade. Por outro lado, se oferecer

flores a todas as senhoras com que se cruzar

durante a campanha, isso será uma doação

num plano mais simbólico e que ocorre de

forma tão desfasada do dia das eleições que é

difícil que as pessoas sintam que se trata de

uma troca comercial, permitindo que o

princípio seja activado.

Também se o político se comprometer a

garantir maior segurança nas ruas, em vez de

prometer uma nova rotunda, isso terá um

V

p. 15

O princípio da reciprocidadena necessidade de as

pessoas tentarem pagar devolta aquilo que outra

pessoa lhes dá

Estratégias de Influência Social

Foto

de

etsy.com

Estratégias de Influência Social Junho 2016Influência Social

maior impacto.

No caso dos políticos, é comum que

prometam dar/melhorar algo. Nesse caso,

não só o voto é uma condição necessário

para que a promessa se realize como a

promessa é algo que esses políticos estão

a dar as pessoas e isso activa o princípio da

reciprocidade.

No caso da campanha de Donald Trump,

ele quer tonar a "America Great Again"

(tornar a América Grande outra vez), é esse

aliás o slogan da sua campanha e o centro

de activação de estratégias de

reciprocidade na sua campanha.

Deixaremos de parte a análise da

mensagem, que cabe mais à persuasão e

passaremos a analisar a forma como este

slogan e a campanha de Trump activam o

princípio da reciprocidade.

Com o slogan Make America Great Again,

Trump está a dar de volta aos americanos

uma América Grande, está a dar-lhes de

volta o sonho americano. Este slogan é

particularmente eficaz com pessoas de

classe média que viram o seu poder de

compra diminuir durante os últimos anos de

crise económica.

Para que possa dar uma América Maior aos

americanos, Trump terá que expulsar os

mexicanos e muçulmanos roubam emprego

e consomem os recursos dos "americanos

de pleno direito", diminuirá os impostos e

propõe-se a tornar a América mais

competitiva.

Ele está a dar-lhes estar algo, na realidade

várias coisas, : empregos, poder de compra,

qualidade de vida, entre tantas outras

coisas.

Na realidade Trump está a dar alguns

americanos, desesperados e desalentados,

algo com um poder simbólico muito forte:

esperança.

Assim, os seus apoiantes sentem a

necessidade de repor aquilo que Trump

lhes está a dar. Participaram em comícios,

defenderam-no e, mais importante, deram-

lhe o seu voto nas primárias e muito

provavelmente voltaram a dar-lhe o seu

voto nas eleições presidenciais.

Outro momento gerador de reciprocidade,

são os produtos de merchandising da

campanha, pequenas atcuações e outras

coisas que são oferecidas durante a

campanha.

Porque é que todas as campanhas, das

associações de estudantes às

presidenciais, utilizam esta estratégia?

Porque quando nos dão algo, tendemos a

querer retribuir. Depois de nos ser

oferecida uma t-shirt ou de termos assistido

a uma actuação gratuitamente, sem nos ser

pedido nada em troca, sentimo-nos em falta

para a pessoa que nos deu essas coisas,

neste caso o que podemos dar de volta é o

nosso voto. .

Porém é preciso ter em conta, que este

tipo de estratégias podem ter exactamente

o efeito oposto. Se as pessoas sentirem

que lhe está a ser dado algo em troca de

um voto, percebem a dádiva pelo que ela é:

uma estratégia de manipulação, e não

sentem qualquer tipo de obrigação de

retribuir. Neste caso, não terão problemas

em aceitar o que lhes quiserem dar, mas

isso não terá qualquer influência no seu

voto.

Junho 2016Influência Social

Um momento extremamente caricato, mas

que envolve estratégias de influência social

fortíssimas, foi o comício onde Trump pediu as

pessoas que levantassem a mão direita e que

jurassem, em conjunto, ir votar em Trump nas

primárias.

Os media optaram por explorar a semelhança do

gesto com a saudação nazista, mas a verdade é

que o poder deste o gesto caricato reside nas

estratégias de Influência Social que mobiliza.

Quando as pessoas fizeram o juramento,

fizeram-no num grupo, que decidiu alinhar

naquilo que lhes era pedido, ainda que alguns

não se identificassem muito com o momento

criado por Trump, ao verem os outros a participar

acabaram por se sentir impelidos a fazer o

mesmo. Isto acontece através de um princípio

conhecido como validação social, segundo o

qual nos guiamos pelas acções dos outros à

nossa volta. Gostando ou não, concordando ou

não, a grande maioria dos que ali estavam

participaram no momento. Afirmaram

perante os outros, perante Trump e

perante si próprios que iriam votar em

Trump, fizesse chuva ou sol .

Quando chegaram a casa nesse dia, alguns

podiam perguntar-se porque tinham feito

aquilo, mas a verdade é que já o tinham

feito. O desejo de ser consistentes é um

motivador central do nosso

comportamento. Assim, a partir do

momento que me comprometo com algo,

farei tudo para ser consistente com esse

comprometimento. A partir do momento

p. 17

foto

de

Jenna Johnso

n

Estratégias de Influência Social

A validação social é a utilizaçãodas acções dos outros parainferior o valor de uma ação.

A ação correcta é aquela que osoutros estão a fazer.

Estratégias de Influência Social Junho 2016Influência Social

que disseram e assumiram publicamente que

iriam votar em Trump naquele congresso,

aquelas pessoas passaram a ter uma

necessidade de consistência com aquilo que

tinham dito. Seria altamente difícil, depois de

terem assumido que iriam votar em Trump,

serem inconsistentes e votarem noutro

candidato. Nem é tanto o facto de o terem dito

perante outras pessoas e de não desejarem ser

inconsistentes perante os outros, é sobretudo

uma necessidade de nos percebermos a nós

próprios como consistentes e, de portanto, não

agirmos de forma contrária à imagem que temos

de nós próprios.

Assim, se as pessoas já disseram que iam votar

em Trump, alto e bom som, para manterem a

consistência interna, terão que votar em Trump.

É uma estratégia extremamente simples e

eficaz, porque inicialmente as pessoas pensam

que estão a fazer algo inocente e

não compreendem as suas repercussões.

Depois de já terem realizado a acção não há

forma de voltar atrás. É um paradoxo, para

manterem a consistência consigo próprios,

terão que fazer algo que inicialmente nem

sequer fariam.

As questões da consistência também poderão

vir a ser úteis no futuro, se Trump realmente

conseguir a nomeação do partido republicano.

A maior parte das pessoas identifica-se com um

partido e são consistentes com a sua

preferência na hora de votar. Deste modo,

poderá funcionar a favor da campanha de

Trump o facto de um grande número de

estadunidenses se identificar como partido (em

muitos estados, para votar nas primárias as

pessoas têm mesmo que ser militantes desse

partido).

As pessoas se se identificam com o partido,

terão mais tendência a seguir o candidato do

partido, ignorando mais facilmente aspectos do

próprio candidato. As pessoas pensam se eu

sou deste partido (e provavelmente sempre fui)

e se este é o candidato do meu partido, então é

neste candidato que devo votar. Até porque,

em teoria, o sistema das primárias garante que o

candidato é nomeado por uma maioria dos

militantes daquele partico (na prática, o sistema

é bastante mais complexo, e é mesmo possível

que o candidato que ganha não seja o que tem

mais delegados e existem estados onde os

delegados são nomeados de outra forma).

O desejo de ser consistentes é ummotivador central do nosso

comportamento. Assim, a partir domomento que me comprometo comalgo, farei tudo para ser consistente

com esse comprometimento

Junho 2016Influência Social

No capítulo sobre o Liking, Cialdini diz

que “Parece que nas eleições os eleitores

escolhem um candidato meramente porque o

seu nome lhes é familiar" – nas eleições

primárias Trump era um nome muito mais

familiar, disseminado ao longo de anos e anos,

em todos os produtos possíveis e imaginários,

pelo contrário Ted Cruz ou John Karsich eram

nomes muito menos conhecidos.

Trump vê o seu nome como uma marca e nunca

escondeu a sua forma de ver a vida como um

negócio. De facto soube tornar o seu nome

bastante familiar aos americanos: desde o

mercado imobiliário, sites, reality shows, marcas

de roupa, de vinho, etc, é difícil existirem

americanos que nunca ouviram o nome Trump.

E o mais provável é que o tenham ouvido muitas

vezes e que este lhes seja bastante familiar.

Já durante a campanha eleitoral, Trump fez

questão de estar frequentemente presente nos

media, chegando a ligar para os programas de p. 19

Estratégias de Influência Social

Foto

retirada de

wittyfeed

.com

televisão para fazer ouvir a sua opinião e o seu

nome.

Desta forma, o seu nome torna-se muito mais

familiar e na hora de votar, as pessoas tendem

a votar no nome que lhes é mais familiar.

Agora nas eleições gerais, Trump que terá que

combater um nome igualmente muito familiar

dos americanos: Clinton. Não só Bill Clinton foi

presidente dos Estados Unidos durante 8

anos, o que o faz do seu nome, algo

extremamente familiar para os americanos.

Como a sua mulher Hillary, também já é uma

conhecida dos americanos: primeiro como

primeira dama, depois como senadora de

Nova Iorque, Secretária de Estado e, por fim,

candidata a presidente da república. O seu

nome esteve também presente nas páginas

dos tablóides e revistas cor-de-rosa aquando

O liking é a tendência quetemos para preferir pessoasque são mais semelhantes

connosco, mais familiares, maisbonitas e, em geral, mais

agradáveis.

Estratégias de Influência Social Junho 2016Influência Social

do escândalo que envolvia o seu marido e a

estagiária Monica Lewinski, apoiada por muitos,

criticada por outros tantos, Hillary acabou por

manter o casamento com Bill..

O facto de ter um nome familiar continuará a ser

uma vantagem, mas não tanto como nas

primárias. Na realidade, muitos jornais têm

apontado que nas próximas eleições os

americanos escolherão "do mal, o menos". Hillary

e Trump são talvez os dois candidatos menos

preferidos da história dos Estados Unidos.

Muitos votaram Hillary, como um veto a Trump,

mas o contrário também será verdade. Parece

que a familiaridade dos dois e a quantidade de

escândalos a que estão associados, pode tornar-

se um presente envenenado.

Mas outro ponto importante da Likability é o

facto de confiarmos mais e preferirmos pessoas

que têm as mesmas ideias que nós. É assim que

o discurso das massas se torna extremamente

eficaz, quando os políticos dizem aquilo que as

pessoas querem ouvir. E Trump sabe o que os

americanos querem ouvir.

Ao "americano comum" Trump fala do sonho

americano, diz-lhes que vai tornar a América

Grande outra vez, diz-lhe que vai reduzir os

impostos para os cidadão, coloca a culpa do

estado actual do país nos mexicanos e nos

muçulmanos. É isso que muitos americanos

conservadores acham, é isso que querem ouvir e

isso faz com que gostem ainda mais de Trump.

Por outro lado, Trump parece sempre dizer o que

pensa, independentemente do que seja

politicamente correcto, o que traz mais realismo

ao seu discurso. Quem o ouve, sente que este é

o candidato que mais se assemelha a si próprio e

sente-se compelido a votar nele.

Mas Trump fala também aos corações dos

empresários americanos, aos donos das

grandes fortunas. Para começar, ele próprio

é um empresário americano de sucesso,

pelo que apresenta logo uma elevada

semelhança. Mas não se fica por aqui,

promete-lhes menos impostos sobre as

suas fortunas, realmente que sentido faz o

estado ficar com o dinheiro que tanto lhes

custa a ganhar? Quer modificar o tratado

com a China, uma das maiores potências

económicas actuais, eliminando a

concorrência aos empresários americanos:

mas por outro lado quer eliminar o Obama

Care e abrir o mercado dos cuidados de

saúde.

Trump mostra-se um semelhante com os

"americanos comuns", defendendo valores

mais conservadores; mas também com os

"americanos ricos" através de um discurso

mais neo-liberal. E assim consegue o voto

de dois grupos difíceis de agradar ao

mesmo tempo.

Para além disso, consegue ainda o apoio

dos fãs da segunda emenda, que defende o

armamento de civis, bem como o apoio dos

veteranos, uma vez que quer reformar a sua

administração.

Porém, tem conseguido centrar em si o

desagrado de muitos mexicanos (nos EUA

e no México), bem como dos muçulmanos.

Para além disso, vários líderes mundiais já

se manifestaram descontentes com uma

futura eleição de Trump.

NOMEAÇÃOPRESUMÍVELDOSREPUBLICANOSPo r Mafa lda Masca renhasFo tog ra f i a po r Caro l yn Kas te r

T R U M P V E N C E

A 3 de Maio, Trump ganhou as eleições primárias no

Indiana, deixando os seus concorrentes sem qualquer

hipótese de ganhar (porém ainda não tinha assegurado os

1237 delegados necessários para receber a nomeação do

partido). Perante a vitória de Trump, Ted Cruz e John

Kasich abandonaram a corrida, tendo Trump recebido a

nomeação presumível do partido republicano.

Porém a nomeação definitiva só acontecerá na Convenção

do Partido Republicano, que será de 18 a 21 de Julho no

Ohio. Até lá, Trump já assegurou o voto de 1237 dos 2472

delegados. A maior parte dos delegados são votados nas

eleições primárias (ficando obrigados a votar na convenção

numa determinada direcção), porém existem alguns

estados que utilizam outros métodos para seleccionar os

seus delegados, bem como delegados com liberdade de

voto.

Os delegados só estão vinculados às eleições primárias na

primeira ronda de votações, o que se significa que a partir

da segunda ronda os delegados são livres para votarem em

quem quiserem. Esta é uma das opções para nao permitir

que Trump chegue às eleições presidenciais, mas o apoio

de 1237 delegados já lhe garante uma vitória na primeira

ronda.N O M A D I C | 2 4Q U A S E A T E R M I N A R

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Fontes Junho 2016Influência Social

p. 22

Este trabalho envolveu uma leitura atenta dos media nos

últimos meses. Na realidade, a maior parte da informação

(toda) sobre Donald Trump e a sua campanha vêm de vídeos,

artigos e imagem consultados na internet, maioritariamente

dos sites de jornais e revistas. Alguns estão na pasta da

cadeira, mas o volume de informação tornou impossível que

todas as peças de informação lá fossem incluídas. Foi

também necessário ler e compreender o sistema de eleições

americano, que é bastante diferente do português e para tal

foram utilizados vídeos e sites como a wikipedia, que não

sendo as fontes mais fidedignas, fazem um bom trabalho na

simplificação de temas complexas, permitindo um

entendimento mais que suficiente para o nível de

profundidade necessário para a realização deste trabalho.

Relativamente ao tema da influência social, o trabalho baseia-

se sobretudo no livro Influence, de Robert Cialdini e em

informação discutida na aula.

Assim, apresentarei uma lista (não compreensiva) que

engloba uma grande parte, mas não a totalidade das

referências consultadas.

REFERÊNCIAS

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campaign-state-primaries-delegates-conventionKeneally, M. (23 de Maio de 2016). Trump vs. Clinton Poisedto Be Battle of Most Disliked Nominees in Decades. Obtido deABC News: http://abcnews.go.com/Politics/trump-clinton-

poised-battle-disliked-nominees-decades/story?id=39306014Last Week Tongiht with John Oliver - Donald Trump (2016).[Filme].Miller, Z. J. (4 de Maio de 2016). Meet presumptive nomineeDonalt Trump. Obtido de TIME:http://time.com/4317508/meet-presumptive-nominee-donald-

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ONTHE RUN

MUITO MAIS A DIZER

sobre a campanha de Donald Trump, deixaremos isso para futuras edições. Estenúmero procurou identificar e analisar algumas das estratégias de influênciasocial de um homem que passou de uma candidatura cómica a nomeadopresumível para ser o candidato do partido republicano para as eleições

presidenciais. E as sondagens mostram que não está longe de uma vitória. Aindahá muito por escrever nesta história, mas por agora, o melhor é virar a página.

E AGORA?