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FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA TECNOLOGIA EM RADIOLOGIA CAROLINA ABREU NEVES DE OLIVEIRA KAMILA BATISTA DA SILVA MICHELLA REGINA PACHECO SAMPAIO AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE RADIOPROTEÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO SERVIÇO DE RADIOTERAPIA DO HOSPITAL OPHIR LOYOLA PARÁ. BELÉM-PA 2013

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FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA

TECNOLOGIA EM RADIOLOGIA

CAROLINA ABREU NEVES DE OLIVEIRA

KAMILA BATISTA DA SILVA

MICHELLA REGINA PACHECO SAMPAIO

AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE RADIOPROTEÇÃO DOS PROFISSIONAIS

DO SERVIÇO DE RADIOTERAPIA DO HOSPITAL OPHIR LOYOLA – PARÁ.

BELÉM-PA

2013

CAROLINA ABREU NEVES DE OLIVEIRA

KAMILA BATISTA DA SILVA

MICHELLA REGINA PACHECO SAMPAIO

AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE RADIOPROTEÇÃO DOS PROFISSIONAIS

DO SERVIÇO DE RADIOTERAPIA DO HOSPITAL OPHIR LOYOLA – PARÁ.

Trabalho de conclusão de curso apresentado

ao curso de Tecnologia em Radiologia das

Faculdades Integradas Ipiranga como

requisito parcial para a obtenção do título de

Tecnólogo em Radiologia, na tipologia

Monografia.

Orientadora: MSc. Layse Gama.

BELÉM-PA

2013

CAROLINA ABREU NEVES DE OLIVEIRA

KAMILA BATISTA DA SILVA

MICHELLA REGINA PACHECO SAMPAIO

AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE RADIOPROTEÇÃO DOS PROFISSIONAIS

DO SERVIÇO DE RADIOTERAPIA DO HOSPITAL OPHIR LOYOLA – PARÁ.

Folha de aprovação do Trabalho de

conclusão de curso apresentado ao curso de

Tecnologia em Radiologia das Faculdades

Integradas Ipiranga como requisito parcial

para a obtenção do título de Tecnólogo em

Radiologia, na tipologia Monografia.

Orientador: MSc Layse Gama.

RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de avaliar se as práticas de radioproteção

dos profissionais envolvidos no serviço de radioterapia do Hospital Ophir Loyola, estão

em conformidade com as normas e exigências preconizadas nas normativas CNEN NN

3.01, NE 3.06 e NE 6.02, bem como a Portaria 453/98 do Ministério da Saúde. Os

dados foram obtidos e coletados através de questionários semi estruturados pelos

autores, sendo um, direcionado as práticas de radioproteção dos servidores e outro

direcionado ao Supervisor de Proteção Radiológica (SPR) do serviço em estudo, com

questões referentes às instalações radiológicas, licenciamento para funcionamento do

serviço, sinalização de áreas, entre outras. O trabalho buscou ressaltar a importância de

uma prática segura dentro do serviço de radioterapia, por parte dos profissionais

diretamente envolvidos, dando ênfase à educação continuada nos serviços que fazem

uso das radiações ionizantes, buscando assim, uma forma de evitar a exposição

desnecessária e deletéria dos profissionais do serviço de radioterapia do Hospital Ophir

Loyola – Pará. Para o presente trabalho foi utilizada, uma amostra populacional de trinta

(30) servidores, divididos em Técnicos e Tecnólogos em Radiologia, Técnicos em

Enfermagem e Enfermeiros, Físico Médico e Médicos Oncologistas.

Palavras Chaves: Radioterapia; Proteção Radiológica; Hospital Ophir Loyola.

ABSTRACT

This study was developed with the aim of evaluating whether the practices of

radioprotection of professionals involved in radiotherapy service Ophir Loyola

Hospital, are in accordance with the rules and requirement recommended in the

normative CNEN 3.01, NE 3.06 and NE 3.02, as well as the ordinance 453/98 of Health

Ministry. Data were obtained and collected through semi-structured questionnaires by

the authors, one directed to radioprotection practice of servers and other directed to

supervisor of radiological protection of service in study, with questions related to

radiological facilities, licensing for service operation, signaling of areas, and others. The

study sought to highlight the importance of a safe practice with the radiotherapy service,

from professionals directly involved, emphasizing the education continued on services

that make use of ionizing radiation, seeking a way to avoid unnecessary and harmful

exposure of professionals of radiotherapy services of Ophir Loyola Hospital-Pará. For

this study, was used a population sample of thirty (30) servers, divided into technicians

and technologists in radiotherapy, nursing technicians and nursing, medical physicists

and medical oncologists.

Key Words: Radioteraphy; Protection Radiologic; Hospital Ophir Loyola

Dedico este trabalho à minha família;

meus pais, irmãos e sobrinhos. Por seu

apoio, cada um a sua forma. Muito

obrigada.

Carolina Abreu Neves de Oliveira

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me fortalecer nos momentos de

fraqueza e me dar fé nos momentos de aflição. Em seguida, agradeço aos meus pais,

Carlos Edilson Silva de Oliveira e Ana Maria Abreu Neves de Oliveira, por serem

minha grande inspiração, meu maior apoio e minha fortaleza, aos meus primos, André e

Brenda Quadros, por em 2006, me darem um dos maiores presentes que um ser humano

pode receber, a oportunidade, sempre serie grata a vocês pela ajuda. Aos meus avós

paternos, agradeço pela doçura dos encontros e carinho das palavras, aos meus avós

maternos, saudades, muitas saudades, em especial da minha querida Adelaide: minha

avó amada, eu consegui.

Agradeço também ao Hospital Geral de Bragança - Pará, que em 2008, me

permitiu fazer parte desta família, desejo de coração muita saúde e felicidade ao Dr.

Guarany e a Sra. Walfira.

Agradeço ao Grupo Ipiranga, que ao longo destes anos me orientou e permitiu

ampliar meus conhecimentos e horizontes, ao meu Coordenador MSc.Dirceu Santos e

MSc. Sandra Ataíde Lima, pela Co-Orientação na pesquisa. Especialmente a minha

professora e Orientadora MSc. Layse Gama pela paciência e dedicação, por nos apoiar

no nosso projeto e batalhar por ele até o último momento. Aos Servidores do Hospital

Ophir Loyola, do Setor de Radioterapia, que foram os grandes colaboradores desta

pesquisa, e a toda Divisão de Ética em Pesquisa do Hospital Ophir Loyola, pelo apoio e

incentivo á pesquisa no nosso Estado.

A todos, minha gratidão.

Carolina Abreu Neves de Oliveira

“É melhor tentar e falhar, que preocupar-

se e ver a vida passar;

É melhor tentar, ainda que em vão,

que sentar-se fazendo nada até o final.

Eu prefiro na chuva caminhar,

que em dias tristes em casa me esconder.

Prefiro ser feliz, embora louco,

que em conformidade viver.”

Martin Luther King

“Cada pessoa deve trabalhar para o seu

aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo,

participar da responsabilidade coletiva

por toda a humanidade.”

Marie Curie

Carolina Abreu Neves de Oliveira

Dedico este trabalho às pessoas mais

importantes da minha vida: minha

avó/mãe, meu marido e ao meu mais

novo amor, meu bebê.

Kamila Batista da Silva

AGRADECIMENTOS

Á Deus dirijo a maior das minhas gratidões. Com a saúde e força

proporcionadas por ele diariamente, pude chegar com fé em mais uma etapa difícil e

cansativa, mas por fim vencida. Ieshua é a minha vida e o meu refugio, tudo o que sou,

o que tenho e o que espero vem dele; tudo o que compõem minha simples vida aqui na

terra eu entrego a ele, inclusive, o segundo coração que bate dentro de mim, este que

chegou na etapa final da minha vida acadêmica, trazendo-me muita força para continuar

persistindo em alcançar o objetivo final.

Agradeço com amor a minha avó/mãe paterna, Terezinha Silva, esta que não

me trouxe ao mundo, mas me criou com muito amor e dedicação, fazendo de mim uma

pessoa com bom caráter e personalidade. Em todas as minhas escolhas, seja pessoal, nos

estudos ou profissional, sempre tive o grandioso apoio que merecia por parte desta

mulher; em muitas das vezes também, esta renunciou aos seus próprios sonhos, para que

eu pudesse realizar os meus. Serei eternamente grata por tudo, por sempre estar presente

na minha vida de uma forma indispensável, por todo o amor, carinho, dedicação e, pelo

incentivo de prosseguir essa jornada acadêmica tão cheia de obstáculos.

Ao meu marido, pai da minha maior riqueza, meu companheiro incondicional.

Em todo o caminho percorrido, ele se fez presente, principalmente nos momentos de

fraqueza e decepções momentâneas, este foi além de tudo, meu melhor amigo; sempre

me acalmava com palavras de incentivo, com conselhos e abraços espontâneos, além de

aturar quase que frequentemente os meus estresses causados pelos estudos.

Aos professores que contribuíram grandiosamente para o desenvolvimento

deste trabalho, em especial a MSc. Layse Gama e ao MSc. Dirceu Santos, que em meio

à vida pessoal e/ou profissional agitada, oferecendo um pouco do seu tempo para

esclarecer dúvidas e repassar conhecimentos. Sou grata ao orientador Stanley Xavier

que também contribuiu de forma muito significativa para a realização do mesmo.

Agradeço aos familiares e amigos que ajudaram de alguma forma, até com uma

simples palavra de incentivo, e aos colegas acadêmicos que diariamente

proporcionavam momentos de descontração em meio tanta tensão e estresse.

Kamila Batista da Silva

“Tudo o que fizerem, seja em palavra

seja em ação, façam-no em nome do

Senhor Jesus, dando por meio dele

graças a Deus Pai.”

(Bíblia – Colossenses 3:17)

Kamila Batista da Silva

Dedico este trabalho primeiramente ao

Autor da vida, Deus. A mulher da minha

vida, minha mamãe, e a todos os meus

familiares que são o suporte de Deus em

minha vida.

Michella Regina Pacheco Sampaio

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por que Ele tem me sustentado até aqui, com sua graça

misericórdia e amor. Ele é o meu melhor amigo e consolador, quando estou triste Deus

está ao meu lado, quando estou feliz sei que é Ele o motivo da minha alegria. Os seus

ensinamentos me dão força para persistir e superar meus limites, Ele me trouxe até aqui.

Todas as etapas da minha vida são obras dEle, Ele é o meu refugio e minha fortaleza

sustento bem presente na hora da angustia, o meu salvador e redentor.

Como não agradecer a mulher mais importante da minha vida, minha mãe, minha

rainha, meu referencial de mulher, de honra, de louvor a Deus... o melhor presente de

Deus para a minha vida. Obrigada por cuidar de mim, obrigada por dedicar e investir o

seu tempo, a sua atenção e o seu amor em mim... Muito obrigada por ser minha MÃE,

em todos os sentidos dessa palavra. Obrigada por abri mão, muitas vezes, de si mesma e

de seus sonhos para investir em mim e em meus sonhos. Vovó Ray, muito obrigada por

estar ao meu lado me apoiando e me incentivando, você é maravilhosa! Agradeço

também aos meus familiares que me dão suporte e acreditam em mim, por me

mostrarem o caminho certo, por me fazerem rir, por me emocionarem com suas

conquistas, amo vocês... Vocês são o melhor de Deus para mim.

Agradeço ainda ao meu namorado, que por muitas vezes, durante este ano corrido,

teve que entender a minha ausência, por ser meu amigo, meu companheiro, meu anjo da

guarda, por me incentivar a estar cada vez mais perto de Deus... Muito obrigada por ser

este instrumento de Deus em minha vida. Sua paciência, seu carinho e sua dedicação me

fazem muito bem. Você é um presente de Deus em minha vida que chegou no tempo

certo.

Agradeço aos meus amigos da faculdade, que me suportaram por três anos, que

esta amizade não se perca com os anos mais que seja guardada e cultivada eternamente.

Vocês são incríveis, fizeram das minhas tardes de estudo uma loucura.

Aos professores que não ministraram apenas aulas mais que de alguma forma

transmitiram conhecimento e compartilharam um pouco da sua vida com cada aluno...

Obrigada pelo tempo, energia e sonhos que cada um de vocês depositou em nós alunos

em especial a professora Layse Gama, que nos inspirou com sua vida e aos professores

Dirceu dos Santos, Stanley Xavier, Guto e o professor Sleiman El Souk que nos

ajudaram na nesta corrida chamada TCC.

Muito obrigada a todos que de alguma forma contribuiu para que eu pudesse dar

mais um passo nessa longa jornada chamada: VIDA!

Michella Regina Pacheco Sampaio

“Porque dele e por ele, e para ele, são

todas as coisas; glória, pois, a ele

eternamente. Amém.”

(Bíblia – Romanos 11:36)

Michella Regina Pacheco Sampaio

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Primeira aplicação médica de raio X, Ciência Radiológica para tecnólogos

(Bushong, 2008)

Figura 02: Radiolesões típicas. Radiolesão típica na região palmar da mão esquerda

induzida por radiação ionizante em paciente exposto acidentalmente à radiação gama de

C137

(adaptado de Vasconcelos, 2006).

Figura 03: Exemplo de catarata subcapsular posterior induzida por radiação (adaptado

por Baptista, 2011).

Figura 04: Descoberta da Radioatividade, Estudo e Desenvolvimento de uma Nova

Metodologia para a Confecção de Sementes de Iodo-125 para Aplicação em

Braquiterapia (adaptado de Rostelato, 2005)

Figura 05: Fontes radioativas seladas, Comparação entre o Método de Fixação do Iodo

Radioativo em Substrato de Prata Para Confecção de Fontes Utilizadas em

Braquiterapia (adaptado de Souza, 2012)

Figura 06: Implante com sementes radioativas em câncer de próstata, adaptado da

Dissertação Estudo e Desenvolvimento de uma Nova Metodologia para a Confecção de

Sementes de Iodo-125 para Aplicação em Braquiterapia (adaptado de Rostelato, 2005)

Figura 07: Sala de tratamento e comando para a radioterapia (A); Aparelho de

braquiterapia guiado por controle remoto (B) (adaptado de Nandi, 2004).

Figura 08: Equipamento de raio X para uso em teleterapia, Estudo de funcionalidade e

Segurança para Aceleradores Lineares Utilizados em Radioterapia - Uma Contribuição

para a Gestão em Tecnologia Médico-Hospitalar (adaptado de Nandi, 2004)

Figura 09: Aparelho de telecobaltoterapia. Diagrama do cabeçote (A); Foto do

equipamento de telecobaltoterapia, Estudo de funcionalidade e Segurança para

Aceleradores Lineares Utilizados em Radioterapia - Uma Contribuição para a Gestão

em Tecnologia Médico-Hospitalar (adaptado de Nandi, 2004)

Figura 10: Acelerador Linear e mesa de tratamento, Estudo de funcionalidade e

Segurança para Aceleradores Lineares Utilizados em Radioterapia - Uma Contribuição

para a Gestão em Tecnologia Médico-Hospitalar (adaptado de Nandi, 2004)

LISTA DE SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear

CNS – Conselho Nacional de Saúde

Gy – Gray

HOL – Hospital Ophir Loyola

ICRP – Comissão Internacional de Proteção Radiológica

IOE - Individuo Ocupacionalmente Exposto

KeV– Kiloeletronvolt

Kg–Quilograma

Kv - Quilovoltagem

Kvp- Kilovoltagem potência

mA - Miliamperagem

Mev - Megaeletronvolt

mm - Milímetro

mSv – Milissievert

Sv – Sievert

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Limites de doses anuais retirado da CNEN NN3.01, 2011

Tabela 02 – Média e desvio padrão das variáveis tempo de serviço, tempo de trabalho

diário e tempo de trabalho semanal, 2013

Tabela 03 – Frequência absoluta e relativa das variáveis sexo e função,2013

Tabela 04 – Frequência absoluta e relativa da variável praticas de proteção radiológica,

2013

Tabela 05 – Frequência absoluta e relativa das variáveis sexo, função e praticas de

proteção radiológica do Grupo 01, 2013

Tabela 06 – Frequência absoluta e relativa das variáveis sexo, função e praticas de

proteção radiológica do Grupo 02, 2013

Tabela 07 – Frequência absoluta e relativa das variáveis sexo, função e praticas de

proteção radiológica do Grupo 03, 2013

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÂO .......................................................................................................................... 19

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 21

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................. 21

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 21

3 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 22

3.1 DESENHO DO ESTUDO ......................................................................................................... 22

3.2 TIPO DO ESTUDO .................................................................................................................. 22

3.3 POPULAÇÃO ALVO ............................................................................................................... 22

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ...................................................................... 22

4 REFERENCIAL TEORICA ..................................................................................................... 24

4.1 RADIOTERAPIA ..................................................................................................................... 27

4.2 BRAQUITERAPIA ................................................................................................................... 28

4.3 TELETERAPIA ........................................................................................................................ 31

4.4 PROTEÇÂO RADIOLOGICA DENTRO DA RADIOTERAPIA ............................................ 33

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................ 41

5.1 AVALIAÇÃO GERAL DO SERVIÇO DE RADIOTERAPIA DO HOSPITAL OPHIR

LOYOLA ........................................................................................................................................ 47

5.2 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS CONFORMIDADES NA PROTEÇÃO

RADIOLOGICA DOS SERVIDORES ATUANTES NO SETOR DE RADIOTERAPIA DO

HOSPITAL OPHIR LOYOLA ....................................................................................................... 49

5.2.1 GRUPO DE TECNÓLOGOS E TÉCNICOS EM RADIOLOGIA ........................................ 49

5.2.2 GRUPO DE ENFERMEIROS E TÉCNICOS EM ENFERMAGEM ..................................... 50

5.2.3 O FÍSICO MÉDICO ............................................................................................................... 51

5.2.4 GRUPO DE MÉDICOS ......................................................................................................... 51

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 52

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 53

APÊNDICE A ................................................................................................................................ 56

APÊNDICE B ................................................................................................................................ 57

ANEXOS ............................................................................................................................................

19

1. INTRODUÇÃO

A radioterapia é uma modalidade de tratamento eficaz para a terapêutica do câncer. No

Brasil, ainda hoje, o câncer representa a segunda causa de óbito na população adulta, porém

avanços no que se refere a diagnóstico e tratamento tiveram expressivo aumento nos últimos

20 anos, permitindo diagnósticos precoces aliados a tratamentos terapêuticos, possibilitando

um aumento da sobrevida e qualidade de vida destes pacientes, e por muitas vezes alcançando

a cura de casos antes considerados incuráveis. (INCA, 2011)

O tripé de tratamento do câncer se baseia em cirurgia, quimioterapia e a radioterapia.

Porém, as cirurgias dependem de muitos fatores como: localização do tumor se é de fácil

acesso ou não e volume tumoral que também podem implicar na realização ou não de uma

cirurgia, a quimioterapia, por vezes, só se torna eficaz quando utilizada de forma conjunta a

outras terapêuticas, sendo a radioterapia a usualmente utilizada em combinação com a

quimioterapia. A radioterapia configura-se com o uso das radiações ionizantes para promover

a destruição ou redução do volume tumoral, tendo seu sucesso alcançado quando uma grande

energia é depositada no tumor alvo sem que órgãos vitais ou tecidos circunvizinhos ao tumor

sejam atingidos ou danificados, seguindo desta forma os limites de proteção radiológica

preconizados. Divide-se em braquiterapia, quando são utilizadas fontes de proporção diminuta

e seladas no tratamento, que serão inseridas no interior do corpo do paciente ou em contato

sobre a área de tratamento, e a teleterapia, onde a fonte de radiação esta localizada externa e

posicionada a uma determinada distância do volume alvo a ser tratado.

O INCA (Instituto Nacional do Câncer) estimou para o ano de 2012, no Estado do Pará,

pelo menos mais 9.670 novos casos, divididos entre homens e mulheres e destes, pelo menos

60% viriam a precisar dos serviços de radioterapia, onde grandes doses de radiação são

empregadas nos pacientes em tratamento, por isso, a necessidade do cumprimento das normas

de proteção radiológica, que vão desde o cuidado com o paciente, como também abrange a

necessidade de conhecer as formas de radioproteção em seu local de trabalho. No Estado do

Pará, a utilização dessa terapia vem aumentando nos últimos anos, possibilitando a muitos

pacientes evoluir de forma positiva diante de carcinomas, este tratamento exige a atuação

conjunta de um grupo de profissionais: médicos, físicos médicos, enfermeiros, tecnólogos,

técnicos, que podem ser ocupacionalmente expostos na execução do trabalho.

A CNEN é a instituição responsável por autorizar e fiscalizar a utilização de radiação

ionizante em procedimentos médicos e, inclusive, a radioterapia. Portanto, através da norma

NN- 3.01 e NE 3.06, o CNEN estabeleceu diretrizes básicas de proteção radiológica, com o

20

objetivo de controlar e diminuir a exposição dos profissionais envolvidos no tratamento,

diminuindo os efeitos biológicos causados pela radiação ionizante. O Hospital Ophir Loyola é

a referência em radioterapia para tratamento de câncer no Estado. Seu funcionamento está

regularizado pela matrícula CNEN n° 11.519. A pesar de a CNEN fiscalizar e regulamentar a

exposição nos serviços de radioterapia nenhum estudo científico, no Estado do Pará, avaliou,

até o momento, por meio de suas práticas cotidianas de radioproteção, a exposição dos

profissionais envolvidos diretamente nessa atividade.

Sabendo-se que pouco se tem descrito sobre a quantificação da exposição em nível

nacional, referentes a essa avaliação das práticas de radioproteção dos profissionais da

radioterapia, surgiu então, a necessidade desta observação sobre os mesmos, principalmente

na aplicação voltada para o Estado do Pará, baseando a pesquisa em autores como Bushong,

Flôr, Gelbeck, Okuno, Miranda, Souza, Giglioli, entre outros, os quais desenvolveram estudos

voltados para as questões da aplicação médica das radiações ionizantes e a educação

continuada no ambiente de trabalho, bem como as questões da radioproteção.

21

2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Observar as práticas de proteção radiológica dos profissionais expostos à radiação

ionizante do serviço de radioterapia do Hospital Ophir Loyola – Pará,

2.2 ESPECÍFICOS

Levantar o numero de servidores atuantes no serviço de radioterapia do Hospital Ophir

Loyola;

Identificar os procedimentos de radioproteção utilizados no setor a partir da aplicação

de questionário semi estruturado;

Avaliar se os procedimentos de radioproteção, descritos por cada grupo de

profissionais ocupacionalmente expostos do setor de radioterapia encontram-se em

consonância com as normas pré-estabelecidas pela CNEN e ANVISA;

Ressaltar os riscos aos quais todos os profissionais envolvidos em serviços de

radioterapia, são expostos se negligenciarem as questões inerentes as práticas das diretrizes

básicas de proteção radiológica estabelecidas pela CNEN e ANVISA.

22

3. METODOLOGIA

3.1 DESENHO DO ESTUDO

A presente pesquisa foi realizada de acordo com os preceitos da Resolução 466/2012,

que trata da pesquisa envolvendo seres humanos, do Conselho Nacional de Saúde e submetida

à apreciação ética via Plataforma Brasil, no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Ophir

Loyola e aprovado sob o parecer nº 385.922 de 05/09/2013 (CAAE: 19420713.7.0000.5550).

estudo fez a análise do questionário, aplicado aos funcionários da radioterapia do Hospital

Ophir Loyola-PA, indicando o nível de informação e atuação da prática de proteção

radiológica dos profissionais envolvidos no tratamento radioterápico.

A presente pesquisa não apresenta como risco, aos sujeitos da casuística, a quebra do

direito ao sigilo as informações médicas registradas em prontuários, para minimizar esses

riscos os dados coletados do prontuário serão registrados em um formulário de pesquisa sem a

identificação nominal dos participantes do estudo.

Os benefícios para os sujeitos da pesquisa e para a sociedade será a possibilidade de se

evidenciar, se práticas cotidianas de trabalho não estejam de acordo com as normas vigentes

nas normas CNEN NN3.01, NE 3.06, NE 6.02 e Portaria 453/98 e assim, fundamentar a

prestação de um cuidado melhor e mais focado os profissionais envolvidos no Setor de

Radioterapia do Hospital Ophir Loyola.

3.2 TIPO DE ESTUDO

Foi realizado um estudo analítico observacional de prevalência. A coleta de dados foi

realizada a partir de questionário realizado junto aso servidores envolvidos no serviço de

radioterapia do Hospital Ophir Loyola – Pará.

3.3 POPULAÇÃO ALVO

A população estudada compreendeu trinta (30) dos sessenta e quatro (64) servidores

envolvidos no serviço de radioterapia do Hospital Ophir Loyola – Pará, no período de

novembro de 2013.

23

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada em duas fases:

1) Questionário empregado aos servidores do setor de radioterapia do Hospital Ophir

Loyola, para a avaliação de suas práticas cotidianas de radioproteção (APÊNDICE A).

2) Questionário empregado ao Supervisor de Proteção Radiológica do setor de

radioterapia do Hospital Ophir Loyola – Pará. (APÊNDICE B).

As variáveis coletadas foram: idade, sexo, função, tempo de serviço, horas diárias e

semanais de trabalho, se tem filhos, se são saudáveis, trabalha em mais de um lugar, já

presenciou algum contratempo com os aparelhos de radioterapia, se utiliza dosímetro, se faz a

troca mensal do dosímetro, se participa de programas de treinamento na instituição, se já teve

o dosímetro com leitura alterada, concorda com os padrões de radioproteção da instituição, se

possui sistema audiovisual de comunicação entre a sala de comendo e a sala de tratamento, se

a porta da sala de exames abre por dentro, se o serviço tem autorização da CNEN para o

serviço, possui aparelho de aferição de área, se o aparelho de aferição é calibrado, com que

frequência ele é calibrado, existe um programa de radioproteção no serviço, se existe

sinalização luminosa fora da sala, sinalização com o símbolo da radiação no serviço.

24

4. REFERENCIAL TEORICO

A radiação X foi descoberta incidentalmente pelo físico Wilhelm Conrad Rontgen em 8

de dezembro de 1895, quando este realizava pesquisas com tubos catódicos em seu

laboratório. Ao realizar o experimento sobre a propagação dos raios catódicos fora do tubo,

ele observou que uma placa de platinocianeto de bário brilhava durante a exposição e que

mesmo ao pôr materiais densos entre o tubo e a placa, esta ultima continuava a ser

sensibilizada, ou seja, o tubo emitia algo capaz de atravessar barreiras e de sensibilizar a

placa. Sendo a imagem da figura 01 vista como a primeira imagem médica adquirida com a

utilização das radiações ionizantes experimento feito por Rontgen na mão de sua esposa.

(MARTINS, 1997; AFONSO & PIMENTEL, 2008)

Figura 1: Esta é a primeira indicação da aplicação médica de raios x Fonte: Bushong, Ciência Radiológica para tecnólogos (2008)

Os avanços científicos e tecnológicos influenciaram diretamente para que o emprego

da atividade que envolve radiação ionizante fosse popularizado e o seu acentuado crescimento

implicou no emprego inadequado da radiação, mesmo sendo em prol da humanidade (LIMA

et al, 2009)

25

Bushong (2008) relata a primeira morte associada aos efeitos deletérios da radiação X

em 1904, quando Clarence Dally, assistente de Thomas Edison em seus experimentos sobre

os equipamentos de fluroscopia, teve primeiramente seus braços amputados e sua consequente

morte, surgindo, neste momento, os primeiros trabalhos referentes ao controle de exposição à

radiação X e seus efeitos biológicos.

Na década de 20 e 30, um técnico em radiologia, semanalmente, tinha o hábito de

visitar um laboratório de hematologia para testes sanguíneos de rotina. O que mostra a

preocupação com os possíveis efeitos nocivos da radiação ionizante aos indivíduos

ocupacionalmente expostos (IOE) (BUSHONG, 2008)

Evidenciando questões, que nos dias de hoje, estão inseridas na radiobiologia, pode-se

destacar os danos sofridos pelo DNA humano, em virtude da produção de íons e deposição de

energia resultante da interação das radiações ionizantes com o organismo. Este dano está

intimamente ligado à dose recebida e a região de entrada desta radiação, onde as células

podem ter por consequência, incapacidade de se reproduzir ou sofrer modificação

permanente, o que é visto como o primeiro passo para o surgimento de um câncer e até

mesmo a morte celular. (SORES & FERREIRA, 2002)

Quanto aos efeitos radioinduzidos, suas denominações/classificações, estão

intimamente ligadas à dose recebida, forma de sua resposta biológica, tempo de aparecimento

e ao nível do dano. Sendo assim, são classificados em: estocástico e determinístico, quando

ligado à dose e forma de resposta; imediatos ou tardios, quando referida ao tempo de

aparecimento das respostas biológicas e em somáticos e genéticos, quando estão em função

do nível de dano biológico. (HIRATA & FILHO, 2002)

Os efeitos determinísticos são aqueles que ocorrem a partir de um limiar de dose, são

resultantes de altas taxas de dose, causando a morte celular que, no tecido ou órgão atingido,

se refletirá em um mau funcionamento do mesmo, como por exemplo, queimaduras de pele,

cataratas e esterilidade temporária ou permanente. Nas imagens das figuras 02 e 03, estão os

exemplos do efeito deletério das radiações ionizantes, com a queimadura de pele e a catarata.

(OKUNO, 2013)

Já os efeitos estocásticos ocorrem sem um limiar de dose, porém, a probabilidade de

sua ocorrência aumenta com o aumento da dose e a frequência de exposições. As alterações

podem ocorrer nas células normais, através do surgimento de um câncer na pessoa irradia, ou

em seus descendentes, este último sendo classificado como efeito hereditário. (OKUNO,

2013)

26

Figura 2: Radiolesões típicas. Radiolesão típica na região palmar da mão

esquerda induzida por radiação ionizante em paciente exposto acidentalmente à

radiação gama de C137

. Fonte: VASCONCELOS, 2006.

Figura 3: Exemplo de uma catarata subcapsular posterior induzida por

radiação. Fonte: BAPTISTA, 2011.

São classificados como efeitos biológicos imediatos, aqueles que surgem horas ou

semanas após a irradiação, tendo como exemplo a radiodermite. Os efeitos tardios surgem

anos ou décadas após a exposição, associados às doses baixas, porém regulares de radiação,

aumentando assim a probabilidade de sua ocorrência. São lesões em longo prazo como

câncer. (OLIVEIRA et. al. 2002)

27

Os efeitos somáticos e genéticos dependem de alguns fatores, sendo diferenciados a

partir do nível de dano biológico, podendo ocorrer na própria pessoa irradiada ou em seus

descendentes, respectivamente. (MIRANDA et al, 2005)

A dose absorvida, por exemplo, é definida como a quantidade de energia cedida à

matéria pelos fótons ou partículas ionizantes por unidade de massa, expressa em Gray (Gy) e

a dose equivalente como a relação entre a dose média no órgão ou tecido e o fator de

ponderação da radiação, ou seja, fator que leva em conta a radiossensibilidade do tecido ou

órgão, expressa em Sivert (Sv). (Tabela 01) (OKUNO, 2013).

Tabela 1. Limite de dose individual

Limites de doses anuais

Grandeza Órgão Indivíduo

ocupacionalmente

exposto

Indivíduo

do público

Dose efetiva Corpo inteiro 20mSv 1mSv

Dose equivalente Cristalino 20mSv 15mSv

Pele 500mSv 50mSv

Mãos e pés 500mSv ---

Fonte: CNEN 3.01.

4.1 RADIOTERAPIA

A radioterapia é uma modalidade de tratamento que utiliza radiação ionizante com a

finalidade de destruir células tumorais, visando à diminuição do volume do tumor ou erradicá-

lo, promovendo assim, qualidade de vida ao paciente, estancando hemorragias e até mesmo

aliviando as dores. O sucesso do tratamento depende da dose de radiação empregada no

tumor, sendo assim, quanto maior for à deposição de dose de radiação nas células tumorais e

quanto menos se atingir os tecidos sadios circunvizinhos, melhor é a resposta biológica ao

tratamento, seguindo assim os limites de proteção radiológica preconizados. (GIGLIOLI,

2012)

28

O tratamento radioterápico se apresenta sob duas formas, a Braquiterapia e a

Teleterapia, para o tratamento das neoplasias e ocupa importante posição na área da saúde. O

risco biológico, nela envolvidos, com o uso das radiações ionizantes, faz com que a prática

seja submetida e regulada não só por órgãos nacionais como a CNEN, ANVISA, como

também por princípios internacionais, Comissão Internacional de Proteção Radiológica

(ICRP) (EDUARDO & NOVAES, 2004).

4.2 BRAQUITERAPIA

Em 1896, Becquerel descobre a radioatividade natural do urânio, em seguida, o casal

Curie faz a descoberta do rádio em 1898, iniciam-se então estudos e atividades voltados para

o seu emprego no tratamento do câncer. (Figura 04) (ROSTELATO, 2005)

Figura 4: Descoberta da Radioatividade. Fonte: ROSTELATO, 2005

Após três anos de estudo, iniciaram-se os primeiros tratamentos através do implante de

pequenas substâncias radioativas em tumores. A ideia do seu uso para tratamento de lesões

surgiu da observação feita por Pierre Curie, que espalhou radio226

em seu braço por dez horas,

tornando sua pele vermelha, com aspecto de queimadura, levando cerca de cinquenta e dois

dias para se reconstituir, Pierre Curie, concluiu que o material poderia ser usado para o

tratamento de lesões. (SOUZA, 2012)

A braquiterapia é a modalidade de tratamento radioterápico que faz uso de fontes de

radiação pequenas e seladas. Estas fontes são inseridas no interior da lesão ou colocadas em

29

contato direto sobre a área de tratamento a dose de radiação é liberada continuamente, por um

curto período de tempo, implantes temporários, ou durante todo o decaimento da fonte

radioativa, são os implantes permanentes. Na figura 05, as sementes radioativas foram

colocadas ao lado de uma moeda de dez centavos, como parâmetro de comparação, onde

temos idéia de sua dimensão diminuta, porém de alto poder energético. (OLIVEIRA et al,

2004)

Figura 5: Fonte Radioativa Selada. Fonte: SOUZA (2012)

Ainda que dentro do serviço de radioterapia não se tenha notificado a morte de uma

pessoa por exposição, os primeiros profissionais a trabalhar com radiação ionizante morreram

em consequência dos efeitos tardios desta exposição, já que a dose total de radiação era

altíssima em relação aos padrões atuais. (BUSHONG, 2008)

Com o objetivo de se obter maior precisão nas doses administradas nos pacientes, data

de 1901, que médicos e pesquisadores deram inicio as dosimetrias. Tendo em vista que as

primeiras exposições eram calculadas/medidas conforme a própria resistência do paciente, a

chamada dose eritema. (SOARES, 2006)

O primeiro implante de sementes radioativas para braquiterapia de próstata foi

registrado nos Estados Unidos no Memorial Hospital, em outubro de 1915, utilizando agulhas

de rádio colocadas através do períneo e guiadas por toque retal, o que na época, levou a uma

grande exposição ocupacional, tendo em vista que o decaimento deste isótopo produzia gases

tóxicos, hoje em dia a técnica é feita com agulhamento guiado por ultrassom e a exposição é

guiada por controle remoto. A imagem na figura 06 mostra o agulhamento feito na região do

30

períneo em paciente que iniciará radioterapia de próstata em seguida, o aparelho de

braquiterapia, guiado por controle, imagem da figura 07, irá introduzir neste agulhamento as

sementes radioativas para o tratamento. (ESTEVES et al, 2006)

Figura 6: Colocação das agulhas para tratamento de câncer de próstata. Fonte: ROSTELATO (2005)

Figura 7: Sala de Tratamento e Comando para Braquiterapia (A); Aparelho

de Braquiterapia guiado por controle remoto (B). Fonte: NANDI, 2004.

A larga utilização da braquiterapia, através de implantes de sementes radioativas é

percebida, principalmente na recuperação mais rápida do paciente, que após a aplicação,

recebe alta hospitalar e leva de um á três dias para se recuperar em casa, com pouca ou

nenhuma dor, podendo voltar as suas atividades normais e ainda preservação de tecidos sadios

circundantes á lesão. Difere assim do tratamento por irradiação externa (teleterapia), onde o

31

paciente tem que se deslocar ao local de tratamento diariamente, durante sete ou oito semanas,

para as sessões diárias de terapia. (ROSTELATO, 2005)

4.3 TELETERAPIA

A teleterapia é uma palavra de origem grega que significa terapia à distância, sendo

assim, é caracterizada pela fonte de radiação posicionada externa e a certa distância do

volume alvo a ser tratado. Anterior a 1950, os serviços de radioterapia faziam uso dos

aparelhos produtores de raios X com energia média entre 100 e 300Kvp, o que prejudicava

em muito os tratamentos de lesões mais profundas. A partir da década de cinquenta, os

aparelhos foram gradualmente perdendo espaço para as aplicações médicas dos aparelhos de

cobaltoterapia, com emissão de radiação gama. Neste tratamento são utilizados isótopos

radiativos produtores de radiação gama como o cobalto 60, ou raios X que podem ser

produzidos por equipamentos de kilovoltagem ou ainda raios X de magavoltagem e feixes de

elétrons produzidos em aceleradores lineares. (GIGLIOLI, 2012)

A teleterapia pode ser classificada em: superficial quando utiliza raios X de energia até

80KeV, destinando-se ao tratamento de neoplasias de pele, semi-profunda/ortovoltagem, esta

foi a principal modalidade dentro da radioterapia antes do advento da cobaltoterapia. A

cobaltoterapia, utiliza raios X entre 100 e 300KeV, tratando lesões mais avançadas da pele,

metástases superficiais e alguns processos inflamatórios. Por fim, a teleterapia profunda,

utiliza energia de megavoltagem e é destinada ao tratamento das neoplasias viscerais. Utiliza

fótons de energia superior a 1 MeV, produzidas em unidades de cobalto60

(Co60

) e

aceleradores lineares, evidenciados nas figuras 08, 09 e 10, respectivamente.(SANCHEZ,

2006)

32

Figura 8: Aparelho de Raios X para uso em Radioterapia.

Fonte: NANDI, 2004.

Figura 9: Imagem A – Diagrama do Cabeçote do Aparelho de

Cobaltoterapia; Imagem B- Equipamento de Cobaltoterapia. Fonte: NANDI, 2004.

Os aparelhos de cobaltoterapia surgiram em meados da década de 50, quando se tornou

possível produzir, por meio de reatores nucleares, um radioisótopo com alta atividade para

uso médico e de intensidade de energia de 1,25MeV. Neste equipamento a fonte esta

irradiando continuamente, porém sua aplicação no tratamento se da somente quando a fonte é

exposta para fora do compartimento que a envolve. (NANDI, 2004)

33

Figura 10: Acelerador Linear e Mesa de Tratamento. Fonte: NANDI, 2004.

Os aceleradores lineares surgiram da necessidade em se tratar lesões com diferentes

profundidades, estes, foram desenvolvidos na década de 40 e só comercializados á partir da

década de 60. Além de apresentar vantagem em relação à profundidade do ponto máximo de

dose, sendo esta de 30 mm abaixo da pele, enquanto que na cobaltoterapia é de 10 mm abaixo

da pele. Os aceleradores lineares oferecem maior segurança aos trabalhadores envolvidos no

serviço, que deixam de operar equipamentos emissores de radiação para operar equipamentos

produtores de radiação. (NANDI, 2004)

4.4 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA DENTRO DA RADIOTERAPIA

Configuram-se como profissionais atuantes em centros de tratamento radioterápico, uma

equipe multiprofissional, onde atuam médicos oncologistas, físicos médicos, enfermeiros,

técnicos em enfermagem, tecnólogos e técnicos em radiologia, daí a importância em se

conhecer e compreender os riscos físicos das radiações ionizantes e a prática dos princípios

radiológicos de proteção, diminuindo o risco ocupacional inerente á esta prática cotidiana.

(EDUARDO & NOVAES, 2009)

Defende-se assim, a implantação de programas de educação permanente que

consolidem práticas e estratégias pedagógicas no setor da saúde, tendo em vista a necessidade

de manter a atualização desses profissionais, através do controle e validação dos

procedimentos de proteção. (MACHADO et al, 2009)

34

Dentre os procedimentos de proteção radiológica, tem-se inserido tempo de exposição,

onde tempo e dose são diretamente proporcionais, quanto maior o tempo de exposição maior

será a dose recebida. À distância e a dose são inversamente proporcionais, compreendida da

seguinte forma: Na medida em que um indivíduo se afasta da fonte de radiação, a dose por ele

recebida diminui. E também a blindagem, procedimento de amplo emprego no setor

radioterápico, se constituindo como o principal método de proteção contra a radiação externa,

onde materiais de blindagem são utilizados entre a fonte e o meio a ser protegido, fazendo a

atenuação do campo de irradiação. (IPEN, 2013)

Diante destas questões, a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP), em

1991, revisou suas recomendações no que se refere às doses ocupacionais, publicadas em

1990 através da Publicação 60. Nessas Recomendações da ICRP de 1990, determinou-se que

as doses ocupacionais seriam de 50 mSv em cinco anos e, com a revisão de 1991, baseada nos

resultados do Relato V do Comitê dos Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes(BEIR),

estabeleceu-se que os efeitos à saúde da exposição a baixas doses de radiação ionizante

deveria ser reduzido para 20mSv/ano. (ICPR, 1991).

Comissões internacionais, criadas com a incumbência de elaborar as normas de proteção

radiológica e de impor limites de doses às radiações ionizantes para indivíduos

ocupacionalmente exposto e o público em geral, se reúnem periodicamente e cada país tem a

sua instituição, que faz as adequações das normas internacionais e as introduzem para

regulamentar o uso das radiações ionizantes em seu país. (OKUNO, 2013).

No Brasil, o Órgão Federal responsável pelas Normas Básicas de Proteção Radiológicas

e controle no que se refere às aplicações médicas de medicina nuclear, radioterapia e

monitoração individual, é a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), criada em 1962,

através da lei 4.118. (NAVARRO et al.,2008).

A CNEN, por lei, exerce o papel de propor normas, regulamentos, métodos e sistemas

que assegurem os níveis de garantia de qualidade exigidos pela aplicação da energia nuclear

para o bem-estar da população, atuando no controle de instalações nucleares, licença de

operação e comércio de radioisótopos artificiais e substâncias radioativas. (NAVARRO et. al.,

2008)

Todo serviço que faz uso das radiações ionizantes, principalmente os voltados à prática

médica terapêuticas, devem possuir licença para suas instalações. A CNEN NN 6.02de julho

de 1998 se refere aos serviços que utilizam as radiações ionizantes, preconizando localização

do serviço, construção do espaço físico e modificações de instalações - Licenciamento de

Instalações Radiativas-. (CNEN-NN-6.02, 1998)

35

Nesse sentido, a partir da Resolução CNEN n° 27/2004, Norma NN 3.01, definiu-se os

requisitos básicos de proteção radiológica das pessoas em relação às radiações ionizantes, no

que se refere às práticas radiológicas. (CNEN-NN-3.01, 2004).

São eles:

5.4.1. JUSTIFICAÇÃO.

5.4.1.1 Nenhuma prática ou fonte associada a essa prática será aceita pela CNEN, a

não ser que a prática produza benefícios, para os indivíduos expostos ou para a

sociedade, suficiente para compensar detrimento correspondente, tendo-se em conta

fatores sociais e econômicos, assim como outros fatores pertinentes;

5.4.1.2 As exposições médicas de pacientes devem ser justificadas, ponderando-se

os benefícios diagnósticos ou terapêuticos que elas venham a produzir em relação ao

detrimento correspondente, levando-se em conta os riscos e benefícios de técnicas

alternativas disponíveis, que não envolvam exposição;

5.4.1.3Com exceção das práticas com exposições médicas justificadas, as seguintes

práticas não são justificadas, sempre que, por adição deliberada de substâncias

radioativas ou por ativação, resultem em aumento da atividade nas mercadorias ou

produtos associados:

a) as práticas que envolvam alimentos, bebidas, cosméticos ou quaisquer outras

mercadorias ou produtos destinados a ingestão, inalação, incorporação percutânea ou

aplicação no ser humano;

b) as práticas que envolvam o uso frívolo de radiação ou substâncias radioativas em

mercadorias ou produtos, estando incluídos, desde já, brinquedos e objetos de

joalheria ou de adorno pessoal;

c) exposições de pessoas para fins de demonstração ou treinamento.

5.4.2 LIMITAÇÃO DE DOSE INDIVIDUAL

5.4.2.1A exposição normal dos indivíduos deve ser restringida de tal modo que nem

a dose efetiva nem a dose equivalente nos órgãos ou tecidos de interesse, causadas

pela possível combinação de exposições originadas por práticas autorizadas,

excedam o limite de dose especificado na tabela a seguir, salvo em circunstâncias

especiais, autorizadas pela CNEN. Esses limites de dose não se aplicam às

exposições médicas.

36

Limites de doses anuais[a]

Grandeza Órgão Indivíduo

ocupacionalmente

exposto

Indivíduo do

público

Dose

efetiva

Corpo

inteiro

20mSv[b]

1mSv

Dose

equivalente

Cristalino 20mSv[b]

15mSv[c]

Pele[d]

500mSv 50mSv

Mãos e pés 500mSv ---

[a] Para fins de controle administrativo efetuado pela CNEN, o termo dose anual

deve ser considerado como dose no ano calendário, isto é, no período decorrente de

janeiro a dezembro de cada ano.

[b] Média aritmética em 5 anos consecutivos, desde que não exceda 50 mSv em

qualquer ano.

(Alterado pela Resolução CNEN 114/2011)

[c] Em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar um valor de dose efetiva

de até 5 mSv em um ano, desde que a dose efetiva média em um período de 5 anos

consecutivos, não exceda a 1 mSv por ano.

[d] Valor médio em 1 cm2 de área, na região mais irradiada.

Os valores de dose efetiva se aplicam à soma das doses efetivas, causadas por

exposições externas, com as doses efetivas comprometidas (integradas em 50 anos

para adultos e até a idade de 70 anos para crianças), causadas por incorporações

ocorridas no mesmo ano.

5.4.2.2 Para mulheres grávidas ocupacionalmente expostas, suas tarefas devem ser

controladas de maneira que seja improvável que, a partir da notificação da gravidez,

o feto receba dose efetiva superior a 1mSv durante o resto do período de gestação.

5.4.2.3Indivíduos com idade inferior a 18 anos não podem estar sujeitos a

exposições ocupacionais.

5.4.2.4Os limites de dose estabelecidos não se aplicam a exposições médicas de

acompanhantes e voluntários que eventualmente assistem pacientes. As doses devem

ser restritas de forma que seja improvável que algum desses acompanhantes ou

voluntários receba mais de 5 mSv durante o período de exame diagnóstico ou

tratamento do paciente. A dose para crianças em visita a pacientes em que foram

administrados materiais radioativos deve ser restrita de forma que seja improvável

exceder a 1 mSv.

5.4.3 OTIMIZAÇÃO

5.4.3.1 Em relação às exposições causadas por uma determinada fonte associada a

uma prática, salvo no caso das exposições médicas, a proteção radiológica deve ser

37

otimizada de forma que a magnitude das doses individuais, o número de pessoas

expostas e a probabilidade de ocorrência de exposições mantenham-se tão baixas

quanto possa ser razoavelmente exequível, tendo em conta os fatores econômicos e

sociais. Nesse processo de otimização, deve ser observado que as doses nos

indivíduos decorrentes de exposição à fonte devem estar sujeitas às restrições de

dose relacionadas a essa fonte.

5.4.3.2 Nas avaliações quantitativas de otimização, o valor do coeficiente monetário

por unidade de dose coletiva não deve ser inferior, em moeda nacional corrente, ao

valor equivalente a US$ 10000/pessoa. sievert.

5.4.3.3 A menos que a CNEN solicite especificamente, a demonstração de

otimização de um sistema de proteção radiológica é dispensável quando o projeto do

sistema assegura que, em condições normais de operação, se cumpram as 3 (três)

seguintes condições:

a) a dose efetiva anual média para qualquer IOE não excede 1 mSv;

b) a dose efetiva anual média para indivíduos do grupo crítico não ultrapassa 10Sv;

c) a dose efetiva coletiva anual não supera o valor de 1 pessoa Sv.

5.4.3.4 Como condição limitante do processo de otimização da proteção radiológica

em uma instalação, deve ser adotado um valor máximo de 0,3 mSv para a restrição

da dose efetiva anual média para indivíduos do grupo crítico, referente à liberação

de efluentes.

(alterado pela Portaria CNEN 07/2006, D.O.U. em 18/01/2006 )

5.4.3.5 Os efeitos cumulativos de cada liberação anual de qualquer efluente devem

ser restringidos de forma que seja improvável que a dose efetiva, em qualquer ano,

exceda o limite de dose aplicável. Devem-se levar em conta os indivíduos a qualquer

distância da fonte, abrangendo as gerações atuais e futuras, as liberações acumuladas

e as exposições decorrentes de todas as demais fontes e práticas pertinentes,

submetidas a controle.

O requisito 5.4.2 Limite de Dose Individual, diz que a exposição aceitável dos IOE,

deve ser restringida de tal modo que nem a dose efetiva (Gy) nem a dose equivalente (Sv),

nos órgãos ou tecidos de interesse, excedam os limites de dose, para corpo inteiro 20mSv,

sendo a média aritmética em cinco (05) anos, desde que não exceda 50mSv em qualquer ano.

(CNEN-NN-3.01, 2004).Ainda dentro da Normativa NN-3.01, tem-se estabelecidos requisitos

quanto às exposições dos IOE´S nos serviços que envolvam radiações ionizantes, suas

respectivas responsabilidades e de seu empregador, tais como na integridade das normas

subscritas:

5.7 EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL

5.7.1 Os titulares e empregadores de IOE são responsáveis pela proteção desses

indivíduos em atividades que envolvam exposições ocupacionais.

5.7.2 Os titulares e empregadores devem assegurar que os IOE ou indivíduos

eventualmente expostos à radiação cuja origem não esteja diretamente relacionada

38

ao seu trabalho, sejam tratados como os indivíduos do público e recebam o mesmo

nível de proteção.

5.7.3 O titular, ao terceirizar serviços que envolvam ou possam envolver exposição

de IOE a uma fonte sob sua responsabilidade, deve:

a) assegurar que o empregador esteja ciente de suas responsabilidades, em relação a

esses IOE, conforme estabelecidas nesta Norma;

b) assegurar ao empregador desses IOE, ou responsável pelos mesmos, que a

instalação atende aos requisitos de proteção radiológica desta Norma;

c) prestar toda informação disponível, com relação à conformidade a esta Norma,

que o empregador venha a requerer antes, durante ou após a contratação de tais

serviços.

5.7.4 Os titulares devem como condição prévia ao trabalho dos IOE terceirizados,

obter, dos empregadores, histórico de exposição ocupacional prévia e outras

informações que possam ser necessárias para fornecer proteção radiológica

adequada, em conformidade com esta Norma.

5.7.5 Os IOE devem:

a) seguir as regras e procedimentos aplicáveis à segurança e proteção radiológica

especificados pelos empregadores e titulares, incluindo participação em

treinamentos relativos à segurança e proteção radiológica que os capacite a conduzir

seu trabalho de acordo com os requisitos desta Norma;

b) fornecer ao empregador ou ao titular quaisquer informações sobre seu trabalho,

passado e atual, incluindo histórico de dose, que sejam pertinentes para assegurar

tanto a sua proteção radiológica como a de terceiros;

c) fornecer ao empregador ou ao titular a informação de ter sido ou estar sendo

submetido a tratamento médico ou diagnóstico que utilize radiação ionizante;

d) abster-se de quaisquer ações intencionais que possam colocá-los, ou a terceiros,

em situações que contrariem os requisitos desta Norma.

5.7.6 Os IOE devem comunicar ao empregador ou ao titular, tão logo seja possível,

qualquer circunstância que não esteja, ou possa vir a não estar, em conformidade

com esta Norma.

5.7.7 Os titulares e empregadores devem registrar qualquer comunicado recebido de

um IOE identificando qualquer circunstância que não esteja, ou possa vir a não

estar, em conformidade com esta Norma, e tomar as ações requeridas.

5.7.8 Os titulares devem relatar imediatamente à CNEN as situações em que os

níveis de dose especificados para fins de notificação forem atingidos.

5.7.9 Compensações ou privilégios especiais para IOE não devem, em hipótese

alguma, substituir os requisitos aplicáveis desta Norma.

5.7.10 Uma mulher ocupacionalmente exposta, ao tomar conhecimento da gravidez,

deve notificar imediatamente esse fato ao seu empregador.

5.7.11 A notificação da gravidez não deve ser considerada um motivo para excluir

uma mulher ocupacionalmente exposta do trabalho com radiação; porém o titular ou

empregador, nesse caso, deve tomar as medidas necessárias para assegurar a

proteção do embrião ou feto, conforme estabelecido na subseção 5.4.2.2 desta

Norma.

39

Especificamente aos serviços de radioterapia, a Norma, CNEN – NE - 3.06 de março

1990, estabelece regras de segurança e radioproteção referentes ao uso de fontes para fins

terapêuticos - Requisitos de Radioproteção e Segurança para os Serviços de Radioterapia.

(CNEN – NE – 3.06, 1990).

A Norma CNEN 3.06/90 tem por objetivo estabelecer os requisitos de radioproteção e

segurança ligados ao uso de radiações ionizantes, por fontes seladas e aceleradores de

partículas, utilizados na prática médica com fins terapêuticos. Estabelecendo e delimitando

áreas livre e restritas, dispositivos de blindagem, calibração de equipamentos de aferição,

dosimetria individual, monitoração de áreas, entre outras, sendo estes requisitos de

responsabilidade, primária, do Supervisor de Proteção Radiológica (SPR), que é pessoa física,

credenciada pela CNEN para supervisionar a aplicação das medidas de radioproteção, através

do serviço de radioproteção. (CNEN – NE – 3.06, 1990)

Sendo assim, ficam estabelecidos os seguintes requisitos:

5. REQUISITOS GERAIS DE RADIOPROTEÇÃO EM RADIOTERAPIA

Os seguintes requisitos gerais de Radioproteção em Radioterapia devem ser

atendidos:

a) Não é permitida a presença de acompanhantes na sala de irradiação e em quartos

destinados a braquiterapia;

b) Não é permitida a irradiação de pessoas para propósitos de treinamento ou

demonstração, a menos que exista também um objetivo terapêutico indicado por

recomendação médica;

c) Em tratamentos com feixes de radiações com energias superiores a 60keV

não é permitida a presença de qualquer pessoa na sala de tratamento; para energias

inferiores 60keV é obrigatório o uso de vestimentas de proteção com espessura

equivalente a 0,5mm de chumbo;

d) Possibilidade da observação e comunicação com os pacientes em condições

de tratamento a partir da sala de controle;

e) Possibilidade de abertura das portas das salas de tratamento pelo lado de

dentro;

f) Planejamento do tratamento radioterápico efetuado de forma a reduzir tão

razoavelmente quanto exequível a dose equivalente efetiva em pacientes,

especialmente a dose equivalente em fetos e em órgãos radiossensíveis que não

sejam objeto do tratamento tais como gônadas, medula óssea, seios femininos, etc;

g) Permanência de pacientes aguardando tratamento em áreas livres;

h) Adoção de cuidados especiais quando gônadas, particularmente de pacientes

jovens, estão dentro ou próximas do feixe útil de radiação, estas deve ser blindadas

tão efetivamente, quanto possível, a menos que a blindagem possa interferir nas

condições do tratamento;

i) Limitação do feixe útil de radiação à menor área possível do paciente

consiste com os objetivos do tratamento.

40

Além dos requisitos de radioproteção estabelecidos na Norma CNEN NN 3.01, todo

Serviço de Radioterapia deve possuir um Plano de Radioproteção que esta evidenciada na

Normativa NE 3.06, contendo nele as seguintes informações:

4.4 PLANO DE RADIOPROTEÇÃO

O Serviço de Radioterapia deve possuir um Plano de Radioproteção contendo, além

daquelas citadas na norma CNEN NN 3.01, as seguintes informações:

a) organização do Serviço, as atribuições específicas do Supervisor de

Radioproteção e da equipe médica;

b) treinamento específico ministrado à equipe médica do Serviço, incluindo

programas decursos e carga horária;

c) projeto das instalações, em escala, incluindo as áreas destinadas ao uso,

preparação, medida e armazenamento de material radioativo, inclusive locais

destinados à deposição de rejeitos radioativos e as áreas destinadas à internação de

pacientes em tratamento de Braquiterapia;

d) classificação das áreas das instalações, controle de acesso em áreas restritas e

sinalização específica;

e) instrumentação para medição da radiação, fornecendo a relação dos monitores de

área e dosímetros clínicos com os respectivos certificados de calibração em vigor;

f) plano para situações de emergência, fornecendo as possíveis condições de

acidentes, prováveis consequências, e os procedimentos que serão adotados para

controlá-las;

g) procedimentos de radioproteção utilizados durante as sessões de radioterapia,

incluindo em braquiterapia a monitoração de área com o paciente internado.

h) gerência de rejeitos radioativos, em conformidade com norma CNEN NE

6.05incluindoinventário dos rejeitos provenientes de braquiterapia (fontes de

cobalto60

, rádio226

, césio137

, irídio192

e estrôncio90

), e condições de armazenamento

dos mesmos;

i) controle físico das instalações;

j) procedimentos e resultados de monitorações radiológicas de todas as áreas onde

são manuseadas, utilizadas e armazenadas fontes de radiação;

k) dosimetria inicial completa das fontes de radiação e frequência de realização;

l) inventário das fontes de braquiterapia existentes;

m) procedimentos empregados para o transporte de material radioativo, interno e

externo ao Serviço, incluindo materiais adquiridos.

Quando se trabalha com radiações ionizantes, é importante que o trabalhador se

mantenha esclarecido e informado sobre os possíveis riscos inerentes ao seu dia-a-dia,

respeitando-se as ações preventivas preconizadas. (RAMOS et al., 2009).

A necessidade de programas educativos, específicos, voltados para a qualificação dos

profissionais envolvidos na radioterapia sobre proteção radiológica, buscar o cuidado como

uma ação de educação continuada, um produto em permanente reconstrução (FLOR &

GELBECK,2009).

41

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apresentados neste estudo partiram de uma pesquisa de campo, onde se

objetivou, com a aplicação de trinta questionários, observar e analisar as práticas de proteção

radiológica dos profissionais envolvidos no setor da radioterapia. A partir do questionário,

obtivemos informações sobre os participantes da pesquisa, a saber, dados pessoais,

profissionais e, sobre a prática de radioproteção aplicada diariamente no local de trabalho dos

mesmos, a fim de proteger a si mesmo, e a sociedade dos efeitos nocivos da radiação

ionizante. Após a análise dos dados coletados através dos questionários, foi possível elaborar

os resultados deste estudo utilizando-se técnicas estatísticas.

Tabela 2. Média e desvio-padrão das variáveis: idade, peso, tempo de serviço, tempo de

trabalho diário e tempo de trabalho semanal de profissionais do setor da radioterapia do

hospital Ophir Loyola, 2013.

Fonte: Pesquisa de campo

Variáveis Média

(n=29)

Desvio-padrão

Idade (em anos) 36 ±7,2

Peso (Kg) 71,8 ±16,4

Tempo de serviço (anos) 6,4 ±6,0

Tempo de trabalho diário (em horas) 5,6 ±1,7

Tempo de trabalho semanal (em horas) 29,5 ±8,2

Trabalha em mais de um lugar

envolvendo radiação?

0,89 ±1,05

Tem filhos? 1 ±1

Filhos não saudáveis por consequência

da radiação

0 ±0

42

Tabela 3. Frequência absoluta e relativa da variável sexo e função dos profissionais do setor

de radioterapia do hospital Ophir Loyola, 2013.

Fonte: Pesquisa de campo

Tabela 4. Frequência absoluta e relativa da variável práticas de proteção radiológica dos

profissionais do setor da radioterapia do Hospital Ophir Loyola, 2013.

Variáveis n

(n=29)

%

Faz uso de dosímetro?

Sim 24 82,8%

Não 5 17,2%

Usa com que frequência?

Diariamente 20 83,3%

Esporadicamente 4 16,7%

Realiza troca de dosímetro?

Sim 24 82,7%

Não 5 17,3%

Já presenciou eventualmente contratempo nos

equipamentos de radioterapia?

Sim 10 34,5%

Não 19 65,5%

Qual contratempo?

Maior e/ou menor dose programada 3 30%

Problemas Técnicos 3 30%

Pane nos equipamentos 3 30%

Fonte de Braquiterapia não recolheu 1 10%

Concorda com os padrões de proteção

Variáveis n (n=29) %

Sexo

Masculino 15 51,7%

Feminino 14 48,3%

Função

Tecnólogo em Radiologia 6 20,7%

Técnico em Radiologia 8 27,6%

Técnico em Enfermagem 7 24,2%

Enfermeiro 2 6,9%

Físico 1 3,4%

Médico 5 17,2%

43

radiológica utilizado neste setor?

Sim 28 96,6%

Não 1 3,4%

Já teve relatório dosimétrico com valores de

leitura mensal alterado?

Sim 7 24,2%

Não 22 75,8%

Qual Justificativa para a alteração do dosímetro?

Caiu acidentalmente na sala de tratamento 5 71,4%

Não possui justificativa 2 28,6%

Participa de programas de treinamento sobre

proteção radiológica em radioterapia?

Sim 13 44,9%

Não 16 55,1%

Qual a frequência de participação nos

treinamentos?

Anualmente 2 15,4%

A cada dois anos 3 23%

Semestralmente 3 23%

Raramente 5 38,6%

Fonte: Pesquisa de campo.

Tabela 5. (Grupo 1) Frequência absoluta e relativa da variável sexo, função e práticas de

proteção radiológica dos técnicos e tecnólogos em radiologia do setor da radioterapia do

hospital Ophir Loyola, 2013.

Variáveis n (n=14) %

Sexo

Masculino 9 64,2%

Feminino 5 35,8%

Função

Tecnólogo em Radiologia 6 42,9%

Técnico em Radiologia 8 57,1%

Faz uso de dosímetro?

Sim 13 92,8%

Não 1 7,20%

Usa com que frequência?

Diariamente 10 76,9%

Esporadicamente 3 23,1%

Realiza troca de dosímetro?

Sim 13 92,8%

44

Não 1 7,20%

Já presenciou eventualmente contratempo

nos equipamentos de radioterapia?

Sim 5 35,8%

Não 9 64,2%

Qual contratempo?

Maior e/ou menor dose programada 3 60%

Problemas Técnicos 0 0%

Pane nos equipamentos 2 40%

Fonte de Braquiterapia não recolheu 0 0%

Concorda com os padrões de proteção

radiológica utilizado neste setor?

Sim 13 92,8%

Não 1 7,20%

Já teve relatório dosimétrico com valores de

leitura mensal alterado?

Sim 6 42,9%

Não 8 57,1%

Qual Justificativa para a alteração do

dosímetro?

Caiu acidentalmente na sala de tratamento 4 66,6%

Não possui justificativa 2 33,4%

Participa de programas de treinamento

sobre proteção radiológica em

radioterapia?

Sim 9 64,2%

Não 5 35,8%

Qual a frequência de participação nos

treinamentos?

Anualmente 2 22,2%

A cada dois anos 3 33,3%

Semestralmente 1 11,2%

Raramente 3 33,3%

Fonte: Pesquisa de campo

45

Tabela 6. (Grupo 2) Frequência absoluta e relativa da variável sexo, função e práticas de

proteção radiológica dos técnicos em enfermagem e enfermeiros do setor da radioterapia do

hospital Ophir Loyola, 2013.

Variáveis n (n=9) %

Sexo

Masculino 1 11,2%

Feminino 8 88,8%

Função

Técnico em Enfermagem 7 77,7%

Enfermeiro 2 22,3%

Faz uso de dosímetro?

Sim 5 55,5%

Não 4 44,5%

Usa com que frequência?

Diariamente 5 55,5%

Esporadicamente 0 0%

Realiza troca de dosímetro?

Sim 5 55,5%

Não 4 44,5%

Já presenciou eventualmente contratempo nos

equipamentos de radioterapia?

Sim 3 33,4%

Não 6 66,6%

Qual contratempo?

Maior e/ou menor dose programada 0 0%

Problemas Técnicos 3 100%

Pane nos equipamentos 0 0%

Fonte de Braquiterapia não recolheu 0 0%

Concorda com os padrões de proteção

radiológica utilizado neste setor?

Sim 9 100%

Não 0 0%

Já teve relatório dosimétrico com valores de

leitura mensal alterado?

Sim 1 11,2%

Não 8 88,8%

Qual Justificativa para a alteração do

dosímetro?

Caiu acidentalmente na sala de tratamento 1 100%

Não possui justificativa 0 0%

Participa de programas de treinamento sobre

46

proteção radiológica em radioterapia?

Sim 1 11,2%

Não 8 88,8%

Qual a frequência de participação nos

treinamentos?

Anualmente 0 0%

A cada dois anos 0 0%

Semestralmente 0 0%

Raramente 1 100%

Fonte: Pesquisa de campo

Tabela 7. (Grupo 3) Frequência absoluta e relativa da variável sexo, função e práticas de

proteção radiológica dos médicos do setor da radioterapia do hospital Ophir Loyola, 2013.

Variáveis n (n=5) %

Sexo

Masculino 4 80%

Feminino 1 20%

Função

Médico 5 100%

Faz uso de dosímetro?

Sim 5 100%

Não 0 0%

Usa com que frequência?

Diariamente 4 80%

Esporadicamente 1 20%

Realiza troca de dosímetro?

Sim 5 100%

Não 0 0%

Já presenciou eventualmente contratempo nos

equipamentos de radioterapia?

Sim 2 40%

Não 3 60%

Qual contratempo?

Maior e/ou menor dose programada 0 0%

Problemas Técnicos 0 0%

Pane nos equipamentos 1 50%

Fonte de Braquiterapia não recolheu 1 50%

Concorda com os padrões de proteção radiológica

utilizado neste setor?

Sim 5 100%

Não 0 0%

47

Já teve relatório dosimétrico com valores de

leitura mensal alterado?

Sim 0 0%

Não 5 100%

Qual Justificativa para a alteração do dosímetro?

Caiu acidentalmente na sala de tratamento 0 0%

Não possui justificativa 0 0%

Participa de programas de treinamento sobre

proteção radiológica em radioterapia?

Sim 2 40%

Não 3 60%

Qual a frequência de participação nos

treinamentos?

Anualmente 0 0%

A cada dois anos 0 0%

Semestralmente 2 100%

Raramente 0 0%

Fonte: Pesquisa de campo

5.1 AVALIAÇÃO GERAL DO SERVIÇO DE RADIOTERAPIA DO HOSPITAL OPHIR

LOYOLA

Dentro do serviço de radioterapia do Hospital Ophir Loyola foram analisadas

características gerais referentes aos requisitos de proteção radiológica estabelecidas pela

CNEN- NN- 3.01 e licença para funcionamento do serviço de radioterapia, especificado na

norma CNEN- NE- 6.02. Logo se pode constatar que dentro dos padrões pré-estabelecidos, o

serviço de radioterapia pesquisado se enquadra nas exigências destas normativas. Possuindo

licença para realização do serviço emitida e certificada pela Comissão Nacional de Energia

Nuclear (CNEN).

A medição de área é realizada com frequência anual através de câmara de ionização,

que é anualmente aferido, o que está de acordo com as normas estabelecidas pela CNEN e

ANVISA.

Pode-se constatar no que se refere às sinalizações luminosas que indiquem o uso da

atividade ionizante, que estão dentro dos padrões exigidos, bem como o símbolo internacional

da radiação ionizante, bem como a presença de comunicação e monitoração audiovisual entre

sala de comando e sala de tratamento. O sistema de travamento de portas permiti sua abertura

pelo lado de dentro da sala de tratamento sendo este um dos requisitos exigidos pela CNEN,

48

no que se refere ao sistema de segurança dentro das instalações radiológicas com fins

terapêuticos.

O plano de proteção radiológica é exigido pela CNEN à todos os serviços que envolvem

radiação ionizante tendo por objetivo o cumprimento de determinadas etapas necessárias a

uma prática segura dentro do serviço radioterapêutico, sendo este plano elaborado pelo

superviso de proteção radiológica (SPR), enviado a CNEN para analise e aprovação do

mesmo.

O SPR responsável pela instituição ao qual a pesquisa foi realizada relatou um plano de

proteção radiológica em conformidade e plenamente aprovado pela CNEN.

49

5.2 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS CONFORMIDADES NA PROTEÇÃO

RADIOLOGICA DOS SERVIDORES ATUANTES NO SETOR DE RADIOTERAPIA DO

HOSPITAL OPHIR LOYOLA

5.2.1 Grupo de Tecnólogos e Técnicos em Radiologia

O grupo de tecnólogos e técnicos em radiologia pesquisados e que compõe a equipe de

profissionais de radioterapia do HOL são 14, sendo 64,2% homens e 35,8% mulheres. A

PORTARIA 453/98 do Ministério da Saúde diz que todo individuo ocupacionalmente

exposto, deve possuir um medidor individual, dosímetro, para que o nível de radiação ao qual

esse profissional foi exposto seja medido e não ultrapasse os limites de dose estabelecidos

pela CNEN. Sendo assim, 92,8% fazem uso de dosímetro, sendo que destes 76,9% o utilizam

diariamente, o que está de acordo com a Portaria 453/98, 23,1% relatam que utilizam

esporadicamente. Por serem recém-contratados 7,2% não fazem uso diário de dosímetro,

justificando que aguardam o recebimento do mesmo. A não utilização de monitor individual

de exposição à radiação ionizante vai de encontra com as regras de proteção individual. Os

92,8% dizem que realizam a troca mensal de dosímetro e 7,2% não fazem por não possuir

dosímetro.

A partir da população estudada 64,2% disseram que nunca presenciaram nenhum

problema ou contratempo nos aparelhos, de acordo com as normas estabelecidas pelas

instituições responsáveis, e 35,8% relatam que já presenciaram problemas no aparelho, sendo

que dos problemas apresentados 60%falaram que o aparelho disparou maior e/ou menor dose

do que a programada, outros 40% relataram ainda que o equipamento parou de funcionar

temporariamente. O Supervisor de Proteção Radiológica, segundo a norma CNEN-NE- 3.06,

é responsável pela manutenção dos aparelhos e ainda identificar falhas do aparelho ou do

operador e tomar as medidas necessárias para evitar tais acontecimentos.

Quanto aos padrões de proteção radiológica 92,8% concordam com os padrões

estabelecidos no setor e 7,2% discordam, mas não justificam.

Os que nunca tiveram alteração nos seus relatórios dosimétricos são 57,1% e 42,9% já

tiveram relatório dosimétricos alterados, onde apenas 66,6% disseram que o dosímetro caiu

acidentalmente na sala de tratamento e 33,4% não justificaram o motivo da alteração da

leitura dosimétrica. Estando fora das conformidades de proteção radiológicas estabelecida

pela CNEN que diz na norma CNEN-NN-3.01 que os titulares e empregadores são

responsáveis pela proteção dos indivíduos ocupacionalmente expostos à radiação ionizante.

50

Quanto ao treinamento 64,2% dizem que participam de treinamentos sobre proteção

radiológica, 33,3% relatam que participam a cada dois anos, 22,2% dizem que participam

anualmente, 11,2% semestralmente, 33,3% raramente e ainda 35,8% afirmam que nunca

participaram de nenhum treinamento de proteção radiológica. A CNEN-NE-3.06 diz que o

Supervisor de Proteção Radiológica é responsável por desenvolver programas de educação

continuada, onde ele deve planejar, coordenar, implementar e supervisionar cursos onde seja

passado, para os profissionais da radioterapia, os requisitos básicos de proteção radiológica,

de modo que todo serviço esteja dentro das normas estabelecidas pela CNEN, além de

assessorar e informar a direção da instalação sobre todos os assuntos relativos à proteção

radiológica.

5.2.2 Grupo de Enfermeiros e Técnicos em Enfermagem

Foram entrevistadas nove pessoas que compõem a equipe de enfermeiros e de técnicos

de enfermagem, dessa amostra 88,8% são mulheres e apenas 11,2% homens, sendo que de

toda essa população 55,5% possuem, fazem uso diário e realizam mensalmente a troca de

dosímetro, de acordo com as normas vigentes da CNEN e 44,5%não possuem, por isso não

utilizam e nem realizam a troca do dosímetro como determina a CNEN, e não justificam a o

motivo pelo qual não possuem o dosímetro. Como rege a CNEN-NE-3.06 a proteção

radiológica de todos os indivíduos ocupacionalmente expostos é de responsabilidade do

empregador e do titular do serviço de radioterapia.

Assim como o grupo de tecnólogos e técnicos em radiologia referiram que presenciaram

contratempos nos aparelhos de radioterapia do HOL 33,4%dos técnicos de enfermagem e

enfermeiros presenciaram problemas técnicos nos aparelhos de radioterapia. Esses problemas

técnicos precisam ser relatados ao Supervisor de Proteção Radiológica, pois ele, perante a

CNEN, é o responsável pela manutenção e pelo bom funcionamento dos aparelhos de

radioterapia do setor. Ainda 66,6% afirmam nunca ter presenciado nenhum contratempo nos

aparelhos de radioterapia.

Todos (100%) estão de acordo com os padrões de proteção radiológica estabelecidos

para este serviço. No entanto 11,2% tiveram o seu relatório de dosímetro alterado e justificam

que o mesmo ficou na sala de tratamento enquanto os procedimentos radioterápicos eram

executados. Segundo a norma CNEN-NE-3.06 o supervisor de proteção radiológica deve

investigar as causas de tal acontecimento e tomar as medidas cabíveis para evitar a repetição

desta falha, além de comunicar a CNEN.

51

A norma CNEN-NN-3.01 diz ainda, que: o titular deve apresentar em seu programa de

proteção radiológica um programa de treinamento para IOE e demais funcionários,

eventualmente. Porém 88,8% afirmam que não participam de programas de treinamento sobre

proteção radiológica e apenas 11,2% referem que participam raramente de treinamentos de

proteção radiológica.

5.2.3 O Físico Médico

O físico médico relatou possuir, utilizar diariamente e trocar mensalmente o dosímetro.

Afirma ainda nunca ter presenciado nenhum contratempo nos aparelhos e que concorda com o

programa de proteção radiológica utilizado pelo setor. Nunca teve relatório dosímetro

alterado, porém relata que raramente participa de treinamentos, oferecidos pelo HOL,

voltados para proteção radiológica. Esse grupo é o que não possui nenhuma irregularidade,

demonstrando que as normas da CNEN são possíveis de ser empregados no serviço de

radioterapia.

5.2.4 Grupo de Médicos

A amostra do grupo médico foi de cinco pessoas sendo 80% homens e apenas 20%

mulheres, sendo que 100% possui dosímetro e realiza a troca mensal do mesmo, o que está

em conformidade com as normas da CNEN. 80% relata que utiliza diariamente o dosímetro e

20% utiliza esporadicamente, não justificando o motivo pelo qual o uso do dosímetro é

negligenciado. Cem por cento afirmam não ter tido nenhum relatório dosimétrico alterado e

que concordam com os padrões de proteção radiológica realizados no setor. Sendo assim,

40% afirma participar semestralmente de treinamentos de proteção radiológica oferecidos

pelo hospital e 60% afirmam nunca ter participado de nenhum programa de proteção

radiológica, oque concorda com os resultados encontrados nos outros grupos. 40% dizem

ainda, já terem presenciado eventuais contratempos nos aparelho de radioterapia do HOL,

sendo que 50% relata que o aparelho parou de funcionar temporariamente e os outros 50%

dizem que a fonte de braquiterapia não recolheu. A norma CNEN-NN-3.01 afirma que esses

contratempos devem ser evitados para que não haja uma superexposição dos pacientes e

principalmente dos indivíduos ocupacionalmente expostos.

52

6. CONCLUSÃO

Mediante a analise dos questionários realizada junto aos servidores do Hospital Ophir

Loyola envolvidos na radioterapia, observou-se que a maioria dos servidores realiza os

procedimentos de uma pratica segura de proteção radiológica, demonstrando responsabilidade

com a própria proteção e com a segurança do serviço, estando o mesmo em conformidade

com as normas de proteção radiológica estabelecidas pela CNEN e ANVISA.

Entretanto, pode-se perceber que alguns profissionais envolvidos na radioterapia, por

estarem habituados na realização dos procedimentos inerentes ao serviço, acabam por

negligenciar algumas etapas de proteção radiológica estabelecidas na CNEN-NE-3.06. Além

destes, foram relatadas pelos servidores do serviço de radioterapia a ocorrências de problemas

técnicos nos aparelhos, bem como: disparo de maior e/ou menor dose de radiação durante o

procedimento radioterápico, fonte radioativa de braquiterapia que não recolheu e aparelho de

teleterapia que parou de funcionar sem motivo aparente.

Diversas são as maneiras de se evitar e/ou minimizar os riscos associados ao uso das

radiações ionizantes em condições similares às que foram verificadas nos questionários, tais

como: constante supervisão quando se refere à aferição e/ou manutenção dos equipamentos de

radioterapia, assim como constante supervisão das praticas de radioproteção realizada

diariamente pelas pessoas que compõem o serviço de radioterapia e ainda um programa de

educação continuada, onde palestras que possuem o objetivo de reforçar e estimular o

cumprimento das normas estabelecidas pela CNEN e ANVISA serão ministradas aos

servidores periodicamente.

53

REFERÊNCIAS

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Pará. 2012.

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Trabalho, educação e política em seus anexos na produção bibliográfica sobre cuidado.

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ROSTELATO M. Estudo e desenvolvimento de uma nova metodologia para confecção de

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VASCONCELOS P., Avaliação das proporções das células T, B, NK e NK/T em

indivíduos expostos a radiação ionizante de 137

Cs. 2006

56

APÊNDICE A

Idade:________________ Sexo:_________________ Peso:__________________

Função:___________________________ Tempo de Serviço:__________________

Horas Diárias:______________________ Horas Semanais:____________________

1 Trabalha em mais de um lugar envolvendo radiação? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, em quantos? _____________________________________________________.

2 Tem filhos? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, quantos? ________________________________________________________.

3 Todos os seus filhos são saudáveis? ( ) Sim ( ) Não

Se não, a doença está relacionada à radiação?

______________________________________________________________________.

4 Faz uso de dosímetro? ( ) Sim ( )Não

Com que frequência? ____________________________________________________.

5 Realiza a troca de dosímetro? ( ) Sim ( ) Não

Com que frequência? ____________________________________________________.

6 Já presenciou eventualmente contratempo nos equipamentos de Radioterapia?

( ) Sim ( ) Não

Se sim, quais? _________________________________________________________.

7 Concorda com os padrões de proteção radiológica utilizado neste setor?

( ) Sim ( ) Não

Se não, por quê? ________________________________________________________.

8 Já teve relatório dosimétrico com valores de leitura mensal alterado? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, qual a justificativa para tal alteração?

______________________________________________________________________.

9 Participa de programas de treinamento sobre proteção radiológica em radioterapia?

( ) Sim ( ) Não

Com que frequência? ____________________________________________________.

57

APÊNDICE B

Idade:________________ Sexo:_________________ Peso:__________________

Função:___________________________ Tempo de Serviço:__________________

Horas Diárias:______________________ Horas Semanais:____________________

1 Há licença de funcionamento para a realização do serviço? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, onde fica e quais são os responsáveis que tem os seus nomes anexados à licença?

_______________________________________________________________

2 Há realização da medição de área? () Sim ( ) Não

Com que frequência? ____________________________________________________.

3 Qual equipamento de medição de área é utilizado?

______________________________________________________________________.

4 O medidor de radiação de área é aferido? ( ) Sim ( ) Não

Com que frequência? ____________________________________________________.

5 Há sinalização luminosa, fora da sala, que indique para os profissionais que está ocorrendo

procedimentos que envolvem radiação ionizante? ( ) Sim ( ) Não

6 Há sinalização, com o símbolo internacional de radiação ionizante, em áreas controladas?

( ) Sim ( ) Não

7 Há comunicação audiovisual entre a sala de terapia e a sala de comando?

( ) Sim ( ) Não

8 Há um plano de proteção radiológica? ( ) Sim ( ) Não

Se sim, foi submetido à aprovação e atende aos requisitos básicos da CNEN?

_____________________________________________________________________.

9 A porta abre por dentro da sala? ( ) Sim ( ) Não