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FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
CARLA PATRÍCIA SILVA DE ARAÚJO
FACÇÃO CRIMINOSA “OKAIDA”: RELATO DE UM EX PRESIDIÁRIO
CABEDELO – PB
2017
CARLA PATRÍCIA SILVA DE ARAÚJO
FACÇÃO CRIMINOSA “OKAIDA”: RELATO DE UM EX PRESIDIÁRIO
Projeto de Pesquisa elaborado para atender requisito da
disciplina Monografia Jurídica – TCC, ministrada no Curso de
Bacharelado em Direito da FESP Faculdades, como parte da
avaliação do 2o estágio da referida disciplina, período 2016.2.
Área: Direito Penal.
Orientadora: Prof. Dr. Bruno Cesar Azevedo Isidro
CABEDELO-PB
2017
CARLA PATRÍCIA SILVA DE ARAÚJO
FACÇÃO CRIMINOSA “OKAIDA”: RELATO DE UM EX PRESIDIÁRIO
Artigo Científico apresentado a Banca Examinadora de
Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da
Paraíba – FESP Faculdades, como exigência para a
obtenção do Título de Bacharel em Direito.
APROVADO EM 13/11/2017.
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________
Prof. Dr. Bruno Cesar Azevedo Isidro
ORIENTADOR FESP
___________________________________________
Prof. Ms. Roberto Moreira de Almeida
MEMBRO FESP
___________________________________________
Profa. Ms. Maria do Socorro de S. Menezes
MEMBRO FESP
Este trabalho a nosso DEUS pai celestial
que com sua bondade sempre nos guarda,
nos guiando para o caminho da LUZ.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Nenhuma batalha é vencida sozinha, no decorrer desta luta algumas pessoas
estiveram comigo e percorreram este caminho como verdadeiros soldados, meus soldados de
guerra me estimulando sempre a não desistir.
Agradeço primeiramente a DEUS, pela oportunidade de realizar mais um sonho e
subir mais um degrau. O brigada meu pai por não me desamparar nunca...
Agradeço a minha "MAINHA" (Fatima Araújo) e meu "PAINHO" (Albergio Junior)
pelos esforços que o mesmo vem mostrando para as realizações dos meus ideais pelo amor a
mim dedicado de tal forma que seria incapaz de descrever. Obrigado por nunca desistirem de
mim...
Aos meus amigos que até aqui fiz em especial a MAGNO COSTA e ELIS REGINA
por me apoiarem nessa trajetória e me incentivarem a ser cada dia melhor, me ensinando o
verdadeiro valor de uma AMIZADE. (Meu muito abrigado) ...
Aos meus irmãos Albergio Neto e Luiz Carlos por me lembrarem sempre o quanto
sou capaz....
A meu namorado Charlianderson Cavalcante, por me aguentar em momentos de
estresse, meu muito obrigado pelo incentivo e credibilidade no meu potencial...
Ao meu orientador BRUNO AZEVEDO, pelo suporte, incentivo e cooperação para
que este trabalho tomasse os rumos corretos, mas também pelo sentimento de colaboração e
atendimento a mim prestado meu MUITISSIMO obrigado….
Ao meu amigo "DUDU" que abriu seu coração ao relatar seu cotidiano no respectivo
trabalho meu muito obrigado....
Agradeço a instituição de ensino FESP-FACULDADES que me encaminhou de
maneira correta e transparente para mais uma etapa concluída na minha vida...
Agradeço também aos meus anjos de guarda e mentores espirituais que junto com
minha avó (ANTONIETA ARAÚJO) estão me guiando e guardando sempre...
E a todos que direta ou indiretamente fazem parte da minha formação, muito
obrigado
SUMÁRIO
RESUMO ...................................................................................................................... 09
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 09
2 ASPECTOS GERAIS A RESPEITO DA FACÇÃO CRIMINOSA ....................... 10
3 ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E SEUS CONCEITOS .................................... 11
3.1 PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL – P.C.C ........................................................ 11
3.2 COMANDO VERMELHO – C.V ................................................................................. 14
3.3 AMIGO DOS AMIGOS – A.D.A ................................................................................. 16
3.3.1 Instalação das UPP’s....................................................................................................16
3.4 ESTADOS UNIDOS – E.U.A ....................................................................................... 19
4 FACÇÃO OKIDA – O.K.D ........................................................................................ 20
4.1 SURGIMENTO DA FACÇÃO O.K.D .......................................................................... 21
4.2 ESTRUTURA DA FACÇÃO O.K.D ............................................................................. 21
4.3 O.K.D VERSUS E.U.A ................................................................................................... 23
4.4 MAPA DA ATUAÇÃO DA O.K.D E DOS E.U.A NOS BAIRROS DA CAPITAL ... 23
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 25
ABSTRACT .................................................................................................................. 27
REFERÊNCIAS............................................................................................................27
.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
P.C.C Primeiro Comando do Norte
C.V Comando Vermelho
A.D.A Amigo dos Amigos
O.K.D Okaida
E.U.A Estados Unidos
T.C Terceiro Comando
T.C.P Terceiro Comando Puro
C.V.R.L Comando Vermeljo Rogério Lemgreuber
P.G.C Primeiro Grupo Catarinenese
F.D.N Família do Norte
S.D.C Sindicato do Crime
C.P Comando de Paz
9
FACÇÃO CRIMINOSA “OKAIDA”: RELATO DE UM EX PRESIDIÁRIO
CARLA PATRÍCIA SILVA DE ARAÚJO1*
BRUNO CÉSAR AZEVEDO ISIDRO**
RESUMO
O presente estudo busca tecer considerações acerdada da “facção criminosa Okaida: relato de
um ex presidiário” tem como base analisar o crescimento desta facção mostrando como surgiu
em tese relatando outras facções conhecidas como base para melhor entendimento e
esclarecimento os atos e estruturas da mesma. Também foi realizada uma entrevista com um
ex presidiário pertencente a facção que junto com pesquisas bibliográficas nos confirmou de
maneira breve como a O.K.D se mantem. Percebe-se ao decorrer do estudo que não é possível
haver total entendimento no tocante à complexibilidade da violência existente em nossa
sociedade, causadas e criadas por várias situações que carregamos no nosso cotidiano,
costumes que não podem ser apenas responsabilizados, mas também agravados não só pela
desigualdade social, pela pobreza como também pelas diversas omissões do Estado em
negligenciar a implantação de políticas públicas que acarretam em melhores moradias,
empregos, lazer ,segurança etc. Com essa falta de estrutura o surgimento de facções
criminosas vem ocupando o lugar dos entes públicos, promovendo ações sociais que seriam
dever do Estado. Com desenvolver deste artigo percebo que a facção criminosa denominada
de Okaida tem como alvo jovens de classe média baixa, sem estudo, inicialmente solteiros,
sem estrutura familiar, moradores de bairros onde o índice de pobreza é notório.
PALAVRAS-CHAVE: Facção. Responsabilidade. Violência. Estado. Estrutura.
1 INTRODUÇÃO
Com base nos dias atuais, a sociedade vem sendo vitimada por práticas criminais,
influenciando de forma direta o convívio social nos lares. Tais práticas, de caráter ofensivo,
são praticados tanto por menores infratores bem como por parte dos de maior idade, cuja a
influência deste sobre aquele é tão incidente que os levam a trilhar o caminho da
criminalidade, consequência disto é a inclusão destes menores a determinados grupos de
proteção criminosa, a exemplo da Okaida, objeto de estudo deste trabalho.
1* Concluinte do Curso de Bacharel em Direito pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP
Faculdades, semestre 2017.2. E-mail: [email protected]. **
Doutor pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, em Transformações do Direito Privado, Cidade e Sociedade.
Possui mestrado em Direito Constitucional pela Universidade Federal do Ceará e Especialização em Processo Civil. Atualmente
é professor da Universidade Estadual da Paraíba. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Constitucional e
Processual. Juiz de Direito, autor do Projeto sobre o Monitoramento Eletrônico de Presos, que criou no Brasil as Tornozeleiras
Eletrônicas para presos e de um novo instituto em Direito Processual Penal, a Progressão Virtual da Pena. Coordenador do
Centro de Conciliação e Mediação em João Pessoa. Criador do Projeto Selo Amigo da Conciliação. Autor do livro O
Monitoramento Eletrônico de Presos e a Paz Social no Contexto Urbano - nova política de contenção da modernidade a partir da
visão da microfísica do poder e da sociedade de controle. Dentre outros projetos de repercussão nacional. Atuou como
orientadora desse TCC. E-mail: [email protected].
10
Devido a estes fatores e ao forte crescimento de tais práticas criminosas, como
também a influência de determinadas facções sobre os menores, levantamos a seguinte
questão: quais seriam as causas para o surgimento e aumento destes grupos criminosos? É de
se convir que a falta de estrutura social vivida em nossa sociedade vem a contribuir e muito
para a demanda no crescimento da criminalidade, visto que é observado a precariedade com
que as políticas públicas vêm aplicando sua metodologia para, de certa forma, maquiar a
máquina da sociedade, marginalizando a educação, a saúde e a moradia, pontos impares para
tolher o cidadão a partir de sua infância.
Portanto nosso intuito principal com este trabalho é demonstrar como a facção
denominada de Okaida se tronou um instrumento de corrupção e manipulação dentro o nosso
Estado, fazendo uma análise com base em relatos de um ex presidiário, estudando de forma
local a causa do crescimento desta facção para no geral verificar como a referida facção vem
crescendo no meio de crianças e adolescentes já iniciando a fase adulta. A metodologia
adotada foi a pesquisa bibliográfica adicionada a pesquisa de campo, tomando como base a
doutrina e a legislação vigente adaptada a pesquisa de campo para a análise da situação
específica correspondente ao trabalho de pesquisa.
Vamos analisar no século XXI as questões sociais que envolvem de maneira geral
nossa sociedade, as ligações entres estas e outras facções, estas transformações globais da
economia que faz como que gere efeitos grandiosos sobre a nossa sociedade atual e que
podem desencadear novos conflitos em nossa sociedade.
Vamos abordar também sobre o PCC (Primeiro Comando da Capital), fazendo breve
esclarecimento sobre a mesma situando ainda um breve relato do CV (Comando Vermelho) e
da ADA (Amigo dos Amigos) chegando enfim nas facções do Estado da Paraíba EUA
(Estados Unidos) e OKD (Okaida) a grande incentivadora deste estudo.
2 ASPECTOS GERAIS DAS FACÇÕES CRIMINOSA
Podemos definir facção criminosa como um grupo de três ou mais indivíduos que se
organizam de forma paramilitar, com hierarquia e bastante disciplina entre eles para cometer
crimes, geralmente como base o tráfico de drogas, como bem dispõe o art. 288 do Código
Penal, sobre a associação criminosa descrevendo que “associarem-se 3 (três) ou mais pessoas,
para o fim específico de cometer crimes.” (BRASIL, 2013).
Logo, não podemos confundir facção criminosa com organização criminosa, visto
que são grupos distintos, onde podemos definir de organização criminosa, aquele grupo que
11
no sua formação existem algumas precauções, a exemplo de seus integrantes, que para
fazerem parte são selecionados, no que diz respeito a hierarquia, a mesma é conquistada,
existe um certo controle com as finanças e por fim quando se trata da questão familiar, todos
são reparados caso algo aconteça, dentre outros exemplos que poderíamos aqui citar.
Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação
criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional (BRASIL,
2013).
Com a dificuldade de resolver os conflitos existentes com o objetivo de conceituar e
definir crimes de organizações criminosas, foi promulgada a Lei 12. 850 de 02 de agosto de
2013 que alterou o decreto-lei no 2.848 de 07 de dezembro de 1940 (Código Penal), revogou
também a legislação que tratava de sua matéria (lei no 9.034 de 03 de maio 1995), se
preocupando em definir o que vem a ser uma organização criminosa (BRASIL, 2013).
3 ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS E SEUS CONCEITOS
Atualmente, nossa sociedade está cada vez mais sendo tomada por facções
criminosas, grupos estes que não se intimidam com a atuação da força policial, como nem tão
palco do judiciário, visto que possuem um poderio de arma de fogo de grande calibre.
Podemos verificar que as facções criminosas se encontram ramificadas em todo o território
nacional, como também internacionalmente, através das chamadas rotas de drogas, no qual as
mais conhecidas falaremos a seguir.
3.1 PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL – P.C.C
Inicialmente, abordaremos o Primeiro Comando da Capital (PCC), que pode ser
conhecida também como 15.3.3 teve sua origem em meados dos anos 90, sendo mais preciso
dentro da casa de custódia (presídio) em Taubaté, no Piranhão (vulgarmente conhecido e
assim chamado o sistema carcerário de São Paulo naquela época). Em 2001, o sempre
conhecido como “pai” se tornou um líder de renome dentro deste grupo, por autorizar ataques
e provocar rebeliões em Bangu, através do uso de aparelhos celulares, sendo posteriormente
12
espancado em sua própria cela, por cinco membros de sua própria facção, que disputavam o
comando da organização (GLENNY, 2015).
Em 2002 o grupo foi liderado por Marcola, também conhecido como Playboy, que
foi detido em 2003, por acusação de participação no assassinato do Juiz da Vara de Execução
Penal Antônio José Machado Dias. Em 2006 os atentados dos civis e contra a força de
segurança deram início, sendo até destaque na mídia. Em 2012 o PCC perdeu o medo e
começou a atacar a polícia, onde muitos foram assassinados até mesmo na presença de seus
familiares, amigos etc. (GLENNY, 2015).
Fonte: (http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/10/o-crime-esta-em-guerra-maiores-faccoes-brasileiras-romperam.html)
O PCC deixou de ser uma facção e começou a ser uma organização criminosa a
partir do momento em que o objetivo deles eram conseguir dinheiro para financiar o grupo e
os irmãos (sócios). Dinheiro esse que é usado para compra de armas, drogas etc. Para poder se
tornar um membro do PCC, o criminoso precisa ser apresentado por um irmão da facção e ser
batizado por três irmãos que serão denominados de padrinhos. Após esse batismo o criminoso
terá que cumprir com o estatuto de dezoito itens elaborados pela organização PCC, quais são:
1. Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido
2. A Luta pela liberdade, justiça e paz
13
3. A união da Luta contra as injustiças e a opressão dentro das prisões
4. A contribuição daqueles que estão em Liberdade com os irmãos dentro da prisão
através de advogados, dinheiro, ajuda aos familiares e ação de resgate
5. O respeito e a solidariedade a todos os membros do Partido, para que não haja
conflitos internos, porque aquele que causar conflito interno dentro do Partido,
tentando dividir a irmandade será excluído e repudiado do Partido.
6. Jamais usar o Partido para resolver conflitos pessoais, contra pessoas de fora.
Porque o ideal do Partido está acima de conflitos pessoais. Mas o Partido estará
sempre Leal e solidário à todos os seus integrantes para que não venham a sofrerem
nenhuma desigualdade ou injustiça em conflitos externos (BRASIL, 2001).
Como podemos observar, os ideais da referida organização são pautados em
virtudes que trazem à baila o respeito mútuo entre os companheiros, como também a lealdade
entre os integrantes, uma vez que não se admite o uso do nome desta organização para
obtenção de status individual, pois a referida organização tem como ideologia a luta que busca
visar a benfeitoria para todos.
7. Aquele que estiver em Liberdade "bem estruturado" mas esquecer de contribuir
com os irmãos que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão
8. Os integrantes do Partido tem que dar bom exemplo à serem seguidos e por isso o
Partido não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema.
9. O partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo, interesse
pessoal, mas sim: a verdade, a fidelidade, a hombridade, solidariedade e o interesse
como ao Bem de todos, porque somos um por todos e todos por um.
10. Todo integrante tem que respeitar a ordem e a disciplina do Partido. Cada um
vai receber de acôrdo com aquilo que fez por merecer. A opinião de Todos será
ouvida e respeitada, mas a decisão final será dos fundadores do Partido (BRASIL,
2001).
Dando continuidade no estudo do estatuto da organização criminosa do P.C.C,
observamos nos itens de 7 a 10 que, se trata de como os integrantes devem se portar diante a
organização, buscando sempre no apoio mútuo de todos os integrantes, até mesmo daqueles
que se encontram encarcerados. Podemos frisar também que mentiras, condutas que venham a
denegrir ou maltratar pessoas de dentro do sistema da organização são inadmissíveis perante
eles, uma vez que a opinião de todos será ouvida e respeitada.
11. O Primeiro Comando da Capital PCC fundado no ano de 1993, numa luta
descomunal e incansável contra a opressão e as injustiças do Campo de
concentração "anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, tem como tema
absoluto a "Liberdade, a Justiça e Paz".
12. O partido não admite rivalidades internas, disputa do poder na Liderança do
Comando, pois cada integrante do Comando sabe a função que lhe compete de
acordo com sua capacidade para exercê-la.
13. Temos que permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra
novamente um massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 02
de outubro de 1992, onde 111 presos foram covardemente assassinados, massacre
este que jamais será esquecido na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do
Comando vamos mudar a prática carcerária, desumana, cheia de injustiças, opressão,
torturas, massacres nas prisões.
14
14. A prioridade do Comando no montante é pressionar o Governador do Estado à
desativar aquele Campo de Concentração " anexo" à Casa de Custódia e Tratamento
de Taubaté, de onde surgiu a semente e as raízes do comando, no meio de tantas
lutas inglórias e a tantos sofrimentos atrozes.
15. Partindo do Comando Central da Capital do KG do Estado, as diretrizes de
ações organizadas simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado,
numa guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final.
16. O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente do
Comando se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos
nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas
irreparáveis, mas nos consolidamos à nível estadual e à médio e longo prazo nos
consolidaremos à nível nacional. Em coligação com o Comando Vermelho - CV e
PCC iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o
Terror "dos Poderosos" opressores e tiranos que usam o Anexo de Taubaté e o
Bangú I do Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na
fabricação de monstros.
Conhecemos nossa força e a força de nossos inimigos Poderosos, mas estamos
preparados, unidos e um povo unido jamais será vencido.
LIBERDADE! JUSTIÇA! E PAZ!
O Quartel General do PCC, Primeiro Comando da Capital, em coligação com
Comando Vermelho CV
UNIDOS VENCEREMOS (BRASIL, 2001).
Desta forma verificamos as normas a serem seguidas por aqueles que desejam
adentrar na organização PCC, onde os integrantes precisam seguir a risca cada uma dessas
normas deste estatuto, não podendo de maneira alguma cogitar em algum momento o não
cumprimento delas, uma vez que assim que assumem um compromisso com a organização
criminosa, tem pleno conhecimento das regras, seu cumprimento, e caso não venha a cumprí-
la, sofrem determinadas repreensões que vai desde banimento até mesmo podendo chegar ao
assassinato do membro como também do extermínio de sua própria família.
Em outubro de 1192, porém, a polícia militar e as forças especiais de São Paulo,
perpetraram um massacre dentro do Carandiru, causando a morte de 111 detentos,
abatidos como gado. Em reação, um grupo de presos formou uma organização
formada primeiro comando da capital (P.C.C). Em sua declaração inaugural sobre a
missão a que se propunha, em termos tomado a linguagem do movimento pelos
direitos humanos, o P.C.P afirmava que fora criado para defender os presos e
favelados. Mais tarde, o comando vermelho afirmou que havia orientado a cúpula do
P.C.C em suas fases iniciais, e sem dúvida e retórica da organização de São Paulo
refletia a antiga estratégia do comando vermelho em projetar uma imagem de
libertação social para as favelas (GLENNY, 2015, p. 100).
Portanto, de acordo com o que expõe Glenny (2015), o massacre do Carandirú, que
desencadeou na criação da organização P.C.C, serviu como intuito de melhoria para o sistema
carcerário, para ser mais exato na melhoria para os detentos, uma vez que a responsabilidade
foi do Estado visto que partiu dele mesmo a autorização para o extermínio dentro da referida
penitenciária.
15
3.2 COMANDO VERMELHO – C.V
Surgido em meados dos anos 70 para final dos anos 80, na prisão Candido Mendes,
em Ilha Grande na cidade de Angra dos Reis/RJ, através da pessoa de Rogério Lemgruber,
donde suas siglas conhecidas são CV e CVRL, comando por presos (detentos) comuns e
presos políticos, que faziam parte da falange vermelha. Tiveram como integrantes e líderes o
famoso Fernandinho Beira Mar, Marcinho VP, Elias Maluco etc.
[....] Passou para o atacado criando vínculos próximos com a Farc na Colômbia. Até
então, grande parte da cocaína que entrava no Rio de Janeiro, era levado por
matutos, autônomos que transportavam eles mesmos, pequenas quantidades do
Paraguai e da Bolívia até o Rio de Janeiro (GLENNY, 2015, p. 119).
O comando vermelho surgiu no Brasil, mas teve expressão da prática dos seus atos
ilícitos para Bolívia, Peru, Paraguai e Colômbia, através dos laços feitos com a Farc (forças
armadas revolucionárias da Colômbia). As atividades ilícitas que regem essa facção são os
assassinatos, tráfico de drogas, assaltos, rebeliões e atividades terroristas.
É notório que o comando vermelho nos dias atuais não é considerado como facção
criminosa e sim como organização criminosa, uma vez que suas finanças são controladas e
conferidas. Como toda a facção (organização) o C.V também tem seus aliados e rivais. Como
aliados: PGC – primeiro grupo catarinense, criado em Santa Catarina, conhecido por
promover rebeliões, assaltos, sequestros, assassinato e narcotráfico. FDN – Família do Norte,
criado no Amazonas, tendo sua atividades o assassinato, o tráfico de drogas, a extorsão e as
rebeliões (nos registros da polícia federal, hoje essa facção conta com duzentos mil “narco-
soldados” efetivos).
Relatando ainda a disposição dos aliados temos, SDC – Sindicato do crime da
américa, tem a versão maligna da liga da justiça e colocam realmente a história e os
personagens em quadrinhos para fora quando vão praticar atos ilícitos. OKD – criado na
Paraíba, inspirado pela atividade da Al Qaeda (Islã), tendo suas atividades como assaltos,
assassinatos, tráfico de drogas extorsões e rebeliões. CP – Comando de Paz, criado em
Salvador, também conhecida como comissão a paz, com suas atividades de assaltos,
assassinatos, extorsões e rebeliões. Bonde dos 40 – criado em São Luiz do Maranhão, suas
atividades ilícitas são, assaltos, sequestros, atentados e tráfico de drogas.
Como visto, as facções que se aliam com o intuito de fortalecer o elo entre eles e
com a finalidade de ganhar e dividir territórios entre si, praticam basicamente atos ilícitos
parecidos. Em contrapartida, mesmo dentro de uma mesma organização existe a rivalidade
16
entre as facções, do C.V(comando vermelho) são rivais a T.C.P (terceiro comando puro),
conhecido anteriormente como terceiro comando, a após a morte de Lulu, ex patrão, Dudu,
que agora faz parte do A.D.A(amigo dos amigos), saiu do T.C (terceiro comando), deixando
os aliados de Lulu, formando o novo T.C.P, sendo este criado na cidade do Rio de Janeiro, no
ano de 2002, tendo como atividades ilícitas assaltos, tráfico de drogas e homicídio.
A seguinte rival da organização do C.V é a conhecida como A.D.A, criado em 1994,
porém apenas no em meados do ano de 2000 fez parceria com o T.C, tendo envolvimento em
diversas práticas criminosas como tráfico de drogas, assaltos e homicídios. E, por
conseguinte, a terceira rival dentre elas e a bem conhecida organização criminosa chamada de
P.C.C, que já se encontra citada nos parágrafos acima.
O comando vermelho por ser umas das primeiras facções (organizações) a terem um
certo espaço na mídia causou uma revolta muito grande entre outras facções como foi citada
acima. Por conta desta exposição, e do combate diário por território e trafico o C.V começou a
perder força e abriu oportunidade para o surgimento de outras facções. Essas mesmas
“amanhã” se tornariam suas próximas rivais.
3.3 AMIGO DOS AMIGOS – A.D.A
A facção A.D.A, surgiu entre 1994 e 1998, e logo se aliou ao T.C (que se formou
em um momento em que o C.V estava fragilizado), ligação este fruto de uma mesma
idealização, com o propósito de conquista de território, tendo como principais fundadores
Weslelinho, Escadinha e Celsinho da Vila Vintém. A aliança entre os referidos fundadores
surgiu no momento em que os integrantes da A.D.A conheceram o líder do T.C sendo
chamado de UÊ.
A A.D.A, rival mais recente do comando vermelho, está crescendo com uma rapidez
impressionante. Ao contrário do C.V, ela não tem uma hierarquia centralizada. È
uma coligação de favelas, cada qual com sua liderança própria. Além disso, seu
interesse principal se concentra no êxito através do comércio e não da coerção por
meio da violência - ainda que a violência continue a ser uma ferramenta
indispensável (GLENNY, 2015, p. 146).
Apenas em 2004, a facção A.D.A começou a dominar a rocinha depois da guerra
entre dois membros do C.V, que eram o Lulu e o Dudu. Os seguidores de Lulu sentiram-se
traídos pela organização do C.V depois do mesmo ter falecido nesta guerra na disputa de
territórios, entre a polícia e os traficantes, que logo após este acontecimento, os mesmos
17
migraram para a facção A.D.A, ou seja, o grupo de Lulu começou a dominar a rocinha, uma
vez que já estavam fazendo parte desta facção. Este acontecimento deu muito destaque para a
referida facção, após noticiário relatar que a A.D.A estava crescendo e ganhando território.
3.3.1 Instalação das UPP’s
Em 2013, instalou-se várias UPP’s, tanto na Rocinha como em várias favelas da
Cidade do Rio de Janeiro. Interessante se faz frisar é que quando fazemos a leitura do mapa
das UPP’s, percebemos que elas não foram instaladas praticamente em favelas que tem
milícia e favelas em que o C.V atuam, sendo instaladas apenas nas favelas onde o A.D.A e o
T.C.P (antigo T.C) atuavam, ou seja, o governo do Rio de Janeiro focou nestas duas facções
especiais que dominavam a zona sul praticamente, localizando-se a área nobre do Rio de
Janeiro, interesse do governo em atuar nestas favelas.
Fonte: Portal do Governo do Estado do Rio de Janeiro/RJ. Disponível em: <http://www.rj.gov.br/web/imprensa/exibeconteudo?article-id=1843320>. Acesso em: 10 out. 2017.
Com a chegada da UPP, é notório que a A.D.A se enfraqueceu em parte, pois, no
momento seguinte instalou-se a crise no governo do Estado do Rio de Janeiro, e o projeto das
UPP’s que estava seguindo um curso positivo, tomou caminhos diferentes devido à crise,
18
enfraquecendo o foco do governo, onde a A.D.A tornou a comandar novamente, apesar de
ainda existir UPP’s, tanto na Rocinha como em outras comunidades do Rio de Janeiro com
um poder coercitivo baixo.
Fonte: Arquivo pessoal da autora. Pesquisa própria. 2017.
A facção A.D.A está em constantes conflitos com todas as facções, menos com a
P.C.C (como dito desde a fundação e conflito eminente do T.C.P), que surgiu da divisão do
T.C, sendo esta briga com o C.V desde a fundação desta. Quando o C.V era aliado ao P.C.C
no passado e este aliado a A.D.A, a briga entre eles (C.V e A.D.A) gerava um certo
desconforto para o P.C.C, que mesmo assim deixava bem claro que isto era problema deles e
não se envolvia. Com o rompimento entre C.V e o P.C.C, criou-se uma forte parceria entre o
P.C.C e a A.D.A, que já era rival do C.V, estabelecendo com isso uma ajuda mútua entre eles,
que consistia no tráfico de drogas, armamento, divisão de territórios.
Como outras facções, a A.D.A vive do tráfico de drogas e do tráfico de armas, sendo
as armas compradas do dinheiro da venda de entorpecentes, ou seja, a origem do tráfico de
armas também acaba sendo a do tráfico de drogas. Em meados do ano de 2010, a A.D.A
começou a formar uma estrutura “empresarial”, guardando finanças, dividindo tarefas,
19
seguindo em hierarquia entre outras atividades, atuando também em atividades como vendas
de gás, transporte coletivo e arrecadações.
A operação das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro para a ocupação da
Rocinha desmontou a quadrilha do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o
Nem. Além do próprio Nem, ex “dono” do morro, muitos de seus principais
colaboradores foram presos pela polícia, durante o cerco e a tomada em novembro
(GOMIDE, 2011).
No ano atual o principal líder da A.D.A é o Antônio Francisco Bonfim Lopes
vulgarmente conhecido como Nem, também apontado como ex-´´dono´´ do morro que foi
preso em uma operação da Polícia Civil com ajuda dos demais órgãos policiais e junto com a
denúncia do Ministério Público que por vez bem acarretou na prisão dos demais integrante
desta facção. O tão conhecido chefe, Nem, foi preso dentro de um porta malas de um carro
durante a abordagem em uma blitz.
Agora iremos migrar nossas atenções para o Nordeste, local onde duas facções estão
tomando conta, e aterrorizando os moradores dessas regiões. A disputa de territórios vem se
alastrando para muitas cidades em especial João Pessoa, cidade cede das facções Estados
Unidos e Okaida.
A Al-Qaeda e os Estados Unidos são inimigos na Paraíba. Batizados com os nomes
do grupo terrorista islâmico e seu principal oponente, as duas facções agem a partir
dos presídios e disputam o controle do tráfico de drogas no Estado. A atuação desse
tipo de facção criminosa, que controla o crime a partir de presídios, não se restringe
ao estado da Paraíba ou São Paulo, com o P.C.C (FOLHA DE SÃO PAULO, 2011,
p. 01).
Portanto, como relatado pela Folha de São Paulo, as facções criminosas existentes na
cidade de João Pessoa, se deu com a migração de integrantes da cidade de São Paulo para
nossa Capital devido a necessidade de expansão das organizações criminosas, com o intuito
de ganhar território e aumento de seu quadro de integrantes, buscando ganhar novos mercados
e novos líderes para ingressarem na sua hierarquia.
3.4 ESTADOS UNIDOS – E.U.A
Para podermos entender como se dá a empresa Okaida, precisamos falar da facção
EUA, também existente na Paraíba, na cidade de João Pessoa, facção esta que veio surgir
após o surgimento de outras facções que foi titulada com a ajuda do P.C.C na época, devido
ao desentendimento entre este e a O.K.D.
20
Surgida após um ano da criação daquela, que se deu devido as invasões que a mesma
estava realizando em vários pontos de drogas, que em consequência disto as referidas “bocas
de fumo”2 se juntaram e resolveram fazer uma versão do conflito que ocorre entre a Al-Qaeda
e os Estados Unidos da América, fazendo surgir assim a facção EUA. Vale salientar que a
briga destas facções não se dá devido a religião. O EUA é aliado ao PCC para o fornecimento
de drogas e armas, e a relação entre o P.C.C e o EUA é bastante estreita, devido ao grande
reconhecimento desta por consequência da violência cometida por seus atos ilícitos, e as
outras facções, não têm interesse nesta aliança, pois a investigação midiática e política é
muito acirrada, atrapalhando assim suas atividades.
[...] Os estados unidos logo surgiram para fazer frente e dar início a um confronto
que, a julgar pela nomenclatura, tem um que de megalomania. As comunidades de
Mandaru e Novais passaram a ser disputadas entre as gangues rivais. O membro dos
Estados Unidos, a exemplo dos inimigos, tem sinais característicos: usam tatuagens
com a bandeira americana ou desenham carpas, espécie de peixe, também adotadas
por líderes do P.C.C (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa que age
nos presídios de São Paulo.
O delegado afirma que os Estados Unidos viraram uma espécie de filial do P.C.C na
Paraíba. Os traficantes do grupo recebem em torno de 50 quilos de crack por mês da
quadrilha paulista, conforme investigação da Policia Civil (SARMENTO, 2012,
p.1).
Surgida na cidade de Joao Pessoa/PB tendo como principal ponto o bairro de
Mandacaru a facção EUA, veio se fortificando quando seus membros encarcerados foram
transferidos para presídios no interior do estado, fortalecimento este que começou a ganhar
membros nos devidos presídios, fazendo com que a facção conquistasse novos territórios e
novos aliados, não existindo um líder definido, onde as pessoas consideradas de respeito nesta
facção são os conhecidos como Neguinho, Coroa Daniel, Mago Daniel e Coroa Nino, não
sendo taxados como líderes, mais sim “poderosos”, com seu respeito assegurado pelos
membros desta facção.
Fonte: Arquivo pessoal da autora. Pesquisa própria. 2017.
2 Local onde os viciados em drogas frequentam para o uso/consumo.
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O meio de se conquista a ser membro desta facção criminosa, é preciso ser
apresentado por um integrante na ativa e ter práticas de atos ilícitos, onde as idades dos
integrantes variam, que vai desde as crianças de periferia, usuários de drogas dentre outros. O
símbolo utilizado para identificar a referida facção é uma carpa, como mostra figura a cima.
4 FACÇÃO OKAIDA – O.K.D
Tendo em vista que estas três facções foram apresentadas de tal forma que
pudéssemos entender e ter uma noção de como elas estão tomando conta de nossa sociedade
nos dias atuais, iremos agora relatar e desenvolver a respeito da facção criminosa denominada
de Okaida, através do relato de um ex presidiário, que trouxe para o referido trabalho a
veracidade dos fatos realmente condizentes do que ocorre dentro da determinada facção a ser
neste momento abordada, sendo este o ponto chave deste trabalho.
4.1 SURGIMENTO DA FACÇÃO O.K.D
Como relatado por Bezerra (2012) a O.K.D começou em meados do final do ano 2000
e início do ano de 2001, quando os presos, com o intuito de comandar e controlar os pontos de
drogas na cidade de João Pessoa, através e atos de estrema violência, dicas de passagem,
espelhando tal violência do gripo de terrorista Islã (“Al-Qaeda”), que adaptado ficou
conhecido como Okada. Quando perguntado à Alan Murilo Terruel, delegado da polícia civil,
responsável pela delegacia de repressão e entorpecentes, o mesmo argumentou que “idéia da
Al-Qaeda se alastrou e virou até funk. Eles se inspiraram no Osama Bin Laden e pretendiam
realizar ações camicase”.
A facção se propagou por alguns bairros de João Pessoa como Mandacaru, São José,
Novaes, Alto do Mateus e Ilha do Bispo, e nestes locais uma estrutura de tráfico de
drogas. O grupo, segundo as investigações, vendia de 20 a 30 Kg por semana de
crack, droga fornecida pelo P.C.C(primeiro comando da capital), organizações que
agem no presídio de São Paulo.
No ano passado, após sucessivas ações da polícia, para reprimir o tráfico, integrantes
da okaida, chegaram a promover badernas na cidade, como a queima de dois ônibus.
Um dos seus principais líderes criminosos conhecidos como Fão, acabou transferido
para o presídio federal de Porto Velho-RO (SANTOS, 2015, p. 66).
Como consequência, a facção O.K.D, em primeiro instante de seu surgimento teve
como sede os bairros citados, porém quando perguntamos para qualquer integrante todos
afirmam que o seu surgimento se deu dentro da comunidade do Bairro São José, ocorrendo
22
após a expansão para os demais bairros da capital, com a intenção de fortalecer sempre esta
facção ganhando novos integrantes.
4.2 ESTRUTURA DA FACÇÃO O.K.D
O delegado relata o símbolo de cada facção que os integrantes atuam, sendo ele
O.K.D – um palhaço (bobo da corte) e o boneco assassino, conhecido como Chuck, o símbolo
da facção dos E.U.A, e o mesmo ainda comenta que aquela facção recruta o que eles chamam
de (exército dos viciados), que são pessoas sem faixa etária mínima, podendo ser de crianças
até adultos, que são usuário de entorpecentes, como vislumbramos nas imagens abaixo
relacionadas.
Fonte: Jornal da Paraíba. Disponível em:
<http://www.jornaldaparaiba.com.br/vida_urbana/noti
cia/96481_criancas-sao-recrutadas-para-o-trafico--diz
pm>. Acesso em: 05 out. 2017 .
Fonte: PB Atual. Disponível em:
<http://pbatual.com.br/single.php?page=1886>.
Acesso em: 05 out. 2017.
Como disse anteriormente a facção é conhecida por atuar com bastante violência,
não sente represália nenhuma quando se trata do poder de polícia, nem tampouco quanto aos
seus rivais, uma prova disto, o entrevistado relata bem, quando fala, “rapaz, quando agente
pega o povo dos E.U.A leva para mata, decepa, tora a cabeça, arranca os braços, faz um
estrago absurdo, tudo isso a mando do patrão. Nois temo que fazer. O que ele falar ta falado”
(ENTREVISTADO, 2017).
Como toda facção e organização criminosa, a O.K.D também dispões de algumas
regras que precisam ser seguidas, para que se possa ingressar nessa facção é preciso seguir as
mesmas e ser indicado por um integrante deles que tenha um bom “conceito”. Quando
perguntado, o entrevistado fala sobre essas regras e como funciona.
23
Existem regras sim, com certeza você precisa roubar, depois se precisar matar.
Quando o patrão precisa agente precisa sempre esta a disposição pra tudo. Artigo
127 e artigo 121 são essenciais. Não admitimos de hipótese alguma estuprador ou
pedófilo. Somos os aviãosinhos dos cara mesmo. Ele manda e nois faz
(ENTREVISTADO, 2017).
É perceptível que a O.K.D recruta pessoas sem estrutura alguma, pessoas estas que
não tiveram uma base familiar sólida e que não possuem percepção nenhuma do futuro,
pessoas com certo defeito na sua formação educacional, geralmente menores criados em rua,
sem a represália de seus pais quando necessária. Na verdade, eles criam uma suposta ilusão de
vida relativamente boa para seus membros, que com pouco tempo percebem a volta que o
mundo dá. A O.K.D não costuma ter chefes, e patente usada por eles é o suposto respeito que
alguém carrega consigo, que também é chamado de “conceito”.
4.3 O.K.D VERSUS E.U.A
Quando se trata da rivalidade entre E.U.A e O.K.D é notório que a disputa de
território e de tráfico de droga seja bastante acirrada uma vez que tomam isso como trabalho e
tiram deste seu sustento para a vida pregressa desta vida. O entrevistado com toda certeza
afirmar como trata um membro de outra facção quando capturado pela mesma relatando
sempre que toda ação seja a mando do “patrão”.
cara quando a gente pega leva pra mata decepa o cara tora a cabeça tira as pernas faz
o máximo de estrago tudo isso a mando por que tudo isso é a mando do PATRÃO
porque o que ele falar ta falado nois e OKD e Estados não tem vez aqui não OKD
sempre zero boi (ENTREVISTADO, 2017).
O entrevistado partir do princípio de que tudo que assim lhe mandarem fazer tem que
ser feito, percebo que parte também de uma questão que está ligada ao orgulho do mesmo,
uma vez que não sente intimidado em falar que faz parte desta facção. É como se fosse uma
gratidão do mesmo aos idealizadores conceituado desta facção, a reciprocidades do
entrevistado é nítido o tempo todo na entrevista.
4.4 MAPA DA ATUAÇÃO DA O.K.D E DOS E.U.A NOS BAIRROS DA CAPITAL
Logo essa rivalidade vem tomando maiores proporções no sistema carcerário, como
dito anteriormente essas facções citadas tiveram início nos grandes presídios da nossa Joao
24
Pessoa. Tanto o entrevistado como pesquisas afirmam que, ao entrar em sistema carcerário o
indivíduo que foi preso necessita escolher alguma facção para se aliar, tendo visto que
pavilhões são separados por cada facção presente Segundo Pontes Jornalismos. Dando ainda
mais força a esta afirmação o entrevistado relata:
Quando você chega no presidio não tem essa de você dizer que não é de nenhuma
facção não, ou sou da facção de jesus ou você é da OKD ou é do EUA não existe
isso não ou você é de um lado ou é do outro. De todo jeito você tem que ir por mais
que você não seja você precisa se aliar a uma facção é guerra que a pessoa compra
com os outros pessoal não tem jeito depois que você entrar dentro de um presidio
rapaz a pessoa vai embora (ENTREVISTADO, 2017).
Sendo assim essas rivalidades que começam entre as grades dos presídios vão muito
além dos muros destes atingindo também os bairros subsequentes de cada cidade. Como
mostra a figura abaixo os bairros e suas respectivas facções criminosas na grande Joao Pessoa.
O crescimento é perceptível se torna avassalador a maneira como ganham território.
Fonte: Notícias policiais. Disponível em:
<http://www.wscom.com.br/noticias/policial/portal+ig+repercute+nacionalmente+o+mapa+da+criminalidade+e
m+joao+pessoa-121486>. Acesso em: 30 out. 2017
Este mapa mostra como as facções presentes no Estado da Paraíba, localizados
precisamente na cidade de João Pessoa, eram no ano de 2012. Percebe-se que, a atuação das
facções eram consideradas moderadas, tendo em vista que atuação das mesmas não se
apresentavam em todas as localidades, e sim em bairros, denominadas comunidades
periféricas.
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Atuação da facção da O.K.D Atuação da facção E.U.A
Fonte: pesquisa própria. Adaptada pelo autor, 2017.
Como podemos observar, o mapa acima mostra a expansão territorial das facções
situadas em João Pessoa. Observa-se também que, a facção denominada de O.K.D, tem um
maior poder de concentração dentro do território de João Pessoa/PB, fato este que podemos
perceber através da interligação que tem os bairros e a força conjunta que a referida facção
possui em expandir seus ideias e atos, que desta forma aumenta cada vez mais o poder de
força e seus integrantes.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho vários aspectos das facções foram citadas. Percebe-se que as
organizações criminosas existentes abrem um espaço muito grande de oportunidades para o
nascimento de outras, contudo analisa-se que o PCC primeiro comando da capital. Por ser
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umas das organizações criminosas mais conhecidas nos dias atuais, quando abre esta
oportunidade estreita seus laços mediante a uma suposta aliada. Tendo em vista que ao entrar
nessa organização regras precisam ser seguidas com o objetivo de fortalecer a mesma. Por
esta ter vindo depois do CV comando vermelho, entende -se que a ajuda na época foi de
enorme valia pata ambas ad organizações conseguirem o crescimento atual e repercussão.
Quando nos referimos ao comando vermelho CV entendemos e percebemos que esta
organização é totalmente influenciada pelas prisões dos presos políticos de esquerda que junto
com os presos comuns originaram a mesma. Fazendo as vezes entendermos que talvez o
crime organizado tenha surgido através da omissão do estado em não se preocupar.
A OKD (OKAIDA) e os EUA (ESTADOS UNIDOS) se originaram na Paraíba por
conta dessa omissão. Após surgimento desta e daquela que vem ganhando força em
comunidades periféricas, comunidade esta que é perceptível a não ajuda do estado através de
políticas públicas, acarretando uma má base estrutural familiar onde o grau de escolaridade
não ultrapasse o nível fundamental e que a falta de oportunidade é visivelmente observada.
Nos dias atuais vemos que o estado não se empenha em buscar soluções para os
lemas comuns da sociedade, tendo em vista que cada estado vive um contexto de sua própria
cultura, sendo ligados a seus costumes, tradições e seus padrões de vida. Que não justifica de
hipótese alguma o envolvimento com crime organizado. E daí que a OKD se originou nos
presídios? Por acaso “ressocializar” é algo novo? Ou simplesmente não saiu do papel? São
essas questões que levam menos e adolescentes continuarem nesse mundo.
A OKD vem tomando proporções inadmissíveis em nosso estado, esse poder que ele
tem de se expandir e ganhar novos integrantes para sua suposta facção, nos faz ficar com
receio de que esses mesmos integrantes venham a ser nossos irmãos, filhos, primos, sobrinhos
e entre outros. Vê-se também que a referida facção age de maneira parecida com a EUA (sua
rival), ambas demostrando bastante violência nos seus atos ilícitos diários. Possuem também o
mesmo alvo que são integrantes que são viciados em droga, geralmente moradores de
comunidades.
Tendo em vista tudo que foi abordado neste trabalho percebo e continuo acreditando
que a causa maior do surgimento e do aumento repentino seja a falta de estrutura educacional,
social, psicológica, que os entes públicos não veem oferecendo. Ainda mais a falta de
oportunidade somada a tudo isso desencadeia a opção de ver o tráfico como um trabalho
comum sendo esta a única opção de subir ou crescer sobrevivendo nessa vida.
27
"OKAIDA" CRIMINAL FACTION: REPORT OF AN EX-REPORT
ABSTRACT
The present study, titled "OKAIDA criminal faction: an ex-prisoner's report", is based on
analyzing the growth of this faction, showing how it emerged in thesis, reporting other
factions known as the basis for a better understanding and clarification of the acts and
structures of the faction. An interview was also held with a former prisoner belonging to the
faction who along with bibliographical research confirmed us briefly as O.K.D maintains. It is
understood during the course of the study that it is not possible to have a total understanding
regarding the complexity of violence existing in our society, caused and created by various
situations that we carry in our daily lives, customs that can not only be blamed but also not
only aggravated social inequality, poverty as well as the various omissions of the State in
neglecting the implementation of public policies that lead to better housing, jobs, leisure,
security, etc. With this lack of structure, the emergence of criminal factions has been taking
the place of public entities, promoting social actions that would be the duty of the State. With
the development of this article, I realize that the criminal faction known as Okaida targets
low-middle-class young people, with no study, initially single, without family structure,
residents of neighborhoods where the poverty index is notorious.
KEYWORDS: Faction. Responsibility. Violence. State. Structure.
REFERÊNCIAS
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veja o mapa de atuação da AL-QAEDA e EUA. Portal Correio, João Pessoa, 28 Fev 2012.
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a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
28
Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Disponível em:
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A658f Araújo, Carla Patrícia Silva de.
Facção criminosa: relato de um ex presidiário / Carla Patrícia Silva de Araújo. – Cabedelo, 2017.
29f.
Orientador: Prof. Dr. Bruno César Azevedo Isidro.
Artigo Ciêntifico (Bacharelado em Direito) Faculdade de Ensino Superior da Paraiba.
1. facção. 2. responsabilidade. 3. violência. 4. estado. 5. estrutura I. Título.
BC/FESP CDU: 341
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