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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7 CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING E DE RELAÇÕES PÚBLICAS NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS: UM ESTUDO DE CASO DA NATURA ÉMERSON SANTIAGO MACIEL FÉLIX FORTALEZA 2011.1

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FACULDADE 7 DE SETEMBRO - FA7

CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL –

HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING E DE RELAÇÕES PÚBLICAS

NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS:

UM ESTUDO DE CASO DA NATURA

ÉMERSON SANTIAGO MACIEL FÉLIX

FORTALEZA – 2011.1

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ÉMERSON SANTIAGO MACIEL FÉLIX

AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING E DE RELAÇÕES PÚBLICAS

NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS:

UM ESTUDO DE CASO DA NATURA

Monografia apresentada à Faculdade 7 de

Setembro como requisito parcial para obtenção

do título de Bacharel em Comunicação Social –

Habilitação em Publicidade e Propaganda.

Orientadora: Luciana Freire, Mestre.

FORTALEZA – 2011.1

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AGRADECIMENTOS

Inicio meus agradecimentos a Deus, por me amparar em todas as dificuldades, por seu

amor inesgotável e por ser a razão do meu viver.

Aos meus pais que, mesmo com as dificuldades, sempre priorizaram meus estudos e

confiaram em mim na tomada de cada decisão.

Aos meus irmãos, meu sobrinho, minha querida Dinha, meus cunhados e todos meus

familiares que acreditaram em mim e estiveram presentes quando mais precisei.

À Mestre Luciana Freire, minha orientadora, pelo companheirismo, pelo apoio, pela

paciência e pelo presente de uma grande amizade.

Aos meus professores da Faculdade 7 de Setembro, por toda dedicação e preparação

ao me ajudar a ser um cidadão e um profissional melhor.

Aos meus amigos, os velhos e os novos, que, mesmo com minha ausência,

preocuparam-se comigo e continuaram firmes no compromisso da amizade.

Aos queridos chefes dos estágios, Liduína Félix e Salomão de Castro, por

proporcionarem a flexibilidade dos meus horários e serem tão compreensivos durante os

meses de elaboração desta pesquisa.

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O progresso dá-nos tanta coisa que não nos

sobra nada nem para pedir, nem para desejar,

nem para jogar fora.

(Carlos Drummond de Andrade)

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RESUMO

Atualmente, um dos principais questionamentos em que as organizações econômicas

se deparam é de como lucrar e ao mesmo tempo gerar uma boa imagem institucional na mente

dos consumidores. Esta é uma condição imposta pelo processo de institucionalização adotado

pelas empresas em resposta a uma postura mais crítica dos seus públicos interno e externo. É

objetivo deste trabalho, avaliar a inter-relação entre os conceitos de instituição e organização,

que vem acontecendo de forma mais expressiva a partir do final do Século XX, apontar as

atividades institucionais desenvolvidas pelas técnicas de comunicação associadas ao

marketing institucional e às estratégias de relações públicas e demonstrar como a empresa

brasileira Natura vem desenvolvendo uma nova postura institucional mesclando seus

investimentos econômicos e sociais. A metodologia é baseada numa revisão bibliográfica

sobre os conceitos e atividades ligadas ao fenômeno do processo de institucionalização, assim

como um estudo de caso que revela como a Natura tem desenvolvido suas atividades

institucionais.

Palavras-chaves: Organização, instituição, processo de institucionalização, marketing

institucional, relações públicas, Natura.

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ABSTRACT

Currently, a major issue on which economic organizations face is how to profit while

generating a good corporate image in the minds of consumers. This is a condition imposed by

the institutionalization process adopted by companies in response to a more critical of their

internal and external audiences. It is the aim of this study, to evaluate the interrelationship

between the concepts of institution and organization that has been happening more expressive

from the end of the twentieth century, pointing out the institutional activities carried out by

means of communication associated with the institutional marketing and public relations

strategies and demonstrate how the Brazilian company Natura has developed a new

institutional attitude merging its economic and social investments. The methodology is based

on a literature review on the concepts and activities related to the phenomenon of the

institutionalization process, as well as a case study that reveals how Natura has developed its

institutional activities.

Keywords: organization, institution, institutionalization process, institutional

marketing, public relations, Natura.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ..................................................................................... 10

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 10

1.2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 10

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 10

1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 10

1.4 JUSTIFICATIVAS ......................................................................................................... 13

2 ORGANIZAÇÕES E INSTITUIÇÕES ............................................................................. 15 2.1 DIFERENÇAS CONCEITUAIS .................................................................................... 15

2.2 SÉCULO XX, MUDANÇAS SOCIAIS E O SURGIMENTO DE NOVOS

CONCEITOS ........................................................................................................................ 17

3 MARKETING INSTITUCIONAL NO PROCESSO DE MUDANÇA

COMPORTAMENTAL DAS ORGANIZAÇÕES .............................................................. 20 3.1 SURGIMENTO DO MARKETING INSTITUCIONAL............................................... 20

3.2 APLICAÇÃO DO MARKETING INSTITUCIONAL E SUAS CONVERGÊNCIAS

COM O MARKETING EMPRESARIAL ........................................................................... 22

4 RELAÇÕES PÚBLICAS NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS

ORGANIZAÇÕES ................................................................................................................. 25 4.1 FUNÇÕES DAS RELAÇÕES PÚBLICAS ................................................................... 25

4.1.1 FUNÇÃO ADMINISTRATIVA ............................................................................. 25

4.1.2 FUNÇÃO ESTRATÉGICA .................................................................................... 26

4.1.3 FUNÇÃO MEDIADORA ....................................................................................... 27

4.1.4 FUNÇÃO POLÍTICA ............................................................................................. 29

4.2 ATIVIDADES INSTITUCIONAIS DAS RELAÇÕES PÚBLICAS ............................ 30

4.2.1 RELAÇÕES PÚBLICAS E O DESENVOLVIMENTO DA PROPAGANDA

INSTITUCIONAL ........................................................................................................... 32

4.3 RELAÇÕES PÚBLICAS EM APOIO AO COMPOSTO MERCADOLÓGICO DE

MARKETING ...................................................................................................................... 34

4.3.1 APOIO INSTITUCIONAL AO FATOR PROMOÇÃO ......................................... 34

4.3.2 APOIO INSTITUCIONAL AO FATOR PREÇO .................................................. 35

4.3.3 APOIO INSTITUCIONAL AO FATOR PRODUTO ............................................ 36

4.3.4 APOIO INSTITUCIONAL AO FATOR PRAÇA .................................................. 36

5 ATUAÇÃO DA EMPRESA NATURA COSMÉTICOS NO PROCESSO DE

INSTITUCIONALIZAÇÃO .................................................................................................. 37 5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO MERCADOLÓGICA DA EMPRESA NATURA

COSMÉTICOS ..................................................................................................................... 37

5.2 QUALIFICAÇÃO DA NATURA EM RELAÇÃO AOS CONCEITOS DE

ORGANIZAÇÃO E INSTITUIÇÃO ................................................................................... 39

5.3 A ATUAÇÃO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS NO PROCESSO DE

IMPLEMENTAÇÃO DO MARKETING INSTITUCIONAL DA NATURA .................... 41

5.3.1 MARKETING INSTITUCIONAL DA NATURA ................................................. 41

5.3.2 ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS DA

NATURA ......................................................................................................................... 45

5.4 AS FUNÇÕES DE RELAÇÕES PÚBLICAS DA NATURA ....................................... 47

5.4.1 ASPECTOS DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA DE RELAÇÕES PÚBLICAS

DA NATURA ................................................................................................................... 47

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5.4.2 ASPECTOS DA FUNÇÃO ESTRATÉGICA DE RELAÇÕES PÚBLICAS DA

NATURA ......................................................................................................................... 48

5.4.3 ASPECTOS DA FUNÇÃO MEDIADORA DE RELAÇÕES PÚBLICAS DA

NATURA ......................................................................................................................... 48

5.4.4 ASPECTOS DA FUNÇÃO POLÍTICA DE RELAÇÕES PÚBLICAS DA

NATURA ......................................................................................................................... 49

5.5 ANÁLISE DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DA COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

DA NATURA ....................................................................................................................... 50

5.6 ANÁLISE DO USO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS DA NATURA NO COMPOSTO

MERCADOLÓGICO DE MARKETING ............................................................................ 51

5.6.1 PROMOÇÃO .......................................................................................................... 51

5.6.2 PREÇO .................................................................................................................... 52

5.6.3 PRODUTO .............................................................................................................. 53

5.6.4 PRAÇA .................................................................................................................... 54

5.7 DESCRIÇÃO DE ALGUMAS DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA

EMPRESA NATURA COSMÉTICOS NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO

.............................................................................................................................................. 55

5.7.1 PROJETOS NATURA ............................................................................................ 56

5.7.2 APOIOS E PATROCÍNIOS DA NATURA ........................................................... 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 65

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1 INTRODUÇÃO

O processo de institucionalização há muito, vem sendo estudado e praticado por

diversas empresas, mas, hoje, as organizações necessitam de um aperfeiçoamento das suas

técnicas de comunicação na tentativa de integrar os interesses públicos e privados,

principalmente através das relações públicas.

As empresas tornam-se menos resistentes ao processo de conscientização e adaptação

de suas atividades diante do conceito do comportamento empresarial socialmente responsável,

adotando atividades que atendam ao compromisso ético com a sociedade e contribuam para

uma geração de lucros vinculada ao bem-estar do público que está exposto aos efeitos de suas

atividades no meio ambiente.

No Brasil, a atenção voltada para as ações institucionais tem se tornado maior com o

passar dos anos. As empresas passaram a desenvolver atividades vinculadas ao Estado no

intuito de contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade melhor. Realizam-se

numerosas pesquisas e estudos que visam nortear como essas organizações devem agir com

seus respectivos públicos, na expectativa de gerar melhorias sociais.

Pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) têm

revelado que os investimentos das empresas brasileiras em projetos sociais estão

crescendo. Dados da última pesquisa realizada, publicados no jornal O Estado de S.

Paulo no dia 16 de abril de 2002, registram que, de 1.800 empresas nas diversas

regiões do país, 59% investem no social e só na Região Sudeste dois terços destinam

algum dinheiro para esse fim, o que representa 0,6% do PIB nacional. (KUNSCH,

2003, p.131)

As pessoas cada vez mais estão protestando e tornando-se mais exigentes,

principalmente com as mudanças climáticas, a degradação do meio ambiente, as más

condições de trabalho, a exploração do trabalho infantil etc, os consumidores voltam sua

atenção para acontecimentos jamais percebidos anteriormente e que estão direta ou

indiretamente ligados às atividades produtivas das organizações.

Deste modo, torna-se inviável acreditar que o processo de institucionalização de uma

empresa acontecerá apenas com a utilização de sofisticadas propagandas e de boas estratégias

de relações públicas. Faz-se necessário que, além disso, haja veracidade entre o que é

propagado e o que é realmente realizado para melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Hoje o indivíduo, mais consciente dos seus direitos e deveres, percebe que pode e

deve participar do processo de construção de uma sociedade mais justa, sabedor de

que o Estado sozinho não dá conta de cumprir sua missão. E as organizações, por

sua vez, são convidadas a exercer novos papéis na construção da cidadania, sendo

muito grande o número de programas ligados a projetos sociais e a parcerias com o

terceiro setor. (KUNSCH, 2003, p.130)

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A busca pela sobrevivência e pela vantagem competitiva das empresas está

diretamente ligada a sua postura diante da sociedade e dos seus consumidores, gerando,

assim, uma mudança de paradigma de gestão, na qual as empresas precisam alinhar os

interesses econômicos às práticas de responsabilidade socioambiental.

Estudar a realização das atividades do marketing institucional e de relações públicas é

fundamental para compreender o processo de institucionalização das organizações e como

estas têm se adaptado para se manterem economicamente ativas a longo prazo, assumindo

compromissos sociais e ambientais com um público cada vez mais exigente e consciente.

1.1 Definição do problema

Diante do exposto, o presente trabalho monográfico tem como problema de pesquisa:

Quais as estratégias de marketing institucional desenvolvidas pela Natura e o papel das

relações públicas neste processo?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Investigar as estratégias de marketing e as funções das relações públicas desenvolvidas

pela Natura no processo de institucionalização.

1.2.2 Objetivos específicos

Qualificar a Natura em relação aos conceitos de organização e instituição;

Mostrar a atuação das relações públicas no processo de implementação das estratégias

de marketing institucional da Natura;

Apontar as estratégias desenvolvidas pela Natura no processo de institucionalização.

1.3 Metodologia

Para a realização desta monografia, alguns cuidados foram observados para condução

da pesquisa sobre as organizações que, nos últimos anos, apresentam-se inclinadas a passar

por um processo de institucionalização por meio do estabelecimento de compromissos com a

sociedade.

A pesquisa bibliográfica é de fundamental importância para a análise dos novos

valores institucionais agregados pelas empresas, uma vez que ela procura explicar o problema

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por meio da análise da literatura já publicada em forma de livros, revistas, publicações

avulsas, imprensa escrita e disponibilizada na internet.

Um dos cuidados que foram tomados diz respeito a um necessário esforço de

organização e realização de coleta e análise de dados empíricos sobre o cenário atual das

organizações, que adotam uma nova imagem social no processo de institucionalização dos

seus serviços. Isto porque não basta reproduzir teorias e conceitos já formulados sobre

cenários anteriores ao problema.

O desenvolvimento deste trabalho terá como base a análise do exemplo de uma

empresa que adota a responsabilidade social no seu plano de atuação no mercado, e de como a

mesma desenvolve suas técnicas de marketing institucional e de relações públicas na

interação com seus públicos e com a sociedade em geral.

Portanto, a primeira parte desse trabalho será voltada para uma revisão bibliográfica

sobre o fenômeno do processo de institucionalização enfrentado pelas organizações no mundo

contemporâneo, privilegiando aquelas dedicadas em descrever os conceitos de organização e

instituição, marketing institucional e marketing empresarial, relações públicas e propaganda

institucional.

Aliado a isso, e representando a segunda parte deste trabalho, as ideias foram

produzidas a partir da utilização de ferramentas metodológicas qualitativas, ou seja,

interessadas em encontrar as principais características das organizações que buscam integrar-

se a sociedade oferecendo algo além do convencional, mas também uma preocupação com o

bem-estar e a qualidade de vida dos seus públicos.

Após a pesquisa bibliográfica foi realizado um estudo de caso, analisando como o

processo de institucionalização das organizações, por meio dos compromissos sociais, tem

sido praticado pela Natura. Com isso, a delimitação da unidade-caso do estudo foi a empresa

Natura Cosméticos, que aplica algumas das técnicas do marketing institucional e de relações

públicas em suas ações.

Esta segunda parte disporá, por sua vez, da análise e do acompanhamento da empresa

que já desenvolve responsabilidades sociais no segmento em que atua. Esta perspectiva

servirá para indicar o novo perfil adotado pelas empresas brasileiras que buscam ou já

conseguiram tornar-se uma instituição, através do bom trabalho com as relações públicas e a

propaganda institucional. Só assim, pode-se contribuir para uma compreensão mais precisa

sobre as causas que impulsionam as organizações a adotarem, no seu plano estratégico de

atuação, a prática da responsabilidade social.

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A pesquisa, quanto aos objetivos, é exploratória no primeiro momento como base a

pesquisa bibliográfica uma vez que foram aprimoradas ideias, ajudando na formação de

hipóteses para pesquisas posteriores. Já no segundo momento desta monografia, aplicou-se a

pesquisa descritiva como base ao estudo de caso, onde se almeja descrever as técnicas de

comunicação e as práticas sociais desenvolvidas pela Natura.

Com base na pesquisa exploratória bibliográfica, foi desenvolvida uma análise de

conteúdo qualitativa das informações pesquisadas nos endereços eletrônicos, a fim de analisar

como a empresa se posiciona institucionalmente.

A princípio, o trabalho tinha como proposta realizar a análise dos dados em função do

material divulgado no meio eletrônico a respeito da Natura. Entretanto, ao longo do processo,

se fez necessário, para responder aos objetivos estabelecidos na monografia, realizar contato

com o Serviço de Atendimento ao Consumidor Natura, que disponibilizou o e-mail da

Comunidade Acadêmica Natura1. Esta, por sua vez, sugeriu como fonte de pesquisa sites e

comunidades relacionadas a empresa, além de conceder informações essenciais para

compreender o seu processo de institucionalização, suas ações institucionais, suas técnicas de

marketing institucional e relações públicas.

Quanto a fonte de análise dos dados, a escolha pelas informações disponíveis no site

institucional da empresa é justificada pelo fato da internet ser um meio dinâmico e mutável,

pela facilidade e disponibilidade dos dados, atrelado ao fato de que as informações são

constantemente atualizadas para o consumidor sentir-se atraído e valorizado.

Pode-se perceber durante a pesquisa que o site institucional da Natura realiza um

esforço contínuo de transmitir aos seus diversos públicos (stakeholders2), o quanto ela é uma

empresa socialmente comprometida, que desenvolve por meios éticos e transparentes uma

economia sustentável e que as relações com seus públicos são tratadas de forma especial.

A tipologia da pesquisa escolhida, segundo a utilização dos resultados, é pura, tendo

por finalidade aumentar o conhecimento acerca do processo de institucionalização adotado

pelas empresas que investem numa nova tomada de posição social. Segundo a abordagem, a

pesquisa é qualitativa, havendo uma preocupação em aprofundar e abranger as ações e

relações humanas, e observando os fenômenos sociais de maneira intensiva.

1 E-mail da Comunidade Acadêmica Natura: [email protected] 2 Como na própria tradução, dá-se a entender que Stakeholders são os componentes , meio externo, interessados

na empresa, ou seja, todos que são atingidos ou atingem de forma positiva ou negativa pelas ações que a empresa

vem a praticar. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe-se/producao-

academica/shareholders-e-stakeholders/513/>. Acesso em: 31 de maio de 2011.

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Para fins didáticos, a presente monografia dividi-se em cinco capítulos, distribuídos na

forma explicitada a seguir.

No primeiro capítulo encontra-se a introdução, problema de pesquisa, objetivos,

metodologia e justificativa. Em seguida, o segundo capítulo adentra no tema organizações e

instituições fazendo referência as principais diferenças conceituais, as mudanças trazidas a

partir do século XX e a configuração de uma instituição econômica. O terceiro capítulo é

destinado ao marketing institucional adotado no processo de mudança comportamental das

organizações, abordando seu surgimento, sua aplicação e convergências com o marketing

empresarial, assim como a aplicação de suas técnicas. O quarto faz alusão às relações

públicas, indicando suas funções, suas atividades institucionais e seu apoio ao Composto

Mercadológico de Marketing como base do processo de institucionalização das organizações.

E por fim, o quinto capítulo é dedicado ao estudo de caso da Natura e sua atuação no processo

de institucionalização, contextualizando o que foi estudado no referencial teórico. Dando

continuidade ao trabalho, encontram-se as considerações finais e as referências bibliográficas.

1.4 Justificativas

Sem dúvida, sempre se esperou que as empresas oferecessem empregos para as

pessoas e bens e serviços aos clientes. Porém, atualmente, espera-se que as instituições

econômicas ajudem a preservar o ambiente, vendam produtos seguros, tratem bem seus

funcionários entre outras exigências.

Para que as mudanças que envolvem o processo de institucionalização aconteçam, a

comunicação das organizações deve estar diretamente ligada às atividades do marketing

institucional e de relações públicas, pois estes setores da comunicação desempenham o papel

de lidar com públicos multiplicadores de opinião e realizam um planejamento estratégico que

tem muito a contribuir para a eficácia da comunicação integrada nas organizações.

A imagem é o reflexo da identidade de uma organização e é através dela que empresas

privadas, públicas, governamentais, associações civis e organizações não-governamentais

desenvolvem uma percepção diante dos seus públicos.

Imagem é percepção da realidade pela pessoa (SIMÕES, 1995, p.201) e para que

aconteça o processo de institucionalização dessas organizações é preciso construir uma boa

imagem institucional com base na percepção dos públicos, que pode ser conquistada através

das inúmeras ações ligadas ao marketing institucional e às relações públicas.

Sendo assim, acredita-se que esta pesquisa, por meio da análise das atividades

institucionais aqui abordadas, possa instigar os profissionais de marketing e os comunicadores

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sociais a buscarem uma maior compreensão do processo de institucionalização incorporado

pelas empresas que reconhecem a necessidade de contribuir com o desenvolvimento social.

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15

2 ORGANIZAÇÕES E INSTITUIÇÕES

Este capítulo parte da analogia realizada por diferentes autores entre as primeiras

características desenvolvidas para distinguir os termos organizações e instituições e,

posteriormente, busca-se compreender que, com o advento das mudanças trazidas pelo final

do Século XX e início do terceiro milênio, tais conceitos cederam espaço para uma nova

abordagem conceitual dessas importantes ideias que passaram a se inter-relacionar e deram

origem a um novo comportamento empresarial.

Em síntese, aborda-se a seguir, tudo o que possa interessar sobre o cenário onde agem

as instituições e as organizações do Século XXI e como se deram as principais transformações

que levaram às mudanças de paradigma da atualidade.

2.1 Diferenças conceituais

Rotineiramente, usam-se as terminologias organizações e instituições como sinônimos

para identificar agrupamentos sociais nas suas mais diferentes formações, tais como as

empresas públicas, universidades, ONGs, órgãos públicos etc. Porém, tais termos distinguem-

se uns dos outros, pois, de acordo com o desempenho de suas funções, uma organização em

relação a uma instituição apresenta-se de forma distinta à sociedade em que serve.

As empresas consideradas organizações possuem, em sua maioria, um fim específico

de cumprir determinada tarefa voltada para a produção de seus bens ou serviços. Estas

empresas encontram-se condicionadas a produção e ao lucro, não investindo assim na

formação de uma missão que priorize uma inter-relação entre o que é produzido pela empresa

e o meio social no qual ela está inserida. Já as empresas consideradas instituições, investem

numa forte missão que priorize a qualidade do que é oferecido para a sociedade e analisam as

formas pelas quais suas atividades podem ir além da oferta de um produto ou serviço

inserindo-se, assim, em outros nichos que cooperem com o desenvolvimento de seus

consumidores.

Organização é simplesmente um instrumento técnico, racional, utilizado para

canalizar a energia humana na busca de objetivos prefixados, cuja sobrevivência

depende exclusivamente da sua capacidade de atingir os resultados e adaptar-se às

mudanças ambientais para evitar a obsolescência técnica. Instituição é um

organismo vivo, produto de necessidades e pressões sociais, valorizada pelos seus

membros e pelo ambiente, portadora de identidade própria, preocupada não somente

com lucros ou resultados, mas com sua sobrevivência e perenidade e guiada por um

claro sentido de missão. As pessoas constroem suas vidas em torno delas,

identificam-se com elas e tornam-se dependentes delas. (PEREIRA, 1988, p. 9-10,

apud KUNSCH, 2003, p. 33).

As organizações apresentam como características primordiais a função de produzir

bens, prestar serviços à sociedade em que atua e atender necessidades de seus próprios

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participantes, não estendendo sua visão além das fronteiras do lucro que garante sua

sobrevivência no mercado. Já as instituições, procuram atender a uma determinada

necessidade social e assumem uma postura valorizada pelo meio em que atuam.

As organizações são vistas “como „coletividades especializadas na produção de

determinado bem ou serviço‟, e as instituições como conjunto de normas sociais, geralmente

de caráter jurídico, que gozam de reconhecimento social” (SROUR, 1998, p. 107-108 apud

KUNSCH, 2003, p.36).

Na prática, a percepção e a aplicação das diferenças entre os conceitos não acontecem

de forma coerente, são usados constantemente de forma errada, sendo aplicados tanto para

empresas privadas, que não assumem nenhum papel que as caracterize como instituições,

quanto para outros empreendimentos voltados para o exercício de atividades que em nada

condizem com os propósitos de uma instituição.

Um dos exemplos dessa dificuldade para definir uma empresa como organização ou

instituição revela-se no posicionamento de Shaui3 que defendeu a condição da universidade

como uma instituição e não como uma organização social referente à mudança sugerida pelo

Estado naquele ano:

Uma organização difere de uma instituição por definir-se por outra prática social,

qual seja, a de que sua instrumentalidade está referida ao conjunto de meios

particulares para obtenção de um objetivo particular. Não está referida a ações

articuladas às de reconhecimento externo e interno, de legitimidade interna e

externa, mas as operações definidas como estratégias balizadas pelas idéias de

eficácia e de sucesso no emprego de determinados meios para alcançar o objetivo

particular que a define. É regida pelas idéias de gestão, planejamento, previsão,

controle e êxito. Não lhe compete discutir ou questionar sua própria existência, sua

função, seu lugar no interior da luta de classes, pois isso, que para a instituição

social universitária é crucial, é, para a organização, um dado de fato. Ela sabe (ou

julga saber) por quê, para quê e onde existe. (CHAUI, 1999)

As instituições não temem investir em novos projetos que não estejam ligados

diretamente a demanda mercadológica, elas possuem um compromisso não apenas com o

faturamento de suas vendas, mas com a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Toda

instituição desenvolve-se juntamente com seu público numa relação recíproca de

dependência. Com o passar do tempo, as atividades desenvolvidas por uma instituição passam

a ser consideradas necessárias e esperadas no meio em que elas operam, atingindo, assim, o

status de comportamento institucionalizado.

Os indivíduos esperam por investimentos na saúde, na educação, na segurança, na

cultura etc., quando uma empresa desenvolve um comportamento institucionalizado,

3 Artigo na Folha de São Paulo, em 09 de maio de 1999.

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cooperando com uma resposta para estes anseios, ela encontra-se inclinada a ser considerada

uma instituição.

É de fundamental importância destacar ainda, as diferentes formas como são norteados

os parâmetros de uma organização e de uma instituição. A primeira, na busca de atingir seus

objetivos, volta-se para uma função especializada e desenvolve uma visão particular e restrita

em torno de uma determinada tarefa, preocupando-se consigo mesma e com a concorrência.

Já a segunda, desenvolve uma visão universal, ou seja, seus compromissos são norteados

pelas necessidades da sociedade e, por isso, definem relações com a política, a cultura, a

saúde e outros fatores que definem a pluralidade de suas funções sociais.

Os conceitos trabalhados até aqui serviram para que não ocorra uma generalização dos

mesmos. Tais definições não reduzem a complexidade desta abordagem, pois, existe uma

grande dificuldade para determinar tal classificação.

Diante do exposto, pode-se concluir que não é uma tarefa fácil definir uma empresa

enquanto organização ou instituição. Para então saber tal classificação, se faz necessário

conhecer e compreender os principais traços econômicos que culminam na lucratividade, e,

também, os traços sociais, que buscam uma melhoria na qualidade de vida da sociedade

através de ações socioambientais.

2.2 Século XX, mudanças sociais e o surgimento de novos conceitos

As mudanças culturais, fruto da globalização da economia, têm provocado alterações

profundas na gestão das empresas. Esta nova forma de administrar os negócios passa a

analisar e a desenvolver estratégias voltadas para o bem estar da sociedade (lucro

socioambiental), sem esquecer da necessidade de gerar lucros monetários.

Neste sentido, as empresas passam a ser agentes sociais ativos, mantendo a luta pelo

espaço no mercado, no intuito de cumprir sua missão e cultivar seus valores.

Não somente a empresa se converteu em um ator social de pleno direito,

exprimindo-se cada vez mais em público e agindo politicamente sobre o conjunto de

problemas da sociedade, mas, também, suas regras de funcionamento, sua escala de

valores e suas maneiras de comunicar foram, progressivamente, impregnando todo o

corpo social. A lógica “gerencial” instituiu-se como norma de gestão das relações

sociais. (MATTELART, 1994, p.246-247, apud KUNSH, 2006, p. 34)

Logo, neste novo contexto, as empresas passaram a se valer de serviços integrados a

sociedade e a agir de forma mais transparente na busca de sua aceitação e de sua manutenção

por meio dos lucros com suas vendas.

É nesse cenário que os conceitos de organização e instituição associam seus valores e

configuram uma nova forma de análise a respeito de sua atuação na sociedade. As empresas

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agregaram valores aos seus negócios e aderiram às técnicas de comunicação que passaram a

ser mais persuasivas e direcionadas.

Por conseguinte, essa alteração ajudou as organizações a desenvolverem uma nova

missão de cunho social e a cumprirem suas diretrizes, o que garantiu atingir seus objetivos

econômicos e a se posicionarem institucionalmente diante dos públicos com os quais se

relacionam.

Com essa associação de valores, as instituições, também, passaram a se valer de

técnicas mercadológicas para sobreviverem no mercado. Dentre elas o desenvolvimento de

parcerias com empresas privadas e a realização de eventos e campanhas que pudessem

sustentar suas obras.

[...] da mesma forma que as empresas passaram a usar crescentemente ações

institucionais como reforço as atividades de Marketing, os demais tipos de

instituição também começaram a empregar técnicas do marketing convencional para

atingir seus objetivos sociais. (VAZ, 2003, p.9)

Portanto, não se pode ficar limitado às definições condicionadas e estáticas ligadas às

organizações e instituições, uma vez que, as empresas, ao ampliarem seus objetivos

mercadológicos, constantemente agregam aspectos institucionais à suas estratégias.

Por conseguinte, surgem novos conceitos como as organizações orgânicas e as

instituições econômicas.

As organizações orgânicas buscam atender as novas exigências do mercado, adotando

diferentes formas de coordenação de suas funções com o objetivo de adaptar-se à economia

global e ao sistema de produção flexível. São proativas, tornando-se preparadas para

administrar as incertezas e as crises que surgem durante o percurso produtivo. Tal postura é

decisiva para que estas entidades sobrevivam à concorrência e ainda atuem beneficiando os

seus consumidores.

Portanto, conclui-se que, para enfrentar as instabilidades sociais e econômicas, é

preciso que as organizações se adaptem a um novo modelo de gestão que melhor atenda as

suas expectativas. Modelo este, aberto a novas sugestões provindas do ambiente interno e

institucional que devem ser alvos de sua administração.

O termo instituição econômica tem maior força na atualidade, superando a visão

fragmentada de outrora e ajudando a compreender de forma mais clara e menos radical o

processo de institucionalização, no qual as organizações passam a apresentar traços

institucionais, adaptando-se a uma nova sociedade de consumo.

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Instituição econômica pode ser definida como aquela que interage sua ação voltada

para o lucro com ações de objetivos institucionais (diferente das instituições sociais, que são

consideradas organizações sem fins lucrativos).

As empresas, em maior ou menor proporção, tornaram-se menos resistentes as

mudanças sociais e as expectativas dos seus consumidores por uma sociedade melhor. Essas

empresas ampliaram seus horizontes, adaptaram suas atividades e deixaram de ser

condicionadas a relação produção versus lucro, dando início a um gradativo processo de

realização de atividades de cunho institucional.

“Uma instituição é, antes de tudo, um conceito. Isto é, uma idéia, uma norma mental e

social para agir. E, finalmente a organização estrutural aprovada pela sociedade para a

consecução de um objetivo em vista” (VAZ, 2003, p.8). Para o autor, toda instituição surge de

um esforço cooperativo entre os indivíduos em torno de uma organização social estruturada.

Pode-se compreender que há uma permeabilidade entre os conceitos de instituição e

organização, não havendo uma total separação entre as atividades desenvolvidas pelas duas

estruturas.

Portanto, em primeiro lugar, esta pesquisa não pretende limitar a complexidade que

envolve as características das instituições e organizações, mas visa contribuir para a

compreensão de como estas entidades, hoje, se complementam em suas atividades em função

de se manterem institucionalmente e financeiramente no mercado. Em segundo, possibilitar a

constatação de que, com o processo de institucionalização e a permeabilidade entre os

conceitos, as empresas passaram a ser consideradas, antes de tudo, as instituições que

viabilizam as transições econômicas da sociedade.

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3 MARKETING INSTITUCIONAL NO PROCESSO DE MUDANÇA

COMPORTAMENTAL DAS ORGANIZAÇÕES

Tomando por base a descrição do capítulo anterior, acerca do novo comportamento

mercadológico, nesta etapa da pesquisa encontra-se uma compilação de informações sobre o

contexto em que o marketing institucional se desenvolveu e a forma como suas atividades

ligaram-se ao marketing empresarial, reforçando a imagem das empresas.

3.1 Surgimento do Marketing Institucional

Passaram-se muitos séculos até que houvesse uma conscientização do pensamento

mercadológico acerca do marketing institucional. Das práticas arcaicas que viabilizavam as

trocas comerciais entre os povos, configurando o embrião do marketing empresarial, até as

primeiras iniciativas do marketing institucional por meio das relações públicas, que passaram

a revelar uma preocupação das organizações com a sua imagem junto à sociedade, um longo

caminho foi percorrido.

O marketing institucional surge em um contexto onde os aspectos sociais das

atividades mercadológicas destacavam-se cada vez mais nas estratégias do marketing

contemporâneo. Atualmente, não existe praticamente nenhuma grande empresa que

desenvolva seus esforços de marketing unicamente para negócios e fins comerciais.

Paralelamente às ações mercadológicas tradicionais, frequentemente são desenvolvidos

programas de apoio aos públicos e setores de interesse direto e indireto das empresas.

Esta nova postura empresarial surge como uma resposta à forma de consumo mais

crítica dos indivíduos frente ao modo de produção desenfreado. Várias marcas, diante da

concorrência, produziam indiscriminadamente seus bens e, constantemente, para diferenciá-

los dos concorrentes adotavam técnicas prejudiciais ao meio ambiente e a saúde das pessoas.

Este sistema, voltado exclusivamente para o lucro, levou a um novo comportamento social em

que os consumidores, outrora passivos ao que acontecia, passaram a rejeitar produtos

provenientes de empresas sem nenhum compromisso com a melhoria da qualidade de vida e o

respeito ao meio ambiente.

Os consumidores passaram a rejeitar produtos que contivessem elementos nocivos à

natureza, como os aerossóis, que utilizavam como propelente o gás

clorofluorcarbono (CFC), que afeta a camada de ozônio da atmosfera. A atitude

alcançou também produtos considerados prejudiciais à saúde, como frituras em

excesso.

........................................................................................................................................

Além de rejeitar tais produtos, o público contestava as próprias organizações,

repudiando a falta de responsabilidade social e a busca exacerbada do lucro. Com o

objetivo de demonstrar engajamento na comunidade, muitas empresas tomaram a

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iniciativa de apoiar entidades de utilidade pública [...]. Se o estágio anterior é a fase

em que se pode falar efetivamente de conceito de Marketing (Empresarial), este é o

estágio em que se pode começar a falar de Marketing Institucional. (VAZ, 2003,

p.24)

As organizações, na busca da construção de uma nova imagem, passaram a unir as

técnicas voltadas para a captação do lucro com as técnicas que almejavam o apoio de projetos

sociais para seus públicos.

Os valores institucionais integraram o planejamento econômico destas empresas; tais

valores passaram a ser cobiçados, analisados e postos em prática assim como as demais etapas

desenvolvidas para se atingir os objetivos econômicos. Segundo Vaz (2003, p.2), “o

marketing institucional, em essência, é justamente isso: o tratamento econômico dos valores

ideológicos, por meio do uso de técnicas mercadológicas.”

O marketing institucional funciona como denominador comum de outros campos que

ainda estão se firmando ou já encontram-se em plena execução de suas atividades como o

Marketing Ecológico, Marketing Religioso, Marketing Corporativo, Marketing Pessoal,

Marketing Comunitário, entre outros.

A expressão marketing institucional atua como uma categoria geral da qual todas estas

expressões constituem áreas especificas de aplicação das suas diretrizes. Todas elas possuem

como ponto de convergência a palavra institucional, colaborando com que os diferentes

segmentos empresariais atuem de acordo com os valores e os conceitos consagrados pela

opinião pública. Esta crescente ramificação revela a preocupação das empresas em investir

nas áreas de marketing como ferramenta de transformação da imagem coorporativa.

Na busca pela aceitação social, as empresas muitas vezes não sabem como lidar com

essa relação das estratégias do marketing econômico com as áreas institucionais onde operam.

Impregnadas da lógica capitalista, que objetiva apenas o lucro, estas empresas vêem as

técnicas do marketing institucional apenas como atividades autopromocionais que viabilizam

mais retorno e repercussão midiática.

O que muitas instituições econômicas não compreendem é que o processo de

institucionalização é gradativo e exige um conhecimento do território onde atuam. É

necessário conhecer os valores e normas que regem o contexto onde estão seus consumidores

para que não haja uma deterioração da imagem e uma maior abertura para a atuação da

concorrência. É nesse contexto que surge a necessidade de melhor adaptar as articulações do

marketing empresarial e do marketing institucional.

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3.2 Aplicação do Marketing Institucional e suas convergências com o Marketing

Empresarial

Assim como as práticas de uma instituição e de uma organização sofreram

interferências e passaram a se inter-relacionarem no processo de adaptação sofrido pelas

empresas, as técnicas to marketing empresarial e do marketing institucional agregaram-se na

busca de garantir sobrevivência neste novo contexto econômico.

Para se compreender a interação das atividades do marketing institucional e do

marketing empresarial é preciso se voltar para a atividade fundamental do marketing

tradicional que é a troca. Vaz (2003, p.34) explica que “o ato da troca realiza-se no espaço

institucional que convencionamos denominar „mercado‟, ponto de convergência onde os

agentes econômicos se encontram para efetivar as ações preliminares, preparatórias e

finalizadoras da comercialização”.

O marketing institucional trabalha nesse contexto com o mercado de ideias e imagens,

e a troca, neste sentido, envolve os valores e anseios de uma coletividade. As empresas

investem neste tipo de marketing para o desenvolvimento de iniciativas que as ajudem a

construir uma melhor imagem diante das necessidades e exigências de uma sociedade.

Somente depois de um longo período histórico, houve uma aceitação do marketing

institucional. Este período que o antecedeu foi marcado pelas trocas ideológicas que

envolviam a venda de bens e de serviços; o reconhecimento de sua atuação veio

principalmente em consequência de uma evolução do comportamento das empresas e de todas

as organizações que se viram obrigadas a envolverem-se cada vez mais com os objetivos e

interesses sociais.

As instituições econômicas, que outrora trabalhavam apenas com as técnicas do

marketing empresarial, tiveram que se comprometer com outras atividades que garantissem a

construção de uma imagem socialmente positiva e ainda assim viabilizassem sua

sobrevivência financeira por meio da venda de seus produtos.

As trocas comerciais ganharam um novo sentido com o aprimoramento das transações

econômicas, o amadurecimento do comportamento socialmente responsável do consumidor, a

fragmentação do mercado com o aumento da concorrência e a necessidade de mudança da

imagem corporativa.

Neste cenário, os indivíduos passaram a exigir que em troca dos seus investimentos

econômicos não ocorresse apenas a aquisição de bens materiais ou de serviços que não

ultrapassassem a fronteira do lucro, eles esperam destas empresas, as quais financiavam por

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meio do consumo, que colocassem em um mesmo patamar suas expectativas econômicas e o

comprometimento com a melhoria da qualidade de vida.

As pessoas passaram a não querer realizar a troca de bens (moeda por produto), mas a

encontrarem nas organizações um sentido para comprarem, passando a exigir das mesmas

uma nova postura.

Os indivíduos partiram da mera apropriação do bem material para usufruir do produto

originário do marketing institucional, a ideia. As empresas passaram a desenvolver novos

conceitos e a investir no desafio de interferir em outros segmentos sociais como, por exemplo,

a cultura e a saúde, desenvolvendo projetos sociais que rompiam as fronteiras da

materialidade comercial. Com esta mudança de investimentos, as empresas iniciam a difícil

missão de criar uma nova imagem acerca do seu papel social em paralelo com as crenças e

valores enraizados de uma sociedade.

A imagem que uma pessoa faz de uma instituição, contudo, não define as atitudes

que essa pessoa terá frente a situações específicas que envolvam a instituição. Nesse

conjunto, insere-se ainda a Opinião Pública, cujos padrões psicossociais vão orientar

o comportamento de cada individuo e, por consequência, as suas atitudes e ações.

Além disso, como pano de fundo geral está o ambiente institucional da sociedade,

com sua carga histórica de condicionamentos enraizados na mente coletiva,

formando a tradição de um povo, seus usos e costumes. Muitas vezes, a pessoa pode

ter imagem, atitudes e crenças favoráveis sobre determinado objeto e, por cautela ou

outra razão, não se comportar e agir de conformidade com o que sente e pensa. Para

mudar uma imagem, torna-se necessária, portanto, a cuidadosa elaboração de

proposições que mudem as idéias nas quais o consumidor se apóia para avaliar a

imagem que se pretende modificar. (VAZ, 2003, p.54-55)

Esta imagem socialmente comprometida das empresas, a qual as técnicas do marketing

institucional se voltam, complementa os benefícios tangíveis dos bens comercializados, os

quais as técnicas do marketing empresarial trabalham para serem alcançados com eficácia. Ou

seja, o marketing institucional correlaciona-se com o marketing empresarial nesta nova

realidade mercadológica.

O marketing empresarial e o marketing institucional se interpenetram em suas funções

distintas, enquanto o primeiro atenta primordialmente para as vendas, voltando seu esforço ao

sistema operacional que viabilizava a fabricação dos produtos, a verificação dos preços, as

melhores técnicas de distribuição e de divulgação, o segundo volta-se para o planejamento de

ideias que vão além das promessas desenvolvidas pelas técnicas publicitárias buscando inserir

esta empresa em segmentos socialmente responsáveis.

Tão forte é a interpenetração das trocas materiais e simbólicas no mundo

contemporâneo, e consequentemente tão comum a utilização combinada do

Marketing Empresarial e do Marketing Institucional, que a vinculação exclusiva de

cada um aos mercados material e simbólico, respectivamente, serve apenas de

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referência conceitual sobre o produto, se bens econômicos ou ideias. As

organizações, tanto as com fins lucrativos (empresas) como as sem fins lucrativos,

empregam as técnicas melhor adequadas às circunstâncias que se apresentam,

pendendo ora para ações mercadológicas de fundo econômico, ora para ações

institucionais, ou conjugando atividades de natureza econômica e institucional.

(VAZ, 2003, p.59)

A principal diferença entre consumir um produto meramente econômico e um produto

institucional está na maior abrangência de valores que este adquire quando é produzido por

uma empresa inserida no processo de institucionalização. As pessoas passam a ter a sensação

de que comprando aquele bem tangível também estão consumindo outros bens intangíveis,

como, por exemplo, serviços ligados a melhorias sociais. Quando isso de fato acontece os

objetivos do marketing empresarial e os do marketing institucional (credibilidade da imagem

institucional) são alcançados.

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4 RELAÇÕES PÚBLICAS NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS

ORGANIZAÇÕES

O importante papel das relações públicas é reconhecido, principalmente, por meio da

necessidade encontrada pelas organizações de não apenas informar, mas comunicar, ou seja, a

comunicação de uma empresa precisa ser planejada e adequada ao seu universo, é preciso

haver a troca de informações que ajude a empresa a reconhecer partes do ambiente no qual ela

está inserida, que afetam seus objetivos e seu posicionamento. Neste contexto não há espaço

para o improviso, é preciso conhecer o público interno e externo à organização, estar mais

próximo a comunidade e desenvolver o melhor planejamento de comunicação bidirecional

entre as empresas e seus públicos.

Este capítulo trata das relações públicas no contexto mercadológico atual, enfocando

seu papel no processo de gestão da comunicação com a variedade de públicos presentes no

ambiente organizacional e social.

Para desenvolver a análise desta, que é uma das principais ferramentas de

comunicação que viabilizam a institucionalização das organizações, partiremos de suas

principais funções, suas atividades institucionais, suas relações com as técnicas de marketing

e seus esforços voltados para o desenvolvimento da responsabilidade social de cada empresa.

4.1 Funções das Relações Públicas

4.1.1 Função Administrativa

Assim como as demais áreas que integram uma empresa, as relações públicas

desempenham uma função administrativa, articulando, por meio de suas atividades

específicas, conexões entre os grupos e subgrupos que definem a organização melhorando seu

desempenho e lhe garantindo um maior retorno dos seus investimentos. No que diz respeito

ao processo de institucionalização, suas atividades norteiam a empresa sobre quais projetos

desenvolver com a sociedade e as principais mudanças que devem ser realizadas na produção

dos seus bens e/ou serviços.

Relações Públicas é a comunicação na administração, no que diz respeito à sua visão

institucional e à adequada utilização desta em todas as áreas da estrutura

organizacional. Ela deve buscar a conscientização de todos, dentro da organização,

do papel e da responsabilidade que têm pelo seu conceito. Ela apóia, orienta e

assessora todas as áreas da organização no tocante à forma mais adequada de

conduzir suas relações com o público. (João A. Ianhez, 1997, p.155 apud KUNSCH,

2003, p. 101)

Para elevar o nível de entendimento entre uma entidade e seus públicos, o exercício

administrativo de relações públicas busca a credibilidade de suas atividades perante outras

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entidades e o meio social em que opera. Isso só foi possível quando as empresas

compreenderam que a função de relações públicas não poderia ser vista apenas como uma

válvula de escape, ou seja, esta atividade não deveria estar subordinada a outras funções da

empresa e sim atuar simultaneamente com as mesmas. Apenas com essa mudança de

paradigma foi que a função de relações públicas passou a ser uma função valorizada e a fazer

parte da alta administração, atuando nas decisões estratégicas das empresas.

As relações públicas atuam no gerenciamento da comunicação entre os públicos de

uma empresa, voltando seus esforços para a elaboração de canais que possibilitem uma

melhor aproximação com seus consumidores.

Esta atividade, enquanto função administrativa das organizações, atua como um

subsistema preventivo, analisando as mudanças de comportamento social e antecipando,

através da intensa prática da pesquisa e da comunicação bidirecional, novas tendências

mercadológicas.

Assim, percebe-se o quanto a função de relações públicas é imprescindível para que as

organizações agreguem efetivamente valores institucionais à sua missão. Com a valorização

desta atividade, viabiliza-se uma melhor administração das crises e controvérsias que atingem

as empresas como também se estabelece um inter-relacionamento com a sociedade

consumidora que, nos últimos anos, mudou seus anseios diante do comportamento

empresarial socialmente descomprometido.

4.1.2 Função Estratégica

Embora a atividade de relações públicas ajude as empresas a migrarem de uma visão

estreita, voltada unicamente para os benefícios econômicos, para uma missão comprometida

com o meio social por meio da prática de atividades institucionais, ela também precisa revelar

sua contribuição como um valor econômico para a organização e agir estrategicamente,

equilibrando os interesses econômicos e sociais, para garantir o retorno financeiro que

sustenta sua produção e as atividades do seu público interno, assim como o retorno

institucional que fortalece sua imagem e sua relação com o público externo.

No exercício da função estratégica das relações públicas, esta atividade ajuda os outros

subsistemas administrativos a avaliar como o comportamento dos públicos e da opinião

pública pode afetar os negócios e a própria vida da empresa.

Esta parceria torna-se possível com o assessoramento realizado pelos profissionais de

relações públicas que realizam uma análise preventiva do ambiente social, apontando os

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principais problemas e oportunidades ligados à comunicação, a atuação e a imagem

institucional da empresa.

As relações públicas estratégicas destacam o inter-relacionamento entre escopo de

mercado e os públicos, identificando as oportunidades e ameaças. No dia-a-dia, as

relações públicas baseiam as suas ações numa série de decisões, de caráter interno e

externo necessárias diante de possíveis contingências ambientais. Tenta-se

introduzir no processo administrativo novas variáveis que permitam uma análise

abrangente, mesmo em termos conceituais, para imprimir dinamismo aos

procedimentos de troca. (FORTES, 1999, p.119 apud KUNSCH, 2003, p. 104)

Para que as relações públicas exerçam uma função estratégica, ela coleta todos os

dados possíveis no processo de comunicação com o meio que define a empresa, apresentando

um panorama do contexto onde seus públicos estão inseridos e a forma ideal de atuar nos

mesmos. Ela fortalece o lado institucional da organização ajudando no processo de

posicionamento empresarial socialmente responsável e tornando mais claro para os

consumidores seus valores, sua missão e a razão de ser do seu empreendimento, além de

contribuir com a construção dos seus objetivos futuros.

Como atividade profissional, as relações públicas, através da pesquisa e do

planejamento estratégico, promovem as ferramentas fundamentais para enfrentar as crises

econômicas e a opinião negativa dos públicos que afetam diretamente a missão e os objetivos

das organizações.

A busca de relacionamentos estáveis é uma das principais metas a serem alcançadas

pela função estratégica de relações públicas, pois somente com a conquista desta estabilidade

é que empresa encontra-se segura para colocar em prática suas estratégias e a aplicar seus

altos investimentos nos segmentos que desenvolve.

Portanto, atuando junto ao planejamento e à gestão estratégica da comunicação, a

participação de relações públicas na administração estratégica das empresas é sinônimo de

sucesso e maior garantia de retornos financeiros e institucionais. Quanto mais espaço as

empresas derem para a atuação destas atividades, garantindo um entrosamento com as demais

atribuições da empresa, mais rápido elas fortificarão sua missão e seus valores diante dos

consumidores estando, assim, inseridas no processo de institucionalização imposto pelas

novas posturas de consumo.

4.1.3 Função Mediadora

Realizar a mediação entre as empresas e seus públicos é uma função primordial das

relações públicas. As empresas precisam saber a melhor forma de conquistar seus próprios

benefícios e os da sociedade. Esta mediação não é uma tarefa simples, é nesse contexto que as

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relações públicas atuam para que não haja uma disparidade entre os objetivos da empresa e as

necessidades dos seus públicos, trabalhando para que aconteça uma compreensão das

necessidades dos dois lados.

Muitas empresas consideram uma utopia a simetria nos investimentos voltados para as

relações entre as organizações e seus públicos, e acabam resistindo por mais tempo a esta

função fundamental para o processo de institucionalização. O que muitas dessas entidades não

compreendem, é que o ato de desenvolver estratégias que beneficiem simultaneamente a

empresa e seus consumidores é um processo gradativo. Levam-se alguns anos para que a

organização obtenha recursos financeiros e o apoio do Estado suficiente para desenvolver

projetos e ações sociais junto à sociedade.

Os profissionais de relações públicas, no exercício de suas atividades, levam em

consideração o fato de que muitas empresas acabaram de sair de uma visão mercadológica

voltada somente para o lucro. Eles buscam desenvolver um planejamento adequado a situação

financeira enfrentada pela empresa em diferentes períodos do ano. Com a adequação desse

planejamento, as possibilidades vão gradativamente aumentando com o desenvolvimento das

novas atividades institucionais desenvolvidas pela organização.

Atingir mais de um público não é uma tarefa fácil, para que uma empresa alcance este

objetivo é preciso nutrir valores de caráter universal em que todos os envolvidos sintam-se

confiantes para defender e consumir os serviços desenvolvidos pela entidade.

Dentro de suas atribuições mediadoras, as relações públicas trabalham no

desenvolvimento desses valores institucionais tomando a responsabilidade de realizar a

interpretação do contexto onde a empresa está inserida, por meio de uma auditoria social,

intermediando as relações empresariais com as da sociedade.

As relações públicas são o gerenciamento de funções primeiramente responsáveis

por moldar e implementar programas de mediação entre os interesses sociais,

políticos e econômicos capazes de influenciar o crescimento e/ou a sobrevivência

básica da organização. Para este fim, a função de relações públicas tem também a

responsabilidade de identificar as forças e os efeitos das mudanças no ambiente da

organização de potencial de mediação e informar antecipadamente todas as outras

atividades da organização. (FIUR, 1988, p.339 apud KUNSCH, 2003, p. 108)

Portanto, é possível compreender a comunicação como o principal traço da função

mediadora de relações públicas. Somente com a comunhão de informações, de ideias e

atitudes entre a empresa e seus públicos, assim como a prática de um relacionamento ativo

junto à comunidade, é que as relações públicas viabilizam uma melhor representação do

espaço onde a empresa atua, revelando à mesma, as dificuldades e as oportunidades que

compreendem o universo dos seus públicos.

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Por meio desta mediação, representada pelo diálogo institucional entre empresas e

seus públicos, é que as relações públicas ajudam as organizações a superarem uma

comunicação unilateral, onde havia apenas uma perspectiva publicitária que visava a

divulgação propagandística sem estabelecer relacionamentos com seus consumidores. Essa

mudança é essencial para um novo posicionamento proativo das empresas frente às

instabilidades mercadológicas.

4.1.4 Função Política

Na dimensão de sua função política, as relações públicas trabalham com as relações de

poder no interior das empresas e com a administração de problemas, conflitos sociais,

questões controversas, crises e confrontações que acontecem no contexto do qual fazem parte.

Todas as empresas estão submetidas às forças do ambiente externo, havendo assim limites

para sua atuação que precisam ser analisados, questionados e muitas vezes negociados para

que elas possam atuar no mercado.

Cabe as relações públicas o exercício de gerenciar as crises empresariais por meio de

uma análise objetiva e subjetiva dos problemas sociais que afetam a organização. Esta é uma

função verdadeiramente política uma vez que os executivos de relações públicas atuam

ajudando as empresas a realizarem negociações, estratégias de comunicação e ações concretas

para encontrar soluções de problemas que as empresas possam vir a enfrentar no

relacionamento com seus stakeholders.

Vale salientar, ainda, que as empresas, no desenvolvimento de suas atividades, na

maioria das vezes tomam decisões que vão além de seus interesses individuais, uma vez que

elas encontram-se subordinadas aos inúmeros fatores de poder.

Tais fatores dizem respeito primeiramente as relações de poder estabelecidas entre os

colaboradores dentro da empresa e com a presença de controles externos, como as imposições

feitas por fornecedores e pela concorrência, os regulamentos governamentais, e, por fim, os

anseios dos consumidores que mudam suas exigências e perspectivas com o passar do tempo.

Esses fatores de poder provocam condicionamentos e impactos nas relações das empresas

com seus públicos e, na maioria dos casos, precisam ser mediados e administrados pelas

atividades de relações públicas.

Às vezes, um produto de má qualidade, lançado no mercado, poderá ocasionar sérias

controvérsias públicas e obrigará o envolvimento de vários setores de uma empresa

na busca de soluções. Uma greve prolongada de trabalhadores afetará não só todos

os setores de organização, como também a sociedade, tendo, portanto, implicações

diversas. São inúmeros os problemas existentes, que, se fossem devidamente

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encaminhados, talvez tivessem soluções mais eficazes. Nesse caso, o papel de

relações públicas é justamente o de intermediar a solução dos conflitos entre a

organização e seus públicos, por meio de uma co-participação de todos os seus

departamentos. Trata-se de uma função significativa e complexa. (KUNSCH, 2003,

p. 113)

As relações públicas apontam para as empresas o momento certo de adotar uma

comunicação negocial que busque a solução de um determinado problema. Na sua função

política, as relações públicas identificam os problemas a serem solucionados juntamente com

as demais gerências dos setores da empresa, revelando as mudanças de estratégias e os

programas de ação para minimizar os conflitos e a tomada de decisões que não prejudiquem

suas relações de poder.

Segundo Davenport (1998, p. 275 apud KUNSCH, 2003, p. 116), “em algumas

empresas, entretanto, o setor de relações públicas limita-se a „apagar incêndios‟: só entra em

ação quando se torna pública alguma consequência negativa das ações [...]”. As empresas

precisam com urgência mudar esta atitude se querem sobreviver à nova forma de consumo da

maioria dos indivíduos. É preciso tomar uma postura proativa diante dos problemas, e o papel

político das relações públicas é a ferramenta ideal para que isso aconteça.

Para os profissionais de relações públicas que ganham a confiança das empresas em

que atuam, existe a oportunidade de se desenvolver um planejamento estratégico que melhore

seu desempenho na assessoria e na pesquisa social, ambos garantem a empresa uma sólida

política de atuação e visam atender os interesses públicos, munindo a empresa de sabedoria

para lidar com as frequentes contradições e instabilidades presentes no seu campo de atuação.

Com a análise desta última função de relações públicas precisa-se considerar que todas

as funções são primordiais (administrativa, estratégica, mediadora e política) e se

complementam, sendo de fundamental importância para o crescimento das empresas.

No dia-a-dia, os profissionais de relações públicas somam todas as atividades de cada

função cooperando com a empresa para que ela possa se estabelecer de forma

institucionalmente positiva no ambiente social. Pode-se concluir que, a interpenetração das

funções de relações pública previne as empresas das crises e as ajuda a administrá-las caso

aconteçam, superando-as ou transformando-as em oportunidades.

4.2 Atividades Institucionais das Relações Públicas

Mencionou-se anteriormente que, pela sua essência, as relações públicas desenvolvem

os aspectos institucionais das organizações, por meio de atividades específicas e o uso

adequado de vários instrumentos e meios de comunicação.

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Basicamente o trabalho institucional das relações públicas, junto aos outros

departamentos organizacionais, é o de construir uma personalidade para a empresa. Para que

este processo se desenvolva e torne-se facilmente identificável pela opinião pública, existem

inúmeras possibilidades de se relacionar com seus públicos. Porém, mesmo com essa

diversidade de caminhos para se alcançar o reconhecimento de uma personalidade

empresarial, exige-se um trabalho de longo prazo das relações públicas que precisa ser

estabelecido em bases sólidas.

Desenvolver uma identidade institucional para qualquer empresa é um dos objetivos

primordiais no processo de institucionalização. Para que esse passo seja executado é preciso

explorar da melhor maneira os aspectos visuais, conceituais e práticos da organização,

levando até os indivíduos uma imagem socialmente aceitável da mesma.

Dentre as várias formas de se dar tal processo, os profissionais devem explorar, por

exemplo, o nome e o símbolo da organização, aplicando-os nos mais diferentes lugares, como

editoriais, correspondências, publicações, automóveis, instalações etc. Uma outra

oportunidade é desenvolver situações estratégicas, como eventos, e aproveitar todos os

momentos para fixar a marca e a identidade corporativa. A garantia de retorno deste esforço é

resultante de um estudo em torno daquilo que a organização quer traduzir, ou seja, uma

expressão de sua cultura e dos valores que incorporam sua personalidade institucional.

A realização de eventos de interesse público é também um outro meio utilizado pelas

relações públicas para transmitir a personalidade da empresa ao público em geral. Por meio de

uma analogia dos valores da organização com os interesses e necessidades do seu público é

possível desenvolver projetos sociais e culturais, criar concursos e prêmios, assim como

apoiar eventos ligados a cultura, a ciência, a saúde e outros de interesse da sociedade.

A iniciativa de realizar projetos voltados para as classes menos favorecidas é uma

oportunidade de fortalecer a imagem da empresa interna e externamente. Diante do seu

público externo ela pode estreitar laços com os poderes públicos, desenvolver melhorias para

a comunidade local, entre outros. Já com o público interno, as relações públicas orientam a

empresa a desenvolver campanhas que incentivem o trabalho voluntário dos seus

colaboradores.

Estas são algumas das estratégias de relações públicas que, quando bem planejadas,

estabelecem um bom relacionamento com a mídia, sendo uma forma de contato de extrema

importância, pois lidar com um público multiplicador de opinião é de extrema importância

para a aceitação da atuação das empresas na sociedade. Por meio da mídia a empresa

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estabelece um canal de comunicação com a sociedade, esclarecendo e superando inúmeros

problemas institucionais.

4.2.1 Relações Públicas e o desenvolvimento da Propaganda Institucional

A maior parte das atividades institucionais de relações públicas mencionadas

anteriormente acontece por meio do uso de programas de divulgação, onde a maioria deles

está ligada a propaganda institucional. Esta atividade, instrumento da comunicação

institucional integrada, é utilizada pelas relações públicas com o objetivo de divulgar as

realizações das organizações, transmitir sua personalidade e fixar conceitos positivos.

Desde a primeira utilização da propaganda como instrumento de relações públicas, em

junho de 1908, com a publicação de anúncios em revista, feitos pela empresa americana

Americam Telephone & Company, objetivando a aceitação do público para um sistema

nacional unificado de telecomunicações, várias mudanças ocorreram no cenário de atuação

desta atividade.

O papel de comunicar a identidade corporativa passou a atender as expectativas de

uma sociedade de consumo mais exigente, tornando-se preciso administrar percepções, ou

seja, ajudar a fazer com que os indivíduos pertencentes aos públicos interno e externo da

empresa apresentassem um reconhecimento básico da personalidade institucional da mesma.

Por sua natureza, a propaganda com o propósito de granjear prestígio para a empresa

pode atuar junto a diferentes públicos, ao mesmo tempo. Ou seja, quando a

propaganda constrói uma identidade de prestígio entre os consumidores, poderá

estar atingido, ao mesmo tempo, os fornecedores, os distribuidores, a comunidade

financeira etc. Ainda em certas condições, pode ser desenvolvida simultaneamente

com a publicidade comercial. (PINHO, 1990, p. 123)

As empresas viram-se pressionadas a aperfeiçoar suas técnicas de comunicação

tomando por base o processo de compreender o indivíduo como um todo, isto é, analisá-lo

enquanto consumidor e cidadão. Tornou-se necessário atender ao consumidor, que sustenta a

empresa por meio do consumo, assim como o cidadão, que é um consumidor de ideias, causas

e valores.

A propaganda institucional ganha cada vez mais destaque no que diz respeito ao seu

papel estratégico na construção de uma identidade institucional. Os anunciantes realizam altos

investimentos financeiros neste tipo de divulgação, com o objetivo de informar suas políticas,

suas principais atividades institucionais e sua preocupação com o meio ambiente, como

também criar, mudar ou fortalecer comportamentos dos consumidores que tragam mudanças

favoráveis a empresa.

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Apresentando como diferencial seu foco voltado para a sociedade e não somente para

os produtos ou serviços, esse tipo de atividade destaca-se em relação as demais propagandas

comerciais. Ela aproxima-se da propaganda por meio da sua intervenção, uma vez que paga

para ser veiculada, e aproxima-se da atividade de relações públicas no que diz respeito às suas

intenções ligadas aos valores institucionais da empresa.

Esse tipo de propaganda, de maneira geral, é responsável por construir a história de

uma entidade, levando até a sociedade dados referentes às empresas e suas filiais, às

melhorias conquistadas junto à comunidade, às relações de trabalho, às políticas

administrativas, às melhorias implantadas na produção, às atividades de responsabilidade

social, aos métodos de distribuição dos seus bens, aos investimentos em pesquisa, entre

outros.

A comunicação desenvolvida através da propaganda institucional tem como principal

desafio fixar um conceito institucional para as empresas, sendo agente de extrema importância

para o processo de institucionalização. Os profissionais responsáveis por esta técnica

precisam levantar o maior número de informações acerca do público-alvo da propaganda a ser

transmitida, com o objetivo de melhor estreitar a relação empresa versus consumidor, assim

como se utilizar de toda criatividade publicitária, tendo em mente a possibilidade de

prospectar novos clientes por meio da mensagem veiculada.

Quando uma empresa obtém a confiança do seu público, é natural que haja um retorno

extremamente positivo para o seu crescimento. A propaganda institucional, através de seu

desempenho no fortalecimento da imagem institucional, ajuda a empresa a fortalecer sua

marca, a vender mais seus produtos e serviços, possibilita atrair bons funcionários, reduzir

crises trabalhistas, obter o apoio da comunidade onde atua, atrair e conservar investidores,

alcançar a aprovação governamental e organizar um sistema administrativo mais unido.

Em relação à abrangência da propaganda institucional, ela é seletiva, pois é

direcionada a um público com preocupações e expectativas que vão além do ato imediato da

compra. No que refere-se a forma que assume, a propaganda institucional deve ser altamente

criativa, para conseguir superar a fronteira estabelecida pelo baixo nível de compreensão

conceitual dos consumidores. Por fim, no que diz respeito ao conteúdo, esta ferramenta de

comunicação deve voltar-se cuidadosamente para as informações propagadas, acreditando que

seu público é mais exigente.

A propaganda institucional, quando bem desenvolvida, associa de tal forma as

características tangíveis e intangíveis dos bens comercializados, que os consumidores ao

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comprarem tais produtos, também compram os ideais da empresa, sentindo-se seguros e

socialmente comprometidos com a causa defendida pela mesma.

Porém, é necessário compreender que a propaganda institucional, desvinculada de um

sólido planejamento de comunicação e das outras áreas administrativas da instituição

econômica, não muda a imagem da empresa.

É preciso aceitar a necessidade de se desenvolver um esforço contínuo por parte das

relações públicas para melhor munir a empresa das suas possibilidades de atuação junto à

sociedade e saber que a imagem institucional, geralmente, não é gerada somente pela

propaganda institucional. Tal imagem é fruto da qualidade dos produtos e serviços, assim

como o respeito que a empresa demonstra ter por seus clientes. Portanto, a propaganda

institucional deve ser vista como fator de reforço ao processo de institucionalização por meio

das técnicas de comunicação.

Segundo Gracioso (1990, p. 52) é necessário atentar que a propaganda (compreendida

como a divulgação de mensagens em veículos de massa) é somente uma das muitas formas de

comunicação institucional. Uma campanha de cunho institucional pode também ser

segmentada a públicos específicos da opinião pública que também contribuem para o

desenvolvimento institucional da empresa.

Conclui-se que, assim como a propaganda, inserida no processo de relações públicas,

todas as disciplinas e estratégias de comunicação são complementares e não excludentes. É

preciso haver uma interação entre todas as atividades ligadas ao processo de

institucionalização das empresas para que estas desenvolvam uma visão estratégica eficiente

diante das novas imposições sociais como, por exemplo, as pesquisas de tendências de

mercado.

4.3 Relações Públicas em apoio ao Composto Mercadológico de Marketing

Uma vez que o mercado expandia suas relações comerciais, gerando segmentos

disputados por diversas empresas, as ações institucionais incorporavam-se cada vez mais ao

Composto Mercadológico, como apoio as atividades primordiais do marketing. Com a adesão

ao processo de institucionalização, os tradicionais fatores promoção, preço, produto e praça

receberam influência das importantes auditorias sociais realizadas pelas relações públicas.

4.3.1 Apoio institucional ao fator promoção

Podemos destacar, em primeiro lugar, o apoio das atividades de relações públicas às

ações promocionais da empresa. Quando a ênfase no produto já não criava diferencial

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mercadológico, uma vez que a concorrência produzia uma diferença mínima entre o preço e a

qualidade dos produtos e serviços ofertados, o foco então passou a ser a dimensão

institucional da empresa.

Tornou-se essencial desenvolver junto à sociedade uma imagem positiva e confiável

da entidade, procurando associar a ela, valores considerados importantes para seus públicos.

As relações públicas auxiliam nesse processo por meio da análise dos consumidores da

empresa. Partindo desde um estudo mais restrito como, por exemplo, a compreensão dos

anseios da comunidade, até um estudo mais abrangente como o das mudanças

comportamentais impostas pelo processo de institucionalização, os profissionais dessa área

passaram a atuar junto aos de marketing, havendo assim uma maior valorização dos aspectos

institucionais nas estratégias promocionais da empresa.

Em períodos de crise, como o atual, as atividades de relações públicas funcionam

como uma eficiente arma para aumentar o retorno dos investimentos em comunicação. A

capacidade de conquistar os públicos interno e externo da organização por meio de um

processo de institucionalização com pesquisas e ações junto a comunidade tem um custo bem

menor do que voltar toda a renda em caras campanhas publicitárias.

Este é um trabalho que apóia a propaganda e as técnicas de merchandising, agregando-

lhes uma maior visibilidade. Relações públicas desenvolvem estratégias que, associando

nomes e marcas de produtos com suas finalidades institucionais, conferem o prestígio da

empresa ao produto, esta é uma iniciativa indispensável para um eficiente esforço de vendas.

4.3.2 Apoio institucional ao fator preço

No que diz respeito ao preço, a atividade de relações públicas ao relacionar-se com o

marketing, visa agregar valor econômico e auxiliar na consecução dos objetivos

mercadológicos das empresas. Os profissionais dessa área desempenham suas atividades

através de métodos mais discretos, como a pesquisa de opinião pública, não sendo

caracterizados como técnicas de venda, porém cujas consequências são de extrema

importância sobre o desejo de compra dos consumidores.

Com a realização de uma eficiente parceria entre o marketing e relações públicas, os

preços de muitos produtos e serviços podem ganhar uma dimensão intangível, ou seja, quando

se fortalece a imagem da empresa e, simultaneamente, conquista-se a confiança dos seus

consumidores, como através da responsabilidade social, o ato da compra ganha um novo

status em que se acredita num retorno social para a comunidade.

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4.3.3 Apoio institucional ao fator produto

Tomando como referência o produto ou serviço ofertado por estas empresas que

adotaram uma postura socialmente responsável, as relações públicas, ao compreenderem os

indivíduos em torno do processo produtivo, ajudam os profissionais de marketing a adaptar os

atributos dos bens produzidos no intuito de correrem menos riscos no que diz respeito a sua

aceitação no mercado e melhor atenderem as necessidades dos consumidores.

4.3.4 Apoio institucional ao fator praça

E, por fim, com a valorização dos aspectos institucionais o fator praça ganhou ainda

mais atenção dos profissionais das áreas de marketing e relações públicas. Passou a ser

essencial uma eficiente relação pós-venda com o consumidor.

Os técnicos de relações públicas tornaram-se responsáveis por ajudar a empresa a se

posicionar como um órgão pronto para atender seus clientes e a satisfazê-los no que diz

respeito às suas dúvidas, sugestões e desapontamentos. Para que as estratégias de marketing

supram a necessidade de haver um eficiente sistema de distribuição dos seus produtos, foi

necessário englobar à estrutura organizacional das empresas um acompanhamento de

qualidade posterior ao ato da venda. Com esse novo ajuste, as relações públicas fornecem ao

departamento de marketing os melhores caminhos de aproximação com seus públicos.

Ao analisar as atividades de relações públicas e de marketing, levando em

consideração os fatores tradicionais do composto mercadológico aqui mencionados,

compreende-se que estas são duas áreas distintas, que mutuamente se apóiam, promovendo a

empresa, seus produtos e seus serviços. Esta é uma relação harmônica das duas áreas que

trazem benefícios para a instituição econômica.

Com o estudo sobre as relações públicas, infere-se que sua atuação integra a

comunicação organizacional, sistematizando todas as outras áreas voltadas para a

comunicação da empresa. Para atingir os objetivos desenvolvidos no processo de

institucionalização, a comunicação deve ser planejada de forma estratégica, utilizando

técnicas de relacionamentos e meios específicos, devidamente selecionados, e interagindo

com todas as atividades comunicacionais. Nesse sentido, é necessário colocar as relações

públicas em função de uma atividade coordenada com os diversos segmentos da comunicação

social, reunindo as contribuições das áreas afins. A ação conjunta dessas áreas ajuda as

organizações a racionalizarem suas atividades nesse campo e a melhorarem sua aproximação

com os vários públicos.

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5 ATUAÇÃO DA EMPRESA NATURA COSMÉTICOS NO PROCESSO DE

INSTITUCIONALIZAÇÃO

Neste capítulo serão analisadas as atividades institucionais da Natura, empresa

brasileira de cosméticos, por ser um modelo prático dos conceitos defendidos nos capítulos

anteriores que constituem este trabalho. Essa empresa desenvolve uma história marcada pela

busca do equilíbrio entre o desenvolvimento socioambiental e o sucesso econômico, seja no

ecossistema da própria organização, do país ou do mercado global.

5.1 Contextualização mercadológica da empresa Natura Cosméticos

Desde 2004, a Natura configura-se como uma companhia de capital aberto, com ações

listadas no Novo Mercado, o mais alto nível de governança corporativa da Bolsa de Valores

de São Paulo (Bovespa), presente em sete países da América Latina e na França. É uma marca

genuinamente brasileira e, segundo informações obtidas no site institucional da empresa4,

nascida das paixões pela cosmética e pelas relações institucionais.

Ao longo de quatro décadas, conquistou a liderança no mercado brasileiro de

cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal, assim como no setor da venda direta,

desenvolvendo um comportamento empresarial sustentável, que visa criar valor para toda a

sociedade, alcançando resultados ligados aos aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Um dos principais motivos pela conquista de uma sólida economia é que a Natura

busca, por meio de um modelo de desenvolvimento voltado para a sustentabilidade, atender

aos desafios socioambientais com soluções que gerem crescimento econômico.

A empresa acredita que resultados sustentáveis são aqueles alcançados por meio de

relações de qualidade e por isso considera suas consultoras5 como as primeiras consumidoras

da marca. São elas que levam os produtos até o consumidor final, e transmitem os valores da

organização por meio de um relacionamento de confiança e de qualidade. Por isso, a Natura

busca estabelecer canais de diálogo abertos com este público, utilizando uma comunicação

pautada na transparência.

Em relação aos produtos da marca, a empresa os desenvolve estabelecendo alianças

com as comunidades tradicionais, unindo o conhecimento científico à toda sabedoria destes

povos que vivem próximos da terra de onde são extraídas as principais matérias-primas,

promovendo, ao mesmo tempo, o uso sustentável da rica biodiversidade botânica brasileira. A

4 Informações obtidas no site institucional da Natura: <http://scf.natura.net/Default.aspx>. Acesso em: 2 de maio

de 2011. 5 Neste trabalho será utilizado o termo consultora, no feminino, embora a empresa desenvolva seu trabalho de

venda direta com ambos os gêneros.

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Natura também volta sua atenção para que seus produtos promovam o Bem Estar Bem, razão

de ser da marca que pretende aliar o produto aos cuidados dedicados aos seus públicos.

A Natura considera a criatividade e a excelência como premissas para superação dos

desafios da sustentabilidade. Acreditando nisso, em 1983, realizou uma iniciativa

revolucionária: passou a oferecer produtos com opção de refil, cuja massa média é 54%

menor que a da embalagem regular.

Na década de 90, tornou pública sua razão de existir (missão), sua percepção de futuro

(visão) e suas crenças (valores), direcionando suas estratégias de crescimento sustentável para

a responsabilidade socioambiental, sendo pioneira nesta ação empresarial.

Em 2005, possibilitou a vegetalização dos sabonetes da marca, em substituição ao uso

da gordura animal e em 2007, desenvolveu a tabela ambiental, que informa o impacto

ambiental de cada produto.

Dando continuidade à suas ações, em 2010, ano em que a Organização das Nações

Unidas (ONU) declarou como o Ano Internacional da Biodiversidade, a Natura deu mais

alguns passos importantes com a utilização do plástico verde nas embalagens - reduzindo de

forma significativa o impacto ambiental negativo de suas atividades - e com os constantes

aperfeiçoamentos da Linha Natura Ekos (lançada em 2000) - que tem sido a linha de produtos

com maior expressão de responsabilidade socioambiental da marca em relação ao uso

inovador e sustentável da biodiversidade.

Atualmente, a Natura relaciona-se com 26 comunidades rurais de todas as regiões

brasileiras (com exceção da região Centro Oeste), reunindo 2.083 famílias. A pluralidade

social, econômica e cultural, assim como a distância dos grandes centros urbanos são alguns

dos desafios que a empresa enfrenta ao cuidar do relacionamento com esses parceiros, tarefa

exercida, desde 2005, por uma área administrativa exclusiva na Natura.

Formada por uma equipe multidisciplinar de antropólogos, cientistas sociais, biólogos,

economistas e administradores, a Gerência de Relacionamento com Comunidades (GRC),

muitas vezes, desloca-se centenas de quilômetros de avião, carro e barco para o trabalho de

campo com os agricultores. O trabalho primordial dessa equipe é cuidar do relacionamento

com os grupos de pequenos produtores rurais responsáveis por colher ativos naturais como o

buriti, a castanha e o mate verde, usados nos produtos da marca.

Quando a equipe da GRC reúne-se com as comunidades produtoras, são debatidas

questões como planejamento de safra e definição do preço justo do que é colhido e produzido.

Também é uma atribuição dessa área gerir o relacionamento das comunidades com as

empresas que processam os ativos. Estes serão usados na elaboração dos produtos que

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constituem as linhas da marca Natura. A ideia dos profissionais da GRC é cuidar para que

também essas conexões gerem benefícios a todos os envolvidos no processo de extração,

produção e transporte das matérias-primas. A Natura desenvolve projetos sociais junto às

comunidades e ainda apóia, patrocina e divulga várias outras iniciativas.

5.2 Qualificação da Natura em relação aos conceitos de organização e instituição

Tomando por base os conceitos de organização e instituição desenvolvidos no segundo

capítulo deste trabalho monográfico, considera-se que as empresas definidas como

organizações se voltam para um fim específico de cumprir determinada tarefa voltada para a

produção de seus bens ou serviços. Estas se encontram condicionadas a produção e ao lucro,

não investindo, assim, na formação de uma missão que priorize uma inter-relação entre o que

é produzido pela empresa e o meio social no qual ela está inserida.

Já as empresas consideradas instituições investem numa forte missão que prioriza a

qualidade do que é oferecido para a sociedade e analisam as formas pelas quais suas

atividades podem ir além da oferta de um produto ou serviço, inserindo-se, assim, em outros

nichos que cooperem com o desenvolvimento de seus consumidores.

Reforçando o conceito de instituição, utilizado durante a pesquisa, Pereira (1988, p. 9-

10, apud KUNSCH, 2003, p.33) relata “Instituição é um organismo vivo [...] preocupada não

somente com lucros ou resultados, mas com sua sobrevivência e perenidade e guiada por um

claro sentido de missão.” O autor afirma ainda que “As pessoas constroem suas vidas em

torno delas, identificam-se com elas e tornam-se dependentes delas”.

Portanto, na busca de atingir seus objetivos, as organizações voltam-se para uma

função especializada e desenvolvem uma visão particular e restrita em relação a uma

determinada tarefa, preocupando-se consigo mesmas e com a concorrência. Já as instituições

desenvolvem uma visão universal, ou seja, seus compromissos são norteados pelas

necessidades da sociedade e, por isso, definem relações com a política, a cultura, a saúde e

outros fatores que definem a pluralidade de suas funções sociais.

Diante do exposto, pode-se perceber a Natura como uma empresa que se apresenta

como organização, por investir em um eficiente plano estratégico que possibilite sua produção

e sua atuação no mercado. Porém, é preciso compreender que ela não se limita ao lucro e nem

a mera doação de verbas para programas sociais. Esta empresa participa efetivamente dos

projetos desenvolvidos por ela, preocupa-se e age diante dos cuidados necessários para

preservação do meio ambiente, valoriza as relações com seus públicos interno e externo, com

seus fornecedores e com o governo, busca uma atuação empresarial que haja em compasso

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com as necessidades do ambiente social e empresarial nos quais está inserida, assim como

desenvolve uma economia sustentável e faz deste atributo, uma condição para os fornecedores

que atuam junto a ela. Ou seja, a empresa deseja que seus fornecedores compartilhem de suas

mesmas preocupações diante das questões socioambientais.

Para que estes atributos, inerentes as instituições, sejam valores compartilhados pela

Natura, a empresa capacita seus colaboradores, com sua missão de levar o bem estar a todos

os envolvidos nos processos de produção e comercialização da marca.

Frente à sociedade, a Natura desenvolve projetos junto à comunidade, como a criação,

em 1995, do Programa Crer para Ver, que surgiu da parceria entre a empresa e a Fundação

Abrinq pelos Direitos da Criança, onde os resultados conquistados com a venda dos produtos

da marca foram revertidos para melhoria na educação pública do Brasil.

O que se constata quando se analisa a Natura Cosméticos, é que esta empresa

consegue dividir sua atenção para a economia e a concorrência, sem excluir a atenção voltada

às necessidades dos seus consumidores que buscam não só a beleza, mas sim o Bem Estar

Bem, filosofia defendida pela empresa.

Vale salientar, ainda, que a Natura se enquadra no conceito de organização orgânica,

apresentando algumas características como:

Flexibilidade para estabelecer novos ideais e vínculos estratégicos com outras

entidades;

Conduta proativa para enfrentar os novos dilemas mundiais, através do

desenvolvimento de uma economia sustentável, extraindo matéria-prima, mas

ao mesmo tempo realizando o reflorestamento;

Potencial para realizar a expansão e o constante aperfeiçoamento de suas

relações;

Capacidade de adaptação diante da economia e das questões sociais,

coordenando atividades que procuram reagir às novas condições impostas pelo

mercado consumidor.

Por acreditar no significado do termo instituição econômica, conceito trabalhado no

segundo capítulo, torna-se possível estabelecer que a Natura é uma organização definida,

também, como instituição econômica, ou seja, aquela que interage suas ações voltadas para o

lucro com ações de cunho institucional.

Portanto, pode-se concluir que a Natura projetou um novo modelo de organização no

mercado, no qual ela desenvolve características que a definem como organização orgânica –

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41

diante de sua capacidade de adaptação e de estabelecer relações institucionais – e como

instituição econômica – diante da criação de um planejamento estratégico que visa o lucro

sem esquecer as causas sociais. Essa definição facilita a compreensão do processo de

institucionalização tomado por esta e por muitas outras empresas, diante de uma nova classe

de consumidores mais conscientes.

5.3 A atuação das relações públicas no processo de implementação do marketing

institucional da Natura

5.3.1 Marketing institucional da Natura

No terceiro capítulo deste trabalho, realizou-se uma análise do contexto em que o

marketing institucional se estabeleceu e a forma como suas atividades ligaram-se ao

marketing empresarial, consolidando a imagem institucional de muitas empresas.

A Natura posiciona-se como uma empresa comprometida com o desenvolvimento

sustentável. Essa posição foi definida desde sua fundação em 1969, mas com as exigências

dos novos consumidores e as necessidades do meio ambiente, a empresa realiza um esforço

contínuo para fortalecer seu marketing institucional e sua correlação com as técnicas do

marketing empresarial.

Ao longo dos anos de sua atuação no mercado, a Natura desenvolveu atividades

voltadas para a cultura e a educação da sociedade como, por exemplo, os projetos Crer para

Ver e Natura Escola.

A empresa realizou altos investimentos em equipes de atuação na área de marketing

para que as mesmas pudessem compreender as necessidades dos seus públicos. Foi necessário

analisar as necessidades e traços culturais de muitas das comunidades onde a empresa atua,

seja para venda dos produtos ou extração de matéria-prima, para que a Natura não

desenvolvesse seus projetos em descompasso com as relações positivas com a sociedade,

valor este impregnado na missão da empresa.

A Natura se mostra uma empresa atenta as mudanças sociais, e isso acontece porque

ela investe em um planejamento estratégico de marketing que ajuda a fortalecer seu

comprometimento com a construção de um novo modelo de negócios, baseado no alto

investimento institucional e econômico.

Mesmo com as inúmeras despesas voltadas para o desenvolvimento de técnicas não-

poluentes e os projetos sociais, a empresa revela uma atuação proativa frente à concorrência

desenvolvendo seu marketing institucional com expectativas de que, no futuro, possa colher

os benefícios destes investimentos.

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42

Segundo informação localizada no hotsite6 da marca, desenvolvido em comemoração

ao Ano Internacional da Biodiversidade instituído pela Organização das Nações Unidas

(ONU):

Um grande desafio das empresas é inserir em seu negócio a sustentabilidade. E a

Natura faz isso de forma genuína. Colocar a sustentabilidade na prática é uma

batalha diária entre o triple bottom line – o tripé formado pelos aspectos sociais,

ambientais e econômicos. A tendência de o lado econômico falar mais alto é forte.

Se a empresa não estiver nos trilhos, comprometida com seus princípios e valores,

isso acontece. A sustentabilidade, muitas vezes, custa mais caro e dá trabalho. Tanto

é que existem equipes inteiras da Natura dedicadas a isso [...].

A Natura passou a desenvolver práticas ligadas ao produto do seu marketing

institucional que é a ideia do Bem Estar Bem. A empresa investe nas melhorias dos

relacionamentos, trabalhando para que todos possam usufruir o bem estar, seguindo a

tendência onde os consumidores não almejam realizar a mera apropriação do bem material,

mas usufruir dos valores intrínsecos à empresa e seus produtos.

Ao analisar a empresa, constata-se que esta se posiciona no mercado como uma das

que mais crescem financeiramente, isso confirma a boa utilização das técnicas do marketing

empresarial, mas é por meio das técnicas do marketing institucional que a Natura atua de

forma ecoeficiente.

Atuar de forma ecoeficiente é dizer que a empresa gera produtos competitivos no

mercado e ao mesmo tempo produz benefícios voltados para a melhoria da qualidade de vida

da sociedade, trabalhando para a redução dos impactos ambientais e ainda permanecendo

atenta as sugestões que partem desde os profissionais de marketing até o fornecedor da

matéria-prima dos produtos.

A empresa preocupa-se com as mudanças ambientais e comportamentais da sociedade,

esta é uma iniciativa fundamental para que ela possa identificar os melhores campos de

atuação institucional (Algumas das ações institucionais desenvolvidas pela Natura serão

descritas na seção 5.5 deste capítulo).

Por meio dessa atenção voltada para os indivíduos, a empresa vai conhecendo as

necessidades sociais enfrentadas e realiza um filtro das mesmas, identificando quais as

melhorias mais adequadas às condições da empresa e que ao mesmo tempo gerem

reconhecimento institucional por parte do consumidor, do governo e da mídia.

Os cuidados voltados para o desenvolvimento de uma produção sustentável dos seus

produtos, buscando uma menor agressão a Natureza, é um traço marcante de muitas das ações

6 Case “Relações Genuínas”. Disponível em: < http://www.natura.podbr.com/p/biodiversidade/ >. Acesso em: 16

de maio de 2011.

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executadas pela Natura. A empresa investe na adesão de novas tecnologias assim como no

frequente aperfeiçoamento dos produtos e das embalagens. O aprimoramento de uma logística

reversa, na qual recolhe as embalagens vazias após o consumo e as destinam corretamente

para a reciclagem, é uma das atividades desenvolvidas pela Natura.

Os produtos desenvolvidos pela Natura foram os primeiros cosméticos do Brasil a ter

refil. Em dimensões de mercado mundial, a natura inovou, lançando o primeiro refil para

potes, na introdução do seu sistema de tratamento anti-sinais Natura Chronos. A empresa

continua a investir nessa linha de fabricação, contribuindo com a preservação do meio

ambiente e democratizando o acesso aos produtos da marca. Essa iniciativa, que foi muito

bem aceita pela sociedade, estreita ainda mais a relação da Natura com seus consumidores.

No desenvolvimento das técnicas de seu marketing institucional, a Natura

desvinculou-se da necessidade de testes em animais. Essa iniciativa, tomada como objetivo

estratégico em 2001, tornou-se realidade por meio dos investimentos em tecnologia e das

capacitações internas em 2006.

Em 2008, a ONG PEA (Projeto Esperança Animal), uma referência nesta temática,

agregou a Natura em sua lista de empresas que não realizam testes de seus produtos em

animais.

Inserido no seu posicionamento institucional, a Natura desenvolveu o Portfólio Natura

Braille e Visão Subnormal, que é uma versão do catálogo de produtos da empresa adaptada as

necessidades dos consultores portadores de deficiência visual. Para o desenvolvimento da

peça, a empresa contou com a colaboração e consultoria de uma equipe multidisciplinar de

especialistas.

O catálogo, que funciona como uma ferramenta de inclusão social é impresso em

papel reciclado e é desenvolvido por meio de um sistema de pasta fichário que facilita a

constante atualização do conteúdo.

Com a criação e o sucesso do portfólio Natura Braile, a empresa foi motivada a

desenvolver a Revista Natura Falada. Depois de um tempo de uso do catálogo, percebeu-se

que boa parte das consultoras não sabiam ler em braile, levando a empresa a procurar uma

alternativa que continuasse a gerar oportunidades para estas pessoas.

A Revista Natura Falada, como o nome sugere, é uma revista onde o seu conteúdo é

narrado. Todas as informações passam por frequentes atualizações e contempla a descrição

dos produtos, preço e código, conceito das linhas e todas as informações atualizadas dos

ciclos, como lançamentos, descontinuações e promoções. O material é disponibilizado no site

institucional da marca.

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Além do desenvolvimento do seu portfólio em braile, da revista falada e da produção

de embalagens com informações em braile a empresa é reconhecida por desenvolver um

trabalho que realiza a inclusão de pessoas portadoras de deficiência física no seu quadro de

empregados, através do desenvolvimento de projetos adequados a este público.

Um deles é o projeto Enxergar, implantado em 2002, que conta com a colaboração de

65 portadores de deficiência visual, que atuam como voluntários no processo de realização de

testes olfativos com fragrâncias. O projeto também capacita consultores com deficiência

visual, os mesmos recebem treinamento adequado das promotoras Natura.

Em sua filial em Cajamar a Natura emprega cerca de quarenta colaboradores com

deficiência auditiva, em diferentes setores da produção, e nove portadores de deficiência

física desempenham funções administrativas.

Com a acolhida, de maneira voluntária, de pessoas portadoras de deficiência no

processo de produção, a Natura procura adicionar novas percepções para o negócio. Essa

experiência contribui para o desenvolvimento de um eficiente marketing institucional e

fortalece o relacionamento com os diversos públicos da empresa.

Segundo o site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)7 a

Natura, no final de 2005, foi citada como pioneira no desenvolvimento do marketing verde

em relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). A empresa destacou-se no relatório

do Talk the Walk8.

O estudo visa esclarecer como o desenvolvimento de uma sólida comunicação

institucional contribui para desenvolver uma cultura do consumo consciente e socialmente

responsável, e indicou a Natura como uma das empresas pioneiras no chamado marketing

verde.

Conforme as informações encontradas no site do PNUD, “Para o estudo “Talk the

Walk”, o marketing verde é viável economicamente [...] porque as ações social e

ambientalmente responsáveis são cada vez mais discutidas na sociedade, o que agrega valor

ao produto e à empresa.”

A empresa, ao adotar o marketing verde, que é considerado uma ferramenta

publicitária que visa conquistar consumidores que levam em conta as causas ligadas ao meio

ambiente e a sociedade, desenvolve uma melhor distribuição dos valores destinados a

7 Disponível em: <http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=1716&lay=mam>.

Acesso em: 14 de maio de 2011. 8 Talk the Walk, é um estudo desenvolvido por meio de uma parceria da UNEP (o Programa de Meio Ambiente

das Nações Unidas), Global Compact e Utopies, essa última uma consultoria francesa dedicada à promoção do

desenvolvimento sustentável.

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comunicação e realiza um trabalho mais próximo a sociedade, ganhando reconhecimento de

formadores de opinião e a aceitação de suas atividades pelo público.

Identifica-se um esforço da Natura em não fazer de suas ações institucionais apenas

instrumento de propaganda e repercussão midiática. A empresa busca acompanhar o

desenvolvimento dos seus projetos após o lançamento na sociedade e isso exige do

departamento de marketing institucional desenvolver ações que não fujam do controle e do

orçamento da empresa.

A Natura, frente à concorrência e as mudanças comportamentais dos seus

consumidores, passou a reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera. Esta postura

empresarial é uma resposta ao consumo mais consciente e ao interesse dos indivíduos nas

condições sociais de produção dos bens que eles usufruem.

Considerando a Natura como uma provedora de atividades ligadas a uma organização

e uma instituição, infere-se que ela é uma empresa que busca um equilíbrio entre seus

interesses econômicos e institucionais. Quando este comportamento é estabelecido, os

objetivos do marketing empresarial (a venda) e os do marketing institucional (credibilidade da

imagem institucional) são efetivados.

5.3.2 Análise do desenvolvimento das Relações Públicas da Natura

As relações públicas atuam de forma conjunta com o marketing institucional e

empresarial, essa é uma condição primordial para que tudo o que foi traçado no planejamento

estratégico da empresa seja posto em prática. As relações públicas desenvolvem uma

aproximação contínua e necessária entre a empresa, colaboradores e consumidores.

O importante papel desta atividade é reconhecido principalmente por meio da

necessidade encontrada pelas empresas de realizar uma eficiente comunicação com seus

públicos. Conforme visto no quarto capítulo deste trabalho, é essencial haver um

relacionamento em que haja a troca de informações, possibilitando a empresa reconhecer as

principais características do ambiente que ela está inserida e adaptar suas ações junto a

sociedade.

A Natura investe nos relacionamentos por meio de uma comunicação simétrica. Seus

administradores, gestores e colaboradores cultivam as relações com todos os públicos que se

fazem presentes no processo do negócio.

A partir da aproximação empresa versus consumidor é possível conhecer as

expectativas de cada um dos públicos e realizar melhorias não só nos seus produtos e

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serviços, mas também no desenvolvimento de novos projetos e parcerias que visam melhorias

para a sociedade e o meio ambiente.

Com seus colaboradores, que constituem o público interno da empresa, são

desenvolvidas atividades que se estendem até seus familiares. Seguindo as relações com o

público interno, a Natura desenvolve projetos que visam a satisfação destes indivíduos.

De acordo com o que foi exposto anteriormente, para a Natura as consultoras

representam os primeiros consumidores da marca, segundo o site institucional da empresa

“Estimulamos o desenvolvimento pessoal, material e profissional de nossas consultoras e

nossos consultores e os encorajamos a se tornarem agentes de transformação, contribuindo

para a disseminação do conceito do bem estar bem [...]”.

Ainda com seu público externo, a Natura sempre atualiza suas informações no site da

empresa, para melhor atender as dúvidas dos consumidores e ainda oferece um sistema de

comunicação interativo, seja por meio de e-mails, telefonemas, chat entre colaborador e

consumidor, entre outros.

As relações públicas da empresa também agem na escolha dos seus fornecedores. Os

profissionais desenvolvem uma triagem objetiva e impessoal dos fornecedores que são

escolhidos após o reconhecimento de sua forma de atuação no mercado. É feito um parâmetro

entre as ações socioambientais desenvolvias pela Natura e as desenvolvidas pelos possíveis

fornecedores. Após a escolha, a empresa busca desenvolver um relacionamento sólido com

estes fornecedores, fazendo dos mesmos parceiros nas práticas sustentáveis.

O governo representa um público constitutivo para a Natura. A empresa, muitas vezes,

depende dele para se constituir e dar continuidade as suas ações, onde juntos têm a chance de

gerar melhorias a todos os envolvidos e a sociedade em geral.

A Natura desenvolve um importante trabalho de relações públicas com as

comunidades produtoras de ativos essenciais para a fabricação dos cosméticos da marca.

Desse contato, os profissionais estabelecem uma relação onde ambos são beneficiados; de um

lado a comunidade ganha dicas de experientes profissionais e, do outro, a empresa conhece

um pouco mais sobre as riquezas do país e ainda tem uma fonte de inspiração para as

inovações dos produtos e desenvolvimentos de campanhas institucionais.

A convivência com as comunidades gera um importante material de comunicação, que

é utilizado para desenvolvimento do planejamento estratégico da marca e as ações

institucionais, seja por meio da propaganda ou do desenvolvimento de projetos.

Uma das ferramentas que busca o constante aperfeiçoamento das relações da empresa

com seus públicos é o Índice de Qualidade do Relacionamento (IQR) que funciona como um

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instrumento de avaliação da forma como a empresa está se relacionando com as comunidades

produtoras de ativos da Natura.

Por meio dessa ferramenta é desenvolvida uma avaliação de alguns princípios

importantes no relacionamento, como transparência, comprometimento e lealdade. A partir

daí, os profissionais de relações públicas desenvolvem uma metodologia de pesquisa que

garanta um panorama anual do trabalho realizado com a comunidade.

Uma outra forma da Natura manter constante diálogo com seus públicos é por meio do

Natura Conecta, endereço virtual que, por meio da realização de cadastro, todos os

interessados na empresa mantêm contato ao vivo ou por meio de mensagens.

No site do Natura Conecta9 a empresa afirma:

O Natura Conecta é um ambiente virtual criado para conectar as pessoas e dar voz

aos diversos públicos que se relacionam com a Natura. O objetivo deste espaço é

debater e refletir, de forma inovadora, sobre diversos temas, ampliando as fronteiras

da Natura por meio de um processo de co-construção do futuro e de um novo

modelo de sociedade baseado na inteligência coletiva.

Portanto, tomando como referência as atividades institucionais desenvolvidas pela

Natura, compreendemos o esforço dessa empresa em aprimorar a interação com os seus

diferentes públicos. Esta se destaca como uma das poucas no país que tem uma área exclusiva

para tratar com seus fornecedores rurais. Essa é uma postura empresarial na qual a presença

constante das relações públicas é essencial.

5.4 As funções de Relações Públicas da Natura

5.4.1 Aspectos da Função Administrativa de Relações Públicas da Natura

A Natura, por realizar a cultura do bem estar bem, busca a constante melhoria nas

relações, exigindo do departamento de relações públicas ir além das preocupações voltadas

para o meio ambiente e atua em diferentes vertentes da expressão da cultura brasileira como a

música e a moda. Todas as ações de relações públicas da Natura estão voltadas para o

desenvolvimento de uma economia sustentável, por isso são planejadas e visam um retorno

estratégico para a empresa.

Enquanto função administrativa, os profissionais de relações públicas da Natura atuam

junto à comunidade, administrando os resultados das pesquisas realizadas com as mesmas e

acolhendo as opiniões dos públicos interno e externo da empresa. Essa iniciativa é

fundamental para norteá-la sobre quais projetos desenvolver com a sociedade e as principais

mudanças a serem realizadas na produção dos seus bens e/ou serviços.

9 Informações obtidas no portal Natura Conecta. Disponível em: <http://www.naturaconecta.com.br>. Acesso

em: 24 de maio de 2011.

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Como apresentado anteriormente, o exercício administrativo de relações públicas

busca a credibilidade de suas atividades perante outras entidades e o meio social em que

opera. A Natura administra projetos junto às comunidades produtoras dos ativos dos

cosméticos assim como desenvolve ações sociais as quais nutrem uma boa imagem

institucional entre seus colaboradores. No tópico 5.5 deste capítulo serão apresentados alguns

dos projetos desenvolvidos pela Natura.

5.4.2 Aspectos da Função Estratégica de Relações Públicas da Natura

Enquanto função estratégica, as iniciativas desenvolvidas por meio de um

planejamento estratégico de marketing e as estratégias de relações públicas são decorrentes de

uma avaliação de possíveis cenários de negócios, para compreender, por exemplo, aspectos

favoráveis e não-favoráveis à introdução das linhas dos produtos, analisar o desenvolvimento

e a manutenção de projetos sociais, assim como identificar as oportunidades de mercado,

buscando constante melhorias para a empresa e a sociedade.

A conquista de relacionamentos estáveis é uma das principais metas a serem

alcançadas pela função de relações públicas de qualquer empresa inserida no processo de

institucionalização. Somente desenvolvendo esse posicionamento é que a empresa encontra-se

segura para colocar em prática suas estratégias e aplicar seus investimentos nos segmentos

que ela atua. Com a Natura não é diferente, como foi observado a empresa investe nos bons

relacionamentos com seus colaboradores, consumidores, fornecedores, governo e ainda com

os beneficiados com seus projetos.

5.4.3 Aspectos da Função Mediadora de Relações Públicas da Natura

As estratégias de relações públicas são traçadas através de um gerenciamento de

atribuições voltadas para a implantação de atividades empresariais provindas de uma

mediação entre os interesses sociais, políticos e econômicos capazes de promover o

crescimento e/ou a sobrevivência básica da empresa.

A Natura, por meio de suas atividades de relações públicas, tem estabelecido uma

constante aproximação com seus públicos, e o resultado é o desenvolvimento de projetos

sociais, apoiados pelo governo e bem vistos pelos indivíduos beneficiados; uma iniciativa que

também desenvolve a economia da marca.

A empresa deixa claro em suas publicações no site institucional o compromisso com

seus relacionamentos, tornando perceptível o quanto seus públicos são essenciais para que a

mesma mantenha-se, em seu segmento, líder no mercado. Desde sua origem, sua principal

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forma de venda é a direta, realizada por meio do catálogo de produtos utilizado pelas

consultoras. Esse tipo de venda precisa ser desenvolvida em um contexto de credibilidade e

confiança para que a compra possa ser efetuada pelo consumidor. Portanto, mediar

relacionamentos é algo primordial para empresa, desde o trabalho voltado para as

comunidades produtoras de matéria-prima até o consumidor final.

5.4.4 Aspectos da Função Política de Relações Públicas da Natura

No desenvolvimento de sua função política, as relações públicas trabalham de forma

proativa, ajudando as empresas a prever problemas e a desenvolver soluções viáveis para os

mesmos. É extremamente necessário um alto nível de aperfeiçoamento das relações, seja nas

dimensões políticas ou sociais, para que as empresas não se tornem alvos de conflitos sociais,

questões controversas, crises e confrontações que constantemente acontecem nas diversas

situações vivenciadas.

A Natura posiciona-se de maneira proativa diante das dificuldades, para isso

estabelece um bom relacionamento com o governo. Trabalhando principalmente com as

técnicas de preservação do meio ambiente, a empresa ganha credibilidade diante do poder

público e sua postura serve, muitas vezes, como modelo para outras empresas.

As diretrizes da empresa são voltadas para o gerenciamento do impacto no meio

ambiente, da responsabilidade com as gerações futuras, da educação ambiental e da redução

da entrada e saída de matérias. Segundo o site da empresa a Natura “cumpre os parâmetros e

requisitos exigidos pela legislação e demais normas subscritas [...]”.

Em seu site a empresa afirma:

“Temos um canal estruturado de relacionamento com o governo. Todos os contatos

com esse público são estabelecidos de maneira formal e documentados, com clareza

e transparência, explicitando nossos interesses e nossas intenções, sendo passíveis de

auditoria”.

A empresa afirma ainda:

“Manifestam-nos a favor da atividade regulamentada do lobby, como prática

legítima, em um regime democrático, para defender nossos interesses e conseguir

apoio para nossas causas. Exercemos esse direito com total compromisso com a

ética e transparência, em consonância com as nossas crenças, sempre que houver

necessidade de tratar de temas relacionados ao nosso negócio e à nossa visão de

mundo, ou que possam gerar benefícios para a sociedade. Apoiamos a

regulamentação do lobby no Brasil e a disseminação do conteúdo da atividade do

lobista para a sociedade”.

A função política de relações públicas procura conter os conflitos com seus públicos.

Essa é umas das maiores preocupações da Natura, que estabelece um alto nível de exigência

quanto a escolha dos seus fornecedores que também devem ser comprometidos com o

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desenvolvimento sustentável e a busca constante de formas de atender as necessidades dos

colaboradores por meio de uma política que contenha as greves e desacordos com a empresa.

A empresa procura manter um relacionamento contínuo e aberto com as diferentes

esferas do Poder Público para, então, permanecer capacitada a participar das discussões de

temas ligados aos seus negócios. Essa é uma iniciativa que permite a Natura ser reconhecida

como uma interlocutora relevante no debate de políticas públicas.

Nosso relacionamento com o Governo e com as associações e entidades de classe se

dá por meio de área de Relações Governamentais, que conta com uma equipe de

cinco profissionais, responsáveis pelo diálogo com esses públicos.

A Natura apóia a iniciativa da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) que atua levando ao Governo Federal um posicionamento

formal e sugestões para a nova lei de acesso a recursos genéticos e conhecimento tradicional

associado.

Como vimos no capítulo anterior, a realização de projetos voltados para as classes

menos favorecidas é uma oportunidade de fortalecer a imagem da empresa interna e

externamente. Diante do seu público externo ela pode estreitar laços com os poderes públicos,

desenvolver melhorias para a comunidade local, entre outros. Já com o público interno as

relações públicas orientam a empresa a desenvolver campanhas que incentivem o trabalho

voluntário dos seus colaboradores. A Natura toma a função política de relações públicas como

atividade constante no seu planejamento estratégico de marketing.

5.5 Análise do processo de criação da comunicação institucional da Natura

A Natura investe em cada detalhe de sua comunicação. Desde o nome da marca, que

remete à natureza, até a utilização do papel reciclado nos seus catálogos a empresa busca se

posicionar institucionalmente na sociedade.

A base da sua comunicação está na relação do homem com o meio ambiente, assim

como a valorização das diferenças entre os indivíduos. Seja por meio da beleza, das

expressões culturais ou artísticas do povo brasileiro, a empresa sempre desenvolve em suas

campanhas institucionais uma valorização das relações e da ideia do bem estar bem para seus

consumidores.

Em suas campanhas, a empresa procura apresentar uma linguagem leve, que faz

referência a elementos naturais, do cotidiano e da cultura, investindo para fazer com que as

pessoas se sintam melhores. Buscando inovar, a Natura desenvolve propagandas que

divulgam ideias positivas, que vendem, além do produto, valores que motivam os clientes a

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51

cuidarem da beleza e a compartilharem dos ideais que visam a construção de um mundo mais

equilibrado.

No caso da Natura, a empresa desenvolve um intenso trabalho de comunicação que

explora principalmente a linha de produtos EKOS, dando ênfase à iniciativa da marca em

atuar de forma sustentável junto às comunidades produtoras de ativos, assim como a

valorização das diversidades culturais e das riquezas naturais do Brasil. A maioria das

propagandas associadas a essa linha é embasada em um posicionamento focado na relação do

ser humano com a natureza, onde a venda do produto não é o centro das atenções.

As propagandas da marca seguem uma tendência trazida pelo processo de

institucionalização em revelar uma preocupação da empresa com as responsabilidades

voltadas para o meio ambiente e a sociedade. Com o processo de institucionalização, as

propagandas do novo milênio, apresentam-se como campanhas institucionais cada vez mais

voltadas para o desenvolvimento de uma boa imagem das grandes empresas. Por meio dessa

postura, a Natura tem conquistado cada vez mais espaço no mercado, atingindo e

convencendo um crescente número de clientes.

Conforme defendido no quarto capítulo, a propaganda institucional, quando bem

desenvolvida, associa de tal forma as características tangíveis e intangíveis dos produtos, que

os consumidores ao realizarem a compra, também adquirem os ideais da empresa, sentindo-se

seguros e socialmente comprometidos com a causa defendida pela mesma.

Portanto, para a Natura, a comunicação revela-se como uma importante ferramenta,

seja na maneira que comunica sua proposta de valor para a sociedade na mídia, seja no

atendimento aos públicos por meio dos canais de comunicação já estabelecidos, como o site, o

Serviço Natura de Atendimento ao Consumidor (SNAC) e a Central de Atendimento Natura

(CAN) a empresa busca um constante fortalecimento de sua imagem institucional por meio do

contato com seus consumidores.

5.6 Análise do uso das Relações Públicas da Natura no Composto Mercadológico de

Marketing

5.6.1 Promoção

A conquista dos públicos interno e externo de uma empresa deve ser uma atividade

constante no desenvolvimento de uma boa imagem institucional. No caso da Natura, que

valoriza suas relações sociais e comerciais, investindo num processo de institucionalização

com pesquisas e ações junto a comunidade, as relações públicas ajudam a empresa a

aperfeiçoar suas técnicas de comunicação, potencializando os investimentos feitos em

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campanhas publicitárias e contextualizando a mensagem da empresa por meio de projetos e

patrocínios que garantem a divulgação e aceitação da marca.

Programas como Crer Para Ver, Projeto Natura Escola, Programa Natura

Jequitinhonha, Conselho Dos Direitos Da Criança e do Adolescente, Programa de Promoção

do Voluntariado, Cooperativa de Costureiras, Barracões Culturais da Cidadania e a

realização de parcerias como o apoio ao Instituto Ethos e ao Programa Alfabetização

Solidária ajudam a empresa a realizar uma eficiente promoção interna e externa à empresa,

aproximando a marca de suas finalidades institucionais.

A empresa, em seu site institucional, explica:

Procuramos, na nossa propaganda, abraçar a diversidade e nos posicionamos

claramente contra a manipulação e o estereótipo. Não fazemos promessas

exageradas sobre os benefícios dos nossos produtos e não influenciamos públicos

vulneráveis. Aderimos a normas e códigos voluntários ou auto-regulatórios que

expressem responsabilidade na comunicação, incluindo marketing, publicidade,

promoção e patrocínios.

Em 2011, a Natura decidiu patrocinar o programa de TV Bem Estar, da emissora

Globo, em que, por três meses, a empresa vai investir R$ 2,2 milhões em comunicação nos

intervalos do programa. O programa, que realiza uma abordagem editorial que contempla

saúde, bem estar, dietas, fitness e descobertas científicas, apresenta-se como uma forma da

empresa contextualizar seus ideais de bem-estar.

Estes trabalhos não são desenvolvidos aleatoriamente, mas por meio da aproximação

da Natura com seus públicos, que fornecem as informações essenciais para que os

profissionais de relações públicas desenvolvam, junto às estratégias de marketing, um guia de

ações que reforce a propaganda e as técnicas de merchandising, promovendo uma maior

divulgação e compreensão das responsabilidades da empresa.

5.6.2 Preço

Quando as empresas desenvolvem trabalhos voltados para a responsabilidade social,

os preços de muitos produtos e serviços podem obter um valor intangível, isso só é possível

com uma adequação das estratégias de relações públicas e marketing institucional que melhor

atenda as questões atuais ligadas a sociedade e ao meio ambiente.

Como ilustrado anteriormente, quando se fortalece a imagem da empresa e conquista-

se a confiança dos seus consumidores, o ato da compra torna-se menos limitado e o

consumidor acredita estar beneficiando-se e ajudando de alguma forma seu entorno social.

A empresa, com o interesse de viabilizar ainda mais o acesso do consumidor final aos

produtos, desenvolve um constante trabalho voltado para o reposicionamento de preços

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principalmente dos produtos de uso diário, no intuito de gerar uma fidelização ainda maior

com a marca e de criar um hábito de consumo frequente.

Segundo o Relatório Anual 2010 da Natura10

,

A receita líquida consolidada em 2010 foi de R$ 5.136,7 milhões, uma ampliação de

21,1% sobre 2009, com EBITDA (sigla em inglês para Lucro antes dos juros,

imposto de renda, depreciação e amortização) de R$ 1.256,8 milhões, margem

EBITDA de 24,5%, e lucro líquido de R$ 744,1 milhões. Este desempenho reflete a

boa execução da nossa estratégia de marketing, com lançamentos de novos produtos

e um crescimento de 18% no número de consultoras [...].

É dessa maneira que a Natura atua no mercado, promovendo ações que ajudam a

empresa a desenvolver, na maioria das vezes, uma precificação de seus produtos mais ligada

aos valores intrínsecos à marca. A empresa estabelece uma comunicação esclarecedora com

os consumidores, revelando valores que implicitamente justificam o valor dos seus produtos

diante da concorrência.

5.6.3 Produto

Tomando como referência o produto ou serviço ofertado por estas empresas que

adotaram uma postura socialmente responsável, as relações públicas, ao compreenderem os

indivíduos em torno do processo produtivo, ajudam os profissionais de marketing a adaptar os

atributos dos bens produzidos no intuito de correrem menos riscos no que diz respeito a sua

aceitação no mercado e melhor atenderem as necessidades dos consumidores.

No site institucional da marca encontra-se a seguinte afirmação:

Queremos, cada vez mais, diminuir os impactos causados pelos nossos produtos e

processos, aumentando a utilização de formulações vegetalizadas e biodegradáveis

[...] sem uso de testes em animais e usando embalagens recicláveis, recicladas e

reutilizáveis (refil).

Afirma-se ainda:

Buscamos, cada vez mais, desenvolver produtos pensando na diversidade de nosso

povo e, também, melhorar sistematicamente a comunicação com nossos diversos

públicos, especialmente com os portadores de necessidades especiais.

A Natura desenvolve várias linhas de produtos nos segmentos de cosmética e saúde,

entre eles, destacam-se: Ekos, Natura gen, Faces Natura, Mamãe e bebê, Chronos, Natura

todo o dia, Natura criança, Natura homem, Natura plants, Interage e a Crer para ver.

A linha Natura Ekos, citada anteriormente como uma das de maior destaque da marca,

valoriza atributos da natureza brasileira, tanto em relação à natureza humana quanto à fonte de

10 Informações obtidas no Relatório Anual 2010 da Natura. Disponível em:

<http://scf.natura.net/Conteudo/Default.aspx?MenuStructure=5&MenuItem=12>. Acesso em: 24 de maio de

2011.

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matérias-primas da biodiversidade brasileira. Com seu desenvolvimento em 2000, a Natura

inaugurou um modelo de negócios que fortalece sua economia sustentável a partir do

desenvolvimento de produtos que preservam a natureza de onde são extraídos 14 ativos da

biodiversidade brasileira.

A empresa realiza uma parceria com 19 comunidades rurais, envolvendo um total de

1.714 famílias, cujo fornecimento e repartição de benefícios geraram recursos de mais de R$

8,5 milhões. A linha Natura Ekos, dessa forma, contribui para o desenvolvimento social, o

fortalecimento da economia e a sustentabilidade ambiental destas comunidades.

As embalagens dos produtos da marca também são produzidas pensando num melhor

esclarecimento do consumidor. Desde 2007, a empresa apresenta em seus lançamentos a

descrição de todos os ingredientes utilizados (requisito obrigatório por lei) e a tabela

ambiental, que leva informações sobre a origem e o destino dos materiais utilizados, como

forma de esclarecer o consumidor com relação ao impacto ambiental.

A empresa também criou o programa Carbono Neutro (apresentado com mais detalhes

no tópico 5.7 deste capítulo), reduzindo às emissões de gases de efeito estufa no processo de

fabricação e desenvolve um portfólio dinâmico dos seus produtos, buscando sempre estar

atenta as temáticas sazonais e as sugestões dos consumidores para construí-lo de uma forma

atrativa, com uma oferta adequada para todos os públicos.

5.6.4 Praça

Com a responsabilidade de impulsionar a empresa a desenvolver um eficiente sistema

de comunicação com diferentes públicos, as técnicas de relações públicas ajudam a empresa a

lidar com o tratamento pós-venda direcionado aos seus consumidores. Ao tomar esta

responsabilidade, os profissionais desse departamento contribuem com o trabalho dos

profissionais de marketing voltado para o composto mercadológico, neste caso a praça,

indicando os melhores caminhos de aproximação com seus públicos.

A Natura oferece constantemente cursos sobre produtos e técnicas de atendimento

para que seus colaboradores possam realizar um eficiente trabalho pós-venda com os

consumidores. A empresa também desenvolve materiais de apoio, como amostras, folhetos e

demonstradores das linhas de maquilagem e perfumaria, que facilitam o atendimento

personalizado.

O Centro de Atendimento Natura (CAN) é colocado a disposição das consultoras,

como suporte de orientação durante 14 horas por dia com cerca de 400 operadores atendendo

em média 420 mil chamadas por mês, além de atuar junto a internet ao possibilitar a

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realização de pedidos dos produtos durante o horário de atendimento. Essa ferramenta de

comunicação oferece o ampara necessário as consultoras, fornecendo informações sobre prazo

de entrega, faturamento, promoções, lançamentos e ainda recebe sugestões, elogios e críticas.

Já para atender seus consumidores a empresa propõe soluções que, cumprindo a

legislação, correspondam às expectativas dos consumidores, dispondo de canais de

comunicação tais como, o Serviço Natura de Atendimento ao Consumidor (SNAC), o site

institucional da Natura e suas milhares de consultoras e consultores que atuam como porta-

vozes de seus clientes.

Em 2008, a estrutura de negócios da empresa, que até então era orientada por áreas,

progrediu para o modelo de unidades de negócios e regionais. Com essa iniciativa a Natura

tornou-se mais próxima do consumidor final. A empresa desenvolve uma logística em que os

produtos e promoções apresentados em seu portfólio cheguem com a máxima antecedência às

mãos dos consumidores e atendam às necessidades e características locais brasileiras.

Segundo site da revista Exame11

, dentre os destaques da empresa, está o

aperfeiçoamento do processo de venda de produtos. “Para 2011, o montante direcionado à

tecnologia da informação, melhora na logística e aumento da capacidade industrial é de cerca

de 300 milhões de reais”.

A empresa realiza constantes estudos para estreitar ainda mais a relação com o

consumidor final utilizando-se da internet. A Natura investe pesado nesse segmento, para que

o consumidor sinta-se confortável para utilizar o site como fonte segura de informações sobre

seus produtos e serviços.

5.7 Descrição de algumas das atividades desenvolvidas pela empresa Natura Cosméticos

no processo de institucionalização

Confrontando o que foi explorado no referencial teórico deste trabalho acerca das

atividades ligadas ao processo de institucionalização, com as atividades desenvolvidas pela

Natura, descreveremos nesta seção algumas das principais ações que configuram a empresa

como exemplo de adaptação institucional frente às necessidades do meio ambiente e os

anseios dos seus consumidores.

Com o estudo das informações obtidas no site institucional da marca, assim como a

análise dos sites ligados a mesma e as observações de outros pesquisadores acerca da atuação

11 Informações obtidas no site da Revista Exame que trazia o artigo: Ação da Natura está “muito bem

precificada”, diz Votorantim Corretora. Disponível em: < http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/acao-da-

natura-esta-muito-bem-precificada-diz-votorantim-corretora>. Acesso em: 9 de maio de 2011.

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da empresa, percebemos que a Natura acredita em um mundo melhor e por isso apóia

iniciativas que venham trazer benefícios para todo contexto socioambiental.

A Natura faz da preocupação com o meio ambiente e os indivíduos que dela

dependem, uma questão cultural sempre presente nos seus negócios. Tomando por base este

comportamento, a empresa realiza apoio a projetos, como estratégia para disseminar seus

valores e para realizar a promoção da sustentabilidade. Por sua postura, nota-se que a Natura

não é uma simples doadora de verbas, mas que suas ações junto aos seus projetos são

planejadas e contínuas.

5.7.1 Projetos Natura

No que diz respeito à educação, em 1995, em parceria com a Fundação Abrinq pelos

Direitos das Crianças, a Natura desenvolveu o Programa Crer Para Ver. Através do trabalho

voluntário de vários profissionais e das consultoras em todo o Brasil, o Programa cria e

comercializa produtos, com a marca Crer para Ver.

O resultado das vendas dos produtos da linha é revertido para projetos que contribuem

para a melhoria da educação pública no país e beneficiam alunos e profissionais da Educação

Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens Adultos. O Programa estima estar

presente em mais de 250 municípios e beneficiar mais de 320 mil pessoas, entre alunos,

professores, coordenadores e diretores de escolas públicas.

Entre os produtos da linha Crer para Ver estão o livro Lá Vem História, obra de

Heloisa Prieto, que desperta o gosto pela leitura e é um dos títulos enviados para escolas

atendidas pelo projeto Encontros de Leitura. Outro produto da linha é a Sacola de Compras

Crer para Ver, lançada em 2008 seguindo a tendência mundial de combate ao uso

desenfreado de sacolas plásticas. Considerando que estas retardam a decomposição do

restante do lixo e apresentam como matérias-primas o petróleo ou o gás natural, dois tipos de

recursos não-renováveis.

Por meio dessas alternativas de preservação do meio ambiente compreende-se como o

planejamento estratégico de marketing da Natura estende suas atividades a vários segmentos

que colaborem com a preservação do meio ambiente e a vida dos indivíduos. Desde ações que

mobilizam maiores recursos financeiros até ações mais simples que, além de preservar a

natureza, os lucros com suas vendas são voltados para melhorias na educação dos brasileiros.

Ainda no campo da educação, a Natura desenvolve o projeto Natura Escola. Na

seguinte frase retirada do site da marca há uma justificativa para a realização deste projeto:

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Nós acreditamos que as escolas são mais do que espaços de educação para crianças,

professores e comunidade. Acreditamos que as escolas são espaços de construção da

cidadania e que devem ter uma atuação próxima à comunidade onde estão

instaladas.

Desde 93, a Natura atua com o projeto Natura Escola em parceria com a Escola

Estadual de 1º e 2º graus Matilde Maria Cremm, de Itapecerica da Serra-SP. Essa parceria tem

acontecido através de projetos que promovem a gestão democrática a partir da participação de

todos que integram a unidade de ensino - alunos, pais, comunidade, professores e poder

público. Os responsáveis pelo projeto confirmam que, com o passar do tempo, as ações

desenvolvidas se incorporam ao dia-a-dia dos membros da escola, o que garante um retorno

das expectativas de que o projeto renda frutos aos envolvidos.

Em 1997, configura-se para a empresa a necessidade de se criar o Programa Natura

Jequitinhonha. A ideia surgiu por meio da mobilização de colaboradores da área de

atendimento da Natura no vale do Jequitinhonha que, na época, procuravam doações de

alimentos e roupas para a região, uma das mais pobres do país. Mobilizados com a iniciativa,

uma equipe de profissionais da Natura visitou a região e lá descobriu um povo com grande

potencial de trabalho e transformação.

O Programa Natura Jequitinhonha surgiu da parceria com o Centro Popular de Cultura

e Desenvolvimento de Minas Gerais, que passou a desenvolver um projeto de educação

através de atividades que pudessem valorizar e priorizar a cultura da região. O projeto conta

com a participação das crianças e dos pais da comunidade local e acontece dentro de espaços

onde as crianças brincam, plantam, pintam, estudam e cantam. Um dos resultados desses

trabalhos foi a criação do Coral de Meninos e Meninas de Araçuaí, que apresenta músicas

folclóricas da região e histórias cantadas.

A Natura revela acreditar na importância da participação da sociedade na condução e

resolução de seus problemas sociais, por tomar essa postura a empresa apóia a constituição do

Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente de Cajamar, cidade onde está o Novo

Espaço Natura (NEN). No segmento da indústria e comércio do município, a Natura foi eleita

para ocupar uma das vagas do Conselho.

Com a construção do NEN a empresa encontrou mais uma forma de atuar junto a

sociedade através de um trabalho social. Atualmente, o Conselho de Direitos da Criança e do

Adolescente de Cajamar é um importante canal de participação democrática da sociedade

civil e de estabelecimento de políticas sociais.

Buscando uma forma de desenvolver um trabalho com voluntariados, a Natura

investigou como estruturar um programa onde os colaboradores da empresa se sentissem

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integrados e motivados a participar. O estudo resultou na criação do Programa de Promoção

do Voluntariado que seria guiado por ações conjuntas entre a Natura e seus colaboradores.

A empresa tornava-se receptiva a disponibilidade dos seus funcionários e com isso

objetivou conquistar comprometimento, motivação e disposição dos voluntários, respeitando

suas possibilidades de dias, horários e habilidades. O programa, ainda em fase inicial, já deu

origem a um novo projeto de participação voluntária chamado Contadores de História.

O projeto Contadores de Histórias teve início em maio de 1999 e hoje conta com 31

colaboradores, divididos em dois grupos. Os integrantes do projeto passam por um período de

formação com renomados contadores profissionais de histórias e depois escolhem as

entidades ou o público que querem trabalhar. Entre as escolhas dos voluntariados estão as

creches e os institutos para crianças com câncer.

Já em 2007 a Natura realizou mais um compromisso com o meio ambiente e a

sustentabilidade. A empresa passou a desenvolver o Programa Carbono Neutro,

proporcionando aos seus consumidores a oportunidade de adquirir produtos neutros no que

diz respeito às emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Esta medida estende-se a todas as

etapas do processo de desenvolvimento do ciclo de vida do produto, desde as atividades de

extração de matérias-primas até o descarte das embalagens.

Ao tomar a responsabilidade de mensurar e neutralizar as emissões de toda a cadeia

produtiva dos produtos da marca, a empresa teve maiores gastos com as técnicas de

neutralização, mas percebeu essa iniciativa como um investimento em melhoria de processos

que vão implicar ganhos de produtividade e também como incremento na proposta de valor da

Natura.

Algumas das práticas desenvolvidas pela Natura objetivando a redução de carbono

estão o uso de combustíveis renováveis, o aumento do uso de materiais recicláveis, a

diminuição de massa da Revista Natura, o incentivo ao transporte dos produtos através de via

marítima e o trabalho com álcool orgânico no desenvolvimento das fórmulas.

Outra ação voluntária foi desenvolvida em 2009, quando um grupo de consultoras

realizou um curso de auto-maquiagem para as mulheres da comunidade do morro do

Cantagalo, no Rio de Janeiro. As consultoras, por meio do trabalho voluntário, atuam nos

projetos da Natura e levam para as comunidades um pouco de autoestima e ainda disseminam

a imagem institucional da empresa com o conceito Bem Estar Bem.

A Natura defende que toda comunidade é capaz de perceber e propor soluções para

seus problemas. Com isso, em março de 1998, a empresa deu origem ao Projeto Cooperativa

de Costureiras por meio da parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,

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Cultura e Ação Comunitária (CENPEC), criando a COOPEC - Cooperativa de Costureiras,

localizada do Jardim Horizonte Azul, zona sul de São Paulo.

A Coopec é um espaço para troca de experiências e discussões conjuntas entre

mulheres que dependem da costura e que buscam promover o aperfeiçoamento profissional e

a organização de um trabalho que gere renda e seja auto-sustentável. No mesmo ano de sua

implantação, o projeto alcançou dois grandes avanços: a constituição jurídica e o início das

atividades comerciais junto à comunidade.

5.7.2 Apoios e patrocínios da Natura

A cultura, assim como o meio ambiente, é uma das expressões valorizadas pela Natura

que compreende este valor como um dos caminhos para a conquista da cidadania. Refletindo

essa consciência, a empresa apóia o projeto Barracões Culturais da Cidadania, idealizado pela

diretoria de cultura do município de Itapecerica da Serra-SP.

O projeto procura proporcionar atividade artística, cultural e educativa à crianças,

jovens, adultos e idosos. Esses barracões abrigam oficinas de artes plásticas, música,

expressão corporal e teatro e já receberam mais de 1000 pessoas. Ao todo, mais de 32 oficinas

foram instaladas em diversos bairros da cidade.

Uma organização responsável e inserida no processo de institucionalização é aquela

que através dos seus objetivos impulsiona e investe no desenvolvimento sustentável, fazendo

com que suas ações sejam exemplo para outras organizações. Seguindo esta visão, a Natura,

além de desenvolver projetos sociais junto a comunidades, realiza patrocínios, divulgações e

participações ligadas a outras iniciativas. Algumas delas descreveremos a seguir.

A Natura, em 2004, firmou parceria com a Ashoka Empreendimentos Sociais, uma

organização mundial sem fins lucrativos, que atua identificando, incentivando e capacitando

os empreendedores sociais, que apresentam ideias inovadoras e que desenvolvem

transformações de impacto social.

Tendo início como uma parceira, em 2007, a Natura passou a ser patrocinadora

institucional do Grupo Cultural AfroReggae, passando a contribuir para a atuação de mais de

70 projetos de formação artístico-cultural, inclusão digital, educação, etc.

A moda também tem apoio da Natura, que participa do São Paulo Fashion Week, um

dos eventos de moda mais famosos do Brasil. A empresa afirma que o investimento na moda

é uma das formas de se valorizar a cultura brasileira, fazendo com que os indivíduos

identifiquem-se com algo que, de alguma forma, contribua para o desenvolvimento do país.

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A empresa apóia trabalhos como, por exemplo, as criações de estilistas brasileiros com

tecidos ecologicamente corretos. Mais uma vez a Natura atua na mídia sem deixar de

contribuir com o desenvolvimento socioambiental.

A Natura, no segmento da música, apóia iniciativas de diferentes áreas artísticas, ou

seja, é receptiva frente aos diferentes estilos musicais. No site da empresa as pessoas

encontram editais públicos que definem os projetos voltados para a música e as regras para

participação.

Voltando ao segmento da educação, a Natura é parceira do Programa Alfabetização

Solidária, a iniciativa conta com o apoio do Ministério da Educação e do Desporto (MEC),

universidades, empresas e pessoas físicas e tem por objetivo reduzir os índices de

analfabetismo no Brasil.

A empresa também é associada a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, que

promove os direitos elementares da cidadania das crianças e “se propõe a ser uma ponte entre

quem precisa de ajuda e aqueles que querem ajudar”. A Fundação oferece a crianças e

adolescentes o acesso à educação, saúde, cultura, lazer, formação profissional e inclusão

digital além de proteger as crianças e os adolescentes que sofrem violação de seus direitos ou

que estão em situação de risco, por meio do combate ao trabalho infantil e das diferentes

formas de violência.

Junto a Fundação Gol De Letra, a Natura atua, ainda, patrocinando a formação da

biblioteca comunitária para as crianças e adolescentes que integram a entidade.

A Natura é associada ao Instituto Ethos, constituído por empresas que buscam o

sucesso econômico a partir de um comportamento socialmente responsável. Caracterizado

como Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) o Instituto Ethos de

Empresas e Responsabilidade Social é uma organização sem fins lucrativos criada em 1998

por um grupo de empresários e executivos oriundos da iniciativa privada. O Instituto é um

espaço de organização de conhecimento, troca de experiências e desenvolvimento de

ferramentas para auxiliar as empresas na análise de suas práticas de gestão e aprofundar seu

compromisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável.

A empresa desenvolve ainda outras parcerias e patrocínios. Porém descrevemos aqui

os que melhor ilustram o processo de institucionalização, temática central deste trabalho

monográfico.

Por meio da análise da atuação da Natura frente às necessidades dos indivíduos,

compreende-se que esta empresa brasileira busca, através de suas ações sociais e parcerias,

não apenas um retorno institucional, mas a transformação dos indivíduos que direta ou

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indiretamente exercem influência sobre ela. A empresa não se volta apenas para seus produtos

e serviços, mas também se preocupa com os problemas de hoje e com um futuro melhor tanto

para a empresa quanto para a sociedade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a intensificação das mudanças comportamentais ocorridas nas últimas décadas do

Século XX, as empresas tornaram-se organismos proativos e com maior capacidade de

adaptação diante das questões que direta ou indiretamente são determinantes para o

desenvolvimento e aceitação de suas atividades. Perante o mercado, estas questões foram

definidas com o surgimento de um novo contexto empresarial, formado por consumidores

mais conscientes e por um governo que passou a contar ainda mais com a cooperação das

empresas para cuidar dos indivíduos e do meio ambiente.

Este novo cenário surge quando o processo de institucionalização tornou-se mais

próximo de uma realidade outrora adiada pelas organizações. Através deste processo, não só

as empresas foram influenciadas e submetidas à construção de uma nova imagem

institucional, mas os conceitos de organização e instituição passaram a se inter-relacionar e as

técnicas de comunicação social também foram adaptadas aos interesses institucionais,

passando a oferecer um planejamento estratégico adaptado as novas exigências.

Os novos consumidores não se contentam apenas com as respostas exigidas em lei,

eles querem cada vez mais uma aproximação com as empresas das quais eles consomem seus

bens e serviços. Essa aproximação acontece de várias maneiras, seja pelo desenvolvimento de

projetos sociais, pelo comprometimento com uma forma de produção não prejudicial ao meio

ambiente, pela elaboração de eficientes canais de comunicação, pelo fortalecimento das

relações internas e externas à empresa, entre outros.

As empresas, que adotam o processo de institucionalização, ora desenvolvem traços de

uma organização, ora de uma instituição, caracterizando um novo paradigma de gestão

empresarial que precisa do marketing institucional e das relações públicas para nutrir o desejo

de se construir uma imagem socioambiental respeitada pela sociedade.

Sem o apoio das técnicas de marketing e de comunicação a empresa perde seu foco

diante das inúmeras possibilidades de demonstrar seu comprometimento social. É

extremamente necessário investir nestes departamentos para haver um direcionamento das

ações voltadas para as áreas que melhor tragam um retorno social e econômico, afinal estas

são empresas que precisam estar fortalecidas financeiramente para sobreviverem.

Diante do problema exposto nesta pesquisa, conclui-se que as técnicas de marketing

institucional e de comunicação, principalmente voltadas para as relações públicas, funcionam

como a fonte que fornece à empresa as ferramentas e o material essencial para o

desenvolvimento e a manutenção do seu posicionamento institucional frente à concorrência e

às constantes adversidades enfrentadas no ambiente empresarial.

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Por meio dos resultados alcançados com a análise dos sites relacionados a Natura, foi

possível contextualizar de maneira mais clara o processo de institucionalização realizado pela

empresa, que se dá por meio de atividades que giram em torno do interesse e do cuidado com

seus públicos e o meio ambiente, assim como compreender o quanto o desenvolvimento do

marketing institucional e das técnicas de relações públicas são importantes para ela, mas que é

preciso haver um acompanhamento dessas áreas para que a mesma não se perca no caminho.

As atividades e os projetos ligados à marca revelaram um comprometimento da Natura

em mantê-los, e não apenas criá-los. Estes estão inseridos no planejamento estratégico e

envolvem muitos colaboradores em ações contínuas junto as comunidades produtoras de

ativos e a sociedade como um todo. Por ser desempenhada de tal forma, conclui-se que estas

ações não se classificam como filantrópicas.

A empresa desenvolve a comunicação com seus públicos informando-os e

sensibilizando-os em prol de suas causas. Pelo que foi possível extrair das informações sobre

a Natura, a empresa utiliza-se de maneira efetiva das suas técnicas de comunicação, em

especial do site para divulgar seus valores, seus atributos e suas ações, além de ser um canal

com seus consumidores para receber sugestões, acolher projetos de pesquisa no segmento que

ela atua e esclarecer dúvidas acerca da marca.

Resgatando a teoria, percebe-se que a Natura desenvolve projetos que fortalecem sua

imagem institucional e que não estão condicionados apenas as leis. A empresa vai adiante e

agrega as estratégias que configuram seu processo de institucionalização ao desenvolvimento

de projetos e campanhas que potencializam o desenvolvimento dos indivíduos em torno de

sua atuação na sociedade.

O estudo sobre a Natura, enquanto modelo de atuação socialmente responsável no

mercado, possibilitou a compreensão de como o setor empresarial pode ser um importante

provedor de mudanças, com potencial para inovar as técnicas de comunicação de marketing,

modificar o modelo de desenvolvimento econômico e social, promover aperfeiçoamento em

processos produtivos, bem como constituir soluções inovadoras para a conservação da

biodiversidade.

Foi possível verificar que a empresa desenvolve seu composto mercadológico

embasado num eficiente trabalho de relações públicas e que muitas de suas atividades, são

pautadas na responsabilidade social planejada por uma eficiente equipe de marketing. Como,

por exemplo, o desenvolvimento do catálogo de vendas em braile e posteriormente a criação

da Revista Natura Falada que ilustram o desempenho do marketing voltado para a inclusão

social.

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Outro ponto importante a ser ressaltado é a preocupação da Natura em se

autoproclamar como socialmente responsável. Na maioria das vezes a empresa esclarece

como se dá o desenvolvimento de seus projetos, mas em outros momentos existe uma

carência de informações acerca do desempenho de suas atribuições, o que denota uma

preocupação em persuadir os consumidores menos investigativos. Isso não tira os créditos

dessa empresa que inovou com um novo modelo de organização, mas que, como muitas,

ainda encontra-se em uma das etapas do processo de institucionalização, pendendo, algumas

vezes mais, para a obtenção do lucro.

Portanto, com este estudo pode-se compreender o quanto a formação dos profissionais

que administram as empresas em suas inúmeras atribuições deve estar embasada numa

perspectiva em que a conquista dos objetivos financeiros dependem de ações que almejem

mudar o futuro e não apenas o presente. É necessário desenvolver uma cultura atenta ao fato

de que as pessoas não são fiéis a uma única marca, de que diariamente se fortalece uma

postura de consumo mais consciente e que o meio ambiente não possui uma fonte inesgotável

de matérias-primas. Com o desenvolvimento de boas técnicas do marketing institucional e o

investimento em relações públicas estas empresas estarão prontas para enfrentar as

dificuldades, uma vez que seu maior produto terá sido vendido: a idéia de ser boa no que faz e

para quem faz.

Mesmo tendo em mente que, há muito, os assuntos ligados ao processo de

institucionalização são estudados por vários autores, para este pesquisador, o tema ainda

precisa ser bastante trabalhado, tendo em vista que, estando no início do Século XXI, este é

um processo que tem sido mais observado enquanto prática empresarial apenas a partir das

últimas décadas do século passado e, atualmente, ainda encontra-se em constante

aperfeiçoamento. O interesse sobre o assunto é viável tanto para as organizações quanto para

os consumidores que ainda realizam suas compras baseados em preços e não no quanto o

produto ou a empresa está ligada ao desenvolvimento sustentável.

Sugere-se, em uma outra oportunidade, desenvolver pesquisa com os públicos da

empresa para constatar como é percebido o processo de institucionalização da marca.

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