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PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA 2016/2 - NÚMERO 13 - ISSN 2176 7785 | 19 FACHADAS AERADAS EM PEDRA NATURAL: comparativo do desempenho com o método da placa aderida e fixada ao substrato ANA LUIZA ABU KAMEL MOURA ARAUJO 1 DANIELLE SARANH GALDINO DUARTE 2 DÉBORA BETTI ORNELLES 3 PAULO LUCAS NOGUEIRA JOTA 4 TEREZA CRISTINA MIRANDA DE MAGALHÃES 5 RESUMO: A fachada constitui as faces de uma edificação e é responsável pela primeira impressão da construção. Além da estética, ela possui a função de isolamento higrotérmico, acústico e proteção contra impactos, podendo ser revestida de vários materiais. No presente estudo foram comparados dois métodos de fixação de fachadas em pedras graníticas: as fachadas aderidas ao substrato e as aeradas. O primeiro possui, entre o substrato e o revestimento, camadas de chapisco, emboço ou massa única e argamassa colante; e o segundo, que está em ascensão no mercado nacional, também conhecido como fachada ventilada ou respirante, é uma técnica onde se origina uma ventilação natural entre a base e o revestimento causada pelo afastamento físico destes, substituindo o uso de materiais argamassados por insertes metálicos. Essas dispõem de um bom desempenho térmico, contribuem para a redução de cargas do condicionamento de ar e função estética, sendo uma proposta inovadora no quesito social e ambiental. Através deste estudo observou-se a distinção entre esses dois métodos de fachadas em pedras de granito, bem como o desenvolvimento de uma análise detalhada tendo como base a execução, as características, o custo, prazo de execução e as propriedades/desempenho destes métodos construtivos. Após o comparativo entre os dois métodos, notou-se que, apesar do custo do método aerado ser superior devido à mão de obra especializada e escassa, há uma diminuição do tempo de execução da obra, refletindo diretamente no orçamento total da construção. PALAVRAS CHAVES: Fachada aerada. Fachada ventilada. Fachada argamassada. INTRODUÇÃO A fachada é responsável pelo primeiro impacto da construção, sendo que a valorização do edifício está diretamente ligada a ela. Além de invólucro, é também sua função o isolamento higrotérmico e acústico (CAUSS, 2014; MENDES, 2009) 6 . Ela pode ser revestida de vários materiais, como pinturas, ma- deiras, cerâmicas ou pedras, sendo este último, especificamente de granito, destaque do presente artigo. Esses revestimentos têm como principal função a proteção da estrutura do edifício, não permitindo a exposição às intempéries, além da comodidade visual (YAZIGI, 2011). Convencionalmente, entre o substrato e o revestimento, apli- cam-se as camadas de chapisco, emboço ou massa única, arga- massa colante, e em seguida o revestimento final (SALGADO, 2008; YAZIGI, 2011). Com o avanço das tecnologias das construções, têm-se como tendência mercadológica as fachadas aeradas. Essas fachadas são caracterizadas por seu revestimento em pedra não estar em contato direto com o substrato, ou seja, há uma câmara de ar intermediária (PRIETO, VÁSQUEZ, 2013) 7 . Diferentemente, as fachadas com reves- timentos aderidos e fixados são aquelas que estão em contato direto com o substrato. A fachada aerada é um método de fachada que dispensa o uso de materiais argamassados para assentar os revestimentos de pedras naturais, contribuindo desta forma para a preservação ambiental do nosso planeta, por reduzir a quantidade de emissão do gás carbônico (CO 2 ) na produção do cimento (JOHN, 2009) 8 , dentre diversas van- tagens. Ao invés disso, insertes metálicos são fixados no substrato e também no revestimento (LOTURCO, 2006) 9 . Por não estar em contato diretamente com a parede, as aeradas dispõem de um bom desempenho térmico, contribuem para a redu- ção de cargas do condicionamento de ar, além da função estética (MOURA, 2009) 10 . Para enfatizar a distinção entre esses dois métodos de fachadas em pedra granítica, desenvolveu-se um estudo detalhado descreven- do cada um destes, tornando como base a execução, as caracte- rísticas, o custo, prazo de execução e as propriedades, ou seja, o desempenho destes métodos construtivos, objetivando discutir qual o mais efetivo e vantajoso. FACHADAS COM REVESTIMENTOS EM GRANITO “Fachadas com placas de rocha são revestimentos com rochas naturais, aplicadas sobre a parede e a estrutura” (PINI, 2008, p.217). O granito é uma rocha classificada como ígnea (ou eruptivas), forma- da pela consolidação do magma de origem vulcânica (PINTO; RIBEI- RO; STARLING, 2011). Segundo os mesmos autores, as rochas são muito utilizadas como acabamento e proteção devido ao seu aspecto rústico, sua alta resistência ao atrito e sua variedade de cores, texturas e tamanhos, além da durabilidade incontestável. Antes de iniciar o processo de execução de uma fachada, seja ela argamassada e fixada ou aerada, é necessário que a base (ou substrato) esteja livre de impurezas, eflorescências, pregos e arames (YAZIGI, 2011). O cuidado com a colocação de ambos os métodos deve ser feito de maneira cautelosa, pois como a placa de granito é um material de produção artesanal, é comum a variação da espessura das peças (SALGADO, 2008). No caso do método feito através de argamassa, é necessário que as condições climáticas estejam favoráveis, evitando a execução nos dias de chuvas, ventos fortes ou sol intenso (SALGADO, 2008).

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FACHADAS AERADAS EM PEDRA NATURAL:comparativo do desempenho com o método da placa

aderida e fixada ao substratoAnA LuizA Abu KAmeL mourA ArAujo1

DAnieLLe SArAnh GALDino DuArte2

DéborA betti orneLLeS3

PAuLo LucAS noGueirA jotA4

terezA criStinA mirAnDA De mAGALhãeS 5

RESUMO: A fachada constitui as faces de uma edificação e é responsável pela primeira impressão da construção. Além da estética, ela possui a função de isolamento higrotérmico, acústico e proteção contra impactos, podendo ser revestida de vários materiais. No presente estudo foram comparados dois métodos de fixação de fachadas em pedras graníticas: as fachadas aderidas ao substrato e as aeradas. O primeiro possui, entre o substrato e o revestimento, camadas de chapisco, emboço ou massa única e argamassa colante; e o segundo, que está em ascensão no mercado nacional, também conhecido como fachada ventilada ou respirante, é uma técnica onde se origina uma ventilação natural entre a base e o revestimento causada pelo afastamento físico destes, substituindo o uso de materiais argamassados por insertes metálicos. Essas dispõem de um bom desempenho térmico, contribuem para a redução de cargas do condicionamento de ar e função estética, sendo uma proposta inovadora no quesito social e ambiental. Através deste estudo observou-se a distinção entre esses dois métodos de fachadas em pedras de granito, bem como o desenvolvimento de uma análise detalhada tendo como base a execução, as características, o custo, prazo de execução e as propriedades/desempenho destes métodos construtivos. Após o comparativo entre os dois métodos, notou-se que, apesar do custo do método aerado ser superior devido à mão de obra especializada e escassa, há uma diminuição do tempo de execução da obra, refletindo diretamente no orçamento total da construção.

PAlAvRAS chAvES: Fachada aerada. Fachada ventilada. Fachada argamassada.

INTRODUÇÃO

A fachada é responsável pelo primeiro impacto da construção, sendo que a valorização do edifício está diretamente ligada a ela. Além de invólucro, é também sua função o isolamento higrotérmico e acústico (cAUSS, 2014; MENDES, 2009) 6.

Ela pode ser revestida de vários materiais, como pinturas, ma-deiras, cerâmicas ou pedras, sendo este último, especificamente de granito, destaque do presente artigo. Esses revestimentos têm como principal função a proteção da estrutura do edifício, não permitindo a exposição às intempéries, além da comodidade visual (YAZIGI, 2011).

convencionalmente, entre o substrato e o revestimento, apli-cam-se as camadas de chapisco, emboço ou massa única, arga-massa colante, e em seguida o revestimento final (SAlGADO, 2008; YAZIGI, 2011).

com o avanço das tecnologias das construções, têm-se como tendência mercadológica as fachadas aeradas. Essas fachadas são caracterizadas por seu revestimento em pedra não estar em contato direto com o substrato, ou seja, há uma câmara de ar intermediária (PRIETO, vÁSQUEZ, 2013)7. Diferentemente, as fachadas com reves-timentos aderidos e fixados são aquelas que estão em contato direto com o substrato.

A fachada aerada é um método de fachada que dispensa o uso de materiais argamassados para assentar os revestimentos de pedras naturais, contribuindo desta forma para a preservação ambiental do nosso planeta, por reduzir a quantidade de emissão do gás carbônico (cO2) na produção do cimento (JOhN, 2009) 8, dentre diversas van-tagens. Ao invés disso, insertes metálicos são fixados no substrato e também no revestimento (lOTURcO, 2006)9.

Por não estar em contato diretamente com a parede, as aeradas

dispõem de um bom desempenho térmico, contribuem para a redu-ção de cargas do condicionamento de ar, além da função estética (MOURA, 2009)10.

Para enfatizar a distinção entre esses dois métodos de fachadas em pedra granítica, desenvolveu-se um estudo detalhado descreven-do cada um destes, tornando como base a execução, as caracte-rísticas, o custo, prazo de execução e as propriedades, ou seja, o desempenho destes métodos construtivos, objetivando discutir qual o mais efetivo e vantajoso.

FACHADAS COM REVESTIMENTOS EM GRANITO

“Fachadas com placas de rocha são revestimentos com rochas naturais, aplicadas sobre a parede e a estrutura” (PINI, 2008, p.217). O granito é uma rocha classificada como ígnea (ou eruptivas), forma-da pela consolidação do magma de origem vulcânica (PINTO; RIBEI-RO; STARlING, 2011). Segundo os mesmos autores, as rochas são muito utilizadas como acabamento e proteção devido ao seu aspecto rústico, sua alta resistência ao atrito e sua variedade de cores, texturas e tamanhos, além da durabilidade incontestável.

Antes de iniciar o processo de execução de uma fachada, seja ela argamassada e fixada ou aerada, é necessário que a base (ou substrato) esteja livre de impurezas, eflorescências, pregos e arames (YAZIGI, 2011). O cuidado com a colocação de ambos os métodos deve ser feito de maneira cautelosa, pois como a placa de granito é um material de produção artesanal, é comum a variação da espessura das peças (SAlGADO, 2008).

No caso do método feito através de argamassa, é necessário que as condições climáticas estejam favoráveis, evitando a execução nos dias de chuvas, ventos fortes ou sol intenso (SAlGADO, 2008).

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FACHADA ARGAMASSADA E ADERIDA AO SUbSTRATO

com a base limpa, toda superfície destinada a receber reves-timento de argamassa de areia deverá ser chapiscada. No caso de concreto, é necessário que esta superfície seja primeiramente api-coada antes do chapisco. Sendo alvenaria, é necessário que após o chapisco seja aplicada também o emboço, e assim, a fixação da pedra com auxílio da argamassa colante, respeitando as juntas e pro-cedendo-se ao posterior rejuntamento (PINTO; RIBEIRO; STARlING, 2011; YAZIGI, 2011). As juntas são preenchidas por uma argamassa com o intuito de proteger contra infiltrações indesejáveis (SAlGADO, 2008) (Figura 1).

FIGURA 1 - Placa de granito fixada através de argamassa ao substratoFonte: www.brasil.geradordeprecos.info

PATOlOGIAS MAIS COMUNS

Patologia, na engenharia civil, pode ser entendida como anoma-lias ou defeitos que prejudicam o desempenho da construção (AZE-vEDO, 2011). Dentre as patologias existentes, serão apresentadas as mais comuns em fachadas aderidas.

DEScOlAMENTO EM PlAcAS

O descolamento das placas é um problema recorrente quando se trata de falhas da construção. Geralmente, estão ligadas a uma falta de aderência entre as camadas dos revestimentos e à base (BAUER, 2008).

Um dos fatores que agravam a ocorrência deste tipo de patolo-gia é a existência de tensões correspondentes às grandes variações de temperatura. Também, quando as argamassas de cimento e areia possuem grande quantidade de aglomerantes, são passíveis de retra-ção, causando tração entre a base e o revestimento (BAUER, 2008)

EFlOREScêNcIA

A ocorrência de eflorescência geralmente é causada em lugares em que não foram utilizadas cautelas quanto à impermeabilização, ocorrendo infiltrações (FIORITO, 1994, apud RhOD 2011). Ao evapo-rar, a água deposita os sais na superfície do substrato, formados pela dissolução do cimento e da cal (ATlAS) 11. Dificilmente estas man-chas, geralmente esbranquiçadas, conseguem ser retiradas das pe-ças, pois depois de formada a solução e esta diluída em água, elas são penetradas nos poros da pedra

MANchAS NOS REvESTIMENTOS

As manchas em uma fachada aderida podem advir de várias maneiras como das eflorescências, manchas d’água, manchas devi-do ao uso e bolor (FIORITO, 1994, apud RhOD 2011).

Quando se trata de umidade, esta pode ser recorrente devido às caracteristicas da rocha escolhida para envolver a edificação. De-ve-se levar em conta a porosidade, permeabilidade, constituição mi-

nerologica e coloração. Também deve-se pensar em fatores além da fachada, como muros de arrimos e pilares, que, por muitas vezes, não possuem a impermeabilização necessária, ocorrendo infiltração que, consequentemente, percorrerá até as pedras (IAMAQUTI, 2001)12.

Esta patologia interfere principalmente no quesito estético da fa-chada, deixando-a com aspecto de doente e desvalorizando-a.

FISSURAS E TRINcAS

Esta imperfeição está presente em muitas das fachadas, po-dendo sua causa ter diversas origens. A mais recorrente advém da presença de juntas de dilatação com espessura inferior ao necessário para suportar as variações térmicas que ocorrem durante o dia, ha-vendo choque entre as placas. Também podem surgir do transporte inadequado das peças e do assentamento impróprios delas, onde a interface entre o acabamento e a camada de fixação são descon-tínuas. Quando estes erros forem recorrentes, é possível que haja o fissuramento do granito (IAMAQUTI, 2001).

MANchA NAS ARGAMASSAS

Nos assentamentos de fachadas fixas ao substrato, é muito co-mum a presença de manchas, fissuramento e descolamento, muitas vezes causados pela argamassa utilizada. Esta má aplicação pode ser causada pelo excesso de água utilizada para elaboração da mas-sa, que resultam em manchas escuras de aspectos molhados, ocor-rendo o fenômeno migratório da água, conhecido como exsudação, onde a água penetra através dos poros das pedras, de baixo para cima (IAMAQUTI, 2001).

Também pode ser causada pelas impurezas contidas no ferro da areia e cimento, que são transportadas durante o processo de eva-poração da água da argamassa, que ao penetrar pelos poros podem causar manchas de diversas colorações (IAMAQUTI, 2001).

Outro fator, conforme o mesmo autor, é o transporte de carbona-tos para a superfície da pedra, sob forma de eflorescência.

FACHADAS AERADAS

A fachada aerada é uma técnica em que se origina uma venti-lação natural entre o substrato e o revestimento, causada pelo afas-tamento físico destes (GAIl, 2015)13. Devido a este afastamento, não são necessárias as aplicações de emboço, reboco e argamassa para a fixação do revestimento, sendo estes implantados através de inser-tes metálicos (JOhN, 2009).

FIGURA 2 - Fachada aerada fixada por insertes metálicosFonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/144/fachadasrespirantes-fa-

chadas-ventiladas-combinam funcoes-esteticascom-bom-287636-1.aspx

como toda tecnologia inovadora, as fachadas respirantes pos-suem um investimento elevado, devendo ser considerado não somen-te o custo, mas sim todas as vantagens a longo prazo, bem como o seu curto tempo de execução e a eximissão de muitos funcionários e equipamentos (MOURA, 2009).

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COM INSERTES METálICOS

O inserte metálico é uma peça utilizada nas fachadas ventiladas para a fixação do revestimento. Este objeto é ancorado ao substrato, devendo suportar o peso do granito, bem como a ação de fatores externos, como o vento. Apenas o inserte não garante que a fachada seja classificada como aerada, devendo ela apresentar também as demais características (lOTURcO, 2006).

O formato de cada peça depende do local que ela estará aplica-da, bem como o efeito estético que ela quer proporcionar à estrutura. Nos revestimentos de vigas, travamento e fechamentos de placas ge-ralmente possuem a forma específica (lOTURcO, 2006).

Segundo o mesmo autor, além do tipo de insert utilizado, é ne-cessário que o aço do artefato esteja de acordo com a normativa, que prevê aço inoxidável austenítico da série 300, aço carbono galvaniza-do a fogo ou aliminio.

Nas fachadas aeradas, é necessário que haja um projeto pre-vendo a localidade, formato e material de inserte que será utilizado. Geralmente, o projeto de fachadas já prevê onde estarão as vigas que serão anexadas os itens, pois para a aplicação destes é necessário que seja em algum elemento estrutural, não podendo ser fixado dire-tamente na alvenaria. com o ajuste dos projetos estrutural e arquitetô-nico, são definidos os tamanhos das pedras de granito, quantidade e ancoragem de insertes (lOTURcO, 2006).

COM PERFIS METálICOS

O perfil metálico é uma peça utilizada no sistema de fachada aerada para fixar o revestimento ao restante da estrutura do edifício. Este sistema de perfis permite que vários tipos de revestimentos sejam dispostos em sua armação, ainda que o seu desenvolvimento tenha se consolidado para o arranjo de pedras naturais. (vEDOvEllO, 2012)14.

COM jUNTA AbERTA

O sistema com junta aberta origina uma camada de ar entre o revestimento e o substrato, proporcionando uma ventilação natu-ral. A esta ocorrência dá-se o nome de efeito chaminé, que pode ser explicado pela diferença de pressão existente na camada, onde o ar quente se aloja na parte superior enquanto o ar fresco é sugado para camada. Este processo é renovado continuamente, desencadeando no conforto térmico da edificação (MOURA, 2009)..

COM jUNTA FECHADA

As juntas fechadas são aquelas que não permitem o efeito cha-miné dentro da câmara de ar. A vedação destas impede que a água da chuva penetre no interior do sistema. Para que haja um bom resul-tado em sua aplicação, o seu dimensionamento deve ser projetado de maneira correta, considerando-se fatores estéticos, de desempenho e

ambientais (MOURA 2009).

PATOlOGIAS MAIS COMUNS

A fachada aerada, assim como a fachada aderida, apresenta manifestações patológicas por diversos fatores aos quais se expõe. Estas causas interferem diretamente na estética e utilidade da edifica-ção, que pode ficar comprometida se não for diagnosticada correta-mente. Os principais tipos de degradações existentes, são:

- Oxidação dos elementos de fixação - Quebra ou fissuras de revestimento externo- Proliferação de microorganismos- Infiltrações na câmara de ar

DADOS DE PRODUTIVIDADE

Para obtenção de resultados e comparativos, foi-se elaborado um orçamento para uma fachada em pano cego (sem vãos) de 100 m² (10x10m) e um planejamento para as mesmas condições, a fim de se obter valores relacionados ao custo e tempo.

Também foi composto um quadro comparativo com as vanta-gens e desvantagens em relação ao desempenho (qualidade, patolo-gia, resíduos, custo e tempo) da fachada argamassada em granito e a fachada aerada nas mesmas condições, possibilitando observar qual de fato é mais satisfatório.

Foi elaborado um orçamento utilizando-se como fonte as compo-sições do SINAPI (sistema nacional de pesquisa de custos e índices da construção civil) adotado pela caixa Econômica Federal, para estima-tiva de custo das composições unitárias. Foram adaptados os dados pelos autores de acordo com as necessidades dos serviços e conside-rou-se apenas o custo direto para uma análise menos detalhada.

Na fase de planejamento, para método comparativo de tempo, considerou-se apenas a etapa da obra referente ao revestimento ex-terno, com as características escolhidas pelos autores, a fim de faci-litar o estudo.

O escopo desta etapa do trabalho é a elaboração do revesti-mento externo de uma fachada de dimensões de 10 m x 10 m, livre de vãos, utilizando de todas as normativas brasileiras, para os dois tipos de fachadas, a fim de se chegar em um quantitativo de tempo. A elaboração do planejamento foi baseada no orçamento realizado pelos autores.

ANálISE DE DADOS E RESUlTADOS

Orçamento das fachadas

Abaixo tabelas contendo o orçamento das fachadas aerada e argamassada:

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TABElA 1 - Fachada do tipo Argamassada

TABElA 2 - Fachada do tipo Aerada

Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2015.

Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2015.

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RElAÇÃO MÃO DE ObRA x MATERIAl

TABElA 3 - Relação entre mão de obra e material

Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2015.

Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2015.

GRÁFIcO 1 - comparativo entre Fachadas argamassada e aerada

A partir do gráfico 1 comparativo da mão de obra e dos mate-riais, entre os dois tipos de fachadas estudadas foi possível realizar uma análise mais detalhada de custo entre elas. Pode-se concluir que

a mão de obra da fachada aerada representa um aumento significa-tivo, totalizando 58,27% superior à fachada argamassada enquanto o material tem um valor de 9,39 % superior na mesma comparação.

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Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2015.

Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2015.

PlANEjAMENTO

Planejamento da Fachada Aerada

TABElA 4 - Planejamento da fachada aerada

Planejamento da Fachada Argamassada

TABElA 05 - Planejamento da fachada argamassada

Após a realização do planejamento da fachada argamassada, percebe-se que o projeto terá a duração de 24 dias trabalhados, ou seja, úteis. Também, através desta análise, foi possível prever que ela possui todas as atividades críticas.

Em planejamento, entende-se como atividades críticas ou caminho crítico, aquelas etapas que podem comprometer todo o planejamento, já que dependem delas serem findadas nas datas corretas para o prazo final ser obedecido, devendo ser sempre programadas com cautelas. No exemplo mostrado, o emboço tem como predecessora o chapisco, e a colocação de pedras o em-boço. Isto significa que uma etapa só pode ser realizada após a conclusão da anterior e espera dos prazos de cura conforme refe-

rências de normas técnicas.Para a determinação da duração das etapas, foi-se utilizado a

tabela do SINAPI/2014, onde, na composição de preços, está descrito a produtividade do funcionário. com isto, foi possível prever a data de início e término da obra.

O Planejamento da Fachada Aerada foi baseado em dados for-necidos pela empresa GRAN-PROMETAl, através de entrevista se-miestruturada. como este tipo de método dispensa todas as etapas de chapisco, emboço e argamassa colante, o tempo de execução é consideravelmente reduzido, apresentando apenas a necessidade de oito dias trabalhados para a realização da mesma área, representan-do uma redução de 1/3 de dias.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se diversas vantagens deste sistema de fachada em relação ao método da placa aderida e fixada ao substrato.

Dentre os principais pontos positivos, a racionalização do tempo de execução e a redução de materiais utilizados se destacam, devido a presença de um projeto de fachada que evita cortes e perda de materiais.

como fator desfavorável pode-se destacar o fato da implanta-ção da fachada ventilada possuir um custo bem mais elevado, devido à mão de obra especializada e a utilização de materiais específicos para sua instalação –insertes metálicos –, o que dificulta a sua utiliza-ção em empreendimentos que demandem pouco capital.

Um dos fatores que influenciou a grande diferença de custo perante as duas fachadas foi observado no item da mão de obra es-pecializada, devido esta ainda ser escassa, sendo esta uma barreira a ser vencida. A partir do momento que o método aerado começar a ser mais conhecido e habitual, consequentemente formarão mais profissionais especializados e logo deixará de ser um método novo, reduzindo assim o seu custo final.

Em suma, pode-se concluir que o método de fachada aerada ainda é de elevado custo no Brasil e apesar de sua rápida execu-ção frente à fachada tradicional, a sua implantação se torna vantajo-sa apenas em grandes obras, onde o tempo gasto na execução da fachada supera o custo elevado frente à fachada argamassada com pedra aderida ao substrato.

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______. NBR 15575: Edificações habitacionais - Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.______. NBR15287: Informação e documentação – projeto de pesquisa - apresentação.Rio de Janeiro, 2005.______. NBR 15844 : Rochas para revestimento - Requisitos para granitos.Rio de Janeiro, 2015______. NBR 15846: Normatização de rochas ornamentais– análise da situa-ção brasileira atual x tendências internacionais.Rio de Janeiro, 2010.

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VANTAGENS E DESVANTAGENS

TABElA 6 - comparativo entre fachadas

Fonte: Desenvolvido pelos autores, 2015.

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BAUER, l. A. Falcao. Materiais de Construção. 5. Ed. Rio de Janeiro: livros Técnicos e científicos ltda., v. 1. 1997. 951p.

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NOTAS DE FIM1 Graduanda em Engenharia civil pelo centro Universitário Newton Pai-va – email: [email protected]. currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/9898223173146171.

2 Graduanda em Engenharia civil pelo centro Universitário Newton Paiva – email: [email protected]. currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/3110763344558848

3 Graduanda em Engenharia civil pelo centro Universitário Newton Pai-va – email: [email protected]. currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/1650546910468296

4 Graduando em Engenharia civil pelo centro Universitário Newton Pai-va – email: [email protected]. currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2612187354653618

5 Professora orientadora.- Engenheira civil, M.Sc. – e-mail: [email protected]. currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/5637629646440167

6 http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/106/artigo287059-1.aspx

7 http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/106/artigo287059-1.aspx

8 http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/106/artigo287059-1.aspx

9 http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/106/artigo287059-1.aspx

10 http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/144/fachadas-respirantes-facha-das-ventiladas-combinam-funcoes-esteticas-com-bom-287636-1.aspx

11 http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/106/artigo287059-1.aspx

12 http://icposgrados.weebly.com/uploads/8/6/0/0/860075/h.pdf

13 http://www.lojagail.com.br/fachada-ventilada-28/u

14 http://www.poli.usp.br/pt/comunicacao/agenda/dissertacoes-de-mestrado/details/670-gestao-de-projetos-de-fachadas.html