vitaminas lipossolÚveis: hipervitaminoses e o consumo...

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136 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS: hipervitaminoses e o consumo irracional de polivitamínicos Letícia Maia Pessoa 1 Elias Borges do Nascimento Júnior 2 RESUMO: Uma alimentação saudável inclui quantidades de vários nutrientes indispensáveis para manter o organismo humano em condições adequadas de sobrevivência. Alguns destes nutrientes que desempenham funções muito importantes são as vitaminas, que atuam como coenzimas ativando reações meta- bólicas essenciais ao organismo. A maioria delas é adquirida através da alimentação e são divididas em, hidrossolúveis e lipossolúveis, sendo essas últimas classificadas como: A, E, D e K. Estas vitaminas devido ao metabolismo complexo, diversidade funcional e fisiologia de absorção relacionada às lipoproteínas, apresentam alguns problemas relacionados ao excesso e ao acúmulo em órgãos e tecidos. O excesso das vitaminas lipossolúveis no organismo humano é denominado como hipervitaminose. O estilo de vida moderno tem tornado escasso o tempo dedicado a uma alimentação saudável e por esse motivo, o consumo de medicamentos polivitamínicos tornou-se uma prática popular. Os medicamentos polivitamínicos têm a finalidade de suprir a quantidade de uma determinada vitamina ou de um conjunto delas, em caso de deficiência no organismo. Devido à utilização incorreta e excessiva, marcada pela automedicação constante os medicamentos polivitamínicos passaram a ser um problema para saúde dos usuários, já que podem induzir às hipervitaminoses, especialmente por vitaminas lipossolúveis. A venda dos medicamentos no autosserviço é um dos fatores predisponentes para que ocorram as intoxicações por medicamen- tos, inclusive dos polivitamínicos. O papel do farmacêutico é essencial no ato da dispensação, pois ele é o profissional da saúde apto a informar sobre os medicamentos, realizando a atenção farmacêutica. Nesse contexto vários estudos e relatos têm condenando a utilização destas vitaminas de maneira incorreta, imprecisa e sem a orientação médica adequada, demonstrando os riscos e as manifestações que podem ocorrer. PALAVRAS-CHAVE: Vitaminas lipossolúveis. Hipervitaminose. Medicamentos polivitamínicos. Atenção farmacêutica. Automedicação. INTRODUÇÃO Os nutrientes são considerados substâncias muito impor- tantes para o funcionamento normal do organismo humano. Para se ter uma boa saúde, as necessidades nutricionais de- vem ser supridas em quantidades suficientes de proteínas, car- boidratos, lipídios, vitaminas e minerais que são adquiridos por uma alimentação variada (DWYER, 2009). A palavra vitamina foi atribuída a um bioquímico polonês chamado Casimir Funk em 1912. Ele acreditava que todas as substâncias alvo de seu estudo tinham a mesma composição e eram formadas por aminas, nome que se dá a um composto químico que contém o nitrogênio como base. Como tais subs- tâncias eram essenciais a vida, Funk decidiu conciliar o termo vital” do latim, ao “amina” (CARPENTER, HARPER, 2009). As vitaminas são compostos orgânicos essenciais ao fun- cionamento normal do metabolismo do organismo humano. Quase todos os carreadores e/ou ativadores que atuam como coenzimas derivam das vitaminas. Suas vias de biossíntese são muito complexas, portanto é mais eficiente adquirí-las de forma exógena, ou seja, pela alimentação, que sintetizar enzimas para desenvolvê-las a partir de moléculas mais simples. Atualmen- te é reconhecido que os seres humanos necessitem de pelo menos doze vitaminas diferentes (BERG, STRYER, TYMOCZKO, 2008; BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988). Atualmente o desejo pela alimentação correta e comple- ta, leva ao consumo de muitos nutrientes artificiais e sintéticos. Este consumo quando inadequado pode causar alguns pro- blemas ao organismo, como é o caso das vitaminas. Elas são comercializadas principalmente em medicamentos que são de- nominados de polivitamínicos ou multivitamínicos, sendo defini- dos como nutrientes que são utilizados para contemplar a dieta diária de um indivíduo em casos de deficiência e/ou quando a ingestão a partir da alimentação é insuficiente. Eles contêm em sua formulação desde uma vitamina ou um grupo delas (em ge- ral de seis a dez) e muitas vezes são associados a sais minerais (BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988; DWYER, 2009). Como as vitaminas desempenham funções fundamentais, a deficiência e o excesso podem desencadear manifestações dis- tintas. A hipovitaminose é definida como a deficiência de vitaminas no organismo humano e que geralmente é resultado da ingestão dietética inadequada e também oriunda de algum processo de ab- sorção insuficiente. Já a hipervitaminose é definida como uma sín- drome tóxica e geralmente está associada à ingestão excessiva de vitaminas lipossolúveis (BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988). As vitaminas são divididas em dois grandes grupos (BUR- CKHALTER, KOROLKOVAS, 1988; CARPENTER, HARPER, 2009):

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VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS: hipervitaminoses e o consumo irracional de polivitamínicos

Letícia Maia Pessoa1

Elias Borges do Nascimento Júnior2

RESUMO : Uma alimentação saudável inclui quantidades de vários nutrientes indispensáveis para manter o organismo humano em condições adequadas de

sobrevivência. Alguns destes nutrientes que desempenham funções muito importantes são as vitaminas, que atuam como coenzimas ativando reações meta-

bólicas essenciais ao organismo. A maioria delas é adquirida através da alimentação e são divididas em, hidrossolúveis e lipossolúveis, sendo essas últimas

classificadas como: A, E, D e K. Estas vitaminas devido ao metabolismo complexo, diversidade funcional e fisiologia de absorção relacionada às lipoproteínas,

apresentam alguns problemas relacionados ao excesso e ao acúmulo em órgãos e tecidos. O excesso das vitaminas lipossolúveis no organismo humano

é denominado como hipervitaminose. O estilo de vida moderno tem tornado escasso o tempo dedicado a uma alimentação saudável e por esse motivo, o

consumo de medicamentos polivitamínicos tornou-se uma prática popular. Os medicamentos polivitamínicos têm a finalidade de suprir a quantidade de uma

determinada vitamina ou de um conjunto delas, em caso de deficiência no organismo. Devido à utilização incorreta e excessiva, marcada pela automedicação

constante os medicamentos polivitamínicos passaram a ser um problema para saúde dos usuários, já que podem induzir às hipervitaminoses, especialmente

por vitaminas lipossolúveis. A venda dos medicamentos no autosserviço é um dos fatores predisponentes para que ocorram as intoxicações por medicamen-

tos, inclusive dos polivitamínicos. O papel do farmacêutico é essencial no ato da dispensação, pois ele é o profissional da saúde apto a informar sobre os

medicamentos, realizando a atenção farmacêutica. Nesse contexto vários estudos e relatos têm condenando a utilização destas vitaminas de maneira incorreta,

imprecisa e sem a orientação médica adequada, demonstrando os riscos e as manifestações que podem ocorrer.

PAlAVRAS-ChAVE: Vitaminas lipossolúveis. hipervitaminose. Medicamentos polivitamínicos. Atenção farmacêutica. Automedicação.

INTRODUÇÃO

Os nutrientes são considerados substâncias muito impor-

tantes para o funcionamento normal do organismo humano.

Para se ter uma boa saúde, as necessidades nutricionais de-

vem ser supridas em quantidades suficientes de proteínas, car-

boidratos, lipídios, vitaminas e minerais que são adquiridos por

uma alimentação variada (DWYER, 2009).

A palavra vitamina foi atribuída a um bioquímico polonês

chamado Casimir Funk em 1912. Ele acreditava que todas as

substâncias alvo de seu estudo tinham a mesma composição

e eram formadas por aminas, nome que se dá a um composto

químico que contém o nitrogênio como base. Como tais subs-

tâncias eram essenciais a vida, Funk decidiu conciliar o termo

“vital” do latim, ao “amina” (CARPENTER, HARPER, 2009).

As vitaminas são compostos orgânicos essenciais ao fun-

cionamento normal do metabolismo do organismo humano.

Quase todos os carreadores e/ou ativadores que atuam como

coenzimas derivam das vitaminas. Suas vias de biossíntese são

muito complexas, portanto é mais eficiente adquirí-las de forma

exógena, ou seja, pela alimentação, que sintetizar enzimas para

desenvolvê-las a partir de moléculas mais simples. Atualmen-

te é reconhecido que os seres humanos necessitem de pelo

menos doze vitaminas diferentes (BERG, STRYER, TYMOCZKO,

2008; BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988).

Atualmente o desejo pela alimentação correta e comple-

ta, leva ao consumo de muitos nutrientes artificiais e sintéticos.

Este consumo quando inadequado pode causar alguns pro-

blemas ao organismo, como é o caso das vitaminas. Elas são

comercializadas principalmente em medicamentos que são de-

nominados de polivitamínicos ou multivitamínicos, sendo defini-

dos como nutrientes que são utilizados para contemplar a dieta

diária de um indivíduo em casos de deficiência e/ou quando a

ingestão a partir da alimentação é insuficiente. Eles contêm em

sua formulação desde uma vitamina ou um grupo delas (em ge-

ral de seis a dez) e muitas vezes são associados a sais minerais

(BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988; DWYER, 2009).

Como as vitaminas desempenham funções fundamentais, a

deficiência e o excesso podem desencadear manifestações dis-

tintas. A hipovitaminose é definida como a deficiência de vitaminas

no organismo humano e que geralmente é resultado da ingestão

dietética inadequada e também oriunda de algum processo de ab-

sorção insuficiente. Já a hipervitaminose é definida como uma sín-

drome tóxica e geralmente está associada à ingestão excessiva de

vitaminas lipossolúveis (BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988).

As vitaminas são divididas em dois grandes grupos (BUR-

CKHALTER, KOROLKOVAS, 1988; CARPENTER, HARPER, 2009):

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- Hidrossolúveis: A maioria das vitaminas hidrossolúveis

são componentes de sistemas de enzimas essenciais e estão

envolvidas em reações do metabolismo enegético. Como exem-

plo tem-se as vitaminas C, B1, B2, B6, B12, ácido nicotínico, áci-

do pantotênico, ácido fólico, ácido pantotênico, biotina e outras.

Essas vitaminas normalmente não são armazenadas no

organismo em quantidades apreciáveis. A ingestão excessi-

va, embora economicamente dispendiosa, não acarreta danos

graves ao organismo, já que sua toxicidade é baixa devido,

provavelmente, à rápida excreção do seu excesso pela urina.

A ingestão excessiva de vitamina C é um exemplo da hipervita-

minose relacionando as vitaminas hidrossolúveis, esta ingerida

em quantidades maiores que 2g em dose única, pode causar

dor abdominal, diarréia e náuseas. Já a deficiência destas vi-

taminas no organismo pode acarretar manifestações graves,

levando a um quadro de hipovitaminose, como exemplos são

citados: beribéri (Vitamina B1 ou tiamina), acrodinia (Vitamina

B6), anemia (Vitamina B6, B12 e ácido fólico), dermatite (Bioti-

na), fragilidade capilar (Ácido pantotênico), pelagra (Ácido nico-

tínico) e escorbuto (Vitamina C).

- Lipossolúveis: As vitaminas lipossolúveis A, D, E e K

são absorvidas na presença de lipídeos e requerem quantida-

des suficientes de bile e suco pancreático para que o processo

seja eficiente. São transportadas para o fígado por meio das

lipoproteínas e podem estar armazenadas em diversos tecidos

corpóreos e órgãos. Assim como as vitaminas hidrossolúveis,

a deficiência das vitaminas lipossolúveis também pode desen-

cadear quadros de hipovitaminose levando à manifestações

como: xeroftalmia (Vitamina A), cegueira noturna (Vitamina A),

raquitismo (Vitamina D), esterilidade (Vitamina E), hemorragia (

Vitamina K) e dentre outros. Já a ingestão excessiva pode acar-

retar manifestações tóxicas graves ao organismo levando ao

quadro de hipervitaminose. Algumas manifestações ocorridas

pelo excesso dessas vitaminas são: teratogenicidade, anorma-

lidades hepáticas, perda mineral óssea e hipercalcemia.

Assim como todos os nutrientes, as vitaminas sofrem controle

homeostático. Este sistema de controle é responsável por manter

o estado de equilíbrio do organismo, ou seja, quando existe um

aumento de um determinado nutriente, este sistema reduz o risco

do acúmulo excessivo nos tecidos que poderiam causar efeitos

adversos. Portanto quando a capacidade de homeostasia é satu-

rada pelo consumo nutricional continuamente alto, poderá resultar

em acúmulo anormal nos tecidos ou em sobrecarga das vias me-

tabólicas e de transporte (BANDINI, FLYNN, 2006).

Estudos feitos pela Food and Nutrition Board of the Natio-

nal Research Council nos Estados Unidos, determinaram as

quantidades dietéticas recomendáveis para cada vitamina. Por

meio deste estudo foi possível observar que o consumo abusi-

vo e indiscriminado de vitaminas é prática comum em diversos

países, principalmente nos Estados Unidos e no Brasil (BUR-

CKHALTER, KOROLKOVAS, 1988).

Em todo mundo, a venda de medicamentos polivitamíni-

cos já chega a US$ 76 bilhões, superando a venda de produ-

tos tradicionais como medicamentos antigripais. Há registros

de aumento de vendas de 6% entre os anos de 2007 e 2008,

principalmente em países desenvolvidos. No Brasil o mercado

movimenta cerca de R$ 820 milhões e há um crescimento ace-

lerado, da ordem de 20% ao ano (CINQUEPALMI, 2010).

A falta de informação, a automedicação e a venda livre de

medicamentos polivitamínicos contribuem para o consumo ex-

cessivo de vitaminas, principalmente das lipossolúveis poden-

do ocasionar as hipervitaminoses. O farmacêutico tem papel

primordial nesta situação, pois a dispensação desses medica-

mentos é realizada em drogarias e farmácias, sendo que, na

maioria das vezes o paciente não tem o conhecimento real da

situação nutricional em que se encontra e é induzido ao con-

sumo dos medicamentos polivitamínicos de maneira incorreta.

Outros fatores também contribuem para a ocorrência de hiper-

vitaminose, como alguns relatos de prescrições de medicamentos

polivitamínicos sem especificação da vitamina causadora da defici-

ência e a escassez de registros e dados de notificação, diagnóstico

ou internação por hipervitaminoses, que são camufladas por outros

tipos de manifestações e não recebem a devida importância quanto

ao uso incorreto dos medicamentos polivitamínicos.

As vitaminas lipossolúveis devem ser consumidas com

muita cautela e após uma supervisão médica adequada, para

a determinação correta da necessidade fisiológica do indivíduo,

levando em consideração os seus hábitos alimentares. Muitas

dessas vitaminas são facilmente encontradas em alimentos que

são consumidos no dia-a-dia como legumes, frutas, grãos, de-

rivados lácteos e carnes.

A realização da atenção farmacêutica no momento da dis-

pensação dos medicamentos polivitamínicos é muito importante,

pois o farmacêutico é um profissional da saúde apto a fornecer

informações corretas relacionadas aos medicamentos e a orientar

o paciente adequadamente quanto às providências que haverão

de ser tomadas antes de iniciar um tratamento com esse tipo de

medicamento. Convém lembrar que a automedicação é um gran-

de problema no Brasil e o farmacêutico desempenha papel funda-

mental no combate ao uso irracional dos medicamentos.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada com base em revisão bibliográfica

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feita no período de 20 de agosto de 2012 a 4 de dezembro de

2012, em edições recentes dos livros Nutrição e metabolismo,

Nutrição moderna: na saúde e na doença, Bioquímica, Química

farmacêutica e Farmacologia, disponíveis na biblioteca do Cen-

tro Universitário Newton Paiva. A Pesquisa online foi baseada

em termos relacionados com as vitaminas em geral, com ênfase

em vitaminas lipossolúveis e direcionados às hipervitaminoses e

reações adversas. Foram utilizadas base de dados como scielo

e pubmed utilizando-se como palavras-chave: vitaminas A, D, E

e K, hipervitaminoses, efeitos adversos, câncer de próstata que

será demonstrada nos estudos de hipervitaminose da vitamina

E, cálcio, doenças cardiovasculares que também será demons-

trada nos estudos de hipervitaminoses sobre a vitamina E e D,

medicamentos polivitamínicos e consumo. Também foram utili-

zadas notícias gerais relacionadas ao tema central além de re-

gulamentações e portarias no site da ANVISA.

DESENVOLVIMENTO

A composição dos medicamentos e/ou suplementos vitamíni-

cos engloba vitaminas isoladas e/ou associadas entre si e podem

conter também sais minerais na associação. Os polivitamínicos são

úteis em casos nos quais a ingestão a partir da alimentação é in-

suficiente, como ocorre nos processos de deficiência ou quando a

dieta requerer suplementação, não podendo substituir os alimentos

e nem serem atribuídos como dieta exclusiva (ANVISA<a>, 1998).

A deficiência quando diagnosticada deve ser tratada de acor-

do com a magnitude e isso só será quantificado a partir de uma

avaliação médica.

A finalidade de um medicamento polivitamínico é muito bem

esclarecida para a medicina, mas para as indústrias que comer-

cializam seus produtos no mercado, o objetivo das vendas vai

além de uma indicação para o problema relacionado ao déficit

de vitaminas e envolve questões, como estado físico e mental

associado ao consumo desses medicamentos.

O marketing utilizado incentiva a população ao consumo

dos medicamentos polivitamínicos, com isso a automedicação

se torna cada vez mais freqüente, não sendo levadas em consi-

deração as consequências do uso abusivo e inadequado. O ex-

cesso e o acúmulo de algumas vitaminas no organismo podem

desencadear as hipervitaminoses, especialmente causadas pe-

las vitaminas lipossolúveis.

As vitaminas lipossolúveis são formadas por moléculas apo-

lares, ou seja, dependem da solubilização micelar por meio dos

sais biliares e da lipase pancreática para que a sua absorção

seja eficiente. A formação da micela é necessária para que a

vitamina seja carreada até o lúmen intestinal aquoso (MOURÃO

et al.,2005).

Dependendo da composição da dieta do indivíduo, certos lipí-

deos podem interferir na absorção das vitaminas, causando defici-

ência ou favorecendo seu metabolismo na absorção e distribuição.

Em função desta complexidade, torna-se um desafio o desenvolvi-

mento de recomendações de ampla aceitação para uma formula-

ção oral padrão a ser utilizada na determinação de biodisponibili-

dade relativa das vitaminas lipossolúveis (MOURÃO et al., 2005).

VITAMINAS LIpOSSOLúVEIS

As vitaminas lipossolúveis podem ser classificadas em qua-

tro tipos: A, D, E e K.

Vitamina a

A vitamina A faz parte de um termo nutricional que se refere

a uma família de compostos alimentares lipossolúveis essenciais

ao organismo e estão relacionadas estruturalmente ao retinol e

seus ésteres. O retinol quando oxidado gera compostos como o

retinaldeído e o ácido retinóico, que são metabólitos biologica-

mente ativos. O termo retinóides inclui todas as moléculas que

se referem ao retinol e grande número de compostos análogos

sintéticos (ROSS, 2009). A vitamina A apresenta-se de acordo

com a fórmula estrutural a seguir (Fig.1):

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A maioria dos tecidos são compostos de retinol esterifica-

do com um ácido graxo (retinil palmitato ou esterato), enquanto

a maioria das preparações farmacêuticas disponíveis comer-

cialmente contêm retinil palmitato ou acetato, pois as formas

esterificadas são mais estáveis. Todos estes compostos são

convertidos em retinol e são equivalentes em nível nutricional

(ROSS, 2009).

Apenas 10% dos 600 carotenóides conhecidos apresentam

atividade provitamínica A, sendo que, dentre eles, o Beta-Caro-

teno é o que tem maior representatividade nesta função e são

encontrados em alimentos de origem vegetal como em frutas de

cores avermelhadas. Já em produtos de origem animal e na for-

ma sintética, a vitamina A encontra-se principalmente na forma

de retinol ou pré-formada e ativa (MOURÃO et al., 2005).

Os estudos relacionados à biodisponibilidade da vitamina A

denotam que a vitamina A pré-formada, tem 70% a 90% maior

eficiência de absorção em relação às provitaminas A. Uma expli-

cação para este fato, seria provavelmente por elas sofrerem uma

absorção passiva, além de sua lenta taxa de conversão em vita-

mina A ativa, no intestino delgado e no fígado (BURCKHALTER,

KOROLKOVAS, 1988; MOURÃO et al., 2005;)

A vitamina A é muito importante para manutenção da inte-

gridade da epiderme e das mucosas. Ela é necessária para a

síntese de glicoproteínas que participam na adesão celular e na

diferenciação dos queratinócitos na pele, impedindo a incidên-

cia de infecções cutâneas; Exerce papel na utilização do ferro

na imunidade humoral, na imunidade mediada pelas células T,

na atividade das células destruidoras naturais e na fagocitose

(CALDER, YAQOOB, 2006; ROSS, 2009).

A vitamina A induz a formação da imunoglobulina A, aumen-

tando o fator que estimula a produção destas imunoglobulinas

(LIMA et al., 2012). No desenvolvimento embrionário a vitamina

A, juntamente com outros fatores, auxilia no controle da expres-

são gênica (CALDER, YAQOOB, 2006; ROSS, 2009).

Ela também desempenha funções na retina. Ela contém

quatro tipos de fotopigmentos, um deles é chamado de rodop-

sina, esta por sua vez desempenha uma função fundamental na

adaptação do olho em condições de pouca luz e visão noturna.

A vitamina A além de ser armazenada pela rodopsina, participa

também da sua síntese. As células da retina possuem um siste-

ma muito complexo para manter e controlar as reservas de vita-

mina A, portanto a diminuição das reservas desta vitamina só se

tornará um problema, somente quando houver uma abstinência

em períodos prolongados (FERNSTROM, FERNSTROM, 2006).

Alguns órgãos exercem papéis fundamentais no metabolis-

mo da vitamina A como o intestino delgado, o fígado e os teci-

dos periféricos. A atuação de diversas proteínas de ligação ao

retinol também desempenham funções importantes como trans-

porte, solubilidade e mediação das funções. Estas proteínas são

encontradas em quase todas as células do organismo e dife-

rem quanto à distribuição nos tecidos. Os principais grupos de

proteínas são: proteína transportadora plasmática em conjunto

com a sua co-transportadora transtiretina, proteínas citossólicas

ligadoras de retinóides (encontradas nas frações solúveis das

células), proteína celular ligadora de retinal (localizada na retina)

e proteína ligadora de retinóide intersticial, (sintetizada pelas cé-

lulas fotorreceptoras) (ROSS, 2009).

A absorção da vitamina A é feita no intestino delgado tanto

na forma de retinol ou ésteres de retinil, como na forma de provi-

tamina A. Após a ingestão da vitamina, esta sofre a ação de sais

biliares que têm a função antioxidante e também atuam como

carreadores na passagem da vitamina pela parede intestinal. A

vitamina também sofre ação da lipase pancreática necessária

para emulsificação e posterior hidrólise dos ésteres de retinil.

Após este processo o retinol é passivamente absorvido pelos

enterócitos no lúmen intestinal aquoso. A maior parte do retinol

intestinal é esterificada e transportada em quilomícrons por meio

do sistema linfático intestinal à circulação sistêmica. Uma prote-

ína de ligação do retinol presente nos enterócitos é responsável

pela esterificação do retinol em ésteres de retinil (ROSS, 2009).

Na circulação sistêmica o retinol (ésteres de retinil) está li-

gado à proteína transportadora plasmática. Este complexo pro-

téico interage com uma segunda proteína co-transportadora

chamada transtiretina, que por sua vez, impede que a vitamina

A seja filtrada pelos glomérulos renais, protegendo o organismo

da possível intoxicação pelo retinol e favorecendo sua ação pela

ligação do complexo protéico aos receptores específicos da su-

perfície celular, sendo assim a vitamina A é captada por vários

órgãos e tecidos (SACRAMENTO, SILVA, 2006).

O fígado é o principal órgão responsável por armazenar

aproximadamente 90% da vitamina A nos hepatócitos e a quan-

tidade é suficiente para suprir as necessidades do organismo

durante 3 a 12 meses. Caso a circulação dos quilomícrons seja

prolongada, uma proporção do retinol (ésteres de retinil) pode

ser transferida para as lipoproteínas e entrar nas células pelas

vias da lipoproteína mediada por receptor. Em condições nor-

mais, 80% da vitamina A ingerida é absorvido, sendo o restante

eliminado. A concentração da vitamina A na linfa e no plasma

alcança um pico máximo de 2 a 6 horas após administração oral,

ocorrendo diminuição devido à deposição da vitamina no fígado

(ROSS, 2009; SACRAMENTO, SILVA, 2006).

Uma importante característica da fisiologia do retinol plas-

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mático é o seu mecanismo de reciclagem. O retinol segue para

os tecidos e retorna novamente ao plasma. Um estudo relacio-

nado a este fato demonstrou que a molécula de retinol exerce

uma média de reciclagem de 9 a 11 vezes entre o fígado, plas-

ma, rins e outros tecidos, constantemente. Com isso pode-se

concluir que a capacidade de armazenamento da vitamina A no

organismo é alta, enquanto que a capacidade de dispor do ex-

cesso é limitada. A falta de mecanismos eficientes de descarte é

uma explicação para vitamina A se apresentar em níveis tóxicos

quando a ingestão excede as necessidades (ROSS, 2009).

A eliminação da vitamina A se dá pela via fecal, onde ocorre

conjugação do retinol e do ácido retinóico com o ácido glicurôni-

co no fígado, gerando 20% a 30% de metabólitos conjugados e

pela via renal, onde ocorre metabolização do retinol e do ácido

retinóico no fígado e nos rins, gerando 10% a 20% de metabólitos

de degradação oxidados. É excretada também no leite materno.

Em estados patológicos como a pneumonia, a excreção da vita-

mina A pela via renal é acentuada, sendo eliminado aproximada-

mente 3.000 UI ao dia, já as doenças renais crônicas que afetam

a filtração glomerular estão associadas aos níveis mais elevados

de retinol plasmático (ROSS, 2009; SACRAMENTO, SILVA, 2006).

Quando a vitamina A é consumida em quantidades acima

das necessidades fisiológicas, a eficiência da absorção é elevada.

Há também outros fatores que podem influenciar como a ingestão

de vitamina E, proteínas e gorduras (MOURÃO et al., 2005; ROSS,

2009). A presença da vitamina E, ingerida simultaneamente com

a vitamina A, aumenta a absorção desta última, sendo que seu

efeito antioxidante protetor nos lipídeos carreadores da vitamina

A, protegendo-os da degradação, pode ser uma das explicações

para este fenômeno (MOURÃO et al., 2005).

Uma dieta rica em proteínas e gorduras também é essen-

cial na formação das micelas, fenômeno indispensável para que

ocorra a absorção, sendo as proteínas agentes ativos de su-

perfície no lúmen intestinal e a gordura veículo de transporte da

vitamina A e estimulador do fluxo biliar (MOURÃO et al., 2005).

Vitamina E

A vitamina E é constituída por uma família de compostos,

sendo que estruturalmente o alfa-tocoferol e o alfa-tocotrienol

são encontrados em maiores quantidades na natureza e apre-

sentam maior bioatividade. Uma das principais fontes naturais

de se adquirir a vitamina E é através de uma alimentação rica

em sementes como cereais, soja, amendoim, dentre outros. No

óleo de trigo é onde se encontra a fonte mais rica de vitamina E

(MOURÃO et al., 2006; SACRAMENTO, SILVA, 2006). A vitamina

E (Tocoferol) é apresentada de acordo com a seguinte fórmula

estrutural (Fig.2):

Esta vitamina tem como função a ação antioxidade e de-

puradora que rompe cadeias, sendo um eliminador eficiente do

radical hidroxila, que protege as lipoproteínas de baixa densida-

de (LDL) e os lipídios poliinsaturados nas membranas celulares

contra a ação oxidante. Tem também a função de inibir a síntese

de prostaglandinas, a atividade da proteinoquinase C e da fos-

folipase A2 (FERNSTROM, FERNSTROM, 2006; SACRAMENTO,

SILVA, 2006).

A absorção da vitamina E ocorre a partir da mucosa intes-

tinal e segue o mesmo processo do metabolismo lipídico, pela

dependência dos sais biliares, formação de micelas e incor-

poração aos quilomícrons, para posterior transporte na linfa. A

eficiência de absorção parece ser maior quando a vitamina é

solubilizada com ácidos graxos de cadeia média e triglicerídeos.

Ao contrário das outras vitaminas lipossolúveis, que apresentam

proteínas de transporte no plasma sanguíneo, a vitamina E é

transportada inespecificamente pelas lipoproteínas do plasma.

Assim que os ácidos graxos advindos da alimentação juntamen-

te com os quilomícrons contendo grande porção de vitamina E

alcançam o fígado, ocorre um processo de biodisponibilização

dos VLDL’s, estes têm o núcleo rico em triglicerídeos. Na circu-

lação os VLDL’s são deslipidados em LDL’s que interagem com

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seus receptores específicos presentes nos tecidos periféricos,

bem como no fígado. Durante o processo de deslipidação a vita-

mina E é transferida aos HDL’s, que podem transferir a vitamina

para todas as lipoproteínas circulantes. A vitamina E quando ad-

ministrada pela via oral, 50% a 80% da vitamina são absorvidos,

sendo essa proporção similar em relação à vitamina absorvida

dos alimentos (SACRAMENTO, SILVA, 2006; TRABER, 2009).

A vitamina E é transportada no sangue associada às lipopro-

teínas. Ainda não foi evidenciado o mecanismo do seu transporte

para o tecido nervoso, mas geralmente é rapidamente carreada

pelas lipoproteínas com a qual mantém afinidade (FERNSTROM,

FERNSTROM, 2006; SACRAMENTO, SILVA, 2006).

Diferentemente das outras vitaminas lipossolúveis, a vitami-

na E não é acumulada no fígado em níveis tóxicos, ela chega

à corrente sanguínea por via linfática e distribui-se por todo or-

ganismo incluindo músculos esqueléticos, hipófise, glândulas

supra-renais, glândulas mamárias, pulmões, baço e nos depó-

sitos gordurosos (SACRAMENTO, SILVA, 2006; TRABER, 2009).

Grande parte da vitamina E é eliminada pela via fecal, por

apresentar baixa absorção intestinal. No leite materno a elimi-

nação constitui o veículo da vitamina E para o lactante. A pele

também pode ser uma via de excreção importante para essas

vitaminas, as glândulas sebáceas secretam vitamina E para

proteger as células cutâneas da ação oxidante (SACRAMENTO,

SILVA, 2006; TRABER, 2009).

A deficiência de vitamina E é extremamente rara nos seres

humanos. Quando ocorre um quadro de deficiência, está asso-

ciada a determinadas anormalidades no transporte e na absor-

ção de gorduras (FERNSTROM, FERNSTROM, 2006).

Vitamina D

A primeira vitamina D isolada era composta por um foto-

produto da irradiação do ergosterol e ficou conhecida desse

modo durante muitos anos. Após vários estudos, foi possível

reconhecer que ela era na verdade uma mistura de substâncias

provenientes da irradiação solar e com a purificação dessa mis-

tura, foi detectado um único composto presente, denominado

ergocalciferol ou vitamina D2. Posteriormente foi descoberto que

a vitamina D2 teria pequena atividade anti-raquítica e assim foi

sintetizado um novo análogo da pró-vitamina D semelhante ao

ergosterol, contendo na cadeia lateral da sua estrutura a inser-

ção da molécula do colesterol, que por sua

vez produzia uma potente atividade anti-raquítica e, além

disso, era semelhante à vitamina D encontrada nos óleos de pei-

xe e na pele de mamíferos. Essa pró-vitamina D foi denominada

como pró-vitamina D3 ou 7-deidrocolesterol/colecalciferol D3 e

que, após a irradiação, é convertida em vitamina D3 (HOLICK,

2009; MOURÃO et al., 2005).

Após alguns anos, um estudo realizado por Velluz et al. de-

terminou que a pró-vitamina D3 quando exposta a radiação não

produzia nenhuma vitamina D3 ativa e com isso relataram o iso-

lamento de um novo fotoproduto denominado pré-vitamina D3,

uma substância termolábil capaz de se converter em vitamina D3

por um processo termodependente (HOLICK, 2009; MOURÃO

et al., 2005).

A vitamina D está relacionada com a importante função de

mineralização das matrizes ósseas, mantendo as concentrações

intra e extracelulares de cálcio dentro de uma faixa de variação

fisiológica aceitável (HOLICK, 2009; MOURÃO et al., 2005). A

vitamina D é representada pelas seguintes fórmulas estruturais

(Fig.3 e 4):

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A irradiação UVB é a principal responsável pela fotólise da

vitamina D3 na derme e na epiderme. A pré-vitamina D3 é produ-

zida na membrana plasmática das células da pele. Ela permane-

ce em uma configuração estrutural s-cis e assim que isomeriza

em vitamina D3, sua conformação é alterada e esta atravessa a

membrana plasmática atingindo o espaço extracelular. Cerca de

80% a 90% da pré-vitamina D3 formada ocorre nas camadas de

crescimento ativo da pele, incluindo a camada basal e a espi-

nhosa da epiderme e o restante na derme (HOLICK, 2009).

Em indivíduos que apresentam uma pele branca, com baixa

produção de melanina, a exposição à luz solar leva a uma elevada

absorção da irradiação UVB e a pró-vitamina D3 é rapidamente

convertida em pré-vitamina D3, aumentando os níveis de vitamina

D3 no organismo. Devido a essa situação foi descoberto um me-

canismo de biodegradação, no qual ao invés da pré-vitamina D3

ser convertida em vitamina D3, ela é totalmente fotodegradada em

isômeros biologicamente inativos, pela própria irradiação solar e

com este mecanismo é evitado o excesso da formação de vitami-

na D3 oriunda da irradiação solar (HOLICK, 2009).

Atualmente é recomendável uma exposição solar de no mí-

nimo três vezes por semana em média, com duração de 15 a 20

minutos antes das dez horas da manhã. O ideal é expor braços,

pernas, pescoço e rosto sem a utilização do filtro solar nesse

espaço de tempo, pois fatores de proteção solar (FPS) acima de

oito já impedem a produção de nutrientes (BEM ESTAR, 2011).

A fonte de vitamina D oriunda da exposição solar é contra-

posta pela alta incidência de câncer de pele e pelas recomen-

dações para importância da utilização dos protetores solares,

dessa forma quando o indivíduo é exposto à luz solar, o protetor

reflete a irradiação UVB, impedindo assim a absorção e a forma-

ção da vitamina D3 advinda da irradiação solar.

Após a ingestão de vitamina D, este composto é incorpora-

do em nível dos quilomícrons e conduzido pela linfa após sofrer

absorção no intestino delgado. As concentrações circulantes de

vitamina D começam a aumentar dentro de horas após a absor-

ção e declinando gradualmente até o valor basal, no decorrer de

72 horas (HOLICK, 2009).

A vitamina D é em princípio, biologicamente inativa, sendo

necessárias reações químicas específicas para que as formas

ativas possam ser sintetizadas. Assim que a vitamina D (vitamina

D2 ou D3) chega à circulação sanguínea, ela pode ser armaze-

nada no tecido adiposo para uso futuro ou ser metabolizada no

fígado. No fígado a vitamina D sofre sua primeira hidroxilação

formando a principal forma de vitamina D circulante, a 25-hidro-

xivitamina D (25(OH)D). Apesar de a 25(OH) D ser a principal

forma de vitamina D circulante, ela é biologicamente inerte em

concentrações biológicas e para se tornar ativa deve sofrer hi-

droxilação pela ação de uma enzima chamada 25(OH) D-1alfa-

-hidroxilase específica (1-OHase), presente nos rins. Esta hidró-

lise enzimática gera o composto ativo 1,25-diidroxivitamina D

(1,25(OH)2 D) que tem a função de regular o metabolismo do

cálcio e do fósforo no intestino e nos ossos (HOLICK, 2009).

Quando ocorre um processo de deficiência de cálcio, as

glândulas paratireóides detectam esta redução e secretam o

paratormônio que tem a função de aumentar a reabsorção tubu-

lar de cálcio nos rins, aumentar a produção de 1,25(OH)2 D que

chega ao intestino delgado e elevar a eficiência de absorção

intestinal do cálcio. O resultado final consiste em um aumento

na absorção de cálcio, elevando os níveis deste na circulação e

a liberação do cálcio e do fósforo para o espaço extracelular. A

1,25(OH)2 D por mecanismos desconhecidos, também aumen-

ta a absorção do fósforo dietético no jejuno e no íleo (HOLICK,

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2009; RUSSELL, SUTER, 2009).

A vitamina D e seus metabólitos são eliminados do organis-

mo principalmente através da bile, podendo ser excretada tam-

bém pelo leite materno e pelas fezes. Não há eliminação pela

urina (SACRAMENTO, SILVA, 2006).

Vitamina K

A vitamina K é a denominação genérica de um grupo de

compostos químicos lipossolúveis e que estão muito relaciona-

dos quando considerados essenciais à coagulação do sangue.

Eles atuam como co-fatores da enzima gama-glutamilcarboxi-

lase (Gla). A filoquinona (k1) é a forma natural da vitamina K,

encontrada em vegetais folhosos verdes como o espinafre, bró-

colis e a alface americana; a menaquinona (k2) é sintetizada por

bactérias anaeróbias principalmente a Escherichia coli presente

na flora intestinal dos seres humanos

em animais; a menadiona (k3) é um composto sintético e

pode ser convertido em menaquinona no intestino (MOURÃO et

al., 2005). A fórmula estrutural geral da vitamina K e os seus cor-

respondentes radicais das vitaminas K1 e K2 são demonstrados

a seguir (Fig. 5):

O processo de coagulação do sangue é essencial para a

homeostasia e envolve uma série de eventos para proteger o

organismo do risco de hemorragia e tromboembolismo. Para

que ocorra este processo há intervenção de vários fatores, entre

eles está a vitamina K que desempenha importante função em

uma das etapas. Ela participa da formação da protrombina (fator

de coagulação II), que é uma proteína indispensável na conver-

são do fibrinogênio em fibrina. Esta última é caracterizada como

uma proteína fibrosa, responsável por impedir que o sangue seja

extravasado para o meio extravascular formando uma camada

protetora juntamente com a ação das plaquetas e contendo a

hemorragia advinda do local lesionado (SUTTIE, 2009).

A absorção da vitamina K segue praticamente o mesmo

perfil de absorção das vitaminas lipossolúveis em geral, neces-

sitando da presença de bile e gorduras, sendo mais atuante na

porção do jejuno no intestino delgado. Após absorção a vita-

mina é liberada na circulação sanguínea pela via linfática. Sua

reserva nos órgãos e tecidos se dá em pequenas quantidades,

sendo o fígado o órgão em que maiores quantidades dessa vita-

mina são encontradas (SACRAMENTO, SILVA, 2006).

A deficiência de vitamina K em seres humanos adultos é

extremamente rara, sendo chamada de hipoprotrombinemia res-

ponsiva a vitamina K (SUTTIE, 2009).

A vitamina K pode ser eliminada por via fecal, por sua sínte-

se ser realizada na mucosa do intestino. Não há excreção pela

bile e nem pela urina (SACRAMENTO, SILVA, 2006).

HIpERVITAMINOSES E ESTUDOS cLíNIcOS

Os estudos e as pesquisas relacionando os problemas do

consumo excessivo das vitaminas lipossolúveis alertam quanto

aos riscos desencadeados pela negligência na utilização. Eles

demonstram que algumas vitaminas antes reconhecidas por

atuarem de forma benéfica, se tornam um perigo e/ou empecilho

para que outras manifestações acometam a saúde do indivíduo.

A utilização dos polivitamínicos precocemente também tem sido

uma questão muito importante a ser discutida e alguns estudos

demonstram essa situação.

Existem várias peculiaridades envolvendo a absorção das

vitaminas lipossolúveis no organismo e que muitas vezes não

são levadas em consideração pela falta de informação, tanto da

população, como dos profissionais da saúde. O uso incorreto

e indiscriminado de medicamentos polivítamínicos associados

a uma dieta excessiva de gorduras e proteínas poderia levar a

uma absorção exacerbada e ao acúmulo de vitaminas, como é

o caso da vitamina A.

A absorção relativamente ilimitada de retinol é benéfica

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quando há necessidade de suprir um déficit da vitamina de ma-

neira rápida, porém isto também faz parte da etiologia da hiper-

vitaminose A, que é induzida pelo excesso agudo ou crônico da

vitamina e em geral é o resultado do uso abusivo de suplemen-

tos contendo essa vitamina (ROSS, 2009).

A intoxicação crônica por vitamina A tem sido uma grande

preocupação nos países industrializados, e entre os sintomas

mais freqüentes podem ser citados: pele seca, vômitos, alopé-

cia, dor óssea, amenorréia, hiperlipidemia, glossite e hipercalce-

mia (DWYER, 2009).

A gravidade dos efeitos adversos é dependente da dose.

De acordo com o comitê do International Organization for Mi-

gration (IOM) (2001 apud Russell e Suter 2009, p.396, grifo

do autor) foram enfatizados três efeitos adversos potenciais

cruciais da hipervitaminose A: “risco aumentado de defeitos

congênitos em mulheres em idade reprodutiva, anormalidades

hepáticas e densidade mineral óssea (BDM) reduzida, poden-

do resultar em osteoporose.”

De acordo com Rothman (apud Russell e Suter 2009) a rela-

ção da ingestão de vitamina A dietética com defeitos congênitos

foi revisada através de registros de nascimentos e entrevistas

feitas sobre a alimentação de mais de 22.000 gestantes nos

Estados Unidos. Nesse estudo foi realizada uma análise de re-

gressão logística após o nascimento de 339 bebês portadores

de defeitos congênitos. Com o resultado os autores concluíram

que o risco de defeitos congênitos era significativamente maior

em mulheres que consumiram mais de 10.000 UI/dia de suple-

mentos de vitamina A, antes da sétima semana de gestação. De

acordo com Bandini e Flynn (2006) a intoxicação por vitamina A

pode se tornar teratogênica nos seres humanos levando a má-

-formações fetais, como anomalias no sistema nervoso central,

timo, coração e anormalidades craniofaciais.

A hepatotoxicidade é uma das conseqüências mais graves

do consumo crônico de vitamina A. Algumas podem ser confun-

didas com outros fatores relacionados à lesão hepática como

alcoolismo, hepatites A, B e C, medicações hepatotóxicas ou

alguma doença do fígado. As anormalidades características das

altas ingestões de vitamina A a longo prazo podem ser descri-

tas como evidência de excesso de vitamina A nas células peri-

sinusoidais, fibrose perisinusoidal, hiperplasia e hipertrofia das

células estreladas. Em geral valores maiores que 15.000 µg/dia

utilizados por períodos de 1 a 30 anos de duração, podem cau-

sar esses efeitos (ROSS, 2009).

Achados epidemiológicos indicaram que o consumo maior

que 1.500 µg/dia podem reduzir a densidade óssea, principal-

mente em mulheres após a menopausa e em homens idosos,

elevando a incidência de osteoporose e de fraturas nos quadris

em algumas populações (BANDINI, FLYNN, 2006). Quinze por

cento das mulheres e 39% dos homens em um estudo de uma

comunidade americana com idade avançada nos Estados Uni-

dos, faziam o uso de suplementação com vitamina A e entre

as mulheres usuárias as alterações da densidade mineral óssea

foram inversamente associadas à ingestão de retinol (ROSS,

2009).

Os indivíduos susceptíveis à manifestação de hipervitamino-

se A fazem o uso contínuo de suplementos à base de vitamina

A e têm o costume de introduzir na alimentação uma das fon-

tes mais ricas dessa vitamina, o fígado bovino. (HEIMBURGER,

McLAREN, SHILLS, 2009).

Já nos estudos envolvendo a vitamina E foram demons-

tradas várias informações controversas, relacionadas à suple-

mentação de vitamina E e os seus benefícios no tratamento de

doenças que acometem o Sistema Nervoso Central, doenças

cardiovasculares e no câncer de próstata.

Todas as formas de vitamina E podem contribuir para toxi-

cidade, doses acima de 800 mg/dia podem reduzir a agregação

plaquetária e interferir no metabolismo da vitamina K. Há relatos

de manifestações como flatulência, náuseas e diarréia no consu-

mo de doses acima de 1g/dia (DWYER, 2009).

Estudos indicam que a vitamina E está envolvida em algu-

mas doenças do Sistema Nervoso Central que estão ligadas à

lesão oxidativa. Como exemplo tem-se a Doença de Alzheimer

que é uma enfermidade caracterizada por demência senil, asso-

ciada à degeneração progressiva no cérebro. De acordo com a

observação vinda de uma prova clínica a suplementação de vi-

tamina E poderia retardar a evolução da doença (FERNSTROM,

FERNSTROM, 2006).

De acordo com Fernstrom e Fernstrom (2006, p.150) ”[...]

esses achados não indicam se excentricidades no consumo de

vitamina E por períodos prolongados constituem uma causa da

doença.”

Foram feitos estudos em seres humanos que receberam

suplementos de vitamina E, para uma análise da ação do alfa-

-tocoferol em relação ao risco de ataques cardiovasculares e os

resultados foram discrepantes. O benefício da suplementação

em doenças cardíacas está envolvido com a capacidade de

interferência desta vitamina em evitar a formação de coágulos.

Uma das intervenções mais importantes em ataques cardíacos

e AVC’s é a prevenção do trombo. Já o prejuízo está relacionado

ao poder de sangramento que o alfa-tocoferol pode ocasionar

potencializando o efeito de medicamentos que têm ação antico-

agulante como o ácido acetilsalicílico, podendo resultar em um

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PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 145

quadro de hemorragia (TRABER, 2009).

Um estudo relacionado ao fato acima foi realizado com 14

mil pessoas do sexo masculino, com idade média de 50 anos e

com baixo risco de doenças cardiovasculares no início do estudo

por oito anos. Foram avaliados os efeitos dos suplementos de vi-

tamina E e vitamina C. Os participantes foram randomizados para

receber 400 UI/dia de vitamina E ou 500 mg/dia de vitamina C

ou um placebo. Como resultados foram confirmados 1.245 even-

tos cardiovasculares, sendo 511 casos de infarto do miocárdio

e 464 casos de acidente vascular cerebral. Ao longo do estudo

morreram 1.661 homens e com isso os autores concluíram que a

vitamina E e a vitamina C não tiveram qualquer efeito sobre a pre-

venção de eventos cardiovasculares. Estas vitaminas não estão

relacionadas ao efeito significativo sobre a mortalidade total, mas

a vitamina E foi associada a um aumento do risco de acidente

vascular cerebral hemorrágico (SESSO et al., 2008).

A vitamina E apresenta também influência sobre o sistema

imune. Os radicais livres formados pela peroxidação dos lipíde-

os nas células são imunossupressores. Por este fato conside-

ra-se que a vitamina E deve atuar para aperfeiçoar a resposta

imune. A suplementação desta vitamina em idodos pode ser

benéfica, mas há um estudo que revelou respostas elevadas da

“Hipersensibilidade do Tipo Tardia” que é um tipo de imunidade

celular induzida nos seres humanos através da sensibilização

de contato com substâncias químicas e antígenos ambientais.

“Portanto doses excessivamente acima das demandas normais

podem suprimir a resposta imune” (CALDER, YAQOOB, 2006).

A ingestão diária de vitamina E antes considerada um em-

pencílio na prevenção do câncer de próstata, agora pode cau-

sar efeitos inversos, aumentando as chances de desenvolver a

doença e outros tumores. Um estudo foi realizado pela Clínica

Cleveland, em Ohio, no período de 2001 a 2004 para determinar

os efeitos da suplementação de selênio, vitamina E e da asso-

ciação de ambos envolvidos na prevenção de alguns tumores.

O estudo randomizado envolveu uma média de 35 mil homens

com idade acima de 50 anos, além disso, foi incluída a auto-

-identificação de raça e etnia para generalização dos resultados

do estudo. Eles foram separados aleatoriamente em quatro gru-

pos. Um grupo recebeu doses de selênio, outro de vitamina E,

outro a associação de selênio e vitamina E e o último recebeu

placebo. Este estudo teve como resultado um número maior de

casos de câncer de próstata nos indivíduos que faziam o uso

de suplementos com vitamina E em comparação ao grupo que

utilizava somente o placebo. Reconhece-se que a vitamina E e

o selênio não oferecem prevenção contra o câncer de próstata.

Esses dados enfatizam a prudência que é necessária em con-

sideração às recomendações da utilização de suplementos. O

mecanismo pelo qual ocorre o processo de malefício da vitami-

na E ligado ao câncer de próstata ainda é desconhecido. Pes-

quisas devem ser realizadas para evidenciar maneiras efetivas

de prevenir, detectar e curar a doença. Vale ressaltar ainda a

importância de consultar o médico antes de iniciar uma dieta

baseada em suplementos vitamínicos (LIPPMAN et al., 2009).

Uma metanálise relatando o aumento da mortalidade por

diversas causas em indivíduos que faziam o uso de vitamina E

na quantidade de 400 mg ou mais diariamente, levou a uma dis-

cussão relacionando o limite máximo tolerável dessa vitamina e

a uma possível redução nesse limite (HEIMBURGER, McLAREN,

SHILLS, 2009).

Como em todos os estudos citados acima, a vitamina D

também possui várias discussões quanto à utilização excessi-

va, sendo apresentadas as possíveis manifestações que podem

ocorrer, juntamente com informações relacionadas ao uso ex-

cessivo do cálcio que tem importante ligação a essa vitamina.

A vitamina D é a mais tóxica das vitaminas, quando ingerida

em quantidades inadequadas. A administração diária de 10.000

UI a 20.000 UI da vitamina D a crianças ou de 100.000 UI a adul-

tos pode provocar sintomas tóxicos (HOLICK, 2009).

A hipervitaminose D está associada com a hipercalcemia

ocasionando sintomas como constipação, dores abdominais e

náuseas na fase inicial e depois, diarréia levando ao quadro de

poliúria, polidipsia e desidratação. Depósitos de sais de cálcio

podem se acumular em túbulos renais levando a nefrocalcino-

se, cálculos nos rins e calcificação de tecidos moles. Os níveis

de fósforo no soro sanguíneo também aumentam consideravel-

mente em casos de intoxicação. Em crianças as manifestações

mais comuns são de retardamento físico e mental, deficiência

renal e morte (HOLICK, 2009; SACRAMENTO, SILVA, 2006).

De acordo com uma pesquisa realizada pela Divisão de

Câncer Epidemiológico e Preventivo do Instituto Social e Preven-

tivo de Medicina da Universidade de Zurique, na Suíça, foi feito

um estudo a partir do ano de 1994 abordando o consumo de cál-

cio e problemas cardiovasculares em um grupo de 24 mil pesso-

as. Esse acompanhamento foi realizado durante onze anos. Os

resultados foram surpreendentes, as pessoas que consumiam

o cálcio moderadamente adquirindo-o da própria alimentação,

apresentaram um risco menor em desenvolver ataques cardía-

cos. Já em um grupo de pessoas que utilizavam suplementos

contendo cálcio foi observado um aumento de 86% em ataques

cardíacos entre indivíduos que faziam o uso regularmente. Vale

a pena ressaltar que em praticamente todos os suplementos

contendo cálcio comercializados atualmente possuem a vitami-

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na D em sua formulação, que é um precursor na absorção do

cálcio (CONSUMO..., 2012).

Em outro estudo realizado por pesquisadores da Universi-

dade de Johns Hopkins, foram submetidos 15.000 participan-

tes adultos, entre os anos de 2001 e 2006. Os pesquisadores

encontraram uma relação no que diz respeito à vitamina D e a

Proteína C Reativa (PCR) em adultos sem sintomas cardiovas-

culares. Como resultado foi encontrado pequenos processos

inflamatórios e baixos níveis de PCR em indivíduos que apre-

sentavam níveis normais ou próximos do limite de vitamina D na

corrente sanguínea e naqueles indivíduos que apresentavam um

nível de vitamina D inferior ao limite do intervalo normal, foi pos-

sível constatar que qualquer aumento adicional de vitamina D

poderia resultar em um aumento abrupto dos níveis de PCR, que

tem extrema ligação à rigidez dos vasos sanguíneos, fator no

qual levou a conclusão do risco de problemas cardiovasculares

relacionado à utilização excessiva de vitamina D (AMER, 2012).

Em relação à menopausa e o risco de osteoporose, o con-

sumo de cálcio se torna muito importante, mas deve-se levar

em consideração que alguns indivíduos apresentam uma matriz

óssea fortalecida, não necessitando de suplementação. A orien-

tação médica é de extrema importância nessa situação.

Os indivíduos propensos a desenvolverem a manifestação de

hipervitaminose D são aqueles que fazem o uso de suplementa-

ção a base de vitamina D e consomem concomitamente grandes

quantidades de óleos de peixe e leite fortificado, que são fontes

ricas em vitamina D (HEIMBURGER, McLAREN, SHILLS, 2009).

As manifestações relacionadas à hipervitaminose D são re-

versíveis. Deve-se suspender a administração imediatamente da

vitamina D e cálcio oriundo da dieta. É desaconselhável também

a exposição à luz solar. A hipercalcemia é revertida com a in-

gestão de grande quantidade de líquidos para diminuir os níveis

de cálcio sanguíneo e promover sua mobilização nos tecidos

(HOLICK, 2009; SACRAMENTO, SILVA, 2006).

Outra vitamina lipossolúvel a ser citada é a vitamina K, sen-

do que esta é uma exceção no que diz respeito a estudos re-

lacionados à toxicidade e a manifestações de hipervitaminose.

Não foram constatados na literatura manifestações importantes

associadas ao consumo excessivo dessa vitamina.

Atualmente o consumo de polivitamínicos abre espaço para

usuários cada vez mais jovens que estão preocupados com a

saúde e iniciando um tratamento de suplementação precoce-

mente sem a orientação médica adequada. Os estudos a seguir

relatam essa realidade.

Com o objetivo de elucidar a prevalência e caracterizar as

práticas do consumo de produtos vitamínicos, foi realizado um le-

vantamento em uma amostra de 894 estudantes com faixa etária

dos 17 aos 24 anos, de uma universidade privada no município de

São Paulo. As informações foram coletadas por meio de um ques-

tionário, abordando a freqüência da utilização de polivitamínicos

nos três meses anteriores a entrevista. Foi observado que 30%

dos estudantes consumiam produtos vitamínicos, sendo 23% fa-

ziam o consumo de produtos vitamínicos pelo menos uma vez por

semana, definindo o grupo dos consumidores regulares e 13%

os que consumiam diariamente. Cerca de 6% consumiam uma

a duas vezes por mês, sendo classificados como consumidores

esporádicos. De acordo com a prevalência de consumo regular

em relação ao total de consumidores vale ressaltar que, em meio

aos multivitamínicos dos 143 consumidores 83% faziam o uso

regular, dos 50 consumidores de vitamina A 68% faziam o uso

regular e dos 50 consumidores de vitamina E 65% faziam o uso

regular. No questionário havia perguntas sobre a razão da utiliza-

ção e a maioria das respostas dos estudantes estava relacionada

com a garantia da saúde, prevenção de doenças e a reposição

da alimentação. Os multivitamínicos são em geral utilizados re-

gularmente, dado compatível com uma das principais razões de

consumo: a reposição da alimentação. As farmácias e drogarias

foram os locais mais utilizados para aquisição dos produtos vita-

mínicos. Nota-se que a maioria dos entrevistados utilizava os pro-

dutos vitamínicos sem a orientação médica adequada, ou seja,

sem que houvesse sido detectada a necessidade clínica de uma

suplementação (FILHO, SANTOS, 2002).

Já outro estudo realizado por pesquisadores da University

of California School of Medicine, foi realizado entre os anos de

1999 e 2004, analisando dados de dez mil crianças e adoles-

centes com idade de 2 a 17 anos, foi constatado que mais de

um terço das crianças e adolescentes saudáveis consumiam

diariamente medicamentos polivitamínicos, demonstrando que

as crianças que tinham uma dieta equilibrada, eram mais pro-

pensas ao consumo de polivitamínicos. Entre as crianças mais

saudáveis o consumo era maior em comparação com as crian-

ças que apresentavam saúde precária e que realmente neces-

sitavam da suplementação. Os pesquisadores relataram que os

futuros estudos sobre o tema provavelmente incluirão entrevis-

tas diretas com os pais, para descobrir qual a justificativa para

suplementação em casos que não existiam razão ou a orienta-

ção médica adequada. O estudo também observou que fatores

sócio-demográficos que influenciam na utilização de medica-

mentos polivitamínicos são os mesmos que influenciam o aces-

so a uma alimentação saudável, atividade física e a manutenção

do peso corporal (SHAIKH et al., 2009).

Embora esta pesquisa tenha sido realizada nos Estados

Unidos, a situação pode também estar ocorrendo no Brasil. Em

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PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 147

geral a suplementação da dieta é motivada pela preocupação

com a saúde, associada à avaliação negativa da alimentação

e realizada como prática preventiva por aqueles que acreditam

em seus benefícios. A influência gerada por esses produtos no

mercado induzem sua utilização em demasia, atingindo cada

vez mais pessoas jovens.

Vários estudos e pesquisas demonstraram que o uso ex-

cessivo de vitaminas lipossolúveis pode desencadear manifes-

tações graves ao organismo, apesar de muitos mecanismos

relacionados à fisiologia dos efeitos adversos ainda não apre-

sentarem explicações científicas totalmente comprovadas.

FATORES qUE cONTRIbUEM pARA O cONSUMO

ExcESSIVO DE VITAMINAS

Entre vários fatores que contribuem para o uso excessivo de

vitaminas, a automedicação tem desempenhado papel de desta-

que, sendo considerada um problema de saúde pública no Brasil.

A automedicação existe independentemente da faixa etária

e este ato pode causar maiores complicações quando a utili-

zação de um medicamento é realizada de maneira incorreta e

às vezes sem necessidade. Um dos fatores que contribuem

para esta questão refere-se à venda de medicamentos que não

necessitam da apresentação de prescrição médica, ou seja,

os MIPs (Medicamentos Isentos de Prescrição). Entre os MIPs

podem-se destacar: antigripais, analgésicos, antiinflamatórios,

antitérmicos, laxantes e polivitamínicos. Segundo a nova RDC

n°41 de 26 de julho de 2012 as drogarias e farmácias podem

optar pela venda dos MIPs em gôndolas de autosserviço, permi-

tindo que estes medicamentos sejam expostos fora dos balcões

para livre acesso dos consumidores (ANVISA, 2012).

Em 2009 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-

VISA) determinou através do artigo 40 da RDC n°44 de 17 de

agosto de 2009 que os MIPs deveriam ser armazenados atrás

dos balcões das farmácias, sem o acesso dos consumidores,

com o objetivo de que a aquisição desses medicamentos seja

feita de maneira correta, com a orientação do farmacêutico para

uma possível diminuição dos riscos de intoxicações pela auto-

medicação. Esta RDC foi amplamente discutida pela indústria

farmacêutica e demais envolvidos, gerando muitas polêmicas e

questões judiciais. Levantamentos realizados na época aponta-

ram que a restrição de acesso dos consumidores aos medica-

mentos não contribuiu para redução ao número de intoxicações

no país (ANVISA, 2009; PAZIAN, 2012).

O estudo concluiu também que essa medida trouxe preju-

ízos ao consumidor, que foi impedido de exercer seu poder de

escolha. Após dois anos a RDC n°44/09 foi revisada e em 2012

novamente foi aprovada a venda dos MIP’s em gôndolas de au-

tosserviço (ANVISA, 2012; PAZIAN, 2012).

A comercialização destes medicamentos nas drogarias está

cada dia mais banalizada e o paciente não tem recebido as in-

formações necessárias a respeito do tratamento correto a que

deveria ser submetido e por fim é prejudicado. O objetivo das

vendas tem focado exclusiva e excessivamente o lucro em detri-

mento do cuidado ao paciente.

Quando o medicamento é disposto no autosserviço, este é

confundido com outros tipos de produtos tidos como inócuos

pelos consumidores e que dispensam a orientação quanto ao

uso, fazendo com que essas informações não sejam solicita-

das ao farmacêutico, contribuindo para a utilização incorreta dos

medicamentos e em especial das vitaminas.

ASpEcTOS LEgAIS

Além dos estudos clínicos descritos, outras importantes fon-

tes de informação indiretamente evidenciam um alerta em rela-

ção à utilização de vitaminas lipossolúveis. A Portaria SVS n°33

de 13 de janeiro de 1998 e a RDC n°269 de 22 de setembro de

2005 estabelecem a Ingestão Diária Recomendada (IDR) para

cada vitamina. A IDR tem por definição a quantidade de vita-

minas e/ou nutrientes que devem ser consumidos diariamente

para atender as necessidades nutricionais de um indivíduo sadio

(ANVISA, 2005). Os valores de IDR para cada vitamina lipossolú-

vel podem ser observados nas tabelas a seguir:

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Observações:Um UI = 0,3 mcg de retinol equivalente ou 1,8 mcg de beta-

-caroteno.

Um alfa tocoferol equivale a um mg d-alfatocoferol = 0,671

UI = 0,671 mg d-L-alfa acetato de tocoferila.

Sob a forma de colicalciferol, um mcg de colicalciferol =

40 UI.

Observações:

Um micrograma retinol = um micrograma RE; um microgra-

ma beta-caroteno = 0,167 micrograma RE; Um micrograma de

outros carotenóides provitamina A = 0,084 micrograma RE; Um

UI = 0,3 micrograma de retinol equivalente.

Um mg alfa-TE; 1,49 UI = um mg d-alfa-tocoferol.

Um micrograma de colicalciferol = 40 UI.

Conforme mostrado nessas tabelas, é possível observar

que há alterações nos valores do IDR em função da Portaria e

da RDC, respectivamente. Essas alterações demonstram uma

possível medida para combater as intoxicações por vitaminas

lipossolúveis resultando em hipervitaminoses, já que para a co-

mercialização dos medicamentos polivitamínicos não é neces-

sário a apresentação da prescrição médica e ainda a incidên-

cia de estudos demonstrando os problemas ocasionados pelo

consumo excessivo das vitaminas lipossolúveis cada vez maior,

também pode ser um dos motivos para essas alterações nos

valores de IDR. Em suma a quantidade diária recomendada de

quase todas as vitaminas lipossolúveis foi reduzida.

Quando se trata de suplementos e medicamentos à base de

vitaminas e/ou minerais a legislação pode levar a entendimentos

diferenciados dos conceitos, quer pelos profissionais da saúde,

quer pelos consumidores. As diferenças nas doses oferecidas ao

consumidor em cada produto são os parâmetros para sua classi-

ficação como suplementos alimentares ou como medicamentos.

Os medicamentos polivitamínicos diferem dos suplemen-

tos vitamínicos e/ou minerais pelas seguintes classificações: os

medicamentos à base de vitaminas e minerais englobam todos

aqueles cujos esquemas posológicos diários situam-se acima

de 100% da IDR. É importante ressaltar que o esquema posoló-

gico nem sempre se relaciona com a dose de cada comprimido

ou drágea, e sim a recomendação de uso que consta na bula

do produto para um dia de tratamento, observa-se ser possível

identificá-lo como medicamento se a recomendação de uso de-

terminar o consumo de mais de um comprimido ou drágea ao

dia. Os suplementos vitamínicos e/ou minerais restringem a sua

composição ao intervalo de no mínimo 25% e no máximo 100%

da IDR de cada nutriente. Nos tratamentos a base de suplemen-

tação de vitaminas e/ou minerais o esquema posológico nas re-

comendações restringe-se a não mais que um comprimido ou

drágea ao dia. (ANVISA<b>, 1998).

De acordo com a Portaria n°40/98 os medicamentos a base

de vitaminas e/ou minerais podem ser subdivididos em duas ca-

tegorias: os produtos de venda sem exigência da prescrição mé-

dica (MIPs) e os que possuem a exigência da prescrição médica

(ANVISA<b>, 1998).

Consideram-se os medicamentos polivitamínicos que não

exigem prescrição médica, aqueles cuja composição apresenta

os níveis diários de qualquer componente ativo dentro dos limi-

tes considerados seguros e consideram-se os medicamentos

que necessitam da prescrição médica, aqueles cuja composi-

ção apresenta os níveis diários de qualquer componente ativo

acima dos limites considerados seguros ou sempre que estive-

rem contidos em formulações injetáveis (ANVISA<b>, 1998). A

seguir é demonstrado a tabela com os níveis máximos de segu-

rança das vitaminas lipossolúveis:

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PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 149

Para melhor informar o consumidor, devem ser especifica-

dos na embalagem dos medicamentos nacionais ou importa-

dos, os aspectos qualitativos e quantitativos por unidade far-

macotécnica e o teor percentual dos componentes na dose e

posologia diária máxima preconizada, relativos à Ingestão Diária

Recomendada (ANVISA<b>, 1998).

Apesar da farta legislação em vigor no país, produtos sendo

comercializados irregularmente continuam sendo encontrados

no mercado brasileiro, principalmente quando se tratam dos po-

livítamínicos. Numa análise envolvendo os dez medicamentos e/

ou suplementos vitamínicos e minerais mais comercializados em

uma drogaria de médio porte, localizada na cidade de Jabotica-

tubas/MG, foi possível realizar uma avaliação de acordo com as

normas descritas na Portaria n°40/98 e na RDC n°269/05. Essa

análise foi baseada na verificação dos valores de IDR de cada

vitamina lipossolúvel presente nos rótulos dos polivítamínicos,

juntamente com a porcentagem correspondente e ainda a poso-

logia descrita na bula.

Os valores de IDR foram comparados com as normas descri-

tas na RDC n°269/05 que preconiza os valores recomendados de

ingestão diária das vitaminas lipossolúveis. As porcentagens refe-

rentes aos valores de IDR foram analisadas para distinção entre

medicamento e suplemento vitamínico de acordo com a Portaria

n°40/98. A análise da posologia presente na bula dos polivitamíni-

cos foi necessária para verificação da dose diária de comprimidos

ou drágeas recomendada pelos fabricantes em comparação com

as doses dos níveis máximos de segurança de cada vitamina li-

possolúvel sendo ressaltada a venda com ou sem a prescrição

médica, como é preconizado pela Portaria n°40/98. A escolha dos

dez medicamentos e/ou suplementos polivítamínicos para análise

foi aleatória, mas restrita aos mais populares.

Após a revisão dos medicamentos e/ou suplementos vi-

tamínicos foi possível destacar seis suplementos vitamínicos e

minerais, onde os valores de IDR não ultrapassaram 100% obe-

decendo as normas exigidas pela RDC n°269/05 e a posologia

descrita na bula indicava um comprimido ou drágea ao dia, não

ultrapassando os valores do limite máximo de segurança das vita-

minas lipossolúveis e sendo desobrigado a venda com prescrição

médica, como preconizado pela Portaria n°40/98. Foram classifi-

cados como medicamentos polivitamínicos aqueles cujo valor de

IDR para cada vitamina lipossolúvel ultrapassava 100% de acordo

com a RDC n°269/05, tendo a posologia descrita na bula a indi-

cação de dois a três comprimidos ou drágeas ao dia, dentro dos

valores limites de segurança e sendo desobrigado a venda com a

prescrição médica, como descrito na Portaria n°40/98.

Na composição de um dos medicamentos polivitamínicos

foi possível observar que a dose da vitamina lipossolúvel D esta-

va ultrapassando os limites máximos de segurança preconizado

pela Portaria nº40/98 e na embalagem não constava a tarja ver-

melha indicando a venda somente sob prescrição médica.

Considerando o resultado a quantidade de vitamina D

presente na composição desse medicamento polivitamínico

apresentava-se acima do nível máximo de segurança permitido,

atingindo 1.200 UI/dia. De acordo com a Portaria n°40/98 o valor

máximo preconizado para vitamina D é de 800 UI/dia, quando

esse valor é ultrapassado exige-se a apresentação da prescri-

ção médica no momento da compra assim como é necessário

constar na embalagem a tarja vermelha indicando à venda so-

mente sob prescrição médica.

Com essa análise foi possível observar que apesar dos con-

ceitos de acordo com a Portaria n°40/98 não estarem muito bem

esclarecidos, muitos medicamentos e suplementos vitamínicos

estão de acordo com as normas exigidas. Entretanto observa-se

ausência de distinção entre medicamento e suplemento vitamí-

nico pelos consumidores e para alguns profissionais da saúde.

Dos medicamentos analisados foi encontrado um polivitamínico

fora dos padrões que está sendo comercializado normalmente,

evidenciando a escassez de fiscalização e controle, expondo o

consumidor a riscos desnecessários, resultando em problemas

para a sua saúde.

Esse é mais um fato que também contribui para as manifes-

tações de hipervitaminose, pois o consumidor além de se sub-

meter à automedicação sem a necessidade do tratamento pode

consumir um medicamento que contém uma dose não segura

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150 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785

de vitamina, resultando em acúmulo no organismo e possibili-

tando a ocorrência de diversas reações e hipervitaminoses.

pROpAgANDA E MARkETINg

A grande variedade de usos terapêuticos, aliada ao lucrativo

mercado de produtos tem estimulado muita publicidade e, conse-

qüentemente, ao aumento do consumo de vitaminas e minerais

com o objetivo de retardar o envelhecimento, combater o estres-

se, prevenir doenças e melhorar a saúde.

No caso dos medicamentos polivitamínicos, as propagandas

geralmente enfocam duas situações diferentes. Numa, mostram

pessoas esgotadas física e mentalmente e que após fazerem o

uso de complexos vitamínicos tornam-se revigoradas. Em outra

situação atribuem-se às vitaminas a energia necessária para os

vários compromissos de pessoas jovens, modernas e dinâmicas.

Essas pessoas precisam conciliar trabalho, prática de atividades

físicas e uma alimentação sadia para manter a energia e a imuni-

dade do organismo, e associam esse estilo de vida ao consumo

de medicamentos polivitamínicos (CRESCE..., 2011). A seguir é

demonstrando um exemplo de propaganda de divulgação de um

medicamento polivitamínico (Fig.6):

Considerando essa exposição e a venda facilitada, as indústrias

farmacêuticas investem muitos recursos em mercado de retorno ga-

rantido. Grandes laboratórios detentores das marcas de polivitamí-

nicos mais comercializados no mundo têm expectativa de que as

vendas possam quadruplicar em cinco anos (CINQUEPALMI, 2010).

Além da venda livre dos polivitamínicos, a influencia pelo con-

sumo veiculada aos meios de comunicação também é um dos fa-

tores predisponentes que contribui para a automedicação, sendo

que essa forma de exposição liberal leva ao consumo inadequado

e ilusivo, pois a imagem que é demonstrada retrata a qualidade

de vida ligada diretamente com a utilização dos polivitamínicos.

O pApEL DOS pREScRITORES E DO FARMAcêUTIcO

Além dos problemas incluindo a venda livre dos MIP’s

agravando ainda mais o ato da automedicação, o papel dos

prescritores nesse processo também deve ser levado em

consideração. Foram relatados casos de prescrições em que

não houve especificação de qual medicamento polivitamínico

foi prescrito, já que atualmente no mercado existem várias

marcas com composições distintas. Isso demonstra a falta de

cuidado com a prescrição e predispõe à intoxicação por vita-

minas lipossolúveis, já que o médico deveria estar ciente do

tratamento adequado para seu paciente e avaliar a suplemen-

tação correspondente. Com a prescrição de um medicamen-

to polivitamínico inadequado as chances de uma intoxicação

são elevadas, pois pode resultar em excesso de vitaminas

não necessárias.

O papel do farmacêutico é indispensável no momento da dis-

pensação, principalmente quando ocorre a situação citada acima.

O farmacêutico deve entrar em contato com o médico em ques-

tão para solucionar o problema. Entretanto por diversas razões

isso nem sempre ocorre. Balconistas e vendedores motivados pe-

las comissões de vendas indicam ao paciente os polivitamínicos

que julgam convenientes, aumentando ainda mais as chances de

uma intoxicação por vitaminas lipossolúveis.

cONSIDERAÇÕES FINAIS

As vitaminas e os minerais fazem parte de uma das ca-

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PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 151

tegorias de produtos que mais tiveram aumento do consumo

no Brasil por suas supostas propriedades benéficas à saúde

e pela publicidade influente veiculada nos meios de comuni-

cação. Além disso, há décadas as vitaminas e os minerais

têm sido tratados por diversos autores como fonte de saúde,

sendo ressaltadas as suas propriedades terapêuticas e fisio-

lógicas. Entretanto desde então alguns autores já alertavam

sobre os riscos que o excesso das vitaminas poderia causar,

levando a intoxicações importantes.

Atualmente diversos estudos foram realizados demons-

trando a eficácia comprometida de algumas vitaminas lipos-

solúveis sendo associado ao consumo dos medicamentos po-

livitamínicos de maneira incorreta e sem a orientação médica

adequada. As regulamentações pertinentes também auxiliam

na motivação do consumo exagerado como é o caso da RDC

n°44/12 onde permite novamente que a automedicação esteja

presente em meio à sociedade.

A fiscalização e o controle na comercialização desses me-

dicamentos também é de suma importância, já que há medica-

mentos fora dos padrões exigidos e que podem causar grande

risco à saúde dos consumidores.

De acordo com esses fatos é muito importância o cuida-

do ao adquirir um medicamento polivitamínico principalmente

contendo vitaminas lipossolúveis, pois elas são as maiores cau-

sadoras das manifestações de hipervitaminoses, por isso tais

vitaminas devem ser utilizadas com cautela e sempre com a

orientação médica.

O farmacêutico é um dos profissionais da saúde em que a

população inicialmente recorre, podendo oferecer todas as in-

formações necessárias para uma orientação correta em relação

à utilização dos medicamentos polivitamínicos. Mesmo com a

retomada da venda dos medicamentos em gôndolas de autos-

serviço, a supervisão de um farmacêutico é fundamental para o

uso racional de medicamentos e para minimizar o risco de intoxi-

cações medicamentosas, especialmente das que são causadas

pelas “inócuas” vitaminas.

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NOTAS1Acadêmica Curso de Farmácia, Centro Universitário Newton Paiva. Av. Silva Lobo, 1730, Nova Granada, Campus Silva Lobo, Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail: <[email protected]>.

2Doutor em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Minas Gerais . E-mail: <[email protected]>.