exclusão molecular

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Introdução 1 1.Introdução O estudo do transporte de fluidos em meios heterogéneos tem aplicação em distintos campos da ciência e engenharia tais como a reologia, geofísica, física e química, física do polímero, a ciência dos colóides, a tecnologia do petróleo, a agricultura e a biotecnologia [1, 2]. Uma subclasse particularmente notável dos materiais heterogéneos é a área dos meios porosos. Mesmo o termo "meios porosos" engloba uma variedade profunda de processos e dispositivos como torres empacotadas, leitos de areia e substâncias como pedra calcária, filtros de papel e partículas catalíticas. Para meios porosos a predição do fluxo do fluido entre fases continua a ser alvo de vários estudos, apesar de já se terem passado muitos anos de pesquisa. As soluções a este problema são de grande importância para muitas aplicações. Por exemplo prever o fluxo e o transporte de contaminantes nos aquíferos e nos movimentos na zona insaturada, do óleo e do gás em reservatórios de petróleo, no calor e no transporte de massa em reactores de leito fixo em engenharia química, em reservatórios geotérmicos e em materiais de construção, na dispersão de poluentes dos depósitos de desperdícios radioactivos, em processos de filtração, e em transporte dos líquidos e dos produtos químicos nos pulmões e nos outros órgãos, como estudos na engenharia biomédica [1, 2]. O movimento de colóides e de microrganismos em meios porosos é um fenómeno extremamente presente na natureza e indústria: no movimento das partículas ao longo do solo, em filtros de purificação de águas, na separação cromatográfica, etc. [3,4,5]. É importante saber como o tamanho e a forma dessas partículas, na forma de matéria dispersa, influenciam o fluxo durante a sua passagem por meios porosos e cromatográficos, em particular. A cromatografia é definida como um processo de separação de componentes de uma amostra pela sua distribuição entre um fluido corrente (fase móvel) e um adsorvente (fase estacionária) [6]. A fase estacionária pode ser um sólido, ser um líquido adsorvido a um sólido ou ser um gel; e pode ser empacotada numa coluna ou espalhada por uma superfície, formando uma camada fina. A fase móvel pode ser um líquido ou um gás. De acordo com Sewell et al. [7] os parâmetros que caracterizam uma cromatografia são: a assimetria dos picos, a capacidade, a selectividade, o número de andares ou de pratos, a altura dos andares e a resolução. Além disso, pode ser importante conhecer o coeficiente de partição e/ou de retenção. A eluição é caracterizada por um coeficiente de distribuição ou partição, d K dado por: m s d C C K = (Equação 1.1) onde s C é a concentração de soluto na fase estacionária e m C representa a concentração de soluto na fase móvel.

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Page 1: exclusão molecular

Introdução

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1.Introdução

O estudo do transporte de fluidos em meios heterogéneos tem aplicação em distintos

campos da ciência e engenharia tais como a reologia, geofísica, física e química, física do

polímero, a ciência dos colóides, a tecnologia do petróleo, a agricultura e a biotecnologia [1, 2].

Uma subclasse particularmente notável dos materiais heterogéneos é a área dos meios

porosos. Mesmo o termo "meios porosos" engloba uma variedade profunda de processos e

dispositivos como torres empacotadas, leitos de areia e substâncias como pedra calcária, filtros

de papel e partículas catalíticas. Para meios porosos a predição do fluxo do fluido entre fases

continua a ser alvo de vários estudos, apesar de já se terem passado muitos anos de pesquisa.

As soluções a este problema são de grande importância para muitas aplicações. Por exemplo

prever o fluxo e o transporte de contaminantes nos aquíferos e nos movimentos na zona

insaturada, do óleo e do gás em reservatórios de petróleo, no calor e no transporte de massa

em reactores de leito fixo em engenharia química, em reservatórios geotérmicos e em materiais

de construção, na dispersão de poluentes dos depósitos de desperdícios radioactivos, em

processos de filtração, e em transporte dos líquidos e dos produtos químicos nos pulmões e

nos outros órgãos, como estudos na engenharia biomédica [1, 2].

O movimento de colóides e de microrganismos em meios porosos é um fenómeno

extremamente presente na natureza e indústria: no movimento das partículas ao longo do solo,

em filtros de purificação de águas, na separação cromatográfica, etc. [3,4,5]. É importante

saber como o tamanho e a forma dessas partículas, na forma de matéria dispersa, influenciam

o fluxo durante a sua passagem por meios porosos e cromatográficos, em particular.

A cromatografia é definida como um processo de separação de componentes de uma

amostra pela sua distribuição entre um fluido corrente (fase móvel) e um adsorvente (fase

estacionária) [6]. A fase estacionária pode ser um sólido, ser um líquido adsorvido a um sólido

ou ser um gel; e pode ser empacotada numa coluna ou espalhada por uma superfície,

formando uma camada fina. A fase móvel pode ser um líquido ou um gás.

De acordo com Sewell et al. [7] os parâmetros que caracterizam uma cromatografia são:

a assimetria dos picos, a capacidade, a selectividade, o número de andares ou de pratos, a

altura dos andares e a resolução. Além disso, pode ser importante conhecer o coeficiente de

partição e/ou de retenção.

A eluição é caracterizada por um coeficiente de distribuição ou partição, dK dado por:

m

sd C

CK = (Equação 1.1)

onde sC é a concentração de soluto na fase estacionária e mC representa a concentração de

soluto na fase móvel.

Page 2: exclusão molecular

Introdução

2

O coeficiente de retenção, R , é definido por:

r

m

VV

R = (Equação 1.2)

A capacidade 'k de um dado componente é dada através de:

m

mr

VVV

k−

=' (Equação 1.3)

em que rV é o volume de retenção (ou eluição) do pico do soluto correspondendo a um tempo

de retenção rt , característico de cada proteína e função da sua dimensão, mV é equivalente

ao volume de vazios medido pelo tempo de retenção, 0t de um componente excluído. Logo, é

também válido que:

0

0't

ttk r −

= (Equação 1.4)

No fundo, o factor de capacidade 'k traduz o número de moles, volume ou o tempo da

amostra na fase estacionária, sobre o número de moles, volume ou o tempo da amostra na

fase móvel. O factor de capacidade pode ser considerado uma propriedade intrínseca do

suporte. É função da fracção de vazios (ε ) e do coeficiente de partição ( dK ), sendo este

último uma propriedade do suporte.

No caso de estarem presentes dois compostos na amostra, por exemplo, a selectividade

S da cromatografia está relacionada com a capacidade em distinguir os dois picos (um para o

composto 1, outro para o composto 2), e é definida por:

'1

'2

kkS = (Equação 1.5)

Em cromatografia um “prato” é a maior zona uniforme capaz de acomodar o soluto e tem

uma dada altura, H . Numa mesma coluna pode haver pratos com alturas diferentes. O

número de pratos ( N ) é dado por:

HLN = (Equação 1.6)

sendo L o comprimento da coluna e H a altura do prato.

Uma amostra introduzida na coluna e arrastada pelo eluente, nunca tem um fluxo pistão

perfeito, sofre sempre uma certa dispersão. Como consequência o perfil de eluição é uma

curva de Gauss e a Equação 1.6 pode tomar outras formas. Quanto menor for a altura dos

pratos maior é o número de etapas discretas para um dado comprimento de coluna. Isto

aumenta as hipóteses de se conseguir uma boa separação entre componentes semelhantes.

No entanto, uma pequena altura de prato não significa, necessariamente, uma boa resolução.

Uma boa separação depende de uma combinação de factores: da altura do prato, que é uma

Page 3: exclusão molecular

Introdução

3

medida da dispersão no interior da coluna e da selectividade e capacidade de adsorção por

parte do material que constitui o enchimento da coluna, relativamente aos diferentes solutos.

O factor de resolução, sR , é uma medida da separação entre picos, ou bandas, que

calcula-se através da expressão:

).(2/1 21

12

ww

rrs tt

ttR+

−= (Equação 1.7)

em que rt é o tempo de retenção do pico (quantidades de soluto em unidades de tempo) e wt

é a largura da base do pico em unidades de tempo.

Uma resolução sR > 1.5 permite a chamada resolução de linha de base, ou seja, a

separação completa de dois picos de igual tamanho.

A selectividade, o número de pratos teóricos e o factor de resolução estão relacionados

através de:

( ) ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+

−×= '

'

11

41

kkNSRs (Equação 1.8)

sendo S dado pela Equação 1.5 e 'k o valor médio dos factores de capacidade relativos aos

dois solutos. Como dá para perceber, a resolução pode ser alterada variando os valores de S ,

N e 'k . Por exemplo, um aumento da resolução é adquirido com o aumento do factor de

capacidade (de notar que se 'k > 10 o aumento de 'k não tem efeito), o aumento da

selectividade (por exemplo pela diminuição da velocidade da fase móvel e do diâmetro das

partículas de enchimento ou aumentar o tamanho da coluna) e o aumento do número de pratos

(diminuindo o diâmetro das partículas de enchimento) [7].

Numerosos métodos cromatográficos existentes são poderosos meios de separação de

partículas e moléculas e têm uma base experimental e teórica bem estabelecida. No entanto,

até agora, o movimento de macromoléculas e nanopartículas em meios porosos continua a ser

objecto de investigação [7,8,9].

1.1. Cromatografia de exclusão molecular

A cromatografia de exclusão molecular (SEC, do inglês, size exclusion chromatography)

consiste numa separação em solução por efeito crivo. Isto é, as moléculas são separadas em

função das suas dimensões (do seu volume hidrodinâmico), uma vez que a fase estacionária

(matriz ou resina) tem poros que permitem ou dificultam a entrada das moléculas a separar.

Assim, as moléculas de menor tamanho ficam retidas nos poros e percorrem um caminho

maior, sendo as maiores as primeiras a sair (ver Figura 1.1.1.). Em condições ideais é o

volume hidrodinâmico que determina o fraccionamento das moléculas, não havendo qualquer

interacção de outra ordem com a matriz [7].

Page 4: exclusão molecular

Introdução

4

Figura 1.1.1 Princípio da Cromatografia de Exclusão Molecular [10]. Para se conseguir uma boa resolução é fundamental a escolha do gel (matriz), o

tamanho da amostra e a qualidade de enchimento da coluna. De um modo geral, deve

escolher-se um gel em que as moléculas de maior dimensão saiam com o volume de espaços

vazios.

A cromatografia de exclusão molecular é um dos métodos standard com mais vasta

aplicação. É, frequentemente, usada como o primeiro passo dum esquema de purificação para

separar moléculas de interesse das que têm características (de tamanho) radicalmente

diferentes. Também pode ser empregue para mudar o ambiente do tampão ou para retirar o sal

de uma amostra de biopolímeros, como por exemplo, a remoção de sal em amostras contendo

proteínas precipitadas por salting – out, sendo um processo menos moroso do que a diálise.

Finalmente, a SEC pode ser implementada como um meio para determinar parâmetros

moleculares como o raio hidrodinâmico e a comum massa molecular, o que é conseguido

usando, por exemplo, proteínas de peso molecular bem conhecido e traçando uma recta de

calibração, como será descrito depois [10].

De acordo com Deutscher et al. [11] na cromatografia de exclusão molecular, um volume

de eluição do pico do soluto, rV , de substâncias de peso molecular elevado ( MW ), tendo um

coeficiente de distribuição, aproximadamente, de 1.0 coincide com o volume de espaços

vazios, intra – partículas da coluna, mV . Para moléculas com um coeficiente de distribuição

menor que 1.0, existe uma relação linear entre o )log(MW e o volume ou tempo de eluição

do soluto. Assim, em condições ideais, a ordem de eluição pode ser prevista, geralmente, pelo

tamanho de moléculas uma vez que existe uma relação linear entre o seu volume de eluição e

o valor logarítmico do seu peso molecular [12].

É exibido, esquematicamente, o gráfico de calibração para a SEC na Figura 1.1.2a. e

um exemplo para proteínas na Figura 1.1.2b.

Em determinadas gamas do peso molecular MW de um soluto ou nanopartículas existe

uma dependência linear de )log(MW com o volume de eluição ou o tempo de retenção,

Page 5: exclusão molecular

Introdução

5

V tV 0

Log(

MW

)

Retention time

1

2

3

intervalo 2. Moléculas maiores são excluídas e não separadas numa situação como a do

intervalo 1. Moléculas menores penetram completamente na fase estacionária e não estão

separadas na situação do intervalo 3.

Na Figura 1.1.2b observa-se que algumas proteínas, apesar de terem um peso

molecular semelhante, se dispersam ao longo do tempo de retenção. Goodsell et al. [13]

defendem que a razão deste leque está relacionada com a diferença da forma das

macromoléculas de proteína que pode divergir da esfera ideal.

Figura 1.1.2a. Figura 1.1.2b. Figura 1.1.2a. Representação esquemática da dependência do peso molecular dos

solutos MW com o tempo de retenção, onde 0V é o volume de espaços vazios e tV é o

volume total da coluna.

Figura 1.1.2b. Exemplo da relação linear entre o logaritmo do peso molecular para proteínas

standard e o tempo de retenção. Nesta experiência usou-se uma coluna I-125 com uma fase

móvel que consistia em tampão fosfato de sódio 0,08 M (pH 7.0) contendo 0.32 M de cloreto de

sódio e 20% (v/v) etanol. Caudal, 1 mL/min [12].

Um efeito similar é observado na cromatografia de exclusão molecular de

nanopartículas. Algumas experiências foram levadas a cabo numa coluna com microesferas de

gel de agar (2,5% agar) para a purificação e separação de alguns vírus [3]. A coluna com

dimensões de 2 cm x 30 cm continha microesferas de diâmetro 105 µm a 149 µm. O volume da

amostra foi de 2 mL, o caudal de 6 mL/h. Foram separadas as seguintes espécies em

diferentes combinações:

− Vírus influenza A (Shpe), tamanho 100 nm, MW = 170 000 000;

− Adenovírus tipo 2, tamanho 80 nm;

− Poliovírus tipo I, tamanho 28 nm, MW = 6 800 000;

− ECHO tipo 7, tamanho 24 nm;

− Material celular, e ribossomas celulares.

A posição do pico de retenção para cada uma das espécies mencionada versus o seu

tamanho está esquematizada na Figura 1.1.3. O resultado corresponde ao descrito anteriormente para as proteínas mas a dispersão

dos distintos vírus confirma que a forma das partículas deve ser tomada em consideração.

Page 6: exclusão molecular

Introdução

6

Figura 1.1.3. Gráfico do tamanho de vírus versus posição do pico de retenção, numa coluna

com 30 mL de espaços vazios, [3].

Os géis podem oferecer um limite de exclusão de partículas entre 300 nm a 400 nm

(para Sephacryl S-1000 Superfine, [14]), mas no caso da Figura 1.1.3., para grandes

macromoléculas e vírus, isso significa que a SEC actua na gama de difusão interior menos

acessível onde a forma da molécula se torna importante. Por exemplo, a separação

cromatográfica em gel do vírus de mosaico do tabaco (TMV) e do vírus de mancha anelar do

tabaco (TRS), referida no trabalho de Mikes [12], foi feita usando apenas pressão hidrostática

durante menos de 10 minutos. O autor demonstrou que o vírus TMV aparece a um volume de

eluição de 18 mL, que corresponde ao volume de espaços vazios da coluna. O vírus TMV

consiste, principalmente, em bastonetes com 300 nm de largura e 15 nm de diâmetro. É

provável que a geometria do vírus impeça a sua entrada nos poros. O vírus TRS consiste num

poliedro com 26 nm de diâmetro. É fácil de ver que a forma das partículas cria um problema no

mecanismo de exclusão por tamanho, onde se assumiu aquela partícula com,

presumivelmente, forma esferóide. A dependência do intervalo de fraccionamento das matrizes na SEC em função do

tamanho dos poros está representada na Figura 1.1.4. baseado nos dados tabelados de

Deutscher et al. [11]. Os limites de fraccionamento superiores e inferiores são representados

por linhas. O limite superior caracteriza moléculas excluídas da matriz (poros intra - partículas).

Como pode ser visto pela linha inferior para o fraccionamento de macromoléculas de MW ~

100 000 e mais alto, o tamanho de poro intra – partícula anda ao redor de 1 µm.

100 101 102 10310-1

100

101

102

103

104

Frac

tiona

tion

rang

e, k

Da

Pore diameter, nm Figura 1.1.4. Intervalo de fraccionamento das matrizes na SEC versus diâmetro do poro,

segundo Deutscher et al. [11]. As linhas oblíquas traduzem o limite superior e inferior de

fraccionamento.

Page 7: exclusão molecular

Introdução

7

A cromatografia de exclusão molecular baseia-se no equilíbrio que se estabelece entre a

fase móvel e a fase estacionária. Recentemente surgiram técnicas de cromatografia

fundamentadas na separação em situações de não equilíbrio, durante o fluxo de uma solução

numa coluna com poros intra – partículas. Estas técnicas, designadas por cromatografia

hidrodinâmica (HDC, do inglês, hydrodynamic chromatography) e cromatografia slalom (SC, do

inglês, slalom chromatography), baseiam-se no uso de fluxo laminar que ocorre nos espaços

intersticiais originados entre as partículas na coluna. Estes processos dependem da taxa de

eluição e do tamanho das partículas no empacotamento e não do tamanho dos poros ou da

sua natureza química [15].

A HDC foi desenvolvida e aplicada até hoje, sobretudo, na separação de polímeros

sintéticos como poliestirenos. A ordem de eluição na HDC é a mesma que na SEC. A SC tem

sido reportada mais para moléculas de cadeia dupla de DNA e a sua ordem de eluição é

oposta à verificada na cromatografia de exclusão molecular e na cromatografia hidrodinâmica,

portanto [15].

Em seguida descreve-se em pormenor as características de cada uma destas técnicas

de não equilíbrio.

1.2. Cromatografia hidrodinâmica de partículas rígidas

Venema et al. [16] explicam que na introdução da cromatografia hidrodinâmica (HDC)

como uma técnica de separação por tamanho nos anos setenta, esta foi experimentada dentro

de pequenos vasos capilares cilíndricos lineares e em colunas empacotadas com partículas

esféricas de 10 µm a 20 µm, Figura 1.2.1.

Figura 1.2.1. Esboço da separação na cromatografia hidrodinâmica num leito granular e num

capilar cilíndrico.

Durante o fluxo de uma solução de polímeros num capilar, sob a influência do

movimento Browniano (movimento, neste caso, dos polímeros devido ao movimento das

moléculas da fase móvel), cada molécula alcançará todas as regiões acessíveis do espaço

capilar durante o seu transporte. Contudo, a região acessível a cada polímero depende do seu

tamanho molecular. Devido à conformação, o polímero pode não atingir a região perto da

Page 8: exclusão molecular

Introdução

8

superfície capilar. Por causa do perfil de velocidades do fluxo (perfil parabólico) surgem regiões

inacessíveis onde a velocidade do fluido é baixa e o gradiente de velocidade é alto (próximo da

parede do capilar). Desde que a densidade da “camada esvaziada” dependa do tamanho

molecular, é desenvolvida uma separação: polímeros maiores deslocam-se mais rapidamente

pelo vaso capilar do que os menores. É neste fenómeno que se baseia a cromatografia

hidrodinâmica (HDC), de acordo com Hoagland et al. [17].

A cromatografia hidrodinâmica oferece um método para a separação de polímeros em

solução ou partículas em suspensão com base no seu tamanho. No leito de uma coluna, a

separação ocorre nos canais intra – partículas e a ordem de eluição é de grandes para

pequenos, análogo ao da cromatografia de permeação por gel [18]. A gama dinâmica da

separação depende do tamanho das partículas do leito de empacotamento da coluna.

A aplicação de HDC num capilar para classificação e separação de fibras com partículas

de tamanho da ordem do mícron é descrita por Pascale et al. [19]. Numa experiência com um

tubo de diâmetro de 15 mm e comprimento de 12 m (fluxo laminar) foram separadas

suspensões de fibras de polpa de papel, e partículas micrométricas usadas na produção de

papel como um aditivo. As fibras de celulose têm um comprimento de 0.2 mm a 4 mm e as

micropartículas (CaCO3) têm um tamanho ao redor dos 3 µm. Obtiveram-se os seguintes

resultados para uma velocidade de fluxo 0.112 m/s ( Re ~ 1650): para fibras dispersão axial e

tempo médio de passagem, respectivamente: 18 ± 4 cm2/s e 91± 4 s; para os aditivos 160 ± 80

cm2/s e 107 s; o tempo médio do fluido portador foi também 107 s. A diferença de tempo entre

o pico dos aditivos e das fibras é 8 s.

A HDC tem sido aplicada, com sucesso, para medição e distribuição do tamanho

molecular de polímeros com peso molecular elevado, solúveis em água [17]. A extensão do

método tem sido testada através de experiências com xantano e poliacrilamida hidrolisada. O

xantano é um polissacárido bastante rígido, considerando aqui a macromolécula do

polissacárido xantano tipo – MW = 1.6E+06 [20], a uma concentração de 400 ppm numa

solução de 5 g/L de NaCl, e pH = 7, na forma de bastonetes rígidos com comprimento 1µm, e

largura 2 nm. A separação ocorre durante a convecção do polímero dissolvido pelo volume

intersticial da coluna de cromatografia empacotada com esferas não porosas. Configurações

em não – equilíbrio do polímero são prontamente originadas pelo fluxo complexo através das

esferas. Essas alterações de configuração afectam, fortemente, as medidas do tamanho

molecular. Para maximizar a resolução, a tensão hidrodinâmica deve ser reduzida pelo

emprego de taxas de fluxo extremamente baixas.

Para poliestirenos (polímeros com estrutura aleatória linear) com massas moleculares

altas (104 Da a 107 Da), foi observado por Stegeman et al. [15], que a resolução parece ser

quase independente da velocidade de eluente. As alturas de prato reduzidas foram

observadas, também, por serem quase constantes para velocidades da fase móvel reduzidas

numa gama de 2 –> 150, sendo a velocidade da fase móvel dada por: mp Dud /=ν em que

Page 9: exclusão molecular

Introdução

9

pd é o diâmetro das partículas, u é a velocidade de fluxo, e mD é o coeficiente de difusão da

molécula de soluto. A zona de separação dos poliestirenos dissolvidos, em HDC, foi estudada

numa coluna preenchida com partículas não porosas monodispersas de 1.5 µm. Na gama de

velocidade reduzida, de 2 a 150, foram obtidas alturas de prato reduzidas bem abaixo de 2

para amostras de polímero com massas moleculares de 2200, 43 900 e 775 000 Da. Isto

permite separações de polímero a alta velocidade com eficiência elevada.

Supondo que os canais intersticiais numa coluna empacotada podem ser representados

por um conjunto de tubos capilares, foi desenvolvido um modelo para a taxa de migração de

macromoléculas que em seguida foi comparado com dados de eluição experimentais. Foram

investigadas a influência do tamanho e do tipo de macromolécula, a eficácia do solvente e a

velocidade da fase móvel na eluição na HDC. O comportamento da eluição em colunas

empacotadas parece obedecer, basicamente, a teorias de migração simples desenvolvidas

para tubos abertos. As posições relativas do pico na HDC dependem, ligeiramente, da

velocidade de eluente [21].

Esferas não porosas de sílica com tamanhos na gama de 1.4 µm a 2.7 µm foram

utilizadas como empacotamento para a cromatografia hidrodinâmica também no trabalho de

Stegeman et al. [22] com a mesma altura do prato da coluna H . Foi observado que até pesos

moleculares de 10E+06 o comportamento de eluição dos poliestirenos concorda muito bem

com os modelos teóricos existentes. Porém, para poliestirenos maiores a taxa de fluxo mostrou

uma influência nas posições relativas do pico.

De acordo com dados de Gramain e Myard [23] é possível estimar uma razão do

tamanho da molécula com o tamanho do poro λ e uma razão do tamanho da molécula com o

tamanho da partícula pλ . Para um poliestireno de peso molecular 10E+06 o tamanho da

molécula é cerca de 100 nm, consequentemente, para partículas com tamanho no intervalo de

1.4 µm a 2.7 µm, assumindo uma porosidade do empacotamento de 0.36 tem-se,

respectivamente, λ de 0.19 a 0.1 e pλ de 0.07 a 0.037, o que significa a presença de uma

região de difusão não acessível.

Hoagland e Prud´homme [17] usando um enchimento de partículas não porosas numa

coluna demonstraram que a HDC de macromoléculas flexíveis e rígidas fornece medidas do

tamanho molecular que dependem fortemente da taxa de fluxo da coluna. Esta dependência da

taxa de fluxo é explicada por modelos macromoleculares simples em termos de deformação e

orientação num alongamento uniaxial fixo. Numa experiência de HDC, uma pequena

quantidade de uma solução de polímero diluído foi injectada numa coluna empacotada com

esferas de 10 µm a 40 µm. A coluna proporciona uma rede de poros com passagens de fluxo

por interstícios um pouco maiores do que as dimensões de cada molécula (tamanho de poro ~

Page 10: exclusão molecular

Introdução

10

3.5 µm a 15 µm, raio do polímero ~ 0.05 µm a 0.5 µm). A técnica de cromatografia

hidrodinâmica acompanha as mudanças da conformação molecular pela taxa de fluxo

dependente dos volumes de eluição das moléculas, que podem sofrer extensão e orientação

através da tensão hidrodinâmica. A indução do alongamento pelo fluxo num polímero flexível,

acontece quando a cadeia é sujeita a forças hidrodinâmicas maiores em magnitude do que as

forças de relaxamento da cadeia, que surgem do movimento de Brown. A força de um fluxo

pode ser, frequentemente, correlacionada com o seu número de Deborah De : a razão das

forças hidrodinâmicas com as forças de Brown.

Só acontece um significativo alongamento molecular em fluxos estacionários para

valores de De elevados, normalmente a partir de De > 0.5. Uma enorme deformação

molecular acontece quando De é maior do que a unidade [17]. Estas deformações

manifestam-se, sobretudo, em quedas de pressão extremamente altas, mesmo medidas para

soluções de concentração baixa de polímero e bombeadas através dos materiais porosos.

No fluxo de soluções de polímeros não esféricos através de meios porosos não são

encontradas quedas de pressão excessivamente elevadas. Contudo, polímeros rígidos com a

forma de bastonete podem ser capazes de se orientar num fluxo elevado [17]. Embora não

provoque efeitos reológicos dramáticos como no caso de polímeros flexíveis, a orientação de

polímeros com forma de bastonete durante o fluxo através de passagens estreitas da coluna

pode também detectar-se como tendo um comportamento do fluxo dependente da eluição.

Estudos muito recentes têm tentado descrever melhor o movimento de polímeros ao

longo do empacotamento de uma coluna de cromatografia hidrodinâmica.

A maioria das teorias de HDC derivou do modelo usado para descrever a migração de

polímeros em vasos capilares abertos, [24], Figura 1.2.2.

Figura 1.2.2. Princípio de separação da HDC, onde uma partícula com raio efectivo effr é

excluída da parede num canal com diâmetro h no qual um perfil de velocidade parabólico

)(yu é aplicado originando uma velocidade máxima [24].

No modelo de retenção, a migração do polímero é descrita pelo valor de retenção τ

como função da razão λ [16, 25].

)21/(1/ 20 λλτ Cttm −+== (Equação 1.2.1)

Page 11: exclusão molecular

Introdução

11

onde mt é o tempo de migração do polímero, 0t é o tempo de retenção correspondente fracção

de vazios da coluna e λ é o tamanho relativo da molécula definido como:

)2//(hreff=λ (Equação 1.2.2)

em que effr é o raio efectivo da macromolécula e h é o raio do capilar.

O coeficiente C é considerado uma constante para efeitos secundários [16, 24] e varia

entre 0.5 e 5. Para uma exclusão simples num perfil de fluxo parabólico C = ½ [25]. Num leito

empacotado numa coluna de cromatografia hidrodinâmica são recomendados os seguintes

valores de C : 2.698 [26], 2.7 [16], 2.8 [27].

De acordo com a Equação (1.2.1), na HDC todas as macromoléculas vão eluir no

intervalo ~ rV73.0 a rV , onde rV é o volume de eluição de um soluto de tamanho pequeno ou

o volume de espaços vazios do empacotamento.

Venema et al. [27] argumentam que o raio efectivo pode ser calculado a partir do raio de

giração, gr :

geff rr2π

= (Equação 1.2.3)

O raio de giração pode ser determinado, por sua vez, pela sua dependência com a

massa molecular do polímero: b

g aMWr = (Equação 1.2.4)

onde a e b são constantes e MW é a massa molecular.

Num tubo aberto de HDC, a largura do canal é conhecida precisamente e igual ao raio.

Num leito empacotado de HDC, porém, o raio dos canais intersticiais é muito mais difícil de

definir. Nos leitos empacotados o raio do capilar da Equação (1.2.1) pode ser substituído por

um raio efectivo pela representação dos canais intersticiais como uma ordem de tubos

cilíndricos com a mesma razão de volume por superfície. Deste modo o raio de canal efectivo

cr é determinado por [21]:

εε−

=13

pc

dr (Equação 1.2.5)

onde pd é o diâmetro da partícula e ε é a porosidade da coluna .

Para o cálculo do raio do canal efectivo do leito cr , tem que ser conhecida a porosidade

da coluna, ε . Seguindo o exemplo de Venema et al. [16], ao usar a Equação (1.2.5), o raio do

canal efectivo do leito, para partículas com 1 µm foi calculado obtendo-se o valor de 0.213 µm.

Page 12: exclusão molecular

Introdução

12

A resistência do leito presente numa coluna, ϕ , dá informação se a coluna está bem ou

mal empacotada e pode ser calculada por:

Ld

P p

νηϕ

2

∆= (Equação 1.2.6)

onde η é a viscosidade do solvente (Pa s), ν é a velocidade linear do solvente (mm/s), pd é

o diâmetro da partícula (mm), L é o comprimento da coluna (mm) e P∆ é a queda de pressão

observada (Pa).

Continuando com o exemplo de Venema et al. [16], a coluna empacotada com partículas

de 1 µm tinha um valor de ϕ igual a 382. Para colunas empacotadas com partículas não

porosas um valor de ϕ próximo de 400 é considerado normal. Nesse caso pode então ser

assumido que a coluna está bem empacotada.

Muitas vezes, na HDC nota-se a presença de um pico alargado. Este desenvolvimento

pode dever-se à dispersão causada pela coluna ou polidispersão dos polímeros na amostra.

Pode também ser provocado por factores externos como o volume de injecção e detecção,

tubulação de conexão. Para minimizar os efeitos externos é necessário calcular o volume do

pico dos eluentes.

A importância relativa da HDC pode aumentar em sistemas onde há fracturas ou

caminhos de fluxo preferenciais com taxas de fluxo mais altas. Pode aumentar ainda em

sistemas de meios porosos com partículas menores, como, por exemplo, areia fina.

Recentemente, para macromoléculas rígidas e semi – flexíveis foi mostrado que a HDC

se converte na SC – slalom chromatography.

1.3. Cromatografia slalom

Hoje em dia são utilizados oligonucleótidos sintéticos em muitos processos biológicos

moleculares. Algumas aplicações, como ensaios de determinação do genótipo dependem

fortemente da pureza dos oligonucleótidos. A metodologia de purificação dos oligonucleótidos

continua a estar dependente de técnicas tradicionais de separação como a electroforese em

gel de poliacrilamida (PAGE), ou HPLC no entanto, é possível utilizar outro processo [28].

A cromatografia slalom (SC) foi descoberta independentemente em 1988 por dois

grupos como um novo método de fraccionamento do tamanho de moléculas relativamente

grandes de DNA (> 5000 bases de pares). Uma característica particular desta cromatografia é

que a separação ocorre por um fenómeno hidrodinâmico em vez de um de equilíbrio. Quer isto

dizer que na SC, grandes moléculas de DNA são eluídas muito depois das pequenas, e que o

grau de retardamento de DNA é afectado, de modo significativo, por vários factores

Page 13: exclusão molecular

Introdução

13

hidrodinâmicos como o tamanho das partículas do empacotamento, a taxa de fluxo, a

viscosidade e a temperatura do solvente. Pelo contrário, factores químicos como a natureza e o

tamanho dos poros do empacotamento, assim como a hidrofobicidade do solvente, não têm um

efeito crítico [29].

A principal vantagem da SC é a rapidez e simplicidade do procedimento experimental.

Pode ser executada pela introdução de soluções de DNA num sistema convencional de HPLC

(por exemplo), onde uma separação de DNA rápida, sensível e reprodutível pode ser

automatizada, não sendo necessária a extracção de DNA do gel [29]. A separação baseia-se

no facto de que moléculas longas de DNA (5000 a 50000 bp) têm de se desviar na sua

passagem através dos canais estreitos e tortuosos entre as partículas do empacotamento,

Figura 1.3.1. Quanto mais longa é a molécula de DNA mais difícil é a sua passagem pelos

interstícios [10].

Figura 1.3.1. Princípio da cromatografia slalom [10].

Para modelar o movimento de uma molécula de DNA no interior de uma coluna SC

André e Guillaume [28] definiram o parâmetro, τ , denominado tempo de retenção relativo.

Esse parâmetro é dado pela equação:

( )∞=

tut )(τ (Equação 1.3.1)

sendo )(ut o tempo de migração do DNA à velocidade u da fase móvel e )(∞t o tempo de

retenção quando a molécula está completamente “esticada”. A variável u é equivalente à

variável F (mL/min).

Segundo os autores τ pode ser também dado por: ')1( τψτ +−+= − Eue Eu (Equação 1.3.2)

onde ψ é uma constante empírica que depende de algumas características geométricas do

fragmento de DNA. 'τ é o valor de τ para o valor de velocidade mais baixo da fase móvel

(para este valor a fracção de estiramento do fragmento de DNA →0), E é a constante da

equação:

( )porporEdu

dporx −= . (Equação 1.3.3)

Page 14: exclusão molecular

Introdução

14

em que por é o número de poros (ou segmentos) ocupados pela cadeia de DNA. Quando

∞por tem-se o número de poros ocupados pela cadeia de DNA no ponto máximo de

estiramento.

A viabilidade da Equação 1.3.2 no estudo de “rastejamento” de proteínas é analisada no

trabalho exposto por André e Guillaume [28]. Para conseguir este objectivo experimentou-se a

migração de diferentes proteínas numa fase estacionária do tipo C1 (diâmetro das partículas de

enchimento igual a 5 µm) sobre um largo intervalo da taxa de fluxo e da viscosidade da fase

móvel. Sujeitou-se cada uma das proteínas – soro de albumina humana (HSA), soro de

albumina bovina (BSA) e soro de albumina de galinha (CSA) – a separações com diferentes

taxas de fluxo e distintas viscosidades da fase móvel (com glicerol). Partindo dos valores do

tempo de retenção calcularam-se os coeficientes E para cada taxa de fluxo e cada

viscosidade. Verifica-se que na dependência de E com a velocidade do líquido houve uma

interrupção para o valor crítico da taxa de fluxo da fase móvel ( cF ). Para valores baixos da

velocidade da fase móvel ( F < cF ) o valor E mostrou-se desprezável e relativamente

constante ( E ≈ 0), o que significa que a estrutura da proteína se encontrava na forma de “rolo

aleatório”, que é uma estrutura compacta (neste domínioτ → 'τ , comportamento de retenção

hidrodinâmico).

A Figura 1.3.2a. mostra o cromatograma para a separação das três proteínas

analisadas a 0.06 mL/min e com uma viscosidade da fase móvel de 1.17.

Figura 1.3.2a. Figura 1.3.2b.

Figura 1.3.2a. Cromatograma para a HSA, 1, BSA, 2 e CSA, 3, no caso em que F = 0.06

mL/min e a viscosidade da fase móvel µ = 1.17, [28].

Figura 1.3.2b. Curva de cF versus viscosidade para a proteína HSA, [28].

Acima de cF , E aumenta visivelmente, perto ou abaixo de cF o valor de E permanece

relativamente constante. Este resultado confirma o facto que, neste domínio, a estrutura da

proteína começou a perder a sua rigidez e migrou através do empacotamento seguindo numa

forma mais ou menos curvada (distinta uma partícula esférica) pelo modo cromatográfico de

slalom. Nesta gama, para um valor constante de F , o valor de E aumenta com o aumento da

viscosidade da fase móvel. Isto confirma que a viscosidade actua na estrutura da proteína

através de um aumento da sua extensão quando a viscosidade da fase móvel aumenta. A uma

µ

Page 15: exclusão molecular

Introdução

15

gama de viscosidades de 1.09 a 1.25 cp, para a proteína HSA, traçando cF versus µ obtém-

se, sempre, um comportamento linear, originando a equação µ15.498.5 −=cF , com um

coeficiente de correlação 989,02 =r (Figura 1.3.2b.). A diminuição de cF é observada em

relação à viscosidade o que mostra uma grande dependência do alongamento da molécula

com a velocidade da fase móvel para os valores mais elevados de viscosidade da fase móvel.

André e Guillaume [28] testaram também as possibilidades de aumentar as capacidades

de fraccionamento da cromatografia slalom. Foram separadas moléculas de DNA de dois tipos:

fragmentos lineares e plasmídeos, que são fragmentos circulares de DNA. Fez-se variar a

composição da fase móvel, pela adição, em separado, de três agentes de compactação a

várias concentrações. As moléculas a separar foram ainda sujeitas a diferentes taxas de

velocidade da fase móvel. Nessas condições observou-se uma diferença no comportamento do

DNA circular e linear que é, potencialmente, muito útil, por exemplo, pelo facto do DNA

genómico linear ser uma contaminação relevante na preparação de plasmídeos.

André e Guillaume [28] concluem, então, que o movimento das moléculas de DNA na

SC é extremamente dependente do alongamento das mesmas. Além disso, agentes de

compactação distintos têm distintos efeitos em moléculas de DNA circulares e lineares,

podendo a SC ser aplicada na sua separação.

Peyrin et al. [30] consideraram a hipótese dos mecanismos de SC e HDC poderem ser

relacionados e alcançados, em simultâneo, no mesmo sistema cromatográfico, em relação às

propriedades elásticas de polímeros flexíveis. Em geral, esperavam que o princípio de

fraccionamento da cromatografia hidrodinâmica fosse preponderante se o polímero estivesse

na forma esférica, enquanto o fenómeno slalom governasse a separação quando ocorresse a

deformação de macromoléculas (elongação da forma).

A teoria destes autores adquire mais sentido sabendo que a forma circular de uma

molécula de DNA tem uma estrutura mais compacta do que o correspondente fragmento linear

(por exemplo, o plasmídeo super – enrolado pGem 1 (3.73 kbp) tem um raio de giração gr igual

a 82 nm e o raio de giração calculado para a forma linear foi de 145 nm), e que uma cadeia

dupla e linear de DNA pode apresentar uma grande variedade de formas.

Para fragmentos entre 20 a 1000 bp, a forma da molécula de DNA é aproximada à de

um bacilo e consequentemente, o mecanismo HDC não pode ser aplicado. Por outro lado,

fragmentos superiores a 2 kbp podem ser tratados como uma estrutura aleatória enrolada em

esfera. Note-se, contudo, que as propriedades elásticas de moléculas de dupla cadeia de DNA

são diferentes das dos polímeros sintéticos como os poliestirenos, classicamente separados

por HDC. Assim, para demonstrarem a esperada transição SC ↔ HDC, os autores testaram o

comportamento cromatográfico de ácidos nucleicos que possuem uma forma aleatória com um

certo grau de consolidação, como uma molécula “super – enrolada” (supercoiled) circular de

cadeia dupla de DNA.

Page 16: exclusão molecular

Introdução

16

Os resultados alcançados por Peyrin et al. [30] vieram confirmar a hipótese formulada,

de que pode haver transição entre os regimes de migração HDC e SC. A preponderância

relativa de um dos dois mecanismos é dependente tanto da taxa de fluxo do eluente como da

flexibilidade do polímero, ou seja, da forma da macromolécula.

1.4. Meios Porosos – fundamentos teóricos

Diz-se que um meio poroso é homogéneo quando a resistência ao escoamento é a

mesma em qualquer ponto e segundo uma direcção. A homogeneidade é relativa e depende

das dimensões intrínsecas dos materiais. Um solo com grãos milimétricos será homogéneo em

relação a um valor de escala compatível, como por exemplo 1 dm3. Já um maciço rochoso será

homogéneo se considerarmos um valor de escala muito maior [31].

Quando a resistência ao escoamento é igual em todas as direcções o meio poroso pode

considerar-se isotrópico. A grande maioria dos meios porosos naturais não são isotrópicos, são

anisotrópicos. Anisotrópico diz-se de um corpo fisicamente homogéneo, mas cujos valores de

certas propriedades físicas e químicas variam com a direcção. Os corpos cristalizados são

geralmente anisotrópicos [32].

Apesar da anisotropia os meios porosos podem considerar-se homogéneos desde que

se estabeleça uma escala de homogeneidade compatível com as respectivas dimensões [31].

Existem várias formas de descrever meios porosos e os fenómenos de transferência de

massa associados, neles ocorridos. Normalmente, as duas maiores prioridades consideradas

são o coeficiente de difusividade efectiva (fenómeno de transferência de massa) e o coeficiente

de permeabilidade (fenómeno de fluxo). A previsão e o controlo da difusividade efectiva ou da

permeabilidade de leitos compactos com misturas de partículas, são importantes para

processos tais como: catálise com sedimentação, imobilização de células em matrizes porosas,

cromatografia e biofilmes, entre outros.

Estes dois coeficientes são funções características dos meios porosos, nomeadamente

da porosidade e da tortuosidade.

O coeficiente de difusividade efectiva ( eD ), que caracteriza a transferência de massa

nos meios porosos, é definido por:

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛×=τε

0DDe (Equação 1.4.1)

em que 0D é o coeficiente de difusividade no seio do meio, ε é a porosidade e τ é a tortuosidade [33].

Page 17: exclusão molecular

Introdução

17

Em operações unitárias de processos industriais que envolvam o uso de leitos fixos

porosos, é essencial conhecer o coeficiente de permeabilidade do leito ( k ), para relacionar a

velocidade de fluxo do fluido com o gradiente de pressão. De acordo com a bem conhecida

equação de Carman – Kozeny:

( ) LP

Kd

u p

µεε ∆−

= 2

3

136 (Equação 1.4.2)

onde u representa a velocidade do fluido, P∆ é a queda de pressão através do meio, µ é a

viscosidade do fluido, e L é o comprimento do leito. Para um leito de partículas esféricas o

coeficiente de permeabilidade k (m2) depende do diâmetro das partículas pd , da porosidade

ε e da tortuosidade τ .

( ) 02

22

2

23

)1(36136 Kd

K

dk pp

×−×

××⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛=

−××

×=

εε

τε

ε

ε (Equação 1.4.3)

onde o coeficiente de Kozeny ( K ) é dado por 20 τ×= KK . Para leitos granulares K = 4,2-5.

0K é o coeficiente de forma de Kozeny e depende da forma da secção transversal do poro

(para um poro cilíndrico 0K = 2) [34].

Como se pode verificar, a difusividade efectiva e a permeabilidade dependem,

respectivamente, de τε

e 2

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛τε

. Embora tenha sido feito um grande esforço para se estudar

especificamente os meios porosos, a relação entre porosidade, tortuosidade e a distribuição do

tamanho das partículas que constituem o meio, é ainda uma questão em aberto.

Outro aspecto pertinente tem a ver com o facto de, apesar de muitas vezes a forma das

moléculas dos bacilos e outras espécies lineares ser aproximada à de uma esfera, estes

comportam – se, numa separação cromatográfica, de maneira diferente.

A difusão de macromoléculas ou o fluxo de nanopartículas num meio poroso é

acompanhada por efeitos relacionados com a topologia de poros e a natureza da

nanopartícula; alguns factores de interacção são apresentados de imediato:

-relação do tamanho da nanopartícula para o tamanho de poro ou efeito de obstáculo;

-efeito de constrição como uma mudança dramática na área de corte transversal do

poro. Tanto para bastonetes rígidos como para nanopartículas a constrição funciona como um

factor de ordenação de orientação axial;

-tortuosidade ao longo do canal na forma de curvas;

-viscoelasticidade como um produto da geometria do poro, natureza da nanopartícula

como também das condições de fluxo.

Vão aprofundar-se, seguidamente, alguns dos aspectos atrás referidos.

Page 18: exclusão molecular

Introdução

18

1.4.1. Porosidade

A porosidade é uma das propriedades mais básicas de um meio poroso [35]. Pode ser

definida como a razão do volume de espaços vazios ( eV ) pelo volume total ( TV ), como se

encontra explicado na Figura 1.4.1. e descrito na Equação (1.4.4).

Figura 1.4.1. Porosidade. Os espaços em branco entre as partículas esféricas constituem os

espaços vazios.

TVVe

=ε (Equação 1.4.4)

Em muitos estudos constatou-se que a porosidade de leitos compostos por misturas de

partículas está dependente da forma como os leitos são formados. Devido à natureza aleatória das misturas de partículas esféricas assim como aos

diferentes métodos de obtenção dos empacotamentos, estes exibem uma oscilação do valor da

porosidade, mesmo em misturas monocomponente [36, 37].

Recorrendo a processos de empacotamento de esferas adequados, estes podem

demonstrar características regulares ou aleatórias [38]. A cada tipo de empacotamento regular

corresponde um número de coordenação, cN , bem definido, representando este o número de

pontos de contacto de cada esfera com as esferas vizinhas.

Dependendo do processo de construção do leito, podem ser obtidos dois tipos de

empacotamento aleatório [37]: empacotamento do tipo denso e folgado. No empacotamento

denso, o número médio de pontos de contacto ( cN ) com as esferas vizinhas é superior ao

existente no empacotamento do tipo folgado. O empacotamento denso poder-se-á obter a

partir do empacotamento aleatório do tipo folgado, por compactação posterior do leito [37].

Os efeitos de parede observam-se quando o diâmetro das partículas é próximo do

diâmetro da coluna utilizada para a construção do leito e são desprezáveis quando o diâmetro

da coluna é pelo menos dez vezes superior ao diâmetro das partículas [34]. Este efeito deve-se

à formação de um empacotamento ordenado junto às paredes da coluna [37].

Nas zonas em que os efeitos de parede são desprezáveis, os valores de porosidade

típicos para misturas monocomponente do tipo folgado situa-se no intervalo 0.4 a 0.42,

enquanto para o empacotamento do tipo denso esse intervalo é de, aproximadamente, 0.36 a

0.38 [37].

Page 19: exclusão molecular

Introdução

19

Em misturas multicomponente, a porosidade da mistura depende dos tamanhos das

partículas que compõe o leito, da porosidade inicial dos componentes, da composição da

mistura e do tipo de empacotamento [33].

Yu e Standish [35] definiram dois mecanismos de construção de leitos para misturas

binárias de partículas esféricas. Um mecanismo denomina-se por enchimento, onde a adição

de um componente ao segundo, não altera o esqueleto ou o número de pontos de contacto das

partículas do último. Este, denominado por componente controlador, terá na mistura a mesma

porosidade enquanto puro. O segundo mecanismo designa-se por ocupação ou mistura,

resultando da introdução de um componente, a alteração do esqueleto formado pelas

partículas do outro. Existem nesta zona, interacções entre as partículas de diferente tamanho,

sendo os dois componentes controlador do sistema.

Os autores referem ainda que estas duas zonas se encontram dos dois lados de um

valor de rácio crítico, cδ = 0.154, entre os tamanhos das partículas do sistema binário. O

mecanismo de enchimento ocorrerá em larga extensão para um valor de rácio

154,0≤=Dd

cδ em que d e D são, respectivamente, os diâmetros das partículas de menor

e maior dimensão no empacotamento. O mecanismo de ocupação ocorre em grande extensão

para um rácio δ > 0.154.

Para o caso extremo de δ = 0 a porosidade de um sistema binário de partículas

esféricas pode ser definida por [35, 39]:

( )Dd

dD

xx

0

0

11

εε

ε−−

= Dx ∈ [0, minDx ] (Equação 1.4.5)

D

D

x

011 εε

−−= Dx ∈ [ minDx , 1] (Equação 1.4.6)

em que a porosidade mínima 00Ddεεε = ocorre para uma fracção volúmica de partículas de

maior dimensão, minDx :

00

0

min 11

Dd

DDx

εεε

−−

= (Equação 1.4.7)

0dε e 0

Dε são, respectivamente, a porosidade dos leitos monocomponentes das partículas de

maior e menor dimensão.

A porosidade é representada neste modelo por dois ramos (Figura 1.4.2.). O ramo

direito, Equação (1.4.6), encontra-se enriquecido com partículas de maior dimensão, formando

estas um esqueleto com porosidade 0Dε . Este esqueleto mantém-se inalterado com a adição

de partículas de menor dimensão até se atingir o ponto ( minDx , minε ).

Page 20: exclusão molecular

Introdução

20

Adições de partículas de menor dimensão para além deste ponto afastam as partículas

maiores, destruindo o esqueleto das mesmas. Entra-se deste modo no ramo esquerdo do

modelo, Equação (1.4.5), rico em partículas menores, encontrando-se estas agrupadas com

porosidade 0dε .

Admitindo 0dε e 0

Dε igual a 0.4, virá por (1.4.7), minDx = 0.71, e por 00min Dd εεε = ,

minε = 0.16. Na Figura 1.4.2., a intersecção dos dois ramos representa o ponto (0.71; 0,16).

Figura 1.4.2. Representação da Equação 1.4.5 e 1.4.6 para 0dε e 0

Dε iguais a 0.4, em que o

tracejado representa o ramo esquerdo e a linha cheia traduz o ramo direito. Diferindo δ de zero haverá que introduzir funções de correcção no modelo anterior, o

que foi feito por Tokumitsu em 1964 [39]. Para uma mistura enriquecida com partículas de

pequena dimensão, a Equação (1.4.5) originou:

( )( )( )0

0

1111

dD

dD

xx

εφε

ε−−−

−= (Equação 1.4.8)

onde ( )δφ cf+= 1 e cf = 1,0 para δ = 0.5; cf = 1.2 para δ = 0,25; cf = 1.4 quando δ ≤ 0,25.

Para uma mistura enriquecida com partículas de maior dimensão, (1.4.6) deu origem a:

( )3

0

111

csD

D

x ββε

ε+−

−= (Equação 1.4.9)

onde rs δβ = , 2/1=r para partículas esféricas e 1113 −

−+=

D

Dc x

As porosidades obtidas por (1.4.8) e (1.4.9) são ligeiramente superiores às calculadas

por (1.4.5) e (1.4.6).

Page 21: exclusão molecular

Introdução

21

1.4.2. Tortuosidade

A tortuosidade dos meios porosos é o único parâmetro de composição dos meios

porosos capaz de reflectir a anisotropia do material e não pode ser incluída ou comparada

directamente com medições experimentais [40].

A tortuosidade é classicamente definida por:

LLe=τ (Equação 1.4.10)

onde eL é o comprimento realmente atravessado pelo fluido através do meio poroso e L o

comprimento do leito na direcção macroscópica do fluxo [40].

O caso mais simples é considerado um meio poroso composto por um feixe de

capilares.

O caso da tortuosidade de poros curvos difere do anterior pela curvatura dos canais do

poro. Neste caso, τ aumenta com o aumento do comprimento do poro, devido ao aumento de

eL . O aumento do comprimento do poro implica o aumento correspondente da difusão no

percurso das moléculas difusionais. Usualmente para este tipo de poro, não é válida a

condição de diâmetro de poro constante ou secção transversal constante. O perfil de corrente

de fluxo não é equidistante. Com poros curvos os efeitos de inércia e de constrição podem-se

tornar significativos para a difusão macromolecular [40].

A tortuosidade e a composição do meio são relacionadas, usualmente recorrendo à

porosidade. Mota et al. [41] estudaram misturas binárias de partículas esféricas com δ = 0,1,

ondeδ é a razão dos diâmetros entre as partículas de menor dimensão e partículas de maior

dimensão em misturas binárias. Nas suas experiências encontraram valores experimentais de

tortuosidade entre, aproximadamente, 1,45 e 1,71, variando a porosidade aproximadamente

entre 0,4 e 0,26, respectivamente.

Os dados sobre a tortuosidade para o mesmo tipo de meios porosos são um pouco

dispersos, encontrando-se na literatura valores que variam entre 1,4 e 4. Tal dispersão é

devida ao facto da tortuosidade não poder ser encarada como uma constante física,

dependendo de outras características do meio poroso para além da porosidade, como a

homogeneidade do mesmo, processo de empacotamento, diâmetro dos poros e forma dos

canais. A tortuosidade, relativamente à porosidade, é antes uma função complexa de vários

factores. A compressão ou expansão do meio, deposição de partículas ou macromoléculas no

interior dos canais e o tipo de materiais a ser transferido (percolação) poderão influenciar o

valor de tortuosidade obtido, sendo que a tortuosidade determinada para a difusão de um gás e

para a difusão de macromoléculas no mesmo meio poroso, poderá ser diferente [42].

Significa isto que, como tem sido dado a entender, a interpretação da tortuosidade

clássica é uma abordagem simplificada, não sendo sempre válida [42]. Uma análise mais

Page 22: exclusão molecular

Introdução

22

detalhada mostra que esta definição não se aplica a todos os casos, uma vez que podem ser

encontrados muitos caminhos com o mesmo comprimento L e eL , mas diferentes

tortuosidades. Os seguintes exemplos explicam a ideia:

Figura 1.4.3. Trajectórias com o mesmo comprimento L e eL e diferente número de

curvaturas [41].

De facto, considerando os quatro caminhos acima ilustrados, é fácil perceber que cada

um, de A a D, tem o mesmo comprimento total ( eL ), assim como a mesma espessura do meio

( L ) (os pontos de partida e chegada estão na mesma posição nos vários casos). Contudo, o

número de curvas aumenta de dois em A para oito em D dando, desse modo, origem a um

aumento na tortuosidade da esquerda para a direita.

Assim, para melhor descrever e estimar a tortuosidade terá de ser levada em conta a

configuração dos poros [42].

Podem ser encontrados vários tipos de configurações para poros:

-poros com simetria recta e uma área de secção transversal variável. Embora o poro

tenha um comprimento igual à espessura do meio poroso, o percurso médio de uma molécula

ou corrente não é igual à espessura do meio. Neste caso, os poros podem ser caracterizados

pela razão entre os diâmetros maior e menor, pela área de secção transversal, ou pela

trajectória mais baixa da corrente. Para este tipo de poro, podem ser esperados vários tipos de

efeitos: inércia, constrição relativa às trajectórias de curva, constrição relativa a uma mudança

da área de secção transversal do poro.

-curvas simétricas dos poros com área de secção transversal variável. A curvatura do

poro aumenta os dois primeiros efeitos descritos anteriormente.

-poros encrespados (frisados). Neste caso, um novo efeito caracterizado pela

amplitude e frequência dos frisos, é adicionado aos efeitos mencionados anteriormente. O tipo

de poros com frisos regulares é obtido se a frequência das curvas da parede do poro aumentar;

-poros com canais aleatórios. É o tipo de poro mais complicado, com as paredes do

canal a assumirem configurações aleatórias e com uma variação casual do comprimento do

canal [42].

Algumas conclusões gerais podem ser colocadas em evidência:

-a tortuosidade é evidente ou latente em todos os modelos de transferência de massa

em meios porosos;

-a tortuosidade não é uma constante física e depende em primeiro lugar das

características do meio poroso, tais como porosidade, diâmetro do poro, forma do canal, etc.;

A B C D

Page 23: exclusão molecular

Introdução

23

-a tortuosidade depende muitas vezes de processos que ocorrem durante a

transferência de massa tais como: compressão ou expansão do meio poroso; fenómeno de

deposição de partículas ou macromoléculas dentro do canal do poro até à base do poro;

-a tortuosidade depende também do tipo de material que está a ser transferido

(fenómeno de percolação). Por exemplo, a tortuosidade determinada por difusão de gás e por

difusão macromolecular através de alguns meios porosos, pode ser diferente.

Para um melhor entendimento do impacto da tortuosidade na transferência de massa e

em processos de separação, tratando-se de um problema bastante complexo, é necessário

investigar modelos de meios porosos mais simples. Nesse contexto deve ser considerado o

estudo de leitos de misturas binárias e ternárias de partículas esféricas.

Em misturas binárias de partículas esféricas, Mota et al. [44] representaram a

tortuosidade total, τ , por duas componentes. A primeira, denominada por macro –

tortuosidade, Dτ , é gerada pelos vazios do esqueleto das partículas de maior dimensão. A

segunda representa a tortuosidade gerada pelas partículas de menor dimensão que se

encontram agrupadas no interior do esqueleto das partículas de maior dimensão, sendo

denominada por micro – tortuosidade, dτ .

A tortuosidade total é dada pelo produto da macro e micro – tortuosidade. Este conceito

é estendido a misturas ternárias, surgindo adicionalmente a componente da tortuosidade

gerada pelas partículas de tamanho intermédio, Mτ

Para valores bastante pequenos de δ , e dado que as partículas são esféricas, os

autores propuseram para a região da máxima tortuosidade que Dτ ≈ dτ ≈ 0τ (sistemas

binários) e Dτ ≈ Mτ ≈ dτ ≈ 0τ (sistemas ternários), sendo 0τ a tortuosidade dos

componentes puros e considerada igual para todos os componentes. Previram assim uma

tortuosidade máxima total em sistemas binários e ternários igual a 20τ e 3

0τ , respectivamente.

A influência da tortuosidade no movimento de macromoléculas em meios porosos tem

sido menos investigada que outros factores, como por exemplo, a relação do tamanho da

nanopartícula para o tamanho do poro ou efeito de obstáculo.

Em geral, o factor de tortuosidade combina o percurso percorrido com o factor forma do

canal do poro. Pode-se especular que um caminho tortuoso com condições apropriadas para

um objecto em forma de bastonete cria algum impulso de desordem. Este facto pode reduzir a

velocidade de fluxo do bastonete ou nanopartícula, em comparação com partículas esféricas

de peso semelhante. A partir deste ponto é legítimo colocar a hipótese de que nanopartículas

lineares se movem de modo mais lento do que as esféricas, nas mesmas condições. Este

fenómeno pode ser interessante para processos de bio – separação; sistema de entrega de

medicamentos no sangue, filtração em leitos profundos; movimento de nanopartículas (vírus,

etc.) em meios porosos.

Parece que a tortuosidade, gerada através das bandas do poro, é preferível a outros

factores de tortuosidade como mudar de área de corte transversal do poro, aspereza da parede

Page 24: exclusão molecular

Introdução

24

do poro e assim por diante. Na Figura 1.4.4. o esboço do movimento de uma partícula em

forma de bacilo num canal tortuoso é mostrado.

Figura 1.4.4. Meios porosos, preferencialmente, não devem ser super tortuosos mas super

dobrados na maior escala do comprimento da macromolécula.

Cada vez que uma partícula linear rígida atravessa o canal de um poro com a forma de

curva, isto provoca alterações como o aparecimento do factor de desordem das linhas de fluxo

de orientação axial. O movimento de nanopartículas nos canais dos poros pode ser

considerado como um regime de "slalom" onde o efeito de retardamento principal é a força de

fricção quando a partícula passa a região da curva com mudança de orientação no espaço.

A orientação mais "lucrativa" de partículas com a forma linear é ao longo da linha de

fluxo (A) ou do gradiente da força motora (B). Na região da curva as linhas de fluxo e as

principais direcções do eixo da partícula são desviadas: partículas como os bacilos expõem

uma maior área de corte transversal que aumenta a força de fricção e resulta no fenómeno de

retardamento.

Se for assumido que o empacotamento consiste em partículas esféricas de tamanho

pd e que a tortuosidade nos canais dos poros afecta o fluxo de nanopartículas pelo meio de

curvas, Figura 1.4.5., então pode-se calcular o número de saltos.

Figura 1.4.5. Canais dos poros.

O parâmetro de escala do empacotamento pode ser escolhido como sendo igual ao

tamanho da partícula pd . Ippolito et al. [43] executaram um estudo experimental das

propriedades de dispersão de partículas esféricas individuais de tamanho d , movendo-se sob

gravidade num empacotamento aleatório seco de esferas grandes de tamanho pd . A razão

dos diâmetros pdd / situava-se abaixo do valor crítico 0.1547 sobre o qual as esferas mais

pequenas ficam empilhadas dentro do empacotamento. Foi descoberta difusão em paralelo e

Page 25: exclusão molecular

Introdução

25

transversal às direcções de velocidade média sendo governada, essencialmente, pelo diâmetro

pd de esferas acumuladas e não pelo tamanho d das partículas pequenas móveis.

Outra condição de limite deve ser relacionada com a nanopartícula e a razão do

tamanho da molécula com o tamanho do poro, pavmol dd /=λ , já descrita atrás. A razão λ

deve estar no intervalo onde se possa evitar a difusão interior completamente desenvolvida

mas o comprimento da macromolécula esteja na mesma escala que o tamanho do poro.

Se H é a espessura do leito e a tortuosidade do caminho “comum”, de comprimento eL

é HLe /=τ , então o número de curvas bn vem dado por:

ppeb dHdLn // ⋅== τ (Equação 1.4.11)

Por exemplo, num empacotamento com apenas um tipo de esferas com H = 0.3 m

(assumindo que τ = 1.4), e pd = 12.33 µm o número de curvas é bn = 3.4E+04; para pd =

4.9 µm o número de curvas é bn = 8.6E+04.

O número de curvas pode ser aumentado com a aplicação de um leito com uma mistura

de partículas segundo Mota et al. [34]. Como foi referido anteriormente, os mesmos autores

consideram que para uma mistura binária de partículas com tamanho, significativamente,

diferente, a tortuosidade total do leito τ torna-se o produto da micro e macro – tortuosidade dτ

e Dτ , respectivamente, [34, 44, 45], ou seja, Dd τττ ⋅= . A fórmula (1.4.11) para

empacotamentos binários, nesse caso, pode ser escrita como:

dH

dHn Dd

pb τττ ⋅== (Equação 1.4.12)

A macro – tortuosidade Dτ (fracção de partículas grandes de tamanho D ) aumenta o

comprimento do caminho pela coluna, enquanto a micro – tortuosidade dτ (fracção de

partículas de tamanho d ) é responsável por um aumento do número de curvas por unidade de

comprimento de poro ou espessura de leito. Agora para H = 0.3 m e pdd = = 12.33 µm o

número de curvas pode ser escrito como bn = 2.5E+04 τ⋅ . Para uma razão grande de

partículas de tamanho maior ( ≥dD / 10 e até 15) é possível assumir um empacotamento de

esferas binárias Dd ττ = = 1.45 e, finalmente, a tortuosidade total do empacotamento é igual a

τ = 1.452 = 2.1, que dá origem a )(binarybn = 5.1E+04.

Mais efectivo, do ponto da tortuosidade, é a aplicação de partículas de tamanho e forma

conhecida como a fracção de partículas de tamanho pequeno, que permite obter uma maior

tortuosidade global.

Page 26: exclusão molecular

Introdução

26

1.5. Construção de meios porosos

1.5.1. Tipos de meios porosos usados em cromatografia

Na cromatografia são aplicados dois tipos principais de empacotamento: bi – porosos e

mono – porosos. Os leitos bi – porosos são constituídos por partículas microporosas enquanto

os leitos mono – porosos são formados por partículas não porosas.

Os empacotamentos bi – porosos são, extensamente, usados, por exemplo, no gel da

cromatografia de exclusão molecular (SEC) onde, dependendo do tamanho das moléculas a

separar, são usadas partículas micro ou macroporosas [46]. Para melhorar a separação de

proteínas é desenvolvida uma fase estacionária com grandes poros. Por exemplo, o gel

Sephacryl S-1000 Superfine fornece um limite de exclusão da partícula tão alto quanto 300 nm

a 400 nm [14]. Com base em experiências para partículas macroporosas, Pfeiffer e os seus

colaboradores [47], descobriram que uma estrutura intra – partículas não se comporta como

um leito de microesferas uniformemente acumuladas, mas como uma assembleia não

homogénea de micropartículas. Formalmente, pode-se considerar este leito como um

empacotamento de micropartículas soltas com algum grau de agregação.

O problema mencionado, acima, pode ser solucionado, parcialmente, com a aplicação

de partículas não porosas cobertas por microesferas finas, ficando o empacotamento com uma

estrutura aproximada à de um empacotamento binário de partículas grandes e pequenas não

porosas.

A investigação de processos incluindo o fluxo através de grandes poros, indica que o

efeito máximo de convecção só pode ser alcançado se tudo o que estiver presente na fase

móvel for forçado a fluir através do meio poroso [47]. Há dois modos de levar a cabo esta

condição: usando meios porosos monolíticos (estrutura homogénea) ou aplicando partículas

não porosas. No primeiro caso o problema do controlo da tortuosidade é eliminado. No

segundo é necessário reunir as condições para construir um empacotamento com uma

distribuição do tamanho dos poros estreita.

Um exemplo de aplicação material fibroso para a fase estacionária é dado no trabalho

de Hamaker et al. [48]. As fibras que compõem a fase estacionária têm uma estrutura,

relativamente, não porosa que minimiza o efeito de difusão do poro.

1.5.2. Empacotamento binário com propriedades controladas

Partindo da determinação do coeficiente de permeabilidade k , do coeficiente de Kozeny

K e da tortuosidade média τ , Mota et al. [34, 42] estudaram o efeito de Dx , a fracção

volúmica de partículas esféricas de maior dimensão e de ε , a porosidade de leitos de mistura,

na permeabilidade e na tortuosidade.

Page 27: exclusão molecular

Introdução

27

Em geral, num empacotamento binário ε , pavd e τ dependem de Dx , pelo que pode

ser escrito que [42]:

( )( )( ) ( )( )22

0

23

136 ετεε

−=

Kxd

k Dav (Equação 1.5.1)

sendo avd o diâmetro médio das partículas da mistura e dado por [34]:

dx

Dx

dDD

av

)1(1 −+= (Equação 1.5.2)

Por vários raciocínios chega-se à conclusão de que [34]:

))1(()1(1( )45(000

δεεεε −−+−−= DFD xx (Equação 1.5.3)

com:

)))23.0exp(/11/(55.127.0/(35.1 +−+= DxF (Equação 1.5.4)

A Equação 1.5.3 representa a contínua mudança na porosidade de leitos de mistura

binária, assumindo que 00dD εε = , e permite o cálculo da porosidade total da mistura

conhecendo a razão do tamanho das partículas δ e Dx . O modelo proposto é simples de usar

para propriedades controladas como a permeabilidade.

Em leitos de mistura a tortuosidade é muitas vezes assumida como constante [34].

Contudo, quando a porosidade da mistura se aproxima à região de valores mínimos ( Dx = 0.7),

esta consideração não é válida.

Baseando-se no coeficiente de Kozeny ( K ), 20 τ×= KK , a tortuosidade foi calculada

para diferentes razões de tamanhos de partículas. A tortuosidade para a razão dD / = 10.22 é

apresentada na Figura 1.5.1.

Figura 1.5.1.Tortuosidade experimental (círculos) versus fracção volúmica de partículas

esféricas de maior dimensão, Dx , para uma mistura binária com dD / = 10.22 [42]. 1 –

Tortuosidade calculada pela função 4.0/1 ετ ≈ ; 2 – Tortuosidade calculada pela função

polinomial 432 62552.214422.3093301.016565.047157.1 DDDD xxxx −+−+=τ .

τ

Page 28: exclusão molecular

Introdução

28

A curva a traçado representa a aproximação polinomial: 432 62552.214422.3093301.016565.047157.1 DDDD xxxx −+−+=τ

a um intervalo de valores de τ descritos na literatura. A tortuosidade pode também ser

relacionada com a porosidade por uma função do tipo: αετ /1≈ . Para as misturas

experimentadas a melhor aproximação é conseguida quando α = 0.4, que dá à tortuosidade a

expressão: 4.0/1 ετ ≈ .

A dependência da permeabilidade com a fracção volúmica de partículas de tamanho

maior na mistura, Dx , é mostrada na Figura 1.5.2, para a porosidade modelada pela Equação

1.5.3 e a tortuosidade pela expressão: 4.0/1 ετ ≈ .

O aumento da razão dD / conduz a um aumento da curvatura da curva de

permeabilidade. Esta conclusão é importante porque, normalmente, o efeito do aumento de Dx

não é tido em consideração. Um aumento espontâneo numa magnitude de ordem 2 é

observado para a permeabilidade quando Dx > 0.7. Ao valor Dx = 0.7 corresponde,

aproximadamente, o valor máximo de τ e o ponto de viragem (mínimo para máximo) na curva

de k .

Figura 1.5.2. Permeabilidade, k , versus a fracção volúmica de partículas esféricas de maior

dimensão, Dx . Dados experimentais (pontos) e cálculos pelo modelo proposto, Equação 1.5.3.

e 4.0/1 ετ ≈ . 1 – dD / = 10.22, 2 – dD / = 6.37, 3 – dD / = 3.33 [42].

Finalmente a função ( )2/τε incluída na permeabilidade foi calculada pela Equação

1.4.3., permitindo construir o gráfico da Figura 1.5.3. Para comparação, são mostradas curvas para o caso de tortuosidade constante

(independente da porosidade), que é verificada no caso de leitos com um único tipo de

partículas e 45.1≈τ . Os resultados obtidos indicam que a difusividade é mais sensível à

tortuosidade do que a permeabilidade. Por outro lado, o impacto da variação da tortuosidade

devido à presença de leitos binários deve ser tomado em consideração aquando dos

fenómenos de transporte nos leitos granulares. Depois de comparar alguns valores, põe-se até

Page 29: exclusão molecular

Introdução

29

a hipótese de dissociação da tortuosidade da difusividade, se for escolhido um valor apropriado

de Dx .

Figura 1.5.3. Função ( )2/τε versus Dx para as curvas 1 – dD / = 1.985; 2 – dD / = 3.33, 3 –

dD / = 6.37; 4 – dD / = 10.22 e 5 – dD / →α . As curvas a traçado correspondem τ =1.45,

[42].

Confrontados com os resultados alcançados, surge a questão de saber onde estes

devem ser empregues. Uma das sugestões de aplicação relaciona-se com o uso de misturas

binárias em meios de filtração onde a proporção das partículas maiores seja superior a 0,7,

sem variação significativa da permeabilidade. Um tipo particular de filtração foi desenvolvido.

Leitos com cerca de 4 cm de espessura formados por um esqueleto de esferas de vidro (com

diâmetro médio 0,3375 mm) e diferentes lamas de kieselguhr (de 12 µm a 50 µm). Foi

experimentada uma suspensão de leveduras de padeiro, tendo sido escolhida uma

concentração de 6 g/L de peso seco. A razão deste valor prende-se com o facto de ser esta a

concentração típica do microrganismo em bebidas alcoólicas como o vinho e a cerveja. A

suspensão foi filtrada através do meio filtrante a uma pressão constante de 80 kPa. A presença

de células no filtrado foi analisada directamente por microscópio e pelo cultivo das amostras

em meio malte – agar. Não foram detectadas células. A efectividade da filtração foi comparada

com a tradicional filtração num bolo de kieselguhr não tendo sido registadas quaisquer

diferenças. As esferas de vidro foram depois lavadas em fluxo contra – corrente, fluidizadas e

usadas cinquenta vezes (correspondente ao número de ensaios) sem sofrerem danos. A

quantidade de kieselguhr era cerca de cinco vezes inferior do que o usual, com vantagens

significativas quer em termos de protecção do filtro quer a níveis elevados de poluição.

Na investigação que é agora apresentada foi estudada a filtração de microrganismos

com formas diferentes num leito binário, tendo-se depois utilizado leitos uniformes de esferas

do mesmo tamanho para termo de comparação. A fracção volúmica de partículas esféricas de

maior dimensão no leito binário, foi de Dx = 0.7, devido ao conjunto de estudos de Mota et al. e

de Yu e Standish, segundo os quais a este valor atinge-se um valor de porosidade e

permeabilidade mínimas no leito com mistura binária.

(ε/τ)2

Page 30: exclusão molecular

Introdução

30

A razão de se ter aplicado um leito binário está relacionada com o facto de, além do

benefício do uso destes leitos a nível de análise de fenómenos de transporte em meios

granulares, estes leitos poderem ser facilmente utilizados em processos de engenharia. Os

leitos binários são “bons simuladores” de uma larga gama de leitos naturais, e podem ser

aplicados e/ou observados, por exemplo, na filtração em leitos profundos para purificação da

água de beber [34], em cromatografia hidrodinâmica, na migração de partículas finas, na

contaminação sub – solo, no fluxo de emulsões estáveis diluídas, e na difusão interior menos

acessível em membranas.

Na tentativa de perceber o que se passa nos sistemas ambientais, são regularmente

simuladas em laboratório experiências sobre o transporte de colóides e bactérias. Essas

experiências permitem o controlo em vários parâmetros para que as variáveis que estejam a

ser analisadas possam – no ser em separado do resto do sistema. O factor chave nestas

experiências laboratoriais é mesmo a escolha e a preparação do meio poroso. As duas

principais metas na escolha e preparação dos meios porosos são a representação realística do

sistema ambiental de interesse e a reprodutibilidade entre os ensaios. Infelizmente, estas duas

metas entram muitas vezes em conflito [49].

1.5.3. Mistura e empacotamento de misturas

Geralmente, o método de construção de um leito de partículas de tamanho não uniforme

no interior de um recipiente envolve uma mistura inicial dos componentes no exterior do

mesmo, sendo depois vertidos para o seu interior. Na etapa final, as partículas são

compactadas. É possível, no entanto, encontrar abordagens bastante distintas na obtenção de

um empacotamento de partículas.

Wright et al. [49] realizaram a mistura de dois tamanhos de esferas, colocando

pequenas quantidades nas proporções pretendidas num balão de vidro contendo um agitador

magnético. Depois de agitação, durante 30 minutos, a mistura era vertida para uma coluna. O

leito total era assim construído por adições sucessivas de pequenas quantidades pré –

misturadas no exterior da coluna.

McDonald et al. [36], de modo a evitar bolhas de ar no empacotamento, durante a

determinação da permeabilidade, colocavam previamente água numa coluna. Para minimizar a

formação de regiões heterogéneas no empacotamento, as partículas esféricas eram

adicionadas em cinco partidas pré – misturadas. Após cada adição, o tubo era batido

lateralmente, de modo a aumentar a densidade do empacotamento.

Para uma melhor compreensão do impacto da tortuosidade na transferência de massa e

processos de separação, é necessário investigar meios porosos simplificados, como é o caso

de misturas binárias [42]. A dispersão dos valores observados na literatura, para parâmetros

como a tortuosidade e a porosidade, em leitos porosos com as mesmas características deve-

se, portanto, em parte, aos diferentes métodos de mistura e empacotamento utilizados na

construção dos leitos [34, 36, 37].

Page 31: exclusão molecular

Introdução

31

1.6. Importância do estudo das propriedades dos meios

porosos e tortuosidade

Uma melhor compreensão dos fenómenos que ocorrem na transferência de fluxos ao

longo de meios porosos, da porosidade e da tortuosidade podem permitir melhorar, em termos

de eficiência e em termos económicos, importantes operações unitárias em vários processos

industriais. As áreas abrangidas são tão diferentes como o processamento alimentar, a difusão

de poluentes, a libertação de agro-químicos em solos, a catálise heterogénea, a quimioterapia.

Por exemplo, na área da agricultura, um conhecimento mais completo da dinâmica do

fluxo que circula através de um meio poroso insaturado seria útil para o desenvolvimento de

um sistema eficaz da entrega da água e dos nutrientes para o crescimento das plantas no

espaço [50].

A determinação de coeficientes de difusão, na fase aquosa, dos solutos nos meios

porosos é também essencial para compreender e modelar o transporte de um contaminante. A

predição de coeficientes de difusão em zonas saturadas e insaturadas requer o conhecimento

de factores de tortuosidade e de constrição. Nenhum método está disponível para uma medida

directa destes factores, que são empíricos na sua definição. Tenta-se actualmente determina-lo

a partir de uma definição nova para o factor de tortuosidade, como a razão da superfície

interfacial real e a interfacial ideal da área [51].

O crescimento de biomassa microbiana em meios porosos saturados provoca a

mudança da porosidade e condutividade hidráulica o que é normalmente designado por

“biofouling”. Experiências recentes mostram que o crescimento de bactérias pode criar

estruturas que mudam constantemente, resultando no desenvolvimento de caminhos

preferenciais ou zonas estagnadas. Estas mudanças físicas afectam os mecanismos primários

do transporte de poluentes como a velocidade da água no poro e a dispersão hidrodinâmica.

Ocorre uma mudança no desenvolvimento das propriedades em dois estágios: no começo,

pequenas mudanças na velocidade do fluxo e na dispersão; mais tarde, o crescimento das

microcolónias aumenta o “bioentupimento” alterando o fluxo de uniforme para não uniforme, e

mostrando um efeito de difusão por retardamento [52]. Além do crescimento da biomassa, o

transporte de colóides ao longo dos meios porosos começa agora a ser discutido (Figura 1.6.1)

[53].

Figura 1.6.1. Transporte e destino de partículas coloidais em meios porosos saturados [53].

Page 32: exclusão molecular

Introdução

32

No cérebro, os coeficientes de difusão das moléculas neuro – activas, no espaço intra e

extracelular, são também relacionados geralmente por um factor do tortuosidade, que

representa o aumento no comprimento de trajecto num meio poroso, que envolve o tecido do

cérebro [54].

O estudo do movimento de microrganismos em leitos porosos é importante para

compreender muitos problemas práticos que variam desde a patogenicidade de uma doença à

biorremediação de desperdícios perigosos no ambiente. Neste domínio o papel da tortuosidade

na difusão ou percolação é cada vez mais tido em consideração.

A forma das células, que é quantificada pela sua largura e comprimento, afecta o

transporte de microrganismos através de meios porosos. Um grande número de factores físicos

(tal como o tamanho dos constituintes do leito, o tamanho dos poros), químicos (a superfície do

meio poroso, força iónica do poro com água), e biológicos (tamanho da célula, carga superficial

da célula, hidrofobicidade da superfície celular, mobilidade), por exemplo, afectam fortemente o

transporte de bactérias em aquíferos. Mesmo que em formações geológicas tenham sido

encontradas bactérias com forma distinta, que vão desde formas filamentosas a espirais,

bacilos, elipsóides, ovóides e cocos, o tamanho das bactérias tem sido analisado num grande

número de estudos, e não tem sido prestada a devida atenção ao efeito da forma no transporte

de células [56].

Nesta investigação tenta-se avaliar o efeito da forma das células no transporte de

bacilos (L. bulgaricus) e leveduras (S. cerevisiae) na separação ao longo de um meio granular.

De antemão, sabe-se que há um efeito “cromatográfico” na forma das células, com as formas

esféricas a serem favorecidas no transporte. Isto sugere que os modelos de transporte tenham

de ser ajustados à forma da célula [55].

Page 33: exclusão molecular

Materiais e Métodos

33

2. Materiais e Métodos

Depois de se terem definido os objectivos da investigação, iniciou-se o trabalho

experimental.

2.1. Características da coluna No princípio utilizou-se uma coluna de troca iónica Pharmacia Biotech, modelo XK

26/70, com uma altura de 62.5 cm e diâmetro 2.5 cm. Uma das vantagens que esta coluna

oferece é a possibilidade de colher amostras, ao longo do tempo, num colector automático.

Além disso, como no Departamento de Engenharia Biológica estão disponíveis esferas de vidro

com tamanhos distintos e inferiores a 0.25 cm, a aplicação destas esferas, para formar o leito

da coluna, evitaria o aparecimento de efeitos de parede, descritos na secção “Porosidade”, da

introdução.

Embora esta coluna apresentasse algumas vantagens, o facto de ter uma camisa para

controlo de temperatura, ser bastante alta e deter no topo e na base um adaptador, foi muito

difícil o empacotamento do leito, do qual era, praticamente, impraticável remover bolhas de ar

que nele estivessem contidas.

Sendo assim, optou-se por construir uma coluna transparente, em acrílico, com 42 mm

de diâmetro e 25 cm de altura, duas válvulas no topo e uma na base, contendo como suporte

do leito tela metálica Haver & Boecker com malha quadrada de abertura 0.063 mm (ver Figura 2.1.1.).

Figura 2.1.1. Esquema da instalação experimental para realização de ensaios de separação de

microrganismos e respectiva legenda.

1

Legenda:

1- Recipiente com água

2- Bomba peristáltica

3,4,7- Válvulas

5- Coluna

6- Saída da coluna com

torneira para recolha da

amostra

8- Eppendorf

Água

Empacotamento

2 3 4

5

6 7

8

Page 34: exclusão molecular

Materiais e Métodos

34

2.2. Empacotamento, porosidade e tamanho dos poros do leito

PARTE I, II e III

Com base nos conceitos apontados na “Introdução”, relativos à porosidade, e

considerando que um dos leitos a estudar seria constituído por uma mistura binária de esferas

de vidro, definiram-se as condições para o empacotamento:

-razão de esferas com rácio δ ≅ 0.1 ⇒ 0.1 = Dd / ⇒ 10 = dD / ;

-fracção volúmica ou mássica das partículas de maior dimensão Dx = 0.7.

Para cumprir a primeira condição foram utilizadas esferas com os diâmetros médios:

-esferas de maior dimensão (esferas Sigmund Lindner Tipo S): D = 1.125 mm

-esferas de menor dimensão (microesferas de vidro Sovitec AF): d = 0.1115 mm

Pelo último ponto concluiu-se que a massa do leito a utilizar tinha de ser tal que tivesse

70% (ou 68%) das esferas de maior tamanho – D e 30% (ou 32%) das de menor tamanho –

d .

A maioria dos leitos binários foi construída com uma massa total de 400 g, o que

significa:

-massa de esferas de maior dimensão: Dm = 0,70×400= 280 g

-massa de esferas de menor dimensão: dm = 0,30×400= 120 g

Estas condições permitem a formação de um leito, com altura próxima de 15 cm.

O tamanho médio das partículas presentes na mistura, avd , segundo Mota et al. [34],

pode ser calculado pela equação:

dx

Dx

dDD

av

)1(1 −+= (Equação 2.2.1)

Neste caso vem que:

( ) mdd av

av

µ3001115,0

7,01125,1

7,01=⇒

−+=

Para construir o leito com uma mistura de esferas de diferentes tamanhos (mistura

binária) procede-se do modo a seguir descrito.

Num goblé coloca-se uma massa total de 400 g de esferas, com a composição

desejada.

Page 35: exclusão molecular

Materiais e Métodos

35

Prepara-se uma solução de 90 % (v/v) de glicerol em água que funciona como ligante

entre as partículas de diferentes dimensões.

Adiciona-se então ao goblé a solução de glicerol de forma a obter-se uma mistura com

15% (m/m) da solução. Este passo, na prática, consiste em adicionar aos poucos glicerol a

90% (v/v), até obter uma boa pasta uniforme, o que se consegue mexendo bem com uma

vareta de vidro.

Verte-se, cuidadosamente, a pasta para a coluna, raspando as paredes do goblé e

lavando com um esguicho para dentro da coluna de modo que as 400 g de esferas fiquem

dentro da coluna. Deve-se ter o cuidado de não mexer o leito, uma vez que se trata de uma

coluna de acrílico e esse procedimento aumentará probabilidade de aparecimento de bolhas de

ar. Ao longo desta operação convém também ir compactando o leito (bater com a coluna,

suavemente, no chão na direcção vertical). Este pequeno mas importante pormenor permite

obter um empacotamento mais homogéneo ao mesmo tempo que reduz a presença de bolhas.

Pondo um pano fino humedecido no chão para os batimentos, tem-se melhores resultados.

Com ajuda de um tubo de silicone anexado a uma seringa, adiciona-se cuidadosamente

água destilada à coluna destapada de modo a não destruir a superfície superior do

empacotamento, até se obter uma altura de água na coluna próxima do topo da mesma. A

válvula da base da coluna (saída) mantém-se fechada durante esta operação.

No passo imediato fecha-se a coluna no topo com uma tampa e vedante de silicone.

Uma tubagem flexível é ligada a uma das válvulas aí existente, enquanto a outra válvula

permanece fechada. Através da válvula unida à tubagem preenche-se, completamente, a

coluna com água. Ao abrir a válvula da base, as esferas são lavadas do glicerol com um caudal

elevado de água destilada.

A forma mais correcta de confirmar que a coluna está lavada pode ser feita por

refractometria. A refractometria baseia-se no facto de que quando um raio luminoso passa

obliquamente de um meio para outro, com densidade óptica diferente, sofre uma alteração na

sua direcção de propagação. Define-se índice de refracção, de um dado meio, como sendo a

razão entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade nesse meio. O índice de refracção,

para o conjunto de dois meios, depende da temperatura, do comprimento de onda da luz e da

pressão no caso dos gases. Se estes factores se mantiverem constantes, o índice de refracção

é uma constante característica do meio a que diz respeito. Pode-se, assim, entre outros, usar-

se na identificação e determinação do grau de pureza de muitas substâncias.

O índice de refracção de uma solução de glicerol 90% (v/v) é, aproximadamente,

1.4290, enquanto o de água destilada é de 1.3330. Medindo os índices de refracção constata-

se ao longo do volume filtrado uma diminuição do índice, podendo dar-se a lavagem por

terminada quando este situar-se à volta dos 1.3330.

Como foi referido na “Introdução” a porosidade, ε , é definida por: TV

Ve=ε .

Uma forma de estimar o volume de poros pode ser feita com a injecção de um corante.

Para isso abre-se a válvula da base até a água baixar ao nível do empacotamento. Com a

Page 36: exclusão molecular

Materiais e Métodos

36

ajuda de um tubo de silicone anexado a uma seringa, adicionam-se 100 mL de uma mistura

contendo 15 mL de azul dextrano a 2g/L e 85 mL da solução aquosa de glicerol a 30% (v/v).

Abre-se de novo a válvula da base da coluna e recolhe-se o filtrado (a coluna fica com um

aspecto semelhante ao da Figura 2.2.1.), terminando assim que apareça a primeira gota azul.

O volume recolhido equivale ao volume de poros.

Figura 2.2.1. Instalação experimental durante um ensaio de determinação da porosidade com

uma solução de azul dextrano.

Com a altura do empacotamento e área da transversal da coluna pode-se calcular o

volume total da coluna e assim, determinar a porosidade.

Determinada desta forma, na primeira parte da investigação, a porosidade foi igual a

0,217, na parte II e III igual a 0,227.

O tamanho médio dos poros, pavd que se formam no leito, segundo Perry et al. [56] é

dado por:

avpav dd ⋅−

⋅=ε

ε13

2 (Equação 2.2.3)

e pode ser calculado, neste momento, para o leito binário em estudo, no caso em queε =0,227:

.59300.227,01

227,0.32 md pav µ⇒

−=

Page 37: exclusão molecular

Materiais e Métodos

37

O tamanho mínimo dos poros é calculado pela mesma equação, assumindo uma

mistura com partículas pequenas ( d = 0.1115 mm) do mesmo tamanho (ε = 0.36), obtendo-se

minpd 41.8 µm.

PARTE IV e V

Nas partes seguintes do trabalho foram experimentados leitos contendo partículas de

um único tamanho. A construção destes empacotamentos é bastante mais simples do que a

construção de leitos de misturas binárias ou ternárias. A forma mais simples de obter o leito,

neste caso, consiste em encher a coluna com água, preenchendo-a depois, de forma lenta,

com a massa de esferas apropriada. Tal como no caso anteriormente explicado, deve-se ir

batendo a coluna, lentamente, para eliminar bolhas que se possam ter formado entretanto.

Aqui já é possível, e é até recomendado, agitar o leito com uma vareta de vidro, por exemplo.

Na parte IV estudou-se o desempenho de um empacotamento constituído por

microesferas de vidro Sovitec AF com 0.1115 mm de diâmetro, ou seja, as esferas utilizadas na

mistura binária da parte I, II e III com diâmetro d . Uma vez que estas partículas contêm uma

percentagem de pó significativa, a construção do leito implicou a lavagem das mesmas com

uma quantidade muito grande de água destilada. A quantidade de esferas aplicada foi de 120 g

(idêntica à do leito binário), e assim que a água de saída apresentava um aspecto límpido

(antes era turvo) deu-se a construção do leito por terminada, tendo 5.6 cm de altura. O volume

de poros medido foi de 29,6 mL, obtendo-se uma porosidade ε igual a 0.381.Com os valores

disponibilizados obtém-se pavd = 46 µm.

A última parte implicou a construção de um leito com 280 g de esferas de 1.125 mm de

diâmetro, Sigmund Lindner Tipo S, que são as esferas de maior dimensão, D , que marcaram

presença no empacotamento binário da parte I, II e III. Nestas condições formou-se um

empacotamento com ε = 0.385 e12.1 cm de altura, a que corresponde um valor de pavd = 470

µm.

2.2.1. Características do empacotamento binário utilizado

A partir das porosidades de cada um dos leitos com partículas do mesmo tamanho e

assumindo um valor de porosidade desses leitos igual à sua média, ou seja, 0dε = 0

Dε = 0.383

pode-se, neste momento, apresentar, graficamente, as características do empacotamento

binário utilizado.

Como dá para ver pela Figura 2.2.2. a uma fracção volúmica de Dx = 0.7 tem-se um

leito binário com porosidade ε = 0.227, para Dx = 0, a que corresponde um leito com

partículas de um único tamanho, obtém-se um valor de porosidade ε = 0.383.

Page 38: exclusão molecular

Materiais e Métodos

38

0 ,0 0 ,1 0 ,2 0 ,3 0 ,4 0 ,5 0 ,6 0 ,7 0 ,8 0 ,9 1 ,00 ,15

0 ,20

0 ,25

0 ,30

0 ,35

0 ,40

ε

x D

Figura 2.2.2. Dependência dos dados experimentais (círculo) e previstos (curva) da porosidade

ε do empacotamento binário com a fracção volúmica de partículas esféricas de maior

dimensão, Dx . A curva foi determinada pela Equação 1.5.3 para 1.0/ == Ddδ e 0ε = 0.383.

A representação do tamanho dos poros quando a porosidade é função do conteúdo

fraccionário do empacotamento )( Dxεε = de acordo a Equação 1.5.2. dá origem à Figura

2.2.3.

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

30

40

50

60

70

80

90

100

d pav, µ

m

x D

d = 59µm

Leito da coluna

Figura 2.2.3. Variação dos dados experimentais (círculo) e previstos (curva) do tamanho dos

poros do empacotamento, pavd , com a fracção volúmica de partículas esféricas de maior

dimensão, Dx . pavd foi estimado pela Equação 1.5.2., sendo 1.0/ == Ddδ e 0ε = 0.383.

A Dx = 0.7 o tamanho médio dos poros é maior do que no empacotamento de

partículas de menor tamanho, assim como a tortuosidade dos poros do empacotamento binário

≈= 4.0/1 ετ 1.81 é maior comparativamente com o valor de 1.47 para o empacotamento de

partículas de tamanho pequeno, d .

A influência da fracção volúmica das partículas de maior tamanho na permeabilidade, de

acordo com o modelo de Mota et al. [34], representado atrás pela Equação 1.5.1. e assumindo

Page 39: exclusão molecular

Materiais e Métodos

39

que a tortuosidade é dada por 4.0/1 ετ = leva à construção de um gráfico como o apresentado

na Figura 2.2.4. Como é possível verificar na curva 4, a permeabilidade do empacotamento binário

usado nas experiências, em que a porosidade do empacotamento a Dx = 0.7 é cerca de ε ~

0.227, está perto da do leito de partículas menor dimensão d .

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8

1E-4

1E-3

5 4 3 2 1

1 - D / d = 22 - D / d = 3.333 - D / d = 6.44 - D / d = 105 - D / d = 20

k*10

6 , m2

x D Figura 2.2.4. Dependência da permeabilidade k com a fracção volúmica de partículas

esféricas de maior dimensão, Dx , para diferentes razões de partículas dD / , baseada no

modelo da Equação 1.5.1. O círculo corresponde à situação experimental em que

1.0/ == Ddδ e 0ε = 0.383. Nas diferentes curvas, por simplicidade, a porosidade 0ε = 0.4

foi assumida em todas as funções de 1 a 5.

Estas observações vêm evidenciar e “provar” a utilização de um empacotamento binário

com Dx = 0.7 e uma fracção dD / = 10.

2.3. Crescimento de Lactobacillus bulgaricus

Em termos microbiológicos, no iogurte destacam-se bactérias das espécies

Streptococcus termophillus e Lactobacillus bulgaricus. Como os próprios nomes indicam, as

primeiras têm forma esférica ou ovóide (diâmetro de 0.5 µm a 2.0 µm), as segundas forma de

bastonete (com comprimento 1.0 µm a 10.0 µm e altura 0.5 µm a 1.2 µm) [58].

No início da investigação tentaram-se isolar Lactobacillus bulgaricus a partir do iogurte,

de acordo com o protocolo da disciplina de Microbiologia Aplicada de Neves [59] apresentado

no Apêndice A.

A forma dos principais microrganismos da flora do iogurte é diferente, no entanto, na

análise microscópica verificou-se sempre um domínio dos cocos. Juntando este factor ao facto

das dimensões serem aproximadas e o facto de ambos corarem de violeta na coloração de

Page 40: exclusão molecular

Materiais e Métodos

40

Gram (são células Gram positivas), não foi possível isolar os microrganismos pretendidos – os

bacilos.

Optou-se então por comprar amostras de Lactobacillus bulgaricus à biblioteca belga de

microrganismos BCCM/LMG, onde os microrganismos são disponibilizados na forma liofilizada.

Para promover a sua multiplicação procede-se como indicado no Apêndice C.

Inicialmente a reprodução foi feita em placas de Petri, onde o crescimento era escasso.

Mais tarde fez-se o armazenamento por congelamento da cultura em eppendorfs de acordo

também com o Apêndice C. Esta técnica, contudo, não parece ser muito indicada quando são

exigidos graus elevados de pureza das culturas e quando estas são bastante sensíveis à

temperatura. Além disso, estas células são anaeróbias facultativas, e por vezes

microaerofílicas, o que significa que crescem pouco na presença de ar e melhor na presença

de uma tensão reduzida de oxigénio. Por este motivo, a partir de Abril de 2004, o crescimento

dos bacilos passou a ser estimulado em slants com meio MRS, a 37 ºC numa atmosfera de 5%

de dióxido de carbono (CO2).

Inicialmente os Lactobacillus bulgaricus apresentavam um comprimento médio de 4,03

µm. Na segunda parte do trabalho esse valor subiu para, aproximadamente, 6,80 µm, sendo o

diâmetro de 0,54 µm, o que corresponde a um volume de 1,56 µm3.

Figura 2.3.1. Imagem de Lactobacillus bulgaricus, corados com violeta cristal, captada com

uma objectiva de 40 PHACO 2 no microscópio Leitz do Laboratório de Imagem do DEB.

No leito de mistura binária, considerando o comprimento dos bacilos, a razão do

tamanho da molécula com o tamanho do poro, λ , para a parte II vem então dada

por: 115.05980.6

==mm

µµλ .

Para empacotamentos de partículas com mesmo tamanho obtêm-se os valores de λ

iguais a 0.148 e 0.014, para pequenas e grandes esferas, respectivamente. É também útil

saber o valor da relação 2)1( λ− como se verá na secção seguinte. Obtém-se um valor

de 2)1( λ− = 0.783 para o leito binário, 2)1( λ− = 0.726 para o leito com esferas de diâmetro

d e 2)1( λ− = 0.972 para o leito com esferas de maior diâmetro, D . Se se considerar o

Page 41: exclusão molecular

Materiais e Métodos

41

diâmetro dos bacilos (0.54 µm) obtém-se o valor de λ = 0.009 para o leito binário, 0.012 para

partículas de menor dimensão e 0.001 para partículas de maior dimensão. 0.982 é o valor que

se adquire de 2)1( λ− para o leito de mistura, sendo 0.976 e 0.998, respectivamente, o valor

para pequenas e grandes partículas.

2.4. Crescimento de Saccharomyces cerevisiae

As leveduras Saccharomyces cerevisiae, mais conhecidas como “fermento de padeiro”,

são usadas, hoje em dia, em grande escala, na indústria alimentar para produção de vários

materiais, vinhos, e cervejas e alimentares. Na indústria de panificação desempenham um

papel tão crucial que é já mesmo possível encontrar nos hipermercados saquetas que contêm

estas leveduras na forma granular. A sua manipulação não oferece muitos cuidados e o seu

genoma encontra-se completamente sequenciado, pelo que estão também fortemente

envolvidas em investigação.

São unicelulares, globulares e/ou por vezes alongadas na forma, verificando-se ainda,

consoante o estado de crescimento e o meio de cultura, a presença de gémulas.

A indução do seu crescimento é possível de inúmeras formas e depende, sobretudo, do

destino onde se querem aplicar.

Neste trabalho interessava que as leveduras tivessem uma forma circular e um diâmetro

aproximado de 5 µm.

Numa primeira fase utilizou-se fermento instantâneo Fermipan. Depois de experimentar

diferentes meios de cultura, por análise de imagem, chegou-se à conclusão que a forma mais

eficaz e simples de o crescer consistiria em inoculá-lo durante três horas, a 30º C, com ligeira

agitação, num meio esterilizado contendo cloreto de sódio (NaCl) 8 g/L e uma pequena

quantidade de glucose (C6H12O6) 3.2 g/L para as células ficarem mais frescas. Nessas

condições obtinham-se imagens como a Figura 2.4.1.

Figura 2.4.1. Imagem de S. cerevisiae, coradas com violeta cristal, captada com uma objectiva

de 40 PHACO 2 no microscópio Leitz do Laboratório de Imagem do DEB.

Page 42: exclusão molecular

Materiais e Métodos

42

Para um maior controlo da assepsia optou-se depois por inocular estas leveduras em

placas de petri contendo meio Yeast Extract Peptone Dextrose – YEPD (descrito no Apêndice

B). A cultura de leveduras é renovada mensalmente numa nova placa. Sempre que se efectua

um ensaio de filtração na coluna, com a ajuda de uma ansa, inoculam-se as leveduras em meio

YEPD líquido.

As Saccharomyces cerevisiae, de forma esférica, mantiveram ao longo de toda a

investigação, um diâmetro médio aproximado de 4,47 µm, que corresponde a um volume de

46,77 µm 3.

Para as leveduras no leito de mistura binária a razão do tamanho da molécula com o

tamanho do poro, λ , calcula-se fazendo: 078.05947.4

==mm

µµλ .

Em leitos de partículas com mesmo tamanho obtêm-se os valores de λ iguais a 0.097 e

0.010, para pequenas e grandes esferas, respectivamente.

Como foi efectuado para os bacilos, é necessário ter conhecimento do valor de 2)1( λ− . Obtém-se um valor de 2)1( λ− = 0.850 para o leito binário, 2)1( λ− = 0.815 para o

leito com esferas de diâmetro d e 2)1( λ− = 0.980 para o leito com esferas de diâmetro, D .

2.5. Procedimento experimental nos ensaios de filtração com

microrganismos e outras partículas

PARTE I

Antes de dar início à filtração de células decidiu-se que, para acautelar o, eventual,

crescimento de biofilme na coluna, deveria retirar-se o meio de cultura onde estas crescem (por

centrifugação).

Construiu-se a curva de calibração de biomassa para cada um dos microrganismos,

como é indicado no Apêndice D.

Estando estimadas, com o auxílio das escalas de lâminas micrométricas e do programa

Image Pro Plus, as principais dimensões das células em questão (no caso das S. cerevisiae o

diâmetro médio, no caso dos L. bulgaricus o diâmetro e a altura médios), nos primeiros três

ensaios de filtração procedeu-se de acordo com o esquema da Figura 2.5.1. Inicialmente não se fazia ideia acerca do “valor razoável” de concentração a empregar

de cada um dos microrganismos, sabendo-se apenas que esta tem de ser igual de modo a que

estes estejam nas mesmas condições. Acabou-se por experimentar uma concentração média

de trabalho de 5g biomassa/ L, o que analisado na câmara de Neubauer correspondia,

aproximadamente, a uma concentração de 2,652E+7 células/mL para as leveduras e de

5,712E+7 células/mL para os bacilos.

Page 43: exclusão molecular

Materiais e Métodos

43

O começo de um ensaio de filtração tem um procedimento muito semelhante ao usado e

já descrito para determinar a porosidade. Abre-se a válvula do topo da coluna que dá ligação

ao ar e a válvula da base até a água baixar ao nível do empacotamento.

Nesta fase da investigação, com a ajuda de um tubo de silicone unido a uma seringa,

colocavam-se os 20 mL da combinação homogeneizada das duas culturas. Deixava-se descer,

de novo, o líquido até ao nível do empacotamento. Preenchia-se agora com água a coluna até

à linha referência e fechava-se a válvula do topo.

O processo de separação iniciava-se com a abertura da válvula da base da coluna e a

injecção de água destilada pela outra válvula do topo. Depois de passar um volume que fosse

equivalente ao volume de poros, iniciava-se a recolha das amostras de 2 em 2mL.

A avaliação do número células no final de cada um destes ensaios, como está

evidenciado na Figura 2.5.1., foi feita pelo método de contagem directa, com a câmara de

Neubauer. Os cálculos envolvidos encontram-se elucidados no Apêndice E.

Figura 2.5.1. Esquema do procedimento experimental realizado nos ensaios de filtração da PARTE I.

Crescimento de Lactobacillus bulgaricus em meio MRS Crescimento de S. cerevisiae

em meio contendo NaCl e C6H12O6

Determinação da concentração (g/ L) das leveduras por D.O. e diluição para que Conc. leveduras = Conc. bacilos

Determinação da concentração (g/L) dos bacilos por D.O. e diluição para que Conc. bacilos = Conc. leveduras

Centrifugação e ressuspensão das células em tampão.

Centrifugação e ressuspensão das células em tampão.

10 mL 10 mL

Homogeneização da mistura no vórtex

Recolha de amostras de 2 em 2 mL

Contagem das células na câmara de Neubauer ao microscópio

Coluna com ε = 0,217

Page 44: exclusão molecular

Materiais e Métodos

44

PARTE II

Uma das mudanças foi apontada na secção 2.4., e está relacionada com a modificação

do meio de crescimento das leveduras para meio YEPD. Outra foi o início da utilização de

formaldeído para fixar e conservar as células.

O formaldeído é um fixador de células comercializado, normalmente, a 37% (v/v). A

solução aquosa é conhecida como formol ou formalina e a concentração mais usada em

patologia é de 4% (v/v). Tem penetração rápida nos tecidos sem os endurecer, tem poder

coagulante sobre as proteínas e requer, relativamente, pouco tempo de fixação, sendo portanto

um bom fixador. Também é bom conservante, pois sabe-se que os tecidos podem nele

permanecer por mais de dez anos sem grandes modificações nas suas estruturas [60].

Quando se observavam ao microscópio algumas amostras dos microrganismos

constatava-se a presença de aglomerados de células, sobretudo de bacilos, pelo que a

aplicação de ultra-sons se tornou também uma etapa importante na preparação de cada ensaio

de filtração. A aplicação dos ultra-sons é feita por aparelhos, vulgarmente designados por

sonicadores. Consistem num gerador que fornece energia eléctrica de alta-frequência (cerca

de 20KHz) a um transdutor piezo-eléctrico, o que transforma esta energia em vibrações

mecânicas na sonda (haste-metálica) à qual está acoplado. Esta vibração origina a formação

de ondas sónicas ou ultrasónicas (acima dos 16KHz) que causam no meio áreas alternadas de

pressão negativa e positiva. Isto traduz-se na formação de milhões de bolhas microscópicas –

fenómeno designado por cavitação – que se expandem no ciclo de pressão negativa e

colapsam no ciclo de pressão positiva, dando origem a milhões de ondas de choque. Ou seja,

estas bolhas formam turbilhões miniatura, que promovem uma maior transferência de massa e

de calor no seio do líquido, originando, também tensões de corte, uma vez que induzem

gradientes de velocidade. A sonda que emite os ultra-sons é mergulhada na suspensão a

desintegrar e deve ser perfeitamente lisa para fornecer a máxima potência sónica [9].

No caso das leveduras aplicou-se a sonda, em geral, cerca de 10 segundos à potência

5. Para os bacilos repetiu-se três vezes o ciclo de aplicação da sonda durante 10 segundos à

potência 5 seguido de 5 segundos de repouso. Deve-se notar que o tempo de utilização da

sonda foi sempre extremamente curto pois o objectivo era separar os microrganismos e não

matá-los ou remover os seus constituintes intracelulares.

No sentido de facultar a contagem e a distinção dos microrganismos adicionou-se um

volume de 18 µL do corante cristal violeta 0,03 g/mL a cada uma das amostras a examinar,

tendo o cuidado de filtrar o corante, previamente, para remover os cristais que este forma ao

longo do tempo.

A mudança mais importante tem a ver, contudo, com a determinação da concentração

dos microrganismos. Nos primeiros testes a concentração no início de cada ensaio era

determinada pelo método de turbidimetria e no final era calculada com base nas dimensões da

câmara de Neubauer. A partir deste momento, a concentração dos microrganismos passou a

ser avaliada de igual forma no início e no final do ensaio. Cessou-se de utilizar a câmara de

Page 45: exclusão molecular

Materiais e Métodos

45

Neubauer para empregar lâminas e lamelas simples. Assumiu-se que a gota (de volume

sabido) que é colocada na lâmina, fica espalhada, uniformemente, por toda a lamela (com área

conhecida). No microscópio começaram a captar-se várias fotografias em pontos diferentes da

lamela, e passou-se a calcular a concentração de cada amostra de microrganismos como está

exemplificado na parte II do Apêndice E

Além de todas as alterações já apontadas, as dimensões principais dos microrganismos

passaram a ser calculadas com o auxílio do Programa Sigma Scan Pro 5, como é também

demonstrado na parte II do Apêndice E.

Algumas das mudanças são esquematizadas na Figura 2.5.2. Uma vez que na PARTE I da investigação a concentração de trabalho empregue

pareceu ser muito elevada, nesta segunda parte, a concentração média de trabalho para as

Saccharomyces cerevisiae e os Lactobacillus bulgaricus foi de 2,80E+06 células/mL (cerca de

dez vezes inferior).

Figura 2.5.2. Esquema do procedimento experimental realizado nos ensaios de filtração da

PARTE II.

Sonicação, centrifugação, diluição e ressuspensão das células numa solução de tampão e formaldeído 4% (v/v)

Sonicação, centrifugação, diluição e ressuspensão das células numa solução de tampão e formaldeído 4% (v/v).

5 mL 5 mL Homogeneização da

mistura no vórtex

Recolha de amostras de 1 em 1 mL

Contagem das células na lamela ao microscópio

Coluna com ε = 0,227

Determinação da concentração (nº células/ mL) ao microscópio e diluição para que Conc. leveduras = Conc. bacilos

Determinação da concentração (nº células/ mL) ao microscópio e diluição para que Conc. bacilos = Conc. leveduras

Adição de 18 µL de cristal violeta 0,03 g/mL

S. cerevisiae L. bulgaricus

Page 46: exclusão molecular

Materiais e Métodos

46

PARTE III

Depois de realizar os ensaios com a mistura de leveduras e bacilos, pareceu importante

testar o comportamento de células com uma forma semelhante à das leveduras (circular), mas

volume aproximadamente igual ao dos bacilos. Decidiu-se então avaliar a filtração de

microesferas num leito binário idêntico ao da parte I e II. A investigação de Saccharomyces

cerevisiae e microesferas pode ser também útil devido à sua aplicação como traçadores no

sub-solo [4]. No mercado estão disponíveis microesferas de látex, que são as que interessam no

caso de um empacotamento de esferas de vidro para minimizar interacções. Partindo deste

pressuposto determinou-se o diâmetro aproximado que as microesferas deveriam ter de ter

para apresentar um volume idêntico ao dos bacilos.

Nos ensaios anteriores, encontraram-se os valores médios:

{ }mmédiodiâmetrocerevisiaeS µ47.4.. =

Lbulgaricus {diâmetro médio = 0,54 µm; altura média = 6,80 µm}

Sendo assim:

333

. 5,3324

34

34 mrV cerevisiaeS µ=⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛×Π×=

Π=

32

2lg. 424,180,6

254,0 mhrV aricusbuL µ=×⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛×Π=Π=

Para as microesferas terem o mesmo volume que os bacilos:

mdrrrr µ4,16978,03397,04

3424,13

4424,1 333

=⇒=⇔=⇔Π

×=⇔

Π=

Optou-se por adquirir esferas de diâmetro 1 µm, em vez de 1,4 µm, para garantir que o

volume destas seria igual ou inferior ao dos bacilos.

As microesferas fluorescentes emitem cores luminosas e distintas quando iluminadas

por luzes com pequenos comprimentos de onda. Esta propriedade resulta num elevado

contraste e visibilidade em relação a materiais de fundo. Além disso os produtos fluorescentes

oferecem uma melhor sensibilidade quando empregues numa vasta área de métodos

analíticos. As microesferas fluorescentes podem ser detectadas com um microscópio de

epifluorescência, num microscópio confocal, num espectrofotómetro de fluorescência ou num

contador de células com fluorescência activa. As partículas podem ser observadas,

directamente, na matriz ou no meio a serem testadas, ou podem ser colhidas em filtros

membranares para posterior examinação no microscópio.

Neste trabalho usaram-se microesferas, em solução aquosa, de poliestireno verde –

fluorescente monodisperso, da Duke Scientific Corporation, com referência G0100. Estas

Page 47: exclusão molecular

Materiais e Métodos

47

apresentam uma massa específica de 1,05 g/cm3, uma concentração de 1.8 x1010 microesferas

/mL e um índice de refracção de 1,59 a 589 nm. Como propriedades espectrais apresentam

excitação máxima a 468 nm e emissão máxima a 508 nm. Como foi anteriormente explicado o

seu diâmetro médio é 1 µm [61].

O procedimento nos ensaios de filtração destas esferas foi semelhante ao cumprido

para a mistura de Saccharomyces cerevisiae e Lactobacillus bulgaricus. Como foi referido a

concentração inicial é 1.8 x1010 microesferas /mL, que é um valor muito elevado. Uma vez que

as esferas são menores do que as leveduras, para a massa ser, aproximadamente, a mesma

que se usou nos ensaios anteriores, é necessário usar uma concentração de microesferas

superior.

Sabe-se que:

Vm

=ρ (Equação 2.5.1)

em que ρ é a massa específica das esferas, m e V são a massa e o volume das esferas,

respectivamente. Deduz-se a partir daqui que:

12515

6.

33 =⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛=⇒

Π⇒⇒=

esferas

leveduras

VV

dmVmVm ppρ

esferaslevedurasesferas

leveduras mmm

m125125 =⇒=

Como a concentração média celular usada nos ensaios da parte II foi de 2,80E+6

células/mL, a concentração de esferas a usar devia ser de 085.30680.2125 +≈+×≈ EE

microesferas /mL. Na prática a concentração média de microesferas empregue foi de 2.7E+08

microesferas /mL.

Figura 2.5.3. Imagem de microesferas de poliestireno verde – fluorescente monodisperso, em

solução aquosa diluída, captada com uma objectiva de 40 PHACO 2 no microscópio Leitz do

Laboratório de Imagem do DEB.

Page 48: exclusão molecular

Materiais e Métodos

48

As microesferas, que podem ser visualizadas na Figura 2.5.3., são simples de

manusear e o principal cuidado que carecem é não poderem ser misturadas com solventes

orgânicos, já que estes removerão o corante do interior das partículas. Esta incompatibilidade

fez com que, por exemplo, aquando a filtração de uma mistura de esferas e de bacilos, os

últimos não estivessem conservados em formaldeído, mas em tampão PBS (cuja preparação é

indicada no Apêndice B).

A determinação da concentração de microesferas nas várias amostras recolhidas depois

de um ensaio foi feita no espectrofotómetro ELISA a 468 nm, depois de verificar a possibilidade

de medição da fluorescência em diferentes aparelhos (como está apresentado no Apêndice F).

A curva de calibração, bem como o aparelho onde esta foi determinada, são descritos

na parte III do Apêndice F – Observações Experimentais.

A razão do tamanho da molécula com o tamanho do poro, λ , para as microesferas no

leito de mistura binária é igual a 017.059

0.1==

mm

µµλ .

Nos leitos de partículas com mesmo tamanho obtêm-se os valores de λ iguais a 0.021

para pequenas esferas e 0.002 para grandes esferas.

Obtém-se um valor de 2)1( λ− = 0.966 para o leito binário, 2)1( λ− = 0.958 para o leito

com esferas de diâmetro d e 2)1( λ− = 0.996 para o leito com esferas de diâmetro, D .

Ao analisar o comportamento, em leitos porosos, de Saccharomyces cerevisiae, de

Lactobacillus bulgaricus e microesferas, acabou por testar-se a filtração de partículas com

diferentes tamanhos, formas e volumes, que podem ser esquematizados segundo a Figura 2.5.4.

Legenda:

L. bulgaricus

S. cerevisiae

Microesfera

Figura 2.5.4. Esquema do tamanho, forma e volume de Lactobacillus bulgaricus,

Saccharomyces cerevisiae e microesferas de poliestireno verde – fluorescente.

Page 49: exclusão molecular

Materiais e Métodos

49

Por que neste trabalho era interessante ter como termo de comparação o

comportamento de um traçador, realizaram-se também vários testes com o azul dextrano.

Os dextranos são polissacáridos (cadeias de açúcares simples) compostos por

monómeros de glicose. Estruturalmente, os dextranos apresentam uma coluna de unidades de

D – glicose unidas, sobretudo, pela ligação α – D (1→6). As propriedades químicas e físicas do

dextrano variam com os métodos de produção, assemelhando-se, muitas vezes, a um colóide

[62].

Actualmente, são produzidos e comercializados, em larga escala, por tecnologia

enzimática. Quando libertados por bactérias Leuconostoc caracterizam-se pelo peso molecular

elevado, boa solubilidade em água e baixa toxicidade. Os dextranos têm uma grande variedade de aplicações. São portadores efectivos para

corantes, indicadores e grupos reactivos. Em determinados casos são usados como

dilatadores de volume do plasma do sangue. O dextrano de ferro é usado para combater

anemia de deficiência de ferro. A indústria fotográfica emprega dextrano, operações mineiras

consomem dextrano, houve até sugestões para que o dextrano pudesse contribuir em

problemas artríticos. Muitos mais usos e aplicações continuam a ser investigados. Além de

tudo isto, dextranos (não carregados) continuam a ser utilizados e a contribuir para a

caracterização de processos de cromatografia de exclusão molecular (SEC) [63].

O azul dextrano é um grande polissacárido (a massa molar comum é aproximadamente

dois milhões de Daltons - 2,000,000 Da) que contém o corante clorotriazina, Cibacron Blue. É,

frequentemente, usado na medição do volume de espaços vazios em colunas de filtração de

gel [64]. O tamanho de estimação de uma molécula de dextrano não é consensual na literatura

e talvez por isso não se encontre facilmente. Seksek et al. [65] apontam um tamanho de,

aproximadamente, 80 nm, 54 nm é o valor apontado por Pluen et al. [66] e 63 nm também

aparece na bibliografia [67], que está perto da média de [65] e [66]. Estes valores indicam que

o dextrano se encontra numa gama de tamanho muito inferior à das outras partículas

analisadas.

A curva de calibração do azul dextrano, a 620 nm, e as condições para a sua

determinação, estão expostas na parte III do Apêndice F – Observações Experimentais. O

modo como foram feitos os ensaios de filtração do azul dextrano, com uma concentração

aproximada de 1000 mg/L, foi praticamente igual ao procedimento usado com as microesferas.

Note-se que ao preparar a solução com a concentração desejada deve ter-se o cuidado de

dissolver bem o dextrano em solução.

Pode-se também estimar a razão do tamanho da nanopartícula com o tamanho do poro

λ que é igual a 80.106759

63000==

mµλ , para o leito de mistura binária, 1369.57 para o

leito de partículas de menor dimensão e 134.04 para o leito de partículas de maior dimensão.

Os valores de ( )21 λ− na mesma ordem são: 1138602, 1872984 e 17700.

Page 50: exclusão molecular

Materiais e Métodos

50

PARTE IV e V

O procedimento das filtrações nos leitos com enchimentos de partículas com o mesmo

tamanho, parte IV (0.1115 mm) e V (1,125 mm), assemelhou-se ao efectuado nas partes II e III.

É relevante acrescentar que a partir da parte IV a separação dos microrganismos (leveduras e

bacilos) passou a ser efectuada em separado e que a determinação da sua concentração

passou também a ser feita por absorvência a 620 nm, no espectrofotómetro ELISA.

As curvas de calibração de apoio para as microesferas e o azul dextrano são idênticas

às descritas na parte III (e são visíveis no Apêndice F). As curvas de calibração dos bacilos e

leveduras necessárias na parte IV e V encontram-se apresentadas no Apêndice F –

Observações Experimentais.

PARTE I, II, III, IV e V

Nos distintos testes realizados a bomba da instalação experimental encontrou-se na

posição 40, a que corresponde um caudal volumétrico de F = 0,122 mL/s.

Dado que a superfície de escoamento é dada por:

22

2 .854,1322,4 cmcmrS =⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛×=×= ππ

a velocidade é igual a:

scmEcm

smLSFuap /.3806,8

.854,13/.122,0

2 −===

Esta velocidade é, contudo, afectada pelas partículas de vidro que estão na superfície e

por isso, uma velocidade aparente, apu . A velocidade que traduz essa influência designa-se por

velocidade real e é dada por:

εapu

w = (Equação 2.5.2)

donde vem que: scmEscmEw /.29,3227,0

/.3806,8−=

−= para o empacotamento

binário, w = 0.0231 cm /s para o empacotamento com partículas de menor dimensão e w =

0.0228 cm /s para o empacotamento de partículas de dimensão D .

Page 51: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

51

3. Apresentação e Discussão dos Resultados

Vão agora apresentar-se e discutir-se os resultados alcançados em cada uma das

partes.

3.1 Resultados obtidos com o empacotamento binário

PARTE I

Na primeira parte do trabalho, realizaram-se três ensaios num leito de mistura binária

com um empacotamento com uma fracção volúmica das partículas de maior dimensão de 0.7,

uma razão das partículas de 0.1 e uma porosidade de ε = 0.217. Analisando, previamente, o

gráfico obtido em A, B e C, apresentados no Apêndice F, evidencia-se uma grande semelhança

entre os dois últimos. Partindo deste facto, calculou-se o valor médio da concentração de cada

um dos microrganismos, ao longo do volume recolhido, para os ensaios B e C. O resultado é

apresentado no gráfico da Figura 3.1.

0 5 10 15 200

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

2

Nº m

édio

de

célu

las

(ens

aio

B e

C) /

mL

v , mL

1

Figura 3.1. Gráfico que traduz a variação da concentração de 1 – Saccharomyces cerevisiae

(●) e 2 – Lactobacillus bulgaricus (x) ao longo do volume recolhido no ensaio B e C da parte I.

A Figura 3.1. evidencia a presença de dois picos: um bem definido, simétrico e com boa

resolução logo no início da separação (1) e outro com base alargada, também simétrico, para

volumes maiores (2). O primeiro pico é relativo aos microrganismos circulares, o outro aos

microrganismos lineares.

O diâmetro médio das leveduras, nesta fase, foi de 5.0 µm e o comprimento de bacilos

4.0 µm. Usou-se uma concentração de 2.575E+07 células/mL para as leveduras e 5.110E+07

células/mL para os bacilos

Page 52: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

52

De acordo com vários estudos anteriormente efectuados neste laboratório, na área de

filtração e separação, neste contexto, a forma celular tem um papel decisivo. Por este motivo,

embora os bacilos possuam dimensões mais pequenas, a sua forma vai condicionar o

movimento ao longo dos poros. Pelo contrário, as leveduras são favorecidas ao longo do

processo, devendo conseguir “desembaraçar-se” do leito poroso mais rapidamente.

Uma primeira análise dos resultados pareceu indicar que, na verdade, a forma afecta

fortemente a migração de microrganismos e as leveduras beneficiam da sua forma redonda. O

processo de filtração e as variáveis que nele participam, contudo, tiveram de ser ajustados,

sendo os resultados apresentados nas partes seguintes.

Nesta fase ainda, quando as leveduras eram observadas ao microscópio encontravam-

se separadas, no entanto, o aparecimento de gémulas era também muito comum e indesejado.

Para solucionar este inconveniente, em vez de usar fermento de levedura instantâneo, passou-

se a utilizar fermento de padeiro, e crescer as células em meio estéril YEPD, como foi indicado

na secção “Materiais e Métodos”.

Outra das mudanças que ocorreu, e também apontada na secção 2.5., foi no processo

de contagem celular. Nestes ensaios o apuramento foi feito recorrendo à câmara de Neubauer.

A câmara de Neubauer permite quantificar o número total de células por observação directa ao

microscópio. Caracteriza-se por ser um método preciso. É, contudo, estatisticamente

questionável, a menos que seja efectuado um grande número de observações. Além disso, por

vezes, é também preocupante porque depende muito do local onde se retirou a amostra, do

tratamento que esta sofreu (deve ser fortemente agitada para homogeneizar) e da sua injecção

na câmara (devendo aguardar-se 1 minuto até proceder à contagem).

No caso em estudo, embora as células tenham uma morfologia distinta, pode também

ter acontecido que os bacilos estivessem a ser captados de topo e serem contados como

leveduras. No sentido de evitar esta dúvida, e avaliar melhor a dimensão e o contorno das

células, estas passaram a ser coradas com cristal violeta durante poucos minutos. Nos ensaios cujos resultados se irão apresentar de seguida a concentração celular de

partida dos microrganismos passou a ser inferior. Uma concentração de células na ordem das

dezenas de milhões por mililitro é um valor muito elevado e pode ter efeitos negativos como a

acumulação de células nas esferas de vidro. Esta conclusão foi tirada depois de se ter

calculado a percentagem de microrganismos que ficou retida no interior da coluna, valor este

muito elevado.

PARTE II e III

As partes II e III referem-se às experiências efectuadas numa coluna de empacotamento

binário. O empacotamento foi formado por uma mistura de esferas de vidro de 1.125 mm e

0.1115 mm, a uma fracção volúmica de tamanho maior de 0.7, tal como o empacotamento da

parte I, e porosidade 0.227.

Page 53: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

53

Na parte II filtraram-se Saccharomyces cerevisiae com diâmetro médio 4.47 µm e

Lactobacillus bulgaricus de 6.80 µm de comprimento e 0.54 de diâmetro, com a concentração

média de 2.8 E+06 células/mL.

Na parte III filtraram-se as microesferas verde – fluorescentes de poliestireno de 1 µm de

diâmetro, tendo por comparação o comportamento do traçador azul dextrano.

Os resultados de cada um dos ensaios realizados estão descritos no Apêndice F –

Observações Experimentais. Uma vez que se tornaria exaustiva a análise de cada um,

acharam-se os valores médios e construiu-se o gráfico da Figura 3.2. No caso dos

microrganismos os valores médios que são apresentados foram estimados conjuntamente com

os valores obtidos na parte I.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 220,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

CN

v, mL

1 23

Figura 3.2. Resultados da separação das partículas: 1 – microesferas com concentração inicial

média 0C = 10.92 g/L (○), 2 – Saccharomyces cerevisiae com concentração inicial média 0C =

0.358 g/L (●) e 3 – Lactobacillus bulgaricus com concentração inicial média 0C = 0.271 g/L (x),

ao longo do volume v, no empacotamento binário. Os dados estão representados na forma de

concentração normalizada NC que é igual à razão da concentração de um dado ponto com a

concentração máxima. As curvas são uma aproximação da distribuição de Gauss.

Na observação da Figura 3.2. salientam-se, nitidamente, três picos de concentração

normalizada. De acordo com a ordem de eluição o primeiro corresponde às microesferas, o

segundo às leveduras e o terceiro aos bacilos. À partida, os resultados vão de encontro com

aquilo que era esperado e que já foi, previamente, conseguido nos ensaios da parte I, ou seja,

os microrganismos com a forma circular são favorecidos para estas condições de separação.

Quando comparado o comportamento de separação partículas com forma idêntica, o volume

tem um papel significativo, levando a melhor as microesferas, que têm um volume menor.

Algumas das características principais deste gráfico são apontadas na Tabela 3.1.

Page 54: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

54

Tabela 3.1. – Características da separação das partículas no empacotamento binário:

microesferas (○), Saccharomyces cerevisiae (●) e Lactobacillus bulgaricus (x), retiradas a partir

da Figura 3.2.

Partículas Pico aos, mL 0/ ttr=τ λ

Microesferas (○) 8.0 0.870 0.017

Saccharomyces cerevisiae (●) 13.4 1.4; 1.456 0.078

Lactobacillus bulgaricus (x) 19.0 1.980 0.115 (0.009)

O tempo de retenção τ apresenta-se calculado com base na razão do tempo de eluição

do pico de concentração da partícula filtrada com o tempo de eluição do marcador azul

dextrano. A razão do tamanho da molécula com o tamanho do poro λ , no caso dos bacilos, é

apresentada para as duas principais dimensões, correspondendo o valor entre parêntesis ao

valor de λ calculado com o diâmetro destes microrganismos. Ao aumento do volume de

eluição dos picos corresponde uma tendência crescente do tempo de retenção τ , pela

seguinte ordem: microesferas (○), Saccharomyces cerevisiae (●) e Lactobacillus bulgaricus (x). Esta variação verifica-se também com a razão do tamanho da molécula com o tamanho do

poro λ , considerando-se como dimensão principal o comprimento.

Apresentam-se, de seguida, as Figuras 3.3a. e 3.3b.

Figura 3.3a. Figura 3.3b.

Figura 3.3a. Resultados da separação de 1 – azul dextrano com concentração inicial 0C = 1.0

g/L (■) e 2 – Lactobacillus bulgaricus com concentração inicial 0C = 0.333 g/L (x) ao longo do

volume v, no empacotamento binário. Os dados estão representados na forma de

concentração normalizada NC . As curvas são aproximações pela distribuição de Gauss.

Figura 3.3b. Resultados da separação de 1 – microesferas com concentração inicial 0C =

10.92 g/L (○) e 2 – Lactobacillus bulgaricus com concentração inicial 0C = 0.208 g/L (x) ao

longo do volume v, no empacotamento binário. Os dados estão representados na forma de

concentração normalizada NC . As curvas são aproximações pela distribuição de Gauss.

0 5 10 15 20 25 300,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

2

CN

v, mL

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 280,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

2

CN

v, mL

1

Page 55: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

55

No que diz respeito ao gráfico da Figura 3.3a. o traçador apresenta o pico de

concentração normalizada aos 9.6 mL, enquanto para os bacilos esse pico é visível aos 20 mL

pelo que τ = 2.08. No gráfico da Figura 3.3b. para as microesferas o pico é atingido aos 8.4

mL e τ = 0.913, para os bacilos obtém-se o pico aos 21.3 mL eτ = 2.315.

No caso da Figura 3.4. para o azul dextrano o pico verifica-se aos 9.2 mL eτ = 1. Para

as microesferas o pico é atingido aos 8.1 mL e τ = 0.88.

Foi a partir dos gráficos das Figuras 3.3a., 3.3b. e 3.4. que se alcançaram os valores

0t do traçador utilizados para determinar λ na Tabela 3.1.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 240,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

CN

v mL

1 2

Figura 3.4. Resultados da separação de 1 – microesferas com concentração inicial 0C = 10.92

g/L (○) e 2 – azul dextrano com concentração inicial 0C = 1.0 g/L (■) ao longo do volume v, no

empacotamento binário. Os dados estão representados na forma de concentração normalizada

NC . As curvas são aproximações pela distribuição de Gauss.

A observação das Figuras 3.3a. e 3.4. revela que o comportamento do azul dextrano é,

ligeiramente diferente das outras partículas, nas mesmas condições conduzindo ao

aparecimento de picos de base larga. Este facto faz com que haja um desvio do pico de azul

dextrano da função Gaussiana e está relacionado, provavelmente, com o efeito de partição em

zonas com regime de fluxo de estagnação.

A Figura 3.4. mostra ainda que o pico de eluição das microesferas (○) é inferior ao pico

do azul dextrano (■). Esta não era uma situação esperada. Era previsto que o corante eluísse

primeiro. Como foi apontado na secção “Materiais e Métodos” não existe um consenso, na

literatura, relativamente ao tamanho das moléculas de dextrano, no entanto, pode-se

estabelecer um valor médio de 63 nm. A ordem de grandeza em relação às microesferas e aos

microrganismos é, portanto, de modo grosseiro, cerca de 10 vezes inferior.

Page 56: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

56

No estudo de Rehmann et al. [5] é relatada uma situação idêntica, transpondo o caso

das microesferas para vírus. Como os meios porosos tornam-se, crescentemente,

heterogéneos (isto é, como 2fσ aumenta, sendo 2

fσ a variância da gama de K.ln , K a

condutividade hidráulica do meio), foi observado por estes autores que o transporte de um

vírus pode ser facilitado a tal um grau que a chegada de vírus precede a chegada de um

traçador. O aumento de 2fσ implica uma quantia crescente de meios porosos pertencendo às

caudas elevadas e baixas da distribuição K.ln , reflectindo a presença de canais com maior e

menor condutividade. A interpretação deste resultado é que são excluídos vírus das regiões de

baixa condutividade por causa dos tamanhos restritivos dos poros em materiais finamente

granulados, relativamente ao diâmetro do colóide (por exemplo, são excluídos vírus de certas

argilas e da porosidade interna – intra-grânulos) mas eles são capazes de se moverem pelas

bandas de condutividade maiores, que são caracterizadas por velocidades de fluxo pelo poro

mais altas. Assim, o aumento do grau de heterogeneidade resulta numa inovação mais rápida

do transporte de vírus pelos meios até ao topo mais elevado da distribuição K.ln .

Pode-se supor que, tal como aquilo que se passa com os vírus, as microesferas, em

condições menos favoráveis ao seu movimento, acabam também por ser excluídas

deslocando-se para zonas de maior condutividade onde são mais facilmente transportadas.

Relativamente às partes I e II é preciso ainda acrescentar que há uma diferença notória

entre os volumes de eluição determinados para os microrganismos Saccharomyces cerevisiae

e Lactobacillus bulgaricus. Na primeira parte obtiveram-se os picos de concentração a 2.5 mL

para as células de fermento e 12.8 mL para os bacilos, enquanto na parte II esses valores

foram de 13.4 mL e 19.0 mL. Em termos gráficos, na segunda parte, houve um deslocamento

de ambos para a direita. Podem ser enunciadas algumas razões que tenham levado a esta

mudança, como por exemplo, a existência de canais preferenciais no primeiro empacotamento.

Contudo, foram vários os parâmetros mudados na segunda parte: a concentração das soluções

empregue, a forma como esta foi medida, entre outras, que tornam difícil descobrir a

verdadeira razão. Note-se que todas as alterações entre a parte I e II visaram optimizar e tornar

mais credíveis os resultados obtidos.

3.2 Resultados obtidos com os empacotamentos com

partículas de um único tamanho PARTE IV e V

Na parte IV e V foram utilizados empacotamentos simples, construídos a partir das

partículas do leito de mistura binária. Foi estudada, em separado, a filtração do traçador azul

dextrano, de microesferas de poliestireno verde – fluorescente monodisperso, de

Saccharomyces cerevisiae e de Lactobacillus bulgaricus. O estudo foi realizado nesta mesma

Page 57: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

57

ordem, por forma, a evitar que os leitos colmassem com as células maiores, sobretudo no caso

do leito constituído por partículas de menor dimensão, tamanho d .

Nestes ensaios, tal como se tinha procedido no empacotamento binário, utilizou-se uma

velocidade de fluído aparente u = 0.0088 cm/s.

3.2.1. Leito formado pelas partículas menores da fracção de tamanho d = 0.1115 mm

O empacotamento a abordar nesta secção foi construído com esferas de 0.1115 mm de

diâmetro e com a mesma massa que tinha sido empregue no empacotamento binário, ou seja,

120 g. Como é possível imaginar estas esferas são muito pequenas, assemelhando-se, de

modo físico, a um pó fino tendo-se formado um leito com espessura 5.6 cm. A porosidade do

empacotamento determinada foi de 0.381. Pode-se achar a partir daqui o valor de

ε/1/ 0 =VVtotal = 2.625, a velocidade real do fluído através de ε/uw = = 0.023 cm/s, bem

como o tamanho dos poros pavd = 46.00 µm.

As partículas a percolar apresentam, nestas condições, as características: microesferas

λ = 0.022; Saccharomyces cerevisiae λ = 0.097; Lactobacillus bulgaricus assumindo um

comprimento de 6.80 µm, λ = 0.148, assumindo o diâmetro de 0.54 µm, λ = 0.012.

Reunindo os resultados da filtração de uma solução de azul dextrano com concentração

inicial 1.5 g/L e uma solução de microesferas com concentração inicial 15 g/L, obtém-se o

gráfico da Figura 3.5.

0 5 10 15 20 25 300,0

0,10,2

0,30,4

0,50,6

0,70,8

0,91,0

1,1

CN

v, mL

1

2

Figura 3.5. Resultados da separação de 1 – azul dextrano com concentração inicial 0C = 1.5

g/L (■) e 2 – microesferas com concentração inicial 0C = 15.00 g/L (○) ao longo do volume v,

na coluna empacotada com partículas do tamanho 0.1115 mm. Os dados estão representados

na forma de concentração normalizada NC . As curvas são aproximações pela distribuição de

Gauss.

Page 58: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

58

Uma vez que a espessura deste leito é menor do que a da mistura binária os volumes

de eluição alcançados são também menores. O traçador azul dextrano apresenta o pico de

concentração normalizada aos 4.55 mL, as microesferas aos 4.3 mL pelo que τ = 0.945. Este

valor do tempo de retenção para as microesferas é ligeiramente superior ao encontrado no

caso do empacotamento binário (τ = 0.870).

Se se calcular a percentagem do substrato que atravessou o leito para cada um dos

casos vem: azul dextrano – 100%, microesferas – 79 % e Lactobacillus bulgaricus – 0%,

Tabela 3.2.

Tabela 3.2. – Percentagem de partículas que atravessaram a coluna com empacotamento de

esferas de menor dimensão (0.1115 mm) com tamanho de poro pord = 46 µm na fase

dispersa.

Partículas Valor médio de % Gama em % λ Microesferas (○) 78.65 77.3 – 80 0.022

Saccharomyces cerevisiae (●) -- -- 0.097

Lactobacillus bulgaricus (x) 0 0 0.148

(0.011)

As primeiras partículas apresentam valores de recolha bastante satisfatórios. Em relação

às células lineares, ao cumprir os testes o que aconteceu é que não se notou variação do valor

da absorvência, o que quer dizer que os bacilos não foram capazes de atravessar o leito de

partículas de menor dimensão. A causa mais provável para o sucedido é que, os bacilos

tentam atravessar na forma longitudinal (em comprimento) e não na forma vertical. Depois,

embora o diâmetro das partículas ( avd ) seja igual a 111.5 µm e o diâmetro dos poros verifique

pavd = 46.00 µm, que são dimensões bastante superiores à dos bacilos (relembrando o

comprimento médio é 6.8 µm e o diâmetro 0.54 µm), no fundo, há um efeito de “sufoco” das

esferas de vidro pequenas que condiciona o movimento dos bacilos.

A presença de um efeito de “sufoco” do leito, e a não existência de grandes dúvidas em

relação ao comportamento das leveduras, foram as razões que levaram a avançar para o

empacotamento com partículas de tamanho D .

3.2.2. Leito formado pelas partículas maiores da fracção de

tamanho D = 1.125 mm

O empacotamento de esferas de vidro de maior dimensão, com 1.125 mm de diâmetro

foi construído com massa idêntica à que tinha sido empregue no empacotamento binário, ou

seja, 280 g. Em comparação com as partículas de 0.1115 mm, estas esferas são visíveis a olho

nu, tendo dado origem a um leito com 12.1 cm de altura, e com um tamanho de poros bem

Page 59: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

59

maior do que o verificado nos empacotamentos anteriores e igual a pavd = 470.00 µm. A

porosidade do empacotamento determinada foi de 0.385 e vem que ε/1/ 0 =VVtotal = 2.597, a

velocidade real do fluído ε/uw = = 0.0228 cm /s. Para este empacotamento tem-se as

razões do tamanho da partícula com o tamanho do poro: microesferas λ = 0.002;

Saccharomyces cerevisiae λ = 0.010; Lactobacillus bulgaricus assumindo um comprimento de

6.80 µm, λ = 0.014, assumindo o diâmetro de 0.54 µm, λ = 0.001.

Os resultados da filtração de uma solução de azul dextrano com concentração inicial 1

g/L são apresentados na Figura 3.6.

0 5 10 15 20 25 30 350,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

CN

v, mL Figura 3.6. Resultados da separação de azul dextrano (■) com concentração inicial 0C = 1.0

g/L ao longo do volume v, na coluna empacotada com partículas do tamanho 1.125 mm. Os

dados estão representados na forma de concentração normalizada NC .

O diâmetro dos poros deste leito é muito grande pavd = 470 µm comparativamente ao

dos outros empacotamentos experimentados pelo que se previram volumes de eluição mais

elevados. O corante apresenta o pico de concentração normalizada a um volume de 11.4 mL,

ou seja, 0t = 11.4 mL.

Os resultados adquiridos com as microesferas, com as células de fermento de padeiro e

os bacilos são apresentados nas Figuras 3.7., 3.8. e 3.9. Ao desenhar os picos nota-se que a

sua forma tem uma base alargada.

Figura 3.7. Figura 3.8. Figura 3.9.

Figura 3.7. Resultados da separação de Saccharomyces cerevisiae (●) com concentração

inicial 0C = 0.240 g/L, ao longo do volume v, no empacotamento com partículas do tamanho

1.125 mm. Os dados estão representados na forma de concentração normalizada NC .

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

CN

v, mL0 5 10 15 20 25 30 35 40

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

CN

v, mL

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

CN

v, mL

Page 60: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

60

Figura 3.8. Resultados da separação de microesferas (○) com concentração inicial 0C = 15

g/L, ao longo do volume v, no empacotamento com partículas do tamanho 1.125 mm. Os dados

estão representados na forma de concentração normalizada NC .

Figura 3.9. Resultados da separação de Lactobacillus bulgaricus (×) com concentração inicial

0C = 0.351 g/L, ao longo do volume v, no empacotamento com partículas do tamanho 1.125

mm. Os dados estão representados na forma de concentração normalizada NC .

No caso das leveduras, pela Figura 3.7. verifica-se o máximo de NC aos 18.3 mL e τ

= 1.605. Para as microesferas considerando um valor médio dos ensaios efectuados, o pico de

NC é conquistado aos 10.75 mL (Figura 3.8.) e τ = 0.943. Este valor é praticamente idêntico

ao valor achado para o empacotamento com esferas de menor dimensão (0.945) e está

próximo do valor 0.870 obtido no empacotamento binário, sendo evidente, de novo, o

aparecimento deste pico antes do pico para o azul dextrano (embora agora a diferença seja

bem menor). Na situação dos bacilos, Figura 3.9., os picos são obtidos a um valor médio de

19.5 mL a que corresponde, respectivamente,τ = 1.711.

De forma a simplificar a análise reuniu-se o conjunto dos resultados na Tabela 3.3. e na

Figura 3.10.

Como o tamanho de poros é elevado, a razão do tamanho da molécula com o tamanho

do poro λ manifesta valores inferiores, em cerca dez vezes, aos verificados no

empacotamento binário. Apesar disso a variação de τ com λ é idêntica, isto é, a ordem de

eluição das partículas filtradas é semelhante à que tinha sido constatada no empacotamento

binário e portanto a eluição ocorre na posição: microesferas, leveduras e bacilos.

Tabela 3.3. – Características da separação das partículas no empacotamento com esferas de

dimensão D : microesferas (○), Saccharomyces cerevisiae (●) e Lactobacillus bulgaricus (x). O

tempo de retenção τ apresenta-se calculado com base na razão do tempo de eluição do pico

de concentração da partícula filtrada com o tempo de eluição do marcador azul dextrano. A

razão do tamanho da molécula com o tamanho do poro λ , no caso dos bacilos, é apresentada

para as duas principais dimensões, correspondendo o valor entre parêntesis ao valor de λ

calculado com o diâmetro destes microrganismos.

Partículas Pico aos, mL 0/ ttr=τ λ

Microesferas (○) 10.75 0.943 0.002

Saccharomyces cerevisiae (●) 18.3 1.650 0.010

Lactobacillus bulgaricus (x) 19.5 1.711 0.014 (0.001)

Page 61: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

61

No empacotamento que se está a estudar, sendo o tamanho dos poros folgado (470

µm) em relação ao tamanho dos bacilos, era de esperar que se desse um fenómeno oposto ao

verificado no empacotamento binário, e estes se desembaraçassem antes das leveduras. A

análise da Figura 3.10. mostra que isto não aconteceu. Salienta-se, no entanto, que agora a

diferença dos volumes dos picos para os microrganismos é muito menos significativa ≈ 1.2

mL.

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

4

3

2

CN

v, mL

1

Figura 3.10. Conjunto de resultados da separação de: 1 – azul dextrano com concentração

inicial 0C = 1.0 g/L (●), 2 – microesferas com concentração inicial 0C = 15 g/L (○), 3 –

Saccharomyces cerevisiae com concentração inicial 0C = 0.240 g/L (●) e 4 – Lactobacillus

bulgaricus com concentração inicial 0C = 0.351 g/L (x), ao longo do volume v, na coluna

empacotada com partículas do tamanho 1.125 mm. Os dados estão representados na forma de

concentração normalizada NC .

3.2.3. Análise total dos dados obtidos no empacotamento binário e nos empacotamentos com partículas do mesmo tamanho

Nos modelos mais comuns de difusão uma molécula é considerada, em geral, como

uma esfera de raio r . Nesse caso a equação de Stokes – Einstein para a difusão no “limite” de

um líquido pode ser escrita como:

r

kTDπη6

0

0 = (Equação 3.1)

em que 0D é o coeficiente de difusão no seio do líquido, k é a constante de Boltzmann, 0T é

a temperatura absoluta, η é a viscosidade do solvente e r é o raio equivalente de Stokes –

Einstein da molécula a ser difundida.

Page 62: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

62

O movimento de moléculas em meios porosos é caracterizado, em comparação com a

difusão no meio, por ser uma difusão mais interior, menos acessível e por isso, mais difícil.

Para esta difusão a suposição de um líquido isotrópico deixa de ser válido e a natureza dos

movimentos da molécula no espaço de um poro estreito juntamente com o efeito de constrição

tem que ser considerada [68]. A difusão restringida reflecte-se num coeficiente de difusão

efectivo eD reduzido devido a efeitos físico – químicos e de conformação da molécula.

Os modelos de difusão menos acessível são construídos, usualmente, com base numa

aproximação do poro cilíndrico liso embora a passagem do soluto seja tortuosa [69]. Para a

difusão em meios porosos, quando o tamanho do poro for significativamente maior do que o

tamanho da molécula, a difusividade pode ser representada na forma:

τε // 0 =DDe (Equação 3.2)

onde ε é a porosidade e τ é o factor de tortuosidade que conjuga propriedades topológicas

do meio poroso, isto é, a forma média de uma secção transversal do canal do poro, a

tortuosidade do poro, etc. Transpondo a situação de uma rede de canais de poros para apenas

um canal, quando o tamanho molecular fica insignificante ao diâmetro do poro, é legítima a

expressão:

τ/1/ 0 =DDe (Equação 3.3)

Formalmente, se o canal representar um cilindro linear, a tortuosidade é unitária e então

0DDe = .

Quando o tamanho do canal se aproxima ao diâmetro da molécula, o efeito de difusão

provocado por um obstáculo é considerado como uma função da razão: pavdd /=λ , como foi

apontado na secção 1.2 da “Introdução”. No caso da difusão restringida o coeficiente de

difusão efectiva de um soluto no canal eD é composto por duas funções de correcção. ( )F1 λ

e ( )F2 λ [70]:

)()( 210 λλ FFDDe = (Equação 3.4)

O parâmetro ( )F1 λ é o coeficiente de partição conformacional, que, por sua vez, é

definido como a secção de área transversal do poro disponível para a molécula do soluto

dividido pela secção de área transversal total do poro e definido através da equação:

F121( ) ( )λ λ= − (Equação 3.5)

O factor de correcção ( )F2 λ têm em conta o efeito da parede do poro nas propriedades

do solvente (um aumento local na viscosidade do solvente perto da parede do poro) e

frequentemente é representado por umas séries polinomiais ou uma função exponencial.

Page 63: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

63

Nos modelos mais comuns de difusão, como foi referido, uma molécula é considerada,

como uma esfera rígida, no entanto, bacilos ou proteínas de peso molecular elevado não se

comportam como esferas rígidas. Por este motivo, tentativas para predizer os coeficientes de

difusão de moléculas com esta forma baseadas na equação de Stokes – Einstein, com um

diâmetro de esfera rígido, não é sempre satisfatório. As proteínas podem ser bastante flexíveis

em solução [29] e podem até mesmo exibir um comportamento hidrodinâmico semelhante ao

de uma molécula com a cadeia fortuitamente enrolada. Neste caso faz todo o sentido substituir

na Equação 3.1 o raio equivalente hidrodinâmico da esfera r , pelo raio efectivo effr (que está

relacionado com o raio rotação da macromolécula gr ).

No processo de difusão molecular além de ser necessário ter em atenção a forma da

molécula, se esta é rígida ou flexível, importa também atender à topologia do poro.

Considerou-se que uma macromolécula difunde-se, frequentemente, no poro cilíndrico

linear ou pouco cilíndrico como uma esfera rígida e pode ser caracterizada de forma

hidrodinâmica pelo raio de Stokes – Einstein. Esta suposição, provavelmente, não será válida

num canal curvado quando a macromolécula passar regiões de elevada curvatura. Até mesmo

para o caso mais simples, considerando a macromolécula como um corpo rígido, nesta região

exporá ao fluxo uma secção de corte transversal média maior que em fluxo paralelo.

Significa tudo isto que existe uma grande quantidade de aproximações à Equação 3.4,

geradas pela diversidade topológica dos sistemas de poro – molécula, que se reflecte numa

gama extensiva de possíveis valores preditos de 0/ DDe para o mesmo valor de λ . São

mostrados na Figura 3.11. exemplos da dependência da difusividade D De / 0 com λ .

10-3 10-2 10-1 1000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

3

2

De / D

0

λ

14

5

67

8

9

Figura 3.11. Dependência de D De / 0 com λ . Foram usadas as seguintes equações: 1 –

( )λ0.2exp/ 0 −=DDe [71]; 2 – ( )532

0

0296.02611.00522.112

1 λλλλε−+−⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛ −= m

l

e

TDD assumindo

λλ =m [72]; 3 – 2

0

)1( λ−=DDe ; 4 – ( )λ89.3exp/ 0 −=DDe [73]; 5 – ( )D De / exp .0 4 6= − λ [73]; 6

Page 64: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

64

– ( ) [ ]D De / . . .02 3 51 1 21044 2089 0948= − − + −λ λ λ λ , com a condição λ ≤ 0 5. [73]; 7 –

( )D De / ln .0 1 98

154= + −λ λ λ , assumindo λ ≤ 01. [74]; 8 –

)52.6exp()18.483.11(/ 20 λλλ −+−=DDe [74]; 9 – )95.01.21.21()1(/ 532

0 λλλλ −+−−=DDe [75].

Como dá para ver nas relações referidas na figura, há aqui uma diferença significativa

na difusividade prevista, presumivelmente devido à contribuição de efeitos adicionais como a

flexibilidade da molécula, não – esfericidade, adsorção, etc. Em todos os modelos pronunciam-

se efeitos de restrição observados na gama λ > 0.01 que ficam bem além das necessidades

de escala para interacções físico – químicas.

A curva 3 da Figura 3.11. representa o componente de partição ou de conformação da

difusividade na relação convencional de 0/ DDe versus λ , mas quando tem lugar a difusão de

moléculas semi-flexíveis e com formas diferentes, este componente sofre alterações de

modelação significativas, Figura 3.12. Na Figura 3.12. esboça-se o complexo de partição a

partir do modelo de equações similar ao da curva 6 e mantém-se a mesma numeração de

curvas da Figura 3.11. Como pode ser visto, o complexo )(1 λF sofre fortes mudanças da

curva convencional (curva 3) para cumprir alguns dados experimentais.

10-3 10-2 10-1 1000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

3

2

De / D

0

λ

8

7

Figura 3.12. Dependência de D De / 0 com λ com relevo para a dependência da função da

componente de conformação da molécula )(1 λF , Equação (3.4) em λ a diferentes modelos

similares ao modelo da equação da curva 6. O número das curvas é semelhante ao das curvas

da Figura 3.11.

Pode-se supor, de acordo com a Equação 3.3, que o valor do tempo de retenção τ é

proporcional à razão eDD /0 , ou seja:

Page 65: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

65

e

m

DD

tt 0

0

≈=τ (Equação 3.5)

Ao longo desta investigação foram sendo medidos os volumes de eluição, sendo que:

τ=≈00 t

tVV mm (Equação 3.6)

Vão apresentar-se, de seguida, os resultados obtidos no empacotamento binário e nos

empacotamentos com partículas do mesmo tamanho. Por todos os pressupostos anteriores,

tomando em consideração os valores do tempo de retenção τ que foram sendo referidos na

análise das secções 3.1, 3.2.1 e 3.2.2, e os valores da razão do tamanho da molécula com o

tamanho do poro, λ , os resultados serão apresentados na forma gráfica de τ versus λ .

As curvas referidas nas legendas de cada gráfico correspondem a tentativas de

aproximação dos dados experimentais aos modelos de retenção e difusão apontados quer na

secção “Introdução” quer nesta breve abordagem.

Note-se só ainda que o modelo de exclusão para partículas não “Brownianas” baseado

na razão do tamanho das partículas com o tamanho do poro pode ser formulado, em geral,

como: nA )1/( λτ −= (Equação 3.7)

em que A é proporcional à tortuosidade τ e o parâmetro n = 1, 2 ou 3 depende do

reconhecimento de espaço pelo movimento das partículas no espaço do canal de meios

porosos. Por exemplo, num fluxo de canal ao longo de placas paralelas, sem grandes

restrições: )1/(1~ λτ − [76]; para um poro cilíndrico 2)1/(1~ λτ − onde a ordem da potência

igual a 2 pode ser considerada como a dimensão de espaço que pode ser testada pela

partícula; e para um poro tridimensional 3)1/(1~ λτ − . Além destas relações, foi já

mencionada a função zF )1()( λλ −= , onde para correlacionar alguns dados se usa z = 3.5

ou mesmo 4.0.

Dado que, para o caso de um canal de um poro τ1

0

=DDe , e agora tem-se τ versus λ ,

nos resultados apresentados, em breve, as curvas manifestam uma tendência inversa à

verificada nas Figuras 3.11. e 3.12.

Considerando os resultados determinados com o empacotamento binário e o

empacotamento com partículas de dimensão d vem então, Figura 3.13.

Neste gráfico, os pontos (x) para 0=λ , como está indicado, traduzem a situação no

empacotamento de partículas de menor dimensão em que houve retenção dos bacilos. Ainda

em relação às células lineares, os valores que são apresentados a uma razão do tamanho da

Page 66: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

66

molécula com o tamanho do poro menores (0.0128) são os que traduzem a razão λ tendo

como dimensão o diâmetro.

A curva 1 traduz um modelo de separação hidrodinâmica para as microesferas. A curva

2 ajusta o comportamento dos bacilos ao efeito de exclusão, tal como a curva 3 faz esse ajuste

para os bacilos.

1E-3 0,01 0,1 10,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

1/(1+2λ−cλ2)

τ

λ

HDC

1.2/(1-λ)2

1.7/(1-λ)2

1

2

3

4

retenção de 100% de bacilos no leito de partículas d

Figura 3.13. Tempo de retenção τ versus λ para os sistemas de empacotamento binário e

empacotamento com partículas de menor dimensão. (●) – Microesferas (no leito com partículas

de pequena dimensão), (○) – Microesferas (empacotamento binário), (x) – Lactobacillus

bulgaricus (empacotamento binário), calculados em duas variantes: razão do diâmetro ou

comprimento com o tamanho de poro, (●) – Saccharomyces cerevisiae (empacotamento

binário). Curvas: 1 – Modelo de separação de cromatografia hidrodinâmica, HDC, equação

)21/(1 2λλτ C−+= , sendo C = 2.8, 2 – Efeito de exclusão, 2)1/(2.1 λτ −= , 3 – Efeito de

exclusão, 2)1/(7.1 λτ −= e 4 – valor de λ considerando como dimensão o comprimento para

partículas de menor dimensão quando todos os bacilos foram retidos no empacotamento.

Removendo agora os pontos da situação do empacotamento de partículas de menor

dimensão em que houve retenção dos bacilos e adicionando aos dados anteriores das

microesferas, os bacilos e as leveduras os pontos correspondentes aos resultados com o

empacotamento de partículas de tamanho D vem, Figura 3.14.

Ao acrescentar os pontos do empacotamento com partículas de maior dimensão foram

definidas novas curvas de forma a ajustar melhor os dados experimentais. Chamo atenção

para a curva correspondente ao fermento de padeiro que, em vez do modelo de exclusão,

passou a ser melhor ajustada pelo modelo de separação de cromatografia hidrodinâmica com

Page 67: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

67

um coeficiente de 1.6. Os bacilos são aproximados pelas funções 3 e 3’ que se adaptam bem

ao modelo de exclusão.

1E-3 0,01 0,1 10,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Leito binárioτ

λ

HDCLeito com partículas d

1

2

3

4

Leito com partículas D

Leito binário

Figura 3.14. Tempo de retenção τ versus λ para os sistemas de empacotamento binário e

empacotamentos com partículas de menor e maior dimensão. (●) – Microesferas (leito com

partículas de menor e maior dimensão), (○) – microesferas (empacotamento binário), (x) –

Lactobacillus bulgaricus com λ calculado em duas variantes: o comprimento e o diâmetro, (●)

– Saccharomyces cerevisiae. No caso das microesferas, leveduras e dos bacilos são os pontos

que estão assinalados através de setas que correspondem ao empacotamento de partículas de

maior dimensão. Curvas: 1 – )2.821/(1 2λλτ −+= ; 2 – )2.821.6/(1 2λλτ −+= ; 3 –

2)1.7/(1 λτ −= ; 3´ – 3)1.55/(1 λτ −= ; 4 – valor de λ , considerando como dimensão o

comprimento, para partículas de menor dimensão quando todos os bacilos foram retidos no

empacotamento.

Depois da análise de todos os gráficos é bem evidente que os valores de τ são

superiores nos Lactobacillus bulgaricus, o que significa um retardamento destas células com a

forma de bacilos em relação às outras experimentadas. O facto das curvas que melhor se

ajustam aos dados experimentais serem derivadas do modelo de exclusão é também outro

ponto interessante.

Antes de analisar o fluxo de nanopartículas na forma de bacilos, é importante estudar

algumas características das macromoléculas flexíveis com o propósito de descobrir alguma

analogia útil com as partículas rígidas. Para macromoléculas flexíveis a indução do

alongamento pelo fluxo acontece quando a cadeia é sujeita a forças hidrodinâmicas maiores,

Page 68: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

68

em magnitude, que as forças de relaxamento de cadeia que surgem do movimento de Brown.

O poder de cada uma das forças pode ser relacionado pelo número de Deborah De .

O número de Deborah, como já foi apontado na “Secção 1.2”, é definido como a razão

das forças hidrodinâmicas para as forças de Brown ou, equivalentemente, como a relação do

tempo de relaxamento do polímero com o tempo de convecção do fluxo. Por outro lado De é a

razão entre o tempo de relaxamento do polímero θ e o tempo durante o qual a molécula do

polímero fica exposta à deformação pθ [77].

pDe θθ /= (Equação 3.8)

A expressão exacta do número de Deborah depende do modo de cálculo de θ e pθ .

Na revisão de Savins [77] são referidas as fórmulas:

)/()12( 20 °= CRTM πµθ (Equação 3.9)

ud pp /⋅⋅= εαθ (Equação 3.10)

em que 0µ é a viscosidade limite à velocidade de corte zero, M é o peso molecular do

polímero, C é a concentração do polímero, R é a constante universal, °T é a temperatura

absoluta, ε é a porosidade, pd é o diâmetro da partícula, e α é um coeficiente numérico.

Alguns investigadores usam ud pp /=θ . Quando α é assumido como 1.0, o número de

Deborah vem dado por:

pduDe⋅

θ (Equação 3.11)

Para partículas na forma bacilar a estimação do tempo de relaxamento θ é importante.

O modelo molecular de Hoagland assume para macromoléculas flexíveis a forma linear elástica

ou de “haltere” de Hookean [17]. No modelo a macromolécula consiste em dois centros de

resistência hidrodinâmica ligados por uma fonte linear sem atrito. A expressão do tempo de

relaxamento para moléculas de polímeros flexíveis, segundo Hoagland et al. [17, 78], é:

)/(][ °⋅= RTMC sµµθ λ (Equação 3.12)

onde λC é uma constante de ordem 1, [ µ ] é a viscosidade intrínseca, sµ é a viscosidade do

solvente.

A partir da cromatografia hidrodinâmica de macromoléculas flexíveis e rígidas foi

descoberto que ambos os tipos de partículas fornecem medidas de tamanho molecular que

dependem fortemente da taxa de fluxo da coluna [17]. A posição do pico do polímero eluído,

Page 69: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

69

neste caso, é uma função da dimensão transversal da molécula para o eixo do poro efd ,

Figura 3.15.

defFlow direction

Figura 3.15. Macromolécula flexível no canal de um poro, segundo Hoagland et al. [17].

Para taxas de fluxo muito baixas, o tamanho molecular medido por cromatografia

hidrodinâmica é proporcional ao diâmetro de equilíbrio da cadeia. Foi assumido que o diâmetro

é, sensivelmente, o dobro da raiz quadrada média do raio de rotação do polímero em equilíbrio,

[17].

2/2/12

efdS ≈ (Equação 3.13)

onde 2/12S é a raiz quadrada média do raio de rotação do polímero e efd é o tamanho

efectivo da molécula. Finalmente, segundo os mesmos autores o número de Deborah pode ser

definido como:

°

Φ⋅⋅=

RTd

duaDe efs

p 812.6 3µ

(Equação 3.14)

com Φ o parâmetro de Flory-Fox e que é igual a 2.5×1023 mol-1 , sµ a viscosidade do solvente

e o valor nominal sugerido de a = 6.

Esta dimensão transversal é derivada, com base absoluta, de uma curva de calibração

para a coluna obtida por experiências com esferas de látex bem caracterizadas. O diâmetro do

polímero efd está definido pelo diâmetro das partículas de látex que eluem à mesma posição

que o polímero.

De acordo com os dados obtidos para as células de fermento (diâmetro ~ 5 µm) e

bacilos (comprimento ~ 6.8 µm), Figura 3.14., a definição acima mencionada é válida para

valores de λ próximos de 0.01, no caso do empacotamento com partículas de maior

dimensão, se fosse assumido que para as bactérias o diâmetro efectivo é igual ao seu

comprimento. Contudo, na aproximação de λ para valores ao redor de 0.1, observa-se a

divergência entre as leveduras e a retenção dos bacilos: as células de fermento seguem um

comportamento de HDC enquanto os Lactobacillus bulgaricus se comportam pela lei de

exclusão.

Direcção do fluxo

Page 70: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

70

Podem ser feitas algumas observações acerca das propriedades reológicas de

suspensões de partículas com forma de bacilos e fibras em fluidos Newtonianos, sujeitos a

deformação a nível da sua extensão.

O movimento de uma partícula com forma de bacilo num fluxo ao longo da sua extensão

é bastante diferente do movimento num fluxo de corte [80]. Num fluxo de corte um bacilo

isolado roda enquanto é levado pela corrente principal. Num fluxo ao longo da sua extensão ele

gira até que o seu eixo maior coincida com o eixo principal de extensão e então fica nessa

forma [75]. Além disso, num fluxo de corte uma célula bastonete passa a maioria do seu tempo,

aproximadamente, paralela às linhas de fluxo, posição na qual tem menos efeito no fluxo. Em

contraste, num fluxo de extensão uma célula deste tipo está, permanentemente, na posição na

qual tem um efeito máximo no fluxo, pelo que ocorre um aumento da viscosidade.

Como mencionado no trabalho de Muganga et al. [82], é irreal tentar desenvolver uma

teoria baseada na orientação e movimento individual de fibras. Uma aproximação mais útil é

aquela que introduz uma função de probabilidade de densidade, cujo valor para uma

determinada orientação dá a probabilidade que uma fibra tem daquela orientação particular

[72]. Além disso, o modelo de fluxo de fibras é influenciado através do nível de concentração

de fibras [82, 84]. Uma suspensão é considerada diluída se 12 <⋅ rφ ; semi – diluída se

rr <⋅< 21 φ ; concentrada se 2rr ⋅< φ , onde φ é a fracção de volume da fibra e neste caso

dlr /= é a razão de aspecto da fibra ( l e d são, respectivamente, o comprimento da fibra e o

diâmetro).

Uma vez determinada a orientação da fibra, é possível descobrir a contribuição da fibra

para o stress total [83]. A solução do problema bidimensional tem a seguinte forma [81]:

)/ln(343

2

0 φπφ

µη r⋅

+= (Equação 3.15)

onde η é a viscosidade ao longo da extensão. Esta fórmula sugere que embora φ seja

pequeno, o factor 2r pode provocar aumentos substanciais em 0/ µη três vezes acima do

valor de Newton no caso de partículas de elevada razão [85].

Como consequência, a questão dos efeitos de orientação de fibras no fluxo do canal de

empacotamento é, nesta fase, um problema aberto.

Embora nanopartículas rígidas com a forma de bacilos não causem efeitos reológicos

dramáticos, quando comparadas com polímeros flexíveis, a orientação dos polímeros lineares

durante o fluxo em pequenas passagens da coluna pode também ser detectada por estar

dependente do comportamento do fluxo de eluição e caracterizada pelo tempo de relaxamento

rotacional [17]. A experiência foi levada a cabo numa resina de troca de iónica com partículas

de tamanho 11 µm empacotadas numa coluna de cromatografia de 1.0 cm de diâmetro e 24.8

cm de altura. A taxa de fluxo em mL/min variou de, aproximadamente, 0.001 até 10. Dois tipos

Page 71: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

71

de macromoléculas foram investigados: o vírus de mosaico do tabaco (TMV) com a forma de

bacilo (comprimento 0.69 µm e diâmetro 0.015 µm) e o polissacárido xantano (Kelco) de peso

molecular 2 a 4 milhões. O xantano representa o tipo de macromolécula intermediária (semi-

rígido) mas Chauvetean [20] considerou uma macromolécula de xantano de peso

molecular MW 1.6×106 (concentração da solução 400 ppm em solução de 5 g/L NaCl, e pH 7)

como um bacilo rígido de comprimento 1 µm e largura, cerca de, 2 nm.

Os resultados obtidos a partir dos dados do xantano e do TMV [17] são apresentados na

Figura 3.16a. e b, respectivamente. O tempo de relaxamento rotacional achado para o

xantano, com peso nominal molecular 2E+06, foi θ =0,014 s. A taxa de alongamento foi

calculada a partir da equação pp dau //1 ==Γ θ , a =6.

Figura 3.16a. Figura 3.16b. Figura 3.16a. Tamanho efectivo do xantano conforme a variação da taxa de fluxo [17]. Estes

dados podem ser interpretados em termos do modelo de “haltere” rígido, com uma porção de

fluxo dependente da curva orientação reflectida no campo de fluxo. O declive da curva neste

regime é muito perto do valor teórico de 0.5 para bacilos em alongamento uni – axial fixo.

Figura 3.16b. Tamanho efectivo de TMV conforme a variação da taxa de fluxo [17].

Considerando que a partícula de TMV é rígida, a dependência de fluxo tem que surgir da

orientação no campo de fluxo. A teoria de haltere rígido prediz um declive de 0.5, muito

próximo do que é observado.

O tamanho efectivo do haltere rígido durante o fluxo por um poro será fortemente

relacionado a uma projecção da função de distribuição de orientação sobre um plano

perpendicular à direcção ao fluxo [17]. O valor máximo desta projecção vai qualitativamente

descrever a extensão transversal do haltere orientado. De acordo com Hoagland et al. [17], o

modelo conduz a uma predição teórica para efd .

Ldef = , Γ⋅θ < 1/9 (Equação 3.16)

2/1)9( −Γ⋅⋅= θLdef , Γ⋅θ > 1/9 (Equação 3.17)

onde L é o comprimento do haltere e pp dau //1 ==Γ θ , a = 6.

Page 72: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

72

Como foi referido na secção “Introdução” a influência da topologia do poro é dada pelo

número de curvas. Se H é a espessura do leito e a tortuosidade do caminho é dada pela

expressão “clássica” HLe /=τ em que eL é o comprimento do caminho atravessado, então o

número de curvas bn é dado por (tal como está apresentado na Equação 1.4.11):

ppeb dHdLn // ⋅== τ

Por exemplo, no empacotamento com partículas de maior tamanho que foi

experimentado, como H ≈ 0.13 m (assumindo que τ = 1.4), para pd = 1125 µm o número de

curvas é bn = 162.

Também como foi descrito anteriormente, o número de curvas pode ser aumentado com

a aplicação de um leito com uma mistura de partículas segundo Mota et al. [34]. Considerando

a tortuosidade do leito τ o produto da micro e macro – tortuosidade dτ e Dτ ,

respectivamente, [34, 44, 45], ou seja, Dd τττ ⋅= , para empacotamentos binários, vem

(Equação 1.4.12):

dH

dHn Dd

pb τττ ⋅==

A macro – tortuosidade Dτ (fracção de partículas grandes de tamanho D ) aumenta o

comprimento do caminho pela coluna, enquanto a micro – tortuosidade dτ (fracção de

partículas de tamanho d ) é responsável por um aumento do número de curvas por unidade de

comprimento de poro ou espessura de leito. Agora para H = 0.15 m e pdd = = 111.5 µm o

número de curvas pode ser escrito como bn = 1345.3 xτ . Para uma razão de partículas de

tamanho maior ( ≥dD / 10) é possível assumir um empacotamento de esferas binárias

Dd ττ = = 1.45 e, finalmente, a tortuosidade total do empacotamento é igual a τ = 1.452 =

2.1, que dá origem a )(binarybn = 2825.11.

Este valor é 17 vezes superior ao empacotamento de partículas de maior dimensão com

uma quantidade igual de esferas e 4 vezes maior do que com uma quantidade igual de

partículas de tamanho pequeno ( )(smallbn = 700, H = 5.6 cm). A diferença qualitativa pode-se

ver na Figura 3.14. para bacilos nos empacotamentos: largo e de mistura.

A respeito da Equação 1.4.12, teria sido interessante ter experimentado outras

velocidades de fluxo, o que permitiria tirar mais conclusões e mais credíveis.

O efeito do número de curvas no retardamento da nanopartícula pode também ser

calculado por um valor de frequência de curvas f , consequentemente:

Page 73: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

73

Rb tnf /= (Equação 3.18)

onde Rt é o tempo de retenção da nanopartícula. Por exemplo, se Rt = 600 s (10 min) e bn =

10.9x104, então f = 180 1/s.

O valor pf θ=/1 é o tempo que uma única curva afecta a retenção e continuando o

exemplo numérico acima considera-se fp /1=θ = 5.6x10-3 s.

O tempo pθ quando uma nanopartícula de forma bacilar é exposta ao efeito de distorção

ao passar uma curva, depende da velocidade de fluxo, Equação (3.10), e pode ser estimado

para o empacotamento binário como )6/( udp =θ = 0.048 s quando a velocidade de fluxo é

0.039 cm/s. Para o empacotamento com partículas de maior tamanho pθ = 0.815 s

(velocidade do fluído = 0.0229 cm/s).

Usando a Equação 3.14 para o empacotamento binário para o valor mínimo de efd =

0.54 µm (diâmetro dos bacilos), que corresponde ao bacilo completamente orientado o número

de Deborah De = 0.2 (θ = 0.0098 s). O valor De = 0.2 está próximo do valor convencional

crítico De = 0.5 que se verifica quando o efeito de retardamento é significativo para

macromoléculas flexíveis. Para o empacotamento de partículas de maior tamanho com efd =

0.54 µm tem-se pDe θθ /= = 0.0098/0.815 = 0.01.

Não obstante, é necessária a investigação da determinação correcta de θ (Equação

3.14) para bacilos rígidos que são separados no leito. Por exemplo, partindo das Equações

3.16 e 3.17 tem-se De = 0.2> 1/9 e com base na Equação 3.17 obtém-se a estimação de

( efd )´ = 5/(9*0.2)^0.5 = 3.73 µm que resulta num valor extremamente elevado De = 83, e a

Equação 3.14 deixa de ter um significado físico. Uma similar falta de sentido aparece para o

empacotamento de partículas de tamanho maior se se usar efd = 5 µm (θ = 9.8 s): De =

9.8/0.815 = 12.

É importante notar que o efeito de distorção gerado pela curvatura do canal na forma de

curvas conduz à relevância das principais características do bacilo: o comprimento e o

diâmetro. Esta especulação segue-se do facto de que no canal o bacilo sofre movimentos de

translação e rotação o que significa que ambas as características geométricas participam

testando o espaço do canal. O diâmetro do bacilo define a área de superfície do mesmo e,

consequentemente, a força de fricção responsável no fenómeno de relaxamento no número

De . O comprimento do bacilo caracteriza o volume espacial do canal, λ . A Figura 3.17. dá,

Page 74: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

74

precisamente, particular ênfase para os dados de partículas com a forma de bacilo,

dependente do parâmetro de escala: comprimento ou diâmetro do bacilo.

1E-3 0,01 0,1 10,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

τ

λ

HDC1

34

2

3'

1.55/(1-λ)35

Figura 3.17. Tempo de retenção τ versus razão do tamanho da molécula com o tamanho do

poro, λ para os sistemas de empacotamento binário e empacotamento com partículas de

maior e menor dimensão. (●) – Microesferas (coluna com partículas de maior e menor

dimensão), (○) – microesferas (empacotamento binário), (x) – Lactobacillus bulgaricus,

calculados em duas variantes: razão do diâmetro ou comprimento com o tamanho de poro, (●)

– Saccharomyces cerevisiae. Curvas: 1 – )2.821/(1 2λλτ −+= ; 2 –

)2.821.6/(1 2λλτ −+= ; 3 – 2)1.7/(1 λτ −= ; 3´ – 3)1.55/(1 λτ −= ; 4 – valor de λ para

partículas de menor dimensão quando todos os bacilos foram retidos no empacotamento.

Na situação em que se tem (x) no interior de elipses λ é definido como a razão do

comprimento do bacilo com o tamanho do poro. Mas se se usar λ como a razão do diâmetro

do bacilo com o tamanho do poro, os dados movem-se para a posição indicada pelas setas e a

função de aproximação fica enorme. A curva correspondente nesta situação é dada por: 35)1.55/(1 λτ −= . O coeficiente do módulo )(1 λ− é extremamente elevado e não faz

qualquer sentido. Conclui-se daqui que o comprimento é a característica mais apropriada.

A mesma conclusão foi tirada por Tyn e Gusek [86] com testes efectuados a diversas

proteínas flexíveis em solução, como a TMV. Nos seus ensaios verificaram também que com o

aumento do tamanho das macromoléculas biológicas a forma da molécula na sua separação

torna-se cada vez mais complicada, assim como o problema do comportamento num poro não

– linear e áspero (rugoso).

Para aumentar o impacto das curvas no fluxo de macromoléculas através de um meio

poroso devem ser controlados os seguintes parâmetros: aumentar a tortuosidade total (ao

contrário do HPLC) pelo número de curvas e a velocidade de fluxo da fase móvel.

Page 75: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

75

Em relação ao aumento da tortuosidade, para a migração de microrganismos em meios

porosos Duffy et al. [87] aplicou um algoritmo de trajecto aleatório em simulação juntamente

com a relação de Einstein, empregue para calcular o coeficiente de difusão bacteriano efectivo.

Foi calculada uma tortuosidade como uma função do tamanho da partícula e comparada com

resultados experimentais disponíveis da migração de Pseudomonas putida em colunas de

areia. Foi descoberta nesta investigação que a tortuosidade aumenta com o decréscimo do

diâmetro de obstáculos, que estava de acordo com os resultados experimentais.

Deve ser realçado que com a redução da escala de curvas em comparação com o

tamanho das partículas, o efeito oposto pode ser esperado.

Concluindo, para aumentar o impacto das curvas no fluxo de macromoléculas através de

um meio poroso devem-se controlar os seguintes parâmetros: aumentar a tortuosidade total

(ao contrário do HPLC) pelo número de curvas e a velocidade de fluxo da fase móvel e reduzir

o tamanho das partículas e a razão da escala curvas/partículas.

Em relação ao facto das células lineares sofrerem um efeito de retardamento em relação

às células de leveduras, podem-se ainda analisar outros estudos realizados na mesma área. O

comportamento dos bacilos não é semelhante ao comportamento de macromoléculas, de

qualquer forma existem vários parâmetros que podem ser comparados.

A separação de proteínas numa coluna Sephadex G-200 com o raio de Stokes medido

pelo método cromatográfico e um coeficiente de sedimentação determinado através de

centrifugação do gradiente de densidade foi investigada por Siegel e Monty, [88]. Foi mostrado

que a ordem de eluição de proteínas da coluna Sephadex G-200 se correlaciona bem com o

raio de Stokes e não depende, fundamentalmente, do peso molecular (comportamento de

ferritina e fibrinogénio, ver Tabela 3.4.). Por exemplo, o fibrinogénio tem uma forma

completamente diferente (bacilo com relação de eixos 20 (por viscosidade) - 29 (por difusão)

[89]) do que outras proteínas mencionadas nessa tabela.

Tabela 3.4 – Parâmetros moleculares de proteínas “standard” [88].

Espécies

Raio de

Stokes, nm

Peso

Molecular

Volume de

eluição, mL

Coeficiente de

distribuição dK

Fibrinogénio 10.7 330,000 88 0.03

Ferritina 7.9 1,300,000 109 0.11

Urease (monómero) 6.1 483,000 132 0.2

Catalase 5.2 250,000 148 0.26

Hemoglobina 2.4 32,000 224 0.58

Soro de Albumina Bovina 3.5 65,000 191 0.43

Scopes [46] é também de opinião de que o volume de eluição está relacionado com o

raio de Stokes, não com o tamanho ou o peso molecular. Pode-se especular que uma

aproximação do raio de Stokes dá bons resultados quando a forma macromolecular está perto

Page 76: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

76

da forma de esfera e o processo de separação, como a SEC, por exemplo, é governado pelo

fenómeno de partição entre poros micro (intra – partículas) e poros inter – partículas. Neste

caso grandes macromoléculas ou nanopartículas são repartidas por um volume de poros inter

– partículas onde a razão entre tamanho de partícula e o tamanho do poro, λ , é muito

pequena para o efeito topológico no movimento da partícula. Se a diferença entre os tamanhos

da partícula e do poro não pode ser ignorada então a aproximação do raio de Stokes precisa

de uma correcção.

Cannel e Rondelez [75] mediram a difusão de cadeias de poliestireno mono – dispersas,

de peso molecular 110, 233, 390, e 600 kDa através de membranas (Nuclepore Corp.)

contendo pequenos poros quase cilíndricos. A difusividade efectiva eD diminui assim que o

raio do polímero enrolado se aproxima do diâmetro do poro o que é bem explicado, igualmente,

pela equação de Renkin para solutos sólidos (Equação 3.19) ou por relações recentemente

desenvolvidas para soluções de polímeros (Equação 3.20), porH rr / > 0.1:

)95.01.21.21()1(/ 5320 λλλλ −+−−=DDe (Equação 3.19)

])/([exp)/(/ 3/53/20 porFloryporFlorye rkrrkrDD −= −α (Equação 3.20)

em que porH rr /=λ , Hr é o raio hidrodinâmico ou o raio de Stokes-Einstein; Floryr é a raiz

média quadrada da distância de uma ponta à outra da cadeia ou do raio de Flory; α = 1/2.64,

e k é o coeficiente proporcional.

Uma melhor aproximação para soluções de baixa concentração foi alcançada quando

porH rr /45.1=λ (Equação 3.19) e porFlory rkr / foi substituído por porH rr /4 (Equação 3.20),

respectivamente.

Pode-se considerar a desvantagem do coeficiente ser 1.0 na expressão porH rr /=λ

como um sinal de "não – esfericidade" da macromolécula enrolada no termo de raio

hidrodinâmico. É possível assumir que algumas partículas da cadeia estejam fora do raio de

Stokes-Einstein.

Em resumo, para as bactérias conclui-se que, de modo formal, um retardamento

significativo do bacilo pode ser o resultado do efeito de adsorção – desorção nos meios

porosos. Contudo, uma força iónica baixa [76] e a ausência de um efeito de cauda

seguidamente ao pico abre uma possibilidade para excluir as razões acima mencionadas.

Naturalmente, pode-se especular sobre a interacção dos Lactobacillus bulgaricus com a

topologia dos poros.

Quanto ao comportamento das microesferas, comparando o volume destas com o

volume das leveduras, e porque neste caso a forma das partículas é a mesma, é simples de

compreender que estas migrem mais rapidamente da coluna, nos vários empacotamentos

testados. No modelo de retenção de cromatografia hidrodinâmica, a migração do polímero é

Page 77: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

77

descrita pelo valor de retenção τ como função da razão λ [16, 25], apresentada já atrás pela

Equação 1.2.1.: )21/(1/ 20 λλτ Cttm −+==

Num leito empacotado numa coluna de cromatografia hidrodinâmica são recomendados

os seguintes valores de C : 2.698 [26], 2.7 [16], 2.8 [27]. A curva de aproximação

)2.821/(1 2λλτ −+= apresentada na Figura 3.17. ajusta-se muito bem aos dados

experimentais das microesferas. Quer isto dizer que as microesferas sofrem separação de

acordo com o princípio de HDC. Elas são separadas com base no seu tamanho dependendo o

desenho da filtração da taxa de fluxo (não experimentada) e do tamanho das partículas do

empacotamento.

Williams e Varela et al. [18] estudaram o mecanismo de separação da cromatografia

hidrodinâmica num analisador da distribuição do tamanho de partículas (PL – PSDA) de uma

mistura. Esse mecanismo é independente da densidade das partículas e o aparelho utilizado

pode ser empregue numa vasta gama de diferentes tipos de partículas. A Figura 3.18. mostra

o gráfico de calibração de Rf em função da raiz quadrada do diâmetro de partículas de látex

de poliestireno, sílica e melanina, cujos valores de densidade são: partículas de látex de

poliestireno ρ = 1.05 g/ cm3, sílica ρ = 2.00 g/ cm3 e melanina ρ = 1.51 g/ cm3.

Figura 3.18. Universalidade da calibração de tamanhos na HDC ( Rf versus raiz quadrada do

diâmetro da partícula) para diferentes tipos de partículas.

O parâmetro Rf é dado por:

amostradaretençãodeTempo

marcadordoretençãodeTempoRf....

....= (Equação 3.21)

No caso desta investigação tem-se microesferas de látex de poliestireno com ρ = 1.05

g/ cm3 e padrão de tamanho nominal 1 µm = 1000 nm (Duke Scientific). No empacotamento

binário τ = 0.87, no caso do empacotamento com partículas de maior dimensão τ = 0.943,

para a coluna com partículas de menor dimensão τ = 0.945. Pode-se tentar comprovar o

31.6

1.23

Page 78: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

78

comportamento HDC, representando o valor da raiz quadrada do diâmetro das microesferas

que é dado por: 2/162.311000 nmnmd ==

A representação do valor da raiz quadrada do diâmetro das microesferas, conduz a um

valor teórico de, aproximadamente, 1.23. Os valores de Rf obtidos experimentalmente para

os diferentes empacotamentos testados são:

06.1944.01..15.1

87.01

=≈≈== tamanhoDtamanhodmistura RfRfeRf

Como se pode ver, nenhum destes valores corresponde ao valor teórico.

Este resultado não põe em causa o facto de que as microesferas são separadas de

acordo com o princípio HDC. Uma possível causa para explicar o desvio à curva de calibração

é que os autores usam colunas com um diâmetro menor. O que acontece, nestas colunas é

que há uma maior fricção e o perfil de velocidades de fluxo que se estabelece é mais

desenvolvido do que o perfil desencadeado na coluna experimentada nesta investigação, com

42 mm de diâmetro. Nesta última ocorre uma menor separação e uma menor resolução

contudo, os resultados obtidos com as microesferas são bastante satisfatórios, sendo bem

compensados na Equação (1.2.1), para um valor C igual a 2.8, que é, aliás, o coeficiente com

que alguns autores compensam a utilização de um diâmetro pequeno.

No trabalho testou-se um empacotamento binário, e com a mesma quantia e as mesmas

esferas usadas neste leito estudou-se a influência de um empacotamento de partículas de

tamanho d e um empacotamento de partículas de tamanho D . O empacotamento de

partículas de maior tamanho testado apresentou um tamanho de poro extremamente elevado

pavd = 470 µm pelo que o valor de λ é de, aproximadamente, 0.01, sendo o valor de λ de

trabalho recomendado maior. Teria sido interessante analisar um leito “largo” mas com um

diâmetro de poros médio menor. Comparando os empacotamentos, pelas Figuras 3.2., 3.5. e 3.10. conclui-se que a separação é melhorada pela aplicação de um leito de mistura. É este o

que oferece maior resistência e maior selectividade às partículas testadas, e permite obter

picos mais definidos. No fundo, o empacotamento binário oferece maior resistência o que o

torna, para o objectivo proposto, o mais interessante e, consequentemente, mais importante a

nível industrial.

3.3 Análise de dados obtidos pelo fluxo de partículas de vidro

através de poros com partículas do mesmo tamanho

Os dados que se vão apresentar nesta secção foram obtidos num outro estudo mas são

de grande interesse e servem de comparação com os resultados atrás apresentados.

Page 79: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

79

A coluna utilizada neste estudo tinha 8.2 cm de diâmetro e 30 cm de altura. Foi

empacotada com esferas de vidro do mesmo tamanho, tendo-se experimentado diferentes

tamanhos: pd = 1.125 mm (equivalente ao empacotamento de esferas de dimensão D ), pd

= 0.875 mm, pd = 0.375 mm e pd = 0.15 mm.

As suspensões de partículas de vidro filtradas apresentavam um diâmetro de 4 µm, 19

µm (intervalo das partículas 12 ÷ 26), e 60 µm (intervalo das partículas 40 ÷ 80), tendo-se

partido de uma concentração das partículas em suspensão 0C = 2g/L.

A fase líquida constou de uma solução de água e glicerol, 70% (m/m). O fluído circulou a

uma velocidade de ~ 2.6x10-4 m/s.

Filtraram-se suspensões com 0C = 2g/L de partículas de tamanhos 4 µm (Figura 3.19.),

19 µm (Figura 3.20.), e 60 µm (Figura 3.21.). Cada empacotamento com partículas do mesmo

tamanho foi testado.Os empacotamentos com partículas do mesmo tamanho são apresentados

nas Figuras 3.19. a 3.21. como curva 1 – 1.125 mm; 2 – 0.875 mm; 3 – 0.375 mm.

Figura 3.19. Figura 3.20. Figura 3.21.

Figura 3.19. Filtração de partículas de 4 µm ( 0C = 2g/L) através de um empacotamento com

partículas do mesmo tamanho: 1 – 1.125 mm (●); 2 – 0.875 mm (▲); 3 – 0.375 mm (■).

Espaços vazios da coluna 0V = 550 mL, porosidade ε = 0.380, ε/1/ 0 =VVtotal = 2.63. Para a

situação 1 – τ = 1.273 (1.354), λ = 0.0087; 2 – τ = 1.776, λ = 0.011; 3 – τ = 1.776, λ =

0.026.

Figura 3.20. Filtração de partículas de 19 µm ( 0C = 2g/L) através de um empacotamento com

partículas do mesmo tamanho: 1 – 1.125 mm (●); 2 – 0.875 mm (▲); 3 – 0.375 mm (■).

Espaços vazios da coluna 0V = 550 mL, porosidade ε = 0.380, ε/1/ 0 =VVtotal = 2.63. Para a

situação 1 – τ = 1.45 (1.477), λ = 0.041; 2 – τ = 1.595 (1.54), λ = 0.053; 3 – τ = 1.774

(1.72), λ = 0.124.

Figura 3.21. Filtração de partículas de 60 µm ( 0C = 2g/L) através de um empacotamento com

partículas do mesmo tamanho: 1 – 1.125 mm (●); 2 – 0.875 mm (▲); 3 – 0.375 mm (■).

Espaços vazios da coluna 0V = 550 mL, porosidade ε = 0.380, ε/1/ 0 =VVtotal = 2.63. Para a

situação 1 – τ = 1.09, λ = 0.13; 2 – τ = 1.108; λ = 0.1677; 3 – τ = 1.6 (~ 2.6), λ = 0.391.

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

C, g

/L

V/ V0

1

3

2

1,0 1,5 2,0 2,5 3,00,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

C, g

/L

V/ V0

1

23

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

C, g

/L

V/ V0

1

2

3

Page 80: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

80

Estes resultados podem também ser apresentados na forma inversa, obtidos a partir das

Figuras 3.19. a 3.21. Quer isto dizer, para a coluna empacotada por partículas com o tamanho

1.125 mm (Figura 3.22.), 0.875 mm (Figura 3.23.), e 0.375 mm (Figura 3.24.), filtraram-se

suspensões com 0C = 2g/L de partículas de tamanhos: 1 – 4 µm; 2 – 19 µm; 3 – 60 µm.

Figura 3.22. Figura 3.23. Figura 3.24.

Figura 3.22. Filtração de suspensões ( 0C = 2g/L) de tamanhos: 1 – 4 µm (●); 2 – 19 µm (▲); 3

– 60 µm (■) através do empacotamento de partículas de tamanho 1.125 mm. Espaços vazios

da coluna 0V = 550 mL.

Figura 3.23. Filtração de suspensões ( 0C = 2g/L) de tamanhos: 1 – 4 µm (●); 2 – 19 µm (▲); 3

– 60 µm (■) através do empacotamento de partículas de tamanho 0.875 mm. Espaços vazios

da coluna 0V = 550 mL.

Figura 3.24. Filtração de suspensões ( 0C = 2g/L) de tamanhos: 1 – 4 µm (●); 2 – 19 µm (▲); 3

– 60 µm (■) através do empacotamento de partículas de tamanho 0.375 mm. Espaços vazios

da coluna 0V = 550 mL.

A análise das Figuras 3.19. a 3.21. e 3.22. a 3.24. mostra que com o aumento de λ a

quantia de partículas retidas pelo empacotamento aumenta devido ao efeito de filtração. A

teoria de filtração num leito profundo foi construída a partir da simples base de que a remoção

de partículas é uma mudança da concentração (C ) numa profundidade ( L ) e é governada por

um coeficiente de filtração ( fk ) que é afectado através de vários parâmetros [90]:

CkLC

f=∂∂

− (Equação 3.22)

Contudo, devem ser considerados os importantes mecanismos de transporte:

intercepção, difusão, sedimentação, e efeitos de fluxo hidrodinâmicos. Em processos de

separação com envolvimento de meios porosos a tortuosidade do meio pode afectar a

eficiência do filtro através de modos diferentes, Figura 3.25.

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 20000,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

C, g

/L

V, mL

3

1

2

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 20000,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

3

2C, g

/L

V, mL

1

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 16000,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

32

C, g

/L

V, mL

1

Page 81: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

81

Figura 3.25. Esboço de filtração num meio poroso profundo. Possíveis influências da

tortuosidade: efeito de inércia, sedimentação, adsorção.

Do ponto de vista do efeito de exclusão da partícula, os dados apresentados na Figura

3.26. mostram que a retenção τ aumenta com a diminuição do tamanho das partículas. Como

foi referido anteriormente para um capilar cilíndrico a relação entre τ e λ é definida por: 2)1/(1 λτ −= , onde a ordem da potência igual a dois pode ser considerada como a dimensão

de espaço que pode ser testada pela partícula. O coeficiente numérico na equação

apresentada pode ser correlacionado com a tortuosidade do caminho da partícula.

1E-3 0,01 0,1 10,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

τ

λ

12 3

λ = 0.5A B

C

Figura 3.26. Variação do tempo de retenção τ com a razão do tamanho da molécula com o

tamanho do poro λ para partículas de vidro de 4 µm (●); 19 µm (▲) e 60 µm (■), obtida para

colunas com empacotamentos de partículas iguais com o tamanho: A – 1.125 mm, B – 0.875

mm, e C – 0.375 mm. Curvas: 1 – 2)1(551 λ/.τ −= ; 2 – 2)11.35/( λ−=τ ; 3 – )1(1 λτ −= / .

Na Figura 3.27. são mostrados alguns efeitos que podem afectar o movimento de

partículas e são dadas, a seguir, explicações qualitativas observadas nos resultados da Figura 3.26.

Page 82: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

82

Figura 3.27. Esquema do poro de diâmetro médio avd com movimento descendente de

partículas grandes e pequenas.

Por causa da variação da secção transversal da passagem do fluxo estão presentes no

canal zonas estagnantes. As partículas maiores (partículas com 60 µm) são mais afectadas

pela força da gravidade e movem-se perto da linha central do canal (sofrem um efeito de

exclusão mais significativo assim como também encontram/tornam alguns poros indisponíveis).

Partículas menores (com 4 µm e 19 µm) têm mais espaço e, em comparação com as partículas

maiores seguem, em média, um caminho mais tortuoso.

Para partículas de tamanho 60 µm os dados experimentais aproximam-se à fórmula

)1(1 λτ −= / o que significa, tendo em conta os efeitos atrás mencionados, que os poros de

filtração de partículas são testados como um espaço de dimensão e, respectivamente, o

comprimento do caminho se aproxima a valores mínimos.

As leveduras têm uma forma circular, tal como as esferas de vidro. Por esta razão, é

curioso comparar o comportamento destas partículas que tem a mesma forma mas densidades

diferentes.

Na Figura 3.28. são comparados resultados obtidos para esferas de vidro com os

resultados da filtração de Saccharomyces cerevisiae. O tamanho das leveduras ( d = 4.6 µm) é

próximo do tamanho das partículas de 4 µm mas a densidade das primeiras é cerca de 2.5

vezes inferior à das esferas de vidro e observam-se comportamentos, completamente

diferentes que podem ser descritos pelo modelo de cromatografia hidrodinâmica (HDC) com

um coeficiente de 1.6: )8.221/(6.1 2λλτ −+= .

O coeficiente pode ser considerado como proporcional na fórmula 2τ = 1.6, sendo τ ,

nesta relação, o parâmetro tortuosidade. Consequentemente, a tortuosidade situa-se perto do

valor de 1.265. Esta suposição conduz à equação de HDC modificada na forma:

)8.221/( 2λλτ −+= A e 2τ∝A . Pode-se considerar esta conclusão como o seguinte: o

efeito de HDC pode ser observado a certas condições (presumindo a diferença significativa de

dpav Zona estagnante

Page 83: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

83

densidades das partículas) quando as partículas eluem depois do traçador e afectam a ordem

de retenção esperada.

1E-3 0,01 0,1 10,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

τ

λ

Leito binário

12

34

Figura 3.28. Variação do tempo de retenção τ com a razão do tamanho da molécula com o

tamanho do poro λ para Saccharomyces cerevisiae (●) e partículas de vidro de 4 µm (●); 19

µm (▲) e 60 µm (■). A seta indica o resultado obtido com o empacotamento binário. Curvas: 1

– 2)1(551 λ/.τ −= ; 2 – 2)11.35/( λ−=τ ; 3 – )1(1 λτ −= / ; 4 - )8.221/(6.1 2λλτ −+= .

Reunindo os resultados alcançados com as esferas de vidro com os resultados obtidos

para Saccharomyces cerevisiae, Lactobacillus bulgaricus e microesferas, nos vários

empacotamentos surge o gráfico global representado na Figura 3.29.:

1E-3 0,01 0,1 10,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Leito binário

τ

λ

HDC

1.2/(1-λ)2

1.7/(1-λ)2

Leito com partículas d

1

2

3

4

Leito com partículas D 1´

3´Leito binário

Figura 3.29. Variação do tempo de retenção τ com a razão do tamanho da molécula com o

tamanho do poro λ para partículas de vidro de 4 µm (●); 19 µm (▲) e 60 µm (■), microesferas

Page 84: exclusão molecular

Apresentação e Discussão dos Resultados

84

(coluna com partículas de maior e menor dimensão) (●), microesferas (empacotamento binário)

(○), Lactobacillus bulgaricus (x), calculados em duas variantes: razão do diâmetro ou

comprimento com o tamanho de poro, Saccharomyces cerevisiae (●). Curvas: 1 -

)2.821/(1 2λλτ −+= 1’ – )2.821.6/(1 2λλτ −+= ; 2 – 2)1.2/(1 λτ −= ; 3 –

2)1.7/(1 λτ −= ; 3´ – 3)1.55/(1 λτ −= ; 4 – valor de λ para o leito de partículas de menor

dimensão quando todos os bacilos foram retidos no empacotamento.

Completando uma afirmação que foi feita aquando da discussão da Figura 3.14. na

aproximação de λ para valores ao redor de 0.1, observa-se a divergência entre as leveduras

e a retenção dos bacilos: as células de fermento seguem um comportamento de HDC enquanto

os Lactobacillus bulgaricus se comportam pela lei de exclusão e têm uma retenção próxima à

das partículas de vidro com 4 µm de diâmetro (com densidade 2.5 g/cm3).

Page 85: exclusão molecular

Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros

85

4.Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros

Neste trabalho foi testado um empacotamento binário com fracção volúmica de

partículas esféricas de maior dimensão Dx = 0.7, e 400 g de uma razão de esferas dD / = 10

sendo D = 1.125 mm e d = 0.1115 mm. Foi construído também um empacotamento com as

partículas de maior dimensão e outro com partículas de menor dimensão desse leito binário,

com a mesma quantia que tinha sido empregue no primeiro leito.

Tentou-se compreender a eficácia de separação de misturas contendo dois

microrganismos de forma morfológica diferente: as bactérias Lactobacillus bulgaricus e as

leveduras Saccharomyces cerevisiae. As células lineares apresentam a forma de bastonete, as

células de fermento de padeiro têm forma circular. Mais tarde realizou-se a separação de

microesferas de poliestireno, que têm um volume próximo do dos bacilos e uma forma

semelhante à das leveduras. Para ser possível construir os gráficos de τ versus λ foi também

avaliada a filtração de uma solução de azul dextrano que serviu de marcador.

Nos empacotamentos experimentados verificou-se uma eluição com a ordem:

microesferas, leveduras e bacilos. Estes resultados vão de acordo com o esperado, ou seja, o

volume e a forma têm um papel crucial no comportamento de separação das partículas. Os

Lactobacillus bulgaricus comportam – se de acordo com o modelo de exclusão. Para as

bactérias conclui-se que, um atraso expressivo pode ser resultado do efeito de adsorção –

desorção nos meios porosos. Todavia, uma baixa força iónica e o não aparecimento de uma

cauda seguidamente ao pico traduz-se numa possibilidade para excluir as razões acima

mencionadas. Naturalmente, pode-se supor sobre a interacção dos Lactobacillus bulgaricus

com a topologia dos poros. A filtração dos bacilos no empacotamento de partículas de menor

dimensão manifestou-se ser impossível, podendo ser uma causa provável, o elevado número

de curvas dos poros.

Embora inicialmente os resultados conduzissem a uma cromatografia por exclusão, os

resultados globais mostraram que as células de fermento seguem um comportamento de

cromatografia hidrodinâmica (HDC) de acordo com a equação )2.821.6/(1 2λλτ −+= .

As microesferas sofrem separação de acordo com o princípio de HDC e são separadas

com base no seu tamanho. Ao comparar o volume destas com o volume das leveduras, e

porque neste caso a forma das partículas é a mesma, é fácil perceber que estas tenham

migrado mais rapidamente da coluna, nos vários empacotamentos testados. A curva de

aproximação )2.821/(1 2λλτ −+= ajusta-se muito bem aos dados experimentais das

microesferas. Quer isto dizer que as microesferas são separadas com base no seu tamanho

dependendo o desenho da filtração da taxa de fluxo (não experimentada) e do tamanho das

partículas do empacotamento.

Comparando os empacotamentos conclui-se que a separação é melhorada com o uso

de um empacotamento binário. É este o que apresenta maior selectividade às partículas

Page 86: exclusão molecular

Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros

86

testadas, e permite obter picos mais definidos. No fundo, o empacotamento binário oferece

maior resistência o que o torna, para o objectivo proposto, o mais atraente.

Os resultados obtidos com as partículas de diferente forma e volume, nos diferentes

empacotamentos, foram depois comparados com um estudo alcançado com a filtração de

suspensões de esferas de vidro em leitos de partículas de tamanho semelhante.

Mostra-se que com o aumento de λ a quantia de partículas retidas pelo

empacotamento aumenta devido ao efeito de filtração. As esferas de vidro filtradas de tamanho

maior são mais afectadas pela força da gravidade e movem-se perto da linha central do canal

(sofrem um efeito de exclusão mais significativo). Partículas menores têm mais espaço e, em

comparação com as partículas maiores seguem, em média, um caminho mais tortuoso.

Observam-se comportamentos completamente diferentes e que podem ser descritos

pelo modelo de cromatografia hidrodinâmica entre leveduras ( d = 4.6 µm) e esferas de vidro de

4 µm, mas a densidade das primeiras é cerca de 2.5 vezes inferior à das esferas de vidro. No

modelo de retenção o coeficiente pode ser considerado como proporcional na fórmula 2τ = 1.6,

sendo τ , nesta relação, o parâmetro tortuosidade. Previsivelmente, a tortuosidade situa-se

perto do valor de 1.265. Esta suposição conduz à equação de HDC modificada na forma:

)8.221/( 2λλτ −+= A e 2τ∝A . Pode-se considerar esta conclusão como o seguinte: o

efeito de HDC pode ser observado a certas condições (presumindo a diferença significativa de

densidades das partículas) quando as partículas eluem depois do traçador e afectam a ordem

de retenção esperada.

Como foi dado a entender, ao longo do trabalho, são múltiplas as variáveis que afectam

o desempenho de um processo de filtração. Os resultados apresentados foram obtidos, por

exemplo, à mesma velocidade de fluxo. Sendo a taxa de fluxo um dos factores que determina o

desempenho da HDC, é interessante estudar o contributo de diferentes caudais da fase móvel.

Outro dos factores implicado é o tamanho das partículas do enchimento. Deste modo, é

aplicável experimentar empacotamentos com outras esferas de vidro e, uma vez que os

resultados foram favorecidos em leitos de mistura, explorar sobretudo empacotamentos com

fracções volúmicas convenientes.

Neste trabalho testou-se o comportamento dos microrganismos Lactobacillus

bulgaricus e Saccharomyces cerevisiae. Pode ser atraente analisar o comportamento de outros

microrganismos com formas e volumes diferentes. Redimensionando as condições de

empacotamento a investigação poderá também ser transposta para uma escala menor – a das

macromoléculas – onde a forma, o volume e a própria consistência das mesmas tem um

desempenho crucial.

Para além das sugestões referidas é possível ainda realizar os testes de separação em

colunas contendo leitos com alturas diferentes ou colunas com outros diâmetros.

Page 87: exclusão molecular

Bibliografia

87

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