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pág.1 de 25 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARACAJU – ESTADO DE SERGIPE. Processo nº. 201711000403. Requerente: Manoel Luiz Oliveira. Requeridos: Confederação Brasileira de Handebol e Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Handebol. “A mais bela função da humanidade é a de ministrar justiça” – Voltaire. MANOEL LUIZ OLIVEIRA, já devidamente qualificado nos autos do feito em epígrafe, por conduto de seus advogados regularmente constituídos, vem, ante a honrosa presença de Vossa Excelência, cumprindo a determinação judicial disponibilizada em 19.10.2017, apresentar MANIFESTAÇÃO em forma de RÉPLICA, com fundamento nos arts. 351 e seguintes do Código de Processo Civil (Lei 13.105/15), nos termos arrazoados a seguir, formulando os pedidos doravante esmiuçados. I. DAS CONTESTAÇÕES OFERTADAS. IMPOSSIBILIDADE DE DEFENDER O INDEFENSÁVEL. As peças contestatórias atestam como é difícil a tarefa de defender o indefensável. A defesa apresentada pelos requeridos, em especial pelo STJD-Handebol, demonstra que a presente demanda se encontra completamente dissociada de elementos fáticos e jurídicos que possibilitem o seu êxito.

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Page 1: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … · O STJD-Handebol ora demandado apresentou contestação acostada às fls. 326/343. Em referida peça de defesa, argumentou,

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA CÍVEL DA COMARCA

DE ARACAJU – ESTADO DE SERGIPE.

Processo nº. 201711000403. Requerente: Manoel Luiz Oliveira. Requeridos: Confederação Brasileira de Handebol e Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Handebol.

“A mais bela função da humanidade é a de

ministrar justiça” – Voltaire.

MANOEL LUIZ OLIVEIRA, já devidamente qualificado nos autos

do feito em epígrafe, por conduto de seus advogados regularmente constituídos,

vem, ante a honrosa presença de Vossa Excelência, cumprindo a determinação

judicial disponibilizada em 19.10.2017, apresentar MANIFESTAÇÃO em forma de

RÉPLICA, com fundamento nos arts. 351 e seguintes do Código de Processo Civil (Lei

13.105/15), nos termos arrazoados a seguir, formulando os pedidos doravante

esmiuçados.

I. DAS CONTESTAÇÕES OFERTADAS. IMPOSSIBILIDADE DE DEFENDER O INDEFENSÁVEL.

As peças contestatórias atestam como é difícil a tarefa de

defender o indefensável.

A defesa apresentada pelos requeridos, em especial pelo

STJD-Handebol, demonstra que a presente demanda se encontra completamente

dissociada de elementos fáticos e jurídicos que possibilitem o seu êxito.

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Os substratos que foram fartamente colacionados pelo autor

quando da exposição proemial e de suas manifestações acostadas ao longo do

feito representam um direito tão cristalino e tão respaldado pela doutrina e pela

praxis forense que chega a ser natural e compreensível a ausência de veiculação

de teses defensivas aptas a desconstituir a tese dos demandados.

As posteriores linhas argumentativas servirão para ratificar, de

forma enfática, os termos da exordial e demonstrar que as contestações

apresentadas pelos requeridos, em especial pelo STJD-Handebol acabam por

atestar a necessidade de se reconhecer a procedência total dos pleitos autorais.

II. DA VEICULAÇÃO DE PRELIMINARES:

2.1. DA SUPOSTA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM SUSCITADA POR PARTE DA

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL PARA ATUAR NA PRESENTE LIDE. MATÉRIA

ULTRAPASSADA PELA EXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO

UNITÁRIO ENTRE CBHB E O STJD-HANDEBOL. PRELIMINAR INSUSTENTÁVEL.

Consoante se verifica da contestação apresentada pela

Confederação Brasileira de Handebol – CBHb (fls. 819/828), devidamente

representada na presente demanda pelo seu Diretor jurídico, nos termos do art. 34

do Estatuto Social anexo, defendeu a requerida sua ilegitimidade para figurar no

polo passivo da lide ajuizada perante essa Vara Cível.

Alegou, equivocadamente, que não seria parte legítima para

integrar a demanda, por não ter praticado qualquer ato “que pudesse ao menos

equivaler à reclamatória do Autor, devendo, contudo, ser excluída da lide, nos

termos do artigo 485, IV, do Código de Processo Civil.”

Todavia, referida argumentação da CBHb não merece

procedência, haja vista o caso em apreço se tratar de litisconsórcio passivo

necessário unitário entre ambas as partes requeridas, de tal modo que, se tem como

inquestionável a legitimidade passiva da Confederação Brasileira de Handebol –

CBHb para figurar na presente feito.

Segundo leciona a mais abalizada doutrina quanto ao tema,

será caracterizado o litisconsórcio necessário “quando houver disposição legal ou

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quando a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser

litisconsortes, pela natureza da relação jurídica controvertida”1. (Grifo nosso)

Assim, tem-se que há litisconsórcio necessário unitário quando,

pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender

da citação de todos os litisconsortes, de tal modo que a necessariedade do

litisconsórcio, nesse último caso, decorre da unitariedade.

Logo, nas hipóteses de litisconsórcio necessário unitário,

deverá o magistrado decidir a lide de maneira uniforme para todos os litisconsortes,

sob pena de nulidade da sentença, nos termos do previsto no art. 115, do CPC/2015,

razão pela qual se mostra impossível a procedência da preliminar de ilegitimidade

da CBHb.

Nesse mesmo sentido entendeu o STJD-Handebol, em

manifestação às fls. 872/874, ao alegar sobre a legitimidade da CBHb que, “toda e

qualquer decisão a respeito da elegibilidade de seu Presidente cassado, terá

impacto direto a ela, razão pela qual, como já se demonstrou é litisconsorte passiva

necessária, assim como deveriam ser os requerentes do Processo arbitral”.

Destarte, não há qualquer fundamentação que sustente o

pleito da Confederação Brasileira de Handebol de ilegitimidade passiva ad causam,

posto que existe litisconsórcio passivo necessário unitário entre a CBHb juntamente

com o STJD-Handebol.

2.2. DA CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM ALEGADA PELO STJD-HANDEBOL. MATÉRIA

COMPLETAMENTE ULTRAPASSADA PELA EXISTÊNCIA DE SENTENÇA ARBITRAL ÀS FLS.

261/268 PROLATADA ANTES DA CONTESTAÇÃO. PROCESSO ARBITRAL Nº 001/2017

IRREGULAR E EM VIAS DE REVISÃO (ART. 112, DO CÓDIGO BRASILEIRO DE JUSTIÇA

DESPORTIVA). PRELIMINAR IMPROCEDENTE.

Em análise à contestação apresentada pelo Superior Tribunal

de Justiça Desportiva do Handebol – STJD-Handebol (fls. 326/343), devidamente

representado na demanda pelo seu Presidente, Dr. Genisson Cruz Silva – OAB/SE

1 STRECK, Lenio Luiz; NUNES, Dierle; CUNHA, Leonardo Carneiro da; FREIRE, Alexandre. Comentários ao código de processo civil. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 240.

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2094, que tomou posse em 03.07.2017, defendeu o requerido, a aplicação do

princípio “kompetenz-kompetenz” à arbitragem esportiva.

No que diz respeito a esse princípio, pode-se dizer que dele

irradiam dois efeitos na arbitragem: o positivo, que permite ao árbitro decidir sobre

sua própria competência; e o negativo, que implica no fato de o árbitro não ser o

único a dizer sobre sua jurisdição, mas, sim, o primeiro a decidir, cabendo ao

Judiciário, eventualmente, a revisão da decisão2.

Corroborando esse efeito negativo, elencou o STJD-Handebol,

à fl. 332 de sua manifestação defensiva que “somente após o proferimento da

sentença arbitral, a parte poderá propor medidas perante o poder judiciário para

discutir a competência do Juízo Arbitral”.

Ora, Excelência, considerando que a sentença arbitral,

juntada às fls. 261/268, fora prolatada em 03 de maio de 2017, ou seja, antes mesmo

da juntada da Contestação do STJD-Handebol, que se deu em 19 de maio de 2017,

tem-se como totalmente esvaziada e incoerente a alegação de tal preliminar, em

especial quando a própria parte suscitante admite a possibilidade de intervenção

do Poder Judiciário para discutir a competência do juízo arbitral, após a prolação

da sentença arbitral.

Logo, não há que se falar em acolhimento da preliminar

suscitada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Handebol, o qual, objetiva,

com a alegação indevida e completamente desnecessária da referida matéria,

levar este honrado juízo a erro, ao tentar manter intacto processo arbitral

equivocado, cuja sentença encontra-se eivada de error in procedendo e error in

judicando, o que levou à interposição de Pedido de Revisão às fls. 945/963, nos

termos do art. 112, inciso I, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

Ademais, segundo será abordado em tópico pertinente desta

réplica, merece especial destaque a previsão contida no art. 5º, § 1º, do Estatuto

Social da CBHb, que elenca de forma cristalina os conflitos de competência do STJD

como órgão arbitral, e em nenhum inciso avista-se a previsão da competência de

atuação da justiça desportiva para dirimir questões eleitorais no âmbito da própria

CBHb, ressaltando a existência de uma Comissão Eleitoral especificamente

nomeada para esse fim, tendo atuado a contento.

Destarte, inexiste qualquer laivo de dúvida quanto ao

esvaziamento da preliminar indevidamente suscitada pelo STJD-Handebol, razão

pela qual sequer merece ser analisada, muito menos acolhida, considerando a sua

2 BERALDO. Leonardo de Faria. Curso de Arbitragem, nos termos da Lei nº 9.307/96. 1. ed.,São Paulo: Atlas, 2014, p, 193.

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total inadequação, haja vista a viabilidade jurídica de discussão da competência

do Juízo Arbitral perante o Poder Judiciário.

III. DA ARGUMENTAÇÃO APRESENTADA NA CONTESTAÇÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DESPORTIVA DO HANDEBOL (STJD – HANDEBOL).

O STJD-Handebol ora demandado apresentou contestação

acostada às fls. 326/343.

Em referida peça de defesa, argumentou, em síntese, a sua

competência para funcionar como órgão arbitral, nos termos da sua própria

interpretação do Estatuto da Confederação Brasileira de Handebol, mencionou,

ainda, irregularidades cometidas pelo autor, noticiadas na imprensa e a

necessidade de sua elucidação imperiosa, bem como, alegou suposta

irregularidade na presente demanda.

As linhas que se seguem demonstrarão a total inconsistência

jurídica das teses elencadas pelo STJD-Handebol.

3.1. Da incompetência absoluta da Justiça Desportiva para dirimir questões

atinentes ao processo eleitoral da Confederação Brasileira de Handebol.

A parte adversa, não obstante as reiteradas manifestações

autorais quanto à questão, insiste na tese de competência absoluta da Corte

Desportiva para tratar de questão eleitoral no âmbito da Confederação Brasileira

de Handebol.

Ocorre que, consoante manifestações carreadas ao presente

feito, dentre as atribuições do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Handebol,

estabelecidas no art. 59 do Estatuto da Confederação Brasileira de Handebol

anexo, lhe compete funcionar como órgão arbitral e de mediação apenas para

resolver conflitos de ordem associativa no âmbito da CBHb, o que não é a hipótese

do caso em apreço.

Pede-se vênia para transcrever o dispositivo acima

mencionado, in verbis:

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“Art. 59. A organização da justiça, do processo, das infrações e

respectivas penalidades, obedecerão às disposições contidas no

Código Brasileiro de Justiça Desportiva e na forma da Lei, sendo

exercida pelos seguintes órgãos

I - Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD);

II - Comissões Disciplinares Nacionais (CDN).

§ 1º Aos órgãos enumerados nos incisos I e II acima, unidades

autônomas e independentes da CBHb, compete processar e julgar

com exclusividade na modalidade de Handebol, as questões de

descumprimento de normas relativas à disciplina e às competições

desportivas, sempre assegurada ampla defesa e contraditório,

ressalvados os pressupostos processuais estabelecidos nos

parágrafos 1º e 2º do Art. 217 da Constituição Federal, sendo

igualmente competência sua funcionar como órgão arbitral e de

mediação para resolver conflitos de ordem associativa no âmbito

da CBHb, conforme previsto neste Estatuto.

§ 2º O Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Handebol terá

como primeira instância tantas Comissões Disciplinares quanto se

fizer necessário, integrada cada uma por cinco membros de sua

livre nomeação, para a aplicação imediata das sanções decorrentes

de infrações cometidas durante as disputas e constantes das

súmulas ou documentos similares dos árbitros, ou, ainda,

decorrentes de violação ao regulamento da respectiva competição.

§ 3º Das decisões da Comissão Disciplinar caberá recurso ao STJD

que, de igual modo, processará e julgará em última instância, os

recursos originários dos Tribunais de Justiça Desportiva das

filiadas.”(Grifo nosso)

A controvérsia referente ao resultado das eleições para a

Confederação Brasileira de Handebol deve ser tratada no âmbito da Comissão

Eleitoral, designada para o exercício dessa função específica e, uma vez exaurida

a referida instância administrativa, deve tal matéria ser resolvida no âmbito do Poder

Judiciário Estadual.

Corroborando a tese de incompetência da Justiça Desportiva,

cumpre trazer à baila o disposto na Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, que institui

as normas gerais sobre desporto, e cujo art. 50 estabelece que cabe à Corte do

Desporto processar e julgar as infrações disciplinares e competições desportivas, nos

seguintes termos:

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“Art. 50. A organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça

Desportiva, limitadas ao processo e julgamento das infrações

disciplinares e às competições desportivas, serão definidos nos

Códigos de Justiça Desportiva, facultando-se às ligas constituir seus

próprios órgãos judicantes desportivos, com atuação restrita às

suas competições.” (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

(Grifo nosso)

Percebe-se, desde logo, que o Superior Tribunal de Justiça

Desportiva tem expressa competência para “processar e julgar as questões de

descumprimento de normas relativas à disciplina e às competições desportivas,

sendo igualmente competência sua funcionar como órgão arbitral e de mediação

para resolver conflitos de ordem associativa no âmbito da CBHb”.

O caso concreto, referente à discussão do processo eleitoral

da Confederação Brasileira de Handebol, não se amolda a nenhuma das hipóteses

estatutariamente previstas como sendo de competência da Corte Desportiva, uma

vez que a controvérsia em análise não se refere a infração disciplinar, competição

esportiva, muito menos a conflito associativo que possibilite arbitragem ou qualquer

interferência por parte do STJD.

Consoante evidenciado ao longo do processo, não

pretendeu a chapa impugnante ao provocar o STJD do Handebol debater

qualquer questão que envolvesse“competição desportiva”, nem tampouco se

apontou qualquer “conflito de ordem associativa no âmbito da CBHb”.

Reitera-se que a demanda deflagrada no âmbito do STJD pela

Chapa vencida no pleito eleitoral tinha como objetivo invalidar o processo eleitoral

e o consequente resultado das eleições, apontando supostas irregularidades na

prestação de contas da atual gestão.

Em razão da natureza do requerimento apresentado pela

Chapa derrotada, observou-se que não se mostrava viável enquadrá-lo na

competência administrativa da Justiça Desportiva, no âmbito da Confederação

Brasileira de Handebol, visto que o STJD somente pode apreciar questões

disciplinares e referentes a competições desportivas, nos moldes do art. 217, § 1º da

CF/88, c/c art. 50 da Lei nº 9.615/1998.

Ademais, não se pode olvidar que o Código Brasileiro de

Justiça Desportiva (Resolução nº. 29, de 10.12.2009 – Conselho Nacional do Esporte),

ao se debruçar sobre a competência da Justiça Desportiva afirma em seu art. 25,

quais são os atos de competência do STJD, não se avistando qualquer possibilidade

de discussão de matéria eleitoral. Senão vejamos:

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“Art. 24. Os órgãos da Justiça Desportiva, nos limites da jurisdição

territorial de cada entidade de administração do desporto e da

respectiva modalidade, têm competência para processar e julgar

matérias referentes às competições desportivas disputadas e às

infrações disciplinares cometidas pelas pessoas naturais ou

jurídicas mencionadas no art. 1º, § 1º.” (Redação dada pela

Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 25. Compete ao Tribunal Pleno do STJD:

I - processar e julgar, originariamente:

a) seus auditores, os das Comissões Disciplinares do STJD e os

procuradores que atuam perante o STJD;

b) os litígios entre entidades regionais de administração do

desporto;

c) os membros de poderes e órgãos da entidade nacional de

administração do desporto;

d) os mandados de garantia contra atos ou omissões de dirigentes

ou administradores das entidades nacionais de administração do

desporto, de Presidente de TJD e de outras autoridades

desportivas;

e) a revisão de suas próprias decisões e as de suas Comissões

Disciplinares;

f) os pedidos de reabilitação;

g) os conflitos de competência entre Tribunais de Justiça

Desportiva;

h) os pedidos de impugnação de partida, prova ou equivalente

referentes a competições que estejam sob sua jurisdição;

i) as medidas inominadas previstas no art. 119, quando a matéria

for de competência do STJD;

j) as ocorrências em partidas ou competições internacionais

amistosas disputadas pelas seleções representantes da entidade

nacional de administração do desporto, exceto se procedimento

diverso for previsto em norma internacional aceita pela respectiva

modalidade;

II - julgar, em grau de recurso:

a) as decisões de suas Comissões Disciplinares e dos Tribunais de

Justiça Desportiva;

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b) os atos e despachos do Presidente do STJD;

c) as penalidades aplicadas pela entidade nacional de

administração do desporto, ou pelas entidades de prática

desportiva que lhe sejam filiadas, que imponham sanção

administrativa de suspensão, desfiliação ou desvinculação;

III - declarar os impedimentos e incompatibilidades de seus

auditores e dos procuradores que atuam perante o STJD;

IV - criar Comissões Disciplinares, indicar seus auditores, destituí-

los e declarar sua incompatibilidade;

V - instaurar inquéritos;

VI - uniformizar a interpretação deste Código e da legislação

desportiva a ele correlata, mediante o estabelecimento de súmulas

de jurisprudência predominante, vinculantes ou não, editadas na

forma do art. 119-A;

VII - requisitar ou solicitar informações para esclarecimento de

matéria submetida à sua apreciação;

VIII - expedir instruções às Comissões Disciplinares do STJD e aos

Tribunais de Justiça Desportiva;

IX - elaborar e aprovar o seu regimento interno;

X - declarar a vacância do cargo de seus auditores e procuradores;

XI - deliberar sobre casos omissos;

XII - avocar, processar e julgar, de ofício ou a requerimento da

Procuradoria, em situações excepcionais de morosidade

injustificada, quaisquer medidas que tramitem nas instâncias da

Justiça Desportiva, para evitar negativa ou descontinuidade de

prestação jurisdicional desportiva.

Parágrafo único –(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).”

(Grifo nosso)

Os dispositivos supra destacados servem para demonstrar a

incompetência absoluta do STJD-Handebol para apurar questões referentes a

eventual inconformismo relativo ao resultado do pleito eleitoral realizado no âmbito

da Confederação Brasileira de Handebol.

Segundo entendimento consolidado pela doutrina e

jurisprudência, quando a matéria é analisada pelo Poder Judiciário, verifica-se que

a competência da justiça desportiva limita-se aos litígios oriundos de infrações

disciplinares ou aos regulamentos das competições desportivas, sendo, portanto,

uma competência mitigada.

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Sobre a matéria, citam-se os seguintes precedentes, in litteris:

“APELAÇÃO CÍVEL. Ação de cobrança. Sentença de improcedência.

Agravo retido. Incompetência da justiça comum para processar e

julgar o caso. Não cabimento. Competência mitigada da justiça

desportiva. Ação de cunho pessoal fundada na necessidade de

cumprimento de uma obrigação. Cunho obrigacional que impede o

a declaração de incompetência. Interpretação sistemática dos arts.

5º, inciso XXXV e art. 217, §1º da Constituição Federal. Apelação da

parte autora. Pleito para a aplicação das disposições do Código Civil.

Observância das disposições contratuais. Necessidade. Regulamento

da FIFA que não detém força cogente para interferir nas relações

contratuais entre jogador e agente. Princípio da legalidade. Ausência

de Lei regulamentadora. Incidência da cláusula penal. Minoração da

porcentagem pleiteada a título de luvas, salário e direitos de

imagem. Obrigação excessivamente onerosa. Inversão do ônus

sucumbenciais. 1. A competência da justiça desportiva limita-se aos

litígios oriundos de infrações disciplinares ou aos regulamentos das

competições desportivas. [...] 22. Recurso provido em parte, sendo

prejudicada a análise do recurso adesivo.” (TJPR; ApCiv 1305077-8;

Curitiba; Décima Segunda Câmara Cível; Rel. Juiz Conv. Luciano

Carrasco Falavinha Souza; J. 01/06/2016; DJPR 20/06/2016; p. 145).

“AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ELEIÇÃO C/C PRESTAÇÃO CONTAS. LIGA

ESPORTIVA. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM. JUSTIÇA

DESPORTIVA. Competência apenas para ações relativas à disciplina

e competições desportivas. O poder judiciário só admitirá ações

relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-

se as instâncias da justiça desportiva, regulada em Lei. Não

havendo discussão sobre disciplina e competições esportivas, a

competência será da justiça comum.” (TJMG; APCV

1.0517.12.000581-7/001; Rel. Des. Cabral da Silva; Julg. 28/01/2014;

DJEMG 07/02/2014)(Grifos nosso)

Considerando que a competência da Justiça Desportiva se

limita tão somente a processar e julgar as matérias relativas à disciplina e

competições desportivas, a partir do momento em que for constatada a

inexistência de discussão sobre infrações disciplinares e torneios esportivos, a

competência será da Justiça Comum.

Debruçando-se sobre a matéria, pede-se vênia para

transcrever entendimento de doutrina especializada na matéria, in litteris:

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“No mesmo sentido e em capítulo próprio, a Lei 9.615/98 define a

competência das instâncias desportivas, ressaltando a necessidade

de previsão de infrações disciplinares em códigos.

Sob esse aspecto haverá vício de competência na realização de um

ato perante a Justiça Desportiva quando este for praticado com

abuso de competência, ou seja, além dos limites permitidos pela

codificação ou, ao contrário, por simples ausência de competência,

quando o código não a confere ao órgão judicante ou ao membro

que, ilegalmente, praticou o ato.”3 (Grifo nosso)

Verifica-se in hoc casu aquilo que a doutrina especializada

batizou de “vício de competência” entendido como a prática de atos não previstos

no rol de atribuições institucionais da Corte Desportiva.

Com efeito, o ato de abertura do “Processo Arbitral nº

001/2017” fora formalizado pelo Presidente do STJD do Handebol à época, Dr. Caio

Pompeu Medauar de Souza, atuando de forma a conspurcar direitos do autor,

sobrepujando os limites traçados pela Confederação Brasileira de Handebol em seu

Estatuto, e menosprezando as normas contidas no Código Brasileiro de Justiça

Desportiva, notadamente em razão da ausência de disposição estatutária

estabelecendo poderes que legitimem ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva do

Handebol a discutir questões de natureza eleitoral.

Reitere-se que as questões eleitorais da Confederação

Brasileira de Handebol devem ser estabelecidas pelo Estatuto da Confederação,

conduzidas por Comissão Eleitoral especificamente constituída com referido

propósito, não se apresentando como cabível deflagrar procedimento no âmbito

do STJD com o intuito de rediscutir ou revisar as decisões da Comissão Eleitoral.

Eis o que se observa no caso vertente, pois a demanda

ajuizada perante essa Vara Cível almeja a declaração da incompetência do STJD

para proferir qualquer julgamento acerca do processo eleitoral da Confederação

Brasileira de Handebol, e a invalidação dos atos já praticados pela autoridade

incompetente (vide exposto na exordial de fls. 04/20).

Insta deixar consignado que a Confederação Brasileira de

Handebol apontou a ausência de legitimidade do STJD para atuar nesse diapasão,

uma vez que a Lei Pelé o define como órgão “com competência apenas para

processar e julgar as questões previstas nos Códigos de Justiça Desportiva” (Lei

Federal nº. 9.615/98, art. 52).

3 SCHMITT, Paulo Marcos. Curso de Justiça Desportiva. São Paulo: QuartierLatin, 2007, pp. 90-91.

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Relevante destacar que essa mesma norma federal, limita a

atuação do STJD, ao estabelecer que “a organização, o funcionamento e as

atribuições da Justiça Desportiva, limitadas ao processo e julgamento das infrações

disciplinares e às competições desportivas, serão definidos nos Códigos de Justiça

Desportiva, facultando-se às ligas constituir seus próprios órgãos judicantes

desportivos, com atuação restrita às suas competições”.

Portanto, inexiste qualquer dispositivo legal que invista o STJD

no poder de decidir, através de um procedimento arbitral, unilateral, sobre questões

eleitorais (de competência da assembleia geral da Confederação Brasileira de

Handebol e da Comissão Eleitoral), sendo totalmente viável o pleito autoral de

declaração de incompetência do STJD para proferir qualquer julgamento acerca

do processo eleitoral da Confederação Brasileira de Handebol.

3.2. Da interpretação do Estatuto da Confederação Brasileira de Handebol.

Existência de questão eleitoral que não pode ser dirimida pelo STJD-Handebol.

Como se não bastassem os vastos argumentos jurídicos em

favor do pleito autoral de incompetência da justiça desportiva para dirimir matéria

referente a eleições no âmbito da Confederação Brasileira de Handebol, a parte

adversa tenta trazer para si a competência ao buscar, erroneamente, transformar

o cerne da presente demanda em questão de interpretação e cumprimento de

estatuto.

Nota-se que o STJD-Handebol, nos itens 4.10 ut 4.23 da

Contestação defende de maneira insistente a sua competência arbitral tomando

por base a sua própria e inadequada interpretação do Estatuto da Confederação

Brasileira de Handebol.

Quanto a essa questão, merece especial destaque a previsão

contida no art. 5º, § 1º, do Estatuto Social da Confederação Brasileira de Handebol,

que elenca, de forma cristalina, quais são os conflitos de competência em que o

Superior Tribunal de Justiça Desportiva atuará como órgão arbitral.

Nesse ínterim pede-se vênia para transcrever o art. 5º, § 1º do

Estatuto da CBHb que possui a seguinte redação, ad litteram:

Art. 5º. A CBHb é constituída pelas Entidades Estaduais de

Administração do Handebol (Federações, Ligas ou Associações),

por filiação direta, reconhecidas como exclusivas entidades

dirigentes do handebol no âmbito dos Estados e do Distrito Federal

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e forem organizadas na forma do presente Estatuto em

consonância com a disposição legal vigente.

§ 1º. As filiadas e a CBHb elegerão o Superior Tribunal de Justiça

Desportiva, como órgão arbitral para dirimir quaisquer

controvérsias de ordem associativa, cabendo ao órgão dirimir

quaisquer conflitos decorrentes:

I – da interpretação e cumprimento deste estatuto;

II – das relações de ordem associativa entre os membros dos

Poderes da CBHb;

III – das relações de ordem associativa entre os Poderes da CBHb;

IV – das relações de ordem associativa entre os membros de

Poderes distintos da CBHb;

V – das relações de ordem associativa entre a CBHb e qualquer de

suas Filiadas;

VI – das relações de ordem associativa entre as Filiadas da CBHb;

VII – das relações de ordem associativa entre as pessoas físicas e/ou

jurídicas vinculadas às Filiadas da CBHb e esta;

VIII – das relações de ordem associativa entre as pessoas físicas

e/ou jurídicas vinculadas às Filiadas da CBHb e estas;

IX – das relações de ordem associativa entre as pessoas físicas e/ou

jurídicas vinculadas às Filiadas da CBHb;

X – das relações de ordem associativa entre as pessoas físicas e/ou

jurídicas vinculadas à CBHb e esta;

XI – das relações de ordem associativa entre as pessoas físicas e/ou

jurídicas vinculadas à CBHb”. (Grifo nosso)

A partir da leitura do aludido dispositivo, infere-se que em

nenhum inciso avista-se a previsão da competência de atuação do STJD do

Handebol para dirimir questões eleitorais no âmbito da própria Confederação

Brasileira de Handebol, ressaltando a existência de uma Comissão Eleitoral

especificamente nomeada para esse fim, tendo atuado a contento.

Depreende-se do dispositivo acima transcrito que não se trata

o caso vertente de “controvérsias de ordem associativa”, nem de conflito

decorrente da “interpretação e cumprimento deste estatuto”, pois, conforme

explanado ao longo das manifestações juntadas a esse processo, inexiste

controvérsia quanto à interpretação e cumprimento do estatuto da CBHb, mas sim

questão de natureza eleitoral no âmbito da Confederação.

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Não obstante o previsto no estatuto, o STJD buscou enquadrar

a hipótese vertente, a todo custo, no âmbito de competência do Painel Arbitral, por

entender que a sua atuação seria no intuito de dirimir questões atinentes

aocumprimento ou descumprimento dos Estatutos.

Repise-se que a referida tese de competência da Justiça

Desportiva inicialmente destacada na sentença arbitral e reiterada em

contestação apresenta-se como esdrúxula, ao afirmar que existem divergências de

interpretação e cumprimento do estatuto, em especial se for levado em

consideração que a questão ora debatida é de natureza eleitoral e não de

entendimento ou cumprimento estatutário propriamente dito.

Ademais, insta ressaltar que, para a existência juridicamente

válida de um procedimento arbitral tem-se a necessidade legal de anuência de

ambos os lados, ou seja, as partes conflitantes têm de aceitar e indicar, cada uma,

um árbitro, o que não existiu na lide sub examine, posto que os árbitros foram

indicados pelo, à época, Presidente do STJD, configurando um verdadeiro absurdo,

eivando de vícios e de ilegalidade.

No escopo de legitimar sua competência, a Sentença Arbitral,

ora defendida pelo STJD, utiliza os seguintes fundamentos, verbis:

“A lei não impede, de forma alguma que o STJD funcione como

órgão arbitral, desde que haja cláusula compromissória em seus

estatutos. O que a lei proíbe, é que no âmbito da disciplina e da

competição, não poderá ser aplicada legislação estranha, ou ainda,

que não poderá dirimir outros conflitos sem que haja previsão

expressa nos estatutos das entidades.

Atribuir ao STJD outras funções além das previstas no CBJD,

depende exclusivamente da vontade das partes e dos filiados que,

em razão do princípio constitucional da autonomia da vontade

associativa (CF, art. 5º, inciso XVIII), livremente aprovaram o

Estatuto em Assembleia Geral com tal previsão, muito diferente

das decisões juntadas nos autos, em que não havia tais previsões.

E a arbitragem esportiva é uma realidade em todo o mundo, sendo,

inclusive, prevista nos Estatutos da Federação Internacional de

Handebol (IHF) em seu artigo 22, reconhecendo, inclusive o Código

do CAS (Court of Arbitration of Sport)”.

Resulta claro que o procedimento arbitral cuja legalidade é

defendida pelo STJD, não possui qualquer fundamentação legal, quer pela sua

inconsistência jurídica, pelo despropósito do pedido, ou ainda, pela ilegitimidade

de quem instaurou o referido procedimento.

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Destarte, observa-se que, diversamente do entendido pelo

STJD-Handebol, em sua manifestação defensiva, o total absurdo jurídico ao se

buscar no Estatuto Social da CBHb uma fundamentação inexistente, posto que não

dispõe sobredito diploma normativo acerca de sua aplicabilidade em certame

eletivo da própria Confederação, estando voltado para a relação a ser mantida

entre a Confederação e as demais federações e respectivos associados.

Inviável, portanto, a procedência da tese defensiva alegada

pelo STJD-Handebol.

3.3. Da ausência de irregularidade no presente processo em curso perante a 10ª

Vara Cível da Comarca de Aracaju/SE.

Por derradeiro, ainda no que se refere aos argumentos

elencados pelo STJD em sua contestação, cumpre salientar que não merece

guarida a alegação de irregularidade do presente processo, posto que o Estatuto

da CBHb em seu art. 34 assevera a possibilidade de representação da

Confederação por seu Diretor Jurídico, caso o presidente não possa fazê-lo, nos

seguintes termos:

“Art. 34 - Em caso de impedimento ou vaga do Presidente e dos

Vice-Presidentes da CBHb, os Diretores serão sucessivamente

chamados ao exercício da Presidência, conforme a ordem

previamente estabelecida pelo Presidente. Se a vaga definitiva

ocorrer na vigência do último ano do mandato eletivo, o

Presidente em exercício completará o mandato até a passagem

oficial do cargo do seu substituto que vier a ser eleito na forma deste

Estatuto.” (Grifo nosso)

Destaca-se, ainda, que diversamente do alegado, o autor não

objetivou obter a liminar para postergar o procedimento arbitral, muito menos criar

situações para arrastar o processo, ou sequer chegou a negar a vigência de normas

estatutárias ao explanar a tese de incompetência do painel arbitral e do próprio

STJD-Handebol.

No que diz respeito à alegação do item 7.3. da contestação,

de suposto litisconsórcio necessário que deveria ter sido formado entre Fabiano

Lima Cavalcante e a Federação Cearense de Handebol, os quais alegou-se terem

interesse jurídico direto na demanda, ressalta-se que tais afirmações não merecem

qualquer amparo, consoante será esmiuçado nos tópicos posteriores.

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Assim, em razão do exposto até então, tem-se como inviável,

portanto, a procedência das teses defensivas alegadas pelo STJD-Handebol.

3.4. Da impossibilidade de incluir Fabiano Lima Cavalcanti e a Federação Cearense

de Handebol na demanda. Ausência de legitimidade e interesse jurídico no deslinde

da presente ação cível.

Quanto à alegação trazida no item 7.3. da contestação,

relativo à suposta necessidade de inclusão, no litisconsórcio necessário já existente,

de Fabiano Lima Cavalcantie a Federação Cearense de Handebol, destaca-se que

tal argumento não merece guarida, em especial por não haver interesse jurídico

dessas pessoas no deslinde da presente ação cível.

Ademais, nota-se que ambas as partes elencadas no item 7.3.

da contestação – Fabiano Lima Cavalcanti e a Federação Cearense de Handebol

– não podem figurar como litisconsortes necessários por não haver disposição legal

que os obrigue, nem por restar configurada relação jurídica controvertida que

venha a influir na eficácia da sentença, de tal modo que são completamente

dispensáveis na integração da lide, a qual, já fora corretamente delimitada pelo

magistrado em momento oportuno, consoante será explanado nos dois subtópicos

seguintes.

3.4.1. Da existência de impugnação ao pedido de admissão como assistente

formulado por Fabiano Lima Cavalcanti.

Sobre a alegação do STJD-Handebol em sua contestação se

referir a suposta má-fé processual ao não incluir no litisconsórcio necessário já

existente Fabiano Lima Cavalcanti, cumpre reiterar algumas notas elencadas no

item 2.1 desta réplica, no sentido de que inexiste disposição de lei ou, ainda, relação

jurídica controvertida, que faça com que a eficácia da sentença dependa de sua

inclusão na lide.

Em verdade, sua presença em nada influenciará na presente

demanda, em especial por não haver interesse jurídico na lide e, pelo fato de não

depender a eficácia jurídica da sentença, de sua presença na causa, de modo

que não pode ser considerado litisconsorte necessário, nos termos do art. 114 do

CPC/2015.

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Insta relembrar que o autor já rechaçou (vide manifestação

de fls. 928/934) pleito de assistência elencado por Fabiano Lima Cavalcanti, o qual,

através de petição protocolizada em 04.07.2017, solicitou a sua admissão nos

presentes autos, na condição de assistente simples, alegando possuir interesse

jurídico no deslinde da presente ação cível.

Destacou-se, nesse segundo momento em que Fabiano Lima

buscou fazer parte do processo, que com relação à Intervenção de Terceiros, o

Código de Processo Civil vigente, a partir do seu artigo 119, pontua que para o

ingresso de um terceiro nos autos de um processo que já se encontra em curso, deve

haver a comprovação do interesse jurídico que o legitime como interveniente.

Segundo já explanado oportunamente no pedido de

assistência, a Intervenção de Terceiros deve ser entendida como a oportunidade

legalmente concedida à pessoa não participante de determinada relação jurídica

processual para nela atuar (ou ser convocado a atuar), na defesa de interesses

jurídicos próprios.

Não se verifica, no caso sub examine, qualquer interesse

jurídico da parte de Fabiano Lima na demanda, pois, para que haja a possibilidade

de assistência simples (arts. 121/123 do CPC) ou litisconsorcial (art. 124 do CPC) é

necessário que o terceiro possa vir a sofrer prejuízos jurídicos com a prolação de

decisão, conforme destaca eminente processualista pátrio cujo entendimento

segue transcrito in verbis:

“O interesse jurídico é pressuposto da intervenção. Não se autoriza

a assistência quando o interesse for meramente econômico ou

afetivo. O interesse jurídicomanifesta-se seja pelo fato de o terceiro

manter relação jurídica vinculada à queestá deduzida, seja por elese

afirmar titular da relação jurídica deduzida”4. (Grifo nosso).

Dessa forma, pode-se dizer que não é qualquer interesse que

autoriza a assistência, de tal modo que não basta a mera convicção pessoal do

terceiro ou sua insatisfação em relação aos contornos jurídicos da causa posta à

apreciação do Poder Judiciário.

A quaestio iuris da presente lide envolve o autor, os réus, a

Confederação Brasileira de Handebol e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva do

Handebol, eis que, conforme já esclarecido na inicial, busca-se o reconhecimento

da incompetência do STJD do Handebol para decidir sobre questões inerentes ao

4 Didier Jr., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito Processual Civil, parte geral e processo de conhecimentoI.Fredie Didier Jr. -17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.v. I. p. 480.

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pleito eleitoral realizado no âmbito da requerida Confederação Brasileira de

Handebol.

Os polos ativo e passivo da demanda já foram claramente

delimitados quando do ajuizamento da ação, sendo que este douto juízo, ao

conceder regular impulsionamento ao feito, já reconheceu as partes como

legítimas, restando preenchida essencial condição da ação.

Logo, não obstante a alegação errônea do STJD em sede

defensiva (item 7.3 da contestação) e apesar de o Sr. Fabiano Lima Cavalcanti ter

requerido, posteriormente, o ingresso como assistente no presente feito, é fato que

não há interesse jurídico para que possa intervir nesta causa, notadamente por não

ter sido oferecidas as razões fáticas e jurídicas que justificariam seu pedido.

A jurisprudência pátria se consolidou no sentido de que não

cabe deferimento do pedido de assistência quando não houver interesse jurídico

do solicitante, conforme se pode observar nos recentes julgados a seguir transcritos,

in verbis:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVISÃO DA

COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA ESTABELECIDA POR

MEIO DE PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. INTERVENÇÃO DA

PATROCINADORA COMO ASSISTENTE LITISCONSORCIAL.

IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE

PATROCINADORA E BENEFICIÁRIO. EXTINÇÃO DO VÍNCULO

EMPREGATÍCIO. AUTONOMIA DE PATRIMÔNIO E DE

PERSONALIDADE JURÍDICA ENTRE A PATRO. CINADORA E O FUNDO

DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.Para que seja cabível a

assistência litisconsorcial, é preciso que haja um interesse jurídico

imediato do terceiro requerente na causa, de modo que este possa

vir a sofrer prejuízos jurídicos diretos e imediatos com a prolação

de decisão contra o assistido; não basta que os prejuízos sejam

reflexos ou mediatos. [...]Possível prejuízo econômico decorrente

de eventual condenação da entidade de previdência é insuficiente

para justificar o ingresso da patrocinadora no feito como assistente

litisconsorcial, hipótese que exige interesse jurídico direto e

imediato. (TJBA; AI 0003902-53.2017.8.05.0000; Salvador; Segunda

Câmara Cível; Relª Desª Lisbete Maria Teixeira Almeida Cézar Santos;

Julg. 08/08/2017; DJBA 15/08/2017; Pág. 265). - Grifo nosso.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO

ESPECIFICADO. AÇÃO DE COBRANÇA. CUMPRIMENTO DE

SENTENÇA. ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL. EXECUÇÃO.

INVIABILIDADE. A assistência litisconsorcial é instituto que permite

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àquele que na origem não integra a lide e vem intervir no processo

visando sentença que possa influir na sua relação com o adversário

do assistido. - Circunstância dos autos em que a pretensão é de

direito de regresso e se impõe manter a decisão que não admitiu a

intervenção no momento processual. Recurso desprovido.” (TJRS;

AI 0128643-73.2017.8.21.7000; Porto Alegre; Décima Oitava Câmara

Cível; Rel. Des. João Moreno Pomar; Julg. 25/05/2017; DJERS

30/05/2017). - Grifos nosso.

O Tribunal de Justiça de Sergipe também tem entendimento,

verbis:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA.

CONVENÇÃO DE CONDOMÍNIO. PEDIDO DE INTERVENÇÃO

ASSISTENCIAL. LITISCONSÓCIO FACULTATIVO ULTERIOR.

IMPOSSIBILIDADE. ASSISTENCIA LITISCONSORCIAL. NÃO

CONFIGURADA. AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS. PRECEDENTES DO

STJ. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1.

Não há interesse jurídico do recorrente no prosseguimento da

demanda quanto ao descumprimento da convenção de condomínio,

já que houve acordo realizado em assembleia, devendo imperar a

vontade da maioria, haja vista ser regra primitiva do estado

democrático de direito em que vivemos. 2. Não havendo comunhão

de direitos que permitam a assistência litisconsorcial, nos termos

do art. 46, I, do Código de Processo Civil.” (TJSE; AC 201500705015;

Ac. 9245/2015; Primeira Câmara Cível; Relª Desª Elvira Maria de

Almeida Silva; Julg. 16/06/2015; DJSE 19/06/2015). - Grifos nosso.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE

ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL. Decisão que acolheu a impugnação

e indeferiu o pedido de assistência. Irresignação. Ausência de

demonstração de interesse jurídico de terceiro. Requisito constante

do art. 50 do código de processo civil. Julgado do Superior Tribunal

de Justiça. Manutenção da decisão. Recurso conhecido e improvido.”

(TJSE; AI 2012203524; Ac. 12324/2012; Segunda câmara Cível; Rel.

Subst. Des. José dos Anjos; DJSE 24/08/2012; Pág. 12)(Grifo nosso)

Ademais, consoante já ressaltado na parte inicial dessa

réplica, não há que se falar em inclusão de Fabiano Lima Cavalcanti no polo passivo

da presente lide, em especial por não atender aos requisitos relativos à formação

do litisconsórcio necessário, de tal modo que a sua dispensa da lide em nada

afetará a eficácia da sentença, além de não haver interesse jurídico que justifique

a sua inclusão na demanda.

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Portanto, seguindo-se os entendimentos jurisprudenciais e

doutrinários transcritos ao longo dessa réplica, bem como, as teses defendidas em

manifestação de fls. 928/934, roga o autor da presente actio civilis pela

improcedência da argumentação do STJD, em especial da errônea necessidade de

inclusão no litisconsórcio necessário existente, de Fabiano Lima Cavalcanti, bem

como, pela denegação do pedido de habilitação como assistente na lide em

epígrafe.

À vista do exposto, roga o autor da presente ação cível pelo

indeferimento tanto da alegação do STJD referente à necessidade de inclusão no

litisconsórcio passivo necessário de Fabiano Lima Cavalcanti, assim como, do pleito

de assistência formulado pelo Sr. Fabiano Lima Cavalcanti, eis que não se

vislumbram, no presente caso, os requisitos aptos a justificar as admissões solicitadas.

3.4.2. Da ilegitimidade da Federação Cearense de Handebol para figurar na

presente demanda.

Além da manifesta incompetência da Justiça Desportiva, e

dos demais argumentos elencados na exordial e reiterados ao longo das

manifestações processuais acostadas aos autos, tem-se como relevante registrar a

total inviabilidade da argumentação trazida no item 7.3 da contestação do STJD,

referente à falta de inclusão da Federação Cearense de Handebol como

litisconsorte necessária na presente lide.

Em primeiro lugar, importa reiterar que a impugnação do

registro da candidatura do Presidente da Confederação Brasileira de Handebol fora

formulado pelo Sr. Fabiano Lima Cavalcanti, sendo que referido pleito administrativo

recebera detida análise pela Comissão Eleitoral, órgão vinculado à Confederação

Brasileira de Handebol, responsável por receber o pedido de registro das chapas,

pedido de impugnação, homologação ou deferimento dos registros, eleição e

proclamação do resultado da disputa eleitoral prevista nos moldes do Estatuto

Social da entidade.

Repise-se que a douta Comissão Eleitoral decidiu fundada na

votação de todos os presentes, inclusive de representantes do STJD.

Portanto, registra o requerente que a FEDERAÇÃO CEARENSE

DE HANDEBOL não dispõe de legitimidade para figurar no polo passivo da presente

demanda, notadamente em razão de não ter sido incluída na impugnação que

originou o objeto da referida ação de ver declarada a incompetência do STJD para

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proferir qualquer julgamento acerca do processo eleitoral da Confederação

Brasileira de Handebol.

Cumpre reiterar que a presente ação decorre da formação

equivocada de Painel Arbitral nº. 001/2017, provocado por impugnação de chapa

da qual o autor era integrante sagrou-se vencedor, perante a Comissão Eleitoral

constituída para essa finalidade, em Assembleia Geral realizada na cidade de

Aracaju/SE (31.01.2017 e 01.02.2017).

Destaca-se que o procedimento de impugnação fora

subscrito apenas e tão somente pelo Sr. Fabiano Lima Cavalcanti, não havendo

qualquer manifestação da referida Federação Cearense, a qual não possui

qualquer relação com o Painel Arbitral em si, nem com a Impugnação e, por via de

consequência, não possui legitimidade nem interesse para figurar na presente lide.

Logo, tem-se que a aludida Federação em nenhum momento

figurou como autora da impugnação da chapa HANDBRASIL NOVOS DESAFIOS

perante a Comissão Eleitoral, restando evidente a carência de legitimidade, posto

que no momento oportuno não se insurgiu contra o registro da candidatura da

chapa vencedora do Autor.

Portanto, tem-se como flagrantemente ilegítimo o pleito de

inclusão da Federação Cearense de Handebol na presente demanda quando

referida federação não apresentou qualquer insurgência perante a Comissão

Eleitoral, anuindo com o resultado do pleito eleitoral devidamente homologado em

assembleia geral realizada pela Confederação Brasileira de Handebol.

Ademais, cumpre registrar que ao ser deflagrado o Painel

Arbitral não foram apresentados documentos que comprovassem deliberação da

Diretoria ou qualquer Conselho da FederaçãoCearense de Handebol no escopo de

manejar pedido perante o STJD, restando evidente a ilegitimidade e falta de

interesse da federação, tanto no processo arbitral como na demanda.

Destarte, tendo em vista o exposto, pugna-se pela

improcedência do pleito elencado pelo STJD-Handebol em no item 7.3 de sua

contestação, especialmente no que refere à inclusão ilegítima da Federação

Cearense de Handebol na presente demanda, como litisconsorte necessária, posto

que carente de interesse e legitimidade para tanto.

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IV. DA NOVA COMPOSIÇÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO HANDEBOL.

NECESSIDADE DE EXCLUSÃO DO NOME DO DR. CAIO POMPEU MEDAUAR DE SOUZA

DOS AUTOS E INTIMAÇÃO DO NOVO PRESIDENTE DO STJD DO HANDEBOL – DR.

GENISSON CRUZ SILVA – OAB/SE 2094 PARA PROMOVER A REGULAR HABILITAÇÃO NO

PRESENTE FEITO.

Por derradeiro, cumpre reiterar o disposto em manifestação

juntada às fls. 916 ut 918, referente ao pedido de exclusão do antigo representante

do STJD-Handebol, pelo novo presidente, o Dr. Genisson Cruz da Silva, a fim de que

passe a integrar a presente demanda, a qual, como se sabe, fora ajuizada pelo

requerente em desfavor da Confederação Brasileira de Handebol e de seu órgão

interno autônomo – Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Handebol.

Relembrando os fatos, tem-se quando da realização do

protocolo da inicial da presente lide (fls. 04/20) figurava como Presidente do STJD

da CFBH o Dr. Caio Pompeu Medauar de Souza – OAB/SP nº. 162.565.

Ocorre que às fls. 259/260 do presente feito pode ser avistada

petição subscrita por referido advogado, apresentando-se como Presidente do

Superior Tribunal de Justiça do Handebol e solicitando que as intimações oriundas

deste respeitável Juízo fossem a ele endereçadas.

Sobredito advogado (buscando em seu entendimento

defender os interesses do STJD-Handebol) ofertou contestação nos presentes autos

(fls. 326/343), sendo que em referida manifestação, por duas oportunidades, admitiu

que seu mandato de Presidente do STJD do Handebol já estava se expirando.

Colhe-se à fl. 327 a assertiva da “iminência de término do

mandato dos membros atuais do STJD”, sendo sobredita informação corroborada

às fls. 329, quando assevera que “seu mandato se encerra nas próximas semanas,

e por tal motivo, já apresenta a contestação”.

Portanto, desde a apresentação de sua contestação em

nome do STJD-Handebol que o advogado Caio Pompeu Medauar de Souza possuía

plena ciência de que seu mandato na condição de Presidente de referido Tribunal

da Justiça Desportiva encontrava-se na proximidade do término, razão pela qual

antecipou a apresentação da contestação (fls. 326/343), abrindo mão do prazo

processual de que dispunha.

Consoante comprovam os documentos de fls. 346/350 o

mandato da anterior composição do STJD do Handebol se iniciou em 23.05.2013,

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sendo certo que a duração de referido mandato é de 04 (quatro) anos, nos termos

do artigo 55, § 2º, da Lei nº. 9.615/98, vencendo-se, portanto, em 23.05.2017.

No escopo de dar cumprimento à legislação sobre a matéria

(Lei Pelé) a Confederação Brasileira de Handebol por intermédio de seus dirigentes

provocou todas as entidades que possuíam assento no Tribunal Desportivo (OAB,

árbitros, atletas e clubes) para que indicassem nomes a serem nomeados,

constituindo-se nova composição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da

Confederação Brasileira de Handebol.

Nesse contexto, após todas as indicações e respectivas

nomeações, deu-se no dia 03.07.2017 a posse aos novos integrantes do STJD-CBHb,

tendo sido realizada Sessão Ordinária, promovendo-se, inclusive, a eleição para os

cargos de Presidente e Vice-Presidente do STJD do Handebol (vide ata em anexo,

devidamente registrada no Cartório do 10º Ofício da Comarca de Aracaju/SE).

Extrai-se do documento anexo a eleição do ilustre advogado

Dr. Genisson Cruz Silva – OAB/SE 2094 para o cargo de Presidente e do Dr. Fábio

Rodrigo de Paiva Henriques para o cargo de Vice-Presidente do STJD do Handebol.

Consigne-se que na mesma solenidade foram eleitos os Drs.

Francisco Antony Robson da Silva Lima e Josan Gois Martins Neto respectivamente

para os cargos de Procurador Geral e Procurador Adjunto do STJD do Handebol.

Considerando que a posse dos eleitos se deu na mesma data

(03.07.2017), passou o STJD-Handebol a contar a partir de referido momento com

novos representantes, destacando-se que os mandatos terão vigência pelo

interstício compreendido entre julho de 2017 a julho de 2021.

O requerente, objetivando zelar pelo regular andamento da

presente demanda, reitera na presente réplica a nova composição do Superior

Tribunal de Justiça do Handebol da Confederação Brasileira de Handebol, a fim de

que se promova a exclusão do nome do Dr. Caio Pompeu Medauar de Souza dos

presentes autos, considerando que referido profissional não mais representa o STJD-

Handebol, haja vista não mais possuir legitimidade para atuar na presente lide,

devendo-se desentranhar qualquer manifestação processual que venha a ser por

ele apresentada nos autos.

Por derradeiro, pugna o autor que seja realizada a imediata

intimação do novo Presidente do STJD do Handebol – Dr. Genisson Cruz Silva –

OAB/SE 2094, para promover a regular habilitação no presente feito, devendo

sobredito advogado vir a ser intimado de todos os atos processuais a serem

praticados por este competente e ínclito Juízo.

Page 24: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … · O STJD-Handebol ora demandado apresentou contestação acostada às fls. 326/343. Em referida peça de defesa, argumentou,

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IV. DOS REQUERIMENTOS:

À vista do exposto, roga o requerente:

a) Pelo recebimento da presente manifestação

processual em forma de réplica, eis que oportuna e

tempestiva;

b) Que se promova a rejeição in totum das

preliminares suscitadas pelo STJD-Handebol e pela

Confederação Brasileira de Handebol, ora requeridos,

haja vista a inviabilidade jurídica da fundamentação

nelas trazida, consoante se depreende das

argumentações demonstradas no início dessa réplica;

c) Que se promova a rejeição in totum da pretensão

de resistência oposta pelo STJD-Handebol e pela

Confederação Brasileira de Handebol, ora requeridos,

por serem suas teses carecedoras de quaisquer alicerces

jurídicos, consoante se depreende das argumentações

alhures demonstradas;

d) Que seja, desde logo, reconhecida a inexistência

de litigância de má-fé na conduta do requerente, posto

que vem atuando na lide com lealdade, confiança e

respeito à legislação processual;

e) Que seja denegado o pleito do STJD de inclusão no

litisconsórcio necessário existente, de Fabiano Lima

Cavalcanti, bem como, que se promova a denegação

do pedido deste de habilitação como assistente, visto

que os polos ativo e passivo da demanda foram

claramente delimitados quando do ajuizamento da

ação, tendo este douto juízo reconhecido as partes

legítimas;

Page 25: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … · O STJD-Handebol ora demandado apresentou contestação acostada às fls. 326/343. Em referida peça de defesa, argumentou,

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f) Que seja reconhecida a ilegitimidade da Federação

Cearense de Handebol para figurar na demanda, como

litisconsorte necessária, posto que carece de interesse

jurídico para tanto, visto que jamais chegou a ser parte

na impugnação que originou a propositura da presente

ação, devendo ser mantida a sua exclusão da lide;

g) Que se promova a exclusão do nome do Dr. Caio

Pompeu Medauar de Souza dos presentes autos, posto

que referido profissional não mais representa o STJD-

Handebol, haja vista não mais possuir legitimidade para

atuar na presente lide, devendo-se desentranhar

qualquer manifestação processual que venha a ser por

ele apresentada nos autos;

h) que seja realizada a imediata intimação do novo

Presidente do STJD do Handebol – Dr. Genisson Cruz Silva

– OAB/SE 2094, para promover a regular habilitação no

presente feito, devendo sobredito advogado vir a ser

intimado de todos os atos processuais a serem praticados

por este competente e ínclito Juízo.

i) Reiteram-se, no atual estágio do feito, os pedidos

formulados na exordial em sua totalidade.

Nestes termos, crédulos na justiça que aflora de seus petitórios,

aguardam deferimento.

Aracaju/SE, 31 de outubro de 2017.

EVÂNIO JOSÉ DE MOURA SANTOS MATHEUS MEIRA DANTAS

OAB/SE 2.884 – OAB/BA 19.306 OAB/SE 3.910