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Cristo, o Mediador:
O Diálogo Atual para
Teologia e Ministério
Uma Aplicação Prática do Capítulo 8 da CFB1689
Justin McLendon
Nossa loja da Amazon
Traduzido do texto em inglês
Justin McLendon - Christ the Mediator: Current Dialogue for Theology and Ministry
By Justin McLendon
Via: Founders.org
Tradução por Antonio e Jeniffer de Souza
Revisão por Camila Rebeca Teixeira
Capa por William Teixeira
1ª Edição: Abril de 2018
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão
do Ministério Founders Ministries (Founders.org) e do próprio autor, sob a licença Creative Commons
Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
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Cristo, o Mediador:
O Diálogo Atual para Teologia e Ministério
Uma Aplicação Prática do Capítulo 8 da CFB1689
Por Justin McLendon
— The Founders Journal • Primavera de 2017 | Nº 108 —
Introdução
Ao longo dos últimos anos, surgiram inúmeros livros, conferências e ministérios que
buscam fundamentar o ministério pastoral dentro de uma estrutura teológica (não
pragmática). Por exemplo, Kevin Vanhoozer e Owen Strachan, em “The Pastor as Public
Theologian” [O Pastor como Teólogo Público], convida pastores a verem seu papel
ministerial como teólogo principal da igreja.1 Todd Wilson e Gerald Hiestand produziram
dois recentes livros que convocam os pastores a “ressuscitarem uma antiga visão” e
abraçarem seus papéis como teólogos principais da igreja.2 Claro, muito antes de esses
livros serem publicados, Tom Ascol argumentou de forma convincente no jornal Founders
que os pastores devem retornar a um ministério teologicamente enraizado.3
Essas contribuições proporcionam uma refutação abrangente à abordagem do
ministério pastoral, que emergiu da cultura popular da “mega igreja” e do movimento
1 Kevin Vanhoozer e Owen Strachan, The Pastor as Public Theologian: Reclaiming a Lost Vision [O
Pastor como Teólogo Público: Recuperando uma Visão Perdida] (Grand Rapids, MI: Baker
Academic, 2015). 2 Gerald Hiestand e Todd Wilson, The Pastor Theologian: Resurrecting an Ancient Vision [O Pastor
Teólogo: Ressuscitando uma Visão Antiga] (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2015). Além disso,
Hiestand e Wilson seguiram com um volume editado que aborda o pastor teólogo da perspectiva
de construtores da liderança da igreja. Veja Gerald Hiestand e Todd Wilson, Becoming a Pastor
Theologian: New Possibilities for Church Leadership [Tornando-se um Pastor Teólogo: Novas
Possibilidades para a Liderança da Igreja] (Downers Grove, IL: IVP Academic, 2016). 3 Tom Ascol, “The Pastor as Theologian” [O Pastor como um Teólogo]. Founders Journal. Inverno
2001, 1-10.
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moderno de crescimento de igreja.4 Felizmente, um apelo apaixonado aos pastores para
recuperar a visão bíblica e histórica é feito, para que o ministério pastoral seja, antes de
tudo, um chamado teológico, e para que os ministros contemporâneos deixem a
mentalidade que visa dividir o ministério pastoral e a reflexão teológica. Os pastores são
teólogos. Eles podem não ser pastores-eruditos, mas certamente são teólogos, pois
formam a doutrina e a prática congregacional. Além disso, são a defesa primária da igreja
contra a falsa doutrina que pode se infiltrar no corpo.
Uma questão emergente nessas discussões relaciona-se com modelos teológicos
para o ministério: se o pastor é o teólogo principal da igreja, como ele deve organizar o
ministério para liderar o seu povo de uma perspectiva teologicamente robusta? Em outras
palavras, existe um modelo teológico na Pessoa de Jesus que os pastores podem usar
para integrar em seus próprios ministérios? As respostas a esta questão foram variadas,
mas há uma tendência para fundamentar os deveres ministeriais de um pastor no oficio
triplo de Jesus como profeta, sacerdote e rei. Meu propósito é resumir como os teólogos
falam de cristãos que agem como profetas, sacerdotes e reis em seu testemunho cristão e
a vida da igreja, e também, uma visão geral de como alguns teólogos e líderes da igreja
defendem a integração do modelo profeta, sacerdote e rei como uma tipologia ao ministério.
Cristãos como Profetas, Sacerdotes e Reis
Antes de examinar especificamente a questão dos pastores que consideram os papéis
de mediação de Jesus como uma tipologia para o ministério moderno, observar como esses
papéis cristológicos estão presentes na vida dos crentes é útil. Por exemplo, John Dagg
conectou os ofícios mediadores de Jesus com o caráter cristão. Ele observou:
Estes ofícios de Cristo também são adaptados às graças que distinguem e adornam
o caráter cristão. As principais dessas, como citadas por Paulo, são a fé, a esperança
e o amor. No exercício da fé, recebemos a verdade revelada por Cristo, o Profeta; no
exercício da esperança, seguimos a Cristo, o Sacerdote, que entrou no santo dos
santos, comparecendo perante Deus por nós; e nos submetemos a Cristo, o Rei, no
4 Pode-se também incluir os ministérios de Mark Dever (9 Marks) e Brian Croft (Practical
Shepherding) como exemplos de incorporação de reflexão teológica intencional dentro da igreja a
partir de uma perspectiva de pastoreio. Além disso, pode-se ver o útil tratamento de Al Mohler em
“O Pastor como Teólogo”, em A Theology for the Church [Uma Teologia para a Igreja], editado por
Daniel L. Akin (Nashville, TN: 2007), 927-934.
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exercício do amor, que é o cumprimento da lei, o princípio e a soma de toda santa
obediência.5
A percepção de Dagg é notável em seguir a Cristo com uma vida de submissão
humildade e santidade pessoal, necessariamente incluindo fé, esperança e amor, e ver
essas virtudes através dos papéis mediadores de Cristo prova ser encorajador e instrutivo.
Uma breve pesquisa sobre o amplo aspecto do evangelicalismo revela apelos
semelhantes aos crentes para que se apeguem às implicações práticas dos papéis
mediadores de Cristo. Por exemplo, o teólogo metodista Geoffrey Wainwright sugere que o
oficio triplo de Cristo deve ser usado como uma função arquetípica ao longo da vida cristã,
e devemos “reter ou reconquistar um contexto vivo na vida devocional e litúrgica da igreja,
pois esta imagem e arquétipos persistem e exercem seu poder”.6 O estudioso do Antigo
Testamento e teólogo presbiteriano, Richard Belcher, também vê uma conexão,
declarando: “Os ofícios de profeta, sacerdote e rei demonstram como a igreja pode
desempenhar a sua missão como o corpo de Cristo”.7 Assim, na vida devocional individual
e na vida do corpo da igreja, ao ofícios mediadores de Cristo funcionam de forma prática
na santidade e devoção individuais e congregacionais. Os crentes não devem restringir os
méritos do trabalho sacrificial de Cristo apenas à soteriologia; antes, os crentes modelam
esses ofícios de várias maneiras pelo poder do Espírito Santo.
Em sua popular Teologia Sistemática, Wayne Grudem desenvolve uma análise
minuciosa do oficio triplo de Cristo, a partir de perspectivas teológicas e práticas. Ele
contrasta a realidade antes da queda de Adão com o futuro reino do crente com Cristo, ao
considerar os ofícios dos fiéis como profetas, sacerdotes e reis.8 Esses papéis mediadores
eram o propósito de Deus para o homem, e os crentes podem ter um vislumbre da sua
futura realização celestial enquanto aqui na terra, cumprindo esses papéis no corpo de
Cristo, observando o uso de Adão e Eva desses papéis antes de caírem no pecado.
Grudem entende que, antes da queda, Adão tinha um papel profético, na medida em
que “tinha o verdadeiro conhecimento de Deus e sempre falava verdadeiramente sobre
5 J. L. Dagg, Manual de Teologia (Editora Fiel). 6 Geoffrey Wainwright, For Our Salvation: Two Approaches to the Work of Christ [Para a Nossa
Salvação: Duas Abordagens à Obra de Cristo] (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1997), 173. 7 Richard Belcher, Prophet, Priest, and King: The Roles of Christ in the Bible and Our Roles
Today [Profeta, Sacerdote e Rei: Os Ofícios de Cristo na Bíblia e os Nossos Ofícios Hoje]
(Phillipsburg, NJ: P & R Publishing, 2016), 160. 8 Wayne Grudem, Teologia Sistemática: Uma Introdução à Doutrina Bíblica (Editora Vida Nova).
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Deus e sobre a sua criação”.9 Além disso, Adão não tinha necessidade de um sistema
sacrificial pelo pecado, mas ele e Eva agiam como sacerdotes oferecendo as suas boas
obras a Deus com fidelidade e submissão por Sua generosa provisão. Adão e Eva
mostraram seu governo real através do seu domínio sobre a criação sob seus cuidados.
Em cada uma dessas maneiras, Adão e Eva desfrutaram desses papéis em seu
relacionamento antes da queda com Deus, o que de certa maneira fornece um vislumbre
da concretização futura ao povo de Deus nos novos céus e na nova Terra.
Por causa da queda, no entanto, esses papéis mediadores foram destruídos. De
acordo com Grudem, os seres humanos já não serviam como profetas porque “eles criam
em falsas informações sobre Deus e falavam falsamente sobre Ele para os outros”.10 Além
disso, o papel de sacerdote foi pervertido devido à ausência da presença de Deus por causa
da luxúria do homem pelo pecado, e a sujeição da humanidade às duras realidades de um
mundo pós-queda de governantes decadentes e injustos revelou o colapso do papel real.
Como Grudem afirma: “a nobreza do homem como Deus o criou — um verdadeiro profeta,
sacerdote e rei — foi perdida por causa do pecado”.11 Embora existisse um ressurgimento
de esperança, por vezes, no Antigo Testamento, através de homens piedosos que atuaram
nesses papéis, em geral, não houve uma recuperação completa até o ministério de Jesus.
Como a Confissão de Fé Batista de 1689 e outros teólogos reformados antes dela, Grudem
conecta o papel de Jesus como o profeta perfeito, porque Deus revelou a Sua Palavra
completamente através de Cristo. O dom sacrificial de Jesus de Si mesmo e o Seu trabalho
de intercessão por Seu povo evidencia os Seus deveres sacerdotais, e Jesus reina agora
e por toda a eternidade como Rei dos novos céus e da nova Terra.
De acordo com Grudem, os crentes têm um papel participativo nesses ofícios, embora
a participação seja subordinada. Atualmente, os crentes realizam o trabalho profético
através da proclamação do Evangelho. O trabalho sacerdotal é visto através da participação
do crente no “sacerdócio real” (1 Pedro 2:9), oferecendo sacrifícios de louvor a Deus.
Finalmente, os crentes atualmente participam da obra real de Cristo através da autoridade
dada à igreja. Grudem acredita que esses papéis mediadores atuais prefiguram o que está
à frente dos crentes nos novos céus e na nova Terra, onde esses papéis englobarão a
atividade normal do povo de Deus.
9 Ibid. 10 Ibid. 11 Ibid.
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No recente livro de Vern Poythress, The Lordship of Christ [O Senhorio de Cristo] ele
descreve a partir da Confissão de Fé de Westminster a espinha dorsal teológica dessa
doutrina, argumentando que “a obra de Cristo como Profeta, Rei e Sacerdote é perfeito.
Todos que acreditam nEle estão unidos a Ele e recebem os benefícios de Sua obra... sendo
unidos a Cristo, os crentes recebem o poder de agir de certa forma como imitadores de
Cristo em suas próprias tarefas”.12 Nesse ponto, Poythress reflete a obra de Grudem na
descrição desses três ofícios na vida dos crentes, mas Poythress aplica essas verdades
em uma compreensão bíblica da vocação. Ele argumenta: “podemos usar as categorias de
profeta, rei e sacerdote em um sentido expandido para ver que muitas atividades humanas
envolvem o serviço a Deus que imita as ‘grandes’ versões desses ofícios que aparecem na
Escritura”.13 Com o modelo de profeta, sacerdote e rei usado como aplicação para a
construção de um modelo bíblico de vocação, pode-se potencialmente criar uma extensa
lista de conexões práticas.
Claramente, os teólogos em todo o aspecto evangélico expandem o papel de Cristo
como Mediador e suas implicações para a vida da igreja e dos crentes individuais. Na
eclesiologia Batista, o sacerdócio dos crentes prova ser uma área de diálogo intimamente
relacionada, e essas discussões geralmente se fundamentam no ensino do Novo
Testamento sobre as realizações sacerdotais de Cristo por Seu povo. A evidência sugere
que os teólogos defendem uma grande variedade de aplicações relativas a essas verdades
aos crentes. Além disso, avanços recentes indicam que houve uma mudança para vincular
esses benefícios com os deveres pastorais como uma tipologia do ministério. Brevemente,
mencionarei apenas três trabalhos específicos dentro da comunidade Reformada mais
ampla.
Profeta, Sacerdote e Rei como Tipologia para o Ministério
A abordagem de Richard Belcher é ampla e busca integrar esses ofícios ao ministério.
Ele sugere: “quando se entende os ofícios de Profeta, de Sacerdote e de Rei e como eles
se relacionam com Cristo, isso afeta a pregação e o ensino”.14Ele aborda cada um desses
ofícios através da lente da responsabilidade e do privilégio dos presbíteros. Os presbíteros
cumprem o papel profético através do ensino da Escritura, cumprindo o ministério da oração
12 Vern Poythress, The Lordship of Christ: Serving our Savior all of the Time, In all of Life, With all of
our Heart [O Senhorio de Cristo: Servindo ao Nosso Salvador em Todo o Tempo, em Toda a Vida,
com Todo o Nosso Coração] (Wheaton, IL: Crossway, 2016), 130. 13 Ibid. 14 Belcher, Prophet, Priest, and King [Profeta, Sacerdote e Rei], 165.
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e o discipulado das gerações futuras. Em seus ofícios sacerdotais, os presbíteros protegem
e promovem encontros de adoração e servem o povo de Deus através de orações,
pastoreio e encorajamento. Em seus deveres reais, os presbíteros proclamam o reino de
Cristo e promovem as táticas bíblicas de engajar a guerra espiritual. Os presbíteros
governam o povo de Deus sob a autoridade de Cristo e usam a supervisão para se engajar
na disciplina restaurativa. Independentemente de aceitar plenamente tudo o que ele sugere,
Belcher desenvolve uma abordagem reflexiva e enriquecedora para integrar os ofícios
mediadores de Jesus como uma estrutura tipológica para o ministério dos presbíteros. Em
um volume útil, editado com Kevin Vanhoozer, Owen Strachan dedica um capítulo ao
modelo profeta, sacerdote e rei como teologia bíblica para o pastorado. Strachan afirma
que “o ponto crucial e razoável é que o trabalho dos sacerdotes, profetas e reis nos dá uma
compreensão do trabalho do pastor”.15 Strachan constrói um excelente argumento desses
ofícios específicos em seus contextos do Antigo Testamento e usando as Escrituras, faz
um paralelo com qualificações e responsabilidades que se espera dos presbíteros da igreja
no Novo Testamento. Esses ofícios oferecem aos ministros uma grade teológica em que os
ministros podem exercer suas responsabilidades. Strachan escreve com uma perspicaz
consciência e enfatiza como o modelo do pastor-teólogo está ausente do ministério
contemporâneo. Ele acredita que a Bíblia oferece aos pastores uma estrutura útil que
sustenta a longevidade e a fecundidade teológica, e indica os deveres pastorais como
proféticos, sacerdotais e reais e que não defende o modismo atual dos ministérios repletos
de artifícios. Em vez disso, é uma recuperação de um ministério enraizado na prática bíblica
e inquestionavelmente evidenciado através da reflexão histórica. Os ministros da nova
aliança servem como sacerdotes ministrando a graça, servem como reis ministrando a
sabedoria e servem como profetas ministrando a verdade. Esses ministérios são
enfaticamente teológicos, e eles são o trabalho de um teólogo eclesial e público.
John Frame e Vern Poythress são os principais contribuintes deste diálogo através do
seu trabalho sobre a epistemologia reformada. Sua defesa em favor do “tri-perspectivismo”
fornece a variante teológica que alguns precisam para integrar o oficio triplo de Jesus a
uma tipologia para o ministério.16 Falando de modo simples, o tri-perspectivismo é o resumo
15 Owen Strachan, ‘Of Prophets, Priests, and Kings: A Brief Biblical Theology of the Pastorate’ [Sobre
Profetas, Sacerdotes e Reis: Uma Breve Teologia para o Pastorado], em The Pastor as Public
Theologian: Reclaiming a Lost Vision [Pastor como Teólogo Público: Recuperando uma Visão
Perdida] (Grand Rapids, MI: Baker, 2015), 39. 16 John Frame, “A Primer on Perspectivalism” [Um Manual sobre Perspectivismo], http://frame-
poythress.org/a-primer-on-perspectivalism/. Às vezes, o ‘tri-perspectivismo’ é chamado de ‘multi-
perspectivismo”.
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de como temos conhecimento verdadeiro, e isso vem de três perspectivas: normativas
(referentes à lei de Deus), situacional (referente ao mundo) e existencial (referente a si
mesmo). Frame argumenta que essas perspectivas são igualmente importantes e
fundamentais. Assim, uma não pode existir sem as outras.17
Quando essa estrutura é aplicada à cristologia através do ofício triplo de Jesus, então,
pode-se formar uma tipologia de ministério reconhecendo como cada oficio envolve uma
das três perspectivas. Frame acredita que “estes ofícios foram vistos como modelos para
os oficiais da igreja: o presbítero que ensina (1 Timóteo 5:17) representa especialmente a
autoridade de Deus; o presbítero regente (mesmo versículo) representa o controle de Deus
e o diácono representa o ministério sacerdotal da misericórdia”.18 O oficio profético
corresponde ao conhecimento normativo encontrado dentro da Sagrada Escritura. O oficio
sacerdotal corresponde ao conhecimento existencial de si mesmo. O oficio real
corresponde ao conhecimento situacional do mundo.
Belcher, Strachan e Frame não estão sozinhos ao verem o oficio triplo de Cristo como
uma tipologia do ministério. Outro exemplo recente é o teólogo J. Todd Billings, que
escreve que temos o grande privilégio de testemunhar a verdade em Cristo como
profetas; de oferecer com adoração nossas vidas a Deus como sacerdotes de um
modo que possa “mostrar e comunicar” o Evangelho; de se opor aos caminhos
pecaminosos do mundo que resistem ao senhorio de Cristo, sabendo que
compartilhamos a vitória real de Cristo. Mas é sempre Jesus Cristo, que é o Redentor
— Jesus Cristo que é o verdadeiro profeta, sacerdote e rei. Enquanto buscamos em
nossos ministérios — seja para jovens ou para pessoas em contextos urbanos ou
transculturais — ser pessoas acessíveis, dispostas ao serviço e ir ao encontro das
pessoas onde elas estão, nunca seremos o verdadeiro profeta, sacerdote e rei para
aqueles que nos rodeiam. Seremos apenas de modo derivado e subordinado, como
testemunhas do verdadeiro Redentor, Jesus Cristo.19
Essas declarações formam a seção final da obra de Billings, onde ele nos convoca à
reformulação do ministério através da ótica da união com Cristo. Sua abordagem é uma
17 John Frame, The Doctrine of the Knowledge of God [A Doutrina do Conhecimento de Deus]
(Phillipsburg, NJ: Presbyterian & Reformed, 1987), 163. 18 Frame, Um Manual sobre Perspectivismo, parágrafo 34. 19 J. Todd Billings, Union with Christ: Reframing Theology and Ministry for the Church [União com
Cristo: Reformulando a Teologia e o Ministério para a Igreja] (Grand Rapids, MI: Baker, 2011), 165.
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combinação temperada de submissão à suficiência de Cristo e uma humilde
responsabilidade dos ministros para integrar a vida de Cristo no serviço aos outros.
Um Caminho Adiante
Por um lado, devemos agradecer pelo renovado interesse em recuperar um
fundamento teológico para o ministério pastoral. Por outro lado, a igreja sofreu tempo
suficiente debaixo do modelo superficial do discurso ministerial moderno. Muitas vezes, as
versões televisivas do Cristianismo são embaraçosas, na melhor das hipóteses, e
blasfemas na pior das hipóteses, e em um mundo que muda rápido, a igreja precisa de uma
recuperação do ministério que valorize a perspicácia teológica. Assim, elogio os autores
mencionados pelos seus esforços porque os pastores podem se beneficiar de tal
encorajamento. Além disso, devido à recente atenção ao modelo pastor-teólogo e aos
diálogos que ele tem produzido, pode-se esperar uma maior reflexão da geração emergente
de ministros que se formam em seminários teologicamente fortes. Embora sejam mudanças
louváveis, existem questões legítimas sobre essa abordagem. Ainda há questionamentos
sobre a adequação ou não dessa tipologia como o melhor resumo da ênfase do Novo
Testamento.
Na reunião anual de 2016 da Evangelical Theological Society [Sociedade Teológica
Evangélica], Timothy Paul Jones apresentou um artigo de pesquisa intitulado “Profetas,
Sacerdotes e Reis Hoje? Problemas Teológicos e Práticos com o Uso do Triplex Munus
como uma Tipologia de Liderança”.20 Jones argumentou que o oficio triplo é de fato uma
rica estrutura bíblica que merece uma investigação séria, mas, afinal, os pastores não
devem apropriar-se do modelo, profeta, sacerdote, rei para a construção do ministério.
Ao longo de sua apresentação, Jones falou de uma concepção comum de profeta,
sacerdote e rei que foi desenvolvida em treinamento pastoral e redes de plantação de
igrejas. Alguns defensores acreditam que esses papéis podem ser separados e doados
para cada líder que possuem as melhores habilidades. Por exemplo, o corpo de presbíteros
de uma igreja deve cumprir o papel profético por causa de seus deveres de ensinar e
proclamar a Palavra; os conselheiros e os ministros dos cuidados devem receber os papéis
sacerdotais, e os deveres reais devem pertencer aos diáconos, aos organizadores da igreja
ou mesmo a um corpo presbíteros, dependendo de como suas responsabilidades são
20 Eu moderei esta sessão e Jones graciosamente ofereceu a todos os participantes uma cópia de
seu artigo. As referências ao seu argumento são do artigo que ele forneceu. O áudio da sessão
pode ser encontrado em etsjets.org.
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distribuídas. Como Jones observa, essencialmente a tipologia do profeta, sacerdote e rei é
reduzida ao conjunto de habilidades e às necessidades da igreja.21
Em sua crítica a essa abordagem, Jones primeiro apresentou uma análise teológica e
exegética substancial do desenvolvimento desses ofícios ao longo do Antigo Testamento.
Ao afirmar o cumprimento de Cristo desses ofícios como o Mediador entre Deus e o homem,
Jones se concentra em uma nova visão da aliança do sacerdócio onde o serviço ao povo
de Deus é visto como uma tutela. Os ministros da Palavra de Deus são encarregados da
vida consagrada da devoção e do serviço. Nesta estrutura, a justiça é buscada e as boas
novas do reino são proclamadas.
Embora eu concorde com a crítica de Jones, acho que outro fator importante deve ser
abordado se os pastores adotarem essa tipologia. Pode não haver nada inerentemente
errado com os pastores que compreendem seus papéis através dos papéis mediadores de
profeta, sacerdote e rei, mas os pastores que adotam essa tipologia para construção de um
ministério devem mostrar como ela se relaciona com o pastoreio bíblico. Os papéis do
profeta, do sacerdote e do rei já são tirados da compreensão bíblica do pastor como pastor
de ovelhas. Em outras palavras, embora seja necessário encorajar os pastores a abraçarem
uma administração teológica de seus ministérios, devemos exortá-los a fazê-lo enquanto
“pastoreiam o rebanho de Deus” que está entre eles (1 Pedro 5:2). O papel do pastor inclui
tudo o que os autores acima pretendem através do uso da tipologia do oficio triplo. Como
eu entendo, um perigo de adotar essa tipologia pode ser a profissionalização do ministério.
Se o trabalho profético permanece isolado do trabalho sacerdotal devido a conjuntos de
habilidades e complexidades da igreja local, então o trabalho real parecerá severo e não
será bem-vindo. Em outras palavras, o perigo dessa metodologia é que alguém poderia
adotá-la e perder o pastoreio bíblico, uma vez que o pastoreio bíblico se devidamente
compreendido incluirá necessariamente cada um desses ofícios.
A contribuição de Timothy Witmer é crucial nesta discussão. Em sua obra The
Shepherd Leader [O Pastor Líder], ele argumenta que os pastores bíblicos agem de quatro
maneiras primárias: os pastores conhecem, alimentam, lideram e protegem as suas
ovelhas.22 Todo papel que um pastor deseje praticar através da lente da tipologia de profeta,
21 Timothy Paul Jones, ‘Prophets, Priests, and Kings Today? Theological and Practical Problems
with the Use of the Munus Triplex as a Leadership Typology’ (palestra, Encontro Annual ETS, San
Antonio, TX, 15 de Novembro de 2017), 3. 22 Timothy Z. Witmer, The Shepherd Leader: Achieving Effective Shepherding in Your Church [O
Pastor Líder: Alcançando um Pastoreio Efetivo em Sua Igreja] (Phillipsburg, NJ: Presbyterian &
Reformed, 2010).
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sacerdote e rei é vista como deveres normais do pastor. Através da “matriz compreensiva
para o ministério” de Witmer, os pastores conhecem as suas ovelhas, e isso dá aos pastores
a sabedoria necessária para as alimentar, liderar e proteger. Para ser claro, uma proposta
de tipologia de profeta, sacerdote e rei para o ministério poderia afirmar que esses papéis
conceitualizam a nutrição, liderança e proteção, mas minha única preocupação é, que, a
maneira que o pastor ministra, continue sendo através da lente clara do Novo Testamento,
de como os pastores devem pastorear.
É fácil ser desencorajado com a proliferação da impiedade em nossos dias.
Dependendo de para quais estatísticas olhamos, o Cristianismo está, na melhor das
hipóteses, “em um modo de espera”, e na pior das hipóteses, está em declínio nos Estados
Unidos. Enquanto as igrejas deviam dar uma atenção considerável aos fatores que
contribuem para a condição atual de nosso testemunho, uma coisa é clara na Escrituras,
os pastores devem pastorear os seus rebanhos até que o Sumo Pastor volte. Quando Ele
aparecer naquele dia glorioso, Jesus Cristo, o grande Mediador entre Deus e o homem,
reunirá a Sua noiva que Ele tem ministrado através dos Seus pastores. Enquanto isso, os
ministros devem abraçar a realidade de seu chamado teológico para serem pastores que
conhecem, lideram, alimentam e protegem as ovelhas. Esses deveres são aperfeiçoados
através do oficio triplo de Cristo, e eles de alguma forma são administrados por meio dos
deveres pastorais. Afinal, todos os redimidos compartilham as alegrias e os benefícios do
oficio triplo de Cristo.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!
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Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.
Owen
▪ Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink
▪ Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.
Downing
▪ Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan
▪ Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de
Claraval
▪ Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica
no Batismo de Crentes — Fred Malone
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2 Coríntios 4
1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;
10 Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
se manifeste também nos nossos corpos; 11
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
nossa carne mortal. 12
De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13
E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
por isso também falamos. 14
Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15
Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
Deus. 16
Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
interior, contudo, se renova de dia em dia. 17
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18
Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.