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1 EVOLUÇÃO DO USO DO SOLO E DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NOS MUNICÍPIOS DE FLOR DA SERRA DO SUL, MARMELEIRO, SALTO DO LONTRA E SÃO JORGE D’OESTE – PR, NO PERÍODO DE 1985-2010 Maristela da Costa Leite UNIOESTE Campus de Francisco Beltrão – PR [email protected] Luciano Zanetti Pessôa Candiotto UNIOESTE Campus de Francisco Beltrão – PR [email protected] Resumo O presente trabalho buscou analisar a evolução do uso do solo e da produção agropecuária a partir dos dados do IBGE de quatro municípios da região Sudoeste do Paraná: Flor da Serra do Sul, Marmeleiro, Salto do Lontra e São Jorge d’Oeste. Utilizamos a metodologia de síntese e análise de dados do censo agropecuário do IBGE dos anos de 1985, 1995/96 e 2006, e de dados disponíveis no IBGE cidades para o ano de 2010, para identificar mudanças ocorridas no espaço agrário desses municípios. Sabemos das limitações de uma análise fundamentada em dados secundários, porém o intuito foi o de conhecer elementos da dinâmica agrária desses municípios a partir de dados oficiais. Os dados indicam o crescimento do rebanho de aves e bovinos de leite, das áreas ocupadas com pastagens plantadas, em detrimento de uma queda na produção de feijão, consequência da modernização do setor agropecuário, da instalação de agroindústrias e da consolidação do agronegócio nos municípios. Palavras-chave: Censo Agropecuário, Uso do Solo, Produção Agropecuária, Espaço Agrário, Dinâmica Agrícola. Introdução Esse texto tem por objetivo discutir a evolução do uso da terra e da produção agropecuária de quatro municípios da região sudoeste do Paraná, através de dados disponíveis nos censos agropecuários do IBGE dos anos de 1985, 1995/96, 2006 e, de dados de 2010 presentes no banco de dados do IBGE cidades. Os municípios analisados foram Salto do Lontra, São Jorge d’Oeste, Marmeleiro e Flor da Serra do Sul, conforme indica o mapa 1 abaixo. Eles fazem parte de oito municípios da mesorregião Sudoeste do Paraná (composta por 42 municípios), onde estamos desenvolvendo uma pesquisa sobre agricultura orgânica 1 .

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Page 1: EVOLUÇÃO DO USO DO SOLO E DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA … · A evolução do uso do solo em Salto do Lontra encontra-se no gráfico 1 abaixo: Gráfico 1 – Evolução histórica

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EVOLUÇÃO DO USO DO SOLO E DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NOS MUNICÍPIOS DE FLOR DA SERRA DO SUL, MARMELEIRO, SALTO DO

LONTRA E SÃO JORGE D’OESTE – PR, NO PERÍODO DE 1985-2010

Maristela da Costa Leite UNIOESTE

Campus de Francisco Beltrão – PR

[email protected]

Luciano Zanetti Pessôa Candiotto

UNIOESTE

Campus de Francisco Beltrão – PR

[email protected]

Resumo

O presente trabalho buscou analisar a evolução do uso do solo e da produção agropecuária a

partir dos dados do IBGE de quatro municípios da região Sudoeste do Paraná: Flor da Serra do

Sul, Marmeleiro, Salto do Lontra e São Jorge d’Oeste. Utilizamos a metodologia de síntese e

análise de dados do censo agropecuário do IBGE dos anos de 1985, 1995/96 e 2006, e de dados

disponíveis no IBGE cidades para o ano de 2010, para identificar mudanças ocorridas no espaço

agrário desses municípios. Sabemos das limitações de uma análise fundamentada em dados

secundários, porém o intuito foi o de conhecer elementos da dinâmica agrária desses municípios

a partir de dados oficiais. Os dados indicam o crescimento do rebanho de aves e bovinos de

leite, das áreas ocupadas com pastagens plantadas, em detrimento de uma queda na produção de

feijão, consequência da modernização do setor agropecuário, da instalação de agroindústrias e

da consolidação do agronegócio nos municípios.

Palavras-chave: Censo Agropecuário, Uso do Solo, Produção Agropecuária, Espaço Agrário,

Dinâmica Agrícola.

Introdução

Esse texto tem por objetivo discutir a evolução do uso da terra e da produção

agropecuária de quatro municípios da região sudoeste do Paraná, através de dados

disponíveis nos censos agropecuários do IBGE dos anos de 1985, 1995/96, 2006 e, de

dados de 2010 presentes no banco de dados do IBGE cidades. Os municípios analisados

foram Salto do Lontra, São Jorge d’Oeste, Marmeleiro e Flor da Serra do Sul, conforme

indica o mapa 1 abaixo. Eles fazem parte de oito municípios da mesorregião Sudoeste

do Paraná (composta por 42 municípios), onde estamos desenvolvendo uma pesquisa

sobre agricultura orgânica1 .

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Os quatro municípios analisados são pequenos, sendo que Flor da Serra do Sul possui

uma população de 4.725 habitantes, seguido de São Jorge d’Oeste (9.085), Salto do

Lontra (13.672) e Marmeleiro (13.909) (IBGE, 2010).

Ao saber que a agricultura orgânica é minoritária nesses municípios, procuramos

conhecer quais as atividades agropecuárias responsáveis pela ocupação do espaço

agrário, predominantes na economia municipal e, por extensão, regional. Para tanto, nos

propusemos a analisar dados secundários sobre os oito municípios, considerando a

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situação atual (2010), e também a evolução das atividades agropecuárias e do uso do

solo a partir de 1985.

Os dados coletados foram sobre a utilização das terras, quantidade produzida de alguns

produtos agrícolas, número de cabeças de bovinos, suínos e aves, e também a

quantidade de leite produzida. Os anos analisados foram 1985, 1995/96, 2006 e 2010,

porém nem todos os dados foram disponibilizados da mesma forma, de modo que não

há uma padronização para todos os dados de diferentes censos e da informação de 2010

retirada do IBGE cidades. Também vale ressaltar que o município de Flor da Serra do

Sul foi criado no ano de 1990, sendo, desta forma, desconsiderado o ano de 1985 para a

análise.

Procedimentos Metodológicos

Considerando os dados de uso da terra presentes nos censos agropecuários de 1985 e

1995/96, não consideramos as classes de áreas produtivas não utilizadas e lavouras

temporárias em descanso. Assim, trabalhamos com os seguintes tipos de uso: lavoura

permanente; lavoura temporária; pastagem natural; pastagem plantada; matas e/ou

florestas naturais e matas e/ou florestas plantadas. No entanto, como os dados do censo

agropecuário de 2006 são mais detalhados, optamos por agregar algumas classes de

dados e excluir outras da análise.

Em relação aos dados utilizados do censo de 2006, na classe pastagens plantadas,

somamos os dados do item pastagens plantadas degradadas com o item pastagens

plantadas em boas condições. Na classe matas naturais, somamos o item matas naturais

destinadas à preservação permanente ou reserva legal, com as matas situadas fora

dessas áreas. Outros usos constantes no censo de 2006, como sistemas agroflorestais;

áreas degradadas; terras inaproveitáveis; tanques, lagos e açudes não foram

considerados.

As lavouras temporárias se constituem na principal forma de ocupação agrícola do solo

no sudoeste do Paraná. Na classe de lavoura temporária, bastante significativa na

ocupação do espaço agrário, bem como na economia regional, destacam-se a soja, o

milho, o trigo e, de forma menos representativa, o feijão, a mandioca e a cana-de-

açúcar. Já as lavouras permanentes ocupam uma área relativamente pequena na região

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Sudoeste do Paraná e também não são tão importantes como atividades econômicas. As

principais culturas que compõem as lavouras permanentes na região são a uva, banana,

erva-mate e laranja. Contudo, no item lavoura permanente, o IBGE considera apenas os

dados de produção de banana e laranja nos três períodos analisados (1985, 2006 e

2010), enquanto o censo de 1995/96 não apresenta esse dado.

Ao trabalharmos com as informações sobre os tipos de produções agrícolas nos

municípios, tivemos dificuldades em virtude da falta de padronização dos dados dos três

censos agropecuários analisados. Enquanto o censo de 1985 apresentava a quantidade

produzida e a área de cada cultivar, o censo de 1996 não apresentava nenhum dado

relativo à produção por cultivar. Já o censo de 2006, informa dados sobre o número de

estabelecimentos rurais que produzem determinada cultura e a quantidade produzida.

Portanto, optamos por considerar a evolução temporal da variável quantidade

produzida, que também é informada na plataforma de dados do IBGE Cidades para o

ano de 2010, de modo que utilizamos dados de 1985, 2006 e 2010 nesse caso.

O item matas e/ou florestas naturais engloba as áreas de matas primárias (em menor

proporção) e as de matas secundárias, ou seja, aquelas em processo de regeneração

natural (capoeiras). Já o item matas e/ou florestas plantadas diz respeito a áreas

destinadas à silvicultura, sobretudo com pinus e eucalipto, para utilização como

combustível (lenha) ou como matéria-prima para fabricação de produtos diversos.

Em relação ao item de número de efetivos de animais, trabalhamos com o total de

número de cabeças de Bovinos, Suínos e Aves através dos dados dos anos de 1985,

1995/96, 2006 e 2010. No item produção de leite, foi analisada a quantidade de leite

produzida pelos municípios, através dos dados de 1985, 1995/96, 2006 e 2010.

RESULTADOS

Município de Salto do Lontra

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A evolução do uso do solo em Salto do Lontra encontra-se no gráfico 1 abaixo:

Gráfico 1 – Evolução histórica do uso do solo no município de Salto do Lontra.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006.

Org. LEITE, M. C.

Os dados do censo agropecuário de 1985 indicam que as seis classes selecionadas

ocupavam uma área total de 29.077 hectares, sendo 1,6% com lavoura permanente;

71,5% com lavouras temporárias; 1,4% com pastagens naturais; 19,9% com pastagens

plantadas; 5,6% com matas naturais e 0,5% com matas plantadas.

Em 1996, a área total destinada às seis classes de uso do solo diminuiu 1.458 hectares,

passando para 27.619 hectares. Conforme indica o gráfico acima, a área destinada às

lavouras diminui 62,7% em relação a 1985, enquanto as áreas de matas e de pastagens

aumentam consideravelmente, respectivamente, 92,9% e 88,5%. Considerando essas

variações, percebemos que as áreas destinadas à agricultura perdem espaço para as áreas

destinadas à pecuária, sobretudo leiteira, como veremos posteriormente. Também é

marcante o aumento da área de matas, provavelmente resultado de um processo de

abandono de áreas menos propícias à mecanização agrícola (áreas com alta

declividade).

Em 2006, a área destinada aos usos indicados no gráfico 1 aumenta 5.376 hectares,

passando para 32.995 hectares. Entre 1996 e 2006, percebemos uma pequena variação

nas áreas destinadas a lavouras, pastagens e matas plantadas, enquanto há um aumento

de 86,6% nas áreas destinadas a matas naturais. Aumentam as áreas de lavouras

permanentes, temporárias e as pastagens plantadas, e há um pequeno decréscimo nas

áreas de pastagens naturais e de matas plantadas. Acreditamos que a explicação mais

adequada para esse crescimento das matas naturais está relacionada ao abandono de

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áreas onde a mecanização é difícil, sobretudo áreas de encostas que eram destinadas ao

plantio de feijão.

Em relação à quantidade de produtos agrícolas produzidos no município de Salto do

Lontra, entre os anos de 1985, 2006 e 2010, podemos perceber que há uma grande

variação, conforme aponta o gráfico 2.

Gráfico 2 – Evolução histórica da produção agrícola no município de Salto do Lontra.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

As lavouras permanentes (banana e laranja) praticamente somem do município, pois

diminuem de 7.081 toneladas produzidas em 1985 para 32 toneladas em 2006, e em

2010 apresentam um aumento relativamente pequeno, para 620 toneladas produzidas.

Em relação às culturas temporárias, a que mais perde espaço no município é o feijão,

que cai de 6.115 toneladas em 1985 para 171 toneladas em 2006, tendo um pequeno

aumento no ano de 2010, totalizando 750 toneladas. Já a cana-de-açúcar, trigo e,

principalmente a soja, apresentam as maiores taxas de crescimento. A produção de

cana-de-açúcar aumentou quase vinte vezes entre 1985 e 2006, e quase triplicou entre

2006 e 2010. A produção de trigo aumentou 82,9% entre 1985 e 2006, e 278,2% entre

2006 e 2010. Já a produção de soja, cresceu seis vezes entre 1985 e 2006, e, entre 2006

e 2010, apresentou um crescimento de 224%.

A produção de milho e mandioca também cresceu consideravelmente, de modo que

entre 1985 e 2006, o município teve sua produção de milho ampliada em 67,1%, e entre

2006 e 2010, em 81,5%. A produção de mandioca aumentou oito vezes entre 1985 e

2006, e 187,6% entre 2006 e 2010.

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No que diz respeito ao total efetivo do número de cabeças de bovinos e suínos, o

rebanho de bovinos do município apresentou uma evolução crescente nos anos de 1985,

1996 e 2006, ocorrendo uma pequena diminuição no ano de 2010. Entre 1985 e 1996

houve um aumento 25,1% e, entre 1996 e 2006, de 71,3%. Entre 2006 e 2010 o efetivo

bovino foi reduzido em 7,9%.

O número de cabeças de suínos no ano de 1985 é relativamente grande, com 29.668

cabeças, porém há um decréscimo no ano de 1996, de 64,2% em relação ao ano de

1985, e de 10,5% entre 1996 e 2006. Em 2010, o efetivo de suínos sobe 71,8%, se

comparado ao ano de 2006. Os dados indicam que nas décadas de 1980 e 1990, a

produção de suínos foi diminuindo em Saldo do Lontra, mas que após 2006 houve um

crescimento significativo do rebanho de suínos, conforme indica o gráfico 3.

Gráfico 3 – Evolução histórica da produção pecuária no município de Salto do Lontra.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

No que tange o número de Aves (Galos, Galinhas, Frangos, Frangas e pintos), o

município apresentou um grande crescimento, demonstrando a importância da criação

de aves para a economia de Salto do Lontra, conforme apontado no gráfico 4.

No ano de 1985 o número de cabeças era de 456.982, ocorrendo um grande crescimento

durante os outros anos. A produção de aves cresce praticamente 100% de 1985 a 1996;

de 1996 a 2006 e de 2006 a 2010, conforme o gráfico 4.

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Gráfico 4 – Evolução histórica da quantidade de aves no município de Salto do Lontra.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

A produção leiteira no município apresenta uma grande evolução de crescimento

durante os anos analisados, tendo um aumento de 89,8% de litros produzidos entre 1985

e 1996; de 77,1% entre 1996 e 2006; e de 82,8% entre 2006 e 2010, conforme indica o

gráfico 5. Esse crescimento está intimamente ligado ao aumento das áreas de pastagens,

que foram substituindo áreas de lavoura, bem como ao aumento de quase 100% do

efetivo de bovinos entre 1985 e 2010.

Gráfico 5 – Evolução histórica da produção leiteira no município de Salto do Lontra.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010

Org. LEITE, M. C.

Município de São Jorge d’Oeste

A evolução do uso do solo no município de São Jorge d’Oeste encontra-se no gráfico 6.

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Gráfico 6 – Evolução histórica da produção agrícola no município de São Jorge d’Oeste.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010

.Org. LEITE, M. C.

Os dados do censo agropecuário de 1985 indicam que as seis classes selecionadas

ocupavam uma área total de 30.805 hectares, sendo que a lavoura permanente

representava apenas 0,86% da área total; 45,3% com lavouras temporárias; 3,1% com

pastagens naturais; 41,5% com pastagens plantadas; 8,4% com matas naturais e apenas

0,81% com matas plantadas.

Em 1995/96, a área total destinada às seis classes de uso do solo diminuiu 103 hectares,

passando para 30.702 hectares.

Conforme indica o gráfico acima, a área destinada às lavouras diminui 77,5% em

relação a 1985. Já as áreas destinadas às pastagens naturais aumentam quase onze vezes

entre 1985 a 1996, mas as pastagens plantadas diminuem 39,6%. Em relação as áreas

destinadas para matas, houve um aumento de 67,8%.

Em 2006, a área destinada aos usos indicados no gráfico 6, tem um pequeno aumento de

1.157 hectares, passando para 31.859 hectares. Percebemos uma grande variação nas

áreas destinadas à lavouras permanentes, pois estas aumentam quase vinte vezes entre

os anos de 1996 e 2006. Já as lavouras temporárias diminuem 16,9%. As pastagens

naturais diminuem 40,7%, enquanto as áreas destinadas para pastagens plantadas e

matas se estabilizam entre esses anos.

Aumentam as áreas de lavouras permanentes, diminuem as áreas destinadas às lavouras

temporárias e às pastagens naturais, e há um pequeno acréscimo nas áreas de pastagens

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plantadas e de matas, sendo que os dados destas classes se estabilizam entre os anos de

1996 e 2006.

Em relação à quantidade de produtos agrícolas produzidos, o município apresenta

muitas variações entre 1985, 2006 e 2010, conforme aponta o gráfico 7.

Gráfico 7 – Evolução histórica da produção agrícola no município de São Jorge d’Oeste.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

As lavouras permanentes (banana e laranja) tiveram uma grande diminuição no

município. No ano de 1985 foram produzidas 6.468 toneladas, já em 2006 apenas 22

toneladas e em 2010 apresentam um aumento relativamente pequeno, para 180

toneladas produzidas.

Em relação às culturas temporárias, as produções que mais perdem espaço no município

são o feijão e o milho. O feijão, de 2.264 toneladas colhidas no ano de 1985 foi para

apenas 15 toneladas em 1996 e teve um pequeno aumento no ano de 2010, com 145

toneladas produzidas. Em relação ao milho, de 38.391 toneladas colhidas no ano de

1985, houve uma redução para 14.983 em 2006, se estabilizando no ano de 2006 com

14.200 toneladas produzidas. A cana-de-açúcar e a mandioca são os produtos que

apresentam grandes variações no decorrer dos anos analisados. A cana-de-açúcar no ano

de 1985 teve uma produção de 2.451 toneladas. No ano de 2006 ocorre um significativo

decréscimo de vinte vezes em relação a 1985, com 117 toneladas. Já em 2010, há um

considerável aumento em relação a 2006 de aproximadamente quinze vezes.

A produção de mandioca do ano de 1985, comparada com ao ano de 2006, é reduzida

em aproximadamente treze vezes, porém no ano de 2010 ocorre um grande aumento em

relação a 2006, de quase dezesseis vezes, totalizando 5.500 toneladas produzidas. Tanto

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a produção de cana-de-açúcar quanto a de mandioca têm um acentuado declínio de 1985

para 2006, enquanto em 2010 apresentam um grande aumento em relação a 2006. As

produções que possuíram uma evolução crescente nos três anos foram a soja e o trigo.

No ano de 1985 foram produzidas 465 toneladas de soja, já no ano de 2006 tem-se um

aumento de aproximadamente vinte e duas vezes em relação a 1985 e, em 2010, quase

triplica em relação a 2006, totalizando uma produção de 29.400 toneladas.

No que diz respeito ao total efetivo do número de cabeças de bovinos e suínos, o

rebanho de bovinos do município apresentou uma evolução crescente nos anos de 1985,

1996, 2006 e 2010. Entre 1985 e 1996 aumentou 17%. Entre 1996 e 2006, aumentou

aproximadamente 16%, e de 2006 a 2010 aumentou aproximadamente 15%.

Ao contrário dos bovinos, o número de cabeças de suínos diminui ao longo dos anos no

município. No ano de 1985 o número era de 27.169 cabeças, diminuindo em 1996 para

aproximadamente 50%. Já entre 1996 e 2006, o número continua caindo chegando a

34% a menos em relação a 1996 e totalizando no ano de 2010, 9.560 cabeças,

correspondente a cerca de 41% de queda em relação a 2006, conforme indica o gráfico

8.

Gráfico 8 – Evolução histórica da produção pecuária no município de São Jorge d’Oeste.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

Em relação ao número de Aves (Galos, Galinhas, Frangos, Frangas e pintos), o

município apresentou uma considerável variação ao longo dos anos analisados. No ano

de 1985 o número de cabeças era de 1.016.705, ocorrendo um decréscimo no ano de

1996 de aproximadamente 56%. Já entre 1996 e 2006 o número aumenta

aproximadamente 85% ultrapassando o ano de 1985, porém no ano de 2010 diminui

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aproximadamente 66% chegando a 724.349 cabeças, conforme indica o gráfico 9

abaixo.

Gráfico 9 – Evolução histórica da quantidade de aves no município de São Jorge d’Oeste.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

A produção leiteira no município apresentou um grande crescimento durante os anos

analisados, tendo um aumento de aproximadamente 62% de litros produzidos entre

1985 e 1996; de 147% entre 1996 e 2006; e de 191% entre 2006 e 2010, conforme

indica o gráfico 10.

Gráfico 10 – Evolução histórica da produção leiteira no município de São Jorge d’Oeste

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

Município de Marmeleiro

A evolução do uso do solo no município de Marmeleiro encontra-se no gráfico 11.

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Gráfico 11 – Evolução histórica do uso do solo no município de Marmeleiro.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006.

Org. LEITE, M. C.

Os dados do censo agropecuário de 1985 indicam que as seis classes selecionadas

ocupavam uma área total de 38.592 hectares, sendo que a lavoura permanente

representava 1,1% da área total; as lavouras temporárias 62,4%; as pastagens naturais

5,9%; as pastagens plantadas 11,2%; as matas naturais 14,8% e as matas plantadas

4,6%.

Em 1995/96, a área total destinada às seis classes de uso do solo diminui 7.546 hectares,

aproximadamente 24% em relação a 1985, totalizando uma área de 31.046 hectares

ocupada. Isso ocorreu em virtude da emancipação de parte do território do município de

Marmeleiro, cedido para o município de Flor da Serra do Sul.

Conforme indica o gráfico acima, não houve muita variação nas áreas destinadas às

lavouras permanentes entre os anos de 1985 e 1996. Já as lavouras temporárias tiveram

um significativo decréscimo, de quase metade, entre esse período de 11 anos, porém,

em virtude da perda de área do município de Marmeleiro. As pastagens naturais do

município duplicaram do ano de 1985 para 1996, enquanto as pastagens plantadas

diminuíram 760 hectares no mesmo período. Em relação às matas e florestas naturais,

ocorreu uma diminuição de 1.020 hectares, porém as áreas de matas e florestas

plantadas aumentaram aproximadamente 35%.

Em 2006, a área destinada aos usos indicados no gráfico 12 teve um pequeno aumento

de 1.136 hectares, passando para 32.182 hectares. As lavouras permanentes diminuíram

em relação a 1996 quase pela metade, já as lavouras temporárias apresentaram um

pequeno aumento (20%). Em relação às áreas de pastagens, tanto as pastagens naturais

como as plantadas diminuíram entre 1996 e 2006. As matas e florestas naturais tiveram

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um pequeno aumento de 14,5%, já as áreas de matas e florestas plantadas apresentaram

uma diminuição significativa de aproximadamente 1.038 hectares em relação a 1996.

Em relação à quantidade de produtos agrícolas produzidos, o município teve grandes

variações entre 1985, 2006 e 2010, conforme aponta o gráfico 12.

Gráfico 12 – Evolução histórica da produção agrícola no município de Marmeleiro.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

A produção das lavouras permanentes (banana e laranja) apresentaram uma grande

queda no município. No ano de 1985 foram produzidas 2.487 toneladas, já em 2006

apenas 10 toneladas e em 2010, 615 toneladas. Em relação às culturas temporárias, as

produções que perdem espaço no município entre o ano de 1985 e 1996, mas que

voltam a crescer em 2010 foram a cana-de-açúcar, o feijão e a mandioca. A cana-de-

açúcar de 1985 para 2006 teve uma grande diminuição de aproximadamente 225%, mas

no ano de 2010 teve um grande aumento se comparado com 2006, de quase nove vezes.

Em relação à produção de feijão, diminui de 1985 para 2006 quase nove vezes (de 4.244

toneladas produzidas em 1985 caiu para 457 em 2006), mas volta a crescer no ano de

2010, sendo produzidas 2.310 toneladas. A produção de mandioca cai de 1985 a 2006

aproximadamente 144%, mas no ano de 2010 ao comparar com 2006, há um grande

aumento de 301%, passando de 1.046 toneladas para 4.200 toneladas produzidas.

As produções das culturas que apresentaram uma evolução crescente nos três anos

analisados foram a soja e o trigo. A produção de soja no ano de 1985 foi de 10.042

toneladas. No ano de 2006 essa produção triplica e em 2010 aumenta 31,5% totalizando

uma produção de 46.350 toneladas. A produção de trigo não é tão significativa no

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município, mas apresentou crescimento no decorrer dos anos, sendo que em 1985

produziu-se 881 toneladas, quase dobrando esse valor em 2006 e também quase

triplicando no ano de 2010, totalizando neste ano 3.240 toneladas. A produção de milho

no ano de 1985 foi de 23.611 toneladas, sendo que no ano de 2006 esta produção quase

dobrou, mas no ano de 2010, caiu quase 18% em relação a 2006, apresentando um total

de 39.500 toneladas de milho em 2010. Podemos considerar que as produções mais

significativas no município foram a soja e o milho.

Em relação ao total efetivo do número de cabeças de bovinos e suínos, o rebanho de

bovinos do município apresentou uma evolução crescente nos anos de 1985, 1996 e

2006, ocorrendo uma pequena diminuição no ano de 2010. Entre 1985 e 1996 houve um

aumento 44% e, entre 1996 e 2006, de aproximadamente 9%. Entre 2006 e 2010 o

efetivo de bovinos foi reduzido em 6%.

O número de cabeças de suínos nos anos de 1985, 1996 e 2006 teve um decréscimo,

ocorrendo um pequeno aumento no ano de 2010. No ano de 1985 eram 23.029 cabeças,

porém ocorre uma pequena diminuição no ano de 1996 de aproximadamente 5% em

relação ao ano de 1985, mas entre 1996 e 2006 ocorre uma significativa diminuição de

quase 57%, totalizando 14.007 cabeças. Em 2010, ocorreu um considerável aumento de

26%, totalizando o numero de efetivo de suínos com 19.100 cabeças, conforme indica o

gráfico 13 a seguir.

Gráfico 13 – Evolução histórica da produção pecuária no município de Marmeleiro.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

Em relação ao número de Aves (Galos, Galinhas, Frangos, Frangas e pintos), o

município apresentou uma considerável variação no ano de 1985 em relação aos outros

anos analisados, sendo que nos outros anos os números se estabilizaram. No ano de

1985, o número de cabeças era de 375.818, ocorrendo um grande acréscimo no ano de

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1996 de quase 5 vezes em relação a 1985. Já entre 1996 e 2006, ocorreu uma pequena

diminuição de aproximadamente 16% e, entre 2006 e 2010, ocorreu um aumento de

quase 11%, totalizando 1.777.348 cabeças de aves no município, conforme indica o

gráfico14.

Gráfico 14 – Evolução histórica da quantidade de aves no município de Marmeleiro.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

A produção leiteira no município de Marmeleiro apresentou uma grande evolução de

crescimento durante os anos analisados. No ano de 1985 foram produzidos 3.175.000

litros, quase se estabilizando no ano de 1996, mas no ano de 2006 ocorreu um

significativo crescimento, quase triplicando o valor em relação a 1996. Já do ano de

2006 para 2010, a produção aumentou aproximadamente 57%, totalizando 21.300.000

litros de leite produzidos, conforme indica o gráfico 15 abaixo.

Gráfico 15 – Evolução histórica da produção leiteira no município de Marmeleiro.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1985, 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

Município de Flor da Serra do Sul

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17

A evolução do uso do solo no município de Flor da Serra do Sul encontra-se no gráfico

16.

Gráfico 16 – Evolução histórica do uso do solo no município de Flor da Serra do Sul.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1995/96, 2006.

Org. LEITE, M. C.

Os dados do censo agropecuário de 1996 indicam que as seis classes selecionadas

ocupavam uma área total de 18.603 hectares, sendo 0,84% com lavoura permanente;

50% com lavouras temporárias; 0,7% com pastagens naturais; 35% com pastagens

plantadas; 12,6% com matas naturais e 1,1 % com matas plantadas. Em 2006, a área

total destinada às seis classes de uso do solo diminuiu 1.558 hectares, passando para 17.

045 hectares.

Conforme indica o gráfico acima, as áreas destinadas às lavouras permanentes ficaram

estabilizadas durante os anos analisados. Já as lavouras temporárias perdem áreas no

município entre 1996 e 2006 de aproximadamente 42%. Em relação às áreas para

pastagens, houve um crescimento muito significativo das pastagens naturais, pois em

1996, de 131 hectares passou-se para 3.691 hectares em 2006, um aumento de quase

trinta vezes. Já as pastagens plantadas diminuíram consideravelmente do ano de 1996

para o de 2006. Foram quase 206% de redução, de 6.546 hectares em 1996 para 2.132

hectares em 2006. Em relação às áreas de matas naturais e plantadas ocorreu um

aumento considerável, aumentando respectivamente quase 1.000 hectares.

Considerando essas variações, percebemos que as áreas destinadas para as lavouras

permanentes e pastagens plantadas perderam significativas áreas dos anos de 1996 para

2006.

Em relação à quantidade de produtos agrícolas produzidos no município, entre 2006 e

2010 ocorreu uma grande evolução crescente, conforme aponta o gráfico 17.

Page 18: EVOLUÇÃO DO USO DO SOLO E DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA … · A evolução do uso do solo em Salto do Lontra encontra-se no gráfico 1 abaixo: Gráfico 1 – Evolução histórica

18

Gráfico 17 – Evolução histórica da produção agrícola no município de Flor da Serra do

Sul.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

As lavouras permanentes (banana e laranja) tiveram um aumento muito considerável de

2006 para 2010, de aproximadamente trinta e duas vezes, ou seja, de 11 toneladas em

2006 para 352 toneladas em 2010.

Em relação às culturas temporárias, todas aumentam consideravelmente suas produções

do ano de 2006 para o ano de 2010. Porém, pode-se considerar que as produções mais

significativas do município são a soja e o milho. A soja apresentou um crescimento de

112%, já o milho aumentou aproximadamente seis vezes, de 10.416 toneladas

produzidas no ano de 2006 para 65.560 toneladas no ano de 2010. A produção de cana-

de-açúcar aumentou aproximadamente vinte e oito vezes do ano de 2006 para o ano de

2010. Já produção de feijão aumentou quinze vezes, de 33 toneladas produzidas no ano

de 2006 para 500 toneladas no ano de 2010. Em relação a mandioca, o aumento foi

muito significativo, de quase quarenta e seis vezes, enquanto o trigo aumentou

aproximadamente quatorze vezes.

No que diz respeito ao total efetivo do número de cabeças de bovinos e suínos, o

rebanho de bovinos do município apresentou uma evolução crescente entre os anos de

1996 e 2006, e uma redução no ano de 2010 em relação a 2006. Entre 1996 e 2006

houve um aumento de aproximadamente 17% e, entre 2006 e 2010 o efetivo de bovinos

reduziu aproximadamente 7%. O número de cabeças de suínos no ano de 1996 era de

11.694 cabeças, diminuindo 11% no ano de 2006 em relação ao total de 1996. Todavia,

entre 2006 e 2010 ocorreu um aumento muito significativo de aproximadamente 94%,

totalizando 20.393 cabeças, conforme indica o gráfico 18 a seguir.

Page 19: EVOLUÇÃO DO USO DO SOLO E DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA … · A evolução do uso do solo em Salto do Lontra encontra-se no gráfico 1 abaixo: Gráfico 1 – Evolução histórica

19

Gráfico 18 – Evolução histórica da produção pecuária no município de Flor da Serra do Sul.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

Em relação ao número de Aves (Galos, Galinhas, Frangos, Frangas e pintos), o

município apresentou um crescimento no decorrer dos anos. No ano de 1996, o número

de cabeças era de 270.000. A produção de aves cresce praticamente 100% de 1996 a

2006 e de 2006 a 2010, totalizando 805.800 cabeças conforme o gráfico 19.

Gráfico 19 – Evolução histórica da quantidade de aves no município de Flor da Serra do Sul.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

A produção leiteira no município apresenta uma grande evolução de crescimento

durante os anos analisados. No ano de 1996 foram produzidos 2.667.000 litros, sendo

que essa produção no ano de 2006 duplicou. Já em 2010, a produção duplica novamente

em relação a 2006, totalizando 12.850.000 litros, conforme indica o gráfico 20.

Page 20: EVOLUÇÃO DO USO DO SOLO E DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA … · A evolução do uso do solo em Salto do Lontra encontra-se no gráfico 1 abaixo: Gráfico 1 – Evolução histórica

20

Gráfico 20 – Evolução histórica da produção leiteira no município de Flor da Serra do Sul.

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário – 1995/96, 2006 e IBGE Cidades 2010.

Org. LEITE, M. C.

Considerações Finais

Analisando os dados referentes à utilização das terras nos quatro municípios,

percebemos que no geral as áreas que mais prevaleciam no ano de 1985 eram de

lavouras temporárias, porém no ano de 1996 ocorreu um significativo decréscimo e, já

no ano de 2006, essas áreas se estabilizam em relação a 1996. Os dados indicam que no

ano de 1996 diminuíram as áreas de lavouras temporárias, mas que aumentaram as áreas

de pastagens. Considerando essas variações, percebemos que as áreas destinadas à

agricultura perdem espaço para as áreas destinadas à pecuária, sobretudo leiteira.

Também é marcante o aumento da área de matas, provavelmente resultado de um

processo de abandono de áreas menos propícias à mecanização agrícola (áreas com alta

declividade), bem como à maior exigência legal de averbação e, conseqüentemente, de

recomposição de áreas de preservação permanente e de reserva legal. Ressaltamos que

essa questão das exigências ambientais, pode ser uma justificativa plausível a partir dos

dados de 1996. Assim, entendemos que o aumento das áreas de matas se deu mais pelo

abandono de áreas que antes eram utilizadas para a agricultura do que por um processo

de fiscalização ou mesmo sensibilização ambiental.

Em relação aos produtos agrícolas, de acordo com os dados, a produção das lavouras

permanentes (banana e laranja) dos municípios de Salto do Lontra, São Jorge d’Oeste e

Marmeleiro tiveram uma grande diminuição do ano de 1985 para o ano de 2006, sendo

que no ano de 2010 tiveram um crescimento não muito significativo. Já no município de

Flor da Serra do Sul, a produção da lavoura permanente aumentou do ano de 2006 para

2010 consideravelmente.

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21

Já na produção das lavouras temporárias, o produto agrícola que mais diminuiu do ano

de 1985 para 2006 nos municípios de Salta do lontra, São Jorge d’Oeste e Marmeleiro

foi o feijão, não havendo um crescimento muito significativo no ano de 2010.

Acreditamos que o processo de mecanização da agricultura tem influência nessa queda

da produção de feijão. Por um lado, o feijão vai perdendo espaço para outros cultivares,

como a soja e o milho. Por outro, as áreas com declividade alta, onde o feijão era

plantado, passam a ser abandonadas, cedendo espaço para a recomposição da vegetação

nessas áreas, fato que influenciou o aumento das áreas de matas.

O produto agrícola que mais se destaca nos quatro municípios analisados e que

apresentou um crescimento considerável no decorrer dos anos foi a soja. Já as outras

lavouras temporárias também vêm se destacando na região, com um crescimento

considerável, principalmente o milho e o trigo. Cabe salientar que o plantio de milho

tem íntima ligação com a criação de animais, pois muito do milho plantado, sobretudo a

safrinha (plantado no período de janeiro a março), é utilizado para silagem. Portanto,

enquanto quase toda a soja é comercializada in natura, parte do milho é comercializado

em grãos e parte fica nos estabelecimentos rurais para servir como alimento para os

animais, sobretudo os bovinos.

No que diz respeito ao número de cabeças de bovinos, houve uma evolução crescente

do ano de 1985 para 1996 e 2006, porém ocorreu um pequeno decréscimo no ano de

2010. Esse processo ocorreu nos municípios de Salto do Lontra e Marmeleiro e o

mesmo processo em Flor da Serra do Sul, porém a partir do ano de 1996. Já o município

de São Jorge d’Oeste apresentou uma evolução crescente no decorrer dos quatro anos

analisados. O aumento do rebanho bovino nos municípios tem relação com o aumento

da pecuária leiteira, que hoje é uma das principais atividades desenvolvidas no Sudoeste

do Paraná, principalmente em estabelecimentos pequenos, de até 50 hectares,

considerados da agricultura familiar. Assim, na região, o leite é uma das principais

fontes de renda dos agricultores familiares.

Em relação à produção de leite, nos quatro municípios analisados percebe-se a crescente

evolução produtiva. Esse crescimento da produção de leite está intimamente ligado ao

aumento das áreas de pastagens. Em todo o sudoeste do Paraná, percebemos que a

atividade leiteira tornou-se uma das principais atividades econômicas dos municípios,

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22

de modo que a região sudoeste é considerada a principal bacia leiteira do estado do

Paraná.

Em relação ao número de suínos, os dados indicam que na década de 1980 a produção

de suínos era bem expressiva nos municípios de Salto do Lontra e Marmeleiro, porém

na década de 1990 a produção de suínos foi diminuindo significativamente, seguida de

um pequeno crescimento após 2006. Em Flor da Serra do Sul também ocorreu um

decréscimo na década de 1990, mas a partir de 2006 a produção cresce muito. Já em São

Jorge d’Oeste, o número de cabeças de suínos sempre decresceu durante os anos

analisados. De modo geral, há uma substituição da suinocultura pela pecuária leiteira

em todo o Sudoeste do Paraná.

Em relação ao número de aves, os municípios de Salto do Lontra e Flor da Serra do Sul

sempre apresentaram uma evolução crescente nos anos analisados. Já em São Jorge do

Oeste, notam-se instabilidades ocorridas no decorrer dos anos, sendo que de 1985 para o

ano de 1996, o número de cabeças de aves diminui, porém de 1996 para 2006 esse

número cresce significativamente, voltando a cair no ano de 2010. No município de

Marmeleiro ocorre uma diminuição do ano de 1985 para 1996 e 2006, sendo que em

2010 há um pequeno crescimento.

A partir da década de 1980, período da análise, podemos considerar que o espaço

agrário no sudoeste do Paraná, generalizando a partir dos quatro municípios estudados,

passou por transformações significativas quanto à utilização das terras e as atividades

agropecuárias. Ações como a instalação de empresas do setor agroalimentar

contribuíram para o aumento da produção de aves, com predomínio do sistema de

integração, onde pequenos agricultores criam os frangos, que são destinados às

empresas.

De modo geral, os municípios analisados e a região Sudoeste do Paraná, continuam

tendo sua economia marcada pelas atividades agropecuárias. Contudo, as atividades

vêm se modificando ao longo dos últimos 30 anos, conforme pudemos verificar através

dos dados do IBGE.

Notas 1A referida pesquisa é intitulada “Conhecendo a Configuração da Agricultura Orgânica e da Agroecologia

em nove municípios do Sudoeste do Paraná”, é coordenada pelo prof. Luciano Z. P. Candiotto e possui

financiamento do CNPq através do edital n. 52/2012.

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Referências

IBGE. Censo Agropecuário 1960-2007. Disponível em:

<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20%20RJ/censoagrope

cuario/Censo%20Agropecuario_1985_PR.pdf.> Acesso em: 30 de jun 2011.

IBGE. Censo Agropecuário 1960-2007. Disponível em:

<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20%20RJ/censoagrope

cuario/Censo%20Agropecuario_1995_1996_PR.pdf>. Acesso em: 30 de jun 2011.

IBGE – Cidades@. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindhtm?1>. Acesso em: 01 de jun 2012.