anÁlise da produtividade na manutenÇÃo … · 2.1 a evoluÇÃo do conceito de manutenÇÃo 23...

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JOÃO ROBERTO SILVA PICANÇO ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO INDUSTRIAL UM ESTUDO DE CASO NO NÚCLEO DE MANUTENÇÃO DA DETEN QUÍMICA S.A. Salvador 2003 Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração Orientador: Prof. Dr. Francisco Teixeira

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JOÃO ROBERTO SILVA PICANÇO

ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

UM ESTUDO DE CASO NO NÚCLEO DE MANUTENÇÃO DA DETEN QUÍMICA S.A.

Salvador 2003

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração Orientador: Prof. Dr. Francisco Teixeira

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TERMO DE APROVAÇÃO

JOÃO ROBERTO SILVA PICANÇO

ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO INDUSTRIAL UM ESTUDO DE CASO NO NÚCLEO DE MANUTENÇÃO DA DETEN QUÍMICA S.A.

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora: Francisco Teixeira - Orientador_________________________________________ Doutor em Política de Ciência e Tecnologia, University of Sussex,UK Universidade Federal da Bahia

Maria da Graça Pitiá Barreto___________________________________________ Doutora em Administração, Universidade Federal da Bahia (UFBA) Universidade Federal da Bahia Carlos Arthur Mattos Teixeira Cavalcante_________________________________ Doutor em Engenharia, Universidade de São Paulo (USP) Universidade Federal da Bahia

Salvador, 30 de abril de 2002.

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A

Meu pai pelo exemplo de como compreender o trabalho e a minha mãe de como

compreender o capital. A minha família Ale, Joca e Lu, que estiveram juntos em mais

esta etapa de nosso aprendizado.

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Francisco Teixeira pela orientação e paciência.

Aos professores e funcionários do Núcleo de Pós-Graduação em Administração pela

condução deste excelente curso.

Aos companheiros do Núcleo de Manutenção e demais áreas da Deten Química pelo

apoio e disposição em ajudar.

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Mas sempre houve reengenharias, com demissões,

e os velhos tedem a ser vistos com desconfiança

não só porque estariam superados, mas também,

porque tem mais capacidade de criticar,

por deterem uma experiência mais extensa,

por conhecerem o antes, o agora e o depois.

Então a capacidade de crítica é interpretada como resistência a mudança.

Eng° Roberto Corrêa Picanço, meu pai.

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RESUMO

Este trabalho buscou a aplicação dos conceitos de produtividade, baseando-se na relação entre resultado e esforço despendido, para a análise da função manutenção industrial.

Neste estudo de caso sobre a manutenção em uma empresa petroquímica, procurou-se estabelecer uma associação entre a alocação racional de recursos, compreendendo o trabalho (a força de trabalho) e o capital (máquinas, materiais e equipamentos) e a melhoria da produtividade.

Estabeleceu-se uma metodologia de medição baseada em indicadores de desempenho para a identificação das práticas de máxima eficiência na aplicação dos recursos de manutenção. Estes relacionando-se à saída eficaz do processo de manutenção industrial, no qual o produto é um serviço que pode ser medido pelo seu desempenho favorável no cumprimento de um plano de produção planejado representado por uma certa quantidade a ser produzida em certo espaço de tempo.

Na condição de denominador na equação de produtividade, os insumos da manutenção considerados foram os recursos humanos próprios da organização, os materiais sobressalentes, os serviços contratados a outras organizações, as ferramentas e equipamentos utilizados na realização das tarefas e os métodos de planejamento e controle.

Buscou-se desta forma, contribuir para que os ganhos de produtividade advindos do desenvolvimento tecnológico sejam aplicados na função manutenção como forma de melhorar o desempenho na gestão das falhas durante o transcorrer da vida útil dos ativos industriais.

Palavras-Chave: Manutenção Industrial; Produtividade; Petroquímica – Indústria –Bahia.

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ABSTRACT

This work was intended for an application of the productivity concepts, basing on the relationship between result and spent effort, for the analysis of the industrial maintenance function.

In this case study about the maintenance in a petrochemical company, it tried to establish an association among the rational allocation of resources, understanding the work (the workforce) and the capital (machines, materials and equipments), and the improvement of the productivity.

The autor settled down a measurement methodology based in acting indicators for the identification of the practices of maxim efficiency in the application of the maintenance resources. These linking to the effective exit of the process of industrial maintenance, where the product is a service, that can be measured by its favorable acting in the execution of a production plan drifted acted by a certain amount to be produced in certain space of time.

In the denominator condition in the productivity equation, the inputs of the maintenance considered were the own human resources of the organization, the spare materials, the contracted services to other organizations, the tools and equipments used in the accomplishment of the tasks and the planning and control methods.

It was looked for this way, to contribute so that the earnings of productivity from the technological development are applied in the maintenance function as form of improving the acting in the administration of the failures in elapsing of the useful life of the industrial assets.

Word-key: Industrial maintenance; Productivity; Petrochemical-Industry-Bahia.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS 11

LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS 13

LISTA DE TABELAS E QUADROS 15

1 INTRODUÇÃO 16

2 A FUNÇÃO MANUTENÇÃO EM UM PROCESSO DE PRODUÇÃO

CONTÍNUA

22

2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23

2.2 MODELOS ATUAIS DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO INDUSTRIAL 25

2.2.1 Manutenção Produtiva Total 25

2.2.2 Manutenção Centrada na Confiabilidade 29

2.2.3 Inspeção Baseada no Risco 32

3 CONCEITOS DE PRODUTIVIDADE E SUAS APLICAÇÕES À

MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

34

3.1 ASPECTOS NA MEDIÇÃO PRODUTIVIDADE 34

3.1.1 Medindo as Saídas 34

3.1.2 Componentes de Entradas 35

3.1.3 Níveis de Indicadores de Produtividade 39

3.1.4 Comparando Indicadores de Produtividade 39

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3.2 ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA EMPRESA 41

4 INDICADORES DE DESEMPENHO COMO MEDIDA DA PERFORMANCE DA MANUTENÇÃO

42

4.1 PERSPECTIVAS DE MEDIÇÃO DO DESEMPENHO 43

4.2 NÍVEIS DE INDICADORES DE DESEMPENHO 45

5 INSUMOS OU ENTRADAS NO PROCESSO MANUTENÇÃO 48

5.1 A EQUIPE PRÓPRIA DE MANUTENÇÃO E OS SERVIÇOS

CONTRATADOS

48

5.2 MATERIAIS SOBRESSALENTES 50

5 FERRAMENTAS DE TRABALHO 55

5.3.1 Tempo de Mobilização ao Campo 56

5.3.2 Tecnologia Aplicada a Ferramentas de Manutenção: Velocidade de

Execução

56

6 O ESTUDO DE CASO DA MANUTENÇÃO DETEN 62

6.1 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA DE PESQUISA 62

6.2 NATUREZA E OBJETIVO DO ESTUDO 63

6.3 UNIDADE DE ANÁLISE 63

6.4 LÓGICA DE INTERLIGAÇÃO DOS DADOS 66

6.5 ESTRUTURA DE INDICADORES DE PERFORMANCE 66

6.5.1 Indicadores de Desempenho Financeiro do Produto Manutenção 69

6.5.2 Indicadores da Eficácia da Manutenção 70

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6.5.3 Medidas das Entradas ou Insumos 79

6.5.4 Contratação de Serviços 82

6.5.5 Materiais Sobressalentes 85

6.6 ANÁLISE DA TEDÊNCIA DA PRODUTIVIDADE DA MANUTENÇÃO 95

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABRAMAN Associação Brasileira de Manutenção

API American Pretroleum Institute

DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Sócio-Econômicos

DNV Det Norske Veritas

EGP Eficácia Global da Planta

Hh Homens-hora

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBR Inspeção Baseada no Risco

IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo

JIPM Japan Institute of Plant Maintenance

LAB Linear Alquil Benzeno

LAS Linear Alquil Benzeno Sulfonado

MCC Manutenção Centrada em Confiabilidade

MTBF Middle Time Between Failure

NPB National Productivity Board

OPE Overall Plant Effectiveness

PIB Produto Interno Bruto

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RBI Risk Based Inspection

TFP Total Factor of Productivity

TPM Total Productivity Maintenance

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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 – Equação da Produtividade para a Manutenção

Figura 2 – Tipos de Manutenção

Figura 3 – Seis Padrões de Falha

Figura 4 – Causas de Falhas

Figura 5 – Execução de chanfro para solda com lixadeira elétrica

Figura 6 – Execução de chanfro para solda com bizeladora rotativa.

Figura 7 – Aperto de parafusos com chave de impacto e marreta.

Figura 8 – Aperto de parafusos com o uso da parafusadeira pneumática.

Figura 9 – Aperto de parafusos com máquina hidráulica de torque.

Figura 10 – Máquina de soldagem semi-automática

Figura 11 – Máquina de soldagem semi-automática

Figura 12 – Dispositivo de acoplamento para a fabricação de tubulações.

Figura 13 – Alinhamento tradicional.

Figura 14 – Alinhamento com laser.

Figura 15 – Medidor de vibração.

Figura 16 – Coletor/analisador de vibrações,

Figura 17 – Carro de transporte tradicional.

Figura 18 – Carro de transporte elétrico.

Figura 19 – Composição Acionária

Figura 20 – Gráfico do Indicador de Custo de Manutenção por Unidade Produzida.

Figura 21 – Gráfico do Indicador de Custos de Manutenção por Custos Totais da Produção.

Figura 22 – Gráfico do Indicador de Disponibilidade

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Figura 23 – Gráfico do Indicador de Utilização da Capacidade

Figura 24 – Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto

Figura 25 – Gráfico da Eficácia Global da Planta

Figura 26 – Gráfico do Indicador de Confiabilidade– MTBF Global.

Figura 27 – Gráfico do Indicador de Confiabilidade para Equip. Estáticos e Dinâmicos

Figura 28 – Percentual de OS Urgentes

Figura 29 – Composição dos Custos de Manutenção

Figura 30 – Gráfico do Custo de Hora Extra versus Paradas

Figura 31 Percentual do Custo com Serviços Contratados no Custo de Manutenção

Figura 32 – Evolução dos Custos com Serviços Contratados

Figura 33 – Comparativo entre Serv. Contratados e OS Executadas

Figura 34 – Evolução dos Custos com Materias

Figura 35 – Comportamento do Custo de Materiais em Ralação ao Custo de Manutenção

Figura 36 – Participação do Custo de Materiais no Custo de Manutenção

Figura 37 – Giro de Estoque

Figura 38 – Comparativo do Estoque com a Aplicação de Materiais

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 1 – Comparativo de ferramentas de abertura de chanfro.

Quadro 2 – Comparativo de ferramentas de aperto de parafusos.

Quadro 3 – Comparativo solda manual e semi-automática.

Quadro 4 – Comparativo alinhamento com relógio comparador e alinhamento com laser.

Quadro 5 – Estrutura do Indicador de Custo de Manutenção por Unidade Produzida.

Quadro 6 – Estrutura do Indicador de Custos de Manutenção por Custos Totais da Produção.

Quadro 7 – Estrutura do Indicador de Disponibilidade.

Quadro 8 – Estrutura do Indicador de Utilização da Capacidade.

Quadro 9 – Estrutura do Indicador de Eficácia Global da Planta.

Quadro 10 – Estrutura do Indicador de Confiabilidade.

Quadro 11 – Estrutura do Indicador de Confiabilidade para Equip. Estáticos e Dinâmicos.

Quadro 12 – Estrutura do Indicador de OS Urgentes.

Tabela 1 – Utilização da Capacidade

Tabela 2 – Eficácia Global da Planta

Tabela 3 – Comparativo da Composição de Custos

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1 INTRODUÇÃO

A atual conjuntura econômica mundial determina um novo parâmetro de

comportamento às organizações industriais. Neste cenário a função manutenção

representa um papel de fundamental importância para o desempenho positivo do meio

de produção industrial. Particularmente em plantas industriais onde grande parte dos

equipamentos instalados pode estar em fase avançada de sua vida útil. Nestes casos,

os ganhos de produtividade advindos do desenvolvimento tecnológico, quando

aplicados na função manutenção, podem de certa forma compensar o transcorrer da

vida útil dos ativos industriais e seu conseqüente aumento na taxa de falhas.

Com o objetivo de aumentar suas possibilidades de sobrevivência e

desenvolvimento numa economia globalizada em que a competição acirrada e o

ambiente econômico turbulento geram um futuro pouco previsível, as empresas são

levadas a definir suas estratégias competitivas como forma de orientar suas ações e

aplicações de recursos onde um elemento comumente selecionado é a melhoria da

produtividade.

A tecnologia da informação, quando aplicada a meios de controle

operacional da produção, resulta em melhorias significativas da produtividade com a

utilização cada vez maior da automação e da robótica. Na manutenção industrial de

uma indústria petroquímica como a Deten Química S.A., onde localizaremos este

estudo de caso, o crescimento da produtividade, com a aplicação da informática e da

automação, se processa em diferentes proporções dentro da mesma organização. As

modernas ferramentas de manutenção utilizadas hoje em dia na execução dos serviços

não eliminam por completo a necessidade do executante de manutenção para operá-

las, porém reduzem seu esforço físico e o tempo de realização das tarefas, enquanto

aumenta a precisão das operações e a qualificação requerida ao operador. Ao seu

lado, o mercado de fornecedores de serviços e peças de reposição, reflete em sua

qualidade e prazo de atendimento o patamar tecnológico industrial e logístico em que

se encontra .

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A aplicação proposta neste trabalho para o conceito de produtividade está

na relação entre "resultado" e "esforço despendido". Partindo desta relação básica,

adaptaremos este conceito para análise da produtividade na Função Manutenção

Industrial. A relação será tanto melhor quanto maior o resultado e quanto menor o

esforço despendido na sua obtenção. Em outras palavras, busca-se melhorar a

produtividade da manutenção industrial através de um melhor resultado global da

organização, associado a uma alocação racional de recursos que permitam obtê-lo. O

resultado global está diretamente ligado aos clientes (internos ou externos à empresa)

nos quais a manutenção se faz influente.

Para se abordar a questão da produtividade na manutenção com um

enfoque no processo, aplicamos o método de controle do Ciclo PDCA da Qualidade

Total descrita por Ishikawa apud Campos (1992). Esta prática de controle surgere as

seguintes necessidades com relação à mesma:

a) Planejar

b) Medir

c) Analisar

d) Melhorar

Cada uma dessas etapas deve ser atendida a partir do uso de metodologias

específicas para que a vantagem competitiva proporcionada pela melhoria da

produtividade da função manutenção se faça notar em uma organização industrial.

A definição técnica para produtividade pode ser entendida a partir de uma

concepção simples, isto é, através de uma relação entre a quantidade de saídas e a

quantidade de entradas aplicadas para produzir aquela saída. A saída, sendo um

produto ou um serviço como é o caso da manutenção, é o produto final de um processo

que pode ser medido pelo seu desempenho favorável. As entradas são os recursos

utilizados na produção de um bem ou na execução de um serviço de manutenção em

nossa analogia. Os principais recursos aplicados são o trabalho (a força de trabalho) e

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o capital (máquinas e equipamentos).

Produtividade não pode ser considerada equivalente à produção, pois

enquanto a produção se refere ao total de saídas produzidas, a produtividade se refere

à quantidade total produzida pela unidade de entrada utilizada. Um crescimento na

produção não necessariamente implica em crescimento na produtividade.

Aplicando a definição técnica de produtividade no caso da manutenção

industrial podemos considerar sua produção ou seu resultado operacional, o

cumprimento de um plano de produção planejado representado por uma certa

quantidade a ser produzida em um certo espaço de tempo.

Na condição de denominador nesta equação da produtividade, os insumos

da manutenção podem ser considerados como os recursos humanos próprios da

organização, os materiais sobressalentes, os serviços contratados a outras

organizações, as ferramentas e equipamentos utilizados na realização das tarefas e os

métodos de planejamento e controle.

A melhoria da produtividade está relacionada com a busca da máxima

eficiência na aplicação destes recursos mencionados acima, fazendo certo as coisas e

buscando minimizar as perdas. Desta forma ao analisarmos a produtividade sob a ótica

da eficiência, segundo Tenner & De Toro (1997) descrevemos o quanto está bem a

performance de um processo.

Para Peter Drucker, apud Bester (1993), a produtividade também depende

do rendimento dos recursos aplicados. Desta forma Bester (1993) afirma que é preciso

estudar a relação básica entradas-saída para entender como os componentes são

determinantes na melhoria na produtividade.

O resultado ou produto da manutenção pode ser medido, para Moubray

(1991) representando a maneira que a manutenção assegura que os itens materiais

continuem a fazer aquilo que os usuários esperam que faça.

Em um enfoque do autor, nesta dissertação assumimos que produtividade

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pode ser medida na eficácia da aplicação dos recursos refletindo nos resultados

operacionais, ou como bem está funcionando o processo manutenção refletindo em

uma visão da performance global da planta, desta forma podemos associar:

Resultado da manutenção Eficácia no atendimento ao plano de produção Produtividade = ------------------------------------ = ---------------------------------------------------------------

Insumos na manutenção Eficiência na forma de aplicação dos recursos

Figura 1 – Equação da Produtividade para a Manutenção

Nesta perspectiva, para elevação dos resultados é necessário o

aperfeiçoamento dos processos de aplicação dos recursos, ou seja, sua eficiência e

esta melhoria irá se refletir na redução dos insumos aplicados e/ou na ampliação dos

resultados. Esta visão pode também ser compartilhada na definição de eficácia como a

qualidade daquilo que produz o resultado esperado e de eficiência como a capacidade

de produzir um efeito ou rendimento segundo Holanda(1988).

Em consequência, uma estratégia para melhoria da produtividade na

manutenção requer um enfoque sistemático para a medição de indicadores de

performance em níveis macro e micro dos insumos e dos resultados.

Ao nível das companhias, as empresas sempre querem naturalmente

identificar áreas em seus processos onde a produtividade e os resultados possam ser

melhorados, e a manutenção geralmente é um amplo campo para esta atuação.

O primeiro passo para a medição da produtividade segundo a National

Productivity Board (1992) é mensurar a saída. O próximo passo é identificar as várias

entradas e medi-las. Desta forma a produtividade poderá ser estimada pela relação

saída dividida pelas entradas. Na prática, existe uma grande família de medidas de

produtividade dependendo dos tipos de dados especificamente utilizados na equação

como a produtividade do trabalho, a produtividade da mão-de-obra direta e indireta, a

produtividade econômica e a produtividade da qualidade.

Para Bester (1993), o modelo de medição de produtividade baseada na

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relação entre produção e força de trabalho aplicada não é suficiente para uma

avaliação completa. Neste modelo, para o autor geralmente não distingue-se a

produção aceita da rejeitada, medindo-se a eficiência da organização em aplicar

insumos deficientes para uma produção sem efeito significativo.

Esta forma de avaliação da produtividade, levando em conta apenas a

produtividade do trabalho, é comumente utilizada para a análise da produtividade na

manutenção por organismos avaliadores. Este modelo para Fabricant (1979)

proporciona apenas uma aproximação para uma medida de eficiência, pois alterações

na eficiência de um processo produtivo podem estar associadas a mudanças na

composição dos diferentes fatores considerados insumos.

Desta forma, para avaliarmos a produtividade da função manutenção em

uma indústria petroquímica, como neste estudo de caso, devemos abordar o conjunto

de fatores de entrada no processo manutenção e não apenas a força de trabalho

aplicada. Analisaremos os fatores relacionados ao trabalho e ao capital investido no

desempenho da função.

Admitindo que a medida de produtividade, estabelecida como uma relação

ou taxa entre produto no numerador e insumos no denominador, representa apenas

uma fotografia exclusiva de um determinado momento na organização, esta possui

uma significância limitada. Deste modo, Fabricant (1973) propõe que a mesma seja

comparada com outra medida calculada em outro período ou, até, em outro lugar.

Neste estudo de caso iremos adaptar os conceitos de medição do fator de

produtividade total propostos por Bester (1993) e Fabricant (1973) a uma série de

indicadores hierarquizados para a manutenção industrial propostos por Wireman (1998)

e Suzuki (1994), para em seguida aplicá-los à realidade em diferentes períodos na

planta pesquisada da Deten Química S.A. para efeito comparativo. Este modelo

também pode ser utilizado como base para avaliação do desempenho da manutenção

entre as plantas do grupo que produzem o mesmo produto em outros sítios industriais,

estabelecendo-se medidas de referência dentro grupo e identificando melhores práticas

a serem seguidas.

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Partindo do estudo detalhado dos agentes da produtividade na manutenção

buscamos o esclarecimento de suas relações, visando a melhoria da eficiência e da

eficácia da função manutenção. A melhoria no processo de manutenção pode ser

guiada pela análise de performance na aplicação dos recursos no desempenho das

atividades de manutenção e seus desdobramentos em assegurar que os itens físicos

continuem a desempenhar suas funções previstas pelo cliente nos sítios estudados.

Ao analisarmos os dados estatísticos da manutenção por um período

significativo, podemos desenvolver um planejamento que enfoque a melhoria contínua

e que pode ser aplicado no desenvolvimento de um bechmarking para a função

manutenção ao nível do grupo industrial em suas três plantas no Brasil, Espanha e

Canadá. Como consequência, esta iniciativa poderá gerar um processo de melhoria

contínua com ganhos sucessivos incrementais possíveis de serem obtidos através do

monitoramento constante dos parâmetros de insumos de produtividade e com a

disseminação das melhores práticas de manutenção industrial disponíveis em cada

unidade. Este enfoque sistemático visa ganhos de performance através do ciclo ”plan-

do-study-act” em complementação ao processo de solução clássico de problemas.

A exposição deste trabalho está estruturada em 7 capítulos básicos

adjacentes. No Capítulo 2 é apresentado um breve histórico da evolução da

manutenção industrial bem como dos seus modelos atuais de gestão. O Capítulo 3

apresenta os conceitos de produtividade, abordando seus aspectos de medição e

análise. O desenvolvimento de indicadores de desempenho aplicados à manutenção é

exposto no Capítulo 4. Enquanto que os insumos no processo de manutenção são

estudados no Capítulo 5. No Capítulo 6, a estratégia da pesquisa é descrita, para em

seguida apresentarmos os dados coletados acompanhados de uma análise do

comportamento do indicador de desempenho associado. No Capítulo 7 apresentamos

as considerações finais e destacamos pontos com potencial para melhorias.

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2 A FUNÇÃO MANUTENÇÃO EM UM PROCESSO DE PRODUÇÃO CONTÍNUA

A estrutura organizacional necessária a o desempenho satisfatório da função

manutenção em uma indústria de produção contínua como a química e petroquímica

está sempre em constante evolução. O paradigma ultrapassado que a boa manutenção

é aquela que executa um bom reparo, evoluiu para um novo conceito de que uma boa

manutenção é aquela que consegue evitar ao máximo as perdas não planejadas.

Palmer (1999) afirma que o propósito da manutenção é permitir uma

capacidade confiável da planta industrial. Segundo este autor, as empresas devem dar

ênfase à aplicação de equipamentos industriais que precisem cada vez menos de

atenção. Ainda é seu ponto de vista que este enfoque deve ser preferido em relação à

busca de ser eficiente e reativo na execução das tarefas de reparo em equipamentos

no estado de falha. Neste sentido, o procedimento para a busca da manutenção eficaz

compreenderia:

a) A integração da manutenção com a engenharia de processo na seleção e

aplicação dos equipamentos.

b) Já com os equipamentos montados e operando, deve-se buscar a

manutenção pró-ativa ou seja, agindo antes da quebra ocorrer através

das manutenções preventiva e preditiva, e das modificações de projeto.

A função manutenção sendo desenvolvida de forma eficaz, para Palmer

(1999), contribui para o crescimento da confiabilidade na capacidade da planta estar

disponível quando demandada e, desta forma, para a redução dos custos totais de

produção.

Já para Tenner & De Toro (1997), a performance de um processo, como a

função manutenção industrial, deve englobar, além da eficácia, a eficiência em

promover a mesma ou, até, a melhor manutenção, com menos custos. Adicionando e

mantendo uma capacidade adicional sem acrescentar novos custos.

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2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO

A missão da manutenção nos tempos atuais, para Kardec et all. (2002),é

garantir a disponibilidade da função dos equipamentos e instalações quando

demandado pelo sistema de produção com confiabilidade, segurança e preservando o

meio-ambiente ao menor custo.

Para Cavalcante (1998), o desenvolvimento da função manutenção deve

aliar o aprimoramento de técnicas e métodos de gerenciamento que promovam a

diminuição da probabilidade de falhas antecipando-se a sua ocorrência, com a

importância relativa ao tratamento das falhas ocasionais remanescentes.

Esta transformação abrange não só o desenvolvimento de novas

tecnologias de monitoramento e reparo para os ativos industriais em geral, como

novos modelos de aporte de capital no desempenho das atividades de manutenção.

A contribuição da manutenção dentro de um sistema produtivo, segundo

Kardec & Nascif (1998), pode ser resumida como a maior disponibilidade confiável da

planta industrial ao menor custo. O que por sua vez, como esse próprios autores

alertam, resume-se em quanto maior esta disponibilidade menor a demanda de

serviços e, conseqüentemente, de custo, favorecendo o crescimento da produtividade

da função manutenção.

Para Kelly & Harris (1978), a correlação da manutenção com a rentabilidade

da empresa é evidenciada na capacidade de produção e no custo operacional dos

equipamentos, frente ao objetivo de um departamento de manutenção que deve ser

procurar atingir o equilíbrio entre estes dois efeitos.

Esta relação entre o resultado evidenciado pela disponibilidade confiável e

os custos envolvidos no processo de manutenção e, conseqüentemente, de produção

como um todo, caracterizam a proposta de análise da produtividade da manutenção

neste trabalho.

Do ponto de vista técnico, a evolução da manutenção pode ser caracterizada

Page 24: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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em três gerações distintas, segundo Moubray (1991). Na primeira geração, abrangendo

os primórdios da mecanização dos meios de produção até o período que antecede a

Segunda Guerra Mundial, a demanda não tornava significativos os períodos de

indisponibilidade para recuperação das falhas. A manutenção era basicamente

corretiva, após a ocorrência da falha, com pequenas ações sistemáticas de

conservação, como limpeza e lubrificações. Contudo com o advento da segunda

grande guerra iniciou-se uma nova fase na manutenção, esta influenciada pelo

aumento da demanda. Com a escassez de mão-de-obra industrial, a indústria passou a

depender muito mais das máquinas da linha de produção, e o tempo de paralisação

passou a ser mais considerado, surgindo a necessidade de evitar-se a ocorrência da

falha com a introdução da manutenção preventiva.

A partir da década de setenta, os efeitos das mudanças nos processos

industriais foram mais intensos; com a presença da mecanização crescente e o

surgimento posteriormente da automação advinda do desenvolvimento da micro-

informática. Conseqüentemente, as expectativas acerca do desempenho dos

equipamentos envolvidos no processo produtivo e os efeitos das falhas na produção,

também aumentaram. Os novos parâmetros de estoque reduzidos com a programação

de produção “just-in-time”, elevaram a um novo patamar os desempenhos nas áreas

de confiabilidade e disponibilidade. A ampliação da oferta, aliada à conjuntura

econômica-social da atualidade, foi determinante para o desenvolvimento de novas

expectativas quanto a qualidade dos produtos, segurança das pessoas, instalações e

meio-ambiente. Segurança de pessoas, envolvendo não só os trabalhadores na linha

direta de produção, mas também a sociedade circunvizinha como um todo.

Conforme Cavalcante (1998), os tipos básicos de atividades de manutenção

podem ser classificadas no quadro abaixo:

Page 25: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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Manutenção Não Planejada (Consertar a quebra/falha)

(Em desacordo com a Estratégia estabelecida)

Manutenção Corretiva (Após quebra não planejada)

Diária (rotina)

Periódica (sistemática)

Atividades de Manutenção Manutenção Planejada

(Evitar ou impedir a quebra/falha)

(De acordo com a Estratégia estabelecida)

Manutenção Preventiva

(Programadas antes da quebra/falha)

Preditiva (condicional)

Melhoria da Confiabilidade Manutenção com Melhoria (Intervenção para a introdução de inovações que reduzem ou

facilitam a manutenção) Melhoria da Manutenibilidade Atividades de

Melhoria

Prevenção da Manutenção Projeto que dispensa manutenção

Figura 2 – Tipos de Manutenção. Fonte: Cavalcante (1998)

O enfoque na busca da melhoria contínua da gestão da manutenção

segundo Shenoy & Bhadury (1998) deve ser através do tratamento das tarefas de

manutenção como processos que podem ser controlados , medidos e melhorados.

Processo aí definido como uma relação de tarefas que, bem executadas, produzirão os

resultados esperados. Desta forma um processo de manutenção eficiente e eficaz

deve considerar as relações entre todas as tarefas, as ferramentas e procedimentos

utilizados além das habilidades, conhecimentos e motivações do pessoal envolvido.

2.2 MODELOS ATUAIS DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

2.2.1 Manutenção Produtiva Total

Segundo Suzuki(1992), a manutenção produtiva no Japão recebeu a

denominação de Manutenção Produtiva Total (TPM) por envolver todos os empregados

da organização, embora inicialmente restrito aos departamentos diretamente

envolvidos com os equipamentos e a produção, e começando a ser aplicado após a

introdução da manutenção preventiva, o autor afirma que hoje o TPM envolve toda

Page 26: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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organização, no sentido da busca da eficácia em suas atividades.

O TPM foi desenvolvido pelo Japan Institute of Plant Maintenance (JIPM), a

associação japonesa de manutenção industrial, e implementado na indústria japonesa

a partir de 1971, inicialmente no grupo Toyota, conforme Nakajima apud Cavalcante

(1998).

Suzuki(1992) credita a difusão rápida do TPM em organizações em todo

mundo a três razões básicas:

a) Resultados tangíveis significantes;

b) A transformação do ambiente de trabalho na unidade industrial;

c) A motivação dos trabalhadores com os avanços conseguidos.

Takahashi & Osada (1990), consideram o pessoal, as máquinas e os

materiais, os elementos básicos envolvidos no gerenciamento da produção, e estes se

constituindo os elementos de entrada. A análise da relação entre os métodos de

gerenciamento, os elementos de entrada e os elementos de saída, buscaria associar

opções por práticas que se revelem eficazes.

Para Suzuki(1992), as indústrias de processo possuem particularidades que

tornam necessário sua consideração na aplicação do TPM em relação a indústria

automotiva na qual se originou. Estas diferenças estão na diversidade dos sistemas de

produção e dos equipamentos empregados, ou seja, o uso de equipamentos estáticos

como vasos de pressão e colunas de fracionamento, um controle centralizado das

operações de produção por um grupo reduzido de operadores, diversos mecanismos

de falha, utilização de equipamentos em duplicidade ou stand-by e isolados por by-

pass. Completam estas especificidades o alto consumo de energia e o potencial risco

de acidentes e danos ambientais.

O TPM evoluiu em suas definições com a ampliação do seu espectro de

aplicação, tanto que o JIPM, definiu, em 1989, como estratégias do TPM a

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maximização da eficácia de todo o sistema produtivo em vez do enfoque original no

equipamento. O enfoque passa para a prevenção de todos tipos de perdas durante

toda vida do sistema produtivo, não mais focado apenas no ciclo de vida de um

equipamento em particular.

A gestão dos equipamentos em uma indústria de processo, segundo

Suzuki(1992), possui três aspectos:

a) Planejamento para todo ciclo de vida dos equipamentos

b) O tipo de manutenção a ser aplicada, envolvendo o enfoque preventivo ou

corretivo e a freqüência de ocorrência.

c) A alocação da responsabilidade pela execução da atividade definida, se o

próprio operador, o especialista ou até ambos.

Enquanto ao processo de implementação, Suzuki (1992) entende que se

baseia em doze passos, também, agrupados em quatro grandes fases:

a) Preparação - Que engloba o anúncio formal da decisão de aplicação do

TPM, com a formação do conhecimento necessário, a definição da

estrutura organizacional responsável, o estabelecimento da política básica

do TPM e suas metas, e o traçado de um plano mestre de

implementação;

b) Introdução – Evento que marca o início formal da aplicação em um

encontro com todos envolvidos no processo, inclusive clientes e sub-

contratados , no qual se efetua a reafirmação do comprometimento da alta

administração;

c) Implementação – Engloba as atividades de fundamentais para o

desenvolvimento do TPM, entre outras:

- A melhoria focalizada, conduzida por times compostos por diversas

especialidades;

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- A manutenção autônoma, conduzida pelos próprios operadores de

processo;

- A manutenção planejada, conduzida após definições técnicas baseadas

na confiabilidade e no risco, na forma de corretiva, preventiva ou baseada

na condição, também chamada de preditiva;

- O desenvolvimento das habilidades através da educação e do

treinamento;

- A adoção da gestão antecipada dos produtos e equipamentos envolvendo

os planos de investimento, projeto de processos, projeto de fabricação e

montagem de equipamentos, testes operacionais e gerenciamento da

partida;

d) Consolidação – Que envolve o desenvolvimento de diretrizes e metas

desafiadoras com ênfase no enfoque da melhoria contínua suportadas por

medidas precisas, contínuas e concretas na forma de indicadores de

desempenho.

A identificação e a eliminação das perdas associadas a aplicação dos

insumos no processo do TPM visam a maximização das saídas. Suzuki(1992), lista

estas oito grandes perdas possíveis:

a) Paradas programadas

b) Ajustes na produção

c) Falhas em equipamentos

d) Falhas no processo

e) Tempos de condicionamento de partida e de parada

f) Produção anormal

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g) Defeitos de qualidade

h) Reprocessamento

2.2.2 Manutenção Centrada em Confiabilidade

Na atualidade as mudanças na concepção de falhas de equipamento,

conforme Moubray (1991), indicam seis modos distintos de comportamento da taxa de

falhas ao longo do tempo que podem ser representados pela figura a seguir:

Figura 3 – Seis Padrões de Falha

Estes comportamentos distintos, segundo o autor, levam a indústria em geral

a dispensar a estes uma certa quantidade de atenção buscando fazer o trabalho de

manutenção corretamente, sendo eficiente, e a necessitar, também, assegurar que os

trabalhos que estão sendo planejados são aqueles que deveriam ser planejados,

fazendo, portanto, o trabalho certo e sendo eficaz. A metodologia da Manutenção

Centrada em Confiabilidade (MCC) ou Realiability-Centred Maintenance (RCM) é

definida pelo autor como um processo usado para determinar o que deve ser feito,

para assegurar que o ativo fixo continue a fazer o que se espera dele no contexto

operacional a que pertence.

O desenvolvimento eficaz de uma estratégia de manutenção, ainda segundo

Moubray (1991), deve iniciar-se pela definição do que realmente é necessário ser feito

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para que os ativos continuem a desempenhar as funções que lhes são requeridas.

Esta metodologia foi desenvolvida originalmente na indústria de aviação comercial, que

se viu desafiada a estabelecer um processo decisório para identificar a forma de

manutenção adequada a preservar as funções dos ativos físicos em situações críticas.

O crescimento da popularidade do método adotado, conduziu ao desenvolvimento de

processos derivados, e levou a Sociedade Americana de Engenheiros Automotivos

(SAE), um órgão normalizador, a produzir uma norma que define critérios para

avaliação de processos de manutenção centrada em confiabilidade.

O processo de RCM envolve a aplicação de um algoritmo estruturado para

avaliação das conseqüências e seleção de políticas de manutenção para cada modo

de falha de um ativo fixo. Este processo de análise se desenvolve segundo os passos

seguintes:

a) Definição das funções de cada ativo em seu contexto operacional e seus

padrões de desempenho desejados;

b) Definição das falhas funcionais, ou seja, estados de falha no qual um ativo

deixa de preencher a função, num padrão de desempenho aceitável;

c) Identificação dos modos de falha, ou todos os eventos prováveis de

causar cada estado de falha, incorporando as falhas causadas por

desgaste ou deterioração e erros humanos em operação, manutenção e

projetos;

d) Avaliação da conseqüência da falha;

e) Definição da técnica de gerenciamento apropriada ao modo de falha do

ativo.

As técnicas de gerenciamento alternativas estão agrupadas da seguinte

forma:

a) Tarefas Pró-ativas , realizadas antes da ocorrência da falha como:

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- Restauração programada;

- Descarte programado;

- Manutenção sobre condição.

b) Ações de tratamento em estado de falha como:

- Pesquisa de falhas ocultas;

- Re-projeto do componente ou ativo;

- Substituição após a falha permitida.

A melhoria no desempenho da manutenção com a aplicação da RCM

depende, segundo Moubray (1991), de dois pontos de vista a serem considerados: a

eficácia e a eficiência da manutenção. A eficácia da manutenção pode ser medida em

sua opinião por cinco meios, todos válidos, dependendo do contexto sob consideração:

a) A taxa de falhas – Representa a freqüência de falha e é associado a

confiabilidade do item;

b) O tempo de vida útil – Tempo ao final do qual o ativo em consideração,

falha e é recondicionado ou descartado e substituído por um outro;

c) Indisponibilidade – Mede o quanto tempo o ativo é incapaz de cumprir a

função prevista para satisfazer o usuário, em relação ao tempo que o

usuário gostaria que fosse capaz de cumprir;

d) Probabilidade de falha – representa uma medida de confiança que

engloba a possibilidade de falha do item no próximo período considerado ;

e) Eficiência – A eficiência da manutenção mede como a função manutenção

aplica seus recursos e é um dos ganhos mensuráveis da aplicação da

metodologia segundo seu autor. O mesmo agrupa as medidas de

eficiência em quatro categorias:

- Custos de manutenção;

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- Custo de mão-de-obra;

- Sobressalentes;

- Planejamento e Controle.

2.2.3 Inspeção Baseada nem Risco

A metodologia da Inspeção Baseada em Risco (IBR) visa, através da

avaliação de riscos associados com o processo produtivo, a priorização na aplicação

de recursos no programa de inspeção de equipamentos, uma forma de manutenção

preventiva. Os estudos nesta área remontam a década de 80 na área nuclear, porém,

posteriormente na década de 90, o American Petroleum Institute (API) e o Det Norske

Veritas (DNV) desenvolvem e editam em forma de norma a metodologia. A análise

sistemática abrange as condições de processo, os mecanismos de danos ao material,

o histórico de inspeções e as conseqüências devido a falhas. O conceito de risco,

segundo o DNV (2001), pode ser entendido como o potencial de ocorrência de

conseqüências indesejadas decorrentes da realização de determinada atividade.

O risco representa o produto da freqüência pelas conseqüências, portanto a

inspeção visa reduzir a probabilidade de falha, contribuindo com a mitigação dos riscos,

agindo na diminuição da freqüência.

O histórico das causas de falhas apresentado pelo DNV demonstra que, a

maioria das perdas de contenção numa planta de processo petroquímico pode ser

influenciada pelas atividades de inspeção .

14%5%

31%7%

33%

10% Pertubação no Processo

Sabotagem

Desconhecida

Erro de Projeto

Erro Operacional

Causas Naturais

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Figura 4 – Causas de Falhas, fonte: DNV (2001)

Este enfoque afirma que o risco depende da situação e do tempo. Desta

forma são importantes: o tempo desde a última inspeção e a sua taxa de ocorrência de

danos. As atividades preventivas de inspeção são ranqueadas baseando-se na

redução efetiva do risco pelos serviços de avaliação de mecanismos de danos. Ao

identificar e compreender os condutores de risco, desenvolvendo planos mitigadores,

contribui-se desta forma com a melhora da confiabilidade e dos custos de inspeção e

manutenção associados. O plano de inspeção proposto para a redução do perfil de

risco para um novo patamar aceitável deve ser custo-eficiente. A metodologia envolve

um enfoque qualitativo e outro quantitativo. O processo de análise qualitativo de

classificação das unidades operacionais visa identificar as áreas de alto risco, para que

sejam priorizados no programa de inspeção com base em índices de risco para

pessoas ou meio-ambiente. A análise qualitativa ordena e classifica o nível de risco nas

unidades operacionais em uma matriz de risco e define as áreas de alto risco que

demandam uma análise quantitativa apurada. A classificação qualitativa se baseia na

freqüência, sendo considerados os fatores relativos à quantidade de elementos,

mecanismo de dano, adequação técnica da inspeção, condição do equipamento,

natureza do processo produtivo e projeto do equipamento. Somando-se ao fator

conseqüência da falha, que é o resultado dos elementos relativos a tendência de entrar

em ignição, quantidade disponível para liberação, facilidade de evaporação, pressão de

operação, tendência auto-ignição, salvaguardas de engenharia e grau de exposição ao

dano.

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3 CONCEITOS DE PRODUTIVIDADE E SUAS APLICAÇÕES À MANUTENÇÃO

INDUSTRIAL

Este elemento comum nas estratégias competitivas, a produtividade, parte

de um conceito básico representado pela relação entre o resultado e o esforço

dispendido. Como citado anteriormente, um processo estará tão mais produtivo em um

dado momento do que em um outro momento de referência quanto melhor for o

resultado e quanto menor for o esforço dispendido na obtenção deste resultado, o qual

está associado a uma alocação racional de recursos que permitam obtê-lo.

Partindo da definição genérica para o conceito de produtividade ainda como

uma concepção simples, esta significa, uma relação entre a quantidade de saídas e a

quantidade de entradas aplicadas para produzir aquelas. A saída aí pode ser entendida

como um produto ou um serviço ao final do processo, enquanto as entradas serão os

recursos utilizados na produção de um bem ou na execução de um serviço. Os

principais recursos são o trabalho, representado pela mão de obra envolvida, e o

capital, este envolvendo materiais,serviços, ferramentas e equipamentos.

3.1 ASPECTOS NA MEDIÇÃO PRODUTIVIDADE

No que diz respeito à medição da produtividade, a literatura percorrida sobre

o tema aponta quatro aspectos como chave ou centrais para ações neste campo. Estes

aspectos podem ser assim sintetizados: medição da produção ou saídas, medição dos

insumos ou entradas, níveis de indicadores e avaliação e comparação de indicadores

de produtividade.

3.1.1 Medindo as Saídas

Como já referido, as saídas podem ser representadas por bens fabricados

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ou serviços prestados embora admita-se a existência de saídas setoriais internas à

organização, as quais geram as saídas da empresa da qual pertencem como um todo.

As saídas de todas as empresas similares formam, também, a totalidade das saídas

do ramo da indústria ao qual pertencem. Ademais, as medições das saídas ou

resultados podem ser aplicadas nos vários níveis, ou seja, como Produto Interno Bruto

(PIB) de uma economia, valor agregado de uma indústria ou companhia em particular,

unidades produzidas em uma planta ou linha de produção. Estes resultados são

usualmente expressos em termos de unidades físicas, custos financeiros unitários,

através de preços constantes ou correntes.

Cada modelo se adequa melhor a determinada situação. Para Fabricant

(1993), saídas usualmente medidas em unidades de quantidade físicas, não podem

representar o produto de uma economia nacional ou um segmento com produtos

diversificados. Nestes casos as unidades quantitativas não são uniformes, e/ou não

são representadas por uma única unidade física. Os produtos são diversos assim como

as indústrias produtoras, por isso, é necessário haver uma unidade comum que

expresse a saída total.

O fator preço pode ser usado como um meio de expressar o resultado real

das saídas em unidades monetárias. Desta forma, os valores de diferentes produtos

podem ser analisados juntos.

Um problema em usar-se valores, é que eles são afetados por flutuações em

preços, que não possuem relevância para a eficiência e eficácia física. Contudo, para

medir-se a produtividade através do tempo, os valores medidos para saída devem ser

primeiro corrigidos dos efeitos das mudanças no preço ao longo do período analisado

através de um processo de deflação. O resultado medido da saída real é, então,

denominado de saída a preço constante em oposição às saídas a preços correntes

que são afetadas por mudanças no preço.

3.1.2 Componentes de Entradas

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As entradas são os serviços que desempenham os fatores de produção,

trabalho e capital. O NPB de Singapura (1992) sugere que as medidas das entradas

no processo produtivo podem ser expressas em duas unidades principais. O trabalho

pode ser expresso em unidade de tempo (horas de trabalho) ou em número de

trabalhadores envolvidos na produção, sendo o uso mais comum em função das horas

trabalhadas.

A parcela de entrada referente à mão-de-obra correspondente ao

componente trabalho, deve ser daquela população efetivamente envolvida nas

atividades que geram a determinada saída em questão. E é importante salientar que a

performance da produtividade dos trabalhadores pode ser afetada pela qualidade de

seu trabalho.

Quanto ao capital envolvido na análise de produtividade, este inclui as

instalações, estruturas de produção, máquinas e equipamentos. Em alguns casos, os

inventários são contabilizados no conjunto de entradas e um dos critérios de seleção é

que as saídas podem crescer com sua utilização. Na análise de produtividade, o termo

capital refere-se assim, ao capital físico, ativo industrial e não ao capital financeiro

como ações e bônus.

Podemos ter diferentes tipos de indicadores de produtividade a depender da

parcela de entrada levada em conta. No caso das saídas serem relacionadas a apenas

um tipo de entrada, teremos uma medida parcial da produtividade. Vale observar que,

muitas vezes, a produtividade do trabalho é chamada simplesmente de produtividade,

sendo esta a forma mais comum de medida aplicada à economia, isto em função

principalmente da maior disponibilidade de dados em relação direta com o capital.

Todavia, devemos estar atentos para o fato de que o crescimento da

produtividade em determinado segmento de processo produtivo não deve ser atribuído

diretamente apenas ao esforço da mão-de-obra envolvida como pode induzir o uso do

termo produtividade apenas relativa ao trabalho. É ainda a NPB de Singapura (1992)

quem alerta que, na realidade, um crescimento na produtividade do trabalho reflete

ganhos nas saídas mas, isto advindo do efeito conjunto de influências inter-

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relacionadas. Ou seja, não é apenas resultado da eficiência dos empregados, das suas

atitudes e de seus níveis de habilidades, mas também, de outros fatores que afetam as

saídas como investimentos em máquinas e equipamentos, nível de tecnologia

agregada, eficácia dos sistemas, entre outros fatores não diretamente relacionados ao

insumo trabalho.

Já a produtividade do capital não é tão utilizada como a produtividade do

trabalho. Dentre as dificuldades para disseminação de seu uso quando da avaliação da

produtividade deve-se ao fato de os dados sobre o capital investido na produção não

estarem sempre disponíveis, além de que não há, muitas vezes, uma metodologia

disponível voltada para a forma de medição do uso do capital na produção. A

produtividade do capital representa, basicamente, a relação entre o valor de saída da

produção sobre o montante de capital investido para tal.

P = $ Saída da Produção $ Capital Investido

O indicador que engloba ambas as parcelas de entrada, capital e trabalho,

se expressa no denominador que é identificado como Fator de Produtividade Total ou

Total Factor Productivity (TFP). Este indicador representa a produção por unidades de

entradas combinadas entre trabalho e capital, ou seja, uma média ponderada entre os

dois tipos de entrada.

TFP = Produção sendo a + b = 1. (a.T + b.C)

Em razão disto a produtividade, como comumente é considerada, mas não

deve ser confundida com a produtividade do trabalho. Esta última é simplesmente a

razão entre a quantidade real da produção em um determinado período, sobre o

número de homens-horas empregadas no processo de alcance desta produção.

Segundo Fabricant (1993), a produtividade do trabalho apenas não pode ser aplicada

tendo como propósito medir-se a eficiência na aplicação dos recursos. Isto porque a

produção por homem-hora pode crescer, mesmo na ausência de alguma mudança na

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eficiência, se o trabalhador for equipado com mais máquinas e ferramentas, como

ocorre quando o capital torna-se mais abundante em relação ao trabalho em função do

seu barateamento. No caso da eficiência e do capital aplicado crescerem juntos,

enquanto que a mudança na produtividade do trabalho vai para além da influência da

eficiência, contamos com a substituição do trabalho pelo capital. O crescimento na

produção por homem-hora é a composição dos efeitos de ambos os tipos de

crescimento, eficiência no trabalho e disponibilidade de capital.

Para Fabricant (1993) quando o foco da análise é a eficiência em particular,

os efeitos de qualquer modificação nas proporções entre os diferentes insumos devem

ser expurgados. No caso em que a eficiência permaneça inalterada e o capital seja

substituído pelo trabalho, a consequência é uma queda na produção por unidade de

capital e crescimento na produção por homem-hora. E ambos devem ser contabilizados

na análise.

Esta abordagem pode abranger a proporção das modificações na produção

pelos insumos em separado, contabilizando-se entre os insumos não só as horas de

trabalho e quantidade de ferramentas e equipamentos, mas inclusive, outros insumos

ou aportes que estejam envolvidos no processo produtivo.Cada medida parcial da

produtividade deve ser ponderada com sua relativa importância, indicada pelo

percentual que representa nos insumos totais. Esta média ponderada forma o fator da

produtividade total, e a partir do qual as mudanças na eficiência podem ser analisadas,

livres da influência de modificações nas proporções dos fatores.

Comparando a produção com o total de insumos aplicados no processo,

obtem-se uma medida mais precisa da eficiência do que com a produtividade do

trabalho apenas.

Do ponto de vista da eficiência, medidas parciais de qualquer tipo de insumo

ou entrada indicam que algo está acontecendo na produção, porém distorcem a visão,

já que as variações na eficiência estão misturadas com variações na composição dos

insumos ou entradas. O que a tecnologia, o capital e a educação contribuem para o

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crescimento da produtividade depende do efeito de crescimento nos outros fatores

além do efeito de sua própria parcela de crescimento como afirma Fabricant (1993).

3.1.3 Níveis de Indicadores de Produtividade

O conceito de produtividade é relevante em todos os níveis da economia na

medida em que facilita o planejamento estratégico da organização estudada. Porém, o

conceito deve ser adaptado ao nível a que se refere sua aplicação. Ao nível do chão

de fábrica, os indicadores baseados em unidades físicas são bastante utilizados.

Entretanto, sua aplicação torna-se válida apenas para os casos onde as saídas são

homogêneas, restringindo-se seu uso aos níveis micro, ou seja, em atividades

operacionais. Ao nível das organizações, os produtos podem variar em termos de tipo

e qualidade, nestes casos indicadores baseados em valores são mais indicados. Uma

outra deficiência na aplicação de indicadores em unidades físicas, é que podemos

medir apenas a eficiência em que uma organização opera. A eficácia destas atividades

não pode ser medida da mesma forma. Neste caso é necessário um indicador que

reflita também a riqueza gerada pela organização. Este indicador pode ser encontrado

na produtividade do valor agregado pela organização nas suas operações de produção.

Neste caso, para a avaliação de produtividade de um segmento específico

de indústria, o valor agregado será o somatório do valor agregado por cada

organização correlata em específico dividido pelo somatório das respectivas entradas

individuais de cada organização participante. Da mesma forma, a produtividade

específica de cada grupo deve ser somada para encontrarmos a produtividade total de

uma indústria. Estas últimas são agregadas para formar a produtividade de um setor da

economia e da economia como um todo, que reflete o Produto Interno Bruto de um país

ou região geográfica específica. Desta forma verificamos que indicadores de

produtividade em vários níveis demonstram a correlação para o desempenho da

produtividade de uma nação.

3.1.4 Comparando Indicadores de Produtividade

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Indicadores de produtividade podem ser avaliados por comparação com

algumas referências de desempenho, ou benchmarks. As avaliações podem ser

desenvolvidas baseadas em níveis de produtividade ou taxas de crescimento da

mesma. Os níveis de produtividade podem ser expressos em unidades monetárias ou

quantidades físicas de determinado produto por indivíduo ou tempo, calculado pela

saída no processo produtivo e pela quantidade de recursos envolvidos no processo

produtivo.

O crescimento da produtividade representa a variação nos níveis iniciais e

finais da produtividade em determinado período. A taxa de crescimento da

produtividade é representada em termos percentuais.

Para a avaliação de níveis de produtividade efetuamos a comparação com

uma referência de desempenho como a média do setor da industria a qual pertence a

organização, diferentes ramos da mesma empresa ou mesmo mercados diferentes

com plantas similares.

Com a avaliação de taxas de crescimento a comparação também é feita com

o desempenho no passado ou com taxas de crescimento alcançadas por outros

competidores.

Estes dois tipos de indicadores se completam na medida em que atingem

diferentes esferas da organização. Um nível positivo de produtividade indica uma

aplicação de recursos e retornos também positivos, enquanto que uma taxa de

crescimento positiva indica uma dinâmica de desenvolvimento e melhoramento

contínuo também positivo. Ambos colaboram para a identificação de pontos frágeis na

organização e passíveis de caminhos para melhoria da eficiência e eficácia na

aplicação de recursos capitais e relativos à mão-de-obra no sistema produtivo.

A comparação da produtividade em organizações de diferentes países

envolve medições realizadas em diferentes moedas correntes. Para a correção desta

distorção os fatores da diferença de câmbio e os níveis de preço entre as nações

devem ser levados em conta. A conversão apenas monetária a uma moeda comum

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deve ser compensada com a aplicação do método de paridade do poder de compra

das moedas envolvidas. Ou seja, a equalização do poder de compra da moeda

convertida, levando-se em conta os diferenciais de preço para os mesmos insumos

entre os respectivos países. A conversão pode ser feita no montante da nova moeda

que consegue comprar o mesmo conjunto de produtos.

3.2 ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA EMPRESA

No âmbito das empresas um indicador muito utilizado para a medição das

saídas é o valor agregado, que representa a riqueza adicional gerada por uma

organização durante o desempenho do seu processo produtivo. Este fator representa

a diferença entre o faturamento e os custos da aquisição de recursos externos à

empresa. O valor agregado por uma empresa é distribuído de volta às pessoas e às

entidades que contribuíram, de certa forma, para a sua geração. Esta redistribuição se

dá sob a forma de pagamento de salários e benefícios aos empregados, depreciação

para re-investimento em máquinas e equipamentos, lucros reinvestidos na empresa,

dividendos aos acionistas, pagamentos de juros aos credores financeiros e de impostos

ao Estado.

A determinação do valor agregado gerado por uma empresa demonstra de

que forma a empresa gerou riqueza durante seu processo produtivo e como distribuiu

esta riqueza para aqueles que contribuíram com sua geração.

P = Valor Agregado a.Capital + b.Trabalho

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4 INDICADORES DE DESEMPENHO COMO MEDIDA DA PERFORMANCE DA

MANUTENÇÃO

Para Tenner & de Toro (1997), nos processos de melhoria da performance

em organizações os requerimentos culturais, o planejamento das ações e as

habilidades e competências em melhoria sistemática são elementos fundamentais.

Neste trabalho iremos analisar a produtividade da função manutenção dentro de uma

organização industrial do ramo petroquímico numa perspectiva para o desenvolvimento

de um planejamento que vise a melhoria da performance da função. Através de um

conjunto de indicadores de desempenho podemos acompanhar um processo de

melhoria que, segundo os citados autores, pode ser desenvolvido de três diferentes

enfoques, a saber:

a) Melhoria Contínua

b) Nivelamento por Cima do termo “Benchmarking”

c) Reengenharia

No que se refere à produtividade da manutenção, esta pode ser analisada

pela relação entre seu produto, que engloba a disponibilidade e a confiabilidade das

plantas industriais e representa a contribuição da função ao valor agregado pela

organização, e os insumos aplicados no processo de sua realização.

Os elementos de entrada no processo de manutenção compõem-se

basicamente de formas agrupadas de aporte de capital pela organização no

desempenho da função representada pelos seguintes grupos:

a) Mão-de-Obra Própria

b) Serviços contratados:

- Execução na planta industrial.

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- Execução fora da planta industrial.

c) Materiais sobressalentes

d) Ferramentas

A medição do produto ou saída do processo de manutenção pode ser obtida

através da perspectiva de sua contribuição no desempenho global da organização

quando medido em um intervalo de tempo suficiente.

A eficácia da produção de uma planta industrial, segundo Suzuki (1994),

pode ser medida por um índice que é produto da disponibilidade pelas taxas de

desempenho e qualidade que são obtidas através da identificação e quantificação das

perdas de produção.

4.1 PERSPECTIVAS DE MEDIÇÃO DO DESEMPENHO

Em uma escala de análise da tendência dos indicadores de desempenho

como um modelo para acompanhamento da eficácia de um processo de gestão,

Kaplan & Norton (1997) sugerem quatro perspectivas distintas que visam traduzir a

estratégia da organização nos sistemas de gestão em sistemas de mensuração,

determinando assim objetivos e metas que comprometem todo o corpo da organização.

Estas perspectivas são:

a) Finanças

b) Cliente

c) Processos Internos

d) Aprendizado e Crescimento

Na medida em que o autor afirma que os funcionários devem agregar valor

pelo que sabem e pelas informações que podem fornecer, Kaplan & Norton (1997),

Page 44: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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sugerem que o modelo de gestão para organizações na era da informação, antes

meramente financeiros , agora incorporem a avaliação de ativos intangíveis e

intelectuais de uma empresa. Estes são exemplificados como:

a) Produtos e serviços de alta qualidade

b) Funcionários motivados e habilitados

c) Processos internos eficientes e consistentes

d) Clientes satisfeitos e fiéis

Os autores citados desenvolveram um sistema de gestão estratégica,

baseado em indicadores de desempenho, batizado de Balance Scorecard. Este visa

traduzir a missão e a estratégia de uma unidade de negócios em objetivos e metas

tangíveis a todos os níveis da organização, refletindo o equilíbrio entre objetivos de

curto e longo prazos, entre medidas financeiras e não-financeiras, entre indicadores de

tendência e ocorrências e entre as perspectivas internas e externas do desempenho.

O Balance Scorecard complementa as medidas financeiras relativas ao

desempenho passado com medidas de vetores de alavancagem do desempenho

futuro. A sua adoção permite:

a) O esclarecimento e tradução da visão e da estratégia organizacional;

b) Comunicação e associação de objetivos e medidas estratégicas;

c) Planejamento,estabelecimento de metas e alinhamento de iniciativas

estratégicas;

d) Melhoria do feedback e do aprendizado estratégico.

As perspectivas de agrupamento de competências de gestão fornecem a

interligação do estratégico com o operacional. Isto porque a disponibilidade de

inúmeras metodologias para medição e melhoria da performance em determinados

sub-processos específicos da manutenção ou até a mesma como um todo, sugere que

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analisemos seus insumos de forma estruturada em níveis hierárquicos de

relacionamento que, segundo Wireman (1998), devem estar de acordo com sua

importância para todo o desempenho da organização.

4.2 NÍVEIS DE INDICADORES DE DESEMPENHO

Thor (1993) afirma que o departamento de manutenção em um típico

complexo de produção, em determinadas circunstâncias é considerado um membro

integral do time de produção e em outras é considerado um grupo de apoio

especializado. Por se tratar de um híbrido, modelos de gestão como a medição da

produtividade ou da performance, requerem considerações diferenciadas. Mesmo

sendo efetivamente parte do processo produtivo, os pontos de alavancagem do

aperfeiçoamento ou melhoria são um pouco distintos da gestão da produção. Para o

autor, o corpo técnico da manutenção deve ser considerado como trabalhadores que

utilizam seu conhecimento no desempenho da função ou “knowledge workers”, que se

diferem dos trabalhadores especializados “skill workers” pelo volume de julgamento

individual e instantâneo envolvido na rotina diária de desempenho da função

manutenção.

Para a avaliação do desempenho de manutenção, Thor (1993) sugere a

análise em dois planos relativos a medidas internas e medidas externas para a

produtividade , a qualidade e o aspecto temporal dos prazos entre outros. Este modelo

de certa forma representa os componentes da equação da produtividade onde o

produto, eficácia do processo manutenção está em um plano de visão externo, como

reflexo do seu desempenho, e os insumos que representam a eficiência na sua

aplicação durante o processo produtivo estão em um plano interno.

Um sistema de indicadores de desempenho segundo Fischemann & Zilber

(1999) deve permitir a verificação da efetividade da gestão estratégica em uma visão

global do desempenho. Enquanto para Kardec e outros (2002), a seleção dos

indicadores deve se basear, na influência proporcional sobre o desempenho

organizacional, envolvendo um quadro organizacional amplo e correlacionado,

métodos para a identificação das variações nos níveis e procedimentos para melhoria

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contínua calcados em um amplo diálogo com outros setores da organização e em

conformidade com os indicadores hierarquicamente superiores.

A aplicação de indicadores de performance na análise da função

manutenção possibilita a obtenção dos parâmetros de produtividade da organização.

Sendo que a estruturação do conjunto de indicadores para monitoramento deve ser

desenvolvida visando a interligação entre os níveis hierárquicos da mesma. Wireman

(1998), classifica os indicadores de performance em cinco níveis para monitorar-se

efetivamente o desempenho da função manutenção. Estes são:

a) Indicadores Corporativos

b) Indicadores de Performance Financeira

c) Indicadores de Eficiência e Eficácia Produtiva

d) Indicadores de Performance Tática

e) Indicadores de Performance Funcional

Para análise da produtividade na função manutenção industrial, o conjunto

de indicadores, em diferentes níveis, deve ser analisado. E a partir desta estruturação

em níveis, forma-se um sistema com a dimensão interna, relativa à eficiência na

aplicação dos insumos, e externa, relativa à eficácia desta forma de aplicação de

recursos traduzida em resultados satisfatórios.

Através da geração de valor proposto por Kaplan & Norton (1997), as

medidas do desempenho financeiro passado, agregado à possibilidade de avaliar-se a

capacidade dos vetores que impulsionam os desempenhos futuros, também se

enquadram no modelo da perspectiva do desempenho organizacional da função

manutenção nos seguintes termos :

a) Financeira – Que utilizam indicadores internos relativos à eficiência ou

externos relativos a eficácia dos resultados;

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b) Cliente – Perspectiva externa, medindo a eficácia do processo relativa à

operação e à engenharia de processo, os clientes internos da

manutenção;

c) Processos Internos – Medindo a eficiência em cada família de insumos de

manutenção;

d) Aprendizado e Crescimento – Eficiência na gestão da equipe de

manutenção própria e contratada.

Monchy (1989) afirma que o processo de decisão deve envolver um grupo

técnico de análise para a melhoria, a troca de informações em decisões colegiadas e o

acompanhamento por um conjunto de indicadores de desempenho. Um conjunto

analítico, que engloba índices quantificados ou expressos em percentagem e que

denota a relação entre distintas grandezas medidas em gráficos de evolução e de

partições. Nesta pesquisa o que propomos como produtividade é a busca pela

eficiência nos resultados, através da eficiência na aplicação dos insumos.

Aplicaremos indicadores de performance como numerador na razão

representativa da produtividade, possibilitando considerar também a subtração da não-

qualidade nos serviços prestados. Desta forma a definição dos índices de performance

a nível corporativo visto de forma isolada não pode fornecer um diagnóstico acerca do

desempenho da função manutenção. Nesta esfera de análise, diversas outras variáveis

estão interagindo para os resultados, podendo-se citar o exemplo da tecnologia

empregada no processo produtivo, entre outras.

Em seu modelo , Wireman (1998) expõe não ser necessário aplicação de

todos indicadores disponíveis, mais é de fundamental importância ao desenvolvimento

do conjunto de indicadores a análise de forma progressiva , começando pelos níveis

corporativos e indo concluir com os indicadores a níveis funcionais, preservando desta

forma a coerência na conexão dos dados analisados.

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5 INSUMOS OU ENTRADAS NO PROCESSO MANUTENÇÃO

5.1 A EQUIPE PRÓPRIA DE MANUTENÇÃO E OS SERVIÇOS CONTRATADOS

O equilíbrio entre a equipe própria de manutenção e a contratação de

serviços através de terceiros está intimamente ligado à questão da diferenciação

setorial e regional da indústria petroquímica, que é dependente de um conjunto de

varáveis. Estas variáveis e suas conseqüentes diferenciações implicam em pesos

diferentes na aplicação do que Druck (1999) chamou de modelo japonês de gestão do

trabalho. Este modelo foi inicialmente aplicado basicamente em duas frentes:

a) Programas de qualidade total

b) Terceirização

A descentralização das empresas busca a flexibilização da produção e do

trabalho. O equilíbrio depende da correta aplicação das frentes selecionadas do

modelo de gestão. O processo de terceirização possibilita para a estrutura produtiva a

complementaridade entre as grandes empresas e as micros, pequenas e médias

empresas especializadas. A variedade e a diferenciação nas práticas de sub-

contratação são participantes no desempenho global da função manutenção como um

todo. A especialização passa ser a justificativa predominante para transferência de

processos que não são a vocação da empresa. Porém, o mercado local de serviços e

materiais é quem vai determinar a escala relativa de cada um dos principais itens de

entrada no processo manutenção industrial. As reduções de custo permitidas pelo

processo de terceirização devem ser acompanhadas em sua totalidade, para que seja

possível, desta forma, evitar-se o padrão predatório da simples redução de custo, pela

exploração das relaçãoes precárias de trabalho, como afirma o DIEESE apud Druck,

(1999). O padrão reestruturante, segundo o DIEESE, visa à redução de custos com

base em determinantes tecnológicos e organizacionais, sendo que a focalização

possibilita ganhos de produtividade e eficiência, ao mesmo tempo em que permite a

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flexibilização da força de trabalho mobilizada.

Crew (1999) sugere a contratação de serviços de manutenção baseando-se

em um plano de cláusulas de incentivo em comum acordo visando metas. Para o autor,

este procedimento gera maior compromisso pelo contratado, encoraja a cooperação e

estimula uma disciplina no uso de informações e sistemas de controle. Porém, pode

gerar custos administrativos adicionais em negociações extras, estabelecendo

objetivos eqüitativos para medidas de desempenho. Para a motivação do

comportamento do contratado em ser consistente com suas metas e objetivos,

conforme sugere Crew (1999), a força da motivação em doar esforço deve ser uma

função multiplicativa das expectativas relativas a resultados futuros e do valor desses

resultados.

Este conceito de expectativa, ainda segundo Crew (1999), tem dois

componentes específicos:

a) Expectativa ou probabilidade de sucesso associada a cada

comportamento;

b) Associação de certos resultados com todo comportamento.

A aplicação destes conceitos visa a motivação através de:

a) Os participantes acreditarem que o desempenho a um nível particular é

possível;

b) Os participantes acreditarem que o desempenho conduzirá a certos

resultados positivos;

c) Os resultados são considerados atraentes.

Os resultados atraentes são atrelados a medidas de desempenho

alcançáveis. Este desempenho mede a contribuição do contratado para a performance

global da função manutenção.

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Ainda para o autor, o sucesso de cláusulas de incentivo em contratos de

manutenção é produto de uma variedade de fatores para serem levados em

consideração durante o desenvolvimento do mesmo:

a) Um enfoque integrado para projetar e implementar;

b) O compromisso do contratante para o sucesso de seu contratado em

ganhar a gratificação;

c) Medidas de desempenho alcançáveis, dentro do controle do contratado,

compreendidas e validadas;

d) Determinação bilateral de resultados criando um ambiente colaborador

entre contratante e contratado;

e) Metas e estados compartilhados com todos os empregados;

f) Incentivos positivos encorajando ações positivas, comportamentos, e

relações. Isto porque incentivos negativos encorajam comportamentos e

ações que são defensivas;

g) Plano de incentivo flexível com revisão do mesmo pelo menos

anualmente.

As cláusulas de incentivo no contrato de serviço de manutenção devem ser

projetadas em relação à performance global da manutenção da planta e em metas de

administração de recursos, enquanto cláusulas de requisito de desempenho mínimo

sobre as quais um prêmio de gratificação será pago, podem possuir um teto máximo

sobre o qual a gratificação de incentivo deixará de aumentar com desempenho.

Incentivos podem ser úteis para motivar desempenho quando a relação de contratante-

contratado for de tempo específico ou focalizado em metas empresariais com controle

compartilhado.

5.2 MATERIAIS SOBRESSALENTES

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A manutenção pode ser analisada como a operação de um conjunto de

recursos orientados para o controle da disponibilidade da fábrica. Estes recursos

podem ser subdivididos em sobressalentes, equipamentos e mão-de-obra segundo

Kelly & Harris (1978), sendo que a implantação e o controle dos níveis correspondentes

são considerados os principais fatores da formulação da política de manutenção.

O controle de estoque de sobressalentes, como é comumente referida a

operação do acervo correspondente, à semelhança das demais atividades da

manutenção, tem como objetivo tornar mínima a soma dos custos diretos e indiretos

associados. Os custos diretos podem ser reduzidos a zero eliminando-se totalmente a

posse dos sobressalentes, com conseqüências quanto à disponibilidade dos

equipamentos, enquanto que os custos indiretos resultantes dos processos de compra

se elevam em função das constantes solicitações. Desta forma, também o mesmo

autor, conclui que inversamente, a disponibilidade da fábrica poderia ser elevada caso

se mantivesse em estoque uma grande quantidade de cada sobressalente necessário,

porém, implicando em custos diretos elevados. O objetivo básico do controle de

estoque para Kelly & Harris (1978), consiste na determinação da quantidade média

adequada e do prazo adequado de disponibilização do sobressalente demandado. Isto

envolvendo a conservação dos ativos em níveis satisfatórios e contribuindo em uma

gestão financeira eficiente.

Ainda de acordo com os autores mencionados anteriormente, a tarefa de

gestão de sobressalentes é influenciada pela variedade e complexidade dos itens,

sendo que as taxas de utilização e dos custos diversos nos almoxarifados de

manutenção, fazem com que os sistemas de controle requeiram no mínimo as

seguintes atividades:

a) Agrupamento significativo dos itens classificados por características

físicas semelhantes ou aplicação técnica como abrasivos, rolamentos,

peças de compressor, materiais ferrosos, materiais não-ferrosos,

acessórios de tubulações, válvulas, etc;

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b) Estabelecimento de subgrupos, classificados por fabricante ou tamanho,

se necessário;

c) Nomenclatura padronizada;

d) Catalogação dos itens.

A variação dos custos e das taxas de utilização dos diversos sobressalentes

possibilitou o agrupamento do estoque de sobressalentes em uma pesquisa conduzida

por Kelly & Harris numa indústria química do Reino Unido, em três grupos significativos

de estoques de sobressalentes:

a) Estoque de segurança, que representa itens que provavelmente nunca

seriam usados, mas que eram adquiridos para prevenir uma falha

eventual que correspondiam a 21% do total estocado;

b) Estoque de controle manual, que correspondem a 78% do total dos itens

onde a taxa de utilização reduzida e variada, de difícil previsibilidade para

análise computacional, não permite a determinação satisfatória das

quantidades e dos intervalos de ressuprimento, com base em uma

abordagem matemática;

c) Estoque de controle automático , itens de taxa de utilização elevada e

pouco variada, de razoável previsibilidade permitindo a inferência

computacional para a colocação dos pedidos de compra.

O volume do estoque de segurança justifica-se em razão dos elevados

valores envolvidos por ocasião da falta eventual de um daqueles itens. Uma política de

posse destes itens, em bases compartilhadas internacionalmente no âmbito da

companhia, pode ser estudada.

A intercambiabilidade deve ser incorporada no estágio de projeto das

unidades industriais, por exemplo, pelo uso de módulos, integrando-se os vários

componentes de um subsistema em um item ou módulo padronizado de fácil reposição.

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Na falha de um componente, substitui-se todo o módulo. A padronização aumenta a

intercambiabilidade, enquanto o uso de módulos reduz o número de itens em estoque.

Ainda para Kelly & Harris (1978), a intercambiabilidade e o uso de módulos aumentam

a quantidade efetiva e a taxa de utilização de um dado grupo ou subgrupo de

sobressalentes. Como um corolário estatístico, resulta uma redução dos índices de

variação (média e desvio padrão), aumentando portanto a previsibilidade.

Na opinião desses autores, os problemas que dificultam a política de

estocagem de sobressalentes são:

a) Prazos de entrega longos e variáveis;

b) Colocação das decisões de compra em um nível gerencial adequado;

c) Possibilidade de recondicionamento de alguns sobressalentes pela

própria manutenção;

d) Dificuldades em localizar e instalar adequadamente os almoxarifados;

e) Obsolescência das fábricas.

Uma análise matemática rigorosa só pode ser aplicada ao controle de uma

faixa estreita de sobressalentes de alta taxa de utilização.

O problema consiste no equilíbrio entre o custo para manter o estoque e o

custo de sua falta. De maneira geral, a teoria do controle dos estoques tem por objetivo

tornar mínima a soma dos seguintes custos:

a) Custo da falta (perda de produção devida à paralisação, custo do aluguel

temporário, etc);

b) Custo de reposição (este é um custo unitário, que varia inversamente com

a quantidade de ressuprimento);

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c) Custo de estocagem (Juros, seguros, depreciação e uma ampla faixa de

custos considerados fixos, que portanto não influenciam a análise de

otimização).

Os autores Kelly & Harris (1978) apresentaram uma equação para a

determinação do lote econômico de compra, isto é, a quantidade de ressuprimento tal

que torne mínima a soma dos custos de estocagem e de ressuprimento, onde algumas

simplificações foram necessárias. Para sua dedução considerou que o estoque é

recomposto em intervalos regulares, sendo desprezível o retardo entre a colocação do

pedido e a entrega do material, devendo o estoque ser sempre positivo, com um

consumo constante por unidade de tempo. As variações aleatórias do consumo e do

tempo de retardo são dois fatores que, também, não foram levados em consideração

no modelo. O risco derivado da falta de estoque pode ser reduzido pela consideração

de um estoque de segurança.

Um dos métodos para prover um estoque de segurança segundo Kelly &

Harris (1978), é o "sistema de dois escaninhos". Sempre que o estoque atingir um nível

de ressuprimento pré-estabelecido, coloca-se um pedido de compra fixo para sua

reposição, efetuando-se o pedido de reposição ao se esgotar o primeiro escaninho,

enquanto se utiliza do segundo até a chegada do pedido de compra.

Para o estabelecimento do nível de ressuprimento os autores recomendam a

análise da:

a) Taxa de consumo e sua variação;

b) Tempo de retardo e sua variação;

c) Custo de falta.

Em um sistema de dois escaninhos adquire-se uma quantidade fixa em

intervalos de tempo variáveis mas a operação deste método requer, em geral, o

acompanhamento contínuo de todas as alterações de estoque com um sistema de

revisão periódica, sendo este um método mais tradicional e de uso mais comum. O

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estoque é revisado a intervalos de tempo fixos como ao final de uma campanha

industrial, após o prazo normal de entrega do fornecedor, sendo a quantidade adquirida

resultante daquela revisão.

Para Shenoy & Bhadury (1998), os problemas na gestão de peças

sobressalentes de manutenção vêm sendo tradicionalmente analisados de três modos:

a) Utilizando-se modelos de teoria de inventário estatísticos;

b) Através de procedimentos de controle seletivos, usando-se algumas

definições prévias;

c) Utilizando-se as técnicas de planejamento dos requerimentos de

materiais/ planejamento dos recursos da manufatura(MRP/MRP-II) .

O objetivo de administração de peças sobressalente é então minimizar o

total do inventário, a indisponibilidade do sobressalente e promover a minimização dos

custos. Segundo a teoria básica de gestão de estoques e reafirmado por Shenoy &

Bhadury (1998), duas perguntas básicas precisam ser respondidas:

a) Quanto repor?

b) Quando repor?

Para esses autores, entre os procedimentos seletivos de controle de

inventário, as técnicas estatísticas de controle de inventário requerem que cada artigo,

independente de sua criticidade, tenha igual importância.

A maioria das aplicações na literatura faz uso de uma combinação de

procedimentos de controle de inventário seletivos porque a classificação ou

categorização de artigos baseado em um só critério, é inadequada para administrar os

materiaIs de manutenção.

5.3 FERRAMENTAS DE TRABALHO

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O desempenho do insumo classificado como ferramentas de trabalho passa

por basicamente quatro processos principais de condução. Os dois primeiros fatores

estão relacionados às etapas preliminares ao início da execução da tarefa de

manutenção propriamente dita. A disponibilização de uma ferramenta para o uso

envolve os fatores tempo de mobilização ao local de execução da tarefa e,

principalmente, a disponibilidade do item para o pronto atendimento. O terceiro fator,

envolve a velocidade de execução da tarefa e, por último, a precisão do resultado da

tarefa que se refere à aplicação de tecnologia de ponta no recurso de ferramentas de

manutenção. As tarefas que demandam maior quantidade de homens-hora (Hh)

possuem uma influência muito grande no resultado da produtividade da manutenção

em função do volume de Hh envolvido por especialidade.

5.3.1 Tempo de Mobilização ao Campo

O tempo de mobilização das ferramentas necessárias ao início da execução

das tarefas de manutenção programadas para determinado momento, depende de três

fatores seqüenciais sugeridos na ordem apresentada abaixo.

O sistema de atendimento em balcão vem sendo paulatinamente substituído

por um modelo de auto-atendimento com aplicação de códigos de barra para

identificação dos itens de estoque e dos atores do processo: o solicitante e o

atendente, que agora limita-se a ser um verificador da descrição registrada com o item

físico, incluído o próprio solicitante.

O nível de estoque de itens de ferramentaria para um atendimento

satisfatório deve passar por um processo de nivelamendo da demanda estimada de

consumo.

5.3.2 Tecnologia Aplicada a Ferramentas de Manutenção: Velocidade de Execução

Em áreas industriais as ferramentas elétricas e pneumáticas, e

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recentemente, com a difusão da eletrônica micro-processada para algumas

ferramentas, tornam menores as necessidades do uso da força humana na execução

das tarefas. Estas melhorias podem ser verificadas com clareza nas principais

especialidades de manutenção industrial presentes nas petroquímicas.

Os equipamentos de usinagem de campo para tubulações, conexões e

chanfros de solda, por exemplo, reduziram muito o tempo de execução destas

operações. O uso destas ferramentas é ilustrado nas figuras a seguir:

Figuras 5 e 6 – Execução de chanfro para solda com lixadeira elétrica e com

bizeladora rotativa.

Quadro 1 – Comparativo de ferramentas de abertura de chanfro.

Tipo de ferramenta Tempo de execução Características

Esmerilhadeira 30 min. Elevado ruído

Bizeladora 5 min. Precisão e acabamento

Com a utilização, também, de ferramentas de aperto e folga de parafusos,

acionadas por dispositivos pneumáticos ou elétricos, o uso das chaves manuais de

impacto por marretas ou martelos vem sendo gradativamente reduzido. As figuras a

seguir são demonstrativas de inovações em uso:

Page 58: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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Figuras 7, 8 e 9 – Aperto de parafusos com chave de impacto e marreta,

com o uso da parafusadeira pneumática e com máquina

hidráulica de torque.

Quadro 2 – Comparativo de ferramentas de aperto de parafusos.

Tipo de ferramenta Tempo de execução

Características

Chave de Impacto e Marreta

120 min. Elevado índice de acidentes

Parafusadeira Pneumática 30 min. Não há controle no torque aplicado

Máquina Hidráulica de Torque

60 min. Precisão na aplicação de torque controlado

Nesta mesma perspectiva, as máquinas de solda com alimentação

automática de consumíveis, micro-processadas e reduzidas dimensões possibilitam

sua aplicação ao campo tipicamente petroquímico, onde este fator tem influencia

mandatória. Numa atividade como a soldagem na qual as interrupções para troca dos

consumíveis de solda determinam uma dilatação no prazo, o uso destes tipos de

equipamentos proporciona grandes reduções de tempo. Veja-se a ilustração a seguir:

Page 59: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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Figuras 10 e 11 – Máquina de soldagem semi-automática

Quadro 3 – Comparativo solda manual e semi-automática.

Tipo de equipamento Tempo de execução Características

Solda com eletrodo em tubulação de 24 pol.

240 min. Acabamento inferior.

Solda com alimentação automática em tubulação de 24 pol.

60 min. Acabamento excelente.

Enquanto os dispositivos de acoplamento para a fabricação de tubulações,

embora não possibilitem redução de tempo na execução da tarefa, porém permitem

uma melhor precisão e, conseqüentemente, reduzem os índices de reprovação das

junta soldadas, conforme a apresenta a figura que se segue:

Figura 12 - Dispositivo de acoplamento para a fabricação de tubulações.

Page 60: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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Os equipamentos de alinhamento a lazer, reduzem o tempo e melhoram a

precisão do resultado da tarefa. O que originalmente dependia de leituras e ajustes

sucessivos do executante para o cálculo dos calços para correção, com a utilização do

laser, o valor de correção é fornecido automaticamente após a primeira leitura ótica.

Figuras 13 e 14 – Alinhamento tradicional e com laser.

Quadro 4 – Comparativo alinhamento com relógio comparador e

alinhamento com laser.

Tipo de equipamento Tempo de execução Características

Alinhamento com relógio comparador. 120 min. Tentativas

Alinhamento com laser. 30 min. Precisão excelente.

A técnica de manutenção preditiva ou baseada na condição de

monitoramento da vibração em equipamentos dinâmicos, vem evoluindo com a

utilização de aparelhos que, além de realizar as medições fornecendo o valor global de

vibração, agora podem armazenar este valor para ser descarregado em um

computador onde se encontra instalado um sistema de gerenciamento destes dados,

dispensando, assim, a anotação em folha de medidas e além de permitir a realização

da análise da causa da vibração no próprio local, conforme demonstrado nas figuras

abaixo:

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Figuras 15 e 16 – Medidor de vibração e coletor/analisador de vibrações,

Ademais disso, o tempo de transporte de materiais e ferramentas no

deslocamento da ferramentaria e almoxarifado para as plantas industriais vêm sendo

gradativamente reduzido com uso carros elétricos em substituição aos tradicionais

carros de mão, a exemplo dos que se seguem:

Figuras 17 e 18 – Carro de transporte tradicional e carro elétrico.

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6 O ESTUDO DE CASO DA MANUTENÇÃO DETEN

A pesquisa empírica foi realizada numa empresa petroquímica e os

elementos metodológicos assumidos, bem como, os resultados obtidos na investigação

realizada serão descritos a seguir.

6.1 DEFINIÇÃO DA ESTRATÉGIA DE PESQUISA

A definição de uma estratégia de pesquisa para a analise do fenômeno

produtividade em um setor definido como a manutenção industrial, deve levar em conta

basicamente as três condições que ,segundo Yin (1994), valem para um modelo de

pesquisa em geral: o tipo de questão pesquisada, o controle do pesquisador sobre os

eventos atuais no ambiente e o foco nos fenômenos contemporâneos, em oposição

aos históricos.

As características de um estudo de produtividade na função manutenção

demonstram, pela contemporaneidade do fenômeno em um contexto real de trabalho

conjuntamente com o pouquíssimo controle do pesquisador sobre os eventos

estudados, a necessidade de respostas às questões de pesquisa do tipo “porque” e

“como”. Desta forma, a estratégia de pesquisa por estudos de casos torna-se uma

forma eficiente de busca por estes tipos de respostas, isto por que possibilita a

determinação de como modelos de gestão podem influenciar na equação da

produtividade.

O foco está no rastreamento de ligações operacionais ao longo do tempo,

além da freqüência ou incidência de ocorrências observadas. Através de um sentido

explanatório para examinar eventos contemporâneos, as fronteiras relevantes não são

manipuladas durante a aplicação dos recursos da observação direta, de entrevista

sistemática e de consulta a dados retrospectivos.

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O estudo de caso foi adotado como estratégia de pesquisa pela sua

capacidade de explorar processos sociais e econômicos à medida que eles ocorrem

nas organizações. Este trabalho pode permitir a ampliação do modelo para um estudo

de múltiplos casos nas três unidades de produção do LAB do Grupo estudado,

ressaltando-se a similaridade entre os produtos de saída, as diferenças nos processos

produtivos e a composição da cadeia de suprimento para sobressalentes e serviços

nos três sítios estudados.

6.2 NATUREZA E OBJETIVO DO ESTUDO

A proposta de trabalho é composta por elementos metodológicos que

englobam o fenômeno em estudo buscando-se a identificação de como as melhores

práticas em manutenção industrial influem na performance de produtividade da função.

Um dos aspectos predominantes para a opção por este tema de estudo de

caso é a possibilidade de conhecimento ou tratamento de fenômenos organizacionais

em profundidade dentro do seu próprio contexto. Além de tornar-se possível, neste

trabalho, o estudo do ponto de máxima eficiência para a alocação dos recursos, força

de trabalho e capital, na manutenção industrial, através do acompanhamento do

parâmetro produtividade. Finalmente buscou-se como objetivo, estabelecer uma

estrutura de indicadores de desempenho para a medição da performance da

produtividade da função manutenção industrial que possibilite o planejamento e a

condução de melhorias na unidade de produção pesquisada.

6.3 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE

A Deten Química S.A. é uma empresa petroquímica situada no Complexo

Petroquímico do Nordeste localizado na cidade de Camaçari na Bahia. A empresa foi

criada em 1978 com o objetivo de fornecer o intermediário petroquímico básico,

Alquilbenzeno Linear - LAB, matéria prima básica para o mais importante tensoativo

biodegradável utilizado na formulação de detergentes, o Alquilbenzeno Linear

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Sulfonado – LAS, também produzido em menor escala na pela empresa. A

composição acionária da Deten a partir de 2000 passou a ser a seguinte:

72%

27%1%

PETRESA-Petroquímica Española S.A.

PETROQUISA-Petrobrás Química S.A.

OUTROS

Figura 19 - Composição Acionária

A Deten vem ampliando sucessivamente a sua capacidade nominal de

produção atendendo ao crescimento do mercado brasileiro. Iniciando sua produção

com uma capacidade instalada de 70.000 t/ano numa planta apenas, hoje conta com

uma capacidade de produção de 220.000 t/ano em duas plantas, disponíveis a partir do

final de 1997, com a conclusão da ampliação na segunda planta. Esta ampliação foi

denominada debottleneck – DBN, pois visava eliminar os gargalos na planta industrial,

sendo realizada em 1996 na Unidade 1 e em 1997 na Unidade 2. Desta forma a Deten

se tornou a maior empresa produtora na América do Sul do Alquilbenzeno Linear -

LAB, o intermediário petroquímico básico para a produção do Alquilbenzeno Linear

Sulfonado - LAS. O LAS é utilizado mundialmente na produção de detergentes

domésticos e produtos de limpeza industriais e institucionais. Próximo às unidades de

produção de LAB foi implantada em janeiro de 1998 na empresa, uma unidade de

produção de LAS, com capacidade nominal de 80.000 t/ano. O LAS foi desenvolvido há

mais de 30 anos, como uma alternativa biodegradável e compatível com o meio

ambiente, em substituição ao Alquilbenzeno Ramificado. Desde então, sua utilização é

crescente, tornando-se o tensoativo mais utilizado em todo o mundo.

O processo de produção do LAB adotado pela Deten utiliza a mais avançada

tecnologia de produção, e divide-se em duas reações principais:

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a) Desidrogenação de n-parafinas a monoolefinas correspondentes na faixa

de corte compreendida entre C10-C13, em presença de catalisador

heterogêneo (processo Pacol-Paraffin Catalytic Olefins);

b) Alquilação do benzeno por estas mesmas olefinas superiores, em

presença de um catalisador homogêneo, o ácido fluorídrico-HF, formando

assim o LAB com cadeia alquílica entre 10 e 13 átomos de carbono.

O processo de produção Deten possui ainda a tecnologia DeFine. Esta

tecnologia tem o objetivo de rehidrogenar as possíveis diolefinas produzidas pelo

processo Pacol em monoolefinas e assim, aumentar o rendimento do processo e a

qualidade do produto final.

Neste pequeno histórico podemos situar nossa unidade temporal de análise

iniciando a pesquisa a partir de 1998, quando as duas plantas de LAB foram ampliadas

para a sua capacidade atual e com a partida da nova planta de LAS. Neste período

entre 1998 e 2002, ocorreu, também, uma mudança significativa na política de paradas

da produção para manutenção. Até o ano de 2000, as paradas de planta para a

realização de manutenção eram entre campanhas de em média 3 anos. Inicialmente

este intervalo foi de 2 anos, sendo ampliado para 3 e na última parada geral deste tipo,

em 2000, chegamos a um intervalo de 4 anos em uma das plantas. Nestas paradas

são realizados os serviços que só podem ser liberados com a planta totalmente fora de

operação, como inspeções internas e testes de integridade em equipamentos para

atender à legislação , manutenções preventivas em equipamentos que não possuem

reservas em stand-by, manutenções corretivas que não comprometem a segurança,

mas dependem de interrupções na produção e modificações de projeto que também

dependem de interrupções na produção. Hoje a Deten pratica paradas menores e mais

freqüentes quase a cada ano, utilizando mais sua capacidade instalada e estocando

para suprir o mercado nestes períodos.

O período estudado compreende os anos de 1999 a 2002. O ano de 1998

aparece em apenas alguns indicadores, isto devido a pouca disponibilidade de dados.

Desta forma buscou-se a análise de dados presentes e dados retrospectivos.

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6.4 LÓGICA DE INTERLIGAÇÃO DOS DADOS COM AS PROPOSIÇÕES

Adotou-se o processo de argumentação conduzido pelo estudo de caso que,

segundo Booth et al. (1995) se desenvolve em quatro etapas distintas. A primeira delas

é a expressão das afirmações encontradas pelo autor durante o período de análise. Por

meio de uma afirmação substantiva, contestável e explícita , buscou-se ademais

contribuir para a pesquisa do tema. Em seguida, são apresentadas as evidências que

sustentam as afirmações. É certo que as evidências, para que cumpram seu papel,

devem apresentar características de exatidão, precisão e sejam suficientes,

representativas e compreensíveis. Já os fundamentos de um argumento representam

uma premissa que visa estabelecer uma ponte entre a afirmação e a evidência que a

sustenta.

Assume-se também, que a função manutenção representa um importante

pilar na administração moderna de ativos industriais. E na medida em que a ênfase

para gestão passa a ser em processos, as equipes devem ser multifuncionais e

capazes de executar processos por inteiros. Desta forma o correto dimensionamento

destas equipes é fundamental para o sucesso gerencial. Nesta perspectiva então, a

interação estratégica dos fatores econômicos com os dados analisados permite a

identificação correta da relação de equilíbrio entre recursos próprios e terceiros.

6.5 ESTRUTURA DE INDICADORES DE PERFORMANCE

O sistema de medidas de desempenho deve estar associado às áreas do

negócio manutenção, cujos desempenhos causem maior impacto na produtividade

associada. Enquanto a avaliação de indicadores pode apontar tendências com a

comparação em períodos consecutivos e subsidiando as tomadas de decisões futuras.

Os subconjuntos de indicadores que representam o numerador na equação da

produtividade, ou seja, o produto ou a saída, são compostos de índices de performance

global da função manutenção em relação parâmetros financeiros e de volume,

conjuntamente com indicadores de performance global da planta. Os denominadores

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na mesma equação acima, os insumos ou entradas, estão subdivididos conforme sua

contribuição relativa no aporte .

6.5.1 Indicadores de Desempenho Financeiro do Produto Manutenção

Para Wireman (1998), o conjunto de indicadores de desempenho deve ser

desenvolvido a partir do nível corporativo, portanto do topo da organização para os

níveis subseqüentes, preservando a conexão ou interligação entre os níveis

adjacentes. Para esta medida, que é o foco do nosso trabalho, a manutenção industrial,

partimos do desempenho financeiro da manutenção como variável controlada, para

outras medidas não-financeiras, porém complementares, no sentido de avaliação da

performance da produtividade da manutenção.

Indicadores no nível coorporativo, para Wireman (1998) devem ser utilizados

em planejamentos estratégicos nos quais seus o horizontes podem alcançar algo entre

3 a 5 anos.

a) Indicador do Custo de Manutenção por Unidade Produzida

Como este indicador sofre influências de fatores externos ao desempenho

da manutenção em seu denominador, portanto fora de seu controle, o mesmo não

pode ser analisado unicamente para tomada de decisões. Este indicador divide os

custos da manutenção pelo volume de produzido no período possibilitando análises de

tendência ao longo do tempo.

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37.6643.36

31.3337.93

0.00

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

1999 2000 2001 2002Rea

is D

efla

cio

nad

os

bas

e 19

99

Figura 20 - Gráfico do Indicador de Custo de Manutenção por Unidade

Produzida.

b) Custos de Manutenção por Custos Totais da Produção

A análise deste indicador deve ser em conjunto com a análise de indicadores

de eficiência e eficácia, que por estarem em um nível mais operacional poderá apontar

as áreas da manutenção que estão contribuindo para a variação.Este indicador divide

os custos da manutenção pelo custo total de produção no período para a análises de

tendência ao longo do tempo.

3.45 3.48

2.32

3.40

0.00

1.00

2.00

3.00

4.00

1999 2000 2001 2002

Figura 21 – Gráfico do Indicador de Custos de Manutenção por Custos

Totais da Produção.

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Para a comparação e a análise de tendência dos indicadores relativos aos

custos fêz-se necessário remover o efeito inflacionário sobre estas despesas. Pois não

seria possível comparação entre o valor bruto gasto em manutenção em 1999 e

aquele dispendido em 2002 para estabelecer-se o comportamento do custo de

manutenção. Para esta operação de deflação optamos por utilizar o indicador oficial do

Governo brasileiro para medição das metas inflacionárias, contratadas com o FMI a

partir de julho/99, que é o IPCA.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA é calculado

mensalmente pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. O IPCA/IBGE

originalmente foi instituído com a finalidade de corrigir as demonstrações financeiras

das companhias abertas. Este índice verifica as variações dos custos com os gastos

das pessoas que ganham de um a quarenta salários mínimos nas principais regiões

metropolitanas do país.

Na composição dos custos de manutenção, o fator relativo aos materiais

sobressalentes aplicados na planta sofre uma influência significativa da variação do

dólar em função da utilização de componentes importados. Isto porque são específicos

para a aplicação, como as válvulas especiais para trabalhar com ácido fluorídrico, que

são limitadas a fornecedores reconhecidos pela licenciadora do processo produtivo ou

são sobressalentes originais, fornecidos pelos fabricantes dos equipamentos

importados. Nestes itens a variação segue o padrão da moeda norte-americana - Dólar,

por ser a principal origem destes insumos, e que acumulou uma variação de 194% no

período de cinco anos contra 40% do IPCA brasileiro.

Nos indicadores dos custos de manutenção por tonelada de produto quando

removemos o efeito da inflação, com base no índice oficial do Governo Brasileiro para

medição da inflação, o IPCA, verificamos uma variação positiva na ordem de 15% do

ano de 1999 para o ano de 2000 , enquanto que no ano seguinte em 2001 houve uma

queda no custo na ordem de 17%, vindo a retornar em 2002 ao mesmo patamar de

1999.

Este aumento no custo unitário de manutenção no ano de 2000 foi o reflexo

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causado pela realização de uma grande parada programada na unidade 1 utilizando-

se um modelo com um enfoque basicamente preventivo e com uma periodicidade

definida de 3 anos, política esta que foi substituída por um modelo que visa aproveitar

ao máximo a capacidade instalada de produção e tancagem, possibilitando a diluição

do escopo de parada em paradas técnicas anuais ou bi-anuais de acordo com o

mercado.

Com a análise do índice do custo de manutenção sobre o custo total de

produção indicamos que o custo de manutenção mantém-se numa tendência de

estabilização em 3,4 %, exceto no ano de 2001, o que assim como no indicador do

custo unitário, se confirma como um ano atípico.

De certo modo, este comportamento pode ser considerado atípico nesta

nova política de paradas, mas na configuração política anterior com paradas tri-anuais

e conseqüentemente escopos de serviços maiores, era previsível que no ano seguinte

houvesse uma redução no número de solicitações de manutenção e custos

necessários para sua realização.

6.5.2 Indicadores da Eficácia da Manutenção

a) Disponibilidade da Planta

Este indicador relaciona o tempo de operação efetiva da planta por um período requerido. Vale ressaltar que os períodos de paradas programadas não representam perdas para a Deten em função de sua política e capacidade superior de produção. Sua fórmula de cálculo é:

DISP [%] = [PER – (AJP + PNP)] / PER

PER = Período programado para produção considerando as duas plantas instaladas.

AJP = Ajustes na planta

PNP = Paradas não programadas

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Paradas Programadas 46.52 137.58 69.45

Perdas 36.68 21.67 36.08 7.34 17.48

Disponibilidade 94.98% 97.03% 94.72% 98.76% 97.35%

1998 1999 2000 2001 2002

Figura 22 - Gráfico do Indicador de Disponibilidade

Ao analisar o comportamento da disponibilidade, podemos notar o divisor de

águas que é a definição da nova política de paradas. Nos anos que antecederam uma

parada tri-anual, no modelo anterior, a planta era mais solicitada e apresentou uma

queda na disponibilidade em função de pequenos eventos não-programados que

interrompiam a produção mais freqüentemente. Com a possibilidade de realização de

paradas mais freqüentes as plantas responderam bem, isto porque no período de

produção operaram a plena carga e sofreram um número reduzido de interrupções.

Vale ressaltar um fator muito importante sobre os anos 2001 e 2002 sob a

nova política. Mesmo com períodos longos de parada programada, não houve aumento

nos custos relativos de manutenção. Pelo contrário, o ano de 2001 volta a demonstrar

ser um ano de transição, pois mesmo com um elevado período de parada programada

os custos caíram aos menores patamares nos quatro anos analisados.

Quando comparamos os valores de disponibilidade requerida alcançada pela

Deten com as metas propostas pelo TPM, que seriam acima de 90%, verificamos que

foi alcançado um excelente patamar. Isto reforça a concepção que, para a Deten, em

função de sua capacidade instalada superior ao mercado, a confiabilidade possui um

valor mais significativo em relação à disponibilidade na eficácia global da manutenção.

b) Indicador de Utilização da Capacidade:

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Este indicador relaciona a produção atual pela capacidade instalada de

produção em determinado período de tempo de operação por um período requerido.

PERF [%]= txPRO / txCAP

Tabela 1 – Utilização da Capacidade

1999 2000 2001 2002

Volume de Produção 156.139,00 153.014,64 147.071,77 156.809,75

Paradas Programadas 46,52 137,58 69,45

Utilização da Capacidade 70,97% 79,71% 100,00% 88,03%

70,97% 79,71% 100,00% 88,03%

1999 2000 2001 2002

Figura 23 - Gráfico do Indicador de Utilização da Capacidade

Quando analisamos a utilização da capacidade instalada da planta

verificamos que, mesmo em anos sem paradas programadas, a produção não

necessitou ocupar sua plena capacidade. E neste caso, também, o ano de 2001

novamente desponta como um marco no qual os ajustes em longos períodos

programados foram compensados com a utilização da planta em seu rendimento

máximo quando solicitado pela programação de produção e que, como vimos

anteriormente se comportou bem, com menos interrupções do que nos patamares

anteriores.

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Este indicador, quando comparado às metas propostas para o TPM de 95%,

indica que apesar do muito que já foi conseguido como está comprovado ao longo dos

anos estudados, podemos nos referenciar pelo desempenho em 2001, que embora

sendo atípico em outros aspectos, mostrou ser plenamente exeqüível neste patamar de

utilização da capacidade.

c) Indicador da Taxa de Qualidade

Representa a relação entre a quantidade total produzida pelo volume

reprocessado ou rejeitado. Permite avaliar o desempenho da qualidade da produção.

QUAL [%] = [VP – (RPR + RJ)] / VP

VP = Volume Produzido

RPR = Volume Reprocessado

RJ = Volume Rejeitado

89.60% 90.60%

94.20% 92.90%

1999 2000 2001 2002

Figura 24 – Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto

O índice que acompanha a parcela da produção que necessitou ser

reprocessada indica uma condição de melhoria em relação ao patamar do período

inicial, mesmo com queda relativa de 1,3% na qualidade de 2001 para 2002. De 1999

a 2002 a qualidade do produto se elevou em 3,3 pontos percentuais.

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d) Indicador de Eficácia Global da Planta

Representa o produto dos indicadores da disponibilidade, da utilização da

capacidade e da qualidade. Seu objetivo é avaliar o desempenho da planta na geração

de valor.

EGP [%] = DISP x UTIL x QUAL

Tabela 2 – Eficácia Global da Planta

1999 2000 2001 2002

Disponibilidade Requerida 97,03% 94,72% 98,76% 97,35%

Utilização da Capacidade 70,97% 79,71% 100,00% 88,03%

Índice de Qualidade 89,60% 90,60% 94,20% 92,90%

OPE 61,70% 68,41% 93,03% 79,61%

0.00%

20.00%

40.00%

60.00%

80.00%

100.00%

120.00%

1999 2000 2001 2002

DisponibilidadeRequeridaUtilização daCapacidade

Índice deQualidadeOPE

Figura 25 – Gráfico da Eficácia Global da Planta

O produto destes três indicadores acima descritos compõe o que Suzuki

(1994) classifica como a Eficácia Global da Planta em sua adaptação do TPM à

indústria petroquímica. Em nossa análise de produtividade este indicador, não

representa apenas a eficácia geral da função manutenção, desde que em nossa

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concepção é preciso analisar com que grau de confiabilidade estão sendo operadas

estas unidades industrias durante o período requerido. A disponibilidade apenas

garante que, no momento de pôr em operação a unidade, ela estará em condições de

produzir, porém não garante que a mesma não virá a interromper sua produção

durante este período.

Este fator, confiabilidade, até certo ponto pode estar sendo representado

pela utilização da capacidade e da quantidade reprocessada, mas quando estas

interrupções são de curta duração, seu efeito não será bem demonstrado nestes dois

indicadores. Isto porque seu maior feito será na organização da manutenção, que deve

abandonar seus trabalhos planejados para por em marcha novamente a unidade. Este

efeito será melhor visualizado se a estes três indicadores juntarmos na análise os

indicadores relativos à confiabilidade, como tempo médio entre falhas - MTBF e o

montante de serviços não-planejados.

Os indicadores de eficiência global da planta na Deten, estão dentro da faixa

sugerida como meta na metodologia do TPM, mesmo com o fator ligado à quantidade

reprocessada necessitando de um maior enfoque. Este comportamento pode indicar

que é mais custo eficiente operar a plena carga, parando mais vezes para realizar

pequenas manutenções.

Na avaliação da Eficácia Global da Planta, a Deten deu um salto significativo

se compararmos os indicadores de 1999 e 2002. O ano de 2001 se consolida com

uma marca de referência a ser perseguida novamente. A própria marca atingida na

utilização da capacidade demonstra sua especificidade. Se corrigirmos este número

para um patamar mais realista de 100% ao invés do 107,29% calculado friamente pelos

números, mesmo assim os 93% conseguidos são excelentes.

Este modelo de indicador difere do original proposto por Suzuki (1994) para

o TPM, no sentido de que para o caso particular da Deten, que possui uma capacidade

ociosa em relação à demanda do mercado, as paradas programadas atualmente não

podem ser consideradas perdas, pois estão previstas na programação de produção e

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sua não-realização implica simplesmente em aumento das despesas com estocagem

e não em faturamento.

e) Tempo Médio entre Falhas por Motivos Internos à Planta

O tempo médio entre falhas é um parâmetro para se avaliar a confiabilidade

da planta.

MTBF [dias] = CALEND. PROD./N° INTERRUP.

15.2122.81

34.7630.42

52.14

1998 1999 2000 2001 2002

Figura 26 – Gráfico do Indicador de Confiabilidade – MTBF Global.

f) Comparativo do MTBF de Equip. Dinâmicos e Taxa de Falhas para Equip.

Estáticos e Tubulação

18 16 19

51

2619

18

0

10

20

30

40

50

60

1999 2000 2001 2002

MTBFEquip.Dinãmicos

N° Falhasestruturais

Figura 27 - Gráfico do Indicador de Confiabilidade para Equip. Estáticos e

Dinâmicos.

Page 77: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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Os indicadores de que dispomos para avaliar a confiabilidade da planta

estão sendo apresentados em uma versão ampla, onde entram todas as ocorrências

que causaram a paralisação da produção por motivos internos à companhia e em duas

versões específicas. As versões específicas se referem ao MTBF dos equipamentos

dinâmicos apenas onde entram as bombas hidráulicas, os compressores de gás, os

redutores de velocidade e os sopradores; e a taxa de falhas estruturais nos

equipamentos estáticos e tubulações.

Os dois indicadores não podem ser comparados entre si, pois representam

grandezas distintas com universos de medição onde as quantidades são muitas

distintas e os modos de falhas também. O próprio processo produtivo da Deten envolve

características extremamente corrosivas, prejudicando os equipamentos que trabalham

em contato direto com estes fluídos e lhes impondo uma taxa de falha mais elevada

quando multiplicada pelo maior quantidade de itens.

No computo geral a performance de confiabilidade da Deten vem tendo um

crescimento extraordinário. O patamar inicial, em 1998, foi praticamente triplicado, de

15 dias em média entre cada interrupção, para 52 dias alcançados em 2002. vale

ressaltar que, neste parâmetro de eficácia, a confiabilidade o ano de 2001 não

apresentou o mesmo desempenho superior dos indicadores passados. Ou seja,

mesmo com maiores períodos disponíveis para a realização de manutenção com as

plantas paradas, quando requerida para produção a planta falhou algumas vezes, em

uma freqüência maior que no ano anterior de 2000 e muito maior que em 2002.

Podemos atribuir tal fato a que em 2001 não foi possível ainda a captação

na diminuição das falhas por paradas mais frequêntes, em função do pouco tempo já

sobre esta nova política de paradas para manutenção. Em 2002 este resultado é

sentido pois as plantas já pararam mais de uma vez no período estudado, o que

demonstra que os períodos de paradas programadas estão sendo bem utilizados pela

manutenção na medida em que está havendo uma redução no número de falhas no

período de um ano.

Esta afirmação é confirmada no comportamento elevado do número de

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falhas estruturais em equipamentos estáticos e tubulação, onde ao fim de uma

campanha de 3 ou 4 anos no modelo anterior ocorreu uma parada para manutenção

como em 2000. No caso dos equipamentos dinâmicos, o fim de campanha em 2000

confirma a condição severa com o menor MTBF no período estudado e com a

retomada em 2002.

g) Indicador da Quantidade Ordens de Serviço Urgentes por Total de OS

O percentual de serviços executados em regime de urgência visa monitorar

a confiabilidade operacional da planta atrelada ao sucesso do planejamento em

programar os serviços na seqüência e no tempo necessário para o não agravamento

das falhas detectadas quando da solicitação do serviço originalmente.

1998 1999 2000 2001 2002

35.1%

13.2%

6.2% 6.8%11.0%

0.0%

10.0%

20.0%

30.0%

40.0%

Figura 28 – Percentual de OS Urgentes

Em complemento à análise do MTBF, para termos uma visão da

confiabilidade das unidades produtivas, devemos verificar a quantidade de serviços

urgentes e, conseqüentemente, não-planejados que surgiram no período. Estes

eventos devem ser minimizados, pois sua ocorrência causa transtornos em toda a

cadeia envolvida com a manutenção, desde a operação, que precisa liberar o

equipamento para ser reparado e precisa dele logo de volta, ao suprimento que tem

Page 79: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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que providenciar o sobressalente de imediato, também, além da própria manutenção

que vê seu planejamento ir por água abaixo.

Neste indicador dois dados exigem análises em separado. O primeiro deles,

é a quantidade de serviços executados a cada ano. Nos três primeiros anos analisados

a quantidade de Ordens de Serviço – OS, vem aumentando seu número a cada ano,

culminando com o maior volume executado em todo o período estudado em 2000,

quando realizamos a última grande parada com um escopo pendente por 4 anos.

No ano de 2001 ainda tivemos um volume levemente superior aos outros

anos, o que pode ser creditado ao maior tempo disponível em paradas programadas,

levando a uma maior quantidade de serviços executados devido à facilidade de

liberação. Enquanto a quantidade de serviços urgentes solicitados teve um

comportamento oposto, ou seja, veio diminuindo progressivamente de 1998 até 2000, o

que poderia ser uma contradição em relação ao que foi afirmado acima, mas pode ser

creditado ao fato de que no ano de 1998, partia uma nova unidade de Sulfonação e a

planta 2 partia da maior ampliação já sofrida em sua história, o que pode ser explicado

em uma unidade industrial em que a maioria dos componentes possui modos de falha

com maiores taxas de falha no início de sua vida útil.

Um outro fator que merece uma análise é o aumento no número de

solicitações de 2000 e 2001 para 2002. Este fato necessita ser analisado a partir de um

indicador que é a diminuição na solicitação de serviços totais, a elevação das

solicitações por meio de melhores inspeções e acompanhamento da condição de

integridade dos equipamentos pode diminuir a necessidade de serviços em caráter de

urgência.

6.5.3 Medidas das Entradas ou Insumos

a) Composição dos Custos de Manutenção

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1999

43%

33%

24%

2000

37%

36%

27%

2001

40%

35%

25%

2002

37%

36%

27% Custo do Pessoalde Manuteção

Custo de material

ServiçosContratados

Figura 29 – Composição dos Custos de Manutenção

A composição dos custos de manutenção demonstrou uma oscilação em

torno de um cenário que se repetiu em dois anos não consecutivos. Nos anos de 2000

e 2002 a composição se repete com o valor direcionado à contratação de terceiros

apresentando seus melhores desempenhos. Vale ressaltar que no ano de 2000 houve

a grande parada programada pela política anterior, que visava o acúmulo de grandes

escopos para realização ao fim de uma campanha de 3 anos aproximadamente, o que

justifica este acréscimo.

Já em 2002 a característica da parada realizada já envolve um escopo

relativamente menor, pois no ano anterior esteve disponível para manutenção em

maior período nas duas plantas já registrado. Mesmo com esta característica de

grandes períodos em parada, o ano de 2001 não apresentou maiores

comprometimentos na contratação de novos serviços junto a terceiros, o que se

comprova inclusive no desempenho do custo total de manutenção relativo à unidade de

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volume produzida e em relação ao custo total de produção que foi o menor encontrado

no período estudado.

A composição dos custos de manutenção da Deten no ano de 2002,

permanece bem próximo da média da indústria nacional no que se refere ao percentual

contratado, conforme a pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Manutenção -

ABRAMAN intitulada Documento Nacional 2001 como demonstra a tabela abaixo:

Tabela 3 - Comparativo da Composição de Custos [%]

Pessoal Contratos Materiais e Outros

Deten 2002 37 27 36

Média Nacional 2001 34 27 39

Químico, Fertilizante, Agronegócio 36 26 38

Petroquímico 23 37 41

Na composição geral, o perfil da Deten está próximo do resultado referente

ao ramo químico. Sendo que este perfil pode ser justificado com as singularidades do

processo produtivo da empresa, entre as principais singularidades está a presença da

planta de alquilação que utiliza o ácido fluorídrico, o que traz consigo as implicações de

segurança e de severidade em função de sua elevada corrosividade.

As singularidades nos equipamentos e nos processos das plantas químicas

e de fertilizantes produzem um enfoque maior na equipe própria de manutenção do que

na contratação maior desta função, isto porque a experiência passa a ser um fator

preponderante.

b) Custo de Hora Extra

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19992000

20012002

21.67

82.60

137.58

86.92

0.00

20.00

40.00

60.00

80.00

100.00

120.00

140.00

Custo de Hora Extra Corrigidobase 1999

100.00 111.44 36.81 46.59

Paradas para Manutenção 21.67 82.60 137.58 86.92

1999 2000 2001 2002

Figura 30 – Gráfico do Custo de Hora Extra [%] versus Paradas [dias].

Quando acrescentamos na análise o custo de horas extras do pessoal de

manutenção, um outro indicador relativo aos recursos aplicados na manutenção,

notamos uma redução significativa da ordem de 50% aproximadamente para valores

deflacionados tendo como base o ano de 1999. Mesmo o custo unitário das horas

extras efetivamente pagas sendo reajustadas, segundo o dissídio coletivo da categoria

petroquímica, que se situa próximo ao IPCA utilizado para a correção.

Este indicador demonstra que a maior quantidade de paradas realizadas a partir de

2001 está priorizando o regime normal de trabalho. Este novo patamar de custo com horas

extras sofreu uma elevação entre 2001 e 2002 e esta elevação acompanhou a elevação no

percentual de OS Urgentes no mesmo período. Isto vem sugerir que podemos perseguir um

número menor para 2003, já que estamos contratando mais que em 2001 e desde que

voltemos a solicitar e executar os serviços previamente planejados como havíamos comentado

anteriormente em relação a queda no número de OS executados.

6.5.4 Contratação de Serviços

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a) Custos de Contratação por Custos Totais de Manutenção

23.63% 27.33%24.96% 26.89%

Figura 31 - Percentual do Custo com Serviços Contratados no Custo de

Manutenção

b) Evolução do Volume de Contratação

1999 2000 2001 2002

Custo de Manutenção 100.00 112.85 78.38 101.17

Custo de Serviços Contratados 23.63 30.85 19.56 27.20

1999 2000 2001 2002

Figura 32 – Evolução dos Custos com Serviços Contratados

Este volume de contratação inferior em 2001 foi influenciado pela dificuldade

que a maior área contratante, que é a caldeiraria, encontrou no mercado fornecedor

Page 84: ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE NA MANUTENÇÃO … · 2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MANUTENÇÃO 23 ... Gráfico do Indicador da Taxa de Qualidade do Produto Figura 25 – Gráfico da

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quando partiu para concentrar sua contratação em regime de preços unitários, além da

modalidade por preço global ainda praticada em grandes serviços ou paradas.

No quesito de modalidade de contratação, a manutenção da Deten está bem

posicionada em relação à média nacional divulgada pela ABRAMAN, pois já eliminou

por completo a modalidade de contratação por administração de mão-de-obra,

praticando apenas as duas modalidades descritas acima com a inclusão progressiva de

cláusulas contratuais de incentivo financeiro vinculadas ao desempenho.

c) NUMERO DE OS EXECUTADAS POR CUSTO TOTAL DE CONTRATOS

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

Serviços Contratados

Total de OSExecutadas

Ordens de ServiçoUrgentes

ServiçosContratados

100.00%

130.51%

60.56% 116.61%

Total de OSExecutadas

6790 9507 12332 10252 8830

Ordens deServiçoUrgentes

2382 1253 768 695 972

1998 1999 2000 2001 2002

Figura 33 – Comparativo entre Serviços Contratados e OS Executadas

Este indicador demonstra que o volume de serviços contratados

acompanhou o pico de ordens de serviços executadas em função da grande parada

realizada em 2000. O volume de serviços contratados e executados em regime de

urgência retrairam-se no ano seguinte pelo efeito preventivo da parada ocorrida.

Mesmo com a elevação da quantidade de serviços urgentes em 2002, a tendência

indica um novo patamar inferior para a freqüência de ocorrências não desejadas deste

tipo.

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6.5.5 Materiais Sobressalentes

a) Evolução do Custo de Materiais de Manutenção

1999 2000 2001 2002

100.00%

122.66%

92.71%

138.06%

Figura 34 – Evolução dos Custos com Materiais

Ao analisarmos a evolução do custo de materiais conjuntamente com a

evolução nos custos de serviços contratados, vemos que ambas parcelas contribuíram

para a elevação dos custos relativos de manutenção no ano de 2002. Porém, neste

contexto a parcela relativa a materiais parece ter uma contribuição maior para este

aumento, de certo modo pela indexação de parte dos sobressalentes aplicados ao

Dólar norte-americano. Como comentamos, esta diferença não foi totalmente filtrada

pelo indicador IPCA utilizado na deflação aplicada. Vale ressaltar que o Dólar em 2002

teve sua maior alta no período estudado.

Este fator não responde pela totalidade da elevação nos custos de materiais,

pois sua participação relativa na composição dos custos também evoluiu. Foram

efetivamente aplicados mais materiais na manutenção em 2002. Isto se deve em parte

à contribuição da caldeiraria, a qual no segundo semestre de 2002 inicia um grande

contrato por preços unitários, dando vazão a seu backlog que esteve reprimido em

2001 pela dificuldade no estabelecimento desta modalidade de contratação.

b) Comportamento do Custo de Materiais em Ralação ao Custo de

Manutenção

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101.17%

78.38%

112.85%

100.00%

36.53%

27.21%

40.90%

33.35%

0.00%

20.00%

40.00%

60.00%

80.00%

100.00%

120.00%

1999 2000 2001 2002

Custo de Manutenção Custo de Materiais

Figura 35 - Comportamento do Custo de Materiais em Ralação ao Custo de

Manutenção

c) Participação do Custo de Materiais no Custo de Manutenção

1999 2000 2001 2002

33.35%

36.25%

34.72%

36.11%

Figura 36 - Participação do Custo de Materiais no Custo de Manutenção

d) Giro do Estoque

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0.99 0.92

0.75

0.640.73

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1998 1999 2000 2001 2002

Figura 37 – Giro de Estoque

e) Comparativo Evolução do Estoque com o Consumo de Materiais

1999 2000 2001 2002

93.01%

136.71%

88.24%

122.66%

92.71%

138.06%

Evolução Custo de Material 100.00% 122.66% 92.71% 138.06%

Evolução do Estoque 100.00% 93.01% 136.71% 88.24%

1999 2000 2001 2002

Figura 38 – Comparativo do Estoque com a Aplicação de Materiais

A evolução do custo de materiais aplicados em manutenção contrasta com a

evolução do valor do estoque no almoxarifado. Enquanto o custo com materiais

aplicados aumenta, o custo do estoque decai e vice-versa. Este fato indica que não

houve uma redução significativa nos níveis de estoques neste período estudado e o

que efetivamente ocorreu neste sentido é que, ao longo de 2002, foi desenvolvido um

estudo que visava rever os parâmetros de estoque e de criticidade de sobressalentes,

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ou seja, será a partir de 2003 que ir-se-á perceber os resultados deste estudo de

redução de estoque.

O cenário se agrava quando notamos que o giro de estoque vem decaindo

de 1999 para 2002 o que significa que, com este crescimento na aplicação de materiais

em 2002, muitos itens foram adquiridos para aplicação imediata, sobrecarregando o

fluxo de compras.

6.6 ANÁLISE DA TENDÊNCIA DA PRODUTIVIDADE DA MANUTENÇÃO

De um modo geral podemos afirmar que entre 1999 a 2002 a produtividade

da manutenção na empresa pesquisada encontrava-se em evolução. Isto admitindo em

razão de que o numerador na equação básica da produtividade, as saídas ou o

resultado, no caso da adaptação proposta para a manutenção da medida da eficácia

deste processo, veio apresentando melhorias tanto em disponibilidade como, e

principalmente, em confiabilidade.

Os insumos também estão sendo mais bem aplicados, mesmo com uma

variação em menor escala. Neste contexto o ano de 2001 se apresentou como um ano

de transição e de ajustes, pois foram conseguidos excelentes resultados em custos e

eficácia na planta, mesmo aumentando a carga de serviços na equipe própria de

manutenção, a qual respondeu bem, conseguindo executar um grande volume de

serviços com uma boa confiabilidade e reduzidos custos envolvidos.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho o que se pretendeu demonstrar foi que a função manutenção

dentro de uma organização industrial como a Deten vem evoluindo, com o passar do

tempo, de um processo meramente de apoio para um componente da força produtiva

fundamental na organização na perspectiva de uma performance satisfatória. Desta

forma uma avaliação da produtividade da manutenção não pode se resumir apenas à

avaliação da produtividade da mão-de-obra de manutenção, ou seja, apenas à parcela

relativa a produtividade do trabalho. Faz-se necessário para uma avaliação completa

da produtividade na manutenção que a parcela relativa à produtividade do capital

também seja analisada.

A produtividade, que se conceitua como uma relação básica das saídas de

um processo sobre as entradas, foi tomada como uma medida numa função complexa

como a manutenção, para a qual seu produto não é um bem físico, mas sim um serviço

que irá influenciar o desempenho produtivo da planta como um todo.

Neste sentido, procuramos associar o resultado da manutenção ao

desempenho eficaz da unidade produtiva e os insumos à eficiência de suas aplicações

durante o processo de manutenção.

Para que esta análise se tornasse abrangente propôs-se o desenvolvimento

de um conjunto de indicadores de desempenho que, estruturados da forma acima

descrita, proporcionaria uma visão do comportamento da produtividade. Vale reafirmar

um comportamento assumido, isto é, porque tornou-se necessário realizar-se esta

avaliação da produtividade em um período decorrido. O que se justifica devido a que o

modelo proposto com uma medida apenas não apresenta referências estabelecidas

para comparação. Um único valor não permitiria alcançar-se o pretendido, desse

haveria que entender-se como a interação entre os insumos de manutenção influencia

na eficácia do processo como um todo.

Neste sentido, o desenvolvimento de um sistema de indicadores para o

auxílio no gerenciamento da produtividade na manutenção, manteve como foco o fato

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90

de que, além da medição da eficácia dos resultados do exercício da função

manutenção e a eficiência com que a mesma está aplicando seus insumos, o mesmo

deve estar alinhado à estratégia da empresa. Porém, este mesmo sistema considerou

também três níveis hierárquicos de indicadores que permitissem o acompanhamento

do desdobramento das metas coorporativas até o chão de fábrica.

Além de ser possível desta forma, um realinhamento periódico das metas e

dos indicadores à estratégia corporativa, procurou-se também desenvolver os

indicadores para os níveis mais elementares, vinculados ao chão de fábrica. Embora

seja sabido que estes indicadores, quando possível, devem ter periodicidade menor,

mensal ou semanal, isto com o intuito de reconhecer-se tendências e estabelecer-se

correções em tempo hábil, para que não sejam comprometidos os indicadores relativos

à eficiência e à eficácia ou financeiros.

O período objeto desta pesquisa, compreendido inicialmente entre 1998 e

2002 teve uma interação definida. O ano de 1998 como o inicial, buscou aliar a partida

da nova planta de sulfonação e as duas plantas já ampliadas, ou seja, considerando a

configuração existente hoje. Este fato é relevante na medida em que a dimensão da

estrutura industrial manutenida permanece inalterada ao longo do estudo, evitando a

consideração de mais uma variável neste processo de análise. Porém o ano de 1998,

possui uma estrutura contábil diferenciada dos anos seguintes, e este fato limitou as

análises financeiras aos quatro anos seguintes de 1999 a 2002.

Os dados pesquisados referem-se a dados reais da área de contabilidade,

produção, suprimento e manutenção da empresa no período.

É importante considerar-se que entre a considerações relevantes, em

relação aos dados sobre ocorrências de interrupções de produção por motivo interno,

não foi realizada uma separação baseada na responsabilidade pela ocorrência do

evento. Contudo, ficou demonstrado haver uma freqüência relativamente baixa de

ocorrências internas por motivos não ligados a um estado de falha de algum

componente da planta, ou seja, externo à manutenção, mas interno à produção, como

por exemplo testes operacionais e falhas em procedimentos operacionais. Em função

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91

disto, estas não foram expurgadas nas análises quantitativas de falha. Foram

expurgadas sim, as interrupções na produção por eventos externos, como falta de

matéria-prima ou energia elétrica e as interrupções por motivo interno para troca de

catalisador dos reatores no processo Pacol. Para este modelo de trabalho proposto, o

dado estatístico com as informações disponíveis foi suficiente, mas para um

desdobramento deste modelo de medida, valeria a investigação das causas

fundamentais em cada área responsável, em face do pequeno universo de análise,

pois são poucas ocorrências desses tipos.

Esta metodologia de análise permitiu constatar-se que o desempenho, no

que se refere à produtividade total da manutenção, está evoluindo com os anos. Os

maiores reflexos, porém, são sentidos na estrutura de pessoal próprio, situação sobre a

qual a maioria das recomendações aqui feitas já estão sendo providenciadas. As

recomendações para minimizar este efeito situam-se no sentido de :

a) Adequar a estrutura para um planejamento de paradas constantes

ao longo do ano para aproveitamento das paradas técnicas;

b) Manter contratos de execução de serviços na planta que permitam

flutuação no efetivo através de uma rápida mobilização;

c) Buscar parceiros sólidos no mercado que possuam uma carteira de

obras que permita esta flexibilidade, mas garantindo a qualidade assegurada da

mão-de-obra;

d) Realizar contratos com responsabilidades compartilhadas e

cláusulas de incentivo vinculadas a performance;

e) Consolidar o processo de investigação e mitigação das causas

fundamentais de falhas;

f) Desenvolver meios para diminuir a variabilidade do processo

através de programas específicos;

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92

g) Desenvolver um conjunto de indicadores em níveis táticos e

funcionais para permitir uma abrangência completa na função manutenção;

h) Fixar, com a máxima antecedência possível, as datas de parada

das plantas para que sejam aproveitadas ao máximo e, para isto, é preciso

antes de tudo um bom planejamento e tempo para preparação não permitindo a

sua antecipação;

i) Prosseguir com metodologias que visem melhorar a eficácia da

aplicação dos insumos de manutenção como RCM,RBI e TPM;

j) Estender a abrangência deste conjunto de indicadores às outras

unidades produtoras de LAB do grupo, identificando referências de melhores

práticas a serem difundidas.

Estas propostas, de certo modo, já estão sendo implementadas, pois não

restam dúvidas quanto a suas vantagens, quando bem aplicadas. Esperamos, todavia,

ter contribuído para ampliar a visão de produtividade na manutenção para que se

avance numa compreensão melhor do papel de cada insumo aplicado nesta atividade e

suas conseqüências no produto final.

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