evidências da colaboração de leon trotsky com a alemanha e o japão iii
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Evidncias da Colaborao de Leon Trotsky com a Alemanha e o
Japo(III)
Grover Furr
http://clogic.eserver.org/2009/Furr.pdf
Trad: Lcio Jr
Por que no existe evidncia alem ou japonesa da colaborao de Trotsky?
A maioria dos tericos da conspirao no entendem isso. Mas se houvesse realmente um
enredo como os da CIA, nenhum documento existiria (SHANE, 2009) 23.
Instrues sobre questes concretas relativas organizao e preparao para condies
subterrneas devem ser dadas apenas verbalmente. No mnimo, deve ter sido especificado que esses
nomes e endereos deveriam ser dados estritamente por via oral. 24
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No decorrer deste ensaio vamos mostrar que existe uma grande quantidade de
evidncias de colaborao de Trotsky com os alemes e japoneses a partir do lado
sovitico. Algumas mostram a colaborao da oposio sovitica com os alemes e
japoneses, incluindo alguns que at mesmo dizem ter trabalhado com Trotsky.
Alm disso, temos uma prova importante de colaborao de membros da
oposio sovitica, incluindo alguns dos quais alegaram terem trabalhado com Trotsky.
Mas nenhuma evidncia de colaborao alem ou japonesa com Trotsky foi
descoberta fora da ex-URSS. H uma srie de possveis explicaes:
Trotsky nunca colaborou com os alemes ou japoneses. Todas as evidncias
soviticas so fabricadas. Se Trotsky colaborou existem as seguintes possibilidades:
Muitos desses arquivos foram destrudos durante a guerra.
Ningum parece ter pesquisado - pelo menos, no estamos cientes que ningum tenha
feito isso e particularmente nos trabalhos inditos dos generais alemes supostamente
envolvidos.
Estes arquivos tambm poderiam ter sido "expurgados".
Nunca houve uma prova desta colaborao que tenha sido arquivada pelos prprios
colaboradores. Na verdade, informaes conspiratrias deste tipo normalmente no
so escritas. Sabemos que existem arquivos soviticos foram removidos por Khuschev,
e talvez pelos outros. Embora tenhamos tido experincia muito limitada de trabalhar
com outros arquivos, sabemos de dois casos em que os materiais de arquivo
"desapareceram". Alm disso, a grande maioria dos arquivos soviticos no esto
abertos a pesquisadores. Dada a evidncia de que descobriram nos documentos
relativamente poucos arquivos que tenham sido publicados at data faz com que
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seja provvel que mais evidncias implicando Trotsky podem estar contidas em
arquivos que ainda no esto classificados. Mais adiante neste ensaio discutiremos
brevemente o "expurgo" do arquivo Trotsky em Harvard, subtraindo materiais
incriminatrios.
Nos pases em que esses arquivos ainda existem, normal manter arquivos
secretos de inteligncia indefinidamente. Este certamente o caso nos EUA.
Sugerimos que lgico suspeitar que a mesma coisa existe no caso do Japo e da
Alemanha.
H uma grande quantidade de evidncias de que os comandantes militares,
liderados pelo marechal Mikhail Tukhachevsky, de fato, colaboraram com o Estado-
Maior Geral alemo. Mas ns temos apenas a confirmao indireta disso nos arquivos
alemes, e um pouco mais confirmao direta em um documento do arquivo Tcheco.
Ao discutir sua espionagem para a Alemanha vrios rus soviticos disseram
que tinham lidado diretamente com o general alemo Kurt von Hammerstein-Equord.
O boato, pelo menos, desta colaborao, evidentemente, sobreviveu na famlia
Hammerstein. At agora no de nosso conhecimento que nenhum registro escrito de
que a colaborao existiu, at porque parece que ningum realmente pesquisou isso.
25 1Alm disso, ningum jamais realizou o levantamento dos papis sobreviventes dos
generais alemes supostamente envolvidos.
Mas a ausncia de evidncia apenas "evidncia de ausncia", quando provas
esto de fato estar presentes. Acreditamos que a razo mais provvel que
simplesmente ningum deve esperar que evidncias de uma conspirao estejam
1 Hans Magnus Enzensberger. Hammerstein oder der Eigensinn. Eine deutsche geschichte. Berlin:
Suhrkamp, 2008, pp. 234; pp. 213-215.
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documentadas em qualquer lugar, muito menos em arquivos. As exigncias de sigilo e
de segurana exigem que essas informaes sejam trocadas apenas de boca em boca.
A falta de material arquivado ou de qualquer prova documental do sucesso da
conspirao contra Lavrentii Beria j foi citado. Essa conspirao deve ter envolvido,
pelo menos, meia dzia de homens. Relatos da mesma pelos seus participantes no
concordam em detalhes, exceto no seguinte: foi tudo planejado e executado atravs
da comunicao oral.
No h meno de qualquer comunicao escrita. O que existe nos arquivos o
esboo de um discurso a ser entregue por Malenkov na reunio do Presidium (Comit
Central) em 26 de junho de 1953. Foi nessa reunio, ns sabemos, que Beria foi preso
ou possivelmente at mesmo morto. Malenkov fez o discurso provavelmente para
disfarar o que ocorreu. Ainda vale notar que o material arquivado por Malenkov
contm apenas um esboo de seu discurso, segundo a qual Beria seria removido para a
chefia MVD (Ministrio da Administrao Interna, incluindo a fora policial interna) e
seria Ministro do Petrleo e Indstria.262
A alegada falta de provas soviticas
Como Sven-Eric Holmstrm discute e como ns tambm devemos discutir mais
detalhadamente a seguir, os arquivos Trotsky em Harvard foram expurgados de provas
que colocassem em risco sua reputao. Os materiais removidos incluam, pelo menos,
indcios adicionais sobre a existncia do "bloco dos direitistas e trotskistas" e
correspondncia de Trotsky com apoiadores dentro da URSS.
2 O fragmento do escrito de Beria est em Laurentii Beria, 1953. Stenogramma iiul skogo plenuma TsK
KPSS i drugie dokumenty. D. V Naumov, IV. Sigachev. Moscou: MDF, 199, pp. 69-90.
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O falecido Pierre Brou, um dos estudiosos do mundo sobre o trotsquismo e
uma pessoa que gozava de respeito generalizado dos estudiosos anticomunistas,
concluiu que estas evidncias significavam pouco, uma vez que s se demonstrou a
existncia de um bloco em 1932. Brou supe que, porque existe a nica prova que
no foi com sucesso eliminada do arquivo, passou a ser em 1932 a nica vez em que o
"bloco" existiu. Isto , Brou assume que o bloco surgiu a partir de 1932, embora no
arquivo no existam provas da existncia posterior desse grupo.
Brou ignora o fato de que o arquivo foi expurgado. No vlido supor, como
Brou fez, que o "bloco" s existia em 1932, porque a nica evidncia que temos para
a sua existncia a partir de 1932. Havia aqueles documentos que foram "expurgados"
do arquivo Trotsky e, alis, se quem expurgou tivesse feito um trabalho ainda mais
exaustivo, no existiria sequer essa evidncia. Mas isso de modo algum implica que
no exista nenhuma evidncia de que o "bloco" nunca existiu. Muito menos seria dizer
que no "bloco" cada vez existia depois de 1932. "A falta de provas" - neste caso, da
existncia do bloco aps 1932 - "no evidncia de ausncia" - que nunca existiu tal
evidncia ou nunca existiu.
Se aqueles documentos foram "expurgados" do arquivo Trotsky em Harvard,
com certeza o expurgo teria sido mais completo, acaso tambm aquele que tirou os
documentos incriminatrios tivesse levado os recibos de carta registrada das cartas de
Trotsky para os oposicionistas na URSS e de Trotsky escrevendo para Van Heijenoort
sobre o "Bloco de Direitistas e Trotskistas." Ento o que seria de ns agora? Teramos
como na era Gorbachev -- uma "reabilitao" do documento negando que alguma vez
houve um tal "bloco" e negao firme de Trotsky de que jamais houve um tal "bloco."
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Alm disso, teramos a insistncia do procurador Sovitico, Vyshinsky, e as confisses
de uma srie de rus do julgamento de Moscou, de que havia de fato tal "bloco."
Assim sendo, uma descoberta de Arch Getty no arquivo Trotsky completa o
testemunho do julgamento dos acusados de Moscou. prova de que eles no
mentem, pois nos poucos casos em que podemos obter provas independentes - como
aqui - a evidncia apia as confisses dos rus no julgamento. Do mesmo modo,
confirma as declaraes de quem acusa - isto , de "Stalin", na linguagem redutora de
escritores anticomunistas. Assim, o depoimento dos acusados no Julgamento e o
procurador sovitico sobre o "bloco", assim como a respeito de parte da
correspondncia de Trotsky acaba sendo confirmando enquanto sincero, enquanto
testemunho de Trotsky e o do governo sovitico no tempo de Gorbachev -- era falso.
Esta no uma evidncia direta de qualquer colaborao de Trotsky com a Alemanha
ou o Japo.
No entanto, tal acusao consistente com tais alegaes, uma vez que
confirma o depoimento de testemunhas em um assunto relacionado. Trotsky negou
colaborar com os representantes do Eixo, assim como ele negou a existncia do
"bloco" e o contato com seus partidrios na Unio Sovitica. Portanto, a falta de
provas de qualquer contato com o eixo no arquivo de Trotsky no prova de que tal
evidncia nunca esteve l.
Ns temos pouca evidncia no-sovitica dessa colaborao, mas h pelo
menos uma. Em fevereiro de 1937 o ministro japons da Guerra, General Hajime
Sugiyama, teria revelado em uma reunio que o Japo estava em contato com
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oposicionistas dentro da URSS, oposicionistas estes que estavam fornecendo
informaes s foras japonesas de espionagem e inteligncia.273
Outros exemplos de evidncias no-soviticas atestam a existncia real das
conspiraes alegadas pelo governo de Stalin. H o "telegrama Arao", comentado em
pelo menos em 1962-63, embora no tenha mais sido falado desde ento. Temos o
testemunho direto do embaixador alemo na Tchecoslovquia, dizendo que Hitler
sabia que militares de alta patente figuras na URSS estavam preparando um golpe de
Estado. Este documento, nos arquivos nacionais da Repblica Tcheca, foi descoberto
somente em 1987. Este documento confirmado por correspondncia encontrada em
arquivos alemes capturados e foi divulgado em 1974, mas no reconhecido at 1.9884
28. O funcionrio da NKVD Genrikh S. Liushkov desertou para o lado dos japoneses
em 13 de junho 1938. Numa conferncia de imprensa elaborada pelos japoneses, ele
alegou que as supostas conspiraes na URSS foram falsificadas. Mas, em particular,
Liushkov disse que os japoneses estavam convencidos de que aconteceram
conspiraes reais, incluindo a conspirao militar. Ele tambm confirmou que os
conspiradores existiam e que estavam ligados com o grupo de Tukhachevsky atravs
de Gamarnik. Liushkov confirmou que os conspiradores queriam unir foras aos
japoneses para infligir uma derrota s foras armadas soviticas, e que alguns deles
tinham conspirando diretamente com os militares japoneses (Coox).
Portanto, apesar das frequentes alegaes em contrrio, existem evidncias de
que as conspiraes anti-soviticas que no poderiam ter sido fabricadas pelos
soviticos. No entanto, mesmo que no existam provas no-soviticas de colaborao
3
Soviticos ligam Tquio com o trotsquismo. New York Times, 2 de maro, 1937, p. 5.4 Nossos artigos sobre esses assuntos aguardam publicao na Rssia, mas a existncia desses
documentos esto h muito conhecidas pelos estudiosos ocidentais e russos.
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entre oposicionistas soviticos e representantes do Eixo, isso no significaria que
nenhuma prova existiu. Tambm no significaria que nenhuma colaborao ocorreu,
assim como tal colaborao poderia bem no deixar qualquer evidncia.
Evidncia Sovitica
Nenhum pesquisador hoje, no importa o quo anti-sovitico ele seja, descarta
evidncias soviticas apenas porque tm essa origem. Evidncias de arquivos
soviticos so rotineiramente consideradas vlidas. Por exemplo, mais adiante neste
ensaio examinamos o testemunho do predecessor imediato de Nikolai Yezhov como
chefe da NKVD, Genrikh Yagoda, e ru no julgamento de Moscou de 1938, mostrando
que o depoimento citado sem problemas como verdadeiro por muitos dos
estudiosos extremamente anticomunistas. Vamos examinar o testemunho de Yagoda
abaixo. Inclui depoimentos sobre Trotsky.
Os autores tm publicado e analisado primeiro uma confisso de Bukharin de 2
de junho, 1937. Este documento ainda ultrassecreto na Rssia. Nele Bukharin implica
diretamente Trotsky.
As citaes longas
Grande parte do texto deste artigo consiste em citaes diretas de fontes
primrias. Entendemos que isso aumenta muito o tamanho do artigo e no faz nada
para melhorar a sua legibilidade.
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Em um artigo como este, no entanto, no podemos redigir sem essas citaes.
As fontes primrias constituem a base cientfica para a anlise e concluses. Algumas
citaes so de fontes que so muito difceis de obter, como as verses em ingls das
transcries do Julgamento de Moscou. Alguns deles so documentos indisponveis em
ingls. A carta do Marechal Budennyi para o Marechal Voroshilov um documento
presente em arquivo que nunca foi publicado em qualquer lngua e seu contedo
totalmente novo do mundo acadmico.
Na era da Internet no h nenhuma razo para que qualquer estudioso deve
sempre citar arquivos ou de difcil obteno de materiais sem torn-los disponveis
para o leitor. Ns poderamos ter colocado as citaes das fontes primrias em um
arquivo separado e inserido hiperlinques quando apropriado, e isso foi pensado. Faz-
lo, porm, foraria o leitor a ignorar as evidncias e clicar ou deixar para trs o
documento e sua anlise. Temamos que tal procedimento seria uma distrao para
um leitor atento e assim decidimos contra ela, uma deciso a respeito da qual os
editores da revista Cultural Logic estiveram de acordo.
Instamos o leitor a examinar cuidadosamente as citaes de fontes primrias.
Como qualquer obra de erudio este artigo est em p ou cai sobre as provas e sua
anlise.
Um breve resumo das evidncias
Nosso objetivo neste artigo citar e analisar todas as provas que diretamente
tecem laos da colaborao de Trotsky com a Alemanha ou o Japo. Seguimos cada
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citao de provas com uma anlise dessa evidncia. Nenhuma evidncia deixada
para "falar por si", j que todas as evidncias podem ser interpretadas de vrias
maneiras. Temos tambm lutado para citar e estudar evidncias contextuais e
comprobatrias, como toda a anlise de provas exige. No se pode dizer que no h
nenhuma "arma fumegante", nenhuma evidncia absoluta que no possa ser
contestada. Com exceo dos depoimentos das testemunhas oculares, todas as provas
que citamos so circunstanciais.
O que d ao complexo de evidncias existentes seu poder que so
mutuamente comprobatrias, e assim se reforam, em seu carter, assim como fica
reforada a grande quantidade do mesmo, assim como o fato de que se trata de
diferentes fontes.
Estritamente falando, as evidncias de uma testemunha ocular no so
circunstanciais da mesma maneira como outras provas. Damos especial ateno ao
testemunho daqueles que afirmam que foram informados pelo prprio Trotsky de seus
laos com o Japo e a Alemanha. Este testemunho mutuamente comprobatrio
tambm. Aqui examinamos at que ponto a credibilidade das testemunhas oculares
podem ser verificadas atravs do cruzamento de algumas das afirmaes que elas
trazem com outras evidncias nossa disposio.
Por definio, no se pode provar uma negativa. Alm de negaes verbais
pode no existir nenhuma evidncia de que Trotsky colaborou com os alemes ou
japoneses. Portanto, qualquer investigao deve procurar evidncias de que ele
colaborou. Fizemos um grande esforo para encontrar evidncias circunstanciais
comprobatrias, ou material que suporte a hiptese contrria: a de que as confisses
de todas essas pessoas, nos Julgamentos de Moscou ou em caso contrrio, eram
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"fabricados" e falsos. Isso impugna a evidncia de que Trotsky colaborou, e assim
como representa uma evidncia "negativa". Mas temos tido sucesso. Ns nos sentimos
confiantes em dizer que, neste ponto, pelo menos, nenhuma prova foi descoberta.
Dada a situao de prova objetiva, a concluso deve ser que Trotsky colaborou
com os alemes e japoneses. Se prova em contrrio vir tona no futuro, estamos
prontos para analisar e, se necessrio, alterar essa concluso.
Trotsky mentiu
A introduo ao Relatrio da Comisso Dewey, que foi convocada em 1937
para examinar as acusaes contra Trotsky, afirma: se Leon Trotsky culpado dos atos
com os quais ele cobrado, e no existir condenao, isso muito grave.
Trotsky negou trabalhar com a Alemanha ou o Japo, como cobrado nos 1937 e
1938 nos Julgamentos de Moscou por vrios dos rus. Mas agora sabemos que ele
mentiu, para falar de maneira amigvel, para a Comisso Dewey a respeito de outros
assuntos menos srios. Com base em sua pesquisa na biblioteca Houghton de Harvard,
J. Arch Getty apontou em 1986 que Trotsky tinha entrado em contato por escrito com
seus seguidores na URSS, ao menos em 1932.
No momento dos Julgamentos de Moscou, Trotsky negou que ele tivesse tido
qualquer comunicao com os rus desde seu exlio em 1929. No entanto, agora est
claro que, em 1932, ele enviou cartas pessoais secretas aos ex-lderes oposicionistas
Karl Radek, Nikov G. Sokol, E. Preobrazhensky e outros. Enquanto o contedo de essas
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cartas desconhecido, parece razovel acreditar que se tratava de uma tentativa de
persuadir os destinatrios a retornar oposio.295
Getty passou um outro detalhe para o contato de Trotsky, uma comunicao
clandestina com E.S. Gol'tsman, um ex-trotskista e oficial sovitico atual, documentada
nos mesmos papis. Ou o prprio Trotsky ou um de seus secretrios tomaram algumas
dores para ocultar estes conexes. Sobre as cartas pessoais de Getty, ele escreveu:
Ao contrrio de praticamente todas as cartas de Trotsky (incluindo at
mesmo as mais sensveis) no existem cpias desses documentos quetenham permanecido nos Documentos de Trotsky. Parece provvelque eles tenham sido removidos do arquivo em algum momento.Apenas os recibos de carta registrada permanecem. No seu
julgamento de 1937, Karl Radek testemunhou que ele havia recebidouma carta de Trotsky contendo "instrues terroristas", mas nosabemos se esta foi a carta em questo.306
O notvel estudioso trotsquista francs Pierre Brou, que tambm estudou
esses papis e reconheceu mentiras de Trotsky, melhor explic-los como acusaes
stalinistas e negar qualquer plausibilidade aos Julgamentos de Moscou, assim como
para proteger os maiores apoiadores de Trotsky ainda no descobertos na URSS.31 Do
ponto de vista de Trotsky, isso faria todo sentido. Por que dar munio adicional Stalin
em sua guerra com ele?
Mas para o historiador, isso significa que a negao de Trotsky, no s da
existncia do bloco, mas de qualquer acusao, no pode ser simplesmente tomada
pelo seu valor nominal. Getty como apontou em outra passagem: o ponto aqui que
Trotsky mentiu e tinha bons motivos para mentir. Mas o que ele disse no era
verdade. No era "objetivo". Como os stalinistas, Trotsky foi da pragmtica e utilitria
5
J. Arch Getty: Trotsky no exlio: a fundao da quarta internacional. Estudos soviticos, 38, 1, janeirode 1986. pp. 27-28.6 GETTY, 34, n. 18
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escola bolchevique de colocar as necessidades do movimento acima da verdade
objetiva.327
Citamos isso no para "culpar" Trotsky por mentir. Dizer falsidades uma ttica
essencial da atividade clandestina. Exigir que atores polticos digam a verdade em
questes que envolvem vida ou morte, fora de alguma lealdade abstrata para um
cdigo de conduta idealista, seria meramente hipocrisia.
Em vez disso, o fato de que Trotsky mentiu - provavelmente neste caso, e
provavelmente em outros casos onde no podemos prov-lo deveria servir
simplesmente para nos lembrar que devemos colocar de lado quaisquer negaes por
parte de Trotsky, ou de qualquer oposicionista.
de se esperar que as pessoas vo mentir quando necessrio para desviar a
punio ou a culpa de si mesmos. Ningum presta muita ateno negao de culpa
por parte das pessoas suspeitas de um crime. Em muitos pases, uma pessoa acusada
tem o direito de mentir em sua prpria defesa, embora, naturalmente, em seu prprio
perigo tambm. Para qualquer investigador e para qualquer historiador, uma confisso
de culpa do acusado muito mais significativa do que uma reivindicao de inocncia.
Sendo assim, a declarao de Trotsky de inocncia significa muito pouco em si mesma.
No entanto, Trotsky nunca confessou. Ele mentiu, e fugiu de contar a verdade,
pelo menos na medida em que os membros da Comisso Dewey e sua audincia
estavam preocupados.
Acreditamos que, tendo evidncias, podemos validamente concluir que Trotsky
mentiu sobre isso e muito mais. Especificamente, acreditamos que a evidncia mostra
que Trotsky era culpado como foi cobrado nos Julgamentos de Moscou - que ele
7 COOX 1, 29, COOX, 2, 199.
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realmente conspirou com Japo e Alemanha. Se ele fez isso - e ns acreditamos que as
evidncias apontam esmagadoramente nesse sentido - no de admirar que ele
mentiu ao negar isso. Manter em segredo uma tal coisa teria sido um dos elementares
sine qua non de tal conspirao. A Alemanha e os participantes japoneses, se
perguntados sobre isso, tambm teriam negado. Ao mentir, eles teriam tinha certeza
de que eles estavam sendo fiis a seus pases e seus juramentos militares.
Na introduo ao Relatrio da Comisso Dewey, que foi convocado em 1937
para examinar as acusaes contra Trotsky, afirma-se: se Leon Trotsky culpado dos
atos dos quais ele cobrado, no existir condenao algo grave.
Nossos artigos sobre estes temas esto aguardando publicao na Rssia, mas
a existncia destes documentos h muito tem sido reconhecida pelos estudiosos
ocidentais e russos.