apêndice 2 - trotsky e a imprensa imperialista

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H a r p a l Br a r

TROTSKISMO

ENN5MD

Tradução: Pedro Castro

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A p ê n d i c e 2

Trotsky e a Imprensa Imperial is ta

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Apêndice 2

Trotsky e a Im prensa Im perialista

Outra forma de l ança r luz sob re a e s sênc ia cont ra - revoluc ioná r ia dotrotskismo é examiná- lo no contexto das suas re lações com a imprensa b urguesa . Ebem sabido que a imp rensa imper ia l is ta desabo na e den unc ia todas as idé ias mar-xis tas e todos os marxis tas . Mas como essa impren sa t ra ta Trotsky, supo stamen te omaior bolcheviqu e dep ois de Lênin? Eis aqui a lguns exem plos:

O Daily Express, de Lord Beaverbrook, era em 1 929, como é hoje, u m jornalreacionário, da ala direita , imperialista . Dentre os conservadores, é um dos órgãosefe t ivos de prop agand a imper ia l is ta , exercendo há décadas uma t rem enda in f luên - 'cia imp erialista so bre a política d e uma seção significativa da classe operária britâ-nica . Quando dezenas de milhares de operár ios es tavam sob a inf luência de seu

conservador ismo es tr idente olharam para o Daily Express em 27 de fevereiro de1929, viram-se lendo as seguintes manchetes esparramadas na sua primeira página:

"A HISTÓRIA DA EXPULSÃO DA RÚSSIA CONTADA PELO PRÓPRIO TROSKY:Revelações Dramáticas do Revolucionário Banido: Como Ele Foi Levado às Pressaspara a Turquia: Ataques Severos a Stalin, seu Principal Inimigo; O U so da Forçacontra um Povo Rebelde: Uih Documento Histórico: Fotografias de M. e Madam eTrotsky: História Ex clusiva do Próprio Trotsky, por Leon Trotsky.

O Daily Express publica hoje a primeira parte da história, pelo próprioTrotsky, de sua expulsão da Rússia Bolchevique que ele tanto a judou a criar. E umdocumento histórico. Trotsky, doente e exilado em Constantinopla, onde está prote-gido por oficiais russos contra o perigo de assassinato, dramaticamente quebrou oseu longo silêncio. Ele acusa am argamente seu arquiinimigo Stalin, ditador da

Rússia, pelo destino que lhe coube, prevê a queda de Stalin, critica o regime sovié-tico atual e revela a história secreta dos acontecimentos que o levaram a se tornarum exilado político sem um tostão."

O Daily Express a seguir comenta os artigos de Trotsky assim:

"Sua importân cia política e histórica ê notável e, ao mesmo tempo, eles sãoplenos de um vivo interesse humano, que prénde o leitor de estágio a estágio deuma narrativa espantosa."

No dia seguinte, o Daily Express outra vez dedicou sua pr imeira página aTrotsky, com as seguintes manchetes: "Denúncia violenta de Trotsky contra Stalin:'Sepultador do Partido'; Impressionante Explosão do Exilado: 'Eu Vou Contê-lo':

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Trotskismo x Leninismo

Provocação Desafiante pelo Exilado Soviético: O que Penso de Stalin, por Leon

Trotsky. E ainda outra vez, a I o de março de 1929, o Daily Express dedicou suaprimeira página a Trotsky.

Em meio a um a avalan che de manch etes sensac ional is tas e , como sempre ,os tentan do um a pose conv eniente , Trotsky começava em 27 de fevere iro, de 1929,seus a r t igos com as seguintes pa lavras :

"Qualquer política com altas idéias deveria evitar a sensação, e meu obje-tivo ao escrever essas linhas não é sensacionalizar demais o meu caso mas, aocontrario, sufocar a sensação, para dar ao público informação objetiva, na medidaem que a objetividade é possível em matéria política.

É verdade que estou agora adotando um meio diferente de me aproximarda opinião pública, diferente de antes; mas isso é porque estou em uma posição

diferente de qualquer uma que eu tenha ocupado anteriormente.Meu objetivo não é a propaganda, mas simplesmente a verdade. Antes d edecidir escrever esse artigo, exigi inteira liberda de de expressão. Direi o que penso -ou nada direi."

Nos artigos qu e se seguiram às últimas liohas^citadas, Trotsky lançou pub li-camente sua nova carre ira pol í t ica . Outras potências imper ia l is tas poderosas naEuropa e América foram rápidas em seguir o com ando d ado pelo Daily Express e colo-caram suas co lun as à disposição de Trotsky, permitind o-lhe 'dizer o que ele pensa va'.

Com entand o sobre is to, o úl t imo d esenvolv imento do t rotskismo, o jorna ldo Gomintern Imprecorr (Correspondência da Im prensa Internacional) teve a dizerem seu núm ero de 22 de março de 1929 o que se segue:

"Desde o fim de 1928, a imprensa da burguesia reacionária foi enriquecidapor um novo colaborador, na pessoa de L. D. Trotsky. No Daily Express, o órgão deChamberlain e do Partido Conservador da Grã-Bretanha, no New York Herald e noTríbune, os órgãos dos capitalistas norte-americanos, nos jornais holandeses daultradireita Algemeen Handelsblaad e Nieuve Rotterdamsche Courant, como tam-bém em outros jornaisburgueses reacionários, servidos pela American ConsolidatedPress Agency, uma série de artigos de Trotsky tem aparecido recentemente, que sãoadquiridos pela agência por uma soma substancial de dinheiro americano. Issonaturalmente foi considerado um triunfo na imprensa burguesa, que nunca tinhaesperado que, em 1929, tivesse um colaborador não menos do que 'Mr. Trotsky",como ele é descrito na legenda de seu retrato no Daily Express.

Sim, a burguesia tem razão em estar feliz. Por um tempo o nome de 'Mr.Trotsky' servirá como uma tentação para o amor ã sensação por parte do públicoque a burguesia con segue d eixar em um estado de estupidez ignorante. E vale apena pagar a Trotsky uns poucos milhares ou mesmo dezenas de milhares de dóla-res pelos artigos, nos quais ele difama o Partido Com unista, as autoridad es soviéti-cas e a Internacional Comunista.

Nos últimos anos, nossos inimigos de classe têm evidenciado grande inte-resse pela sorte de Trotsky. A social-democracia e a imprensa burguesa têm pronta-mente se aferrado a toda invenção, a toda declaração difamatória de Trotsky, atodos seus ataques ao Partido, Q seus dirigentes, à autoridade soviética e aoComintern. A seus livros e artigos é dado grande valor por publicistas e editoresburgueses, que ficam felizes em propagandeá-los, vendo q ue o aparente verniz de

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esquerda de seus escritos nada significa, comparado com seu conteúdo contra-revolucionário e em comparação com o papel objetivo contra-evolucionário queesses escritos desempenharam e ainda desempenham nas mãos de nossos inimigosde classe."

O Imprecorr segue c i tando es ta observação de Theodore Dan, que era odir igente dos emigrados mencheviques :

"O movimento operário social-democrata nada precisa temer em relação àatividade política de Trotsky. Ao co ntrário, é mais provável que ele dê o golpe demorte no movimento comunista fora da Rússia e induza os operários comunistas aretornarem à social-democracia do que fortaleçam qualquer Partido Comunista ouque enfraqueçam a social-democracia em qualquer sentido."

Escrevendo em um jorna l soc ia l-democra ta a lemão, outro emigrado men-

cheviqu e disse que o a r t igo do Imprecorr "supunha que Trotsky ainda tinha resquí-cios de suas ilusões comunistas, sintoma do comunismo de guerra e coisas seme-lhantes, mas assinala que não são essas diferenças qu e devem ser recordadas, massim os vários pontos que tornavam Trotsky mais próximo dos social-democratas.Esse enfoque, ele diz, "baseia-se principalmente no fato de que: 'Trotsky agora deri-va suas bandeiras vitais do program a dos soclal-demo cratas russos. Os trotskistasestão gradualmente descobrindo o caminho certo."

A his tór ia de mais do que se is úl t im as décadas tem con f irmad o p lena men -te a conf iança expressada em Í929 pe los reac ionár ios mencheviques , em que otrotskismo operar ia em detr imento do movimento comunis ta e em benef ic io dasocia l-democrac ia . Desde então, o t rotskismo tem con t inuad o a operar como umaponta-de- lança m il i tante ant icomunis ta , 'esquerdis ta ' , da soc ia l-democrac ia .

Cont inuando com o ar t igo do Imprecorr:"Os reacionários SABEM o que estão fazendo. Eles SABEM POR QUE publi-

cam o artigo de Trotsky. Visando aos crédulos, ele tem a liberdade de fazer a adver-tência: 'Antes de come çar a escrever este artigo, eu exigi o direito de plena liberdadepara m inha forma de expressão. Direi o que penso ou não direi nada.' Todos têm odireito de perguntar desde quando e por que a imprensa burguesa tem se tornadouma tribuna livre para os que se dizem bons leninistas. E se essa "verdade', queaparece hoje nas colunas do Daily Express ...foram pagas com o ouro da burguesia,todo operário entenderá que essa 'verdade' é VANTA JOSA para a burguesia, docontrário dificilmente seria paga. QueTrotsky declare que ele não visa a propagan-da mas apenas a verdade. Quem quer que saiba que Trotsky estava sujeito à condi-ção DE EVITAR TODA PROPAGANDA REVOLUCIONÁRIA saberá como avaliar o

significado de sua declaração de que a propaganda não era seu objetivo.E não ê curioso que a burguesia britânica esteja disposta a pagar dezenas

de milhares de dólares para 'propaganda' a Trotsky, enquanto ela preparava seurompimento com a União Soviética por nenhuma outra razão que não justamentea "'propaganda'? Não é óbvio que o tipo de propaganda de Mr. Trotsky é absoluta-mente diferente do tipo de propaganda pela qual os Comunistas tem sido presos efuzilados em todos os países ca pitalistas da Europa e da América?...

O Daily Express prefacia o artigo com uma nota curta: 'Ele revela a h istóriasecreta dos acontecimentos que o levaram a se tornar um exilado político semdinheiro ' . Pobre Mr. Trotsky. Como é possível não ter piedade desse homem que está

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sem dinheiro e para fazer dinheiro ê obrigado a vender sua consciência política?

Não há nada a ser feito. E le, que tem se engajado em servir a novos senhores, devetambém sofrer limitações como aquelas que Trotsky há muito tempo teria atacadonos mais veementes termos."

Em seu núm ero de 5 de abr i l de 1929, o lmprecorr registrou que os escritosde Trotsky es tavam c irculand o a té em "órgãos fascistas como o 'Corriere delia Sera 'enos 'jornais de boulevard' como o Jornal de Paris. Na América, os artigos de Trotskysão distribuídos pelo 'Current New s' e pelo 'Features', uma organ ização auxiliar daConsolidated Press ... Esta agência controla um grande jornal em praticamentetodas as cidades, e assim Trotsky já começou tendo a grande imprensa do seu lado."

A respeito da venen osa pro pag and a anti-soviética d e Trotsky, em cuja difu -são ele t inh a a entus iasm ada cooperação d os dir igentes dos órgãos imper ia l is tas edos barões da imprens a , va le a pen a repro duzir a seguinte, embora , longa , c i tação

de The Great Conspiracy - um esplênd ido l ivro de Kahn e Sayers :"...fá 1903, Trotsky tinha dominado o truque de propaganda que Lênin cha-

mou de 'bandeiras ultra-revolucionárias quê nada lhe custavam'.

Agora, em escala mundial, Trotsky passou a desenvolver a técnica de pro-paganda que ele tinha originalmente empregado contra Lênin e o PartidoBolche vique. Em inúmero s artigos, livros, panfletos e discursos ultra-esque rdistas eem tom violentamente radical, Trotsky começou a atacar o regime soviético e aclamar por sua derrubada violenta — não porque fosse revolucionário, mas porqueera, nas palavras dele, 'contra-revolucion ário' e 'reacionário'.

Da noite para o dia, muitos dos velhos cruzados antibolcheviques abando-navam sua antiga linha de propaganda pró-tzarista e abertamente contra-revoluci-onária e adotavam o novo ardil, modernoso, de atacar a Revolução Russa 'pelaesquerda'. Nos anos seguintes, tornou-se uma coisa aceita por um Lord Rothermereou um William Randolph Hearst acusar Stalin d e 'trair a Revolução'...

O primeiro grande trabalho de propaganda de Trotsky para introduzir essanova linha anti-soviética na contra-revolução internacional foi sua melodramáticae semi-fictícia autobiog rafia, M y Life. Primeiro publicada como um a série de arti-gos anti-soviéticos de Trotsky em jornais europeus e americanos, seu objetivo comolivro foi difamar Stalin e a União Soviética, aumentar o prestígio do movimentotrotskista e reforçar o mito de Trotsky como um 'revolucionário mun dial'. Trotskyretratou-se em My Life como o verdadeiro'inspirador e organizador d a RevoluçãoRussa, que de alguma forma foi roubado de seu lugar de direito como dirigenterusso por oposicionistas 'ardilosos',' medíoc res' e 'asiáticos'.

Os agentes e propagandistas anti-soviéticos imediatamente fizeram um es-tardalhaço sobre o livro de Trotsky como sendo um best-seller sensacional que dizi-am contar a 'história por dentro' da Revolução Russa.

Adolf Hitler leu a autobiografia de Trotsky logo que ela foi publicada. Obiógrafo de Hitler, Konrad Heiden, conta em Der Fuehrer como o dirigente nazistasurpreendeu um círculo de seus amigos em 1930prorrompendo-em elogios ao livrode Trotsky. 'Brilhante ', bradou Hitler, mostrando My Life aos seus seguidores. 'Euaprendi muita coisa com ele e vocês podem fazer o mesmo!'

O livro de Trotsky rapidamente se tornou um livro-texto para o Serviço deInteligência Anti-Soviético. Foi adotado como guia básico para a propaganda con-

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tra o regime soviético. A polícia secreta japonesa tornou-o leitura compulsória paraos prisioneiros comunistas japoneses e chineses, em um esforço para baixar a suamoral e convencê-los de que a Rússia Soviética tinha traído a Revolução Chinesa ea causa pela qual eles estavam lutando. A Gestapo fez uso similar do livro...

M y Life foi apenas o começo d os atos abertos na prodigiosa campanha depropaganda anti-soviética de Trotsky. Ele foi seguido por A Revolução Traída, AEcono mia S oviética em Perigo, O Fracasso do Plano Qüin qüe nal, Stalin e a Revolu-ção Chinesa, A Escola de Stalin da Falsificação e outros livros, panfletos e artigosanti-soviéticos sem conta, muitos dos quais apareceram primeiro sob as manchetesberrantes de jornais reacionários na Europa e na América. O "Birô" de Trotskysupriu uma corrente contínua de 'revelações', 'exposições' e 'história de dentro'sobre a Rússia, para a imprensa mundial anti-soviética.

Para consumo interno na União Soviética, Trotsky publicou seu oficial Bo-letim da Oposição oficial. Impresso fora, primeiro na Turquia, depois na Alema -nha, França, Noruega e outros países, e contrabandeado na Rússia por mensagei-ros secretos trotskistas, o Boletim não pretendia alcança r as massas soviéticas. Elevisava a os diploma tas, altos funcionários do Estado, militares e intelectuais quetivessem em alguma época seguido Trotsky ou que parecessem prováveis de sereminfluenciados g$r ele. O Boletim também cpntinha diretivas para o trabalho depropaganda dos trotskistas na Rússia efora dela. Incessantemente, o Boletim pinta-va quad ros sensacionalistas de desastres iminentes para o regime soviético, pre-vendo crises industriais, guerra civil renovada e o colapso do Exército Vermelho aoprimeiro ataque estrangeiro. O Boletim habilmente jogava com as dúvidas e ansie-dades que as tensões extremas e os sofrimentos do período de construção provoca-vam na mente dos elemen tos instáveis, confusos e insatisfeitos. O Boletim aberta-

mente con clamava esses elementos a minarem e empreenderem atos de violênciacontra o governo soviético.

Eis alguns exemplos típicos da propaganda anti-soviética e dos apelos pelaa derrubada violenta do regime soviético que Trotsky difundia pelo mundo nos anosseguintes à sua expulsão da URSS.

'A políc ia da direção a tua l , o pequ eno gru po de Sta l in, está levando o pa ísa toda a ve loc idade a c r ises per igosas e ao colapso' (Letter to Members of theCommu nist Party of the Soviet U nion, Março de 1930).

'A crise iminen te da econom ia soviética virá inevitavelmen te no futuro mui topróximo, fa rá ruir a lenda açu carada [de que o socialismo pode ser construído emum único país], e não temos nen hum a razão para duv idar de que ela de ixará m ui-tos mortos . .. A econom ia [soviética] fun cion a sem reservas mater ia is e sem cá lcu-lo. . . a burocrac ia descontrolada vinculou seu pres t ígio com a acumulação subse-qüente de erros . . . é iminente uma crise [na União Soviética] com seu cor te jo deconseqüên cias ta is como a fa lência de empresas e o desemprego' - Soviet Economyin Danger, 1932.

'Os operár ios faminto s [na Un ião Soviética] estão insatisfeitos com as polí-ticas do Partido. O Partido está insatisfeito com a direção. O cam po nês está insatis-feito com a industrialização, com a coletivização, com a cidade. ' - artigo em 'Militant(EUA), 4 de fevereiro de 1933.

'O primeiro choque social, externo ou interno, levará a sociedade soviéticaatomizada à guerra civil ' (The Soviet Union and the Fourth International, 1933J.

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Trotskismo x Leninismo

'Ser ia infant i l idade pensar que a burocrac ia de Sta l in pode ser removida

por meio de um Par t ido ou Congresso Sovié t ico. Os meios normais , const i tuc io-na is , não são capazes de remover a e l i te dir igen te . . . Eles só pod em ser comp el idosa ceder o poder à vanguarda proletária pela FORÇA' (Bulletin of Opposition, outu-bro de 1933).

'A crise política converge para a crise geral que está avançando gradual-mente ' (The Kirov Assassination, 1935j.

'Dentro do Partido, Stalin tem se colocado acima de toda a crítica e doEstado. É imp ossív el removê -lo exceto pelo assassin ato. Todo oposicion ista se tor-na ipso facto um terrorista ' (Declaração na entrevista a o 'New York Evening Journal',de William Randolph Hearst, 26 de janeiro de 1937).

'Podemos esperar que a União Sovié t ica sa ia da grande guerra vindourasem derrota? A esta ques tão, colocada f ranca men te , respond eremo s com a m esmafranqueza: se a guerra cont inuasse sendo apenas uma guerra , a derrota da UniãoSoviética seria inevitável. No sentido técnico, econômico e militar, o imperialismoé incomparavelmente mais for te . Se e le não for para l isado por uma revolução noOcidente , o imper ia l ismo l iqu idará o regime a tua l ' (Artigo no 'American Mercury',Março, 1937).

Q *'A derrota d a União So viética é inevitáv el caso a nov a guerra não pro vo qu e

uma revolução . . . Se nós teor icamente admit imos guerra sem revolução, então aderrota da União Soviética é inevitável" (Testemunho em Depoimentos no México,abril de 1937." (pp. 224-227, Red Star Press).

Algun s dos grupo s t rotskistas , num a vã ten ta t iva d e jus t i f icar Trotsky, têmcom parado a relação des te com a impren sa im per ia l is ta aos a rt igos de Marx par a o

New York Daily Tribune, em 1850. Essa comp aração, no entanto , não res is te à apu-ração. Eis as diferenças:O Daily Express era em 1929, como é hoje, o órgão da reação imperialista ,

enquanto o New York Daily Tribune era nos ano s 1850 o óigão da democrac ia maisavançada na fase pré- imper ia l is ta do capi ta l ismo american o - u m per íodo em q uea democracia burguesa era ainda progressista e tinha tarefas progressistas signifi-ca t ivas em sua agenda , por exemplo a abol ição da escravatura . Foi fu nd ad o por umgrupo d e soc ia lis tas utópicos four ier is tas e acom pan hou a luta contra a escravidãoe em apoio ao movimento democrá t ico na Europa . Mehring, em sua b iograf ia deMarx, diz que o Tribune, "por sua agitação por uma modalidade americana dofourierismo, elevou-se acima das atividades- exclusivamente gananciosas de umempreen dim en to capitalista " (p. 227).

Para Lord Beaverbrook, não é prec iso dizer , nenhuma a t ividade humanapodia ser mais nobre do que a ganân cia . Enqua nto Marx ganho u un s pou cos dóla-res por peças excelentemente escr i tas e com ple tam ente c ient í f icas de t raba lho depesquisa sobre os mov imen tos democrá t ico s revolucionár ios na Europa e na ín dia ,a car te ira de Trotsky es tava recheada com mo eda sangren ta imper ia l is ta pe los seusa taques reac ionár ios ao pr imeiro p a ís soc ia lis ta, que es tava na época h eroicam enteconstruindo o soc ia l ismo, em desaf io tanto à oposição interna quanto ao cercoimper ia l is ta . Enquanto Marx, em seus a r t igos , a tacava e denunciáva toda reação,Trotsky a tacava o soc ia l ismo n a URSS e seus a rt igos estavam s ingularm ente caren-tes de qualqu er den úncia do imper ia l ismo. Afina l , Beaverbrook não es tava pagan -do a Trotsky para denu nciar o imper ia l ismo: e le es tava pagan do para a tacar a União

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Apênd ice 2 - Trotsky e a Imprensa Imperialista

Sovié t ica e o Comintern - o movimento comunis ta internacional - que era tudo

sobre o que Trotsky estava 'livre' para escrever no Daily Express e em ou tros órgãosimper ia l is tas .

Em vis ta do antecedente , não há comparação entre os a r t igos de Marx noTribune e aqueles de Trotsky no Daily Express e outros órgãos imperialistas. Pode-ríamos estar inclinados a admitir tal comparação se, por exemplo, Marx tivesse, ala Trotsky, se prostituído para escrever durante o período da legislação anti-socia-lista de Bismarck artigos na imprensa alemã reacionária atacando os dirigentessocia l is tas e recebido em troca grandes somas de din heiro em pagam ento.

Após sua expulsão da União Sovié t ica , Trotsky cont inuou como começoucom seu s a r tigos para o Daily Express, de Lord Beaverbrook. Durante os anos 1930,e le foi o pr inc ipa l propagandis ta ant icomunis ta sensac ional is ta do imper ia l ismo.Todos os seus trabalh os, de My Life, em 1929, a sua biografia de Stalin (uma diatribe

his tér ica contra Sta l in na qual e le es teve t raba lhando pouco antes de sua morte)foram todos escr itos para con sum o da imprensa imper ia l is ta .Em sua campanha ant i -sovié t ica , impuls ionada por vim dese jo insac iável

de vingança pessoa l , Trotsky perde toda credib i l idade , mesmo pelos insondavel-mente ba ixos padrões de obje t ividade requer idos pe lo jorna l ismo ant icomunis tada imprensa de 'qua l idade ' . Em seu Diaryin Exile, Trotsky escreveu sobre Stalinnos seguintes te rmos:

"O motivo de VINGANÇA PESSOAL sempre foi um fator considerável naspolíticas repressivas de Stalin ... Seu desejo de vinganç a contra mim está comp leta-mente insatisfeito ... Essa é a fonte das apreensões mais grave s para Stalin: aqueleselvagem teme as idéias, porque conhece seu poder explosivo e sabe de sua fraque-za frente a elas" (p. 66).

Qu em q uer que tenh a se inteirado d os escritos de AM BOS, Stalin e Trotsky,saberá que , enquan to Sta l in indu bi tavelm ente semp re teve desprezo por Trotsky -o desprezo prole tá r io para com quem toma a t i tudes inte lec tua is pequeno-burgue-sas - Trotsky estava mergulha do na âns ia por vingança pessoa l . Não há u m traçodessa preocupação nos escr i tos de Sta l in. Os escr i tos de Trotsky desse per íodo(1929-39) sobre Stalin e a União Soviética, por outro lado, têm o mesmo carátersubje t ivis ta de seus escr i tos sobre Lênin, durante 1903-17, quando e le se sent iacont inuam ente ofendido por Lênin .

Impel ido p or seu dese jo de vingan ça , Trotsky escreveu:"Após a burocracia ter estrangulado a vida interna do partido, os cabeças

stalinistas estrangularam a vida interna da própria buroc racia..." "A facção stalinistaelevou-se acima do partido e acima da própria burocracia" (Kirov Assassination,pp. 12 e 25).

Tudo isso se resum e no seguinte : a 'burocrac ia ' t in ha 'exp ropr iado' a c lasseoperár ia e Sta l in t inha 'expropr iado a burocrac ia ' . Em outras pa lavras , a c lasseoperár ia da URSS era dirigida por um a di tad ura buroc ra ta que , por sua vez , es tavasob a di tadura pessoa l de Sta l in, que , a legava-se , es tava a inda mais dis tante dosinteresses do prole ta r iado do que a burocrac ia . Como Sta l in ve io a ocupar essaposição de pod er 'di ta tor ia l'? Não por meio da hab i l idade p ol í t ica e f ide l idad e aomarxism o-leninismo , diz ia Trotsky, mas po r meio de um dese jo pe lo pod er absolu-tamente pessoa l :

"Stalin media toda situação... por um critério... a utilidade para si próprio,para sua luta pelo domínio sobre os outros. Tudo o mais estava intelectualmente

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fora de seu alcance ... Ele também não ponderou o significado social desse processo

no qual ele estava desempenhando o papel principal. Ele agia ... como o empiristaque é" ^Trotsky, Stalin, p. 386).

Assim, se vamos aceitar essa caricatura de uma explicação, somos obriga-dos a admit i r também que os desenvolvimentos tempestuosos e momentosos dosanos 1930 - ind ustria lizaçã o e coletivizaçã o socialistas - e a vitória da URSS sobrea Alemanha nazis ta t iveram lugar sob a di tadu ra pessoa l de um burocra ta de men-te est ré i ta , uina medio cr idade po l í t ica possuída de nada m ais do que o dese jo pe lopoder pessoa l absoluto, que de a lguma forma ou outra mano brou p ara se tornar odi tador soviét ico! Isso não é um a expl icação e s im um escárnio de uma expl icação.Isto não é ciência e sim magia. Seu valor está confinado à expressão da própriamágoa de Trotsky - uma expressão dos sentimentos feridos de um 'gênio não reco-nhecid o' , como dir ia Engels.

Não há a mais remota dúvid a de que Sta l in ocup ou um a posição excepcio-na l no Par t ido Bolchevique . Embora e le não fosse a pr imeira pessoa a ocup ar um aposição que t ivesse tamanho poder (uma 'pos ição di ta tor ia l ' , se a lguém quiser) ,nen hu m outro a l i se man teve du rant e tanto tempo . Como feênin expl icou, o merofato da 'dita du ra ' pessoal não nos diz nada sobre sua natu reza d e classe. E, todav ia,houve uma época (1925) em que Trotsky compreendeu essa verdade e lementar .Em seu panf le to Where is Britain going? ele escreveu assim:

"Seguindo o rastro daqueles 'não-leões vivos'* que escrevem editoriais noManchester Guardian e outros órgãos liberais, os dirigentes do Partido Trabalhistacostumam contrastar democracia com qualquer tipo de governo despótico, na for-ma de "ditadura de Lênin', 'ditadu ra de Mu ssolini"... O s liberais vulgares costu-mam dizer que são contra tanto ditaduras da esquerda quanto da direita. Para nós,

entretanto, a questão é decidida pelo fato de que uma ditadura impulsiona a socie-dade para a frente, e a outra a arrasta para trás. A ditadura de Mussolini é umaditadura de uma burguesia italiana prematuramente apodrecida, impotente, com-pletamente corrompida. E uma ditadura de nariz partido. A 'ditadura de Lênin'expressa a poderosa pressão de uma nova classe histórica e sua luta super-humanacontra todas as forças da velha sociedade. Se Lênin tem de ser comparado comalguém, não é com Bonaparte e, ainda menos, com Mussolini, mas com Cromwelle Robespierre. Pode-se dizer com uma certa dose de verdade que Lênin é o Cromwellproletário do século 20." (pp. 91-92).

E ad ian te : "Um louco, um ignorante ou um fabiano pode ter visto emCromwell APENA S um ditador pessoal. Mas na realidade, aqui, nas condições deuma profunda ruptura social, a ditadura pessoal foi a forma adotada por um a dita-

dura de classe, e essa classe era a única capaz de livrar o âmago da nação dosvelhos cascos e das velhas cascas" (p. 97).

Assim está claro que a explicação da 'ditadura de Stalirf é a mesma queaquela da 'd i tadura de Lênin ' , pois nenh um a outra expl icação faz sent ido. Trotsky,que teve um a expl icação segura , em 1925, da 'di tadu ra de Lênin ' , na época em queteve de explicar a 'ditadura de Stalin' , tornou-se 'um louco, um ignorante ou um

*Nota do tradutor: Neste mesmo texto, Trotsky referiu-se a Oliver Cromwell como "o leãomorto do século 17", o que pode explicar o uso, aqui, da expressão depreciativa "não-leõesvivos".

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Apên dice 2 - Trotsky e a Imprensa Imperialista

fabiano", que viu em S ta l in "apenas um ditador pessoal", ignorando "as condiçõesde uma profunda ruptura social" e a classe operária "que era a única capaz delivrar" a soc iedade dos "velhos cascos e das velhas cascas".

Trotsky, em seu dese jo de vingança , carac ter iza Sta l in como u m se lvagem.O poder d o se lvagem é a fantas ia , pois e le vive em um m un do imag inár io, no qualpensa que pode controlar as forças da na tureza a través da imitação - que podeprod uzir chu va imita ndo u ma t rovo ada . Sta l in, por outro lado, exerceu poder rea l- um pode r que não foi de forma a lguma exerc ido pe los método s inef icazes de umselvagem. O poder de Stalin era derivado da classe operária soviética. Sua autori-dade pessoa l não era mais - E NEM MENOS - d o que um a expressão de sua dire-ção do par t ido do prole ta r iado (o PCUS) na ta refa his tór ica mun dia l da construçãosocialista . Stalin liderou essa luta contra severos assaltos da oposição da 'esquer-da ' ( trotskista) e da 'direita ' (bukharinista). A linha leninista de Stalin da Constru-

ção socialista e da coletivização venceu, e a prática confirmou a correção dessalinha. No curso dessa acirrada luta pela vitória da linha leninista, Stalin enlergiucomo o hom em mais representa t ivo do PCUS e do prole ta r iado sovié t ico. Foi essal iderança na luta , tão habi lm ente con duzid a por e le , que lhe deu ime nsa autor ida-de e poder imenso e s ingular .

A seguinte c i tação de um excelente panf le to do f im dos anos 1960, prod u-z ido por um grup o de ant i -revis ionis tas , apon ta corre tamen te a fonte do pod er deSta l in como send o o prole ta r iado sovié t ico:

"A fonte do poder de Stalin era a classe operária. Seu poder pessoal, de fato,não era nada mais do que sua efetiva direção da classe operária na construção dosocialismo.

Stalin dirigiu a classe operária russa por trinta anos. Estes foram anos de

contínuas, rápidas e fundamentais mudanças sociais na União Soviética. Em umasociedade estagnada, uma ditadura pessoal baseada no poder militar pode conti-nuar por um período relativamente longo', por força da inércia. M as a força dainércia não pode explicar nada acerca da posição de Stalin. Em nenhuma época aforça da inércia o teria mantido em sua posição sequer por um ano.

Em um período de mudança revolucionária, a permanência no poder deum dirigente político individual só pode ser explicada por sua efetiva direção d aclasse cujo interesse é a força motriz dessa mudança. Só havia uma classe na UniãoSoviética cujo interesse requereu a abolição do capitalismo e do sistema de merca-dorias, que era a classe operária. Se o poder de Stalin não fosse um a expressão desua efetiva direção da classe operária, então seria de caráter inteiramentemiraculoso" (On Trotskyism, Organização Comunis ta I r landesa) .

À medid a qu e o temp o passava , Trotsky se tornava cad a vez mais amargu-rado e f rus t r ado . "O debacle final da Quinta C oluna Russa no julgamento de Mos-cou do Bloco dos Direitistas e Trotskistas", dizem Kahn e Sayers , "foi um golpeatordoante para Trotsky. Um tom de desespero e histeria começou a dominar seusescritos. Sua propaganda contra a União Soviética cresceu incessante, precipitada,contraditória e extravagantemente. Ele falava incessantemente sobre sua própria'correção histórica'. Seus ataques contra Josef Stalin perderam toda aparência derazão. Ele escreveu artigos afirmando que o dirigente soviético tinha um prazersádico em 'soprar fumaça' nos rostos de crianças. Cada vez mais, seu ódio pessoala Stalin se tornou a força dom inante na vida de Trotsky. Ele pôs seus secretários atrabalharem numa Vida de Stalin maciça, injuriosa" (The Great Conspiracy, p. 334).

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Trotskismo x Leninismo

Dez anos após a morte de Trotsky, seu biógrafo trotskista fez este relato

sobre as a t ividades l i te rár ias de Trotsky no úl t imo an o de sua vida :"Dificuldades financeiras [não de a l imentação, roup a e abr igo, ma s os pro-

blem as de financiamento de seu esquem a contra-revolu cionário] levaram-no a umaestranha disputa com a revista Life. No final de setembro de 1939... um dos edito-res de Life veio ao Coyoacán [a fortaleza mex icana de Trotsky] e lhe encomendouum artigo sobre a morte de Lênin [Trotsky t inha aca bado de te rmin ar o Capí tulo emStalin suger indo q ue Sta l in t inha enve nena do Lênin, e essa versão ser ia pub l icadan a Lije]. Seu primeiro artigo apareceu na revista a 2 de outubro. Embora contivessereminiscênc ias relativamen e inofensivas, o artigo provoc ou a ira dos 'liberais' pró-stalinistas, que inundaram Life com protestos furiosos. Life publicou algumas des-sas manifestações, para aborrecimento de Trotsky, que declarou q ue os protestostinham vindo de uma 'fábrica da GPU' em Nova Yo rk e eram difamatórias contra.

ele. Contudo, enviou seu segundo artigo, o único sobre a morte de Lênin; mas Lifese recusou a publicá-lo. Ironicamente, as objeções dos editores eram bastante razo-áveis: eles consideraram inconvincente a noção de Trotsky de que Stalin havia en-venenado Lênin, e pediram a ele 'menos conjec tura e mais fa tos inquest ionáveis ' .Ele ameaçou processar a Life por quebra de contsato e em um acesso de raivasubmeteu o artigo à Saturday E vening Post e à Colliers, tendo sido outra vez recu-sado, até que Liberty finalmente publicou-o. No final, Life pagou-lhe pelo artigorejeitado" (Deutscher, The Prophet Oytcast, p. 446).

A biografia de Stalin por Trotsky é uma coleção de mexericos ressentidos,reunido s de man eira tão sensac ional is ta , tão vi l e pa ten tem en te his té r ica e despi-da de fundamento quanto inace i t áve l - não apenas pe la imprensa imper ia l i s t amas mesmo por seu apa ixonado b iógrafo, Isaac Deutscher , que achou prudente

admit i r que:"...ao compor o retrato [de Stalin], ele usa abundantemente e com excessi-

va freqüência material de inferência, especulaçõês e boatos. Ele pinça qualquerpeça de mexericos ou rumores, desde que mostre algum traço de crueldade ou sugi-ra traição no jovem Djugashvili. Ele dá crédito a colegas e mais tarde inimigos deStalin que, nas reminiscências sobre sua infância, escreveram no exílio, trinta oumais anos depois dos acontecimentos, dizendo que o jovem Saso 'tinha apenas umsorriso de escárnio para as alegrias e tristezas de seus companh eiros' ... ou q ue'desde sua juventude empreender conspirações vingativas tornou-se para ele umobjetivo que dominava todos os seus esforços'. Ele cita adversários de Stalin queretratam o jovem e o homem maduro quase como um agente provocador.

Não há necessidade de buscar muitos exemplos d esse enfoque. O mais no-tável é, por certo, a sugestão de que Stalin teria envenenado Lênin" (Ibid., p. 453J.

Deutscher foi incapaz de se conciliar com a caricatura de Stalin feita porTrotsky. Tanto t inha degenerado o a legadamente br i lhante Trotsky em 1939 quemesmo seus admiradores e idóla tras , sent i ram-se desconfor táveis e embaraçadoscom sua atividade literária. Deutscher considera o retrato de Stalin por Trotskyimplausíve l porque:

"O monstro não se forma, cresce e emerge. Ele está quase plenamente for-mado desde o início. Q uaisquer m elhores qualidades e emoções ... sem as q uaisnenhum jovem pode juntar-se a um partido revolucionário, estão quase totalmente

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Apênd ice 2 - Trotsky e a Imprensa Imperialista

ausentes. A ascensão de Stalin dentro do Partido não se deve a mérito ou logro; e

assim, sua carreira se torna muito próxima do inexplicável. Sua eleição para oPolitburo de Lênin, sua presença no interior do gabinete bolchevique e sua indica-ção para o posto de Secretário Geral parecem muito fortuitas" (Ibid., p. 455).

De 1929 a 20 de agosto de 1940, o dia de sua morte, Trotsky prestou umserviço de laca io ant icomunis ta de ines t imáveis proporções à máquina de propa-ganda imper ia l is ta , e quando par t iu des te mundo, apropr iadamente de ixou seusarquivos para a burguesia im per ia l is ta . Enq uanto M arx t inha de ixado tod as as coi-sas com Engels, este passou tudo ao Partido Social-Democrata (revolucionário naépoca) . Do mesmo modo, Lênin e Sta l in legaram tudo ao Par t ido Bolchevique .Trotsky vendeu seus a rquivos à Harvard Univers i ty por US$ 15.000, onde e lescont inuam a ser usados como mater ia l de 'pesquisa ' na incessante propagandaant icomunis ta do imper ia l ismo internacional .

E, du ran te todo esse períod o, a ativid ade literária anticom un ista d e Trotskyfoi suplementada pe la a t ividade prá t ica , met iculosamente coordenada , a t ravés delaços estreitos entre a chamada Quarta Internacional de Trotsky e a Rede do Eixoda Quinta Colima. Deixemos Kahn e Sayers contar essa história:

"A partir da vila Coyocán fortificada, Trotsky dirigia sua ampla organ iza-ção, anti-soviética de âmbito mundial, a Quarta Internacional.

Através da Europa, Ásia e América do Norte e do Sul, laços íntimos existiamentre a Quarta Internacional e a Rede do Eixo da Quinta Coluna:

NA CHECOSLO VÁQU IA: Os trotskistas estavam trabalhando em colabora-ção com o agente nazista Konrad Henlein e seu Sudeten Deutsche Par te i (PartidoAlemão Sudeten). Sergei Bessonov, o mensageiro trotskista que tinha sido conse-

lheiro na Embaixada Soviética em Berlim, testemunhou, quando esteve sob julga-mento em 1938, que no verão de 1935 ele tinha estabelecido relações em Praga comKonrad Henlein. Bessonov declarou que ele pessoalmente tinha agido como inter-mediário entre o grupo de Henlein e Leon Trotsky.

NA FRANÇA: Jacques D oriot, agente nazista e fundador do Partido Popularfascista, era um comunista renegad o e trotskista. Doriot trabalhou estreitamente,como fizeram ou tros agentes nazistas e fascistas franceses, com a seção francesada Quarta Internacion al Trotskista.

NA ESPAN HA: Os trotskistas permeavam as fileiras do POUM, a organiza-ção Quinta Coluna que estava qjudando a insurreição fascista de Franco. O Chefedo POUM era Andréas Nin, velho amigo e aliado de Trotsky.

NA CHINA: Os trotskistas estavam operando sob a supervisão direta da

Inteligência Militar Japonesa. Seu trabalho era altamente considerado, po r dirigiroficiais de inteligência japoneses. O Chefe do Serviço de Inteligência em Pequimdeclarou em 1937: 'Nós deveríamos apoiar o grupo dos trotskistas e promover seusucesso, de tal forma que suas atividades em várias partes da China possam bene-ficiar e trazer vantagen s p ara o império, p ois esses chineses são destrutivos para aunidade do país. Eles trabalham com notável sutileza e d estreza.'

NO JAPAO: Os trotskistas eram chamados de' 'reunião de cérebros do servi-ço'. Eles instruíram os agentes secretos japonese s em escolas especiais nas técnicasde penetração no Partido Comunista na Rússia Soviética e de combate às ativida-des antifascistas na C hina e no Japão.

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Trotskismo x Leninismo

NA SUÉCIA: Nils Hig, um dos principais trotskistas, recebeu um subsídiofinanceiro do financiad or pró-nazista e vigarista Ivar Kreuger. Os fatos do subsídioque Kreuger concedeu ao movimento trotskista foram tornados públicos após o sui-cídio de Kreuger, quando os auditores encontraram entre seus documentos recibosde todo tipo de aventureiros políticos, incluindo Adolf Hitler.

Por todo o mundo, os trotskistas tinham se tornado os instrumentos pelosquais os serviços de inteligência procuravam penetrar nos movimentos liberais,radicais e trabalhistas para seus próprios fins" (The Great Conspiracy, pp. 331-2).

Os mesmo s autores enfatizam que, mesm o após a morte de Trotsky, a Qu artaInterna t ional cont inuou suas a t ividades de quinta col ima. Após darem exemplosda Inglaterra e América, eles acrescentam:

"O correspondente estrangeiro americano Paul Ghali, do Chicago Daily

News , relatou da Suíça, em 28 de setembro de 1944, que Heinrich H immler, chefeda Gestapo, fez uso dos trotskistas europeus como parte da organização nazistaclandestina planejada para sabotagem e intriga no pós-guerra. Ghali relatou queas organizaç ões de jovens fascistas foram bem treinadas em 'marxismo' trotskista,supridas com papéis falsos e armas e deixadas atrás da linhas aliadas co m ordenspara se infiltrarem nos partidos comunistas nas áreas liberadas. N a França, Ghalirevelou, membros da milícia fascista de Joseph Darnand estavam sendo armadospelos nazistas para terrorismo e atividades de quinta coluna no pós-guerra. 'Essaescória da população francesa ', acrescentava o relato de Ghali, está sendo treinadapara a t ividade bolcheviq ue na t radição.da Internacion al de Trotsky, sob as ordenspessoa is de Heinr ich Himmler . O seu t raba lho é sabotar as l inh as de co mu nicaçãoaliadas e assassinar políticos franceses gaulistas. Eles estão sendo instruídos a di-zerem a seus com panh eiros que a União Sovié tica de hoje representa ap enas u madeform ação burgu esa dos pr inc íp ios or igina is de Lênin e que es tá mais do que n aépoca de vol ta r a uma sadia ideologia bolchevique . Essa formação de grupos deterroristas vermelhos é a mais recente política de Himmler, que visa a criar umaQuarta Internacional, ampla men te contam inada por germes nazistas. E voltada tan tocontra a Ingla terra e os americanos quanto contra os russos , par t icularmente osrussos" (Ibid. p. 33).

Os equívoco s teóricos e organizacionais de Trotsky foram agravados por suainsuportável arrogância e crença em sua própria infalibilidade. Para dar ao leitorum a prova da a rrogância nausean te de Trotsky, t íp ica do inte lec tua l pequen o-bur-guês que e le e ra , concluímos esse apêndice com três c i tações de Minha Vida, deTrotsky, que mo stram o que ele realm ente era - um a pessoa afetad a, qu e fazia poses.

Durante a Revolução de 1905, Trotsky retornou à Rússia e tornou-se mem-bro preem inente d o Sovie te de Petersbuigo, então sob o controle dos m encheviqu es .Em 26 meses emergiu da exper iência com a convicção de que es tava des t inado aser o l íder da revolução russa , já fa lando em termos de 'de s t ino ' e de sua 'intuiçãorevolucionária'. Mais de 20 anos ma is ta rde , ele escreveu:

"Cheguei à Rússia em fevereiro de 1905; os outros dirigentes emigrados nãochegaram senão em outubro e novembro. Entre os camaradas russos, não havia umde quem eu pudesse aprender nada . Ao contrário, eu mesmo tive de assumir aposição de professor... Em outubro eu mergulhei de cabeça num redemoinho gigan-tesco, que, em termos pessoais, era o maior teste para as minhas energias. Decisõestinham de ser tomadas sob fogo. Eu não podia deixar denotar que aquelas decisões

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Apênd ice 2 - Trotsky e a Imprensa Imperialista

vinham para mim de maneira muito óbvia... Eu organicamente sentia que m eus

anos de aprendizado tinham acabado... nos anos que se seguiram, eu tenho apren-dido como um mestre aprende, e não co mo um aluno ... Nenhuma grande obra épossível sem intuição... Os acontecimentos de 1905 mostraram que havia em mim,eu acredito, esta intuição revolucionária, e me capacitaram a confiar que ela medesse apoio em minha vida posterior... Em sã consciência, não posso, na aprecia-ção da situação po lítica como um todo e de suas perspectivas revolucionárias, acu-sar-me de qualquer erro sério de julgamento."

Em janeiro de 1924 Lênin mo rreu. Trotsky, que na época estava recu pera n-do-se no Cáucaso de um leve a taque de inf luen za , não re tornou a Moscou para osfunera is de Lênin, permanecendo no ba lneár io de Sukhum. Ele recorda :

"Em Sukhum eu passei longos dias descansando na varanda em frente aomar. Embora fosse janeiro e o sol estivesse quente e luminoso... Quando eu respira-va o ar, eu assimilava com todo o meu ser a segurança de minha retidão histórica..." (Minha Vida).

Trotsky concluiu seu livro com este parágrafo final, esforçando-se paraadotar um a nova pose - des ta vez por vol ta r a Proud hon, ao soc ia l is ta de merc adopequeno-burguês e pa i do ana rquismo moderno:

"Proudhon", disse Trotsky, "tinha a natureza de um lutador, um desprendi-mento espiritual, uma capacidade de desprezar a opinião pública oficial e, final-mente, uma insaciável curiosidade multilateral. Isso capacitou-o a se elevar acimade sua própria vida ... como ele fez acima de toda a realidade contemporânea. Em26 de abril de 1852, Proudhon escreveu da prisão a um amigo:

'O movim ento sem dúv ida é i r regular e tor tuoso, mas a tendência é cons-

tante. O que cada governo faz por sua vez em favo r da revolu ção se torna inviolável.. : Eu me regozijo com esse espetáculo do qua l entend o cada q uadro isolado; Ob-servo essas mudanças na vida do mundo como se t ivesse recebido do a l to suaexpl icação; o que dep r ime outros e leva-me cada v ez mais , insp ira-me e for t i f ica-me; como se pode querer então q ue eu acuse o des t ino, me queixe das pessoas e asamaldiçoe? Dest ino - Eu m e r io disso; e quan to aos hom ens, e les são ign orantesdemais , escravizados dem ais para que eu me s inta aborrec ido com e les . '

"A despeito de seu leve sabor de eloqüência eclesiástica, estas são belaspalavras. Eu as subscrevo" (My Lifej.

Pe lo menos q uan do P roud hon sent iu o dese jo de e levar-se ac ima "de toda arealidade contemporânea", ele disse isso numa correspondência pr ivada . De suapar te , Trotsky, quando adotou essa pose , r indo do des t ino e desfazendo dos ho-

mens e mulhe re s como "muito ignorantes" e "muito escravizados", ele o fez naimpren sa imper ia l is ta , isto é, a t ravés dos própr ios ins trum entos d e perpe tuação daignorância e da escravidão. Não admira que e le fosse regiamente recompensadopelos Beaverbrooks do mundo por sua tenta t iva de manter a c lasse operár ia naobscura ignorância .

O esforço de Trotsky por adotar uma po se proudho nis ta re lembra-nos es tapenetrante observação de Marx:

"... todos os fatos e personagens de grande importância na história ocorrem,por assim dizer, duas vezes... : a primeira vez com o tragédia, a segunda como far-sa". (The Eighteenth Brumaire ofLouis Bonaparte).

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Trotskismo x Leninismo

Em 1939, Trotsky es teve em conta to com o Comitê Congress ional chef iado

pelo representante do Texas Mart in Dies . Ins ta lado para inves t igar a t ividadesant iamericanas , o Comitê t inha se tornado u m fóru m de prop agan da ant i -sovié t i-ca . Trotsky foi convid ado a depo r como ' tes tem unh a especia l ' sobre a ameaça deMoscou. O New York Times de 8 de dezembro c i tou Trotsky como tendo di to queconsiderava seu dever pol í t ico tes tem unh ar an te o Comitê Dies . Foram discut id osarranjo s para a viagem de Trotsky aos ' Estado s Unido s. O plano, en tretanto , sedesfez . Menos d e oi to meses depois , Trotsky foi assass inado por um de seus p ró-prios seguidores, Jacson, na vila altamente fortif icada de Coyoacán, no México.

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