evidências da colaboração de leon trotsky com a alemanha e o japão (i)

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Evidências da Colaboração de Leon Trotsky com a Alemanha e o Japão (I) Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 1 Evidências da Colaboração de Leon Trotsky com a Alemanha e o Japão (I) Grorver Furr Enviado para comunidade Josef Stálin pelo camarada Lúcio Jr

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Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 1

Evidências da Colaboração de Leon Trotsky com a

Alemanha e o Japão (I)

Grorver Furr

Enviado para comunidade Josef Stálin pelo camarada Lúcio Jr

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Grover Furr (professor de História/Montclair State

University/New Jersey).

http://clogic.eserver.org/2009/Furr.pdf 

Trad: Lúcio Jr

“Se uma pesquisa objetiva dos eventos de todos esses anos fosse feita,livre de dogmas ideológicos, então mudaríamos nossas atitudes a respeitodesses anos e das personalidades dessa época. E isso seria uma “bomba”que ia causar certos problemas

--Coronel Viktor Alksnis, 2000

“…é essencial para os historiadores que defendam o fundamento de suadisciplina: a supremacia da evidência. Se seus textos são ficções, e em certo

sentido eles são, sendo composições literárias, o material de base dessasficções é o fato verificável. Porque isso foi tão bem estabelecido, aquelesque negam sua existência não estão escrevendo história, senão aplicandotécnicas literárias”.

--Eric Hobsbawn, 1994, p. 57

“…nós podemos demolir um mito somente se ele estiver posto em

proposições que se possa mostrar que se assentam em equívocos.”

--Ibid. p. 60.

Esse ensaio é um questionamento a respeito das evidências de que Trotsky

colaborou com oficiais japoneses ou alemães, em termos militares e governamentais,

durante os anos 30. Trotsky e seu filho Leon Sedov foram julgados in absentia (à

revelia) por essa colaboração nos três julgamentos “encenados” ou públicos,

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 julgamentos que aconteceram em 1936, 1937 e 19381. Trotsky e seu filho Leon Sedov

2foram réus julgados sem estarem presentes, mas ainda assim, figuras centrais nesses

  julgamentos. Trotsky mesmo proclamou esses julgamentos falsos, mas não

acreditavam nele em todo lugar, como hoje em dia, até 1956. Em fevereiro desse ano,

Nikita Kruschev leu o seu famoso “Relatório Secreto” no vigésimo Congresso do

Partido Comunista da União Soviética (PCUS). Por motivos que fogem ao assunto

abordado aqui, Kruschev insinuou, mas sem afirmar diretamente, que alguns dos

culpados desses julgamentos foram punidos injustamente.

Nos anos que se sucederam, ou seja, sob os sucessores de Kruschev, entre 1965

e 1985, a onda de “reabilitações” quase cessou. Posteriormente, durante o período

Gorbachev, entre 1985 até o fim da União Soviética em 1991, uma ainda maior onda

de “reabilitações” teve lugar. Posteriormente, no presente ensaio, nós vamos discutir

qual seria a essência política, mais do que jurídica, dessas reabilitações.

No final dos anos 80 quase todos os réus de todos os Processos de Moscou,

mais os réus no “caso Tukachevsky” de maio-junho de 1937, e além disso muitos

outros, foram declarados inocentes de todas as culpas. As exceções foram pessoas

como Genrikh Yagoda e Nikolai Ezhov, os dois cabeças do NKVD3 que com certeza

foram responsáveis por repressões em massa, além de muitos de seus subordinados.

As principais exceções dentre os reabilitados foram Genrikh Yagoda e Nikolai Ezhov.

1 Esses julgamentos chamados “julgamentos encenados”, muitas vezes são identificados pelos nomes dos

principais réus. O julgamento de 19-24 é comumente chamado “julgamento de Kamenev e Zinoviev”; o

de janeiro de 23-30, 1937, é de Piatakov-Radek; o de março de 2-13, 1938 é o “Bukharin-Rykov”. Os

nomes oficiais desses julgamentos são os seguintes: agosto de 1936; “O Caso do Centro Zinovievista-

trotquista”; janeiro de 1937; “O Caso do centro anti-soviético e trotsquista”; março de 38: “o caso do

bloco anti-soviético dos direitistas e trotsquistas”.2 Leon Sedov morreu em 16 de fevereiro de 1938, um pouco antes do terceiro julgamento de Moscou. Ele

continua a figurar de maneira proeminente nas confissões dos réus, assim como seu pai.3 O Comissariado do Povo (=Ministério) de Negócios Internos, o qual inclui a segurança nacional e as

funções políticas da polícia.

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Além desses dois, os únicos oposicionistas que não eram da NKVD a não serem

“reabilitados” foram Trotsky e Sedov.

As declarações de que todas as conspirações foram fabricações significam que

todos foram declarados inocentes ainda que não “reabilitados” legalmente. Há um

consenso entre os estudiosos de que os Processos de Moscou foram fabricações, que

os réus eram vítimas inocentes de torturas, e todas as conspirações, invenções da

NKVD ou mesmo de Stálin. Esse consenso é uma parte constituinte do modelo, ou

paradigma, da História Soviética que é dominante mesmo na Rússia e nas suas

fronteiras. Porém, não há material publicado que indique que os processos foram

fabricados e as confissões falsas foram fabricadas, assim como as confissões na forma

falsificada nunca foram publicadas, enquanto que a maioria dos materiais

investigativos que se referem aos Processos continuam sendo secretos na Rússia,

inacessíveis até mesmo para os pesquisadores confiáveis.

Os Arquivos Soviéticos “Falam”

Durante a existência da União Soviética e especialmente desde que Kruschev

teve acesso ao poder em 1953, poucos dos muitos documentos a respeito dos

Processos de Moscou e as repressões do final dos anos 30 foram publicados na União

Soviética ou tornados acessíveis nos arquivos de pesquisa. Kruschev, seus

historiadores autorizados e muitos escritores fizeram muitas afirmações sobre esse

período da história e nunca deu a ninguém acesso a nenhuma evidência a respeito.

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Aqui está um exemplo. Numa conferência de historiadores em dezembro de

1962, depois de muitas apresentações defendendo a posição oficial de Kruschev sobre

as questões da História Soviética, o membro do comitê central (então chamado

 presidium) Piotr Pospelov, disse as seguintes palavras:

“Estudantes estão perguntando se Bukharin e os demais eram espiões degovernos estrangeiros e o que você nos sugere que leiamos”. “Eu declaroque é suficiente que leiam as resoluções do 22º Congresso da UniãoSoviética para dizer que nem Bukhárin, nem Rykov, é claro, eram espiões e

terroristas” (Vsesoiuznoe soveshchanie 298).

As palavras de Pospelov são corretas no sentido literal, mas criam uma falsa

impressão. No processo de 1938 de Bukharin e Rykov, eles não foram condenados de

espionarem eles mesmos, mas de serem líderes do “Bloco de Direitistas e

Trotsquistas” que se envolveu em atividades terroristas. Igualmente o que aconteceu

foi que Bukharin e Rykov foram julgados por recrutarem pessoas para se engajarem

em atos de violência contra outras pessoas – e isso (engajar-se em atos de violência

contra outros indivíduos) seria a melhor tradução da palavra russa terror, que significa

algo bem diferente em inglês –mas não estavam, eles mesmos, envolvidos. Então, as

palavras de Pospelov são corretas no sentido em que muitos leitores vão entender –

um espião é quem ele mesmo espiona, um terrorista é quem ele mesmo comete atos

de violência. Mas Pospelov está incorreto desde que ele deseja que sua platéia

entenda que os processados e o veredicto contra eles contra eles estariam errados.

Além do mais, a questão era a respeito de “Bukharin e o resto” – ou seja,

presumivelmente, todos os outros réus no julgamento de 1938, ainda que Pospelov

tenha restringido sua resposta a Bukharin e Rykov somente (deixando a entender que

Trotsky e Sedov, por exemplo, seriam culpados). Nessa altura do debate, que

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imediatamente segue sua fala, Pospelov claramente reitera à sua audiência que os

únicos materiais que os historiadores devem ler são os discursos oficiais feito no

vigésimo segundo congresso:

“Por que não é possível criar condições normais para o trabalho no arquivocentral do partido? Eles não dão acesso a materiais que concernem àatividade do partido comunista da União Soviética”. “Eu já te dei aresposta”.

Com efeito, Pospelov está dizendo: “nós não estamos dando a você acesso a

qualquer fonte primária”. Essa situação continuou até que a URSS fosse dissolvida.

Graças a documentos publicados no fim da URSS, agora pode-se ver que os discursos

no 22º Congresso do Partido continham mentiras descaradas sobre os oposicionistas

dos anos 30 – um fato que totalmente explica a recusa de Pospelov em deixar alguém

ver as evidências.

Para dar um exemplo do grau de falsificação no 22º. Congresso e sob Kruschev,

geralmente comentamos a citação de Aleksandr Shelepin4 de uma carta de Stálin do

comandante de primeira categoria (general, acima de Marechal) Iona E. Iakir, acusado

de colaboração com a Alemanha nazista. Na citação de Shelepin da carta de Iakir para

Stálin em 9 de junho de 1937, o texto lido por Shelepin está destacado. O texto original

publicado em 1994 segue abaixo. A parte lida Shelepin está em itálico e em negrito, o

restante da carta, no entanto, foi todo omitido:

Uma série de cínicas resoluções de Stálin, Kaganovich, Molotov, Malenkov,Voroshilov e as cartas e declarações feitas pelos aprisionados testificam otratamento cruel das pessoas, de pessoas importantes, que se acharam sobinvestigação. Um exemplo foi quando por sua vez Iakir – o comandante daregião militar, apelou para Stálin numa carta onde ele reivindica sua

4 O cabeça da KGB (comitê de segurança do estado), o sucessor da NKVD para as funções da segurança e

da polícia política.

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completa inocência. Aqui o que ele escreveu:Meu caro, querido camaradaStálin. Eu quero te enviar esta dessa maneira porque eu disse tudo,entreguei tudo, e me parece que sou um bom guerreiro, devotado ao

  partido, ao estado e ao povo, e fui por muitos anos. Toda minha

conscienciosa vida foi passada em altruísta, honesto trabalho no sentido

do partido e seus líderes – então caí no pesadelo, no irreparável horror da

traição [...] a investigação foi completada. Eu fui formalmente acusado detraição ao estado, eu admiti minha culpa, eu me arrependo totalmente. Eutenho fé ilimitada na justiça e na propriedade da decisão da corte e doestado [...]. Agora eu sou honesto em cada palavra, eu vou morrer compalavras de amor para você, o partido e meu país, com uma fé ilimitada navitória do comunismo.

Aqui Shelepin lê a carta de um homem leal e honesto protestando sua

inocência. Na realidade, Iakir totalmente admitiu sua culpa. (Há o problema das duas

elipses acima. Algo do texto de Iakir foi omitido mesmo nessa versão publicada. Desde

que Iakir confessou sua traição ao estado é possível que ele se refere à colaboração

com a Alemanha, junto de Trotsky, ou talvez de outros serviços de inteligência. Isso é

sugerido numa interessante citação do caso de Uritsky que foi discutida, de passagem,

mais adiante nesse ensaio. Iakir era um dos militares envolvidos tanto com a

colaboração com a Alemanha quanto com Trotsky.)

A falsificação vai mais longe que os discursos do 22º Congresso. As evidências

de arquivo agora permitem-nos ver que Kruschev, e depois Gorbachev, e os

historiadores que escreveram sob essa direção, também mentiram constantemente

sobre os eventos nos anos de Stálin numa extensão que é dificilmente imaginável.

Um número considerável de documentos dos arquivos soviéticos que

formalmente eram secretos foram publicados desde o fim da União Soviética. Isso é

uma pequena proporção daquilo que nós acreditamos que existe. Especialmente em

relação à documentação histórica dos anos 30, os Processos de Moscou, os “expurgos”

5As notas de Shelepin são de seu discurso no 22º Congresso do Partido da URSS, Pravda, 27 de outubro

de 1961, p. 10, cols. 3-4, XXII S´´ezd Kommunistcheskoi Partii Sovetskogo Soiuza, 17-31 oktiabra 1961

goda. Stenograficheskii Otcher (Moscou, 1962), II, 403. As partes que Shelepin omitiu, aqui em negrito,

são na versão completa em “Spravka”, da reportagem Shvernik de 1963-64 e foram primeiro publicadasem Voenno-Istoricheskii Arkhiv 1 (1993), p. 194, agora normalmente citada no volume Reabilitatsia Kak 

Eto Bylo (Reabilitação, como isso aconteceu), vol. 2, (2003), p. 688.

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militares e as repressões massivas de 1937-38, a vasta maioria dos documentos ainda

são ultrassecretos, escondidos e inacessíveis até mesmo a privilegiados historiadores

oficiais. Mas todo sistema de censura tem falhas. Muitos documentos foram

publicados. Mesmo esse pequeno número nos permite ver os contornos da história

soviética nos anos 30 de uma forma bem diferente da versão “oficial”. Durante a

última década (o artigo é de 2009, n. do t.) muita evidência documental emergiu dos

arquivos formais soviéticos para contradizer o ponto de vista canônico que vigora

desde o tempo de Kruschev. Pode-se então dizer que os réus nos Processos de Moscou

e a conspiração militar que ocorreu no “Caso Tukachevsky” possivelmente não foram

vítimas inocentes forçadas a fazer confissões falsas. Nós publicamos e escrevemos um

grande número de trabalhos ou, ao pesquisar para publicar, podemos dizer que agora

temos forte evidência de que as confissões não eram falsas e que réus dos Processos

de Moscou pareciam ter sido verdadeiros em confessar as conspirações contra o

governo soviético. Esse fato nos leva a realizar o presente estudo.

Hipótese

Leon Trotsky e seu filho Leon Sedov foram condenados in absentia em cada um

dos três Julgamentos de Moscou. Se as acusações contra e as confissões de outros réus

foram basicamente acertadas, como nossa pesquisa buscou embasar, isso tem

implicações para as vozes que supõem que Trotsky estava aliado com a Alemanha

fascista e o Japão militarista. Essas considerações nos levam a formar a seguinte

hipótese para o presente estudo: que se fossem publicados mais documentos dos

arquivos soviéticos iriam surgir mais evidências da colaboração de Trotsky com a

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Alemanha e o Japão do que qualquer outra evidência encontrada nos três Processos

de Moscou.

Nós vamos adotar essa hipótese do mesmo jeito que Stephen Jay Gould

descreveu como a forma como seu colega Peter Ward decidiu testar a “hipótese

Alvarez”, a chamada cretáceo-terciária catastrófica extinção que contradisse a

amplamente aceita teoria da morte gradual de tantas formas de vida por volta de 60

milhões de anos atrás6. No curso das leituras de muitos documentos dos arquivos

soviéticos, identificamos muitos que parecem dar evidências da colaboração de

Trotsky com a Alemanha. Parece-nos que existe muito mais evidência documentada

poderá ser encontrada se atualmente procurarmos por elas. Na realidade, se ninguém

procurar por essas evidências, elas provavelmente nunca serão encontradas e nunca

serão conhecidas. O fato é que formamos uma hipótese e isso não significa que nós

predeterminamos o resultado de nossa pesquisa. É preciso partir de uma hipótese ou

“teoria” que é necessariamente pré-condição para qualquer questionamento. Gould

nos lembra da sensível observação que Darwin fez em 1861:

“Como é estranho que ninguém vê uma observação se ela não é útil, mesmo sendo a favor ou

contra uma determinada visão”.7 

O presente estudo é um “teste” no sentido que Gould deu a essa palavra: “um

fino exemplo da teoria” –Gould fala em teoria, mas quer dizer hipótese aqui,

6 Stephen Jay Gould.  Dinossauro no Palheiro. Natural History 101. (Março de 1992): 2-13. Online at

http://www.stephenjaygould.org/library/gould_dinossaurs-haystack.html. and

<http://www.sjarchive.orglibrary/text/b160393.htm7 Letter 3257 –Darwin, C. R., to Fawcett, Henry. 18 sept [1861]. At http://www.darwinproject.ac.ukentry-

3257.

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confirmada por dados que ninguém poderia coletar antes que a teoria demandasse tal

teste.

Note-se a diferença entre fazer um teste e dar o resultado prontoanteriormente. O teste pode falhar, comprometendo a teoria. Boas teoriaspodem passar por um teste, mas isso não determina o resultado.

É um princípio possível para provar o contrário. Se Trotsky não colaborou com

os alemães ou japoneses não existirá evidência de que ele fez isso. Diferente da

situação com a história natural, de outra forma, com a história humana surge a

possibilidade de fabricadas ou falsas evidências. No presente artigo devotamos um

pouco de atenção a esse problema.

Nós procuramos onde se pode encontrar mais evidência de que Trotsky

colaborou com os alemães e japoneses. A certa altura de nossa pesquisa, a quantidade

cresceu até o ponto em que era garantido e certo de que era possível estudá-las e vê-

las juntas. O presente artigo é o resultado.

Existe uma boa quantidade de evidências envolvendo atividades clandestinas

ligadas ao envolvimento do grupo de Trotsky e suas atividades opositoras dentro da

URSS durante os anos 30, longe da colaboração com a Alemanha e o Japão. De acordo

com o testemunho dos réus nos Processos de Moscou, nós temos também arquivos

sob a forma de testemunhos interrogativos para confirmar essa atividade. Rever isso

está muito além do escopo desse artigo. O presente trabalho se concentra somente

nas evidências da colaboração de Trotsky com agentes governamentais e oficiais

militares. Nós deixaremos os outros níveis de colaboração sem examinar

interrogatórios de investigação para confirmar tal atividade. Rever tudo isso está

muito além do âmbito deste ou de qualquer artigo. O presente trabalho se concentra

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exclusivamente em evidências da colaboração de Trotsky com funcionários

governamentais e militares japoneses e alemães. Nós deixamos algumas acusações

levantadas contra Trotsky sem serem examinadas. As acusações de colaboração com

os alemães e japoneses foram as mais chocantes. Elas sempre foram consideradas com

muito mais ceticismo.

Na maior parte do texto, vamos só citar e analisar evidências diretas sobre

Trotsky e os alemães ou japoneses. Esta é uma abordagem muito específica que exclui

uma grande quantidade de outras, reunindo evidências que tendem a adicionar

credibilidade à evidência direta de culpa de Trotsky em colaborar com os fascistas. Por

exemplo, Nikolai Bukharin teria ouvido detalhes de Karl Radek sobre as negociações de

Trotsky (seus acordos com a Alemanha e o Japão). Bukharin nunca diretamente

comunicou-se com Trotsky ou Sedov a respeito disso. No entanto, não há razão

alguma para duvidar de que Radek contou a ele sobre a colaboração de Trotsky.

Pode-se dizer que esse ponto reforça o testemunho de Radek. Bukharin

concorda que Radek disse a ele sobre a colaboração de Trotsky com os alemães.

Bukharin também tende a validar indiretamente o que Radek disse sobre Trotsky,

assim como Radek alegou ter obtido informações sobre isso em primeira mão, ou seja,

do próprio Trotsky. Isto é, o que Bukharin testemunhou confirma que Radek estava

dizendo a verdade, e isso aumenta a credibilidade do próprio testemunho de Radek

sobre outros assuntos, inclusive de seus contatos com Trotsky e o que ele lhe

comunicou. Mas aqui nós não vamos examinar nem Radek, nem o testemunho de

Bukharin. Encaminhamos o leitor interessado ao nosso estudo anterior a respeito de

Bukharin (FURR e DOBROV 2007). Em alguns lugares iremos citar algumas evidências

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que, reforçando essa hipótese, servem principalmente para preparar o contexto para

citar as evidências diretas.

Objetividade e persuasão

O preconceito político ainda predomina no estudo da história soviética.

Conclusões que contradizem o paradigma dominante são rotineiramente descartadas

como resultado de preconceito ou incompetência. Conclusões que lançam dúvidas

sobre as acusações contra Stalin, ou cujas implicações tendem a fazê-lo parecer ou

"bom" ou até menos "mal" do que o paradigma predominante pretende ter sido, são

chamadas de "stalinistas". Qualquer estudo objetivo da evidência disponível agora é

obrigatoriamente chamado de "stalinista", simplesmente porque ele atinge conclusões

que são politicamente inaceitáveis para aqueles que têm um forte viés político, seja

anticomunista que em geral ou especificamente trotskista.

O objetivo do presente estudo é examinar as alegações feitas na URSS durante

a década de 1930 que Leon Trotsky tenha colaborado com a Alemanha e o Japão

contra a URSS à luz das evidências disponíveis agora. Este estudo não é um "breve

 julgamento" contra Trotsky. Não é uma tentativa de provar que Trotsky é "culpado" de

conspirar com os alemães e japoneses. Nem é uma tentativa de "defender" Trotsky

contra tais acusações.

Fizemos um grande esforço para fazer o que um investigador faz no caso de um

crime em que ele não tomou partido, mas apenas deseja resolver o crime. Isto é o que

os historiadores que investigar o passado mais distante, ou a história de outros países

do que a União Soviética, fazem o tempo todo.

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Nós queremos convencer o leitor imparcial, objetivo para o qual realizamos

uma investigação competente e honesta. Temos feito o que segue abaixo, a saber,

depois de coletadas todas as provas que se possam dar apoio ao argumento de que

Trotsky colaborou com os alemães e japoneses:

• coletadas todas as provas "negativas" - qualquer "álibi" de Trotsky ou seu filho, chefe

político e assessor Leon Sedov possam ter tido. Temos feito isso, principalmente

mediante prestar uma séria atenção ao testemunho de Trotsky nas audiências da

Comissão Dewey em 1937, onde ele expôs sua defesa;

• estudamos todas as provas com atenção e honestidade.

• elaboramos nossas conclusões com base em que evidências.

Queremos convencer um leitor de olhar objetivo que temos alcançado nossas

conclusões com base em provas e sua análise e não em qualquer outra base, como os

preconceitos políticos. Nós NÃO somos a favor de elogiar ou "condenar" Trotsky.

Continuamos dispostos a ser convencidos de que Trotsky NÃO colaborou com a

Alemanha e o Japão se, no futuro, aparecerem provas indicando que essas acusações

são falsas.

O papel do ceticismo apropriado

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Ao longo deste ensaio, tentamos antecipar as objeções de um cético crítico.

Isso não é mais do que qualquer pesquisador que toma cuidado e que é objetivo deve

fazer, e exatamente o que tanto a acusação e a defesa devem levar em conta.

Qualquer investigação criminal deve confrontar evidência e interpretação.

Temos uma longa discussão de provas no início do ensaio. No corpo do ensaio

seguimos cada apresentação de provas com um exame crítico. Na seção final, subtítulo

"Conclusão", o leitor encontrará uma análise e refutação das objeções, ou seja, uma

crítica afiada que se pode fazer de um ponto de vista justo.

Estamos conscientes de que existe um subconjunto de leitores para quem a

prova é irrelevante, para quem - para dizer educadamente - isso não é uma questão de

prova, mas de crença ou lealdade.

Discutimos os argumentos normalmente levantados a partir desta terceira

parte na subseção intitulada "Objetividade e negação." Em qualquer investigação

histórica, como em qualquer investigação criminal, "crença" e "fidelidade" são

irrelevantes para a verdade ou falsidade da hipótese. Por definição, uma crença que

não é racionalmente fundada em evidências não pode ser dissipada por um argumento

sólido e por evidências.

No entanto, aqueles que não podem pôr-se a questionar as suas idéias

preconcebidas podem, contudo, ser levados por aqueles mesmos preconceitos a olhar

criticamente especialmente as provas para encontrar pontos fracos em nossa

interpretação que pode escapar a outros leitores para quem há menos em jogo. Isso às

vezes faz as objeções de tais setores digna de atenção. Fizemos um grande esforço

tanto para antecipar e lidar com tais objeções em uma forma satisfatória.

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Evidência

Antes de continuar a citar e estudar os novos documentos de arquivo,

precisamos discutir a questão da prova em si. Considerando que "documentos" são

objetos materiais – em nosso caso, a escrita no papel - "evidência" é um conceito

relacional. Estamos preocupados em investigar uma acusação: a de que Trotsky

conspirou com as autoridades alemãs ou japonesas.

Nosso objetivo é reunir e estudar as evidências que sugerem que Trotsky agiu

como alegado acima. Não há alguma coisa como uma prova absoluta. Todas as provas

podem ser falsificadas. Qualquer declaração - uma confissão de culpa, uma negação da

culpa, uma reivindicação de que foi torturado, uma reivindicação de que foi coagido de

alguma forma - pode ser verdadeira ou falsa, uma tentativa de apresentar a verdade

como o orador (ou escritor) se lembra, ou uma mentira deliberada. Documentos

podem ser forjados e, no caso da história soviética, muitas vezes têm sido.

Documentos falsos que na ocasião foram inseridos em arquivos, a fim de ser

"descobertos". Ou, pode-se alegar que um dado documento foi encontrado em um

arquivo quando não foi. Fotografias podem ser falsificadas.

Testemunhas podem mentir, e em qualquer caso, testemunhas oculares são

tão frequentemente equivocadas que, dentre outras, tal tipo de evidência é o tipo

menos confiável. Em princípio não há uma coisa como uma "arma fumegante" - prova

de que é tão claramente genuína e poderosa que não pode ser negada.

Os problemas de identificação, coleta, estudar e tirar conclusões corretas a

partir de evidências são semelhantes em investigação criminal e na pesquisa histórica.

Isto é especialmente verdadeiro quando, como no nosso caso, a pesquisa deve

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determinar se uma espécie de crime teve lugar no passado. Mas há diferenças

importantes, e é vital ser claro sobre elas.

Em um julgamento criminal o acusado tem certos direitos. O julgamento tem

que ter uma determinada duração, após a qual o acusado é ou condenado ou

absolvido para sempre; [na investigação histórica, não]. O réu deveria desfrutar da

presunção de inocência e o benefício de qualquer dúvida razoável. O réu tem direito a

um defensor qualificado, cujo único trabalho é interpretar todas as evidências à sua

maneira, de modo a beneficiar o seu cliente. Enquanto isso, o juiz e até mesmo o

Ministério Público deveria se preocupar não apenas sobre como proteger uma

convicção, mas também sobre a justiça.

Uma vez que estivermos razoavelmente convencidos de que o réu é inocente é

o seu dever de demitir as cargas e descarga do acusado, embora eles possam ser

capazes de influenciar o júri a condenado. Essas práticas destinam-se a impedir que

um réu seja condenado inocente de uma injusta sentença e pena.

Os historiadores estão em uma situação bastante diferente. Mortos não têm

direitos (ou qualquer outra coisa) que precisam ser defendidos. Portanto, o historiador

não tem que se preocupar com qualquer presunção de inocência, "dúvida razoável", e

assim por diante. Ao contrário de um veredicto legal, nenhuma conclusão é final. A

investigação histórica nunca precisa acabar. Ele pode, e vai, ser retomado novamente

quando novas evidências são descobertas ou novas interpretações de velhas

evidências são atingidas. Este é de fato o que estamos fazendo no presente artigo.

Estamos investigando a questão de saber se Trotsky colaborou com funcionários

alemães e japoneses à luz de novas evidências, enquanto ao mesmo tempo deve-se

reconsiderar evidências que há muito tempo estão disponíveis.

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Comunidade Josef Stálin - http://comunidadestalin.blogspot.com/ Página 17

Identificar, localizar, recolher, e até mesmo estudar e interpretar evidências são

habilidades que podem ser ensinadas para todo mundo. A habilidade mais difícil e

mais rara na pesquisa histórica é a disciplina de objetividade. A fim de chegar a

conclusões verdadeiras - as declarações que são mais verdadeiras do que outras

declarações possíveis sobre uma determinada questão - um pesquisador deve primeiro

questionar e duvidar de qualquer ideia preconcebida que ele possa ter sobre o assunto

sob investigação. São as próprias idéias preconcebidas e preconceitos que mais

provavelmente vão influenciar em uma interpretação subjetiva da evidência. Portanto,

o pesquisador deve tomar medidas especiais para assegurar isso não aconteça.

Isto pode ser feito. As técnicas são conhecidas e amplamente praticada na

Física e nas Ciências Sociais. Elas podem ser adaptadas para a pesquisa histórica

também. Se tais técnicas não foram praticadas pelo historiador, ele inevitavelmente

será influenciado pela suas próprias concepções, preconceitos e preferências

preexistentes, no momento da compreensão da prova. Isso vai garantir que suas

conclusões sejam falseadas, mesmo que ele esteja na posse das melhores provas e de

todas as habilidades necessárias para analisá-las.

Em nenhum outro lugar a devoção à objetividade é mais essencial e menos

mostrada do que no campo da história soviética do período de Stalin. Como é

impossível descobrir a verdade na ausência de uma dedicação à objetividade, este

artigo se esforça para ser objetivo. Suas conclusões podem desagradar, mesmo

ultrajar, muitas pessoas boas que não são dedicadas à objetividade e a verdade, mas

em proteger a lenda de Trotsky como um revolucionário honrado ou a defender a

Guerra Fria - paradigma anticomunista da história soviética.

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É claro que não tenho a pretensão de ter encontrado todas as evidências

relevantes que existem. É esmagadoramente provável que haja muito mais evidências,

 já que a vasta maioria dos documentos e fontes primárias que tratam das oposições da

década de 1930 ainda estão classificadas como confidenciais na Rússia e os Estados

pós-soviéticos de hoje e são inacessíveis a quaisquer pesquisadores. Mas o que temos

agora é suficiente. Em nosso julgamento é mais do que suficiente evidência de que

Trotsky, de fato, colaborou com a Alemanha e o Japão, mais ou menos como o

governo soviético acusou na década de 1930. Porque Trotsky pode ter feito isso é uma

questão digna de consideração. Nós adicionamos alguns pensamentos sobre isso ao

fim deste ensaio.

Telegrama de Trotsky para a liderança soviética

O primeiro documento que queremos apresentar é aquela que ilustra tanto a

proposta quanto os problemas de interpretar as evidências nos documentos.

Junho de 1937 foi uma época de grande crise para a liderança soviética. Em

abril, Genrikh Yagoda, o comissário (cabeça) do NKVD até o mês de setembro de 36 e

Enukidze Avel, ambos até bem pouco tempo membros do Comitê Central e altos

membros do governo soviético, começaram a confessar seus importantes papéis em

um plano de dar um golpe de estado contra o governo. O mês de maio começou com

uma revolta interna contra o governo. O mês de maio já tinha começado com uma

revolta revolta interna contra o governo republicano espanhol em que anarquistas e

trotskistas participaram. A liderança soviética sabia que essa revolta tinha envolvido

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algum tipo de colaboração entre as forças a favor de Trotsky da Espanha, a inteligência

nazista alemãs e os franquistas.

No início de junho, oito oficiais militares dos mais altos escalões, incluindo

Mikhail Tukachevsky, um dos cinco marechais do Exército Vermelho, haviam sido

presos e estavam fazendo confissões de conspiração junto a Trotsky e aos trotskistas, a

direita liderada por Bukharin, Yagoda e Rykov, e - o mais sinistro de todos - com os

nazistas do Japão e da Alemanha.

Em 2 de junho Nikolai Bukharin de repente voltou atrás e confessou ter sido um

dos líderes dessa mesma conspiração (Furr & Bobrov). Nesse mesmo dia Lev M.

Karakhan, a principal diplomata soviético que ao mesmo tempo tinha sido

intimamente ligada à Trotsky, também confessou8. Marechal Tukhachevsky e os outros

líderes militares, evidentemente, continuaram a fazer confissões mais diretas até 09 de

 junho. Em 11 de junho, veio a julgamento, onde confessou mais uma vez, e depois foi

sua execução. Vários altos Bolcheviques e membros do Comitê Central estavam

associados a eles.

Antes e durante a reunião do Comitê Central que se realizou de 23 a 29 de

  junho daquele ano, 24 dos membros do Comitê Central e quatorze candidatos a

membros foram expulsos por conspiração, espionagem e atividades de traição. Em

fevereiro e março, Bukharin, Rykov e Yagoda também tinham sido expulsos. Nunca

antes tinham ocorrido tais expulsões em atacado da liderança do Partido.

Inquestionavelmente, um evento de tal gravidade nunca tinha vindo a público.

Pode-se dizer que esses eventos, principalmente a conspiração militar, pareciam

8 Lubianka Stalin i Glavnov Upravlenie Gosbeznopasnosti NKVD 1937-1938 (m.: “materik”, 2004). No.

102, p. 225. Online at http://ww.alexanderyakolev.org/fond/issues-doc 62056/61084>.

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constituir a mais grave ameaça à segurança - na verdade, à existência- da União

Soviética desde os mais sombrios dias da Guerra Civil.

Trotsky e seu filho Leon Sedov tinham sido condenados à revelia no primeiro

Julgamento de Moscou em agosto de 19369 No Julgamento de Moscou segundo de

 janeiro 1937, Karl Radek tinha explicitamente identificado Leon Trotsky como o líder

daquela importante conspiração anti-soviética. Ele havia mencionado especificamente

a Espanha como um lugar onde os adeptos de Trotsky eram perigosos e exortou-os a

afastar-se Trotsky. Quando a “revolta de maio" em Barcelona eclodiu em 3 de maio, o

alerta de Radek pareceu premonitório. Para os comunistas, mas também para muitos

não-comunistas que apoiaram a República espanhola, essa punhalada pelas costas na

República Espanhola parecia ser o mesmo tipo de coisa que os direitistas, trotskistas e

altas patentes militares estavam supostamente tramando para fazer na URSS.

Na véspera da reunião de junho do Comitê Central, Trotsky decidiu enviar um

telegrama de seu exílio mexicano não a Stalin ou o Politburo, mas ao Comitê Executivo

Central, a mais alto órgão do governo soviético. Nele, ele chamou diretamente seus

membros a rejeitar a liderança de Stalin e voltar-se para ele:

[A POLÍTICA DE] STÁLIN ESTÁ LEVANDO A UM COMPLETOCOLAPSO INTERNO BEM COMO EXTERNO, A SALVAÇÃO É SE

VOLTAR PARA A DEMOCRACIA SOVIÉTICA COM REVISÃOABERTA DOS ÚLTIMOS JULGAMENTOS PAREM COM ESSECAMINHO OFEREÇO APOIO TOTAL -- TROTSKY.10 

9 Eles foram julgados por “ter diretamente preparado e pessoalmente dirigido a organização dos atos

terroristas na URSS contra os líderes do partido e contra o estado soviético.” Fragmento da decisão

 judicial, o Caso do Centro Zinovievista-trotsquista. Moscou: Comissariado do Povo e da Justiça da União

Soviética, 1936, p. 180.10 Nós usamos o telegrama original em inglês, uma cópia do telegrama mesmo que está no Arquivo

Volkogonov, Biblioteca do Congresso, Washington D. C. Ao mesmo tempo em que telegramas são

normalmente mandados em inglês. Trotsky mandou-o do México, os comentários de Stálin e seus

associados não estão no telegrama mesmo e sim na tradução russa providenciada para eles. O telegrama

foi primeiramente publicado no Novoye Vremia número 50 (1994), C. 37. Nós colocamos a cópia natradução russa com as observações de Stálin e seus associados na internet em <http://chss.

montclair.edu.english/furr/research/trotsky_telegram061837.pdf>.

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O que foi escrito depois da publicação original desse telegrama diz o seguinte:

Em junho de 1937 em Moscou, no endereço do Comitê Executivo Central(CEC), que era então formalmente o órgão máximo do poder do Estado naURSS, um telegrama chegou de L.D. Trotsky no México: [texto dotelegrama]. É claro que este telegrama não terminou acima no CEC, mas noministério da segurança, NKVD, de onde foi direcionada para Stalin comouma chamada que dizia: "comunicação especial". Ele escreveu sobre otelegrama a seguinte observação: "espião cara de pau, espião semvergonha de Hitler"11 não só Stalin assinou o seu nome sob sua "sentença",mas deu a V. Molotov, Voroshilov K., Mikoian A., e A. Jdanov paraassinarem também.

12 

O falecido autor trotskista Vadim Rogovin parafraseou este mesmo artigo em

uma nota de rodapé:

O telegrama de Trotsky acabou não no Comitê Central, mas no NKVD ondefoi traduzido do Inglês (a única maneira do telégrafo mexicano poderaceitá-lo para o envio) e enviado a Stalin como um chamado "comunicaçãoespecial." Stálin leu o telegrama e escreveu nele uma observação quemostra que claramente ele perdeu seu autocontrole: “Espião cara de pau,

espião sem vergonha de Hitler!”Sua assinatura abaixo dessas palavras foicompletada com as assinaturas de Molotov, Voroshilov, Mikoian eZhdanov, as quais expressam seu acordo com a avaliação de Stálin.

13 

O autor anônimo do artigo em Novoe Vremia (ver nota 10 acima) julgou a nota

de Trotsky como um delírio da parte dele. Como devemos entender a proposta de

Trotsky? Ele poderia ter possivelmente suposto que eles aceitariam a sua ajuda? Ou

que, em 1937, um retorno para a "democracia soviética" seria possível? Não se pode

chamar isso de ironia, é mais parecido com uma ilusão. (Como um número de

11 Shpionskaia rozha, literalmente “cara de espião”. Rogovin traduziu isso como “mug of spy”.12

L. B. “Não existem mais segredos do Kremlin? Novoe Vremia No. 50, 1994, 37.13 Vadim Rogovin. 1937. O ano de terror de Stálin. Traduzido por Frederick S. Choate. Oak Park MI:

Mehring Books, 1998, p. 487, Capítulo 50. A reunião de julho no Comitê Central.

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estudiosos têm mostrado, uma "virada para a democracia soviética" era de fato um

ponto em discussão em 1937).14 

Em seu estudo crítico de 1997 a respeito de Trotky, Evgenii Piskun escreveu:

Este documento estranho testemunha o fato de que o líder da QuartaInternacional esperava que a URSS ia sofrer alterações imensas no futuropróximo e que ele voltaria ao poder novamente.

Mas ele estava errado desta vez também. Quando a reunião deJunho do CC acabou, a liderança do Partido não tinha mudado.

15 

Rogovin concorda que Trotsky deve ter acreditado que ele tinha uma boa

chance de chegar ao poder:

Trotsky não era uma pessoa dada a tomar medidas sem sentido ouimpulsivas. Apesar de o fato de que os motivos do seu apelo permanecemobscuros até hoje, é natural entender-se que Trotsky possuía informaçõesque mostraram que a verdadeira devoção a Stalin da maioria do Partido elíderes soviéticos era em proporção inversa às exclamações oficiais dessadevoção, e que a posição de Stalin era extremamente frágil e instável. Issopode ter sido a fonte de Trotsky espera que, em condições de o GrandeTerror, que estava arrancando um membro após a outra das fileiras Party,uma consolidação das principais figuras na país seria possível o que seria o

objetivo de derrubar Stalin e sua claque (Rogovin 487). 

Rogovin aceitou sem questionamento a posição trotskista ortodoxa de que

Trotsky não era envolvido em conspirações com os alemães. Esta posição apresentou-

lhe um problema: como explicar o comentário manuscrito de Stalin no telegrama de

Trotsky? Mesmo Rogovin teve que admitir que, uma vez que a nota foi dirigida apenas

aos mais próximos dele, associados mais confiáveis, ele apareceu para provar que

Stalin e o resto deles realmente acreditaram que Trotsky foi culpado de conspirar com

os alemães. Tudo o que Rogovin poderia oferecer era a seguinte formulação, o que nos

leva ao coração de nosso problema:

14 Para sumarizar o que existe a respeito em inglês, vejam Grover Furr: “Stalin e a luta pela reforma

democrática”. Parte um e parte dois, Cultural Logic, 2005. Em <<http://elogic.eserver.org/2005.html.>>15

Evgenii E. Piskun. Termador v. SSSR, Trotskogo í sovetskaia deistivitel´ nost 1920-1980. Riazan.Russkoe Slovo, 1997, p. 73.

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O documento, assim como muitos outros documentos do Politburo, e atémesmo o correspondência pessoal de seus membros, mostram que Stalin eseus mais próximos "camaradas de armas", expressavam-se em um códigoconvencional, que foi projetado para dar a impressão de que elesacreditavam nos amálgamas que estavam criando. Caso contrário, Stalin,

que não acreditava na existência de contatos entre Trotsky e Hitler , nãoteria escrito essas palavras em um documento que destina-se apenas a seu

círculo mais imediato (Rogovin, nota a p. 487, grifo adicionado porGrover Furr).

Agora possuímos evidências adicionais de que Stalin, de fato, acreditava que

Trotsky tramava com os alemães. Rogovin não oferece nenhuma prova em contrário.

Além disso, agora, também temos evidências de que Trotsky, assim como muitos

outros, na verdade, estavam conspirando juntamente com a Alemanha e o Japão. A

evidência sobre Trotsky é o tema deste artigo.

O telegrama de Trotsky de 18 de junho de 193716 servirá como uma introdução,

tanto para as novas provas que vieram à luz desde o fim da URSS e os problemas

relativos a essas evidências, assim como as barreiras para entender o que isso significa.

Até onde sabemos, não chegou ao nosso conhecimento que ninguém tenha se

preocupado em colocar todas essas evidências juntas ou para reexaminar à luz desta

nova evidência a questão dos laços de Leon Trotsky com o Japão e Alemanha, inclusive

as supostas ligações alegadas pelos réus nos Julgamentos de Moscou e pelo governo

soviético.

Por que isso? Nós pensamos que os dois comentários muito diferentes

realizados por Piskun e Rogovin sugerem uma resposta. Ao invés de ser objeto de

16O telegrama original parece estar datado de 18 de junho, como aquela data, “18 de junho de 1937” é

colocado como estampado no final da última página. Isso parece ser a data que o telegrama foi mandado.

“06 20 1937” foi escrito em letra pequena no alto da primeira página do telegrama. Talvez seja a data em

que foi recebido e traduzido. A nota de Stálin, com as assinaturas de Molotov, Voroshilov, Mikoian eZdanov aparece na tradução do telegrama, data através da qual o telegrama foi arquivado. Pode-se dizer

que a data dessa tradução, no alto do canto esquerdo, não é legível, mas provavelmente é 29 de junho.

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estudo cuidadoso com um olhar capaz de questionar e ao conhecimento prévio, a nova

evidência está sendo empacotada em defesa de velhos paradigmas históricos.

O paradigma de Piskun -- de que Trotsky foi, provavelmente, se preparando

para algum tipo de golpe contra a liderança soviética – tem sido raramente ouvido

durante muitos anos. No entanto, Piskun lê o telegrama de Trotsky através das

"lentes" de seu velho paradigma, uma vez que o texto do telegrama nada sugere sobre

qualquer expectativa de mudança iminente e retorno ao poder. O máximo que poderia

ser dito é que o texto talvez seja compatível com tal expectativa. Mas nós nunca

poderíamos deduzir essa expectativa do texto propriamente dito. Uma sóbria leitura

do telegrama de Trotsky pode depreender que ele é evidência de que Trotsky estava

esperando por uma volta ao poder na URSS, mas nada mais.

A interpretação de Rogovin é ainda mais tensa. De acordo com Rogovin, Stalin

não poderia ter acreditado que Trotsky era um espião alemão, embora ele tenha

escrito isso em um telegrama que apenas seus associados mais próximos iriam ver. O

paradigma de Rogovin faz com que ele acredite que Stalin é que tinha inventado a

acusação de que Trotsky estava colaborando com os alemães (e japoneses). Se esse

paradigma deve ser preservado, em seguida, Stalin deve estar fingindo aqui também.

Nenhuma leitura objetiva do texto do telegrama de Trotsky e das observações de

Stalin permitem chegar às conclusões a que Rogovin chega. Além disso, Rogovin não

tem nenhuma evidência para apoiar a sua posição que Stalin inventou as acusações

contra Trotsky. Ele simplesmente assume que estas sejam verdadeiras.

Piskun e Rogovin representam pólos opostos na interpretação tanto deste

documento si e quanto em relação à questão da relação de Trotsky, ou a falta dela,

com Japão e Alemanha. Mas as acusações de colaborar com os serviços de inteligência

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das potências do Eixo principais foram alegadas não apenas contra Trotsky, mas

também contra muitos dos réus no segundo e no terceiro Julgamentos de Moscou, de

 janeiro de 1937 a março de 1937. Em outros lugares, temos estabelecido uma pequena

parte das evidências de que oposicionistas, de fato, ter algum tipo de clandestinos

relação política, visando a URSS, com a Alemanha e a Japão17.

Há uma grande quantidade de evidências sobre os outros oposicionistas. O

presente trabalho concentra-se em evidências sobre Trotsky especificamente.

Devemos procurar evidência de que tal relação, mas não porque estejamos

convencidos de que, a priori , essa relação deve ter existido, mas porque é, em

princípio, impossível encontrar evidências negativas - por exemplo, de que tal relação

não existia. Se não encontrarmos nenhuma evidência de que os oposicionistas tinham

um relacionamento assim, então a única conclusão responsável a que se poderia

chegar é que eles não tinham nenhuma relação com a Alemanha e o Japão - de novo,

salvo prova em contrário, ou seja, uma hipótese que pode mudar no futuro. Este é um

procedimento normal em qualquer histórico de investigação: apenas evidências

positivas contam. Isso não significa, no entanto, que toda e qualquer “evidência

positivas” aponta para um única conclusão, ou é suficiente para sustentar qualquer

conclusão única. O presente estudo faz concluir que as evidências agora à nossa

disposição fortemente reforçam a existência de colaboração entre Trotsky e os

alemães e japoneses.

Isso cria um problema peculiar para nós, como historiadores, ou seja, a partir

de um artigo baseado em evidências - o presente artigo – pois então desafia-se

17 Grover Furr e Vladimir L. Dobrov, “Primeiro apontamento da confissão de Nikolai Bukharin na

Lubianka”. Cultural Logic 2007. Está publicado em http://clogic.eserver.org/2007/Furr_Dobrov.pdf . Estaé a traduçaõ inglesa de um artigo e texto primeiramente publicado em russo no jornal de São Petersburgo

Klio, número 36 (março de 2007).

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diretamente o consenso em vigor naJulgamentos de Moscou e, especificamente, sobre

Trotsky.

O que está em jogo?

Este consenso que prevalece é parte integrante do modelo, ou paradigma, de

História soviética que é dominante dentro da própria Rússia e além de suas fronteiras.

Trotsky e seu filho Sedov foram acusados de envolvimento com a Gestapo

alemã nos Julgamentos de Moscou de 1936 e de envolvimento com os alemães e

 japoneses nos Julgamentos de Moscou em 1937 e 1938. Numerosas testemunhas em

cada um desses ensaios atestaram que tinham conhecimento direto da colaboração de

Trotsky (Sedov). Estas acusações constituem uma característica central dos

 julgamentos. Vamos examinar esse testemunho neste artigo.

A alegação de que essas acusações são falsas também constitui uma

característica central do paradigma dominante da história soviética durante o período

de Stalin. Confirmação da culpa de Nikolai Bukharin nos crimes a que ele confessou

culpa já mina seriamente o que podemos brevemente o paradigma "anti-Stalin"

paradigma da história soviética. A confirmação do envolvimento de Trotsky com os

alemães e japoneses reforçam as evidências que já temos de que as acusações que os

réus confessaram-se culpados nos Julgamentos de Moscou eram verdadeiras.

Temos evidências de que temos Trotsky, de fato, colaborou com os alemães e

  japoneses. Isto é consistente com as acusações feitas contra Trotsky e seu filho nos

Processos de Moscou. Não nos compete arriscar um palpite quanto ao que podem ser

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Evidências da Colaboração de Leon Trotsky com a Alemanha e o Japão (I)

as implicações deste fato para o trotskismo em si. Na medida em que o trotskismo é

um conjunto de princípios políticos que podem ser afastadas do político Trotsky, isso

pode ter algumas implicações. As suas implicações podem ser mais de longo alcance

para as variedades do trotskismo que se baseiam em um culto e devotam um grande

respeito à figura humana de Trotsky, sendo então incapazes de separá-lo de suas

idéias.

Trotskismo já sobreviveu à descoberta, no início dos anos 1980, de que Trotsky

mentiu à Comissão Dewey. Como o artigo recente de Sven-Eric Holmström demonstra

as mentiras de Trotsky a respeito do caso do “Hotel Bristol”, tanto à Comissão Dewey

quanto em sua revista Boletim da Oposição, são mais abrangentes do que já tinha sido

provado.

Levará algum tempo até que possamos discernir que se pesquisa qualquer

Holmström influência terá sobre os seguidores de Trotsky. Em qualquer caso, é para

eles, não para nós, que se deve decidir o que essas implicações podem ser.