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Biografia Leon Trotsky Historia A – Prof. Luísa Godinho 1º Período – 2012/2013 – Rui Silva – Nº27 12ºE

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Biografia efectuada para a disciplina de História A - 12º Ano

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Page 1: Bibliografia de Leon Trotsky

Biografia

Leon Trotsky

Historia A – Prof. Luísa Godinho

1º Período – 2012/2013 – Rui Silva – Nº27

12ºE

Page 2: Bibliografia de Leon Trotsky

2

Leon Trotsky, também conhecido como Lev (ou Leib)

Davidovich Bronhstein, nasceu a 7 de Novembro de 1879, perto

de Yanovka (Kirovohrad na actual Ucrânia). Sendo o quinto de

oito filhos do casal de agricultores Judeus laicos David

Leontyevich Bronhstein (1847–1922) e Anna Bronhstein (1850–

1910), Leon Trostky, mais conhecido apenas por Trotsky, foi um

revolucionário e teórico Marxista, político Soviético e também o

fundador e primeiro lider do Exército Vermelho.

Inicialmente apoiante dos Internacionalistas

Mencheviques, juntou-se aos Bolcheviques imediatamente após a

Revolução de Outubro de 1917 e tornou-se num ds líderes do

Partido. Nos princípios da União Soviética, serviu como Comissário do Povo, dos Assuntos Estrangeiros,

e depois como fundador e comandante do Exército Vermelho

como Comissário do Povo, de Assuntos Militares e Navais. Um

dos membros de destaque na vitória Bolchevique na Guerra Civil

Russa de 1918-1920, foi também um dos primeiros membros do

Politburo.

Após liderar uma (falhada) luta contra as políticas e a

insurreição de Joseph Stalin nos anos 20, Trotsky foi finalmente

excluído do poder soviético, expulso do Partido Comunista, e

deportado da União Soviética. Como líder da Quarta

Internacional, Trotsky continuou exilado no México, opondo-se

ao Estalinismo na União Soviética. Apoiante das intervenções precoces do Exército Vermelho contra o

Fascismo Europeu, Trotsky opôs se ainda ao pacto de não agressão entre Hitler e Estaline, nos fins da

década de 1930.

As suas ideias formaram a base do “Trostkyismo”, uma variante do Marxismo que se opõe ao

Estalinismo. Foi uma das únicas figuras políticas soviéticas que não foi “reabilitada1” pelo governo de

Nikita Khrushchev. Os seus escritos foram libertos para publicação na União Soviética no fim da década

de 80, e este foi finalmente

“reabilitado” em 2001.

Trotsky morre em Agosto de

1940, assassinado por Rámon

Mercader a mando de Estaline, no

México, em Coyoacán.

1 Reabilitação (União Soviética) – restauração do “nome” e honra de indivíduos que tinham sido reprimidas e

perseguidas – limpeza do “nome”. Muitas destas reabilitações eram póstumas (após a morte), pois muitas vezes os indivíduos haviam sido executados ou morrido em campos de trabalho.

Localização de Yanovka/Yelitzavetgrad

Page 3: Bibliografia de Leon Trotsky

3

Infância e princípio de vida

Quando Trotsky fez nove anos, o seu pai enviou-o para Odessa

para ser educado. Apesar de a escola ser Alemã aquando da chegada de

Trotsky, o seu sistema de ensino tornou-se Russo durante a sua estadia.

Odessa era então uma cidade portuária cosmopolita, cheia de vida e

actividade, ao contrário das típicas cidades Russas da altura.

Apesar de bom aluno, mesmo em jovem Trotsky já se mostrava

rebelde, organizando uma pequena manifestação um professor pelo qual

tinha pouco apreço, na sua segunda classe.

Para o seu último ano de ensino, em 1896, mudou se para

Nikolayev, na Ucrânia. Foi aí que a sua vida de revolucionário começou.

Originalmente, opunha-se ao Marxismo, mas depois de alguns períodos de

exílio e prisão, gradualmente adoptou essa ideologia. Sob o pseudónimo

“Lvov”, escreveu e imprimiu panfletos e proclamações, e popularizou

ideais socialistas entre os trabalhadores industriais e estudantes revolucionários. A Janeiro de 1898,

Trotsky foi preso, juntamente com 200 membros do Sindicato de Trabalhadores Russos do Sul, do qual

este fazia parte. Passou dois anos à espera de julgamento, durante os quais casou com Aleksandra

Skolovskaya , tornou-se membro do Partido Trabalhista Social Democrático Russo, e estudou Filosofia.

Em 1900, foi sentenciado a 4 anos de exílio na Sibéria, na região de Irkutsk. A sua esposa também foi

enviada para lá, e as suas duas primeiras filhas nasceram lá. Ambas as filhas morreram antes dos seus

progenitores, Zinaida Volkova em 1933 e Nina Nevelson em 1928.

Na Sibéria, Trotsky apercebeu-se das diferenças no partido, que tinha sido dizimado pelas

prisões em 1898 e em 1899. Alguns, conhecidos como “economistas”, defendiam que o partido devia

focar-se em ajudar trabalhadores fabris , e outros defendiam que a prioridade devia ser acabar com a

monarquia e que um bem-organizado e disciplinado partido revolucionário era essencial. Trotsky

identificava-se com este último grupo, que era liderado pelo jornal sedeado em Londres “Iskra” ou em

Inglês, The Spark

Trotsky aos 8 anos

O Jornal Iskra

Page 4: Bibliografia de Leon Trotsky

4

Trotsky escapou da Sibéria no verão de 1902. Uma

vez fora da Rússia, foi para Londres para se juntar a Georgi

Plekhanov, Vladimir Lenin, Julius Martov e outros editores

de Iskra. Sob o pseudónimo “Pero”, significando “caneta”

ou “pena” em Russo, Trotsky cedo se tornou num dos

principais escritores do jornal. Mas Trotsky não sabia que os

seis editores do Iskra estavam divididos entre as duas

secções do partido, sendo os “economistas” liderados por

Plekhanov e os restantes liderados por Lenine e Martov.

Como três dos editores eram de um dos lados e os

restantes três de outro, Lenine escreveu aos seus

homónimos para estes considerarem fazer de “Pero”

(Trotsky), também um editor, na esperança que este ficasse do lado da “nova guarda”. Como Plekhanov

não concordou, Trotsky não se tornou num membro com direitos totais do conselho de editores, mas foi

aceite como observador e consultante.

No fim do ano de 1902, conheceu Natalia Ivanovna Sedova, que rapidamente se tornou sua

companheira e de 1903 até à sua morte, sua mulher. Tiveram dois filhos juntos, Lev Sedov e Sergei

Sedov, que, tal como as filhas de Trotsky e da sua primeira mulher, faleceram antes dos seus

progenitores, em 1938 e 1937, respectivamente. A primeira mulher de Trotsky manteve uma relação

amigável com este, e viria a ser assassinada em 1938.

Separação com Lenine

Depois do período de repressão e de confusão interna, que assolou o partido após o seu

primeiro Congresso, conseguiu-se em 1903 fazer um segundo congresso, ao qual Trotsky e os editores

do Iskra foram. Os apoiantes da “nova guarda” conseguiram

derrotar os “economistas”, e pouco depois os delegados pró-

Iskra dividiram se em duas facções: do lado de Lenine, os

Bolcheviques, que defendiam um partido pequeno mas

altamente organizado, e do lado de Martov, os Mencheviques,

que defendiam um partido grande e menos organizado.

Enquanto que Trotsky e maioria dos editores do Iskra defendiam

Martov e os Mencheviques, Plekhanov defendia Lenine e os

Bolcheviques. Este apoio de Trotsky aos Mencheviques não

durou muito, pois estes opunham-se a uma reconciliação ou a

uma aliança com os liberais russos. De 1904 a 1917, Trotsky

passou muito do seu tempo a tentar reconciliar as duas facções,

intitulando-se de “social democrata não-faccionário”. Depois da

vitória dos Bolcheviques, Trotsky admitiu que estava errado em

opor-se a Lenine, e juntou-se de novo a este.

Lenine e Trotsky

«Tu podes não estar interessado na estratégia, mas a estratégia está interessada em ti» Leon Trotsky

Lenine discursa enquanto Trotsky observa

Page 5: Bibliografia de Leon Trotsky

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Revolução de 1905

Depois do Domingo Sangrento, Trotsky retornou em segredo à Rússia em Fevereiro de 1905. A

princípio, escreveu folhetos e brochuras para uma editora clandestina em Kiev, mas rapidamente se

deslocou para São Petersbugo onde trabalhou tanto com Bolcheviques como com Mencheviques, sendo

traído por estes últimos, obrigando o a fugir para a Finlândia rural. Conseguiu voltar à Rússia aquando

de uma greve geral, e em São Petersburgo tomou conta do jornal Russian Gazette, em conjunto com

Alexander Parvus, e aumentou o número de

exemplares do jornal, por edição, para 500.000

unidades.

Antes do regresso de Trotsky, os

Mencheviques tinham tido a mesma ideia que

ele: uma organização, eleita, não partidária e

revolucionária, representando os

trabalhadores da capital. Aquando da chegada

do mesmo, já o primeiro Soviete de

Trabalhadores havia sido criado, liderado por

Kruhstalev-Nosar. Trotsky juntou-se ao soviete

sob o pseudónimo “Yanovsky” e foi eleito vice-presidente. Fez muito do trabalho dentro do Soviete e

após a prisão de Khrustalev-Nosar a 26 de Novembro, foi eleito presidente. A 2 de Dezembro, o Soviete

fez uma proclamação que falava do governo Tsarista e das suas dívidas. No seguinte dia, o Soviete

estava cercado de tropas e os responsáveis foram presos. Trotsky e os líderes do Soviete foram julgados

em 1906 acusados de suportar uma rebelião armada, e apesar da sua excelente prestação como orador

público, Trotsky foi considerado culpado e sentenciado à deportação.

Segunda emigração

No seu caminho para o exílio em Obdorsk, na Sibéria, em 1907, Trotsky escapou se e pôs se de

novo a caminho de Londres, onde esteve no 5º Congresso do Partido Social Democrata Trabalhista

Russo. Em Outubro, mudou-se para Viena de Áustria, onde tomou parte nas actividades dos partidos

sociais-democratas da Áustria e da Alemanha,

ocasionalmente, ao longo de 7 anos.

Em Viena, interessou-se pela psicoanálise,

juntamente com o seu novo amigo Adolph Joffe, com

quem editou um jornal quinzenal que se tornou

popular entre os trabalhadores russos, apesar de ter de

ser contrabandeado para dentro da Rússia. O jornal

chamava-se Pravda, ou “Verdade”.

Em 1912, os Bolchevique começaram um jornal

orientado para as notícias, intitulado Pravda. Trotsky

ficou tão irritado com o que viu que tomou a criação do

jornal como uma usurpação do nome do seu, e escreveu, em Abril de 1913, uma carta a um líder

Trotsky e o Exército Vermelho

Pravda, uma das edições de Lenine

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Menchevique, denunciando Lenine e os Bolcheviques. O assunto ficou resolvido rapidamente, mas a

carta foi interceptada pela policia, uma cópia da mesma mantida nos arquivos até 1924, após a morte

de Lenine, altura em que a carta foi exposta ao público por oponentes de Trotsky dentro do Partido,

usando-a para pintar de “inimizade” a relação entre Trotsky e Lenine.

Esta altura foi uma altura de grandes tensões para o Partido, especialmente com o assunto das

“expropriações2”, acções banidas pelo 5º Congresso, mas continuadas pelos Bolcheviques. Após algumas

tentativas de reconciliação do partido, todas elas sem sucesso, Trotsky viu se obrigado a fugir para a

Suíça, pois com o rebentar da 1ª Guerra Mundial, este era considerado um emigrado russo e

consequentemente preso.

Primeira Guerra Mundial

Com o rebentar da guerra, o PSDTR (RSDLP) e outros partidos socio-democratas europeus

estavam a debater problemas de guerra e de paz, revolução e

pacifismo. Dentro do Partido, Lenine, Trotsky e Martov

defendiam várias posturas anti-guerra, enquanto que Plekhanov

e outros, ambos Bolcheviques e Mencheviques, defendiam o

governo Russo até certo ponto. Na Suíça, Trotsky trabalhou

brevemente com o Partido Socialista Suíço, encorajando-os a

adoptar uma postura internacionalista, e escreveu um livro

contra a Guerra, intitulado de A Guerra e a Internacional.

Trotsky mudou-se para a França em Novembro de 1914,

como correspondente de guerra para o Kievskaya Mysl. Em

Janeiro de 1915, começou a editar mais um jornal, Nashe Slovo

(ou “A nossa palavra”), um jornal socialista internacional, em

Paris. Adoptou a frase: “Paz sem indemnizações ou anexações,

paz sem conquistadores ou conquistados.”, que não ia tão longe quanto Lenine, que defendia a derrota

da Rússia na guerra, e exigia uma completa quebra com a Segunda Internacional, ou Internacional de

Webster. Em 1915, participou na conferência Zimmerwald de socialistas anti-crise, e defendeu um meio

termo entre os que tentariam a todo o custo ficar com a Segunda Internacional, como Martov, e os que

iriam quebrar com a Segunda Internacional e formar uma Terceira, e a conferência aceitou este meio

termo. Esta Terceira Internacional viria a ser o Komintern, criado em 1919.

A 31 de Março de 1915, Trotsky foi deportado de França para Espanha devido às suas

actividades anti-guerra. As autoridades espanholas não o deixaram ficar e este foi deportado para os

Estados Unidos da América, em Dezembro de 1916. Chegou a New York já em 1917, e lá ficou três

meses, até depois da Revolução de Fevereiro, e deixou New York a 27 de Março. O seu transporte foi

interceptado pelos Britânicos e esteve um mês detido no Canadá, altura em que o ministro Pavel

Milyukov foi forçado a pedir a sua libertação. Trotsky chegou à Russia a 4 de Maio, e apesar de estar em

grande concordância com os ideais Bolcheviques, não se juntou a eles imediatamente. Depois de uma

falhada insurreição pro-Bolchevique em Petrograd, Trotsky foi novamente preso, mas libertado 40 dias

2 Expropriações – assaltos armados a bancos e outras empresas por grupos Bolcheviques com o intuito de procurar dinheiro para o Partido

A Guerra e a Internacional

Page 7: Bibliografia de Leon Trotsky

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depois. Depois de os Bolcheviques ganharem a maioria a 8 de Outubro, Trotsky foi eleito um dos líderes

do Partido, e tomou o partido de Lenine contra Grigory Zinoviev e Lev Kamenev, quando o Comité

Central Bolchevique discutiu a encenação de uma insurreição armada, e ele mesmo liderou os esforços

para deitar abaixo o Governo Provisório de Aleksandr

Kerensky.

Depois do sucesso da manifestação em 7-8 de

Novembro, Trotsky liderou os esforços para repelir um

contra ataque dos Cossacos sob controlo do General

Pyotr Krasnov e outras tropas leais ao governo

provisional deposto. Aliado com Lenine, derrotou

tentativas de membros do Comité Central Bolchevique

de dividir o poder com outros partidos socialistas.

Trotsky era claramente o segundo homem do partido, o

braço direito de Lenine, o seu tenente.

Após a Revolução Russa

Depois da vitória e subida ao poder por parte

dos Bolcheviques, Trotsky tornou-se Comissário do

Povo para Assuntos Estrangeiros. Trotsky liderou a

delegação soviética nas negociações de paz em Brest-

Litovsk de 22 de Dezembro de 1917 até 10 de Fevereiro

de 1918, altura em que o governo soviético estava

dividido. Os “comunistas de esquerda”, liderados por

Nikolai Bukharin, continuavam a acreditar que não

podia haver paz entre uma repúblca soviética e um país

capitalista, e que apenas uma guerra revolucionária que

resultasse numa Europa soviética podia trazer paz

duradoura. Lenine, que esperava que outros países da

Europa seguissem o exemplo da Rússia e se tornassem soviéticos, rapidamente se apercebeu que o

imperialismo alemão ainda se encontrava firme e que sem um exército, um conflito armado com a

Alemanha resultaria numa derrota dos soviéticos. Concordando com os “comunistas de esquerda” no

ponto em que estes afirmavam que apenas uma revolução soviética em toda a Europa traria paz

duradoura, Lenine não cedeu a uma junção e iria manter os Bolcheviques no poder até que a Europa se

tornasse soviética.

Trotsky concordou também com os “comunistas de esquerda”, realçando que uma tratado de

paz com um país imperialista seria um golpe na moral do governo soviético e retirar-lhe os sucessos

militares e políticos de 1917 e 1918 e causaria uma vontade de resistência interna. Defendeu também

que qualquer ultimato alemão para um tratado devia ser ignorado. Durante os dois primeiros meses de

1918, esta foi apoiada pela maioria dos membros do Comité Central Bolchevique. A 10 de Fevereiro de

1918, Trostky retirou-se das negociações, rejeitando os termos duros dos alemães. Dentro de 8 dias, a

Trotsky, Lenine e Kamenev

Trotsky com militares na frente Polaca, em 1919

«O povo russo passou de mito patriótico a terrível realidade» Leon Trotsky

Page 8: Bibliografia de Leon Trotsky

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Alemanha começou a movimentação de tropas para a frente soviética, dispersa e fraca. Nessa mesma

noite, a 18 de Fevereiro, Trotsky absteve-se da votação e a proposta de Lenine passou, fazendo com que

os soviéticos aceitassem os termos de Brest-Litovsk. O tratado foi ratificado a 15 de Março de 1918, e

pouco depois Trotsky demitiu se da sua posição como Comissário do Povo para os Assuntos

Estrangeiros.

Liderança do Exército Vermelho

O falhanço do recentemente formado

Exército Vermelho frente à ofensiva germânica em

Fevereiro de 1918 mostrou as suas fraquezas:

membros insuficientes, falta de oficiais experientes, e

ausência de coordenação e subordinação. A noção

que o estado soviético podia ter um exército

completamente voluntário, ou uma espécie de milícia,

estava severamente danificada.

Trostky reconheceu este problema e

pressionou o partido para a criação de um conselho

militar de antigos generais que funcionariam como consultantes. Lenine e o Comité Central Bolchevique

concordaram com esta medida a 4 de Março de 1918, tencionando criar o Supremo Conselho Militar

que seria liderado pelo antigo chefe do exército imperial, Mikhail Bonch-Bruevich. Mas os líderes do

Exército Vermelho, incluindo o Comissário do Povo Nikolai Podvoisky e o comandante Nikolai

Krylenko, protestaram e eventualmente demitiram-

se. Estes acreditavam que o Exército Vermelho

devia consister apenas de revolucionários,

depender da propaganda e da força, e ter oficiais

eleitos. Viam os oficiais imperiais como traidores

que deviam ser deixados de parte da nova milícia, e

não postos a comandá-la. Quando a demissão de

Trotsky como Comissário do Povo pelos Assuntos

Estrangeiros foi aceite, e este foi apontado como

Comissário do Povo para Assuntos do Exército e Marinha, estes problemas desapareceram. Com a ajuda

de Ephraim Skylansky, Trotsky passou o resto da Guerra Civil transformando o Exército Vermelho numa

grande e disciplinada máquina militar, através da recruta forçada, esquadrões de bloqueio controlados

pelo Partido, obediência compulsiva e oficiais escolhidos pessoalmente, ao invês de pelo estatuto.

Trostky e Lenine com militares, em Petrograd, 1021

«Ideias que entram na mente sob fogo lá permanecem, em segurança e para sempre» Leon Trotsky

Page 9: Bibliografia de Leon Trotsky

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A Guerra Civil

Cedo foram testadas as capacidades estratégicas de Trotsky. Em Maio e Junho de 1918, as

Legiões Checo-Eslovacas insurgiram se contra o governo Soviético. Isto deixou os Bolcheviques com a

perda de grande parte do território do país, uma cada vez mais organizada resistência por parte das

forças Russas anti-comunistas, mais comummente conhecidas como Exército Branco, e uma deserção

generalizada por parte dos militares experientes em que Trotsky confiava.

Trotsky e o governo responderam com uma mobilização a todo o gás, passando os números do

Exército Vermelho de 300.000 para um milhão, no espaço entre Maio de 1918 e Outubro do mesmo

ano. Devido à sua falta de militares, e à invasão de 16 exércitos estrangeiros, e Trotsky insistiu que os

oficiais imperialistas também deviam ser usados como especialistas no Exército Vermelho.

O governo aboliu então o Conselho Militar Supremo e a posição de comandante de exército foi

restaurada, sendo atribuída ao líder dos espingardeiros latvonianos, Ioakim Vatsetis. Trotsky tornou-se

líder do recém-fundado Conselho Militar Revolucionário e continuou a ser o líder supremo das tropas.

Durante o ano de 1918, Trotsky teve também alguns problemas com Estaline devido à sua integração de

oficiais imperiais nas frentes de batalha.

Em 1919, o Exército Vermelho tinha crescido

até aos três milhões, e lutava simultaneamente em

dezasseis frentes, tendo também derrotado múltiplas

vezes as investidas do Exército Branco, e tomava

agora uma posição perseguidora das forças invasoras.

Apesar disto, depois de problemas internos

envolvendo Kamenev e outros líderes, o governo

encontrou em Outubro desse ano a pior crise da

Guerra Civil: as tropas de Denikin aproximavam se de

Tula e de Moscovo pelo sul, e o General Nikolay

Yudenich aproximava-se de Petrograd pelo oeste.

Lenine defendia que Moscovo era mais importante e que Petrograd teria de ser abandonada, enquanto

que Trotsky, apesar de concordar, defendia que Petrograd tinha de ser defendida, quanto muito para

Page 10: Bibliografia de Leon Trotsky

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prevenir intervenções da Estónia e da Finlândia. Numa rara excepção, Trotsky apoiou Estaline e Zinoviev,

e consequentemente venceu contra Lenine no Comité Central, dirigindo se depois a Petrograd,

moralizando e organizando as tropas. A 22 de Outubro a situação estava virada, levando as tropas de

Yudenich de volta à Estónia, onde foram desarmadas.

Com as derrotas de Denikin e Yudenich em 1919, o governo soviético colocou, em 1920, mais

ênfase na economia. Trotsky, que tinha passado o Inverno nos montes Urais a tentar melhorar a

economia da região, propôs o abandono das políticas do comunismo de guerra. No entanto, Lenine

recusou esta proposta. Colocou Trotsky à frente da rede ferroviária do país, enquanto mantinha as suas

funções como líder do Exército. Só em 1921 é que o governo soviético abandonou o comunismo de

guerra em detrimento da NEP.

Repercussões do mau estado de

saúde de Lenine

No fim de 1921, a saúde de Lenine

deteriorou-se, e eventualmente este esteve cada

vez mais afastado de Moscovo, e acabou por

sofrer três enfartes entre 26 de Maio de 1922 e

10 de Março de 1923, que lhe causaram

paralisía, perda da fala e finalmente a morte a 21

de Janeiro de 1924. Com Lenine cada vez mais

fora do plano, Estalne, Zinoviev e Kamenev

formaram uma troika para prevenir que Trotsky,

notoriamente o segundo homem do país, não

sucedesse a Lenine. Depressa se juntaram a estes

o resto do recentemente expandido Politburo,

mas o gradual afastamento de Trotsky do poder

foi considerado, por este e pelos seus apoiantes,

em grande parte culpa do lento processo de

burocratização e pela elite Bolchevique querer

“normalidade” enquanto que Trotsky era

personificado como sendo a face da revolução, algo que estes preferiam deixar para trás. Com o piorar

da saúde de Lenine, Trotsky foi gradualmente movido para segundo plano.

Com a morte de Lenine em 1924, a situação de Trotsky piorou. Na superfície, Trotsky continuava

a ser o mais proeminente e mais popular líder Bolchevique, apesar dos seus “erros” serem realçados

pelos membros da troika. Estes sabotaram também o controlo de Trotsky sobre os militares, re-

destacando o seu braço direito Ephraim Skylansky e apontando Mikhail Frunze, que estava também a

ser preparado para tomar o lugar de Trotsky. Com o 13º Congresso do Partido, Trotsky foi cada vez mais

atacado. Este ainda pensava que a União Soviética não conseguiria vingar sem uma total revolução no

mundo, enquanto que Estaline adoptava uma postura de construir o “Socialismo em Um País”.

Page 11: Bibliografia de Leon Trotsky

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Entretanto, Trotsky adoeceu e deixou de poder tomar atenção a todas as críticas a si dirigidas. Foi

forçado a demitir-se dos seus cargos de Comissário do Povo pelo Exército e Marinha e Presidente do

Conselho Militar Revolucionário, apesar de ter mantido o seu lugar no Politburo, mesmo que o tenham

colocado em estado de observação.

Derrota e exílio

1925 foi um ano difícil para Trotsky. Após ficar “danificado”

na Discussão Literária, e ter perdido os seus postos militares, esteve

desempregado durante o Inverno e a Primavera. Em Maio, foram-

lhe atribuídos 3 postos: presidente do Comité de Concessões, líder

do conselho electro-técnico e líder do conselho científico-técnico da

indústria. Mais tarde, nesse mesmo ano, Trotsky demitiu se das

suas posições técnicas e concentrou-se no seu trabalho no Comité

de Concessões. No entretanto, a troika separou-se, por fim.

Bukharin e Rykov juntaram se a Estaline enquanto que Krupskaya e

Grigory Sokolnikov ficaram com Zinoviev e Kamenev. Estes últimos

foram brutalmente derrotados, e Trotsky recusou envolver-se na

“luta” e não falar no congresso.

Em Outubro de 1927, Trotsky e Zinoviev foram expulsos do

Comité Central e a 12 de Novembro, do Partido Comunista. Os seus maiores apoiantes, Kamenev e

outros, foram expulsos em Dezembro do mesmo

ano. Mas Trotsky e os seus seguidores não

desisitiram e continuaram a trabalhar. Este foi

exilado para Alma Ata, no Cazaquistão, a 31 de

Janeiro de 1928. Expulso da União Soviética para a

Turquia a Fevereiro de 1929, este foi

acompanhado pela mulher, Natalia Sedova e o seu

filho Lev Sedov. Após o exílio de Trotsky, muitos

“Trotskyistas” começaram a desvanecer. Alguns

juntaram-se a Estaline, e por isso foram

readmitidos no Partido Comunista, mas quase

todos acabaram por ser executados nas Grandes

Purgas de 1937-1938. Trotsky passou pela Turquia,

França (Julho de 1933 a Junho de 1935) e Noruega

(Junho de 1935 a Setembro de 1936), fixando-se finalmente no México, a convite do pintor Diego Rivera,

vivendo temporariamente em casa deste e mais tarde em casa da esposa de Rivera, a pintora Frida

Kahlo. Além da morte dos seus quatro filhos, os seus genros, noras, netos, e outros parentes próximos

de Trotsky sofrem com a repressão pela sua ligação com um "inimigo do povo" e desaparecem nas

Grandes Pugas de 1937-1938.

No seu crescente isolamento pessoal e político, Trotsky, a partir desta altura, aumenta

consideravelmente a sua produção escrita, escrevendo importantes obras como a sua autobiografia,

Trotsky dando de comer aos seus coelhos, em Coyoacan

Page 12: Bibliografia de Leon Trotsky

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Minha Vida (1930), A História da Revolução Russa (em 2

volumes., 1930 e 1932), A Revolução Permanente (1930) e A

Revolução Traída (1936), uma crítica ao Estalinismo.

Trotsky rejeitou as teses esquerdistas de certos

opositores bolcheviques do estalinismo (notadamente os

"Centralistas Democráticos" liderados por Sapronov), que

consideravam que o estalinismo era uma restauração do

capitalismo, algo similar à restauração da monarquia

francesa pelos Bourbons em 1815. Através desta mesma

analogia com a Revolução Francesa, Trotsky considerou que

o regime de Estalin era um Termidor soviético, no sentido de

que, assim como o “9º do Termidor” francês havia derrubado

o radicalismo pequeno-burguês de Robespierre, Saint-Just e

dos jacobinos, mas preservado o carácter burguês da

sociedade francesa, do mesmo modo o estalinismo havia

eliminado todos os elementos internacionalistas e de

democracia proletária do regime soviético, mas não tinha

abolido o carácter socialista da economia e das relações

sociais na Rússia.

A 3 de Setembro de 1938, numa reunião com 25

delegados de 11 países, Trotsky e seus seguidores fundam a

Quarta Internacional, como alternativa à Terceira

Internacional Estalinista (Kominform). Trotsky tinha entrado

entretanto em conflito com Diego Rivera - numa disputa que

tinha tanto a ver com as pretensões políticas de Rivera no

movimento Trotskyista, que Trotsky desfavorecia, quanto

com a breve ligação de Trostky com Frida Kahlo – o que fez

com que Trotsky se mudasse em 1939 para uma casa própria

no bairro de Coyoacán, na Cidade do México. A 24 de Maio de

1940, sobrevive a um ataque à sua casa por assassinos

alegadamente enviados por Estaline. Não sobreviveria, no

entanto, ao segundo ataque de Estaline - a 20 de Agosto de

1940, o agente Ramón Mercader consegue, sob disfarce,

entrar pacificamente na sua sala para um encontro, e,

aproveitando um momento de distracção, aplica com um

picador de gelo um golpe fatal no seu crânio. Ao ouvir o ruído,

os guarda-costas de Trotsky precipitam-se para a sala e quase

matam Mercader, mas Trotsky deteve-os, exclamando:

«Não o matem! Esse homem tem uma história para contar!»

Trotsky faleceu no dia seguinte.

Túmulo de Trotsky no bairro onde vivia, em

Coyoacan

O assassino de Leon Trotsky

Page 13: Bibliografia de Leon Trotsky

13

Ramón Mercader, aquando do seu julgamento, efectuou o seguinte depoimento:

“Pousei o casaco impermeável na mesa de forma a poder tirar o picador, que estava no bolso. Decidi

não perder a grande oportunidade que surgiu. No momento em que Trotsky começou a ler o artigo,

deu-me a minha oportunidade; tirei o picador do casaco, segurei-o firmemente na mão e, de olhos

fechados, dei-lhe um golpe terrível na cabeça.”

De acordo com James P.Cannon, o secretário do Partido Socialista Trabalhista (EUA), as últimas palavras

de Trotsky foram:

“Não vou sobreviver a este ataque. Estaline conseguiu finalmente cumprir o que tentou fazer

antes, sem sucesso.”

«Aprender traz consigo certos perigos, pois por

necessidade temos de aprender com os nossos inimigos.»

Leon Trotsky

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Cronologia da vida de Leon Trotsky:

1879 – Lev Davidovitch Bronstein nasce em Yanovska, filho de camponeses de cultura Judia. 1886 – Trotsky é enviado para Odessa aos 8 anos de idade para estudar. 1896 – Ainda estudante, Leon tem seu primeiro contato com o marxismo. 1897 – Após uma curta experiência no populismo russo, o jovem Trotsky adere ao marxismo e funda a União Operária do Sul da Rússia. 1898 – Primeira prisão com dois anos de condenação. Casa-se com Aleksandra Sokolovskaya. 1900 – Condenado ao exílio na Sibéria junto com a mulher e duas filhas. Aprofunda os seus estudos do marxismo e filosofia. 1902 – A convite do Lenin e com a ajuda de Aleksandra, foge da Sibéria e junta-se à redacção do Iskra em Londres. Assume o pseudónimo "Pero" (Pena/Caneta), devido a seus dotes literários. 1903 – Separa-se de Lenine durante o II Congresso do PTSDR em Londres na questão da concepção de partido, que dividiu bolcheviques de mencheviques. Permanece independente dentro do PTSDR. 1905 – Com o início da primeira revolução, retorna à Rússia e é eleito presidente do Soviete de São Petersburgo. Em Outubro a revolução é derrotada e todos os membros do soviete são presos. 1906 – Na cadeia, escreve a famosa brochura "Balanço e Perspectivas", a primeira formulação da Teoria da Revolução Permanente, elaborada em base à experiência da revolução derrotada de 1905. 1907 – Nova condenação ao exílio. Desta vez Trotsky nem sequer chega ao destino. Foge ainda no caminho para a Sibéria e segue para a Europa. 1910 – Trabalha como correspondente na Guerra dos Balcãs. Primeiro contacto com a arte militar. 1914 – Rebenta a 1ª Guerra Mundial. Imediatamente, assume uma posição internacionalista, essencialmente igual à de Lenine. 1917:

27 de Fevereiro – Revolução na Rússia. A notícia da queda do Czar chega-lhe enquanto está exilado nos EUA, de onde parte imediatamente para a Rússia. 04 de Maio – Chega a Petrograd e opõe-se radicalmente ao governo provisório. Defende a continuidade da revolução e a passagem de todo o poder aos sovietes. Esta posição aproxima-o de Lenine, que havia convencido os bolcheviques – com as Teses de Abril – da necessidade de uma revolução socialista.

Julho – Com a derrota das jornadas de 03 e 04 de julho, é preso junto com vários líderes bolcheviques, acusado de traição ao Estado. O seu grupo une-se aos bolcheviques e este é eleito membro do Comité Central. Agosto – Mesmo preso, mantem-se em plena atividade desde a prisão, à resistência, à tentativa de golpe de Kornilov.

Setembro – É solto da prisão. Os bolcheviques conquistam a maioria no soviete de Petrogrado e Trotsky é eleito o seu novo presidente.

Outubro – Revolução na Rússia leva o proletariado ao poder. Sob a presidência de Trotsky e com a justificativa de defesa da capital contra as tropas alemãs, o Comité Militar Revolucionário do Soviete de Petrogrado ocupa os principais prédios da capital e derruba o Governo Provisório. O poder é entregue ao II Congresso Russo dos Sovietes.

Novembro e Dezembro – À frente do Comissariado do Povo para Assuntos Estrangeiros, lidera a delegação bolchevique que negociaria a paz em separado, com a Alemanha. A primeira ronda de negociações fracassa, levando a uma nova ofensiva alemã contra as tropas russas. Com incontáveis perdas económicas e territoriais para a Rússia soviética, a paz é finalmente instaurada. 1918 – É nomeado Comissário de Guerra e Presidente do Supremo Conselho de Guerra. Desde então até 1921, este será o líder de todo o trabalho político, organizativo e militar que conduzirá os bolcheviques à vitória na guerra civil. Derrotará 16 exércitos estrangeiros e construirá um exército proletário de cerca 5 milhões de indivíduos.

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1919 – Derrota da primeira revolução alemã. As revoluções finlandesa e húngara também são derrotadas. Clima de incerteza na Rússia soviética. Apesar das importantes derrotas sofridas pelo proletariado, o sentimento revolucionário se mantém. Funda, junto com Lenine, a 3ª Internacional, ou Kominform, o partido mundial da revolução proletária. 1920 – Vislumbrando já a vitória do Exército Vermelho na guerra civil e preocupado com a reconstrução económica do país propõe, num um artigo no Pravda (jornal por este editado), medidas extraordinárias que um ano mais tarde serão formuladas mais claramente por Lenine e adotadas pelos sovietes sob o nome de NEP (Nova Política Económica). 1921 – Vitória definitiva na guerra civil. Mantem-se formalmente à frente do Comissariado de Guerra. Fome na Rússia. 1922 – Fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Apesar dos receios de Lenine, Estaline é eleito Secretario Geral do partido. Primeiros sinais de burocratização. "Questão georgiana": a mando de Estaline, Ordjonikidze agride fisicamente os dirigentes do partido georgiano para "convencê-los" a aderir à União Soviética. Lenine adoece, mas permanece parcialmente activo e propõe a Trotsky um bloco para luta conjunta dentro do partido contra Estaline e a burocratização. 1923 – Ruptura pessoal entre Lenine e Estaline. Lenin deixa a cena política definitivamente. Acelera-se o processo de burocratização do Estado Operário. Trotsky sai à luta e publica "As lições de Outubro", onde faz um duro balanço da atuação de alguns velhos líderes bolcheviques durante a insurreição de 1917. Por sua vez, Estaline publica seu artigo "O socialismo em um só país", cujo nome diz tudo. Segunda revolução alemã. Trotsky propõe ao Politburo que este o envie secretamente à Alemanha para dirigir a insurreição. O Politburo recusa. A revolução é derrotada. A desmoralização abate-se sobre toda a classe operária russa. 1924 – Lenine morre. No seu testamento, alerta o partido contra o perigo de confiar o poder a Estaline. Enganado pelo mesmo sobre a data do enterro, Trotsky, que estava viajando, não comparece ao funeral. Estaline aparece como "mestre de cerimónias" , fala em nome do partido e aumenta o seu prestígio. Trotsky é afastado do Comissariado de Guerra. 1925 – Aproveitando-se do refluxo da revolução mundial, Estaline faz um bloco para defender as posições a favor do “socialismo num só país”. A troika Estaline-Kamenev-Zinoviev derrota as posições de Trotsky em todas as instâncias do partido e afasta-o de uma série de cargos de responsabilidade. 1926 – Assume tarefas técnicas de menor importância e abstém-se de polémicas políticas públicas. Dedica-se ao estudo da economia. Percebe os perigos económicos que ameaçam o Estado soviético e passa a defender a industrialização acelerada como única forma de manter a aliança operário-camponesa e, portanto, a estabilidade da ditadura proletária. No final do ano, explode novamente a luta fracional, desta vez unindo Trotsky, Zinoviev e Kamenev, a chamada "Oposição Unificada", contra Estaline e Bukharin, que defendiam que os camponeses ricos – os kulaks – e os NEPmen tivessem ampla liberdade de iniciativa empresarial, bandeira que ficou conhecida pela consigna “Enriquecei-vos”. 1927 – Com o centro nas questões da revolução chinesa e da luta contra o kulak dentro da URSS, a luta fracional assume proporções dramáticas e irreversíveis. A Oposição Unificada decide levar seus próprios slogans para a manifestação de comemoração dos 10 anos da Revolução de Outubro. Como retaliação, são todos expulsos do Politburo, depois do Comité Central e por fim do partido. Zinoviev e Kamenev recuam e apelam pela reintegração, no que são atendidos. Trotsky mantem-se firme em suas posições e permanece expulso. Na China, com os operários desarmados, sem soviets e com o partido comunista dissolvido dentro do Kuomintang, por política de Estaline-Bukharin, a revolução é derrotada. 1928 – Exílio em Alma-Ata, na Ásia Central. Estaline inicia a luta contra Bukharin. 1929 – Expulsão da União Soviética. Exílio na Turquia. Estaline, após liquidar qualquer oposição, assume tardiamente as propostas económicas imediatas de Trotsky: colectiviza as terras e faz a industrialização acelerada do país, utilizando, no entanto, métodos burocráticos e, por isso, causando imensas e desnecessárias perdas. 1930 – Trotsky prevê o perigo que ameaça a Alemanha e a classe operária do mundo inteiro, caso Hitler chegue ao poder. Passa a defender a política de unidade entre o Partido Socialista e o Partido Comunista

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para barrar a ascensão do nazismo. O Partido Comunista alemão, sob a orientação de Estaline, recusa unidade com os socialistas, classificando-os de "ala esquerda do fascismo" ou "social-fascistas". 1931 – Queda da monarquia espanhola e proclamação da república. Abre-se um poderoso ascenso operário e camponês. Na Alemanha o Partido Comunista alia-se aos nazis para derrubar o governo socialista da Prússia. 1933 – Exílio na França. Graças à política ultra-esquerdista do PC alemão, Hitler chega ao poder. Trotsky passa a defender a ruptura com o Komintern e a construção de uma nova Internacional. 1935 – Exílio na Noruega. Komintern torna-se mais “de direita”. Surgem assim as "Frentes Populares". Trotsky condena a nova política e segue defendendo a Frente Única Operária em oposição às frentes com a burguesia. 1936 – Começam os processos de Moscovo que condenam, por meio de acusações falsas, os mais importantes dirigentes do partido ao exílio e a fuzilamento. Na Espanha, a insurreição do movimento de massas dá resultado a um governo de Frente Popular. A direita reage quase imediatamente e organiza um golpe contra o governo, dando início à Guerra Civil Espanhola. A política do PC espanhol é derrotar o fascismo em união com a burguesia, sem modificar as relações sociais do país. Trotsky, ao contrário, defende que a vitória contra o fascismo só é possível sob a condição de que se exproprie a burguesia urbana e rural e se entregue o poder à classe operária. 1937 – Exílio no México. Zinoviev e Kamenev são condenados nos processos de Moscovo e fuzilados. Na Espanha, o governo de Frente Popular inicia uma ofensiva para desarmar os operários e devolver as terras expropriadas aos latifundiários, como forma de manter a unidade com a burguesia. Trotskistas e anarquistas são mortos pela Frente Popular. Começa a "guerra civil dentro da guerra civil". 1938 – Congresso de Fundação da IV Internacional em Paris. Por razões de segurança, Trotsky não participa, mas escreve as bases programáticas da nova organização, o Programa de Transição. Último Processo de Moscovo. Bukharin é condenado e fuzilado. O último filho vivo de Trotsky, Lev Sedov, morre em circunstâncias não esclarecidas em Paris. 1939 – Vitória definitiva de Franco na Espanha. Pacto Molotov-Ribbentropp de não-agressão entre Alemanha e URSS. O pacto incluía uma cláusula secreta de partilha da Polónia. Em Setembro, Hitler e Estaline invadem a Polónia, o primeiro pelo oeste e o segundo pelo leste, e estabelecem uma nova fronteira entre Alemanha e URSS. Tem início a II Guerra Mundial. 1940 Janeiro – Trotsky inicia uma intensa luta política contra sectores da IV Internacional que abandonavam a caracterização da URSS como Estado Operário, em função de seu regime totalitário, do poder da burocracia e das suas relações com o nazismo. Trotsky afirma que apesar da evidente degeneração, a URSS seguia sendo um Estado Operário, uma vez que permaneciam vivas as relações de propriedade oriundas da Revolução de Outubro.

24 de Maio - Primeiro atentado contra Trotsky: sua casa é metralhada. Ninguém sai ferido. 20 de Agosto - Segundo atentado: Trotsky é golpeado na cabeça com um picador de gelo por Ramón Mercader, agente estalinista. 21 de Agosto, 19h25min - Aos 60 anos de idade, Trotsky morre, consequência do ataque sofrido no dia anterior.

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Bibliografia

http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/biography/Trotsky.html

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http://www.kirjasto.sci.fi/trotsky.htm

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^Árvore Genealógica da Família Trotsky [Consultado pela última vez a 13-12-

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http://fuckyeahtrotsky.tumblr.com/ [Consultado pela última vez a 13-12-2012]

(peço desculpa pela natureza imprópria do título do sítio, mas foi uma grande

fonte de imagens e informação)

http://www.litci.org/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=2073:li

nha-do-tempo--cronologia-da-vida-de-trotsky [Consultado pela última vez a 13-

12-2012]