eutanasia distanasia ortotanasia 24junho 2010

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia Reinaldo Ayer de Oliveira - Coordenador da Câmara Técnica de Bioética do CREMESP; - Professor de Bioética do Departamento de Medicinal Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

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Page 1: Eutanasia Distanasia Ortotanasia 24junho 2010

Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

Reinaldo Ayer de Oliveira

- Coordenador da Câmara Técnica de Bioética do CREMESP;

- Professor de Bioética do Departamento de Medicinal Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

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CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Capítulo V

RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES

Artigo 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.

Parágrafo Único. Nos casos de

doença incurável e terminal,

deve o médico oferecer todos os

cuidados paliativos disponíveis sem empreender

ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou

obstinadas, levando sempre em consideração a vontade

expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.

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A VIDA DO SER HUMANO

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A VIDA DO SER HUMANO

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A VIDA DO SER HUMANO

Figura 7: Acúmulo de fatores de risco para doenças crônicas ao longo da vida. Adaptado deWorld Health Organization. Chronic Diseases and their Common Risk Factors / disponível em:www.who.int/chp

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A VIDA DO SER HUMANO

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A VIDA DO SER HUMANO

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• o surgimento da figura do paciente como sujeito moral,• não mais subordinado à autoridade ou• ao paternalismo do médico. Giovanni Berlinguer

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

Ao longo do tempo a palavra “eutanásia sofreumudanças e tem seu sentido moderno atribuído aFrancis Bacon (1605) em Do progresso e dapromoção de saberes, que aos médicos sugeria “aomesmo tempo aperfeiçoar sua arte e dar assistênciapara facilitar e suavizar a agonia e os sofrimentosda morte”.

Eutanásia

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

“Poderíamos definir a eutanásia como o ato deprovocar diretamente a morte de um ser humano(ou de um animal), de tal modo que essa morteadvenha rapidamente e sem sofrimento, seja agindopara esse fim, seja abstendo-se de agir: no primeirocaso, fala-se de eutanásia ativa, no segundo, daeutanásia passiva. A intenção daquele que provocaa morte deve ser livrar aquele que está para morrerde uma condição insuportável: entende-se com isso,em geral, sofrimentos intoleráveis ou uma situaçãode indignidade e de desamparo extremo provocadopela doença.

Eutanásia

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

A palavra “distanásia” significa obstinação,diagnóstica e terapêutica, e tem uma forteconotação de autoritarismo. De origem grega,significa “morte difícil e penosa”. O conceito dedistanásia indica o prolongamento do processo damorte, por meio de tratamentos (extraordinários)que apenas têm o objetivo de prolongar a vidabiológica do doente.

Distanásia

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

As condutas distanásticas podem ser relacionadascom:

• A convicção acrítica de que a vida é um bem peloqual se deve “lutar” até o limite, não levando emconsideração a sua qualidade;

• O desprezo e a ignorância pela vontade do doentee de seus familiares;

• A angústia do médico diante do insucessoterapêutico e a resistência em aceitar a morte dodoente.

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

A palavra ortotanásia de refere às atitudes que vãosendo assumidas na perspectivas do bem-estar dodoente, quando todas as possibilidades dediagnóstico e tratamento de uma enfermidade gravee incurável foram sendo vencidas,progressivamente. O conceito de ortotanásiaenvolve a arte de bem morrer; é uma maneira de“enfrentar” o morrer, que rejeita a morte infeliz eas ciladas da eutanásia e da distanásia.

Ortotanásia

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

Morte Celular

Lembrar:

A prática e a literatura médica têm demonstradoque a possibilidade de reversão de lesõesrelacionadas a um órgão, sistema ou tecido dependeda gravidade e do tempo de agravo. Aimpossibilidade de reversão, ou seja, a falência dosistema nervoso central é considerada como critériode morte cerebral; entendida, portanto, como morteencefálica, morte da pessoa humana.

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

Morte Encefálica

Resolução nº 1.480/97, do Conselho

Federal de Medicina,

Lei nº 9.434/97 – Lei dos

Transplantes

Resolução CFM nº 1.826/07 são os

instrumentos básicos que orientam

sobre a morte encefálica.

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

A Morte da Pessoa

Lembrar:

Assim como a morte celular, em que não se podeprecisar quando é irreversível o fenômeno, no casoda morte da pessoa, é maior a dificuldade,especialmente se as funções vitais forem, dealguma forma, sendo substituídas oucomplementadas por algum tipo de procedimento,instrumento ou terapia.

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

Terminalidade da Vida

Naturalmente, decorre que, ao conceituarmos vida,é preciso levar em consideração a integridade dascélulas e, sobretudo, como essa integridade, aintegridade do indivíduo, permite que ele serelacione com o seu meio, qualificando sua vida.

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Assim como a morte celular, em que

não se pode precisar quando é

irreversível o fenômeno, no caso da morte da pessoa,

é maior a dificuldade,

especialmente se as funções vitais

forem, de alguma forma, sendo substituídas ou complementadas por

algum tipo de procedimento, instrumento ou terapia.

MORTE CELULAR MORTE DA PESSOA

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Eutanásia, Distanásia e Ortotanásia

Terminalidade da Vida

Esse dispositivo ético é a Resolução do ConselhoFederal de Medicina (CFM) nº 1.805, de 9 denovembro de 2006, apoiada na Constituição daRepública Federativa do Brasil, que consagra oEstado Democrático de Direito e tem comofundamento a dignidade da pessoa humana. Até omomento, a Resolução do CFM está suspensa pordecisão liminar da 14ª Vara Federal de Brasília.

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TERMINALIDADE DA VIDA

Naturalmente, decorre que,

ao conceituarmos vida,

é preciso levar em consideração

a integridade das células

e, sobretudo, como essa

integridade do indivíduo,

permite que ele

se relacione com o seu meio,

qualificando sua vida.

Page 26: Eutanasia Distanasia Ortotanasia 24junho 2010

Resolução do ConselhoFederal de Medicina(CFM) nº 1931, de 17 desetembro de 2009.

Aprova o Código de ÉticaMédica.

A VIDA DO SER HUMANO

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Capítulo I

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

VI – O médico guardará absoluto

respeito pelo ser humano e

atuará sempre em seu benefício.

Jamais utilizará seus conhecimentos

para causar sofrimento físico ou

moral, para o extermínio do ser

humano ou para permitir e acobertar

tentativa contra sua dignidade eintegridade.

CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

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CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Capítulo I

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

XXII – Nas situações clínicas irreversíveis e terminais,

o médico evitará a realização

de procedimentos diagnósticos e

terapêuticos desnecessários

e propiciará aos pacientes sob sua atenção

todos os cuidados paliativos apropriados.

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CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Capítulo V

RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES

Artigo 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.

Parágrafo Único. Nos casos de

doença incurável e terminal,

deve o médico oferecer todos os

cuidados paliativos disponíveis sem empreender

ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou

obstinadas, levando sempre em consideração a vontade

expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal.

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Agora, vem de entrar em vigor o novo Código deÉtica Médica.

Para se determinar o sentido de um conjunto normativo cabe realizar uma interpretação integral, sistemática, teleológica e sociológica, pois não é a letra da lei que importa, mas o espírito da lei, através da própria lei:

“Au delà du code ? mais par le code”, na expressão de Geny.

5 de junho de 2010O novo Código de Ética MédicaMiguel Reale Júnior – O Estado de S.Paulo

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... em face do consentimento do doente ou de seu representante, não está obrigado a prolongar indefinidamente a vida do paciente em estado terminal incurável por meios artificiais inúteis.

É uma tomada de posição em favor da vida digna, que compreende também

uma morte digna.

5 de junho de 2010O novo Código de Ética MédicaMiguel Reale Júnior – O Estado de S.Paulo

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