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EUTANÁSIA: A PRÁTICA E SUA LEGALIZAÇÃO PARA PACIENTES EM ESTADO DE MORTE ENCEFÁLICA Derlon Santos Ribeiro 1 RESUMO: Este artigo propõe estabelecer definições e novo juízo crítico acerca da eutanásia, assim como a sua prática e devida legalização nos casos específicos de morte encefálica comprovada, tratando inicialmente de seu conceito e origem. Num segundo momento, define algumas espécies de eutanásia onde são abordados também os julgamentos acerca das visões: jurídica, médica/psicológica e religiosa. Traz uma análise minuciosa do tema com argumentos apontados por doutrinadores como Neri Tadeu Camara Souza, José Afonso da Silva, Luis Flávio Gomes e Guilherme Sousa Nucci, a favor e contra a prática da Eutanásia. Com isso, surgem indagações importantes no campo do Direito tais como o valor da vida humana, sua dignidade, sua liberdade e ao final, expõe-se os motivos pelo qual se justifica a prática e legalização da eutanásia para pacientes com morte encefálica. Palavras-chaves: Eutanásia, morte encefálica, constitucionalidade, dignidade humana, liberdade, anteprojeto de lei 125/96 ABSTRAT: This article proposes to establish definitions and news critical judgments about euthanasia, as well as its legalization and proper practice in specific cases of brain death proven, treating first of its concepts and origin. At another time, it defines some species of euthanasia which addresses also the judgments about the visions: juridical, medical/psychological and religious. A detail analysis of the issue with arguments made by scholars as Neri Tadeu Souza Camara, José Afonso da Silva, Luis Flávio Gomes Nucci and William Sousa, for and against the practice of euthanasia. Thus, importants questions arise in the field of Law such as the value of human life, their dignity, their freedom and ultimately expose the motives by which justified the practice and legalization of euthanasia for patients with brain death. Keywords: euthanasia, brain death, constitutionality, human dignity, freedom, draft law 125/96. SUMÁRIO: 1. Introdução; 2.Conceito e Origem da Eutanásia; 2.1. Eutanásia: Classificações; 2.2. A Eutanásia x Visão jurídica; 2.3. .A Eutanásia x Visão médica e psicológica; 2.4. A Eutanásia x Visão religiosa; 2.5. Justificativas contra a eutanásia em pacientes com morte cerebral; 2.6. Justificativas a favor da 1 Graduando de Direito da Faculdade Anísio Teixeira (FAT). Feira de Santana | BA. E- mail:[email protected].

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EUTANÁSIA: A PRÁTICA E SUA LEGALIZAÇÃO PARA PACIENTES EM ESTADO DE MORTE ENCEFÁLICA

Derlon Santos Ribeiro1

RESUMO: Este artigo propõe estabelecer definições e novo juízo crítico acerca da eutanásia, assim como a sua prática e devida legalização nos casos específicos de morte encefálica comprovada, tratando inicialmente de seu conceito e origem. Num segundo momento, define algumas espécies de eutanásia onde são abordados também os julgamentos acerca das visões: jurídica, médica/psicológica e religiosa. Traz uma análise minuciosa do tema com argumentos apontados por doutrinadores como Neri Tadeu Camara Souza, José Afonso da Silva, Luis Flávio Gomes e Guilherme Sousa Nucci, a favor e contra a prática da Eutanásia. Com isso, surgem indagações importantes no campo do Direito tais como o valor da vida humana, sua dignidade, sua liberdade e ao final, expõe-se os motivos pelo qual se justifica a prática e legalização da eutanásia para pacientes com morte encefálica. Palavras-chaves: Eutanásia, morte encefálica, constitucionalidade, dignidade humana, liberdade, anteprojeto de lei 125/96 ABSTRAT: This article proposes to establish definitions and news critical judgments about euthanasia, as well as its legalization and proper practice in specific cases of brain death proven, treating first of its concepts and origin. At another time, it defines some species of euthanasia which addresses also the judgments about the visions: juridical, medical/psychological and religious. A detail analysis of the issue with arguments made by scholars as Neri Tadeu Souza Camara, José Afonso da Silva, Luis Flávio Gomes Nucci and William Sousa, for and against the practice of euthanasia. Thus, importants questions arise in the field of Law such as the value of human life, their dignity, their freedom and ultimately expose the motives by which justified the practice and legalization of euthanasia for patients with brain death. Keywords: euthanasia, brain death, constitutionality, human dignity, freedom, draft law 125/96. SUMÁRIO: 1. Introdução; 2.Conceito e Origem da Eutanásia; 2.1. Eutanásia: Classificações; 2.2. A Eutanásia x Visão jurídica; 2.3. .A Eutanásia x Visão médica e psicológica; 2.4. A Eutanásia x Visão religiosa; 2.5. Justificativas contra a eutanásia em pacientes com morte cerebral; 2.6. Justificativas a favor da

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eutanásia em pacientes com morte cerebral; 3. Considerações Finais; 4.Referências.

1. INTRODUÇÃO

É o nascimento com vida que marca o início da condição humana efetiva, com

a aquisição de personalidade jurídica e da aptidão para ter direitos e obrigações. O direito

à vida constitui o primeiro direito de qualquer pessoa, sendo tutelado por nossa Carta

Magna de 1988, que em seu artigo 5º, caput, assegura: “Todos são iguais perante a lei,

sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estangeiros

residentes no País a inviolabilidade do direito à vida”, reconhecendo, assim, que a vida é

um prérequisito para os demais direitos. Reza também no artigo 1º, caput, da referida

legislação que: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou

degradante”, elevando, assim, a dignidade da pessoa humana a um direito fundamental

como o direito a inviolabilidade à vida. O Direito Contemporâneo – também em atos

internacionais e domésticos – tutela, igualmente, a dignidade da pessoa humana. O

direito de todos e de cada um a uma vida digna é a grande causa da humanidade, a

principal energia que move o processo civilizatório [1].

A Eutanásia é proibida na maioria dos países, “a morte provocada”,

considerada piedosa por alguns, envolve questões legais, médicas, religiosas e divide a

opinião pública. Escolher entre a vida e a morte pode ser uma decisão humana? Vários

debates jurídicos são travados em torno da Eutanásia, principalmente, no que diz respeito

à interferência de um ser humano na morte de outro. A legitimidade ou não dessa escolha

envolve um universo de exaustivas reflexões. No calor da polêmica, os debates e opiniões

dividem-se entre aqueles que defendem e os que repudiam a prática de abreviar uma

vida, independentemente dos motivos [2].

Doutrinadores que defendem a eutanásia como sinônimo de boa morte utilizam

a dignidade do ser humano como principal justificativa [3], como também, alegam que dar

o fim de vida e sem dor a doentes incuráveis, e sem sofrimento, é um ato de respeito à

dignidade humana, como exposto na Constituição Federal, artigo 1º, inciso III: “A

República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios

e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como

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fundamentos: (...) III a dignidade da pessoa humana.”. Possuir dignidade humana é ter

dignidade ao nascer, dignidade ao viver e dignidade ao morrer. Esta última significa que a

pessoa deve ser colocada sob cuidados de seus familiares, sob experiências de afeto e

amor, sem se apegar freneticamente às possibilidades ilusórias de cura ou a

prolongamentos indefinidos da morte.

A eutanásia no Brasil é crime, trata-se de homicídio doloso [2], sua prática

sendo punida por nossa legislação penal (Artigo 121 do Código Penal, Decreto-Lei 2.848,

de 7 de dezembro de 1940). Existe grande controvérsia a respeito da legalização ou não

dessa prática. As pessoas que julgam a eutanásia um mal necessário têm como principais

argumentos poupar o paciente terminal irreversível de seu sofrimento e aliviar a angústia

de seus familiares. Outro aspecto importante dessa discussão é o custo financeiro - social

e pessoal - causado pelo prolongamento de uma vida impossibilitada de continuar e

fadada ao resultado morte (aqui se faz alusão, especificadamente, nos casos de morte

cerebral comprovada).

O custo social está na superlotação de leitos nos hospitais e nos gastos

públicos com remédios e tratamentos desses pacientes sem nenhuma perspectiva de vida

ou melhora em seu quadro clínico [4].

O objetivo deste artigo é desmistificar e trazer à baila um debate, que por si só

já é bastante polêmico, “a prática e legalização da eutanásia a pacientes em estado de

morte cerebral, bem como, uma possível modificação na estrutura jurídica já vigente no

país”. Seu principal propósito é estudar a morte com intervenção à luz da dignidade da

pessoa humana, com vistas a estabelecer alguns padrões básicos para as políticas

públicas brasileiras sobre a matéria. Pois, todo ser humano tem o direito à vida, mas não

ao prolongamento de sua morte.

2. CONCEITO E ORIGEM DA EUTANÁSIA

A palavra eutanásia deriva da expressão grega euthanatos, onde eu significa

bom e thanatos morte. Numa definição puramente etimológica, é a morte boa, a morte

calma, a morte piedosa e humanitária, a morte sem sofrimento e sem dor [5]. Segundo o

Dicionário Aurélio, eutanásia significa “morte serena, sem sofrimento. Prática sem amparo

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legal, pela qual se busca abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente

reconhecidamente incurável” [6].

Já explanados os conceitos supracitados, verifiquemos neste momento a

origem deste ato.

A discussão acerca dos valores sociais, culturais e religiosos envolvidos na

questão da eutanásia vem desde a Antiguidade, sendo uma prática seguida por povos

celtas, que tinham por hábito que os filhos matassem seus pais quando estes tivessem

velhos e doentes [3]. Na cultura greco-romana percebe-se, por exemplo, que Platão,

Sócrates e Epicuro defendiam a ideia de que o sofrimento resultante de uma doença

dolorosa justificava o suicídio. Em Marselha, neste período, havia um depósito público de

cicuta a disposição de todos [7].

Durante a Idade Média, em razão das inúmeras epidemias e pestes, era

comum a prática da eutanásia, uma vez que as doenças alastravam-se com maior

facilidade, devido ao grande estado de miséria em que se encontrava a população

durante o período de decadência do feudalismo [8].

Em 1931, na Inglaterra, o Dr. Millard, propôs uma Lei para Legalização da

Eutanásia Voluntária, que foi discutida até 1936, quando a Câmara dos Lordes a rejeitou.

Esta sua proposta serviu, posteriormente, de base para o modelo holandês. Durante os

debates, em 1936, o médico real, Lord Dawson, revelou que tinha "facilitado" a morte do

Rei George V, utilizando morfina e cocaína. O Uruguai, em 1934, incluiu a possibilidade

da eutanásia no seu Código Penal, por intermédio da doutrina do Prof. Jiménez de Asúa,

penalista espanhol, proposta em 1925, através da possibilidade do "homicídio piedoso".

Esta legislação uruguaia possivelmente seja a primeira regulamentação nacional sobre o

tema. Vale salientar que esta legislação continua em vigor até o presente [7].

Em muitos países europeus, um crescente público debate diariamente a

aceitabilidade e regulamentação da eutanásia. Nos anos de 1993 e 1994, a Justiça da

Grã-Bretanha autorizou médicos a abreviarem a vida de doentes mantidos artificialmente

[8].

Em 1996, foi proposto pela primeira vez um projeto de lei no Senado Federal

(projeto de lei 125/96), instituindo a possibilidade de realização de procedimentos de

eutanásia no Brasil. A sua avaliação nas comissões especializadas não prosperou, sendo

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a Eutanásia considerada como homicídio piedoso, consoante O Código Penal Brasileiro

em seu artigo 121 [7].

Em 28 de novembro de 2000 a Holanda passou a ser o primeiro país a

autorizar oficialmente a prática da eutanásia. A nova legislação permite aos médicos

recorrerem à eutanásia em condições muito restritas, onde o enfermo deve estar sem

qualquer esperança de sobrevivência e desejar pôr fim a sua vida [8].

Vejamos a seguir de forma mais detalhada algumas de suas classificações.

2.1. Eutanásia: classificações

Conforme citado no tópico anterior, o termo eutanásia foi utilizado, por longo

tempo, de forma genérica e ampla, abrangendo condutas comissivas e omissivas em

pacientes que se encontravam em situações muito dessemelhantes. Atualmente, o

conceito é confinado a uma acepção bastante restrita, que compreende apenas a forma

ativa aplicada por médicos a doente cuja morte é inevitável em um curto lapso temporal.

Logo, os estudiosos da bioética têm procurado realizar uma determinação léxica de

alguns conceitos relacionados ao final da vida. Muitos fenômenos que eram englobados

sob uma mesma denominação passaram a ser identificados em categorias específicas.

Em certos casos, as distinções são totalmente nítidas; em outros, bastante

sutis. Ainda assim, é conveniente identificar, analiticamente, as seguintes categorias

operacionais: a) eutanásia; b) ortotanásia; c) distanásia [1]; d) mistanásia; e) eutanásia

eugênica [9].

Vejamos os conceitos:

a) eutanásia (morte boa): é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável (terminal ou não), a seu pedido e em razão do seu insuportável sofrimento, de maneira controlada e assistida. O ato que causa a morte é praticado por um terceiro; b) ortotanásia (ou eutanasia passiva): é a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável (terminal ou não), a seu pedido e em razão do seu insuportável sofrimento, mediante o desligamento de aparelhos ou a cessação de procedimentos terapêuticos ou da medicação ou da alimentação. O ato do desligamento ou da cessação é também praticado por um terceiro; c) distanásia: é a continuação (ou prolongamento), por meios artificiais, de um tratamento ou de uma medicação que visa a manter vivo um enfermo incurável (terminal ou não); f) mistanásia (ou eutanásia social): é a morte do miserável por falta de assistência (a vítima nem sequer ingressa no sistema de saúde ou ingressa e não recebe a assistência devida);

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g) eutanásia eugênica: é a morte da vítima por razões eugênicas, de raça (isso ocorreu durante o nazismo, com o holocausto) [9].

2.2. A eutanásia x visão jurídica

Já conceituada e devidamente classificada a eutanásia, sigamos agora os

aspectos jurídicos e seus conceitos que circundam tal tema. Um dos trunfos maiores dos

que defendem a prática da eutanásia, norteiam-se através dos princípios e garantias

fundamentais assegurados em nossa Carta Magna, tida como “Constituição Cidadã”,

sendo seu ponto de apoio o artigo 1º, inciso III. Que relata: “A República Federativa do

Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,

constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a

dignidade da pessoa humana.”

Vale ressaltar que as ideias aqui neste artigo defendidas não se correlacionam

com a mera retirada de sofrimentos físicos ou psíquicos do individuo que esteja

acometido de grave doença (estado de morte cerebral comprovada), pois o mesmo já se

encontra morto para si, e para todo o mundo externo, obviamente, não sofrendo algum

tipo de sofrimento. Mas sim, da liberdade de terceiros em optar em por fim a uma situação

a qual o desfecho não seja outro senão a morte.

Aqui é mister o entendimento sobre a Dignidade da pessoa humana e o

princípio da inviolabilidade do direito à vida :

A dignidade da pessoa humana vem inscrita na Constituição brasileira como

um dos fundamentos da República (art. 1º, III). Funciona, assim, como fator de

legitimação das ações estatais e vetor de interpretação da legislação em geral. Na sua

expressão mais essencial, dignidade significa que toda pessoa é um fim em si mesmo,

consoante uma das enunciações do imperativo categórico kantiano. A vida de qualquer

ser humano tem um valia intrínseca, objetiva. Ninguém existe no mundo para atender os

propósitos de outra pessoa ou para servir a metas coletivas da sociedade. O valor ou

princípio da dignidade humana veda, precisamente, essa instrumentalização ou

funcionalização de qualquer indivíduo.

De fato, no plano dos direitos individuais, ela se expressa na autonomia

privada, que decorre da liberdade e da igualdade das pessoas. Integra o conteúdo da

dignidade a autodeterminação individual e o direito ao igual respeito e consideração. As

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pessoas têm o direito de eleger seus projetos existenciais e de não sofrer discriminações

em razão de sua identidade e de suas escolhas [1].

A preservação e promoção desses direitos têm uma dimensão individual e

outra social. A dimensão individual está ligada ao sujeito do direito, seus comportamentos

e suas escolhas. A dimensão social envolve a atuação do Estado e de suas instituições

na concretização do direito de cada um e, em certos casos, de intervenção para que

comportamentos individuais não interfiram em direitos próprios, de outros ou de todos.

Conforme ressalva alguns autores como Guilherme de Souza Nucci que

afiança:

Segundo nos parece, o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana possui dois prismas: objetivo e subjetivo. Objetivamente, envolve a garantia de um mínimo existencial ao ser humano, atendendo as suas necessidades vitais básicas, como reconhecido pelo art. 7.°, IV, da Constituição, ao cuidar do salário mínimo (moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte, previdência social). Inexiste dignidade se a pessoa humana não dispuser de condições básicas de vivência. Subjetivamente, cuida-se do sentimento de respeitabilidade e autoestima, inerentes ao ser humano, desde o nascimento, quando passa a desenvolver sua personalidade, entrelaçando-se em comunidade e merecendo consideração, mormente do Estado [16].

A dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de

todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida. "Concebido como

referência constitucional unificadora de todos os direitos fundamentais (observam Gomes

Canotilho e Vital Moreira) [17].

E com Alexandre de Moraes pode-se afirmar que "a dignidade da pessoa

humana" concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, uma vez que se fazem

próprias às personalidades humanas. A dignidade, isso deve ser ressaltado, é um valor

espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na

autodeterminação consciente e responsável da própria vida e traz consigo a pretensão ao

respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo

estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser

feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais [18].

Cabe também ao Estado assegurar o direito à vida, e este não consiste apenas

em manter-se vivo, mas se Ter vida digna quanto à subsistência. De acordo com Moraes

[12]:

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O Estado deverá garantir esse direito a um nível adequado com a condição humana respeitando os princípios fundamentais da cidadania, dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Acerca da inviolabilidade do direito à vida, vejamos:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)

O direito à vida é contemplado na Constituição Federal, no título Dos Direitos e

Garantias Fundamentais, sendo consagrado como o mais fundamental dos direitos, uma

vez que, é dele que derivam todos os demais direitos. É regido pelos princípios

Constitucionais da inviolabilidade e irrenunciabilidade, ou seja, o direito à vida, não pode

ser desrespeitado, sob pena de responsabilização criminal, nem tampouco pode o

indivíduo renunciar esse direito e almejar sua morte [10].

Já na visão de Moraes [11]: “O direito à vida tem um conteúdo de proteção

positiva que impede configurá-lo como o direito de liberdade que inclua o direito à própria

morte.”

Constitucionalmente o homem tem direito à vida e não sobre a vida.

O Estado garante o direito à vida, dessa forma proíbe a morte provocada, como

a eutanásia [12].

Trazendo a tona o entendimento de Neri Tadeu Camara Souza:

As discussões sobre a validade ou não da eutanásia, dentro da realidade brasileira, por sua vez trazem um enfoque abstraindo sem levar em conta o enquadramento desta no mundo juridico. Isto permite que se faça, neste texto, partindo de um conceito na área da eutanásia, urna projeção e reflexão dos dispositivos legais que se vinculam a este conceitos. A eutanásia (este termo já existe desde o século XVII) em sua visão clássica, consite em se provocar a morte de uma pessoa antes do previsto, pela evolução natural da molestia, um ato misericordioso devido a um padecimento não suportável, decorrente de uma doença sem cura. Esta maneira de causar a morte de outrem pode se dar de uma maneira ativa ou passiva, pode se dar de um jeito direto ou indireto, ou como ato voluntário ou não volutário do paciente. Não é privativo do médico o crime de eutanásia não é um crime próprio visto poder ser realizado por qualquer pessoa, é pois um crime comum. É um crime já que é fato ilicito, típico e culpável, que se encontra tipificado na Parte Especial, do nosso Código Penal em seu artigo 121, no paragrafo 1º, que diz:! Art. 121. Matar alguém: § 1º Se o agente comete o crime

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impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta porvocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. Encara o Código Penal como, in verbis “Caso de diminuição de pena”, ou seja, define-o como um crime que a doutrina chama de homicidio privilegiado, mas, ressalte-se, um típico homicidio doloso.Também tem esse enquadramento legal na Parte Geral (Circunstâncias atenuantes) do mesmo Código Penal no artigo 65, inciso III, alinea “a” que reza: At. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (...) III Ter o agente: a) Cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral” [13].

Nota-se que no trecho acima aludido fica evidente que a eutanásia é tratada

como homicídio privilegiado, com redução de pena, tratando-se também não como um

crime próprio aplicado a médicos, mas sendo um crime comum, porque o mesmo poderá

ser praticado por qualquer indivíduo.

Em dias atuais está tramitando no Senado Federal, um projeto de lei 125/96,

elaborado desde 1995, estabelecendo critérios para a legalização da "morte sem dor".

que apresenta um caso de exclusão de ilicitude para o médico que pratica a eutanásia:

Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial, se previamente atestada por dois médicos, a morte como iminente e inevitável, e desde que haja consentimento do paciente, ou na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão. [19]

Passemos assim ao próximo tópico.

2.3. A eutanásia x visão médica e psicológica

Hipócrates dedicou-se à medicina na antiga Grécia e o seu juramento, sendo

um ato simbólico que, porém encontra um caráter vinculativo no Código Deontólogico

Médico, transformou-se na norma moral básica imortal da conduta do médico. No seu

juramento foi demonstrada a sua indignação perante os médicos que receitavam venenos

mortais aos seus clientes para lhes abreviar a vida: “[...]. Aplicarei os regimes para o bem

do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a

alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que

induza a perda [...]” [15]

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A classe médica é atingida em cheio pela questão da eutanásia, visto que

qualquer prática ou comportamento que leve a uma antecipação da morte em busca de

um término da vida suave passará pela intervenção de um médico, tal como o tratamento

das enfermidades de quem opta pela luta contra a doença mesmo que incurável.

Os profissionais médicos que defendem o exercício desta prática norteiam-se

em quatro argumentos: o direito a uma morte digna; a morte como piedade; a qualidade

de vida e as razões econômicas [20]. Em contrapartida, a maioria dos médicos não aceita

estes argumentos, negam a eutanásia como uma forma de morte digna. Para os médicos

discordantes deste método, percebe-se uma clara confusão de conceitos, assim, como a

maioria da sociedade que não está corretamente elucidada sobre a questão, confundindo

conceitos como: a dignidade da vida e a dignidade da pessoa.

Porém, como referido no tópico anterior. O anteprojeto traz a prática da

eutanásia não como crime desde que o paciente não apresente condições orgânicas

vitais, sendo previamente atestada por dois médicos, torna-se lícito tomar em consciência

a decisão de renunciar aos tratamentos que não alcançariam senão um prolongamento

precário da morte.

O compromisso maior da Medicina é zelar pela vida, mas é também

responsabilidade do médico zelar pelo bem-estar e dignidade do paciente.

Embora este procedimento seja julgado como crime, porém, a prática deste em

hospitais torna-se comum. Observa-se que cada vez mais se torna recorrente em

pacientes que se encontram em estado terminal nas Unidades de Tratamento Intensivo

(UTIs), e que não se beneficiando mais com a analgesia, a dose de sedação - coquetel

batizado como M1 - é aumentada. Consequentemente há um efeito tóxico o que levará o

indivíduo à morte.

Cabe a todos nós, neste ponto de vista crucial questionarmos se os referidos

médicos envolvidos em casos como estes e tantos outros obedecem ou não ao

Juramento de Hipócrates. E o porquê de uma futura vedação ao anteprojeto que

regulamenta essa prática?

Acerca de alguns aspectos psicológicos há de ressaltar dois vilões que

permeiam e são intrínsecos a natureza do ser humano: o medo da perda e o egoísmo.

Sentimentos que são latentes e inquestionáveis à natureza humana. E é diante

deles que volto agora meu foco.

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Não será o medo e o egoísmo um dos motivos cabais a não aceitação da

eutanásia nos casos de morte cerebral? Será que não estarão sendo egoístas os que

mantêm seus entes queridos confinados a total insucesso vital? E os que discordam da

eutanásia neste específico caso, já se puseram sobre esta ótica, uma vez que a morte

cerebral já é presente e certa?

Sobre tão complexo e abrangente prisma não é de interesse e objetivo deste

artigo por hora, aprofundarmos acerca de tal extenso tema, mas vale ressaltar sua

importância para compreendermos melhor algumas decisões humanas.

2.4. A eutanásia x visão religiosa

Para muitas pessoas a vida é um bem sagrado e só a Deus cabe concedê-la

ou tirá-la do Homem. Na Justiça brasileira, a eutanásia é considerada um crime.

Pela Lei Divina, poderemos ser penalizados ou absorvidos por tirar a vida de

quem, de fato, já não a possui? Como se trata de algo muito polêmico, vamos nos

restringir apenas as visões religiosas acerca de tal discussão.

Abaixo, alguns posicionamentos religiosos em relação à eutanásia:

2.4.1 DOUTRINA CATÓLICA

A doutrina social da igreja na qual a questão da eutanásia se insere, inspira-se

no Evangelho e tem como objetivo primário a dignidade pessoal da vida humana, imagem

de Deus e salvaguarda dos seus direitos inalienáveis. A missão evangelizadora da Igreja

desde sempre se preocupou com as consequências dos problemas sociais da

descristianização da sociedade e no esquecimento dos valores espirituais. É neste

contexto que, em 5 de Maio de 1980, a Sagrada Congregação da Fé publica a declaração

“Jura et Bona” sobre a eutanásia. O documento refere a eutanásia como “aquela atitude

humana que está em oposição ao desígnio do amor de Deus para com o homem” e, como

tal, tão inaceitável como o homicídio. Optar pela eutanásia é, “pela parte do homem

recusar a soberania de Deus e o seu desígnio de amor”. Além disto, é a negação da

natural aspiração da vida, uma renúncia ao amor por si próprio e aos deveres de justiça e

à caridade para com o próximo. Escolher a morte para si é uma violação da lei divina,

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uma ofensa à dignidade da pessoa, um crime contra a vida, um atentado contra a

humanidade.

Nesta declaração a Igreja mostra estar consciente dos fortes condicionamentos

da ordem psicológica, social e do ritmo da vida que a sociedade vigente impõe. Deixa

antever, porém, que, embora atenuantes, aqueles não são argumentos válidos para que

alguém decida querer a morte para si mesmo: “Todo o homem tem o dever de conformar

a sua vida com o desígnio de Deus. Esta deve produzir os seus frutos aqui na terra a fim

de encontrar a sua plena perfeição somente na vida eterna” [21].

Ninguém escolhe a eutanásia como melhor remédio, mas como a única

solução para os casos aqui defendidos. Entretanto, por este motivo podemos concluir

que, este, ou qualquer argumento contra a eutanásia por hora não os tornam

convincentes.

2.4.2 DOUTRINA ESPÍRITA (KARDECISTA)

O Espiritismo condena a eutanásia ‐ morte apressada voluntariamente por

pacientes terminais, atualmente legalizada apenas na Holanda ‐ da mesma forma que

condena o suicídio. Allan Kardec, na obra fundadora do Espiritismo, O Livro dos Espíritos,

revela a posição da doutrina: "Sempre se é culpado por não esperar o termo fixado por

Deus (...) É sempre uma falta de resignação e de submissão a vontade do criador" [22]

Isso mesmo nos casos em que a morte é inevitável e em que a vida é

abreviada por alguns instantes.

Para o Espiritismo, o sofrimento sempre tem uma causa e sempre há na dor

um caráter evolutivo. Os instantes finais da vida 'corporal' podem ser de grande

importância na jornada evolutiva do espírito, acreditam os kardecistas. A eutanásia

acabaria assim abortando as oportunidades de crescimento pessoal para o paciente e

seus familiares que a situação oferece.

Os espíritas lembram que é inútil abreviar a vida para fazer cessar o

sofrimento, já que a vida não acaba na morte física, e muito menos a dor, que ao

contrário, pode até se tornar mais intensa numa vida futura, como forma de penitência

pela falta de resignação.

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O combate à eutanásia, promovido pelo espiritismo, não deve ser visto como

uma apologia ao sofrimento. Ele defende que se deve utilizar todos os recursos

disponíveis para minorar a dor do indivíduo. Os espíritas ainda argumentam que, com a

legalização da eutanásia, as pesquisas que visam melhoras na qualidade de vida de

pacientes terminais sofreriam um perigoso decréscimo [23].

2.4.3 DOUTRINA BUDISTA

O Budismo é uma das maiores religiões mundiais, contando, hoje, com

aproximadamente 500 milhões de adeptos. O objetivo de todos os praticantes do budismo

é a iluminação (nirvana), que consiste num estado de espírito e perfeição moral que pode

ser conseguido por qualquer ser humano que viva conforme os ensinamentos do mestre

Buda, consistindo-se em uma religião não de Deus, mas uma via não-teísta, o que não

quer dizer o mesmo que ateísta.

Segundo Nogueira (1995) a perspectiva budista em relação à eutanásia é que

no budismo, apesar da vida ser um bem precioso, não é considerada divina, pelo fato de

não crêem na existência de um ser supremo ou deus criador. No capítulo que dispõe

sobre os valores básicos do budismo, além da sabedoria e preocupação moral, existe o

valor básico da vida, que não diz respeito somente ao ser humano, mas também inclui a

vida animal e até mesmo os insetos.

Grande ênfase é dada ao estado de consciência e paz no momento da morte.

Não existe uma oposição ferrenha à eutanásia ativa e passiva, que podem ser aplicadas

em determinadas circunstâncias [25].

2.4.4 DOUTRINA ISLÂMICA

O islamismo que significa literalmente “submissão à vontade de Deus”, é a

mais jovem e a última das grandes religiões mundiais e a única surgida após o

cristianismo (Maomé – 570-632 d.C.).

Nos dizeres de Nogueira (1995), a posição islâmica em relação à eutanásia é

que sendo a concepção da vida humana considerada sagrada, aliada a “limitação drástica

da autonomia da ação humana”, proíbem a eutanásia, bem como o suicídio, pois para

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seus seguidores o médico é um soldado da vida, sendo que não deve tomar medidas

positivas para abreviar a vida do paciente. No entanto, se a vida não pode ser restaurada

é inútil manter uma pessoa em estado vegetativo utilizando-se de medidas heróicas [25].

Já o posicionamento dentro de algumas doutrinas cristãs concernem:

2.4.4.1 Igreja Unida de Cristo

A recusa de um prolongamento artificial e penoso da doença terminal é ética e

teologicamente apropriada. Incentiva-se a utilização de expressão antecipada dos desejos

do paciente. Afirma a liberdade e a responsabilidade individual. Não defende a eutanásia

como uma opção cristã, mas o direito de escolha é uma legítima decisão cristã. O

governo não deve fechar as opções que pertencem aos indivíduos e famílias [24].

2.4.4.2 Igrejas Batistas

Defendem o direito de o indivíduo tomar suas próprias decisões em relação às

medidas ou tratamentos que prolongam a vida; isso deve ser fortalecido através da

elaboração de instruções que deixem claro como o paciente quer ser tratado no final da

vida. Condenam a eutanásia ativa como uma violação da santidade da vida [24].

2.4.4.3 Adventistas do Sétimo Dia

Em relação à interrupção de tratamento, esta Igreja é a favor de um consenso

informal favorável à eutanásia passiva (deixar morrer). Em relação à eutanásia ativa, não

tem uma posição oficial [24].

2.4.4.4 Mormons (Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias)

Na visão deste segmento religioso, quando a morte é inevitável ela deve ser

vista como uma bênção e intencionalmente parte da existência eterna. Não existe a

obrigação de estender a vida mortal por meios não razoáveis. A pessoa que participa de

uma prática eutanásica, deliberadamente causando a morte de outra que esteja sofrendo

de uma condição ou doença terminal, viola os mandamentos de Deus [24].

2.4.4.5 Testemunhas de Jeová

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Quando a morte é iminente e inevitável, as Escrituras não exigem que os meios

extraordinários (e onerosos) sejam utilizados para prolongar o processo do morrer. A

eutanásia ativa é considerada um assassinato que viola a santidade da vida [24].

2.4.4.6 Igreja Metodista Unida

Toda pessoa tem o direito de morrer com dignidade, ser cuidada com carinho e

sem esforços terapêuticos que apenas prolongam indevidamente doenças terminais,

simplesmente porque existe tecnologia disponível. É interessante frisar que essa

denominação, na Conferência do Pacífico, apoiou a Iniciativa 119 do Estado de

Washington (EUA) para legalizar o suicídio assistido e a eutanásia voluntária [24].

É evidente que as linhas de raciocínios mais conservadoras enfatizam

preponderantemente o Senhorio de Deus sobre a vida, negando quase sempre a

possibilidade de legitimidade de intervenção humana, mas em contrapartida, as liberais

enfatizam o aspecto da administração responsável da vida humana que não concorre e

muito menos nega o dom transcendente. Diante desta celeuma fica implícito o seguinte

questionamento: Ganharíamos bônus celestiais se prolongarmos a morte?

Faz-se necessário alargarmos um pouco mais a nossa compreensão a cerca

dos motivos ensejados contra e a favor da eutanásia.

2.5. Justificativas contra a eutanásia em pacientes com morte cerebral

Os argumentos que são contrários a Eutanásia baseiam-se quase sempre

respaldados por nosso sistema constituinte em conformidade com o artigo 5º, caput:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à

liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”

Alegam e taxam a eutanásia como uma forma de interrupção abrupta e ilícita

de abreviação à vida.

Arrola-se abaixo, alguns pensamentos de distintos doutrinadores:

José Afonso da Silva, tratando do assusto assevera:

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Chama-se, por esse motivo, homicídio piedoso. É, assim mesmo, uma forma não

espontânea de interrupção do processo vital, pelo que implicitamente está vedada

pelo direito à vida consagrado na Constituição, que não significa que o indivíduo

possa dispor da vida, mesmo em situação dramática. Por isso, nem o

consentimento lúcido do doente exclui o sentido delituoso da eutanásia no nosso

Díreito. E que como lembra Aníbal Bruno a “vida é um bem jurídico que não

importa proteger só do ponto de vista individual; tem importância para a

comunidade. O desinteresse do indivíduo pela própria vida não exclui esta da

tutela penal. O Estado continua a protegê-la como valor social e este interesse

superior torna inválido o consentimento ao particular para que dela o privem. Nem

sequer quando ocorrem as circunstâncias que incluíram o fato na categoria da

eutanásia, ou homicídio piedoso” [13]

A matéria mostra-se polêmica conforme se vê da inteligência de José Afonso da Silva

lembrando Aníbal Bruno quando este alega ser a vida um bem jurídico que tem que ser protegido

de forma coletiva, e que o desinteresse do individuo pela própria vida, não a exclui da tutela penal.

E mais:

Dá-se o caso, ainda, que a eutanásia geralmente tem aplicação sem o

consentimento do doente, que nem sempre está em condições de outorgá-lo

validamente. Há muita discussão em torno do tema, que sempre se aguça,

emocionalmente, quando algum caso de doloroso padecimento atrai a compaixão

pública. No entanto, as palavras de Remo Pamiain sobre a razão de punibilidade

da eutanásia são de ponderar devidamente, quando ele diz que, além dos motivos

religiosos, opõem-se à impunidade da eutanásia: (a) motivos científicos e de

conveniência, tais como a possibilidade de um erro de diagnóstico, da descoberta

de um remédio, bem como a eventualidade de pretexto e de abusos; (b) motivos

morais (e mesmo jurídicos), pois que, dado o valor atribuído à vida humana pela

consciência comum e pelo ordenamento jurídico, não se pode privar a criatura

humana nem de um só átimo de existência; (c) de resto, a prevalência do motivo

de piedade sobre a natural aversão à supressão de um semelhante revela, em

quem pratica a eutanásia, uma personalidade sanguinária ou, pelo menos,

propensa ao delito. A eutanásia não mereceu maior atenção na Constituinte.

Cumpre observar que não nos parece caracterizar eutanásia a consurnação da

morte pelo desligamento de aparelhos que, artificialmente, mantenham vivo o

paciente, já clinicamente morto. Pois, em verdade, a vida já não existiria mais,

senão vegetação mecânica. Ressalve- se, é evidente, culpa ou dolo na apreciação

do estado do paciente [26].

Com efeito, depreende-se da análise do texto acima que o consentimento de

terceiros gera muita dicussão e que o desligamento de aparelhos que mantenham vivo o

paciente, já clinicamente morto, não caracteriza a eutanásia [3].

Para Luiz Flávio Gomes:

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A vida é nosso bem maior, dádiva de Deus. Não pode ser suprimida por decisão

de um médico ou de um familiar, qualquer que seja a circunstância, pois o que é

incurável hoje, amanhã poderá não sê-lo e uma anomalia irreversível poderá ser

reversível na próxima semana. Afinal, se a sociedade brasileira não aceita a pena

de morte, é óbvio que esta mesma sociedade não aceita que se disponha da vida

de um inocente, para poupar o sofrimento ou as despesas de seus parentes.

Enquanto for crime a eutanásia, sua prática deve ser punida exemplarmente [27].

Assim sendo, observa-se no comportamento desses ferrenhos protetores do

princípio da inviolabilização do direito à vida aqui expostos, uma característica a eles

comum, a de considerarem a vida da pessoa humana como um direito irrelevante, como

de fato o é, porém, o grande ponto de defesa aqui por mim exposto e questionado é

justamente o contrário a essa idéia. Também seria um ferrenho defensor da

inviolabilização do direito à vida, se um único individuo com morte encefálica comprovada,

tivesse vida autônoma.

Não querendo jamais desfazer dos pensamentos de tão nobres colegas, por

mais que procure, acabo por não encontrar razões e motivos para tamanhas restrições

acerca da eutanásia nos casos defendidos por mim neste presente artigo.

A existência de vida, para eles é um requisito em sua defesa. Para mim, a sua

ausência é a essência, fato que será defendido por mim veemente a seguir.

2.6. Justificativas a favor da eutanásia em pacientes com morte cerebral

É inegável e inteligível que todo argumento a favor da eutanásia em casos de

morte encefálica tenham como junco basilar o princípio da dignidade da pessoa humana,

pois aqui inexiste a impossibilidade do indivíduo requerer ou alegar o direito à vida, ou

outro qualquer. Pois sua capacidade cognitiva e racional, já não existe de forma

autônoma por conta de doença severa. Sendo assim, a sua dignidade deve ser

relativizada a terceiros judicialmente habilitados, fazendo valer o direito de maior primor

que é finalmente seguir seu curso natural de forma digna.

Pois a dignidade humana está também na responsabilidade pela determinação

de seus valores e objetivos. Ou seja, as decisões cruciais na vida de uma pessoa não

devem ser impostas por uma vontade externa a ela. É imprescindível que no mundo atual,

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a dignidade humana torne-se o centro axiológico dos sistemas jurídicos, a fonte dos

direitos materialmente fundamentais sendo assim o núcleo essencial de cada um deles.

Partamos agora para outro epicentro da discussão. Como citado anteriormente,

debruçaremos, pois sobre o artigo do anteprojeto que tramita no Senado Federal:

Não constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial, se previamente atestada por dois médicos, à morte como iminente e inevitável, e desde que haja consentimento do paciente, ou na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão. [19]

A eutanásia prevista no anteprojeto, não consiste na retirada da vida do

paciente pelo médico, nem em qualquer conduta do médico. Então, assim sendo, o

médico ficará livre para deixar de prolongar, por meios artificiais, uma vida que se mostra

irrecuperável, intervindo de maneira piedosa para com o seu paciente.

Na transcrição feita pelo sábio legislador do referido artigo, percebe-se que no

corpo deste, o faz de forma totalmente laica, abrangendo os casos de enfermidades

incuráveis que possam ter seu pedido feito formalmente pelo moribundo paciente: “Não

constitui crime deixar de manter a vida de alguém por meio artificial, se previamente

atestada por dois médicos, à morte como iminente e inevitável, e desde que haja

consentimento do paciente”. Frise-se aqui, que não nos interessa essa discussão acerca

da primeira possibilidade de ação da eutanásia por se tratar de doenças incuráveis e das

mazelas por elas acometidas.

Cabe a este estudo a sábia e oportuna sentença seguinte presente no corpo do

artigo: “ou na sua impossibilidade, de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou

irmão”. Veja que com clareza solar o legislador pôde perceber e incluir com sensatez o

direito à dignidade e à liberdade daqueles que por um infortúnio da vida em algum

momento teve seu direito à vida totalmente cerceado de forma natural, possibilitando

assim a terceiros decidir sobre sua incapacidade postulatória de direitos, aqui pungente e

irreversível.

Nesta seara de discussão, vejamos o pensamento de Wilson Paganelli:

Vamos dividir os que apresentam argumentos favoráveis em dois grupos: os permissivistas mais radicais e os mais moderados. Apóiam-se os mais radicais nas seguintes alegações: a- toda vida gravemente tolhida em suas manifestações por padecimento físico carece de valor; b- nessas hipóteses, pode representar

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gravame injusto para a família e para a sociedade, por exemplo, ocupando leitos hospitalares; c- se a situação é irreversível, não há porque lutar contra o que as próprias forças da ciência revelam-se impotentes; d- o interessado tem direito à morte condigna; Os mais moderados acrescentariam a tudo isso certas condicionantes, como: a- o consentimento do interessado ou de membro da família; b- a certeza da proximidade e inevitabilidade da morte atestada por profissional habilitado etc... Neste grupo, costumam posicionar-se os que rejeitam a eutanásia eugênica, em princípio [14].

Partindo do pressuposto de Paganelli, verifica-se que é totalmente aceitável a

ideia de que um indivíduo que teve sua vida gravemente tolhida em suas manifestações

por padecimentos de ordem física tenha o direito de ter a sua dignidade humana

respeitada.

A não observância e o não cumprimento desta garantia legal acarretará num

colapso social que inevitavelmente, gerará em longo prazo um ônus a toda sociedade, e a

outras famílias que desamparadas, e desassistidas pelo “braço” do Estado, estarão

tolhidas pelo direito de lutar pelas suas míseras vidas em detrimento a uma pessoa que

se encontra efetivamente morta. Pois, conforme frisa o referido autor e apreciado pelos de

bom senso é inevitável a situação, uma vez que a mesma é irreversível, não há porque

lutar contra o que as próprias forças da ciência revelam-se impotentes.

E de acordo com os motivos explicitados, alia-se a esta corrente de

pensamentos, os moderados que contribuem a ela de forma plausível e justificável.

Como o presente artigo restringe o uso e a legalização da eutanásia somente

para pessoas em estado de morte encefálica devidamente comprovada, não há o que se

questionar sobre o consentimento do ato através de membros da família devidamente

habilitados. A certeza da proximidade e inevitabilidade da morte atestada por profissionais

habilitados é eminente e certa.

Ainda que os mais conservadores do direito à vida tenham argumentos, uma

coisa é fato: Quando se trata de doenças consideradas incuráveis, a carga econômica

decorrente das despesas médico-hospitalares é muito pesada, sem levar-se em conta

todo o sofrimento que inevitavelmente acompanha os familiares neste calvário. O que

aqui não deve ser visto como um caso isolado de um indivíduo, mas sim, de várias

pessoas inseridas em uma mesma situação fadada ao insucesso vital.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto ao longo deste trabalho, vale refletirmos sobre alguns

questionamentos como: O que é viver? Será que a eutanásia prevista no anteprojeto é

realmente uma ameaça a inviolabilidade do direito à vida?

Faz-se notório, que viver nada mas é, que interagir consigo mesmo e com o

mundo ao seu redor. Aprofundando-se um pouco mais sobre essa reflexão, como

poderemos dizer que um paciente em estado de morte cerebral comprovada, esteja sobre

forte ameaça em seu direito constitucional à vida?

É sabido, que a Constituição de 1988 consagra e nos garante o direito a vida

assim como a dignidade humana, mas também é claro e indiscutível que um indivíduo

com morte cerebral comprovada não é mais capaz de exercer nenhum de seus direitos

por conta própria (autônoma), nem pode sequer desfrutar do seu direito maior em jogo

que é a vida, de forma plena e consciente. Viver preso a leitos de hospitais, ou seja, qual

for o local tendo sua morte prolongada por meios tecnológicos, passa longe do conceito

de viver.

Por consequência, esse mesmo individuo vê-se violado em parte de seu direito

à vida. Pois, como podemos conceber vida digna para o individuo que não tem a menor

probabilidade de desfrutar de seus direitos e exercer suas funções como cidadão? E nem

se quer a gozar de sua liberdade?

É incoerente falarmos em violação do direito a vida em casos assim, pois não

há a retirada de vidas, pois as mesmas já não existem. É comprovado cientificamente que

não há mais vida autônoma e nem chances dela depois de constatada a morte cerebral.

O que nota-se é a tamanha falta de compreensão e bom senso, atreladas ao excesso de

egoísmo e o medo da perda de entes queridos, que acabam por levar esse mesmo

individuo que amanhã poderá ser qualquer um de nós, a ter ao final dessa querela jurídica

não o seu direito à vida tolhida, pois a vida não lhe é mais própria e natural, mas terá

ceifado de forma bruta, ultrajante e completamente inconstitucional outros direitos

fundamentais a ele inerentes.

Destarte, com a aprovação e o reconhecimento legalista deste anteprojeto e do

específico artigo aqui retratados, consolidará assim, a merecida vitória aqui atribuídos ao

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principio da dignidade da pessoa humana e da liberdade, a favor daqueles que não

poderão um dia se manifestar.

4. REFERÊNCIAS

[19] Anteprojeto do Código Penal, art. I21, § 4º . Disponível em: < http://www.juareztavares.com/Textos/anteprojeto.pdf > Acesso em: 29 abr. 2011.

[1] BARROSO, L. R.; MARTEL, L. de C. V.; A morte como ela é: dignidade e autonomia individual no final da vida. Rio de Janeiro/RJ, 2010.

[5] BATISTA, A. D. A eutanásia, o direito à vida e sua tutela penal á luz da Constituição.2008. Disponível em: < http://jusvi.com/artigos/42519 > Acesso em: 28 mar. 2011.

[8] BATISTA, A. D. A eutanásia, o direito à vida e sua tutela penal á luz da Constituição. Disponível em: < http://jusvi.com/artigos/42519/2 > Acesso em 01 mar. 2011.

[15] Conselho Regional de Medicina de São Paulo. CRMSP. Missão, Visão e Valores: Juramento de Hipócrates. Disponível em: < http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Historia&esc=3 > Acesso em: 29 abr. 2011.

[2] D´URSO, L. F. B. A Eutanásia no Direito Brasileiro. São Paulo/SP: OAB/SP, 2005. Disponível em: < http://www.oabsp.org.br/palavra_presidente/2005/81/ > Acesso em: 02 maio. 2011.

[6] FERREIRA, A. B. de H.. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa Básico, Editora Nova Fronteira S A, 1ª Ed., 1988.

[7] GODIM, J. R. Breve Histórico da Eutanásia. Disponível em: < http://www.ufrgs.br/bioetica/euthist.htm > 2004. Acesso em 09 abr. 2011.

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[9] GOMES, L. F. Eutanásia e o novo código de ética médica. Disponível em: < http://www.lfg.com.br > 2009. Acesso em: 19 abr. 2011.

[10] GOETTEN, G. F. de M. O Direito à vida x Eutanásia. Universidade do Contestado. Santa Catarina/SC. Disponível em: < http://www.advogado.adv.br/estudantesdireito/contestado/glenda/eutanasia.htm> Acesso em: 29 mar. 2011.

[27] GOMES, L. F. Eutanásia no Direito Brasileiro. 2005. Disponível em: <http://www.oabsp.org.br/palavra_presidente/2005/81/> Acesso em: 30 abr. 2011.

[22] KARDEC, A. O livro dos Espíritos. Editora IDE. 182ª edição. 2009. p. 371

[20] LOUSCHI, L. dos S. O tratamento dado à eutanásia nos últimos 30 anos no Brasil. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito). Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Barbacena (FADI), Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), 2007.

[23] MEES, E. Eutanásia – Uma visão espírita. Depto de Ensino do Grupo de Estudos Espíritas Dr. Eduardo Monteiro. 2001. Disponível em: <http://euespirita.com.br/temas/eutanasia02.pdf> Acesso em: 30 abr. 2011.

[17] MARTINS, L. A. Jr. O princípio da dignidade humana como fundamento para a legislação supranacional. Disponível em: < http://jus.uol.com.br/revista/texto/17217/o-principio-da-dignidade-humana-como-fundamento-para-a-legislacao-supranacional> Acesso em: 21 abr. 2011.

[11] MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. p.91.

[12] MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. p.87.

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[16] NUCCI. G. de S. Princípios Constitucionais penais e processuais penais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p.40.

[21] OLIVEIRA, R. Eutanásia. 2007. Escola Secundária Dr. José Casimiro Matias-Alameida. Disponível em: <http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/filosofia/filosofia_trabalhos/eutanasia2.htm> Acesso em: 30 abr. 2011.

[4] OLIVEIRA, H. B. de. et al. Ética e eutanásia. Jornal Vascular Brasileiro. Vol. 2, Nº 3. Minas Gerais/MG, 2003

[25] OLIVEIRA, L. C. de; JAPAULO, M. P. Eutanásia e direito à vida: limites e possibilidades. 2005. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2005-set-24/eutanasia_direito_vida_limites_possibilidades> Aceso em 29 abr. 2011.

[14] PAGANELLI, Wilson. A eutanásia. Disponível em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1861> Jus Navigandi, Teresina/PI. Ano 2, n. 21, 1997. Acesso em: 26 mar. 2011.

[24] PESSINI, L. A Eutanásia na visão das grandes religiões II. Disponível em: <http://boards4.melodysoft.com/vetuycorresponsales/a-eutanasia-na-viso-das-grandes-religies-2.html> Acesso em: 30 abr. 2011

[26] SILVA, J. A. Curso de Direito Constitucional Positivo. 28ª Ed: Malheiros Editores. São Paulo: 2007, pp. 202/203.

[3] SOUZA, E. M. M. de. Eutanásia: juridicamente inaceitável, moralmente condenável e veladamente praticada. Salvador/BA, 2010. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Direito – Curto de Direito, Faculdade de Tecnologia e Ciência (FTC – 2010).

[13] SOUZA, N. T. C. Responsabilidade Civil e Penal do Médico. 2ª Edição.Campinas/ SP: LZNEd. 2006, pp.107 a 108.

[18] ZART, R. E. A dignidade da pessoa humana e o crime de racismo. 2006. Disponível em: < http://jus.uol.com.br/revista/texto/8591/a-dignidade-da-pessoa-humana-e-o-crime-de-racismo > Acesso em: 25 abr. 2011.