Ética do servidor na administração pública

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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Didatismo e Conhecimento 1

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Prof. Bruna Pinotti Garcia.Advogada e pesquisadora. Sócia da EPS&O Consultoria

Ambiental. Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Universitário Eurípides de Marília (UNIVEM) - bolsista CAPES. Membro dos grupos de pesquisa “Constitucionalização do Direito Processual” e “Núcleo de Estudos e Pesquisas em Direito e In-ternet”. Professora de curso preparatório para concursos. Autora de diversos artigos jurídicos publicados em revistas qualificadas e anais de eventos, notadamente na área do direito eletrônico.

1 ÉTICA E MORAL

A ética é composta por valores reais e presentes na sociedade, a partir do momento em que, por mais que às vezes tais valores apa-reçam deturpados no contexto social, não é possível falar em convi-vência humana se esses forem desconsiderados. Entre tais valores, destacam-se os preceitos da Moral e o valor do justo (componente ético do Direito).

Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas transforma-ções sofridas pela sociedade através dos tempos provocaram uma variação no conceito de ética, por outro, não é possível negar que as questões que envolvem o agir ético sempre estiveram presentes no pensamento filosófico e social.

Aliás, uma característica da ética é a sua imutabilidade: a mesma ética de séculos atrás está vigente hoje. Por exemplo, respei-tar o próximo nunca será considerada uma atitude antiética. Outra característica da ética é a sua validade universal, no sentido de de-limitar a diretriz do agir humano para todos os que vivem no mundo. Não há uma ética conforme cada época, cultura ou civilização. A ética é uma só, válida para todos eternamente, de forma imutável e definitiva, por mais que possam surgir novas perspectivas a respeito de sua aplicação prática.

É possível dizer que as diretrizes éticas dirigem o comporta-mento humano e delimitam os abusos à liberdade, estabelecendo deveres e direitos de ordem moral, sendo exemplos destas leis o respeito à dignidade das pessoas e aos princípios do direito natural, bem como a exigência de solidariedade e a prática da justiça1.

Outras definições contribuem para compreender o que significa ética:

- Ciência do comportamento adequado dos homens em socieda-de, em consonância com a virtude.

- Disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri--las e elucidá-las. Seu conteúdo mostra às pessoas os valores e prin-cípios que devem nortear sua existência.

- Doutrina do valor do bem e da conduta humana que tem por objetivo realizar este valor.

- Saber discernir entre o devido e o indevido, o bom e o mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o certo e o errado.

- Fornece as regras fundamentais da conduta humana. Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os usos e abusos da liberdade.

- Doutrina do valor do bem e da conduta humana que o visa realizar.

1 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a consideração de valor como equivalente de uma me-dição do que é real e voluntarioso no campo das ações virtuosas”2.

É difícil estabelecer um único significado para a palavra ética, mas os conceitos acima contribuem para uma compreensão geral de seus fundamentos, de seu objeto de estudo.

Quanto à etimologia da palavra ética: No grego existem duas vogais para pronunciar e grafar a vogal e, uma breve, chamada epsí-lon, e uma longa, denominada eta. Éthos, escrita com a vogal longa, significa costume; porém, se escrita com a vogal breve, éthos, signi-fica caráter, índole natural, temperamento, conjunto das disposições físicas e psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo sentido, éthos se refere às características pessoais de cada um, as quais determinam que virtudes e que vícios cada indivíduo é capaz de praticar (aquele que possuir todas as virtudes possuirá uma virtude plena, agindo estritamente de maneira conforme à moral)3.

A ética passa por certa evolução natural através da história, mas uma breve observação do ideário de alguns pensadores do passado permite perceber que ela é composta por valores comuns desde sem-pre consagrados.

Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-se a Moral e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas apenas parte dela. Neste sentido, Moral vem do grego Mos ou Morus, referindo-se ex-clusivamente ao regramento que determina a ação do indivíduo.

Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas pela Moral ser apenas uma parte da Ética, mas principalmente porque enquanto a Moral é entendida como a prática, como a realização efetiva e cotidiana dos valores; a Ética é entendida como uma “filo-sofia moral”, ou seja, como a reflexão sobre a moral. Moral é ação, Ética é reflexão.

Em resumo:- Ética - mais ampla - filosofia moral - reflexão- Moral - parte da Ética - realização efetiva e cotidiana dos

valores - açãoNo início do pensamento filosófico não prevalecia real distin-

ção entre Direito e Moral, as discussões sobre o agir ético envolviam essencialmente as noções de virtude e de justiça, constituindo esta uma das dimensões da virtude. Por exemplo, na Grécia antiga, berço do pensamento filosófico, embora com variações de abordagem, o conceito de ética aparece sempre ligado ao de virtude.

Aristóteles4, um dos principais filósofos deste momento históri-co, concentra seus pensamentos em algumas bases:

a) definição do bem supremo como sendo a felicidade, que ne-cessariamente ocorrerá por uma atividade da alma que leva ao prin-cípio racional, de modo que a felicidade está ligada à virtude;

b) crença na bondade humana e na prevalência da virtude sobre o apetite;

c) reconhecimento da possibilidade de aquisição das virtudes pela experiência e pelo hábito, isto é, pela prática constante; d) afas-tamento da ideia de que um fim pudesse ser bom se utilizado um meio ruim.

2 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

3 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005.

4 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2006.

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Já na Idade Média, os ideais éticos se identificaram com os re-ligiosos. O homem viveria para conhecer, amar e servir a Deus, di-retamente e em seus irmãos. Santo Tomás de Aquino5, um dos prin-cipais filósofos do período, lançou bases que até hoje são invocadas quanto o tópico em questão é a Ética:

a) consideração do hábito como uma qualidade que deverá de-terminar as potências para o bem;

b) estabelecimento da virtude como um hábito que sozinho é capaz de produzir a potência perfeita, podendo ser intelectual, mo-ral ou teologal - três virtudes que se relacionam porque não basta possuir uma virtude intelectual, capaz de levar ao conhecimento do bem, sem que exista a virtude moral, que irá controlar a faculdade apetitiva e quebrar a resistência para que se obedeça à razão (da mesma forma que somente existirá plenitude virtuosa com a exis-tência das virtudes teologais);

c) presença da mediania como critério de determinação do agir virtuoso;

d) crença na existência de quatro virtudes cardeais - a prudên-cia, a justiça, a temperança e a fortaleza.

No Iluminismo, Kant6 definiu a lei fundamental da razão pura prática, que se resume no seguinte postulado: “age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te sempre como princípio de uma legislação universal”. Mais do que não fazer ao outro o que não gostaria que fosse feito a você, a máxima prescreve que o homem deve agir de tal modo que cada uma de suas atitudes reflita aquilo que se espera de todas as pessoas que vivem em sociedade. O filó-sofo não nega que o homem poderá ter alguma vontade ruim, mas defende que ele racionalmente irá agir bem, pela prevalência de uma lei prática máxima da razão que é o imperativo categórico. Por isso, o prazer ou a dor, fatores geralmente relacionados ao apetite, não são aptos para determinar uma lei prática, mas apenas uma máxima, de modo que é a razão pura prática que determina o agir ético. Ou seja, se a razão prevalecer, a escolha ética sempre será algo natural.

Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, percebeu-se o quão graves haviam sido as suas consequências, o pensamento filosófico ganhou novos rumos, retomando aspectos do passado, mas refor-çando a dimensão coletiva da ética. Maritain7, um dos redatores da Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, defendeu que o homem ético é aquele que compõe a sociedade e busca torná-la mais justa e adequada ao ideário cristão. Assim, a atitude ética deve ser considerada de maneira coletiva, como impulsora da sociedade jus-ta, embora partindo da pessoa humana individualmente considerada como um ser capaz de agir conforme os valores morais.

Já a discussão sobre o conceito de justiça, intrínseca na do con-ceito de ética, embora sempre tenha estado presente, com maior ou menor intensidade dependendo do momento, possuiu diversos enfo-ques ao longo dos tempos.

Pode-se considerar que do pensamento grego até o Renasci-mento, a justiça foi vista como uma virtude e não como uma carac-terística do Direito. Por sua vez, no Renascimento, o conceito de

5 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005. v. IV, parte II, seção I, questões 49 a 114.

6 KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução Paulo Barrera. São Paulo: Ícone, 2005.

7 MARITAIN, Jacques. Humanismo integral. Tradução Afrânio Coutinho. 4. ed. São Paulo: Dominus Editora S/A, 1962.

Ética foi bifurcado, remetendo-se a Moral para o espaço privado e remanescendo a justiça como elemento ético do espaço público. No entanto, como se denota pela teoria de Maquiavel8, o justo naquele tempo era tido como o que o soberano impunha (o rei poderia fazer o que bem entendesse e utilizar quaisquer meios, desde que visasse um único fim, qual seja o da manutenção do poder).

Posteriormente, no Iluminismo, retomou-se a discussão da jus-tiça como um elemento similar à Moral, mas inerente ao Direito, por exemplo, Kant9 defendeu que a ciência do direito justo é aquela que se preocupa com o conhecimento da legislação e com o contexto social em que ela está inserida, sendo que sob o aspecto do conteúdo seria inconcebível que o Direito prescrevesse algo contrário ao im-perativo categórico da Moral kantiana.

Ainda, Locke, Montesquieu e Rousseau, em comum defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que o soberano não pos-suía poder divino/absoluto, sendo suas ações limitadas pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime estatal.

Tais pensamentos iluministas não foram plenamente seguidos, de forma que firmou-se a teoria jurídica do positivismo, pela qual Direito é apenas o que a lei impõe (de modo que se uma lei for injusta nem por isso será inválida), que somente foi abalada após o fim trágico da 2ª Guerra Mundial e a consolidação de um sistema global de proteção de direitos humanos (criação da ONU + decla-ração universal de 1948). Com o ideário humanista consolidou-se o Pós-positivismo, que junto consigo trouxe uma valorização das normas principiológicas do ordenamento jurídico, conferindo-as normatividade.

Assim, a concepção de uma base ética objetiva no comporta-mento das pessoas e nas múltiplas modalidades da vida social foi esquecida ou contestada por fortes correntes do pensamento moder-no. Concepções de inspiração positivista, relativista ou cética e po-líticas voltadas para o homo economicus passaram a desconsiderar a importância e a validade das normas de ordem ética no campo da ciência e do comportamento dos homens, da sociedade da economia e do Estado.

No campo do Direito, as teorias positivistas que prevaleceram a partir do final do século XIX sustentavam que só é direito aquilo que o poder dominante determina. Ética, valores humanos, justiça são considerados elementos estranhos ao Direito, extrajurídicos. Pensa-vam com isso em construir uma ciência pura do direito e garantir a segurança das sociedades.10

Atualmente, entretanto, é quase universal a retomada dos es-tudos e exigências da ética na vida pública e na vida privada, na administração e nos negócios, nas empresas e na escola, no esporte, na política, na justiça, na comunicação. Neste contexto, é relevante destacar que ainda há uma divisão entre a Moral e o Direito, que constituem dimensões do conceito de Ética, embora a tendência seja que cada vez mais estas dimensões se juntem, caminhando lado a lado.

Dentro desta distinção pode-se dizer que alguns autores, entre eles Radbruch e Del Vechio são partidários de uma dicotomia ri-gorosa, na qual a Ética abrange apenas a Moral e o Direito. Contu-

8 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2007.

9 KANT, Immanuel. Doutrina do Direito. Tradução Edson Bini. São Paulo: Ícone, 1993.

10 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

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do, para autores como Miguel Reale, as normas dos costumes e da etiqueta compõem a dimensão ética, não possuindo apenas caráter secundário por existirem de forma autônoma, já que fazem parte do nosso viver comum.11

Em resumo:- Posição 1 - Radbruch e Del Vechio - Ética = Moral + Direito- Posição 2 - Miguel Reale - Ética = Moral + Direito + Costu-

mes Para os fins da presente exposição, basta atentar para o binô-

mio Moral-Direito como fator pacífico de composição da Ética. Assim, nas duas posições adotadas, uma das vertentes da Ética é a Moral, e a outra é o Direito.

Tradicionalmente, os estudos consagrados às relações entre o Direito e a Moral se esforçam em distingui-los, nos seguintes ter-mos: o direito rege o comportamento exterior, a moral enfatiza a intenção; o direito estabelece uma correlação entre os direitos e as obrigações, a moral prescreve deveres que não dão origem a direitos subjetivos; o direito estabelece obrigações sancionadas pelo Poder, a moral escapa às sanções organizadas. Assim, as principais notas que distinguem a Moral do Direito não se referem propriamente ao conteúdo, pois é comum que diretrizes morais sejam disciplinadas como normas jurídicas.12

Com efeito, a partir da segunda metade do século XX (pós--guerra), a razão jurídica é uma razão ética, fundada na garantia da intangibilidade da dignidade da pessoa humana, na aquisição da igualdade entre as pessoas, na busca da efetiva liberdade, na reali-zação da justiça e na construção de uma consciência que preserve integralmente esses princípios.

Assim, as principais notas que distinguem Moral e Direito são:a) Exterioridade: Direito - comportamento exterior, Moral -

comportamento interior (intenção);b) Exigibilidade: Direito - a cada Direito pode se exigir uma

obrigação, Moral - agir conforme a moralidade não garante direitos (não posso exigir que alguém aja moralmente porque também agi);

c) Coação: Direito - sanções aplicadas pelo Estado; Moral - sanções não organizadas (ex: exclusão de um grupo social). Em ou-tras palavras, o Direito exerce sua pressão social a partir do centro ativo do Poder, a moral pressiona pelo grupo social não organizado. ATENÇÃO: tanto no Direito quanto na Moral existem sanções. Elas somente são aplicadas de forma diversa, sendo que somente o Direi-to aceita a coação, que é a sanção aplicada pelo Estado.

O descumprimento das diretivas morais gera sanção, e caso ele se encontre transposto para uma norma jurídica, gera coação (es-pécie de sanção aplicada pelo Estado). Assim, violar uma lei ética não significa excluir a sua validade. Por exemplo, matar alguém não torna matar uma ação correta, apenas gera a punição daquele que cometeu a violação. Neste sentido, explica Reale13: “No plano das normas éticas, a contradição dos fatos não anula a validez dos preceitos: ao contrário, exatamente porque a normatividade não se compreende sem fins de validez objetiva e estes têm sua fonte na liberdade espiritual, os insucessos e as violações das normas condu-zem à responsabilidade e à sanção, ou seja, à concreta afirmação da ordenação normativa”.

11 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

12 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

13 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interligados, mas a primeira é mais abrangente que a segunda, porque pode abarcar outros elementos, como o Direito e os costumes. Todas as regras éti-cas são passíveis de alguma sanção, sendo que as incorporadas pelo Direito aceitam a coação, que é a sanção aplicada pelo Estado. Sob o aspecto do conteúdo, muitas das regras jurídicas são compostas por postulados morais, isto é, envolvem os mesmos valores e exteriori-zam os mesmos princípios.

2 ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES

A área da filosofia do direito que estuda a ética é conhecida como axiologia, do grego “valor” + “estudo, tratado”. Por isso, a axiologia também é chamada de teoria dos valores. Daí valores e princípios serem componentes da ética sob o aspecto da exterioriza-ção de suas diretrizes. Em outras palavras, a mensagem que a ética pretende passar se encontra consubstanciada num conjunto de valo-res, para cada qual corresponde um postulado chamado princípio.

De uma maneira geral, a axiologia proporciona um estudo dos padrões de valores dominantes na sociedade que revelam princípios básicos. Valores e princípios, por serem elementos que permitem a compreensão da ética, também se encontram presentes no estudo do Direito, notadamente quando a posição dos juristas passou a ser mais humanista e menos positivista (se preocupar mais com os valo-res inerentes à dignidade da pessoa humana do que com o que a lei específica determina).

Os juristas, descontentes com uma concepção positivista, esta-dística e formalista do Direito, insistem na importância do elemento moral em seu funcionamento, no papel que nele desempenham a boa e a má-fé, a intenção maldosa, os bons costumes e tantas outras noções cujo aspecto ético não pode ser desprezado. Algumas dessas regras foram promovidas à categoria de princípios gerais do direito e alguns juristas não hesitam em considerá-las obrigatórias, mesmo na ausência de uma legislação que lhes concedesse o estatuto formal de lei positiva, tal como o princípio que afirma os direitos da defesa. No entanto, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é expressa no sentido de aceitar a aplicação dos princípios gerais do Direito (artigo 4°).14

É inegável que o Direito possui forte cunho axiológico, diante da existência de valores éticos e morais como diretrizes do orde-namento jurídico, e até mesmo como meio de aplicação da norma. Assim, perante a Axiologia, o Direito não deve ser interpretado somente sob uma concepção formalista e positivista, sob pena de provocar violações ao princípio que justifica a sua criação e estrutu-ração: a justiça.

Neste sentido, Montoro15 entende que o Direito é uma ciência normativa ética: “A finalidade do direito é dirigir a conduta huma-na na vida social. É ordenar a convivência de pessoas humanas. É dar normas ao agir, para que cada pessoa tenha o que lhe é devido. É, em suma, dirigir a liberdade, no sentido da justiça. Insere-se, por-tanto, na categoria das ciências normativas do agir, também denomi-nadas ciências éticas ou morais, em sentido amplo. Mas o Direito se ocupa dessa matéria sob um aspecto especial: o da justiça”.

14 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

15 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

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A formação da ordem jurídica, visando a conservação e o pro-gresso da sociedade, se dá à luz de postulados éticos. O Direito criado não apenas é irradiação de princípios morais como também força aliciada para a propagação e respeitos desses princípios.

Um dos principais conceitos que tradicionalmente se relacio-na à dimensão do justo no Direito é o de lei natural. Lei natural é aquela inerente à humanidade, independentemente da norma im-posta, e que deve ser respeitada acima de tudo. O conceito de lei natural foi fundamental para a estruturação dos direitos dos ho-mens, ficando reconhecido que a pessoa humana possui direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em qualquer tempo e lugar, que devem ser respeitados por todos os Estados e membros da so-ciedade.16

O Direito natural, na sua formulação clássica, não é um con-junto de normas paralelas e semelhantes às do Direito positivo, mas é o fundamento do Direito positivo. É constituído por aquelas normas que servem de fundamento a este, tais como: “deve se fa-zer o bem”, “dar a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve ser conservada”, “os contratos devem ser observados” etc., normas essas que são de outra natureza e de estrutura diferente das do Di-reito positivo, mas cujo conteúdo é a ele transposto, notadamente na Constituição Federal.17

Importa fundamentalmente ao Direito que, nas relações so-ciais, uma ordem seja observada: que seja assegurada individual-mente cada coisa que for devida, isto é, que a justiça seja realizada. Podemos dizer que o objeto formal, isto é, o valor essencial, do direito é a justiça.

No sistema jurídico brasileiro, estes princípios jurídicos fun-damentais de cunho ético estão instituídos no sistema constitucio-nal, isto é, firmados no texto da Constituição Federal. São os prin-cípios constitucionais os mais importantes do arcabouço jurídico nacional, muitos deles se referindo de forma específica à ética no setor público. O mais relevante princípio da ordem jurídica bra-sileira é o da dignidade da pessoa humana, que embasa todos os demais princípios jurídico-constitucionais (artigo 1°, III, CF).

Claro, o Direito não é composto exclusivamente por postu-lados éticos, já que muitas de suas normas não possuem qualquer cunho valorativo (por exemplo, uma norma que estabelece um pra-zo de 10 ou 15 dias não tem um valor que a acoberta). Contudo, o é em boa parte.

A Moral é composta por diversos valores - bom, correto, pru-dente, razoável, temperante, enfim, todas as qualidades esperadas daqueles que possam se dizer cumpridores da moral. É impossível esgotar um rol de valores morais, mas nem ao menos é preciso: basta um olhar subjetivo para compreender o que se espera, num caso concreto, para que se consolide o agir moral - bom senso que todos os homens possuem (mesmo o corrupto sabe que está con-trariando o agir esperado pela sociedade, tanto que esconde e nega sua conduta, geralmente). Todos estes valores morais se consoli-dam em princípios, isto é, princípios são postulados determinantes dos valores morais consagrados.

16 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

17 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

Segundo Rizzatto Nunes18, “a importância da existência e do cumprimento de imperativos morais está relacionada a duas ques-tões: a) a de que tais imperativos buscam sempre a realização do Bem - ou da Justiça, da Verdade etc., enfim valores positivos; b) a possibilidade de transformação do ser - comportamento repetido e durável, aceito amplamente por todos (consenso) - em dever ser, pela verificação de certa tendência normativa do real”.

Quando se fala em Direito, notadamente no direito constitucio-nal e nas normas ordinárias que disciplinam as atitudes esperadas da pessoa humana, percebem-se os principais valores morais con-solidados, na forma de princípios e regras expressos. Por exemplo, quando eu proíbo que um funcionário público receba uma vantagem indevida para deixar de praticar um ato de interesse do Estado, con-solido os valores morais da bondade, da justiça e do respeito ao bem comum, prescrevendo a respectiva norma.

Uma norma, conforme seu conteúdo mais ou menos amplo, pode refletir um valor moral por meio de um princípio ou de uma regra. Quando digo que “todos são iguais perante a lei [...]” (art. 5°, caput, CF) exteriorizo o valor moral do tratamento digno a todos os homens, na forma de um princípio constitucional (princípio da igualdade). Por sua vez, quando proíbo um servidor público de “So-licitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem” (art. 317, CP), estabeleço uma regra que traduz os valores morais da solida-riedade e do respeito ao interesse coletivo. No entanto, sempre por trás de uma regra infraconstitucional haverá um princípio constitu-cional. No caso do exemplo do art. 317 do CP, pode-se mencionar o princípio do bem comum (objetivo da República segundo o art. 3º, IV, CF - “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação) e o princípio da moralidade (art. 37, caput, CF, no que tange à Admi-nistração Pública).

Conforme Alexy19, a distinção entre regras e princípios é uma distinção entre dois tipos de normas, fornecendo juízos concretos para o dever ser. A diferença essencial é que princípios são normas de otimização, ao passo que regras são normas que são sempre satis-feitas ou não. Se as regras se conflitam, uma será válida e outra não. Se princípios colidem, um deles deve ceder, embora não perca sua validade e nem exista fundamento em uma cláusula de exceção, ou seja, haverá razões suficientes para que em um juízo de sopesamento (ponderação) um princípio prevaleça. Enquanto adepto da adoção de tal critério de equiparação normativa entre regras e princípios, o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre os nomes do pós--positivismo.

Em resumo, valor é a característica genérica que compõe de alguma forma a ética (bondade, solidariedade, respeito...) ao passo que princípio é a diretiva de ação esperada daquele que atende certo valor ético (p. ex., não fazer ao outro o que não gostaria que fosse feito a você é um postulado que exterioriza o valor do respeito; tratar a todos igualmente na medida de sua igualdade é o postulado do princípio da igualdade que reflete os valores da solidariedade e da justiça social). Por sua vez, virtude é a característica que a pessoa possui coligada a algum valor ético, ou seja, é a aptidão para agir conforme algum dos valores morais (ser bondoso, ser solidário, ser temperante, ser magnânimo).

18 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução ao estudo do direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

19 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

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Didatismo e Conhecimento 5

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Ética, Moral, Direito, princípios, virtudes e valores são elemen-tos constantemente correlatos, que se complementam e estruturam, delimitando o modo de agir esperado de todas as pessoas na vida social, bem como preconizando quais os nortes para a atuação das instituições públicas e privadas. Basicamente, a ética é composta pela Moral e pelo Direito (ao menos em sua parte principal), sendo que virtudes são características que aqueles que agem conforme a ética (notadamente sob o aspecto Moral) possuem, as quais exterio-rizam valores éticos, a partir dos quais é possível extrair postulados que são princípios.

3 ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA CIDADANIA

Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C. as comuni-dades de aldeias começaram a ceder lugar para unidades políticas maiores, surgindo as chamadas cidades-estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas. Inicialmente eram monarquias, transformaram-se em oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-se democracias. As origens da chamada democracia se encontram na Grécia antiga, sendo permitida a participação direta daqueles poucos que eram considerados cidadãos, por meio da discussão na polis.

Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de governo em que o poder de tomar decisões políticas está com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, jun-tos, eles tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de eleger um representante). Com efeito, é um regime de governo em que se garante a soberania popular, que pode ser conceituada como “a qualidade máxima do poder extraída da soma dos atributos de cada membro da sociedade estatal, encarregado de escolher os seus representantes no governo por meio do sufrágio universal e do voto direto, secreto e igualitário”20

Uma democracia pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico - somente importa que seja dado aos cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou por seu representante eleito).

ATENÇÃO: a principal classificação das democracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta, também chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua vontade por voto direto e indivi-dual em casa questão relevante; b) indireta, também chamada re-presentativa, em que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais escolhido(s) representa(m) todos os eleitores; c) semidireta, tam-bém conhecida como participativa, em que se tem uma democracia representativa mesclada com peculiaridades e atributos da democra-cia direta (sistema híbrido).

A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil, conside-rado o grande número de cidadãos, de modo que a regra é a de-mocracia indireta. Na Grécia Antiga se encontra um raro exemplo de democracia direta, que somente era possível porque embora a população fosse grande, a maioria dela não era composta de pessoas consideradas como cidadãs, como mulheres, escravos e crianças, e somente os cidadãos tinham direito de participar do processo demo-crático.

20 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada. São Paulo: Saraiva, 2000.

Contemporaneamente, o regime que mais se aproxima dos ide-ais de uma democracia direta é a democracia semidireta da Suíça. Uma democracia semidireta é um regime de democracia em que existe a combinação de representação política com formas de de-mocracia direta.

Democracia é um conceito interligado à Ética no que tange ao elemento da justiça, valor do Direito. Pode-se afirmar isto se considerados os três conceitos de Aristóteles sobre as dimensões da justiça (distributiva, comutativa e social), dos quais se origina a di-mensão da justiça participativa.

Por esta dimensão da justiça participativa, resta despertada a consciência das pessoas para uma atitude de agir, de falar, de atuar, de entrar na vida da comunidade em que se vive ou trabalha. Enfim, busca despertar esta consciência de que há uma obrigação de cada um para com a sociedade de participar de forma consciente e livre e de se interar total e habitualmente na vida social que pertence.

Quem deve participar é quem vive na sociedade, é o cidadão, aquele que pode ter direitos. Participar é ao mesmo tempo um direito e um dever. O cidadão deve participar, esta é uma obrigação de todo aquele que vive em sociedade. E o cidadão deve ter espaço para participar, o fato de não participar em si já é uma injustiça. Com a ampliação do conceito de soberania e cidadania e, consequentemen-te, da responsabilidade do cidadão, se torna ainda mais evidente esta necessidade de participar.

A referência à justiça participativa, corolário do conceito de ci-dadania, é de fundamental importância para o elemento moral da noção de ética, no sentido de possibilitar um agir voltado para o bem da sociedade.

Ninguém é obrigado a suportar desonestidades. A cidadania tem um compromisso com a efetivação da democracia participativa. E participar não é votar a cada eleição, não se interessas pelo anda-mento da política e até se esquecer de quem mereceu seu sufrágio.

Com efeito, participar é um direito de todo aquele que é cida-dão, consolidando o conceito de democracia e reforçando os valores éticos de preservação do justo e garantia do bem comum. Mas, afi-nal, quem é cidadão?

Inicialmente, é preciso levantar alguns conceitos correlatos:a) Nacionalidade: é o vínculo jurídico-político que liga um in-

divíduo a determinado Estado, fazendo com que ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando assim de direitos e obrigações.

b) Povo: conjunto de pessoas que compõem o Estado, unidas pelo vínculo da nacionalidade.

c) População: conjunto de pessoas residentes no Estado, nacio-nais ou não.

Cidadão, por sua vez, é o nacional, isto é, aquele que possui o vínculo político-jurídico da nacionalidade com o Estado, que goza de direitos políticos, ou seja, que pode votar e ser votado.

Na disciplina constitucional, os direitos políticos garantidos àquele que é cidadão encontram-se disciplinados nos artigos 14 e 15. Direitos políticos são os instrumentos por meio dos quais a Constituição Federal permite o exercício da soberania popular, atri-buindo poderes aos cidadãos para que eles possam interferir na con-dução da coisa pública de forma direta ou indireta21.

21 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza22: “estamos diante da democracia semidireta ou participativa, um ‘sistema híbri-do’, uma democracia representativa, com peculiaridades e atributos da democracia direta. Pode-se falar, então, em participação popular no poder por intermédio de um processo, no caso, o exercício da soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, referendo, iniciativa popular, bem como outras formas, como a ação popular”.

Destaca-se o caput do artigo 14:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio uni-versal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;II - referendo;III - iniciativa popular.

A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, porque possibilita a participação popular direta no poder por intermédio de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia in-direta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.

Sufrágio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, deverá ser direto e secreto.

O que diferencia o plebiscito do referendo é o momento da con-sulta à população: no plebiscito, primeiro se consulta a população e depois se toma a decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão política e depois se consulta a população. Embora os dois partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), ambos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é que os dois são “formas de consulta ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada rele-vância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa”23.

Na iniciativa popular, confere-se à população o poder de apre-sentar projeto de lei à Câmara dos Deputados, mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. Em com-plemento, prevê o artigo 61, §2°, CF:

Art. 61, § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apre-sentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

Art. 14, § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;II - facultativos para:a) os analfabetos;b) os maiores de setenta anos;c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.22 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional

esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.23 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional

esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

Embora os analfabetos não possam se candidatar, possuem a faculdade de votar.

Art. 14, § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estran-geiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os cons-critos.

Conscritos são os convocados para serviço militar.

Art. 14, § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:I - a nacionalidade brasileira;II - o pleno exercício dos direitos políticos;III - o alistamento eleitoral;IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;V - a filiação partidária;VI - a idade mínima de:a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da

República e Senador;b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado

e do Distrito Federal;c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadu-

al ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;d) dezoito anos para Vereador.O parágrafo descreve os requisitos para que uma pessoa possa

ser eleita.

Art. 14, § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Art. 14, § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver suce-dido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subsequente.

Não poder se eleger, não significa não poder votar.

Art. 14, § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

Art. 14, § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segun-do grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governa-dor de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao plei-to, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Entre outras coisas, visa impedir que se burle a vedação à ree-leição daquele que já ocupou algum destes cargos por 2 mandatos.

Art. 14, § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as se-guintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

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Didatismo e Conhecimento 7

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de manda-to considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legi-timidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

O §9° é disciplinado pela LC n° 64/90 (Alterada pela LC n° 135/10 - Lei da Ficha Limpa).

Art. 14, § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrup-ção ou fraude.

Art. 14, § 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerá-ria ou de manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-

rarem seus efeitos;IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação

alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.O inciso V se refere à ação de improbidade administrativa, que

tramita para apurar a prática dos atos de improbidade administra-tiva, na qual uma das penas aplicáveis é a suspensão dos direitos políticos.

Obs: os direitos políticos somente são perdidos em dois casos, quais sejam cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado volta à condição de estrangei-ro) e perda da nacionalidade brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se naturaliza em outro país e assim deixa de ser con-siderado um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nota-se que não há perda de direitos políticos pela prática de atos aten-tatórios contra a Administração Pública por parte do servidor, mas apenas suspensão.

4 ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA

Adentrando no estudo da ética relacionada à função pública, vale destacar que, se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao menos dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no caso da disciplina da Ética no Setor Público a expressão é adotada num sen-tido estrito. Ética corresponde ao valor do justo, previsto no Direito vigente, o qual é estabelecido com um olhar atento às prescrições da Moral para a vida social. Em outras palavras, quando se fala em ética no âmbito do Estado não se deve pensar apenas na Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas que a regulamentam, o que permite a aplicação de sanções. Veja o organograma:

As regras éticas do setor público são mais do que regulamentos morais, são normas jurídicas e, como tais, passíveis de coação. A desobediência ao princípio da moralidade caracteriza ato de impro-bidade administrativa, sujeitando o servidor às penas previstas em lei. Da mesma forma, o seu comportamento em relação ao Código de Ética pode gerar benefícios, como promoções, e prejuízos, como censura e outras penas administrativas. A disciplina constitucional é expressa no sentido de prescrever a moralidade como um dos princí-pios fundadores da atuação da administração pública direta e indire-ta, bem como outros princípios correlatos. Logo, o Estado brasileiro deve se conduzir moralmente por vontade expressa do constituinte, sendo que à imoralidade administrativa aplicam-se sanções.

Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se dar somente no âmbito da vida particular, mas também na atuação profissional, principalmente se tal atuação se der no âmbito estatal, caso em que haverá coação. O Estado é a forma social mais abrangente, a socie-dade de fins gerais que permite o desenvolvimento, em seu seio, das individualidades e das demais sociedades, chamadas de fins particu-lares. O Estado, como pessoa, é uma ficção, é um arranjo formula-do pelos homens para organizar a sociedade de disciplinar o poder visando que todos possam se realizar em plenitude, atingindo suas finalidades particulares.24

O Estado tem um valor ético, de modo que sua atuação deve se guiar pela moral idônea. Mas não é propriamente o Estado que é aético, porque ele é composto por homens. Assim, falta ética ou não aos homens que o compõe. Ou seja, o bom comportamento profis-sional do funcionário público é uma questão ligada à ética no ser-viço público, pois se os homens que compõe a estrutura do Estado tomam uma atitude correta perante os ditames éticos há uma amplia-ção e uma consolidação do valor ético do Estado.

Alguns cidadãos recebem poderes e funções específicas den-tro da administração pública, passando a desempenhar um papel de fundamental interesse para o Estado. Quando estiver nesta condição, mais ainda, será exigido o respeito à ética. Afinal, o Estado é respon-sável pela manutenção da sociedade, que espera dele uma conduta ilibada e transparente.

Quando uma pessoa é nomeada como servidor público, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo todos os consagrados pre-ceitos éticos.

Todas as profissões reclamam um agir ético dos que a exercem, o qual geralmente se encontra consubstanciado em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada categoria profissional. No caso das profis-sões na esfera pública, esta exigência se amplia.

24 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Não se trata do simples respeito à moral social: a obrigação éti-ca no setor público vai além e encontra-se disciplinada em detalhes na legislação, tanto na esfera constitucional (notadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em que se destacam o Decreto n° 1.171/94 - Código de Ética - a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Adminis-trativa - e a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico dos servidores públicos civis na esfera federal).

Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no complexo da socie-dade como uma atividade específica. Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pratica e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, nessas relações, a preservação de uma conduta con-dizente com os princípios éticos específicos. O grupamento de pro-fissionais que exercem o mesmo ofício termina por criar as distintas classes profissionais e também a conduta pertinente. Existem aspec-tos claros de observação do comportamento, nas diversas esferas em que ele se processa: perante o conhecimento, perante o cliente, pe-rante o colega, perante a classe, perante a sociedade, perante a pátria, perante a própria humanidade como conceito global” 25. Todos estes aspectos serão considerados em termos de conduta ética esperada.

Em geral, as diretivas a respeito do comportamento profissional ético podem ser bem resumidas em alguns princípios basilares.

Segundo Nalini26, o princípio fundamental seria o de agir de acordo com a ciência, se mantendo sempre atualizado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu dever ético; tomando-se como princípios específicos:

- Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível na vida pública e na vida particular.

- Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir da me-lhor maneira esperada em sua profissão e fora dela, com técnica, justiça e discrição.

- Princípio da incompatibilidade - não se deve acumular fun-ções incompatíveis.

- Princípio da correção profissional - atuação com transparên-cia e em prol da justiça.

- Princípio do coleguismo - ciência de que você e todos os de-mais operadores do Direito querem a mesma coisa, realizar a justiça.

- Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo em todas funções.

- Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal para buscar o interesse da justiça.

- Princípio da confiança - cada profissional de Direito é dotado de atributos personalíssimos e intransferíveis, sendo escolhido por causa deles, de forma que a relação estabelecida entre aquele que busca o serviço e o profissional é de confiança.

- Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justiça, aos valores constitucionais, à verdade, à transparência.

- Princípio da independência profissional - a maior autonomia no exercício da profissão do operador do Direito não deve impedir o caráter ético.

- Princípio da reserva - deve-se guardar segredo sobre as infor-mações que acessa no exercício da profissão.

- Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé e de forma correta, com lealdade processual.

- Princípio da discricionariedade - geralmente, o profissional do Direito é liberal, exercendo com boa autonomia sua profissão.

25 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

26 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

- Outros princípios éticos, como informação, solidariedade, ci-dadania, residência, localização, continuidade da profissão, liberda-de profissional, função social da profissão, severidade consigo mes-mo, defesa das prerrogativas, moderação e tolerância.

O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitudes que po-dem ser esperadas do profissional, mas assim como é difícil delimi-tar um conceito de ética, é complicado estabelecer exatamente quais as condutas esperadas de um servidor: melhor mesmo é observar o caso concreto e ponderar com razoabilidade.

Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente os prin-cípios éticos consagrados em sociedade, fazendo com que cada atividade desempenhada no exercício da profissão exteriorize tais postulados, inclusive direcionando os rumos da ética empresarial na escolha de diretrizes e políticas institucionais.

O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se guia por determinados mandamentos de ação, os quais valem tanto para a esfera pública quanto para a privada, embora a punição dos que vio-lam ditames éticos no âmbito do interesse estatal seja mais rigorosa.

Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da gestão ética nas empresas públicas:

PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade e a res-ponsabilidade como fundamentos de dignidade pessoal”.

Significa desempenhar suas funções com transparência, de forma honesta e responsável, sendo leal à instituição. O funcioná-rio deve se portar de forma digna, exteriorizando virtudes em suas ações.

SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa humana.”A expressão “dignidade da pessoa humana” está estabelecida

na Constituição Federal Brasileira, em seu art. 3º, III, como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Ao adotar um significado mínimo apreendido no discurso antropocentrista do hu-manismo, a expressão valoriza o ser humano, considerando este o centro da criação, o ser mais elevado que habita o planeta, o que justifica a grande consideração pelo Estado e pelos outros seres hu-manos na sua generalidade em relação a ele. Respeitar a dignidade da pessoa humana significa tomar o homem como valor-fonte para todas as ações e escolhas, inclusive na atuação empresarial.

TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação do mérito dos subordinados.”

Retoma-se a questão dos planos de carreira, que exteriorizam a imparcialidade e a impessoalidade na escolha dos que deverão ser promovidos, a qual se fará exclusivamente com base no mérito. Não se pode tomar questões pessoais, como desavenças ou afinidades, quando o julgamento se faz sobre a ação de um funcionário - se agiu bem, merece ser recompensado; se agiu mal, deve ser punido.

QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão institucional.”

A missão institucional envolve a obtenção de lucros, em regra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na missão institucional se-rão estabelecidas determinadas metas para a empresa, que deverão ser buscadas pelos funcionários. Para tanto, cada um deve se preo-cupar com o aperfeiçoamento de suas capacidades, tornando-se pau-latinamente um melhor funcionário, por exemplo, buscando cursos e estudando técnicas.

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente e tra-balhar em harmonia com a estrutura do órgão, respeitando a hie-rarquia, seus colegas e cada concidadão, colaborando e aceitando colaboração.”

Existe uma hierarquia para que as funções sejam desempenha-das da melhor maneira possível, pois a desordem não permite que as atividades se encadeiem e se enlacem, gerando perda de tempo e desperdício de recursos. Não significa que ordens contrárias à ética devam ser obedecidas, caso em que a medida cabível é levar a ques-tão para as autoridades responsáveis pelo controle da ética da insti-tuição. Cada atividade deve ser desempenhada da melhor maneira possível, isto é, não se pode deixar de praticá-la corretamente por ser mais trabalhoso (por negligência entende-se uma omissão perigosa). No tratamento dos demais colegas e do público, o funcionário deve ser cordial e ético, embora somente assim estará contribuindo para a gestão ética da empresa.

SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com dignidade, de-coro, zelo, eficácia e moralidade.”

O bom comportamento não deve se fazer presente somente no exercício das funções. Cabe ao funcionário se portar bem quando estiver em sua vida privada, na convivência com seus amigos e fa-miliares, bem como nos momentos de lazer. Por melhor que seja como funcionário, não será aceito aquele que, por exemplo, for visto frequentemente embriagado ou for sempre denunciado por violência doméstica.

Dignidade é a característica que incorpora todas as demais, significando o bom comportamento enquanto pessoa humana, tra-tando os outros como gosta de ser tratado. Decoro significa discri-ção, aparecer o mínimo possível, não se vangloriar com base em feitos institucionais. Zelo quer dizer cuidado, cautela, para que as atividades sempre sejam desempenhadas do melhor modo. Eficácia remete ao dever de fazer com que suas atividades atinjam o fim para o qual foram praticadas, isto é, que não sejam abandonadas pela metade. Moralidade significa respeitar os ditames morais, mais que jurídicos, que exteriorizam os valores tradicionais consolidados na sociedade através dos tempos.

SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de solução uma pessoa que busca perante a Administração Pública satisfazer um direito que acredita ser legítimo.”

O bom atendimento do público é necessário para que uma ges-tão possa ser considerada ética. Aquele que tem um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de lado pelo funcionário, esperan-do por horas uma solução. Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser esclarecido, de forma que a confiabilidade na instituição não fique abalada.

OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instruções e as ordens das autoridades a que estiver subordinado.”

O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética porque exterioriza o valor do justo e o seu cumprimento é essencial para que a gestão ética seja efetiva.

NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, atento à fi-nalidade do serviço público.”

Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a divisão de funções feitas com o objetivo de otimizar as atividades desempe-nhadas.

DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilíbrio entre a legalidade e finalidade do ato administrativo a ser praticado.”

Bem comum é o bem de toda a coletividade e não de um só indivíduo. Este conceito exterioriza a dimensão coletiva da ética. Maritain27 apontou as características essenciais do bem comum: redistribuição, pela qual o bem comum deve ser redistribuído às pessoas e colaborar para o desenvolvimento delas; respeito à auto-ridade na sociedade, pois a autoridade é necessária para conduzir a comunidade de pessoas humanas para o bem comum; moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo a justiça e a retidão moral ele-mentos essenciais do bem comum.

5 ÉTICA NO SETOR PÚBLICO

O paradigma da Ética Pública parte da noção de liberdade so-cial, envolta nos valores da segurança, igualdade e solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter espaço para exercer individu-almente sua liberdade moral, cabendo à ética pública garantir que os indivíduos que vivem em sociedade realizem projetos morais individuais.

A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da moralidade crí-tica e sob o aspecto da moralidade legalizada: quando estuda-se a lei posta ou a ausência de lei e questiona-se a falta de justiça, há uma moralidade crítica; quando a regra justa é incorporada ao Direito, há moralidade legalizada ou positivada.

Sobre a Ética Pública, explica Nalini28: “Ética é sempre ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de todos. Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja no comportamento individual. Mas pode-se falar em ética realçada quando se atua num universo mais amplo, de interesse de todos. Existe, pois, uma Ética Pública, e apu-ra-se o seu sentido em contraposição com o de Ética Privada. Um nome pelo qual a Ética Pública tem sido conhecida é o da justiça”

Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Direito, con-solidando o valor do justo. Diante da relevância social de que a Éti-ca se faça presente no exercício das atividades públicas, as regras éticas para a vida pública são mais do que regras morais, são re-gras jurídicas estabelecidas em diversos diplomas do ordenamento, possibilitando a coação em caso de infração por parte daqueles que desempenham a função pública.

Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interesses da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Federal e em legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 e Lei n° 8.429/92. Fato é que todas as diretivas destas leis específicas partem da Constituição Federal, que estabelece alguns princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o caput, que permite a compreensão de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fundamentais da administração pública. Estabelece a Constituição Federal:

27 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.

28 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

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Didatismo e Conhecimento 10

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]

São princípios da administração pública, nesta ordem:LegalidadeImpessoalidadeMoralidadePublicidadeEficiênciaPara memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o vo-

cábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administração Pública. É de fundamental importância um olhar atento ao significa-do de cada um destes princípios, posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho29 e Spitzcovsky30:

a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade signi-fica a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo, como a administração pública representa os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só poderá fa-zer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior editando a matéria para que seja preservado o princípio da legalidade). A origem deste princípio está na criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve respeitar as leis que dita.

b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que representa, a administração pública está proibida de promover dis-criminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma diferen-te dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este princí-pio, a administração pública deve tratar igualmente todos aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo qual o alvo a ser al-cançado pela administração pública é somente o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somente a preservação do inte-resse coletivo.

c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no ar-tigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de mo-ralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder público. A administração pública não atua como um particular, de modo que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurí-dico adota tratamento rigoroso do comportamento imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio da moralidade deve se fazer presente não só para com os administrados, mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à noção de bom ad-ministrador, que não somente deve ser conhecedor da lei, mas tam-bém dos princípios éticos regentes da função administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios ante-riores.

29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

30 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.

d) Princípio da publicidade: A administração pública é obri-gada a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publica-ção em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ide-ário de que todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se negar in-devidamente a fornecer informações ao administrado caracteriza ato de improbidade administrativa. Somente pela publicidade os indiví-duos controlarão a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de segurança.

e) Princípio da eficiência: A administração pública deve man-ter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços públicos e os serviços administrativos internos, se referindo diretamente à conduta dos agentes.

Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados como princípios de natureza ética relacionados à função pública a probidade e a motivação:

a) Princípio da probidade: um princípio constitucional inclu-ído dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de todo o administrador público, o dever de honestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no desempenho de suas funções. Possui contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini31 alerta que alguns autores tratam vêem como distintos os princípios da moralidade e da probidade administrativa, mas não há caracterís-ticas que permitam tratar os mesmos como procedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar que a probidade administrativa é um aspecto particular da moralidade administrativa.

b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao admi-nistrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido pro-cesso legal, uma vez que a fundamentação surge como meio inter-pretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da Administração.

Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o méri-to do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem ser observados os motivos dos atos administrativos.

Em relação à necessidade de motivação dos atos administrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comportamento possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, dentro dos li-mites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade de motivação com relação aos atos administrativos vinculados; todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos discricionários.

31 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Meirelles32 entende que o ato discricionário, editado sob os li-mites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo ne-cessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de obser-vância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento ma-joritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini33, com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões doutriná-rias, pois o referido artigo exige a motivação para todos os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos discricionários quanto os vinculados.

5.1 DECRETO Nº 1.171/ 1994 (CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR

PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL).

Considerados os princípios administrativos basilares do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma específico que estabe-lece a ação ética esperada dos servidores públicos, qual seja o De-creto n° 1.171/94. Trata-se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria de profissionais, assemelhando-se no formato aos Códigos de Ética que costumam ser adotados para variadas categorias profissionais (médicos, contadores...), mas diferenciando-se destes por possuir o caráter jurídico, logo, coativo.

A respeito dos motivos que ensejam a criação de um Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos da conduta humana podem ser reunidas em um instrumento regulador. Tal conjunto racional, com o propósito de estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação desta ciência que se consubstancia em uma peça magna, como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupamentos sociais. Uma espécie de contrato de classe gera o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização do exercício passam a controlar a execu-ção de tal peça magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante seu grupo e o todo social. O interesse no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória torna-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito geral. Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética e de uma educação pertinente que conduza à vontade de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina da atividade é antiga, já encontrada nas provas históricas mais remotas, e é uma tendência natural na vida das comunidades. É inequívoco que o ser tenha sua individualidade, sua forma de realizar seu tra-balho, mas também o é que uma norma comportamental deva reger a prática profissional no que concerne a sua conduta, em relação a seus semelhantes” 34. Logo, embora se reconheça que o indivíduo

32 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1993.

33 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

34 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

tem particularidades no desempenho de suas funções, isto é, que emprega algo de sua personalidade no exercício delas, cabe o es-tabelecimento de um rol de condutas padronizadas genericamente, as quais correspondem ao melhor desempenho profissional que se pode ter, um desempenho ético.

“Para que um Código de Ética Profissional seja organizado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis a serem respeitadas no exer-cício da profissão, e em geral abrange as relações com os utentes dos serviços, os colegas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns a todos os códigos. As virtudes específicas de cada profissão representam as variações entre os diversos estatutos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer profissão, pois representa uma qualidade imprescindível a qualquer execução de trabalho, em qual-quer lugar. O sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que não lidam com confidências e resguardos de direitos” 35. Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, genérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a informações privilegiadas no exercício do cargo.

Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código de Ética foi expedido pelo Presidente da República, considerada a atribuição da Constituição Federal para dispor sobre a organização e o fun-cionamento da administração pública federal, conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organiza-ção e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos”. Exatamente por causa desta atribuição que o Código de Ética em estudo adota a forma de decreto e não de lei, já que as leis são elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional).

O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo, que se perfaz em decre-tos regulamentares. Embora sejam factíveis decretos autônomos36, não é o caso do decreto em estudo, o qual encontra conexão com diplomas como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade adminis-trativa), além da Constituição Federal. Assim, o decreto nº 1.171/94 não é autônomo!

Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas de condu-ta, o que gera controvérsias sobre o nível de obrigatoriedade dele. Autores como Azevedo37 se posicionam pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decreto 1171 é inconstitucional, na medida em que impõe regras de condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima diz, no seu art. 5º, diz que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” e que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação le-gal”. Esta lei citada pelo art. 5º é a norma primária, não podendo ser confundida com a possibilidade de ser imposta normas de conduta pela norma secundária. Assim, não poderia ser imposta nenhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é uma norma secundá-

35 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

36 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

37 AZEVEDO, Márcio. Ética no serviço público federal. Disponível em: <http://portal.damasio.com.br/Arquivos/Material/AulasOnline_MarcioAzevedo1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013.

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ria, porque só a norma primária tem esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, é possí-vel falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar em Decreto como norma primária, para fins de dispor sobre organização e fun-cionamento da Administração Pública Federal, quando não houver aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e também para extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. Somente uma grande força de interpretação, que chegaria a ultra-passar os limites constitucionais do art. 84, VI, da CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de conduta para servidores públicos estaria inserta na organização e funcionamento da Administração Pública Federal. Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apareceu verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional em 11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de 22 de junho de 1994, quando não havia no ordenamento jurídico o Decreto como norma primária. Por isso, o Decreto nº 1.171 não impõe coerção quanto às normas materiais nele indicadas; impõe tão somente em relação às normas processuais, como a obrigação de criação de Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos públicos federais”.

Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato dos de-cretos autônomos terem surgido após o Decreto nº 1.171/94 não o transforma em norma primária, realmente. Contudo, trata-se de uma norma secundária que encontra bases em normas primárias, quais sejam a Lei nº 8.112/90 e a Lei nº 8.429/92: na prática, todas as diretrizes estabelecidas no Código de Ética são repetidas em leis federais e decorrem diretamente do texto constitucional. Assim, a adoção da forma de decreto não significa, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam obrigatórias: o servidor público federal que desobedecê-las estará sujeito à apuração de sua conduta perante a respectiva Comissão de Ética, que enviará informações ao proces-so administrativo disciplinar, podendo gerar até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de censura nos casos menos graves. Não obstante, o respeito ao Código gera reconhecimento e é verificado para fins de promoção. Isso sem falar na total efetividade das regras determinantes da instituição de Comissões de Ética.

DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Ci-

vil do Poder Executivo Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o dis-posto no art. 37 da Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,

DECRETA:

Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servi-dor Público Civil do Poder Executivo Federal, que com este baixa.

Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Fe-deral direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as provi-dências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integra-da por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente.

Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será co-municada à Secretaria da Administração Federal da Presidência da República, com a indicação dos respectivos membros titulares e suplentes.

Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° da República.

ITAMAR FRANCORomildo Canhim

Os principais elementos que podem ser extraídos do preâmbulo do Código de Ética são:

Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente da República à época e, como tal, permanece válido até que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteúdo incompatível (revogação tácita) ou até outro decreto ser expedido para substituí-lo (revogação ex-pressa). O decreto aceita, ainda, reformas e revogações parciais: no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou alguns incisos do Código e que será estudado oportunamente.

Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder regulamentar o Executi-vo; os artigos da Lei n° 8.112/90 referem-se aos deveres e proibições do servidor público federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de improbidade administrativa.

A partir da aprovação do Código de Ética, ele se tornou obri-gatório a todas as esferas da atividade pública. Daí a obrigação de instituir o aparato próprio ao seu cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões de Ética, as quais não podem ser compostas por servidores temporários.

O decreto conferiu um prazo para cada uma das entidades da administração pública federal direta ou indireta para constituir em seu âmbito uma Comissão de Ética que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com efeito, não há nenhuma facultatividade quan-to ao dever de respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto na administração direta quanto na indireta. A Comissão de Ética será composta por: três servidores ou empregados titulares de cargo efe-tivo ou emprego permanente. A constituição (quando foi criada) e a composição (quem a compõe) da Comissão deverão ser informadas à Secretaria da Administração Federal da Presidência da República.

ANEXOCÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL

CAPÍTULO I

SEÇÃO IDAS REGRAS DEONTOLÓGICAS

O Direito como valor do justo é estudado pela Filosofia do Di-reito na parte denominada Deontologia Jurídica, ou, no plano empí-rico e pragmático, pela Política do Direito38. Deontologia é uma das teorias normativas segundo as quais as escolhas são moralmente ne-cessárias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre o que deve ser feito,

38 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

considerada a moral vigente. Por sua vez, a deontologia jurídica é a ciência que cuida dos deveres e dos direitos dos operadores do Direito, bem como de seus fundamentos éticos e legais, conoslidan-do o valor do justo. Por isso, os incisos que se seguem traduzem o comportamento moral esperado do servidor público não só enquan-to desempenha suas funções, mas também em sua vida social.

Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a certos profissionais o cum-primento da sua função. Pode-se dizer ainda que a deontologia con-siste no conjunto de regras e princípios que regem a conduta de um profissional, uma ciência que estuda os deveres de uma determinada profissão. O profissional brasileiro está sujeito a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O Direito é o mínimo de moral para que o homem viva em sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata de direitos e deveres dos profissionais que estejam sujeitos a especificidade destas normas.

O Código de Ética cria regras deontológicas de ética, isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da moral, daí porque não se preocupa com a previsão de punição e processo disciplinar contra o servidor antiético, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidên-cia entre a conduta antiética e a necessidade de punição administrati-va. A verdadeira intenção do Código de Ética foi estimular os órgãos e entidades públicas federais a promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e as discussões que dela se extrai, permeie amiúde as repartições, até com naturalidade.

“Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em verdade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, destacam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria dos casos, o sucesso profissional se az acompa-nhar de condutas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas são comuns a quase todas as profissões [...]. Virtudes básicas profissio-nais são aquelas indispensáveis, sem as quais não se consegue a re-alização de um exercício ético competente, seja qual for a natureza do serviço prestado. Tais virtudes devem formar a consciência ética estrutural, os alicerces do caráter e, em conjunto, habilitarem o pro-fissional ao êxito em seu desempenho” 39.

Para bem compreender o conteúdo dos incisos que se seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa buscando atendimento no ór-gão público em questão, como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcionário que eu gostaria que fosse responsável pela solução do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de ouro da moralida-de, pela qual eu somente devo fazer algo se racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te sempre como princípio de uma legislação universal”40.

I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o ser-vidor público, seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preser-vação da honra e da tradição dos serviços públicos.

39 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

40 KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução Paulo Barrera. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32.

Primeiramente, vale compreender o sentido de algumas pala-vras do inciso: por dignidade, deve-se entender autoridade moral; por decoro, compostura e decência; por zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do efeito esperado.

Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama de consci-ência dos princípios morais: sei que devo agir de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto é, exatamente como o melhor cida-dão de bem; no desempenho das minhas funções, devo me manter sério e comprometido, desempenhando cada uma das atribuições recebidas com o maior cuidado e atenção possível, evitando erros, de modo que o serviço que eu preste seja o melhor que eu puder prestar.

Não basta que o funcionário aja desta forma no exercício de suas funções, porque ele participa da sociedade e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público, por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, ou seja, livre de vícios e compulsões. Discrição é a palavra-chave para a vida particular do servidor público, preser-vando a instituição da qual faz parte. Por exemplo, quem se sentiria bem em ser atendido por um funcionário que é sempre visto embria-gado em bares ou provocando confusões familiares, por mais que os serviços por ele desempenhados sejam de qualidade?

O comportamento ético do servidor público na sua vida particu-lar só é exigível se, pela natureza do cargo, houver uma razoável exi-gência do servidor se comportar moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171, de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de todo e qualquer servidor, na sua vida particular, independentemente da natureza do seu cargo? Quando tal Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algumas “Regras Deontológicas”, quer dizer que o servidor público está envolto em um sistema onde a moral tem forte influência no desenvolvimento da sua carreira pública. Assim, quem passa pelo serviço público sabe ou deveria saber que a promo-ção profissional e o adequado cumprimento das atribuições do cargo estão condicionados também pela ética e, assim, pelo comportamen-to particular do servidor.

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.

Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo conceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servidor deve sempre esco-lher o conveniente, o oportuno, o justo e o honesto. No caso, par-te-se das escolhas de menor relevância para aquelas fundamentais, que envolvem a opção pelo justo e honesto. Estes são os principais valores morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é preciso escolher acima de tudo entre honesto e desonesto, evidencia-se que o Código busca mais do que o respeito à lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade.

Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao qual o inciso em estudo faz remissão e que foi estudado em detalhes na introdução ao tópico.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]

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Didatismo e Conhecimento 14

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indispo-nibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e grada-ção previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as conse-quências dos atos de improbidade administrativa, que poderão variar conforme o grau de gravidade (uma das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a devolver o dinheiro aos cofres públicos, o que se entende por ressarcir o erário).

III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.

Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera particular. O servidor público não deve pensar por uma pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve prevalecer sobre o particular.

Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que é o res-peito ao que a lei determina, e a finalidade, que é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim, o respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja, o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem comum, sob pena de violar a moralidade.

IV - A remuneração do servidor público é custeada pelos tribu-tos pagos direta ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, que a moralidade adminis-trativa se integre no Direito, como elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, em fator de legalidade.

O servidor público deve colocar de lado seus interesses egoís-ticos e buscar a aplicação da moralidade no Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços é a sociedade como um todo. “Parece ser uma tendência do ser humano, como tem sido objeto de refe-rência de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos problemas. Quando o trabalho é executado só para auferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro lado, nos serviços realizados com amor, visando ao benefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variável de acordo com seu alcance em face da comunidade. Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocorre com a sua comuni-dade e muito menos com a sociedade. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o destino de nações, partindo da ausência de conduta vir-tuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano tende ao egoísmo, repe-timos, mas, para os interesses de uma classe, de toda uma socieda-de, é preciso que se acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem condições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o caminho justo, adequado, para o benefício geral” 41.

41 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio.

O cidadão paga impostos e demais tributos apenas para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor serviço público pos-sível, isto é, a manutenção de uma sociedade justa e bem estrutu-rada. O mesmo dinheiro que sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor público, é o que remunera os serviços por ele prestados. Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao Estado.

Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir conforme a moralidade administrativa, sob pena de mais que violar a lei, tam-bém desrespeitar o bem comum e prejudicar a sociedade como um todo - inclusive a si próprio.

No mais, chama-se atenção à vedação de que o servidor re-ceba do particular qualquer verba extra: sua remuneração já é paga pelo particular, por meio dos impostos, não devendo pre-tender mais do que aquilo. Isto não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o seu salário - há um patrimônio inerente à boa prestação do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em que vive.

VI - A função pública deve ser tida como exercício profissio-nal e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a--dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Ética lembra que um funcionário público carrega consigo a imagem da admi-nistração pública, ou seja, não é servidor público apenas quando está desempenhando suas funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o melhor funcionário público da repartição se a vida particular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição, co-erência, compostura e moralidade também na vida particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma pessoa livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor de seus deveres sociais.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e da Administração Pú-blica, a serem preservados em processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato adminis-trativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar.

Como visto, a publicidade é um princípio basilar da adminis-tração pública, ao lado da moralidade. Como tal, caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor público negar o acesso à infor-mação por parte do cidadão, salvo em situações especiais. Nota-se que “quando benefícios morais se fazem exigíveis, especificamen-te, para um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só pode-mos justificar o não cumprimento quando fatores de ordem muito superior o possam impedir, pois o descumprimento será sempre uma lesão à consciência ética” 42.

42 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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Didatismo e Conhecimento 15

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ATENÇÃO: O dispositivo autoriza que os atos administrati-vos não sejam públicos em situações excepcionais, quais sejam segurança nacional, investigações policiais e interesse superior do Estado e da Administração Pública.

VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos interesses da pró-pria pessoa interessada ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.

Mentir é uma atitude contrária à moralidade esperada do ser-vidor público, ainda mais se tal mentira se referir à função desem-penhada, por exemplo, negando a prática de um ato ou informando erroneamente um cidadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito: não importa se dizer a verdade implicará em prejuízo à Administração Pública.

Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto ofende a integri-dade dos cidadãos e da própria Nação. Para ser um bom país, não é preciso se fundar em erros ou mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá-los e corrigi-los.

IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os ho-mens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.

Quem nunca chegou a uma repartição pública ou cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um funcionário? Infeliz-mente, esta é uma atitude comum no serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade, fazendo tudo o possível para ajudá-lo, despendendo o tempo necessário e tomando as devidas cautelas.

O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do di-reito obrigacional, uma vez que a principal consequência da prá-tica de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se re-fere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.43

A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da heran-ça, embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade civil conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma ab-solvição por negativa de autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).

Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se en-contram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo

43 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

do agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico).

Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica autônoma entre o Esta-do e o agente público que causou o dano no desempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso é justamente o direito de acionar o causador direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, considerada a existência de uma relação obrigacional que se forma entre a vítima e a insti-tuição que o agente compõe.

Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o compor-tamento ético dele esperado.44

A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo administrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório e ampla defesa.

Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.

Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que busca aten-dimento pode caracterizar dano moral, isto é, gerar tamanho aba-lo emocional e psicológico que implique num dano. Apesar deste dano não ser econômico, isto é, de a dor causada não ter meio de compensação financeiro que a repare, o juiz estabelecerá um valor que a compense razoavelmente.

Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteriza dano material. No caso, há um correspondente financeiro direto, de modo que a condenação será no sentido de pagar ao Estado o equi-valente ao bem destruído ou deteriorado.

X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao setor em que exerça suas funções, per-mitindo a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públicos.

Este inciso é um desdobramento do inciso anterior, descreven-do um tipo específico de conduta imoral com relação ao usuário do serviço público, qual seja a de deixá-lo esperando por atendimento que seja de sua competência. Claro, a espera é algo natural, nota-damente quando o atendimento estiver sobrecarregado. O que o inciso pretende vetar é que as filas se alonguem quando o servidor enrola no atendimento, enfim, age com preguiça e desânimo.

44 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011.

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Didatismo e Conhecimento 16

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o desca-so e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública.

Dentro do serviço público há uma hierarquia, que deve ser obedecida para a boa execução das atividades. Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual decidisse que função iria de-sempenhar. Por isso, cabe o respeito ao que o superior determina, executando as funções da melhor forma possível.

“A razão pela qual se exige uma disciplina do homem em seu grupo repousa no fato de que as associações possuem, por suas na-turezas, uma necessidade de equilíbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas que se torna imperiosa, do átomo às galáxias, de cada indi-víduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a somatória deles em classe profissional, tem seu comportamento específico, guiado pela característica do trabalho executado. Cada conjunto de profis-sionais deve seguir uma ordem que permita a evolução harmônica do trabalho de todos, a partir da conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho que conduza a regularização do individualismo perante o coletivo” 45.

Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é, é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros sejam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço e a retidão algo sempre presente. Im-prudência, por sua vez, é o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo ao serviço público.

XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações humanas.

O servidor público tem obrigação de comparecer religiosa-mente em seu local de trabalho no horário determinado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando inevitáveis, devem ser jus-tificadas.

Os demais funcionários e a sociedade sempre ficam atentos às atitudes do servidor público e qualquer percepção de relaxo no de-sempenho das funções será observada, notadamente no que tange a ausências frequentes.

XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura or-ganizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabo-ra e de todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação.

O bom desempenho das funções a o agir conforme o esperado pela sociedade implica numa boa imagem do servidor público, o que permite que ele receba apoio dos demais quando realmente precisar.

“É inequívoco que o trabalho individual influencia e recebe in-fluências do meio onde é praticado. Não é, pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência do valor social de sua ação, da vontade vol-vida ao geral, pode realizar importantes feitos que alcançam reper-cussão ampla” 46.

45 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

46 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SEÇÃO IIDOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO

XIV - São deveres fundamentais do servidor público:Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há conti-

nuidade no tratamento do agir moral esperado do servidor público. No caso, são elencados alguns deveres essenciais que devem ser obedecidos.

“Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o desem-penho eficaz da profissão são deveres éticos. Sendo o propósito do exercício profissional a prestação de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades pertinentes à satisfação da necessidade, de quem re-quer a tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempenho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida profissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a execução de um trabalho” 47.

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de que seja titular;

Cabe ao servidor público desempenhar todas as atribuições ine-rentes à posição de que seja titular.

b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen-to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;

O desempenho de funções deve se dar de forma eficiente. Si-tuações procrastinatórias são aquelas que adiam a prestação do ser-viço público. Procrastinar significa enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, lerdear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive para evitar dano moral ao cidadão.

c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;

Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores morais con-solidados na sociedade, refletindo o caráter da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade.

d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es-sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo;

Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de todos aqueles que cuidam de algo que não lhe pertence. No caso, o servi-dor público cuida do patrimônio do Estado. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo que ele seja preservado.

e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan-do o processo de comunicação e contato com o público;

A atitude ética esperada do servidor público consiste em exer-cer suas funções de forma adequada, sempre atendendo da melhor forma possível os usuários.

f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú-blicos;

Os funcionários públicos nunca podem perder de vista o dever ético que eles possuem com relação à sociedade como um todo, que é o de respeito à moralidade insculpida no texto constitucional. “A

47 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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Didatismo e Conhecimento 17

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

consciência ética busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal um caminho certo para a ética pública. Vivendo numa Re-pública, estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é de todos; isso requer vida administrativa e política transparente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda a coletividade”48.

g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res-peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu-ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral;

Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com igual-dade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educado caracteriza dano moral, cabendo reparação.

h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de repre-sentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa-vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;

O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor público, pois se ele não existisse as atividades seriam desempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente. Isso não significa, contudo, que o servidor deva obedecer a todas as ordens sem questioná-las, nota-damente quando perceber que a atitude de seu superior contraria os interesses do bem comum, nem que deva ter medo de denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou colegas.

São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos superiores ou de pessoas que contratem ou busquem serviços do poder públi-co: obtenção de favores, benefícios ou vantagens indevidas, imo-rais, ilegais ou antiéticas. Ao se deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las.

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe-cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva;

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legis-lação específica para os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).

l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa-mente em todo o sistema;

m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis;

n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-ção;

Os três incisos acima reiteram deveres constantemente enume-rados pelo Código de Ética como o de comparecimento assíduo e pontual no local de trabalho, o de comunicação de atos contrários ao interesse público (inclusive os praticados por seus superiores) e o de preservação do local de trabalho (mantendo-o limpo e organizado).

48 AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São Paulo: FTD, 2010.

o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-zação do bem comum;

Frequentemente, são promovidos cursos de aperfeiçoamento pela própria instituição, sem contar aqueles disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe ao servidor público participar sempre que for benéfico à melhoria de suas funções.

“O valor do exercício profissional tende a aumentar à medida que o profissional também aumentar sua cultura, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos os demais, como são os relativos às culturas filosóficas, matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em elites cultas te garantida sua posição social, porque se habilita às lideranças e aos postos de comando no poder. A espe-cialização tem sua utilidade, seu valor, sendo impossível negar tal evidência [...]”49.

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função;

A roupa vestida pelo servidor público também reflete sua au-toridade moral no exercício das funções. Por exemplo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizando bermuda e chinelo, refletindo uma imagem de descaso do serviço público. As roupas devem ser sóbrias, compatíveis com a seriedade esperada da Administração Pública e de seus funcionários.

q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;

A regulamentação das funções exercidas pelos órgãos admi-nistrativos está sempre mudando, cabendo ao servidor público se manter atualizado.

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.

A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado do servidor público, refletindo a prestação do serviço com eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem comum.

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito;

As atividades de fiscalização são usuais no serviço público e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos, cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atribuídas estão sendo prestadas con-forme a lei determina.

t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos jurisdi-cionados administrativos;

Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela lei ao ser-vidor público para que ele possa bem desempenhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito, é preciso ter razoabilidade, moderação. Assim, quando invocá-las, o servidor público será le-vado a sério.

u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;

O servidor público deve agir conforme a lei determina, obser-vando-a estritamente, preservando assim os interesses da sociedade.

49 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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Didatismo e Conhecimento 18

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento.

O Código de Ética é o principal instrumento jurídico que tra-ta das atitudes do servidor público esperadas e vedadas. É preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar a sua leitura àqueles que o des-conheçam.

SEÇÃO IIIDAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO

XV - É vedado ao servidor público;Nesta seção, são descritas algumas atitudes que contrariam as

diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por um juízo de interpretação das regras éticas até então estudadas.

ATENÇÃO: não será necessário gravar todas estas regras se o candidato se atentar ao fato de que elas se contrapõem às atitudes corretas até então estudadas. Por óbvio, não agir da forma estabele-cida caracteriza violação dos deveres éticos, o que é proibido.

a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

O cargo público é para a sociedade, não para o indivíduo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevidamente. A esta descrição corresponde o tipo criminal da corrupção passiva, prescrito no Có-digo Penal em seu artigo 317 nos seguintes termos:

Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta

ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-res ou de cidadãos que deles dependam;

Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento é uma clara violação ao dever ético.

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;

Como visto, é dever do servidor público denunciar aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir o erro do outro é algo solidário, porque todos os erros cometidos numa função pública são prejudiciais à sociedade.

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de forma rá-pida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou material aos usuá-rios e ao Estado.

Na esfera penal, pode incidir no crime de prevaricação (art. 319, CP):

PrevaricaçãoArt. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de

ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfa-zer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;

A incorporação da tecnologia aos serviços públicos, aproxi-mando-o da sociedade, é chamada de governança eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do serviço prestado.

f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;

O funcionário público deve agir com impessoalidade na presta-ção do serviço, tratando todas as pessoas igualmente, tanto os usuá-rios quanto os colegas de trabalho.

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-dor para o mesmo fim;

A remuneração do servidor público já é paga pelo Estado, fo-mentada pelos tributos do contribuinte. Não cabe ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação de seus serviços, seja solicitando (caso que caracteriza crime de corrupção - art. 317, CP), seja exigin-do (restando presente o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e administrativas.

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-nhar para providências;

Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas, incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (modificar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) dados de documentos pode configurar o crime previsto no artigo 313-A, do Código Penal:

Inserção de dados falsos em sistema de informações Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a

inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Admi-nistração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten-dimento em serviços públicos;

Como visto, o funcionário público deve atender com eficiência o usuário do serviço, prestando todas as informações da maneira mais correta e verdadeira possível, sem mentiras ou ilusões.

j) desviar servidor público para atendimento a interesse par-ticular;

Todos os servidores públicos são contratados pelo Estado, de-vendo prestar serviços que atendam ao seu interesse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subordinado que lhe preste servi-ços particulares, por exemplo, pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar para consultórios para agendar consultas, fazer compras num supermercado.

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autori-zado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

Os bens que se encontram no local de trabalho pertencem à má-quina estatal e devem ser utilizados exclusivamente para a prestação do serviço público, não podendo o funcionário retirá-los de lá. Se o fizer, responde civil e administrativamente, bem como criminalmen-te por peculato (art. 312, CP).

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Didatismo e Conhecimento 19

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PeculatoArt. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, va-

lor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, em-

bora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de fun-cionário.

Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apreciável economicamen-te, para proveito próprio ou alheio, por servidor público que o admi-nistra ou guarda.

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

As informações que são acessadas pelo funcionário público so-mente devem ser aproveitadas para o bom desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda que sem nenhum interesse de obter privilégio econômico, ou seja, apenas para aparentar importância por mera vaidade pessoal. É possível que caracterize crime de vio-lação de sigilo funcional pois utilizar-se de informações obtidas no âmbito interno da administração, nos casos em que deva ser guarda-do sigilo pode caracterizar crime, previsto no artigo 325, do Código Penal:

Violação de sigilo funcional Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e

que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato

não constitui crime mais grave.

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual-mente;

Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, valore morais inerentes à boa prestação do serviço público.

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.

O servidor público, seja na vida privada, seja no exercício das funções, não deve se filiar a instituições que contrariem a moral, por exemplo, que incitem o preconceito e a desordem pública. Afinal, o servidor público é um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valores tradicionais.

CAPÍTULO IIDAS COMISSÕES DE ÉTICA

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Públi-ca Federal direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qual-quer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo po-der público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competin-do-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento suscetível de censura.

“Estabelecido um código de ética, para uma classe, cada indi-víduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de incorrer em trans-gressão, punível pelo órgão competente, incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] A fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de classe compreende as fases preventiva (ou edu-cacional) e executiva (ou de direta verificação da qualidade das práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se em par-te do pouco conhecimento sobre a conduta, ou seja, da educação insuficiente, e outra parte, bem menor, deriva-se de atos propo-sitadamente praticados. Os órgãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um papel relevante de garantia sobre a qualidade dos serviços prestados e da conduta humana dos profissionais” 50.

Com efeito, as Comissões de Ética possuem função de orien-tação e aconselhamento, devendo se fazer presentes em todo ór-gão ou entidade da administração direta ou indireta.

A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar a instauração desses proces-sos, mediante trabalho de orientação e aconselhamento. A finalida-de do código de ética consiste em produzir na pessoa do servidor público a consciência de sua adesão às normas ético-profissionais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais por parte de cada um e, em consequência, o resgate do respeito ao serviço público e à dig-nidade social de cada servidor. O objetivo deste código é a divul-gação ampla dos deveres e das vedações previstas, através de um trabalho de cunho educativo com os servidores públicos federais.

XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).

XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organis-mos encarregados da execução do quadro de carreira dos servido-res, os registros sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais procedimentos próprios da carreira do servidor público.

Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética fornecerá as informações sobre os funcionários a ela submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para alimentar processo administrativo disciplinar.

XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).

XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.

A única sanção que pode ser aplicada diretamente pela Co-missão de Ética é a de censura, que é a pena mais branda pela prática de uma conduta inadequada que seja praticada no exercício das funções. Nos demais casos, caberá sindicância ou processo ad-ministrativo disciplinar, sendo que a Comissão de Ética fornecerá elementos para instrução.

Censura é o poder do Estado de interditar ou restringir a livre manifestação de pensamento, oral ou escrito, quando se considera que tal pode ameaçar a ordem pública vigente.

50 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

Page 22: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 20

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer ór-gão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.

Este último inciso do Código de Ética é de fundamental impor-tância para fins de concurso público, pois define quem é o servidor público que se sujeita a ele.

“Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela natureza do conhecimento exigido prefe-rencialmente para tal execução e pela identidade de habilitação para o exercício da mesma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da sociedade, específico, definido por sua especialidade de desem-penho de tarefa” 51.

Elementos do conceito de servidor público: a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por exemplo,

prestação de serviços como jurado ou mesário), contrato (contra-tação direta, sem concurso público, para atender a uma urgência ou emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o caso da nomeação por aprovação em concurso público) - enfim, não importa o instru-mento da vinculação à administração pública, desde que esteja real-mente vinculado;

b) Serviço prestado: permanente, temporário ou excepcional - isto é, ainda que preste o serviço só por um dia, como no caso do mesário de eleição, é servidor público, da mesma forma que aquele que foi aprovado em concurso público e tomou posse; com ou sem retribuição financeira - por exemplo, o jurado não recebe por seus serviços, mas não deixa de ser servidor público;

c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à administração di-reta ou indireta, isto é, a qualquer órgão que tenha algum vínculo com o poder estatal. O conceito é o mais amplo possível, abrangen-do autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista, enfim, qualquer entidade ou setor que vise atender o interesse do Estado.

5.2 RESOLUÇÕES 1 A 10 DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA DA PRESIDÊNCIA DA

REPÚBLICA.

A CEP - Comissão de Ética Pública, vinculada à presidência da República, é o órgão de cúpula da ética pública no Poder Executivo Federal. Ao controle dela se sujeitam todas as comissões de ética instituídas em cada órgão da administração direta e indireta federal, conforme determinação do Decreto nº 1.171/94, bem como deter-minadas autoridades que ocupam uma posição hierarquicamente elevada dentro do sistema da Administração Pública Federal, nos termos do Código de Conduta da Alta Administração Federal.

51 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

A CEP exerce sua competência, entre outras formas, por meio da expedição de resoluções que tratam de seu funcionamento e com-plementam as normas gerais da ética pública no âmbito federal. Pas-saremos ao estudo das resoluções 1 a 10 da CEP, começando pela Resolução nº 1.

Resolução CEP nº 1.

Resolução nº 01, 13 de setembro de 2000

Estabelece procedimentos para apresentação de informações, sobre situação patrimonial, pelas autoridades submetidas ao Códi-go de Conduta da Alta Administração Federal.

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-ções, e tendo em vista o disposto no art. 4º do Código de Conduta da Alta Administração Federal,

Prevê referido dispositivo do Código de Conduta da Alta Ad-ministração Federal, que regulamenta a ética pública com relação a determinadas autoridades de alto nível hierárquico na administração federal:

Art. 4o Além da declaração de bens e rendas de que trata a Lei no 8.730, de 10 de novembro de 1993, a autoridade pública, no pra-zo de dez dias contados de sua posse, enviará à Comissão de Ética Pública - CEP, criada pelo Decreto de 26 de maio de 1999, publica-do no Diário Oficial da União do dia 27 subsequente, na forma por ela estabelecida, informações sobre sua situação patrimonial que, real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o interesse pú-blico, indicando o modo pelo qual irá evitá-lo.

Assim, sempre que a situação patrimonial de uma autoridade puder implicar num conflito de interesses com a Administração Fe-deral, devem ser apresentadas informações, explicando porque po-deria surgir tal conflito e indicando um modo para evitá-lo. Propicia--se o controle pela administração federal do princípio do interesse público, evitando que uma autoridade hierarquicamente superior utilize-se de sua posição para beneficiar seus interesses patrimoniais em detrimento dos interesses públicos. Visivelmente, a norma pos-sui um caráter preventivo: quer evitar situações de incompatibilida-de antes que ela aconteçam e, ao mesmo tempo, alertar a autoridade que será observado seu comportamento no exercício do cargo, nota-damente no que tange à administração de seus interesses particula-res em prejuízo da administração.

RESOLVE:

Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4º do Código de Con-duta da Alta Administração Federal, que trata da apresentação de informações sobre a situação patrimonial das autoridades a ele submetidas, será atendido mediante o envio à Comissão de Ética Pública - CEP de:

I - lista dos bens, com identificação dos respectivos valores es-timados ou de aquisição, que poderá ser substituída pela remessa de cópia da última declaração de bens apresentada à Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda;

II - informação sobre situação patrimonial específica que, a juízo da autoridade, suscite ou possa eventualmente suscitar con-flito com o interesse público e, se for o caso, o modo pelo qual pre-tende evitá-lo.

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Didatismo e Conhecimento 21

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Além da declaração de bens, que pode ser feita numa lista ex-clusivamente elaborada para este fim ou pela cópia da declaração apresentada à Receita Federal, deve-se informar sobre situações patrimoniais específicas que possam suscitar conflito, por exemplo, participação como sócio numa empresa que possa negociar com o poder público ou então um processo judicial no qual se discuta direi-tos supostamente violados pela Administração Federal.

Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo anterior são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas por pessoa designada pela CEP, serão encerradas em envelope lacrado.

Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP as par-ticipações de que for titular em sociedades de economia mista, de instituição financeira ou de empresa que negocie com o Poder Pú-blico, conforme determina o art. 6º do Código de Conduta.

Prevê o artigo 6º do Código de Conduta da Alta Administração Federal:

Art. 6º A autoridade pública que mantiver participação supe-rior a cinco por cento do capital de sociedade de economia mista, de instituição financeira, ou de empresa que negocie com o Poder Público, tornará público este fato.

Logo, até 5% é aceita a participação sem que ela precise ser comunicada.

Art. 4º O prazo de apresentação de informações será de dez dias, contados:

I - da data de publicação desta Resolução, para as autoridades que já se encontram no exercício do cargo;

II - da data da posse, para as autoridades que vierem a ser doravante nomeadas.

Como a Resolução é do ano de 2000, é possível afirmar que as autoridades que já estavam no exercício do cargo àquela época todas apresentaram as declarações. Hoje, então, o prazo seria de 10 dias a partir da posse.

Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a prestar in-formações (art. 2º do Código de Conduta):

I - Ministros e Secretários de Estado;II - titulares de cargos de natureza especial, secretários-execu-

tivos, secretários ou autoridades equivalentes ocupantes de cargo do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível seis;

III - presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas pelo Poder Público, em-presas públicas e sociedades de economia mista.

São todas as autoridades às quais o Código de Conduta da Alta Administração Federal se aplica, como se percebe do mencionado artigo 2º:

Art. 2o As normas deste Código aplicam-se às seguintes auto-ridades públicas:

I - Ministros e Secretários de Estado;II - titulares de cargos de natureza especial, secretários-execu-

tivos, secretários ou autoridades equivalentes ocupantes de cargo do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível seis;

III - presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas pelo Poder Público, em-presas públicas e sociedades de economia mista.

Art. 6º As informações prestadas serão mantidas em sigilo, como determina o § 2º do art. 5º do referido Código.

Art. 7º As informações de que trata esta Resolução deverão ser remetidas à CEP, em envelope lacrado, localizada no Anexo II do Palácio do Planalto, sala 250 - Brasília-DF.

João Geraldo Piquet CarneiroPresidente

Resolução CEP nº 2.

Resolução nº 02, 24 de outubro de 2000

Regula a participação de autoridade pública abrangida pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal em seminários e outros eventos

A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente resolução interpretativa do parágrafo único do art. 7º do Código de Conduta da Alta Administração Federal.

Neste sentido:Art. 7o A autoridade pública não poderá receber salário ou

qualquer outra remuneração de fonte privada em desacordo com a lei, nem receber transporte, hospedagem ou quaisquer favores de particulares de forma a permitir situação que possa gerar dúvida sobre a sua probidade ou honorabilidade.

Parágrafo único. É permitida a participação em seminários, congressos e eventos semelhantes, desde que tornada pública eventual remuneração, bem como o pagamento das despesas de viagem pelo promotor do evento, o qual não poderá ter interesse em decisão a ser tomada pela autoridade.

Como se extrai, há uma limitação quanto à percepção de rendi-mentos pela autoridade da alta administração federal, notadamente em relação a pagamentos por parte de particulares, pois se entende que isto pode prejudicar a imparcialidade da autoridade no exercí-cio do cargo, caracterizando violação de dever ético. No entanto, é possível receber rendimentos de particulares como pagamento pela participação em seminários, congressos e eventos semelhantes, as-sim como o pagamento de despesas para tal participação. Contudo, nada disso pode influenciar na imparcialidade da autoridade.

Art. 1º A participação de autoridade pública abrangida pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal em atividades externas, tais como seminários, congressos, palestras e eventos se-melhantes, no Brasil ou no exterior, pode ser de interesse institucio-nal ou pessoal.

Não importa se a participação no evento não traz um benefício direto ou indireto para a administração (intere institucional), é pos-sível que traga benefícios apenas para a pessoa (interesse pessoal), o que não pode é este benefício pessoal gerar um indevido benefício institucional.

Art. 2º Quando se tratar de participação em evento de interesse institucional, as despesas de transporte e estada, bem como as taxas de inscrição, se devidas, correrão por conta do órgão a que perten-ça a autoridade, observado o seguinte:

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - excepcionalmente, as despesas de transporte e estada, bem como as taxas de inscrição, poderão ser custeadas pelo patroci-nador do evento, se este for:

a) organismo internacional do qual o Brasil faça parte;b) governo estrangeiro e suas instituições;c) instituição acadêmica, científica e cultural;d) empresa, entidade ou associação de classe que não esteja

sob a jurisdição regulatória do órgão a que pertença a autorida-de, nem que possa ser beneficiária de decisão da qual participe a referida autoridade, seja individualmente, seja em caráter co-letivo.

II - a autoridade poderá aceitar descontos de transporte, hos-pedagem e refeição, bem como de taxas de inscrição, desde que não se refira a benefício pessoal.

Assim, se o interesse for institucional, o próprio órgão ao qual pertença a autoridade irá custear, salvo se o custeio for feito por alguma das entidades do inciso I, as quais notadamente não possuiriam interesse particular quanto ao exercício da atividade pela autoridade. No entanto, descontos são aceitos, desde que não voltem-se para benefício pessoal.

Art. 3º Quando se tratar de evento de interesse pessoal da autoridade, as despesas de remuneração, transporte e estada po-derão ser custeadas pelo patrocinador, desde que:

I - a autoridade torne públicas as condições aplicáveis à sua participação, inclusive o valor da remuneração, se for o caso;

II - o promotor do evento não tenha interesse em decisão que possa ser tomada pela autoridade, seja individualmente, seja de caráter coletivo.

Não há impedimento no custeio de evento de interesse parti-cular da autoridade, desde que ela se mantenha imparcial e que se dê publicidade ao fato.

Art. 4º As atividades externas de interesse pessoal não pode-rão ser exercidas em prejuízo das atividades normais inerentes ao cargo.

O comparecimento em eventos não pode ser um impeditivo para o regular exercício das atribuições do cargo.

Art. 5º A publicidade da remuneração e das despesas de transporte e estada será assegurada mediante registro do com-promisso na respectiva agenda de trabalho da autoridade, com explicitação das condições de sua participação, a qual ficará dis-ponível para consulta pelos interessados.

Art. 6º A autoridade não poderá aceitar o pagamento ou re-embolso de despesa de transporte e estada, referentes à sua parti-cipação em evento de interesse institucional ou pessoal, por pes-soa física ou jurídica com a qual o órgão a que pertença ou man-tenha relação de negócio, salvo se o pagamento ou reembolso decorrer de obrigação contratual previamente assumida perante aquele órgão.

A intenção de toda a regulamentação é evitar que o pagamento por evento seja uma via transversa de influenciar a tomada de de-cisões por parte do órgão.

João Geraldo Piquet CarneiroPresidente da Comissão de Ética Pública

Nota Explicativa

Abaixo, nota explicativa oficial que acompanha a resolução:

Participação de autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta Administração Federal em seminários, congressos e eventos semelhantes

O Código de Conduta da Alta Administração Federal estabe-leceu os limites que devem ser observados para a participação de autoridades a ele submetidas em seminários, congressos e eventos semelhantes (art. 7º, parágrafo único).

A experiência anterior ao Código de Conduta revela um tra-tamento não uniforme nas condições relativas à participação das autoridades da alta administração federal nesses eventos. Com efeito, diante das conhecidas restrições de natureza orçamentária e financeira, passou-se a admitir que as despesas de viagem e es-tada da autoridade fossem custeadas pelo promotor do seminário ou congresso.

Tal prática, porém, não se coaduna com a necessidade de pre-venir situações que possam comprometer a imagem do governo ou, até mesmo, colocar a autoridade em situação de constrangi-mento. É o que ocorre, por exemplo, quando o patrocinador tem interesse em decisão específica daquela autoridade.

Após o advento do Código de Conduta, diversas consultas so-bre o tema chegaram à Comissão de Ética Pública, o que demons-trou a inequívoca necessidade de tornar mais clara e detalhada a aplicação da norma constante do Código de Conduta.

A presente Resolução, de caráter interpretativo, visa justa-mente afastar dúvidas sobre a maneira pela qual a autoridade pública poderá participar de determinados eventos externos, den-tro dos limites éticos constantes do Código de Conduta. Os dois princípios básicos que orientam a resolução ora adotada são a transparência, assegurada pela publicidade, e a inexistência de interesse do patrocinador dos referidos eventos em decisão da au-toridade pública convidada.

A Resolução, para fins práticos, distinguiu a participação da autoridade em dois tipos: a de interesse institucional e a de inte-resse pessoal. Entende-se por participação de interesse institucio-nal aquela que resulte de necessidade e conveniência identificada do órgão ao qual pertença a autoridade e que possa concorrer para o cumprimento de suas atribuições legais.

Quando a participação for de interesse pessoal, a cobertura de custos pelos promotores do evento somente será admissível se: 1) a autoridade tornar públicas as condições aplicáveis à sua par-ticipação; 2) o promotor do evento não tiver interesse em decisão da esfera de competência da autoridade; 3) a participação não resulte em prejuízo das atividades normais inerentes ao seu cargo.

Em se tratando de participação de autoridade em evento de interesse institucional, não é permitida a cobertura das despesas de transporte e estada pelo promotor do evento, exceto quando este for: 1) organismo internacional do qual o Brasil faça parte; 2) governo estrangeiro e suas instituições; 3) instituição acadê-mica, científica ou cultural; 4) empresa, entidade ou associação de classe que não tenha interesse em decisão da autoridade. Da mesma forma, as despesas poderão ser cobertas pelo promotor do evento quando decorrente de obrigação contratual de empresa perante a instituição da autoridade.

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Não será permitida, tampouco, a aceitação do pagamento ou reembolso de despesa de transporte e estada por empresa com a qual o órgão a que pertença a autoridade mantenha relação de negócio. É o caso, por exemplo, de empresa que forneça bens ou serviços ao referido órgão, a menos que tal pagamento ou reembol-so decorra de obrigação contratual por ela assumida.

A publicidade relativa à participação das autoridades em even-tos externos será assegurada mediante registro na agenda de tra-balho da autoridade das condições de sua participação, inclusive remuneração, se for o caso. A agenda de trabalho ficará disponível para consulta por qualquer interessado. O acesso público à agenda deve ser facilitado.

Em síntese, por meio desta resolução interpretativa, a Comis-são procurou fixar os balizamentos mínimos a serem observados pe-las autoridades abrangidas pelo Código de Conduta, sem prejuízo de que cada órgão detalhe suas próprias normas internas sobre a participação de seus servidores em eventos externos.

Resolução CEP nº 3.

Resolução nº 03, 23 de novembro de 2000

Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis às autoridades públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal

A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que:

a) de acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta Admi-nistração Federal, é vedada a aceitação de presentes por autorida-des públicas a ele submetidas;

b) a aplicação da mencionada norma e de suas exceções requer orientação de caráter prático às referidas autoridades,

Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpretativo:

Prevê o referido dispositivo do Código de Conduta da Alta Ad-ministração Federal:

Art. 9º É vedada à autoridade pública a aceitação de presen-tes, salvo de autoridades estrangeiras nos casos protocolares em que houver reciprocidade.

Parágrafo único. Não se consideram presentes para os fins deste artigo os brindes que:

I - não tenham valor comercial; ouII - distribuídos por entidades de qualquer natureza a título de

cortesia, propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de even-tos especiais ou datas comemorativas, não ultrapassem o valor de R$ 100,00 (cem reais).

Aprofundando referido artigo do Código, a Resolução difere presentes de brindes. Os primeiros quase nunca são permitidos, mas os segundos o são dentro de certos limites.

Presentes

Art. 1º A proibição de que trata o Código de Conduta se refere ao recebimento de presentes de qualquer valor, em razão do cargo que ocupa a autoridade, quando o ofertante for pessoa, empresa ou entidade que:

I – esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que per-tença a autoridade;

II – tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em decisão que possa ser tomada pela autoridade, individualmente ou de caráter coletivo, em razão do cargo;

III – mantenha relação comercial com o órgão a que pertença a autoridade; ou

IV – represente interesse de terceiros, como procurador ou preposto, de pessoas, empresas ou entidades compreendidas nos incisos I, II e III.

Art. 2º É permitida a aceitação de presentes:I – em razão de laços de parentesco ou amizade, desde que

o seu custo seja arcado pelo próprio ofertante, e não por pessoa, empresa ou entidade que se enquadre em qualquer das hipóteses previstas no item anterior;

II – quando ofertados por autoridades estrangeiras, nos casos protocolares em que houver reciprocidade ou em razão do exercício de funções diplomáticas.

Art. 3º Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá adotar uma das seguintes providências:

I - tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti-co Nacional-IPHAN para que este lhe dê o destino legal adequado;

II - promover a sua doação a entidade de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que, tratando-se de bem não perecível, se comprometa a aplicar o bem ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou

III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou do órgão público onde exerce a função.

(artigo atualizado pela Resolução nº 06/2001)

Art. 4º Não caracteriza presente, para os fins desta Resolução:I – prêmio em dinheiro ou bens concedido à autoridade por

entidade acadêmica, científica ou cultural, em reconhecimento por sua contribuição de caráter intelectual;

II – prêmio concedido em razão de concurso de acesso públi-co a trabalho de natureza acadêmica, científica, tecnológica ou cultural;

III – bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoamento profissio-nal ou técnico da autoridade, desde que o patrocinador não tenha interesse em decisão que possa ser tomada pela autoridade, em ra-zão do cargo que ocupa.

Brindes

Art. 5º É permitida a aceitação de brindes, como tal entendidos aqueles:

I – que não tenham valor comercial ou sejam distribuídos por entidade de qualquer natureza a título de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de eventos ou datas comemo-rativas de caráter histórico ou cultural, desde que não ultrapassem o valor unitário de R$ 100,00 (cem reais);

II – cuja periodicidade de distribuição não seja inferior a 12 (doze) meses; e

III – que sejam de caráter geral e, portanto, não se destinem a agraciar exclusivamente uma determinada autoridade.

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Didatismo e Conhecimento 24

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 6º Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem reais), será ele tratado como presente, aplicando-se-lhe a norma prevista no item 3 acima.

Art. 7º Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determinará sua avaliação junto ao comércio, podendo ainda, se julgar conveniente, dar-lhe desde logo o tratamento de presente.

Divulgação e solução de dúvidas

Art. 8º A autoridade deverá transmitir a seus subordinados as normas constantes desta Resolução, de modo a que tenham ampla divulgação no ambiente de trabalho.

Art. 9º A incorporação de presentes ao patrimônio histórico cultural e artístico, assim como a sua doação a entidade de ca-ráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, deverá constar da respectiva agenda de trabalho ou de registro específico da autoridade, para fins de eventual controle.

Art. 10. Dúvidas específicas a respeito da implementação das normas sobre presentes e brindes poderão ser submetidas à Co-missão de Ética Pública, conforme o previsto no art. 19 do Código de Conduta.

Brasília, 23 de novembro de 2000

João Geraldo Piquet CarneiroPresidente da Comissão de Ética Pública

Publicado no Diário Oficial de 01 de dezembro de 2000

Nota Explicativa

Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis às autoridades públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal

A Resolução nº 3 da Comissão de Ética Pública (CEP) tem por objetivo dar efetividade ao art. 9º do Código de Conduta da Alta Administração Federal que veda à autoridade pública por ele abrangida, como regra geral, a aceitação de presentes.

A matéria é de inquestionável relevo tanto do ponto de vista da opinião pública quanto da própria Administração, pois tem a ver com a observância de regra ética fundamental, qual seja, a de que a capacidade decisória da autoridade pública seja livre de qualquer tipo de influência externa. Além disso, normas claras so-bre presentes e brindes também darão mais segurança ao relacio-namento de pessoas e empresas com autoridades governamentais, posto que todos saberão, desde logo, o que podem e não podem dar como presente ou brinde a autoridades públicas.

A Resolução está dividida em três partes principais: na pri-meira (itens 1 a 4) cuida-se de presentes, das situações em que estes podem ser recebidos e da sua devolução, quando for o caso; na segunda (itens 5 a 7) trata-se de brindes e sua caracterização; e na terceira (itens 8 a 10), regula-se a divulgação das normas da resolução e a solução de dúvidas na sua implementação.

A regra geral é que as autoridades abrangidas pelo Código de Conduta estão proibidas de receber presentes, de qualquer valor, em razão do seu cargo (item 1). A vedação se configura quando o ofertante do presente seja pessoa, empresa ou entidade que se en-contre numa das seguintes situações:

a) esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que per-tença a autoridade;

b) tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial em deci-são que possa ser tomada pela autoridade, em razão do cargo, seja individualmente, seja de forma coletiva;

c) mantenha relação comercial de qualquer natureza com o ór-gão a que pertence a autoridade (fornecedores de bens e serviços, por exemplo);

d) represente interesse de terceiros, na qualidade de procura-dor ou preposto, de pessoas, empresas ou entidades conforme espe-cificados anteriormente.

O recebimento de presente só é permitido em duas hipóteses: a) quando o ofertante for autoridade estrangeira, nos casos proto-colares, ou em razão do exercício de funções diplomáticas (item 2, inciso II); b) por motivo de parentesco ou amizade (item 2, inciso I), desde que o respectivo custo seja coberto pelo próprio parente ou amigo, e não por pessoa física ou entidade que tenha interesse em decisão da autoridade.

Quando não for recomendável ou viável a devolução do pre-sente, como, por exemplo, quando a autoridade tenha que incorrer em custos pessoais para fazê-lo, o bem deverá ser doado a entidade de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida como de utili-dade pública que se comprometa a utilizá-lo ou transformá-lo em receita a ser aplicada exclusivamente em suas atividades fim. Se se tratar de bem de valor histórico ou cultural, será ele transferido para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que lhe dará a destinação legal mais adequada (item 3, incisos I e II).

Não caracteriza presente (item 4) o recebimento de prêmio em dinheiro ou bens concedido por entidades acadêmicas, científicas ou culturais, em reconhecimento por contribuição intelectual. Da mesma forma, não se configura como presente o prêmio outorgado em razão de concurso para seleção de trabalho de natureza acadê-mica, científica, tecnológica. Finalmente, podem ser aceitas bolsas de estudos vinculadas ao aperfeiçoamento acadêmico da autorida-de, desde que a entidade promotora não tenha interesse em decisão de sua alçada. Está claro, portanto, que em nenhum caso prêmios ou bolsas de estudos poderão implicar qualquer forma de contra-prestação de serviço.

A Resolução esclarece que poderão ser aceitos brindes (item 5), como tais considerados os que não tenham valor comercial ou cujo valor unitário não ultrapasse R$ 100,00. Na segunda hipótese, quando tiver valor inferior a R$ 100,00, o brinde deve ser distribu-ído estritamente a título de cortesia, propaganda, divulgação habi-tual ou por ocasião de eventos ou datas comemorativas de caráter histórico ou cultural (pode incluir, por exemplo, a distribuição de livros ou discos). Além disso, sua periodicidade não poderá ser infe-rior a um ano e o brinde deve ser de caráter geral, ou seja, não deve ser destinado exclusivamente a determinada autoridade.

Brindes que ultrapassem o valor de R$ 100,00 devem ser con-siderados presentes de aceitação vedada (item 6), salvo as exceções elencadas. Brindes sobre os quais persistam dúvidas quanto ao va-lor – se supera ou não R$ 100,00 – a recomendação constante do item 7 da Resolução é que sejam considerados presentes.

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Didatismo e Conhecimento 25

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Tendo em vista o amplo interesse das normas sobre presentes e brindes, as autoridades deverão divulgá-las entre seus subordina-dos (item 8).

É importante observar que a destinação de presentes, que não possam ser recusados ou devolvidos, deve constar de registro a ser mantido pela autoridade, para fins de eventual controle (item 9).

É natural que possam surgir situações específicas que suscitem dúvidas quando à correta conduta de autoridade, pois, afinal, as normas são sempre elaboradas para que tenham aplicação geral e nem sempre alcançam todos os casos particulares. Assim, é mui-to importante que, também nessa matéria, os abrangidos utilizem, sempre que necessário, o canal de consulta oferecido pela própria Comissão de Ética.

Finalmente, deve-se salientar que as normas da Resolução se aplicam tão somente às autoridades enumeradas no art. 2º do Códi-go de Conduta. Caberá a cada órgão ou entidade da administração pública regular a matéria em relação a seus demais servidores e empregados.

Resolução CEP nº 4.

Resolução nº 04, 07 de junho de 2001

Aprova o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º, inciso VII, do Decreto de 26 de maio de 1999

Referido dispositivo, hoje revogado, conferia à CEP compe-tência para elaborar seu próprio regimento interno. No entanto, o Decreto nº 6.029, de 2007 mantém tal competência:

Art. 4o À CEP compete:[...]V - aprovar o seu regimento interno;

A partir deste ponto, se estudará tal regimento, previsto na Re-solução nº 4.

RESOLVE:

Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública.

CAPÍTULO IDA COMPETÊNCIA

Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP):I - assegurar a observância do Código de Conduta da Alta Ad-

ministração Federal, aprovado pelo Presidente da República em 21 de agosto de 2000, pelas autoridades públicas federais por ele abrangidas;

II - submeter ao Presidente da República sugestões de aprimo-ramento do Código de Conduta e resoluções de caráter interpreta-tivo de suas normas;

III - dar subsídios ao Presidente da República e aos Ministros de Estado na tomada de decisão concernente a atos de autorida-de que possam implicar descumprimento das normas do Código de Conduta;

IV - apurar, de ofício ou em razão de denúncia, condutas que possam configurar violação do Código de Conduta, e, se for o caso, adotar as providências nele previstas;

V - dirimir dúvidas a respeito da aplicação do Código de Con-duta e deliberar sobre os casos omissos;

VI - colaborar, quando solicitado, com órgãos e entidades da administração federal, estadual e municipal, ou dos Poderes Legis-lativo e Judiciário; e

VII - dar ampla divulgação ao Código de Conduta.As autoridades públicas da alta administração se sujeitam a Có-

digo específico e ao controle direto pela CEP. No entanto, a CEP tem outras funções, como sugerir ao Presidente da República melhoras ao Código de Conduta e às resoluções a respeito dele e conferir sub-sídios a ele e aos ministros na tomada de decisões que encampem a conduta ética. Em verdade, tem o papel de esclarecer dúvidas sobre o Código de Conduta da Alta Administração, sem prejuízo de au-xiliar dirimindo outras dúvidas no âmbito da ética pública quando solicitado por algum órgão da administração direta ou indireta, de quaisquer dos poderes.

CAPÍTULO IIDA COMPOSIÇÃO

Art. 3º A CEP é composta por seis membros designados pelo Presidente da República, com mandato de três anos, podendo ser reconduzidos.

§ 1º Os membros da CEP não terão remuneração e os traba-lhos por eles desenvolvidos são considerados prestação de relevan-te serviço público.

§ 2º As despesas com viagens e estada dos membros da CEP se-rão custeadas pela Presidência da República, quando relacionadas com suas atividades.

São então 6 membros, com mandato de 3 anos, aceita a reelei-ção. Não recebem remuneração pelo serviço, mas este serviço é con-siderado de interesse público. Ausência de remuneração não implica em falta de custeio: as despesas relacionadas à função serão pagas.

CAPÍTULO IIIDO FUNCIONAMENTO

Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu presidente, que terá mandato de um ano, permitida a recondução.

Art. 5º As deliberações da CEP serão tomadas por voto da maioria de seus membros, cabendo ao presidente o voto de qua-lidade.

Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vinculado à Casa Civil da Presidência da República, que lhe prestará apoio técnico e administrativo.

§ 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente à CEP pla-no de trabalho que contemple suas principais atividades e proponha metas, indicadores e dimensione os recursos necessários.

§ 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário-Executivo prestará informações sobre o estágio de execução das atividades contempladas no plano de trabalho e seus resultados, ainda que parciais.

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Didatismo e Conhecimento 26

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter ordinário, mensalmente, e, extraordinariamente, sempre que necessário, por iniciativa de qualquer de seus membros.

§ 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a partir de sugestões de qualquer de seus membros ou por iniciativa do Secre-tário-Executivo, admitindo-se no início de cada reunião a inclusão de novos assuntos na pauta.

§ 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser objeto de deli-beração mediante comunicação entre os membros da CEP.

Os próprios membros escolhem o presidente da CEP. As decisões são tomadas por maioria dos membros, cabendo ao

Presidente desempatar.O Secretário-Executivo desempenha as funções administrati-

vas.As reuniões ordinárias (comuns) são mensais, mas excepcional-

mente cabe convocar reuniões (extraordinárias).

CAPÍTULO IVDAS ATRIBUIÇÕES

Art. 8º Ao Presidente da CEP compete:I - convocar e presidir as reuniões;II - orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os debates,

iniciar e concluir as deliberações;III - orientar e supervisionar os trabalhos da Secretaria-Exe-

cutiva;IV - tomar os votos e proclamar os resultados;V - autorizar a presença nas reuniões de pessoas que, por si

ou por entidades que representem, possam contribuir para os tra-balhos da CEP;

VI - proferir voto de qualidade;VII - determinar o registro de seus atos enquanto membro da

Comissão, inclusive reuniões com autoridades submetidas ao Códi-go de Conduta;

VIII - determinar ao Secretário-Executivo, ouvida a CEP, a instauração de processos de apuração de prática de ato em desres-peito ao preceituado no Código de Conduta da Alta Administração Federal, a execução de diligências e a expedição de comunicados à autoridade pública para que se manifeste na forma prevista no art. 12 deste Regimento; e

IX - decidir os casos de urgência, ad referendum da CEP.Nota-se que o Presidente da CEP tem funções administrativas,

além das relacionadas diretamente com o julgamento de casos de violação da ética pública federal.

Art. 9º Aos membros da CEP compete:I - examinar as matérias que lhes forem submetidas, emitindo

pareceres;II - pedir vista de matéria em deliberação pela CEP;III - solicitar informações a respeito de matérias sob exame da

Comissão; eIV - representar a CEP em atos públicos, por delegação de seu

Presidente.Os membros da CEP votam nas questões a ele submetidas e,

para tanto, podem solicitar informações e pedir vista de matérias. A representação da CEP ocorre por delegação do Presidente.

Art. 10. Ao Secretário-Executivo compete:I - organizar a agenda das reuniões e assegurar o apoio logís-

tico à CEP;II - secretariar as reuniões;III - proceder ao registro das reuniões e à elaboração de suas

atas;IV - dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cumprimento

das atividades que lhes sejam próprias;V - instruir as matérias submetidas à deliberação;VI - providenciar, previamente à instrução de matéria para de-

liberação pela CEP, nos casos em que houver necessidade, parecer sobre a legalidade de ato a ser por ela baixado;

VII - desenvolver ou supervisionar a elaboração de estudos e pareceres como subsídios ao processo de tomada de decisão da CEP;

VIII - solicitar às autoridades submetidas ao Código de Con-duta informações e subsídios para instruir assunto sob apreciação da CEP; e

IX - tomar as providências necessárias ao cumprimento do disposto nos arts. 8o, inciso VII, e 12 deste Regimento, bem como outras determinadas pelo Presidente da Comissão, no exercício de suas atribuições.

Desempenha funções que influenciam na atuação da CEP, tor-nando-a mais ou menos eficiente. Ao tomar estas questões, muitas delas rotineiras e meramente administrativas, permite que os mem-bros se concentrem apenas em suas competências.

CAPÍTULO VDAS DELIBERAÇÕES

Art. 11. As deliberações da CEP relativas ao Código de Con-duta compreenderão:

I - homologação das informações prestadas em cumprimento às obrigações nele previstas;

II - adoção de orientações complementares:a) mediante resposta a consultas formuladas por autoridade a

ele submetidas;b) de ofício, em caráter geral ou particular, mediante comuni-

cação às autoridades abrangidas, por meio de resolução, ou, ain-da, pela divulgação periódica de relação de perguntas e respostas aprovada pela CEP;

III - elaboração de sugestões ao Presidente da República de atos normativos complementares ao Código de Conduta, além de propostas para sua eventual alteração;

IV - instauração de procedimento para apuração de ato que possa configurar descumprimento ao Código de Conduta; e

V - adoção de uma das seguintes providências em caso de in-fração:

a) advertência, quando se tratar de autoridade no exercício do cargo;

b) censura ética, na hipótese de autoridade que já tiver deixado o cargo; e

c) encaminhamento de sugestão de exoneração à autoridade hierarquicamente superior, quando se tratar de infração grave ou de reincidência.

As deliberações tomadas englobam todos os âmbitos de com-petência da CEP, tanto o punitivo quanto o aconselhador. Destaque para o inciso V, que traz as penas aplicáveis.

Page 29: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 27

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO VIDAS NORMAS DE PROCEDIMENTO

Art. 12. O procedimento de apuração de infração ao Código de Conduta será instaurado pela CEP, de ofício ou em razão de denúncia fundamentada, desde que haja indícios suficientes, ob-servado o seguinte:

I - a autoridade será oficiada para manifestar-se por escrito no prazo de cinco dias;

II - o eventual denunciante, a própria autoridade pública, bem assim a CEP, de ofício, poderão produzir prova documental;

III - a CEP poderá promover as diligências que considerar necessárias, assim como solicitar parecer de especialista quando julgar imprescindível;

IV - concluídas as diligências mencionadas no inciso anterior, a CEP oficiará à autoridade para nova manifestação, no prazo de três dias;

V - se a CEP concluir pela procedência da denúncia, adotará uma das providências previstas no inciso V do art. 11, com comu-nicação ao denunciado e ao seu superior hierárquico.

Há dois modos de instauração de procedimento investigatório: de ofício ou em razão de denúncia fundamentada. A autoridade acusada será notificada para manifestar-se em 5 dias; a autoridade, o denunciante e a CEP poderão produzir provas documentais; a CEP promoverá diligências que entender necessárias e eventual-mente solicitará parecer; a autoridade será novamente notificada para se manifestar, desta vez em 3 dias; se a denúncia for proce-dente, se aplicará pena de advertência (autoridade no cargo) ou censura ética (autoridade deixou cargo) e, caso a infração seja gra-ve ou tiver se repetido, sugerirá a exoneração à autoridade hierar-quicamente superior.

CAPÍTULO VIIDOS DEVERES E RESPONSABILIDADE DOS

MEMBROS DA COMISSÃO

Art. 13. Os membros da CEP obrigam-se a apresentar e man-ter arquivadas na Secretaria-Executiva declarações prestadas nos termos do art. 4º do Código de Conduta.

Art. 14. Eventuais conflitos de interesse, efetivos ou poten-ciais, que possam surgir em função do exercício das atividades profissionais de membro da Comissão, deverão ser informados aos demais membros.

Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão de sua ati-vidade profissional, tiver relacionamento específico em matéria que envolva autoridade submetida ao Código de Conduta da Alta Administração, deverá abster-se de participar de deliberação que, de qualquer modo, a afete.

Art. 15. As matérias examinadas nas reuniões da CEP são consideradas de caráter sigiloso até sua deliberação final, quan-do a Comissão deverá decidir sua forma de encaminhamento.

Art. 16. Os membros da CEP não poderão se manifestar pu-blicamente sobre situação específica que possa vir a ser objeto de deliberação formal do Colegiado.

Art. 17. Os membros da CEP deverão justificar eventual im-possibilidade de comparecer às reuniões.

Neste capítulo, trazem-se deveres e responsabilidades dos membros da CEP para se manterem imparciais, assíduos e hones-tos, como esperado dos responsáveis pelo controle da ética na alta administração federal.

CAPÍTULO VIIIDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausências, será substi-tuído pelo membro mais antigo da Comissão.

Art. 19. Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida relacionada a este Regimento Interno, bem como promover as modificações que julgar necessárias.

Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos pelo co-legiado.

Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi-cação.

João Geraldo Piquet CarneiroPresidente da Comissão

Resolução CEP nº 5.

Resolução nº 05, 07 de junho de 2001

Aprova o modelo de Declaração Confidencial de Informações a ser apresentada por autoridade submetida ao Código de Condu-ta da Alta Administração Federal, e dispõe sobre a atualização de informações patrimoniais para os fins do art. 4o do Código de Con-duta da Alta Administração Federal

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e nos termos do art. 4º do Código de Conduta da Alta Administração Federal,

RESOLVE:

Art. 1º A autoridade pública nomeada para cargo abrangido pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal, aprovado pelo Presidente da República em 21 de agosto de 2000, encaminha-rá à Comissão de Ética Pública, no prazo de dez dias da data de nomeação, Declaração Confidencial de Informações - DCI, confor-me modelo anexo.

Art. 2º Estão obrigados à apresentação da DCI ministros, se-cretários de estado, titulares de cargos de natureza especial, secre-tários executivos, secretários ou autoridade equivalentes ocupantes de cargos do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível seis, presidentes e diretores de agências nacionais, autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas pelo Poder Público, em-presas públicas e sociedades de economia mista.

Art. 3º A autoridade pública comunicará à CEP, no mesmo prazo, quaisquer alterações relevantes nas informações prestadas, podendo, para esse fim, apresentar nova DCI.

Page 30: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 28

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 4º Dúvidas específicas relativas ao preenchimento da DCI, assim como sobre situação patrimonial que, real ou poten-cialmente, possa suscitar conflito com o interesse público, serão submetidas à CEP e esclarecidas por sua Secretaria Executiva.

João Geraldo Piquet CarneiroPresidente da Comissão

ANEXO (Revogado)

Resolução CEP nº 6.

Resolução nº 06, 25 de julho de 2001

Dá nova redação ao item III da Resolução nº 3, de 23 de no-vembro de 2000.

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-ções, e tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, que a instituiu, adotou a seguinte

RESOLUÇÃO:

Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de novembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:

“3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá adotar uma das seguintes providências:

I - ......................................................II - promover a sua doação a entidade de caráter assistencial

ou filantrópico reconhecida como de utilidade pública, desde que, tratando-se de bem não perecível, se comprometa a aplicar o bem ou o produto da sua alienação em suas atividades fim; ou

III - determinar a incorporação ao patrimônio da entidade ou do órgão público onde exerce a função.”

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi-cação.

João Geraldo Piquet CarneiroPresidente da Comissão

Obs.: A Resolução CEP nº 03/2000 anteriormente transcrita já está atualizada nos termos desta resolução.

Resolução CEP nº 7.

Resolução nº 07, 14 de fevereiro de 2002

Regula a participação de autoridade pública submetida ao Código de Conduta da Alta Administração Federal em atividades de natureza político-eleitoral

A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, in-ciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente reso-lução interpretativa do Código de Conduta da Alta Administração Federal, no que se refere à participação de autoridades públicas em eventos político-eleitorais.

O art. 2º, V do decreto de 26 de maio de 1999 foi revogado pelo Decreto nº 6.029/07, que mantém tal competência com o se-guinte teor:

Art. 4º À CEP compete: [...]II - administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta

Administração Federal, devendo: [...]b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas,

deliberando sobre casos omissos; [...]

Abaixo, são estabelecidas as normas da resolução, versando so-bre uma matéria, que é o exercício de atividades político-eleitorais. Mostra-se relevante uma especificação porque a maioria destas au-toridades que se vinculam ao Código de Conduta da Alta Adminis-tração Federal desempenham estas atividades político-eleitorais.

Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código de Condu-ta da Alta Administração Federal (CCAAF) poderá participar, na condição de cidadão-eleitor, de eventos de natureza político-eleito-ral, tais como convenções e reuniões de partidos políticos, comícios e manifestações públicas autorizadas em lei.

Assim, a regra é a permissão.

Art. 2º A atividade político-eleitoral da autoridade não poderá resultar em prejuízo do exercício da função pública, nem implicar o uso de recursos, bens públicos de qualquer espécie ou de servi-dores a ela subordinados.

Não se permite, contudo, que se afete o desempenho das re-gulares funções e que se aproveite do cargo para o exercício das atividades político-eleitorais.

Art. 3º A autoridade deverá abster-se de:I – se valer de viagens de trabalho para participar de eventos

político-eleitorais;II – expor publicamente divergências com outra autoridade

administrativa federal ou criticar-lhe a honorabilidade e o desem-penho funcional (artigos 11 e 12, inciso I, do CCAAF);

III – exercer, formal ou informalmente, função de administra-dor de campanha eleitoral.

Nota-se a preocupação em manter a imparcialidade da autori-dade que ocupa o cargo da alta administração, impedindo o máximo que se associe o cargo à campanha político-eleitoral. Por isso, veda--se o uso de viagens a trabalho para fins político-eleitorais, o exercí-cio da função de administrador de campanha e a exposição pública de divergências com outras autoridades que ocupem cargos de nível semelhante na esfera federal.

Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que participar, a au-toridade não poderá fazer promessa, ainda que de forma implícita, cujo cumprimento dependa do cargo público que esteja exercen-do, tais como realização de obras, liberação de recursos e nomea-ção para cargos ou empregos.

Mais uma vez, tenta-se evitar que o exercício do cargo beneficie o candidato em termos político-eleitorais.

Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que manifestar de forma pública a intenção de candidatar-se a cargo eletivo, não poderá praticar ato de gestão do qual resulte privilégio para pessoa física ou entidade, pública ou privada, situada em sua base eleitoral ou de seus familiares.

Page 31: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 29

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Ex.: se uma pessoa ocupa cargo num ministério federal e in-forma sair candidato a governador de um estado, não pode começar a mandar investimentos apenas para aquele estado; se uma pessoa ocupa cargo num ministério e informa sair candidato a uma prefei-tura, não pode mandar apenas recursos para este município; se uma pessoa ocupa cargo de direção e vai se lançar candidato a deputado federal, não pode mandar recursos apenas para sua base eleitoral ou de seus familiares.

Art. 6º Para prevenir-se de situação que possa suscitar dúvidas quanto à sua conduta ética e ao cumprimento das normas estabe-lecidas pelo CCAAF, a autoridade deverá consignar em agenda de trabalho de acesso público:

I – audiências concedidas, com informações sobre seus objeti-vos, participantes e resultados, as quais deverão ser registradas por servidor do órgão ou entidade por ela designado para acompanhar a reunião;

II – shy; eventos político-eleitorais de que participe, informan-do as condições de logística e financeiras da sua participação.

A agenda de trabalho com atividades político-eleitorais deve ser pública.

Art. 7º Havendo possibilidade de conflito de interesse entre a atividade político-eleitoral e a função pública, a autoridade deverá abster-se de participar daquela atividade ou requerer seu afasta-mento do cargo.

Se houver conflito de interesse, a autoridade deve decidir entre se afastar do cargo ou participar de atividade político-eleitoral.

Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá consultar a Comissão de Ética Pública.

A CEP poderá esclarecer dúvidas quanto a eventuais situações de conflito e outras questões que envolvam o exercício de atividades político-eleitorais.

Brasília, 14 de fevereiro de 2002

João Geraldo Piquet CarneiroPresidente da Comissão de Ética Pública

COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA

O Presidente da República aprovou recomendação no sentido de que se regule a participação de autoridades submetidas ao Có-digo de Conduta da Alta Administração Federal em atividades de natureza político-eleitoral.

A Resolução CEP nº 7, publicada no Diário Oficial da União de 25.2.2002, é interpretativa das normas do Código de Conduta da Alta Administração Federal e tem duplo objetivo. Primeiro, reco-nhecer o direito de qualquer autoridade, na condição de cidadão--eleitor, de participar em atividades e eventos políticos e eleitorais; segundo, mediante explicitação de normas de conduta, permitir que as autoridades exerçam esse direito a salvo de críticas, desde que as cumpram adequadamente.

Para facilitar a compreensão do cumprimento das referidas normas, são prestados os esclarecimentos que seguem.

O Presidente da República aprovou a Resolução nº 7 ora estu-dada, mas apresentou recomendação complementar que delimita a interpretação da referida resolução, conforme teor abaixo, explican-do individualmente cada um dos 8 artigos:

Art. 1º O dispositivo enfatiza o direito da autoridade de par-ticipar de eventos eleitorais, tais como convenções partidárias, reuniões políticas e outras manifestações públicas que não con-trariem a lei. O importante é que essa participação se enquadre nos princípios éticos inerentes ao cargo ou função da autoridade.

Art. 2º A norma reproduz dispositivo legal existente, aplican-do-o de maneira específica à atividade político-eleitoral. Assim, a autoridade pública, que pretenda ou não candidatar a cargo eleti-vo, não poderá exercer tal atividade em prejuízo da função públi-ca, como, por exemplo, durante o honorário normal de expediente ou em detrimento de qualquer de suas obrigações funcionais.

Da mesma forma, não poderá utilizar bens e serviços públicos de qualquer espécie, assim como servidores a ela subordinados. É o caso do uso de veículos, recursos de informática, serviços de re-produção ou de publicação de documentos, material de escritório, entre outros. Especial atenção deve ser dada à vedação ao uso de funcionários subordinados, dentro ou fora do expediente oficial, em atividades político-eleitorais de interesse da autoridade. Cum-pre esclarecer que esta norma não restringe a atividade político--eleitoral de interesse do próprio funcionário, nos limites da lei.

Art. 3ºI – O dispositivo recomenda que a autoridade não se valha de

viagem de trabalho para participar de eventos político-eleitorais. Trata-se de norma de ordem prática, pois seria muito difícil exer-cer algum controle sobre a segregação entre tais atividades e as inerentes ao cargo público.

Esta norma não impede que a autoridade que viajou por seus próprios meios para participar de evento político-eleitoral cum-pra outros compromissos inerentes ao seu cargo ou função.

II – A autoridade não deve expor publicamente suas diver-gências com outra autoridade administrativa federal, ou criticar--lhe a honorabilidade ou o desempenho funcional. Não se trata de censurar o direito de crítica, de modo geral, mas de adequá-lo ao fato de que, afinal, a autoridade exerce um cargo de livre nome-ação na administração e está vinculada a deveres de fidelidade e confiança.

III – A autoridade não poderá aceitar encargo de administra-dor de campanha eleitoral, diante da dificuldade de compatibili-zar essa atividade com suas atribuições funcionais. Não haverá restrição se a autoridade se licenciar do cargo, sem vencimentos.

Art. 4º É fundamental que a autoridade não faça promessa, de forma explícita ou implícita, cujo cumprimento dependa do uso do cargo público, como realização de obras, liberação de recursos e nomeação para cargo ou emprego. Essa restrição decorre da necessidade de se manter a dignidade da função pública e de se demonstrar respeito à sociedade e ao eleitor.

Art. 5º A lei já determina que a autoridade que pretenda se candidatar a cargo eletivo peça exoneração até seis meses antes da respectiva eleição. Porém, se ela antes disso manifestar pu-blicamente sua pretensão eleitoral, não poderá mais praticar ato de gestão que resulte em algum tipo de privilégio para qualquer pessoa ou entidade que esteja em sua base eleitoral. É importante enfatizar que se trata apenas de ato que gere privilégio, e não atos normais de gestão.

Page 32: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 30

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Art. 6º Durante o período pré-eleitoral, a autoridade deve tomar cautelas específicas para que seus contatos funcionais com terceiros não se confundam com suas atividades político-eleitorais. A forma adequada é fazer-se acompanhar de outro servidor em au-diências, o qual fará o registro dos participantes e dos assuntos tra-tados na agenda de trabalho da autoridade.

O mesmo procedimento de registro em agenda deve ser adota-do com relação aos compromissos político-eleitorais da autorida-de. E, ambos os casos os registros são de acesso público, sendo recomendável também que a agenda seja divulgada pela internet.

Art. 7º Se por qualquer motivo se verificar a possibilidade de conflito de interesse entre a atividade político-eleitoral e a função pública, a autoridade deverá escolher entre abster-se de partici-par daquela atividade ou requerer o seu afastamento do cargo.

Art. 8º A Comissão de Ética Pública esclarecerá as dúvidas que eventualmente surjam na efetiva aplicação das normas.

João Geral Piquet Carneiro - PresidenteAdhemar Palladini GhisiCelina Vargas do Amaral PeixotoJoão Camilo PenaLourdes SolaMiguel Reale Júnior

Resolução CEP nº 8.

Resolução nº 08, 25 de setembro de 2003

Identifica situações que suscitam conflito de interesses e dis-põe sobre o modo de preveni-los

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo de orien-tar as autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta Ad-ministração Federal na identificação de situações que possam suscitar conflito de interesses, esclarece o seguinte:

Art. 1º Suscita conflito de interesses o exercício de atividade que:

a) em razão da sua natureza, seja incompatível com as atri-buições do cargo ou função pública da autoridade, como tal con-siderada, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou maté-rias afins à competência funcional;

b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante de cargo em comissão ou função de confiança, que exige a precedên-cia das atribuições do cargo ou função pública sobre quaisquer outras atividades;

c) implique a prestação de serviços a pessoa física ou jurídi-ca ou a manutenção de vínculo de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão individual ou coletiva da autoridade;

d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de informação à qual a autoridade tenha acesso em razão do cargo e não seja de conhecimento público;

e) possa transmitir à opinião pública dúvida a respeito da integridade, moralidade, clareza de posições e decoro da auto-ridade.

São causas de conflito de interesses: incompatibilidade com as atribuições do cargo ou função ocupado (p. ex., área semelhante, pense no ministro de transportes que possua uma empresa aérea); impossibilidade de integral dedicação (a pessoa que ocupa um cargo deve ter todo seu tempo disponível para tanto, não pode deixá-lo para tratar de interesses particulares em prejuízo das funções); vin-culação a pessoa física ou jurídica mediante prestação de serviços ou negócios diversos que tenha interesse em decisões influenciadas ou tomadas pela autoridade; possibilidade de se utilizar das informa-ções do cargo para beneficiar a atividade particular; possibilidade de a partir de tal atividade se comprometer publicamente a integridade, a moralidade, a clareza e o decoro da autoridade.

Art. 2º A ocorrência de conflito de interesses independe do re-cebimento de qualquer ganho ou retribuição pela autoridade.

Não importa se não se recebe rendimento pela atividade.

Art. 3º A autoridade poderá prevenir a ocorrência de conflito de interesses ao adotar, conforme o caso, uma ou mais das seguintes providências:

a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do cargo, enquanto perdurar a situação passível de suscitar conflito de interesses;

b) alienar bens e direitos que integram o seu patrimônio e cuja manutenção possa suscitar conflito de interesses;

c) transferir a administração dos bens e direitos que possam suscitar conflito de interesses a instituição financeira ou a adminis-tradora de carteira de valores mobiliários autorizada a funcionar pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários, con-forme o caso, mediante instrumento contratual que contenha cláu-sula que vede a participação da autoridade em qualquer decisão de investimento assim como o seu prévio conhecimento de decisões da instituição administradora quanto à gestão dos bens e direitos;

d) na hipótese de conflito de interesses específico e transitório, comunicar sua ocorrência ao superior hierárquico ou aos demais membros de órgão colegiado de que faça parte a autoridade, em se tratando de decisão coletiva, abstendo-se de votar ou participar da discussão do assunto;

e) divulgar publicamente sua agenda de compromissos, com identificação das atividades que não sejam decorrência do cargo ou função pública.

São providências para a prevenção de tais conflitos: optar entre afastamento da atividade ou licenciamento do cargo; alienar bens e direitos que componham seu patrimônio e que possam gerar confli-to; transferir a administração dos bens e direitos a instituição auto-rizada; comunicar conflitos de interesses específicos e transitórios, abstendo-se de votar nas decisões que possam influenciá-los; divul-gar publicamente sua agenda com atividades particulares que não se relacionem ao cargo ou função (medida preventiva).

Art. 4º A Comissão de Ética Pública deverá ser informada pela autoridade e opinará, em cada caso concreto, sobre a suficiência da medida adotada para prevenir situação que possa suscitar conflito de interesses.

A CEP dirá se as medidas tomadas foram suficientes.

Art. 5º A participação de autoridade em conselhos de adminis-tração e fiscal de empresa privada, da qual a União seja acionista, somente será permitida quando resultar de indicação institucional da autoridade pública competente. Nestes casos, é-lhe vedado par-ticipar de deliberação que possa suscitar conflito de interesses com o Poder Público.

Page 33: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 31

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A participação em conselhos de administração e fiscais de em-presa privada só é possível se a autoridade competente indicar a pessoa para tanto, sendo assim interesse da União que possui par-ticipação (significa que a própria administração quis a pessoa no cargo). Nas deliberações em que possa surgir conflitos de interes-ses com a Administração, deve abster-se de votar.

Art. 6º No trabalho voluntário em organizações do terceiro setor, sem finalidade de lucro, também deverá ser observado o disposto nesta Resolução.

Aplica-se a organizações não-governamentais (ONGs) e afins.

Art. 7º As consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública deverão estar acompanhadas dos elementos pertinentes à legali-dade da situação exposta.

A consulta à CEP sobre a incompatibilidade ou não geralmen-te estará direcionada para obter uma permissão de exercício de ambas atividades. Por isso, deve-se informar porque a situação é legal.

Brasília, 25 de setembro de 2003

João Geraldo Piquet CarneiroPresidente

Resolução CEP nº 9.

Resolução nº 9, de 20 de maio de 2005

O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 2º, in-ciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão de Ética Pública, e nos termos do art. 4o do Código de Conduta da Alta Administração Federal,

RESOLVE:

Art. 1º Fica aprovado o modelo anexo da Declaração Con-fidencial de Informações de que trata a Resolução nº 5, de 7 de junho de 2001.

Art. 2º A autoridade ocupante de cargo público vinculado ao Código de Conduta da Alta Administração Federal deverá apre-sentar a Declaração Confidencial de Informações, devidamente preenchida:

I - pela primeira vez, até dez dias após a posse; eII - sempre que ocorrer alteração relevante nas informações

prestadas, até trinta dias da ocorrência.

Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi-cação.

Art. 4º Fica revogado o Anexo à Resolução nº 5, de 7 de junho de 2001.

FERNANDO NEVES DA SILVAPresidente da Comissão de Ética Pública

ANEXO

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICACOMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA

DECLARAÇÃO CONFIDENCIAL DE INFORMAÇÕES

APRESENTADA PELAS AUTORIDADES ABRANGIDAS PELO CÓDIGO DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL

(Arts. 2º e 4º)

(Anular por meio de XXXX os campos sem informações a declarar)

I - DADOS PESSOAIS1. Nome completo2 .Servidor do quadro permanente da Administração Pública?3. CPF3.1 Cargo3.2 Função ( ) DAS 101.6 - ( ) Natureza Especial 4. Data da Nomeação 5. Órgão ou Entidade( ) Outros. Citar: __________________ 6. Endereço residencial 7. Endereço para correspondência8. Telefone ( )9. Correio eletrônico

II - ATIVIDADES ANTERIORES NOS ÚLTIMOS 12 ME-SES

10. Atividade 11. Entidade 12. Retribuição acumulada no período(R$)a. b. c. d.

III - OUTRAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS PARALE-

LAS À FUNÇÃO PÚBLICA13. Atividade 14. Entidade 15. Retribuição (R$)a. b. c. d.

IV. BENS, DIREITOS E DÍVIDAS16. Tipo 17. Data da aquisição ou constituição18. Administrador (se terceiro)

Page 34: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 32

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

19. Valor atualizadoa b c d e f g

V. SITUAÇÕES QUE SUSCITAM CONFLITO DE INTE-RESSES

20. Nos últimos doze meses anteriores à posse no cargo atuei profissionalmente ou recebi suporte financeiro de pessoa física ou jurídica que desenvolve atividade em área ou matéria afins à compe-tência profissional do cargo público que ocupo.

SIM NÃO

20.1 - Identificação da pessoa física ou jurídica 20.2 - Atividade desenvolvida ou suporte financeiro recebido20.3 Medidas adotadas para prevenir conflito de interesses

21. Sou sócio ou afiliado a pessoa jurídica, com ou sem fins lucrativos, ou associado a pessoa física, que desenvolve atividade em área ou matéria afins à competência do cargo público que ocupo.

SIM NÃO

21.1 - Identificação da pessoa física ou jurídica 21.2 - Percentual de participação na sociedade21.3 Medidas adotadas para prevenir conflito de interesses

22. Sou sócio ou afiliado a pessoa jurídica, com ou sem fins lu-crativos, ou associado a pessoa física, que é fornecedora de bens ou serviços ou recebe recursos ou incentivos do Poder Público.

SIM NÃO

22.1 - Identificação da pessoa física ou jurídica 22.2 - Percentual de participação na sociedade22.3 - Medidas adotadas para prevenir conflito de interesses

23. Ao assumir o cargo público tinha investimento em ativo móvel ou imóvel, cujo valor ou cotação pode ser afetado por decisão ou política governamental a respeito da qual tenho ou terei informa-ções privilegiadas em razão do cargo.

SIM NÃO

23.1 - Tipo de investimento e instituição financeira23.2 - Valor (R$)23.3 - Medidas adotadas para prevenir conflito de interesses

24. Tenho parente até quarto grau(*), em linha reta, colateral ou por afinidade, que atua em área ou matéria afins à competência profissional do cargo ou função pública que exerço.

SIM NÃO

24.1 - Nome do parente e parentesco24.2 - Identificação da entidade para a qual trabalha24.3 - Medidas adotadas para prevenir conflito de interesses

(*) O grau de parentesco conta-se, conforme o nº de gerações, subindo de um dos parentes até o ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.

25. Tenho parente até quarto grau, em linha reta, colateral ou por afinidade, que é sócio de pessoa jurídica que atua em área ou matéria afins à competência profissional do cargo público que ocu-po.

SIM NÃO

25.1 - Nome do parente e parentesco 25.2 - Identificação da entidade da qual é sócio25.3 - Medidas adotadas para prevenir conflito de interesses

26. Tenho parente até o quarto grau, em linha reta, colateral ou

por afinidade, que trabalha em órgão ou entidade da administração pública, com a qual, por razão de ofício, tenho que manter relacio-namento institucional.

SIM NÃO

26.1 - Nome do parente e parentesco 26.2 - Identificação da entidade ou órgão em que trabalha e car-

go que ocupa26.3 - Medidas adotadas para prevenir conflito de interesses:

27. Revele outras situações ou interesses privados que podem suscitar conflitos com o exercício do cargo ou função pública e me-didas adotadas para prevenir conflito de interesses.

Comprometo-me com a veracidade dos fatos relatados e res-

ponsabilizo-me por possíveis omissões, que possam resultar na transgressão do Código de Conduta da Alta Administração Federal - CCAAF.

___________________ , _____ de ________________ , de 20 _____

Assinatura________________________________________

I - INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO(O preenchimento deve ser digitalizado)1. Nome completo, sem abreviações;2. Informar se é integrante, na qualidade de servidor ou em-

pregado, do quadro permanente de entidade do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário, da União, de Estado ou de Município, in-clusive suas autarquias, fundações, empresas públicas ou sociedades de economia mista.

3. Indicar o cargo público, conforme seja:a. Ministro de Estado b. Secretário de Estado c. Secretário de Ministérios, inclusive executivo d. Presidente ou Diretor de Fundação e. Presidente ou Diretor de Autarquia ou equivalente f. Presidente ou Diretor de Empresa Pública ou equivalente g. Presidente ou Diretor de Sociedade de Economia Mista ou

equivalente

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Didatismo e Conhecimento 33

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

h. Reitor, Pró-Reitor, Diretor-Geral ou Diretor de Instituição de Ensino

i. Ocupante de cargo de natureza especialj. Outros (especificar)4. Data da posse efetiva no cargo público que o vinculou ao

Código de Conduta da Alta Administração Federal.5. Entidade ou Órgão onde a autoridade tomou posse na função

pública atual.6. Endereço onde mantém sua residência permanente, incluindo

cidade, estado e código de endereçamento postal.7. Indicar endereço para correspondência, caso diferente do en-

dereço de trabalho.8. Número do telefone para contato, precedido do código de

área.9. Endereço de correio eletrônico que seja de uso sistemático,

para receber comunicados da Comissão de Ética Pública.10. Informar atividades que exerceu nos 12 meses anteriores à

posse no cargo.11. Informar nome da respectiva entidade onde exerceu a ativi-

dade indicada no item 10.12. Informar a retribuição acumulada nos últimos 12 meses

pelo exercício da atividade indicada no item 10.13. Informar as atividades profissionais que exerce concomitan-

temente com o exercício da função pública, seja para outra entidade pública, seja para entidade privada ou como autônomo. Indique no item 27 as medidas adotadas para que o exercício de cada uma des-sas atividades não configure conflito com a função pública.

14. Informar o nome da respectiva pessoa física ou jurídica para quem exerce a atividade indicada no item 13.

15. Informar a retribuição indicando se anual, mensal ou de ou-tra natureza, referente a atividade indicada no item 13.

16.Relacionar os bens e direitos que compõem o patrimônio próprio, do cônjuge, companheiro ou companheira e dos dependen-tes.

17. Indicar o dia, mês e ano (DD/MM/AA) da aquisição ou constituição do bem, direito ou dívida.

18. Indicar a quem cabe a responsabilidade pela administração do bem ou direito indicado no item 16, caso outro que não a própria autoridade. A indicação como administrador não se aplica a bens de uso próprio, como a casa onde reside à família, automóvel de uso da mesma, etc.

19. Indicar o valor efetivo ou o valor estimado de mercado, no mês da posse no cargo público, dos respectivos bens ou direitos re-lacionados no item 16.

20 a 27. Informar situações que, efetiva ou potencialmente, possam suscitar conflito de interesses entre o exercício da função pública e a gestão de interesses privados, assim como a forma como pretende evitá-los.

** Anular por meio de XXXX os campos que permanecerem em branco.

II - Atenção, informe imediatamente à Comissão de Ética Pú-blica sempre que:

a. houver alteração relevante no seu patrimônio, mesmo que essa alteração resulte apenas de transferências de bens a cônjuge, ascendente, descendente ou dependentes;

b. adquirir, direta ou indiretamente, controle de empresa ou ne-gócio;

c. receber proposta de emprego ou trabalho, mesmo que não seja sua intenção aceitar;

d. assumir qualquer obrigação profissional paralela à função pública, ainda que não remunerada ou fora da área de competência do cargo que ocupa;

e. receber oferta de presente ou favor de pessoa física ou jurí-dica, ainda que não seja sua intenção receber o presente ou o favor; quando a recusa do presente não for possível ou sua devolução for lhe acarretar ônus, ele pode ser destinado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -IPHAN, se tiver valor histórico, cul-tural ou artístico; doado a entidade de caráter assistencial ou filantró-pico reconhecida como de utilidade pública; ou ainda, incorporado ao patrimônio de entidade pública em que serve;

f. associar-se a pessoa física ou jurídica com interesse em ór-gão ou entidade da administração pública, ainda que não tenha fins lucrativos;

g. declarar-se impedido de participar de exame de matéria ou participar de processo decisório, nos termos do art.10 do Código de Conduta da Alta Administração Federal.

III – INSTRUÇÕES PARA ENVIO VIA E-MAILa. A página 4, devidamente assinada, deve ser escaneada.b. A caixa postal de envio deve ser a de uso funcional do de-

clarante.

Em caso de dúvida, consulte a Comissão de Ética Pública pelo correio eletrônico [email protected], ou pelos telefones (61) 3411-2924, 3411-3472 ou fax (61) 3411-2951.

Resolução CEP nº 10.

Resolução nº 10,de 29 de setembro de 2008

A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-ções conferidas pelo art. 1º do Decreto de 26 de maio de 1999 e pelos arts. 1º, inciso III, e 4º, inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007, nos termos dos Decretos nºs 1.171, de 22 de junho de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002 e tendo em vista a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999,

RESOLVE

Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolução, as normas de funcionamento e de rito processual, delimitando competências, atribuições, procedimentos e outras providências no âmbito das Co-missões de Ética instituídas pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, com as alterações estabelecidas pelo Decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007.

O Decreto nº 1.171/94 estabelece a obrigatoriedade de institui-ção de Comissões de Ética em cada órgão da administração federal direta ou indireta. Todas estas comissões se sujeitam a um órgão de cúpula, que é a CEP. Assim, a CEP encabeça o sistema de gestão da ética pública na esfera federal, por isso, pode estabelecer regras de funcionamento e rito processual para as Comissões a ela vinculadas, o que acontece nesta resolução.

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Didatismo e Conhecimento 34

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO IDAS COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES

Art. 2º Compete às Comissões de Ética:I - atuar como instância consultiva do dirigente máximo e dos

respectivos servidores de órgão ou de entidade federal;II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público

Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 1994, devendo:

a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP propostas de aperfeiçoamento do Código de Ética Profissional;

b) apurar, de ofício ou mediante denúncia, fato ou conduta em desacordo com as normas éticas pertinentes;

c) recomendar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capacitação e treinamento sobre as normas de ética e disciplina;

III - representar o órgão ou a entidade na Rede de Ética do Po-der Executivo Federal a que se refere o art. 9º do Decreto nº 6.029, de 2007; (serve para avaliar programas e ações da ética pública e reúne um membro de cada comissão)

IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta Administração Federal e comunicar à CEP situações que pos-sam configurar descumprimento de suas normas;

V - aplicar o código de ética ou de conduta próprio, se couber;VI - orientar e aconselhar sobre a conduta ética do servidor,

inclusive no relacionamento com o cidadão e no resguardo do pa-trimônio público;

VII - responder consultas que lhes forem dirigidas;VIII - receber denúncias e representações contra servidores

por suposto descumprimento às normas éticas, procedendo à apu-ração;

IX - instaurar processo para apuração de fato ou conduta que possa configurar descumprimento ao padrão ético recomendado aos agentes públicos;

X - convocar servidor e convidar outras pessoas a prestar in-formação;

XI - requisitar às partes, aos agentes públicos e aos órgãos e entidades federais informações e documentos necessários à instru-ção de expedientes;

XII - requerer informações e documentos necessários à ins-trução de expedientes a agentes públicos e a órgãos e entidades de outros entes da federação ou de outros Poderes da República;

XIII - realizar diligências e solicitar pareceres de especialistas;XIV - esclarecer e julgar comportamentos com indícios de des-

vios éticos;XV - aplicar a penalidade de censura ética ao servidor e en-

caminhar cópia do ato à unidade de gestão de pessoal, podendo também:

a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de ocupante de cargo ou função de confiança;

b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do servidor ao órgão ou entidade de origem;

c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de expediente ao se-tor competente para exame de eventuais transgressões de naturezas diversas;

d) adotar outras medidas para evitar ou sanar desvios éticos, lavrando, se for o caso, o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional - ACPP;

XVI - arquivar os processos ou remetê-los ao órgão compe-tente quando, respectivamente, não seja comprovado o desvio ético ou configurada infração cuja apuração seja da competência de órgão distinto;

XVII - notificar as partes sobre suas decisões;XVIII - submeter ao dirigente máximo do órgão ou entidade

sugestões de aprimoramento ao código de conduta ética da insti-tuição;

XIX - dirimir dúvidas a respeito da interpretação das normas de conduta ética e deliberar sobre os casos omissos, observando as normas e orientações da CEP;

XX - elaborar e propor alterações ao código de ética ou de conduta próprio e ao regimento interno da respectiva Comissão de Ética;

XXI - dar ampla divulgação ao regramento ético;XXII - dar publicidade de seus atos, observada a restrição do

art. 14 desta Resolução;XXIII - requisitar agente público para prestar serviços transi-

tórios técnicos ou administrativos à Comissão de Ética, mediante prévia autorização do dirigente máximo do órgão ou entidade;

XXIV - elaborar e executar o plano de trabalho de gestão da ética; e

XXV - indicar por meio de ato interno, representantes locais da Comissão de Ética, que serão designados pelos dirigentes máximos dos órgãos ou entidades, para contribuir nos trabalhos de educação e de comunicação.

Em resumo, as atividades desempenhadas pelas Comissões de Ética envolvem: a) prestar consultoria aos servidores e dirigentes do órgão a que esteja vinculado, b) aplicar o Decreto n° 1.171/94 sub-metendo propostas para aperfeiçoamento, dirimindo dúvidas de in-terpretação, apurando condutas antiéticas e recomendando/avalian-do o desenvolvimento de ações, c) representar a entidade na Rede Ética do Poder Executivo Federal; d) sugerir alterações e melhorias a eventual Código de Conduta próprio que exista na instituição; e) exercer atividades para bem executar seu papel, o que envolve re-quisição de informações, conferência de publicidade, produção de provas, etc.

CAPÍTULO IIDA COMPOSIÇÃO

Art. 3º A Comissão de Ética do órgão ou entidade será com-posta por três membros titulares e respectivos suplentes, servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do seu quadro per-manente, designados por ato do dirigente máximo do correspon-dente órgão ou entidade.

§ 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou na entidade em número suficiente para instituir a Comissão de Ética, poderão ser escolhidos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do quadro permanente da Administração Pública. (não apenas do órgão)

§ 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada prestação de relevante serviço público e não enseja qualquer remuneração, devendo ser registrada nos assentamentos funcionais do servidor.

§ 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não poderá ser membro da Comissão de Ética.

§ 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo membro mais antigo, em caso de impedimento ou vacância.

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Didatismo e Conhecimento 35

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da Comissão será preenchido mediante nova escolha efetuada pelos seus mem-bros.

§ 6º Na ausência de membro titular, o respectivo suplente deve imediatamente assumir suas atribuições.

§ 7º Cessará a investidura de membros das Comissões de Ética com a extinção do mandato, a renúncia ou por desvio disciplinar ou ético reconhecido pela Comissão de Ética Pública.

Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma Secretaria--Executiva, que terá como finalidade contribuir para a elaboração e o cumprimento do plano de trabalho da gestão da ética e prover apoio técnico e material necessário ao cumprimento das atribui-ções.

§ 1º O encargo de secretário-executivo recairá em detentor de cargo efetivo ou emprego permanente na administração pública, indicado pelos membros da Comissão de Ética e designado pelo dirigente máximo do órgão ou da entidade.

§ 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro da Co-missão de Ética.

§ 3º A Comissão de Ética poderá designar representantes lo-cais que auxiliarão nos trabalhos de educação e de comunicação.

§ 4º Outros servidores do órgão ou da entidade poderão ser requisitados, em caráter transitório, para realização de atividades administrativas junto à Secretaria-Executiva.

CAPÍTULO IIIDO FUNCIONAMENTO

Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão tomadas por votos da maioria de seus membros.

Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordinariamente pelo menos uma vez por mês e, em caráter extraordinário por iniciativa do Presidente, dos seus membros ou do Secretário-Executivo.

Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética será com-posta a partir de sugestões do presidente, dos membros ou do Se-cretário-Executivo, sendo admitida a inclusão de novos assuntos no início da reunião.

CAPÍTULO IVDAS ATRIBUIÇÕES

Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética:I - convocar e presidir as reuniões;II - determinar a instauração de processos para a apuração

de prática contrária ao código de ética ou de conduta do órgão ou entidade, bem como as diligências e convocações;

III - designar relator para os processos;IV - orientar os trabalhos da Comissão de Ética, ordenar os

debates e concluir as deliberações;V - tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e proclamar

os resultados; eVI - delegar competências para tarefas específicas aos demais

integrantes da Comissão de Ética.Parágrafo único. O voto de qualidade de que trata o inciso V

somente será adotado em caso de desempate.

Art. 9º Compete aos membros da Comissão de Ética:I - examinar matérias, emitindo parecer e voto;II - pedir vista de matéria em deliberação;III - fazer relatórios; eIV - solicitar informações a respeito de matérias sob exame da

Comissão de Ética.

Art. 10. Compete ao Secretário-Executivo:I - organizar a agenda e a pauta das reuniões;II - proceder ao registro das reuniões e à elaboração de suas

atas;III - instruir as matérias submetidas à deliberação da Comis-

são de Ética;IV - desenvolver ou supervisionar a elaboração de estudos e

subsídios ao processo de tomada de decisão da Comissão de Ética;V - coordenar o trabalho da Secretaria-Executiva, bem como

dos representantes locais;VI - fornecer apoio técnico e administrativo à Comissão de

Ética;VII - executar e dar publicidade aos atos de competência da

Secretaria-Executiva;VIII - coordenar o desenvolvimento de ações objetivando a

disseminação, capacitação e treinamento sobre ética no órgão ou entidade; e

IX - executar outras atividades determinadas pela Comissão de Ética.

§ 1º Compete aos demais integrantes da Secretaria-Executiva fornecer o suporte administrativo necessário ao desenvolvimento ou exercício de suas funções.

§ 2º Aos representantes locais compete contribuir com as ati-vidades de educação e de comunicação.

CAPÍTULO VDOS MANDATOS

Art. 11. Os membros da Comissão de Ética cumprirão manda-tos, não coincidentes, de três anos, permitida uma única recondu-ção.

§ 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos respectivos su-plentes serão de um, dois e três anos, estabelecidos em portaria designatória.

§ 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao cargo de mem-bro da Comissão de ética o servidor público que for designado para cumprir o mandato complementar, caso o mesmo tenha se iniciado antes do transcurso da metade do período estabelecido no mandato originário.

§ 3º Na hipótese de o mandato complementar ser exercido após o transcurso da metade do período estabelecido no mandato originário, o membro da Comissão de Ética que o exercer poderá ser conduzido imediatamente ao posterior mandato regular de 3 (três) anos, permitindo-lhe uma única recondução ao mandado re-gular.

CAPÍTULO VIDAS NORMAS GERAIS DO PROCEDIMENTO

Art. 12. As fases processuais no âmbito das Comissões de Ética serão as seguintes:

Page 38: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 36

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

I - Procedimento Preliminar, compreendendo:a) juízo de admissibilidade;b) instauração;c) provas documentais e, excepcionalmente, manifestação do

investigado e realização de diligências urgentes e necessárias;d) relatório;e) proposta de ACPP; (Acordo de Conduta Pessoal e Profis-

sional)f) decisão preliminar determinando o arquivamento ou a con-

versão em Processo de Apuração Ética;II - Processo de Apuração Ética, subdividindo-se em:a) instauração;b) instrução complementar, compreendendo:1. a realização de diligências;2. a manifestação do investigado; e3. a produção de provas;c) relatório; ed) deliberação e decisão, que declarará improcedência, con-

terá sanção, recomendação a ser aplicada ou proposta de ACPP.

Art. 13. A apuração de infração ética será formalizada por procedimento preliminar, que deverá observar as regras de autu-ação, compreendendo numeração, rubrica da paginação, juntada de documentos em ordem cronológica e demais atos de expediente administrativo.

Art. 14. Até a conclusão final, todos os expedientes de apuração de infração ética terão a chancela de “reservado”, nos termos do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro 2002, após, estarão acessíveis aos interessados conforme disposto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

Art. 15. Ao denunciado é assegurado o direito de conhecer o teor da acusação e ter vista dos autos no recinto da Comissão de Ética, bem como de obter cópias de documentos.

Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas formalmen-te à Comissão de Ética.

Art. 16. As Comissões de Ética, sempre que constatarem a pos-sível ocorrência de ilícitos penais, civis, de improbidade adminis-trativa ou de infração disciplinar, encaminhará cópia dos autos às autoridades competentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo da adoção das demais medidas de sua competência.

Art. 17. A decisão final sobre investigação de conduta ética que resultar em sanção, em recomendação ou em Acordo de Conduta Pessoal e Profissional será resumida e publicada em ementa, com a omissão dos nomes dos envolvidos e de quaisquer outros dados que permitam a identificação.

Parágrafo único. A decisão final contendo nome e identificação do agente público deverá ser remetida à Comissão de Ética Pública para formação de banco de dados de sanções, para fins de consul-ta pelos órgãos ou entidades da administração pública federal, em casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância pública.

Art. 18. Os setores competentes do órgão ou entidade darão tratamento prioritário às solicitações de documentos e informa-ções necessárias à instrução dos procedimentos de investigação instaurados pela Comissão de Ética, conforme determina o Decreto nº 6.029, de 2007.

§ 1º A inobservância da prioridade determinada neste artigo implicará a responsabilidade de quem lhe der causa.

§ 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em relação aos res-pectivos agentes públicos a Comissão de Ética terá acesso a todos os documentos necessários aos trabalhos, dando tratamento espe-cífico àqueles protegidos por sigilo legal.

CAPÍTULO VIIDO RITO PROCESSUAL

Art. 19. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de classe poderá provocar a atuação da Comissão de Ética, visando a apuração de transgres-são ética imputada ao agente público ou ocorrida em setores com-petentes do órgão ou entidade federal.

Parágrafo único. Entende-se por agente público todo aquele que por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste servi-ços de natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão ou entidade da Admi-nistração Pública Federal direta e indireta.

Art. 20. O Procedimento Preliminar para apuração de condu-ta que, em tese, configure infração ao padrão ético será instaurado pela Comissão de Ética, de ofício ou mediante representação ou denúncia formulada por quaisquer das pessoas mencionadas no caput do art. 19.

§ 1º A instauração, de ofício, de expediente de investigação deve ser fundamentada pelos integrantes da Comissão de Ética e apoiada em notícia pública de conduta ou em indícios capazes de lhe dar sustentação.

§ 2º Se houver indícios de que a conduta configure, a um só tempo, falta ética e infração de outra natureza, inclusive discipli-nar, a cópia dos autos deverá ser encaminhada imediatamente ao órgão competente.

§ 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado deverá ser noti-ficado sobre a remessa do expediente ao órgão competente.

§ 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da conduta, se desvio ético, infração disciplinar, ato de improbidade, crime de responsabilidade ou infração de natureza diversa, a Comissão de Ética, em caráter excepcional, poderá solicitar parecer reservado junto à unidade responsável pelo assessoramento jurídico do órgão ou da entidade.

Art. 21. A representação, a denúncia ou qualquer outra deman-da deve conter os seguintes requisitos:

I - descrição da conduta;II - indicação da autoria, caso seja possível; eIII - apresentação dos elementos de prova ou indicação de

onde podem ser encontrados.Parágrafo único. Quando o autor da demanda não se identi-

ficar, a Comissão de Ética poderá acolher os fatos narrados para fins de instauração, de ofício, de procedimento investigatório, des-de que contenha indícios suficientes da ocorrência da infração ou, em caso contrário, determinar o arquivamento sumário.

Art. 22. A representação, denúncia ou qualquer outra demanda será dirigida à Comissão de Ética, podendo ser protocolada direta-mente na sede da Comissão ou encaminhadas pela via postal, cor-reio eletrônico ou fax.

Page 39: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 37

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

§ 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação oficial divul-gando os endereços físico e eletrônico para atendimento e apresen-tação de demandas.

§ 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou representar compareça perante a Comissão de Ética, esta poderá reduzir a ter-mo as declarações e colher a assinatura do denunciante, bem como receber eventuais provas.

§ 3º Será assegurada ao denunciante a comprovação do recebi-mento da denúncia ou representação por ele encaminhada.

Art. 23. Oferecida a representação ou denúncia, a Comissão de Ética deliberará sobre sua admissibilidade, verificando o cumpri-mento dos requisitos previstos nos incisos do art. 21.

§ 1º A Comissão de Ética poderá determinar a colheita de in-formações complementares ou de outros elementos de prova que julgar necessários.

§ 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fundamentada, ar-quivará representação ou denúncia manifestamente improceden-te, cientificando o denunciante.

§ 3º É facultado ao denunciado a interposição de pedido de reconsideração dirigido à própria Comissão de Ética, no prazo de dez dias, contados da ciência da decisão, com a competente funda-mentação.

§ 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante consentimento do denunciado, poderá ser lavrado Acordo de Conduta Pessoal e Profissional.

§ 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, o Procedimento Preliminar será sobrestado, por até dois anos, a cri-tério da Comissão de Ética, conforme o caso.

§ 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for cumprido, será determinado o arquivamento do feito.

§ 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for des-cumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao feito, conver-tendo o Procedimento Preliminar em Processo de Apuração Ética.

§ 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal e Profissio-nal o descumprimento ao disposto no inciso XV do Anexo ao Decre-to nº 1.171, de 1994.

Vale trazer o inteiro teor:

XV - E vedado ao servidor público;a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-

sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-res ou de cidadãos que deles dependam;

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;

f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores;

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-dor para o mesmo fim;

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encami-nhar para providências;

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do aten-dimento em serviços públicos;

j) desviar servidor público para atendimento a interesse par-ticular;

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autori-zado, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitual-mente;

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.

Art. 24. Ao final do Procedimento Preliminar, será proferida decisão pela Comissão de Ética do órgão ou entidade determinando o arquivamento ou sua conversão em Processo de Apuração Ética.

Art. 25. Instaurado o Processo de Apuração Ética, a Comissão de Ética notificará o investigado para, no prazo de dez dias, apre-sentar defesa prévia, por escrito, listando eventuais testemunhas, até o número de quatro, e apresentando ou indicando as provas que pretende produzir.

Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá ser prorrogado por igual período, a juízo da Comissão de Ética, me-diante requerimento justificado do investigado.

Art. 26. O pedido de inquirição de testemunhas deverá ser jus-tificado.

§ 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando:I - formulado em desacordo com este artigo;II - o fato já estiver suficientemente provado por documento ou

confissão do investigado ou quaisquer outros meios de prova com-patíveis com o rito descrito nesta Resolução; ou

III - o fato não possa ser provado por testemunha.§ 2º As testemunhas poderão ser substituídas desde que o in-

vestigado formalize pedido à Comissão de Ética em tempo hábil e em momento anterior à audiência de inquirição.

Art. 27. O pedido de prova pericial deverá ser justificado, sen-do lícito à Comissão de Ética indeferi-lo nas seguintes hipóteses:

I - a comprovação do fato não depender de conhecimento es-pecial de perito; ou

II - revelar-se meramente protelatório ou de nenhum interesse para o esclarecimento do fato.

Art. 28. Na hipótese de o investigado não requerer a produ-ção de outras provas, além dos documentos apresentados com a defesa prévia, a Comissão de Ética, salvo se entender necessária a inquirição de testemunhas, a realização de diligências ou de exame pericial, elaborará o relatório.

Page 40: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 38

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único. Na hipótese de o investigado, comprovada-mente notificado ou citado por edital público, não se apresentar, nem enviar procurador legalmente constituído para exercer o di-reito ao contraditório e à ampla defesa, a Comissão de Ética de-signará um defensor dativo preferencialmente escolhido dentre os servidores do quadro permanente para acompanhar o processo, sendo-lhe vedada conduta contrária aos interesses do investigado.

Art. 29. Concluída a instrução processual e elaborado o re-latório, o investigado será notificado para apresentar as alega-ções finais no prazo de dez dias.

Art. 30. Apresentadas ou não as alegações finais, a Comissão de Ética proferirá decisão.

§ 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do investigado, a Comissão de Ética poderá aplicar a penalidade de censura ética prevista no Decreto nº 1.171, de 1994, e, cumulativamente, fazer recomendações, bem como lavrar o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, sem prejuízo de outras medidas a seu cargo.

§ 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional seja descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao Processo de Apuração Ética.

§ 3º É facultada ao investigado pedir a reconsideração acom-panhada de fundamentação à própria Comissão de Ética, no pra-zo de dez dias, contado da ciência da respectiva decisão.

Art. 31. Cópia da decisão definitiva que resultar em penalida-de a detentor de cargo efetivo ou de emprego permanente na Ad-ministração Pública, bem como a ocupante de cargo em comissão ou função de confiança, será encaminhada à unidade de gestão de pessoal, para constar dos assentamentos do agente público, para fins exclusivamente éticos.

§ 1º O registro referido neste artigo será cancelado após o de-curso do prazo de três anos de efetivo exercício, contados da data em que a decisão se tornou definitiva, desde que o servidor, nesse período, não tenha praticado nova infração ética.

§ 2º Em se tratando de prestador de serviços sem vínculo di-reto ou formal com o órgão ou entidade, a cópia da decisão defini-tiva deverá ser remetida ao dirigente máximo, a quem competirá a adoção das providências cabíveis.

§ 3º Em relação aos agentes públicos listados no § 2º, a Co-missão de Ética expedirá decisão definitiva elencando as condutas infracionais, eximindo-se de aplicar ou de propor penalidades, re-comendações ou Acordo de Conduta Pessoal e Profissional.

CAPÍTULO VIIIDOS DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS

INTEGRANTES DA COMISSÃO

Art. 32. São princípios fundamentais no trabalho desenvol-vido pelos membros da Comissão de Ética:

I - preservar a honra e a imagem da pessoa investigada;II - proteger a identidade do denunciante;III - atuar de forma independente e imparcial;IV - comparecer às reuniões da Comissão de Ética, justifican-

do ao presidente da Comissão, por escrito, eventuais ausências e afastamentos;

V - em eventual ausência ou afastamento, instruir o substituto sobre os trabalhos em curso;

VI - declarar aos demais membros o impedimento ou a sus-peição nos trabalhos da Comissão de Ética; e

VII - eximir-se de atuar em procedimento no qual tenha sido identificado seu impedimento ou suspeição.

Art. 33. Dá-se o impedimento do membro da Comissão de Ética quando:

I - tenha interesse direto ou indireto no feito;II - tenha participado ou venha a participar, em outro pro-

cesso administrativo ou judicial, como perito, testemunha ou representante legal do denunciante, denunciado ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro grau;

III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o denunciante, denunciado ou investigado, ou com os respectivos cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro grau; ou

IV - for seu cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro grau o denunciante, denunciado ou investigado.

Art. 34. Ocorre a suspeição do membro quando:I - for amigo íntimo ou notório desafeto do denunciante, de-

nunciado ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges, compa-nheiros ou parentes até o terceiro grau; ou

II - for credor ou devedor do denunciante, denunciado ou in-vestigado, ou de seus respectivos cônjuges, companheiros ou pa-rentes até o terceiro grau.

CAPÍTULO IXDISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 35. As situações omissas serão resolvidas por delibera-ção da Comissão de Ética, de acordo com o previsto no Código de Ética próprio, no Código de Ética Profissional do Servidor Pú-blico Civil do Poder Executivo Federal, no Código de Conduta da Alta Administração Federal, bem como em outros atos normativos pertinentes.

Art. 36. O Regimento Interno de cada Comissão de Ética po-derá estabelecer normas complementares a esta Resolução.

Art. 37. Fica estabelecido o prazo de seis meses para que as Comissões de Ética dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal possam se adequar ao disposto nesta Resolução.

Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá ser prorrogado, mediante envio de justificativas, nos trinta dias que antecedem o termo final, para apreciação e autorização da Co-missão de Ética Pública.

Art. 38. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publi-cação.

JOSÉ PAULO SEPÚLVEDA PERTENCEPresidente da Comissão de Ética Pública

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Didatismo e Conhecimento 39

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

EXERCÍCIOS

Ética: noções introdutórias

1. (CESPE - 2010 - Caixa - Advogado) A respeito das classi-ficações da ética como campo de estudo, assinale a opção correta.

a) Na abordagem da ética absoluta, toda ação humana é boa e, consequentemente, um dever, pois se fundamenta em um valor.

b) De acordo com a ética formal, não existem valores univer-sais, objetivos, mas estes são convencionais, condicionados ao tem-po e ao espaço.

c) Segundo a ética empírica, a distinção entre o certo e o errado ocorre por meio da experiência, do resultado do procedimento, da observação sensorial do que de fato ocorre no mundo.

d) Quanto ao aspecto histórico, a ética empírica possui a razão como enfoque para explicar o mundo, na medida em que ela cons-trói a teoria explicativa e vai ao mundo para ver sua adequação.

e) Em todas as classificações da ética, ela se torna equivalente à moral porque direciona o comportamento humano para ações consi-deradas positivas para um grupo social.

R: C. Empirismo é a observação prática de um fenômeno. En-quanto que numa ética teórica bastaria a reflexão para conhecer o certo e o errado, por uma ética empírica é preciso vivenciar o con-tato direto com situações que permitam compreender estes valores.

2. (CESPE - 2010 - Caixa - Advogado) A respeito das classi-ficações da ética como campo de estudo, assinale a opção correta.

a) Na abordagem da ética absoluta, toda ação humana é boa e, consequentemente, um dever, pois se fundamenta em um valor.

b) De acordo com a ética formal, não existem valores univer-sais, objetivos, mas estes são convencionais, condicionados ao tem-po e ao espaço.

c) Segundo a ética empírica, a distinção entre o certo e o errado ocorre por meio da experiência, do resultado do procedimento, da observação sensorial do que de fato ocorre no mundo.

d) Quanto ao aspecto histórico, a ética empírica possui a razão como enfoque para explicar o mundo, na medida em que ela cons-trói a teoria explicativa e vai ao mundo para ver sua adequação.

e) Em todas as classificações da ética, ela se torna equivalente à moral porque direciona o comportamento humano para ações consi-deradas positivas para um grupo social.

R: C. Na filosofia, empirismo é um movimento que acredita nas experiências como únicas (ou principais) formadoras das ideias, discordando, portanto, da noção de ideias inatas, havendo também uma vertente no campo de estudo da ética.

3. (CESPE - 2010 - Caixa - Advogado) Acerca da relação entre ética e moral, assinale a opção correta.

a) O entendimento ético discorre filosoficamente, em épocas di-ferentes e por vários pensadores, dando conceitos e formas de alusão ao termo ética.

b) Durante as Idades Média e Moderna, a ética era considera-da uma ciência, portanto, era ensinada como disciplina escolar. Na Idade Contemporânea, a ética assumiu uma nova conotação, des-vinculando-se da ciência e da filosofia e sendo vinculada às práticas sociais.

c) A simples existência da moral significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discute, problematiza e interpreta o significado dos valores mo-rais.

d) A ética não tem por objetivo procurar o fundamento do valor que norteia o comportamento, tendo em vista a historicidade presen-te nos valores.

e) O conhecimento do dever está desvinculado da noção de éti-ca, pois este é consequência da percepção, pelo sujeito, de que ele é um ser racional e, portanto, está obrigado a obedecer ao imperativo categórico: a necessidade de se respeitar todos os seres racionais na qualidade de fins em si mesmos.

R: A. O termo ética passa por diversas interpretações no decor-rer da história, mas é possível notar que alguns de seus elementos, guardadas as devidas particularidades, são reincidentes na formação deste conceito.

4. (ASPERH - 2010 - Professor auxiliar ética profissional) So-bre moral e ética é incorreto afirmar:

a) A moral é a regulação dos valores e comportamentos consi-derados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religião, uma certa tradição cultural etc.

b) Uma moral é um fenômeno social particular, que tem com-promisso com a universalidade, isto é, com o que é válido e de di-reito para todos os homens. Exceto quando atacada: justifica-se se dizendo universal, supostamente válida para todos.

c) A ética á uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e dispo-sições voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objeti-vo é balizar as ações humanas.

d) A moral é um conjunto de regras de conduta adotadas pelos indivíduos de um grupo social e tem a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo os valores do bem e do mal.

e) A moral é a aplicação da ética no cotidiano, é a prática con-creta.

R: B. A Moral, embora seja mais subjetiva que a Ética, reflete o seu conteúdo, logo, também possui universalidade. O sentimento moral é uno e repousa no seio social, sendo assim universal. Logo, a Moral é válida para todos, não supostamente válida.

5. (ASPERH - 2010 - Professor auxiliar ética profissional) So-bre a ética, moral e direito é incorreto afirmar:

a) Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras que vi-sam estabelecer uma certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam.

b) O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado.

c) As leis têm uma base territorial, elas valem apenas para aque-la área geográfica onde uma determinada população ou seus delega-dos vivem.

d) Alguns autores afirmam que o direito é um subconjunto da ética. Esta perspectiva pode gerar a conclusão de que toda a lei é moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram a existência de conflitos entre a ética e o direito.

e) A desobediência civil ocorre quando argumentos morais im-pedem que uma pessoa acate uma determinada lei. Este é um exem-plo de que a moral e o direito, apesar de referirem-se a uma mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes.

R: D. O Direito é um subconjunto da Ética e, por isso mesmo, suas normas devem refletir o conteúdo ético sempre que possível, o que ocorre pela presença do valor do justo. Tomar como correta a afirmativa d seria entender que o Direito pode não ser justo e ain-da assim ser válido, premissa positivista refutada no contexto pós--guerra.

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Didatismo e Conhecimento 40

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

6. (ASPERH - 2010 - Professor auxiliar ética profissional) So-bre moralidade administrativa e a constituição federativa é incorreto afirmar:

a) A carta magna faz menção em diversas oportunidades ao princípio da moralidade. Uma delas, prevista no art. 5º, LXXIII, trata da ação popular contra ato lesivo à moralidade administrativa

b) Em outra, o constituinte determinou a punição mais rigoro-sa da imoralidade qualificada pela improbidade (art. 37, §4º)

c) Há ainda o art. 14, §9º, onde se visa proteger a probidade e moralidade no exercício de mandato, e o art. 85, V, que considera a improbidade administrativa como crime de atividade adminis-trativa

d) O princípio da moralidade, com o advento da Carta Cons-titucional de 1988 foi alçado, pela vez primeira em nosso direito positivo a princípio constitucional, nos termos do artigo 37, caput, o qual estabelece diretrizes à administração pública

e) Também o artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Fede-ral, prevê a possibilidade de anulação de atos lesivos à moralidade administrativa

R: C. Embora o artigo 85, V faça referência à probidade admi-nistrativa como um dos objetos de violação, caracterizando crime de responsabilidade pelo Presidente da República, o ato de im-probidade administrativa praticado pelos servidores em geral tem natureza cível e está regulado na Lei nº 8.429/92.

7. (ASPERH - 2010 - Professor auxiliar ética profissional) Referente a principio constitucional da moralidade administrativa e administração publica é incorreto afirmar:

a) O principio constitucional da moralidade administrativa configura um vigoroso instrumento à função de controle de legali-dade, legitimidade e economicidade dos atos administrativos dos quais resultam despesas públicas

b) O principio atua positivamente, impondo à Administração Publica o dever de bem gerir e aumentando os demais deveres de conduta administrativa, tais como os de agir impessoalmente, ga-rantir a ampla publicidade de seus atos, pautar-se com razoabili-dade, motivar seus atos e decisões, agir com eficiência e observar a compatibilidade entre o objetivo de suas ações e o ato praticado para operacionalizar tal objetivo ou finalidade. Bem assim, confi-gura cânone de interpretação e integração de norma jurídicas e/ou atos administrativos

c) O princípio atua negativamente, impondo limites ao exer-cício da discricionariedade e permitindo a correção dos atos prati-cados em desvio de finalidade, mediante o seu expurgo do mundo jurídico através da invalidação

d) O princípio geralmente ‘”aplicável” isoladamente, com-pondo-se e articulando-se, algumas vezes, com outros princípio jurídicos

e) O princípio consubstancia “norma jurídica” e, portanto, ao utilizá-lo no exercício das funções constitucionais de controle dos atos administrativos que geram despesas públicas sob os prismas de legalidade e da legitimidade, não desborda o Tribunal de Contas de sua competência constitucional

R: D. O princípio da moralidade administrativa deve sempre ser lido em conjunto com os demais princípios constitucionais, notadamente os aplicáveis à Administração Pública: legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência.

8. (ASPERH - 2010 - Professor auxiliar ética profissional) Antígona, por razões de Estado, havia sido proibida de dar sepul-tura a seu irmão. No entanto, mesmo correndo o risco de ser con-denado à morte por haver descumprido essa proibição legal, resolve piedosamente enterrar seus parente, e é então indagada pela autori-dade civil (Creonte):

Creonte: - ...Confessas ou negas ter feito o que ele diz?Antígona: - Confesso o que fiz! Confesso-o claramente!Creonte: - Sabias que, por uma proclamação, eu havia proibido

o que fizeste?Antígona: -Sim, eu sabia! Por acaso poderia ignorar, se era uma

coisa pública?Creonte: -E, apesar disso, tiveste a audácia de desobedecer a

essa determinação?Antígona: - Sim, porque não foi Júpiter que a promulgou; e a

Justiça... jamais estabeleceu tal decreto entre os humanos; nem eu creio que teu édito tenha força bastante para conferir a um mortal o poder de infringir as leis divinas, que nunca foram escritas, mas são irrevogáveis, não são escritas a partir de ontem ou de hoje, são eternas, sim” E ninguém sabe desde quando elas vigoram. - Tais decretos, eu, que não temo o poder de homem algum, posso violar sem que por isso me venham punir os deuses!...”

Este texto indica a existência de uma lei moral natural - uni-versal no tempo e no espaço, imutável, inscrita no coração dos ho-mens, indicando em seu íntimo o bem e o mal, irrevogável pelas leis humanas - foi expressa de uma maneira poética na tragédia grega Antígona:

a) de Aristótelesb) de Platãoc) de Sócratesd) de Sófoclese) de XenofonteR: D. O autor da tragédia grega Antigona, que marcou a distin-

ção entre lei natural e lei positiva, é Sófocles.

9. (CONSULPLAN - 2008 - Correios - Agente de Correios - Atendente Comercial) Pode-se afirmar que a ética tem como objeto de estudo:

a) O ato humano (voluntário e livre) que é o ato com vontade racional, permeado por inteligência e reflexão prévia.

b) A distinção entre o existir e o agir, solenemente.c) A tradução dos costumes aceitos pela sociedade emergente.d) O conceito de moralidade dos povos segregados.e) N.R.A.R: A. O principal objeto de estudo da ética é a ação humana,

num sentido de refletir sobre ela. De forma estrita, a moral, parte da ética, estuda a ação humana enquanto ação propriamente dita. De qualquer maneira, no âmbito da ética é feito um estudo da ação humana baseada na razão, na vontade racional.

10. (FCC - 2011 - NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO - Contador) A respeito dos conceitos de ética, moral e virtude, é cor-reto afirmar:

a) A vida ética realiza-se no modo de viver daqueles indivíduos que não mantêm relações interpessoais.

b) Etimologicamente, a palavra moral deriva do grego mos e significa comportamento, modo de ser, caráter.

c) Virtude deriva do latim virtus, que significa uma qualidade própria da natureza humana; significa, de modo geral, praticar o bem usando a liberdade com responsabilidade constantemente.

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Didatismo e Conhecimento 41

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

d) A moral é influenciada por vários fatores como, sociais e his-tóricos; todavia, não há diferença entre os conceitos morais de um grupo para outro.

e) Compete à moral chegar, por meio de investigações cientí-ficas, à explicação de determinadas realidades sociais, ou seja, ela investiga o sentido que o homem dá a suas ações para ser verdadei-ramente feliz.

R: C. Virtude é uma qualidade da natureza humana relacionada a um valor ético. A ação que seja virtuosa será voltada sempre ao bem e praticada com responsabilidade e razoabilidade, sem o que perderia tal caráter. Vale destacar que a alternativa d está incorreta porque embora a ética seja imutável, preceitos morais podem sofrer pequenas variações de um grupo social para outro sem que se perca a essência ética.

Princípios da Administração Pública

11. (FCC - 2010 - TRT 8ª Região) O servidor público que deixa de acatar as ordens legais de seus superiores e a sua fiel execução, infringe o dever de

a) conduta ética.b) eficiência.c) obediência.d) lealdade.e) fidelidade.R: C. Dever de obediência é o que se liga diretamente à hie-

rarquia que deve ser respeitada dentro das instituições públicas, ga-rantindo a melhor prestação do serviço. Os demais princípios são mais abrangentes, referindo-se ao cargo como um todo, não apenas à relação hierárquica.

12. (FCC - 2010 - TRT 22ª Região) O princípio da administra-ção pública que tem por fundamento que qualquer atividade de ges-tão pública deve ser dirigida a todos os cidadãos, sem a determina-ção de pessoa ou discriminação de qualquer natureza, denomina-se

a) Eficiência.b) Moralidade.c) Legalidade.d) Finalidade.e) Impessoalidade.R: E. Todos os princípios da administração pública se ligam,

por isso, ao menos indiretamente todos acabam se fazendo presen-tes. Contudo, é preciso se atentar ao mais específico: o preâmbulo da questão descreve exatamente o conceito do princípio da impessoali-dade, que veda distinções indevidas entre os administrados.

13. (FCC - 2012 - DPE-PR) Sobre os princípios orientadores da administração pública é INCORRETO afirmar:

a) A administração pública não pode criar obrigações ou reco-nhecer direitos que não estejam determinados ou autorizados em lei.

b) A conduta administrativa com motivação estranha ao inte-resse público caracteriza desvio de finalidade ou desvio de poder.

c) A oportunidade e a conveniência são delimitadas por razoa-bilidade e proporcionalidade tanto na discricionariedade quanto na atividade vinculada da administração pública.

d) Além de requisito de eficácia dos atos administrativos, a pu-blicidade propicia o controle da administração pública pelos admi-nistrados.

e) O princípio da eficiência tem sede constitucional e se reporta ao desempenho da administração pública.

R: C. A alternativa a) define o princípio da legalidade para a administração pública, pelo qual ela somente pode fazer o que a lei permite; a b) traz o princípio da motivação, pelo qual todos atos da administração devem ser justificados pelo interesse público, sob pena de desvio de finalidade ou desvio de poder; a d) relembra que a publicidade dos atos da administração facilita o controle destes pelo povo; a e) se refere ao art. 37 da CF e traz a principal finalidade do princípio da eficiência, que é a otimização do desempenho da administração pública. A alternativa c) está incorreta porque opor-tunidade e conveniência somente são delimitadas pela razoabilidade e pela proporcionalidade nos atos discricionários, nos quais a admi-nistração possui alguma liberdade de escolha.

14. (FCC - 2012 - TRF 5ª Região) O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios aplicáveis à Administração Pública, entre os quais NÃO se inclui, expressamente,

a) eficiência.b) finalidade.c) publicidade.d) impessoalidade.e) moralidade.R: B. O artigo 37 da CF traz, nesta ordem, os princípios da

administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, pu-blicidade e eficiência (formando a palavra LIMPE).

15. (ESAF - 2005 - SET-RN - Auditor Fiscal do Tesouro Esta-dual - Prova 2) Sobre os princípios constitucionais da administração pública, pode-se afirmar que

I. o princípio da legalidade pode ser visto como incentivador do ócio, haja vista que, segundo esse princípio, a prática de um ato con-creto exige norma expressa que o autorize, mesmo que seja inerente às funções do agente público;

II. o princípio da publicidade visa a dar transparência aos atos da administração pública e contribuir para a concretização do prin-cípio da moralidade administrativa;

III. a exigência de concurso público para ingresso nos cargos públicos reflete uma aplicação constitucional do princípio da im-pessoalidade;

IV. o princípio da impessoalidade é violado quando se utiliza na publicidade oficial de obras e de serviços públicos o nome ou a imagem do governante, de modo a caracterizar promoção pessoal do mesmo;

V. a aplicação do princípio da moralidade administrativa de-manda a compreensão do conceito de “moral administrativa”, o qual comporta juízos de valor bastante elásticos;

VI. o princípio da eficiência não pode ser exigido enquanto não for editada a lei federal que deve defini-lo e estabelecer os seus con-tornos.

Estão corretas as afirmativasa) I, II, III e IV.b) II, III, IV e V.c) I, II, IV e VI.d) II, III, IV e VI.e) III, IV, V e VI.R: B. O princípio da legalidade é reforço da moralidade, não

incentivador do ócio e da preguiça, até mesmo porque a exigência de lei expressa não exclui o desempenho de funções inerentes ao cargo pelo servidor. O princípio da eficiência, por sua vez, consubs-tancia-se no binômio produtividade-economicidade e pode ser exi-gido desde sua previsão no texto constitucional. Logo, I e VI estão incorretas.

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Didatismo e Conhecimento 42

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Decreto n° 1.171/94

16. (CESPE - 2010 - UERN - Agente Técnico Administrativo) Carlos, servidor público, excede-se na bebida aos fins de semana, quando costuma frequentar bares e casas noturnas de sua localida-de. Nessas ocasiões, Carlos costuma falar palavras de baixo calão, fazer gestos obscenos e dirigir impropérios contra a vida conjugal de seus colegas de trabalho. Diante da situação hipotética acima e considerando a regulamentação ética do serviço público, assinale a opção correta.

a) Os excessos cometidos por Carlos referem-se aos períodos de folga e fora de seu local de trabalho, portanto não afetam o ser-viço público.

b) Embora não haja nenhuma disposição no Código de Ética do Servidor Público quanto aos excessos cometidos por Carlos, ele praticou o crime de difamação contra seus colegas, podendo, em razão, disso, ser por estes processado.

c) O problema de Carlos é a propensão ao alcoolismo. Isso não é crime nem imoralidade, pois se trata de um distúrbio que deve ser devidamente tratado no Sistema Único de Saúde.

d) Ao prejudicar deliberadamente a reputação de seus colegas e apresentar-se embriagado com habitualidade, Carlos viola as dispo-sições do Código de Ética do Servidor Público.

e) Carlos poderá ser exonerado do serviço público pelas práti-cas dos crimes de atentado violento ao pudor e calúnia.

R: D. Nos termos do inciso VI do Decreto n° 1.171/94, “a fun-ção pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada po-derão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional”. Embriagar-se, comportar-se de maneira inadequada, independente-mente do horário, é algo que compromete a instituição, sendo assim uma atitude antiética. Tanto é que as atitudes de Carlos se encontram entre as proibições estabelecidas pelo Código de Ética no inciso XV: “f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie-rarquicamente superiores ou inferiores; [...] n) apresentar-se embria-gado no serviço ou fora dele habitualmente; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana”.

17. (FCC - 2010 - DPE-SP - Agente de Defensoria) O servidor público quando instado pela legislação a atuar de forma ética, não tem que decidir somente entre o que é legal e ilegal, mas, acima de tudo entre o que é

a) oportuno e inoportuno.b) conveniente e inconveniente.c) honesto e desonesto.d) público e privado.e) bom e ruim.R: C. É o que destaca o inciso II do Decreto n° 1.171/94: “O

servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o opor-tuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o de-sonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal”.

18. (FCC - 2012 - INSS - Perito Médico Previdenciário) Con-sidere duas hipóteses:

I. Fernanda, servidora pública civil do Poder Executivo Fede-ral, tem sido vista embriagada, habitualmente, em diversos locais públicos, como eventos, festas e reuniões.

II. Maria, também servidora pública civil do Poder Executivo Federal, alterou o teor de documentos que deveria encaminhar para providências.

Nos termos do Decreto n° 1.171/1994,a) ambas as servidoras públicas não se sujeitam às disposições

previstas no Decreto n° 1.171/1994.b) apenas o fato descrito no item II constitui vedação ao servi-

dor público; o fato narrado no item I não implica vedação, vez que a lei veda embriaguez apenas no local do serviço.

c) apenas o fato descrito no item I constitui vedação ao servidor público, desde que ele seja efetivo.

d) ambos os fatos não constituem vedações ao servidor público, embora possam ter implicações em outras searas do Direito.

e) ambos os fatos constituem vedações ao servidor público. R: E. Nos termos do inciso I do Decreto, “a dignidade, o deco-

ro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são pri-mados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exer-cício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradi-ção dos serviços públicos”. Ambas condutas violam estes princípios, uma dentro do espaço de trabalho e outra fora dele, de forma que ambas se sujeitam ao Decreto n° 1.171/92.

19. (FCC - 2012 - INSS - Perito Médico Previdenciário) Nos termos do Decreto n° 1.171/1994, a pena aplicável ao servidor pú-blico pela Comissão de Ética é a de censura e sua fundamentação

a) não é necessária para a aplicação da pena; no entanto, exige--se ciência do faltoso.

b) constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso.

c) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo Presi-dente da Comissão, com ciência do faltoso.

d) não é necessária para a aplicação da pena, sendo dispensável também a ciência do faltoso.

e) constará do respectivo parecer, assinado apenas pelo Presi-dente da Comissão, sendo dispensável a ciência do faltoso.

R: B. Neste sentido, o inciso XXII: “a pena aplicável ao ser-vidor público pela Comissão de Ética é a de censura e sua funda-mentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso”.

20. (CESGRANRIO - 2008 - ANP - Técnico Administrativo) Qual das afirmações a seguir está em DESACORDO, com o Código de Ética, Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, incluídas suas alterações posteriores, e com a Constituição Federal de 1988?

a) O trabalho de uma comissão de ética pública deve ser pau-tado pelos princípios constitucionais da administração pública, pe-los princípios legais atinentes aos processos administrativos e pelos princípios específicos de sua norma regulamentar constituitiva, den-tre outros.

b) O Código de Ética dispõe que deve haver tratamento cortês e com boa vontade aos administrados.

Page 45: Ética Do Servidor Na Administração Pública

Didatismo e Conhecimento 43

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

c) O Código de Ética é aplicável não somente aos servidores públicos, mas também àqueles que sejam, de alguma forma, ligados ao órgão federal, mesmo que excepcionalmente.

d) Uma comissão de ética pública, após a devida instrução pre-liminar, pode decidir pela pena de suspensão de um servidor, por falta de urbanidade.

e) Um cidadão pode dirigir uma petição, com reclamação sobre falta de urbanidade no tratamento recebido em órgão federal

R: D. A única pena que pode ser aplicada pela Comissão de Ética é a de censura (inciso XXII).

21. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle - Área - Correição) Para os fins do Código de Conduta do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, entende-se por servidor público:

I. os servidores públicos titulares de cargo efetivo.II. os titulares de cargo em comissão.III. os empregados de sociedades de economia mista.IV. os que, temporariamente, prestam serviços à Administração

Pública Federal, desde que mediante retribuição financeira.Estão corretos os itens:a) I, II, III e IVb) II, III e IVc) I, III e IVd) I, II e IVe) I, II e IIIR: E. Neste sentido: “XXIV - Para fins de apuração do compro-

metimento ético, entende-se por servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas públicas e as socie-dades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado”. O erro quanto ao IV é que a retribuição finan-ceira é dispensável.

22. (ESAF - 2006 - CGU - Analista de Finanças e Controle - Área - Correição) De acordo com o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22.6.1994, é vedado ao servidor público:

I. receber gratificação financeira para o cumprimento de sua missão.

II. ser sócio de empresa que explore jogos de azar não-autori-zados.

III. informar, a um seu amigo de muitos anos, do conhecimento que teve, em razão das funções, de uma minuta de medida provisó-ria que, quando publicada, afetará substancialmente as aplicações financeiras desse amigo.

IV. permitir que simpatias ou antipatias interfiram no trato com o público.

V. ser, em função do seu espírito de solidariedade, conivente com seu colega de trabalho que cometeu infração de natureza ética.

Estão corretas:a) apenas as afirmativas I, II, IV e Vb) as afirmativas I, II, III, IV e V.c) apenas as afirmativas I, II, III, e V.d) apenas as afirmativas I, II e V.e) apenas as afirmativas I e II.

R: B. São todas vedações previstas no inciso XV, respectiva-mente, nas alíneas g, o, m, f e c: “g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua mis-são ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim; o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pessoa humana; m) fazer uso de in-formações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; f) per-mitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; c) ser, em função de seu espírito de solida-riedade, conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão”.

23. (FUNIVERSA - 2009 - ADASA - Advogado) O Decreto n.º 1.171/1994, que cria o Código de Ética do Servidor Público Civil, prevê a constituição de uma comissão de ética a fim de implementar as novas disposições a serem observadas. Acerca dessa comissão, assinale a alternativa correta.

a) Será integrada apenas por servidores públicos.b) Será integrada por servidores de carreira.c) Será integrada por três servidores ou empregados titulares de

cargo efetivo.d) Será integrada por três empregados com mais cinco anos no

cargo.e) Será integrada por três servidores com mais de cinco anos

no cargo.R: C. Destaca-se o artigo 2º do Decreto: “Os órgãos e entidades

da Administração Pública Federal direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego permanente”.

24. (CESPE - 2010 - DPU - Agente Administrativo) Assina-le a opção correta acerca da comissão de ética prevista no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.

a) As ações de ética não devem guardar correlação com outros procedimentos administrativos da organização, como, por exemplo, a promoção de servidores.

b) Para fins de apuração de comprometimento ético entende-se como servidor apenas o concursado, mesmo que ainda não estável.

c) A comissão de ética deve ser formada, preferencialmente, pe-los dirigentes da organização.

d) À comissão de ética é vedado fornecer informações acerca dos registros da conduta ética dos servidores.

e) Qualquer órgão ou entidade que exerça atribuições delegadas pelo poder público deverá criar uma comissão de ética.

R: E. Trata-se da previsão do artigo 2º, caput, do Decreto nº 1.171/94: “Os órgãos e entidades da Administração Pública Fe-deral direta e indireta implementarão, em sessenta dias, as provi-dências necessárias à plena vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou em-prego permanente”. Assim, em todos os órgãos e entidades vincu-ladas ao poder público, mesmo que façam parte da administração indireta, deve ser instituída uma Comissão de Ética.

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Didatismo e Conhecimento 44

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Resoluções 1 a 10 CEP

25. (FCC - 2011 - NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO - Contador) O processo de apuração de prática de ato em desrespeito ao preceituado no Código de Conduta será instaurado pela Comis-são de Ética Pública (CEP), desde que haja indícios suficientes. No processo administrativo em questão,

a) se a CEP concluir pela procedência da denúncia, adotará uma das penalidades previstas no Código, com comunicação ape-nas ao superior hierárquico do denunciado.

b) a CEP não poderá, de ofício, produzir prova documental.c) não é possível a solicitação pela CEP, de parecer de especia-

lista, ainda que julgue imprescindível, tendo em vista a celeridade do procedimento.

d) concluídas as diligências necessárias, a CEP oficiará a au-toridade pública para nova manifestação, no prazo de cinco dias.

e) a autoridade pública será oficiada para manifestar-se no prazo de cinco dias.

R: E. O artigo 18 do Código de Conduta da Alta Administra-ção Federal, documento esmiuçado pela Resolução nº 1 da CEP, prevê o procedimento para apuração de infrações, conferindo 5 dias para a manifestação da autoridade pública.

26. (FCC - 2011 - NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO - Contador) Caio, que ocupa o cargo de Presidente de uma Em-presa Pública, opinou publicamente a respeito da honorabilidade e do desempenho funcional de uma autoridade pública federal. Vale salientar que Caio continua no cargo público mencionado. O fato narrado acarretará

a) a não imposição de qualquer sanção, pois Caio não se su-jeita às normas do Código de Conduta da Alta Administração Fe-deral.

b) a não imposição de qualquer sanção, pois não caracteriza violação de norma do Código de Conduta da Alta Administração Federal.

c) sanção de censura ética.d) sanção de advertência.e) sanção de multa.R: D. O artigo 17 do Código de Conduta da Alta Administra-

ção Federal, documento esmiuçado pela Resolução nº 1 da CEP, prevê: “Art. 17. A violação das normas estipuladas neste Código acarretará, conforme sua gravidade, as seguintes providências: I - advertência, aplicável às autoridades no exercício do cargo; II - censura ética, aplicável às autoridades que já tiverem deixado o cargo”.

27. Avalie as afirmativas a respeito da Resolução nº 2 da CEP:I - Somente se o interesse for institucional se permitirá a par-

ticipação em atividades externas.II - Quando o evento for de interesse pessoal da autoridade, as

despesas de remuneração, transporte e estada poderão ser custea-das pelo patrocinador.

III - Quando se tratar de participação em evento de interes-se institucional, as despesas de transporte e estada, bem como as taxas de inscrição, se devidas, correrão por conta do órgão a que pertença a autoridade.

IV - Há sigilo quanto à remuneração por atividade externa e às despesas de transporte e estada.

Estão corretas:a) I e II.b) I e III.c) I e IV.d) II e III.e) III e IV.R: D. É possível que atividades externas ocorram tanto a inte-

resse da administração quanto a interesse pessoal, variando o dever de custeio conforme o caso, mas sempre se exigindo publicidade.

28. A respeito da Resolução CEP nº 3, que trata dos presentes e brindes, assinale a alternativa incorreta:

a) Presentes e brindes recebem o mesmo tratamento.b) Não importa o valor do presente, sendo em regra o seu rece-

bimento proibido, mas são aceitos brindes no valor de até R$100,00.c) É possível aceitar presentes no caso de laços de parentesco

ou afinidade, havendo custeio por parte do próprio ofertante, e nos casos protocolares de oferta por autoridade estrangeira.

d) Prêmios atribuídos em decorrência de trabalhos de natureza acadêmica, científica, tecnológica ou cultural não são considerados presentes.

R: A. O item 5 permite a aceitação de brindes, exigindo-se não só a limitação do valor, mas periodicidade mínima de distribuição anual, bem como caráter geral na distribuição. Presentes têm em si o caráter de serem pessoais, voltados a uma única pessoa, sendo em regra proibidos.

29. Considerado o Regimento Interno da Comissão de Ética Pú-blica, assinale a afirmativa incorreta:

a) A CEP tem função consultiva e disciplinar, embora predomi-nem competências atinentes ao primeiro aspecto.

b) A CEP é composta por 6 membros, com mandato de 3 anos, os quais votam pelo critério de maioria.

c) O Presidente da CEP é indicado pelo Presidente da Repú-blica.

d) As reuniões da CEP podem ser ordinárias ou extraordinárias.e) As únicas penas diretamente aplicadas pela CEP são adver-

tência e censura ética.R: C. O Presidente da CEP é escolhido pelos próprios membros,

entre eles: “Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu presidente, que terá mandato de um ano, permitida a recondução”.

30. Nos termos da Resolução CEP nº 8, suscita conflitos de in-teresses todas as seguintes situações, exceto:

a) em razão da sua natureza, seja incompatível com as atribui-ções do cargo ou função pública da autoridade, exceto a atividade desenvolvida em áreas ou matérias afins à competência funcional;

b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante de car-go em comissão ou função de confiança, que exige a precedência das atribuições do cargo ou função pública sobre quaisquer outras atividades;

c) implique a prestação de serviços a pessoa física ou jurídica ou a manutenção de vínculo de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão individual ou coletiva da autoridade;

d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de informação à qual a autoridade tenha acesso em razão do cargo e não seja de conheci-mento público;

e) possa transmitir à opinião pública dúvida a respeito da in-tegridade, moralidade, clareza de posições e decoro da autoridade.

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Didatismo e Conhecimento 45

ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

R: A. O item 1 da referida resolução conta com o seguinte teor: “1. Suscita conflito de interesses o exercício de atividade que: a) em razão da sua natureza, seja incompatível com as atribuições do cargo ou função pública da autoridade, como tal considerada, inclusive, a atividade desenvolvida em áreas ou matérias afins à competência funcional; b) viole o princípio da integral dedicação pelo ocupante de cargo em comissão ou função de confiança, que exige a prece-dência das atribuições do cargo ou função pública sobre quaisquer outras atividades; c) implique a prestação de serviços a pessoa física ou jurídica ou a manutenção de vínculo de negócio com pessoa físi-ca ou jurídica que tenha interesse em decisão individual ou coletiva da autoridade; d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de infor-mação à qual a autoridade tenha acesso em razão do cargo e não seja de conhecimento público; e) possa transmitir à opinião pública dúvida a respeito da integridade, moralidade, clareza de posições e decoro da autoridade”.

ANOTAÇÕES

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ÉTICA DO SERVIDOR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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