estudos da tradição itacoatiara na paraíba- subtradicao ingá (2014)

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    ESTUDOS DA TRADIO ITACOATIARA NA

    PARABA: SUBTRADIO ING?

    Srie:

    Arqueologia/Paleontologia. Vol. III.

    Juvandi de Souza Santos

    APOIO FINANCEIRO: PROPESQ/UEPB.

    Campina Grande, Paraba,Fevereiro de 2015.

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    Todos os direitos reservados aos autores. A reproduo noautorizada por escrito desta publicao, no todo ou em parte,

    constitu violao de direitos autorais (Lei 9.610/98).

    EDITORJuvandi de Souza Santos

    REVISOProfa Lenise Melo Dantas

    Pedagoga: Marinalda Sousa Santos

    DIAGRAMAOAlisson Santos Costa

    DIGITALIZAOJuvandi de Souza Santos

    IMPRESSO E MONTAGEMCopias & Papis Grfica e Editora

    IMAGEM DA CAPA E CRDITOItacoatiara do Ing Crdito: Juvandi de S. Santos

    CONSELHO EDITORIAL (SPA)Antnio Clarindo B. de Souza UFCG

    Carlos Alberto Azevedo IPHAEP/IHGPJuvandi de Souza Santos LABAP/UEPB

    Zlia Maria Almeida UFPB/IHGPThomas Bruno Oliveira SPA

    Mrcio Mendes UFCE

    C331a SANTOS, Juvandi de Souza. Estudos da Tradio

    Itacoatiara na Paraba: Subtradio Ing?

    Campina Grande, Paraba. Cpias & Papis, 2014. 165 pgs.

    Palavras-Chave: 1. Itacoatiara, Ing, Subtradio.I Ttulo.

    21. ed. CDD-981ISBN: 978-85-912404-6-3

    Foi feito o depsito legal na Biblioteca Nacional, conforme Decreton. 1.825, de dezembro de 1907.

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    APOIO FINANCEIRO: PROPESQ/UEPB

    Alunos bolsistas PIBIC/CNPq/UEPB que participaram do

    projeto de pesquisa (primeira parte).

    1. Dennis Mota Oliveira

    2. Elnathan Monteiro

    3. Felipe Caetano dos Santos

    4. Marcelo Bezerra

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    Paz a qualquer preo no paz.

    Do filme: O CORPO

    Direo: Jonas McCORD (2000).

    Dedicatria

    Para Dennis Mota Oliveira.

    Filho do municpio do Ing, desbravador

    contemporneo da regio e eterno guardio ezelador da Pedra do Ing.

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    SUMRIO

    APRESENTAO ........................................................................... 07

    PREFCIO.......................................................................................... 09

    1. INTRODUO ........................................................................... 13

    1.1Histrico e localizao do municpio

    do Ing ....................................................................................... 131.1.1 Apresentao do principal problema................. 13

    1.1.2 Localizao a Itacoatiara do Ing e

    da rea de estudo ............................................................. 21

    1.2 Justificativa ............................................................................. 23

    1.3 Aporte Terico ........................................................... 28

    1.3.1 Breve introduo sobre o assunto ...................... 28

    1.3.2 Tradies, estilos e subtradies rupestres:

    conceitos bsicos .................................................. 43

    1.3.3 Stios rupestres ..................................................... 49

    1.3.4 Arqueologia na Paraba ...................................... 54

    1.3.5 A Arqueologia no Brasil hoje .............................. 58

    2. METODOLOGIA ........................................................................ 63

    2.1 ETAPAS DO PROJETO: Identificao e

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    descrio dos stios arqueolgicos da

    Tradio Itacoatiara ........................................................... 63

    2.2 Metodologia e discusso das aes

    desenvolvidas ........................................................................ 64

    2.2.1 Educao Patrimonial .................................................. 65

    3. RESULTADOS ............................................................................ 69

    3.1 Identificao dos stios na rea

    localizados/trabalhados na rea de

    pesquisa .................................................................................... 72

    3.2 Caractersticas dos stios arqueolgicos

    Identificados ........................................................................... 75

    3.2.1As itacoatiaras trabalhadas ....................................... 78

    4. DISCUSSO DOS RESULTADOS OBTIDOS

    COM A PESQUISA ..................................................... 149

    5. CONSIDERAES FINAIS .................................................... 157

    6. DIFICULDADES ENCONTRADAS ..................................... 1607. OBSERVAES E RECOMENDAES ............................ 161

    8. REFERNCIAS ........................................................................... 162

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    APRESENTAO

    O livro em questo apresenta como principais

    objetivos o de realizar o levantamento, a identificao e a

    catalogao dentro da rea polarizada pela Itacoatiara

    (gravuras rupestre) do Ing, stios da Tradio Itacoatiara de

    gravuras rupestres que apresentem as mesmas

    caractersticas (ou no), de confeco dos petrglifos em

    meia-cana, tendo como stio nuclear a Itacoatiara do Ing,

    para compar-las as gravuras identificadas nesses stios as

    do Ing e identificar uma provvel existncia de umasubtradio de arte rupestre de Itacoatiara para a regio do

    estado da Paraba e adjacncias. Para tanto, realizamos

    atividades de campo durante trs anos e j identificamos

    mais de quarenta (40) itacoatiaras, sendo que, neste

    trabalho, apenas apresentamos o estudo realizadosistematicamente em dezenove (19) stios, no que

    conclumos, mesmo que de forma prematura e dado a

    importncia da Itacoatiara do Ing como stio arqueolgico

    de rara beleza e com caracterstica nica no Brasil, que

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    existe, de fato, a partir deste importante stio, uma cultura

    das itacoatiaras numa larga regio do que hoje o estado daParaba e circuvizinhanas, que denominamos de

    Subtradio Ing. Finalmente, somos conscientes que

    necessrio se faz a busca de mais stios com gravuras numa

    rea maior do que a que trabalhamos nesta etapa primeira

    do projeto que recebeu apoio financeiro do PROPESQ/UEPB,num raio de 45 Km a partir do stio nuclear), para que

    possamos melhor consolidar nossa propositura. Paralelo as

    atividades arqueolgicas foram desenvolvidas atividades de

    Educao Patrimonial, objetivando salvaguardar para as

    geraes presentes e futuras, o pouco que ainda resta dosstios arqueolgicos da regio, no que tambm sugerimos

    que tais atividades sofram continuidade paralelamente as

    atividades de pesquisas de novas ocorrncias de itacoatiaras

    na Paraba.

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    PREFCIO

    A pedra do Ing um monumento de valorizao

    internacional pela expressividade dos contornos, das

    estruturas e do conjunto de painis com gravuras rupestres.

    Na Arqueologia, valorizado como um dos maiores e mais

    belos exemplos desse tipo de inscrio. Encontra-se

    presente em livros didticos nacionais voltados para

    educao bsica e ensino superior. Um local de visitas

    tursticas e expedies acadmicas por pesquisadores dediversas reas: Arqueologia, Biologia, Artes, Histria,

    Geografia etc..

    Observa-se que historicamente h muita iluso e

    fico nas especulaes sobre o significado dos smbolos

    presentes no extenso painel. Em contraposio, a divulgaode interpretaes acadmicas sobre os significados das

    gravuras tem sido aplicada aos visitantes, mudando o olhar

    cristalizado do visitante. Portanto, explicaes equivocadas

    so refletidas e, por vezes, deixadas de lado. No que o

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    imaginrio popular esteja errado, mas que o indgena

    construtor daquelas gravuras seja valorizado.Grande parte desse trabalho de mudana conceitual

    fora aplicado durante dcadas por Juvandi de Souza Santos,

    Dennis Mota e outros pesquisadores, que deixam o discurso

    de lado e partem para campo em busca de identificar e

    catalogar novos stios arqueolgicos e enriquecer ainda mais

    o passado pr-histrico circunscrito no territrio paraibano.

    Fazem o que lhes possvel com uma quantia

    limitada de recursos, geralmente retiram do prprio bolso

    para financiar essa Arqueologia herica aos moldes antigos

    com a anlise rigorosa e sistemtica dos mtodos

    arqueolgicos atuais. Esse livro e tantos outros do Prof.

    Juvandi e seus colaboradores bolsistas do

    PIBIC/CNPQ/UEPB so frutos dessa persistncia e luta

    desses nobres pesquisadores em busca de reconhecimento e

    valorizao, por exemplo, da Pedra do Ing, que geralmente

    ignorada ou deixada em segundo plano pelo poder pblico.

    Outra contribuio para o desenvolvimento dessa

    regio est em um guia, morador do Ing, que se aperfeioou

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    e atualmente um par acadmico, Dennis Mota, que junto s

    interpretaes e atividades de extenso propostas pelospesquisadores acima citados, completa a ao de divulgar e

    valorizar o monumento cotidianamente. Outro papel

    indispensvel feito por ele a conservao da rea contra

    vndalos e indivduos mal intencionados, geralmente em

    busca de levar um pedao do patrimnio brasileiro paracasa.

    Esse livro no paira somente na Pedra do Ing, ele

    avana no sentido de registrar novos stios arqueolgicos

    com gravuras rupestres. um livro indispensvel para quem

    procura desbravar os stios arqueolgicos com gravuras na

    Paraba. Um marco para no inventarem a roda, ou seja, no

    gastarem dinheiro pblico registrando e catalogando

    novamente os stios arqueolgicos de gravuras. Os captulos

    finais deixam bem claro o que h de problemas para

    conservao dos painis e sugestes para futuras pesquisas.

    Sabe-se que o holofote sempre foi dado para Pedra do

    Ing, mas ela e muitos outros painis so igualmente

    relevantes para reconstruir o passado de indgenas pr-

    histricos dotados de muita criatividade e comunicao.

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    Que esse livro sirva como um manual obrigatrio

    para pesquisadores e admiradores a fim de desbravar asinscries em rochas feitas por grupos humanos pretritos.

    Allysson Allan de FariasBilogo - UEPBMestre em Arqueologia - CFCH/UFPEDoutorando em Gentica - IB/USPOrientador: Rui Srgio Sereni Murrieta.

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    1. INTRODUO

    1.1. Histrico e localizao do municpio do Ing

    1.1.1. Apresentao do principal problema

    Identificar dentro da rea de estudo polarizada pela

    Itacoatiara do Ing, stios rupestres da Tradio Itacoatiaraque apresentem as mesmas caractersticas (ou no), de

    confeco dos petrglifos em meia-cana, para compar-las

    as do Ing e identificar a existncia de uma provvel

    subtradio de arte rupestre de Itacoatiaras para a regio

    que, prematuramente chamamos de SUBTRADIO ING.

    O conjunto de inscrio parietal do Ing ocupa uma

    rea aproximada de 250 m2, sobre uma massa gnissica

    soerguida em meio ao curso do riacho Bacamarte, com

    painis de inscries gravados na superfcie gnea, ora do

    lajedo, ora em blocos soltos. O afloramento magmtico se

    apresenta como obstculo para o riacho, no entanto, oferece

    uma oportunidade de travessia em meio a uma abertura de

    aproximadamente 7 metros de largura, por onde o riacho

    segue emparedado. Este corredor que forma um pequeno

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    canyon se estende por 15 metros, formado por paredes

    erodidas mas em muitos casos polidas pela fora dasintempries que tem agido ali por milhares de anos e

    inmeros caldeires que foram caprichosamente

    trabalhados pelo efeito turbilhonar da correnteza e o

    material dos enxurros. O que lhe d um curioso aspecto de

    exguo boqueiro ruiniforme.

    Ao final do corredor por onde o riacho Bacamarte

    segue em tumultuosa corredeira (no perodo das

    invernadas), forma-se uma depresso pouco profunda de

    leito fluvial, em forma de enseada, abrandando o itinerrio

    seguinte do riacho, que dali, segue sereno e meandreando,

    por entre profunda ribanceira recortada no sedimento pelas

    peridicas e impetuosas torrentes de inverno.

    Durante o perodo invernoso a violncia do riacho

    invade transbordante por parte do afloramento, buscando

    maior capacidade de fluncia e, no vero, este tributrio do

    rio Paraba relativamente seco, mas torna-se perene com

    um pequeno filete de gua graas aos esgotos que so

    despejados in natura em seu velho leito. Contudo, o

    interior dos caldeires e o poo reservam guas estagnadas

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    Estudos da Tradio Itacoatiara na Paraba: Subtradio Ing?

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    at prximo ao novo ciclo de chuvas (BRITO, 2008, pp. 14-

    16).Para muitos, o stio arqueolgico Pedra do Ing

    apenas o grande paredo gnissico em meio ao afloramento

    rochoso do riacho Bacamarte, primoroso pela sua profuso,

    capricho e complexidade grfica. Entretanto, toda a rea

    pedregosa desta poro do riacho, bem como, a rea

    proposta para estudo de prospeco, apresenta vestgios de

    ao parietal, cujo levantamento primrio, no caso do Ing,

    aponta 20 painis distintos:

    O Painel Vertical do Ing encontra-se num opulento paredo

    em eixo longitudinal, elevando-se proeminente em meio ao

    outeiro. o mais famoso, vivaz e magnificente do conjunto

    parietal, cuja maior parte dos registros encontram-se

    profusos abaixo de uma linha filiforme horizontal de

    incises capsulares (Fig. 1). Ocupa uma rea de 52 m2 em

    parede a prumo direcionada para o Noroeste, e suas

    inscries apresentam-se esmeras, com diversos sinais

    ambguos, compondo um complexo e surpreendente

    conjunto rupestre de sulcos largos, profundos e muito bem

    polidos. Sua imponncia harmoniosa e expressiva

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    Juvandi de Souza Santos

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    tamanha, que se o historiador grego Herdoto o tivesse

    visto, possivelmente, o incluiria entre as grandes Maravilhasdo Mundo Antigo.

    Abaixo deste, sobre o piso ngreme e liso do lajedo,

    encontra-se o Painel Inferior ocupando uma rea quadrada

    de aproximadamente 2,5 m2. Sua composio faz lembrar

    uma organizao estelar voltada para o firmamento (Fig.2).

    Fig. 1 Painel vertical da Itacoatiara do Ing, Ing, Paraba, Brasil.

    Crdito da imagem: J. A. Fonseca.

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    Estudos da Tradio Itacoatiara na Paraba: Subtradio Ing?

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    Fig. 2 Composio de gravuras que representam astros, painel

    horizontal da Itacoatiara do Ing, Ing, Paraba, Brasil.

    Crdito da imagem: Coleo particular de Juvandi de Souza Santos.

    Logo acima do painel vertical, est o painel superior,

    decorando uma rea de 3,7 m2 no dorso convexo do

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    monumento. Este, onde a pedra revestida de resduos

    orgnicos, apresenta poucos smbolos dispersos, em grandespropores e capsulares filiformes (BRITO, 2008, pp. 16-18)

    (Fig. 3).

    Fig. 3 Painel superior existente no stio arqueolgico Itacoatiara do

    Ing, Ing, Paraba, Brasil.

    Crdito da imagem; Coleo particular de Juvandi de Souza Santos.

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    Estudos da Tradio Itacoatiara na Paraba: Subtradio Ing?

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    Os registros grficos destes trs painis foram

    executados em profundidade (meia cana) e se apresentammuito bem polidos no interior cncavo dos sulcos e, por

    exibir maior requinte tcnico e estilstico, esto bem

    circunscritos e geralmente objeto de segregao nos

    diversos trabalhos sobre a Pedra do Ing. No entanto, nas

    adjacncias deste conjunto principal, existem outrasinscries que so marginalizadas por no se apresentarem

    to ntidas, conjuntas e bem elaboradas como as que

    decoram e emolduram o monumento protagonista. Estes,

    que so em nmero de dezessete (17), foram observadas por

    Thomas Bruno Oliveira, que as denominou de inscriesmarginais (OLIVEIRA, 2006, pp, 6-7) (Fig. 4).

    As inscries marginais se apresentam ora picotadas,

    ora polidas e tambm apenas raspadas. Esto incisas em

    pequenos painis no piso lajedo, no interior cncavo de

    alguns caldeires na parede Norte do corredor, nas rochas

    que formam a parede Sul do corredor, em pedras soltas no

    leito do riacho e em afloramentos pouco abaixo do conjunto

    rupestres que formam ilhas no riacho Bacamarte.

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    Fig. 4 Figuras marginais aos painis principais existentes naItacoatiara do Ing (nos tanques), Ing, Paraba, Brasil.

    Crdito da imagem: Coleo particular de Juvandi de Souza Santos

    No se sabe por que estas inscries que circundam o

    conjunto principal do Ing no se harmonizam na tcnica e

    nem na composio plstica, embora devam receber omesmo interesse cientfico e serem avaliadas por exame

    somtico. No entanto, essas observaes, tambm foram

    feitas em outras Itacoatiaras da regio, como a do Amaragi,

    no municpio de Lagoa Seca.

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    Estudos da Tradio Itacoatiara na Paraba: Subtradio Ing?

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    Os estudos de pesquisadores como a arqueloga

    Gabriela Martin, o historiador e arquelogo Juvandi de SouzaSantos, dentre outros, sugerem que a Pedra do Ing est

    filiada a uma cultura grfica bem distinta e que, os

    elementos para classificar esta cultura grfica, devem estar

    distribudos numa rea ecolgica semelhante aquela

    verificada na regio do riacho Bacamarte. Assim, nossopropsito, foi o de estudar uma rea circundante da Pedra

    do Ing, num permetro de 180 km2, em busca de resgatar e

    analisar tais indicativos culturais capazes de definir a

    cultura das Itacoatiaras familiarizadas com a Pedra do Ing,

    proporcionando ou no, nossa equipe, conjecturar aexistncia de uma subtradio de Itacoatiaras na Paraba

    que aqui, de forma ainda embrionria, chamamos de

    Subtradio Ing.

    1.1.2. Localizao da Itacoatiara do Ing e da rea deestudo.

    A partir das coordenadas geogrficas: Latitude Sul:

    071726 e Longitude Oeste: 353631 onde se situa o

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    conjunto rochoso da Pedra do Ing (FARIA, 1987, p. 24), o

    campo de estudos abranger um crculo de 360, tendocomo epicentro o monumento da Pedra do Ing,

    distanciando-se da mesma a 45 km. Totalizando 180 km2de

    rea (Fig. 5). Englobando territrios dos municpios

    paraibanos de: Ing, Mogeiro, Riacho do Bacamarte,

    Itatuba, Fagundes, Queimadas, Caturit, Barra de Santana,Gado Bravo, Umbuzeiro, Natuba, Aroeiras, Salgado de So

    Flix, Itabaiana, Juarez Tvora, Massaranduba, Campina

    Grande, Serra Redonda, Puxinan, Lagoa Seca, Esperana,

    Montadas, Areial, Remgio, Alagoa Nova, So Sebastio de

    Lagoa de Roa, Alagoa Grande, Areia, Serraria, Arara, Piles,Borborema, Pilezinhos, Guarabira, Alagoinha, Araagi,

    Pipirituba, Cuitegi, Mulungu, Cuit de Mamanguape, Mari,

    Sap, Cruz do Esprito Santo, So Miguel de Taipu, Pilar,

    Juripiranga, Pedras de Fogo, Itabaiana, So Jos dos Ramos,

    Riacho do Poo, Gurinhm, Caldas Brando e Sobrado,totalizando cinqenta e trs (53) municpios iniciais.

    Os municpios, segundo classificao do Atlas Escolar

    da Paraba, elaborado pela Fundao Casa de Jos Amrico,

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    Estudos da Tradio Itacoatiara na Paraba: Subtradio Ing?

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    abrangem territrios das Mesorregies Geogrficas da Zona

    da Mata e Agreste da Paraba (RODRIGUES, 2000, p. 13).

    1.2. Justificativa

    Apesar do conjunto rupestre da Pedra do Ing ser umdos mais famosos e pesquisados no pas, at o presente no

    existe um diagnstico oficial definitivo sobre esta cultura. O

    historiador Vanderley de Brito, em longos anos de estudos

    no interior do estado da Paraba, descobriu evidentes

    analogias em diversas gravuras rupestres com a Pedra doIng, demonstrando que esse clebre conjunto rupestre

    um elemento das demais inscries em pedra. Estando,

    portanto, em uma mesma filiao cultural.

    Entretanto, tambm observou-se que as Itacoatiaras

    apresentam brandas modificaes grficas, tcnicas e

    seletivas de acordo com as unidades ecolgicas, e essas

    adaptaes podem indicar que esto relacionadas com

    padres de subsistncia. Portanto, um estudo da distribuio

    de diferentes tipos de stios, conforme zonas geogrficas,

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    podem constituir uma preciosa pista que deve ser

    examinada com muita cautela para uma classificao dasItacoatiaras e, possivelmente, fornecer preciosas

    informaes acerca do (s) grupo (s) executor (es) da (s)

    mesma (s).

    Consideramos a Pedra do Ing dentro de uma

    modalidade tcnica que obedece a uma seleo criteriosa, de

    escolha de suporte rochoso e meio ecolgico para as

    gravuras filiadas ao mesmo universo cultural da Pedra do

    Ing. Para a Arqueologia estes grupos pr-histricos que

    gravavam inscries em pedras, usavam recursos tcnicos e

    operativos nas representaes pictricas que podem ser

    interpretados como evoluo grfica ou diferenciaes

    tnicas e cronolgicas. Na Paraba e, em outros Estados do

    Brasil, segundo Martin (2005), apresentam-se de forma

    geral, trs modalidades de variaes tcnicas para gravar

    suportes rochosos, para as quais definiu os termos

    denominativos de: meia-cana (baixo-relevo), picoteamento e

    raspagem, que, via de regra, contempla regies geogrficas e

    ecolgicas especficas.

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    A Pedra do Ing se enquadra no estilo Meia-cana (baixo

    relevo): esta tcnica de gravura est muito bemrepresentada nos painis verticais, superior e inferior da

    Pedra do Ing. So sulcos profundos, atingindo at 8 mm, e

    largos: h registros de outras Itacoatiaras na regio onde

    desenvolvemos nossas pesquisas com sulcos semelhantes e

    apresentam essa mesma profundidade, entre 8 e 5 mm. Ointerior cncavo muito bem polido e boleado. Geralmente,

    as superfcies utilizadas para esta tcnica, so previamente

    polidas por meios naturais ou antrpicos.

    Este tipo tcnico apresenta-se na Paraba,

    oportunamente, em regies amenas como o Brejo e o

    Agreste Oriental e esto presentes s margens e leitos de

    rios e riachos, geralmente, onde estes formam poos,

    caldeires e corredeiras. Outra peculiaridade deste tipo de

    stio apresentar inmeros outros painis e sinais sob

    tcnica tosca, distribudos nas adjacncias de um conjunto

    principal admirvel e profuso. A pesquisadora Alice Aguiar

    tambm observou no stio Boi Branco, em Pernambuco, esta

    peculiaridade. Santos (2007) observou tais tcnicas em

    Itacoatiaras de vrios pontos da Paraba.

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    Conjuntos de depresses perfeitamente capsulares e

    smbolos complexos so a principal temtica deste modelogrfico. Registram-se sempre, lajes soltas coberta de sulcos

    desordenados. Essas caractersticas foram intensamente

    observadas nas itacoatiaras por ns trabalhadas com o

    objetivo principal de traarmos o perfil estilstico da

    tradio na Paraba e sugerir, a partir da, a existncia deuma subtradio.

    A arqueloga Gabriela Martin, da Universidade

    Federal de Pernambuco (UFPE), tambm defende a

    perspectiva de que a Pedra do Ing possa se constituir em

    algo nico e que, um levantamento dos stios pr-histricos

    de Itacoatiaras da Paraba, circunvizinhas da Pedra do Ing,

    deva ocorrer para que se possa falar de uma Subtradio

    Ing de gravuras rupestres, cujas caractersticas, a priori,

    seriam o posicionamento ao longo de cursos dgua, a forma

    curva e complexa dos grafismos, pontos ou pequenas formas

    circulares gravadas ordenadamente e, que, do a impresso

    de linhas de contagens, denso preenchimento dos painis,

    alm da tcnica de raspado e polido contnuo na elaborao

    dos grafismos (MARTIN, 2005, p. 298).

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    Em virtude destes apontamentos, nossa pretenso

    tem sido a de um estudo num raio circular de 45 km, tendocomo epicentro a Itacoatiara do Ing, para o estudo da

    cultura pr-histrica de gravuras rupestres no estilo

    (Subtradio) Meia-cana.

    Fig. 5 rea onde est sendo desenvolvido, inicialmente, o projeto de

    pesquisa.

    Fonte:Mapa da Paraba Wikipdia (2014).

    O nosso principal objetivo ao realizarmos tal estudo,

    consiste na realizao de prospeces, salvamentos,

    escavaes, Educao Patrimonial e medidas de conteno

    de destruio deste legado cultura compreendido na rea de

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    estudo, bem como a busca por explicaes que comprovem a

    existncia ou no, de uma subtradio de Itacoatiaradenominada por ns, de subtradio Ing de gravuras

    rupestres, na Paraba, alm de geo-referenciarmos os stios

    encontrados e, se possvel, traarmos o modus vivendi da

    cultura humana das itacoatiaras.

    1.3. Aporte terico

    1.3.1. Breve introduo sobre o assunto

    A arte rupestre uma forma de comunicao atravsde convenes, ou seja, um tipo de linguagem simblica

    organizada; uma maneira de se relacionar com as pessoas

    atravs do tempo. As representaes rupestres, refletem

    aspectos simblicos das sociedades humanas que as

    produziram. Entretanto, os significados reais das figuras,produzidas em outros perodos, acabam perdendo-se no

    tempo.

    Vialou (2000, p. 351) destaca que a arte rupestre

    uma marca muito importante da originalidade simblica que

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    se reflete e se define na extenso territorial em que ocorre.

    Assim, as pinturas e gravuras, espelham a identidadecultural da sociedade que as fez, tratando-se de uma

    expresso da conscincia simblica coletiva.

    Na arte rupestre manifestam-se duas relaes

    fundamentais entre os grupos humanos: a de um indivduo

    (um intrprete do tempo e da cultura a que pertenceu) para

    os outros membros da sociedade, e a de criar a prpria vida,

    atravs de representaes relacionadas ao sexo (imagens

    humanas e de animais) e ao crebro (concepo espacial

    simblica e abstrao pura). Esses sistemas de

    representao permitem estabelecer dentro das sociedades

    humanas uma relao de significados.

    Vialou (2000, p. 381) observa que as representaes

    rupestres, por serem imveis e visveis, so fontes notveis

    de simbolizao, pois, so testemunhos da escolha

    relacionada s atividades individuais e/ ou coletivas,

    distintas ou independentes, do cotidiano das populaes que

    produziram essas representaes.

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    A construo de smbolos grficos ocorre atravs da

    elaborao de sistemas de significados, em uma dimensopsicanaltica. A representao no s um ato grfico, pois

    cria uma relao nova, carregada de significados. Afinal,

    como Vialou (2000, p. 381) ressalta, a escolha temtica

    emana como manifestao da estruturao fsica e social

    daqueles que as fizeram, e naqueles grupos e indivduos quereconhecem uma histria comum, resultante de uma

    vivncia presente ou passada.

    As representaes podem ser figurativas ou

    geomtricas abstratas (sinais), e as trs grandes categorias

    de representao da arte rupestre so as figuras humanas,

    as de animais e os sinais. Os sinais, so representaes

    geomtricas, no importando o significado. Existem sinais

    elementares, como os pontos, traos, barras, e os sinais

    elaborados, feitos a partir da reunio de um conjunto de

    sinais simples. Os sinais elaborados repetem-se e podem

    ajudar a definir culturas e territrios, juntamente com a

    cronologia. Os motivos so representaes nicas,

    emblemticas, que no se repetem, e assim, podem definir

    um stio.

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    A arte rupestre possibilitou tanto a marcao das

    relaes objetivas entre homens e mulheres, quanto dasrelaes expressivas entre homens e animais. Existe uma

    universalidade do comportamento simblico na arte pr-

    histrica, apesar da diversidade cultural dos grupos

    humanos ser infinita. O aspecto universal decorre que a

    espcie humana possui uma mesma organizao cerebral, eisso, acaba levando a convergncias. Afinal, o crebro tem

    possibilidades limitadas de criar figuras.

    Atravs dos estudos destes registros deixados pelas

    sociedades pr-histricas, possvel analisar vrios fatores

    que elucidam como estes homens viviam. Amostras

    retiradas das pinturas e anlise em laboratrio juntamente

    com reas afins da Arqueologia, como a Arqueologia

    Experimental, procuram desvendar quais misturas eram

    utilizadas para formar os pigmentos utilizados no feitio dos

    registros, e, com estas mesmas amostras podem ser

    estimadas as dataes aproximadas da sua existncia nas

    rochas, com o uso do carbono 14 e outros mtodos de

    dataes radiomtricas (BASTOS, 2010).

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    Outras pesquisas transcorrem na busca de uma

    organizao destas fontes nicas, e procura-se por meiodestas, identificar, mapear e documentar o universo de

    representao simblica e esttica do homem pr-histrico.

    Segundo Andr Prous (1992, p. 509) e Beltro (1978,

    p. 335), os stios arqueolgicos encontrados no Brasil e que

    possuem gravuras e pinturas, no so descobertas de

    merecimento apenas do sculo XX:

    As figuraes rupestres so mencionadasdesde o sculo XVI: o governador da Paraba,Feliciano de Carvalho, encontrou em 1598 norio Araa gravuras rupestres cuja localizaoexata foi verificada recentemente. [...] na

    mesma poca bandeiras paulistasencontravam a pedra dos Martirios em Gois.Poucos anos depois o Capuchino Francs YvesdEvreux reproduz o discurso de um pajindgena que provavelmente faz referncia agravuras do Maranho. Alguns painis foramreproduzidos por naturalistas do incio dosculo XIX (PROUS, 1992, p. 509).

    No Brasil, obtm-se as primeiras informaes sobre

    os registros rupestres nos relatos de Andr Thevet, um

    francs da Ordem dos Franciscanos que, a convite de Nicolas

    Durand, tambm um francs e que possua interesse em ter

    uma colnia no Brasil, o acompanhou nessa expedio como

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    seu relator. Em um texto elaborado por Maria da Conceio

    de M. C. Beltro, consta um trecho do relato de Thevetquando chegou a Cabo Frio com os demais comendadores

    franceses interessados em situar uma colnia:

    (...) o morubixaba, que assim tratou a todos,conduziu os franceses at uma grande ecomprida pedra, de cerca de cinco ps, na qualse viam sinais feitos por golpes de vergasta,ou bastonetes, ao lado da impresso de doisps. Afirmam os silvcolas que esses sinaisforam feitos pelo maior de seus carabas, toreverenciado entre os ndios quanto o Maom entre os turcos - o qual lhes ensinou ouso do fogo e o do plantio das razes. Atento alimentavam-se os selvagensexclusivamente de ervas e caas. os silvcolas

    guardavam esta pedra como um grande eprecioso tesouro (BELTRO, 1978, p. 351).

    O acesso ao patrimnio cultural, atravs dos estudos

    e pesquisas documentais, procura incansavelmente

    responder aos questionamentos humanos sobre o passado,

    visando principalmente, o conhecimento sobre nossasorigens. Os sinais que nos ficam de herana de um tempo em

    que no vivenciamos, permitem o entendimento de ns

    mesmos e de quais sociedades precedemos.

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    O conjunto de escrituras rupestres da Pedra do Ing

    um dos mais famosos e tambm um dos mais pesquisadosdo Brasil, mas, at o momento, no existe nenhum

    diagnstico definitivo sobre essa cultura. Contudo, os

    estudos do historiador Vanderley de Brito (2013) aponta

    evidentes analogias em diversas gravuras rupestres com a

    Pedra do Ing, demonstrando que esse celebre conjuntorupestre um elemento das demais inscries em pedra

    estando em uma mesma filiao cultural. Entretanto,

    tambm se observou que as Itacoatiaras apresentam

    brandas modificaes grficas, tcnicas e seletivas de acordo

    com as unidades ecolgicas, e essas adaptaes podemindicar que esto relacionadas com padres de subsistncia.

    Portanto, um estudo da distribuio de diferentes tipos de

    stios conforme as zonas geogrficas podem constituir uma

    preciosa pista que deve ser examinada com muita cautela

    para uma classificao das Itacoatiaras e, possivelmente,fornecer preciosas informaes acerca dos grupos

    executores das mesmas.

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    A arqueloga Gabriela Martin (1975) que tambm

    defende a perspectiva que a Pedra do Ing possa seconstituir em algo nico e que um levantamento dos stios

    pr-histricos de Itacoatiaras da Paraba, circunvizinhas da

    Pedra do Ing, deva ocorrer para que se possa falar de uma

    Subtradio Ing de gravuras rupestres.

    Esses apontamentos foram de extrema importncia

    para elaborao e desenvolvimento do nosso projeto. Com

    isso, o nosso propsito foi o de d continuidade aos estudos

    j iniciados no ano de 2010 que, sem dvida, contriburam

    profundamente para nossas observaes conclusivas. Essas

    pesquisas anteriores, at o momento, j fizeram o

    levantamento e a catalogao de alguns stios arqueolgicos

    da tradio Itacoatiara num raio de 45 km, tendo como

    ponto central a Itacoatiara do Ing para o estudo da cultura

    pr-histrica de gravuras rupestres no estilo (Subtradio)

    Meia Cana. Contudo, importante frisar que nossas

    pesquisas no se limitam apenas ao levantamento e a

    catalogao dos stios arqueolgicos de gravuras rupestres,

    mas a todos os testemunhos arqueolgicos, existentes na

    rea de atuao determinada em nossas pesquisas e,

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    especialmente, a atividade de Educao Patrimonial, como

    forma de salvaguardar esse patrimnio para as geraesfuturas.

    Porm, para termos um melhor desempenho em

    nossas pesquisas preciso ter uma base terica bastante

    abrangente e diversificada a respeito do assunto que

    permeia a pesquisa, principalmente quando se envereda por

    estudos to complexos como os de fronteiras estilsticas e

    culturais (MARTIN, 2003). Com isso, nos primeiros meses de

    trabalho nos deleitando sobre uma vasta bibliografia que

    nos deu uma base segura para o desenvolvimento do

    mesmo. Essas leituras foram de extrema importncia para

    podermos entender como esses povos primitivos viviam e,

    alm de tudo, para conhecermos a importncia das

    inscries rupestres Itacoatiaras. Para entendermos essa

    importncia foi de extrema necessidade a leitura do artigo

    intitulado As Itacoatiaras e os megalitos do pesquisador

    Luiz Candido,Pr-Histria II: Estudos para a Arqueologia da

    Paraba. O mesmo, faz uma comparao dos maiores

    monumentos arqueolgico da Europa com os monumentos

    encontrados aqui na Paraba, chegando a se surpreender

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    com tamanha beleza e importncia dos mesmos, destacando

    no seu texto o seguinte comentrio:A grande surpresa, entretanto nos aguardavana Paraba. Para l nos dirigimos por duasocorrncias que at hoje, se contam entre osrefernciais mais singulares da Arte Rupestredo Pas. A Pedra do Retumba (GALDINO, 2006,p. 33).

    Depois de ter feito um breve histrico sobre o

    monumento e sua importncia o autor nos surpreende com

    um segundo comentrio:

    O segundo corresponde naturalmente aItacoatiara do Ing. O monumento havia se

    tornado onipresente para mim no apenaspela sua representatividade, mas tambm emface da diuturna ateno que dedicava oamigo Jos Anthero Pereira Jnior, professorda cadeira de Etnografia e Lngua Tupi-Guarani, na Universidade de So Paulo egrande divulgador do Monumento fora daParaba. (GALDINO, 2006, p. 37).

    Destaco essas duas falas do pesquisador, pois nelas,

    vemos a tamanha importncia e dedicao da comunidade

    acadmica por essas escrituras que ainda um enigma e que

    tem muito para ser estudado.

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    Outro artigo que faz parte do mesmo livro o do

    historiador e pesquisador fundador da SPA (SociedadeParaibana de Arqueologia) Thomas Bruno Oliveira,

    intitulado: Inscries Marginais: O caso da Pedra do Ing.

    Considero este artigo de extrema importncia, pois o mesmo

    se dedica no s ao painel central da Pedra do Ing, mas os

    painis do entorno da mesma, colaborando, assim, para quepesquisadores iniciantes consigam ter um vasto

    conhecimento de como essas inscries rupestres possam se

    revelar em outros lugares. O autor destaca que, essas

    inscries, que chama de inscries marginais, so

    desprezadas nos estudos relacionados Pedra do Ing porno serem bem acabadas e to profundas quanto a do painel

    principal.

    Segundo o mesmo, esta segregao para esse tipo de

    inscries rupestre h muito tempo vem sendo aplicada.

    Afirmar que:

    Est metodologia de segregao parainscries rupestres desde a muito vem sendoaplicada que visa estudar o universo grficode sociedades pr-histricas. Talvez porcomodidade ou dificuldade de encaix-las emmodelos de estudo. Essa tentativa de omisso,

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    a nosso ver, tende a limitar a j delicadacompreenso contextual da pr-histria

    (OLIVEIRA, 2006, p. 116).

    A citao mostra a importncia dessas escrituras para

    o desenvolvimento e o entendimento contextual da Pr-

    Histria. O autor ainda enfatiza que:

    A compreenso do cotidiano de sociedadesmortas se d com criteriosos processos deanlise contextual de todos os vestgios quede forma direta ou indiretamenteapresentam-se nos stios arqueolgicos(OLIVEIRA, 2006, p. 117).

    Com essas citaes podemos perceber que, paraconseguirmos obter resultados em nossas pesquisas,

    preciso que no desprezemos nenhum vestgio arqueolgico,

    pois todos tm algo a dizer e ser de fundamental

    importncia para compreenso dessas inscries que por

    muito tempo ainda, sero um enigma para comunidadecientfica.

    Diante de um trabalho de pesquisa to minucioso

    quanto esse, no poderamos deixar de ter como referncia

    duas obras que acreditamos ser de extrema importncia

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    para o desenvolvimento das pesquisas, entre elas podemos

    comear falando da clebre obra: Pr-Histria do Nordestedo Brasil, da Professora Gabriela Martin. Se pensarmos em

    fazermos uma definio do Nordeste, mais do que definir

    limites geogrficos. Essa definio cria na verdade,

    subentendidos aspectos scio/histrico e porque no dizer,

    polticos ou de convivncia social. Se partirmos da questode que toda sociedade humanitria tem a sua gnese

    existencial e que existe uma relao de interao entre os

    espaos naturais e os indivduos que os ocupam de

    extrema importncia que, para entendermos esses aspectos

    ou essas relaes entre espao natural e indivduos,conhecermos a Pr-Histria da nossa regio. Contudo, no

    poderamos deixar de expressar que a obra Pr-histria do

    Nordeste do Brasil, da Professora Gabriela Martin

    essencial para podermos entender todas essa questes

    expressas at agora neste texto e para termos umacompreenso do que foi a nossa Pr-Histria.

    Outro trabalho de extrema importncia a obra:

    Manual do Arquelogo (2010) do Professor Juvandi Santos

    como o prprio ttulo diz, um guia prtico para estudantes

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    aprendizes de Arqueologia; a mesma se dedica a explorar

    minuciosamente as etapas do conhecimento arqueolgico esuas prticas. Na obra o autor comea fazendo uma pequena

    introduo sobre o estudo da Arqueologia e o seu

    desenvolvimento desde quando a mesma era vista como

    uma mera disciplina auxiliar da Histria fornecedora de

    dados, o conceito ou o pensamento atual da Arqueologiacomo cincia independente intimamente relacionada com a

    Histria. No decorrer da obra, o autor trabalha tambm o

    desenvolvimento da Arqueologia, cultura material,

    abordando seus conceitos e explicaes, discutindo,

    inclusive, a palavra cultura, alm de outras temticas comoArqueologia e as Cincias Sociais, as pesquisas arqueolgicas

    e porque escavar o stio, passando por todas as etapas do

    processo de escavao e tratamento dos materiais

    arqueolgicos.

    Para finalizar, no podemos esquecer da questo

    esttica que a arte rupestre nos proporciona.

    Aproximadamente 40 000 anos a.C foram feitas as primeiras

    manifestaes artsticas: desenhos, pinturas e esculturas

    desse mundo, desenvolvendo-se, assim, as primeiras obras

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    de arte conhecidas da Histria da Arte (HACHETTE, 1930).

    Nas cavernas que o homem ento habitava, foramencontradas numerosas manifestaes artsticas, sendo os

    mais belos testemunhos daquele passado remoto as pinturas

    rupestres do perodo glacial. Ainda hoje muitas delas nos

    surpreendem com o seu brilho e o seu vigor nos paredes de

    rochas, como as existentes em Lascoux II, na Dordonha,Frana (Fig. 6).

    Fig. 6 Figuras rupestres da gruta de Lascoux II, Dordonha, Frana.

    Crdito da imagem:Coleo particular de Juvandi de Souza Santos.

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    Mesmo nos mais remotos estgios de seu

    desenvolvimento cultural como caador/coletor nmade, ohomem fez considerveis progressos no plano mental e

    muitas das bases que repousa civilizao atual devido as

    suas realizaes artstico-culturais da Pr-Histria.

    1.3.2. Tradies, estilos e subtradies rupestres:

    conceitos bsicos

    A comparao estilstica e temtica, possibilita-nos

    fixar a cronologia dos vrios estgios de difuso da arterupestre, pois segundo Gabriela Martin:

    Para Pessis e Guidon (1992), o estilo umaclasse mais particular decorrente da evoluode uma sub-tradio segundo as variaes datemtica que refletem as manifestaes

    criativa de cada comunidade (MARTIN, 2005,p. 242).

    Contudo, a citao nos deixa a entender que o estilo

    resulta do conjunto de qualidades de cada evoluo artstica.

    Sendo assim, o estilo qualifica determinada poca.

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    Entretanto, para entendemos melhor esse processo

    evolutivo de difuso da arte rupestre faremos um breveresumo desse perodo. Entre 9.000 e 8.000 a.C., termina a

    ltima Era Glacial. A mudana de clima alterou radicalmente

    as condies de vida humana. O calor, cada vez mais forte,

    fez desaparecer as plancies ridas e as geladas, onde viviam

    os rebanhos e as florestas comearam a recobri-las. Oscaadores quase reduzidos de novo a coletores de alimentos,

    j estavam aptos para aprender a cultivar vegetais, processo

    que teve incio no Oriente Mdio onde a grande presena de

    vegetais tornava a regio favorvel descoberta da

    agricultura. A passagem para a produo de alimentos e aagricultura na Europa, por volta do ano 2.000 a.C., e

    perceber a influncia das culturas desenvolvidas no Oriente

    Mdio em quase toda parte do globo. Da em diante, torna-se

    necessrio considerar as culturas primitivas a luz de suas

    relaes com as culturas amadurecidas.

    Cerca de 6.000 a.C., um novo estilo de arte rupestre

    surgiu nas proximidades no Mediterrneo Ocidental, como

    resultado dos contatos dos caadores nmades com as

    culturas avanadas do Oriente Mdio. Ao velho repertrio de

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    figuras animais vieram juntar-se figuras humanas derivadas

    das culturas contemporneas que devam sua especialelegncia quanto ao movimento aos prprios caadores.

    Contudo, essas mudanas foram de fundamental

    importncia para o desenvolvimento artstico do perodo

    pr- histrico.

    A primeira dificuldade em desenvolver ou abordar as

    questes estticas na Pr-Histria brasileira, se encontra no

    tema propriamente dito, pois dentro desta perspectiva

    preciso evitar noes que se associam ao fenmeno artstico

    contemporneo em que a produo intencional, a circulao

    e o consumo de certos bens obedecem, podendo assim,

    classific-las como objetos artsticos, artistas ou

    colecionador de arte. Para Meneses:

    Ao se referir arte e atividade artstica

    das culturas que, das origens at o contatoregular com os europeus, no sculo XVI,habitaram o territrio hoje correspondente aoda Repblica Federativa do Brasil, comum aliteratura arqueolgica mencionar trscategoria privilegiada: as pinturas rupestres,os adornos e as formas e motivos decorativosde diversos tipos de artefatos (MENESES,1983, p. 190).

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    Com isso, podemos entender que os relatos pr-

    histricos brasileiros se limitam basicamente nessas trscategorias j que pelo fato de grande parte do pas, por sua

    situao tropical, est sob o domnio de clima mido e

    quente, torna muito difcil a preservao de material

    orgnico: fibras, madeiras e pele. Dessa forma, o que

    constitui o ncleo de nossa documentao arqueolgica, soobjetos de pedra e barro e em menor quantidade de ossos

    (dentes) e conchas, alm, claro, dos testemunhos rupestres.

    Podemos dizer que no h regio do territrio

    brasileiro que no apresente em abundncia manifestaes

    rupestres ou, podemos dizer, manifestaes artsticas do

    perodo pr-histrico brasileiro, com exceo do Litoral. As

    pinturas so mais frequentes do que as gravuras e ambas as

    categorias podem encontrar-se associadas. As tentativas

    para se mostrar maior antiguidade para uma ou outra

    tcnica no so convincentes. As pinturas so obtidas com

    pigmentos, na sua maioria de origem mineral (xido de

    ferro, para o vermelho, a cor mais difundida),

    secundariamente vegetal (urucum, genipapo e carvo). A

    execuo se fazia com pincel de fibras ou dedo. As gravuras

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    so produzidas por picoteamento ou frico e,

    obrigatoriamente, sendo um processo mais demorado eexaustivo.

    A resultante da arte pr-histrica hoje analisada a luz

    da Arqueologia, resultou na criao dos conceitos bsicos

    para definir o nosso objeto de estudo. Assim, buscamos as

    seguintes definies:

    A. O que uma tradio rupestre? caracterizada por

    apresentar os horizontes culturais de um dado grupo

    humano, ou seja, determinados traos capazes de

    identificar aquele grupo tnico (SANTOS, 2007). ParaGabriela Martin (2005, p. 290) o termo tradio rupestre

    significa um complexo scio-cultural em que

    determinados grupos tnicos se desenvolveram.

    B. O que uma subtradio rupestre? De acordo com

    Gabriela Martin (2003, p. 4), uma subtradio de arte

    rupestre pode ser caracterizada ... como o grupo

    desvinculado de uma tradio e estabelecida noutra rea

    geogrfica em condies ecolgicas diferentes que

    implica a presena de elementos grficos novos....

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    Dessa forma, os stios arqueolgicos de arte rupestre, da

    tradio Itacoatiara, na Paraba, apresentam-se, desde osistema ecolgico onde esto inseridos, as suas

    caractersticas tipolgicas, diferenas estilsticas que nos

    norteia a afirmarmos a existncia de uma subtradio de

    itacoatiaras na Paraba, a partir da Itacoatiara do Ing,

    cone da arte rupestre no Brasil.

    C. O que um estilo de arte rupestre (registro

    rupestre)? a maneira particular de cada stio ou de

    um conjunto de stios arqueolgicos de um nicho

    ecolgico. Aqui no definimos ainda, se existe a partir da

    Itacoatiara do Ing um estilo prprio que foi utilizado

    para a confeco das gravuras rupestres daquele e dos

    outros stios que pesquisamos. Com novas pesquisas

    que, possivelmente, seremos ou no capazes de

    afirmarmos a existncia de um estilo de gravuras

    rupestre para a regio, j que o estilo o maior

    detalhadamento possvel do conjunto de stios. So as

    mincias dos stios.

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    1.3.3. Stios Rupestres

    Os stios rupestres sejam eles de pinturas, gravuras

    ou associados (pintura+gravura), usados para se traar um

    perfil de um grupo ou como referencial para busca de novas

    tradies, subtradies e estilos, devem apresentar

    caractersticas particulares, como exposto a seguir.

    Justamente o que realizamos inicialmente em algumas

    regies da Paraba distante 45 Km do stio referncia (base)

    de nossas pesquisas, no caso, a Itacoatiara do Ing. Assim, o

    conceito da Associao Brasileira de Arte Rupestre (ABAR)

    sobre a questo em tela contundente e se encaixa no que

    ora discutimos e trabalhamos:

    Um stio de referncia deve ser o ponto departida; os registros rupestres de outros stiosda rea geogrfica de influncia sero acontinuao lgica da pesquisa e o estudo docontexto arqueolgico significar o

    conhecimento do entorno fsico e social emque viveram os grupos humanos quehabitaram a rea. Assim, no se discrimina aarte parietal do seu contexto que deve serestudada arqueologicamente como mais umamanifestao da atividade humana (ABAR,2014, p. 2).

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    A Arqueologia nos seus passos iniciais trabalhava em

    grande medida a ideia de apenas descrever o que eraencontrado nos locais prospectados, sem, no entanto,

    procurar explicar ou ao menos buscar algum tipo de

    explicao, cabendo ento ao historiador a tarefa de

    formular teorias explicativas, a partir dos dados coletados

    pelo arquelogo.

    Seguindo a lgica de todos os processos e coisas, a

    Arqueologia tambm evoluiu passando de um modelo

    descritivo, para um explicativo diacrnico, buscando sempre

    chegar a capacidade de realizar snteses da Arqueologia de

    determinada regio (com o objetivo de explicar a Histria

    Antiga) (ZAMARA, apud SANTOS, 2010).

    A Arqueologia vale-se essencialmente dos vestgios

    deixados por povos pretritos sob as mais diversas formas,

    onde a partir da anlise detalhada do material encontrado

    pode-se formular determinada forma de entender e

    conceber o passado. Entretanto, os vestgios arqueolgicos

    no falam por si s, necessitam de questionamentos, de

    serem colocados a prova (SANTOS 2010, p. 17).

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    Os meios para que se possa pensar a vida de povos

    distantes a muito da nossa sociedade so essencialmente acultura material: cermica, artefatos, utenslios, fogueiras,

    urnas funerrias, ossos etc. H tambm, dentro dessa

    perspectiva as pinturas e gravuras, testemunhos incontestes

    da presena de povos passados.

    Para que se possa entender de forma simples o que

    um stio rupestre, seja ele de pintura ou de gravura, ou por

    vezes as duas formas, faz-se necessrio entender as

    diferenas entre eles:

    A. Stio pintura (Pictglifo)

    Nesses locais, geralmente cavidades naturais,

    mataces etc., encontra-se dispostos em painis de

    tamanhos variados, pinturas que mostram diferentes

    aspectos do povo que os fez. As cores so simples, e a

    diversidade delas relativamente pequena (vermelho,branco, cinza, marrom, amarelo), onde geralmente

    predomina o vermelho. As figuras retratadas diferem quanto

    forma. Em geral aparecem figuras Antropomorfas,

    Zoomorfas e uma infinidade de pinturas indecifrveis, leia-

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    se: no apresentam semelhana, ou fazem referncia a nada

    que possamos fazer alguma relao.Essa diversidade de temas, recorrentes, isolados,

    levou os arquelogos a dividirem-na em tradies, como a

    Nordeste e a Agreste, que por sua vez podem ser

    subdivididas em subtradies, dependendo da semelhana

    que guardem entre si, como j visto anteriormente.

    B. Stio gravura (Pectrglifo)

    De maneira geral, podemos definir um stio

    arqueolgico como sendo de gravura, que este, aocontrrio de um stio com pinturas, no foi feito utilizando

    pigmento algum.

    Stio gravura um local onde podemos ver traos da

    passagem do homem primitivo atravs das marcas que

    deixaram nas pedras. Essas marcas diferem quanto forma

    como foram feitos, como tambm pelo material e tcnica

    utilizada.

    As formas conhecidas de gravuras em pedra so:

    meia-cana (baixo relevo), picoteamento, raspagem, alto

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    relevo, pedra de sino e as pseudo-inscries. Quanto

    tcnica utilizada poderia ser o corte, a raspagem ou osimples picoteamento da pedra, as gravuras variam entre

    polidas e no polidas. Os instrumentos utilizados para a

    confeco dos desenhos so distintos e relacionam-se com o

    tipo de pedra trabalhada e a disponibilidade material no

    local, em geral, era feita com o auxlio de outra pedraarredondada ou pontiaguda, minrios de ferro, ossos etc.,

    mas, sempre obedecendo um modelo operatrio em que a

    pedra mais dura sempre riscar a mais mole, portanto, mais

    fcil de ser moldada.

    Um bom exemplo de gravuras so as Itacoatiaras. Esse

    tipo de stio arqueolgico tem como caracterstica marcante

    o fato de ser encontrado no leito dos rios, em caldeires,

    lagoas etc., em diversos Estados do Brasil e em todo o

    planeta. O mais famoso conjunto de inscries rupestres do

    tipo Itacoatiara do Brasil, sem dvida, o da Pedra do Ing,

    exuberante bloco trabalhado por povos pretritos, que ainda

    hoje constitui uma verdadeira pedra no sapato dos

    arquelogos devido a sua complexidade e da falta de

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    conhecimento por parte de alguns que lhe atribuem autoria

    extraterrestre (BRITO, 1993).

    1.3.4. Arqueologia na Paraba

    O estado da Paraba um dos nove Estados quecompem a regio do Nordeste brasileiro. A Paraba situa-se

    entre os paralelos de 6 e 8 graus de Latitude Sul, e entre os

    meridianos de 34 e 38 graus de Longitude Oeste, sendo

    dessa forma includo completamente na chamada Zona

    Tropical.

    Esse Estado particularmente rico quando a questo

    Arqueologia. As referncias a monumentos arqueolgicos

    no territrio que hoje conhecemos por Paraba remontam a

    um passado muito distante.

    Um bom exemplo dessas referncias acerca da

    existncia de stios arqueolgicos so os que foram feitos

    por Carlos Frederico Hartt e por John C. Branner, onde j

    chamam ateno para as gravuras prximas dos rios

    (Itacoatiaras). O Instituto Arqueolgico, Histrico e

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    Geogrfico de Pernambuco (IAHGP) tambm j fazia

    referncias sobre a Arqueologia Paraibana no sculo XIX. Aopasso que haviam as citaes, haviam, tambm, as teorias

    acerca da autoria das inscries: semitas, mongis,

    ignorantes, pseudocientistas, que so atribudos Alfredo de

    Carvalho e Angyone Costa.

    Essa tendncia de teorizar de forma grotesca sobre

    as inscries rupestres recorrente na Paraba, basta

    pensarmos as Itacoatiaras do Ing, alvo de especulaes

    tanto de populares quanto de pesquisadores que atribuem

    as inscries a seres extraterrestres, sumerianos, gregos e

    assim por diante. Outro monumento que tem referncias

    ligadas a atividades extraterrestres a Muralha do Meio do

    Mundo, situada do Cariri Paraibano, a muralha como

    conhecida pelos populares, vista tambm por uflogos

    como testemunho da presena extraterrestre (BRITO, 1993)

    (Fig. 7).

    As referncias no entanto, vo muito mais longe. Na

    poca da colonizao holandesa no que hoje o Nordeste

    brasileiro, j havia citaes acerca de inscries

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    indecifrveis, ou como entendia o Padre Francisco

    Menezes nas suas andanas entre 1799 e 1806, testemunhodos tesouros deixados pelos mesmos holandeses no

    territrio da Paraba.

    Fig. 7 Muralha do Meio do Mundo, expoente megaltico natural naregio caririzeira da Paraba.

    Fonte: Muralha do Meio do Mundo (2014).

    Estudos e estudiosos exploraram e ainda continuam

    explorando, pesquisando, duvidando, preservando a

    Arqueologia Paraibana. Temos desde aqueles que

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    menosprezavam a capacidade intelectual dos nativos

    (indgenas) paraibanos, chegando a imbeciliz-los einfantiliz-los, a exemplo do j citado Angyone Costa (1943)

    e pessoas como Coriolano de Medeiros (1950), Anthero

    Pereira Junior e Clvis Lima, viam as inscries como coisa

    de gente grande, trabalho dispendioso demais para ser

    relegado a simples brincadeira de criana. Sendo assim,esses estudos e teses foram levantados ainda nas dcadas de

    50 e 60 do sculo XX.

    Trazendo mais para a atualidade temos como

    expoentes na pesquisa arqueolgica na Paraba nomes como

    o da professora Ruth Trindade de Almeida (1979), que

    atravs da Universidade Federal da Paraba proporcionou

    em sua obra A Arte Rupestre nos Cariris Velhos, uma

    excelente contribuio historiogrfica indispensvel para se

    pensar a questo arqueolgica local. S para citar outros

    autores e pesquisadores temos: Leon Clerot, Balduno Llis,

    Gabriela Martin, Gilvan de Brito, Carlos A. Belarmino Alves,

    Zilma Ferreira Pinto etc..

    Por fim, temos o grupo encabeado pelos professores

    Juvandi de Souza Santos, Dennis Mota Oliveira, Juliana Carla

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    etc., que acompanhados de Thomas Bruno de Oliveira da

    Sociedade Paraibana de Arqueologia (SPA) e Alysson Alan deFarias, Bilogo, vem desenvolvendo slida pesquisa e

    publicaes de obras que de fundamental importncia para

    o entendimento da dinmica de funcionamento da vida dos

    nativos (indgenas) paraibanos e tambm, no menos

    importante, o desenvolvimento da Historiografia a respeitodo tema ainda pouco explorado.

    As pesquisas desse grupo abrangem um grande

    nmero de stios e tradies arqueolgicas, sendo que o

    principal foco das pesquisas tem sido a Pedra do Ing e as

    inscries dos municpios fronteirios a ela e tambm as

    inscries localizadas no chamado Cariri Velho Paraibano.

    1.3.5. A Arqueologia no Brasil hoje

    O Brasil um pas imenso, de proporo continental,

    desse imenso territrio desde a Amaznia s Zonas

    Costeiras, passando pelo centro do Pas h uma infinidade de

    stios arqueolgicos que nem de longe puderam ser

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    estudados em sua totalidade, em parte pela dificuldade

    imposta pela prpria localizao dos stios, no leito dos rios,dentro das florestas, perdidos dentro das caatingas e,

    aliado a isso, tem o fator antrpico agindo na contramo,

    destruindo, danificando, prejudicando as pesquisas,

    delegando pouca importncia a um assunto de extrema

    importncia para o entendimento do nosso passado pr-colonial e tambm ps-colonial.

    A Arqueologia Brasileira dos dias atuais, vem

    expandindo seus campos de atuao, claro que o passado

    pr-colonial ainda gera mais interesse por parte da maioria

    dos pesquisadores, os stios rupestres, os sambaquis, os

    cemitrios indgenas, at pela urgncia de serem estudados,

    pois, como j foi dito, alvo da ao predatria de pessoas

    que no conhecem e no lhe do o verdadeiro valor. Por

    outro lado, novas formas, novos campos da Arqueologia tem

    atrado muitos pesquisadores, s para citar alguns

    exemplos: igrejas do perodo colonial, antigas misses,

    cidades e mesmo casas do perodo colonial e do Imprio.

    constituem campo para pesquisas com s mais diversas

    finalidades (SANTOS, 2014).

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    H tambm novssimos campos de atuao da

    Arqueologia Brasileira que vem sendo preenchida pormuitos pesquisadores: a Arqueologia Subaqutica uma

    delas. Esse ramo da Arqueologia preocupa-se em estudar

    desde embarcaes naufragadas, recuperando parte da

    Histria do Brasil da poca colonial, como tambm estudam

    os sambaquis, que em consequncia do aumento do nveldas guas ficaram submersos. O trabalho do arquelogo hoje

    em dia, vem se diversificando bastante. Por exemplo, toda

    obra que se pretenda construir no Brasil e que mediante

    laudo tcnico apresente algum risco de impacto ambiental

    e/ou histrico, precisa, de acordo com a resoluo doConselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, Resoluo

    n 001 de 23/01/1986), ter o acompanhamento de

    profissionais especializados, dentre eles o arquelogo: a

    chamada Arqueologia de Salvamento ou de Contrato.

    Podemos mencionar ainda como novo campo daArqueologia no Brasil, a Etnoarqueologia e a Arqueologia

    Militar.

    Apesar de todos os esforos de pesquisadores muitas

    vezes ilustres annimos que destinam boa parte de suas

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    vidas a uma pesquisa, ao salvamento de um monumento, a

    criao de um parque, de uma unidade de conservao, aArqueologia ainda um campo que desperta pouco interesse

    por parte da maioria dos brasileiros, em grande medida pela

    cultura do prprio povo brasileiro de no dar muita

    importncia a questo histrica e por tabela pr-histrica

    e, tambm, pela pouca divulgao dos resultados daspesquisas, visto que no despertam o interesse das grandes

    Editoras por no venderem bem, dessa forma, os estudos

    arqueolgicos e suas empolgantes descobertas ficam muitas

    vezes restritos a um pequeno nmero de pessoas ligadas as

    Academias, intelectuais e pesquisadores estrangeiros.

    No entanto, uma luz vem se colocando na frente de

    nossos ilustres pesquisadores atravs do Governo Federal,

    por meio das Universidades e de entidades como o CNPq,

    Capes, PROPESQ etc., rgos de fomento s atividades de

    pesquisa, no s no campo da Arqueologia. Temos tambm a

    participao/financiamento por parte de empresas privadas

    em algumas pesquisas, talvez em consequncia do mercado

    por empresas com responsabilidade ambiental, e/ou

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    socialmente engajadas com a preservao do patrimnio

    histrico e pr-histrico.O campo arqueolgico brasileiro diversificado,

    amplo e oferece oportunidade a quem se dispor a estud-lo,

    visto que a nossa riqueza a esse respeito muito grande e

    encontra-se ainda relativamente pouco explorada, ao passo

    que urgente o estudo, a conscientizao e principalmente a

    preservao dos achados, pois so eles que no presente ou

    no futuro nos fornecero os meios de entender uma grande

    parte do nosso passado.

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    2. METODOLOGIA TRABALHADA NA PESQUISA

    2.1. ETAPAS DO PROJETO: Identificao e descrio dosstios arqueolgicos da Tradio Itacoatiara

    1 ETAPA:

    Contato com as prefeituras locais para angariar

    informaes acerca da existncia de stios

    arqueolgicos nos respectivos municpios de

    abrangncia do projeto;

    2 ETAPA:

    Sadas a campo. Em posse das informaes obtidos na

    1 etapa, a equipe deslocava-se at as supostas reas

    para realizar as devidas atividades cadastrais dos

    stios, como: medies, plotagem, filmagens, estudo

    do entorno, desenhos, fotografias, e atividades de

    Educao Patrimonial;

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    3 ETAPA:

    Anlise dos materiais e as devidas atividades

    comparativas entre as Itacoatiaras identificadas nos

    municpios da rea de estudo e a Itacoatiara do Ing.

    Ao final, foi elaborado um minucioso relatrio com os

    resultados obtidos, sugerindo ou no a existncia de uma

    subtradio de Itacoatiaras para a regio. O relatrio foi

    encaminhado a PRPGP/UEPB, pois o referido projeto

    recebeu apoio financeiro/institucional do PROPESQ/UEPB cota: 2011-2014.

    2.2. Metodologia e discusso das aes desenvolvidas

    A pesquisa de campo foi realizada, primeiramente, na

    obteno de informaes sobre a existncia de stios

    arqueolgicos, paleontolgicos e espeleolgicos na regio de

    estudo, se utilizando de fontes bibliogrficas, arquivos

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    municipais e entrevistas com moradores de reas rurais.

    Estabelecido um roteiro de sondagens, fomos a campoutilizando motocicleta para identificar as supostas

    ocorrncias e, quando se tratavam de ocorrncias verdicas,

    realizavamos o levantamento atravs de medidas,

    fotografias, plotagem, filmagens, estudo do entorno,

    localizao por GPS e desenhos. Nossa pesquisa atendeuapenas as duas primeiras etapas previstas no projeto,

    recolhimento de dados que ser fundamental para

    enquadrar nos estudos posteriores de prospeces,

    salvamentos, escavaes arqueolgicas (sondagens) destes

    lugares.

    2.2.1. Educao Patrimonial

    A Educao Patrimonial e medidas de conteno dedestruio deste legado cultural compreendido na rea de

    estudo foram realizadas mediante autorizao das escolas

    ou professores responsveis pelas excurses escolares

    Pedra do Ing. As palestras foram realizadas com aula

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    expositiva e auxlio didtico, data show, rplicas de

    instrumentos lticos pr-histricos (nas salas de aula) eestrutura de museu (nas aulas na Pedra do Ing). As

    palestras sempre enfatizando a importncia dos stios

    arqueolgicos e a necessidade de se preservar estes locais e

    todos os estudantes envolvidos receberam cartilha

    educativa (Fig. 8).

    Fig. 8 Atividade de Educao Patrimonial durante as atividades depesquisas do projeto.

    Crdito da imagem: Dennis Mota Oliveira.

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    2.2.2. Caractersticas observadas nos stios

    prospectados para as diversas comparaes e sugestes,ou no, de uma subtradio de Itacoatiara na Paraba.

    1. Presena de capsulares;

    2. Sulcos desordenados em painis;

    3. Sulcos ordenados em painis;

    4. Posicionamento dos painis e do bloco suporte em cursos

    dgua ou prximos a eles;

    5. Formas curvas das gravuras rupestres;

    6. Pontos gravados ordenadamente, dando impresso de

    linhas de contagens;

    7. Pontos gravados desordenadamente;

    8. Denso preenchimento dos painis;

    9. Tcnicas observadas na confeco das gravuras rupestres:

    picoteamento, raspagem e baixo relevo (meia cana) e

    polimento;

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    10. Semelhanas de grafismos com as do Ing (epicentro ou

    stio referncia dos nossos estudos), no tocante a repetiode gravuras.

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    3. RESULTADOS

    No item localizar, identificar e registrar outros stios

    arqueolgicos na rea prospectada e mapear as outras

    detentoras de monumentos arqueolgicos da rea de estudo,

    especialmente as Itacoatiaras, em atividades de prospeco

    localizamos, identificamos e registramos dezenove (19)

    ocorrncias da tradio Itacoatiara no entorno da rea de

    estudo. Estando todas elas dentro dos padres estilsticos,

    tcnicos e grficos presentes na Pedra do Ing. E como

    exaurimos todas as informaes que nos foram dadas pelos

    rgos municipais e setores civis, acreditamos que nosso

    cadastramento alcanou o mximo de nmero possvel de

    stios arqueolgicos na rea, especialmente os da tradio

    Itacoatiara de arte rupestre, para realizarmos as devidas

    anlises comparativas com os grafismos do Ing para,

    subsidiarmos ou no, a existncia de uma subtradio de

    Itacoatiaras para a regio;

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    No item desenvolver atividades de Educao

    Patrimonial nas escolas pblicas e comunidades rurais darea de estudo, visando estabilizar o atual processo de

    destruio do patrimnio cultural no Estado e contribuir

    para o conhecimento do processo de evoluo cultural dos

    grupos pretritos que ocuparam os Sertes da Paraba,

    realizamos trs palestras, sendo uma realizada no dia16/10/2011 na Escola Estadual Jos Rodrigues de Atade,

    municpio de Itatuba, para os alunos do Ensino

    Fundamental; a outra foi realizada no dia 18/10/2011, na

    Escola Municipal Maurino Rodrigues de Andrade, municpio

    de Itatuba, juntamente aos alunos do Ensino Fundamental; ea outra realizada no dia 30/10/2012 na Escola Estadual Jos

    Rodrigues de Atade, municpio de Itatuba, para os alunos do

    Ensino Fundamental. Aproveitando das atividades

    desenvolvidas no Parque Arqueolgico Pedra do Ing,

    estendemos a ao de Educao Patrimonial para asinmeras caravanas estudantis que frequentemente visitam

    a Pedra do Ing (Fig. 9).

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    Fig. 9 Estudantes que frequentam a Pedra do Ing.

    Crdito da imagem: Dennis Mota Oliveira.

    Durante esta atividade de Educao Patrimonial,

    distribumos para os alunos participantes uma Cartilha

    Educativa (SANTOS, 2011), gratuita, produzida pelo

    Laboratrio de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

    (LABAP/UEPB).

    Poucas pessoas tm noo da importncia dos stios

    arqueolgicos como patrimnio da humanidade e, por isso,

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    destroem ou desdenham de tais ocorrncias. Por isso, nossas

    atividades de campo e de Educao Patrimonial vieram nosentido de alertar para a importncia destes lugares e da

    preservao destes bens comuns. Cremos que, depois destas

    nossas atividades, as comunidades estudantis do Ing e

    regio, bem como os moradores das zonas rurais das

    proximidades dos stios arqueolgicos estudados,adquiriram uma nova forma de ver estes lugares como

    patrimnio a ser guardado e preservado para que estudos

    venham possibilitar o conhecimento do processo de

    evoluo cultural dos grupos pretritos que ocuparam os

    Sertes da Paraba.

    3.1. Identificao dos stios localizados/trabalhados na

    rea de pesquisa

    A Tabela 1 traz a localizao e os pormenores dos

    stios arqueolgicos trabalhados nesta etapa do projeto de

    pesquisa.

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    Ord

    em

    Nome stio

    Coordenadas

    geogrficas dostio

    Localidade/

    municpio do stio Tipologia

    01Poo doSapateiro

    L.S. 0701935.4L.O. 3503369.2

    Comunidade Acar,zona rural domunicpio deMogeiro

    Gravura

    02 LajesL.S. 0702047.8

    L.O. 350

    3923.9

    Serra do Gentio,zona rural do

    municpio deItatuba

    Gravura

    03 Batentes IL.S .0702071.9L.O. 3503910.2

    Localidade Batente,zona rural domunicpio deItatuba

    Gravura

    04 Batentes IIL.S. 0702085.6L.O. 3503920.0

    Localidade Batente,zona rural domunicpio de

    Itatuba

    Gravura

    05Cachoeirinha

    L.S. 0703354.3L.O. 3505623.4

    Zona rural domunicpio deItatuba

    Gravura

    06CachoeiradoCaldeiro

    L.S. 0700155.8L.O. 3504755.0

    Riacho Ribeiro, zonarural do municpiode Esperana

    Gravura

    07

    Itacoatiara

    dosMacacos

    L.S. 0702461.8

    L.O. 3504976.2

    Fazenda de JooBezerra, zona rural

    do municpio deQueimadas

    Gravura

    08Pedra daTorre

    L.S. 0701533.9L.O. 3504710.3

    Fazenda Torre, zonarural do municpiode Riacho doBacamarte

    Gravura ePintura

    09Furnas doAmaragi

    L.S. 0700767.0L.O. 3505623.4

    Stio Amaragi, zonarural do municpiode Lagoa Seca

    Gravura

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    10 Mata LimpaL.S. 0602565.0L.O. 3502066.5

    Stio rio do Campo,zona rural do

    municpio de Areia

    Gravura

    11 Corta DedoL.S. 0700817.3L.O. 3601017.0

    Zona rural domunicpio dePocinhos

    Gravura

    12Itacoatiarado Estreito

    L.S. 0701653.6L.O. 3600110.3

    Localidade estreito,zona rural domunicpio deCampina Grande

    Gravura

    13Pedra daViola I

    L.S. 0605233.8L.O. 3502542.9

    Stio Maciel, zona

    rural do municpiode Guarabira

    Gravura

    14Pedra daViola II

    L.S. 0605260.0L.O. 3602565.2

    Stio Maciel, zonarural do municpiode Guarabira

    Gravura

    15Pedra daViola III

    L.S. 0605369.0L.O. 3503818.8

    Stio Maciel, zonarural do municpiode Guarabira

    Gravura

    16 Pedra daFurna I

    L.S. 0600815.6L.O. 3501016.1

    Stio Geraldo de

    Cima, zona rural domunicpio deMatinhas

    Gravura

    17Pedra daFurna II

    L.S. 0700814.6L.O. 3601001.4

    Stio Geraldo deCima, zona rural domunicpio deMatinhas

    Gravura ePintura

    18Pedra daLua

    L.S. 0701218.2L.O. 3503739.6

    Povoado Ch dosPereiros, zona ruraldo municpio doIng

    Gravura

    19 Itacoatiarado Ing

    L.S. 0701329.4L.O. 3503552.6

    Zona rural domunicpio do Ing

    (STIOREFERNCIA)

    Gravura

    Tabela 1- Stios arqueolgicos identificados e trabalhados durante as

    atividades de pesquisas.

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    OBS.: No decorrer das atividades identificamos treze (13)

    stios com pinturas rupestres, alm dos dois (02)

    referendados neste trabalho por apresentar, tambm,

    gravura rupestre, foram identificadas e realizadas as devidas

    atividades de tombamento junto ao IPHAN Nacional. No

    entanto, no foram aqui apresentados por no ser meta

    principal desta pesquisa. Foi identificado dois (02) locais de

    ocorrncias paleontolgica, do tipo tanques com megafauna

    Pleistocnica, ambos em elevado estado de degradao

    antrpica.

    3.2. Caractersticas dos stios arqueolgicos

    identificados

    Os dezenove (19) stios arqueolgicos identificados e

    trabalhados esto localizados nos municpios do estado daParaba apresentados na Fig. 10, que se segue:

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    Fig. 10 Localizao geogrfica dos stios arqueolgicos trabalhados na primeira fase da pesquisa.

    Crdito da imagem: Thiago Santos.

    Financiamento: PROPESQ/UEPB.

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    LEGENDA:

    Stios arqueolgicos identificados e analisados por municpios:

    01. Poo do Sapateiro Mogeiro.

    02. Lajes Itatuba.03. Batentes I - Itatuba.04. Batentes II - Itatuba.05. Cachoeirinha - Itatuba.06. Cachoeira do Caldeiro Esperana.07. Itacoatiara dos Macacos Queimadas.08. Pedra da Torre Riacho do

    Bacamarte.09. Furna do Amaragi Lagoa Seca.

    10. Mata Limpa Areia.

    11. Corta Dedo Pocinhos.12. Itacoatiara do Estreito CampinaGrande.13. Pedra da Viola I Guarabira.14. Pedra da Viola II Guarabira.15. Pedra da Viola III Guarabira.16. Pedra da Furna I Matinhas.17. Pedra da Furna II Matinhas.18. Pedra da Lua Ing.

    19. Itacoatiara do Ing Ing.

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    3.2.1. As Itacoatiaras trabalhadas

    01.STIO POO DO SAPATEIRO MOGEIRO

    Fig. 11 Desenho esquemtico do stio Poo do Sapateiro, Mogeiro,Paraba, Brasil.

    Crdito da imagem: Dennis Mota Oliveira.

    O local prospectado encontra-se na divisa dos

    municpios de Ing e Mogeiro, na localidade denominada

    Acar, seguindo-se pela rodovia estadual PB-090, a cerca de

    6 km da sede do municpio do Ing, existe uma localidade

    conhecida como Gameleira, da, segue-se 2 km por estrada

    de barro em condies razoveis, chega-se ento a um

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    pequeno aglomerado de casas - Acar o qual dista do stio

    cerca de 1 km, o percurso da sede municipal (Mogeiro) at ostio tem durao de 30 minutos.

    Fig. 12 Gravuras rupestres do stio Poo do Sapateiro.

    Crdito da imagem: Dennis Mota Oliveira.

    O conjunto formado por lajedos provenientes de

    eroses fluviais (caldeires), o painel principal tem 3 metros

    de comprimento por 1,25 de altura, no apresenta sinais de

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    depredao ou vandalismo, apenas sinais da presena de

    populares locais, como resduos de produtosindustrializados no entorno do sitio (Fig. 12).

    Com as cheias do rio Ing ocorridas nos meses de

    julho/agosto de 2011, a visibilidade das gravuras ficou

    parcialmente comprometida. No entanto, as principais

    caractersticas do local puderam ser observadas: a laje

    formada por eroso fluvial, o painel principal encontra-se na

    posio vertical e no entorno h painis na horizontal, neles

    encontra-se vrias figuras, todas feitas atravs de

    picoteamento superficial.

    O painel principal est voltado para o Sudoeste. Nele

    observam-se caractersticas de polimento e colorao que o

    distingue do resto da pedra, sinal claro de que foi trabalhado

    antes de as gravuras serem feitas. De maneira geral o

    conjunto (painel vertical e horizontal) apresenta figuras

    antropomorfas e abstratas, alm de muitos capsulares.

    Pelas caractersticas do sitio, a forma como foram

    trabalhadas as gravuras, podemos relacion-lo com a Pedra

    do Ing.

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    02.STIO LAJES ITATUBA

    Fig. 13 Desenho esquemtico do stio Lajes, Itatuba, Paraba,Brasil.

    Crdito da imagem: Dennis Mota Oliveira.

    O Stio Arqueolgico conhecido pelo nome de Lajes

    fica na serra do Gentio, mas precisamente na propriedade do

    Sr. Luciano Raposo. Apesar de est muito prximo da sede

    do municpio de Ing, o local fica no extremo desse

    municpio com o de Itatuba, sendo que, delimita os limites

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    da propriedade, delimita, tambm, onde termina o municpio

    de Ing e comea o de Itatuba.O local relativamente de fcil acesso, dista da sede

    do municpio de Ing de 6 km, que devem ser percorridos

    preferencialmente de motocicleta, devido s condies no

    to boas das estradas naquele local. em consequncia

    disso que o percurso feito da seguinte forma: 5 km atravs

    de motocicleta, e uma pequena caminhada em meio mata

    de 1 km, at chegar ao local das gravuras.

    O sitio Arqueolgico Lajes fica margem do rio

    Cairar (atual Surro). Trata-se de um lajedo em gnaisse em

    meio o leito do riacho. No afloramento, forma-se um tanque

    natural que retm gua durante todo o ano. O tanque, de

    aproximadamente 100m, apresenta pouca profundidade

    (BRITO, 2008). A Laje, local onde esto as principais

    gravuras tem 100 m de comprimento por 50 de largura,

    compreendendo uma rea de aproximadamente 1500m,

    por ser um local muito bonito com o rio correndo

    praticamente todo o ano. Esse stio bastante conhecido

    pelos habitantes locais e pelas pessoas dos municpios

    vizinhos que se deslocam at o local para a prtica de

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    banhos no rio e tambm para o consumo de bebidas

    alcolicas, o que talvez, explique os resduos encontrados nolocal, bem como, o vandalismo praticado prximo as

    gravuras, onde foram entalhados nomes de pessoas e outros

    smbolos.

    A vegetao do local muito bem preservada,

    destoando, inclusive, das paisagens vizinhas que em suamaioria apresentam uma vegetao rasteira, apresentando

    grandes rvores que proporcionam uma bela interao com

    as guas do rio Surro.

    O bloco principal de gravuras apresentam diversos

    motivos de inscries: muitos capsulares agrupados e

    dispersos, zoomorfos, cosmognicos (representao de

    astros, sis, estrelas). Porm, h um fator que dificulta a

    visualizao de mais detalhes: a questo da luminosidade,