estudo e contextualização do polígrafo quanto à análise de...

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Estudo e Contextualização do Polígrafo quanto à Análise de Voz, ECG e EDR Mário Rui Carvalho Barbosa ESTADO DA ARTE Relatório de Preparação da Dissertação realizado no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Major Telecomunicações Orientador: Prof. Dr. Aníbal João de Sousa Ferreira 10 Fevereiro de 2012

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo e Contextualização do Polígrafo quanto à Análise de Voz, ECG e EDR

Mário Rui Carvalho Barbosa

ESTADO DA ARTE

Relatório de Preparação da Dissertação realizado no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Major Telecomunicações

Orientador: Prof. Dr. Aníbal João de Sousa Ferreira

10 Fevereiro de 2012

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© Mário Rui Carvalho Barbosa, 2012

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i

Resumo

Este relatório foi elaborado no âmbito da unidade curricular Preparação da Dissertação e

contém uma apresentação geral da dissertação a ser desenvolvida no 2º semestre do ano

curricular 2011/2012.

Consiste no estudo de alguns componentes em foco e testes necessários ao uso e

implementação de um polígrafo.

Foi levado a cabo um levantamento do estado da arte correspondente à elaboração e

estudo de um polígrafo. Além disso foram feitos alguns contactos com docentes da Faculdade

de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) com o objetivo de

levar a cabo uma cooperação entre as duas faculdades, podendo assim validar os testes a que

o indivíduo voluntário, simulando um examinado, é sujeito.

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ii RESUMO

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iii

Índice

Resumo .............................................................................................. i

Índice............................................................................................... iii

Lista de figuras .................................................................................... v

Abreviaturas e Símbolos ........................................................................ vii

Capítulo 1 .......................................................................................... 1

Introdução ......................................................................................................... 1 1.1 - Motivação ............................................................................................... 1 1.2 - Objetivos ................................................................................................ 1 1.3 - Estrutura do Documento .............................................................................. 2

Capítulo 2 .......................................................................................... 3

Estado da Arte .................................................................................................... 3 2.1 – Polígrafo ................................................................................................. 3 2.2 – Componentes de análise em foco ................................................................... 7 2.3 – Conclusão ............................................................................................. 10

Capítulo 3 ......................................................................................... 11

Ferramentas de Análise ....................................................................................... 11 3.1 – Ferramentas de Análise de Voz. .................................................................. 11 3.1 – Ferramentas de Análise do ECG ................................................................... 12 3.2 – Ferramentas de Análise do EDR ................................................................... 12 3.3 – Conclusão ............................................................................................. 12

Capítulo 4 ......................................................................................... 13

Estruturação do projeto ...................................................................................... 13 4.1 – Primeiro Semestre de 2011/2012 ................................................................. 13 4.2 – Segundo Semestre de 2011/2012 ................................................................. 14

Referências ....................................................................................... 15

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iv ÍNDICE

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v

Lista de figuras

Figura 2.1 – As Ondas e Intervalos de um sinal de ECG, pág. 9.

Figura 2.2 – Desenho das camadas da pele humana em relação à glândula de suor écrina, pág. 10.

Figura 4.2 – Diagrama de Gantt para o planeamento de tarefas do Segundo Semestre de 2011/2012, pág 15.

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vi LISTA DE FIGURAS

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Abreviaturas e Símbolos

Lista de abreviaturas (ordenadas por ordem alfabética)

CIA Central Intelligence Agency

CIT Concealed Information

CQT Control Question Technique

DOE Department of Energy

ECG Electrocardiography

EDR Electrodermal Response

EEG Electroencephalography

FBI Computer Federal Bureau of Investigation

GKT Guilty Knowledge Test

R/I Relevant/Irrelevant Question Technique

SNC Sistema Nervoso Central

Lista de símbolos

U Potencial elétrico

R Resistência

I Corrente elétrica

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viii ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

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Capítulo 1

Introdução

1.1 - Motivação

No contexto judicial e empresarial, existem grandes dúvidas relativamente às verdadeiras

intenções de resposta do examinado, o que pode levar a que as respostas sejam postas em

causa.

Devido à falta de consenso sobre o tema, tem surgido cada vez mais estudos ainda que

estes não tenham contribuído para o real esclarecimento sobre a eficácia do polígrafo.

Com o aumento do interesse, foram surgindo outras metodologias que potenciadas por

novas tecnologias, podem ser exclusivamente estudadas, levando a conclusões mais credíveis.

As respostas às premissas, anteriormente mencionadas, são a principal motivação à

investigação e elaboração da dissertação neste âmbito.

1.2 - Objetivos

O objetivo deste projeto consiste no estudo de três componentes constituintes do teste

do polígrafo assim como os procedimentos que precedem o teste.

O procedimento "pré-teste” do polígrafo será baseado no Guilty Knowledge Test (GKT)

[1]que servirá como auxilio e guia na elaboração do questionário a que o voluntário será

sujeito por forma a simular um real sujeito, existindo ainda o Relevant/Irrelevant Question

Technique (R/I)[1] e Control Question Technique (CQT)[1]. Este será também usado durante

o teste para registar as perguntas anteriormente formuladas.

Nesta fase do projeto, a cooperação com docentes da FPCEUP, servirá para garantir a

qualidade e validade dos testes.

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2 Introdução

Na dissertação está prevista a análise detalhada de três componentes:

Análise da voz: Proceder-se-á à gravação vocal dos voluntários usando um

microfone convencional.

Análise do Eletrocardiograma (do inglês Electrocardiography, ECG): registar-

se-á a atividade elétrica do coração dos voluntários usando um aparelho

específico, o eletrocardiógrafo.

Análise da Resposta Eletrodérmica (do inglês, Electrodermal Response, EDR):

A condutividade da pele, também designada por resposta eletrodérmica, é

medida devido às secreções causadas pelo sistema nervoso, usando normalmente

um aparelho formalmente conhecido como Hubbard Electrometer, para registar

estas alterações.

Nas componentes de análise em foco anteriormente mencionadas serão respeitadas as

condições acordadas (ambiente, tipo de perguntas, etc.) aquando do procedimento “pré-

teste” do polígrafo. Através de uma análise de sinal, pretende-se identificar alterações ou

perturbações e fazer uma correspondência entre as três componentes e o questionário.

1.3 - Estrutura do Documento

No primeiro capítulo, foi apresentada a motivação, assim como uma descrição dos

objetivos a atingir durante o desenvolvimento da investigação.

No segundo capitulo, é apresentado um estado da arte identificando o problema e

contextualizando-o no cenário atual. Serão analisadas as três componentes em foco,

anteriormente mencionadas: análise de voz, ECG e EDR.

No terceiro capítulo, é feito um levantamento das ferramentas que terão um papel

importante no decorrer da dissertação.

Por fim, no quarto capítulo, é apresentado um resumo do trabalho que foi desenvolvido

neste primeiro semestre do ano 2011/2012 e é feito o planeamento do que será realizado no

decorrer do segundo semestre do ano vigente.

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Capítulo 2

Estado da Arte

Neste capítulo é feito um levantamento e estudo do estado da arte deste tema,

fornecendo alguns conceitos básicos, uma nota histórica e ainda dois Case Studies sobre o

mesmo.

2.1 – Polígrafo

William M. Marston , psicólogo e criador da personagem Wonder Woman1, que é

caracterizada pela procura da verdade e justiça social, teve uma ideia de criar um

instrumento que conseguisse detetar mentiras[2].

Em 1915 enquanto estudante de pós-graduação da Universidade de Harvard reportou que

a pressão sanguínea aumenta quando as pessoas mentem.

A premissa anteriormente mencionada, ajudou à invenção do poligrafo, detetor de

mentiras, em 1920 por J. A. Larson, estudante de medicina na Universidade de Califórnia

em Berkeley e por L. Keeler, polícia do departamento Berkeley na Califórnia.

Os polígrafos são utilizados por agências relacionadas com justiça e lei, no setor privado

para rastreio pré-emprego e para testes de espionagem e sabotagem[2].

Os proponentes alegam que o teste do polígrafo atinge altas taxas de sucesso, 98% para

sujeitos culpados e 82% para sujeitos inocentes. Estas taxas são elevadas pelo facto de

serem deixados de fora casos inconclusivos[2].

1 Personagem fictícia de banda desenhada, caracterizada pelo seu laço que obrigava os vilões a dizerem a verdade.

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4 Estado da Arte

O Poligrafo é usado para a gravação de alterações de fenómenos fisiológicos, tais como:

a frequência cardíaca, pressão arterial, condutividade da pele, taxa de respiração,

alterações na voz, etc. Estes fatores são analisados, porque são tidos como involuntários.

Estão fora do controle humano aquando da interrogação. A informação de todos os

parâmetros é correlacionada e analisada em questões específicas. Os especialistas do teste

com esta informação conseguem saber se o sujeito está ou não a mentir[3].

2.1.1 – Constituição Típica de um Polígrafo

O polígrafo, enquanto instrumento, grava e filtra o sinal original analógico. A saída final

deste aparelho é um sinal digital, discreto no tempo e com amostras de taxas variáveis.

No contexto desta dissertação, o poligrafo será constituído por três principais

componentes de análise: análise de voz, ECG e EDR. Normalmente este teste é mais completo

recorrendo ainda a medições de pressão sanguínea, respiração abdominal e análise da

atividade encefálica (Electroencephalography, EEG).

Analisando o sinal de cada um dos componentes do polígrafo, consegue-se uma saída

correlacionada que pode indicar a intenção de resposta do sujeito[2].

2.1.2 – Áreas Típicas de Utilização de um Polígrafo

A utilização de um polígrafo recai em contextos privados, judiciais e governamentais.

Em contextos privados, o teste é utilizado, por exemplo, em situações de pré-emprego,

que pode ditar a contratação ou não, situações de confidencialidade, que podem ditar um

processo disciplinar, ou mesmo uma violação do contrato de trabalho, situações de

espionagem industrial, que podem levar a um processo judicial.

Em contextos judiciais, a admissibilidade da evidência científica que representa o teste

é cada vez mais controversa, sendo que o seu uso de uma forma geral, não pode ser tido em

conta como uma prova no tribunal, ainda que em alguns estados dos Estados Unidos da

América, possam ser utilizados. Funciona normalmente como elemento a ser apresentado de

forma voluntária pelo advogado de defesa, promotores ou agências de aplicação de lei. No

estado da Califórnia é apresentado ao júri o resultado do teste e cabe ao mesmo auferir a sua

validade na decisão final. Na Geórgia, por outro lado, os réus que são sujeitos ao teste do

polígrafo e o resultado não valide a acusação, podem processar o operador do teste por danos

e custos associados. A Florida é o único estado que exige ao réu ser submetido ao teste em

situações específicas – criminosos sexuais anteriormente condenados. Ainda assim, não

podem ser utilizados como prova contra o mesmo, apenas no âmbito da terapia a que o réu é

sujeito[4].

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Estado da Arte 5

5

Em contextos Policiais ou Agências governamentais, tais como: departamentos de

polícia, Federal Bureau of Investigation (FBI), Central Intelligence Agency (CIA) e outras

agências, admite-se que o uso deste teste seja frequentemente utilizado[2].

2.1.2 – Case Studies

Caso Wen Ho Lee

Este caso é fruto de um levantamento sumário de algumas fontes sendo as mais

importantes: o livro “The Polygraph and Lie Detection”, “Commitee to riview the Scientic

Evidence on the Polygraph”[5] e ainda um artigo “Wen Ho Lee’s problematic Polygraph” da

CBSNEWS[6].

Este caso visa descrever de forma sucinta o conhecido caso de Wen Ho Lee.

Wen Ho Lee trabalhava como cientista nuclear secreto no Department of Energy, DOE,

no estado de Novo México, Albuquerque.

Lee tendo dupla nacionalidade, Taiuanesa e Americana, tinha uma passagem pela China

no passado e tinha acesso aos segredos nucleares Americanos. Foi considerado pelo FBI como

o principal suspeito no caso da emergente espionagem por parte da China.

Em Janeiro, dia 24 de 1984 Lee foi sujeito a um teste do polígrafo por um agente do FBI.

As perguntas a que foi sujeito, o seu formato e ainda a conclusão do mesmo nunca chegaram

a ser claramente reveladas no relatório feito pelo FBI. Ainda que Lee tenha confidenciado

que uma das perguntas a que foi sujeito tinha sido: “você forneceu alguma informação

classificada para alguma pessoa não autorizada?”, à qual respondeu sucintamente: “Não.”[5].

Sob um clima suspeito, supostamente o FBI não tomou nenhuma atitude. O chefe de

contraespionagem do DOE queria obter garantias de que Lee seria de confiança. Então em

Dezembro, dia 23 de 1998 Lee foi sujeito a um segundo teste do polígrafo ao qual passou

como inocente.

Algumas semanas após o segundo teste, o FBI recebeu os resultados do mesmo e avaliou-

os de forma oposta, Lee era culpado[5, 6].

Em 1999, dia 10 de Fevereiro o FBI conduziu um terceiro exame do polígrafo a Lee cujos

resultados supostamente seriam confidenciais[6].

Lee nunca foi acusado de espionagem, pelo que o teste do polígrafo nunca tenha sido

usado como prova[6].

Este caso de estudo foi realçado para reforçar a ideia que os testes de poligrafo não

levam a consenso, levando ainda a conclusões diferentes segundo o mesmo resultado.

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6 Estado da Arte

Caso Leandro Aragoncillo

O presente caso resulta de um levantamento de informação feito em algumas fontes

noticiosos, sendo que a mais relevante é “Investigation Continues: Security Breach at the

White House” da ABCNEWS[7], escrito por Brian Ross.

Leandro Aragoncillo trabalhava na casa Branca como analista para o vice-presidente Al

Gore, quando supostamente foi recrutado pelo presidente das Filipinas, Joseph Estrada, para

serviços de espionagem.

Agentes federais teriam afirmado que Aragoncillo tinha passado os vários testes do

polígrafo de rotina, a que todos os funcionários com acesso a documentos secretos seriam

submetidos.

Em 2005, dia 5 de Outubro, este foi acusado e preso por crimes de espionagem que

envolviam roubo de informação classificada.

Esta referência, ainda que breve, sobre o caso, permite verificar mais uma vez os

problemas que a validade e credibilidade do teste do polígrafo poderão levantar.

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Estado da Arte 7

7

2.2 – Componentes de análise em foco

Como foi anteriormente mencionado, esta dissertação assentará sobre quatro conceitos

fundamentais que serão descritos neste subcapítulo.

O teste do poligrafo tem que satisfazer os mesmos critérios que os outros testes

psicológicos, de maneira a poder ser considerado científico, sendo o mais importante o facto

de ser exato e ter uma boa teoria que o sustente[1, 8].

2.2.1 – Guilty Knowledge Test (GKT)

Existem três técnicas principais de questionário no teste do polígrafo[1, 8]:

Relevant/Irrelevant Question Technique (R/I);

Control Question Technique (CQT);

Concealed Information Test (CIT), também conhecido como Guilty Knowledge Test

(GKT);

O GKT é uma técnica psicológica de perguntas que pode ser usada como parte integrante

do teste do polígrafo.

Esta técnica pretende avaliar se os suspeitos tentam esconder a sua culpa, ao medir as

suas respostas fisiológicas e ao responderem a um conjunto de questões de escolha

múltipla.[8]

2.2.2 – Análise de voz

Nesta fase, proceder-se-á à gravação vocal dos voluntários, usando um microfone

convencional.

O critério mais vantajoso é o que se refere à avaliação acústica, que contém um

conjunto de parâmetros objetivos. Nesta análise, recomenda-se a gravação mínima de cem

impulsos glotais (resultam do movimento de abertura e fechamento das cordas vocais).

Serão procuradas alterações nos padrões de voz do voluntário, tais como: alterações no

pitch – tom de voz, intensidade sonora, formantes (determinadas zonas amplificadas pelo

trato vocal), tonalidades, timbre e intensidade subjetiva[9].

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2.2.3– Análise do Eletrocardiograma (ECG)

Este subcapítulo resultou de um estudo de informação retirada do livro “BRAUNWALD,

Eugene et al”, “Braunwald’s Heart Disease”, Eight edition, Elsevier Inc., 2008[10].

Nesta análise transtorácica é medida a atividade elétrica do coração através de um

conjunto de elétrodos especificamente situados em contato com a pele. É comummente

utilizada para exames cardíacos (diagnóstico de doenças cardíacas).

O ECG resulta de um conjunto de processos complexos – fisiológicos e tecnológicos.

Correntes iónicas transmembranares são geradas por fluxos iónicos pelas membranas

celulares e entre células adjacentes.

Estas correntes são sincronizadas pela ativação cardíaca e sequências de recuperação

para gerar um campo elétrico cardíaco, dentro e fora do coração que varia no tempo –

durante um ciclo cardíaco. Este campo varia ao passar por outras estruturas, tais como:

pulmões, sangue e músculo-esquelético.

Os elétrodos especificamente localizados, tronco e extremidades, detetam as correntes

que chegam à pele. Estas capturas são amplificadas e filtradas, criando assim um registo

eletrocardiográfico.

No resultado do exame serão evidenciados um conjunto de elementos, diretos e indiretos

(ver figura 2.1). Diretos: Onda P, Complexo QRS, Onda T e Onda U; Indiretos: PR, ST e QT.

Figura 2.1 – As Ondas e Intervalos de um sinal de ECG[10].

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Estado da Arte 9

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2.2.4– Análise da Resposta Eletrodérmica (EDR)

A premissa básica subjacente à interpretação deste componente do teste é a de que a

sua magnitude de resposta é proporcional ao grau de importância psicológica da pergunta.

A pele é chamada de sistema tegumentar e constitui um conjunto de órgãos que

fornecem funções de sentido e de proteção.

As glândulas do suor, também conhecidas como glândulas sudoríparas, na palma da mão

são mais sensíveis ao sistema nervoso central (SNC) do que a mudanças de temperatura

ambiente.

Os seres humanos têm dois tipos de glândulas sudoríparas: aprócrinas e écrinas. As

écrinas são as que desempenham um papel importante na análise em questão. Estas estão

situadas pelo corpo todo, estando maioritariamente situadas nas palmas das mãos, plantas

dos pés e na testa.

A glândula de suor écrino consiste numa parcela enrolada (cerca de 0.4mm de diâmetro)

localizada no tecido subcutâneo (Subcutis) e um tubo de descarga ductal até um poro na

superfície da pele (ver figura 2.2)[2, 11].

Figura 2.2 – Desenho das camadas da pele humana em relação à glândula de suor écrina[11].

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10 Estado da Arte

A análise destas respostas tem que integrar um filtro passa-baixo, permitindo só a

passagem de baixas frequências (cerca de 6Hz), para remover ruído, uma vez que a atividade

em questão é lenta na natureza.

Para efetuar a variação da resistência, o circuito tira partido da lei básica de Ohm:

.

Se uma pequena corrente constante é aplicada entre dois elétrodos, situados na pele,

então alterações de tensão são proporcionais a alterações na resistência. E por outro lado,

mantendo a tensão, a corrente é inversamente proporcional à resistência ou proporcional à

condutância (inverso de resistência): .

Quando uma pequena corrente passa pela pele a sua condutividade ou o seu inverso, a

resistividade da pele é gravada usando os elétrodos normalmente situados entre dois

dedos[11].

2.3 – Conclusão

Através da realização do Estado da Arte deste tema é possível identificar algumas

questões importantes a serem respondidas.

Um dos maiores problemas do uso do Polígrafo tem sido a sua real fiabilidade. Esta é

posta em causa de várias maneiras em diferentes estudos. Será portanto um desafio aplicar

um questionário (GTK) e alguns algoritmos de processamento de sinal (Voz, ECG e EDR) para

através destas componentes conseguir auferir a veracidade da resposta.

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Capítulo 3

Ferramentas de Análise

Neste capítulo serão referenciadas as potenciais ferramentas de análise que serão

utilizadas no decorrer da dissertação, havendo sempre flexibilidade de introdução de novos

métodos e ferramentas.

Para todos os componentes de análise, uma ferramenta que receberá destaque é o Matlab

uma vez que é uma ferramenta com a qual existe alguma familiaridade e é otimizada para o

tipo de processamento de sinal necessário para este trabalho.

3.1 – Ferramentas de Análise de Voz.

Ferramentas de Aquisição:

Microfone convencional;

Ferramentas de Processamento:

Matlab[12];

Matlab VOICEBOX: Speech Processing Toolbox[13], trata-se de uma ferramenta

naturalmente vocacionada para diagnósticos de sinais de voz. Esta ferramenta

disponibiliza ainda um conjunto de ferramentas adicionais e funções que podem

ter uma relevância acrescida;

Seegnal Voice Studio, pode-se destacar a gravação instantânea (WAV e ACC+),

analise interativa da frequência fundamental (PITCH), análise do vozeamento do

sinal, entre outras[14];

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12 Ferramentas de Análise

Praat, esta ferramenta é otimizada para análise de sons vozeados, permitindo a

análise específica de parâmetros fundamentais tais como a frequência

fundamental, da intensidade sonora, formantes, entre outros[15];

3.1 – Ferramentas de Análise do ECG

Ferramentas de Aquisição:

Biopac MP36RWSW, grava os sinais necessários de avaliação e

processamento[16].

Ferramentas de Processamento:

Matlab[12];

Acq Knowledge, software interactivo oferecido com o aparelho de aquisição do

exame em questão[16];

3.2 – Ferramentas de Análise do EDR

Ferramentas de Aquisição:

Indigo Systems, grava os sinais referentes à resposta eletrodérmica, usando para

o efeito sensores nos pulsos, tornozelos e testa;

Flex/Pro Sensor SA9309M, usa dois elétrodos com tensão aplicada a dois dedos

da mesma mão[17];

Ferramentas de Processamento:

Matlab[12];

3.3 – Conclusão

Neste capítulo não podemos avançar com o conjunto de ferramentas efetivas que iremos

usar, uma vez que não é possível saber com certeza, neste momento, o material disponível.

Estamos também dependentes da cooperação com a FPCEUP, que poderá possibilitar o uso de

material já existente nesta instituição para o efeito.

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Capítulo 4

Estruturação do projeto

Neste capítulo será apresentado um resumo do trabalho desenvolvido no primeiro

semestre do ano curricular 2011/2012 e que será desenvolvido no segundo semestre do

mesmo ano.

4.1 – Primeiro Semestre de 2011/2012

Nesta primeira fase de investigação sobre o tema, tendo em conta a sua

contextualização histórica e social. Foi feito um trabalho de compreensão e estudo da

verdadeira questão encontrada: “Pode o teste do polígrafo ser considerado um teste

científico?”.

Foram analisadas e estudadas as componentes que estarão em foco no decorrer da

dissertação. E por fim foi feito um levantamento das possíveis ferramentas a serem

exploradas no decorrer da mesma.

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14 Estruturação do Projeto

4.2 – Segundo Semestre de 2011/2012

Neste subcapítulo apresenta-se um diagrama representativo, ainda que a título

provisório, do planeamento das fases de trabalho para o segundo semestre do ano letivo de

2011/2012.

Figura 4.1 – Diagrama de Gantt para o planeamento de tarefas do Segundo Semestre de 2011/2012

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Referências

1. Verschuere, B., Deception, the polygraph, and psychopathy:

The role of orienting in the Concealed Information Test. 2005.

2. Slavkovic, A., Evaluating Polygraph Data, in Test2002. p. 1-27.

3. Bhalode, S., et al. Polygraphic techniques: an expert system approach. in

Engineering in Medicine and Biology Society, 1995 and 14th Conference of the

Biomedical Engineering Society of India. An International Meeting, Proceedings of

the First Regional Conference., IEEE. 1995.

4. LegalMatch. Admissability of Polygraph Tests in Court. 10-02-2012]; Available from:

http://www.legalmatch.com/law-library/article/admissability-of-polygraph-tests-in-

court.html.

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