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Estudo de Caso Arranjo produtivo serviços em TIC'S, no estado de Pernambuco: o caso do porto digital em Pernambuco/Brasil (Produto 2)

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Estudo de CasoArranjo produtivo serviços em TIC'S, noestado de Pernambuco: o caso do porto

digital em Pernambuco/Brasil(Produto 2)

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Estudo de CasoArranjo produtivo serviços em TIC'S, noestado de Pernambuco: o caso do porto

digital em Pernambuco/Brasil

Produto 2Contrato de Prestação de Serviços Nº 022/2013Convite Nº 001/2013 – Processo Nº 3489/2013

Contrato firmado entre a Agência Brasileira deDesenvolvimento Industrial – ABDI e Savi E Geremia

Planejamento, Consultoria & Auditoria LTDA.

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Estudo de CasoArranjo produtivo serviços em TIC'S, no estado de

Pernambuco: o caso do porto digital emPernambuco/Brasil

(Produto 2)

Execução:SAVI E GEREMIA PLANEJAMENTO, CONSULTORIA & AUDITORIA LTDA.

Equipe técnica responsável: Keila Sonalle Silva (Coordenadora), Sergiany da Silva Lima (Vice Coordenador), RosaKato, Márcio Miceli, José Valdecy Guimarães Júnior, Loraine Meneses, Priscila Freitas, Patrícia Souza, Antônio

César Cardim

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Sumário

1. Panorama Internacional e Nacional ........................................................................ 11.1. Teorias do Crescimento Econômico ....................................................................... 11.2. Mercados De TI no Brasil ...................................................................................... 31.3. Distribuição Espacial do Mercado de TI ................................................................. 41.4. O Perfil do APL do Porto Digital em Recife ........................................................... 81.5. Perfil das Empresas e seus Colaboradores ............................................................ 102. Produção, Mercados e Empregos ............................................................................. 193. Inovação, Cooperação e Aprendizado ...................................................................... 253.1 Inovatividade Empresarial ..................................................................................... 253.2 Cooperação e seu Papel na Inovatividade do APL ................................................. 283.3 As Fontes de Informações para o Aprendizado ...................................................... 294. Diagnóstico, Perspectivas e Proposição de Políticas para promoção do APL ........... 324.1. Diagnóstico do Desempenho Recente do APL ...................................................... 324.2 Identificação das Dificuldades e Potencialidades para o Desenvolvimento do APL:As Políticas Descritas Atualmente no APL do Porto Digital ........................................ 344.3 Sugestões de Políticas e Programas Para o APL ................................................... 42Bibliografia ................................................................................................................. 45

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Tabela

Tabela 1: Crescimento em importância das regiões brasileiras no mercado deconsultoria em software no país e crescimento da atividade no Brasil de 2005 a 2012,expresso em valores percentuais (%) ............................................................................. 5Tabela 2: Crescimento em importância das regiões brasileiras no mercado de serviçosde tecnologia da informação (TI) no país e crescimento da atividade no Brasil de 2006 a2012, expresso em valores percentuais .......................................................................... 6Tabela 3: Formas de Cooperação entre 2010 a 2012 .................................................... 30Tabela 4: Resultados das Ações Conjuntas (%) ........................................................... 31Tabela 5: Resultados dos Processos de Treinamento e Aprendizagem (%) .................. 32

Figura

Figura 1: Importância relativa dos estados do Ceará, Pernambuco e Bahia nacomposição dos mercados de consultoria em software e serviços de TI no Nordesteexpresso em valores percentuais % ............................................................................... 6Figura 2: Atividades em consultoria em hardware e software, respectivamente, nosmunicípios do estado de Pernambuco de 2005 a 2012, expressa em número deempreendimentos .......................................................................................................... 7Figura 3: Investimento em infraestrutura nos municípios do estado de Pernambuco eRecife de 2006 a 2012, expresso em milhões de Reais (R$) .......................................... 8Figura 4: Os oito eixos estratégicos de atuação do Porto Digital de Recife emPernambuco .................................................................................................................. 9Figura 5: Identificação das empresas do PD segundo seu porte, por funcionáriosempregados, expresso em valores percentuais(%) ....................................................... 11Figura 6: Período de fundação das empresas do PD conforme o porte econômico, antese depois das fases de reestruturação do APL, expresso em valores percentuais(%) ...... 12Figura 7: Origem do capital das empresas do PD conforme o porte econômico, expressoem valores percentuais(%) .......................................................................................... 13Figura 8: Estrutura do capital das empresas do PD conforme o porte econômico, nosanos de 2005 e 2012, expresso em valores percentuais(%) .......................................... 13Figura 9: Número de sócios fundadores das empresas do PD conforme o porteeconômico, expresso em valores percentuais(%) ......................................................... 14Figura 10: Tipo de cooperação das empresas do PD conforme o porte econômico,expresso em valores percentuais(%) ............................................................................ 15Figura 11: Tipo de cooperação das empresas do PD conforme o porte econômico,expresso em valores percentuais(%) ............................................................................ 15Figura 12: Idade do sócio fundador das empresas do PD por porte econômico, expressoem valores percentuais(%) .......................................................................................... 16Figura 13: Escolaridade do sócio fundador das empresas do PD por porte econômico,expresso em valores percentuais(%) ............................................................................ 17Figura 14: Pais dos sócios fundador das empresas do PD por porte econômico, expressoem valores percentuais(%) .......................................................................................... 18Figura 15: Escolaridade do sócio fundador das empresas do PD por porte econômico,expresso em valores percentuais(%). ........................................................................... 19

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Figura 16: Participa ou tem conhecimento sobre algum tipo de programa ou açõesvoltadas para MPEs para as micro empresas (a), pequenas empresas (b) e médiasempresas(c) ................................................................................................................. 36Figura 17: Principais obstáculos que limitam o acesso da empresa as fontes externas definanciamento para as micro empresas (a), pequenas empresas (b) e médias empresas(c) ................................................................................................................................... 40

Gráfico

Gráfico 1: Evolução da Empresa – Pessoal Ocupado – 2008 a 2012 ............................ 19Gráfico 2: Evolução do faturamento – Número de Empresas em cada Faixa ................ 20Gráfico 3.1: Microempresas ........................................................................................ 21Gráfico 3.2: ................................................................................................................. 22Gráfico 4: Escolaridade do Pessoal Ocupado – Situação em 2012 ............................... 23Gráfico 5.1: Microempresas ........................................................................................ 24Gráfico 5.2: Pequenas Empresas ................................................................................. 24Gráfico 5.3: Médias Empresas..................................................................................... 25Gráfico 1: Percentual médio por nível de frequência das atividade inovativa ............... 27Gráfico 2: Frequência por atividade inovativa entre 2010 e 2012................................. 28Gráfico 3: Participação em Atividades Cooperativas entre 2010 e 2012 ...................... 29

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1. Panorama Internacional e Nacional

1.1. Teorias do Crescimento Econômico

A atividade capitalista global se desenvolve em função da evolução dos

mercados. Seu desenvolvimento compreende tanto as inovações tecnológicas, inerentes

a concorrência setorial, quanto a sofisticação e exigências das preferencias de consumo.

Contudo, duas das características básicas mais comuns do capitalismo são: concentração

de renda com desemprego; e crescimento desigual das economias. A primeira

característica explica a necessidade de formação de atividades heterogêneas informais

que dependem diretamente do capitalismo; enquanto a segunda característica explica o

processo de desenvolvimento global, com economias desenvolvidas e em

desenvolvimento.

Entre os motivos que levam a concentração de renda e o desemprego existem

inúmeras explicações dentro do pensamento científico da economia, com evidencias que

vão desde os domínios comerciais amparados pelo poder bélico e formas de

colonização, até as vantagens comparativas de produção e investimentos estratégicos.

No entanto, o fato é que o capitalismo é o sistema produtivo dominante e seu

desenvolvimento ocorre de forma concentradora e desigual, tanto em nível internacional

quanto em nível nacional. Desse modo, são realizados vários esforços no sentido de

minimizar os efeitos nocivos do desenvolvimento capitalista que vão desde politicas

assistencialistas de transferências de renda até medidas de estruturação econômica e

apoio ao desenvolvimento via políticas públicas e participação político privado.

Um dos fatores de produção considerados mais importantes para o

desenvolvimento econômico pela teoria econômica é a inovação tecnológica. Entre os

principais autores da ciência econômica que buscaram explicar o efeito da tecnologia

sobre a produtividade capitalista estão: Adam Smith com a divisão do trabalho em um

estudo do final do século XVIII (1996), Schumpeter (1911) com a hipótese evolução

das firmas, Solow (1957) com a hipótese de exogeneidade tecnológica e Kaldor (1957)

com hipótese de inovação tecnológica endógena a produção capitalista, via novos

investimentos e ganhos de aprendizagem.

De todos os autores, a percepção mais genérica do que seria inovação é de

Solow, entendendo a inovação como qualquer força que eleve a produtividade dos

fatores de produção. Schumpeter consegue descrever melhor o que seria a inovação, do

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ponto de vista da firma, ao expor a inovação como inerente a atividade capitalista

empresarial, nas formas de investimento em novos produtos e novos processos. A

compreensão do autor esta associada a sua percepção de evolução das firmas num

contexto de concorrência imperfeita, como condição necessária para evolução do

capitalismo.

De qualquer modo, fica claro que a inovação tecnológica é fundamental para

expansão da fronteira econômica e portando da continuidade do crescimento

econômico. A inovação representa também um recurso essencial para inclusão social, e

promoção das economias em desenvolvimento. Nesse sentido, entre as tecnologias que

mais evoluíram e se disseminaram nos anos recentes estão às tecnologias da informação

e comunicação (TIC`s). Isso devido especialmente a sua expressão no processo de

globalização da economia da informação, constituindo o núcleo dinâmico da revolução

tecnológica (TIGRE, 2005). As últimas evidências empíricas demonstram que as

economias mais desenvolvidas foram as que mais investiram em tecnologia da

informação (TI) e comunicação nos últimos anos (DALE, KHUONG, 2005).

Esses resultados são constatados a partir dos indicadores de TI apresentados pela

ITU World Telecommunication em 2013. Os referidos indicadores mostram que os

países desenvolvidos detêm a maioria esmagadora do domínio sobre o uso das

tecnologias de TI como mostram os números de assinaturas de banda larga móvel e fixa.

Além disso, são os países desenvolvidos que possuem o maior número de computadores

por cem habitantes, em relação aos países em desenvolvimento.

O Brasil ainda se apresenta pouco integrado segundo os indicadores de

utilização e acesso residencial das TCI`s no último quadriênio, mesmo estando

estrategicamente melhor projetado ao uso dessas tecnologias em relação aos demais

países da América Latina. O panorama atual mostra que embora o Brasil, deixa a

desejar apenas quando comparado a economias mais desenvolvidas da Holanda,

Islândia, Noruega, Suécia e Luxemburgo. Em ranking internacional, o Brasil assumiu as

classificações de 55º e 67º quanto ao percentual de utilização das TICs e domicílios com

acesso a intermete em casa, respectivamente (ITU World Telecommunication, 2013).

Segundo relatório da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES),

em 2012 o Brasil foi à sétima economia nacional a investir mais recursos em um total

de US$ 2,0 Trilhões (Dólares), em tecnologia da informação no mundo. O Brasil perdeu

apenas para grandes economias, a exemplo dos Estados Unidos, Japão, Reino Unido,

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Alemanha, França e para seu concorrente do BRICS, a China. A mesma informação de

investimento, quando realizada para América Latina, observa-se que o investimento

brasileiro correspondeu a 59,1% do total investido.

Em termos de crescimento do mercado mundial em TI, o mesmo relatório

mostra que o Brasil cresceu em 10,8%, enquanto a média internacional de crescimento

foi de apenas 5,9%, superando a média de crescimento de grandes potencias econômicas

como Japão, Estados Unidos e Reino Unido. Mesmo assim, os resultados do relatório

mostram que o crescimento de Hong Kong foi muito superior aos demais países. Em

grosso modo, é verificada convergência enquanto o uso de tecnologias de informação ao

identificar baixo crescimento do investimento em economias grandes e altas taxas de

investimento em economias de menor porte, como são os casos do Brasil, China,

Venezuela e Chile.

1.2. Mercados De TI no Brasil

Do investimento realizado em TI no Brasil, a maior parte é destinada para o

mercado de Hardware, seguido pelos mercados de serviços e softwares voltados

especialmente para a economia doméstica, como mostram os dados da Rais (2013).

Entretanto, embora a menor expressão dos mercados de serviço e software, em

conjunto, os referidos mercados movimentam um total de US$ 27,178 milhões

(Dólares), incluindo a exportações. Além disso, exibiram excelentes taxas de

crescimento de 2003 a 2012, especialmente para o setor de serviços, salvo a exceção da

crise de 2008 (ABES, 2012).

Da segmentação, dos mercados de software e serviços em TI no Brasil, observa-

se que 93,4% das empresas do setor são micro e pequenas, com até 99 funcionários, e

50,3% dos setores se concentram no semento de distribuição dos produtos. Apenas 24%

desses mercados são voltados para o desenvolvimento de software, que em sua maioria

representam aplicativos e ambientes de desenvolvimento. Esses resultados mostram a

necessidade de investimento no setor de TI para romper com a dependência tecnológica,

promovendo o desenvolvimento nacional a partir de tecnologias originalmente

brasileiras.

Nessa perspectiva, a associação brasileira das empresas de software (ABES)

acredita que até 2020, 90% do crescimento em TI seja direcionado para tecnologias de

inovação vinculadas a indústrias inteligentes. A referida associação acredita também

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que, em termos de tendência de crescimento do mercado mundial para 2013, o Brasil

assuma a primeira posição no ranking mundial de crescimento do mercado de TI com

14,5% contra uma média nacional de 5,5%. Entre os principais compradores dos

softwares produzidos no Brasil hoje, estão os respectivos segmentos de finanças,

telecomunicação e indústria, resumidamente os setores de maior lucratividade nacional

(ABES, 2012).

1.3. Distribuição Espacial do Mercado de TI

No tocante a composição do mercado das TIC`s no Brasil, é possível identificar

que, como as maiores concentrações dos mercados de hardware, software e atividades

de TI, estão geograficamente associadas à atividade financeira e industrial, estriam

restritas as regiões Sudeste e Sul do Brasil. Contudo, do ponto de vista da dinâmica

recente das TIC`s nas regiões do país, é possível fazer uma série de considerações sobre

a reorganização dos setores no espaço geográfico nacional.

Entre os motivos que explicariam esse movimento setorial entre as regiões

brasileiras, são levantadas hipóteses como: incentivos fiscais, investimentos públicos e

apoio institucional. Contudo, isso fugiria o objeto de estudo desse relatório. O fato é que

a evolução dos mercados das TIC`s no Brasil de 2005 a 2012 apresentou várias

evidencias de expansão e consolidação desse mercado nas regiões Norte e Nordeste que

serão brevemente discutidas. Por essas razões, a opção pelo período de análise está

associada a iniciativas estaduais de incentivos fiscais, investimentos públicos em

infraestrutura e programas de apoio institucional das parcerias público privadas e

governos federal e estadual.

No cenário regional brasileiro, observa-se que os segmentos que mais cresceram

foram dos de consultoria em software e serviços de tecnologia da informação,

notadamente para as regiões Norte e Nordeste, como expresso na Tabela 1. O segmento

de hardware, assim como comentado pela Abes (2012) exibiu a menor taxa de

crescimento das TIC`s (RAIS, 2013). A crise financeira afetou o comportamento

ascendente dos referidos mercados em 2008, mas logo se recuperaram. A maior

evidencia disso é o crescimento setorial da consultoria em software na magnitude de

mais de 277% no país de 2005 a 2012.

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Tabela 1 - Crescimento em importância das regiões brasileiras no mercado deconsultoria em software no país e crescimento da atividade no Brasil de 2005 a

2012, expresso em valores percentuais (%)Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil2005 1.0 6.7 61.6 24.4 6.2 21642006 1.2 6.6 62.7 23.2 6.4 32122007 1.3 6.6 62.5 23.0 6.5 38652008 1.2 7.1 62.0 22.7 6.9 45552009 1.5 8.4 59.3 24.1 6.7 54332010 1.6 9.0 58.2 23.9 7.2 65312011 1.3 9.4 57.5 24.3 7.4 73382012 1.4 9.8 56.9 24.6 7.3 8164

Cresc% 37.4 46.1 -7.6 0.6 17.5 277.3Fonte: Construído pelos autores com base em dados da CNAE 2.0 disponibilizados pela Rais (2013).

Quanto à distribuição espacial da referida atividade, é identificado uma forte

expansão para região Nordeste em relação à produção nacional, em magnitude de

46,1%, seguido do Norte com 37,4%. Nesses termos, em um mercado que cresceu tanto

no período, a expressão do crescimento da atividade no Nordeste e no Norte em relação

ao crescimento negativo da importância do Sudeste, torna mais transparente os

objetivos do segmento enquanto expansão nacional.

O segmento de atividades em tecnologia da informação (TI) cresceu bem menos,

algo em torno de 22,5%, como mostra a Tabela 2. Entretanto, a característica mais

interessante desse segmento de mercado está relacionado a reorganização das atividade

entre as regiões brasileiras. Do mesmo modo que o segmento de software identificou-se

que o crescimento da participação do Norte e Nordeste nas atividades de TI no Brasil,

aumentaram em 67,6% e 64,9%, respectivamente de 2006 a 2012, seguidos do Sul e

Centro-Oeste com expansões de 57,3% e 48,9%. Desse ponto de vista, como a atividade

nacional não cresceu tanto, os resultados para região Sudeste mostram um perda de

importância relativa da região no país, no mesmo período de 38,4%.

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Tabela 2 - Crescimento em importância das regiões brasileiras no mercado deserviços de tecnologia da informação (TI) no país e crescimento da atividade no

Brasil de 2006 a 2012, expresso em valores percentuaisAno Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil2006 1.9 9.9 60.2 20.6 7.5 89682007 1.9 9.9 60.5 20.5 7.2 96392008 1.9 11.1 56.1 22.6 8.2 95962009 1.9 10.8 59.1 20.9 7.2 119752010 2.3 12.1 53.7 23.5 8.3 123522011 3.0 16.3 37.9 31.7 11.1 101602012 3.1 16.3 37.1 32.3 11.2 10989

Cresc% 67.6 64.9 -38.4 57.3 48.9 22.54Fonte: Construído pelos autores com base em dados da CNAE 2.0 disponibilizados pela Rais (2013).

Com essa constatação da importância do Nordeste brasileiro para a expansão

recente das TIC`s, foi identificado que de todo setor estabelecido na região, mais da

metade da atividade estria concentrada nos estados do Ceará, Pernambuco e Bahia.

Entre esses, o Pernambuco e a Bahia são os que possuem as maiores participações no

setor. A Bahia, devido ao Polo Industrial de Camaçari e o Pernambuco em virtude das

atividades desenvolvidas no Porto Digital, como apontado pelos segmentos de

consultoria em software e serviços de TI descrito nas partes a e b da Figura 1,

respectivamente.

Figura 1 - Importância relativa dos estados do Ceará, Pernambuco e Bahia nacomposição dos mercados de consultoria em software e serviços de TI no Nordeste

expresso em valores percentuais %

Fonte: Construído pelos autores baseado em dados da CNAE 95 e 2.0 disponibilizados pela Rais (2013).

Fazendo alusão às conclusões da Abes (2012) acerca do efeito da crise

financeira dos Estados Unidos sobre os mercados de TIC`s no Brasil, observa-se que o

segmento de consultoria em software foi sensivelmente afetado em 2008, especialmente

o Ceará, cuja recuperação foi mais lenta. Afora isso, os estados de Pernambuco e Bahia,

pouco sentiram esse efeito, com o estado de Pernambuco alcançando a mesma

0,05,0

10,015,020,025,030,0

Ceará Pernambuco Bahia

a

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,0

Ceará Pernambuco Bahia

b

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importância relativa da Bahia ainda em 2012. Quando analisado o efeito da mesma

crise sobre o mercado de TI para os mesmos estados, pôde ser notado que apenas o

Ceará e a Bahia foram afetados pela crise. Entretanto, a perda de expressão da Bahia na

região Nordeste já vinha sendo observada bem antes da crise.

O mesmo não pode ser dito para o Pernambuco, que exibiu trajetória de

constante expansão, inclusive durante a crise, convergindo também para a mesma

importância regional que a Bahia no segmento de TI. Os resultados identificam

claramente a dinâmica do Pernambuco na expansão recente das TIC`s no Nordeste

brasileiro. A atratividade de investimentos em TIC`s para o Porto Digital em

Pernambuco é evidente. Observando a distribuição espacial do setor de TIC`s entre os

municípios do estado, são identificadas várias iniciativas de pequeno porte pulverizadas

em todo o estado. Os maiores investimentos são notados em Olinda e Recife, e mesmo

assim com vantagem expressiva para Recife, como mostram as partes a e b da Figura 2.

Figura 2 - Atividades em consultoria em hardware e software, respectivamente,nos municípios do estado de Pernambuco de 2005 a 2012, expressa em número de

empreendimentos

Fonte: Construído pelos autores com base em dados da CNAE 95 disponibilizados pela Rais (2013).

O mesmo é observado para os valores de investimentos em infraestrutura em

energia elétrica e telecomunicações, concentrado nos municípios de Caruaru, Jaboatão

dos Guararapes, Olinda, Petrolina e Recife, com vantagem absoluta para a capital do

estado. Ainda com relação ao investimento em infraestrutura, foi identificada forte

entrada de recursos especialmente a partir de 2009, como verificado na parte b da

Figura 3. Esse resultado pode estar diretamente associado ao ganho de competitividade

do estado de Pernambuco nos mercados de TIC`s após a crise financeira de 2008 na

região Nordeste.

0,0100,0200,0300,0400,0

Abreu e LimaArcoverde

BarreirosBonito

Carpina

Caruaru

Flores

GaranhunsItamaraca

Jaboatao…LimoeiroMoreno

Olinda

Paulista

Petrolina

Recife

Sao…Timbauba

Vitoria de…

2005-2012a

0200400600800

Caruaru

Jaboatao dosGuararapes

Moreno

OlindaPaulista

Petrolina

Recife

2005-2012b

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Figura 3 - Investimento em infraestrutura nos municípios do estado dePernambuco e Recife de 2006 a 2012, expresso em milhões de Reais (R$)

Fonte: Construído pelos autores baseado em dados da CNAE 2.0 disponibilizados pela Rais (2013).

As melhores hipóteses para explicar esse volume de investimento em Recife

poderiam se apoiar nos recursos do plano de aceleração do crescimento (PAC),

incentivo fiscal estadual e municipal, mais o apoio institucional ligado ao Porto Digital

que já vinha se estruturando desde o início dos anos 2000. A impressão da gestão do PD

acerca da expansão dos investimentos essencialmente a partir de 2010 é que foram

estimulados o desenvolvimento de novas TIC`s e projetos em economia criativa

(NGPD, 2013).

1.4. O Perfil do APL do Porto Digital em Recife

O Porto Digital (PD) é uma politica pública do governo de Pernambuco, em

cooperação com iniciativa privada e academia, com foco na criação e promoção de um

ambiente viável ao desenvolvimento de empreendimentos de base tecnológica (EBTs).

Trata-se de uma política pública inovadora, que atende as inciativas de desenvolvimento

local (IDL), definido Llorens (2001 apud NOBRE, 2011), como estratégia de

desenvolvimento para o Estado de Pernambuco, neste século.

Embora de inciativa governamental nesse sentido, nota-se que a iniciativa

assume traços gerencialistas. A maior evidencia disso, é o fato de que a gestão do

projeto tenha sido delegada a uma Organização Social (OS), sem fins lucrativos,

denominada Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD). Esse arranjo original permite

ao NGPD, além da governança sobre o Parque Tecnológico, o papel de articulador entre

diversas instituições integradas ao desenvolvimento de Pernambuco.

A estrutura do Porto Digital é composta por um conselho administrativo,

constituído por 19 membros, representantes das empresas do parque tecnológico,

0100200300400

Canhotinho

Caruaru

Ipojuca

Jaboataodos …

Olinda

Paulista

Petrolina

Recife

Salgueiro

Vitoria deSanto …

2006-2012a

0

20

40

60

80

100

Recifeb

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empresas de outros setores produtivos relacionados ao PD, Universidades, Prefeitura de

Recife e Governo do estado. Esse conselho estabelece as políticas e estratégias centrais

para o desenvolvimento do PD, possuindo autonomia para nomear a diretoria do NGPD,

constituída pelo diretor de inovação e competitividade empresarial, pelo diretor

executivo e mais cinquenta e três colaboradores, pós-graduados em gestão da inovação.

Estrategicamente o PD, possui oito grandes eixos de atuação, a saber: i. Fomento

ao desenvolvimento empresarial e qualificação do capital humano; ii. Incubação e

aceleração de novos negócios; iii. Mobilização de capitais de investimentos; iv.

Cooperação com governo, empresa e academia; v. Promoção e gestão da imagem

institucional do Porto Digital; vi. Estimulo às práticas de responsabilidade social

empresarial; vii. Incentivo a melhoria de infraestrutura imobiliária e de serviços

urbanos; e viii. Aperfeiçoamento contínuo da equipe técnica no trabalho e gestão do

NGPD. Os referidos eixos são apresentados pela Figura 4.

Figura 4 - Os oito eixos estratégicos de atuação do Porto Digital de Recife emPernambuco

Fonte: Relatório Porto Digital – Parque tecnológico

EIXO 7INCENTIVO À MELHORIA DA OFERTA DE

INFRAESTRUTURA IMOBILIÁRIA, TECNOLÓGICA EDE SERVIÇOS EMPRESARIAIS E URBANOS

EIXO 4COOPERAÇÃO COM GOVERNO,

EMPRESA E ACADEMIA

EIXO 5PROMOÇÃO E GESTÃO DA

IMAGEM INSTITUCIONAL DOPORTO DIGITAL

EIXO 6ESTÍMULO A PRÁTICASDE RESPONSABILIDADESOCIAL EMPRESARIAL

EIXO 2INCUBAÇÃO E ACELERAÇÃO

DE NOVOS NEGÓCIOS

EIXO 3MOBILIZAÇÃO DE CAPITAIS

DE INVESTIMENTO

18 Convêniosem execução com orçamento de

R$ 112 milhões para operar43 projetos

EIXO 8APERFEIÇOAMENTO CONTÍNUO DA EQUIPE TÉCNICA,DO AMBIENTE DE TRABALHO E DA GESTÃO DO NGPD

EIXO 1FOMENTO AO

DESENVOLVIMENTOEMPRESARIAL E QUALIFICAÇÃO

DE CAPITAL HUMANO

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10

O PD de Pernambuco desenvolve especialmente atividades intensivas em

conhecimento e inovação nos segmentos de: software e serviços de tecnologia de

informação e comunicação; e economia criativa, como games, multimídia, cine-video-

animação, musica, design e fotografia. Diferentemente de outros parques tecnológicos,

o PD possui como característica singular, sua territorialidade.

Trata-se de um parque urbano, instalado no bairro histórico do Recife e no bairro

de Santo Amaro, ocupando uma área de 149 hectares, com 800 metros de fibra óptica,

mais um apoio estrutural e institucional de inovação composto por: 6 imóveis

empresariais; 3 incubadoras com capacidade para 27 empresas; 2 institutos de inovação;

1 centro de teste de software (SOFTEX); 2 centros de eventos e capacitações com

auditórios e salas; 5 laboratórios de alta tecnologia para a economia criativa, com

portomídia em implantação; 1 aceleradora de empreendimentos, em implantação; e 1

centro de tecnologias para a sustentabilidade (ITgreen).

1.5. Perfil das Empresas e seus Colaboradores

As empresas filiadas ao PD atuam na área de tecnologia da informação e

economia criativa. Em 2011 as referidas empresas faturaram juntas cerca de R$ 1 bilhão

de Reais, com 65% desse faturamento originados de contratos firmados fora do Estado

de Pernambuco através do desenvolvimento de competências nos segmentos de:

pesquisa e desenvolvimento de sistemas embarcados; inteligência artificial; sistemas de

redes neurais; segurança da informação; jogos e entretenimento; sistemas educacionais,

gestão empresarial e de mobilidade, segurança e gestão urbana; aplicativos para

dispositivos móveis; desenvolvimento de software sob demanda; páginas eletrônicas,

mídias digitais e comércio eletrônico e consultoria em TI entre outros (NGPD, 2013).

Atualmente o PD conta com 230 empresas e instituições associadas, cerca de

500 empreendedores e 7000 colaboradores. Aproximadamente 88,7% das empresas são

de Micro e Pequeno Porte. Apenas 11,3% são classificadas em médias e grandes

empresas, de acordo com os resultados do NGPD (2013). Os resultados da pesquisa

refletem valores muito próximos ao da autora apresentando a participação de 90,5% das

micro1 e pequenas2 empresas no mercado do porto digital.

1 Empresas com até nove funcionários.2 Empresas com 10 a 49 funcionários.

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11

Figura 5 - Identificação das empresas do PD segundo seu porte, por funcionáriosempregados, expresso em valores percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

Apenas 9,5% das firmas são definidas como médias3 empresas e não há qualquer

evidencia sobre a existência de grandes4 empresas. Além disso, no que tange ao número

de empregos gerados no PD, as pequenas empresas são as que mais empregam, com

50% do emprego gerado, seguidas da média empresa com 35,9% dos empregos. As

micro empresas, embora em maior número contribuam com apenas 13,7% do emprego.

A maior parte das empresas foram fundadas de 2005 a 2010, o que reforça a

hipótese dos incentivos políticos e institucional de apoio ao desenvolvimento do APL

PD combinada a uma fase de crescimento da economia nacional, em período que ficou

conhecida pela segunda fase de estruturação e consolidação do PD. De todo modo, as

primeiras manifestações de empreendimentos instalados no PD de Recife tiveram início

ainda no final do século XX, entre os anos de 1986 a 1990 e primeiro quinquênio da

década de 1990 com empresas de micro, pequeno e médio porte.

3 Empresas com 50 a 99 funcionários.4 Empresas com mais de 99 funcionários.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

MicroPequena

MédiaGrande

47,6%42,9%

9,5%

0,0%

13,7%

50,4%

35,9%

0,0%

% Empresas % Empregados

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12

Figura 6 - Período de fundação das empresas do PD conforme o porte econômico,antes e depois das fases de reestruturação do APL, expresso em valores

percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

De lá até o ano de 2000 não existem registros de qualquer outra iniciativa de

empreendimentos. Contudo, após a criação do Centro de Estudos e Sistemas Avançados

do Recife (CESAR), foram retomados os empreendimentos timidamente até 2005 e

fortemente a partir de 2005, durante o que ficou conhecido como primeira fase de

estruturação progressiva do PD.

O CESAR foi um projeto pioneiro construído a partir da iniciativa de

professores e alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no sentido de

aproximar academia as necessidades das empresas privadas durante os anos de 1986 a

2000. Nesta data, o referido centro se desvincula da UFPE e passou a trabalhar de modo

independente para a iniciativa privada. Atualmente sua sede é fora do PD e seu vinculo

ao porto acontece via incubadora Softex, além disso, possui uma cadeira no Conselho

do PD, além de ser a empresa ancora atração de investimentos e apoio tecnológico.

A composição do capital das empresas colaboradoras do PD consiste

basicamente em capital nacional, especialmente para as micro e médias empresas, cuja

composição do capital é 100% nacional. Apenas as empresas de porte micro, foram

identificadas com composição 22,2% de capital estrangeiro e misto. Mesmo assim

77,8% do capital investido são de origem nacional, como exibido na Figura 7.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

1986-1990 1991-1995 1996-2000 2000-2003 2003-2005 2005-2010

8,3%

16,7% 16,7%

58,3%

20,0%

10,0%

70,0%

50,0%50,0%

% Micro % Pequena % Média 0.0%

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13

Figura 7 - Origem do capital das empresas do PD conforme o porte econômico,expresso em valores percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

Como identificado do porte das empresas e da composição do capital no APL do

PD, o resultado para estrutura do capital não poderia ser diferente. A partir das

observações para os anos de 2005 e 2012 das micro, pequenas e médias empresas, a

maior parte do capital investido se limitava as cotas partes dos sócios das empresas. Foi

notado que tanto em 2005 quanto em 2012, na segunda fase de expansão e consolidação

do PD, a maior parte do capital investido tem origem entre os sócios do

empreendimento, como mostra a Figura 8.

Figura 8 - Estrutura do capital das empresas do PD conforme o porte econômico,nos anos de 2005 e 2012, expresso em valores percentuais(%)

Especificamente, apenas as microempresas utilizaram os recursos de

empréstimos de amigos e familiares em 2005 para 20% do financiamento do capital. As

demais empresas financiaram 100% do investimento com a contribuição dos sócios. Em

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Nacional Estrangeiro Nacional eEstrangeiro

100,0%

0,0% 0,0%

77,8%

11,1% 11,1%

100,0%

0,0% 0,0%

% Micro % Pequena % Média % Grande

0,0%20,0%40,0%60,0%80,0%

100,0%Micro 2005

Micro 2012

Pequena 2005

Pequena 2012

Média 2005

Média 2012

Grande 2005

Grande 2012

Dos sócios

Empréstimos de parentes e amigos

Empréstimos de instituiçõesfinanceiras gerais

Empréstimos de instituições deapoio as MPEs

Adiantamento de materiais porfornecedores

Adiantamento de recursos porclientes

Outra

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14

2012, as média empresas utilizaram recursos de instituições financeiras, mesmo que em

proporções insignificantes na composição do capital das empresas. A pequena empresa

não dependeu de qualquer recurso alheio às quotas partes dos sócios, tanto em 2005

quanto em 2012.

Quando observada a composição dos sócios por porte das empresas, identifica-se

que a maior parte das microempresas tem apenas dois sócios, do mesmo modo que as

pequenas empresas. No entanto, completamente diferente da composição societária das

médias empresas igualmente distribuídas entre empresas de um único sócio e mais de

três sócios. Do ponto de vista da composição societária é possível explicar o porque da

origem do capital das empresas. Uma circunstancia que possivelmente poderia explicar

o reduzido uso do crédito, pelo menos para as micro e pequenas empresas seria a

restrição ao crédito, em função do baixo patrimônio líquida das empresas.

Figura 9 - Número de sócios fundadores das empresas do PD conforme o porteeconômico, expresso em valores percentuais(%)

No que se refere ao tipo de cooperação entre as empresas colaboradoras do PD,

os resultados são robustos o suficiente para identificar a independência completa das

micro empresas. As únicas cooperações verificadas faram entre 50% das empresas de

pequeno e médio porte que afirmavam cooperar em um mesmo grupo. O percentual

complementar, da mesma forma que as micro funcionam de maneira independente.

Resumidamente o tipo de cooperação identificado no APL do PD, rompe com a

filosofia do APL que coopera e fortalece o conhecimento tácito de aglomerações

produtivas a favor da inovação tecnológica.

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

1 sócio 2 sócios 3 sócios mais de 3

0,0%

60,0%

30,0%

10,0%11,1%

55,6%

11,1%

22,2%

50,0%

0,0% 0,0%

50,0%

% Micro % Pequena % Média % Grande

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Figura 10 - Tipo de cooperação das empresas do PD conforme o porte econômico,expresso em valores percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

Para as empresas integradas a grupos de cooperação, observa-se que a hierarquia

do grupo obedece ao porte econômico da empresa, aonde a empresa média controla a

pequena. Esse resultado é expresso por 100% das médias empresas controladoras em

relação a 80% das pequenas empresas controladas e 20% coligadas. Diante dos

resultados das pesquisas, uma das justificativas que foram apresentadas em entrevista,

foi à limitação das microempresas em gestão e estrutura organizacional que restringe o

apoio do APL para as microempresas do PD.

Figura 11- Tipo de cooperação das empresas do PD conforme o porte econômico,expresso em valores percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

Independente Parte do Grupo

100,0%

0,0%

50,0% 50,0%50,0% 50,0%

0,0% 0,0%

% Micro % Pequena % Média % Grande

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

Controladora Controlada Coligada

0,0%

80,0%

20,0%

100,0%

0,0% 0,0%

% Micro % Pequena % Média % Grande

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Desse modo, para entender melhor o tipo de empresa que se instalou no APL do

PD se faz necessário algumas informações relevantes do seu perfil socioeconômico dos

sócios fundadores das empresas que compreendem elementos de faixa etária, gênero,

qualificação profissional e atividades econômicas dos pais. Nesse contexto, as

principais informações que se verificam apontam para um conjunto de indivíduos

jovens, do gênero masculino, com ensino superior completo, ou não, e herança

profissional da família e/ou outras atividades empresariais antes do PD. As referidas

informações foram constatadas pela pesquisa como mostram as figuras 12, 13, 14 e 15.

Figura 12 - Idade do sócio fundador das empresas do PD por porte econômico,expresso em valores percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

A maior parte dos colaboradores do APL tem entre 21 e 30 anos de idade, como

demonstrado pela Figura 12, para 60% das micro e 44,4% das pequenas empresas

estudadas. No entanto, do mesmo modo que as médias empresas, quase 100% dos

sócios colaboradores de PD estão entre 21 e 40 anos. Esse perfil demonstra um setor

econômico composto por um conjunto de agentes relativamente jovens, o que a priori

seria uma necessidade do mercado, devido à volatilidade das informações no sentido

das inovações tecnológicas de atividade intensivas em TI. Esses resultados são

reforçados pelo NGPD ao definir os colaboradores como um grupo etário jovem que

inicia suas atividades profissionais ligadas ao APL ainda durante faculdade. Aonde mais

da metade teria de 22 a 29 anos de idade e apenas 8,7% dos colaboradores tinham mais

de 40 anos (NGPD, 2013).

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

até 20 21 e 30 31 e 40 41 e 50 mais de 50

10,0%

60,0%

30,0%

0,0% 0,0%0,0%

44,4%

22,2%

0,0% 0,0%0,0%

50,0% 50,0%

0,0% 0,0%

Micro Pequena Média Grande

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Figura 13 - Escolaridade do sócio fundador das empresas do PD por porteeconômico, expresso em valores percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

Além da juventude, o conjunto de empresas do PD é composto em sua maioria,

por indivíduos com excelentes indicadores de educação, principalmente para as

empresas de médio porte, com 100% dos sócios pós-graduados. Os sócios das demais

empresas, embora em situação inferior, dispõem de um conjunto de sócios com 66,6%

de graduados a pós-graduados, para as pequenas empresas, e 50% nas mesmas

condições para as microempresas. As empresas com maior defasagem educacional são

as microempresas, mesmo assim, as piores estatísticas são de 10% com ensino médio

completo e 40% no ensino superior incompleto.

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

Analfabeto

Ensino Fundamental Incompleto

Ensino Fundamental Completo

Ensino Médio Incompleto

Ensino Médio Completo

Superior Incompleto

Superior Completo

Pós-Graduação

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

10,0%

40,0%

20,0%

30,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

22,2%

33,3%

33,3%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

100,0%

Grande Média Pequena Micro

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Figura 14 - Pais dos sócios fundador das empresas do PD por porte econômico,expresso em valores percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

A outra característica social dos sócios é que, pelo menos para as micro e

pequenas empresas, a maioria são filhos de empresários. No caso particular das

microempresas, 30% são filhos de empresários do segmento de TI, enquanto que apenas

20% dos sócios são filhos de empresários de outras atividades. Algo semelhante é

notado para as pequenas empresas, com 11,1% e 33,3% de filhos de empresários em Ti

e outras atividades empresariais. Em outras palavras, os resultados da Figura 14

mostram que 50% dos colaboradores das microempresas e 44,4% das pequenas

empresas são filhos de empresários. Mesmo assim, o que poderia ser um fator positivo,

do ponto de vista da cooperação empresarial não se expressa em sua plenitude,

especialmente para as microempresas como demonstrou a Figura 10.

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Micro Pequena Média Grande

20,0%

33,3%

0,0% 0,0%

30,0%

11,1%

0,0% 0,0%

Pais empresário Pais com mesma atividade

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Figura 15 - Escolaridade do sócio fundador das empresas do PD por porteeconômico, expresso em valores percentuais(%)

Fonte: Dados da pesquisa

Além da experiência profissional dos pais dos sócios fundadores, verificou-se

também que a 100% dos empresários das médias empresas estavam vinculados ou a

outras atividades ou a outras empresas, como mostra a Figura 15. A pequena empresa

tem mais a identidade de indivíduos ligados ao APL do PD como estudante

universitário e empregados de médias e grandes empresas locais que estão se definindo

profissionalmente, diferentemente do que se observa para as médias empresas, com

profissionais mais maduros. A identidade dos micro empresários é um pouco mais

heterogêneo, só de experiências fora do APL desvinculada de atividades empresariais

são 70% da amostra. Apenas 20% foram identificados como estudantes universitários

empregados em micro e pequenas empresas locais.

2. Produção, Mercados e Empregos

Gráfico 1 - Evolução da Empresa – Pessoal Ocupado – 2008 a 2012

Fonte: Pesquisa Direta

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%

Estudante Universitário

Estudante de Escola Técnica

Empregado de micro ou pequena empresa local

Empregado de média ou grande empresa local

Empregado de empresa de fora do arranjo

Funcionário de instituição pública

Empresário

Outra

10,0%

10,0%

30,0%

10,0%

40,0%

11,1%

11,1%

11,1%

11,1%

22,2%50,0%

50,0%

Grande Média Pequena Micro

10 1016 17274236 4447

75

020406080

Microempresa PequenaEmpresaPe

ssoa

l Ocu

pad0

(uni

dade

s)

Classificação das Empresas

2008 2009 2010 2011 2012

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20

O gráfico 1 revela a evolução do pessoal ocupado nas micro e pequenas empresas

durante o período 2008 a 2012. Tanto nas micro quanto nas pequenas empresas,

percebe-se uma evolução crescente do pessoal ocupado, tendo as pequenas empresa

quantitativos maiores Nesta última, a taxa de variação anual também é maior,

destacando-se o ano de 2010, onde houve um aumento de 147% em relação ao ano

anterior. Em relação aos questionários aplicados nesta fase, não houve registro de média

nem grandes empresas.

Gráfico 2 - Evolução do faturamento – Número de Empresas em cada Faixa2008 a 2012

Fonte: Pesquisa Direta* Faixas de faturamento:(1) até R$ 60 mil(2) acima de R$ 60 mil até R$ 240 mil(3) acima de R$ 240 mil até R$ 840 mil(4) acima de R$ 840 mil até R$ 2.400.00(5) acima de R$ 2.400.000 até R$ 7.200.000(6) acima de R$ 7.200.000 até R$ 16.000.000(7) acima de R$ 16.000.000 até R$ 60.000.000(8) acima de R$ 60.000.000 até R$ 90.000.000 (9) acima de R$ 90.000.000

O gráfico 2 revela a evolução do faturamento, em termos do número de empresas

em cada faixa, no período compreendido entre os anos de 2008 e 2012. De uma maneira

geral, observa-se que a faixa de faturamento 3 (em cinza claro) é a contém o maior

número de empresas durante o período considerado. Ela evoluiu, partindo-se de 2

empresas em 2008 para 6 em 2010 e, posteriormente, caindo para 5 em 2011 e 3 em

2012. Considerando os questionários aplicados, não houveram ocorrência de nenhuma

empresa nas faixas 8 (vermelho escuro) e 9 (cinza escuro). Verifica-se a existência de

0 1 2 3 4 5 6 7

Ano de 2008

Ano de 2009

Ano de 2010

Ano de 2011

Ano de 2012

Número de Empresas em cada Faixa de FaturamentoEvol

ução

do

Fatu

ram

ento

Faixa 9 Faixa 8 Faixa 7 Faixa 6 Faixa 5

Faixa 4 Faixa 3 Faixa 2 Faixa 1

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21

apenas 1 empresa na fixa 7 (azul escuro) no ano de 2012. As demais faixas têm

ocorrência irregular durante os anos.

Gráfico 3.1 - Microempresas

Mercado – Destino das Vendas – 2008 a 2012

Fonte: Pesquisa Direta

O gráfico 3.1 apresenta a segmentação do mercado de vendas das microempresas

em relação aos municípios do APL, ao Estado de Pernambuco, ao Brasil e ao exterior,

no período 2008 a 2012. Em relação aos anos 2008 e 2009, verifica-se idêntica

segmentação de mercado, onde 50% das vendas dirigiram-se para o Estado de

Pernambuco, 37,5% para os municípios do entorno do APL (locais) e apenas 12,5%

para o Brasil. No ano de 2010 praticamente toda a produção foi vendida para o mercado

local, restando uma minúscula fração destinada a Pernambuco e Brasil. No ano de 2011,

observa-se praticamente que a metade da produção foi vendida para o mercado local e a

outra para o Estado. As vendas em 2012 foram semelhantes às de 2011, tendo uma

ligeira piora em relação a Pernambuco e uma discreta recuperação relativo ao Brasil. No

tocante ao total de empresas entrevistadas nesta fase do projeto, não observou-se

exportações.

0%20%40%60%80%

100%

Ano de2008

Ano de2009

Ano de2010

Ano de2011

Ano de2012

Exportação 0 0 0 0 0

Brasil 12,5 12,5 0,3 0,3 5,2

Estado 50 50 1,9 49,4 44,6

Local 37,5 37,5 97,8 50,3 50,2

Dest

ino

das V

enda

s (%

)

Anos

Local Estado Brasil Exportação

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Gráfico 3.2 - Pequenas Empresas Mercado – Destino das Vendas – 2008 a 2012

Fonte: Pesquisa Direta

O gráfico 3.2 apresenta a segmentação do mercado de vendas das pequenas

empresas em relação aos municípios do APL, ao Estado de Pernambuco, ao Brasil e ao

exterior, no período 2008 a 2012. Em relação ao gráfico 3.1, verifica-se uma mudança

quando se observa o destino das vendas das pequenas empresas. Enquanto que naquelas

a produção é vendida basicamente entre os mercados local e estadual, nesta a maior

parte da produção é vendida ao Brasil, observando-se uma fatia crescente sendo escoada

para o mercado externo. No ano de 2012, por exemplo, quase metade das vendas foi

destinada para as exportações (cerca de 49%), seguida pelos mercados nacional

(37,1%), estadual (9,2%) e local (4,7%).

0%20%40%60%80%

100%

Ano de2008

Ano de2009

Ano de2010

Ano de2011

Ano de2012

10,9 10,7 9,5 9,5 4,719,8 19,6 18,7 18,7 9,2

69,3 58,9 56,5 51,937,1

0 10,8 15,2 19,948,9

Dest

ino

de V

enda

s (%

)

Anos

Local Estado Brasil Exporttações

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23

Gráfico 4 - Escolaridade do Pessoal Ocupado – Situação em 2012

Fonte: Pesquisa Direta

O gráfico 4 revela o perfil de escolaridade do pessoal ocupado nas micro,

pequenas, médias e grandes empresas, referente ao ano de 2012. Quase a metade do

pessoal ocupado nas microempresas possui superior completo (48,5%), seguido por

superior incompleto (29,7%). Nas pequenas empresas, aproximadamente 39,4% possui

superior completo, seguido por pós-graduação (22,2%). Nas empresas de médio porte, a

maiorias dos empregados possui médio completo (56,3%), seguido por superior

incompleto (17,6%) e completo (17,6%). Dentre as empresas pesquisadas, não foram

verificadas empresas de grande porte.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Microempresa PequenaEmpresa

MédiaEmpresa

GrandeEmpresa

0 0 0 01 0 0 01 7,1 0 009,4

0 04

856,3

0

29,713,9

17,6

0

48,5 39,4

17,6

0

15,8 22,28,5

0

ESCO

LARI

DADE

DO

PES

SAL O

CUPA

DO (%

)

MICROEMPRESA-PEQUENA EMPRESA-MÉDIA EMPRESA - GRANDE EMPRESA

Analf. Fund. Incomp. Fund. Comp. Médio Incomp.

Médio Comp. Sup. Inc. Sup. Comp. Pós-Grad.

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Gráfico 5.1 - MicroempresasFatores Determinantes da Capacidade Competitiva das Empresas

Fonte: Pesquisa Direta

O gráfico 5.1 revela os fatores determinantes da capacidade competitiva das

microempresas, numa escala de que vai de importância nula até alta importância. De

uma maneira geral, a maioria das empresas consultadas selecionaram como fatores de

alta importância: qualidade da mão-de-obra, custo da mão-de-obra, estratégias de

comercialização, qualidade do produto e capacidade de atendimento (volume e prazo).

Gráfico 5.2 - Pequenas EmpresasFatores Determinantes da Capacidade Competitiva das Empresas

Fonte: Pesquisa Direta

O gráfico 5.2 revela os fatores determinantes da capacidade competitiva das

pequenas empresas, numa escala de que vai de importância nula até alta importância.

02468

1012

Núm

ero

de E

mpr

esas

Fatores Determinantes da Capacidade Competitiva das Empresas

Importância Nula Baixa Importância Média Importãncia Alta Importância

0123456789

10

Núm

ero

de E

mpr

esas

Fatores Determinantes da Capacidade Competitiva das Empresas

Importância Nula Baixa Importância Média Importãncia Alta Importância

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De uma maneira geral, a maioria das empresas consultadas selecionaram como fatores

de alta importância: qualidade da mão-de-obra, capacidade de introdução de novos

produtos e processos, desenho e estilo nos produtos, estratégias de comercialização e

qualidade do produto.

Gráfico 5.3 - Médias EmpresasFatores Determinantes da Capacidade Competitiva das Empresas

Fonte: Pesquisa Direta

O gráfico 5.3 revela os fatores determinantes da capacidade competitiva das

médias empresas, numa escala de que vai de importância nula até alta importância. De

uma maneira geral, a maioria das empresas consultadas selecionaram como fatores de

alta importância: qualidade da mão-de-obra e capacidade de introdução de novos

produtos e processos.

3. Inovação, Cooperação e Aprendizado

Neste capítulo serão analisadas o comportamento das empresas inseridas no

APL do Porto Digital no que diz respeito a inovação, cooperação e aprendizado para o

período de 2010 a 2012, tendo como base os resultados do Bloco III do questionário.

3.1 Inovatividade Empresarial

As empresas instaladas no Porto Digital mostram elevado grau inovador

operacional. Entre 2010 e 2012, as empresas inovaram, em média, 97% em produto, dos

quais 69% eram novos para o mercado nacional, e 93% em processo, em que 585 eram

novos para o setor em que atuam. As empresas também inovaram organizacionalmente

00,5

11,5

22,5

Núm

ero

de E

mpr

esas

Fatores Determinantes da Capacidade Competitiva das Empresas

Importância Nula Baixa Importância Média Importãncia Alta Importância

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com a implementação de avançadas técnicas de gestão (79%), significativas mudanças

na estrutura organizacional e na aplicação de novos métodos de comercialização (76%,

respectivamente).

Entende-se que o resultado apresentado em relação aos novos produtos lançados

no mercado é reflexo tanto no processo tecnológico das empresas, quanto no que se

refere a mudanças estruturas dessa. Sendo assim, o maior impacto dessas inovações

ocorreu sobre as micro e pequenas empresas, uma vez que essas afirmaram lançar

produtos novos para o mercado internacional (10% e 22,2%, respectivamente), ao

contrário das empresas de médio porte.

No entanto, microempresas apresentam dificuldade quanto a exportação desses

produtos, visto que não houve exportação desses produtos no anos de 2012. Assim, em

média, 20% afirmaram que esses novos produtos e produtos com significativo

aperfeiçoamento responderam por 26% a 50% das vendas no mercado nacional. No

caso das empresas de pequeno porte, 19% indicaram que as exportações dos novos

produtos, e os significativamente aperfeiçoados, representam 76% a 100% de suas

vendas. Para outras 19% pequenas empresas as exportações dos produtos inovativos

responderam de 6% a 15% de suas vendas.

Para as empresas do APL as inovações realizadas entre 2010 e 2012 tiveram

elevado grau de importância no que se refere tanto a manter sua participação no

mercado de atuação, quanto a expandir da participação no mercado interno, e como

também no aumentar a gama de produtos ofertados (75%, 54%, e 64%,

respectivamente).

Quanto a frequência com as atividades de inovação são realizadas pelas

empresas do APL, verifica-se um saldo positivo, visto que, em média, 32% afirmavam

realizar rotineiramente, e 31% ocasionalmente, essas atividades, enquanto para cada um

destes itens 37% das empresas não desenvolviam tais atividades (Gráfico 1).

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Gráfico 1 - Percentual médio por nível de frequência das atividade inovativa

Fonte: Pesquisa Direta

Analisando os dados desagregados sobre as atividades inovativas, verifica-se

que dentre as oito atividades listadas no questionário, aquisição externa de P&D e

projetos e desenhos industriais à produtos e/ou processos são as que as empresas

afirmaram não desenvolver. Levando em consideração as respostas “ocasionalmente” e

“rotineiramente” conclui-se que as atividades inovativas mais frequentes foram

“Programas de treinamento”, “P&D interno à empresa” e “Aquisição de outras

tecnologias”, com percentuais de 86%, 86% e 90%, respectivamente (Gráfico 2).

27%28%29%30%31%32%33%34%35%36%37%38%

Não realizam Rotineiramente Ocasionalmente

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Gráfico 2 - Frequência por atividade inovativa entre 2010 e 2012

Fonte: Pesquisa Direta

Dado o expressivo resultado que as inovações apresentaram para as empresas, os

gastos com atividades inovativas são relativamente baixos, correspondendo, em média,

a 1,87% dos gastos da empresa, enquanto os gastos com P&D são insignificantes

(0,45%, em média). Quase que a totalidade das empresas pesquisadas afirmaram fazer

uso de recursos próprios para investir em inovação. Com destaque para as empresas de

médio porte, ao qual esperava-se ser parte desse gasto em inovação custeado via

financiamentos.

3.2 Cooperação e seu Papel na Inovatividade do APL

No aspecto cooperativo, verifica-se que 90,5% das empresas que fazem parte da

amostra realizaram atividades cooperativas formais ou informais entre 2010 e 2012,

conforme demonstra o (Gráfico 3).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Não desenvolveu Rotineiramente Ocasionalmente

P&D na empresa

Aquisição externa de P&D

Aquisição de máquinas e equip. com melhorias tecnológicas

Aquisição de outras tecnologias (softwares, licenças, ou acordos de transferência de tecnologias)

Projeto industrial ou desenho industrial associados à produtos/processos

Programa de treinamento orientado à introdução de produtos/processos

Programas de gestão da qualidade ou de modernização organizacional

Novas formas de comercialização e distribuição para produtos novos

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Gráfico 3 - Participação em Atividades Cooperativas entre 2010 e 2012

Fonte: Pesquisa direta.

3.3 As Fontes de Informações para o Aprendizado

A análise das fontes de informação para o aprendizado revela que há uma

elevada territorialidade neste aspecto, pois para as diversas fontes de informação

(internas, externas e outras fontes) mais de 50% das empresas (micro, pequenas e

médias) localizam estas fontes no próprio APL.

Dentre as empresas pesquisadas, 89% afirmaram ser a área de produção a fonte

de informação interna com maior grau importante, sendo as atividades de P&D a

segunda mais importante (em torno de 56% das empresas assim afirmaram). Isso reflete

uma característica percebida nesse setor, perceptível principalmente nas micro e

pequenas empresas, onde pesquisa e produção operam quase que simultaneamente,

deste modo as empresas entendem ser o setor de produção o agregador de conhecimento

interno.

No que se refere a as fontes externas de informação, são os clientes os de maior

importância para 69% das empresas pesquisadas, pois é por meio dessas informações

que as empresas captam as necessidades do consumidor e promovem aperfeiçoamentos

e inovações em busca de atender tais demandas.

Pouco menos da metade dessas firmas consideram as informações inovativas

fornecidas pela Universidade altamente importantes (41% das empresas), o argumento

estaria, em muito casos, na especificidade dos produtos e do processo, o que exige da

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

APL Micro Pequena Média

Qua

ntid

ade

Empresas

Sim

Não

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firma aplicar treinamento específico para sua mão de obra. O mesmo pode ser dito

quanto a informação obtida através da internet, e mesmo em encontros de laser (40% e

44%).

Para obter informação junto às fontes internas e externas (área de produção e

clientes, nessa ordem) que foram atribuídas maior importância, as empresas utilizam

processos formais. Isso pode sugerir que as relações econômicas, tanto do lado da

oferta, via setores internos responsáveis pela produção, quanto o lado da demanda

representada pelos clientes, delimitam claramente como as informações entram e são

processadas pelas firmas.

Verificou-se que as inter-relações estabelecidas entre os agentes do Porto Digital

de Recife tiverem importância, principalmente, para a capacitação dos recursos

humanos. Nesse aspecto, há uma forte cooperação das empresas com os profissionais,

oferecendo treinamentos frequentes. O próprio Porto Digital possui uma parceira por

meio de interação com as empresas que o compõe, oferecendo cursos para os seus

profissionais alocados.

Tabela 3 - Formas de Cooperação entre 2010 a 2012

DescriçãoMicro Pequena Média

Nula Baixa Média Alta Nula Baixa Média Alta Nula Baixa Média Alta

1. Compra de insumos e

equipamentos 44,4 44,4 11,1 0,0 57,1 0,0 28,6 14,3 50,0 0,0 50,0 0,0

2. Venda conjunta de

produtos 33,3 44,4 11,1 11,1 50,0 12,5 0,0 37,5 0,0 0,0 50,0 50,0

3. Desenvolvimento de

Produtos e processos 33,3 22,2 22,2 22,2 0,0 25,0 25,0 50,0 50,0 0,0 0,0 50,0

4. Design e estilo de

Produtos 55,6 11,1 11,1 22,2 12,5 37,5 12,5 37,5 50,0 0,0 0,0 50,0

5. Capacitação de

Recursos Humanos 11,1 11,1 33,3 44,4 12,5 25,0 12,5 50,0 0,0 50,0 0,0 50,0

6. Obtenção de

financiamento 77,8 0,0 11,1 11,1 50,0 25,0 12,5 12,5 0,0 0,0 50,0 50,0

7. Reivindicações 77,8 22,2 0,0 0,0 87,5 12,5 0,0 0,0 50,0 50,0 0,0 0,0

8. Participação conjunta

em feiras, etc 66,7 11,1 22,2 0,0 50,0 25,0 25,0 0,0 0,0 50,0 50,0 0,0

Embora o grau de importância tenha variado de acordo com o porte das

empresas, verifica-se que os resultados dos esforços cooperativos foram mais

importantes para as pequenas e médias empresas. Especialmente para as primeiras que

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apontaram que as ações conjuntas tiveram importância, média e alta, em seis dos dez

itens avaliados.

Os resultados mais importantes das ações conjuntas apontados foram o

desenvolvimento de novos produtos e melhoramento da qualidade dos produtos já

existentes.

Tabela 4 - Resultados das Ações Conjuntas (%)

Descrição Micro Pequena MédiaNula Baixa Média Alta Nula Baixa Média Alta Nula Baixa Média Alta

1. Melhoria naqualidade dosprodutos 10 20 10 60 0,0 0,0 62,5 37,5 0,0 50,0 0,0 50,02. Desenvolvimentode novos produtos 40,0 10,0 10,0 40,0 0,0 0,0 50,0 50,0 0,0 0,0 50,0 50,03. Melhoria nosprocessos produtivos 10,0 20,0 50,0 20,0 12,5 12,5 37,5 37,5 0,0 50,0 0,0 50,04. Melhoria nascondições defornecimento dosprodutos 30,0 40,0 10,0 20,0 37,5 12,5 12,5 37,5 50,0 0,0 50,0 0,05. Melhorcapacitação derecursos humanos 11,1 33,3 33,3 22,2 25,0 25,0 37,5 12,5 0,0 50,0 0,0 50,06. Melhoria nascondições decomercialização 30,0 20,0 30,0 20,0 25,0 0,0 37,5 37,5 0,0 0,0 100,0 0,07. Introdução deinovaçõesorganizacionais 30,0 40,0 10,0 20,0 37,5 25,0 37,5 0,0 50,0 0,0 0,0 50,08. Novasoportunidades denegócios 20,0 50,0 10,0 20,0 0,0 25,0 37,5 37,5 0,0 0,0 50,0 50,09. Promoção denome/marca daempresa no mercadonacional 50,0 0,0 20,0 30,0 0,0 0,0 50,0 50,0 0,0 50,0 50,0 0,010. Maior inserçãoda empresa nomercado externo 100,0 0,0 0,0 0,0 75,0 12,5 0,0 12,5 50,0 50,0 0,0 0,0

Como resultado dos esforços cooperativos dos processos de treinamento e

capacitação para o aprendizado inovativo, as empresas avaliaram que suas capacitações

sofreram melhoras, contudo o grau de importância variou de acordo com o tamanho da

empresa. Para as micro empresas do setor, a capacitação para utilizar técnicas

produtivas, equipamentos, insumos e componentes foi considerada de “baixa

importância”, enquanto que pequenas e médias apontaram como de “média relevância”.

Para itens, como conhecimento sobre as características dos mercados de atuação

da empresa e desenvolvimento de novos produtos e serviços, as empresas avaliaram que

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os avanços foram de “média importância”. Já para a melhoria da capacitação para

desenvolver novos produtos e processos foi considerada de “alta importância” para as

empresas.

Tabela 5 - Resultados dos Processos de Treinamento e Aprendizagem (%)

DescriçãoMicro Pequena Média

NulaBaixa

Média Alta Nula

Baixa

Média Alta Nula

Baixa

Média Alta

1. Melhor utilização de técnicasprodutivas, equipamentos,insumos e componentes

10,0 40,0 20,0 30,0 22,2 11,1 33,3 33,3 0,0 0,0 50,0 50,0

2. Maior capacitação pararealização de modificaçõese melhorias em produtos eprocessos

20,0 0,0 30,0 50,0 22,2 11,1 11,1 55,6 0,0 0,0 50,0 50,0

3. Melhor capacitação paradesenvolver novosprodutos e processos

20,0 0,0 20,0 60,0 11,1 11,1 11,1 66,7 0,0 0,0 50,0 50,0

4. Maior conhecimentosobre as características dosmercados de atuação daempresa

10,0 20,0 60,0 10,0 11,1 11,1 55,6 22,2 0,0 50,0 50,0 0,0

5. Melhor capacitaçãoadministrativa 20,0 20,0 50,0 10,0 11,1 11,1 55,6 22,2 0,0 50,0 50,0 0,0

4. Diagnóstico, Perspectivas e Proposição de Políticas para promoção do APL

4.1. Diagnóstico do Desempenho Recente do APL

O APL do Porto Digital formalmente possui 13 anos de trajetória de mercado,

com pioneirismo empresarial antes mesmo de sua criação. Entre 1986 - 2000, com a

criação do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife - CESAR, em 1996,

professores e alunos da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, juntaram

esforços para seu funcionamento dentro da IES, com o objetivo de aproximar a

academia e mercado demandante por TICs.

O foco inicial consistia em software, através de parcerias governamentais e

empresarias como a Motorola, por exemplo, para o desenvolvimento de plataforma de

games para celulares. Nesse período poucas eram as empresas existentes no mercado,

segundo o representando da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, e incapazes

de fornecerem os salários, aos profissionais em fase de formação pela UFPE, o que

causou elevada evasão de profissionais para fora, principalmente Sudeste do país e

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exterior. Nesse aspecto, a principal contribuição do CESAR repousa na possibilidade de

fixação dos jovens talentos e a atração de profissionais que pudessem desenvolver

soluções tecnológicas e inovadoras, diferenciadas no contexto local.

No final de 1999, na gestão do governo de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos,

houve apoio ao setor de TICs, destinando parte dos recursos da privatização da CELPE

para o projeto do Porto Digital, considerado naquele momento como prioritário. Para

isso, o CESAR tornou-se a empresa âncora, e atualmente com 600 funcionários tem a

capacidade de alavancar o "sistema de partida" que ela mesma em amparar, ao criar

soluções de negócios e atrair investimento, através capacitações e condições para a

implementação das empresas.

O período de 2000 a 2005 pode chamá-lo de primeira fase de estruturação

progressiva, visto que houve o aumento do número de empresas de micro empresas,

atraídas pela promessa estrutural na área do Recife Antigo, promovida pelo Estado, via

Secretária de Ciência e Tecnologia e também com apoio da FACEPE, através de editais

que contemplavam as micro empresas do setor de TICs.

A partir de 2006 até os dias de hoje, houve uma segunda fase de reestruturação

progressiva e mais consolidada, caracterizadas pela entrada maciça de MPEs e de

Médio Porte, que executam cooperação público-privado (FACEPE, SEBRAE, ITEP,

NGPD, CESAR, a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco -

SECTEC e Prefeitura do Recife). A expansão do APL vinculado ao volume de

investimento estruturados, em construção civil, eletroeletrônica, Programa Brasil Maior,

Tecnova e Inovacred, todos da FINEP, com apoio do Ministério da Ciência e

Tecnologia.

Outro detalhe importante é a isenção do Imposto sobre Serviços - ISS, de 5%

para 3%, a partir de 2006, onde desde que as empresas estejam localizadas e instaladas

no espaço do Porto Digital, no Recife Antigo, terão direito ao incentivo fiscal. O

PACTEL, parque tecnológico de desenvolvimento de produtos e processos localizado

no bairro do Curado, há 23 km do Recife, é considerado uma plataforma tecnológica

que demanda serviços de mobilidade urbana das empresas localizadas no Porto Digital.

O atual gestor, por contrato, é o Porto Digital através no seu Núcleo de Gestão do Porto

Digital - NGPD, que em cooperação com esses atores captam recursos, a partir da

elaboração de projetos.

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O resultado da interação estratégica é o desenvolvimento de inovações com

nichos específicos dominados pela pequenas empresas, com iniciativa e engenhosidade

típica do ambiente inovativos, que se agregam e geram plataforma tecnológicas que

podem promover o desenvolvimento local, através da fixação de hábitos e geração de

competências voltados principalmente para o mercado nacional e internacional. Esse

cenário é um pouco diferente das em empresas de porte micro que são mais

pulverizadas e demandam ações mais específicas de incubação, desenvolvimento de

gestão e melhoramento de produto e/ou processo.

4.2 Identificação das Dificuldades e Potencialidades para o Desenvolvimentodo APL: As Políticas Descritas Atualmente no APL do Porto Digital

A partir da análise dos dados coletados, o APL do Porto Digital, possuem

empresas bastante pulverizadas, visto que o volume da micro empresas instaladas no

arranjo desempenham atividades diferenciadas em tecnologia e embora já nasçam

formais, apresentam problemas em se estabelecerem dado o volume de exigência e

conhecimento específico de mercado. Essa informação foi constata através da entrevista

institucional com o representante da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de

Pernambuco.

Algumas dificuldades foram apresentadas notadamente no que se refere ao

aprendizado inovativo interno ou externo ao arranjo, exigido pelo segmento. A

tecnologia é intensamente mutável diante das evoluções constantes nas rotinas do

processo criativo, fazendo com que as empresas incubadas e/ou recém criadas não

consigam acompanhar as mudanças no ambiente competitivo e inovativo.

Embora, a estratégias inovativas sejam consideradas bastante arriscadas, há

investimentos e lógica empresarial voltadas para o mercado muito exigente, que

apresentam barreiras a geração das inovações diante do segredo empresarial. Mesmo

assim, a presença de incubadoras, laboratórios, centros de pesquisas tecnológicas,

instituições de assessoria, bem como fornecedores, clientes, e instituições de apoio,

estimulam em parte a articulação estratégica, principalmente centralizado as decisões

através do NGPD. O núcleo tende a centralizar as decisões e atuar de forma coordenada

com o CESAR, que compreende um dos principais pilares em educação,

empreendedorismo e engenharia.

Em suma, o fortalecimento do núcleo de gestão do porto digital concentra as

ações cooperativas mais estruturadas, sobrando as estratégias de melhoramento em

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gestão, direcionados as microempresas. As principais medidas cooperativas direcionam

entre os fornecedores, clientes ou concorrentes, caracterizando um relacionamento

puramente mercantil.

No que se refere as micro empresas percebe-se que não há conhecimentos

específicos em projeto de inovação, ou seja, na parte conhecimento organizacional e

administrativo do negócio para o desenvolvimento empreendedor é insuficiente para

pletear ajudas de custo e financiamento. Essas empresas são muito incipientes,

principalmente por deterem perfis mais tradicionais de gestão, ao contrário das

empresas incubadas que em sua maioria acumularam esforços de aprendizagem na

introdução de inovação, que formatam melhor o negócio, embora a problema da gestão

ainda seja considerado um grande obstáculo. Atualmente, há as incubadoras do ITEP,

SEBRAE, 4 (quatro no porto digital) e mais o Softex que também presta assessoria em

TICs. No entanto, o resultado destaca que o ITEP e SEBRAE não detém o

conhecimento e/ou não é objetivo desses atores trabalharem as questões técnicas que

envolvem o desenvolvimento do produto e processo, ficando a cargo apenas da questão

do melhoramento organizacional das estratégias de gestão. Essa informação é

intensificada pelo argumento de alguns agentes que a atual gestão do Porto Digital tende

a centralizar as decisões no conselho deliberativo como uma forma de proteger os

trabalhos e projetos em desenvolvimento puxados pelas grandes empresas

internacionais que puxam o segmento.

Em certa medida há empresas coligadas que complementam os serviços, como a

construção de plataformas e processamento de dados para empresas de grande porte.

Esse exemplo, é notado no negócio de mobilidade urbana desenvolvido e administrado

pela empresa Serttel, considerada uma das empresas chaves e alavancadoras do

potencial inovativo e competitivo do porto digital.

A política e a experiência institucional do APL é talvez o maior potencial que

beneficiam o fortalecimento do próprio núcleo de gestão e do centro tecnológico

(CESAR), considerados as instituições já mencionadas âncoras para o desenvolvimento

do Porto Digital. No entanto, algumas empresas (micro) sofrem com a descontinuidade

ou falta de programas das esferas estaduais e municipais no segmento de ciência e

tecnologia. Os mesmos afirmam que tais ações são essencialmente do governo federal e

sua viabilidade é apenas de acesso as empresas mais estruturadas e com poteciais

inovativos mais consolidados.

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36

Figura 16 - Participa ou tem conhecimento sobre algum tipo de programa ou açõesvoltadas para MPEs para as micro empresas (a), pequenas empresas (b) e médias

empresas(c)

Fonte: Dados da pesquisa

Outra coisa interessante refere-se as políticas aos programas e ações

desenvolvidas para o APL. As ações do governo federal são as mais conhecidas como o

Programa do Brasil Maior e fundos do BNDES e FINEP, muito embora mais a presença

mais marcante são das pequenas e médias empresas que conhecem em sua maioria os

programas do governo federal e Estadual. Notadamente, todas as médias empresas

entrevistadas conhecem e participam de alguma ação proveniente do governo federal.

As ações do governo do Estado de Pernambuco e SEBRAE possuem um penetração

maior nas micro empresas (1a), embora as pequenas (1b) também tenha conhecimento,

mas participam menos que as micros, e mais que as médias empresas. Esses dados

podem indicar a ação do CESAR que possui maior aproximação com as empresas de

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%PequenaNãoconhece

PequenaConhece, mas nãoparticipa

PequenaConhece eparticipa

b

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

Média Não conhece

Média Conhece, mas nãoparticipa

Média Conhece e participa

c

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

MicroNãoconhece

MicroConhece,mas nãoparticipaMicroConheceeparticipa

a

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pequeno e médio porte em promover ações de melhoramento de gestão e assessoria

técnica voltada para o ambiente inovativo. Em síntese o grau de informação e

divulgação dos programas aparentemente concentra-se em um número maior para as

pequenas e médias empresas, seja através do NGPD ou das associações patronais

lideradas pelos sócios das empresas mais estruturadas, especialmente quando considera

as empresas de médio porte (1c) de conhecem e participam ativamente dos programas

do governo federal e estadual essencialmente.

30% e 20% aproximadamente das pequenas e micro empresas, Quanto a

informação é replicada para as médias empresas, 100% tem conhecimento de algum

programa do governo federal e participa. Os mesmos valores são mostrados para as

referidas empresas quando a pergunta aponta o desconhecimento das ações do governo

federal. Destaca-se que a participação do SEBRAE, Governo Estadual e Municipal são

mais presentes, segundo os entrevistados, para as micro e pequenas empresas.

Notadamente, a principal dificuldade para essas são as estratégias de gestão e/ou fundos

de financiamento para a implantação do negócio, foco essencial das ações do SEBRAE,

ITEP e FACEP.

Os agentes não tem o objetivo ou competência de efetuar ações em capacitações

técnicas especificas em ciência e tecnologia. Cabendo essencialmente a capacitações da

área de gestão de negócios, incubadoras e financiamento para micro empresas, como é o

caso da FACEPE. No entanto, quanto a fundação de amparo, o acesso das empresas se

dá através de editais abertos em períodos específicos do ano, que não atende o volume

as empresas do arranjo. Além disso, cerca de 77% das pequenas não conhece qualquer

tipo de programa do governo estadual e 55% das ações do SEBRAE. Além disso, as

pequenas empresas também participam do programas de assessoria e capacitação

desenvolvidas e administradas pelo CESAR que atende as empresas do porto digital

pela demanda específicas das empresas do arranjo. As micro também tem direito a

acesso as ações do agente, mas aparentemente recorrem ao SEBRAE para

melhoramento das capacidades de gestão.

Diante disso, as estratégias e operacionalização das microempresas em uma ótica

de longo prazo depende de muitas incertezas e orientação de programas e políticas mais

factíveis que não se restrinja as empresas mais consolidadas. No segmento de tecnologia

e informação, o comportamento decisório não se concentra em estratégias de inovador

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ou não, mas nos mercados cada vez mais sofisticados, que exigem um produto que

satisfaça suas necessidades

A tecnologia muda com uma velocidade incrível e de alto valor agregado, que

embora seja essencial a sobrevivência de curto prazo, deve elevar as linhas de serviço e

concentrar-se em mercados cada vez mais competitivos. Para tanto, é imprescindível

investimento em máquinas e equipamentos, evidentemente também evitar

endividamentos.

Por outro lado, sua factibilidade é questionada por alguns agentes do APL, que

argumentam as barreiras em difundir as estratégias de ação, conforme mencionado pelo

SEBRAE e ITEP. A difusão tecnológica resulta do conhecimento formal e em grande

medida do conhecimento tácito de empresários que já conheciam ou trabalharam no

segmento. Assim, o aprendizado acumulativo proveniente do learning-by-doing e

learning-byusing, acabou por estimular a desconfiança entre os grupos diante dos

direitos de propriedade intelectual e dos segredos empresariais que contribuem para as

divisões na classe empresarial e do negócio, dificultando a ampliação das estratégias

comuns.

No que ser refere as barreiras enfrentadas o perfil da demanda e oferta de

serviços em alta tecnologia em processamento de dados e software tem prejudicado a

expansão das empresas locais característica micro, muito pulverizada, visto que o

mercado consumidor é muito exigente e o perfil da tecnologia muda com muita

frequência. No entanto, empresas mais estruturadas e detentoras das competências e de

esforço inovativo próprio conseguiram se firmar e abrir novos mercados, principalmente

fora do APL e no exterior, sendo o sul e sudeste o principal mercado das empresas do

Porto Digital.

O principal problema com um mercado de alta tecnologia é reconhecer as novas

Preferências do mercado e lançar algo que não esteja potencialmente no mercado. Ao

criar novos produtos as empresas precisam garantir que haverá demanda suficiente para

bancar seus custos e reinvestimento na tecnologia em potencial. Tal estratégias tem sido

muito bem exploradas pela empresas de pequeno e médio porto que estabelecem

parcerias com grandes empresas como a OI, TIM, VIVO, BOMPREÇO, MOTOROLA,

SAMSUNG e MICROSOFT, por exemplo. As grandes empresas, fornecem plataformas

especificas que podem ser melhoradas e implementadas pela empresas do Porto Digital,

que constroem as interfaces de jogos, bancos de dados e plataformas de gerencialmente

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de dados, devidamente focalizados no mercado consumidor muito exigente e dispostos

a investir em novas tecnologias. No entanto, as micro empresas diversas tendem a

cooperar menos, embora participem de ações de capacitação e relações mercantis com

alguns fornecedores, bem como oferecer produtos pilotos que podem ser adquiridos por

empresas maiores.

Em número significativo há vários agentes financeiros presentes no Porto

Digital, como bancos comerciais (Itaú, Bradesco, Santander), bancos e instituições

financeiras públicas como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e Banco do

Nordeste. No entanto, nenhuma destas instituições desenvolve ações específicas

voltadas para o APL. Seus programas e linhas de financiamento são dirigidos para

MPEs em geral com exceção do programa Brasil Maior desenvolvido pelo Governo

Federal e com financiamento do BNDES e FINEP, principalmente que atendem um

volume maior de pequenas e médias empresas mais consolidadas. Esse dado pode ser

representando no gráfico a seguir:

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Figura 17 - Principais obstáculos que limitam o acesso da empresa as fontesexternas de financiamento para as micro empresas (a), pequenas empresas (b) e

médias empresas(c)

Fonte: Dados da pesquisa

Destaca-se que a burocracia e elevadas exigências cadastrais são consideradas

um forte entrave no acesso ao crédito, além da ausência de linhas suficientes de

financiamento específicas para o segmento que abrangem as micro empresas gráfico

2a). As pequenas e médias empresas, apontam as mesmas dificuldades, mas em sua

maioria tem conhecimento da linhas de financiamento do BNDES, Brasil Maior,

INOVACRED, considerando baixa ou nula a ausência de financiamento.

Aparentemente, há um direcionamento especifico das linhas de crédito para as empresas

de pequeno e médio porte, que são proveniente principalmente do governo federal e

municipal. Já linhas do Fundo de Amparo - FACEPE, destinam-se as micro empresas,

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

micro nula baixa micro media altaa

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%

100,0%

pequena nula baixa pequena media altab

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%

media nula baixa media media altac

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no entanto o volume é bastante reduzido e conforme mencionado anteriormente o

recursos são disputados através de editais abertos esporadicamente.

Há presença de outros APLs no estado de Pernambuco que apresentam as

mesmas atividades que a do Porto Digital (Camaragibe, Boa Viagem, Peixinhos e

Parqtel Curado), mas são considerados com complementares ou mais estruturados com

perfil de empresas mais robusta, como é o caso do Parqtel. O mesmo apresenta

empresas como a Serttel, Unileve, Microlite - Rayovac e Elcoma, plataformas de

ciência e tecnologia do Estado.

O desafio é interligar as estratégias entre os arranjos "concorrentes", mas

detentores de oportunidades de aprendizado empresarial e institucional (learning-by-

watching), cooperação entre empresas, complementariedade entre as linhas dos serviços

em software, processamento de dados e plataformas de gestão. Essas ações já estão em

vista pelo Governo do Estado de Pernambuco que está interligando ao Porto Digital as

Plataformas de Metal Mecânica, Fármacos e Biomedicina que demandaram serviços

para o desenvolvimento de seus produtos e processos. Além disso, o carro chefe é

investir na infraestrutura de banda larga que não é suficiente para estabelecer a conexão

e desenvolvimento de produto, o que levou algumas das empresas entrevistadas a

saírem das áreas do Porto Digital em busca de melhor estrutura logística

(estacionamento, espaço, comunicação e canalização dos produtos).

Contudo, há esforços na atração de fornecedores de maior porte, pela

viabilização de serviços voltados para o local e melhoramento da infraestrutura básica,

como expansão da própria banda larga e internet mais estável para a delimitação do

Porto Digital. Infelizmente, dado o número de empresas, o espaço conhecimento como

"Bairro do Carmo e Ilha do Leite", que fazem parte do Porto Digital, detém a principal

especificidade/vantagem locacional que é a isenção do ISS de 5% para 3%. A isenção é

considerada responsável pelo boom de empresas instaladas nesse período. No entanto,

tal esforço não é mais capaz de absorver o potencial e criar o ambiente inovativo técnico

tão importante para o segmento, visto que o espaço constitui uma forte barreira ao

desenvolvimento do arranjo. Nesse aspecto, novas propostas devem ser colocadas em

pauta para ampliar o espaço geográfico e/ou delimitar outras áreas potenciais para a

instalação das empresas que contemplem as mesmas vantagens locacionais do referido

arranjo, no Recife Antigo.

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4.3 Sugestões de Políticas e Programas Para o APL

As Micro empresas apresentam problemas que possuem natureza específica ao

seu porte, mas que são comuns se consideramos a atividade setoriais como um todo. As

dificuldades aparentes são as mesmas: acesso a crédito, exigências burocráticas e

desconhecimento das práticas de gestão.

Entender a demanda de mercado e traduzir os gostos e preferência dos clientes

para o mercado consumidor é outra dificuldade apontada. Por isso, o investimento em

P&D é elevado entre nas Pequenas e Médias empresas entrevistadas, onde o preço não é

o principal fator competitivo, mas a qualidade e aplicação do produto e/ou serviço ao

que se proponhe. Isso em parte é decorrente das parcerias e contratos pré estabelecidos

com as grandes empresas e instituições governamentais que demando os serviços do

porto digital.

Das micro empresas entrevistas o mercado é essencialmente local ou região

metropolitana, diferentemente das Pequenas e Médias Empresas, que atendem

principalmente clientes fora do Estado, em outras Regiões e até mesmo no Exterior. O

diferencial está na produção de games e aplicativos para celulares e ferramentas de

processamento de dados.

Algumas dessas empresas passaram por um processo de reestruturação

decorrente da crise financeira 2008 que atingiu o mercado global. Parte das micro

empresas fecharam e as pequenas e médias, reduziram o percentual de pessoal

empregado, como é o caso do CESAR e SERTTEL. Mesmo assim, conforme os

entrevistados, não houve redução na produtividade. Pelo contrário, houve um gap de

introdução de novos processos a fim de aliar as rotinas inovativas ao cenário turbulento

e mais competitivo.

Em particular no tocante às exportações, é o peso da carga tributaria e

insuficiente suporte financeiro para suportar crises econômicas prolongadas que

dificultam a fixação da marca no mercado, principalmente para as micro empresas. No

geral as dificuldades, as sugestões de políticas e programas a disposição para TICs

tendem a ser generalistas, centradas no Governo Federal. Mas, juntar esforços para o

estudos de casos específicos, como é o caso do Arranjo Produtivo do Porto Digital, o

processo de investigação através de questionário e entrevistas diretas contribui

positivamente para propostas mais factíveis de ação diante da realidade concreta.

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Esta ideia é embasada no estudo do próprio local, que favorece a percepção da

atividade econômica, principalmente no encadeamento das relações cooperativas e na

busca de melhoria competitiva e inovativa do segmento. Nesse raciocínio, existe

acordos entre empresas de Médio Porte com as pequenas empresas mais diferenciadas,

capazes de oferecer produtos que complemente a linha dos processos e amplie o

mercado, como é o caso do programa de mobilidade urbana e de engenharia de

software. Mesmo assim, são poucas as empresas que cooperam formalmente dentro do

APL. A cultura empresarial e a característica do segmento de TICs inibe tais ações. No

entendimento dos empresários e técnicos o conhecimento simétrico pode comprometer

o direito de propriedade dos produtos e serviços, bem como o processo criativo das

empresas, havendo dessa forma uma característica de desconfiança mútua entre os

empresários

A solução seria construir relações econômicas, sociais e comunitárias entre os

agentes produtores e instituições mais duradoras que não se resuma as práticas

mercantis entre fornecedores e clientes. Para tanto, abrir a possibilidade de eficiência

coletiva espontaneamente, ancorada nas empresas mais estruturadas como o CESAR e

SERTTEL, além de aproximar o NGPD das micro empresas.

O estímulo na geração do ambiente cooperativo pode potencializar e agregar

resultados como melhor difundir a informação de programas e apoios na gestão e

melhoramento organizacional das empresas voltadas para o local, sem que as Pequenas

e Médias empresas percam o foco de seus nichos de mercado específicos.

Dentre as estratégias possíveis para o fortalecimento das redes cooperativas,

seria complementar a dinâmica empresarial para as empresas do Porto Digital através

políticas incrementais, como crédito mais acessível e parceria por tempo de contrato,

que reforcem a competitividade do segmento com a superação das dificuldades as fontes

de informação para o aprendizado inovativo.

Para isso, no geral é necessário a) tentar inibir o processo de desconfiança mútua

entre os agentes empresariais e institucionais no arranjo; b) estimular a atração de

fornecedores de máquinas e equipamento, além de insumos, para dentro do Porto

Digital reduzindo os custos de carregamento; c) Descentralizar os fundos de apoio a

inovação que partam da esfera Estadual, com volume maior de recursos e com menos

burocracia; d) redirecionar esforço nas ações do SEBRAE e ITEP para promover

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programas de assessoria voltadas para as TICs, a fim de potencializar o efeito do

aprendizado inovativo e a parceria pública privada.

Em especial e por último tentar:

a) Aproximar as micro empresas do processo decisório e participativos do NGPD;

b) Elevar o volume de programas de capacitação (federal, estadual e municipal), através

de cursos de curta e média duração de forma a ampliar o conhecimento formal das

práticas organizacionais e gerenciais;

c) Aproximar universidades e as instituições de apoio, no intuito de promover em ações

coordenadas e, direcionadas para a criação de: capacidades tecnológica e de perfil

inovativo;

d) Identificar os potenciais empreendedores e lideranças facilitadoras que estimulem o

surgimento soluções inovadoras voltadas para competência e que redistribuam o

processo decisório também para as microempresas;

e) Intensificar a promoção institucional do Arranjo para valorização do serviço local,

concedendo auxílio fiscal para os serviços gerados (finais) destinados e absorvidos pelas

empresas no Estado de Pernambuco;

f) Diferenciação das taxas de juros e políticas creditícias desde que o serviços sejam

canalizados para atendimento do consumidor final nas regiões próximas ao APL.

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