estudo das alteraÇÕes motoras e comportamentais …
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
FELIPE FERNANDES FERREIRA
ESTUDO DAS ALTERAÇÕES MOTORAS E COMPORTAMENTAIS INDUZIDAS POR ROTENONA EM RATOS MACHOS E FÊMEAS
CURITIBA
2015
FELIPE FERNANDES FERREIRA
ESTUDO DAS ALTERAÇÕES MOTORAS E COMPORTAMENTAIS INDUZIDAS POR ROTENONA EM RATOS MACHOS E FÊMEAS
Projeto apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II como requisito parcial à conclusão do Curso de Biomedicina, Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Prof.a Dr
a Maria Aparecida B. F. Vital
CURITIBA
2015
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido essa oportunidade de
crescimento pessoal e profissional.
A toda minha família, em especial aos meus pais, Marcia e Ruberlei, à minha irmã
Maria Fernanda e à minha avó Joani pelo amor incondicional, compreensão,
amizade e apoio durante toda a minha formação acadêmica.
À minha namorada Maria Fernanda, por todo o amor, dedicação, conselhos e
companheirismo.
À minha orientadora Prof.ª Drª Maria Aparecida Barbato Frazão Vital, pela
orientação, confiança, amizade e pela oportunidade de poder desenvolver este
trabalho.
A todos os meus amigos, pela amizade e apoio.
Aos colegas e funcionários do Departamento de Farmacologia da UFPR pela
colaboração e ajuda na execução dos experimentos.
RESUMO
A doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente, afetando cerca de 3% da população com mais de 65 anos de idade. É caracterizada pela perda progressiva de neurônios dopaminérgicos na substância negra pars compacta (SNpc) e pela presença de inclusões citoplasmáticas (corpos de Lewy) nos neurônios dopaminérgicos. A degeneração neuronal parece envolver vários eventos celulares e moleculares, incluindo a neuroinflamação, estresse oxidativo e disfunção mitocondrial. A DP se manifesta clinicamente por disfunção motora, incluindo tremor em repouso, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural. Além dos sintomas motores, os pacientes podem apresentar sintomas não motores como ansiedade e depressão. A rotenona é um pesticida orgânico extraído de raízes de plantas pertencentes ao gênero Lonchocarpus e Derris, que inibe o complexo I da cadeia transportadora de elétrons mitocondrial. Esta toxina tem sido empregada como um modelo animal de DP, visto que é capaz de reproduzir tanto os sintomas motores quanto os não motores. Assim, o objetivo do presente estudo foi o de investigar os efeitos comportamentais de ratos machos e fêmeas submetidos a um tratamento com rotenona. O estudo foi dividido em duas etapas: no experimento I foram utilizados ratos Wistar fêmeas, os quais foram distribuídos randomicamente em dois grupos: veículo (óleo de girassol) (n=15) e rotenona (2,5 mg/kg) (n=25), sendo administrados via i.p. por 3 dias. 24 horas após o término do tratamento, foi realizado um teste de campo aberto para avaliar a função motora dos animais. No 20º dia pós-tratamento foi realizado um pré-teste de natação forçada e no 21º dia foi realizado o teste de natação forçada para avaliar o comportamento tipo-depressivo. Já no experimento II foram utilizados ratos Wistar machos, os quais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: veículo (óleo de girassol) (n=10) e rotenona (2,5 mg/kg) (n=20), sendo administrados via i.p. por 10 dias consecutivos. O teste de campo aberto foi realizado nos dias 1 e 21 após o término do tratamento. Similarmente ao experimento I, no 20º dia pós-tratamento foi realizado um pré-teste de natação forçada e no 21º dia foi realizado o teste de natação forçada. No experimento I, os resultados do teste de campo aberto mostraram que a rotenona causou um prejuízo na função motora das ratas fêmeas. Além disso, no teste de natação forçada foi verificado que o tratamento com rotenona foi capaz de induzir um comportamento depressivo. Por outro lado, no experimento II, não foram encontradas diferenças significativas tanto no teste de campo aberto quanto no teste de natação forçada, demonstrando que o tratamento com rotenona não causou prejuízos na atividade locomotora dos ratos machos e nem foi capaz de induzir um comportamento depressivo.
Palavras-chave: Rotenona, depressão, Parkinson.
LISTA DE ABREVIATURAS
5-HT - Serotonina
6-OHDA - 6-hidroxidopamina
BNDF - Fator neurotrófico derivado do cérebro
COX - Ciclooxigenase
DA - Dopamina
DBS - Deep brain stimulation
DP - Doença de Parkinson
GSH - Glutationa
H2O2 - Peróxido de hidrogênio
HNE - 4-hidroxinonenal
IFN-γ - Interferon gama
IGF-1 - Fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1
IL-1β - Interleucina 1-β
IL-10 - Interleucina 10
I.P. - Intraperitoneal
LPS - Lipopolissacarídeo
MAO - Monoamina oxidase
MPTP - 1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidroperdidina
NA - Noradrenalina
NF-Κb - Fator nuclear kappa B
O2•- - Radical superóxido
OH• - Radical hidroxila
ONOO- - Peroxinitrito
RNS - Espécies reativas de nitrogênio
ROS - Espécies reativas de oxigênio
SNC - Sistema nervoso central
SNM - Sintomas não motores
SNpc - Substância negra pars compacta
SOD - Superóxido dismutase
TNF-α - Fator de necrose tumoral alfa
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 1
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 2
1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 2
2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 3
2.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA DP ................................................................. 3
2.2 FISIOPATOLOGIA .................................................................................................. 3
2.2.1 Estresse oxidativo ................................................................................................ 4
2.2.2 Disfunção mitocondrial ......................................................................................... 6
2.2.3 Neuroinflamação .................................................................................................. 6
2.3 DEPRESSÃO E DOENÇA DE PARKINSON .......................................................... 8
2.4 MODELOS ANIMAIS ............................................................................................... 10
2.4.1 Rotenona .............................................................................................................. 10
3 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 12
3.1 ANIMAIS .................................................................................................................. 12
3.2 DROGAS ................................................................................................................. 12
3.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ....................................................................... 12
3.3.1 Experimento I ........................................................................................................ 12
3.3.2 Experimento II ...................................................................................................... 13
3.4 TESTES COMPORTAMENTAIS ............................................................................. 13
3.4.1 Teste do campo aberto ......................................................................................... 13
3.4.2 Teste de natação forçada ..................................................................................... 14
3.4.3 Análise estatística.................................................................................................. 14
4 RESULTADOS ........................................................................................................... 15
4.1 EXPERIMENTO I: EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE ROTENONA POR 3 DIAS EM RATOS WISTAR FÊMEAS ............................................................................ 15
4.1.1 Teste do campo aberto ......................................................................................... 15
4.1.2 Teste de natação forçada ...................................................................................... 16
4.1.3 Curva de sobrevivência ........................................................................................ 17
4.2 EXPERIMENTO II – EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE ROTENONA POR 10 DIAS CONSECUTIVOS EM RATOS WISTAR MACHOS ............................................. 17
4.2.1 Teste do campo aberto ......................................................................................... 17
4.2.2 Teste de natação forçada ..................................................................................... 18
5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 19
6 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 22
1
1 INTRODUÇÃO
Considerada a segunda doença neurodegenerativa mais comum relacionado
à idade depois da doença de Alzheimer, a doença de Parkinson (DP) foi descrita
primeiramente por James Parkinson em 1817, através de sua monografia “Essay on
the Shaking Palsy” (DAUER & PRZEDBORSKI, 2003). A DP acomete principalmente
o sistema motor, no entanto, sintomas não motores (SNM), incluindo disautonomia,
constipação intestinal, distúrbios no sono e depressão, ocorrem frequentemente
durante o progresso da doença. Estes sintomas não motores podem surgir
concomitantemente com os sintomas motores (rigidez muscular, tremor em repouso,
entre outros) ou até mesmo precedê-los por vários anos (CHEN et al., 2012).
A DP atinge cerca de 3% da população com mais de 65 anos de idade (LANG
& LOZANO, 1998, apud MORAIS et al., 2012). O número estimado de pessoas com
DP em 2005 era de 4.1 milhões e, para o ano de 2030, a prevalência mundial de DP
está projetado para atingir 8.7 milhões de pessoas (DORSEY et al., 2007).
O desenvolvimento de agregados intracelulares, denominados corpos de
Lewy, e a perda progressiva de neurônios dopaminérgicos nigroestriatais estão
associados à DP. A etiologia desta doença ainda é desconhecida, no entanto,
considera-se que a DP seja resultado de interações complexas de vários fatores,
incluindo exposição a pesticidas e outras toxinas ambientais, estresse oxidativo,
inflamação crônica, disfunção mitocondrial, localização geográfica, trauma craniano,
idade, raça, gênero e predisposição genética (MORAIS et al., 2012; MULCAHY et
al., 2013).
1.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o efeito neurodegenerativo no modelo animal da DP induzido pela
rotenona em ratos Wistar machos e fêmeas.
2
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar se a administração de rotenona 2,5 mg/kg é capaz de alterar a
função motora dos animais através do teste de campo aberto.
Avaliar o comportamento depressivo de animais previamente expostos à
rotenona através do teste de natação forçada.
1.3 JUSTIFICATIVA
Apesar do modelo da DP induzido pela rotenona já estar bastante elucidado na
literatura, sua utilização está relacionada predominantemente com roedores machos.
A administração de rotenona com posterior avaliação comportamental e
neuroquímica em fêmeas ainda é bastante discreta. Dessa forma, ainda que estudos
epidemiológicos apontem uma maior prevalência de Doença de Parkinson em
homens do que em mulheres, é necessário que haja estudos com ambos os sexos,
a fim de compreender o papel que o gênero sexual desempenha no processo de
neurodegeneração.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA DOENÇA DE PARKINSON
Doença de Parkinson é uma doença progressiva tendo início em média aos
55 anos, com um aumento de incidência com a idade (DAUER & PRZEDBORSKI,
2003). Apenas uma pequena porcentagem dos casos de DP são causados por
mutações genéticas e, dessa forma, 90% dos casos são considerados esporádicos
(DE LAU & BRETELER, 2006, apud RADAD et al., 2008).
As três características principais da doença são tremor em repouso, rigidez e
bradicinesia. Instabilidade postural não é específica e geralmente encontra-se
ausente no início da doença. O tremor em repouso é o principal sintoma em 70%
dos pacientes, começando usualmente nas mãos, que tende a diminuir durante a
atividade voluntária. A rigidez é detectável como o aumento na resistência ao
movimento do membro. A bradicinesia é caracterizada por um atraso em iniciar os
movimentos voluntários. Além disso, são observados sinais de hipocinesia (redução
na amplitude de movimentos), acinesia (ausência de movimentos inconscientes),
hipomimia (diminuição da expressão facial normal), hipofonia (diminuição do volume
da voz) e diminuição do tamanho (micrografia) e velocidade da escrita. Sintomas
autonômicos são manifestados por constipação intestinal, distúrbios urinários e
hipotensão ortostática. Depressão é comum, e demência é frequente em pacientes
mais velhos (DAUER & PRZEDBORSKI, 2003; SAMII et al., 2004).
2.2 FISIOPATOLOGIA
O achado patológico característico da DP é a perda progressiva dos
neurônios dopaminérgicos na substância negra pars compacta (SNpc), resultando
em uma diminuição nos níveis de dopamina (DA) no estriado. A presença de
inclusões no citoplasma de neurônios dopaminérgicos, conhecidas como corpos de
Lewy, são as marcas citopatológicas da doença. Os corpos de Lewy não estão
4
limitados à substância negra e podem ser vistos em outras regiões, como córtex,
amígdala, locus coeruleus, núcleo vagal e no sistema nervoso periférico (SAMII et
al., 2004). Quando ocorre a manifestação das disfunções motoras, cerca de 58-64%
dos neurônios dopaminérgicos da SNpc já foram comprometidos e o conteúdo de
DA no estriado reduzido em torno de 60-80% (TADAIESKY et al., 2008).
Os corpos de Lewy consistem, na sua maior parte, em α-sinucleína, uma
proteína sináptica presente em grandes quantidades nos cérebros normais, em
conjunto com outras proteínas, como ubiquitina e proteínas de neurofilamentos.
Raros tipos de DP hereditária estão ligados à mutações no gene da α-sinucleína,
onde os corpos de Lewy também estão presentes. Evidências sugerem que a
proteína parquina tem um papel importante no desenvolvimento dos corpos de Lewy
visto que mutações nesta proteína resultaram em síndrome parkinsoniana sem a
presença de corpos de Lewy (DAVIE, 2008). A função fisiológica da α-sinucleína
parece estar relacionada com a reciclagem de vesículas sinápticas e, mutações
nesta proteína acabam prejudicando o armazenamento vesicular da DA, o que leva
à um acúmulo deste neurotransmissor no citosol. O metabolismo da DA produz
espécies reativas de oxigênio, resultando em danos celulares (LOTHARIUS &
BRUNDIN, 2002).
Uma série de fatores desempenham papéis importantes na DP, tais como
envelhecimento, estresse oxidativo, inflamação crônica, disfunção mitocondrial e
toxinas ambientais (MORAIS et al., 2012).
2.2.1 Estresse oxidativo
O estresse oxidativo é caracterizado por uma produção excessiva intracelular
ou acúmulo de ROS em conjunto com uma redução da atividade do sistema de
defesa antioxidante (BARNHAM et al., 2004; PERFEITO et al., 2013). As espécies
mais comuns de ROS incluem os radicais superóxido O2•-, hidroxila OH• e peróxido
de hidrogênio H2O2. Além disso, o H2O2 está associado com a produção de espécies
reativas de nitrogênio (RNS), que pode também reagir com O2•- para formar
peroxinitrito ONOO-, o qual apresenta um grande potencial reativo (CHINTA &
ANDERSEN, 2011 apud TAYLOR et al., 2013).
5
Altos níveis de ROS e RNS acarretam em danos a biomoléculas, como
proteínas, DNA e lipídeos. Tais danos, como carbonilação de proteína, quebra de
DNA e peroxidação lipídica contribuem para o surgimento de manifestações
patológicas, incluindo doenças neurodegenerativas como a DP (DIAS et al., 2013).
As ROS podem ser produzidas no cérebro por diferentes vias, sendo a cadeia
transportadora de elétrons na mitocôndria a principal fonte geradora de EROs
(STARKOV et al., 2008). Outras fontes de EROs incluem a monoamina oxidase
(MAO), NADPH oxidase e flavoenzimas, juntamente com óxido nítrico, que é
abundante no cérebro (JOHNSON et al., 2012 apud DIAS et al., 2013).
Há um grande número de evidências correlacionando estresse oxidativo e
DP. Em amostras de tecidos post-mortem de pacientes com DP, foram encontrados
um aumento dos níveis de peroxidação lipídica e altos níveis de malondialdeído
(DEXTER et al., 1989 apud PERFEITO et al., 2013). De acordo com estudos de
YORITAKA et al., (1996), os neurônios dopaminérgicos da substância negra
apresentam uma reatividade aumentada para 4-hidroxinonenal (HNE). Tal evidência
merece destaque, uma vez que HNE é um produto altamente reativo da peroxidação
lipídica que é capaz de reagir com várias moléculas de proteína. Adutos de HNE
estão presentes em corpos de Lewy na DP (CASTELLANI et al., 2002 apud
JENNER, 2007). Foram detectados níveis aumentados de 3-nitrotirosina, um
marcador de estresse oxidativo, após a administração sistêmica da toxina MPTP em
camundongos (PENNATHUR et al., 1999). Além disso, foram detectados em
amostras post mortem de cérebros de pacientes parkinsonianos baixos níveis da
molécula antioxidante glutationa (GSH), uma diminuição da atividade do complexo I
mitocondrial, um aumento da atividade da enzima superóxido dismutase (SOD) e
níveis elevados de ferro (FAHN & COHEN, 1992 apud TAYLOR et al., 2013). A
interação do íon Fe2+ com H2O2 gera radicais hidroxila (OH•), altamente reativos,
prejudiciais para a sobrevivência de neurônios dopaminérgicos (WEINREB et al.,
2010 apud HAUSER & HASTINGS, 2013).
6
2.2.2 Disfunção mitocondrial
As mitocôndrias são organelas intracelulares que apresentam funções
diversas, em especial, a produção de energia primária para a célula. No entanto,
disfunções nesta organela podem resultar além de uma diminuição na produção de
energia, a geração de espécies reativas de oxigênio, indução de morte celular por
apoptose e alterações na homeostase do cálcio intracelular (SAUERBECK et al.,
2011; SUBRAMANIAM & CHESSELET, 2013).
Desde que SCHAPIRA et al., (1989) identificaram em amostras post mortem
da substância negra de pacientes com DP uma deficiência no complexo I
mitocondrial, vários trabalhos tem sido realizados relacionando a disfunção
mitocondrial com a patogênese da DP (SHULTS, 2004; FUKAE et al., 2007;
WINKLHOFER & HAASS, 2010; GAUTIER et al., 2014).
Além da substância negra, tem sido evidenciado uma redução da atividade do
complexo I da cadeia transportadora de elétrons mitocondrial no córtex frontal de
paciente com DP (PARKER et al., 2008), no estriado (MIZUNO et al., 1989), em
fibroblastos (MYTILINEOU et al., 1994) e em linfócitos (HAAS et al., 1995) de
pacientes com DP.
Evidências sugerem que a substancia negra é mais vulnerável a disfunções
no complexo I comparado com outras regiões cerebrais devido à geração de ROS
pelo neurônios dopaminérgicos durante o metabolismo de dopamina (DAUER &
PRZEDBORSKI, 2003; CHINTA & ANDERSEN, 2008), uma vez que os metabólitos
da dopamina podem inibir os complexos da cadeia respiratória mitocondrial,
contribuindo para a susceptibilidade dos neurônios dopaminérgicos na DP
(GAUTAM & ZEEVALK, 2011).
2.2.3 Neuroinflamação
Vários estudos na literatura têm documentado a relação da inflamação
crônica com diferentes doenças neurodegenerativas, como doença de Alzheimer e
doença de Parkinson (MCGEER et al., 2005; TANSEY & GOLDBERG, 2010;
7
TAYLOR et al., 2013). Um dos principais mecanismos neuroinflamatórios associado
à morte neuronal é a ativação de células gliais (HIRSCH et al., 2005; HIRSCH &
HUNOT, 2009; ROCHA et al., 2014). As células da glia, também conhecidas como
neuróglia, fornecem proteção, nutrição e isolamento para os neurônios do SNC. As
células gliais podem ser subdivididas em duas categorias principais: a micróglia, que
compreende de 5 a 10% da população glial; e a macróglia que consiste nos
astrócitos e oligodendrócitos (VALLEJO et al., 2010).
As células da micróglia são as células do sistema imune residentes no
cérebro, promovendo imunidade inata (TANSEY et al., 2007). A homeostase do SNC
é mantida pela micróglia através da produção de neurotrofinas como o fator
neurotrófico derivado do cérebro (BNDF), fator de crescimento semelhante à insulina
tipo 1 (IGF-1) e citocinas anti-inflamatórias (IL-10). No cérebro saudável, a micróglia
se encontra tipicamente em um estado de repouso. Em condições de estresse,
como lesão, invasão de patógenos, acúmulo de proteínas tóxicas ou morte neuronal,
a micróglia acaba sendo ativada, iniciando uma resposta imune a fim de destruir os
patógenos, remover fragmentos teciduais e reparar os tecidos (ALOISI, 1999 apud
TAYLOR et al., 2013). No entanto, uma ativação crônica da micróglia pode causar
morte neuronal devido à secreção de fatores pró-inflamatórios e neurotóxicos, dentre
eles, ROS, espécies reativas de nitrogênio, enzimas ciclooxigenases (COXs) e
citocinas pró-inflamatórias, tais como, fator de necrose tumoral alfa (TNF-α),
interferon gama (IFN-γ), interleucina 1-β (IL-1β) (MOSLEY et al., 2006; ROCHA et
al., 2014).
O papel da neuroinflamação no surgimento e progressão da DP tem sido
reconhecido em diversos trabalhos. MCGEER et al., (1988) observaram, através de
estudos post-mortem, a presença de células da micróglia ativadas na SNpc de
pacientes com DP. Além disso, foi verificado um aumento da micróglia reativa
fagocitando neurônios dopaminérgicos, correlacionando-se com o acúmulo de α-
sinucleína (CROISIER et al., 2005). Ainda neste trabalho, os autores sugerem que a
micróglia reativa pode ser utilizada como um biomarcador da DP, visto que se
encontra fortemente associada com a morte de neurônios dopaminérgicos. CHEN et
al., (2003) realizaram um estudo epidemiológico que demonstra que a utilização de
agentes anti-inflamatórios não-esteroidais pode retardar ou prevenir o surgimento de
DP. Além disso, foram encontrados níveis elevados de IFN-γ na substância negra de
pacientes com DP na presença de linfócitos. Tal fato sugere que a infiltração de
8
células do sistema imune através da barreira hematoencefálica pode atuar nos
eventos neuroinflamatórios (HIRSCH et al., 2005 apud TAYLOR et al., 2013).
Estudos com modelos animais de DP como 6-OHDA, MPTP e rotenona
demonstraram uma forte ativação da micróglia juntamente com liberação de
citocinas inflamatórias (AKIYAMA & MCGEER, 1989; SUGAMA et al., 2003;
SHERER et al., 2003).
Além disso, numerosos estudos tem destacado o papel do fator nuclear kappa
B (NF-κB) na progressão da DP, uma vez que, a ativação deste fator de transcrição
é necessária para que as células da micróglia consigam produzir os diversos
mediadores pró-inflamatórios (FLOOD et al., 2011). A ativação de NF-κB é o ponto-
chave em muitas doenças inflamatórias crônicas, como a asma, doenças
cardiovasculares (VAN DER HEIDEN et al., 2010) e artrite reumatoide (CRISWELL,
2010).
Existem duas vias descritas para a ativação do NF-κB: clássica (via canônica)
e alternativa (via não-canônica). A via clássica está associada à expressão de genes
relacionados à inflamação (LAWRENCE, 2009). Já a via alternativa desempenha um
papel na ativação e diferenciação celular (POMERANTZ & BALTIMORE, 2002).
Através de estudos post-mortem do cérebro de pacientes com DP e de animais
submetidos à neurodegeneração dopaminérgica, verificou-se que a via clássica está
altamente expressa dentro da SNpc (MOGI et al., 2007). Por outro lado, GHOSH et
al., (2007) observaram que a inibição seletiva do NF-κB pode atenuar a resposta das
células gliais e prevenir a morte de neurônios dopaminérgicos no modelo do MPTP.
2.3 DEPRESSÃO E DOENÇA DE PARKINSON
A depressão é o principal sintoma não motor associado à DP, afetando em
torno de 35% dos pacientes (NILSSON et al., 2002 apud AARSLAND et al., 2012).
Os sintomas-chave da depressão são o humor deprimido, anedonia e
sentimentos de culpa e inutilidade. Já os sintomas somáticos são a perda de apetite,
retardo psicomotor, alteração da expressão facial e distúrbios do sono, todavia
esses sintomas são evidentes em pacientes com DP não deprimidos (AARSLAND et
al., 2012).
9
RIEDEL et al., (2010) realizaram um estudo com mais de 1400 pacientes com
DP e verificaram que a depressão é mais comum em mulheres do que em homens,
além de estar associado à estágios avançados da DP e demência. Foi identificado
em oito de nove estudos revisados uma relação entre o histórico de depressão e o
aumento do risco de desenvolver DP posteriormente (ISHIHARA & BRAYNE, 2006).
Foi realizado um estudo com 371 pacientes para averiguar se a depressão é uma
condição associada à DP ou um fator de risco para a doença. Os resultados
mostraram que a depressão é um sintoma prodrômico da DP (JACOB et al., 2010).
A etiologia da depressão em DP é complexa e envolve fatores biológicos,
psicossociais e terapêuticos. O mecanismo biológico parece estar envolvido com
alterações no sistema monoaminérgico, principalmente o sistema serotonérgico, no
qual uma diminuição de serotonina (5-HT) na fenda sináptica é considerado a causa
da depressão (SHARMA et al., 2013). TAN et al., (2011) relataram que os neurônios
dopaminérgicos mesencefálicos e neurônios serotoninérgicos estão envolvidos com
a depressão. Apesar de ainda não estar estabelecido os eventos fisiológicos por trás
da especificidade e diferenciação dessas subpopulações neuronais, sabe-se que
ocorre uma diminuição da atividade e do número de neurônios serotoninérgicos no
núcleo dorsal da rafe. Diversos estudos têm demonstrado uma associação dos
sintomas depressivos em humanos com uma diminuição da ligação do transportador
de dopamina (DA) na porção ventral do estriado. Além disso, tem sido relacionado
uma diminuição nos níveis dos transportadores de DA e noradrenalina (NA) com um
aumento da incidência de depressão (REMY et al., 2005). Existe outra hipótese que
destaca a interação entre os gânglios basais e o sistema serotonérgico, tanto nas
funções motoras quanto nas funções límbicas. Os resultados mostram que a
depressão é um efeito colateral da estimulação cerebral profunda (Deep Brain
Stimulation - DBS) do núcleo subtalâmico. Também foi verificado que DBS em
modelos animais inibe a neurotransmissão serotonérgica, resultando em efeitos tipo-
depressivo (SHABBIR et al., 2013 apud SHARMA et al., 2013).
A neuroinflamação presente na DP parece ser um fator desencadeante no
surgimento da depressão. Vários estudos sugerem que um aumento na síntese de
citocinas pró-inflamatórias está associado com um comportamento depressivo
(MILLER et al., 2009). De acordo com DE LA GARZA, (2005) a administração
sistêmica de LPS ou de citocinas induziram um comportamento tipo-depressivo nos
modelos animais de depressão. Além disso, foi verificado que antidepressivos
10
atenuam a inflamação induzida pelas citocinas pró-inflamatórias, reduzindo sintomas
tipo-depressivo (YIRMINA et al., 2001).
2.4 MODELOS ANIMAIS
O uso de modelos animais no estudo da DP tem proporcionado uma melhor
compreensão de sua patogênese e permitiu o desenvolvimento de novas estratégias
terapêuticas. Drogas como rotenona, 6-OHDA, MPTP, Paraquat e LPS têm sido
utilizados para reproduzir características específicas da DP em roedores
(BETARBET et al., 2002).
2.4.1 Rotenona
A rotenona é um pesticida orgânico e piscicida que é extraído de raízes de
plantas tropicais pertencentes ao gênero Lonchocarpus e Derris (SOLOWAY, 1976,
apud MULCAHY et al., 2011).
É um composto altamente lipossolúvel que atravessa facilmente a barreira
hematoencefálica e não depende de transportadores específicos para acessar as
membranas celulares de neurônios dopaminérgicos (SANDERS & GREENAMYRE,
2013).
Uma vez dentro da célula, a rotenona inibe o complexo I da cadeia
transportadora de elétrons mitocondrial (THIFFAULT et al., 2000 apud RADAD et al.,
2008). O complexo I mitocondrial oxida NADH transferindo elétrons para a coenzima
Q10 (Ubiquinona) e transloca prótons da matriz mitocondrial para o espaço
intermembranas, promovendo um gradiente eletroquímico para a formação de ATP.
A rotenona se liga ao término do complexo I favorecendo o estado de redução
eletroquímica, o que resulta em perda de elétrons, que se combinam com O2 para
gerar superóxido. A geração de espécies reativas de oxigênio (EROs) resulta em
estresse oxidativo, causando danos à diferentes biomoléculas, como proteínas, DNA
e lipídios. Além disso, a inibição do complexo I pode sensibilizar neurônios
11
dopaminérgicos à uma crise energética mediada pelos receptores NMDA. Também
pode ocorrer um aumento da permeabilidade da membrana mitocondrial devido a
formação de poros transitórios, promovendo uma despolarização e morte celular por
apoptose. A inibição do complexo I pela rotenona pode também aumentar a
concentração de Ca2+ e glutamato no citoplasma de neurônios dopaminérgicos,
culminando em morte celular (MARTINEZ & GREENAMYRE, 2012). Além do
complexo I mitocondrial, a rotenona tem ação sobre os microtúbulos causando sua
despolimerização e contribuindo para sua toxicidade em neurônios dopaminérgicos
(FENG, 2006 apud SANDERS & GREENAMYRE, 2013).
BETARBET et al., (2000) demonstraram que a rotenona induz
neurodegeneração seletiva de neurônios nigroestriatais progressiva em ratos
quando administradas de forma crônica e em baixas doses. Além disso,houve a
formação de inclusões citoplasmáticas de α-sinucleína e os animais apresentaram
hipocinesia e alterações posturais e motoras característicos da DP.
O modelo animal da rotenona tem sido utilizado pois, além de reproduzir os
sintomas motores da DP, observou-se diversas alterações neuropatológicas e
comportamentais após a administração sistêmica desta droga em ratos, tais como:
acumulação de ferro (MASTROBERARDINO et al., 2009), alterações
gastrointestinais (DROLET et al., 2009) e distúrbios do sono (GARCÍA-GARCÍA et
al., 2005). No nosso grupo de pesquisa, foi verificado que a administração de
rotenona é capaz de induzir um déficit motor (hipolocomoção), comportamento tipo-
depressivo (SANTIAGO et al., 2010), depleção dos níveis de GSH na região do
hipocampo e uma diminuição da atividade da catalase no hipocampo e estriado
(ZAMINELLI et al., 2014). Também observou-se que o tratamento com rotenona,
além do prejuízo motor e comportamental, resultou em alterações neuroquímicas,
com uma diminuição dos níveis de DA no estriado (MORAIS et al., 2012; BASSANI
et al., 2014).
12
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 ANIMAIS
Neste trabalho foram utilizados ratos Wistar machos e fêmeas (280-320g),
provenientes do Biotério Central do Setor de Ciências Biológicas da Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Todos mantidos em sala com temperatura controlada
(aproximadamente 22° C), com ciclo claro-escuro de 12 horas (7:00-19:00 hrs).
Água e comida foram fornecidas à vontade aos animais. Todos os experimentos e
procedimentos passaram previamente pela aprovação do Comitê de Ética no Uso de
Animais (CEUA).
3.2 DROGAS
Rotenona 2,5 mg/kg (Sigma-Aldrich, Germany) (BETARBET et al., 2000)
Óleo de girassol
3.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
3.3.1 Experimento I
As ratas Wistar fêmeas foram distribuídas em dois grupos: veículo (n=15) e
rotenona (n=25). Os animais receberam rotenona (2,5 mg/kg) ou óleo de girassol
(veículo da rotenona), administrados via i.p., por 3 dias consecutivos.
24 horas após o término do tratamento foi realizado uma sessão do teste do
campo aberto (dia 1) para averiguar os efeitos neurotóxicos da rotenona.
A sessão treino do teste de natação forçada foi realizada no dia 21 e 24 horas
depois foi realizada uma segunda sessão (dia 22) (Figura 1).
13
Figura 1 – Representação do delineamento experimental I. Fonte: Produção do próprio autor.
3.3.2 Experimento II
Os ratos Wistar machos foram distribuídos em dois grupos: veículo (n=10) e
rotenona (n=20). Os animais receberam rotenona (2,5 mg/kg) ou óleo de girassol
(veículo da rotenona), administrados via i.p., por 10 dias consecutivos.
Os animais foram submetidos ao teste de campo aberto nos dias 1 e 21 após
a última administração de rotenona. O teste de natação forçada foi realizado nos
dias 21 (sessão treino) e 22 (Figura 2).
Figura 2 – Representação do delineamento experimental II. Fonte: Produção do próprio autor.
3.4 TESTES COMPORTAMENTAIS
3.4.1 Teste do campo aberto
O teste do campo aberto (open field test) foi utilizado para avaliar a função
motora dos animais. Trata-se de uma arena circular com a base dividida em
quadrantes. Os animais são colocados, individualmente, no centro do campo aberto
e observados por 5 minutos. Os seguintes parâmetros são avaliados: frequência de
14
locomoção (número de quadrantes cruzados pelo animal), frequência de levantar e
tempo de imobilidade. A limpeza do aparelho foi efetuada entre um animal e outro
com álcool 5%.
3.4.2 Teste de natação forçada
O teste de natação forçada foi utilizado como um modelo experimental para o
estudo da depressão. O procedimento empregado foi uma modificação do método
proposto por PORSOLT e colaboradores em 1978.
O teste foi dividido em duas sessões: primeiramente foi realizado uma sessão
treino, no qual os animais foram colocados em um tanque cilíndrico contendo água a
uma temperatura de 24 ± 1°C, a uma profundidade de 25 cm durante 15 minutos. 24
horas após a sessão treino, os animais foram submetidos novamente ao teste por 5
minutos avaliando-se os seguintes parâmetros: tempo de natação, tempo de
imobilidade e o tempo de escalada. A cada observação, a água dos tanques foi
trocada, a fim de evitar interferência de odores dos outros animais e temperatura.
3.4.3 Análise estatística
Os dados são expressos como média ± erro padrão da média (EPM). Os
resultados do teste de natação forçada foram submetidos à análise pelo Teste t de
Student para amostras independentes. Já os resultados do teste do campo aberto
foram analisados pelo Teste t de Student para amostras relacionadas (pareadas). O
nível de significância foi de P ≤ 0,05. Todas as análises foram realizadas no
programa GraphPad Prism 6 (GraphPad Software).
15
4 RESULTADOS
4.1 EXPERIMENTO I – EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE ROTENONA POR 3
DIAS EM RATOS WISTAR FÊMEAS
4.1.1 Teste do campo aberto
Os resultados ilustrados na Figura 1 mostram o efeito da administração de
rotenona (2,5 mg/kg) por 3 dias sobre a atividade locomotora de ratos Wistar
fêmeas. O número de quadrantes percorridos pelos animais tratados com rotenona
foi significativamente menor quando comparado com o grupo controle (Fig. 1A).
Além disso, esses mesmos animais apresentaram um aumento significativo no
tempo de imobilidade quando comparados aos animais do grupo controle (Fig. 1B).
Por fim, em relação ao parâmetro frequência de levantar, os animais do grupo
rotenona apresentaram uma diminuição significativa (Fig. 1C).
Figura 1. Efeito da rotenona sobre ratas fêmeas no teste de campo aberto. (A) Frequência de locomoção. (B) Tempo de imobilidade. (C) Frequência de levantar. Os animais foram tratados com rotenona ou óleo de girassol (veículo) por 3 dias consecutivos na dose de 2,5 mg/kg. *P<0.05 comparado ao grupo controle. Valores expressos como média ± SEM (n=15-6). Teste t de Student não pareado.
C
B
A
C
16
4.1.2 Teste de natação forçada
A figura 2 representa os efeitos da rotenona no teste de natação forçada.
Ratos Wistar fêmeas do grupo rotenona mostraram uma redução significativa do
tempo de natação em comparação aos animais do grupo controle (Fig. 2A). Por
outro lado, com relação aos parâmetros tempo de imobilidade e de escalada não
houve diferenças significativas entre o grupo controle e o grupo rotenona (Fig. 2B e
2C).
Figura 2. Efeito da rotenona no teste de natação forçada. (A) Tempo de natação. (B) Tempo de imobilidade. (C) Tempo de escalada. Os animais foram tratados com rotenona ou óleo de girassol (veículo) por 3 dias consecutivos na dose de 2,5 mg/kg. *P<0.05 comparado ao grupo controle. Valores expressos como média ± SEM (n=15-6). Teste t de Student não pareado.
A
C
B
17
4.1.3 Curva de sobrevivência
Na figura 3 está representada a curva de sobrevivência dos ratos Wistar
fêmeas durante o tratamento com rotenona. 24 horas após a primeira administração
9 animais foram a óbito. No 2º e 3º dia de aplicação da neurotoxina morreram 6 e 4
animais, respectivamente. Apenas 24% dos animais permaneceram vivos.
Figura 3. Avaliação do percentual de sobrevivência dos animais dos grupos
controle e rotenona.
4.2 EXPERIMENTO II – EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO DE ROTENONA POR 10
DIAS CONSECUTIVOS EM RATOS WISTAR MACHOS
4.2.1 Teste do campo aberto
Na Figura 4 estão representados os efeitos da rotenona (2,5 mg/kg – 10 dias)
sobre a função motora de ratos Wistar machos. Com relação aos diferentes
parâmetros analisados, não houve diferenças significativas entre o grupo controle e
o grupo rotenona tanto 24 horas após o término do tratamento quanto no dia 21 (Fig.
4A, 4B e 4C).
18
Figura 4. Efeitos da rotenona em ratos Wistar machos no teste de campo aberto. (A) Frequência de locomoção. (B) Tempo de imobilidade. (C) Frequência de levantar. Os animais foram tratados com rotenona ou óleo de girassol (veículo) por 10 dias consecutivos na dose de 2,5 mg/kg. Valores expressos como média ± SEM (n=10-19). Teste t de Student pareado.
4.2.2 Teste de natação forçada
A figura 5 ilustra os efeitos da administração de rotenona por 10 dias
consecutivos sobre os comportamentos do tipo-depressivo em ratos Wistar machos
avaliados no teste de natação forçada. Neste teste os grupos não apresentaram
diferenças significativas para os três parâmetros avaliados: tempo de natação,
imobilidade e escalada (Fig. 5A, 5B e 5C).
A B
C
19
Figura 5. Efeitos da rotenona em ratos Wistar machos no teste de natação forçada. (A) Tempo de natação. (B) Tempo de imobilidade. (C) Tempo de escalada. Os animais foram tratados com rotenona ou óleo de girassol (veículo) por 10 dias consecutivos na dose de 2,5 mg/kg. Valores expressos como média ± SEM (n=10-19). Teste t de Student não pareado.
5 DISCUSSÃO
No presente estudo, utilizamos o modelo animal da rotenona a fim de
reproduzir os sintomas motores e não motores da DP, verificados por outros autores
(BETARBET et al., 2000; SANTIAGO et al., 2010). No experimento I, os resultados
obtidos no teste de campo aberto mostraram que a administração de rotenona por 3
dias em ratos Wistar fêmeas causaram um prejuízo motor significativo, visto que o
grupo tratado apresentou hipolocomoção, mostrada através dos parâmetros
frequência de locomoção e de levantar. Somado à isso, a lesão pela neurotoxina
provocou um aumento significativo no tempo de imobilidade.
A B
C
20
Além dos sintomas motores, foi observado no experimento I que os animais
tratados com rotenona apresentaram um possível comportamento tipo-depressivo no
teste de natação forçada, visto que o tempo de natação do grupo rotenona foi
significativamente menor que o grupo controle. No experimento I, o protocolo inicial
era a administração de rotenona por 10 dias consecutivos em ratos Wistar fêmeas.
No entanto, o tratamento por 3 dias resultou numa mortalidade de 76% (Fig. 3) das
ratas, obrigando-nos a suspender a aplicação da droga e realizar os testes
comportamentais.
Diversos autores têm relatado que o estrogênio apresenta efeitos
neuroprotetores, podendo atuar como um antioxidante, agente modulador
neurotrófico ou como agente antiapoptótico.(SAUNDERS-PULLMAN, 2003;
MORALE et al,. 2006). Paradoxalmente, no nosso experimento, as fêmeas tratadas
com rotenona apresentaram uma grande sensibilidade ao efeito tóxico da droga. Na
literatura, a utilização do modelo animal de DP com rotenona está relacionada
predominantemente com roedores machos, sendo que não está elucidado o porquê
da diferença de gênero sexual resultar em diferente sensibilidade à neurotoxicidade
da rotenona.
Já no experimento II, os resultados do teste de campo mostraram que a
administração de rotenona por 10 dias consecutivos em ratos Wistar machos não foi
capaz de reduzir a função motora. Não houve diferença significativa entre os dois
grupos nos diferentes parâmetros analisados. Esperávamos que a função
locomotora destes animais reduzisse progressivamente. Os dados obtidos
contrariam os resultados do estudo de BETARBET et al., (2000) no qual foi
verificado que a administração de rotenona de forma crônica e em baixas doses
induz neurodegeneração específica e progressiva de neurônios dopaminérgicos,
afetando a capacidade locomotora dos animais. Em relação ao teste de natação
forçada, a administração da droga não foi capaz de induzir um comportamento tipo-
depressivo nos ratos machos, visto que as respostas comportamentais dos dois
grupos não diferiram de forma significativa. Outros trabalhos do nosso grupo de
pesquisa utilizaram o mesmo protocolo experimental e observaram que a
administração de rotenona causou déficit motor e induziu um comportamento tipo-
depressivo. As divergências nos resultados do presente estudo podem estar
relacionado com o fator idade, visto que os ratos Wistar machos provenientes do
Biotério Central do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná
21
eram muito novos (5-6 semanas) quando começaram a receber o tratamento com
rotenona. Acreditamos que a lesão causada pela neurotoxina em organismos mais
novos seja menos intensa quando comparado com os mais velhos, a ponto de não
causar prejuízo motor e alterações comportamentais.
A complexidade da DP somado às grandes variações de resultados do
modelo animal da rotenona exige que trabalhos futuros sejam conduzidos a fim de
elucidar os mecanismos envolvidos no processo de neurodegeneração e sua
relação com os sintomas motores e não motores, como a depressão.
6 CONCLUSÃO
Neste estudo a administração de rotenona via i.p. na dose de 2,5 mg/kg foi
eficaz em provocar uma redução significativa na função motora de ratos
Wistar fêmeas submetidas ao teste de campo aberto.
O tratamento com rotenona por 3 dias foi capaz de reproduzir um
comportamento tipo-depressivo nas fêmeas, como apresentado no teste de
natação forçada.
O tratamento prolongado com a neurotoxina por 10 dias não provocou
alterações sobre a atividade locomotora dos ratos machos e nem induziu um
comportamento tipo depressivo.
22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AARSLAND, D.; PÅHLHAGEN, S.; BALLARD, C. G.; EHRT, U.; SVENNINGSSON, P. Depression in Parkinson disease--epidemiology, mechanisms and management. Nature reviews. Neurology, v. 8, n. 1, p. 35–47, 2012. AKIYAMA, H.; MCGEER, P.L.; Microglial response to 6-hydroxydopamine induced substantia nigra lesions. Brain research, v. 489, n. 2, p. 247-253, 1989. ALOISI, F. The role of microglia and astrocytes in CNS immune surveillance and immunopathology. Advances in experimental medicine and biology, v. 468, p. 123-133, 1999. BARNHAM, K. J.; MASTERS, C. L.; BUSH, A. L. Neurodegenerative diseases and oxidative stress. Nature reviews. Drug discovery, v. 3, n. 3, p. 205-214, 2004. BASSANI, T. B.; GRADOWSKI, R. W.; ZAMINELLI, T.; BARBIERO, J. K.; SANTIAGO, R. M.; BOSCHEN, S. L.; DA CUNHA, C.; LIMA, M. M.; ANDREATINI, R.; VITAL, M. A. Neuroprotective and antidepressant-like effects of melatonin in a rotenone-induced Parkinson's disease model in rats. Brain Res, v. 1593, p. 95-105, 2014. BETARBET, R.; SHERER, T. Chronic systemic pesticide exposure reproduces features of Parkinson’s disease. Nature neuroscience, v. 26, p. 1301–1306, 2000. BETARBET, R.; SHERER, T. B.; GREENAMYRE, J. T. Animal models of Parkinson’s disease. BioEssays : news and reviews in molecular, cellular and developmental biology, v. 24, n. 4, p. 308–18, 2002. CASTELLANI, R. J.; PERRY, G.; SIEDLAK, S. L.; NUNOMURA, A.; SHIMOHAMA, S.; ZHANG, J.; MONTINE, T.; SAYRE, L. M.; SMITH, M. A. Hydroxynonenal adducts indicate a role for lipid peroxidation in neocortical and brainstem Lewy bodies in humans. Neuroscience letters, v. 319, n. 1, p. 25-28, 2002. CHEN, H.; ZHANG, S. M.; HERNAN, M. A.; SCHWARZSCHILD, M.A .; WILLET, W. C.; COLDITZ, G. A.; SPEIZER, F. E.; ASCHERIO, A. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and the risk of Parkinson disease. Arch Neurol, v. 60, p. 1059-64, 2003. CHEN, W.; XU, Z.-M.; WANG, G.; CHEN, S.-D. Non-motor symptoms of Parkinson’s disease in China: a review of the literature. Parkinsonism & related disorders, v. 18, n. 5, p. 446–52, 2012. CHINTA, S. J.; ANDERSEN, J. K. Redox imbalance in Parkinson's disease. Biochimica et biophysica acta, v. 1780, n. 11, p. 1362-1367, 2008. CHINTA, S. J.; ANDERSEN, J. K. Nitrosylation and nitration of mitochondrial complex I in Parkinson's disease. Free radical research, v. 45, n. 1, p. 53-58, 2011.
23
CRISWELL, L. A. Gene discovery in rheumatoid arthritis highlights the CD40/NF-κB signaling pathway in disease pathogenesis. Immunological reviews, v. 233, n. 1, p. 55-61, 2010. CROISIER, E.; MORAN, L. B.; DEXTER, D. T.; PEARCE, R. K.; GRAEBER, M. B. Microglial inflammation in the parkinsonian substantia nigra: relationship to alpha-synuclein deposition. Journal of neuroinflammation, v.2, p. 14, 2005. DAUER, W.; PRZEDBORSKI, S. Parkinson ’ s Disease : Mechanisms and Models. , v. 39, p. 889–909, 2003. DAVIE, C. A. A review of Parkinson’s disease. British medical bulletin, v. 86, p. 109–27, 2008. DE LA GARZA, R. Endotoxin-or pro-inflammatory cytokine-induced sickness behavior as an animal model of depression: Focus on anhedonia. Neurosci biobehav Rev, v. 29, p. 761-770, 2005. DE LAU, L. M.; BRETELER, M. M. Epidemiology of Parkinson’s disease. Lancet neurology, v. 5, n. 6, p. 525-35, 2006. DEXTER, D. T.; CARTER, C. J.; WELLS, F. R.; JAVOY-AGID, F.; AGID, Y.; LEES, A.; JENNER, P.; MARSDEN, C. D. Basal lipid peroxidation in substantia nigra is increased in Parkinson's disease. Journal of neurochemistry, v. 52, n. 2, p. 381-389, 1989. DIAS, V.; JUNN, E.; MOURADIAN, M. M. The role of oxidative stress in Parkinson’s disease. Journal of Parkinson’s disease, v. 3, n. 4, p. 461–91, 2013. DORSEY, E. R.; CONSTANTINESCU, R.; THOMPSON, J. P.; BIGLAN, K. M.; HOLLOWAY, R. G.; KIEBURTZ, K.; MARSHALL, F. J.; RAVINA, B. M.; SCHIFITTO, G.; SIDEROWF, A.; TANNER, C. M. Projected number of people with Parkinson disease in the most populous nations, 2005 through 2030. Neurology, v. 68, n. 5, p. 384-6, 2007. DROLET, R. E.; CANNON, J. R.; MONTERO, L.; GREENAMYRE, J. T. Chronic rotenone exposure reproduces Parkinson’s disease gastrointestinal neuropathology. Neurobiology of disease, v. 36, n. 1, p. 96-102, 2009. FAHN, S.; COHEN, G. The oxidant stress hypothesis in Parkinson's disease: evidence supporting it. Annals of neurology, v. 32, n. 6, p. 804-812, 1992. FENG, J. Microtubule: a common target for parkin and Parkinson’s disease toxins. Neuroscientist, v. 12, n. 6, p. 469-76, 2006. FLOOD, P. M.; QIAN, L.; PETERSON, L. J.; et al. Transcriptional Factor NF-κB as a Target for Therapy in Parkinson’s Disease. Parkinson’s disease, v. 2011, p. 216298, 2011. FUKAE, J.; MIZUNO, Y.; HATTORI, N. Mitochondrial dysfunction in Parkinson’s disease. Mitochondrion, v. 7, n. 1-2, p. 58–62, 2007.
24
GARCÍA-GARCÍA, F.; PONCE, S.; BROWN, R.; CUSSEN, V.; KRUEGER, J. M. Sleep disturbances in the rotenone animal model of Parkinson disease. Brain research, v. 1042, n. 2, p. 160-8, 2005. GAUTAM, A. H.; ZEEVALK, G. D. Characterization of reduced and oxidized dopamine and 3,4-dihydrophenylacetic acid, on brain mitochondrial electron transport chain activities. Biochimica et piophysica acta, v. 1807, n. 7, p. 819-828, 2011. GAUTIER, C. A; CORTI, O.; BRICE, A. Mitochondrial dysfunctions in Parkinson’s disease. Revue neurologique, v. 170, n. 5, p. 339–43, 2014. GHOSH, A.; ROY, A.; LIU, X.; KORDOWER, J. H.; MUFSON, E. J.; HARTLEY, D. M.; GHOSH, S.; MOSLEY, R. L.; GENDELMAN, H. E.; PAHAN, K. Selective inhibition of NF-kappaB activation prevents dopaminergic neuronal loss in a mouse model of Parkinson's disease. Proc Natl Acad Sci USA, v. 104, n. 47, p. 18754-18759, 2007. HAAS, R. H.; NASIRIAN, F.; NAKANO, K.; WARD, D.; PAY, M.; HILL, R.; SHULTS, C. W. Low platelet mitochondrial complex I and complex II/III activity in early untreated parkinson's disease. Annals of neurology, v. 37, n. 6, p. 714-722, 1995. HAUSER, D. N.; HASTINGS, T. G. Mitochondrial dysfunction and oxidative stress in Parkinson’s disease and monogenic parkinsonism. Neurobiology of disease, v. 51, p. 35–42, 2013. HIRSCH, E. C.; HUNOT, S. Neuroinflammation in Parkinson’s disease: a target for neuroprotection? Lancet neurology, v. 8, n. 4, p. 382–97, 2009. HIRSCH, E. C.; HUNOT, S.; HARTMANN, A. Neuroinflammatory processes in Parkinson’s disease. Parkinsonism & related disorders, v. 11 Suppl 1, p. S9–S15, 2005. ISHIHARA, L.; BRAYNE, C. A systematic review of depression and mental illness preceding Parkinson’s disease. Acta neurologica Scandinavica, v. 113, n. 4, p. 211-20, 2006. JACOB, E. L.; GATTO, N. M.; THOMPSON, A.; BORDELON, Y.; RITZ, B. Occurrence of depression and anxiety before Parkinson’s disease. Parkinsonism & related disorders, v. 16, n. 9, p. 576-81, 2010. JENNER, P. Oxidative stress and Parkinson’s disease. Handbook of clinical neurology, v. 83, p. 507–20, 2007. JOHNSON, W. M.; WILSON-DELFOSSE, A. L.; MIEYAL, J. J. Dysregulation of glutathione homeostasis in neurodegenerative diseases. Nutrients, v. 4, n. 10, p. 1399-1440, 2012. LANG, A. E.; LOZANO, A. M. Parkinson’s disease. First of two parts. The New England journal of medicine, v. 339, n. 15, p. 1044–53, 1998.
25
LAWRENCE, T. The nuclear factor NF-kappaB pathway in inflammation. Cold spring harbor perspectives in biology, v. 1, n. 6, 2009. LOTHARIUS, J.; BRUNDIN, P. Pathogenesis of Parkinson’s disease: dopamine, vesicles and alpha-synuclein. Nature reviews. Neuroscience, v. 3, n. 12, p. 932–42, 2002. MARTINEZ, T. N.; GREENAMYRE, J. T. Toxin models of mitochondrial dysfunction in Parkinson’s disease. Antioxidants & redox signaling, v. 16, n. 9, p. 920–34, 2012. MASTROBERARDINO, P. G.; HOFFMAN, E. K.; HOROWITZ, M. P.; BETARBET, R.; TAYLOR, G.; CHENG, D.; NA, H. M.; GUTEKUNST, C. A.; GEARING, M.; TROJANOWSKI, J. Q.; ANDERSON, M.; CHU, C. T.; PENQ, J.; GREENAMYRE, J. T. A novel transferrin/TfR2-mediated mitochondrial iron transport system is disrupted in Parkinson’s disease. Neurobiology of disease, v. 34, n. 3, p. 417-31, 2009. MCGEER, P. L.; ITAGAKI, S.; BOYES, B. E.; MCGEER, E. G. Reactive microglia are positive for HLA-DR in the substantia nigra of Parkinson's and Alzheimer's disease brains. Neurology, v. 38, n. 8, p. 1285-1291, 1988. MCGEER, E. G.; KLEGERIS, A.; MCGEER, P. L. Inflammation, the complement system and the diseases of aging. Neurobiology of aging, v. 26, p. 94-97, 2005. MILLER, A. H.; MALETIC, V.; RAISON, C. L. Inflammation and its discontents: The role of cytokines in the pathophysiology of major depression. Biol Psychiatry, v. 65, p. 732-74, 2009. MOGI, M.; KONDO, T.; MIZUNO, Y.; NAGATSU, T. p53 protein, interferon-γ, and NF-κB levels are elevated in the parkinsonian brain. Neuroscience letters, v. 414, n. 1, p. 94-97, 2007. MORAIS, L. H.; LIMA, M. M.; MARTYNHAK, B. J.; SANTIAGO, R.; TAKAHASHI, T. T.; ARIZA, D.; BARBIERO, J. K.; ANDREATINI, R.; VITAL, M. A. Characterization of motor, depressive-like and neurochemical alterations induced by a short-term rotenone administration. Pharmacol Rep, v. 64, n. 5, p. 1081-90, 2012. MORALE, M. C.; SERRA, P. A.; L'EPISCOPO, F.; TIROLO, C.; CANIGLIA, S.; TESTA, N.; GENNUSO, F.; GIAQUINTA, G.; ROCCHITTA, G.; DESOLE, M. S.; MIELE, E.; MARCHETTI, B. Estrogen, neuroinflammation and neuroprotection in Parkinson's disease: glia dictates resistance versus vulnerability to neurodegeneration. Neuroscience, v. 138, n. 3, p. 869-78, 2006. MIZUNO, Y.; OHTA, S.; TANAKA, M.; TAKAMIYA, S.; SUZUKI, K.; SATO, T.; OYA, H.; OZAWA, T.; KAGAWA, Y. Deficiencies in complex I subunits of the respiratory chain in Parkinson's disease. Biochemical and Biophysical research communications, v. 163, n. 3, p. 1450-1455, 1989. MYTILINEOU, C.; WERNER, P.; MOLINARI, S.; DI ROCCO, A.; COHEN, G.; YAHR, M. D. Impaired oxidative decarboxylation of pyruvate in fibroblasts from patients with
26
Parkinson's disease. Journal of neural transmission. Parkinson's disease and dementia section, v. 8, n. 3, p. 223-228, 1994. MORAIS, L. H.; LIMA, M. M. S.; MARTYNHAK, B. J.; et al. Characterization of motor, depressive-like and neurochemical alterations induced by a short-term rotenone administration. Pharmacological reports : PR, v. 64, n. 5, p. 1081–90, 2012. MOSLEY, R. L.; BENNER, E. J.; KADIU, I.; et al. Neuroinflammation, Oxidative Stress and the Pathogenesis of Parkinson’s Disease. Clinical neuroscience research, v. 6, n. 5, p. 261–281, 2006. MULCAHY, P.; O’DOHERTY, A.; PAUCARD, A.; et al. The behavioural and neuropathological impact of intranigral AAV-α-synuclein is exacerbated by systemic infusion of the Parkinson’s disease-associated pesticide, rotenone, in rats. Behavioural brain research, v. 243, p. 6–15, 2013. MULCAHY, P.; WALSH, S.; PAUCARD, A; REA, K.; DOWD, E. Characterisation of a novel model of Parkinson’s disease by intra-striatal infusion of the pesticide rotenone. Neuroscience, v. 181, p. 234–42, 2011. NILSSON, F. M.; KESSING, L. V.; SORENSEN, T. M.; ANDERSEN, P. K.; BOLWIG, T. G. Major depressive disorder in Parkinson’s disease: a register-based study. Acta psychiatrica Scandinavica, v. 106, n. 3, p. 202-11, 2002. PARKER JR, W. D.; PARKS, J. K.; SWERDLOW, R. H. Complex I deficiency in Parkinson's disease frontal cortex. Brain research, v. 1189, p. 215-218, 2008. PENNATHUR, S.; JACKSON-LEWIS, V.; PRZEDBORSKI, S.; HEINECKE, J. W. Mass spectrometric quantification of 3-nitrotyrosine, ortho-tyrosine, and o,o'-dityrosine in brain tissue of 1-methyl-4-phenyl-1,2,3, 6-tetrahydropyridine-treated mice, a model of oxidative stress in Parkinson's disease. The journal of biological chemistry, v. 274, n. 49, p. 34621-34628, 1999. PERFEITO, R.; CUNHA-OLIVEIRA, T.; REGO, A. C. Reprint of: revisiting oxidative stress and mitochondrial dysfunction in the pathogenesis of Parkinson disease-resemblance to the effect of amphetamine drugs of abuse. Free radical biology & medicine, v. 62, p. 186–201, 2013. PESSOA ROCHA, N.; REIS, H. J.; VANDEN BERGHE, P.; CIRILLO, C. Depression and cognitive impairment in Parkinson’s disease: a role for inflammation and immunomodulation? Neuroimmunomodulation, v. 21, n. 2-3, p. 88–94, 2014. POMERANTZ, J. L.; BALTIMORE, D. Two pathways to NF-κB. Molecular cell, v. 10, n. 4, p. 693-695, 2002. PORSOLT, R. D.; ANTON, G.; BLAVET, N.; JALFRE, M. Behavioral despair in rats, a new model sensitive to antidepressant treatments. Eur J Pharmacology, v. 47, p. 379-391, 1978.
27
RADAD, K.; GILLE, G.; RAUSCH, W.-D. Dopaminergic neurons are preferentially sensitive to long-term rotenone toxicity in primary cell culture. Toxicology in vitro : an international journal published in association with BIBRA, v. 22, n. 1, p. 68–74, 2008. REMY, P.; DODER, M.; LEES, A.; TURJANSKI, N.; BROOKS, D. Depression in Parkinson's disease: Loss of dopamine and noradrenaline innervation in the limbic system. Brain, v. 128, p. 1314-1322, 2005. RIEDEL, O.; HEUSER, I.; KLOTSCHE, J.; DODEL, R.; WITTCHEN, H. U. Occurrence risk and structure of depression in Parkinson disease with and without dementia: results from the GEPAD Study. Journal of geriatric psychiatry and neurology, v.23, n. 1, p. 27-34, 2010. SAMII, A.; NUTT, J. G.; RANSOM, B. R. Parkinson’s disease. Lancet, v. 363, n. 9423, p. 1783–93, 2004. SANDERS, L. H.; TIMOTHY GREENAMYRE, J. Oxidative damage to macromolecules in human Parkinson disease and the rotenone model. Free radical biology & medicine, v. 62, p. 111–20, 2013. SANTIAGO, R. M.; BARBIEIRO, J.; LIMA, M. M. S.; DOMBROWSKI, P. A.; ANDREATINI, R.; VITAL, M. A. B. F. Depressive-like behaviors alterations induced by intranigral MPTP, 6-OHDA, LPS and rotenone models of Parkinson’s disease are predominantly associated with serotonin and dopamine. Progress in neuro-psychopharmacology & biological psychiatry, v. 34, n. 6, p. 1104–14, 2010. SAUERBECK, A.; GAO, J.; READNOWER, R.; et al. Pioglitazone attenuates mitochondrial dysfunction, cognitive impairment, cortical tissue loss, and inflammation following traumatic brain injury. Experimental neurology, v. 227, n. 1, p. 128–35, 2011. SAUNDERS-PULLMAN, R. Estrogens and Parkinson Disease: neuroprotective, symptomatic, neither, or both?. Endocrine, v. 21, n. 1, p. 81-87, 2003. SCHAPIRA, A. H. V.; COOPER, J. M.; DEXTER, D.; JENNER, P.; CLARK, J. B.; MARSDEN, C. D. Mitochondrial complex I deficiency in parkinson's disease. Lancet, v. 333, n. 8649, p. 1269, 1989. SHABBIR, F.; PATEL, A.; MATTISON, C.; BOSE, S.; KRISHNAMOHAN, R.; SWEENEY, E.; SANDHU, S.; NEL, W.; RAIS, A.; SANDHU, R.; NGU, N.; SHARMA, S. Effect of diet on serotonergic neurotransmission in depression. Neurochemistry international, v. 62, n. 3, p. 324-9, 2013. SHARMA, S.; MOON, C. S.; KHOGALI, A.; et al. Biomarkers in Parkinson’s disease (recent update). Neurochemistry international, v. 63, n. 3, p. 201–29, 2013. SHERER, T. B.; BETARBET, R.; TESTA, C. M.; SEO, B. B.; RICHARDSON, J. R.; KIM, J. H.; MILLER, G. W.; YAGI, T.; MATSUNO-YAGI, A.; GREENAMYRE, J. T.
28
Mechanism of toxicity in rotenone models of Parkinson's disease. Journal of neuroscience, v. 23, n. 34, p. 10756-64, 2003. SHULTS, C. W. Mitochondrial dysfunction and possible treatments in Parkinson’s disease--a review. Mitochondrion, v. 4, n. 5-6, p. 641–8, 2004.
SOLOWAY, S. B. Naturally occurring insecticides. Environ Health Perspect, v. 14, p. 109-117, 1976.
STARKOV, A. A. The role of mitochondria in reactive oxygen species metabolism and signaling. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 1147, p. 37-52, 2008. SUBRAMANIAM, S. R.; CHESSELET, M.-F. Mitochondrial dysfunction and oxidative stress in Parkinson’s disease. Progress in neurobiology, v. 106-107, p. 17–32, 2013. SUGAMA, S.; YANG, L.; CHO, B. P.; DEGIORGIO, L. A.; LORENZL, S.; ALBERS, D. S.; BEAL, M. F.; VOLPE, B. T.; JOH, T. H. Age-related microglial activation in 1-methyl-4-phenyl-1,2,3,6-tetrahydropyridine (MPTP)-induced dopaminergic neurodegeneration in C57BL/6 mice. Brain research, v. 964, n. 2, p. 288-294, 2003. TADAIESKY, M. T.; DOMBROWSKI, P. A; FIGUEIREDO, C. P.; et al. Emotional, cognitive and neurochemical alterations in a premotor stage model of Parkinson’s disease. Neuroscience, v. 156, n. 4, p. 830–40, 2008. TAN, S. K.; HARTUNG, H.; SHARP, T.; TEMEL, Y. Serotonin-dependent depression in Parkinson’s disease: a role for the subthalamic nucleus?. Neuropharmacology, v. 61, n. 3, p. 387-99, 2011. TANSEY, M. G.; GOLDBERG, M. S. Neuroinflammation in Parkinson’s disease: its role in neuronal death and implications for therapeutic intervention. Neurobiology of disease, v. 37, n. 3, p. 510–8, 2010. TANSEY, M. G.; MCCOY, M. K.; FRANK-CANNON, T. C. Neuroinflammatory mechanisms in Parkinson’s disease: potential environmental triggers, pathways, and targets for early therapeutic intervention. Experimental neurology, v. 208, n. 1, p. 1–25, 2007. TAYLOR, J. M.; MAIN, B. S.; CRACK, P. J. Neuroinflammation and oxidative stress: co-conspirators in the pathology of Parkinson’s disease. Neurochemistry international, v. 62, n. 5, p. 803–19, 2013. THIFFAULT, C.; LANGSTON, J. W.; DI MONTE, D. A. Increased striatal dopamine turnover following acute administration of rotenone to mice. Brain Research, v. 885, n. 2, p. 283-8, 2000. VAN DER HEIDEN, K.; CUHLMANN, S.; LUONG, A.; ZAKKAR, M.; EVANS, P. C. Role of nuclear factor kappaB in cardiovascular health and disease. Clinical science, v. 118, n. 10, p. 593-605, 2010.
29
WEINREB, O.; AMIT, T.; MANDEL, S.; KUPERSHMIDT, L.; YOUDIM, M. B. Neuroprotective multifunctional iron chelators: from redox-sensitive process to novel therapeutic opportunities. Antioxidants & redox signaling, v. 13, n. 6, p. 919-949, 2010. WINKLHOFER, K. F.; HAASS, C. Mitochondrial dysfunction in Parkinson’s disease. Biochimica et biophysica acta, v. 1802, n. 1, p. 29–44, 2010. YIRMINA, R.; POLLAK, Y.; BARAK, O.; AVITSUR, R.; OVADIA, H.; BETTE, M.; WEIHE, E.; WEIDENFELD, J. Effects of antidepressant drugs on the behavioral and physiological responses to lipopolysaccharide (LPS) in rodents. Neuropsychopharmacology, v. 24, p. 531-544, 2001. YORITAKA, A.; HATTORI, N.; UCHIDA, K.; TANAKA, M.; STADTMAN, E. R.; MIZUNO, Y. Immunohistochemical detection of 4-hydroxynonenal protein adducts in Parkinson disease. Proc Natl Acad Sci USA, v. 93, n. 7, p. 2696-2701, 1996. ZAMINELLI, T.; GRADOWSKI, R. W.; BASSANI, T. B.; BARBIERO, J. K.; SANTIAGO, R. M.; MARIA-FERREIRA, D.; BAGGIO, C. H.; VITAL, M. A. B. F. Antidepressant and antioxidative effect of ibuprofen in the rotenone model of Parkinson’s disease. Neurotox Res, v. 26, p. 351-362, 2014.