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Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
Pedro Miguel da Silva Lebre
Dissertação do Projecto Final do MIEM
Co-Orientador: Doutor Armando Carlos Figueiredo Coelho de Oliveira
Co-Orientador: Doutor Szabolcs Varga
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica
Julho de 2011
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
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Resumo
Os equipamentos de ar condicionado e refrigeração apresentam um peso crescente no
aumento do consumo de energia verificado nas últimas décadas. Os sistemas de refrigeração
que utilizam como fonte a energia solar permitem um desenvolvimento energético mais
sustentável. Comparativamente com os sistemas de aquecimento solar, os sistemas de
arrefecimento solar (principalmente aplicações de ar condicionado) têm a vantagem de a
carga de arrefecimento nos edifícios ser geralmente superior quando a radiação solar é mais
elevada.
A presente dissertação teve como principal objectivo o estudo de um sistema de
refrigeração solar utilizando ejector. Com este estudo pretende-se obter um conhecimento
mais profundo sobre o efeito das condições operativas e selecção do fluido de trabalho no
desempenho do ciclo frigorífico, de forma a optimizar as dimensões do ejector. Para tal, foi
desenvolvido um modelo matemático, baseado numa análise unidimensional e recorrendo a
balanços de energia, quantidade de movimento e conservação de massa, utilizando o
programa EES.
Numa primeira fase foi analisada a aplicabilidade de fluidos de trabalho testados
previamente com sucesso na literatura existente, seleccionando-se um conjunto de seis fluidos
frigorigéneos mais apropriados. No processo de selecção, os fluidos cuja produção cessou de
acordo com os protocolos internacionais foram prontamente excluídos. Em seguida, o
processo de selecção foi baseado segundo critérios operacionais, ambientais e de segurança.
Com o intuito de estudar a influência das condições operativas no desempenho do ejector e,
consequentemente, do sistema global de refrigeração, foi utilizado o modelo matemático
desenvolvido para simular o sistema sob diferentes condições operativas. A temperatura no
gerador foi variada entre 80 e 120 °C, que correspondem a valores usuais obtidos utilizando
colectores solares. A gama considerada para a temperatura do evaporador foi de 5 a 15 °C,
valores típicos registados em aplicações de ar condicionado. A temperatura do condensador,
determinada pelas condições climáticas do local, foi variada entre 24 e 40 °C, que
correspondem a valores expectáveis por exemplo em Portugal. Por último, foi analisada a
influência das condições operativas nas dimensões óptimas do ejector, com o objectivo de
estudar a importância da implementação de um sistema de variação da geometria do ejector.
Os resultados indicam que embora o fluido R600a dê origem a um melhor desempenho
do ejector, a utilização do fluido R152a permite obter um melhor desempenho do ciclo de
refrigeração, e por conseguinte, do sistema global. Das condições em que o sistema opera, a
temperatura/pressão do condensador é o factor com maior influência no desempenho do
sistema e na geometria óptima do ejector. Tendo em conta que esta temperatura apenas
depende das condições climáticas verificadas no local, um ejector de geometria variável traz
vantagens evidentes, permitindo uma adaptação a variações das condições operativas.
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Analysis of the importance of a variable-geometry ejector in refrigeration applications
Abstract
Refrigeration and air conditioning systems have an increasing share in the energy
consumption over the last few decades. Cooling systems using solar power as energy source
represent an important path towards a more sustainable energy development. Compared to
solar heating, solar cooling systems (especially air conditioning applications) are more
favorable due to the coexistence of high cooling load in buildings and the availability of solar
radiation.
The main objective of the present work was the numerical assessment of a solar cooling
system using an ejector cooling cycle. This study was intended to gain a deeper understanding
of the influence of working fluid selection and operating conditions on both the performance
and geometrical features of the ejector. To achieve this, a mathematical model was developed,
based on the one dimensional energy, momentum and mass conservation equations, using
EES.
First, the applicability of the working fluids previously used in the literature was
analysed, leading to a selection of a subset of six refrigerants. In this selection process, those
fluids which production was banned by international protocols were immediately excluded.
Further selection was based on operating, environmental and security criteria. In order to
study the influence of the operating conditions on ejector and, consequently, system
performance, the developed mathematical model was used to simulate the system under
different operating conditions. The generator temperature was varied in the range of 80 to 120
ºC, typical values obtained using solar collectors. The evaporator temperature varied between
5 and 15 ºC, which are characteristic values of air conditioning applications. The condenser
temperature, determined by local climate, was considered to vary between 24 and 40 ºC,
which could be expected e. g. in Portugal. Finally, the influence of the operating conditions
on ejector dimensions was analysed, in order to study the importance of the development of a
variable geometry ejector.
Results show that although the fluid R600a leads to a better performance of the ejector,
the use of R152a allows a greater performance of the refrigeration cycle, and therefore of the
overall system. When comparing the effect of the conditions under the system operates, the
condenser temperature/pressure is the most influential factor in system performance and
optimal ejector’s geometry. Given that this temperature only depends on the weather
conditions on site, a variable geometry ejector brings clear benefits, allowing an adaptation to
changes in operating conditions.
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Agradecimentos
Em primeiro lugar quero agradecer aos meus orientadores, Professor Armando Oliveira
e Professor Szabolcs Varga. Um especial obrigado ao Professor Varga, pela disponibilidade e
apoio prestado durante toda a realização deste trabalho.
Gostaria também de agradecer à minha namorada e todos os meus amigos pela
constante motivação e amizade.
Por último, queria deixar um agradecimento especial aos meus pais por todo o apoio
que me deram, não só no desenvolvimento da presente dissertação, mas ao longo de todo o
curso.
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Índice de conteúdos
Nomenclatura ................................................................................................................. xiii
1. Introdução................................................................................................................. 1
1.1. Estado da arte .................................................................................................... 1
1.2. Sistema de refrigeração solar utilizando ejector ............................................... 2
1.3. Funcionamento do ejector ................................................................................. 6
1.3.1. Condições operativas .................................................................................... 8
1.3.2. Escolha do fluido de trabalho ....................................................................... 9
1.3.3. Dimensões do ejector ................................................................................. 11
1.4. Organização e temas abordados no presente relatório .................................... 13
2. Modelo matemático ................................................................................................ 15
2.1. Subsistema solar ............................................................................................. 15
2.2. Ejector ............................................................................................................. 16
2.2.1. Escoamento do fluido primário no bocal convergente-divergente ............. 18
2.2.2. Escoamento do fluido primário de 1 até y .................................................. 19
2.2.3. Escoamento do fluido secundário da entrada até y .................................... 19
2.2.4. Zona y ......................................................................................................... 19
2.2.5. Mistura na zona m ...................................................................................... 20
2.2.6. “Shock” transversal .................................................................................... 20
2.2.7. Escoamento da mistura no difusor, de 3 até à saída do ejector .................. 21
2.2.8. Razão de sucção ......................................................................................... 21
2.3. Ciclo de refrigeração ....................................................................................... 21
2.3.1. Condensador ............................................................................................... 21
2.3.2. Trabalho da bomba ..................................................................................... 22
2.3.3. Gerador ....................................................................................................... 22
2.3.4. Evaporador ................................................................................................. 22
2.3.5. Coeficiente de performance (COP) ............................................................ 23
2.4. Sistema global ................................................................................................. 23
2.5. Método da solução .......................................................................................... 23
2.6. Validação do modelo matemático ................................................................... 24
3. Selecção do fluido de trabalho ............................................................................... 27
3.1. Revisão dos fluidos utilizados na literatura .................................................... 27
3.2. Critérios operacionais de selecção de fluidos ................................................. 27
3.3. Características dos fluidos seleccionados ....................................................... 29
4. Efeito das condições operativas no sistema de refrigeração .................................. 31
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4.1. Pressupostos ................................................................................................... 31
4.2. Subsistema solar ............................................................................................. 31
4.3. Subsistema de refrigeração ............................................................................. 35
4.4. Desempenho do sistema global ...................................................................... 41
5. Dimensionamento do ejector do ciclo de refrigeração .......................................... 47
5.1. Cálculo das dimensões do ejector .................................................................. 47
5.1.1. Bocal convergente-divergente (“nozzle”) .................................................. 47
5.1.2. Secção de mistura ...................................................................................... 48
5.1.3. Secção de área constante ............................................................................ 48
5.1.4. Difusor ....................................................................................................... 49
5.2. Ferramenta computacional ............................................................................. 49
5.3. Resultados ...................................................................................................... 51
6. Conclusões e perspectivas de trabalho futuro ........................................................ 57
6.1. Conclusões...................................................................................................... 57
6.2. Perspectivas de trabalho futuro ...................................................................... 58
Referências bibliográficas .............................................................................................. 61
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Índice de figuras
Figura 1.1 – Representação esquemática de um sistema solar de refrigeração utilizando
ejector [4]. A – Subsistema solar; B – Subsistema de refrigeração. .......................................... 2
Figura 1.2 – Diagrama P-h do ciclo de refrigeração utilizando ejector [4]....................... 3
Figura 1.3 – Curva característica da eficiência para diferentes tipos de colectores [3][6].
A – Gama de temperaturas em que os colectores operam quando utilizados em sistemas de
refrigeração por ejecção.............................................................................................................. 4
Figura 1.4 - Ejector para uma capacidade de arrefecimento nominal de 2 kW e n-
pentano como fluido de trabalho [2]........................................................................................... 6
Figura 1.5 - Representação esquemática de um ejector e da evolução idealizada da
pressão [7]. A - Vista de secção do ejector; B - Evolução da pressão ao longo do eixo do
ejector. ........................................................................................................................................ 7
Figura 1.6 – Variação da razão de sucção com a pressão do condensador [8]. ................ 9
Figura 1.7 – Curva característica de um fluido húmido e seco, no diagrama T-s [1]. .... 10
Figura 1.8 - Razão de sucção em função da razão de áreas para diferentes condições
operativas [8]. ........................................................................................................................... 11
Figura 1.9 – Razão de sucção em função da temperatura do condensador, para diferentes
razões de áreas [8]. ................................................................................................................... 12
Figura 1.10 – Esquema representativo da associação de ejectores em paralelo [1]. ....... 13
Figura 2.1 – Representação das secções consideradas no modelo desenvolvido [15]. ... 17
Figura 4.1 – Evolução do rendimento dos colectores solares e do subsistema solar para
diferentes temperaturas no gerador........................................................................................... 32
Figura 4.2 – Área de colectores necessária para diferentes temperaturas no gerador em
função da temperatura do evaporador. Temperatura do condensador de 35 ºC. ...................... 33
Figura 4.3 - Área de colectores necessária para diferentes temperaturas no gerador em
função da temperatura do condensador. Temperatura do evaporador de 10 ºC. ...................... 33
Figura 4.4 – Potência de refrigeração em função da área de colectores, para diferentes
temperaturas no gerador. Temperatura do evaporador e do condensador de 10 ºC e 35 ºC,
respectivamente. ....................................................................................................................... 34
Figura 4.5 - Potência de refrigeração em função da área de colectores. Temperatura do
gerador, evaporador e condensador de 90, 10 e 35 ºC, respectivamente.................................. 35
Figura 4.6 – Variação da razão de sucção com a temperatura no gerador para os seis
fluidos. Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C. .......... 36
Figura 4.7 – Variação do COP em função da temperatura de saída do gerador.
Temperatura do evaporador de 10 ºC, temperatura do condensador de 35 ºC. ........................ 36
Figura 4.8 - Variação do COP em função da temperatura do evaporador. Temperatura
no gerador de 90 ºC, temperatura do condensador de 35 ºC. ................................................... 37
Figura 4.9 - Variação do COP em função da temperatura do condensador. Temperatura
no gerador de 90 ºC, temperatura do evaporador de 10 ºC....................................................... 38
Figura 4.10 – Variação da razão de sucção em função da temperatura no gerador e do
evaporador. Temperatura do condensador de 35 °C. ............................................................... 39
Figura 4.11 - Variação da razão de sucção em função da temperatura no gerador e do
condensador. Temperatura do evaporador de 10 °C. ............................................................... 39
Figura 4.12 - Variação do COP em função da temperatura no gerador e do evaporador.
Temperatura do condensador de 35 °C. ................................................................................... 40
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Figura 4.13 - Variação do COP em função da temperatura no gerador e do condensador.
Temperatura do evaporador de 10 °C. ..................................................................................... 41
Figura 4.14 - Variação do rendimento global com a temperatura no gerador para os seis
fluidos. Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C. .......... 42
Figura 4.15 - Variação do rendimento global em função da temperatura no gerador e do
evaporador. Temperatura do condensador de 35 °C. ............................................................... 43
Figura 4.16 - Variação do rendimento global em função da temperatura no gerador e do
condensador. Temperatura do evaporador de 10 °C. ............................................................... 43
Figura 4.17 – Evolução do rendimento de ηss, COP e ηsg em função da temperatura no
gerador. Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C. ......... 44
Figura 4.18 - – Evolução do rendimento de ηss, COP e ηsg em função da temperatura no
gerador, utilizando colectores de placa plana com cobertura de vidro simples e placa selectiva.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C. ....................... 45
Figura 5.1 – Protótipo do ejector com indicação das dimensões características. Fluido de
trabalho R152a, potência de refrigeração de 5 kW, temperaturas do gerador, evaporador e
condensador de 90, 10 e 35 °C, respectivamente. .................................................................... 50
Figura 5.2 – Variação do diâmetro da garganta com a temperatura no gerador.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C. ....................... 51
Figura 5.3 - Variação do diâmetro da secção de área constante com a temperatura no
gerador. Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C. ......... 52
Figura 5.4 - Variação da razão de áreas com a temperatura no gerador. Temperatura do
evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C. ................................................. 53
Figura 5.5 - Variação da razão de áreas com a temperatura no evaporador. Temperatura
no gerador de 90 °C, temperatura do condensador de 35 °C. .................................................. 54
Figura 5.6 - Variação da razão de áreas com a temperatura no condensador.
Temperatura no gerador de 90 °C, temperatura do evaporador de 35 °C. ............................... 54
Figura 5.7 – Variação do diâmetro da garganta em função da temperatura do
condensador, mantendo fixo o diâmetro secção de área constante. Potência frigorífica de 5
kW, temperatura do gerador e evaporador de 90 e 10 °C, respectivamente. ........................... 55
Figura 6.1 - Desenho de um ejector típico utilizado nas simulações CFD, evidenciando
o dispositivo de variação de geometria. ................................................................................... 58
Figura 6.2 – Evolução da razão de sucção com a temperatura do condensador para três
temperaturas distintas no gerador. Temperatura do evaporador de 10 °C. .............................. 59
Figura 6.3 – Variação da razão de sucção e da temperatura crítica do condensador com a
posição do “spindle”, para três temperaturas distintas no gerador. Temperatura do evaporador
de 10 °C. ................................................................................................................................... 60
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Índice de tabelas
Tabela 1.1 – Valores de FR(τα)n e FRUL para diferentes tipos de colectores solares [6]. .. 4
Tabela 2.1 – Comparação de resultados obtidos com Prisadawas [1] para diferentes
temperaturas no gerador. Temperatura do evaporador e condensador de 10 e 35 °C,
respectivamente. ....................................................................................................................... 24
Tabela 2.2 – Comparação de resultados obtidos com Prisadawas [1] para diferentes
temperaturas do evaporador. Temperatura do gerador e condensador de 120 e 35 °C,
respectivamente. ....................................................................................................................... 25
Tabela 2.3 – Comparação de resultados obtidos com Prisadawas [1] para diferentes
temperaturas do condensador. Temperatura do gerador e evaporador de 120 e 10 °C,
respectivamente. ....................................................................................................................... 25
Tabela 2.4 – Comparação de resultados obtidos com valores teóricos determinados por
Cizungu [18] para diferentes temperaturas no gerador. Temperatura do evaporador e
condensador de 8,8 e 27,7 °C, respectivamente. ...................................................................... 25
Tabela 2.5 - Comparação de resultados obtidos com valores experimentais determinados
por Cizungu [18] para diferentes temperaturas no gerador. Temperatura do evaporador e
condensador de 8,8 e 27,7 °C, respectivamente. ...................................................................... 26
Tabela 3.1 – Fluidos de trabalho considerados inicialmente e as suas propriedades
termodinâmicas relevantes. ...................................................................................................... 28
Tabela 3.2 – Características dos seis fluidos seleccionados para simulação. ................. 30
Tabela 5.1 – Variação percentual do diâmetro da garganta com a temperatura no
condensador, mantendo fixo o diâmetro de secção de área constante. Temperatura do gerador
e evaporador de 90 e 10 °C, respectivamente. .......................................................................... 56
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Nomenclatura
Símbolo Descrição Unidades
Área de colectores solares [m2]
Velocidade sónica da mistura no ponto m (ver figura
2.1) [m s
-1]
Área de secção do fluido primário à saída do bocal
convergente-divergente [m
2]
Velocidade sónica do fluido primário no ponto y (ver
figura 2.1) [m s
-1]
Área de secção do fluido primário no ponto y (ver
figura 2.1) [m
2]
ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-
conditioning Engineers
Velocidade sónica do fluido secundário no ponto y
(ver figura 2.1) [m s
-1]
Área de secção do fluido secundário no ponto y (ver
figura 2.1) [m
2]
Área da garganta do bocal convergente-divergente [m2]
Área da secção de área constante [m2]
Clorofluorocarboneto
Computacional Fluid Dynamics
Coeficiente de performance do ciclo de refrigeração
Calor específico médio da água, entre a saída dos
colectores e após o aquecedor auxiliar [kJ kg
-1 K
-1]
Calor específico médio da água, entre a entrada e
saída dos colectores [kJ kg
-1 K
-1]
Calor específico médio da água, entre a entrada dos
colectores e após o aquecedor auxiliar [kJ kg
-1 K
-1]
Calor específico da mistura no ponto m (ver figura
2.1) [kJ kg
-1 K
-1]
Calor específico do fluido primário no ponto y (ver
figura 2.1) [kJ kg
-1 K
-1]
Calor específico do fluido secundário no ponto y (ver
figura 2.1) [kJ kg
-1 K
-1]
Constant rate of momentum change
Diâmetro de entrada do cone convergente da secção
de mistura [m]
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
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Diâmetro de saída do difusor [m]
Diâmetro de secção do fluido primário à saída do
bocal convergente-divergente [m]
Diâmetro da garganta do bocal convergente-
divergente [m]
Diâmetro da secção de área constante [m]
Engineering Equation Solver
Fundação para a Ciência e a Tecnologia
Coeficiente de perdas dos colectores solares
( ) Coeficiente de rendimento óptico dos colectores
solares [W m
-2 k
-1]
Fracção solar do subsistema solar
Global Warming Potencial
Entalpia à entrada do gerador [kJ kg-1
]
Entalpia à saída do gerador [kJ kg-1
]
Entalpia à saída do evaporador [kJ kg-1
]
Entalpia à entrada do condensador [kJ kg-1
]
Entalpia à saída do condensador [kJ kg-1
]
Entalpia à entrada do evaporador [kJ kg-1
]
Hidroclorofluorocarboneto
Hidrofluorocarboneto
Radiação incidente por unidade de área [W m-2
]
Instituto Internacional de Refrigeração
Integration Time Horizon
Comprimento do difusor [m]
Comprimento da secção de área constante [m]
Comprimento máximo da secção de área constante [m]
Comprimento mínimo da secção de área constante [m]
Comprimento do cone divergente do bocal
convergente-divergente primário [m]
Comprimento da secção de mistura [m]
Número de Mach da mistura no ponto 3 (ver figura
2.1)
Caudal mássico de água que circula no subsistema
solar [kg s
-1]
Caudal mássico de fluido secundário [kg s-1
]
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Caudal mássico de fluido primário [kg s-1
]
Número de Mach da mistura no ponto m (ver figura
2.1)
Número de Mach do fluido primário à saída do bocal
convergente-divergente
Número de Mach do fluido primário no ponto y (ver
figura 2.1)
Número de Mach do fluido secundário no ponto y (ver
figura 2.1)
Ozone Depletion Potencial
Pressão da mistura no ponto 3 (ver figura 2.1) [Pa]
Pressão do condensador [Pa]
Pressão crítica do condensador [Pa]
Pressão do evaporador [Pa]
Pressão no gerador [Pa]
Pressão da mistura no ponto m (ver figura 2.1) [Pa]
Pressão do fluido primário à saída do bocal
convergente-divergente [Pa]
Pressão do fluido primário no ponto y (ver figura 2.1) [Pa]
Pressão do fluido secundário no ponto y (ver figura
2.1) [Pa]
Potência calorífica fornecida pelo aquecedor auxiliar [W]
Potência calorífica dissipada no condensador [W]
Potência calorífica transferida pelos colectores à água [W]
Potência calorífica de refrigeração obtida no
evaporador [W]
Potência calorífica transferida no gerador [W]
Painel fotovoltaico
Constante específica do gás [kJ kg-1
K-1
]
Razão de áreas, razão entre a área da secção de área
constante e a área da garganta do bocal convergente-
divergente
Temperatura da água após o aquecedor auxiliar [°C ou K]
Temperatura do meio ambiente [°C ou K]
Temperatura do condensador [°C ou K]
Temperatura da água à entrada do colector [°C ou K]
Temperatura da água à saída do colector [°C ou K]
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
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Temperatura crítica do fluido [°C ou K]
Temperatura do evaporador [°C ou K]
Temperatura no gerador [°C ou K]
Temperatura da mistura no ponto m (ver figura 2.1) [°C ou K]
Temperatura do fluido primário no ponto y (ver figura
2.1) [°C ou K]
Temperatura do fluido secundário no ponto y (ver
figura 2.1) [°C ou K]
Velocidade da mistura no ponto m (ver figura 2.1) [m s-1
]
Velocidade do fluido primário no ponto y (ver figura
2.1) [m s
-1]
Velocidade do fluido secundário no ponto y (ver
figura 2.1) [m s
-1]
Trabalho da bomba do ciclo de refrigeração [W]
Símbolos do alfabeto grego
Entalpia de vaporização no evaporador [kJ kg-1
]
Entalpia de vaporização no gerador [kJ kg-1
]
Eficiência dos colectores solares
Eficiência no difusor
Eficiência na mistura dos fluidos primário e
secundário
Eficiência no bocal convergente-divergente
Rendimento do sistema global
Rendimento do subsistema solar
Razão de calores específicos (Cp/Cv)
Razão de sucção
Massa específica média do fluido entre o gerador e o
condensador [kg m
-3]
Equation Section 1
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
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1. Introdução
1.1. Estado da arte
Os equipamentos de ar condicionado e refrigeração apresentam um peso crescente no
aumento do consumo de energia em todo mundo. O Instituto Internacional de Refrigeração
(IIR) indica que aproximadamente 15 % de toda a electricidade produzida mundialmente é
utilizada em aplicações de ar condicionado e refrigeração [1], representando
aproximadamente 45 % do consumo em edifícios [2]. O IIR estima também que a procura de
sistemas de ar condicionado apresenta uma tendência de crescimento constante de
aproximadamente 17 % [1]. Desta forma é essencial o estudo e desenvolvimento de novos
sistemas que permitam reduzir esta factura energética.
Nos sistemas de arrefecimento que utilizam a energia solar (refrigeração e ar
condicionado), a carga de arrefecimento é tipicamente superior quando a radiação solar é mais
elevada (contrariamente ao que acontece no aquecimento solar). Assim, o interesse neste tipo
de sistemas tem aumentado significativamente, conseguindo-se aumentar também a
contribuição da energia renovável no consumo energético. Consequentemente, estes sistemas
terão um papel muito importante no futuro, mas a velocidade da sua difusão dependerá de três
factores importantes: custos de instalação, rendimento e incentivos.
As tecnologias existentes podem ser classificadas em dois grandes grupos consoante o
tipo de transformação da energia solar em energia útil: os sistemas em que a radiação solar é
convertida em electricidade utilizando painéis fotovoltaicos (PV’s) e os sistemas em que a
fonte de energia é calor, fornecido por colectores solares térmicos. As tecnologias baseadas na
aplicação de PV’s resultam da combinação dos painéis fotovoltaicos com máquinas
frigoríficas de compressão de vapor. Apesar de estes sistemas apresentarem um coeficiente de
performance (COP) relativamente alto, o elevado custo da componente PV e o seu baixo
rendimento representam uma barreira à sua disseminação. Os sistemas baseados em ciclos
térmicos, em que o gerador do ciclo de arrefecimento funciona a baixas temperaturas, são
considerados como os de maior potencial neste momento [1][3]. Existem várias tecnologias
disponíveis para sistemas térmicos, tais como os sistemas de absorção, os de adsorção e os de
ejecção, que diferem no processo de conversão de energia térmica (calor) em arrefecimento
útil.
Um estudo levado a cabo pela “European Solar Thermal Industry Federation”, mostrou
que em 2006 havia apenas cerca de 100 sistemas solares de arrefecimento instalados na
Europa. Destes, aproximadamente dois terços baseavam-se na tecnologia de absorção e mais
de metade utilizava colectores solares planos. A sua capacidade de arrefecimento era
tipicamente igual ou superior a 100 kW [2]. Existe uma necessidade óbvia de desenvolver
sistemas com capacidades inferiores, aplicáveis por exemplo em edifícios residenciais. O
número de sistemas de arrefecimento solar vai aumentar significativamente no futuro, devido
ao aparecimento de novas empresas na área. Entretanto é necessário o desenvolvimento de
novas tecnologias e a optimização da eficiência dos sistemas já existentes, de forma a tornar
os sistemas de arrefecimento solar economicamente rentáveis.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
2
1.2. Sistema de refrigeração solar utilizando ejector
O sistema de refrigeração solar com ejector pode ser considerado como uma
combinação de dois subsistemas, o subsistema solar e o subsistema de refrigeração.
Na figura 1.1 encontra-se uma representação esquemática de um sistema de refrigeração
por ejecção alimentado por energia solar. Esta figura destina-se apenas à demonstração de
quais são os componentes mais importantes nestes sistemas e a ligação entre eles.
Figura 1.1 – Representação esquemática de um sistema solar de refrigeração utilizando ejector [4].
A – Subsistema solar; B – Subsistema de refrigeração.
O ciclo de refrigeração é composto por um gerador, que utiliza energia solar como fonte
de energia, um ejector, um condensador, um evaporador, uma válvula de expansão e uma
bomba para promover o deslocamento do fluido. O subsistema solar, composto por colectores
solares, bomba de circulação e tanque de armazenamento, fornece energia térmica ao ciclo de
refrigeração por ejecção com as condições (temperatura e potência) requeridas. Devido à
instabilidade climática, é normalmente adicionado um equipamento auxiliar à saída dos
colectores solares de aquecimento de forma a garantir que o fluido se encontra à temperatura
necessária no gerador.
A interligação entre o subsistema solar e o subsistema de refrigeração é realizada
através do gerador do ciclo. O fluido de trabalho vaporiza no gerador do ciclo a uma pressão e
temperatura elevadas, utilizando o calor proveniente do subsistema solar. O ciclo de
refrigeração utilizando ejector é similar ao ciclo de compressão de vapor excepto no método
utilizado para comprimir o fluido de trabalho. É utilizado um ejector no lugar do compressor
mecânico para comprimir o fluido na forma de vapor para o condensador. No condensador, o
calor é dissipado para o ambiente, e o líquido é recirculado para o gerador através de uma
bomba, e para o evaporador através de uma válvula de expansão, fechando o ciclo. A
descrição detalhada do funcionamento do ejector encontra-se na secção 1.3.
A grande vantagem do ciclo é a sua simplicidade quando comparado com outros
sistemas de arrefecimento: não tem partes móveis (compressor) nem um acréscimo de
Tcol,s
Tcol,e
A B
Ta
Tanque de
armazenamento
Aquecedor
auxiliar
Colectores
solares
𝐼
𝑄��
Gerador
Bomba
Tg Tc Te
Bomba
Condensador Evaporador
Ejector
𝑄�� 𝑄��
Válvula de
expansão
𝑄��
1
2 4
5 6
3
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
3
permutadores de calor (como no sistema de absorção). Outra vantagem é a liberdade na
escolha do fluido de trabalho de forma a optimizar o desempenho do ciclo consoante as
condições operativas.
O ciclo de refrigeração por ejecção idealizado está representado no diagrama P-h da
figura 1.2. Os números referentes aos diferentes estados do fluido coincidem com os
utilizados na figura 1.1.
O calor fornecido pelos colectores solares para o fluido frigorigénio ( g) aumenta a
entalpia de evaporação no gerador de vapor 1-2, a pressão constante. O vapor no estado 2
mistura-se com vapor proveniente do evaporador no ejector (estado 3), atingindo uma pressão
intermédia (estado 4). Os processos relativos ao interior do ejector encontram-se descritos
detalhadamente na secção 1.3. O fluxo formado pela mistura desloca-se em direcção ao
condensador, onde o calor é rejeitado do fluido frigorigénio para o ambiente 4-5 ( c) a
pressão constante, obtendo-se fluído frigorigénio líquido à saída do condensador, estado 5. O
líquido é então dividido em dois fluxos: um entra no evaporador após uma redução de pressão
adiabática na válvula de expansão 5-6, onde é produzido o efeito de refrigeração ( e), e o
outro retorna novamente para o gerador por acção de uma bomba que aumenta a sua pressão
5-1, fechando assim o ciclo.
O desempenho do sistema global depende da eficiência do subsistema solar e do ciclo
de refrigeração.
A eficiência dos colectores solares é caracterizada pela equação seguinte [5]:
( ) (
) (1.1)
Os valores dos coeficientes de rendimento óptico ( ) e de perdas são
dependentes do tipo de colector, da camada de cobertura de vidro e das propriedades da placa
colectora [1]. Na tabela 1.1 encontram-se valores típicos para estes coeficientes, utilizando
diferentes tipos de colectores solares.
Figura 1.2 – Diagrama P-h do ciclo de refrigeração utilizando ejector [4].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
4
Tabela 1.1 – Valores de FR(τα)n e FRUL para diferentes tipos de colectores solares [6].
Tipo de colector FR(τα)n FRUL
(Wm-2k-1)
Placa plana sem cobertura 0,94 20-25
Placa plana com cobertura de vidro simples 0,8 7-8
Placa plana com cobertura de vidro simples e placa selectiva 0,8 4-5
Placa plana com cobertura de vidro dupla e placa selectiva 0,72 3-4
Tubo de vácuo e placa selectiva 0,8 1-2
Os colectores de placa plana sem cobertura são os mais económicos e apresentam o
melhor coeficiente de rendimento óptico pois a radiação solar incide directamente nos tubos.
No entanto, a inexistência de cobertura faz com que o coeficiente de perdas seja muito
elevado, o que cinge a sua utilização apenas em aplicações que requerem baixas temperaturas.
Os colectores com cobertura embora tenham um rendimento óptico inferior, podem ser
utilizados em sistemas que exigem uma temperatura superior pois o seu coeficiente de perdas
é menor. Os colectores de tubo de vácuo são os mais dispendiosos e apresentam o menor
valor de coeficiente de perdas, sendo assim mais indicados para sistemas que requerem
temperaturas mais elevadas.
A eficiência dos colectores solares apresenta uma curva característica, representada na
figura 1.3 para diferentes tipos de colectores, evidenciando a gama de temperaturas em que
estes operam normalmente, quando integrados em sistemas de refrigeração solar utilizando
ejector.
Figura 1.3 – Curva característica da eficiência para diferentes tipos de colectores [3][6].
A – Gama de temperaturas em que os colectores operam quando utilizados em sistemas de refrigeração por
ejecção.
Como se pode reparar na figura 1.3, os colectores mais indicados para sistemas de
refrigeração por ejecção são os do tipo placa plana com cobertura ou de tubo de vácuo. Os
colectores de tubo de vácuo embora sejam mais dispendiosos, permitem obter uma eficiência
superior, principalmente quando é necessário uma elevada temperatura no gerador. Quando
tal não é necessário, os colectores de placa plana com cobertura podem ser suficientes para
A
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
5
garantir a temperatura necessária no gerador, sendo assim uma escolha mais viável tendo em
conta o seu menor custo.
Conhecido o valor da eficiência dos colectores solares e considerando um rendimento
do equipamento auxiliar de 100%, é possível definir o rendimento do subsistema solar (ηss)
[1][5]:
(1.2)
O desempenho do ciclo de refrigeração por ejecção é geralmente expresso pelo
coeficiente de performance (COP), que traduz a relação entre o efeito de refrigeração obtido e
a energia fornecida ao ciclo (proveniente do gerador e o trabalho da bomba) [5]:
(1.3)
Tipicamente o trabalho requerido pela bomba é inferior a 1% do calor fornecido pelo
gerador, podendo assim ser desprezado [5].
Após análise dos subsistemas solar e de refrigeração, é possível definir a eficiência
global do sistema de refrigeração. Considerando o rendimento do aquecedor auxiliar 100% e
desprezando o trabalho da bomba, a eficiência global (ηsg) do sistema é dada por [1][5]:
(1.4)
É possível reescrever da seguinte forma [1][5]:
(1.5)
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
6
1.3. Funcionamento do ejector
O ejector é o componente principal do ciclo de refrigeração por ejecção. A figura 1.4
mostra um exemplo de um ejector.
Na figura 1.5 é possível observar uma vista esquemática de secção do ejector e a
distribuição idealizada da pressão no seu interior. O fluido de trabalho vaporiza no gerador do
ciclo a uma pressão e temperatura elevada, utilizando o calor proveniente do subsistema solar.
Este vapor de alta pressão, denominado fluido primário, é introduzido na entrada primária (g)
do ejector, onde se expande a uma velocidade supersónica (Mach > 1), originando uma zona
de baixa pressão na secção de saída (i). Esta baixa pressão provoca a sucção do vapor
proveniente do evaporador (e), denominado fluido secundário. O fluido secundário é depois
acelerado até à velocidade sónica (“choked”), enquanto que o fluido primário perde
velocidade devido à tensão de corte na interface que se desenvolve entre os dois fluidos,
contribuindo para uma mistura das duas linhas de corrente. Na evolução da pressão da figura
1.5 não se encontram representadas as zonas em que o fluido primário e secundário atingem a
condição sónica pois é uma representação ideal. O processo de mistura é complexo, e
acompanhado por uma série de ondas de choque. Após a mistura dos fluidos a pressão
constante, a mistura atinge a condição sónica (Mach=1), que se verifica na zona de secção
constante ou no início do difusor. Em seguida a mistura sofre um aumento súbito da pressão
(“shock”, figura 1.5). O resultado é um fluxo subsónico que é comprimido no difusor até à
pressão do condensador (c).
Figura 1.4 - Ejector para uma capacidade de arrefecimento nominal de 2 kW e n-pentano
como fluido de trabalho [2].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
7
O desempenho do ejector é normalmente avaliado pela razão de sucção (“entrainment
ratio”), que traduz a relação do fluxo secundário com o fluxo primário [8]:
(1.6)
Quanto mais elevada for a razão de sucção, menor será o caudal de fluido primário e,
consequentemente, a energia que o gerador tem que fornecer ao fluido decresce.
A razão de sucção está relacionada com o coeficiente de performance (COP) do ciclo de
refrigeração através da equação (1.7) [8]:
(1.7)
Figura 1.5 - Representação esquemática de um ejector e da evolução idealizada da pressão [7].
A - Vista de secção do ejector; B - Evolução da pressão ao longo do eixo do ejector.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
8
A razão de sucção é afectada por três factores essenciais:
Condições operativas do ciclo de refrigeração;
Selecção do fluido frigorigénio;
Dimensões do ejector a utilizar.
A influência destes três factores no desempenho do sistema irá ser analisada nas
próximas secções.
1.3.1. Condições operativas
As temperaturas/pressões operativas, ou seja, as temperaturas/pressões do gerador,
condensador e evaporador, influenciam significativamente o desempenho do ciclo de
refrigeração. De uma forma geral, quando é possível optimizar as dimensões do ejector em
função das condições operativas (ejector sob condições de desenho), o COP aumenta com a
temperatura do gerador e do evaporador, e diminui com a temperatura do condensador [5][7].
A temperatura do gerador é dependente da temperatura á saída dos colectores solares.
Utilizando uma temperatura do gerador demasiado elevada iria aumentar o COP (se for
possível optimizar as dimensões do ejector em função da temperatura no gerador), no entanto
iria reduzir a eficiência dos colectores solares (ηcol), resultando num decréscimo da eficiência
global do sistema (ηsg). No caso de se ter um determinado ejector de dimensões fixas (ejector
“off design”), ou seja, sem possibilidade de optimizar as suas dimensões consoante as
condições operativas, um aumento da temperatura do gerador resulta num decréscimo da
razão de sucção, e por conseguinte numa redução do COP. Isto pode ser explicado pelo facto
de um aumento da pressão no gerador originar um acréscimo no caudal de fluido primário,
enquanto que o caudal de fluido secundário permanece praticamente constante, resultando
assim numa redução da razão de sucção.
O efeito de refrigeração é produzido no evaporador a uma temperatura que é dependente
da aplicação pretendida e do fluido de trabalho. Sob condições de desenho, baixas
temperaturas do evaporador resultam num COP reduzido, enquanto que temperaturas mais
elevadas promovem um aumento do COP. No entanto altas temperaturas diminuem a taxa de
transferência de calor na unidade de refrigeração.
A temperatura do condensador é directamente influenciada pelas condições climáticas, a
não ser que exista um sistema activo de arrefecimento (por exemplo uma torre de
arrefecimento). Quando é possível optimizar as dimensões do ejector em função das
condições operativas, o aumento da temperatura do condensador provoca uma redução do
COP. No caso de se ter um determinado ejector de dimensões fixas, o valor da razão de
sucção é influenciado pela pressão verificada no condensador, existindo um valor crítico (Pcr)
que não deve ser ultrapassado, tal como mostra a figura 1.6.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
9
Quando se verificam pressões do condensador inferiores ao valor crítico, o valor da
razão de sucção permanece praticamente constante, pois o fluido secundário atinge a condição
sónica (Mach=1). Neste regime de funcionamento o COP e a capacidade de arrefecimento
também permanecem aproximadamente constantes. Para valores da pressão no condensador
superiores ao valor crítico, o fluido secundário não atinge a condição sónica, provocando uma
redução abrupta no valor da razão de sucção. Se o valor da pressão no condensador for
demasiado elevada, o fluxo pode ser invertido, ou seja, o fluido secundário pode retornar para
o evaporador fazendo com que o ejector perca a sua função por completo [3]. Quando se tem
um ejector sob condições de desenho, assume-se que este opera na zona de “Double
chocking”, à pressão crítica do condensador. Assim o seu funcionamento é óptimo pois a
razão de sucção toma o maior valor e a temperatura/pressão no condensador é a mais elevada
que se pode verificar antes que a razão de sucção decresça.
1.3.2. Escolha do fluido de trabalho
Uma das principais vantagens na utilização de sistemas de refrigeração por ejecção é a
possibilidade de utilizar vários fluidos de trabalho. Desta forma é possível adequar a escolha
do fluido de trabalho às condições de operação do ciclo, enquanto que em outros tipos de
sistemas de refrigeração tal não é possível. Por exemplo, no caso do sistema de refrigeração
por absorção, a escolha limita-se a uma solução de água e brometo de lítio ou de amoníaco e
água [2].
Os fluidos frigorigéneos têm diferentes propriedades e por isso o desempenho do ciclo
de refrigeração varia consoante o fluido de trabalho. Existem alguns critérios que devem ser
tidos em consideração na escolha do fluido de trabalho [1][9][10]:
- Critérios ambientais: Degradação da camada de ozono (caracterizado pelo índice
“Ozone Depletion Potencial” ODP) e efeito de aquecimento global (caracterizado pelo índice
“Global Warming Potencial” (GWP). Alguns dos fluidos frigorigéneos que permitem obter
bons desempenhos não são ambientalmente amigáveis, pois apresentam elevados valores de
ODP ou GWP. Actualmente encontra-se proibida a utilização de alguns fluidos frigorigéneos
como é o caso dos clorofluorocarbonetos (CFC’s). Está também prevista para 2030 a
Figura 1.6 – Variação da razão de sucção com a pressão do condensador (ejector “off design”) [8].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
10
erradicação dos hidroclorofluorocarbonetos (HCFC’s) [10]. Existem alguns fluidos
ambientalmente amigáveis que também permitem obter bons desempenhos como é o caso de
alguns hidrofluorocarbonetos (HFC’s) ou mesmo a água.
- Critérios de segurança: Toxicidade e inflamabilidade. Devem ser utilizados fluidos não
tóxicos e não inflamáveis, visando a segurança dos ocupantes onde um sistema deste tipo
pode ser aplicado.
- Critérios de economia e disponibilidade: o fluido frigorigénio deve ser barato e deve-
se encontrar disponível no mercado.
Para além da verificação dos critérios enunciados, o fluido de trabalho deve ter algumas
propriedades termodinâmicas que permitem garantir um melhor desempenho [3][7]:
- O fluido de trabalho deve ter um elevado calor latente de vaporização, minimizando o
caudal de circulação necessário para produzir a mesma capacidade de refrigeração, ou seja,
um pequeno aumento da razão de sucção resulta num maior incremento do COP;
- A pressão do fluido à temperatura do gerador não deve ser demasiado elevada de
forma a minimizar o trabalho requerido pela bomba, nem deve ser demasiado reduzida para
evitar que o sistema opere sobre vácuo, originando problemas de vedação;
- Fluidos de trabalho com massa molecular reduzida conduzem a ejectores de maior
tamanho, evitando as dificuldades inerentes à construção de ejectores de tamanho muito
reduzido. No entanto fluidos com elevada massa molecular promovem o aumento da razão de
sucção e, consequentemente, do COP;
- A sua utilização deve resultar numa temperatura/pressão crítica do condensador
elevada;
- O fluido de trabalho pode ser classificado como fluido húmido ou seco, consoante a
inclinação da linha de vapor saturado no diagrama T-s. Os fluidos húmidos apresentam uma
inclinação da linha de vapor saturado negativa, enquanto que nos fluidos secos essa linha tem
uma inclinação positiva, tal como é visível na figura 1.7.
É preferível a utilização de um fluido seco de forma a evitar condensação durante a
expansão do fluido primário no bocal convergente-divergente. No caso de o fluido de trabalho
Figura 1.7 – Curva característica de um fluido húmido e seco, no diagrama T-s [1].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
11
ser do tipo húmido, o sobreaquecimento no gerador deve ser suficientemente elevado a fim de
impedir a formação de gotículas no ejector que podem causar um mau funcionamento do
mesmo, assim como promover a sua deterioração.
1.3.3. Dimensões do ejector
Para além das condições operativas do ciclo de refrigeração e da escolha do fluido de
trabalho, também as dimensões do ejector influenciam o seu desempenho.
Um dos parâmetros com maior influência no desempenho do ejector é a razão de áreas,
definida pelo quociente entre a área da secção de área constante (y) e a área da garganta do
convergente-divergente primário (t) (ver figura 1.5):
(
)
(1.8)
Varga et al. [8] apresentou resultados obtidos utilizando CFD (“Computacional Fluid
Dynamics”) para um ejector a vapor de água considerando vários valores de razão de áreas. A
figura 1.8 apresenta o valor da razão de sucção em função da razão de áreas para duas
pressões distintas do gerador e do condensador, mantendo a temperatura no evaporador em 10
°C.
As pressões do gerador de 70,1 e 101 kPa correspondem às temperaturas de saturação
de 90 e 100 °C, respectivamente, enquanto que as pressões do condensador de 4,25 e 5,63 kPa
correspondem às temperaturas de saturação de 30 e 35 °C, respectivamente. Estes valores
utilizados correspondem a condições operativas que se podem esperar num clima em que um
Figura 1.8 - Razão de sucção em função da razão de áreas para diferentes condições
operativas [8].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
12
sistema deste tipo poderia ser aplicado, como por exemplo Portugal. O valor da razão de áreas
foi alterado mantendo fixo o diâmetro da secção de área constante, variando apenas o valor do
diâmetro da garganta. Como se pode denotar pela figura 1.8, a razão de sucção varia
significativamente com a razão de áreas. No entanto, a forma como esta variação ocorre está
dependente das condições em que o ejector opera. É possível verificar que para Tg=90 ºC e
Tc=35 ºC o ejector apenas funciona com valores de rA inferiores a 16 enquanto que para
Tg=100 ºC e Tc=30 ºC o ejector funciona correctamente independentemente do valor de rA,
sendo que com valores mais elevados de rA o ejector apresenta os melhores resultados, ou
seja, maiores valores da razão de sucção.
A figura 1.9 evidencia a influência que a razão de áreas tem no funcionamento do
ejector.
É possível verificar que com maiores valores de rA se obtém valores mais elevados de ,
no entanto o valor crítico de pressão no condensador diminui. Assim, é possível concluir que
embora um ejector funcione de forma óptima para uma dada pressão do condensador, pode
funcionar de forma errónea para pressões superiores.
Após a análise das figuras, e tendo em conta que as temperaturas do gerador e do
condensador variam consoante as condições climáticas (no caso do gerador é dependente da
energia fornecida pelos colectores solares, podendo ser compensada pelo aquecedor auxiliar),
é possível referir que não existe uma razão de áreas óptima. Assim, torna-se vantajoso a
utilização de um sistema que permita a variação da geometria do ejector, permitindo alcançar
um óptimo desempenho para diferentes condições operativas. Varga et al. [8] e Sun [11]
estudaram a utilização de ejectores de geometria variável. Este tipo de solução exige o
desenvolvimento de um sistema automatizado que permita a variação da razão de áreas
consoante as condições operativas. Uma outra alternativa é a associação de ejectores em
paralelo, proposta por Bejan et al. [12]. Este arranjo consiste na disposição de vários ejectores
com diferente geometria em paralelo à entrada do condensador, como indica a figura 1.10. À
Figura 1.9 – Razão de sucção em função da temperatura do condensador, para diferentes
razões de áreas [8].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
13
semelhança dos ejectores de geometria variável, este tipo de solução também requere a
utilização de um sistema automatizado que proceda à selecção do ejector consoante as
condições operativas de forma a optimizar o desempenho do sistema.
Para além da razão de áreas, também a posição da secção de saída do convergente-
divergente primário (i, ver figura 1.5) influencia o funcionamento do ejector [3][8]. De uma
forma geral, deslocando a secção de saída no sentido da secção de mistura, ou seja, para o
interior desta, provoca um aumento da razão de sucção e um decréscimo do valor crítico de
pressão do condensador [3]. No entanto, não existe consenso relativamente ao posicionamento
óptimo da secção de saída do convergente-divergente para as diversas condições operativas,
sendo ainda necessário uma investigação mais profunda neste campo [3][8].
Um outro factor geométrico que afecta o funcionamento do ejector é o comprimento da
secção de área constante. Este factor não afecta significativamente o valor da razão de sucção
mas influencia o valor crítico de pressão no condensador, obtendo-se valores superiores com
comprimentos da secção de área constante mais elevados [3][8].
1.4. Organização e temas abordados no presente relatório
O presente relatório é constituído por cinco capítulos principais, cada um deles
subdividido em várias subsecções.
O segundo capítulo apresenta o modelo matemático que permitiu simular o sistema para
diferentes fluidos de trabalho e condições operativas, com indicação dos pressupostos
considerados no seu desenvolvimento. Após a descrição do processo de modelação, é ainda
abordado o método a partir do qual se obtém uma solução e, por último, é realizada a
validação do modelo.
O capítulo 3 incide sobre a escolha do fluido de trabalho. Inicialmente foi feita uma
revisão dos fluidos testados com sucesso na literatura. Em seguida apresentam-se os critérios
considerados para a selecção de um grupo de seis fluidos mais apropriados, baseados nas suas
principais características termodinâmicas e ambientais.
No quarto capítulo apresenta-se uma análise do efeito das condições operativas no
sistema de refrigeração, utilizando resultados obtidos com recurso ao modelo matemático
Figura 1.10 – Esquema representativo da associação de ejectores em paralelo [1].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
14
desenvolvido. Este capítulo encontra-se subdividido numa análise independente aos dois
subsistemas (solar e de refrigeração), seguindo-se uma análise ao sistema global de
refrigeração.
No capítulo 5 encontra-se indicado o cálculo das dimensões do ejector sob condições de
desenho, dando a conhecer o protótipo 2D desenvolvido. Em seguida é estudada a variação
das dimensões do ejector com o fluido de trabalho e condições operativas, analisando a
importância da implementação de um sistema de variação de geometria do ejector.
No último capítulo encontram-se as principais conclusões retiradas e as perspectivas de
trabalho futuro, onde é dado a conhecer parte do estudo preliminar realizado no âmbito de um
projecto homologado pela FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia).
Equation Chapter (Next) Section 1
Equation Section 2
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
15
2. Modelo matemático
Para analisar o desempenho do sistema de refrigeração por ejecção e a influência dos
três factores enunciados no capítulo anterior (condições operativas, fluido de trabalho e
dimensões do ejector), foi necessário desenvolver um modelo matemático. O sistema foi
modelado por dois subsistemas, como demonstrado na figura 1.1. A análise do subsistema
solar encontra-se simplificada, sendo apenas modelado pela eficiência dos colectores solares.
O ejector foi modelado considerando balanços de energia, quantidade de movimento e
conservação de massa para várias secções do ejector, através de uma análise unidimensional.
2.1. Subsistema solar
Relativamente ao subsistema solar, foram considerados os seguintes pressupostos para a
construção do modelo matemático [1][5][13]:
1. O fluido utilizado no subsistema solar é água;
2. A temperatura ambiente (Tamb) situa-se 5º abaixo da temperatura do condensador
(Tc);
3. A temperatura da água após a passagem pelo aquecedor auxiliar (Ta) é 10 °C
superior relativamente à temperatura requerida no gerador (Tg), garantindo a
permuta de calor no gerador;
4. Assume-se que os colectores se encontram associados em paralelo, podendo-se
caracterizar o seu desempenho através da sua eficiência.
Relembrando a equação (1.1), a eficiência de um colector solar pode ser estimada
conhecendo a temperatura de entrada da água e as condições climatéricas, através da seguinte
equação [5]:
( ) (
) (2.1)
A potência útil transferida dos colectores solares para a água é dada por [5]:
( ) (2.2)
Na equação (2.2), representa o calor específico médio da água, avaliado pela
temperatura média aritmética entre a entrada e saída dos colectores.
Os sistemas solares são tipicamente dimensionados para fornecer apenas uma fracção da
energia necessária (fracção solar) para alimentar o sistema de refrigeração. Considera-se que a
restante energia térmica é fornecida por um aquecedor auxiliar, garantindo assim a potência
requerida no gerador [5]:
( ) (2.3)
Na equação (2.3), representa o calor específico médio da água, avaliado pela
temperatura média aritmética entre a saída dos colectores e após o aquecedor auxiliar. Como
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
16
indicado no pressuposto 3, considerou-se a temperatura da água após o aquecedor auxiliar 10
°C superior à temperatura no gerador.
A fracção solar do subsistema solar é definida pela razão entre o calor solar útil e o
calor trocado no gerador [5]:
(2.4)
Com recurso a um balanço energético, é possível determinar o calor trocado no gerador:
( ) (2.5)
Na equação (2.5), ger representa o calor específico médio da água, avaliado pela
temperatura média aritmética entre a entrada dos colectores e após o aquecedor auxiliar.
Como já referido no capítulo 1, considerando o rendimento do aquecedor auxiliar
100%, é possível avaliar o desempenho do subsistema solar através do rendimento do
subsistema solar [1][5]:
(2.6)
2.2. Ejector
Como já referido, o ejector é o componente chave do sistema de refrigeração por
ejecção. O ejector é constituído por quatro secções principais: o bocal convergente-divergente
primário (“nozzle”), a câmara de sucção, a secção de área constante e o difusor.
O desenho do ejector é geralmente classificado em duas categorias, tendo em conta a
posição da saída do bocal convergente-divergente [1][3]:
“Constant-area mixing ejector” – a saída do bocal convergente-divergente situa-se no
interior da secção de área constante.
“Constant-pressure mixing ejector” - a saída do bocal convergente-divergente situa-
se na câmara de sucção. O processo de mistura ocorre a pressão constante.
Verificou-se que com ejectores do tipo “Constant-pressure mixing” geralmente se
obtém melhores desempenhos. A maioria dos estudos de modelação, tal como a presente
dissertação, baseiam-se em ejectores deste tipo [1][3]. Eames [14] estudou um desenho
diferente para o ejector, assente na continuidade da quantidade de movimento (“Constant Rate
of Momentum Change”, CRMC) na secção do difusor. Segundo o autor, este tipo de desenho
permite obter melhores desempenhos que o modelo “Constant-pressure mixing ejector”, no
entanto a geometria do difusor torna o seu fabrico muito difícil, e por conseguinte
dispendioso. Na figura 2.1 estão representadas as várias secções do ejector do tipo “Constant-
pressure mixing” consideradas no modelo desenvolvido.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
17
O fluido primário entra no ejector (ponto g) a alta pressão e baixa velocidade. Na secção
da garganta o fluido acelera (devido ao efeito de estrangulamento) até à velocidade sónica
(Mach=1). Na zona divergente do bocal convergente-divergente (“nozzle”) o fluido continua
a acelerar (expansão) até atingir um estado supersónico à saída (ponto 1). Após a saída do
bocal convergente-divergente, o fluido primário escoa sem se misturar com o fluido
secundário, originando um canal convergente para o fluido secundário (visível na figura 2.1).
Este canal promove a aceleração do fluido secundário, atingindo no caso ideal, a velocidade
sónica. O local onde o fluido secundário atinge a condição sónica (ponto y) é habitualmente
designado “hypothetical throat” [15]. Após este ponto, os fluidos misturam-se a pressão
constante, diminuindo a velocidade de escoamento, completando o seu processo de mistura no
ponto m. No ponto s ocorre um “shock” transversal de espessura infinitesimalmente pequena,
o que origina um aumento súbito da pressão. Na secção do difusor, a velocidade da mistura
dos dois fluidos continua a diminuir, enquanto que a pressão aumenta até atingir o valor
verificado no condensador.
Para a construção do modelo matemático foram considerados os seguintes pressupostos
[1][15][16]:
1. O fluido de trabalho é considerado um gás ideal, excepto no cálculo das suas
propriedades físicas, que são obtidas considerando o fluido como gás real;
2. O fluxo no interior do ejector é constante e unidimensional;
3. A energia cinética do fluido primário e secundário à entrada do ejector é
desprezável, assim como a energia cinética da mistura à saída do difusor;
4. Para contabilizar as irreversibilidades (perdas por fricção) no bocal convergente-
divergente e no difusor foram introduzidas duas eficiências: = 0,95 e =
0,85. Estas eficiências foram obtidas com recurso à literatura existente [17][18];
5. Vários autores [15][18] consideram uma irreversibilidade na entrada do fluido
secundário. No entanto, tendo em conta que o valor da velocidade é
significativamente mais baixo que a do fluido primário, esta irreversibilidade
não foi considerada;
Figura 2.1 – Representação das secções consideradas no modelo desenvolvido [15].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
18
6. Para contabilizar a irreversibilidade na mistura do fluido primário com o
secundário foi considerada uma eficiência, = 0,87. O valor desta eficiência
foi obtido através da literatura existente [17] e por comparação com valores
obtidos por simulação utilizando CFD;
7. Assume-se que a pressão que se verifica na saída do bocal convergente-
divergente (zona 1 na figura 2.1) é igual à pressão do fluido secundário
proveniente do evaporador ( );
8. O fluido secundário atinge a velocidade sónica na secção de área constante, corte
y-y da figura 2.1;
9. Os dois fluidos iniciam o processo de mistura após o corte y-y (ver figura 2.1).
A mistura ocorre a pressão constante e completa-se na secção m-m;
10. Os dois fluidos misturados sofrem um “shock” transversal de espessura
infinitesimalmente pequena na secção de área constante, corte s-s da figura 2.1,
provocando um aumento súbito da pressão;
11. A parede interior do ejector é adiabática, não existindo troca de calor com o
ambiente.
2.2.1. Escoamento do fluido primário no bocal convergente-divergente
Partindo da temperatura e pressão do fluido primário proveniente do gerador (Tg e Pg), é
possível determinar o caudal de fluido primário com recurso à seguinte equação dinâmica de
gases perfeitos para a condição sónica na garganta [15]:
√ √
(
)
√ (2.7)
Utilizando relações isentrópicas como aproximação, é possível estabelecer equações
dinâmicas que relacionam o número de Mach (Mp1), a pressão (Pp1) e a área de secção (Ap1)
na zona 1, ou seja, à saída do bocal convergente divergente [15]:
(
)
[
(
)]
(2.8)
(
)
(2.9)
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
19
2.2.2. Escoamento do fluido primário de 1 até y
Novamente aplicando relações isentrópicas como aproximação, relaciona-se o número
de Mach e a pressão do fluido primário nas zonas 1 e y [15]:
( (
)
)
( ( ) )
(2.10)
A área de secção do fluido primário na zona y em função das propriedades à saída do
bocal convergente-divergente é dada pela seguinte expressão isentrópica [15]:
*
(
)+
( )
*
(
)+
( )
(2.11)
2.2.3. Escoamento do fluido secundário da entrada até y
Como indicado no pressuposto 8, o fluido secundário atinge a condição de Mach=1 na
zona y. Partindo da temperatura e pressão do fluido secundário proveniente do evaporador (Te
e Pe), obtém-se a seguinte relação para a pressão do fluido secundário na zona y [15]:
(
)
(2.12)
O caudal de fluido secundário novamente com recurso à equação dinâmica de gases
perfeitos para a condição sónica é dado por [15]:
√ √
(
)
(2.13)
2.2.4. Zona y
A área da secção (Ay) é dada pela soma das áreas do fluido primário e secundário na
zona y [15]:
(2.14)
A temperatura e o número de Mach dos dois caudais em y podem ser relacionados [15]:
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
20
(2.15)
(2.16)
Partindo das temperaturas Tpy e Tsy é possível determinar a velocidade dos fluidos
primário e secundário na zona y [15]:
√ (2.17)
(2.18)
√ (2.19)
(2.20)
2.2.5. Mistura na zona m
A velocidade e temperatura do fluido, após a mistura, podem ser determinadas a partir
dos balanços de quantidade de movimento e energia entre a mistura em m e os fluidos
primário e secundário em y [15][16]:
( )√ ( ) (2.21)
(
) (
)
( ) (
)
(2.22)
Partindo da velocidade e temperatura em m, obtém-se o número de Mach da mistura
[15]:
√ (2.23)
(2.24)
2.2.6. “Shock” transversal
Como indicado no pressuposto 10, a mistura sofre um “shock” transversal em s,
promovendo um aumento súbito da pressão. Assim, é possível determinar a pressão (P3) e o
número de Mach (M3) da mistura em 3 [15]:
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
21
(
) (2.25)
(2.26)
2.2.7. Escoamento da mistura no difusor, de 3 até à saída do ejector
A pressão à saída do difusor (ponto c) pode ser determinada com recurso à equação
seguinte [1][15]:
(
)
(2.27)
2.2.8. Razão de sucção
Relembrando a equação (1.6), conhecidos os caudais de fluido primário e secundário, é
possível definir o parâmetro que caracteriza o desempenho do ejector, a razão de sucção [8]:
(2.28)
2.3. Ciclo de refrigeração
Para fechar o sistema de ejecção é necessário aplicar balanços energéticos aos restantes
componentes do ciclo frigorífico, nomeadamente o condensador, a bomba, o gerador e o
evaporador.
2.3.1. Condensador
Estabelecendo um balanço energético ao ejector (adiabático), a entalpia à entrada do
condensador pode ser determinada:
(2.29)
A entalpia à saída do condensador ( ) é conhecida pois o fluido encontra-se no estado
de liquido saturado, ou seja, o titulo é igual a zero. Conhecendo as entalpias de entrada e saída
do condensador, o calor dissipado para o ambiente é dado por:
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
22
( ) ( ) (2.30)
2.3.2. Trabalho da bomba
A potência requerida pela bomba de forma a aumentar a pressão do fluido oriundo do
condensador até à pressão do gerador é determinada pela equação seguinte:
( )
(2.31)
Na equação (2.31) foi utilizada a massa específica média ( ), calculada através de uma
média aritmética entre o valor da massa específica do fluido no gerador e no condensador. É
de notar que na determinação da potência requerida pela bomba não foram consideradas as
perdas de carga nas tubagens, uma vez que dependem da configuração particular da
instalação. Numa instalação real, o trabalho da bomba teria que ser superior, de forma a
vencer estas perdas.
2.3.3. Gerador
Novamente com recurso a um balanço energético, desta vez aplicado à bomba, torna-se
possível obter a entalpia do fluido à entrada do gerador, :
(2.32)
Considerando que à saída do gerador o fluido se encontra no estado de vapor saturado e
a sua pressão é conhecida (valor avaliado considerando as propriedades de um fluido real)
determina-se a sua entalpia ( ). No entanto, para evitar que no interior do ejector o fluido
entre na zona de saturação e prejudique o seu desempenho, é utilizado um sobreaquecimento
de 5 ºC.
Conhecendo as entalpias de entrada e saída do gerador, a sua potência pode ser
calculada por:
( ) (2.33)
2.3.4. Evaporador
Tendo em conta que a expansão 5-6 é adiabática, a entalpia à entrada do evaporador
( ) é igual à entalpia à saída do condensador ( ).
Considerando que à saída do evaporador o fluido se encontra no estado de vapor
saturado e a sua pressão é conhecida (valor avaliado considerando as propriedades de um
fluido real) determina-se a sua entalpia ( ).
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
23
Conhecendo as entalpias de entrada e saída do evaporador, o caudal de fluido
secundário para uma determinada potência de refrigeração é dado por:
( ) (2.34)
2.3.5. Coeficiente de performance (COP)
Relembrando a equação (1.3), o COP do ciclo de refrigeração permite avaliar o
desempenho do ciclo de refrigeração, traduzindo a relação entre o efeito de refrigeração
obtido e a energia fornecida ao ciclo [5]:
(2.35)
2.4. Sistema global
Relembrando a equação (1.5), é possível avaliar o desempenho do sistema global
através da eficiência do sistema global de refrigeração, que é dependente da eficiência dos
dois subsistemas que o compõem [1][5]:
(2.36)
2.5. Método da solução
O modelo matemático retratado foi desenvolvido no programa Engineering Equation
Solver (EES) (F-Chart, EUA), uma vez que é adequado para resolução de sistemas de
equações que requerem acesso às propriedades físicas do fluido de trabalho.
A função básica fornecida pelo EES é a resolução de um conjunto de equações
algébricas. No entanto, o EES também permite a resolução de sistemas de equações
diferenciais ordinárias, equações com variáveis complexas, fazer optimizações, regressões
lineares e não lineares, produzir gráficos com qualidade de publicação, simplificar análises de
incerteza e fornecer animações [19].
O EES diferencia-se dos restantes programas de resolução de equações numéricas
devido a dois factores [19]:
Identifica e agrupa automaticamente as equações que devem ser resolvidas
simultaneamente. Este recurso simplifica o processo de resolução para o utilizador
e garante que o “solver” opere com a máxima eficiência.
Fornece muitas funções matemáticas e termofísicas incorporadas que são muito
úteis em cálculos de engenharia.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
24
No presente modelo, as propriedades físicas dos fluidos foram obtidas com recurso a
estas funções incorporadas fornecidas pelo EES.
O modelo desenvolvido permite obter o ejector sob condições de desenho, ou seja,
determina o ejector óptimo para determinadas condições operativas e fluido de trabalho.
Assim, os valores obtidos para a razão de sucção ou COP são sempre os valores máximos
para essas condições de funcionamento. No capítulo 5 será abordado com mais detalhe o
processo para obter as dimensões que garantem o funcionamento óptimo do ejector do ciclo.
As variáveis de entrada (“inputs”) que são necessárias para a construção do modelo são
as condições operativas do sistema de refrigeração, isto é, as temperaturas/pressões no
gerador, evaporador e condensador, a potência de refrigeração obtida no evaporador e o fluido
de trabalho. No subsistema solar, é preciso definir a radiação incidente por unidade de área e a
fracção solar para a qual o sistema solar está projectado.
Após a definição de todas as variáveis de entrada, o processo de resolução demora
apenas 0,3 segundos até obter uma solução, num computador pessoal de média gama.
2.6. Validação do modelo matemático
Após a construção do modelo matemático, torna-se necessário proceder à validação do
mesmo, de forma a comprovar a veracidade dos resultados obtidos com recurso ao modelo.
Para tal, os resultados obtidos com recurso ao modelo matemático desenvolvido foram
comparados com resultados obtidos por Prisadawas [1] e Cizungu et al. [18], visto que o
último apresenta resultados teóricos e experimentais.
Pridasawas [1] desenvolveu um modelo matemático para analisar o desempenho de
vários fluidos. Nas tabelas 2.1 a 2.3 encontram-se os resultados obtidos utilizando o modelo
matemático descrito no presente capítulo e por Prisadawas [1], com indicação do erro
absoluto e relativo, para diferentes temperaturas operativas e utilizando o fluido R600a.
Tabela 2.1 – Comparação de resultados obtidos com Prisadawas [1] para diferentes temperaturas no gerador.
Temperatura do evaporador e condensador de 10 e 35 °C, respectivamente.
Temperatura no gerador (°C)
COP COP [1] Erro absoluto Erro relativo
(%)
80 0,17 0,2 0,03 15
90 0,24 0,25 0,01 4
100 0,31 0,28 0,03 10,7
110 0,37 0,33 0,04 12,1
120 0,41 0,35 0,06 17,1
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
25
Tabela 2.2 – Comparação de resultados obtidos com Prisadawas [1] para diferentes temperaturas do evaporador.
Temperatura do gerador e condensador de 120 e 35 °C, respectivamente.
Temperatura do evaporador (°C)
COP COP [1] Erro absoluto Erro relativo
(%)
6 0,33 0,28 0,05 17,9
8 0,37 0,32 0,05 15,6
10 0,41 0,36 0,05 13,9
12 0,46 0,4 0,06 15
14 0,52 0,44 0,08 18,2
Tabela 2.3 – Comparação de resultados obtidos com Prisadawas [1] para diferentes temperaturas do
condensador. Temperatura do gerador e evaporador de 120 e 10 °C, respectivamente.
Temperatura do condensador (°C)
COP COP [1] Erro absoluto Erro relativo
(%)
26 0,75 0,63 0,12 19
30 0,57 0,48 0,09 18,8
34 0,44 0,37 0,07 18,9
38 0,34 0,29 0,05 17,2
42 0,26 0,22 0,04 18,2
Observando as tabelas, verifica-se que o erro absoluto entre os valores determinados
com recurso ao modelo matemático e obtidos por Prisadawas [1] aumenta com o valor do
COP. Assim, o valor mais elevado é de 0,12, obtido para uma temperatura do condensador de
26 °C. Os valores do erro relativo situam-se na grande maioria entre 10 e 19 %, sendo que o
valor máximo de 19 % se verifica também para 26 °C no condensador. Esta discrepância
prende-se com o facto de o modelo de Prisadawas [1] apenas contabilizar duas eficiências,
uma no bocal convergente-divergente (ηnoz) e outra no difusor (ηdif), não contabilizando uma
perda na mistura dos fluidos primário e secundário (ηm). De facto, a eficiência na mistura dos
dois fluidos é a que apresenta uma maior influência no desempenho do ejector, e por
conseguinte, do ciclo de refrigeração. Para além deste facto, Prisadawas [1] não especifica os
valores de ηnoz e ηdif, considerando uma eficiência conjunta (ηnoz ηdif) com o valor de 0,7.
Cizungu et al. [18] simulou um ciclo de refrigeração utilizando ejector para quatro
fluidos, utilizando como valores de referência resultados teóricos e experimentais obtidos com
o fluido R11. Nas tabelas 2.4 e 2.5 encontram-se os resultados obtidos utilizando o modelo
matemático descrito no capítulo 2 e por Cizungu et al. [18], com indicação do erro absoluto e
relativo, para diferentes temperaturas no gerador e utilizando o fluido R11.
Tabela 2.4 – Comparação de resultados obtidos com valores teóricos determinados por Cizungu [18] para
diferentes temperaturas no gerador. Temperatura do evaporador e condensador de 8,8 e 27,7 °C,
respectivamente.
Temperatura no gerador (°C)
COP COP [18]
Valores teóricos Erro absoluto
Erro relativo (%)
65 0,23 0,26 0,03 11,5
70 0,29 0,29 0 0
75 0,34 0,32 0,02 6,3
80 0,39 0,37 0,02 5,4
85 0,43 0,41 0,02 4,9
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
26
Tabela 2.5 - Comparação de resultados obtidos com valores experimentais determinados por Cizungu [18] para
diferentes temperaturas no gerador. Temperatura do evaporador e condensador de 8,8 e 27,7 °C,
respectivamente.
Temperatura no gerador (°C)
COP COP [18]
Valores experimentais Erro absoluto
Erro relativo (%)
65 0,23 0,25 0,02 8
70 0,29 0,29 0 0
75 0,34 0,33 0,01 3
80 0,39 0,38 0,01 2,6
85 0,43 0,42 0,01 2,4
Analisando as duas tabelas, verifica-se que tanto os valores teóricos como os
experimentais obtidos por Cizungu et al. [18] se encontram muito próximos dos obtidos com
o modelo matemático presente, sendo que o erro absoluto toma o valor máximo de 0,03
quando comparado com os valores teóricos, e de 0,02 relativamente aos valores
experimentais. O máximo erro relativo obtido foi de 11,5 e 8 % relativamente aos valores
teóricos e experimentais, respectivamente. O facto de os valores experimentais se
encontrarem bastante próximos aos obtidos com recurso ao modelo matemático indica que o
modelo permite realizar uma simulação válida do ciclo de refrigeração utilizando ejector. Por
sua vez, a semelhança dos valores teóricos encontra-se justificada devido ao facto de Cizungu
et al. [18] considerar uma perda na mistura dos fluidos primário e secundário e utilizar os
mesmos valores para ηnoz e ηdif (0,95 e 0,85, respectivamente), se bem que considera uma
eficiência na entrada do fluido secundário com o valor de 0,95 (considerada desprezável no
modelo desenvolvido no presente capítulo).
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
27
3. Selecção do fluido de trabalho
Como referido no capítulo 1, a escolha do fluido de trabalho é um factor fundamental no
desempenho do ciclo de refrigeração. Os fluidos frigorigéneos apresentam diferentes
características e a escolha de um fluido adequado conduz a um bom desempenho do ciclo para
as condições operativas em questão.
3.1. Revisão dos fluidos utilizados na literatura
Na literatura existente foram testados vários fluidos de trabalho em ciclos de
refrigeração por ejecção, no entanto, como conclusão geral, ainda não é possível indicar um
fluido como o ideal para este tipo de sistemas.
Sun [7] simulou o ciclo de refrigeração por ejecção com vários fluidos frigorigéneos:
R11, R12, R13, R21, R123, R142b, R134a, R152a, RC318, R500 e R718 (água). O ciclo foi
analisado numericamente para diferentes condições operativas, sendo que os resultados
obtidos mostram que o sistema utilizando o fluido R152a conduz a melhores desempenhos em
termos de COP para as condições operativas de Tg=90 °C, Tc=35 °C e Te=10 °C.
Considerando a razão de sucção, os desempenhos dos ejectores utilizando R152a, R142b e
R500 foram muito semelhantes para as mesmas condições operativas.
Cizungu et al. [18] analisou o desempenho de quatro fluidos: R123, R134a, R152a e
R717 (amónia) através de um modelo numérico. Os resultados obtidos mostram que a razão
de sucção e o COP do sistema dependem da geometria do ejector e das condições operativas,
sendo que no geral os fluidos R134a e 152a conduzem a melhores desempenhos.
Pridasawas [1] desenvolveu um modelo matemático para analisar o desempenho de
vários fluidos: R600 (butano), R600a (iso-butano), R113, R114, R141b, R134a, R717, R290
(propano), metanol e R718. Os seus resultados indicam que a utilização de fluidos secos
conduz a melhores desempenhos, devido ao facto de ter sido imposto um elevado
sobreaquecimento no gerador na utilização de fluidos húmidos, prejudicando assim o valor do
COP. De entre os fluidos testados, o R141b conduziu aos melhores desempenhos.
3.2. Critérios operacionais de selecção de fluidos
Como é evidente da discussão precedente, não é possível seleccionar um único fluido
“ideal” para o sistema de refrigeração solar utilizando ejector. Assim, decidiu-se considerar
inicialmente uma selecção de vários fluidos já testados com sucesso, como indicado na tabela
3.1, com indicação de algumas propriedades termodinâmicas relevantes. Estas propriedades
termodinâmicas foram obtidas com recurso ao programa EES (F-Chart, EUA).
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
28
Tabela 3.1 – Fluidos de trabalho considerados inicialmente e as suas propriedades termodinâmicas relevantes.
Pressão de saturação (absoluta, kPa)
Fluido de trabalho
Tipo Temperatura
crítica (°C) Temperatura
de 10 °C Temperatura
de 90 °C Temperatura
de 110 °C
R11 CFC 198 60,5 656 1007
R113 CFC 214,1 23,8 344 551
R12 CFC 112 423 2787 3976
R500 CFC 105,5 498 3317 ---
R123 HCFC 183,7 50,6 626 978
R142b HCFC 137,1 206 1711 2499
R134a HFC 101 415 3247 ---
R152a HFC 113,3 373 2882 4249
R600 --- 152 148,7 1250 1845
R600a --- 135 221,4 1614 2362
RC318 --- 115,2 188 1670 2507
R717 --- 132,3 615,3 5116 7583
Água --- 374 1,23 70,1 143,2
O primeiro critério de exclusão foi a eliminação de todos os CFC’s (R11, R113, R12 e
R500), tendo em conta que a sua produção se encontra proibida após o Protocolo de Montreal
[10].
O segundo critério de exclusão foi a temperatura crítica (Tcr) do fluido. Uma Tcr
demasiado reduzida limita a temperatura que pode ser utilizada no gerador. Como
mencionado antes, o COP do ciclo aumenta com Tg (quando se tem o ejector sob condições de
desenho). Uma temperatura no gerador de 110 °C pode ser aplicada utilizando colectores
solares de custo aceitável, sem prejudicar excessivamente o rendimento destes [13]. Os
fluidos que têm uma Tcr inferior a esse valor, necessitariam de um gerador de dimensões
demasiado elevadas para assegurar um correcto funcionamento. Desta forma o fluido R134a
foi excluído da selecção.
Um critério importante é a pressão de saturação dos fluidos a temperaturas que se
verificam usualmente num ciclo de refrigeração deste tipo. Elevadas pressões aumentam o
trabalho necessário pela bomba e obrigam à construção de uma instalação mais complexa e
robusta, enquanto que pressões demasiado reduzidas fazem com o sistema seja forçado a
trabalho sob condições de vácuo, o que também leva à construção de uma instalação
complexa e dispendiosa, originando por vezes problemas de fugas. O fluido R717 (amónia)
foi excluído pois apresenta uma elevada pressão de saturação a temperaturas típicas no
gerador, apesar de ser bastante acessível e do seu reduzido custo. Para além deste factor, a
amónia é um fluido húmido, ou seja, tem uma inclinação da linha de vapor saturado negativa
(no diagrama T-s). Assim, a sua utilização requer um elevado sobreaquecimento no gerador
por forma a evitar a condensação no interior do ejector, quando se dá a redução de pressão. A
amónia é também considerada um fluido tóxico, e em caso de fuga pode pôr em risco a
segurança dos ocupantes. A água (R718), contrariamente à amónia, atinge pressões de
trabalho reduzidas, obrigando o sistema a funcionar em condições de vácuo, o que origina
problemas de vedação e arranque, e faz com que a instalação encareça e se torne mais
complexa. Para se obterem desempenhos semelhantes aos atingidos por outros fluidos, é
necessário uma temperatura do gerador superior, o que promove uma menor eficiência no
subsistema dos colectores solares. Para atingir tais temperaturas seria necessário considerar
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
29
colectores de tubos de vácuo, descartando-se a utilização de colectores de placa plana, o que
aumentaria consideravelmente o custo da instalação. Utilizando água como fluido de trabalho
também se torna impossível utilizar temperaturas do evaporador inferiores a 0 °C, no entanto
para sistemas de ar condicionado tal não é necessário. Apesar destas contrariedades, a água
foi incluída no conjunto de fluidos pois apresenta vantagens indiscutíveis. De entre todos os
fluidos possíveis, a água é o fluido mais barato e abundante. Apresenta também um impacto
nulo no ambiente, não contribuindo quer para a degradação da camada de ozono quer para o
efeito de aquecimento global.
O fluido R152a também foi considerado apesar da sua baixa temperatura crítica (113,3
°C), pois conduz a bons desempenhos e a sua utilização não é prejudicial para o ambiente. Os
HCFC’s, como é o caso dos fluidos R123 e R142b, são fluidos de transição e está previsto o
fim da sua produção em 2030 [10]. No entanto foram ambos considerados pois o fim da sua
produção ainda é distante e permitem obter temperaturas mais elevadas no gerador.
O composto orgânico cíclico RC318 também foi considerado, pois tal como o R152a,
apesar da sua reduzida temperatura crítica (115,2 °C), a sua utilização permite obter bons
desempenhos e não é prejudicial para o ambiente.
Os hidrocarbonetos como o R600 ou R600a também proporcionam bons desempenhos e
não são prejudiciais para o ambiente. No entanto estes fluidos são bastante inflamáveis. Como
o R600 e o R600a conduzem a desempenhos semelhantes e apresentam praticamente as
mesmas características, será apenas considerado para análise o R600a (iso-butano), tendo em
conta que apresenta tipicamente um custo inferior [1].
Resumindo, os fluidos seleccionados para uma análise mais detalhada através do
modelo matemático retratado no capítulo 2 foram: R123, R142b, R152a, R600a, RC318 e
R718 (água).
3.3. Características dos fluidos seleccionados
Após a selecção do conjunto de fluidos, apresenta-se uma avaliação mais detalhada das
características de cada um.
Uma das características fundamentais é o impacto ambiental, normalmente
caracterizado pela degradação da camada de ozono e o efeito de aquecimento global. O efeito
de degradação da camada de ozono é normalmente avaliado pelo índice “Ozone Depletion
Potencial” (ODP), que é um valor relativo ao do R11 para qual o ODP é 1,0 [9]. O efeito de
aquecimento global é avaliado pelo índice “Global Warming Potencial” (GWP), que é um
factor obtido por comparação ao CO2 [9]. A ASHRAE [9] utiliza um horizonte de tempo de
integração (“Integration Time Horizon”, ITH) de 100 anos, utilizando assim a notação
GWP100.
Outra característica essencial é também a segurança, normalmente caracterizada pela
toxicidade e inflamabilidade do fluido. A ASHRAE [20] classifica os fluidos frigorigéneos
consoante o perigo resultante da sua utilização. A classificação consiste em seis grupos de
segurança (A1, A2, A3, B1, B2 e B3), sendo o grupo A1 o mais seguro e o B3 o que envolve
maior perigo. A classificação comporta uma letra e um número, que indicam o nível de
toxicidade e inflamabilidade, respectivamente [20].
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
30
Dois factores que também devem ser analisados com pormenor são o preço e a
disponibilidade dos fluidos. Na tentativa de verificar a disponibilidade e o custo dos seis
fluidos seleccionados, contactou-se as empresas Aldifrio (Lisboa, Portugal), Air Liquide
(Algés, Portugal) e Gasin (Matosinhos, Portugal). As três empresas contactadas
descontinuaram a produção dos fluidos R123, R142b e RC318, sendo que apenas a Air
Liquide mantém a produção dos fluidos R152a e R600a. Assim, verifica-se que a nível
nacional, estes dois fluidos serão mais indicados dada a sua disponibilidade, no entanto é
ainda possível contactar mais empresas ou importar do estrangeiro um dos outros fluidos
considerados. Tentou-se ainda conhecer o preço dos dois fluidos (R152a e R600a) praticado
pela Air Liquide, no entanto ainda não se obteve uma resposta conclusiva.
Na tabela 3.2 encontram-se as características mencionadas dos seis fluidos previamente
seleccionados. Como se pode verificar, os únicos fluidos que apresentam um valor de ODP
superior a zero são os HCFC’s (R123 e R142b), sendo que o fim da sua produção já se
encontra agendada. Os restantes fluidos não são tão prejudiciais para o ambiente, sendo que o
RC318 é o que apresenta o maior índice de GWP100. Relativamente à segurança dos
utilizadores, o fluido R123 apresenta a classificação de maior perigo ao nível da toxicidade,
enquanto que, referentemente à inflamabilidade, é o fluido R600a que apresenta a pior
classificação. Como já abordado, tendo em conta as empresas contactadas apenas se
encontram disponíveis para comercialização os fluidos R152a e R600a. A água, por sua vez,
apresenta a vantagem de ser um fluido muito abundante, sendo assim fácil de obter.
Tabela 3.2 – Características dos seis fluidos seleccionados para simulação.
Fluido de trabalho
ODP [9]
GWP100 [9]
Segurança [20]
Disponibilidade (nível nacional)
Calor latente de vaporização (kJ/kg) [1]
Massa molecular (kg/kmol) [9]
R718 0 --- A1 Sim 2257,1 18
R123 0,02 77 B1 Não 167,2 153
R142b 0,065 2310 A2 Não 215 100,5
RC318 0 10300 A1 Não 113,1 200
R152a 0 124 A2 Sim 319,6 66
R600a 0 20 A3 Sim 382,5 58,1
Após a definição das principais características dos seis fluidos de trabalho considerados,
torna-se necessário analisar os seus desempenhos sob diferentes condições operativas com o
objectivo de identificar as suas potenciais gamas de funcionamento, permitindo obter uma
comparação mais detalhada. Esse estudo encontra-se aprofundado no próximo capítulo.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
31
4. Efeito das condições operativas no sistema de refrigeração
Neste capítulo será analisado com detalhe o efeito das condições operativas nos
subsistemas solar e de refrigeração e no sistema global. Isto irá permitir optimizar as
condições em que deverá funcionar o sistema e obter indicações sobre o fluido de trabalho a
utilizar. Irão ser considerados os seis fluidos seleccionados no capítulo 3, no entanto será dado
maior enfâse aos fluidos R152a e R600a pois permitem alcançar bons desempenhos (como
mencionado na secção 3.1) e não são prejudiciais para o ambiente.
4.1. Pressupostos
Os resultados obtidos neste capítulo foram obtidos com recurso ao modelo matemático
retratado no capítulo 2 (utilizando o software EES). Sempre que não exista nenhuma
informação em contrário, foram considerados os seguintes pressupostos:
1. Os colectores utilizados são do tipo tubo de vácuo e placa selectiva com um
coeficiente de rendimento óptico ( ) =0,8 e de perdas =1,5;
2. Assume-se uma radiação incidente por unidade de área constante de 700 W/m2,
que representa um valor típico verificado nos meses mais quentes do ano,
período em que um sistema deste tipo pode ser aplicado [13][21];
3. A fracção solar está dimensionada para 0,65 (valor típico de óptima economia
[22]), calculando-se a área de colectores necessária para garantir este valor;
4. O sistema está dimensionado para produzir 5 kW de efeito refrigerativo no
evaporador.
4.2. Subsistema solar
Na figura 4.1 é apresentada a evolução do rendimento dos colectores solares (ηcol) e do
subsistema solar (ηss) para diferentes temperaturas no gerador. Tendo em conta que o fluido
de trabalho no circuito solar é água, estes rendimentos são idênticos qualquer que seja o fluido
de trabalho seleccionado para o ciclo de refrigeração. As temperaturas do evaporador e do
condensador foram mantidas constantes, a 10 e 35 °C, respectivamente. A temperatura do
evaporador escolhida corresponde a um valor típico de projecto para sistemas de ar
condicionado [1][5]. A temperatura considerada para o condensador corresponde a um valor
médio que se verifica num local onde um sistema deste tipo pode ser implementado, como por
exemplo Portugal.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
32
0,4
0,45
0,5
0,55
0,6
0,65
0,7
0,75
0,8
70 80 90 100 110 120 130
ηcol, ηss
Temperatura no gerador (°C)
ηcol
ηss
Como se pode observar na figura, o rendimento dos colectores solares decresce com o
aumento da temperatura no gerador, o que seria de esperar. A par do rendimento dos
colectores, o rendimento do subsistema solar também decresce com o aumento da temperatura
no gerador, o que pode ser explicado pelo facto de com o aumento das perdas nos colectores
ser necessário uma maior percentagem de calor proveniente do aquecedor auxiliar para
garantir a temperatura requerida no gerador. É possível verificar que, para a gama de Tg
considerada (80 a 120 °C), ηcol diminui 0,09, o que corresponde a um decréscimo de
aproximadamente 12 %. Por sua vez, ηss diminui 0,07, correspondendo a um decréscimo de 9
%.
A influência das temperaturas do evaporador e do condensador do ciclo de refrigeração
não afectam significativamente o rendimento do subsistema solar, pois este é principalmente
condicionado pela temperatura requerida no gerador.
A figura 4.2 mostra a área de colectores solares (Acol) necessária para garantir três
temperaturas distintas no gerador, em função da temperatura do evaporador, mantendo a
temperatura do condensador igual a 35 °C e utilizando o R152a como fluido de trabalho. É
possível verificar que a área de colectores necessária decresce com o aumento da temperatura
do evaporador e do gerador, devido ao acréscimo no valor do COP e o correspondente
decréscimo de calor necessário no gerador para produzir uma potência de refrigeração
constante de 5 kW. Verifica-se que a variação da Acol é mais pronunciada para temperaturas
do gerador mais reduzidas. Por exemplo, quando se tem Tg = 90 °C, a área de colectores
necessária é de aproximadamente 33,2 e 16,8 m2 para Te de 5 e 15 °C, respectivamente, o que
significa uma redução de aproximadamente 49 % na área colectora. Quando se tem Tg = 110
°C, a área de colectores necessária é de aproximadamente 24,6 e 14,4 m2, novamente para Te
de 5 e 15 °C, respectivamente, representando um decréscimo de 41 %. Verifica-se também
que para valores de Te mais reduzidos, a Acol é mais sensível às variações das condições no
gerador.
Te=10 °C
Tc=35 °C
Figura 4.1 – Evolução do rendimento dos colectores solares e do subsistema solar para diferentes
temperaturas no gerador. Temperatura do evaporador e condensador de 10 e 35 °C, respectivamente.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
33
0
5
10
15
20
25
30
35
4 6 8 10 12 14 16
Área de colectores (m2)
Temperatura do evaporador (°C)
Tg=90 °C
Tg=100 °C
Tg=110 °C
R152a
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
22 26 30 34 38 42
Área de colectores (m2)
Temperatura do condensador (°C)
Te=10 °C
Tg=90 °C
Tg=100 °C
Tg=110 °C
R152a
Na figura 4.3 está representada a evolução da área de colectores solares necessária para
garantir novamente três temperaturas no gerador, em função da temperatura do condensador,
mantendo a temperatura do evaporador igual a 10 °C e utilizando o R152a como fluido de
trabalho.
Da análise da figura é possível denotar que a área de colectores necessária aumenta
exponencialmente com a temperatura do condensador, sendo que este aumento é mais
acentuado quanto menor a temperatura no gerador. Esta evolução é novamente devido ao
facto de ser necessário menos calor no gerador para produzir uma potência de refrigeração
constante de 5 kW. É possível denotar que para valores de Tc inferiores a 27 °C, a área de
Tc=35 °C
Figura 4.2 – Área de colectores necessária para diferentes temperaturas no gerador em função da
temperatura do evaporador. Temperatura do condensador de 35 ºC.
Figura 4.3 - Área de colectores necessária para diferentes temperaturas no gerador em função da
temperatura do condensador. Temperatura do evaporador de 10 ºC.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
34
0
2
4
6
8
10
12
14
5 15 25 35 45 55
Potência frigorífica (kW)
Área de colectores (m2)
Te=10 °C Tc=35 °C
Tg=90 °C
Tg=100 °C
Tg=110 °C
R152a
colectores é praticamente independente das condições no gerador. Isto pode eventualmente
justificar a utilização de um sistema activo no condensador, fazendo o balanço económico
entre a redução do número de colectores solares e o custo adicional de implementar por
exemplo uma torre de arrefecimento.
A figura 4.4 mostra a potência frigorífica obtida no evaporador em função da área de
colectores solares, para diferentes temperaturas no gerador, mantendo Te e Tc constantes e
utilizando R152a como fluido de trabalho.
Como se pode denotar pela figura, para uma área de colectores de 10 m2 a potência de
refrigeração é similar (aproximadamente 2,5 kW) quando se tem 90 ºC ou 100 ºC no gerador,
tendo um valor ligeiramente inferior (aproximadamente 2,1 kW) para 90 ºC no gerador. Para
uma área de 50 m2 as potências de refrigeração obtidas são obviamente bastante superiores,
conseguindo-se uma potência de aproximadamente 10,7 kW quando se tem uma temperatura
de 90 ºC no gerador. Para 110 ºC no gerador, a potência obtida é de 13,2 kW, o que significa
um acréscimo de aproximadamente 23%.
Na figura 4.5 apresenta-se a potência frigorífica obtida no evaporador em função da área
de colectores solares, para os seis fluidos de trabalho considerados, mantendo Tg, Te e Tc
constantes. É possível verificar que a utilização do fluido R152a permite obter os maiores
valores de potência frigorífica. A potência obtida utilizando água como fluido de trabalho
toma os menores valores, ficando aquém da potência obtida com os restantes fluidos. Para
uma área de 50 m2 obtém-se uma potência frigorífica de apenas 3,5 kW, enquanto que
utilizando o fluido R152a a potência alcançada é praticamente três vezes superior (10,7 kW).
A utilização dos fluidos R142b e R123 conduzem a potências muito semelhantes,
independentemente da área de colectores solares. Novamente para uma área colectora de 50
m2, a diferença na potência de refrigeração do sistema entre a utilização dos fluidos R152a e
R142b (ou R123) é de aproximadamente 1,1 kW. Para áreas de colectores inferiores, esta
discrepância não é tão acentuada, sendo que para uma área de 10 m2 a diferença na potência
obtida é de apenas 0,2 kW.
Figura 4.4 – Potência de refrigeração em função da área de colectores, para diferentes temperaturas no
gerador. Temperatura do evaporador e do condensador de 10 ºC e 35 ºC, respectivamente.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
35
0
2
4
6
8
10
12
5 15 25 35 45 55
Potência frigorífica (kW)
Área de colectores (m2)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Tg=90 °C Te=10 °C Tc=35 °C
4.3. Subsistema de refrigeração
A figura 4.6 traduz o desempenho do ejector do ciclo através da variação da razão de
sucção com a temperatura do fluido à saída do gerador, mantendo Te e Tc constantes, para os
seis fluidos seleccionados. Da análise da figura verifica-se que a razão de sucção aumenta
com a temperatura no gerador. Para reduzidas temperaturas no gerador (inferiores a 95 °C), a
utilização dos fluidos R142b, RC318, R152a e R600a permite obter valores da razão de
sucção semelhantes. Para temperaturas superiores a 95 °C, a utilização do R600a permite
obter o melhor desempenho do ejector. Utilizando o R152a, quando a temperatura no gerador
é superior a 100 °C não se verifica tanta influência no valor da razão de sucção, o que faz com
que este valor seja um pouco inferior ao obtido com os restantes fluidos (excepto o R123 e a
água). A utilização dos fluidos R152a e RC318 limitam a temperatura no gerador a 113 e 115
°C, respectivamente (temperaturas críticas). É de notar que utilizando água como fluido de
trabalho é necessário uma temperatura de 120 °C no gerador para obter um valor da razão de
sucção de 0,23, que é sensivelmente o valor obtido para 80 °C no gerador utilizando os
fluidos R142b, RC318, R152a ou R600a, o que significa, como visto anteriormente, um
aumento de ηcol em aproximadamente 12 %.
Figura 4.5 - Potência de refrigeração em função da área de colectores.
Temperatura do gerador, evaporador e condensador de 90, 10 e 35 ºC, respectivamente.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
36
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
70 80 90 100 110 120 130
λ
Temperatura no gerador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Te = 10 °C Tc = 35 °C
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0,5
70 80 90 100 110 120 130
COP
Temperatura do gerador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Te = 10 °C Tc = 35 °C
A figura 4.7 mostra a variação do COP com a temperatura do fluido à saída do gerador,
para os seis fluidos considerados, mantendo Te e Tc constantes.
Como é possível denotar na figura, o COP aumenta com a temperatura no gerador,
independentemente do fluido de trabalho. A linha horizontal na figura representa um COP de
0,2, que foi considerado como o patamar para o desempenho mínimo (“worst case scenario”).
A utilização do fluido R152a conduz aos valores mais elevados do COP, no entanto a
temperatura no gerador fica limitada devido à sua temperatura crítica (113 °C). É possível
Figura 4.6 – Variação da razão de sucção com a temperatura no gerador para os seis fluidos.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C.
Figura 4.7 – Variação do COP em função da temperatura de saída do gerador.
Temperatura do evaporador de 10 ºC, temperatura do condensador de 35 ºC.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
37
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
4 6 8 10 12 14 16
COP
Temperatura do evaporador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Tg = 90 °C Tc = 35 °C
verificar que o R152a é o único fluido que permite obter um COP superior a 0,2 para Tg = 80
°C. O fluido RC318 pode ser aplicado no mesmo intervalo de Tg mas sempre com valores do
COP inferiores. O desempenho obtido utilizando os fluidos R142b e R600a foi muito
próximo, enquanto que o R123 conduz a desempenhos ligeiramente inferiores (diferença de
aproximadamente 0,05). A utilização de todos os fluidos à excepção da água permite obter o
valor de COP=0,2 para temperaturas no gerador inferiores a 90 ºC. No caso da água, torna-se
necessário garantir uma temperatura no gerador de 115 ºC para garantir o valor de
desempenho mínimo, o que significa que é necessário um incremento mínimo de 25 °C no
gerador para a água apresentar o mesmo desempenho dos restantes fluidos. Verifica-se que
utilizando qualquer fluido á excepção da água, é necessário um incremento na temperatura do
gerador de aproximadamente 12 °C para o valor do COP acrescer em 0,1, sendo que próximo
das temperaturas críticas dos fluidos R152a e RC318 (113 °C e 115 °C, respectivamente), um
incremento na temperatura do gerador não apresenta tanta influência no valor do COP. O
facto dos fluidos (à excepção da água) atingirem bons desempenhos com baixas temperaturas
no gerador permite minimizar as perdas no subsistema solar garantindo assim um melhor
rendimento global do sistema. Para além disso, permite também a utilização de colectores
solares menos dispendiosos como é o caso dos colectores de placa plana.
A figura 4.8 evidencia a variação do COP com a temperatura do evaporador, para os
seis fluidos seleccionados, mantendo Tg e Tc constantes.
Na figura 4.8 também foi traçada uma linha horizontal coincidente com o valor de
COP=0,2 o que traduz o desempenho mínimo do ciclo de refrigeração. Como é possível
verificar, O COP aumenta com a temperatura do evaporador. O fluido R152a conduz aos
melhores desempenhos do ciclo, distanciando-se dos restantes fluidos principalmente quando
se tem baixas temperaturas no evaporador. Por exemplo para Te = 5 °C, a diferença no valor
do COP utilizando R152a e R142b é de aproximadamente 0,04, enquanto que utilizando o
Figura 4.8 - Variação do COP em função da temperatura do evaporador.
Temperatura no gerador de 90 ºC, temperatura do condensador de 35 ºC.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
38
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
22 26 30 34 38 42
COP
Temperatura do condensador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Tg = 90 °C Te = 10 °C
R123 a diferença é superior a 0,1. De notar que a utilização do R123 conduz a reduzidos
valores do COP (inferiores aos do RC318) para baixos valores de Te, e melhores valores do
COP para valores mais elevados de Te, aproximando-se muito do desempenho alcançado pelo
R600a quando Te =15 °C. O R152a é o único fluido que permite obter um COP superior a 0,2
para Te = 5 °C. Todos os restantes fluidos (à excepção da água) garantem o valor de
desempenho mínimo para temperaturas do evaporador inferiores a 10 °C, temperatura típica
verificada em aplicações de ar condicionado. Utilizando água como fluido de trabalho é
necessário uma temperatura do evaporador de aproximadamente 13,1 °C de forma a garantir o
valor de desempenho mínimo considerado. O valor do COP é bastante sensível a variações na
temperatura do evaporador. Tomando o fluido R152a como exemplo, uma variação de 1 ºC na
temperatura do evaporador altera o valor do COP em aproximadamente 0,02.
Na figura 4.9 está representada a variação do COP com a temperatura no condensador,
novamente para os seis fluidos em análise, mantendo Tg e Te constantes.
Analisando a figura é possível denotar que, contrariamente ao que acontecia com a
temperatura do evaporador, o COP aumenta quando a temperatura do condensador decresce.
A utilização do fluido R152a conduz aos valores mais elevados do COP, no entanto para Tc =
24 °C o valor obtido com os fluidos R152a, R142b e R123 é muito semelhante. O valor do
COP utilizando o fluido R123 é bastante sensível à temperatura verificada no condensador.
Para Tc = 40 °C, o R123 conduz a um desempenho inferior ao obtido com o RC318, enquanto
que para valores inferiores a Tc = 28 °C é possível obter valores do COP superiores aos
obtidos pelo R600a, aproximando-se do desempenho alcançado com os fluidos R152a e
R142b. A utilização do fluido R152a permite obter o valor de desempenho mínimo para
valores de Tc inferiores a 39 °C. À excepção da água, os restantes fluidos permitem alcançar
valores do COP superiores a 0,2 para temperaturas superiores a 35 °C. Utilizando água como
fluido de trabalho é necessário manter uma temperatura do condensador em 31,7 °C, de forma
a garantir o valor de desempenho mínimo considerado, o que mais uma vez revela a
Figura 4.9 - Variação do COP em função da temperatura do condensador.
Temperatura no gerador de 90 ºC, temperatura do evaporador de 10 ºC.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
39
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
4 6 8 10 12 14 16
λ
Temperatura do evaporador (°C)
R152a; Tg=90 °C
R152a; Tg=100 °C
R152a; Tg=110 °C
R600a; Tg=90 °C
R600a; Tg=100 °C
R600a; Tg=110 °C
Tc=35 °C
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
22 26 30 34 38 42
λ
Temperatura do condensador (°C)
R152a; Tg=90 °C
R152a; Tg=100 °C
R152a; Tg=110 °C
R600a; Tg=90 °C
R600a; Tg=100 °C
R600a; Tg=110 °C
Te=10 °C
necessidade de se considerar a implementação de uma torre de arrefecimento. Tal como se
verificava para a temperatura do evaporador, o valor do COP é bastante sensível a variações
na temperatura do condensador. Tomando novamente o R152a como exemplo, uma variação
de 1 °C na temperatura do condensador altera o valor do COP em aproximadamente 0,035.
As figuras 4.10 e 4.11 mostram a evolução da razão de sucção com as condições
operativas, utilizando os fluidos R152a e R600a.
Figura 4.10 – Variação da razão de sucção em função da temperatura no gerador e do evaporador.
Temperatura do condensador de 35 °C.
Figura 4.11 - Variação da razão de sucção em função da temperatura no gerador e do condensador.
Temperatura do evaporador de 10 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
40
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
4 6 8 10 12 14 16
COP
Temperatura do evaporador (°C)
R152a; Tg=90 °C
R152a; Tg=100
R152a; Tg=110 °C
R600a; Tg=90 °C
R600a; Tg=100 °C
R600a; Tg=110 °C
Tc=35 °C
Da análise das figuras é possível reparar que a razão de sucção segue uma evolução
semelhante á do COP com as condições operativas, ou seja, aumenta com a temperatura do
evaporador e diminui com a temperatura do condensador. É possível verificar que, no geral, a
utilização do fluido R600a conduz a melhores desempenhos do ejector. Utilizando o fluido
R152a, apenas se obtém valores mais elevados de λ que aqueles obtidos com o R600a quando
se verificam reduzidas temperaturas no gerador conjuntamente com baixas temperaturas do
evaporador ou elevadas temperaturas do condensador, ou seja, quando se tem por exemplo Tg
= 90 °C e Te = 5 °C ou Tc = 40 °C. Quando se tem uma temperatura no gerador de 110 °C
(valor próximo da temperatura crítica do R152a), os valores da razão de sucção (utilizando
R152a) ficam ainda mais distantes do que os obtidos utilizando o R600a. Esta maior
disparidade de valores é também evidente quando se verificam as condições operativas que
favorecem um melhor desempenho do ejector, ou seja, elevadas temperaturas do evaporador
(superiores a 12 °C) e reduzidas temperaturas do condensador (inferiores a 32 °C).
As figuras 4.12 e 4.13 permitem evidenciar a evolução do desempenho do ciclo de
refrigeração (através do índice COP) com as condições operativas, para os fluidos R152a e
R600a. Denota-se que, contrariamente ao que acontecia com a razão de sucção, é utilizando o
fluido R152a que se obtém valores superiores do COP. Assim, embora a utilização do R600a
garanta um melhor desempenho do ejector, optando pelo fluido R152a consegue-se atingir um
melhor desempenho do ciclo de refrigeração. Isto deve-se ao facto de a entalpia de
vaporização no evaporador (Δhe) ser superior para o fluido R152a, embora a entalpia de
vaporização no gerador (Δhg) também o seja mas com menor preponderância no valor do
COP. Verifica-se que elevadas temperaturas do evaporador (superiores a 12 °C) e reduzidas
temperaturas do condensador (inferiores a 32 °C) permitem obter valores mais elevados do
COP, quando se utiliza o R600a. No entanto esses valores só são superiores aos obtidos com o
R152a quando se verificam também elevadas temperaturas no gerador (Tg = 110 °C).
Figura 4.12 - Variação do COP em função da temperatura no gerador e do evaporador.
Temperatura do condensador de 35 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
41
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
22 26 30 34 38 42
COP
Temperatura do condensador (°C)
R152a; Tg=90 °C
R152a; Tg=100
R152a; Tg=110 °C
R600a; Tg=90 °C
R600a; Tg=100 °C
R600a; Tg=110 °C
Te=10 °C
4.4. Desempenho do sistema global
A figura 4.14 permite visualizar a evolução do rendimento global do sistema de
refrigeração (ηsg) com a temperatura do fluido à saída do gerador, mantendo Te e Tc
constantes, para os seis fluidos considerados. Verifica-se que, tal como acontecia com o COP
do ciclo de refrigeração, o rendimento global do sistema aumenta com a temperatura no
gerador. Para temperaturas inferiores a aproximadamente 110 °C a utilização do fluido R152a
permite obter o melhor desempenho do sistema global. No entanto, como já referido, com a
sua utilização a temperatura no gerador fica limitada em aproximadamente 113 °C, sendo que
para valores superiores, o fluido R142b permite obter o melhor desempenho global, embora o
R600a alcance valores muito próximos. É óbvio que a água apresenta o pior rendimento,
atingindoo valor de 0,1 com Tg = 98 °C. Considerando ηsg = 0,2 como um patamar aceitável,
nem com Tg = 120 °C é possível alcançar esse valor, obtendo-se apenas um rendimento de
0,15. Os outros fluidos de trabalho apresentam um rendimento consideravelmente mais
atraente, sendo que um sistema operando com R152a atinge o patamar de ηsg = 0,2 com Tg de
apenas 85 °C. Os restantes fluidos também garantem esse valor para Tg inferiores a 100 °C.
Figura 4.13 - Variação do COP em função da temperatura no gerador e do condensador.
Temperatura do evaporador de 10 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
42
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
70 80 90 100 110 120 130
ηsg
Temperatura no gerador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Te = 10 °C Tc = 35 °C
As figuras 4.15 e 4.16 mostram a variação do rendimento do sistema global em função
das temperaturas do evaporador e condensador, para diferentes temperaturas no gerador,
utilizando como fluido de trabalho o R152a e o R600a. É possível denotar que o rendimento
do sistema global de refrigeração segue a mesma evolução que o COP do ciclo (figuras 4.12 e
4.13), ou seja, aumenta com a temperatura do evaporador e decresce com a temperatura do
condensador. Verifica-se que utilizando o fluido R152a obtém-se valores superiores para o
rendimento do sistema. De facto, quando se tem uma temperatura no gerador de 90 °C os
valores obtidos são muito semelhantes aos alcançados com uma temperatura no gerador de
100 °C, utilizando o fluido R600a. O mesmo acontece quando se tem 100 °C no gerador
utilizando o R152a e 110 °C utilizando o R600a. Esta diferença de aproximadamente 10 °C
em favor do R152a apenas não se verifica quando a temperatura no gerador se aproxima da
temperatura crítica do R152a. A utilização do fluido R600a apenas conduz a valores
superiores de ηsg quando se tem Tg = 110 °C e valores de Tc inferiores a 30 °C.
Figura 4.14 - Variação do rendimento global com a temperatura no gerador para os seis fluidos.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
43
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
4 6 8 10 12 14 16
ηsg
Temperatura do evaporador (°C)
R152a; Tg=90 °C
R152a; Tg=100 °C
R152a; Tg=110 °C
R600a; Tg=90 °C
R600a; Tg=100 °C
R600a; Tg=110 °C
Tc=35 °C
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
22 26 30 34 38 42
ηsg
Temperatura do condensador (°C)
R152a; Tg=90 °C
R152a; Tg=100 °C
R152a; Tg=110
R600a; Tg=90 °C
R600a; Tg=100 °C
R600a; Tg=110 °C
Te=10 °C
É importante referir que entre as três temperaturas operativas do ciclo de refrigeração, a
temperatura do condensador é a que apresenta maior influência no desempenho global do
sistema. Tendo em conta que esta temperatura depende apenas das condições climáticas, é de
extrema importância adequar as restantes condições de operação, bem como o fluido de
trabalho e as dimensões do ejector do ciclo, ao local onde o sistema irá ser implementado, de
forma a garantir um óptimo desempenho do sistema.
Na figura 4.17 encontra-se representada a evolução do rendimento do subsistema solar,
do COP do ciclo de refrigeração e do rendimento do sistema global em função da temperatura
Figura 4.15 - Variação do rendimento global em função da temperatura no gerador e do evaporador.
Temperatura do condensador de 35 °C.
Figura 4.16 - Variação do rendimento global em função da temperatura no gerador e do condensador.
Temperatura do evaporador de 10 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
44
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
70 80 90 100 110 120 130
ηss, COP, ηsg
Temperatura no gerador (°C)
Te = 10 °C Tc = 35 °C
ηss
COP; R152a
COP; R600a
ηsg; R152a
ηsg; R600a
no gerador, mantendo Te e Tc constantes e utilizando como fluido de trabalho R152a e R600a.
Tendo em conta que o rendimento do subsistema solar é idêntico qualquer que seja o fluido de
trabalho, só se encontra representada uma recta.
Como se pode denotar pela figura, o rendimento do sistema global aumenta com a
temperatura no gerador dentro da gama dos valores de Tg considerados, sendo que o declive é
mais acentuado para reduzidas temperaturas no gerador.
Embora utilizando temperaturas elevadas no gerador permita obter um melhor
rendimento global, torna-se necessário recorrer a colectores dispendiosos como é o caso dos
colectores de tubo de vácuo. Na figura 4.18 é possível observar a variação dos mesmos
índices representados na figura 4.17, utilizando colectores de placa plana com cobertura de
vidro simples e placa selectiva ( ( ) =0,8 e =4,5).
Figura 4.17 – Evolução do rendimento de ηss, COP e ηsg em função da temperatura no gerador.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
45
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
70 80 90 100 110 120 130
ηss, COP, ηsg
Temperatura no gerador (°C)
Te = 10 °C Tc = 35 °C
ηss
COP; R152a
COP; R600a
ηsg; R152a
ηsg; R600a
Comparando as duas figuras (figuras 4.17 e 4.18) torna-se evidente que a escolha do
tipo de colectores solares afecta significativamente o rendimento do subsistema solar, e por
conseguinte, o rendimento do sistema global. A utilização de colectores de placa plana,
embora exijam um menor investimento inicial, conduz a um desempenho inferior do sistema,
que se torna ainda mais evidente quanto mais elevada a temperatura no gerador. De facto, é
possível verificar que com o fluido R152a, para valores superiores a Tg = 100 °C o valor de
ηsg começa a decrescer, enquanto que só a partir de Tg = 108 °C tal se verifica quando se
utiliza o fluido R600a. Utilizando colectores de tubo de vácuo o rendimento do sistema global
aumenta com a temperatura no gerador até que se verifiquem temperaturas muito elevadas
(superiores às temperaturas críticas dos fluidos R152a e R600a). Assim, é possível referir que
o desempenho do sistema global de refrigeração é fortemente dependente do tipo de
colectores utilizados, devendo-se analisar com muito cuidado as condições em que o sistema
vai operar de forma a optar pela melhor solução.
Equation Section 5
Figura 4.18 - – Evolução do rendimento de ηss, COP e ηsg em função da temperatura no gerador, utilizando
colectores de placa plana com cobertura de vidro simples e placa selectiva.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
46
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
47
5. Dimensionamento do ejector do ciclo de refrigeração
Como indicado no capítulo 1, as dimensões do ejector têm um papel muito importante
no desempenho do ciclo frigorifico e, consequentemente, do sistema global de refrigeração. O
modelo matemático retratado no capítulo 2 permite calcular estas dimensões para dadas
condições operativas e fluido de trabalho, considerando que o ejector funciona sob condições
de desenho (Pc = Pcr). No entanto, num sistema real deste tipo, o mesmo ejector funcionará
sob diferentes condições operativas. Assim, torna-se necessário o estudo da variação das
dimensões do ejector com as condições operativas de forma a identificar a sensibilidade às
temperaturas/pressões de entrada e saída para os vários fluidos de trabalho. A determinação
da gama de dimensões necessária sob condições variáveis permite a análise de soluções, como
é o caso de um ejector de geometria variável ou associação de ejectores de diferentes
dimensões em paralelo à entrada do condensador.
5.1. Cálculo das dimensões do ejector
O factor geométrico com maior influência no desempenho do ejector é a razão de áreas
(rA). Relembrando a equação (1.8), a razão de áreas é definida pelo quociente entre a área de
secção constante (y) e a área da garganta do convergente-divergente primário (t) (ver figura
1.5):
(
)
(5.1)
O modelo desenvolvido no capítulo 2 permite calcular as duas áreas (Ay e At, ver
equações (2.7), (2.8) e (2.14)), garantindo um óptimo desempenho do ejector, e por
conseguinte, do ciclo de refrigeração. As restantes dimensões do ejector foram obtidas com
recurso à literatura [23][24]. Embora estas equações sejam desenvolvidas para ejectores em
ciclos de refrigeração utilizando vapor de água, foram adaptadas para outros fluidos de
trabalho. Os fabricantes mantêm confidenciais os dados sobre a geometria dos ejectores, no
entanto foi possível obter algumas informações da empresa Venturi Jet Pumps Ltd (Stoke on
Trent, Reino Unido), que permitiram uma melhor adaptação das dimensões do ejector para
diferentes fluidos de trabalho.
5.1.1. Bocal convergente-divergente (“nozzle”)
A secção divergente do bocal convergente-divergente apresenta tipicamente uma forma
cónica. As áreas da garganta (At) e de saída do bocal (Ap1) são determinadas através das
equações (2.7) e (2.8). A razão entre a área de saída do bocal e a área da garganta é
normalmente designada por razão de áreas teórica (“theoretical area ratio”) [23]. Segundo a
ASHRAE [23], o ângulo do cone divergente pode variar entre 8 a 15 º, sendo mais comum
uma variação de 10 a 12 °. Este ângulo não deve ser demasiado elevado para não ocorrer
separação do escoamento. O ângulo do cone divergente e a razão de áreas teórica definem o
comprimento do cone divergente (Lnoz). Seguindo a recomendação da Venturi Jet Pumps Ltd,
considerou-se um ângulo de 8º, definindo-se assim o comprimento do cone divergente:
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
48
( ) ( )
(5.2)
5.1.2. Secção de mistura
A secção de mistura apresenta uma forma cónica convergente. Alguns fabricantes
utilizam dois cones de diferente inclinação em série, em que o primeiro (mais próximo do
bocal convergente-divergente) apresenta uma inclinação entre 3 a 4º e o segundo entre 7 a 10º
[23]. No entanto considerou-se um único cone com um ângulo de 2° (recomendação da
Venturi Jet Pumps Ltd). De notar que um ângulo demasiado elevado resulta num decréscimo
no desempenho do ejector enquanto que um ângulo reduzido faz com que o fluido não seja
comprimido com sucesso até à pressão do condensador [23]. O comprimento da secção de
mistura (Lx) é normalmente expresso em função do diâmetro da secção de área constante (dy).
A ASHRAE [23] considera um comprimento que varia entre 6 a 10 vezes o diâmetro da
secção de área constante (sendo 7 o valor mais comum), enquanto que Chang e Chen [24]
consideram um comprimento de 6 vezes o diâmetro dy. No entanto, utilizando informações da
empresa Venturi Jet Pumps Ltd, o diâmetro de entrada do cone convergente (dconv) pode ser
determinado em função do diâmetro de secção de área constante:
(5.3)
Conhecendo o ângulo e o diâmetro de entrada do cone convergente, é possível
determinar o comprimento da secção de mistura (Lx):
( ) ( ) (5.4)
5.1.3. Secção de área constante
A área da secção de área constante (Ay) é determinada através da equação (2.14). De
forma a garantir um correcto funcionamento do ejector, a ASHRAE [23] considera que o
comprimento da secção de área constante (Lm) deve variar entre 3 a 5 vezes o diâmetro da
mesma secção (dy). Chang e Chen [24] recomendam um comprimento de 5 vezes o diâmetro
dy. Seguindo a recomendação da Venturi Jet Pumps Ltd, considerou-se um comprimento que
varia entre 3 a 4 vezes o diâmetro dy:
(5.5)
(5.6)
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
49
5.1.4. Difusor
O difusor apresenta uma forma cónica divergente. O ângulo deste cone pode variar entre
8 a 15 º, sendo mais comum uma variação de 10 a 12 ° [23]. A ASHRAE [23] considera que o
comprimento do difusor (Ldiff) deve variar entre 4 a 12 vezes o diâmetro da secção de área
constante (dy). Chang e Chen [24] recomendam um comprimento de 6 vezes o diâmetro dy.
Considerando as informações da Venturi Jet Pumps Ltd utilizou-se um ângulo de 10 ° e um
comprimento de 7 vezes o diâmetro dy:
(5.7)
Partindo do ângulo e do comprimento do difusor, é possível determinar o diâmetro de
saída do difusor (ddiff):
( ( ) ) (5.8)
5.2. Ferramenta computacional
Para visualizar as dimensões mais relevantes do ejector, foi desenvolvido uma interface
em EES que permite obter um protótipo 2D do ejector do ciclo de refrigeração, com indicação
das suas dimensões características. A figura 5.1 mostra uma imagem (“snapshot”) do
protótipo desenvolvido. Os valores registados na figura correspondem a uma simulação
utilizando R152a como fluido de trabalho, para uma potência frigorífica de 5 kW sob as
condições operativas de Tg = 90 °C, Te = 10 °C e Tc = 35 °C.
As dimensões características do ejector variam com as condições operativas, com o
fluido de trabalho e com a potência de refrigeração do sistema. Assim, torna-se muito útil
obter rapidamente um protótipo com indicação da geometria óptima do ejector,
conjuntamente com os parâmetros que permitem avaliar o desempenho de todo o sistema.
Note-se que estas dimensões foram obtidas com os pressupostos indicados na secção 2.2, com
base num modelo unidimensional. Sendo assim, as dimensões podem ser ainda optimizadas
recorrendo por exemplo a um modelo CFD multidimensional (2D ou 3D)
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
50
Fig
ura
5.1
– P
rotó
tipo
do
eje
cto
r co
m i
nd
icaç
ão d
as d
imensõ
es c
arac
terí
stic
as.
Flu
ido
de
trab
alho
R1
52
a, p
otê
nci
a d
e re
frig
eraç
ão d
e 5
kW
, te
mp
erat
ura
s d
o g
erad
or,
evap
ora
do
r e
cond
ensa
do
r d
e 9
0, 1
0 e
35
°C
, re
spec
tivam
ente
.
R152a
𝐐e =
5 k
W
Tg =
90 °
C
Te =
10 °
C
Tc =
35 º
C
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
51
0
5
10
15
20
25
30
70 80 90 100 110 120 130
dt (mm)
Temperatura no gerador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
��e=5 kW Te=10 °C Tc=35 °C
5.3. Resultados
Tendo em conta que a razão de áreas que garante um óptimo desempenho do ejector
varia com as condições operativas, é necessário estudar esta variação. A variação do diâmetro
da garganta do bocal convergente-divergente (dt) com a temperatura no gerador, para os seis
fluidos considerados e uma potência de 5 kW, mantendo Te e Tc constantes, encontra-se
representada na figura 5.2.
Como se pode denotar, o diâmetro da garganta do bocal convergente-divergente
decresce com a temperatura no gerador. Utilizando água como fluido de trabalho conduz a
maiores diâmetros da garganta, variando entre 27,8 e 6,1 mm para Tg = 80 °C e Tg = 120 °C,
respectivamente. Por contrapartida, com o fluido R152a obtêm-se os menores diâmetros,
variando entre 3,7 e 1,9 mm para as mesmas temperaturas no gerador. Verifica-se que a
evolução do diâmetro da garganta utilizando os fluidos R142b e R600a é praticamente
idêntica.
A figura 5.3 mostra a evolução do diâmetro da secção de área constante (dy) com a
temperatura no gerador, para os seis fluidos considerados e uma potência de 5 kW, mantendo
novamente Te e Tc constantes.
Figura 5.2 – Variação do diâmetro da garganta com a temperatura no gerador.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
52
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
70 80 90 100 110 120 130
dy (mm)
Temperatura no gerador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
��e=5 kW Te=10 °C Tc=35 °C
A partir da figura verifica-se que o diâmetro da secção de área constante segue uma
evolução semelhante ao diâmetro da garganta do bocal convergente-divergente, ou seja,
decresce com a temperatura no gerador. Isto indica que o tamanho (óptimo) do ejector
decresce com a temperatura do gerador, para uma potência frigorífica constante. Mais uma
vez, os maiores diâmetros advêm da utilização da água como fluido de trabalho, variando
entre 82,3 e 43,4 mm para Tg = 80 °C e Tg = 120 °C, respectivamente. Os menores diâmetros
resultam novamente da utilização do fluido R152a, variando entre 6,6 e 4,6 mm para as
mesmas temperaturas no gerador. Verifica-se novamente que a evolução do diâmetro da
secção de área constante utilizando os fluidos R142b e R600a é praticamente idêntica, o que
significa que o mesmo ejector pode operar com bom desempenho utilizando tanto um fluido
como o outro. Assim, torna-se possível optar pela escolha do fluido que permite obter o
melhor COP ou, no caso de um dos fluidos se encontrar indisponível, utilizar o outro fluido
com o mesmo ejector.
Como já indicado, o factor com maior influência no desempenho do ejector é a razão de
áreas. A variação da razão de áreas (rA) com a temperatura no gerador, mantendo Te e Tc
constantes, para os seis fluidos considerados, encontra-se na figura 5.4. De notar que a razão
de áreas é independente da potência frigorífica do ciclo. Na figura, a evolução de rA para a
água lê-se no eixo do lado direito (eixo secundário), permitindo assim uma melhor leitura da
evolução dos restantes fluidos, visto que apresentam valores de rA significativamente mais
baixos.
Figura 5.3 - Variação do diâmetro da secção de área constante com a temperatura no gerador.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
53
0
10
20
30
40
50
60
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
70 80 90 100 110 120 130
rA (Água) rA
Temperatura no gerador (°C)
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Água
Te=10 °C Tc=35 °C
Analisando a figura verifica-se que a evolução da razão de áreas é oposta da evolução
dos diâmetros evidenciada nas figuras 5.2 e 5.3, ou seja, a razão de áreas aumenta com a
temperatura no gerador. Os valores obtidos utilizando água como fluido de trabalho, são
bastante superiores quando comparados com qualquer um dos restantes fluidos, variando
entre 8,7 e 50,3 para Tg = 80 °C e Tg = 120 °C, respectivamente. Utilizando qualquer um dos
outros fluidos de trabalho, rA toma o valor máximo de 16,6 para Tg = 120 °C, para o fluido
R123. Utilizando o fluido R152a obtém-se os menores valores de rA, variando entre 3,3 e 6
para Tg = 80 °C e Tg = 120 °C, respectivamente, o que representa um aumento de quase 100
%. Um aspecto muito importante para o desenvolvimento de um sistema automático que
permita variar a razão de áreas do ejector é a sensibilidade da razão de áreas com as condições
operativas. É possível verificar que, utilizando o fluido R152a, a razão de áreas varia pouco
com a temperatura no gerador (aproximadamente 0,08 por cada °C). No entanto, tal como já
indicado, a razão de áreas praticamente duplica na gama considerada para Tg, o que revela a
importância da implementação de um sistema de variação de geometria. Por outro lado, a
utilização de água como fluido de trabalho conduz a uma elevada sensibilidade a razão de
áreas (sobretudo para elevadas temperaturas no gerador), tornando-se crucial a implementação
de um sistema de variação de geometria de forma a atingir bons desempenhos. É também
possível verificar que a evolução de rA utilizando água não é linear, o que aumenta a
complexidade do controlador automático de variação de geometria. No caso dos restantes
fluidos, esta evolução é aproximadamente linear.
As figuras 5.5 e 5.6 mostram a variação da razão de áreas em função das temperaturas
do evaporador e condensador, respectivamente, considerando os seis fluidos seleccionados.
Figura 5.4 - Variação da razão de áreas com a temperatura no gerador.
Temperatura do evaporador de 10 °C, temperatura do condensador de 35 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
54
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
4 6 8 10 12 14 16
rA
Temperatura do evaporador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Tg=90 °C Tc=35 °C
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
22 26 30 34 38 42
rA
Temperatura do condensador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
Tg=90 °C Te=10 °C
Observando as figuras verifica-se que a razão de áreas aumenta com a temperatura do
evaporador e diminui com a temperatura do condensador. Logicamente, a utilização da água
origina os maiores valores de rA, variando entre 11,9 e 17 para Te = 6 °C e Te = 15 °C,
respectivamente, e entre 40,4 e 10,5 para Tc = 24 °C e Tc = 38°C, respectivamente. De notar
que, para os restantes fluidos, o valor de rA é praticamente independente da temperatura do
evaporador, o que indica que esta temperatura operativa não influência significativamente a
geometria óptima do ejector. Utilizando o R152a como exemplo, o valor de rA varia entre 4 e
4,5 para Te = 5 °C e Te = 15 °C, respectivamente, ou seja, uma variação de 0,05 por °C. Por
Figura 5.5 - Variação da razão de áreas com a temperatura no evaporador.
Temperatura no gerador de 90 °C, temperatura do condensador de 35 °C.
Figura 5.6 - Variação da razão de áreas com a temperatura no condensador.
Temperatura no gerador de 90 °C, temperatura do evaporador de 35 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
55
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22 26 30 34 38 42
dt (mm)
Temperatura do condensador (°C)
Água
R123
R142b
RC318
R152a
R600a
��e=5 kW Tg=90 °C Te=10 °C
sua vez, a temperatura do condensador tem maior influência no valor de rA, variando entre 7,5
e 3,3 para Tc = 24 °C e Tc = 40°C, respectivamente (utilizando o fluido R152a), o que
corresponde a uma redução de 56 % e uma variação de aproximadamente 0,26 por °C. É
possível denotar que a evolução de rA com a temperatura do evaporador é aproximadamente
linear, mesmo quando se tem água como fluido de trabalho. No caso da temperatura do
condensador, a evolução de rA não é linear, sendo mais notório quando o fluido de trabalho é
água.
Tendo em conta que de entre as condições operativas a temperatura do condensador tem
uma maior influência na geometria do ejector, na figura 5.7 encontra-se representada a
evolução do diâmetro da garganta (dt) com a temperatura do condensador, para um diâmetro
da secção de área constante (dy) fixo. Ao fixar esta dimensão, torna-se possível analisar a
gama de valores de dt em que um sistema de variação de geometria teria que operar. Nesta
análise manteve-se Tg e Te constantes e considerou-se uma potência de refrigeração de 5 kW.
O diâmetro dy foi dimensionado para Tg = 90 °C, Te = 10 °C e Tc = 35 °C, obtendo-se dy =
0,0057 m.
Da análise da figura verifica-se que a gama de funcionamento do sistema de variação de
geometria teria que ser mais abrangente no caso de se utilizar água como fluido de trabalho do
que com qualquer um dos restantes fluidos. O sistema teria que ser capaz de permitir variar dt
de 9 a 18 mm, de forma a garantir um óptimo desempenho do ejector para um intervalo de Tc
entre 24 e 38 °C. No caso de se ter R152a como fluido de trabalho, a variação de dt é de
apenas 1 mm, variando entre 2,1 e 3,1 mm para Tc = 24 e Tc = 40 °C. Utilizando os fluidos
R142b ou R600a a variação de dt é de 1,5 mm, enquanto que para os fluidos R123 e RC318 é
de 3,4 e 2 mm, respectivamente. Assim, para uma potência frigorífica de 5 kW, verifica-se
que a utilização de água torna mais preponderante a implementação de um sistema de
variação de geometria, pois existe uma elevada variação de dt com as condições climáticas,
Figura 5.7 – Variação do diâmetro da garganta em função da temperatura do condensador, mantendo fixo
o diâmetro secção de área constante. Potência frigorífica de 5 kW, temperatura do gerador e evaporador
de 90 e 10 °C, respectivamente.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
56
que afectam a temperatura do condensador. Por sua vez, a utilização dos restantes fluidos não
provoca uma variação de dt tão elevada, no entanto é preciso relembrar que as dimensões do
ejector são bastante inferiores. Na tabela 5.1 está indicada a variação do diâmetro da garganta
em termos percentuais (dividindo pelo menor diâmetro, correspondente a Tc = 24 °C), ou seja,
independentemente do valor da potência frigorífica. No caso da água, a variação de dt
corresponde à gama operativa de Tc = 24 °C a Tc = 38 °C e no caso dos restantes fluidos a
gama é de Tc = 24 °C a Tc = 40 °C.
Tabela 5.1 – Variação percentual do diâmetro da garganta com a temperatura no condensador,
mantendo fixo o diâmetro de secção de área constante. Temperatura do gerador e evaporador de 90 e
10 °C, respectivamente.
Água R123 R142b RC318 R152a R600a
Variação percentual de dt 96 % 65 % 54 % 55 % 50 % 51 %
Analisando a tabela verifica-se que utilizando água, o diâmetro da garganta aumenta
praticamente para o dobro, na gama considerada para a temperatura do condensador. A
utilização do fluido R152a conduz à menor variação de dt, no entanto esta variação utilizando
os fluidos R142b, RC318, R152a e R600a é muito próxima.
Da análise da presente secção, conclui-se que as dimensões óptimas do ejector do ciclo
são muito semelhantes quando se utiliza os fluidos R600a e R142b. De facto, a evolução de rA
com as temperaturas do evaporador e condensador utilizando os fluidos R142b, RC318,
R152a e R600a é muito próxima. No entanto, a evolução de rA com a temperatura do gerador
é um pouco diferente quando o fluido de trabalho é o R152a. Nos sistemas mais comuns, em
que à saída dos colectores solares existe um equipamento auxiliar de aquecimento, a
temperatura do gerador pode ser controlada, permitindo que o mesmo ejector (com sistema de
variação de geometria) possa utilizar os quatro fluidos de trabalho.
A sensibilidade da razão de áreas com as temperaturas operativas é bastante superior
quando se utiliza água como fluido de trabalho, o que indica que o valor de rA tem bastante
influência no desempenho do ejector, e por conseguinte do ciclo frigorífico. Utilizando os
restantes fluidos, a sensibilidade é menor mas ainda assim a geometria do ejector condiciona o
desempenho do ejector. Verifica-se que o diâmetro garganta varia no mínimo 50 % quando a
temperatura do condensador toma valores entre 24 a 40 °C.
Entre as condições operativas, a temperatura no condensador é a que tem maior
influência na razão de áreas óptima do ejector. Tendo em conta que esta temperatura
apresenta também um elevado impacto no desempenho do ejector e, por conseguinte, do ciclo
de refrigeração, torna-se essencial a implementação de um sistema que permita adaptar a
razão de áreas à temperatura do condensador, pois esta depende apenas das condições
climáticas, não podendo ser controlada pelo utilizador.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
57
6. Conclusões e perspectivas de trabalho futuro
6.1. Conclusões
A presente dissertação teve como principal objectivo uma análise detalhada ao ciclo de
refrigeração solar utilizando ejector. Após um estudo da aplicabilidade de vários fluidos de
trabalho referidos na literatura, o modelo desenvolvido permitiu a simulação do sistema
variando as condições operativas, para um conjunto de fluidos considerados mais apropriados.
O ejector é o componente chave do ciclo de refrigeração por ejecção e o seu desempenho
condiciona todo o sistema. Assim, procedeu-se a uma análise da geometria óptima do ejector,
e a sua variação com as condições operativas.
De entre os vários fluidos referidos na literatura em estudos precedentes, foi
seleccionado um conjunto de seis fluidos mais apropriados. Dois dos fluidos seleccionados
são HCFC’s (R123 e R142b) apesar do fim da sua produção se encontrar agendada para 2030.
O R600a é o fluido menos prejudicial para o ambiente, no entanto a sua utilização requer
alguns cuidados devido à sua elevada inflamabilidade. O fluido R152a apresenta uma
temperatura crítica de 113 °C, restringindo assim a temperatura no gerador. A água é o fluido
de trabalho mais barato e abundante, no entanto a sua utilização conduz a desempenhos
bastante aquém dos obtidos com os restantes fluidos. Após o contacto com alguns
distribuidores, verificou-se que a nível nacional os HCFC’s já não se encontram em
comercialização, bem como o fluido RC318, concluindo-se assim que os fluidos R152a e
R600a são a melhor escolha para implementação de um sistema deste tipo em Portugal.
A escolha do tipo de colectores apresenta uma influência significativa no rendimento do
sistema global, sendo necessário uma análise económica de forma a optar pela melhor
solução. Embora o fluido R600a permita obter um melhor desempenho do ejector, a utilização
do R152a conduz a um COP superior e por conseguinte, a um melhor rendimento do sistema
global, bem como a uma maior potência frigorífica para a mesma área colectora. No entanto,
a sua utilização restringe a temperatura do gerador a 113 °C, sendo que para temperaturas
superiores a este valor podem ser utilizados outros fluidos como o R142b ou o R600a,
garantindo bons níveis de desempenho. De entre as temperaturas operativas, a temperatura do
condensador é a que apresenta uma maior influência no desempenho do ciclo frigorífico, e
consequentemente do sistema global.
A utilização de água como fluido de trabalho conduz aos ejectores de maior dimensão,
enquanto que utilizando o fluido R152a se obtém os ejectores de menor dimensão, o que pode
constituir um entrave na implementação de um sistema de variação da geometria. Em
sistemas solares com equipamento auxiliar de aquecimento, o mesmo ejector pode operar
garantindo elevados níveis de desempenho com os fluidos R142b, RC318, R152a e R600a,
desde que esteja munido de um sistema de variação de geometria. A razão de áreas varia
bastante com as condições operativas, e para um diâmetro fixo da secção de área constante, o
diâmetro da garganta do bocal convergente-divergente varia no mínimo 50 % (correspondente
à utilização do fluido R152a) com a gama de temperaturas do condensador entre 24 e 40 °C, o
que indica a vantagem da implementação de um sistema automático de variação de geometria
do ejector.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
58
6.2. Perspectivas de trabalho futuro
Os sistemas de refrigeração solar utilizando ejector necessitam ainda de investigação e
desenvolvimento de forma a serem economicamente rentáveis e competitivos no mercado
actual.
O ejector é o componente chave do ciclo de refrigeração e o seu funcionamento é
complexo. No presente estudo, procedeu-se a uma análise unidimensional, considerando-se o
fluido de trabalho como um gás ideal. No entanto, recorrendo a programas CFD, é possível
realizar uma análise bidimensional ou tridimensional e considerar o fluido de trabalho como
um gás real, obtendo-se assim simulações mais próximas da realidade. Uma grande vantagem
da utilização de CFD é a capacidade de realizar simulações com o ejector fora de condições
de desenho (“off design”), ou seja, com um ejector de dimensões fixas. Assim, torna-se
possível simular o funcionamento e avaliar o desempenho de um dado ejector sob diferentes
condições operativas.
No âmbito de um projecto homologado pela FCT, foram realizados alguns estudos
preliminares utilizando simulações CFD, recorrendo ao programa Fluent (Ansys, EUA). O
objectivo do projecto é o desenvolvimento de um sistema de arrefecimento solar utilizando
um ejector de geometria variável. A figura 6.1 mostra o desenho de um ejector típico utilizado
nas simulações, já integrando um dispositivo de variação de geometria (assinalado com cor
mais clara), designado por “spindle”. Este dispositivo funciona como uma válvula, à medida
que avança para o interior do bocal convergente-divergente primário diminui o diâmetro da
garganta (estrangulamento), reduzindo assim o caudal de fluido primário.
Figura 6.1 - Desenho de um ejector típico utilizado nas simulações CFD, evidenciando o dispositivo de
variação de geometria.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
59
-0,6
-0,5
-0,4
-0,3
-0,2
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
λ
Temperatura do condensador (°C)
R142b Te=10 °C
Tg=90 °C
Tg=100 °C
Tg=110 °C
Na figura 6.2 está representada a evolução da razão de sucção com a temperatura do
condensador, obtida com recurso a simulações CFD (considerando o modelo de gás real), para
três temperaturas distintas no gerador, utilizando um ejector de dimensões fixas. A
temperatura do evaporador foi mantida constante em 10 °C e o fluido de trabalho utilizado foi
o R142b. Como se pode denotar, simulando um ejector fora de condições de desenho
(dimensões fixas), o valor de λ decresce com a temperatura no gerador. Verifica-se que
quanto maior a temperatura no gerador, a temperatura crítica do condensador aumenta, valor a
partir do qual a razão de sucção decresce abruptamente, dando origem a que o ejector perca a
sua funcionalidade.
A figura 6.3 mostra a variação da razão de sucção e da temperatura crítica do
condensador com a posição do “spindle” evidenciado na figura 6.1, para três temperaturas
distintas no gerador. A posição do “spindle” corresponde ao número de milímetros que
avança para o interior do bocal convergente-divergente. Estes resultados foram novamente
obtidos com recurso a simulações CFD (considerando o modelo de gás real), utilizando
R142b como fluido de trabalho e mantendo a temperatura do evaporador em 10 °C.
Analisando a figura é possível verificar que o valor de λ aumenta com a posição do “spindle”
devido ao efeito de estrangulamento, o que promove a redução do caudal fluido primário, não
alterando o valor do caudal secundário. No entanto, à medida que o “spindle” avança para o
interior do bocal convergente-divergente primário, a temperatura crítica do condensador
diminui, o que indica que existe uma posição óptima de funcionamento que depende da
temperatura que se verifica no condensador (dependente das condições climáticas), garantindo
assim que o ejector funcione na condição crítica (Tc = Tcr), maximizando o valor de λ.
Figura 6.2 – Evolução da razão de sucção com a temperatura do condensador para três
temperaturas distintas no gerador. Temperatura do evaporador de 10 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
60
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 2 4 6 8 10
Temperatura crítica do
condensador (°C)
λ
Posição do "spindle" (mm)
λ; Tg=90 °C
λ; Tg=100 °C
λ; Tg=110 °C
Tcr; Tg=90 °C
Tcr; Tg=100 °C
Tcr; Tg=110 °C
R142b Te=10 °C
Sugere-se a continuação deste estudo, executando o mesmo processo para os restantes
fluidos seleccionados, facilitando assim a escolha do fluido mais apropriado. Numa segunda
fase, propõe-se a construção do sistema de forma a verificar experimentalmente o seu
desempenho.
Por último, seria também muito interessante o desenvolvimento de um sistema
combinado, em que o calor proveniente dos colectores solares seja utilizado para arrefecer o
ambiente no verão (tal como no presente estudo) e no inverno o calor gerado seja aproveitado
para o aquecimento de águas sanitárias, visto que não existe carga de arrefecimento. Este tipo
de solução permite o funcionamento do sistema durante uma maior parte do ano, promovendo
assim a sua rentabilidade.
Figura 6.3 – Variação da razão de sucção e da temperatura crítica do condensador com a posição do
“spindle”, para três temperaturas distintas no gerador. Temperatura do evaporador de 10 °C.
Estudo da importância de um ejector de geometria variável para aplicação em ciclos de refrigeração
61
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