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Estudo da formação do frete rodoviário... 73 Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 10, n. 1, p. 73-87, 2008 ESTUDO DA FORMAÇÃO DO FRETE RODOVIÁRIO E POTENCIAL DE CONFLITOS EM NEGOCIAÇÕES EM CADEIAS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO Study of freight rate determination and potential negotiation conflicts in supply chains in the Brazilian agribusiness Ricardo Silveira Martins 1 RESUMO O artigo procurou caracterizar a complexidade dos princípios de formação do preço do frete, focalizando certas disfuncionalidades e eficiência restrita das negociações de fretes no contexto das cadeias de suprimentos do agronegócio no país. Foram usados recursos estatísticos e econométricos para a identificação de comportamentos dos fretes de produtos selecionados, sempre que possível, aliados às outras evidências de mercado. Foram constatadas influências de diversas variáveis na formação do frete, tais como a distância, a sazonalidade da produção, os corredores por onde as cargas serão movimentadas e a especificidade da carga. No que diz respeito à distância, por diversos modelos de regressão, ficou constatada sua influência em elevados níveis de poder de explicação. Além do mais, registraram-se significativas diferenças nos coeficientes da variável “distância” entre as regiões. Entende-se que o domínio destas variáveis na formação do frete age no sentido de viabilizar a elaboração de estratégias de negociação, bem como da minimização de conflitos nas negociações à medida que os custos são reconhecidos pelas partes. Palavras-chave: logística agroindustrial, custos de transporte, fretes. ABSTRACT This work sought to explain the complex nature of the principles behind freight costs, focusing on certain dysfunctions and the limited efficiency of freight rate negotiation in the supply chains of the Brazilian agribusiness. Statistical and econometric techniques were used to identify the systematic behavior of the freight rates of the selected products and, where possible, this procedure was allied to other market evidence. It was possible to identify the influence of many variables on freight rates, such as distance, seasonality of production, the corridors along which the cargo is transported, its specific characteristics and the resulting demands made by customers. The fact that distance behaved as an explanatory variable, and was statistically significant in all of the models, means that mileage should be considered an important variable in the determination of freight rates. However, it is also necessary to consider that the significance of “distance” varies as much according to the detailed characteristics of the cargo as it does according to region. It was concluded that these variables make it possible both to develop negotiation strategies and to minimize conflicts in negotiations, as the costs are identified by the parties concerned. Key words: agribusiness logistics, transportation costs, freight rates. Recebido em 13/02/2008 e aprovado em 21/05/2008 1 Dr. em Economia Aplicada, professor adjunto do Departamento de Administração e do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Ciências Econômicas/Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Pres. Antônio Carlos 6.627 - Belo Horizonte-MG, CEP: 31270-901 - [email protected] 1 INTRODUÇÃO O transporte é uma das atividades logísticas comprometidas diretamente com o planejamento logístico de negócios que competem em rede e, por isso, é um dos fatores-chave do desempenho dessas cadeias. Mason et al. (2003) relataram estudos empíricos que demonstraram que os custos com o transporte atingem de 2% a 4% do faturamento e de 30% a 60% dos custos logísticos totais das empresas. Uma forma de obter do transporte maior potencial de contribuição ao planejamento das cadeias e maior agregação do valor é gerenciá-lo de maneira integrada com os processos de suprimento, produção, distribuição e consumo (NIELSEN et al., 2003; PEDERSEN, 2001). Um dos critérios mais freqüentemente utilizados de parametrização do desempenho das cadeias de suprimentos envolve o processo de custeio. Neste caso, os transportes agregam custos diretamente referentes aos fretes pagos e, indiretamente, por meio de sua eficiência operacional que transborda para as demais atividades e operações da logística, segundo os inúmeros trade-offs com o composto logístico, tais como as decisões de centralização ou não dos estoques na cadeia, as políticas de armazenagem, o número, a localização e o tamanho das instalações logísticas, dentre outros. Porém, as especificidades do transporte, como atividade econômica e a interface com variáveis locais e conjunturais tornam a formação do frete bastante complexa

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Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 73

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

ESTUDO DA FORMACcedilAtildeO DO FRETE RODOVIAacuteRIO E POTENCIAL DECONFLITOS EM NEGOCIACcedilOtildeES EM CADEIAS DO AGRONEGOacuteCIO

BRASILEIRO

Study of freight rate determination and potential negotiation conflicts insupply chains in the Brazilian agribusiness

Ricardo Silveira Martins1

RESUMOO artigo procurou caracterizar a complexidade dos princiacutepios de formaccedilatildeo do preccedilo do frete focalizando certas disfuncionalidades eeficiecircncia restrita das negociaccedilotildees de fretes no contexto das cadeias de suprimentos do agronegoacutecio no paiacutes Foram usados recursosestatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeo de comportamentos dos fretes de produtos selecionados sempre que possiacutevelaliados agraves outras evidecircncias de mercado Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveis na formaccedilatildeo do frete tais como adistacircncia a sazonalidade da produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeo movimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeo ficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis de poder de explicaccedilatildeoAleacutem do mais registraram-se significativas diferenccedilas nos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildees Entende-se que odomiacutenio destas variaacuteveis na formaccedilatildeo do frete age no sentido de viabilizar a elaboraccedilatildeo de estrateacutegias de negociaccedilatildeo bem como daminimizaccedilatildeo de conflitos nas negociaccedilotildees agrave medida que os custos satildeo reconhecidos pelas partes

Palavras-chave logiacutestica agroindustrial custos de transporte fretes

ABSTRACTThis work sought to explain the complex nature of the principles behind freight costs focusing on certain dysfunctions and the limitedefficiency of freight rate negotiation in the supply chains of the Brazilian agribusiness Statistical and econometric techniques were used toidentify the systematic behavior of the freight rates of the selected products and where possible this procedure was allied to other marketevidence It was possible to identify the influence of many variables on freight rates such as distance seasonality of production the corridorsalong which the cargo is transported its specific characteristics and the resulting demands made by customers The fact that distance behavedas an explanatory variable and was statistically significant in all of the models means that mileage should be considered an important variablein the determination of freight rates However it is also necessary to consider that the significance of ldquodistancerdquo varies as much according tothe detailed characteristics of the cargo as it does according to region It was concluded that these variables make it possible both to developnegotiation strategies and to minimize conflicts in negotiations as the costs are identified by the parties concerned

Key words agribusiness logistics transportation costs freight rates

Recebido em 13022008 e aprovado em 21052008

1Dr em Economia Aplicada professor adjunto do Departamento de Administraccedilatildeo e do Centro de Pesquisa e Poacutes-Graduaccedilatildeo em Administraccedilatildeo da Faculdade de Ciecircncias EconocircmicasUniversidade Federal de Minas Gerais Av Pres Antocircnio Carlos 6627 - Belo Horizonte-MG CEP 31270-901 - martinscepeadfaceufmgbr

1 INTRODUCcedilAtildeO

O transporte eacute uma das atividades logiacutesticascomprometidas diretamente com o planejamento logiacutesticode negoacutecios que competem em rede e por isso eacute um dosfatores-chave do desempenho dessas cadeias Mason etal (2003) relataram estudos empiacutericos que demonstraramque os custos com o transporte atingem de 2 a 4 dofaturamento e de 30 a 60 dos custos logiacutesticos totaisdas empresas Uma forma de obter do transporte maiorpotencial de contribuiccedilatildeo ao planejamento das cadeias emaior agregaccedilatildeo do valor eacute gerenciaacute-lo de maneira integradacom os processos de suprimento produccedilatildeo distribuiccedilatildeoe consumo (NIELSEN et al 2003 PEDERSEN 2001)

Um dos criteacuterios mais frequumlentemente utilizadosde parametrizaccedilatildeo do desempenho das cadeias desuprimentos envolve o processo de custeio Neste casoos transportes agregam custos diretamente referentes aosfretes pagos e indiretamente por meio de sua eficiecircnciaoperacional que transborda para as demais atividades eoperaccedilotildees da logiacutestica segundo os inuacutemeros trade-offscom o composto logiacutestico tais como as decisotildees decentralizaccedilatildeo ou natildeo dos estoques na cadeia as poliacuteticasde armazenagem o nuacutemero a localizaccedilatildeo e o tamanho dasinstalaccedilotildees logiacutesticas dentre outros

Poreacutem as especificidades do transporte comoatividade econocircmica e a interface com variaacuteveis locais econjunturais tornam a formaccedilatildeo do frete bastante complexa

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e de difiacutecil gestatildeo dentro da logiacutestica das cadeias denegoacutecios

No caso brasileiro essas dificuldades tecircmingredientes proacuteprios considerando-se as gravesdeficiecircncias dos sistemas de transporte Via de regra opaiacutes conta com praticamente a mesma malha ferroviaacuteriapequena parcela (apenas cerca de 10) das rodovias eacutepavimentada e destas a maioria estaacute em precaacuterio estadode conservaccedilatildeo segundo levantamentos anuais feitos pelaConfederaccedilatildeo Nacional dos Transportes (CNT) asferrovias oferecem o serviccedilo lento e de poucaprodutividade na praticamente mesma malha haacute oitentaanos o desenvolvimento do potencial hidroviaacuterio eacuteprejudicado pela localizaccedilatildeo geograacutefica dos rios fora dosprincipais eixos econocircmicos e sem comunicaccedilatildeo direta como mar e pela disseminaccedilatildeo de hidroeleacutetricas sem a devidaatenccedilatildeo agrave construccedilatildeo de eclusas e o sistema portuaacuterio eacutebastante defasado tecnologicamente implicando serviccediloscaros e de baixa produtividade

Propotildee-se neste contexto analisar o processo deformaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio considerando-se as variaacuteveisdo custo da atividade e os impactos de variaacuteveisconjunturais e do mercado do serviccedilo de transporte Aanaacutelise teraacute como foco o transporte rodoviaacuterio em cadeiasdo agronegoacutecio brasileiro Por um lado o agronegoacuteciocomo um conjunto de atividades econocircmicas relevantestem respaldo nos dados agregados que produz Reardonamp Barrett (2000) contextualizaram a agroindustrializaccedilatildeocomo motivadora de alteraccedilotildees significativas dentro e forado mundo rural que podem ser observadas com ocrescimento do processamento de mateacuterias-primas deorigem agropecuaacuteria distribuiccedilatildeo dos produtos e provisatildeode insumos originados nas induacutestrias e mercados detrabalhos de maior qualificaccedilatildeo teacutecnica com mudanccedilasinstitucionais e organizacionais na relaccedilatildeo entre firmas deprocessamento de mateacuterias-primas de origem agropecuaacuteriae na coordenaccedilatildeo vertical e mudanccedilas concomitantes nosmercados

No caso brasileiro percebe-se esta formataccedilatildeo emtermos do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegoacutecio oque tambeacutem implica a importacircncia em termos da geraccedilatildeode negoacutecios de renda e de emprego a partir da produccedilatildeoagropecuaacuteria pura O agronegoacutecio brasileiro representoucerca de 30 do PIB nas duas uacuteltimas deacutecadas1 cerca de37 dos empregos e de 43 das exportaccedilotildees Aleacutem domais apesar das significativas barreiras tarifaacuterias e natildeo-tarifaacuterias enfrentadas no comeacutercio externo o agronegoacuteciobrasileiro eacute um caso de sucesso internacional poisresponde por 82 do suco de laranja distribuiacutedo no mundo

29 do accediluacutecar de cana consumido 28 do cafeacute em gratildeo44 do cafeacute soluacutevel 23 do tabaco 38 do mercadointernacional de soja e ainda eacute liacuteder mundial nasexportaccedilotildees de aacutelcool couro curtido calccedilado de couro ecarnes bovina e de frango Isso faz com que o conjunto deatividades econocircmicas que formam o agronegoacutecio decircimportantes contribuiccedilotildees ao saldo comercial externo dopaiacutes (RODRIGUES 2004)

Por outro lado o transporte rodoviaacuterio predominana matriz de distribuiccedilatildeo modal de cargas no BrasilSegundo estimativas do Ministeacuterio dos Transportes cercade 60 das cargas satildeo movimentadas pelo modalrodoviaacuterio Estimativas mais abrangentes do universo dascargas quando o universo amostral inclui mais produtosindustrializados podem elevar ainda mais a participaccedilatildeodo transporte rodoviaacuterio como por exemplo a da UFSCANTT (2004) que chegou ao patamar dos 85

Este artigo tem o objetivo de investigar evidecircnciasde variaacuteveis e importacircncia relativa de direcionadores paraa formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeias desuprimento de agronegoacutecio no paiacutes Para isso estaacuteestruturado em cinco seccedilotildees Aleacutem desta introduccedilatildeo e dacontextualizaccedilatildeo da pesquisa na proacutexima seccedilatildeo satildeodiscutidas algumas caracteriacutesticas do mercado de serviccedilosde transporte dando ecircnfase aos princiacutepios de formaccedilatildeodo preccedilo do transporte na terceira seccedilatildeo apresenta-se ametodologia adotada na pesquisa seguida pela quartaseccedilatildeo em que os resultados do trabalho empiacuterico satildeoapresentados Na quinta seccedilatildeo estatildeo relacionados osresultados e as evidecircncias obtidos na pesquisa com asnecessidades das cadeias de suprimentos assim comosugestotildees de futuros estudos sobre o tema

2 PRINCIacutePIOS NA FORMACcedilAtildeO DOPRECcedilO DO TRANSPORTE

Segundo United States of America (1995) aformaccedilatildeo do preccedilo do transporte o frete eacute bastantecomplexa pois aleacutem dos custos da atividade incorporatambeacutem fatores locais e conjunturais O valor do frete refletediretamente variaccedilotildees nos fatores que fazem variar ademanda pelo serviccedilo tais como a performance daeconomia (demanda por transporte eacute ldquodemanda derivadardquo)algumas estrateacutegias empresariais como localizaccedilatildeo gestatildeoda produccedilatildeo poliacutetica de estoques e centralizaccedilatildeo dearmazeacutens acordos internacionais de comeacutercio como oMercosul e o Nafta materiais para embalagens (inovaccedilotildeesem materiais mais leves concomitantemente a inovaccedilotildeesem compartimentos de carga) e fluxos reversos (porexemplo com a finalidade de reciclagem) Indiretamente

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SD EEp

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dCt

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reflete alteraccedilotildees que incidem sobre fatores que afetam oscustos da prestaccedilatildeo dos serviccedilos como por exemploregulaccedilatildeodesregulamentaccedilatildeo variaccedilotildees nos preccedilos doscombustiacuteveis inovaccedilotildees nos veiacuteculos e compartimentosde carga congestionamentos e limites de peso paracirculaccedilatildeo e respectivo rigor da fiscalizaccedilatildeo

Samuelson (1977) citado por Castro (2002) derivouum modelo teoacuterico simples de determinaccedilatildeo de frete para ocaso de um transportador exclusivo Supondo umcomportamento maximizador de lucros por parte domonopolista de transporte a tarifa de transporte (t) seriadada por

ou seja o transportador estabelece sua tarifa (t)como sendo igual ao custo marginal da atividade detransporte (dCdD) mais o preccedilo (p) da mercadoria vezes asoma dos inversos das elasticidades da demanda (ED) eda oferta (ES) ambas definidas como sendo positivas

Desta equaccedilatildeo Samuelson extraiu algumasdiretrizes sobre a formaccedilatildeo dos preccedilos de transporte quesatildeo1) as tarifas de transporte (t) tendem a aumentar com ovalor unitaacuterio da mercadoria transportada pois (p) temparcela direta na formaccedilatildeo do preccedilo final2) mercadorias que apresentam maior elasticidade de ofertaou de demanda tendem pagar menores tarifas de transportepois o impacto do multiplicador de (p) eacute minimizado3) as estruturas de mercado da oferta e da demanda dobem transportado tecircm efeito sobre as tarifas de transportepagas pelo bem4) quanto mais proacuteximas de uma estrutura de mercado deconcorrecircncia perfeita mais as tarifas de transporte seaproximaratildeo dos custos marginais de produccedilatildeo

Aleacutem destas diretrizes existem outras relaccedilotildees queinfluenciam a formaccedilatildeo do frete Segundo McCann (2001)as variaacuteveis ldquodistacircnciardquo e ldquoquantidade a ser movimentadardquoconjuntamente impactam as decisotildees quanto ao veiacuteculoadequado conforme a capacidade de carga e ocomportamento do frete de acordo com a distacircncia

Existe uma relaccedilatildeo aparentemente paradoxal entrecustos do transporte e frete Enquanto a curva de custoexibe um formato linear ascendente dado o custo variaacutevela relaccedilatildeo fretedistacircncia eacute decrescente produzindo umacurva de formato cocircncavo Jaacute a relaccedilatildeo fretequantidadeforma uma curva convexa com implicaccedilotildees de que oveiacuteculo de capacidade oacutetima para o transporte de cargas

tende a aumentar com o aumento da distacircncia e daquantidade e vice-versa

Essas relaccedilotildees podem ser explicadas pela ocorrecircnciade economias de escala e de distacircncia que prevalecem naformaccedilatildeo do frete

Outros estudos buscaram evidecircncias de variaacuteveisexplicativas dos fretes praticados nos mercados Em linhasgerais constata-se concentraccedilatildeo de abordagens queconsideram a distacircncia como principal fator de determinaccedilatildeode valores pois impacta dessa forma os custos variaacuteveis(quilometragem rodada) do serviccedilo independentementedo modal utilizado Correa Juacutenior et al (2001) afirmamtambeacutem que de modo geral estudos que procuramidentificar os determinantes dos fretes rodoviaacuterios satildeoprimeiramente dependentes das distacircncias eposteriormente ajustados por outros fatores

Alguns estudos estimaram coeficientes quemensuravam esta relaccedilatildeo para o caso brasileiro Castro(2002) relata os coeficientes estimados para os impactosda distacircncia na formaccedilatildeo do frete de 00366 para otransporte rodoviaacuterio de 00154 para o ferroviaacuterio e de00328 para o hidroviaacuterio Correa Juacutenior (2001) encontroucoeficiente de 0036 na formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio dasoja Teixeira Filho (2001) estimou a relaccedilatildeo frete-distacircnciapara lotes como sendo de 00135 para o modal rodoviaacuterioe de 06253 para o ferroviaacuterio

Ainda tendo por base os custos de prestaccedilatildeo deserviccedilos em parte os fretes de mercado tambeacutem refletemos investimentos realizados para a prestaccedilatildeo dos serviccedilosincorporados como custos fixos conforme asespecificidades da carga que podem implicar ativos maiscaros e cargas de maior risco ou com necessidade decuidados especiais Por exemplo os embarcadores do oacuteleode soja e de carga refrigerada exigem caminhotildees especiacuteficospara o transporte o que resulta em sunk costs (custosirrecuperaacuteveis) para o prestador do serviccedilo Os ofertantesconsideram esta necessidade e o risco associado agravepropriedade de um ativo dedicado No caso de cargassensiacuteveis que apresentam altos volumes de perdasremunera-se tambeacutem o serviccedilo mais especializado

Uma vez estabelecidos os custos baacutesicos daprestaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte o transportadorpoderaacute estar propenso segundo a concorrecircncia do mercadoe a contestabilidade (DAVIES 1986) a conceder descontosou cobrar precircmios Os descontos e precircmios podem ocorrerem situaccedilotildees tais como conforme a quantidade e afrequumlecircncia oferecidas pelo embarcador as caracteriacutesticasgeograacuteficas das rotas a probabilidade de obtenccedilatildeo de cargade retorno e a demanda global da economia os picos

(1)

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sazonais de algumas das principais cargas dentre outrosfatores

A negociaccedilatildeo eacute bastante intensa estando oembarcador preocupado com o impacto dos custos detransporte na margem proporcionada entre o custo deproduccedilatildeo e o preccedilo de mercado enquanto que para otransportador o valor miacutenimo de referecircncia para negociaccedilatildeoeacute o custo meacutedio

3 METODOLOGIA

Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisaempiacuterica de caraacuteter exploratoacuterio que procurou investigarevidecircncias do mercado para a explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo dofrete rodoviaacuterio no Brasil em cadeias do agronegoacutecioSegundo Vergara (1998) a pesquisa exploratoacuteria eacuteadequada em aacutereas de poucos conhecimentos acumuladosenquanto a compreensatildeo dos fenocircmenos ainda natildeo eacutesuficiente ou mesmo eacute inexistente O caraacuteter empiacuterico dapesquisa estaraacute apoiado em meios documentais ebibliograacuteficos

Foram usados recursos estatiacutesticos eeconomeacutetricos para a identificaccedilatildeo de comportamentossistemaacuteticos dos fretes de produtos selecionados aliadosa outras evidecircncias de mercado

31 Efeito da distacircncia no frete

Segundo a literatura teoricamente a distacircncia eacute aprincipal variaacutevel explicativa do valor do frete Por meio deregressotildees buscou-se evidenciar o poder explicativo dadistacircncia isoladamente nos fretes praticados nas regiotildees

brasileiras por faixa de distacircncias para o caso da soja emfunccedilatildeo da maior disponibilidade de dados por rota e porregiotildees brasileiras Portanto os fretes foram sistematizadospor regiotildees conforme origens e ou destinos para a soja emgratildeo A regionalizaccedilatildeo do frete buscou identificarcomportamentos diferenciados refletindo estruturas demercado e condiccedilotildees das rodovias

Os textos baacutesicos de econometria evidenciam al-gumas formas funcionais usuais que buscam explicar arelaccedilatildeo entre as variaacuteveis de interesse na questatildeo Para ocaso especifico deste estudo as variaacuteveis relevantes satildeoos fretes praticados em diferentes regiotildees ( v ) e as suasrespectivas distacircncias ( X ) Segundo Hill et al (1999) asformas funcionais usuais satildeo aquelas apresentadas naQuadro 1

32 Efeito da sazonalidade da demanda

O valor do frete pode sofrer variaccedilotildees deintensidade dependendo da eacutepoca do ano e do volumeproduto a ser transportado em razatildeo da pequenacapacidade estaacutetica para armazenagem nas propriedadescooperativas e cerealistas

A investigaccedilatildeo sobre a ocorrecircncia de sazonalidadedesenvolvida nesta pesquisa baseou-se na seacuterie temporaldo valor do frete para os produtos cafeacute soja farelo e trigopara diferentes rotas no estado do Paranaacute exclusivamentee outras que tenham localidades do estado como pontosde origem ou destino

QUADRO 1 ndash Formas funcionais alternativas para estimativas economeacutetricas

Fonte Hill et al (1999)

Tipo Modelo estatiacutestico Coeficiente angular

1 Linear eXbav iii

b

2 Reciacuteproco eXbav ii

i

1

Xb

i

2

1

3 Logariacutetmica eXbav iii lnln Xvb

i

i

4 Log-linear (Exponencial) eXbav iiiln vb i

5 Linear-log (Semi-log) eXbav iii ln Xbi

1

6 Log-inverso eXbav ii

i

1

Xb

i

2

1

7 Quadraacutetica eXcXbav iiii

2

ceb

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Y T t t ut i ii

h

i i ti

k

cos sen1 1

De maneira geral as seacuteries temporais se caracterizampor quatro componentes que determinam sua variaccedilatildeoi) tendecircncia mostra o comportamento da seacuterie em estudopodendo ser crescente decrescente ou constanteii) variaccedilatildeo sazonal mostra as flutuaccedilotildees ocorridas dentrode um ano A sazonalidade pode refletir diferentes estaccedilotildeesdo ano bem como periacuteodo de safra e entressafra dosprodutos agropecuaacuteriosiii) variaccedilotildees ciacuteclicas satildeo flutuaccedilotildees que se repetem emintervalos bem definidosiv) variaccedilotildees aleatoacuterias satildeo causadas por fatores que natildeoobedecem a nenhum criteacuterio de regularidade Podem ocorrerdevido a flutuaccedilotildees climaacuteticas guerras intervenccedilotildeesgovernamentais etc

Conforme Kavussanos amp Alizadeh-M (2002) umaseacuterie de dados eacute dita sazonal quando conteacutem componentescom comportamento sistemaacutetico dentro de determinadoperiacuteodo que podem ser reflexos de condiccedilotildees do tempocalendaacuterio comportamento dos agentes e no caso desteestudo de safras agriacutecolas

O comportamento sazonal pode ser de trecircs formasestocaacutestico determiniacutestico ou uma combinaccedilatildeo destas Asazonalidade eacute dita determiniacutestica quando o mesmocomportamento sazonal (picos e vales) repete-seperiodicamente Por sazonalidade estocaacutestica entende-sea seacuterie de dados que segue um padratildeo de comportamentoque se altera ao longo do tempo Por exemplo uma seacuterie depreccedilos que em alguns anos apresenta alta sistemaacutetica noveratildeo e que em outros anos altera esse periacuteodo de altapara o inverno (KAVUSSANOS amp ALIZADEH-M 2002)

O estudo dos elementos sazonais e ciacuteclicos foifundamentado na anaacutelise harmocircnica Segundo Hoffmann(1995) frequumlentemente a variaacutevel dependente em umaanaacutelise de regressatildeo apresenta variaccedilotildees ciacuteclicas podendoo ciclo se fechar por exemplo em um trimestre ou ano deacordo com a variaacutevel em estudo Dentro de um ciclo podemtambeacutem ocorrer variaccedilotildees estacionais relacionadasprincipalmente agraves diferentes estaccedilotildees do ano Estasvariaccedilotildees podem ser captadas utilizando-se variaacuteveisbinaacuterias ou por meio de uma anaacutelise de regressatildeo utilizandoa funccedilatildeo co-seno A partir da representaccedilatildeo de umacossenoacuteide tecircm-se os componentes harmocircnicos e estessatildeo utilizados para representar variaccedilotildees ciacuteclicas

Segundo Rojas (1996) diz-se que uma seacuterieestacionaacuteria eacute perioacutedica quando suas flutuaccedilotildees se repetemem dado intervalo de tempo As variaccedilotildees sazonais e ciacuteclicasgeralmente apresentam padrotildees de comportamento regularSe isso ocorre as seacuteries temporais podem ser expressas emforma de uma funccedilatildeo perioacutedica De acordo com o mesmo

autor uma seacuterie perioacutedica eacute composta pelo somatoacuterio deinfinitas seacuteries temporais e pode ser expressa por umafunccedilatildeo trigonomeacutetrica como mostrado na equaccedilatildeo (2)

f t mit

T

it

Ti ii

( ) cos sen2 2

1

(2)

em quem = valor meacutedio

= constantet = tempoT = variaccedilotildees ciacuteclicas Se os dados satildeo mensais T = 12

e = paracircmetros a serem estimados

Esta funccedilatildeo trigonomeacutetrica eacute caracterizada pela somade elementos harmocircnicos que satildeo representados pelo senoe co-seno de cada periacuteodo

Para estimar a tendecircncia e verificar a ocorrecircncia devariaccedilotildees estacionais no valor do frete para os diferentesprodutos foi utilizada uma funccedilatildeo perioacutedica como a que segue

(3)

em queYi = variaacutevel dependente (preccedilo meacutedio do frete paradiferentes produtos)

= termo constante da regressatildeoT= variaacutevel tendecircncia (linear)t = tempo em meses i i = paracircmetros a serem estimados eacute o paracircmetro

do componente tendecircncia e i e i satildeo paracircmetros doscomponentes sazonaisut = termo aleatoacuterio com meacutedia zero e variacircncia constantea) com T = 1 para janeiro de 1998 para a seacuterie de dadosreferentes aos produtos trigo granel em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem de 400 a 700 km trigo granel em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 km trigo emrotas que incluem pontos do Paranaacute como origem ou destinona faixa de quilometragem acima de 700 soja em rotas queincluem pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixade quilometragem acima de 700 soja em rotas no Paranaacute nafaixa de quilometragem de 0 a 200 km e soja em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 kmb) T =1 para janeiro de 1999 para a seacuterie de dados referenteao produto cafeacute e T = 1 para janeiro de 2000 para a seacuterie dedados referentes aos produtos farelo em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem acima de 700 km e soja em rotas que incluem

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pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem entre 400 a 700 km

Os paracircmetros do modelo (3) foram estimados peloMeacutetodo de Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO)

O teste de ocorrecircncia de sazonalidade foi feito pormeio de modelos de regressatildeo utilizando-se Proc Reg doStatistical Analysis System (SAS) e o modelo de anaacuteliseharmocircnica para determinar a amplitude e os acircngulos-fasedos preccedilos

33 Diferenccedilas regionais no frete

Foram investigadas tambeacutem ocorrecircncias dediferenciaccedilotildees dos fretes conforme regiotildees Para isso osfretes foram organizados em corredores de transporte combase em Geipot (1999) a saber- Corredor Sudeste com base no sistema troncal rodoviaacuterioe ferroviaacuterio dos estados de Satildeo Paulo e Rio de Janeiro nahidrovia Tietecirc-Paranaacute destacando-se o porto de Santos- Corredor de Paranaguaacute com base nas informaccedilotildeesrodoviaacuterias dos fretes com destino exclusivo ao porto deParanaguaacute- Corredor de Satildeo Francisco com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto de Satildeo Francisco e- Corredor do Rio Grande com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto do Rio Grande

Para todos os anos foram calculadas as meacutediasdos fretes por faixas de quilometragem tendo sido deinteresse as faixas ateacute 800 km de 801 a 1200 km e acima de1201 km

34 Influecircncia de outras variaacuteveis

Foram investigados tambeacutem se os fretes especiacuteficosdos produtos do agronegoacutecio paranaense sofreminfluecircncias de movimentaccedilotildees que ocorrem em outroscorredores e para produtos diferentes nos casos do accediluacutecarcafeacute farelo de soja milho soja e trigo Para estasinvestigaccedilotildees foi utilizado o teste de meacutedias (MERRILL ampFOX 1980) O objetivo dessa formulaccedilatildeo foi testar asignificacircncia estatiacutestica dos fretes nos diferentescorredores estudados

35 Fonte e natureza dos dados

Os fretes para estes estudos e para as evidecircnciasapresentadas neste artigo foram disponibilizados peloSistema de Fretes para Cargas Agriacutecolas ndash SIFRECA doCentro de Economia Aplicada da Escola Superior deAgricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo ndash Universidade de Satildeo Pauloque relaciona os fretes de 5500 rotas - rodoviaacuterias ferroviaacuteriashidroviaacuterias e aeroviaacuterias - no Brasil para mais de 50 cargasagriacutecolas para o periacuteodo 1998-2004 (sifrecaesalquspbr) Tais

dados foram organizados por faixa de quilometragem e ocriteacuterio de seleccedilatildeo dos produtos pesquisados foi a maiordisponibilidade de dados (rotas e seacuterie temporal)

4 RESULTADOS

41 O papel da distacircncia na formaccedilatildeo do frete

Os resultados obtidos para a estimaccedilatildeo dasdiferentes formas funcionais que relacionam valores dosfretes e distacircncia percorrida em diferentes regiotildees brasileirasno transporte rodoviaacuterio de soja satildeo apresentados na Tabela1 (Anexo) Observa-se que os modelos apresentamcoeficiente de determinaccedilatildeo 2R acima de 070 para a maioriadas formas funcionais regiotildees e distacircncias Os paracircmetrosestimados para o modelo linear apresentam valores proacuteximosaos obtidos por Castro (2002) e Correia Juacutenior (2001) nasdiferentes regiotildees e distacircncias

Entretanto natildeo foram observadas diferenccedilassignificativas entre as formas funcionais De qualquer maneirao fato de a distacircncia comportar-se como variaacutevel explicativacom significacircncia estatiacutestica para qualquer forma funcionalimplica qualificar a quilometragem como uma das variaacuteveisimportantes na formaccedilatildeo do frete Isto eacute esperado pois adistacircncia quilometragem percorrida eacute o principal paracircmetropara a formaccedilatildeo da parte variaacutevel do custo da atividade Haacuteno entanto que se ponderar que o grau de importacircncia variade acordo com as regiotildees Isso quer dizer na praacutetica que opoder de explicaccedilatildeo desta variaacutevel eacute impactado por outrassituaccedilotildees no ambiente local dos embarcadores e dosprestadores do serviccedilo que satildeo captados como custosfinanceiros ou de transaccedilatildeo possibilidades de reduccedilatildeo decustos ou a concorrecircncia entre os serviccedilos de diferentesmodais de transporte Neste contexto em particular chama aatenccedilatildeo a situaccedilatildeo comparativamente pior da regiatildeo Nordestecomo indicado na Tabela 2

Tomando-se o caso dos agronegoacutecios brasileiros(Tabela 3) observa-se que de fato maiores distacircncias implicam

TABELA 2 ndash Diferenccedilas percentuais nos valores dosinterceptos das equaccedilotildees lineares estimadas ndash Fretesrodoviaacuterios para soja ateacute 500 km (base Tabela 1)

Fonte Resultados da pesquisa

Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste

Centro-Oeste

- -2025 19 -1089

Nordeste 2539 - 2779 1173 Sul -188 -2175 - -1257 Sudeste 1222 -105 1437 -

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 79

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TABELA 3 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo dasoja novembro de 2005

Fonte sifrecaesalquspbr

A reduccedilatildeo das taxas de crescimento agrave medida que adistacircncia aumenta conforme o formato da curva (Figura 1-a) com grande ocorrecircncia de taxas de crescimento negativas(Figura 1-b) para grandes distacircncias estaacute ilustrada na Figura1 Para distacircncias superiores a 1000 km destaca-se tambeacutema ocorrecircncia de dispersatildeo do frete refletindo valoresreferentes a diferentes rotas e corredores conforme seraacuteabordado mais adiante e tambeacutem pelo domiacutenio dostransportadores autocircnomos em distacircncias maiores

42 Sazonalidade do frete

Considerando-se que os volumes da movimentaccedilatildeode soja no Brasil satildeo expressivos e que acontecem de formaconcentrada no tempo entre os meses de marccedilo a junhoos embarcadores desta carga desestabilizam o mercadode fretes Ademais nos meses de colheita aleacutem do

a Fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

FIGURA 1 ndash Comportamento dos fretes rodoviaacuterios para soja no Brasil 2000-2004 (US$t)Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Origem Destino km R$t R$tkm

Quirinoacutepolis ndash GO

Satildeo Simatildeo ndash GO

75 1300

01733

Sorriso ndash MT Santos ndash SP 2030

14800

00729

b Variaccedilatildeo percentual dos fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

maiores fretes unitaacuterios (R$t) Poreacutem pode-se tambeacutemobservar que a remuneraccedilatildeo do quilocircmetro percorrido(R$tkm) o momento do transporte caminha em trajetoacuteriainversa Este eacute o chamado princiacutepio da economia dadistacircncia anunciado teoricamente por McCann (2001)que ocorreraacute com maior ou menor intensidade conformea competiccedilatildeo e a contestabilidade dos mercados (DAVIES1986)

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Para a identificaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidadeforam feitos ajustamentos das equaccedilotildees descritas nametodologia tendo os melhores resultados sido obtidospela transformaccedilatildeo logariacutetmica Ressalte-se que os modelospara os produtos cafeacute e trigo granel para rotas que incluempontos de origem ou destino no Paranaacute para distacircnciaentre 400 e 700 km soja para distacircncia acima de 700 km e

farelo de soja para distacircncia acima de 700 km natildeo foramsignificativos a niacuteveis de significacircncia inferiores a 10 deprobabilidade

O comportamento comparativo entre o valor real eestimado para o frete da soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km encontra-se naFigura 2

Constata-se que nenhum coeficiente associado apares de componentes harmocircnicos foi significativo Nestecaso natildeo eacute possiacutevel afirmar que existam ciclos anuais nestaseacuterie de dados Um importante fator que pode ter contribuiacutedopara este resultado desfavoraacutevel eacute o tamanho da seacuterie dedados Obteve-se para a soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km apenas fretesreferentes a 4 anos o que eacute consideravelmente pouco parase avaliar a presenccedila de comportamentos ciacuteclicos ousazonais Observou-se uma grande variabilidade nosresiacuteduos com valores extremos variando de -778 a 1144Apesar de as estimativas dos paracircmetros de trecircscomponentes harmocircnicos indicarem a princiacutepio ciclossazonais o nuacutemero reduzido de observaccedilotildees pode estarviesando este resultado

A variaacutevel tendecircncia por sua vez mostrou-sesignificativa e positiva Isso indica em termos reais que ovalor do frete para este produto e para esta distacircnciaespeciacutefica vem subindo absorvendo o impacto de variaacuteveisque interferem na formaccedilatildeo do preccedilo do frete conformerealccedilado em Correa Juacutenior et al (2001) tais como elevaccedilatildeodos custos operacionais principalmente oacuteleo diesel e

FIGURA 2 ndash Fretes real estimado e tendecircncia - Soja em rotas rodoviaacuterias no estado e fora do Paranaacute na faixa de 400-700 kmFonte Resultados da pesquisa

crescimento da demanda os preccedilos tambeacutem refletem ainsuficiecircncia da infra-estrutura pois se formam filas nosembarcadores armazeacutens e acesso e estruturas portuaacuteriaso que alonga as operaccedilotildees e onera os prestadores deserviccedilos

Como resultado da sazonalidade da demanda e afalta de uma adequada provisatildeo de logiacutestica puacuteblica(sistemas de transporte) e privada (sistemas dearmazenagem) os fretes acompanham os picos denecessidade de serviccedilos Por exemplo no Brasil nosperiacuteodos da safra os valores do frete sobem sensivelmenteem relaccedilatildeo agrave entressafra como mostrado na Tabela 4

TABELA 4 ndash Fretes rodoviaacuterios para movimentaccedilatildeo dasoja na rota Canarana (MT) - Paranaguaacute (PR) - novembrode 2004 e marccedilo de 2005

Meses R$t R$tkm Nov04 10000 0052 Mar05 15738 00818

Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

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desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

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Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

MARTINS R S et al74

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

e de difiacutecil gestatildeo dentro da logiacutestica das cadeias denegoacutecios

No caso brasileiro essas dificuldades tecircmingredientes proacuteprios considerando-se as gravesdeficiecircncias dos sistemas de transporte Via de regra opaiacutes conta com praticamente a mesma malha ferroviaacuteriapequena parcela (apenas cerca de 10) das rodovias eacutepavimentada e destas a maioria estaacute em precaacuterio estadode conservaccedilatildeo segundo levantamentos anuais feitos pelaConfederaccedilatildeo Nacional dos Transportes (CNT) asferrovias oferecem o serviccedilo lento e de poucaprodutividade na praticamente mesma malha haacute oitentaanos o desenvolvimento do potencial hidroviaacuterio eacuteprejudicado pela localizaccedilatildeo geograacutefica dos rios fora dosprincipais eixos econocircmicos e sem comunicaccedilatildeo direta como mar e pela disseminaccedilatildeo de hidroeleacutetricas sem a devidaatenccedilatildeo agrave construccedilatildeo de eclusas e o sistema portuaacuterio eacutebastante defasado tecnologicamente implicando serviccediloscaros e de baixa produtividade

Propotildee-se neste contexto analisar o processo deformaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio considerando-se as variaacuteveisdo custo da atividade e os impactos de variaacuteveisconjunturais e do mercado do serviccedilo de transporte Aanaacutelise teraacute como foco o transporte rodoviaacuterio em cadeiasdo agronegoacutecio brasileiro Por um lado o agronegoacuteciocomo um conjunto de atividades econocircmicas relevantestem respaldo nos dados agregados que produz Reardonamp Barrett (2000) contextualizaram a agroindustrializaccedilatildeocomo motivadora de alteraccedilotildees significativas dentro e forado mundo rural que podem ser observadas com ocrescimento do processamento de mateacuterias-primas deorigem agropecuaacuteria distribuiccedilatildeo dos produtos e provisatildeode insumos originados nas induacutestrias e mercados detrabalhos de maior qualificaccedilatildeo teacutecnica com mudanccedilasinstitucionais e organizacionais na relaccedilatildeo entre firmas deprocessamento de mateacuterias-primas de origem agropecuaacuteriae na coordenaccedilatildeo vertical e mudanccedilas concomitantes nosmercados

No caso brasileiro percebe-se esta formataccedilatildeo emtermos do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegoacutecio oque tambeacutem implica a importacircncia em termos da geraccedilatildeode negoacutecios de renda e de emprego a partir da produccedilatildeoagropecuaacuteria pura O agronegoacutecio brasileiro representoucerca de 30 do PIB nas duas uacuteltimas deacutecadas1 cerca de37 dos empregos e de 43 das exportaccedilotildees Aleacutem domais apesar das significativas barreiras tarifaacuterias e natildeo-tarifaacuterias enfrentadas no comeacutercio externo o agronegoacuteciobrasileiro eacute um caso de sucesso internacional poisresponde por 82 do suco de laranja distribuiacutedo no mundo

29 do accediluacutecar de cana consumido 28 do cafeacute em gratildeo44 do cafeacute soluacutevel 23 do tabaco 38 do mercadointernacional de soja e ainda eacute liacuteder mundial nasexportaccedilotildees de aacutelcool couro curtido calccedilado de couro ecarnes bovina e de frango Isso faz com que o conjunto deatividades econocircmicas que formam o agronegoacutecio decircimportantes contribuiccedilotildees ao saldo comercial externo dopaiacutes (RODRIGUES 2004)

Por outro lado o transporte rodoviaacuterio predominana matriz de distribuiccedilatildeo modal de cargas no BrasilSegundo estimativas do Ministeacuterio dos Transportes cercade 60 das cargas satildeo movimentadas pelo modalrodoviaacuterio Estimativas mais abrangentes do universo dascargas quando o universo amostral inclui mais produtosindustrializados podem elevar ainda mais a participaccedilatildeodo transporte rodoviaacuterio como por exemplo a da UFSCANTT (2004) que chegou ao patamar dos 85

Este artigo tem o objetivo de investigar evidecircnciasde variaacuteveis e importacircncia relativa de direcionadores paraa formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeias desuprimento de agronegoacutecio no paiacutes Para isso estaacuteestruturado em cinco seccedilotildees Aleacutem desta introduccedilatildeo e dacontextualizaccedilatildeo da pesquisa na proacutexima seccedilatildeo satildeodiscutidas algumas caracteriacutesticas do mercado de serviccedilosde transporte dando ecircnfase aos princiacutepios de formaccedilatildeodo preccedilo do transporte na terceira seccedilatildeo apresenta-se ametodologia adotada na pesquisa seguida pela quartaseccedilatildeo em que os resultados do trabalho empiacuterico satildeoapresentados Na quinta seccedilatildeo estatildeo relacionados osresultados e as evidecircncias obtidos na pesquisa com asnecessidades das cadeias de suprimentos assim comosugestotildees de futuros estudos sobre o tema

2 PRINCIacutePIOS NA FORMACcedilAtildeO DOPRECcedilO DO TRANSPORTE

Segundo United States of America (1995) aformaccedilatildeo do preccedilo do transporte o frete eacute bastantecomplexa pois aleacutem dos custos da atividade incorporatambeacutem fatores locais e conjunturais O valor do frete refletediretamente variaccedilotildees nos fatores que fazem variar ademanda pelo serviccedilo tais como a performance daeconomia (demanda por transporte eacute ldquodemanda derivadardquo)algumas estrateacutegias empresariais como localizaccedilatildeo gestatildeoda produccedilatildeo poliacutetica de estoques e centralizaccedilatildeo dearmazeacutens acordos internacionais de comeacutercio como oMercosul e o Nafta materiais para embalagens (inovaccedilotildeesem materiais mais leves concomitantemente a inovaccedilotildeesem compartimentos de carga) e fluxos reversos (porexemplo com a finalidade de reciclagem) Indiretamente

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 75

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

SD EEp

dD

dCt

11

reflete alteraccedilotildees que incidem sobre fatores que afetam oscustos da prestaccedilatildeo dos serviccedilos como por exemploregulaccedilatildeodesregulamentaccedilatildeo variaccedilotildees nos preccedilos doscombustiacuteveis inovaccedilotildees nos veiacuteculos e compartimentosde carga congestionamentos e limites de peso paracirculaccedilatildeo e respectivo rigor da fiscalizaccedilatildeo

Samuelson (1977) citado por Castro (2002) derivouum modelo teoacuterico simples de determinaccedilatildeo de frete para ocaso de um transportador exclusivo Supondo umcomportamento maximizador de lucros por parte domonopolista de transporte a tarifa de transporte (t) seriadada por

ou seja o transportador estabelece sua tarifa (t)como sendo igual ao custo marginal da atividade detransporte (dCdD) mais o preccedilo (p) da mercadoria vezes asoma dos inversos das elasticidades da demanda (ED) eda oferta (ES) ambas definidas como sendo positivas

Desta equaccedilatildeo Samuelson extraiu algumasdiretrizes sobre a formaccedilatildeo dos preccedilos de transporte quesatildeo1) as tarifas de transporte (t) tendem a aumentar com ovalor unitaacuterio da mercadoria transportada pois (p) temparcela direta na formaccedilatildeo do preccedilo final2) mercadorias que apresentam maior elasticidade de ofertaou de demanda tendem pagar menores tarifas de transportepois o impacto do multiplicador de (p) eacute minimizado3) as estruturas de mercado da oferta e da demanda dobem transportado tecircm efeito sobre as tarifas de transportepagas pelo bem4) quanto mais proacuteximas de uma estrutura de mercado deconcorrecircncia perfeita mais as tarifas de transporte seaproximaratildeo dos custos marginais de produccedilatildeo

Aleacutem destas diretrizes existem outras relaccedilotildees queinfluenciam a formaccedilatildeo do frete Segundo McCann (2001)as variaacuteveis ldquodistacircnciardquo e ldquoquantidade a ser movimentadardquoconjuntamente impactam as decisotildees quanto ao veiacuteculoadequado conforme a capacidade de carga e ocomportamento do frete de acordo com a distacircncia

Existe uma relaccedilatildeo aparentemente paradoxal entrecustos do transporte e frete Enquanto a curva de custoexibe um formato linear ascendente dado o custo variaacutevela relaccedilatildeo fretedistacircncia eacute decrescente produzindo umacurva de formato cocircncavo Jaacute a relaccedilatildeo fretequantidadeforma uma curva convexa com implicaccedilotildees de que oveiacuteculo de capacidade oacutetima para o transporte de cargas

tende a aumentar com o aumento da distacircncia e daquantidade e vice-versa

Essas relaccedilotildees podem ser explicadas pela ocorrecircnciade economias de escala e de distacircncia que prevalecem naformaccedilatildeo do frete

Outros estudos buscaram evidecircncias de variaacuteveisexplicativas dos fretes praticados nos mercados Em linhasgerais constata-se concentraccedilatildeo de abordagens queconsideram a distacircncia como principal fator de determinaccedilatildeode valores pois impacta dessa forma os custos variaacuteveis(quilometragem rodada) do serviccedilo independentementedo modal utilizado Correa Juacutenior et al (2001) afirmamtambeacutem que de modo geral estudos que procuramidentificar os determinantes dos fretes rodoviaacuterios satildeoprimeiramente dependentes das distacircncias eposteriormente ajustados por outros fatores

Alguns estudos estimaram coeficientes quemensuravam esta relaccedilatildeo para o caso brasileiro Castro(2002) relata os coeficientes estimados para os impactosda distacircncia na formaccedilatildeo do frete de 00366 para otransporte rodoviaacuterio de 00154 para o ferroviaacuterio e de00328 para o hidroviaacuterio Correa Juacutenior (2001) encontroucoeficiente de 0036 na formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio dasoja Teixeira Filho (2001) estimou a relaccedilatildeo frete-distacircnciapara lotes como sendo de 00135 para o modal rodoviaacuterioe de 06253 para o ferroviaacuterio

Ainda tendo por base os custos de prestaccedilatildeo deserviccedilos em parte os fretes de mercado tambeacutem refletemos investimentos realizados para a prestaccedilatildeo dos serviccedilosincorporados como custos fixos conforme asespecificidades da carga que podem implicar ativos maiscaros e cargas de maior risco ou com necessidade decuidados especiais Por exemplo os embarcadores do oacuteleode soja e de carga refrigerada exigem caminhotildees especiacuteficospara o transporte o que resulta em sunk costs (custosirrecuperaacuteveis) para o prestador do serviccedilo Os ofertantesconsideram esta necessidade e o risco associado agravepropriedade de um ativo dedicado No caso de cargassensiacuteveis que apresentam altos volumes de perdasremunera-se tambeacutem o serviccedilo mais especializado

Uma vez estabelecidos os custos baacutesicos daprestaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte o transportadorpoderaacute estar propenso segundo a concorrecircncia do mercadoe a contestabilidade (DAVIES 1986) a conceder descontosou cobrar precircmios Os descontos e precircmios podem ocorrerem situaccedilotildees tais como conforme a quantidade e afrequumlecircncia oferecidas pelo embarcador as caracteriacutesticasgeograacuteficas das rotas a probabilidade de obtenccedilatildeo de cargade retorno e a demanda global da economia os picos

(1)

MARTINS R S et al76

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

sazonais de algumas das principais cargas dentre outrosfatores

A negociaccedilatildeo eacute bastante intensa estando oembarcador preocupado com o impacto dos custos detransporte na margem proporcionada entre o custo deproduccedilatildeo e o preccedilo de mercado enquanto que para otransportador o valor miacutenimo de referecircncia para negociaccedilatildeoeacute o custo meacutedio

3 METODOLOGIA

Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisaempiacuterica de caraacuteter exploratoacuterio que procurou investigarevidecircncias do mercado para a explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo dofrete rodoviaacuterio no Brasil em cadeias do agronegoacutecioSegundo Vergara (1998) a pesquisa exploratoacuteria eacuteadequada em aacutereas de poucos conhecimentos acumuladosenquanto a compreensatildeo dos fenocircmenos ainda natildeo eacutesuficiente ou mesmo eacute inexistente O caraacuteter empiacuterico dapesquisa estaraacute apoiado em meios documentais ebibliograacuteficos

Foram usados recursos estatiacutesticos eeconomeacutetricos para a identificaccedilatildeo de comportamentossistemaacuteticos dos fretes de produtos selecionados aliadosa outras evidecircncias de mercado

31 Efeito da distacircncia no frete

Segundo a literatura teoricamente a distacircncia eacute aprincipal variaacutevel explicativa do valor do frete Por meio deregressotildees buscou-se evidenciar o poder explicativo dadistacircncia isoladamente nos fretes praticados nas regiotildees

brasileiras por faixa de distacircncias para o caso da soja emfunccedilatildeo da maior disponibilidade de dados por rota e porregiotildees brasileiras Portanto os fretes foram sistematizadospor regiotildees conforme origens e ou destinos para a soja emgratildeo A regionalizaccedilatildeo do frete buscou identificarcomportamentos diferenciados refletindo estruturas demercado e condiccedilotildees das rodovias

Os textos baacutesicos de econometria evidenciam al-gumas formas funcionais usuais que buscam explicar arelaccedilatildeo entre as variaacuteveis de interesse na questatildeo Para ocaso especifico deste estudo as variaacuteveis relevantes satildeoos fretes praticados em diferentes regiotildees ( v ) e as suasrespectivas distacircncias ( X ) Segundo Hill et al (1999) asformas funcionais usuais satildeo aquelas apresentadas naQuadro 1

32 Efeito da sazonalidade da demanda

O valor do frete pode sofrer variaccedilotildees deintensidade dependendo da eacutepoca do ano e do volumeproduto a ser transportado em razatildeo da pequenacapacidade estaacutetica para armazenagem nas propriedadescooperativas e cerealistas

A investigaccedilatildeo sobre a ocorrecircncia de sazonalidadedesenvolvida nesta pesquisa baseou-se na seacuterie temporaldo valor do frete para os produtos cafeacute soja farelo e trigopara diferentes rotas no estado do Paranaacute exclusivamentee outras que tenham localidades do estado como pontosde origem ou destino

QUADRO 1 ndash Formas funcionais alternativas para estimativas economeacutetricas

Fonte Hill et al (1999)

Tipo Modelo estatiacutestico Coeficiente angular

1 Linear eXbav iii

b

2 Reciacuteproco eXbav ii

i

1

Xb

i

2

1

3 Logariacutetmica eXbav iii lnln Xvb

i

i

4 Log-linear (Exponencial) eXbav iiiln vb i

5 Linear-log (Semi-log) eXbav iii ln Xbi

1

6 Log-inverso eXbav ii

i

1

Xb

i

2

1

7 Quadraacutetica eXcXbav iiii

2

ceb

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 77

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Y T t t ut i ii

h

i i ti

k

cos sen1 1

De maneira geral as seacuteries temporais se caracterizampor quatro componentes que determinam sua variaccedilatildeoi) tendecircncia mostra o comportamento da seacuterie em estudopodendo ser crescente decrescente ou constanteii) variaccedilatildeo sazonal mostra as flutuaccedilotildees ocorridas dentrode um ano A sazonalidade pode refletir diferentes estaccedilotildeesdo ano bem como periacuteodo de safra e entressafra dosprodutos agropecuaacuteriosiii) variaccedilotildees ciacuteclicas satildeo flutuaccedilotildees que se repetem emintervalos bem definidosiv) variaccedilotildees aleatoacuterias satildeo causadas por fatores que natildeoobedecem a nenhum criteacuterio de regularidade Podem ocorrerdevido a flutuaccedilotildees climaacuteticas guerras intervenccedilotildeesgovernamentais etc

Conforme Kavussanos amp Alizadeh-M (2002) umaseacuterie de dados eacute dita sazonal quando conteacutem componentescom comportamento sistemaacutetico dentro de determinadoperiacuteodo que podem ser reflexos de condiccedilotildees do tempocalendaacuterio comportamento dos agentes e no caso desteestudo de safras agriacutecolas

O comportamento sazonal pode ser de trecircs formasestocaacutestico determiniacutestico ou uma combinaccedilatildeo destas Asazonalidade eacute dita determiniacutestica quando o mesmocomportamento sazonal (picos e vales) repete-seperiodicamente Por sazonalidade estocaacutestica entende-sea seacuterie de dados que segue um padratildeo de comportamentoque se altera ao longo do tempo Por exemplo uma seacuterie depreccedilos que em alguns anos apresenta alta sistemaacutetica noveratildeo e que em outros anos altera esse periacuteodo de altapara o inverno (KAVUSSANOS amp ALIZADEH-M 2002)

O estudo dos elementos sazonais e ciacuteclicos foifundamentado na anaacutelise harmocircnica Segundo Hoffmann(1995) frequumlentemente a variaacutevel dependente em umaanaacutelise de regressatildeo apresenta variaccedilotildees ciacuteclicas podendoo ciclo se fechar por exemplo em um trimestre ou ano deacordo com a variaacutevel em estudo Dentro de um ciclo podemtambeacutem ocorrer variaccedilotildees estacionais relacionadasprincipalmente agraves diferentes estaccedilotildees do ano Estasvariaccedilotildees podem ser captadas utilizando-se variaacuteveisbinaacuterias ou por meio de uma anaacutelise de regressatildeo utilizandoa funccedilatildeo co-seno A partir da representaccedilatildeo de umacossenoacuteide tecircm-se os componentes harmocircnicos e estessatildeo utilizados para representar variaccedilotildees ciacuteclicas

Segundo Rojas (1996) diz-se que uma seacuterieestacionaacuteria eacute perioacutedica quando suas flutuaccedilotildees se repetemem dado intervalo de tempo As variaccedilotildees sazonais e ciacuteclicasgeralmente apresentam padrotildees de comportamento regularSe isso ocorre as seacuteries temporais podem ser expressas emforma de uma funccedilatildeo perioacutedica De acordo com o mesmo

autor uma seacuterie perioacutedica eacute composta pelo somatoacuterio deinfinitas seacuteries temporais e pode ser expressa por umafunccedilatildeo trigonomeacutetrica como mostrado na equaccedilatildeo (2)

f t mit

T

it

Ti ii

( ) cos sen2 2

1

(2)

em quem = valor meacutedio

= constantet = tempoT = variaccedilotildees ciacuteclicas Se os dados satildeo mensais T = 12

e = paracircmetros a serem estimados

Esta funccedilatildeo trigonomeacutetrica eacute caracterizada pela somade elementos harmocircnicos que satildeo representados pelo senoe co-seno de cada periacuteodo

Para estimar a tendecircncia e verificar a ocorrecircncia devariaccedilotildees estacionais no valor do frete para os diferentesprodutos foi utilizada uma funccedilatildeo perioacutedica como a que segue

(3)

em queYi = variaacutevel dependente (preccedilo meacutedio do frete paradiferentes produtos)

= termo constante da regressatildeoT= variaacutevel tendecircncia (linear)t = tempo em meses i i = paracircmetros a serem estimados eacute o paracircmetro

do componente tendecircncia e i e i satildeo paracircmetros doscomponentes sazonaisut = termo aleatoacuterio com meacutedia zero e variacircncia constantea) com T = 1 para janeiro de 1998 para a seacuterie de dadosreferentes aos produtos trigo granel em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem de 400 a 700 km trigo granel em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 km trigo emrotas que incluem pontos do Paranaacute como origem ou destinona faixa de quilometragem acima de 700 soja em rotas queincluem pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixade quilometragem acima de 700 soja em rotas no Paranaacute nafaixa de quilometragem de 0 a 200 km e soja em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 kmb) T =1 para janeiro de 1999 para a seacuterie de dados referenteao produto cafeacute e T = 1 para janeiro de 2000 para a seacuterie dedados referentes aos produtos farelo em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem acima de 700 km e soja em rotas que incluem

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem entre 400 a 700 km

Os paracircmetros do modelo (3) foram estimados peloMeacutetodo de Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO)

O teste de ocorrecircncia de sazonalidade foi feito pormeio de modelos de regressatildeo utilizando-se Proc Reg doStatistical Analysis System (SAS) e o modelo de anaacuteliseharmocircnica para determinar a amplitude e os acircngulos-fasedos preccedilos

33 Diferenccedilas regionais no frete

Foram investigadas tambeacutem ocorrecircncias dediferenciaccedilotildees dos fretes conforme regiotildees Para isso osfretes foram organizados em corredores de transporte combase em Geipot (1999) a saber- Corredor Sudeste com base no sistema troncal rodoviaacuterioe ferroviaacuterio dos estados de Satildeo Paulo e Rio de Janeiro nahidrovia Tietecirc-Paranaacute destacando-se o porto de Santos- Corredor de Paranaguaacute com base nas informaccedilotildeesrodoviaacuterias dos fretes com destino exclusivo ao porto deParanaguaacute- Corredor de Satildeo Francisco com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto de Satildeo Francisco e- Corredor do Rio Grande com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto do Rio Grande

Para todos os anos foram calculadas as meacutediasdos fretes por faixas de quilometragem tendo sido deinteresse as faixas ateacute 800 km de 801 a 1200 km e acima de1201 km

34 Influecircncia de outras variaacuteveis

Foram investigados tambeacutem se os fretes especiacuteficosdos produtos do agronegoacutecio paranaense sofreminfluecircncias de movimentaccedilotildees que ocorrem em outroscorredores e para produtos diferentes nos casos do accediluacutecarcafeacute farelo de soja milho soja e trigo Para estasinvestigaccedilotildees foi utilizado o teste de meacutedias (MERRILL ampFOX 1980) O objetivo dessa formulaccedilatildeo foi testar asignificacircncia estatiacutestica dos fretes nos diferentescorredores estudados

35 Fonte e natureza dos dados

Os fretes para estes estudos e para as evidecircnciasapresentadas neste artigo foram disponibilizados peloSistema de Fretes para Cargas Agriacutecolas ndash SIFRECA doCentro de Economia Aplicada da Escola Superior deAgricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo ndash Universidade de Satildeo Pauloque relaciona os fretes de 5500 rotas - rodoviaacuterias ferroviaacuteriashidroviaacuterias e aeroviaacuterias - no Brasil para mais de 50 cargasagriacutecolas para o periacuteodo 1998-2004 (sifrecaesalquspbr) Tais

dados foram organizados por faixa de quilometragem e ocriteacuterio de seleccedilatildeo dos produtos pesquisados foi a maiordisponibilidade de dados (rotas e seacuterie temporal)

4 RESULTADOS

41 O papel da distacircncia na formaccedilatildeo do frete

Os resultados obtidos para a estimaccedilatildeo dasdiferentes formas funcionais que relacionam valores dosfretes e distacircncia percorrida em diferentes regiotildees brasileirasno transporte rodoviaacuterio de soja satildeo apresentados na Tabela1 (Anexo) Observa-se que os modelos apresentamcoeficiente de determinaccedilatildeo 2R acima de 070 para a maioriadas formas funcionais regiotildees e distacircncias Os paracircmetrosestimados para o modelo linear apresentam valores proacuteximosaos obtidos por Castro (2002) e Correia Juacutenior (2001) nasdiferentes regiotildees e distacircncias

Entretanto natildeo foram observadas diferenccedilassignificativas entre as formas funcionais De qualquer maneirao fato de a distacircncia comportar-se como variaacutevel explicativacom significacircncia estatiacutestica para qualquer forma funcionalimplica qualificar a quilometragem como uma das variaacuteveisimportantes na formaccedilatildeo do frete Isto eacute esperado pois adistacircncia quilometragem percorrida eacute o principal paracircmetropara a formaccedilatildeo da parte variaacutevel do custo da atividade Haacuteno entanto que se ponderar que o grau de importacircncia variade acordo com as regiotildees Isso quer dizer na praacutetica que opoder de explicaccedilatildeo desta variaacutevel eacute impactado por outrassituaccedilotildees no ambiente local dos embarcadores e dosprestadores do serviccedilo que satildeo captados como custosfinanceiros ou de transaccedilatildeo possibilidades de reduccedilatildeo decustos ou a concorrecircncia entre os serviccedilos de diferentesmodais de transporte Neste contexto em particular chama aatenccedilatildeo a situaccedilatildeo comparativamente pior da regiatildeo Nordestecomo indicado na Tabela 2

Tomando-se o caso dos agronegoacutecios brasileiros(Tabela 3) observa-se que de fato maiores distacircncias implicam

TABELA 2 ndash Diferenccedilas percentuais nos valores dosinterceptos das equaccedilotildees lineares estimadas ndash Fretesrodoviaacuterios para soja ateacute 500 km (base Tabela 1)

Fonte Resultados da pesquisa

Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste

Centro-Oeste

- -2025 19 -1089

Nordeste 2539 - 2779 1173 Sul -188 -2175 - -1257 Sudeste 1222 -105 1437 -

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 79

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TABELA 3 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo dasoja novembro de 2005

Fonte sifrecaesalquspbr

A reduccedilatildeo das taxas de crescimento agrave medida que adistacircncia aumenta conforme o formato da curva (Figura 1-a) com grande ocorrecircncia de taxas de crescimento negativas(Figura 1-b) para grandes distacircncias estaacute ilustrada na Figura1 Para distacircncias superiores a 1000 km destaca-se tambeacutema ocorrecircncia de dispersatildeo do frete refletindo valoresreferentes a diferentes rotas e corredores conforme seraacuteabordado mais adiante e tambeacutem pelo domiacutenio dostransportadores autocircnomos em distacircncias maiores

42 Sazonalidade do frete

Considerando-se que os volumes da movimentaccedilatildeode soja no Brasil satildeo expressivos e que acontecem de formaconcentrada no tempo entre os meses de marccedilo a junhoos embarcadores desta carga desestabilizam o mercadode fretes Ademais nos meses de colheita aleacutem do

a Fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

FIGURA 1 ndash Comportamento dos fretes rodoviaacuterios para soja no Brasil 2000-2004 (US$t)Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Origem Destino km R$t R$tkm

Quirinoacutepolis ndash GO

Satildeo Simatildeo ndash GO

75 1300

01733

Sorriso ndash MT Santos ndash SP 2030

14800

00729

b Variaccedilatildeo percentual dos fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

maiores fretes unitaacuterios (R$t) Poreacutem pode-se tambeacutemobservar que a remuneraccedilatildeo do quilocircmetro percorrido(R$tkm) o momento do transporte caminha em trajetoacuteriainversa Este eacute o chamado princiacutepio da economia dadistacircncia anunciado teoricamente por McCann (2001)que ocorreraacute com maior ou menor intensidade conformea competiccedilatildeo e a contestabilidade dos mercados (DAVIES1986)

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Para a identificaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidadeforam feitos ajustamentos das equaccedilotildees descritas nametodologia tendo os melhores resultados sido obtidospela transformaccedilatildeo logariacutetmica Ressalte-se que os modelospara os produtos cafeacute e trigo granel para rotas que incluempontos de origem ou destino no Paranaacute para distacircnciaentre 400 e 700 km soja para distacircncia acima de 700 km e

farelo de soja para distacircncia acima de 700 km natildeo foramsignificativos a niacuteveis de significacircncia inferiores a 10 deprobabilidade

O comportamento comparativo entre o valor real eestimado para o frete da soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km encontra-se naFigura 2

Constata-se que nenhum coeficiente associado apares de componentes harmocircnicos foi significativo Nestecaso natildeo eacute possiacutevel afirmar que existam ciclos anuais nestaseacuterie de dados Um importante fator que pode ter contribuiacutedopara este resultado desfavoraacutevel eacute o tamanho da seacuterie dedados Obteve-se para a soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km apenas fretesreferentes a 4 anos o que eacute consideravelmente pouco parase avaliar a presenccedila de comportamentos ciacuteclicos ousazonais Observou-se uma grande variabilidade nosresiacuteduos com valores extremos variando de -778 a 1144Apesar de as estimativas dos paracircmetros de trecircscomponentes harmocircnicos indicarem a princiacutepio ciclossazonais o nuacutemero reduzido de observaccedilotildees pode estarviesando este resultado

A variaacutevel tendecircncia por sua vez mostrou-sesignificativa e positiva Isso indica em termos reais que ovalor do frete para este produto e para esta distacircnciaespeciacutefica vem subindo absorvendo o impacto de variaacuteveisque interferem na formaccedilatildeo do preccedilo do frete conformerealccedilado em Correa Juacutenior et al (2001) tais como elevaccedilatildeodos custos operacionais principalmente oacuteleo diesel e

FIGURA 2 ndash Fretes real estimado e tendecircncia - Soja em rotas rodoviaacuterias no estado e fora do Paranaacute na faixa de 400-700 kmFonte Resultados da pesquisa

crescimento da demanda os preccedilos tambeacutem refletem ainsuficiecircncia da infra-estrutura pois se formam filas nosembarcadores armazeacutens e acesso e estruturas portuaacuteriaso que alonga as operaccedilotildees e onera os prestadores deserviccedilos

Como resultado da sazonalidade da demanda e afalta de uma adequada provisatildeo de logiacutestica puacuteblica(sistemas de transporte) e privada (sistemas dearmazenagem) os fretes acompanham os picos denecessidade de serviccedilos Por exemplo no Brasil nosperiacuteodos da safra os valores do frete sobem sensivelmenteem relaccedilatildeo agrave entressafra como mostrado na Tabela 4

TABELA 4 ndash Fretes rodoviaacuterios para movimentaccedilatildeo dasoja na rota Canarana (MT) - Paranaguaacute (PR) - novembrode 2004 e marccedilo de 2005

Meses R$t R$tkm Nov04 10000 0052 Mar05 15738 00818

Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

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desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

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Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 75

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

SD EEp

dD

dCt

11

reflete alteraccedilotildees que incidem sobre fatores que afetam oscustos da prestaccedilatildeo dos serviccedilos como por exemploregulaccedilatildeodesregulamentaccedilatildeo variaccedilotildees nos preccedilos doscombustiacuteveis inovaccedilotildees nos veiacuteculos e compartimentosde carga congestionamentos e limites de peso paracirculaccedilatildeo e respectivo rigor da fiscalizaccedilatildeo

Samuelson (1977) citado por Castro (2002) derivouum modelo teoacuterico simples de determinaccedilatildeo de frete para ocaso de um transportador exclusivo Supondo umcomportamento maximizador de lucros por parte domonopolista de transporte a tarifa de transporte (t) seriadada por

ou seja o transportador estabelece sua tarifa (t)como sendo igual ao custo marginal da atividade detransporte (dCdD) mais o preccedilo (p) da mercadoria vezes asoma dos inversos das elasticidades da demanda (ED) eda oferta (ES) ambas definidas como sendo positivas

Desta equaccedilatildeo Samuelson extraiu algumasdiretrizes sobre a formaccedilatildeo dos preccedilos de transporte quesatildeo1) as tarifas de transporte (t) tendem a aumentar com ovalor unitaacuterio da mercadoria transportada pois (p) temparcela direta na formaccedilatildeo do preccedilo final2) mercadorias que apresentam maior elasticidade de ofertaou de demanda tendem pagar menores tarifas de transportepois o impacto do multiplicador de (p) eacute minimizado3) as estruturas de mercado da oferta e da demanda dobem transportado tecircm efeito sobre as tarifas de transportepagas pelo bem4) quanto mais proacuteximas de uma estrutura de mercado deconcorrecircncia perfeita mais as tarifas de transporte seaproximaratildeo dos custos marginais de produccedilatildeo

Aleacutem destas diretrizes existem outras relaccedilotildees queinfluenciam a formaccedilatildeo do frete Segundo McCann (2001)as variaacuteveis ldquodistacircnciardquo e ldquoquantidade a ser movimentadardquoconjuntamente impactam as decisotildees quanto ao veiacuteculoadequado conforme a capacidade de carga e ocomportamento do frete de acordo com a distacircncia

Existe uma relaccedilatildeo aparentemente paradoxal entrecustos do transporte e frete Enquanto a curva de custoexibe um formato linear ascendente dado o custo variaacutevela relaccedilatildeo fretedistacircncia eacute decrescente produzindo umacurva de formato cocircncavo Jaacute a relaccedilatildeo fretequantidadeforma uma curva convexa com implicaccedilotildees de que oveiacuteculo de capacidade oacutetima para o transporte de cargas

tende a aumentar com o aumento da distacircncia e daquantidade e vice-versa

Essas relaccedilotildees podem ser explicadas pela ocorrecircnciade economias de escala e de distacircncia que prevalecem naformaccedilatildeo do frete

Outros estudos buscaram evidecircncias de variaacuteveisexplicativas dos fretes praticados nos mercados Em linhasgerais constata-se concentraccedilatildeo de abordagens queconsideram a distacircncia como principal fator de determinaccedilatildeode valores pois impacta dessa forma os custos variaacuteveis(quilometragem rodada) do serviccedilo independentementedo modal utilizado Correa Juacutenior et al (2001) afirmamtambeacutem que de modo geral estudos que procuramidentificar os determinantes dos fretes rodoviaacuterios satildeoprimeiramente dependentes das distacircncias eposteriormente ajustados por outros fatores

Alguns estudos estimaram coeficientes quemensuravam esta relaccedilatildeo para o caso brasileiro Castro(2002) relata os coeficientes estimados para os impactosda distacircncia na formaccedilatildeo do frete de 00366 para otransporte rodoviaacuterio de 00154 para o ferroviaacuterio e de00328 para o hidroviaacuterio Correa Juacutenior (2001) encontroucoeficiente de 0036 na formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio dasoja Teixeira Filho (2001) estimou a relaccedilatildeo frete-distacircnciapara lotes como sendo de 00135 para o modal rodoviaacuterioe de 06253 para o ferroviaacuterio

Ainda tendo por base os custos de prestaccedilatildeo deserviccedilos em parte os fretes de mercado tambeacutem refletemos investimentos realizados para a prestaccedilatildeo dos serviccedilosincorporados como custos fixos conforme asespecificidades da carga que podem implicar ativos maiscaros e cargas de maior risco ou com necessidade decuidados especiais Por exemplo os embarcadores do oacuteleode soja e de carga refrigerada exigem caminhotildees especiacuteficospara o transporte o que resulta em sunk costs (custosirrecuperaacuteveis) para o prestador do serviccedilo Os ofertantesconsideram esta necessidade e o risco associado agravepropriedade de um ativo dedicado No caso de cargassensiacuteveis que apresentam altos volumes de perdasremunera-se tambeacutem o serviccedilo mais especializado

Uma vez estabelecidos os custos baacutesicos daprestaccedilatildeo dos serviccedilos de transporte o transportadorpoderaacute estar propenso segundo a concorrecircncia do mercadoe a contestabilidade (DAVIES 1986) a conceder descontosou cobrar precircmios Os descontos e precircmios podem ocorrerem situaccedilotildees tais como conforme a quantidade e afrequumlecircncia oferecidas pelo embarcador as caracteriacutesticasgeograacuteficas das rotas a probabilidade de obtenccedilatildeo de cargade retorno e a demanda global da economia os picos

(1)

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

sazonais de algumas das principais cargas dentre outrosfatores

A negociaccedilatildeo eacute bastante intensa estando oembarcador preocupado com o impacto dos custos detransporte na margem proporcionada entre o custo deproduccedilatildeo e o preccedilo de mercado enquanto que para otransportador o valor miacutenimo de referecircncia para negociaccedilatildeoeacute o custo meacutedio

3 METODOLOGIA

Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisaempiacuterica de caraacuteter exploratoacuterio que procurou investigarevidecircncias do mercado para a explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo dofrete rodoviaacuterio no Brasil em cadeias do agronegoacutecioSegundo Vergara (1998) a pesquisa exploratoacuteria eacuteadequada em aacutereas de poucos conhecimentos acumuladosenquanto a compreensatildeo dos fenocircmenos ainda natildeo eacutesuficiente ou mesmo eacute inexistente O caraacuteter empiacuterico dapesquisa estaraacute apoiado em meios documentais ebibliograacuteficos

Foram usados recursos estatiacutesticos eeconomeacutetricos para a identificaccedilatildeo de comportamentossistemaacuteticos dos fretes de produtos selecionados aliadosa outras evidecircncias de mercado

31 Efeito da distacircncia no frete

Segundo a literatura teoricamente a distacircncia eacute aprincipal variaacutevel explicativa do valor do frete Por meio deregressotildees buscou-se evidenciar o poder explicativo dadistacircncia isoladamente nos fretes praticados nas regiotildees

brasileiras por faixa de distacircncias para o caso da soja emfunccedilatildeo da maior disponibilidade de dados por rota e porregiotildees brasileiras Portanto os fretes foram sistematizadospor regiotildees conforme origens e ou destinos para a soja emgratildeo A regionalizaccedilatildeo do frete buscou identificarcomportamentos diferenciados refletindo estruturas demercado e condiccedilotildees das rodovias

Os textos baacutesicos de econometria evidenciam al-gumas formas funcionais usuais que buscam explicar arelaccedilatildeo entre as variaacuteveis de interesse na questatildeo Para ocaso especifico deste estudo as variaacuteveis relevantes satildeoos fretes praticados em diferentes regiotildees ( v ) e as suasrespectivas distacircncias ( X ) Segundo Hill et al (1999) asformas funcionais usuais satildeo aquelas apresentadas naQuadro 1

32 Efeito da sazonalidade da demanda

O valor do frete pode sofrer variaccedilotildees deintensidade dependendo da eacutepoca do ano e do volumeproduto a ser transportado em razatildeo da pequenacapacidade estaacutetica para armazenagem nas propriedadescooperativas e cerealistas

A investigaccedilatildeo sobre a ocorrecircncia de sazonalidadedesenvolvida nesta pesquisa baseou-se na seacuterie temporaldo valor do frete para os produtos cafeacute soja farelo e trigopara diferentes rotas no estado do Paranaacute exclusivamentee outras que tenham localidades do estado como pontosde origem ou destino

QUADRO 1 ndash Formas funcionais alternativas para estimativas economeacutetricas

Fonte Hill et al (1999)

Tipo Modelo estatiacutestico Coeficiente angular

1 Linear eXbav iii

b

2 Reciacuteproco eXbav ii

i

1

Xb

i

2

1

3 Logariacutetmica eXbav iii lnln Xvb

i

i

4 Log-linear (Exponencial) eXbav iiiln vb i

5 Linear-log (Semi-log) eXbav iii ln Xbi

1

6 Log-inverso eXbav ii

i

1

Xb

i

2

1

7 Quadraacutetica eXcXbav iiii

2

ceb

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Y T t t ut i ii

h

i i ti

k

cos sen1 1

De maneira geral as seacuteries temporais se caracterizampor quatro componentes que determinam sua variaccedilatildeoi) tendecircncia mostra o comportamento da seacuterie em estudopodendo ser crescente decrescente ou constanteii) variaccedilatildeo sazonal mostra as flutuaccedilotildees ocorridas dentrode um ano A sazonalidade pode refletir diferentes estaccedilotildeesdo ano bem como periacuteodo de safra e entressafra dosprodutos agropecuaacuteriosiii) variaccedilotildees ciacuteclicas satildeo flutuaccedilotildees que se repetem emintervalos bem definidosiv) variaccedilotildees aleatoacuterias satildeo causadas por fatores que natildeoobedecem a nenhum criteacuterio de regularidade Podem ocorrerdevido a flutuaccedilotildees climaacuteticas guerras intervenccedilotildeesgovernamentais etc

Conforme Kavussanos amp Alizadeh-M (2002) umaseacuterie de dados eacute dita sazonal quando conteacutem componentescom comportamento sistemaacutetico dentro de determinadoperiacuteodo que podem ser reflexos de condiccedilotildees do tempocalendaacuterio comportamento dos agentes e no caso desteestudo de safras agriacutecolas

O comportamento sazonal pode ser de trecircs formasestocaacutestico determiniacutestico ou uma combinaccedilatildeo destas Asazonalidade eacute dita determiniacutestica quando o mesmocomportamento sazonal (picos e vales) repete-seperiodicamente Por sazonalidade estocaacutestica entende-sea seacuterie de dados que segue um padratildeo de comportamentoque se altera ao longo do tempo Por exemplo uma seacuterie depreccedilos que em alguns anos apresenta alta sistemaacutetica noveratildeo e que em outros anos altera esse periacuteodo de altapara o inverno (KAVUSSANOS amp ALIZADEH-M 2002)

O estudo dos elementos sazonais e ciacuteclicos foifundamentado na anaacutelise harmocircnica Segundo Hoffmann(1995) frequumlentemente a variaacutevel dependente em umaanaacutelise de regressatildeo apresenta variaccedilotildees ciacuteclicas podendoo ciclo se fechar por exemplo em um trimestre ou ano deacordo com a variaacutevel em estudo Dentro de um ciclo podemtambeacutem ocorrer variaccedilotildees estacionais relacionadasprincipalmente agraves diferentes estaccedilotildees do ano Estasvariaccedilotildees podem ser captadas utilizando-se variaacuteveisbinaacuterias ou por meio de uma anaacutelise de regressatildeo utilizandoa funccedilatildeo co-seno A partir da representaccedilatildeo de umacossenoacuteide tecircm-se os componentes harmocircnicos e estessatildeo utilizados para representar variaccedilotildees ciacuteclicas

Segundo Rojas (1996) diz-se que uma seacuterieestacionaacuteria eacute perioacutedica quando suas flutuaccedilotildees se repetemem dado intervalo de tempo As variaccedilotildees sazonais e ciacuteclicasgeralmente apresentam padrotildees de comportamento regularSe isso ocorre as seacuteries temporais podem ser expressas emforma de uma funccedilatildeo perioacutedica De acordo com o mesmo

autor uma seacuterie perioacutedica eacute composta pelo somatoacuterio deinfinitas seacuteries temporais e pode ser expressa por umafunccedilatildeo trigonomeacutetrica como mostrado na equaccedilatildeo (2)

f t mit

T

it

Ti ii

( ) cos sen2 2

1

(2)

em quem = valor meacutedio

= constantet = tempoT = variaccedilotildees ciacuteclicas Se os dados satildeo mensais T = 12

e = paracircmetros a serem estimados

Esta funccedilatildeo trigonomeacutetrica eacute caracterizada pela somade elementos harmocircnicos que satildeo representados pelo senoe co-seno de cada periacuteodo

Para estimar a tendecircncia e verificar a ocorrecircncia devariaccedilotildees estacionais no valor do frete para os diferentesprodutos foi utilizada uma funccedilatildeo perioacutedica como a que segue

(3)

em queYi = variaacutevel dependente (preccedilo meacutedio do frete paradiferentes produtos)

= termo constante da regressatildeoT= variaacutevel tendecircncia (linear)t = tempo em meses i i = paracircmetros a serem estimados eacute o paracircmetro

do componente tendecircncia e i e i satildeo paracircmetros doscomponentes sazonaisut = termo aleatoacuterio com meacutedia zero e variacircncia constantea) com T = 1 para janeiro de 1998 para a seacuterie de dadosreferentes aos produtos trigo granel em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem de 400 a 700 km trigo granel em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 km trigo emrotas que incluem pontos do Paranaacute como origem ou destinona faixa de quilometragem acima de 700 soja em rotas queincluem pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixade quilometragem acima de 700 soja em rotas no Paranaacute nafaixa de quilometragem de 0 a 200 km e soja em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 kmb) T =1 para janeiro de 1999 para a seacuterie de dados referenteao produto cafeacute e T = 1 para janeiro de 2000 para a seacuterie dedados referentes aos produtos farelo em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem acima de 700 km e soja em rotas que incluem

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pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem entre 400 a 700 km

Os paracircmetros do modelo (3) foram estimados peloMeacutetodo de Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO)

O teste de ocorrecircncia de sazonalidade foi feito pormeio de modelos de regressatildeo utilizando-se Proc Reg doStatistical Analysis System (SAS) e o modelo de anaacuteliseharmocircnica para determinar a amplitude e os acircngulos-fasedos preccedilos

33 Diferenccedilas regionais no frete

Foram investigadas tambeacutem ocorrecircncias dediferenciaccedilotildees dos fretes conforme regiotildees Para isso osfretes foram organizados em corredores de transporte combase em Geipot (1999) a saber- Corredor Sudeste com base no sistema troncal rodoviaacuterioe ferroviaacuterio dos estados de Satildeo Paulo e Rio de Janeiro nahidrovia Tietecirc-Paranaacute destacando-se o porto de Santos- Corredor de Paranaguaacute com base nas informaccedilotildeesrodoviaacuterias dos fretes com destino exclusivo ao porto deParanaguaacute- Corredor de Satildeo Francisco com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto de Satildeo Francisco e- Corredor do Rio Grande com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto do Rio Grande

Para todos os anos foram calculadas as meacutediasdos fretes por faixas de quilometragem tendo sido deinteresse as faixas ateacute 800 km de 801 a 1200 km e acima de1201 km

34 Influecircncia de outras variaacuteveis

Foram investigados tambeacutem se os fretes especiacuteficosdos produtos do agronegoacutecio paranaense sofreminfluecircncias de movimentaccedilotildees que ocorrem em outroscorredores e para produtos diferentes nos casos do accediluacutecarcafeacute farelo de soja milho soja e trigo Para estasinvestigaccedilotildees foi utilizado o teste de meacutedias (MERRILL ampFOX 1980) O objetivo dessa formulaccedilatildeo foi testar asignificacircncia estatiacutestica dos fretes nos diferentescorredores estudados

35 Fonte e natureza dos dados

Os fretes para estes estudos e para as evidecircnciasapresentadas neste artigo foram disponibilizados peloSistema de Fretes para Cargas Agriacutecolas ndash SIFRECA doCentro de Economia Aplicada da Escola Superior deAgricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo ndash Universidade de Satildeo Pauloque relaciona os fretes de 5500 rotas - rodoviaacuterias ferroviaacuteriashidroviaacuterias e aeroviaacuterias - no Brasil para mais de 50 cargasagriacutecolas para o periacuteodo 1998-2004 (sifrecaesalquspbr) Tais

dados foram organizados por faixa de quilometragem e ocriteacuterio de seleccedilatildeo dos produtos pesquisados foi a maiordisponibilidade de dados (rotas e seacuterie temporal)

4 RESULTADOS

41 O papel da distacircncia na formaccedilatildeo do frete

Os resultados obtidos para a estimaccedilatildeo dasdiferentes formas funcionais que relacionam valores dosfretes e distacircncia percorrida em diferentes regiotildees brasileirasno transporte rodoviaacuterio de soja satildeo apresentados na Tabela1 (Anexo) Observa-se que os modelos apresentamcoeficiente de determinaccedilatildeo 2R acima de 070 para a maioriadas formas funcionais regiotildees e distacircncias Os paracircmetrosestimados para o modelo linear apresentam valores proacuteximosaos obtidos por Castro (2002) e Correia Juacutenior (2001) nasdiferentes regiotildees e distacircncias

Entretanto natildeo foram observadas diferenccedilassignificativas entre as formas funcionais De qualquer maneirao fato de a distacircncia comportar-se como variaacutevel explicativacom significacircncia estatiacutestica para qualquer forma funcionalimplica qualificar a quilometragem como uma das variaacuteveisimportantes na formaccedilatildeo do frete Isto eacute esperado pois adistacircncia quilometragem percorrida eacute o principal paracircmetropara a formaccedilatildeo da parte variaacutevel do custo da atividade Haacuteno entanto que se ponderar que o grau de importacircncia variade acordo com as regiotildees Isso quer dizer na praacutetica que opoder de explicaccedilatildeo desta variaacutevel eacute impactado por outrassituaccedilotildees no ambiente local dos embarcadores e dosprestadores do serviccedilo que satildeo captados como custosfinanceiros ou de transaccedilatildeo possibilidades de reduccedilatildeo decustos ou a concorrecircncia entre os serviccedilos de diferentesmodais de transporte Neste contexto em particular chama aatenccedilatildeo a situaccedilatildeo comparativamente pior da regiatildeo Nordestecomo indicado na Tabela 2

Tomando-se o caso dos agronegoacutecios brasileiros(Tabela 3) observa-se que de fato maiores distacircncias implicam

TABELA 2 ndash Diferenccedilas percentuais nos valores dosinterceptos das equaccedilotildees lineares estimadas ndash Fretesrodoviaacuterios para soja ateacute 500 km (base Tabela 1)

Fonte Resultados da pesquisa

Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste

Centro-Oeste

- -2025 19 -1089

Nordeste 2539 - 2779 1173 Sul -188 -2175 - -1257 Sudeste 1222 -105 1437 -

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TABELA 3 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo dasoja novembro de 2005

Fonte sifrecaesalquspbr

A reduccedilatildeo das taxas de crescimento agrave medida que adistacircncia aumenta conforme o formato da curva (Figura 1-a) com grande ocorrecircncia de taxas de crescimento negativas(Figura 1-b) para grandes distacircncias estaacute ilustrada na Figura1 Para distacircncias superiores a 1000 km destaca-se tambeacutema ocorrecircncia de dispersatildeo do frete refletindo valoresreferentes a diferentes rotas e corredores conforme seraacuteabordado mais adiante e tambeacutem pelo domiacutenio dostransportadores autocircnomos em distacircncias maiores

42 Sazonalidade do frete

Considerando-se que os volumes da movimentaccedilatildeode soja no Brasil satildeo expressivos e que acontecem de formaconcentrada no tempo entre os meses de marccedilo a junhoos embarcadores desta carga desestabilizam o mercadode fretes Ademais nos meses de colheita aleacutem do

a Fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

FIGURA 1 ndash Comportamento dos fretes rodoviaacuterios para soja no Brasil 2000-2004 (US$t)Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Origem Destino km R$t R$tkm

Quirinoacutepolis ndash GO

Satildeo Simatildeo ndash GO

75 1300

01733

Sorriso ndash MT Santos ndash SP 2030

14800

00729

b Variaccedilatildeo percentual dos fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

maiores fretes unitaacuterios (R$t) Poreacutem pode-se tambeacutemobservar que a remuneraccedilatildeo do quilocircmetro percorrido(R$tkm) o momento do transporte caminha em trajetoacuteriainversa Este eacute o chamado princiacutepio da economia dadistacircncia anunciado teoricamente por McCann (2001)que ocorreraacute com maior ou menor intensidade conformea competiccedilatildeo e a contestabilidade dos mercados (DAVIES1986)

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Para a identificaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidadeforam feitos ajustamentos das equaccedilotildees descritas nametodologia tendo os melhores resultados sido obtidospela transformaccedilatildeo logariacutetmica Ressalte-se que os modelospara os produtos cafeacute e trigo granel para rotas que incluempontos de origem ou destino no Paranaacute para distacircnciaentre 400 e 700 km soja para distacircncia acima de 700 km e

farelo de soja para distacircncia acima de 700 km natildeo foramsignificativos a niacuteveis de significacircncia inferiores a 10 deprobabilidade

O comportamento comparativo entre o valor real eestimado para o frete da soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km encontra-se naFigura 2

Constata-se que nenhum coeficiente associado apares de componentes harmocircnicos foi significativo Nestecaso natildeo eacute possiacutevel afirmar que existam ciclos anuais nestaseacuterie de dados Um importante fator que pode ter contribuiacutedopara este resultado desfavoraacutevel eacute o tamanho da seacuterie dedados Obteve-se para a soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km apenas fretesreferentes a 4 anos o que eacute consideravelmente pouco parase avaliar a presenccedila de comportamentos ciacuteclicos ousazonais Observou-se uma grande variabilidade nosresiacuteduos com valores extremos variando de -778 a 1144Apesar de as estimativas dos paracircmetros de trecircscomponentes harmocircnicos indicarem a princiacutepio ciclossazonais o nuacutemero reduzido de observaccedilotildees pode estarviesando este resultado

A variaacutevel tendecircncia por sua vez mostrou-sesignificativa e positiva Isso indica em termos reais que ovalor do frete para este produto e para esta distacircnciaespeciacutefica vem subindo absorvendo o impacto de variaacuteveisque interferem na formaccedilatildeo do preccedilo do frete conformerealccedilado em Correa Juacutenior et al (2001) tais como elevaccedilatildeodos custos operacionais principalmente oacuteleo diesel e

FIGURA 2 ndash Fretes real estimado e tendecircncia - Soja em rotas rodoviaacuterias no estado e fora do Paranaacute na faixa de 400-700 kmFonte Resultados da pesquisa

crescimento da demanda os preccedilos tambeacutem refletem ainsuficiecircncia da infra-estrutura pois se formam filas nosembarcadores armazeacutens e acesso e estruturas portuaacuteriaso que alonga as operaccedilotildees e onera os prestadores deserviccedilos

Como resultado da sazonalidade da demanda e afalta de uma adequada provisatildeo de logiacutestica puacuteblica(sistemas de transporte) e privada (sistemas dearmazenagem) os fretes acompanham os picos denecessidade de serviccedilos Por exemplo no Brasil nosperiacuteodos da safra os valores do frete sobem sensivelmenteem relaccedilatildeo agrave entressafra como mostrado na Tabela 4

TABELA 4 ndash Fretes rodoviaacuterios para movimentaccedilatildeo dasoja na rota Canarana (MT) - Paranaguaacute (PR) - novembrode 2004 e marccedilo de 2005

Meses R$t R$tkm Nov04 10000 0052 Mar05 15738 00818

Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 81

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

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Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

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sazonais de algumas das principais cargas dentre outrosfatores

A negociaccedilatildeo eacute bastante intensa estando oembarcador preocupado com o impacto dos custos detransporte na margem proporcionada entre o custo deproduccedilatildeo e o preccedilo de mercado enquanto que para otransportador o valor miacutenimo de referecircncia para negociaccedilatildeoeacute o custo meacutedio

3 METODOLOGIA

Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisaempiacuterica de caraacuteter exploratoacuterio que procurou investigarevidecircncias do mercado para a explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo dofrete rodoviaacuterio no Brasil em cadeias do agronegoacutecioSegundo Vergara (1998) a pesquisa exploratoacuteria eacuteadequada em aacutereas de poucos conhecimentos acumuladosenquanto a compreensatildeo dos fenocircmenos ainda natildeo eacutesuficiente ou mesmo eacute inexistente O caraacuteter empiacuterico dapesquisa estaraacute apoiado em meios documentais ebibliograacuteficos

Foram usados recursos estatiacutesticos eeconomeacutetricos para a identificaccedilatildeo de comportamentossistemaacuteticos dos fretes de produtos selecionados aliadosa outras evidecircncias de mercado

31 Efeito da distacircncia no frete

Segundo a literatura teoricamente a distacircncia eacute aprincipal variaacutevel explicativa do valor do frete Por meio deregressotildees buscou-se evidenciar o poder explicativo dadistacircncia isoladamente nos fretes praticados nas regiotildees

brasileiras por faixa de distacircncias para o caso da soja emfunccedilatildeo da maior disponibilidade de dados por rota e porregiotildees brasileiras Portanto os fretes foram sistematizadospor regiotildees conforme origens e ou destinos para a soja emgratildeo A regionalizaccedilatildeo do frete buscou identificarcomportamentos diferenciados refletindo estruturas demercado e condiccedilotildees das rodovias

Os textos baacutesicos de econometria evidenciam al-gumas formas funcionais usuais que buscam explicar arelaccedilatildeo entre as variaacuteveis de interesse na questatildeo Para ocaso especifico deste estudo as variaacuteveis relevantes satildeoos fretes praticados em diferentes regiotildees ( v ) e as suasrespectivas distacircncias ( X ) Segundo Hill et al (1999) asformas funcionais usuais satildeo aquelas apresentadas naQuadro 1

32 Efeito da sazonalidade da demanda

O valor do frete pode sofrer variaccedilotildees deintensidade dependendo da eacutepoca do ano e do volumeproduto a ser transportado em razatildeo da pequenacapacidade estaacutetica para armazenagem nas propriedadescooperativas e cerealistas

A investigaccedilatildeo sobre a ocorrecircncia de sazonalidadedesenvolvida nesta pesquisa baseou-se na seacuterie temporaldo valor do frete para os produtos cafeacute soja farelo e trigopara diferentes rotas no estado do Paranaacute exclusivamentee outras que tenham localidades do estado como pontosde origem ou destino

QUADRO 1 ndash Formas funcionais alternativas para estimativas economeacutetricas

Fonte Hill et al (1999)

Tipo Modelo estatiacutestico Coeficiente angular

1 Linear eXbav iii

b

2 Reciacuteproco eXbav ii

i

1

Xb

i

2

1

3 Logariacutetmica eXbav iii lnln Xvb

i

i

4 Log-linear (Exponencial) eXbav iiiln vb i

5 Linear-log (Semi-log) eXbav iii ln Xbi

1

6 Log-inverso eXbav ii

i

1

Xb

i

2

1

7 Quadraacutetica eXcXbav iiii

2

ceb

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 77

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h

i i ti

k

cos sen1 1

De maneira geral as seacuteries temporais se caracterizampor quatro componentes que determinam sua variaccedilatildeoi) tendecircncia mostra o comportamento da seacuterie em estudopodendo ser crescente decrescente ou constanteii) variaccedilatildeo sazonal mostra as flutuaccedilotildees ocorridas dentrode um ano A sazonalidade pode refletir diferentes estaccedilotildeesdo ano bem como periacuteodo de safra e entressafra dosprodutos agropecuaacuteriosiii) variaccedilotildees ciacuteclicas satildeo flutuaccedilotildees que se repetem emintervalos bem definidosiv) variaccedilotildees aleatoacuterias satildeo causadas por fatores que natildeoobedecem a nenhum criteacuterio de regularidade Podem ocorrerdevido a flutuaccedilotildees climaacuteticas guerras intervenccedilotildeesgovernamentais etc

Conforme Kavussanos amp Alizadeh-M (2002) umaseacuterie de dados eacute dita sazonal quando conteacutem componentescom comportamento sistemaacutetico dentro de determinadoperiacuteodo que podem ser reflexos de condiccedilotildees do tempocalendaacuterio comportamento dos agentes e no caso desteestudo de safras agriacutecolas

O comportamento sazonal pode ser de trecircs formasestocaacutestico determiniacutestico ou uma combinaccedilatildeo destas Asazonalidade eacute dita determiniacutestica quando o mesmocomportamento sazonal (picos e vales) repete-seperiodicamente Por sazonalidade estocaacutestica entende-sea seacuterie de dados que segue um padratildeo de comportamentoque se altera ao longo do tempo Por exemplo uma seacuterie depreccedilos que em alguns anos apresenta alta sistemaacutetica noveratildeo e que em outros anos altera esse periacuteodo de altapara o inverno (KAVUSSANOS amp ALIZADEH-M 2002)

O estudo dos elementos sazonais e ciacuteclicos foifundamentado na anaacutelise harmocircnica Segundo Hoffmann(1995) frequumlentemente a variaacutevel dependente em umaanaacutelise de regressatildeo apresenta variaccedilotildees ciacuteclicas podendoo ciclo se fechar por exemplo em um trimestre ou ano deacordo com a variaacutevel em estudo Dentro de um ciclo podemtambeacutem ocorrer variaccedilotildees estacionais relacionadasprincipalmente agraves diferentes estaccedilotildees do ano Estasvariaccedilotildees podem ser captadas utilizando-se variaacuteveisbinaacuterias ou por meio de uma anaacutelise de regressatildeo utilizandoa funccedilatildeo co-seno A partir da representaccedilatildeo de umacossenoacuteide tecircm-se os componentes harmocircnicos e estessatildeo utilizados para representar variaccedilotildees ciacuteclicas

Segundo Rojas (1996) diz-se que uma seacuterieestacionaacuteria eacute perioacutedica quando suas flutuaccedilotildees se repetemem dado intervalo de tempo As variaccedilotildees sazonais e ciacuteclicasgeralmente apresentam padrotildees de comportamento regularSe isso ocorre as seacuteries temporais podem ser expressas emforma de uma funccedilatildeo perioacutedica De acordo com o mesmo

autor uma seacuterie perioacutedica eacute composta pelo somatoacuterio deinfinitas seacuteries temporais e pode ser expressa por umafunccedilatildeo trigonomeacutetrica como mostrado na equaccedilatildeo (2)

f t mit

T

it

Ti ii

( ) cos sen2 2

1

(2)

em quem = valor meacutedio

= constantet = tempoT = variaccedilotildees ciacuteclicas Se os dados satildeo mensais T = 12

e = paracircmetros a serem estimados

Esta funccedilatildeo trigonomeacutetrica eacute caracterizada pela somade elementos harmocircnicos que satildeo representados pelo senoe co-seno de cada periacuteodo

Para estimar a tendecircncia e verificar a ocorrecircncia devariaccedilotildees estacionais no valor do frete para os diferentesprodutos foi utilizada uma funccedilatildeo perioacutedica como a que segue

(3)

em queYi = variaacutevel dependente (preccedilo meacutedio do frete paradiferentes produtos)

= termo constante da regressatildeoT= variaacutevel tendecircncia (linear)t = tempo em meses i i = paracircmetros a serem estimados eacute o paracircmetro

do componente tendecircncia e i e i satildeo paracircmetros doscomponentes sazonaisut = termo aleatoacuterio com meacutedia zero e variacircncia constantea) com T = 1 para janeiro de 1998 para a seacuterie de dadosreferentes aos produtos trigo granel em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem de 400 a 700 km trigo granel em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 km trigo emrotas que incluem pontos do Paranaacute como origem ou destinona faixa de quilometragem acima de 700 soja em rotas queincluem pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixade quilometragem acima de 700 soja em rotas no Paranaacute nafaixa de quilometragem de 0 a 200 km e soja em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 kmb) T =1 para janeiro de 1999 para a seacuterie de dados referenteao produto cafeacute e T = 1 para janeiro de 2000 para a seacuterie dedados referentes aos produtos farelo em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem acima de 700 km e soja em rotas que incluem

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pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem entre 400 a 700 km

Os paracircmetros do modelo (3) foram estimados peloMeacutetodo de Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO)

O teste de ocorrecircncia de sazonalidade foi feito pormeio de modelos de regressatildeo utilizando-se Proc Reg doStatistical Analysis System (SAS) e o modelo de anaacuteliseharmocircnica para determinar a amplitude e os acircngulos-fasedos preccedilos

33 Diferenccedilas regionais no frete

Foram investigadas tambeacutem ocorrecircncias dediferenciaccedilotildees dos fretes conforme regiotildees Para isso osfretes foram organizados em corredores de transporte combase em Geipot (1999) a saber- Corredor Sudeste com base no sistema troncal rodoviaacuterioe ferroviaacuterio dos estados de Satildeo Paulo e Rio de Janeiro nahidrovia Tietecirc-Paranaacute destacando-se o porto de Santos- Corredor de Paranaguaacute com base nas informaccedilotildeesrodoviaacuterias dos fretes com destino exclusivo ao porto deParanaguaacute- Corredor de Satildeo Francisco com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto de Satildeo Francisco e- Corredor do Rio Grande com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto do Rio Grande

Para todos os anos foram calculadas as meacutediasdos fretes por faixas de quilometragem tendo sido deinteresse as faixas ateacute 800 km de 801 a 1200 km e acima de1201 km

34 Influecircncia de outras variaacuteveis

Foram investigados tambeacutem se os fretes especiacuteficosdos produtos do agronegoacutecio paranaense sofreminfluecircncias de movimentaccedilotildees que ocorrem em outroscorredores e para produtos diferentes nos casos do accediluacutecarcafeacute farelo de soja milho soja e trigo Para estasinvestigaccedilotildees foi utilizado o teste de meacutedias (MERRILL ampFOX 1980) O objetivo dessa formulaccedilatildeo foi testar asignificacircncia estatiacutestica dos fretes nos diferentescorredores estudados

35 Fonte e natureza dos dados

Os fretes para estes estudos e para as evidecircnciasapresentadas neste artigo foram disponibilizados peloSistema de Fretes para Cargas Agriacutecolas ndash SIFRECA doCentro de Economia Aplicada da Escola Superior deAgricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo ndash Universidade de Satildeo Pauloque relaciona os fretes de 5500 rotas - rodoviaacuterias ferroviaacuteriashidroviaacuterias e aeroviaacuterias - no Brasil para mais de 50 cargasagriacutecolas para o periacuteodo 1998-2004 (sifrecaesalquspbr) Tais

dados foram organizados por faixa de quilometragem e ocriteacuterio de seleccedilatildeo dos produtos pesquisados foi a maiordisponibilidade de dados (rotas e seacuterie temporal)

4 RESULTADOS

41 O papel da distacircncia na formaccedilatildeo do frete

Os resultados obtidos para a estimaccedilatildeo dasdiferentes formas funcionais que relacionam valores dosfretes e distacircncia percorrida em diferentes regiotildees brasileirasno transporte rodoviaacuterio de soja satildeo apresentados na Tabela1 (Anexo) Observa-se que os modelos apresentamcoeficiente de determinaccedilatildeo 2R acima de 070 para a maioriadas formas funcionais regiotildees e distacircncias Os paracircmetrosestimados para o modelo linear apresentam valores proacuteximosaos obtidos por Castro (2002) e Correia Juacutenior (2001) nasdiferentes regiotildees e distacircncias

Entretanto natildeo foram observadas diferenccedilassignificativas entre as formas funcionais De qualquer maneirao fato de a distacircncia comportar-se como variaacutevel explicativacom significacircncia estatiacutestica para qualquer forma funcionalimplica qualificar a quilometragem como uma das variaacuteveisimportantes na formaccedilatildeo do frete Isto eacute esperado pois adistacircncia quilometragem percorrida eacute o principal paracircmetropara a formaccedilatildeo da parte variaacutevel do custo da atividade Haacuteno entanto que se ponderar que o grau de importacircncia variade acordo com as regiotildees Isso quer dizer na praacutetica que opoder de explicaccedilatildeo desta variaacutevel eacute impactado por outrassituaccedilotildees no ambiente local dos embarcadores e dosprestadores do serviccedilo que satildeo captados como custosfinanceiros ou de transaccedilatildeo possibilidades de reduccedilatildeo decustos ou a concorrecircncia entre os serviccedilos de diferentesmodais de transporte Neste contexto em particular chama aatenccedilatildeo a situaccedilatildeo comparativamente pior da regiatildeo Nordestecomo indicado na Tabela 2

Tomando-se o caso dos agronegoacutecios brasileiros(Tabela 3) observa-se que de fato maiores distacircncias implicam

TABELA 2 ndash Diferenccedilas percentuais nos valores dosinterceptos das equaccedilotildees lineares estimadas ndash Fretesrodoviaacuterios para soja ateacute 500 km (base Tabela 1)

Fonte Resultados da pesquisa

Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste

Centro-Oeste

- -2025 19 -1089

Nordeste 2539 - 2779 1173 Sul -188 -2175 - -1257 Sudeste 1222 -105 1437 -

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 79

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TABELA 3 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo dasoja novembro de 2005

Fonte sifrecaesalquspbr

A reduccedilatildeo das taxas de crescimento agrave medida que adistacircncia aumenta conforme o formato da curva (Figura 1-a) com grande ocorrecircncia de taxas de crescimento negativas(Figura 1-b) para grandes distacircncias estaacute ilustrada na Figura1 Para distacircncias superiores a 1000 km destaca-se tambeacutema ocorrecircncia de dispersatildeo do frete refletindo valoresreferentes a diferentes rotas e corredores conforme seraacuteabordado mais adiante e tambeacutem pelo domiacutenio dostransportadores autocircnomos em distacircncias maiores

42 Sazonalidade do frete

Considerando-se que os volumes da movimentaccedilatildeode soja no Brasil satildeo expressivos e que acontecem de formaconcentrada no tempo entre os meses de marccedilo a junhoos embarcadores desta carga desestabilizam o mercadode fretes Ademais nos meses de colheita aleacutem do

a Fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

FIGURA 1 ndash Comportamento dos fretes rodoviaacuterios para soja no Brasil 2000-2004 (US$t)Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Origem Destino km R$t R$tkm

Quirinoacutepolis ndash GO

Satildeo Simatildeo ndash GO

75 1300

01733

Sorriso ndash MT Santos ndash SP 2030

14800

00729

b Variaccedilatildeo percentual dos fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

maiores fretes unitaacuterios (R$t) Poreacutem pode-se tambeacutemobservar que a remuneraccedilatildeo do quilocircmetro percorrido(R$tkm) o momento do transporte caminha em trajetoacuteriainversa Este eacute o chamado princiacutepio da economia dadistacircncia anunciado teoricamente por McCann (2001)que ocorreraacute com maior ou menor intensidade conformea competiccedilatildeo e a contestabilidade dos mercados (DAVIES1986)

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Para a identificaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidadeforam feitos ajustamentos das equaccedilotildees descritas nametodologia tendo os melhores resultados sido obtidospela transformaccedilatildeo logariacutetmica Ressalte-se que os modelospara os produtos cafeacute e trigo granel para rotas que incluempontos de origem ou destino no Paranaacute para distacircnciaentre 400 e 700 km soja para distacircncia acima de 700 km e

farelo de soja para distacircncia acima de 700 km natildeo foramsignificativos a niacuteveis de significacircncia inferiores a 10 deprobabilidade

O comportamento comparativo entre o valor real eestimado para o frete da soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km encontra-se naFigura 2

Constata-se que nenhum coeficiente associado apares de componentes harmocircnicos foi significativo Nestecaso natildeo eacute possiacutevel afirmar que existam ciclos anuais nestaseacuterie de dados Um importante fator que pode ter contribuiacutedopara este resultado desfavoraacutevel eacute o tamanho da seacuterie dedados Obteve-se para a soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km apenas fretesreferentes a 4 anos o que eacute consideravelmente pouco parase avaliar a presenccedila de comportamentos ciacuteclicos ousazonais Observou-se uma grande variabilidade nosresiacuteduos com valores extremos variando de -778 a 1144Apesar de as estimativas dos paracircmetros de trecircscomponentes harmocircnicos indicarem a princiacutepio ciclossazonais o nuacutemero reduzido de observaccedilotildees pode estarviesando este resultado

A variaacutevel tendecircncia por sua vez mostrou-sesignificativa e positiva Isso indica em termos reais que ovalor do frete para este produto e para esta distacircnciaespeciacutefica vem subindo absorvendo o impacto de variaacuteveisque interferem na formaccedilatildeo do preccedilo do frete conformerealccedilado em Correa Juacutenior et al (2001) tais como elevaccedilatildeodos custos operacionais principalmente oacuteleo diesel e

FIGURA 2 ndash Fretes real estimado e tendecircncia - Soja em rotas rodoviaacuterias no estado e fora do Paranaacute na faixa de 400-700 kmFonte Resultados da pesquisa

crescimento da demanda os preccedilos tambeacutem refletem ainsuficiecircncia da infra-estrutura pois se formam filas nosembarcadores armazeacutens e acesso e estruturas portuaacuteriaso que alonga as operaccedilotildees e onera os prestadores deserviccedilos

Como resultado da sazonalidade da demanda e afalta de uma adequada provisatildeo de logiacutestica puacuteblica(sistemas de transporte) e privada (sistemas dearmazenagem) os fretes acompanham os picos denecessidade de serviccedilos Por exemplo no Brasil nosperiacuteodos da safra os valores do frete sobem sensivelmenteem relaccedilatildeo agrave entressafra como mostrado na Tabela 4

TABELA 4 ndash Fretes rodoviaacuterios para movimentaccedilatildeo dasoja na rota Canarana (MT) - Paranaguaacute (PR) - novembrode 2004 e marccedilo de 2005

Meses R$t R$tkm Nov04 10000 0052 Mar05 15738 00818

Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

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desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

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Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 77

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Y T t t ut i ii

h

i i ti

k

cos sen1 1

De maneira geral as seacuteries temporais se caracterizampor quatro componentes que determinam sua variaccedilatildeoi) tendecircncia mostra o comportamento da seacuterie em estudopodendo ser crescente decrescente ou constanteii) variaccedilatildeo sazonal mostra as flutuaccedilotildees ocorridas dentrode um ano A sazonalidade pode refletir diferentes estaccedilotildeesdo ano bem como periacuteodo de safra e entressafra dosprodutos agropecuaacuteriosiii) variaccedilotildees ciacuteclicas satildeo flutuaccedilotildees que se repetem emintervalos bem definidosiv) variaccedilotildees aleatoacuterias satildeo causadas por fatores que natildeoobedecem a nenhum criteacuterio de regularidade Podem ocorrerdevido a flutuaccedilotildees climaacuteticas guerras intervenccedilotildeesgovernamentais etc

Conforme Kavussanos amp Alizadeh-M (2002) umaseacuterie de dados eacute dita sazonal quando conteacutem componentescom comportamento sistemaacutetico dentro de determinadoperiacuteodo que podem ser reflexos de condiccedilotildees do tempocalendaacuterio comportamento dos agentes e no caso desteestudo de safras agriacutecolas

O comportamento sazonal pode ser de trecircs formasestocaacutestico determiniacutestico ou uma combinaccedilatildeo destas Asazonalidade eacute dita determiniacutestica quando o mesmocomportamento sazonal (picos e vales) repete-seperiodicamente Por sazonalidade estocaacutestica entende-sea seacuterie de dados que segue um padratildeo de comportamentoque se altera ao longo do tempo Por exemplo uma seacuterie depreccedilos que em alguns anos apresenta alta sistemaacutetica noveratildeo e que em outros anos altera esse periacuteodo de altapara o inverno (KAVUSSANOS amp ALIZADEH-M 2002)

O estudo dos elementos sazonais e ciacuteclicos foifundamentado na anaacutelise harmocircnica Segundo Hoffmann(1995) frequumlentemente a variaacutevel dependente em umaanaacutelise de regressatildeo apresenta variaccedilotildees ciacuteclicas podendoo ciclo se fechar por exemplo em um trimestre ou ano deacordo com a variaacutevel em estudo Dentro de um ciclo podemtambeacutem ocorrer variaccedilotildees estacionais relacionadasprincipalmente agraves diferentes estaccedilotildees do ano Estasvariaccedilotildees podem ser captadas utilizando-se variaacuteveisbinaacuterias ou por meio de uma anaacutelise de regressatildeo utilizandoa funccedilatildeo co-seno A partir da representaccedilatildeo de umacossenoacuteide tecircm-se os componentes harmocircnicos e estessatildeo utilizados para representar variaccedilotildees ciacuteclicas

Segundo Rojas (1996) diz-se que uma seacuterieestacionaacuteria eacute perioacutedica quando suas flutuaccedilotildees se repetemem dado intervalo de tempo As variaccedilotildees sazonais e ciacuteclicasgeralmente apresentam padrotildees de comportamento regularSe isso ocorre as seacuteries temporais podem ser expressas emforma de uma funccedilatildeo perioacutedica De acordo com o mesmo

autor uma seacuterie perioacutedica eacute composta pelo somatoacuterio deinfinitas seacuteries temporais e pode ser expressa por umafunccedilatildeo trigonomeacutetrica como mostrado na equaccedilatildeo (2)

f t mit

T

it

Ti ii

( ) cos sen2 2

1

(2)

em quem = valor meacutedio

= constantet = tempoT = variaccedilotildees ciacuteclicas Se os dados satildeo mensais T = 12

e = paracircmetros a serem estimados

Esta funccedilatildeo trigonomeacutetrica eacute caracterizada pela somade elementos harmocircnicos que satildeo representados pelo senoe co-seno de cada periacuteodo

Para estimar a tendecircncia e verificar a ocorrecircncia devariaccedilotildees estacionais no valor do frete para os diferentesprodutos foi utilizada uma funccedilatildeo perioacutedica como a que segue

(3)

em queYi = variaacutevel dependente (preccedilo meacutedio do frete paradiferentes produtos)

= termo constante da regressatildeoT= variaacutevel tendecircncia (linear)t = tempo em meses i i = paracircmetros a serem estimados eacute o paracircmetro

do componente tendecircncia e i e i satildeo paracircmetros doscomponentes sazonaisut = termo aleatoacuterio com meacutedia zero e variacircncia constantea) com T = 1 para janeiro de 1998 para a seacuterie de dadosreferentes aos produtos trigo granel em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem de 400 a 700 km trigo granel em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 km trigo emrotas que incluem pontos do Paranaacute como origem ou destinona faixa de quilometragem acima de 700 soja em rotas queincluem pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixade quilometragem acima de 700 soja em rotas no Paranaacute nafaixa de quilometragem de 0 a 200 km e soja em rotas noParanaacute na faixa de quilometragem de 200 a 400 kmb) T =1 para janeiro de 1999 para a seacuterie de dados referenteao produto cafeacute e T = 1 para janeiro de 2000 para a seacuterie dedados referentes aos produtos farelo em rotas que incluempontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem acima de 700 km e soja em rotas que incluem

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem entre 400 a 700 km

Os paracircmetros do modelo (3) foram estimados peloMeacutetodo de Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO)

O teste de ocorrecircncia de sazonalidade foi feito pormeio de modelos de regressatildeo utilizando-se Proc Reg doStatistical Analysis System (SAS) e o modelo de anaacuteliseharmocircnica para determinar a amplitude e os acircngulos-fasedos preccedilos

33 Diferenccedilas regionais no frete

Foram investigadas tambeacutem ocorrecircncias dediferenciaccedilotildees dos fretes conforme regiotildees Para isso osfretes foram organizados em corredores de transporte combase em Geipot (1999) a saber- Corredor Sudeste com base no sistema troncal rodoviaacuterioe ferroviaacuterio dos estados de Satildeo Paulo e Rio de Janeiro nahidrovia Tietecirc-Paranaacute destacando-se o porto de Santos- Corredor de Paranaguaacute com base nas informaccedilotildeesrodoviaacuterias dos fretes com destino exclusivo ao porto deParanaguaacute- Corredor de Satildeo Francisco com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto de Satildeo Francisco e- Corredor do Rio Grande com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto do Rio Grande

Para todos os anos foram calculadas as meacutediasdos fretes por faixas de quilometragem tendo sido deinteresse as faixas ateacute 800 km de 801 a 1200 km e acima de1201 km

34 Influecircncia de outras variaacuteveis

Foram investigados tambeacutem se os fretes especiacuteficosdos produtos do agronegoacutecio paranaense sofreminfluecircncias de movimentaccedilotildees que ocorrem em outroscorredores e para produtos diferentes nos casos do accediluacutecarcafeacute farelo de soja milho soja e trigo Para estasinvestigaccedilotildees foi utilizado o teste de meacutedias (MERRILL ampFOX 1980) O objetivo dessa formulaccedilatildeo foi testar asignificacircncia estatiacutestica dos fretes nos diferentescorredores estudados

35 Fonte e natureza dos dados

Os fretes para estes estudos e para as evidecircnciasapresentadas neste artigo foram disponibilizados peloSistema de Fretes para Cargas Agriacutecolas ndash SIFRECA doCentro de Economia Aplicada da Escola Superior deAgricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo ndash Universidade de Satildeo Pauloque relaciona os fretes de 5500 rotas - rodoviaacuterias ferroviaacuteriashidroviaacuterias e aeroviaacuterias - no Brasil para mais de 50 cargasagriacutecolas para o periacuteodo 1998-2004 (sifrecaesalquspbr) Tais

dados foram organizados por faixa de quilometragem e ocriteacuterio de seleccedilatildeo dos produtos pesquisados foi a maiordisponibilidade de dados (rotas e seacuterie temporal)

4 RESULTADOS

41 O papel da distacircncia na formaccedilatildeo do frete

Os resultados obtidos para a estimaccedilatildeo dasdiferentes formas funcionais que relacionam valores dosfretes e distacircncia percorrida em diferentes regiotildees brasileirasno transporte rodoviaacuterio de soja satildeo apresentados na Tabela1 (Anexo) Observa-se que os modelos apresentamcoeficiente de determinaccedilatildeo 2R acima de 070 para a maioriadas formas funcionais regiotildees e distacircncias Os paracircmetrosestimados para o modelo linear apresentam valores proacuteximosaos obtidos por Castro (2002) e Correia Juacutenior (2001) nasdiferentes regiotildees e distacircncias

Entretanto natildeo foram observadas diferenccedilassignificativas entre as formas funcionais De qualquer maneirao fato de a distacircncia comportar-se como variaacutevel explicativacom significacircncia estatiacutestica para qualquer forma funcionalimplica qualificar a quilometragem como uma das variaacuteveisimportantes na formaccedilatildeo do frete Isto eacute esperado pois adistacircncia quilometragem percorrida eacute o principal paracircmetropara a formaccedilatildeo da parte variaacutevel do custo da atividade Haacuteno entanto que se ponderar que o grau de importacircncia variade acordo com as regiotildees Isso quer dizer na praacutetica que opoder de explicaccedilatildeo desta variaacutevel eacute impactado por outrassituaccedilotildees no ambiente local dos embarcadores e dosprestadores do serviccedilo que satildeo captados como custosfinanceiros ou de transaccedilatildeo possibilidades de reduccedilatildeo decustos ou a concorrecircncia entre os serviccedilos de diferentesmodais de transporte Neste contexto em particular chama aatenccedilatildeo a situaccedilatildeo comparativamente pior da regiatildeo Nordestecomo indicado na Tabela 2

Tomando-se o caso dos agronegoacutecios brasileiros(Tabela 3) observa-se que de fato maiores distacircncias implicam

TABELA 2 ndash Diferenccedilas percentuais nos valores dosinterceptos das equaccedilotildees lineares estimadas ndash Fretesrodoviaacuterios para soja ateacute 500 km (base Tabela 1)

Fonte Resultados da pesquisa

Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste

Centro-Oeste

- -2025 19 -1089

Nordeste 2539 - 2779 1173 Sul -188 -2175 - -1257 Sudeste 1222 -105 1437 -

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TABELA 3 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo dasoja novembro de 2005

Fonte sifrecaesalquspbr

A reduccedilatildeo das taxas de crescimento agrave medida que adistacircncia aumenta conforme o formato da curva (Figura 1-a) com grande ocorrecircncia de taxas de crescimento negativas(Figura 1-b) para grandes distacircncias estaacute ilustrada na Figura1 Para distacircncias superiores a 1000 km destaca-se tambeacutema ocorrecircncia de dispersatildeo do frete refletindo valoresreferentes a diferentes rotas e corredores conforme seraacuteabordado mais adiante e tambeacutem pelo domiacutenio dostransportadores autocircnomos em distacircncias maiores

42 Sazonalidade do frete

Considerando-se que os volumes da movimentaccedilatildeode soja no Brasil satildeo expressivos e que acontecem de formaconcentrada no tempo entre os meses de marccedilo a junhoos embarcadores desta carga desestabilizam o mercadode fretes Ademais nos meses de colheita aleacutem do

a Fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

FIGURA 1 ndash Comportamento dos fretes rodoviaacuterios para soja no Brasil 2000-2004 (US$t)Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Origem Destino km R$t R$tkm

Quirinoacutepolis ndash GO

Satildeo Simatildeo ndash GO

75 1300

01733

Sorriso ndash MT Santos ndash SP 2030

14800

00729

b Variaccedilatildeo percentual dos fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

maiores fretes unitaacuterios (R$t) Poreacutem pode-se tambeacutemobservar que a remuneraccedilatildeo do quilocircmetro percorrido(R$tkm) o momento do transporte caminha em trajetoacuteriainversa Este eacute o chamado princiacutepio da economia dadistacircncia anunciado teoricamente por McCann (2001)que ocorreraacute com maior ou menor intensidade conformea competiccedilatildeo e a contestabilidade dos mercados (DAVIES1986)

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Para a identificaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidadeforam feitos ajustamentos das equaccedilotildees descritas nametodologia tendo os melhores resultados sido obtidospela transformaccedilatildeo logariacutetmica Ressalte-se que os modelospara os produtos cafeacute e trigo granel para rotas que incluempontos de origem ou destino no Paranaacute para distacircnciaentre 400 e 700 km soja para distacircncia acima de 700 km e

farelo de soja para distacircncia acima de 700 km natildeo foramsignificativos a niacuteveis de significacircncia inferiores a 10 deprobabilidade

O comportamento comparativo entre o valor real eestimado para o frete da soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km encontra-se naFigura 2

Constata-se que nenhum coeficiente associado apares de componentes harmocircnicos foi significativo Nestecaso natildeo eacute possiacutevel afirmar que existam ciclos anuais nestaseacuterie de dados Um importante fator que pode ter contribuiacutedopara este resultado desfavoraacutevel eacute o tamanho da seacuterie dedados Obteve-se para a soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km apenas fretesreferentes a 4 anos o que eacute consideravelmente pouco parase avaliar a presenccedila de comportamentos ciacuteclicos ousazonais Observou-se uma grande variabilidade nosresiacuteduos com valores extremos variando de -778 a 1144Apesar de as estimativas dos paracircmetros de trecircscomponentes harmocircnicos indicarem a princiacutepio ciclossazonais o nuacutemero reduzido de observaccedilotildees pode estarviesando este resultado

A variaacutevel tendecircncia por sua vez mostrou-sesignificativa e positiva Isso indica em termos reais que ovalor do frete para este produto e para esta distacircnciaespeciacutefica vem subindo absorvendo o impacto de variaacuteveisque interferem na formaccedilatildeo do preccedilo do frete conformerealccedilado em Correa Juacutenior et al (2001) tais como elevaccedilatildeodos custos operacionais principalmente oacuteleo diesel e

FIGURA 2 ndash Fretes real estimado e tendecircncia - Soja em rotas rodoviaacuterias no estado e fora do Paranaacute na faixa de 400-700 kmFonte Resultados da pesquisa

crescimento da demanda os preccedilos tambeacutem refletem ainsuficiecircncia da infra-estrutura pois se formam filas nosembarcadores armazeacutens e acesso e estruturas portuaacuteriaso que alonga as operaccedilotildees e onera os prestadores deserviccedilos

Como resultado da sazonalidade da demanda e afalta de uma adequada provisatildeo de logiacutestica puacuteblica(sistemas de transporte) e privada (sistemas dearmazenagem) os fretes acompanham os picos denecessidade de serviccedilos Por exemplo no Brasil nosperiacuteodos da safra os valores do frete sobem sensivelmenteem relaccedilatildeo agrave entressafra como mostrado na Tabela 4

TABELA 4 ndash Fretes rodoviaacuterios para movimentaccedilatildeo dasoja na rota Canarana (MT) - Paranaguaacute (PR) - novembrode 2004 e marccedilo de 2005

Meses R$t R$tkm Nov04 10000 0052 Mar05 15738 00818

Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

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desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

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Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

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Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

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pontos do Paranaacute como origem ou destino na faixa dequilometragem entre 400 a 700 km

Os paracircmetros do modelo (3) foram estimados peloMeacutetodo de Miacutenimos Quadrados Ordinaacuterios (MQO)

O teste de ocorrecircncia de sazonalidade foi feito pormeio de modelos de regressatildeo utilizando-se Proc Reg doStatistical Analysis System (SAS) e o modelo de anaacuteliseharmocircnica para determinar a amplitude e os acircngulos-fasedos preccedilos

33 Diferenccedilas regionais no frete

Foram investigadas tambeacutem ocorrecircncias dediferenciaccedilotildees dos fretes conforme regiotildees Para isso osfretes foram organizados em corredores de transporte combase em Geipot (1999) a saber- Corredor Sudeste com base no sistema troncal rodoviaacuterioe ferroviaacuterio dos estados de Satildeo Paulo e Rio de Janeiro nahidrovia Tietecirc-Paranaacute destacando-se o porto de Santos- Corredor de Paranaguaacute com base nas informaccedilotildeesrodoviaacuterias dos fretes com destino exclusivo ao porto deParanaguaacute- Corredor de Satildeo Francisco com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto de Satildeo Francisco e- Corredor do Rio Grande com base nas informaccedilotildees dosfretes com destino exclusivo ao porto do Rio Grande

Para todos os anos foram calculadas as meacutediasdos fretes por faixas de quilometragem tendo sido deinteresse as faixas ateacute 800 km de 801 a 1200 km e acima de1201 km

34 Influecircncia de outras variaacuteveis

Foram investigados tambeacutem se os fretes especiacuteficosdos produtos do agronegoacutecio paranaense sofreminfluecircncias de movimentaccedilotildees que ocorrem em outroscorredores e para produtos diferentes nos casos do accediluacutecarcafeacute farelo de soja milho soja e trigo Para estasinvestigaccedilotildees foi utilizado o teste de meacutedias (MERRILL ampFOX 1980) O objetivo dessa formulaccedilatildeo foi testar asignificacircncia estatiacutestica dos fretes nos diferentescorredores estudados

35 Fonte e natureza dos dados

Os fretes para estes estudos e para as evidecircnciasapresentadas neste artigo foram disponibilizados peloSistema de Fretes para Cargas Agriacutecolas ndash SIFRECA doCentro de Economia Aplicada da Escola Superior deAgricultura ldquoLuiz de Queirozrdquo ndash Universidade de Satildeo Pauloque relaciona os fretes de 5500 rotas - rodoviaacuterias ferroviaacuteriashidroviaacuterias e aeroviaacuterias - no Brasil para mais de 50 cargasagriacutecolas para o periacuteodo 1998-2004 (sifrecaesalquspbr) Tais

dados foram organizados por faixa de quilometragem e ocriteacuterio de seleccedilatildeo dos produtos pesquisados foi a maiordisponibilidade de dados (rotas e seacuterie temporal)

4 RESULTADOS

41 O papel da distacircncia na formaccedilatildeo do frete

Os resultados obtidos para a estimaccedilatildeo dasdiferentes formas funcionais que relacionam valores dosfretes e distacircncia percorrida em diferentes regiotildees brasileirasno transporte rodoviaacuterio de soja satildeo apresentados na Tabela1 (Anexo) Observa-se que os modelos apresentamcoeficiente de determinaccedilatildeo 2R acima de 070 para a maioriadas formas funcionais regiotildees e distacircncias Os paracircmetrosestimados para o modelo linear apresentam valores proacuteximosaos obtidos por Castro (2002) e Correia Juacutenior (2001) nasdiferentes regiotildees e distacircncias

Entretanto natildeo foram observadas diferenccedilassignificativas entre as formas funcionais De qualquer maneirao fato de a distacircncia comportar-se como variaacutevel explicativacom significacircncia estatiacutestica para qualquer forma funcionalimplica qualificar a quilometragem como uma das variaacuteveisimportantes na formaccedilatildeo do frete Isto eacute esperado pois adistacircncia quilometragem percorrida eacute o principal paracircmetropara a formaccedilatildeo da parte variaacutevel do custo da atividade Haacuteno entanto que se ponderar que o grau de importacircncia variade acordo com as regiotildees Isso quer dizer na praacutetica que opoder de explicaccedilatildeo desta variaacutevel eacute impactado por outrassituaccedilotildees no ambiente local dos embarcadores e dosprestadores do serviccedilo que satildeo captados como custosfinanceiros ou de transaccedilatildeo possibilidades de reduccedilatildeo decustos ou a concorrecircncia entre os serviccedilos de diferentesmodais de transporte Neste contexto em particular chama aatenccedilatildeo a situaccedilatildeo comparativamente pior da regiatildeo Nordestecomo indicado na Tabela 2

Tomando-se o caso dos agronegoacutecios brasileiros(Tabela 3) observa-se que de fato maiores distacircncias implicam

TABELA 2 ndash Diferenccedilas percentuais nos valores dosinterceptos das equaccedilotildees lineares estimadas ndash Fretesrodoviaacuterios para soja ateacute 500 km (base Tabela 1)

Fonte Resultados da pesquisa

Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste

Centro-Oeste

- -2025 19 -1089

Nordeste 2539 - 2779 1173 Sul -188 -2175 - -1257 Sudeste 1222 -105 1437 -

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TABELA 3 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo dasoja novembro de 2005

Fonte sifrecaesalquspbr

A reduccedilatildeo das taxas de crescimento agrave medida que adistacircncia aumenta conforme o formato da curva (Figura 1-a) com grande ocorrecircncia de taxas de crescimento negativas(Figura 1-b) para grandes distacircncias estaacute ilustrada na Figura1 Para distacircncias superiores a 1000 km destaca-se tambeacutema ocorrecircncia de dispersatildeo do frete refletindo valoresreferentes a diferentes rotas e corredores conforme seraacuteabordado mais adiante e tambeacutem pelo domiacutenio dostransportadores autocircnomos em distacircncias maiores

42 Sazonalidade do frete

Considerando-se que os volumes da movimentaccedilatildeode soja no Brasil satildeo expressivos e que acontecem de formaconcentrada no tempo entre os meses de marccedilo a junhoos embarcadores desta carga desestabilizam o mercadode fretes Ademais nos meses de colheita aleacutem do

a Fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

FIGURA 1 ndash Comportamento dos fretes rodoviaacuterios para soja no Brasil 2000-2004 (US$t)Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Origem Destino km R$t R$tkm

Quirinoacutepolis ndash GO

Satildeo Simatildeo ndash GO

75 1300

01733

Sorriso ndash MT Santos ndash SP 2030

14800

00729

b Variaccedilatildeo percentual dos fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

maiores fretes unitaacuterios (R$t) Poreacutem pode-se tambeacutemobservar que a remuneraccedilatildeo do quilocircmetro percorrido(R$tkm) o momento do transporte caminha em trajetoacuteriainversa Este eacute o chamado princiacutepio da economia dadistacircncia anunciado teoricamente por McCann (2001)que ocorreraacute com maior ou menor intensidade conformea competiccedilatildeo e a contestabilidade dos mercados (DAVIES1986)

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Para a identificaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidadeforam feitos ajustamentos das equaccedilotildees descritas nametodologia tendo os melhores resultados sido obtidospela transformaccedilatildeo logariacutetmica Ressalte-se que os modelospara os produtos cafeacute e trigo granel para rotas que incluempontos de origem ou destino no Paranaacute para distacircnciaentre 400 e 700 km soja para distacircncia acima de 700 km e

farelo de soja para distacircncia acima de 700 km natildeo foramsignificativos a niacuteveis de significacircncia inferiores a 10 deprobabilidade

O comportamento comparativo entre o valor real eestimado para o frete da soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km encontra-se naFigura 2

Constata-se que nenhum coeficiente associado apares de componentes harmocircnicos foi significativo Nestecaso natildeo eacute possiacutevel afirmar que existam ciclos anuais nestaseacuterie de dados Um importante fator que pode ter contribuiacutedopara este resultado desfavoraacutevel eacute o tamanho da seacuterie dedados Obteve-se para a soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km apenas fretesreferentes a 4 anos o que eacute consideravelmente pouco parase avaliar a presenccedila de comportamentos ciacuteclicos ousazonais Observou-se uma grande variabilidade nosresiacuteduos com valores extremos variando de -778 a 1144Apesar de as estimativas dos paracircmetros de trecircscomponentes harmocircnicos indicarem a princiacutepio ciclossazonais o nuacutemero reduzido de observaccedilotildees pode estarviesando este resultado

A variaacutevel tendecircncia por sua vez mostrou-sesignificativa e positiva Isso indica em termos reais que ovalor do frete para este produto e para esta distacircnciaespeciacutefica vem subindo absorvendo o impacto de variaacuteveisque interferem na formaccedilatildeo do preccedilo do frete conformerealccedilado em Correa Juacutenior et al (2001) tais como elevaccedilatildeodos custos operacionais principalmente oacuteleo diesel e

FIGURA 2 ndash Fretes real estimado e tendecircncia - Soja em rotas rodoviaacuterias no estado e fora do Paranaacute na faixa de 400-700 kmFonte Resultados da pesquisa

crescimento da demanda os preccedilos tambeacutem refletem ainsuficiecircncia da infra-estrutura pois se formam filas nosembarcadores armazeacutens e acesso e estruturas portuaacuteriaso que alonga as operaccedilotildees e onera os prestadores deserviccedilos

Como resultado da sazonalidade da demanda e afalta de uma adequada provisatildeo de logiacutestica puacuteblica(sistemas de transporte) e privada (sistemas dearmazenagem) os fretes acompanham os picos denecessidade de serviccedilos Por exemplo no Brasil nosperiacuteodos da safra os valores do frete sobem sensivelmenteem relaccedilatildeo agrave entressafra como mostrado na Tabela 4

TABELA 4 ndash Fretes rodoviaacuterios para movimentaccedilatildeo dasoja na rota Canarana (MT) - Paranaguaacute (PR) - novembrode 2004 e marccedilo de 2005

Meses R$t R$tkm Nov04 10000 0052 Mar05 15738 00818

Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

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desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

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Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 79

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

TABELA 3 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo dasoja novembro de 2005

Fonte sifrecaesalquspbr

A reduccedilatildeo das taxas de crescimento agrave medida que adistacircncia aumenta conforme o formato da curva (Figura 1-a) com grande ocorrecircncia de taxas de crescimento negativas(Figura 1-b) para grandes distacircncias estaacute ilustrada na Figura1 Para distacircncias superiores a 1000 km destaca-se tambeacutema ocorrecircncia de dispersatildeo do frete refletindo valoresreferentes a diferentes rotas e corredores conforme seraacuteabordado mais adiante e tambeacutem pelo domiacutenio dostransportadores autocircnomos em distacircncias maiores

42 Sazonalidade do frete

Considerando-se que os volumes da movimentaccedilatildeode soja no Brasil satildeo expressivos e que acontecem de formaconcentrada no tempo entre os meses de marccedilo a junhoos embarcadores desta carga desestabilizam o mercadode fretes Ademais nos meses de colheita aleacutem do

a Fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

FIGURA 1 ndash Comportamento dos fretes rodoviaacuterios para soja no Brasil 2000-2004 (US$t)Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Origem Destino km R$t R$tkm

Quirinoacutepolis ndash GO

Satildeo Simatildeo ndash GO

75 1300

01733

Sorriso ndash MT Santos ndash SP 2030

14800

00729

b Variaccedilatildeo percentual dos fretes rodoviaacuterios em relaccedilatildeo agrave distacircncia

maiores fretes unitaacuterios (R$t) Poreacutem pode-se tambeacutemobservar que a remuneraccedilatildeo do quilocircmetro percorrido(R$tkm) o momento do transporte caminha em trajetoacuteriainversa Este eacute o chamado princiacutepio da economia dadistacircncia anunciado teoricamente por McCann (2001)que ocorreraacute com maior ou menor intensidade conformea competiccedilatildeo e a contestabilidade dos mercados (DAVIES1986)

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Para a identificaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidadeforam feitos ajustamentos das equaccedilotildees descritas nametodologia tendo os melhores resultados sido obtidospela transformaccedilatildeo logariacutetmica Ressalte-se que os modelospara os produtos cafeacute e trigo granel para rotas que incluempontos de origem ou destino no Paranaacute para distacircnciaentre 400 e 700 km soja para distacircncia acima de 700 km e

farelo de soja para distacircncia acima de 700 km natildeo foramsignificativos a niacuteveis de significacircncia inferiores a 10 deprobabilidade

O comportamento comparativo entre o valor real eestimado para o frete da soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km encontra-se naFigura 2

Constata-se que nenhum coeficiente associado apares de componentes harmocircnicos foi significativo Nestecaso natildeo eacute possiacutevel afirmar que existam ciclos anuais nestaseacuterie de dados Um importante fator que pode ter contribuiacutedopara este resultado desfavoraacutevel eacute o tamanho da seacuterie dedados Obteve-se para a soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km apenas fretesreferentes a 4 anos o que eacute consideravelmente pouco parase avaliar a presenccedila de comportamentos ciacuteclicos ousazonais Observou-se uma grande variabilidade nosresiacuteduos com valores extremos variando de -778 a 1144Apesar de as estimativas dos paracircmetros de trecircscomponentes harmocircnicos indicarem a princiacutepio ciclossazonais o nuacutemero reduzido de observaccedilotildees pode estarviesando este resultado

A variaacutevel tendecircncia por sua vez mostrou-sesignificativa e positiva Isso indica em termos reais que ovalor do frete para este produto e para esta distacircnciaespeciacutefica vem subindo absorvendo o impacto de variaacuteveisque interferem na formaccedilatildeo do preccedilo do frete conformerealccedilado em Correa Juacutenior et al (2001) tais como elevaccedilatildeodos custos operacionais principalmente oacuteleo diesel e

FIGURA 2 ndash Fretes real estimado e tendecircncia - Soja em rotas rodoviaacuterias no estado e fora do Paranaacute na faixa de 400-700 kmFonte Resultados da pesquisa

crescimento da demanda os preccedilos tambeacutem refletem ainsuficiecircncia da infra-estrutura pois se formam filas nosembarcadores armazeacutens e acesso e estruturas portuaacuteriaso que alonga as operaccedilotildees e onera os prestadores deserviccedilos

Como resultado da sazonalidade da demanda e afalta de uma adequada provisatildeo de logiacutestica puacuteblica(sistemas de transporte) e privada (sistemas dearmazenagem) os fretes acompanham os picos denecessidade de serviccedilos Por exemplo no Brasil nosperiacuteodos da safra os valores do frete sobem sensivelmenteem relaccedilatildeo agrave entressafra como mostrado na Tabela 4

TABELA 4 ndash Fretes rodoviaacuterios para movimentaccedilatildeo dasoja na rota Canarana (MT) - Paranaguaacute (PR) - novembrode 2004 e marccedilo de 2005

Meses R$t R$tkm Nov04 10000 0052 Mar05 15738 00818

Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

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desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

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Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

MARTINS R S et al80

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Para a identificaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidadeforam feitos ajustamentos das equaccedilotildees descritas nametodologia tendo os melhores resultados sido obtidospela transformaccedilatildeo logariacutetmica Ressalte-se que os modelospara os produtos cafeacute e trigo granel para rotas que incluempontos de origem ou destino no Paranaacute para distacircnciaentre 400 e 700 km soja para distacircncia acima de 700 km e

farelo de soja para distacircncia acima de 700 km natildeo foramsignificativos a niacuteveis de significacircncia inferiores a 10 deprobabilidade

O comportamento comparativo entre o valor real eestimado para o frete da soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km encontra-se naFigura 2

Constata-se que nenhum coeficiente associado apares de componentes harmocircnicos foi significativo Nestecaso natildeo eacute possiacutevel afirmar que existam ciclos anuais nestaseacuterie de dados Um importante fator que pode ter contribuiacutedopara este resultado desfavoraacutevel eacute o tamanho da seacuterie dedados Obteve-se para a soja em rotas rodoviaacuterias no estadoe fora do Paranaacute na faixa de 400-700 km apenas fretesreferentes a 4 anos o que eacute consideravelmente pouco parase avaliar a presenccedila de comportamentos ciacuteclicos ousazonais Observou-se uma grande variabilidade nosresiacuteduos com valores extremos variando de -778 a 1144Apesar de as estimativas dos paracircmetros de trecircscomponentes harmocircnicos indicarem a princiacutepio ciclossazonais o nuacutemero reduzido de observaccedilotildees pode estarviesando este resultado

A variaacutevel tendecircncia por sua vez mostrou-sesignificativa e positiva Isso indica em termos reais que ovalor do frete para este produto e para esta distacircnciaespeciacutefica vem subindo absorvendo o impacto de variaacuteveisque interferem na formaccedilatildeo do preccedilo do frete conformerealccedilado em Correa Juacutenior et al (2001) tais como elevaccedilatildeodos custos operacionais principalmente oacuteleo diesel e

FIGURA 2 ndash Fretes real estimado e tendecircncia - Soja em rotas rodoviaacuterias no estado e fora do Paranaacute na faixa de 400-700 kmFonte Resultados da pesquisa

crescimento da demanda os preccedilos tambeacutem refletem ainsuficiecircncia da infra-estrutura pois se formam filas nosembarcadores armazeacutens e acesso e estruturas portuaacuteriaso que alonga as operaccedilotildees e onera os prestadores deserviccedilos

Como resultado da sazonalidade da demanda e afalta de uma adequada provisatildeo de logiacutestica puacuteblica(sistemas de transporte) e privada (sistemas dearmazenagem) os fretes acompanham os picos denecessidade de serviccedilos Por exemplo no Brasil nosperiacuteodos da safra os valores do frete sobem sensivelmenteem relaccedilatildeo agrave entressafra como mostrado na Tabela 4

TABELA 4 ndash Fretes rodoviaacuterios para movimentaccedilatildeo dasoja na rota Canarana (MT) - Paranaguaacute (PR) - novembrode 2004 e marccedilo de 2005

Meses R$t R$tkm Nov04 10000 0052 Mar05 15738 00818

Fonte Dados baacutesicos de sifrecaesalquspbr

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 81

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

MARTINS R S et al82

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Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 81

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

desequiliacutebrios no mercado com a soja concorrendo comprodutos industrializados na obtenccedilatildeo de veiacuteculos nomercado

Embora graficamente tenha sido possiacutevel observaros picos de fretes referentes aos meses de abril acomprovaccedilatildeo estatiacutestica da sazonalidade para este periacuteodotambeacutem pode ter sido prejudicada por alteraccedilotildees observadasrecentemente neste mercado Buscando informaccedilotildees comembarcadores e de mercado pocircde-se constatar que umadessas alteraccedilotildees diz respeito agrave conjuntura bastante instaacutevelque estimulou diferentes estrateacutegias de mercado paranegociaccedilotildees das safras Periacuteodos de safras elevadas emniacuteveis natildeo plenamente esperados (ldquosuper safrasrdquo) implicamsignificativos aumentos de demanda de transporte comoocorreu em 2001 pela reduzida capacidade estaacutetica dearmazenagem O excesso de produccedilatildeo tem que sercomercializado obrigatoriamente no momento da colheitasobrecarregando o mercado

Por outro lado safras que ocorrem dentro dasexpectativas e no volume programado de comercializaccedilatildeoporeacutem com preccedilos em ascensatildeo ou em condiccedilotildees cambiaisfavoraacuteveis provocam retenccedilatildeo de produccedilatildeo aguardandoque as condiccedilotildees continuem a melhorar para a venda doproduto implicando estrateacutegias de esvaziamento dearmazeacutens que podem estar ocupados com milho e farelocomo ocorreu em 2002 no Paranaacute

Os grandes embarcadores definiram a estrateacutegialogiacutestica de investimento em estruturas de armazenagempara receber a safra principalmente na regiatildeo Centro-OesteComo resultado as rotas mais curtas estatildeo movimentandovolumes crescentes

Os embarcadores tambeacutem definiram novasestrateacutegias de contrataccedilatildeo de fretes Aumentos de custosgeneralizados dentre eles frete e pedaacutegios conjugadoscom inflexibilidade nos preccedilos internacional e insuficiecircnciade estruturas de armazenagem nos portos estimularam asempresas a fazerem nova gestatildeo da contrataccedilatildeo dos fretesbuscando prestadores de serviccedilo mais formalizadosdiminuindo a negociaccedilatildeo com carreteiros e oferecendocargas com frequumlecircncia durante todo o ano e tendo acontrapartida da reduccedilatildeo de fretes contra uma relaccedilatildeocontratual viabilizada pela estrateacutegia logiacutesticaimplementada

43 Diferenccedilas regionais nos fretes

Segundo Barros amp Raposo (2002) o Brasilexperimenta uma situaccedilatildeo de desigualdade regional naprovisatildeo da infra-estrutura de transportes Com base nesta

constataccedilatildeo foi feita a tentativa de identificaccedilatildeo dediferenccedilas regionais nos fretes praticados A diferenciaccedilatildeoregional nos de serviccedilos logiacutesticos ao agronegoacutecioimplicaria a obtenccedilatildeo de valores meacutedios estatisticamenteiguais entre diferentes corredores demonstrando umamobilidade dos prestadores em direccedilatildeo aos mercados quemelhor remunerassem o serviccedilo tendendo entatildeo aequalizar os preccedilos

As evidecircncias demonstraram que ocorre a situaccedilatildeohipoteacutetica testada foi constatada igualdade estatiacutesticaentre as meacutedias dos fretes referentes a diferentescorredores No caso da soja fica evidenciado que natildeo haacuteresultados que se repetem sistematicamente Por exemplofoi encontrada diferenccedila entre as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste para alguns periacuteodos Embora asmeacutedias sejam consideradas estatisticamente iguais entreMercosul e Sudeste para as faixas de ateacute 800 km agrave exceccedilatildeode 2002 e entre 800 e 1200 km nos anos de 2000 e 2001satildeo diferentes para distacircncias superiores a 1200 km(Tabela 5)

Na anaacutelise intra-Corredor Mercosul pocircde-seconstatar que as meacutedias foram iguais entre Paranaguaacute e

TABELA 5 ndash Fretes meacutedios iguais entre corredoresconforme resultados do teste de diferenccedilas para a soja2000-2003

Fonte Dados da pesquisa

Ano Corredores Faixa de km 2000 Mercosul-Sudeste 0-800 2001 Mercosul-Sudeste 0-800 2003 Mercosul-Sudeste 0-800

2000 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2001 Sudeste-Paranaguaacute 0-800 2003 Sudeste-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Paranaguaacute 0-800

2003 Rio Grande-Satildeo Francisco

0-800

2002 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco 0-800

2003 Sudeste-Satildeo Francisco 0-800

2000 Mercosul -Sudeste 801-1200 2001 Mercosul-Sudeste 801-1200

2000 Sudeste-Paranaguaacute 801-1200 2003 Sudeste-Paranaguaacute Acima de 1201

2000 Sudeste-Satildeo Francisco Acima de 1201 2000 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201 2003 Paranaguaacute-Satildeo Francisco Acima de 1201

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Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

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que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

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TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

MARTINS R S et al82

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Satildeo Francisco o que pode ser entendido pela elevadaproximidade geograacutefica e diferentes entre Paranaguaacute e RioGrande para distacircncias de ateacute 800 km em que estes portosefetivamente natildeo concorrem entre si sinalizando paradinacircmicas proacuteprias nos corredores

Quando os testes foram realizados poreacutem paraos periacuteodos de safra isoladamente os resultados tambeacutemforam sistemaacuteticos e corroboradores da igualdadeestatiacutestica Investigando as meacutedias dos corredoresMercosul e Sudeste e Sudeste e Paranaguaacute para todasas faixas de distacircncia a hipoacutetese de que as meacutedias satildeoiguais foi aceita sinalizando que o mercado natildeodiferencia as regiotildees nos momentos de pico da demandadisponibilizando caminhotildees nos locais onde estes foremrequeridos sem impactos de variaacuteveis de concorrecircnciacomo a existecircncia de alternativa modal por exemploMesmo porque estas estatildeo normalmente comestrangulamentos operacionais e tambeacutem porque natildeoatende na modalidade spot

Aleacutem do mais ficou constatado que tal integraccedilatildeodos mercados de frete ou seja tendecircncia a equalizaccedilatildeodos preccedilos afeta tambeacutem outros produtos como nos casosde milho farelo soja e adubo

44 Outras evidecircncias de variaacuteveis relevantes na formaccedilatildeodo frete

A diferenciaccedilatildeo do frete tambeacutem pode ser observadaem casos que a carga exige acondicionamentos especiacuteficospara o transporte implicando ativos mais caros por termaior risco de perdas de qualidade ou com a necessidadede cuidados especiais para a prevenccedilatildeo de avarias por

exemplo Os embarcadores do oacuteleo de soja e de cargarefrigerada exigem caminhotildees especiacuteficos para o transporteo que resulta em sunk costs para o prestador do serviccediloOs ofertantes consideram esta necessidade e o risco dafrequumlecircncia e interrupccedilatildeo da demanda do serviccedilo e entatildeotransferem estas necessidades para o valor do freteconforme mostrado na Tabela 6 pois haacute a necessidade deremunerar o ativo especiacutefico o caminhatildeo tanque No casode cargas sensiacuteveis que apresentam altos volumes deperdas remuneram-se tambeacutem o serviccedilo mais especializadoe o niacutevel de ociosidade do veiacuteculo para cargas fraacutegeis e depouca densidade

Podem ocorrer diferenccedilas relevantes entre aseconomicidades proporcionadas pela oferta de determinadoprestador de serviccedilo (modal ou mesmo o prestador unimodal)e a efetivaccedilatildeo do negoacutecio (contrataccedilatildeo do frete) Istoacontece pois aleacutem de atributos estritamente econocircmicoso mercado de fretes eacute sensiacutevel a outras variaacuteveis que dizemrespeito ao niacutevel do serviccedilo requeridodesejado peloembarcador Por exemplo embarcadores de cargas pereciacuteveisde baixo giro de alto valor agregado e com prazos riacutegidos deentrega tendem a dar preferecircncia a um serviccedilo de transporteque embora mais caro deve compensar a seguranccedila e rapidezdo serviccedilo No que diz respeito agraves operaccedilotildees de comeacutercioexterior outros atributos podem ser relevantes tais comocusto portuaacuterio frete mariacutetimo acesso ao porto frequumlecircnciade navios aduanas sistemas de informaccedilatildeo grevesseguranccedila e infra-estrutura de armazenagem

Os atributos jaacute levantados na literatura estatildeosumarizados na Tabela 7

TABELA 6 ndash Fretes rodoviaacuterios para a movimentaccedilatildeo de alguns produtos fevereiro de 2006

Fonte Informe Sifreca 10(106) fevereiro de 2006

Produto Origem Destino Distacircncia R$t Cargas com baixa especificidade quanto ao ativo

Accediluacutecar sacas Sud Menucci (SP) Santos (SP) 663 6033 Soja (granel) Medianeira (PR) Paranaguaacute (PR) 632 3700

Cargas refrigeradas Carne bovina Bataiporatilde (MS) Satildeo Paulo (SP) 763 14000

Carga sensiacutevel Mamatildeo Linhares (ES) Rio de Janeiro (RJ) 672 15714 Tomate Itaperuna (RJ) Satildeo Paulo (SP) 640 11363

Graneacuteis liacutequidos

Oacuteleo de soja (granel) Uberlacircndia (MG) Satildeo Paulo (SP) 587 6531

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 83

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

MARTINS R S et al84

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 85

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MARTINS R S et al86

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

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TABELA 7 ndash Variaacuteveis que interferem na formaccedilatildeo do frete segundo a literatura

CUSTOS CARGA VEIacuteCULO MERCADO

Distacircncia Peso Nuacutemero de vagotildees OrigemDestino

Custos Preccedilo Tamanho Eacutepoca

Combustiacutevel Volume Lotaccedilatildeo Oferta

Tempo (h) Densidade Acondicionamento Demanda

Cargadescarga Perecibilidade Carga de retorno Salaacuterios Tipo de carga Niacutevel do serviccedilo

Risco de greve Contrato

Fronteiras Rotas Condiccedilatildeo vias

Fonte Gameiro (2003)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O objetivo do artigo foi investigar evidecircncias devariaacuteveis e importacircncia relativa de alguns direcionadoresda formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio relacionados agraves cadeiasde suprimento de agronegoacutecio no paiacutes Foram utilizadosrecursos estatiacutesticos e economeacutetricos para a identificaccedilatildeode comportamentos dos fretes de produtos selecionadosaliados a outras evidecircncias de mercado

O tema estudado contempla o frete que tem papelrelevante na gestatildeo empresarial Aleacutem de importante custologiacutestico e de significativo comprometimento dofaturamento das empresas os transportes desempenhamfunccedilotildees estrateacutegicas na gestatildeo de cadeias de suprimentosPor outro lado a formaccedilatildeo do frete eacute complexa teoricamentee na praacutetica dos mercados

Foram constatadas influecircncias de diversas variaacuteveisna formaccedilatildeo do frete tais como a distacircncia a sazonalidadeda produccedilatildeo os corredores por onde as cargas seratildeomovimentadas e a especificidade da carga No que dizrespeito agrave distacircncia por diversos modelos de regressatildeoficou constatada sua influecircncia em elevados niacuteveis depoder de explicaccedilatildeo

Aleacutem do mais o papel da distacircncia na formaccedilatildeo dofrete no Brasil eacute obscurecido pelas caracteriacutesticasestruturais dos sistemas de transporte e por outros fatoresproacuteprios do mercado de frete rodoviaacuterio As restriccedilotildeeshistoacutericas dos investimentos na ampliaccedilatildeo dos sistemasde transporte e a falta de logiacutestica de terminais e dearmazeacutens acumulam-se e favorecem a predominacircncia dotransporte rodoviaacuterio pela sua capacidade de respostaAssim o transporte rodoviaacuterio torna-se o principalresponsaacutevel pela movimentaccedilatildeo de produtos de baixovalor agregado e para grandes distacircncias afrontando

princiacutepios da economia dos transportes (MCCANN 2001)no que diz respeito agrave matriz de transporte para paiacuteses dedimensatildeo territorial e com perfil econocircmico semelhantesao Brasil

Este quadro estrutural das condiccedilotildees de mercadoacabou por superdimensionar a oferta do serviccedilo A intensaconcorrecircncia no mercado rodoviaacuterio resultante do excessode oferta deprime a remuneraccedilatildeo aceita pelos agentes domodal rodoviaacuterio em distacircncias superiores a 1000 kmComo implicaccedilatildeo a situaccedilatildeo estrutural do mercado acabainibindo a demanda e a viabilidade do transportadorferroviaacuterio prejudicando anaacutelises de investimentos emramais e expansatildeo da malha

Chama-se a atenccedilatildeo para significativas diferenccedilasnos coeficientes da variaacutevel ldquodistacircnciardquo entre as regiotildeesOu seja os fretes diferenciam-se de acordo com as regiotildeesrefletindo diferenciais de custos operacionais e decondiccedilotildees dadas pela oferta do serviccedilo e da infra-estrutura

A sazonalidade da demanda e consequentementenos fretes os valores integrados para diferentes corredorese a influecircncia da soja sobre outras cargas que satildeomovimentadas com coincidecircncia temporal configuram-secomo fatores adicionais complicadores da compreensatildeodo custo financeiro e das decisotildees dos ofertantes doserviccedilo que provocam desequiliacutebrios locais e temporaacuteriosno mercado

Quanto agrave especificidade da carga a influecircnciaocorre pela especificidade do ativo do transporte para oacondicionamento adequado e para prevenir perdas eavarias agrave carga Estas particularidades podem implicarsignificativas diferenccedilas financeiras

Depreende-se que dificuldades da gestatildeo dostransportes nas cadeias de suprimentos tidas como estas

MARTINS R S et al84

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BARROS A R RAPOSO I Dotaccedilatildeo de infra-estruturacomo limitante para reduccedilatildeo de disparidades regionais noBrasil (compact disc) In ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeOBRASILEIRA DE ESTUDOS REGIONAIS 2002 Satildeo PauloAnais Satildeo Paulo 2002

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CORREA JUacuteNIOR G Principais determinantes de preccedilodo frete rodoviaacuterio para o transporte de soja em gratildeos emdiferentes estados brasileiros uma anaacutelise economeacutetrica2001 83 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz Piracicaba 2001

CORREA JUacuteNIOR G REZENDE M L MARTINS R SCAIXETA-FILHO J V Fatores determinantes do valor dofrete e o caso das centrais de cargas In CAIXETA-FILHOJ V MARTINS R S Gestatildeo logiacutestica do transporte decargas Satildeo Paulo Atlas 2001 cap 4

DAVIES J E Competition contestability and the linershipping industry Journal of Transport Economics v 20n 3 p 299-312 1986

GAMEIRO A H Iacutendice de preccedilos para o transporte decargas o caso da soja a granel 2003 284 f Tese(Doutorado) ndash Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiroz Piracicaba 2003

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento deTransportes Ministeacuterio dos Transportes CorredoresEstrateacutegicos de Desenvolvimento relatoacuterio final BrasiacuteliaDF 1999

HILL C GRIFFITHS W JUDGE G E Econometria SatildeoPaulo Saraiva 1999

HOFFMANN R Anaacutelise harmocircnica Piracicaba ESALQ1995 27 p (Seacuterie didaacutetica 99)

KAVUSSANOS M G ALIZADEH-M A H Seasonalitypatterns in tanker spot freight rate markets EconomicModelling v 19 p 742-782 2002

MASON S J RIBERA M P FARRIS J A KIRK R GIntegrating the warehousing and transportation functionsof the supply chain Transportation Research - Part E p141-159 2003

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MERRILL W C FOX K A Estatiacutestica econocircmica umaintroduccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1980

NIELSEN L D PEDERSEN P H PETERSEN THANSEN L G Freight transport growth a theoretical andmethodological framework European Journal ofOperational Research v 144 p 295-305 2003

PEDERSEN P O Freight transportation underglobalisation and its impact on Africa Journal of TransportGeography v 9 n 2 p 85-99 2001

REARDOM T BARRETT C B Agroindustrializationglobalization and international development an overviewof issues Agricultural Economics v 23 2000

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 85

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

RODRIGUES R O agronegoacutecio brasileiro Belo Horizonte2004 Palestra apresentada no seminaacuterio Desafios deLogiacutestica para o Agronegoacutecio

ROJAS J A R Anaacutelise das variaccedilotildees dos preccedilos equantidades das principais culturas do Peru visandoorientar poliacuteticas agriacutecolas 1996 88 f Dissertaccedilatildeo(Mestrado) - Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiroz Piracicaba 1996

TEIXEIRA FILHO J L L Modelos analiacuteticos de fretescobrados para o transporte de carga 2001 Dissertaccedilatildeo(Mestrado) ndash Instituto Militar de Engenharia Rio de Janeiro2001

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAAGEcircNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE TERRESTRELogiacutestica de transporte para produtos de alto valoragregado no contexto brasileiro Brasiacutelia DF ANTT 2004

UNITED STATES OF AMERICA Department ofTransportation Characteristics and changes in freighttransportation demand a guidebook for planners and policyanalysts Washington DC 1995 Project 8-30 NationalCooperative Highway Research Program

VERGARA S C Meacutetodos de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 1998

MARTINS R S et al86

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

MARTINS R S et al84

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

que obscurecem a formaccedilatildeo dos custos tecircm significativoimpacto nos relacionamentos entre elos A difiacutecilcompreensatildeo do elenco de variaacuteveis explicativas naformaccedilatildeo dos fretes e as respectivas ponderaccedilotildees porparte de embarcadores e transportadores representamimportante oacutebice ao desenvolvimento pleno dacompetitividade de cadeias de suprimento Aleacutem dissocria dificuldades para relacionamentos de cunho maiscolaborativos e embarcadores e provedores de serviccediloslogiacutesticos e para avaliaccedilatildeo de possibilidades de compartilharganhos oriundos de incrementos de produtividade e demelhoria da qualidade das operaccedilotildees logiacutesticas dosprovedores de serviccedilos logiacutesticos

Uma restriccedilatildeo da pesquisa diz respeito ao fato deas evidecircncias encontradas estarem limitadas aosagronegoacutecios Certamente conclusotildees mais contundentesdemandariam anaacutelises setoriais mais abrangentes poreacutemnatildeo viaacuteveis dada a falta momentacircnea de base de dados defretes

Nesse sentido pesquisas futuras que contemplema formaccedilatildeo de base de fretes viabilizaratildeo estudos setoriaiscontemplando relevantes anaacutelises agraves cadeias desuprimentos quanto agrave formaccedilatildeo dos fretes performancehistoacuterica custeio e remuneraccedilatildeo de prestadores de serviccedilosdentre outras possibilidades

6 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BARROS A R RAPOSO I Dotaccedilatildeo de infra-estruturacomo limitante para reduccedilatildeo de disparidades regionais noBrasil (compact disc) In ENCONTRO DA ASSOCIACcedilAtildeOBRASILEIRA DE ESTUDOS REGIONAIS 2002 Satildeo PauloAnais Satildeo Paulo 2002

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CORREA JUacuteNIOR G Principais determinantes de preccedilodo frete rodoviaacuterio para o transporte de soja em gratildeos emdiferentes estados brasileiros uma anaacutelise economeacutetrica2001 83 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz Piracicaba 2001

CORREA JUacuteNIOR G REZENDE M L MARTINS R SCAIXETA-FILHO J V Fatores determinantes do valor dofrete e o caso das centrais de cargas In CAIXETA-FILHOJ V MARTINS R S Gestatildeo logiacutestica do transporte decargas Satildeo Paulo Atlas 2001 cap 4

DAVIES J E Competition contestability and the linershipping industry Journal of Transport Economics v 20n 3 p 299-312 1986

GAMEIRO A H Iacutendice de preccedilos para o transporte decargas o caso da soja a granel 2003 284 f Tese(Doutorado) ndash Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiroz Piracicaba 2003

GEIPOT Empresa Brasileira de Planejamento deTransportes Ministeacuterio dos Transportes CorredoresEstrateacutegicos de Desenvolvimento relatoacuterio final BrasiacuteliaDF 1999

HILL C GRIFFITHS W JUDGE G E Econometria SatildeoPaulo Saraiva 1999

HOFFMANN R Anaacutelise harmocircnica Piracicaba ESALQ1995 27 p (Seacuterie didaacutetica 99)

KAVUSSANOS M G ALIZADEH-M A H Seasonalitypatterns in tanker spot freight rate markets EconomicModelling v 19 p 742-782 2002

MASON S J RIBERA M P FARRIS J A KIRK R GIntegrating the warehousing and transportation functionsof the supply chain Transportation Research - Part E p141-159 2003

McCANN P A proof of the relationship between optimalvehicle size haulage length and the structure of distance-transport costs Transportation Research ndash Part A v 35p 671-693 2001

MERRILL W C FOX K A Estatiacutestica econocircmica umaintroduccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 1980

NIELSEN L D PEDERSEN P H PETERSEN THANSEN L G Freight transport growth a theoretical andmethodological framework European Journal ofOperational Research v 144 p 295-305 2003

PEDERSEN P O Freight transportation underglobalisation and its impact on Africa Journal of TransportGeography v 9 n 2 p 85-99 2001

REARDOM T BARRETT C B Agroindustrializationglobalization and international development an overviewof issues Agricultural Economics v 23 2000

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 85

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

RODRIGUES R O agronegoacutecio brasileiro Belo Horizonte2004 Palestra apresentada no seminaacuterio Desafios deLogiacutestica para o Agronegoacutecio

ROJAS J A R Anaacutelise das variaccedilotildees dos preccedilos equantidades das principais culturas do Peru visandoorientar poliacuteticas agriacutecolas 1996 88 f Dissertaccedilatildeo(Mestrado) - Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiroz Piracicaba 1996

TEIXEIRA FILHO J L L Modelos analiacuteticos de fretescobrados para o transporte de carga 2001 Dissertaccedilatildeo(Mestrado) ndash Instituto Militar de Engenharia Rio de Janeiro2001

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAAGEcircNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE TERRESTRELogiacutestica de transporte para produtos de alto valoragregado no contexto brasileiro Brasiacutelia DF ANTT 2004

UNITED STATES OF AMERICA Department ofTransportation Characteristics and changes in freighttransportation demand a guidebook for planners and policyanalysts Washington DC 1995 Project 8-30 NationalCooperative Highway Research Program

VERGARA S C Meacutetodos de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 1998

MARTINS R S et al86

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

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Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 85

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

RODRIGUES R O agronegoacutecio brasileiro Belo Horizonte2004 Palestra apresentada no seminaacuterio Desafios deLogiacutestica para o Agronegoacutecio

ROJAS J A R Anaacutelise das variaccedilotildees dos preccedilos equantidades das principais culturas do Peru visandoorientar poliacuteticas agriacutecolas 1996 88 f Dissertaccedilatildeo(Mestrado) - Escola Superior de Agricultura Luiz deQueiroz Piracicaba 1996

TEIXEIRA FILHO J L L Modelos analiacuteticos de fretescobrados para o transporte de carga 2001 Dissertaccedilatildeo(Mestrado) ndash Instituto Militar de Engenharia Rio de Janeiro2001

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAAGEcircNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE TERRESTRELogiacutestica de transporte para produtos de alto valoragregado no contexto brasileiro Brasiacutelia DF ANTT 2004

UNITED STATES OF AMERICA Department ofTransportation Characteristics and changes in freighttransportation demand a guidebook for planners and policyanalysts Washington DC 1995 Project 8-30 NationalCooperative Highway Research Program

VERGARA S C Meacutetodos de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 1998

MARTINS R S et al86

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

MARTINS R S et al86

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

TABELA 1 ndash Equaccedilotildees estimadas para explicaccedilatildeo da formaccedilatildeo do frete pela variaacutevel ldquodistacircnciardquo

Modelo R2 Durbin-Watson Coef variaacutevel

explicativa Estatiacutestica T

Regiatildeo Centro-Oeste 0-500 km

Linear 0824 1997 00319 174366

Log 0838 1998 07462 183446

Quadraacutetica 0825 2007 00245 22632

Loglinear 0820 1777 00028 171888

Semilog 0789 1685 80992 155735

Loginverso 0795 1614 -1611178 -159031

Regiatildeo Centro-Oeste 500-1000 km

Linear 0611 1700 00340 93028

Log 0631 1875 08878 96943

Loglinear 0642 1937 00012 99376

Semilog 0594 1626 245163 89791

Loginverso 0607 1759 -6165774 -92139

Regiatildeo Nordeste 0-500 km

Linear 0762 3272 00403 30989

Log 0751 3477 09484 30100

Reciacuteproca 0702 2229 -45476200 -26598

Loglinear 0683 3252 00023 25439

Semilog 0780 3056 156697 32650

Loginverso 0734 2876 -2868416 -28778

Regiatildeo Norte 100-500 km

Linear 0811 2655 00367 35889

Log 0793 2614 09288 33947

Reciacuteproca 0700 2314 -44056460 -26471

Loglinear 0844 2831 00026 40220

Semilog 0757 2469 129497 30554

Loginverso 0740 2436 -3172714 -29203

Regiatildeo Sudeste 100-500 km

Linear 0688 2326 00358 164073

Log 0711 2023 07349 173254

Loglinear 0731 2163 00026 181923

Semilog 0635 1995 97215 145793

Regiatildeo Sudeste 1000-1500 km

Linear 0593 1634 00328 107380

Log 0572 1676 09924 102834

Reciacuteproca 0578 1579 -473494200 -104118

Continua

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo

Estudo da formaccedilatildeo do frete rodoviaacuterio 87

Organizaccedilotildees Rurais amp Agroindustriais Lavras v 10 n 1 p 73-87 2008

Loglinear 0575 1686 00008 103434

Semilog 0587 1611 396592 106040

Loginverso 0567 1655 -11880710 -101661

Regiatildeo Sudeste 1000-2300 km

Linear 0727 1693 00319 180368

Log 0706 1705 09667 171176

Quadraacutetica 0727 1693 00304 20518

Reciacuteproca 0692 1523 -605066490 -165616

Loglinear 0699 1656 00007 168132

Semilog 0717 1646 451167 175906

Loginverso 0697 1661 -13111872 -167502

Regiatildeo Sul 100-500 km

Linear 0611 1801 00313 160502

Log 0683 1920 06950 187999

Quadraacutetica 0612 1807 00234 21281

Reciacuteproca 0518 1452 -18877335 -132695

Loglinear 0657 1775 00024 177204

Semilog 0585 1690 85547 152205

Loginverso 0659 1784 -1602411 -178182

Regiatildeo Sul 1000-2300 km

Linear 0717 1988 00287 199518

Log 0731 1870 09625 206564

Quadraacutetica 0718 1994 00370 28280

Reciacuteproca 0689 1809 -677079372 -186448

Loglinear 0721 1801 00006 201240

Semilog 0712 1955 453897 197102

Loginverso 0722 1809 -14507433 -201916

Regiatildeo Sul 1500-2300 km

Linear 0710 1992 00287 194414

Log 0729 1870 09659 203826

Quadraacutetica 0712 2001 00403 29620

Reciacuteproca 0685 1835 -671025322 -183227

Loglinear 0718 1797 00006 198287

Semilog 0707 1969 451854 192834

Loginverso 0721 1814 -14485141 -199616

Continuaccedilatildeo