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Uni - FACEF CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FRANCA ESTILOS DE LIDERANÇA EM EVIDÊNCIA NA INDÚSTRIA DE CALÇADOS DE MÉDIO PORTE DA CIDADE DE FRANCA - SP Neivaldo Hakime Dutra FRANCA 2006

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Uni - FACEF

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FRANCA

ESTILOS DE LIDERANÇA EM EVIDÊNCIA NA

INDÚSTRIA DE CALÇADOS DE MÉDIO PORTE DA

CIDADE DE FRANCA - SP

Neivaldo Hakime Dutra

FRANCA

2006

2

Uni - FACEF

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FRANCA

ESTILOS DE LIDERANÇA EM EVIDÊNCIA NA

INDÚSTRIA DE CALÇADOS DE MÉDIO PORTE DA

CIDADE DE FRANCA - SP

Dissertação de Mestrado apresentado ao Centro Universitário de Franca – UNIFACEF como exigência parcial para obtenção do título de mestre. Programa em Administração de Empresas. Área de concentração: Gestão Empresarial.

Mestrando: Neivaldo Hakime Dutra. Orientadora: Profª. Drª Vânia Maria Jorge Nassif.

FRANCA

2006

3

Profª. Drª. Edna Maria Campanhol

Reitora da Uni-FACEF

Prof. Dr. Alexandre Assaf Neto

Coordenador do Programa de Mestrado em Administração do Uni-FACEF

Prof. Msc. Francismar Monteiro

Chefe do Departamento de Administração – Graduação do Uni-FACEF

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NEIVALDO HAKIME DUTRA

ESTILOS DE LIDERANÇA EM EVIDÊNCIA NA INDÚSTRIA DE CALÇADOS DE MÉDIO PORTE DA CIDADE DE FRANCA - SP

Franca, 2006. Orientadora: _____________________________________________________________ Profª. Drª. Vânia Maria Jorge Nassif Instituição: Uni-FACEF – Centro Universitário de Franca

Examinadora: _____________________________________________________________ Profª. Drª. Teresinha Covas Lisboa Instituição: Uni-FACEF – Centro Universitário de Franca Examinador: _____________________________________________________________ Prof. Dr. Jayr Figueiredo de Oliveira Instituição: Faculdades Integradas Campos Salles, F.C.S., USP.

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Agradecimentos

A Deus, pelo dom da vida, da sabedoria e da inteligência.

Às empresas que, apesar de seus afazeres cotidianos colaboraram com esta pesquisa ao

responderem os questionários.

À professora Dra. Vânia Maria Jorge Nassif pela sua atenção, competência e paciência. Sua contribuição foi decisiva na consecução desse trabalho.

6

Dedicações

Aos meus pais Joaquim e Olga, por me concederem os primeiros anos de estudo, a educação,

a dignidade e o respeito ao próximo e à família.

A minha amada esposa Helenice e a meus queridos filhos, Alex, Lucas e Heloísa por me

apoiarem e compreenderem as horas em que não pude estar presente.

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Resumo

O presente estudo tem como objetivo identificar os estilos de liderança em evidência na indústria de calçados de médio porte da cidade de Franca SP. Para tanto, foi realizada a pesquisa bibliográfica para levantar a origem, os conceitos, evolução histórica, as abordagens da nova liderança com destaque especial para a liderança transacional e transformacional, além de conceituar o líder e seu perfil no mundo atual. O trabalho adotou como instrumento de pesquisa o questionário MLQ de Bass e Avolio (1995). Agregada ao questionário, elaborou-se a investigação sócio-demográfica dos sujeitos da pesquisa. Na seqüência foi apresentada a trajetória histórica do contexto da pesquisa que é a cidade de Franca, para demonstrar as origens da cidade, como aconteceu a industrialização e a expansão calçadista. Neste contexto, optou-se pela estratégia de apresentar os benefícios que a pesquisa poderia proporcionar não só para a comunidade acadêmica, mas também aos profissionais que ocupam o cargo de liderança nas organizações eleitas para amostra. Participaram da pesquisa 173 respondentes, que ocupam cargos de liderança nas empresas pesquisadas. A amostra foi por conveniência em função da disponibilidade em participar da pesquisa. Em se tratando de uma pesquisa de natureza descritiva cujo método é o quantitativo, utilizou-se, para tratamento dos dados o SPSS – software estatístico para tratamento de dados em pesquisa de ciências sociais. Os resultados evidenciaram que há, na amostra pesquisada, pessoas com estilo de liderança transformacional. Palavras-chave: líder, liderança, liderança transformacional, indústria de calçados, questionário MLQ.

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Abstract

The present report aims to present and identify the different types of leadership

styles in evidence for the shoe industry mainly the medium size factories in Franca, SP. Therefore, a bibliographic research to specify the origim, the concepts, historical development, the new types of leadership with a special emphasis on transational leadership and the transformational one besides the concept of leadership and is profile in the actual world. This report has used as a research the Bass and Avolio MLQ questionnaire (1995). Together with the questionnaire there has been an investigation made on socio-demographic about this research subjects Moreover, it has presented a historical view of the business in Franca: how industrialization happened and how the expansion of business occurred. In such a context, we have chosen the strategy of presenting the benefits that this research could offer not only for the academic community but also to the professionals that have this kind of leadership position in the firms selected as samples. One hundred, seventy-there interviewed people that lead top executive positions at local industries. The sample was selected according to people’s awailability only. Once it was a descriptive-style research whose method is the quantitative one we have employed the SPSS method on our data the statical software for the study of data on the studied sample people with the so-called transformational leadership. Key-words: leader, transformational leadership, shoe industry and the MQL questionnaire.

9

Resumen

El presente estudio tiene como objeto la pesquisa de los modos de liderazgo

señalados en la industria de calzados de medio porte de la ciudad de Franca. – S.P. Para ello, ha sido realizada una pesquisa bibliográfica para buscar el origen, los conceptos, la evolución histórica, los nuevos modos de liderazgo, con destaque especial para el liderazgo transacional y transformacional, además de conceptuar el líder y su perfil en el mundo actual. El trabajo adoptó como instrumento de pesquisa las cuestiones de MLQ de Bass y Avolio (1995). Agregada a estas cuestiones, ha sido elaborada una investigación socio demográfica de los sujetos de la pesquisa. En la secuencia se ha presentado el trayecto histórico del contexto de la pesquisa, o sea, la ciudad de Franca, demostrando los orígenes de la ciudad, cómo sucedió la industrialización y la expansión de la producción de calzados. Así, se ha adoptado la estrategia de presentarse los beneficios que la pesquisa podría proporcionar no sólo para la comunidad académica sino para profesionales que poseen encargo del liderazgo en estas organizaciones elegidas para la muestra. Participaron de esta pesquisa 173 individuos, que poseen el encargo de liderazgo en las empresas pesquisadas. La muestra ha sido por conveniencia en función de la disponibilidad en participar de la pesquisa. Por tratarse de una pesquisa de naturaza de descripción, cuyo método es por cantidades, se ha utilizado para tratamiento de los datos el SPSS – software estadístico para tratamiento de datos en pesquisa de ciencias sociales. Los resultados demostraron que hay, en la muestra estudiada, personas con estilo de liderazgo transformacional.

Palabras llave: líder, liderazgo transformacional, industria de calzados, cuestiones MLQ

10

SUMÁRIO INTRODUÇÃO.....................................................................................................................16

JUSTIFICATIVA.................................................................................................................19

2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................20

2.1 Liderança........................................................................................................................20

2.2 Histórico da Teoria da Liderança.................................................................................22

2.2.1 Teoria dos Traços........................................................................................................23

2.2.2 Estilos de Liderança ...................................................................................................24

2.2.3 Teoria Contingencial...................................................................................................26

2.2.4 Abordagem da Nova Liderança.................................................................................28

2.2.5 Teoria da Liderança segundo Bass e Avolio.............................................................32

2.3 Conceitos de Líder..........................................................................................................34

2.4 O perfil dos líderes no contexto atual...........................................................................35

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................40

3.1 Problema de Pesquisa....................................................................................................40

3.2 Objetivos..........................................................................................................................40

3.2.1 Objetivos Gerais..........................................................................................................40

3.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................................40

3.3 Hipóteses de Pesquisa.....................................................................................................41

3.4 Variáveis dependentes e independentes........................................................................42

3.5 Definição Operacional das Variáveis............................................................................43

3.6 Tipos de Pesquisa............................................................................................................43

3.7 Universo e Amostra.........................................................................................................44

3.7.1 Sujeitos da Pesquisa.....................................................................................................46

3.7.2 Tipos de Amostras e Amostragem..............................................................................46

3.8 Coleta de Dados...............................................................................................................47

3.8.1 Técnica de Coleta de Dados........................................................................................47

3.8.2 Instrumento de Coleta de Dados................................................................................48

3.8.3 Processo de Coleta de Dados......................................................................................49

3.9 Tratamento dos dados....................................................................................................50

4 DADOS E ANÁLISES DOS RESULTADOS.................................................................52

4.1 Contexto da Pesquisa.....................................................................................................52

4.1.1 Origens da cidade de Franca......................................................................................52

4.1.2 A industrialização de calçados...................................................................................53

11

4.1.3 A expansão calçadista...............................................................................................53

4.2 Apresentação dos Resultados da Pesquisa................................................................56

4.2.1 Caracterização da amostra......................................................................................56

4.3 Tratamento dos dados.................................................................................................61

4.3.1 Exame de dados..........................................................................................................61

4.3.2 Dados perdidos ignoráveis.......................................................................................61

4.3.3 Análise Fatorial..........................................................................................................61

4.4 Análise dos dados.........................................................................................................62

4.5 Interpretação dos Fatores...........................................................................................68

CONCLUSÃO.....................................................................................................................77

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ELETRÔNICAS................................................83

APÊNDICE 1.......................................................................................................................84

ANEXO 1 Questionário Multifactorial de Liderança (MLQ).........................................85

ANEXO 2 Descrição das Assertivas do MLQ...................................................................86

12

LISTA DAS FIGURAS

Figura 1 Liderança Situacional.........................................................................................27

Figura 2 Variáveis da Pesquisa.........................................................................................42

Figura 3 Tipos de amostragens e características.............................................................47

13

LISTA DOS QUADROS

Quadro 1 Avaliação do estilo de liderança......................................................................25

Quadro 2 Quatro etapas para desenvolver uma nova declaração da visão.................29

Quadro 3 Resumo de um processo de estratégia em dez passos...................................30

Quadro 4 A grade de liderança - Personalidade............................................................37

Quadro 5 Requisitos para a liderança eficaz..................................................................38

Quadro 6 Objetivos Específicos x Técnicas Estatísticas................................................51

14

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação por porte das empresas...............................................................45

Tabela 2 Tempo de empresa..............................................................................................59

Tabela 3 Teste de esfericidade de Bartlett........................................................................63

Tabela 4 Comunalidades....................................................................................................66

Tabela 5 Variância total acumulada.................................................................................67

Tabela 6 Cargas fatoriais...................................................................................................69

Tabela 7 Matriz rotacionada.............................................................................................70

Tabela 8 Matriz de fatores rotacionada...........................................................................72

15

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Gênero dos respondentes..................................................................................56

Gráfico 2 Estado Civil........................................................................................................57

Gráfico 3 Grau de escolaridade........................................................................................57

Gráfico 4 Afiliação Religiosa.............................................................................................58

Gráfico 5 Área de Atuação................................................................................................60

Gráfico 6 Teste Scree.........................................................................................................68

16

INTRODUÇÃO

A formação do capital humano vem crescendo, em importância, com o avanço

tecnológico e com a expansão do setor de serviços. Tanto a capacidade física, como o

aperfeiçoamento técnico das pessoas, é necessária para aumentar a eficiência do trabalho,

gerir adequadamente o capital material, além de proporcionar subsídios para o controle do

capital financeiro.

É nesse capital humano que estão consolidados os mais diferentes estudos das

últimas décadas. Os resultados das pesquisas mostram divergências em suas considerações, o

que causa, constantemente, interesse pela investigação dos respectivos temas.

Livros, artigos, bem como investigações científicas propagam conceitos sobre

relações humanas, motivação, liderança, inteligência emocional, correspondentes à ação dos

indivíduos nas organizações.

O grande desafio das organizações modernas, devido ao fenômeno da

globalização, é a competitividade. Produtos, processos e serviços estão em constante mudança

numa velocidade muito difícil de ser calculada, condições que produzem, indubitavelmente,

ameaças e oportunidades.

As instituições que pretendem se destacar e se perpetuar no cenário econômico,

evidentemente, necessitam de recursos humanos capazes de enfrentar a concorrência, a

competitividade e a grande variedade de mudanças geradas pela interligação de povos e

economia.

Porém, nem sempre as pessoas foram tratados de forma especial e importante. Na

Antiguidade, precisamente no auge da civilização grega, existia um grande contraste entre a

sociedade atual e a da época. O trabalho não era visto com nobreza, mas sim como uma

atividade praticada, principalmente, pelos escravos, encarregados da execução das tarefas

mais humildes e pesadas (CARMO, 1992).

A noção e importância da execução do trabalho para os gregos estão vinculadas à

rotina da utilização das mãos em contato com utensílios rudimentares, sem técnica e

criatividade. Platão, na sociedade idealizada de República, reconheceu que a divisão do

trabalho traz maiores benefícios à sociedade e propicia um harmonioso intercâmbio de

serviços.

No século XVIII, segundo Motta et al (2002), a expansão comercial e financeira

propiciou o surgimento do capitalismo. O feudalismo perdeu terreno e a burguesia emergiu

17

como classe dominante, impondo gradativamente seu ideal econômico, alicerçado de

mudanças substanciais na atividade manufatureira, de natureza artesanal e doméstica.

O ambiente das primeiras fábricas era constituído por trabalho ininterrupto durante

horas intermináveis, disciplina severa, serviços repetitivos, frio, calor e barulho, o que

acarretava muita recusa e desmotivação ao trabalho.

Na Administração Científica, protagonizada, principalmente, por Taylor e Ford, a

simplificação e especialização das tarefas, a organização o controle e a vigilância nos

mínimos detalhes da execução das atividades, produz a monotonia, o tédio e

conseqüentemente a idiotização do trabalhador.

Com o advento da Teoria das Relações Humanas de Lewin, e posteriormente, a

abordagem comportamental de Maslow, Herzberg e McGregor, os estudos sobre a ação

humana nas organizações se tornam relevantes e imprescindíveis (MOTTA et al, 2002).

A relação empresa e empregado já não pode mais ser primada por uma

organização burocrática, conduzida simplesmente ao estabelecimento de metas e

cumprimento de deveres dentro de certos limites de controle.

As pressões competitivas estão forçando os líderes mais antigos a criação desse

novo clima de relações industriais, pois não se mudam relações antagônicas estabelecidas

durante décadas apenas com administração ou gerenciamento (KOTTER, 1992).

Então, qual é o perfil e o estilo de liderança que as empresas necessitam frente a

este cenário?

Segundo Kotter (1992), a liderança eficaz é necessária porque num ambiente de

incerteza, gerado pela sociedade econômica atual, decidir a coisa certa e convencer os outros

a aceitar um novo jeito de fazer as coisas, exige um novo perfil que a maioria dos gerentes das

décadas de 50, 60 e início da década de 70 não precisavam ter.

As empresas, numa concepção moderna, já não são mais consideradas ativos fixos

e sim organismos vivos. Portanto, as pessoas que se alocam nestes ambientes já não aceitam

mais as condições estabelecidas no passado. O líder gerencial, postulado por normas,

regimentos e procedimentos, extremamente eficiente e capaz, já não tem habilidade suficiente

para enfrentar a dinâmica das novas instituições.

Kotter (1992) diz que é necessário fazer com que mais pessoas pensem em

liderança, porque isso forçaria uma reavaliação das práticas atuais como moldam as carreiras

de um grande número de pessoas dentro das organizações.

18

Se por um lado, é importante entender as políticas e práticas que norteiam as

empresas neste contexto de turbulências e competitividade, por outro, faz-se necessário

conhecer quem são os líderes que conduzem pessoas e empreendimentos.

A literatura aponta diversos estilos de liderança e respalda suas explicações

considerando o ambiente, o contexto, as circunstâncias, as estratégias organizacionais e,

sobretudo, as pessoas.

O grande desafio é, então, identificar se um estilo de liderança atende melhor ou

não uma determinada organização. Mas, será que existe um estilo de liderança melhor que

outro?

Com base nessas reflexões, a presente pesquisa teve como objetivo identificar os

estilos de liderança em evidência na indústria de calçados de médio porte na cidade de Franca

– SP.

Este trabalho está organizado da seguinte forma: iniciou-se pelo referencial teórico

com o intuito de embasar as variáveis da pesquisa. Assim, ele contempla o conceito de

liderança e a abordagem das Teorias da Liderança – Traços, Estilos, Contingencial, Nova

Liderança, conceito de Líder, perfil do líder no contexto atual.

Na seqüência, estão presentes os procedimentos metodológicos, os quais norteiam

como a pesquisa foi desenvolvida. Após este item, apresentam-se o contexto da pesquisa, os

resultados e a análise dos dados obtidos das entrevistas e, finaliza-se com as conclusões

levantadas a partir do referencial teórico e pesquisa de campo.

Portanto, a pesquisa dos estilos de liderança nas empresas de calçados de médio

porte de Franca apresenta uma contribuição não só para a comunidade científica acadêmica,

mas também para o cenário empresarial calçadista da região.

19

JUSTIFICATIVA

A presente pesquisa nasceu de reflexões e de inquietações acerca da temática

liderança e de seu principal alvo, o líder.

A liderança é, com toda certeza, um fator importante nos assuntos humanos. A

necessidade de estudar a ação da liderança em cargos gerenciais, conhecer os diferentes

estilos de liderança, compreender as dificuldades encontradas no exercício da liderança eficaz

é uma realidade.

Não obstante, que o desenvolvimento de várias pesquisas acerca do tema tenha

ganhado relevância na comunidade científica acadêmica, dada à importância do papel do líder

no contexto organizacional, esta pesquisa pretende contribuir para o melhor entendimento do

estilo de liderança em empresas de médio porte, assunto este incipiente nos estudos do

contexto brasileiro.

Além disso, a ampliação do conceito de líder, identificar se há diferentes estilos de

liderança no setor calçadista se torna fundamental para entender, não só na academia, mas,

sobretudo, no mundo empresarial, as ações desse importante ator no cenário organizacional.

Devido ao amplo parque industrial, cenário em que a pesquisa foi aplicada, a

pesquisa se justifica em teor e relevância.

20

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Liderança

O estudo da liderança e as teorias que abordam o assunto líder/liderado no

contexto das organizações, associações, religiões, nações ou qualquer outro grupo social, é

um tema que desperta grande interesse dos pesquisadores e cientistas sociais.

Desde a década de 40, foram publicadas abordagens inéditas sobre a liderança,

todavia é relevante o conhecimento dos trabalhos publicados pela literatura sobre o assunto a

partir do início do século (BERGAMINI, 1994).

A liderança não é um conceito de fácil definição. Seu uso rotineiro na vida

cotidiana distorce o modo como é definida, conseqüentemente dificulta a construção de um

conceito. Bryman (2004), resgata a definição de liderança de um pesquisador, cujo trabalho

teve um grande impacto num dos estágios da evolução da teoria.

O conceito de liderança abordado por Stogdill em 1950 refuta que ela pode ser

considerada como um processo de influenciar as atividades de um grupo organizado em seus

esforços no estabelecimento e execução de metas (BRYMAN, 2004).

Afinal, o que é a liderança? Quais são as principais atribuições desta função?

Embora a palavra liderança passe a sensação de que aqueles que se encontram no topo são

automaticamente líderes, distorce totalmente a função da liderança, pois ela não é um lugar,

mas sim um processo (KOUZES e POSNER, 1997).

Portanto, liderança não é, por si só, função exclusiva das pessoas que ocupam

cargos superiores hierarquicamente nas organizações. A liderança ocorre sempre que alguém

procura influenciar o comportamento de um indivíduo ou de um grupo, qualquer que seja a

finalidade. Pode ser exercida visando objetivos pessoais ou de terceiros, que podem ser

coerentes ou não com os objetivos organizacionais (HERSEY e BLANCHARD, 1986).

As opiniões e conceitos de liderança diferem quanto ao perfil ideal para conduzir

os seus liderados ao alcance dos objetivos institucionais.

Na opinião de Bennis e Nanus (1988), a liderança é compreendida como um

conjunto de habilidades que um grande número de pessoas possui, porém poucas exercem.

Em um conceito específico da palavra “liderança”, Kotter (1992) aborda as duas

maneiras básicas no cotidiano: (1) quando se refere ao processo de mover um grupo de

21

pessoas em alguma direção por meio de métodos coercitivos ou (2) para se referir a pessoas

que ocupam posições onde se espera liderança.

Para Harry Truman, (KETS DE VRIES, 1997), liderança é a habilidade de levar

pessoas a fazer o que não gostam, gostando de fazê-lo.

McGregor, em seus trabalhos, aborda a diferença de pressupostos sobre a natureza

humana e suas motivações correspondentes a diferentes estilos de liderança e compara o perfil

dos liderados da Teoria X, onde as pessoas são preguiçosas e indolentes, evitam o trabalho e

precisam ser vigiadas e na Teoria Y, onde as pessoas gostam do trabalho, podem se controlar

e, conseqüentemente, são criativas e competentes (MOTTA e VASCONCELLOS, 2002).

Caso seja feita uma comparação das teorias e definições de liderança, na Teoria X

praticamente inexiste a liderança, prevalecendo a postura administrativa hierárquica, enquanto

que, na Teoria Y prevalecem as ações relacionadas aos conceitos de liderança.

Há autores que abordam a liderança como o processo de lidar com a mudança

(KOTTER, 2000) ou a capacidade de criar o tipo de ambiente ideal em que as pessoas sintam

o êxtase na realização de suas tarefas (KETS DE VRIES, 1997).

Kouzes e Posner (1997) realizaram um estudo sobre a liderança por meio de

questionários e análises, onde avaliaram um modelo ideal quando os líderes estavam em sua

melhor forma. As regras básicas encontradas foram: desafiar o estabelecido, inspirar uma

visão compartilhada, permitir que os outros ajam, apontar o caminho e encorajar o coração.

Os novos conceitos sobre liderança foram elaborados após o desenvolvimento da

administração científica e neoclássica, isto devido à mudança do contexto social, o qual

gerou, certamente, um comportamento diferente nos jovens da década de 60 e 70, que

estavam entrando no mercado de trabalho e não iriam aceitar as mesmas condições de

trabalho que seus antecessores tinham aceitado (MOTTA e VASCONCELLOS, 2002).

Provavelmente, essa mudança no comportamento dos jovens e da sociedade, gerou

a necessidade das organizações buscarem no cenário atual líderes empreendedores, ousados,

flexíveis e que tenham bom relacionamento. Atualmente, a falta de líderes nas organizações

não é conseqüência de incompetência ou medo, mas sim de idéias ultrapassadas sobre a

liderança. A gestão administrativa das empresas modernas já não permite o uso dos conceitos

ultrapassados da liderança (KOUZES e POSNER, 1997).

Considerando que existem vários conceitos de liderança, este trabalho deseja

direcionar o seu enfoque na faceta da nova liderança. Primeiramente, será feita uma revisão

histórica dos enfoques da teoria sobre liderança. A seguir, serão trabalhadas as implicações

práticas do entendimento da liderança.

22

2.2 Histórico da teoria da liderança

O tema liderança há muito tempo tem sido investigado, por isso justifica-se a

apresentação de variadas abordagens e definições. No entanto, devido ao conceito estar em

contínua evolução, já existe grande quantidade de concepções.

Embora o termo liderança tenha surgido há, aproximadamente, duzentos anos na

língua inglesa, Stdogdill acredita que ele tenha aparecido por volta do ano 1.300 da era cristã

(BERGAMINI, 1994).

O crescimento da literatura sobre o tema reflete no aumento de artigos no

Handbook of leadership. Em 1974, esse manual apresentava 3.000 estudos, após sete anos

5.000 e em 1995 passou dos 7.000. No entanto, a popularidade da pesquisa não foi compatível

com a sua relevância. Os títulos das teorias, novas e antigas, demonstram a natureza dessas

pesquisas: minuciosas e alienadas, totalmente fora da realidade cotidiana (KETS DE VRIES,

1997).

A preocupação com a liderança é tão antiga quanto à história escrita. Platão

constituiu um bom exemplo dessas preocupações iniciais ao falar da adequada educação e

treinamento dos líderes políticos, assim como da grande parte dos filósofos políticos que,

desde essa época, procuraram lidar com esse problema.

No estudo da liderança é preciso interpretar o conjunto de todos os pontos de vista

dos autores, a fim de que se tenha uma visão mais abrangente do tema.

A evolução histórica da liderança é compreendida de quatro etapas

correspondentes a um determinado período. A teoria dos traços, que marca o início dos

estudos sobre liderança, originou-se de pesquisas disponíveis a respeito de liderança dentro

dos períodos compreendidos entre 1904-1948 (BERGAMINI, 1994).

A abordagem do estilo, caracterizada pela dinâmica do comportamento do líder,

iniciou na década de 50 e prevaleceu até o final dos anos 60 (BERGAMINI, 1994).

O apogeu da abordagem contingencial surgiu no final dos anos 60 e início dos

anos 80 e a mais importante abordagem sobre o tema tem sido a influente nova liderança.

Cada uma dessas etapas indica uma transformação de enfoque e não o fim das

anteriores, sendo que a cronologia dos estudos está associada à mudança de ênfase.

A cobertura e a interpretação dessas principais abordagens será disposta a seguir,

dividindo-as em tópicos específicos, os quais representam uma forma mais evoluída sobre o

estudo da liderança.

23

2.2.1 Teoria dos traços

O primeiro estágio de pesquisa sobre a liderança é o da teoria dos Traços, o qual

busca enfatizar as qualidades pessoais e características do líder.

A proposta desenvolvida pelos pesquisadores nessa teoria foi a crença de que a

liderança é uma característica de nascença. Os líderes eram natos, e não formados, impelidos

a liderar por algum processo insondável. O poder era investido em um número muito limitado

de pessoas, cuja herança e destino os tinham tornado líderes (BENNIS e NANUS, 1988).

O enfoque essencial dessa teoria é distinguir os traços pessoais dos líderes

daquelas pessoas que não são líderes, ou seja, os seguidores.

Desta forma, os líderes passam a ser compreendidos como seres diferentes de

outras pessoas, pelo fato de possuírem alguns traços de personalidade considerados como

profundos (BERGAMINI, 1994).

Os principais quesitos de traços pessoais examinados pelos pesquisadores recaíram

sobre três principais grupos: físicas, avaliando a compleição física, altura e aparência;

inteligência e fluência de discurso e características de personalidade, que englobava o perfil, a

introversão, extroversão e a autoconfiança.

Um relevante acontecimento na evolução dos estudos sobre o traço pessoal dos

líderes foi a publicação da pesquisa de Stogdill (1948), que, juntamente a um estudo de Gibb

(1947) questionaram os resultados de pesquisas anteriores sobre os traços pessoais de

liderança (BRYMAN, 2004).

Muitos estudos, além de utilizarem as características dos líderes, adotaram ao

formato de pesquisa os testes de habilidade e auto-relatos.

Stogdill (1948) localizou 104 estudos, enquanto Mann (1959) referiu-relatos a 75.

Observadores como Stogdill (1974), Yukl (1981) e Bryman (1986) perceberam o efeito

substancial das primeiras revisões sobre as concepções posteriores do estudo referente à

liderança (BRYMAN, 2004).

Convém ressaltar a necessidade de uma cuidadosa interpretação das revisões de

Stogdill e Mann, centradas em avaliar o comportamento de crianças em situações não

estruturadas ao comportamento de líderes adultos, em organizações providas de estrutura

formal (BRYMAN, 2004).

Embora alguns estudos realizados de forma sistemática no enfoque dessa teoria e

mesmo que essas pesquisas tenham encontrado alguns traços pessoais significativos, as

24

características da personalidade do líder apresentam evidências consideráveis na sua

confirmação prática.

Provavelmente, os estudiosos deviam encontrar alguns traços de inteligência,

capacidade de persuasão, potencial de supervisão, potencial que podiam abranger quase todas

as circunstâncias, portanto os outros traços que norteiam as necessidades de realização, poder

e associação serviam apenas a uma classe limitada de situações (HAMPTON, 1983).

Segundo Bergamini (1994), o principal objetivo dos teóricos era a investigação

dos conjuntos de traços peculiares ao líder, portanto não foram correlacionadas essas

características a outros aspectos relevantes, por exemplos a eficácia no processo de liderança.

Entretanto, as metas das pesquisas de estudiosos, como Stogdill conduziram a uma

desilusão com a teoria dos traços pessoais e a partir do final da década de 40, a tendência

mudou para uma investigação do estilo de liderança.

2.2.2 Estilos de liderança

O enfoque dos estilos de liderança aparece logo no início da década de 50. Nessa

época, os cientistas passaram a se preocupar especificamente como o bom líder deve agir. Os

pesquisadores dirigem a sua atenção aos aspectos que caracterizam a dinâmica do

comportamento do líder (BERGAMINI, 1994).

Essa segunda etapa que norteia os estudos sobre estilo de liderança inicia-se após a

II Grande Guerra Mundial no momento em que a grande preocupação é: as atividades de

gerenciamento do dia-a-dia das organizações. A concentração de esforços foi conduzida em

analisar o comportamento e ação adequada do líder.

Essa mudança denotou uma alteração nas implicações práticas da pesquisa sobre

liderança.

Enquanto que a teoria dos traços caracterizou os tipos de pessoas que se tornaram

líderes e diante desta proposta possuíam enorme potencial para abastecer as organizações com

informações importantes na seleção de líderes atuais ou futuros, a abordagem do estilo de

liderança tem a vertente dirimida à ênfase no treinamento em detrimento da seleção dos

líderes.

25

Quadro 1: Avaliação do estilo de liderança Estilo de liderança Aspecto negativo (do líder) Aspecto positivo (do líder)

Crítico Ditador, assume posições repressoras e

autoritárias; raramente são abertos a novas

idéias e procedimentos

Informado, avalia com competência, analisa

prós e contra e transmite segurança.

Treinador Sufoca e manipula o funcionário. Motivador, encoraja os colaboradores e

estimula o desenvolvimento profissional.

Sabe ouvir e preocupa-se com s saúde

física, mental e econômica do funcionário.

Não intervencionista Solitários omissos, não se preocupam com

o bem estar dos funcionários nem com

qualquer relação interpessoal.

Libertadores, não interferem, portanto os

colaboradores ficam livres para impor seu

próprio ritmo de trabalho.

Analista Computadores permanentes processam

dados e freqüentemente são inadequados no

relacionamento com o lado humano.

Comunicadores, extremamente potentes por

sua habilidade em coletar dados analisá-los

e estimar probabilidades.

Pacificador Obediente, um autêntico capacho, manso,

não oferece resistência, torna-se chato

porque deseja agradar a todos e raramente

consegue.

Negociador por excelência, promove uma

atmosfera equilibrada e gera um bom

ambiente de trabalho.

Lutador Rebelde e hostil, joga pesado com golpes

baixos, quer vencer a qualquer preço. Tem

sede de vingança quando as coisas vão mal.

Direciona sua agressividade para estimular

a integração com seus colaboradores. Luta

pelo sucesso da equipe contra os

competidores. Tem senso de justiça e

integridade.

Inventor Cientista louco, sempre quer inventar algo

novo, isola-se para criar idéias na esperança

de que seja aprovado pelos outros.

Criadores apreciados por seu fluxo de

novas idéias e entusiasmo energizantes.

Contadores de histórias e geradores de

clima de criatividade entre seus

colaboradores.

Fonte: Quintella (Manual de Psicologia organizacional da consultoria vencedora, p. 155, 1994)

Muitas pesquisas com a visão de colocar em evidência comportamento e eficácia

dos líderes foram aplicadas. A hipótese proposta era determinar o nível de desempenho obtido

pelo grupo comparado com o estilo de liderança do líder.

Entre as pesquisas referentes ao estilo de liderança, a mais conhecida é a realizada

na Ohio State University (Universidade Estadual de Ohio) onde Stogdill foi um dos principais

pesquisadores (BRYMAN, 2004).

26

Os dois itens abordados com maior ênfase no questionário destas pesquisas sobre o

comportamento do líder formam a consideração e iniciativa de estruturar. O primeiro define a

preocupação e a consideração do líder para com os subordinados e o segundo denota o que e

como os subordinados devem fazer.

As análises das pontuações dos líderes dentro desses dois estilos foram

relacionadas a várias medidas de resultados, tais como desempenho do grupo e satisfação dos

subordinados. Consideração estava associada à moral e motivação no trabalho, porém baixos

níveis de desempenho (BRYMAN, 2004).

A importância da abordagem pode ser apenas um registro das percepções

genéricas das pessoas sobre o comportamento dos líderes e sua importância é tanto

metodológica, quanto substantiva. Consideração e iniciativa de estruturar ainda eram

empregados em estudos, muitos anos depois que a abordagem de estilo perdera atualidade.

Como comprovação desta afirmação de Bryman, Quintella (1994), num estudo da

óptica de avaliação do estilo de liderança por meio do consultor, aborda uma faceta

importante e resgata o modelo de James, desenhado no Quadro 1.

Embora a abordagem metodológica tenha continuado a ser usada de várias formas,

a principal tendência dos anos 60 foi na direção dos modelos contingenciais de liderança.

2.2.3 Teoria contingencial

As teorias situacionais possuem como principal foco de interesse o estudo do

comportamento contingente em liderança. No estudo da liderança contingencial aparece o

enfoque ao ambiente organizacional e o perfil e comportamento dos liderados na concepção

das pesquisas da ciência da liderança.

Os defensores da abordagem contingencial colocam os fatores situacionais no

centro de qualquer entendimento da liderança, buscando especificar as variáveis situacionais

que moderarão a efetividade das diferentes abordagens de liderança (BRYMAN, 2004).

Para explicar essas variáveis os estudiosos julgam que a principal ênfase desse

grupo de estudo está dirigida à investigação, além da ação do líder sobre a atitude passiva do

subordinado e das características comportamentais dos liderados (BERGAMINI, 1994).

Segundo Hersey e Blanchard (1986) não existe um só modo de influenciar as

pessoas. O estilo de liderança que uma pessoa deve adotar para influenciar indivíduos ou

grupos de pessoas depende do nível de maturidade dos envolvidos.

27

Esta maturidade varia em quatro níveis e inclui a dosagem certa de comportamento

de tarefa (direção) e comportamento de relacionamento (apoio).

Entende-se por comportamento de tarefa a medida em que o líder dirige as pessoas

e deve dizer a elas o que, como, quando e onde fazer. Por outro lado, o comportamento de

relacionamento é a medida que um líder se dedica na comunicação com as pessoas e tem a

intenção de encorajá-las e motivá-las (HERSEY e BLANCHARD, 1986).

O estilo de liderança proposto por Hersey e Blanchard (1986) é representado por

uma curva prescritiva, composta pelos quatro níveis de maturidade, ou seja, “determinar”,

“persuadir”, “compartilhar” e “delegar”, identificados na Figura 1.

Figura 1 – Liderança Situacional Fonte: Hersey e Blanchard (Psicologia para administradores: A teoria e as técnicas da liderança situacional, p. 189, 1986).

28

A proposta dos estudos da liderança contingencial era a disposição de líderes de

qualidade, contanto que fossem proporcionados treinamento específico e ambiente

organizacional adequados, os quais favoreceriam a ação eficaz do líder.

No começo dos anos 80, havia considerável desilusão com as teorias

contingenciais devido à impopularidade causada por conta dos resultados inconsistentes,

freqüentemente gerados pela pesquisa conduzida em referenciais teóricos e com problemas

relativos à mensuração de variáveis-chave (BRYMAN, 2004).

Essa desilusão das abordagens contingenciais gerou um espaço para conduzir

novos estudos sobre a liderança. No próximo tópico, será visto o tratamento teórico e as novas

vertentes abordadas no estudo da liderança.

2.2.4 Abordagem da nova liderança

A caracterização da expressão “nova liderança” tem sido usada para denotar as

abordagens atuais que surgiram na década de 80 e que, conseqüentemente, sinalizam um novo

modo de conceituar e pesquisar a liderança (BRYMAN, 2004).

Escritores e pesquisadores empregaram uma variedade de termos para nomear os

recentes tipos de liderança. No presente estudo, serão apresentados alguns tipos de liderança

desta nova abordagem.

O aparecimento de modelos que têm ênfase transformacional e aspectos

transacionais de liderança a reativou como um tópico principal de interesse teórico e prático

nos recentes anos 80.

Os estudiosos construíram modelos de situação, contingentes e transformação,

incorporando conceitos carismáticos, transacionais e visionários em um paradigma da nova

liderança (SKINNER e SPURGEON, 2005).

Talvez por causa das pressões da competitividade econômica, que as organizações

enfrentaram nos anos oitenta, havia interesse crescente nos exemplos de um único gerente que

cria extraordinários níveis de compromisso, esforço e vontade no empregado para correr altos

riscos na organização (WOODRUFFE, 2004).

Em decorrência da necessidade das organizações de encontrarem líderes que

pudessem concretizar comportamento de compromisso e motivação, a autoridade carismática

surge como retaguarda, pois está baseada nas convicções de seguidores no caráter exemplar

do líder. É vista como liderança carismática quando requerem as características de

29

autoconfiança, convicção e as condições de tensão e incerteza, metas de difícil mensuração e

excelente grau de envolvimento (WOODRUFFE, 2004).

Muitos estudiosos da liderança carismática também apresentaram a visão como

central para a liderança organizacional. A visão e a missão quase equivalem à definição

característica da liderança carismática (BRYMAN, 2004).

Nanus (2000) caracterizou um conceito que adota a relevância de uma liderança

visionária, pois é incontestável o fato de que as pessoas lideram quando se voltam para as

preocupações ocultas dos indivíduos, conseguindo, assim, aliados e seguidores.

Esta proposta possui como base uma visão declarada e compartilhada, por isso é

uma fonte de esperança e auto-estima para as pessoas na organização. As quatro etapas para

desenvolver uma declaração de visão estão abordadas no Quadro 2.

Quadro 2 - Quatro etapas para desenvolver uma nova declaração de visão

Etapa 1: A auditoria da visão

São levantadas questões fundamentais sobre a natureza e o propósito da organização, seus valores e sua cultura,

seus pontos fortes e fracos, os benefícios que oferece à sociedade e ao grupo de clientes, as estratégias utilizadas

para melhorar o desempenho e os métodos pelos quais tal melhoria está sendo avaliada.

Etapa 2: O escopo da visão

São identificados e examinados os principais componentes da organização, avaliando as ameaças e

oportunidades e especificados os limites de uma nova declaração de visão.

Etapa 3: O contexto da visão

Uma série ampla de futuros avanços que podem afetar a escolha de uma nova direção é identificada e avaliada,

incluindo as mudanças nas necessidades e nas aspirações de vários grupos de clientes e as forças que afetam o

futuro clima econômico, social, político e institucional da organização.

Etapa 4: A escolha da visão

São formuladas e comparadas declarações de visão alternativas, utilizando-se para tanto um conjunto de critérios

desenvolvidos a partir da análise anterior. Em seguida, uma nova declaração de visão é formulada e suas

aplicações estratégicas são consideradas.

Fonte: Nanus (Liderança para o terceiro setor: estratégia de sucesso para organizações sem fins lucrativos,

p.92, 2000).

O autor defende uma postura de aliança entre visão e missão, porque a missão é

uma declaração para onde ela vai, então a estratégia é uma afirmação de como essa

organização pretende chegar aonde deseja. Segundo Nanus (2000) o processo estratégico é

um modelo essencial que pode ser convertido em liderança estratégica (Quadro 3) conforme

estabelecido nos dez passos do processo de estratégia.

30

Quadro 3 - Resumo de um processo de estratégia em dez passos

1- Desenvolver e expor com clareza a visão e a missão da organização.

2- Escolher o propósito estratégico.

3- Identificar as questões estratégicas a serem solucionadas.

4- Selecionar um período de tempo apropriado.

5- Especificar o que precisa ser incluído na estratégia.

6- Avaliar as necessidades dos clientes e as necessidades de outros interessados na organização.

7- Avaliar as tendências de longo prazo que afetam a estratégia.

8- Identificar fatores estratégicos, problemas e oportunidades.

9- Criar e avaliar alternativas estratégicas.

10- Elaborar um plano de implementação.

Fonte: Nanus (Liderança para o terceiro setor: estratégia de sucesso para organizações sem fins lucrativos,

p.92, 2000).

Durante o processo de funcionamento da estratégia, o líder serve como modelo,

porta-voz, negociador e principal patrocinador, pois ela é o instrumento que o líder utiliza

para determinar a maneira pela qual irá renovar ou transformar a organização.

Bryman (2004) analisa os estudos sobre a Nova Liderança como sinais de

mudança de orientação, uma vez que considera o líder como um gestor de significado e

reconhece o papel fundamental da visão no processo.

No estudo de Burns, os líderes políticos podem ser distinguidos em termos de uma

dicotomia entre liderança transacional e transformacional. A primeira compreende uma troca

entre líderes e seguidores, especificada na oferta de recompensas na forma de prestígio e

dinheiro em obediência a seus desejos (BRYMAN, 2004).

Na análise literal do termo, transacional significa trocar algo por um outro

objetivo, sentido ou ação. Segundo Steiner (1976), psicólogo americano, a teoria transacional

é sustentada quando o comportamento entre duas pessoas é mais compreensível examinado

em termos de transações.

Liderança transacional é um processo de troca social entre os liderados e líderes

que envolvem várias transações baseadas em recompensas. O líder transacional transmite as

expectativas de desempenho, metas e o ponto em que serão confrontadas as metas e

recompensas. O líder, também monitora o desempenho dos seguidores e propõe ações

corretivas quando necessário (SMITH, 2005).

Enquanto que, a segunda vertente, a liderança transformacional é baseada na

mutualidade de propósito, onde o líder transformacional eleva as aspirações de seus

seguidores (BRYMAN, 2004).

31

O termo “liderança transformacional” foi mencionado pela primeira vez por J.V.

Dowton em 1973, no seu livro Rebel Leadership. Burns, em seu livro Leadership, de 1978,

forneceu um quadro teórico para este termo, bem como modelo e método de mensuração

(BRYMAN, 2004).

A proposta da liderança transformacional está baseada na influência do líder ao

seguidor. A ação da liderança nesse caso tem que ocorrer em dupla direção a fim de que se

estabeleça o clima de respeito ao outro enquanto pessoa integral.

Na ação da liderança transformacional o líder retira fonte de informações na

convivência com o seguidor para exercer o seu papel, portanto não somente o influencia como

também é influenciado por ele (BERGAMINI, 1994).

Um outro conceito de liderança transformacional é que ela acontece quando um

líder inspira os seguidores para compartilhar uma visão, permite e provê os recursos

necessários para desenvolver o potencial das pessoas, cria um ambiente de otimismo,

mobiliza o compromisso e supre as necessidades dos liderados (SMITH, 2005).

Skinner e Spurgeon (2005) entendem que a nova liderança, a qual eles adotaram o

título de liderança saudável, não está relacionada somente com o resultado do trabalho, mas

também envolve compreensão, habilidades emocionais e competências profissionais para

contemplar as necessidades pessoais dos indivíduos.

A liderança transformacional requer um equilíbrio entre compreensão conceitual

emocional, a fim de identificar as características interpessoais entre líder e seguidor, o que

permite uma inspiração motivadora e idealiza influência na ação das pessoas envolvidas

(SKINNER e SPURGEON, 2005).

Num estudo recente, Smith (2005) realiza uma comparação contextual entre

liderança transformacional e liderança servidora. Na conclusão de suas pesquisas, a liderança

servidora será mais efetiva que a transformacional em situações específicas, por exemplo, em

entidades filantrópicas e sem fins lucrativos, associações, organizações religiosas e trabalho

voluntário.

A liderança servidora assume o caráter de encorajamento e afirmação, pois facilita

o desenvolvimento e crescimento pessoal dos seguidores e, portanto encoraja a inovação e a

criatividade, razão pela qual ela conduzirá a uma cultura geradora espiritual nas instituições.

Entretanto, em ambientes externos desafiadores, a presença do líder

transformacional é crucial. As influências estabelecidas pela liderança transformacional são

idealizadas por influência, inspiração motivacional, intelectual e formação do indivíduo

(SMITH, 2005).

32

Embora a liderança servidora seja um conceito atraente e crescente no repertório

de estilos de liderança, se apresenta sistematicamente indefinido, pois não se apoiou, ainda em

nenhuma pesquisa empírica. Infelizmente, a literatura de liderança servidora é bastante

indeterminada, um pouco ambígua e principalmente anedótica (RUSSEL, 2002).

A tarefa proposta por Russel (2002) é transformar a literatura e a teoria de

liderança servidora em pesquisa de campo e aplicá-la no cenário atual das organizações.

Liderança servidora é um conceito que pode mudar as organizações e sociedades

potencialmente porque estimula metamorfoses pessoais e organizacionais. Líderes servidores

estimulam a mudança do ego pessoal e o comportamento externo.

Pearce (2003) realiza um estudo de comportamentos teórico da liderança baseado

em uma análise histórica da literatura da liderança e testa várias tipologias teoricamente

plausíveis que usam a análise fatorial de confirmação. Um dos resultados apoiados é a

existência da liderança dispersiva, cujo enfoque é o da auto-gestão e habilidade do ego-

liderança do liderado.

Segundo Kotter (1999), o gerente do século XXI tem necessidade de um

conhecimento mais abrangente sobre liderança e o funcionário precisa também ter

conhecimento sobre liderança e gerenciamento. As empresas de destaque no cenário atual

precisam ser adaptáveis e dinâmicas. Isto somente é possível seguindo os novos conceitos de

liderança.

2.2.5 Teoria da liderança segundo Bass e Avolio

Este item se justifica pelo fato desta pesquisa ter utilizado o instrumento de coleta

de dados desenvolvido pelos autores Bass e Avolio.

Na pesquisa de Bass e Avolio (1993), sobre liderança transformacional e

transacional, foram especificados, como fonte de referência, os componentes básicos

desenvolvidos em uma bateria de indicadores quantitativos.

No presente estudo, os pesquisadores, no processo de investigação, têm como

objetivo demonstrar que a liderança transformacional modifica a cultura organizacional da

empresa, porém é interessante manter a base efetiva da liderança transformacional.

Esta hipótese pode ser confirmada na suposição compartilhada dos componentes

da liderança transformacional:

• Carisma: desenvolvimento de uma visão despertando confiança, orgulho e

respeito dos liderados.

33

• Inspiração: motivar os subordinados, gerando altas expectativas, adequando

comportamentos e atitudes com a finalidade de somar esforços.

• Consideração individualizada: dirigir a atenção pessoal a cada seguidor,

aguçar o relacionamento.

• Estimulação intelectual: propõe o desafio constante dos seguidores no

desenvolvimento de novas idéias e cenário.

...e dos componentes da liderança transacional:

• Recompensas contingentes: ao atingir um determinado objetivo, os

seguidores são recompensados.

• Gestão pela exceção: age quando existe não conformidade das atividades em

relação ao planejado.

Os seguidores completam os questionários, nos quais são especificados os tipos de

comportamento de líderes, onde cada um deles são relacionados a um desses componentes. A

intenção é pontuar o líder em cada componente e correlação com uma medida de eficiência e

desempenho ou de esforço extra, referente à disponibilidade do avaliado em direcionar

esforços na defesa dos interesses dos líderes e da organização.

O resultado da pesquisa demonstrou que os líderes transformacionais integram a

perspicácia criativa, persistência e energia, intuição e sensibilidade às necessidades dos

outros, o que fortalece a estratégia de uma cultura organizacional consistente.

Em contraste, os líderes transacionais são caracterizados através da recompensa

contingente e administração por exceção. O acordo entre líder e seguidor é baseado em trocas

se fizer algo certo ou errado também. Na verdade, a liderança transacional não é ineficaz,

porém, limitada ao contrato explicito entre líder e seguidor (BASS e AVOLIO, 1993).

Em contrapartida, a liderança transformacional oferece possibilidades mais

práticas nas quais os líderes podem se comportar para adquirir o melhor fora de seguidores e

há exemplos de liderança transformacional que provoca mudança nos líderes e liderado.

Todavia, a teoria reivindica que a utilização da liderança transformacional nem

sempre é apropriada e permite a contingência de que a utilização da teoria transacional, às

vezes, será melhor.

34

2.3 Conceitos de líder

Os resultados das empresas são adquiridos por meio dos grupos de trabalho, dos

recursos materiais, tecnológicos e financeiros. A ação humana, evidentemente, é a estrutura

mais relevante e capaz de conduzir as entidades na consecução dos seus objetivos.

O ser humano, na evolução da história, transformou o mundo gradativamente e,

portanto, necessita de estratégias especiais a fim de que suas potencialidades sejam

devidamente absorvidas e aproveitadas nas instituições.

Essas capacidades que as pessoas possuem, podem ser melhoradas, quando o líder

coloca como meta final, o desenvolvimento de atitudes e hábitos de liderança, que

automaticamente preparem o indivíduo para decisões e ações acertadas no momento preciso

(QUINTELLA, 1972).

Todavia, é necessário que o líder saiba de suas aptidões e responsabilidades, para

que não estabeleça alguma relação não construtiva e ameaçadora no ambiente de trabalho.

Segundo Quintella (1972), o líder doentio autocrático é centralizador, tem medo de que os

subordinados relaxem no trabalho, é sádico e possuí sensação de prestígio, que vem o fato de

ser o “tal”. Essa postura se constitui numa afronta à personalidade do líder e vai causar uma

tendência de insatisfação e se constituirá numa armadilha.

Em qualquer atividade, a máxima produtividade só é encontrada quando todos os

participantes (líderes e liderados) se esforçam para alcançar objetivo em comum. Havendo

divergências, dificilmente os objetivos poderão ser alcançados ou quando são, será com muito

sacrifício e reduzida produtividade (SOCALSCHI et al., 1985).

A liderança totalitária inibe a participação do grupo, restringe a criatividade.

Produtos inovadores, novos modelos de gestão e aprimoramento, dificilmente serão

implantados de uma forma eficaz e coerente, porque o líder não possuirá a confiança e a

aprovação dos liderados.

Entretanto, muitos líderes passam a maioria do tempo controlando, vigiando e

punindo seus empregados e se preocupam com as metas da empresa, em detrimento de

compreender as necessidades e capacidade dos indivíduos.

Quando ocorre a lacuna de valores, as diferenças entre, o que a gerência pensa e, o

que os funcionários estão realmente sentindo, é muito grande. Os fatores que reduzem, e que

aumentam a satisfação dos funcionários, têm direta relação com o alinhamento de valores.

Bennis (1988), declarou que as melhores qualidades do líder são a integridade, a

dedicação, a magnitude, a humildade, a franqueza e a criatividade. Os bons líderes

35

desenvolvem as qualidades de exemplo pessoal e execução dedicada (KOUZES e POSNER,

1997).

Ao definir o líder ideal, Mintzberg (1998) resgata o exemplo de Brawell Tovey da

Winnipeg Symphony Orchestra, pois ele não é um simples maestro, mas um líder que mantém

o controle absoluto da sua orquestra ao refletir a sua figura como um gerente na condução de

sua notável equipe de forma organizada na realização de suas metas.

Na realidade, o que acontece em muitas empresas é a figura do líder que luta para

manter o seu cargo, preocupa-se somente com os objetivos da empresa e abandona os

sentimentos, as necessidades e aspirações dos liderados. Neste modelo, o gerente apresenta

sugestões, toma a decisão e impõe mudanças sem a participação dos funcionários.

A liderança, na opinião de Crosby (1999), é fazer com que as ações conduzidas

por pessoas, sejam planejadas para permitir a realização do programa de trabalho do líder. Os

líderes escolhem, criam, convencem e causam.

Atualmente, não basta ao líder influenciar e dirigir o comportamento das pessoas.

É fundamental ele possuir um estilo de liderança participativa, consultando os subordinados a

fim de que eles participem no processo de tomada de decisões.

No entanto, freqüentemente, a liderança é uma arte da qual se abusa. Houve

muitos líderes bem sucedidos que fizeram coisas terríveis acontecerem. Stalin, Hitler, Mao

Tsé-Tung e Al Capone são exemplos de líderes malignos e Clara Barton e Mohandas Ghandhi

são exemplos de líderes que desejaram praticar o bem. Tanto os primeiros quanto os segundos

foram líderes eficazes (CROSBY, 1999).

Os líderes citados no parágrafo anterior aproveitaram o seu carisma para

convencer os seus pupilos na realização de eventos diversos, sendo que os liderados possuíam

como justificativa convincente, o fato da credibilidade do líder, não se importando se a ação

estava correta ou não.

Os verdadeiros líderes são pessoas que assimilaram e entenderam os princípios

absolutos de liderança: programa de trabalho claro, filosofia individual, relações duradouras e

foco na globalização (CROSBY, 1999).

2.4 O perfil dos líderes no contexto atual

O século XX foi uma época de significativas mudanças em grande parte das

ciências, do mercado, das nações, enfim da sociedade. Na última década, o fenômeno da

36

globalização foi consolidado, isto porque países que até então tinham como forma de governo

o comunismo passaram por transformações notáveis, uns chegando a ser até capitalistas.

Tendo como foco a abertura de fronteiras, as nações permitem que produtos e

serviços diversos fluam em ambientes diferentes, o que influencia a busca por novos

conhecimentos, adaptação rápida e dinamismo das organizações.

Até dez anos atrás, microcomputador, celular, e-mail, TV a cabo e até telefone fixo

era privilégio de poucos. Atualmente, mesmo as camadas mais pobres, possuem pelo menos

algum tipo de comunicação veloz com o mundo. Caso seja feita uma projeção de quantas

coisas mudaram, principalmente nessa última década, o que pode acontecer nos próximos dez

ou em apenas cinco anos, considerando que milhões de pessoas já estão conectadas via fone

ou on-line?

O funcionário da atualidade precisa conhecer mais sobre liderança e

gerenciamento se comparado com o funcionário do século XX. O gerente do século XXI

precisa conhecer bastante sobre liderança. A resposta para criar e sustentar o tipo de empresa

bem-sucedida no século XXI é a liderança, não apenas na cúpula da hierarquia, mas também

em um sentido mais modesto em toda a empresa (KOTTER, 1999).

As organizações mais prósperas reconhecem a necessidade por liderança ao

praticar o treinamento ininterrupto, identificar e encorajar os novos talentos e protagonizam a

vigilância na busca de empregados que conduzirão as organizações delas no futuro.

Entretanto, existem alguns aspectos de liderança que são qualidades constantes: a

honestidade, cristalizada em comportamento e não somente em palavras; a visão, direcionada

para o futuro e compartilhada com os seguidores; a inspiração, cuja ação deve estimular os

outros a agir e a competência técnica do campo escolhido (ANONYMOUS, 2005).

Ainda, segundo Kotter (1999), no século XXI, líderes notáveis serão descobertos,

pois desenvolvem suas aptidões através de um aprendizado vitalício. Esse padrão de evolução

está sendo cada vez mais recompensado por um ambiente de rápidas mudanças.

As organizações precisam valorizar o talento humano (ativo intangível), criando

condições para que as pessoas tenham liberdade de expressão, estimulando a iniciativa por

meio de gestão participativa, projetando novos processos alicerçados na capacidade

intelectual do trabalhador (SPAREMBERGER e ZAMBERLAN, 2004).

A liderança eficaz nas empresas de hoje é complexa até nas situações mais

simples. São necessárias várias condições para criar a visão e a estratégia e conseguir trabalho

de equipe e motivação (KOTTER, 1992).

37

Segundo Kotter (1992) a expressão liderança “boa” ou “eficaz” tem ainda outros

significados. A primeira move as pessoas a seus verdadeiros propósitos e não à beira de um

abismo, não desenvolve o lado obscuro da natureza humana nas pessoas. A segunda, por sua

vez, é aquela que é uma forte liderança, porém não pode ser considerada como uma liderança

eficaz.

TAMM (2005), afirma que o líder deve possuir as habilidades essenciais para

conquistar as pessoas e influenciá-las a colaborar e construir redes fortes na organização. As

relações prósperas estão alicerçadas em constituir intenção colaboradora, desde que

predomine as características da veracidade, responsabilidade, autoconsciência e foco na

resolução de problemas.

Diante das cinco versões de liderança, com graus previsíveis de eficiência, Crosby

(1999) classifica os líderes em: destruidor, procrastinador, paralisador, planejador e

realizador. Evidentemente, os dois últimos estilos de liderar têm mais aderência às

necessidades do cenário mundial presente e futuro.

Quadro 4 - A Grade da Liderança – Personalidade

Destruidor Procrastinador Paralisador Planejador Realizador

Programa de

trabalho

“Agora, faremos

isto deste modo”.

“Voltarei mais

tarde a este

assunto com

você”.

“Esteja certo de

que isso não

viola nenhuma

lei”.

“Mostre a

estratégia para

que todos possam

vê-la”.

“Revisaremos os

pontos de

referência

mensalmente”.

Filosofia “Tenho mais

conhecimento que

você”.

“Não vamos

apressar as

coisas”.

“Não conserte o

que não está

quebrado”.

“Quero que

sejamos coerentes

em tudo”.

“Quero que todos

conheçam nossa

filosofia”.

Relacionamentos “Não preciso de

ninguém”.

“Vamos ver

primeiro como

eles interagem”.

“Faremos o que

funcionou na

última vez”.

“Precisamos ter

mais seminários”.

“Vamos incluir

os clientes,

fornecedores e

funcionários”.

Aquilo que

vemos.

Um grosseiro

insensível.

Um indivíduo

relutante e

nervoso.

Um indivíduo

congelado no

tempo.

O progresso

planejado.

Um indivíduo

vibrante e

coerente.

Fonte: Crosby (Princípios absolutos de liderança, p. 78, 1999).

Crosby afirma que a Grade da Liderança – Personalidade (Quadro 5), ajuda a

identificar os vários perfis de líderes. Esta grade permite examinar o perfil da pessoa a quem

38

você responde. Ela também permite enxergar sua própria maneira de agir, em um papel de

liderança. Aquilo que descobrir poderá agradar ou não, mas a maioria das práticas de

liderança pode ser aprimorada.

Além da personalidade, o cenário desenhado pelas instituições cria expectativas de

uma liderança, capaz de conduzir as organizações a obter padrões de desempenho, que

permitam o seu desenvolvimento e a sua consolidação no mercado.

Alcançar a liderança eficaz, em condições de larga escala e complexidade, exige

grande nível de energia, motivação e autoconfiança, conhecimento de uma vasta quantidade

de informações sobre produtos específicos, tecnologias, mercados e pessoas. Alguns

requisitos para a liderança eficaz (Quadro 5) nos cargos da alta administração em ambientes

de negócios complexos são necessários (KOTTER, 1992).

Quadro 5 - Requisitos para a liderança eficaz

I. Conhecimento do setor e da sua organização

Amplo conhecimento do setor (mercado, concorrência, produtos, tecnologias).

Amplo conhecimento da empresa (principais executivos e seus interesses, a cultura, a história, os sistemas).

II. Relações na empresa e no setor

Amplo conjunto de sólidas relações na empresa e no setor.

III. Reputação e ficha de realizações

Excelente reputação e convincente ficha de realizações em um amplo conjunto de atividades.

IV. Capacidades e habilidades

Mente arguta (capacidade analítica, suficientemente forte, bom senso, julgamento, aptidão para raciocinar, modo

estratégico e multidimensional).

Fortes habilidades interpessoais (capacidade de desenvolver boas relações de trabalho com rapidez, empatia,

capacidade de “vender”, sensibilidade em relação às pessoas e à natureza humana).

V. Valores pessoais

Elevada integridade (valorizar amplamente todas as pessoas e grupos).

VI. Motivação

Alto nível de energia.

Forte propensão para liderar (necessidades de poder e realização apoiadas na autoconfiança).

Fonte: Kotter (O fator liderança, p. 29, 1992)

39

O perfil do líder moderno na substituição do “grande homem” pelo “homem

organizacional” é sustentado em por postura mais flexível, adaptável a mudanças,

conhecimento apropriado, habilidades e discernimento em condições de grande variabilidade

(BENNIS, 1995).

As questões levantadas neste trabalho refletem parte dos estudos sobre a liderança,

desde os primeiros conceitos estabelecidos, cujas vertentes possuíam como enfoque a figura

do líder nato até a liderança com perfil organizacional, na qual a abordagem estuda a ação da

liderança nas instituições.

Nas pesquisas mais recentes sobre o tema, os autores têm como propósito

investigar se a ação da liderança é eficaz não somente na produção de resultados, mas também

se os seus seguidores estão convictos de que as atividades atribuídas a eles pelos líderes são

pactuadas, isto é, os liderados acatam as ordens dos líderes pela credibilidade que esses têm

por eles.

O referencial teórico deste estudo procurou contemplar as variáveis articuladas na

formação do problema de pesquisa dando subsídio e sustentação para a pesquisa de campo e

assim, comparar seus resultados com a literatura pesquisada.

Assim, as pesquisas sobre liderança necessitam de um maior comprometimento

dos teóricos, estudantes, professores, enfim da comunidade acadêmica científica. Além disso,

é preciso que haja um engajamento das instituições para permitir a difusão dos estudos, pois a

pesquisa de campo é essencial na descoberta de novas idéias.

No próximo item, serão demonstrados os procedimentos metodológicos adotados

no desenvolvimento deste trabalho que nortearam a pesquisa de campo.

40

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Problema de pesquisa

O problema de pesquisa segundo Vergara (2003), é uma questão não resolvida, é

algo para o qual se vai buscar resposta, via pesquisa.

Uma questão não resolvida pode estar referida a alguma lacuna epistemológica ou

metodológica percebida, a alguma dúvida quanto à sustentação de uma afirmação geralmente

aceita, a alguma necessidade de pôr à prova uma suposição, a interesses práticos, à vontade de

compreender e explicar uma situação do cotidiano ou outras situações.

Uma das principais regras para a formulação do problema de pesquisa é a

elaboração de uma pergunta (GIL, 1999).

Assim, a pergunta elaborada que gerou o problema desta pesquisa ficou definida:

Há estilos de liderança em evidência nas indústrias de calçados de médio

porte da cidade de Franca SP?

3.2 Objetivos

3.2.1 Objetivo geral

Segundo Mattar (1999) a definição do objetivo da pesquisa precisa estar

relacionada à solução do problema de pesquisa, e a ele deve estar restrita. Completando esta

visão, Vergara (2003) diz que o objetivo é um resultado a alcançar e conseqüentemente dá

resposta ao problema. O propósito deste trabalho foi alcançar o seguinte Objetivo Geral:

Identificar se há estilos de liderança em evidência nas indústrias de calçados

de médio porte da cidade de Franca - SP.

3.2.2 Objetivos específicos

Segundo Vergara (2003), objetivos específicos são metas cujo atingimento

depende do alcance do objetivo geral e, portanto, devem ser redigidos com o verbo no

41

infinitivo. Esses objetivos estão relacionados ao problema de pesquisa e por isso é uma

ampliação do objetivo geral (MATTAR, 1999).

Os Objetivos Específicos do presente estudo foram:

a) Conhecer, por meio da literatura, os estilos de liderança mais destacados

pelos autores de referência;

b) Levantar e caracterizar empresa de médio porte, segundo fonte de

informações legais e no contexto do segmento de calçados da cidade de

Franca – SP;

c) Utilizar como instrumento de coleta de dados o Questionário Multifactor

Leadership Questionnaire (Questionário Multifatorial de Liderança)

elaborado por Bass e Avolio (1995);

d) Elaborar um roteiro para levantar os dados demográficos dos

respondentes da pesquisa;

e) Aplicar o instrumento de coleta de dados para identificar se há estilos de

liderança em evidência nas indústrias de calçados de médio porte da

cidade de Franca – SP e,

f) Comparar os resultados obtidos com os estudados na literatura.

3.3 Hipóteses de pesquisa

Hipótese, segundo Rudio (1986), é uma suposição que se faz na tentativa de

explicar o que se desconhece. Essa suposição tem por característica o fato de ser provisória

devendo, portanto, ser testada para se verificar sua validade.

Máttar Netto (2003) afirma que é interessante formular as hipóteses do trabalho

antes mesmo de iniciar as pesquisas porque consta de um trabalho criativo, de adivinhação.

De qualquer forma, as hipóteses movem uma pesquisa e os resultados obtidos nesta podem

confirmá-las ou contradizê-las.

A hipótese formulada para este estudo é que há estilos de liderança em evidência

nas indústrias de calçados de médio porte da cidade de Franca – SP.

42

3.4 Variáveis dependentes e independentes

Variável é qualquer coisa que envolve duas ou mais categorias, por exemplo:

classe social, que envolve diversas categorias, como alta, média e baixa. O conceito de

variável provém da Matemática e, logicamente, é de natureza quantitativa, o que faz com que

as variáveis sejam classificadas como contínuas e discretas (GIL, 1999).

Variáveis contínuas são aquelas em que os valores podem ser fracionados, por

exemplo, idade, estatura, peso e outras. Variáveis discretas constituem-se sob a forma de

números inteiros.

Segundo Gil (1999), em boa parte das pesquisas interessa verificar se uma variável

interfere na outra ou, em outras palavras, se uma variável é causa da outra, portanto essas

pesquisas exigem a construção de hipóteses causais, que envolvem variáveis independentes e

dependentes.

Variáveis Independentes são manipuladas e controladas, cujos efeitos sobre as

variáveis dependentes se deseja medir (MATTAR, 1999).

Variáveis Dependentes são as variáveis cujos efeitos, provocados pelas variáveis

independentes, interessam ao pesquisador medir (MATTAR, 1999).

As variáveis da pesquisa ficam assim definidas:

Variável Independente Variável Dependente

PROBLEMA DE PESQUISA Figura 2: Variáveis da pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor com base no entendimento da literatura

Indústria de calçados de médio porte de Franca-SP.

Estilo de Liderança

Há estilos de liderança em evidência nas indústrias de calçados de médio porte da cidade de Franca SP?

43

3.5 Definição operacional das variáveis

A fim de que haja um correto entendimento da metodologia utilizada e dos

resultados da pesquisa, é necessária a definição operacional dos principais termos e variáveis

usados no decorrer do presente estudo científico.

O processo lógico de operacionalização de uma variável requer primeiramente a

definição teórica da variável e a enumeração de suas dimensões; e a definição empírica, que

pode ser chamada de operacional (GIL, 1999).

As definições operacionais auxiliam o pesquisador na condução eficiente da

pesquisa. Esta pesquisa utilizou a seguinte definição:

Liderança: A ação da liderança acontece quando um líder inspira os seguidores

para compartilhar uma visão, enquanto que os autoriza a alcançar a visão, provê o recurso

necessário para desenvolver o potencial pessoal. (BASS e AVOLIO, 1993).

Líder: Os verdadeiros líderes são pessoas que, necessariamente não atraem

somente valores morais mais altos, mas sim incluem em seu comportamento o senso de

missão, a delegação de autoridade, o ensino e treinamento constante, a ênfase na resolução de

problemas, o uso de argumentação (BASS e AVOLIO, 1993).

3.6 Tipo de pesquisa

Pesquisa é o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método

científico. O principal objetivo da pesquisa é descobrir respostas para os problemas mediante

o emprego de procedimentos científicos (GIL, 1999).

As pesquisas exploratórias envolvem, habitualmente, levantamento bibliográfico e

documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso. Ela visa prover o pesquisador de

um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva (MATTAR,

1999).

Os métodos utilizados pela pesquisa exploratória são bastante amplos e versáteis.

Os métodos empregados compreendem:

• Levantamentos em fontes secundárias: bibliográficas, documentais,

estatísticas e de pesquisas efetuadas.

44

• Levantamentos de experiência: experiências e conhecimentos empíricos.

• Estudo de casos selecionados: envolve exame de registros existentes,

observação da ocorrência do fato, entrevistas estruturadas ou não e outras

formas de estudo.

• Observação informal: capacidade de observar continuamente objetos,

comportamentos e fatos.

A pesquisa descritiva, segundo Gil (1999), tem como objetivo principal a

denominação das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento

de relações entre variáveis. Uma das características de pesquisa descritiva é o estabelecimento

de associação entre variáveis.

No presente estudo, optou-se pelo tipo de pesquisa descritiva e procurou-se

estabelecer associações com os dados demográficos dos respondentes.

3.7 Universo e amostra

As pesquisas sociais segundo Gil (1999), abrangem um universo de elementos tão

grande que se torna impossível considerá-los em sua totalidade, por isso, nessas pesquisas é

comum trabalhar com uma amostra, a qual representa uma pequena parte dos elementos que

compõem o universo. É muito importante o pesquisador selecionar e delimitar o tamanho da

amostra.

Nos conceitos sobre amostragem, Mattar (1999) aborda dois itens: população de

pesquisa e elemento de pesquisa.

População de pesquisa é o agregado de todos os casos que se enquadram num

conjunto de especificações previamente estabelecidas.

A população de pesquisa selecionada pelo autor foi: indústrias de calçados de

médio porte da cidade de Franca – SP. Para um melhor entendimento, optou-se por definir o

que é empresa de médio porte e a razão da escolha de uma das fontes consultadas para

pesquisa.

A classificação de empresa de médio porte (indústria, comércio e serviços) que o

BNDES adotou, conforme Carta Circular nº 64/02, de 14 de outubro de 2002 é a seguinte:

receita operacional bruta anual superior a R$ 10.500.000,00 (dez milhões e quinhentos mil

reais) e igual ou inferior a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais).

45

O enquadramento de empresa de médio porte, segundo a descrição dos incisos I e

II do caput do art. 2º da Lei 9841, de 05 de outubro de 1999 e do inciso II do § 1º do art. 17-D

da Lei 10.165, de 27 de dezembro de 2000, é aquela que possui receita bruta anual superior a

R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e igual ou inferior a R$ 12.000.000,00

(doze milhões de reais).

Na classificação do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena

empresa), o enquadramento de empresa de médio porte para o segmento industrial é o que

está incluído na faixa de 100 (cem) a 400 (quatrocentos) funcionários.

O pesquisador considerou, a partir dos elementos consultados, na designação da

população da pesquisa científica, o critério estabelecido para indústria de calçados de médio

porte, a fonte informada pelo SINDIFRAN (Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca –

SP). O SINDIFRAN classifica como indústria de calçados de médio porte aquela que possuí o

nº de 251 a 500 empregados.

Optou-se por essa fonte, pela realidade do cenário regional, pela fidedignidade

desta entidade e, também pela informação precisa da quantidade e identidade das instituições

selecionadas no parâmetro da pesquisa.

O resumo do critério adotado na caracterização de empresa de médio porte está

demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1: Classificação por porte das empresas

Fonte Grande Porte Médio porte Pequeno porte Micro empresa

Lei Federal 9.841 e

Lei Federal 10.165

Acima de

R$ 12.000.000,00

R$ 1.200.000,00

A R$ 12.000.000,00

R$ 544.000,00 a

R$ 1.200.000,00

Até

R$ 544.000,00

B.N.D.E.S. Acima de

R$ 60.000.000,00

R$ 10.500.000,00 a

R$ 60.000.000,00

R$ 1.200.000,00 a

R$ 10.500.000,00

Até R$

1.200.000,00

SEBRAE Acima de

500 funcionários

De 100 a

499 funcionários

De 20 a

99 funcionários

Até

19 funcionários

SINDIFRAN Acima de

500 funcionários

De 251 a

499 funcionários

De 51 a

250 funcionários

Até

50 funcionários

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados fornecidos pelas respectivas entidades.

46

Segundo Mattar (1999), a designação apropriada de população de pesquisa deve

conter: definição das especificações dos elementos de pesquisa; definição da unidade

amostral; abrangência geográfica da pesquisa; o período de tempo.

Na definição de Mattar (1999), o elemento de pesquisa é a unidade sobre a qual

procura-se obter os dados. Os elementos de pesquisa selecionados são comprovados pelo

registro na instituição e segmento de atuação. Em relação à abrangência geográfica, os

elementos são justificados pelo fato de estarem estabelecidos na cidade de Franca – SP.

3.7.1 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos selecionados para responderem a pesquisa foram os dirigentes,

gerentes, supervisores e encarregados, os quais exercem seus cargos nas indústrias de

calçados de médio porte de Franca – SP.

O critério estabelecido para esta amostra foi de que todos os respondentes tiveram

liderados.

3.7.2 Tipos de amostras e amostragem

Gil (1999) diz que amostra de uma pesquisa é o subconjunto do universo ou da

população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo

ou população. O processo de colher os dados da amostra é definido como amostragem.

Os tipos de amostragem podem ser classificados em dois grandes grupos:

amostragem probabilística e não-probabilística. O primeiro grupo é rigorosamente científico,

baseando-se nos princípios fundamentais estatísticos. Os tipos de amostragem do segundo

grupo não apresentam fundamentação matemática ou estatística e depende de critérios

exclusivos do pesquisador.

Todavia, os procedimentos desse último tipo necessitam de aspectos muito mais

críticos para comprovar a validade de seus resultados. Na Figura 3 estão especificadas as

características dos tipos de amostragem (MATTAR, 1999).

No presente estudo, as empresas foram selecionadas pelo processo de amostragem

não probabilístico por tipicidade ou intencional. Os questionários foram enviados para 100%

da amostra população alvo. Os sujeitos pesquisados constituíram-se nos dirigentes, gerentes,

supervisores e encarregados das indústrias de calçados de médio porte.

47

Figura 3: Tipos de amostragens e características

Fonte: Mattar (Pesquisa de Marketing: metodologia, planejamento, p. 267, 1996) com adaptações do autor.

Este tipo de amostragem consiste em selecionar um subgrupo da população que,

com base nas informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a

população. Possuí como principal vantagem os baixos custos de sua seleção, todavia requer

considerável conhecimento da população e do subgrupo selecionado (GIL, 1999).

Na fonte consultada (SINDIFRAN), foram encontradas 26 indústrias, sendo que os

elementos escolhidos constituem-se no perfil exigido pela pesquisa.

3.8 Coleta de dados

Coleta de dados trata-se da obtenção dos dados da população alvo, para posterior

tratamento e análise. Vergara (2003), destaca a importância da compreensão da informação do

processo de obtenção dos dados de que precisa para responder ao problema de pesquisa.

3.8.1 Técnica de coleta de dados

Há uma grande quantidade de técnicas de coleta de dados disponíveis aos

pesquisadores. A atribuição dos estudiosos é analisar e escolher aquela mais adequada com a

característica da pesquisa a ser elaborada.

Tipos de amostragens

Não probabilística

Básicas: 1. Convencional (ou Acidental) 2. Intencional (ou Julgamento) 3. Quotas (ou Proporcional) Variações: 1. Tráfego 2. Autogerada 3. Desproporcional

Probabilística

1. Aleatória Simples. 2. Aleatória estratificada 3. Conglomerado: Sistemática Área

Características

Características

A seleção dos elementos da população para compor a amostra depende, ao menos em parte, do julgamento do pesquisador ou entrevistador. As amostragens não probabilísticas geram amostras denominadas não probabilísticas.

Cada elemento da população possui uma chance conhecida e diferente de zero de ser selecionado. Geram amostras denominadas probabilísticas.

48

O instrumento de coleta de dados consiste na geração dos documentos que

constam as perguntas e questões apresentadas aos elementos selecionados e onde são

registradas as respostas e dados obtidos. O planejamento e execução das etapas iniciais do

trabalho de pesquisa se materializam no instrumento de coleta de dados (MATTAR, 1999).

Instrumento de coleta dados, quando se trata de pesquisa de campo, são os

formulários utilizados para relacionar ou registrar os dados a serem coletados. Podem ser

constituídos de questionários, rol de tópicos para entrevistas, formulários para anotações de

observações e outros (MATTAR, 1999).

No presente estudo, o instrumento de coleta de dados escolhido para pesquisa

quantitativa de caráter descritiva foi o questionário.

Para aplicação do questionário, a entrega do instrumento realizou-se por meio de

e-mail, correspondência e em mãos. A coleta dos dados foi possível efetuar pessoalmente,

com o auxílio de um assistente de pesquisa.

3.8.2 Instrumento de coleta de dados

No estudo atual do tema liderança, optou-se pela escolha do questionário

desenvolvido por Bass e Avolio (1995). No cenário nacional, esse questionário foi utilizado

na dissertação de mestrado de Almeida (2004), contudo, já foi validado em vários países.

Nele são elencadas 45 perguntas e a escala para medir atitudes usadas teve como

base o modelo proposto por Likert, conforme Mattar (1999) constituindo uma série de

afirmações relacionadas com o objeto pesquisado, na qual os respondentes são solicitados não

só a concordarem ou discordarem das afirmações, mas também a informarem qual o seu grau

de concordância / discordância.

A cada célula de resposta é atribuído um número que reflete a direção da atitude

do respondente em relação a cada afirmação. A somatória total da pontuação é representada

pela pontuação de cada respondente.

Segundo Almeida (2004), o questionário desenvolvido por Bass e Avolio possui

como nomenclatura original: Multifactor Leadership Questionnaire (Questionário

Multifatorial de Liderança) e possui como objetivo primário à coleta de dados pelo método

empírico (Anexo 1).

Como objetivo secundário, o autor desta pesquisa utilizará o processo de descrição

das assertivas do Multifactor Leadership Questionnaire , cuja elaboração constitui na

49

segregação das 45 perguntas, cuja intenção é atribuir as dimensões caracterizadas como

Liderança Transformacional, Liderança Transacional e Liderança não Transacional, além dos

fatores comuns a cada estilo de Liderança. O Anexo 2 demonstra a estrutura utilizada para a

seleção e demarcação deste instrumento de trabalho.

A utilização desse questionário teve a autorização dos próprios autores em

trabalhos de dissertações desenvolvidos em outros Programas de Mestrado (ALMEIDA,

2004).

3.8.3 Processo de coleta de dados

Uma das tarefas mais árduas do pesquisador é, sem sombra de dúvidas, a coleta de

dados. Tendo em vista que o questionário adotado para efetuar a pesquisa contou com 45

perguntas, além do questionário sócio demográfico, a primeira recepção sempre era

assustadora por parte dos sujeitos envolvidos na pesquisa.

Entretanto, rogou mais alta a persistência do pesquisador, o poder de persuasão, os

elementos de justificativa da importância do tema, além do estreito conhecimento com grande

parte dos proprietários das empresas selecionadas para a pesquisa.

Mesmo assim houve algumas empresas que não aceitaram responder o

questionário, abordando as seguintes justificativas: “... a direção não autorizou os funcionários

responderem...”, “... não pode fazer, só respondemos pesquisas no 1° semestre...”, “... o

questionário está muito grande, traga um menor...”, “... a direção não autorizou responder,

talvez em uma outra oportunidade...”.

Alguns acontecimentos peculiares, por exemplo, devem ser notificados. Um

diretor, ao fazer uma “faxina” em sua mesa “sem querer” jogou os questionários respondidos

no lixo. Argumentou que não seria possível refazer novamente, pois afetaria sua “moral”

junto aos subordinados.

Em relação ao custo financeiro da pesquisa é preciso salientar alguns pontos

interessantes. No que tange à quilometragem do automóvel, durante a pesquisa, o autor

percorreu aproximadamente 1.600 km, visto que o Distrito Industrial da cidade está situado a

13 km de sua residência.

A conta de telefone fixo teve um aumento nos meses de agosto, setembro, outubro,

novembro, na ordem de 85%, enquanto que a conta de telefone celular aumentou 150% em

vista das comunicações com os sujeitos da pesquisa. O tempo destinado à entrega, coleta,

50

percurso e telefonemas foi de aproximadamente 220 horas. Para conseguir efetuar a pesquisa,

houve a necessidade de recorrer a um auxiliar.

Percebeu-se no processo de pesquisa uma disparidade muito grande no perfil dos

empresários. Muitos não permitem, não aceitam, evitam as explicações do trabalho científico,

enfim acreditam que a pesquisa nunca vai ser útil em suas atividades. Em outras empresas,

porém, os empresários apoiaram o preenchimento, a entrega e a coleta. Depois de pronto, até

ligavam para buscar os questionários.

Evidentemente, para finalizar, vale a pena fazer uma observação: nas empresas

predispostas a colaborar, notou-se um grande senso de organização, zelo, limpeza, excelente

atendimento telefônico / pessoal, rapidez, respeito ao pesquisador.

A pesquisa de campo mostrou ao autor deste trabalho que a persistência, o

argumento, a persuasão, o relacionamento pessoal com os sujeitos, auxiliam na coleta de

dados. Além disso, é preciso traçar metas e não desprezar coleta alguma, nem que seja de

apenas um questionário.

Assim, foram enviados 328 questionários e retornaram 173 respondidos num

contingente de 26 empresas, perfazendo 52,74% de aproveitamento do instrumento de coleta

de dados, considerado estatisticamente significativo (HAIR et al., 2005).

3.9 Tratamento dos dados

O tratamento de dados é feito após a coleta de dados e consiste em analisar e

interpretar os dados colhidos. A análise tem como objetivo organizar e codificar os dados de

maneira que possibilitem a geração de repostas no problema proposto de investigação. A

interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o qual é

realizado comparando os resultados com os conhecimentos absorvidos (GIL, 1999).

O processo de análise e interpretação de dados abrange variados procedimentos,

tais como:

• Estabelecimento de categorias;

• Codificação;

• Tabulação;

• Análise estatística de dados;

• Avaliação das generalizações obtidas com os dados;

• Inferência de relações causais;

• Interpretação dos dados.

51

No Quadro 6 são descritas as técnicas que foram utilizadas para a análise dos

dados. O software usado para esta análise será o SPSS, para Windows, versão 13.

Quadro 6 – Objetivos Específicos x Técnicas Estatísticas

Objetivos específicos Técnicas estatísticas Caracterizar a amostra quanto à liderança

transformacional.

Caracterizar a amostra quanto à liderança transacional.

Caracterizar a amostra quanto a não liderança.

Análise Fatorial.

Análise Fatorial.

Análise Fatorial.

Fonte: elaborado pelo autor.

Para que haja melhor entendimento dos critérios adotados no tratamento de dados,

é importante estabelecer procedimentos de pesquisa. O Anexo 1 é a cópia do questionário

enviado aos participantes de pesquisa. No questionário as perguntas são formuladas de forma

crescente seqüencial, codificadas do nº 01 ao nº 45.

Codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados em

símbolos para que possam ser tabulados (GIL, 1999).

O passo seguinte é a tabulação, que consiste no processo de agrupar e contar os

casos que estão nas várias categorias de análise. O processo escolhido é o de tabulação

cruzada que consiste na contagem das freqüências que acontecem juntas em dois ou mais

conjuntos de categorias (GIL, 1999).

A opção por este processo de tabulação se deve ao fato da análise da descrição das

assertivas serem estratificadas em características de fator e dimensão, conforme demonstrado

no Anexo 2.

No processo de interpretação de dados o objetivo é procurar um sentido mais

amplo para os dados obtidos pela pesquisa e análise, por meio de sua ligação a outros

conhecimentos já obtidos (GIL, 1999).

Não existem normas específicas para indicar os procedimentos a serem adotados,

todavia a literatura especializada recomenda os cuidados que os pesquisadores devem tomar

para que a interpretação não comprometa a pesquisa.

52

4 DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Contexto da pesquisa

4.1.1 Origens da cidade de Franca.

No início do século XIX, pecuaristas e agricultores oriundos em sua maioria do sul

de Minas Gerais, chegaram à região de Franca, construíram suas casas onde atualmente é a

praça central e desenvolveram suas fazendas.

O agrupamento de então, que depois se transformou em município, era um

entreposto comercial na estrada para Goiás. Isso porque Franca situa-se entre os rios Pardo e

Grande, região que no século XVIII foi desbravada por bandeirantes paulistas que se dirigiam

à Vila Boa de Goiás pelo, então aberto “Caminho dos Goiazes”.

Alguns núcleos de povoamento foram surgindo à margem dessa estrada e, entre

eles, o que deu origem à cidade de Franca.

Ainda que faltem documentos, a região onde apareceu Franca constitui-se durante

praticamente todo o século XIX, um entreposto que se articulava com Minas, Gerais, do

Triângulo Mineiro até a Serra da Canastra, avançando até Goiás e Mato Grosso pela estrada

Real (TOSI, 2002).

Em 1856, Franca passou a categoria de cidade e o agrupamento foi o mais

importante e destacado centro urbano da região do século XIX, o que talvez explique o fato de

ter se tornado um centro de industrialização de calçados posteriormente. (CHIACHIRI

FILHO, 1994).

As fases econômicas marcantes na história de Franca são divididas em três: a da

pecuária, a do café e a da industrialização de calçados, embora existam outras atividades que

também tinham sua importância (SILVA, 1998).

Logo no início da fundação do lugarejo e das fazendas, já existiam artesãos de

artefatos de couro e a atividade foi crescendo gradativamente nos anos seguintes,

influenciados pela abundância de curtidores de pele estimulados pelo pólo pastoril instalado

nas terras de Franca. (VILHENA, 1968).

53

4.1.2 A industrialização de calçados.

Em 1831, na Vila Franca do Imperador, já era cobrada uma taxa sobre as fábricas

de curtume, no final do século XIX, a cidade vendia suas botinas para Casa Branca, outra

cidade do interior paulista e, em 1890, havia em Franca nove oficinas de sapatos, o que

demonstra que a atividade coureiro calçadista já apresentava certa expressão na economia

daquela vila e, a partir de 1856, cidade (SILVA, 1998).

A maioria dos sapateiros era formada por pessoas de origem italiana e,

posteriormente, na metade do século XX por mineiros, que vinham de suas cidades,

principalmente do meio rural, para tentar a vida urbana e por Franca já ostentar um perfil de

cidade industrial calçadista.

É nesse contexto, bastante favorável à expansão coureiro calçadista que, Carlos

Pacheco, surge como o principal precursor da indústria do calçado em Franca. Oriundo de

Formiga (MG), mudou para Franca em 1896, onde inicialmente, quando ingressou no ramo

empresarial, comprava e vendia artigos de sapataria.

Após alguns anos, fundou a Indústria Jaguar, a qual após a 1ª Grande Guerra, não

suportou a crise devido ao decréscimo do volume de encomendas nos anos de 1914 a 1916.

De 1920 a 1940, a atividade industrial calçadista apresentava uma certa

instabilidade, fato que não influenciou totalmente, porque ela continuou se desenvolvendo

naquela época. O parque industrial francano continuou crescendo e se expandindo. O número

de empresas aumentou e a mecanização também.

Aliada à expansão do parque industrial, a taxa de crescimento da população quase

dobrou entre 1900 e 1910 (87%), entre 1910 e 1920 a taxa foi de 53%, finalmente de 1920 a

1930 houve uma taxa de crescimento de 26% (TOSI, 2002).

4.1.3 A expansão calçadista.

O período crucial da consolidação como localidade de economia

predominantemente industrial foi entre 1945 e 1964 (SILVA, 1998).

Os estímulos à industrialização do país, na década de 50, traduziram-se no setor

calçadista, no incremento da produção nacional e da importação de máquinas, possibilitando a

renovação da maquinaria (NAVARRO, 1998).

54

Até meados da década de 50, provavelmente, não se tinha uma idéia definida que

Franca seria “a Capital do calçado masculino”, embora a cidade contasse, desde 1920, com o

maior estabelecimento curtumeiro do interior paulista.

Segundo Navarro (1998), a expansão da produção francana de calçados nesta

época foi assim constituída: em 1950, o valor da produção calçadista representava 48,7% do

total da produção industrial do município. Em 1965, o valor da produção de calçados

respondia por 52,7% da produção industrial realizada em Franca, percentual que se elevou

para 61,2% em 1965. Algumas fábricas de calçados de Franca ampliaram suas instalações

devido a maior facilidade para a obtenção de máquinas e o crescimento do mercado

consumidor.

A verticalização das atividades da indústria coureiro calçadista se consolidou na

década de 50, principalmente, devido a dois acontecimentos decisivos: o surgimento da

Amazonas Produtos Para Calçados, fundada em 1947 por membros da família Pucci e por

Tomaz Licursi e, também, ao lançamento de um novo tipo de calçado - o mocassim -

desenvolvido pela já, pujante, Calçados Samello.

O parque industrial de calçados de Franca ficou, assim, constituído,

essencialmente, de pequenas e médias empresas, com exceção de algumas de maior porte de

administração familiar e que dependeram de estímulos governamentais para crescerem

(SILVA, 1998).

No início dos anos 70, aconteceram as primeiras exportações de calçados

realizadas por fábricas francanas, após o envio de amostras e pequenos lotes esporádicos para

alguns importadores, principalmente os norte americanos.

A indústria brasileira de calçados foi um dos poucos setores a conseguir expansão,

em meio à crise vivida pela indústria nacional, na década de 80, que registrava constantes

taxas de crescimento negativo, principalmente nos setores produtores de bens de capital e

bens de consumo duráveis (NAVARRO, 1998). A produção de calçados em Franca, apesar de

alternar momentos de crescimento com períodos de refluxo, também registrou um

desempenho positivo nos anos 80.

Em 1987, com a falência do plano de estabilização econômica e a conseqüente

redução do poder aquisitivo de significativa parcela da população brasileira, a tendência de

crescimento do mercado interno não se manteve e a produção francana de calçados sofreu

uma brusca queda (NAVARRO, 1998).

Após vários planos de estabilização econômica, o reflexo de retração foi

culminado nos anos 90. A redução das atividades e até o fechamento de várias indústrias de

55

calçados em Franca causou um aumento significativo do desemprego na cidade (SILVA,

1998).

Em 1996, a produção de calçados francana ascendeu, protagonizada pelo

incremento de vendas do mercado interno (NAVARRO, 1998).

Hoje, o pólo industrial de calçados na cidade é destaque nacional e motivo de

divulgação e comentários nos meios de comunicação de nosso país, visto que a demanda de

empregos, impulsionada pela exportação deste produto, tem sido manchete na imprensa falada

e escrita do Brasil.

Franca, cidade do interior paulista, situada ao nordeste do estado a

aproximadamente 400 km da capital, detém o título de capital do calçado masculino. Segundo

dados do Sindifranca - Sindicato da Indústria de Calçados de Franca, atualmente, o parque

industrial é responsável pela produção de 32 milhões de pares / ano com predominância para

o sapato masculino de couro, empregou diretamente na indústria de calçados, 23.736 pessoas,

sem contar que o setor calçadista é considerado um dos mais completos do país, tendo

praticamente todos os elos da cadeia produtiva instalada em Franca, gerando renda, emprego e

tributos.

Devido à relevância e importância da indústria de calçados de Franca no cenário

nacional é que surgiu o interesse em fazer uma pesquisa sobre o estilo de liderança em

evidência nesse segmento. A delimitação do tema e o foco nas médias empresas devem-se ao

fato de o pesquisador possuir um bom relacionamento com parte dos proprietários, o que, sem

dúvida, facilitou a aplicação dos questionários.

Pretende-se que este trabalho científico, como foi dito na Justificativa da Pesquisa,

venha a colaborar não só com a comunidade acadêmica, mas, também com empresários e

profissionais que ocupam o cargo de liderança nas indústrias de calçados de Franca – SP.

56

4.2 Apresentação dos resultados da pesquisa

Inicialmente, foi efetuada a caracterização do perfil da amostra considerando os

dados sócios demográficos dos sujeitos da pesquisa. Depois, foi realizado o tratamento dos

dados com o propósito de verificar os dados faltantes e os possíveis outliers.

Na análise fatorial dos dados, primeiramente, foram realizados dois testes para

comprovar se há correlação entre as variáveis de estudo. Para tanto, os testes de Esfericidade

de Bartlett e KMO – MSA justificaram a utilização de uma Análise Fatorial.

Com o intuito de atender os objetivos específicos propostos, foi realizada a análise

fatorial tendo em vista suas correlações, a qual dirimiu os estilos de liderança pesquisados.

4.2.1 Caracterização da amostra

A questão inicial foi conhecer o gênero dos sujeitos pesquisados. Os respondentes

do sexo masculino foi representado por 81,50% (141) das pessoas entrevistadas. As pessoas

do sexo feminino representaram 18,50% (32), conforme demonstrado no Gráfico 1.

Gráfico 1 - Gênero dos respondentes

82%

18%

Masculino Feminino

Fonte: Dados da Pesquisa

O resultado deste item demonstra que a presença feminina em cargos de liderança

ainda é muito pequena no contexto pesquisado.

Em seguida, procurou-se conhecer o estado civil dos respondentes, de acordo com

o Gráfico 2.

57

Gráfico 2 - Estado civil

76%

18%1% 5%

Casado Solteiro Divorciado Não respondeu

Fonte: Dados da pesquisa

A maioria dos sujeitos que ocupam o cargo de liderança, segundo esta pesquisa,

são casados, perfazendo um número de 76,30% (132). Os solteiros representam 17,92% (31)

dos indivíduos. Apenas 1,16% (2) dos sujeitos da pesquisa são divorciados. Não responderam

o estado civil 4,62% (8) dos respondentes.

Quanto à escolaridade dos sujeitos pesquisados, estabeleceram-se as categorias do

ensino fundamental incompleto até o nível de pós-graduação.

Gráfico 3 - Grau de escolaridade

5% 13%5%

52%

3%

18%3%1%

Fundamental incompleto Fundamental completoMédio incompleto Médio completoSuperior incompleto Superior completoPós graduação Não respondeu

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com os dados pesquisados, tem-se que 4,62% (8) possuem o ensino

fundamental incompleto, 12,72% (22) o ensino fundamental completo, 5,20% (9) o ensino

médio incompleto, 50,87% (88) o ensino médio completo, 3,47% (6) superior incompleto,

58

18,50% (32), 3,47% (6) superior completo. Dos sujeitos pesquisados, apenas 1,16% (2) não

responderam o grau de escolaridade.

Na pesquisa demográfica, foi consultada também a afiliação religiosa dos

respondentes, conforme apontamentos do Gráfico 4.

CatólicaEspírita

EvangélicoNão

respondeu

S1

020

4060

80

100

120

140

quantidade

Afiliação

Gráfico 4 - Afiliação religiosa

Fonte: Dados da pesquisa

Existe a predominância da religião católica, representada por 132 (76,30%) dos

entrevistados. Em seguida, apresenta-se a religião espírita com 20 (11,56%) das pessoas,

evangélico (9,25%) e apenas 5 (2,89%) dos entrevistados não possuem ou não responderam

qual a sua religião (Gráfico 4).

A afiliação religiosa pode ser um dos fatores que contribuem para determinar um

estilo de liderança, visto que, na região pesquisada, a crença da maioria das pessoas é na

religião católica.

Outro item levantado foi o tempo de empresa. O tempo de empresa foi classificado

inicialmente em intervalo de 3 anos. Depois, este intervalo foi ampliado para seis anos em

função dos resultados encontrados. Optou-se por separá-lo em classes, as quais variaram em

espécie e quantidade demonstradas na Tabela 2.

59

Tabela 2: Tempo de empresa

Classes - tempo de

Empresa – (anos) Freqüência Percentual absoluto - % Percentual acumulado - %

0 ―| 3 42 24,28 24,28

3 ―| 6 41 23,70 47,98

6 ―| 12 40 23,12 71,10

12 ―| 18 12 6,94 78,03

Acima de 18 32 18,50 96,53

Não respondeu 6 3,47 100

Total 173 100

Fonte: Dados da pesquisa

Pelos resultados obtidos, nota-se a presença de uma nova liderança na amostra

populacional, visto que a maior freqüência é evidenciada na classe de tempo de empresa até 3

anos, 24,28% (42) dos respondentes. Esse resultado mostra que, provavelmente está surgindo

um novo estilo de liderança, embora a classe representada pelos líderes acima de 18 anos

tenha sido 18,50% (32) dos entrevistados.

Ao explorar esses dois resultados, tempo de empresa de 0 a 3 anos e tempo de

empresa maior de 18 anos, algumas deduções podem ser discernidas. A formação de uma

nova liderança torna-se evidente, enquanto que a faceta mais madura, provavelmente,

restringe, porém não evita a mudança.

De qualquer forma, a pressão da mudança dessa nova ação da liderança está

reafirmada nos números obtidos na pesquisa. Os líderes com tempo de empresa de 0 até 12

anos são 71% (123) dos pesquisados.

O último item levantado na pesquisa demográfica foi a área de atuação, conforme

mostrado no Gráfico 5, dos líderes.

É importante justificar o resultado obtido na questão da área de atuação. Embora o

maior número dos entrevistados não tenha respondido sua área de atuação, é de conhecimento

60

do autor da pesquisa a atividade desenvolvida por estes indivíduos e, segundo HAIR et al.

(2005), esses dados, nesse caso, não podem ser considerados dados perdidos.

finan

ceir

o

recu

rsos

hum

anos

mar

ketin

g

prod

ução

qual

idad

e

expo

rtaç

ão

adm

inist

rativ

a

cont

abili

dade

dire

ito

outr

os

não

resp

onde

u

01020304050607080

90100

Gráfico 5: Área de atuação

Fonte: Dados da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa ocupam as funções de liderança nos seguintes setores das

organizações: financeiro 1,73% (3), recursos humanos 2,89% (5), marketing 1,16% (2),

produção 4,05% (7) qualidade 0,58% (1), exportação 0,58% (1), administrativa 10,40% (18),

contabilidade 3,47% (6), direito 1,73% (3), outros 17,34% (30), não respondeu 56,07% (97).

Diante dos resultados demográficos extraídos da presente pesquisa, a análise

demonstra o perfil do líder nas indústrias de calçados. São pessoas do sexo masculino,

pertencem na sua maioria à religião católica, têm família constituída, possuem nível de

61

escolaridade médio, tempo de empresa equilibrado até 12 anos e acima de 18 anos, além da

maioria atuar no setor de produção.

4.3 Tratamento dos dados

4.3.1 Exame de dados

Exame de dados é um passo que consome tempo, mas necessário, que às vezes é

ignorado pelos pesquisadores. A análise cuidadosa de dados produz uma avaliação mais

precisa de dimensionalidade (HAIR et al., 2005).

Outra preocupação importante para o pesquisador ao examinar os dados é o

método de avaliação juntamente com a superação dos problemas resultantes do planejamento

da pesquisa.

Além disso, os dados perdidos resultam de erros na entrada de dados ou da

omissão de respostas pelos respondentes. No próximo sub-item, será exposto o tratamento da

análise com os dados perdidos (HAIR et al., 2005).

4.3.2 Dados perdidos ignoráveis

São dados explicitamente identificáveis e / ou está sob controle do pesquisador. Os

dados perdidos ignoráveis não demandam ações corretivas, pois os dados perdidos são

explicitamente tratados na técnica empregada (HAIR et al., 2005).

Um exemplo claro na pesquisa é quanto à área de atuação dos sujeitos. Está

apresentado no Gráfico 5 as classes que “não responderam” e “outros”, todavia o autor tem

perfeito conhecimento da área de atuação devido ao cargo que o respondente ocupa. Isto

ocorre, neste caso, porque o autor já trabalhou no segmento de calçados.

4.3.3 Análise Fatorial

Análise Fatorial é um nome genérico dado a uma classe de métodos estatísticos

multivariados cujo propósito principal é definir a estrutura subjacente em uma matriz de

dados. Sendo assim, aborda o problema de analisar a estrutura das inter-relações (correlações)

62

entre um grande número de variáveis, no caso da pesquisa, por exemplo, o questionário

(HAIR et al., 2005).

Com a análise fatorial os pesquisadores identificam as dimensões separadas da

estrutura e determinam um conjunto de dimensões latentes comuns, chamadas fatores. Após

definir as dimensões, podem-se conseguir os dois principais usos da análise fatorial: o resumo

e a redução de dados (HAIR et al., 2005).

O ponto de partida na análise fatorial é o problema de pesquisa. No presente

estudo o problema de pesquisa foi encontrar o estilo de liderança em evidência nas médias

empresas do setor de calçados de Franca SP.

Em função de o instrumento de pesquisa ser um questionário de 45 questões,

houve a necessidade de condensar a informação contida em diversas variáveis originais em

um conjunto menor de novas dimensões compostas ou fatores, com uma perda reduzida de

informação (HAIR et al., 2005).

4.4 Análise dos dados

Em uma análise inicial, buscou-se observar se existiu uma certa heterogeneidade

nas repostas às questões consideradas. Para tanto, calcula-se o coeficiente de variação,

dividindo-se o desvio padrão pela média. Pode-se considerar, por exemplo, (esta avaliação é

subjetiva e depende do problema estudado) que valores de coeficiente de variações maiores

que 30% implica numa heterogeneidade de respostas.

Para aplicar uma análise fatorial, deve-se buscar saber se existe correlação

suficiente entre variáveis de estudo que justifique o uso da Análise Fatorial. Assim,

inicialmente, uma avaliação da matriz de correlação é realizada.

Para estudo da significância (Sig) das correlações, adotou-se, para cada

cruzamento de duas questões:

H0: não há correlação entre as questões.

H1: há correlação entre as questões.

É observado que se o Sig (ou p-valor) for menor que 5% (desde que se adote o

nível de significância – alfa, igual a 5%) deve-se rejeitar H0. Por exemplo, a questão 2 quando

cruzada com a questão 4, apresenta Sig. igual a zero, portanto rejeita-se Ho e conclui-se que há

correlação entre as duas, são possíveis questões a se reunir em um fator.

63

No entanto, existe uma certa dificuldade em avaliar par por par, verificando a

existência ou não de correlação significativa para a população. Busca-se, então, avaliar se o

problema como um todo possui correlação suficiente para utilizar uma Análise Fatorial e

ainda, interessa estudar a qualidade possível obtida desta Análise Fatorial.

Se existirem fatores verdadeiros nos dados, a correlação parcial deverá ser

pequena, pois a variável pode ser explicada pelos fatores. Se as correlações parciais são altas,

então não há fatores latentes verdadeiros e a Análise Fatorial é inadequada ((HAIR et al.,

2005).

Para comprovar a veracidade da correlação dois testes foram realizados:

• Teste de Esfericidade de Bartlett

• Teste de KMO – MSA

A Tabela 3 apresenta os resultados de ambos os testes.

Tabela 3: Teste de esfericidade de Bartlett

KMO and Bartlett's Test

,703

1982,812

990

,000

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of SamplinAdequacy.

Approx. Chi-Square

df

Sig.

Bartlett's Test ofSphericity

Fonte: Dados da pesquisa.

64

Segundo Hair et al. (2005), o teste Bartlett de esfericidade é um teste estatístico

que mede a significância geral de todas as correlações ao examinar uma matriz inteira de

correlação.

O primeiro teste (teste da esfericidade de Bartlett), apresentado na segunda linha,

analisa se as correlações entre as variáveis justificam ou não uma Análise Fatorial. Este teste

mede a existência de relação suficiente entre as variáveis para aplicar a análise fatorial.

O teste Bartlett fornece a probabilidade de que a matriz de correlação tenha

correlações significantes entre pelo menos algumas das variáveis (HAIR et al., 2005).

Para tanto, foram adotadas as seguintes hipóteses:

• H0: A matriz de correlação é igual a matriz identidade, ou seja, não há

correlação entre as questões, isto é, não deve aplicar a Análise Fatorial

para o problema em estudo.

• H1: A matriz de correlação é diferente da matriz identidade, ou seja, há

correlação entre as questões, isto é, pode-se utilizar a Análise Fatorial.

Deve-se, então, avaliar o valor de Sig; se maior que 5% rejeitar Ho, ou seja, a

matriz de correlação é diferente da matriz de identidade, isto é, há correlação suficiente para

aplicar a Análise Fatorial.

Porém, não basta ter correlação suficiente para se aplicar a Análise Fatorial. É

necessário avaliar se a técnica de Análise Fatorial é adequada para ser aplicada na matriz de

correlação obtida.O segundo teste é utilizado com esta finalidade.

A medida de adequação da amostra (MSA), como define Hair et al. (2005), é a

medida calculada tanto para toda a matriz de correlação quanto para cada variável individual e

que permite avaliar a adequacidade da aplicação da análise fatorial.

KMO-MSA (Kaiser-Meyer-Olkin), mede a adequacidade da amostra, ou seja, se é

adequado aplicar a análise fatorial. O KMO varia de 0 a 1 e, valores maiores que 0,5

demonstram que a análise fatorial é adequada.

Uma classificação geral dos valores de KMO é:

• Valores na casa dos 0,90: adequação ótima dos dados à análise fatorial

65

• Valores na casa dos 0,80: adequação boa dos dados à análise fatorial

• Valores na casa dos 0,70: adequação razoável dos dados análise fatorial

• Valores na casa dos 0,60: adequação medíocre dos dados á análise

fatorial

• Valores na casa dos 0,50: adequação imprópria dos dados à análise

fatorial

No caso em estudo apresenta um KMO igual a 0,703 o que leva a uma aceitação

razoável de adequação à Análise Fatorial, assim como o grau de significância de 0,00, sendo

menor que 5% rejeita-se H0, sendo portanto possível aplicar a Análise Fatorial.

Além do estudo do MSA, deve-se também avaliar a comunalidade.

Comunalidade é definida como: porção da variância que uma variável compartilha

com todas as outras variáveis consideradas; em outras palavras, a comunalidade representa o

tanto de variabilidade da variável que é explicada pelos fatores obtidos.

Pode-se dizer que (sem rigor estatístico) a comunalidade da variável questão 1 é

0,104 ou seja, 10,4% da variabilidade da questão 1 consegue ser explicada pelos fatores

obtidos. Para garantir que os fatores obtidos da Análise Fatorial representem de fato as

variáveis, estas devem ter comunalidades maiores de que 0,6. A Tabela 4 apresenta os valores

das comunalidades de cada variável. Uma outra forma de garantir a representatividade dos fatores pela Análise Fatorial

é considerar que a porcentagem de variância total (Cumulative %) seja maior do que 60%.

Este critério também serve para determinar o número de fatores. Devem ser extraídos um

número suficiente de fatores, tal que a % de variância total seja maior do que 0,6 ou 60%.

Na Tabela 5 observa-se que a segunda coluna apresenta os valores dos autovalores.

Autovalor (ou eigenvalue) representa a variância total explicada pelo respectivo fator. Quando

esses valores são plotados, relacionando-os com o número do fator, obtém-se o Gráfico 6

(Scree Plot) .

66

Tabela 4: Comunalidades

Comunalidades

1,000 ,104

1,000 ,213

1,000 ,359

1,000 ,066

1,000 ,343

1,000 ,100

1,000 ,293

1,000 ,301

1,000 ,308

1,000 ,135

1,000 ,316

1,000 ,197

1,000 ,341

1,000 ,315

1,000 ,184

1,000 ,281

1,000 ,367

1,000 ,246

1,000 ,313

1,000 ,241

1,000 ,350

1,000 ,360

1,000 ,298

1,000 ,269

1,000 ,485

1,000 ,444

1,000 ,230

1,000 ,221

1,000 ,257

1,000 ,532

1,000 ,350

1,000 ,197

1,000 ,310

1,000 ,339

1,000 ,484

1,000 ,488

1,000 ,346

1,000 ,331

1,000 ,272

1,000 ,318

1,000 ,186

1,000 ,247

1,000 ,321

1,000 ,366

1,000 ,149

q1

q2

q3

q4

q5

q6

q7

q8

q9

q10

q11

q12

q13

q14

q15

q16

q17

q18

q19

q20

q21

q22

q23

q24

q25

q26

q27

q28

q29

q30

q31

q32

q33

q34

q35

q36

q37

q38

q39

q40

q41

q42

q43

q44

q45

Inicial Extração

Método de Extração: Principal Componente de Análise

Fonte: Dados da pesquisa.

67

Total da Variância Explicada

6,748 14,996 14,996 6,748 14,996 14,996 4,456 9,903 9,903

2,640 5,866 20,862 2,640 5,866 20,862 3,229 7,175 17,078

1,947 4,326 25,188 1,947 4,326 25,188 2,846 6,324 23,403

1,841 4,091 29,280 1,841 4,091 29,280 2,645 5,877 29,280

1,779 3,954 33,234

1,597 3,549 36,783

1,554 3,453 40,236

1,503 3,340 43,576

1,372 3,048 46,624

1,340 2,978 49,602

1,272 2,826 52,428

1,181 2,625 55,053

1,150 2,556 57,609

1,095 2,434 60,043

1,055 2,344 62,387

1,017 2,260 64,647

,924 2,053 66,700

,888 1,974 68,673

,876 1,947 70,620

,840 1,868 72,488

,815 1,810 74,298

,783 1,739 76,037

,752 1,671 77,709

,722 1,604 79,312

,693 1,539 80,852

,683 1,517 82,369

,637 1,415 83,784

,619 1,375 85,159

,610 1,356 86,516

,577 1,282 87,798

,570 1,267 89,065

,507 1,127 90,192

,459 1,020 91,211

,453 1,008 92,219

,440 ,978 93,197

,430 ,955 94,152

,385 ,855 95,007

,357 ,794 95,801

,334 ,742 96,543

,331 ,735 97,279

,303 ,674 97,952

,281 ,625 98,577

,236 ,523 99,101

,219 ,488 99,589

,185 ,411 100,000

Componente

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

Total % Variância % Acumulada Total % Variância % Acumulada Total % Variância % Acumulada

Initial Eigenvalues Extraction Sums of Squared Loadings Rotation Sums of Squared Loadings

Método de Extração: Principal Componente de Análise Fonte: dados da pesquisa

Tabela 5: Variância total acumulada

68

Gráfico 6: Teste scree

45

44

43

42

41

40

39

38

37

36

35

34

33

32

31

30

29

28

27

26

25

24

23

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

11

10

987654321

Component Number

7

6

5

4

3

2

1

0

Eigen

value

Scree Plot

Fonte: Dados da pesquisa.

No modelo fatorial de análise de componentes, os últimos fatores extraídos contêm

tanto a variância comum quanto a única. Apesar de todos os fatores conterem pelo menos uma

variância única, a proporção de variância única é maior nos últimos fatores do que nos

primeiros (HAIR et al., 2005).

O teste scree é usado para identificar o número ótimo de fatores que podem ser

extraídos antes que a quantia de variância única comece a dominar a estrutura de variância

comum (HAIR et al., 2005).

O resultado obtido no teste scree confirma o ponto de corte das raízes latentes, ou

seja, do número de fatores em sua ordem de extração. No Gráfico 6 é confirmado que a partir

do quarto fator existe uma homogeneidade de correlação.

A Tabela 6 representa os valores das cargas fatoriais, ou seja, a correlação entre a

variável e cada um dos fatores obtidos. As cargas fatoriais ao quadrado indicam qual

percentual da variância em uma variável original é explicado por um fator (HAIR et al.,

2005).

4.5 Interpretação dos fatores

69

Três passos estão envolvidos na interpretação dos fatores e na seleção da solução

final. Primeiro a matriz fatorial inicial não rotacionada é computada para auxiliar na obtenção

de uma indicação preliminar do número de fatores a extrair.

Tabela 6: Cargas Fatoriais

70

Matriz Componente a

,621 -,037 -,249 -,196

,568 -,052 -,285 ,193

,564 ,022 -,325 -,246

,554 ,027 -,151 -,139

,535 ,047 ,088 -,157

,532 -,121 -,416 -,249

,520 -,062 ,201 -,043

,512 ,046 -,100 ,302

,509 ,003 -,195 ,209

,504 ,047 -,098 -,222

,502 ,133 -,092 ,268

,489 -,058 ,274 ,029

,487 -,159 -,073 ,201

,483 -,033 ,213 ,043

,480 -,096 ,059 -,064

,477 ,207 -,267 ,065

,421 ,016 ,304 ,047

,415 ,280 -,121 ,062

,408 -,176 ,228 -,090

,407 ,063 ,003 -,363

,403 ,089 ,009 -,208

,398 -,085 ,140 ,382

,374 ,072 ,311 -,238

,363 -,008 ,130 ,193

,350 -,152 -,227 ,017

,346 -,025 ,201 ,153

,281 ,036 ,226 -,056

,228 ,117 ,009 ,003

,228 -,197 -,094 ,028

,011 ,532 ,160 ,242

-,102 ,515 ,117 -,230

-,142 ,504 -,189 ,009

-,052 ,498 ,329 -,025

,353 ,467 -,098 -,085

-,043 ,445 -,189 -,074

-,067 ,443 ,052 -,133

-,169 ,439 -,105 ,246

,205 ,416 -,106 ,067

-,094 ,409 -,113 -,086

,017 ,290 ,129 -,056

,211 -,007 ,434 -,111

,396 ,037 ,423 -,048

,350 ,120 ,096 ,582

,279 ,007 ,245 -,418

,191 ,049 ,155 ,294

q36

q26

q35

q31

q43

q30

q11

q44

q13

q14

q21

q40

q9

q16

q42

q37

q39

q24

q29

q8

q2

q38

q23

q41

q32

q15

q10

q4

q6

q17

q5

q33

q3

q22

q20

q28

q7

q27

q12

q1

q18

q34

q25

q19

q45

1 2 3 4

Componentes

Método de Extração: Principal Componente de Análise4 componentes extraídos.a.

Fonte: Dados da pesquisa

71

Matriz dos Componentes Rotacionados a

,713 ,054 -,043 -,137

,682 ,137 -,002 ,006

,661 ,207 ,072 -,058

,536 ,224 ,111 ,007

,535 ,005 ,384 -,100

,501 ,015 ,255 ,172

,490 ,270 ,023 ,037

,433 ,036 ,388 -,042

,397 ,350 -,130 ,071

,387 ,005 ,130 -,175

,367 ,094 ,250 ,251

,347 ,293 ,008 ,085

,326 ,321 ,159 -,113

,162 ,122 ,117 ,106

,035 ,547 ,194 ,030

,144 ,521 ,006 ,078

,165 ,491 -,210 ,031

-,089 ,484 ,054 ,001

,172 ,454 ,277 -,078

,260 ,442 ,218 -,079

,100 ,434 ,272 -,002

,172 ,424 ,119 -,183

,378 ,404 ,119 ,035

,203 ,398 ,280 -,055

,078 ,340 ,110 ,031

,033 ,033 ,692 ,060

,091 ,172 ,526 -,131

,350 ,074 ,487 -,005

,350 ,086 ,462 ,085

,337 ,124 ,372 -,199

-,041 ,106 ,369 ,020

,126 ,215 ,349 -,038

,080 ,276 ,315 -,049

-,068 ,113 -,188 ,538

-,146 ,026 ,284 ,514

-,223 ,225 ,041 ,507

,028 -,232 -,036 ,504

-,032 ,047 -,102 ,456

,354 ,131 ,112 ,452

,122 -,148 -,071 ,447

-,113 -,270 ,165 ,424

,039 -,111 -,098 ,416

,208 -,008 ,173 ,396

-,045 ,123 ,001 ,295

,211 ,040 ,098 -,212

q30

q35

q36

q31

q26

q37

q14

q13

q8

q32

q24

q2

q42

q4

q34

q23

q19

q18

q40

q11

q39

q29

q43

q16

q10

q25

q38

q44

q21

q9

q45

q41

q15

q5

q17

q3

q33

q28

q22

q20

q7

q12

q27

q1

q6

1 2 3 4

Componentes

Método de Extração: Principal Componente de Análise.Método de Rotação: Varimax com Kaiser

Rotação converge em 7 iteraçõesa.

Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 7: Matriz rotacionada

72

Observar qual tem a correlação maior, pois estará no fator indicado. Por exemplo,

a questão 1 tem mais correlação com o fator 4 do que os demais fatores, pois 0,295 é maior

que –4,511E-02, 0,123, 7,291E-04.

Os questionários respondidos foram segregados e enumerados, seguindo cada uma

das 45 questões abordadas no Questionário Multifatorial de Liderança efetuando uma

correlação com as respostas respectivas à pesquisa demográfica.

Abaixo segue a separação das questões em cada um dos fatores, tendo em vista

suas correlações, conforme o questionário que se encontra no Anexo 1 e da Descrição das

Assertivas do MLQ dimensões da liderança no Anexo 2.

Dimensão 1: Questões 2,4,6,8,13,14,24,26,30,31,32,35,36,37,42 LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL

Dimensão 2: Questões 10,11,16,18,19,23,29,34,39,40,43

LIDERANÇA TRANSACIONAL

Carisma: desenvolvimento de uma visão despertando confiança, orgulho e respeito dos liderados. Inspiração: motivar os subordinados, gerando altas

expectativas, adequando comportamentos e atitudes com a

finalidade de somar esforços.

Consideração individualizada: dirigir a atenção pessoal a

cada seguidor, aguçar o relacionamento.

Estimulação intelectual: propõe o desafio constante dos

seguidores no desenvolvimento de novas idéias e cenário.

Recompensas contingentes: ao atingir um determinado objetivo,

os seguidores são recompensados.

Gestão pela exceção: age quando existe não conformidade das

atividades em relação ao planejado, podendo ser ativa ou passiva.

73

Dimensão 3: Questões 9,15,21,25,38,41,44,45

FATORES DE RESULTADOS

Dimensão 4: Questões 1,3,5,7,12,17,20,22,27,28,33,

LIDERANÇA NÃO TRANSACIONAL

O método para a análise dos fatores foi o critério VARIMAX. Esse critério se

concentra na simplificação das colunas da matriz fatorial. Com a abordagem rotacional

VARIMAX, a simplificação máxima possível é conseguida se houver apenas 1s e 0s em uma

coluna (HAIR et al, 2005),

Na abordagem rotacional VARIMAX, há uma tendência para algumas cargas

altas, isto é, próximas d +1 ou -1, e algumas cargas próximas de 0 em cada coluna da matriz.

Na Tabela 7, o fator que mais se aproxima de um é a correlação dos fatores relacionados ao

fator 1 (0,724) de carga fatorial.

Tabela 7: Matriz de fatores rotacionada

Matriz dos Componentes Transformados

,724 ,520 ,451 -,049

,028 -,020 ,087 ,996

-,629 ,766 ,130 ,022

-,281 -,378 ,879 -,076

Componentes1

2

3

4

1 2 3 4

Método de Extração: Principal Componente de Análise. Método de Rotação: Varimax com Kaiser

Fonte: Dados da pesquisa

Esforço extra por sócios. Efetividade individual no grupo

ou na organização. Eficiência e Eficácia predominam nas

atividades atribuídas ao líder.

Ou liderança Laissez-faire, onde a ação do líder está pautada

apenas como figurante, evitando a responsabilidade, a resolução

de problemas e a tomada de decisões.

74

Os resultados da análise mostram que a liderança transformacional se apresenta

com maior evidência. Isto vem confirmar a observação realizada na análise do tempo de

liderança dos respondentes, os quais na maioria está entre 0 e 12 anos de empresa.

Pode-se constatar que uma possível nova liderança está surgindo na população

pesquisada, contudo a presença de líderes com mais de 18 anos ainda é relevante, o que

comprova a influência significativa que os líderes mais antigos têm sobre os mais novos.

Algumas considerações a respeito da separação dos fatores precisam ser analisadas

com ênfase. Na dimensão 1, as questões 4, 24 e 35 que são da dimensão da Liderança

Transacional e 37 e 42, que são da dimensão dos Fatores de Resultados foram segregados na

dimensão de liderança Transformacional.

Entretanto, dessas cinco questões, três se apresentaram em 2º Lugar na sua

dimensão. Na q4 [0,162 (f1) e 0,122 (f2)]. Na q35 [0,682 (f1) e 0,137 (f2) [0,501(1) e

0,255(3)].

4- Foco a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões esperados.

24- Mantenho-me a par de todos os erros.

35- Expresso satisfação quando os outros correspondem à expectativa.

37- Sou eficaz em atender as necessidades dos outros em relação ao trabalho.

42- Elevo o desejo dos outros em obter sucesso.

Ao examinar as relações, o comportamento da liderança transformacional consiste

em disposição relacionadas à dimensão transacional, porém intrínsecas em sua dimensão,

conforme análise da pesquisa.

Essa hipótese é confirmada no estudo de Woodruffe (2004) ao afirmar que podem

existir características da transacional quando houver contingências na transformacional.

Novamente, a presença de uma “nova liderança” parece estar surgindo nas

indústrias de calçados de Franca, um estilo transformacional acoplado de características

postuladas a evitar atividades fora dos padrões organizacionais e execução do trabalho com

ênfase na obtenção de resultados, ou seja, eficiência e eficácia.

Esses dados remetem ao entendimento de que o líder, ao se posicionar como

pertencente à dimensão transformacional, resgata características da liderança transacional,

com o intuito de se consolidar sua posição de líder.

Tra

nsac

iona

l

75

Na dimensão 2, foi detectada a presença das questões, segundo a descrição do

MLQ, que não pertencem à liderança transacional:

10- Gero orgulho por estarem do meu lado.

18- Vou além do interesse pessoal pelo bem do grupo.

19- Trato os outros como pessoas ao invés de tratá-los apenas como um membro do

grupo.

23- Considero as conseqüências éticas e morais das decisões.

29- Considero cada pessoa como tendo necessidades, habilidades e aspirações diferentes

em relação aos outros.

34- Enfatizo a importância de se ter um senso único de missão.

39- Faço com que os outros façam mais do que o esperado.

40- Sou eficaz em representar meu grupo perante níveis hierárquicos superiores.

43- Sou eficaz em atender as necessidades da organização.

Ao analisar a dimensão da liderança transacional, nota-se que muitas questões da

dimensão transformacional e de fatores de resultados estão presentes.

Portanto, a análise do estudo vem confirmar mais uma vez a presença de uma

“nova liderança”. No caso dessa dimensão, a ação da liderança transacional é acompanhada

de questões que vêm com características de afirmação, moral, além de atividades direcionadas

à obtenção de resultados.

Quanto à dimensão 3, as questões 9, 15, 21 e 25 pertencem à Teoria

Transformacional:

9- Falo de forma otimista sobre o futuro.

15- Invisto meu tempo ensinando e treinando.

21- Atuo de forma tal que consigo o respeito dos outros por mim.

25- Demonstro um senso de poder e confiança.

Embora a análise demonstre uma presença significante de questões relacionadas à

dimensão transformacional, os ajustes podem ser justificados.

Tra

nsfo

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rans

form

acio

nal

76

Nesse caso, os líderes com características direcionadas para o alcance de

resultados atribuem otimismo, treinamento respeito e autoridade ao seu comportamento.

Conseqüentemente, os resultados obtidos nessa dimensão geram questões a serem

respondidas posteriormente em outros estudos do gênero: por quê o líder focado em

resultados atribui ao seu comportamento características do perfil transformacional? As

características absorvidas pelo líder denotam a necessidade de mudança no seu

comportamento?

As informações colhidas na pesquisa de campo desse trabalho ainda não permitem

que sejam dadas respostas seguras para as questões transformacionais encontradas na

liderança por resultados.

Na última dimensão analisada, aparece a liderança não transacional ou laissez-

faire, onde todas as questões dessa dimensão foram encontradas na segregação dos fatores.

Contudo, há uma presença maciça da teoria transacional.

1- Forneço ajuda aos outros em troca de seus esforços.

3- Não interfiro em problemas até o momento em que eles se tornem sérios.

12- Espero as coisas darem erradas para começar a agir.

17- Demonstro acreditar que “não se mexe no que está dando certo”.

20- Demonstro que os problemas devem tornar-se graves antes de agir.

22- Concentro minha total atenção em lidar com erros, reclamações e falhas.

27- Dirijo minha atenção às falhas.

A explicação encontrada nessa análise é que mais da metade das questões

transacionais pertence ao fator gerenciamento por execução na modalidade de comportamento

passivo, ou seja, deixa os fatos acontecerem para depois buscar providências.

Esse perfil assimila bastante ao comportamento do líder não transacional, segundo

os resultados da pesquisa. Entretanto, as informações apresentadas não garantem a presença

de um novo estilo do líder laissez-faire.

As variações encontradas na análise dessa pesquisa se comparadas com a pesquisa

de Almeida (2004), podem ser atribuídas a muitos fatores que influenciaram na análise

fatorial, a qual gerou a segregação das dimensões de liderança encontradas.

Primeiramente, o universo e sujeito da pesquisa são totalmente diferenciados. Na

pesquisa de Almeida (2004), foram selecionados os alunos de mestrado em administração de

Tra

nsac

iona

l

77

empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, além de diretores e gerentes dessa

entidade.

No presente trabalho, o universo da pesquisa ocorreu no ambiente fabril. Enquanto

que, por exemplo, o grau de instrução da pesquisa de Almeida apresenta 96% dos sujeitos

respondentes com 3º grau e pós-graduação, essa pesquisa apresenta apenas 3,47% de pessoas

com superior completo.

Além desses contextos, outros elementos podem ser considerados, como a

diferença da cultura social e organizacional dos universos pesquisados, a área de atuação dos

sujeitos, o ambiente de trabalho e a perspectiva profissional.

78

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo principal desse estudo foi o de verificar o estilo de liderança em

evidência nas indústrias de calçados de médio porte da cidade de Franca SP.

Para tanto, o desenvolvimento do trabalho contemplou, inicialmente, muitos

conceitos que abordam a definição de liderança, desde o surgimento do termo, como da ação.

Em seguida, houve a abordagem do histórico da teoria da liderança, apresentando

os pressupostos dos estudiosos do tema e, segundo a bibliografia consultada, a pesquisa

descreveu o estudo científico da teoria em quatro etapas, as quais são conhecidas como a

teoria dos traços, a abordagem do estilo, a abordagem contingencial e a nova liderança.

Após a abordagem do histórico da teoria da liderança, o estudo mostrou as

concepções tratadas por alguns autores a respeito da figura do líder, além da sua atuação no

contexto atual das organizações.

Com o propósito de se prover uma estrutura adequada ao trabalho de pesquisa, os

procedimentos metodológicos apresentaram o problema de pesquisa, os objetivos gerais e

específicos, cuja finalidade teve como foco confirmar a hipótese de que há estilos de liderança

em evidência nas indústrias de calçados de médio porte da cidade de Franca – SP.

Diante das variáveis definidas para a pesquisa, optou-se pela escolha do

questionário Multifactor Leadership Questionnaire (Questionário Multifatorial de

Liderança) desenvolvido pelos estudiosos do tema liderança, Bass e Avolio (1995).

Em virtude do contexto da pesquisa ser a cidade de Franca, o trabalho descreveu a

trajetória histórica da cidade, com ênfase às suas origens, à industrialização de calçados e à

expansão calçadista.

A pesquisa de campo teve uma duração de 108 dias. Contudo, os questionários

respondidos justificaram o tempo gasto para a coleta, visto que não é comum na região

pesquisada conseguir juntar este número de questionários.

Para a análise dos dados da pesquisa foi utilizado o software SPSS para Windows,

versão 13. Segundo a apresentação dos testes, da matriz de fatores e dos gráficos, a liderança

que se mostra com maior evidência é a liderança transformacional, seguida da liderança

transacional em segundo lugar, liderança por fatores em terceiro lugar e liderança não

transacional em último lugar.

Portanto, a análise do estudo mostra que possivelmente uma nova liderança pode

estar surgindo nas indústrias de calçados de Franca, visto que a maioria dos líderes tem pouco

79

tempo de empresa – até 12 anos – apesar da presença de líderes com mais de 18 anos ser

relevante, o que influencia na dimensão da liderança transacional ser a segunda classificada

na análise fatorial dos dados.

Outras hipóteses a serem consideradas para justificar as variáveis de uma

dimensão em outro fator de liderança foram o contexto da pesquisa, o grau de escolaridade

dos sujeitos pesquisados, o segmento de atuação e a cultura, tanto do cenário como das

organizações selecionadas para a pesquisa.

A pesquisa demonstrou a presença de uma nova liderança, baseada nos resultados

colhidos quanto ao tempo de empresa e também à análise fatorial das dimensões da liderança.

Essa conexão entre a evidência de uma liderança transformacional nas indústrias

de calçados deixa uma impressão surpreendente. Como podem os líderes adotar este perfil?

Eles não conhecem esse estilo de liderança, nem tampouco tem formação escolar suficiente

para distinguir um estilo de outro.

No entanto, essa concepção de liderança pode estar relacionada com a

competitividade globalizada, com a expansão do parque industrial calçadista ou com a

inserção de novos líderes nas organizações, considerando que a maioria dos que ocupam o

cargo de liderança, segundo dados da pesquisa, são pessoas com até 12 anos de empresa.

O cenário competitivo em que as empresas estão inseridas e a necessidade de se

manter a empregabilidade são fatores que podem estar conscientizando os líderes a formarem

em seu perfil profissional, condutas que lhe trarão resultados e estabilidade.

Embora esse líder transformacional ainda carregue características do líder

transacional e de fatores de resultados, a análise da pesquisa aponta um destaque significante

para um possível novo estilo de liderança.

Nessa perspectiva, os resultados aqui encontrados podem ser absolutamente

válidos, pois a pesquisa foi consistente. Todavia, o entendimento e o estudo da liderança na

indústria de calçados devem ser estendidos para a grande e a pequena indústria, além de

outros pólos calçadistas a fim de confirmar o surgimento dessa nova liderança.

Limitação da Pesquisa:

- Trata-se de um grupo de profissionais do mercado calçadista. Portanto, os resultados não

podem ser generalizados para outras categorias funcionais.

- O tempo foi insuficiente para coletar, analisar dados e comparar com outros resultados que

influenciam a liderança.

80

- O grau de instrução / escolaridade dos respondidos em relação ao instrumento de pesquisa.

Perguntas para a continuidade da pesquisa:

- Os resultados aqui encontrados poderão acompanhar o mesmo perfil de liderança caso a

pesquisa seja realizada em empresas de calçados de grande e pequeno porte, além de outros

pólos calçadistas?

- A confirmação de que existe um novo estilo de liderança com tendência à dimensão

transformacional pode ser concretizada, caso seja elaborada uma pesquisa com os liderados,

apontando o sentimento desses para com os seus líderes?

Essas questões poderão fazer parte da continuidade do estudo em pesquisas futuras

contribuindo para a expansão e consolidação do estudo sobre liderança.

81

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85

APÊNDICE 1 – DADOS DEMOGRÁFICOS

Dados Demográficos:

Sexo M( ) F( ) Estado civil: Solteiro( ) Casado( ) Constituição da Família( )

Escolaridade mais alta:_________________ Área: ___________________

Religião: ______________________ Campo de Empresa________ anos, _________ meses

começou no cargo de ___________________

Evolução:___________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

Cargo atual ______________________________________________________.

86

Anexo 1 - QUESTIONÁRIO MULTIFACTORIAL DE LIDERANÇA (Multifactor Leadership Questionnaire)

Desenvolvido por Bernard Bass e Bruce Avolio Instruções: Este questionário descreve seu estilo de liderança do modo que você percebe. Por favor, responda todas as questões. Se algum item for irrelevante ou se você não tem como mensurá-lo ou, ainda, não saiba a resposta, deixe a sentença sem resposta. Você deve indicar o nível de freqüência com que a sentença se aplica a você, de acordo com a escala de 5 pontos, na qual “0” significa “de modo algum” e “4” significa “freqüentemente, se não sempre”. Coloque sua resposta assinalando o número que represente o seu posicionamento com relação a sentença. A palavra outro pode significar seus pares, clientes, subordinados, a quem você se reporta, etc.

0 1 2 3 4 De modo algum De vez em quando Algumas vezes Relativamente

Freqüente Freqüentemente, se

não sempre. 1. Forneço ajuda aos outros em troca de seus esforços. 0 1 2 3 4 2. Examino situações críticas perguntando se são adequadas. 0 1 2 3 4 3. Não interfiro em problemas até o momento em que eles se tornem sérios. 0 1 2 3 4 4. Foco a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões esperados. 0 1 2 3 4 5. Evito me envolver quando assuntos importantes surgem. 0 1 2 3 4 6. Converso sobre minhas crenças e valores mais importantes. 0 1 2 3 4 7. Estou ausente quando necessitam de mim. 0 1 2 3 4 8. Procuro alternativas diferentes ao solucionar problemas. 0 1 2 3 4 9. Falo de forma otimista sobre o futuro. 0 1 2 3 4 10. Gero orgulho por estarem do meu lado. 0 1 2 3 4 11. Discuto quem é o responsável por atingir metas específicas de desempenho. 0 1 2 3 4 12. Espero as coisas darem erradas para começar a agir. 0 1 2 3 4 13. Falo com entusiasmo sobre o que precisa ser realizado. 0 1 2 3 4 14. Mostro a importância de se ter um forte senso de obrigação. 0 1 2 3 4 15. Invisto meu tempo ensinando e treinando. 0 1 2 3 4 16. Deixo claro o que cada um pode receber quando as metas de desempenho são

alcançadas. 0 1 2 3 4

17. Demonstro acreditar que “não se mexe no que está dando certo”. 0 1 2 3 4 18. Vou além do interesse pessoal pelo bem do grupo. 0 1 2 3 4 19. Trato os outros como pessoas ao invés de tratá-los apenas como um membro do

grupo. 0 1 2 3 4

20. Demonstro que os problemas devem tornar-se graves antes de agir. 0 1 2 3 4 21. Atuo de forma tal que consigo o respeito dos outros por mim. 0 1 2 3 4 22. Concentro minha total atenção em lidar com erros, reclamações e falhas. 0 1 2 3 4 23. Considero as conseqüências éticas e morais das decisões. 0 1 2 3 4 24. Mantenho-me a par de todos os erros. 0 1 2 3 4 25. Demonstro um senso de poder e confiança. 0 1 2 3 4 26. Articulo uma visão positiva e motivadora a respeito do futuro. 0 1 2 3 4 27. Dirijo minha atenção às falhas. 0 1 2 3 4 28. Evito tomar decisões. 0 1 2 3 4 29. Considero cada pessoa como tendo necessidades, habilidades e aspirações diferentes

em relação aos outros. 0 1 2 3 4

30. Faço com que os outros olhem para os problemas de diferentes ângulos. 0 1 2 3 4 31. Ajudo os outros no desenvolvimento de seus pontos fortes. 0 1 2 3 4 32. Sugiro novas alternativas, maneiras de realizar e completar as atividades. 0 1 2 3 4 33. Demoro a responder as questões urgentes. 0 1 2 3 4 34. Enfatizo a importância de se ter um senso único de missão. 0 1 2 3 4 35. Expresso satisfação quando os outros correspondem às expectativas. 0 1 2 3 4 36. Expresso confiança de que metas serão alcançadas. 0 1 2 3 4 37. Sou eficaz em atender as necessidades dos outros em relação ao trabalho. 0 1 2 3 4 38. Utilizo métodos de liderança que são satisfatórios. 0 1 2 3 4 39. Faço com que os outros façam mais do que o esperado. 0 1 2 3 4 40. Sou eficaz em representar meu grupo perante níveis hierárquicos superiores. 0 1 2 3 4 41. Trabalho com os outros de maneira satisfatória. 0 1 2 3 4 42. Elevo o desejo dos outros de obter sucesso. 0 1 2 3 4 43. Sou eficaz em atender as necessidades da organização. 0 1 2 3 4 44. Aumento a vontade dos outros em trabalhar com maior dedicação. 0 1 2 3 4 45. Lidero um grupo que é eficiente. 0 1 2 3 4 Multifactor Leadership Quesaationnaire (Questionário Multifatorial de Liderança Fonte: Adaptado pelo autor, de Bass e Avolio, 1995, extraído de Almeida (2004).

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Anexo 2 – Descrição das assertivas do Multifactor Leadership Questionnaire e dimensões da liderança transacional, transformacional e laissez-faire.

Assertivas Multifactor Leadership Questionnaire Fator Dimensão 10 18 21 25

Gero orgulho por estarem do meu lado. Vou além do interesse pessoal pelo bem do grupo. Atuo de forma tal que consigo o respeito dos outros por mim. Demonstro um senso de poder e confiança.

Carisma

(atribuído)

6 14 23 34

Converso sobre minhas crenças e valores mais importantes. Mostro a importância de se ter um forte senso de obrigação. Considero as conseqüências éticas e morais das decisões. Enfatizo a importância de se ter um senso único de missão.

Carisma

(comportamento)

9 13 26 36

Falo de forma otimista sobre o futuro. Falo com entusiasmo sobre o que precisa ser realizado. Articulo uma visão positiva e motivadora a respeito do futuro. Expresso confiança de que metas serão alcançadas.

Inspiração

Motivacional

2 8

30 32

Examino situações críticas perguntando se são adequadas. Procuro alternativas diferentes ao solucionar problemas. Faço com que os outros olhem para os problemas de diferentes ângulos. Sugiro novas alternativas, maneiras de realizar e completar as atividades.

Estimulação Intelectual

15 19

29

31

Invisto meu tempo ensinando e treinando. Trato os outros como pessoas ao invés de tratá-los apenas como um membro do grupo. Considero cada pessoa como tendo necessidades, habilidades e aspirações diferentes em relação aos outros. Ajudo os outros no desenvolvimento de seus pontos fortes.

Consideração Individual

Liderança Transformacional

1 11

16

35

Forneço ajuda aos outros em troca de seus esforços. Discuto quem é o responsável por atingir metas específicas de desempenho. Deixo claro o que cada um pode receber quando as metas de desempenho são alcançadas. Expresso satisfação quando os outros correspondem às expectativas.

Tamanho da recompensa

4

22 24 27

Foco a atenção em irregularidades, erros, exceções e desvios dos padrões esperados. Concentro minha total atenção em lidar com erros, reclamações e falhas. Mantenho-me a par de todos os erros. Dirijo minha atenção às falhas.

Gerenciamento Por exceção

(ativo) 3

12 17 20

Não interfiro em problemas até o momento em que eles se tornem sérios. Espero as coisas darem erradas para começar a agir. Demonstro acreditar que “não se mexe no que está dando certo”. Demonstro que os problemas devem tornar-se graves antes de agir.

Gerenciamento

Por exceção (passivo)

Liderança Transacional

5 7

28 33

Evito me envolver quando assuntos importantes surgem. Estou ausente quando necessitam de mim. Evito tomar decisões. Demoro a responder as questões urgentes.

Laissez-faire

Liderança não Transacional

39 42 37 40

43 45 38

Faço com que os outros façam mais do que o esperado. Elevo o desejo dos outros de obter sucesso. Sou eficaz em atender as necessidades dos outros em relação ao trabalho. Sou eficaz em representar meu grupo perante níveis hierárquicos superiores. Sou eficaz em atender as necessidades da organização. Lidero um grupo que é eficiente. Utilizo métodos de liderança que são satisfatórios.

Esforço extra por

sócios Efetividade

individual no grupo/organização

Fatores

De Resultados

41 44

Trabalho com os outros de maneira satisfatória. Aumento a vontade dos outros em trabalhar com maior dedicação.

Satisfação como líder

Fonte: Adaptado pelo autor, de Bass e Avolio, 1995, extraído de Almeida (2004).