especial novo regime jurídico do processo de adoção - lei_143_2015

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  • 7/25/2019 Especial Novo Regime Jurdico Do Processo de Adoo - Lei_143_2015

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    7232 Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015

    quais tm efeito suspensivo, cabe ao tribunal recorridofixar o efeito do recurso.

    Artigo 125.

    A execuo da medida

    No processo judicial de promoo e proteo a execu-o da medida ser efetuada nos termos dos n.os 2 e 3 doartigo 59.

    Artigo 126.

    Direito subsidirio

    Ao processo de promoo e proteo so aplicveissubsidiariamente, com as devidas adaptaes, na fase dedebate judicial e de recurso, as normas relativas ao processocivil declarativo comum.

    Lei n. 143/2015

    de 8 de setembro

    Altera o Cdigo Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n. 47 344, de 25 denovembro de 1966, e o Cdigo de Registo Civil, aprovado peloDecreto-Lei n. 131/95, de 6 de junho, e aprova o Regime Jur-dico do Processo de Adoo.

    A Assembleia da Repblica decreta, nos termos daalnea c) do artigo 161. da Constituio, o seguinte:

    Artigo 1.

    Objeto

    A presente lei altera o Cdigo Civil, aprovado peloDecreto-Lei n. 47 344, de 25 de novembro de 1966, emmatria de adoo, e o Cdigo de Registo Civil, aprovadopelo Decreto-Lei n. 131/95, de 6 de junho, e aprova oRegime Jurdico do Processo de Adoo.

    Artigo 2.

    Alterao ao Cdigo Civil

    Os artigos 1973., 1975., 1976., 1978. a 1983.,1986. a 1990. do Cdigo Civil, aprovado pelo Decreto--Lei n. 47 344, de 25 de novembro de 1966, passam a tera seguinte redao:

    Artigo 1973.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 O processo de adoo regulado em diploma

    prprio.

    Artigo 1975.

    Proibio de adoes simultneas e sucessivas

    1 Enquanto subsistir uma adoo, no podeconstituir-se outra quanto ao mesmo adotado, exceto

    se os adotantes forem casados um com o outro.2 O disposto no nmero anterior no impede a

    constituio de novo vnculo adotivo, caso se verifiquemalgumas das situaes a que se reportam as alneas a),c),d) ee) do n. 1 do artigo 1978.

    Artigo 1976.

    Adoo pelo tutor ou administrador legal de bens

    O tutor ou administrador legal de bens s pode adotara criana depois de aprovadas as contas da tutela ouadministrao de bens e saldada a sua responsabilidade.

    Artigo 1978.

    [...]

    1 O tribunal, no mbito de um processo de pro-moo e proteo, pode confiar a criana com vista afutura adoo quando no existam ou se encontremseriamente comprometidos os vnculos afetivos prpriosda filiao, pela verificao objetiva de qualquer dasseguintes situaes:

    a) Se a criana for filha de pais incgnitos ou fale-cidos;

    b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) Se os pais tiverem abandonado a criana;d) Se os pais, por ao ou omisso, mesmo que por

    manifesta incapacidade devida a razes de doena men-tal, puserem em perigo grave a segurana, a sade, aformao, a educao ou o desenvolvimento da criana;

    e) Se os pais da criana acolhida por um particular,por uma instituio ou por famlia de acolhimento ti-verem revelado manifesto desinteresse pelo filho, emtermos de comprometer seriamente a qualidade e a con-tinuidade daqueles vnculos, durante, pelo menos, os trsmeses que precederam o pedido de confiana.

    2 Na verificao das situaes previstas no n-

    mero anterior, o tribunal deve atender prioritariamenteaos direitos e interesses da criana.3 Considera-se que a criana se encontra em pe-

    rigo quando se verificar alguma das situaes assimqualificadas pela legislao relativa proteo e pro-moo dos direitos das crianas.

    4 A confiana com fundamento nas situaes pre-vistas nas alneas a),c),d) ee) do n. 1 no pode ser de-cidida se a criana se encontrar a viver com ascendente,colateral at ao 3. grau ou tutor e a seu cargo, salvo seaqueles familiares ou o tutor puserem em perigo, deforma grave, a segurana, a sade, a formao, a edu-cao ou o desenvolvimento da criana ou se o tribunal

    concluir que a situao no adequada a assegurarsuficientemente o interesse daquela.5 (Revogado.)6 (Revogado.)

    Artigo 1978.-A

    Efeitos da medida de promoo e proteode confiana com vista a futura adoo

    Decretada a medida de promoo e proteo de con-fiana com vista a futura adoo, ficam os pais inibidosdo exerccio das responsabilidades parentais.

    Artigo 1979.

    Quem pode adotar

    1 Podem adotar duas pessoas casadas h mais dequatro anos e no separadas judicialmente de pessoase bens ou de facto, se ambas tiverem mais de 25 anos.

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    Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015 7233

    2 Pode ainda adotar quem tiver mais de 30 anosou, se o adotando for filho do cnjuge do adotante,mais de 25 anos.

    3 S pode adotar quem no tiver mais de 60 anos data em que a criana lhe tenha sido confiada, medianteconfiana administrativa ou medida de promoo e

    proteo de confiana com vista a futura adoo, sendoque a partir dos 50 anos a diferena de idades entre oadotante e o adotando no pode ser superior a 50 anos.

    4 Pode, no entanto, a diferena de idades ser su-perior a 50 anos quando, a ttulo excecional, motivosponderosos e atento o superior interesse do adotando ojustifiquem, nomeadamente por se tratar de uma fratriaem que relativamente apenas a algum ou alguns dosirmos se verifique uma diferena de idades superiorquela.

    5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 Releva para efeito da contagem do prazo do n. 1

    o tempo de vivncia em unio de facto imediatamenteanterior celebrao do casamento.

    Artigo 1980.

    Quem pode ser adotado

    1 Podem ser adotadas as crianas:

    a) Que tenham sido confiadas ao adotante medianteconfiana administrativa ou medida de promoo eproteo de confiana com vista a futura adoo;

    b) Filhas do cnjuge do adotante.

    2 O adotando deve ter menos de 15 anos datado requerimento de adoo.

    3 Pode, no entanto, ser adotado quem, data dorequerimento, tenha menos de 18 anos e no se encontreemancipado quando, desde idade no superior a 15 anos,tenha sido confiado aos adotantes ou a um deles ouquando for filho do cnjuge do adotante.

    Artigo 1981.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) Dos pais do adotando, ainda que menores e mesmo

    que no exeram as responsabilidades parentais, desde

    que no tenha havido medida de promoo e proteode confiana com vista a futura adoo;

    d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .e) Dos adotantes.

    2 Nos casos previstos nas alneas c),d) ee) don. 1 do artigo 1978., sempre que a criana se encontrea viver com ascendente colateral at ao 3. grau ou tutore a seu cargo, no exigido o consentimento dos pais,sendo porm exigido o consentimento dessas pessoas.

    3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) (Revogada.)c) Dos pais do adotando inibidos do exerccio das

    responsabilidades parentais, quando, passados 18 ou6 meses, respetivamente, sobre o trnsito em julgadoda sentena de inibio ou da que houver desatendidooutro pedido, o Ministrio Pblico ou aqueles no te-

    nham solicitado o levantamento da inibio decretadapelo tribunal, nos termos do disposto no n. 2 do ar-tigo 1916.

    Artigo 1982.

    [...]

    1 O consentimento inequvoco e prestado pe-rante o juiz, que deve esclarecer o declarante sobre osignificado e os efeitos do ato.

    2 O consentimento pode ser prestado independen-temente da instaurao do processo de adoo.

    3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Artigo 1983.

    Irreversibilidade do consentimento

    1 O consentimento irrevogvel e no est sujeitoa caducidade.

    2 Se, no prazo de trs anos aps a prestao doconsentimento, a criana no tiver sido adotada, nemdecidida a sua confiana administrativa, nem tiver sidoaplicada medida de promoo e proteo de confianacom vista a futura adoo, o Ministrio Pblico pro-move as iniciativas processuais cveis ou de proteoadequadas ao caso.

    Artigo 1986.

    [...]

    1 Pela adoo, o adotado adquire a situao defilho do adotante e integra-se com os seus descendentesna famlia deste, extinguindo-se as relaes familiaresentre o adotado e os seus ascendentes e colaterais natu-rais, sem prejuzo do disposto quanto a impedimentosmatrimoniais nos artigos 1602. a 1604.

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 Excecionalmente, ponderada a idade do adotado,

    a sua situao familiar ou qualquer outra circunstnciaatendvel, pode ser estabelecida a manuteno de al-guma forma de contacto pessoal entre aquele e algumelemento da famlia biolgica ou, sendo caso disso, entreaquele e a respetiva famlia adotiva e algum elementoda famlia biolgica, favorecendo-se especialmente orelacionamento entre irmos, desde que, em qualquercaso, os pais adotivos consintam na referida manuten-o e tal corresponda ao superior interesse do adotado.

    Artigo 1987.

    [...]

    Depois de decretada a adoo, no possvel esta-belecer a filiao natural do adotado nem fazer a provadessa filiao fora do processo preliminar de casamento.

    Artigo 1988.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    2 A pedido do adotante, pode o tribunal, exce-cionalmente, modificar o nome prprio da criana, sea modificao salvaguardar o seu interesse, nomea-damente o direito identidade pessoal, e favorecer aintegrao na famlia.

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    Artigo 1989.

    Irrevogabilidade da adoo

    A adoo no revogvel.

    Artigo 1990.

    [...]

    1 Sem prejuzo da impugnao da sentena atra-vs de recurso extraordinrio de reviso previsto na leiprocessual civil, a sentena que tiver decretado a adoos suscetvel de reviso:

    a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    Artigo 3.

    Aditamento ao Cdigo Civil

    aditado o artigo 1990.-A ao Cdigo Civil, aprovadopelo Decreto-Lei n. 47 344, de 25 de novembro de 1966,com a seguinte redao:

    Artigo 1990.-A

    Acesso ao conhecimento das origens

    s pessoas adotadas garantido o direito ao conhe-

    cimento das suas origens, nos termos e com os limitesdefinidos no diploma que regula o processo de adoo.

    Artigo 4.

    Alterao ao Cdigo de Registo Civil

    O artigo 69. do Cdigo de Registo Civil, aprovadopelo Decreto-Lei n. 131/95, de 6 de junho, passa a ter aseguinte redao:

    Artigo 69.

    [...]

    1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .d) A adoo e a reviso da respetiva sentena;e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .g) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .h) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .i) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .j) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .l) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .m) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .n) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .o) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .p) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .q) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .r) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 Aps o averbamento do facto referido na al-

    nea d) dever ser feita a comunicao a que se reportao n. 3 do artigo 56. do Regime Jurdico do Processo

    de Adoo, a efetuar com preservao dos elementosde identificao dos adotantes, designadamente iden-tidade, filiao, residncia, nmero de documentos deidentificao e do tribunal por onde correu o processode adoo.

    Artigo 5.

    Regime Jurdico do Processo de Adoo

    1 aprovado, em anexo presente lei e que delafaz parte integrante, o novo Regime Jurdico do Processode Adoo.

    2 A presente lei no prejudica o disposto no ar-tigo 7. da Lei n. 7/2001, de 11 de maio, alterada pelaLei n. 23/2010, de 30 de agosto, e no artigo 3. da Lein. 9/2010, de 31 de maio.

    Artigo 6.

    Direito subsidirio

    Nos casos omissos so de observar, com as devidasadaptaes, as regras de processo civil que no contrariemos fins da jurisdio de famlia e menores.

    Artigo 7.

    Instalao do Conselho Nacional para a Adoo

    1 No prazo mximo de 30 dias aps a data de en-trada em vigor da presente lei, o Conselho Nacional paraa Adoo procede elaborao e aprovao do respetivoregulamento interno, submetendo-o a homologao domembro do Governo responsvel pelas reas da solida-riedade e da segurana social.

    2 Com a entrada em vigor da presente lei, o Insti-tuto da Segurana Social, I. P., assume a coordenao doConselho Nacional para a Adoo, nos termos previstosno n. 1 do artigo 13. do Regime Jurdico do Processo deAdoo, aprovado em anexo presente lei.

    Artigo 8.

    Regulamentao1 Constam de instrumento prprio a aprovar pelo

    membro do Governo responsvel pelas reas da solida-riedade e da segurana social:

    a) A definio dos critrios e procedimentos padro-nizados a que alude o artigo 14. do Regime Jurdico doProcesso de Adoo, aprovado em anexo presente lei;

    b) O programa de interveno tcnica a que alude o n. 3do artigo 41. do Regime Jurdico do Processo de Adoo,aprovado em anexo presente lei;

    c) O programa de preparao complementar a que aludeo artigo 47. do Regime Jurdico do Processo de Adoo,aprovado em anexo presente lei.

    2 Os instrumentos referidos no nmero anterior sopublicitados nos stios oficiais dos organismos mencio-nados no artigo 7. do Regime Jurdico do Processo deAdoo, aprovado em anexo presente lei.

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    Artigo 9.

    Norma revogatria

    So revogados:

    a) A alnea e) do artigo 1604., o artigo 1607., a al-nea c) do n. 1 do artigo 1609., o artigo 1977., os n.os 5 e6 do artigo 1978., a alnea b) do n. 3 do artigo 1981. eo captulo IIIdo ttulo IVdo Cdigo Civil, aprovado peloDecreto-Lei n. 47 344, de 25 de novembro de 1966;

    b) Os captulos IIIa Ve os artigos 28. e 29. do Decreto--Lei n. 185/93, de 22 de maio, alterado pelo Decreto-Lein. 120/98, de 8 de maio, e pelas Leis n.os 31/2003, de 22de agosto, e 28/2007, de 2 de agosto;

    c) O Decreto Regulamentar n. 17/98, de 14 de agosto.

    Artigo 10.

    Aplicao no tempo

    1 O Regime Jurdico do Processo de Adoo, apro-vado em anexo presente lei, de aplicao imediata,sem prejuzo da validade dos atos praticados na vignciada lei anterior.

    2 A presente lei no aplicvel aos processos judiciaispendentes data da sua entrada em vigor, salvo o dispostonos n.os 2 e 3 do artigo 56. do Regime Jurdico do Processode Adoo, aprovado em anexo presente lei, que deaplicao imediata.

    Artigo 11.

    Entrada em vigor

    A presente lei entra em vigor 90 dias aps a data dasua publicao.

    Aprovada em 22 de julho de 2015.

    A Presidente da Assembleia da Repblica, Maria daAssuno A. Esteves.

    Promulgada em 22 de agosto de 2015.

    Publique-se.

    O Presidente da Repblica, ANBALCAVACOSILVA.

    Referendada em 24 de agosto de 2015.

    Pelo Primeiro-Ministro,Paulo Sacadura Cabral Portas,Vice-Primeiro-Ministro.

    ANEXO

    (a que se refere o artigo 5.)

    Regime Jurdico do Processo de Adoo

    TTULO I

    Disposies gerais

    Artigo 1.

    Objeto

    1 O Regime Jurdico do Processo de Adoo, do-ravante designado RJPA, regula os processos de adoo

    nacional e internacional, bem como a interveno nessesprocessos das entidades competentes.2 So entidades competentes em matria de adoo:

    a) Os organismos de segurana social;b) A Autoridade Central para a Adoo Internacional;

    c) O Ministrio Pblico;d) Os tribunais.

    3 Podem tambm intervir:

    a) Na adoo nacional, as instituies particulares desolidariedade social e equiparadas e outras entidades de re-conhecido interesse pblico, sem carter lucrativo, adiantedesignadas por instituies particulares autorizadas, nascondies e com os limites estabelecidos no RJPA;

    b) Na adoo internacional, as entidades devidamenteautorizadas e acreditadas, adiante designadas por entidadesmediadoras, nas condies e com os limites estabelecidosno RJPA.

    Artigo 2.

    Definies

    Para os efeitos do RJPA considera-se:

    a) Adoo internacional, processo de adoo, nombito do qual ocorre a transferncia de uma criana doseu pas de residncia habitual para o pas da residnciahabitual dos adotantes, com vista ou na sequncia da suaadoo;

    b) Adoo nacional, processo de adoo no mbitodo qual a criana a adotar e o candidato adoo tmresidncia habitual em Portugal, independentemente danacionalidade;

    c) Adotabilidade, situao jurdica da criana be-neficiria de uma deciso judicial ou administrativa deconfiana com vista adoo;

    d) Criana, qualquer pessoa com idade inferior a15 anos, ou inferior a 18 anos nos casos previstos no n. 3

    do artigo 1980. do Cdigo Civil;e) Pas de acolhimento, pas da residncia habitual

    dos adotantes, no mbito de um processo de adoo in-ternacional;

    f) Pas de origem, pas da residncia habitual dacriana, no mbito de um processo de adoo internacional;

    g) Preparao, avaliao e seleo de candidatos,conjunto de procedimentos para a aferio da capacidadetendentes capacitao psicossocial e das competnciasessenciais ao estabelecimento de uma relao parentaladotiva;

    h) Processo de adoo, conjunto de procedimentosde natureza administrativa e judicial, integrando designa-

    damente atos de preparao e atos avaliativos, tendo emvista a prolao da deciso judicial constitutiva do vnculoda adoo, a qual ocorre na sequncia de uma deciso deadotabilidade ou de avaliao favorvel da pretenso deadoo de filho do cnjuge;

    i) Guarda de facto, relao que se estabelece entrea criana e a pessoa que com ela vem assumindo, conti-nuadamente, as funes essenciais prprias de quem temresponsabilidades parentais.

    Artigo 3.

    Princpios orientadores

    A interveno em matria de adoo obedece aos se-guintes princpios orientadores:

    a) Interesse superior da criana em todas as decisesa proferir, no mbito do processo de adoo, deve preva-lecer o interesse superior da criana;

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    7236 Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015

    b) Obrigatoriedade de informao a criana e oscandidatos adoo devem ser informados com precisoe clareza sobre os seus direitos, os objetivos da interven-o inerente ao processo e a forma como esta ltima seprocessa, bem como sobre as possveis consequncias dequalquer deciso que venha a ser tomada no mbito do

    processo;c) Audio obrigatria a criana, tendo em ateno asua idade, grau de maturidade e capacidade de compreen-so, deve ser pessoalmente ouvida no mbito do processode adoo;

    d) Participao a criana, bem como os candidatos adoo, tm o direito de participar nas decises relativas concretizao do projeto adotivo;

    e) Cooperao todos os intervenientes no processoe, designadamente, as entidades com competncia emmatria de adoo, bem como os candidatos adoo,tm o dever de colaborar no sentido da boa deciso doprocesso;

    f) Primado da continuidade das relaes psicolgicasprofundas a interveno deve respeitar o direito dacriana preservao das relaes afetivas estruturantesde grande significado e de referncia para o seu saud-vel e harmnico desenvolvimento, devendo prevalecer asmedidas que garantam a continuidade de uma vinculaosecurizante.

    Artigo 4.

    Carter secreto

    1 A fase judicial e os demais procedimentos admi-nistrativos e judiciais que integram o processo de adoo,

    incluindo os seus preliminares, tm carcter secreto.2 O processo de adoo, incluindo os seus prelimi-nares, pode ser consultado pelo adotado depois de atingidaa maioridade.

    3 Por motivos ponderosos e nas condies e comos limites a fixar na deciso, pode o tribunal, a reque-rimento de quem prove interesse legtimo, ouvido oMinistrio Pblico, se no for o requerente, autorizara consulta dos processos referidos no n. 1 e a extraode certides.

    4 Para efeitos do disposto no nmero anterior,tratando-se de procedimentos de natureza administrativa,o requerimento deve ser dirigido ao tribunal competente emmatria de famlia e menores da rea da sede do organismo

    de segurana social.5 A violao do segredo dos processos referidos no

    n. 1 e a utilizao de certides para fim diverso do expres-samente autorizado constituem crime a que correspondepena de priso at um ano ou multa at 120 dias.

    Artigo 5.

    Segredo de identidade

    1 Todas as entidades pblicas e privadas tm o deverde adotar as providncias necessrias preservao dosegredo de identidade a que se refere o artigo 1985. doCdigo Civil.

    2 No acesso aos autos, nas notificaes a realizarno processo de adoo e nos respetivos procedimentospreliminares, incluindo os de natureza administrativa, devesempre ser preservado o segredo de identidade, nos termosprevistos no artigo 1985. do Cdigo Civil.

    Artigo 6.

    Acesso ao conhecimento das origens

    1 Os organismos de segurana social, mediante soli-citao expressa do adotado com idade igual ou superior a16 anos, tm o dever de prestar informao, aconselhamento

    e apoio tcnico no acesso ao conhecimento das suas origens.2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, du-rante a menoridade sempre exigida autorizao dos paisadotivos ou do representante legal, revestindo o apoiotcnico carter obrigatrio.

    3 As entidades competentes em matria de adoodevem conservar as informaes sobre a identidade, asorigens e os antecedentes do adotado, durante pelo menos50 anos aps a data do trnsito em julgado da sentenaconstitutiva do vnculo da adoo.

    4 Para os efeitos previstos no presente artigo, qual-quer entidade pblica ou privada tem obrigao de fornecers entidades competentes em matria de adoo, incluindoao Ministrio Pblico, quando lhe sejam requeridas, as ne-

    cessrias informaes sobre os antecedentes do adotado, osseus progenitores, tutores e detentores da guarda de facto,sem necessidade de obteno do consentimento destes.

    5 As entidades que intervm nos termos do presenteartigo esto obrigadas preservao do segredo de iden-tidade previsto no artigo 5.

    6 Independentemente dos requisitos previstos nosn.os 1 e 2, em casos excecionais e com fundamento emrazes ponderosas, mormente quando estiverem em causamotivos de sade, pode o tribunal, a requerimento dos pais,ouvido o Ministrio Pblico, autorizar o acesso a elementosda histria pessoal do adotado menor.

    7 Pode ainda o tribunal, a requerimento do Minist-

    rio Pblico e com fundamento em ponderosos motivos desade do adotado menor, autorizar o acesso a elementosda sua histria pessoal.

    TTULO II

    Adoo nacional

    CAPTULO I

    Interveno das entidades competentesem matria de adoo

    SECO IInterveno dos organismos de segurana social

    Artigo 7.

    Organismos de segurana social

    Para efeitos do RJPA, so organismos de seguranasocial o Instituto da Segurana Social, I. P., o Institutoda Segurana Social dos Aores, I. P. R. A., o Institutoda Segurana Social da Madeira, IP-RAM, e, no muni-cpio de Lisboa, a Santa Casa da Misericrdia de Lisboa.

    Artigo 8.

    Competncias

    Compete aos organismos de segurana social:

    a) Proceder ao estudo de caracterizao das crianasem situao de adotabilidade e ao diagnstico das suas

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    necessidades, bem como sua preparao para subsequenteintegrao em famlias adotivas;

    b) Informar os interessados sobre o processo de ado-o, disponibilizando-lhes igualmente informao sobreoutros institutos jurdicos que visem a integrao familiarde crianas;

    c) Receber as candidaturas adoo e instruir os res-petivos processos;d) Preparar, avaliar e selecionar os candidatos a ado-

    tantes;e) Aferir a correspondncia entre as necessidades evi-

    denciadas pelas crianas em situao de adotabilidade eas capacidades dos candidatos selecionados, tendo emvista a apresentao de concretas propostas de encami-nhamento;

    f) Promover a integrao das crianas nas famliasadotantes e acompanhar e avaliar o perodo prvio deconvivncia entre crianas e candidatos destinado aaferir da viabilidade do estabelecimento da relao pa-rental;

    g) Proceder confiana administrativa;h) Decretada a adotabilidade ou recebida comunicao

    do tribunal relativa ao consentimento prvio para a adoo,informar trimestralmente o tribunal sobre as dilignciasefetuadas para promover o efetivo encaminhamento dacriana para candidato selecionado;

    i) Elaborar o relatrio de acompanhamento e avaliaodo perodo de pr-adoo, do qual constem, designada-mente, os elementos relativos personalidade e sadedo adotante e do adotando, idoneidade do adotante paracriar e educar o adotando, situao familiar e econmicado adotante e s razes determinantes do pedido de adoo;

    j) Acompanhar as famlias aps o decretamento da ado-

    o, mediante pretenso expressa nesse sentido, nos termosprevistos no RJPA;k) Prestar informao, aconselhamento e apoio tcnico

    no acesso ao conhecimento das origens do adotado;l) Proceder recolha, tratamento e divulgao dos dados

    estatsticos relativos adoo nacional;m) Elaborar e publicar anualmente relatrio, donde

    constem informaes e concluses sobre as atribuiesreferidas nas alneas anteriores.

    Artigo 9.

    Equipas tcnicas de adoo

    1 O acompanhamento e o apoio s pessoas envolvi-das num processo de adoo so assegurados por equipaspluridisciplinares suficientemente dimensionadas e qua-lificadas, integrando tcnicos com formao nas reas dapsicologia, do servio social e do direito.

    2 Tais equipas podem ainda, pontualmente e quandonecessrio, contar com o apoio de profissionais das reasda sade e da educao.

    3 As equipas que intervm na preparao, avaliaoe seleo dos candidatos a adotantes devem ser autnomase distintas das que, decretada a adotabilidade, procedemao estudo da situao das crianas e concretizao dosrespetivos projetos adotivos.

    4 Para salvaguarda do disposto no nmero anterior e

    sempre que o volume processual o justifique, as funes depreparao, avaliao e seleo de candidatos podem serconcentradas em equipas de mbito regional, cuja atividadetoma em linha de conta as exigncias de proximidade quetais funes pressupem.

    Artigo 10.

    Listas nacionais para a adoo

    1 Os candidatos selecionados para a adoo, bemcomo as crianas em situao de adotabilidade, integramobrigatoriamente listas nacionais.

    2 Cabe aos organismos de segurana social o registoe a permanente atualizao das listas a que se refere onmero anterior.

    Artigo 11.

    Colegialidade das decises

    1 A concreta proposta de encaminhamento de umacriana para a famlia adotante resulta de deciso partici-pada e consensualizada entre a equipa que procedeu aoestudo da criana e a equipa que efetuou a preparao,avaliao e seleo dos candidatos.

    2 A confirmao da proposta prevista no nmero

    anterior cabe ao Conselho Nacional para a Adoo, adiantedesignado por Conselho.

    Artigo 12.

    Composio e atribuies do Conselho Nacional para a Adoo

    1 O Conselho composto por um representante decada organismo mencionado no artigo 7.

    2 O Conselho garante a harmonizao dos crit-rios que presidem aferio de correspondncia entreas necessidades da criana e as capacidades dos ado-tantes.

    3 O Conselho tem as seguintes atribuies:

    a) Confirmar as propostas de encaminhamento apresen-tadas pelas equipas de adoo, incluindo as efetuadas nombito de confiana administrativa com base na prestaode consentimento prvio;

    b) Emitir parecer prvio para efeito de concesso deautorizao s instituies particulares, para intervenoem matria de adoo;

    c) Acompanhar a atividade desenvolvida pelas institui-es particulares autorizadas;

    d) Emitir recomendaes aos organismos de seguranasocial e s instituies particulares autorizadas que inter-vm em matria de adoo, e divulg-las publicamente.

    4 Para efeitos do disposto na alnea a) do nmeroanterior, o Conselho emite certido da deciso de con-firmao.

    Artigo 13.

    Funcionamento do Conselho Nacional para a Adoo

    1 A coordenao do Conselho assegurada, bienal erotativamente, pelas entidades que o integram.

    2 O Conselho rene, ordinariamente, com uma fre-quncia mnima quinzenal e, extraordinariamente, sempreque tal seja considerado necessrio ou o volume processualassim o exija.

    3 O Conselho profere deciso sobre as propostas que

    lhe forem remetidas, no prazo mximo de 15 dias a contarda data da respetiva apresentao.

    4 A organizao e o funcionamento do Conselhoconstam de regulamento interno que garante a celeridadedos procedimentos de confirmao.

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    Artigo 14.

    Padronizao e publicitao de critrios e procedimentos

    1 A preparao, avaliao e seleo de candidatos aadotantes e as diligncias para a concretizao do projetoadotivo obedecem a critrios e procedimentos padroniza-

    dos, de aplicao uniforme pelos organismos de seguranasocial e pelas entidades previstas na alnea a) do n. 3 doartigo 1.

    2 Os critrios e procedimentos referidos no nmeroanterior devem ser publicitados, designadamente mediantedivulgao nos stios oficiais dos organismos mencionadosno artigo 7., de forma a permitir o seu conhecimento porparte de todos os interessados.

    SECO II

    Interveno das instituies particulares sem fins lucrativos

    Artigo 15.Excecionalidade da interveno

    Excecionalmente e nas condies previstas na presenteseco, as instituies particulares sem fins lucrativospodem intervir no processo de adoo.

    Artigo 16.

    reas de interveno

    1 As instituies particulares sem fins lucrativospodem desenvolver as atividades previstas no artigo 8.,com exceo das referidas nas suas alneasg) ek).

    2 A mesma entidade no pode intervir, concomitan-temente, no mbito das atividades previstas nas alneas a)ed) do artigo 8.

    3 A excecionalidade da interveno a que alude oartigo anterior no se aplica atividade prevista na alneaj)do artigo 8.

    4 O disposto nas alneas l) em) do artigo 8. nose aplica s instituies particulares sem fins lucrativos.

    SUBSECO I

    Condies para a interveno

    Artigo 17.

    Autorizao

    1 Constitui pressuposto do desenvolvimento de ati-vidades compreendidas nas reas de interveno definidasno artigo anterior a prvia obteno de correspondenteautorizao.

    2 A autorizao referida no nmero anterior conce-dida por portaria dos membros do Governo responsveispelas reas da justia, da solidariedade e da seguranasocial, a qual define as reas de interveno, a competn-cia territorial, a data do incio de atividade e o prazo devigncia da autorizao.

    3 A autorizao referida no n. 1 carece de parecer

    prvio favorvel do Conselho.4 O exerccio no autorizado das atividades referidas

    no artigo anterior faz incorrer o respetivo agente na prticade crime punvel com priso at dois anos ou multa at240 dias.

    Artigo 18.

    Requisitos

    As instituies particulares sem fins lucrativos quepretendam intervir no processo de adoo, nos termos doartigo 15., devem ser representadas e administradas por

    pessoas com reconhecida idoneidade, pelos seus conhe-cimentos ou experincia no domnio da adoo, devendoainda preencher cumulativamente os seguintes requisitos:

    a) Prosseguir atividades no mbito da promoo dafamlia e da proteo da criana;

    b) No desenvolver principalmente a sua atividade nombito do acolhimento de crianas;

    c) Dispor de equipas tcnicas pluridisciplinares adequa-das, de acordo com o disposto no artigo 9.

    Artigo 19.

    Requisitos especiais

    1 As instituies particulares sem fins lucrativosque, desenvolvendo atividade no mbito do acolhimentode crianas, pretendam intervir no processo de adoo,devem assegurar a disponibilizao de equipas distintas,no podendo os tcnicos afetos equipa de acolhimentointegrar simultaneamente a equipa afeta s atividades deadoo.

    2 A autonomia das equipas tcnicas pressupe, almdo mais, o no desenvolvimento de atividade de acolhi-mento e de atividades no mbito da adoo, no mesmoespao fsico.

    SUBSECO II

    Autorizao e deciso

    Artigo 20.

    Pedido de autorizao

    1 As instituies particulares sem fins lucrativos quepretendam intervir em matria de adoo, nos termos pre-vistos no RJPA, devem dirigir a sua pretenso aos membrosdo Governo responsveis pelas reas da justia, da solida-riedade e da segurana social, atravs de requerimento aapresentar junto do organismo de segurana social da reaonde pretendam exercer a sua atividade.

    2 O requerimento acompanhado de cpia dos esta-tutos e de todos os documentos que se afigurem necessrios

    avaliao do pedido de autorizao, com vista verifica-o dos requisitos previstos nos artigos 18. e 19.

    Artigo 21.

    Instruo e deciso

    1 O organismo de segurana social que receber opedido de autorizao deve instruir o processo e verificar opreenchimento dos requisitos, no prazo mximo de 15 dias,procedendo para o efeito realizao das diligncias queentender necessrias.

    2 Finda a instruo, o organismo de segurana so-cial elabora informao da qual devem obrigatoriamenteconstar os elementos habilitantes ponderao sobre aoportunidade do deferimento da pretenso, designadamentea existncia de outras instituies particulares j autori-zadas e o nmero de candidatos a adotantes e de crianasem situao de adotabilidade, na rea territorial a que sereporta o pedido de autorizao.

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    3 O processo remetido ao Conselho para emissode parecer, nos termos do n. 3 do artigo 17., a proferirno prazo mximo de 30 dias.

    4 Emitido parecer, o Conselho remete o processopara deciso ao membro do Governo responsvel pelasreas da solidariedade e da segurana social, para proposta

    de deciso conjunta.5 A deciso relativa pretenso sempre notificada instituio requerente.

    SUBSECO III

    Articulao, acompanhamento e fiscalizao

    Artigo 22.

    Articulao com os organismos da segurana social

    1 As instituies particulares autorizadas nos termosdo RJPA desenvolvem a sua atividade em estreita articu-lao com o organismo de segurana social territorial-

    mente competente, a quem incumbe a respetiva superviso.2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, as

    instituies particulares autorizadas tm o dever de prestara colaborao que lhes seja solicitada, disponibilizando ainformao e demais elementos relevantes, nos prazos quelhes forem assinalados.

    Artigo 23.

    Relatrio de atividades

    1 As instituies particulares autorizadas devem en-viar ao organismo de segurana social da respetiva rea deinterveno, at ao fim do primeiro trimestre de cada ano,

    relatrio de atividades do ano anterior, do qual constem,obrigatria e discriminadamente, as aes desenvolvidasem matria de adoo, incluindo as de formao assegura-das s equipas tcnicas, bem como as receitas e despesasassociadas.

    2 O organismo de segurana social, no prazo de15 dias, envia ao Conselho o relatrio de atividades, acom-panhado de parecer, para os efeitos previstos na alnea c)do n. 3 do artigo 12.

    Artigo 24.

    Fiscalizao

    1 A Inspeo-Geral do Ministrio da Solidariedade,

    Emprego e Segurana Social, adiante designada porInspeo-Geral, fiscaliza, atravs de auditoria e inspe-o, a atividade das instituies particulares autorizadasa intervir em matria de adoo.

    2 Nas aes de fiscalizao, a Inspeo-Geral ,sempre que necessrio, apoiada por consultores designadosde entre tcnicos que exeram a superviso da atividadedas instituies.

    SUBSECO IV

    Revogao da autorizao

    Artigo 25.

    Revogao

    1 A autorizao concedida nos termos do RJPA podeser revogada por portaria dos membros do Governo res-ponsveis pelas reas da justia, da solidariedade e da

    segurana social, mediante proposta devidamente funda-mentada da Inspeo-Geral ou do Conselho.

    2 Constituem fundamentos para a revogao a as-suno de procedimentos e prticas que contrariem os finsvisados pela adoo e, bem assim, a falta de observnciados critrios de padronizao a que alude o artigo 14.

    3 Constituem, ainda, fundamento para a revogao:a) A no observncia dos requisitos previstos nos arti-

    gos 18. e 19.;b) O no exerccio da atividade objeto da autorizao

    por um perodo de um ano.

    4 A apresentao de proposta de revogao, nos ter-mos do n. 1, acarreta a imediata suspenso da autorizaopara o exerccio da atividade, at prolao da deciso final.

    5 A deciso final deve ser proferida no prazo mximode 60 dias.

    SECO III

    Interveno do Ministrio Pblico

    Artigo 26.

    Natureza

    O Ministrio Pblico intervm no processo de adoodefendendo os direitos e promovendo o superior interesseda criana.

    Artigo 27.

    Competncias

    Compete, em especial, ao Ministrio Pblico:

    a) Pronunciar-se sobre os recursos interpostos peloscandidatos adoo das decises de rejeio de candi-daturas;

    b) Pronunciar-se sobre a conformidade da confianaadministrativa com o interesse da criana, na pendncia deprocesso de promoo e proteo ou tutelar cvel;

    c) Receber as comunicaes dos organismos de segu-rana social das decises relativas a confiana adminis-trativa;

    d) Promover as iniciativas processuais cveis ou deproteo na sequncia de comunicao do organismo desegurana social, nos casos de no atribuio de confiana

    administrativa;e) Requerer a prestao de consentimento prvio paraa adoo;

    f) Requerer a curadoria provisria, no caso de os ado-tantes o no terem feito, no prazo de 30 dias aps a decisode confiana administrativa;

    g) Emitir parecer na fase final do processo de adoo;h) Representar a criana no incidente de reviso da

    adoo;i) Pronunciar-se sobre pedidos de consulta que hajam

    sido formulados nos termos do n. 3 do artigo 4., ou re-querer ao tribunal a respetiva autorizao;

    j) Requerer a averiguao dos pressupostos da dispensado consentimento dos pais do adotando ou das pessoas que

    o devam prestar em sua substituio, nos termos do ar-tigo 1981. do Cdigo Civil, bem como pronunciar-se sobreo requerimento nesse sentido apresentado pelo adotante;

    k) Informar o adotado, a requerimento deste, do direitode acesso ao conhecimento das suas origens e respetivo

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    exerccio, prestando-lhe os esclarecimentos relevantes e oapoio tcnico necessrio, bem como, sendo caso disso, so-licitando a quaisquer entidades informaes e antecedentessobre o adotado, os seus progenitores, tutores ou detentoresda guarda de facto, desencadeando os procedimentos nosentido da sua obteno;

    l) Requerer ao tribunal ou pronunciar-se, caso no sejao requerente, sobre a concesso de autorizao para acessoa elementos da histria pessoal do adotado;

    m) Requerer ao tribunal a cessao dos contactos pes-soais entre o adotado e elementos da famlia biolgicaautorizados na sentena de adoo, ao abrigo do n. 3 doartigo 1986. do Cdigo Civil.

    SECO IV

    Interveno do tribunal

    Artigo 28.

    NaturezaOs tribunais exercem no processo de adoo as funes

    que a Constituio lhes confere, garantindo o cumprimentoda lei, assegurando a promoo e defesa dos direitos dascrianas e fazendo prevalecer o seu superior interesse, semprejuzo da considerao devida aos interesses legtimosdas famlias biolgicas e dos adotantes ou candidatos adoo.

    Artigo 29.

    Competncias

    Compete, em especial, ao tribunal em matria de adoo:

    a) Presidir prestao do consentimento prvio paraa adoo;

    b) Apreciar e decidir os recursos das decises de rejeiode candidatura a adoo proferidas pelos organismos desegurana social ou pelas instituies particulares auto-rizadas;

    c) Estando pendente processo de promoo e proteoou tutelar cvel, decidir sobre a conformidade da confianaadministrativa com o interesse da criana;

    d) Nomear curador provisrio logo que decretada aconfiana com vista adoo ou decidida a confianaadministrativa e, bem assim, proceder transferncia dacuradoria provisria para o candidato a adotante logo que

    identificado;e) Decretar a adoo e decidir sobre a composio donome da criana adotada;

    f) Autorizar excecionalmente a manuteno de contactospessoais entre o adotado e elementos da famlia biolgica,nos termos previstos no n. 3 do artigo 1986. do CdigoCivil, bem como determinar a sua cessao;

    g) Decidir do incidente de reviso da adoo;h) Conceder autorizao para acesso a elementos da

    histria pessoal do adotado nos termos previstos nos n.os 6e 7 do artigo 6.

    Artigo 30.

    Competncia territorial1 Sem prejuzo do disposto no n. 3, as competncias

    do tribunal em matria de adoo so exercidas pelas sec-es de famlia e menores da instncia central, de acordocom as seguintes regras:

    a) Para conhecer das matrias a que se referem as al-neas c) af) eh) do artigo anterior competente o tribu-nal da residncia da criana, nos termos previstos na Leide Proteo de Crianas e Jovens em Perigo, aprovadapela Lei n. 147/99, de 1 de setembro, alterada pelas Leisn.os 31/2003, de 22 de agosto, e 142/2015, de 8 de setembro,

    e no Regime Geral do Processo Tutelar Cvel, aprovadopela Lei n. 141/2015, de 8 de setembro;b) Para conhecer da matria a que se refere a alnea b)

    do artigo anterior competente o tribunal da rea da sededo organismo de segurana social ou da instituio parti-cular autorizada;

    c) Para conhecer da matria a que se refere a alneag)do artigo anterior competente o tribunal que decretou aadoo.

    2 Nas reas no abrangidas pela jurisdio das sec-es de famlia e menores cabe s seces da instncialocal ou, em caso de no ocorrer desdobramento, s seces

    de competncia genrica da instncia local, conhecer dasmatrias elencadas no nmero anterior.3 Para efeito de prestao de consentimento prvio

    para a adoo competente qualquer seco de famlia emenores da instncia central ou qualquer seco de com-petncia genrica ou cvel da instncia local, indepen-dentemente da residncia da criana ou das pessoas queo pretendam prestar.

    CAPTULO II

    Processo de adoo

    Artigo 31.Jurisdio voluntria

    A fase final do processo de adoo, regulada na sub-seco III do presente captulo, tem natureza de jurisdiovoluntria, sendo-lhe aplicveis as correspondentes normasdo Cdigo do Processo Civil.

    Artigo 32.

    Carter urgente

    O procedimento relativo prestao do consentimentoprvio para a adoo, bem como a tramitao judicial doprocesso de adoo, tm carter urgente.

    SECO I

    Preliminares

    Artigo 33.

    Comunicaes obrigatrias

    1 Quem tiver criana a seu cargo em situao depoder vir a ser adotada deve dar conhecimento da situaoao organismo de segurana social da rea da sua residncia,que avalia a situao.

    2 O organismo de segurana social deve dar conhe-

    cimento imediato ao magistrado do Ministrio Pblicojunto do tribunal competente das comunicaes recebidasnos termos do nmero anterior e informar, em prazo nosuperior a trs meses, do resultado dos estudos que realizare das providncias que tomar.

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    Artigo 34.

    Pressupostos

    1 A prolao da deciso judicial constitutiva do vn-culo da adoo depende de:

    a) Prvia declarao de adotabilidade decidida no m-bito de processo judicial de promoo e proteo, me-diante decretamento de medida de confiana a que aludea alneag) do n. 1 do artigo 35. da Lei de Proteo deCrianas e Jovens em Perigo, aprovada pela Lei n. 147/99,de 1 de setembro, alterada pelas Leis n.os 31/2003, de 22de agosto, e 142/2015, de 8 de setembro;

    b) Prvia deciso de confiana administrativa, reunidosque se mostrem os necessrios requisitos;

    c) Prvia avaliao favorvel da pretenso expressa pelocandidato a adotante relativamente adoo do filho docnjuge, tendo em conta o superior interesse da criana.

    2 A confiana administrativa resulta de deciso do

    organismo de segurana social:a) Que proceda entrega de criana, relativamente

    qual haja sido prestado consentimento prvio para a ado-o, ao candidato a adotante; ou

    b) Que confirme a permanncia de criana a cargo docandidato a adotante que sobre ela exera j as responsa-bilidades parentais, nos termos previstos na alnea a) don. 8 do artigo 36.

    3 A avaliao a que alude a alnea c) do n. 1 temlugar na sequncia de um perodo de pr-adoo, nosuperior a trs meses, o qual tem incio imediatamente

    aps a formulao da pretenso pelo candidato a adotante.

    Artigo 35.

    Consentimento prvio

    1 Sem prejuzo do disposto no n. 3 do artigo 1982.do Cdigo Civil, a prestao do consentimento prviopode ser requerida pelas pessoas que o devam prestar,pelo Ministrio Pblico ou pelos organismos de seguranasocial.

    2 Recebido o requerimento, o juiz designa imedia-tamente hora para prestao do consentimento, a qual temlugar no prprio dia ou, caso tal no se revele possvel, nomais curto prazo, na presena das pessoas que o devamprestar e do Ministrio Pblico.

    3 A prestao de consentimento prvio por quemtenha idade igual ou superior a 16 anos vlida, no ca-recendo de autorizao dos pais ou do representante legal.

    4 Da prestao de consentimento lavrado auto as-sinado pelo prprio.

    5 Requerida a adoo, o incidente apensado aorespetivo processo.

    6 O recurso interposto das decises proferidas emprocessos relativos ao consentimento prvio para a adootem efeito suspensivo.

    Artigo 36.

    Requisitos da confiana administrativa

    1 A confiana administrativa s pode ser atribudase, aps audio da criana de idade superior a 12 anos, oude idade inferior, em ateno ao seu grau de maturidade e

    discernimento, resultar, inequivocamente, que aquela nose ope a tal deciso.

    2 A atribuio da confiana administrativa pressupeainda, sendo caso disso, a audio do representante legal,de quem tiver a guarda de direito e de quem tiver a guardade facto da criana.

    3 A confiana administrativa s pode ter lugar quandofor possvel formular um juzo de prognose favorvel re-lativamente compatibilizao entre as necessidades dacriana e as capacidades do candidato.

    4 A oposio manifestada por alguma das pessoasreferidas no n. 2 pode tambm fundamentar a no atri-buio de confiana administrativa.

    5 Nos casos em que no seja atribuda a confianaadministrativa, o Ministrio Pblico promove as iniciativasprocessuais cveis ou de proteo adequadas ao caso, nasequncia da correspondente comunicao do organismode segurana social.

    6 Estando pendente processo judicial de promoo

    e proteo ou tutelar cvel, tambm necessrio que otribunal, a requerimento do organismo de segurana so-cial, ouvido o Ministrio Pblico, considere que a con-fiana administrativa corresponde ao superior interesseda criana.

    7 A apreciao do tribunal reveste carter urgente,devendo ter lugar no prazo mximo de 15 dias aps aentrada do requerimento apresentado pelo organismo desegurana social.

    8 A deciso de confiana administrativa na modali-dade de confirmao da permanncia da criana a cargodo candidato a adotante pressupe:

    a) Que o exerccio das responsabilidades parentais rela-tivas esfera pessoal da criana lhe haja sido previamenteatribudo, no mbito de providncia tutelar cvel;

    b) Prvia avaliao da pretenso expressa pelo candidatoa adotante relativamente criana a cargo, tendo em contao seu superior interesse.

    Artigo 37.

    Deveres especficos dos organismos de segurana social

    1 No mbito da confiana administrativa, o orga-nismo de segurana social deve:

    a) Iniciar as diligncias com vista tomada de deciso,

    logo que receba comunicao da prestao de consenti-mento prvio para a adoo;b) Solicitar ao tribunal que se pronuncie nos termos do

    n. 6 do artigo anterior;c) Apresentar ao Conselho, no prazo mximo de 30 dias,

    proposta de encaminhamento com vista a uma confianaadministrativa;

    d) Comunicar, em cinco dias, ao Ministrio Pblicojunto do tribunal competente, nos termos dos artigos 29.e 30., a deciso final relativa confiana administrativae os respetivos fundamentos, incluindo os que, nos termosdo artigo anterior, hajam impedido a confiana;

    e) Efetuar as comunicaes necessrias conservatria

    do registo civil onde estiver lavrado o assento de nasci-mento da criana para efeitos de preservao do segredode identidade previsto no artigo 1985. do Cdigo Civil;

    f) Emitir e entregar ao candidato a adotante certificadoda data em que a criana lhe foi confiada.

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    7242 Dirio da Repblica, 1. srie N. 175 8 de setembro de 2015

    2 O prazo referido na alnea c) do nmero anteriorpode ser prorrogado, por igual perodo, em casos excecio-nais devidamente justificados.

    Artigo 38.

    Prejudicialidade e suspenso

    1 Os procedimentos legais visando a averiguao e ainvestigao da maternidade ou paternidade no revestemcarter de prejudicialidade face ao processo de adoo.

    2 A aplicao de medida de promoo e proteo deconfiana com vista a futura adoo suspende o processode averiguao oficiosa da maternidade e da paternidade.

    3 Sem prejuzo do disposto no nmero anterior, se-ro ultimados os atos de instruo j ordenados e a prova

    produzida poder ser aproveitada em ao de investigaoda maternidade ou paternidade.

    4 O disposto no nmero anterior no poder pre-judicar o segredo inerente ao processo de adoo e seus

    preliminares, bem como identidade dos adotantes.

    Artigo 39.

    Iniciativas do tribunal

    1 O tribunal deve comunicar ao organismo de segu-rana social o consentimento prvio para a adoo, logoque prestado.

    2 Deve igualmente remeter ao organismo de segu-rana social ou instituio particular autorizada, consoanteos casos, cpias das sentenas proferidas nos processos depromoo e proteo, com nota do respetivo trnsito emjulgado, quando aplicada medida de confiana com vista

    a futura adoo.3 Recebida alguma das comunicaes referidas nosnmeros anteriores, o organismo de segurana social ouinstituio particular autorizada, consoante os casos, adotaas providncias necessrias para a preservao do segredode identidade a que se refere o n. 2 do artigo 1985. doCdigo Civil.

    SECO II

    Tramitao

    Artigo 40.

    Etapas do processo

    O processo de adoo, nos termos em que definidona alnea c) do artigo 2., constitudo pelas seguintesfases:

    a) Fase preparatria, que integra as atividades desen-volvidas pelos organismos de segurana social ou pelasinstituies particulares autorizadas, no que respeita aoestudo de caracterizao da criana com deciso de adota-bilidade e preparao, avaliao e seleo de candidatosa adotantes;

    b) Fase de ajustamento entre crianas e candidatos, queintegra as atividades desenvolvidas pelos organismos de

    segurana social ou pelas instituies particulares autoriza-das, para aferio da correspondncia entre as necessidadesda criana e as capacidades dos candidatos, organizaodo perodo de transio e acompanhamento e avaliao doperodo de pr-adoo;

    c) Fase final, que integra a tramitao judicial do pro-cesso de adoo com vista prolao de sentena quedecida da constituio do vnculo.

    SUBSECO I

    Fase preparatria

    Artigo 41.

    Estudo de caracterizao e preparao da criana

    1 Recebida alguma das comunicaes previstas noartigo 39., o organismo de segurana social ou instituioparticular autorizada procede, no prazo mximo de 30 dias,ao estudo de caracterizao da criana, o qual incide sobreas suas especficas necessidades, nos diversos domniosrelevantes do crescimento e desenvolvimento, bem comosobre a sua situao familiar e jurdica.

    2 O estudo de caracterizao necessariamente ins-trudo com o parecer da equipa tcnica da instituio, caso

    a criana se encontre acolhida.3 As crianas com medida de adotabilidade aplicada

    so inscritas na lista nacional a que se refere o artigo 10.,sendo-lhes obrigatoriamente proporcionada, de acordocom programa prprio, interveno tcnica adequada concretizao do projeto adotivo.

    Artigo 42.

    Informao ao tribunal

    1 Decorridos trs meses sobre a deciso de adotabili-dade, a equipa de adoo comunica oficiosa e fundamenta-damente ao tribunal o resultado das diligncias j efetuadas

    com vista concretizao do projeto de adoo.2 A informao atualizada trimestralmente e, emqualquer caso, sempre que ocorram factos supervenientesrelevantes.

    Artigo 43.

    Candidatura adoo

    1 Quem pretender adotar deve manifestar essa inten-o, pessoalmente ou por via eletrnica, junto de qualquerequipa de adoo dos organismos de segurana social ouinstituio particular autorizada.

    2 Recebida a comunicao prevista no nmero an-

    terior, a equipa de adoo presta, no prazo mximo de30 dias, toda a informao necessria ao conhecimentodo processo de adoo e formalizao da candidatura.

    3 A formalizao da candidatura s se concretiza me-diante o preenchimento e entrega de requerimento prprioacompanhado de:

    a) Documentos comprovativos da residncia, idade,estado civil, situao econmica, sade e idoneidade;

    b) Declarao relativa disponibilidade para participarno processo de preparao, avaliao e seleo para aadoo.

    4 Para efeitos de aferio preliminar do estado de

    sade e idoneidade, o interessado deve juntar declaraomdica e certificado do registo criminal, respetivamente.

    5 O organismo de segurana social ou instituioparticular autorizada indefere liminarmente a candida-tura sempre que da mera apreciao documental resulte

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    manifesta a no verificao dos pressupostos substanciaisprevistos no Cdigo Civil.

    6 O organismo de segurana social ou instituioparticular autorizada emite e entrega ao candidato a ado-tante certificado da formalizao da candidatura do qualconste a data da respetiva admisso.

    Artigo 44.

    Preparao, avaliao e seleo

    1 Logo aps a formalizao da candidatura, o or-ganismo de segurana social ou a instituio particularautorizada d incio ao conjunto de procedimentos de pre-parao, avaliao e seleo, o qual deve estar concludono prazo mximo de seis meses.

    2 O conjunto de procedimentos de preparao,avaliao e seleo composto por sesses formativas,entrevistas psicossociais e aplicao de outros instru-mentos de avaliao tcnica complementar, designa-

    damente de avaliao psicolgica, tendo em vista acapacitao do candidato e a emisso de parecer sobrea pretenso.

    3 A avaliao da pretenso do candidato a adotantee o correspondente parecer devem incidir, nomeada-mente, sobre a personalidade, a sade, a idoneidade paracriar e educar a criana, a situao familiar e econmicado candidato a adotante e as razes determinantes dopedido.

    4 Em caso de parecer desfavorvel, obrigatriaa audincia dos interessados em momento prvio ao dadeciso da rejeio da candidatura, nos termos previstosno Cdigo do Procedimento Administrativo.

    5 Concludos os procedimentos, o organismo desegurana social ou a instituio particular autorizadaprofere deciso fundamentada e notifica-a ao candi-dato.

    6 Em caso de aceitao da candidatura, emitidocertificado de seleo, sendo os candidatos selecionadosobrigatoriamente inscritos na lista nacional, nos termosdo artigo 10.

    7 Em caso de rejeio da candidatura, a notificaoda deciso deve incluir referncia possibilidade de re-curso, meno do prazo e identificao do tribunal com-petente para o efeito.

    Artigo 45.Validade e renovao do certificado de seleo

    1 O certificado de seleo tem uma validade de trsanos, podendo ser renovado por sucessivos e idnticos

    perodos a pedido expresso do candidato, antes que ocorraa respetiva caducidade.

    2 A renovao do certificado de seleo pressupe areapreciao da candidatura, aplicando-se, com as neces-srias adaptaes, o disposto no artigo 43.

    3 O candidato selecionado deve comunicar ao or-ganismo de segurana social ou instituio particular au-torizada que admitiu a sua candidatura qualquer factosuperveniente suscetvel de ter impacto no projeto de ado-

    o, nomeadamente mudana de residncia e alterao dasituao familiar.

    4 A comunicao referida no nmero anterior de-termina a reavaliao da situao e eventual reviso dadeciso proferida.

    Artigo 46.

    Recurso da deciso de rejeio da candidatura

    1 Da deciso que rejeite a candidatura apenas caberecurso, a interpor no prazo de 30 dias, para o tribunalcompetente em matria de famlia e menores da rea da

    sede do organismo da segurana social ou da instituioparticular autorizada.2 O requerimento, acompanhado das respetivas ale-

    gaes, apresentado entidade que proferiu a deciso,que pode repar-la.

    3 Caso a entidade que proferir a deciso no a repare,deve remeter, no prazo mximo de 15 dias, o processo aotribunal com as observaes que entender convenientes,sendo o recorrente notificado da respetiva remessa.

    4 Recebido o recurso, o juiz ordena as dilignciasque julgue necessrias e, dada vista ao Ministrio Pblico,profere deciso no prazo de 15 dias.

    5 A deciso a que se refere o nmero anterior noadmite recurso.

    Artigo 47.

    Preparao complementar

    Sempre que o competente organismo de segurana so-cial ou instituio particular autorizada considere essencial boa integrao da criana em situao de adotabilidadea frequncia pelos candidatos selecionados de aes depreparao complementar, so estas disponibilizadas, re-vestindo carter obrigatrio.

    SUBSECO II

    Fase de ajustamento

    Artigo 48.

    Aferio de correspondncia entre necessidades e capacidades

    1 O organismo de segurana social ou a instituioparticular autorizada responsvel pelo diagnstico dasnecessidades da criana em situao de adotabilidade,procede a pesquisa, nas listas nacionais, dos candidatosrelativamente aos quais seja legtimo efetuar um juzode prognose favorvel de compatibilizao entre as suascapacidades e as necessidades da criana.

    2 O resultado da pesquisa comunicado equipa

    tcnica que efetuou a preparao, avaliao e seleo doscandidatos, nos termos e para os efeitos previstos nosartigos 11. e 12.

    3 Obtida a deciso do Conselho, o organismo desegurana social ou instituio particular autorizada apre-senta ao concreto candidato identificado a proposta deadoo.

    Artigo 49.

    Perodo de transio

    1 Aceite a proposta de adoo, inicia-se um perodode transio em que se promove o conhecimento mtuo,com vista aferio da existncia de indcios favorveis vinculao afetiva entre o adotando e o candidato a adotante.

    2 Durante o perodo de transio so promovidosencontros, devidamente preparados e observados pelaequipa de adoo do organismo de segurana social ouinstituio particular autorizada, conjuntamente, conso-

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    ante os casos, com a equipa tcnica da instituio onde acriana se encontra acolhida ou com a equipa tcnica dainstituio de enquadramento da famlia de acolhimentoque tenha a criana a seu cargo.

    3 Quando considerado necessrio, a equipa tcnicaque efetuou a seleo dos candidatos pode ser chamada

    a participar nas atividades a que se refere o nmero an-terior.4 O perodo de transio decorre pelo tempo mais

    curto e estritamente necessrio ao cumprimento dos seusobjetivos, tendo uma durao varivel, em funo das ca-ractersticas da criana e da famlia adotante, no devendoexceder 15 dias.

    5 Findo o perodo de transio, considerando-se noexistir qualquer facto que obste continuidade do processo,inicia-se o perodo de pr-adoo.

    6 Sempre que a avaliao tcnica aponte para a ine-xistncia de indcios favorveis vinculao afetiva entrea criana e o candidato a adotante, deve ocorrer a imediata

    cessao do perodo de transio, com a correspondentecomunicao obrigatria ao Conselho.

    Artigo 50.

    Perodo de pr-adoo

    1 O organismo de segurana social ou instituioparticular autorizada acompanha a integrao da crianana famlia adotante, avaliando a viabilidade do estabele-cimento da relao parental, num perodo de pr-adoono superior a seis meses.

    2 Durante este perodo, o organismo de segurana so-cial ou instituio particular autorizada presta todo o apoio

    e desencadeia as aes necessrias a um acompanhamentoefetivo tendo em vista a construo e a consolidao dovnculo familiar.

    3 Para os efeitos previstos nos nmeros anteriores,quando, em virtude de deslocalizao da criana, a equipaa quem incumba o acompanhamento da pr-adoo sejadiversa da que procedeu aferio da correspondnciaentre as necessidades da criana e as capacidades do can-didato, deve privilegiar-se o acompanhamento por partedesta ltima.

    4 Decorrido o perodo a que se refere o n. 1 oulogo que verificadas as condies para ser requerida aadoo, o organismo de segurana social ou a institui-o particular autorizada elabora, em 30 dias, relatrioincidindo sobre as matrias a que se refere a alnea i)do artigo 8., concluindo com parecer relativo concre-tizao do projeto adotivo.

    5 Excecionalmente, e em situaes devidamente fun-damentadas, o prazo referido no n. 1 pode ser alargado

    por um perodo mximo de trs meses, devendo esse factoser comunicado ao Ministrio Pblico.

    6 O organismo de segurana social ou instituioparticular autorizada notifica o adotante do teor integraldo relatrio referido no n. 4.

    7 Pode, a todo o tempo, ser decidida a cessao doperodo de pr-adoo, com fundamento na defesa dosuperior interesse da criana.

    8 Quer a deciso de cessao do perodo de pr--adoo, quer o parecer desfavorvel prossecuo doprojeto adotivo, so obrigatria e fundamentadamentecomunicados ao tribunal que decretou a curadoria provi-sria e ao Conselho.

    Artigo 51.

    Suprimento do exerccio das responsabilidades parentais

    1 O organismo de segurana social ou a instituioparticular autorizada solicita a transferncia da curadoriaprovisria da criana, instituda nos termos do n. 3 do

    artigo 62.-A da Lei de Proteo de Crianas e Jovens emPerigo, aprovada pela Lei n. 147/99, de 1 de setembro, al-terada pelas Leis n.os 31/2003, de 22 de agosto, e 142/2015,de 8 de setembro, para o candidato a adotante logo queeste seja identificado.

    2 O adotante que, mediante confiana administrativa,haja tomado a criana a seu cargo com vista a futura adoodeve requerer ao tribunal a sua nomeao como curadorprovisrio at ser decretada a adoo ou instituda outraprovidncia tutelar cvel.

    3 A curadoria provisria requerida pelo MinistrioPblico se, decorridos 30 dias sobre a deciso de confianaadministrativa, o no tiver sido nos termos do nmeroanterior.

    4 Nos casos previstos nos n.os 2 e 3, o incidente denomeao de curador provisrio apensado ao processojudicial de adoo.

    5 O curador provisrio tem os direitos e deveresdo tutor.

    SUBSECO III

    Fase final Processo judicial de adoo

    Artigo 52.

    Iniciativa processual

    1 A fase final do processo de adoo inicia-se com o

    requerimento apresentado pelo adotante junto do tribunalcompetente.

    2 A adoo s pode ser requerida aps a notificaoprevista no n. 6 do artigo 50. ou decorrido o prazo deelaborao do relatrio.

    3 Caso a adoo no seja requerida dentro do prazode trs meses, o organismo de segurana social ou a insti-tuio particular autorizada reaprecia obrigatoriamente asituao, apurando as razes que o determinaram e tomaas providncias adequadas salvaguarda do superior in-teresse da criana.

    4 Sem prejuzo do disposto no n. 1 do artigo 55.,os pais biolgicos no so notificados para os termos do

    processo.Artigo 53.

    Requerimento inicial e relatrio

    1 No requerimento inicial, o adotante deve alegar osfactos tendentes a demonstrar os requisitos gerais previstosno n. 1 do artigo 1974. do Cdigo Civil, bem como asdemais condies necessrias constituio do vnculojurdico da adoo.

    2 Com o requerimento deve o adotante oferecer desdelogo todos os meios de prova, nomeadamente certides decpia integral do registo de nascimento do adotando e doadotante, bem como certificado comprovativo da verifi-

    cao de algum dos pressupostos enunciados no n. 1 doartigo 34. e o relatrio previsto no n. 4 do artigo 50.

    3 Caso o relatrio no acompanhe o requerimento,o tribunal solicita-o ao organismo de segurana socialcompetente ou instituio particular autorizada que o

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    deve remeter, no prazo mximo de 15 dias, prorrogvelpor igual perodo, em caso devidamente justificado.

    Artigo 54.

    Diligncias subsequentes

    1 Junto o relatrio, o juiz, com a presena do Minis-trio Pblico, ouve obrigatoriamente:

    a) O adotante;b) As pessoas cujo consentimento a lei exija e no haja

    sido previamente prestado ou dispensado;c) O adotando, nos termos e com observncia das re-

    gras previstas para a audio de crianas nos processostutelares cveis.

    2 A audio das pessoas referidas no nmero anterior feita separadamente e por forma a salvaguardar o segredode identidade.

    3 O juiz esclarece as pessoas de cujo consentimento

    a adoo depende sobre o significado e os efeitos do ato erecolhe os consentimentos que forem prestados, de tudose lavrando ata.

    Artigo 55.

    Averiguao dos pressupostos da dispensa do consentimento

    1 Sempre que o processo de adoo no tiver sidoprecedido de aplicao de medida de confiana com vistaa futura adoo, no mbito de processo de promoo eproteo, a averiguao dos pressupostos da dispensa doconsentimento dos pais do adotando ou das pessoas queo devam prestar em sua substituio, nos termos do ar-tigo 1981. do Cdigo Civil, deve ser efetuada no prprioprocesso de adoo, oficiosamente ou a requerimento doMinistrio Pblico, ou dos adotantes, ouvido o MinistrioPblico.

    2 Para efeitos do disposto no nmero anterior, o juizordena as diligncias e assegura o contraditrio relativa-mente s pessoas cujo consentimento pode ser dispensado,sem prejuzo da salvaguarda do segredo de identidade.

    Artigo 56.

    Sentena

    1 Efetuadas as diligncias requeridas e outras julga-das convenientes e ouvido o Ministrio Pblico, proferida

    sentena.2 A sentena de adoo no , em caso algum, noti-ficada aos pais biolgicos.

    3 Sem prejuzo do disposto no nmero anterior, aextino do vnculo da filiao biolgica e a respetivadata, com salvaguarda do segredo de identidade, previstono artigo 1985. do Cdigo Civil, so comunicadas aospais biolgicos e, na falta destes, a outros ascendentes doadotado, preferindo os de grau mais prximo.

    4 A comunicao referida no nmero anterior terlugar aquando do averbamento da adoo ao assento denascimento do adotado, nos termos previstos no Cdigode Registo Civil, a efetuar com salvaguarda da identidadedos adotantes.

    5 Excecionalmente, a sentena pode estabelecer amanuteno de contactos pessoais entre o adotado e ele-mentos da famlia biolgica, verificadas as condies eos limites previstos no n. 3 do artigo 1986. do CdigoCivil.

    Artigo 57.

    Reviso

    1 No incidente de reviso, bem como no recursoextraordinrio de reviso, a criana representada peloMinistrio Pblico.

    2 Apresentado o pedido no incidente de reviso daadoo, so citados os requeridos e o Ministrio Pblicopara contestar.

    3 Ao incidente, que corre por apenso ao processode adoo, aplicvel, com as necessrias adaptaes,o disposto nos artigos 54. a 56. do Regime Geral doProcesso Tutelar Cvel, aprovado pela Lei n. 141/2015,de 8 de setembro.

    Artigo 58.

    Apensao

    O processo de promoo e proteo apensado ao deadoo quando nele tenha sido aplicada medida de con-fiana com vista a futura adoo, com observncia dodisposto nos artigos 4. e 5.

    Artigo 59.

    Prazo e seu excesso

    1 Na falta de disposio especial, de 10 dias o prazopara a prtica de qualquer ato processual.

    2 Os despachos ou promoes de mero expediente,bem como os considerados urgentes, devem ser proferidosno prazo mximo de dois dias.

    3 Decorridos trs meses sobre o termo do prazo fi-xado para a prtica de ato prprio do juiz sem que o mesmo

    tenha sido praticado, deve o juiz consignar a concreta razoda inobservncia do prazo.

    4 A secretaria remete, mensalmente, ao presidentedo tribunal informao discriminada dos casos em quese mostrem decorridos trs meses sobre o termo do prazofixado para a prtica de ato prprio do juiz, ainda que oato tenha sido entretanto praticado, incumbindo ao presi-dente do tribunal, no prazo de 10 dias a contar da data dereceo, remeter o expediente entidade com competnciadisciplinar.

    SUBSECO IV

    Ps-adoo

    Artigo 60.

    Acompanhamento ps-adoo

    1 O acompanhamento ps-adoo ocorre em mo-mento posterior ao trnsito em julgado da sentena cons-titutiva do vnculo de adoo, depende de solicitaoexpressa dos destinatrios e traduz-se numa intervenotcnica especializada junto do adotado e da respetiva fam-lia, proporcionando aconselhamento e apoio na superaode dificuldades decorrentes da filiao e parentalidadeadotivas.

    2 O acompanhamento ps-adoo efetuado at

    idade de 18 anos do adotado, podendo ser estendido ataos 21 anos, quando aquele solicite a continuidade dainterveno antes de atingir a maioridade.

    3 O acompanhamento pode, ainda, determinaro envolvimento de outros tcnicos ou entidades com

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    competncia em matria de infncia e juventude sempreque tal se revele necessrio prossecuo das finali-dades visadas.

    4 O acompanhamento referido no presente artigocompete aos organismos de segurana social ou s insti-tuies particulares autorizadas.

    TTULO III

    Adoo internacional

    CAPTULO I

    Disposies gerais

    Artigo 61.

    Objeto

    1 As disposies do presente ttulo aplicam-se aosprocessos de adoo em que ocorra a transferncia de umacriana do seu pas de residncia habitual para o pas daresidncia habitual dos adotantes, com vista ou na sequn-cia da sua adoo.

    2 As questes relativas determinao da lei aplic-vel e competncia das autoridades judicirias so regula-das, respetivamente, pelas normas de conflitos do CdigoCivil e pelas disposies do Cdigo do Processo Civil emmatria de competncia internacional.

    Artigo 62.

    Princpios orientadores

    Para alm dos princpios referidos no artigo 3., a inter-veno em matria de adoo internacional obedece aindaaos seguintes princpios:

    a) Subsidiariedade a adoo internacional s per-mitida quando no seja possvel encontrar uma colocaofamiliar permanente para a criana no seu pas de residn-cia habitual;

    b) Cooperao internacional o processo de adoointernacional exige a participao e colaborao obrigatriae concertada das autoridades centrais e competentes dos

    pases envolvidos, nos termos regulados nos instrumentosinternacionais;

    c) Colaborao interinstitucional a nvel interno, oprocesso de adoo internacional exige a colaborao entrea Autoridade Central para a Adoo Internacional e outrasautoridades, nomeadamente diplomticas e policiais.

    Artigo 63.

    Circunstncias impeditivas da adoo internacional

    O processo de adoo internacional no pode ter lugarquando:

    a) O pas de origem se encontre em situao de conflitoarmado ou de catstrofe natural;

    b) No pas de origem inexista autoridade com compe-

    tncia para controlar e garantir que a adoo correspondeao superior interesse da criana;

    c) No pas de origem no haja garantias de observnciados princpios tico-jurdicos e normas legais aplicveis adoo internacional.

    CAPTULO II

    Autoridade Central

    Artigo 64.

    Autoridade Central para a Adoo Internacional

    1 A entidade responsvel pelo cumprimento doscompromissos internacionais assumidos por Portugal, nocontexto da Conveno Relativa Proteo das Crian-as e Cooperao em Matria de Adoo Internacionalconcluda na Haia em 29 de maio de 1993, a AutoridadeCentral para a Adoo Internacional, adiante designadapor Autoridade Central.

    2 Compete ao Governo a designao da AutoridadeCentral.

    3 A Autoridade Central intervm obrigatoriamenteem todos os processos de adoo internacional, incluindoos que envolvam pases no contratantes da Conveno aque se refere o n. 1.

    4 No so reconhecidas as adoes internacionaisdecretadas no estrangeiro sem a interveno da AutoridadeCentral.

    Artigo 65.

    Atribuies da Autoridade Central

    Autoridade Central compete, nomeadamente:

    a) Exercer as funes de autoridade central previstasem convenes internacionais relativas adoo de quePortugal seja parte;

    b) Certificar a conformidade das adoes internacionaiscom a Conveno Relativa Proteo das Crianas e

    Cooperao em Matria de Adoo Internacional concludana Haia em 29 de maio de 1993, adiante designada porConveno;

    c) Reconhecer e registar as decises estrangeiras deadoo, nas situaes a que se refere o n. 1 do artigo 61.;

    d) Emitir obrigatoriamente parecer sobre a regularidadedo processo de adoo internacional para efeitos de auto-rizao de entrada da criana em territrio nacional;

    e) Delinear, em colaborao com as estruturas diplo-mticas e consulares, estratgias em matria de adoointernacional sustentadas em polticas de cooperao emprol de crianas privadas de famlia;

    f) Preparar acordos e protocolos em matria de adoo

    internacional;g) Acompanhar, prestar a colaborao necessria e ava-liar os procedimentos respeitantes adoo internacional;

    h) Acreditar as entidades com sede em Portugal quepretendam exercer a atividade mediadora;

    i) Autorizar o exerccio em Portugal da atividade me-diadora por entidades estrangeiras;

    j) Acompanhar, supervisionar e controlar a atuao dasentidades mediadoras acreditadas e autorizadas;

    k) Garantir a conservao da informao de que dispo-nha relativamente s origens da criana adotada internacio-nalmente, em particular quanto histria pessoal incluindoa identidade dos progenitores;

    l) Proceder recolha, tratamento e divulgao dos dados

    estatsticos relativos adoo internacional;m) Elaborar e publicar anualmente relatrio de ativi-

    dades, donde constem, designadamente, informaes econcluses sobre as atribuies referidas nas alneas an-teriores.

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    SECO I

    Interveno das entidades mediadoras

    Artigo 66.

    Exerccio de atividade mediadora

    Para efeitos do RJPA, considera-se exerccio de ativi-dade mediadora:

    a) A informao e assessoria aos interessados em ma-tria de adoo internacional;

    b) A receo e o encaminhamento para a AutoridadeCentral de pretenses de candidatos residentes no estran-geiro, relativas adoo de crianas residentes em Portugal;

    c) A receo e o encaminhamento para a competenteautoridade estrangeira de pretenses de candidatos residen-tes em Portugal, relativas adoo de crianas residentesno estrangeiro;

    d) A assessoria e o apoio aos candidatos nos procedi-

    mentos a realizar perante as autoridades competentes, tantoem Portugal como no estrangeiro;e) A interveno, a avaliao e o acompanhamento da

    ps-adoo em cumprimento das obrigaes impostas aosadotantes pela legislao do pas de origem da criana.

    Artigo 67.

    Quem pode exercer atividade mediadora

    A atividade mediadora em adoo internacional podeser exercida por entidades que cumulativamente:

    a) Prossigam fins no lucrativos e tenham por objetivoa proteo das crianas;

    b) Disponham dos meios financeiros e materiais ade-quados;c) Tenham uma equipa tcnica pluridisciplinar, inte-

    grando tcnicos com formao nas reas da psicologia,do servio social e do direito;

    d) Sejam representadas e administradas por pessoasqualificadas quer no que respeita sua idoneidade, querquanto aos conhecimentos ou experincia em matria deadoo internacional.

    Artigo 68.

    Acreditao e autorizao

    1 As entidades com sede em Portugal que pretendamexercer a atividade mediadora em adoo internacional soacreditadas por deciso da Autoridade Central.

    2 As entidades estrangeiras que, devidamente acre-ditadas pelas autoridades competentes do pas em que seencontram sediadas, desejem exercer atividade mediadora

    para a adoo internacional de crianas residentes em Por-tugal so autorizadas por deciso da Autoridade Central.

    3 O exerccio no autorizado de atividade mediadorafaz incorrer o respetivo agente na prtica de crime punvelcom priso at dois anos ou multa at 240 dias.

    Artigo 69.

    Processo de acreditao1 As entidades com sede em Portugal que pretendam

    desenvolver a atividade mediadora devem formular a suapretenso, mediante requerimento a apresentar junto daAutoridade Central.

    2 Para efeitos de apreciao do pedido, o requeri-mento deve ser acompanhado de cpia dos estatutos ou,quando no se trate de instituio particular de solidarie-dade social, de certido do titulo constitutivo, bem comode documentos destinados a comprovar o preenchimentodos requisitos enunciados no artigo 67. e dos demais que

    se afigurem necessrios avaliao global da pretenso.

    Artigo 70.

    Instruo e deciso do processo de acreditao

    1 A Autoridade Central procede instruo do pro-cesso de acreditao devendo, no prazo mximo de 30 dias,proferir deciso fundamentada da qual conste designada-mente a ponderao da oportunidade de acreditao daentidade requerente, tendo em considerao as condiese as necessidades de adoo internacional no pas em quese prope trabalhar.

    2 A deciso de acreditao contm obrigatoriamentea meno dos pases para os quais a mesma concedida,bem como o respetivo prazo de vigncia.

    3 A deciso relativa acreditao notificada sentidades requerentes e, em caso de deferimento, publicadanoDirio da Repblica.

    Artigo 71.

    Processo de autorizao

    1 As entidades estrangeiras que pretendam exer-cer a atividade mediadora em Portugal devem solicitar anecessria autorizao mediante requerimento dirigido Autoridade Central.

    2 O requerimento deve ser instrudo com os ele-

    mentos necessrios comprovao do preenchimento dosrequisitos referidos no artigo 67., bem como de documentocomprovativo da autorizao genrica para o exerccio daatividade mediadora emitido pelas autoridades competen-tes do pas da sede da entidade requerente e da autorizaoespecfica para o exerccio de tal atividade em Portugal.

    Artigo 72.

    Instruo e deciso do processo de autorizao

    1 A Autoridade Central procede avaliao da pre-tenso, ponderando nomeadamente o universo de crianasdisponveis para a adoo internacional e as suas carac-

    tersticas, o nmero de entidades estrangeiras j autori-zadas e o mbito de interveno proposto pela entidaderequerente.

    2 Sempre que entenda necessrio, a Autoridade Cen-tral solicita informao autoridade competente do pasem que a entidade requerente se encontra sediada.

    3 A deciso de autorizao contm obrigatoriamenteo prazo de vigncia e comunicada entidade requerentee autoridade competente do pas da sede da entidadeautorizada.

    4 A deciso relativa autorizao , em caso dedeferimento, publicada noDirio da Repblica.

    Artigo 73.

    Acompanhamento e fiscalizao das entidades mediadoras

    1 As entidades mediadoras desenvolvem a sua ati-vidade em estreita colaborao com a Autoridade Central,ficando sujeitas ao seu controlo e superviso.

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    2 Constituem deveres das entidades mediadoras:

    a) Apresentar, anualmente e at ao final do primeiro tri-mestre de cada ano, relatrio de atividades do qual conste,obrigatria e discriminadamente, o nmero de processostramitados e as receitas e despesas associadas;

    b) Informar, de imediato, a Autoridade Central sobrequalquer irregularidade ou violao de norma imperativano domnio do processo de adoo de que tenham tidoconhecimento no mbito da sua atividade.

    Artigo 74.

    Revogao da acreditao

    1 A acreditao concedida nos termos dos artigos 68.a 70. pode ser revogada, ainda que parcialmente, por de-ciso fundamentada da Autoridade Central.

    2 Constituem fundamento para a revogao da acre-ditao a assuno de procedimentos e prticas violadorasdos princpios tico-jurdicos e normas legais aplicveis

    adoo internacional.3 Constituem ainda fundamento para a revogao

    da acreditao:

    a) A no observncia das condies previstas no ar-tigo 67.;

    b) A recusa de autorizao por parte do pas em que seprops desenvolver a atividade;

    c) O no exerccio de qualquer atividade mediadora, noano subsequente obteno da autorizao, junto do pasonde se props desenvolv-la.

    4 A deciso de revogao notificada entidade

    mediadora e acarreta a imediata cessao da respetivaatividade, sendo objeto de publicao no Dirio da Re-pblica.

    Artigo 75.

    Revogao da autorizao

    1 A autorizao concedida pela Autoridade Centrala entidade estrangeira, nos termos dos artigos 68., 71.e 72. pode, a todo o tempo, ser revogada com os funda-mentos previstos no n. 2 e nas alneas a) ec) do n. 3 doartigo anterior e ainda com fundamento na revogao dahabilitao operada no pas onde a entidade se encontrasediada.

    2 A deciso de revogao da autorizao obriga-toriamente comunicada autoridade competente do pasonde a entidade se encontra sediada.

    CAPTULO III

    Processo de adoo

    SECO I

    Adoo por residentes em Portugal de crianasresidentes no estrangeiro

    Artigo 76.Candidatura

    1 Quem, residindo habitualmente em Portugal, pre-tenda adotar criana residente no estrangeiro deve apre-

    sentar a sua candidatura ao organismo de segurana socialda rea da residncia.

    2 candidatura referida no nmero anterior aplica--se, com as necessrias adaptaes, o disposto nos arti-gos 43. a 47., sem prejuzo, sendo o caso, da ponderaosobre o aproveitamento dos atos j praticados no mbito

    de candidatura adoo nacional.

    Artigo 77.

    Transmisso da candidatura

    1 Emitido certificado de seleo para a adoo in-ternacional, o organismo de segurana social procede instruo da candidatura internacional, de acordo com asinformaes disponibilizadas relativamente aos requisitose elementos probatrios exigidos pelo pas de origem eremete-a Autoridade Central.

    2 A Autoridade Central, aps verificao da corretainstruo da candidatura, transmite-a autoridade com-

    petente do pas de origem, informando os candidatos dadata em que tal ocorreu.3 Caso o candidato pretenda recorrer a uma entidade

    mediadora acreditada e habilitada a desenvolver a atividadeno pas de origem, deve, sempre que possvel, comunicaressa inteno ao organismo de segurana social no mo-mento da apresentao da candidatura.

    4 No caso previsto no nmero anterior, incumbe entidade mediadora a instruo e transmisso da candi-datura, devendo obrigatoriamente informar a AutoridadeCentral e os candidatos da data em que procedeu suatransmisso.

    Artigo 78.

    Estudo de viabilidade

    1 Apresentada uma proposta concreta de adoopela autoridade competente do pas de origem ou pelaentidade mediadora acreditada e habilitada, a AutoridadeCentral analisa com o organismo de segurana social darea de residncia do candidato a viabilidade da adooproposta, tendo em conta o seu perfil e o relatrio sobre asituao da criana elaborado pela autoridade competentedo pas de origem.

    2 Caso a anlise a que se refere o nmero anteriorpermita concluir pela correspondncia entre as neces-sidades da criana e as capacidades do candidato, a

    Autoridade Central efetua a respetiva comunicao autoridade competente do pas de origem e diligenciapela formalizao do acordo de prosseguimento do pro-cesso de adoo.

    3 Caso a proposta seja apresentada pela entidademediadora acreditada e habilitada, a Autoridade Centralexige, antes de se pronunciar nos termos do nmeroanterior, o comprovativo da situao de adotabilidadeda criana, bem como da observncia do princpio dasubsidiariedade.

    4 Com exceo dos casos de adoo intrafamiliar,o contacto entre o candidato e a criana a adotar, bemcomo entre aquele e a famlia biolgica da criana, spode ocorrer aps a formalizao do acordo a que se

    refere o n. 2.5 Formalizado o acordo, a Autoridade Central d co-

    nhecimento ao organismo de segurana social e diligenciapela obteno da autorizao de entrada e de residnciapara a criana.

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    Artigo 79.

    Acompanhamento do processo

    1 O organismo de segurana social da rea deresidncia dos adotantes comunica Autoridade Cen-tral, no prazo de cinco dias, a entrada da criana em

    Portugal e a situao jurdica em que esta se encontra,designadamente se foi j decretada a adoo no pasde origem.

    2 Caso a criana entre em Portugal sem que a adoohaja sido previamente decretada no pas de origem, hlugar a um perodo de pr-adoo com acompanhamentodisponibilizado pelo organismo de segurana social darea de residncia do candidato, nos termos e prazo pres-critos nos n.os 1 e 2 do artigo 50., sem prejuzo, no que serefere durao, do que haja sido acordado com o pasde origem.

    3 Caso o decretamento da adoo haja precedido aentrada da criana em Portugal, o organismo de segurana

    social efetua o acompanhamento ps-adoo nos moldesexigidos pelo pas de origem, podendo tambm ter lugarpor solicitao da famlia adotiva, nos termos previstosno artigo 60.

    4 Ao organismo de segurana social compete aindaa elaborao de relatrios do acompanhamento referidonos n.os 2 e 3, com a periodicidade exigida pelo pas deorigem, remetendo-os no mais curto prazo AutoridadeCentral.

    5 A Autoridade Central presta autoridade compe-tente do pas de origem todas as informaes relativas aoacompanhamento da situao.

    6 Sempre que do acompanhamento efetuado nos

    termos do n. 2 resulte que a situao objeto de acom-panhamento no salvaguarda o interesse da criana, sotomadas as medidas necessrias a assegurar a sua proteo,designadamente:

    a) A retirada da criana famlia adotante