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1 ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL SANTA ISABEL SÃO LOURENÇO DO SUL CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA PLANTAS MEDICINAIS Março-2021 -Prof.:Hilberto Strelow

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ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL SANTA ISABEL

SÃO LOURENÇO DO SUL

CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

PLANTAS MEDICINAIS

Março-2021 -Prof.:Hilberto Strelow

I-Plantas Bioativas

A expressão foi criada para designar aquelas plantas que possuem alguma ação sobre outros seres vivos e cujo efeito pode manifestar-se tanto pela sua presença em um ambiente quanto pelo uso direto de substâncias delas extraídas, desde que mediante uma intenção ou consciência humana deste efeito. Assim, são consideradas como bioativas as plantas medicinais, aromáticas, condimentares, nutracêuticas inseticidas, repelentes, tóxicas e bactericidas.

Os agricultores conhecem e fazem uso de inúmeras plantas bioativas, seja ao beber um chá de marcela após a refeição ou ao preparar uma calda de fumo, para controle de pulgões na horta. Embora as plantas bioativas sejam lembradas mais efetivamente por suas propriedades medicinais, sua aplicação na área agrícola tem ganhado muito espaço nos meios científicos nos últimos anos. Uma das plantas de maior destaque na agricultura orgânica é o Nim (Azadirachta indica), cujos efeitos de controle são reportados sobre mais de 500 espécies de insetos, fungos e nematóides. Seu resultado tem sido tão positivo que, hoje, o óleo de Nim é encontrado para venda tanto em casas agrícolas especializadas em produtos ecológicos quanto em lojas agropecuárias convencionais.

Nesse contexto, o aproveitamento de plantas bioativas como estratégia tecnológica para a produção sustentável de alimentos pela agricultura familiar é uma possibilidade real e que deve ser discutida por agricultores, pesquisadores e extensionistas. Dentre as várias formas de aproveitamento das plantas bioativas, está o seu cultivo em consórcio com as espécies de interesse comercial. Sob este ponto de vista, sua ação pode ser pensada no intuito de repelir ou atrair, de suprimir a germinação de sementes de plantas espontâneas por efeito alelopático ou de agir sobre nematóides do solo, por exemplo. Outra forma de utilização das plantas bioativas nos agroecossistemas familiares se dá pela obtenção de extratos vegetais, por meio de tecnologias de custo reduzido e baixa complexidade, para a produção de soluções com ação fungicida, bactericida e inseticida.

Uma das espécies mais promissoras é o chinchilho (Tagetes minuta L.), também conhecida como erva-fedorenta ou alfinete-do-campo. Essa planta é natural da América do Sul e é tradicionalmente utilizada com sucesso pelos agricultores, para combater a infestação de pulgas em casas e galpões.

O chinchilho é um subarbusto anual que atinge entre 1 e 2 metros de altura, multiplica-se por sementes e tem como uma de suas principais características o forte odor, por muitos considerado desagradável, sendo encontrada em praticamente todos os estados brasileiros. Estudos realizados em diversos países reportam o efeito do chinchilho sobre insetos, fungos, bactérias, nematóides e até mesmo como herbicida natural, efetivo no controle de espécies como a tiririca (Cyperus rotundus).

II-Fitoterapia

Fitoterapia (do grego therapeia = tratamento e phyton = vegetal) é o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças.

A definição de medicamento fitoterápico é diferente de fitoterapia, pois não engloba o uso popular das plantas em si, mas sim seus extratos. Os medicamentos fitoterápicos são preparações elaboradas por técnicas de farmácia, além de serem produtos industrializados.

A fitoterapia é dividida em dois tipos principais :

-Uma prática tradicional, às vezes, muito antiga, baseada na utilização de plantas, as quais tiveram suas virtudes descobertas empiricamente. Segundo a OMS, a fitoterapia é considerada como uma terapia tradicional, e é muito utilizada nos países em desenvolvimento. É uma medicina não convencional, devido à ausência de estudos clínicos.

-Uma prática baseada em pesquisas avançadas e em provas científicas de extratos ativos de plantas. Os extratos ativos identificados são padronizados. Essa prática faz com que os fitoterápicos sejam reconhecidos e estejam de acordo com os regulamentos em vigor no país. A sua circulação está sujeita à autorização de colocação no mercado para produtos acabados, e à regulamentação de matérias primas farmacêutica para preparações magistrais de plantas medicinais, sendo essas manipuladas apenas em farmácias. Falamos de Farmacognosia e Biologia farmacêutica.

Mundialmente, estima-se que existam cerca de 35.000 espécies de plantas medicinais.

Cuidado com os fitoterápicos:

É necessário cautela na utilização de fitoterápicos. A utilização inadequada de plantas pode trazer uma série de efeitos colaterais. Entre os principais problemas causados pelo uso indiscriminado e prolongado dos fitoterápicos estão às reações alérgicas, os efeitos tóxicos graves em vários órgãos e mesmo o desenvolvimento de certos tipos de câncer.

Quando as pessoas compram plantas para uso medicinal não levam em consideração que algumas plantas são tóxicas e, quando ingeridas, prejudicam a saúde. Crenças populares de que as plantas não fazem mal, não é verdade como um todo. Plantas como, por exemplo, a "comigo ninguém pode" é extremamente tóxica e pode matar.

Um exemplo de fitoterápico, que se deve tomar cuidado, é a Valeriana (Valeriana Officinalis) usada no tratamento de insônia. Esse fitoterápico, ao contrário dos medicamentos convencionais, não provoca dependência nem tolerância, contudo se ingerido em excesso por um longo período pode ser tóxico para o fígado.

A automedicação, relacionada a medicamentos fitoterápicos, é um grande problema, pois as pessoas desconhecem que a quantidade de princípios ativos contidos nas plantas pode variar de acordo com a idade da planta, a época da colheita, o tipo de solo, a parte utilizada e as condições de estocagem. Além disso, algumas plantas podem apresentar concentração elevada de metais como chumbo, zinco e alumínio, entre outros, cujos efeitos são prejudiciais à saúde.

Outro fitoterápico perigoso é o confrei, utilizado nos anos 80, por suas propriedades terapêuticas para uma série de doenças, incluindo a leucemia e até mesmo o câncer. Posteriormente, estudos toxicológicos apontaram que o confrei possui uma substância extremamente tóxica para o fígado, sendo proibido para uso interno. Externamente, o confrei apresenta excelentes propriedades cicatrizantes, e não causa problemas a saúde.

As pessoas devem evitar usar plantas sem orientação médica. É preciso ter cuidado para não se consumir um produto errado, por isso, o acompanhamento médico e a compra de um produto registrado é sempre a melhor alternativa. Outra recomendação é buscar sempre comprar um medicamento fitoterápico de um laboratório confiável, com registro na Anvisa e com padrões de qualidades exigidos pelo Ministério da Saúde.

III-Os Princípios Ativos

As plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes da água e da luz que recebem. Muitos desses compostos ou grupos deles podem provocar reações nos organismos, esses são os princípios ativos. Algumas dessas substâncias podem ou não ser tóxicas, isto depende muito da dosagem em que venham a ser utilizadas. Assim, "Planta medicinal é aquela que contém um ou mais de um princípio ativo que lhe confere atividade terapêutica".

Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória e ser usada desde que não apresente efeito tóxico.

METABOLISMO DAS PLANTAS

As plantas, durante o seu crescimento, e na vida adulta, sintetizam e armazenam substâncias utilizando-se de duas principais vias metabólicas:

A primeira, chamada de metabolismo primário, é responsável pelas funções vitais do organismo vegetal e produzem a celulose, o amido, os lipídios e as proteínas como exemplo de substâncias que satisfazem as necessidades básicas das células vegetais.

A segunda via metabólica, chamada de metabolismo secundário, é responsável por funções no vegetal que embora não sejam necessariamente essenciais para a vida da planta garantem vantagens a sua sobrevivência e a perpetuação da espécie.

São exemplos do metabolismo secundário, a proteção contra os raios U.V., a atração de polinizadores ou de animais dispersores de sementes, adaptação da planta ao solo entre outros. Os princípios ativos são substâncias provenientes do metabolismo secundário das plantas, e são responsáveis pela atividade terapêutica das mesmas.

Eles se concentram em várias partes do vegetal preferencialmente nas flores, nas folhas e nas raízes e às vezes nas sementes, nos frutos e nas cascas. As plantas não apresentam uma concentração uniforme de princípios ativos durante seu ciclo de vida, eles variam com o habitat, a colheita e a preparação.

Geralmente, numa mesma planta, encontram-se vários componentes ativos dos quais um, ou um grupo, determinam a ação principal.

Quando um princípio ativo é isolado, normalmente apresenta uma ação diferente daquela apresentada pela planta inteira, ou seja, pelo seu fitocomplexo.

Existem vários grupos de princípios ativos, abordaremos apenas alguns de maior importância:

Grupo de propriedades medicinais e/ou Tóxicas

· Alcaloides:São substâncias que em solução são levemente alcalinos e dão sabor amargo às plantas. Foram os primeiros princípios ativos a serem isolados. Os alcaloides, raramente possuem estrutura simples ,além de possuir uma variedade estrutural enorme o que explica as diversas atividades terapêuticas por eles desenvolvidas.

Quimicamente são compostos orgânicos nitrogenados, como nitrogênio heterocíclico (geralmente amina e mais raramente amida). Os alcaloides representam 0,3 a 1% do peso seco da planta, embora na Cinchonal edgeriana(quina), possam chegara 10%.

Os romanos também faziam uso de alcaloides em homicídios.

Os principais alcaloides em questão eram a hiosciamina, a atropina e a baladonina, todos derivados de Atropabelladonna.

Atuam no sistema nervoso central (calmante, sedativo, estimulante, anestésico, analgésicos). Alguns podem ser cancerígenos e outros antitumorais. Ex.: Cafeína do café e guaraná teobromina do cacau, pilocarpina do jaborandi, etc.

· Mucilagens:- Cicatrizante, antinflamatório, laxativo, expectorante e antiespasmódico.Ex.: babosa e confrei.

· Flavonóiddes:- Antinflamatório fortalece os vasos capilares, antiesclerótico, anti-dematoso, dilatador de coronárias, espasmolítico, antihepatotóxico, colerético e antimicrobiano. Ex.: rutina (em arruda e favela).

· Taninos:- Adistringentes e antimicrobianos (antidiarréico). Precipitam proteínas. Ex.: barbatimao e goiabeira.

· Óleos essenciais:- Bactericida, antivirótico, cicatrizante, analgésico, relaxante, expectorante e antiespasmódico. Ex.: mentol nas hortelãs, timol no tomilho e alecrim pimenta, ascaridol na erva-de-santa-maria, etc.

IV-Cultivo de plantas bioativas

Segundo levantamentos, mais da metade das plantas encontradas no mercado formal ou mesmo informal, são nativas, obtidas através de coleta e algumas oriundas do extrativismo predatório. Este fato demonstra que existem métodos eficazes de propagação somente para um número reduzido de espécies.

As plantas bioativas prioritárias para o cultivo devem ser aquelas nativas da região, que apresentem alto potencial terapêutico e aquelas que apresentem risco de extinção local ou regional, visando primeiramente à preservação da agro biodiversidade.

Para iniciar uma horta Medicinal, precisamos selecionar as espécies e identificar corretamente as plantas. Uma horta medicinal, por certo, deverá produzir satisfatoriamente, ervas que podem ser usadas na culinária, temperos e aquelas de uso de rotina para o tratamento de doenças mais comuns do organismo.

Tão logo sabemos o que plantar e por que plantar devemos agora saber onde plantar uma horta medicinal.

Noções Sobre Fatores Climáticos

Quando se cultiva planta medicinal deve-se observar a influência que os fatores climáticos têm sobre o seu desenvolvimento, podendo variar com a espécie estudada, tendo em vista que a produção de princípios ativos pode diminuir ou aumentar.

• Temperatura - o aumento da temperatura faz aumentar também a velocidade de crescimento da planta. Cada planta possui uma temperatura ótima de crescimento (em torno de 25ºC para as plantas tropicais), ou seja, uma faixa de temperatura que fará com que a planta se desenvolva no tempo certo, sem perda na produção.

• Luz - desempenha papel fundamental na vida das plantas, influenciando na fotossíntese, como crescimento, desenvolvimento e forma das plantas. A capacidade de germinação das sementes também pode estar associada à iluminação, dependendo da espécie a ser cultivada. Algumas necessitam de luz para brotar (a semente não deve ser totalmente enterrada), outras, porém, não necessitam tanto da luz para germinarem. Em muitas variedades, o fotoperíodo é responsável pela germinação das sementes, pelo desenvolvimento das espécies e pela formação de flores e bulbos.

• Umidade - a água é um elemento essencial para a vida e para o metabolismo das plantas. Assim, a irrigação deve estar de acordo com a tolerância de cada espécie. A deficiência de água no solo (“stress” hídrico) pode aumentar ou diminuir os princípios ativos de acordo com a cultivar estudada.

• Altitude - à medida que aumenta a altitude (acima de 100 metros), a temperatura diminui 1ºC e aumenta a insolação, que interfere no desenvolvimento das plantas e na produção de princípios ativos. Plantas produtoras de alcalóides, quando em baixas altitudes, apresentam maior teor de princípios ativos.

• Latitude - teoricamente, plantas cultivadas em latitudes equivalentes (Norte e Sul) têm o mesmo desenvolvimento, época de floração e teor de princípios ativos.

Técnicas agronômicas para o plantio

• A área para cultivo deve dispor de, pelo menos, cinco horas de sol.

• Deve ser feita análise química do solo.

• O solo deve ter boa drenagem. A maioria das plantas medicinais produz melhor em solo férteis, leves e arejados, com pH variando entre 6,0 e 6,5.

• A escolha da semente deve ser feita de acordo com os fatores climáticos, com a demanda local ou regional e sem adição de agrotóxicos.

• A área deve ser protegida contra ventos fortes e ter boa disponibilidade de água para irrigação.

• A área deve ficar distante de fontes de poluição, como culturas que usam agrotóxicos e estradas poeirentas.

• O terreno deve ter pouca inclinação.

• Recomenda-se utilizar cobertura morta e adubação orgânica.

Princípios da agricultura orgânica

O sistema orgânico de produção é um processo vivo, onde os fatores naturais constituem as ferramentas para realização de uma agricultura viva. Esse sistema não constitui um pacote tecnológico, com receitas e regras rígidas. Devem-se buscar soluções locais, tendo em mente a busca do equilíbrio ambiental e a sustentabilidade.

· Objetivos:

· priorizar a propriedade familiar

· promover a diversificação da fauna e flora

· reciclar os nutrientes.

· aumentar a atividade biológica do solo.

· promover o equilíbrio ecológico das unidades de produção da propriedade.

· preservar o solo, conservando suas propriedade físicas, químicas e biológicas e evitando a erosão.

· manter a qualidade da água.

· controlar os desequilíbrios ecológicos.

· buscar a produtividade ótima e não a máxima.

· produzir alimentos sadios, sem resíduos químicos e com alto valor biológico.

· promover a autossuficiência econômica e energética da propriedade rural.

· organizar e melhorar a relação entre os produtores rurais e consumidores.

· Teoria da trofobiose

Trofobiose é uma palavra formada por trofo, que significa”alimento”, e biose, que quer dizer”existência de vida”.

Segundo a teoria, todo ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado e disponível em quantidade suficiente.Desta forma,as plantas somente serão atacadas por algum tipo de organismo, quando tiver na sua seiva o alimento deque ele precisa.

O principal alimento dos organismos que atacam as plantas são os aminoácidos livres. Os aminoácidos são as unidades que se juntam para formar as proteínas. O processo de junção dos aminoácidos, formando as proteínas é chamado de proteossintese e o processo inverso, ou seja a decomposição das proteínas, resultando em aminoácidos livres, é chamado de proteólise. Para que ocorra a proteossintese e a proteólise, é necessário que o organismo possua as enzimas adequadas.

Fungos, bactérias, vírus, nematóides, insetos e ácaros possuem uma pequena variedade de enzimas. Assim, tem uma capacidade reduzida de digerir moléculas complexas como as proteínas, por isso, seu principal alimento são moléculas simples como os aminoácidos.A proteólise, produzindo aminoácidos livres,ocorre intensamente em plantas submetidas a estresse climático ou cultural, como o uso de adubos de alta solubilidade, o uso de agrotóxicos e os tratos culturais inadequados. Por causa da maior quantidade de aminoácidos livres em sua seiva, as plantas estressadas tornam-se altamente atraentes para insetos, ácaros, nematóides, fungos, bactérias e vírus, e são por eles atacadas.

Por outro lado, se a proteossíntese na planta for intensa, haverá maior formação de proteínas e menor sobra de aminoácidos livres, açúcares e minerais solúveis. Com isso, há um aumento do nível de fotossíntese e de respiração das plantas.

· Resistencia das plantas

Os fatores que afetam a resistência das plantas ao ataque de organismos diversos são:

· Espécies ou variedade da planta:a planta(variedade ou cultivar) mais adaptada ao local de cultivo tem maior capacidade desuportar o estresse climático.

· Fases fisiolócas da planta:nas fases de brotação e floração, as plantas tem maior atividade proteolítica, pois nessa fase os aminoácidos devem se deslocar pela planta para formar novas brotações e flores. Nas folhas velhas, também, predomina a decomposição das proteínas, para que os aminoácidos se desloquem e sejam utilizados pelas folhas mais novas.

· Solo: solos férteis e bem estruturados favorecem a proteossíntese, por permitirem a nutrição adequada das plantas. Por outro lado, solos fracos,compactados e mal estruturados prejudicam a proteossíntese, pois a nutrição das plantas fica prejudicada. A carência até mesmo de um nutriente afeta o funcionamento do sistema enzimático, prejudicando a proteossíntese.

· Luminosidade: a deficiência de luz diminui a atividade fotossintética, reduzindo a síntese de proteínas.

· Umidade: o excesso e a falta de umidade afeta os processos fisiológicos das plantas, levando a um aumento da proteólise.

· Adubos químicos: os adubos químicos, que são sais solúveis, como a ureia, o sulfato de amônia, dentre outros, absorvidos de maneira desequilibrada, alteram o metabolismo das plantas gerando aminoácidos livres.

· Agrotóxicos:o uso de agrotóxicos, seja no solo ou na planta, estimula a proteólise afetando o equilíbrio metabólico e levando ao desequilíbrio ecológico nas culturas.

· Tratos culturais:os tratos culturais(podas, corte das raízes durante a capina.) altera o metabolismo normal das plantas, aumentando a proteólise.

· Adubos orgânicos:os adubos orgânicos aumentam a proteossíntese nas plantas,por causa da sua diversidade em nutrientes e por conter compostos orgânicos.

· Adubos minerais de baixa solubilidade:esse tipo de adubo, quando aplicado ao solo, torna-se gradativamente disponível para a absorção pelas raízes, e estimulam o crescimento do sistema radicular, que pode buscar água e nutrientes em camadas mais profundas do solo.Usados em quantidades moderadas, os adubos de baixa solubilidade aumentam a proteossíntese nas plantas e atuam no sistema enzimático, equilibrando o excesso de aminoácidos.

· Protetores naturais: os biofertilizantes, por exemplo, exercem uma ação benéfica sobre o metabolismo das plantas, por causa das substancias orgânicas e dos nutrientes que contêm; estimulam a proteossintese nas plantas.

· Diversificação e equilíbrio ecológico: em sistemas diversificados, a multiplicação excessiva de pragas e doenças é dificultada. Ocorre, também, um incremento da população de inimigos naturais e de outros organismos benéficos. Dessa forma, a diversificação promove o equilíbrio ecológico do sistema.

A diversificação numa unidade agrícola pode ser feita de diversas maneiras como:

· pela preservação e a manutenção de florestas, de capoeiras e matas ciliares.

· pela implantação de espécies arbóreas, como quebra-vento.

· pelo plantio de várias culturas na unidade agrícola.

· pelo manejo da vegetação espontânea .

· Ciclagem da matéria orgânica: a agricultura orgânica sustentável baseia-se na utilização dos insumos encontrados na propriedade, principalmente a matéria orgânica.

A utilização da matéria orgânica é uma forma de reciclar os nutrientes minerais disponíveis originalmente nos solos. A matéria orgânica ao se decompor diretamente sobre o solo, estimulada pela ação dos microrganismos, produz ácidos orgânicos que solubilizam os minerais do solo, deixando os mais disponíveis para a nutrição das plantas. Para melhorar o aporte de nutrientes e biomassa pode se dar de maneira mais sustentável, por exemplo,pelo plantio de leguminosas, no meio da cultura ou em rotação com a mesma. Isto porque as leguminosas fixam nitrogênio, incorporando esse nutriente essencial no sistema de produção, além de concentrar outros nutrientes e substancias na camada mais superficial do solo.

A vivificação do solo, através da ciclagem bio organo mineral, além de contribuir com o incremento de sua fertilidade, atua também na correção do pH.

A matéria orgânica exerce efeitos benéficos sobre as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento das plantas.

V-Produção de Mudas

A utilização de mudas vigorosas é o primeiro passo para o sucesso no cultivo de qualquer tipo de planta. Para isso precisamos observar algumas técnicas de produção.

Precisamos identificar as plantas. Ter as instalações básicas para a produção de mudas, que são leitos para enraizamento e sementeiras. A estrutura pode ser ao ar livre ou cobertura com plástico ou sombrite.

O uso de recipientes é uma alternativa para os leitos. Podem ser usadas bandejas de isopor, copos de plástico ou de jornal, tubetes e caixas diversas.

Formas de Propagação:

Propagação Sexuada- consiste na multiplicação de plantas por sementes.

Há plantas que são propagadas exclusivamente por sementes, como a camomila, a calêndula, o dente de leão, a bardana e a tanchagem.

Propagação Vegetativa- consistem na utilização de partes vegetativas da planta, como estacas de galhos, raízes, estolões, bulbos e rizomas.

Vantagens e desvantagens da propagação

Vantagens:

· Permite a manutenção do valor agronômico de uma cultivar ou clone.

· Redução do período produtivo.

· Maior uniformidade fenológica, bem como uma resposta idêntica dos fatores ambientais.

· Permite a combinação de clones, principalmente quando se usa a enxertia.

Desvantagens:

· Possibilita a transmissão de doenças, especialmente as causadas por vírus e bactérias.

· Pode ocorrer ao longo do tempo, uma mutação das gemas, podendo ser gerado um clone diferenciado e de menor qualidade que a planta matriz.

· A ausência da variabilidade gerada no clone pode levar a problemas na futura área de produção, aumentando o risco de danos em todas as plantas por problemas climáticos ou fitosanitários.

· Estaquia ou propagação vegetativa artificial

São retiradas partes da planta-mãe, denominadas estacas. Este material é submetido ao enraizamento para, posteriormente, ser plantado em recipientes ou diretamente no local definitivo.

· É utilizado quando as plantas não produzem sementes num determinado local.

· Quando se deseja ter material com características da planta matriz.

· As plantas propagadas por estacas têm, geralmente, menor longevidade que as propagada por sementes.

· Apresentam redução na fase juvenil, produzindo em pouco tempo flores e frutos, embora possam estar com tamanho reduzido.

· As raízes são pouco profundas.

Tipo de estacas

Há três tipos de estacas: de folhas, de caule e de raízes:

Estacas de folhas - são utilizadas para plantas que apresentam folhas carnosas, como a folhada- fortuna, que são destacadas da planta-matriz e deixadas sobre a areia úmidas ou parcialmente enterradas, com o pecíolo para baixo, até a formação da parte aérea e sistema radicular.

Estacas de raiz - podem ser utilizadas para plantas como o confrei, ou para a espinheira-santa, que são também colocadas em leito de areia para a formação da parte aérea.

Estacas de caule - são as mais usadas nas plantas medicinais. São classificadas de acordo com a maior ou menor quantidade de lenho:

· Lenhosas: erva-cidreira.

· Semilenhosas: alecrim.

· Herbáceas: manjericão.

Uma mesma planta pode apresentar os três tipos de estacas.

As estacas de caule precisam ter, fundamentalmente, folhas ou pelo menos gemas para o enraizamento. Deve apresentar dois nós no mínimo, um no ápice e outro na base.

Cuidados na coleta das estacas

· A planta-matriz deve ter bom aspecto sem sintomas de doenças ou subnutrição (plantas raquíticas).

· Coletar de preferência nas horas mais frescas, para evitar grandes perdas de água até o momento do plantio.

· As estacas semilenhosas e herbáceas devem apresentar folhas. Recomenda-se deixar somente as folhas da parte superior. O corte da estaca é feito imediatamente abaixo de um nó, na base. Quando as folhas forem muito grandes devem ser cortadas no meio, no sentido transversal à nervura principal, para diminuir a transpiração.

· Estacas herbáceas devem vir sempre que possível com o talão (parte da haste da planta com material rígido - lenho), facilitando o pegamento. Destacá-las com a mão, não cortar.

· As estacas devem ter normalmente de 7 a 15 cm de comprimento.

Enraizamento

Para estacas herbáceas e semilenhosas, o enraizamento é feito à sombra, nos diversos substratos, ou sob o sol pleno, quando houver proteção contra a perda de umidade. Dois terços da estaca deve ser enterrada. Uma estaca de 15 cm de comprimento deverá ter pelo menos 10 cm enterrados no leito de areia.

· Propagação vegetativa natural

Este tipo de propagação se dá por dois métodos:

Método de divisão

Consiste em dividir a parte da planta mecanicamente, e multiplicar em tamanhos adequados para propagação.

Método de separação

Desmembramento das partes se dá por processo natural ou manual:

Bulbos - os bulbos são separados e plantados diretamente no local definitivo ou em leitos de areia, para melhor desenvolvimento.

Rizomas - os rizomas podem ser divididos ou separados, dependendo do caso. Filhotes e rebentos - algumas plantas, como a babosa e a sacaca, emitem filhotes ou rebentos a partir da base do caule, os quais são separados e plantados normalmente.

Divisão de touceiras - esta divisão, que pode estar compreendida nos três tipos anteriores, consiste na separação ou divisão de touceiras de uma planta em mudas, sendo estas colocadas em leito de areia ou plantada diretamente no local. Ex.: capim-limão.

Mergulhia

Deve ser utilizada com culturas de difícil propagação por estaquia. Deve-se preparar o solo ao redor da planta da qual se pretenda enraizar os ramos. Selecione os ramos que serão enraizados, faça um corte na parte da casca que ficará em contato com o solo (enraizamento), encoste o corte no chão, fixe-o com uma forquilha e cubra com terra, regando para manter o solo úmido. Após o enraizamento, separe a muda da planta-mãe e plante-a no local definitivo.

Micropropagação

Propagação realizada através de tecido vegetativo ou semente. Utiliza a biotecnologia na produção de mudas (clones) in vitro. Geralmente, é realizada com cultura de importância econômica e de difícil germinação.

Vantagens:

- Produção de espécies saudáveis, resistentes a pragas e livre de doenças.

- Diminuição do ciclo de produção da planta.

VI-Identificação de plantas

· Arruda (Ruta graveolens) é uma planta perene muito ramificada que pode ultrapassar a 1 m de altura.

· A alcachofra (Cynara cardunculus subsp scolymus, anteriormente denominada Cynara scolymus).

· O alecrim (Rosmarinus officinalis) é um arbusto perene que pode atingir 1,5 m de altura ou mais, dependendo do cultivar. Suas folhas finas e seus ramos são usados como tempero, para fins medicinais e para obtenção de um óleo essencial usado na fabricação de produtos de higiene e beleza. Também é cultivado como planta ornamental, tendo cultivares de flores que são brancas ou de algumas tonalidades de rosa, azul ou violeta.

· O alho (Allium sativum) é uma planta que pode atingir de 50 cm até 120 cm de altura, e que forma um bulbo que contêm vários segmentos, normalmente denominados "dentes de alho".

· A camomila alemã é a mais cultivada, sendo a mais apreciada como chá por seu sabor ser mais doce que o sabor da camomila romana, que é mais amarga. Camomila é um nome dado a diversas plantas que possuem flores parecidas com pequenas margaridas. As duas espécies de camomila mais cultivadas são a camomila alemã (Matricaria chamomilla, também denominada Matricaria recutita) e a camomila romana (Chamaemelum nobile ou Anthemis nobilis).

· O coentro (Coriandrum sativum) pode ser cultivado em uma ampla variedade de climas, embora não suporte temperaturas baixas. A maioria dos cultivares de coentro cresce melhor se cultivado em regiões de clima quente.

· Dente-de-leão é um nome dado a várias plantas do gênero Taraxacum, que engloba muitas espécies, sendo a mais comum a espécie Taraxacum officinale. Atualmente essa espécie cresce espontaneamente em várias regiões de clima temperado ou subtropical do mundo, mas geralmente é ignorada como alimento. Hortaliça de sabor amargo, suas folhas são normalmente consumidas cruas, cozidas ou refogadas. Suas flores e raízes também podem ser consumidas cruas ou cozidas.

· O funcho (Foeniculum vulgare), também conhecido como erva-doce, é uma planta utilizada como erva aromática e como erva medicinal. Também possui um grupo de cultivares (Foeniculum vulgare Grupo Azoricum, sin. Foeniculum vulgare var. azoricum), algumas vezes chamados de funcho de florença, funcho doce de florença, funcho doce ou ainda erva-doce de cabeça, mas geralmente denominados apenas como funcho.

· O gengibre Zingiber officinale é uma erva perene que atinge até 1,5 m de altura. Seus rizomas são muito usados para fins medicinais e como especiaria, especialmente na culinária de países asiáticos. Os rizomas são usados frescos, secos, em pó, cristalizados ou em conserva, em pratos doces e salgados. Seu chá é popular como bebida na China, Coreia e alguns outros países. 

· Há várias espécies de menta ou hortelã no gênero Mentha, e não existe consenso entre os botânicos sobre o número de espécies existentes e o nome atribuído a estas. Aumentando a dificuldade de estabelecer uma classificação, as espécies intercruzam com facilidade, produzindo diversas plantas híbridas.

(Mentha x piperita) -  (Mentha spicata)  (Mentha suaveolens (Mentha pulegium)

Poejo

· O louro ou loureiro (Laurus nobilis) é um arbusto ou uma árvore que geralmente atinge menos de 10 m de altura, mas que pode chegar a atingir 18 m de altura. As folhas do louro são usadas como tempero, trituradas ou inteiras.

· O manjericão ou basílico, Ocimum basilicum, é uma planta que cresce melhor em temperaturas acima de 18°C. A planta não suporta baixas temperaturas, devendo ser cultivada dentro de estufas em regiões de clima frio, ou apenas durante os meses do ano em que as temperaturas não descem abaixo de 15°C. Em regiões de clima quente o manjericão pode ser cultivado durante todo o ano.

· A manjerona (Origanum majorana) é uma planta perene que atinge de 30 cm a 60 cm de altura, e é muito apreciada como erva culinária. De aparência similar ao orégano, a manjerona tem um sabor mais suave e delicado.

· A melissa, também conhecida como erva-cidreira verdadeira (Melissa officinalis), é uma erva perene que atinge geralmente de 70 cm a 1 m de altura, mas que pode chegar a 1,5 m. Muito conhecida como erva medicinal, também é utilizada para dar sabor e aromatizar vários alimentos e bebidas, além de ser muito apreciada como chá. 

· Tomilho-Thymus vulgaris - o tomilho ou tomilho comum é uma planta perene que atinge de 15 cm a 50 cm de altura, com folhas pequenas muito aromáticas. É usado como condimento e como erva medicinal, e tem sido cultivado por alguns milhares de anos, sendo uma das ervas aromáticas mais antigas a ser cultivada.

· O capim-limão (Cymbopogon citratus), também conhecido como capim-cidreira ou capim-santo, é uma planta tropical nativa da Índia. Muito apreciado como chá, é também usado como tempero e para fins medicinais. O óleo essencial extraído de suas folhas, rico em citral, tem diversos usos industriais.

· Mil em rama(Achillea millefolium)Planta herbácea perene rizomatosa, com altura em torno de 50 até1, 0 m de altura. Folhas compostas finamente pinadas e flores bem pequenas reunidas em inflorescência do tipo capítulo, em grandes conjuntos nas pontas dos ramos.

Seu cultivo pode ser feito em regiões de clima ameno. Herbácea perene sem caule até 0,30 m de altura. As folhas são verdes largas quase desprovidas de pecíolos, nervuras bem marcadas e dispostas em roseta basal. Flores bem pequenas dispostas em inflorescência tipo espiga eretas acima da planta. Multiplicação por sementes.

·  Guaco, (Mikania glomerata)-conhecido também como erva-de-cobra e cipó-caatinga, é uma planta que pertence à família das compostas e é originária do Brasil. Com folhas verdes e em formato de coração, esta planta é conhecida pelas suas propriedades medicinais.

· Tanchagem:(Plantago spp) Família: Plantaginaceae.

Características: Pequena erva bianual ou perene, de 20 a 30 cm de altura. Cresce espontaneamente em terrenos baldios e pomares da região sul do Brasil, onde é considerada planta daninha. É, contudo, na medicina caseira que é mais conhecida, cujo uso originou-se na Idade Média na Europa. Devido a suas quantidades de proteínas, açúcares, vitaminas e minerais, junto à baixíssima probabilidade de toxidez, suas folhas foram classificadas como alimentícias.

Cultivo: A planta multiplica-se exclusivamente por sementes.

Propriedades: Diurética (faz urinar), anti-diarréica, expectorante (elimina muco), hemostática (estanca sangue) e cicatrizante.

· Salvia(Salvia officinalis)

A sálvia é uma planta subarbustiva pertencente à família Lamiaceae que reúne diversas plantas aromáticas como manjericão, menta, alecrim, orégano, lavanda, tomilhos. Devido a essa característica, a sálvia também é muito utilizada como erva aromática na culinária. Reproduz-se por sementes, divisão de touceiras e estacas de ramos.

A sálvia é popularmente indicada para tratamento de tosses e irritações do trato respiratório.

Princípios ativos:óleo essencial, ácido rosmarinico, flavonoides, taninos, substancias amargas, saponinas.

· Quebra-pedra(Phillanthus niruri)Familia:Euphorbiacea

É uma herbácea pequena, com caule de cerca de 50 cm de altura e muito fino, ramoso e ereto. Produz folhas miúdas e ovais. As flores são minúsculas, verde-amareladas, solitárias e dispostas na parte inferior dos ramos. Já os frutos são verde e bem pequenos. O chá preparado com a planta tem sabor amargo.

Por se tratar de uma planta rústica, seu cultivo é muito fácil. Ela se dá melhor em locais à meia-sombra, sem muita luz solar direta. Não é muito exigente quanto ao tipo de solo, mas é recomendável que este tenda mais para o arenoso do que para o argiloso. A planta responde bem à adubação orgânica e não suporta solo encharcado, por isso, no cultivo em vasos ou jardineiras é preciso ter muito cuidado com o excesso de água.

Como o nome popular indica, a quebra-pedra é utilizada para tratamento de cálculos renais(pedra nos rins) devido à ação relaxante muscular que ajuda a eliminar esses cálculos. Também pode ajudar na prevenção do aparecimento de pedras nos rins.

A quebra-pedra também possui propriedades diuréticas, analgésicas, anti-infecciosa e pode ser útil em casos de disenteria.

· Losna (Artemisia absinthuium)Familia: Compositae

Parte utilizada:folhas

Erva perene de clima temperado a subtropical. Não reiste a geadas severas ou a déficit hídrico prolongado. Requer solos de fertilidade média-alta, bem drenados, com bom teor de matéria orgânica, e com pH entre 5 e 6,5.

Propagação: por estaquia: estacas lascadas dos ramos mais velhos.

Princípios ativos: Óleos essenciais (tuiol, tuiona, camazuleno, felandreno, borneol, geraneol, alpha-pineno, cineol), princípios amargos (absintina, santonina, etc), ácidos orgânicos, terpenos, carotenóides, flavonóides, resinas, taninos.

Usos terapêuticos: digestivo, colagogo, carminativo, tônico hepático, vermífugo, orexígeno (estimula o apetite), bactericida, antiinflamatório tópico.

· Catinga de mulata(Tanacetum vulgaris)Familia:Compositae

Parte utilizada: folhas

Muito conhecida pela sua ação vermífuga, a catinga-de-mulata vai muito além do que uma planta medicinal que elimina vermes.

Esta erva é indicada também no tratamento de doenças como reumatismo, gripes e resfriados, bem como na melhora de problemas na pele, no estômago e rins. Além do mais, é uma aliada das mulheres que têm problemas menstruais.

· Capuchinha(Trapaeolum majus)Familia:Trapaeolaceae

Parte utillizada:parte aérea(caule, folhas, frutos e flores)

Planta herbácea rasteira, de caule suculento, mole e retorcido, possui folhas num tom verde claro, com formato arredondado, enquanto suas flores podem ter diversas tonalidades, variando do branco ao vermelho, salmão, amarelo e laranja. Possui ainda um fruto esverdeado formado por três aquênios pequenos. 

Dentre as principais propriedades da Capuchinha estão: expectorante, antibiótica, purgativa, digestiva, antisséptica, desinfetante, diurética, depurativa, sedativa e estimulante. Folhas e flores podem ser usadas como saladas.

Colheita

O primeiro aspecto a ser observado na produção de plantas medicinais com qualidade é a colheita no momento certo.

Nas espécies medicinais a produção de substâncias com atividades terapêuticas apresentam alta variabilidade. O ponto de colheita varia de acordo com o órgão da planta, estágio de desenvolvimento e época do ano e hora do dia.

A distribuição das substâncias ativas numa planta pode ser bem irregular. Alguns grupos de substância localizam-se preferencialmente em partes específicas:

· Os flavonóides, de maneira geral, estão mais concentrados na parte aérea da planta.

· Na camomila o camazulelo e outras substâncias estão mais concentrados nas flores.

É necessário conhecer que parte deve ser colhida para que se possa estabelecer o ponto ideal.O estágio de desenvolvimento é muito importante para que se determine o ponto da colheita, principalmente, em plantas perenes e anuais de ciclo longo, em que a máxima concentração é atingida a partir de certa idade e, ou fase do desenvolvimento.

Exemplos:

· Jaborandi - apresenta baixo teor de pilocarpina (alcalóide) quando jovem.

· Alecrim - apresenta maior teor de óleos essenciais após a floração, sendo uma das exceções entre as plantas medicinais de um modo geral.

A concentração de princípios ativos durante o dia pode variar muito. Os alcalóides e óleos essenciais concentram-se mais pela manhã, e os glicosídios, à tarde.

As cascas são colhidas quando a planta atinge a plenitude de seu crescimento, ao fim de ciclo anual ou antes da floração (nas perenes). Nos arbustos as cascas são separadas no outono, e nas árvores, na primavera.

Semente

Recomenda-se esperar até o seu completo amadurecimento, quando os frutos são de sementes que caem após o amadurecimento, deve-se antecipar a colheita.

A colheita de plantas medicinais em determinado ponto tem o objetivo de obter-se o máximo teor de princípio ativo. No entanto, na maioria das vezes nada impede que as plantas sejam colhidas antes ou depois do ponto para uso imediato. O problema vai ser a redução do valor terapêutico em alguns casos ou a predominância de princípios tóxicos, como é no confrei.

Operação de colheita

Uma vez atingindo o ponto de colheita, esta deve ser realizada com o tempo seco, de preferência pela manhã. Não se recomenda, executá-la com água sobre as partes, por exemplo, com o orvalho da manhã.

As ferramentas de colheita variam de acordo com a parte colhida:

Para as flores e hastes utiliza-se tesoura de poda. Algumas flores são colhidas com tesouras, outras, como a camomila, são colhidas manualmente.

Para raízes e partes subterrâneas são utilizados pás, enxadas e enxadões.

O material colhido é colocado em recipientes como cestos e caixas. Deve-se ter cuidado de não amontoá-los ou amassá-los, pois isso pode acelerar a degradação e perda da qualidade.

Deve-se evitar a colheita de plantas doentes, com manchas, fora do padrão, com terra, poeira, órgãos deformados ou outros defeitos.

Durante o processo de colheita, evitar a incidência direta de raios solares sobre as partes colhidas, principalmente folhas e flores. No caso de raízes, pode-se deixar por algum tempo ao sol.

Secagem

O consumo de plantas medicinais frescas garante uma ação mais eficaz dos poderes curativos nelas presentes, embora isso nem sempre seja possível, o que torna a secagem um método de conservação eficaz quando bem conduzido.

Cuidados que antecedem a secagem

Procedimento básico antes de submeter as plantas à secagem, para se conseguir um produto de boa qualidade:

· Não se recomenda lavar as plantas antes da secagem, exceto no caso de determinados rizomas e raízes, que devem ser lavados.

· Devem-se separar as plantas de espécies diferentes.

· As plantas colhidas e transportadas ao local de secagem não devem receber raios solares.

· Antes de submeter as plantas à secagem deve-se fazer a eliminação de elementos estranhos (terra, pedras, outras plantas, etc.) e partes que estejam em condições indesejáveis (sujas descoloridas ou manchadas, danificadas).

· As plantas colhidas inteiras devem ter cada parte (folha, flor, caule, raiz, sementes, frutos) seca em separado e conservada depois em recipientes individuais.

· Quando as raízes são volumosas podem ser cortadas em pedaços ou fatias para facilitar a secagem.

· Para secar as folhas, a melhor maneira é conservá-las com seus talos, pois isto preserva sua qualidade, previne danificações e facilita o manuseio.

Formas de utilização

As partes utilizadas das plantas são as raízes, as cascas, as folhas, os frutos, os ramos, as sementes e as flores, podendo ser frescas ou secas.

Banho - algumas plantas podem ser acrescentadas na água do banho de imersão ou chuveiro.

Cataplasma - quando indicadas, as ervas frescas podem ser aplicadas soltas, esmagadas diretamente sobre a pele ou ainda sustentadas por gaze.

Compressa - após uma decocção forte, concentrada, podem ser mergulhados panos finos, retirando-se o excesso de liquido e aplicando na região afetada.

Infusão - coloca-se a planta picada no fundo do recipiente e despeja-se água fervente sobre a planta.

O recipiente deve permanecer tampado por 10 a 15 minutos, período em que serão extraídas as substâncias medicamentosas. Excelente para flores, pétalas e folhas.

Decocção - a planta é colocada de molho em água fria, por algumas horas. Depois é levada ao fogo para ser fervida por 5 a 20 minutos em recipiente tampado. Manter o cozimento coberto por mais 20 minutos.

Excelente para raízes, frutos, sementes e cascas, que devem ser reduzidos em partes menores para diminuir o tempo de cozimento.

Gargarejo - chá preparado por decocção ou infusão, usado para afecções de garganta.

Inalação - chá forte de ervas aromáticas que deve ser respirado, inalado, através de um funil de papelão.

Lavagem - os chás podem ser utilizados em distúrbios digestivos, lavagens intestinais e ginecológicas.

Maceração - a planta deve ser colocada de molho em uma vasilha contendo álcool, água fria ou óleo. As partes tenras da planta ficam macerando por 10 a 12 horas e as partes mais duras devem ficar de 18 a 24horas.

Saladas - Podem ser consumidas frescas ou com outros alimentos. Lavar bem as ervas em água corrente antes de consumi-las.

Suco ou sumo - espremem-se as folhas da erva através de um tecido limpo, fino e de algodão, ou bate-se no liquidificador, coando-se em seguida e diluindo-se em água.

Tinturas - maceração das plantas a frio, em álcool de cereais a 60º ou a 70º C. Sua conservação deve ser em recipiente de vidro escuro, com tampa hermética. Após 15 a 20 dias, aproximadamente, poderá ser utilizada.

Unguento e pomada - mistura de erva com substância gordurosa (vaselina). Para uso externo.

Xarope - calda com açúcar a qual se adicionam as plantas, de preferência frescas e picadas, em fogo baixo, por 3 a 5 minutos. Coar e guardar em frasco de vidro. Se preferir, substitua o açúcar pelo mel. Não se deve colocar no chá aquecido. Não é aconselhável o uso do mel para crianças menores de dois anos de idade.