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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL ESAB CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL IARA ALVES DOS SANTOS O USO DA LITERATURA INFANTIL NA CRECHE VILA VELHA ES 2013

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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO

INFANTIL

IARA ALVES DOS SANTOS

O USO DA LITERATURA INFANTIL NA CRECHE

VILA VELHA – ES 2013

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IARA ALVES DOS SANTOS

O USO DA LITERATURA INFANTIL NA CRECHE

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Educação Infantil da Escola Superior Aberta do Brasil como requisito para obtenção do título de Especialista em Educação Infantil, sob orientação da Profª. Mª. Lúcia de Fatima Assis Rocha.

VILA VELHA – ES 2013

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IARA ALVES DOS SANTOS

O USO DA LITERATURA INFANTIL NA CRECHE

Monografia aprovada em........ de .................... de 2013.

Banca Examinadora

_______________________________________

______________________________________

_____________________________________

VILA VELHA – ES 2013

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, pelo dom da vida e aos meus familiares

que durante minha jornada me apoiaram e me incentivaram nessa caminhada.

Enfim, a todos que contribuíram para realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus e a toda minha família que tem me dado forças para continuar caminhando

em busca de conhecimento.

A todos os professores do curso de pós-graduação da Escola Superior Aberta do

Brasil, pelo incentivo e contribuições dada durante todo curso.

Aos funcionários que formam esta instituição, colaborando direta ou indiretamente

para a finalização deste trabalho.

A todos meus colegas de trabalho que contribuíram para enriquecimento dessa

proposta.

Enfim, a todos os que compartilharam as experiências e descobertas nessa

pesquisa.

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“... As pessoas grandes aconselharam-me a

deixar de lado os desenhos de jiboias abertas e

fechadas e a dedicar-me de preferência à

geografia, à história, à matemática, à

gramática. Foi assim que abandonei uma

promissora carreira de pintor... Então eu não

falava nem de jiboias, nem de florestas virgens,

nem de estrelas. Colocava-me no seu nível.

Falava de Bridge, de golfe, de política, de

gravatas...”

(Antoine de Saint- Exupéry)

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RESUMO

A Literatura Infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, a emoção e os sentimentos de forma prazerosa e significativa e é necessária que seja oferecido a ela a oportunidade de ter esta ferramenta em sua vida. O objetivo central deste trabalho é investigar, na prática do professor de Educação Infantil de Creche e, em suas concepções, o lugar oferecido à Literatura Infantil, dentro das salas de aula de crianças na faixa etária de 0 a 3 anos de idade. Buscou-se configurar a construção de uma proposta voltada à utilização da literatura como trabalho pedagógico, tecendo uma análise conceitual da literatura infantil, seu papel histórico e social, sua origem no Brasil e seu papel fundamental no processo de aprendizagem com sua contribuição na formação integral das crianças. Apresentou-se ao final do trabalho o projeto CAIXA MÁGICA, projeto este, desenvolvido pela instituição, objeto de pesquisa, fornecendo dados que têm como objetivo analisar em sala de aula como se dá a realização das práticas voltadas ao incentivo da leitura, utilizando-se da Literatura Infantil como uma ferramenta fundamental no desenvolvimento do imaginário, sendo este um uma competência básica aos pequenos leitores.

Palavras- chave: Literatura infantil. Desenvolvimento do imaginário infantil.

Educação infantil.

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Quadro nº 1-1ª ETAPA: Escolha da história..............................................................39

Quadro nº 2 - Turma..................................................................................................50

Quadro nº 3 - Fases, instrumentos e objetivos..........................................................50

Quadro nº 4 - Público Alvo.........................................................................................51

Quadro nº 5 - O que você mais gosta de fazer em casa ..........................................52

Quadro nº 6 - Na escola o que você gosta mais .......................................................52

Quadro nº 7 - O que você gosta mais .......................................................................53

Quadro nº 8 - Como você gosta mais de ouvir ..........................................................53

Quadro nº 9 - Você gosta de ler.................................................................................54

Quadro nº 10 - Que tipo de leitura lhe atrai mais.......................................................54

Quadro nº 11 - Você ler para seus alunos.................................................................54

Quadro nº 12 - Qual o tempo destinado a esta atividade..........................................54

Quadro nº 13 - Que tipo de texto você lê para seus alunos......................................55

Quadro nº 14 - Quais os recursos que você utiliza na contação de história............55

Quadro nº 15 - Qual o comportamento dos alunos...................................................55

Quadro nº 16 - Fazendo uma comparação, as crianças gostam mais da contação de

histórias ou de assistir filmes em DVD’s....................................................................55

Quadro nº 17 - Apresentação de rotina escolar.........................................................56

Quadro nº 18 - De que forma você desenvolve a imaginação criadora de seus

alunos.........................................................................................................................56

Quadro nº 19 - Qual a participação da escola no incentivo a contação de história..56

Gráfico1: Meta Prioritária............................................................................................57

Gráfico 2: Resultado 2007..........................................................................................58

Gráfico 3: Resultado 2009..........................................................................................59

Gráfico 4: Resultado 2011..........................................................................................59

Gráfico 5: Resultado 2013..........................................................................................60

Figura 1: A Caixa Mágica...........................................................................................70

Figura 2: Elementos da Caixa Mágica........................................................................70

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10

2 EDUCAÇÃO INFANTIL E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA....................................14

2.1 HISTÓRIA DA INFÂNCIA: A IDEIA DE INFÂNCIA DO SÉCULO XII ATÉ OS

DIAS ATUAIS.............................................................................................................16

2.2 A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS .................................................20

3 LITERATURA INFANTIL .......................................................................................24

3.1 ORIGEM DA LITERATURA INFANTIL.................................................................27

3.2 O SURGIMENTO DA LITERATURA INFANTIL NO BRASIL...............................29

3.3 DESENVOLVIMENTO DO IMAGINÁRIO INFANTIL............................................30

3.4 CONTAR E RECONTAR HISTÓRIAS: UMA FORMA MÁGICA DE SE

DESENVOLVER.........................................................................................................36

4 LITERATURA INFANTIL : REALIDADE DE UMA ESCOLA.................................43

4.1 HISTÓRIA DO PROJETO ...................................................................................45

4.2 OBJETIVOS NO PROJETO.................................................................................47

4.2.1 Objetivo Geral..................................................................................................47

4.2.2 Objetivos Específicos.....................................................................................47

4.3 PÚBLICO ALVO...................................................................................................48

4.4 AVALIAÇÃO DO PROJETO.................................................................................48

4.5 AS METAS PLANEJADAS...................................................................................48

5 METODOLOGIA.....................................................................................................49

5.1 CAMPO DE INVESTIGAÇÃO..............................................................................49

5.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...........................50

5.3 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS.........................................................51

5.4 META DO PROJETO...........................................................................................57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................61

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

ANEXO

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1 INTRODUÇÃO

Tendo como ponto de partida a própria vivência como professora, é que se propõe

esta pesquisa sobre a temática o Uso da Literatura Infantil na Creche, em cujo

trabalho diário com crianças da Educação Infantil é possível perceber a ausência do

faz de conta na rotina, bem como, a ausência de práticas de leitura a favor do

desenvolvimento do imaginário infantil. Ao mesmo tempo em que são, visivelmente,

oferecidas práticas de leitura que têm como objetivo fazer apenas com que as

crianças reconheçam letras, números, palavras, pintar bonecos já prontos, assistir

DVD’S, como atividades de recreação.

Entre as atividades proporcionadas aos alunos, poucos são os momentos de

contação de histórias. E, quando isto acontece, em sua maioria, não são

caracterizados em momentos de encanto e diversão, mas, como preenchimento do

tempo além de não proporcionar o prazer da leitura.

Devido a tais observações e movida pelo interesse de compreender inicialmente a

concepção dos professores da Educação Infantil a cerca do que é INFÂNCIA e qual

a importância da literatura infantil para a faixa etária de 0 a 3 anos, em fase de

creche, é que surgiu a ideia deste trabalho.

A Literatura Infantil traz às crianças uma linguagem cheia de elementos mágicos e

enredos carregados de possibilidades, onde os quais não apresentam limites entre a

fantasia e a realidade. Assim, não se pode pensar em viver uma infância sem

utilizar-se da habilidade de imaginar, de fazer de conta. Isso é ter infância.

O modo de como se conta a história, além de fazer parte da Infância é uma atividade

praticada a milhões de anos e começou com as primeiras pessoas existentes na

humanidade. Na criança o ouvir histórias, contribui para o desenvolvimento

intelectual e integral, desperta o interesse pela leitura e estimula a imaginação no

contato com seus elementos e poderá emocionar-se, imaginar o que não viu e

experimentar diferentes sensações, que as ajudarão apreender novos conceitos e a

enfrentar problemas encontrados na realidade.

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Segundo Vygotsky (1996a) a criação de uma nova relação entre o plano imaginário

e o plano real por parte do sujeito, é que faz perceber a essência do faz de conta. Ao

mesmo tempo em que a imaginação criadora é condição necessária ao “fazer de

conta”, ela é constituída, fortalecida e ampliada por ele.

A escola é uma das Instituições responsável por incentivar e despertar o interesse e

o prazer pela leitura face às mudanças que vêm ocorrendo no mundo. É ela a

responsável em dar lugar, dentro de seu cotidiano escolar, à literatura infantil, ao

mundo do faz de conta, compreendendo-o como um aspecto importante no

desenvolvimento do imaginário infantil e em sua formação integral.

Em contraponto, tem-se vivenciado nas últimas décadas, continuamente, uma

grande transformação na sociedade com as grandes descobertas na área da

Informação e da Comunicação, trazendo um novo conceito de infância. Segundo

David Buckingham (2007), nos dias atuais, o significado de infância está sendo

definido por meio das interações das crianças com todas essas novas tecnologias.

Começa-se a vivenciar uma época em que as crianças partilham das informações de

adultos através dos meios de comunicação. E assim, os adultos passam a não

reconhecer a infância como uma época especial e diferente da sua.

A entrada dos pequenos nesse mundo lhes furta a magia do faz de conta e lhes

empurra a um mundo cheio de imagens pré-fabricado. Dito isto, contar e ouvir

histórias, brincar de faz de conta, usar a fantasia e a imaginação, vai cada vez mais

se afastando da infância.

Com esse pressuposto o objetivo central deste trabalho é investigar, na prática do

professor de Educação Infantil – creche, crianças de 0 a 3 anos o lugar oferecido à

literatura infantil no espaço educativo em que vive. A Literatura Infantil na vida de

uma criança nessa faixa etária é um aspecto crucial na construção da identidade, do

desenvolvimento da capacidade criadora e também da formulação de ideias próprias

e conceitos significativos, e é mediante a esta afirmação que temos a certeza da

necessidade desta investigação.

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Então, sendo o faz de conta essência da infância e, a Literatura uma das

possibilidades de construções significativas na formação integral de uma criança,

pretende-se investigar até que ponto professores da Educação Infantil, levam em

consideração a importância dessa possibilidade na prática pedagógica, procurando

visualizar qual o lugar da literatura infantil na idade de creche.

Assim, em campo, buscou-se compreender a necessidade, dentro da rotina da

creche, de um espaço reservado à literatura, observando e analisando as práticas

dos professores, as estratégias utilizadas e de que forma as crianças de 0 a 3 anos

se sentem na hora da contação de histórias. A relevância do tema se dá mediante a

construção de uma ação pedagógica a favor da infância. Tornando a instituição

escolar um lugar de liberdade em que as crianças possam vivenciar sua infância e

experimentar a vida, sendo criança.

A base teórica deste trabalho é dividida em duas partes. A primeira inicia-se com

uma apresentação, em linhas gerais, das conquistas expressas na história e dentro

da legislação brasileira, bem como, a concepção histórica do conceito de infância,

finalizando-o com um breve resumo do que vem a ser a educação de crianças na

fase de creche de acordo com documentos elaborados para subsidiarem este

atendimento.

A segunda parte faz uma abordagem sobre os conceitos básicos e necessários a

esta pesquisa sobre o que é Literatura Infantil e Infância. Na sequência, apresenta-

se a origem da literatura Infantil, seu surgimento no Brasil e sua poderosa força

como ferramenta no desenvolvimento do imaginário infantil em favor da formação de

futuros leitores e escritores, fomentando seu importante papel no desenvolvimento

integral da criança na faixa etária de 0 a 3 anos.

Continuando, é feita uma relação entre o desenvolvimento do imaginário infantil e a

formação de um futuro leitor e escritor, apontando o papel do professor (adulto)

nesse processo. Ainda neste mesmo capítulo, são relatadas orientações pertinentes

à criação de um espaço destinado ao trabalho com a literatura Infantil na perspectiva

do desenvolvimento da imaginação criadora do faz de conta, dentro do espaço

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educativo, utilizando as estratégias de leitura de Izabel Solé e dos métodos da

contadora de histórias Bia Bedram.

Em uma terceira parte, relaciona-se teoria e prática e apresentam-se os resultados

obtidos na execução da metodologia, com tratamento dos dados e considerações

pertinentes, fazendo um estudo dos resultados alcançados. Esta, consiste na

apresentação do Projeto a Caixa Mágica que tem como objetivo o incentivo à leitura

através da literatura infantil , bem como a apresentação dos resultados de sua

aplicação, com tratamento dos dados e considerações pertinentes, fazendo um

estudo dos resultados alcançados com a prática do projeto.

Assim, em campo, busca-se compreender, dentro da rotina da Educação Infantil nas

salas da Creche Alvina Cabral de Souza Campos, da rede municipal de ensino da

cidade de Condado-PE, o espaço reservado à literatura, observando e analisando as

práticas dos professores, as estratégias utilizadas pela instituição e de que forma as

crianças se sentem na hora da contação de histórias, tendo como ferramenta o

Projeto A Caixa Mágica, destinado ao incentivo do faz de conta através dos livros de

Literatura Infantil.

Desta forma, apresentar pesquisas que analisem conhecimentos a cerca das

práticas pedagógicas dos professores, bem como, incentivar testando a viabilidade

de algumas práticas, é o que pretendeu este trabalho, oferecendo assim, uma

contribuição à prática docente dos professores e garantindo o direito à criança de

ser criança dentro do espaço escolar.

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2 EDUCAÇÃO INFANTIL E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

As concepções de infância e as ideias sobre como a criança se desenvolve e

aprende têm sofrido muitas mudanças. Tais mudanças ocorreram mediante as

grandes transformações sociais e econômicas, que passaram a configurar novos

papéis sociais de homens e mulheres, fazendo com que a educação de crianças

tomasse diferentes rumos.

Para entender estas transformações apresenta-se um breve contexto histórico à luz

da legislação brasileira. No século XX, cresce o processo de urbanização e de

industrialização e as creches e pré-escolas surgem no Brasil, de acordo com as

necessidades das mulheres que passaram a inserir-se no mercado de trabalho e

tendo que lutar pelo cuidado de seus filhos. A partir daí, foi preciso repensar este

atendimento, sendo a princípio exigido às indústrias, e estas por sua vez não se

prontificaram a dispor de um espaço para este cuidado, tendo a sociedade que criar

situações que pudessem atender as necessidades daquelas mulheres e por

consequências de seus filhos.

Tais crianças passaram a ser cuidadas pelas criadeiras e estas posteriormente

apelidadas de “fazedoras de anjos”. Esse termo foi justificado pela alta taxa de

mortalidade de crianças atendidas por elas. Com isso, em décadas de 1920 e no

inicio dos anos de 1930, os trabalhadores começam a reivindicar melhores

condições de trabalho, onde em meios às reinvindicações estava a necessidade de

criação de um espaço de guarda e atendimento das crianças.

Ainda na década de 1930 e, meados de 1940, as creches passam a ser pensadas

como instituições voltadas a área de saúde, com rotinas de higiene física e

posteriormente foi incorporado ao quadro de profissionais que trabalhavam nas

creches psicólogos que passam a se preocupar com a higiene mental da criança. O

termo “creche” era direcionado às instituições (assistencialistas) que cuidavam de

crianças órfãs e pobres.

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Segundo Oliveira (2002, p. 100-101)

Embora desde a década de 30 já tivessem sido criadas algumas instituições oficiais voltadas ao que erra chamado de proteção à criança, foi na década de 40 que prosperaram iniciativas governamentais na área de saúde, previdência e assistência [...] O trabalho com as crianças nas creches tinha assim um caráter assistencial-protetor. A preocupação era alimentar, cuidar da higiene e da segurança física, sendo pouco valorizado o trabalho orientado à educação e ao desenvolvimento intelectual e afetivo das crianças.

A autora afirma que nos períodos de 1940-1960 as creches passaram a ser

educativas com a intenção de evitar que as crianças pobres adentrassem na

marginalidade:

O discurso médico continuava em destaque, mas já modificado pela preocupação de certos grupos sociais com a organização de instituições para evitar a marginalidade e a criminalidade de vastos contingentes de crianças e jovens da população mais carente (OLIVEIRA, 2002, p.101).

Em dezembro de 1961, com a 1ª Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(n.º 4024/61), o jardim-de-infância passa a ser incorporado ao sistema de educação

pré-primária, mas as creches permaneceram como instituições assistencialistas

(OLIVEIRA, 2002, p. 101-102). Em seus artigos incentivava as indústrias à criação

de instituições pré-primárias.

Passados anos de lutas e conquistas, foi então no final de 1980 e na década de 90,

que realmente ficou marcado o período da reforma legislativa, no tocante ao respeito

à infância. A partir de 1988 com a nova Constituição Federal, a creche passou a

fazer legalmente parte da educação brasileira, deixando assim de ser uma

promoção social ou assistência social. Após essa conquista a educação da criança

foi sendo regulamentada através da Lei nº 8.069/90, do Estatuto da Criança e do

Adolescente – ECA e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB n.º

9.394/96, na qual tem caracterizado as condições necessárias e que vem marcando

o contexto de educação infantil, gerando possibilidades de um cuidar e educar com

mais eficiência.

A Lei 9394/96 estabelece as finalidades da Educação Infantil e como passará ser

seu atendimento, conforme a seguir:

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Art.29 A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art.30 A Educação Infantil será oferecida em: I-Creches ou entidades equivalentes, para as crianças de até três anos de idade; II-Pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade (1996).

Pode-se então perceber que a Educação Infantil é compreendida como uma gama

de práticas históricas, sendo elas definidas em cada tempo e espaço, e com seus

objetivos bem marcados no que concerne às oportunidades que as crianças têm de

se desenvolver enquanto sujeitos de direito.

Com o intuito de direcionar o trabalho dos professores dentro das instituições de

educação infantil no Brasil, foi organizado pelo Ministério da Educação e do

Desporto um documento, fruto de uma ampla socialização nacional, intitulado como

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI (1998) que retrata a

importância do olhar sobre o atendimento das crianças de 0 a 6 anos e explicita seu

entendimento sobre a relação pedagógica dentro da concepção de infância,

mostrando que o cuidar e educar na educação infantil estão pautados no

favorecimento de conquistas, motoras, afetivas, sociais, éticas e estéticas, os quais

são essenciais para as crianças desta faixa etária, auxiliando assim, os professores

na realização do seu trabalho educativo diário junto às crianças. Conforme este

documento:

[...] pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998)

Esse documento traz aos professores possibilidades de soluções educativas com o

objetivo de tentar superar as marcas históricas deixadas durante a evolução da

educação, como a ideia assistencialista das creches e a antecipação da

escolaridade das pré-escolas.

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2.1 HISTÓRIA DA INFÂNCIA: A IDEIA DE INFÂNCIA DO SÉCULO XII ATÉ OS DIAS ATUAIS

Para entender melhor o atendimento a crianças em idade de Educação Infantil faz-

se necessário conhecer a concepção social e histórica do conceito de infância.

Assim, retomando o percurso histórico dessa construção, convida-se a se fazer uma

viagem na história da infância.

A concepção de infância está atrelada a forma como a sociedade se organiza e

compreende os sujeitos de sua época. Cada sociedade, em cada tempo histórico

atribui determinados significados à fase inicial da vida humana. Assim, podemos

perceber que ao longo da história se depara com diversas maneiras de entender a

infância. A concepção de criança que temos na atualidade nem sempre perdurou por

todo o período da existência da humanidade. Na verdade, as crianças já foram tidas

como semelhantes aos adultos e, portanto, tratados como tais. A confirmação disso

está nas afirmações do grande historiador e amante da infância Philippe Ariès:

Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo (1978, p. 50).

O autor ainda afirma que as crianças eram representadas como adultos, numa

escala menor, braços e pernas com indicação de músculos e em seus rostos traços

de adultos. As crianças nesta época morriam, em grande número. Elas não tinham

cuidados especiais, mediante a toda concepção dos adultos. As condições precárias

de cuidados com a saúde e higiene eram os aspectos responsáveis à mortalidade

infantil, considerada um fato natural. A infância era negada e as crianças

consideradas miniadultos.

A professora e pedagoga Juliana Barcelli em uma de suas postagens em seu

Blogpost “Pedagogia na Cabeça” dá uma síntese geral do conceito de infância por

Ariès (1978). O autor problematiza as concepções de infância de acordo com as

construções sociais, sendo elas em três períodos históricos: na antiguidade, no

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século XIII ao século XVIII e no século XVIII a atualidade. A autora explica cada

período. No primeiro período a criança era vista como um adulto em miniatura. No

segundo período a sociedade passa a zelar pela inocência, passando a infância a

ser o centro do interesse do adulto, enclausura os infantes sob a vigia dos

professores. O terceiro período é caracterizado pela consolidação do conceito de

infância (ARIÈS, 1978). A infância passa a ser percebida pela sociedade e família,

como uma fase de alegria, de brincadeira e de inocência. Assim, conclui uma época

reconhecida como uma fase importante na formação do futuro adulto, deixando de

ser um objeto de assistência material a ser um objeto de preocupação social.

Pode-se perceber que a ideia de infância foi sendo modificada ao passar dos

tempos, seguindo a evolução social e cultural de todo um povo. Cabe aqui ressaltar

também que, a literatura infantil surge nesse mesmo período, como instrumento

educativo das crianças e, a escola é concebida como um espaço privilegiado para a

educação da criança.

Nos dias atuais existe uma etapa histórica marcada pelo avanço tecnológico e por

mudanças sociais. Hoje, a criança é tida como sujeito social e, portanto um sujeito

com direitos, trazendo assim um novo conceito de infância, mediante as suas

interações com as novas tecnologias. Porém, neste campo de mudanças tão

rápidas, segundo Frabboni (1998) para se compreender a criança, como sujeito de

direito, faz-se necessário pensar que a criança “[...] sabe observar o mundo que a

cerca; sabe perscrutar e sonhar com horizontes longínquos; [...] sai do mito e da

fábula porque sabe olhar e pensar com sua própria cabeça”.

O autor dá a ideia de que, hoje para ser criança não é preciso viajar para lugares de

faz de conta, pois ela tem a capacidade de olhar a vida real sem necessitar do

imaginário. Em parte, acredita-se sim, que a criança de hoje possui uma capacidade

voraz de fazer descobertas uma após outra com rapidez e que consegue definir bem

suas escolhas fazendo-as crescer cognitivamente mais rápido. Mas, discorda-se

quando o autor dá a entender que o mito e as fábulas alienam as crianças e que

supostamente, elas não seguem suas próprias ideias, pois acredita-se na força do

faz de conta a favor do desenvolvimento de uma infância saudável, ainda que esse

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faz de conta esteja traduzido pelas mídias eletrônicas e/ou outras novas tecnologias

existentes no mundo infantil.

Diante do exposto vale agora refletir: Será que as crianças da atualidade estão

resgatando os atos daquelas que viveram durante o século XVIII? Pode-se observar

que, de certo modo, a infância passa a adquirir características semelhantes à

concepção que perdurou até o século XVIII. Afinal, as crianças de hoje passam a se

comportar, vestir e viver de acordo com o mundo adulto. E por consequência

passam a não viver o fascínio da Literatura infantil. Seus interesses direcionam-se

muito mais às mídias eletrônicas mais comuns como a televisão, vídeo, internet e

outros meios, do que aos livros.

Na era pós-industrial não haveria mais lugar para o “Era uma vez...”. A ideia da infância, uma das invenções mais humanitárias da modernidade, estaria destruída; com a mídia, a televisão, a internet, o acesso das crianças ao fruto proibido da informação adulta teria terminado por expulsá-la do jardim da infância (KRAMER, apud SILVA, 2009, p. 86).

Mas, o porquê disso tudo? De onde vem essa mesma ideia da época dos adultos

em miniatura que perpetuou no primeiro período? Das mídias? Entende-se que o

avanço da tecnologia da informação contribui para a construção de novas

concepções do “ser criança”. Porém, é divergente que o resgate dos miniadultos,

venha a ser culpa das mídias.

Segundo Ariés (1978), a infância é uma construção da modernidade, a qual possui

consequências constitutivas sobre estes sujeitos em formação. A criança vai se

moldando a partir das mudanças da sociedade, que, por sua vez, é comandada por

adultos. Alguns estudos sobre infância tem lembrado que, vive-se numa época em

que a infância estaria desaparecendo.

A infância pós-moderna – não pode escapar da influência da condição pós–moderna com a sua mídia de saturação eletrônica... Com a mídia impulsionando a proliferação infinita dos significados, a fronteira entre a infância e mundo adulto se desvanece, com crianças e adultos negociando os mesmos escapismos e enfrentamentos... (KINCHELOE apud SILVA, 2009, p.35).

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Então, apenas pelo fato da criança ter acesso, sem controle, de informações não

direcionadas a elas, faz com que a infância desapareça? Dizer que as mídias

eletrônicas são responsáveis pelo fim da infância, é não ter consciência da

constante transformação social que desde os primórdios fomos passando. Hoje, o

que se pode fazer para que a infância não deixe de lado a peculiaridade que a

originou é contribuir para que no universo infantil seja valorizado, o faz de conta e a

ludicidade visando-as enquanto expressão cultural da infância e não como mero

passa tempo ou obrigação curricular da Educação Infantil.

Não podemos trazer as crianças de volta ao jardim secreto da infância ou encontrar a chave mágica que as manterá para sempre presas entre seus muros. As crianças estão escapando para o grande mundo adulto- um mundo de perigos e oportunidades onde as mídias eletrônicas desempenham um papel cada vez mais importante. Está acabando a era em que podíamos esperar proteger as crianças desse mundo. Precisamos ter a coragem de prepará-las para lidar com ele, compreendê-lo e nele tornar-se participantes ativas por direito próprio (BUCKINGHAM, 2007, p.295).

Sendo assim, entende-se que neste capítulo foi exposta a necessidade de preparar

para enfrentar os desafios de viver com as crianças uma infância na era das novas

tecnologias, sem deixar de experimentar o sentido da expressão cultural dessa

época. Adaptar-se as novas perspectivas criando vínculos com as mais primárias

ideias da infância – a capacidade de abstrair-se da realidade, viajar por lugares

diversos e absorver a essência desse mundo real.

2.2 A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS

Tratar da complexidade que o presente tema coloca, leva à necessidade de

mencionar uma série de informações a serem consideradas nas abordagens sobre a

infância e, consequentemente, sobre a Literatura Infantil, elaborada justamente para

atender a esse público infantil como também uma série de propósitos, entre os quais

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não é só uma ferramenta lúdica, mas, sobretudo um recurso para o desenvolvimento

integral da criança.

Historicamente, com as conquistas da mulher no novo cenário social, tendo sua

participação ativa no mercado de trabalho e em todos os contextos sociais, a

educação de crianças pequenas, desde seu surgimento, tem deixado cada vez mais

de ser vista, como apenas um espaço onde os pais, por um determinado tempo,

podem deixar seus filhos sob a guarda de alguém enquanto trabalham, viajam ou

fazem qualquer outra coisa do gênero, mas ao longo dos anos, depois de grandes

conquistas, tem crescido a consciência sobre a importância das crianças no

ambiente educacional desde muito cedo.

As necessidades educativas das crianças de 0 a 3 anos, nesse novo modelo de

educação, passam a ser concebidas e valorizadas por sua função formadora de

sujeitos históricos e de direitos. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil- RECNEI, a identidade é um conceito do qual faz parte a ideia de

distinção, de uma marca de diferença entre as pessoas, a começar pelo nome,

seguido de todas as características físicas, do modo de agir e de pensar e da

história pessoal. Nas orientações dadas dentro do RECNEI em relação ao

desenvolvimento da linguagem oral e escrita a serem alcançados na creche, com

crianças da faixa etária de 0 a 3 anos temos os seguintes objetivos:

As instituições e profissionais de educação infantil deverão organizar sua prática de forma a promover as seguintes capacidades nas crianças: -participar de variadas situações de comunicação oral, para interagir e expressar desejos, necessidades e sentimentos por meio da linguagem oral, contando suas vivências; -interessar-se pela leitura de histórias; -familiarizar-se aos poucos com a escrita por meio da participação em situações nas quais ela se faz necessária e do contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos e etc. (BRASIL, V.1. 1998)

Conforme o exposto pode-se assim afirmar, que na educação de crianças de 0 a 3

anos, no que concerne a linguagem é necessário fomentar experiências que

permitam às crianças integrar-se no mundo das palavras por meio de atividades,

que em sua maioria, comtemplem o desenvolvimento oral, contradizendo as

atividades rotineiras das maiorias das creches, onde estas aplicam exercícios de

treino à escrita de letras e números.

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Os bebês e as crianças pequenas desenvolvem sua aprendizagem a partir do corpo

em ação no espaço, tudo pela corporeidade de suas mentes e emoções, através da

fantasia, da intuição, da emoção, da imitação, da razão, das linguagens, das lógicas

e da cultura. Assim, nessa trajetória, tão lúdica quanto formativa, estabelecendo

significados e constituindo narrativas, as crianças vão narrando inventivamente

sobre si mesmas e o mundo, produzindo seus conhecimentos. Essas características

desafiam os professores, mediante esse campo ainda pouco visto nas escolas. De

acordo com Zilma de Morais (2010, p. 5):

A criança, centro do planejamento curricular, é considerada um sujeito histórico e de direitos. Ela se desenvolve nas interações, relações e práticas cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. A maneira como ela é alimentada, se dorme com barulho ou no silêncio, se outras crianças ou adultos brincam com ela ou se fica mais tempo quietinha, as entonações de voz e contatos corporais que ela reconhece nas pessoas que a tratam, o tipo de roupa que ela usa, os espaços mais abertos ou restritos em que costuma ficar, os objetos que manipula, o modo como conversam com ela, etc. – são elementos da história de seu desenvolvimento em uma cultura.

Com esse pressuposto, o desafio que se coloca para configuração de uma proposta

curricular e para sua efetivação, é ultrapassar, ir além da prática pedagógica, esta

centrada no professor, e utilizar o há de mais simples no cotidiano de criança para

uma aproximação real com ela, olhando o mundo com visão de criança e não de um

adulto. É vasto o campo de aprendizagens e são as situações cotidianas criadas

pelos professores que ampliam as possibilidades das crianças aprenderem e

também viverem a infância.

Faz-se necessário construir uma estrutura curricular, considerando, sobretudo, a

criança. Para orientar as unidades de Educação Infantil a planejar seu cotidiano, foi

organizado as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, no qual

apontam um conjunto de princípios e que devem orientar o trabalho nas instituições

de Educação Infantil. São eles:

_ Princípios éticos – valorização da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. _ Princípios políticos – garantia dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática.

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_ Princípios estéticos – valorização da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais. (BRASIL, 2010, p.16)

Morais (2010) trouxe em sua apresentação no I Seminário Nacional: Currículo em

Movimento, realizado em Belo Horizonte, no ano de 2010, formas de

operacionalização destes princípios, onde remete à adoção de uma série de

medidas voltadas a garantir certos objetivos e certa metodologia no trabalho

didático, tais como:

a) Cabe às instituições de Educação Infantil, de acordo com os princípios éticos: - assegurar às crianças a manifestação de seus interesses, desejos e curiosidades ao participar das práticas educativas; - valorizar suas produções, individuais e coletivas; - apoiar a conquista pelas crianças de autonomia na escolha de brincadeiras e de atividades e para a realização de cuidados pessoais diários; - proporcionar às crianças oportunidades para: ampliar as possibilidades de aprendizado e de compreensão de mundo e de si próprias trazidas por diferentes tradições culturais; construir atitudes de respeito e solidariedade, fortalecendo a autoestima e os vínculos afetivos de todas as crianças, combatendo preconceitos que incidem sobre as diferentes formas dos seres humanos se constituírem como pessoas; aprender sobre o valor de cada pessoa e dos diferentes grupos culturais; adquirir valores como os da inviolabilidade da vida humana, a liberdade e a integridade individuais, a igualdade de direitos de todas as pessoas, a igualdade entre homens e mulheres, assim como a solidariedade com grupos enfraquecidos e vulneráveis política e economicamente; respeitar todas as formas de vida, o cuidado de seres vivos e a preservação dos recursos naturais. b) Para a concretização dos princípios políticos apontados para a área, a instituição de Educação Infantil deve trilhar o caminho de educar para a cidadania, analisando suas práticas educativas de modo a: -promover a formação participativa e crítica das crianças; criar contextos que permitam às crianças a expressão de sentimentos, ideias, questionamentos, comprometidos com a busca do bem estar coletivo e individual, com a preocupação com o outro e com a coletividade; -criar condições para que a criança aprenda a opinar e a considerar os sentimentos e a opinião dos outros sobre um acontecimento, uma reação afetiva, uma ideia, um conflito. -garantir uma experiência bem sucedida de aprendizagem a todas as crianças, sem discriminação, e lhes proporcionar oportunidades para o alcance de conhecimentos básicos que são considerados aquisições valiosas para elas; c) O trabalho pedagógico na unidade de Educação Infantil, em relação aos princípios estéticos deve voltar-se para: -valorizar o ato criador e a construção pelas crianças de respostas singulares, garantindo-lhes a participação em diversificadas experiências; organizar um cotidiano de situações agradáveis, estimulantes, que desafiem o que cada criança e seu grupo de crianças já sabem sem ameaçar sua autoestima nem promover competitividade; -ampliar as possibilidades da criança de cuidar e ser cuidada, de se expressar, comunicar e criar, de organizar pensamentos e ideias, de

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conviver, brincar e trabalhar em grupo, de ter iniciativa e buscar soluções para os problemas e conflitos que se apresentam às mais diferentes idades; -possibilitar às crianças apropriar-se de diferentes linguagens e saberes que circulam em nossa sociedade, selecionados pelo valor formativo que possuem em relação aos objetivos definidos em seu projeto político pedagógico (ZILMA, 2010, p. 6-8).

Percebe-se que com essas diretrizes que o trabalho com crianças pequenas se faz

necessário muito mais que ser apenas professor, é necessário alinhar as formas de

ministrar as aulas com os princípios que integram a vida humana como um todo,

considerando as características mais peculiares específicos a infância.

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3 A LITERATURA INFANTIL NA INFÂNCIA

Estudar a Literatura Infantil é se transportar ao mundo imaginário. É através dela,

mesmo antes da pré-escola, que a escola busca estimular o hábito da leitura na

criança. A Literatura Infantil é um instrumento fundamental para a formação não só

de bons leitores, mas também de cidadãos críticos.

Estar em contato com a literatura é aprender um pouco de uma cultura. Então, por

que não introduzir desde cedo, no período de 0 a 3 anos, a Literatura Infantil nas

creches? Logo, é ideal investir em práticas que envolvam a criança da creche com a

Literatura Infantil para mostrar a importância desta, como ação transformadora na

vida da criança.

Entrar no debate sobre qual o lugar reservado a Literatura Infantil nos dias atuais

existe para começo de conversa algumas considerações com o intuito de fazer

esclarecimentos sobre os conceitos chaves que constituem nossa temática.

Literatura Infantil segundo Nelly Novaes Coelho (2000) tem uma tarefa fundamental

a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação,

seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela

escola. Dentro deste movimento a criança faz uso das histórias para que através do

faz de conta possa criar uma relação entre o real e o imaginário; entender os seus

conflitos e pensar em suas resoluções.

Afinal, o que é Literatura Infantil? A palavra infantil para muitas pessoas traz uma

concepção de menor, inferior. Mas, tal termo não quer dizer que é uma literatura

“menor”, a palavra infantil junto à literatura quer dizer uma literatura voltada aos

anseios e desejos de descobertas e viagens entre o real e o imaginário. Ela foi feita

para eternizar a magia do faz de conta. “O maior segredo dessa literatura é trabalhar

o imaginário e a fantasia, onde tudo é possível acontecer. Funde os sonhos e a vida

prática; o imaginário e o real; os ideais e sua possível/impossível realização”

(CAGNETI, 1996, p. 7).

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O gênero literatura infantil tem, a meu ver, a existência duvidosa. Haverá música infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma obra literária deixa de se constituir alimento para o espírito da criança ou jovem e se dirige ao espírito adulto? (DRUMMOND, 1979).

Drummond (1979) vem questionar sobre a existência da literatura infantil, porém,

nos afirma com seus questionamentos a verdadeira mágica, que diferencia a época

da infância da fase adulta, “o faz de conta”, o criar o que não existe o imaginar

coisas que não vê o pensar que pode ser tudo o que quiser o viajar nas asas da

imaginação sem se preocupar com o tempo. Enfim, a fascinante capacidade de não

ter medo do desconhecido e de se entregar as emoções. Na literatura infantil; o

fazer de conta, é parte integrante desse mundo maravilhoso, é uma atividade,

psicológica e cotidiana na infância. Onde a imaginação criadora é acionada a cada

minuto. A infância é repleta destes acontecimentos. Acontecimentos estes que por

muitos anos fundamentou os diversos conceitos do que é, essa época tão especial e

única que é a INFÂNCIA. Hoje, é considerada uma época diferenciada do adulto,

com características próprias - o de imaginar, fantasiar e criar - que necessita de uma

formação específica as suas necessidades.

Conclui-se assim, que a Literatura Infantil é um direito da criança. Para tanto,

pensando na função da Literatura Infantil, vale lembrar as palavras de Maria

Antonieta Antunes Cunha, para a qual:

A Literatura Infantil influi e quer influir em todos os aspectos da educação do aluno. Assim, nas três áreas vitais de homem (atividade, inteligência e afetividade) em que a educação deve promover mudanças de comportamento, a Literatura Infantil tem meios de atuar (CUNHA, 1999).

Tomando por base Carvalho (1975), a Literatura Infantil é indispensável na vida de

uma criança, pois é a forma de recreação mais importante que estimula a

linguagem. É rica em motivações, desenvolve o psicológico, oferece sugestões e

recursos necessários ao desenvolvimento de uma criança. Ouvindo estórias,

recitando um poema, lendo, dramatizando um texto, encenando uma peça de teatro,

de todas essas maneiras, desde cedo, a criança está se divertindo, enriquecendo

sua linguagem e a sua bagagem cultural, e ajustando-se ainda ao mundo afetivo,

liberando seus impulsos. E todas essas modalidades são formas de literatura.

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A Literatura Infantil gera essa ação transformadora na vida da criança, desperta-a

para o mundo e para a vida, buscando desvendar e compreender tudo que estimula

sua curiosidade e, nessa curiosidade está toda a motivação de seu crescimento. Daí

torna-se necessário oferecer-lhe estímulos sadios e enriquecedores fundamentais

na vida psicológica da criança. Nesse sentido, temos como fim mostrar a importância

da Literatura Infantil e sua ação transformadora na vida das crianças de faixa etária

de 0 a 3 anos, em suas várias formas de expressão. Preza-se por acordar para a

necessidade de se compor um entendimento a respeito da importância da Literatura

Infantil na vida da criança devido à preocupação da escassez da leitura na infância.

Nesse sentido, busca-se, pois, uma maneira de evidenciar a Literatura Infantil como

uma ação transformadora que atua na vida da criança.

Considerando o que se tem observado no que se refere ao ensino da Literatura

Infantil para a criança nas escolas pode-se perceber que a criança que entra em

contato com o livro desperta para o mundo e para a vida, sendo capaz de recriar a

história e criar novos mundos. A Literatura Infantil de maneira lúdica envolve a

criança em um mundo imaginário e concreto. De maneira divertida, apresenta

conflitos e soluções fazendo-as perceber que os problemas do dia a dia são

superáveis como as dos heróis do mundo encantado.

A Literatura Infantil tem como fim introduzir o ser humano no mundo da imaginação.

Na Educação Infantil, as crianças terão a oportunidade de entrar em contato com o

livro, abri-lo, tocá-lo, manuseá-lo. Com isso, a criança conhecerá o livro e começará

a entrar nesse misto de sonho e realidade. Os livros nessa fase devem conter

bastantes gravuras, ilustrações, imagens, textos breves ou sem textos linguísticos,

pois ainda não sabem ler a palavra. E para isso, serão estimuladas de maneira

prazerosa e divertidas, por meio de boas leituras, feitas pelos professores.

Na “Primeira Infância”, que corresponde dos primeiros meses até os três anos, a

criança utiliza-se de sua emoção e do sentido – tato para reconhecer o seu mundo,

sendo assim, nesta fase é necessário trabalhar bastante o desenvolvimento da

oralidade. Os livros devem evidenciar cores, ter imagens de animais, imagens de

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familiares entre outros. É necessário saber que tais imagens deverão ser

apresentadas em um tamanho que chame a atenção das crianças.

Na “Segunda Infância”, que corresponde a idade a partir doa 2 ou 3 anos, o

professor passa a ser um mediador, sugerindo uma situação de fácil comunicação

visual. Nesta fase a comunicação verbal e visual é bem mais aguçada, portanto

contar histórias tem que ser atraente assim como os livros e proporcionar à criança

uma viagem ao um mundo de fantasia direcionado pelo texto. É nesta fase também

que o professor deverá instigar o reconto de histórias desenvolvendo a oralidade e a

imaginação da criança.

As histórias têm um objetivo, que é o de desenvolver a autonomia oral da criança, e

esta atentando para o desenvolvimento do prazer em ouvir, contar e criar histórias.

Desenvolver a linguagem é um dos objetivos da Educação Infantil na faixa etária de

0 a 3 anos e os educadores destas turmas precisam interagir com as crianças, que

muitas vezes usam fraldas e chupetas.

3.1 ORIGEM DA LITERATURA INFANTIL

O surgimento da Literatura Infantil se deu partir da tradição oral e vincula-se às

mudanças sociais dos séculos XVII e XVIII, momento em que a família passa a ter

um modelo de família unicelular, passando a ver a infância com outros olhos. Mais

tarde a partir do século XIX com a mudança da concepção de infância, onde esta

passa a ser valorizada socialmente, as narrativas passa a ser contadas para as

crianças com o objetivo de formar.

Inicialmente a ideia de formar surgiu com aspectos moralizadores, pois enxergavam

as crianças como miniadultos e elas deveriam ser educadas de acordo com os

objetivos traçados pelos adultos. Assim, os objetivos planejados à educação das

crianças não se preocupavam com as necessidades da infância. A Literatura Infantil

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era considerada uma forma literária menor por trazer apenas padrões

comportamentais exigidos pela sociedade da época, já que não havia uma

concepção especial de infância. Nesse contexto de fins moralizadores surgem às

primeiras fábulas e após alguns anos depois, aparecem às famosas fábulas de

Esopo, com animais, sendo representado nestas narrativas virtudes e defeitos dos

seres humanos.

No século XVII, começa a surgir histórias da tradição oral pelo famoso francês

Charles Perrault que conseguiu resgatar histórias que eram passadas oralmente

como A Bela Adormecida, A gata Borralheira, Chapeuzinho Vermelho, entre outros,

fomentando nestas narrativas a magia do faz de conta, própria das crianças de

encarar os conflitos cotidianos. No século XVIII, o famoso livro “As mil e uma

noites”, de origem árabe, mostra a importância da criatividade, do conhecimento e

da liberdade na vida dos protagonistas, já que conforme a histórias Sherazade, teve

que usar sua inteligência para continuar prendendo a atenção do rei.

A história da literatura infantil tem relativamente poucos capítulos. Começa a delinear-se no início do século XVIII, quando a criança pelo que deveria passa a ser considerado um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta (CUNHA, 1999, p.22).

No século XIX, surge o livro dos famosos irmãos Grimm, “Histórias para crianças e

famílias.” As mais conhecidas são A Branca de Neve e os Sete Anões, João e Maria

entre outras. Neste mesmo século o dinamarquês Hans Chiristian Andersen vem

com a coleção de contos de fadas. Os contos de fada traz à luz da pedagogia o uso

desta narrativa de forma lúdica trabalhando junto ao cognitivo infantil. O ideal dessa

literatura é fazer com que as crianças a utilizem como forma de prazer e que esta

atividade venha contribuir na formação de suas funções leitoras. Ela vem educar a

emoção das crianças, o entendimento dos problemas dos outros e dos seus próprios

problemas, trazendo experiências escolares com aprendizagens significativas. As

obras que foram surgindo depois estão relacionadas á literatura especificamente

infantil. É a criança a principal representante da Literatura Infantil, pois esta literatura

está tal qual a criança, em constante descoberta de mundos em busca de

explicações, que mesmo quanto mais lógica, é ainda mágica. Uma vez que “A

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criança serve-se do real, justamente, para penetrar em sua fantasia” (JESUALDO,

1978, p.25). Para afirmar o que o autor relatou pode-se verificar com Ostetto (2000),

em seu livro Encontros e encantamentos na educação infantil que:

É por meio de uma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser. “Por isso o cotidiano educativo deve contemplar essa prática de contar histórias, aumentando muitos pontos para a vida humana (2000, p. 51)”.

As histórias infantis trazem consigo uma capacidade de trabalhar com a formação

moral, social e literária, de forma lúdica, levando as crianças a estabelecer uma

relação entre a fantasia e o mundo real.

3.2 O SURGIMENTO DA LITERATURA INFANTIL NO BRASIL

A Literatura Infantil Brasileira surgiu no final do século XIX muito tempo depois do

inicio da europeia. Após a Proclamação da República o Brasil necessitou de se

modernizar e deu inicio a edição de livros infantis para que a sociedade pudesse

absorver novos produtos culturais. A sociedade dessa época passa por grande

transformação desenvolvendo grandes expectativas na área da educação.

No final do século XIX as obras escritas procuravam descrever o Brasil exaltando a

pátria. Nestas obras não havia a preocupação da linguagem, voltada ao público

infantil. Tais obras eram traduções e adaptações de obras estrangeiras. As

traduções eram feitas por Carlos Jansen e Figueiredo Pimentel. Dentre algumas

obras podemos destacar os clássicos de Grimm, Perrault e Andersen, divulgados

nos Contos da Carochinha (1894), nas Histórias da avozinha (1896) e nas Histórias

da baratinha (1896), todos assinados por Figueiredo Pimentel, além de Contos

seletos das mil e uma noites (1882), Robinson Crusoé (1885), As aventuras do

Barão de Münchhausen (1888), dentre outras obras traduzidas por Jansen.

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No século XIX Monteiro Lobato publicou sua primeira obra infantil chamada de A

Menina do Nariz Arrebitado (1921), ele preocupou-se em escrever numa linguagem

dirigida às crianças. Entre 1920 e 1945 desenvolve-se a produção literária para

crianças, aumentando o número de obras, o volume das edições e o interesse das

editoras pelo mercado de livros infantis. O sítio do Pica Pau Amarelo é considerado

o maior clássico da Literatura Infantil seu autor, Monteiro Lobato, criou-o em um

cenário natural e rico pelo folclore brasileiro. Busca em suas criações retratar

características brasileiras na linguagem, nos comportamentos das personagens, na

afetividade e na relação com a natureza.

Em 1950 instala-se no país a crise de leitura, que com o surgimento das histórias em

quadrinhos, estas eram acusadas em ser a causa do desinteresse pela leitura. Nos

anos 1960 e 1970 a Literatura Infantil ganha parceiras na fomentação dessa

narrativa. Nascem instituições preocupadas com a leitura e com o livro infantil com a

Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Essa época reata pontas com

a tradição lobatina, por outras vias.

A literatura brasileira é marcada palas peculiaridades locais. Mas, a principal marca

da literatura infantil é a obra de Monteiro Lobato, dividindo-a em antes e depois do

autor. Com a contribuição significativa deste grande escritor pudemos perceber que

a visão que temos da Literatura Infantil hoje, é diferente da que se propunham no

final do século XVII pelos professores e pedagogos, uma visão utilitária e

pedagógica, com conceitos moralizadores.

3.3 DESENVOLVIMENTO DO IMAGINÁRIO INFANTIL

Na década de 90, já no século XX no Brasil, ocorre uma ampliação sobre a

concepção de infância procurando entender a criança como um ser sócio histórico,

onde a aprendizagem se dá pelas interações entre a mesma e seu entorno social.

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Essa perspectiva sócio interacional que tem como principal teórico, Vygotsky (1982)

enfatiza a criança como sujeito, que faz parte de uma cultura concreta.

Nessa mesma década, houve um fortalecimento ainda maior dessa nova concepção

de infância, garantindo em lei os direitos da criança enquanto cidadã com a criação

do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, em 13 de julho de 1990, e instituído

como Lei Federal n.º 8.069, obedecendo ao artigo 227 da Constituição Federal, cujo

pressuposto básico afirma que a criança deve ser vista como pessoa em

desenvolvimento, sujeito de direitos e destinatários de proteção integral, como já dito

em falas anteriores.

Com o desenvolvimento da Psicologia da Aprendizagem a infância começa a ser

entendida como: etapa importante de preparação para vida adulta, como também

cheia de conflitos, medos, dúvidas e contradições; não por desconhecerem

totalmente a realidade, mas pelo fato de as crianças trazerem em si a imagem

projetada do adulto que, para Vygotsky (1982), quando a criança reproduz o

comportamento social de um adulto em seus jogos, está fazendo uma combinação

do real com sua ação fantasiosa, isto porque a criança tem como necessidade a

reprodução do cotidiano do adulto, o qual ainda não pode fazer como gostaria.

Jean Piaget (1896-1980) chama esse tipo de comportamento, jogos simbólicos,

onde a criança viaja no faz-de-conta, assumindo o papel de herói, astronauta e

outros que a imaginação mandar. Afirmando assim, que a imaginação é a principal

característica da fase infantil.

Para o psicanalista Donald Winnicott (1896-1971), crianças com problemas

emocionais graves, não brincam, pois não conseguem ser criativas já que a

criatividade está ligada a imaginação, por isso se faz necessário estimular cada vez

mais o imaginário infantil, mas sem esquecer-se do primordial, que é sua vida em

sociedade. É a parti da mesma que a criança poderá ter um bom desenvolvimento

tanto mental como social, já que a imaginação depende das experiências vividas.

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A escola sozinha não é a única responsável pela formação integral da criança, mas

tem papel complementar ao da família. Ela percebe na criança facilidades,

dificuldades e outras facetas que em casa não são observadas, muito menos

avaliadas.

Sabe-se que a educação se processa de maneira sistemática nas escolas, porém

existem lugares onde ela ocorre de forma assistemática, por exemplo, na família,

nas igrejas, até mesmo nos meios de comunicação. Por esse motivo o professor

deve respeitar os saberes que as crianças trazem de casa, pois é a família o

primeiro elemento social que influi na educação da criança.

Quando a criança chega à escola trás consigo uma importante experiência e uma

visão de mundo que corresponde ao seu desenvolvimento, experiências, crenças e

educação que recebeu tudo isso deve ser respeitado, mas nem tudo é correto,

apropriado, ou corresponde à realidade. Uma das funções da escola é desfazer

equívocos e ajudar a criança a desenvolver conceitos, critérios e categorias, fazendo

uma relação com imaginação e realidade para que possam entender e lidar com os

conflitos diários de sua vida.

Segundo Coelho (2000), a escola é hoje, o espaço privilegiado, em que deverão ser

lançadas as bases para formação do indivíduo. E, nesse espaço, privilegiamos os

estudos literários, pois, de maneira mais abrangente do que quaisquer outro,

estimulam o exercício da mente; a percepção do real em suas múltiplas

significações; a consciência do eu em relação ao outro; a leitura do mundo em seus

vários níveis e principalmente dinamiza o estudo e conhecimento da língua, da

expressão verbal significativa e consciente – condição sine qua non para plena

realidade do ser.

Nesse sentido, o professor aparece como mediador que estabelece os recursos

necessários para o exercício da mente da criança, onde ela possa refletir sobre sua

própria condição pessoal, a imagem projetada nela pelo adulto e a sociedade em

que vive. Mas para desenvolver a imaginação infantil é preciso motivar as crianças.

A motivação consiste em oferecer estímulos e incentivos. A falta de motivação

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enfatiza Pilletti (2002), pode ocorrer por causa da não satisfação de necessidades

que antecedem a necessidade do conhecimento. Um exemplo é a necessidade de

alimentação, de descanso e de afeto. Em se tratando da imaginação infantil, o

professor influencia sobre ela, fazendo diferença na qualidade da vida imaginativa

da criança.

O faz- de- conta emerge naturalmente como parte do desenvolvimento da criança pequena, mas seu florescimento é encorajado quando os pais e outros adultos contam histórias, leem em voz alta ou interagem ludicamente com as crianças (GIRARDELLO, apud SINGER, 2011).

Não há uma idade para iniciar a educação de uma criança, e isso vale também para

o incentivo a leitura. A leitura é uma atividade que se realiza individualmente, mas

que se insere num conteúdo social envolvendo disposições atitudinais e

capacidades que vão desde a decodificação do sistema de escrita até a

compreensão e a produção de sentido para o texto.

Não se forma bons leitores se eles não têm um contato íntimo com os textos. A

formação de leitores não começa na alfabetização, mas a participação na cultura

escrita que deve começar antes de concluída a aprendizagem da própria escrita.

Realizar leituras com a presença do livro infantil é o primeiro passo a essa

construção. Para isso, não faz falta saber ler e escrever no sentido convencional. É

através da leitura (interpretação) que vai se ascender uma luz para a compreensão

do mundo, formando leitores críticos reflexivos e a parti disso iniciando a libertação

contra a alienação e subordinação dos sujeitos que deve ocorrer logo cedo.

Incentivar a leitura é uma tarefa de uma escola disposta a olhar para frente e não

pra a repetição do passado. Trabalhar com a literatura infantil implica trabalhar com

a incerteza e com a imaginação e não com respostas certas. As certezas nos

deixam no mesmo lugar e a imaginação nos leva na direção do novo. Nesse sentido,

constata-se que a escola deve gerar condições em direção ao novo garantindo que

as crianças tenham possibilidades de se tornarem bons leitores no futuro através da

partilha entre professor e aluno, em que o primeiro atua como guia, apoio, mediador

de cultura e o segundo com o sujeito ativo da aprendizagem.

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[...] leitura de formação de leitores tem por objetivo desenvolver no aluno a familiarização com a língua escrita através da leitura de todo tipo de texto, nunca quantidade tal que o faça gostar de ler e de perceber a importância da leitura para vida pessoal e social, transformando-a num hábito capaz de satisfazer esse gosto e essa necessidade. (CARVALHO, MENDONÇA 2006).

Quando o professor lê para as crianças, mostra-lhes seu próprio comportamento

leitor e contribui para que se familiarizem com o universo letrado. Por isso, é

fundamental que ele prepare sua história ensaiando em voz alta, planejando

intervenções para fazer antes, durante e depois da leitura, de acordo com que

orienta Izabel Solé (1998), antecipando a organização do espaço e a disposição da

criança, e, ainda, determinando o momento estratégico em que interromperá a

leitura para que após, possa.

Conta, conta contador! Conta a história que eu pedi. Quando as crianças têm proximidade com as histórias e os contadores, os pedidos vêm. E o educador deve receber esses pedidos com alegria, mergulhando na paixão do redescobrir os contos. O jeito de contar será uma consequência do desejo de ler histórias para as crianças. No início pode até ser tímido, mas depois tende a crescer (OSTETTO, 2000, p. 97).

Para Ende (1982), existem muitas portas para ir até a fantasia. E existem ainda mais

livros mágicos. Muitos não se dão conta disso. Tudo depende de quem pega um

desses livros. Daí vem à ideia de que dentro do contexto escolar e na perspectiva do

desenvolvimento da imaginação criadora para a formação de leitores, a forma de ler

um livro para as crianças é que faz com que esse objetivo seja alcançado.

Em uma narrativa de um livro infantil, por exemplo, o professor utiliza-se de diversas

maneiras para fazer com que as crianças viagem para mundos misteriosos onde há

fadas, dragões, gigantes e outros seres místicos. A imaginação é fruto de nossas

experiências, portanto, quanto mais ampliarmos essas experiências, maior será

nossa criatividade. No caso das crianças, essas experiências ocorrem através do

meio em que ela vive. Como afirma Vygotsky (1982), a imaginação se constrói a

partir das experiências vividas, ou seja, por tudo que nos rodeia. Sendo assim, pode-

se afirmar que num mundo cheios de tecnologias fica impossível não ter influências

destas, na infância. Nada contra as mídias eletrônicas. Mas... E o livro de história?

Qual o seu lugar na era das mídias eletrônicas?

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O livro infantil, coitado, por mágico que seja, vem sendo substituído pela linguagem sedutora da TV, recortada e vazada pelo olhar do adulto. Sim porque é um adulto quem seleciona, recorta e monta o desenho, o filme, a minissérie. Ás crianças cabe sentar e assistir, quietinhas e passivas, ás peripécias de Emília, sem nenhuma interação que lhes permita construir seu reino encantado interior, porque toda já está dada pela imagem escolhida por outrem (SOUZA, 2010).

A partir das intervenções da teoria de Vygotsky (1982) destaca-se como fator

relevante para a educação, a importância da atuação dos outros membros do grupo

social indivíduo, onde aqui um dos membros mais próximo dentro do contexto

escolar é o professor. Como a escola é o lugar onde se desencadeia o processo

ensino-aprendizagem e o infantil (diferente de situação informal, mas qual a criança

aprende por intervenção em um ambiente cultural) o professor tem o papel explícito

de interferir na zona proximal (é a diferença entre o que o indivíduo sabe com ajuda

de outro e aquilo que sabe sozinho), para provocar avanços nas crianças.

Com intencionalidade dos processos pedagógicos, e objetivo da intervenção se dar

para construção de conceitos. A criança deixa de ser somente o sujeito da

aprendizagem e passa a aprender junto com o outro, o que o seu grupo social

produz em valores, linguagem e conhecimento. Desta forma, é de responsabilidade

do professor “dentro de sala de aula” apresentar os mais diversos valores,

linguagens e conhecimentos, seja a simplicidade de um livro à mais avançada

tecnologia.

Na concepção de Vygotsky (1982) cabe ao educador tanto observar a zona proximal

para orientar o aprendizado no sentido de adiantar o desenvolvimento potencial de

uma criança, tornar-se real. Quanto repassar o ensino do grupo para o individual.

Como o desenvolvimento mental só pode se realizar por intermédio do aprendizado,

conclui-se que, se o ambiente também influenciaria a internalização das atividades

cognitivas no indivíduo, já que o aprendizado gera o desenvolvimento.

A função do professor é garantir as crianças um bom desenvolvimento do

imaginário, pois como diz Donald Winnicott (1896-1971), as experiências imaginárias

na infância dependem uma boa parte a saúde psicológica na vida adulta. Seguindo a

linha de pensamento vygotskyano a criatividade é uma função psicológica de talento

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ou de maturação precoce de uma determinada capacidade mental especial. E é

graças a essa imaginação que hoje existem tantas invenções e descobertas, pois é

por meio do imaginário que o homem levanta novas hipóteses cria e recria coisas.

Com a criança não é diferente, pois ela também é capaz de criar através do faz- de-

conta, onde a mesma reproduz as experiências vividas, principalmente com o

mundo adulto, como defende Girardello (2011) “[...] que contar e ouvir histórias ajuda

as crianças a exercitar a imaginação, e esta por sua vez ajuda no desenvolvimento

estético, afetivo e cognitivo da criança.” Daí a ideia de que os pequenos devem ouvir

histórias desde cedo.

A literatura favorece o desenvolvimento psíquico da criança, mesmo sendo

pequenas, ao ouvirem histórias as crianças absorvem lições para o seu cotidiano,

relacionando, como já dito, o imaginário com o real. Pois, aguçando o imaginário

infantil o professor também estar contribuindo para que a mesma levante hipóteses

do mundo ao seu redor, além de possibilitar o contato com a leitura e a escrita

auxiliando a entrada dos pequenos no mundo letrado de maneira mais prazerosa.

A literatura é vista como um meio de transmissão de cultura e ideias, pois através

delas o homem amplia, transforma e enriquece seu conhecimento. Já a Literatura

Infantil, por sua vez, tem o papel de apresentar o mundo a criança utilizando-se da

emoção, fantasia e entretenimento. A história infantil auxilia a viagem imaginária dos

pequenos, pois a imaginação se alimenta de imagem fabricada em seu interior,

porém não é só isso que gera o interesse das crianças, mas, o tom de voz, as

expressões do rosto, mãos, olhar, ou seja, o copo inteiro do professor pode ser

usado para desenvolver as cenas que envolverão afetivamente e emocionalmente

as crianças.

Desta forma, conclui-se este capítulo com a certeza que o professor pode (e deve)

estimular a imaginação das crianças, despertando ideias, questionando-as de forma

a que elas próprias procurem soluções para os problemas que surjam. Além disso,

ler para elas, procurando estimular as crianças e servir de modelo, ajudando-as a ter

uma verdadeira infância. A participação do adulto no processo de formação leitora

eleva o nível de interesse, enriquece e estimula a imaginação criadora.

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3.4 CONTAR E RECONTAR HISTÓRIAS: UMA FORMA MÁGICA DE

SE DESENVOLVER

Antes dos registros da linguagem escrita, o conhecimento era transmitido oralmente.

A memória humana era o único recurso para guardar e transmitir o conhecimento às

futuras gerações. O maravilhoso ato de contar histórias nos remete a este tempo em

que o homem utilizava-se de sua memória. A contação de histórias revela-se,

portanto, uma arte antiga, porém bem presente nos dias atuais. Essa perpetuação

da contação de histórias se dá pela dinâmica entre os sujeitos envolvidos, que é

quem conta e quem escuta a história. As professoras e membros do grupo Quem

Conta um Conto – Contadores de História da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul explica está interação:

A história contada através da oralidade permite a interação entre contador e ouvintes, já que o corpo e a voz propiciam vivências comunitárias, perdidas na aceleração da vida moderna. Muitos educadores ainda não descobriram o quanto as histórias podem ajudá-los. O principal objetivo de contar uma história é divertir, estimulando a imaginação, mas uma história bem contada pode aumentar o interesse pela aula ou permitir a auto identificação, favorecendo a compreensão de situações desagradáveis e ajudando a resolver conflitos. Agrada a todos sem fazer distinção de idade, classe social ou modo de vida (TORRES, TETTAMANZY, 2008, p.1).

Para alguns autores, como por exemplo, Coelho (1996), há quem conte histórias

para enfatizar mensagens, transmitir conhecimentos, disciplinar, até fazer uma

espécie de chantagem – “se ficarem quietos conto uma história”, “se isso”, “se

aquilo...” – quando o inverso é que funciona. A história na escola é de grande

parceria quando contextualizada e entendida sua verdadeira função na vida do ser

humano e muito mais na vida de uma criança.

Os leitores não se formam com leituras escolares de materiais escritos elaborados expressamente para a escola com a finalidade de cumprir as exigências de um programa. Os leitores se formam com a leitura de diferentes obras que contêm uma diversidade de textos que servem como ocorre no contexto extraescolar, para uma multiplicidade de propósitos (JOLIBERT, 1994).

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A autora Nelly Coelho (2000) ainda afirma que a história é um alimento da

imaginação da criança e precisa ser dosada conforme sua estrutura cerebral. A

história alimenta a imaginação e, por consequência, promove a interpretação daquilo

que foi contado, ajudando a mente discernir e classificar os valores existentes em

direção à interpretação de sua vida real.

Contar histórias é também socializar ideias e opiniões. Em um momento de

contação de histórias a criança que tem espaço para manifestar suas ideias e

opiniões também é um contador de histórias.

A literatura não é como muitos supõem: um passatempo. “É uma nutrição”. Segundo a autora, insiste-se muito na literatura, porque ela é o meio, o caminho para a comunicação, ... é uma comunhão de ensinamentos, de estilos de pensar, moralizar e viver, o mundo parece tornar-se fácil, permeável a uma sociabilidade que tanto se discute... Ela ajuda na fraternidade e auxilia na compreensão. É uma linguagem comum, um elo entre as raças e entre os séculos (MEIRELES, 1979).

A literatura infantil proporciona à criança o desenvolvimento da imaginação, não se

pode permitir que esta ferramenta tão poderosa torne-se um simples passatempo.

Os professores devem levar essa ferramenta, não como, um tampa buracos no

tempo ou até mesmo uma obrigação curricular, mas como uma proposta efetiva a

favor do desenvolvimento de habilidades necessárias a formação de um leitor.

Na escola, que é nosso foco, ao contar uma história o professor deverá utilizar-se da

voz de uma forma mais criativa, para isso será necessário familiarizar-se com o livro.

É através da leitura que a criança descobre novas palavras, entra em contato com a

sonoridade das frases, dos nomes, capta a fluência e a cadência do conto.

Para autores como Carvalho (1975), por exemplo, o conto infantil é como se fosse

uma chave mágica que abre as portas da inteligência e da sensibilidade da criança,

para sua formação integral. A escola torna-se um lugar propício para articular a arte

de contar histórias. Para que esta tal arte atinja os objetivos a que o contador de

histórias se propõe, é necessário que, antes de qualquer coisa, o contador de

histórias opte pelo texto mais adequado e coerente a cada situação, e considerando

a faixa etária.

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Acredita-se, no poder da leitura e da literatura e tal como Coelho (2000), confia na

possibilidade de despertar nas crianças e nos professores o gosto pelas mesmas. A

autora ainda relata que

A história é importante alimento da imaginação. Permite a auto identificação, favorecendo a aceitação de situações desagradáveis, ajuda a resolver conflitos, acenando com a esperança. Agrada a todos, de modo geral, sem distinção de idade, de classe social, de circunstância de vida (SILVA, 1998, p.12).

De acordo com o grupo de contadores de história Morandubetá, o bom contador de

histórias segue alguns princípios. São eles:

1. Escolha uma história de que você goste muito e deseja contar.

2. Leia essa história muitas vezes.

3. Feche os olhos e imagine o cenário, os personagens, o tempo...

4. Escolha a voz para o narrador e para os personagens da história.

5. Exercite seu poder de concentração.

6. Tenha cuidado com sua postura e os vícios de linguagem.

7. Conte para alguém antes de contar para todo o mundo.

8. Na hora de contar, olhe para todos: o olhar diz muita coisa.

9. Seja natural, deixe falar o seu coração e seduza o ouvinte para que ele deseje

ouvir novamente.

Em relação à faixa etária da criança, segundo Coelho (1996), a duração da narrativa

em si depende da faixa etária e do interesse que suscita. Apresentamos no quadro

abaixo, sendo esta a 1ª etapa de preparação para um momento de contação de

histórias que deu início a grandes descobertas.

Os professores, nesta etapa, escolhem a história a ser trabalhada, utilizando-se de

critérios que norteiam esta escolha. É importante que se faça, antes do trabalho,

uma avaliação, no qual as orientações repassadas pelo corpo pedagógico se

baseiam nos interesses das crianças dividindo tais interesses em duas fases como

apresentado a seguir:

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Quadro 1-1ª ETAPA: Escolha da história

Faixa Etária Fase Interesses

De 0 a 3 anos

FASE PRÉ-MAGICA Nesta fase as crianças se identificam com histórias simples de enredo atraente e vivo, e que se aproximem de suas vivências. Brinquedos, animais, humanizados as ajudam a viverem e sentirem os acontecimentos da história.

-Histórias de bichos, brinquedos, objetos e seres da natureza. -Histórias de fadas e bruxas -Contos rítmicos leves lúdicos e bem humorados -bem curtos -Histórias com a criança -Cantigas de ninar

De 3 a 6 anos

FASE MÁGICA

Esta fase é a fase do “conta outra vez”, “conta de novo”. As crianças preferem histórias de animais domésticos, de zoológico, circo, enredos que envolvam alimentos, flores, nuvens, festas, etc. E assim os enredos também se tornam mais longos devido à evolução de seu conhecimento.

-Histórias de bichos -Histórias de fadas e bruxas -Histórias de repetição e acumulativas. -Pequenos contos de fadas com enredo simples e poucas personagens - Poemas -Trava-línguas -Parlendas -Cantigas de rodas

Fonte: Registros de formação da Creche

Na 2º etapa acontece a escolha do método: Mediante a história escolhida deverá ser

escolhido o método que será utilizado na contação de histórias, dentre elas

podemos exemplificar:

- Simples narrativa: Mais antiga de todas as técnicas, não requer o uso de nenhum

acessório, somente da voz e a expressão do narrador;

- Métodos Visuais: usam-se recursos diversos, como por exemplo, figuras, livros,

cartazes, álbum seriados, flanelógrafos.

- Método Envolvente: Usa-se em histórias que trazem músicas, adivinhas,

repetições de forma que o leitor pode ter participação no conto.

- Método Dramático: Professores e alunos utilizam acessórios, fantasias, fantoches,

elementos mágicos, trabalhando coma expressão facial, corporal e modificações

sonoras da voz.

Em seguida para realizar a 3º etapa, que é denominada - o estudo da história: Faz-

se um estudo atento da história para que o contador a conheça muito bem, evitando

erros no momento do conto. Este estudo serve também para fazer algumas

adaptações, como no vocabulário da história se for necessário;

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Na etapa seguinte são utilizadas as estratégias de leitura de Isabel Solé (1998), que

segundo a autora não se inicia a história direta na narrativa. É importante aguçar o

interesse e a curiosidade dos ouvintes sobre a história. Isso pode ser feito através

de conversações, gravuras, perguntas e outros recursos, a proposta da autora esta

estruturada basicamente da seguinte forma. Esta etapa é composta por 3 momentos

onde destacamos a seguir:

4º ETAPA- Discussão anterior à história: neste momento o contador discute com as

crianças intensões de como será a história, o por quês do título, das gravuras e etc.

5º ETAPA- Contação da história: No momento da “Hora do Conto”, o narrador deve

contar a história da forma mais criativa possível, transmitindo aquilo o que a história

quer passar e envolvendo seu ouvinte;

6º ETAPA - Discussão após a história: Faz-se um trabalho onde as crianças são

questionadas de forma a refletirem sobre as ideologias emanadas no texto e

possibilitadas de pensarem criticamente sobre as questões levantadas.

As etapas seguintes vão aos poucos tornando a ideia da leitura um prazer diário,

transmitindo aos envolvidos neste processo o sentimento de constante aprendizado.

Percebe-se então, que contar histórias exige do contador a capacidade de

desprender-se do tradicional e viajar nas asas da imaginação. De acordo com

Barreto (2003), uma história pode ser contada com objetos, com um livro, com uma

folha de papel transformada em dobradura, o contador deve criar formas diferentes

de contar histórias.

A primeira característica de um bom narrador é gostar de contar e ouvir histórias; ele

deve sentir a história, emocionando-se com a própria narrativa a segunda

característica é ter a capacidade de criar, criar e criar.

Muitos estudiosos afirmam que uma boa história pode estimular os bons

sentimentos, ajudar a desenvolver o intelecto, trazer reflexão e conhecimento,

sugerir soluções para os problemas cotidianos e desenvolver virtudes.

O adulto é muito importante para ensinar a criança a gostar de ler. Em uma

publicação titulada de Coleção Itaú de Livros Infantis, promovida pelo Fundo Itaú

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Social (2010), encontramos oito dicas maravilhosas para ajudar a professora se

transformar num grande contador de histórias:

1. Escolha uma história que encante, antes de tudo, a você mesmo, só

assim você vai conseguir encantar a criança.

2. Procure um local agradável e confortável para que você se sinta bem

e a criança se acomode.

3. Tente dar vida aos personagens usando a voz, o ritmo e o seu corpo

inteiro.

4. Divida a narrativa com a criança, dê a ela a oportunidade de repetir a

fala dos personagens.

5. Não fique dando explicações no meio da narrativa, a história deve

bastar para preencher a fantasia infantil.

6. Use olhares enigmáticos, convide a criança a tentar adivinhar o que

vai acontecer.

7. Leia e releia a histórias em várias ocasiões, assim a criança terá

oportunidade de ir descobrindo novos detalhes.

8. Faça perguntas sobre os personagens: Quem é este? Onde está

aquele? O que eles estão fazendo? Permita que a criança participe.

Um dos principais objetivos da escola é desenvolver o hábito da leitura e o gosto de

ler, nas crianças. Mas, fazemos isto, obrigando-as? Devemos acreditar na força

mágica da literatura infantil, para que possamos assim, encontrar formas de

persuadir os alunos para que eles próprios busquem a leitura. Para isto, um caminho

possível é o da contação de histórias, pois, como diz Meirelles:

O gosto de ouvir é como o gosto de ler. Alguém que toma gosto em ouvir histórias, provavelmente, procurará lê-las também. Ou, até mesmo, chegará a escrevê-las, já que “o gosto de contar é idêntico ao de escrever e os primeiros narradores são os antepassados anônimos de todos os escritores” (MEIRELES, 1979).

]

Tão importante quanto o que se faz antes, é o que se deve fazer durante a leitura.

Após conseguir o envolvimento do aluno com o texto que se pretende ler através

das estratégias que o levam a assumir um papel ativo perante o mesmo, inicia-se a

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atividade de leitura propriamente dita. É aqui que o leitor despenderá todo o seu

esforço no sentido de construir uma interpretação possível do texto. Como diz Solé:

(...) Para que um mau leitor deixe de sê-lo é absolutamente necessário que possa assumir progressivamente o controle do seu próprio processo e entenda que pode utilizar muitos conhecimentos para construir uma interpretação plausível do que está lendo: estratégias de decodificação, naturalmente, mais também estratégias de compreensão: previsões, inferências, etc. as quais precisa compreender o texto (1998, p. 126).

Através da leitura as crianças desenvolverão uma autoconscientização de si mesma

e do mundo em que vivem. Há quem diga que contos de fadas seja representação

da vida real, já que nesses apresentam situações que remete a realidade como

dificuldades (inimigos, bruxas, maldades) e momentos de ajuda (amigos, fadas,

anões) e o final é sempre com a conquista do ideal.

Os contos trazem em si um pouco da realidade humana, por esse motivo nunca

envelhecem ou deixam da atrair e aguçar o imaginário infantil até mesmo dos

adultos que ao ouvi-los sentem-se criança outra vez.

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4 LITERATURA INFANTIL : A REALIDADE DE UMA ESCOLA

“Não se pede ao contador um pedaço da vida cotidiana, mas, um grande pedaço de sonho."

(Henri Verneuil, cineasta francês)

A contação de histórias é uma atividade praticada há milênios de anos e que

começou com as primeiras pessoas existentes na humanidade. As histórias eram

contadas e passadas de geração em geração. Para a criança isto contribui em seu

desenvolvimento intelectual despertando o interesse pela leitura e estimulando a

imaginação pelo contato com as representações, personagens e ações que são

narradas em cada história. Realizado nas Salas de educação Infantil da Creche

Alvin Cabral de Souza Campos do Município de Condado, o Projeto a Caixa Mágica,

possui em suas diversas atividades esse mundo maravilhoso da contação de

histórias.

O projeto “A CAIXA MÁGICA”, com o qual se pretende intensificar a prática da leitura

dentro das salas de aula da Educação Infantil da Creche, é uma ação lúdica que

nasceu do desejo de um grupo de professores da Educação Infantil do município de

Condado no ano de 2007, tendo como princípio, proporcionar ao público infantil o

contato com a literatura infantil através da contação de histórias, visto que esta

prática não era realizada de forma adequada e com objetivos direcionados ao prazer

de ler e sim, por preenchimento de espaços vazios na rotina escolar. Além, da

ausência de sistematização (o que fazer antes, durante e depois de uma leitura?) na

realização da prática aqui mencionada.

Esse projeto tem como objetivo incentivar a literatura infantil na escola possibilitando

às crianças e professores a interação com a cultura escrita, bem como, proporcionar

as educadoras uma reflexão no que tange ao desenvolvimento integral da criança

por meio da ludicidade, levando até a escola, além de livros; diversos recursos

pedagógicos que incentivem esta prática como: fantoches, elementos mágicos dos

contos de fada, instrumentos musicais, avental do conto, cenário de fantoches,

tapete de contos e fantasias e outras possibilidades que vão sendo criadas na

sequência do projeto.

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Na sociedade atual, contar e ouvir histórias são possibilidades libertárias de

aprendizagem e uma atividade de suma importância na construção do conhecimento

e do desenvolvimento ético e significativo da criança enquanto ser humano,

utilizando-se do mundo mágico do faz de conta e do desenvolvimento da criatividade

e da imaginação. A criança aprende a converter facilmente as palavras em ideias,

imagina o que não viu e faz com que consiga mergulhar na situação emocional do

personagem, provando diferentes sensações.

A criança passa se divertir, mas também poderá se emocionar através dos livros e

dos diversos recursos oferecidos na caixa mágica. Porém, essa ação pedagógica é

um grande desafio nos tempos atuais. As novas tecnologias trazem a nós este

desafio. Incentivar a leitura através dos contos de fada, contos maravilhosos,

fábulas, lendas e mitos na ascensão das novas tecnologias e na interação intensiva

e significativa das crianças, passam a ser realmente desafiador, mas não impossível.

E é isso que o projeto vem confirmar, a possibilidade de fazer com que as crianças

da Educação Infantil do município se encantem ainda com toda essa magia e se

fascinem com o mundo da leitura.

Considerando a importância das histórias em nossa cultura, à construção da

identidade, ao desenvolvimento da imaginação e à capacidade de escutar o outro e

de se expressar é que temos a certeza da necessidade de incentivar a leitura e de

forma lúdica nas salas de Educação Infantil, favorecendo a ampliação do repertório

das crianças e dos professores, usando o livro, ora esquecido, como ferramenta

importante neste processo.

Durante as visitas, observações e conversas com os profissionais da Educação

Infantil da Creche, identificamos nos depoimentos dos professores que, dentro das

atividades proporcionadas aos alunos no ano de 2007 não existia com frequência,

momentos de Contação de história nem o uso dos livros de literatura infantil, como

uma ferramenta importante. E, conforme entrevista com a direção, quando isto

acontecia, em sua maioria, não se caracterizavam em momentos de encanto e

diversão, consequências de professores que não tinham o hábito de ler, não traziam

consigo o prazer da leitura e que não tinham recursos disponíveis para utilizarem do

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lúdico nessa prática, afirmação resultante das conversas iniciais, realizadas no início

da pesquisa.

Para atingir o objetivo proposto conforme as narrações dos professores, inicialmente

a instituição propôs a eles momentos utilizando-se de recursos diversificados e

oferecendo recursos disponíveis e formação para a execução dessa prática. Por

isso, é que este projeto, numa ação conjunta e com um jeito novo de levar a

literatura aos professores e às crianças, traz momentos divertidos viabilizando a

socialização de experiências e possibilidades de novas construções, associando

essa prática ao trabalho da rotina nas salas da Educação Infantil.

Histórias de fadas, bruxas, de gigantes e de dragões... São narradas para as

crianças e para os professores da Educação Infantil. A Caixa Mágica será aberta e,

está feito o convite para a exploração. Quando, então são descobertos os encantos

das diversas histórias. Esse é o espaço do compartilhar os livros, as histórias, as

opiniões, os personagens, os sentimentos, criando assim, uma situação de

interlocução, tornando a leitura uma experiência significativa.

O B-A- BA pode ensinar a decodificação das palavras, mas não nos oferece os

encantos do mundo mágico da leitura. Segundo o poeta Vagner Carlos (2008), o que

nos coloca em contato com as experiências significativas não é nosso pensamento

racional, mas sim a nossa capacidade de fantasiar e imaginar a vida. Com isso, não

temos a pretensão de dizer que a razão não nos é importante, mas que primeiro é

preciso enxergar os encantos do real.

4.1 HISTÓRIA DO PROJETO

Toda ideia do projeto iniciou a partir de reuniões com os supervisores para serem

identificadas as iniciativas em prol da leitura que estavam ocorrendo nas salas de

aula da creche. Após esse processo aconteceram visitas com objetivo de conversar

e entrevistar os professores e as crianças sobre suas preferências, seus desejos e

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quais as dificuldades e estratégias existentes para realização de momentos de

contação de histórias.

Organizamos as informações levantadas, que possibilitaram o desenho do cenário

real, para definição conjunta de ações a serem realizadas com o intuito de criar

condições adequadas para o trabalho com a leitura e utilização dos livros de

literatura infantil, utilizando-se da prática da contação de histórias com ludicidade.

Das ações previstas, realizamos a primeira Formação Continuada com temas

específicos para a Educação Infantil, onde desta formação nasceu o PROJETO A

CAIXA MÁGICA.

Dando continuidade as ações definidas; reuniões bimestrais, oficinas e visitas nas

salas de aula passaram a ser frequentes, além de oferecermos diversos recursos

organizados dentro de uma caixa, titulados como A CAIXA MÁGICA. Depois do

projeto implantado, a conquista do público foi aos poucos. Primeiro a conquista dos

professores e depois a conquista dos alunos. Quem assistia as apresentações do

Projeto começava a se interessar cada dia mais pelas visitas da Caixa Mágica.

A Caixa Mágica permanecia durante uma semana na sala de aula, seguindo um

cronograma definido pela equipe responsável pelo projeto. Durante esta semana, o

professor planeja suas atividades de sala de aula mediante aos recursos que a caixa

mágica oferece, além de construir outros recursos e criar outras histórias. Neste

sentido, o projeto A CAIXA MÁGICA vem com a pretensão de construir um espaço

também de formação e interação com as crianças e com os professores.

O aspecto lúdico é a essência do trabalho. Os livros são oferecidos de acordo com a

faixa etária. O desenvolvimento comunicativo também se transforma devido há

maneira como é desenvolvida a provocação da oralidade, que leva a criança

recontar histórias e criar novas histórias. Com o programa de formação de

professores para execução do projeto, os professores desenvolveram habilidades

que os permitiam oferecer aos alunos nos momentos de contação de histórias

expressões corporais (no corpo e na fala), que encantava as crianças.

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Elas passam a receber influência até nos gestos, devido a manipulação do corpo e

da voz do professor, e faz uso ao ouvir e recontar as histórias. Essa prática

aumentou a habilidade de escutar da alternativa de diversão e prazer e no professor

aumentou a capacidade criadora e imaginativa da diversidade de materiais que

passaram a construir com a visita da caixa mágica, multiplicando assim os recursos

utilizados na rotina das salas de aula da creche.

4.2 OBJETIVOS DO PROJETO

4.2.1 Objetivo Geral

Incentivar nas crianças e nos professores o gosto pela leitura, utilizando como

suporte pedagógico os livros de literatura infantil através da contação de história e

da ludicidade.

4.2.2 Objetivos Específicos

Promover a discussão acerca da literatura infantil na sala de aula;

Possibilitar vivências de leitura diversificadas, ampliando o repertório

de histórias que os envolvidos conhecem;

Promover o acesso ao livro como um bem cultural, direito de todo

cidadão;

Incentivar o hábito de ler e ouvir histórias com mais frequência;

Selecionar acervo de livros de qualidade, adequada à faixa etária do

público alvo, problematizando os títulos escolhidos;

Desenvolver habilidades de organizar ideias, construir e recontar

histórias, estimulando a leitura como instrumento de informação,

formação e diversão;

Promover encontros pedagógicos com os educadores

envolvidos, como agentes multiplicadores da promoção da leitura.

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Oferecer subsídios de orientação para a prática da contação de

história;

Desenvolver as habilidades de criação de histórias a partir de

desenhos produzidos pelas crianças.

4.3 PÚBLICO ALVO

Professores e Crianças da Educação Infantil na faixa etária de 0 a 3 anos, da

Creche Alvina Cabral de Souza Campos do município de Condado - PE.

4.4 AVALIAÇÃO DO PROJETO

A avaliação do referido projeto se dá através da participação dos educadores e das

crianças, como também das ações pedagógicas levadas à sala de aula, através de

relatórios escritos em observações na realização e frequência das histórias.

A avaliação é uma resposta ao educador para que possa redimensionar sua prática

pedagógica de forma lúdica e prazerosa, nas mudanças necessárias.

4.5 AS METAS PLANEJADAS

Ano 2007

Elevar a frequência de leitura, utilizando a ludicidade, como

ponto de partida;

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Que no término do ano letivo, as crianças tenham conseguido

desenvolver habilidades de organizar ideias, construir e recontar histórias;

Que até dezembro a caixa mágica tenha passado em todas as Escolas

municipais.

Elevar em 10% o estímulo pela leitura, nos educadores e nas crianças.

Ano 2013

Elevar a frequência de leitura utilizando a ludicidade, como ponto de

partida;

Que no término do ano letivo, as crianças tenham conseguido

desenvolver habilidades de organizar ideias, construir e recontar histórias;

Que até dezembro a caixa mágica tenha passado em todas as Escolas

municipais.

Elevar em 10% o estímulo pela leitura, nos educadores e nas crianças.

Fazer uma extensão da CAIXA MÁGICA trabalhando musicalização.

5 METODOLOGIA

A pesquisa é do tipo descritivo com abordagem qualitativa com pesquisa de campo-

estudo de caso.

5.1 CAMPO DE INVESTIGAÇÃO

Apresenta-se aqui o trabalho realizado na prática e expondo o campo de

investigação, descrevendo sinteticamente as salas envolvidas, os instrumentos e

procedimentos metodológicos adotados, bem como os passos de todo processo de

recolhimento de dados.

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O projeto estendeu-se as salas de aula da Creche Alvina Cabral de Souza Campos

do município do Condado –PE, tem a modalidade em estudo – EDUCAÇÃO

INFANTIL. Para o estudo de construção desta investigação, escolhemos algumas

salas a fim de se efetuarem as observações necessárias. Determinado tempo para

este trabalho de campo foi do mês de março ao mês de maio do ano de 2013.

Assim, compõe o campo de crianças em estudo, a seguinte demanda:

Quadro nº 2 – Turma

TURMAS FAIXA ETÁRIA QUANTIDADE

TURMA 1 0 a 1 ano e onze meses 23

TURMA 2 2 anos 27

TURMA 3 3 anos 28

5.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Inicia-se o trabalho de campo com o recolhimento de dados. Assim é exposto aqui

as fases desse processo, seus instrumentos e objetivos.

Quadro nº 3 – Fases, instrumentos e objetivos.

FASES INSTRUMENTOS OBJETIVOS

1ª fase

Conversas informais com os supervisores e professores, durante as formações e reuniões da rede municipal.

Perceber a ideia que os profissionais envolvidos na educação das crianças, têm de infância e quais as estratégias identificadas em prol da literatura infantil.

2ª fase

Entrevista Divididas em 2 - partes

1 - parte - alunos 2 – parte - professores

Aprofundar o estudo com as informações obtidas por parte dos envolvidos na ação.

3ª fase Observação

Intervenção com o Projeto a Caixa Mágica

Inteirar-se das dinâmicas existente na sala em prol a literatura infantil. Observar os interesses das crianças e professores sobre o tema e reações das crianças na contação de história. Detectar a importância da ferramenta- Literatura Infantil

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O público alvo (Quadro nº 3) é constituído por todos os profissionais e crianças

entrevistadas e observadas. Sendo o que se mostra a seguir:

Quadro nº 4 – Público Alvo

Público Nº Total Instrumento Utilizado

Crianças 23 Observação

Crianças 55 Observação/Entrevista

Professores 6 Observação/Entrevista/conversas informais

Supervisores 2 Conversais informais

Direção 2 Conversas informais

Terminada esta fase, procedemos à organização das informações.

5.3 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS

Tem-se nesta fase à organização de toda a informação recolhida e optou-se por

efetuar uma simples análise de conteúdo das conversas, entrevistas e observações.

Todos os dados foram considerados pertinentes e os apresentam através de

pequenos comentários, quadros e gráficos ilustrativos.

Nas conversas informais com os profissionais - supervisores e professores – pode-

se perceber a constante afirmação, no que se refere à importância da Literatura

Infantil no desenvolvimento infantil. Na maioria dos comentários está bem presente a

relação da Literatura Infantil com o desenvolvimento da formação integral da criança.

É perceptível nas falas dos profissionais a visão da literatura infantil como

ferramenta importante no desenvolvimento integral da criança, considerando as

concepções positivas no que se refere à infância.

Na busca da compreensão e explicação de tais concepções, esboça-se em linhas

gerais características das ações pedagógicas dos profissionais envolvidos nessa

fase da investigação e suas práticas a cerca do tema:

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O livro é tido como uma ferramenta importante no incentivo ao desenvolvimento da

criança;

Motivados a criar novos caminhos;

Não trata a leitura como apenas um mecanismo de incentivo a leitura e a escrita,

mas como uma ferramenta de desenvolvimento pessoal;

Recursos disponíveis para contar história

Não sentem dificuldades de contar histórias mudando a voz e etc.

Organizados na rotina escolar

São leitores por prazer.

No que concerne às entrevistas optou-se por efetuar a apresentação e interpretação

de dados com recurso de quadros representativos das concepções dos

entrevistados. Esta fase é dividida em duas partes. Em primeiro lugar realizamos as

entrevistas com as crianças e ao final com os professores.

Na entrevista com as crianças, foi executado apenas com as salas da faixa etária de

2 a 3 anos. Utiliza-se um método de perguntas orais e a resposta era dada com a

escolha de cada um, através de figuras. Os dados obtidos estão agrupados de

acordo com as perguntas.

Quadro nº 5 – O que você mais gosta de fazer em casa? Categoria: PREFERÊNCIAS

Preferências Total

Brincar com brinquedos 19

Assistir televisão 11

Escutar uma história 15

Outras 10

: brincar de toca, pega-pega, pular de corda, solta pipa, desenhar, caminhar com cachorro, comer, ficar com a mãe, brincar de mãe e de filha, lavar roupa, cuidar das galinhas, assistir Xuxa.

Analisando as respostas das crianças neste quadro pode-se perceber que conforme

Vygotsky (1996ª) o brincar com brinquedos exerce uma influência na infância,

embora esse aspecto não seja o mais predominante, pois mediante seus estudos o

que mais predomina nesta fase são as brincadeiras de faz de conta, concluindo que

a característica que define o brinquedo é a situação do imaginar.

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Quadro nº 6 – Na escola o que você gosta mais? Categoria: PREFERÊNCIAS

Preferências Total

Brincar 24

Ouvir histórias

28

Outras 9: recreio, merenda, pintar e correr.

Quadro nº 7 – O que você gosta mais? Categoria: PREFERÊNCIAS

Preferências Total

Livros de histórias 35

Filmes 17

Desenhar 3

Quadro nº 8–Como você gosta mais de ouvir? Categoria: PREFERÊNCIAS

Preferências Total

A tia contando uma história para você 42

Assistindo uma história em DVD 13

Nos quadros de nº 6, 7 e 8 os alunos foram bem categóricos em relação as

respostas , evidenciando a nítida rotina escolar bem marcada com as contações de

histórias por parte dos professores. Aqui, a creche se identifica na vida das crianças

como um espaço das histórias, fomentando a participação dos professores nesta

conquista. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil-

RECNEI a rotina deve ser planejada, mas flexível, tendo nesta rotina o cuidado, o

ensinar considerando as especificidades imaginativas da criança, observem:

A rotina representa, também, a estrutura sobre a qual será organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho educativo realizado com as crianças. A rotina deve envolver os cuidados, as brincadeiras e a situação de aprendizagens orientadas (BRASIL, V.1, 1988, p. 54).

Sendo assim, afirma-se, que a organização do tempo na creche, está ligada às

atividades que objetivam o desenvolvimento integral das crianças e o mais

importante, perceber que com esta organização os profissionais tem em suas

práticas atividades que nutrem as necessidades básicas da infância. Dentre estas

atividades a necessidade de ter no espaço educacional um lugar oferecido à

literatura infantil.

O segundo momento, foi realizado, entrevistas com seis professores da Educação

Infantil que trabalham na Creche Alvina Cabral de Souza Campos. Nesta fase do

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trabalho houve o apoio dos supervisores das escolas envolvidas no projeto. Em

suma objetivo maior nesta entrevista foi o de verificar uma ideia construída ao longo

das entrevistas com os alunos. Os alunos fizeram com que seus professores

demonstrem a eles o prazer de ler, fazendo-se concluir que, o primeiro passo de um

trabalho que queira desenvolver o prazer pela leitura é o de ser um professor

amante da leitura. Nos quadros a seguir apresentam-se os resultados das

entrevistas realizadas. A primeira pergunta é clara e objetiva, e nos dá o pano de

fundo de uma prática formativa a favor do desenvolvimento integral da criança.

Quadro nº 9– Você gosta de ler? Categoria: PREFERÊNCIAS

Preferências Total

Sim 6

Não 0

Quadro nº 10– Que tipo de leitura lhe atrai mais? Categoria: TIPOLOGIA TEXTUAL

Conto maravilhoso Conto de fada Conto popular Fábula Textos bíblicos: Revistas de moda Gibis Textos científicos Notícias Outros: Frases, jornais, poesias

Quadro nº 11– Você ler para seus alunos? Categoria: PRÁTICA PEDAGÓGICA

Resposta Total

Sim 6

Não 0

Quadro nº 12– Qual o tempo destinado a esta atividade? Categoria: PRÁTICA PEDAGÓGICA

Tempo Total

Diariamente 5

Uma vez na semana 1

Tempo livre 0

Não tenho tempo 0

Em todo processo de formação de leitores traz a igual importância dos professores e

alunos dentro deste contexto. Conforme alguns estudiosos são necessários que o

professor tenha ao menos interesse pela leitura para que assim ele possa

desempenhar a função de leitor, bem como o de mediador de leitura.

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Os seis professores entrevistados apresentam em suas entrevistas afirmações

dessa qualidade, o de mediar a leitura a partir de suas práticas.

Reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de

leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que os

professores da creche afirmaram. Ainda enfocam a importância de ouvir histórias e

do contato da criança desde cedo com o livro, realizando estratégias para

desenvolver o hábito de ler, através do Projeto a Caixa Mágica.

Quadro nº 13– Que tipo de texto você lê para seus alunos? (resposta múltipla) Categoria: TIPOLOGIA TEXTUAL

Textos Total

Conto maravilhoso 4

Conto de fada 6

Conto popular 6

Fábula 6

Quadro nº 14 – Quais os recursos que você utiliza na contação de histórias? (resposta múltipla) Categoria: PRÁTICA PEDAGÓGICA

Métodos Total

Envolvente 1

Visuais 6

Dramáticos 6

Fantoches 6

Audiovisuais 5

Quadro nº 15– Qual o comportamento dos alunos? (respostas múltiplas) Categoria: COMPORTAMENTO

Comportamentos Total

Gostam de ouvir/ contar a história 6

Mantem a atenção durante toda história 5

Mantem as normas de comportamento combinadas

4

Expressam alegria, temor, rejeição, etc 6

Participam quando lhes é pedido 5

Reconstroem a narração 3

Comentam e socializam suas emoções e ideias a cerca da história

4

Na categoria relativa ao comportamento das crianças diante da aplicação do projeto

é observado que é explorado o nível de receptividade com que as crianças recebiam

a hora do conto. Assim, observa-se com muita clareza que existe boa receptividade

por parte das crianças, que ficam motivadas e que gostam da forma diferente que as

professoras contam as histórias. Pois a maioria das turmas observadas utiliza de

métodos diversos para cada dia de história e que a Caixa Mágica tem um importante

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papel nesta hora, pois é nela que as professoras encontram todo material que

necessitam para fazer da Hora do Conto um momento importante para cada criança.

Quadro nº 16 – Fazendo uma comparação, as crianças gostam mais da contação de histórias ou de assistir filmes em DVD’s? Categoria: PREFERÊNCIAS

Preferências Total

Contação de histórias 6

Filmes em DVD’s 0

Não tem recurso 0

Não percebe preferência 0

Quadro nº 17 – Apresentação de rotina escolar Categoria: PRÁTICA PEDAGÓGICA

Analisando os documentos oficiais acerca da rotina escolar, entre eles o RECNEI,

este, apresenta uma descrição de atividades permanentes que podem ser:

Brincadeiras em espaços internos e externos;

Roda de histórias; roda de conversa;

Ateliês ou oficinas de desenho, pintura, modelagem e música...

Na Creche Alvina Cabral de Souza Campos é observado que os professores

seguem uma rotina com essas atividades. Dentre as atividades apresentadas, é

evidenciada a hora do conto, que na linguagem do Referencial Curricular Nacional

da Educação Infantil, é titulado de Roda de História. Esta atividade é uma prática

que possibilita a exposição dos sentimentos e emoções da criança, onde na

contação de história as crianças a partir de sua imaginação podem reinventar

personagens, sendo estes, reproduzidos nas brincadeiras, e reviver situações que o

faz de conta promove.

Quadro nº 18 – De que forma você desenvolve a imaginação criadora de seus alunos? Categoria: MOTIVAÇÃO

Brincam como querem com as fantasias da caixa mágica, solicito que fechem os olhos para fazerem viagens imaginárias, brincando com eles, imaginando coisa como animais bruxos, fadas, pegando eles, pedindo que eles inventem coisas para brincar ,desenhando , brincando , inventando histórias, deixando brincar com faz de conta, desenhar, pintar a vontade, com atividades que possibilitem aos alunos espaço para criar suas histórias brincadeiras e desenhos, nas aulas de arte, dando-os diversos materiais para criar, não pensei nisso, desenhando a vontade, passando atividades de arte.

Entrada, recepção: com músicas e orações, atividades 1, hora do conto, higienização, lanche,

recreação, descanso, atividade 2, abertura da caixa mágica, preparação para saída, saída.

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Quadro nº 19 – Qual a participação da escola no incentivo a contação de história? Categoria: MOTIVAÇÃO

Tem material, a escola incentiva a contação de história , a gente conta , pedem que contem histórias para acalmar os alunos, compra materiais para usarmos. Faço por que sei que é bom para meus alunos, a caixa mágica é tudo aqui na creche, fazemos do nosso jeito, não falta material e organização, fornece todos os materiais e livros na faixa etária adequada, a supervisores ajudam neste sentido, o incentivo é por parte das crianças também, conto do meu jeito . o maior incentivo foi a chegada da caixa mágica .

5.4 META DO PROJETO

Este ponto é dedicado aos resultados das intervenções realizadas desde o inicio,

com as ações do projeto em tela, à apresentação e análise das observações

efetuadas nas salas de aula. Acha-se pertinente observar todo envolvimento das

ações da Caixa Mágica com os professores e com os alunos. Apresenta-se nesta

parte do trabalho gráficos obtidos, com as metas alcançadas com o Projeto A Caixa

Mágica.

O primeiro gráfico apresentou o resultado da meta prioritária, fazendo uma

comparação do ano que a instituição iniciou o projeto no ano de 2007 até a presente

data.

Elevar em 10% o interesse das crianças por historias.

Gráfico1: Meta Prioritária

ANO 2013; 97%

ANO 2007; 78%

ANO 2007 ANO 2013

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Nos resultados, podem-se observar, com as intervenções feitas pelas ações do

projeto, algumas metas atingidas, no que concerne aos objetivos propostos. São

elas:

Nas Crianças

-Aumento da concentração e atenção a cada encontro com a leitura;

-Ampliação do repertório literário;

-Aumento da frequência e diversidade de histórias;

- Leitura, contação de histórias ou reconto a partir de observação de

imagens ou lembranças;

-Aumento do nível de leitura e compreensão

-Melhor desenvolvimento das habilidades;

Nos Professores

Professores estimulados a desenvolver a prática de leitura nas escolas,

usando a ludicidade;

Crianças e professores lendo por prazer e não por obrigação;

Aquisição da cultura do livro;

Aumento da circulação de livros e de materiais escrito na sala, exposto

de maneira acessível às crianças;

Atenção na escolha dos livros a serem trabalhados com as crianças;

Planejar as situações de leitura seguindo o esquema: o antes, o

durante e o depois;

Aproximação com o universo infantil;

Numa linguagem gráfica, apresenta-se a seguir, em resumo, os resultados

adquiridos nas observações feitas pelo supervisor e direção da instituição ao qual

passaram a registrar em fichas de avaliação o desempenho dos alunos da área de

linguagem oral e escrita. Os gráficos apresentam resultados dos anos 2007 e o de

2013, podendo assim, ser feito comparações que leva a resultados significativos na

aprendizagem.

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60%

20%

53%

78%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Discriminavisualmente, nome,

figuras, formas,…

Desenvolvimentoda escrita do nome

próprio

Desenvolvimentoda oralidade

Interesse em ouvirhistórias

84%

71%

67%

84%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Discrimina visualmente, nome, figuras,formas, cores, letras e números

Desenvolvimento da escrita do nomepróprio

Desenvolvimento da oralidade

Interesse em ouvir histórias

RESULTADO 2007

RESULTADO 2009

Gráfico 2: Resultado 2007

Gráfico 3: Resultado 2009

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57%

48%

50%

66%

31%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Discrimina visualmente, nome, figuras,formas, cores, letras e números

Desenvolvimento da escrita do nome próprio

Desenvolvimento da oralidade

Interesse em ouvir histórias

Construção e narração de maneira lógica esignificativa

89%

81%

95%

97%

44%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Discriminavisualmente, nome,

figuras, formas,…

Desenvolvimento daescrita do nome

próprio

Desenvolvimento daoralidade

Interesse em ouvirhistórias

Construção e narraçãode maneira lógica e

significativa

RESULTADO 2011

RESULTADO 2013

Gráfico 4: Resultado 2011

Gráfico 5: Resultado 2013

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para propor na escola as inúmeras atividades que envolvem o contexto infantil, com

o objetivo de desenvolver uma proposta a favor da infância, é necessário

desprender-se das aceleradas mudanças e levar-se a um mundo que não anda

contra o tempo. Vive cada época ao seu tempo.

Nesses tempos tão apressados, em que, por vezes, não há lugar para a reflexão e

em que as preocupações materiais se sobrepõem ao prazer das coisas simples, as

histórias poderão desenvolver nas crianças as competências necessárias a uma

infância mais saudável;

No âmbito das histórias a Literatura Infantil tem um importante papel na formação

integral de uma criança, em relação a si mesma e ao mundo que está em sua volta.

Acreditamos que considerar esta literatura como uma ferramenta no

desenvolvimento de práticas docentes a favor da imaginação, é que facilita a

configuração de uma proposta educacional alicerçada na cultura da infância, ou

seja, uma proposta que dê a criança condições necessária a sua educação,

efetivamente, voltada às crianças pequenas.

É preciso também, reconhecer as Novas Tecnologias da Informação e da

Comunicação, como novas formas culturais e que estas também estão inseridas na

cultura infantil nesta era. Porém, não se pode permitir que estas, substituam as

formas culturais mais antigas. Por exemplo, o ato de contar histórias por um

professor é um dos momentos mais marcantes na infância, e fica difícil compreender

um espaço destinado à infância, que não se faça uso do fascinante mundo do faz de

conta, existente na Literatura Infantil. Ela traz em todo seu contexto esse encanto,

desenvolve a capacidade criadora da criança fazendo-a conceber ideais,

construindo sua formação em relação a si e ao mundo que está em sua volta. Da

mesma forma que a televisão, hoje, é necessária á construção de novos conceitos e

concepções, a Literatura Infantil deve ser compreendida como possibilidade de

construção significativa na formação integral da criança principalmente da faixa

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etária de 0 a 3 anos, como um exercício constante da imaginação e como o caminho

mais eficiente na formação integral da criança.

A urgente necessidade de um olhar de compromisso com o desenvolvimento do

imaginário nas crianças, e também nos adultos, dá à Literatura Infantil uma

importante missão de promover o incremento da mesma, como um processo

inovador, que de uma forma lúdica contribui pra maturação e transformação do ser

humano.

Quando é possibilitado às crianças desde cedo um contato agradável com os livros

e, estes adequados a sua faixa etária, ampliamos seu conhecimento e instigamos o

desenvolvimento das mais diversas linguagens. Assim, acreditamos que nessa

época de tantas mudanças, não se faz necessário que instiguemos das salas de

aula de creche a preparação para a leitura e a escrita, mas, que a usemos

paralelamente as outras formas de linguagem, sem deixar de lado a magia da

descoberta, que se permite dos livros de literatura infantil. E de que forma? A

resposta é, sendo criança, pensando como criança permitindo utilizar-se da

Literatura Infantil e seu mundo do faz de conta a favor do desenvolvimento do

imaginário num ambiente sadio e cheio de encantos.

A Escola deve compreender seu importante papel nas vidas das crianças. Sendo a

Escola um dos espaços utilizados por estas crianças, é preciso tomar consciência e

refletir sobre essa época. O conceito de infância que o adulto tem, interfere no papel

da educação dos pequenos e a introdução desfreada das mídias, também influencia

neste conceito. As mais diversas possibilidades de leitura envolvendo a variedade

de recursos , seja dos livros infantis, sejam das mídias, inicia-se desde a família.

Este grupo social tem um papel fundamental no processo do desenvolvimento da

criança em sua infância.

De acordo com as observações, conversas informais e entrevistas, pudemos

perceber que dentro das propostas de sala de aula a maioria dos professores tem

definido o conceito de infância, facilitando ao nosso olhar o processo de construção

da imaginação infantil, utilizando de forma adequada os recursos – livros de

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Literatura Infantil. A prova disto esta nos resultados obtidos numa comparação entre

a utilização de livros e televisão, ganhando apenas, tanto em casa, como na escola,

a atividade que envolve brincadeiras.

Com essa pesquisa é confirmado que na rotina escolar da Creche Alvina Cabral de

Souza Campos existe sim, um lugar para Literatura Infantil e os professores que

afirmam que gostam de ler, realizam adequadamente a vivência literária, utilizam-se

do tempo das aulas para esta atividade. O contar e ouvir histórias são atividades

diárias para a maioria dos professores. Com o projeto “A caixa mágica” os

professores levam em consideração a importância dessa possibilidade na prática

pedagógica, acrescentando em suas rotinas diárias atividades sistemáticas, com a

Literatura Infantil.

Concluímos em observância aos depoimentos e registros de gráficos da instituição

que após a intervenção, é bastante significativo os resultados obtidos com a ação e

o projeto reúne todas as condições possíveis para o melhoramento da prática

pedagógica a favor do desenvolvimento do imaginário infantil nas salas de educação

infantil da creche, sendo valorizado o universo infantil pontuado pelo o maravilhoso,

pelo fantástico enfim, pelo faz de conta. A dramatização e a contação de histórias

são simultaneamente, meios de ler e uma forma diferente de fazer com que os

alunos e professores possam utilizar a favor da leitura sem deixar de lado as

peculiaridades da infância.

No gráfico 2 apresentado na página de nº 58 o interesse das crianças se eleva após

a intervenção com o projeto. Vejamos, no ano de 2007, ano que deu-se inicio ao

projeto, identificamos que 78% dos alunos apresentam interesse por ouvir histórias.

No ano de 2009, após o projeto, a pesquisa apresenta uma elevação de 84% dos

alunos interessados. Percebemos que no primeiro ciclo do projeto o resultado obtido

não alcançou as expectativas e metas planejadas que conforme o apresenta no

primeiro gráfico seria alcançar uma meta de 10% de elevação no interesse por ouvir

histórias. No ano de 2011, iniciou-se com uma porcentagem inferior aos anos

anteriores com 66%. No ano de 2013 aos primeiro meses de aulas, mediante as

avaliações iniciais do ano obteve-se um valor de 94% de interesse das crianças

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pelas histórias ficando assim claro, o alcance da meta ora planejada no inicio do

projeto. Neste ano iniciou um trabalho de formação com os professores e assim

alcançou a meta almejada de 10% de crianças interessadas em ouvir história.

Mesmo com toda diversidade tecnológica na escola, essa ação da creche trouxe as

crianças e professores a adentrar no mundo da fantasia, deixando de lado as

aceleradas propostas pedagógicas, e construindo ao longo do projeto uma proposta

rica em atividades de encantamento.

Esse trabalho não tem a pretensão de buscar certezas pedagógicas, ensinar

receitas, mas oferecer e trazer à reflexão temas que envolvem a infância. Pois

nunca se fez tão necessário, discutir nessa era o lugar do ERA UMA VEZ, do mundo

do faz de conta. Esperamos com essa pesquisa incentivar professores da Educação

Infantil, mas especificamente nas salas de aula de creche reservar um lugar na

rotina escolar para o faz de conta, tendo como ferramenta a Literatura Infantil

através de livros e podendo oferecer um melhor lugar para se viver a infância e

preparar futuros leitores com mais capacidade criadora e, formadores de opinião. A

proposta considerada é mais do que trazer coisas novas, é trazer um novo jeito de

ver as coisas que já existem. É necessário pensar qual a missão dos professores e

da escola diante do desenvolvimento da INFÂNCIA.

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APÊNDICE I

ENTREVISTA I - Crianças

TURMA________

Idade _____anos

O que você mais gosta de fazer em casa?

*Utilizar figuras para as respostas

Brincar com brinquedos ( )

Assistir televisão, DVD”s ( )

Outras respostas ( )

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

Na escola o que você gosta mais?

Brincar ( )

Ouvir histórias ( )

Outras respostas ( )

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

O QUE VOCÊ GOSTA MAIS

( ) livros de histórias

( ) filmes

( ) desenhar

COMO VOCÊ GOSTA MAIS DE HISTÓRIAS

( ) A tia contando uma história para você

( ) Assistindo uma história em DVD

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APÊNDICE II

ENTREVISTA II- Professores

Professor (a) da Educação Infantil fase ______anos

Você gosta de ler? ( ) sim ( ) não

Que tipo de leitura lhe atrai mais?

( ) conto maravilhoso ( ) conto de fada ( ) conto popular ( ) fábula ( ) notícias

( ) textos científicos ( ) gibis ( ) revistas de moda ( ) textos bíblicos

Você ler para seus alunos? ( ) sim ( ) não

Qual o tempo destinado a esta atividade?_______________________________________________

Que tipo de texto você lê para seus alunos?

( ) conto maravilhoso ( ) conto de fada ( ) conto popular ( ) fábula

Quais os recursos que você utiliza na contação de histórias?

( ) envolvente ( ) visuais ( ) dramáticos ( ) fantoches ( ) audiovisuais

Qual o comportamento dos alunos?

( ) gostam de ouvir/ contar a história

( ) mantem a atenção durante toda história

( ) mantem as normas de comportamento combinadas

( ) expressam alegria, temor, rejeição, etc

( ) participam quando lhes é pedido

( ) reconstroem a narração

( ) comentam e socializam suas emoções e ideias a cerca da história

Fazendo uma comparação, as crianças gostam mais da contação de histórias ou de assistir filmes em

DVD’s?

___________________________________________________________________

Como é realizada a rotina da Educação Infantil?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________

De que forma você desenvolve a imaginação criadora de seus alunos?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

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ANEXO

ARQUIVOS FOTOGRÁFICOS

Figura 2 -Elementos da Caixa Mágica

Figura 1 – A Caixa Mágica