matematica na educação infantil esab
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Matemática e a educação infantilpedagógicoTRANSCRIPT
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Copyright 2007, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil
MDULO:
ENSINO DA MATEMTICA PARA EDUCAO INFANTIL
AUTORIA:
Ma. CLAUDIA AMIGO
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Mdulo De: Ensino Da Matemtica Para Educao Infantil
Autoria: Ma. Claudia Amigo
Primeira edio: 2007
Todos os direitos desta edio reservados
ESAB ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA
http://www.esab.edu.br
Av. Santa Leopoldina, n 840/07
Bairro Itaparica Vila Velha, ES
CEP: 29102-040
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APRESENTAO Estudante,
Este material apresenta um referencial terico sobre o Ensino da Matemtica na Educao
Infantil, cujo objetivo lhe apresentar a importncia do ensino da Matemtica para a
Educao Infantil atravs de abordagens pedaggicas, assim como instrumentos eficazes de
construir planos de ensino e projetos educacionais possibilitando-lhe assim, um fazer
pedaggico capaz de lhe impulsionar e lhe motivar a buscar novos valores, novas aes e
novas posturas educacionais.
tambm nosso desejo que este material venha a lhe acender o desejo eminente de
pesquisar, ler e contextualizar prticas pedaggicas realizadas no panorama educacional.
Urge, pois lembrar, que o compromisso do educador reflete-se na sua corporeificao
atitudinal e no seu comprometimento dialtico entre os pares educativos. Lembrando que
"ensinar recordar ao outro que ele sabe tanto quanto voc".
A emoo e o prazer que permeiam esta ao estaro refletidas nas nossas conversas,
ainda que on-line.
Sua Educadora,
Prof. Ma. Claudia Amigo
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OBJETIVO Abordar uma educao matemtica na perspectiva de um processo de aprendizagem no
qual as crianas possam construir seu conhecimento atravs da investigao e da interao
em ambientes dentro do contexto ao qual pertencem. Priorizando aes como:
Reconhecer a importncia da Cincia da Matemtica na Educao infantil;
Discutir a formao dos conceitos matemticos na criana;
Apresentar alguns recursos que envolvam a Matemtica presente nas atividades
ldicas infantis;
Abordar a contribuio de Piaget e Vygotsky no ensino da Matemtica;
Principais contedos abordados na linguagem matemtica;
A criana como solucionadora de problemas no seu ambiente;
Metodologia para o ensino da Matemtica nas reas proposta pelas diretrizes
curriculares;
Contribuies do uso do computador como ferramenta para o ensino da Matemtica.
EMENTA Histria da Cincia Matemtica. Aquisio de conhecimentos necessrios ao docente para
favorecer a construo de conceitos matemticos pelas crianas na Educao Infantil;
abordando questes referentes ao conhecimento fsico e lgico-matemtico; construo da
noo de nmero e espao; resoluo de problemas e valorizao das brincadeiras e jogos;.
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aspectos estruturais dos contedos bsicos da Matemtica e o uso do computador como
ferramenta pedaggica no ensino da Matemtica.
SOBRE O AUTOR Claudia Amigo:
Mestra em Informtica pela Universidade Federal do Esprito Santo, 2000;
Graduada em Matemtica pela Universidade Federal do Esprito Santo, 1994;
Trabalha com Educao h mais de 13 anos, alm de atuar na rea de Informtica.
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SUMRIO UNIDADE 1 ........................................................................................................... 9
O Ensino da Matemtica nos Dias Atuais ......................................................... 9 UNIDADE 2 ......................................................................................................... 13
A Cincia da Matemtica ................................................................................. 13 UNIDADE 3 ......................................................................................................... 18
Significado e Sentido ....................................................................................... 18 UNIDADE 4 ......................................................................................................... 24
A Psicologia e a Educao Infantil................................................................... 24 UNIDADE 5 ......................................................................................................... 30
Desenvolvimento, Aprendizagem e Educao: a influncia da abordagem Piagetiana na escola ........................................................................................ 30
UNIDADE 6 ......................................................................................................... 35 Desenvolvimento, Aprendizagem e Educao: a influncia da abordagem de Vygotsky na escola. ......................................................................................... 35
UNIDADE 7 ......................................................................................................... 41 A Matemtica na Educao Infantil ................................................................. 41
UNIDADE 8 ......................................................................................................... 46 A escrita dos nmeros pelas crianas ............................................................. 46
UNIDADE 9 ......................................................................................................... 51 Contedo das Propostas Curriculares para Educao Infantil ........................ 51
UNIDADE 10 ....................................................................................................... 56 Intercomunicao e Linguagens ...................................................................... 56
UNIDADE 11 ....................................................................................................... 61 Linguagem Matemtica .................................................................................... 61
UNIDADE 12 ....................................................................................................... 67
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Crianas de 0 a 3 anos: Objetivos e contedos .............................................. 67 UNIDADE 13 ....................................................................................................... 75
Correntes da Educao Matemtica................................................................ 75 UNIDADE 14 ....................................................................................................... 82
A Importncia da Atividade Ldica .................................................................. 82 UNIDADE 15 ....................................................................................................... 89
Por que Importante Brincar .......................................................................... 89 UNIDADE 16 ....................................................................................................... 96
Como Propor as Brincadeiras .......................................................................... 96 UNIDADE 17 ..................................................................................................... 103
Registros das Brincadeiras ............................................................................ 103 UNIDADE 18 ..................................................................................................... 109
Reflexes da Avaliao e Novos Paradigmas ............................................... 109 UNIDADE 19 ..................................................................................................... 115
Momentos de Avaliao ................................................................................. 115 UNIDADE 20 ..................................................................................................... 120
Desafios no Processo de Ensinar o Conceito de Nmero ............................ 120 UNIDADE 21 ..................................................................................................... 125
Como Organizar o Trabalho Educativo? ....................................................... 125 UNIDADE 22 ..................................................................................................... 130
Tipos de Conhecimentos: Piaget ................................................................... 130 UNIDADE 23 ..................................................................................................... 139
Aplicao dos Conceitos Bsicos de Piaget em Relao a Classificao .... 139 UNIDADE 24 ..................................................................................................... 146
Resoluo de Problemas na Matemtica na Educao Infantil .................... 146 UNIDADE 25 ..................................................................................................... 153
Planejando o Trabalho com Resoluo de Problemas ................................. 153 UNIDADE 26 ..................................................................................................... 160
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A Importncia das Crianas Elaborarem seus Prprios Problemas ............. 160 UNIDADE 27 ..................................................................................................... 168
Educao e Tecnologia.................................................................................. 168 UNIDADE 28 ..................................................................................................... 174
Informtica Educacional ................................................................................. 174 UNIDADE 29 ..................................................................................................... 181
Informtica na Educao Matemtica ........................................................... 181 UNIDADE 30 ..................................................................................................... 185
Consideraes sobre o Uso de Softwares na Educao Infantil .................. 185 GLOSSRIO ..................................................................................................... 190
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 203
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UNIDADE 1 Objetivo: Contextualizar, o cenrio do ensino da Matemtica nos dias atuais e a relao professor e aluno.
O Ensino da Matemtica nos Dias Atuais
Qual a reao dos nossos alunos quando o assunto Matemtica? Essa inquietao me
deixa cada dia mais inconformada em relao ao ensino da Matemtica, no contexto
escolar, visto que a mesma faz parte da nossa vida diria e, no entanto, muitos de nossos
alunos se julgam incapazes de compreender essa cincia. Ser pela forma que a mesma
trabalhada na escola? Ser pelo mito de que esta difcil e quem a compreende gnio?
Ser que o professor est somente reproduzindo exerccios, por ele repetido em sua vida
como docente? E as universidades, que so as agncias formadoras desses profissionais,
como esto trabalhando esta questo? Ou ainda: Ser que esto sendo pagos para
reproduzir o que j est a - ou seja, manipulador para manipular?
Vestimos a carapua de que ela completamente difcil e no destinada a compreenso
de todos. Mas enquanto professores de Matemtica, muitas vezes, ns nos apropriamos
desse SABER para determos o PODER. Se pararmos para pensar, qual a disciplina que
mais reprova na escola hoje? A resposta certamente est na MATEMTICA e, no entanto,
esta cincia est presente em cada momento de nossas vidas. A, fica claro que a
Matemtica como vem sendo trabalhada nas escolas, pode ser retirada do currculo, pois a
mesma no leva o aluno construo, nem mesmo ao aproveitamento dessa cincia em sua
vida conduzindo-o apenas ao fracasso, frustraes e reprovaes.
Agora que j detectamos alguns problemas com o ensino da Matemtica hoje, resta-nos
agora, tentar solucion-los. E como todos os problemas; vamos buscar a soluo do incio,
ou seja, partindo da Educao Infantil, que a porta de entrada da criana na escola e,
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segundo Piaget, preciso levar a criana a reinventar aquilo que capaz, ao invs de se
limitar a ouvir e repetir.
A Matemtica iniciada, na Educao Infantil, com a seriao, classificao, conservao e
assimilao. Se a criana formular esses conceitos na Educao Infantil certamente isso
auxiliar no decorrer de toda sua vida, no entanto, no contexto da Matemtica, de nada
adianta trabalharmos com smbolos se elas ainda no formularam esses conceitos. Com
uma iniciao correta, as crianas sero capazes de aprender Matemtica e se hoje ela
considerada difcil, para a maioria das crianas, certamente porque ela est sendo imposta
sem qualquer considerao pela forma como as crianas aprendem ou pensam.
A criana deve ser estimulada para a descoberta ao invs de ser ensinada pelo professor e,
todo e qualquer erro Matemtico que a criana cometer dever automaticamente ser
corrigido por ela para que ela construa o conceito correto e, jamais, essa correo pode ser
desconsiderada pelo professor, pois a tica do professor no a mesma do aluno.
Relacionamento: Professor e Aluno
O relacionamento professor e aluno; o ambiente em sala de aula e a postura profissional do
professor so fatores importantes para a compreenso do ensino da Matemtica. Se o
professor um profissional crtico, aberto capaz de auxiliar o aluno nas suas descobertas
matemticas, automaticamente, esse aluno ir ousar mais em suas descobertas, mas se o
professor limitar-se a ditar normas, regras e smbolos, consequentemente, o aluno ousar
menos e as suas chances de gostar de Matemtica e ampliar seu raciocnio lgico sero
menores com isso, o ambiente em sala de aula torna-se tenso e de difcil produo de
conhecimentos.
Acredito que ns, enquanto professores dessa cincia, precisamos estudar; aprofundar-nos
na didtica da Matemtica, pois a maioria quase no l e escreve pouco, limitando-se a
repetir smbolos.
Precisamos rever os contedos por ns trabalhados na escola e se esses vm ao encontro
da nossa realidade escolar. Segundo Rangel (1992, p.17): Os contedos no so
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organizados nem selecionados, levando em considerao a forma como as crianas
constroem o seu pensamento, isto , a sua maneira pr-lgica de pensar a realidade. Se, o
contedo ensinado tomado como absoluto e, como um fim em si mesmo: no se
respeitando e valorizando os erros infantis, ou seja, as manifestaes da criana. Em como
ela est concebendo, naquele momento, a realidade, na sua maneira de pensar. Dessa
forma, a nica coisa que conseguimos fazer com que a criana no se sinta bem no
ambiente escolar, dificultando cada vez mais o processo de ensino aprendizagem.
Como trabalhar com todas essas diferenas se o profissional no se sente preparado para
toda essa realidade. A maioria dos futuros professores confessa no saber ensinar
Matemtica e no gostar dessa cincia. Afirmando que haviam escolhido o curso de
Pedagogia por acharem que no teriam muito de Matemtica. Eles mostram no gostar de
Matemtica e acham-se incapazes de entend-la. Esses futuros professores consideram que
quem "sabia" matemtica era um gnio.
A histria se repete e, consequentemente, os problemas com relao ao ensino da
Matemtica agravam-se cada vez mais. Para mudarmos essa concepo precisamos
quebrar algumas barreiras e tabus, que trazemos conosco, em relao Matemtica e
conhec-la melhor, pois ningum gosta do que no conhece. (PIRES, acesso em 26 nov.
2007).
Como estudo complementar, o aluno deve fazer uma leitura do captulo 1 do livro A
Matemtica na vida cotidiana e do captulo 2 de Na vida, dez; na escola, zero.
SCHLIEMANN, Analcia Dias; CARRAHER, David William; CARRAHER, Terezinha Nunes.
O fato do professor no se identificar com a Matemtica interfere no seu desempenho?
Justifique sua resposta.
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As dificuldades dos professores em relao ao ensino da Matemtica podem estar atreladas a sua formao acadmica? Faa uma reflexo sobre sua formao e analise no que ela contribuiu ou deixou de contribuir para sua prtica.
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UNIDADE 2 Objetivo: Conhecer a histria da cincia da Matemtica e sua relao com os contedos para crianas.
A Cincia da Matemtica
A palavra matemtica origem grega e corresponde a conhecer, aprender. A palavra
mathema significa o que ensino, todas as formas de conhecimento. Ao longo da histria o
ser humano construiu seus conceitos matemticos atravs da utilizao de objetos concretos
(pedras, sementes.), para contar seus pertences, limitar territrio e construir objetos.
importante buscar na histria da Matemtica, fundamentos para internaliz-los, pois as
teorias dificilmente mudam, mas as prticas podem ser aperfeioadas constantemente. A
cincia Matemtica est presente em nosso dia a dia, e foi para atender as nossas
necessidades que a cincia Matemtica foi criada e vem se desenvolvendo a partir das
mudanas ocorridas no ser humano e na sociedade.
Voc j usou muitas vezes os nmeros, mas ser que j parou para pensar sobre como
surgiram os nmeros? Como foram as primeiras formas de contagem? Como os nmeros
foram criados? Ou, ser que eles sempre existiram?
Podemos relatar esse desenvolvimento atravs dos registros histricos:
No Paleoltico Inferior, quando o homem vivia da caa e da coleta, competindo com outros
animais, ou seja, dependendo essencialmente da natureza, utilizava apenas as noes de
quantidade e tamanho maior, menor, mais, menos e algumas formas e simetrias na
confeco de porretes. Era esse o conhecimento que se fazia necessrio.
No Paleoltico Superior, o homem continuava predador nmade, porm, j utilizava
instrumentos mais engenhosos como armadilhas rudes, arcos, flechas para caar, cestos
para coleta, canoas rsticas para se locomover. No usava mais s pau e pedras, mas, sim,
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ossos, peles, cips, fibras. Para confeccionar esses instrumentos evidente que ele passou
a adquirir novos conhecimentos matemticos. Como exemplo, podemos citar a confeco de
um cesto, que alm da noo de contagem exige a noo de forma, simetria, interior/exterior.
A Matemtica passou a ter representaes simblicas: palavras indicando os primeiros
nmeros e formas e desenhos pictogrficos que eram marcos para talhos e desbastes na
madeira, pedra ou osso.
Existe na histria o exemplo de como, no pastoreio, o pastor usava vrias formas para
controlar o seu rebanho. Pela manh, ele soltava os seus carneiros e, para cada carneiro
que saia para o pasto uma pedrinha era guardada em saco de couro. No final do dia, quando
os animais voltavam do pasto, era feita a correspondncia inversa, onde, para cada animal
que retornava, era retirada uma pedra do saco. Se no final do dia sobrasse alguma pedra,
porque faltava algum dos animais e se algum fosse acrescentado ao rebanho, era s
acrescentar mais uma pedra. A palavra que usamos hoje, clculo, derivada da palavra
latina calculus, que significa pedrinha.
O homem, que at ento conseguia sobreviver graas eficincia de seus instrumentos e
armadilhas e, em virtude dessa mesma eficincia, conseguia o aumento da populao ,
comeou a ter problemas porque a natureza no gerava o suficiente. Assim, esse homem
comeou a cultivar plantas e a domesticar animais, diminuindo sua dependncia em relao
natureza, e transformou-se em produtor, perdendo sua caracterstica de predador
nmade dando origem a outro homem e a outro perodo histrico, denominado Neoltico.
No Neoltico, surgiram novas necessidades provocando novos conhecimentos como, por
exemplo: A fertilidade, ou no, da terra fez com que o homem desenvolvesse tcnicas de
plantio, colheita, armazenamento e cozimento. Da condio de ter que plantar surgiu a
construo de cabanas que, para serem confeccionadas, exigiam conhecimentos de
medidas, o que era feito com palmos ou passos. Assim, o conhecimento matemtico evoluiu
e, com essa evoluo, surge o saber prtico, como receitas para a sua sobrevivncia e
comodidade no dia a dia.
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No inicio da Antiguidade surgiram outras novidades como comrcio, construes, posse da
terra, navegao, calendrio de 365 dias, relgio do Sol, balana, fundio de metais, baco,
notao decimal, algumas fraes, alfabeto e outros. O trabalho manual acabou sendo
considerado indigno para os homens livres, que ficaram com a funo de pensar. Surgiu o
caminho das abstraes e a Matemtica avanou principalmente no ramo da Geometria.
Cincia matemtica no Contexto Infantil
As noes matemticas (contagem, relaes quantitativas e espaciais, etc.) so construdas
pelas crianas a partir das experincias proporcionadas por suas interaes com o meio,
pelo intercmbio com outras pessoas, conhecimentos e necessidades que podem ser
compartilhados. As crianas tm, e precisam ter; vrias experincias com o universo
matemtico; experincias essas, que lhes permitem fazer descobertas, tecer relaes,
organizar o pensamento, o raciocnio lgico, situar-se e localizar-se espacialmente.
Configura-se desse modo, um quadro inicial de referncias lgico-matemticas que como
iro requerer outras, sero ampliadas. So manifestaes de competncias, de
aprendizagem; advindas de processos informais, da relao individual e cooperativa da
criana em diversos ambientes e situaes de diferentes naturezas, sobre as quais no se
tem planejamento e controle.
Para Rosa Neto (2002), devem-se levar em conta as etapas da evoluo Matemtica quando
se estuda o gnese do conhecimento da criana. Foi ele quem estabeleceu um paralelo
entre a histria da Matemtica e o desenvolvimento da criana. Rosa Neto ainda ressalta que
uma excelente hiptese de trabalho desde que se considerem as diferenas regionais e
que as crianas de mesma idade podem estar em diferentes estgios do desenvolvimento.
A Matemtica construda nos objetivos, caracterstica do Paleoltico, sugere atividades para
crianas com idade pr-escolar.
As receitas prticas, construdas em atividades do cotidiano, caractersticas do Neoltico,
sugerem atividades de operaes concretas para crianas de primeira a quarta srie.
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Uma das formas utilizadas pelo professor usar o cotidiano das crianas, a realidade na qual
vivem, associando-os com a Matemtica, pois elas precisam de contedos que lhe sejam
significativos. fundamental que haja motivao por parte do educador para que o mesmo
possa despertar, na criana vontade em participar, criar, desenvolver e construir,
buscando, assim a construo do conhecimento. J que a histria nos mostra que a partir
deste despertar que h motivao para aquisio do conhecimento.
Uma caracterstica da criana a curiosidade, proporcionar jogos e brincadeiras que
envolvam a Matemtica possibilitar que a mesma desenvolva conceitos e operaes
matemticas, socializao, criao, construo do novo, e outras noes que podem ser
construdas por elas mesmas.
A estratgia de uso dos jogos e as brincadeiras permitem ao professor explorar estes
momentos de prazer e imaginao junto s crianas nas atividades dirias desenvolvendo as
capacidades de raciocnio lgico-matemtico, bem como o desenvolvimento fsico, afetivo e
cognitivo das mesmas.
Desta forma, partimos do pressuposto que o professor precisa conhecer o histrico da
Matemtica para que tenha subsdios tericos para embasar a sua prtica pedaggica, bem
como proporcionar jogos e brincadeiras nas aulas. Agindo assim, far com que a criana
internalize melhor o contedo, relacionando a Matemtica com o cotidiano, desenvolvendo o
raciocnio lgico-matemtico. Os momentos de meras brincadeiras e interao com
materiais pedaggicos devem ser explorados pelo professor, visando o conhecimento da
Matemtica de forma ldica.
Assim, trabalhar a Matemtica na Educao Infantil proporcionar criana a compreenso
da realidade e das relaes que estabelece entre os objetos. O educador deve aproveitar o
conhecimento prvio das crianas para melhor ampli-lo.
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Faa um estudo nos 4 primeiros captulos do livro de referncia: TOLEDO, Marlia; TOLEDO,
Mauro. Didtica da Matemtica: como dois e dois:A construo da Matemtica So Paulo:
FTD, 1997.
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UNIDADE 3 Objetivo: Descrever a origem das habilidades matemticas na criana, como formam inicialmente conceitos matemticos, a partir da teora e prtica .
Significado e Sentido
A partir do nascimento, o sujeito recebe do mundo que o rodeia, elementos indispensveis
ao seu desenvolvimento. O contato fsico, a fala, a utilizao do espao na comunicao,
enfim, muitas experincias interativas lhe so apresentadas, as quais lhe permitem a entrada
nas relaes sociais, altamente enriquecedoras.
Pensamentos e aes determinam uma dada cultura; por sua vez, a cultura determina os
pensamentos e as aes resultantes. Os diferentes grupos sociais constituem culturas
especficas. Cada qual possui peculiaridades caractersticas s suas necessidades grupais.
O sujeito torna-se conhecedor das vivncias histricas e culturais dos diversos parceiros do
dia a dia, participa ativamente dessas experincias se tornando consciente de todos os
valiosos momentos de relao social. Futuramente, essas inmeras oportunidades lhe
proporcionaro a chance de tambm usufruir do poder argumentativo.
A partir do entendimento do ser humano como um ser complexo, caracterizando-se como
sujeito participante e ativo nas relaes com os outros que se constitui cognitivamente,
consideramos relevante acentuar a congregao dos conhecimentos especficos em cada
universo cognitivo, com caractersticas prprias as quais se juntam para formar o
conhecimento global (sem perder, no entanto, a sua especificidade).
Se algum nos perguntar o que quer dizer meios de transporte, tentaremos explicar o
significado da expresso de forma a levar o interlocutor a pensamentos objetivos e
concretos, de forma que o deixe sem dvidas ao final da explanao.
Agora, vamos penetrar em um espao quase irreal, de to poderoso: o mundo do
processamento da linguagem e desfrutar um pouco da dinmica desse jogo.
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A grande mgica (real) no movimento da linguagem encontra-se na transcendncia do limite
do palpvel. Ao mesmo tempo em que podemos obedecer s regras objetivas de
determinada lngua, para explicarmos os significados dos vocbulos ou o seu sentido
restrito, superamos esse limite atravs da subjetividade e ampliar o sentido para os
desdobramentos necessrios cognitivamente (compreenso). A partir de uma ferramenta til
a todos, a fala; atravessamos a linha da compreenso objetiva, ou generalizada e concreta
do mundo que nos rodeia e penetramos na compreenso subjetiva e nica, certamente
diferente em cada um de ns. Molon (2000) cita o estabelecimento da relao que se
constitui entre os sujeitos e a possibilidade dos mesmos penetrarem no mundo dos sentidos
individualmente, afirmando que ... o sujeito estabelece a relao pela significao, j que
esta transita nas diferentes dimenses do sujeito: ela atravessa o pensar, o falar, o sentir, o
criar, o desejar, o agir, etc. (p. 11).
As marcas de um universo grupal ficam registradas na Histria. Cada sujeito participa do
processo de formao do registro, de acordo com os objetivos especficos. Dentre esses
objetivos, podemos citar a comunicao como um dos mais importantes: a necessidade em
comunicar-se fez com que o ser humano recorresse a alguns instrumentos que o
satisfizessem. Com a descoberta da fala como meio de transmisso dessa necessidade, o
homem conseguiu construir seus pensamentos, formulando hipteses, operando a memria,
a lgica, formando conceitos e demonstrando a sua afetividade.
O trabalho biolgico do neocrtex fez do ser humano a grande diferena para com os demais
organismos vivos. Oliveira (2005) confirma as afirmaes com o seguinte excerto: O
surgimento do pensamento verbal e da lngua como sistema de signos crucial no
desenvolvimento da espcie humana, momento mesmo em que o biolgico transforma-se no
histrico [...]. O surgimento da lngua atribudo, por Vygotsky, necessidade de intercmbio
dos indivduos durante o trabalho, atividade especificamente humana (p. 10).
O sujeito interage no/com o meio, o qual lhe oferecer os caminhos para adquirir o
conhecimento, ou seja, o meio apresentar as teorias. Cada indivduo utiliza-se de
estratgias cognitivas, ou o mtodo, de acordo com Morin, que lhe permitiro retornar ao
meio com a aprendizagem adquirida. O coletivo age sobre o individual e vice-versa.
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Este processo dinmico, envolvendo o todo (coletivo) e as partes (individual), na aquisio
do conhecimento.
Somos carregados de histria individual e coletiva, em constante movimento e com
mudanas quantitativas e qualitativas, necessrias ao desenvolvimento pleno em cada
sujeito. (Re) construmos sistematicamente nosso conhecimento, que mais parece um vulco
em plena atividade.
Luria (1987) afirma que a palavra a unidade mnima de linguagem para compreenso. O
estudo do campo semntico encontrado na criana a partir do incio da apresentao da
fala inicia-se na centralidade da palavra, ao consider-la como uma rede de significaes,
apresentando multisignificao associativa (a palavra no se esgota em um nico
significado); dependendo do contexto em que expressa, o falante escolhe o seu
significado imediato, para compreenso do ouvinte.
A linguagem constitui-se, como condio primeira para o desenvolvimento das funes
cognitivas, o que Vygotsky (1987) define como funes psicolgicas superiores. O uso de
determinada lngua expressa parcialmente inteno da linguagem, vista como organizadora
cognitiva dos atos voluntrios, dentre eles a conscincia. Molon (2000) complementa a
definio vygotskyana, considerando que todas as funes psicolgicas superiores
originam-se das relaes reais entre indivduos humanos [...] e no so funes a priori, ou
seja, no existem independentemente das experincias (p.7). O conhecimento do mundo,
pelo sujeito, vai ampliando seus horizontes sucessivamente, graas fora social de cada
comunidade lingustica.
Uma experincia do desenvolvimento do conceito de nmero, em crianas da
Educao Infantil
A fim de ilustrar o significado e sentido descrito acima, abordando o desenvolvimento da
contagem, inclui-se a observao de uma atividade realizada em uma instituio pblica de
Educao Infantil, envolvendo um grupo de doze crianas, entre trs anos e meio a quatro
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anos e meio, uma professora e uma aluna bolsista. Pesquisa esta realizada por Senna e
Bedin (2007).
A situao de observao ocorreu no horrio inicial das atividades do dia, programado para
que cada criana trouxesse de casa um brinquedo, a ser partilhado entre todos. Um dos
sujeitos, aqui designado por Gil, foi transferido para o grupo recentemente e encontra-se em processo de adaptao. Gil encantou-se por miniaturas plsticas, tais como: carrinhos,
caminhes e personagens de histrias infantis, trazidas por um colega, designado a partir de
agora como Leo. Ao ver a quantidade de miniaturas de Leo na mochila e certificando-se de que no seria flagrado, Gil pegou um dos brinquedos carrinho e, sozinho, comeou a
moviment-lo no parapeito da janela da sala. A brincadeira durou cerca de cinco minutos,
quando Leo apercebeu-se do fato e iniciou a disputa pelo brinquedo. Iniciou o dilogo:
Leo - Voc. Pegou meu carrinho. Eu quero o meu carrinho.
Gil - Mas voc j brincou na sua casa.
Leo - Eu brinquei muito pouquinho em casa.
Gil - Mas eu quero brincar um pouco, assim (mostrando 3 dedos de uma das mos).
Leo - Mas no assim, tem que ser 1-1; 2-2; 3-3 (alternando a ordem de quem
devia brincar). 3 muito pouco.
Gil - Mas voc j brincou assim (mostrando 4 dedos de uma das mos).
A partir deste momento, chega o colega Teo que deseja ficar a par da situao. Teo aproxima-se e pede um dos brinquedos para Leo; percebendo a divergncia entre os colegas, acata Leo, tentando tirar o brinquedo das mos de Gil.
Leo - Mas eu j disse para ele que eu quero o meu brinquedo.
Gil - (se desvencilhando dos colegas com as mos). Chega Vitor, que pede a Leo um dos
brinquedos.
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Leo - Voc quer esse? (mostrando o que estava na mo de Gil). Se voc quer, tira dele.
Vitor - Permaneceu calado.
Leo - Investiu novamente com a mesma proposta.
Vitor Por favor! (disse em tom de voz alta). Ento, tentou pegar o brinquedo da mo de Gil.
Gil - Mas eu quero brincar um pouco.
Vitor - Mas no assim que fala.
Gil - Eu quero brincar isso, (mostrando novamente os 3 dedos de uma de suas mos).
Vitor - Assim pouquinho. assim (mostrando 5 dedos de uma de suas mos).
Gil - No, eu quero isso. (mostrando 3 dedos de uma das mos, novamente).
Leo - Inconformado, viu a professora chegar e recorreu a ela para solucionar o problema.
No caso especfico do dilogo ocorrido, para Gil, os numerais apresentados atravs dos dedos das mos tm relao direta entre quantidade e tempo. Leo participou do dilogo com
a mesma percepo, avaliando como pouco ou muito tempo, de acordo com o seu interesse.
O mesmo comportamento foi apresentado por Vitor durante sua intercesso, analisando a quantidade 3 como pouco tempo e sugerindo a Gil que solicitasse a quantidade 5.
A contagem uma das primeiras formas que a criana tem de entrar em contato com o
sentido de nmero e isto ocorre espontaneamente em brincadeiras do cotidiano infantil
(Butteworth, 2005).
Para que a criana alcance a noo de numerosidade, faz-se necessrio construir
(organizao / reorganizao cognitiva) a partir de capacidades bsicas, como o raciocnio
para transferncia de quantidades, de conservao da quantidade dos componentes e sua
mudana a partir da adio ou da subtrao de elementos. Cabe salientar que a habilidade
bsica fundamental para a formao do conceito de nmero a ignorncia, pelo sujeito, dos
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atributos perceptuais do conjunto (cor, forma, tamanho, caractersticas particulares dos
objetos).
Associado ao conceito de numerosidade, o desenvolvimento da contagem pela criana se
desenvolve como a grande abertura para a compreenso de quantidades. Esta habilidade
requer da criana que associe a nomeao dos nmeros de acordo com a sua ordem, a
coordenao dos nomes dos nmeros com a identificao dos objetos no conjunto e a
contagem nica de cada objeto. Ao final da contagem, a criana dever perceber a
correspondncia com o total de objetos pertencentes ao conjunto. O processo do
desenvolvimento da contagem na criana estende-se pelo perodo dos dois aos seis anos
em mdia, para ento adquirir esses princpios ou habilidades.
As falas das crianas nos transmitem, visivelmente, o individualismo e a competio como
presentes em todos os momentos. Por trs do aspecto visvel, encontra-se a conscincia de
cada um, que lhes permite expressar parte do conhecimento individual da noo de
quantificao.
Muitas pesquisas vm sendo desenvolvidas a respeito da origem das habilidades
matemticas. Estas pesquisas tornam-se relevantes para a reflexo dos professores na
medida em que os auxiliam a pensar como a criana desenvolve os conceitos matemticos.
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UNIDADE 4 Objetivo: Avaliar a contribuio da Psicologia na prtica pedaggica da Educao Matemtica.
A Psicologia e a Educao Infantil
A Psicologia apenas uma entre as cincias que concorrem para a reflexo sobre a
educao escolar. Sendo uma das cincias que estudam o homem, a Psicologia tem se
ocupado de uma grande variedade de temas: a afetividade, o desenvolvimento da criana, a
velhice, a aprendizagem, as relaes sociais e institucionais, a deficincia mental, as
relaes de trabalho, a sade mental, entre outros.
Muitas das pesquisas e teorias psicolgicas que tm servido prtica pedaggica no foram
elaboradas com esse objetivo. Assim, as questes e interesses dos psiclogos so s vezes
mais abrangentes e s vezes mais restritos do que aqueles colocados pelos agentes do
processo educacional. Esses dois mbitos, o psicolgico e o pedaggico, raramente
coincidem; portanto, no podem ser confundidos.
Considerando que o papel social da escola essencialmente definido pelo processo de
transmisso/assimilao do conhecimento, entendemos que as contribuies fundamentais
da Psicologia prtica pedaggica so aquelas que podem lanar luz sobre alguns aspectos
do "ensinar e aprender".
O que ensinar? Como a criana aprende? Essas so questes importantes quando se
objetiva construir uma prtica pedaggica que possa garantir a todas as crianas um
processo de aprendizagem significativo. Todos ns j temos, em alguma medida, respostas
a essas questes. Se nos perguntarmos, por exemplo, como se aprende a fazer bolo, uma
infinidade de respostas pode aparecer: Aprendemos fazendo; seguindo uma receita; vendo
outra pessoa fazer; seguindo as orientaes de algum. Quando o primeiro bolo no d
certo, podemos ainda dizer que: "errando que se aprende".
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E ensinar, o que ? Como se ensina? Novamente uma srie de respostas acaba emergindo:
ensinar transmitir conhecimentos, tcnicas, valores, deixar o outro fazer, orientando,
explicando, "dando a receita", fazendo junto.
Quando se trata de criana, as ideias que temos sobre aprendizagem quase sempre se
relacionam ao seu desenvolvimento, j que habitualmente admitimos que aprendizagem e
desenvolvimento so processos, de alguma forma, inter- relacionados.
Quando dizemos, por exemplo, que, para ensinar criana uma coisa determinada,
preciso esperar que ela amadurea ou atinja certa idade, estamos subordinando a
aprendizagem ao desenvolvimento. Ou seja, admitimos que para aprender necessrio
determinado nvel de desenvolvimento. Por outro lado, sempre ouvimos dizer que o ensino
deve promover o desenvolvimento da criana.
Embora a gente conhea, em decorrncia de nossa prpria experincia, muita coisa sobre o
ensinar, sobre o aprender e suas relaes com o desenvolvimento, quando se trata de
desenvolver uma ao educativa intencional, de escolher os mtodos, um grande nmero de
questes acaba aparecendo.
Ser que, se o professor explicar direitinho, a criana aprende? Como explicar as coisas para
uma criana? E se a deixarmos agir, montar quebra-cabea, brincar com pedrinhas, estar
aprendendo? O que ela estar aprendendo? E, se a criana no aprende, ser sinal de
algum distrbio? Com quantos anos uma criana pode ser ensinada a ler? Quais so os pr-
requisitos para aprender a adio? A contribuio da Psicologia na Educao Matemtica
motivada por questes como as citadas acima.
Psicologia e Educao Matemtica
A Educao Matemtica o estudo das relaes de ensino e aprendizagem de matemtica.
Est na fronteira entre a Matemtica, a Pedagogia e a Psicologia.
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Desde o incio do sculo XX professores de Matemtica se renem para pensar o ensino dessa matria nas escolas. Na dcada de 70 surge na Frana, a Didtica da Matemtica,
enquanto campo para a sistematizao dos estudos a cerca do ensino da Matemtica. Os
tericos envolvidos defendiam que cada rea de ensino deveria pensar em sua prpria
didtica, reconhecendo que no poderia haver um campo de estudo nico que atendesse as
especificidades de ensino de cada campo do conhecimento.
A organizao de campos de pesquisa, na rea, dentro das universidades incentivou a criao de organizaes de professores de Matemtica, que atualmente tem grande influncia sobre a elaborao das diretrizes curriculares na rea, em diversos pases.
At bem pouco tempo, existiam perguntas tais como: Como as crianas aprendem? Todas
ao mesmo tempo? Todas da mesma maneira? Por que aprenderam algumas coisas melhor
que outras? Como ensinar para obter um melhor aprendizado?
Antigamente, acreditava-se que as crianas aprendiam apenas recebendo informaes de
um professor. O professor explicava, ditava regras, mostrava figuras. A criana ouvia,
copiava, decorava e devia aprender. Quando no aprendia, culpava-se a criana (desatenta,
irresponsvel) ou falta de "jeito" do professor.
A Psicologia aparece como o campo do conhecimento cientfico que d instrumentos para
compreendermos os processos educativos. Nesse sentido as principais correntes da Didtica
da Matemtica, sempre estiveram diretamente ligadas s diferentes tendncias da
Psicologia.
Atualmente existem outras ideias sobre aprendizagem, e o campo de estudo desses
pesquisadores chama-se Psicologia Cognitiva ( a rea da Psicologia que estuda o
pensamento e as emoes).
Os conceitos da Psicologia Cognitiva aplicam-se ao conhecimento e aprendizagem em
geral e naturalmente valem para o conhecimento matemtico. Essas ideias no negam
completamente as concepes antigas sobre o aprendizado. possvel aprender recebendo
informaes, treinando e decorando regras. Mas, dessa maneira, a compreenso daquilo
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que se aprende costuma ser bem pequena. E esta a diferena. O que se procura atravs
da Psicologia Cognitiva favorecer o aprendizado com compreenso.
A Psicologia Cognitiva fez importantes descobertas sobre o pensamento da criana. Os
pesquisadores concluram que:
crianas pensam de maneira diferente dos adultos;
cada criana pensa diferentemente de outra;
o pensamento evolui, passa por estgios; em cada estgio, a criana tem uma
maneira especial de compreender e explicar as coisas do mundo.
Vamos exemplificar esta ltima afirmao. Experimentemos mostrar a uma criana duas
bolachas iguais, uma inteira e a outra partida em quatro pedaos. Quase todas as crianas
de cinco anos de idade vo dizer que as quantidades de bolacha no so iguais. Muitas vo
achar que h maior quantidade na bolacha em pedaos. J as crianas mais velhas
reconhecero facilmente que as quantidades so iguais.
Esse exemplo mostra um fato comum: Em certos estgios do pensamento as crianas
pensam que a disposio das partes altera a quantidade. Por isso, para as crianas
pequenas, pode parecer que a quantidade de bolacha aumenta se ela for partida em
pedaos.
Os pesquisadores da Psicologia Cognitiva tambm elaboraram ideias sobre o que
aprender. Eles declaram que aprender com compreenso um processo pessoal, que
acontece dentro de cada um. Esse processo exige que o aprendiz pense por si prprio.
Assim, para a Psicologia Cognitiva, simplesmente receber informaes de um professor no
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suficiente para que o aluno aprenda com compreenso, porque, nesse caso, a criana fica
passiva, no pensa por si prpria.
A Psicologia estudou tambm quais objetos ou atividades ajudam a aprender. Ela tem
mostrado que o pensamento e o aprendizado da criana desenvolvem-se ligados
observao e investigao do mundo. Quanto mais a criana explora as coisas do mundo,
mais ela capaz de relacionar fatos e ideias, tirar concluses; ou seja, mais ela capaz de
pensar e compreender.
Por exemplo, as crianas que tiveram oportunidade de praticar relaes comerciais
(compras, pagamentos, trocas) costumam ser mais capazes de resolver problemas
matemticos envolvendo esses assuntos do que crianas que no tiveram tais experincias.
justamente esta ltima ideia que tem motivado os educadores a buscarem meios de fazer
a criana explorar o mundo sua volta. No caso da Matemtica parece ser mais difcil fazer
a criana explorar o mundo sua volta, porque as noes matemticas nem sempre
aparecem com clareza nas situaes do cotidiano. Por isso, procura-se criar um mundo
artificial que facilita a explorao pela criana.
A partir da observao e manipulao, da troca de ideias entre alunos e entre estes e o
professor que as relaes matemticas comeam a ser percebidas e enunciadas. O
professor deve ento, aos poucos, ir organizando esse conhecimento. Assim, podemos dizer
que a atitude adequada do professor, em relao ao uso do material concreto, decorre dele
conceder ao ensino de Matemtica, nas sries iniciais, um convite explorao,
descoberta e ao raciocnio.
Discuta a questo da complexidade do ensinar e do aprender, baseando-se nos
registros do trabalho de campo proposto na atividade dissertativa.
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Este trabalho envolve um trabalho de campo e tem 2 finalidades: ser uma atividade dissertativa e, no final do mdulo, gerar um artigo.
Escolha uma classe com alunos de 6 anos para observar durante um perodo de aula (preferencialmente de Matemtica). Anote, em folhas de papel: a srie observada; a data; o horrio do incio e do termino da observao; o numero de alunos presentes aula; como est organizada a sala; que mveis e outros objetos h nela (por exemplo, se as carteiras esto dispostas em crculos, grupos ou fileiras; a posio da mesa do professor; se h armrios, prateleiras, murais, etc.).
Em seguida, anote bem rapidamente tudo o que se passa na sala de aula, prestando ateno aos seguintes aspectos:
os contedos trabalhados;
os recursos utilizados pela professora;
as atividades realizadas pelas crianas;
a movimentao das crianas e da professora;
acontecimentos "no previstos":
interrupes da aula;
situaes de briga, choro, doena, falta de material;
situaes em que a professora perdeu a pacincia;
assuntos sobre os quais a professora e os alunos falaram, que voc considera, no pertinentes aos contedos trabalhados;
reao das crianas sua presena.
Depois, organize o seu registro, agrupando as situaes semelhantes, de acordo com os aspectos sugeridos acima. Lembre-se de redigir seus registros de maneira clara, para que possam ser compreendidos facilmente por outras pessoas. Comente, por escrito em 20 linhas, no mximo, as situaes observadas, considerando a questo da complexidade do ensinar e do aprender.
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UNIDADE 5 Objetivo: Abordar as contribuies Pedaggicas de Piaget na Matemtica
Desenvolvimento, Aprendizagem e Educao: a influncia da abordagem Piagetiana na escola
Na concepo Piagetiana, o desenvolvimento da criana um processo que depende
essencialmente da equilibrao, que a capacidade natural de autorregulao do indivduo.
As estruturas cognitivas da criana so elaboradas e reelaboradas continuamente a partir da
sua ao (fsica ou mental) sobre o meio. De acordo com esse quadro terico, a
aprendizagem praticamente no interfere no curso do desenvolvimento. A nfase nos
processos internos e na atividade construtiva da prpria criana resulta em uma concepo
que considera a aprendizagem como dependente do processo de desenvolvimento.
Ou seja, aquilo que a criana pode ou no aprender determinado pelo nvel de
desenvolvimento de suas estruturas cognitivas.
Segundo Piaget, tudo o que transmitido criana, sem que seja compatvel com seu
estgio de desenvolvimento cognitivo, no de fato incorporado por ela. A criana pode
imitar mecnica e externamente o adulto, mas no compreende (e, portanto, no conhece) o
que est fazendo. As formulaes de Piaget tm tido grande influncia sobre a prtica
pedaggica, inclusive no Brasil. Ao destacarem o papel ativo da criana no processo de
elaborao do conhecimento, tm sido responsveis por ideias como: o papel fundamental
da escola dar criana oportunidades de agir sobre os objetos de conhecimento; o
professor no deve ser aquele que transmite conhecimentos criana, mas sim um agente
facilitador e desafiador de seus processos de elaborao; a criana quem constri o seu
prprio conhecimento.
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Contribuies de Piaget no ensino da Matemtica
A contribuio de Piaget em relao ao ensino da Matemtica surge das crticas das
metodologias adotadas. Sendo assim, ele passa a apontar caminhos alternativos. Uma
leitura atenta de algumas obras piagetianas deixa transparecer de imediato o seu interesse
ao ensino e prtica pedaggica, formadora e construtora de conhecimentos.
A escola tradicional, baseada na transmisso oral de conhecimentos, foi sempre muito
criticada por Piaget por considerar a criana como um ser passivo e vazio onde se poderiam
imprimir os conhecimentos que o docente selecionasse. Ou seja, a concepo behaviorista,
marcadamente empirista, estaria na sua raiz, defendendo que a imitao de um modelo,
quando acompanhada de um reforo positivo, levaria aprendizagem de uma resposta
correta
A posio de Jean Piaget era oposta a este tipo de ensino, contudo devemos salientar
alguns aspectos positivos como: o exerccio da memria, da ateno e a criao de hbitos
de trabalho, devido s repeties que necessita efetuar (MORGADO, 1986).
Piaget afirma que o ensino deveria formar o raciocnio, conduzindo compreenso e no
memorizao, desenvolvendo um esprito criativo e no repetitivo. O professor deve criar
situaes que levem o discente a encontrar a soluo correta, de acordo com o seu nvel de
desenvolvimento psicogentico, atravs de trabalhos prticos individuais ou em grupo, de
dilogo entre colegas ou com o professor.
Ou seja, a posio piagetiana defende a importncia dos mtodos ativos no desenvolvimento
psicolgico da criana, procurando conduzir os alunos descoberta das solues para os
problemas colocados, caso sejam do seu interesse. Piaget defendia a criao de situaes
propiciadoras de experimentao, onde o aluno refletisse sobre o tema e fosse
responsabilizado pelas hipteses que defendesse, sujeitando-as ao controle dos fatos.
Assim, seria essencial que todo o conhecimento escolar emergisse atravs do contato com a
natureza e a vida quotidiana. A motivao viria do prazer propiciado pela tarefa e no de um
estmulo externo.
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A construo de novos conhecimentos exigiria, ento, manipulao direta dos materiais,
cooperao social; trabalho de grupo e ajuda mtua, na tentativa de promover o
desenvolvimento da autonomia intelectual, social e moral, necessrio ecloso de um adulto
criativo, altrusta e adaptado.
Contrariamente ao que se possa pensar, o professor no era encarado por Piaget como uma
"pea" desnecessria. Pelo contrrio, desempenharia um papel fundamental na criao de
programas adaptados ao nvel operatrio dos alunos e de mtodos de avaliao flexveis,
capazes de aferir o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Este deveria selecionar os
materiais e situaes melhores adaptados, sintetizando os pontos fundamentais a reter no
final de uma discusso ou trabalho, respeitando a opinio das crianas e abstendo-se de
tecer juzos de valor. "O papel do professor fundamental na perspectiva de uma pedagogia
Piagetiana, uma vez que lhe cabe a tarefa de criar os programas adaptados ao nvel
operatrio dos seus alunos, bem como encontrar mtodos de avaliao flexveis que
procurem analisar o desenvolvimento intelectual e autnomo da criana." (MORGADO, 1986,
p.90).
Piaget sublinhou a importncia da educao pr-escolar para a aprendizagem de noes
cientficas, devendo esta incidir no estmulo de exerccios de observao destinados
correo de constataes incompletas e de ideias preconcebidas. (PIAGET, 1972, p.27).
Raposo (1980) destaca quatro princpios pedaggicos piagetianos, so eles:
O valor da autodescoberta seria um mtodo fundamental na organizao da
aprendizagem, sobretudo na infncia;
Outro aspecto destacado seria a necessidade de se considerarem as diferenas
intelectuais entre as crianas;
Outro ponto que, em sua opinio, tambm mereceria ser relevado seria o papel do
ensino pr-primrio no desenvolvimento psicogentico;
Por ltimo aponta "(...) a necessidade de, no desenvolvimento curricular, respeitar a
sequncia do desenvolvimento intelectual" (RAPOSO, 1980, p.138).
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A perspectiva de Piaget relativa Pedagogia passou a assumir-se como um referencial
terico e psicolgico para as designadas "correntes pedaggicas ativas".
Kamii e Devries (1970, p.75) citam que: "(...) as implicaes pedaggicas da teoria de Piaget
so mais vastas no domnio socioafetivo que no domnio cognitivo." No que concerne ao
primeiro domnio enunciam trs princpios gerais de ensino: incentivar a criana a ser
progressivamente mais autnoma perante aos alunos; encoraj-Ias a interagir e a solucionar
os seus conflitos; incentiv-Ias a serem independentes e curiosas, a terem iniciativa e
confiana nas suas capacidades, a exporem as suas opinies convictamente e terminarem
os seus receios e angstias de modo construtivo.
Quanto ao domnio cognitivo, estas autoras concentram a sua ateno sobre quatro
princpios: "Ensinar, dentro do contexto do jogo da criana; encorajar e aceitar as respostas
'erradas' da criana; pensar em que a criana pensa e ensinar segundo os trs tipos de
conhecimento; tanto os contedos como os processos." (KAMII; DEVRIES, 1970, p.75).
Um exemplo seria no campo da aritmtica, que segundo Kamii (1986), quando duas crianas
obtivessem resultados diferentes numa soma, poder-se-ia pedir-lhes que descrevessem uma
outra, a forma como resolveram o problema. O dilogo estabelecido, desde que
incentivado pelo professor, lev-las-ia a refletirem sobre qual soluo estaria mais adequada.
Isto seria fundamental, no s para incentivar o raciocnio, mas tambm para desmistificar a
ideia de que a Matemtica arbitrria, incompreensvel e s atingvel pela memorizao.
Assim, o "feedback" para o pensamento lgico-matemtico residiria na prpria criana e no
nas outras pessoas, sendo constitudo pela coerncia interna do seu sistema de
pensamento.
Todavia, como j citado, a Pedagogia Piagetiana da Aritmtica defendia que um dos
objetivos principais da Matemtica seria a edificao da noo de nmero. Desta forma, seria
benfico incrementar tarefas escolares que viabilizassem esta aquisio. "Entendendo que a
criana s chega noo de nmero atravs de uma sntese entre as operaes de incluso
de classes e de seriao, uma dessas formas de organizao, por exemplo, consiste em
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fazer preceder os exerccios de contagem, de exerccios de agrupamentos de objetos, com
base nas semelhanas e nas diferenas." (RAPOSO, 1980, p.137).
Piaget foi um marco importante no estudo do conhecimento lgico-matemtico, defendendo
que esse conhecimento estaria na origem de todo o desenvolvimento cognitivo do sujeito.
Atribuiu um papel fundamental a atividade do sujeito na construo deste tipo de
conhecimento, devido ao fato das estruturas lgico-matemticas serem isomorfas das
estruturas operatrias do sujeito.
Para desenvolver a noo de nmero, Piaget (apud KAMII, 1993) reconheceu trs conceitos
bsicos importantes no processo de aprendizagem: a conservao, a seriao e a
classificao. Piaget tambm estabeleceu uma distino fundamental entre trs tipos de
conhecimentos considerando suas fontes bsicas e seu modo de estruturao:
conhecimento fsico, conhecimento lgico-matemtico e conhecimento social. Mais detalhes
no prximo mdulo com aplicaes prticas.
Assista ao filme Os transformadores, documentrio apresentado pela TV Cultura
(episdio Piaget).
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UNIDADE 6 Objetivo: Abordar as contribuies Pedaggicas de Vygotsky na Matemtica
Desenvolvimento, Aprendizagem e Educao: a influncia da abordagem de Vygotsky na escola.
Para Vygotsky o desenvolvimento entendido como um processo de internalizao de
modos culturais de pensar e agir. Esse processo de internalizao inicia-se nas relaes
sociais, nas quais os adultos ou as crianas mais velhas, por meio da linguagem, do jogo, do
"fazer junto" ou do "fazer para", compartilham com a criana seus sistemas de pensamento e
ao.
Embora aponte diferenas entre aprendizado e desenvolvimento, Vygotsky considera que
esses dois processos caminham juntos desde o primeiro dia da vida da criana e que o
primeiro - o aprendizado suscita e impulsiona o segundo - o desenvolvimento. Ou seja, tudo
aquilo que a criana aprende com o adulto ou com outra criana mais velha vai sendo
elaborado por ela, vai se incorporando a ela, transformando seus modos de agir e pensar.
Assim, segundo Vygotsky, o conhecimento do mundo passa pelo outro, sendo a educao "o
trao distintivo fundamental da histria do pequeno ser humano. A Educao pode ser
definida como sendo o desenvolvimento artificial da criana. Ela o controle artificial dos
processos de desenvolvimento natural. A Educao faz mais do que exercer influncia sobre
certo nmero de processos evolutivos: ela reestrutura de modo fundamental todas as
funes do comportamento" (1985: 45).
Os processos de aprendizado transformam-se em processos de desenvolvimento,
modificando os mecanismos biolgicos da espcie. Sendo um processo constitudo
culturalmente, o desenvolvimento psicolgico depende das condies sociais em que
produzido, dos modos como as relaes sociais cotidianas so organizadas e vividas e do
acesso s prticas culturais. Em razo de privilegiar o aprendizado e as suas condies
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sociais de produo no processo de desenvolvimento, Vygotsky colocou em discusso os
indicadores de desenvolvimento utilizados pela Psicologia da poca.
Para avaliar o desenvolvimento de uma criana, os psiclogos consideravam apenas as
tarefas e as atividades que ela era capaz de realizar sozinha, sem a ajuda de outras
pessoas. Procedendo assim, os psiclogos, segundo Vygotsky, apreendiam apenas seu
nvel de desenvolvimento real, isto , "o nvel de desenvolvimento das funes mentais da
criana que se estabeleceram como resultado de certos ciclos de desenvolvimento j
completados" (Vygotsky, 1984). Ao considerarem apenas o desenvolvimento real,
problematizava Vygotsky, os psiclogos voltavam-se para o passado da criana. Ou seja,
apreendiam processos de desenvolvimento j concludos.
No entanto, destacava ele, nas situaes de vida diria e mesmo na escola, era possvel
perceber que as atividades que a criana realizava sozinha, por exemplo, comer com a
colher, amarrar os sapatos, montar uma torre com peas de tamanhos diversos, escrever,
foram antes compartilhadas com outras pessoas.
Sua proposta, ento, era a de que se trabalhasse tambm com os indicadores de
desenvolvimento proximal, que revelariam os modos de agir e de pensar ainda em
elaborao e que requerem a ajuda do outro para serem realizados. Os indicadores do
desenvolvimento proximal seriam as solues que a criana consegue atingir, com a
orientao e a colaborao de um adulto ou de outra criana. Segundo sua anlise, o
aprendizado (a atividade interpessoal) precede e impulsiona o desenvolvimento, criando
zonas de desenvolvimento proximal, ou seja, processos de elaborao compartilhada.
O mtodo do aprendizado da Matemtica, na viso de Vygotsky, se d atravs da integrao
dos grupos.
Observar a atividade compartilhada da criana possibilita olhar para o seu futuro, pois "o que
o desenvolvimento proximal hoje ser o nvel de desenvolvimento real amanh - ou seja,
aquilo que a criana capaz de fazer com assistncia hoje ela ser capaz de fazer sozinha
amanh" (Vygotsky, 1985).
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Alm disso, o desenvolvimento proximal como desenvolvimento em elaborao possibilita a
participao do adulto no processo de aprendizagem da criana. Para consolidar e dominar
autonomamente as atividades e operaes culturais, a criana necessita da mediao do
outro. O mero contato da criana com os objetos de conhecimento ou mesmo sua imerso
em ambientes informadores e estimuladores no garante a aprendizagem nem promove
necessariamente o desenvolvimento, uma vez que ela no tem como indivduo, instrumental
para organizar ou recriar sozinha o processo cultural (Oliveira, 1995).
Portanto, no campo do desenvolvimento em elaborao que a participao do adulto, como
pai, professor, parceiro social, se faz necessria. Conforme alertava Vygotsky, "o bom
aprendizado somente aquele que se adianta ao desenvolvimento" (1984: 101).
Contribuies de Vygotski no ensino da Matemtica
Sendo contemporneo de Piaget, Vygotsky evidenciou-se como desenvolvimentista,
demonstrando, contudo, diferenas profundas na concepo desse desenvolvimento.
Estando ambos os autores fundamentalmente interessados em toda a gama de
desenvolvimento mental desde a infncia at a adolescncia, o conceito biolgico de
desenvolvimento de Piaget, como sendo uma questo de maturao e desdobramento, foi
rejeitado por Vygotsky. Segundo este, a adaptao da criana seria bastante mais ativa e
menos determinista. Ou seja, Vygotsky enfatizou fundamentalmente a cultura em detrimento
da herana biolgica para o desenvolvimento cognitivo. (Vygotsky, 1962, p.20).
Vygotsky desenvolveu uma concepo psicolgica alicerada na teoria marxista do
funcionamento intelectual humano juntamente com seus colaboradores Alexandre
Romanovich, Luria e Alexei Leontiev.
Considerou que o desenvolvimento cognitivo ocorreria pelo processo de internalizao da
interao social, atravs de objetos fornecidos pela cultura, levando para segundo plano a
dimenso individual.
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O conceito central da teoria de Vygotsky seria o de Zona de Desenvolvimento Proximal
(ZDP), definida como a discrepncia entre o desenvolvimento atual da criana e o nvel
alcanado quando resolve problemas com auxlio. Partindo deste pressuposto considera-se
que todas as crianas podem fazer mais do que o conseguem fazer por si ss. A imitao e o
ensino teriam aqui um papel de suma importncia, conduzindo a criana a atingir novos
nveis de desenvolvimento. Desta forma, a Pedagogia deveria incidir no nas funes
maduras, mas nas funes em vias de maturao (Vygotsky, 1962).
A contribuio de Vygotsky foi importante para a compreenso de que o desenvolvimento
das funes psicolgicas superiores, atravs do ensino, englobava dois nveis de
desenvolvimento:
O nvel de desenvolvimento real, onde a criana dominaria algumas capacidades,
conseguindo realizar as funes amadurecidas sozinha, sem a assistncia de algum (pai,
criana mais adiantada ou o professor);
O nvel potencial seria aquele em que a criana necessitaria do auxlio de mais
experiente. Neste momento, a criana realizaria tarefas, mas apenas com a mediao de
outros.
distncia entre aquilo que a criana conseguiria fazer por si s e aquilo em que necessita
do auxlio de outra pessoa caracterizar-se como Zona de Desenvolvimento Proximal.
(Nicolopoulou, 1993, p.8).
No que concerne s concepes de Vygotsky e Piaget quanto ao papel do jogo no
desenvolvimento cognitivo, estas diferem radicalmente. Para Piaget, no jogo preponderaria
assimilao, ou seja, a criana assimilaria a sua percepo da realidade s estruturas que j
construiu e, neste sentido, o jogo no seria determinante nas modificaes das estruturas.
Para Vygotsky, o jogo proporcionaria alterao das estruturas, podendo criar uma ZDP.
Assim sendo, luz desta concepo psicolgica, uma prtica pedaggica adequada passar
no apenas por "deixar as crianas brincar'", mas, sobretudo por brincar com elas, ajud-Ias
nessa atividade ou at ensin-Ias a faz-Io, sendo 'vital a promoo adequada do jogo.
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O desenvolvimento cognitivo, luz da posio vygotskiana, seria formado pelo
processo de internalizao da interao social com materiais fornecidos pela cultura,
sendo o processo construdo do exterior para o interior. O sujeito no seria apenas
ativo, mas interativo, na medida em que formaria conhecimentos e constituir-se-ia
com base nas relaes intra e interpessoais.
Na partilha com outros sujeitos e consigo prprio, ir-se-iam internalizando
conhecimentos, papis e funes sociais, permitindo a formao de conhecimentos e
da prpria conscincia. (Tudge & Rogoff, 1989, p.19).
Apesar de considerar que a inteligncia seria a capacidade de aprender, tendo por base
instrues, Vygotsky no defendia um ensino formal e mecnico, onde as crianas fossem
sujeitas a uma rotina desinteressante e a exames irrelevantes. Na realidade, colocou em
relevo mais o desenvolvimento intelectual que a aprendizagem processual, devendo o
professor desafiar a criana a atingir metas que de outra maneira no atingiria (Sutherland,
1996, p.71).
Desta forma, a escola seria o lugar onde a interveno pedaggica intencional
desencadearia o processo ensino-aprendizagem. O professor deveria provocar avanos nos
alunos interferindo na sua ZDP. Outro fator relevante para a Educao, decorrente das
interpretaes das teorias de Vygotsky, seria a importncia da atuao dos outros membros
do grupo social na mediao entre a cultura e o indivduo, visto que o aluno no seria um
mero sujeito da aprendizagem, mas aquele que capaz de aprender, junto ao outro, o que o
seu grupo social produz, como: valores, linguagem e o prprio conhecimento. Ao observar a
zona proximal, o educador poderia orientar o aluno no sentido de adiantar o seu
desenvolvimento potencial, tomando-o real. (Tudge & Rogoff, 1989, p.22)
O relacionamento estabelecido entre a criana e os seus colegas seria, tambm, de
importncia vital. Vygotsky defendeu a utilizao de uma criana mais desenvolvida
para ajudar a outra menos desenvolvida." (Sutherland, 1996, p.73). Esta interao traria
benefcios para as partes, visto que a criana mais desenvolvida adquiriria uma maior
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compreenso explcita da sua aprendizagem a nvel metacognitivo, pois ao ensinar certo
tema estaria a consolidar a sua prpria aprendizagem.
Vygotsky defendia uma posio aparentemente antagnica de Piaget, ao atribuir um papel
de capacitao para os professores, considerando que desempenhariam um papel didtico,
devendo orientar os alunos para que se concentrassem, prestassem ateno e aprendessem
com eficcia. Isto , enquanto Piaget incidiu, sobretudo, sobre a criana, Vygotsky enfatizou,
particularmente, o professor (Sutherland, 1996).
Desta forma, para Vygotsky, a escola surge com um papel essencial, devendo dirigir o
ensino no para etapas intelectuais j alcanadas, mas sim, para as etapas que os alunos
ainda no alcanaram, incentivando o desenvolvimento potencial do aluno.
Com base na teoria de Piaget e Vygotsky disserte sobre as dificuldades da prtica
do ensino da Matemtica na Educao Infantil.
Assista ao filme - O enigma de Kaspar Hauser, dirigido por Werner Herzog. As borboletas de
Zagorsky, episdio do documentrio Os transformadores, apresentados pela TV Cultura de So Paulo.
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UNIDADE 7 Objetivo: Contextualizar a Matemtica na Educao Infantil e a importncia da preparao de um ambiente de aprendizagem.
A Matemtica na Educao Infantil
A Educao Infantil um perodo extremamente frtil em relao construo de novos
conhecimentos, sejam eles sociais, afetivos ou cognitivos, sendo a criana dessa faixa etria
capaz de estabelecer relaes complexas entre os elementos da realidade que se apresenta.
Assim, frequentar uma classe de Educao Infantil significa, alm da convivncia entre
pares, ter acesso a muitas oportunidades para a construo de novos conhecimentos, graas
s aes que a criana exerce sobre o mundo real.
Dentre os conhecimentos que sero construdos nessa etapa da escolaridade, a Matemtica
ocupa um lugar de destaque. Numerosas pesquisas tm apontado a relevncia do trabalho
com essa disciplina para as crianas pequenas, especialmente no que diz respeito
construo do conceito de nmero, alm das noes ligadas s grandezas e medidas, bem
como espao e forma.
As crianas, desde o nascimento, esto imersas em um universo no qual os conhecimentos
matemticos so parte integrante. As crianas participam de uma srie de situaes
envolvendo nmeros, relaes entre quantidades e noes sobre espao.
Utilizando recursos prprios e pouco convencionais, elas recorrem a contagem e operaes
para resolver problemas cotidianos, como conferir figurinhas, marcar e controlar os pontos de
um jogo, repartir as balas entre os amigos, mostrar com os dedos a idade, manipular o
dinheiro e operar com ele, etc. Tambm observam e atuam no espao ao seu redor e, aos
poucos, vo organizando seus deslocamentos, descobrindo caminhos, estabelecendo
sistemas de referncia, identificando posies e comparando distncias. Essa vivncia inicial
favorece a elaborao de conhecimentos matemticos.
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As crianas j elaboram conhecimentos sobre Matemtica, brincam, conversam, resolvem
situaes-problema que se apresentam no dia a dia. O que fazer, por exemplo, quando h
mais pessoas do que lugares mesa? Onde se posicionar para que a bola acerte o cesto?
Como dividir entre as balas os amigos?
Conforme artigo escrito por Pannuti***, no parece acertado qualificar esse ramo de
atividade como uma disciplina formalizada que deveria ser reservada aos anos seguintes da
escolaridade, uma vez que, desde a Educao Infantil, as crianas j sabem muito sobre
relaes matemticas, pois esto expostas todo tempo a esse gnero de conhecimento.
Em outras palavras, fazer Matemtica expor ideias prprias, escutar as dos outros,
formular e comunicar procedimentos de resoluo de problemas, confrontar, argumentar e
procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experincias no realizadas,
aceitar erros, buscar dados que faltam para resolver problemas, entre outras coisas. Dessa
forma as crianas podero tomar decises, agindo como produtoras de conhecimento e no
apenas executoras de instrues. Portanto, o trabalho com a Matemtica pode contribuir
para a formao de cidados autnomos, capazes de pensar por conta prpria, sabendo
resolver problemas.
Tomando como base o Referencial Nacional Curricular (RCN), destacam-se trs blocos de
contedos a serem trabalhados na Educao Infantil: nmeros e sistema de numerao;
grandezas e medidas; espao e forma.
Considera-se que para aprender sobre numerao as crianas devem lidar com os
nmeros e com o sistema de numerao, trabalhando com resoluo de problemas,
contagem e regras do sistema decimal. Assim, as crianas devem ser capazes de pensar e
discutir sobre as relaes numricas utilizando as convenes de nossa prpria cultura,
tendo familiaridade com nmeros e desenvolvendo as habilidades matemticas que
*** PANNUTI, MASA PEREIRA Psicloga (USP), Mestre em Educao (UFPR), Doutoranda em Educao Matemtica (UFPR). Coordenadora pedaggica da Escola Anjo da Guarda, Curitiba, PR.
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capacitem o indivduo a enfrentar as demandas prticas do dia a dia, alm de compreender
informaes matemticas, tais como grficos e tabelas.
Em relao Geometria, faz-se necessrio considerar que a criana constri o espao
a partir de seu prprio corpo e de seus deslocamentos, construindo paulatinamente noes
geomtricas mais complexas. Dessa forma, o trabalho envolvendo espao e forma no deve
limitar-se ao reconhecimento e memorizao de formas geomtricas. H que se desenvolver
propostas que considerem o espao sob a perspectiva do esquema corporal, da percepo
do espao, alm das noes geomtricas propriamente ditas.
Em relao a grandezas e medidas propicia que as crianas possam estabelecer
relaes entre objetos, comparando-os de acordo com um padro (no convencional nesse
momento da escolaridade). Assim, cabe ao professor organizar situaes nas quais o uso da
medida seja uma necessidade para as crianas. A prpria marcao do tempo, por meio de
um calendrio adequado, constitui importante momento de reflexo para os alunos.
Por fim, no se pode deixar de considerar a importncia de atividades tais como classificar,
ordenar, seriar e corresponder, as quais no se referem especificamente a nenhum contedo
da Matemtica, mas que servem como organizadores do raciocnio lgico matemtico. Essas
atividades visam desenvolver as operaes intelectuais que permitem criana estabelecer
relaes entre os elementos da realidade.
Uma questo que merece ateno, frente s frequentes crticas ao modelo de ensino de
Matemtica vigente, fundamentalmente pensar como torn-la significativa para os alunos.
A importncia da preparao do ambiente de aprendizagem
O espao onde acontecem encontros, trocas de experincias, discusses e interaes entre
as crianas e o professor de grande importncia. Este espao deve ser marcado por um
ambiente cooperativo e estimulante para o desenvolvimento dos alunos, pois sabemos que
enquanto vive em um meio sobre o qual pode agir, discutir, decidir, realizar e avaliar com seu
grupo, a criana adquire condies e vive situaes favorveis para a aprendizagem. O
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ambiente da sala de aula pode ser visto como uma oficina de trabalho de professores e
alunos, podendo transformar-se num espao estimulante, acolhedor, de trabalho srio,
organiza o e alegre. nesse espao que o professor observa seus alunos, suas conquistas e
dificuldades.
O ambiente proposto um ambiente positivo, que encoraja os alunos a propor solues,
explorar possibilidades, levantar hipteses, justificar seu raciocnio e validar suas prprias
concluses. Dessa forma, nesse ambiente, os erros fazem parte do processo de
aprendizagem, devendo ser explorados e utilizados de maneira a gerar novos
conhecimentos, novas questes, novas investigaes, num processo permanente de
refinamento das ideias discutidas. To importante quanto o espao so os recursos
didticos.
Na Educao Infantil, a sala de aula deve ser um lugar de explorao dos elementos da
realidade que cerca os alunos. O educador deve estar constantemente preocupado em
desenvolver nas crianas a curiosidade e o interesse pela interpretao dos fenmenos que
ocorrem no meio em que esto. Assim, experimentar e descobrir podem ser uma maneira
muito rica e interessante de aprender. Para que isso ocorra, a criana deve ter a
oportunidade de agir sobre sua realidade.
Proporcionar criana dessa faixa etria situaes ricas e desafiadoras, as quais possam
gerar a necessidade de resolver um problema efetivo, parece ser fundamental. O papel do
professor de grande importncia nesse processo, uma vez que, alm de deixar a criana
livre para manipular e experimentar os materiais, como tambm observar as reaes
decorrentes, deve, em seguida, propor criana problemas reais a serem resolvidos,
criando, assim, uma situao de aprendizagem significativa.
O trabalho de Matemtica na Educao Infantil deve, dessa forma, garantir que as crianas
faam mais do que recitar nmeros e decorar os nomes de figuras geomtricas. preciso
que possam, partindo dos conhecimentos prvios de cada uma, avanar em seus
conhecimentos mediante situaes significativas de aprendizagem.
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Vrias so as possibilidades para que isso ocorra: as situaes de jogos; as resolues de
problemas; as atividades lgicas, etc. O que vai garantir um aprendizado efetivo que a
criana possa ser o protagonista desse processo, ou seja, um ser ativo que busca respostas
a questes verdadeiras e instigantes.
A Matemtica na Educao Infantil ajuda a desenvolver o conceito de cidadania nas
crianas?
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UNIDADE 8 Objetivo: Decrever a importncia do smbolo para a criana representar os nmeros, bem como abordar o conceito de quantidade atravs na noo de agrupar e desagrupar.
A escrita dos nmeros pelas crianas
Aps entender os nmeros, o passo seguinte, para as crianas, aprender a represent-los.
Para tal, necessrio que utilizem smbolos. Entretanto, antes de comear a ensinar a escrita dos nmeros, importante trabalhar um pouco com as crianas o uso dos smbolos.
Pode-se pedir que inventem smbolos para representar coisas, acontecimentos, emoes de
seu dia a dia, como por exemplo, um dia ensolarado, alegria, etc. interessante que se
converse com as crianas sobre os smbolos que inventaram, comparando as diversas
propostas e perguntando se conhecem outros smbolos. Como exemplos, podem ser citados
smbolos de canais de televiso, de trnsito, a bandeira e outros.
Uma criana que j tenha passado pelas experincias descritas anteriormente e entendido
os nmeros poder inventar smbolos para represent-los, sem que nenhum ensinamento
lhe seja dado. Um smbolo pode ter ou no semelhana figurativa com a coisa que ele
representa. Em geral, ao serem inventados pelas crianas, os smbolos dos nmeros indicam
a prpria quantidade, como os povos antigos os representavam. Assim, por exemplo, para
representar os nmeros um, dois, trs, quatro, etc., uma criana poder fazer risquinhos: / //
/// ////.
Neste momento, a criana j est preparada para aprender os smbolos que utilizamos
atualmente para representar os nmeros. No entanto, devemos ter ainda alguns cuidados.
Em primeiro lugar, como j vimos na lio, quem conta, conta alguma coisa, portanto,
no faz sentido comear a ensinar a escrita dos nmeros pelo zero, pois este no representa
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quantidade. O smbolo para o zero s deve ser ensinado depois que as crianas j sabem
representar os nove primeiros nmeros, a partir do um;
Em segundo lugar, muito importante que o ensino da escrita do nmero dez e de
seus sucessores no seja precipitado, pois, da mesma forma que diversas atividades e
experincias podem ser propostas para que as crianas primeiro entendam os nmeros de
um a nove, para s depois represent-los, preciso que elas participem de outras
experincias e faam novas atividades que as ajudaro a compreender a escrita dos
nmeros a partir do dez. Um bom recurso para isso o uso do baco, pois ele materializa as
duas principais caractersticas do nosso sistema de numerao: o carter posicional e a base
dez.
Agrupando e Reagrupando
De acordo com o Programa Educar (2007), para contar grandes quantidades, costumamos
agrupar os objetos. Para contar as bolinhas do desenho.
Podemos agrup-las, por exemplo, de 3 em 3 ou de 5 em 5. Entretanto, nosso hbito
agrup-las de 10 em 10.
Podemos registrar o resultado dessa contagem destas maneiras:
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Vamos aumentar o nmero de bolinhas e agrup-las assim:
ou
Podemos reagrupar, isto , agrupar os grupos:
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Agrupar e reagrupar de 10 em 10 uma das caractersticas do nosso sistema de numerao,
que, por isso, chamado de sistema de numerao decimal. Tambm dizemos que nosso
sistema tem base 10. Os agrupamentos de grupos de dez so denominados centenas; os
grupos de dez, dezenas, e os objetos soltos, unidades.
O hbito de agrupar de 10 em 10, presente em vrios sistemas de numerao alm do nosso
(no egpcio, no romano e no chins, por exemplo), sem dvida se relaciona com a utilizao
dos dedos na realizao de contagens. Foi usando os dez dedos das mos que o homem
aprendeu a contar. Fazemos isso at hoje...
Entretanto, o homem no se contentou s com suas mos. Ele criou alguns instrumentos
para auxili-lo nos clculos. Dentre esses instrumentos, destaca-se o baco, pela eficincia e
simplicidade e continua a ser usado at os dias de hoje, mesmo com as calculadoras atuais
dotadas com recursos poderosos.
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A construo de um baco simplificado muito fcil e barata, podendo ser feita pelas prprias
crianas. A base do baco pode ser um pedao de isopor, ou de qualquer material semelhante,
como, por exemplo, uma caixa de ovos. As casas do baco podem ser varetas, espetinhos de
churrasco ou pedaos de arame grosso, que sero espetados na base. As "contas" do baco
podem ser arruelas, argolas de plstico, tampas de garrafa de refrigerante furadas no meio, ou
mesmo macarro do tipo "argolinha".
Aps construir o seu baco voc pode utiliz-lo em atividades que envolvam contagens e a
representao escrita dessas contagens.
Na pasta Software Livre tem um software do BACO. Divirta-se.
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UNIDADE 9 Objetivo: Abordar a importncia das proposta curriculares da Educao Infantil e suas principais reas.
Contedo das Propostas Curriculares para Educao Infantil
A seleo e a organizao dos contedos matemticos representam um passo importante no
planejamento da aprendizagem e devem considerar os conhecimentos prvios e as
possibilidades cognitivas das crianas para ampli-los. Para tanto, deve-se levar em conta
que:
aprender Matemtica um processo contnuo de abstrao no qual as crianas
atribuem significados e estabelecem relaes com base nas observaes, experincias e
aes que fazem, desde cedo, sobre elementos do seu ambiente fsico e sociocultural;
a construo de competncias matemticas pela criana ocorre simultaneamente ao
desenvolvimento de inmeras outras de naturezas diferentes e igualmente importantes, tais
como comunicar-se oralmente, desenhar, ler, escrever, movimentar-se, cantar, etc.
Os domnios sobre os quais as crianas de zero a seis anos fazem suas primeiras incurses
e expressam ideias matemticas elementares dizem respeito a conceitos aritmticos e
espaciais.
A finalidade das propostas curriculares para a Educao Infantil apresentada pela
administrao educativa potencializar e favorecer o desenvolvimento mximo de todas as
capacidades, respeitando as diversidades e as possibilidades dos diferentes alunos. O
desenvolvimento no pode ser considerado como uma expanso automtica de
potencialidades, mas como um complexo processo de interao entre a criana e o adulto. O
currculo deve contemplar:
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Ter no mnimo alguma das cinco grandes capacidades de que habitualmente falamos quan-
do queremos caracterizar o desenvolvimento e o que configura uma pessoa (cognitivas, de
relao interpessoal, motoras, de atuao social e de equilbrio pessoal).
Exceto em algum caso muito concreto, esses objetivos gerais fazem referncia a mais de
uma capacidade geral. Isso lgico, porque a pessoa global e no pode compartimentar-
se em mbitos.
Ao serem observadas as grandes capacidades, veremos que, de um lado, podemos
distinguir duas grandes dimenses: uma dimenso configurada para o que afeta a prpria
pessoa (capacidades cognitivas, motoras e de equilbrio pessoal) e uma dimenso
configurada pelo meio social que a envolve e as relaes que as mantm (as capacidades de
relao interpessoal e de insero social).
Essas duas dimenses so inseparveis na construo individual, por exemplo: as relaes
interpessoais esto muito determinadas pelo equilbrio emocional de uma pessoa e, a