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ESCOLA ESTADUAL MARQUÊS DE MARICÁ ENSINO FUNDAMENTAL NRE - FRANCISCO BELTRÃO - PR PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO SANTA IZABEL DO OESTE - PR 2017

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ESCOLA ESTADUAL MARQUÊS DE MARICÁ – ENSINO FUNDAMENTAL

NRE - FRANCISCO BELTRÃO - PR

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

SANTA IZABEL DO OESTE - PR

2017

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................04 1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO .................................................05

1.1 Localização e dependência administrativa...........................................................05 1.2 Aspectos históricos da instituição........................................................................05 1.3 Caracterização do atendimento na instituição e quantidade de estudantes........07 1.4 Estrutura física, materiais e espaços pedagógicos..............................................07 1.5 Recursos humanos..............................................................................................09 1.6 Instâncias colegiadas...........................................................................................10 1.7 Perfil da comunidade escolar...............................................................................10 2 DIAGNÓSTICO DA INSTITUIÇÃ DE ENSINO .......................................................14 2.1 Gestão escolar.....................................................................................................14

a) Instâncias Colegiadas................................................................................14 b) Equipamentos Físicos e Pedagógicos.......................................................17 c) Avaliação dos profissionais........................................................................19

2.2 Ensino-Aprendizagem...........................................................................................20 a) Plano de Trabalho Docente .......................................................................22 b) Avaliação....................................................................................................24 c) Conselho de Classe...................................................................................26 d) Registros da Prática Pedagógica...............................................................28

2.3 Atendimento Educacional Especializado ao público-alvo da Educação Especial......................................................................................................................30 2.4 Articulação entre as etapas de ensino.................................................................31 2.5 Articulação entre diretores, pedagogos, professores e demais profissionais da educação....................................................................................................................33 2.6 Articulação da Instituição de Ensino com os Pais/ou Responsáveis...................34 2.7 Formação Continuada dos Profissionais da Educação........................................35 2.8 Acompanhamento e Realização da Hora-Atividade.............................................37 2.9 Organização do tempo e espaço pedagógico e critérios de organização das turmas.........................................................................................................................39

a) As Atividades de Ampliação de Jornada Escolar......................................40 b) Sala de Apoio à Aprendizagem.................................................................40

2.10 Índices de Aproveitamento Escolar (indicadores externos e internos), abandono/evasão e relação idade/ano......................................................................41

a) Abandono Escolar.....................................................................................41 b) Baixo Aproveitamento Escolar..................................................................43 c) Prevenção ao uso de Álcool e outras Drogas e Enfrentamento às Violências na instituição de ensino................................................................45

2.11 Relação entre profissionais da educação e discentes.......................................46

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3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS.................................................................................49 4 PLANEJAMENTO....................................................................................................86 4.1 Calendário Escolar...............................................................................................86 4.2 Ações Didático Pedagógicas................................................................................89

a) Ensino e Aprendizagem............................................................................89 b) Avaliação da aprendizagem e do processo pedagógico...........................92 c) Conselho de Classe..................................................................................95 d) Atividades Curriculares Completares / Hora Treinamento........................97 e) Articulação da Instituição de Ensino com os Pais/ou Responsáveis........97

4.3 Ações referentes à Flexibilização Curricular........................................................98 4.3.1 Atendimento Educacional Especializado ao público alvo da Educação

Especial...........................................................................................................99 4.4 Proposta Pedagógica Curricular........................................................................101 4.4.1 Proposta Pedagógica Curricular – Elementos...............................................102 4.4.2 Proposta Pedagógica Curricular do Programa de Ampliação de

Jornada..........................................................................................................103 5 LEGISLAÇÕES ARTICULADAS AO CURRÍCULO...............................................103

6 GESTÃO ESCOLAR.............................................................................................104

a) Instâncias Colegiadas.............................................................................104 b) Avaliação dos Profissionais.....................................................................106

7 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL..............................................................................106 8 ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPP...................................................108 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................109 ANEXO I - Índices de Aproveitamento Escolar (indicadores externos e internos), abandono/evasão e relação idade/ano....................................................................113 ANEXO II – Plano de Ação 2017..............................................................................114 ANEXO III – Ata de aprovação do Conselho Escolar ..............................................115

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APRESENTAÇÃO

O Projeto Político Pedagógico da Escola Estadual Marquês de Maricá -

Ensino Fundamental é o resultado de reflexões realizadas pela Comunidade Escolar

(pais, alunos, professores e funcionários), através de reuniões, grupos de estudos e

discussões que ocorreram em diversos momentos organizados para propiciar a

análise da realidade social, política, econômica e cultural na qual a escola está

inserida, a qual exerce impacto direto nas relações educacionais que se

estabelecem nesta instituição.

A partir desses momentos reflexivos caracterizou-se a instituição em seus

aspectos físicos, humanos, estruturais, pedagógicos e de gestão, apontando suas

potencialidades e limitações.

Da mesma forma realizou-se a construção de um referencial teórico com o

objetivo de, a luz das ideias produzidas por estudiosos, responder às necessidades

sociais e históricas diagnosticadas na instituição, apontando caminhos a serem

percorridos no sentido de estabelecer relações no espaço escolar pautadas no

conhecimento científico, na ética, no respeito pela diversidade e na solidariedade

humana.

Essa opção teórica transparece o comprometimento dos envolvidos no ato de

educar e ensinar, a partir da compreensão crítica da realidade histórico-social da

escola pública, expressando a preocupação e o compromisso com o cumprimento

de seu propósito que é ensinar, instrumentalizando cada estudante para a

construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Este projeto tem como objetivo central a aprendizagem dos estudantes, sendo

que, cada ação e meta traçada indicam os caminhos que cada segmento percorrerá

neste processo.

O presente Projeto Político Pedagógico teve sua aprovação pelo Conselho

Escolar na data de 06/07/2017, de acordo com a ata n° 06/17, registrada em livro

próprio do referido órgão colegiado.

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1- IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

1.1 Localização e dependência administrativa

Instituição de Ensino: Escola Estadual Marquês de Maricá – Ensino

Fundamental

Código da Instituição: 0016

Endereço: Rua Acácia, 2043 – Centro

Telefone: (46) 3542-1945 / 2364

E-mail: [email protected]

Município: Santa Izabel do Oeste – PR

NRE: Francisco Beltrão

Código NRE: 12

Código do INEP: 41083105

Dependência Administrativa: Estadual

Localização: urbana

Oferta de Ensino: Ensino Fundamental Anos Finais

Ato de Reconhecimento da Instituição (se houver): Resolução nº 256/2014 de

20/02/2014

Parecer do NRE de aprovação do Regimento Escolar: nº 285/2008 de

11/12/2008

Entidade Mantenedora: Governo do Estado do Paraná

1.2 Aspectos históricos da instituição

Ao buscar fontes que documentam o histórico da instituição, poucos dados

foram encontrados com relação aos seus primeiros anos de atividade na

comunidade e, através destes, construímos um repertório fracionado que fica

explícito no texto a seguir.

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No início, as séries finais do Ensino Fundamental utilizava o espaço físico do

Grupo Escolar Guilherme de Almeida, devidamente ampliado para o seu

funcionamento.

No primeiro ano letivo o Grupo Escolar acolheu 69 alunos, formando a

primeira turma das séries finais do ensino fundamental em 1970, com 32 alunos. A

direção, no primeiro ano de funcionamento, esteve a cargo da professora Martyniana

Sava dos Santos.

Através do decreto nº. 6156 de 04 de janeiro de 1979, assinado pelo então

Governador Jayme Canet Júnior, esta escola, na época denominada Ginásio

Estadual Marquês de Maricá, passou a fazer parte do Complexo Escolar Dr. Nilo

Cairo da Silva – Ensino de 1º Grau, e foi reconhecida, juntamente com seu curso,

pela Resolução nº. 2635 de 19 de novembro de 1981, assinada pelo Secretário de

Estado da Educação, Sr. Edson Machado de Souza. Anos depois desvinculou-se do

complexo escolar e passou a ter uso predial exclusivo para o atendimento aos

alunos das séries finais do ensino fundamental.

No ano de 2010, implantou-se nesta instituição a Educação de Jovens e

Adultos – EJA, modalidade que ofertava as séries finais do Ensino Fundamental e

Ensino Médio. Por conta disso, a então nomeada Escola Estadual Marquês de

Maricá passou a ser documentada como Colégio Estadual.

No ano de 2014 houve a cessação do ensino da EJA, que ocorreu apesar da

existência de demanda de alunos no município para dar continuar ao seu

funcionamento, porém não houve interesse e disponibilidade por parte desses em

matricularem-se, mesmo mediante ampla divulgação. Diante disso houve a

cessação da oferta do Ensino Médio modalidade EJA e a nomenclatura da

instituição voltou a ser Escola.

A referida escola recebeu esse nome em homenagem a Mariano José

Pereira da Fonseca – Marquês de Maricá, político e escritor brasileiro, que nasceu

no Rio de Janeiro, em 1773. Marquês de Maricá tomou parte ativa no movimento da

Independência. Entre muitos outros títulos, foi ministro da Fazenda de D. Pedro I em

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1823 e, em 1926, foi nomeado para o Senado, tendo sido um dos primeiros

signatários da Constituição.

1.3 Caracterização do atendimento na instituição e quantidade de estudantes

Atualmente, a Escola Estadual Marquês de Maricá oferece as séries finais

do Ensino Fundamental em seus turnos matutino e vespertino, atendendo a 454

alunos matriculados em 17 turmas do ensino regular, sendo 255 alunos do gênero

masculino e 195 do gênero feminino.

Também proporciona a inclusão, recebendo alunos com necessidades

especiais de acordo com a legislação e as condições físicas e humanas do

estabelecimento, ofertando a estes atendimento nas Salas de Recursos

Multifuncional tipo I, mediante laudo diagnóstico emitido a partir de avaliação

psicológica, psicopedagógica e/ou fonoaudiológica e neurológica.

As Salas de Apoio a Aprendizagem de Português e Matemática, é um

programa ofertado preferencialmente para alunos de 6º ano, podendo ser estendido

aos de 7º ano, que apresentam defasagem de conteúdos básicos nestas disciplinas.

Tanto as Salas de Recursos, quanto as Salas de Apoio tem funcionamento

nos turnos matutino e vespertino, sendo que a primeira atende a cerca de 40 alunos

e a segunda a aproximadamente 100 alunos ao ano.

Como atividades de complementação curricular é ofertado no turno contrário

ao de aulas regulares a Hora Treinamento, nas modalidades esportivas Voleibol e

Handebol, atendendo a 34 alunos.

Dos alunos que frequentam a escola cerca de 45,17% autodeclaram-se

brancos, 51,72 % pardos, 1,38% pretos, 0,69% amarelos e 1,04% autodeclaram-se

indígenas.

1.4 Estrutura física, material e espaços pedagógicos

A Escola Estadual Marquês de Maricá possui uma estrutura predial com 12

salas de aula padrão; saguão com banheiros masculino e feminino para alunos, e

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um adaptado para cadeirante; cozinha; instalações específicas com salas para

administração, serviços técnico – pedagógicos, corpo docente, biblioteca, laboratório

de informática e banheiros para professores e funcionários.

No espaço externo há quadra de esportes coberta, com banheiros femininos e

masculinos, os quais foram construídos com aplicação de recursos financeiros da

APMF; campo suíço; quadra de vôlei de areia e amplo pátio arborizado onde se

realizam atividades recreativas e esportivas.

No que se refere a equipamentos tecnológicos, a escola dispõe de projetor de

multimídia (data show) (2); aparelho de som (2); caixa amplificada (1); aparelho para

microfone sem fio (1); kit rádio escola contendo: microfone (2), aparelho processador

e reprodutor de som (1), kit de áudio portátil (2), fone de ouvido com fio (2),

microsystem com dois auto falantes (1), sistema transmissor com receptor (1);

antena parabólica e receptor (1); monitores do Paraná Digital (23); CPU do Paraná

Digital (6); monitores do Proinfo (18); CPU do Proinfo (9); impressoras (3);

televisores multimídias (11); impressora Laser Jet (1); computadores (2), Notebook

(3), máquina fotográfica/filmadora (2); violões (12); vidrarias para laboratório de

ciências.

As doze salas de aula são equipadas com condicionador de ar, inclusive a

secretaria, o laboratório de informática, a sala de professores, a sala da equipe

pedagógica e a biblioteca.

Para a Sala de Recursos há conjuntos de computadores com monitores e

CPU’s (2); notebook (1); impressora (1); kit contendo mouse para acionador (1);

acionador de pressão (1) e teclado com colmeia (1); bandinha rítmica (1); jogos:

Banco Imobiliário (1); Soletrando (1); kit de jogos pedagógicos: Perfil III (1); Perfil

Junior (1); Imagem e Ação 2 (1); Lince (1); Batalha Naval (1), Scotland Yard (1),

Palavras Cruzadas (1); Can can (1).

A biblioteca escolar contém acervo bibliográfico correspondente a livros

didáticos para alunos e professores; livros de apoio pedagógico para o planejamento

e para a formação profissional do professor (254); coleções de literatura: juvenil (43);

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infanto-juvenil (1333); contos (266); poesia (238); romance (1083); teatro / novela

(107); diversos (216); jornais e revistas.

Outros materiais de apoio pedagógico são disponibilizados tais como: sólidos

geométricos tridimensionais; Tangran; Material Dourado; Torre de Hanoi; dominó

das quatro operações matemáticas; jogos silábicos, jogos da memória, jogos de

xadrez, Bancos Imobiliários.

A estrutura física encontra-se em boas condições de uso, sendo necessário

renovar a pintura predial e da quadra de esportes, bem como realizar pequenos

reparos constantemente para a manutenção da qualidade do ambiente.

A escola na medida do possível está se adequando às normas de segurança

do Corpo de Bombeiros, porém ainda há questões a serem atendidas para as quais

não houve repasse financeiro do governo.

1.5 Recursos humanos

Função

Quantidade Formação Vínculo Turno de atuação

Agente Educacional I

2

Ensino Médio / Profuncionário

QFEB Manhã e tarde

4

Cursando Ensino Superior

QFEB Manhã e tarde

1

Especialização REPR Manhã e tarde

1 Cursando Ensino Superior

REPR Manhã e tarde

Agente Educacional II

4 Especialização QFEB Manhã e tarde

1 Ensino Médio / Profuncionário

QFEB Manhã e tarde

Equipe Pedagógica

1 Especialização QPM Manhã e tarde

1 Especialização QPM Manhã

1 Especialização QPM Tarde

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Professores

5 Especialização QPM Manhã

6 Especialização QPM Tarde

13 Especialização QPM Manhã e tarde

11 Especialização REPR Manhã

10 Especialização REPR Manhã e tarde

1 Acadêmico REPR Manhã

4 Especialização REPR Manhã e tarde

5 Acadêmico REPR Manhã e tarde

Direção 1 Especialização QPM Manhã e tarde

Legenda das abreviaturas dos cargos: QPM – Professor Quadro Próprio do Magistério QFEB – Quadro de Funcionários da Educação básica REPR – Professor PSS – Processo Seletivo Simplificado 1.6 Instâncias Colegiadas As instâncias colegiadas constituídas na instituição são:

- Conselho Escolar;

- Associação de Pais, Mestres e Funcionários;

-Grêmio Estudantil;

-Conselho de Classe.

1.7 Perfil da comunidade escolar

A Escola Estadual Marquês de Maricá, por ser a única escola localizada na

zona urbana do município de Santa Izabel do Oeste que oferece as séries finais do

Ensino Fundamental, recebe alunos provenientes do centro da cidade, bairros (São

José Operário, Santo Antônio, Alto da Colina, Nossa Senhora de Fátima, Jardim

Pinheiro,12 de Outubro), Vila Rural e comunidades rurais próximas à cidade (Linha

Santa Catarina, Linha Progresso, Linha Sarandizinho, Anta Gorda, Rio da Prata,

Linha Peroba, Linha Perini, Linha Sarandi, Linha Gaúcha e Furlan).

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Os alunos oriundos de comunidades rurais correspondem a cerca de 12%

do total de alunos matriculados, sendo estes filhos de agricultores cujo meio de

subsistência é a agricultura familiar, com casos que completam a renda agrícola com

trabalho assalariado em aviários ou como domésticas. Estes alunos dependem do

transporte escolar para estudar.

Dos estudantes residentes na área urbana, apenas 13% moram no centro.

Devido a distância dos bairros até a escola, os demais alunos, cerca de 68%, fazem

uso do transporte escolar.

A constituição familiar sofreu alterações ao longo dos tempos, através do

questionário aplicado às famílias, percebeu-se que 76% é formada por pai, mãe e

filhos; ainda que, muitas vezes esses pais sejam padrastos e essas mães,

madrastas, e esses filhos meio irmãos ou apenas consideram-se irmãos pelo fato de

morarem juntos. 13% dos alunos moram somente com as mães e os irmãos; 1%

moram só com o pai; e, 10% dos alunos moram e tem como seus responsáveis os

avós, maridos (algumas alunas são casadas) ou outros parentes (tios, padrinhos, ou

pessoas que não são familiares, mas os pegaram para criar).

Cerca de 77% das famílias tem casa própria, 18% moram em casas

alugadas e 5% tem moradias cedidas. Com relação a quantidade de pessoas que

habitam essas residências, encontramos a seguinte situação:

Número de pessoas que moram na mesma casa:

2 pessoas 6%

3 pessoas 22%

4 pessoas 35%

5 pessoas 22%

6 pessoas 8%

Mais de 6 pessoas 7%

Nas famílias mais numerosas, notou-se que muitas vezes, tios, sobrinhos,

avós e outros parentes moram na mesma casa, acarretando o que percebemos nos

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dados apresentados na tabela, onde mais de 6 pessoas habitam uma mesma

residência.

O perfil socioeconômico das famílias é distinto, sendo que a renda familiar

mensal é a seguinte:

Renda Familiar

Até um salário mínimo. 30,0%

Acima de um salário mínimo a três salários. 43,0%

Acima de três salários mínimo até cinco salários. 14,0%

Mais de cinco salários mínimos. 9,0%

Sem renda. 4,0%

Cerca de 21% das famílias recebem subsídio de programas assistenciais

como bolsa família e o programa leite das crianças para prover a subsistência

familiar.

Cerca de 68% dos pais ou responsáveis possuem carteira assinada,

desempenhando as mais diversas funções. Os 32% que não possuem carteira

assinada trabalham de maneira autônoma, alguns contribuem com o INSS, mas a

grande maioria não, são pessoas que trabalham geralmente por dia, na reciclagem,

como domésticas e diaristas, pedreiros, cortadores de pedra, fazendo calçamento,

vendedores e pequenos empresários/comerciantes.

Na formação escolar percebemos uma diferença entre o nível de

escolaridade de homens e mulheres, conforme podemos observar na tabela abaixo:

Nível de escolaridade do pai ou, responsável:

Não estudou/analfabeto 3%

Ensino Fundamental Anos Iniciais 29%

Ensino Fundamental Anos Finais 34%

Ensino Médio 23%

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Ensino Superior 8%

Pós-Graduação 3%

Nível de escolaridade da mãe ou, responsável:

Não estudou/analfabeto 4%

Ensino Fundamental Anos Iniciais 24%

Ensino Fundamental Anos Finais 28%

Ensino Médio 29%

Ensino Superior 8%

Pós-Graduação 7%

Dos dados coletados, detectou-se que muitos não concluíram o Ensino

Fundamental Ano Iniciais e Finais, nem o Ensino Médio, o que se reflete diretamente

nos postos de trabalho ocupados e na renda familiar.

Entre os alunos matriculados, cerca 6% são trabalhadores, no turno

contrário ao da frequência escolar, pois necessitam contribuir com a renda familiar.

Contudo, a grande maioria auxilia em casa com as tarefas domésticas, na

agricultura ou na empresa/comércio de seus responsáveis/familiares.

Apesar da cidade de Santa Izabel do Oeste ser de pequeno porte (segundo

o IBGE, 14.289 habitantes), enfrentamos problemas sociais graves que costumavam

se fazer presentes apenas em cidades maiores, como prostituição de menores,

gravidez na adolescência, drogas, alcoolismo, desemprego, fome, violência e

situações de abandono. Estes, interferem diretamente na dinâmica escolar, pois

atingem as famílias como um todo, afetando o desempenho escolar, tornando difícil

a permanência destes alunos na escola e o devido acompanhamento da família.

Em meio a esta realidade, revelam-se muitos alunos que se destacam nos

estudos, representando com sucesso, a escola em vários eventos, nos quais

demonstram nível acadêmico elevado, senso de responsabilidade e consciência

crítica, elevando a escola nas várias esferas que vêm participando.

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2 - DIAGNÓSTICO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

2.1 Gestão Escolar

A gestão escolar efetiva-se com o envolvimento das instâncias colegiadas,

que participam nas decisões financeiras, administrativas e pedagógicas, ocorre por

meio de reuniões para tomadas de decisões de cunho financeiro e pedagógico, no

que se inclui também a organização e participação de eventos escolares, com ou

sem fins lucrativos.

a) Instâncias Colegiadas:

A Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) é uma instância de

representatividade da comunidade escolar, tendo a função de gerir e administrar os

recursos próprios e os que lhe forem confiados através de convênios, auxiliando nas

tomadas de decisões no âmbito financeiro direcionando-os para aplicabilidades de

caráter pedagógico.

Nos últimos anos a escola vem vivenciando a dificuldade de envolver os pais

na formação de órgãos representativos. Desde o momento da composição da chapa

da APMF, observa-se a pouca disponibilidade da comunidade de pais em

voluntariamente fazer parte desta instância, tendo que muitas vezes indica-los e

persuadi-los a aceitar tal função.

Dessa forma, a APMF vem participando da gestão escolar em momentos

pontuais, quando convocados pela direção, sendo que nesses encontros, o número

de pais participantes é mínimo, prevalecendo sempre a presença dos profissionais

da escola. Isso é um fator negativo, uma vez que o nível das discussões fica restrito

à visão destes profissionais.

A pouca disponibilidade dos pais em compor a APMF, acaba refletindo no

compromisso que assumem diante de suas funções e no nível de envolvimento com

as questões escolares.

No entanto, o trabalho da APMF vem sendo realizado dentro das orientações

e legislação vigente. A aplicação financeira e a prestação de contas são realizadas

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com o devido acompanhamento, porém vale enfatizar que a participação mais

efetiva da comunidade de pais é essencial para que estes conheçam o cotidiano

escolar e suas necessidades, para que dessa forma possam contribuir com maior

propriedade nas decisões.

O Conselho Escolar é um órgão deliberativo formado por representantes dos

segmentos da comunidade escolar de forma paritária. Participa de reuniões de

cunho administrativo e pedagógico, em alguns momentos de estudos, de

planejamento de ações pedagógicas e de aplicações financeiras. Também é

acionado para análise e tomada de decisões quanto a casos peculiares que

envolvem alunos para os quais as ações praticadas pela escola não surtiram efeitos.

Como já descrito com relação a APMF, a constituição deste órgão, também é

prejudicada pelo pouco voluntariado da comunidade de pais e da comunidade

externa. Dessa forma, novamente, a maior participação quando reunido o Conselho

Escolar é dos profissionais da escola, sendo seus membros acionados em

momentos que compete a sua participação.

Sendo o Conselho Escolar o órgão máximo da gestão democrática, a

representatividade da comunidade externa de pais e alunos, precisa ser fortalecida

através da presença de todos os seus representantes nas reuniões. É necessário

que tenham voz ativa e conhecimento a respeito da realidade escolar a fim de terem

uma atuação mais efetiva.

O Grêmio Estudantil é um órgão importante por oportunizar aos alunos a

formação de lideranças, de atitudes democráticas, de responsabilidade, cooperação

e iniciativa. O Grêmio Estudantil atua sob a coordenação de um professor que se

disponibiliza a auxiliar e acompanhar seus membros na execução das atividades,

sendo um órgão presente no cotidiano escolar, organizando situações de integração

entre alunos, colaborando com os eventos escolares e exercendo sua

representatividade estudantil sempre que requisitado.

Nos últimos cinco anos de atuação do Grêmio Estudantil, angariaram fundos

financeiros e adquiriram: uma mesa de ping pong, raquetes e bolinhas de ping

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pong, a rede para a referida mesa, uma rede de voleibol, um DVD, um micro system

e o controle remoto para passar slides.

Com o passar dos anos, observa-se que a participação dos membros do

Grêmio Estudantil vem se restringindo a poucos estudantes que realmente se

envolvem com o propósito a que este órgão se destina. Observa-se a necessidade

de intensificar essa participação nas questões da gestão, sendo consultados e

informados com maior frequência sobre as questões pertinentes à escola.

Neste contexto, evidencia-se a necessidade de haver formação para os

membros das instâncias colegiadas, especialmente com relação aos representantes

de pais, alunos e comunidade externa, a fim de que possam ter a sua disposição as

informações necessárias sobre a sua função e sobre a escola, subsidiando as

discussões e as decisões das quais devem participar, de forma mais integrada,

priorizando os aspectos pedagógicos e visando uma melhor qualidade do ensino.

Além das reuniões com as instâncias colegiadas outros momentos

propiciados para a efetivação da Gestão Democrática se dão por ocasião das

Semanas Pedagógicas e das Reuniões Pedagógicas, momentos em que se

discutem as problemáticas escolares e se propõem ações para superá-las sendo

estas referentes a todos os âmbitos escolares e encontram-se expressas no Plano

de Ação Anual do estabelecimento. Documento este, que precisa ser assumido nas

práticas da escola.

Destaca-se como positividade da gestão escolar a aplicação dos recursos

físicos e financeiros em prioridade às questões pedagógicas. As prestações de

contas são divulgadas em reuniões com a comunidade escolar, podendo ser

ampliada a divulgação no site da escola.

Para fortalecimento da gestão democrática, seria necessário a criação de

mecanismos que ampliassem a coleta de sugestões da comunidade escolar sobre

as suas necessidades, a fim de serem apontadas nas reuniões com os órgãos

colegiados, discutidas e na medida do possível, viabilizados os atendimentos.

Outro ponto de destaque é o bom relacionamento mantido entre a escola e os

serviços públicos municipais, com os quais são estabelecidas parcerias com as

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Secretarias Municipais de Saúde, Educação, Esporte e Assistência Social, que

favorece o atendimento de prioridades escolares, principalmente quando se trata da

Rede de Proteção da Criança e do Adolescente.

A gestão democrática também está relacionada as relações interpessoais.

Em consulta a comunidade escolar também destacou-se como positividade da

gestão democrática a existência de diálogos no tratamento dos conflitos que

ocorrem no dia a dia escolar, seja entre alunos, alunos e educadores e entre

educadores, sempre primando pela conciliação das situações.

Num ambiente escolar do porte da Escola Estadual Marquês de Maricá

muitas são as formas de pensamentos dos grupos. A gestão procura, em suas

decisões, atender as necessidades da escola, o que nem sempre significa

contentamento de todos. Isso gera tensões grupais que necessitam ser trabalhadas

a fim de todos convergirem, apesar das diferenças, ao ponto comum, que é o

aprendizado do educando.

Vivenciamos a pouca disponibilidade da comunidade de pais na gestão

democrática, transparece não querer envolver-se nas atividades sociais, pois isso

exige disponibilidade de um tempo extra, além da carga horária de trabalho diária, e

tal envolvimento requer doação em prol do benefício comunitário. Tal dificuldade

evidencia-se não só no contexto escolar, mas nos diversos setores da comunidade

izabelense que demandam a formação de diretorias, conselhos e associações. As

pessoas vem se eximindo do envolvimento pelo bem comum, como uma

característica própria do sistema social e econômico capitalista, que prima pelo

individualismo.

b) Equipamentos Físicos e Pedagógicos:

A Escola Marquês de Maricá possui um acervo qualificado de material de uso

didático pedagógico, nem sempre o suficiente para o número de alunos atendidos

pela instituição. A maioria dos professores busca incorporar nas suas práticas

pedagógicas o uso dos materiais pedagógicos disponibilizados para o

enriquecimento das mesmas.

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Diante das inovações tecnológicas, se faz necessário a estruturação do

equipamento que compõe o laboratório de informática, pois a atual capacidade do

servidor não absorve a demanda de uso advinda dos educadores e alunos,

sobrecarregando-o causando lentidão e até mesmo travando o sistema, não

permitindo sua utilização por determinado período.

Todas as vezes em que houve problemas no funcionamento do laboratório de

informática necessitando da assessoria técnica do CRTE in loco, na medida do

possível, os técnicos disponibilizados no Núcleo Regional de Educação sempre

atenderam aos chamados da escola. Porém com apenas três técnicos disponíveis

para atender todas as escolas no núcleo, as vezes, leva a espera, gerando

problemas mediante as emergências do cotidiano de uma escola do porte do

Marquês de Maricá.

Existe na escola um agente educacional II, direcionado a função de

administrador local que supre as necessidades de manutenção básicas do

laboratório de informática. O qual faz o cadastramento dos usuários, auxilia os

professores e alunos durante as aulas, e faz o atendimento em turnos contrários

assessorando alunos e comunidade na realização de pesquisas escolares.

A biblioteca escolar está sendo mantida com acervo atualizado através de

investimentos em material literário, tendo um amplo acesso por parte dos alunos e

demais membros da comunidade escolar que queiram e necessitem usufruir. Os

professores estimulam a leitura através de projetos pedagógicos e do livre acesso

ao ambiente que é organizado por um agente educacional II que faz o atendimento

ao público.

A TV pendrive e o projetor são recursos muito utilizados nas atividades

pedagógicas, devido ao seu fácil manuseio e a diversificação oferecida em relação a

exposição das aulas.

A escola está constantemente investindo recursos na aquisição e atualização

de diversos materiais: mapas, dicionários, réguas, transferidores, lápis de cor,

canetão, atlas, jogos educativos e demais materiais necessários para o bom

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andamento das aulas, o que inclui investimento em folhas sulfites, toner e

impressoras.

A climatização dos ambientes escolares tornou-se uma necessidade mediante

as alterações climáticas que afetam a nossa região com altas temperaturas. Dessa

forma, 12 climatizadores foram instalados na escola, sendo 5 dessas adquiridos com

verbas federais e os demais com os recursos próprios da APMF.

A utilização do telefone fixo faz parte do dia a dia escolar, uma vez que o

perfil dos alunos e de suas respectivas famílias trouxe à tona a necessidade de

acompanhamento pedagógico mais individualizado, sendo feitos em parceria com a

Rede de Proteção e com a comunicação familiar reforçando o acompanhamento

escolar dos alunos. Tais ações acarretam contas mensais com valores exorbitantes,

sobre as quais a SEED solicita justificativa do uso.

A Direção juntamente com a APMF e o Conselho Escolar sempre priorizam a

aquisição de materiais conforme a necessidade dos professores para atender todas

as áreas, seja através de recursos da SEED ou de promoções aplicando os recursos

próprios.

c) Avaliação dos profissionais

Todos os profissionais das escolas estaduais são submetidos a uma

avaliação semestral de desempenho exigida pela SEED com fins de progressão, a

qual é realizada a nível escolar através de uma reunião com a direção, membros do

Conselho Escolar, avaliados e equipe avaliadora. Tendo como critérios avaliativos:

assiduidade, produtividade, participação e pontualidade.

Observa-se que nesta avaliação a uma incidência frequente de notas 10 (dez)

nos itens acima descritos, no entanto, no cotidiano escolar, falhas são evidenciadas

em diferentes setores, as quais são reproduzidas ano após ano, exigindo um

disciplinamento dos profissionais no desempenho das atividades que lhes cabem,

conforme estatuto do magistério, regimento escolar e projeto político pedagógico.

Identifica-se desconsonância entre este documento avaliativo e o que

evidencia-se na prática cotidiana nos ambientes escolares, pois se todos os

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profissionais realmente são nota 10 (dez), consequentemente, os resultados da

escola deveriam ser outros, principalmente quando comparado esta avaliação com

os relatos dos alunos nos pré-conselhos e de alguns pais em registros nos livros ata

destinados a este fim. Sendo assim, se à todos os profissionais são atribuídas notas

10 (dez), quais serão os argumentos utilizados para promover as melhorias

contínuas evidentemente necessárias?

Além deste instrumento ofertado pela SEED se faz necessária a realização de

avaliação institucional periódica para ter uma visão mais apurada sobre o nível de

contentamento da comunidade escolar com relação aos serviços ofertados pela

escola e suas reais necessidades.

2.2 Ensino-Aprendizagem

É um processo contínuo que acontece por meio da mediação do professor, efetiva-se quando o sujeito apropria-se de conhecimentos que possibilitem a compreensão do meio em que vive. O conhecimento é, portanto, fruto de uma relação entre o sujeito, professor mediador e o conteúdo/objeto de conhecimento (SEED/PARANÁ. Caderno de orientações para elaboração/reestruturação do projeto político,2016).

O trabalho pedagógico da Escola Marquês de Maricá está sustentado por

discussões sobre concepções teórico-metodológicas que vem sendo desenvolvidas

ao longo dos anos e sobre as quais busca-se organizar o trabalho educativo. Essas

discussões são realizadas a partir de estudos e reflexões sistematizadas, por

ocasião das reuniões e Semanas Pedagógicas, mediadas pela equipe pedagógica,

por vezes utilizando-se do material disponibilizado pela SEED, outras, utilizando

referências bibliográficas indicadas pela própria equipe de acordo com as

necessidades que se apresentam no contexto escolar, e quando possível e

necessário, são convidados profissionais das universidades.

Os educadores neste contexto, são concebidos como sujeitos que refletem

sobre a ação pedagógica, tendo a escola como principal lugar de reconhecimento de

uma realidade educativa, e portanto, o principal lugar do processo de reflexão

sistematizada sobre a sua própria prática.

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Através dessas discussões, já se alcançou avanços consideráveis, porém,

para atingir-se o ideal há uma grande caminhada a ser percorrida, marcada pela

subjetividade presente nas características individuais de cada professor que

expressa diferentes bagagens pedagógicas, gerando diferentes compreensões e

consequentemente diferentes práticas, mesmo quando lhes proporcionadas as

mesmas reflexões e traçados objetivos comuns.

Nesse contexto coletivo, o caminhar é diferente, o que exige um constante

retomar, refletir, construir e reconstruir por tratar-se de sujeitos (educandos e

educadores) marcados por múltiplos determinantes: psicológicos, sociais, políticos,

biológicos, econômicos, religiosos e culturais, que influenciam o fazer pedagógico

exigindo que este seja pensado e repensado constantemente, para avaliar se ele

está atendendo a função de ensinar a todos o conhecimento científico e

redimensioná-lo a fim de retomar a linha de ação, quando esta estiver desvinculada

deste propósito.

A organização curricular do ensino desta escola encontra-se expressa na

Proposta Pedagógica Curricular elaborada pelos professores das diferentes

disciplinas. Tal elaboração teve como suporte teórico as Diretrizes Curriculares

Estaduais da Educação Básica (SEED, 2008), documento sistematizado a partir das

discussões realizadas pelos professores da Rede Estadual de Educação que

contribuíram “com argumentações fundamentadas desde sua prática de ensino

quanto em suas leituras teóricas e fizeram leituras críticas das diversas versões

preliminares enviadas às escolas.” (SEED. Diretrizes Curriculares da Educação

Básica, 2008)

A Proposta Pedagógica Curricular expressa o histórico de cada disciplina

definindo seu objeto de estudo e seus objetivos, a metodologia, a avaliação e seus

conteúdos estruturantes, básicos e específicos para cada ano. Articulados aos

conteúdos são trabalhados os Temas da Diversidade (Relações Étnico-raciais e

Afrodescendentes, Indígena, Gênero e Diversidade) e os Desafios Educacionais

Contemporâneos (Enfrentamento à Violência na Escola, Prevenção ao Uso Indevido

de Drogas, Educação Ambiental, Educação Fiscal, Cidadania e Direitos Humanos).

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Os estudos sobre o Paraná estão contemplados nos conteúdos de História e

Geografia nos 7º, 8º e 9º ano.

A Matriz Curricular adotada oferece na parte diversificada o ensino de

Língua Estrangeira Moderna – Inglês e nas disciplinas da Base Nacional Comum o

Ensino Religioso como disciplina opcional para o aluno.

O trabalho pedagógico prioriza o enfoque ao conteúdo de forma

contextualizada, privilegiando a aplicação da teoria em situações práticas que

conduzem a sistematização do conhecimento.

Além da atividades curriculares, este estabelecimentos de ensino oferta

Atividades Curriculares Complementares – Hora Treinamento, nas modalidades

Handebol e Voleibol que são organizadas em propostas pedagógicas próprias a

partir do interesse apresentado pelos educandos em desenvolvê-las.

As atividades complementares são trabalhadas em contra turno e consistem

em recortes de conteúdos disciplinares contemplados na Proposta Pedagógica

Curricular, que sofrem um enfoque teórico - metodológico mais aprofundado,

condizente com os objetivos de cada atividade e as necessidades dos alunos que as

realizam.

Outras atividades complementares ofertadas pela instituição são a Sala de

Apoio a Aprendizagem de Língua Portuguesa e Matemática para 6os e/ou 7os anos, e

a Sala de Recursos Multifuncional Tipo I. A primeira tem por objetivo trabalhar com

alunos que apresentam defasagem de conteúdos e /ou dificuldades de

aprendizagem devido a não apropriação de conteúdos estudados em séries

anteriores. A segunda objetiva trabalhar com alunos que apresentam necessidades

especiais diagnosticados com déficit intelectual, transtorno funcional específico e

TDAH.

a) Plano de Trabalho Docente

A elaboração do Plano de Trabalho Docente está amparada pela Lei 9394/96,

art. 13, inciso II e faz parte do planejamento escolar. Para tanto, os docentes fazem

uso do tempo previsto em sua hora atividade, nos momentos de planejamento das

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Semanas Pedagógicas e das datas estipuladas em calendário para o

replanejamento. Nas duas últimas oportunidades descritas, é possibilitado aos

professores se organizarem por área ou, disciplina, para que assim ocorram trocas

de experiências, no entanto, observa-se que muitas vezes dentro dos grupos

ocorrem divergências que prejudicam o trabalho coletivo.

Esse planejamento visa organizar o processo de ensino e aprendizagem,

fazendo com que o docente sistematize as decisões tomadas e registre como será

feita sua execução. Através da elaboração do PTD, há a possibilidade de rever a

ação pedagógica e adequá-la da melhor maneira possível a fim de promover a

aprendizagem dos educandos. De maneira geral, os professores desta escola veem

o planejamento como algo flexível, como uma ferramenta que possibilita fazer os

ajustes necessários conforme sua caminhada.

Dentro deste propósito, alguns professores buscam utilizar estratégias de

recursos variados em sua prática pedagógica atendendo a diversidade sócio

educacional dos alunos, outros persistem nas mesmas estratégias mesmo não

atingindo os objetivos de aprendizagem.

A grande maioria dos professores procuram elaborar seu PTD com base no

estabelecido pelo Projeto Político Pedagógico da escola que estabelece como teoria

de fundamentação a Pedagogia Histórico-Crítica. No entanto, sentem limitações na

hora da elaboração por falta de conhecimentos mais amplos, que extrapolem os da

sua disciplina, uma vez que o PTD nessa perspectiva requer muito tempo de

pesquisa e estudo com relação à realidade com base em problemas sociais

existentes na comunidade, na sociedade e na escola, para que seja possível a

contextualização do conteúdo.

Também sentem insegurança pois não possuem muita clareza de como

proceder na aplicação dessa teoria relacionando aos conteúdos. Existem também

fatores estruturais que prejudicam a aplicação desta teoria metodológica, como por

exemplo, a carga horária reduzida de algumas disciplinas e a fragmentação de

horários e aulas.

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Ainda encontramos em nossa escola um número bem reduzido de

profissionais que não elaboram e não entregam os seus planos, e, entre os que

entregam, há os que não cumprem com o que foi pensado e descrito no mesmo. Um

dos motivos se deve ao fato desses profissionais não ver o planejamento como algo

essencial para ministrar suas aulas, considerando perda de tempo dedicar-se a esta

tarefa.

Os docentes entregam um PTD trimestral à equipe pedagógica que arquiva

estes documentos. A equipe pedagógica procura acompanhar tanto a elaboração do

PTD, quanto a sua execução. Fazendo os registros necessários dos profissionais

que acabam descumprindo a legislação vigente ao não elaborarem o referido plano,

uma vez que, é uma exigência necessária para o bom acompanhamento dos

conteúdos escolares e como registro da prática pedagógica do docente.

O que ainda encontramos muitas vezes, é um PTD que resume-se a uma

listagem trimestral de conteúdo, seguida de encaminhamentos metodológicos e

avaliativos generalizados. Percebe-se também que o momento do planejamento

ainda não efetivou-se plenamente como uma oportunidade de troca de experiências

pedagógicas, de crescimento coletivo que deve ser aproveitado ao máximo.

No entanto, apesar de encontrar algumas resistências, a equipe pedagógica

vem realizando seu trabalho para quebrar a tradicional elaboração do planejamento,

criando situações que exijam maiores reflexões, estabelecendo diálogo entre os

professores e a elaboração de planos que sigam a metodologia estabelecida pela

Pedagogia Histórico-Crítica. Gradativamente nos encontros pedagógicos está sendo

descontruída a visão burocrática referente ao planejamento, a fim de que esse

documento seja parte do processo de ensino, e sirva para aprimorar a prática

docente.

b) Avaliação

As diferentes caminhadas pedagógicas dos professores transparecem em

práticas que evidenciam um grupo de profissionais com maior flexibilidade, cujos

estudos e reflexões expressam a incorporação de uma prática avaliativa como parte

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integrante do ato de ensinar que a utilizam em prol da democratização do

conhecimento, cujos critérios avaliativos são claros, em consonância com o sistema

avaliativo regimentado. Há um outro grupo, mais rígido, em que as reflexões até

então realizadas não deram conta de promover os avanços necessários desses

profissionais frente ao trabalho avaliativo, ainda não o incorporaram como parte do

processo de ensino e os critérios avaliativos não são claros. Essas divergentes

formas avaliativas se apresentam também nas diferenças significativas de nota do

mesmo aluno em relação à disciplinas afins.

A média alcançada pelo aluno deve refletir a assimilação dos conteúdos

mínimos necessários para a continuidade do ensino nos anos seguintes e quando

tais conteúdos mínimos não são atingidos deve haver a recuperação paralela.

A realização da recuperação paralela causa certas dificuldades para o

professor ao deparar-se com diversos níveis acadêmicos reunidos numa mesma

sala e com alunos que não possuem consciência coletiva em relação ao valor da

cooperação e respeito para com a individualidade de todos. Considerando também a

grande quantidade de alunos por sala de aula e o perfil de extrema agitação entre

eles, a recuperação paralela e o atendimento às individualidades é um grande

desafio a todos os professores.

Outro fator presente em nossa realidade escolar é o fato de enfrentarmos

muitas vezes o desinteresse dos alunos com relação à aprendizagem que traz

consequências nos processos e nos resultados avaliativos. Uma grande maioria dos

profissionais são preocupados e se esforçam em recuperar tanto o conteúdo quanto

a nota, oferecendo novas oportunidades de estudo e novos instrumentos avaliativos,

no entanto, muitos são os casos de alunos que não alcançam respostas positivas

demonstram indiferença em relação aos resultados.

Diante dos insucessos em alcançar melhores resultados - sempre em torno

dos mesmos alunos, ano após ano - o professor acaba por vezes não sendo realista

nessa atribuição de nota, favorecendo o educando com notas que muitas vezes não

refletem o real nível de aprendizado. Usando isso como uma estratégia para que,

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caso durando o ano letivo estes alunos reajam positivamente ás intervenções

escolares e encontrem-se em condições de atingir resultados finais de aprovação.

No processo de avaliação escolar, o professor interpreta os resultados da

aprendizagem apresentados pelo aluno e atribui valores, os quais são transformados

em notas trimestrais. Sendo considerado aprovado o aluno que apresentar

frequência igual ou superior a 75% do total da carga horária do período letivo e

média igual ou superior a 60 resultantes da média aritmética dos trimestres, em cada

disciplina.

Os dados avaliativos são resultado do desempenho do aluno em diferentes

situações de aprendizagem e em diversos momentos - (trabalhos individuais e em

grupos, pesquisas, apresentação e organização do material diário, desempenho na

apresentação e elaboração de trabalhos pedagógicos, envolvimento nas aulas,

provas orais e escritas, objetivas e descritivas, individuais e em grupos, com

consulta ou sem consulta) - selecionados pelo professor durante todo o período

letivo, de acordo com a metodologia de trabalho utilizada ao promover a interação

do aluno com o conteúdo e a especificidade e objetivo do momento.

Constata-se que os critérios e instrumentos avaliativos frequentemente

utilizados são os que propiciam mais a reprodução do conhecimento do que o

raciocínio crítico por parte do educando, visto que, em muitas salas de aula os

alunos expressam certa “preguiça mental” diante de qualquer atividade que exija um

pouco mais de esforço para realiza-la. Dessa forma, o professor acaba adaptando a

avaliação a fim de atingir resultados melhores de nota, o que não significa ter

atingido seu objetivo de ensino e aprendizado.

Além dos instrumentos avaliativos utilizados em sala de aula, os resultados

da Avaliação do Rendimento Escolar do SAEP e do IDEB, também constituem

instrumentos de avaliação para o aluno e para a instituição que utiliza tais índices

educacionais para definição de ações que visam a superação das dificuldades

apresentadas e a elevação do nível de aprendizagem dos alunos.

c) Conselho de Classe

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O Conselho de Classe é um órgão colegiado de natureza consultiva e

deliberativa, sendo espaço privilegiado onde se reúnem professores, equipe

pedagógica e direção, a fim de discutir e avaliar as ações educacionais e indicar

alternativas que busquem garantir a efetivação do processo de ensino e

aprendizagem dos educandos.

Tendo como finalidade “acompanhar todo o processo educativo por meio de

análises sobre os componentes da aprendizagem dos estudantes” (SEED/PARANÁ.

Caderno de orientações para elaboração/reestruturação do projeto político,2016),

levando em consideração as relações entre ensino, aprendizagem e avaliação,

procura-se organizar o Conselho de Classe em três momentos: pré-conselho,

conselho de classe e pós-conselho.

Pré-conselho: é um momento diagnóstico onde procura-se ouvir os alunos,

que são questionados e levados a refletir sobre seu desempenho e sobre o trabalho

dos professores e demais setores de atendimento as suas necessidades. Algumas

vezes também, distribui-se fichas aos regentes das turmas, para que estes possam

sistematizar o perfil da turma, as dificuldades encontradas, os progressos obtidos e

as sugestões.

Conselho de Classe: é o momento em que todos os envolvidos no processo

se posicionam frente ao diagnóstico e definem em conjunto as proposições que

favoreçam a aprendizagem dos alunos. No entanto, nos últimos três anos, houve um

retrocesso a antiga prática. A maior parte do tempo do conselho de classe o grupo

vem utilizando para realizar reclamações e constatações individuais de alunos que

não entregaram trabalhos, não fizeram avaliações e atividades em sala de aula. Isso

porque o grupo de professores não vem praticando a proposta do plano de ação da

escola, a qual propõem de que tais assuntos devam ser encaminhados à equipe

pedagógica durante o trimestre, enquanto há a possibilidade de intervenção no caso

e aplicação de encaminhamentos pedagógicos frente o processo de ensino e

aprendizagem, antes do fechamento de notas e médias.

Como nem todos os profissionais vem procedendo da forma necessária, os

que deixam de fazer, no conselho de classe, quando já estão com as médias

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fechadas e lançadas no sistema, expõem suas dificuldades que deveriam ter sido

expostas para a equipe pedagógica ao longo do trimestre, tendo que protelar a

intervenção pedagógica individualizada para o próximo trimestre.

Os poucos professores que executam suas práticas conforme a proposta, no

momento do conselho tem apenas situações pontuais para tratar. Se todos

assumissem a proposta do acompanhamento pedagógico individualizado ao longo

do trimestre, o encaminhamento durante o conselho de classe seria diferente, mais

qualitativo e produtivo, tendo de fato a possibilidade de discutir avanços da turma e

dificuldades de aprendizagem verificadas no processo, e promoção de melhorias

não enfatizando a entrega ou não de trabalhos.

Nesse contexto, existem situações com algumas turmas e educadores, em

que o conselho de classe realmente exerce sua função essencial, se torna um

momento de reflexão e redimensionamento das práticas pedagógicas. Porém, ainda

há muito a ser aprimorado nas discussões de Conselho de Classe para que se

otimize esse momento em todo o seu potencial pedagógico.

Pós-conselho: momento em que as ações previstas no Conselho de Classe

são concretizadas. Nesta etapa, a equipe pedagógica volta às turmas para auxiliar

os professores na efetivação das ações tomadas em conjunto. Neste momento

também, são realizadas conversas orientadoras com as turmas e na individualidade

com alguns alunos. Reuniões de pais são feitas na coletividade ou, na

individualidade para a entrega de boletins e para resolver problemas com relação à

indisciplina e à aprendizagem. É nesse momento também que a equipe pedagógica

juntamente com a direção, conversam com os professores individualmente a

respeito de sua prática pedagógica, principalmente com aqueles que necessitam de

orientações específicas.

d) Registros da Prática Pedagógica:

Tendo em vista a complexidade do trabalho educativo, os registros das

atividades que dizem respeito ao ensino e a aprendizagem expressam a

responsabilidade de cada um dos envolvidos em realizar seu papel frente ao

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processo de aquisição do conhecimento, sendo direito e dever dos docentes e

discentes realizá-los.

Aos discentes cabe o registro das atividades desenvolvidas em sala de aula

nos cadernos, avaliações e trabalhos.

Aos docentes compete manter o Registro de Classe Online (RCO)

preenchidos conforme a Instrução 005/2014-SEED/SUED e, orientações

pedagógicas realizadas no início e no decorrer do ano letivo.

No cotidiano escolar, por vezes surgem situações que a referida instrução não

abrange e diante destas busca-se orientações junto ao setor de Estrutura e

Funcionamento do Núcleo Regional de Educação sobre a forma de registrá-las.

A equipe pedagógica sempre enfatiza junto aos professores que a qualquer

tempo, mediante dúvidas, deve procurar a equipe a fim de orientar-se antes de

realizar o registro sobre o qual sente-se inseguro para assim evitar equívocos ou

rasuras no documento.

Os Registros de Classe Online (RCO) são verificados e rubricados

trimestralmente, sendo que estes são solicitados ao professor a qualquer momento

mediante situações, que para serem encaminhadas, haja necessidade do

documento ser consultado pela equipe pedagógica. Por esse motivo, tais livros

devem permanecer na escola disponíveis e com os registros atualizados.

Os Planos de Trabalho Docentes são uma outra forma de registro das

atividades de ensino, o qual é analisado junto ao Registro de Classe Online para

verificar a consonância entre o que foi planejado pelo professor, o que foi executado

e o que está registrado. Portanto, devem ser entregues nas datas previstas para

serem acompanhados e consultados.

O Registro Classe Online e os Planos de Trabalho Docentes ao final de cada

ano letivo são arquivados em local próprio e mantidos por um período de cinco anos,

vencido este prazo, são incinerados. Para o ano de 2017, os Registros de Classe

passarão a ser efetivados em sistema online, permanecendo arquivado somente os

dos anos anteriores pelo período determinado.

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As reuniões de conselho de classe, pedagógicas e de pais, são registradas

em livros próprios. As atas do Conselho de Classe são escrituradas pela secretária

oficial da escola, já as atas das demais reuniões são realizadas por uma pessoa

designada pela direção.

Observa-se que nas atas referentes ao Conselho de Classe precisam ser

escrituradas de forma mais pedagógica, registrando questões relevantes ao

pedagógico que, por vezes, deixam de ser registradas dando um caráter simplista ao

documento.

2.3 Atendimento Educacional Especializado ao público-alvo da Educação

Especial

A Escola proporciona a inclusão e além do ensino da classe comum, oferta

aos alunos com necessidades especiais a Sala de Recursos Multifuncional Tipo I e

atualmente são atendidos alunos com diagnóstico de Déficit Intelectual, Transtorno

Funcional Específico e Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Os alunos que frequentam a Sala de Recursos, são atendidos por

profissionais especializados dos quais recebem o estímulo e o acompanhamento

individualizado necessários para que prossigam a escolaridade demonstrando

progressos na aprendizagem, sendo trabalhados de acordo com suas dificuldades e

possibilidades. Recebem auxílio no desenvolvimento de trabalhos aplicados pelos

professores da classe comum, orientando-os nas pesquisas, utilização da internet,

leitura e escrita.

Observa-se que os alunos com menor idade (6º e 7º anos) são os que tem

maior assiduidade, já os que atingiram idade mais avançada e que estão em

defasagem idade/série, apresentam resistência. Tais alunos, devido a estrutura

física mais desenvolvida e por iniciarem uma vida social onde agregam outros

fazeres, deixam a Sala de Recursos e sentem vergonha de frequentarem o contra

turno.

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Existem também, casos de alunos faltosos cujas famílias são

descomprometidas com a escola, e mesmo mediante às intervenções pedagógicas

junto aos próprios alunos e pais, nem sempre se conseguem resultados positivos.

Os alunos com necessidades educacionais especiais, na forma da lei, tem

direitos a serem inclusos em séries com menor número de alunos, e na medida do

possível, assim é realizado. No entanto, o barulho e a inquietação presente em

todas as turmas interferem profundamente na disponibilidade do professor em fazer

um atendimento individualizado, e do aluno em concentrar-se durante as aulas.

As adaptações curriculares são proporcionadas a todos os alunos que

requerem algum atendimento especial, devendo ser realizadas no âmbito dos

conteúdos, objetivos, metodologia, avaliação e tempo, conforme a característica de

cada um. Porém, as intervenções mais realizadas são o atendimento individualizado,

acompanhamento e auxílio na realização de avaliações, e um olhar diferenciado

diante das produções de cada aluno.

Os profissionais da Sala de Recursos juntamente com a Equipe Pedagógica

realizam as orientações necessárias aos professores da Classe Comum com relação

as possibilidades pedagógicas.

Uma alternativa para melhorar a atuação dos professores já explorada, foi a

realização de reunião pedagógica na qual os profissionais da Sala de Recursos

ofereceram capacitação abordando os limites e possibilidades de cada necessidade

especial atendida pela escola, sugerindo as possíveis adaptações curriculares de

pequeno porte que as disciplinas poderiam estar realizando. Experiência essa, que

deve se repetir para promover a relação colaborativa entre os docentes que atuam

no serviço especializado e na classe comum.

2.4 Articulação entre as etapas de ensino

A escola já vem desenvolvendo um trabalho diferenciado de acolhimento dos

alunos que chegam do 5º para o 6º ano. Nos primeiros dias de aula, são

apresentados todos os ambientes escolares e os profissionais que trabalham em

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cada um deles, explicando a função que exercem e indicando a quem devem

recorrer em cada situação específica que poderá surgir. Também lhes são

apresentadas as normas de funcionamento da escola e os comportamentos que se

espera deles. Questões pedagógicas relevantes sobre organização dos horários de

aulas, postura de estudo e sistema avaliativo também são apresentadas e

explicadas.

Na distribuição de aulas é sugerido que preferencialmente os professores que

tenham um perfil pedagógico de identificação com as características da infância

assumam as turmas. Os profissionais são orientados a realizar um trabalho de

acompanhamento e auxílio na organização de materiais e horários, pois é uma

rotina diferente da qual os alunos estavam acostumados e agora precisam ser

adaptados.

Nos primeiros dias de aula são realizadas atividades diagnósticas de

identificação do nível de aprendizagem dos alunos, sondando os possíveis casos

que necessitem frequentar as salas de apoio à aprendizagem de português e

matemática. Também é realizada uma triagem de acuidade visual com aplicação da

Escala Optométrica de Snellen para identificação de possíveis casos de baixa visão

os quais são encaminhados com uma carta indicativa à Casa de Saúde do

Município.

Também nos primeiros meses de aula, para os alunos de 6º ano, é realizada

uma adaptação nos horários do recreio e da saída, propiciando a eles cinco minutos

de antecedência até que se familiarizem com a dinâmica escolar e do transporte.

Com relação aos 9º anos, a passagem do Ensino Fundamental para o Ensino

Médio também recebe algumas atenções diferenciadas. Ao aproximar-se o período

de realização de matrículas, os Coordenadores do Curso de Formação de Docentes

deste município, juntamente com alguns de seus alunos, visitam os 9º anos

apresentando o referido curso, expondo as diferenças entre o ensino regular e o

ensino profissionalizante que é ofertado pela instituição, sendo essa abordagem

importante fator esclarecedor, que facilita a tomada de decisão dos alunos no

momento da matrícula.

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Outra ação significativa, é o cuidado com o encaminhamento dos alunos que

frequentam a Sala de Recursos, os quais possuem avaliação especializada,

diagnosticando suas necessidades de adaptações curriculares. Assim, ao

aproximar-se o término do ano letivo, os professores da Sala de Recursos emitem

relatórios indicativos dos diagnósticos, das potencialidades e limitações de cada

aluno que passará a frequentar o Ensino Médio, os quais são enviados para a

Equipe Pedagógica da escola de destino, para que logo nos primeiros dias letivos

realize os devidos encaminhamentos.

2.5 Articulação entre diretores, pedagogos, professores e demais profissionais

da educação

A articulação entre os diferentes setores da escola garante a organização do

trabalho pedagógico, uma vez que toda a ação da escola é de cunho educativo e em

função do melhor atendimento às necessidades dos envolvidos nesse processo de

ensinar e aprender.

Nesse sentido procura-se estabelecer constante diálogo, acompanhamento e

estímulo ao desenvolvimento de ações que elevem o nível de aprendizagem e a

qualidade no atendimento das necessidades da comunidade.

A articulação ocorre nas reuniões pedagógicas e administrativas, nas hora-

atividades, nos murais onde são afixadas informações gerais e sempre que

necessário são articulados encontros. Em função do convívio diário e dos ambientes

(sala dos professores, direção, biblioteca, laboratório de informática, secretaria e

equipe pedagógica) localizarem-se no mesmo bloco, a proximidade favorece a

comunicação e a articulação dos trabalhos sendo os profissionais sempre muito

solícitos.

Apesar de haver essa articulação, sente-se a necessidade do

estabelecimento em calendário de datas quinzenais para reuniões entre os setores

dos Agente Educacionais I e II, Equipe Pedagógica e Direção. Isso se torna

necessário, devido aos assuntos imediatos que surgem no dia a dia, por vezes,

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prejudicarem a comunicação, o planejamento e a articulação, que dessa forma, sofre

alguns reflexos negativos, os quais poderão ser evitados.

2.6 Articulação da Instituição de Ensino com os Pais/ou Responsáveis

A participação familiar na vida escolar do educando sempre foi algo que a

Escola Estadual Marquês de Maricá objetivou, criando situações através de reuniões

periódicas, promovendo eventos e convocando a presença dos pais sempre que

necessário. No entanto, a participação ainda necessita ser ampliada, criando

vínculos de maior comprometimento, para tanto a escola vem desenvolvendo um

projeto de reuniões formativas para a comunidade escolar, trazendo profissionais da

área de psicologia que abordam assuntos observados como fragilidades familiares

sobre as quais são necessárias maiores informações para que os pais ajam de

forma mais qualificada na educação de seus filhos, o que consequentemente

refletirá positivamente nas relações escolares. Entre outros assuntos já foram

abordados, desde 2014: Sexualidade na adolescência, Valores que cultuamos em

família, Relações familiares, Relacionamento familiar preventivo ao uso de drogas,

Violências. A equipe pedagógica também trabalhou o livro de literatura infantil: Agora

não Bernardo, trechos do filme Mãos Talentosas seguido de reflexões sobre as

situações do cotidiano.

A articulação entre a escola e os pais/responsáveis também ocorre através da

exposição de trabalhos, apresentações artísticas e culturais e da participação em

eventos promovidos pela instituição, tais como: festa junina, dia do estudante e

outros que sejam organizados e propícios ao convite à participação da comunidade

de pais.

No início de cada ano letivo é feita uma reunião especificamente com os

pais/responsáveis dos alunos dos 6º anos com a finalidade de repassar as normas

internas e o Regimento Escolar, enfatizando as rotinas da escola, o sistema de

ensino e sistema avaliativo.

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Sempre que necessário, os pais são chamados a comparecer à escola para

tratar de assuntos referentes aos filhos. São feitas reuniões por turmas e

atendimentos individualizados.

Assembleias de pais são convocadas mediante necessidade de alterações

significativas, para apreciação de propostas e auxílio na tomada de decisões que

afetam o contexto escolar, também para formação e eleição da APMF e do

Conselho Escolar, instâncias colegiadas que representam o coletivo de pais e

responsáveis e desempenham suas funções conforme estatuto próprio.

2.7 Formação Continuada dos Profissionais da Educação

A formação continuada dos docentes que atuam na Educação Básica é

norma estabelecida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96)

em seu título VI, Art. 62. A formação continuada na rede pública de educação no

Estado do Paraná encontra-se estruturada da seguinte forma: no início do primeiro e

do segundo semestres ocorrem as Semanas Pedagógicas, e, no decorrer do ano

letivo, dois dias são destinados à Formação em Ação. Todos os profissionais da

escola (professores e agentes educacionais I e II) participam das capacitações.

Nas duas modalidades, a SEED encaminha às escolas materiais que

subsidiam a formação de todos os profissionais da educação. Contudo, já foram

melhor estruturados, pois as equipes pedagógicas recebiam formação para trabalhar

as temáticas das Semanas Pedagógicas com os docentes e os textos traziam

reflexões mais profundas. Já a Formação em Ação ocorria em polos, na forma de

oficinas, e geralmente os técnicos das disciplinas do Núcleo Regional de Educação

trabalhavam com os educadores.

Devido ao descontentamento por parte dos educadores com relação ao

material enviado pela SEED, principalmente com relação aos últimos anos, a escola

vem adotando a prática de realizar adaptações a este material. De acordo com a

realidade e necessidade da escola, a equipe pedagógica e diretiva redimensiona os

temas e subsídios para trabalhar a formação dos docentes complementando-os.

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Dentro desse contexto, a formação continuada da Escola Estadual Marquês

de Maricá vem estruturando-se por meio de um trabalho coletivo com as demais

escolas estaduais do município de Santa Izabel do Oeste, visto que muitos dos

profissionais trabalham em outros estabelecimentos e através da organização

coletiva todos acabam recebendo a mesma formação, apenas diferenciando-se em

momentos específicos que requerem reflexões e tomadas de decisões sobre

questões específicas e peculiaridades realidade de cada estabelecimento de ensino.

Através do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, a SEED

proporcionou a vários professores a oportunidade de alcançar a qualificação

profissional a nível de mestrado. Quando no momento do desenvolvimento prático

do projeto de intervenção pedagógica na escola, foram muitos os trabalhos

significativos que proporcionaram de forma didático – metodológica criativa, aulas

que dinamizaram as situações de ensino.

No entanto, após esse período de desenvolvimento exigido para conclusão da

referida formação, a grande maioria dos professores não mais aplicaram tais

projetos, suas aulas voltaram a ser ministradas como o faziam anteriormente. Dessa

forma a expectativa de que a formação do PDE trouxesse mudanças na dinâmica

escolar, efetivou-se somente durante o período da intervenção pedagógica.

Outras oportunidades proporcionadas para a formação continuada dos

educadores são realizadas a distância através da participação nos Grupos de

Trabalho em Rede – GTR; capacitação para a constituição das Brigadas Escolares,

formação específica para Diretores e outros que se renovam anualmente em

parceria da SEED com as Instituições de Ensino Superior. Observa-se que os

profissionais que participam destas formações o fazem motivados principalmente

pela necessidade da pontuação que tais cursos oferecem para a subida de nível.

A participação como membro da Equipe Multidisciplinar é outra forma de se

promover a formação continuada. Esta equipe anualmente é constituída por

membros dos diferentes setores escolar, cuja finalidade é a realização da formação

através de estudos e reflexões, a partir de materiais disponibilizados pela SEED,

sobre a cultura africana, afro-brasileira e indígena. Também compete a esta equipe

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elaborar um plano de ações a serem desenvolvidas pelos profissionais da escola e

articular a sua efetivação.

Atualmente observa-se dificuldades na disponibilidade de profissionais que

queiram compor a Equipe Multidisciplinar, e diante disso ela é composta a partir de

certa insistência por parte da equipe pedagógica e direção, visto que é uma

necessidade pedagógica e uma exigência legal. Quanto a atuação desta equipe

percebe-se que ocorre minimamente, com a participação dos membros nos

encontros e discussões, havendo pouca articulação entre o estudado e o realizado.

Alguns profissionais da escola mesmo não sendo membros da equipe tem maior

envolvimento, enquanto outros deixam muito a desejar.

O Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão, vem contribuindo para

a formação profissional proporcionando encontros direcionados aos pedagogos, o

que é muito significativo por fornecer suporte técnico-pedagógico a tais profissionais

com relação a organização do trabalho nas escolas.

As reuniões pedagógicas e os dias reservados ao

planejamento/replanejamento estabelecidos previamente em calendário escolar são,

também, momentos importantes para a reflexão e consequente formação dos

docentes. Pois, busca-se ofertar conhecimentos que possibilitem ao professor

compreender e organizar o processo de ensino, sem esquecer a educação em sua

relação com o social.

A escola oportuniza ao quadro de profissionais a participação em cursos,

seminários e eventos educativos de formação inclusive os ofertados pelas

Instituições de Ensino Superior da região, disponibilizando condições para que esta

participação seja possível, numa organização interna em que o trabalho do

profissional cursista seja suprido por outro profissional deste estabelecimento

durante o período de sua ausência através de um acordo entre eles com negociação

de horários.

2.8 Acompanhamento e Realização da Hora-Atividade

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A Hora-atividade é uma conquista que trouxe grandes melhorias para o

processo educativo e para o professor, pois propiciou um espaço para este dedicar-

se, no seu horário de trabalho, ao aprimoramento de suas atividades, aliviando a

sobrecarga que a profissão impõe.

A realização ocorre dentro do espaço escolar, em sala própria e procura-se

seguir um cronograma para que estas fiquem concentradas e promovam o encontro

dos profissionais por disciplina.

Seu acompanhamento é realizado pela equipe pedagógica e diretiva quando

possível, pois dentre as atividades diárias previstas no planejamento semanal da

equipe pedagógica, muitos são os acontecimentos imprevistos que surgem e que

necessitam de atendimento emergencial. Quanto a esses, há dias que superam o

planejado, prejudicando o acompanhamento do professor, tendo a equipe que

dedicar-se ao atendimento aos alunos, pais e professores que solicitam apoio

pedagógico em situações pontuais. Na medida do possível é realizado o necessário

diálogo com os professores, através do qual busca-se as intervenções pedagógicas

às situações de ensino e aprendizagem.

O acompanhamento pedagógico precisa ser priorizado, pois identificadas as

fragilidades o suporte pedagógico é necessário para que as melhorias ocorram. No

entanto, anualmente percebe-se que os atendimentos emergenciais vem exigindo

maior atenção desviando o pedagogo da sua real função, passando este a atendê-

los, pois são problemas que também precisam ser resolvidos.

Observa-se que os profissionais dedicam-se nas horas-atividades,

principalmente, ao planejamento das aulas, correção de trabalhos realizados pelos

alunos e preenchimento do Registro de Classe. Há profissionais que utilizam-se

desses horários para outros atendimentos, tais como, aos pais convocados pela

equipe pedagógica e a alunos que necessitam de explicações extras sobre o

conteúdo; auxiliam no atendimento de turmas quando ocorre a falta de colegas de

trabalho, suprindo o horário desfalcado; e ajudam inclusive na organização do

Grêmio Estudantil.

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A grande maioria dos professores dedicam seu tempo de hora-atividade ao

que está previsto na Instrução n°001/2015 – SUED/ SEED, sendo raras as exceções

que não cumprem.

2.9 Organização do tempo e espaço pedagógico e critérios de organização das

turmas

Atualmente, a Escola Estadual Marquês de Maricá oferece as séries finais

do Ensino Fundamental nos turnos matutino e vespertino, atendendo a 468 alunos

matriculados em 17 turmas regulares. Tendo mais 4 turmas do Apoio (Português e

Matemática) e 26 horas de atendimento da Sala de Recursos Multifuncional.

A formação das turmas ocorre de acordo com a ordem de matrícula e a

previsão de abertura de turmas de acordo com a demanda do ano anterior. Quando

a necessidade supera a previsão, é realizado um processo solicitando a abertura de

novas turmas.

Evidenciam-se alguns fatores externos que interferem na organização das

turmas os quais estão relacionados as características da comunidade atendida.

Observa-se que as famílias que priorizam a educação dos filhos são as primeiras a

realizarem as matrículas e, as famílias que não tem essa prioridade são as últimas,

inclusive, tendo casos em que a própria escola tem que entrar em contato para que

a efetivem.

Como consequência disso, as primeiras matrículas direcionam-se ao turno

matutino e as demais, ao vespertino; os alunos que formam as primeiras turmas,

advindos de famílias preocupadas com a educação demonstram melhor

desempenho escolar, e as demais, um desempenho nem sempre satisfatório.

Outro fator observado, é a organização familiar no momento da matrícula as

quais se aglomerem com o grupo de suas relações conforme os bairros que

residem. Também observa-se que as famílias economicamente menos favorecidas

demonstram preferência pelo turno vespertino considerando os invernos rigorosos

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da região e a pouca disponibilidade de agasalhos para o enfrentamento do frio

matutino.

Os espaços escolares (secretaria, biblioteca, laboratório de informática, sala

dos professores e equipe pedagógica) encontram-se abertos e a disposição da

comunidade escolar durante o período de aulas, de manhã das 7:30 às 11:30 e à

tarde das 13:00h às 17:00h. Sendo que, no intervalo do meio dia (11:30 às 13:00h)

os portões ficam abertos e os alunos tem livre acesso ao pátio interno da escola,

permanecendo no local alguns agentes educacionais.

a) As Atividades de Ampliação de Jornada Escolar

A escola oferece Aulas Especializadas de Treinamento Esportivo (AETE) nas

modalidades Voleibol (manhã) e Handebol (tarde) que são realizadas no Ginásio de

Esportes. Sendo que os alunos matriculados nestas atividades participam

constantemente de competições realizadas a nível regional e estadual. São

atividades integradas ao currículo escolar com uma proposta curricular própria e

registro de classe. Foram escolhidas em consulta a comunidade por serem as

práticas esportivas com as quais os alunos mais se identificam.

b) Sala de Apoio à Aprendizagem

A escola oferece a Sala de Apoio a Aprendizagem de Português e

Matemática nos períodos matutino e vespertino, sendo que esta atende alunos de 6º

e 7º ano com dificuldades de aprendizagem e defasagem de conteúdo. São

matriculados neste serviço de apoio bimestralmente mediante avaliação diagnóstica

de aprendizagem e dispensados quando houverem superado as dificuldades ou

defasagens.

A instituição tem como responsabilidade indicar profissionais para trabalhar

com as Salas de Apoio a Aprendizagem, com perfil que atendam as seguintes

características docentes: ser dinâmico, bem humorado, criativo, auto motivado,

persistente, aberto ao diálogo e que seja capaz de manifestar em suas práticas

pedagógicas conhecimento e respeito a fase de desenvolvimento dos alunos, sendo

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no 6º ano a infância o que caracteriza também a fase do aprendizado. Será

priorizado o suprimento de professor com experiência nos anos iniciais do Ensino

Fundamental.

2.10 Índices de Aproveitamento Escolar (indicadores externos e internos),

abandono/evasão e relação idade/ano

Para a análise dos resultados de permanência e sucesso acadêmico,

apresentamos no Anexo I a tabela demonstrativa dos índices escolares.

a) Abandono Escolar

A instituição de ensino realiza o trabalho de combate ao abandono escolar

através de acompanhamento dos alunos sobre os quais logo se identifica quadros

faltosos. No primeiro momento é realizado o monitoramento diário, o professor

regente tem a responsabilidade de comunicar à equipe pedagógica a incidência de

faltas dos alunos, sendo três consecutivas ou cinco alternadas. A equipe pedagógica

tendo detectado o perfil faltoso, (geralmente são os mesmos alunos ano após ano)

adota o hábito de verificar diariamente a presença destes na escola. Mediante faltas,

busca estabelecer contato com seus familiares, primeiramente via telefonema, não

resolvendo a situação, encaminha-se os passos seguintes: convocação dos pais ou

responsáveis, envio de ofício comunicando a situação ao Conselho Tutelar que

realiza o trabalho de visita familiar e para os casos em que se evidencia situação de

vulnerabilidade encaminha-se via ofício relatórios ao CRAS e/ou à Casa Municipal

de Saúde, acionando a Rede de Proteção, e mesmo esgotado todos os

encaminhamentos, a equipe pedagógica, persiste no retorno do aluno através de

telefonemas e ofertando adaptações de situações de ensino e aprendizagem.

Quando os alunos retornam à escola, a maioria dos profissionais tem

sensibilidade pedagógica de acolhê-los e auxiliá-los a organizarem-se e situarem-se

nos conteúdos e atividades que perderam. Alguns professores os atendem nas suas

horas-atividades e disponibilizam atenção individualizada na sala de aula. Quando

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necessário solicitam auxílio da equipe pedagógica que os assessora na organização

do material escolar e com a realização de atividades.

Há alunos faltosos, que mediante acompanhamento durante todo o ano letivo

e intervenções pedagógicas, alcançam resultados positivos nos estudos. Porém

ainda há casos, que mesmo mediante todo o processo acima descrito, acabam por

abandonar a escola.

Conforme os dados, da tabela do anexo I, o maior índice de abandono em

2014, evidenciou-se nos 8º e 9º anos. Neste período a instituição ofertava o ensino

noturno para estes dois anos, e principalmente no período noturno e vespertino a

taxa de desistência foi acentuada. Em 2015 observa-se que a maior incidência de

abandono ocorreu nos 7º anos vespertino e 9º ano do noturno.

Quanto as turmas do noturno, os alunos apresentavam como perfil

predominante, defasagem idade/série, indisciplina, dificuldade de aprendizagem,

desinteresse pelo estudo, saiam de casa para vir até a escola e ficavam pelas ruas,

construindo um quadro extremamente faltoso. Uma minoria destes alunos eram

trabalhadores, viam a escola como um local de encontro com os amigos, e não para

estudo, havia alunos que faziam uso indevido de drogas, havia prostituição e

gravidez. Geralmente eram alunos advindos de famílias com vínculos fragilizados,

cujos pais já não exerciam nenhuma autoridade sobre eles, sendo que alguns

desses pais demonstravam nos diálogos estabelecidos, que não queriam se

incomodar com os problemas dos filhos, esses fatores acabavam gerando o

abandono escolar.

Com relação aos abandonos do diurno, como já mencionado anteriormente,

se evidencia a maior taxa no turno vespertino, período que se concentram os alunos

advindos de meio econômico e social menos favorecido. Os alunos que abandonam

a escola advém de contextos familiares carregados de problemas de relacionamento

e de uma bagagem cultural e educacional bastante precária.

Atualmente, com a cessação do ensino noturno, é no vespertino que se

concentram os maiores esforços da escola em manter o aluno assíduo, e apesar

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disso, as questões sociais acabam muitas vezes prevalecendo sobre o trabalho da

Rede de Proteção da Criança e do Adolescente.

São inúmeros os fatores que contribuem para o abandono especialmente no

período vespertino, os quais serão elencados: falta de vínculo familiar; falta de

autoridade dos pais ou responsáveis (alunos que fazem o que querem, a hora que

querem e como querem, tanto em casa quanto na escola, gerando conflitos, pois

não se submetem às normas de relacionamento coletivo e as regimentadas);

envolvimento em ocorrências ilícitas; defasagem idade/série; constante migração de

cidade sem a devida comunicação da família com a escola, não havendo solicitação

de transferência; isso frequentemente está associado a dificuldade de

aprendizagem, pois são alunos que, na maioria das vezes, desde as anos iniciais do

ensino fundamental, vem reproduzindo comportamentos negativos com relação a

escola. Constata-se também o uso indevido de drogas, vida sexual ativa

precocemente, gravidez na adolescência, entre outros. São casos que apesar da

escola e do Conselho Tutelar realizarem inúmeras intervenções não se obtém

sucesso, por fim os pais simplesmente procuram a escola ou os conselheiros para

relatar que os filhos não querem mais estudar, que os mandam para a escola, no

entanto estes não os obedecem e já não sabem o que fazer. São situações que

esgotam as medidas que a escola poderia tomar, sendo que no ano seguinte, após

renovarem matrícula, a maioria repete o comportamento faltoso e se reinicia todo o

procedimento.

Entre os casos mais graves de abandono escolar, alguns acabam evadindo-

se da escola quando atingem a idade entre 17 e 18 anos. Ficam fora da escola por

determinado tempo e depois por necessidade profissional procuram a Educação de

Jovens e Adultos. Nos anos em que foi ofertado o ensino noturno, a escola realizou

buscas por alunos evadidos, visto que, era mais uma oportunidade de regularizar a

vida escolar, contudo, dos que matricularam-se muitos voltaram a abandonar a

escola.

b) Baixo Aproveitamento Escolar

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Na tabela – anexo I, observa-se que é alto o índice de aprovação por

Conselho de Classe em todas as turmas em 2014, sendo que a incidência agravante

foi detectada na disciplina de Matemática e em número menor, mas também

significativo, nas demais disciplinas. Em 2015 o índice de Aprovação por Conselho

de Classe (APC) diminuiu, no entanto, a disciplina de Matemática continuou com

uma porcentagem agravante.

Observou-se que a aprovação por Conselho de Classe em Matemática é algo

corriqueiro, em 2015 participou de aproximadamente 50% dos APC, independente

da turma, turno e professor. Sabemos que os alunos em sua maioria já chegam com

uma rejeição em relação à disciplina, contudo, o descompromisso para com os

estudos contribui em muito para este insucesso, uma vez que, o aprendizado da

Matemática requer uma postura de estudo diferenciada das demais disciplinas que

inclui compreensão e treino do procedimento de resolução. Percebe-se também que

muitos alunos mantém-se a longo prazo no nível de pensamento concreto, e

apresentando dificuldades com os conteúdos básicos da Matemática, o que dificulta

em muito o aprendizado nesta disciplina. Aliado a isto, percebe-se dificuldades por

parte dos professores em dinamizar, adaptar e aperfeiçoar suas metodologias e

estratégias de ensino.

Considera-se urgente rever os critérios de aprovação por Conselho de Classe

pois esta, pode estar camuflando o índice de reprovação.

De modo geral o baixo rendimento escolar vem sendo causado pela falta de

assiduidade; descompromisso com os estudos (não estudam para as provas, não

fazem trabalhos e tarefas de casa, pouco envolvimento com as atividades em sala

de aula, muitos não as realizam); indiferença por parte do aluno mediante o

aprendizado ou não dos conteúdos; pouco envolvimento familiar com a escola;

alguns alunos possuem dificuldades acentuadas de aprendizagem e mesmo sendo

desenvolvido um trabalho com um olhar diferenciado, não conseguem atingir a

aprovação por média em todas as disciplinas.

Os alunos estão chegando cada vez mais agitados; falantes, com

necessidade de expressar o tempo todo seus pensamentos, não respeitando os

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diferentes momentos das aulas; ansiosos, não conseguem aguardar a sua vez de

falar; baixa concentração durante as aulas, não conseguem focar a atenção ao que

precisa ser feito, ficam conversando; trazem muitos problemas da rua e familiares

para dentro da escola, sendo que estas questões emocionais são mais importantes

para eles do que está sendo tratado durante as aulas. Tudo isso, requer do

professor uma dinâmica diferenciada na abordagem dos conteúdos e condução das

aulas, o que nem todos conseguem fazer, e da escola, rever a sua organização uma

vez que nos moldes atuais não está alcançando a eficiência necessária, dispensa-se

muito tempo, recursos humanos e materiais em prol de resultados que são atingidos

minimamente. A realidade social é um condicionante que precisa estar mais

presente na hora dos profissionais planejarem as atividades escolares, mantendo o

foco na característica principal da escola que é ensinar, redimensionando o que e

como fazer.

c) Prevenção ao uso de Álcool e outras Drogas e Enfrentamento às

Violências na instituição de ensino

A prevenção ao uso de álcool e outras drogas e o enfrentamento às violências

são trabalhos realizados anualmente com alunos e estendido aos pais, por serem

situações que interferem diretamente nos índices de aproveitamento escolar,

gerando abandono, evasão e reprovação, provocando distorção idade/série.

Aos alunos as temáticas são abordadas relacionadas ao conteúdo curricular e

em atividades complementares tais como palestras e projetos que exploram os

assuntos estimulando comportamentos de auto preservação, respeito por si e pelo

outro.

O Grêmio Estudantil é um parceiro da escola contribuindo com apresentações

de teatros, promoção de momentos reflexivos, sempre coordenados pela professora

responsável.

Aos pais são oferecidas reuniões formativas nas quais profissionais da área

médica e psicológica explanam sobre esses temas associando-os ao

relacionamento familiar e comportamento dos filhos, indicando caminhos para a

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prevenção, como agir no contexto familiar e onde buscar ajuda profissional quando o

problema já estiver instalado.

Observa-se a necessidade de anualmente fortalecer esse trabalho buscando

novas parcerias para desenvolver o tema na escola e na formação dos educadores.

2.11 Relação entre profissionais da educação e discentes

Num ambiente educativo como a escola, local de encontros diários entre

pessoas de diferentes características, as relações assumem papel fundamental na

formação humana, pois é através dessa que se ensina e se aprende os conteúdos

do currículo oculto, sendo estes os conteúdos éticos, morais, de justiça, respeito,

dignidade, solidariedade, compreensão, tolerância, entre outros, que edificam a

formação humana. Diante disso as relações estabelecidas no ambiente escolar

necessitam ser analisadas coletivamente, sob um olhar pedagógico, pois quando

não submetidas a reflexões, também podem ensinar lições que contradizem e

conflituam com os propósitos da escola, a formação de pessoas que transformem a

sociedade num lugar mais humano e justo, onde as pessoas cumpram com seus

deveres de forma responsável e exerçam seus direitos.

Quando se trata das relações escolares as características dos profissionais,

dos alunos e do ambiente são os componentes que as dinamizam. Nos últimos anos

tem-se observado que as relações estão cada vez mais conflituosas, gerando

tensões diárias que ocorrem em maior número e com maior frequência.

As mediações pontuais já não podem ser o único caminho de intervenção, é

necessário uma avaliação das reais causas e uma reavaliação das ações escolares

que necessitam ser implementadas para que haja mudanças na forma como as

relações escolares vem se concretizando, inclusive alterando ou criando novas

formas de propiciar um ambiente escolar que atenda às necessidades da

comunidade que acolhe.

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As rotinas escolares também precisam ser revistas uma vez que podem

contribuir para o cultivo de um ambiente motivador ou desmotivador, podem ser

rotinas que estimulem a participação democrática, prezando pela autoridade do

profissional ou, o seu autoritarismo.

Identificados e qualificados os mecanismos de organização dos espaços,

tempos e rotinas escolares, muitos problemas relacionados aos conflitos poderão

ser amenizados. Para tanto é necessário envolver mais os alunos e profissionais em

situações em que sejam ouvidos, principalmente com referência aos alunos, que

ainda são vozes passivas no ambiente escolar. É necessária a criação de canais

para que os alunos participem mais das decisões que os afetam diretamente,

motivando-os a envolver-se com a vida escolar.

Observa-se que tanto os alunos quanto os profissionais estão demonstrando-

se desestimulados. Os profissionais pelo fato da grande maioria dos alunos

apresentarem-se desinteressados, com pouca responsabilidade e indiferentes às

propostas de trabalhos ofertadas, desrespeitosos com relação as normas escolares

e, às vezes, também para com os profissionais. Os alunos queixosos quanto ao

desempenho de alguns profissionais, desestimulados mediante as rotinas escolares,

desinteressados pelo conteúdo, sem vontade e sem determinação para estudar. O

que agrava-se quando advindos de realidades familiares e sociais que pouco ou

nada os estimulam com relação ao desempenho escolar, que não oferecem a

atenção necessária para educá-los nos relacionamentos, apresentando-se sem

limites, e expostos a experiências precoces, incoerentes com a sua faixa etária, que

os deseducam, tudo isso traz prejuízos quando num ambiente coletivo, que exige

cumprimento de normas para o funcionamento.

Observa-se que tanto em sala de aula quanto no ambiente escolar como um

todo, as situações de ensino estão rotineiras. Professores e alunos a cada novo dia

já sabem o que e como vai acontecer o trabalho. As atividades mais comuns que

rompem esse ciclo e dinamizam o espaço estão relacionadas à eventos

comemorativos tais como: festa junina, jogos intersérie, dia do estudante e dia do

professor.

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Situações de ensino diferenciadas, que motivam e estimulam os alunos para

os estudos, geralmente são planejadas e executadas isoladamente, sempre pelos

mesmos profissionais, que muitas vezes sentem-se desamparados, uma vez que há

a necessidade de todos se engajarem com essas atividades.

O relacionamento professor e aluno é estabelecido, principalmente no ato de

ensinar. Diante disso, os profissionais que o fazem propondo metodologias

adequadas ao conteúdo e ao perfil de cada turma; apresentando domínio de

conteúdo; bom manejo e dinamismo frente as situações que se apresentam em sala;

que seguem as regras escolares e tomam atitudes baseadas nestas, no bom senso

e na justiça para com todos; que cumprem suas promessas e acordos realizados

com a turma, sendo flexível e não permissivo; aberto ao diálogo; solícito diante das

dificuldades do aluno, demonstrando interesse e compromisso pelo aprendizado de

todos, são os que possuem bom relacionamento com os alunos, sendo avaliados

por estes como os melhores professores.

Em contrapartida, mediante aos casos em que os professores apresentem

algumas destas limitações: falta de domínio do conteúdo para além do livro didático;

inadequação entre o conteúdo e a metodologia de ensino desconsiderando as

individualidades e as particularidades de cada turma; desatenção para com seus

atos, descumprindo suas promessas, acordos e regras escolares; desestabilizando-

se emocionalmente diante dos alunos; demonstrando pouca preocupação com cada

aluno em relação ao seu desemprenho e sucesso na aula; envolvendo-se pouco

com as atividades escolares de forma geral, são os que apresentam maiores

dificuldades nos relacionamentos com os alunos, não consolidando sua autoridade,

gerando problemas de ordem maior que afetam a escola como um todo.

Tendo como princípio que todo profissional escolar também é um educador. A

partir do momento que estabelece alguma forma de relacionamento com os alunos,

suas atitudes, palavras, olhares e expressões faciais transmitem conteúdos

educativos. Portanto todos, independentemente da função que exerça, necessita

buscar o aprimoramento profissional para qualificar-se enquanto membro de um

espaço educativo que tem responsabilidade na formação do cidadão.

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3 - FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Tendo em vista o que foi até então documentado, referente ao diagnóstico da

realidade situacional da Escola Estadual Marquês de Maricá, ao retratar os aspectos

positivos e os aspectos fragilizados do trabalho desenvolvido na instituição, busca-

se neste momento fundamentar teoricamente as reflexões realizadas coletivamente

sobre os conceitos que estarão permeando as práticas educativas, a fim de

subsidiar e fortalecer por meio desta fundamentação a definição conceitual que será

norteadora de todas as práticas escolares, nos diferentes setores de trabalho.

Dessa forma os conceitos que delineiam as especificidades desse projeto

pedagógico estão pautados na perspectiva Histórico-Crítica, fundamentada na

dialética histórica, expressa no materialismo histórico, “abrangendo desde a forma

como são produzidas as relações sociais e suas condições de existência até a

inserção da educação nesse processo.” (SAVIANI, 2003, p.141).

Neste contexto, a fundamentação teórica tem função de esclarecer o sentido

e dar direção à prática. Sendo que as consequências dessa prática sempre

precisam ser reavaliadas e novamente teorizadas, a fim de proporcionar as

transformações necessárias no ambiente educativo, o que requer um movimento

constante entre teoria-prática-teoria, ao que denomina-se práxis.

A escola está inserida num contexto social e recebe reflexos trazidos pelos

sujeitos que convivem neste espaço, portanto, educação e sociedade são conceitos

interdependentes, uma vez que a escola pública encontra-se a serviço da sociedade

e necessita atender aos seus anseios e acolher as demandas diversas provenientes

desta. Assim sendo, as mudanças que ocorrerem no quadro social sempre serão

condições para reavaliar e redimensionar as práticas escolares na perspectiva da

formação de sujeitos, capazes de atuar de forma crítica na sociedade a que

pertence.

Sociedade aqui é entendida como a agregação de grupos sociais com suas

culturas, instituições, capacidades, ideias e valores, com normas de conduta legais e

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morais estabelecidas, que atuam pautados nos direitos individuais e coletivos.

Conforme Pedrinho Guareschi (2005, p. 69), a sociedade é tida como algo dinâmico,

em permanente processo de mudança, pois se define a partir dos diferentes tipos de

relações: amizade, colaboração, conflito, dominação, entre outras, sendo que

algumas dessas podem ir desaparecendo, modificando-se ou estabilizando-se até

certo ponto, pois uma relação nunca chega a cristalizar-se totalmente.

A sociedade brasileira apresenta graves problemas e contradições sociais:

injustiças sociais, violência, criminalidade, corrupção, desemprego, falta de

consciência ecológica, violação de direitos, etc. que agravam-se com o passar do

tempo. Levando em consideração “que uma sociedade democrática só se

desenvolve e se fortalece politicamente, de modo a solucionar seus problemas se

pode contar com a ação consciente e conjunta de seus cidadãos”, a escola pública é

um lugar privilegiado que promove o conhecimento, o diálogo, o desenvolvimento do

pensamento crítico e do exercício da participação democrática, fatores necessários

para a transformação social. (PARO, 2001, p.35).

Neste contexto o homem é influenciado e exerce influência no espaço em

que vive, pois ao mesmo tempo em que o indivíduo nasce numa sociedade pré-

estabelecida, como ser integrante desta, age sobre ela, influenciando-a com suas

ações guiadas pelas próprias necessidades, criando sua existência e gerando

transformações.

Nesse sentido, o homem é entendido como um ser biopsicossocial,

constituído através das relações que estabelece com a natureza, com os próprios

homens e com o transcendente, com finalidade de superar suas limitações e

transformar a realidade através do trabalho.

O trabalho diferencia o ser humano dos demais seres vivos, pois é através

dele que o homem transforma intencionalmente a natureza, para atender suas

necessidades.

De acordo com Dermeval Saviani (2003, p.12), para o homem assegurar sua

existência primeiramente necessita garantir sua subsistência material, o que se dá

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através do trabalho, cujos bens produzidos são materiais e assim podemos

denominá-lo “trabalho material.”.

Entretanto para realizar esse trabalho material requer que o homem planeje

suas ideias e os objetivos de sua ação a partir de conhecimentos. As produções de

ideias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes e habilidades produzem outra

categoria de trabalho denominada “trabalho não-material”.

Dessa forma a educação é compreendida como uma produção não-material,

cujo objeto diz respeito aos elementos culturais que humanizam os homens e que

precisam ser assimilados, trata do conhecimento clássico, ou seja, aquilo que se

firmou como fundamental, como essencial ao longo dos anos.

Assim, educação e trabalho estão intimamente interligados e para que a

escola desenvolva uma abordagem na

perspectiva emancipatória da educação e do trabalho deve desenvolver a capacidade de pensar criticamente a realidade e promover a justiça e a solidariedade, fundada na ética, e respeitando a dignidade e a autonomia do educando. Daí a importância estratégica do professor como intelectual transformador e a escola como um espaço de contestação e de construção de uma visão crítica da sociedade, formando para o exercício da cidadania desde a infância. A educação pode ser entendida e praticada tanto como um processo de formação para manter a sociedade quanto para transformá-la. Numa perspectiva emancipatória a educação é entendida como problematização da realidade visando à sua transformação. A educação emancipadora é o oposto da educação bancária, uma educação voltada para a fabricação de mão-de-obra para satisfazer as necessidades do mercado. (GADOTTI, 2012, p.2)

A escola encontra-se a serviço da sociedade e de sua transformação, para

isso suas práticas devem ser coerentes com a formação de sujeitos participativos na

construção da sociedade que se almeja. Para tanto, precisa ser um espaço para o

aprimoramento de atitudes e valores imprescindíveis para o exercício pleno da cidadania, como exercício do conhecimento autônomo e crítico; valorização de si mesmo como sujeito responsável da História; respeito às diferenças culturais, étnicas, religiosas, políticas, evitando qualquer tipo de discriminação; busca de soluções possíveis para os problemas detectados em sua comunidade, de forma individual e coletiva; atuação firme e consciente contra qualquer tipo de injustiça e mentiras sociais; valorização do patrimônio sociocultural, próprio e de outros povos, incentivando o

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respeito à diversidade; valorização dos direitos conquistados pela cidadania plena, aí incluídos os correspondentes deveres, sejam dos indivíduos, dos grupos e dos povos, na busca da consolidação da democracia. (KARNAL, 2010, p. 47-48)

Mas afinal, o que é ser cidadão? Segundo Jaime Pinsky e Carla Bressanezi

Pinsky,

Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranquila. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais. (PINSKY, 2012, p.09)

Para que os indivíduos exerçam a cidadania de forma consciente e plena, é

necessário o desenvolvimento da formação humana integral, cabendo a escola ser

a porta de acesso a tal formação, uma vez que, possibilita interligar os diversos

aspectos da vida das pessoas, fazendo dela um lugar de educação do povo, para

que se reconheça como sujeito de construção da nova sociedade.

Esse sujeito, segundo Ivo Tonet, se caracteriza como alguém que seja capaz

de pensar com lógica e ter autonomia moral, contribuindo para as transformações

sociais, culturais, científicas e tecnológicas de forma a garantir a paz e o progresso,

uma vida saudável e a preservação do planeta. “Portanto pessoas criativas,

participativas e críticas. Afirma-se que isso seria um processo permanente, um ideal

a ser perseguido, principalmente na escola, mas também fora dela.” (TONET, p. 6)

Neste contexto a escola é a instituição especializada em realizar a passagem

do saber espontâneo e fragmentado para o saber sistematizado, da cultura popular

para a cultura erudita, promovendo a socialização do conhecimento produzido e

acumulado historicamente através das relações que os homens estabelecem com a

natureza e com os próprios homens. “O conhecimento, portanto, como fato histórico

e social supõe sempre continuidades, rupturas, reelaborações, reincorporações,

permanências e avanços.” (GASPARIN, 2003, p.4-5)

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Segundo Sandra Mara Corazza (1991. p. 85), citada por João Luiz Gasparim

(2003, p. 5), por mais que o objetivo da escola seja trabalhar com o conhecimento

científico, não desconsidera o conhecimento do senso comum, visto que este é tido

como o ponto de partida da prática pedagógica sendo submetido ao seguinte

movimento: o conhecimento do senso comum (sensorial concreto, o empírico, o

concreto percebido), passando pela análise (abstração, separação dos elementos

particulares de um todo, identificação dos elementos essenciais, das causas e

contradições fundamentais) e chegando à síntese (o concreto pensado, um novo

concreto mais elaborado, uma prática transformadora).

Assim como o conhecimento é produzido pelo homem em suas relações, a

educação também é uma experiência especificamente humana, não existindo uma

única forma e um único modelo, não sendo a escola o único lugar onde ela

acontece.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. (BRANDÃO,1985, p.7)

Para Dermeval Saviani (2003), é fundamental o entendimento da educação

em geral e da educação escolar, ambas como práticas sociais produzidas

historicamente no processo de produção e reprodução material da vida humana,

sendo que a especificidade da educação situa-se na produção de ideias, conceitos,

valores, hábitos, atitudes e habilidades que constituem o conjunto da produção

humana não-material, caracterizando-se “fundamentalmente por uma preocupação,

por uma finalidade a ser atingida. A educação dentro de uma sociedade não se

manifesta como um fim em si mesmo, mas sim como um instrumento de

manutenção ou transformação social.” (LUCKESI, 2001, p. 30).

Ao se tratar especificamente da educação escolar torna-se necessário

conceituar infância e adolescência, as fases de desenvolvimento para as quais o

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trabalho pedagógico das séries finais do Ensino Fundamental dessa escola está

direcionado e que portanto, necessita estar a elas adequado.

A infância é o período etário compreendido entre o nascimento e a

puberdade. Por séculos a criança foi vista como um ser sem importância, hoje ela é

considerada em todas as suas especificidades, com identidade pessoal e histórica.

Tais mudanças surgiram a partir de novas exigências sociais e econômicas.

Segundo Kramer,

[…] a idéia de infância […] aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida em que mudam a sua inserção e o papel social da criança na comunidade. [...] ela passa a ser alguém que precisa de ser cuidada, escolarizada e preparada para uma função futura. Este conceito de infância é pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade. (2003, p.19)

Na sociedade contemporânea a criança é vista como um sujeito de direitos,

situado historicamente e que precisa ter as suas necessidades atendidas de forma

integral. Ela deve ser respeitada enquanto ser físico, cognitivo, psicológico,

emocional e social.

Segundo Zabalza ao citar Fraboni: a etapa histórica que estamos vivendo,

fortemente marcada pela “transformação” tecnológico-científica e pela mudança

ético-social, cumpre todos os requisitos para tornar efetiva a conquista do salto na

educação da criança, legitimando-a finalmente como figura social, como sujeito de

direitos enquanto sujeito social.” (1998, p.68)

Para Walon (apud GALVÃO, 1995, p.39), o estudo da criança

contextualizada, possibilita que se perceba que, entre seus recursos e o seu meio,

instala-se uma dinâmica de determinações recíprocas. Os aspectos físicos do

espaço, as pessoas próximas, a linguagem e os conhecimentos próprios a cada

cultura formam o contexto do desenvolvimento.

Ainda segundo Walon, no desenvolvimento infantil de 6 a 11 anos, a

reciprocidade existente entre a conduta da criança e os recursos do ambiente vai

consolidando a aquisição das funções psicológicas superiores (inteligência

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simbólica, memorização, consciência, raciocínio dedutivo e associativo pensamento

abstrato).

Angela Mendonça mencionou durante a palestra realizada no município de

Francisco Beltrão, no auditório da UNISEP, no dia 28 de março de 2017, no

encontro sobre a temática: A Rede de Atenção e Proteção Social: a proteção integral

se garante com trabalho articulado, “Não há uma única infância, são muitas infâncias

e, para muitas infâncias necessitamos de muitos conhecimentos”. Isso reporta a

necessidade da escola reconhecer cada criança a partir de seu histórico de vida,

percebendo-a em sua totalidade, como fruto de um meio sócio / cultural / econômico

desigual, o qual a constituiu como ser /cidadão, devendo estar preparada para

acolhê-la e trabalhá-la a partir de suas diferenças, com a qualidade de ensino que

lhe é de direito.

A adolescência é um verbete que foi construído para designar a passagem

da fase da infância para outra que ainda não é considerada adulta, mas também não

é mais criança, pois é um período da vida do ser humano onde vai descobrindo a si

mesmo e aos outros, construindo sua personalidade e os seus projetos de vida

pessoal.

Segundo Fumika Peres e Cornélio P. Rosenburg (1998), a adolescência

ocorre na segunda década da vida (entre os dez e os vinte anos de idade);

caracteriza-se por transformações biológicas, ligadas à puberdade, que

transcendem às esferas psicológica e social em direção à maturidade

biopsicossocial; constitui um período crucial na vida dos indivíduos, por se tratar de

um momento crítico de definições de identidade - sexual, profissional, de valores, etc

- em busca da maturidade, ou da identidade.

Esse período de definição e de assumir maiores responsabilidades gera

inseguranças, questionamentos, rebeldia nos sujeitos frente aos valores do mundo

adulto expressos na sociedade.

Para os referidos autores, o processo de adolescer é inerente ao

desenvolvimento humano e a existência humana como categoria histórico-social,

não podendo ser universalizado/naturalizado/padronizado, segundo parâmetros pré-

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estabelecidos, desconsiderando os fatos vividos e seus significados que

particularizam o processo de individualização de sujeitos, assim como as

possibilidades desiguais que a sociedade cria para a travessia da infância para a

condição de adulto para os distintos grupos sociais. Os autores chamam a atenção à

necessidade, de fazer a leitura da realidade, de mergulhar na questão da

adolescência,

[...] enquanto experiência humana, portanto parte de um processo contraditório, que não tem um sentido único, não é homogêneo, nem tampouco linear e, muito menos, com um único significado, pois que é dependente das condições materiais/objetivas e subjetivas de existência de sujeitos reais. (PERES; ROSENBURG, 1998, p. 55) [...] Desta forma, práticas pedagógicas que atendam às necessidades peculiares da fase [...] devem ser cuidadosamente selecionadas e postas em prática, especialmente aquelas que propiciem, por exemplo, a participação dos sujeitos (adolescentes/jovens), a convivência com os pares de forma saudável, relações mais horizontalizadas entre adultos e jovens, atividades que valorizem a auto-estima, a afirmação, a intelectualização, a fantasia, a ação, a expressão de sentimentos, etc. (PERES; ROSENBURG, 1998, p. 83)

Disso emerge a necessidade de repensar os conceitos escolares utilizados

para definir e compreender a adolescência, os quais muitas vezes apresentam

abordagens mecânicas e que não leva em consideração a complexidade

biopsicossocial desta fase, levando a determinadas práticas que nem sempre

correspondem ao tipo de sujeito que se pretende formar.

Nesta perspectiva a escola precisa pensar suas práticas internas relacionadas

à realidade social de onde advêm esses sujeitos, a fim de garantir-lhes seus direitos,

enxergando-os como seres integrais, pertencentes a uma sociedade, na qual para

muitos, os direitos são violados, atingindo situações extremas de violência.

Maria Cecília de Souza Minayo, utilizando-se de diversos autores em seu

trabalho, classifica a violência contra crianças e adolescentes, como:

todo ato ou omissão cometidos por pais, parentes, outras pessoas e instituições, capazes de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima. Implica, de um lado, numa transgressão no poder/dever de proteção do adulto e da sociedade em geral; e de outro, numa coisificação da infância. Isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de serem

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tratados como sujeitos e pessoas em condições especiais de crescimento e desenvolvimento. (MINAYO, 2001, s/p.)

Nessa perspectiva, os conceitos de educar e cuidar devem romper com a

concepção que os associam ao trabalho desenvolvido somente na Educação Infantil.

A Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 deram um novo caráter a estes

conceitos. Hoje, educar e cuidar também estão ligados ao respeito e a proteção

oferecidas a estas crianças e adolescentes.

Não é possível dissociar o cuidar do educar, pois o desenvolvimento das

crianças depende de aprendizagens realizadas através das interações estabelecidas

com o outro, as quais, ao mesmo tempo influenciam e potencializam seu

desenvolvimento individual e a construção de um saber cultural.

O ato de cuidar relaciona-se ao desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e

social da criança e do adolescente, fazendo parte do processo de formação integral

do ser humano.

Assim, educar e cuidar são ações que devem ser planejadas, sistematizadas,

organizadas, em gestões compartilhadas entre crianças/adolescentes, educadores,

pais e toda a comunidade escolar (sujeitos integrantes da Rede de Proteção), cada

um deles portadores de diferentes culturas, portanto com diferentes concepções de

cuidar.

Por isso, é necessário que haja constante diálogo entre estes sujeitos que

circulam no interior das escolas para que o cuidar/educar sejam processos

complementares e indissociáveis, que tenham como um dos objetivos a autonomia

física, intelectual, emocional dos alunos.

Cuidar tornou-se um processo compartilhado, que nos últimos anos vem se

concretizando através da Rede de Proteção. A escola é uma das instituições que

integra esta rede, tendo a “responsabilidade, junto aos outros agentes da rede, de

identificar, notificar, atender e manter uma atitude vigilante, de acordo com a

necessidade e gravidade do caso, com a proposição de ações preventivas.” (SEED,

Portal Dia a Dia Educação – acesso em 04/04/2017)

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Além disso, cuidar desses alunos de origens e histórias tão diferentes

significa adotar metodologias que estimule-os a novas descobertas, a resignificar os

seus conhecimentos, a estabelecer novas relações pessoais, a adquirir novos

valores e novas atitudes na sua relação com o meio social, a reconstruir a sua

identidade pessoal e grupal, a ser protagonista de sua própria história.

A escola é, ou pelo menos deve ser o espaço de exercício da cidadania,

portanto, independentemente do serviço que o educador estiver prestando, seja

desde o ato de servir o lanche até o exercício pedagógico de ensinar, deve estar

presente o acolhimento ao educando, o respeito a sua diversidade cultural,

econômica e social. Pois, para educar para a cidadania e formar o ser integralmente,

pressupõe-se “enxergar” o educando na sua situação real e potencial.

A sociedade brasileira vivencia o capitalismo, portanto a formação integral do

ser vai contra a lógica do mercado que rege as relações, a qual tem a tendência de

desumanizar e a valorizar o ter sobre o ser, estimulando o consumismo através da

disseminação uma cultura de massa alienante, que induz os indivíduos a um

consenso comum e a homogeneizar os padrões da cultura. Isso necessita ser

pensado, refletido, discutido e desmistificado, e um cenário propicio para tal é o

“chão da escola”.

A cultura é uma produção humana e faz parte dos saberes escolares,

permeando os conteúdos e as relações que se estabelecem na escola. Assim, torna-

se importante delinear uma referência sobre o que é cultura, para ajudar os

educadores a refletir sobre a influência que exerce no cotidiano escolar e sobre os

rumos da sociedade, para que, tomando consciência disso possam tomar decisões

pedagógicas adequadas ao tipo de cidadão e de sociedade que pretendem formar.

Assim, cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. [...] Cada realidade cultural tem sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais estas passam. É preciso relacionar a variedade de procedimentos culturais com os contextos em que são produzidos. As variações nas formas de família, por exemplo, ou nas maneiras de habitar, de se vestir ou de distribuir os produtos do trabalho não são gratuitas. Fazem sentido para os agrupamentos humanos que as vivem, são resultado

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de sua história, relacionam-se com as condições materiais de sua existência. Entendido assim, o estudo da cultura contribui no combate a preconceitos, oferecendo uma plataforma firme para o respeito e a dignidade nas relações humanas. (SANTOS, 2009, p.8)

A escola absorve alunos provenientes de diferentes culturas sendo papel

desta acolhê-los, respeitá-los e ensiná-los a respeitar a diversidade. Para tanto

precisa abordar os conteúdos curriculares de forma a não hierarquizar

qualquer cultura, não subjugando uma às características da outra.

Sendo assim, conforme Freitas (2011, p.83-84), a educação é multicultural,

porque abriga em seus espaços múltiplas culturas. E pode ser intercultural se houver

diálogo, troca e aprendizado entre elas. A escola e o educador devem permitir que a

diversidade se faça presente no exercício do ensinar e do aprender.

Neste contexto, a maioria das escolas vem demonstrando grande dificuldade

para atender esta diversidade humana, uma vez que, ainda conservam concepções

e práticas pautadas em tendências pedagógicas que acreditam no processo de

aprendizagem homogeneizado, desconsiderando a diversidade.

Segundo Carvalho (2002, p. 70), “Pensar em respostas educativas da escola

é pensar em sua responsabilidade para garantir o processo de aprendizagem para

todos os alunos, respeitando-os em suas múltiplas diferenças.”

Corroborando com Carvalho, Araújo diz:

[...] a escola precisa abandonar um modelo no qual se esperam alunos homogêneos, tratando como iguais os diferentes, e incorporar uma concepção que considere a diversidade tanto no âmbito do trabalho com os conteúdos escolares quanto no das relações interpessoais. (1998, p.44)

A escola é formada por um mundo de diversidades, onde a individualidade

humana deve ser respeitada, reconhecida e aceita, principalmente por ser um

espaço de promoção do ensino, em que é imprescindível a compreensão do fato de

que todos tem formas particulares de aprender e, neste contexto, cabe aos

professores realizarem o papel de mediadores de aprendizagens, devendo esta

mediação ser desprovida de preconceito, estigma e exclusão.

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Nesse sentido, Amaral (1998), ressalta que a educação precisa prestar um

bom serviço à comunidade, buscando atender as especificidades dos alunos que

chegam à escola, cabendo à educação adequar-se às necessidades dos alunos e

não os alunos às necessidades e limitações da escola.

Vale destacar que o objetivo não é transformar a escola em um serviço de

assistência social, desconsiderando seu papel de promotora de novos

conhecimentos, mas é preciso enfatizar que o direito de emancipação humana é de

todos, devendo a escola e os seus professores, buscar alternativas diferenciadas

para atingir seus diferentes grupos de estudantes, evitando desta forma, a exclusão

e, consequentemente, a discriminação.

O Departamento da Diversidade da Secretaria de Educação do Paraná define

as políticas para o atendimento aos sujeitos que, historicamente, encontravam-se

excluídos do processo de escolarização e/ou da pauta das políticas educacionais.

Contudo, o grande desafio das escolas públicas é incluir todos, respeitando e

valorizando a identidade de cada grupo e da cada indivíduo.

A Equipe Multidisciplinar contribui nesse processo, realizando atividades

pedagógicas e o estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira,

africana e indígena, os quais são relevantes para todos os brasileiros, visando

formar cidadãos atuantes na sociedade multicultural e pluriétnica, que sejam

capazes de construir uma nação democrática.

O trabalho da Equipe Multidisciplinar é organizado nas modalidades de

encontros e seminários, os quais tem caráter formativo envolvendo docentes de

todas as áreas, alunos e agentes educacionais.

A Equipe Multidisciplinar atua articulando no espaço escolar ações que

identifiquem e reconheçam os diferentes sujeitos, educadores e educandos, e os

condicionantes sociais que determinam o sucesso ou o fracasso escolar, criando

mecanismos de enfrentamento aos diversos preconceitos existentes, garantindo

assim, o direito ao acesso e a permanência com qualidade no processo educacional

A obrigatoriedade de inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana nos currículos da Educação Básica trata-se de decisão política, com fortes

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repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. Com esta medida,

professores e alunos passaram a reconhecer que é preciso valorizar devidamente a

história e cultura de seu povo, buscando reparar danos, que se repetem há séculos,

a sua identidade e direitos.

Os afro-descendentes devem ser reconhecidos na sociedade com as mesmas

igualdades de oportunidades que são concedidas a outras etnias e grupos sociais,

buscando eliminar todas as formas de desigualdades raciais, resgatando a

contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira, valorizando a história

e cultura dos afro-brasileiros e africanos.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações

Étnicos-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

(2003, p. 5)

Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras. Requer também que se conheça a sua história e cultura apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que os não negros, é por falta de competência ou interesse, desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para o negro.

A partir da Constituição de 1988 e mais fortemente na LDB 9394/96, os

indígenas passaram a ser reconhecidos legalmente em suas diferenças e

peculiaridades. A LDB 9394/96 (1996) estabelece em seu artigo 78, que aos índios

devem ser proporcionadas a recuperação de suas memórias históricas, a

reafirmação de suas identidades étnicas e a valorização de suas línguas e ciências.

A diversidade dos povos indígenas precisa ser considerada de fato,

exigindo iniciativas diferenciadas por serem portadores de tradições culturais

específicas. Muitas reflexões e muitas ações ainda precisam ser desencadeadas

com o objetivo de valorização e preservação da cultura indígena, propiciando o

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reconhecimento dos indígenas como sujeitos da história e que a eles devem ser

garantidos o acesso aos direitos de qualquer cidadão.

O respeito à diversidade é um dos valores de cidadania mais importantes e

nesse aspecto, a diversidade religiosa também precisa ser abordada, com foco no

despertar da consciência de que cada religião teve e tem contribuição ao longo da

história, e que dessa forma, as diferentes expressões religiosas devem ser

consideradas especialmente na escola pública.

À escola cabe realizar um trabalho pedagógico de valorização dos fenômenos

religiosos como patrimônio cultural e histórico, buscando discutir princípios, valores,

diferenças, tendo em vista a compreensão do outro. Para tanto é importantíssimo

que os professores realizem um trabalho que estimule nos alunos o

desenvolvimento de atitudes de tolerância e de respeito às diferenças e a

diversidade.

Dessa forma as aulas de Ensino Religioso precisam estar fazendo tais

abordagens diante da diversidade religiosa, juntamente com as demais disciplinas

quando o conteúdo propiciar o enfoque, tomando o cuidado em refletir com os

alunos o maior número possível de expressões religiosas existentes na sociedade,

buscando garantir o direito de livre expressão de culto, evitando o proselitismo ou

intolerância religiosa.

Ao abordar estas questões religiosas, especialmente nas aulas de Ensino

Religioso, é preciso que se tome o cuidado para não realizar catequese dentro da

escola, pois a escola pública não é confessional e, portanto, não pode se reduzir a

nenhum tipo específico de religião, o que pode causar crime de discriminação.

Segundo a LDB 9394/96, em seu artigo 33º podemos encontrar o seguinte

esclarecimento,

O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas do ensino fundamental, assegurando o respeito a diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. (BRASIL, 1996)

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Quando se tratar da diversidade de gênero, esta não pode se relacionar

somente ao sexo feminino ou masculino, pois atualmente este conceito abrange

também outras formas culturais de construção da sexualidade humana.

É preciso desconstruir os preconceitos e estereótipos em termos de diferença

sexual, possibilitando a inclusão de todas as pessoas, sejam elas do sexo feminino

ou masculino e, considerando as múltiplas formas em que estes podem se

desdobrar, pois a diferença na orientação sexual e nas formas como as diferenças

de gênero se estabelecem, não justificam a exclusão. É preciso enxergar o mundo

presente nas relações humanas e aceitar que a diversidade baseada na igualdade e

na diferença é possível.

A escola precisa levar à reflexão as diferenças e preconceitos de gênero e

orientação sexual, buscando sensibilizar a todos os envolvidos na educação para as

situações que produzem preconceitos e que resultam em desigualdades, muito

presentes no cotidiano escolar.

Dentro desse contexto, a Educação Sexual e a Prevenção a AIDS e DST,

previstas nas Leis 11.733/97 e 11.343/06, precisam ser pensadas reconsiderando

posições, conceitos e pré-conceitos. Nesse sentido, a educação escolar representa

o caminho para o estabelecimento de uma Educação Sexual que visa, ao mesmo

tempo que o respeito, à livre orientação sexual em consonância com relações

igualitárias.

A Instrução Conjunta Nº 02/2010 elaborada pela Superintendência de

Desenvolvimento Educacional e Diretoria de Administração Escolar da Secretaria do

Estado da Educação (SUED/DAE/SEED) estabelece que os estabelecimentos do

Sistema Estadual de Ensino do Paraná deverão incluir o nome social do aluno(a)

travesti ou transexual, maior de 18 anos, que requeira, por escrito esta inserção nos

documentos escolares internos das escolas, tais como: Registro de Classe Online,

Edital de Nota e Boletim Escolar.

A Instrução está em consonância com o Parecer no 04/09 do Ministério

Público/Paraná e o Parecer no 01/09 do Conselho Estadual de Educação do Paraná

(CEE-PR), que recomendam as instituições de ensino, por meio de seus colegiados,

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a promoção de amplo debate sobre a inclusão do nome social do aluno e/ou da

aluna travesti ou transexual nos documentos escolares internos.

A educação se configura como uma ação essencial que possibilita o acesso

real a todos os direitos.

A Constituição Federal de 1988 considera os direitos humanos, a democracia,

a paz e o desenvolvimento socioeconômico como essenciais para garantir a

dignidade da pessoa humana. Dessa Segundo o Caderno de Educação em Direitos

Humanos – Diretrizes Nacionais

Direitos Humanos são aqueles que o indivíduo possui simplesmente por ser uma pessoa humana, por sua importância de existir, tais como: o direito à vida, à família, à alimentação, à educação, ao trabalho, à liberdade, à religião, à orientação sexual e ao meio ambiente sadio, entre outros. São direitos fundamentais, reconhecidos no âmbito internacional, garantidos pelo sistema social do qual o indivíduo faz parte. (2013, p.11)

De acordo com o Caderno de Educação em Direitos Humanos – Diretrizes

Nacionais (2013, p.11), as instituições de ensino devem direcionar seus projetos

pedagógicos para esta temática, “preocupando-se não só com os conteúdos

voltados para o letramento, mas também com a formação do caráter e da

personalidade das pessoas.”

A Educação em Direitos Humanos (EDH) é uma proposta de política pública

fomentada no cenário nacional com a instituição do Comitê Nacional de Educação

em Direitos Humanos – CNEDH e com a elaboração e publicação do Plano Nacional

de Educação em Direitos Humanos – PNEDH em 2003, em resposta a uma

exigência da ONU no âmbito da Década das Nações Unidas para a Educação em

Direitos Humanos (1995–2004).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n° 9.394/1996)

garante o exercício da cidadania como uma das finalidades da educação e destaca

a escola como “um espaço social privilegiado onde se definem a ação institucional

pedagógica e a prática e vivência dos direitos humanos”.

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O Caderno de Educação em Direitos Humanos – Diretrizes Nacionais define a

educação em direitos humanos, como sendo “toda a aprendizagem que desenvolve

o conhecimento, as habilidades e os valores dos direitos humanos.” (2013, p.60)

A Educação em Direitos Humanos deve orientar crianças, jovens e adultos

para que “assumam suas responsabilidades enquanto cidadãos, promovendo o

respeito entre as pessoas e suas diferenças, fazendo com que reconheçam seus

direitos e defendam os direitos dos outros.” (DN-EDH, 2013, p.11)

Nesse sentido, os processos educativos devem ser participativos, voltados

para a construção e a promoção de valores como a paz, a justiça, a tolerância e a

solidariedade.

A Educação em Direitos Humanos fundamenta-se na formação ética, crítica e política do indivíduo. A formação ética se atém a preceitos subjetivos: dignidade da pessoa, liberdade, justiça, paz, igualdade e reciprocidade entre as nações são tidos como valores humanizadores. Já a formação crítica implica no desenvolvimento de juízo de valores diante dos cenários cultural, político, econômico e social. Por fim, a formação política trabalha num ponto de vista transformador, promove o empoderamento, compreendido como a emancipação dos indivíduos para que eles próprios tenham capacidade para defender os interesses da coletividade. (DN-EDH, 2013, p.12-13)

Educar para os direitos humanos significa

preparar os indivíduos para que possam participar da formação de uma sociedade mais democrática e mais justa. Essa preparação pode priorizar o desenvolvimento da autonomia política e da participação ativa e responsável dos cidadãos em sua comunidade. (DN-EDH, 2013, p.34)

Sendo assim, torna-se imprescindível que o trabalho escolar se desenvolva

baseado em metodologias participativas que possibilitem organizar o ensino de

forma que esteja voltado para o desenvolvimento de futuros cidadãos, reconhecendo

a importância da educação como fator essencial para a formação de uma sociedade

mais justa e comprometida com as questões sociais.

Toda ação educativa com abordagem nos direitos humanos deve

conscientizar e sensibilizar a respeito da realidade,

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identificar as causas dos problemas, procurar modificar atitudes e valores, e trabalhar para mudar as situações de conflito e de violações dos direitos humanos, trazendo como marca a solidariedade e o compromisso com a vida. (DN-EDH, 2013, p.34)

A Educação em Direitos Humanos vai além dos muros escolares, pois,

abrange práticas pedagógicas, políticas e de militância na defesa dos direitos

humanos. Fazendo-se necessário em nosso dia a dia criar espaços discursivos e

práticos sobre a participação de todos em ação mútua de responsabilidade na

defesa dos direitos humanos.

A educação ambiental é outro desafio contemporâneo que precisa ser

analisado e refletido para as necessárias intervenções no contexto escolar. Pode ser

entendida como toda ação educativa que contribui para a formação de cidadãos

conscientes da preservação do meio ambiente e aptos a tomar decisões coletivas

sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade

sustentável. Dessa forma, sua aplicação não se restringe ao universo escolar, mas

deve permear este para facilitar o entendimento dessas questões e suas aplicações

no dia a dia.

A educação ambiental assume o compromisso com mudanças de valores,

comportamentos, sentimentos e atitudes de forma permanente. Propondo-se a

promover processos continuados que possibilitem o respeito à diversidade

biológica, cultural, étnica, juntamente com o fortalecimento da resistência da

sociedade a um modelo devastador das relações de seres humanos entre si e

destes com o meio ambiente.

A instrução 009/2011 orienta sobre a obrigatoriedade de constar na Proposta

Pedagógica Curricular: Educação Ambiental (Lei 9795/99) Dec.4201/02. Neste

sentido, entende-se que a Educação Ambiental requer uma instrução contínua,

integrando o aprendizado escolar com a realidade social. Portanto, deve-se

organizar dentro do ambiente escolar um espaço para a discussão de problemáticas,

com o objetivo de proporcionar a todos a oportunidade de participar de um processo

de reflexão crítica que leve a uma mudança de comportamento na relação homem –

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natureza, percebendo as inter-relações entre os diferentes processos que envolvem

a Educação Ambiental, buscando construir uma sociedade ambientalmente

sustentável.

Outra temática contemporânea que necessita ser pedagogicamente

abordada dentro do espaço escolar é a prevenção ao uso de drogas lícitas ou

ilícitas, um fenômeno sociocultural complexo, presente neste cotidiano. A escola

como espaço privilegiado para socialização dos conhecimentos historicamente

construídos pela humanidade pode e deve intensificar e ampliar estudos e

discussões sobre a problemática das drogas, envolvendo, se possível, todos os

sujeitos da comunidade escolar.

Faz-se necessário, portanto, uma educação preventiva e a conscientização

de todos: alunos, pais professores, enfim, toda a comunidade sobre os efeitos e

consequências causadas por essas substâncias à vida humana em todos os seus

aspectos físico, psíquico e social.

A prevenção ao uso indevido de drogas é um desafio do qual a escola não

pode se omitir. É um trabalho complexo e desafiador que demanda um tratamento

adequado e cuidadoso, baseado em conhecimentos científicos, despojados de

preconceitos e discriminações. Sendo, portanto, fundamental a formação adequada

dos profissionais que precisam construir um referencial teórico por meio de formação

continuada, para contribuir nesse processo preventivo numa perspectiva histórica,

crítica e pedagógica.

Os conteúdos curriculares associados a temática precisam ser abordados de

uma maneira mais ampla, indo além do campo biológico, perpassando outras áreas

do conhecimento, problematizando situações do cotidiano.

As questões relacionadas às drogas não devem ser trabalhadas como um

fenômeno isolado, mas sim, articuladas a contextos históricos, sociais e econômicos,

devendo pautar-se em um processo educacional constante e permanente.

A escola enquanto espaço de formação integral dos adolescentes, precisa

desenvolver o hábito da análise e da reflexão crítica como forma de prevenção ao

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uso indevido de drogas, de conflitos e violência, uma vez que são questões

potencialmente inter-relacionadas.

O ponto de partida é entender a realidade, ouvir os pais, educadores, alunos e

comunidade e aliar-se ao poder público, ativando a Rede de Proteção, realizando

um trabalho coletivo de enfrentamento da violência escolar e do uso indevido de

drogas, sendo a principal forma de prevenção a abertura de espaços para a

discussão da problemática.

Pode-se denominar como violência escolar, todos os atos ou ações de

violência, comportamentos agressivos e antissociais, incluindo conflitos

interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, marginalizações, omissões e,

discriminações, praticados entre a comunidade escolar (alunos, professores,

funcionários, familiares e estranhos à escola) no ambiente escolar, sendo expressa

das mais variadas formas: física, psicológica, emocional, simbólica.

A presença da violência torna o ambiente escolar um lugar hostil, propiciando

um clima de aula tenso, gerando maus relacionamentos entre os alunos e até

mesmo entre esses e os profissionais da educação. A presença da violência na

escola faz com que a ação educativa perca o sentido.

O Enfrentamento à Violência na Escola requer formação continuada dos

profissionais da educação, reflexões e discussões em grupos de estudos,

seminários e oficinas sobre as causas da violência e suas manifestações.

O Caderno Temático de Enfrentamento à Violência Escolar disponibilizado

pela SEED orienta que

[...] o ponto de partida essencial é o trabalho de diagnóstico, detectando as várias dimensões da violência, a econômico-social, a familiar, a institucional, a local, que se relacionam entre si, se apoiam e provocam mutuamente. A partir desse reconhecimento, é possível criar respostas que serão, necessariamente, diversas. O ponto de partida é este exercício construído a partir de uma diversidade de interlocutores: professores, pais, alunos, equipe técnica, líderes comunitários. (2010, p.17)

Dentre as diversas formas de violência que se manifestam no espaço escolar,

encontramos o bullying. Este, pode ser definido como uma violência que ocorre de

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modo frequente a um aluno. O impacto do bullying é extenso para todos os

envolvidos independentemente do papel que desempenham (autor, vítima, autor-

vítima ou testemunha).

As vítimas de bullying tem significativo dano psicológico, que interfere em seu

desenvolvimento social, acadêmico e emocional. Problemas emocionais, tais como:

medo, ansiedade, depressão e baixa autoestima são comuns em pessoas vítimas de

violência e não é surpreendente que vítimas de bullying apresentem esses

problemas.

Algumas vítimas passam a evitar a escola e interações sociais e isso pode

afetar o seu desempenho escolar. Além disso, o abuso crônico por parte de colegas

da escola (bullying) tem sido relacionado, na literatura, como um fator de risco para

o comportamento suicida entre adolescentes. Muitos dos problemas acima citados

continuam mesmo após a pessoa ter deixado a escola, alguns estudos mostram que

vítimas de bullying têm mais probabilidade de sofrer depressão e rebaixamento de

autoestima na idade adulta, em comparação com pessoas que não foram vítimas de

tal violência.

Segundo o Caderno Temático de Enfrentamento à Violência Escolar

disponibilizado pela SEED

[...] a responsabilidade da violência na escola não é exclusiva dos professores e diretores, certamente, porque a violência é um fenômeno multideterminado, tendo raízes biológicas, culturais e situacionais. Entretanto, a participação desses na redução da violência na escola é fundamental. Deve-se promover um dia de discussões com toda a comunidade escolar a respeito do bullying; melhorar supervisão, por parte dos adultos, dos espaços da escola; elogiar e conceder privilégios aos comportamentos pró-sociais dos estudantes; criar regras específicas das salas de aula contra o bullying. Apesar de haver possibilidades de atuação, não existe “receita pronta”, de modo que as ações devem focar a realidade de cada escola e serem aprovadas pela comunidade escolar. O bullying é um grave problema, porém já se sabe de fatores que o promovem e formas de diminuí-lo, não sendo possível aos educadores e sociedade serem indiferentes a esse problema. (2010, p.77)

Nesse sentido, a escola deve ser um lugar seguro no qual as condutas de

humilhação, sarcasmo, agressão e violência não devem ter espaço. Encontrar

formas adequadas de lidar com a diversidade na escola, sem dúvida alguma, é

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essencial para a prevenção de violência nesse espaço. Os conflitos certamente

surgirão na existência de diversidade, mas isso, antes de significar violência e

agressividade, pode fazer com que as pessoas aprendam mais sobre o outro e

passem a respeitá-lo.

Refletir sobre a violência no espaço escolar é algo imprescindível, requer dos

educadores, compreender o papel da escola na sociedade contemporânea, além de,

levar à necessidade de conceber a violência como um processo social, que

compromete o desenvolvimento do trabalho pedagógico e a prática docente e

discente. Por isso, ela deve ser pensada e enfrentada a partir do trabalho coletivo e

do exercício efetivo da gestão democrática.

O estudo sobre as temáticas contemporâneas precisam estar presentes nas

diferentes disciplinas que integram o currículo escolar.

Através das mais variadas práticas educativas é possível abordar as

referidas temáticas atreladas conteúdo das disciplinas, buscando a valorização das

diferenças não somente na escola, mas discriminando esse conhecimento aos pais

e a comunidade em geral.

No contexto escolar a diversidade deve ser o ponto de partida para todo o

trabalho pedagógico e a igualdade de acesso ao conteúdo científico deve promover

a igualdade no ponto de chegada.

Para atingir este fim a escola precisa estabelecer um currículo organizado de

forma a

[...] considerar os educandos sujeitos culturais e adotar postura aberta à cultura, às suas distintas manifestações [...] Trata-se de desfiar a pretensa estabilidade e o caráter aistórico do conhecimento produzido no mundo ocidental [...] Trata-se de questionar a lógica eurocêntrica, cristã, masculina, branca e heterossexual que até agora informou o processo pedagógico, assim como permitir o confronto com outras lógicas, com outras maneiras de ver e compreender o mundo e nele atuar. (MOREIRA, p18-19)

Ainda segundo Antônio Flávio Barboza Moreira (p19), os conteúdos que

compõem o currículo devem enfatizar o contexto histórico em que determinado

conhecimento foi produzido, quais as ideologias dominantes permeiam tal conteúdo

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e como esse conceito foi sendo adotado e desenvolvido, quem lucra e quem perde

com o aprendizado e o emprego desse conteúdo.

O autor ainda sugere que a escola se abra para a cultura do aluno e da

comunidade para que possam interagir com as demais manifestações culturais tais

como as clássicas. Porém para ele, somente a presença da cultura na escola é

insuficiente, é preciso oportunizar ao aluno o fazer cultura, ao participar de festas,

peças de teatro, jogos, danças, produções textuais, de músicas, etc. Também é

necessário estimular o aluno a questionar a cultura, para não tratá-la de forma

naturalizada, mas que pode ser questionada e transformada.

Na perspectiva histórico-crítica, Saviani (2003) identifica o currículo como

sendo composto pelos conteúdos prioritariamente fundamentais no desenvolvimento

e na formação humana omnilateral e, desse modo, tais conteúdos produzidos

historicamente devem ser selecionados e incluídos no currículo escolar de forma a

torná‐lo realmente um instrumento para a emancipação do ser humano.

Ainda segundo Saviani (2003, p. 13) para identificar quais conteúdos devem

fazer parte do currículo deve-se levar em conta o grau de relevância desses para a

formação do sujeito. “Trata‐se de distinguir entre o essencial e o acidental, o

principal e o secundário, o fundamental e o acessório”. Saviani enfatiza a

necessidade de se ensinar os conteúdos clássicos, o que não deve ser confundido

com tradicional e que não se opõe ao moderno ou atual.

É a partir do conhecimento elaborado, do saber sistematizado que o currículo

da escola deve ser estruturado, evitando a descaracterização que o trabalho escolar

tem sofrido num movimento no qual tudo o que é realizado dentro da escola se torna

currículo, em que facilmente transforma-se o secundário em principal, colocando

como acessório o que deve ser principal função da escola.

O currículo expressa os conteúdos do ensino, sua ordem e sua distribuição. O

currículo determina a ação educativa e apesar de regulá-la não deve perder a

característica de ser flexível, visto que o conhecimento não é algo estático,

necessitando o currículo ser, periodicamente, repensado, reformulado e

realimentado com novos conhecimentos ou novas perspectivas pedagógicas,

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levando em consideração uma opção política em favor das classes populares,

identificando os componentes ideológicos do conhecimento escolar.

A escola deve buscar uma organização dos conteúdos curriculares de forma

que estabeleça relação a partir de uma ideia integradora entre as diferentes

disciplinas, procurando agrupá-las sempre que a interrelação seja possível.

A professora Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, citada por Carlos

Alberto de Carvalho, num fragmento de texto titulado Currículo, define currículo

formal, currículo real e currículo oculto.

O currículo formal, é constituído de programas, grades curriculares, dias letivos, regra e resoluções normativas. O currículo real, diz respeito à própria vivência de cada sujeito da instituição e à integração entre seus participantes. O currículo oculto, caracteriza tudo que diz respeito ao modo de vida da instituição, isto é, a forma como os trabalhos são organizados, o tempo, os saberes, os agrupamentos. (HUTMACHER, 1995, p. 49,51)

Na dinâmica escolar coexistem esses três conceitos de currículo veiculando

mensagens implícitas presentes nas opções políticas, morais e éticas que são

transmitidas na relação pedagógica, no ambiente escolar pelo livro didático e pelas

rotinas escolares, as quais necessitam serem submetidas a uma análise crítica

pautada numa linha teórica filosófica que as norteie para um fim comum, regulando

os fazeres pedagógicos, para que as práticas não caiam nos desvãos entre o que é

previsto pela lei, o que a escola diz e o que a escola realmente faz.

A escola deve buscar novas formas de organização curricular, em que o conhecimento escolar (conteúdo) estabeleça uma relação aberta e inter-relacione-se em torno de uma idéia integradora. [...] O currículo integração, portanto, visa reduzir o isolamento entre as diferentes disciplinas curriculares, procurando agrupá-las num todo mais amplo. (BERNSTAIN apud PASSOS VEIGA, 1995, p.27).

Ao se pensar em currículo torna-se necessário incluir análises a respeito da

educação inclusiva, como um dos focos da diversidade na sala de aula.

Todas as crianças e jovens da Educação Básica devem estar matriculados na

rede regular de ensino e isso inclui os que possuem necessidades educativas

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especiais, cabendo a escola ensinar os conteúdos curriculares de uma forma que

permita a todos aprenderem e para isso, torna-se necessário respeitar o ritmo e os

limites de cada aluno.

O aluno que possui necessidades especiais é aquele que “[...] por apresentar

necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das

aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos

pedagógicos e metodologias educacionais específicas”. (PCNs, 1999, p. 24)

Reforçando essa definição, o Plano Nacional de Educação (PNE 2011- 2020)

caracteriza como público alvo da Educação Especial na perspectiva da Educação

Inclusiva, educandos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla),

transtorno global do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades.

Estes estudantes poderão beneficiar-se de apoios de caráter especializado,

como o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização,

no caso da deficiência visual e auditiva; mediação para o desenvolvimento de

estratégias de pensamento, no caso da deficiência intelectual; adaptações do

material e do ambiente físico, no caso da deficiência física; estratégias diferenciadas

para adaptação e regulação do comportamento, no caso do transtorno global;

ampliação dos recursos educacionais e/ou aceleração de conteúdos para altas

habilidades.

Quanto aos profissionais da área de saúde dos quais o aluno especial

também tem direito ao atendimento tais como: fisioterapeutas, psicopedagogos,

psicólogos, fonoaudiólogos ou médicos, não sendo estes disponibilizados pela

mantenedora das escolas estaduais (SEED), necessitam ser atendidos através de

uma rede estabelecida com os serviços públicos municipais, que as vezes também

são precarizados.

Também são oferecidos o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as

Salas de Recursos Multifuncionais com o objetivo de oferecer recursos de

acessibilidade e estratégias para eliminar as barreiras e favorecer a aprendizagem.

Assim sendo, o professor especializado além de realizar o atendimento aos alunos,

poderá contribuir na elaboração do planejamento e no suporte quanto à

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compreensão das condições de aprendizagem dos alunos, como forma de auxiliar o

professor das diferentes disciplinas e a equipe pedagógica.

Ter um segundo professor na sala de aula, que esteja presente durante todas

as aulas ou em alguns momentos, nas mais diversas modalidades: intérprete, apoio,

monitor ou auxiliar, também é um direito do aluno o qual nem sempre se concretiza.

A Educação Inclusiva tem sido um caminho importante para abranger a

diversidade na perspectiva da construção de uma escola para todos, de forma a

evitar a exclusão através da não aprendizagem e da não participação em sala de

aula, não só do aluno com necessidades especiais diagnosticadas, mas para com o

grupo todo de alunos, pois as aprendizagens não ocorrem de forma homogênea,

cada aluno possui formas específicas de interagir com o conteúdo e aprender, assim

a educação inclusiva beneficia o aprendizado comum.

Para que ocorra a flexibilização curricular e adequação das práticas

pedagógicas requer que os professores conheçam as possibilidades de

aprendizagens individuais, os fatores que as favorecem e as necessidades

específicas, para que possam adequar suas metodologias de ensino ao processo de

aprendizagem de cada aluno.

Maria Cecília M. N. Giovanella – PUCPR, reforça que para conhecer bem os

alunos o professor precisa interagir constantemente com eles, estabelecendo

diálogos, observando atentamente os processos de aprendizagem que

desenvolvem, sendo imprescindível ao profissional, a partir disso, rever o seu

trabalho educativo.

Optou-se por realizar a partir desse momento do texto, uma sequência de

citações de autores, quebrando as regras da produção científica, por julgar

necessário manter suas ideias na íntegra, para não correr risco de perder a essência

e a profundidade das reflexões a que remetem, visto que estas vêm fortemente ao

encontro da proposta que se pretende explicitar nesse documento.

A maneira como é proposta as situações de ensino e aprendizagem são decisivas para que a aprendizagem significativa se concretize. Esta construção da aprendizagem significativa pressupõe que os alunos estejam

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com uma predisposição positiva para aprender, dando um resignificado, ou seja, um sentido pessoal as experiências de aprendizagem, relacionado com as novas aprendizagens o que já sabem. Assim poderão compreender o porque e para que. (Maria Cecília M. N. – PUCPR, p. 2540)

Maria Cecília M. N. Giovanella - PUCPR (p.2540), ainda cita Gonzalez (2002,

p. 241), que confirma esta ideia, destacando que

Em todo processo educativo, a competência profissional dos professores, sua capacidade para planejar situações de aprendizagem, realizar processos de adaptação de currículo, elaborar pontos de trabalho em equipe, etc., adquire uma grande relevância, que nos parece decisiva para o êxito ou para o fracasso da tal processo.

Ela também referencia Aquino (1998, p. 63-64), que ressalta a este respeito

que

A heterogeneidade característica presente em qualquer grupo humano, passa a ser vista como fator imprescindível para as interações na sala de aula. Os diferentes ritmos, comportamentos, experiências, trajetórias pessoais, contextos familiares, valores e níveis de conhecimento de cada criança (e do professor) imprimem ao cotidiano escolar a possibilidade de troca de repertórios, de visões de mundo, confrontos, ajuda mútua e conseqüente ampliação das capacidades individuais.

Diante da realidade vivenciada nesta instituição percebe-se que os

educadores possuem alguns conhecimentos necessários para a redimensionar sua

prática pedagógica diante da diversidade, no entanto existem amarras as quais os

prendem às práticas que já estão habituados a realizarem, por lhes oferecerem

maior segurança.

Maria Cecília M. N. Giovanella - PUCPR (p. 2542), sobre isto fala que:

Diferenciar é estar disposto a encontrar estratégias para trabalhar com os alunos mais difíceis. É preciso modificar, reinventar novas possibilidades, experimentar, assumir o risco de errar e estar pronto a corrigir. Se a maneira habitual que se arruma a sala de aula não funciona com esses alunos, bem como os livros e materiais didáticos não são adequados a eles e quando, enfim, as atividades planejadas não os motivam. Diferenciar é ter consciência e aceitar que não existem receitas prontas, nem uma única solução: "é aceitar as incertezas, a flexibilidade, a abertura das pedagogias ativas que em grande parte são construídas na ação cotidiana, em um processo que envolve negociação, revisão constante e iniciativa de seus atores" (ANDRE et all, 2002, p. 22). Isto deixa claro que não existem soluções mágicas. Para Perrenoud (1992, apud Andre et all, 2004), a pedagogia das diferenças requer uma avaliação formativa, visto que seu

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intuito é melhorar a formação. Além disso, mais do que se preocupar em classificar, dar notas, punir ou recompensar, auxilia o aluno a aprender.

Todo processo ensino-aprendizagem está ligado à avaliação, cuja função

social está intimamente vinculada a um projeto de vida para os homens, pois educa-

se para a sociedade que se deseja ver transformada.

A avaliação em si mesma, como operação técnica, não tem sentido, nem

significado, pois coexiste na relação com os demais elementos do processo

educativo, como os objetivos da aprendizagem, a seleção dos conteúdos e dos

encaminhamentos metodológicos.

Esses elementos, bem como, a definição de critérios avaliativos claros e a

utilização de instrumentos e técnicas que possibilitem aos estudantes várias formas

de expressar seu conhecimento, devem ser pensados articuladamente no momento

da elaboração do Plano de Trabalho Docente, quebrando o velho paradigma da

avaliação burocrática, na qual o professor submete o processo avaliativo a uma

escolha de conteúdos selecionados no momento de elaborar o instrumento, o qual

será aplicado com a simples finalidade de atribuição de notas.

Quando usada como recurso norteador da prática pedagógica, a avaliação

permite melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem; é a manifestação de

quanto o aluno se aproximou dos objetivos estabelecidos em relação a

determinados conteúdos, tendo em vista o processo ensino-aprendizagem e o

redimensionamento de sua prática pedagógica.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do

Paraná (2008, p.353), no decorrer do processo de ensino e aprendizagem o

professor pode utilizar-se de diferentes formas avaliativas, tais como: avaliação

diagnóstica - ocorre antes do professor iniciar o conteúdo, seu objetivo é identificar

o quanto o aluno já sabe sobre determinado assunto e o que precisa aprender,

permitindo ao professor pensar em atividades didáticas a serem trabalhadas;

avaliação formativa - ocorre durante o processo de ensino, tendo como objetivo

identificar a aprendizagem alcançada, possibilitando ao professor detectar a

necessidade de retomar os conteúdos quando estes não foram aprendidos,

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conforme os objetivos estabelecidos; avaliação somativa - ocorre no final do

processo de ensino, permite ao professor ter uma amostragem do quanto seus

objetivos propostos foram atingidos.

A avaliação tem, enquanto função técnica, a função de garantir informações

úteis aos homens. E é neste aspecto que a questão básica se impõe: O que é

importante e necessário para os homens?

A partir daí a avaliação deve ser um projeto social onde a humanização seja

garantida através do resgate da função social dos conteúdos trabalhados, pois, de

acordo com Luckesi:

Um educador que se preocupe com que sua prática educacional esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconsciente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação. A avaliação, neste contexto, não poderá ser uma ação mecânica. Ao contrário, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida social. (LUCKESI,1997, p.46)

A aprendizagem dos conteúdos por parte dos alunos significou, por muito

tempo, pré-requisito para uma boa nota. Hoje a escola deve direcionar seus olhos

para outra finalidade, a finalidade social dos conteúdos que devem estar integrados

e aplicados teórica e praticamente no cotidiano do educando. “Nessa perspectiva, o

novo indicador da aprendizagem escolar consistirá na demonstração do modelo

teórico do conteúdo e no seu uso pelo aluno, em função das necessidades sociais a

que deve responder.” (GASPARIM, 2003, p. 2).

Isso exige do professor um trabalho de ensino contextualizado dos

conteúdos, que privilegie a contradição, a dúvida, o questionamento, que se

interrogue as certezas e as incertezas, despindo o conteúdo de sua forma neutra,

pronta e imutável. Para tanto, a metodologia de trabalho do professor na escola

pública, segundo Gasparim, deve partir da realidade social das massas populares,

passando à teorização dessa prática social, levando o educando a questioná-la com

base num suporte teórico que explicite e explique essa realidade, em todas suas

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dimensões (conceituais, científicas, históricas, econômicas, ideológicas, políticas e

culturais) para que este aluno retorne à prática social posicionando-se de maneira

diferente. Consequentemente, sua prática também não será mais a mesma, pois seu

pensar e agir atingirão um patamar mais crítico e transformador da realidade.

A aprovação escolar reflete a aquisição pelo aluno do mínimo necessário para

sua progressão, considerando o processo de aprendizagem e os quesitos exigidos

na série seguinte, sistematizados e legitimados pela avaliação escolar representada

pela média mínima 6,0 (seis vírgula zero).

Pôr em prática uma avaliação formativa não é tarefa fácil, porque professores,

alunos e pais estão habituados a um modelo avaliativo mais tradicional, a avaliação

formativa exige constante reflexão sobre todos os envolvidos no processo ensino-

aprendizagem e seus diversos aspectos.

A avaliação não pode voltar-se somente para a aprovação ou reprovação,

pois deverá ser comprometida com o sucesso de todos. De acordo com Arroyo,

Não deixaremos de reconhecer e estar atentos à diversidade de contextos de aprendizagens, estar atentos às trajetórias humanas, sociais de cada educando e de cada coletivo racial, social, porém não interpretemos essa diversidade como alunos-problema, como lentos, burrinhos, ignorantes, menos capazes de aprendizagem e de formação. Planejaremos com profissionalismo políticas e estratégias afirmativas que dêem conta dessas diversidades de contextos de aprendizagens, de socialização, de trajetórias humanas. (2004, p.363)

Este é um desafio para os profissionais da educação, garantir a todos os

educandos(as) seu direito de aprender, através de agrupamentos não

classificatórios ou segregadores entre estes a reprovação.

Porém, sabe-se que a massificação da escola, intensifica consideravelmente

o insucesso escolar. E a reprovação reflete, muitas vezes, um fenômeno social, no

qual o aluno não pode ser o único protagonista. Temos os pais, os docentes, a

escola, as políticas públicas, etc, o que a reprovação do aluno, isoladamente, não irá

resolver.

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A reprovação acontece após esgotados os recursos em sala de aula e após o

aluno ter sido submetido as atividades de recuperação paralela, que retomam os

conteúdos através de aulas diferenciadas, com metodologias adequadas ao seu

nível de compreensão, ocorrendo de forma imediata à identificação da dificuldade, o

que consequentemente reverter-se-á em recuperação de nota mediante reavaliação

através de novos instrumentos avaliativos.

A escola em seu contexto histórico sempre foi dividida em tempos e espaços

determinados e estruturados e os alunos foram organizados dentro deles em turmas,

pressupondo que todos estivessem em um mesmo ponto do desenvolvimento para

ocupar um determinado lugar em um determinado tempo. “É a espacialização do

tempo, onde o tempo passou a ser redutível ao espaço e pensado em função do

espaço”. (VEIGA-NETO, 2002).

De acordo com Sampaio (2002, p. 186-187), o tempo da escola é diferente do

tempo dos alunos, mas existe a expectativa de que todos aprendam num

determinado tempo, definido este como série/ano. A escola ao pensar nessa

perspectiva, corre o risco de homogeneizar as diferenças, a partir de onde surgem

as expressões: “a criança não acompanha o “tempo” da sua turma”. Tempo este,

imposto pela escola, fazendo com que os alunos que não se enquadrem sejam

considerados diferentes.

Dessa forma é necessário desconstruir essa concepção de tempo escolar

passando a considerá-lo como tempo de aprendizagem, pois sabemos que sujeitos

diferentes, com histórias diferentes aprendem de formas diferentes, isso requer que

o olhar da escola se desloque da aprovação/reprovação para se identificar com o

desenvolvimento, com o processo de aprendizagem que pode realizar (SAMPAIO,

2002).

O aprendizado não se limita ao intelecto, envolve também as emoções e

sentimentos. Assim sendo, outras fontes além dos conteúdos e outros espaços na

escola, além da sala de aula, devem ser considerados educativos, uma vez que

promovem a interação social e cultural, como por exemplo o tempo destinado ao

recreio.

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Os calendários escolares influenciam, nas escolhas e formas didático-

pedagógicas da escola, o que faz, o que prioriza, como pensa e age. As escolas têm

como parâmetro o calendário que a Secretaria Estadual de Educação define como

calendário oficial e a partir deste organiza suas atividades, de acordo com sua

realidade.

Apesar dessa regulamentação de tempos e espaços que fragmentam o

processo de ensino e aprendizagem, cabe à escola realizar as flexibilizações

curriculares através de um olhar que respeite a diversidade.

Com esse entendimento sobre flexibilização de tempos e espaços cabe

aprofundar a concepção de alfabetização e letramento, visto que esse processo,

que antes era determinado a ocorrer nas séries iniciais do ensino fundamental,

atualmente vem se estendendo às séries finais, uma vez que não são poucos os

casos de alunos que ao ingressarem no 6º ano, não possuem consolidada sua

alfabetização/letramento na língua portuguesa e na matemática, ou seja, não

desenvolveram habilidade de interpretação de textos e de fazer operações

matemáticas mais complexas.

Alfabetizar é mais do que ensinar a decifrar o código das letras ou

simplesmente traçá-las, é auxiliar os alunos a compreender que, por trás das letras,

há significados e que podem usar a linguagem para melhorar de vida, para crescer.

Conforme Soares (1998), letramento significa estado ou condição de quem

não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a

escrita. Sendo assim, o conceito de alfabetização está contido no de letramento.

Letrar é alfabetizar com sentido, habilitando para o exercício da cidadania,

contemplando significados que fazem parte do mundo atual e superando o

analfabetismo funcional.

Por analfabetismo funcional compreende-se a condição caracterizada pela

incapacidade de exercitar certas habilidades de leitura, escrita e cálculo necessários

para a participação ativa da vida social em diversas dimensões.

Neste sentido a alfabetização não se restringe a área da leitura e escrita, mas

também ao cálculo, pois conceitos matemáticos vão sendo construídos por meio de

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investigações e problematizações, e assim, uma linguagem matemática vai se

constituindo com a finalidade de comunicar ideias. A escrita nas aulas de

matemática torna-se essencial para o registro e comunicação dessa aprendizagem.

A criança numeralizada é capaz de pensar matematicamente sobre variadas

situações. Isso requer que ela mobilize seus conhecimentos sobre os sistemas

numéricos, convenções, técnicas e procedimentos e estabeleça relações e

conexões nos mais variados contextos da vida humana

Nesse sentido, apenas ler, escrever e calcular não é suficiente para alguém

ser considerado alfabetizado, é preciso compreender para que o cálculo, a escrita e

a leitura servem na sociedade em que vivemos. Portanto, este é um processo que

perpassa toda a educação básica,e dessa forma os alunos que chegam aos anos

finais do ensino fundamental, sem ter desenvolvida a alfabetização/letramento,

necessitam ser trabalhados com abordagens significativas de forma que este

processo se consolide.

A escola não pode ficar alheia aos avanços científico-tecnológicos, que

facilitam a aquisição de conhecimentos e informações dentro e fora da escola, os

quais exigem do professor uma nova forma de estudar, preparar os conteúdos,

elaborar e executar seu projeto de ensino, como às respectivas ações dos alunos.

Desde o princípio o homem fez uso de tecnologia para o próprio educar-se, o

livro como exemplo foi um grande avanço em termos de técnicas educacionais.

Mas o que circunda a questão, é o fato da tecnologia acelerar o processo de

formação, ao ponto de gerar desconforto e um não acompanhamento da velocidade

tomada pela informação e comunicação em geral que vem sendo disseminada.

Apesar da tecnologia estar presente no cotidiano da maioria das pessoas,

muitos ainda se encontram a margem do usufruto destes recursos, devido as

condições socioeconômicas que os colocam em situação desprovida de acesso.

Assim a escola passa a ser, principalmente nesses casos, a porta de acesso

à tecnologia, as quais precisam ser incorporadas às práticas pedagógicas, pois além

de propiciar a inclusão dos “excluídos”, possibilita a análise crítica sobre seu

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emprego, promovendo a inserção social, econômica e cultural, uma vez que a

abordagem didática direciona para o uso ético, crítico e consciente.

O uso da tecnologia na educação, não se restringe apenas a rede virtual, mas

a toda e qualquer ferramenta que aumente as possibilidades do professor

proporcionar a aquisição do conhecimento.

Acredita-se que socializar tecnologias e utilizá-las na produção de saberes

nas práticas escolares, integra a instituição escolar ao contexto atual e oportuniza ao

educador dinamizar sua metodologia de trabalho. Contudo, vale lembrar que,

modernizar a sala de aula não é sinônimo de modernizar o ensino. A simples

introdução da tecnologia não garante mudança na metodologia. A tecnologia

sozinha não constrói nada, é apenas uma ferramenta, quem faz a diferença é o

trabalho do professor e do aluno.

A integração entre as tecnologias, linguagens e representações tem papel

preponderante na formação de pessoas qualificadas para a atuação na sociedade,

conscientes de seus compromissos com as transformações de seu contexto, a

valorização humana e a expressão da criatividade.

Com o laboratório de informática, as novas tecnologias são incorporadas

como instrumentos no trabalho pedagógico. Para isso, faz-se necessário o bom

preparo do professor, tendo claras as intenções e objetivos pedagógicos a serem

atingidos. As tecnologias devem servir para estreitar as relações com o

conhecimento, sendo uma extensão do corpo do educador e do educando para a

criação, aprendizado, inserção e comunicação.

Todas as disciplinas componentes da matriz curricular permitem o uso das

mídias no processo de ensino e aprendizagem. Os recursos do Portal Dia a Dia da

Educação oferecem diversos materiais e informações como: textos, artigos, links,

literatura on-line, os recursos de interação, os recursos didáticos, a Biblioteca digital

e outros a disposição dos profissionais e alunos como fonte de motivação e para

enriquecer as aulas.

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Sabe-se que há um grande desafio a ser enfrentado pela comunidade escolar

com relação a temática. No entanto, o desejo de propiciar novas formas de

aprendizagem aos alunos transforma o desafio em meta a ser atingida.

A gestão democrática na escola é alcançada por meio de relações

horizontais em sua organização interna, mediadas pelo diálogo e pelo consenso,

respeitada a hierarquia estabelecida e as atribuições amparadas pelo Regimento

Escolar, tendo como objetivo a socialização do conhecimento historicamente

elaborado para as novas gerações.

A busca da gestão democrática inclui necessariamente a ampla participação

dos representantes dos segmentos da escola nas decisões e ações administrativo-

pedagógicas desenvolvidas, as quais tem sua culminância na razão de existência da

escola, como instituição responsável em garantir o ingresso e a permanência do

aluno, bem como o acesso ao ensino de qualidade. Entende-se por ensino de

qualidade um ensino que parte do conhecimento empírico do aluno, sendo

sistematizado através da socialização do conhecimento científico, que reverterá em

instrumento para o exercício pleno da cidadania.

Os órgãos colegiados como o Conselho Escolar, APMF, Conselho de Classe

e Grêmio Estudantil são de grande importância na efetivação da gestão escolar

democrática, visto que são órgãos responsáveis pela articulação entre a

comunidade escolar e os setores da escola.

O Conselho Escolar é um órgão colegiado responsável pela elaboração,

deliberação, acompanhamento, avaliação do planejamento e do funcionamento

escolar. Tem a possibilidade de conhecer as esferas legais da educação, de analisar

as diferentes concepções pedagógicas, de debater as diretrizes da mantenedora da

escola, de aprofundar as políticas públicas da educação e, desta forma, participar do

processo de tomada de decisões.

O Conselho de Classe é um órgão colegiado de natureza consultiva e

deliberativa em assuntos didático-pedagógicos, com atuação restrita a cada classe

do estabelecimento de ensino, tendo por objetivo avaliar o processo ensino-

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aprendizagem na relação professor-aluno, professor-turma e os processos

adequados a cada caso.

O Grêmio Estudantil envolve os alunos em questionamentos e atividades

com finalidade social, desportiva, cultural, cívica e espiritual, que contribuem para o

crescimento contínuo da comunidade escolar.

A APMF é uma associação cujo objetivo é aprimorar o ensino e integração

com a família, bem como discutir ações de assistência ao educando, participar de

todo processo escolar, gerir e administrar os recursos próprios e os que lhe forem

confiados através de convênios.

A escola e a família possuem o mesmo objetivo, proporcionar o

desenvolvimento da criança e o sucesso na aprendizagem, portanto devem ser

parceiros em prol da diminuição da evasão e da repetência, resultando em melhoria

de rendimento dos alunos/filhos.

É preciso que se cultive uma relação de confiança entre a escola e os pais,

que estando cientes dos problemas podem contribuir para as discussões das

soluções. Nesta relação, a escola necessita estar aberta e preparada para receber

críticas e implantar sugestões.

A gestão democrática abrange as dimensões pedagógicas, administrativas e

financeiras. Exige uma ruptura histórica na prática da escola, a partir do

enfrentamento das questões de aprendizagem, diversidade, reprovação, abandono e

evasão, que reflete na consequente marginalização de estudantes.

A gestão democrática participativa pressupõe que o processo educacional só

se transforma e se torna mais competente na medida em que seus participantes

tenham consciência de que são responsáveis pelo mesmo, buscando ações

coordenadas e horizontalizadas (LUCK, 2006).

A escola é um espaço de contradições e diferenças. Nesse sentido, quando

buscamos construir na escola um processo de participação baseado em relações de

cooperação, partilha de poder, diálogo, respeito as diferenças, liberdade de

expressão, garantimos a vivência de processos democráticos, a serem efetivados no

cotidiano, em busca da construção de projetos coletivos.

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A gestão democrática participativa exige uma “mudança de mentalidade de

todos os membros da comunidade escolar” (GADOTTI,1994, p.5).

Outro aspecto importante para que a gestão democrática se efetive é a

capacitação continuada dos educadores que tem, em seu contraponto, a qualidade

do ensino/aprendizagem e a valorização do magistério, lembrando que, a qualidade

do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar cidadãos capazes

de participar ativamente da vida socioeconômica, política e cultural, relacionam-se,

não somente ao efetivo trabalho em sala de aula, mas também à formação (inicial e

continuada), condições de trabalho (recursos didáticos, físicos e materiais,

dedicação, número de alunos...), remuneração, entre outros.

A hora atividade é o tempo reservado ao professor em exercício de

docência, para estudos, avaliação e planejamento. Este período de tempo deve

priorizar o encontro dos professores por área de conhecimento; para planejamento e

desenvolvimento de ações que visam o enfrentamento de problemáticas

diagnosticadas no contexto escolar; para correção de atividades dos alunos, estudos

e reflexões que visam a melhoria da qualidade de ensino; atendimento de alunos,

pais e assuntos de interesse da comunidade escolar.

A formação continuada é direito de todos os profissionais que trabalham na

escola, na perspectiva da especificidade de sua função, pois possibilita a progressão

funcional baseada na titulação, qualificação e na competência de seus profissionais,

mas, fundamentalmente, propicia o desenvolvimento profissional articulado com as

escolas e seus projetos, estendendo a discussão para além dos conteúdos

curriculares, mantendo a visão da escola como um todo e suas relações com a

sociedade.

Dessa forma, os Agentes Educacionais I e II como formadores que atuam

fora da sala de aula, interagindo com educandos e a comunidade, também devem

estar preparados por meio da formação continuada para desempenhar este papel

cada vez melhor.

Como todas as ações exercidas na escola educam, é que se espera que o

Agente Educacional, assuma seu papel de educador e,

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[...] se preocupe com que a sua prática educacional esteja voltada para a transformação, não podendo agir inconsciente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde possivelmente está encaminhando os resultados da sua ação […] dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida social. (LUCKESI, 1984, p.46)

A Equipe Multidisciplinar Recebe anualmente formação continuada por meio

de propostas que instigam a criação de espaços de debates, estratégias e de ações

pedagógicas que fortaleçam a implementação da Lei nº 10.639/03 e da Lei

nº11.65045/08, bem como das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

das relações Étnico-Raciais e para o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira,

Africana e Indígena no currículo escolar.

A formação continuada deve levar a uma reflexão sobre a prática educativa

de forma que promova a melhoria da qualidade dos serviços ofertados pela escola, a

fim de que esta possa atender aos desafios que vivencia promovendo a integração

entre a teoria e prática.

4 - PLANEJAMENTO

Após ter sido caracterizada a escola no marco situacional, onde diagnosticou-

se os aspectos positivos e os que necessitam ser fortalecidos, definiu-se no marco

conceitual o referencial teórico que fundamenta a opção política-pedagógica do

coletivo, a qual vai de encontro à Pedagogia Histórico-Crítica.

A partir deste momento, serão definidas ações de curto, médio e longo prazo,

nas perspectivas pedagógica, administrativa e político-social, com o objetivo de

apontar soluções voltadas às situações de fragilidade da escola, articulando os três

eixos do Projeto Político Pedagógico (diagnóstico/fundamentos/planejamento de

ações), indicando como chegar ao ideal dessa escola pública buscando garantir o

ingresso, a permanência e o sucesso de todos os alunos.

4.1 Calendário Escolar

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O Calendário Escolar está fundamentado na legislação educacional partindo

dos princípios emanados da Lei n o 9394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, no artigo nº 24, inciso I, que determina uma carga horária

mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuídas por um mínimo de 200

(duzentos) dias de efetivo trabalho escolar a serem cumpridos por todas

instituições de ensino que ofertam a Educação Básica.

De acordo com a Instrução nº 12/2016 - SEED/SUED, para o cálculo do total

das horas a serem trabalhadas com os alunos, somente, deverão ser consideradas

as atividades de cunho pedagógico, constantes no Projeto Político-Pedagógico da

instituição de ensino e que, por sua natureza, exijam a frequência dos estudantes

sob efetiva orientação e avaliação dos respectivos professores. Tais atividades

poderão ser realizadas na tradicional sala de aula e/ou outros locais

pedagogicamente adequados ao processo de ensino e aprendizagem.

No caso desta instituição de ensino, diante do horário normal das aulas,

ocorre dificuldade para o fechamento da carga horária, portanto para que este

fechamento ocorra é providenciada a devida complementação para os estudantes,

a fim de que se cumpra a legislação educacional.

Para efeito de complementação da carga horária, são consideradas as

atividades que contemplem conteúdos definidos na Proposta Pedagógica da

instituição de ensino, podendo ser realizadas dentro e/ou fora da sala de aula,

devendo contar com a presença dos estudantes e dos respectivos professores,

sendo registradas, considerando a carga correspondente à duração da atividade.

Entre as atividades realizadas anualmente como complementação de carga

horária nesta instituição, estão:

- Dia da Família na Escola, é a ocasião em que educadores e alunos

organizam-se para receber pais e comunidade em geral para desfrutar de momentos

descontraídos que promovam a integração escola/família. Na ocasião, ocorrerá a

socialização de trabalhos escolares produzidos até então pelos alunos sob a

orientação dos professores, expostos em painéis ou através de atividades de dança,

teatro, poesias, músicas entre outros. Também serão desenvolvidas atividades

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recreativas e todos os professores de todas as disciplinas deverão envolver-se e

contribuir para essa realização com a colaboração dos funcionários.

- “Festas Juninas”, comemoração tradicional da escola, com o intuito de

cultuar e preservar esta tradição. O trabalho deverá envolver todas as turmas, sendo

que cada disciplina explorará este tema dentro da sua especificidade, adaptando-o e

trazendo para a sala de aula aspectos relevantes desta comemoração típica da

região, trabalhando a valorização da cultura do campo e consequentemente dos

moradores das áreas rurais, assim como, desmistificando a figura estereotipada do

caipira e reforçando os aspectos da interdependência da área urbana e rural,

O trabalho pedagógico desenvolvido terá como culminância a realização da

Festa Junina quando a escola proporciona a integração entre

escola/família/sociedade, momento no qual os pais terão a oportunidade de

presenciar a produção artística, cultural e acadêmica dos filhos.

Diante de um evento desse porte a disponibilidade e o envolvimento da

comunidade escolar são essenciais desde o planejamento, ensaios, organização da

festividade, decoração do ambiente, figurinos, maquiagens, pratos típicos e,

coreografias.

- A Gincana Estudantil é um momento socializador e recreativo proporcionado

a todos os alunos por meio de atividades físicas e intelectuais. Tem como objetivo

dinamizar o espaço escolar promovendo a integração entre os alunos dos turnos

matutino e vespertino e, destes com os professores e funcionários através da

execução de tarefas previamente elaboradas por uma comissão organizadora,

formada por professores e funcionários, os quais serão responsáveis pela

organização geral do evento, contando com o apoio dos demais educadores no dia

da Gincana para a coordenação dos alunos nas diferentes tarefas.

- As palestras são momentos organizados pela escola para trabalhar com

alunos ou familiares, onde são abordadas temáticas pertinentes à formação dos

alunos. Os assuntos serão selecionados a partir de situações vivenciadas na escola,

que necessitem ser levadas à discussão ou orientação; ou, por solicitação dos

próprios pais. Entre as temáticas abordadas estão: sexualidade; violência (nos

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diferentes aspectos); abuso e exploração sexual; drogas; relacionamento familiar;

autoestima; alimentação saudável; gênero; diversidade cultural; depressão,

automutilação e suicídio entre crianças e adolescentes. Para ministrar as palestras

serão convidados profissionais com formação na área que se pretende abordar

(assistentes sociais, médicos, enfermeiras, psicólogas, advogados...).

- O Dia da Consciência Negra (mostra de trabalhos – Equipe Multidisciplinar)

geralmente é comemorado com apresentações culturais e exposição dos trabalhos

que foram realizados ao longo do ano, através da intervenção e organização da

Equipe Multidisciplinar. Áreas como sociologia, política, religião e gastronomia,

foram profundamente influenciadas pela cultura africana, influência esta que

precisa ser reconhecida e valorizada. O objetivo é fazer uma reflexão sobre a

relevância da cultura do povo africano e o impacto que tiveram na evolução da

cultura brasileira, além de identificar e conhecer as especificidades da cultura afro-

brasileira e reconhecer as diferenças nas vivências humanas presentes na sua

realidade, aceitando as diferenças sociais e étnico-racial.

4.2 Ações Didático Pedagógicas

a) Ensino e Aprendizagem

Diante do quadro descrito no marco situacional, uma proposta para melhorar

as fragilidades apontadas com relação ao ensino e aprendizagem, é dar

continuidade a estratégia de realizar parcerias com as instituições de Ensino

Superior para promoverem formação nas áreas em que se evidenciam maiores

necessidades, a fim de buscar através desses encontros a reflexão sobre as

práticas, aprimorando-as.

Manter constante diálogo com os professores que ainda apresentam

dificuldades de compreensão sobre a proposta de trabalho adotada pela escola

expressa no Projeto Político Pedagógico, a qual deve estar articulada no Plano de

Trabalho Docente e em todas as ações educativas promovidas.

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Indicar a leitura das Diretrizes Curriculares Estaduais para os professores

novatos na rede de ensino estadual, que ainda não possuem conhecimento sobre

este documento, e para os que já trabalham há algum tempo na rede, porém, que

apresentam dificuldades na compreensão e em colocar em prática a fundamentação

teórico-metodológica desta proposta.

Também continuará sendo indicada, a realização do planejamento coletivo

com os colegas da mesma disciplina, no momento das horas atividades e nas datas

previstas em calendário para planejar, a fim de promover a troca de experiências e a

efetivação da proposta.

Outra forma de promover a integração dos profissionais é a realização de

reuniões por disciplina, as quais podem ser organizadas quando diagnosticada as

situações de fragilidade, que afetam o ensino e a aprendizagem, a fim de analisá-las

e discuti-las sob a ótica da disciplina específica do grupo, construindo alternativas

pedagógicas de ação.

Persistir na implementação da elaboração do Plano de Trabalho Docente na

perspectiva Histórico-Crítica, trazendo sempre que oportuno, formações que

abordem a temática.

Continuar dialogando individualmente com o profissional que apresenta

resistência em realizar os atendimentos inerentes a sua função, com o compromisso

profissional que lhe compete, orientando-o quanto aos aspectos que necessitam ser

melhorados, conforme previsto no Estatuto do Funcionalismo Público, no Regimento

Escolar e no Projeto Político Pedagógico. É importante neste momento considerar

que, as posturas profissionais devem ser avaliadas a partir dos documentos de

referência e no bom senso, devendo refletir na avaliação do desempenho

profissional quando for o caso.

Outro fator que deve ser considerado no processo de ensino e aprendizagem

é a postura do aluno quanto ao envolvimento nas propostas de interação com o

conteúdo, as quais quando não positivas produzem dificuldades.

Esse fator deve ser analisado na totalidade do processo, considerando a

dinâmica da aula, a atividade proposta, a postura do profissional em conduzir a aula,

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a relação professor-aluno, a frequência do aluno às aulas, as suas potencialidades/

dificuldades e/ou defasagens, a postura individual do aluno diante do que lhe é

proposto e suas peculiaridades comportamentais.

Diante disso ações serão estabelecidas de acordo com cada situação:

conversa individualizada com o aluno e estabelecimento de acordos; diálogo com os

pais ou responsáveis e estabelecimento de acordos; adaptações curriculares;

encaminhamento para avaliação psicopedagógica; encaminhamento para a sala de

recursos ou sala de apoio a aprendizagem; organização de horário extra para

atendimento individual do aluno por um profissional designado a orientá-lo;

atendimento individualizado do aluno pelo professor na hora-atividade; aplicação de

medidas educativas conforme Regimento Escolar e normas escolares internas;

encaminhamento do caso para a Rede de Proteção, quando as questões

envolverem situação de vulnerabilidade.

Na realidade cotidiana, nos deparamos com salas de aulas lotadas, o que

dificulta ao professor desenvolver um trabalho individualizado com os alunos, que

trazem para esse contexto uma diversidade cultural, econômica, social e

comportamental que evidencia os aspectos de uma sociedade que baseia suas

relações no consumo, na utilidade e no descarte, isso reflete diretamente na sala de

aula, na relação que os alunos estabelecem entre si e com o conteúdo, e nos

resultados do aprendizado. Observa-se alunos sem perspectiva de vida, imaturos

em algumas atitudes e antecipando etapas com vivências precoces.

Diante disso, os professores nas suas respectivas disciplinas deverão

problematizar os seguintes temas atrelados aos conteúdos: sexualidade, respeito

pela diversidade (cultura africana/afro brasileira, indígena, idosos, necessidades

especiais, gênero, biotipo, religiosa), prevenção ao uso indevido de drogas e atos de

violência (física, psicológica, verbal, simbólica), a cultura da paz, direitos humanos,

educação ambiental, consumo consciente,

individualismo/solidariedade/cooperativismo, uso das tecnologias com

responsabilidade.

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A equipe pedagógica estará contribuindo com este trabalho buscando

organizar formações para os profissionais a fim de prepará-los para tais abordagens,

bem como buscando junto as Universidades e demais órgãos que compõe a Rede

de Proteção, parcerias para realizarem trabalhos junto aos alunos e professores,

através de palestras, rodas de conversa, entre outros.

Perante essa diversidade, também encontramos alunos com diferentes ritmos

de aprendizagem, gerando um contexto de sala de aula conflituoso e desafiador

para o professor, que precisa atender as diferentes situações que surgem, e assim,

às vezes, os alunos que precisam de maior atenção acabam ficando sem o devido

amparo pedagógico que a sua individualidade de aprendizagem necessita.

Para tentar superar essa problemática e atender esses alunos, o

planejamento deverá ser flexível, redimensionando-o quanto ao tempo que levará

para atingir determinados objetivos. Priorizar os conteúdos essenciais para garantir

que o aluno com maior dificuldade consiga acompanhar a série seguinte. Isso não

significa baratear o conteúdo, a metodologia e a avaliação, ao contrário, isso requer

repensar, implementar e replanejar a prática educativa com olhos ainda mais

aguçados para garantir a inserção do aluno com dificuldades.

No caso de alunos afastados da escola por motivo de saúde por tempo

considerável a Equipe Pedagógica estará organizando junto aos professores,

atividades a serem enviadas ao aluno para que as realize em casa a fim de que não

tenha prejuízos acadêmicos em virtude da doença.

Para o caso de alunos faltosos, evadidos da escola e/ou com histórico de

repetências, a direção e equipe pedagógica promovem ações educativas

envolvendo alunos, professores, familiares, Conselho Escolar, Conselho Tutelar,

Ação Social e comunidade em geral, no objetivo de atenuar a problemática

resultante de fatores não só escolares, mas também de contexto social, conforme

ações previstas no Plano de Ação da escola presente neste documento.

b) Avaliação da aprendizagem e do processo pedagógico

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O coletivo escolar propõe a continuação do trabalho da equipe pedagógica de

analisar as provas escritas antes da impressão e aplicação, para a partir disso

questionar o professor, quando necessário, sobre a metodologia de ensino que

utilizou e, que o levou a elaborar tal instrumento; sobre o objetivo que estabeleceu

ao elaborar as questões da forma como o fez; os critérios que foram estabelecidos

como patamar indicativo do quanto o aluno atingiu em conhecimento; sobre a forma

de adaptação aos alunos que possuem necessidades especiais; sobre a clareza da

linguagem utilizada, entre outros. Através desse procedimento é possível dialogar

com o professor sobre esses aspectos permitindo obter subsídios sobre a prática

docente, e quanto ao que pode nela ser melhorado.

Oportunizar da forma que já vem ocorrendo, situações de formação

continuada sobre a avaliação, uma vez que ainda não se atingiu em sua totalidade o

patamar de compreensão e efetivação da proposta de avaliação explícita neste

documento, no marco conceitual, até porque esse é um tema polêmico que sempre

necessita ser revisto para a realização de uma prática coerente.

O professor deve assumir a seguinte postura mediante a avaliação:

- Reconhecer sua função diagnóstica para que tome decisões pedagógicas

com relação ao ensino;

- Utilizá-la como instrumento de auto avaliação profissional;

- Assumi-la como instrumento para verificação do quanto o aluno aprendeu

considerando quanto aproximou-se dos objetivos propostos no plano de trabalho

docente;

- Utilizar instrumentos que estimulem a reflexão, a análise, a argumentação e

o questionamento sobre as “verdades pessoais”, a comparação e a aplicação do

conteúdo (Para utilizar instrumentos que exijam do aluno respostas a partir de tais

procedimentos mentais aplicados ao conteúdo, o professor deverá ter desenvolvido

no decorrer das aulas, um trabalho metodológico condizente).

- O professor necessita priorizar atividades durante as suas aulas e, nos

instrumentos avaliativos tais propostas: Após o estudo...faça um texto

argumentativo; Analise as duas proposições e a partir do que estudamos indique

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com a qual você está de acordo e por quê?; Descreva e justifique; Visualizando a

figura tal...analise; Explique por que...; O que acontece se... e por quê?; Explique as

vantagens e desvantagens de...;

- Para avaliar a situação de resultados insatisfatórios na aprendizagem e,

posteriormente realizar a tomada de decisão sobre a ação pedagógica que irá

desenvolver, o professor precisa primeiramente aceitar o resultado, seja ele qual for,

após, deve lançar mão de algumas questões: Por que o aluno não aprendeu?; O

aluno não aprendeu só na minha disciplina?; O que o aluno aprendeu?; O que vou

fazer mediante este resultado?

- Quando o aluno não realizar os trabalhos propostos, o professor deverá

oferecer novo prazo para a entrega atrasada, conforme a demora da entrega o

professor poderá atribuir um valor diferenciado a fim de valorizar e estimular a

pontualidade; comunicar os responsáveis pelo aluno sobre a não entrega dos

trabalhos propostos já estipulando nova data de entrega; não desistir do aluno

relapso, criando alternativas para que faça o que lhe foi proposto até que entregue.

(Nos casos esporádicos em que o aluno não entregue, registrar no Livro de Registro

de Classe Online e comunicar a equipe pedagógica).

- Quanto a recuperação de conteúdo, o professor deve recuperar a

aprendizagem do aluno desde o início do processo, logo que detectar o problema,

mesmo que este seja em relação a um conteúdo que deveria ter aprendido nas

séries anteriores. Cada disciplina possui especificidades que devem ser

consideradas no momento da recuperação de conteúdo. Por exemplo: se um

determinado conteúdo não foi aprendido pelo aluno, porém ele não é pré-requisito

para as aprendizagens posteriores e haverá outros momentos em que o mesmo

conteúdo será novamente abordado permitindo ao aluno refazer o percurso dessa

aprendizagem, a recuperação deste conteúdo específico poderá ser protelada para

outro momento. Portanto, a recuperação de conteúdo se dá com o que é essencial

para garantir as aprendizagens posteriores e o aluno deve ser avaliado no que é

prioritário. Após a recuperação de conteúdo será oportunizada ao aluno uma

reavaliação que repercutirá em recuperação de nota. O instrumento de reavaliação

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poderá ser diversificado, desde que este seja eficiente para expressar o

aprendizado.

Apesar de se desenvolver as ações pedagógicas até então previstas,

constata-se vários casos de insucessos em alcançar melhores resultados, ano após

ano, geralmente em torno dos mesmos alunos (que não possuem diagnóstico de

necessidades especiais, alguns com pouco interesse pelos estudos e outros com

dificuldades acentuadas). A esses alunos é dispensada a adaptação curricular, de

conteúdo, metodologia e de avaliação de forma a valorizar as poucas produções que

se dispõe a realizarem, dessa forma, acabam sendo favorecidos com uma nota que

não reflete 100% de suas aprendizagens e capacidades, mas que os oportuniza a

avançar à série seguinte. São casos que extrapolam as possibilidades de

intervenção da escola, sobre os quais a reprovação não surte efeito positivo,

gerando um índice de aprovação baseado em aprendizagens muito fragilizadas. O

número de alunos nesta situação é considerável, porém, além do que já foi descrito

anteriormente no item ensino-aprendizagem, até o momento o grupo não conseguiu

encontrar outras alternativas mais eficientes, o estudo e a busca pelo aprimoramento

será uma constante e nunca será admissível desistir dos alunos.

c) Conselho de Classe

O Conselho de Classe continuará sendo precedido pela realização do Pré-

Conselho conduzido pela Equipe Pedagógica, pelo professor regente e alunos, com

registro de melhorias, problemas e sugestões a serem levadas ao Conselho de

Classe.

Diante do diagnóstico apresentado no marco situacional, torna-se urgente

uma tomada de consciência com relação ao real objetivo deste órgão colegiado. É

preciso discutir não só os resultados positivos ou negativos dos alunos, mas, os

encaminhamentos dados por todos os envolvidos neste processo. Se houver o

acompanhamento durante o trimestre dos problemas referente à frequência, entrega

de trabalhos e outras questões pontuais, no momento do Conselho de Classe será

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possível analisar os progressos e retrocessos, a fim de tomar medidas de curto e

médio prazo que favoreçam o ensino e a aprendizagem.

É importante destacar a necessidade de se estabelecer critérios claros e

objetivos que criem uma linha de reflexão que leve a expressão do ponto de vista da

maioria deste colegiado.

Segundo o material de apoio conceitual enviado pela SEED/2007, a

organização do Conselho de Classe deve ter como princípios básicos:

A autoavaliação do professor, que consiste na tomada de consciência da sua

própria ação, de suas limitações e acertos.

A autoavaliação da equipe pedagógica que, ao fazer uma análise da sua

atuação e sobre as reais condições de trabalho que a escola oferece busca

ajudar os professores a superar dificuldades, reorganizando o trabalho

pedagógico.

A análise diagnóstica das turmas a qual não pode ser superficial restringindo-

se a características como indisciplina e desinteresse. É necessário levar em

conta os vários fatores que influenciam positiva ou negativamente a

aprendizagem dos alunos, como o seu contexto de vida, a metodologia, os

instrumentos de avaliação, e as relações que se estabelecem em sala de

aula.

A definição de registros e linhas de ação, ou seja, o que se fará para atender

as necessidades de mudança e redicionamento apontadas no diagnóstico das

turmas. Uma vez que as propostas de ação são estabelecidas coletivamente,

todos são responsáveis por coloca-las em prática, garantindo que as decisões

não sejam isoladas mas sim uma construção conjunta do grupo.

Quanto ao Conselho de Classe final, as discussões devem se basear sobre

alguns critérios, sendo eles:

Avanços obtidos na aprendizagem;

Trabalho realizado para que o aluno melhore a aprendizagem;

Desempenho do aluno em todas as disciplinas;

Acompanhamento do aluno no ano seguinte;

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Situações de inclusão;

Questões estruturais que prejudiquem os alunos.

Cumpre ainda destacar que todos os critérios devem ter como único foco a

aprendizagem. A participação, atitude e comportamento não são critérios e sim,

possíveis determinantes sobre ela.

Após a realização do Conselho de Classe, será dado o retorno para os alunos

sobre as ações estabelecidas pelo colegiado, onde se efetivarão reuniões e/ou

conversas individualizadas com alunos e seus responsáveis.

Com relação aos registros do Conselho de Classe, as atas necessitam ser

escrituradas de forma clara, registrando questões relevantes ao desempenho

pedagógico, expressando as discussões, as reflexões e os encaminhamentos

adotados a partir do Conselho.

d) Atividades Curriculares Completares / Hora Treinamento

A hora-treinamento constitui uma complementação curricular da disciplina de

educação física, com o objetivo de desenvolver de forma mais eficiente às

habilidades esportivas.

A referida atividade é organizada a partir de instrução própria, com Proposta

Curricular e Plano de Trabalho Docente elaborados pelo professor suprido, sob o

acompanhado da Equipe Pedagógica, tendo seus registros de classe realizados

online, recebendo o mesmo tratamento pedagógico que as demais disciplinas

curriculares.

e) Articulação da Instituição de Ensino com os Pais/ou Responsáveis

A escola manterá o contato, informando os responsáveis pelos alunos sobre a

situação escolar através de bilhetes, comunicados, telefonemas, envio de boletins

escolares e reuniões por turma conforme a necessidade. Será mantido o registro em

ata dos acordos realizados entre escola/família/aluno a fim de solucionar as diversas

situações que interferem no desempenho escolar. Também serão promovidas

reuniões formativas abordando temas diversos que gerem a reflexão por parte dos

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pais sobre a atuação destes na educação dos filhos, com o intuito de promover a

melhoria nas relações familiares e o estreitamento dos vínculos com a escola, uma

vez que, as duas instituições têm por finalidade a formação da criança e do

adolescente, promovendo o educar e o ensinar.

Outra forma de promover a articulação entre a família dos alunos e a escola

se dará através de mostras de trabalhos escolares e da organização de momentos

de confraternização motivados por comemorações tais como: Dia da Mulher, Festa

Junina, Dia da Família e Dia dos Estudantes. Serão momentos mais descontraídos

cujo objetivo é fortalecer os vínculos.

4.3 Ações referentes à Flexibilização Curricular

A atual Constituição da República Federativa do Brasil, em seu Art. 205,

determina que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.” Para esse princípio se efetivar há que se prever ações

para as exceções – são as flexibilizações curriculares que possibilitam o acesso à

educação em casos específicos, como dos estudantes da educação especial, os

atendidos pelo Serviço de Apoio à Rede Escolarização Hospitalar – SAREH, os

estudantes afastados pelo Decreto Lei nº 1044/69 (doenças infectocontagiosas) e

pela Lei nº6202/75 (licença maternidade), os estudantes em cumprimento de

medidas socioeducativas, e outras situações.

Com relação ao SAREH, o serviço objetiva o atendimento educacional aos

estudantes que se encontram impossibilitados de frequentar a escola, em virtude de

situação de internamento hospitalar ou tratamento de saúde, permitindo-lhes a

continuidade do processo de escolarização, a inserção ou a reinserção em seu

ambiente escolar.

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4.3.1 Atendimento Educacional Especializado ao público alvo da Educação

Especial

Tendo em vista que, a presença de alunos com necessidades educacionais

especiais nas classes comuns da Educação Básica tem se tornado cada dia mais

frequente, as instituições de ensino precisam pensar em ações referentes à

adaptação e ou flexibilização de currículos, métodos, técnicas e recursos para

atender as especificidades do alunado, exigência esta, contida na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional promulgada em 1996.

No contexto da educação inclusiva, pode-se entender a flexibilização ou

adaptação como a resposta educativa que é dada pela escola para satisfazer as

necessidades educativas de um aluno ou de um grupo de alunos, dentro da sala de

aula comum, na medida em que o que se faz ou deve-se fazer são ajustamentos,

adequações do currículo existente às necessidades do aluno.

Esse processo, no entanto, não pode ser entendido como uma mera

modificação ou acréscimo de atividades complementares na estrutura curricular. Não

significa simplificar ou reduzir o currículo, mas torná-lo acessível, o que é muito

diferente de empobrecê-lo. Pois, há aprendizagens imprescindíveis a todos os

alunos, das quais não se pode abrir mão. Há saberes que são essenciais como base

para outras aprendizagens e que devem ser mantidos, como garantia de igualdade

de oportunidades de acesso a outras informações, portanto fundamentais para a

construção do conhecimento. As modificações precisam estar na perspectiva de um

ensino de qualidade para todos os alunos.

As adaptações possíveis no nível da sala de aula estão basicamente

relacionadas à:

a) Adaptações de objetivos de aprendizagem (Estas adaptações se referem

aos ajustes que o professor pode fazer nos objetivos pedagógicos constantes de seu

plano de ensino), com ações que levem a: - priorização de objetivos que são

considerados fundamentais para a aquisição de aprendizagens posteriores; -

introdução de objetivos ou conteúdos que não estão no currículo, mas que podem

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complementá-lo; - eliminação de determinados objetivos ou conteúdos, cuidando

para que não sejam aqueles considerados básicos.

b) Adaptações de Conteúdos: Os tipos de adaptação de conteúdos podem ser

a priorização de tipos de conteúdos, a priorização de áreas ou unidades de

conteúdos, a reformulação da sequência de conteúdos, ou ainda, a eliminação de

conteúdos secundários, acompanhando as adaptações propostas para os objetivos

educacionais.

c) Adaptações de método de ensino e da organização didática: Adaptar o

método de ensino às necessidades de cada aluno é, na realidade, um procedimento

fundamental na atuação profissional de todo educador, já que o ensino não ocorrerá,

de fato, se o professor não atender ao jeito que cada um tem para aprender. Faz

parte da tarefa de ensinar procurar estratégias que melhor respondam às

características e às necessidades peculiares de cada aluno.

d) Adaptações de materiais: A adaptação do material pedagógico propicia a

interação, convivência, autonomia e independência nas ações; aprendizado de

conceitos, melhoria de autoestima e afetividade do aluno com necessidades

educacionais especiais, bem como favorece o aprendizado dos demais alunos da

turma, que eles tiverem acesso ou necessitar utilizar.

e) Adaptações no processo de avaliação: seja por meio de modificação de

técnicas, como dos instrumentos utilizados.

f) Adaptações do espaço físico e organização tempo: garantem a todos os

alunos o acesso ao conhecimento. As medidas de apoio planejadas dentro desta

lógica certamente contribuirão para facilitar o processo de aprendizagem de

qualquer aluno, particularmente daqueles que apresentam necessidades

educacionais especiais.

Para melhor integrar os atendimentos ofertados aos alunos na Sala de

Recursos e na Classe Comum é preciso intensificar a comunicação entre os

professores, pois muitos alunos que frequentam o atendimento especializado

apresentam, nestes ambientes uma evolução no aprendizado, porém quando na

Classe Comum não consegue apresentar o mesmo desempenho.

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Esses diálogos devem ser estabelecidos na hora-atividade, no momento do

planejamento, durante a formação continuada e no Conselho de Classe.

No entanto, não se observa essa interação de forma espontânea,

acontecendo somente em momentos planejados pela equipe pedagógica.

Cabe aos profissionais se interessarem mais, se disponibilizarem a conversar

e buscar saber mais sobre os estudantes com necessidades especiais e sobre a

melhor forma de realizar as adaptações curriculares. Caso não parta do professor da

Classe Comum essa iniciativa de dialogar sobre esses alunos, é essencial que o

professor de Sala de Recursos busque estabelecer esse diálogo, perguntando na

hora-atividade sobre o desempenho dos alunos por eles atendidos criando vias de

comunicação.

Os alunos que frequentam a Sala de Recursos necessitam ser trabalhados

em diferentes áreas conforme diagnóstico, senso elas: área sócio – emocional; área

psicomotora ampla e fina; área cognitiva (percepção visual e auditiva); orientação

espacial; orientação temporal; atenção / memória / raciocínio; área da linguagem e

área acadêmica (português e matemática). Isso deve ser observado com maior

preocupação, uma vez que se observa maior ênfase atribuída ao trabalho com a

área acadêmica, não que não sejam de certa forma estimuladas as demais áreas,

no entanto, é necessário tratá-las com maior importância, prevendo no planejamento

atividades mais direcionadas.

As aulas podem ser mais dinamizadas, com a utilização das tecnologias e

materiais de apoio disponíveis na escola, a fim de envolver mais os alunos em

ambientes e situações que extrapolem o espaço da sala de aula e os registros em

cadernos, favorecendo a permanência do aluno, evitando o abandono desse serviço

especializado.

4.4 Proposta Pedagógica Curricular

Constitui-se em um documento que fundamenta e sistematiza a organização

do conhecimento no currículo. Expressa os fundamentos conceituais, metodológicos

e avaliativos de cada disciplina, elencados na Matriz Curricular, assim como os

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conteúdos de ensino dispostos de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais,

Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica para a Rede Estadual de

Ensino e demais leis vigentes.

A Proposta Pedagógica Curricular abordará conhecimentos que

tradicionalmente não compõem os livros didáticos ou as abordagens convencionais

das disciplinas e que, contudo são conhecimentos historicamente acumulados e

constituem direitos de aprendizagem dos estudantes. Conhecimentos sobre o corpo

e as diversas expressões da sexualidade humana; a homossexualidade,

heterossexualidade, bissexualidade, sobre a saúde sexual e reprodutiva, bem como

das diferentes expressões da identidade de gênero: a cisgeneridade e

transgeneridade. Conhecimentos sobre a própria cultura e etnia dos estudantes e

sobre outras culturas e etnias. Nesse sentido elencamos conhecimentos da história

e cultura africana e afro-brasileira, sobre as culturas indígenas, cultura cigana,

quilombola, ilhéu e ribeirinha.

Além de abordar os Desafios Educacionais Contemporâneos como a

Educação Fiscal, Educação Ambiental, Preservação e Respeito à Vida,

Enfrentamento à Violência, Prevenção e Combate às Drogas.

4.4.1 Proposta Pedagógica Curricular – Elementos

A Proposta Pedagógica Curricular tem a função de fundamentar e organizar o

conhecimento do currículo e deve expressar a intencionalidade das ações

desenvolvidas, bem como o projeto social que se pretende, de acordo com as

concepções teóricas adotadas no Projeto Político Pedagógico.

São elementos da Proposta Pedagógica Curricular: fundamentos conceituais,

metodológicos e avaliativos de cada disciplina, bem como a descrição dos

conteúdos estruturantes e básicos de acordo com as Diretrizes Curriculares

Estaduais Orientadoras para a Educação Básica da Rede Estadual de Educação, o

Caderno de Expectativas de Aprendizagem e as Diretrizes Nacionais Gerais para a

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Educação Básica, definidos por ano, tomando-se como referência o tempo definido

na Matriz Curricular.

A Proposta Pedagógica Curricular das disciplinas tem como estrutura:

a) Apresentação, Justificativas e objetivos da disciplina.

b) Conteúdos.

c) Encaminhamento Metodológico.

d) Avaliação.

e) Referências.

4.4.2 Proposta Pedagógica Curricular do Programa de Ampliação de Jornada

Como atividade de ampliação de jornada, a escola disponibiliza aulas

especializadas em Treinamento Esportivo (voleibol), constituindo-se uma atividade

integrada ao Currículo Escolar, que oportuniza a aprendizagem e visa ampliar a

formação do aluno.

São elementos dessa proposta: objetivos, conteúdos, encaminhamentos

metodológicos, avaliação, resultados esperados e referências bibliográficas.

5 - LEGISLAÇÕES ARTICULADAS AO CURRÍCULO

Algumas legislações conferem ações específicas no campo da educação.

Outras são incorporadas à organização do trabalho pedagógico da escola. Assim, a

tabela abaixo indica a lei e a página na qual ela é contemplada no Projeto Político

Pedagógico:

Legislação / Lei Página P.P.P.

História e Cultura Afro-brasileira, Africana e Indígena - Lei Federal 10639/03, Lei Federal 11645/08 e Deliberação 04/06.

Pg. 60

Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/99. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental – Resolução nº 2/15 do CNE. Política Estadual de Educação Ambiental – Lei nº

Pg. 65

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17.505/13. Deliberação nº 04/13 do CEE/PR Normas para a Educação Ambiental.

Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas - Lei nº 11343/06.

Pg. 66

Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes – Lei nº 11525/2007.

Pg. 67

Educação em Direitos Humanos – lei Federal nº 7037/2009.

Pg. 63

Educação Sexual e Prevenção a AIDS e DST – Lei nº 11.733/97 e 11.343/06.

Pg. 63

Programa de Combate ao Bullying – Lei 17.335/2012. Pg. 68

6 GESTÃO ESCOLAR

a) Instâncias Colegiadas

Para efetivação da gestão democrática faz-se necessário a estruturação de

espaço de reflexão coletiva para analisar, avaliar, retomar ou sugerir ações para a

melhoria do processo administrativo e pedagógico, alternando espaços reservados à

comunidade escolar, envolvendo pais e alunos, semestralmente, em virtude das

semanas pedagógicas ou a qualquer tempo, quando a necessidade se apresentar, e

espaços trimestrais para reflexões internas realizadas pelo grupo de professores e

funcionários da escola.

É fundamental o desenvolvimento de ações pedagógicas que trabalhem a

importância da presença dos membros da comunidade de pais nos órgãos

colegiados representativos da comunidade escolar, para estimular a disponibilidade

destes em participar da Gestão Democrática. Isso se dará nas oportunidades em

que a comunidade esteja reunida, dando voz aos representantes da comunidade

escolar, reconhecendo e valorizando suas ações.

Para estimular o envolvimento da comunidade na escola, serão organizados

eventos tais como: palestras, exposições de trabalhos feitos pelos alunos, jogos

entre pais / com pais e alunos, rodas de conversa sobre temas variados,

apresentações culturais, etc. Com tais atividades objetiva-se estreitar os laços de

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relacionamentos entre família-escola-aluno, fortalecendo vínculos os quais poderão

gerar futuras representações nos órgãos colegiados e relacionamentos mais

comprometidos com a gestão democrática, por criar uma abertura ao encontro das

pessoas e ao diálogo.

Aos membros da APMF e do Conselho Escolar, logo nos primeiros meses

após a eleição, ao assumirem seus cargos representativos, serão oportunizados

momentos formativos para que se integrem com maior conhecimento de causa à

realidade escolar sabendo de que forma exercer seus papéis enquanto órgãos

representativos da comunidade escolar.

Quanto ao Grêmio Estudantil, anteriormente a formação das chapas que

concorrerão ao pleito, realizar-se-á assembleia geral de alunos para esclarecimentos

sobre o papel dessa entidade representativa do corpo discente, para que sejam

compostas chapas com integrantes conscientes do compromisso representativo que

assumirão.

É necessário a criação de um estatuto do Grêmio conforme orientações da

SEED, a qual deve ser levada a plenária para aprovação em assembleia de alunos.

Também se faz necessário promover formação continuada do grupo de

alunos que compõem o Grêmio Estudantil durante o ano letivo, através de estudo de

textos e promovendo reflexões que os ajudem a melhorar a atuação como entidade

representativa na gestão democrática.

No contexto escolar, a concepção que os educadores e comunidade geral

tem construída sobre o Grêmio precisa ser trabalhada de forma a valorizar e

respeitar essa entidade, oportunizando espaços de atuação, dando voz a esse grupo

que ainda tem uma representatividade muito singela.

A partir de um maior envolvimento dos estudantes nas atividades

desenvolvidas pelo Grêmio Estudantil, atividades estas que permitem que os alunos

discutam, criem e fortaleçam inúmeras possibilidades de ação tanto no próprio

ambiente escolar como na comunidade, talvez ocorra o estímulo necessário para

que os alunos gostem mais da escola e permaneçam nela.

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O Plano de Ação Anual, documento que indica as ações a serem realizadas

pelo coletivo escolar, além de ser reavaliado e realimentado anualmente, será

acompanhado em sua efetivação pela direção e equipe pedagógica, através de

reuniões mensais para articular junto aos demais envolvidos as vias de sua

efetivação.

Para o fortalecimento da gestão democrática, será aplicado anualmente

mecanismo de avaliação institucional a fim de coletar informações e sugestões da

comunidade escolar que serão discutidos com os órgãos colegiados para serem

viabilizados os possíveis encaminhamentos através de ações a serem estabelecidas

no Plano de Ação Anual.

b) Avaliação dos Profissionais

O processo de avaliação dos profissionais necessita ser revisto e para tal se

faz necessário que este aconteça diante de uma análise mais criteriosa sobre o

desempenho da cada profissional, levando-se em conta os registros escolares que

constam nos livros próprios direcionados a esse fim. Por isso, é importantíssimo que

seja seguida à risca toda a instrução referente a condução do processo avaliativo

profissional.

7 - AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

A avaliação institucional é um instrumento que incentiva o processo contínuo

de auto avaliação das escolas publicas estaduais de Educação Básica do Paraná.

Tendo como pressuposto, a avaliação formativa, na qual se trabalham

aprendizagens significativas, que podem proporcionar informações acerca do

desenvolvimento de um processo educacional, destacando-se a elaboração do

planejamento estratégico da escola, a formação continuada dos profissionais da

educação e o aprimoramento da gestão democrática, com vistas na melhoria

contínua da qualidade educacional.

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Conforme a Instrução nº 003/2015 – SUED/SEED, a avaliação institucional

deve ser realizada anualmente envolvendo todos os segmentos da comunidade

escolar, com o objetivo de avaliar ações pedagógicas desenvolvidas na constituição

de ensino e para dimensionar o processo educativo com vistas a melhoria da

qualidade da educação. Com a principal função de inventariar, harmonizar,

tranquilizar, apoiar, orientar, reforçar e de integrar a ação de formação, permite,

assim, a identificação de possíveis problemas e ações para soluções dos mesmos.

A avaliação institucional fundamenta-se na avaliação qualitativa e quantitativa,

tendo por objetivo a construção de um processo de avaliação coletiva, flexível,

transparente e consistente. Baseando-se na coleta de dados, feita em etapas,

envolvendo pais, alunos, professores, funcionários e gestores.

No primeiro momento, será realizada a Auto Avaliação Institucional por meio

de um documento que sirva como roteiro para reflexões, que levem a instituição a

direcionar um “olhar” sobre si mesma, promovendo uma tomada de consciência real

das pessoas que fazem parte da instituição sobre seus “fazeres escolares”. Para

tanto, serão avaliados os diversos elementos e dimensões que constituem a escola

em função de sua finalidade: órgãos colegiados, profissionais da educação,

condições físicas e materiais, prática pedagógica, ambiente educativo,

acompanhamento e avaliação do desenvolvimento educacional.

Num segundo momento, os pais e os alunos participarão da avaliação por

meio de um instrumento próprio, elaborado pela escola, que será utilizado como

roteiro para conduzir a avaliação e a reflexão sobre os serviços prestados pela

instituição, em relação ao grau de satisfação, o atendimento às necessidades e a

finalidade da escola pública. Analisando os mesmos elementos e dimensões

descritas na Auto Avaliação.

Cada segmento da comunidade escolar que participar da avaliação, deverá

escolher dois representantes que terão a função de relatores na plenária geral a

partir da qual serão sintetizados os dados da avaliação.

Os resultados dessa avaliação devem constituir subsídio para a tomada de

decisões no sentido de avançar para a melhoria da educação. Todos os

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participantes são responsáveis por este processo avaliativo e democrático, bem

como pelo processo seguinte que se concretizará na elaboração e execução do

Plano de Ação da escola.

8 - ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DO PPP

A avaliação e acompanhamento da implementação das ações do PPP são

importantes ferramentas de gestão e de planejamento que serão utilizadas

sistematicamente e se configuram pelo aperfeiçoamento das ações do PPP e da

organização interna da escola, possibilitando a identificação de problemas e acertos

refletindo o resultado de todo o monitoramento desenvolvido durante o ano

(objetivos, metas e ações).

A Avaliação do PPP ocorrerá de forma contínua, anualmente, no início de

cada ano letivo, no decorrer da Semana Pedagógica, para que possam ocorrer as

correções de situações imprevistas com sugestões de melhorias e tomadas de

decisões que se realizarão no decorrer do ano, para alcançar melhores resultados.

Participarão da avaliação anual do Projeto Político Pedagógico

representantes de todos os seguimentos da comunidade escolar, bem como APMF,

Conselho Escolar e Grêmio Estudantil. Esse processo será conduzido pela direção e

equipe pedagógica.

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ÍNDICES

Ano / série

Aprovados APC Reprovados Abandono Defasagem

Idade/série

IDED SAEP

Total

alunos

Total

AP

% Total

alunos

Total

APC

% Total

alunos

Total

REP

% Total

alunos

Total

AB

% Total

alunos

Tota

l

DEF

.

% 2005 – 4,3

2014

6º ano 125 102 81,6 125 13 10,4 125 9 7,2 125 1 0,8 125 19 15,2 2007 – 4,6

7º ano 120 92 76,7 120 20 16,7 120 2 1,6 120 6 5 115 6 5,2 2009 – 4,9

8º ano 124 94 75,8 124 12 9,7 124 3 2,4 124 15 12,1 98 6 6,1 2011 – 4,4

9º ano 159 109 68,5 159 24 15,2 159 8 5 159 18 11,3 142 25 17,6 2013 – 4,7

2015

6º ano 132 99 75 132 22 16,6 132 3 2,3 132 8 6,1 126 17 13,4 2015 – 4,6

7º ano 123 101 82,1 123 9 7,3 123 2 1,6 123 13 9 109 17 15,5 Meta Projetada

8º ano 109 100 91,7 109 4 6,7 109 1 0,9 109 4 3,7 105 8 7,6 2017 – 5,7

9º ano 118 87 73,7 118 6 5,1 118 2 1,7 118 23 19,5 104 14 13,4

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