escola de teologia claudio franca apostila de antropologia

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 ETEL SANTANA Escola de Teologia para Leigos de Santana Região Episcopal Santana - Arquidiocese de São Paulo ANTROPOLOG IA CULTURAL Prof Claudio Eduardo França EMENTA Campo mais amplo da ciência antropológica, a Antropologia Cultural abrange o estudo do ser humano como ser cultural, isto é, produtor de cultura. Investiga as culturas humanas no tempo e no espaço, suas origens e desenvolvimento, suas semelhanças e diferenças. Tem foco voltado para o conhecimento do comportamento cultural humano, adquirido por aprendizado, analisando-o em todas as suas dimensões. Como ciência social, seu objetivo básico consiste no problema da relação entre modos de comportamento instintivo (hereditário) e adquirido (por aprendizagem), bem como o comportamento das bases biológicas gerais que servem de estrutura às capacidades culturais do homem. É o Ser Humano (estrutura biológica) criando o seu meio cultural, mediante formas diferenciadas de comportamento e evidenciando o caráter biocultural do desenvolvimento humano. Todas as sociedades humanas passadas, presentes e futuras interessam ao antropólogo cultural. OBJETIVO A proposta da disciplina de Antropologia Cultural para o Curso de Teologia para Leigos tem como objetivo buscar uma compreensão mais profunda da condição humana, sua forma de organização em sociedades e culturas, e, principalmente, abordar questões sobre a dimensão religiosa do ser humano  (organização, função, simbologia, celebrações, fenômenos sociais) fornecendo instrumentos eficientes que auxiliem na reflexão e no desenvolvimento do estudo das disciplinas teológicas e coligadas: Sistemática (Cristologia, Escatologia, Teologia da Graça, Soteriologia), Exegese e Hermenêutica Bíblicas, Ecumenismo e Diálogo Interreligioso, Liturgia, Teologia Moral e de Virtudes, Pastoral (Missiologia; Catequese; Comunicações), Direito Canônico e outras.

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ETEL SANTANA

Escola de Teologia para Leigos de Santana

Região Episcopal Santana - Arquidiocese de São Paulo

ANTROPOLOGIA CULTURALProf. Claudio Eduardo França

EMENTA

Campo mais amplo da ciência antropológica, a Antropologia Cultural abrange oestudo do ser humano como ser cultural, isto é, produtor de cultura. Investiga as culturas

humanas no tempo e no espaço, suas origens e desenvolvimento, suas semelhanças ediferenças. Tem foco voltado para o conhecimento do comportamento cultural humano,adquirido por aprendizado, analisando-o em todas as suas dimensões.

Como ciência social, seu objetivo básico consiste no problema da relação entremodos de comportamento instintivo (hereditário) e adquirido (por aprendizagem), bemcomo o comportamento das bases biológicas gerais que servem de estrutura às capacidadesculturais do homem. É o Ser Humano (estrutura biológica) criando o seu meio cultural,mediante formas diferenciadas de comportamento e evidenciando o caráter biocultural dodesenvolvimento humano.

Todas as sociedades humanas passadas, presentes e futuras interessam aoantropólogo cultural.

OBJETIVO

A proposta da disciplina de Antropologia Cultural para o Curso de Teologia paraLeigos tem como objetivo buscar uma compreensão mais profunda da condição humana,sua forma de organização em sociedades e culturas, e, principalmente, abordar questõessobre a dimensão religiosa do ser humano (organização, função, simbologia,celebrações, fenômenos sociais) fornecendo instrumentos eficientes que auxiliem nareflexão e no desenvolvimento do estudo das disciplinas teológicas e coligadas: Sistemática(Cristologia, Escatologia, Teologia da Graça, Soteriologia), Exegese e HermenêuticaBíblicas, Ecumenismo e Diálogo Interreligioso, Liturgia, Teologia Moral e de Virtudes,Pastoral (Missiologia; Catequese; Comunicações), Direito Canônico e outras.

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 PROGRAMAÇÃO

I – Introdução à Antropologia Cultural. Definição

. Conceitos(O que é Cultura; Natureza, Ciência, Senso comum, Raça, Economia, Política,Cidade, Grupos Urbanos, Mobilidade humana, Família, Símbolos, Felicidade,Inculturação, Aculturação, outros). Reflexão: “O que significa Evangelizar “ 

II – Antropologia Cultural e Religião. Religião e Magia. o “Sagrado” e o “Profano” . O “Sobrenatural”, Ritos e Rituais 

. A Dádiva e os Dons. A questão da “Morte” versus “Imortalidade” 

. Fé e ateísmo

. A Função da Religião

. Reflexão: “O que significa Fundamentalismo” 

III – O Ser Humano nas três grandes religiões Monoteístas. Judaísmo (“Imagem e semelhança de Deus”) .Cristianismo (Jesus Cristo; As bem aventuranças e o homem virtuoso; aredenção)

. Islamismo (religião em expansão; além de „fundamentalismos‟) . Reflexão: “Hospitalidade, Convivência e Tolerância” 

IV – Matizes antropológicos. Algumas considerações gerais sobre cultura indígena e cultura africana. O Ser Humano contemporâneo. Reflexão: “A sociedade de consumo” 

 BIBLIOGRAFIA 

GOMES, Mércio Pereira. Antropologia. São Paulo: Contexto,2008

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LINTON, Ralph. O Homem. Uma introdução à Antropologia. 12ª Ed. São Paulo:Martins Fontes,2000

MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zélia M. Neves. Antropologia, umaintrodução. 7ª Ed. São Paulo: Atlas,2008

MELLO, Luiz Gonzaga. Antropologia Cultural. Iniciação, Teoria e Temas. 16ª Ed.Petrópolis,RJ: Vozes,2009

OLIVEN, Rúben George. A Antropologia de grupos humanos. 6ª Ed. Petrópolis,RJ:Vozes,2007

RAMPAZZO, Lino. Antropologia, Religiões e Valores cristãos. 3ª Ed. São Paulo:Loyola,2004

RÚBIO, Alfonso García. (org.) O Humano integrado. Abordagens de antropologia

Teológica. Petrópolis,RJ: Vozes,2007

 LEITURA RECOMENDADA

BOFF, Leonardo. Virtudes para um outro mundo possível. Petrópolis, RJ; VozesVol.1 : A Hospitalidade: direito e deveres de todos (2005)Vol.2 : Convivência, respeito e tolerância (2006)Vol.3 : A Comensalidade: Comer e beber juntos e viver em paz (2006)

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ANTROPOLOGIA CULTURALProf. Claudio Eduardo França

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 ANTROPOLOGIAA antropologia é comumente definida como o estudo do homem e seus trabalhos. Assimdefinida, deverá incluir algumas das ciências naturais e todas as ciências sociais; mas, poruma espécie de acordo tácito, os antropólogos tomaram como campos principais o estudodas origens do homem, a classificação de suas variedades e a investigação da vida doschamados povos primitivos.A definição mais curta de antropologia pode ser tirada do próprio sentido etimológico dotermo, de origem grega:

Anthropos  = Homem + Logia = lógos, estudo; ciência(A ciência/O Estudo sobre o Homem / Ser Humano)

O que caracteriza a antropologia como disciplina científica não é apenas o objeto material(„O ser humano”). Ao contrário, o que , na verdade, caracteriza as disciplinas científicas –  dando-lhes forma  –  é o objeto formal. Inúmeras disciplinas tratam do homem e seucomportamento (a psicologia, a sociologia, a biologia, a genética, a medicina, etc.). Noentanto, o que distingue a antropologia das demais ciências sociais e humanas é o objetivoque nutre de estudar o homem como um todo .“Está no fato importantíssimo de que a antropologia  , centrando sua atenção no homem, leva em conta todos os aspectos daexistência humana, biológica e cultural, passada e presente, combinando estes diversosmateriais numa abordagem integrada do problema da existência humana. Diversamentedas disciplinas que tratam de aspectos mais restritos do ser humano, a  antropologia frisa o

  princípio de que a vida não se vive por categorias, mas é uma corrente contínua”.(Melville J.HERSKOVITS. Antropologia Cultural, Tomo I.) 

ANTROPOLOGIA

Antropologia FÍSICA Antropologia CULTURAL

ANTROPOLOGIA FÍSICA

a antropologia Física estuda os aspectos biológicos do homem, misto de história natural eciência natural do homem. A ela interessa não só o estudo das populações hodiernas, mastambém o estudo da evolução da espécie humana. Estuda os problemas da origem dohomem, as diferenças e semelhanças entre os povos. É de sua alçada o estudo das raças.“O corpo humano é, indubitavelmente, a maravilha da criação, a maravilha das mar avilhas.Todavia, nele se descortina uma gama enorme de características que são exclusivas dohomem. A esse conjunto de características do comportamento humano se denominou‘cultura’  –  objeto do outro grande ramo da antropologia.” 

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ANTROPOLOGIA CULTURAL

A antropologia CULTURAL é o nome que se dá ao outro grande ramo da antropologia.O campo dessa disciplina é vastíssimo, pois ele se propõe estudar a obra humana. Ora, essa

obra que se denominacultura  é “este conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral,lei, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homemenquanto membro da sociedade” 

Outras definições de Cultura

#  “é o modo próprio de ser do homem em coletividade, que se realiza em parte

consciente, em parte inconsciente, constituindo um sistema mais ou menos coerente depensar, agir, fazer, relacionar-se, posicionar-se perante o Absoluto,e, enfim, reproduzir-

se”(Mércio Pereira Gomes);#  “Consiste na soma total de idéias, reações emocionais condicionadas a padrões

de comportamento habitual que seus membros adquiriram por meio da instrução ouimitação e de que todos, em maior ou menor grau, participam”; “(sentido geral) A herança

total da humanidade”; “(sentido específico) uma determinada variante da herança social”(Ralph Linton); 

#  “A totalidade das reações e atividades mentais e físicas que caracterizam o

comportamento dos indivíduos que compõem um grupo social...” (Franz Boas); #  “O todo global consistente de implementos e bens de consumo, de cartas

constitucionais para os vários agrupamentos sociais, de idéias e ofícios humanos, de

crenças e costumes” (Malinowski); #  “a parte do ambiente feito pelo homem” (Herskovits).

 ADVERTÊNCIA!   Nas acepções técnicas do termo “cultura”, jamais o antropólogo poder á dizer que umacultura é superior à outra(s). O que se pode dizer é que determinada cultura dispõe de umatecnologia avançada ou instituições sofisticadas e desenvolvidas. O antropólogo jamais seescandalizará com os costumes dos povos, por mais extravagantes que possam parecer.  Porquanto, embora, à primeira vista, pareçam desconexos e extravagantes, devem servistos dentro do contexto cultural que forma uma unidade harmônica e lógica.

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ANTROPOLOGIA CULTURAL E RELIGIÃO Prof. Claudio Eduardo França 

RELIGIÃO  

  A palavra RELIGIÃO, como lembram os teólogos, vem do latim re-ligare, quequer dizer mais ou menos o sentimento de voltar a algo inerente ao homem, o qualo homem teria perdido. Talvez tenha sido a sua essência primordial ou suafinalidade última. O paraíso perdido ou o tempo em que seu pensamento coincidiacom sua vivência. Os teólogos cristãos interpretam esta etimologia dizendo que areligião é a busca do reencontro do homem com seu criador, que estaria antes dele,que seria a origem de tudo e a essência do todo universal. 

“... o importante é que em todas as culturas existe um sentimento que reconhecealgo que está além da materialidade dela própria, além da vida como é vivida.Talvez, podemos chamar o objeto deste sentimento de Absoluto ou Transcendental,o além do humano, reconhecendo desde já que tal sentimento não deixa de serhumano, por ser próprio das culturas.”

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer o conceito de Religião. Georges Dumézilmostrou continuamente que Religião não é apenas um amontoado de mitos, ritos epráticas diversificadas. Ela é antes de tudo um pensamento estruturado. Por outrolado, graças à visão de mundo que uma religião propõe, o homo religiosus 

(“homem religioso”) se situa no cosmos e na sociedade, especificando sua relaçãocom a divindade. Seu pensamento e sua inserção no mundo desembocam em umcomportamen to existencial específico. Assim, toda religião é um fenômenohistórico, vivido por homens e mulheres em um contexto social, cultural, histórico,econômico e lingüístico preciso. Toda religião é vivida em um contextosocial e individual e ocupa um lugar no espaço e no tempo. 

  A religião é coexistente com a própria vida humana, mas seu estudo crítico ésistemático e recente, sendo que seus vários métodos e tradições interpretativastiveram desenvolvimento especial na modernidade. Isto indica dois aspectos

centrais em toda a pesquisa. Por um lado, é importante ver a Religião não comoaparição exótica de grupos específicos, mas como história humana ou ligadaintrinsecamente à trajetória humana.   A história da humanidade é históriada religião, e a história da religião tem na constituição do humanosua maior expressão. A religião nasce com o ser humano. Se não cremosmais num Deus criador, não deveríamos deixar de crer na religião como criação dahumanidade, pois todas as dimensões da vida humana, tal qual como nós a

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conhecemos hoje, seriam impensáveis sem o alcance do poder formador dareligião. O humano, em sua capacidade cognitiva e simbólica, seria impensável,sem a forma como a religião constituiu a própria humanidade. Ser humano é serreligioso em termos históricos. Neste conceito, a religião emerge, portanto, como aexperiência humana mais antiga, confundindo-se com o próprio tornar-se humano.

  A religião é a experiência fundamental que constitui a rede de significados maisantiga sobre a condição humana. (Antônio Magalhães, Rodrigo Portella)

 A  Antropologia, por modesta que queira ser, sem almejar decifrar o mistérioreligioso, não pode se omitir sobre a realidade desse sentimento, da realidadesobre o sagrado, presente em todas as culturas. Parte da visão de que a religião estáem todas as culturas, sendo, portanto, um fundamento essencial do homem. Poucodiscute sobre o que é sagrado em si, a não ser em contraste com o profano, mas

 busca descrever e explanar as variantes multifárias desta manifestação e constituirum significado que demonstre a sua efetividade nas culturas. 

  A religião é um aspecto universal da cultura. Todas as populaçõesestudadas apelos antropólogos demonstraram possuir um conjunto de crenças empoderes sobrenaturais de alguma espécie. As sociedades, freqüentemente,desenvolvem normas de comportamento com a finalidade de se precaver contra oinesperado, o imprevisível, o desconhecido, e de estabelecer certo controle sobre asrelações entre o homem e o mundo que o cerca.

  As normas religiosas de comportamento baseiam-se nas incertezas da vida e variam muito de uma sociedade para outra.

Por meio de cultos e rituais, públicos e privados, os homens tentam conquistar oudominar pela oração, oferendas, sacrifícios, cantos, danças,etc., a área de seuuniverso não submetida à tecnologia. 

 Algumas definições de RELIGIÃO  

1 - (Edward Tylor) 

Religião seria “a crença em seres espirituais; crença no sobrenatural” 

(  SOBRENATURAL: Tudo aquilo que escapa aos sentidos do homem, que foge à compreensãohumana, à observação e ao entendimento, é considerado sobrenatural. Está acima das leisnaturais ou físicas, ou seja em outra dimensão. O sobrenatural pode ser considerado o cerne dareligião, a base dos sistemas religiosos. Não há como comprová-lo cientificamente ou por meios

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mecânicos. As forças ou poderes sobrenaturais, generalizados, impessoais, encontram-se nouniverso, mas de modo invisível e independente de seres sobrenaturais determinados.)

  Aí encontram-se dois elementos importantes presentes, de maneira implícita ou

explícita, em todas as religiões: a fé (ou a crença, ato de confiança, de respeito e

de reconhecimento, que não supõe a compreensão e o conheci mento) e osobrenatural (objeto da fé, tudo aquilo que escapa ao entendimento humano,

tudo o que está acima das leis naturais e físicas; aquilo que pode ser considerado„uma outra dimensão da vida‟).

2 - (Belas e Hoijer) 

“A crença em seres sobrenaturais cujas ações relativas ao homempodem ser influenciadas e dirigidas” 

3 - (Hoebel e Frost) 

“A crença em seres sobrenaturais e os conseqüentes modos e

comportamentos, em virtude desta crença” 

  As crenças em poderes sobrenaturais ou misteriosos estão sempre associadas asentimentos de respeito e veneração, expressos em atividades públicas ou não.  

Os antropólogos em geral, concordam que a religião é formada por um sistema decrenças e práticas e que todas as sociedades possuem a sua „visão de universo‟. 

“... (Religião e Cosmovisão): Quando se fala em religião como cosmovisão – „visão do mundo, da realidade em sua totalidade‟  -, procura-se salientar umaspecto do religioso: o sistema de conhecimentos. Na verdade, o homem sempre procurou desenvolver um sistema de conhecimento globalizante que servisse paradar sentido à sua vida social. O conhecimento religioso tem um objeto vastíssimo.  Ao contrário da ciência, que restringe seu campo de conhecimento e de estudosapenas ao mundo sensível, isto é, suscetível de ser experimentado pelos sentidos, areligião existe para explicar tudo, sem exceção. Ela é tida como autoridade, emtodos os domínios. Tem explicação para o sentido da vida, para a origem da vid 

a.”  (Luiz Gonzaga de Mello)

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OS FENÔMENOS RELIGIOSOS  

Conforme o sociólogo francês Émile Durkheim (“A forma elementar da vida religiosa”,

Tomo I ): 

“Os fenômenos religiosos colocam-se naturalmente em duas categorias fundamentais: as crenças e os ritos. As primeiras são estados de opinião econsistem de representações; as segundas constituem tipos determinados de ação. Entre estas duas ordens de fato está toda a diferença que separa o pensamento domovimento. 

Os ritos podem ser definidos e distinguidos das outras práticas humanas,especialmente daquelas morais, apenas pela natureza particular do seu objeto.Um lei moral se prescreve de fato, exatamente como um rito, são modos de agirque se voltam, porém a objetos de um gênero diverso (...). 

Todas as crenças religiosas conhecidas, sejam elas simples ou complexas, têm um

mesmo caráter comum:  pressupõem uma classificação das coisas reais ou ideaisque se apresentam aos homens em duas classes ou em dois gêneros opostos,definidas geralmente com dois termos distintos – traduzidos bastante bem pelasdesignações de PROFANO E SAGRADO. A divisão do mundo em dois domíniosque compreendem um: tudo o que é sagrado, e o outro: tudo o que é profano, é ocaráter distintivo do pensamento religioso: as crenças, os mitos, as gnomas, aslendas são representações, ou sistemas de representações que exprimem anatureza das coisas sacras, as virtudes e os poderes a elas atribuídos, sua

história, suas relações recíprocas e com as coisas profanas. Mas por coisassagradas não é preciso entender apenas aqueles seres pessoais que vêmdenominados como deuses ou espíritos: uma rocha, uma árvore, uma fonte, uma  pedra, um pedaço de lenha, uma casa, em suma, qualquer coisa pode sersagrada.”  

O SAGRADO E O PROFANO 

 Sagrado e Profano são duas categorias das teorias sociológicas da religião -que é vista como um fenômeno social (diferente das teorias psicológicas, quetentam explicar a religião tomando por base os sentimentos, uma vez que ela (areligião) impregna o pensamento e as emoções das pessoas)

Teorias Sociológicas  Teorias Psicológicas 

Fenômeno social Sentimentos; emoções 

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R. Smith e depois Durkheim refutaram o argumento de que a religião teria seoriginado das crenças em seres sobrenaturais. Para eles, a religião iniciou-se apartir dos ritos e cerimônias (cânticos e danças) que, intensificando as emoções,

levaram os participantes ao êxtase. Essas emoções, difundidas entre os presentes,fizeram com que eles acreditassem estar “tomados” por poderes sobrenaturais. 

Sobre este enfoque, a religião consiste na solidariedade de expressão e na crençacoletiva, maneira de fortalecer os laços sociais. Crenças e rituais simbolizam asociedade e distinguem o sagrado do profano. 

Para Durkheim: 

 Sagrado: refere-se ao incomum, ao extraordinário, ao sobrenatural; gera atitudesde medo, de circunspecção, de sensação do desconhecido; (ao Sagrado cabe o

silêncio, o respeito e a reverência);

(Segundo   Mircea Eliade, O homem toma consciência e conhecimento do fenômeno do sagrado a partir do fato de que tem lugar uma manifestação: “amanifestação d e algo „completamente diferente‟ de uma realidade que não pertence ao nosso mundo, em objetos que fazem parte integrante do nosso mundo„natural, profano”)

 Profano: significa o cotidiano, o natural, o comum: implica atitude de aceitação,familiaridade, do conhecido; (ao Profano cabe a balbúrdia, a descontração e a

irreverência).   Atualmente, os antropólogos têm procurado uma aproximação entre as duasabordagens – psicológica e sociológica -, procurando uma teoria central. 

FUNÇÕES DA RELIGIÃO 

Para Keesing, a religião tem duas funções básicas: 

1)   Explanatória: à medida que “responde sistematicamente aos porquêstotais, relacionados diversamente com:    A existência: natureza do mundo e do homem; 

  O poder: forças dinâmicas do universo;    A providência: funções de manutenção do bem-estar; 

   A mortalidade: vida e morte dos indivíduos”. 

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2)   Interpenetrativa: dado que “ela tende a interpretar todo comportamentoimportante e valorizado”. Liga-se aos diferentes setores da vida humanacomo a economia, política, família, lazer, estética, segurança, etc. 

 As funções sociais da religião, para Raymond Firth, consistem:  

1)  “em elemento forte e positivo na composição e organização da vida social; 2)  No estabelecimento da autoridade para a crença e para a ação; 3)  Na provisão de significação para a ação social, fornecendo padrões e ordem

(...) e permitindo a interpretação em termo de fins últimos;  4)   A expressão de conceitos de criação de estética e de imaginação; 5)  Em força de ajustamento pessoal. 

 A religião, de modo geral, reforça e mantém os valores culturais, estando muitosdeles ligados à ética e à moral, pelo menos implicitamente. Sustenta e incutenormas particulares de comportamento culturalmente aprovadas,exercendo, até certo ponto, poder coercitivo. Ajuda na conservação deconhecimentos ao transmitir, através de rituais e cerimônias dramatizadas, osprocedimentos ou normas de conduta importantes em determinada cultura.

A MAGIA 

 A Magia, da mesma forma que a religião, deriva da crença na existência de poderessobrenaturais, só que não faz apelos aos espíritos. 

Kessing define magia como “uma variedade de métodos pelos quais o homempretende influir automaticamente no curso dos acontecimentos por meio demecanismos relacionados com o sobrenatural”. 

Para Hoebel e Frost consiste no “controle de forças sobrenaturais por meio de

fórmulas compulsivas”. Maus considera-a como “um conjunto de ritos e crenças”. 

 A Magia, portanto, refere-se a um tipo de técnica para controlar a natureza, a fimde obter coisas ou precaver-se contra forças misteriosas. É praticada por algunsindivíduos, com objetivo específico. 

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Na Magia, o feiticeiro ou mago manipula as forças sobrenaturais através de certosrituais. Vale-se de ações, objetos mágicos e fórmulas verbais apropriadas(encantamentos), os quais têm poderes intrínsecos ou estes lhe são atribuídos. 

“Se entendermos magia como aplicação ritualística de invocações e encantações

de espíritos que possam intervir em certos aspectos da vida social, ela é algo quetem bases comuns com a religião. A Antropologia tem tradicionalmente tratadodesses dois assuntos como uma rubrica dupla. Como a religião, a magia requerum sistema de crenças, que inclui espíritos e sentimentos, um corpo de crentes emediadores entre esses espíritos e os crentes. A magia é propositadamente umsistema de intervenção de ordem das coisas. Os mediadores são capazes demanipular esses espíritos para o bem (digamos, curas de doenças provocadas porintervenções de mediadores maus, como feiticeiros) ou para o mal. Além de  feiticeiros, xamãs, paj s, há os adivinhos e seus sistemas de adivinhação, sejamtripas de galinha, seja cera de velas em copos de água nas festas de São João, seja

leitura de mão, e dezenas de outros tipos de adivinhação.” (Mércio PereiraGomes)”  

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. A essência das religiões.Tradução:

Rogério Fernandes. 2ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2008.(Coleção Tópicos)   ___________. Tratado de História das Religiões. Tradução: Fernando Thomaz,Natália Nunes. 3ª edição. São Paulo; Martins Fontes, 2008. 

MAGALHÃES, Antônio. PORTELLA, Rodrigo. Expressões do Sagrado. Reflexõessobre o fenômeno religioso. Aparecida,SP: Editora Santuário.,2008 (coleçãoCultura & Religião) 

RIES, Julien. O sentido do sagrado nas culturas e nas religiões. Tradução: SilvanaCobucci Leite. Aparecida,SP: Idéias & Letras,2008 

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 ANTROPOLOGIA CULTURAL E ALGUNS ASPECTOS DA VISÃO DE SER HUMANO A PARTIR DAS TRÊS GRANDES RELIGIÕES

MONOTEÍSTAS: JUDAÍSMO,CRISTIANISMO E ISLAMISMOProf. Claudio Eduardo França

Judaísmo

 A palavra  judeu deriva de Judéia, nome de uma parte do antigo reino de Israel.Judaísmo reflete esta ligação. A Religião é chamada ainda de „Mosaica‟, já que seconsidera Moisés um de seus fundadores.

O Estado de Israel define o judeu como “alguém cuja mãe é judia e que não praticanenhuma outra fé”. A os poucos essa definição foi ampliada para incluir o cônjuge.O Judaísmo não é apenas uma comunidade religiosa, mas também étnica.Historicamente, o termo judeu tem conotações raciais, porém estas são inexatas.Existem judeus de todas as cores de pele.

Uma das características do judaísmo é ser uma religião intimamente ligada àhistória. As narrativas da Bíblia se baseiam numa crença bem definida de que Deus

fez uma aliança especial, um pacto com seu povo escolhido, o povo hebreu. As narrativas bíblicas começam com Adão e Eva e uma série de relatos dramáticosque ilustram as conseqüências da inclinação pecaminosa do ser humano e de seudesejo de se rebelar contra Deus. Cada evento histórico é visto pelos autores daBíblia como uma expressa da vontade de Deus.

De Abraão a Moisés – a fase histórica seguinte teve início quando Abraão saiuda cidade de Ur, localizada na Caldéia, atual sul do Iraque, por volta de 1800 a.C. OLivro do Gênesis relata este evento. O povo que se forma a partir de Abraão recebeo nome de Israel (“Aquele que venceu Deus”) após a dramática batalha em Jacó,neto de Abraão, luta com um anjo de Deus. Mais tarde, os doze filhos de Jacó

geraram as Doze tribos de Israel. A história de José, um dos filhos de Jacó, narra como os israelitas foram para noEgito, onde foram escravizados pelos faraós. A Bíblia conta de que maneira Moisésos tirou dali e, depois de quarenta anos errando no deserto, levou-os a Canaã, aTerra Prometida.

Durante a travessia do deserto Deus - Javé – deu a Moisés, no Monte Sinai, as duastábuas da Lei como s Dez Mandamentos a que os israelitas deviam obedecer. Dessa

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forma, fez-se um pacto segundo o qual os israelitas devem reconhecer a existênciade um só Deus e em troca se tornariam o povo escolhido de Deus. Receberia aajuda e seu apoio, desde que cumprissem o que lhes cabia no acordo e obedecessemàs leis de Deus.

Por volta do ano 1200 a.C., os israelitas conquistaram parte de Canaã e por muitotempo viveram lado a lado com os habitantes não israelitas.

O judaísmo e a sinagoga – foi depois do retorno da Babilônia que começou a sedesenvolver a religião que costumamos chamar judaísmo. – o núcleo do judaísmoera a vida na sinagoga, local de culto onde os fiéis se reuniam para orar e ler asescrituras. Esse tipo de serviço religioso surgira por necessidade durante o exílio babilônico, uma vez que ali os judeus não tinham um templo onde orar. Ao voltardo exílio, eles continuaram praticando esse serviço nas sinagogas, que foramconstruídas em diversas cidades. Nestas, uma função relevante era exercida pelosleigos versados nas escrituras, os quais zelavam por elas, e buscavam interpretá-lase explicá-las. Não tardou que a maioria desses homens passassem a vir das fileirasdos fariseus.

Os fariseus davam muita importância à Lei escrita nos cinco primeiros livros deMoisés – o Pentateuco -, e também às normas relativas à limpeza e ao asseio;procuravam interpretar a lei segundo as novas condições que prevaleciam. Nessaépoca, o papel do Templo já se tornara secundário.

O grande Templo de Jerusalém, destruído durante a conquista babilônica de 587a.C., foi reerguido em 516 a.C.. O Sumo Sacerdote, os demais sacerdotes e os levitasa eles subordinados eram responsáveis pelo culto, que compreendia o sacrifíciodiário de um cordeiro em expiação pelos pecados do povo. Após o exílio babilônico,

o sumo sacerdote se tornou líder do Sinédrio, o conselho dos anciãos, que maistarde incluiu ainda representantes dos homens mais instruídos. Nessa época, os  judeus caíram seguidas vezes sob o domínio político estrangeiro. NO ano de 70d.C., uma revolta contra os romanos levou ao saque de Jerusalém. O Templo, querecentemente fora ampliado e transformado num esplêndido edifício pelo ReiHerodes, foi outra vez arrasado; isso selou o fim do papel desempenhado pelosantigos sacerdotes. Dessa época em diante, foi o novo formato de judaísmo,centrado nas sinagogas, que passou a predominar. Muitos judeus estavam agoradispersos pelas terras do Mediterrâneo ou ainda mais longe. Eram chamados de judeus da Diáspora, palavra grega que quer dizer „dispersão‟. 

Um povo culto, porém perseguido – em várias ocasiões, os judeus assumiramum papel de liderança nos países onde se estabeleceram. A cultura judaicaconheceu o apogeu na Espanha dos séculos XII e XIII. Aí um de seus maioresfilósofos, o rabino Moisés Bem Maimón (Maimônides), que escreveu várias obras eresumiu os ensinamentos judaicos nos Treze princípios da fé judaica. Nesse paísfloresceu também o misticismo judaico, a cabala (ou “tradição”). 

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Contudo, desde a baixa Idade Média até hoje os judeus vêm sofrendo perseguições.Em diversos períodos, a sociedade cristã os acusou pelo assassinato de Jesus econsiderou o destino desse povo uma punição. Os judeus foram deportados daInglaterra e da França nos séculos XIII e XIV; Na Espanha, começaram a serperseguidos no século XV e acabaram expulsos em 1492. Na Noruega, uma lei

aprovada em 1687 negava a qualquer judeu o acesso ao país sem permissãoespecial, e a Constituição norueguesa de 1814 conservou esse embargo. A “cláusula judaica” só foi anulada em 1851. 

Sem dúvida, a pior de todas as perseguições sofridas pelos judeus ocorreu na  Alemanha entre 1933 e 1945. Acredita-se que 6 milhões de judeus foramexterminados durante o regime nazista. Fazia muito tempo que os judeus vinhamtendo uma participação proeminente na vida cultural da Europa central, comoartistas, cineastas, escritores e cientistas.

Mesmo nos períodos em que não havia perseguição direta, com freqüência os  judeus eram tratados como párias sociais. Eles eram forçados a adotar nomesfacilmente reconhecíveis e a morar em áreas especiais da cidade, os chamadosguetos. Numa época em que a agricultura consistia no meio mais comum desubsistência, era-lhe proibido possuir terras, o que os impeliu a se destacar nocomércio. Diferentemente dos católicos e dos muçulmanos, sua religião lhespermitia ganhar juros emprestando dinheiro, e muitos deles se tornaramimportantes banqueiros.

 As Sagradas Escrituras – o livro sagrado dos judeus é a Bíblia, uma coleção detextos de natureza histórica, literária e religiosa. A Bíblia judaica equivale ao AntigoTestamento, porém é organizada de maneira um pouco diferente. O cânone judaicofoi fixado por concílio em Jabne por volta de 100 d.C.. Compreende 24 livros,

divididos em três grupos:

   A Lei (Torá) – o Pentateuco, ou os cinco livros de Moisés;  Os Profetas ( Neviim) – os livros históricos e proféticos;  Os Escritos ( Ketuvim) – os demais livros (poéticos, salmos, etc.).

 A noção de Deus – o credo judaico é: “Ouve, Ó Israel: Iahweh nosso Deus é oúnico Iahweh!” (Dt 6,4) 

Esse credo, que é repetido pelos judeus devotos todas as manhãs e todas as noites

de sua vida, mostra que o judaísmo é uma religião monoteísta. Deus, o Deus único,é o criador do mundo e o Senhor da história. Toda vida depende dele, e tudo o queé bom flui dele. É um Deus pessoal, que se preocupa com as coisas que criou.

Quem é Deus – ou o que é Deus – é algo que não pode ser expresso em palavras. Onome de Deus é representado pelas letras IHVH, um acrônimo que em Hebraicosignifica “EU SOU QUEM SOU” . Esse acrônimo costuma ser lido como „Jeová‟ ou

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„Javé‟, porém o nome real é tão sagrado que sempre se usa algum sinônimo, como“o Senhor” ou “o Nome”. 

Jeová é o criador e o sustentador do mundo. A idéia de que deus possa não existir éalheia a um judeu, Elie Wiesel, que recebeu o prêmio Nobel da Paz, sintetizou:

“você pode ser a favor de Deus ou contra Deus, mas não pode ser sem Deus”. O fato de que Deus é um e apenas um se reflete também na existência humana.Toda a vida de um homem deve ser consagrada. Não há linha divisória que separe osagrado do profano. Honra-se ao Senhor também na vida secular. A tarefa maisimportante do homem é cumprir todos os seus deveres para com Deus e para comseus semelhantes.

Ética judaica – os judeus não fazem distinção nítida entre a parte ética e a partereligiosa de sua doutrina. Tudo pertence à Lei de Deus. Existem 248 ordensafirmativas e 365 proibições, totalizando 613 mandamentos. Além dessesmandamentos, a vida do judeu é regulada por muitos costumes e práticas quesurgiram ao longo da história. Diz-se que um costume judaico é tão obrigatórioquanto uma lei.

O judaísmo dá destaque a uma série de qualidades eticamente boas: generosidade,hospitalidade, boa vontade para ajudar, honestidade e respeito pelos pais. Umprincípio fundamental é não fazer mal aos outros, ou, de maneira afirmativa:“Amarás teu próximo como a ti mesmo!” (Lv 19,18). 

Muitos judeus dão um dízimo (10%) de sua renda para causa dignas, mas asdoações podem ser grandes ou pequenas. A Bíblia exige que sejam dados depresente aos pobres os frutos da terra. Desde os tempos antigos era hábito não

colher o que desse nos cantos dos campos para que os pobres pudessem ali entrar ecolher para si. Do mesmo modo, parte das azeitonas e das uvas era deixada nasárvores e nos vinhedos para ser apanhada pelos pobres.

 A palavra usada na Bíblia para se referir a ajuda aos pobres é justiça. Dar esmolasnão é fazer caridade, e sim cumprir o dever de combater a pobreza, baseado naspalavras de Deus: “Jamais haverá nenhum pobre entre vós”. A exigência de justiçatem lugar proeminente na ética e inclui, além dos pobres, também os fracos(viúvas e órfãos) e os estrangeiros. “O estrangeiro que habita convosco será para vós como um compatriota, e tu o amarás como a ti mesmo, pois fostes estrangeirosna terra do Egito” (Lv 19,34). 

Como há (muitos) outros mandamentos, é natural que em certas circunstânciaseles entrem em conflito. Quando isso acontece, a vida humana está acima de tudo.Por exemplo, uma vida humana deve ser salva mesmo que isso quebre as leis do Shabat (Sábado).

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Fases da vida –   Circuncisão;   Bar Mitsvá e Bat Mitsvá;  Casamento;  Enterro;

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Cristianismo

O Cristianismo é a filosofia de vida que mais fortemente caracteriza a sociedadeocidental. Há 2 mil anos permeia a história, a literatura, a filosofia, a arte e aarquitetura da Europa. Assim, conhecer o cristianismo é pré-requisito paracompreender a sociedade e a cultura em que vivemos.

 A Bíblia é o livro mais lido do mundo, hoje e em toda a história humana. Nenhumoutro livro teve maior influência literária.

  A visão cristã da humanidade  – os seguintes pontos têm importânciaconsiderável na visão cristã do ser humano:

   A posição de destaque do ser humano: por um lado, as histórias dacriação realçam os vínculos do homem com o restante da criação: “EntãoIahweh Deus modelou o homem com argila do solo, insuflou em suasnarinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2,7).O lado natural do homem também é expresso no jogo de palavras, no

original hebraico, entre  Adam (homem) e  Adamá (terra). O homem éformado do mesmo material que as plantas e os animais. Somos feitos depó e ao pó retornaremos. Por outro lado, o homem foi feito senhor dacriação. Pode-se dizer que o ser humano é um ser orgânico e, ao mesmotempo, é também algo mais.

  O Homem foi criado à imagem de Deus:  a expressão „criado àimagem de Deus‟ destaca a idéia de que o homem tem um lugar especialna criação. É claro que o homem tem um lugar na ordem natural geral,sendo a última coisa que Deus criou, ele tem dotes especiais e uma tarefaque o diferencia de todas as outras coisas criadas. Diz-se comumente queDeus criou o homem por amor – a fim de compartilhar o mundo com ele.

Pois o homem não é apenas uma coisa viva, como as outras coisas vivas.O homem é uma pessoa e um indivíduo. A idéia de que o homem foi criado à imagem de Deus também implicaque ele foi feito para viver em harmonia com seu criador. Ele foi dotadode capacidade de experimentar o sagrado e de participar de atos deadoração divina.

  O ser humano é um ser social: o ser humano não foi criado somentepara viver com Deus, nós também fomos feitos para existir em comunhão

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uns com os outros. Tanto o Antigo como o Novo Testamento ressaltamque devemos nos amar uns aos outros assim como Deus nos amou; Asduas narrativas da criação do Livro do Gênesis também destacam, cadauma a sua maneira, a idéia de que Deus nos criou como homem emulher. Podemos dizer que o casamento e a família são parte da criação.

Por isso, muitas igrejas cristãs vêem o casamento como uma instituiçãosagrada.  O ser humano tem livre-arbítrio: outro dom do homem é distinguir

entre certo e o errado. Uma das idéias fundamentais da Bíblia é que ohomem é responsável por suas ações. O homem é capaz de ir contra a vontade de Deus. Podemos abusar da posição especial de Deus nos deu. A Bíblia chama isso de “pecado”. 

Jesus Cristo – O Messias, Filho do Homem, Filho de Deus

“...E o verbo se fez carne” (J o 1,14)

O Messias –  A palavra Messias significa, na verdade,„o Ungido”, uma referência àmaneira como o rei de Israel era ungido com óleo ao subir trono. A tradução gregada palavra Messias é Christos. Assim, originalmente o nome de Jesus Cristo éum reconhecimento de que Jesus é o prometido messias. Embora, segundo osevangelhos, em várias ocasiões, Jesus tenha admitido ser o messias, há provas deque ele não usava esse título para falar de si mesmo. Ainda que possa ter aparecidocomo Messias para seus discípulos, é muito pouco provável que tivesse se referido asi mesmo dessa maneira em público, decerto porque não queria ser visto como olibertador político de seu país.

O Filho do Homem – esse título também é tomado do Antigo testamento, ondese referia ao salvador que os judeus esperavam que fosse enviado por Deus. Emoposição à coloração nacionalista e política do Messias, o Filho do Homem era umafigura celestial que haveria de chegar. O fato de que Jesus chamava a si mesmo deFilho do Homem indica que ele se considerava um ser divino – desta forma,associava à si próprio a figura do „servo sofredor‟ relatada nas profecias de Isaías. 

O Filho de Deus  – a maneira exata como Jesus considerava o relacionamentofilial (com Deus-Pai) é um tópico muito discutido. Mas, decerto, tudo indica queJesus acreditava ter uma associação especial com Deus. O uso da expressãohebraica  ABBÁ, ou „pai‟, não tem paralelo nos círculos judaicos. (...) a idéia é queJesus foi env iado ao mundo para revelar Deus aos homens: “Quem me vê, vê o Pai”(Jo 14,9)

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 A pregação de Jesus e a ética cristã

“Agora mesmo” e “ainda não” – “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus estápróximo. Arrependei- vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15) 

No Evangelho de Marcos, Jesus aparece pregando esta mensagem. Assim, aexpressão “Reino de Deus” deve ser considerada uma esperança de um futuro reinoda salvação. O Reino de Deus começaria no final dos tempos, quando o Messiaschegasse. Alguns o interpretavam como um reino político terreno, tendo comocentro Jerusalém e o povo de Israel. Outros o viam mais como um reino do além,com vida eterna para os redimidos, o que viria depois de uma catástrofe global emque todos poderes iníquos seriam vencidos. Contudo, não havia uma linha divisórianítida entre os dois modos de pensar. Com freqüência, ambos se encontram nomesmo grupo.

 A afirmação “O Reino de Deus está próximo” não era original na época de Jesus.  Antes dele, João Batista e vários outros como ele já haviam pregado a mesmamensagem: este mundo está caminhado para a destruição – e Deus assumirá opoder como rei. A idéia radicalmente nova nas prédicas de Jesus é que a vinda doReino de Deus estava ligada à pessoa dele. Jesus não apenas diz que o Reino deDeus virá no futuro imediato ( embora diga isso também), mas em várias ocasiõesele menciona que o Reino de Deus já chegou.

Essa dicotomia na proclamação que faz Jesus do Reino de Deus está ligada àmaneira como Jesus via a si mesmo. Era ele quem haveria de revelar eimplementar o Reino de Deus. Por meio de suas prédicas e de suas curas, o Reinode Deus já passara a existir. A nova era – a era messiânica – já começara.

 Ao mesmo tempo, muitas das palavras de Jesus deixam claro que o Reino de Deusé algo que pertence ao futuro. O sucesso final da vitória de Deus sobre o mal viráquando o Filho do Homem chegar „vindo sobre as nuvens do céu com grande podere glória‟ (Mt 24,30). 

 A polaridade entre agora mesmo e ainda não sempre caracterizou o cristianismo eos ensinamentos dos cristãos. E os caracteriza até os dias de hoje.

Jesus como mestre - Jesus era chamado como rabi  – „mestre‟ ou „professor‟ -, emuitas pessoas do mundo inteiro, cristãs e não cristãs, se impressionaram com ele

como pregador. Seus ensinamentos podem ser divididos em quatro categoriasdiferentes:

    Alguns ensinamentos estão sob forma de pequenas máximas. Muitasdestas são paradoxais (isto é, afirmações em aparente contradição),como: “pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la mas o queperder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la” (Mt 16,25) ; 

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  Uma parte importante dos ensinamentos de Jesus eram suas muitasconversas com os discípulos, com homens instruídos ou com outraspessoas que ele encontrava;

  Um terceiro método de instrução eram os freqüentes discursos ousermões mais longos e mais significativos foi o que fez a seus discípulos

pouco antes de ser preso em Jerusalém (ver Mt 24 ----- 25);  O que mais caracterizava os ensinamentos de Jesus era o uso das

parábolas. Estas geralmente estão inseridas em conversas ou pregaçõesmais longas. Uma parábola é uma comparação ou imagem que serve paraexemplificar uma verdade mais profunda.

O Sermão da Montanha  – as diversas parábolas relativas ao Reino de Deusdeixam claro que Jesus não o considerava sob uma luz política, diferentemente demuitos judeus da época. Ele estava expressando algo totalmente distinto do que eranormal em sua época. É por isso que, quando foi interrogado por Pilatos, elerespondeu que seu reino “não era desse mundo”. Isso não quer dizer que ele dava

as costas ao mundo, e sim que ele vem de Deus e, portanto, não é deste mundo. A expressão que traduzimos por “Reino de Deus” significa, na verdade, “domínio deDeus”. Em outras palavras, o Reino de Deus é onde Deus é o Senhor – e ali o maldeve ceder. O sentido disso na prática foi revelado por Jesus em seu Sermão daMontanha, que descreve a vida no Reino de Deus.

São características do Sermão da Montanha suas rigorosas exigências éticas einsistência básica na caridade. Em oposição a todos os mandamentos e todas asinterdições, tão típicos do judaísmo daquela época. Jesus insistia numa amorincondicional a Deus e ao próximo. Isso não significa que ele „rescindiu‟ os velhosmandamentos. Bem ao contrário: ele os enfatizou e ampliou sua validade. Porexemplo, não é suficiente “amar o próximo”. Você deve amar até mesmo seuinimigo.

Como a linguagem é tão precisa e as exigências tão absolutas, o Sermão daMontanha já foi interpretado de várias maneiras diferentes. Um de seus aspectosmais debatidos é a exortação de Jesus para pagar o mal com o bem.

O mandamento principal / “tal como fiz para vós” – um pequeno versículodo Sermão da Montanha se tornou muito conhecido e é chamado de „Regra deOuro‟ – “tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós aeles, pois esta é a Lei e os profetas” (Mt 7,21) 

Em todas as pregações de Jesus, a caridade é proclamada como o mandamentochave. Repetidas vezes se enfatiza que a caridade não deve ser expressa apenasàqueles de quem se gosta, às pessoas da própria comunidade, ou àqueles que seencontram em dificuldades, sem ter culpa por isso. Todas as pessoas devem receberamor – mesmo as que, segundo a opinião comum, merecem a dureza de seudestino. Como já foi mencionado, Jesus chega a dizer que devemos amar nossosinimigos.

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É importante ressaltar que amor, no sentido em que Jesus empregava a palavra,não era principalmente um sentimento ou uma emoção. Isso está sublinhado e m várias passagens dos ensinamentos de Jesus, talvez da melhor forma na parábolado Bom Samaritano.

 A exortação à caridade deve levar à ação. Desse mandamento brota uma série deoutros valores: fidelidade, compaixão, justiça, veracidade e honestidade,. Mastodos esses são meros ideais abstratos se não aplicarmos à situações reais que nosencontramos.

Jesus não apenas proclamou o Evangelho do Reino de Deus; ele o pôs em prática.Demonstrou o que queria dizer com “caridade” em situações reais. Tais açõesincluíam curar os doentes. Os milagres da cura não foram simplesmente umaexpressão da compaixão de Jesus, mas uma prova de que o poder do Reino de Deusestá ativo.

Foi em parte por causa de seu amor incondicional ao próximo que Jesus entrou emconflito com os escribas e os fariseus. Atacaram-no por comer juntamente com„coletores de impostos e pecadores‟, por expulsar „demônios‟ e em especial pordistribuir o „perdão dos pecados‟. „Que direito tinha ele de fazer isso?‟,perguntavam.

Jesus defendeu suas ações numa série de parábolas que criticam diretamente o tipode religiosidade representada pelos escribas e fariseus. Estes acreditavam que aquestão era entrar num relacionamento correto com Deus mediante os esforços daprópria pessoa. Aqueles que mantinham a Lei eram o verdadeiro povo de Deus, aopasso que os que a infringiam, mereciam o castigo de Deus. Assim, misturar-se aos

coletores de impostos e aos pecadores era ignorar as exigências de pureza e de uma vida moral. E o cumprimento dos muitos mandamentos e das muitas regras acercada pureza constituía um pré-requisito para a vinda do Reino de Deus.

Todo tipo de religiosidade autocentrada foi descartada por Jesus. O homem nãopode tornar si mesmo merecedor da redenção divina. O amor de Deus ofereceperdão e comunhão, sem questionar se o homem de fato os merece.

Uma história do Novo Testamento que comprova como o próprio Jesus praticavaesse amor sem reservas é a do Lava-pés. Ao se encontrar com seus discípulosdurante a Última Ceia, Jesus se ajoelhou e lavou-lhes os pés. Foi um gesto inaudito,

pois os servos é que costumavam fazer tarefas como essas, e Jesus era o amo esenhor de seus discípulos.

Essa história confirma que o reino de Deus não é um mero presente de Deus aohomem, mas uma tarefa que o homem é chamado a realizar. Jesus não viu comoseu dever simplesmente dar aos homens uma imagem melhor de Deus; ele quisatraí-los para uma comunhão com Deus. O amor de Deus exige que o homem imiteesse amor.

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Islamismo

O Islamismo foi a última das grandes tradições a surgir na história. O termo ISLAM , muitas vezes traduzido como “submissão”, reflete a decisão domuçulmano (“aquele que se submete ou se entrega”) de manter-se fiel, namente e no corpo, à vontade de Deus (em árabe:  Allah, o “Deus único” ).Submeter-se à vontade divina é, portanto, trazer uma ordem harmoniosa aouniverso. Neste sentido, islam não se refere somente ao ato de submissão, mas, oque é mais importante, à sua conseqüência – ou seja, a Paz ( Salam).

 A tradição islâmica tem sua origem em fatos que aconteceram no início do século VII d.C. na cidade árabe de Meca. De acordo com a tradição, um comerciante de 42

anos,   Muhammad ibn Abdalla – Maomé -, comumente chamado „O Profetaou Mensageiro de Deus‟ – recebeu de Deus uma série de revelações, quecomeçaram em 610 d.C. e terminaram pouco antes de sua morte em 632 d.C. Estasrevelações, conhecidas em seu conjunto como Quran (Corão ou Alcorão) , sãoconsideradas pelos muçulmanos palavra direta e inalterável de Deus. O Alcorão é,conforme suas próprias palavras, o símbolo e encarnação da íntima relação entreDeus e a humanidade: “Este livro é, sem dúvida, um guia para os que temem (aDeus)” (Sura 2.2). 

Complementando o Alcorão, temos volumoso registro da vida de Muhammad,conhecido com Hadith, que transmite a Suna (Sunna) ou “Tradição” de como

o profeta pensava, falava e conduzia seus negócios. O Alcorão e a Hadith funcionamem síntese e, juntos, constituem a fonte central de orientação religiosa e jurídicaislâmica. Os encarregados de interpretar o Alcorão e a  Hadith são conhecidos comoUlemás (ulama, “letrados”) ou sábios religiosos. Dos seus esforços, surgiu umcomplexo código de normas chamado Sharía, que constitui a base da lei islâmica.

 A maioria dos muçulmanos contemporâneos são membros da comunidade sunita.Este ramo do islamismo surgiu no século X d.C. dos círculos eruditos de Damasco,Cairo, Bagdá e das grandes cidades iranianas. O islamismo sunita formou-se, emparte, através da tendência inevitável das tradições religiosas organizadas dedefinir o que se chamou de „ortopraxis‟ e, em parte, como reação à articulação de

outras formas de islamismo. A mais importante destas é o xíismo, às vezes,chamada de comunidade „minoritária‟ do islamismo. Dos ramos do islamismo xiita,o maior é o xíismo “dos Doze” (ou „duodecimano‟), cujos adeptos são maioria no Irãe no sul do Iraque e uma minoria substancial no Líbano, Kwait, Paquistão e emoutros lugares. Os xiitas ismaelitas, que formam diversos sub-ramos, situam-sesobretudo na Índia, África Ocidental e, cada vez mais, no Canadá urbano e noReino Unido. O ramo menor dos zaiditas está representado principalmente noIêmen.

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O islamismo, como outras crenças, tem sido considerado uma „tradiçãocumulativa‟. Desenvolveu-se inicialmente no Oriente Próximo, mas em seguidaespalhou-se para regiões como Irã, Índia, Ásia Central e Norte da África. Noperíodo mais primitivo interagiu como o helenismo, o judaísmo e o cristianismo,com o zoroastrismo no Irã e com os modelos legais e políticos dos impérios

  bizantino e sassânida e com o mundo prevalentemente turcomano da estepes da Ásia Central. Hoje a comunidade islâmica reflete um amplo leque de experiênciasnacionais, étnicas, socioeconômicas e lingüísticas.

Uma proporção cada vez maior da população mundial segue a fé islâmica. Cita-semuitas vezes a cifra de um bilhão, embora seja difícil obter números exatos emmuitas regiões de predominância muçulmana. Um mal-entendido comum é suporque a maioria dos muçulmanos são árabes, idéia derivada do fato de a maioria dosárabes serem muçulmanos, de suas origens estarem no Oriente próximo e de haveruma estreita associação entre o árabe e o Alcorão. Na verdade, apenas cerca de 18-21% dos muçulmanos residem no mundo árabe, enquanto, dentre os muçulmanosexistentes no mundo todo, aproximadamente 80% são não-árabes. O país com amais numerosa população muçulmana é a Indonésia, seguida pelo Paquistão,Bangladesh e Índia. A maioria dos iranianos e turcos é de muçulmanos., comotambém vastos seguimentos da população na China, na Rússia e na ÁfricaSubsaariana. A Europa e a América do Norte abrigam comunidades muçulmanascada vez mais numerosas. Grande número de muçulmanos procedentes do Sul da Ásia reside no Reino Unido, muitos muçulmanos norte-africanos vivem na Françae na Bélgica e muitos turcos e iranianos estabeleceram-se na Alemanha nas últimasdécadas. Na Europa e na América do Norte o islamismo é representado tambémpor um número cada vez maior de convertidos de comunidades não-imigrantes.

Princípios éticos – a tradição islâmica, baseada nos ensinamentos do Alcorão e

da  Hadith e como foi elaborada pelos sábios religiosos muçulmanos (ulemás),orienta os muçulmanos a acatar a vontade divina, não apenas enquanto indivíduos,mas também enquanto comunidade. De acordo com o Alcorão, a humanidade foiescolhida por Deus para ser sua representante (khalifa) na Terra e, por isso, todosos muçulmanos devem assumir responsabilidade pela criação de uma ordem social justa e moral.

  As prescrições expostas no Alcorão e na Hadith constituem fundamento daquiloque é conhecido coletivamente como Sharía, o “caminho islâmico”. Desse conjuntode ensinamentos deriva a lei do sistema social islâmico ideal. A   Sharía éoniabrangente e, para prestar culto a Deus, o muçulmano precisa reconhecer que

todas as esferas da atividade humana têm significado religioso.

O estudo formal da  Sharía é conhecido como  fiqh ou „jurisprudência‟. Os queestudam a Sharía e assim elaboram o direito islâmico são conhecidos como  fuqaha (singular faqih).

Os sábios sunitas distinguem quatro fontes de direito islâmico. A primeira é o  Alcorão, expressão direta da vontade divina. A segunda fonte autoritativa é a

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 Hadith, os ensinamentos do próprio profeta. A terceira fonte é a  IJMA ou„consenso‟, que indica uma interpretação consensual de determinada questão  jurídica entre os sábios. A  IJMA foi um instrumento eficaz para estabelecer aconformidade de opiniões. O QIYAS , ou „raciocínio baseado na analogia‟, é a quartafonte de direito – revelou-se um instrumento útil com o qual os sábios podiam

chegar a decisões jurídicas sobre questões para as quais o Alcorão e a  Hadith nãoforneciam orientação clara. Os sábios Os sábios xiitas diferem de seus colegassunitas ao dar maior valor ao exercício da razão e do intelecto humanos. Por isso,em vez de QIYAS , os xiitas têm AQL ou IJTIHAD, “raciocínio individual”. 

Desde bem cedo, na história da tradição jurídica islâmica, as leis forma divididasem duas categorias: leis referentes à relação entre a humanidade e Deus e leisreferentes à integridade da comunidade humana. Cada conjunto de leis dividia-se,por sua vez, em cinco categorias de conduta ética humana: „exigida (ou obrigatória,recomendada, indiferente ou admissível, repreensível, proibida)‟. Na esfera dasrelações humanas com Deus, cinco atos de devoção constituem a prática „exigida‟dos muçulmanos. Estes atos são chamados muitas vezes como “Os Cinco Pilaresdo Islamismo” :

1.  Proferir a  Shahada, a profissão islâmica da fé: “Não existe outrodeus senão Deus, e Muhammad é seu mensageiro”; 

2.  A oração (salat );

3.  A doação obrigatória de esmolas ( zakat );

4.  o jejum (sawn) que ocorre no Ramadã –o nono mês islâmico, quemarca o início da revelação a Muhammad;

5.  A peregrinação (hajj) à cidade santa de Meca.. A tradição islâmica está longe de ser monolítica e é produto de muitos séculos deerudição e debate interno. Os debates internos que moldaram o pensamentoislâmico podem ser vistos no tocante do conceito  JIHAD - termo que muitas vezesfoi interpretado erroneamente no Ocidente.

No Alcorão e na tradição,  JIHAD é entendida como “lutar em nome ou em defesada fé”. O complexo termo, amplamente discutido na literatura islâmica, tem sidotema de considerável interpretação e debate no decorrer dos tempos. No entanto, a

maioria dos sábios concorda em que ele contém um imperativo de cadamuçulmano, e da comunidade em geral, de lutar contra tudo quanto possacorromper a Palavra de Deus e causar desarmonia.

Quase todas as análises do termo realçam o seguinte: que a  Jihad é um meio paraservir a Deus e que um componente essencial da „luta‟ é interno ou espiritual, peloqual o muçulmano se empenha individualmente o quanto possível em ser um bom„servo de Deus‟. Segundo um  Hadith, o Profeta, ao retornar de uma  jihad  (aqui,

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uma campanha militar), teria dito: “... retornamos de uma jihad menor para uma jihad maior‟. Alude-se aqui a dois tipos de „luta‟ ou „guerra‟. A luta maior, interior,consiste em empenhar-se em resistir ao mal („pecado‟), à negligência e àimoralidade – esta luta é travada ao realizar os deveres rituais do islamismo e, poroutro lado, servindo como exemplo de piedade e retidão para os outros

(muçulmanos e não-muçulmanos). A segunda luta, externa („ jihad   menor‟),convoca os muçulmanos a agir com força, e até empreender guerra, quando seobserva que o Islã, ou a comunidade islâmica (umma) sofrem ameaça – porexemplo, de invasão, domínio estrangeiro opressivo ou conversão forçada. O  Alcorão e a Hadith falam da necessidade, em tais circunstâncias, de osmuçulmanos empunharem “a espada” em defesa da fé.

Entre os exemplos significativos de Estados ou grupos muçulmanos empreendendoesse tipo de guerra estão as campanhas organizadas no século XII contra osprincipados dos Cruzados na Palestina (especialmente, Jerusalém) e, no século XX,contra o domínio colonial britânico e francês. Os sábios e eruditos islâmicos têmsido cautelosos em definir claramente as circunstâncias sob as quais se deveempreender a guerra e em elucidar as normas ou condições a serem observadasdurante todo o processo. Por exemplo, acentua-se que não se deve causar dano àsmulheres e crianças nem destruir as casas e outras propriedades privadas.

  Alguns muçulmanos preferiram interpretar a jihad em termos mais militares.Exemplo-chave nos séculos XIX e XX são as atividades de grupos como a  Jihad  Islâmica no Egito e a   Al Qaida sob Osama Bin Laden. Para muitos detratoresmuçulmanos, esses grupos e suas idéias têm representado uma distorção dosensinamentos islâmicos e, em conseqüência, foram amplamente condenados.

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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 

GAARDNER, Jostein. HELLERN,Henry. NOTAKER,Victor. O Livro das religiões.Tradução: Isa Mara Lando. Revisão técnica e apêndice: Antônio Flávio Pierucci.São Paulo: Cia das Letras,2000

GORDON, Matthew. Conhecendo o Islamismo. Origens, crenças, práticas, textos elugares sagrados. Tradução: Gentil Avelino Titton. Petrópolis,RJ: Vozes,2009

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APÊNDICE

MISSIOLOGIA 

CULTURAidentidade; história; geografia; tradição; filosofia; linguagem; sistemas de comunicação;símbolos; arte; festas; aparato legislativo-jurídico; religiosidade; formas de organizaçãosocial, econômica, política; graus de parentesco; valores universais, particulares, pessoais;ética e moral; etc.

SUBCULTURA: Unidades menores constitutivas da cultura

INCULTURAÇÃO (NO SENTIDO DA EVANGELIZAÇÃO)  Não produz submissão, incorporação, integração, fragmentação, dominação cultural (“estassão conseqüências da CONQUISTA / COLONIZAÇÃO”);

Visa a salvação e a libertação integral da cultura (em termos de Evangelho, “portar avida”); a participação de TODOS no banquete da vida; Visa uma resposta abrangente a situações desumanas.

O PROCESSO (DE INCULTURAÇÃO) É UM IMPERATIVO DO SEGUIMENTO DE JESUS! 

Inaugura na História um novo estilo de vida, uma nova proximidade eclesial nadiversidade histórico-cultural de cada povo e grupo social (possibilidade de transformação,libertação e responsabilidade diante da dignidade humana; realização profunda da cultura;A meta: a libertação)“NÃO EXISTEM SITUAÇÕES EM QUE O EVANGELHO NADA TERIA A  DECLARAR; NÃO HÁ LUGARES AONDE O SEGUIMENTO DE JESUS NÃO LEVA”  

O Evangelho torna-se cultura sem se identificar com nenhuma delas porque ele (oEvangelho) é dom de Deus que não nasce das culturas.

EVANGELHO CULTURA

Da ordem transcendental e criação humana; da ordem

Teológica Antropológica

Complementares 

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PRINCIPAIS DOCUMENTOS PONTÍFICIOS SOBRE A MISSÃO DAIGREJA

Carta Encíclica ECCLESIAM SUAM (Papa Paulo VI – 06.agosto.1964)

“Os caminhos da Igreja”; Igreja = Palavra, Mensagem e Diálogo permanente;utilizar as vias legítimas de educação humana (sem coação); pregação associada aotestemunho; destinatários: fiéis; não-fiéis; outras religiões; fiéis dentro da própria Igreja).Decreto Conciliar AD GENTES (Conc.Ecumênico Vaticano II – 07.dezembro.1965)

“Sobre a atividade missionária da Igreja”; Igreja, Sacramento Universal deSalvação; Igreja é peregrina (caminha); Natureza missionária; íntima conexão com anatureza humana e suas aspirações” Exortação Apostólica EVANGELII NUNTIANDI (Papa Paulo VI  –  08.dezembro.1975)

“Evangelização no mundo contemporâneo”; Evangelizar, para a Igreja, é levar a  Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu

influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria a humanidade.Carta Encíclica REDEMPTORIS MISSIO (Papa João Paulo II  – 07.dezembro.1990)“A validade permanente do mandato missionário”; Cristo torna presente o Reino

de Deus e a Igreja está a serviço deste reino; a fé em Jesus Cristo, único salvador, é a Boa Notícia a ser proposta a todas as pessoas –  “disto, não podemos nos calar”; o Espírito

Santo é o protagonista da missão. É Ele quem guia a missão e torna missionária toda a Igreja.ver também:1)  Documentos do Compêndio do Concílio Ecumênico Vaticano II   – Gaudium et Spes; Dei 

Verbum; Lumem Gentium; Apostolicam Actuositatem; Unitatis Redintegratio; Nostra

 Aetate)

2)  Documentos das Conferências Episcopais da AMÉRICA Latina (CELAM):

Rio de Janeiro/1955; Medellin/1968; Puebla/1979; Santo Domingo/1992;

Aparecida/2007

BIBLIOGRAFIAPANAZZOLO, João. Missão para todos. Introdução à Missiologia. São Paulo:Paulus,2006SUESS, Paulo. Introdução à Missiologia. Convocar e enviar: servos e testemunhas doReino. Petrópolis,RJ: Vozes,2007. Coleção Iniciação à Teologia.

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JUDAÍSMO CRISTIANISMO ISLAMISMOConcepção deDeus

IAHWEH “Eu SouO Que Sou”; Não

se diz o nome

DEUS TRINDADE(o Pai – O Filho – OEspírito Santo)

ALLAH (DeusÚnico)

‘Mediação’  Abraão; Isaac;

Jacó; Moisés; Davi;Elias; Profetas;Antepassados

JESUS CRISTO,

O Filho de Deus(Ele é o mesmoontem, hoje eeternamente – Hb13,8)

Maomé

(Muhammad IbnAbdalla)

Identidade Mãe Judia;Circuncisão; Povoda Aliança

Batismo; vida de fé+ obras

Submissão total decorpo e mente;busca da perfeição(Muçulmano =aquele que sesubmete ou se

entrega a Allah)Livro Antigo Testamento

-Núcleo: Pentateuco(Torah); 613 Leis(248 positivas; 365proibições)

Bíblia – Núcleo:Novo Testamento -Evangelhos +Cartas

Alcorão (Quran;Corão = Palavrarevelada direta einalterável deDeus);Hadith (“biografia”

de Maomé; Sunnaou Tradição(ensinamentos doAlcorão para o

muçulmano vivermelhor sua fé)

Autoridade deInterpretação

Rabinos (Sinagoga) Igreja (instituição):Ministérioordenado;Magistério +Tradição

Ulemás („Letrados‟) 

CaracterísticasPontuais

Povo de Deus;Povo da Aliança;Leis e Profetas;Tradições e

Costumes;“Amar o próximocomo a Ti mesmo”

(Lv 19,18);O Sábado; os DezMandamentos;Shalom: A Justiça –  „que não haja

Jesus, Revelaçãoplena e definitiva doPai; O Sermão daMontanha (Mt 5 – 

7);O Reino de Deus;Igreja, „Corpo

místico de Cristo‟;

A Misericórdia; AVida Humana éSagrada;Shalom, a Paz

Salam (Paz);Sharía (CaminhoIslâmico); Jihad  (“Luta”) 

Jihad Maior: a lutainterior – contra opecado e asinfidelidades - paraser um bom servode Deus;Jihad Menor:Reação às ameaças

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nenhum necessitadoentre vocês‟. 

advinda da justiça;Lava Pés (Fazercomo o Mestre fez);Cristo, presençapermanente na

Palavra,Sacramentos(Eucaristia) e navida comunitária; OSH torna-se virtuosopelos dons doEspírito

ao Islã ou àcomunidade;Os “Cinco Pilares”

do Islamismo