entrevistas a membros da comunidade quilombola grilo

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PIBID LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA SUBPROJETO: NAS TRILHAS DA LÍNGUA PORTUGUESA – O TEXTO EM FOCO ENTREVISTAS REALIZADAS PELOS ALUNOS DO PIBID COM MEMBROS DA COMUNIDADE QUILOMBOLA GRILO, LOCALIZADA NA CIDADE RIACHÃO DO BACAMARTE, NO ESTADO DA PARAÍBA. GRUPO 1 - Genilda Crislayne, Tainá Natiely e Fernanda Marinho. A vida da juventude no Quilombo Grilo Na viagem - proporcionada pelo PIBID: Nas Trilhas da Língua Portuguesa, projeto vinculado à instituição de Ensino Superior UEPB e a Capes - ao Quilombo Grilo, situada na cidade de Riachão do Bacamarte, no estado da Paraíba, foi feita uma entrevista com Josylma Pereira dos Santos, uma jovem de 15 anos que nasceu e mora na comunidade. Ela nos conta um pouco sobre o seu cotidiano, suas brincadeiras e o preconceito que eles enfrentam até hoje por serem negros.

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Page 1: Entrevistas a membros da comunidade quilombola grilo

PIBID LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA

SUBPROJETO: NAS TRILHAS DA LÍNGUA PORTUGUESA – O TEXTO EM

FOCO

ENTREVISTAS REALIZADAS PELOS ALUNOS DO PIBID COM MEMBROS DA

COMUNIDADE QUILOMBOLA GRILO, LOCALIZADA NA CIDADE RIACHÃO

DO BACAMARTE, NO ESTADO DA PARAÍBA.

GRUPO 1 - Genilda Crislayne, Tainá Natiely e Fernanda Marinho.

A vida da juventude no Quilombo Grilo

Na viagem - proporcionada pelo PIBID: Nas Trilhas da

Língua Portuguesa, projeto vinculado à instituição de

Ensino Superior UEPB e a Capes - ao Quilombo Grilo,

situada na cidade de Riachão do Bacamarte, no estado

da Paraíba, foi feita uma entrevista com Josylma

Pereira dos Santos, uma jovem de 15 anos que nasceu e

mora na comunidade. Ela nos conta um pouco sobre o

seu cotidiano, suas brincadeiras e o preconceito que

eles enfrentam até hoje por serem negros.

1. O que você faz para se divertir na comunidade? Quais as brincadeiras que você mais

gosta de fazer? Você tem muitos amigos na comunidade?

Eu sempre brinco de pique esconde com as crianças da comunidade e tenho vários amigos.

2. Você já sofreu preconceito?

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Até o momento não.

3. Você tem algum colega que já sofreu preconceito? O que ele faz para lidar com isso?

Sim, ele lida bem com esse fato.

4. O que foi que aconteceu com seu colega?

Xingaram ele pelo fato de ser negro.

5. Quando você viaja para outros lugares, o que existe na comunidade que te deixa com

saudade?

Há... Meu povo. O povo da comunidade.

6. Quais os valores que seus pais passam para você?

Tudo. Todos os valores.

7. Você estuda, faz faculdade?

Tenho somente 15 anos, (risos) faço o 9º ano e estudo fora da comunidade. E pretendo sim

cursar uma faculdade.

GRUPO 2 – Ewerllen, Juliana, Layanne e Milenna.

Comunidade Quilombola Grilo:

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Vida e História.

Leonilda Coelho Tenório Dos Santos, 50 anos, presidente da associação da comunidade

Grilo, responsável por toda organização das comunidades: Pedra D’água, Matão e Grilo,

onde nasceu e mora até hoje, conta sobre a luta dos

moradores em busca do reconhecimento da localidade como

comunidade quilombola.

1. Como ocorreu a fundação da comunidade Grilo?

Relate-me um pouco sobre esse acontecimento.

“A Comunidade grilo foi fundada porque os escravos fugiam das fazendas e procuravam

lugares de difícil acesso para se esconder. Se chama Grilo porque era muita gente em um

lugar só, então era como um tumulto e também porque na região onde se pegava água a

quantidade de grilo era enorme.”

2. Que história marcou sua vida durante sua vivência na comunidade?

“Muitas coisas marcaram, mas o mais marcante foi a força de vontade que eu tinha para

mudar a comunidade e a vida das famílias, dar melhoria para as pessoas que vivem aqui. Eu já

tive oportunidade de sair da comunidade, mas nunca quis porque queria tornar aquela

comunidade legal. Corri atrás e consegui, não só da comunidade Grilo, mas também a

legalização das comunidades Pedra D’água e Matão e isso foi o que marcou minha vida aqui

na comunidade.”

3. Você se recorda da história de vida dos seus antepassados ou até mesmo história de

moradores antigos da comunidade?

“Sim. Minha bisavó contava que meu tataravô fugiu de um lugar bem longe para cá, ele e o

filho, e ele tinha marcas das torturas que sofria nas mãos e nas costas marcas de correntes e de

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chicotadas. Ela me contou também que aqui na comunidade Grilo já teve tronco e muitas

pessoas sofreram aqui mesmo dentro da comunidade.”

4. Você já sofreu preconceito por viver em uma comunidade quilombola? Como você se

sente e como reage ao preconceito?

“Sim, eu sofro, porque sou a presidente da associação e então eu viajo muito para resolver as

coisas na vila Serra Rajada. As pessoas não gostam de mim, porque saio, viajo, vou pra

Brasília, já conheci a Presidente Dilma e organizo as coisas por aqui. Então essas pessoas

ficam com raiva de mim, até me vaiam, mas meu grito é mais forte que a vaia dessas pessoas,

e eu falo, não desisto nunca, não ligo para essas coisas.”

5. O que a comunidade Grilo representa em sua vida?

“Tudo. Primeiramente o amor de Deus, porque sem Deus não temos nada. Depois representa

amor, alegria, paz. Esse é meu lugar e eu não saio daqui por nada, só um dia em que Deus vier

me buscar, mas fora isso viajo, passo três dias, mas sair daqui pra morar em outro lugar?

Nunca. E peço a meus filhos que não saiam também, porque nascemos aqui.”

GRUPO 3 - Luísa Fernanda, Camila Henriques, Kathlyn Fernanda, Yasmim Pimentel, Simone Oliveira e Alexandra Batista.

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Natural dos Quilombos

Nossa entrevista buscou os conhecimentos da mais antiga moradora da comunidade Quilombola, atualmente conhecida como “Grilo”. Maria de Lourdes Tenório Cândido, de 69 anos, é nascida na localidade, mãe de dois filhos, também pertencentes à comunidade. Cirandeira, criada com a família, trabalha como artesã na construção de panelas de barro, tendo na mente diversas histórias para contar.

Kathlyn: Nós queríamos saber se existe alguma história que marcou a sua vida na

comunidade?

Maria de Lurdes: A história é que eu nasci e cresci aqui, sou mãe de dois filhos e com o

passar dos anos aconteceram muitas mudanças, principalmente de 2001 até hoje. Antes havia

muito sofrimento, passamos por muitas barreiras, mas graças a Deus está tudo bem

atualmente.

Kathlyn: A senhora acha importante preservar a cultura daqui? E participa dos eventos da

localidade?

Maria de Lurdes: Eu gosto e me divirto bastante, pois aqui é um lugar tranquilo, não tem

barulho nem bebida alcoólica, além de ser muito bonito.

Kathlyn: Poderia nos falar um pouco das cirandas organizadas por vocês?

Maria de Lurdes: São muito boas. Meu irmão toca zabumba e também participamos as

meninas e eu, que somos todas cirandeiras.

Kathlyn: Como acontece a brincadeira?

Maria de Lurdes: Nós formamos um círculo e começamos a dançar. O triângulo e a

zabumba fazem a melodia e aqui fica cheio de muita diversão. É muito bom.

Kathlyn: Aqui sempre foi difícil o acesso à educação para as crianças?

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Maria de Lurdes: Sempre foi difícil desde o meu tempo. Eu estudava muito longe. Saía

daqui para estudar no parque Cuités que é distante. Agora está melhor por ter uma escola aqui

perto para as crianças.

Kathlyn: Alguma coisa mudou em relação a trinta ou quarenta anos atrás?

Maria de Lurdes: Mudou, pois naquela época nós tínhamos o hábito de brincar de boneca,

de roda e fazíamos as nossas cantorias. Hoje em dia, é muito difícil vermos uma menina

brincar de boneca né?! A não ser que ela seja pequena. Hoje em dia tem infância sim, mas não

a mesma confiança nem segurança que existia há tempos atrás.

GRUPO 4 - Myrley, Thaylane, João Diego e Éfeson Alehandro.

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Comunidade Grilo: Cultura e reconhecimento.

Entrevista feita à Lucineide de Candido Tenório, diretora da escola na comunidade

quilombola Grilo. Ela conta sobre a História da comunidade e relata algumas curiosidades

sobre a mesma. Também fala sobre os avanços que

a localidade conseguiu ao longo dos tempos.

1. Como surgiu o nome Grilo? Em sua opinião,

qual a importância da comunidade para o estado

da Paraíba?

O nome Grilo surgiu porque antes tinha um local onde as pessoas tiravam água e lá tinha

muitos grilos, por isso o nome ficou comunidade Grilo. É muito importante, pois as pessoas

que vem aqui passam a conhecer melhor o quilombo. Antes, sofríamos muito com a falta de

água e as péssimas condições das estradas. Hoje tudo está melhor e as crianças podem ir à

escola com acesso facilitado.

2. Quem foram os primeiros moradores da comunidade? Relate sobre a vida deles na

comunidade.

A moradora mais antiga tem 93 anos. Os pais dela já viveram nessa comunidade. Os

moradores mais antigos têm em média 90 anos de vida. São eles quem passam a cultura para

nós, no entanto a comunidade deve ter uns 100 anos ou mais de existência.

3. De que forma se originou a comunidade?

Não sei.

4. De que forma a cultura foi passada para você?

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Foi passada de geração a geração, todos os costumes, rezas, crenças, danças, artesanato e as

comidas.

5. É a primeira vez que alguma instituição entrevista os moradores da comunidade

Grilo? Como você se sente sabendo que o Pibid se interessa pela historia de vocês?

Não, sempre surgem pessoas para nos entrevistar. Sinto-me lisonjeada, pois antes nós éramos

esquecidos, não tinha ninguém que conhecia a nossa historia. Professores da universidade e os

estudantes agora nos visitam, nos sentimos orgulhosos.

GRUPO 5 - Harrison, Cristian, Nogueira, Edson Carlos, Washington Sousa e Matheus

Ramos.

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Quilombo Grilo: Cultura e conquistas

Entrevista realizada na comunidade quilombola Grilo, local que preserva a cultura africana.

A entrevistada é Dona Marcilene, moradora que fala sobre as

conquistas da comunidade.

1. Você já vivenciou na escola alguma prática que faz parte

da cultura quilombola?

Sim, tem a ciranda, consciência negra que vamos fazer esse ano, temos a capoeira e o

carnaval com bloco.

2. Já sofreu algum tipo de preconceito? Conte-nos um pouco sobre isso.

Sim, sempre sofremos preconceitos. Nessa semana vivenciei uma situação de preconceito na

escola. No mundo é assim, há pessoas diferentes, tem negros, brancos, gente com nariz

grande, na comunidade até que houve uma diminuição, porém, mesmo com pouca frequência,

passamos por isso.

3. Conte-nos algum acontecimento que ficou marcado na história do quilombo.

O surgimento da ciranda no quilombo foi o primeiro acontecimento marcante, depois foi a

construção da estrada, pois antigamente os carros não podiam chegar facilmente até o

quilombo por falta de acesso, agora, com a estrada, tudo ficou melhor.

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4. As outras culturas que existem ao redor do quilombo chamam a sua atenção a ponto

de você sentir desejo de querer fazer parte?

Sim, me chama atenção o grupo de dança da outra comunidade. O grupo que tinha aqui

acabou porque os jovens não se agradaram do tipo de roupa, mas vamos tentar conseguir

outro tipo de roupa para fazer com que o grupo venha para a comunidade.