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DE QUE FORMA ESTA CARÊNCIA AFETA O DESENVOLVIMENTO? INFRAESTRUTURA GUIA DE GESTÃO A comunicação e a classe C BENS & SERVIÇOS Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 70 / FEVEREIRO 2011 F E C O M É R C I O - R S Entrevista À FRENTE DA ADVB, DANIEL SANTORO FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO MARKETING NAS EMPRESAS

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de que forma esta carência afeta o desenvolvimento?

infraestrutura

guia de gestão

a comunicação e a classe c

Bens&serViÇosrevista da federação do Comércio de Bens e de serviços do estado do rio grande do sul – número 70 / feVereiro 2011

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Sentrevista À frente da advB, daniel santoro fala soBre a importância do marketing nas empresas

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EXPE

DIEN

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Publicação mensal do sistema Fecomércio-rs Federação do comércio de bens e de serviços do estado do rio Grande do sul

Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]

Presidente: Zildo De Marchi

vice-Presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani, Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria, Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, João Francisco Micelli Vieira

diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edgar Christian Tardio Serrano, Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jaime Gründler Sobrinho, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro de Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt.

conselho Fiscal

titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel. suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná.

deleGados rePresentantes cnc: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster. Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari.

conselho editorial: Derly Cunha Fialho, Ivo José Zaffari, Luiz Antônio Baptistella, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi.

assessoria de comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Graciele Garcia, Liziane de Castro e Simone Barañano.

coordenação editorial: Simone Barañano

edição: Fernanda Reche (MTb 9474)

rePortaGem: Luísa Kalil e Patrícia Campello

colaboração: Caroline Corso, Edgar Vasques, Luiz Fernando Reginato, Priscilla Ávila e Renato Romeo revisão: Flávio Dotti Cesa

edição de arte: Silvio Ribeiro

Fotos de caPa: Arquivo DNIT, Caio Coronel/Itaipu Binacional, Inês Arigoni/Ventos do Sul, João Paulo Ceglisk

tiraGem: 25,5 mil exemplares

imPressão: Pallotti

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.

sumárIo

opinião

agenda 06palavra do presidente 07notícias & negócios 08sustentabilidade 12guia de gestão 14

17entrevista 18literatura 24infraestrutura 26saiba mais 32na estrada 34cartões

trabalho 39sesc

senac

comportamento 44visão econômica 46glossário 47visão política

negócios

48

50

mais & menos 49

36

4042

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70

&sErVIÇosbens

0518

um ProFissional do Futuro

Daniel Santoro fala sobre diferentes conceitos de marketing,

a importância das vendas e a necessidade de acompanhar as

transformações nas demandas do consumidor entrevista

44

aPrendendo a exercitar a mente

Para lutar contra o estresse e manter a criatividade

em alta, as academias cerebrais revelam-se como uma

diferente fonte de renovação comportamento

14guia de gestão

comunicar bem não custa nada

Ao ganhar destaque no mercado de consumo

brasileiro, a classe C desperta nas empresas uma

nova forma de diálogo

26um elo Para o Futuro

Saiba de que forma a carência de

infraestrutura afeta diferentes setores no

país e quais são as reformas mais urgentes

no Estado

Infraestrutura

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7006A G E N D A fevereiro / marçoDe 6 a 19/02festival internacional

Em Pelotas, acontece o Festival Internacional Sesc de Música, reunindo alunos e músicos de reconhecimento nacional e internacional. Ao todo, serão 38 espetáculos musicais gratuitos e mais de 30 oficinas. Mais informações pelo site www.sesc-rs.com.br/festival.

9 a 11/02Jogos De verão

Data da segunda edição dos Jogos de Verão Sesc da Terceira Idade, que será realizado em Porto Alegre. Mais infor-mações junto às unidades do Sesc.

De 12 a 27/02sesc música no litoral

O projeto Arte Sesc - Cultura por toda parte promove apresentações de Renato Borghetti, com entrada franca, nas cidades de Tramandaí (12/02), Imbé (13/02), Cidreira (26/02) e Pinhal (27/02). Informações no site www.sesc-rs.com.br/artesesc.

De 17/02 a 23/02liDerança eficaz

Acontece o curso de verão Liderança Eficaz, no Senac Canoas. Telefone para contato: (51) 3476-7222.

De 17/02 a 01/03estratégias De negociação

A Fatec Passo Fundo promove o workshop Estratégias de negociação em cobrança. Telefone para contato: (54) 3313-4599.

18/02formatura tecnólogo

Data da formatura do tecnólogo Análise e Desenvolvimento de Sistemas, em Passo Fundo. Telefone para contato: (54) 3313-4599.

De 22/02 a 25/03sesc saúDe

No período, ocorrem atendimentos gratuitos da Unidade Sesc de Saúde Preventiva na cidade de Santo Augusto. Informações no site www.sesc-rs.com.br/saudesesc.

22/02técnico em marketing

Primeiro dia de aula do Técnico em Marketing do Senac, do turno da manhã, em Lajeado. Telefone para contato: (51) 3748-4644.

23/02formatura Psg

Ocorre a formatura dos alunos do Programa Senac de Gratuidade (PSG), em Canoas. Telefone para contato: (51) 3476-7222.

até 27/02estação verão

Estação Verão Sesc leva atividades de lazer, recreação, saúde, esporte e cultura a Capão da Canoa, Cassino, Cidreira, Laranjal, Pinhal, São Lourenço do Sul, Tramandaí e Torres.

até 27/02circuito De esPortes

Etapas municipais do Circuito Verão Sesc de Esportes, com competições de futebol de areia, vôlei de duplas, basquete de areia, futevôlei e handebol de areia. Informações junto às unidades do Sesc.

15/02formAturA SenAc

Jovem Aprendiz realiza formatura de 134 alunos em Canoas.

Local: Tênis Clube CanoasHorário: 19h

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De 09/02 a 02/03ciclo De Palestra

O Senac Comunidade oferece Palestras para Dependente Químico e Familiares, no CAPS Vila Nova, em Porto Alegre. Telefone para contato: (51) 3211-3579.

até 19/02carreta

Promovido pelo Senac Tramandaí, a carreta fica na Avenida Beira Mar, junto a estação Sesc Verão, em frente ao prédio Quebra Mar Tramandaí. Mais informações pelo telefone (51) 3661-5674.

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Palavra do Presidente

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Zildo De Marchi Presidente do Sistema Fecomércio-RS

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07

Desenvolvimento é um tema constante nos projetos que concernem à Feco-mércio-RS. Estar alerta sobre as trans-formações e necessidades referentes ao setor em que atuamos é mais do que uma prioridade: é nosso dever.

Por isso, quando falamos em infraes-trutura, estamos debatendo um as-sunto que diz respeito a todas as áreas do mercado. No caso do comércio de bens e de serviços, assim como o turis-mo, a infraestrutura está ligada a todas as vias de acesso ao progresso desses cenários. Para transportarmos as mer-cadorias produzidas em nosso Estado, precisamos de estradas, por exemplo, que correspondam à nossa qualidade de produção.

Para crescermos como referência no turismo nacional precisamos que rodo-vias, portos e aeroportos apresentem uma logística eficiente para impressio-nar não apenas quem vem de fora, mas os próprios habitantes dos 496 muni-cípios do Rio Grande do Sul. Para que os projetos aconteçam, é necessário haver comunicação entre as partes interessadas, lembrando que o maior beneficiado desse investimento é a so-ciedade como um todo. É pensando no

bem-estar dos gaúchos que podemos proporcionar um ambiente de futuro, que pensa à frente. É através da tro-ca de ideias e do estabelecimento de prioridades que podemos chegar a um consenso, e evitar o prolongamento de situações indesejáveis.

Este é um ano de novos mandatos, e com eles chegam novas esperanças. Entre as mudanças que 2011 ainda está por trazer existe uma certeza: para cres-cer mais, para seguirmos em frente, te-mos que investir na infraestrutura.

Basta apenas termos esta mensagem clara, e chegaremos lá.

I nvestindo no progresso

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Mais cartões no mercadoNo país, em 2010,

a base do chamado

“dinheiro de

plástico” aumentou

11%, conforme a

Associação Brasileira

de Cartões de

Crédito e Serviços

(Abecs). Atualmente,

há cerca de 628

milhões de cartões

em uso no Brasil.

Deste montante,

153,3 milhões da

modalidade crédito,

outros 249,2 do tipo débito e mais 225,3 milhões emitidos por

grandes redes varejistas ou lojas (private label), mantidos em

uma categoria à parte. O faturamento da indústria do segmento

alcançou o valor de R$ 538 bilhões até dezembro, representando

um incremento de 21% sobre o total faturado em 2009.

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gCrédito de ICMSPara continuarem a se beneficiar dos créditos

do ICMS dos bens pertencentes ao ativo

imobilizado, as empresas precisarão preencher

o controle de forma eletrônica, no Bloco G da

Escrituração Fiscal Digital. A entrega do controle

deve ser realizada no dia 25 de cada mês, sendo

a primeira prevista para o dia 25 de fevereiro.

Feiras e negóciosO setor de eventos movimenta toda a cadeia

econômica do país, refletindo no faturamento

de hotéis, restaurantes e demais atividades do

varejo e de prestadores de serviços. A boa

notícia é que 2011 promete ser aquecido.

Neste ano, estão previstas 176 grandes feiras de

negócios em 24 cidades brasileiras, que deverão

atrair 4,65 milhões de profissionais.

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Vendas aceleradasO balanço do setor de automóveis sinalizou para resultados

positivos. As vendas tiveram um aumento de 10,63% no

ano passado, quando comparado a 2009. A Federação Na-

cional da Distribuição de Veículos Automotivos (Fenabrave)

constatou que no decorrer de 2010 foram comercializadas

3.329.179 unidades. Só em dezembro, a alta chegou a 16%,

com 361.197 veículos, ante 311.410 em novembro. Para

2011, a entidade estima um aumento de 4,2% nos negó-

cios que envolvem automóveis e veículos de uso misto.

Este boom de mercado teve o respaldo dos sistemas de

consórcios, que, nas últimas cinco décadas, responderam

pela aquisição de milhões de automotores novos e usados.

Nos 11 primeiros meses de 2010, por exemplo, foram mais

de 800 mil contemplados, calcula a Associação Brasileira de

Administradoras de Consórcios (Abac). De acordo com a

pesquisa do IPEA, a expectativa para o futuro é de cresci-

mento da motorização da população em razão da política

de incentivos e da consequente ausência de investimentos

em infraestrutura de mobilidade. “Esse cenário nos leva a

projetar um crescimento importante para os automotores,

visto que o brasileiro tem utilizado o consórcio como forma

de poupança programada para tais realizações”, diz Paulo

Roberto Rossi, presidente executivo da Abac.

Terceira idade de malas prontasPara quem passou dos 60 anos, viajar é uma ótima

alternativa para tocar a vida com qualidade. Este en-

tusiasmo “juvenil” pode ser observado na demanda

turística para atender o segmento. O programa Viaja

Mais Melhor Idade, do Ministério do Turismo em

parceria com a Associação Brasileira das Operado-

ras de Turismo (Braztoa), vendeu mais de 210 mil

pacotes em 2010. Os destinos mais visitados foram

Natal (RN), Fortaleza (CE), Lins (SP), Caldas Novas

(GO), Serra Gaúcha (RS) e Salvador (BA). A meta

para 2011 é ousada. O objetivo, conforme Enzo

Arns, gerente nacional do programa, consiste em

ultrapassar a marca dos 300 mil pacotes vendidos.

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Senac-RS inicia inscrições para cursos de Pós-GraduaçãoAs faculdades do Senac-RS e a escola Senac EAD estão com as inscrições abertas para 21 cursos de

pós-graduação. Na capital gaúcha, são disponibilizadas seis alternativas de especializações: Segurança

da Informação, Gestão de Finanças, Gestão, Planejamento e Organização de Eventos, Moda, Mídia e

Inovação e Gerenciamento de Projetos e Comunicação Estratégica de Marketing. O Senac EAD, por

sua vez, oferece cursos em Artes Visuais: Cultura e Criação, Educação Ambiental, Especialização em

Educação a Distância, Gestão da Segurança de Alimentos, Gestão do Varejo e Governança de TI.

No interior do Estado também há opções de qualificação. Em Passo Fundo, estão programados

dois cursos: Gestão de Recursos Humanos e Modelagem e Desenvolvimento de Aplicações

Web com Java. Já a Faculdade de Pelotas terá, no primeiro semestre de 2011, sete pós-gradu-

ações. Os candidatos poderão escolher entre Gerenciamento de Projetos, Banco de Dados,

Gestão de Eventos e Hotelaria, Gestão Estratégica em Comunicação Mercadológica, Controla-

doria e Finanças e Docência na Educação Profissional – Formação Pedagógica. A novidade desta

edição fica por conta da especialização Logística Aplicada, em Rio Grande. As aulas têm início

previsto para abril de 2011 e as matrículas podem ser feitas no site

www.senacrs.com.br/pos. Mais informações diretamente nas faculdades.

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O Í I ST C A &N &

Setor de serviços de telecomunicações cresceu 27%

O setor de prestação de serviços de telecomunicações

fechou 2010 com um incremento positivo de 27% so-

bre 2009, revelou o Sindicato Nacional de Prestadoras

de Serviços de Telecomunicações (Sinstal). “Esperamos

chegar a um número semelhante neste ano em virtude

do acelerado crescimento brasileiro, de investimen-

tos em banda larga e ampliação da rede”, diz Vivien

Suruagy, presidente do Sinstal. Hoje,

no Brasil, há 18 milhões de conexões

de banda larga. Na soma de telefonia,

internet e vídeo, são mais de 255

milhões de consumidores. Até 2014,

se os investimentos governamentais

e privados forem concretizados, o

país terá mais de 40 milhões de casas

utilizando serviços de alta velocidade

com preços baixos. Jaku

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Curso de Aprendizagem Comercial em EAD

O Senac-RS abre as inscrições

para o primeiro curso de Apren-

dizagem Comercial a distância

do Estado. A atividade, aprovada

pelo Ministério do Trabalho e

Emprego, objetiva estabelecer

parceria com empresas que pre-

tendem investir no crescimento

profissional de jovens na faixa etária de 16 a 24 anos. O con-

teúdo programático será executado dentro de uma carga

horária de 400 horas, os alunos aprenderão sobre relações

interpessoais, mundo do trabalho, comunicação e expressão,

informática, matemática comercial e financeira, controle de

estoque, formação no preço de venda e técnicas e negocia-

ção em vendas. As aulas ocorrerão em um ambiente virtual

de aprendizagem. Mais informações podem ser obtidas pelo

telefone (51) 3284-1990.

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Sistema Fecomércio-RS lança campanhas institucionalPela primeira vez o Sistema Fecomércio-RS

apresenta ao público gaúcho, por meio de peças

publicitárias, a sua força no contexto regional.

A campanha traz como mote a expressão Com você, a gente faz a economia girar, cujo objetivo

é ressaltar a importância da entidade como impul-

sionadora das atividades econômicas do Estado,

destacando os papéis do Senac – na educação

profissional – e do Sesc, na promoção da qualida-

de de vida dos trabalhadores do setor terciá-

rio. “Esta campanha mostra toda a pujança de

uma entidade que representa o setor que mais

emprega no Rio Grande do Sul e no Brasil”, diz o

presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac,

Zildo De Marchi. Além das inserções em rádios e

TVs, jornais, internet e revistas, a campanha está

disponível para acesso no endereço: http://portal.

senacrs.com.br/campanha/index.html.

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nas mãos do ExecutivoNo último dia de mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da

Silva vetou o projeto de lei que dispõe sobre a formação de Ca-

dastro Positivo nos sistemas de proteção ao crédito. No entanto,

a matéria, que havia sido aprovada pelas duas Casas do Congres-

so Nacional no início do mês de dezembro, passou a ser regulada

no final do mês por Medida Provisória (MP 518/10), que determi-

na que caberá ao Executivo a regulamentção do acesso, guarda e

compartilhamento das informações dos consumidores recebidas

pelos bancos e instituições de crédito. O texto propunha a

criação de uma lista de bons pagadores, o que poderia facilitar a

análise de risco e permitir a redução de juros. Isso porque os ban-

cos teriam acesso a detalhes do histórico do cliente que paga as

contas em dia, prática comum, hoje, somente aos inadimplentes.

De acordo com o autor da proposição, senador Rodolpho Touri-

nho, “o bom funcionamento do mercado de crédito depende da

existência de mecanismos cadastrais abrangentes e confiáveis”.

Cerco ao cigarroA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocou

em consulta pública uma resolução que proíbe a exposição de

embalagens de cigarros em pontos de vendas, exceto tabacarias.

O texto estará aberto a críticas e sugestões até o dia 31 de março

(consulte o site http://portal.anvisa.gov.br). Além dos novos limites

para a exibição dos itens no varejo, a proposta ainda sugere altera-

ções nas embalagens, reforçando as frases de advertência.

Ações gratuitas no litoral gaúchoO projeto Estação Verão Sesc leva informações de

prevenção e testes de saúde aos veranistas do litoral

do Rio Grande do Sul. A iniciativa realizada pelo

Sistema Fecomércio-RS, por meio do programa

Saúde Sesc – Uma vida melhor, contempla gaúchos

de diferentes praias do Estado. Entre os parceiros

destas atividades estão a Santa Casa de Misericórdia

de Porto Alegre e Grupo Brasileiro do Melanoma

(GBM), Universidade Feevale, Grupo RBS, Conselho

Regional de Odontologia (CRO-RS), e as faculdades

de odontologia da Pucrs, Ufrgs e Ufpel. A intensa

programação compreende análises gratuitas de

glicose, colesterol, triglicerídeos, medição da pressão

arterial, avaliações e orientações preventivas de

melanoma, nutrição, quiropraxia e saúde bucal. Mais

informações pelo www.sesc-rs.com.br.

Pelotas recebe o Festival InternacionalSesc de Música

A cidade de Pelotas sediará a primeira edição do Festival Internacional Sesc de

Música. O evento, promovido pelo Sistema Fecomércio-RS/ Sesc/ Senac, acontece

entre 6 e 19 de fevereiro, tendo como objetivo difundir a música de concerto,

instrumental e jazz e contribuir com o desenvolvimento cultural, econômico e

turístico do Rio Grande do Sul. Alunos e profissionais de reconhecimento nacional

e internacional se reunirão, durante 14 dias, para um intercâmbio de experiências,

aprendizado, apresentações artísticas para a comunidade e ações sociais. Estarão

presentes professores de música de sete países. A programação contará com 38

espetáculos, divididos em recitais, música de câmara, concertos e apresentações de

música instrumental, além de mais de 30 oficinas de instrumentos e canto.

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ustentabilidadeS

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7012

m contrato com a sociedade. Esta é uma das definições que podem ser atribuídas à nova lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Sancionada em agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto Federal nº 7404/2010 no dia 23 de dezembro do ano passado, a lei propõe um compro-misso não apenas entre o consumidor e o meio ambiente – estabelece um papel crucial para o comércio.

A partir do decreto, os consumido-res passam a ter o dever de descartar adequadamente os resíduos reutilizá-veis e recicláveis, sempre que houver o sistema de logística reversa ou coleta seletiva implantada pelos municípios. A logística reversa impõe aos fabrican-tes, importadores, distribuidores e co-merciantes de determinados produtos a implementação de sistemas que pos-sibilitem o recolhimento dos artigos utilizados e devolvidos pelos consumi-dores. Então, cabe aos fornecedores a destinação final adequada desses mes-mos produtos, independentemente do sistema público de coleta de resíduos.

De acordo com o advogado espe-cialista em Direito Ambiental e con-sultor de sustentabilidade Marcino Fernandes Rodrigues Júnior, através da PNRS, o comércio assume papel de interlocutor com o consumidor final. “O setor terá o compromisso operacio-nal de fazer voltar para a indústria o produto para reciclagem ou descarte.” Ele explica que, desta forma, o comér-

U

Nova lei que institui o ciclo do produto desde a compra até o descarte final apresenta

um novo papel para o comércio. O decreto reforça o alerta sobre a importância da

sustentabilidade nas empresas e traz mais informação ao consumidor

cio tem a oportunidade de ser uma solução para a indústria, no processo de vida útil do produto. “Julgo essa lei um novo compromisso social, e temos que dar destaque para a aliança entre comércio e indústria.”

Até o momento, os segmentos de pilhas, baterias, pneus, óleos lubrifican-tes (e suas embalagens), lâmpadas fluo-rescentes e produtos eletroeletrônicos, além de agrotóxicos, são alguns dos se-tores que já estão sob a obrigatoriedade da adaptação ao sistema de logística re-versa. No entanto, a previsão é de que, dentro de dois anos, todas as empresas apresentem seu plano de gerenciamen-to ambiental, pois ele estará vinculado às licenças de operação das mesmas. “O governo da gestão ambiental tem que entrar na agenda empresarial como tema estratégico. Temos aí um desafio muito grande pela frente”, destaca Jú-nior. O especialista também alerta so-bre a necessidade de fortalecer a educa-ção ambiental nas empresas da mesma forma como já vem sendo trabalhada

reversa (e correta)Logística

Para Marli, o consumidor está disposto a colaborar

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 13

possam atender a nova lei. “Nos próxi-mos meses lançaremos alguns produtos que tenham a cadeia de reciclagem”, adianta. O empresário lembra ainda que as empresas certificadas com a ISO 14001, relativa ao meio ambiente, serão as primeiras a cumprir a lei, enquanto as demais devem avaliar o que estão comprando e cuidar do resíduo gerado por esta mercadoria.

a força do comércioFundada em 2001, em Bento Gon-

çalves, a Arvy Móveis inclui a susten-tabilidade em todos os seus processos, desde o design de produtos até os meios de produção. Não é à toa que a empre-sa foi a terceira do setor moveleiro na-cional a conquistar a certificação ISO 14001. A respeito da logística reversa, a diretora Marli Mazzola Lazzarotto acredita que o começo está na força que pode ser gerada pelas assessorias ambientais e órgãos certificados, além do próprio governo e fornecedores de matéria-prima, para montar um proje-to junto às empresas e entidades repre-sentantes dos respectivos setores. “Não há questionamento sobre a importân-cia deste tema, e o próximo passo é estudar a comunicação tanto com o cliente quanto com o fornecedor”, pre-vê. Marli aposta na disseminação do conhecimento: “Por que não fazer uma campanha em âmbito nacional, para uma maior conscientização?”, ques-tiona. Com relação ao consumidor, ela afirma que este tem muito interesse em participar. “A nova geração já está sen-do preparada para isso desde a escola. Estamos todos sensíveis à questão am-biental”, conclui.

por escolas de todo o país. “O consumi-dor está avançando na exigência com relação à sustentabilidade, e a pressão que parte dele será cada vez maior. No entanto, a educação corporativa é fundamental.” Por isso, o advogado recomenda uma visão de longo prazo: “Quem está fazendo um investimento como empreendedor tem que ter uma perspectiva sobre a sustentabilidade do negócio. Tenho que pensar: ‘Quero atuar por cinco ou 100 anos?’”.

PeLo dever de aPoiarSegundo o coordenador do Conse-

lho de Sustentabilidade da Fecomér-

cio-RS, Juarez Miguel Venço, a lei é uma ferramenta importante para que o consumidor esteja cada vez mais cons-ciente e exigente em relação aos pro-dutos adquiridos. Ele explica que, no momento, o retorno do setor empre-sarial mediante o regulamento ainda é pequeno, mas que a melhoria acon-tece pelo acompanhamento de toda a cadeia. “O cliente cobra do comércio, o comércio cobra da indústria, benefi-ciando a implementação de melhores controles sobre resíduos.”

Venço afirma que o papel de enti-dades como a Fecomércio-RS é apoiar políticas e campanhas de resíduos que

lucia siMon

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uia de GestãoG14

R

A nova classe média brasileira está dando o que falar. Hoje ela é considerada o grande

filão de negócios para o varejo e empresas prestadoras de diferentes serviços. Saiba como

se comunicar com esse público, respeitando seus valores e desvendando seus sonhos

uídos na comunicação po-dem gerar perdas de faturamento. Por quê? A resposta é simples: a venda só é possível se houver um entendimen-to entre as duas partes que compõem a relação de consumo. Tal prerrogativa sinaliza para a importância de conhe-cer o shopper, bem como seus costumes e anseios. Na era dos novos consumi-dores, afinar o discurso se tornou im-prescindível. A classe C que o diga. O segmento emergiu com tudo e atua na condição de protagonista entre varejis-tas e prestadores de serviço. Interpretá-la consiste em um passo inicial rumo a um comunicar eficiente. Seus concei-tos devem ser levados em consideração para se traçarem estratégias que não pequem pelo excesso, faltas ou falhas.

O boom do segmento, com renda to-tal familiar entre R$ 3.060 e R$ 7.650 (considerando domicílio com quatro

pessoas), conforme classificação do IBGE, despertou a atenção de agências, consultorias e pesquisas que procuram fazer uma radiografia desse público pe-culiar. E dígitos generosos colocam a res-pectiva casta no centro das atenções. No Brasil, estudos da Data Popular apontam para um contingente de 37 milhões de famílias situadas no patamar intermedi-

ário da pirâmide social, correspondendo a R$ 430 bilhões da receita anual da população. Na região Sul, a proporção ainda é maior do que em outras áreas do território nacional. São 15 milhões de habitantes dispondo de um perfil dife-renciado, que se destaca pelo hábito de ler jornais e pelo maior grau de instrução do que o restante do país.

SEu dESEjo, umA ordEmAs informações são preciosas para

se estabelecer um planejamento de comunicação que acerte o alvo. Para potencializar o consumo, velhas táticas precisam ser revistas. Argumentos re-lativos ao que supostamente a popula-ção de baixa renda deseja adquirir, por exemplo, foram exaustivamente explo-rados pelas mídias, mas hoje já não fas-cinam mais. Cenários bonitos e artistas conhecidos nem sempre alcançam os

bem não custa nadaComuniCar

Guimarães: a classe C quer ser bem tratada

LúCi

a Si

mon

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ditos emergentes. É um equívoco pen-sar que existe uma busca eterna por identificação com as celebridades da mídia e a necessidade de transformar a vida em um show. Aí está o segredo de operar com êxito. O consumidor da classe C não quer se sentir uma pessoa diferente, mas incluída. “Por muito tempo, ele ficou à margem do mercado e hoje, em função do aumento de poder aquisitivo, há condições de consumir e realizar sonhos”, elucida André Torret-ta, sócio-diretor da Ponte Estratégia.

Justamente neste quesito é que re-side o grande mote para o processo de fidelização: empreender com vistas a suprir desejos. Foi dentro desta ótica que a Imóveis Pop, empresa responsável por comercializar produtos de constru-toras de porte, desenvolveu um plano de ação para diminuir a distância até o segmento econômico, ou seja, clientes que procuram aquisições imobiliárias

até R$ 88 mil. “Atendemos pessoas que dispõem de carteira assinada e uma renda agregada informal e que, agora, passaram a ter uma cultura de compra. Isso porque aumentaram os rendimen-tos e se beneficiaram de programas do governo federal, como o Minha Casa, Minha Vida”, afirma Eduardo Guima-rães, superintendente de Operações da Pop. No rol de medidas concebidas para fomentar as vendas, destacam-se iniciativas simpáticas focadas no esta-belecimento de um clima de parceria e cordialidade. O consumidor popular, enfatiza Guimarães, gosta de ser bem tratado e de se sentir parte realmente do negócio: “Recentemente, promove-mos um coquetel simples e foi incrível o retorno. Às vezes, brindes como uma singela caneta surtem efeito e comuni-cam muito bem aquela ideia de que o indivíduo é alguém com quem gostaría-mos de fechar um contrato”.

VAlorES indiSSolúVEiS

A decisão por um pro-duto ou serviço leva em conta experiências pessoais, questões culturais e anseios subjetivos – um mix de sen-timentos que precisam ser traduzidos pelas agências de publicidade, assim como pela indústria e comércio. Percepções importantes no momento de desenhar um projeto de mídia ou marke-ting. O mercado emergente, por exemplo, não calca as suas escolhas nos mesmos valores das classes altas. En-quanto o brasileiro abastado

garimpa exclusividade, os populares, a inserção. Por isso, compram bons arti-gos e selecionam marcas famosas com o propósito de acompanhar as tendências mercadológicas e evitar desperdícios financeiros. Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, enfatiza que falar a mesma linguagem, de forma cla-ra, e valorizar o que é motivo de orgu-lho para o shopper torna a comunicação

meirelles: a linguagem tem que ser clara e eficiente

Patr

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uia de GestãoG16

eficiente. “Além disso, eles consideram mais a opinião de amigos do que a pro-paganda. A indicação de uma pessoa de confiança tem muito peso.”

inFormAção Em mASSAEmoção, anseios e um enorme po-

tencial de consumo. Mas como atingir esse público? Qual o melhor veículo de comunicação? Para a Picorrucho, do segmento de moda infantil, o mar keting de massa fez a diferença, contribuindo para a expansão do empreendimen-to que iniciou com uma loja em Porto Alegre e atualmente contabiliza 14 unidades, sendo quatro na Capital e as demais em Alvorada, Gravataí,Viamão, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sa-pucaia do Sul, Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria e Rio Grande. O “pulo do gato”, recorda Jorge Gilberto do Mora-es, diretor da empresa, foi a divulgação na Rádio Farroupilha e por meio de co-merciais de televisão no horário das no-velas. “Não nos detemos nos encartes

com foco em preço. Optamos também por veicular propagandas televisivas e radiofônicas. O resultado surpreen-deu”, complementa.

Não menos impactante são as di-vulgações via web. O segmento po-pular clica tanto quanto internautas mais afortunados, um movimento que alterou o perfil de compras do brasileiro na rede. Estudos da consultoria E-bit revelam que no primeiro semestre de 2010, o número de pessoas que usaram o e-commerce chegou a 20 milhões. Do montante, 30% integram a nova classe média, que, em geral, faz dois acessos anuais para viabilizar suas aquisições a partir da tecnologia WWW.

A adesão ao mundo virtual é um elemento a ser ponderado. Os sites com cores fortes, vocabulário acessível e educativo conseguem dizer muito. A página eletrônica da Imóveis Pop aju-

da a alavancar a comercialização de unidades. Eduardo Guimarães acredita que a eficácia é indiscutível: “São mui-tos acessos, pedindo esclarecimento de dúvidas e para conhecer o que há dis-ponível. Sem dúvida, o site figura como um recurso para maximizar as vendas”.

o outro lado da moedaSe a classe C cresceu, de 2002 a

2010, 6,8 vezes, praticamente se

igualando às despesas do topo da

pirâmide, como está o grupo A e

B? os consumidores com poder

aquisitivo acima de r$ 7,65 mil,

que há oito anos respondiam por

58,1% dos gastos no Brasil, agora

somam 41,35%. Apesar da queda

percentual, os dispêndios nesta

faixa social triplicaram. Em 2010,

desembolsaram nada menos que

r$ 909 bilhões.

moraes: marketing de massa alavancou a empresa

Sem ruídoPara atender a essa demanda, que no ano passado mobilizou sozinha r$ 864

bilhões no país, vale se ater em alguns detalhes:

Varejistas e prestadores de serviços precisam analisar se o portfólio de produtos

dialoga ou não com o consumidor popular

Vale desenvolver iniciativas que aproximem e façam o cliente se sentir amparado

Produto baratinho não é tudo. A baixa renda não compra mais só pelo preço.

Ela quer experiência de compra e custo benefício

A nova classe média brasileira tem uma linguagem própria e busca a inclusão

de nada adianta definir um plano de comunicação com um artista que não se

identifique com o mundo deste consumidor

Por não ser tão escolarizado quanto o topo da pirâmide, é importante não

primar por textos longos e palavras complexas

Ele gosta de uma comunicação mais colorida, porque as referências culturais e os

padrões estéticos são outros. É alegre, extravagante e farto. diferente dos tons

pastel de que a classe A gosta tanto

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Luiz Fernando Reginato Mestre em Sociologia, Sócio-diretor da RGM - Educação & Marketing

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O que levaria a governança corporativa a se interessar pela realização do capital humano – também conhecido como ativo intangível – quando a atenção empresarial tem se voltado predominantemente para assuntos econômi-cos? De fato, os conselhos de administração e diretorias tem se ocupado com investimen-tos, redução dos riscos empresariais, aporte de recursos e tecnologias, fusões e aquisições e outros temas ditos estratégicos.

Enquanto isto, as questões de natureza social, onde se inserem os recursos huma-nos e o conhecimento, são tratadas em pla-no secundário. Um grande abismo separa a compreensão conceitual de sua efetividade, o discurso da prática. Por que isso ocorre?

É difícil acreditar que as organizações não tenham aprendido as duras lições vividas pela sociedade globalizada ao conceder autonomia plena ao mercado e conceber o mundo em apenas uma dimensão: a econômica.

Relembrando, entre os principais objeti-vos da governança corporativa estão a am-pliação do valor do negócio e a garantia da perenidade das organizações. Acredito que isto seja alcançado no momento em que as empresas transformem o seu capital huma-no em seu ativo mais valioso. Entretanto, algumas lideranças ainda acreditam resolver esta questão administrando cargos, elevan-

do salários, destinando bônus e participa-ções nos resultados. Além de inflacionarem os custos, estas práticas são reveladoras da miopia e do grau de conformismo impregna-do na gestão. A questão dos talentos mere-ce um espaço estratégico.

É preciso compreender que o valor real do capital humano não é traduzido pela quantidade de profissionais existentes, nem pelo acervo de competências disponíveis na organização. Seu efetivo valor é resultante do ‘quantum’ de inteligência estes talentos – nos diferentes estágios de seu desenvolvi-mento – estão aplicando no desempenho do negócio. Apropriar este valor significa reco-nhecer o mérito e as motivações humanas de forma integrada, o racional e o emocional juntos, o econômico e o social imbricados. A boa notícia é que isto já está ao alcance das empresas.

Em síntese, rentabilizar o capital humano é ser capaz de, simultaneamente, realizá-lo. É ter a ousadia de adotar um novo modelo de relacionamento, uma nova atitude de li-derar. Um processo de “destruição criativa”, como já apontado por Joseph Schumpeter, economista austríaco, arauto da inovação e do empreendedorismo.

Uma boa sugestão de pauta para a próxi-ma reunião do conselho.

G overnança do capital humano?

“Entre os principais objetivos da governança corporativa estão a ampliação do valor

do negócio e a garantia da perenidade das organizações.”

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E N T R E V I S T AFOTOS: Tânia Meinerz/divulgaçãO

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Qual é a atuação e abrangência da advB no estado?

daniel A ADVB do Rio Grande do Sul tem como missão desenvolver a cultura do marketing no nosso Estado. É uma entidade prestes a completar 50 anos e que vem desenvolvendo ao longo desse tempo estratégias para ampliar a competitividade gaúcha. Nós acreditamos que podemos desenvolver um mercado empresarial nas principais práticas e conceitos de marketing e ampliar a competitividade, e é a isso que temos nos dedicado.

Um profissional dO FuTurO

E N T R E V I S T A

entre os inúmeros conceitos de marketing, qual o mais apropriado para o universo empreendedor hoje?

daniel O conceito de marketing é muito amplo, e acredito ser muito interessante considerarmos que os conceitos e as práticas de marketing se aplicam ao primeiro, segundo e terceiro setores. Nós entendemos como fundamental ampliar o conceito que hoje é presente no mercado. O marketing não é apenas restrito ou a vendas de alto impacto ou a publicidade, ele é muito mais do que isso. É quando começamos a

olhar a cadeia de valor de qualquer organização, não importa o setor em que a mesma atue, a partir do ponto de vista do cliente. É necessário se perguntar: Qual a minha missão, como organização? Qual o valor que eu apresento ao mercado, à sociedade? Em segundo lugar, preciso saber quem é o meu cliente, quem é a pessoa a quem atendo. Depois, o marketing precisa responder qual é o valor que meu cliente enxerga neste produto ou serviço. A partir daí é preciso adequar toda a cadeia de valor a este valor que ele percebe. Então, a pergunta passa a

À frente da Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil (ADVB-RS),

Daniel Santoro é um empresário atento às transformações do mercado. Mais do que

simplesmente alertar para o marketing como importante ferramenta de gestão, ele aponta

a urgência em atender um consumidor cada vez mais exigente

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entrevista

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7020

ser: Quais são os meus resultados, quais são as minhas metas? O que eu almejo?A partir disso, a próxima pergunta é: Qual o plano a ser desenvolvido? Então, posteriormente, desenvolvemos o plano de marketing que poderá compor a estratégia de venda, de comunicação, de publicidade e propaganda, mas como ferramentas que atendam a este conceito fundamental de alinhar a minha organização à minha missão, ao meu cliente e à proposta de valor que o meu cliente percebe.

O marketing está diretamente ligado ao departamento de vendas nas empresas? O que distingue os profissionais de ambas as áreas?

daniel Gosto muito de utilizar uma fala do Philip Kotler: “Quando eu penso primeiro no produto e depois nas vendas, estou falando em vendas. Quando penso primeiro no cliente e qual o produto eu irei vender a ele, estou falando em marketing”. Em muitas organizações o marketing ainda está vinculado a vendas, porque elas tangibilizam o contato direto com o cliente e o resultado da empresa perante o mesmo. Ao nosso ver, o marketing precisa se reposicionar dentro das organizações para que possa trabalhar lado a lado nas vendas, no sentido de fornecer para as vendas informações necessárias de cenário, de adequação de clientes, de desenvolvimento de novos mercados e trabalhar em conjunto com

as vendas, e não necessariamente de forma subordinada ou acima.

Quais as maiores adversidades e desafios dessas áreas nas empresas gaúchas?

daniel Não acredito que exista uma restrição específica para as empresas gaúchas, percebe-se que as dificulda-des que encontramos no Rio Grande do Sul são semelhantes às que encon-tramos no Brasil e no mundo também. Em termos de vendas, um mercado cada vez mais competitivo, sem barrei-ras regionais, resulta numa dificuldade mercadológica muito grande. Em termos de marketing, o que percebe-mos é a mudança de comportamento da sociedade, seja por intermédio da fragmentação de mídias, seja por inter-médio da mudança de comportamento do consumidor e mudanças radicais de tecnologia que estão aparecendo, e que certamente mudarão a perspec-tiva de consumo dos próximos anos. Acredito que a principal dificuldade para o marketing é conseguir desenhar cenários de futuro.

em um mercado cuja velocidade da concorrência aumenta diariamente, como o empresário pode/deve fazer para se fortalecer e manter sua clientela fidelizada? ainda é possível fidelizar clientes nos tempos atuais?

daniel Como empresário, minha resposta é sim, é possível. É lógico que a cada dia você precisa revisitar todos os seus valores e propostas de valores, para estar adequado, vinculado ao seu cliente, porque, como o comportamento dele

“A coMpETIção gloBAl ESTá pRESENTE

MESMo qUE o pEqUENo EMpRESáRIo Não

coNSIgA pERcEBER.”

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 21

muda, você não pode ficar estagnado. Quem está estagnado, está andando para trás. Então, tem que questionar permanentemente qual é a proposta de valor que o cliente deseja, o que ele está necessitando, desejando? E ter atenção para quem já tem sucesso, de que o sucesso de ontem não garante o de hoje. Eu preciso sim, estar atento a essa velo-cidade de mudança. Aqueles que ainda não alcançaram uma posição de sucesso, é uma grande oportunidade, pois se eles se anteciparem a este movimento merca-dológico, com certeza conseguirão ir ao encontro do desejo dos clientes e, assim, alcançar o seu sucesso.

Qual a melhor forma de pequenos e médios empresários trabalharem o marketing de sua empresa?

daniel O raciocínio segue tanto para as grandes empresas quanto para as pequenas. Muitas vezes, encontra-mos os conceitos de marketing mais estabelecidos em empreendimentos de pequeno porte que nas grandes organizações. Isso acontece porque esse empreendedor (o pequeno) nasce do seu negócio sempre com o olhar e atuação muito próximo do seu cliente, compreendendo exatamente o que este deseja, percebe. O que podemos agregar a este pequeno empreendedor? Há três disciplinas fundamentais para o marketing: gestão do produto, gestão do cliente em si e gestão de marca. Acreditamos que é fundamental dire-cionar todas as ações de uma organi-zação para que construa a sua marca, que acaba tangibilizando todo o valor agregado desta cadeia de marketing.

“o FATo DE UM coNSUMIDoR TER MAIS INFoRMAçõES

qUE UM VENDEDoR é UMA DIFIcUlDADE pRESENTE No

MERcADo ATUAl.”

de que forma um bom trabalho de marketing contribui para o desenvolvimento e consolidação de uma empresa?

daniel Do meu ponto de vista, ele é fundamental. Como entidade, na ADVB nós temos muito claro que a nossa mis-são é desenvolver a cultura de marketing do Rio Grande do Sul. Por isso procura-mos as principais lideranças empresariais no Estado, que teoricamente dominam a maior parte das informações e da tecnologia de marketing regionalmente. Queremos saber como eles estão per-cebendo o marketing em suas organi-zações. Por isso, fomos ao encontro do nosso cliente, ao encontro do mercado, e

avaliando e analisando as respostas para então realizar um plano de ação e poder propor algo novo. Tenho que olhar para o meu cliente e entender o que ele está precisando, e posteriormente desenvol-ver uma proposta de valor, um produto ou serviço, que possa ser diferenciado da concorrência e possa ter retorno deste cliente. Uma empresa do setor alimentí-cio, por exemplo, o que eu posso oferecer no mercado que o mesmo irá entender como adequado? E aí partimos para as técnicas de marketing, como a formação do preço de venda e do ponto de venda. Porém, antes de utilizar essas e outras ferramentas, eu tenho que perguntar para o mercado, para o cliente, o que

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entrevista

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7022

“A pRINcIpAl DIFIcUlDADE pARA o MARkETINg é

coNSEgUIR DESENhAR cENáRIoS DE FUTURo.”

ele valoriza e como eu consigo analisar e interpretar estas necessidades.

Ferramentas como redes sociais são uma boa alternativa de marketing e publicidade de um negócio? Como aproveitá-las?

daniel Não tenho dúvidas de que é funda-mental que hoje as organizações migrem e aprendam com estas ferramentas. No meu ponto de vista, mais importante que fazer publicidade nessas redes é utilizar as mesmas como fonte de informação para poder desenvolver o produto. Vem se falando em “co-criação”, e essas ferramentas permitem que nós, como empresários e executivos, venhamos a desenvolver produtos e serviços junto ao mercado consumidor, por intermédio destas redes. É bárbaro poder colocar a ideia de um produto, de um serviço, à

disposição de um grupo via Facebook ou Twitter, e ter um feedback deste produto antes mesmo de concluí-lo. Isso ajuda a potencializar a ideia, pois quando o pro-duto for lançado estará completamente adequado à necessidade, ao desejo do mercado. Penso que esta tecnologia, se por um lado dificulta o trabalho do profissional, por outro é uma grande fonte de recursos, e vai se diferenciar o profissional ou empresa que conseguir extrair maior valor desta oportunidade.

ao montar uma equipe, a que os dirigentes de marketing e vendas precisam estar mais atentos? Quais as características necessá-rias aos profissionais destas áreas?

daniel As características de marketing e vendas são complementares. O profissional do marketing tem que ter

uma inquietação e uma capacidade de fazer perguntas, muitas vezes, diferentes do comum, do mainstream, para verificar tendências e se antecipar a movimentos. Enquanto isso, a característica do profissional de vendas é mais realizadora, que consegue entregar, tangilibilizar os resultados de forma direta nas suas vendas. Ambos precisam das duas características. Se eu fosse montar uma equipe de marketing e vendas, procuraria mesclar essas duas características: inquietação para a área de marketing, de buscar sempre o novo e, na parte de vendas, buscar a realização, a efetivação da relação com o cliente.

em que aspectos o consumidor se tornou mais exigente e por quê?

daniel Hoje, como consumidores, quando procuramos algum produto, com a inter-net podemos entrar na loja e fazer uma pesquisa de preço ou informações técni-cas de um item a partir da nossa própria casa. É provável que o consumidor chegue na loja com mais informações que o próprio vendedor, pois ele tem que comercializar um número x de produtos, enquanto o consumidor pode acessar a raiz do desenvolvimento do produto que pelo qual busca especificamente. O fato de um consumidor ter mais informações que um vendedor é uma dificuldade presente no mercado atual.

Como superar as expectativas do consumidor?

daniel O que fica evidente é que o que era apenas discurso até pouco atrás,

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 23

hoje obrigatoriamente tem que virar prática: o consumidor não compra mais produtos, ele compra experiência. Então, a experiência se traduz em todos os instantes de contato do consumidor com o serviço, com a empresa que ele está interagindo, seja por intermédio de um site ou na loja. Em qualquer momento de prestação de serviço, o profissional e a organização precisam estar atendendo àquilo que se chama “a hora da verdade”, que é todo e qualquer contato que a organização tem com o cliente. E ao se preocupar com a experiência do consumidor, com certeza conseguiremos atender a este perfil mais exigente.

na sua opinião, o que é a competição global e de que forma ela se aplica regionalmente?

daniel A competição global está presente mesmo que o pequeno empresário não consiga perceber. Nos últimos anos, o Brasil vem se reposicionando como um grande player global, e essa conjun-tura internacional catapultou o país a uma posição de absoluto destaque no comércio internacional. Ainda assim, temos pouca tecnologia para analisar essa interação do Brasil com os merca-dos externos, e hoje, se olharmos para o nosso segmento no Rio Grande do Sul, o calçado gaúcho, por exemplo, está sendo fortemente impactado pela exportação da China. E diria mais: não só da China. O comércio internacional é uma via de mão dupla. Sem dúvida que é um pro-blema para nós quando um país invade nosso mercado, mas também consegui-mos nos posicionar externamente, basta ver através de cases como a Gerdau e a Tramontina. E é isso que o marketing

trabalha também: conseguir oportuni-dade. Há um estudo que comprova que a China está consumindo marcas de outros países. Se a China está compe-tindo conosco com baixo preço, por que não podemos competir com alto valor agregado em alguns produtos, com eles? E é isso que o profissional de marketing tem que entender por este aspecto de economia global.

numa época em que os países emergentes estão ganhando mais visibilidade, de que forma o Brasil é visto como um mercado de oportunidades?

daniel No Brasil, apesar de estarmos nessa ascendência, os nossos principais produ-tos exportadores ainda são fundamental-mente minério e agropecuária. E os dois

constituem práticas de capital intensi-vo, de economia extensiva e de pouco valor agregado de marca. Acredito que temos competência no Brasil, e muita no Rio Grande do Sul, inclusive, para desenvolver produtos que possam, além de exportar essas grandes poten-cialidades geográficas que nós temos, exportar nossas marcas. Outro grande case é a Havaianas, que teoricamente seria uma commodity, mas que con-seguiu agregar valor de marca e nos posicionar no mundo todo. O tênis Olympikus, que é uma marca gaúcha, globalizada, e que consegue competir com os grandes players globais, exporta uma marca que é daqui. São estes cases que temos que destacar e utilizar como referência para construir outros, e identificar novas oportunidades.

“o coNSUMIDoR Não coMpRA MAIS pRoDUToS,

ElE coMpRA ExpERIêNcIA.”

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iteraturaL

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7024

Título: Como as gigantes caem

Autor: Jim Collins

Editora: Elsevier

Temática: Resultado de anos de pesquisa

e estudos, este livro revela como grandes

corporações falham e quais são os estágios desse

declínio, trazendo elementos importantes para

reflexão. O autor aponta que, mesmo que bem-

sucedida, uma empresa sempre pode cair ou mesmo desaparecer por

completo. Saiba como evitar este tipo de situação.

ue tal férias com sol, praia, chinelos nos pés, Philip Kotler e Tom Peters? Quem são? Autores de livros da área de Gestão que despontam no pó-

dio dos mais vendidos. Estes e outros gurus do empreendedorismo podem ser excelentes companheiros de viagem. Folga não precisa ser sinônimo de ócio.

Q

EmprEEndEdorismoem muitas páginas e capítulos Arejar, descansar e ler. Uma boa pedida para o período de férias em que agregar a

literatura à programação resulta em aprendizado e oportunidades de se inteirar das

teorias, práticas e filosofias que tangenciam a arte de administrar e gerir um negócio

É possível (e aconselhável) destinar umas horinhas para colocar a leitura em dia e, também, se reciclar. Une-se o útil ao agradável sem comprometer

Título: Marketing 3.0 – As forças que estão defi-

nindo o novo marketing centrado no ser humano

Autor: Philip Kotler

Editora: Campus

Temática: O livro mostra porque o futuro

do marketing está em criar produtos, serviços

e empresas que inspirem, incluam e reflitam os

valores de seus consumidores-alvo. Saiba também

porque a maioria dos profissionais desta área está presa ao passado.

Título: Empreender em 100 lições

Autor: Jonathan Yates

Editora: Editora Gente

Temática: A publicação traz dicas e informações

de renomados empreendedores, resultado de seu

conhecimento e experiência, sobre assuntos como

oportunidades, motivação, novas perspectivas,

desafios, dinheiro, estratégia, marketing, vendas e

sucesso. Textos sucintos e inspiradores traduzem-se em 100 lições

que abrangem os principais aspectos da gestão.

Título: A sacada

Autor: Norm Brodsky

Editora: Best Business

Temática: O autor defende que não há

fórmulas totalmente eficazes para tornar-se

bem-sucedido nos negócios. O fator decisivo

é ter “a sacada”, ou seja, uma maneira instintiva

de pensar e agir inspirada em situações comuns

a todos que conquistaram uma carreira prestigiada.

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 25

os momentos de repouso. E literatura interessante não falta. Basta passar em uma livraria, escolher a melhor alter-nativa e arrumar um cantinho na mala para acomodar bons livros.

Além de ser relaxante, ler consis-te em uma fonte de alimento para a mente, já que amplia os horizontes e contribui para o desenvolvimento criativo e cognitivo. Trocando em mi-údos, trata-se de um hábito vital para desbravar campos de conhecimento, com um variado cardápio de temas que permeiam inúmeros caminhos. Com didáticas estratégicas, as publi-cações buscam prender a atenção do leitor, apresentando informações qua-lificadas e design diferenciados. O se-tor livreiro disponibiliza inúmeras pro-postas inovadoras, a exemplo do livro

Uma dupla que faz acontecer. A indi-cação de Getúlio Gasparotto Dadald, vendedor da seção de técnicos da Li-vraria Cultura do Bourbon Country, de Porto Alegre, figura como um guia de quadrinhos interessante para trabalhar com público jovem ou iniciantes no mundo dos negócios. “É ótimo como conteúdo introdutório. Sugiro sem re-ceio!”, diz o profissional.

AprEndizAdo contínuoE, assim, há milhares de opções.

Segundo a Câmara Brasileira do Li-vro (CBL), cerca de 36 mil títulos são editados anualmente. Uma diver-sidade que permite aos empresários (veteranos ou “calouros”) viajar pelo universo das letras, decifrar e trans-por para o dia a dia da empresa o pen-

samento de autores clássicos e gurus contemporâneos. Eles servem como suporte para o aprendizado contínuo, que vai além dos bancos acadêmicos. É uma lição de casa tão importante para o gestor quanto frequentar cur-sos, workshops e feiras.

o quE EscolhErNa hora de escolher qual publicação

levar para casa (ou para as férias), não vale cair nos modismos. É fato que o marketing de muitos escritores e edito-ras, às vezes, acaba vendendo uma ideia que não corresponde à realidade. A lei-tura obrigatória é aquela que realmente vai funcionar como um catalisador de aprendizado. Algo que o empreendedor poderá compartilhar com a equipe ao retornar ao trabalho!

Título: Uma

dupla que faz

acontecer

Autor: José

Carlos Assis

Dornelas

Editora: Campus

Temática: A

obra aborda os conceitos-chave do

empreendedorismo e dos negócios

por meio da história de dois jovens

empreendedores que se conhecem no

início do curso de graduação e decidem

abrir sua própria empresa depois de

uma curta experiência profissional

juntos. O conteúdo traz lições de como

abrir e gerir uma empresa, incluindo

situações encontradas por jovens em-

preendedores, especialmente aqueles

sem experiência anterior em negócios.

Título: Assim nasce uma empresa

Autor: Vicente Sevilla Junior

Editora: Brasport

Temática: Neste livro, o autor apresenta a história de três pessoas

que se veem diante da oportunidade de abrir sua própria empresa e,

no desenrolar da trama, apresenta as pesquisas que fizeram para basear

a decisão que tomarão. A obra passeia de maneira leve e descontraída

por temas como: pesquisas e providências prévias, procedimento para

a abertura da empresa, registros necessários para a empresa iniciar suas atividades, tributos,

encargos e outros pontos importantes.

Título: A cauda longa – Do mercado de massa para o mercado de nicho

Autor: Chris Anderson

Editora: Campus

Temática: Editor-chefe da revista Wired, o autor explorou pela primeira vez o

fenômeno da Cauda Longa em um artigo que se tornou um dos mais influentes

ensaios sobre negócios de nosso tempo. Usando o mundo dos filmes, dos livros

e das músicas, mostrou que a internet deu origem a um novo universo. Então,

cunhou o termo cauda longa, o qual, desde então, tem sido citado com destaque

pela alta gerência das empresas e pelos meios de comunicação em todo o mundo.

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I N TEF RSR U U AA T R

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TexTo: Luísa KaLiL

stradas, portos, energia. Estes são alguns dos elementos básicos que compõem o ter-mo infraestrutura. Na economia de um país, a infraestrutura é o elo que representa o desenvolvimento e o progresso de cada região, pois os investimentos nesse setor significam, em sua maioria, obras de custo elevado, porém fundamentais para avan-çar no que diz respeito à modernidade e qualidade de vida de cada cidadão.

No Brasil e no Rio Grande do Sul, inúmeros são os gargalos existentes em fun-ção da carência de infraestrutura. Apesar da posse de novos representantes tanto no governo estadual quanto federal, a questão da infraestrutura vai além do início de novas gestões: é um tema em permanente discussão. No âmbito nacional, ele perpassa os ministérios de Minas e Energia, da Comunicação e do Transporte, que integram a área de infraestrutura do governo. No que diz respeito ao cenário gaú-cho, a falta de infraestrutura é um tema urgente no Estado: assim como nas demais regiões brasileiras, os problemas enfrentados nas estradas e portos, por exemplo, acumulam obstáculos para setores indiretamente envolvidos, como o turismo e o comércio de bens e serviços.

De acordo com o economista e consultor da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, a carência de infraestrutura afeta mercados como o do comércio, pois representa um gargalo para a expansão da economia regional. “O comércio se movimenta a partir do funcionamento de outros setores”, enfatiza. Para o especialista, o transporte é o setor onde essa insuficiência é sentida com mais força, e que engloba três pontos cruciais que

Um elo PaRa o

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o 70

O desenvolvimento de uma região ou país é composto por diferentes

etapas. Para que ele seja constante, é necessário estar atento a um

ingrediente muito importante na receita de investimentos: a infraestrutura

27

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nfraestruturaI

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7028

“A infraestrutura é o fator

fundamental para garantir o

desenvolvimento sustentável de

qualquer região.”

Marco Antônio KappelDiretor-técnico do Sebrae-RS

DuDu LeaL

exigem prioridade no que diz respeito ao assunto: portos, estradas e aeroportos. “Não adianta as empresas produzirem mais se não conseguem transportar sua mercadoria no tempo em que precisam”, alega. Por isso, Portugal diz que a situ-ação é similar a um funil, pois limita a quantidade de produção que as empre-sas podem oferecer e, por consequência, o desenvolvimento da economia.

“Estamos na ponta do país. Para nós, a falta de infraestrutura é pior que para regiões como Minas Gerais, São Paulo ou Paraná. Temos que atra-vessar dois estados para chegar a São Paulo, por exemplo. É uma questão muito custosa, mas isso significa que há oportunidades. Temos que ter uma atitude pragmática”, recomenda. Como solução, ele propõe uma fórmula que rendeu bons resultados nas áreas de co-

municação e geração de energia: a asso-ciação com empresas privadas. “Isso não significa privatizar tudo”, comenta o eco-nomista. Dessa forma, a parceria público-privada, também conhecida como PPPs, seria o primeiro passo na aceleração do investimento em infraestrutura. Feita a associação, a próxima etapa é discutir as maneiras de concretizar os projetos.

O lADO DO EmPREENDEDORISmO

Porque está vinculada (in)direta-mente a diversos outros braços que com-põem o desenvolvimento de uma região, a infraestrutura resulta em oportunida-des quando há investimento. Entidades como a Fecomércio-RS, em parceria com órgãos regionais, estaduais e nacionais, contam com um conjunto de propostas de curto e longo prazos. As prioridades ainda estão sendo revistas, mas o acom-panhamento das propostas e a captação de recursos são elementos cruciais para dar continuidade aos projetos.

De acordo com o diretor-técnico do Sebrae-RS, Marco Antônio Kappel, a in-fraestrutura é “o fator fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável de qualquer região”. Entre os exemplos mais lembrados, ele cita telefonia eficien-te, suprimento adequado de energia elé-trica, boas estradas e sistemas eficientes de transporte de cargas. “Se de um lado o desenvolvimento de uma região é fator indutor de pequenas e médias empresas, por outro, as próprias cadeias menciona-das oportunizam o concurso de pequenas e médias empresas como fornecedoras ou subcontratadas.” Ele afirma que os inves-timentos nesse setor são importantes para garantir um cenário econômico mais fa-

vorável, em que os empreendedores pos-sam imaginar uma “empreitada” com me-nores riscos. “A maioria das iniciativas na área de infraestrutura normalmente são desencadeadas por ações de governo, seja através de investimentos diretos ou de ar-ticulações ‘pesadas’ com o setor privado, como fontes de financiamento subsidiado ou tarifas reguladas.” Kappel explica que isso acontece principalmente em função do volume de investimentos envolvidos. Neste caso, o que o setor empresarial pode fazer, sugere ele, é arcar com maiores riscos na participação dessas iniciativas, o que nem sempre é possível em função da natureza intrínseca da atividade privada.

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“Se houver maiores riscos, é possível que possam existir maiores perdas numa situa-ção de insucesso, o que, no caso, é arcado unicamente pelos acionistas da organi-zação”, relata. O diretor-técnico lembra que uma das finalidades do Sebrae é pro-mover o empreendedorismo, e tem como principal ferramenta a capacitação em gestão, aliada às iniciativas em inovação e desenvolvimento de mercados. “Por outro lado, os recursos que são alocados à entidade estão na relação direta do desenvolvimento do país. Neste caso, se investimentos em infraestrutura desenca-deiam um desenvolvimento sustentável, traduzido então por uma atividade eco-

nômica mais intensa, isso acaba determi-nando a necessidade de um Sebrae mais ativo e atuante nas suas responsabilida-des frente às pequenas e micro empresas envolvidas no processo”, aponta.

DESENvOlvImENTO EcOmPETITIvIDADE

A Secretaria de Desenvolvimento e Atração de Investimentos coordena o novo Sistema de Desenvolvimento do Estado, que engloba a CaixaRS, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), o Banrisul e a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), res-

ponsável pela articulação dos projetos de infraestrutura, sempre que relacionados à competitividade e desenvolvimento da indústria gaúcha. Por isso, tem importan-te papel na interação com a Secretaria da Infraestrutura do governo. De acordo com o presidente indicado da agência, Marcus Coester, as prioridades da AGDI na área de infraestrutura ainda não estão definidas, mas estarão ligadas a empreen-dimentos industriais, novos ou existen-tes. “No âmbito da indústria, um foco já definido são as novas economias como petróleo e gás, semicondutores e ener-gias renováveis”, propõe. Para Coester, a coordenação entre diversas secretarias e órgãos governamentais é ingrediente fundamental para o fortalecimento dos investimentos em infraestrutura. “Além disso, evidentemente, recursos públicos ou privados para investimentos e uma lógica econômica que os torne viáveis”, acrescenta. À parte das lacunas nesse se-tor, o Rio Grande do Sul ainda encontra espaço de destaque em relação aos de-mais estados. “Temos vantagens naturais como na região portuária de Rio Grande e a estrutura fluvial do Estado, que pode ser aproveitada para a indústria de petró-leo e naval. Também temos uma base in-dustrial e de Recursos Humanos distinta para a estruturação de cadeias produtivas em diversos setores da indústria.”

O PAPEl DO ESTADOPara o secretário estadual de In-

fraestrutura e Logística, Beto Albu-querque, a infraestrutura é uma área que dialoga com o progresso ou atraso de um estado. “Isso acontece porque o crescimento econômico, quando ele acontece – e é pelo que nós lutamos –,

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nfraestruturaI

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7030

exige, evidentemente, que a logística, a infraestrutura, possa suportar esse cres-cimento”, diz. Albuquerque enfatiza que o Estado ainda tem muitos gargalos, a exemplo do modal rodoviário. “Temos 12 mil km de rodovias e apenas 396 são duplicados, ou seja, somos um dos esta-dos com a menor malha rodoviária dupli-cada. E duplicar uma rodovia não é uma tarefa simples, nem custa pouco. Exige um grande esforço”, relata, lembrando que, apesar da cobrança dos pedágios, os gaúchos continuam a conviver com as pistas simples. Entretanto, o secretário afirma que esses mesmos gargalos já fo-ram diagnosticados pelo governo do Es-tado. “Já apresentamos cartas-consulta ao BNDES, ao Banco Mundial (Bird), ao Banco Interamericano de Desenvol-vimento (BID), para prospectar recur-sos, financiabilidade, para execução de

pelo menos quatro duplicações que a nosso juízo são bastante urgentes” (con-fira quadro na página ao lado).

Dos 496 municípios gaúchos, 103 não têm acesso asfáltico. “Isso significa que, para chegar ou sair da cidade, o ci-dadão respira poeira ou pisa no barro. É um déficit muito grande”, lamenta Beto Albuquerque. Além do modal rodoviá-rio, outro setor que precisa de atenção é a rede hidroviária. “Qualquer país do mundo que tivesse uma rede como a nossa estaria usando-a a pleno, e nós não estamos”, aponta o secretário, ao mencionar um projeto que será retoma-do: “Iremos tomar o calado da hidrovia para 20 pés e balizar a hidrovia desde Porto Alegre até Rio Grande para a navegação noturna. Essas duas medi-das significam a possibilidade de o Polo Petroquímico e a Petrobras, que são os dois principiais usuários da hidrovia, duplicarem o seu volume de carga e diminuirem pela metade o tempo de viagem. Um ganho em grande escala, que tornará a hidrovia competitiva do ponto de vista econômico”.

Beto Albuquerque enfatiza ainda a necessidade de melhorar a qualidade e segurança dos aeroportos regionais. No momento, apenas dois funcionam com linha regular para São Paulo: Caxias do Sul e Passo Fundo. Em função do bom desenvolvimento da indústria naval, Rio Grande é um forte candidato a realizar a conexão com o centro do país. Já os municípios de Erechim, Santa Rosa e Santo Ângelo entram na lista como im-portantes potenciais da aviação regional. Além disso, a secretaria está defenden-do a criação de um plano de incentivo à aviação regional, que inclui a redução

do ICMS do combustível de aviação no interior do Estado como forma de atrair novas empresas e estabelecer competi-ção de voos regionais no interior.

No que diz respeito aos portos, o secretário não hesita: “Precisamos di-namizar e tornar o porto da capital um porto competitivo, por isso a questão hidroviária está associada. Nenhum porto funciona se a navegação não é competitiva”. A hidrovia é um dos en-cargos da Copa do Mundo, pois há o objetivo de atrair navios de turismo in-ternacional em Porto Alegre. Entre os projetos também está a dinamização do porto de Pelotas e o contínuo apoio à expansão do porto de Rio Grande, um dos 15 maiores do mundo.

No setor de energia, até o final de janeiro os gaúchos haviam batido o re-corde no histórico de consumo de ener-gia no Estado: quase 5.500 Mw. “Nesse momento, podemos dizer que estamos tranquilos quanto à oferta de energia, mas a nossa tranquilidade não pode cruzar os braços.” O alerta se dá em função da fácil possibilidade de se atin-girem os 6 mil Mw de consumo, seja em razão do aumento industrial ou mesmo da capacidade de mais pessoas adqui-rirem aparelhos como ar-condicionado. “Temos que aumentar nossa capacida-de de geração, integrando os interesses da CEEE, da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), da própria Sul-gás, para aumentarmos a oferta, seja com recurso próprio ou associando-se a privados, a cooperativas de eletrifi-cação.” O estímulo de novas políticas de biomassa e de produção de energia limpa é um trabalho que já está sendo feito pela secretaria.

“Este é um governo

determinado a enfrentar esses

dilemas nos próximos

quatro anos.”

Beto AlbuquerqueSecretário estadual de Infraestrutura e logística

DivuLgação

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 31

atenção às estradasSaiba quais são os quatro principais trechos diagnosticados no plano de

financiamento do governo:

RS-118: Na região metropolitana, a grande dificuldade é diminuir a fluidez

do tráfego. Outro problema grave é de caráter habitacional: cerca de

1.500 famílias moram praticamente sobre o pedaço da rodovia que liga os

municípios de Sapucaia do Sul e Gravataí. Para que a duplicação seja possível,

é necessário realocá-las para áreas dignas.

RS-453: Trecho que liga Bento Gonçalves e Farroupilha, na serra gaúcha, é

uma zona de alta intensidade industrial.

RS-324: Rodovia que ultrapassa os municípios de Passo Fundo, marau

e casca, é conhecida como “rodovia da morte”. A região agrega intensa

produção agrícola, além de ser uma área industrial.

RS-342: Estrada que interliga as cidades de cruz Alta e Ijuí, tem destaque no

roteiro da produção gaúcha.

No caminho da solução, o secretá-rio alerta para a agilidade na decisão. “Se ficar pensando ou debatendo mui-to, se perde um tempo extremamente importante.” Assim como Marcelo Portugal, ele confia nas PPs, contanto que a parceria seja exitosa para as três partes diretamente envolvidas: o poder público, a sociedade e o empreendedor. “Na nossa área, estamos de portas aber-tas para esse tipo de discussão. Este é um governo determinado a enfrentar esses dilemas nos próximos quatro anos e responder de forma concreta, com a duplicação de trechos muito significati-vos de estradas.”

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aiba maisS

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7032

g e s t ã oi m a g i n a s ó !

Mão no copo e outra no guidon Para os ame-

ricanos Eric

Olson e Al

Boyce, só pe-

dalar não basta.

O andar de

bicicleta pode

agregar um item

a mais: o chope.

Pensando nisso,

os dois em-

preendedores

lançaram um pub sobre rodas no qual os clientes usam

o veículo movido a pedais e bebem ao mesmo tempo.

O negócio já circula pelas cidades de Houston, Austin,

Nashville, Lawrence e Milwaukee. A expectativa é de

que em 2011 vire franquia. O capital inicial investido

foi de US$ 60 mil para a compra de uma carreta, um

reboque, materiais de divulgação e marketing, e um

seguro. A contratação do PedalPub deve ser agendada

previamente pelos clientes, atendendo principalmente

festas de aniversário e eventos corporativos. A enge-

nhoca possui dez lugares (barman e motorista) e custa

ao ciclista de US$ 160 a US$ 190 por hora. Só não dá

para perder os freios!

negócios

Brasil na rota das fusões

O Brasil figurou como o país mais procurado para acordos de fusões e aquisições em 2010, ano em que o volume de negócios do gênero no mundo totalizou US$ 2,82 trilhões, uma alta de quase 25% em comparação com 2009. Os dados são da Dealogic, fornecedora de serviços para bancos de investimento. A mola propulsora da atividade foram as negociações envolvendo mercados de rápido crescimento e aqueles patrocinados por empresas financeiras.

Divu

lgaç

ão/P

eDal

Pub

Consumidor mais conscienteOs assuntos referentes à

sustentabilidade permeiam

as relações de consumo.

Uma pesquisa lançada pelos

institutos Ethos e Akatu

retratou a percepção que o

consumidor brasileiro tem a

respeito da sua responsabili-

dade junto ao meio ambiente. O estudo demonstra que um

em cada três entrevistados é considerado “mais consciente”.

Ainda se observaram variações entre classes sociais e níveis de

escolaridade. O cenário geral traz o perfil de um shopper que

é predominantemente da classe C, com idade entre 16 e 44

anos, e escolaridade que vai até o nível médio.

Conectados ou não

A pesquisa da Ethos e Akatu detectou os seguintes

consumidores:

Desconectados (49%): não veem importância no tema.

Informados (33%): participam do debate sobre

responsabilidade social empresarial e já mudaram algum

tipo de comportamento em relação ao consumo.

Interessados (11%): conhecem algo sobre o tema, mas

ainda não se dispõem a mobilizar esforços para agir de

acordo com o seu grau informação.

Influenciadores (7%): são reconhecidos pelos outros

como referência no debate.

[

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 33

c o n s u m i D o r

o n l i n e

c o m P o r t a m e n t o

e m t e m P o

Mais de 800 mil EI regularizadosA informalidade perdeu espaço para um

grupo de 737.822 trabalhadores por conta

própria somente em 2010 – uma resposta

dos brasileiros à nova legislação que criou a

figura jurídica do Empreendedor Individual

e entrou em vigor em julho de 2009. Para

2011, o Sebrae Nacional espera formalizar

outros 500 mil trabalhadores. “O ambiente

dos pequenos negócios melhorou muito

nos últimos anos, e o Empreendedor

Individual é um programa importante no

sentido de conferir cidadania aos trabalha-

dores por conta própria”, diz o presidente

do Sebrae, Paulo Okamotto. Com a

empresa legalizada, o empresário passa a

contar com diversos benefícios, pagando,

no máximo, R$ 62,10 por mês. O Cadas-

tro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)

viabiliza a abertura de conta bancária e

acesso a crédito com juros mais baratos,

além de poder emitir nota fiscal na hora de

vender para outras empresas e governo.

Atualmente, há cerca de 10,3 milhões de

trabalhadores que sobrevivem na econo-

mia informal no Brasil, segundo estimativa

do Instituto Brasileiro de Geografia e Es-

tatística (IBGE). Desde o início da vigência

da lei, os estados que mais formalizaram

foram São Paulo (162 mil), Rio de Janeiro

(106 mil), Minas Gerais (76 mil), Bahia (76

mil) e Rio Grande do Sul (44 mil).

mais

info

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Lojas virtuais lideram reclamaçõesSegundo estudo da MITI Inteligência, empresas de telefonia e lojas virtuais lideram

as reclamações de consumidores na internet. Foram monitoradas mais de 17 mil

interações, entre os dias 30 de dezembro e 3 de janeiro. Entre as principais “broncas”,

destacam-se atraso nas entregas e falta de qualidade no atendimento. Em comparação

aos meios tradicionais, como as páginas online do Procon e da Anatel, os sites na linha

do ReclameAqui e Denuncio são menos burocráticos. “É fundamental que as empresas

monitorem essas reclamações de consumidores, tanto nos canais específicos quanto

nas redes sociais. Com qualificação e quantificação das informações obtidas, é possível

aplicar ações de melhorias e sentir como o planejamento está se refletindo no consu-

midor”, afirma Elizangela Grigoletti, gerente de Inteligência e Marketing da MITI.

Otimismo brasileiroA edição 2011 do International Business Report (IBR) da Grant Thornton revelou

que os níveis de confiança sobre o desempenho econômico são mais altos na Amé-

rica Latina do que em qualquer outro lugar do mundo. A região, ressalta a pesquisa,

é líder no quesito otimismo empresarial. Entre os proprietários de empresas do se-

tor privado entrevistados, 75% se declararam otimistas quanto ao que o ano reserva.

O Brasil ocupou o quinto posto em âmbito mundial, com 79%, só superado pelo

Chile (com 95%), e acima da Argentina (70%) e do México (64%).

A vez da classe CRecente estudo da consultoria Data

Popular apontou que a classe C gasta

mais em moda. Segundo a pesquisa, as

jovens brasileiras do respectivo nicho são

vaidosas e mais independentes do que

mulheres na mesma idade e de outras

castas sociais. Dos ganhos mensais, 71% das entrevistadas gastam com roupas e

acessórios. No segmento D e E, o percentual cai para 57%, aponta o levantamento.

No Rio Grande do Sul, o movimento não é diferente. A chamada “nova classe mé-

dia” do Estado, no ano passado, representou 42,28% das aquisições totais de bens

de serviços, um crescimento de seis vezes se comparado com 2002, onde significa-

va apenas 25,06%. O topo da pirâmide, ou seja, os estratos A e B, que participavam

de 63,24% do mercado de consumo oito anos atrás, hoje detém 43,46% desta fatia.

Nada significativo se comparado com a classe C, que cresceu praticamente seis

vezes. Em 2010, todas as classes juntas consumiram R$ 147,8 bilhões.

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a estradaN

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7034

s rodovias podem ser o ca-minho para o sucesso. Muitos empresá-rios desembarcam nas chamadas BRs e RSs a fim de atender um público que não abre mão de fazer um pit-stop du-rante as viagens de lazer ou profissio-nais. E os negócios à beira da estrada estão sempre de portas abertas. Apostar neste tipo de iniciativa exige coragem para enfrentar os prós e contras, bem como peculiaridades ligadas ao posicio-namento geográfico e a sazonalidade. Entretanto, para quem não tem medo de empreender, as dificuldades se trans-formam em oportunidades de crescer e alcançar o êxito em projetos ambienta-dos a quilômetros dos centros urbanos.

Próximo ao trecho de acesso a Ca-choeira do Sul, na BR-290, o Restau-rante Papagaio funciona junto ao Posto Muller. Tradicional na região, o estabe-lecimento é resultado da experiência de uma família que desde 1972 investe em pontos periféricos de rodovias. Clarice Schaeffer e Arthur Pedreiro conduzem

o restaurante, que hoje contabiliza 54 colaboradores. A clientela diversificada abrange pessoas que param com objetivo de fazer algum tipo de refeição, do café da manhã ao jantar. E aí está um dos segredos para obter êxito: disponibilizar uma gastronomia que supra as demandas do consumidor ávido por comer um sim-ples sanduíche ou algo mais elaborado. “Oferecemos um mix de produtos que soma cerca de 50 tipos de lanche. Além da variedade, primamos pela qualidade e limpeza do ambiente”, diz Clarice.

MoviMento constanteO vai e vem nas estradas é o aliado de

peso dos comerciantes que atuam fora do âmbito municipal. Clarice ressalta que o desembarque de passageiros de ônibus e carros de passeio que atravessam a malha viária da BR é o que gera receita no Papa-gaio. O tráfego constante, na opinião da empresária, seria a principal vantagem. Até porque o próprio Departamento Au-tônomo de Estradas de Rodagem (Daer)

A

sustento às margens das rodovias gaúchasOs negócios de estrada agregam ao momento da viagem uma parada agradável, em

ambientes com boa infraestrutura e produtos de qualidade. Por isso, empreender longe dos

centros urbanos requer energia e profissionalismo

determina que coletivos de longa distân-cia parem de 15 a 30 minutos em locais predeterminados para os seus ocupantes descansarem. “Estamos a duas horas de Porto Alegre e São Gabriel. Isso acaba tornado o nosso ponto estratégico.”

Jornada puxadaNem tão ao céu, nem tão ao inferno.

Se por um lado existe o bônus, por ou-tro há o ônus. Sem dúvida, movimento é bom para fazer o caixa tilintar. Con-tudo, no caso daqueles que optaram pe-las rodovias como reduto empresarial, a muvuca acontece, principalmente, nos finais de semana e feriadões. Dias de descanso substituídos por uma intensa jornada. “Período de veraneio, por exem-plo, é o mais puxado, especificamente nos sábados e domingos, em que o tra-balho aumenta”, conta Giovani Teretto, sócio-proprietário da Doces Maquiné, com duas unidades na RS-030 (km 87 e km 89), próximo a Osório, e outra na BR-101 (km 91,5). A empresa, com 45

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 35

anos de mercado, é especializada em artigos coloniais. Os pães, cucas, bolos, biscoitos e rapaduras são referência no Estado. Quem chega à loja não restringe as compras a lanches rápidos. O consu-midor da Maquiné não economiza e leva produtos a mais para o seu destino final. “O fato de produzirmos alimentos arte-sanais conquistou o público, que apro-veita para adquirir mercadorias caseiras, com um toque interiorano.” Segundo Teretto, a maior parte dos seus clientes vem das classes A e B, sendo 90% da Grande Porto Alegre. “O verão aquece o faturamento. Entretanto, posso afir-mar que todas as estações são lucrativas. Basta primar pela excelência e a rapidez das operações”, complementa.

equipe coMproMetidaLevar para o balcão colaboradores

comprometidos e com disponibilidade de tempo deve ser encarado como quesito vital na hora de realizar a seleção do cor-po funcional da empresa. Afinal, enfren-tar turnos que adentram a madrugada e fazer o deslocamento diário para fora da cidade requer profissionais que vistam a camiseta. “Geralmente recrutamos fun-

cionários que moram na região”, enfati-za Clóvis Luís Maurer, sócio da Casa das Cucas, empresa com duas lojas na RS-240, na altura da cidade de Portão.

O Restaurante Papagaio, em função dos três turnos, possui transporte próprio para facilitar o ir e vir dos integrantes da

equipe. “Ficamos a 30 quilômetros de Ca-choeira do Sul. Contratamos pessoas do município mesmo. Para viabilizar a logís-ticas, precisamos investir. É uma despesa complementar, mas necessária, já que mantemos as portas abertas 24 horas”, conclui Clarice Schaeffer.

Flores e espinhosComo qualquer negócio, aqueles estabelecidos na estrada apresentam pontos positivos

e negativos. Confira o que o Restaurante Papagaio, a Doces Maquiné e a Casa das

Cucas identificam como positivo e negativo deste tipo de empreitada.

Pontos a favor Grande fluxo de pessoas. Pode-se aproveitar o movimento de turistas e passageiros

tanto de ônibus quanto de carro de passeio

Clientes dispostos a gastar

Dá para aproveitar a exigência legal: os ônibus de longa distância precisam fazer uma

parada de no mínimo 15 minutos para o passageiro descansar e realizar um lanche

Em função do alto giro das mercadorias, o gestor não precisa se preocupar em

perder produtos por questão de prazo de validade

Pontos contra Trabalho direto nos finais de semana e feriadões, período em que há maior

movimento

Por estar longe dos centros urbanos, o risco de assaltos é maior e o acesso à Brigada

Militar mais difícil

Nem sempre é fácil dispor de infraestrutura como internet, em função dos locais

serem mais retirados e com dificuldades de conexão

Gasto com transporte de funcionários do centro urbano até a loja na estrada

Lúci

a Si

mon

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artõesC

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7036

dinheiro de plástico arregi-mentou brasileiros de diferentes seg-mentos sociais, figurando como um dos meios de pagamento mais interessantes para quem vende e compra. Com os

O

Cartões que levam a

bandeira da loja ou de

uma operadora de crédito

chegaram ao mercado

para ficar. Ávido por

formas facilitadas de

pagamento, o cliente

considera o dinheiro de

plástico um diferencial na

hora de decidir em qual

loja efetivar suas compras

diz sim ao private label O cOnsumidOr

Lúci

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mon

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olhos voltados a esse nicho lucrativo, empresas do Brasil apostam no chamado private label (puro ou híbrido) para con-quistar novos clientes. O mesmo pode ter uma bandeira genérica, como Visa e Mastercard, por exemplo, ou levar o nome da loja. O alcance de aplicação di-fere um do outro. Enquanto o primeiro funciona em todos os locais cobertos pela rede operadora, inclusive em âmbito in-ternacional, o segundo restringe o uso às aquisições realizadas junto ao varejo de-tentor da marca. A variante, neste caso, é mais uma questão de abrangência do que de funcionamento.

Segundo pesquisa da Partner Con-sultoria, atualmente uma população de 69 milhões de cartões peregrinam pelo país, movimentando cerca de R$ 17 bilhões por ano. As cifras revelam a força do pagamento eletrônico no território nacional. Sem dúvida é uma tendência que veio para ficar, conside-rada elemento catalisador da economia pelo fato de se sustentar no tripé con-veniência, segurança e facilidade de uso no ponto de venda – três valores percebidos por lojistas e consumidores. Fora isso, a grande vantagem do private label está na sua capacidade de exer-

cer o papel de agente de fidelização. Álvaro Musa, sócio-diretor da Partner Conhecimento, destaca que a adoção dessa estratégia possibilita ao comércio o domínio do cadastro de clientes, bem como viabilizar promoções, descontos e um tratamento especial à clientela. “O empreendedor tem a chance de conhe-cer melhor o seu público”, afirma.

A senhA, pOr fAvOrDepois de operar a transação eletrô-

nica, a senha é o indicativo de negócio fechado. E não são poucas as vezes em que a Quero-Quero coloca o seu siste-ma de TEF para funcionar. A empresa contabiliza resultados exitosos com a proposta de disponibilizar o cartão que carrega o seu nome. A companhia já possui uma carteira de clientes com quase 2 milhões de portadores da res-pectiva moeda, afiliando cerca de 30 mil lojistas à bandeira Verdecard. A adesão massiva evidencia a expressividade des-se recurso mercadológico contemporâ-neo, que representa aproximadamente 60% do volume de vendas efetivadas nas lojas da própria rede e mais da me-tade do montante de comercialização em outros pontos varejistas da concor-

Da caderneta ao cartãoO private label também exerce um papel de democratização do dinheiro de

plástico entre consumidores não bancarizados, sendo para muitos a primeira

oportunidade de colocar um cartão no bolso. O potencial deste tipo de crédito

no nicho popular cresce, inclusive preenchendo uma lacuna antes ocupada pelos

velhos carnês. Em 2010, os brasileiros pertencentes à base da pirâmide social

foram os que mais procuraram crédito, conforme estudo da Serasa Experian. Na

faixa de renda de até R$ 500, por exemplo, a demanda subiu 46,3%, e entre R$

500 a R$ 1 mil apresentou avanço de 15,7%. Percentuais que mostram a força

dos meios eletrônicos nesse braço importante do mercado de consumo.

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artõesC

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7038

rência. “Criamos um cartão completo, estendendo a sua aplicação de crédito para o consumo em supermercados, far-mácias, postos de combustíveis e con-fecções, entre outros”, observa Paulo de Tarso Pires de Moraes, diretor adjunto da Verde – Administradora de Cartões de Crédito, uma ramificação do grupo Quero Quero.

No balanço da Renner, o private label também implicou saldos ascen-dentes, fomentando os negócios. Só no terceiro trimestre de 2010, ele foi responsável por 57% das comercializa-ções da companhia, com um ticket mé-dio de R$ 125,67. “Além de fluir como um importante mecanismo para fide-lizar, ainda é a porta de entrada para negociações de serviços financeiros, como seguros, títulos de capitalização e empréstimos”, ressalta Adalberto

Santos, diretor administrativo, finan-ceiro e de Relações com Investidores da Lojas Renner.

pAsse O cArtãO, gAnhe quAlidAde

Os benefícios contabilizados pela Quero Quero e pela Renner vão ao encontro do que a conjuntura endos-sa: o consumidor anseia por condições facilitadas para pagar suas contas. Tal argumento elucida a preferência do brasileiro por empresas que apostam nessa iniciativa. O varejo gaúcho já se adaptou à febre do dinheiro de plástico no país quando a abertura do mercado de adquirência influenciou na expansão das bandeiras regionais. Entretanto, tá-ticas de financiamento e parcelamentos a longo prazo precisam acompanhar um bom atendimento e um mix de produ-

tos qualificado. Paulo de Tarso Pires de Moraes, da Verde, chama a atenção para a relevância de disponibilizar car-tões sem sacrificar a excelência do servi-ço: “O comprador quer ser bem tratado e contar com mercadorias que supram suas necessidades a preços competiti-vos, com acesso ao crédito”.

O futurO dO plásticOApesar da pulverização por todos

os lados, na opinião de especialistas do ramo, o futuro reserva menos varieda-des de bandeiras e mais portadores. Ma-rino Finger, diretor da Praticard, ban-deira do grupo Paquetá, acredita que os private ficarão mais restritos. “Hoje, para desenvolver um cartão próprio só convém se for um grande volume. Caso contrário, o retorno não compensa o in-vestimento”, afirma. O executivo avalia que, para pequenas e médias empresas, o ideal é aceitar aqueles que já circulam pelo país ou Estado. “Se houver muita concentração de cartões, o consumidor vai selecionar o de maior diferencial”, complementa Finger.

Por um lado, o private label é bom porque... Contribui com o processo de fidelização de clientes

Otimiza o momento de pagamento das compras

Oportuniza conhecer hábitos do público consumidor

É uma mola propulsora de vendas

É um meio de pagamento que diminui a inadimplência

Inclui aqueles clientes que não têm acesso ao cartão de crédito tradicional

... por outro...Requer um investimento alto no lançamento do cartão

A sua operacionalização gera custos (até 5% sobre extrato)

O lojista precisa formar uma equipe qualificada para a administração e

emissão de cartão

A empresa precisa organizar uma infraestrutura com equipamentos do

tipo PDV com Transferência Eletrônica de Fundos (TEF) e terminal com

internet ou intranet

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ivo Lo

jaS

quer

o-qu

ero

moraes: cartão de crédito para o consumo diário

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rabalhoT

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 39

Organização Internacional do Trabalho (OIT) pode ser encarada como uma voz a mais que ecoa em favor de uma agenda que “viabilize a continui-dade do processo de globalização através de um equilíbrio entre objetivos de efici-ência econômica e de equidade social”. Criada pela Conferência da Paz, após a Primeira Guerra Mundial, ela consiste em uma agência especializada da Orga-nização das Nações Unidas (ONU), cuja atribuição compreende a formulação de normas internacionais destinadas a orientar a política e a legislação dos esta-dos membros, incluindo o Brasil.

Sob os efeitos da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, no ano de 1944, a instituição adotou a Declaração da Filadélfia como anexo da sua Consti-tuição, que serviu de modelo para a Carta das Nações Unidas e para a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Bem mais tarde, em 1998, a OIT publicou um manifesto referente aos princípios e direitos fundamentais no trabalho, reafir-mando a obrigação dos seus membros em respeitá-los e torná-los realidade.

Governo e sociedade Todos os lados são ouvidos. A orga-

nização proporciona assistência técnica e serviços aos mandantes de sua estru-tura tripartite: governos, empresários e trabalhadores. Os empregadores parti-cipam por meio de seus representantes (nomeados de acordo com as entidades nacionais mais representativas) nas vá-rias reuniões realizadas com o fim de aprovar diferentes temas. Entre os prin-cipais fóruns, destaca-se a Confedera-ção Internacional do Trabalho. No res-pectivo encontro, cada país envia uma delegação constituída por membros do segmento governamental e da socieda-de civil, bem como os seus conselheiros. No Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) cuida da conformação deste grupo brasileiro, inscrevendo-o junto à OIT pelos meios oficiais.

Por aquiA instituição mantém represen-

tação no Brasil desde 1950. Por aqui, as ações focam quatro objetivos estra-tégicos, contando com o respaldo dos

a

uma aGendafocada na equidade social

demais escritórios, especialmente o re-gional (Lima) e o central (Genebra). O braço brasileiro da OIT oferece coope-ração técnica a iniciativas importantes, como o Plano Nacional para a Erradi-cação do Trabalho Escravo, Fome Zero, Primeiro Emprego e diversos projetos governamentais e não governamentais de erradicação e prevenção do traba-lho infantil, de combate à exploração se xual de menores e de promoção de igualdade de gênero e raça para a redu-ção da pobreza, entre outros.

Parte da ONU, a Organização Internacional do Trabalho abre espaço para que

representantes de governos, empregadores e trabalhadores participem em pé de igualdade

da sua estrutura. Há mais de 50 anos a instituição tem escritório no Brasil

Fonte: www.oit.org.br/inst/Fund/objetivos

objetivos estratégicos da oitPromover os princípios fundamentais e

direitos no trabalho através de um sistema

de supervisão e de aplicação de normas

Fomentar melhores oportunidades

de emprego e renda para mulheres e

homens em condições de livre escolha,

sem discriminação e com dignidade

Aumentar a abrangência e a eficácia da

proteção social

Fortalecer o tripartismo e o diálogo social

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escS

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7040

verão é um período que favo-rece a prática de esportes. Os dias mais longos e a temperatura mais amena con-vidam para uma partida de futebol, vôlei ou mesmo uma caminhada ao ar livre. E isso vale tanto para quem está de férias quanto para quem segue normalmente sua rotina de trabalho.

No entanto, exercitar-se regularmen-te deve ser regra para o ano todo, não importa a estação. Isso porque a prática de exercícios contribui não apenas para manter a saúde, mas como para o bem

estar geral, o que significa evitar altas doses de stress e cansaço. Para contra-por uma rotina cada vez agitada e, não raro, de intensa ansiedade, reservar um espaço para momentos de lazer, incluin-do o esporte, é essencial para manter o equilíbrio na vida profissional.

A coordenadora de saúde preventiva do Sesc-RS, Rosemary de Oliveira Pe-tkowicz, afirma que a maneira de orga-nização e logística de cada indivíduo é o primeiro passo para uma vida saudável; “Temos a tendência de permanecer na

O

O espOrteManter uma rotina saudável, que inclua a prática de exercícios e uma

alimentação equilibrada, pode ser a chave para colher bons resultados no ambiente

profissional, sem se render ao cansaço e estresse

inércia. Por isso, é bom começar devagar, com um plano de doses pequenas, para o corpo se acostumar à rotina”, explica.

Segundo Rosemary, depois de criar o hábito da prática de exercícios na rotina, fica mais fácil estar consciente sobre a importância dos mesmos para a saúde. A vantagem do verão é o fato de ele proporcionar mais motivação que nos meses de inverno, período que ge-ralmente desanima as pessoas em fun-ção das baixas temperaturas e, assim, fica mais difícil começar. A dica é en-carar a “rotina” de exercícios como um momento de lazer, algo que contribua para distrair o pensamento constante-mente ligado ao trabalho e ajude a pro-porcionar uma boa noite de sono. “Não adianta ir à academia, por exemplo, com preocupações na mente”, salienta Rosemary. Ainda assim, ela lembra que tem de haver um mínimo de disciplina. “O exercício precisa de dia e horário para acontecer, assim o indivíduo pro-tege esse horário também”.

como ferramenta de trabalho

Arqu

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esso

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Handebol de areia é uma das modalidades que integram o Circuito Verão Sesc de Esportes

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 41

Como forma de incentivar a prática de esportes, o Sesc-RS promove anual-mente o Circuito Verão Sesc de Esportes. A competição percorre o interior do Esta-do nos meses de janeiro e fevereiro, e a final acontece na Praia Grande, em Tor-res. Este ano, a última etapa está prevista para os dias 12 e 13 de março. Em 2010, mais de 2,6 mil atletas, representando 94 municípios do Rio Grande do Sul, parti-ciparam das finais do evento, que inclui modalidades como handebol de areia, vôlei de duplas, futebol de areia, futevô-lei e basquete de areia. A competição é considerada uma das mais tradicionais voltadas ao esporte amador praticado na areia no Estado.

AmAdOres prOfissiOnAis

As equipes que participam do Circui-to Verão Sesc de Esportes são compostas por trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, moradores de todas as regiões do Estado, além de veranistas que aproveitam as férias para praticar espor-tes. Não é necessário ser atleta profissio-

nal, basta apenas vontade de participar. Quem pode comprovar este fato foi Val-des Matos dos Santos, treinador da equi-pe Força Jovem, campeã na modalidade de futebol de areia masculino. “Procura-mos manter o incentivo da equipe através de amigos e familiares, que acompanham os jogos também. Não queremos apenas um time de futebol, mas sim, que cada in-divíduo retorne a sua rotina de trabalho descansado”, explica o treinador.

De acordo com Gerson Cabral, treinador da equipe de handebol femi-nino Clube Handebol Capão da Canoa

(CHCC), o incentivo ao esporte por parte de entidades como o Sesc é muito importante, e precisa ser prestigiado. “Incentivamos a participação de todos. A equipe é formada por atletas ama-dores, mas que treinam o ano todo”, comenta, lembrando que a procura de moradores e veranistas pelos benefícios do esporte tem aumentado considera-velmente. “As pessoas estão vendo que a atividade física faz bem, e a prática de exercícios é algo que promove o encon-tro entre amigos, o que tem valorizado muito o esporte”, salienta Cabral.

equipe Força Jovem, de Torres

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enacS

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7042

graduação em universida-des federais e públicas por muito tempo se destacou como a vedete das opções de quem buscava alavancar a carreira. Entretanto, nos últimos anos, os cursos técnicos conquistaram espaço e despon-taram como uma via alternativa para acelerar a entrada no mundo do traba-lho. O custo/benefício, somado à quali-

dade, atrai um público pulverizado com-posto por pessoas de diferentes idades e poder aquisitivo. O mercado agradece e contribui com inúmeras oportunidades.

Levantamentos mostram que a edu-cação profissionalizante caiu no gosto dos acadêmicos. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE), dentre os 6,5 milhões de estudantes que em 2007 ou anteriormente frequentaram cursos técnicos, a rede pública responde pela oferta de 42,4% dos mesmos. Parale-lamente, o setor privado atende por 44,9% e o Sistema S, por 12,2%. Desse total, 65% dos inquiridos trabalharam na área de formação, e 59,6% conside-ram o conteúdo programático funda-mental para a obtenção do emprego. Esta facilidade de colocação é ratificada pela coordenadora técnica do Núcleo de Educação Profissional do Senac-RS, Aline Felhane Pinto. Conforme a executiva, estudos da própria entidade

A

É o momentodas capacitações técnicas

mostraram que 84% dos seus egressos, após um ano de diploma na mão, con-seguiram se inserir no mercado. “A es-trutura curricular permite qualificações técnicas intermediárias reconhecidas pelas empresas”, explica.

Fôlego de sobraO percentual evidencia que não

há déficit na relação demanda/oferta. A valorização por parte dos emprega-dores garante este sucesso ascendente e chama a atenção inclusive daqueles que já possuem uma profissão conso-lidada. “Entre os educandos, há uma parcela que ainda cursa o ensino médio e outra que já concluiu, inclusive com formação universitária”, enfatiza Aline. Caso do porto-alegrense Arthur Pedrei-ra Vargas. Aos 52 anos, o engenheiro civil resolveu investir no Técnico em Transações Imobiliárias do Senac-RS e agregar outros conhecimentos às suas três décadas de experiência no ramo da engenharia. “Na verdade, o trabalho

A educação profissionalizante veio para ficar, ocupando uma posição alternativa para quem

busca qualificação. O Senac-RS acompanha esta tendência (já consolidada) com ofertas de

cursos técnicos em áreas de reconhecimento no mercado brasileiro

Arthur Vargas pretende atuar como investidor

Lúci

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 43

como corretor será esporádico. Preten-do, sim, atuar como investidor e, para entrar em um negócio, precisamos co-nhecer as regras”, ressalta.

O perfil de Vargas retrata o rumo que habilitações do gênero tomaram e, hoje, também figuram como um caminho complementar para aqueles que desejam incrementar o currículo. “Muitos dos nossos alunos estão bem colocados, mas confiam na excelência dos cursos e especializações técnicas e decidem por eles para voltar a estudar ou dar continuidade ao aprendizado acadêmico”, assinala Aline Pinto.

Projetos à vistaO acordar para a potencialidade

desta formação que une prática e teo-ria levou o próprio MEC a elaborar um projeto capaz de abrir mais possibilida-des neste campo. O respectivo plano de ação objetiva ampliar o tempo em sala de aula, acoplando o Ensino Técnico ao Médio. Tal iniciativa cumpriria o propó-sito de oferecer uma profissão a quem não chega à faculdade. O aluno, por sua vez, se ocuparia de ambas as atividades em turnos inversos. As duas modalidades poderiam ser cursadas no mesmo colégio ou em instituições diferentes. Além das escolas técnicas federais, a ideia é que 500 escolas do Sistema S (Senac, Sesc e Snai) participem da empreitada.

Qualidade em destaQueA proposta do MEC ainda não saiu

do papel. Mas o Senac-RS já está prepa-rado para contribuir com este processo de profissionalização. A tradição em dis-ponibilizar atividades de capacitação nos mais distintos segmentos torna a entidade

opções oferecidas no Senac-RSO Senac-RS está com inscrições abertas para 14 opções para técnicos nas áreas de

saúde, gestão, moda, comércio e informática (confira no quadro), em diferentes cidades

do Rio Grande do Sul. Para 2011, são esperados 2.000 novos alunos, em cursos com

uma metodologia que explora a prática e oportuniza a vivência e a problematização

de casos reais. Sempre à frente das tendências, o Senac-RS já dispõe da capacitação

de Transações Imobiliárias – EAD, primeiro técnico da modalidade a distância do Bra-

sil, bem como a especialização técnica em Petróleo e Gás no Senac Rio Grande. “Esta

era uma demanda daquela região, que detectamos por meio de pesquisas, pois se

trata de uma atividade econômica que cresce continuamente no país”, diz Aline Pinto.

Para fazer a inscrição, basta entrar em contato diretamente com a escola de interesse.

Mais detalhes sobre a programação de cursos no site www.senacrs.com.br/tecnicos.

Curso

Técnico em Comércio Exterior

Técnico em Transações Imobiliárias

Técnico em Transações Imobiliárias (EAD)

Técnico em Marketing

Técnico Administração

Técnico em Recursos Humanos

Técnico em Informática

Técnico em Produção de Moda

Especialização Técnica em Enfermagem

do Trabalho

Especialização Técnica em Petróleo e Gás

Técnico em Enfermagem

Técnico em Óptica

Técnico em Podologia

Técnico em Segurança do Trabalho

Técnico em Guia de Turismo

Escola do Senac-RS

Uruguaiana

Pelotas

Faculdade de Tecnologia Senac-RS

(Porto Alegre)

Lajeado

Camaquã, Erechim, Cachoeira do Sul,

Ijuí, Lajeado, Uruguaiana e Santa Maria

Bento Gonçalves

Ijuí e Santa Maria

Canoas

Rio Grande e unidade Passo D’Areia

(Porto Alegre)

Rio Grande

Unidade Passo D’Areia (Porto Alegre),

Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande,

Uruguaiana e Bagé

Unidade Passo D’Areia (Porto Alegre)

Unidade Passo D’Areia (Porto Alegre)

Rio Grande, Bagé e Gravataí

Faculdade de Tecnologia Senac-RS

(Porto Alegre, Bento Gonçalves,

Cachoeira do Sul, Lajeado e Pelotas

uma referência; palavra de quem a co-nhece de perto. “Concluo o Técnico em Transação Imobiliária no mês de março. Posso fazer um balanço positivo e afirmar

que a qualidade das aulas, da equipe de docentes e do conteúdo ministrado no Senac-RS é indiscutível”, afirma Arthur Pedreira Vargas.

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omportamentoC

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 7044

uscar a motivação é um exercí-cio constante para quem deseja trilhar um caminho de sucesso – tanto na vida profissional como na pessoal. No am-biente de trabalho, os segmentos mais diversos estão sendo submetidos aos efeitos colaterais de um fator comum: o estresse. O resultado são indíviduos pressionados pela ansiedade, o que difi-culta o momento de descanso e lazer.

A psicóloga e coordenadora de Re-cursos Humanos Andressa Giongo afirma que, dentro de uma empresa, o aspecto da liderança está vinculado à motivação que cada gerente tem com sua equipe. “É essencial ter um trabalho próximo com cada indivíduo, mostrar que a empresa está atenta a cada um, ao seu plano de carreira, por exemplo.” Manter um am-biente aberto, em que os colaboradores

B

A intensidade da rotina tem exigido cada vez mais dos profissionais a capacidade de manter

a motivação e a criatividade em alta. Por isso, é importante saber buscar alternativas que

contribuam para não se deixar abater, e uma delas é a ginástica para o cérebro

sintam que há espaço para o diálogo, é um desafio constante. “Proporcionar às pessoas a chance de serem elas mesmas e terem um ambiente flexível torna o tra-balho menos ‘doloroso’ e com mais aspec-to de diversão”, salienta a psicóloga.

No entanto, Andressa alerta: esta é uma via de mão dupla. Ao mesmo tem-po em que gerentes e coordenadores de-vem mostrar cuidado e atenção, também parte do colaborador expressar franqueza e transparência. “São ingredientes essen-ciais”, enfatiza. Isso significa que é impor-tante buscar oportunidades em empresas ou organizações que tenham a ver com o perfil de cada um, no intuito de facilitar as atividades que irão compor a rotina desse ambiente. “Em uma entrevista, não só a empresa tem que saber se aquele candi-dato tem a ver com os valores da institui-ção, como também o próprio indivíduo tem que se identificar com a proposta. Desta forma, fica mais fácil fazer com que ele se sinta em casa.”

a exercitar a menteAprendendo

Academia cerebral ensina crianças e adultos a exercitar a mente

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 45

grau de dificuldade contínuo”, explica o diretor-presidente. A ginástica cerebral pode ser praticada por todas as faixas etárias: desde crianças de 4 anos até a terceira idade. Segundo Perpétuo, a pro-cura pelo exercício se dá por diferentes motivos: “Os pais buscam para as crian-ças obterem melhor concentração e de-senvolvimento escolar. Adolescentes, na época do vestibular, procuram para ter mais disciplina e agilidade de raciocínio. Adultos, para ter mais liderança e para concursos; e a terceira idade, para pre-venir doenças típicas da idade e melho-rar a autoestima”, comenta.

O curso tem duração de 18 meses, mas cada aluno tem um tempo diferente. Os exercícios incluem neuróbica – ae-róbica para o cérebro –, ábaco, que en-sina como efetuar cálculos matemáticos utilizando apenas a mente, dinâmicas em grupo e jogos, entre outros. “É como desenvolver os músculos dos atletas para todas as competições futuras. É fortalecer o cérebro para que tenha maior veloci-dade e capacidade de aprendizado, tanto em matérias que exijam raciocínio lógico quanto nas que exijam memorização”, ressalta o diretor-presidente.

Como forma de manter a motiva-ção e o bem-estar tanto em horário de trabalho quanto nos momentos de lazer, Andressa recomenda uma alimentação equilibrada e a busca por atividades que proporcionem a diversão. Além disso, um ingrediente importante: a busca pelo autoconhecimento. “Seja através de te-rapia, leituras, ou também de atividades esportivas, qualquer forma de autoco-nhecimento contribui para o crescimen-to como profissional”, ressalta.

Entre as alternativas de terapia, exis-te uma modalidade que vem crescendo em diferentes regiões do país: a ginástica cerebral. Assim como todos os outros, o cérebro também é um órgão que precisa de estímulos para que possa continuar respondendo às demandas de cada pes-soa. O Supera – Ginástica para o cérebro é a primeira escola de curso livre da América Latina com a proposta de de-senvolver o cérebro. Fundada em 2005

pelo engenheiro aeronáutico Antonio Carlos Guarini Perpétuo, o Supera – que conta hoje com 45 unidades no país, porém ainda não chegou ao RS – possui metodologia própria, que trabalha com a inteligência cognitiva. “Já se comprovou que, com o desenvolvimento da Neuro-ciência, para se estimular o cérebro é ne-cessário tirá-lo da zona de conforto com três práticas: novidades, variedade e

Confira algumas dicas do diretor-presidente do Supera, Antonio Carlos Guarini

Perpétuo, para exercitar o cérebro:

“Fazer palavras cruzadas, ler e mudar a rotina. Um exemplo de neuróbica que

qualquer um pode fazer é mudar o relógio do pulso em que costuma usar para

o outro, alternar o caminho que faz para o trabalho. Desta forma, você sai do

‘piloto automático’ e faz com que seu cérebro exercite estimulando a formação

de novas redes de neurônios. Já se sabe que a exigência por profissionais

hoje não é somente por aqueles que têm diploma e vários cursos, e sim, por

aqueles que conseguem dominar sua inteligência da melhor maneira possível

para solucionar problemas, ver as melhores soluções, se adequar às diferentes

situações e ter qualidade de vida e bem-estar.”

lúciA Simon

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Marcelo PortugalConsultor econômico da Fecomércio-RS

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Um das realizações mais divulgadas duran-te o governo Yeda foi o ajuste das contas públi-cas estaduais. Depois de cerca de 30 anos com déficits públicos crônicos, a ex-governadora conseguiu eliminar o déficit público estadual a partir do seu segundo ano de mandato.

Depois da mudança de comando no Es-tado, esse ajuste fiscal começou a ser ques-tionado publicamente pelo novo governo. O argumento central é de que há um déficit de R$ 4,6 bilhões no caixa único do RS. Segun-do essa linha de raciocínio, o déficit zero não seria uma realidade.

Para que o importante debate sobre as fi-nanças públicas estaduais avance, é preciso ficar atento à realidade dos fatos e deixar a dis-puta política em segundo plano. Em primeiro lugar, é importante diferenciar fluxos de esto-ques. Em segundo, cabe lembrar que, embora distintos, fluxos e estoques são relacionados. O estoque é apenas o resultado da variação dos fluxos. No caso das finanças públicas, o esto-que de dívida pública aumenta ou diminui de-pendendo do fluxo das contas públicas.

Durante o governo Yeda, o déficit público foi efetivamente zerado a partir de 2008. Isso implica que não houve necessidade adicional de elevar o endividamento público, mas o ta-

manho da dívida pública não foi reduzido. Uma redução de dívida só poderia ser atingida com a obtenção de superávits fiscais. Em seu primeiro ano de mandato, a ex-governadora continuou a se endividar junto ao caixa único para cobrir o déficit público. Ela assumiu com um déficit de R$ 3,2 bilhões no caixa único e elevou esse saldo para R$ 4,6 bi. Nos três anos seguintes o saldo do caixa único ficou constante.

Esse foi um passo importante na adminis-tração das finanças públicas estaduais, mas foi apenas o primeiro. O Estado ainda deve R$ 4,6 bilhões no caixa único e outros R$ 40 bi oriundos do resíduo da renegociação da dívi-da estadual realizada em 1995 com a União. Há ainda a dívida representada pelo nosso passivo previdenciário, que terá de ser paga por muitos anos.

O saneamento das finanças públicas gaú-chas será um trabalho de vários governos e en-volve ajustes de fluxos e estoques. Ele avançou muito no governo Yeda com a obtenção do dé-ficit zero, pois a dívida no caixa único parou de crescer. Que essa conquista seja mantida e am-pliada pelo governo atual e todos aqueles que o sucederem. O próximo passo nesse processo de melhoria da situação das finanças públicas esta-duais é a contenção do passivo previdenciário.

F inanças públicas equilibradas: mito ou realidade

“O saneamento das finanças públicas gaúchas será um trabalho de vários

governos e envolve ajustes de fluxos e estoques.”

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lossárioG

Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 47

a lista dos estrangeirismos que compõem o dicionário empresarial, o termo stakeholder chama a atenção pelo seu significado: quer dizer “a parte inte-ressada”. Isso significa que o stakeholder pode existir na figura de um indivíduo, grupo ou entidade com interesse nas ações e no desempenho de uma deter-minada empresa, na qual as decisões e atuações possam comprometer direta ou indiretamente essa ou outras esferas organizacionais. De modo geral, o gru-po de stakeholders de uma corporação inclui colaboradores, gestores, proprie-tários, fornecedores, clientes, credores, governo, sindicatos e diversas outras pessoas ou instituições que se relacio-nam com a empresa.

Para que um empreendimento ob-tenha sucesso é indispensável a par-ticipação das “partes preocupadas” e,

por isso, torna-se importante assegurar que as expectativas e necessidades das mesmas sejam consideradas e entendi-das pelos gestores. Essas perspectivas geralmente envolvem a satisfação de necessidades, compensação financeira e conduta ética, pois cada integrante ou grupo representa um tipo de inte-resse no processo. Os stakeholders têm desvelo legítimo no funcionamento da empresa pelos mais variados motivos. Cada domínio defenderá seus interesses a partir das ações que cada empresa de-sempenha, como, por exemplo, membros de sindicatos que defendem o interesse de uma determinada classe ou ONGs ambientais na luta pelo uso de recursos naturais adequados, entre outros.

As empresas devem estar conscien-tes de que, atualmente, a velocidade dos meios de comunicação contribui

N

PreocuPação

para que esses “preocupados” monito-rem as atitudes das empresas e assim possam fazer reivindicações.

O termo stakeholders ainda inclui diversas classificações. Para citar al-gumas, os “adormecidos” têm poder para impor sua vontade na organiza-ção, porém não possuem legitimidade ou urgência e assim seu poder fica em desuso, tendo ele pouca ou nenhuma interação com a empresa. Os “depen-dentes” são aqueles que possuem ale-gações com urgência e legitimidade, no entanto dependem do poder de outro stakeholder para verem suas reivindica-ções sendo levadas em consideração. Há também o “dominante”, que tem sua influência na empresa assegurada pelo poder e pela legitimidade, e por isso não só espera como recebe muita atenção da empresa.

O futuro de uma empresa depende muito do envolvimento e interesse de seus

integrantes. É aí que entram em cena os stakeholders, expressão que representa os

integrantes preocupados com as ações que definem o rumo de uma corporação

eficiente (e diversificada)

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Rodrigo GiacometCientista político do Sistema Fecomércio-RS

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A primeira tarefa de um novo governan-te é garantir a impressão de uma marca, na forma de um plano de ação ou programa, que mostre a determinação de um governo em perseguir um certo objetivo, pelo qual espera alcançar e ser reconhecido. Foi assim com a estabilidade monetária em FHC, com o combate à pobreza no primeiro governo Lula, ou com a busca do equilíbrio finan-ceiro das contas gaúchas, apenas para citar exemplos recentes.

Mas, observando as entrelinhas do pro-cesso que compreende o período de transi-ção, de montagem do novo governo e seus primeiros atos percebemos qual é o seu ver-dadeiro modus operandi, ou, em outras pala-vras, seu modelo de gestão. E nesse ponto, ao início dos novos governos, podemos es-tabelecer parâmetros que ajudam a melhor compreendê-los.

No cenário nacional, Dilma Roussef di-minuiu expressivamente as aparições públi-cas presidenciais a que estavam acostumados os brasileiros, e que transformavam o noti-ciário em campanha permanente. A nova presidente demonstra ocupar seu tempo com reuniões ministeriais, decisões gerenciais, e privilegia aparições de ordem técnica, não política. Diga-se de passagem, acerta quan-do procura fazer de sua principal diferença,

com relação a Lula, um ponto positivo e uma marca pessoal.

O governador Tarso Genro, que, diferen-temente de Dilma, não está continuando uma gestão, também já impôs seu estilo. Atento às características peculiares da política gaúcha, que exigem esforço extra para composições, montou um secretariado de perfil predomi-nantemente político, baseado na coalizão que se formou na Assembleia, e, ao exemplo de Lula, promoveu a criação de um conselho auxiliar para a tomada de decisão. Convidou integrantes do governo antecessor para a inauguração de obras já iniciadas, e dialoga com a oposição. Seus atos demonstram dis-tanciamento de disputas políticas habituais, e um modelo de gestão compartilhada de de-cisões e responsabilidades.

Isso se torna possível devido ao fato de que os dois modelos possuem alto grau de confiança na reeleição. Ambos contam com o crescimento econômico projetado para o país nos próximos anos, que elevará a renda dos brasileiros e reforçará os cofres públicos. Somando-se a esses fatos a inoperância das oposições, é possível afirmar que as condições de governabilidade são ótimas nos dois casos. Um cenário de oportunidades, não só para os eleitos, mas também para setores que deman-dam a formulação de políticas públicas.

P rimeiras impressões

“Ao início dos novos governos, podemos estabelecer parâmetros que

ajudam a melhor compreendê-los.”

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Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 49

Mais Menos&

Menos despesasA prefeitura de Porto Alegre economizou

na compra de materiais e

contratação de serviços com a realização

de pregão eletrônico

Falências eM recuoAs micro e pequenas empresas foram

as que apresentaram o maior

recuo de falências em 2010, na relação

com 2009, contabilizando

decretos, segundo a Serasa Experian

653

o varejo na FrenteO comércio varejista foi o

que mais abriu vagas com

carteira assinada até novembro

de 2010, com a geração de

aproximadamente

novos postos, de acordo com o

Cadastro Geral de Empregados e

Desempregados (Caged)

AltA

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A/St

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GraMado eM altaA Secretaria de Turismo de

Gramado divulgou que a cidade

gaúcha recebeu

de visitantes no ano passado –

aumento de 12% em relação a 2009

–, sendo 400 mil só em dezembro

3,4 milhões

R$ 31 milhões

natal online

em vendas de bens de consumo foi o

que o e-commerce brasileiro faturou entre

15 de novembro e 24 de dezembro, de

acordo com a empresa E-bit

R$ 2,2 bilhões

leon

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trel

iAev

o leão sorriuEm 2010, a Receita Federal arrecadou

valor que figura como um novo

recorde histórico de recolhimento de

impostos e contribuições

R$ 90 bilhões,âniMo econôMicoO FGTS injetou na economia do país

entre janeiro e novembro de 2010,

conforme dados do Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE)

R$ 74,64 bilhões,

aposta MasculinaNo ano passado, os homens foram

a maioria dos investidores na

Bovespa, com

do total, ou 460 mil, e o Rio

Grande do Sul foi a quarta região

do Brasil a concentrar aplicadores

US$ 228 bilhões,

Bilhões eM exportaçõesO Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio

Exterior (MDIC) anunciou a meta das

exportações para 2011:

uma previsão 13% acima do valor

alcançado no ano passado

5 bilhões

Fora de cenaA iniciativa Saco é um saco, do Ministério

do Meio Ambiente, soma resultados

positivos, influenciando para que

de sacolas saíssem de cena em um ano e

meio de campanha

75%

kAMil drAtwA/Stock.xchng412 mil

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Renato Romeo Sócio-Diretor da SaleSolution e autor do livro Vendas B2B: Como negociar e vender em mercados complexos e competitivos

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Há uns 12 anos, quando abri minha empre-sa, meu irmão, que trabalhou na controladoria de grandes empresas multinacionais, me deu de presente um livro-caixa, dizendo que era para que eu controlasse as despesas e receitas da empresa. Peguei o livro, coloquei-o de lado e respondi que não iria precisar dele: se eu ti-vesse clientes, teria lucros.

Obviamente, esta é uma postura sim-plista, mas a falta de uma visão voltada a resultados se traduz no fracasso de muitos empreendimentos. Se olharmos para trás, veremos que as teorias e práticas adminis-trativas já circundaram por várias esferas, indo da qualidade ao custo e passando di-versas vezes pelo mar keting. Entretanto, a área de vendas sempre foi deixada em se-gundo plano, pensamento respaldado por mitos tais como “vender é um dom natu-ral”, “é função apenas da experiência” ou, no caso do Brasil, depende da ginga e da capacidade de improvisação.

Não concordo com isso, e em todos esses anos que venho ajudando organizações a te-rem um melhor desempenho em vendas, te-nho provado que vendas pode ser visto como um processo, trazendo aumentos de resulta-dos pela correção de problemas comuns que ocorrem diariamente nas empresas: descon-tos concedidos desnecessariamente, falta de proatividade na prospecção de novos

negócios, inabilidades no gerenciamento de clientes-chave, ciclos de vendas longos de-mais, entre outros.

Se pensarmos no aumento de lucro de uma empresa meramente pela redução dos custos, logo percebemos que o espaço para a melhoria é finito, dado que, no limite, a empresa de custo zero não existe. Contudo, quando olhamos para o componente de re-ceitas da equação de lucros, percebemos que a estrada para a lucratividade é bem maior e os investimentos feitos neste sentido geram retornos quase que imediatos.

Note que a receita de uma organização depende de algumas variáveis básicas: tama-nho de cada oportunidade de vendas, taxa de sucesso no fechamento destes negócios, número de oportunidades sendo trabalha-das, taxa e frequência de descontos conce-didos e também a duração do ciclo de cada venda. Se apenas as três primeiras variáveis melhorarem, digamos, em 10%, teremos um aumento mínimo de até 33% nas receitas. Parece simples, e é.

Se um empreendedor tem um excelente produto, mas não tem clientes, não há em-presa. Porém, se alguém tem apenas uma ideia, mas há clientes que apostam nela, te-remos aí uma empresa! Pense nisso e olhe com carinho os investimentos feitos na for-ma que sua empresa vende.

S em vendas não há empresa

“A falta de uma visão voltada a resultados se traduz no fracasso de

muitos empreendimentos.”

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