em foco 24 - 2° semestre de 2012

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Ano VII 24 Jornal-laboratório do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. Alunas da Rio Branco participam de projeto e conhecem a Região Amazônica. Oferecido pela Oboré desde 2007, o projeto é um complemento ao curso universitário e proporciona experiências novas a alunos de jornalismo. Casa oferece abrigo para cerca de 17 crianças, de dois a dezessete anos. O Canadá é escolhido por 90% dos brasileiros como destino para estudos. Em Tempo Copa do Mundo chega em dois anos, com bons e maus motivos para comemorar. Vivenciando a profissão Esportes Entorno Cultura PÁGINA 5 PÁGINA 11 PÁGINA 12 PÁGINA 6 Corinthians no mundial PÁGINA 3 Intercâmbio Foto Arquivo LancePress! Após vencer a Libertadores, time busca o segundo título mundial Dificuldade em abrigos para crianças Infraestrutura x Benefícios

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O jornal Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. Nesta edição: Corinthians no Mundial de Clubes, Projeto Repórter do Futuro, Centro de Acolhida Boracea, intercâmbio no Canadá, entre outros temas.

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Page 1: Em Foco 24 - 2° semestre de 2012

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Alunas da Rio Branco participam de projeto e conhecem a Região Amazônica. Oferecido pela Oboré desde 2007, o projeto é um complemento ao curso universitário e proporciona experiências novas a alunos de jornalismo.

Casa oferece abrigo para cerca de 17 crianças, de dois a dezessete anos.

O Canadá é escolhido por 90% dos brasileiros como destino para estudos.

Em Tempo

Copa do Mundo chega em dois anos, com bons e maus motivos para comemorar.

Vivenciando a profissão

EsportesEntorno

Cultura

PÁGINA 5 PÁGINA 11

PÁGINA 12

PÁGINA 6

Corinthians no mundialPÁGINA 3

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Após vencer a Libertadores, time busca o segundo título mundial

Dificuldade em abrigos para crianças Infraestrutura x Benefícios

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Novembro de 201202 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brOpinião

Começarei este ensaio com algumas perguntas simples. Olhando para os dois grupos

de figuras abaixo, você consegue iden-tificá-las? A que se referem? Qual lhe agrada mais?

Não importa o quanto tenhamos progredido, está tudo por ser feito. Cada vez que o homem amplia a consciên-cia de si mesmo, e do universo em que se encontra inserido, o infinito se torna mais abrangente e indecifrável. A antro-pologia afirma que houve um tempo em que, por nossas crenças, sentávamo-nos ao redor de fogueiras, com a sensação de que as estrelas fixas, ali se postavam, para nos guiar e a noite iluminar.

Cientes dessa expansão irrefreá-vel da consciência, a coordenação do curso de Sistemas de Informação das Faculdades Integradas Rio Branco tomou uma iniciativa ousada e ino-vadora, ao incluir conteúdos para o

desenvolvimento da criatividade no currículo da graduação.

Pergunta: Seria necessário? - O cur-so de S.I. está entre os melhores do país.

Resposta: Necessário e, por enquan-to, suficiente. A ideia parte de uma es-tratégia cumprida em duas etapas:

1) Quais são as medidas necessá-rias para se chegar às primeiras posi-ções do ranking?

2) Como se manter no topo?

Graciliano Ramos nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 1892 e faleceu no Rio de Janei-ro, em 1953. Além de escritor, foi professor e

Inspetor Federal do Ensino Secundário, trabalhou no comércio e exerceu cargos públicos (Prefeito de Pal-meira dos Índios e Diretor da Imprensa Oficial, em Alagoas). Foi preso político entre 1936 e 1937. Foi eleito duas vezes presidente da Associação Brasileira de Escritores (1951-1952).

Pouco antes de Graciliano nascer, houve a Aboli-ção da Escravatura (1888) e a Proclamação da Re-pública (1889), no Brasil. Durante a vida do escritor, ocorreram as duas grandes guerras mundiais (1914-18 e 1939-45). Em 1930, no Brasil, ocorreu a tomada do poder por Getúlio Vargas que culminaria com a implantação do Estado Novo.

Durante sua infância e juventude, Graciliano tran-sita entre cidades de Alagoas (Quebrângulo, Viçosa, Palmeira dos Índios) e Pernambuco (Buíque), fixando--se no Rio de Janeiro em 1937. Em 1952, faz uma viagem internacional à União Soviética e à Tchecos-lováquia (assim denominadas na época). Todos esses fatos e espaços afetam a obra de Graciliano Ramos.

As obras do autor: Caetés 1933, São Bernardo 1934, Angústia (escrito enquanto foi preso político) 1936, A terra dos meninos pelados (infantil) 1937, Vidas Secas 1938, Histórias de Alexandre (infanto-ju-

venil) 1944, Infância 1945, Insônia 1947, Memórias do cárcere (sobre sua prisão) 1953*, Viagem 1954*, Linhas tortas 1962*, Viventes das Alagoas, Alexandre e outros heróis, Vidas secas, dir. Nelson Pereira dos Santos 1963**, São Bernardo, dir. Leon Hirzsman 1973**, Memórias do cárcere, dir. Nelson Pereira dos Santos 1984 **. (* Publicações póstumas, ** Filmes sobre sua obra).

A literatura de Graciliano Ramos é comumente tratada como regionalista, mas em função de sua composição e tratamento temático, o escri-tor escapa desta classificação engessada. Os gêneros são di-versos, como crônicas, contos, romances, memórias e literatura infantil. As personagens estão situadas principalmente no ce-nário nordestino, o que poderia lhes dar um caráter apenas regional. No entanto, tais personagens encarnam sentimentos e sofrimentos humanos, de qualquer tempo, em sua essência mais nobre ou mais vil, o que as torna universais.

Em São Bernardo, Paulo Honório é arrogante, repre-sentante do autoritarismo, em ato de escrever solitário. Com Luís da Silva, em Angústia, traição e ciúmes emer-gem dolorosamente. A expressão infantil e o preconceito

aparecem em contos de Insônia e de Alexandre e outros heróis. Infância, Memórias do cárcere e Linhas tortas re-velam Graciliano-pessoa em harmonia com Graciliano--escritor. O uso da metalinguagem, como mecanismo de domínio do fazer literário, nos permite acompanhar o afã de viver e de escrever.

Vidas Secas é um painel de seres, lugares e fatos do nordeste brasileiro. Cada membro da família de reti-rantes nordestinos parece ter sua história independen-

te, pois cada um tem seu próprio capítulo. No entanto, as vidas de Fabiano, Sinhá Vitória, O menino mais novo, O menino mais velho e a cachorra Baleia estão amarradas umas às outras pelos acontecimen-tos que afetam o grupo: Mudança, Cadeia, Inverno, Festa, Contas, O soldado amarelo, O mundo cober-to de penas e Fuga.

Em sua obra, a carga emocional, decorrente do con-fronto direto com a realidade, remete à reflexão sobre valores de todos nós, e as edições em alemão, espanhol, inglês, italiano, francês e outras línguas só confirmam a universalidade da prosa ímpar de Graciliano Ramos.

Rosana Weg é Professora Doutora

das Faculdades Integradas Rio Branco

Faculdades Integradas Rio BrancoEndereço: Av. José Maria de Faria, 111 – Lapa São Paulo - SP - Cep 05038-190www.riobrancofac.edu.brAgência de Jornalismo - Fone: (11) 3879 5373

Diretor Geral: Profº Dr. Edman AlthemanCoordenadora do Curso de Jornalismo: Profª Patrícia Moreira RangelOrientação: Profº Dario Luis Borelli e Profª Patrícia Ceolin

Estagiário de Jornalismo: Égon Ferreira RodriguesEstagiária de Design: Carolina Izabel da Silva

Jornal Rio Branco Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, das Faculdades Integradas Rio Branco.

Aniversário do escritor Graciliano Ramos Rosana Morais Weg

“Em sua obra, a carga emocional [...]

remete à reflexão sobre valores de todos nós [...]”

Eu escolhi isto por prazerDenis Mandarino

Expediente

Foi-se o tempo em que um atleta vencedor permanecia no mais alto de-grau, sem alterar o seu treinamento, sua dieta, suas estratégias de compe-tição e aprimorar os seus golpes táti-cos. Os líderes são copiados, tomados como modelos, e, em pouco tempo, alcançados e superados pelos concor-rentes. O que mantém um produto ou um serviço na vanguarda, é o compro-misso com a mudança.

É óbvio que não há sentido em mu-dar por mudar. Dentre as dinâmicas e exercícios em sala de aula, adotadas desde 2010, as turmas de S. I. têm es-tudado a necessidade da inovação, as metodologias desenvolvidas por vultos notoriamente criativos, a teoria da be-leza, a incorporação do entretenimento em produtos e serviços, a ergonomia como elemento intuitivo de aproxi-mação do usuário, casos onde houve quebra de paradigma, a psicodinâmica do prazer, entre outras atividades que raramente são observáveis em cursos predominantemente cognitivistas.

Como motivação, os alunos são es-timulados a ver que o mundo de hoje deixará de existir, e que eles poderão ser os responsáveis por parte dessas trans-

formações. Sobre as perguntas iniciais, o que você concluiu sobre aquelas figuras geométricas? Vale salientar que o retân-gulo cinza menor, é um retângulo áureo , forma muito presente nas estruturas na-turais e criações humanas, tido com uma relação de proporção que nos remete à beleza. A figura 1 mostra uma criativa correlação entre a divisão áurea e o iPho-ne 4, na figura 2 vemos a transmutação geométrica ocorrida para o produto sub-sequente, o iPhone 5. Que um produto tem de ser eficiente, durável, confiável etc., isso todo mundo já sabe e as empre-sas investem nisso; o prazer, por sua vez, é o grande diferencial.

Nota humorística do autor: Embora eu não seja um usuário do iPhone, esse tipo de produto deve ser tão bom, que rapi-damente o mercado entrou em polvoroso atrás da nova tendência, e os usuários se tornaram verdadeiros viciados por esse tipo de dispositivo móvel. Não cabe a este ensaio avaliar até que ponto o vício foi citado de forma poética ou pejorativa.

Denis Mandarino é músico

(compositor e intérprete), e Professor

das Faculdades Integradas Rio Branco

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2° Semestre de 2012 03NÚMERO 24

Em Tempo

Vivenciando a profissão de jornalista na Amazônia

Alunas da Rio Branco participam de projeto e conhecem a Região AmazônicaMarjorie Niele e Yahell Luci Lima

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A Oboré Projetos Especiais Comunicações e Artes, em parceria com a Associação

Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Instituto de Estudos Avan-çados (IEA) da USP, oferece desde 2007 o curso de complementação universitá-ria “Descobrir a Amazônia, Descobrir--se Repórter”, para estudantes de jor-nalismo. O curso é um dos módulos do Projeto Repórter do Futuro e, além de ser uma ótima oportunidade de viven-ciar a profissão de jornalista de uma maneira mais próxima à realidade, con-ta com uma viagem para a Amazônia com o apoio do Exército Brasileiro.

Nós, Marjorie Niele e Yahell Luci Lima, alunas de jornalismo das Faculda-des Integradas Rio Branco, participamos do curso e viajamos para a Amazônia, respectivamente, nos anos de 2010 e 2012.

O processo de seleção para o curso neste ano de 2012 contou com aproxi-madamente 200 candidatos, dos quais 25 foram selecionados. Os alunos apro-vados passaram três meses, de abril a junho, tendo aulas todas as manhãs de sábado com especialistas em diferentes temas sobre a Amazônia, seguidas por entrevistas coletivas feitas pelos próprios alunos. Nessas palestras, tivemos a opor-tunidade de ouvir antropólogos, arqueó-logos, ambientalistas, entre outros.

Depois de todas as palestras, precisá-vamos escrever um texto e enviá-lo por e-mail a Oboré. Para produzir o texto, éramos orientados a não fazer uma des-

crição sobre as palestras, mas sim esco-lher um dos temas abordados durante a reunião e desenvolver uma matéria mais ampla sobre ele, com apuração das in-formações transmitidas pelos palestran-tes e pesquisa de dados que pudessem enriquecer os textos.

Outro requisito do curso era fazer pelo menos uma orientação sobre os textos que escrevemos com o coordena-dor do módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”, Pedro Ortiz, ou com um dos dois coordenadores dos outros cursos do Repórter do Futuro, Milton Bellintani e João Paulo Charle-aux. Nas orientações, os experientes jor-nalistas apontavam os pontos fortes dos nossos textos e, principalmente, aqueles que precisavam ser melhorados.

A última exigência do curso era que publicássemos ao menos um dos textos desenvolvidos durante o projeto em um veículo noticioso (site, jornal, revista, en-tre outros) com corpo editorial próprio e que não fosse atrelado à faculdade.

Os alunos que cumprissem esses re-quisitos estariam aptos a concorrer à viagem para a Amazônia. Dos 25 alu-nos do curso do ano de 2012, 20 fo-ram escolhidos para conhecer a região amazônica. No ano de 2010, foram apenas 14 selecionados.

A viagem de 2012 aconteceu entre os dias 23 e 27 de julho e foi proporcio-nada pelo Exército Brasileiro por meio de um projeto do Centro de Comunica-ção Social do Exército chamado “For-

madores de Opinião”. Pelo que obser-vamos, o Exército mantém esse projeto com o objetivo de divulgar o trabalho de proteção das fronteiras amazônicas e de combate a problemas como o des-matamento, o garimpo ilegal e o tráfico de drogas na região.

Outra questão que ficou evidente durante a viagem é a precariedade da atuação do Governo Federal na região de fronteira, o que implica ao exército a função de atender a demandas mé-dicas e até alimentares das populações que vivem em regiões afastadas dos centros comerciais.

Durante a viagem ficamos dois dias em Manaus, hospedadas em um hotel civil, e três dias em Tabatinga (cerca de duas horas de voo de Manaus), na fron-teira com a Colômbia e a Venezuela, onde ficamos no Hotel de Trânsito dos Oficiais do Exército. A experiência foi única, viajamos no avião da Força Aérea Brasileira (FAB), participamos de pales-tras de autoridades do Exército, conhe-cemos uma comunidade indígena, nave-gamos pelo Rio Negro, passeamos em um helicóptero de combate do Exército (ao qual há apenas quatro iguais no Bra-sil), praticamos tiro ao alvo com alguns militares que participaram da Operação Curare, tivemos orientação de sobrevi-vência na selva – com direito a degustar diversas frutas da região, dormir uma noite na floresta, bem como ver de perto cobras e outros animais – conhecemos o centro da cidade de Letícia, na Colôm-bia, entre outras atividades.

Mas nem tudo foi diversão. Duran-te a viagem todos os alunos precisaram escrever um texto sobre o nosso coti-diano para o site do projeto Repórter do Futuro (http://www.reporterdo-futuro.com.br), e também estávamos preocupados em coletar informações e fontes para as matérias que preten-díamos escrever posteriormente sobre alguns temas que foram abordados na Amazônia. Assim sendo, estávamos sempre com nossos bloquinhos e gra-vadores à mão.

Depois do curso da Oboré, tivemos ganhos importantes para o exercício da profissão. O primeiro deles foi os contatos que fizemos com os especia-listas e jornalistas experientes da Obo-ré e com alunos de jornalismo de ou-tras faculdades, que, em pouco tempo, estarão no mercado de trabalho conos-co. Além disso, tivemos ótimas orien-tações sobre como aprimorar nossos textos e participamos da cobertura oficial do 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, oportunidade exclusiva para alunos que participam dos cursos da Oboré.

Enfim, isso foi um pouquinho do que vivenciamos durante o curso da Obo-ré. Fica a dica para todos os alunos que também quiserem participar do Projeto Repórter do Futuro, que, além do mó-dulo sobre a Amazônia, também possui os módulos “Descobrir São Paulo, Des-cobrir-se Repórter” e “Jornalismo em Situação de Conflito Armado e Outras Situações de Violência”.

25 alunos foram selecionados para passar três meses na Amazônia

Cristiane Paião – aluna da Faculdade Cásper Líbero“Essa viagem, sem dúvida alguma, foi repleta de emoções e foi também a realização de mais que um sonho, um objetivo”.

Bárbara Gomes – aluna da FIAM(Faculdades Integradas Alcântara Machado)

“Se eu conseguisse explicar juro que faria, mas os sentimentos foram tão profundos e a riqueza de conhecimento tão marcante que palavras me faltam”.

Olívia Freitas – aluna da Faculdade São Judas“Depois de longas manhãs de sábado em uma sala no Instituto de Estudos Avançados, na USP, estudando vários aspectos da Amazônia, poder ver parte daquilo aprendido e conhecer a realidade daquelas pessoas foi a experiência jornalística mais fantástica da minha vida. Me atrevo a dizer que conheço um pouquinho (de nada) dessa imensidão chamada Amazônia”.

Confira o depoimento de alunos de outras faculdades que também participaram do curso “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter”:

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Novembro de 2012

Ação Social04 Rio Branco EM FOCO

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A cidade de São Paulo possui, atualmente, mais de 15 mil pessoas vivendo nas ruas em condições precárias, debaixo de viadutos

ou amontoadas em calçadas. Recentemente, este problema social ganhou destaque devido à ação de retirada dos moradores de rua pela Guarda Civil Metropolitana, em frente ao prédio da Faculdade de Direito da USP, na região central da cidade. O prefeito Gilberto Kassab afirmou que o foco da ação não foram os moradores de rua, mas sim a preservação do patrimônio da cidade e a liberação de espaço público destinado ao trânsito de pedestres. Ainda segundo as informações da prefeitura, esses moradores podem contar com os serviços dos centros de acolhida da cidade, popularmente conhecidos como albergues.

Localizado em um terreno de 17.000 m2 na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, está o Centro de Acolhida Boracea, o maior albergue da America Latina. Lá, cerca de mil pessoas, entre elas, moradores de rua, usufruem diariamente de suas amplas instalações e dormitórios, além de serviços de profissionalização, tendo como objetivo maior a reinserção social. Quando foi inaugurado, em 2003, a proposta do Centro de Acolhida Boracea era servir de abrigo para catadores de papelão e moradores de rua; suprir suas necessidades básicas como alimentação, banho, assistência médica e odontológica, alfabetizar, providenciar documentos, localizar famílias, propor atividades de lazer, além de gerar trabalho e renda por meio de oficinas de produção de objetos com materiais recicláveis. No entanto, quase dez anos depois, as propostas socioculturais do Boracea não vêm sendo realizadas como deveriam.

Em visita recente ao albergue da Barra Funda, é notável a degradação do local. Atualmente, o espaço é ocupado, em sua maior parte, por usuários de drogas, ex-moradores da região da Cracolândia, que passam o dia todo na ociosidade, encostados nas paredes conversando entre si. Algumas das atividades propostas no início do projeto, como as atividades de lazer e cultura, já não são mais oferecidas ao seu público, e as acomodações também já não são tão bem cuidadas como eram há alguns anos. Mas ainda assim, segundo a assistente social do Boracea, Renata Veiga, cerca de 30% dos moradores de rua que recebem assistência do albergue, não possuem envolvimento com drogas e em menos de um ano ganham autonomia, conseguindo garantir seu próprio sustento e moradia. Apesar da defasagem em que se encontra o projeto de reinserção social do Boracea atualmente, Renata afirma que há grande esforço por parte dos funcionários e voluntários para fazer com que as atividades propostas e em funcionamento gerem bons resultados e desmarginalizem os moradores de rua. A Guarda Civil Metropolitana, presente no abrigo durante parte do dia, também é responsável por isso, uma vez que está ali para garantir tranquilidade aos albergados, evitar brigas e consumo de alcool e drogas no local.

Durante passagem pelo albergue, conhecemos Jorge dos Santos, 48 anos, pernambucano que vive nas

ruas de São Paulo desde 2002 e usufrui diariamente dos serviços do Boracea. Para ele, o albergue é mais que apenas um local para dormir e fazer suas refeições, é também esperança para mudar sua vida. “Aqui a gente aprende a se virar, eles ensinam a gente conseguir nosso dinheiro, uma profissão para poder nos sustentar e sair daqui de uma vez.” A rotina de Jorge começa por volta das setes horas da manhã e vai de segunda a segunda. Durante o dia ele segue em busca de latas de refrigerante e caixas de papelão espalhados pelas ruas. Mais da metade daquilo que recolhe, vende em um centro de reciclagem também localizado na Barra Funda, e o restante leva ao Boracea para servir de material em suas aulas de reciclagem durante a tarde no próprio albergue. Após o curso, Jorge permanece no albergue para tomar banho, fazer sua refeição e ter seu espaço garantido para passar a noite, já que a entrada no albergue é permitida até as 17 horas e após esse horário os portões são fechados e mais nenhum morador de rua tem acesso ao interior do albergue.

Furto e violência afastam moradores de rua do albergue

Apesar de casos bem sucedidos como o de Jorge, existe ainda uma grande resistência por parte da maioria dos moradores de rua em utilizar os Centros de Acolhida da Prefeitura. Em conversa com alguns moradores de rua que vivem próximos ao albergue Boracea, não há como deixar de perguntar por que eles preferem passar os dias e as noites nas calçadas ao invés de irem ao Boracea, uma vez que estando lá têm direito a alimentação, higiene e cuidados pessoais. Dentre variados motivos ditos por eles, o que mais chama a atenção é a questão da adaptação às regras e limites do Boracea. Dos cinco moradores de rua entrevistados, todos disseram que não utilizam

o albergue devido aos horários impostos e por não poderem entrar com bebida alcoólica. Para Renata, a assistente social do albergue, “uma vez que vive-se nas ruas, sem regras ou rotinas, torna-se difícil acostumar-se com horários e atividades regradas. A falta do álcool também é fator determinante para que alguns moradores prefiram ficar nas ruas e não no albergue.” Conforme apurado, realmente existe horário de entrada, para refeições, para atividades e para dormir, além de ser proibida a entrada com qualquer tipo de bebida alcoólica. Outros motivos citados foram a violência e o furto. Aqueles que já utilizaram o Boracea pelo menos uma vez, disseram ter sofrido algum tipo de furto e ameaças de agressão por parte de outros usuários. Tais problemas são recorrentes mesmo com a presença da Guarda Civil Metropolitana no local. A rotatividade de usuários é grande e nenhum morador de rua é revistado antes de entrar no albergue. O alto número de usuários com algum problema mental ou usuário de drogas também agrava a situação. Os funcionários e voluntários que trabalham no albergue tentam contornar a situação com diálogos e trabalhos de conscientização, para promover maior interação entre eles e diminuir ao máximo as situações extremas.

Atualmente o Centro de Acolhida Boracea vem fazendo um trabalho de conscientização no entorno do albergue sobre materiais recicláveis e o trabalho realizado pelos moradores de rua que utilizam os serviços do Boracea.O objetivo é fazer com que materiais que possam ser utlizados na reciclagem cheguem ao albergue também pelos moradores e empresas do bairro para servir como objeto de trabalho dos moradores de rua e catadores de papelão. A Prefeitura de São Paulo pretende em breve diminuir o número de moradores de rua atendidos pelo albergue para melhorar a qualidade da prestação dos serviços e instalar um posto médico dentro do próprio Boracea.

Cecília Pires

Centro de Acolhida Boracea promovereinserção social de moradores de rua

Albergue na Barra Funda oferece curso de reciclagem a moradores de rua da região

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Entrada do albergue Centro de Acolhida Boracea

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2º Semestre de 2012

Entorno 05NÚMERO 24

Roberta Pontes e Valéria Manfre

Falta de doações dificulta trabalho em abrigos para crianças

Cada dia surge um obstáculo para colocar um prato de arroz e feijão na mesa

“Vai colocar o chinelo, Gabriel!”, disse a fun-cionária Nádia Fávaro,

coordenadora da casa abrigo “O Can-tinho que Encontrei”, para o caçula da turma, de apenas dois anos de idade. Localizado na Vila Leopoldina, bairro da zona oeste de São Paulo, a casa azul de número 120 é ligeiramente escon-dida por uma árvore e abriga hoje 17 crianças, de dois a 17 anos e 11 meses de idade, todas recebidas após o Con-selho Tutelar receber denúncias anôni-mas e encaminhá-las para o abrigo por diversos motivos: maus tratos, aban-dono ou rejeição da família, serem re-colhidos da rua etc.

Para entender como funciona um abrigo que cuida de crianças abando-nadas, a reportagem do Em Foco visi-tou “O Cantinho que Encontrei”, um dos abrigos que acolhem crianças na grande São Paulo. Lá, entrevistamos Nádia, funcionária da casa há 13 anos, que nos contou parte da trajetória do abrigo, como funcionam as datas co-memorativas e a dificuldade de se des-pedir de alguém da turma por ter atin-gido a idade máxima.

Quando a criança chega ao abrigo, por exemplo, Nádia explicou que ela recebe a visita de uma assistente social e de um psicólogo para identificar qual a situação da criança, a fim de promo-ver a sua inclusão social, preservar a sua cidadania e o seu direito de viver

de forma digna e com educação. Outra atitude importante que as funcionárias do abrigo tomam é tentar matricular todas as crianças em escolas públicas ou municipais localizadas próximas do abrigo. No entanto, há bastante dificuldade em matricular as crianças devido à burocracia existentes. São ne-cessários documentos das crianças que muitas vezes não estão disponíveis, di-ficultando as matrículas.

Resolvemos entrevistar uma assis-tente social, que não quis ser identi-ficada, para detalhar melhor a trans-formação que acontece na vida dessas crianças que passam a receber cuida-dos de pessoas até então desconheci-das. “Cada caso é um caso, pois cada criança reage diferente na mesma si-tuação. Cada uma passou por situa-ções diferentes antes de chegar a um abrigo. Os mais velhos muitas vezes não querem ouvir falar dos pais ou daqueles com quem conviviam por algum trauma sofrido, seja abuso, maus tratos, violência verbal e tantas outras razões. Já os que chegam bem novinhos, antes dos três anos de ida-de, principalmente, nem sempre são revoltados com alguma coisa, mas acontece de serem um pouco agressi-vos pelo péssimo exemplo vivenciado em casa”, explica a assistente. “O im-portante é não generalizar, pois o de-ver do assistente social é tratar cada caso diferente e, também, de reparar

a conduta de cada criança para terem um futuro mais tranquilo.”

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), existem no estado de São Paulo hoje mais de 201 abrigos registrados no Levantamento Nacional dos Abrigos para Crianças e Adolescentes, totali-zando 34,1% dos abrigos cadastrados no Brasil. Cerca de 6.081 crianças são acolhidas nesses abrigos.

Uma data comemorativa: Natal

“Perto do Natal, as crianças pe-dem de presente celulares, aparelhos de som e o famoso Iphone”. Essa foi a resposta da Nádia quando pergun-tamos quais presentes as crianças pe-diam nas suas cartinhas ao Papai Noel, justificando que as crianças assistem aos programas da TV e observam as pessoas usufruindo dos benefícios da tecnologia. No entanto, Nádia ressalta que sempre conversa com os pequenos para mostrar a realidade em que elas vivem. “Quando elas pedem esses pre-sentes absurdos, digo que elas não vão ganhar um Iphone porque é impossível alguém dar esse presente para elas e nem há necessidade de ter um desses. Então, falamos que o presente que elas receberem deve ser agradecido, inde-pendente do que for, pois tem outras

crianças que nem uma boneca ou bola ganham para brincar.”

Para a assistente social, o momen-to de receber um presente, ou mesmo uma visita, faz a criança relembrar que é querida, que não está sozinha ou es-quecida. “É como se alguém acendes-se a chama da vela de esperança, de amor e carinho que cada uma possui em seu coração, e que sem dúvida, é uma alegria enorme.”

Voluntariado que faz a diferença

Cristina Figueiredo é professora voluntária de um núcleo assistencial em São Paulo e também doadora de algumas instituições. Sem ter uma ou mais casas fixas que ajuda, Cristina explica suas razões. “Não é um lugar ou uma criança que precisa de ajuda ou doações, são muitos. Por isso, pre-firo assumir cada ano uma instituição ou apadrinhar uma ou duas crianças. Assim, não crio um único vínculo ou dependência com nenhuma delas e sinto que ajudo muito mais dessa maneira. Afinal, acredito que bons exemplos geram boas iniciativas, e, claro, educação gera educação. Não realizo apenas doações, me aproximo das crianças, tentando passar esses bons exemplos e uma esperança de que elas não estão sozinhas, e que se não for eu, outro também se importa com elas e ajudará.”

O Cantinho que Encontrei não re-cebe ajuda da Prefeitura Municipal ou do Governo do Estado. “Eles alegam que estamos em um bairro nobre da ci-dade, mas não querem enxergar a dura realidade que vivemos todos os dias. Todos os dias são difíceis. Todo come-ço de ano pensamos em desistir, pois a queda de doações é absurda. Cada dia surge um obstáculo para colocarmos um prato de arroz e feijão na mesa. Por não termos doadores fixos, muitas ve-zes ligamos e pedimos doações de itens essenciais para dar um pouco de digni-dade para as crianças, como comida e higiene”, desabafa Nádia.

O “Cantinho que Encontrei” está localizado na Rua Guaipá, 120 - Vila Leopoldina. Caso deseje doar, visitar ou conhecer melhor o trabalho da casa abrigo, bastar ligar para (11) 3641-9199 e entrar em contato com alguma funcionária para mais informações.Fo

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A casa abriga hoje 17 crianças, de dois a dezessete anos

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Novembro de 2012

Capa06 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.br

Janeiro de 2000. Com um time repleto de es-trelas, como Luizão, Edilson e Rincón, o Corin-thians derrota o Vasco de Romário e Edmundo

em pleno Maracanã e sagra-se campeão Mundial de Clubes da Fifa pela primeira vez. Até então, maior título da história do clube paulista. Conquista essa que pode ser igualada em dezembro deste ano, quan-do o Alvinegro volta a disputar a competição. Com o título, a equipe do técnico Tite teria, enfim, a chance de acabar com as polêmicas que envolvem o título conquistado no começo do século.

“Falem o que quiser, hoje você vai pra qualquer lu-gar do mundo e vê o Corinthians como um campeão Mundial. Fui à Suíça, na Fifa, e você vê lá o nome do Corinthians. Está guardado na história do Corinthians, na minha lembrança. Isso vai durar pra sempre”, diz Edu, hoje dirigente corintiano e na época meio-de-campo daquela equipe.

E a primeira frase da afir-mação de Edu tem lá seus motivos. Definitivamente, esse título não foi muito bem aceito principalmente pelos torcedores rivais. O motivo da contestação é simples: a via de classificação do Corin-thians para essa competição. Em todas as edições do Mundial, o clube brasileiro que participou teve de vencer a Copa Libertadores da América. O que não aconteceu no caso do Timão...

Tudo porque a Fifa decidiu fazer uma fórmula diferente de disputa do Mundial. Até aquele ano, o campeão da Libertadores enfrentava a equipe euro-peia que havia conquistado a Liga dos Campeões em jogo único. O vencedor daquela partida sagra-va-se campeão mundial. A fórmula, porém, nunca agradou a entidade máxima de futebol. A alegação era que um campeonato mundial deveria ter repre-sentantes de todos os continentes, e não apenas de Europa e América do Sul.

Dessa forma, surgiu no ano 2000 a primeira edi-ção de um campeonato mais completo. E eis que surge a maior polêmica. De acordo com as regras, a competição seria disputada cada ano em um país. E o campeão do país-sede no ano anterior seria convi-dado a participar dessa competição. Então, entraram na disputa: Al-Nassr (campeão da Supercopa da Ásia de 1998), Manchester United (campeão da Liga dos Campeões 1998-99), Necaxa (campeão da Liga dos Campeões da Concacaf em 1999), Raja Casablanca (campeão da Liga dos Campeões da África de 1999), South Melbourne (campeão da Liga dos Campeões da OFC em 1999), Vasco (campeão da Copa Liber-tadores de 1980 e, finalmente, o Corinthians, que havia sido campeão brasileiro em 1998.

Para completar, o Corinthians ainda foi benefi-ciado pela arbitragem duran-te a competição. Em uma partida nervosa contra Raja Casablanca, o clube paulis-ta teve um gol validado em que a bola não entrou. Dessa forma, na primeira fase ven-ceu o clube africano e o Al Nassr, além de empatar com o Real Madrid em 2 a 2. Na final, empatou com o Vasco em 0 a 0, venceu na disputa

de pênaltis e sagrou-se campeão mundial no Mara-canã, que recebia cerca de 73 mil pessoas.

Luizão, que já jogou por Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo defende a legitimidade daquela conquista. Segundo ele, o nível da competição é mais do que o suficiente para enaltecer o título alvinegro. “Aquele campeonato foi muito forte. Havia equipes de um nível incrível, como o Real Madrid, o Man-chester United e o próprio Vasco, que tinha grandes jogadores. Alguns vão dizer que só agora vai valer, porque conquistou a Libertadores, mas isso não exis-te. Eu defendo que esse papo é apenas uma tentativa de diminuir aquela conquista que foi muito grande”.

Corinthians vai ao Japão e esquenta polêmica sobre título Mundial

Após vencer Libertadores, clube pode buscar bicampeonatoBruno Uliana Arraes

Palmeirenses reclamam da não

participação

Uma das maiores polêmicas da for-matação daquele campeonato mundial foi o critério para a entrada das equi-pes. Como ele foi realizado no início do

ano 2000, imaginava-se que os campe-ões de 1999 fossem os times classifica-dos para a competição. Porém, não foi assim que aconteceu.

A Fifa alegou que não haveria tempo para esperar todos os cam-peões daquele ano para formatar um sorteio. Assim sendo, classificou os campeões do ano anterior. O Pal-

meiras, campeão da Libertadores da América de 1999, obviamente, não gostou da decisão. No entanto, o en-tão presidente do Verdão, Mustafá Contursi, aceitou o “veto” da entida-de com a promessa de que o Alviver-de estaria classificado para a próxi-ma edição daquela competição, que seria realizada em 2001, na Espanha.

No entanto, com problemas por faltas de patrocinadores, o Mundial foi transferido para 2003 e, posterior-mente, cancelado. A forma de dispu-ta com campeões dos continentes só voltou a ser utilizada novamente em 2005, quando o São Paulo sagrou-se campeão ao bater o Liverpool, da In-glaterra, na final.

“Uma vitória não salva a temporada e nem uma

derrota provoca crise, mas a chance de ganhar

mais um troféu é sempre levada a sério”

Jogadores do Corinthians, comandados por Rincon, comemoram a conquista do primeiro campeonato Mundial do Timão

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2º Semestre de 2012

Capa 07NÚMERO 24

Corinthians vai ao Japão e esquenta polêmica sobre título Mundial

Após vencer Libertadores, clube pode buscar bicampeonatoEm busca do

bicampeonatoO planejamento para o Mundial

começou assim que o árbitro apitou o fim de jogo entre Corinthians e Boca Juniors, no dia 4 de julho deste ano, no Pacaembu, partida em que o Timão conseguiu, enfim, o seu primeiro título da Copa Libertadores na história. E o principal trunfo para buscar o bicam-peonato será a manutenção do elenco campeão. O único jogador que foi titu-lar durante a conquista e deixou o Co-rinthians foi o zagueiro Leandro Cas-tán, negociado com a Roma, da Itália. Outros jogadores cotados para serem negociados, como Paulinho, Ralf e até mesmo o atacante Romarinho, que ha-via acabado de chegar ao Timão, foram mantidos no elenco para a disputa do torneio no fim do ano.

Outros como Liedson, Willian e Ra-mon, que foram importantes durante a temporada, também deixaram o clube. Nenhum deles, no entanto, deveria ser titular no restante do ano. Para seus lugares, vieram outros jogadores. Guer-rero, atacante peruano que já estava há 10 anos na Alemanha, e Martínez, argentino que fez ótima Li-bertadores pelo Vélez Sarsfield, da Argentina, foram os principais reforços. Além destes, posteriormente, o Timão anunciou a chegada do volante Guilherme, ex-Portuguesa, e que era pretendido por muitos clu-bes do Brasil e de fora.

Do outro lado, além dos clubes africanos e mexi-canos, o rival a ser batido: o Chelsea. O surpreenden-te clube inglês, assim como o Corinthians, conseguiu um título inédito na última temporada. Conquistou pela primeira vez a Liga dos Campeões da Europa, derrotando ninguém menos do que o temido Barce-lona na semifinal, além do alemão Bayern de Muni-que na final, em plena Allianz Arena, na Alemanha.

Conhecido por seu forte esquema defensivo, os “Blues”, como são chamados na Inglaterra, têm jo-gadores de destaque no cenário mundial, como o go-leiro Cech, o zagueiro Terry e o meia Lampard. Além deles, claro, os brasileiros David Luiz e Ramires. Para esta temporada, o clube se reforçou e acertou com o meio-de-campo Oscar, ex-Internacional e São Paulo, que chegou para assumir a camisa 11, deixada por Drogba que foi para o futebol chinês

Para o jornalista Leonardo Bertozzi, comentarista da ESPN, o Chelsea ganhou bastante em qualidade ao acertar com Oscar, além do belga Hazard. “Quando se fala em Chelsea, fala-se em símbolos como Terry e Lampard e em jogadores que estão na maior parte do ciclo Abramovich, como o goleiro Cech. Ramires e David Luiz foram acréscimos importantes de qualida-de, mas este último não é titular absoluto. Assim como não deve ser Oscar, de início. Mas as mudanças ocor-ridas foram para melhor. Contratações como Hazard, Oscar e Marin qualificam o time não apenas para esta temporada, mas também para o futuro próximo”, afirma Bertozzi, que acompanha constantemente o Chelsea em partidas do Campeonato Inglês.

O fato de o adversário não ser Barcelona ou Real Madrid, times mais qualificados que o Chelsea, é co-memorado por corintianos. Na última temporada, o Santos de Neymar, Ganso & Cia. foi ao Mundial en-frentar o Barça de Messi. O resultado: uma derrota por 4 a 0 e a evidente inferioridade do Peixe.

No entanto, a “fragilidade” do Chelsea não é tão comemorada pelos dirigentes corintianos. Edu, ge-rente de futebol, pede atenção aos Blues. “O Chelsea conta com o treinador italiano Di Matteo. Os italia-

nos têm características de jogar com o time muito posicionado, tecnicamente forte. Joguei com o Mata no Valencia, da Espanha, conheço bem o Lampard, o Terry... E agora eles têm o Oscar, que dá uma refi-nada e uma qualidade interessante para o time”, diz Edu, que garante confiar em um bom trabalho corin-tiano. “Mas estou muito confiante de que o Corin-thians pode fazer um grande Mundial”.

Leonardo Bertozzi também pede respeito ao Chel-sea. Ele destaca que o clube inglês deve levar a sério essa competição, ao contrário de edições anteriores. “Os ingleses não costumam colocar esta competição como prioridade, o que não significa que não joguem para ganhar. Uma vitória não salva a temporada e nem uma derrota provoca crise, mas a chance de ga-nhar mais um troféu é sempre levada a sério”.

O comentarista entende, inclusive, que o Timão não deve encarar o Chelsea de igual para igual, mas sim criar uma estratégia para utilizar os pontos fra-cos dos ingleses. “Acreditar que será de igual para igual pode ser um erro. Os europeus ganharam todos os Mundiais desde 2007, e nos dois anos anteriores, quando os brasileiros venceram (São Paulo e Interna-cional), foram dominados na maior parte do tempo”.

Emerson Sheik é uma das principais esperanças do Corinthians no Mundial

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Novembro de 2012

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Leonardo Fortunatti

Os novos companheiros caipiras de aventurasOs novos Hyundai HB20 e Toyota Etios chegam para agitar o mercado e as baladas

Na Faculdade, todo ano mu-dam as turmas de calouros e veteranos. Para ajudar, vamos

pensar na categoria dos hatchs médios como um ambiente universitário e re-lembrar quem são os já conhecidos alu-nos que, ano após ano, ainda estão na luta, o Fiat Palio e Volkswagen Gol, os que já aparecem na lista de chamada há um tempo, mas discretamente no fundo da sala, Peugeot 207, Renault Clio, e a galera que deixa agora de ser caloura, Chevrolet Agile e Nissan March.

Mas, no 27º Salão Internacional do Automóvel, que aconteceu no Pavilhão do Anhembi, na zona norte de São Pau-lo, de 24 de outubro a 4 de novembro, o público pôde conhecer os calouros Toyota Etios e Hyundai HB20 de perto. Eles chegam para, em 2013, invadir as ruas e os estacionamentos das faculda-des, das baladas e dos bares.

Caipiras, mas limpinhos e completos!

O Toyota Etios é o primeiro mo-delo nascido na nova planta da marca japonesa em Sorocaba (102 km da ca-pital paulista), e é aposta da marca do consagrado Corolla para quem quer gastar cerca de R$ 30.000 no zero qui-lometro. Por R$ 29.900, ele vem com três anos de garantia, parachoques na cor da carroceria e air bag duplo. Quer direção elétrica e ar condicionado? Junte R$38.790 e receba mais várias outras pequenas coisas inclusas nos pacotes 2 e 3.

Um pouco mais longe, em Piraci-caba (160 km de São Paulo), nasce o

HB20, da Coreana Hyundai. Ela tam-bém investiu pesado em uma nova fá-brica no país e chega de vez ao mercado depois de ser representada pelo grupo Caoa com os modelos Veloster, Tuc-son, Sonata e outros modelos que até na letra de funks já foram personagens. Por R$31.995, ele vem mais comple-to que o companheiro sorocabano de sala: ar condicionado, air bag, direção hidráulica e cinco anos de garantia e as duas primeira revisões (10.000km e 20.000km) com a mão de obra gratuita.

Agora, vamos ser bem sinceros? Visualmente, comparar o Etios e HB20 quando o assunto é design, chega a ser covardia com o Japonês! Durante um evento em São Paulo, em um shopping da zona sul, o público teve um primeiro contato com ele, e foi possivel avaliar as unidades ali disponíveis – apenas estaticamente. O acabamento fica devendo, mas nada longe dos veteranos. O que chama a atenção é a posição central do cluster (momento cultural: cluster é aquele conjunto de indicadores de velo-cidade, combustível, tempera-tura que, normalmente,

fica na frente do volante), o que pode atrair ou confundir o motorista.

O design é comportado, sem gran-des abusos ou linhas “retrôpracima-prabaixoecurva”. Apenas linhas sim-ples e que o deixam com uma cara mais séria, mais sóbria (como aquele cara com seus 40 anos). O Hyundai já é mais jovem, mais abusado e se desta-ca mais. Tem a personalidade do res-tante da linha da marca e, segundo pes-soas ligadas à fábrica em Piracicaba, com exigentes gerentes de qualidade na construção do modelo. A coreana quer chegar para ficar!

Na hora de acelerar, não espere aquela emoção e adrenalina como a espera do boletim do fim do semestre! O sorocabano tem as opções de motor 1.3 com 90cv no etanol, 84cv na gaso-lina e 1.5 com 96,5cv e 92cv, também no sistema multicombustível. O piraci-cabano tem a opção 1.0 com três ci-lindros e 80cv e 1.6 quatro cilindros e 128 cv – já dá para garantir não chegar atrasado na aula!

Falando em dinheiro!

Curtiu um deles? Já está fazendo as contas para a compra? Pensando qual deles vai ser mais destaque na entrada da faculdade e sucesso com os amigos? Então vamos pensar um pouco menos com a emoção e um pouco mais com a razão e financeiramente. O Toyota tem três anos de garantia, contra os cinco anos do Hyundai, e a promessa das duas primeiras revisões com mão de obra gratuita. Valor de peças de re-posição também não foram informa-dos ainda pelas montadoras, mas não devem ser diferentes das médias do mercado, prin-

cipalmente com as fábricas e fornece-dores de ambos no Brasil.

Existem na internet algumas re-clamações sobre o pós venda da Hyundai no Brasil. Para mudar a imagem, a marca deixa de ser repre-sentada pelo grupo Caoa no país e assume oficialmente o comando por aqui, começando pela inauguração de concessionarias exclusivas para a venda do novo modelo – e dos de-mais – até o final do ano. Já a Toyota é uma das favoritas quando o assun-to é confiabilidade – palmas ao res-peitado e veterano Corolla por ter ajudado nessa conquista em anos de fabricação em Indaiatuba (SP).

Os números de seguro ainda não existem pelo pouco – ou nenhum – tempo de mercado deles, mas se prepare para algo que pode deixar a balada mais escassa e econômica! O perfil universitário é considerado de grande risco pelas seguradoras – por exemplo, a cotação do Fiat Pa-lio para o jovem de cerca de 20 anos chegou a assustadores R$5.000 pela apólice anual. Junte isso ao IPVA (varia de 2% a 4% do valor de tabe-la, variando de Estado para Estado) e custos de documentação e emplaca-mento (média de R$ 700,00) na con-ta decisiva da compra do carro novo. Pensou que fosse simples?

E então? Quem vai ocupar mais vagas no estacionamento da facul-dade? Quem vai ser o xodó da ga-lera e ser o companheiro de aventu-ras? Difícil saber antes da primeira prova, batendo de frente com os ve-teranos e entre os calouros. E você, qual a sua escolha? Os veteranos, o discreto Etios ou o diferente e des-colado HB20?

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O modelo Coreano Hyundai HB20 sai da planta da Hyundai em Piracicaba

O Japonês Toyota Etios vem da fabrica da Toyota em Sorocaba

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2º Semestre de 2012

Educação 09NÚMERO 24

No dia 13 de setembro, as Faculdades In-tegradas Rio Branco organizaram o 5º En-contro de Profissões e Futuro envolvendo di-

versos profissionais das mais variadas áreas, inclusive contando com a presença de alguns professores das faculdades. O evento teve a participação de alunos do 9º ano e do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio de diversas escolas do estado de São Paulo.

A palestra do professor, psicoterapeuta e mestre pela USP, Leo Fraiman, deu o pontapé inicial ao even-to. Há 20 anos ele desenvolve palestras educacionais voltadas para jovens a respeito das suas escolhas pro-fissionais. O especialista acredita que a pressão que os pais impõem aos filhos para seguir uma carreira de posição e lucrativa é exagerada. “Muitas vezes co-locam na cabeça dos jovens que se precisa conseguir uma profissão, ganhar dinheiro, obter destaque e se-gurança para o resto da vida e isso mata o direito de sonhar e aprender com a experiência”.

O psicoterapeuta acredita na existência de dois nascimentos: o biológico, aquele que nos dá a vida e o psicológico, quando nos desvinculamos da figura de nossos pais. “Eu percebi que eu não pertencia ao meu pai, eu pertencia a mim. Eu não tinha herança, sobre-nome, uma fazenda, então, decidi ter minha opção, estudar em uma boa faculdade, ter um bom padrão de vida e apostar naquilo que depende de mim”, afirmou.

Fraiman destacou a importância de seguir uma profissão que satisfaça a pessoa. “Segundo a Organi-zação Internacional do Trabalho, 92% das pessoas no mundo estão insatisfeitas com o trabalho que fazem”. Acordar com o brilho nos olhos todos os dias é funda-mental. “Entender que todo dia é dia útil”, ressaltou.

Segundo o professor, é importante enriquecer o currículo com diversos tipos de cursos e atividades, a fim de expandir conhecimento, qualificação profissio-nal e conseguir destaque e notoriedade no mercado de trabalho. “Trabalho voluntário, teatro, curso de mágica, são atividades que agregam valor e permitem acréscimo de experiência a um currículo”, defendeu.

O evento deu prosseguimento a um grande nú-mero de palestras conduzidas por profissionais das Faculdades e também de outras instituições, quando alunos de diversas escolas do estado tiveram a opor-tunidade de acompanhar professores discorrerem a respeito de muitas áreas do mercado de trabalho. Tiveram também a possibilidade de realizar o teste vocacional para confirmar ou pôr em dúvida suas escolhas. “Realizei o teste vocacional, ele foi muito objetivo e deu 90% de Lazer e Turismo, que é exa-tamente o que eu gostaria de fazer”, diz Ana Beatriz, 17 anos, estudante do Colégio São José. “São várias perguntas sobre diversos temas e os resultados são muito diversificados”, diz Renan, 17 anos, também estudante do Colégio São José.

Entre os alunos havia muita certeza com relação a escolhas profissionais. “Acompanhei uma palestra sobre Mecatrônica com um professor do Mackenzie. Ele foi muito objetivo, mostrou laboratórios, vídeos e projetos dos alunos”, disse Cauê, 17 anos. Aprovei-tando que estava em uma sala onde aconteceria, dali

instantes, uma palestra sobre Relações Internacio-nais, ele ainda disse que pretende seguir nessa área. “São áreas completamente diferentes, mas eu gosto de Geografia, acredito que teria um pouco mais de facilidade com essa profissão”, concluiu.

O Projeto

O projeto que culminou na realização do encon-tro teve início em uma iniciativa promovida por Te-resa Rodrigues, profissional formada em Psicologia e responsável pelo Marketing de Relacionamento das Faculdades Integradas Rio Branco, que teve a mis-são de agendar o convite para outras escolas, além de realizar palestras e pesquisas vocacionais voltadas para o 3º ano do Ensino Médio. Um projeto de ajuda para os alunos, segundo ela. “Trazer profissionais de outras faculdades, de todas as áreas possíveis, inde-pendente do fato de serem professores da faculdade ou não. Pedimos que o palestrante informe sobre a sua profissão, a área de trabalho, as necessidades do mercado”. Ela acredita que desmistificar a ideia de seguir uma profissão apenas por dinheiro é um pon-to fundamental para o estudante, além de continuar estudando e se identificar com a profissão.

O evento foi a consolidação de um projeto de oito anos de estudos sobre as necessidades dos alu-nos, considerando-se que esta foi a quinta edição do evento. Segundo Teresa, existe um entrave que pre-judica alunos em período de definições relacionadas à carreira no mercado de trabalho. “Anteriormente eles vinham à faculdade para conhecer a estrutura do lugar, a lanchonete, o laboratório, o estúdio. Eles passaram a vir com diversas dúvidas, sem saber lidar com as cobranças da família.

Então passamos a mostrar para o aluno que ele pre-

cisa se preocupar com o seu futuro”. A coordenadora acredita que o aluno chega muito iludido a uma facul-dade. “Primeiramente o aluno deve se conhecer, estudar o mercado de trabalho e depois checar as informações. Eles acreditam que um site de faculdade bem construí-do significa um bom lugar para se estudar, porque tem fácil acesso e que aquela é a imagem da faculdade”.

Para a psicóloga, o feedback existente por parte dos coordenadores que trabalham junto dos alunos tem sido essencial nos últimos cinco anos. “É pre-ciso haver a procura por outras feiras de profissões, mostrar aos alunos a responsabilidade que existe ao conhecer uma instituição. Esse é um trabalho muito bem feito por nossos coordenadores”.

Sobre as dificuldades e desafios encontrados por esse alunos no mercado de trabalho, ela acredita na importância de agregar experiência com outras práticas ou cursos. “Especialização em outras áreas pode ser um diferencial, realizar um curso de foto-grafia, ou de edição, para um jornalista, por exem-plo, é muito importante”.

Em um mercado de trabalho tão competitivo, a criação de uma identidade profissional se faz necessá-ria e preocupações recorrentes entre alunos com ida-des entre 15 e 17 anos não são as mesmas dos seus pais quando tinham a mesma idade. “A preocupação do aluno do 3º ano não é fazer uma pós- graduação, um mestrado, ou doutorado, mas se formar, abraçar um projeto e seguir uma carreira profissional”.

Segundo a responsável pelo marketing do evento, existe uma diferença entre os desejos de estudantes de anos atrás, e as necessidades dos de hoje. “Antes os jovens não tinham a oportunidade de se divertir, adquirir bens. Havia a necessidade de se formar e de se casar. “Atualmente o jovem é consumista, quer adquirir mais coisas e então entrar no mercado de trabalho”, concluiu.

Aurélio Guerra e Lucas Peixoto

Faculdade Rio Branco promove evento sobre profissõesQuinto encontro reuniu estudantes de diversos colégios do Estado

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Alunos participaram de oficinas e atividades relacionadas às profissões

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As principais escolas de samba da Região Oeste ajudam suas comunidades a se desenvolverem para o crescimento das pessoas

Aurélio Guerra

Escolas de samba ajudam a comunidade a se profissionalizar

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Nas duas últimas décadas, representantes do samba tive-ram a ideia de oferecer ofici-

nas profissionalizantes para ajudar as pessoas carentes de suas comunidades. Os projetos, além de ajudar as pesso-as a conseguirem uma profissão, têm o interesse direto das agremiações para “montar” o seu carnaval, como ofici-nas de ritmo e adereços e aulas de mes-tre-sala e porta-bandeira.

Segundo dados do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística, nas regiões da Freguesia do Ó, Pompéia, Lapa, Sumaré e Vila Madalena, exis-tem ao todo mais de 550 mil habi-tantes, divididos em todas as classes sociais, e as escolas de sambas dessas áreas da capital decidiram realizar pro-jetos sociais visando uma melhoria na vida das pessoas.

Ao todo, as cinco principais agremia-ções têm projetos sociais que ajudam não só as suas comunidades a se profis-sionalizarem, como também colaboram na arrecadação e distribuição de alimen-tos nos pontos mais carentes da região. Para Rosana Schneider, assistente social da Escola de Samba Rosas de Ouro, os projetos aproximam muito as pessoas da escola de samba, além de capacitar as pessoas para o mercado de trabalho.

Pioneira em projetos sociais

Em meados de 1992, a escola de samba Águia de Ouro, localizada no bairro de Vila Pompéia, teve a ideia de reunir as crianças da região que acom-panhavam os ensaios da escola e en-siná-las a tocar instrumentos, para no futuro serem ritmistas da agremiação. Os mestres “Juca” e “Lolo” foram os responsáveis pela formação e acompa-nhamento das turmas.

“No começo era bem complicado, porque os ensaios aconteciam numa praça próxima ao morrão da Rua Bar-bara Heliodora, longe da nossa sede. Tí-nhamos então de reunir toda a garotada dentro de uma Kombi para levá-las ao local”, conta mestre “Lolo”, que até hoje faz parte da diretoria da escola.

Com esse trabalho sendo feito ano a ano, a escola formou mais de 150 rit-mistas, sendo que durante anos, o Águia de Ouro desfilava com a sua bateria

sendo 100% de pessoas formadas na própria escola. Devido ao problema da mudança de quadra, a escola suspendeu o projeto por dois anos, voltando neste ano de 2012, já em seu novo espaço, lo-calizado na Marginal Tiete, próximo ao viaduto Júlio de Mesquita.

Outros projetos relacionados di-retamente ao carnaval, também estão presentes na vida da Escola de Samba da Pompéia, como a Oficina de Mes-tre Sala e Porta Bandeira, e projetos próximos ao carnaval, onde as pesso-as da comunidade ajudam a fazer fan-tasias e alegorias.

Rosas de Ouro ajudando sua comunidade

Assim como o Águia de Ouro, a escola de samba da Freguesia do Ó/Brasilândia, também iniciou seus pro-jetos sociais na década de 1990 e sem-pre voltados para o carnaval. A ideia começou em 1995, quando o então presidente falecido Eduardo Basílio fundou o projeto “Samba se aprende na escola”.

Segundo Angelina Basílio, filha de Eduardo e atual presidente da Rosas de Ouro, o projeto hoje tem como objetivo contribuir com a geração de trabalho e renda entre o jovens que passam por si-tuações sociais difíceis.

“Hoje atendemos mais de 1.500 pessoas, e não focamos apenas nos trabalhos carnavalescos, damos ou-tras opções para que essas pessoas se formem profissionalmente e saiam dos projetos prontos para o mercado de trabalho”, diz a presidente.

Uma das beneficiadas pelo projeto foi dona Inês Sampaio, que frequen-tou o projeto por mais de cinco anos e trabalha como costureira em uma in-dústria de confecção. “Graças à oficina de corte e costura do projeto ‘Samba se aprende na escola’, eu consegui esse emprego de costureira, além também de ajudar todos os anos na confecção de fantasias da minha Rosas de Ouro”, diz dona Inês.

A questão do programa assisten-cialista também faz parte dos projetos da Escola da Freguesia. Todos os anos a agremiação promove a festa das crianças junto com o núcleo Dr. Al-berto Salvador, com mais de cinco mil

crianças, diversas atrações, alimenta-ção, recreação e ao final, a entrega de um presente para cada criança.

A assistente social Rosana Schneider diz que todos aqueles que ajudam no projeto sentem a alegria das pessoas em dias como a festa das crianças ou na ar-recadação para o Natal, e declaram que vale muito a pena.

Bairro da classe média também ajuda

comunidades junto com a escola de samba

Todos reconhecem o bairro da Vila Madalena, como elitizado, cheio de “barzinhos”, onde os jovens da classe média frequentam todos os finais de se-mana. Mas poucas pessoas sabem que a escola de samba Pérola Negra oferece muita ajuda a outras comunidades.

O presidente Edson Casal, mais co-nhecido como “Nego”, diz que assim como as outras escolas da região, a Pérola Negra começou os projetos so-ciais com as crianças na “escolinha de bateria” em 2000.

Uma dessas crianças que partici-pou do projeto foi Gabriel Pacheco, de 22 anos, e que, na época, morava no bairro do Ipiranga. “Foi muito importante para mim participar des-se projeto, pois graças à escolinha de

bateria, eu não ficava o dia inteiro na rua, me envolvendo com más compa-nhias”. Hoje a escolinha de bateria está parada, mas segundo o presiden-te, o projeto voltará em 2013.

Caçula no Grupo Especial também forma

profissionais

A escola de samba Dragões da Real, oriunda da torcida organizada do São Paulo Futebol Clube, tenta hoje atra-vés de projetos sociais fincar suas ra-ízes no bairro da Vila Anastácio. Essa é uma das formas de se desvincular do time de futebol.

Aulas de inglês, culinária e corte e costura são as principais oficinas pro-movidas pela agremiação, que não tem custo nenhum para quem participa, e dá a oportunidade de ter uma formação.

Mas, o grande projeto da escola chama-se “Ritmo que incendeia”, que desde o primeiro ano de fundação da escola, em 2000, forma ritmistas, que fazem parte da bateria da escola de samba. O mais importante desse pro-jeto, assim como os demais, é que para participar não precisa ser da torcida organizada, mostrando que o samba está acima de qualquer coisa, e tem como o principal objetivo ajudar o próximo e trazer o bem estar.

Aula de percussão com grupo de crianças

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2º Semestre de 2012

Esportes 11NÚMERO 24

Kelvin Santos

Copa do Mundo será uma boa, mas não para todos

Copa do Mundo chega em dois anos com bons e maus motivos para comemorar

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“A copa do mundo é uma boa ideia, mas tenho medo da prefeitura chegar e derru-bar nossas casas”. Assim define sua situ-

ação dona Maria José, de 42 anos, que há 12 vive na favela Vila da Paz, na região em Itaquera, zona leste de São Paulo. Ela corre risco de a qualquer momento ser despejada de sua casa pela prefeitura municipal.

Com a Copa das Confederações chegando já em 2013 e a Copa do Mundo no ano seguinte, obras viá-rias e urbanísticas tomam ritmos acelerados na cida-de de São Paulo. A grande sensação é a construção do estádio mais conhecido como “Itaquerão”, sede da abertura dos jogos em 2014 e que, depois do evento, ficará como patrimônio do S.C. Corinthians Paulista, clube de grande influência no futebol brasileiro.

Por trás desse evento, existe uma grande organi-zação governamental, com altos investimentos em mobilidade urbana, malhas viárias, melhores meios de transportes e outras diversas construções para dar conta da demanda de torcedores, jornalistas e autori-dades de diferentes países.

Mas existe um grande problema que poucos notam e, se notam, ignoram. São famílias que vivem no entor-no do “Itaquerão” e que terão que ser desalojadas de suas casas para que sejam feitas obras como parques lineares, Fatec, Senai e até mesmo terminais rodoviários.

Não se pode negar que tais construções vão trazer inúmeros benefícios à região, mas a questão é: para onde vão as famílias?

É o caso de Dona Maria José, citada no início da matéria. Ela terá de se mudar de sua casa onde vive

há 12 anos com seu marido para um lugar ainda in-definido pela prefeitura. Em entrevista ao Em Foco, a dona de casa cita as tentativas dos moradores de chegar a um acordo com a prefeitura. “Já era para ter sido removida minha casa e mais 90% da favela, mas alguns moradores se reuniram com a prefeitura e estamos vendo o que podemos fazer. A prefeitura, no entanto, não estabelece prazo para a retirada das famílias e temos medo de que um dia para o outro a prefeitura chegar e derrubar tudo.”

Dona Maria lembra que a prefeitura oferece um auxílio-aluguel no valor de R$300 para os moradores que serão despejados. Só que devido aos grandes eventos que acontecerão no Brasil e em razão de um mercado imobiliário aquecido, é praticamente impossível se achar um aluguel nes-se valor. A dona de casa lembra ainda que ofe-receram também albergues e abrigos mas os mo-radores não aceitaram, pois as condições desses abrigos não são nada boas.

Há alguns meses, o programa “A Liga”, da TV Bandeirantes, abordou a situação de Itaquera com a construção do estádio que sediará a abertura da Copa do Mundo de 2014 e os impactos que serão causados na região. Estima-se que cerca de cinco mil pessoas serão removidas de suas casas.

O programa mostrou outras áreas do bairro, como áreas de lazer e transporte. Entramos em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Habitação e fomos informados de algumas obras de melhorias que serão feitas na região de Itaquera.

Obras em Itaquera em ritmo acelerado. Mas as verdadeiras comemorações são restritas apenas à Copa do Mundo.

São elas:• Fatec ∕ Etec - A Faculdade de Tecnologia e a

Escola Técnica do Centro Paula Souza. Serão res-ponsáveis por capacitação e formação profissio-nais (em construção).

• Senai - A unidade do Serviço Nacional de Apren-dizagem Industrial formará mão-de-obra especializa-da para a indústria (área pertencente ao Senai).

• Laboratórios - Núcleo do futuro parque tec-nológico da zona leste, com espaços voltados ao fomento de pesquisas e desenvolvimento tecnoló-gico (anteprojeto desenvolvido).

• Centro de Eventos - Ampliados do projeto ini-cial, irão abrigar feiras, exposições e eventos, con-tribuindo com o desenvolvimento econômico local.

• Base da Policia Militar - Foi diagnosticada a ne-cessidade de serviços de segurança e emergência na região. As unidades vêm para suprir essa demanda.

• Obras Sociais - Área destinada para entidade parceira que ofereça mais cursos de capacitação e formação profissional.

• Parque Linear Rio Verde – Projeto prevê área verde interligada com o Parque do Carmo, dotada de equipamentos para o lazer, além de trazer me-lhorias no sistema de drenagem e estar integrada ao sistema viário estrutural da região.

E a prefeitura, juntamente com o Estado e acompanhamento da Dersa, pretende realizar obras viárias para dar apoio à chegada ao estádio “Itaquerão”, com obras em andamento.

As mudanças são:• Novas alças de ligação no cruzamento da

Avenida Jacu Pêssego com a Avenida José Pinheiro Borges (Nova Radial).

• Nova Avenida de ligação Norte-Sul, no tre-cho entre a Avenida Itaquera e a Nova Radial, incluindo as transposições em desnível sobre as linhas do Metrô e da CPTM.

• Avenida articulando a ligação Norte-Sul com a Avenida Miguel Inácio Curi, junto à adutora da Sabesp existente.

• Passagem em desnível na Rua Dr. Luis Aires (Radial Leste), no trecho em frente às estações do Metrô e da CTPM.

• Adequação viária no cruzamento da Aveni-da Miguel Inácio Curi com a Avenida Engenheiro Adervan Machado.

Page 12: Em Foco 24 - 2° semestre de 2012

Novembro de 201212 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brCultura

Cada vez mais, aumenta o nú-mero de jovens interessados em intercâmbio cultural, seja

para aprender e aperfeiçoar um idio-ma, estudar por um pequeno período numa universidade ou apenas conhe-cer mais a fundo um país ou uma de-terminada região. Em 2011, cerca de 215 mil estudantes brasileiros reali-zaram intercâmbio, um aumento de quase 50 mil pessoas em relação ao ano anterior, 2010, quando 167.432 realizaram essa atividade.

A Associação Brasileira de Orga-nizadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta) possui uma pesqui-sa que indica os 10 países mais procurados nas agências de inter-câmbio em 2011. Foi perguntado aos agentes quais eram os três pa-íses mais procu-rados. O Canadá é líder absoluto da procura, apa-recendo em 90% das respostas. Os Estados Unidos se-guem em segundo com 69% e Reino Unido em terceiro com 56%. Austrá-lia está em quarto (25%), Irlanda em quinto (24%), Nova Zelândia em sexto (14%) e África do Sul em sétimo (3%). Apenas a partir da oitava posição que um país não possui o inglês como idio-ma oficial. Suíça, Espanha e Alemanha ocupam as três últimas colocações do ranking, respectivamente, em oitava, nona e décima, todas com apenas 1%.

A mesma pesquisa detectou que mui-tos jovens estão procurando intercâm-bio para países de língua inglesa para ampliar seus conhecimentos linguísti-cos. Canadá é o país preferido por ser um destino mais barato se comparado com os demais países de língua inglesa, e, além disso, possui estruturas de ensino e de governo mais organizadas, dando resultados mais rápidos a quem vai ao país aprimorar o idioma. A partir des-sas afirmações disponibilizadas pela Bel-ta, alguns intercambistas que foram ao Canadá e estão lá no momento foram entrevistados para dar o depoimento da experiência adquirida por cada um.

O governo ca-nadense é consi-derado como um dos mais organi-zados do mundo. A organização da sociedade vem em primeiro lugar. O transporte público, por exemplo, não possui roletas ou catracas, e a gran-de maioria das pes-

soas paga pelo transporte, mesmo sem ter uma barreira física impedindo-os de entrar. Há padrão em tudo, desde lixei-ras até integração ônibus-metrô. É pos-sível sentir a segurança e ver a preocu-pação, por exemplo, em haver e manter várias áreas verdes e de lazer. Uma vez que o governo é, em grande parte, refle-xo da sociedade, pode-se inferir que isso é verdade, sim. Contudo, muitas pessoas reclamam da política: corrupção, desvio de dinheiro e pagamento de propina são

acusações recorrentes (mesmo que in-fundadas). Quando José Maria de Souza Júnior esteve lá, foram convocadas elei-ções federais, pois o primeiro-ministro Paul Martin, que era do Partido Liberal, estava passando por uma crise. O Parti-do Liberal era acusado de dar propina para ministros em Québec para evitar a separação da província.

É comum estrangeiros irem ao Cana-dá pensando que vão encontrar pessoas com descendência caucasiana. Ou seja, pessoas como na maior parte da Euro-pa Ocidental ou como americanos (não nativos e não imigrantes). Isso é um en-gano, segundo José Maria, que ficou em Vancouver e Toronto. O Canadá pode ser considerado um país novo. Ou seja, a quantidade de imigrantes lá é grande. Há muitas pessoas da Ásia e do Oriente Médio, além de europeus, latino-ameri-canos e brasileiros. Em geral, as pessoas são muito educadas e solícitas. O perfil do canadense é cosmopolita. Em virtude das diversidades que possuem, um dos lemas nacionais é “celebrar o que nos une e deixar viver o que nos difere”. José Maria citou Vancouver como exemplo de cidade onde pessoas de diferentes et-nias convivem em harmonia.

Enquanto Anderson Augusto Simis-cuka acredita que qualquer país que tenha a língua inglesa como idioma ofi-cial é interessante para o aprendizado e que o importante é tentar se comuni-car ao máximo com nativos. José Ma-ria não vê o Canadá como o principal país para se aprender inglês. Ele vê os Estados Unidos e a Inglaterra como os principais para essa função porque os dois países são os que possuem as me-lhores universidades do mundo. Segun-do ele, “o reconhecimento do ensino universitário acaba transbordando para a questão de ensino de línguas. Além disso, muitos alunos fazem inglês para ingressar em universidades, assim, pode ser conveniente estudar inglês já no país onde se pretende cursar a faculdade”.

Sobre a qualidade de ensino, ambos gostaram. As escolas oferecem “free con-versation”. E como recebem estudantes de todo o mundo, o ensino é bastante flexível. Não existe cobrança assídua das tarefas, atividades, pois o estudo fica mesmo a cargo dos estudantes. É o perfil canadense de ensino, os alunos devem se dedicar bastante. Esse é um fator impor-tante que faz as pessoas irem ao Canadá. Como não há a cobrança, para aprender, depende única e exclusivamente do alu-no, são pessoas realmente interessadas a aprender que escolhem o país.

Thales Feijó Dantas está atualmente

no Canadá fazendo cursos de idio-mas, inglês, francês e alemão. No próximo semestre, ele irá fazer algumas matérias na universi-dade de Winnipeg relacionadas à saúde, pois cursa Odontologia aqui no Brasil. Ele foi no início de setembro e já percebeu a organização do país e também a diferença dos preços em rela-ção ao Brasil, con-sidera tudo mais barato. Antes, ele pensava em ir aos Estados Unidos, mas quando a oportunidade de ir ao Canadá sur-giu, começou a pes-quisar mais sobre o país e mudou de ideia, além disso, ele melhoraria não apenas o inglês, como o francês também. Thales não vê o Canadá como o princi-pal país a aprender inglês, já que existem pessoas de todo o mundo e escuta conversas nas línguas na-tivas entre si e não o in-glês a todo o momento.

Portanto, se está pen-sando em realizar inter-câmbio para algum país, não deixe de considerar o Canadá no momento de sua escolha.

Juliana Nascimento Trombini

Canadá é o país do intercâmbioCerca de 90% dos brasileiros escolhem o Canadá para estudar

Anderson Augusto Simiscuka e José Maria de Sousa Júnior foram ao Canadá em épocas diferentes e com objetivos distintos. Anderson foi com o objetivo de aprimorar o inglês e ficou apenas um mês no Canadá, em julho de 2012. Pensou em ir aos Estados Unidos primei-ramente, mas por ter cursos mais baratos e pela diversidade cultural existentes no Canadá, escolheu este país. Já José Maria ficou 15 meses, de 2005 a 2006, e considerou a possibilidade de aprender francês, além de inglês, e, como já conhe-cia os Estados Unidos, decidiu es-colher outro país para realizar in-tercâmbio cultural e identificou-se com o Canadá.

A Torre CN é principal ponto turístico da cidade de Toronto

A Galeria Nacional do Canadá construída em vidro e granito em Ottawa, capital do país

“As escolas oferecem ‘free conversation’. E como recebem

estudantes de todo o mundo, o ensino ébastante flexível.”

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