em foco 23 - 1° semestre de 2012

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Ano VII 23 Jornal-laboratório do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. Pilates ajuda na prevenção de doenças e no condicionamento físico. Tradicional espaço urbano de São Paulo é frequentado por tribos urbanas e famílias paulistanas. Ecoturismo / Sustentabilidade O MMA começa a abandonar o rótulo de ser uma brutalidade, para se tornar um dos esportes que mais crescem. Amantes da magrela Esportes Saúde e Qualidade de vida PÁGINA 8 PÁGINA 11 PÁGINA 12 Mais de dois milhões de pessoas utilizam o trem diariamente em São Paulo, mas esse meio de transporte está longe do charme que teve no passado. Entorno G20 Youth Summit Brazil Evento reuniu alunos de diferentes instituições de ensino e selecionou seis estudantes para compor a delegação brasileira no evento mundial em Washington. Reclamações de moradores vão além dos problemas de enchentes. Acúmulo de lixo na Lapa é constante, visível e criticado por pessoas que transitam pelo bairro. PÁGINA 3 PÁGINA 3 PÁGINA 6 Matéria de Capa - Os trilhos de São Paulo PÁGINA 9 Passeios ciclísticos noturnos pelas ruas da capital ganham adeptos que se reúnem para praticar e se divertir. Cultura Largo do Arouche Foto Charles Turci Em Foco 2012-1 - CS 5.5.indd 1 28/08/2012 21:53:18

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O jornal Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. Nesta edição: trens de São Paulo, bicicletas, G20 Youth Summit Brasil, enchentes na Lapa, MMA, Largo do Arouche, entre outros temas.

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Ano VII23

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Pilates ajuda na prevenção de doenças e no condicionamento físico.

Tradicional espaço urbano de São

Paulo é frequentado por tribos

urbanas e famílias paulistanas.

Ecoturismo / Sustentabilidade

O MMA começa a abandonar o rótulo de ser uma brutalidade, para se tornar um dos esportes que mais crescem.

Amantes da magrela

EsportesSaúde e Qualidade de vida

PÁGINA 8 PÁGINA 11

PÁGINA 12

Mais de dois milhões de pessoas utilizam o trem diariamente em São Paulo, mas esse meio de transporte está longe do charme que teve no passado.

EntornoG20 Youth Summit Brazil

Evento reuniu alunos de diferentes instituições de ensino e selecionou seis estudantes para compor a delegação brasileira no evento mundial em Washington.

Reclamações de moradores vão além dos problemas de enchentes. Acúmulo de lixo na Lapa é constante, visível e criticado por pessoas que transitam pelo bairro.PÁGINA 3 PÁGINA 3

PÁGINA 6

Matéria de Capa - Os trilhos de São Paulo

PÁGINA 9

Passeios ciclísticos noturnos pelas ruas da capital ganham adeptos que se

reúnem para praticar e se divertir.

CulturaLargo do Arouche

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Junho de 201202 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brOpinião

ExpedienteFaculdades Integradas Rio BrancoEndereço: Av. José Maria de Faria, 111 – Lapa São Paulo - SP - Cep 05038-190www.riobrancofac.edu.brAgência de Jornalismo - Fone: (11) 3879 5373

Diretor Geral: Profº Dr. Edman AlthemanCoordenadora do Curso de Jornalismo: Profª Patrícia Moreira RangelOrientação: Profª Patrícia Ceolin,Profª Clara Correa e Profº Dario Luis Borelli

Estagiário: Égon Ferreira Rodrigues

Jornal Rio Branco Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, das Faculdades Integradas Rio Branco.

Empregabilidade é cultivar competênciasPor José Luís de Melo Turiani – Coordenador dos cursos Gestão Comercial, Marketing e de Estágios das Faculdades Integradas Rio Branco

mpregabilidade. Mas o que é mesmo que isto significa? Signifi-ca estar apto para assumir qual-

quer posição numa empresa? Claro que não. Empregabilidade tem a ver com nossas competências e, um pou-co, com nossa personalidade. Quanto à nossa personalidade, esta já está mais ou menos moldada nesta fase da vida. Claro que podemos “mexer” um pouco na personalidade se for preciso, mas o melhor é investir energia e tempo em nossas competências. E, no campo das competências, temos muitas formas de incrementá-las conforme as necessida-des do mercado de trabalho.

Para ter uma ideia do que é com-petência, imagine-se observando um monte de operários trabalhando na abertura de um buraco numa rua. Ago-ra chegue perto e observe cada um des-tes operários. Percebe que quando olha-mos “de longe” todos parecem fazer a mesma coisa? No entanto, quando nos aproximamos, vemos que alguns estão apenas olhando, outros estão retiran-do a terra, outros batem no chão com

uma picareta... Cada um desempenha um papel, mesmo que alguns façam a mesma coisa, cada um faz do seu jeito. Este “jeito” de fazer a mesma coisa, de forma particular, faz parte das compe-tências de cada um. Então competência é a aplicação de todo conhecimento e habilidade que uma pessoa tem e pode ser medida pela observação. E a empre-gabilidade? É a capacidade de adequar suas competências às necessidades do mercado de trabalho.

O melhor de tudo é que dá para melhorar as competências e adquirir novas. Algumas são mais fáceis (apren-der a limpar uma mesa de lanchonete), outras nem tanto (aprender uma nova língua), mas nada que, com um pouco de esforço, não se possa conseguir!

Empregabilidade tem a ver com nossas competências, sendo que estas podem ser construídas e melhoradas! Basta querer. Vejamos algumas coisas que você pode fazer desde já para me-lhorar sua empregabilidade:

- Esteja sempre atualizado. Leia no-tícias, artigos e revistas de sua e de ou-

tras áreas (vale ler na internet, no smar-tphone, nos jornais de sua biblioteca etc.). Fique antenado nas tendências e nas novas tecnologias! O mercado quer pessoas atualizadas.

- Tenha empatia: numa conversa, tente compreender o ponto de vista do outro, como ele pensa, como ele se comporta. Numa negociação, parta do

princípio de que os dois lados devem sair ganhando.

- Participe de cursos e treinamentos (o CIEE, por exemplo, oferece mais de 30 cursos on-line gratuitos. É só entrar no site e se cadastrar). Estude muito! Durante as aulas, no ônibus, nos finais de semana, enfim...

- Planeje-se. Afinal não conseguimos

tudo de um dia para o outro e ainda não inventaram uma pílula mágica. Saiba aonde quer chegar para saber qual caminho percorrer.

- Tente ser bom naquilo que faz. Não sendo possível, tente assim mes-mo!

- Aprenda um segundo idioma, de preferência o inglês. Quando dominar o inglês, parta para um terceiro idioma (existem sites como o www.livemocha.com que oferecem cursos de línguas gratuitamente. Experimente!).

- Não minta sobre suas competên-cias. Alguém descobrirá. Isto lhe custa-rá não apenas a vaga, mas vai preju-dicá-lo em outras entrevistas. Falta de ética “corre o mercado”.

- Seja pontual. São Paulo tem trân-sito caótico e todo mundo sabe disto. Portanto, saia bem antes do horário combinado.

Cito dois renomados psicólogos americanos - Martin Seligman e Angela Duckworth, que publicaram o resulta-do de uma pesquisa na revista Psycho-logical Science. Eles demonstraram que a autodisciplina é mais importante para se alcançar o sucesso do que a in-teligência (QI).

“É a capacidade

de adequar suas

competências às

necessidades do

mercado de trabalho”

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Lei da “Ficha Limpa” vale para eleições 2012Renata Marques Ferreira – Professora do curso de Direito das Faculdades Integradas Rio Branco, Mestre e Doutora em Direito pela PUC/SP

om o passar do tempo e a cultu-ra de corrupção e de desrespeito à ética e à lisura na condução da

coisa pública se alastrando notoria-mente no âmbito do Congresso Na-cional, teve início em abril de 2008 um grande movimento de engajamento de parte da população brasileira que pe-dia por mudanças profundas nessa cul-tura tão antiga em nossa história de se confundir, reiterada e acintosamente, o universo público com o privado.

A campanha passou a se chamar “Movimento de Combate à Corrup-ção Eleitoral” e rapidamente começou a fazer parte das conversas diárias dos brasileiros. Em 04/06/10, a LC135 foi sancionada e já publicada em 07/06/10, trazendo para o mundo jurídico novas hipóteses de inelegibilidades, e indican-do em seu art. 5º sua imediata aplica-ção a partir da data de sua publicação.

Com a entrada em vigor da nova regra legal, vários questionamentos co-meçaram a surgir. No TSE o tema foi logo discutido por meio de Consulta e

se decidiu que, por não alterar o pro-cesso eleitoral, as novas hipóteses de inelegibilidades poderiam ser aplicadas já para as eleições de 2010. Apesar da decisão do TSE, por envolver questão constitucional, a matéria ainda preci-saria passar pela análise do Supremo Tribunal Federal. As divergências na maior corte do País passaram a girar em torno da data em que se considera iniciado o processo eleitoral, devido à determinação da Constituição Federal (art.16) de que nova lei que altere o processo eleitoral só pode ser aplicada no ano seguinte ao de sua publicação.

Dos 11 ministros que compõem o Tribunal Superior, cinco decidiram pela aplicação imediata da lei, alegando que o processo eleitoral se iniciaria com as convenções partidárias (que pela Lei Geral das Eleições seriam entre 10 e 30 de junho) e com o registro das candi-daturas que deveriam ser efetivadas até às 19 horas do dia 5 de julho. Nesse sentido, votaram os ministros Carmem Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim

Barbosa, Ayres Britto e Ellen Gracie. De outro lado, os ministros Dias To-ffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso se po-sicionaram alegando que o processo eleitoral começaria um ano antes das eleições, com o fim do prazo legal para

as filiações partidárias. O tema só res-tou definitivamente decidido quando o ministro Luiz Fux assumiu seu lugar na corte e em seu voto decidiu que a lei não poderia ser aplicada nas eleições de 2010, mas deveria aguardar o prazo constitucional de um ano.

O que estava em discussão, naquele momento, era apenas a possibilidade

de aplicação da lei já em 2010; o mérito da ação seria julgado apenas em 2011, quando se decidiu que a Lei era de fato constitucional e seus dois temas foram considerados válidos para as próximas eleições. Aqueles condenados por ór-gãos colegiados teriam seus registros indeferidos pela Justiça Eleitoral e a lei valeria para condenações e renúncias apresentadas antes de 10 de junho de 2010 (data da sanção das novas regras legais).

As alterações trazidas pela LC 135/10 nasceram do profundo dese-jo da população brasileira de dar um “basta” aos desmazelos provenientes de parte da classe política brasileira. Há muito tempo não se observava tão curiosa movimentação da sociedade para demonstrar tamanho grau de in-satisfação com a classe política no Bra-sil. Apesar da insatisfação de parte da população brasileira pela não aplicação imediata da lei, somos um País pautado por regras legais e as regras do jogo de-mocrático devem ser respeitadas para que encontremos a tão aclamada e de-sejada segurança jurídica, necessária e fundamental para a nossa nação.

“Nasceram do profundo

desejo da população bra-

sileira de dar um “basta”

aos desmazelos prove-

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da classe política”

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1° Semestre de 2012 03NÚMERO 23

Em Tempo

didas na vida profissional”, ministrada em Maio nas Faculdades, contou com a presença da pedagoga surda e ex--aluna Sylvia Lia Grespan Neves e dos profissionais surdocegos Carlos Jorge Wildhagen Rodrigues e Cládia Sofia Indalécio Pereira. Os palestrantes mos-traram a importância da inclusão do surdocego na vida profissional e social, com exemplos motivadores. Sylvia ex-plicou de maneira dinâmica e bem hu-morada sua vida pessoal e trajetória acadêmica até tornar-se graduada em biblioteconomia e mestra em pedago-gia. Fez especialização de surdez na FMU e atualmente leciona para alunos surdos por meio da expressão corporal e facial.

Global Attitude, em parceria com as Faculdades Integradas Rio Branco, realizou a primeira

edição do evento G20 Youth Summit | Brasil, durante os dias 9 e 13 de abril. O evento contou com o apoio da Fede-ração Nacional de Estudantes de Re-lações Internacionais (FENERI), e pro-porcionou aos participantes a vivência de um ambiente diplomático.

Rodrigo Reis, fundador e diretor do Instituto Global Attitude, juntamente com a professora Denilde Holzhacker, coordenadora do curso de Relações In-ternacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, estiveram à frente do pro-jeto. “Mesmo sendo a primeira edição do evento no Brasil, acredito que tenha sido um sucesso tanto pela diversidade das palestras, quanto pela qualidade das discussões e participação de estu-

dantes de diversos estados brasileiros”, conta Rodrigo. O projeto internacional acontece desde 2006 em paralelo com as reuniões oficiais e obtém reconheci-mento e apoio dos países participantes do G20, reunindo cerca de 150 jovens das respectivas nações para debater as-suntos mundiais da atualidade no âm-bito político, econômico e social, com o objetivo de agregar a ótica jovem aos assuntos tratados pelas agendas ofi-ciais. Durante os 5 dias de evento, os temas discutidos seguiram os padrões e métodos utilizados nas negociações oficiais do G20, o que foi um dos pon-tos fortes da edição. Durante todo o evento os jovens lidaram com temas diversos, onde, através de palestras e rodadas de negociações, puderam co-locar em prática toda teoria passada durante a caminhada acadêmica.

Dentre os participantes, seis fo-ram destaque, e assim, escolhidos para compor a delegação brasileira na simu-lação que acontecerá em Washington, nos Estados Unidos. Os nomes foram anunciados durante a Cerimônia de encerramento no auditório da Facul-dade, onde os participantes Wellington

Sousa Silva, Gabriela Pascholati, Dou-glas Bernardo, Priscila Prado, Fernan-do Haddad e Alberto Caldeira foram selecionados. O evento ainda contou com a participação de especialistas em política externa e de personalidades internacionais e autoridades convida-das, como a do Cônsul Geral dos EUA, William Popp. Rodrigo ainda desta-cou que “A escolha das Faculdades Rio Branco para sediar o G20 Youth Summit | Brasil, foi feita pela visão e disposição que a instituição possui em

Por: Isabela Almaçam eNaryana Caetano

Faculdades Integradas Rio Branco realizam1ª edição do G20 Youth Summit | Brasil

Evento proporcionou vivência em ambiente diplomático

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proporcionar atividades extracurricu-lares como forma de complementar a educação acadêmica de jovens. Essa visão tem ressonância com a missão e projetos que a Global Atittude propõe, e que tem como objetivo alavancar a cooperação à educação e o engajamen-to público em nível global a respeito dos desafios contemporâneos que afe-tam nossas sociedades.”, deixando ele-vadas as expectativas para o evento de 2013.

Equipe: dedicação e profissionalismo

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trabalho de cunho so-cial atualmente desenvol-vido pela Fundação de

Rotarianos de São Paulo prevê a valo-rização e contribuição social no âmbito educacional, por meio da Escola para Crianças Surdas (CES) e do Centro Pro-fissionalizante (CEPRO), que também inclui projetos para jovens com defici-ência auditiva.

O desenvolvimento infantil é esti-mulado desde os primeiros anos, por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), acompanhando padrões pe-dagógicos e orientando as famílias. Se-gundo Sabine Vergamine, diretora do CES, “Aqui os alunos adquirem natu-ralmente o hábito de se comunicar por meio da língua de sinais e o português é aprendido como segunda língua. Nós ensinamos a LIBRA para os pais, por-que a maioria deles não têm deficiência, e eles continuam a trabalhar com os fi-lhos”. Visando a proximidade e o com-prometimento dos pais com a escola, são desenvolvidas atividades dirigidas,

como grupos de orientação, reuniões, aulas de LIBRAS e de informática. Des-de a primeira à quarta série, os alunos participam de projetos interclasses e atividades extracurriculares, de acordo com o conteúdo pedagógico desenvol-vido. O Colégio Rio Branco comporta crianças a partir da quinta série, man-tendo a gratuidade até o final do ciclo educacional e proporcionando a for-mação profissional de jovens surdos, por meio do CEPRO.

Trabalho e estudos caminham juntos

Para Sabine Vergamine, a conti-nuidade dos estudos após a quinta série ocorre quando eles vão estudar no Colégio Rio Branco, no SESI e na Fundação Bradesco. Quando os alunos concluem, optam por cursar a facul-dade, fazer um curso técnico, ou mes-mo ingressar no mercado de trabalho. Segundo Fernanda Oliveira, assistente técnica no CEPRO, o curso profissiona-lizante comporta 22 alunos por semes-tre e encaminha os alunos ao mercado

de trabalho por meio do Selur Social. “O site é aberto a todas as empresas que querem contratar pessoas com deficiência” , elucida Oliveira. Quan-do questionada sobre as novidades em relação à educação de surdos no Brasil, Oliveira descreve o susto que teve no ano passado: “Recebemos a notícia de que seriam fechadas as escolas municipais de educação para surdo, simplesmente porque não preci-sava ter inclusão. Nos mobilizamos e fi-zemos passeatas por todos os cantos do Brasil, até revertermos essa situação”.

Investimento Permanente

As Faculdades Integradas Rio Bran-co investem em alunos surdos, ofere-cendo formação superior aos ex-alunos e atuais colaboradores da CES. Em todas as entidades, tradutores e intér-pretes de LIBRAS e Língua Portuguesa acompanham os alunos, gratuitamen-te, caracterizando mais um serviço da Fundação em prol da formação e inclu-são dessa minoria.

A palestra “Experiências bem suce-

Por: Patrícia Candelária,Lidinalva Mendes e Piter Duarte.

Educação para surdos oferece inclusão socialCES, com parceria da Fundação de Rotarianos de SP, desenvolve projeto social com crianças surdas

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Escola para crianças surdas contribui para a valorização no âmbito da educação

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Junho de 201204 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brAção Social

m sábado por mês, a ansiedade toma conta dos moradores do Centro de Acolhida Especial para Idosos Morada São João, localizado na

região central de São Paulo e mantido pela Prefeitura. A espera é pelos cães terapeutas e seus donos, que visitam o espaço e passam 45 minutos fazendo companhia e brincando com alguns idosos.

Essa atividade é chamada de Zooterapia, TAA ou AAA (terapia/atividade assistida por animais), que utiliza animais para a prevenção e tratamento de diversas doenças físicas ou psíquicas. Minutos antes de iniciar a atividade no Centro, a responsável por coordenar o encontro, Annelise Faccin, 41, psicóloga e adestradora, já está à espera dos cães. Os donos dos cachorros fazem parte da equipe de voluntários do projeto Cão Terapeuta e vão chegando aos poucos. Annelise explica que esse momento de reunião antes da visita é importante para os cães poderem se acostumar com a presença uns dos outros e para ela também se aproximar de cada cão, brincar, oferecer petiscos e assim ter mais intimidade e confiança dos cães durante a visita.

Após a breve reunião, os donos levam seus cachorros pelas coleiras até os moradores do Centro, assim cada um dos residentes pode brincar com o cão que desejar, passar a mão, dar petiscos etc. Os voluntários também têm um papel importante nesse momento, pois conversam bastante com os idosos, que estão sempre dispostos para um bom bate-papo.

Terapia com cães

Os benefícios constatados por hospitais, asilos e clínicas que já utilizam esse tipo de ajuda no tratamento de seus pacientes são muitos. Tatiane Ichitani, 33, é psicóloga, adestradora, consultora comportamental e responsável pelo projeto Cão Terapeuta. Ela menciona alguns dos benefícios da atividade com os animais: “a Zooterapia melhora a autoestima , a memória e concentração, além da capacidade de comunicação dos pacientes”.

A equipe do Cão Terapeuta conta com 11 adestradores voluntários em formações acadêmicas diversas. Uma das voluntárias, por exemplo, é formada em Medicina Veterinária, então cuida da saúde dos animais. Atualmente são 46 cães terapeutas e seus donos e mais 3 voluntários sem cachorros que participam do projeto. As visitas são organizadas sempre de acordo com a proposta da instituição a ser visitada. São levados em consideração o espaço disponível, o número de assistidos e a atividade desenvolvida. Os mesmos cães irão sempre ao mesmo abrigo, hospital ou clínica, para que assim seja criado um vínculo entre paciente, voluntário e animal.

Responsável pelo projeto, Tatiane esclarece que as visitas são organizadas de acordo com a disponibilidade e horários dos voluntários. Fabiana Nemeth, 30, começou recentemente o trabalho de Zooterapia com seu cão vira-lata, Napoleão. Apesar de ter uma rotina já estabelecida e bastante corrida

com sua carreira de atriz, Fabiana endossa que é possível conciliar o voluntariado com suas obrigações do dia a dia tranquilamente, “É apenas uma vez por mês que a gente vem e as datas são todas marcadas com antecedência no início do ano, então é bem fácil se programar. Temos direito a duas faltas no ano, caso tenhamos algum imprevisto”.

Seriedade e comprometimento

O projeto Cão Terapeuta oferece a oportunidade para aqueles que gostariam de fazer esse tipo de trabalho voluntário e querem descobrir se seu cachorro pode ou não vir a ser um cão terapeuta. “O cão passa por uma avaliação e se não for aprovado o dono recebe instruções para melhorar o comportamento do animal. Em alguns casos, o acompanhamento de um adestrador de nossa equipe é fundamental”.

Depois de efetuado o adestramento, o voluntário ganha um manual de orientação e assina um termo de responsabilidade, vinculando-se ao projeto e comprometendo-se a seguir certas regras. A psicóloga reforça: “O trabalho com animais é uma coisa muito séria. Não é simplesmente pegar o cachorro (ou outro animal) e levar para qualquer lugar. Tudo tem que ser acompanhado por profissionais (adestrador, consultor comportamental, médico veterinário e equipe da instituição – médico, fisioterapeuta, psicólogo, enfermeiro, pedagogo etc.) e ainda os animais precisam passar por testes de temperamento e comportamento. Não é qualquer animal que pode realizar esse tipo de trabalho, por isso precisa ser feito com muita responsabilidade. Precisa estudar muito, pois as pessoas criam um vínculo com o animal e tanto voluntários como equipe de profissionais precisam estar preparados para lidar com essas situações”.

Uma pequena amostra do comprometimento dos membros do Cão Terapeuta é a declaração de Marcio Godoy, 46, comerciante e voluntário no projeto Cão Terapeuta. Dono de uma cachorrinha da raça Bichon Frisé , chamada Charlise, de 5 anos, “apesar de ser importante para quem recebe, acho que é importante para quem faz também, para quem doa duas horas de um sábado, sendo que trabalha das 7h às 20h de segunda à sexta-feira como eu, é uma coisa que você sente a importância e não dá para você “pular fora”, a partir do momento que você assumiu o compromisso, você tem que ir até o fim”.

Dedicação em 4 patas

Bruce é o nome do Sheep Dog de Tatiane Ichitani, responsável pelo projeto, que também é um cão terapeuta e algumas vezes ao mês alegra os dias de pacientes em clínicas e instituições. Ela diz que pode ver o cansaço de Bruce após as visitas, mas que enxerga isso como uma coisa positiva: “Ele vai às visitas, brinca de bolinha, passeia com as crianças, ganha petiscos. Para ele, é tudo uma brincadeira. Ele gosta, não fica estressado como algumas pessoas imaginam. No fim, faz bem tanto para o assistido quanto para o voluntário”.

Tatiane menciona ainda que as pessoas que procuram o projeto estão em busca de um trabalho voluntário com o cão porque sabem o bem que

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Por: Por Janaina Gorski e Mariana Gusmão

Zooterapia, uma lição de cidadaniaVoluntários visitam idosos com seus “cães terapeutas”

um animal faz quando está perto das pessoas, e acrescenta: “a maior realização é que nosso trabalho é reconhecido e que estamos fazendo bem para alguém. Por isso, nunca desistimos”.

Napoleão, o vira-lata de Fabiana, se mostrou um pouco cansado após sua primeira visita, já sua dona estava muito orgulhosa, “o Napoleão se comportou muito bem, deixou fazerem carinho, deram o petisco e ele deu a pata, deixou pentearem ele... Eu acho que isso é bom para ele e bom para a minha relação com ele, para nossa interação. Ser voluntário é isso, você ter essa troca sem ter um retorno financeiro, você conversar com os idosos, ouvir sobre os cachorros que eles tiveram, vê-los pedir alguma coisa do cachorro e o cachorro dar, isso é muito bacana, pois dá uma fortalecida neles. Estou me sentindo super importante”.

Dona A.O., idosa residente do Centro de Acolhida, estava muito feliz com a visita dos cães, “Pelo fato de eu estar impossibilitada de levantar com facilidade, os cachorros têm que vir até mim, e eles são maravilhosos, sentam-se próximo a mim para que eu possa acariciá-los, senti-los perto. Os animais são verdadeiros e sinceros, eles falam com o olhar e não esperam nada em troca. São companheiros, nossos amigos de quatro patas”, animou-se.

Fazendo o bem

Após o término do encontro, Annelise, que coordenava a visita, reuniu os voluntários para uma conversa rápida sobre o que eles haviam sentido e absorvido da experiência. Ela lembrou a todos que o trabalho voluntário com a Zooterapia deve ser visto como uma terapia, uma ação para oferecer seu tempo, sua atenção e seu carinho, e mesmo que tenha somente três ou quatro pessoas já vale a pena.

Se você se interessou por esse trabalho com Zooterapia e gostaria de ser um voluntário com seu cão, entre em contato com o projeto Cão Terapeuta. Seu cachorro deve ser dócil, gostar de dar e receber carinho, estar vacinado e vermifugado, ter mais de dois anos de idade e ser castrado.

Dona Alba e Marcio Godoy

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Equipe de voluntarios

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1º Semestre de 2012 05NÚMERO 23

Entorno

Lapa de Baixo, localizada na zona oeste, é uma das regiões mais antigas de São Paulo e acervo de muitas histórias que foram fundamentais

para expansão da capital paulista abriga a estação de trem da Lapa, que liga a região a outros importantes pontos de São Paulo. O bairro tornou-se uma referên-cia como moradia tranqüila para muitos paulistanos.

Os problemas com o crescimento do bairro tam-bém apareceram e, pouco a pouco, os moradores co-meçaram a sentir os impactos da saturação que atin-giu diretamente seu cotidiano. Logo, enchentes e falta de segurança vieram à tona. Eurico Ferreira, Presiden-te do Conselho da Associação dos Amigos da Lapa de Baixo, é morador do bairro há 76 anos e relembra com saudades os anos em que a região começava a se desenvolver. Ele explica que o bairro foi criado pelos trabalhadores da estrada de ferro. Passado de orgu-lho, diferente dos dias atuais. Segundo Ferreira, já é da rotina dos moradores enfrentarem problemas com enchentes durante as épocas de chuva. Uma solução apresentada para a Subprefeitura foi a sinalização em locais considerados de risco no bairro. Para o presi-dente do conselho, esta iniciativa pode evitar inciden-tes, como por exemplo, a situação pela qual passou na Rua Ricardo Cavatton, quando perdeu o carro devido ao alagamento e teve que sair nadando do seu carro próximo às Faculdades Integradas Rio Branco.

O Lixo

As reclamações dos moradores vão além dos pro-blemas de enchentes. O acúmulo de lixo nas regiões da Lapa também é um problema constante, visível e criticado por moradores e demais pessoas que cru-zam diariamente as ruas do bairro. O desrespeito e a falta de educação por parte de algumas pessoas que jogam o lixo em lugares proibidos, ou simplesmente o abandonam nas esquinas, atrapalham ainda mais na limpeza das ruas.

“O lixo aqui embaixo é recolhido um dia sim e um dia não. Quem é consciente coloca no dia certo, mas há quem não respeite.” comentou Eurico Ferrei-ra. Além dos abusos cometidos, há situações como as descritas por Luíse Lopao, moradora da Rua Félix Belchior.

“Nós enfrentamos esses problemas. Há demora na coleta e, com isso, alguns catadores espalham o lixo pela rua”. Segundo Luíse, o caminhão do lixo recolhe os resíduos domésticos aproximadamente às 23h. Mas muitos moradores não têm a consciência de colocar o lixo na rua no horário certo, fazendo com que as calçadas fiquem sujas e facilitando a propaga-ção de doenças.

E ainda, existem problemas com a má conservação das calçadas, dificultando o transporte de deficientes físicos e dos próprios moradores, que sofrem diaria-mente com isso. A assessora de imprensa da Subpre-feitura da Lapa Natalia Caringi explica como a Sub-prefeitura monitora estes casos e também comenta as punições aplicadas àqueles que não agem de acordo com o recomendado: “A manutenção das calçadas é de responsabilidade do proprietário. Por exemplo, se uma calçada em frente a um colégio estiver depre-dada, nós mandamos a CPDU (Coordenadoria de Desenvolvimento Urbano) que é uma das áreas aqui da Subprefeitura e eles fazem notificações com multas pesadas, algo em torno de R$3.000 de multa”.

Natalia Caringi afirma que a Subprefeitura realiza a manutenção e limpeza dos córregos e bocas de lobo, porém o grande volume de água que causa os ala-gamentos e enchentes atrapalha nestas manutenções e cuidados. “Há projetos de canalização de córregos que ajudariam na resolução deste problema, mas es-tes projetos ficariam por conta do SIURB (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras)”, relata Natalia. Sobre a limpeza da cidade, a Secretaria de Serviços da Subprefeitura contrata uma equipe de varrição que é responsável pela conservação e recuperação de áreas verdes da região da Lapa, limpando, colocando flo-reiras e conscientizando as pessoas a não jogar lixo nas ruas. A assessora ainda afirma que é enorme a demanda e os e-mails de pessoas reclamando sobre barulhos, violências ou drogas pela região, casos que são encaminhados diretamente à polícia.

Iluminação, segurança e transporte público

Outro fator que preocupa os moradores da região é a falta da iluminação pública. Em casos como este, situações de violência ficam evidentes, fazendo com que a sensação de insegurança por parte dos cidadãos aumente. Segundo o site da Prefeitura de São Pau-lo, a iluminação da capital paulista é “grandiosa”, tal como a própria cidade. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE), o estado de São Paulo conta com 97,2% de iluminação pública no entorno de moradias. Há, porém, reclamações por parte de habitantes de regi-ões como a Lapa de Baixo. Eurico Ferreira expõe sua ideia de bairro ideal: “Eu gostaria que a Lapa virasse um bairro como os franceses ou italianos. Colocar lampiões, deixá-la bonita e conservar”. A assessora Natália Caringi explica que estes casos são de respon-sabilidade de outro departamento. “A iluminação fica por conta da Ilume, Secretaria de Serviços também. Quando chegam reclamações aqui, nós fazemos um encaminhamento”.

Problema cada vez mais evidente em todo o Brasil, as faltas de condições do transporte público são facil-

mente perceptíveis e constantemente alvo de severas críticas. Trânsito caótico, superlotações, depredações, alto custo das tarifas e greves dos funcionários são alguns dos muitos problemas vistos corriqueiramen-te. Morador antigo da Lapa, Ferreira opina sobre a questão no bairro. “É a Lapa que aglomera o pessoal de bairros como Pirituba”. E ainda comentou sobre um projeto do prefeito de São Paulo: “Uma vez con-versei com o Kassab sobre um projeto dele, que é de fazer uma avenida em cima da estrada de ferro, vindo do Brás até a Lapa. Mas o pessoal do PT vetou por causa dos galpões que eles consideram históricos”.

A Associação dos Amigos da Lapa de Baixo apre-sentou diversas propostas para melhoria do bairro, bem como a participação maior dos cidadãos em reuniões, em que os moradores podem apresentar ideias a fim de mudar a atual situação e melhorar a condição de vida. Telma Lucia Barros, moradora da Lapa há 48 anos, discorda afirmando não encontrar utilidade no trabalho da Associação de moradores, pois ela não encontra resultados após expor suas propostas. Ela explica que muitas reclamações foram levadas ao poder público. Dentre elas, a falta de se-gurança que os moradores sentem com pouco poli-ciamento nas ruas, além da demora no atendimento das ocorrências.“Problemas como iluminação, segu-rança, essas campanhas de conscientização. Tudo isso já foi levado para a Prefeitura. Inclusive liguei na ad-ministração regional da Lapa e eles me dão razão, me falam a lei, mas não têm a ação.”

Para a moradora, o problema não se resume ape-nas à pouca ação do governo, mas também à omissão dos moradores em busca por melhorias na região. “Isso no primeiro momento é uma ação do poder público, mas a continuidade quem dá é o cidadão”, afirma Telma.

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Lixeiras para o descarte de materiais recicláveis em má conservação.

Por: Renan Rodrigues, Isabela Almaçam e Juliana Rocha

Descaso e abandono na Lapa de BaixoMoradores ainda sofrem com antigos problemas da região

Má conservação das ruas, lixo e entulho descartado irregularmente são problemas constantes

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Equipe de voluntarios

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www.riobrancofac.edu.brReportagem de Capa

Os trilhos de São PauloTransporte ferroviário ainda hoje é responsável por levar

mesmo longe do charme que

Trem do expresso Turístico Perus-Pirapora. A locomotiva sucateada foi doada por uma antiga Cia ferroviária

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ciPor: Lucas Sousa Almeida, Charles William Turci e Diego de Castro Bremer

urante muitos anos, o trem foi um sinônimo de expansão e desenvolvimento. Por onde pas-savam os trilhos das grandiosas e barulhentas

locomotivas, traziam consigo um fator econômico importantíssimo durante todo o processo de desen-volvimento do nosso país. A própria São Paulo já ga-nhou o titulo de “Locomotiva do Brasil”, uma alusão à sua importância econômica que contribuía de ma-neira intensa para o resto do país, como uma grande locomotiva que puxava os pesados vagões do Brasil rumo a uma economia notável. Muito além do cará-ter econômico, as raízes das estradas de ferro ficaram marcadas na nossa cultura como marcas de nascença. O transporte dos imigrantes que chegaram a nossa pátria durante mais de um século foi feito através do até então avançado e charmoso transporte ferroviá-rio. Durante muitos anos, tivemos nas locomotivas o mais rápido e importante meio de transporte de passageiros de longa distância, o que acabou criando esse vinculo da nação brasileira com as estradas de ferro.

Muito longe do glamour de outrora, hoje o trans-porte ferroviário paulista se resume ao transporte de carga feito por duas grandes concessionárias e o transporte urbano de passageiros, realizado pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolita-nos) e pelo Metrô. Diferente do que acontecia no sé-culo passado, o trem deixou de ser protagonista no transporte paulista, hoje muito mais focado nas rodo-vias, para apenas servir de uma forma complementar, ainda que conte com as vantagens de ser um meio de transporte limpo(sem poluição) e veloz.

Segundo dados da própria empresa, só a CPTM transporta hoje mais de 2.300 mil pessoas por dia (números em média por dia útil), com uma frota de aproximadamente 127 trens que fazem no total cerca de 2630 viagens ao dia, divididas em seis linhas ope-racionais. Número que fica bem abaixo dos ônibus da São Paulo transportes, a SPtrans, que de acordo com informações divulgadas pela companhia, trans-porta cerca de 6 milhões de pessoas ao dia, somente na cidade de São Paulo, com uma frota de aproxi-madamente 15 mil veículos que operam em mais de 1300 linhas.

Mesmo que apresente um número razoável de

passageiros, as linhas ferroviárias ainda sofrem com problemas organizacionais que afligem os meios de transporte de grandes metrópoles como São Pau-lo. Hoje existe superlotação em diversos trechos da CPTM e do Metrô, problema esse que segundo o especialista em transportes Telmo Giolito Porto, é causado principalmente pelo enorme crescimento de demanda dos últimos anos e pelo fato da malha ferro-viária encontrar-se incompleta. A solução do proble-ma requer a ampliação e a modernização das ferro-vias, processo extremamente demorado se levarmos em conta que para um desenvolvimento completo e eficiente, não basta investir somente em trens, energia ou vias, mas sim em todos os aspectos juntos, tendo uma ampliação por igual e completa. Além disso, é necessário levar em consideração que o transporte não pode ser interrompido em nenhum momento, o que gera a necessidade de desenvolver os projetos en-quanto as linhas ainda estão operantes, o que causa ainda mais demora na execução das melhorias.

Ainda segundo Porto, a previsão é que com os de-vidos investimentos, até 2025 haja uma malha capaz de atender de maneira completa e eficiente as deman-das da metrópole (até porque a tendência é que o pró-prio crescimento demográfico venha a se estabilizar com o passar do tempo). Isso não quer dizer necessa-riamente que não haverá mais lotação, principalmen-te no horário de pico. Ocorre que não há uma saída viável economicamente que possa gerar uma malha capaz de transportar os passageiros sentados no ho-rário de pico, sem que tenhamos como consequência uma enorme ociosidade durante os horários de me-nor movimento.

Projetos e Melhorias

Hoje, a CPTM tem diversos projetos de expansão

em andamento, que visam o aumento e a moderniza-ção da frota, a expansão da malha ferroviária urbana e também a construção de novas estações em algumas das linhas. Conforme informações da companhia, até 2014 o chamado Projeto de Expansão da CPTM visa modernizar 97 estações, expandir em 47km a atual malha ferroviária, entregar 154 novos trens de 8 car-ros e capacitar as linhas para ter intervalos de circu-lação de até 3 minutos em alguns trechos. O projeto de modernização ainda prevê a construção de novas linhas de operação, que seriam a linha 13 – Jade que é um trecho que conectaria a estação Eng. Goulart, na linha 12, até o Aeroporto na cidade de Guarulhos e mais 3 linhas expressas: o expresso ABC que ligaria a estação da luz até a estação de Mauá, o expresso Oeste-Sul que faria uma ligação de Pinheiros com Ba-rueri e o expresso Jundiaí que faria o trajeto da atual linha 7 Rubi até a estação de Jundiaí em apenas 25 minutos.

Atualmente, existem seis linhas em operação pela CPTM, a linha 7 Rubi (luz – Jundiaí); a linha 8 Dia-mante (Julio Prestes – Amador Bueno); linha 9 Es-meralda (Osasco – Grajaú); linha 10 Turquesa (Luz – Rio Grande da Serra); linha 11 Coral (Luz – Es-tudantes) e a linha 12 Safira (Brás – Calmon Viana). Entre essas, as que mais recebem recursos de moder-nização são as três com maior movimento diário, que são as linhas 11, 8 e 7 respectivamente.

Segundo o departamento de marketing da CPTM, os projetos andam de maneira muito mais devagar do que deveriam, por conta de diversos fatores. O pri-meiro e talvez mais relevante deles é a questão da bu-rocracia e da própria falta de verbas: “a CPTM quan-do foi criada era uma empresa do governo do estado de São Paulo e com toda arrecadação que ela tem ela não consegue manter o custo de material urbano e custo de manutenção(por exemplo). Então tudo que

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Reportagem de Capa

Os trilhos de São Paulo

se arrecada o governo subsidia uma parte. Então toda melhoria que é exigida, tanto com trem, moderniza-ção entre outras coisas o governo do Estado tem que bancar. Como há diversos outros setores do estado que necessitam de recursos, os investimentos são li-mitados”, diz Gerson Faria, analista de comunicação da empresa.

No caso do transporte ferroviário da CPTM, os trens de carga que dividem as linhas com os trens de transporte urbano durante todo o dia também são responsáveis pelo inviabilização de melhorias, prin-cipalmente a redução do intervalo entre os trens. A malha ferroviária paulista foi construída visando o transporte de carga, e no decorrer dos anos foi adap-tada ao transporte de passageiros. “Hoje, colocar muitos trens e diminuir os intervalos é difícil porque tem que colocar também os trens de carga. Então há horários em que são necessários intervalos maiores para injetar os trens de carga, que também não po-dem parar”.

Para a solução deste problema, existe o projeto da construção do Ferroanel, que tem a intenção de desviar os trens de carga da região metropolitana de São Paulo para que se possa focar apenas no trans-porte coletivo. Com moldes baseados no Rodoanel, o projeto é exclusivo para os trens de carga, que além de desafogar o transporte de passageiros na metrópo-le, ainda conseguiriam redução no tempo e custo do transporte de mercadorias.

O chamado trecho norte do Ferroanel (onde par-te do percurso será feito em paralelo ao Rodoanel norte) tem custo previsto de 1.2 bilhões de reais e é prometido pelo governo federal e paulista para 2014. Este trecho tem traçado previsto para sair de Ita-quaquecetuba, zona leste, passar pelo município de

Guarulhos, seguindo a Serra da Cantareira até chegar ao bairro de Perus, onde seguirá rumo a Jundiaí. A segunda parte do Ferroanel, chamada de trecho sul, que deve passar pelo Grande ABC até Rio Grande da Serra num percurso de aproximadamente 40km, ainda não tem previsão de implantação. Vale lembrar que o projeto já é bem antigo, tendo sido incluído inclusive no projeto PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo Lula e só está realmente saindo do papel agora porque a explosão demográfi-ca que a CPTM tentará comportar a partir de 2014, inviabilizará quase que totalmente a possibilidade de que se mantenham os moldes atuais do transporte de carga nas vias urbanas.

A CPTM ainda apontou outro fator importante que prejudica o transporte ferroviário: “Nós abran-gemos 250km de linha, são 22 municípios, necessi-tamos de passagem de nível. Para o metrô, trem ou qualquer outro tipo de transporte, é preciso fazer ponte, viaduto, adequar para o transporte. E você ainda existem muitos municípios que não tem verba e isso não tem a ver com a CPTM. O município que tem que buscar dinheiro para fazer uma ponte”.

Enquanto as melhorias não saem do papel, a população sofre

A maior interessada em todas essas melhorias, que é a população, por enquanto apenas aguarda ansio-samente. Mesmo que muito superior ao transporte que era oferecido há alguns anos, os usuários ainda sofrem com seus deslocamentos diários para o traba-lho, escolas e momentos de lazer, principalmente no horário de pico.

Para as pessoas que dependem do transporte para

chegar diariamente ao trabalho e enfrentam o perí-odo de super lotação, o desgaste é muito grande e acaba comprometendo a própria produtividade do individuo. Para Daiane Santos, 24 anos, bancária, são diversos os fatores que resultam em um transporte ruim: “o trem é cheio, às vezes demora por proble-mas operacionais e alguns usuários também não têm educação. Isso acaba fazendo você já chegar ao tra-balho cansada e não conseguir trabalhar da melhor maneira possível”. Mesmo com o estresse matinal, o trem para muitas pessoas ainda é a melhor forma de chegar ao trabalho, como completa Daiane “apesar de tudo, ainda é a forma mais rápida. Se você resolver ir de ônibus, tem que esperar um bom tempo para po-der ir sentada, senão o problema é o mesmo, e com o trânsito, acaba levando quase o dobro do tempo. Daí você tem que escolher: ou vai espremido dentro do trem, ou acorda duas horas antes para ir de ônibus. Eu, que além de trabalhar também estudo, não posso me dar ao luxo de perder duas horas de sono”.

Projeto independente mantém viva a história das ferrovias

Colocada em operação por um grupo de saudosis-tas dos tempos das locomotivas, a Estrada de Ferro Perus-Pirapora é hoje uma atração especial para os moradores de São Paulo. Pronta para completar 100 anos, a Estrada Ferro Perus-Pirapora, localizada no bairro de Perus em São Paulo, operou por quase 70 antes de ser completamente desativada e abandona-da. Projetada inicialmente com o intuito de transpor-tar romeiros até a cidade-santuário de Pirapora do Bom Jesus, acabou tornando-se unicamente uma es-trada para transporte de carga, que era utilizada para transportar cal e calcário de Cajamar, interior de São Paulo, até os trilhos da até então São Paulo Railway (mais tarde convertida em Estrada de Ferro Santos--Jundiaí) que passava pelo bairro de Perus. Sendo assim, a estrada sequer chegou a ser estendida até a cidade de Pirapora do Bom Jesus, apesar de levar em seu nome a referência ao município.

Após a desativação, a estrada de ferro caiu em desuso e ficou abandonada por quase duas décadas, mesmo tendo sido tomada como patrimônio históri-co. Foi aí que a ONG IFPPC (Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural) começou um processo de revitalização da via para poder colocá--la novamente em operação. Hoje, contando com aproximadamente 7 km revitalizados para operação, o projeto oferece passeios de locomotiva aos finais de semana na via. O Vice-Presidente do Instituto e Ex Ferroviário senhor Nelson Bueno lamenta a fal-ta de investimentos governamentais no projeto, que hoje é mantido apenas com a colaboração de poucas empresas privadas da região e com o próprio valor obtido pelos ingressos cobrados dos visitantes. Valor pequeno, que apesar de manter os custos do projeto, impede que maiores investimentos de ampliação se-jam realizados.

Desembarque de usuários na estação da luz

diversas pessoas diariamente a seus destinos,tinha em outras épocas.

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www.riobrancofac.edu.brSaúde e Qualidade de Vida

assando por uma avenida movimentada do bairro de Santana, uma placa na fachada de uma academia chama a atenção. Nela está a divulga-

ção de uma modalidade física ainda pouco conhecida chamada Pilates. Para entender o que é e como fun-ciona, fomos conhecer um lugar especializado neste tipo de aula. Nossa reportagem foi a estúdios especia-lizados em São Paulo para saber quais os benefícios que a modalidade traz para a vida dos praticantes, quais os objetivos podem ser alcançados e se há idade para começar a praticar.

Ao entrar na academia em uma sala reservada es-tava o estúdio de Pilates, assim denominado o lugar frequentado por praticantes desta modalidade. A pri-meira impressão é de um estúdio de torturas, macas altas com ferros e elásticos pendurados, bolas gigan-tes no chão, pesos e suportes para apoio de coluna e pés. Aos poucos, as primeiras impressões deram lugar à curiosidade e à vontade de experimentar to-dos aqueles equipamentos que ali estavam. Para cada equipamento colocado, um exercício era aplicado e um núcleo de músculos exercitados.

“O Pilates é uma modalidade física que junta o corpo e a mente, ajudando a eliminar as dores, am-pliando a capacidade de fazer movimentos, aumen-tando o controle, a força, o equilíbrio muscular e a consciência corporal. No Pilates, você consegue tra-balhar o corpo como um todo, corrigindo a postura e realinhando a musculatura. Através dele o aluno é ca-paz de desenvolver a estabilidade corporal adotando assim uma vida mais saudável”, explica o professor doutor em Pilates Maurício Barcellano.

De alguns anos para cá, estão sendo feitas cada vez mais pesquisas mostrando o Pilates como uma forma nova e eficaz também na recuperação de doen-ças crônicas como artrose, hérnia de disco, escolioses entre outras causadas pela má postura, por exemplo, e também na má circulação do sangue, dores nas ar-ticulações e alterações musculares. Acredita- se que os métodos utilizados no Pilates se complementam e são muito eficazes para os pacientes que o procuram.

Por isso, hoje, médicos ortopedistas e fisioterapeu-tas se especializam nessa técnica, por ser um excelente método de reabilitação e prevenção de doenças, além de trazer um melhor condicionamento físico, o que

ajuda de uma forma geral na sus-tentação do corpo.

“A prática do Pilates não cura de fato os problemas crônicos.O mais importante é utilizar esse método como forma de preven-ção a algumas doenças” , alerta o fisioterapeuta Luis Roberto de Oliveira.

Mas além da busca pela cura de doenças, a busca por um cor-po sarado e músculos definidos resultou em uma grande procura pela modalidade em academias de todo o país. “Comecei a pra-ticar Pilates, pois queria melhorar o condicionamento físico e curar uma dor na coluna. Faz um ano que estou praticando e está me fa-zendo muito bem”, declara Márcia Miller, aluna do estúdio Torres Pilates.

O método é indicado para todo o tipo de pessoas, desde crianças, melhorando a postura e prevenindo problemas posteriores à saúde, até a terceira idade, servindo mais como uma forma de tratamento do que uma ação preventiva, ajudando principalmente na melhora das articulações e facilitando nas ativi-dades diárias.

“Não podemos esquecer que cada um tem um problema, uma dificuldade, e uma resistência cor-poral. Então, é importante procurar um especialista para guiar essa pessoa ao melhor tipo de exercício”, avisa Luis Roberto, fisioterapeuta.

Contraponto

Mas há quem diga que não se adaptou a esta mo-dalidade. Maiara Fontes é uma destas pessoas que não se adaptaram ao exercício. “Procurei o Pilates para condicionamento físico, porém não me adaptei. É uma modalidade que requer muita paciência e con-centração, as aulas são bem lentas, pois a respiração é fundamental. Gosto da agitação, músicas e anima-ção”, declara com risos a aluna de spinning.

Função do Pilates na dança

A dança exige muito do corpo, des-de força a equilíbrio. O Pilates então se adequa perfeitamente à modalidade, seus exercícios facilitam e ajudam no desem-penho dos movimentos, minimizando e ajudando na prevenção de lesões causa-das pelo grande esforço que é exigido do corpo. Francine da Corte, formada em Ballet Clássico e Jazz, teve seu primeiro contato com Pilates em um workshop de Jazz que fez em Indaiatuba, SP.

“De cara já gostei dos exercícios, por-que todo o dançarino ou bailarino é um pouco doido. Quando sentimos dor te-mos a certeza que realmente o exercício está fazendo efeito, gostamos disso. Mas tive algumas dificuldades, pois são exer-

cícios de muita força e concentração.” diz Francine.Além dos benefícios do Pilates, o mais importante

para os dançarinos de uma forma geral é ver mudan-ças de melhoramento na atuação de sua performan-ce. A resistência é fundamental para que o dançarino consiga de uma forma saudável realizar todos os mo-vimentos coreográficos, que são repetidos nas aulas e principalmente nos palcos. Esses movimentos podem causar algum problema na saúde do corpo, como do-res musculares e articulares, posturais, rompimento de ligamentos, entre outros, por ser uma atividade de constante aperfeiçoamento e os patricantes se cobra-rem e exigirem muito do corpo, o fortalecimento na musculação ajuda no preparo para a prevenção de lesões.

“Melhorei muito a minha resistência, com os exercícios do Pilates, consegui aguentar a fazer e a dar aulas com mais facilidade, pois sentia meu corpo pronto para mais e mais coreografias, além da mi-nha flexibilidade e minha força que aumentaram, sem contar o meu equilíbrio.”, revela Francine da Corte.

Histórico do Pilates

O Pilates foi inventado por Joseph Hubertus Pi-lates em 1881 ainda quando criança. Muito doente na infância, via seus amigos brincarem sem poder estar junto.

Uma família de médicos conhecida lhe deu um livro velho de anatomia, e Pilates aprendeu cada página, cada parte do corpo humano. Estudou tan-to as formas orientais como ocidentais de exercício como, Yoga, meditação Zen, e muitos outros tipos antigos de exercícios greco-romana.

Estudou anatomia, na esperança de encontrar uma combinação de disciplinas para melhorar sua saúde. Após ser exilado durante a 1ª guerra Mun-dial, foi trabalhar em um hospital de exilados e mu-tilados e lá passou a utilizar molas para a cura de algumas doenças. Esta nova maneira de curar, mais tarde resultou em um novo método de exercícios e equipamentos hoje conhecido como Pilates.

Por: Bruna Fazion Rodrigues e Natalia Medeiros

Pilates ajuda a prevenir doenças e no condicionamento físicoModalidade integra o corpo, a mente, traz qualidade de vida e pode ser praticada por qualquer idade

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Exercícios Acrobáticos – Módulo Avançado

Stúdio Torres Pilates – Stúdio para a prática da modalidade.

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1º Semestre de 2012 09NÚMERO 23

Roteiro de visitas / Ecoturismo / Sustentabilidade

oi-se o tempo em que os períodos noturnos eram feitos para assistir à novela e ao sagrado futebol, ir ao barzinho ou à balada, ir naquele

tradicional restaurante, ou quem sabe somente relaxar, descansar e dormir. Para algumas pessoas essa realidade está mudando e a noite perfeita nada mais é do que ficar perto da sua paixão, a bicicleta.

Alexandre Weckwerth, 33, gerente comercial, inicia “Pra mim, pedalar é desestressar, porque é o único momento da minha vida que eu consigo apagar problema com a minha mulher, problema com meu carro, problema com o trabalho, problema com a mãe. Então quando você só fica pedalando, você só tem aquela preocupação no momento, por isso que eu gosto.”. Caio Costa, 19, produtor audiovisual, diz: “Sabe por que eu ando de bicicleta? Porque eu não suporto o trânsito de São Paulo, simples assim”. Já Carolina Muramoto, 26, publicitária, exclama rindo “Eu quero liberar endorfina, oras!”. Os motivos da escolha são muitos, mas o foco é sempre o mesmo: o bem-estar físico, mental e emocional.

O sistema de direção e propulsão de corrente, o selim e as duas rodas foram unidos pela primeira vez em um desenho feito por Leonardo Da Vinci, em meados de 1490, e descoberto muitos anos depois, sendo melhorado e aperfeiçoado até a atualidade. De meio de transporte a esporte, as bicicletas ganham cada vez mais visibilidade e admiradores, contando até mesmo com grupos de pessoas que se unem em determinados dias da semana para praticar e se divertir, como o Pedal da Vila.

Era quarta-feira à noite, por volta das 19h40, quando pisei na lojinha aconchegante, lotada de bicicletas e acessórios. Um paraíso que me remeteu logo à infância – e a tombos, claro. Muito bem recebida pelo Roberto David, 46, proprietário, nossa conversa começou descontraída e ele ganhou minha confiança logo na primeira resposta: “Eu sou apaixonado por bicicleta! É a minha vida!”. Com o grupo formado em 2010, os encontros acontecem todas as quartas e contam com mais ou menos 20 adeptos frequentes.

Em um trajeto de 40km – sempre mudando o percurso para não cansar da vista –, Roberto divide comigo que é uma alegria ter os amigos compartilhando do seu sonho e do seu dia a dia.

Outro exemplo é Fernando Garnizet, 26, proprietário da Biketoor. Ele afirma que “qualquer pessoa é convidada a participar dos passeios noturnos desde que saiba andar de bicicleta” e salienta que “o motivo principal é o entretenimento. Pedalar em grupo é estimulante. O fato de estarmos em grupo também nos traz segurança tanto com relação a assaltos, quanto a visibilidade. E assim evitamos acidentes com carros.” A cada um que eu perguntava por que pedalava em grupo, a resposta era sempre a mesma: pelos amigos feitos e pelo prazer da companhia. E foi aí que eu me arrependi de ter vendido minha magrela.

Benefícios

De acordo com André Mendes, 26, condicionador físico, os benefícios da bicicleta são enormes. Além de liberar endorfina, tornear as pernas e ser um exercício físico, pedalar também é bom para o coração. “Andar de bicicleta ajuda na prevenção dos problemas cardíacos, redução da gordura corporal, melhoria da função respiratória, redução dos níveis sanguíneos de colesterol e triglicéries, regularização do sono e ajuda a combater o estresse e a depressão.”, e ainda adiciona rindo, “Quer ter qualidade de vida, gastar pouco e não se estressar? Não case, compre uma bicicleta!”.

O ciclista Caio afirma que “meia hora em pé no ônibus é muito chato, mas meia hora pedalando é bom demais. Não é bom apenas pelo físico, mas também pelo psicológico.”. Carolina concorda: “Você viaja pra muito longe sem sair do seu perímetro, fora que dá uma turbinada na perna, uma ajeitada na cabeça, na mente.” E acrescenta: “A minha maior cautela é com a coluna mesmo.” André também salienta os cuidados que devemos ter para prevenir problemas. “Atenção à região da coluna. A má postura pode levar a danos na região lombar e no músculo romboide, que é um dos responsáveis pela sustentação da postura.”.

A Segurança

Segundo o Código Brasileiro de Trânsito - o CBT -, nas bicicletas é obrigatório o uso de campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, espelho retrovisor nos lados esquerdo e direito, e... É, e só! A falta de obrigatoriedade de um dos itens de segurança mais importantes, na opinião dos ciclistas, é motivo de revolta e Roberto complementa “Quem fez o código nunca andou de bicicleta!”. Os grupos de passeio noturnos não possuem restrições de idade nem de porte físico, mas é necessário seguir algumas regras, e a principal: nunca, por hipótese nenhuma, sair sem capacete. A segurança nos encontros é sempre feita pelos mais experientes nas extremidades e os iniciantes no meio, sempre seguindo as leis de trânsito e respeitando sinais, motoristas e pedestres. “Pedalar em grupo é diferente em andar sozinho. Por mais que seja na parte noturna e que o trânsito de veículos seja menor, todos andando juntos chamam mais atenção e impõem mais presença do que apenas um”, conta Eduardo Borges, 33, bancário.

Alexandre, que gostaria de ir de bicicleta para o trabalho, é adepto das ciclofaixas, mas garante que elas não resolvem o problema. “Infelizmente, como trabalho na área comercial, preciso estar com o carro visitando clientes, levando-os para almoçar, sempre fazendo ‘social’. Então, é muito difícil associar a área comercial com bicicleta. Mas se um dia eu tivesse a possibilidade de ser dono do meu próprio negócio e poder andar de bicicleta, poder ir pro trabalho e voltar, com certeza eu faria.” E Roberto, presenciando a entrevista, completa “Ah, se o problema fosse esse! Não adianta lotar de faixas para ciclistas sendo que não há o princípio básico da convivência: a educação. É motorista que não respeita ciclista, ciclista que não respeita pedestre, pedestre que não respeita sinalização, e por aí vai!”.

Já quase de saída, ainda na porta da Pedal da Vila, eu finalizava minha conversa com Alexandre, quando um senhor de cabelos grisalhos, óculos meia lua e roupa de ciclismo laranja brincou comigo. Papo vai, papo vem, descobri que Flavio Androni, 57, era sócio de Roberto. E o seu motivo para apoiar o uso do capacete, além de me contar em primeira mão que a loja 55 da Rua Paulo Franco iniciaria um curso de educação no trânsito para ciclistas, era inquestionável. Perdera o pai por uma “bobagem”, como ele mesmo diz. O senhor “fazia graça” em cima de uma bicicleta, se desequilibrou e bateu a cabeça em uma pedra. Com os olhos cheios d’água e com muita confiança, Flavio afirma “Se você tem uma bicicleta, você tem um capacete!”. Dentre volantes e guidões, cinco e dezoito marchas, rodas aro dezessete e vinte, buzinas e campainhas, cinto de segurança e capacete, lataria e roupas de ciclismo, as ruas de São Paulo se tornam todo dia mais coloridas, iluminadas e por que não, “miscigenadas”? Os passeios noturnos além de fazerem bem para o corpo e para a alma, estimulam um dos melhores sentimentos, o respeito. O respeito no trânsito, o respeito ao próximo e o respeito com o seu próprio corpo.

Por: Naryana Caetano

Amantes da magrelaO encontro de ciclistas apaixonados pelo esporte nas noites de São Paulo

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noPasseios ciclísticos noturnos: esporte e lazer

Amizades, saúde e sustentabilidade em duas rodas

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Junho de 201210 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brArtes e Tecnologia

compra pela Internet já deixou de ser uma coisa restrita às pessoas com renda mais ele-vada. Agora, a classe C se tornou o novo alvo

do comércio eletrônico. Segundo a pesquisa feita pela E-bit, empresa de consultoria especializada em informações sobre o comércio virtual, isso acontece porque, somente nos últimos dois anos, 5 milhões de novos consumidores da classe C se interessaram e passaram a fazer compras em sites de varejo online.

O motivo pelo qual a classe C vem se tornando a nova favorita dos mercados de e-commerce se deve ao fato de mais de 50% das famílias dessa classe so-cial já possuir ao menos um computador em casa, 7% desses tendo mais de um em sua residência, segundo dados revelados a partir de pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos a pedido da Intel. Víctor Hugo, 20, é um deles, optou pelas vantagens que as compras on-line o proporcionam. “O que me atraiu foi, principal-mente, a praticidade e a facilidade de se pesquisar e adquirir os produtos. Com uma taxa mínima de en-trega, o produto desejado é entregue em sua residên-cia, além das formas de pagamento facilitadas, pelo cartão de crédito ou por meio de boleto, entre tantas outras”, explica o estudante.

O aumento da procura desses eletrônicos pelas pessoas de renda entre três e dez salários mínimos (R$ 1.635 a R$ 5.450) deve-se à diminuição dos pre-ços dos eletrônicos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a isenção de PIS/Cofins promoveu uma queda de 9,25% no preço final dos computadores.

De acordo com levantamento divulgado pela E--bit, em parceria com a Câmara Brasileira de Comér-cio Eletrônico (Câmara-e.net), a participação desse público no ambiente de compras online tem crescido de maneira espantosa. Em 2007, os consumidores de baixa renda representavam 3,8 milhões; em 2009: 7,8 milhões e em 2011 já refletiam um total de 12,7 mi-lhões de pessoas adeptas da compra online. Este fenô-meno deve-se também aos benefícios e vantagens que o e-commerce traz para os seus consumidores, como sua facilidade, a comodidade e a economia de tempo ao procurar pelo produto que se deseja, elementos atrativos para as pessoas que convivem constante-mente em meio à correria do dia a dia, o estresse do trabalho e dos problemas pessoais e não têm tempo a perder.

Mesmo o segmento conquistando a confiança do público, ainda existem problemas em relação aos pra-zos de entrega em locais de difícil acesso que, cor-riqueiramente, atrasam a chegada do produto a seu destino final. Muitos desses problemas acontecem por conta do crescimento acelerado de vendas, muito aci-ma das expectativas das empresas do setor.

Vendo o crescimento desse novo mercado, as em-presas de e-commerce começam a se adaptar a essa nova demanda. Segundo Roberto Oliveira, especialis-

ta em Comércio Eletrônico e sócio-diretor do IFED e do ConceitoHost, o comércio eletrônico no Brasil precisa se reestruturar a cada seis meses. Serviços que antes eram negligenciados a uma equipe pequena (pós-venda, logística reversa e atendimento ao clien-te), agora precisam ser profissionalizados e tratados como estratégicos pelas empresas.

As empresas de e-commerce estão de olho nessa parcela da população e sabem que essa é uma gran-de oportunidade para se atrair esses consumidores, que estão em busca de bons preços, várias possibili-

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Por: Gabriel Landi e Leonardo Terranova

Classe C: a nova ‘queridinha’ do e-commerce

dades de pagamento e agilidade no atendimento e na compra. “O atendimento e a logística serão a bola da vez daqui para frente. O atendimento será mais social e humano e a logística, completa, universal e enraizada na cultura da empresa. Uma loja virtual não vende produtos simplesmente, ela vende serviços de entrega, conteúdo dinâmico, informações técnicas, imagens detalhadas, recomendações e tudo mais que a era digital nos trouxe de facilidades. Se não for as-sim, prefiro ir na loja física”, prevê Roberto, autor do livro “E-Commerce na prática”.

Infográfico Gabriel Landi

População com renda inferior a dez salários mínimos representa 12,7 milhõesde consumidores do comércio eletrônico brasileiro

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1º Semestre de 2012 11NÚMERO 23

Esportes

Por: Muryel Athayde, Lucas Soares e Sidney Mariano

MMA, a nova sensação dos esportes de lutaAtividade criada por brasileiro ganha destaque no mundo, mas deixa dúvidas

sobre o incentivo à violência

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“Vale-Tudo”, como era cha-mado no Brasil, começa a abandonar o rótulo de ser uma

brutalidade, para se tornar um dos en-tretenimentos de maior crescimento na última década. Hoje, o “Vale-Tudo”, que passou a ser denominado como MMA (Mixed Martial Arts) ou, em português, Artes Marciais Mistas, es-tourou de uma forma surpreendente e segue como o esporte que mais cresce no mundo. Entretanto, apesar de seu notório crescimento, as regras desse novo esporte ainda não são claras para a maioria das pessoas.

É uma modalidade de luta na qual os praticantes não necessitam adotar um estilo específico. Como o próprio nome diz, abrange uma mistura de di-ferentes artes marciais, permitindo aos praticantes utilizarem qualquer gol-pe ou técnica das mais diferentes ar-tes marciais como o Jiu-Jitsu, Caratê, Boxe, Judô, Muay Thai, Kickboxing, Wrestling, entre outras. Os praticantes se enfrentam em um ringue, chamado octógono, cercado por grades e em três rounds de cinco minutos cada. Já em lutas que valem os cinturões, ou seja, o título da categoria, o número de rounds sobe para cinco de três minutos cada.

Ao contrário do que muitos pen-sam, não vale tudo no MMA. Em 1993, quando houve o primeiro tor-neio nos Estados Unidos, incentivado pelo brasileiro Ryan Gracie, realmente valia de tudo. Denominado Ultimate Fight Championship, o famoso UFC, foi criado para comprovar a superiori-dade do Jiu-Jitsu sobre as demais artes marciais. Dois anos após a ideia, Gra-cie vendeu-a por não concordar com as regras exigidas pela televisão. Para ele: “as pessoas não entendiam que o propósito era não haver regras”. Esse campeonato foi uma referência para o surgimento de outros campeonatos como o StrikeForce, que ofereceu uma inovação para o universo do MMA: nele também são praticadas lutas entre mulheres, o que não acontece no UFC. Foram necessárias diversas mudanças nas regras e no controle do comporta-mento dos lutadores fora do octógono, para reconstruir a imagem do esporte.

Os investimentos milionáriosna madrugada

O UFC vale hoje 1 bilhão de dó-lares, muito mais do que quando foi comprado pelos irmãos americanos Frank e Lorenzo Fertitta, herdeiros de cassinos em Las Vegas. Em apenas um ano foram comprados mais de 7 milhões de pay-per-view das lutas. Em comparação ao ano de 2011, houve um aumento de 75% da audiência.

“Apesar de muito empenho para a humanização do UFC, não se pode ne-gar que é um esporte intenso e agressi-vo”, diz Fabio Pellanda, mestre em So-ciologia do Esporte pela Universidade Federal do Paraná. “Deparamos hoje com uma inevitável discussão ao redor da agressividade que decorre do octó-gono. Apesar de todas as regras do es-porte, seria tolo dizer que o MMA não é violento”, completa. Entretanto, o esporte passou por muitas adaptações desde a época em que era conhecido como Vale-Tudo. “Há algo de nobre além das pancadarias nas artes marciais mistas. Existem regras, respeito, disci-plina, estratégia e treinamento especí-fico para cada luta, fatores que podem influenciar, e muito, no desempenho de cada lutador”, contrapõe Thiago Tenó-rio, 29, lutador de MMA e professor da academia Wu Shu, em Perdizes.

As regras do esporte ficaram mais rígidas com o intuito de proteger e con-servar a integridade física dos atletas. A necessidade de uma preparação ade-quada para as lutas é cada vez mais evi-dente e a técnica dos lutadores muito mais apurada. Para que um lutador ob-tenha sucesso, é preciso dominar gran-de parte das artes marciais e conseguir adaptá-las para o MMA.

O instinto natural do homem e a superação dos limites

“A violência caminha junto com a natureza humana”, diz Rita de Cássia Saeta Corrêa, psicanalista pela Univer-sidade de Marília. No mundo inteiro, pessoas gastam boa parte de seu tempo com realidades virtuais sangrentas: se-riados policias, tragédias gregas e jogos violentos. É claro que nesses casos as agressões não atingem de fato o corpo físico, contudo nos fazem compreender melhor o fascínio que as sociedades têm em relação à violência, até as mais pacíficas. “Lutar está no DNA do ser humano, como todos os animais tam-bém lutam por sobrevivência”, finaliza

a psicanalista. Sendo assim, o MMA pode estimular a violência? “Não tanto quanto um jogo de rugby ou um jogo de guerra”, afirma Pellanda.

Thiago Tenório é faixa preta em Kung Fu, já foi campeão Paulista, Copa Brasil e Vice Brasileiro. Como pratica-va Freestyle, era permitido durante os treinos golpear, derrubar e imobilizar o adversário. Isso fez com que a transi-ção para o MMA acontecesse de uma forma natural. Mostra-se um homem tranquilo, longe do aspecto de bravo que possui quando está lutando. “Ape-sar dos socos na cara, os atletas não se odeiam e tudo tem um propósito es-portivo de fazer o ser humano superar seus limites”, afirma.

Intrigas e resistência

Um medo que muitos têm é se o MMA sobreviveria a uma morte ao vivo. Possivelmente, sim. Vale observar que outros esportes não acabaram de-pois da morte de seus atletas. Até hoje não há relatos de morte no octógono do UFC. A cada luta são necessários qua-tro médicos para fazer o atendimento imediato que, no final do combate,

determinam o período de quarentena obrigatório a um lutador machucado. Nenhum deles sobe mais de três vezes por ano no ringue. Um estudo feito pela Universidade Johns Hopkins ava-liou 1270 lutadores e mostrou que so-mente 24% sofrem lesões. Destes, 84% tiveram uma contusão. Em 3% houve contusão cerebral grave.

O MMA se tornou um esporte de alta performance, além de ser um ver-dadeiro show de entretenimento, im-pulsionado principalmente por um fator essencial: a profissionalização do esporte. A disciplina dos lutadores mostra respeito e autocontrole. Como simplifica Tenório, “artes marciais são formas de canalizar agressividade e dis-ciplinar esforços. Pessoas com níveis elevados de agressividade social e afe-tiva encontram nela uma forma de se acalmar, conhecer a si mesmo e respei-tar companheiros, se tornando menos violentas. A real violência que vivemos está mais presente em situações cotidia-nas como pobreza, desigualdade, cor-rupção, trânsito, do que efetivamente nos ringues”.

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Algumas das regras:

É permitido:Sufocar, obstruindo a respiração Golpes com o cotoveloGolpes que atingem a orelha Pisar no pé

É proibido:Dar cabeçadasAgarrar o adversário pela bocaCotoveladas de cima para baixo Golpes na nuca com a mão ou o pé

Thiago Tenório e Fabricio Werdum em treinamento

Infográfico Gabriel Landi

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Junho de 201212 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brCultura

o circuito das casas noturnas paulistanas, entre os bares do Bi-xiga e da Vila Madalena, teatros,

e até eventos particulares, grupos mu-sicais reproduzem o figurino, postura e repertório de consagradas bandas da história do Rock. O Morrison Rock Bar, na Vila Madalena, por exemplo, recebe até 700 pessoas, e funciona des-de 1994 dando espaço às bandas cover. Assim, fãs afastados de bandas como Legião Urbana e The Beatles, podem viver um momento nostálgico.

As bandas cover interpretam músi-cas de diferentes artistas e bandas, em uma forma de tributo às suas influên-cias musicais, e como uma forma de lembrar as décadas passadas. Segundo Ricardo Mendonça e Márcio Ferreira, que atuaram em diversas gravadoras como Universal, Abril Music e Sun Re-cords, há muitos músicos que tocam composições de diversas bandas e de-sejam o reconhecimento. No entanto,

essas não podem ser denominadas des-sa forma: “ter uma banda cover é fazer tudo igual a original, isso inclui as rou-pas, os instrumentos e comportamen-to”. Os produtores musicais afirmam, ainda, que a procura pelo gênero deve--se à escassez de novidades no merca-do musical. Dimas Borba, vocalista da Sete Cidades, cover da banda Legião Urbana, explica o sucesso do gênero: “Aqueles que puderam estar diante da (banda) original, ao assistir uma tribu-te band, vão poder relembrar momen-tos que ficaram marcados. A galera da nova geração, que não teve o privilégio de ver a banda na ativa, busca no cover saciar uma pequena parte da vontade”.

Esforço, dedicação ereconhecimento

Dedicação é a palavra que define o trabalho dessas bandas. Desenvolve-se um processo de estudo da banda origi-nal, que vai desde o figurino, a persona-lidade e os trejeitos, até a aproximação dos tons de voz. Os integrantes da ban-da cover dos Beatles, a Zoombeatles, criada em 1999, revelam que deixaram os empregos formais e estudos para dedicar-se em tempo integral à banda.

Afirmam, ainda, que ao contrá-rio do estereótipo da sociedade, a música tem um bom retorno financeiro: “Beatles tem um mercado muito grande, temos oportunidades de trabalho por todos os lados”, comenta Rei-naldo Almeida, cover de Paul McCartney. É possível observar a dimensão desse sucesso por meio das conquistas de bandas cover: Zoombeatles já tem dois CD’s e um DVD; e os festivais em que se classificaram entre os finalistas.

Há um grande reconhecimento por parte do público, que por vezes chega a confundir o cover com a original, como explica Dimas Borba sobre a banda Sete Cidades: “Em primeiro lugar, o su-cesso é o nome e o peso que a Legião Urbana carrega. A Sete Cidades está tão somente à sombra disso. Há o de-sejo por parte do público de viver a ilu-são de estar num verdadeiro show da Legião Urbana e isso é fantástico! Tem uma carga de responsabilidade sem ta-manho para nós da banda. É totalmen-te surreal essa sensação de você estar diante de uma banda tributo e brincar de ‘faz-de-conta’ que essa banda é a verdadeira”. Além disso, o ex-produtor Márcio Mendonça e o integrante da Zoombeatles com o cover de George

Por: Priscila Mayumi e Priscila Pires

Tributo ao rock na cidade de São PauloBandas cover se destacam no cenário musical

Harrison, Rony Almeida, têm a mesma opinião quanto às novas gerações. Em momentos distintos, eles destacam que jovens acabam conhecendo as bandas clássicas do rock por meio das bandas cover. “Aqueles que nunca viram ao vivo, agora poderão conhecer”, afirma Rony Almeida, e o líder da banda, Rei-naldo Almeida, completa “fazemos tan-to aniversários de 60 anos quanto de 9 anos de idade”.

Os cover não deixam que consagra-das bandas e músicas sejam esquecidas. Afinal, para o público, independente-mente da faixa etária, há sempre espaço para músicas de outras décadas que se apresentam como novidade para essa geração, e para as boas lembranças de quem viveu o auge da banda original.

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Virada Cultural deste ano colocou no mapa das atrações regiões como a Cracolândia e o

Largo do Arouche, que teve seu apogeu na década de 70 quando recebia sema-nalmente um fluxo intenso de turistas e famílias paulistanas, frequentadoras do local principalmente aos finais de semana.

Muito embora a degradação do centro da cidade tenha sido incontesta-velmente rigorosa, as lembranças pre-sentes no inconsciente destas famílias têm sido fortes o bastante para que as façam continuar frequentando a praça, 30 anos após seu ápice. A identidade e a função cultural do Largo do Arouche foram conquistadas com a fundação da Academia Paulista de Letras, em 27 de novembro de 1909 por Joaquim José de Carvalho, autor de obras literárias e científicas. Na gastronomia, destacam--se o restaurante “O Gato que Ri”, de 1951, o “Le Casserole” (primeiro bis-trô da Cidade de São Paulo, de 1954) e também o “Bar Amigo Leal”, com seu

tradicional chope claro e escuro e pe-tiscos da cozinha alemã. San Raphael, importante hotel da região, atende ao fluxo turístico e apresenta shows ao vivo de MPB. Distribuídas pela praça, há esculturas em metal, com destaque para as obras “Depois do Banho”, de Vitor Brecheret (escultor que partici-pou da “Semana da Arte Moderna de São Paulo”, em 1922), “A Menina e o Bezerro”, do carioca Luiz Christophe, e “Amor Materno” (peça centenária do francês Eugéne Virion). Destacam--se inclusive alguns bustos de bronze, como o de Aureliano Leite, esculpido por Luís Marrone, em 1979, obra en-comendada pela Academia Paulista de Letras em homenagem ao escritor e his-toriador político.

Desde 1953, o “Mercado das Flo-res”, instalado no Largo após a ex-pulsão de suas bancas da Praça da Re-pública pelo então prefeito Armando Arruda, funciona. E de tão caracterís-tico, chegou a dar o nome ao local de “Praça das Flores”. Fernando Vieira da Silva, 42, floriculturista há 26, conside-

ra que houve uma mudança sensível no perfil dos consumidores: “Antiga-mente, vinham aqui o Silvio Santos, Chiquinho Scarpa, Jô Soares e outros importantes figurões, que deixaram de vir devido à violência”. Os novos clien-tes são funcionários dos escritórios das empresas instaladas ao redor do Largo, que nos finais de tarde adquirem flores para suas esposas ou namoradas.

O centro da cidade de São Paulo abrigou até recentemente um contin-gente de usuários de drogas (maco-nha, cocaína e crack). Ficou conhecido como “Cracolândia”. Com a enérgica ação policial, houve dispersão deste grupo para o entorno. Para Fernando Silva, o mercado das flores está sendo prejudicado pela frequência diária dos expulsos do epicentro do narcotráfico, bem como jovens que vêm à procura de bebida e sexo.

Boas lembranças!

Lúcia Nascimento de Oliveira, 78 – moradora da região desde 1936 - abriu

Por: Gilson Gomes e Guilherme Neves

Largo do Arouche e sua diversidade culturalTradicional espaço urbano de São Paulo é frequentado

por tribos urbanas e famílias paulistanas

seu coração e falou com emoção: “A minha vida se desenvolveu neste Lar-go. Fui criança, adolescente, casei, tive filhos e netos que também tiveram a oportunidade de viver os bons tempos daqui. Além de estar geograficamente situado no coração da cidade, o Largo pulsava em nossas vidas e também na dos turistas que o visitavam, principal-mente aos finais de semana. Com meu marido, filhos e depois os netos fazía-mos quase todos os dias as caminhadas matinais ao redor do Largo. O clima ameno dos meses de outono era um convite para deixarmos o apartamento e respirarmos o frescor das manhãs.”

As boas lembranças deixaram mar-cas profundas no imaginário das famí-lias paulistanas, refletindo hoje na pre-sença de casais, filhos, netos, amigos e jovens com câmeras fotográficas, numa demonstração de apreço e amor incon-dicional a este espaço urbano.

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Obra “Depois do Banho”, do escultor Vitor Brecheret

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