em foco 25 - 1° semestre de 2013

16
Ano VIII 25 Jornal-laboratório do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. Baixo reaproveitamento causa transtornos no dia a dia do brasileiro, apontam estudos Nacional Obras do último trecho foram iniciadas em março Quem cuida do lixo que produzimos? São Paulo Nacional Arte Urbana PÁGINA 3 PÁGINA 4 PÁGINA 6 PÁGINA 8 “Pimp my Carroça” PÁGINA 12 São Paulo é vitrine de artistas inovadores Projeto tira carroceiros da invisibilidade Especial Sustentabilidade Aeroportos não estão preparados para receber a Copa do Mundo em 2014 Rodoanel Norte: agora foi! Intervenção urbana transforma a capital

Upload: profissao-foca

Post on 23-Feb-2016

222 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

O jornal Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. Nesta edição: Especial Sustentabilidade, Rodoanel Norte, Arena Palestra, aeroportos para a Copa, entre outros temas.

TRANSCRIPT

Page 1: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Ano VIII25

Jorn

al-l

abor

atór

io d

o cu

rso

de J

orna

lism

o da

s Fa

culd

ades

Inte

grad

as R

io B

ranc

o.

Baixo reaproveitamento causa transtornos no dia a dia do brasileiro, apontam estudos

Nacional

Obras do último trecho foram iniciadas em março

Quem cuida do lixo que produzimos?

São PauloNacional

Arte Urbana

PágiNA 3 PágiNA 4

PágiNA 6

PágiNA 8

“Pimp my Carroça”

PágiNA 12

São Paulo é vitrine de artistas inovadores

Projeto tira carroceiros da invisibilidade

Especial Sustentabilidade

Aeroportos não estão preparados para receber a Copa do Mundo em 2014

Rodoanel Norte: agora foi!

Intervenção urbana transforma a capital

Page 2: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Junho de 201302 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brRegião

Os torcedores do Palmeiras não perdem por esperar. A Nova Arena está perto de fi-

car pronta. Com previsão de conclu-são para o fim deste ano, o complexo será a primeira arena multiuso de São Paulo. Os amantes de futebol e gran-des espetáculos poderão desfrutar de um espaço com mais de 45 mil assen-tos cobertos, anfiteatro com capaci-dade para até 15 mil lugares, área de imprensa para dois mil profissionais, dois restaurantes, 25 lanchonetes e um espaço para shows com capacida-de para até 60 mil expectadores.

A WTorre S.A. é a construtora res-ponsável pela obra e firmou parceria com a maior gestora de eventos norte--americana, a AEG. A AEG atualmente realiza cerca de sete mil shows por ano e é especializada no mercado de entre-tenimento, administrando mais de 100 arenas em cinco continentes.

A parceria da AEG e a Nova Arena do Palmeiras irá proporcionar mega-eventos como shows, concertos e vá-rias outras apresentações artísticas. Entre as suas produções mais recen-tes estão turnês de artistas como Paul McCartney, The Black Eyed Peas e Bon Jovi. Com relação ao esporte, a AEG já promoveu eventos de corrida de bicicletas em estradas (Amgen Tour of California), a maratona Bat to Bre-akers, além de ter uma programação fixa de jogos de futebol com grandes equipes internacionais.

Já foram utilizados mais de 150 mil toneladas de concreto na reforma, en-tre pré-moldados e in loco. A obra tem cerca de 500 operários trabalhando em ritmo acelerado, sempre em horário comercial devido à Lei do Psiu.

O Palmeiras deve receber durante os 30 anos da parceria com a construto-ra cerca de R$ 2 bilhões e a bilheteria dos jogos de futebol será 100% do time. O clube irá receber uma por-centagem progressiva do aluguel para eventos e shows na Nova Arena. Nes-ses casos, os valores são de 20% com acréscimo de 5% a cada cinco anos,

chegando a 45% ao fim do contrato.

“A expectativa do Pal-meiras é a melhor pos-sível. Teremos uma das arenas mais modernas do mundo, totalmente pro-jetada nos padrões Fifa para os jogos de futebol e adaptável para diversos tipos de shows e eventos. Esperamos ampliar consi-deravelmente nossas recei-tas anuais, tanto com as partidas de futebol quanto com a utilização de todo o complexo. Entregaremos ao torcedor um estádio se-guro, confortável e digno da grandeza do Palmei-ras”, afirmou Paulo Nobre, presidente do Clube.

ExPECtAtivAS NA REgiãO

Moradores da região também veem boas perspectivas com relação à obra. Para Renato Pereira Gomes, dono de um bar em frente ao Palestra, a ex-pectativa com relação ao comércio da região é muito boa. “Nos últimos dois anos, caiu 80% do movimento por causa das reformas. Chega de so-frer, espero que os lucros se restabe-leçam”, afirma.

“A Nova Arena terá um impacto positivo para o comércio e irá valo-rizar os imóveis da região. O trânsito, porém, deve aumentar”, acredita Flo-rival Gomes Pinheiro, gerente opera-cional do Palmeiras.

O engenheiro Antônio Palazzo que se mudou para a região quando as obras se iniciaram também considera que o trânsito será um ponto negativo. Além disso, acredita que em dias de jo-gos e outros eventos os arredores serão barulhentos e perigosos: Ele mora com a mulher e dois filhos pequenos próxi-mo ao estádio.

“A Prefeitura de São Paulo já devia estar pensando no trânsito”, afirma

Luiz Eugenio Rebecca, engenheiro e morador da região há 59 anos. “O Shopping Bourbon já causou um im-pacto grande, o trânsito ficou mais in-tenso. Agora, com a Arena, a situação deve piorar ainda mais, pois o entorno do estádio não ajuda e não comporta o novo empreendimento”, completa.

A obra segue os padrões Fifa e tem previsão de conclusão para dezembro. O investimento total é de R$350 mi-lhões. Os prédios administrativos, qua-dras, saunas e vestiários foram obras de contrapartida, ou seja, condição contratual para a reforma no estádio antigo. Esses prédios foram constru-ídos antes das obras no estádio e en-tregues ao Palmeiras em março do ano passado. O prédio Mídia fica anexo à Nova Arena, por onde vão entrar os ônibus dos atletas e os árbitros das partidas. Consta ainda do projeto um prédio destinado ao estacionamento.

tECNOlOgiA dE PONtA

Câmeras, gramado e telões de última geração irão compor a nova estrutura

Câmeras de última geração capazes de reconhecer o rosto de 60 mil visi-tantes irão ajudar na segurança dos torcedores nos dias de jogos. Os 64

aparelhos arquivam as imagens para compará-las posteriormente mesmo se alguém tentar se disfarçar com bo-nés, óculos ou barba. “Esses equipa-mentos realizam um reconhecimento facial de altíssima definição. Para ter certeza da segurança oferecida na Nova Arena, decidimos ir muito além do que a Fifa exige e instalar esse tipo de câmera que identifica compor-tamentos fora do padrão imediata-mente”, destaca Rogério Dezembro, diretor de novos negócios da Wtorre.

Dois grandes telões vão permitir que todos os lances dentro do cam-po sejam acompanhados pelos te-lespectadores. A inclinação das ar-quibancadas irá garantir uma visão perfeita do gramado. “Toda a área social do clube já foi reformada como quadras, restaurantes, etc. É um empreendimento que visa total segurança e conforto ao público”, ressalta Guilherme Bosel, um dos engenheiros da construtora.

Ainda segundo Bosel, o gramado do novo estádio terá tecnologia de ponta, com sistema de drenagem de última geração. “Durante o verão o sistema irá bombear água para res-friar o gramado e no inverno irá dre-ná-lo”, explica.

Faculdades Integradas Rio BrancoEndereço: Av. José Maria de Faria, 111 – Lapa São Paulo - SP - Cep 05038-190www.riobrancofac.edu.brAgência de Jornalismo - Fone: (11) 3879 5373

Chanceler: Eduardo de Barros Pimenteldiretor geral: Profº Dr. Edman Althemandiretor Acadêmico: Profº Dr. Alexandre UeharaCoordenadora do Curso de Jornalismo: Profª Patrícia Moreira RangelOrientação: Profº Dario Luis Borelli, Profª Patrícia Ceolin e Profª Renata Carraro

Estagiária de Jornalismo: Graziela PrimianiEstagiária de design: Carolina Izabel da Silva

Jornal Rio Branco Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, das Faculdades Integradas Rio Branco.

Nova Arena do Palmeiras: o primeiro complexo multiuso de São Paulo

Amanda Vasconcelos e Jéssica Vasconcelos

Expediente

Além de jogos, novo estádio terá grandes shows e eventos corporativos

Page 3: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

1° Semestre de 2013 03NÚMERO 25

Nacional

Aeroportos não estão preparados para receber a Copa do Mundo em 2014

Pilotos e comissários de diferentes companhias aéreas temem pelo piorSusan Witte

O Brasil foi selecionado para re-ceber tanto a próxima Copa do Mundo de Futebol, em

2014, quanto as Olimpíadas de 2016, dois grandes eventos esportivos inter-nacionais. O Ministério do Esporte estima que somente a Copa do Mun-do atraia 3,7 milhões de turistas para o País entre junho e julho do ano que vem. Existe, no entanto, uma preocu-pação por parte de profissionais da aviação sobre a falta de preparação dos aeroportos para receber tal núme-ro de visitantes.

O PROBlEMA

Os números assustam. Segundo um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas, estima-se que o fluxo de turis-tas aumente 79% entre 2011 e 2014 devido à Copa, o que excede a capa-cidade de muitos dos aeroportos das cidades onde o evento acontecerá. Em 2001 já se utilizavam 65% dos assen-tos oferecidos por companhias aéreas, tanto para voos nacionais quanto inter-nacionais, no total dos aeroportos bra-sileiros. Nos últimos 10 anos, poucas melhorias ou ampliações foram efetua-das, enquanto que a demanda por voos tem crescido anualmente (com exceção de uma diminuição de 5% na demanda entre 2002 e 2003) desde então.

O economista Rodrigo Constantino, autor do livro Privatize já (Leya, 2012), afirma que “um estudo da McKinsey, de 2010, estimou em 20 bilhões de dólares a necessidade de investimento dos 20 principais aeroportos brasileiros.” Ain-da em sua obra, Constantino afirma que “segundo a instituição Contas Abertas, os aeroportos brasileiros receberam, em valores atualizados, somente 4,3 bilhões de reais em investimentos entre 1995 e 2010, o equivalente a menos da metade do orçamento aprovado.”

dO PONtO dE viStA dOS AviAdORES

Pilotos, comissários e outros profis-sionais da aviação notam a diferença que a falta de investimento faz. Um comandante da TAM que não quis ser identificado, diz ter “a mesma opinião de 99,9% dos aviadores” de que os aeroportos estão longe de estar pre-parados para a Copa do Mundo. Um grande problema, segundo ele, é a sa-turação. “Você pode ver em ‘feriadões’,

época de festas de fim de ano, carnaval e férias que já não há mais como ae-roportos suportarem a demanda; não há vagas nos estacionamentos, banhei-ros suficientes, posições de check-in e nem mesmo lugar para sentar”, disse. O comandante afirma conhecer todos os aeroportos das cidades onde os jo-gos acontecerão e diz que “com muito esforço, somente o aeroporto de Gua-rulhos, em São Paulo, o Galeão, no Rio, o Confins, em Belo Horizonte, e o aeroporto de Brasília teriam o mínimo de condições” para receber os turistas. Isso se as reformas já tivessem sido concluídas, ele faz questão ressaltar.

Marco Mancuso, piloto da ABSA Cargo, diz que em São Paulo, onde estão localizados “os dois aeroportos mais movimentados da América do Sul”, Cumbica e Congonhas já estão “saturados com o volume normal do dia a dia de tráfego aéreo.” Segundo ele, um grande evento como a Copa con-gestionará ainda mais esses aeropor-tos, “tanto no âmbito aéreo como na estrutura de pátios.” Mancuso afirma ser comum pousar e ficar aguardando nas taxiways pela liberação de um local para estacionar a aeronave, o que pode ser um risco para a segurança.

Os profissionais da aviação concor-dam que já é tarde para se aplicarem

soluções de real efeito no caso dos aero-portos. Carolina Santos, comissária da TAM, trabalha em voos internacionais e usa o aeroporto de Guarulhos com fre-quência. Ela acredita que Cumbica está operando “acima de sua capacidade” e menciona a construção do terminal 4, “chamado de puxadinho”, que “tem deixado muito a desejar”. Do terminal 4, saem apenas voos de duas companhias: Azul e Passaredo. Já o terminal 3, que está em construção, promete atender a um número maior de pessoas, recebendo um investimento de R$ 2,6 bilhões, se-gundo apuração do G1. A conclusão das obras, porém, está prevista para 2031, muito depois dos grandes eventos serem sediados no Brasil.

POSSívEiS SOlUçõES

Uma das alternativas encontradas pelo Governo Federal para solucionar o problema dos aeroportos é recorrer à iniciativa privada. Em 2012, o go-verno Dilma realizou um leilão pela concessão por 20 anos dos aeroportos de Guarulhos (Cumbica), Campinas (Viracopos) e Brasília (JK). Porém, se-gundo Rodrigo Constantino, “o pro-cesso foi feito às pressas e com atraso de alguns anos.”

Outra solução de improviso, cogitada

por alguns dos pilotos entrevistados, é remanejar a aviação executiva para ae-roportos menores e bases aéreas, o que pode prejudicar negócios de empresas que movimentam a economia brasilei-ra. O Ministério do Esporte estima que os turistas representem uma receita de 9,4 bilhões de reais durante a Copa do Mundo, mas esse montante pode não compensar as perdas que empresas ten-dem a sofrer devido a dificuldades no transporte aéreo, entre outros transtor-nos causados pelo excesso de turistas somados à falta de estrutura.

A maior parte das obras em prepa-ração para a Copa que se observa até o momento são ampliações dos termi-nais de passageiros, focadas nas áre-as comerciais de aeroportos, para que acomodem mais lojas e restaurantes. O resultado é que se tem melhores shop-pings do que terminais nos aeroportos brasileiros. Apesar disso, a Infraero afir-ma que está trabalhando para melhorar os aeroportos – com R$ 4,6 bilhões gas-tos em obras – e que eles atenderão à demanda de turistas que visitarão o País durante a Copa. Ao colocar na balança o que afirma a Infraero e o que afirmam aviadores e estudiosos, é mais recomen-dável evitar os aeroportos durante o período da Copa do Mundo, a não ser para ir às compras.

Page 4: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Junho de 201304 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brSão Paulo

O governador do Es-tado de São Paulo, Geraldo Alckmin,

deu início às obras do último trecho do Rodoanel Mário Covas, a extensão Norte, no dia 12 de março, no município de Arujá. Essa fase completará os 175 quilômetros do grande anel viário da Região Metro-politana de São Paulo.

A obra tem duração de 36 meses e está prevista para ser entregue à população no pri-meiro semestre de 2016. Além do governador, estiveram pre-sentes o secretário estadual de Logística e Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, o pre-sidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), Lau-rence Casagrande Lourenço, deputados estaduais e prefei-tos da região.

No mês de fevereiro, o go-verno paulista assinou o contrato no Palácio dos Ban-deirantes com desconto de aproximadamente 23,1% do preço estimado originalmen-te pelo que foi apresentado pelas mais de 600 propostas recebidas durante o período de classificação. Ou seja, o que estava para ser gasto, R$ 5 bilhões dos cofres públicos,

passou a custar R$ 3,9 bilhões de reais, uma economia de R$ 1,2 bilhão. Naquele mesmo mês, a Companhia de Tecno-logia de Saneamento Ambien-tal (Cetesb) concedeu à Dersa a licença de instalação para os trechos considerados priorida-de 1 que são as escavações dos túneis do trajeto, pois não en-volvem o desmatamento e nem a desapropriação de famílias do traçado, correspondendo a 50% do traçado total e por ter atendido às exigências am-bientais prévias das obras.

A licitação internacional do trecho foi a maior em an-damento no País, no período de 2011 a 2013. O Banco Interamericano de Desenvol-vimento (BID) participou do financiamento com R$ 2 bi-lhões, enquanto o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pelo Governo Fede-ral, destinou R$ 1,72 bilhão. O Tesouro do Estado de São Paulo arcou com o restante.

As empresas vencedoras dos 18 grupos pré-qualificados para a construção dos seis lo-tes do trecho Norte na última etapa da licitação são as espa-nholas Acciona Infraestructu-ras S/A, Isolux Corsán e a Co-

pasa; e as brasileiras Mendes Júnior, OAS e Construcap.

O tREChO NORtE

O Rodoanel Mário Covas (SP-021) é classificado como uma via de “Classe Zero”, que é de alto padrão técnico e controle total de acesso, com oito faixas de rolagem, qua-tro num sentido e quatro no sentido oposto, entre o trecho Oeste do Rodoanel e a Ro-dovia Fernão Dias (BR-381). Entre a Fernão Dias e Rodo-via Presidente Dutra (BR-116) estão previstas três faixas por sentido. A rodovia é provida de um canteiro central com 11 metros de largura e terá velo-cidade máxima de 100 Km/h. O trecho prevê ainda uma alça de acesso exclusiva ao Aero-porto Internacional de Guaru-lhos – Cumbica.

Com a construção do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas, o tráfego de veículos, principalmente os de tipo pe-sados – caminhões e ônibus – será mais bem distribuído para o anel viário da Região Metropolitana de São Paulo. Isso resultará em um menor consumo de combustível e de

tempo parado em congestio-namentos, portanto haverá re-dução da emissão de gases po-luentes. Quando o anel viário estiver totalmente concluído, a expectativa é que haja uma re-dução de 6% a 8% da emissão de gás carbônico veicular (ga-ses do efeito estufa – CO2) em todo o entorno metropolitano da capital paulista, reduzirá, também, o fluxo de veículos pesados, caminhões e ônibus em aproximadamente 17 mil, que utilizam diariamente as maiores vias da capital paulis-ta, Tietê e Pinheiros. Com isso, dará uma melhor fluidez ao trânsito local.

dAS dESAPROPRiAçõES

Nessa obra é estimado que haverá uma desapropriação de mais de cinco mil famílias que moram na região por onde o Trecho Norte irá passar. Isso exigirá investimentos de R$ 1 bilhão em programas de habi-tação por parte do Estado de São Paulo por meio da Compa-nhia de Desenvolvimento Ha-bitacional e Urbano (CDHU), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Habitação, e pelo Governo Federal com o pro-grama “Minha casa, Minha vida 2”, dentro da segunda edição Programa de Acelera-ção do Crescimento (PAC2).

O proprietário que possuir a escritura da moradia, o Es-tado de São Paulo, por meio

da Dersa, arcará com a inde-nização que será paga confor-me as construções que foram realizadas pelo próprio pro-prietário. Caso contrário, se o morador não possuir a docu-mentação que comprove sen-do aquela moradia como dele, a família pessoa será cadastra-da no CDHU e no programa “Minha Casa, Minha vida 2”, para ser contemplada com moradias que já estão sendo construí das desde o início do ano. A opção também é válida para quem possui o título de propriedade do local.

Consultada, a assessoria de imprensa da Dersa esclareceu que o cadastramento para as desapropriações continua em mais de 20 pontos, sendo estes fixos e itinerantes, e que, além de visitarem as famílias, tiram suas dúvidas à respeito das desapropriações e dos valores dos imóveis.

A nota explica também que as indenização às famílias que serão desapropriadas serão pa-gas somente no dia que inicia-rem as obras com Prioridades 2 e 3, que são os trechos que ligam os túneis e as alças de acesso à região do Aeroporto, rodovias Fernão Dias, Dutra e da antiga estrada São Paulo--Campinas, a SP-322. O paga-mento é feito via cheque ad-ministrativo variando de valor entre R$ 5 mil a R$ 500 mil. As pessoas que vivem de aluguel e que não possuem os documen-

Rodolfo Grossi e Caio Alves

Rodoanel Norte: agora foi!No mês de fevereiro, o governo paulista assinou o contrato do Rodoanel Norte

Page 5: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

1° Semestre de 2013 05NÚMERO 25

São Paulo

Rodoanel Norte: agora foi!No mês de fevereiro, o governo paulista assinou o contrato do Rodoanel Norte

tos que comprovem também receberão o benefício do Bolsa--aluguel para encontrarem um outro local para viverem.

Durante a apuração inde-pendente, ao longo de três semanas, no posto de atendi-mento que fica localizada na subprefeitura de Santana-Tu-curuvi, foi possível constatar que a procura por informações a respeito do Rodoanel é bai-xa, registrando média de 4 a 6 pessoas por semana. Ques-tionados, a equipe contou que esta demanda vem diminuin-do à medida que a própria DERSA realiza plantões so-ciais com as comunidades, ten-do um contato maior e direto com a população do que com os postos fixos.

A equipe relata que houve casos em que colegas que re-alizavam o atendimento itine-rante na região de favelas do Morro do Piolho foram inca-pazes de realizar o trabalho de-vido ao “dono” da região ter mandado um carro e deixado os funcionários a serviço ro-dando pelas ruas do lugar, sob cárcere privado. Outro tipo de relato em Taipas foi de que a “dona” do pedaço permitiu a entrada dos prestadores até

certo ponto, mas não sendo possível realizar o atendimento às pessoas que seriam mesmo desapropriadas.

Nesses casos, a DERSA con-tará com o apoio da Polícia Mi-litar para continuar o serviço.

SOBRE O ROdOANEl

O Rodoanel Mário Covas (SP-021) é uma estrada que vem sido construída pelo entorno da região metropo-litana de São Paulo (RMSP) e tem com o objetivo: redu-zir o tráfego de veículos que utilizam os portos da Baixada Santista no transporte de car-gas do interior paulista para a região portuária, sem terem que passar pela cidade de São Paulo, dando assim uma me-lhor fluidez no trânsito nas duas vias marginais mais im-portantes da capital.

Anteriormente ao Rodoanel paulista, com o crescimento do deslocamento rodoviário, esboçaram-se vários projetos de anéis viários que interligas-sem as principais vias e evi-tassem o deslocamento pelo centro da cidade. O principal deles foi o anel viário do cen-tro expandido da capital.

Este anel, inaugurado na dé-cada de 1970, é composto pe-las vias expressas Marginais e as avenidas Jacu Pêssego e Fábio Eduardo Ramos Esqui-vel. Interliga as 10 principais rodovias que chegam à cidade de São Paulo, similar a uma cir-cunferência, com distância de 5 a 10 km do centro da capital. O anel serve como delimitador da região chamada centro expan-dido, por onde é válido o rodí-zio municipal de veículos.

Porém hoje, pelo inchamen-to da cidade, as avenidas pas-saram a cortar regiões den-samente povoadas. Além do deslocamento interno de veícu-los, grande parte das vias des-se sistema possuem inúmeros cruzamentos e semáforos, o que demonstra sinal de satura-ção do sistema.

O anel viário conhecido como centro expandido é composto pelas vias: Margi-nais Tietê e Pinheiros (com acesso às rodovias Anhan-guera, Bandeirantes, Dutra, F. Dias, Ayrton Senna, C. Branco, R. Tavares, R. Bittencourt), Av. dos Bandeirantes, Av. Afonso d’Escragnolle Taunay (acesso à rodovia Imigrantes), Com-plexo Viário Maria Maluf,

Av. Presidente Tancredo Ne-ves, Rua das Juntas Provisó-ras (acesso à rodovia Anchie-ta), Av. Luís Inácio de Anhaia Melo e pela Av. Salim Farah Maluf (acesso à Marginal Tietê e rodovia Dutra).

Paralelamente já projetava--se um anel viário que interli-gasse toda a RMSP na década de 1980. O Rodoanel, então, interligará as principais ro-dovias estaduais e federais de maior fluxo, com exceção da Jacú-Pêssego, sendo anterior-mente projetada e construída pela DERSA e repassada para a administração da Prefei-tura de São Paulo, que reba-tizou como avenida, logo o novo anel viário interligaria as seguintes rodovias: BR-116 Dutra-Régis Bittencourt, BR-381 Fernão Dias, SP-016 Hélio Smidt, SP-066 Henri-que Eroles, SP-070 Ayrton Senna-Trabalhadores, Sistema Anchieta-Imigrantes (SP-150 e 160), SP-270 Raposo Tava-res, SP-280 Castelo Branco, a antiga estrada SP-Campinas / Av. Raimundo Pereira de Ma-galhães (SP-322, Tancredo Neves) e o Sistema AutoBan (Anhanguera-Bandeirantes, SPs-330 e 348).

Por ser uma grande obra, foi dividida em quatro partes. O Trecho Oeste, com 32Km de extensão, teve suas obras ini-ciadas em 11 de abril de 2002 e entregue à população em 11 de outubro de 2008, este tre-cho é concessionado à CCR – Companhia de Concessões Rodoviárias e Equipav. Liga a SP-322 até a Régis Bittencourt.

O Trecho Sul, sob concessão da SPMar, liga o trecho Oeste até a cidade de Mauá, pas-sando pelo Sistema Anchieta--Imigrantes, composto por 61,4Km de extensão. O tre-cho teve suas obras iniciadas em 2007 e entregue em 2010. O Trecho Leste, também sob concessão da SPMar, está em construção e a previsão para entrega para o final de 2014, tendo 45Km de extensão e obras iniciadas em 2011. In-terliga a região do Alto Tietê.

O Trecho Norte, sob adminis-tração da DERSA, possui 44Km de extensão e teve suas obras iniciadas no dia 11 de março de 2013. Este trecho possui uma alça exclusiva de acesso ao ae-roporto de Guarulhos e a maior parte da via é composta por túneis. A projeção é que fique pronto em 2016.

Page 6: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Junho de 201306 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brArte Urbana

Nos últimos anos, a cidade de São Paulo tem sido reconheci-

da mundo afora por meio dos exuberantes trabalhos artísti-cos que abriga.

Muros, viadutos, edifícios e até mesmo casas abandona-das servem de vitrine para a arte urbana, fazendo a maior metrópole brasileira destacar--se com o estilo próprio que adquiriu pelos artistas que a modificam.

Recentemente, o maior site de busca do mundo, o Goo-gle, lançou uma galeria de arte urbana, onde os internautas podem conhecer diversos tra-balhos paulistanos e admirar muitos artistas das ruas.

Dentre os trabalhos ex-postos em galerias virtuais e eventos públicos, os trabalhos chamados de “intervenções urbanas” têm ganhado o gos-to dos apreciadores da arte. Esse tipo de arte urbana leva esse nome porque geralmente são feitos em grandes cidades, com o objetivo de intervir na estética delas.

COMO ASSiM? iNtERviNdO?

É isso mesmo, esses traba-lhos induzem a experiências estéticas inovadoras, fazendo as pessoas notarem o cenário urbano com mais afeição.

Esse tipo de arte é impactan-te e é capaz de causar diversos tipos de reações nas pessoas que a observarem. Muitas ve-zes o que chama a atenção do espectador é o local onde a arte foi feita, ou a mensagem, ou até mesmo os traços minu-ciosos com que foi composta.

Em suma, a arte em forma de intervenção urbana é sem-pre inusitada e realizada a céu aberto, podendo apresentar caráter crítico ou não.

SURgiMENtO dA MOdAlidAdE

Quando a intervenção ur-bana surgiu no Brasil, na dé-cada de 1970, o objetivo era superar as limitações impos-tas por museus e entidades governamentais. Até então,

a arte só era encontrada em museus e exposições.

Os artistas urbanos da época afirmavam que a arte urbana não se restringiria a museus, portanto não seria voltada a classes sociais específicas, tor-nando-a uma arte muito mais acessível a todos, o que é com-provadamente verdadeiro.

A “Call Parede”, que alte-rou a aparência de diversos orelhões da cidade de São Paulo, foi uma forma de inter-venção urbana que se tornou conhecida mundialmente.

Os orelhões foram modifica-dos de forma inusitada e teve o patrocínio da operadora Vivo, que acabou fazendo com que a exposição outdoor fosse legali-zada e exposta na mídia.

COlA NA CARA

Dentre os tipos de arte em intervenção urbana, vale a pena explorar dois tipos mui-to interessantes: a colagem e o grafite em locais “mortos”.

Rafael Calvi Anic ou Anic Lamb, de 25 anos, é um novo artista da cena artística que tem ganhado espaço devido a autenticidade que tem empe-nhado em seus trabalhos de colagem. A maioria deles está exposta em São Paulo.

A arte faz parte do convívio familiar de Rafael, mas o in-teresse pela arte de rua surgiu na adolescência, quando co-meçou a fotografar um tipo de grafite denominado “Bomb” (grafite feito com letras infla-das). Não sabia desenhar, en-tão não chegou a tentar utili-zar tinta para realizar seus anseios artísti-cos. A saída foi aliar seu dom para a foto-grafia e a edição de imagens para expor sua criatividade.

Em 2010, surgi-ram suas primeiras colagens feitas em folhas de sulfite ta-manho A4. A arte digital é feita no computador e im-pressa no papelDe-pois de impresso, o

material é fixado com a ajuda de cola comum nos locais que o artista escolher.

Hoje seus trabalhos são ge-ralmente impressos em gran-des dimensões nas cores preto e branco, carregando críticas sociais e políticas.

Além dos trabalhos pesso-ais que realiza simplesmente porque gosta, Rafael realiza trabalhos comerciais. Recen-temente fez trabalhos para ca-sas noturnas e para ambientes pessoais cujo projeto chama--se “Da rua pra casa”.

Anic Lamb possui o site “www.colanacara.com”, onde expõe seus trabalhos. Uma curiosidade: o nome foi esco-lhido porque sempre que faz suas colagens, resíduos de cola caem em seu rosto.

gRAFitE vivO

A dupla de artistas que integra o “6emeia” é responsávei por di-versas intervenções urbanas que conquistaram os paulistanos.

Anderson Augusto e Leo-nardo Dellafuente, respecti-vamente, 30 e 31 anos, fazem trabalhos em locais e objetos inusitados que compõem o ce-nário urbano, como bueiros, hidrantes, faixas de pedestres e até mesmo bocas de lobo.

Para eles, a arte em si é uma missão da comunicação, um di-álogo aberto e sincero com o pú-blico. O grafite, por ser arte pú-blica, carrega o poder de conver-sar com a cidade e a população.

A dupla concentra seus trabalhos no bairro da Bar-ra Funda, zona Oeste de São

Paulo, onde moram. Foi nesse bairro que iniciaram o proje-to de transformar o cotidiano das pessoas que encontrassem seus trabalhos pelas ruas.

O nome que utilizam é tão criativo quanto seus traba-lhos: “Seis e meia é o horário em que o relógio aponta seus ponteiros para baixo, e como nosso trabalho é de interven-ções feitas no chão, asfalto, as pessoas têm de olhar para bai-xo para ver nosso trabalho. Daí o nome 6emeia”, conta Leonardo.

Os artistas propõem que as pessoas olhem para os mais indiferentes objetos e possam ver neles a beleza da arte.

“Os bueiros já pintados pelo 6emeia são como gotas coloridas em uma imenso bal-de cinza”, definem os artistas.

Além da incrível criativida-de que compõe os trabalhos, os artistas ainda inserem bom humor, transmitindo mensa-gens leves sem utilizarem uma palavra sequer.

Recentemente, a dupla come-çou novos trabalhos inusitados com gravuras urbanas. Eles fa-zem suas gravuras no próprio asfalto das ruas, tornando a du-ração do trabalho muito maior.

O 6emeia possui o site www.6emeia.com, onde dis-ponibiliza fotos dos diversos trabalhos realizados e expli-cações poéticas de suas cria-ções artísticas.

Camila Alcântara

São Paulo é vitrine de artistas inovadores Intervenção urbana muda a estética da maior metrópole brasileira

Para seguir: Instagram: @instagrafite

Bueiros transformados pelo 6emeia

Um dos orelhões modificados na “Call Parede” por Leandro M.D.

Page 7: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

1° Semestre de 2013 07NÚMERO 25

Especial Sustentabilidade

lixo eletrônico deve ser descartado com responsabilidade

Falta de informação à população é um dos principais fatores que causam o acúmulo deste tipo de resíduo

Ana Paula Ferreira, Fernanda Agrumi e Laisa Camargo Alves

O que fazer com móveis antigos, eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos após seu término de

vida útil? Onde devemos depositar esse lixo? Estas são perguntas que todos deveriam sa-ber responder, porém, a população brasileira parece ainda não ter informações suficientes sobre a destinação correta desse tipo de lixo. “Normalmente quando o eletrônico não serve mais, doamos para um conhecido que vive de consertar coisas antigas, mas se forem objetos menores, como celular, ficam para-dos em casa”, relata Lucas Lira, de 19 anos.

Ana Maria Domingues Luz, presidente do Instituto GEA - Ética e Meio Ambiente, aponta uma solução: “A mídia é uma grande amiga dos ambientalistas. Quando começa a aparecer um tema como esse na mídia, as pessoas começam a se preocupar e procurar formas mais adequadas de destinação”.

Equipamentos eletrônicos são produzidos

com substâncias nocivas, e uma vez descar-tados de forma incorreta em locais pouco apropriados, como lixões e perto de lençóis freáticos, tornam-se problemas ainda maio-res. Por isso, é necessário que as pessoas to-mem os devidos cuidados ao se desfazerem dos objetos. Carolina Lavinas, estudante de Rádio e TV nas Faculdades Integradas Rio Branco, revelou conhecer um lugar perto de sua casa onde recolhem baterias e pilhas. Mas nem todos estão interessados em ajudar o meio ambiente ou cientes do tipo de trata-mento que o lixo eletrônico deve ter.

De acordo com uma estimativa da Orga-nização das Nações Unidas, os brasileiros produzem cerca de 360 mil toneladas de lixo tecnológico, por isso, é muito importante direcionar este tipo de lixo ao local correto de coleta. “Em um determinado momento, há um ‘clique’ e a pessoa se dá conta do que está acontecendo e que, se ela não começar a

fazer alguma coisa para mudar, não haverá mundo para sua velhice, seus filhos, seus ne-tos”, afirma Ana Maria.

A reciclagem vai muito além do “papel, metal, plástico, vidro e orgânico” que vemos por todos os lados da cidade. Esta coleta que já conhecemos é muito importante, mas não é a única necessária para ajudar o planeta.

Existem várias empresas que lidam com a reciclagem de materiais eletrônicos, e também é possível fazer doações para organizações que trabalham com a inclusão digital. Já os eletrodomésticos e móveis podem ser doados para pessoas carentes ou locais em que as peças possam ser reutilizadas para arrumar outros aparelhos com defeito. É preciso ter em mente que muitas pessoas podem precisar daquilo que para nós é considerado velho.

Há também uma ferramenta online chama-da e-lixo maps. A iniciativa do Instituto Sergio Motta, em parceria com a Secretaria de Esta-

do do Meio Ambiente, indica postos de coleta de lixo eletrônico em São Paulo. O usuário só precisa digitar o CEP e o programa mostra o local mais próximo para o descarte.

Com a tendência sustentável cada vez mais presente , a indústria de videogames se viu forçada a mu-

dar certas tradições que eram mantidas desde a década de 80, como a presença de um manual de instrução detalhado. O mercado, que movimentou 25 bilhões de dólares em 2010 – mais que a indústria cinematográfica -- se vê entre uma época de ouro e um período de renovação.

Uma das principais mudanças foi a di-minuição ou, em alguns casos, a extinção dos manuais de instrução que acompa-nham os jogos físicos. Não é incomum, ao comprar um novo jogo, se deparar com um manual em preto-e-branco de apenas uma folha, indicando, na maioria das ve-zes, as instruções básicas para fazer seu produto funcionar, ou então informações de teor legal e avisos de segurança. Em outras situações o manual só está dispo-nível online, ou então não existe.

Os anos em que a informação estava restrita ao papel acabaram. Com o ad-vento da internet e o avanço na tecno-

logia dos games, todas as informações antes encontradas em um manual estão a um clique de distância – e contextualiza-das. Em vez de uma simples descrição de um personagem em algumas palavras no papel, o jogador pode obter muito mais informação em uma página de wiki. Tra-vou? Há um vídeo no YouTube lhe expli-cando exatamente como progredir.

CAixAS ECOlOgiCAMENtE CORREtAS

Seja a mudança nos manuais uma ca-racterística da mudança na maneira em que consumimos informação ou redução de custos, não há como negar que qual-quer tipo de produto precisa ser eco--friendly atualmente. Desde móveis até DVDs. Portanto, o mercado dos games passou a adotar medidas menos agressi-vas ao meio ambiente. Uma delas foi a adoção da eco-box em 2010.

A eco-box é um modelo de embala-gem criado pela empresa Viva, de Hong

Kong, que promete reduzir a emissão de dióxido de carbono (CO2) ao decorrer do tempo, por utilizar menos plástico que as caixas normais. Foi introduzi-da no mercado de games em 2009 com alguns jogos para o Xbox 360, mas foi logo descontinuada.

“A Eco-Box foi uma boa ideia mal implementada”, afirma Luigi Olivieri, estudante de engenharia ambiental na UFABC e editor do blog PlayerTwo. “O conceito é ótimo, mas o produto não conseguia fazer a função básica de uma caixa: proteger o que está dentro”.

“É compreensível um jogador não gos-tar da Eco-Box. Além de não fazer seu papel corretamente, parece barata e mal--feita, além de ser extremamente frágil e reduzir a possibilidade de coleção”, afirma.

CRítiCAS

A japonesa Nintendo, talvez a com-panhia mais conhecida e mais tradicio-nal na indústria de videogames por ter

entrado no mundo dos games em 1974, não é livre de críticas quanto a suas po-líticas ambientais.

O Greenpeace colocou a compa-nhia oriental em último lugar no seu ranking de empresas de eletrônicos que mais fazem mal ao meio-ambiente por diversos anos, incluindo 2012. A Nintendo recebeu uma avaliação de 1,8 pontos (de dez).

“A Nintendo marca mais pontos na questão química; consoles seus no mer-cado têm cabeamento sem PVC. Ela baniu flatatos [grupo de compostos químicos utilizados como aditivo para deixar o plástico mais maleável e con-siderados cancerígenos] e está monito-rando o uso de antimônio [substância tóxica utilizada em eletrônicos] e be-rílio [também considerado canceríge-no]”, afirma a organização. “Ela con-tinua a marcar zero pontos no critério de resíduo eletrônico”. A emissão dos gases de efeito estufa da empresa tam-bém subiu nos dois últimos anos.

indústria de videogames procura se adequar ao futuro sustentável

No presente, a Nintendo é eleita a pior empresa de tecnologia para meio ambiente pelo Greenpeace e caixas ecológicas não agradam

Graziela Primiani e Rafael Camolez

CONhEçA AlgUMAS ASSOCiAçõES PARA dESCARtAR SEU lixO ElEtRôNiCO

Cooperativa RECICLA PIRITUBA (Pirituba - São Paulo) (11) 3941-7231

Ecoassist (todas as capitais do Brasil)0800 326 1000 http://www.ecoassist.com.br/

Reviravolta Coorpel (Luz - São Paulo)(11) 3311-9961 www.gaspargarcia.org.br

Meta Projeto - Acessa São Paulo (Carandiru - São Paulo) (11) 2221-1826 http://www.acessasp.sp.gov.br/

Page 8: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Junho de 201308 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brEspecial Sustentabilidade

“Pimp my Carroça” tira carroceiros da invisibilidade

Projeto valoriza os verdadeiros responsáveis pela coleta de lixo

“Você sabia que São Paulo produz 17 mil toneladas de lixo por dia e que só

1,2% disso é reciclado?” Foi com essa introdução que o vídeo da campanha inovadora, Pimp My Carroça, conse-guiu mais de 800 doadores pelo siste-ma de crowdfunding em 2012. Com o objetivo de tirar os carroceiros da invi-sibilidade e valorizá-los, o idealizador do projeto, Thiago “Mundano”, grafi-teiro, foi além e mostrou que arte tem a ver com atitude e é um dos maiores instrumentos de revolução social.

Há seis anos, quando pintava os muros da cidade, Mundano reparou em uma dessas carroças que seguia pela pista da direita, “atrapalhando” o trânsito dos carros. Em vez de enxer-gar um transtorno, pesquisou e desco-briu que 90% de tudo que é reciclado no Brasil vêm dos catadores de lixo. Os dados são do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis - MNCR (2010). Só em São Paulo são 20 mil catadores que reciclam 80% do lixo da cidade.

Fazendo uma referência irônica ao programa televisivo “Pimp my Ride”, em que o único objetivo é gastar mi-lhões para “tunar” carros velhos,  o nome do projeto surgiu. A ideia é fazer quase a mesma coisa, só que gastando bem menos, sem apelo midiático e nem pretensão de virar obra de incentivo ao luxo e consumismo.

Ao contrário, o Pimp My Carro-ça veio para levar a arte de rua com frases impactantes aos “carros” desses coletores de material reciclável, junto com o reconhecimento pelo trabalho que fazem. Além de instalar itens de segurança como retrovisores, faixas reflexivas, cordas e luvas, o projeto ainda conta com atendimento médico, incluindo oftalmologista e especialista em dependência química, entre outros, para os carroceiros.

O Pimp My Carroça bombou  nas redes sociais e gerou uma mídia espon-tânea grande em prol dos catadores em 2012. Isso inspirou muita gente a ajudar os catadores em seu dia a dia e assim o projeto fez história e já virou até matéria em sala de aula.

“Muito se fala sobre sustentabilida-de. Empresas gastam milhões para fa-zer anúncios para dizer que ela é. Eu acho que o grande barato é você re-almente ser. Por exemplo, na Avenida Paulista onde estão todas essas empre-

sas que gastam falando que são e não existe um coletor de material reciclável lá, que é o cartão postal de São Pau-lo?”, questiona Mundano.

PiMPANdO EM 2012

O sistema crowdfunding de doa-ção, feito de forma coletiva e colabo-rativa e usado no Pimp my Carroça é um movimento composto por mais de 3500 parceiros, sendo esses, doa-dores, apoiadores diretos, empresas que cederam serviços, voluntários, comunicadores, artistas, grafiteiros, entre outros.

No calendário do projeto, que ain-da é novo, já aconteceu um grande reconhecimento por esse sistema. Em Setembro Verde, na Matilha Cultu-ral, foi exibido o Mini Doc do proje-to e rolou uma carroça test drive para o público presente sentir um pouco o trabalho de um catador, além de ex-posições no Museu de Imagem e Som.

Em novembro, participaram da Reviravolta - Expocatadores 2012, realizada pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Reci-cláveis - MNCR. Evento esse, vol-tado à conexão de catadores de to-dos os cantos do Brasil e do mundo.  As edições de grande sucesso do pro-jeto aconteceram primeiro no centro de São Paulo e depois no Rio de Ja-neiro. Os participantes ganharam uma camiseta com logos refletivos e durante o dia passavam desde a

tenda do check up, onde o coletor tinha atendimento de clínicos gerais, a tenda do pimp olhos, onde recebia atendimento oftalmológico e ganha-va óculos, martelinho de ouro onde recebia massagem, corte de cabelo e atendimento psicológico na tenda do balanceamento.

“Desde 1986 nessa luta e nunca ti-vemos alguma homenagem que nem essa. Meu coração parece que vai ex-plodir de alegria”, afirmou Bahia, um dos coletores que participaram do projeto em São Paulo.

AgENtES AMBiENtAiS

Todos os dias, Sérgio Bispo, 50 anos, vai da Rua do Glicério, na re-gião central, até a Avenida Paulista, às vezes até a região da Barra Funda. No trajeto, puxa sua carroça, que chega a transportar até meia tonelada de material reciclável, em uma carga ho-rária que varia entre 16 a 18 horas. Assim como Bispo, segundo o Institu-to Polis, cerca de 20 mil carroceiros partilham da mesma jornada diária. A renda média mensal gira entre R$ 420 e R$ 520, podendo chegar a R$ 800 com o aumento da carga horária de trabalho. São recolhidos em média 600kg de material reciclável por dia, o que representa 15 toneladas por mês.

Ainda assim, os catadores sofrem forte discriminação por parte dos motoristas com quem repartem as ruas de São Paulo. “Sou discrimina-

do, mas levo de boa. Tem de levar com alegria, não adianta xingar de volta”, afirma Bispo, membro da co-operativa no Glicério.

ARtE “MUNdANA”

Se você avistar graffitis de rostos, com olhos arregalados, expressões sérias e  frases de protesto pelas ruas de São Paulo, pode ter certeza que Mundano passou por ali. A arte, que mistura pro-testo com crítica social, se pauta pela ação política - no sentido amplo da pala-vra - com o objetivo de questionar nossa habitual alienação em meio ao dia a dia. “O graffiti por ser ilegal é uma arte livre, e por estar na rua ao alcance de todos é democrático.  Isso me fez pensar que eu deveria  pintar coisas que acreditava e que muitas vezes são encobertas na im-prensa. Com um novo olhar sobre a im-portância do graffiti, comecei a escrever frases de questionamento em relação aos problemas da cidade e a ter um retorno de pessoas que realmente liam, refletiam e interagiam sobre minhas mensagens.” E foi depois de grafitar uma de suas fra-ses na carroça de um catador, em 2007, e notar a felicidade que trouxe para aque-le trabalhador que surgiu a ideia de co-meçar a tocar o projeto sozinho. Pintou em cinco anos mais de 175 carroças pelo mundo. Foi ao Chile, a Nova Iorque, Argentina, Bolívia e outros lugares do Brasil, fora de São Paulo. Foi então que notou que era preciso algo bem maior e que sozinho “não daria conta”.

Ana Paula Ferreira, Fernanda Agrumi e Laisa Camargo Alves

Seu Bahia ao lado de sua carroça pimpada

Page 9: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

1° Semestre de 2013 09NÚMERO 25

Especial Sustentabilidade

Graziela Primiani e Rafael Camolez

Construção e design inteligente inovam reciclagem

Reutilização de materiais conquista decoração e construção civil e abre caminhos para novos negócios

O reaproveitamento de mate-riais na construção e deco-ração conquistou espaço aos

poucos e hoje é uma tendência que veio para ficar. Com um pouco de cria-tividade e baixo custo de produção, é possível redecorar um ambiente e tor-ná-lo único.

De acordo com Marcos José Perei-ra, professor do curso de Design das Faculdades Integradas Rio Branco, além do conceito de design e deco-ração, o reaproveitamento também cumpre seu papel sustentável e social. “Esta prática leva a redução dos re-síduos produzidos em construção que normalmente seriam descartados em aterros de forma incorreta, como pe-daços de madeira com pregos e outros materiais que podem perfurar e rasgar o pé de pessoas que infelizmente vi-vem nessas áreas”.

Existem diversas formas de reutili-zar os materiais, e é possível, inclusi-ve, encontrar novas funções para eles – Marcos José revela que existe o re-aproveitamento também na constru-ção civil, diminuindo a produção de resíduo. “Até mesmo restos de paredes de tijolo e concreto podem ser usados para a produção de pedras e areia fina, simplesmente triturando e moendo, produzindo material barato e de bom aproveitamento, reduzindo custos para construção de menor porte”.

A arquiteta e urbanista Tânia Ribei-ro Alves ressalta a importância do rea-proveitamento em seus projetos expe-

rimentais.

“O fato de alguns materiais durarem centenas de anos nos faz pensar que precisamos começar a usar essa dura-bilidade a nosso favor, procurando so-luções de projeto em que essa caracte-rística desses materiais seja bem apro-veitada. Em paisagismo de parques e praças públicas, por exemplo, estou experimentando reintroduzir o uso de pneus em brinquedos de playground, pisos emborrachados para áreas de exercício, floreiras e em alguns casos até como componente de contenção de taludes. Como é um resíduo farto nas grandes cidades e de grande impacto se descartado na natureza, seu reaprovei-tamento é praticamente obrigatório”.

dESigN

Pelo design inteligente é possível a reutilização de materiais na produção de uma infinidade de produtos. Desde os pequenos, como luminárias, a obje-tos maiores, como camas e mesas.

“O uso destes materiais (madeira, resto de cerâmicas, vidro e até aço) tem se tornado muito frequente prin-cipalmente no design de interior, crian-do espaços únicos, variando dos mais rústicos aos mais elegantes, dependen-do apenas do tratamento aplicado a cada material. Sua aplicação vai des-de a construção de mesas e bancadas, estantes, gaveteiros, objetos de mesa, suporte de parede para televisores, até um simples revestimento de paredes e pisos, como a criação de biombos, di-visórias e decks”, afirma Pereira.

Tânia complementa: “Reduzimos resíduos,

reduzimos gastos e entre designers e arquitetos aumen-tamos as possibi-lidades de criar com materiais diferentes”.

ExClUSividAdE

A madeira de demolição agora é ar-tigo de luxo. Muito utilizada no paisa-gismo de ambientes externos e na de-coração de ambientes internos, confere um ar rústico e exclusivo.

“Como exemplo, o uso de madeira adequada para construção de andai-mes, escoras ou suporte e caixas para vigas e colunas, tem características que vão além das naturalmente encontra-das na madeira (veios, nós, fibras e tex-turas). O acúmulo de outros materiais sobre a superfície da madeira, como a massa de reboco, o respingo de tinta e até as marcas deixadas por ferramen-tas ou dos sapatos dos operários, dão um toque diferenciado ao aspecto final do material”, pondera Marcos José.

Tânia Soares ressalta que a alta pro-cura está encarecendo os produtos. “Os pallets de transporte de mercado-ria que antes se conseguiam de graça já estão ficando caros: mais pessoas estão procurando para fazer sofás, espregui-çadeiras, mesinhas de centro e quem os descarta já sacou seu novo valor e está cobrando mais por eles. Existem alguns móveis que são feitos de mate-riais reciclados que estão mais caros do que de matéria prima nova, não porque sejam mais caros em si, mas pelas práticas de mercado de procurar lucrar mais quando existe uma pro-cura maior. Num futuro breve, vai ter uma oferta maior desses móveis, mais indústrias vão entrar nesse setor e os preços se regulam.”

EMPREENdEdORiSMO

A designer Helena Aliende aprovei-tou a tendência do uso de pallets na decoração e criou, há mais de um ano, a “Palleteria”, uma loja virtual que funciona no Facebook e trabalha ex-clusivamente com o reaproveitamento de pallets, estruturas de madeira utili-zadas para o transporte de objetos pe-sados.

Helena conta que sua família sempre trabalhou com a produção e reforma de pallets e, depois de se formar em desenho industrial, resolveu inovar e começou a produzir móveis sob enco-menda baseados no material.

“Nós sempre preferimos trabalhar com o conceito de reciclagem ao de

sustentabilidade. A reciclagem é essen-cial em nosso projeto. Nós queremos mostrar às pessoas que além da preo-cupação com a estética do lar, também devemos nos preocupar com o futuro do lugar em que vivemos”, declara.

A designer afirma que o conceito de sustentabilidade não é compreendido pelas empresas. “Acreditamos que o conceito ainda precisa ser melhor inter-pretado. Esperamos que as indústrias comecem a se posicionar em relação à utilização de materiais alternativos, tentando diminuir o desmatamento e a poluição.” Sobre seus produtos, Hele-na ressalta que os pallets são feitos de madeira de verdade – mdf ou compen-sados não são utilizados – e por isso são mais resistentes.

Helena revela que não existe muita concorrência neste mercado. “Muitas pessoas produzem algumas peças em suas próprias casas e adoramos acom-panhar isso, mas empresas especializa-das neste serviço ainda são poucas. O setor está em crescimento. O público ainda está em fase de descoberta des-tes produtos e os fabricantes (artesãos) estão procurando a melhor maneira de trabalhar com esta matéria prima.”Sofá criado pela “Palleteria”

FAçA vOCê MESMO!

O forte apelo para o trabalho ar-tesanal, que pode ser produzido por qualquer pessoa que deseje reciclar, e o baixo custo são ou-tras vantagens desta tendência.

Pensando nisso, publicamos o passo a passo desta luminária feita de filtro de café. Confira: tinyurl.com/emfocoluminaria

Foto

: Rep

rodu

ção

Page 10: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Junho de 201310 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brEspecial Sustentabilidade

Gustavo Gonçalves, Leandro Gonçalves e Renan Paladino

Federação Paulista de Futebol lança projeto de sustentabilidade

Oficializado no Museu do Futebol, programa tem como objetivo conscientizar torcedores

No dia 17 de janeiro, a Federação Paulista de Futebol lançou o

projeto Ecotorcedor, no Mu-seu do Futebol (leia mais no box a baixo), após a iniciativa das empresas Manager Espor-tes, Netcommerce, WIdeias e com patrocínio da Tetra Pak. O objetivo é desenvolver uma consciência sobre as questões de sustentabilidade e incenti-var os torcedores a se envol-verem com o tema, através de programas como reciclagem de resíduos sólidos, plantio de bosques urbanos e doações sociais (roupas, alimentos não perecíveis e brinquedos) durante o período de jogos do Campeonato Paulista da Série A-1, que ocorreu no primeiro semestre do ano.

“O Projeto Ecotorcedor – O Futebol Paulista Sustentá-vel nasceu pela necessidade de ampliar o conhecimento dos cidadãos sobre a questão da sustentabilidade no Brasil, no mundo e na cidade de São Paulo. Com a paixão do fu-tebol, surgiu a ideia de usar este alto nível de conheci-mento do esporte na socieda-de brasileira para promover

esta conscientização”, afirma Luís Gustavo B.G. Giosa, di-retor esportivo da empresa Netcommerce Marketing e Eventos Ltda.

Para incentivar o público, o projeto premiou os 11 tor-cedores que mais acumulam pontos, participando através do aplicativo Ecotorcedor, dis-ponível na Fan Page, no Face-book, com tablets, bicicletas, notebooks, smartphones, TVs e videogames. Já os 32 torce-dores que mais frequentaram os jogos na primeira fase, fo-ram divididos em dois grupos e participaram do torneio Eco-pa, em um dos estádios oficiais da competição.

Na visão de Giosa, o fato de possuir uma página nas redes sociais fez com que o proje-to fosse mais conhecido pelo público. “Contamos com 130 mil pessoas que curtiram nos-sa página e mais de 13 milhões de pessoas foram atingidas in-diretamente pelo projeto”.

O diretor executivo confir-mou a relação entre o esporte das massas, que é o futebol, e a conscientização das pessoas: “Por esse motivo escolhemos o futebol, por ser o esporte

mais popular no Brasil, o que mais tem retorno de mídia e, sem dúvida nenhuma, é a pai-xão nacional”.

Na opinião da psicóloga clí-nica, Simone Ventura, a influ-ência do comportamento cole-tivo sobre o comportamento individual em ações como esta, faz com que as pessoas tenham diferentes atitudes quando estão sozinhas e quan-do estão em grupo. “O ser humano é muito influenciado diariamente, pela mídia, por grupos religiosos, etc. A pró-pria necessidade de ser aceito em um grupo ou sociedade faz com que acabe apresentando comportamentos imitativos. O coletivo acaba sendo um modelo”, afirma Simone.

PRêMiOS COMO AtRAtivO

Quando questionado a res-peito de o público estar real-mente interessado no projeto, por ajudar o meio ambiente, ou apenas pela possibilida-de de ganhar prêmios, Luís Gustavo Giosa afirma que a premiação incentiva, é claro, porém a sustentabilidade tam-bém tem chamado a atenção

das pessoas. “É um atrativo a mais, sim! Mas notamos que a causa da sustentabilidade tem chamado bastante atenção da-queles que entram em nossa página. As pessoas têm com-partilhado muito nossos posts, bem como tem havido bastan-tes comentários positivos”.

Já na visão da psicóloga clí-nica, Simone Ventura, os prê-mios são o principal incentivo do interesse das pessoas no projeto. “Inicialmente acredi-to que o comportamento seja influenciado sim pelo prêmio, que na verdade chamamos de recompensa ou até punição. O fator externo acaba gerando o estímulo, somente posterior-mente pode vir a conscientiza-ção, que podemos caracterizar como consciência moral”.

PARtiCiPAçãO dOS tORCEdORES

Como falar sobre o projeto ecotorcedor sem ouvir a opi-nião dos próprios torcedores. Assim sendo, quatro deles demonstraram conhecimen-to, porém nem todos partici-pam. Armando Pacheco, 51 anos, torcedor do Palmeiras, que não participa do projeto, afirma que gosta, pela causa da sustentabilidade, que é o assunto do momento. Porém, em sua opinião, o prêmio lo-gicamente ajuda. Aparecida Coelho, 50 anos, também torcedora do Palmeiras, que participa do projeto devido à sustentabilidade, e deseja aprender mais sobre o as-sunto, não faz muita questão de ganhar o prêmio. Marcos Martins, 41 anos, torcedor do São Paulo, também participa, e assim como Aparecida, con-siderada uma irmã por ele, deseja ter mais conhecimento sobre o tema, no entanto, es-pera ser premiado com uma camisa de seu time do cora-ção. Por último Henrique De-laloy, 19 anos, palmeirense, não participa do projeto, mas

afirma que se participasse se-ria exclusivamente pelos prê-mios de seu clube.

MUSEU dO FUtEBOl

Esta é uma visita obrigatória para os fanáticos por futebol. Lá o público pode conhecer um pouco mais sobre a his-tória desse esporte, desde sua chegada ao Brasil, no final do século XIX, além de curiosi-dades como maiores públicos em jogos no país, quantidade de jogadores expulsos em uma mesma partida, e algumas ex-pressões famosas, como “trei-no é treino, jogo é jogo”.

É possível também sentir a emoção de ir a um estádio sem sair do museu, ouvindo os gri-tos das torcidas, que são trans-mitidos em telões.

As pessoas ainda podem ver, em pequenas telas, a his-tória de todas as Copas do Mundo realizadas até hoje, além de vídeos mostrando gols e belos lances.

Por fim, os torcedores leem mais sobre a história de seus clubes de coração em uma espécie de “página de livro grande” e por último, cada vi-sitante pode chutar uma bola oficial e verificar a velocidade e a potência de seu chute.

Dentro do museu não é per-mitido fotografar, porém, há uma parte em que é possível sair na arquibancada do Paca-embu, e registrar o momento.

O Museu do Futebol está lo-calizado no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, na Praça Charles Miller, S/N, na cidade de São Paulo, com funcionamento de terça a domingo, das 09h às 17h, inclusive nos feria-dos. O ingresso custa R$ 6,00 a inteira e R$ 3,00 a meia, com a apresentação do com-provante. Nas quintas-feiras, a entrada é gratuita a todos. Para mais informações en-tre em contato no telefone: (55) 11 3664-3848.

Foto

: Rep

rodu

ção

Page 11: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

1° Semestre de 2013 11NÚMERO 25

Tendência

Evelyn Moreto e Kethylin Pinheiro

ONgs utilizam redes sociais para promover suas atividades

A internet deixa de ser um obstáculo e passa a ser uma ferramenta para a promoção de ações sociais

As ONGs têm encontrado cada vez mais dificuldades para mo-bilizar novos colaboradores.

Os motivos são as novas proporções que as ações sociais têm tomado. Com a popularização da internet, muitas vezes não é preciso nem sair de casa para aju-dar uma boa causa. Pode-se fazer a di-ferença com apenas um clique, seja para doar uma quantia em dinheiro, assinar uma petição a favor de algum projeto ou até protestar contra um político.

As grandes manifestações e eventos estão se tornando cada vez mais raros, e para driblar o problema, as organiza-ções, percebendo a importância de ter uma presença digital relevante, têm usa-do a internet a seu favor. Para acabar com o “ativismo de sofá”, elas fazem a ponte entre as ações online e offline por meio das redes sociais mais populares.

Em 2012, um documentário de 30 minutos produzido pela ONG norte--americana Invisible Children (Crian-ças Invisíveis) foi a prova do poder que o ativismo online possui. Kony 2012 é uma denúncia contra o guerrilheiro Jo-seph Kony, que atua em Uganda. Lá, ele comanda o Exército de Resistência do Senhor, vulgo OLRA, exército forma-do por crianças sequestradas. A orga-nização veiculou o vídeo no YouTube e ainda criou páginas em redes sociais populares, como Facebook e Twitter, a fim de arrecadar fundos em prol da causa. A campanha virou uma marca, e em pouco tempo, camisetas, pulseiras, pôsteres, chaveiros e outros produtos passaram a ser comercializados.

Os números, divulgados pela pró-pria ONG, são impressionantes: 3,7 milhões de pessoas de todo o mundo contribuíram com a campanha. A pá-gina no Facebook recebeu 3,1 milhões de curtidas, tornando-se a mais popu-lar entre as das ONGs. No Twitter, o número de seguidores cresceu 614% e a hashtag #STOPKONY foi postada 1.200 vezes por minuto. No Google, em 2012, Kony foi o 9º nome mais bus-cado pelos internautas. O que os “ati-vistas de sofá” não esperavam é que, na realidade, a filmagem é de 2002 e que, atualmente, Joseph Kony não atua mais do mesmo modo.

A estudante Raquel Fagundes, de 22 anos, conta que assistindo ao vídeo, sentiu-se na obrigação de doar. “Mas quando descobri a possível farsa por

trás da ação, me senti enganada.” Ela, que contribui com outras organizações, acha que a internet pode ser sim usada a favor do ativismo, mas que é preciso ter cuidado e atenção. “Muitas pesso-as podem agir de má-fé, e aí, ao invés de ajudarmos quem precisa, acabamos caindo em uma armadilha”, declarou.

Por isso, em vez de investirem em modos de arrecadarem fundos, as ONGs estão apostando em novos mo-dos de divulgação de seu trabalho.

ONgS APOStAM NO iNFOAtiviSMO

A ONG latino-americana Um Teto para Meu País tem como principal ob-jetivo erradicar a extrema pobreza por meio do desenvolvimento comunitário. Para atrair doadores, realizou a campa-nha “Grande Coleta”, que consistiu em espalhar 60 pontos de arrecadação pela cidade de São Paulo. Esses pontos fo-ram marcados na rede social Foursqua-re, para que as pessoas que passassem por perto soubessem e fizessem uma contribuição. Como meio de divulga-ção, ainda apostaram em vídeos dos vo-luntários, todos veiculados no Youtube e disseminados pelo Twitter da ONG além de fotos postadas no Facebook.

Ao final da ação, a Um Teto postou o resultado do trabalho: R$ 75 mil foram arrecadados e 231 pessoas “curtiram” a informação. No geral, a organização já conta com quase 19 mil fãs no Facebook e 4 mil no Twitter, além de estar presente no Youtube, Sonico e estar se preparando para divulgar as suas ações no Google+ e Pinterest.

A campanha é mais um exemplo de como as pessoas podem transformar a sociedade com a ajuda de uma ferramenta que se aprimora a cada dia: a internet. A partir dessa união entre o meio digital e transformações sociais surgiu o ativismo digital, ou, simplesmente, infoativismo. Ele possibilita que qualquer pessoa com acesso à internet possa agir a favor de uma causa social.

Um infoativista pode, por exemplo, utilizar as redes sociais onde está presente para divulgar informações sobre uma causa. “As redes sociais são um dos principais canais de comunicação com os nossos voluntários. É por meio delas que nós convocamos os voluntários para as atividades,

fazemos o acompanhamento de cada uma (com fotos, vídeos e transmissões ao vivo), respondemos as dúvidas e, ainda, divulgamos informações e dados sobre a pobreza no Brasil e América Latina.”, explica Daniella Dolme, diretora de Comunicação da Um Teto para meu País.

O Instituto Voluntários em Ação (IVA) também aposta nas mídias sociais como forma de estabelecer contato com seu público e motivá-lo a se engajar. Por meio de blog, Facebook, Twitter e Youtube, criou o Portal Voluntários Online (VOL), onde publica notícias, vagas de atividades voluntárias e tira dúvidas de quem quer ajudar.

“Iniciamos a participação na web e em redes sociais no ano de 2008 com a criação do Portal Voluntários Online. Até então, em 10 anos de atuação, tínhamos 300 ONGs cadastradas e cerca de 16 mil voluntários. Em cinco anos de trabalho pela web, esses números cresceram de maneira significativa,

passando para mais de 600 ONGs e movimentos cadastrados e mais de 40 mil voluntários”, conta Vanessa Aguiar, gerente de Comunicação do IVA. “Hoje nos conectamos com pessoas e organizações no Brasil e no mundo, o que amplia a abrangência de nossa causa social e nos ajuda a trocar ideias, experiências e, principalmente, a aumentar nosso capital social e nos ensinar a melhorar sempre”, completa.

Os dados divulgados pelas ONGs demonstram o quanto a web pode ser positiva para a otimização do trabalho. Ela deixa de ser um empecilho e passa a ser uma ferramenta indispensável na divulgação. Dessa forma, utilizando a internet a seu favor, as ONGs podem mobilizar a sociedade e garantir melhores resultados do que antes, quando recolhiam assinaturas manuscritas, organizavam manifestações em praça pública com milhares de pessoas ou até mesmo arrecadavam doações de porta em porta.

A Diretora de Comunicação da UTPMP com uma das crianças atendidas

Page 12: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Junho de 201312 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brNacional

O descarte incorreto de lixo traz problemas que afetam toda a capital paulistana.

No verão, período de chuvas, é fre-quente o registro de alagamentos na cidade. Um dos maiores transtornos é o trânsito. Em março deste ano, São Paulo registrou 261 quilômetros de lentidão após uma chuva forte.

A Faculdade de Economia e Ad-ministração da USP constatou em pesquisa que a média de prejuízo da capital paulistana é de R$ 762 milhões por ano, em decorrência de enchentes e outros problemas causa-dos pelas chuvas. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, anunciou um investimento de R$ 150 milhões em obras de infraestrutura para a prevenção de alagamentos.

NOvA lEi

A PNRS (Política Nacional de Resídu-os Sólidos) é uma lei sancionada no ano de 2010, cujo propósito é organizar e mi-nimizar os impactos da alta produção de resíduos e sua disposição final no meio ambiente. De um modo geral, a essência da lei atribui a responsabilidade do ciclo de vida dos produtos aos próprios pro-dutores e aos consumidores – cabendo a eles o compromisso consciente do des-carte correto e da coleta de recicláveis.

Segundo o advogado Jorge Miguel Nader Neto, atuante em processos de crimes ambientais, “há muitas empre-sas que respondem a ações penais ou inquéritos policiais. Os principais são os crimes de poluição e o crime de substâncias ou produtos perigosos. Ambos são graves e as penas variam de 1 a 5 anos de reclusão, podendo haver agravantes.”

A nova lei propõe que haja ações conjuntas entre o governo, as indús-trias, distribuidoras, comerciantes e consumidores, no sentido de que se estabeleça uma responsabilidade mú-tua. Em caso do descumprimento da lei, as punições podem ser executadas tanto para um indivíduo quanto para uma organização, culpados direta ou indiretamente pela produção do lixo. A PNRS, desde sua formalização, diz que as empresas têm um prazo de quatro anos para se adequarem às novas propostas de disposição cor-reta dos resíduos sólidos. Esse prazo coincide com o início dos grandes eventos programados para o Brasil, a partir de 2014 e 2016 – Olimpíadas e Copa do Mundo.

A lei define que os municípios terão que realizar a coleta seletiva e será terminantemente proibida a criação de lixões pelas indústrias. Todas as prefeituras terão que criar um aterro

sanitário para descarte de lixo orgâ-nico. Será também um dever público a manutenção da coleta, promover programas e metas de reciclagem.

Os órgãos responsáveis terão de apresentar esse plano de gestão que será sujeito à aprovação, e somente assim o município poderá receber o repasse de verbas do Governo Federal.

NOvAS tECNOlOgiAS

A mobilização também considera a adequação de novas tecnologias de descarte, coleta e reciclagem in-teligente do lixo. Dentre essa nova gama de soluções estão aparelhos como o separador óptico, que divide os resíduos entre: materiais rodan-tes – que têm uma estrutura grande; frações peneiradas – todo tipo de re-síduo granuloso que passe pelas pe-neiras da máquina; e materiais leves e planos – filmes, tecidos, papéis, pa-pelão, produtos fibrosos. Após essa seleção é feita uma limpeza para ex-tração de vidros, e, enfim, o lixo é destinado à reciclagem.

FAltA dE iNFORMAçãO CONFUNdE A POPUlAçãO

Ana, 43, caminha calmamente até a frente do condomínio onde vive e

trabalha em Perdizes, zona oeste de São Paulo. Ela carrega dois sacos plásticos, um com resíduos orgâni-cos e outro com resíduos recicláveis e os deposita em uma mesma lata de lixo. Perguntada pela reportagem do Em Foco sobre a mistura dos tipos de resíduos, Ana reclama: “Eu sepa-ro o lixo há anos, dá um trabalhão, mas o caminhão mistura tudo na hora da coleta.”

No portal da Prefeitura de São Paulo, existe a informação de que na rua onde Ana mora há coleta seleti-va porta a porta – em dias e horários diferentes da coleta de lixo orgânico. A simpática zeladora diz nunca ter sido informada.

Nenhum cartaz informativo é dis-ponibilizado aos moradores da ci-dade, e e não existem campanhas de conscientização sobre o descarte cor-reto dos resíduos em rádio e televi-são, o que levaria a informação a um maior número de munícipes.

A cidade de São Paulo tem a maior população do Brasil, com mais de 11 milhões de habitantes, de acordo com dados do IBGE. São produzi-das cerca de 18 mil toneladas de lixo diariamente, segundo a Prefeitura de São Paulo. Esses dados comprovam o quão importante é a educação da po-pulação para o tema reciclagem.

AgENdA SãO PAUlO SUStENtávEl

De 6 a 9 de junho acontecerá em São Paulo a Virada Sustentável. O evento visa criar nas pessoas o espíri-to da preservação do meio ambiente através de atividades lúdicas e que se adequem ao cotidiano, agregando valores de cidadania e respeito pela coletividade. Haverá atrações como teatro, música, danças e exposições, para divulgar práticas ambientalis-tas. Os interessados em participar de-vem se inscrever através do site www.viradasustentavel.com.

A cidade de São Paulo receberá também o 1º Congresso Internacio-nal de Inovação e Sustentabilidade, que acontecerá nos dias 29 e 30 de agosto. O evento discutirá o tema com especialistas acadêmicos, empre-endedores e profissionais da gestão pública durante painéis com pales-trantes, debates e apresentação de trabalhos universitários.

Mais informações no site: www.ciis.com.br.

Camilla Lisboa, Caroline Norberto e Rafael Gomez

Quem cuida do lixo que produzimos?O reaproveitamento de lixo nas cidades brasileiras é de apenas 13%, segundo o Cempre

Lixão a céu aberto, proibido pela PNRS a partir de 2014

Page 13: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

1° Semestre de 2013 13NÚMERO 25

Internet

Dois mil e doze. Ano em que o site mais popular para carregar e compartilhar vídeos obteve um

boom estrondoso de visualizações, com imagens e sons que puderam ser vistos pelo mundo todo.

Foi também em 2012 que três amigos juntaram a sua criatividade, disposição e uma dose de sarcasmo, para montar o que eles mesmos nomearam de “Sarcasmo Diário”, um vlog semanal com vídeos de acontecimentos do mundo todo. Era um programa de notícias online sobre fatos in-ternacionais, com comentários inteligentes e sarcásticos, apresentado por Susan Witte e Égon Rodrigues, estudantes de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco, e filmado pelo técnico do Laboratório André Torres. “Queríamos tentar algo no estilo daquele ‘Jornal Sensacionalista’, ou ‘Furo MTV’. Dávamos as notícias de maneira sarcástica”, descreve Égon, hoje já formado. Apesar de sua popularidade, o programa semanal chegou ao fim com pouco mais de cinco meses de vida, por não conseguirem mais conciliar horários e atividades pessoais

Foram seis meses sem produzir e, no iní-

cio de 2013, Susan, inquieta, assim como diz a letra de Maria Rita, decide sair do ócio e chama alguns amigos para compartilhar ideias. “Estava num momento chato de de-semprego e crise existencial, então pensei em criar um site para o público nerd, com canal no Youtube”, diz a criadora do site.

Após alguns encontros e conversas com os amigos convidados, estava decidido que o público seriam os nerds. “Eu jogo muito videogame, leio muito, assisto desenhos, e quando não consigo dormir, fico pensando em estratégias de sobrevivência em caso de apocalipse zumbi. Isso para mim é ser nerd. Mas existem tantos tipos de nerd, que é di-fícil definir critérios que identifiquem se al-guém o é ou não”, conta Susan.

Foi assim que, em 2013, surgiu o “Nerd Mundo”. Após verificar quais domínios esta-vam disponíveis, o nome foi decidido a partir de uma enquete feita entre os próprios mem-bros. Susan então criou o site, o canal, o Twit-ter e o Facebook do Nerd Mundo, enquanto o seu irmão, também integrante, ajudou com o design do site/blog. “O Nerd Mundo tem o objetivo de compartilhar e falar a respeito de assuntos, temas, relacionados ao mundo

nerd: games, livros, filmes, desenhos, utensí-lios, eventos, novidades”, conta Égon.

CAdA NERd COM SUA “NERdiCE”

No blog, além de matérias atualizadas diariamente sobre o universo nerd, encon-tra-se também o perfil de cada um dos sete membros, além de vídeos exclusivos na página do Youtube. O site está dividido, segundo Susan, por cada tipo de “nerdi-ce”, para que cada pessoa curta um deles. “No fundo, acho que todos nós somos nerds, pelo menos em algum momento de nossas vidas.” Como exemplo disso, Susan cita os próprios membros do blog. “A Jú Trombini, por exemplo, assiste muito ani-me, coleciona mangá e faz cosplay... nerd! O Julian é programador de jogos digitais... nerd máster! A Leticia leu todos os livros do Harry Potter, várias vezes, e assistiu aos filmes o dobro de vezes... nerd!”

De acordo com Égon, nerd é, na verdade, um termo que usam para as pessoas estu-diosas demais, ou até mesmo aquelas que são mais fechadas, que gostam de assuntos voltados à tecnologia e RPG, por exemplo.

“Muitas vezes, os taxados nerd são vistos como esquisitões, mas isso não é verdade, muito menos é uma regra. Sempre fui cha-mado assim, embora nunca tenha sido um nerd exatamente. Hoje, acredito que ser nerd adquiriu um outro formato, porque virou ‘modinha’. Vejo garotas andando com camisetas de ‘I love nerds’. Quando isso seria possível?”

Com bom humor e inteligência, o Nerd Mundo vem ganhando espaço no uni-verso virtual e, principalmente, atraindo e conquistando público com os mesmos interesses Além disso, o blog conta com a participação do público. Os internautas podem mandar dicas de eventos, piadas, informações e artigos interessantes, assim como fizeram com o Anime Dreams, even-to do qual o Nerd Mundo participou e fez um vídeo que todos podem conferir no ca-nal do Youtube “NerdMundo O Canal”. Além disso, há uma página especial com o “Nerd da Semana”, na qual um nerd é entrevistado. “Depois dos eventos sempre temos um dia de pico de visualizações no Youtube, já que o pessoal quer ver as fotos e os vídeos”, afirma Susan.

Maryna Napolitano e Geórgia Aliperti

Reduto Nerd: um mundo a ser descobertoBlogueiros apostam em subculturas da geração internet

Se você tem um smartphone, preste atenção ao que vai ler a seguir, e, se possível, tente não usar o celular en-

quanto lê este texto. O apelo pode soar exa-gero, mas é o desafio a que estudiosos têm se dedicado atualmente: dosar o uso exces-sivo das tecnologias, que já têm apresentado disfunções no organismo humano.

A mais recente delas recebeu o nome de “Síndrome do Polegar de BlackBerry”, oca-sionada pelo hábito incontrolável de enviar mensagens de texto pelo celular. A referên-cia à marca se deve ao fato de a empresa ser uma das primeiras a disponibilizar aparelhos smartphones com teclados que possibilitam digitação rápida de mensagens. Mas, se faci-lita por um lado, por outro, o uso exagerado do serviço tem gerado lesões nos usuários.

Diagnosticada por estudiosos do Hospi-tal Kaplan, em Rehovot, cidade de Israel, a incidência dessa síndrome está cada vez mais frequente, especialmente entre o públi-co jovem (18 a 24 anos). É nessa faixa etária que os médicos identificam comportamento de risco para desenvolver a lesão. São, em geral, os usuários que mais utilizam serviços de envio de texto via celular, incluindo SMS, resposta de e-mail e atualizações em perfis das mídias sociais.

A “Síndrome do Polegar de BlackBerry” nada mais é do que uma tendinite no po-

legar, ocasionada por movimento e esforço repetitivos, explica a terapeuta ocupacio-nal, com especialidade em terapia da mão, Dra. Marise Massa. De acordo com ela, o processo inflamatório pode gerar inchaço e aumento da temperatura na região afe-tada. “Nos casos mais avançados, podem ocorrer vermelhidão e hipersensibilidade, além de encurtamentos tendinosos e rigi-dez articular”, alerta.

Seguindo a tendência de mercado, novos casos da síndrome devem aparecer com mais frequência aos consultórios. Conforme pesquisa divulgada pela Ofcom, o aparelho com teclado tipo BlackBerry é o que mais chama atenção de jovens, especialmente homens. Entre os entrevistados, 37% deles disseram preferir o aparelho, ante a outros modelos disponíveis nas lojas. Os adultos, por exemplo, se sentem mais atraídos por modelos touchsreen, tipo iPhone (32%).

Embora o estudo não especifique o princi-pal motivo que leva os usuários a optar pelo aparelho, especialistas apontam pelo menos duas vantagens: preço e facilidade na digita-ção de mensagens. No Brasil, logo chegaram vários modelos de outras marcas e o preço se revelou bastante atrativo, esclarece Karine Salles, consultora em novas mídias.

A velocidade na digitação de SMS, por exemplo, é outro benefício elencado pelo

especialista. Nos planos das operadoras, o envio de mensagens de texto é bem mais ba-rato. Isso gerou um interesse maior por esse público, que opta por aparelhos que facili-tem essa função.

É o caso do empresário carioca Rafael Abrantes, 23 anos, que comprou seu aparelho logo que saiu o modelo. “Esse tipo de celular tem um teclado que facilita muito, né? Eu vivo mandando mensagem, ‘tuitando’, usan-do meu Facebook. Fica mais fácil digitar. Na verdade, eu uso mais meu celular para escre-ver mesmo. Quase não faço ligações”, conta.

A terapeuta destaca outros riscos a que os usuários de smartphones estão sujeitos, entre eles, as atividades simultâneas, como mandar mensagem de celular enquanto di-rige, usar o celular durante as refeições ou em sala de aula. “O uso excessivo da tec-nologia é prejudicial não só as dedos, mas também está interligado com algumas de-sordens emocionais e psíquicas”. Ela lem-bra que o uso frequente do aparelho causa um efeito de dependência, gerando acúmulo de estresse decorrente da impossibilidade de se desvincular do vício até mesmo quando se está almoçando ou dirigindo.

Consciente dos riscos que a utilização frequente do aparelho pode gerar, o agente de viagens Roger Spinhadeli, 24 anos, mes-mo assim não abre mão do smartphone.

“Percebi que mudei de comportamento, porque agora até quando estou almoçando paro um pouco para ver se chegou e-mail. Antes não fazia isso, e sei que não é um bom costume”, diz.

Mesmo assim, o empresário fala com or-gulho do incremento nas vendas de pacotes turísticos desde que passou a usar o apa-relho. “Sei que estou exagerando, mas por enquanto está sendo lucrativo. Depois, vou procurar ajuda”, afirma. A Dra. Marise, no entanto, é taxativa: “Tudo que é feito em excesso é prejudicial. Com o uso do celular, e de outras tecnologias como vídeo game e computador, não é diferente. É preciso saber estabelecer limites.”

Buscando a linha de equilíbrio, a tera-peuta recomenda cautela a usuários como Roger. “A prevenção é sempre o melhor re-médio. A começar pela moderação. Saben-do usar adequadamente, a tecnologia vai só ajudar e não prejudicar”, aconselha.

No caso de Roger, ele começa a sentir os primeiros sintomas. Para ele e tantos que se encontram na mesma situação, a Dra. Ma-rise faz recomendações. “Todo processo in-flamatório requer repouso, então antes que as dores se agravem, aposente o celular por algumas horas ou dias. Alem disso, é impor-tante procurar um médico ortopedista, de preferência um especialista em mão”.

Rodrigo de Oliveira

tecnologia: para o bem ou para o mal?Conheça os riscos do uso excessivo do smartphone para envio de mensagens

Page 14: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Junho de 201314 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brQualidade de vida

Estela Lopes e Haila Piva

Sabe-se que até pouco tempo atrás era praticamente impossível en-contrar um lugar para realizar

atividades físicas que não fosse dentro de uma academia. Consideradas ver-dadeiros centros de atividades diver-sificadas, abrangendo desde esportes, danças, bem-estar até lazer para toda a família, nelas tudo gira em torno de di-versos princípios básicos: a qualidade de vida, estética, musculação e até mes-mo a busca por um melhor condiciona-mento físico. Mas temos que levar em consideração que as academias geram custos que nem sempre são acessiveís para as pessoas.

Foi com base nessa premissa que as prefeituras de vários estados e municí-pios criaram espaços específicos para que a população pudesse praticar suas atividades físicas, sem custos adicio-nais. Nesse contexto surgiram as pra-ças que possuem aparelhos de ginásti-ca, as quais são de livre acesso e estão espalhadas pelo Brasil. São tão popu-lares que chegam a receber diversas pessoas durante a semana e aos finais de semana, se tornando um referencial para a sociedade.

Essas praças e áreas possuem equi-pamentos seguros, resistentes e apro-priados para diversas idades. Foram inseridas no conceito que busca pro-mover a saúde física, mental e espiritu-al dos seus frequentadores. As pessoas relacionam-se entre si buscando em conjunto uma melhoria na qualidade de vida e com isso obtêm total sintonia com seu corpo.

“Esse equilíbrio só acontece quando mente e corpo trabalham juntos, esta-belecendo uma conexão com o local e praticando atividades ao ar livre, o que proporciona que a mente relaxe. Essas praças criadas foram uma ótima solu-ção para as pessoas que não possuem condições financeiras. Um conselho para as pessoas que não sabem como se exercitar é sempre fazer os exercícios aos poucos e deixar o corpo se acostu-mar com o treino. No início, 30 minutos de treino é o suficiente. Além disso, esse tempo pode ser dividido em dois ou três aparelhos, se preferir. Lembre-se sem-pre de fazer com cuidado e devagar os movimentos, o resultado virá ao longo do tempo. Procure também se alimen-tar bem, pois a alimentação é um dos segredos da qualidade.” diz Guilherme

Machado, professor da Academia Bio Ritmo, Unidade do Tamboré.

Muitas pessoas não têm tempo para realizar atividade físicas, possuem di-ficuldades em começar ou dar con-tinuidade aos seus treinos, veem im-pedimento por estar gestante ou com alguma doença crônica, alegam não ter dinheiro, entre outros fatores. “Você tem que ter muita força de vontade, até porque às vezes é complicado conciliar a agitação do dia a dia com a prática de exercícios físicos. Eu, por exemplo, tinha preguiça de ir às academias de-vido ao tempo que demora para che-gar, mas, quando surgiu os ‘centros de ginástica’ ao ar livre, percebi que era uma nova forma de me exercitar, pois elas estão localizadas em diversas pra-ças próximas ao meu bairro, Freguesia do Ó”, diz Maryna Napolitano, estu-dante de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco.

Devido a essas séries de circuntâncias, esse projeto tem crescido cada vez mais, pois é algo que está fixo, concreto em um ambiente descontraído, com pessoas de todas as idades, buscando um único propósito: melhorar a qualidade de vida, sem cobranças, estresse e chateações.

Contudo, não basta praticar somente exercícios para ter uma boa saúde. A alimentação regrada é tão importante quanto essas atividades, pois aliada a bons hábitos geram qualidade de vida.

SUPERANdO OBStáCUlOS

Uma enquete feita pelo programa “Bem Estar”, apresentado pela ma-nhã na Rede Globo, revela que a pre-guiça e o cansaço são os fatores prin-cipais que impedem o ser humano de ter uma vida saudável.

Para se manter dentro de uma rotina saudável, é necessário superar muitas

barreiras, como por exemplo, o cansa-ço, a preguiça, a gula, decepções e prin-cipalmente as críticas e julgamentos.

Em entrevista, a estudante Carolina Penteado do curso de Relações Públicas das Faculdades Integradas Rio Branco relata sua história: “Sempre tive pro-blemas de autoestima, tinha um peso normal, mas, quando mais nova, sem-pre me achei gorda. Sempre fazia dietas loucas, ou muito exercício, para tentar chegar a certo padrão que eu achava que era o adequado. Mas, no ano de 2010, caí numa depressão, devido a muitas questões na minha vida. E nes-se ano, eu realmente engordei muito, tive compulsão alimentar, descobri um problema hormonal na tireoide (hipo-tireoidismo), e engordei praticamente 20 quilos em um ano, chegando a 85 quilos, o que para a minha altura já era considerado um peso quase de obesi-dade. Eu tinha que recuperar a minha

Como deixar o corpo e alma em equilíbrioA prática de atividades fisícas e boa alimentação proporcionam uma vida mais saudável

Academia ao ar livre na região de Pirituba

Foto

: Rep

rodu

ção

Page 15: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

1° Semestre de 2013 15NÚMERO 25

Qualidade de Vida

autoestima e vontade de viver. Sabia que ia ser difícil, então resolvi marcar uma nutricionista. Lembro-me da pri-meira consulta, na qual foram feitas várias perguntas, entre elas: ‘Quais são as duas coisas que você não consegue viver sem/’, Imediatamente respondi: ‘Coca Cola Zero, e cigarro (naquela época eu chegava a fumar dois maços de malboro vermelho por dia)’. E en-tão, aos poucos, comecei a minha ree-ducação alimentar, a Rosita era nutri-cionista funcional, e foi mudando com-pletamente a minha alimentação. Tam-bém voltei a me exercitar devagar, com caminhadas. E no primeiro mês, já vi uma perda de qautro quilos, o que me motivou ainda mais. Fui mantendo, e em um ano perdi 18 quilos, quase tudo o que tinha ganhado. Tomei vergonha na cara e decidi parar de fumar tam-bém, o que me custou uma subida na balança novamente. Então, em junho do ano passado, resolvi me conscien-tizar novamente, voltar a fazer exer-cícios e me reeducar de vez. Também aos poucos, por que aprendi que não podemos ser imediatistas, e sim respei-

tar o ritmo do nosso corpo. Então, em novembro, cheguei ao peso ideal para a minha altura, o qual estou mantendo. Hoje me sinto muito bem, já faz prati-camente um ano e meio que parei de fumar, comecei a me sentir muito mais bonita. E principalmente, comecei a me preocupar mais com a minha opinião do que com a dos outros. Muita gente pergunta: ‘Nossa, que remédio você to-mou?’ Não tomei remédio nenhum, foi apenas a força de vontade e determi-nação, que é uma coisa que todos nós temos, e muitas vezes é só a questão de olhar para dentro de você mesmo, e ver o que você quer, o que te faz mal, como você se sentirá bonita. Por que não tem nada mais bonito do que fa-zer o bem, e se sentir bem. Temos que acreditar em nós, e em nosso potencial, porque a vontade e a persistência nos fazem chegar longe”.

Pesquisas indicam que é possível adotar maneiras mais simples para fa-vorecer a saúde, como ter amigos, pois pessoas solitárias estão mais vulneráveis a adquirir problema de saúde relaciona-dos a estresse; quebrar a rotina, fazendo

caminhadas, brincando com os filhos, passeando em uma área verde, isso evi-tará o estresse causado pelos problemas diários; programar algum passeio des-contraído, pois planejar provoca mu-danças no cérebro, além de acelerar o metabolismo; comer alimentos saudá-veis e mastigar devagar para melhor di-gestão; e dormir pelo menos oito horas, pois o sono é uma necessidade básica e poucas pessoas dormem o necessário.

No entanto, para pessoas que têm ur-gência em perder peso devido a proble-mas de saúde, o mais aconselhável é rea-lizar exames, que são muito importantes para quem quer dar início a uma nova vida. A partir de uma orientação médica, a pessoa começará a praticar exercícios, a fazer reeducação alimentar, ter mudan-ças em seus hábitos. Lembrando que é sempre necessário o auxílio de um pro-fissional, desde nutricionistas, médicos e até professores de academias.

A OBESidAdE é UMA dAS dOENçAS QUE MAiS PREOCUPA A POPUlAçãO BRASilEiRA

Para a nutricionista Paula Leme, da Academia Bio Ritmo Unidade do Tamboré, o consumo de alimentos saudáveis auxilia no bom crescimen-to e desenvolvimento do organismo, além de evitar doenças. “O consu-mo excessivo de lanches, geralmente nada saudáveis entre as refeições é hoje rotina na vida de muitas pesso-as. A realidade mostra um caminho contrário ao da busca pela saúde. So-brepeso, obesidade, diabetes e hiper-tensão crescem cada vez mais nessa parcela da população, preocupando pais e familiares.”

Muitos hábitos inadequados de ali-mentação e conduta podem determi-nar um estilo de vida e muitas vezes precisam ser transformadas para con-quistar saúde. A motivação, aqui de-finida como um estado de prontidão para realizar mudanças, é um fator importante para iniciar e manter um estilo de vida saudável. Para mudar o comportamento, é necessário desen-volver a capacidade de se comprome-ter com a decisão de mudar, problemas comportamentais como ansiedade, angústia, fobias e compulsão, podem interferir na motivação e devem ser tratados por especialistas, para que a redução de peso tenha sucesso.

Devido à alimentação desregrada e a vida sedentária que contribuem para o ganho de peso, os médicos cada vez mais recomendam que os pacientes pratiquem atividades fí-sicas, para controlar o peso. Para conseguir manter o emagrecimento, é indispensável que o alimento seja apenas uma das fontes de gratifica-ção e não a única, ou seja, hábitos de alimentação regionais (em luga-res públicos) e pessoais (em casa) precisam ser respeitados, e cabe ao nutricionista adequar a dieta às con-dições do paciente.

Pode-se dizer que quando as roupas ficarem folgadas é sinal que está per-dendo peso, não necessariamente medi-das. Por isso, acompanhe seu progres-so prestando atenção na forma como seu corpo reage no dia a dia: menos dores, mais energia, mais disposição e bom humor, literalmente mais leve. São bons motivos para continuar motivado para conquistar saúde e qualidade de vida através do emagrecimento. Isso é o que importa!

Como deixar o corpo e alma em equilíbrioA prática de atividades fisícas e boa alimentação proporcionam uma vida mais saudável

Atividade ao ar livre é alternativa para quem busca qualidade de vida

Foto

: Rep

rodu

ção

Page 16: Em Foco 25 - 1° semestre de 2013

Junho de 201316 Rio Branco EM FOCO

www.riobrancofac.edu.brMúsica

Certa vez, o ex-Beatle John Len-non, um dos maiores compo-sitores da história da música,

declarou: “Não sei quem será esqueci-do primeiro, o rock n’ roll ou o Cristia-nismo.” No Brasil, pelo menos, parece que o rock está perdendo o páreo.

Foi-se o tempo em que a cena musical nacional produzia diversos artistas de qualidade, especialmente no rock. No Brasil, as principais bandas do gênero surgiram na década de 1980 – grupos como Legião Urbana, Titãs, Ultraje a Rigor e Capital Inicial participavam ativamente da vida política no país e escreviam músicas que, tempo depois, continuam atuais e relevantes no cená-rio político-social.

Na década de 1990, porém, o flu-xo de bandas brasileiras no topo das paradas diminuiu. Surgiram grupos como Charlie Brown Jr., Raimundos e Skank, que deixaram de lado as letras politizadas e apostaram em conteúdos cotidianos. “O rock, no Brasil dos anos 80, era a ‘menina dos olhos’ tanto da indústria fonográfica quanto das rádios e TVs. Há efetivamente uma ‘avalanche’ de bandas, pois a indústria da música se volta totalmente para esse filão de mer-cado: o público jovem”, explica o pro-fessor de História Contemporânea da Unesp-Franca (SP), Adriano Fenerick.

dEClíNiO

Tamanha exposição tornou o rock um produto com prazo de validade. “O rock nacional, assim, ocupou todos os principais veículos de comunicação da época, das rádios à TV, até se es-gotar como produto viável, devido em grande parte à superexposição e à falta de renovação. Houve um consistente esgotamento já no começo dos anos de 1990. Ou seja, o fenômeno do rock nacional, em termos de mercado, se restringe a década de 80 e nada mais”, completa o pesquisador.

Desde os anos de 2000, novos repre-sentantes do rock nacional começaram a ser item raro nas prateleiras do mer-cado fonográfico – Pitty é o principal expoente da década, e as bandas antigas continuam a sustentar o movimento. Os exemplos são os recentes álbuns “Satur-no” (2012), do Capital Inicial, e “Sacos Plásticos” (2009), dos Titãs, que mantêm o estilo consagrado na década de 1980.

“A questão do sucesso se relaciona estritamente aos interesses da indús-

tria cultural, que padroniza certo tipo de gosto musical. Embora a década de 1990 tenha colocado em cena bandas como Raimundos e Charlie Brown, o grande filão da indústria estava no axé e nos grupos de pagode”, afirma Da-niela Vieira, doutoranda em Sociologia pela Unicamp e autora do livro Não vá se perder por aí: a trajetória dos Mu-tantes (Annablume; Fapesp, 2010)..

Bandas que mesclam a nova onda teen com letras inocentes, como Res-tart e Cine, ganharam a preferência dos jovens. “Cada geração tenta trazer e se expressar de uma forma diferente das anteriores. Essa apresenta afinida-de com os cantores de pop teen. O rock fica como coisa passadista”, completa a estudiosa. Prova disso são as faixas que estão atualmente nas paradas das principais rádios musicais.

Na semana de 1º a 5 de abril, o EmFoco analisou os rankings de qua-tro emissoras: Jovem Pan, Mix FM, Metropolitana FM e Transamérica FM. No Top 10, as bandas de rock na-cional aparecem, no máximo, duas ve-zes, com destaque para o Charlie Bro-wn Jr., que aparece em três das listas. O líder e vocalista do grupo, Alexandre Magno Abrão, o Chorão, morreu em março deste ano.

REtORNO àS ORigENS

Para a alegria da nação rock n’ roll, a 89 FM, conhecida tradicionalmente como “A Rádio Rock”, tornou a vei-cular apenas músicas do gênero. Des-de a sua fundação, em 1985, a rádio tocava apenas rock ou bandas que ti-nham como essência o estilo. Em 2006, porém, a emissora passou a transmitir conteúdo direcionado para o público adolescente – como dance e black music –, mas, em outubro de 2012, foi feito o anúncio que a rádio voltaria às origens roqueiras. Em dezembro, ela voltou ao ar como “UOL 89 – A Rádio Rock”.

O retorno da rádio despertou o inte-resse de bandas nacionais em divulgar os seus trabalhos. Por meio do progra-ma “Temos Vagas”, a UOL 89 FM rece-be materiais de novos conjuntos, espe-rando, assim, descobrir bandas que res-gatem o espírito questionador do rock. Para Pedro Verona, 27anos, vocalista e baixista da Banda Volveles, de Pirassu-nunga, interior de São Paulo, a iniciati-va da emissora pode dar origem a um novo movimento no estilo. “O poder da

rádio é gigante. O seu apoio estimula a formação de um movimento e gera uma necessidade de apreciação perante a massa. O simples fato de uma rádio abrir um espaço para envio de músicas já estimula os artistas a produzirem e se organizarem como profissionais do ramo”, projeta o músico.

Com quatro meses desde que voltou a tocar rock, a UOL 89 FM já vem co-lhendo os frutos da audiência: na últi-ma medição do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), a emissora ficou em 6º lugar dentre todas as rádios da cidade de São Pau-lo, atrás apenas das rádios populares. Ou seja, no segmento de rock, é a líder disparada, com quase 122 mil ouvintes por minuto (veja no quadro).

vidA lONgA

Mesmo com o rebuliço gerado re-centemente, a cena musical para o rock brasileiro ainda carece de apoio e inves-timento. “Falta um incentivo governa-mental desde o ensino de música nas es-colas ao desenvolvimento de festivais de música própria nas cidades. Nós surgi-mos de um festival organizado por um antigo colégio de Pirassununga, colégio Atena em 1998”, conta o músico.

Para tentar preencher essa lacuna, foi fundada em 2012 a primeira franquia da Escola de Rock no Brasil, na cida-de de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. A rede, que surgiu na Fila-délfia (EUA), procura desenvolver ha-bilidades individuais nos instrumentos ligados ao rock e também estimular a

formação de bandas. Uma unidade em São Paulo já está sendo estudada.

As projeções para o futuro são me-nos sombrias do que se poderia imagi-nar. “Muitos jovens, ao menos observo isso, têm voltado seus ouvidos ao rock do passado, seja procurando os an-tigos trabalhos de Raul Seixas e Rita Lee, seja buscando conhecer as referên-cias internacionais que constituíram a história do rock, por meio de bandas como Led Zeppelin, Beatles e Pink Floyd, ou guitarristas como Hendrix e Eric Clapton”, explica o professor Fenerick. Como diria John Lennon em Imagine, “Você pode dizer que sou um sonhador, mas não sou o único.” Quem sabe o bom e velho rock, aos poucos, não volte a fazer a cabeça dos jovens.

Caio Colagrande e Rodrigo de Brum Dias

Onde foi parar o rock nacional?Como o estilo que dominava as paradas nos anos 1980

beira hoje o ostracismo

Lista com as 10 estações de rádio mais ouvidas em São Paulo (ouvintes por minuto)

1 - Transcontinental - 278.8752 - Band - 236.0763 - Nativa - 235.5354 - Tupi - 220.6875 - Gazeta - 142.4496 - 89 A Radio Rock - 121.8547 - Mix - 120.6898 - 105FM - 118.1889 - Vida FM - 112.97610 - Alpha - 100.42815 - Kiss - 60.147

Fonte: Ibope (janeiro a abril de 2013)

Foto

: Div

ulga

ção