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ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Presidente José Antônio Muniz Lopes Diretor de Tecnologia Ubirajara Rocha Meira ELETROBRÁS PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica Departamento de Projetos de Eficiência Energética Fernando Pinto Dias Perrone Divisão de Eficiência Energética em Edificações Solange Nogueira Puente Santos Equipe Técnica Estefânia Neiva de Melo Frederico Guilherme Souto Maior de Castro José Luiz Grünewald Miglievich Leduc Maria Tereza Marques da Silveira Rodrigo da Costa Casella IAB RJ Instituto de Arquitetos do Brasil Departamento Rio de Janeiro Presidente Dayse Góis Vice-Presidente e Diretor Financeiro Armando Mendes Diretora Administrativa Adriana Larangeira Diretor de Comissões Marco Leão Gelman Diretor Cultural Jorge Costa Ficha catalográfica c129 IAB RJ Caderno de boas práticas em arquitetura : eficiência energética nas edificações : Edificações Administrativas - Rio de Janeiro : ELETROBRÁS : IAB, Departamento do Rio de Janeiro, 2009. 28.p.: il. (algumas col.) ; 21,0 x 29,7 cm. – (caderno de boas práticas em arquitetura : v.13) Inclui Bibliografia Publicado em coedição com a RJ Planejamento Integrado Ltda. ISBN 978-85-87083-21-0 1. Arquitetura e conservação de energia. 2. Energia elétrica e conforto ambiental. I. ELETROBRÁS. II. Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro. III. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Brasil) IV. Série CDD 720.472

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética2

ELETROBRÁS

Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

PresidenteJosé Antônio Muniz LopesDiretor de TecnologiaUbirajara Rocha Meira

ELETROBRÁS PROCEL

Programa Nacional de Conservação deEnergia Elétrica

Departamento de Projetos de Eficiência EnergéticaFernando Pinto Dias PerroneDivisão de Eficiência Energética em EdificaçõesSolange Nogueira Puente SantosEquipe TécnicaEstefânia Neiva de MeloFrederico Guilherme Souto Maior de CastroJosé Luiz Grünewald Miglievich LeducMaria Tereza Marques da SilveiraRodrigo da Costa Casella

IAB RJ

Instituto de Arquitetos do BrasilDepartamento Rio de Janeiro

PresidenteDayse GóisVice-Presidente e Diretor FinanceiroArmando MendesDiretora AdministrativaAdriana LarangeiraDiretor de ComissõesMarco Leão GelmanDiretor CulturalJorge Costa

Ficha catalográfica

c129 IAB RJ

Caderno de boas práticas em arquitetura : eficiência energética nas edificações :Edificações Administrativas - Rio de Janeiro : ELETROBRÁS : IAB, Departamento do Rio de Janeiro, 2009.

28.p.: il. (algumas col.) ; 21,0 x 29,7 cm. – (caderno de boas práticas em arquitetura : v.13)

Inclui BibliografiaPublicado em coedição com a RJ Planejamento Integrado Ltda.

ISBN 978-85-87083-21-0

1. Arquitetura e conservação de energia. 2. Energia elétrica e conforto ambiental. I.ELETROBRÁS. II. Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro. III.Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Brasil) IV. Série

CDD 720.472

Milazzo
Typewritten Text
www.milazzo.com.br

3Edificações Administrativas

APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que a Eletrobrás, por meio do Procel Edifica, se une ao Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) para apublicação deste “Caderno de Boas Práticas em Arquitetura”. A busca de soluções arquitetônicas sustentáveis é objeto do cuidadoda empresa há mais de 20 anos. As edificações são, atualmente, responsáveis por quase metade da energia elétrica gasta emnosso país, sobretudo em decorrência da utilização de sistemas artificiais de iluminação e climatização. Não se pode, portanto,desconsiderar esse importante segmento ao se investir na racionalização de energia – caminho mais seguro para o futuro energéticodo país.

O desenvolvimento tecnológico, ao longo da história, tem permitido ao homem vencer inúmeras limitações impostas pela natureza.Na arquitetura, a modernização se reflete em soluções nas quais os recursos técnicos substituem cada vez mais os elementosnaturais. Crescem o conforto e a independência das edificações em relação ao ambiente externo, mas também a demanda porenergia elétrica.

No Brasil, o incremento das estruturas para geração, transmissão e distribuição de energia se acentuou entre as décadas de 1950e 1960, como reflexo da demanda gerada pelo desenvolvimento industrial e o crescimento urbano. Nessa época, também marcadapela criação da Eletrobrás, o modelo de planejamento ainda trabalhava com a ideia de uma oferta sempre superior à demanda,assegurando confiabilidade no suprimento. Não havia preocupação com os desperdícios, nem tampouco conhecimento sobre omodo como a sociedade utilizava essa energia.

A história mostrou, no entanto, que a construção de grandes empreendimentos geradores de energia exige altos investimentos,além de produzir impactos significativos no meio ambiente. No caso do modelo brasileiro, apoiado essencialmente em hidrelétricas,as consequências incluem alagamento de áreas produtivas e necessidade de deslocamento de comunidades inteiras. O desenvol-vimento da consciência sobre os limites dos recursos naturais e financeiros transformou a racionalização em palavra-chave.

Para investir nessa ideia, foi criado, em 1985, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), com propostas deações para incentivar o uso eficiente da energia. A enorme representatividade do segmento de edificações no perfil do consumobrasileiro, por sua vez, motivou a criação do Procel Edifica – Eficiência Energética nas Edificações, que vem ampliando e direcionandoas ações da Eletrobrás em prol da racionalização do uso da energia e do aproveitamento dos recursos naturais nas edificações.

Por meio do Procel Edifica, a Eletrobrás investe nos requisitos básicos para uma arquitetura mais integrada ao meio ambiente e aosrecursos naturais, desenvolvendo indicadores de eficiência energética, certificação de materiais e equipamentos, procedimentospara regulamentação e projetos educacionais.

Disseminar boas práticas para soluções arquitetônicas sustentáveis é uma ação que vai ao encontro dos grandes ideais da empre-sa. A Eletrobrás acredita no aprendizado e na consciência como caminhos para o crescimento sustentável do país. E acredita,sobretudo, na capacidade humana de promover soluções que aliem o desenvolvimento tecnológico ao aproveitamento dos recur-sos ambientais na construção de um futuro limpo.

Diretoria da Eletrobrás

SUMÁRIO0303030303 Apresentação Diretoria da Eletrobrás0404040404 Editorial Presidente do IAB RJ0505050505 Documento Arquitetos Roberto Segre, Oscar Corbella e Naylor Vilas Boas

O edifício do Ministério da Educação e Saúde: propostas climáticas e ambientais0909090909 Artigo Arquitetos Carlos Murdoch e Adriana Figueiredo

Assembléia Nacional do País de Gales1414141414 Boas práticas Arquiteto Gilberto Guedes

Conselho Regional de Medicina da Paraíba1616161616 Boas Práticas Arquiteto Marcelo Suzuki

Fórum Cuiabá1818181818 Boas Práticas Arquiteta Ana Seroa e Admistrador Denilson Moreira

Eficiência energética: edifício sede da Eletrosul – Florianópolis2222222222 Eficiência

Energética Arquitetos Carlos Murdoch e Adriana FigueiredoO edifício administrativo como exemplo - GLA – Prefeitura de Londres

2525252525 Dicas2727272727 Créditos

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética4

EDITORIALPrezado(a) Leitor(a),

Edificações administrativas e institucionais. O desafio da eficiência energética nos edifícios públicos.

A arquitetura moderna é até hoje fonte de inspiração para uma série de projetos contemporâneos. Sua preocupação com o confortoambiental, vista nas proteções contra a insolação, ventilações cruzadas, uso de brises, cobogós, pérgulas, jardins etc, tem sidoreproduzida em edificações atuais, principalmente de médio e grande portes, caso das edificações administrativas e institucionaisrelatadas neste Caderno. Os novos edifícios agregam às questões abordadas pela arquitetura moderna outros tantos fatorespróprios do mundo de hoje.

Essas construções, principalmente na Europa, perseguem a certificação verde através do baixo consumo de energia, a economiade recursos artificiais, a manutenção futura da edificação, a reutilização da água da chuva, o uso de materiais não poluentes, aracionalização do consumo e produção de lixo, assim como sua eventual reciclagem etc. Os edifícios públicos servem de exemplopara os privados e, desta forma, o governo investe não apenas nos projetos, como também em pesquisas na área.

A premiação de projetos como a Assembleia Nacional do País de Gales, do escritório Rogers Stirk Harbour + Partners para a baíade Cardiff, não é uma surpresa, uma vez que Richard Rogers tem investido na arquitetura sustentável há décadas, e a cada novoprojeto testa mais algum recurso. Em função do cuidadoso uso de energias renováveis e soluções com baixo consumo de energianão só na etapa de construção, como também para a pós-ocupação, o edifício é considerado atualmente um novo paradigma paraos projetos de edifícios públicos do mundo inteiro.

No Brasil, os edifícios administrativos ainda têm um gasto muito elevado de energia e pouco se investe em soluções mais sofistica-das como nos casos europeus. Mas, adequações climáticas, escolha de materiais locais, racionalização da construção, uso demateriais de catálogo, reutilização das águas pluviais, etc têm se ampliado, constituindo bons projetos, em termos de confortoambiental e até mesmo eficiência energética, como os casos do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, projeto de MarceloSuzuki e o Conselho Regional da Paraíba do arquiteto Gilberto Guedes.

Se por um lado, ainda temos poucos exemplares contemporâneos projetados segundo as regras da arquitetura verde, por outro,temos um dos melhores projetos modernistas, que na década de 1930 incorporou uma série de preceitos da sustentabilidadequando a palavra de ordem era o conforto ambiental. Mais que um edifício administrativo do governo federal, o Ministério daEducação e Saúde é, antes de tudo, um ícone, um marco de uma época em que as soluções projetuais resultavam de muitacriatividade e observação dos arquitetos. A ventilação cruzada, a iluminação natural e suas interessantes formas de proteçãocontribuíram já naquela época para o uso racional da energia elétrica e futura manutenção da edificação.

Dayse Góis

Presidente do IAB RJ

5Edificações Administrativas

O EDIFÍCIO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE

PROPOSTAS CLIMÁTICAS E AMBIENTAIS

Roberto SegreArquiteto, Doutor em Ciências das Artes e em Planejamento Regional e Urbano. Pesquisador 1B do CNPq.Professor do PROURB/FAU/UFRJ

Oscar CorbellaDoutor em Física, Pesquisador 1A do CNPq, Professor do PROURB/FAU/UFRJ

Naylor Vilas BoasArquiteto, Doutor em Urbanismo, Pesquisador Associado do PROURB, Professor da FAU/UFRJ

Documento

1a - Le Corbusier, Palácio das naçõesem Genebra;e 1b - Le Corbusier,

Centrosoyus em Moscou

Ministério ou edifícioadministrativo?

A arquitetura foi sempre um reflexo dascondições ecológicas estabelecidas pelocontexto natural em que ficou inserida.No tema da moradia, por exemplo, tipolo-gias radicalmente diferentes constante-mente identificaram a adequação aos cli-mas frios ou aos tropicais. Assim, a ca-bana primitiva podia ser tanto construídacom pesadas pedras quanto com leveselementos vegetais, adequando-se aoscondicionantes ambientais. No início doséculo XX, a renovação artística e cultu-ral atingiu também a arquitetura, e a par-tir dos anos 20, o Movimento Modernoestabeleceu novas bases para o temadas moradias populares. A crítica de LeCorbusier à cidade tradicional não erabaseada somente em conteúdos estéti-cos, mas nas difíceis condições de vidada população de menor renda: casassem ventilação, ruas estreitas sem sol,bairros densos sem espaços verdes eprecárias condições de higiene.

Mesmo antes da consolidação do cam-po da sustentabilidade, podem-se notaros seus conceitos básicos incorporadosao caráter da nova arquitetura defendi-da por ele. Prédios inseridos nos espa-ços verdes; estudos sobre a adequaçãoda arquitetura à iluminação solar; a pro-cura da ventilação cruzada nos paísesde clima quente; a racionalidade nas di-mensões e distribuições das funções in-ternas e a utilização de materiais e pro-cessos de construção industrializadosforam algumas das características que a

identificaram. Definições e propostasnascidas na solução racional da casa,mas que logo se difundiram para esco-las, hospitais, centros esportivos e edifí-cios de escritórios.

No caso destes, que começaram a seconsolidar no final do século XIX, a estri-ta funcionalidade do programa – eleva-dores, plantas livres, iluminação adequa-da, sistema tecnológicos – sempre fica-ra escondida sob o academicismo dasfachadas. Uma abordagem que LeCorbusier critica e revoluciona quandoapresenta seu projeto para o Palácio dasNações, em Genebra, e o Centrosoyus,em Moscou, como sede do Ministério daIndústria Leve. No entanto, tanto pelo for-talecimento do fascismo quanto pelasconcepções estéticas conservadoras, osedifícios públicos continuavam a apre-sentar uma imagem tradicional e his-toricista até os anos 40 – no Brasil o para-digma foi o Ministério da Fazenda –, nãosomente nos países totalitários, mas tam-bém nas democracias. Esses modelos,baseados em volumes pesados e fecha-dos, também se difundiram na AméricaLatina pelos países que começavam amodernizar suas sedes administrativas.

Advém daí a significação do edifício doMES, concretizado pelo ministro GustavoCapanema, que lutou por transformar oque seria um edifício governamental tra-dicional, assumindo para ele uma novamonumentalidade moderna e diferen-ciando-o de um prédio de escritóriosqualquer. Assim, a altura do bloco princi-pal, superior aos edifícios existentes naEsplanada do Castelo; sua situação nomeio do terreno com praças que permiti-

am a sua visualização à distância; e opórtico de entrada com as monumentaiscolunas davam identidade própria ao edi-fício. Além disso, também eram marcasdo edifício a presença dos espaços ver-des, da luz, do sol, da ventilação e dasua rigorosa funcionalidade interna, iden-tificados com o clima, a vida social, aeducação e a cultura brasileiras.

O modelo de escritóriotropical

Em 1936, a primeira proposta desenvol-vida ainda estava atrelada a uma com-posição acadêmica, materializada naplanta simétrica do edifício. No entanto,já estavam presentes os atributos da

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética6

2a e 2b - Fotos do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro.

3a e 3b - A ‘Múmia”:primeiro projeto da equipe brasileira

4a - Primeira solução de Le Corbusier para o terreno da Praia de Santa Luzia e4b - Segunda solução de Le Corbusier para o terreno do Castelo

modernidade estabelecidos por LeCorbusier: volumes elevados por pilotis;planta livre; estrutura modulada; janelashorizontais corridas e o teto jardim. Doponto de vista da insolação, não apre-sentava soluções específicas para o con-trole da luz solar: a fachada sul era total-mente de vidro; e na norte, eram previs-tos pequenos brise-soleil que protegiamescassamente um espaço de circulação.A fachada oeste era formada por pare-des fechadas com pequenas aberturasque iluminavam os corredores internos,e a fachada leste, que recebia o sol da

manhã, era totalmente envidraçada.

Le Corbusier chegou ao Rio de Janeiroem 1936 para colaborar com o projetoda Cidade Universitária e do MES, cujaprimeira solução criticou duramente,identificando-a como a “Múmia”. No mêsda sua permanência no Brasil, elaboraduas propostas: uma baseada em umalâmina horizontal, situada em um terre-no da Praia de Santa Luzia; e outra, de-senhada precipitadamente antes de seuregresso, no terreno da Esplanada doCastelo.

Foi a partir dos anos 20 que Le Corbusiercomeçou a preocupar-se com a proteçãosolar no interior dos edifícios, desenvol-vendo daí a solução dos brise-soleil ho-rizontais fixos, que colocou nas fachadasde casa projetadas para Barcelona e noedifício de escritórios previsto para Ar-gel, em 1933. Nos dois projetos brasilei-ros, curiosamente, os brises não tiveramparticular importância para o controlesolar nas áreas internas. Na proposta deSanta Luzia, colocou todos os escritóri-os na fachada sul, totalmente envidraça-da, outorgando maior importância à vi-são da paisagem natural, e na fachadanorte posicionou os serviços e circula-ções, protegidos por uma parede quasetotalmente opaca. Na solução do Caste-lo, o bloco ficou orientado na direção les-te-oeste, sendo que na fachada lesteenvidraçada, onde batia o sol da manhã,carecia de uma proteção específica.

Em 1937, quando a construção da “Mú-mia” já havia sido decidida, surge a ino-vadora proposta de Niemeyer que, apósalgumas modificações, concretiza a so-lução definitiva. Uma lâmina de 16 anda-res suportada por pilotis, com um volu-me baixo perpendicular ocupado peloteatro e o salão de exposições, situadano centro do terreno na direção norte-sul,

7Edificações Administrativas

5 - Vista do interior do edifício proposto para o terreno da Praia de Santa Luzia

6 - Brises da fachada

com as empenas cegas na leste-oeste.Com o aumento da largura do volumeprincipal, os escritórios foram distribuí-dos ao longo das duas fachadas. Assim,a fachada sul ficou totalmente envidra-çada, surgindo a primeira curtain wall dasAméricas. Para proteção da fachada nor-te, foi proposto um sistema de brise-soleilhorizontais basculantes, ideia totalmen-te original. Neste sistema, cada móduloestava constituído por três placas móveisde fibro-cimento de cor azul, controladaspor alavancas manuais, fixadas em lâ-minas verticais de concreto situadas naparte externa do edifício. A separação de50 cm dos brises do plano de vidro dafachada permitia a circulação externa doar quente.

As grandes janelas guilhotina facilitavama ventilação cruzada no interior de cadaandar de planta livre; as divisões inter-nas leves, com um máximo de dois me-tros de altura, deixavam livre metade doespaço entre lajes. Medições isotér-micas recentes demonstraram a eficiên-cia do sistema para reduzir a temperatu-ra interior sem a necessidade do ar-con-dicionado, instalado somente no andarnobre do ministro. Porém, como o blocoprincipal tem um desvio de 18º de dife-rença em relação ao eixo norte-sul, nasmanhãs do verão a fachada envidraçadarecebe o sol

A falta de proteção da radiação solar nafachada sul, parece ter-se originado emuma dependência cultural do saber eu-ropeu. Eles, nos seus estudos sobre ditaproteção, afirmavam que devia ser pro-tegida a fachada sul (norte para nossohemisfério), podendo ser deixada semproteção a norte (pois não recebia sufi-

ciente radiação como para afetar a tem-peratura ambiente). Isto foi aplicado semmais críticas, protegendo-se com muitocuidado a fachada norte, e projetando-se uma fachada sul totalmente envidra-çada. Posteriormente, estudos acadêmi-cos mostraram que, nas latitudes tro-picais e durante o período de verão, afachada sul recebe mais radiação solarque a norte e, por isso, deve ser protegi-da eficientemente. Com relação ao su-peraquecimento criado no verão na re-gião sul do edifício, foram colocadas pro-teções internas em forma de persianascom réguas de madeira freijó, colocadasno vão superior de vidro, tratando, semmuito sucesso, de minimizar o problema.

De qualquer maneira, podemos afirmarque o projeto do MES, apesar das críti-cas formuladas na época, foi o primeiroque antecipou em várias décadas a pro-cura da sustentabilidade através do con-

forto ambiental, incorporando a ventila-ção e a iluminação natural em suas solu-ções, na contribuição para um uso racio-nal da energia elétrica.

A eficiência dasinfraestruturas técnicas

A eficiência do MES não se limitou aosproblemas do controle climático e solar,mas também atingiu a sua organizaçãofuncional e o desenho das infraestruturas.Neste sentido, as soluções tinham comoreferência o sistema administrativo nor-te-americano e europeu, cujas inovaçõesforam identificadas por diplomatas bra-sileiros a pedido do ministro Capanema.

A solução da planta livre em todos osandares concentrou os serviços e as cir-culações nos extremos leste e oeste dalâmina, onde foram colocadas as esca-das, os elevadores e os banheiros. As-sim, todas as tubulações de eletricida-de, água, esgoto e gás eram verticais ese concentravam no shaft de caixas decontrole, com acesso em cada andar,coladas às empenas cegas do edifício.Na cobertura, as grandes caixas d´águacoincidiam nesse eixo, reforçado por pa-redes de concreto, que completavam alimpa estrutura modulada de colunas.

Além da originalidade da estrutura deconcreto armado desenhado pelo enge-nheiro Emílio Baumgart, também foi ra-dicalmente inovador o sistema elétrico,projetado pelo engenheiro Carlos Stroe-bel. Como não existiam muros divisóriosfixos entre as salas de escritórios e a lo-calização espacial dos funcionários eralivre, foi necessário criar no piso e no tetouma malha homogênea de 1,50m x1,50m, tanto nas tomadas da eletricida-de e telefonia quanto nas lumináriasholofane que permitiam uma luz unitáriana totalidade do espaço interno.

Para o abastecimento de energia dessamalha, criou-se a solução, inédita no Bra-sil na ocasião, que permitia a conexãoentre o tronco vertical do sistema elétri-co e a modulação horizontal das toma-das. Uma linha embutida na laje levavaa corrente até um corrimão metálico comforma de U situado ao longo da fachadaenvidraçada, cujos fios se concentravamem uma caixa metálica colocada a cada

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética8

7 - Localização dos núcleos de circulação vertical (A) na solução final do Ministérioda Educação e Saúde

8 - Detalhe da caixa de distribuição dasinstalações elétricas no pavimento tipo

FICHA TÉCNICACliente: Ministério da Educação eSaúde PúblicaEndereço: Rua da Imprensa, 16. Cen-tro. Rio de Janeiro / RJ.Área total construída: 27.547,00m2Projeto: 1936Construção: 1937-1945

EQUIPE TÉCNICALúcio Costa, Oscar Niemeyer, AffonsoEduardo Reidy, Carlos Leão, ErnaniVasconcellos, Jorge Machado Moreirae Roberto Burle Marx, e assessoriade Le Corbusier.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADAALMODÓVAR MELENDO, José Ma-nuel. Da janela horizontal ao brise-soleil de Le Corbusier: análise am-biental da solução proposta para oMinistério da Educação do Rio de Ja-neiro. In: Portal Vitruvius, Arquitextos.São Paulo. Agosto 2004.http://www.vitruvius.com.br/arquitex-tos/arq051/arq051_02asp.CAVALCANTI, Lauro. Moderno e bra-sileiro. A história de uma nova lingua-gem na arquitetura (1930-1960). Jor-ge Zahar Editor. Rio de Janeiro.2006.CORBELLA, Oscar; YANNAS, Simos.Em busca de uma arquitetura susten-tável para os trópicos. Conforto am-biental. Editora Revan. Rio de Janei-ro. 2003.LISSOVSKY, Mauricio; MORAES DESÁ, Paulo Sergio. Colunas da Edu-cação. A construção do Ministério daEducação e Saúde. MINC/IPHAN,Fundação Getúlio Vargas/CPDOC.Rio de Janeiro. 1996.SEGRE, Roberto. Le Corbusier enRío de Janeiro (1936). Los proyectos

del Ministerio de Educación y Salud:Santa Luzia y Castelo. OrganizaçãoQUETGLAS, Joseph (Edit.). Massilia2002. Anuário de Estúdios Lecorbu-sierianos. Fundación Cajá de Arqui-tectos, Barcelona. 2002:123-133.SEGRE, Roberto; KÓS, José; BARKI,José; VILAS BOAS, Naylor; BORDE,Andréa. Work in Progress da Arqui-tetura Brasileira: Ministério da Edu-cação e Saúde. CD-ROM. PROURB/FAU/UFRJ. Rio de Janeiro: 2002.SEGRE, Roberto; KÓS, José; BARKI,José BORDE, Andréa. O Ministério daEducação e Saúde (1935-1945): UmÍcone da Renovação Arquitetônica eUrbanística no Rio de Janeiro. In:GAZZANEO, Luiz Manoel Cavalcantie SARAIVA , Suzana Barros Corrêa.A República no Brasil 1889-2003.Ideário e Realizações. Volume I, Ar-quitetura. : Coleção PROPAR, Edito-ra Papel Virtual. Rio de Janeiro.2003:205-221.SEGRE, Roberto. Mutações, fluxos emetáforas de um ícone urbano: o Mi-nistério da Educação e Saúde no Riode Janeiro, 1935-1945. In: PINHEI-RO MACHADO, Denise Barcellos;PEREIRA, Margareth da Silva e SIL-VA, Rachel Coutinho Marques da(Orgs.) Urbanismo em Questão : Edi-tora PRO-URB/UFRJ. Rio de Janei-ro.2004: 173-192.SEGRE, Roberto. A sede do Ministé-rio da Educação: Ícone Urbano daModernidade Carioca (1935-1945).In: ArqTexto No. 6, Ano VI. PROPAR/UFRGS. Porto Alegre. 2005: 28-41.SEGRE, Roberto; KÓS José; BOR-DE, Andréa; VILAS BOAS, Naylor.Conteúdos técnico, estético e ideoló-gico da transparência: o Ministério daEducação e Saúde. Anais do 1º Se-minário Docomomo-Sul, Porto Alegre.2006.

seis metros, que eram distribuídos paraas tomadas elétricas e de telefonia.

Os livros dedicados à arquitetura moder-na na América Latina incluem o edifíciodo Ministério da Educação e Saúde comoparadigma do edifício administrativo paraos países tropicais. Ainda que as análi-ses apresentadas sempre sejam basea-das na modernidade do desenho arquite-tônico e a presença dos brise-soleil parao controle climático no interior, poucasabordagens se debruçam sobre o cará-ter inovador das suas soluções técnicas,que anteciparam em décadas as atuais

procuras de eficiência econômica e dasustentabilidade ambiental. Nesse sen-tido, o MES é um exemplo pioneiro eantecipador na arquitetura brasileira elatino-americana.

9Edificações Administrativas

Artigo

ASSEMBLÉIA NACIONAL DO PAÍS DE GALES

Arquiteto Carlos MurdochArquiteto UFRJ, Professor da Universidade Estácio de Sá – Curso de Arquitetura

Arquiteta Adriana FigueiredoArquiteta UGF, MA. Sustainability Design – East London University, Professora da Universidade Estácio deSá – Curso de Arquitetura

A baía de Cardiff, capital do País de Ga-les, foi alvo de um amplo processo deregeneração a partir de 1987. A empre-sa criada com esse objetivo, a Cardiff BayDevelopment Corporation tinha comometa revitalizar a área em torno da baía,então negligenciada e integrá-la ao res-to da cidade.

Um dos principais objetivos do projeto erao de promover o desenvolvimento, crian-do um espaço urbano em que as pes-soas quisessem morar e trabalhar, alémde reintegrar à cidade sua área a beira-mar (antigo porto) e estabelecer a cida-de de Cardiff como um exemplo de ex-celência e inovação em revitalização ur-bana.

Quase dez anos depois, a baía de Cardifffoi o local escolhido para acolher um novoedifício, dedicado ao Parlamento do Paísde Gales, a ser eleito em 1999. Em abrilde 1998, como é de praxe em países quelevam o exercício da profissão de arqui-

teto a sério, foi lançado um concurso pú-blico internacional para a escolha do novoedifício da Assembleia.

O edital do concurso trazia as exigênci-as funcionais do edifício, tais como:610m2 de Câmara de Debates para 60 a80 membros, três salas de comitê, escri-tórios, sala de imprensa, café e salas deexposição. Além dessas exigências prá-ticas, trazia outras reivindicações, comoa necessidade de inserção do edifício nocontexto baía recém-revitalizada, integra-do ao seu entorno imediato.

Algumas outras características essenci-ais deveriam ser contempladas pelas pro-postas apresentadas no concurso: o edi-fício deveria ser exemplar no seu aces-so; estratégias de sustentabilidade eenergias renováveis deveriam ser imple-mentadas; deveria ter, no mínimo, 100anos de durabilidade e, sempre que pos-sível, o projeto deveria promover o usode materiais nativos (galeses). Além dis-so, ficava claro o desejo “por um edifícioaberto e democrático, apropriado para oséculo XXI”, cujo envelope fosse trans-parente para que pudesse ser apreciada

9 - Vista externa, do outro lado da Baía de Cardiff

10 - Vista da escadaria de acesso principal

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética10

a vista da baía e, ao mesmo tempo emque houvesse visibilidade dos trabalhosinternos, convidando o público a se en-volver com as atividades da Assembleia.

O projeto vencedor foi o do escritórioRogers Stirk Harbour + Partners (chama-do de Richard Rogers Partnership à épo-ca) que, além de materializar os valoresde transparência, democracia e partici-pação, propunha ainda ideias bem pro-gressistas em termos de sustentabili-dade, a ponto de ser considerado umnovo paradigma para os edifícios públi-cos no Reino Unido.

O terreno a ser edificado ficava à beirada baía de Cardiff, vizinho ao PierheadBuilding, um edifício com grau máximode tombamento (que já foi centro daprodução de carvão), com boa visibilida-de pelo lado oposto do espelho d’água.

O objetivo do projeto foi o de criar umazona entre dois planos: “a tábula rasa dosolo e uma nova cobertura flutuante.”1 Oespaço intermediário deveria ser o maistransparente possível de modo a não in-terferir nesse contraste de elementos.

FORMA E FUNÇÃO

Acreditando na máxima modernista de “aforma segue a função”, três grandes ele-mentos fariam a conexão entre piso ecobertura, em forma de grandes funisinvertidos: a área de recepção, a biblio-teca e a grande câmara de debates. Abiblioteca foi retirada do programa e, comela, um dos “funis” do edifício2. A equipede projeto percebeu que a grande câma-ra e a área de recepção não tinham amesma importância funcional para serempercebidas por formas idênticas, entãoa duplicidade da forma parecia desequi-

librada e o conjunto inicial de três “funis”foi reduzido a apenas um. Com isso, des-tacou-se o espaço que é o coração dasatividades da casa: a Câmara de Deba-tes, que é o “centro físico e metafórico”3

do Parlamento.

O edifício vizinho, a Crickhowell House,já existente e onde funcionava o Parla-mento anteriormente, continuou a funci-onar como suporte administrativo, com-portando os escritórios dos parlamenta-res. Os dois edifícios foram, então, co-nectados por uma passarela alta, poronde os membros da Câmara circulampara acessar a grande sala situada den-tro do “funil” ou “sino”4.

Deve-se observar a cuidadosa relaçãoentre os níveis do edifício, ajudando naorganização das funções. Da rua, o“acesso exemplar” se dá através de umaescadaria, que ao mesmo tempo funcio-na como pedestal para o edifício, elevan-do-o 3 metros acima do nível do terreno.

Naquele nível, está a área de recepçãoe o acesso ao foyer no pavimento imedi-atamente acima. A partir da recepção edo foyer, tem-se acesso a todos os es-paços públicos da Assembleia e visibili-dade dos trabalhos da Câmara, no nívelabaixo.

Os membros do Parlamento atravessama passarela da Crickhowell House e des-

11 - Corte indicando a relação de usos sob as curvas da cobertura

12 - Planta do térreo e do 1º pavimento

11Edificações Administrativas

cem 10 metros para chegarem ao nívelda Câmara de Debates, abaixo do níveldo público. Essa relação de níveis tam-bém carrega o caráter simbólico da de-mocracia, uma vez que o público, ou oeleitor, tem o seu lugar acima dos mem-bros eleitos para a Assembleia.

Também pensando de forma democráti-ca, os assentos da sala foram dispostosem círculos concêntricos, rejeitando com-pletamente a ideia de hierarquia ou de“assentos adversários” como no Parla-mento de Westminster, em Londres. Oslugares no centro estariam destinadosaos membros do gabinete e seus correli-gionários no anel mais baixo.

Como medida de proteção, Câmara egaleria pública são separadas apenas porum painel de vidro em balanço, que pro-tege sem se tornar uma barreira física.

Externamente, pode-se notar a cobertu-ra como elemento unificador do projeto.A cobertura, que avança na forma de umgrande beiral frontal na escadaria deacesso, favorece a gradual transiçãoentre os espaços externo e interno.

Essa cobertura tem sua estrutura sus-pensa sobre 12 colunas de aço esbeltase, apesar de parecer leve, pesa 420 to-neladas e está oculta pelo revestimentoem cedro do forro. O plano de coberturaé quebrado por seis reentrâncias ovaisabauladas que ajudam a demarcar osespaços sob ela. Parte dessa cobertura(duas ovais) avança para fora do edifí-

cio, servindo de proteção ainda ao espa-ço público. A outra porção da cobertura(duas ovais) marca as áreas de acessopúblico no interior do edifício e, sob a úl-tima oval do forro, estão espaços priva-dos como áreas administrativas, serviçose jardim interno.

Sob a quinta oval, está a grande câmaramarcada pelo volume de “funil” ou “sino”.Este volume rompe o plano de coberturae termina acima dele, onde se encontraum cowl, elemento em forma de um ca-puz de monge destinado a promover ven-tilação natural no interior, rotacionandoconforme os ventos. Este é um elemen-to marcante plasticamente, podendo servisto do outro lado da baía.

A transparência das paredes de fecha-mento em vidro demonstra simbolica-mente o desejo por clareza das ativida-des do Parlamento, mas também é umartifício para permitir que a luz do diapenetre nos andares mais baixos, ondeestão os espaços administrativos. Alémdisso, a transparência também permitea visibilidade de dentro para fora, possi-bilitando, de vários pontos internos, a vis-ta panorâmica da baía.

Os materiais utilizados, conforme exigên-cia do edital, deveriam ter procedêncialocal, preferencialmente. O piso é reves-tido por um tipo de ardósia galesa (muitocomumente usada como representanteda identidade galesa ou celta5) os mó-veis foram executados em carvalho ga-lês e a madeira utilizada é um cedro ver-melho vindo do oeste, uma vez que lo-calmente não havia disponibilidade demadeira na quantidade necessária.

SUSTENTABILIDADE

O edifício do Parlamento do País de Ga-les abriu suas portas em 1º de março de2006 e, no mesmo ano, levou vários prê-mios em diversas categorias em Arqui-tetura e Construção6. Além de todos osprêmios, o edifício ainda teve nota “ex-celente” do Breeam7, classificação jamaisalcançada antes por outro edifício no Paísde Gales.

Esse prêmio reconheceu o baixo impac-to ambiental que o edifício alcançou emvários quesitos, através do uso cuidado-so de energias renováveis e soluçõescom baixo consumo de energia para aconstrução, aquecimento e manutençãodo edifício.

Como a sustentabilidade já era conside-rada assunto central às políticas gover-namentais no País de Gales, o tema foiconsiderado critério básico para a esco-lha do projeto a ser construído. Antes desua concepção, o edital exigia a contem-plação de alguns aspectos fundamentais,dessa forma, o edifício deveria:

1. Alcançar a pontuação máxima na ava-liação do BRE

2. Ter um ciclo de vida de pelo menos100 anos

13 - Maquete eletrônica explicitando a estrutura da cobertura

14 - Axonométrica explodida, desta-cando a relação entre forma e funções

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética12

3. Usar materiais de construção nativos

4. Minimizar o consumo e o lixo

5. Usar tecnologias renováveis

6. Ser exemplar em termos de sustentabi-lidade

A estratégia utilizada para o desenvolvi-mento do projeto, visando à escolha eimplantação dos sistemas do edifício, foidesenvolvida através de três objetivosbásicos pelo escritório de Richard Ro-gers. Primeiro, procurou-se reduzir a de-manda por recursos (água, energia emateriais). Segundo, atender à deman-da com o uso de tecnologias renováveise sustentáveis; e, em terceiro, cobrir qual-quer demanda com tecnologias altamen-te eficientes.

Seguindo o uso dessa estratégia, acre-ditava-se que as soluções desenvolvidasem projeto viriam a promover futura eco-nomia de energia significativa.

Ventilação

Todas as salas do edifício são ventiladasnaturalmente mas, apesar disso, foi pre-visto um sistema de ventilação comple-mentar. Em caso de aumento de massatérmica devido à insolação ou número depessoas no ambiente, o sistema comple-mentar melhora a ventilação na câmara,salas de comitê e galerias públicas.

O cowl (capuz) construído a seis metrosde altura, acima da cobertura, ajuda naventilação na câmara. Este dispositivoroda conforme os ventos dominantes, tra-zendo ar fresco para dentro do ambientee ajudando a extrair naturalmente o arquente que sobe.

A inspiração veio das casas tradicionaisda costa, que usam cowls movidos pelovento para tirar o ar quente dos fornos.Após compatibilização do projeto de sus-tentabilidade com a Arquitetura, as ins-talações de ar-condicionado puderam sercompletamente eliminadas do projeto.

Aquecimento

O aquecimento dos ambientes é providopor um boiler de biomassa (que usa tan-to madeira processada de pellets comobruta) e por baterias de calor com con-trole manual. Estes equipamentos aju-dam a reduzir as emissões de CO2.

Água

Foi utilizado um sistema de reaproveita-mento de águas pluviais complementarao sistema tradicional. A grande cober-tura capta as águas da chuva para pre-encher um reservatório que tem capaci-dade de consumo anual para rega de jar-dins, descargas, limpeza geral e manu-tenção.

Iluminação natural

Abaixo do cowl sobre a câmara, existeum painel envidraçado. Logo abaixo dele,um espelho cônico tem a função de re-fletir a luz natural (mesmo a luz baixa deinverno) para dentro do ambiente, com-plementado por uma série de anéis con-cêntricos de alumínio que descem pelo“funil” da Câmara de Debates. Esse coneespelhado pode ser controlado manual-mente, tirando melhor proveito da luz dodia e evitando ofuscamentos ou efeitosindesejáveis em caso de filmagens.

Materiais

O edital do projeto pedia o uso de mate-riais como madeira e pedra, por seu lon-go ciclo de vida e para resistir às intem-

15 - Foyer superior 16 - O volume em forma de funil, sobre a câmara de debates

17 - Espaço envidraçado entre a galeriapública e a câmara de debates

13Edificações Administrativas

Notas1 Architecture Today, February 2006, p. 50.2 Architecture Today, February 2006, p. 51.3 Disponível em: http://www.richardrogers.co.uk/rshp_home, em 09;03;2009 (Rogers StirkHarbour + Partners website)4 Forma inspirada pelo artista Anish Kapoorcom quem RSHP já havia trabalhado antes.Disponível em: http://www.richardrogers.co.uk/rshp_home, em 09;03;20095 Architecture Today, February 2006, p. 52.6 Segundo o website http://www.richardrogers.co.uk/rshp_home, o projeto ganhou os seguin-tes prêmios: Natural Stone Award; Gold Medalin Architecture, National Eisteddfod; StructuralSteelwork Design Award; RIBA Stirling PrizeBuilding of the Year Shortlist; RIBA AwardNational, em 2006 e o Civic Trust Award, em2008.7 BREEAM é a sigla para Building ResearchEstablishment’s Environmental AssessmentMethod. Um método de aferição do impactoambiental dos edifícios desenvolvido pelo BRE,no Reino Unido. A avaliação se faz através depontos atribuídos a cada solução de projeto.Por exemplo, um edifício que promove ventila-ção natural tem uma pontuação melhor queoutro que usa ventilação mecânica e assim pordiante.8 The Architect’s Journal, 12/10/2006, p. 89.9 De acordo com o website do Parlamento Es-cocês, disponível em: http://www.scottish.parl iament.uk/vl i /holyrood/faq/answers/cost001.htm, 10/01/2009.

péries do ambiente à beira da baía deCardiff. Esses materiais oferecem maiordurabilidade e requerem menor manuten-ção, além de alcançarem facilmente ameta dos 100 anos de vida do edifício.Além disso, a procedência dos materiaisera essencial para reduzir sua energiaincorporada, por isso a preferência pormateriais nativos e brutos.

Boa parte da madeira usada no edifícioé certificada pelo FSC (Forest Steward-ship Council) e provém de fontes susten-táveis.

Heat pump

O sistema conhecido como heat pumpou ground source heat pump (GSHP) éum sistema que recolhe a energia absor-vida pelo solo ou pela água e, após umprocesso interno de compressão e con-densação, transforma essa energia emcalor, podendo ser usada para aqueci-mento de ambientes ou água, bem comopara refrigeração. Na Assembleia do Paísde Gales, esse sistema é utilizado paraa refrigeração dos espaços mul-tiuso eCPDs e para o sistema de aquecimentosob o piso. Em geral, a energia utilizadapelo sistema de heat pump é 2/3 de ener-

gia solar, reduzindo drasticamente aenergia consumida pelo edifício e suasemissões associadas.

CONCLUSÃO

Esse novo modelo de arquitetura, bati-zado como verde, sustentável ou ecoló-gica ou carregando qualquer outro nome,mas que traz em si a responsabilidadeambiental e o compromisso com a redu-ção das emissões de carbono, tambémtraz em si um certo preconceito.

Alguns exemplos experimentais de arqui-tetura sustentável como o condomínioBedZED, o edifício do Re-Swiss e o daGreater London Authority, todos em Lon-dres, também no Reino Unido, foram mui-to criticados pela opinião pública pelo seuaspecto, implantação ou pela forma ae-rodinâmica adotada. A arquitetura, aopassar a atender às novas solicitações,também está sujeita a sair dos padrõesvigentes e se tornar mais provocativa. Asnovas formas de arquitetura estão fazen-do com que as pessoas saiam da suazona de conforto para entrarem nummundo de formas desconhecidas, emnome da saúde do planeta.

Quando o projeto da Assembleia emCardiff foi premiado pelo BRE, reconhe-cido como ambientalmente exemplar,Richard Rogers declarou-se feliz, dizen-do que apenas tinham respondido à exi-gência “por um edifício que maximizasseluz natural e ventilação para reduzir o usode energia” e que “o prêmio máximo doBRE é muito gratificante.”

O projeto desenvolvido pelo escritórioteve que conciliar muitas mudanças eaceitar diversos novos desafios, desdea redução de assentos até a expansãodo sistema de segurança. Enfim, antesde receber qualquer alcunha, o edifícionasceu sob conceitos muito fortes, im-pregnado de carga simbólica e com exi-gências funcionais rígidas. É, acima detudo, Arquitetura, só que é um exemplopara que não se pense mais a arquitetu-ra sem a “camada” da sustentabilidade,que é apenas mais um elemento a serincorporado ao processo projetual.

Outro mito a ser desbancado é de que aArquitetura para ser sustentável tem queser muito mais cara. Algumas soluçõessustentáveis provêm do desenho corre-

to e não necessariamente de equipamen-tos high-tech de última geração. Vale des-tacar ainda que a preocupação com cus-tos e sustentabilidade também deve en-volver a etapa de construção. Na Assem-bleia de Cardiff, houve preferência porprocessos pré-fabricados, com mão-de-obra off site, que minimizassem o impactono sítio de construção.

O edifício possui área interna de 5.000m2e custou 67 milhões de libras8 (o equiva-lente hoje a 101 milhões de dólares) paraser construído. Custou, em área, em tor-no de 30% menos que seu equivalenteescocês. O Parlamento de Edimburgo,com todos os seus excessos ornamen-tais, sua estrutura ousada e símbolosceltas desenhados nas calçadas, temárea de 31.000m2 custou aos cofres es-coceses o equivalente a 625 milhões dedólares9.

O edifício para a Assembleia de Cardiffparece ter materializado satisfatoriamen-te todos os anseios de identidade galesae de uma arquitetura que se pretendesímbolo para o século XXI. Resta real-mente saber se daqui a 100 anos de fatopoderemos aferir sua eficiência.

18 - O “cowl” acima da cobertura desti-nado a promover ventilação natural (o

leme direciona a peça conforme os ven-tos, favorecendo a entrada de ar frescoe liberando o ar quente que escapa pela

grelha traseira)

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética14

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DA PARAÍBA

Gilberto GuedesArquiteto pela Universidade Federal da Paraíba, graduação em Revitalização do Patrimônio Natural eConstruído pelo Instituto de Cooperação Ibero Americana e especialização em Intervenção do PatrimônioArquitetônico pela Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madri.

Boas Práticas

19 - Antigo salão do dancing – situação 2002 20 - Pátio frontal com marquise metálica

O Conselho Regional de Medicina daParaíba adquiriu, em 2002, uma área de4.937,00 m², bem localizada no Centroexpandido de João Pessoa, para a cons-trução de uma nova sede. A área conti-nha as instalações desativadas de umtradicional Clube Recreativo, a Associa-ção Atlética do Banco do Brasil (AABB),construída nos anos 60, que foi palco deimportantes eventos sociais da cidade atésua transferência, nos anos 80, para aorla marítima.

Exemplar discreto da Arquitetura Moder-na dos anos 60, o imóvel com 1.900 m²de área, apresentava dois blocos princi-

pais separados por circulação, corres-pondentes ao salão do bar e jogos, e osalão do dancing. Este último, medindo17 x 23 m com dupla altura, inspirou aideia de reabilitar e ampliar a estruturado conjunto para abrigar o novo uso, evi-tando uma solução radical de demolição(imagem 19).

O programa estabelecido pela Diretoriado Conselho, incluiu a criação de umCentro Cultural aberto à população comum setor de pesquisa; um Museu para amemória da Medicina no Estado; um au-ditório, espaço para exposições tempo-rárias, além da aquisição de obras de arte

de escultura, pintura e mural de cerâmi-ca, a se integrarem ao conjunto.

Na inexistência do projeto estrutural ori-ginal, realizamos no levantamento ar-quitetônico, várias prospecções para in-terpretar a estrutura portante, juntamen-te com o escritório de cálculo, procuran-do conhecer melhor suas poten-cialidades e deficiências para propor asdemolições, consolidações e ampliaçõesnecessárias à sua transformação.

Estabelecemos na intervenção, três li-nhas básicas para apoiar as ações doprojeto: a eliminação de bloqueios visu-ais e físicos para aumentar a integração

com o entorno; a potencialização dosambientes representativos existentes; ea execução de novos elementos arqui-tetônicos, de forma a permitir a ilumina-ção e ventilação naturais em vários am-bientes; e o sombreamento das abertu-ras das fachadas, como recurso deamenização climática, tentando conferirnovo impulso vital à edificação.

A forma em “L” da planta é reforçada parapreservar o pátio frontal formado pelosdois blocos originais e permitir recursospara a ventilação cruzada. No primeiro,o Centro Cultural e Auditório ocupam eampliam a área do salão de jogos, onde,

uma marquise metálica leve (imagem20), percorre toda sua extensão desde oacesso principal (sul) de pedestres, naAv. Dom Pedro II, até encontrar-se como 2º bloco, havendo uma transição deescala para um pórtico que filtra a luz ese eleva na fachada (imagens 21 e 22),marcando o acesso às dependênciaspróprias do conselho. Nele, o antigodancing, passa a funcionar como umgeneroso saguão (imagens 23 e 24), es-paço flexível com dupla altura em tornodo qual se articulam as demais ativida-des em dois pavimentos na forma demezanino com amplas esquadrias de vi-dro, que permitem uma controlada visi-

bilidade. Procuramos usar técnicas emateriais que melhor se adequassem àcada parte da intervenção, incluindo es-truturas convencionais de concreto nossetores do Auditório e Centro Cultural,aço e argamassa armada na marquiselateral, de 40 m de extensão; aço,policarbonato e madeira no pórtico deacesso, e lajes de concreto protendidopara os maiores vãos na zona adminis-trativa.

Todos os ambientes são acessíveis demaneira clara, por um sistema de ram-pas, circulações e escadas, destacandono saguão de acesso, a rampa que leva

15Edificações Administrativas

22 - Detalhe do pórtico de acesso

23 - Saguão de acesso 24 - Rampa para o mezanino

21 - Pórtico de acesso

ao mezanino, calculada para ter seu pa-tamar intermediário na cota do foyer doauditório (imagem 25), permitindo o esca-lonamento decrescente dos assentos atéo nível da circulação externa do acessosul. O pátio da fachada sul tem entradade veículos eventual e controlada, funci-onando como “sala aberta”, onde se es-tendem no verão, eventos do CentroCultural, Auditório e saguão principal. Oacesso de veículos, pela Avenida Camilo

de Holanda, foi viabilizado por terrenoanexado à área original, que permitiu aexecução de um amplo estacionamentoarborizado com espécies típicas das áre-as públicas centrais, como o Ipê roxo eCássia, que marcam a imagem da cida-de, na floração. Essa área originalmenteocupada pela piscina e quadras esporti-

vas possuía uma construção linear quefoi transformada num bloco técnico.

Na materialização, as alvenarias e estru-turas metálicas têm cor branca, haven-do a interferência de diferentes matizesaportadas por materiais naturais utiliza-dos na construção como a pedra itacolo-my do norte, o mármore travertino fosco,as pedras portuguesas nas cores bran-cas e preta e a madeira Ipê, presente nasesquadrias internas e brises do pórtico.

Trabalhos de artistas de expressão es-tão integrados nas áreas públicas, comoa escultura em cerâmica esmaltada denome “XAMÔ, de autoria de Miguel dosSantos, um tríptico em pintura acrílica de3.00 x 5.40 m, e um painel cerâmico de1.40 x 7.00 m, de autoria de RodolfoAthayde. Desenvolvido especialmentepara o pátio frontal e denominado de “Ba-rocco”, este painel ornamental, utiliza, nu-ma linguagem contemporânea, móduloscom formas de conchas, volutas e gra-fismos, nas cores amarela e azul, tendocomo base elementos presentes na azu-lejaria barroca do Convento Franciscanode Santo Antônio, um dos mais importan-tes monumentos arquitetônicos da cidade.

FICHA TÉCNICAProjeto arquitetônico: Gilberto GuedesColaboradores: Fernando Galvão, Fabiano Meio, MarcusQueiroz, Christiane Caldas, Mariana BonatesÁrea do terreno: 4.937 m²Área construída: 2.450 m²Paisagismo: Sérgio ChavesEngenharia fiscal: Paulo AntônioProjeto estrutural: TecnconProjeto elétrico: Hertz EletrificaçãoAr-condicionado: EngearProjeto hidrossanitário: Growth e José ErmandoPrevenção contra incêndio: Hamilton de Matos Pereira

FORNECEDORESMetais e louças: Deca;Tintas: Coral e Ibratin;Porcelanato: Eliane e Elizabeth;Luminárias: LustresProjeto; caixilharia de alumínio: Belmetal;Estrutura metálica e esquadrias de alumínio: Esquadrias Arte;Esquadrias de madeira: Suelle Móveis;Móveis artesanais: Móbile Design;Estações de trabalho e estantes: Florense;Cadeiras operacionais e mobiliário: Martinucci

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética16

FÓRUM DE CUIABÁ

Marcelo SuzukiArquiteto pela USP e Mestrando em Arquitetura e Urbanismo pela USP – São Carlos. Professor naGraduação na USP – São Carlos e na Pós-Graduação do Centro Universitário Senac

Boas Práticas

Em março de 2004, o Tribunal de Justiçado Estado de Mato Grosso dirigiu solici-tação à Fundação para o Desenvolvimen-to da Pesquisa e do Aperfeiçoamento In-dustrial (Fipai) para que ela apresentas-se uma proposta no sentido de se cons-truir de um Fórum para a Comarca deCuiabá. Nesse contato inicial, havia umaestimativa de se edificar cerca de 30milmetros quadrados, para acolher 48 va-ras cíveis e criminais que se encontra-vam espalhadas pela cidade. Os traba-lhos de vistoria dos terrenos dependiamde parecer da Fipai, assim como o pro-grama de necessidades. Tratava-se, por-tanto, de se iniciar os trabalhos desde as

iniciativas maisóbvias e necessá-rias até a formula-ção básica de umprograma arquite-tônico convenien-te para todos osinteressados.

Esse contato tam-bém colocava con-dição espantosade desenvolvimen-to dos trabalhosque, além dos pro-jetos serem reali-zados até agostodaquele ano, im-

punham condições para a realização dasdemoradas etapas de montagem e da li-citação das obras, objetivando uma eta-pa de obras em canteiro ao longo do anode 2005. A proposta era consumar a inau-guração do edifício ao final daquele ano,o mais tardar possível no início de 2006.

Nesse mesmo mês de março, fui convo-cado, na condição de docente colabora-dor do departamento de Arquitetura e Ur-banismo da Escola de Engenharia deSão Carlos, da Universidade de São Pau-lo, por indicação do Chefe desse depar-tamento professor Dr. Carlos R. M. deAndrade ao Professor Dr. José Jairo de

Sales, a assumir a condição de coorde-nador dos trabalhos.

O TERRENO

A primeira etapa foi uma visita à Cuiabá,onde nos defrontamos com um aspectoimportante: o regime climático é, semdúvida, dado fundamental para qualquerdecisão acerca de obra de arquiteturanaquela região.

O primeiro terreno apresentado para lo-calização do Fórum revelou-se o maisinadequado possível: situado no extre-mo do eixo de desenvolvimento urbanoapresentava uma única via de ligação àárea central, o que apresentaria gravesriscos à segurança, principalmente paraa área criminal e em julgamentos comjúri popular. Além disso, um curso d’águaperpassa o terreno, e com a legislaçãovigente de proteção de recursos hídricos,os dois trechos remanescentes disponibi-lizariam área insuficiente, além de invia-bilizar a ideia de edifício único.

Em uma segunda vistoria um novo sítiofoi apresentado, situado agora próximoao Centro Político Administrativo (CPA),com boas condições de acessos e rotasde chegada ou saída para a área centralde Cuiabá. Mesmo descontando umaárea para proteção de um curso d’águasazonal, remanescia boa área para im-

26 - Vista lateral do Fórum 27 - Acesso do Fórum

25 - Vista do Fórum

17Edificações Administrativas

plantação, inclusive prevendo-se futurasexpansões.

PARTIDO ARQUITETÔNICO EO PROGRAMA DENECESSIDADES

A primeira manifestação do Tribunal deJustiça, importante para a configuraçãode um partido arquitetônico, foi a de queo Fórum deveria ser um edifício predo-minantemente horizontal, e o terrenoacordado permitia que isso ocorresse.

Para o estabelecimento de um progra-ma de necessidades foram realizadasvistorias também em outros fóruns decapitais: São Paulo, Belo Horizonte e Re-cife. O diagnóstico demonstrou que oTribunal tinha razão em propor a horizon-talidade para o conjunto, visto que a ne-cessidade de elevadores, nos edifíciosverticais, provoca congestionamentos eesperas, além de, principalmente, cau-sar dificuldades para a circulação dagrande quantidade de documentos. Alémdisso, a circulação por elevadores semostra perigosa em fóruns criminais. To-dos os fóruns visitados apresentaram de-ficiências quanto à segurança das circu-lações. Intuiu-se, então, que o ideal se-ria sempre contar com três circulações

distintas, que seriam: magistrados e fun-cionários; advogados, testemunhas e pú-blico em geral; e presos em julgamento.Essa definição de circulação permitiu queos elevadores existissem apenas parausuários especiais (idosos e portadoresde deficiências físicas). Ao manter a de-sejada horizontalidade, e estabelecer umpiso térreo sobrelevado, que abriga asdiversas funções da rotina do Fórum,

sobre um pilotis, passamos a contar como meio-subsolo, onde ficam os estacio-namentos do pessoal interno, depósitos,vestiários, carceragem e circulação depresos em julgamento.

O passo seguinte foi a formulação de ummódulo básico de disposição, tanto fun-cional e espacial, quanto estrutural, par-tindo-se do conjunto de uma vara (com-posta de gabinete, assessoria e secreta-ria, de um lado, cartório, de outro e, nocentro, a sala de audiência - que nos ca-sos de varas criminais conta com umacesso por escada vinda da circulaçãodos presos em julgamento, no andarabaixo, e, nas varas de conciliação con-ta com uma sala menor, para as reuni-ões entre as partes litigiosas). O móduloestrutural adequado fixou o espaçamentode pilares em 9m por 6m e balanços de3m na direção dos 9 m.

O PROJETO DEARQUITETURA

A simples junção dos diversos módulosformulam os conjuntos de varas unidasentre si (civis em uma ala, criminais emoutra), determinando lados de circulação:por fora público em geral, por dentro opessoal interno às atividades. A circula-

ção de público dei-xa vazios e aca-bam ficando comovarandas, poisapresentam luznatural e, abaixo,no nível do meio-subsolo, encon-tram-se os jardinsinternos, tirando oaspecto de corre-dores. São essesvazios que permi-tem a chegada deluz e que ventilamo subsolo. Assimnasceu o corte tipoda arquitetura: opilotis, o corpo do

prédio secionado por vazios e uma co-bertura metálica sobrelevada, sus-pen-sa por tirantes. Nos trechos em que essacobertura passa sobre os vazios, elas sãotranslúcidas, em telhas de policarbonato.O espaço remanescente entre a laje decobertura do corpo do prédio e a cober-tura sobrelevada é uma dutovia: um pa-vimento técnico, por onde passa toda atubulação das instalações que abaste-

28 - Vista interna do Fórum

FICHA TÉCNICAContratante: Tribunal de Justiça do Es-tado de Mato GrossoObra: Fórum de CuiabáEndereço: Centro Administrativo e Po-lítico de CuiabáProjeto: 2004/2005Obra 2004/2005Área: 54.000,00 m2Local: Cuiabá - MTEQUIPE TÉCNICAContratada: Fundação para o Desen-volvimento da Pesquisa e do Aperfei-çoamento Industrial (Fipai).Coordenador geral e autor do projeto:Arq. Marcelo SuzukiConsultor estrutura metálica: Eng. JoséJairo de SalesConsultor estrutura concreto armado:Eng. Márcio RamalhoConsultor conforto ambiental: Arq.Admir BassoConsultora conforto ambiental: FísicaRosana CaranConsultor instalações hidro-sanitárias:Eng. Marcelo Pereira de SouzaConsultor instalações elétricas e SPDA:Eng. Ruy Alberto AltafiniPaisagismo: Arq. Luciana SchenkDesenvolvimento de projetos: Eng.Cláudio Menin de Oliveira SantosDesenvolvimento dos projetos de ins-talações: Enga. Cristina Luiza BráulioSantos Cabral Araújo SilvaColaboradores arquitetos: Cínthia Ver-çosa, Alexandre A. Nobre, Christian A.Nobre, Lair Reis e Danielle Spadotto.Estagiários: Camila Fernandes da Sil-va, Marcelo Maia Rosa, Marcelo Sodré,Marcele Silveira, Claudia Inoue e Ca-rolina PáduaSetor de engenharia do T.J.M.T.: Enga.Sonia Josete Ribeiro e Engo. MarcosFukasseFORNECEDORESEstrutura metálica: Brafer ConstruçõesMetálicas ASAr-condicionado: Termoeste Constru-ções e InstalaçõesElevadores: Atlas-SchindlerConstrução: Cogefe EngenhariaConsultoria de Impermeabilização:Firmino Siqueira ConsultoriaInstalações: System EmpreendimentosLtdaCastelo d’água: Brasilos S.A. Constru-çõesMetais: FabrimarLouças: Celite

cem as diversas salas. Com as tubula-ções de esgotos sanitários e águas plu-viais no pilotis, as instalações percorrema maior parte de seus percursos à vista,facilitando enormemente a rotina das ins-peções de manutenção.

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética18

EFICIÊNCIA ENERGÉTICAEDIFÍCIO SEDE DA ELETROSUL – FLORIANÓPOLIS

Ana Lucia Torres Seroa da MottaPh.D., M.Sc., Arquiteta, Prof. UFF.

Denílson França MoreiraAdministrador, Gestor em Comércio Exterior, Mestrando em Engenharia Civil – UFF.

Boas Práticas

REGIÃO

Sudeste 54,7 %Sul 16,8 %Nordeste 15,8 %Centro-Oeste 7,5 %Norte 5,2 %TOTAL (GWh) 78.577

Tabela 1 – Consumo residencial de energia elétrica por região do Brasil - 2004Fonte: MME, 2005

FONTES

Eletricidade 83,0 %Gás liquefeito de petróleo 5,5 %Gás natural 4,2 %Óleo combustível 2,7 %Outras 3,2 %Lenha 1,4 %

Tabela 2 – Participação das fontes de energia no setor comercial - 2004Fonte: MME, 2005

SUB-SETORES

Varejo (shopping-centers e supermercados) 22,5 %Hotéis e restaurantes 13,4 %Prédios comerciais 12,4 %Entidades financeiras 12,2 %Comunicações 5,6 %Comércio atacadista 4,0 %Transportes 3,6 %Outros (portos, hospitais, etc) 26,4 %

Tabela 3 – Estrutura de consumo de energia elétrica do setor comercialFonte: Faria, 2004

RESUMO

Com o objetivo divulgar as medidas deconservação de energia elétrica execu-tadas em edifícios públicos realizou-seum estudo dos hábitos de consumo deenergia no setor residencial, comercial eindustrial, avaliando o potencial de redu-ção para cada setor.

Este trabalho apresenta um estudo decaso - o retrofit realizado no prédio sededa Eletrosul, descrevendo as medidasrealizadas e o percentual de redução al-cançado.

OS PADRÕES DE CONSUMODE ENERGIA ELÉTRICA NOBRASIL

Analisando-se o consumo de energia elé-trica no Brasil nos setores residencial,comercial e industrial observa-se que esteútlimo apresenta a maior taxa de consu-mo (MME, 2005). O setor consome 45%de toda a energia elétrica produzida, se-guido pelo setor residencial com uma fa-tia de 21,9% e do setor comercial com13,9%. A energia restante fica dividida en-tre o setor público que consume 8,4%, osetor agropecuário com 4,1%, energético3,6% e o setor de transportes com 0,3%.Cabe ressaltar que o setor de transpor-tes consome energia de origem fóssil.

No setor residencial, conforme MME2005, a fonte de energia mais utilizadaainda é a lenha com 37,8%, aparecendoa eletricidade em segundo lugar com31,6%, e o gás liquefeito de petróleo com27,3%. O saldo restante 3,3% está divi-dido entre as demais fontes como o car-vão vegetal, gás natural, querosene e gáscanalizado.

A tabela 1, a seguir, descreve o consu-mo residencial de energia elétrica no Bra-sil, durante o ano de 2004. Nela se veri-fica que na região sudeste o consumode eletricidade no setor residencial apre-senta a maior taxa, isto é aproximada-mente 55% da eletricidade total consu-mida no país. Já as regiões norte e cen-tro-oeste registram apenas uma peque-na participação nesse consumo.

O setor residencial é responsável por21,9% do consumo total de energia elé-

trica no Brasil. Segundo MME (2005), oaquecimento de água representava, em2000, cerca de 22,2% desse consumototal.

No setor comercial, a fonte de energiamais consumida é a energia elétrica, com83,0% do consumo total do setor, comopode ser verificado através da tabela 2.

A tabela 3 apresenta a participação decada sub-setor no consumo total de ener-gia elétrica do setor comercial. Verifica-

19Edificações Administrativas

Tabela 4 – Estrutura de consumo de energia elétrica do setor comercialFonte: Faria, 2004

USO FINAL/ SETOR RESIDENCIAL COM. & PÚBLICO INDUSTRIAL

Eletrônica/ TV 8 - -Iluminação 25 44 2Outos aparelhos 8 11 -Refrigeração 32 17 -Ar-condicionado 7 20 -Caldeiras/ água quente 20 - 10Cozinha - 8 -Eletroquimica - - 7Força motriz - - 49

se que a participação do setor varejistaé a mais significativa, sendo de particu-lar importância os shopping centers esupermercados.

De acordo com as pesquisas dos hábi-tos de consumo (Procel, 2004), a tecno-logia de aquecimento solar encontra po-tencial de utilização nos setores industri-al, residencial e comercial. No setorresidencial, substituindo o aquecimentode água através de chuveiros elétricos,que está presente em 67% das residên-cias brasileiras, atinge o seu ápice nasregiões sul e sudeste onde o seu uso al-cança mais de 80% do total de residên-cias. Segundo Faria (2004), no setor co-mercial, nas edificações públicas e pri-vadas são necessários grandes volumesdiários de água quente em hotéis, mo-téis, hospitais, academias e clubes. Co-mo a aceitação da tecnologia nessesmercados ainda é pequena, planos deação setorizados voltados para cada ati-vidade específica precisam ser elabora-dos. No segmento industrial, o aqueci-mento solar é utilizado principalmentepara processos como produção de va-por, lavagem, secagem, destilação, pas-teurização, etc. Estes processos neces-sitam de calor a temperaturas superio-res a 80ºC (FARIA, 2004). A aplicaçãoda energia solar nesse segmento aindaé incipiente na maioria dos países, masvem sendo desenvolvida através de po-líticas direcionadas e projetos de pesqui-sa, aplicação e desenvolvimento.

Uma outra vertente para se buscar a efi-ciência energética é verificar o “uso fi-nal“ da energia elétrica pela fonte de con-sumo como a iluminação e a refrigera-ção. A tabela 4, acima, apresenta esti-mativas da participação destes usos nossetores residencial, comercial, serviços

públicos e industriais no Brasil, no anode 2001.

Os dados apresentados foram pesqui-sados em documentos do Procel. O ór-gão realiza diversas pesquisas a fim deatualizar e detalhar o uso final e, assim,entender melhor as mudanças que es-tão ocorrendo no uso da eletricidade noBrasil.

Nas edificações comerciais e públicas, ailuminação é o uso final que apresenta amaior possibilidade de redução no con-sumo total de energia. Um trabalho deretrofit pode alcançar uma redução de até60% desse consumo com a substituiçãode lâmpadas, o emprego de reatores efi-cientes e luminárias reflexivas. Uma gran-de variedade de lâmpadas mais eficien-te do ponto de vista do consumo energé-tico está disponível no mercado brasilei-ro como, por exemplo, lâmpadas fluores-centes compactas, lâmpadas triphosphorT8, lâmpadas de vapor de sódio, alóge-nas, reatores eletrônicos, sensores depresença e refletores especulares paraluminárias fluorescentes.

A utilização dessas inovações tecnoló-gicas no setor de iluminação garante aredução no consumo total de energia e aqualidade da iluminação. Alguns proble-mas no projeto luminotécnico podem serresponsáveis pelo alto consumo de ener-gia como, por exemplo, a baixa qualida-de das luminárias sem refletores inter-nos que limitam a saída da luz; o mauestado de conservação e limpeza des-tas; além de serem mal posicionadas noespaço, não levando em conta o dire-cionamento do foco para a área de tra-balho.

Nos prédios comerciais que utilizam o ar-condicionado é possível economizargrandes quantidades de energia através

da redução nos ganhos térmicos na en-voltória do prédio, do uso de tecnologiasde refrigeração mais eficientes como atermo-acumulação e melhor controle dosistema. Um dos maiores consumidoresde energia é o ultrapassado compressorcentrífugo, normalmente utilizado no Bra-sil, que consomem entre 30-50% maisenergia por unidade de refrigeração pro-duzida. Os equipamentos mais eficien-tes já estão disponíveis no mercado. Autilização de armazenamento térmicopode ser economicamente vantajosa emgrandes prédios comerciais que empre-gam o ar-condicionado central. Já queexistem as tarifas horo-sazonais com pre-ços diferenciados para a ponta e fora deponta. As utilizações de sistemas de con-trole associados à automação predialpossibilitam uma gestão melhor das fon-tes de consumo de energia e automati-camente redução de consumo.

ESTUDO DE CASO: EDIFÍCIOSEDE DA ELETROSULFLORIANÓPOLIS

A Eletrosul Centrais Elétricas S.A. é umaempresa brasileira criada em 23 de de-zembro de 1968. Subsidiária das Cen-trais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobráse vinculada ao Ministério de Minas eEnergia - é uma sociedade de economiamista de capital fechado, concessioná-ria de serviços públicos de transmissãoe geração de energia elétrica, com sedeem Florianópolis, estado de Santa Cata-rina e atuação preponderante nos esta-dos da região Sul e Mato Grosso do Sul.Realiza estudos e projetos, constrói eopera instalações de transmissão e degeração de energia elétrica, investe empesquisa e desenvolvimento, fomenta ouso de fontes alternativas de energia,presta serviços de telecomunicação e

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética20

pratica outros atos de comércio decor-rentes dessas atividades. Para isso, con-ta com um quadro funcional formado por1.583 profissionais (Eletrosul, 2008).

O edifício-sede da Eletrosul Centrais Elé-tricas, localizado em Florianópolis (SC),teve o projeto de retrofit de suas instala-ções concluído em 2006. A edificação foialvo de estudo do Projeto Seis Cidades,coordenado pelo Procel/Eletrobrás, en-tre os anos de 1996 e 1998, cujo objeti-vo era realizar um estudo para tornar osprédios públicos mais eficientes, diminu-indo o seu consumo total de energia.

Características Arquitetônicas

O edifício da Eletrosul foi construído em1978 e possui formato retangular, cincopavimentos, sendo dois no subsolo. Asfachadas são quase totalmente envidra-çadas com sombreamento externo, pro-porcionado por brise-soleils horizontaismóveis (veja as imagens 29 e 30). Suaimplantação no terreno permite a insola-ção de toda a edificação, o que gera umganho de calor considerável. A cobertu-ra é confeccionada com laje nervurada(tipo grelha) impermeabilizada. Sob a lajeexiste um forro de alumínio. A área totaledificada corresponde a 29.963m2. Ohorário de funcionamento do prédio é das7h 30m. às 18h 30m.

Para lidar com o excesso de calor o vãocentral do prédio possui 900m2 de áreae 10,4 m de altura. Sua cobertura possuidomos de acrílico, para aproveitamentoda luz natural, fixados em uma treliça es-pacial de alumínio. No vazio entre o tetoe os domos existem dois exaustores quefuncionam permanentemente para redu-zir a carga térmica oriunda da radiação.

No estacionamento da sede, existe umacobertura de placas fotovoltaicas (veja aimagem 31). O projeto vem sendo desen-volvido em conjunto com o Instituto Ideale a Universidade Federal de Santa Ca-tarina, e encontra-se em fase de testes.Foi dimensionado para gerar um me-gawatt-hora em energia renovável. Ela étoda obtida neste projeto piloto. Além derepresentar uma conquista para a Ele-trosul, é o primeiro passo de um projetoque possibilitará avançar nos estudospara a implantação de um planta comer-cial de 1 MW, no edifício sede da empre-sa. O projeto almeja a futura replicaçãodesse sistema nas coberturas dos prin-cipais estádios de futebol do Brasil paraa Copa de 2014, denominados estádiossolares.

Medidas implementadas nosistema de iluminação

O sistema de iluminação passou por umareformulação completa. No sistema anti-go, a iluminação era realizada por lâm-padas fluorescentes comuns 40 W,totalizando aproximadamente 476,5 W depotencia instalada. As luminárias eram dealumínio na cor cinza e formato trape-zoidal e exerciam a função de forro, comuma lâmpada para cada luminária, osreatores atendiam a duas lâmpadascada.

Para melhorar a eficiência energética,uma luminária foi desenvolvida para seajustar a esse forro, garantindo alta efi-ciência, boa distribuição luminosa, semalterar a estética atual. O novo projeto

luminotécnico utiliza lâmpadas fluores-centes de bulbo T5, de 28 W de potêncianominal. Ao todo, 12 mil luminárias fo-ram substituídas por 8,6 mil novas uni-dades. O forro de alumínio foi totalmen-te pintado de branco para aumentar areflexão de luz. Além da troca dos equi-pamentos de iluminação (veja a imagem32), o projeto de retrofit envolveu a ins-talação de um sistema de automaçãopara todo o prédio, além da instalaçãode sensores de iluminâncias nas fileirasde luminárias próximas às janelas paraaproveitar a possibilidade de utilizar a ilu-minação natural como complemento daartificial. Somente acionando a ilumina-ção artificial na intensidade e nas áreasonde for necessário durante o dia, otimi-

29 - Brise-soleil da fachada noroeste

31 - Cobertura do estacionamento

32 - Calhas reflexivas com lâmpadaseficientes e as antigas calhas

substituídas

30 - Brise-soleil da fachada nordeste

21Edificações Administrativas

za-se o aproveitamento da iluminaçãonatural.

Medidas implementadas nosistema de refrigeração

A potência total de ar-condicionado ins-talada no prédio era igual a 940 tonela-das de refrigeração (TR). A área clima-tizada correspondente a 19.957m2. Exis-tiam três resfriadores de ar para atendi-mento do edifício: um chiller alternativocom capacidade de 100 TR e duas cen-trifugas de 450 TR cada, trabalhando comcondensação de água. Estes equipamen-tos não apresentavam nenhum sistemade automação integrado, o que represen-ta um uso não eficiente do sistema.

Nas figuras 33 e 34, se observa o proje-to de reforma do sistema de condiciona-mento de ar. Ele contemplou a troca dosresfria-dores de líquido (centrífugas) dacentral de água gelada, permitindo a ter-mo acumulação e o uso combinado dodeslocamento de carga com a reduçãoda demanda, a substituição dos fancoils,uma ampliação das áreas atendidas comuma nova distribuição de dutos de ar eum sistema de automação. Na central deágua gelada, as centrífugas antigas (emuso há mais de 20 anos) foram substitu-ídas por novas, de alta eficiência.

CONCLUSÃO

O valor da conta de energia elétrica doprédio era de aproximadamente R$470.000/ano. Com essas medidas ado-tadas no sistema de iluminação e refri-geração, obteve-se uma redução no con-sumo de energia de aproximadamente28% e a redução no custo ficou em tornode R$ 260.00,00/ano. Assim, obteve-seuma economia anual de aproximadamen-te 55% conforme Lambert.

Em muitos casos, o projeto de retrofitrepresenta a única possibilidade de in-serção de soluções eco-eficientes. Ain-da são poucos os investidores que searriscam a adotar essa estratégia. Entre-tanto, com o foco voltado para a susten-tabilidade, a redução de emissões dosgases causadores do efeito estufa queaquecem o planeta pode ser obtida re-duzindo-se o consumo de fontes de ener-gia não renováveis, sem diminuir a qua-lidade dos espaços que a utilizam. Umdos principais entraves para a incorpo-ração de tecnologias “limpas” em antigasedificações é o período de retorno do in-vestimento, considerado pouco atrativopara parte dos empresários brasileiros.No entanto, analisar a viabilidade dosprojetos de retrofit apenas pelo prazo emque o investimento será pago, sem levarem conta os benefícios que a obra irágerar ao longo da vida útil do novo siste-ma instalado, é considerar apenas parteda questão.

“Se uma estratégia promove redução de8% na conta anual de energia elétrica,esse valor sozinho pode ser visto comouma economia muito baixa. Mas se pen-sarmos que 8% representam um mês doano, isso significa que a cada ano o pré-dio pode ficar um mês operando de gra-ça’. Em 12 anos, ele terá deixado de gas-tar o equivalente a um ano inteiro de ope-ração sem pagar o uso da energia elétri-ca, contabiliza Fernando Wespthal.

Embora os resultados variem de acordocom as tecnologias e soluções implanta-das e com o estado de obsolescência daedificação, em geral, a opinião de espe-cialistas é a de que vale a pena investirem obras de retrofit com vistas à redu-ção de consumo de energia.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:FARIA, Carlos. Aquecimento Solar- Tecnologia. Disponível em www.cidadessolares.org.brGELLER, Howard.(1994). O uso efi-ciente da eletricidade – uma estra-tégia de desenvolvimento pra o Bra-sil. INEE, ACEEE, Rio de Janeiro,RJ.ELETROSUL - http://www.eletrosul.gov.br/home/conteudo.php?cd=153,Acesso em 31/12/2008.LAMBERTS Roberto, DUTRALLuciano, PEREIRA Fernando. Efi-ciência Energética na Arquitetura.São Paulo 1997. Programa Nacio-nal de Conservação de Energia Elé-trica (Procel), disponível em http://www.eletrobras.com/elb/procel/mainLAMBERTS Roberto, SILVEIRAVilmar. Eficiência Energética: Estu-do de retrofit para um edifício co-mercial em Florianópolis.MME, (2005). Balanço energéticonacional. Ministério de Minas eEnergia.PROCEL - www.procel.gov.br Hábi-tos e consumoSANTAMOURIS, Matheos. (1995).Energy retrofiting of office buildingsVol.I; Energy efficiency and retrofitmeasures for offices. Series: Energyconservation in buildings. Editors M,Santamouris and D. Asimakopoulos.University of Athens, Athens.SOUZA JUNIOR, José de A .Globalização, indústria de eletricida-de e desenvolvimento sustentável.WESPTHAL, Fernando. Economiade energia em retrofits. RevistaConstrução Mercado. cidade e anoda obra.

33 e 34 - Instalação do novo equipamento de refrigeração

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética22

O EDIFÍCIO ADMINISTRATIVO COMO EXEMPLOGLA – Prefeitura de LondresArquiteto Carlos MurdochArquiteto Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professor da Universidade Estácio de Sá – Curso deArquitetura

Arquiteta Adriana FigueiredoArquiteta Universidade Gama Filho, MA. Sustainability Design – East London University, Professora daUniversidade Estácio de Sá – Curso de Arquitetura

As mudanças climáticas globais mos-traram ao mundo a necessidade de pre-servação do nosso meio natural e deminimização das ações do homem nes-se meio. O meio ambiente construído,considerado responsável por 50% dasemissões totais de carbono na atmos-fera, precisou ser repensado e revistode forma inteligente e menos agressi-va, tornando os edifícios mais “amigá-veis” em relação ao meio natural.

Daí intensificou-se o uso dos princípiosda Arquitetura Sustentável, Ecológica eBioclimática, que têm como principal ob-jetivo fazer com que arquitetura e meioencontrem seu ponto de equilíbrio. Issotambém quer dizer que novas formassurgem dessa outra maneira de pensare tomar decisões para a solução de umprojeto arquitetônico. Essas novas for-

mas aliadas a alta tecnologia, simulaçõesvirtuais de desempenho energético, utili-zação de materiais inteligentes e ecolo-gicamente corretos correspondem a umvocabulário arquitetônico completamen-te novo aos padrões vigentes.

Muitas vezes, essas soluções, que visamao melhor funcionamento do edifício emtermos de economia de energia, são es-tranhas aos modelos correntes e sua re-alização encontra empecilhos. O projetode um edifício, digamos, ‘diferente’ nãoé bem visto e muito menos comprado,deixando à margem o investimento numaarquitetura mais eficiente energetica-mente.

Esse ainda é dos principais motivos pe-los quais as vantagens econômicas des-

35 - Reichstag – Interior da Cúpula

36 - Reichstag – Ícone da Alemanha reunificada

Eficiência Energética

23Edificações Administrativas

sa “arquitetura mais eficiente” ainda mo-ram no campo da incerteza, pois é ne-cessário construí-los primeiro para de-pois então monitorá-los por 2, 5, 10, 20anos e então podermos aferir as reaisvantagens do investimento inicial.

Alguns governos, através de seus admi-nistradores, têm sido os grandes empre-endedores, investidores e incentivadoresde novas formas arquitetônicas ao apos-tarem numa arquitetura mais sustentá-vel e eficiente ao escolherem os projetosdos edifícios destinados à administraçãopública. Este é no momento o grandecampo de provas e experimentação parao desenvolvimento e afirmação de novastecnologias e novos designs. Uma admi-nistração nacional/regional contemporâ-nea, que pretende estar sintonizada comas solicitações climáticas e energéticasatuais, deve assumir a liderança e seupapel de exemplo à sociedade e demons-trar, através de seus edifícios, o cami-nho a ser seguido.

Um novo edifício construído para uso ofi-cial sempre traz consigo alguma polêmi-ca. Quando esse edifício nasce imbuídode trazer as boas-novas de princípios ar-quitetônicos, a polêmica é ainda maior.Um edifício simbólico pode servir comoreferência visual e, mais do que isso,servir para moldar uma nova percepçãoda arquitetura.

O escritório de Norman Foster experi-mentou essa polêmica no projeto doReichstag, o parlamento alemão emBerlim, construído em 1999. A grandecúpula, representativa da democraciaalemã, foi projetada sob rígidos cálculosde ângulos de insolação e coberta porespelhos para levar luz natural à grandecâmara da assembléia. O caráter simbó-lico obtido pela transparência (analogiaao modelo ideal de gestão pública) e con-temporâneo da cúpula transformou aimagem do Reichstag na imagem danova e reunificada Alemanha.

O grande marco da arquitetura “verde”institucional se daria no projeto do escri-tório de Foster para a sede da prefeiturade Londres. Localizada em um sítio es-petacular ao lado da Tower Bridge (Pon-te da Torre) e em frente à London Tower(Torre de Londres), sede tradicional daantiga realeza britânica.

37 - GLA – Londres

38 - GLA – Troca de calor e circulação de água para refrigeração

O edifício-sede da Greater LondonAuthority (GLA), batizado pelos londrinosde egg, por sua forma inusitada, que lem-bra um ovo, foi concebido dentro de prin-cípios de sustentabilidade, tentando oti-mizar o uso de ventilação e iluminaçãonaturais. O escritório Foster & Partnersfoi responsável pelo projeto, que ficoupronto em 2002.

Apesar de ter sido muito criticado quan-do foi construído, sendo até comparadoao capacete de Judge Dredd (super-he-rói dos quadrinhos vivido por ArnoldSchwazeneger no cinema), o edifício daGLA conseguiu chamar muita atençãopara si a ponto de o crítico de Arquitetu-ra do Telegraph, Giles Worsley, declarar

que o edifício estava “tão determinado aser um ícone que você pode quase ima-ginar uma seta do céu apontando paraele com a seguinte inscrição: “Tire umafoto de mim!.”

A forma estranha do edifício, porém, éresultado de decisões práticas no senti-do de aperfeiçoar as relações do edifíciocom as condições climáticas. Com ajudade computação gráfica, foi possível si-mular os ângulos exatos de incidênciasolar ao longo do ano, adaptando a for-ma às condições ideais de insolação esombreamento, melhorando o confortoambiental dos escritórios. Voltados parao sul, os andares em balanço com vidroopaco evitam a incidência direta do sol e

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética24

40 - GKL - Modelos de estudo

41 - CH2 – Melbourne – Design Inc.

39 - Corte da ventilação

para norte foi possível a utilização de vi-dro transparente na forma curva voltadapara o alto, trazendo o máximo de ilumi-nação natural até mesmo no inverno. Aforma esférica reduz a superfície de con-tato do interior com o ambiente externoem 25%, diminuindo a troca de calor como exterior, reduzindo a variação de tem-peratura interna do edifício. O edifício éventilado naturalmente com esquadriasmóveis em todos os espaços de escritó-rios. A água para o condicionamento dear é retirada do solo londrino e posterior-mente reutilizada nos sanitários e parairrigação. Para reduzir ainda mais o con-sumo de energia, o edifício recebeu pai-néis solares (fotovoltaicos) em seu topo.Em conjunto, estas medidas fazem comque o GLA obtenha um desempenho deconsumo energético equivalente a umterço de um edifício similar com a mes-ma área útil.

Nesses edifícios é comum perceber quea forma é direcionada pelas questões téc-nicas e funcionais e não por razões es-téticas. E, dessa maneira, as justificati-vas para o resultado final são mais difí-ceis de serem questionadas.

O valor cultural e de pesquisa geradopelo edifício é inestimável, tendo sido abase para que outros governos e lideran-ças seguissem o mesmo caminho. Ex-periências recentes como o CH2 (CouncilHouse 2 – Melbourne – Austrália) e aAssembleia Nacional de Gales (ambospublicados nesta série) elevam o pata-mar do edifício de alto desempenho ener-gético, apontando para novas direções aserem seguidas.

42 - Assembléia Nacional e Gales – Richard Rogers Partnership

25Edificações Administrativas

Dicas

Sede do ISA — Instituto Socioambiental

São Gabriel da Cachoeira, Amazonas – 2000

No seio da Amazônia, às margens do Rio Negro, o projeto paraa sede do ISA teve inicio com um gesto racionalista: um cubobranco de alvenaria, tendo como base um quadrado de 16metros de lado e três pavimentos de altura. Assim como a malocaconstruída no mesmo local para abrigar os encontros anuais dafederação de 22 povos indígenas que ocupam a área de reser-va na região, o bloco único recupera para o projeto antigas tra-dições construtivas locais. A maloca grande, assim como o blo-co único, representam também o trabalho coletivo e a festa.

A integração do projeto com a região se dá, primeiro e principal-mente, através da incorporação de seus “saberes e fazeres”.Ela é traduzida pela preocupação com o conforto ambiental ecom o clima em região tropical, pela segurança em relação àfloresta e, principalmente, pela opção por uma técnica constru-tiva que utiliza materiais e mão de obra disponíveis no local, oque significa economia, rapidez, integração ambiental e cultu-ral. Assim, o cubo é circundado por um terraço que, além deproteger contra as intempéries, abre visuais para o Rio Negro epara floresta. Os peitoris dessas varandas e as escadas, prote-gidos por tramas de madeira e cipó que marcam a circulaçãovertical e horizontal, sombreiam as paredes brancas proposita-damente recuadas.

Texto de SANTOS, Cecilia Rodrigues dos – Sede do InstitutoSocioambiental in CALDEIRA, Vasco; FANUCCI, Francisco;FERRAZ, Marcelo; SANTOS, Cecilia Rodrigues dos – Francis-co Fanucci, Marcelo Ferraz: Brasil Arquitetura. São Paulo: CosacNaify, 2005.

Disponível em: www.brasilarq.com.br, junho de 2009.

Sede da Amatur

Palmas – TO

O projeto da “Agencia de Meio Ambiente e Turismo de Palmas– Sede Eficiente” recebeu, em 2003, o Prêmio Cidade Eficienteem Energia Elétrica, na categoria Prédios Públicos Municipais.O principal objetivo do projeto era buscar, através de recursosnaturais, um clima interno adequado e duradouro, de forma evitara climatização artificial.

Disponível em: www.rce.org.br/rce/novos_predios.html, junho de2009.

Dissertação de Mestrado

ANÁLISE DE ASPECTOS TÉRMICOS E LUMÍNICOS DE PRÉ-DIOS PÚBLICOS DAS DÉCADAS DE 30 E 40 NO RIO DE JA-NEIRO – ESTUDO DE CASO: O EDIFÍCIO SEDE DO MINIS-TÉRIO DA FAZENDA DO RIO DE JANEIRO.

Dissertação de Mestrado do Arquiteto Ary Celso France, peloProarq da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000. Pes-quisa sobre arquitetura bioclimática, em particular nos aspec-tos de conforto térmico e visual. O interesse se volta para prédi-os pouco estudados e não muito apreciados pelos arquitetos ecríticos mas que, após meio século da utilização, ainda pres-tam excelentes serviços à sociedade. Aborda-se a questão

energética envolvida. São estudados os fatores climáticos queinterferem nas condições de conforto interno dos espaçosedificados, quanto aos aspectos térmicos e lumínicos. Anali-sam-se concepções arquitetônicas, seus objetivos e sua rela-ção com o consumo energético efetivo. Discorre-se sobre aspossibilidades oferecidas pela aplicação de métodos passivos,usados na arquitetura do período estudado, na concepção denovos edifícios e na correção de prédios em uso, visandominimizar o consumo de energia para obtenção dos níveis deconforto térmico e lumínico ali requeridos. Realiza-se uma abor-dagem histórica, sumária, onde são relatadas as condições docontexto político-social da época, determinantes ideológicos doplano urbanístico e arquitetônico proposto para a cidade. Sãoapresentados alguns dos mais expressivos edifícios originadosnaquela época, comentando-se suas características mais notá-veis. Aborda-se, num estudo de caso, o edifício do Ministério daFazenda no Rio de Janeiro onde são desenvolvidos estudosdos seus aspectos térmicos e lumínicos, cuja metodologia ba-seia-se na observação cognitiva dos parâmetros relevantes eem confirmação com medições experimentais de temperaturae níveis de iluminação, explicando-se os procedimentos experi-mentais. Nas considerações finais, apresentam-se propostasviáveis objetivando a melhor performance energética e apro-veitamento do edifício estudado e de edifícios que com estetêm similaridade, como também se fazem recomendações so-bre a utilização e métodos passivos em futuros projetos deedificações.

Dissertação de Mestrado

RECOMENDAÇÕES PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO DEENERGIA ELÉTRICA NO PRÉDIO SEDE DO BNDES.

Dissertação de Mestrado do Arquiteto Dalmo dos SantosMarchetti, pelo Proarq da Universidade Federal do Rio de Ja-neiro, 1998. O trabalho busca analisar a edificação sede doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Pri-meiramente, realizou-se um breve pesquisa histórica sobre suaimplantação, identificando a decisão de expansão da empresa,a abordagem arquitetônica da ocasião, os processos construti-vos executados e os sistemas prediais instalados. Depois, rea-lizou-se um levantamento de medidas que podem ser tomadaspara a redução do consumo de energia elétrica, resgatando prin-cípios da melhor adaptação da edificação ao clima local, emparte negligenciado quando de sua concepção. Acredita-se quea metodologia de quantificação da carga térmica que pode serreduzida e de apuração de seus benefícios possam servir debase para análises pós-ocupacionais de novas edificações, jus-tificando uma vez mais a utilização dos princípios bioclimáticosquando da elaboração de novos projetos.

www.fau.ufrj.br/prolugar/arq_pdf/diversos/apo_bnds_nutau_1998_cod048.pdf, junho de 2009

Dissertação de Mestrado

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO VISANDO A CONSERVAÇÃODE ENERGIA - UM ESTUDO DE CASO NO CENTRO ADMI-NISTRATIVO SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO - CASS.

Dissertação de Mestrado da Arquiteta Marisa de Matos Moreira,pelo Proarq da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1998. A

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética26

pesquisa tem como objetivo a realização de um diagnóstico,através de uma avaliação pós-ocupação de um prédio público,visando estabelecer os critérios para um programa de conser-vação de energia, com o emprego dos conceitos da ArquiteturaBioclimática. O objeto de estudo é o prédio do Centro Adminis-trativo São Sebastião do Rio de Janeiro. CASS. Bloco 1, sededa Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. No estudo de caso,é apresentada a descrição do prédio, com uma análise das suasatuais características de consumo de energia elétrica, baseadanos sistemas existentes, e a sugestão de algumas propostasiniciais, que sejam técnica e economicamente viáveis, podendogerar um futuro programa de eficiência do desempenhoenergético do edifício, que acarrete uma redução nos seus cus-tos com energia elétrica.

Dissertação de Mestrado

PROJETO DE INTERVENÇÃO DO PALÁCIO ARARIBÓIA –PONDERAÇÕES SOBRE CONDIÇÕES DE CONFORTOAMBIENTAL.

Dissertação de Mestrado da Arquiteta Mariângela MendonçaAccetta Vieira, pelo Proarq da Universidade Federal do Rio deJaneiro, 2002. O trabalho tem como objetivo a análise de umaintervenção no Projeto de restauração de um prédio históricoda cidade de Niterói. Discutiu-se a implantação de um prismacentral com fechamento transparente e analisado o desempe-nho quanto ao conforto ambiental. Propostas alternativas sãoapresentadas para um melhor aproveitamento do espaço quantoao desempenho térmico e lumínico.

Modelo para Elaboração de Códigos deObras e Edificações

O Modelo serve de guia para a elaboração do Código de Obrase Edificações, que é um instrumento legal básico que permite àAdministração Municipal exercer adequadamente o controle ea fiscalização do espaço construído, garantindo a sua seguran-ça e salubridade, constituindo-se assim em importante veículopara a garantia da qualidade ambiental das cidades. Tambémsão contempladas outras questões (conforto ambiental, efici-ência energética, acessibilidade do portador de deficiência, gê-nero, legislação urbanística e áreas de interesse social) quevêm recebendo cada vez mais atenção da sociedade e que porisso ganharam destaque neste modelo.

Eficiência Energética nos Sistemas deSaneamento

O Manual contém informações técnicas sobre os sistemas desaneamento básico e sua interface com o sistema elétrico.Enfoca a eficiência energética como um dos princípios funda-mentais para o bom desempenho do sistema, apresentando re-comendações para o desenvolvimento de projetos dos siste-mas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, sis-tema de drenagem pluvial e de limpeza urbana.

Manual de Prédios Eficientes em EnergiaElétrica

Apresenta os principais pontos a serem considerados na reali-zação de diagnósticos energéticos em edificações, nos aspec-

tos voltados à arquitetura bioclimática e conforto ambiental,aos principais usos finais de energia e à distribuição de ener-gia nos prédios. Além de tecer comentários sobre as caracte-rísticas gerais de funcionamento, a teoria de cada tecnologia,os principais focos de desperdício de energia, bem como asmedidas administrativas que visam à eliminação destes focose dicas para apresentação de roteiros de auto-avaliação epriorização de projetos.

Manual para a Elaboração de PlanosMunicipais de Gestão da Energia Elétrica

O Manual apresenta um roteiro detalhado para implementação,passo a passo, do Plano Municipal de Gestão de Energia Elé-trica (Plamge) a ser desenvolvido pela Prefeitura. Caracteriza-se como instrumento de formação dos membros da equipe daUnidade de Gestão Energética Municipal (Ugem), apresentan-do os seguintes temas: a caracterização do Município e daPrefeitura; as tendências do consumo de energia elétrica; opotencial de aumento de eficiência no consumo de energia elé-trica; o programa municipal de combate ao desperdício e acapacitação da Prefeitura para a implementação do Plamge.

Planejamento Urbano e o Uso Eficiente deEnergia Elétrica

Aborda o uso eficiente da energia elétrica nos principais instru-mentos urbanísticos, Plano Diretor, Leis de Perímetro Urbano,Uso e Ocupação do Solo e Parcelamento, buscando sensibili-zar e instrumentalizar os Municípios para situações urbanasnas quais se pode evitar o desperdício de energia elétrica.Contempla um conjunto de indicações metodológicas para aelaboração desses instrumentos fundamentais para a imple-mentação de uma gestão urbana sensível ao meio ambiente.

Manual para Iluminação Pública Eficiente

O Manual traz uma abordagem detalhada dos critérios,metodologia e tecnologias a serem empregados na elabora-ção de projetos de iluminação pública com o enfoque do com-bate ao desperdício de energia elétrica. A gestão dos serviços– manutenção, controle de qualidade – também é consideradacomo parte integrante de um sistema de iluminação públicaeficiente.

Guia Técnico - Gestão EnergéticaMunicipal

O Guia Técnico é um instrumento de apoio aos Prefeitos(as),administradores(as) e técnicos(as) municipais no processo doestabelecimento de uma política de uso eficiente, planejamen-to e gestão da energia elétrica. Aborda temas como: a defini-ção e as ações para a gestão energética municipal; a capacita-ção dos técnicos municipais e o processo metodológico do Pro-grama Procel nas escolas para professores e alunos dos ní-veis fundamental e médio; apresentação das novas tecnologiase fontes alternativas de energia e a revisão de contratos defornecimentos com a concessionária de energia elétrica.

27Edificações Administrativas

ELETROBRÁS

Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

Av. Presidente Vargas, 409 – 13°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20071-003Caixa Postal 1639Tel.: (21) [email protected]

ELETROBRÁS PROCEL

Programa Nacional de Conservação deEnergia Elétrica

Av. Rio Branco, 53 – 14°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20090-004Ligação gratuita: 0800.560.506www.eletrobras.com/[email protected]

ELETROBRÁS PROCEL EDIFICA

Eficiência Energética em Edificações

Av. Rio Branco, 53 – 15°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20090-004Fax: (21)2514.5767Ligação gratuita: 0800.560.506

IAB RJ

Instituto de Arquitetos do Brasil -Departamento Rio de Janeiro

Rua do Pinheiro, 10Flamengo - Rio de JaneiroCEP 22220-050Tel.: (21) 2557.4192 / (21) [email protected]

LISTA DE CADERNOS

1. Shopping Centers2. Edificações de Saúde3. Hospedagem4. Edificações Esportivas e de Lazer5. Edificações Unifamiliares6. Edificações Multifamiliares7. Ecovilas8. Edificações Educacionais9. Universidades10. Edificações Comerciais11. Edificações Culturais12. Edificações Industriais13. Edificações Administrativas

EXPEDIENTE

Cadernos de Boas Práticas emArquitetura - Eficiência Energética nasEdificações

Conselho EditorialAna SeroaCarlos MurdochDayse GóisJorge HueMarco MilazzoVera HazanResponsável TécnicaRuth JurbergRJ Planejamento Integrado LtdaEditoraMariane AzevedoDiagramadoraLeila FernandesRevisoraClaudia JurbergCapaQualiurb Design

CRÉDITOS

1a - Le Corbusier. “Por Uma Arquitetura”. São Paulo: Perspec-tiva, 20001b - Robert Byron.2a, 2b, 6, 7 e 8 - Laboratório de Análise Urbana e Representa-ção Digital.3a a 5 - LISSOVSKY, Mauricio; MORAES DE SÁ, Paulo Ser-gio. “Colunas da Educação. A construção do Ministério da Edu-cação e Saúde”. Rio de Janeiro: MINC/IPHAN, Fundação Ge-túlio Vargas/CPDOC, 1996.9 , 10, 13, 14, 17 e 18 - Architecture Today, número 165, feve-reiro/2006, p. 50, 52, 55, 51, 58 e 5311, 12, 15, 16 - The Architect’s Journal, 12/10/2006, p. 90,95, 8919 – Cedida pelo arquiteto Gilberto Guedes20 - Cedida pelo arquiteto21 – Foto: Caio Murilo, cedida pelo arquiteto22 a 24 - Foto: Ricardo Junqueira, cedida pelo arquiteto25 a 28 - Cedidas pelo arquiteto Marcelo Suzuki29 a 34 - Cedidas pelo engenheiro Paulo Roberto da Eletrosul35 - www.panoramafactory.net/gallery/mosaics/Reichstag_Cuppola_final36 - culturageneral.net/arquitectura/htm/reichstag.htm37 - www.fosterandpartners.com/Projects/1027/Default.aspx38 a 40 - Architectural Record. February 2003. “City Hall,London, England.” Jane Merkel. p. 110-115, 120 - 123.41 - www.melbourne.vic.gov.au/info.cfm?top=171&pg=193342 - commons.wikimedia.org/wiki/File:Senned_National_Assembly_for_Wales.jpg