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Ficha catalográfica c129 IAB RJ Caderno de boas práticas em arquitetura : eficiência energética nas edificações : Edificações Multifamiliares. - Rio de Janeiro : ELETROBRÁS : IAB, Departamento do Rio de Janeiro, 2008. 28.p.: il. (algumas col.) ; 21,0 x 29,7 cm. – (caderno de boas práticas em arquitetura : v.6) Inclui Bibliografia Publicado em co-edição com a RJ Planejamento Integrado Ltda. ISBN 978-85-87083-13-5 1. Arquitetura e conservação de energia. 2. Energia elétrica e Conforto Ambiental. I. ELETROBRÁS. II. Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro. III. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Brasil) IV. Série CDD 720.472 ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Presidente José Antônio Muniz Lopes Diretor de Tecnologia Ubirajara Rocha Meira ELETROBRÁS PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica Departamento de Projetos de Eficiência Energética Fernando Pinto Dias Perrone Divisão de Eficiência Energética em Edificações Solange Nogueira Puente Santos Equipe Técnica Anselmo Machado Borba Frederico Guilherme Souto Maior de Castro José Luiz Grunewald Miglievich Leduc Patricia Zofoli Dorna Rodrigo da Costa Casella IAB RJ Instituto de Arquitetos do Brasil Departamento Rio de Janeiro Presidente Dayse Góis Vice-Presidente e Diretor Financeiro Armando Mendes Diretora Administrativa Adriana Larangeira Diretor de Comissões Marco Leão Gelman Diretor Cultural e Social Oswaldo Nazareth

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética2

Ficha catalográfica

c129 IAB RJ

Caderno de boas práticas em arquitetura : eficiência energética nas edificações :Edificações Multifamiliares. - Rio de Janeiro : ELETROBRÁS : IAB, Departamento do Rio de Janeiro, 2008.

28.p.: il. (algumas col.) ; 21,0 x 29,7 cm. – (caderno de boas práticas em arquitetura : v.6)

Inclui BibliografiaPublicado em co-edição com a RJ Planejamento Integrado Ltda.

ISBN 978-85-87083-13-5

1. Arquitetura e conservação de energia. 2. Energia elétrica e Conforto Ambiental. I.ELETROBRÁS. II. Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro. III.Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Brasil) IV. Série

CDD 720.472

ELETROBRÁS

Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

PresidenteJosé Antônio Muniz LopesDiretor de TecnologiaUbirajara Rocha Meira

ELETROBRÁS PROCEL

Programa Nacional de Conservação deEnergia Elétrica

Departamento de Projetos de Eficiência EnergéticaFernando Pinto Dias PerroneDivisão de Eficiência Energética em EdificaçõesSolange Nogueira Puente SantosEquipe TécnicaAnselmo Machado BorbaFrederico Guilherme Souto Maior de CastroJosé Luiz Grunewald Miglievich LeducPatricia Zofoli DornaRodrigo da Costa Casella

IAB RJ

Instituto de Arquitetos do BrasilDepartamento Rio de Janeiro

PresidenteDayse GóisVice-Presidente e Diretor FinanceiroArmando MendesDiretora AdministrativaAdriana Larangeira

Diretor de ComissõesMarco Leão GelmanDiretor Cultural e SocialOswaldo Nazareth

Milazzo
Typewritten Text
www.milazzo.com.br
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3Edificações Multifamiliares

APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que a Eletrobrás, por meio do Procel Edifica, se une ao Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) para apublicação deste “Caderno de Boas Práticas em Arquitetura”. A busca de soluções arquitetônicas sustentáveis é objeto do cuidadoda empresa há mais de 20 anos. As edificações são, atualmente, responsáveis por quase metade da energia elétrica gasta emnosso país, sobretudo em decorrência da utilização de sistemas artificiais de iluminação e climatização. Não se pode, portanto,desconsiderar esse importante segmento ao se investir na racionalização de energia – caminho mais seguro para o futuro energéticodo país.

O desenvolvimento tecnológico, ao longo da história, tem permitido ao homem vencer inúmeras limitações impostas pela natureza.Na arquitetura, a modernização se reflete em soluções nas quais os recursos técnicos substituem cada vez mais os elementosnaturais. Crescem o conforto e a independência das edificações em relação ao ambiente externo, mas também a demanda porenergia elétrica.

No Brasil, o incremento das estruturas para geração, transmissão e distribuição de energia se acentuou entre as décadas de 1950e 1960, como reflexo da demanda gerada pelo desenvolvimento industrial e o crescimento urbano. Nessa época, também marcadapela criação da Eletrobrás, o modelo de planejamento ainda trabalhava com a idéia de uma oferta sempre superior à demanda,assegurando confiabilidade no suprimento. Não havia preocupação com os desperdícios, nem tampouco conhecimento sobre omodo como a sociedade utilizava essa energia.

A história mostrou, no entanto, que a construção de grandes empreendimentos geradores de energia exige altos investimentos,além de produzir impactos significativos no meio ambiente. No caso do modelo brasileiro, apoiado essencialmente em hidrelétricas,as conseqüências incluem alagamento de áreas produtivas e necessidade de deslocamento de comunidades inteiras. O desenvol-vimento da consciência sobre os limites dos recursos naturais e financeiros transformou a racionalização em palavra-chave.

Para investir nessa idéia, foi criado, em 1985, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), com propostas deações para incentivar o uso eficiente da energia. A enorme representatividade do segmento de edificações no perfil do consumobrasileiro, por sua vez, motivou a criação do Procel Edifica – Eficiência Energética nas Edificações, que vem ampliando e direcionandoas ações da Eletrobrás em prol da racionalização do uso da energia e do aproveitamento dos recursos naturais nas edificações.

Por meio do Procel Edifica, a Eletrobrás investe nos requisitos básicos para uma arquitetura mais integrada ao meio ambiente e aosrecursos naturais, desenvolvendo indicadores de eficiência energética, certificação de materiais e equipamentos, procedimentospara regulamentação e projetos educacionais.

Disseminar boas práticas para soluções arquitetônicas sustentáveis é uma ação que vai ao encontro dos grandes ideais da empre-sa. A Eletrobrás acredita no aprendizado e na consciência como caminhos para o crescimento sustentável do país. E acredita,sobretudo, na capacidade humana de promover soluções que aliem o desenvolvimento tecnológico ao aproveitamento dos recur-sos ambientais na construção de um futuro limpo.

Diretoria da Eletrobrás

SUMÁRIO0303030303 Apresentação Diretoria da Eletrobrás0404040404 Editorial Presidente do IAB0505050505 Reportagem Jornalista Matilde Silveira

Eficiência energética nas edificações multifamiliares engatinha no país0909090909 Documento Arquiteta Helga Santos da Silva

Do conforto ambiental ao desenvolvimento humano: os conceitos presentes no projeto do Conjunto Pedregulho1212121212 Artigo Arquiteto Carlos Murdoch e Arquiteta Adriana Figueiredo

BedZED1616161616 Boas Práticas Arquiteta Vera Hazan

Do conforto ambiental à eficiência energética nas habitações multifamiliares brasileiras contemporânea2222222222 Legislação Arquiteto Mauro Almada

Conforto ambiental e legislação edílica2424242424 Pesquisa Arquiteto Marcelo Meiriño

Projeto Arquitetônico deve incorporar elementos de eficiência energética2626262626 Dicas2727272727 Créditos

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética4

EDITORIALPrezado(a) Leitor(a),

Você, arquiteto(a), estudante ou estudioso(a) do tema, que tem acompanhado a série Cadernos de Boas Práticas em Arquitetura -Eficiência Energética nas Edificações, fruto da parceria entre o IAB RJ e a Eletrobrás, vai perceber que este volume apresenta umpartido editorial mais dinâmico, organizado a partir de colunas independentes, nos moldes de uma revista técnica. A mudança sedeu em função do amadurecimento da proposta editorial que, reconhecendo a grande heterogeneidade da produção acadêmica etecnológica, optou por abandonar uma seqüência linear, assumindo uma abordagem mais plural e diversificada, com o objetivo desensibilizar profissionais e estudantes para a questão do consumo de energia nas edificações, através de um leque maior deperspectivas.

O mesmo amadurecimento nos permitiu identificar algumas lacunas na formação e na prática profissional de arquitetos e urbanis-tas, que precisam ser revistas, a fim de enfrentarmos os desafios da sustentabilidade do ambiente construído. A elaboração dosdiversos cadernos desta série nos levou à percepção da existência de um hiato entre a produção de conhecimento científico eacadêmico e sua aplicação, tanto na concepção dos projetos arquitetônicos, como no próprio processo construtivo das edificações.A cultura de avaliação pós ocupação acerca do desempenho de consumo de energia das edificações, por exemplo, ainda não estásedimentada como um procedimento padrão usual.

Isso significa dizer que apesar da preocupação com a racionalização do consumo de energia já estar presente nas agendasgovernamental e acadêmica há mais de 15 anos, ela ainda é incorporada de maneira assimétrica pelos profissionais de arquitetura,e apenas esporadicamente considerada, por empreendedores e/ou clientes, ou seja, aqueles que demandam e definem as diretri-zes de custo e de economicidade das edificações. Ao mesmo tempo, percebe-se que alguns setores da economia, mais diretamen-te afetados pelos gastos com energia, já estão convertendo esta preocupação em maior rigor com as exigências para a fase projetode suas edificações, demonstrando o papel fundamental que usuário final desempenha no processo de alteração deste paradigma.

Consultando importantes agentes do setor da construção civil residencial, em âmbito nacional, chegamos à conclusão que enquan-to o consumidor final - o adquirente da unidade residencial - não privilegiar este aspecto na compra do seu imóvel, o mercado nãoresponderá a este quesito como prioridade.

Este fato aponta para a necessidade de ações mais incisivas de conscientização da população e de regulamentação do setor, comoestratégias combinadas para a efetiva superação deste descompasso, em prol de uma arquitetura eco-eficiente do século XXI.

Em relação especificamente às características do projeto residencial multifamiliar contemporâneo, não podemos deixar de refletirsobre algumas modificações que se processaram no interior do espaço da moradia, ao longo das últimas décadas, resultando naincorporação de novas funções.

A consagração da tipologia multifamiliar nas metrópoles brasileiras, como alternativa de viabilização dos altos custos da terra nadisputa pela acessibilidade à infra-estrutura urbana, equipamentos públicos e amenidades, traz consigo alguns custos de energiainerentes à verticalização, como a necessidade de elevadores e de sistema de bombeamento de água e, outros inerentes àampliação do programa de necessidades das áreas de uso comum, geralmente associados à oferta de equipamentos condominiaisde esporte e laser.

Sem discutir a contribuição que estas atividades trazem para a qualidade de vida dos seus moradores, cabe registrar apenas, queo seu custo manutenção - que inclui os gastos com energia -, muitas vezes se constitui no tormento do orçamento familiar da classemédia.

Mas não foram apenas os espaços externos à residência os que sofreram alterações. Com as modificações na estrutura produtivado trabalho, a disseminação da internet e os adventos da globalização das comunicações, a família também adquire hábitos queresultam no aumento da conta de luz do fim do mês. Se por um lado a incorporação da mulher ao mercado de trabalho, comofenômeno social, resulta quase que na “casa vazia” durante a maior parte dos dias úteis da semana, por outro, o uso da residênciacomo alternativa de local de trabalho, a disseminação de computadores e aparelhos de televisão per capita familiar, associados àrealização de atividades em horários noturnos passam a se conformar num novo modus vivendis da família brasileira que interfereno “programa de gestão de energia domiciliar”.

Somando-se a isso, a edificação está sujeita a condicionantes ambientais e climáticos inerentes a cada região e cada sítio, bemcomo aos condicionantes da legislação urbanística e edilícia, que pode ter papel decisivo no consumo final de energia da edificação.

Estas breves considerações nos auxiliam a deixar claro que não existem receitas de bolo. Cada caso é um caso, cada projeto umprojeto, cada sítio um sítio. Não existem fórmulas, mas sim diretrizes, parâmetros e instrumentais colocados a serviço de um novodesafio.

A diversidade climática existente no território brasileiro aliada à cultural sugere que este esforço deve caminhar na busca derespostas cada vez mais contextualizadas e de uma arquitetura contemporânea com identidade regional.

Dayse Góis

Presidente IAB RJ

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5Edificações Multifamiliares

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NAS EDIFICAÇÕESMULTIFAMILIARES ENGATINHA NO PAÍS

Matilde SilveiraJornalista

A preocupação com os aspectos de efi-ciência energética nos projetos de arqui-tetura de edificações multifamiliares estáapenas engatinhando no país, pois ain-da não há, por parte da população, cons-ciência dos benefícios que um empreen-dimento sustentável pode representar emganhos não só ambientais como econô-micos. No Brasil, a situação pode come-çar a mudar, quando entrar em vigor aRegulamentação da Lei de EficiênciaEnergética, no que tange ao desempe-nho das edificações residenciais, elabo-rada no âmbito do Procel Edifica, Pro-grama Nacional em Eficiência Energéticanas Edificações, instituído em 2003 pelaEletrobrás / Procel.

José Romariz Filho, Diretor de Desenvol-vimento de Novos Negócios da TRANEdo Brasil, tem percebido uma preocupa-ção maior de arquitetos e engenheirosem criar projetos mais focados em efici-ência energética, mas diz que “ainda háum longo caminho a percorrer, objeti-vando o projeto integrado, onde os pro-fissionais de sistemas trabalhem juntocom os arquitetos”. Dessa forma, acres-centa, a eficiência do empreendimentoserá maximizada já em sua concepção,“auxiliada por sistemas de certificação,como o LEED”. O Leadership in Energyand Environmental Design é um selo cri-ado pelo Green Building Council, organi-zação americana fundada em 1993 e res-

ponsável pela certificação de edificaçõesambientalmente sustentáveis. “Esses sis-temas, que existem em diversos países,são excelentes ferramentas ao definir umroteiro para construir um empreendimen-to tão eficiente quanto o definido pelosproprietários e permitido pela tecnologiaatual”, explica Romariz, palestrante no IVClima Rio – Fórum de Climatização, Re-frigeração e Energia Alternativa, realiza-do entre 11 e 13 de junho de 2008 no Riode Janeiro.

O manual de arquitetura preparado pelaTRANE, que é especializada em forneci-mento de sistemas de climatização paraambientes residenciais, comerciais e in-

Reportagem

1 - Metrópole iluminada

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética6

dustriais, indica uma série de providên-cias simples que podem reduzir conside-ravelmente as cargas térmicas da estru-tura das construções. Em uma simula-ção de um projeto de um edifício de 20andares, pé direito de 2,5 m, altura doplenum de 50 cm, 66% da fachada emvidro e garagem não condicionada foramsugeridas modificações arquitetônicas,tais como: pintura da fachada em coresclaras; isolamento com a utilização de 25mm de Styrofoam em paredes externas,telhado e piso do pavimento térreo; rota-ção do prédio ou, pelo menos, uso daventilação natural; redução da área envi-draçada; uso de persianas e cortinas emcores claras; uso de vidros reflexivos ede brise soleil.

Antes das intervenções simuladas, o in-vólucro representava 47,45% da cargatérmica total do edifício, as luzes partici-pavam com 20,5%, o ar externo com14,5%, as pessoas com 12,8% e outrositens menos significativos com 4,8%. To-das as alterações somadas trouxeram àsimulação uma redução da carga térmi-ca de 939,2 TRs para 548,2 TRs, fican-do as luzes com 35,1% de participaçãona carga térmica total da construção, oar externo com 27,9%, as pessoas com22,0%, o invólucro com apenas 11,8% eoutros itens com 3,3% do total, o que de-monstra a importância de um bom proje-to arquitetônico para a redução do con-sumo de energia.

Etiquetagem

O Professor Titular da Universidade deSanta Catarina e Coordenador do Labo-ratório de Eficiência Energética nasEdificações, Roberto Lamberts, contaque o grupo de trabalho do Procel Edificadiscute atualmente a regulamentaçãopara etiquetagem de edificações residen-ciais, que engloba envoltória, sistemasde ar condicionado, aquecimento deágua, iluminação e equipamentos, e quetem como base a que vigora desde o anopassado para edificações comerciais.“Até o fim do ano a regulamentação deveestar pronta. Inicialmente, a adesão serávoluntária, mas após 5 anos pode se tor-nar obrigatória”, antecipa.

Lamberts acrescenta que o ConselhoBrasileiro de Construção Sustentável

também está desenvolvendo metodolo-gias de gestão, implantação e avaliaçãode empreendimentos de construção sus-tentável, com a participação da acade-mia, de entidades da sociedade civil, domercado e de órgãos públicos, buscan-do tornar a construção civil mais susten-tável, com menos consumo de energia,de água e menor impacto ambiental. Oprofessor lembra que a indústria da cons-trução é um dos setores mais importan-tes da economia mundial, com 10% so-bre o total de investimentos, mas respon-sável por 50% das emissões de CO2, comos edifícios representando 40% do con-sumo de energia mundial, 16% da águapotável e 25% da madeira das florestas.

Se, por um lado, a indústria da constru-ção civil é responsável pela geração demilhões de empregos e bem-estar paraa população, por outro, ainda são des-considerados os impactos negativos des-te setor da economia. A falta de cons-cientização a respeito do impacto dessaindústria é tão grande que não há deman-da por parte dos compradores por imó-veis em prédios residenciais sustentá-veis, segundo a Brasil Brokers, que con-grega vinte e três imobiliárias nas cincoregiões do país, totalizando 6.200 corre-tores em 680 pontos de vendas. A avali-ação é de que é desprezível o númerode empreendimentos que possam ser de-nominados assim. O que o potencial com-prador de um apartamento ignora é que

ao longo de 50 anos os gastos com aoperação de um edifício podem represen-tar até quatro vezes o investimento em-pregado na construção, segundo dadosdo Green Building Council.

Para o Engenheiro Mecânico e Profes-sor do Instituto Militar de Engenharia(IME), Edison Tito Guimarães, a constru-ção de edifícios residenciais com efici-ência energética no Brasil está apenascomeçando. “Já os projetos comerciaisnão, pois vários empreendedores bus-cam a certificação porque sabem queuma boa classificação melhora o nível delocação e venda do imóvel”, explica Gui-marães, que desde 1985 pesquisa otema, quando se tornou representante,por cinco anos, da Abrava (AssociaçãoBrasileira de Refrigeração, Ar-condicio-nado, Ventilação e Aquecimento) noProcel.

Eficiência

A eficiência energética nas edificaçõesmultifamiliares pode ser obtida com alte-rações arquitetônicas, mas também commedidas como a substituição de eletro-domésticos considerados vilões em con-sumo energético, analisa o professor doIME. “O chuveiro elétrico, por exemplo,deveria ter sua fabricação proibida, poisutiliza energia de forma irresponsável. Háformas mais eficientes de gerar águaquente, como a bomba de calor, objeto

2 - Vista da cidade de Porto Alegre

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7Edificações Multifamiliares

4 - Vista da cidade de São Paulo

de estudo da Universidade de São Pau-lo (USP) durante mais de dez anos, quefaria o país economizar bilhões de reais,pois consome um quinto da energia dochuveiro elétrico e já é usada por muitasacademias de ginástica para o aqueci-mento de piscinas”, revela. A bomba decalor ou bomba térmica é um sistemaque, por meio de um ciclo termodinâmico,troca calor de uma fonte à baixa tempe-ratura e torna essa energia disponível auma temperatura mais alta.

Em sua apresentação no IV Clima Rio,Guimarães comentou que na Comunida-de Européia o Green Book (livro verde),documento que trata da questão da sus-tentabilidade no continente, aborda, entreoutros assuntos, a certificação energéticade edificações. “Uma etiqueta, semelhan-te àquelas empregadas em equipamen-tos eletrodomésticos, é colocada em umponto visível da entrada de edifícios pú-blicos e comerciais. O prédio recebe umaclassificação de acordo com a sua efici-ência energética, e qualquer pessoa podever facilmente o custo condominial as-sociado à energia”, esclarece.

Já nos Estados Unidos, o Department ofEnergy possui dois programas de verifi-cação do desempenho energético, oCOMCheck, para prédios comerciais, eRESCheck, destinado aos residenciais.“Os programas, com download gratuito

na internet, são destinados a automatizaro processo de aprovação de edificaçõesem função da legislação energética vi-gente, permitindo a arquitetos e enge-nheiros a rápida avaliação do prédio, tan-to para o sistema de ar-condicionadoquanto para a iluminação, envelope cons-trutivo etc. Os certificados são automati-camente emitidos pelos programas”,acrescenta Guimarães.

O Professor Lamberts considera as clas-sificações muito positivas, mas frisa que

no Brasil elas atingem apenas uma pe-quena parte do universo da construçãocivil. “São necessárias políticas públicasmais amplas para lidar com o setor, queprecisa evoluir mais rapidamente. É fun-damental colocar à disposição de todos,de forma aberta, uma metodologia queabranja todas as etapas de um projetosustentável. Há muitas opções: a ameri-cana, a inglesa (com 60 mil prédios cer-tificados), a francesa etc., mas todas têmum custo alto de implantação. Quandose disponibilizar no país uma metodologiaaberta, será mais facil a assimilação daregulamentação por todos”, revela.

A metodologia LEED aportou no Brasilem julho de 2007 e desde então certifi-cou 60 projetos, espalhados por São Pau-lo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, RioGrande do Sul, Paraná, Santa Catarinae Distrito Federal, dos quais 30% resi-denciais. O Diretor Executivo do GreenBuilding Council Brasil, Engenheiro Nel-son Kawakami, conta que apesar de omovimento ter começado em 1993, foisomente a partir de 2000 que ganhoumais força, com o boom imobiliário ame-ricano e, mais recentemente, com a apro-vação do Protocolo de Kyoto. “Embora ogoverno americano não tenha assinadoo documento, alguns estados aderiramàs boas práticas e sentiram a necessi-dade da certificação”, explica.

Kawakami atribui o predomínio das edifi-cações comerciais entre os projetos sus-

3 - Vista da cidade do Recife

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética8

tentáveis ao fato de os empreendedoresterem uma visão clara de todos os bene-fícios que uma construção deste tipo traz.“O incorporador de projetos comerciaissabe que seu imóvel será mais valoriza-do se o gasto com condomínio for me-nor, em função da economia propiciadapela eficiência energética. No caso doconstrutor de imóveis residenciais multi-familiares, o empresário acredita que o

consumidor não vai querer pagar maiscaro por um projeto sustentável”, dizKawakami, que vê na conscientização ena educação da sociedade a soluçãopara o problema.

Solução radical

O Vice-Presidente do Sinduscon – SP,FranciscoAntunes de Vasconcellos Neto,assinala que pelo fato de o Brasil disporde uma matriz energética variada é con-trário a qualquer solução radical, que pas-se à margem de uma discussão maisampla com a sociedade. “Para Rio Gran-de do Norte, Ceará e Piauí, por exem-plo, a solução talvez esteja na energiaeólica. Por isso somos contra a decisãoda Prefeitura de São Paulo de obrigar autilização da energia solar nos novos em-

preendimentos. A inteligência está nobom senso e cada lugar tem uma solu-ção mais adequada que outra”, critica,mencionando a Lei 14.459 de 3 de julhode 2007, aprovada no mesmo mês, queobriga parte das edificações comerciais,residenciais, industriais e públicas a con-terem “instalações de sistemas de aque-cimento de água, por meio de aproveita-mento de energia solar”.

O Sinduscon – SP é o representante daCBIC (Câmara Brasileira da Indústria daConstrução) no grupo de trabalho queestá elaborando a regulamentação paraas edificações multifamiliares. “Há gran-des diferenças nos consumos e reco-mendações para cada tipo de constru-ção. As fachadas residenciais são maispositivas, pois são pouco comuns os es-pelhos de vidros nesses projetos; o usodos elevadores e aparelhos de ar-condi-cionado também diferem muito nos doiscasos. Hoje, infelizmente, o assunto ain-da é pouco discutido, mas quando a ade-são se tornar obrigatória o tema entraráem pauta”, acredita. O que vai puxar essadiscussão, segundo Vasconcellos Neto,será a preocupação com o valor do con-domínio.

Ainda pouco representativos, os incorpo-radores de edificações familiares susten-táveis só surgiram muito recentemente,em iniciativas como o do Escritório de En-genharia Joel Teitelbaum, fundado em1961 e que construiu em Porto Alegre oprimeiro edifício sob as normas do GreenBuilding, o Príncipe de Greenfield, em2007, e a do empresário Luiz FernandoLucho do Valle, que idealizou a Ecoesfera

Empreend imen tosSustentáveis em 2004,após passar toda a suavida profissional traba-lhando na construçãocivil tradicional. Em2005, a empresa entre-gou seu primeiro pré-dio residencial, cons-truído em São Paulo.Membro da U.S. GreenBuilding, a Ecoesferaatualmente possui em-preendimentos em SãoPaulo, Rio de Janeiro,Campinas e RibeirãoPreto, sempre focadosno público de classemédia.

Primeira incorpora-dora a receber a pré-certificação para umedifício residencial daLEED, entre os itensecologicamente corre-tos adotados em seusprojetos estão tempori-zadores nas torneiras

dos banheiros, caixa acoplada no vasosanitário, uso de energia solar para oaquecimento da água, aproveitamento daágua da chuva, sistema de coleta do óleode cozinha, churrasqueiras que não utili-zam carvão. Além disso, a madeira, dereflorestamento, é usada apenas nosacabamentos e o projeto é modulado, oque representa economia no uso de ce-râmicas e tijolos. Os edifícios têm de oitoa 16 itens ambientais e cada apartamen-to custa entre R$150 mil e R$300 mil.Segundo a incorporadora, o acréscimoao preço final representa cerca de 2% amais que um similar que utiliza métodosconvencionais da construção civil, en-quanto seus concorrentes cobram até10% acima do preço.

5 - Vista da cidade do Rio de Janeiro

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9Edificações Multifamiliares

Conjunto Residencial Prefeito Mendesde Moraes, ou Pedregulho – como é co-nhecido pelos arquitetos, localiza-se nolimite dos bairros de São Cristóvão e Ben-fica. O projeto do Conjunto traz em seubojo uma série de preocupações, no queconcerne à adequação ambiental. Essaspreocupações remetem às questões for-muladas pelos teóricos da ArquiteturaModerna, que influenciaram a formaçãoe atuação dos idealizadores do projetodo conjunto: oArquiteto AffonsoEduardoReidy e a Engenheira Carmen Portinho.

Das teses defendidas nos CIAM pode-mos destacar as reunidas na Carta deAtenas, produto do IV Encontro. Nestedocumento, encontram-se as críticas àscidades de então e as recomendaçõesque deveriam ser seguidas para a for-mulação de novos projetos de gruposhabitacionais.Estas recomendações ba-seiam-se no fator do efeito do meio – ele-mentos geográficos e topográficos – nodesenvolvimento humano.Assim, fatorescomo a orientação, localização e a im-plantação de equipamentos que permi-

tissem educação, saúde, lazer e práticade esportes deveriam nortear os proje-tos de grupos habitacionais. Assim foiconcebido o projeto do Pedregulho, coma preocupação central de fornecer ascondições para o pleno desenvolvimen-to dos seus moradores (CIAM, 1957).

No centro do conjunto, encontram-se aescola primária e o centro esportivo, comginásio, piscina e vestiários. A importân-cia dos efeitos da escola no desenvolvi-mento social é sublinhada nesse projeto

DO CONFORTO AMBIENTAL AO DESENVOLVIMENTOHUMANO: OS CONCEITOS PRESENTES NO PROJETO DOCONJUNTO PEDREGULHO.

Helga Santos da SilvaArquiteta e Mestre em Ciências da Arquitetura e pesquisadora do LabHab/PROARQ/FAU/UFRJ

6 - Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, o Pedregulho

Documento

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética10

pela riqueza plástica da solução arquite-tônica, bem como pela beleza dos pai-néis presentes nesse complexo.

Ainda sob a determinação da promoçãodo desenvolvimento humano, foram im-plantados no conjunto outros equipamen-tos, tais como o posto de saúde, o cen-tro de abastecimento e uma lavanderiamecanizada que cumpriria dois papéis:a liberação da mulher para outras ativi-dades e a extinção da área de serviçono interior dos apartamentos (NOBRE,1999).

Na encosta, com o desenho sinuoso, foiimplantado o bloco habitacional maiorcom 272 unidades residenciais. Este blo-co conta ainda com um pavimento de usocomum, acesso principal ao bloco, loca-lizado no terceiro andar, que evita a ne-cessidade de elevador, sendo necessá-rio apenas subir três pavimentos ou des-cer dois para o acesso às residências.

Uma das grandes preocupações presen-tes na solução do Bloco A residia na suaorientação predominante para oeste

(REIDY, 1948). Painéis de brises soleilverticais, controlados por uma alavancaprotegem o interior da creche e jardimde infância, localizados no pavimento deuso comum. Para o interior dos aparta-mentos esquadrias de venezianas e vi-dro articulados através de guilhotinas, ga-rantiriam o controle da ventilação e inso-lação.

Os menores blocos habitacionais, com28 unidades cada, foram implantadoscom as aberturas orientadas para noro-este. Neste bloco, a solução encontradapara o controle da insolação no interiordos apartamentos, todos duplex, foi acriação de varanda para proteger a sala,e de esquadrias de veneziana e vidro nosquartos. Um painel de elementos pré-fa-bricados localizado na varanda protegeo painel de vidro que separa parte da salada varanda. Esta sala recebeu ainda umtrilho para que os moradores pudesseminstalar cortinas.

Nos demais edifícios, também foram em-pregados elementos de proteção contraa insolação excessiva. No posto de saú-de foram projetados brises verticais paraa proteção da varanda externa voltadapara noroeste. No mercado, brises hori-zontais fazem a proteção da fachada vol-tada para o nordeste. Na lavanderia, essa

Carta de AtenasO Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, o CIAM, ocorreu em Atenas no ano de 1933 quando foram estabelecidosprincípios de uma Carta de Urbanismo. As conclusões do Congresso só foram publicadas com uma formulação mais precisa em1941, na França.

A Carta é composta de 95 artigos agrupados em 7 capítulos: A cidade e a Região, Habitação, Recreio, Trabalho, PatrimônioHistórico das Cidades, Conclusões e Pontos de Doutrina.

O capítulo da Habitação contém 21 artigos, nos dois primeiros é apresentado um diagnóstico que ainda hoje é atualizado: “apopulação é demasiado densa tanto no interior do núcleo histórico das cidades (contam-se até 1.000 e mesmo 1.500 habitantespor hectare) como em certas zonas de expansão industrial do século XIX”; no artigo seguinte, continua, “nestes setores urbanossuperpopulosos, as condições de habitação são nefastas, por falta de suficiente espaço à casa, por falta de superfícies verdesdisponíveis, por falta, enfim de conservação dos edifícios (baseada na especulação). Esse estado de cousas é agravado pelapresença de uma população dotada de baixíssimo padrão de vida, incapaz de tomar, por si mesma, medidas defensivas (mor-talidade que alcança até 20%)”.

O Congresso de Atenas, em 1933, debate e sistematiza as premissas que a arquitetura moderna buscava alcançar para resolveros graves problemas urbanos que permeiam todo o século XX e se agravam no início do XXI, com aspectos ambientais,perfeitamente identificados na carta de Atenas, agora alcançando uma escala planetária que pode por em cheque a nossaexistência.

Ainda que para alguns arquitetos seja um documento superado, é útil a leitura da Carta, ela ajuda a compor os elos da históriada arquitetura e das dificuldades enfrentadas pelas cidades desde longa data, demonstrando uma incomoda e permanenteincapacidade de atender as expectativas de seus habitantes.

7 - Implantação do conjunto

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11Edificações Multifamiliares

8 e 9 - Fachadas nordeste e sudoeste da escola primária

11 - Abertura superior do ginásio 12 - Porta do ginásio

proteção é feita por uma varanda. Na es-cola, a fachada voltada para o nordesteé protegida por cobogós cerâmicos he-xagonais, enquanto a voltada para o no-roeste por cobogós retangulares dispos-tos com um ângulo de 45°. Já a fachadavoltada para o sudeste, apresenta gran-des painéis de vidro de fechamento, ex-pondo as salas de aula à claridade per-manente sem o inconveniente da expo-sição à radiação solar.

No tocante à ventilação natural, obser-va-se a preocupação do arquiteto com aventilação cruzada nos ambientes de to-dos os edifícios. No posto de saúde e nomercado, há a possibilidade de ventila-ção pela cobertura. Nas moradias, a pró-pria solução duplex proporciona a venti-lação direta de todos os ambientes, sen-do a ventilação da cozinha, e dos banhei-ros, no caso dos conjugados, feita porgalerias abertas para o exterior, atravésdos cobogós cerâmicos. O ginásio é ven-

Referências bibliográficasREIDY, Affonso Eduardo. ConjuntoResidencial Pedregulho. In: RevistaMunicipal de Engenharia. Prefeitura doDistrito Federal. Secretaria Geral deViação e Obras. Volume XV. Janeiro –março, 1948 – Número 1. p. 2-6.CONGRESOS INTERNACIONALESDE ARQUITECTURA MODERNA. LaCarta de Atenas. Buenos Aires:Editorial Contémpora, 1957.NOBRE, Ana Luiza. Carmen Portinho:o moderno em construção. Rio deJaneiro: Relume Dumará, 1999. 158p.

tilado plenamente, pois suas portas late-rais se abrem completamente permitin-do a plena integração com o exterior, coma devida proteção solar.

Diante do que foi exposto acima fica cla-ra a identificação dos elementos que ca-racterizam os pressupostos teóricos daArquitetura Moderna, rebatidos no pro-jeto do conjunto do Pedregulho: a preo-cupação com a adequação dos edifícios

ao meio. O clima foi um fator determinan-te no projeto, que se pautou por tirar par-tido de elementos de proteção pré-fabri-cados para efeitos de composição dasfachadas. Outra orientação presente en-tre os teóricos modernistas era a preo-cupação com o desenvolvimento huma-no. E essa está presente desde a con-cepção global do conjunto até seus mi-nuciosos detalhes.

10 - Bloco Habitacional

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética12

Artigo

BEDZED

Carlos MurdochArquiteto UFRJ, Professor da Universidade Estácio de Sá – Curso de Arquitetura

Adriana FigueiredoArquiteta UGF, MA. Sustainability Design – East London University DEGIB, Professora da UniversidadeEstácio de Sá – Curso de Arquitetura

O BedZED, ou Beddington Zero (Fossil)Energy Development, é um empreendi-mento de uso misto construído emSurrey, sul de Londres, em 2002. A inici-ativa partiu da Peabody Trust, maior as-sociação habitacional de Londres, quecontou com o apoio da BioRegionalDevelopment Group (organizaçãoambiental independente) e contratou oprojeto arquitetônico do escritório BillDunster Architects (www.zedfactory.com).

Considerando que os edifícios são res-ponsáveis por algo em torno de 50% dasemissões de carbono mundiais, oBedZED ficou famoso por ser o primeiro

empreendimento construído no ReinoUnido com a intenção de neutralizar asemissões de carbono na construção,manutenção e no uso dos edifícios.

O grande interesse que ronda o BedZEDé que, além de ter oferecido uma arqui-tetura fora dos padrões habituais, o “con-domínio” ainda vendia a idéia de mudan-ça de estilo de vida, uma importantequestão quando se fala em sustenta-bilidade.

Construção

A arquitetura sustentável deve não sóprever o impacto dos edifícios em seuuso, mas também na energia que ele

demandou em todas as etapas desde oinício de sua construção. A isso se dá onome de energia incorporada (embodiedenergy). O projeto arquitetônico doBedZED teve que ir fundo na avaliaçãode todo o ciclo de vida (lifecycle asses-sment) dos edifícios, uma vez que a es-colha de materiais e sistemas tambémdeveriam vir ao encontro da idéia de sus-tentabilidade. A forma de produção, otransporte e posterior uso de materiais eequipamentos deveriam tender a zero emsuas emissões de carbono.

Além dos materiais escolhidos serem debaixo impacto ambiental em sua produ-ção, eram usados em estado natural,

13 - BedZED, um novo conceito do moradia

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13Edificações Multifamiliares

chamado Bed “HED” (High EnergyDevelopment), constituído de casas tra-dicionais com alto consumo de energia.

Aquecimento e ventilação

Os sistemas de abastecimento de água,eletricidade e aquecimento do BedZEDforam cuidadosamente estudados demodo a tornarem-se independentes dogrid1, ou seja, serem autônomos ao má-ximo, produzindo toda a energia a serconsumida.

O primeiro passo foi projetar as unida-des de forma a consumirem menos ener-gia. Para diminuir o consumo com aque-cimento, foi projetado um sistema passi-

vo de captação de calor. Os sistemaspassivos são aqueles que aproveitam aomáximo as condições naturais para su-prir as necessidades do edifício.

Nesse caso, as fachadas voltadas parao sul (no hemisfério norte, a fachada demaior insolação ao longo do dia) foramguarnecidas com varandas fechadas emvidro, tornando-as verdadeiras estufasarmazenadoras de calor. O calor concen-trado nas varandas funciona como umcolchão de proteção para as paredes in-ternas, tornando mais amena a tempe-ratura dos interiores.

Para os dias de calor, há também um sis-tema passivo de ventilação: as janelasdas salas e cozinhas, quando abertas,

reaproveitados e reciclados, sempre quepossível, todos os insumos procederamde uma distância de até, aproximada-mente, 50 Km do local de construção, di-minuindo seu impacto ambiental. Toda amadeira utilizada no projeto proveio defontes sustentáveis, endossadas peloFSC (Forest Stewardship Council) ou deoutra organização ambiental reconheci-da internacionalmente (LAZARUS, 2003– p. 1).

Dessa forma, o gasto de energia na ma-nipulação das matérias-primas e notransporte foi radicalmente minimizado,bem como suas emissões de carbono,se comparado às construções tradicio-nais.

Costuma-se dizer que o BedZED estárodeado em sua vizinhança imediata pelo

14 - Um novo estilo de vida

15 - Esquema de fluxo dos ventos

16- Os “capuzes” coloridos instalados nas coberturas

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética14

permitem a ventilação cruzada da casa,evitando o uso de ventilação mecânica.

Os elementos coloridos instalados nascoberturas dos blocos dão identidade aoconjunto, mas estão longe de serem ape-nas elementos decorativos. São chama-dos de cowl (capuz) e têm a finalidadede proporcionar também um sistema deventilação passivo. O funcionamento é oseguinte: o “capuz” é direcionado pelovento, funcionando como um leme parao sistema e, então quando o vento mudade posição, o tubo maior é automatica-mente posicionado para a sua captação,levando ar fresco para o interior das uni-dades; enquanto o tubo menor, do ladooposto, leva o ar quente para cima, ex-pelindo-o para fora.

Água

Todos os terraços das unidades recebe-ram cobertura verde, com a finalidade decaptar e armazenar as águas da chuva,num reservatório posicionado no subso-lo. Esse mesmo reservatório também re-cebe água reutilizada proveniente dos va-sos sanitários, após passar por um tan-que séptico e uma unidade de tratamen-to. As águas reutilizadas alimentam asdescargas e as torneiras para rega dosjardins.

A redução do consumo de água foi pon-to preponderante para o projeto. Em to-das as unidades foram instaladas máqui-nas de lavar roupa com a melhor eficiên-cia hidro-energética do mercado. Cadaciclo utiliza apenas 39 litros de água, bemmais baixa que a média britânica de100l l/ciclo (LAZARUS, 2003 – p. 23). Astorneiras dos banheiros e cozinhas sãodo tipo spray, que evitam o desperdíciopor não deixarem a água respingar, comuso de 7 l/min, ao contrário das torneirastípicas, que gastam 20 l/min. Apesar deserem mais caras como investimento ini-cial, compensa a economia de água fei-ta em longo prazo. O modelo de chuvei-ro instalado ajudou a reduzir em torno de6 l/min o consumo de água por pessoa.

As antigas descargas de vasos sanitári-os utilizavam até 16 l de água por fluxo.As descargas mais recentes já têm sidoprojetadas para consumir apenas a me-tade disso, em torno de 7 ou 8 l. NoBedZED as descargas consomem, por

fluxo, apenas 4 l de água, o que significauma economia anual de 11 mil litros porpessoa

Energia

A principal meta do empreendimento eraa de que toda energia consumida deve-ria ser gerada localmente, por fontes de

energia renováveis, tornando o BedZEDuma ilha energética, apesar de conec-tado ao grid para importar ou exportarenergia quando necessário (SASSI,2006).

A solução encontrada foi a utilização deuma Central de Cogeração2, chamada de

CHP (Combined Heat and Power). Essetipo de central funciona a partir da quei-ma de biomassa, neste caso pedacinhosde madeira seca, cuja queima geragaseificação. Esse gás alimenta um ge-rador que produz eletricidade e o calorgerado, em vez de se dissipar na atmos-

fera, é conduzido para o sistema de aque-cimento do ciclo fechado (NICHOLLS,2007).

Além de uma unidade de CHP há aindaum sistema de aproximadamente 800m2

de células fotovoltaicas posicionadas nosedifícios (em coberturas, fachadas e vi-dros), que complementam a produção deeletricidade para o conjunto.

Transporte

A preocupação com a redução da pega-da ecológica de cada morador passoupela questão do deslocamento. A inclu-são de espaços de trabalho em meio àsunidades habitacionais já vislumbrava apossibilidade de tender a zero o deslo-camento de algumas pessoas que pode-riam trabalhar a uma distância de cami-nhada de casa.

Apesar da localização do empreendimen-to próximo a linhas de ônibus e trens ur-banos e a facilidade de utilização de bi-cicletas, foi proposta uma nova forma deuso de carros particulares.

Por conta de uma associação entre aBioRegional e uma empresa chamadaSmartMoves, o condomínio é atendido porumsistema chamado “ZEDcars”, que nada

mais é que um “clube do carro”, um siste-ma de utilização de carros comunitários aque os moradores têm direito, já aplicadoemoutras localidadespelo ReinoUnido.Aoinvés de cada morador ter seu próprio au-tomóvel, ele pode de pegar um veículo doclube e devolvê-lo após seu uso.

17 - Sistema de células fotovoltaicas

18 - Esquema de fontes de energia renovável

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15Edificações Multifamiliares

Esta prática, além de diminuir o uso decarros particulares tem a vantagem deutilização de automóveis movidos à ele-tricidade, alimentados pelo próprio siste-ma de geração de energia renovável doempreendimento, ou seja, o abasteci-mento desses carros é grátis para osmoradores.

Considerações finais: oBedZED hoje

A grande proposta do BedZED e que aju-dou a atrair os primeiros moradores foi ade oferecer uma mudança radical de es-tilo de vida, associando sustentabilidadearquitetônica com uma mudança de atitu-de. Em recente visita ao BedZED, pude-mos observar junto a representantes daBioRegional alguns aspectos do empre-endimento hoje, ainda utilizado pela em-presa como campo de experimentações.

O BedZED foi concebido para ter 82 uni-dades residenciais e 2.500m2 de unida-des de trabalho / moradia. Aos poucos,as unidades comerciais passaram a serutilizadas como habitacionais e hoje, pra-ticamente, não há escritórios em funcio-namento. Isto se explica uma vez que,inicialmente, o empreendimento era paraser localizado no centro de Londres: e alocalização escolhida, em Surrey, inviabi-liza o uso de tantos espaços comerciais.

Esta mudança de uso trouxe desequi-líbrio a todos os cálculos feitos durante oprojeto inicial, no que diz respeito à de-manda e utilização de energia. Comoexemplo, as unidades de trabalho esta-vam voltadas para o norte (sem insola-ção direta) com iluminação natural ape-

nas fornecida por clarabóias viradas parao sul. Estes espaços não foram guarne-cidos pelo sistema passivo de aqueci-mento, tornando-os mais frios durante anoite, quando supostamente não teriamuso. A transformação de uso aumentoua necessidade de aquecimento, mudan-do completamente a demanda de ener-gia para o conjunto.

Apesar da proposta de todas as unida-des do BedZED terem à sua disposiçãoum terraço-jardim para ser utilizado comohorta e produzir alimento para consumopróprio, o efeito não foi o esperado. Aunidade-horta foi projetada no bloco vi-zinho e conectada à unidade-casa poruma passarela. A distância causou aosmoradores uma sensação de que o jar-dim não lhes pertencia, prejudicando suautilização, como a produção de alimen-tos. No próximo empreendimento ZED daBioRegional, o projeto deverá manterconjugadas casa e horta para evitar máutilização.

Uma CHP, unidade de cogeração, devetrabalhar com algo em torno de 60% degeração de calor, 25% de geração deenergia e os outros 15% são considera-dos nas perdas do sistema. Quando osistema produz muito mais calor que ademanda, ele desliga automaticamentepara evitar superaquecimento. NoBedZED, o equipamento vinha trabalhan-do em desequilíbrio, em constante supe-raquecimento. Hoje está fora de uso, fa-zendo com que o empreendimento utili-ze a energia do grid, já que a geraçãodas fotovoltaicas não dá conta de abas-tecer todo o conjunto.

Notas1 Grid, em português, é rede de suprimento.2 Combined Heat & Power, em inglês britânico,é a Cogeneration (USA), ou cogeração, em por-tuguês.

Referências bibliográficasAZARUS, Nicole. Beddington Zero (Fossil)Energy Development. Bio-Regional. London,2003, p. 1 e 23.

SASSI, Paola. Strategies for SustainableArchitecture. Taylor & Francis, New York, 2006,p. 185.

NICHOLLS, Richard. The Green Building Bible.3rd edition, Volume 2, London, 2007, p. 177.

O sistema de reutilização de águas dachuva apresentou problemas de retornode águas usadas e, hoje, está fora deutilização; mas um novo sistema de tra-tamento vem sendo testado em área re-servada do condomínio para substituir deforma eficaz o sistema inicial, ainda semprevisão para entrar em uso. Enquantoisso, o abastecimento de água perma-nece completamente dependente da con-cessionária.

Uma das observações da BioRegional dizrespeito à má utilização dos elementosarquitetônicos pelos habitantes. Algunsmoradores reclamavam que a casa eramuito quente, mas não sabiam que, paraventilar, nunca poderiam abrir a porta davaranda, que traz o calor do sistema pas-sivo de aquecimento. Deveriam, sim, fe-char a porta da varanda e abrir as jane-las laterais e da cozinha, para permitir aventilação natural cruzada dentro decasa.

Este exemplo nos dá a dimensão decomo a arquitetura sustentável respon-de, de forma diferente, às necessidades;e o quanto é importante “ensinar” às pes-soas como a nova arquitetura precisa serutilizada de maneira diferente.

Apesar das críticas que sofreu o projeto,o BedZED atualmente é o maior campode experimentação, em termos desustentabilidade, no Reino Unido. Foipreciso colocar em funcionamento umsistema para perceber como as práticassustentáveis, na arquitetura e no modode vida, podem trazer resultados. E comoesses resultados – positivos ou negati-vos – podem influenciar a nova geraçãode edifícios e empreendimentos susten-táveis que estão por vir.

19 - Vista do BedZED

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética16

DO CONFORTO AMBIENTAL À EFICIÊNCIA ENERGÉTICANAS HABITAÇÕES MULTIFAMILIARES BRASILEIRASCONTEMPORÂNEAS

Vera HazanArquiteta e Mestre em Planejamento Urbano e Regional, IPPUR/UFRJ; Doutoranda em Urbanismo,PROURB/FAU/UFRJ

Boas Práticas

Ultimamente, muito se tem discutido emtorno de soluções arquitetônicas que pos-sibilitem uma maior eficiência energéticadas edificações, sobretudo dentro dasuniversidades, em grupos técnicos deestatais ou grupos de estudos em enti-dades e empresas ligadas à fabricaçãode componentes para a construção civil.

Enquanto, no exterior, já se podem ob-servar diversos projetos concebidos den-tro desta lógica, no Brasil, o movimentoainda é lento, seja pelas dificuldades deentrosamento entre pesquisadores e prá-ticos, seja pelas opções construtivas tra-dicionais do mercado imobiliário, princi-palmente em relação à habitaçãomultifamiliar.

Há, entretanto, alguns projetos que res-gatam boas práticas modernistas, já re-alizadas anteriormente por arquitetoscomo Lucio Costa, Rino Levi, Affonso

Eduardo Reidy, Jorge Moreira, OscarNiemeyer, entre outros, como os usos daventilação cruzada, brises, pérgulas, ja-nelas e portas venezianas, cobogós, va-randas, beirais e materiais cerâmicos,tão fartos em nosso país, dos módulos,da arquitetura flexível e passível de repro-dutibilidade.Além disso, alguns avançamem questões relativas à coleta seletiva ereciclagem do lixo, uso de energia solarintegrado ao sistema de aquecimento daágua para apartamentos e piscinas, usode sensores de presença e automação,reuso de águas pluviais, especificação decores claras para minimizar a absorçãoda radiação solar etc.

Se, por um lado, os arquitetos brasilei-ros começam a se afinar com o discursoglobal da sustentabilidade, da necessi-dade de economizar energia, racionali-zar custos, transportes de material, mão-de-obra etc., por outro, ainda há pouca

oferta de materiais e tecnologias quepossibilitem uma construção mais rápi-da, limpa e eficiente energeticamente –e, menos ainda, a disposição do merca-do imobiliário, principalmente ligado àhabitação multifamiliar, em investir ma-ciçamente nessa tendência.

Para ilustrar a discussão, escolhemos co-mo boas práticas de arquitetura de edifi-cações multifamiliares três projetos re-centes, cada qual situado em uma regiãodo Brasil: “Arquitetura Essencial” (1º Prê-mio no 2º concurso Internacional LivingSteel para Habitação Sustentável, de2007) de autoria de Vinicius Andrade eMarcelo Morettin, para o Recife – PE; oempreendimento Príncipe de Greenfieldem Porto Alegre – RS, de autoria de Eduar-do Haetinger, da ProArquitetura e a Vila dosIdosos, em Pari, São Paulo – SP, de autoriade Héctor Vigliecca, Luciene Quel, RubenOtero e Ronald Werner Fiedler.

Zona 8: Recife – PE Arquitetura EssencialAberturas grandes para ventilação e com sombreamento.Paredes externas e cobertura leves e refletoras. Coberturascom telha de barro sem forro poderão ser aceitas, desde queas telhas não sejam pintadas ou esmaltadas. Também serãoaceitas coberturas com transmitâncias térmicas acima dosvalores tabelados, desde que atendam às seguintes exigênci-as: contenham aberturas para ventilação em, no mínimo, doisbeirais opostos; e as aberturas para ventilação ocupem toda aextensão das fachadas respectivas.Nestes casos, em função da altura total para ventilação; e noverão deve adotar ventilação cruzada permanente.Zona 3: São Paulo – SP Vila dos Idosos

Porto Alegre – RS Príncipe de GreenfieldAberturas médias para ventilação e sombreamento de maneiraque permita o Sol durante o inverno.Paredes externas leves e refletoras e cobertura leve e isoladaNo verão, deve adotar ventilação cruzada como estratégias decondicionamento térmico passivo; e no inverno aquecimentosolar na edificação e vedação interna pesada – inércia térmica.

20 - Mapa das Zonas Bioclimáticas

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17Edificações Multifamiliares

Através de um discurso afinado com adiscussão do papel da arquitetura ante ocontexto do “Aquecimento Global”, osarquitetos do escritório Andrade Morettindesenvolveram um projeto cuja essên-cia consiste em responder, de forma di-reta e econômica, não apenas às ques-tões de sustentabilidade ambiental e so-cial, mas principalmente sobre a concep-ção de uma “Arquitetura Essencial” com-prometida com os seguintes parâmetros:uso do solo, construção e operação raci-onais, desempenhos bioclimático eambiental dos materiais e recursos, fle-xibilidade e reprodutibilidade da arquite-

Living Steel e a proposta de uma “Arquitetura Essencial”

tura, fatores socioculturais e custo deconstrução e manutenção da edificação.

O projeto agrega a uma estética contem-porânea, notadamente industrial, ele-mentos compositivos e espaciais encon-trados em importantes projetos moder-nistas. Da ventilação cruzada à circula-ção externa – ao mesmo tempo corredore varanda – à estrutura modular e jane-las venezianas móveis, são muitas as re-ferências da arquitetura moderna encon-tradas neste projeto que, paralelamente,propõe uma edificação flexível e passí-vel de reprodutibilidade em contextos e

dimensões diferentes, com extremo cui-dado em sua implantação, ajustada aoclima de Recife.

A proposta investe na boa ventilação na-tural e, sobretudo, na permeabilidade doconjunto, com a implantação de blocosisolados, dispostos de maneira a permi-tir o permanente fluxo de ar entre asedificações, projetadas como um siste-ma que se ajusta às necessidades da de-manda, da capacidade do solo e da pos-sibilidade de mecanização do edifício.Assim como a edificação, o planejamen-to das áreas externas mostra uma preo-

21 - Residencial Essential Architecture

22 e 23 - Visões dos espaços de convivência do conjunto

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética18

Ficha técnicaRESIDENCIAL ESSENTIALARCHITECTURELocal: Recife – PE, BrasilZona Bioclimática: 8Projeto: 2003Arquitetura: Andrade MorettinArquitetosArquitetos: Vinicius Andrade, MarceloMorettinColaboradores: Marcelo Maia Rosa,Marcio Tanaka, Marina Mermelstein,Merten Nefs, Renata Andrulis, ThiagoNatalEstrutura: Stec do BrasilConforto Ambiental: AmbientalConsultoriaTecnologias Ambientais: Ecocasa –Tecnologias AmbientaisOrçamento: Tríade – ServiçosTécnicosPremiação: 1° Prêmio no 2° ConcursoInternacional Living Steel, 2007.

cupação com os custos da manutençãopaisagística, através da especificação deespécimes nativas apropriadas ao climalocal.

Segundo os autores, a sombra e ventila-ção são entendidas como recursos es-tratégicos essenciais, dispensando solu-ções ativas ou mecanizadas como aclimatização. Por esta razão, os espaçossão “explodidos”, vazados, fluidos; ecomo no Recife, o clima, em geral, équente, os fechamentos de vidro foramdispensados mantendo-se, sempre, apossibilidade de uma ventilação cruzadagarantida por divisórias internas à meia-altura e venezianas móveis, que ao mes-mo tempo bloqueiam parte da ilumina-ção, mas permitem a entrada do ar. Acobertura, como um grande telhado “bor-boleta” com grandes beirais, e as varan-das e circulações externas proporcionamsombra e proteção contra as chuvas,possibilitando não apenas a circulação,como a permanência de pedestres emespaços de encontros e vivências.

O projeto procurou especificar materiaisque evitam armazenar calor durante odia, de forma a manter a mesma climati-zação para as noites. A adoção de coresclaras também minimiza a absorção daradiação solar, economizando em ener-gia artificial, e garantindo uma importantequalidade ambiental para as moradias.

O sistema de montagem, a partir de com-ponentes pré-fabricados industriais, ga-rante um processo limpo e racional. Com-

posto de perfis de mercado, painéis delaje e acabamentos industriais que even-tualmente podem ser substituídos, estesistema reduz os custos de manutenção.A concepção flexível e modular permite,inclusive, uma eventual ampliação ou mo-dificação da edificação, ajustando a ar-quitetura ao tempo e às necessidades deseus usuários.

Segundo os autores, a geração de ener-gia limpa, in loco, não está descartada.De acordo com a disponibilidade fi-nanceira e o regime de fornecimentoenergético da região, pode-se lançar mãoda geração de energia solar (fotovoltaica)na cobertura. Além disso, alguns siste-mas prediais, de simples funcionamentoe manutenção deverão ser implemen-tados, como o sistema solar, para aque-cimento de água; e o reuso de águas plu-

27 - Sistema hidráulico para reuso deáguas pluviais

viais, aproveitando-se o alto índicepluviométrico da região.

Se, a princípio, o projeto – devido ao seusistema de montagem essencialmente in-dustrial – exige um planejamento minu-cioso e maior desembolso inicial que aconstrução tradicional, por outro lado, elese revela extremamente econômico aolongo do tempo, seja pela possibilidadede flexibilidade e reprodutibilidade, sejapelos recursos naturais proporcionadospor sua arquitetura, que acarretam bai-xo custo de manutenção para os seususuários.Mais informações no site:http://www.andrademorettin.com.br/

24 - Diagrama de estudo de desempenho térmico 25 - Sistema hidráulico para reuso de águas pluviais

26 - Diagrama de ventos predominantes

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19Edificações Multifamiliares

Vila dos Idosos: uma proposta de habitação social dequalidade, no Centro de São Paulo

O projeto Vila dos Idosos, localizado noBairro Pari – vizinho à Biblioteca PúblicaAdelpha Figueiredo, junto ao centro dadíade de São Paulo –, faz parte do pro-grama “Morar no Centro”, iniciativa daCompanhia Metropolitana de Habitação

27 - Residencial Vila dos Idosos

Assim como o Living Steel, a Vila dos Ido-sos forma um conjunto de blocos organi-zados em quatro pavimentos, integradospor caixas de circulação vertical com es-cadas e elevadores. Com 145 unidades– entre as quais, 57 apartamentos de um

de São Paulo (Cohab), dirigido à popula-ção carente. O plano de construir umconjunto habitacional exclusivo para ido-sos existe desde 1999, mas só em 2003ele começou a ser viabilizado atravésdeste projeto.

28 e 29 - Croquis do loft e do quarto e sala

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética20

Príncipe de Greenfield - um empreendimento focado naeficiência energética

Ficha técnicaRESIDENCIAL VILA DOS IDOSOSCliente: Prefeitura de São PauloLocal: São Paulo – SP, BrasilZona Bioclimática: 3Início do projeto: 2003Conclusão do projeto: 2005Conclusão da obra: 2007Área do terreno: 7.270 m2

Área construída: 8.290 m2

Arquitetura: Vigliecca & AssociadosArquitetos: Hector Vigliecca, LucieneQuel, Ruben Otero e Ronald WernerFiedlerCoordenação: Lílian Hun e AnaCarolina PennaAdministração: Paulo Serra e Luci MaieColaboradores: Mario RodríguezEchigo, Indiana Marteli, Maíra Carrilhoe Fábio de BemEstrutura e fundações: TeleckiArquitetura de ProjetosElétrica e hidráulica: LCL Engenharia eConsultoriaOrçamento: TríadeConstrução: Delta ConstruçõesFotografias: Azul Serra

quarto, com área de 42m2; 88 conjuga-dos de 30m2, além de áreas coletivascompostas por salas para TV e jogos,salas de uso múltiplo, salão comunitáriocom cozinha e sanitários, quadra de bo-cha, área verde, espelho d’água e hortacomunitária, o conjunto oferece, ainda,25% das unidades já adaptadas parapessoas com problemas de mobilidade,sendo as outras facilmente adaptáveis,caso seja necessário.

O reconhecimento das limitações ineren-tes à terceira idade serviu de base paraa concepção projetual, desde a organi-zação da edificação no terreno, até ascirculações horizontais comuns e plane-jamento das unidades habitacionais. Aproposta compatibiliza tanto a boa orien-tação e a insolação das unidades, quan-to facilitar as condições de acessibilida-de aos moradores, proporcionando, sem-pre que possível, espaços concebidosatravés do desenho universal, que pos-sibilitam uma maior convivência e trocaentre aos que ali residem.

Ao mesmo tempo, voltado para o interi-or, com as circulações e varandas em tor-

no de um grande pátio interno, e integra-do ao centro da cidade, através de sa-lões de uso comum, localizados nasAve-nidas Carlos de Campos e Pedroso daSilveira, o projeto acolhe os idosos de for-ma cuidadosa e segura, sem, no entan-to, isolá-los da vida coletiva do ambienteurbano, promovendo contatos comerci-ais, culturais e sociais com o bairro.

Uma das grandes qualidades do projetose refere às circulações horizontais, con-cebidas como espaços coletivos de en-contro, que receberam bancos junto àsportas dos apartamentos, ampliando aintegração entre as áreas privadas e deuso comum, possibilitando, inclusive,uma maior aeração das unidades prote-gidas pelo sombreamento. Outra ques-tão importante se refere à opção pormateriais duráveis e de baixo custo demanutenção, com laje aparente, elimi-nando os revestimentos das paredes episos, sendo a alvenaria realizada combloco estrutural. O uso de ventilação cru-zada e de venezianas permite uma mai-or permeabilidade e ventilação naturais,reduzindo o consumo de energia, no ca-lor, e proporcionando conforto ambiental

Atualmente em construção, o empreen-dimento imobiliário Príncipe de Green-field, projeto arquitetônico de EduardoHaetinger, do escritório Pro-Arquitetura,tem seu gerenciamento e construção acargo do Escritório de Engenharia JoalTeitelbaum. Destaca-se no panorama daRegião Sul, devido às preocupações coma eficiência energética e economia decustos, tanto na construção como na fu-tura manutenção do conjunto.

Localizada na Rua Campos Sales, 51, emPorto Alegre – RS, a construção – comprevisão de conclusão em dezembro de2009 – utiliza alguns elementos comunsao projeto Living Steel e outros específi-cos desta região, que apresenta clima to-talmente diverso da Região Nordeste.

Enquanto o Living Steel é um conjuntode edifícios com 4 pavimentos, elevadosdo solo por estruturas do tipo “palafitas”, 30 - Residencial Príncipe de Greenfield

e condições sanitárias mais favoráveis àsaúde dos idosos.

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21Edificações Multifamiliares

Ficha técnicaRESIDENCIAL PRÍNCIPE DEGREENFIELDLocal: Porto Alegre – RS, BrasilZona Bioclimática: 3Início projeto: julho de 2007Início da obra: dezembro de 2007Conclusão da obra: dezembro de 2009Área do terreno: 2.715,88 m²Área construída: 10.826,09 m2

Arquitetura: Escritório de EngenhariaJoal TeitelbaumArquiteto: Eduardo Haetinger -ProArquiteturaArquiteto Paisagista: Guilherme TakedaTaxa de ocupação: 19,1%N° de pavimentos: 17 andares (ss2 +ss1 + térreo + 14 tipos)N° de apartamentos: 53N° de dormitórios: 80N° de vagas de estacionamento: 118Estrutura: concreto armado com lajesnervuradas, paredes de vedação emblocos cerâmicos com instalaçõeselétricas embutidas

o Príncipe de Greenfield é um edifíciocom 17 pavimentos, 53 apartamentos euma proposta de uso das áreas coleti-vas bastante diferente do projeto anteri-or e, mais ainda, da Vila dos Idosos. Pro-jetado para um público de alto poder aqui-sitivo, o edifício explora recursos eco-efi-cientes sofisticados, como o tratamentoe reuso de água da chuva para descar-gas e irrigação das áreas verdes; uso desensores de umidade automatizadospara irrigação; estação de tratamento deágua da chuva e provenientes de chu-veiros, lavatórios e drenos de ar-condici-onado; uso de redutores de vazão emchuveiros e misturadores.

Além disso, o projeto investe numa pro-posta luminotécnica que mescla energiasolar e recursos de automação, atravésde sensores de presença nas áreas co-muns, dimerizadores de iluminação,energia solar integrada ao sistema deaquecimento da água para apartamen-tos e piscina. O projeto de ar condiciona-do, ainda indispensável em edificaçõesde alta renda, prevê uso de sistemas comgás ecológico, livre de CFC. A utilizaçãode vidros duplos “Ecolite” contribui parao conforto termo-acústico dentro dosapartamentos, mantendo a temperaturaclimatizada tanto pelo ar-condicionado noverão, quanto pelo sistema de aqueci-mento no inverno.

O princípio de sustentabilidade estevepresente desde o início da construção,que optou por encaminhar para recicla-gem ou reuso os materiais provenientesda fase construtiva, utilizando somentemadeira certificada e dando preferênciaao uso de materiais vindos de um raioinferior a 800 km do empreendimento. Aconstrução em concreto armado com la-jes nervuradas, paredes de vedação emblocos cerâmicos com instalações elétri-cas embutidas, utiliza um sistema cons-trutivo bastante tradicional, que mesclaelementos pré-fabricados com compo-nentes produzidos no próprio canteiro deobras.

O investimento em tecnologia de ponta,na área de eficiência energética, vai per-mitir, uma economia de 54% no custo deenergia, por mês; e de 14% na aquisiçãode equipamentos, segundo o estudo deviabilidade da construtora. O projeto deeficiência energética torna o empreendi-mento 30% mais econômico no uso deenergia elétrica, em relação a outros edi-fícios multifamiliares oferecidos no mer-cado.

Para uma manutenção de menor custopara o condomínio e seus usuários, fo-ram estabelecidas regras, como um ma-nual de gerenciamento ambiental para osmoradores; uma sala de coleta seletiva

Conclusão

Os três projetos apresentados demons-tram preocupações não somente com aeficiência energética e o uso de recur-sos naturais e artificiais – visando amelhoria do conforto ambiental nas uni-dades habitacionais –, como também,principalmente, com o perfil de seus usu-ários. Enquanto a “Arquitetura Essenci-al” se destina a pequenas famílias, jovensde classe média, pessoas com maiorabertura às inovações e convivência co-letiva, a Vila dos Idosos tem um públicobastante definido e cunho social distintodos outros dois projetos. O Príncipe deGreenfield, por outro lado, é uma mora-dia de classe média alta, que estabeleceregras de convivência e determina, atra-vés de sistemas tecnicamente sofistica-

dos, novas formas de gerenciamento doespaço de habitação.

A Vila dos Idosos resgata da arquiteturamodernista alguns princípios concep-tivos, utilizando-os racionalmente em prolde uma construção social que exige, so-bretudo, baixo custo de manutenção paraseus administradores e usuários. A “Ar-quitetura Essencial”, ao mesmo tempoem que retoma seus diversos conceitose aspectos construtivos, inova na tecno-logia e parte em busca de uma arqui-tetura sustentável apta a enfrentar osdesafios do aquecimento solar,seja noNordeste brasileiro ou em outras regiõesbioclimáticas do país e, até mesmo, noexterior.

O Príncipe de Greenfield, por outro lado,não inova espacialmente, nem resgatatraços da arquitetura modernista, comoos exemplos anteriores. Mas revela umapreocupação com o futuro, através desistemas de captação de energia, reno-vação da água, incentivo ao transporteecologicamente correto e diversos recur-sos de economia e eficiência energética,que não apenas reduzem o custo demanutenção da construção, diretamenteligado aos seus usuários, como tambémdemonstra preocupação com o aqueci-mento global e a necessidade de umamaior consciência coletiva em relação aoassunto.

de materiais; controle de fumaça; proibi-ção do fumo em áreas comuns no interi-or da edificação; uso de solventes; esta-cionamento preferencial para veículosque utilizam combustíveis alternativos evans; incentivo ao uso de bicicletas, atra-vés da disponibilização de bicicletário evestiário aos moradores e visitantes.

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética22

Quando pensamos em princípiosprojetuais como “sustentabilidade”,“ecoeficiência” e “economia de energia”– expressões novas para questões des-de sempre presentes na Arquitetura –,nos salta aos olhos a necessidade de re-cuperar certos saberes e práticas que umdia já foram de domínio comum – tantode projetistas e construtores, quanto deusuários de edificações – mas que hojeparecem esquecidos. Refiro-me àstecnologias voltadas para o conforto am-biental dos edifícios – térmico, lumínicoe acústico – que dispensam o auxílio deequipamentos eletro-mecânicos ou, emoutras palavras, de conforto térmico, ven-tilação, iluminação e isolamento acústi-co ditos “naturais”. Tudo isto sobejamen-te estudado e aplicado em projetos, pornossos antepassados barrocos, neoclás-sicos, modernistas e que tais, conforme

CONFORTO AMBIENTAL E LEGISLAÇÃO EDILÍCIA

Mauro AlmadaArquiteto FAU/UFRJ, Mestre em Planejamento Urbano e Regional IPPUR/UFRJ.

Legislação

registrado nas Histórias da ArquiteturaBrasileira.

Mas até aqui apontamos o óbvio, e o ob-jetivo deste artigo é outro: ressaltar que“conforto ambiental” começa com o pro-jeto e que projetos começam – entre ou-tras referências – com a legislação edilí-cia que os enquadra e baliza, sobretudono caso de edificações residenciaismultifamiliares, produzidas para o mer-cado imobiliário, onde esta “influência” dalegislação sobre o produto final é, diga-mos assim, “decisiva” – seja para o bemou para o mal.

Cabe ao poder público, portanto – e emespecial, aos Legislativos e Executivosmunicipais –, exigir que os projetos sub-metidos à sua aprovação apresentemcaracterísticas técnicas que atendam aos

princípios elementares de conforto am-biental, obtido este com baixo consumode energia e, como nos parece óbvio,sem despesas pós-ocupação para oadquirente do imóvel.

Mas o que se vê por aí é exatamente ooposto. Historicamente, nossos Códigosde Obras vêm relaxando progressiva-mente as exigências relativas a esses as-pectos, com a fixação de parâmetrosfrouxos, arbitrários e insustentáveis, sobdiversos pontos de vista. Vejamos algunsexemplos:

Pés-direitos

As primeiras posturas relativas à higienee salubridade urbana, ainda no séculoXIX, exigiam alturas mínimas para oscompartimentos de uso prolongado –

31 - Escurecimento com ventilação, num projeto residencial dos irmãos MMM Roberto

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23Edificações Multifamiliares

quartos e salas – da ordem de 4,50 m.Com as melhorias das condições sanitá-rias e o controle de certas epidemias,essa altura foi sendo progressivamentereduzida para 4,00 m e 3,50 m, estabili-zando-se por volta dos anos 50, na mai-oria das cidades brasileiras, em 3,00 m.No Rio de Janeiro, no entanto, a partirde 1970, chegou-se a incríveis 2,60 m,admitindo-se até 2,50 m para habitaçõesde interesse social!

Paredes externas

Com espessuras variando de 0,50 m a1,00 m, à época em que exerciam fun-ção estrutural, as alvenarias encolheramdrasticamente quando passaram a serconsideradas simples vedos dos vãoslivres entre peças estruturais. Aindaassim, por longo tempo, as posturasmunicipais exigiram 25 cm para os fecha-mentos periféricos e 15 cm para as pa-redes divisórias internas, quase sempreem tijolos cerâmicos. Com a difusão denovas tecnologias e materiais – gesso,placas pré-fabricadas de concreto, com-pensados de madeira, chapas de fibroci-mento –, a preocupação com o isolamen-to termo-acústico desses painéis ficouem segundo plano e as posturas passa-ram a admitir vedações externas de até8 cm acabados: verdadeiras peneirasambientais!

Esquadrias

Em regiões tropicais, dita o senso comumque o controle térmico e lumínico dosambientes internos, em níveis confortá-veis, exige a especificação de janelascom, no mínimo, duas folhas móveis, pro-vidas de vidro e venezianas, ou soluçõesequivalentes, como as persianas de en-rolar. Tal solução foi corrente no merca-do brasileiro de imóveis residenciais, até50 anos atrás, e por uma razão muito sim-ples: as posturas da época tornavam obri-gatória a possibilidade de “escurecimentodos quartos”, a qualquer hora do dia ouda noite. Pois bem: tão logo se relaxou aexigência – por motivos de todo inson-dáveis – as venezianas sumiram dos pro-jetos. E os moradores que se virem comquebra-galhos como cortininhas, “insufil-mes”, “blecautes” e persianas, que sóbarram a luminosidade... mas jamais ocalor, posto que instalados por trás dosvidros!

Varandas

Recentemente, em muitas cidades nor-destinas, a área construída das varan-das abertas passou a ser contabilizadano cálculo da área máxima que se per-mite edificar num determinado lote, pro-vavelmente com o objetivo de aumentara arrecadação tributária. Mas o resulta-do da medida fiscalista, como não pode-ria deixar de acontecer, foi desastroso:este tradicional elemento arquitetônico,muitas vezes fundamental para a atenu-ação da incidência solar direta nos am-bientes de uso prolongado, foi simples-mente banido dos novos projetos.

Telhados

Na cidade de Salvador-BA, em especialno bairro da Pituba, é possível se obser-var inúmeros edifícios residenciais bai-xos, de até 4 ou 6 pavimentos, com te-lhados de barro, aparentes, e grandesbeirais. Em muitas cidades brasileiras,até os anos 40, praticava-se o mesmo.O Modernismo introduziu os telhados em-butidos, de fibro-cimento cancerígeno, epior, os “terraços-jardim” acessíveis, in-variavelmente mal isolados e impermea-bilizados: um completo desastre ecoló-gico. Na seqüência, muitos Códigos deObras passaram a incentivar os chama-dos “apartamentos de cobertura”, que aincidência solar direta, do alvorecer aocrepúsculo e em todas as direções, trans-forma em verdadeiras estufas. Mas quemmais sofre com as infiltrações daí decor-rentes é sempre o vizinho do andar debaixo, que arca com os ônus sem usu-fruir dos eventuais bônus que os terra-ços possam proporcionar. E daí? Os pro-blemas, nesta altura, não são mais doincorporador, e sim dos condôminos. Ehaja verba para reformas!

Materiais de acabamento

Se existe um material de fachada inade-quado para o clima tropical, este materi-al é o concreto aparente: escuro – logo,termo-absorvente – e sensível à umida-de, foi bastante utilizado – acumulandoapenas desvantagens –, como alternati-va para os tradicionais mármores, grani-tos, azulejos, cerâmicas, pastilhas e ar-gamassas. Adotado por incorporadores– que se livravam de um item de custo: o

revestimento – e cultuado por uma cor-rente de arquitetos, ditos “brutalistas”, omaterial ainda é hoje aceito. Neste caso,o Poder Público peca por omissão. Mui-tas posturas municipais falam em “imper-meabilidade” das fachadas, mas ficampor aí, nas generalidades, sem qualificarou quantificar o termo.

Implantação

Deixamos para o fim o tema mais polê-mico: edifícios “colados nas divisas” Xedifícios “soltos no lote”. Até o Modernis-mo, o tipo arquitetônico “edificação en-talada entre medianeiras”, foi hegemô-nico e quase universal em diferentes ci-dades. Enquanto modelo de habitaçãourbana, vinculava-se, urbanisticamente,à idéia de “continuum edificado”, um “pa-drão” composto pela justaposição suces-siva de prédios com apenas duas facha-das: de frente e de fundos. Este partido,associado a ruas estreitas e sombreadaspelos próprios edifícios, era vantajosopara regiões de clima quente, onde a pro-teção da insolação excessiva se revelouum princípio mandatário do conforto tér-mico. Quando os modernistas inventarama torre alta e solta das divisas, com qua-tro fachadas castigadas pelo sol, pelovento e pela chuva, nossos legisladoresaderiram irrefletidamente à idéia, e estemodelo tipológico, ideal para climas friose sombrios, passou a ser incentivado emtodos os códigos de obras do Brasil. Emnome de uma melhor ventilação, conde-nou-se a “rua corredor” – que LeCorbusier chamou de “o caminho dosasnos” –, esquecendo-se que, no verãotropical, o ar externo, exposto à radia-ção solar, é mais quente que o dos am-bientes internos sombreados; e que, por-tanto, “ventilar” nem sempre significa “re-frescar”, muito pelo contrário. Deste equí-voco resulta que qualquer apartamento“emparedado” de Copacabana, é maisfresco no verão que os condomínios“moderninhos” da Barra da Tijuca.

Concluindo, o que se deseja é que oPoder Público, ao formular regras e defi-nir parâmetros edilícios e urbanísticos,avalie-os criteriosamente, também emtermos de conforto ambiental, sobretudoa partir de agora, quando tudo indica queo século XXI será o século da “virada”ecológica. E quem ainda não o percebeu,vai ficar para trás.

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética24

O ato de projetar, praticado por arquite-tos e engenheiros, deve sofrer mudan-ças nos próximos tempos e ter seus hori-zontes ampliados. O estopim dessasmodificações encontra-se na década de1970, com o choque do petróleo,que aba-lou o modelo elétrico europeu e só agoravem ganhando força no Brasil. Estamosfalando de eficiência energética emedificações.

Trata-se, na verdade, de um vasto con-junto de procedimentos e estratégias,tanto em etapas de projeto como emretrofits, que visam garantir o uso racio-nal da energia e o conforto dos usuários.Ele abrange desde estratégias biocli-máticas aplicadas ao empreendimento,passando por tecnologia da iluminação,até à certificação energética das cons-truções, entre outros aspectos.

O choque do petróleo, ocorrido em 1973,pôs em alerta os países cujo sistemaenergético estava calcado na termeletrici-dade. Neste cenário, foi a França quemais rapidamente obteve resultados naregulamentação energética em suasedificações, alcançando, já em 1989,economia de energia da ordem de 42%em relação a 1973. O padrão francêspassou a servir de base para o restantedo continente. Hoje, já transparece nasnormas européias uma visível preocupa-ção ambiental, somada à questão da con-servação energética, já que a planta elé-trica européia assenta-se, sobretudo, nas

PROJETO ARQUITETÔNICO DEVE INCORPORARELEMENTOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Marcelo MeiriñoArquiteto e Pesquisador do Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente (Latec) daUniversidade Federal Fluminense (UFF)

32 - Pavilhão na Inglaterra na EXPO – 921

33 - Shangai Bank2

termelétricas – grandes poluidoras –, oque é uma barreira ao cumprimento dasmetas do Protocolo de Kyoto.

Nos Estados Unidos, o tema ganhou for-ça no início da década de 1990. Em 1992,o governo, por meio de um ato, obrigoutodas as unidades da federação a ado-tar padrões mínimos de eficiênciaenergética em edificações. Atualmente,o conceito e as normalizações para otema já são adotados numa infinidade depaíses mundo afora.

Um dos fatores que contribuíram para afalta de envolvimento do Brasil com essaquestão, até então, é o fato de nossaplanta elétrica estar montada sobre hi-drelétricas. Responsáveis por 82,36% daenergia elétrica produzida no Brasil (BIG,2002), elas provocam impacto ambientalnão tão alardeante quanto as emissõesatmosféricas geradas por termelétricas;e sua produção, teoricamente, vem su-prindo nossas necessidades. No entan-to, os apagões ocorridos em 2001 pro-vocaram mudanças substanciais, entran-do em voga o tema conservação e usoracional de energia. Os riscos de blecautelevaram à busca por aparelhos energeti-camente mais eficientes, alavancando ascertificações – a etiquetagem presenteem aparelhos eletrodomésticos permiteaté aos leigos optar por equipamentospoupadores de energia.

Nos Estados Unidos e na Europa, essemodelo vem sendo aplicado àsedificações. E, muitas vezes, esse dife-rencial qualitativo dos empreendimentospassa a ser utilizado também em estra-tégias de marketing por empresas quepõem no mercado edificações certifica-das (“etiquetadas”) por organismos dereconhecimento público.

No Brasil, as edificações dos setores co-mercial, público e residencial, somadas,

são responsáveis pelo consumo de47,35% da energia elétrica (BEN, 2001).Em pesquisas de campo, conforme cons-tatado por Juan e Lúcia Mascaró, eviden-ciou-se que “20% a 30% da energiaconsumida seria suficiente para o funci-onamento da edificação; 30% a 50% daenergia consumida é desperdiçada porfalta de controles adequados da instala-ção, por falta de manutenção e tambémpor mau uso; 25% a 45% da energia éconsumida indevidamente, por má orien-tação da edificação e por desenho ina-dequado de suas fachadas, principalmen-te” (MASCARÓ, 1992).

Os valores acima evidenciam o papel pre-ponderante dos arquitetos nesse proces-so. É necessário um projeto de arquite-tura que interaja com o meio em que seinsere, fazendo uso de iluminação e ven-tilação naturais, com orientação e formaplanejada, proteções solares corretas eespecificação criteriosa de materiais (es-pecialmente, no envelope da edificação),entre outros aspectos. Tirando o máxi-mo proveito das condições climáticas daregião é que se obtêm as maiores contri-buições no uso eficiente e na racionali-zação da energia, sem deixar de garan-tir o conforto dos usuários.

Pesquisa

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25Edificações Multifamiliares

Em qualquer cidade do país nos depara-mos com numerosos exemplos de des-perdício de energia elétrica, proporciona-dos por projetos inadequados. Muitasvezes, essas edificações tomaram comomodelo partidos arquitetônicos de regi-ões climáticas completamente distintasda nossa – basta lembrar os já consa-grados “edifícios-estufa”, com seu “mo-derno” envelope em pele de vidro, queremetem ao estilo internacional. No en-tanto, muitas dessas edificações não po-dem sequer ter a opção de desligar o seusistema de ar condicionado à noite, e porvezes nem mesmo em fins de semana.Este talvez seja um dos modelos maisgritantes de projeto de arquitetura inade-quado. Mas encontramos ainda diversosoutros, mais “sutis”, seja pela má orien-tação da edificação; seja pordesconsiderar a ventilação natural, a ilu-minação natural ou integrada à artificial;ou até mesmo pela especificação de re-vestimentos do envelope da edificação,com materiais inadequados ao clima (emrelação à cor, por exemplo).

Embora a arquitetura tenha peso consi-derável nesse processo, diversos outrosmecanismos também são importantes naracionalização do uso de energia naedificação. Entre eles estão o aquecimen-to solar da água, dispositivos de presen-ça e fotocélulas no caso da iluminação,especificação de equipamentos econô-micos e distribuição de circuitos.

No Brasil, fatores como o alto custo daconstrução de novas usinas ou amplia-ção das existentes – com o ônus ambien-tal atrelado a isso –, bem como a cons-tatação de que políticas de conservaçãode energia elétrica demandam custosmenores e geram mais campo de traba-lho que a indiscriminada ampliação da ca-pacidade de geração, fazem suscitar osprimeiros movimentos relacionados ao

34 - Ministério da Educação e Saúde – RJ3

tema. No âmbito governamental, a Prefei-tura do Rio de Janeiro editou, em 2002,o Caderno de encargos para eficiênciaenergética em prédios públicos, docu-mento com um conjunto de orientaçõespara o uso racional da energia em edifi-cações públicas municipais, incluindo asque fariam parte dos jogos Pan-Ameri-canos de 2007. A cidade de Salvadortambém está elaborando sua norma paraesse fim.

É importante adotar, entretanto, em con-junto com a legislação específica, instru-mentos que impulsionem esse processo,sejam eles fiscais (redução de impostos),econômicos (linhas de financiamento) oueducacionais (conscientização e órgãosconsultivos), bem como certificações eprêmios. A longa experiência internacio-nal comprova a eficácia desses meca-nismos e dessa política de busca da efi-ciência, em termos de retorno tanto eco-nômico quanto ambiental.

Parte dos instrumentos que promovem ouso eficiente da energia, ligados ao pro-jeto de arquitetura, envolve conceitos atécerto ponto básicos, inerentes à profis-são. Contudo, o abandono desses aspec-tos faz crer que a consciência de projetoperdera-se no tempo; e passamos a ge-rar projetos casuísticos, além de desne-cessária e excessivamente automatiza-dos. O caminho de retomada dessa cons-ciência parece ser longo (mas nãodesanimador), na medida em que obser-

Notas1 Projeto do arquiteto Nicholas Grimshaw, aexistência da cascata fez com que o edifícioconsumisse apenas um quarto da energia queseria necessária se fosse climatizado com arcondicionado.2 Projeto do arquiteto Norman Foster, utiliza-se de elementos refletores interna e externa-mente à edificação, distribuindo a iluminaçãonatural pelos diversos andares, ganhando emqualidade visual e reduzindo o consumo deenergia para iluminação artificial.3 As proteções externas podem ser pensa-das como elemento compositivo de fachada.4 O estudo da forma e orientação daedificação pode favorecer a iluminação e ven-tilação natural, entre outros aspectos.5 O ideal é que o arquiteto tenha o conheci-mento básico de todos os conceitos relativosao desempenho energético da edificação.

Referências bibliográficasBanco de Informações Gerais (BIG), AgênciaNacional de Energia Elétrica (ANEEL), 2002.

Balanço Energético Nacional (BEN), Ministé-rio das Minas e Energia (MME), 2001.

MASCARÓ, Juan e MASCARÓ, Lúcia. Inci-dência das variáveis projetivas e de constru-ção no consumo energético dos edifícios. 2ªedição, Sagra-DC Luzzatto, Porto Alegre,1992.

vamos em projetos, por exemplo, a au-sência da simples indicação de norte, oque certamente reflete a falta de cuida-do com o tema.

Esse conjunto de ações não altera a es-sência da arquitetura; na verdade, ele nosleva a retomar atitudes de projeto salu-tares que se perderam no tempo. Estecenário começa a se formar, e traz con-sigo a abertura de novos nichos de mer-cado.

Ou estaremos preparados para supri-lo,ou veremos nossas oportunidades seperderem em um mercado cada vez maisglobalizado.

Reportagem: publicada originalmente emPROJETODESIGN – (edição 291, maio de2004) e republicada no site

www.arcoweb.com.br

35- Espaços fluidos / forma e orientação 4

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética26

Dissertação de Mestrado

Processo de projeto para edifícios residenciais inteligentes e ointegrador de sistemas residenciais. Dissertação de Mestradoda Arquiteta Daniela Gonçalves Mattar, pela Universidade Fe-deral de São Carlos, 2007. Estuda um integrador de sistemasresidenciais para edifícios inteligentes, possibilitando econo-mia, conforto e facilidade de uso para o projeto dos mesmos.

www.bdtd.ufscar.br/tde_arquivos/7/TDE-2007-05-14T14:12:29Z-1443/Publico/DissDGM.pdf, data: 9 de julho de 2008.

Dissertação de Mestrado

Diretrizes para incorporar conceitos de sustentabilidade no pla-nejamento e projeto de arquitetura residencial multifamiliar ecomercial em Florianópolis. Dissertação de Mestrado em Ar-quitetura e Urbanismo de Maria Andrea Triana, pelo Programade Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, UniversidadeFederal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2005.

www.infohab.org.br/, data: 15 de julho de 2008.

Projeto

Tecnologias para a construção habitacional mais sustentável,que objetiva desenvolver soluções adequadas à realidade bra-sileira, para tornar a construção habitacional mais sustentável,com foco em empreendimentos para baixa e média renda epara a construção auto-gerida. Universidades parceiras: Esco-la Politécnica da USP, Faculdade de Engenharia Civil e Arqui-tetura e Urbanismo da Unicamp, Universidade de Uberlândia,Universidade de Goiás, Departamento de Engenharia CivilUFSC, sob a coordenação geral de Vahan Agopya.

www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br, data: 15 de julho de 2008.

Artigo

"Metodologia de avaliação ambiental brasileira para o setorresidencial: eficiência energética". Autora: Maria Andrea Trianae Roberto Lamberts, 2007. In: IX Encontro Nacional e V Lati-no-Americano de Conforto no Ambiente Construído – ENCAC2007, Ouro Preto, Anais.

www.labeee.ufsc.br/finep/Triana_Lamberts_ENCAC%202007.pdf,data: 15 de julho de 2008.

Selo Verde

Decreto de 8 de dezembro de 1993 dispõe sobre a criação doSelo Verde de eficiência energética, com o objetivo de identifi-car os equipamentos que apresentem níveis ótimos de eficiên-cia energética.

www.planalto.gov.br/ccivil/DNN/Anterior%20a%202000/1993/Dnn1931.htm, data: 8 de julho de 2008.

Vidros Reflexivos e Economia de Energia

Com a função de filtrar os raios solares, através da reflexão daradiação em todas as suas freqüências, de forma seletiva, osvidros refletivos podem ser grandes aliados do confortoambiental e da eficiência energética nas edificações.

www.arcoweb.com.br/tecnologia/tecnologia47.asp, data: 14 de julhode 2008.

Associação Brasileira de Normas Técnicas(ABNT)

NBR 15.220, Norma Brasileira de Desempenho Térmico paraEdificações. Rio de Janeiro, 2005.

http://www.labeee.ufsc.br/conforto/textos/termica/parte1_SET2004.pdf

(para demais partes desta NBR, substitui-se parte1 por parte2,parte3, parte4 ou parte5)

Política Nacional de Conservação e UsoRacional de Energia

Para uma Política Nacional de Conservação e Uso Racionalde Energia, que visa a alocação eficiente de recursosenergéticos e a preservação do meio ambiente, tem-se sanci-onada pelo Presidente da República a Lei nº 10.295, de 17 deoutubro de 2001.

www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10295.htm, data: 8de julho de 2008.

Redução e Racionalização do Uso deEnergia

Decreto 45.765 de 20 de abril de 2001 institui o Programa Es-tadual de Redução e Racionalização do Uso de Energia e dáprovidências correlatas.

www.pure.usp.br/pure_sobre_decreto_45765.asp, data: 15 de julhode 2008.

Investimentos

Lei n° 9.991, de 24 de julho de 2000, dispõe sobre realizaçãode investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em efici-ência energética por parte das empresas concessionárias,permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica, edá outras providências.

www.planalto.gov.br/Ccivil_03/LEIS/L9991.htm, data: 15 de julho de2008.

Dicas

Page 26: ELETROBRÁS IAB RJ Instituto de Arquitetos do Brasil ... · vimento de Novos Negócios da TRANE do Brasil, tem percebido uma preocupa-ção maior de arquitetos e engenheiros em criar

27Edificações Multifamiliares

ELETROBRÁS

Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

Av. Presidente Vargas, 409 – 13°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20071-003Caixa Postal 1639Tel.: (21) [email protected]

ELETROBRÁS PROCEL

Programa Nacional de Conservação deEnergia Elétrica

Av. Rio Branco, 53 – 14°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20090-004Ligação Gratuita: 0800.560.506www.eletrobras.com/[email protected]

ELETROBRÁS PROCEL EDIFICA

Eficiência Energética em Edificações

Av. Rio Branco, 53 – 15°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20090-004Fax: (21)2514.5767Ligação Gratuita: 0800.560.506

IAB RJ

Instituto de Arquitetos do Brasil -Departamento Rio de Janeiro

Rua do Pinheiro, 10Flamengo - Rio de JaneiroCEP 22220-050Tel.: 2557.4192 / [email protected]

LISTA DE CADERNOS

1. Shopping Centers2. Edificações de Saúde3. Hospedagem4. Edificações Esportivas e de Lazer5. Edificações Unifamiliares6. Edificações Multifamiliares

EXPEDIENTE

Cadernos de Boas Práticas emArquitetura - Eficiência Energética nasEdificações

Conselho EditorialAdriana LarangeiraArmando MendesCarlos MurdochDayse GóisMauro AlmadaVera HazanResponsável TécnicaRuth JurbergRJ Planejamento Integrado LtdaEditoraMariane AzevedoDiagramadoraLeila FernandesColaboraçãoHelga SilvaMariana MeneguettiCapaQualiurb Design

CRÉDITOS

1. ::Cheapo in www.flickr.com2. Donini in www.flickr.com3. Zé Eduardo in www.flickr.com4. Luiz Henrique Assunção in www.flickr.com5. Lower72 in www.flickr.com6. Kymtyr in www.flickr.com7. Arquiteta Helga Santos da Silva8. Ann Chou in www.flickr.com9 e 10. PedroNW in www.flickr.com11 e 12. GRUPO FAU in www.flickr.com13, 16 e 19. Arquiteto Carlos Murdoch14 e 17. HAWKES, Dean e FOSTER, Wayne. Energy efficientbuildings,Architecture, Engineering, and Environment. LaurenceKing Publishing Ltd. New York, 2002.15 e 18. SMITH, Peter F., Architecture in a Climate of Change:a guide to sustainable design, 2nd edition, Elsevier Books.Oxford, 2005.20. Intervenção sobre mapa produzido pela NBR 15220-3 –ABNT21 a 26. Andrade Morettin Arquitetos Associados Ltda27 a 29. Vigliecca &Associados30. Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum31. Revista ABA / CAB: Caderno de Arquitetura Brasileira. Su-plemento V, 1971, pp. 42-43.32 a 35. LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano;PEREIRAFernando O. R.; (1997). Eficiência energética na ar-quitetura. PW Gráficos e EditoresAssociados Ltda., São Paulo