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ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Presidente José Antônio Muniz Lopes Diretor de Tecnologia Ubirajara Rocha Meira ELETROBRÁS PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica Departamento de Projetos de Eficiência Energética Fernando Pinto Dias Perrone Divisão de Eficiência Energética em Edificações Solange Nogueira Puente Santos Equipe Técnica Anselmo Machado Borba Frederico Guilherme Souto Maior de Castro José Luiz Grunewald Miglievich Leduc Patricia Zofoli Dorna Rodrigo da Costa Casella IAB RJ Instituto de Arquitetos do Brasil Departamento Rio de Janeiro Presidente Dayse Góis Vice-Presidente e Diretor Financeiro Armando Mendes Diretora Administrativa Adriana Larangeira Diretor de Comissões Marco Leão Gelman Diretor Cultural Jorge Costa Ficha catalográfica c129 IAB RJ Caderno de boas práticas em arquitetura : eficiência energética nas edificações : Edificações Educacionais - Rio de Janeiro : ELETROBRÁS : IAB, Departamento do Rio de Janeiro, 2008. 28.p.: il. (algumas col.) ; 21,0 x 29,7 cm. – (caderno de boas práticas em arquitetura : v.8) Inclui Bibliografia Publicado em co-edição com a RJ Planejamento Integrado Ltda. ISBN 978-85-87083-13-5 1. Arquitetura e conservação de energia. 2. Energia elétrica e conforto ambiental. I. ELETROBRÁS. II. Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro. III. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Brasil) IV. Série CDD 720.472

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Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética2

ELETROBRÁS

Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

PresidenteJosé Antônio Muniz LopesDiretor de TecnologiaUbirajara Rocha Meira

ELETROBRÁS PROCEL

Programa Nacional de Conservação deEnergia Elétrica

Departamento de Projetos de Eficiência EnergéticaFernando Pinto Dias PerroneDivisão de Eficiência Energética em EdificaçõesSolange Nogueira Puente SantosEquipe TécnicaAnselmo Machado BorbaFrederico Guilherme Souto Maior de CastroJosé Luiz Grunewald Miglievich LeducPatricia Zofoli DornaRodrigo da Costa Casella

IAB RJ

Instituto de Arquitetos do BrasilDepartamento Rio de Janeiro

PresidenteDayse GóisVice-Presidente e Diretor FinanceiroArmando MendesDiretora AdministrativaAdriana Larangeira

Diretor de ComissõesMarco Leão GelmanDiretor CulturalJorge Costa

Ficha catalográfica

c129 IAB RJ

Caderno de boas práticas em arquitetura : eficiência energética nas edificações :Edificações Educacionais - Rio de Janeiro : ELETROBRÁS : IAB, Departamento do Rio de Janeiro, 2008.

28.p.: il. (algumas col.) ; 21,0 x 29,7 cm. – (caderno de boas práticas em arquitetura : v.8)

Inclui BibliografiaPublicado em co-edição com a RJ Planejamento Integrado Ltda.

ISBN 978-85-87083-13-5

1. Arquitetura e conservação de energia. 2. Energia elétrica e conforto ambiental. I.ELETROBRÁS. II. Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro. III.Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Brasil) IV. Série

CDD 720.472

Milazzo
Typewritten Text
www.milazzo.com.br

3Edificações educacionais

APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que a Eletrobrás, por meio do Procel Edifica, se une ao Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) para apublicação deste “Caderno de Boas Práticas em Arquitetura”. A busca de soluções arquitetônicas sustentáveis é objeto do cuidadoda empresa há mais de 20 anos. As edificações são, atualmente, responsáveis por quase metade da energia elétrica gasta emnosso país, sobretudo em decorrência da utilização de sistemas artificiais de iluminação e climatização. Não se pode, portanto,desconsiderar esse importante segmento ao se investir na racionalização de energia – caminho mais seguro para o futuro energéticodo país.

O desenvolvimento tecnológico, ao longo da história, tem permitido ao homem vencer inúmeras limitações impostas pela nature-za. Na arquitetura, a modernização se reflete em soluções nas quais os recursos técnicos substituem cada vez mais os elementosnaturais. Crescem o conforto e a independência das edificações em relação ao ambiente externo, mas também a demanda porenergia elétrica.

No Brasil, o incremento das estruturas para geração, transmissão e distribuição de energia se acentuou entre as décadas de 1950e 1960, como reflexo da demanda gerada pelo desenvolvimento industrial e o crescimento urbano. Nessa época, também marcadapela criação da Eletrobrás, o modelo de planejamento ainda trabalhava com a idéia de uma oferta sempre superior à demanda,assegurando confiabilidade no suprimento. Não havia preocupação com os desperdícios, nem tampouco conhecimento sobre omodo como a sociedade utilizava essa energia.

A história mostrou, no entanto, que a construção de grandes empreendimentos geradores de energia exige altos investimentos,além de produzir impactos significativos no meio ambiente. No caso do modelo brasileiro, apoiado essencialmente em hidrelétri-cas, as conseqüências incluem alagamento de áreas produtivas e necessidade de deslocamento de comunidades inteiras. Odesenvolvimento da consciência sobre os limites dos recursos naturais e financeiros transformou a racionalização em palavra-chave.

Para investir nessa idéia, foi criado, em 1985, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), com propostasde ações para incentivar o uso eficiente da energia. A enorme representatividade do segmento de edificações no perfil do consumobrasileiro, por sua vez, motivou a criação do Procel Edifica – Eficiência Energética nas Edificações, que vem ampliando e direcionandoas ações da Eletrobrás em prol da racionalização do uso da energia e do aproveitamento dos recursos naturais nas edificações.

Por meio do Procel Edifica, a Eletrobrás investe nos requisitos básicos para uma arquitetura mais integrada ao meio ambiente eaos recursos naturais, desenvolvendo indicadores de eficiência energética, certificação de materiais e equipamentos, procedimen-tos para regulamentação e projetos educacionais.

Disseminar boas práticas para soluções arquitetônicas sustentáveis é uma ação que vai ao encontro dos grandes ideais daempresa. A Eletrobrás acredita no aprendizado e na consciência como caminhos para o crescimento sustentável do país. Eacredita, sobretudo, na capacidade humana de promover soluções que aliem o desenvolvimento tecnológico ao aproveitamentodos recursos ambientais na construção de um futuro limpo.

Diretoria da Eletrobrás

SUMÁRIO0303030303 Apresentação Diretoria da Eletrobrás0404040404 Editorial Presidente do IAB RJ0505050505 Reportagem Jornalista Rose Cintra

Escolas Públicas0808080808 Documento Arquiteta Giselle Arteiro Nielsen Azevedo

Escolas, qualidade ambiental e educação no Brasil1212121212 Artigo Arquiteta Vera Hazan

Da escola moderna à escola contemporânea1717171717 Boas práticas Arquiteto Mauro neves Nogueira

Escola de Boa Vista - Roraima1919191919 Boas práticas Arquitetas Beatriz Santos de Oliveira e Mirian Keiko Ito Rovo

Poéticas da adequação: Aldeia SOS do Amazonas2121212121 Boas práticas Arquiteto Sebastião Lopes

Colégio Santo Agostinho - Nova Lima / MG2323232323 Catálogo Arquiteto Alder Catunda Timbó

Boas práticas num projeto para escola2626262626 Dicas2727272727 Créditos

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética4

EDITORIALPrezado(a) Leitor(a),

Dayse Góis

Presidente do IAB RJ

5Edificações educacionais

ESCOLAS PÚBLICASESCOLAS PÚBLICASESCOLAS PÚBLICASESCOLAS PÚBLICASESCOLAS PÚBLICAS

ARQUITETURA E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA, UMA EQUAÇÃOQUE COMEÇA A SE FIRMAR

Rose CintraJornalista

Reportagem

Os projetos arquitetônicos de escolaspúblicas, no Brasil, têm suas normas de-finidas em manuais técnicos cujo con-teúdo incorpora os mais diferentes as-pectos da edificação, visando uma pa-dronização necessária e o bem estar dealunos e professores. Mas somente nosúltimos anos, quando a sustentabilidadetornou-se um conceito difundido e apli-cado no mundo todo, inclusive na cons-trução civil, é que cresceu a conscientiza-ção de que a arquitetura das edificaçõesescolares precisa ter um foco especialna redução do consumo de recursos pre-ciosos e ameaçados pela escassez,como água e energia elétrica.

“Se há um tipo de construção onde aquestão de sustentabilidade deve ser ain-da mais valorizada, esta é, sem dúvidaalguma, a edificação escolar. O papel de-sempenhado pelo ambiente escolar noprocesso de construção do conhecimen-to torna esta edificação profundamentecomprometida com os valores a serem

transmitidos aos cidadãos em formaçãoque ali se encontram”.

Essa defesa de um novo paradigma naarquitetura de escolas resume a impor-tância das questões levantadas nestedebate sobre a preocupação com a efi-ciência energética nos projetos arquitetô-nicos de escolas públicas. A constataçãofaz parte da dissertação de mestrado daarquiteta Rosângela Fulche, da Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro, em tra-balho intitulado Materiais de Construçãoe Acabamento para Escolas Públicas naCidade do Rio de Janeiro: uma reflexãosob critérios de sustentabilidade.

Em sua dissertação, a arquiteta ressaltaa busca pela eficiência energética dasedificações escolares, o conforto termo-acústico, a qualidade do ar e o consumosustentável dos recursos naturais. Sãoquestões que se colocam para arquite-tos, engenheiros e administradores emgeral, na hora de construir, reformar oumanter escolas.

Manuais definem normas

Os primeiros manuais de arquitetura paraescolas foram editados por volta de 1930,em São Paulo. De lá para cá, surgiramdiversas publicações, como o Manual pa-ra Elaboração de Projetos de EdifíciosEscolares na Cidade do Rio de Janeiro,editado pelo Instituto Brasileiro de Ad-ministração Municipal (Ibam), em 1996.

Resultado de convênio com o Programadas Nações Unidas para o Desenvolvi-mento (Pnud) e financiamento do BancoMundial, foram elaborados os CadernosTécnicos do Fundo de Fortalecimento daEscola – Fundescola (MEC), em 2002,visando prioritariamente as regiões Nor-te, Nordeste e Centro-Oeste.

Mais recentemente, o Proarq, Programade Pós-Graduação em Arquitetura daUFRJ, desenvolveu um manual paraconstrução de edificações voltadas paraeducação infantil, cujos conceitos podemser aplicados em qualquer projeto de ar-quitetura de prédios escolares.

Secretarias estaduais de Educação oude Obras Públicas também editam seuscadernos técnicos em função de deman-das e características específicas, comonos estados de São Paulo e Rio Grandedo Sul. No Rio de Janeiro, tanto a Prefei-tura (que lançou em 2002 o Caderno deEncargos para Eficiência Energética emPrédios Públicos¹) como o Estado (queatravés das orientações do Procel paraprédios públicos e criou uma cartilha comdicas para manutenção das escolas²)têm seus manuais.

A teoria versus a prática

Os Cadernos Técnicos do Fundescola(MEC), publicados em 2002, contêm asespecificações mínimas exigidas para1- Fachada de Escolas Municipais no Rio de Janeiro

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética6

aprovação do projeto junto ao BancoMundial. Como foram elaborados antesque a questão da sustentabilidade naconstrução civil ganhasse a visibilidadeque tem hoje, os cadernos abordam su-perficialmente a utilização de fontes deenergia alternativa.

A Fundação para o Desenvolvimento daEducação (FDE/SP) tem catálogos téc-nicos que são atualizados a cada trêsmeses. A última novidade é o Manual deGestão de Resíduos na Construção Ci-vil em Prédios Escolares que padroniza-rá os procedimentos das obras contrata-das pela Fundação. Ricardo Esteves,chefe do Departamento deEspecificações Técnicas da FDE, des-taca o pioneirismo da Fundação entreórgãos públicos no desenvolvimento demedidas para a gestão de resíduos naconstrução civil, lembrando que por vol-ta de 75% do lixo urbano são resultadodas atividades de construção civil.

Entre os conceitos de sustentabilidadepregados pela FDE, vários são relacio-nados à redução do consumo de ener-gia elétrica, como utilização de energiasalternativas com incentivo à utilização deenergia solar; otimização da eficiênciaenergética; maximização da iluminaçãoe ventilação naturais; aumento da efici-ência dos projetos de iluminação artifici-al; promoção do aumento da eficácia daventilação e conforto térmico; e promo-ção da otimização da luz natural nasedificações.

Manutenção é fundamental

Para os administradores de escolas, oquesito manutenção é o que demanda

uma atenção especial. Evitar o desper-dício, principalmente de água e energiaelétrica, é um desafio. No caso do RioGrande do Sul, a Secretaria Estadual deEducação descobriu que pagava anual-mente multa de R$ 565 mil com energiareativa excedente³. Para corrigir o pro-blema foi implantado um banco decapacitores, com um investimento de R$177 mil, que se pagou em menos de qua-tro meses. Em todo o Rio Grande do Sul,as despesas de água e energia elétricadas escolas chegam a R$ 3.450.000,00.

Com uma rede de 5.537 escolas, espa-lhadas por 645 cidades paulistas, e cin-co milhões de alunos (a maior da Améri-ca Latina), a Secretaria de Educação deSão Paulo estabeleceu a meta de eco-nomizar R$ 100 milhões em um ano nosgastos com o dia-a-dia das escolas –valor suficiente para construir 40 novosestabelecimentos de ensino. Só no com-bate ao desperdício de água, a Secreta-ria espera economizar R$ 32 milhões. Ecom energia elétrica, R$ 14 milhões. So-mados são quase metade do total a seralcançado.

1ª certificação na AméricaLatina

Com a maior rede de escolas municipaisdo país - 1602 escolas e 252 creches,atendendo a 727.776 alunos – e um gas-to mensal com energia elétrica na faixade R$ 2,5 milhões, o Rio de Janeiro écandidato a receber a primeira certifica-ção Leadership in Energy andEnvironmetal Design (LEED) para esco-las na América Latina, que avaliaedificações ambiental-mente sustentá-

veis, através da soma de pontos de cadaetapa da construção ou retrofit.

Para isso, a prefeitura municipal firmouconvênio com o Green Building Councildo Brasil (GBC Brasil), para retrofit daEscola Municipal Epitácio Pessoa, nobairro doAndaraí. Com orçamento de R$1,6 milhão, o projeto prevê a reforma de1.000 m² e a construção de 500 m² naunidade.Aexpectativa é que, com as mu-danças, seja possível economizar em tor-no de 20% de água e luz, reduzir em 30%a emissão de CO2 e aumentar em 5% aprodutividade dos alunos.

“A idéia é que esse projeto-piloto sejauma referência na aplicação de práticassustentáveis, tornando-se um modelo emestudos e tecnologias para todo o país”,afirma a arquiteta Cecília Castro do Ins-tituto Municipal de Urbanismo PereiraPassos (IPP). A experiência será repli-cada em outras 28 escolas do municípiopela Riourbe, empresa municipal de ur-banização.

A mesma equipe de arquitetos ligados àPrefeitura do Rio de Janeiro vêm man-tendo diálogo com a equipe do ProcelEdifica para aplicação do regulamentopara etiquetagem do nível de eficiênciaenergética em alguns prédios públicos.Futuramente, estas ações podem ser es-tendidas também para a rede municipalde educação, tendo em vista o númerode edificações e potencial de economia.

Benefícios da luz natural

A luz natural tem sido associada a atitu-des e estados de espíritos positivos, re-

2 e 3 - FDE - Escola em Campinas - André Vainer e Guilherme Paoliello

7Edificações educacionais

dução de faltas no trabalho e na escola,aumento do desempenho de estudantes,maior produtividade, diminuição do can-saço e fadiga visual, diminuição de er-ros e defeitos na produção. O assunto éanalisado com profundidade pelo arqui-teto paulista Dimas Bertolotti em sua dis-sertação de mestrado intitulada Ilumina-ção Natural em Projetos de Escola: umaproposta de metodologia para melhorara qualidade da iluminação e conservarenergia.

A ausência de luz natural por longos pe-ríodos de tempo tem sido apontada comoum catalisador de doenças como raqui-tismo e alguns tipos de depressão. Paraele, “é possível melhorar as condiçõesde ensino no país com o melhor apro-veitamento de recursos naturais existen-tes, a partir de custos realistas e formasde implantação simples”.

Procel Educação:Eletrobrás aposta naconscientização

Por força de convênio com a AgênciaNacional de Energia Elétrica (Aneel), asconcessionárias de energia elétrica sãoobrigadas a destinar no mínimo 0,5% dareceita operacional líquida em ações quetenham por objetivo o combate ao des-perdício de energia e a eficiência ener-gé-tica.

Uma dessas ações é a concessionária/Procel na Educação Básica, projeto noâmbito do Procel Educação, coordena-do por Milton Marques, da Eletrobrás. O

programa do governo federal voltadopara a conservação de energia elétricana área educativa começou na Educa-ção Básica e hoje está estruturado paraatingir todos os níveis de ensino da soci-edade, inclusive indústrias, comércio eserviços, por meio das “jornadas desensibilização” para o combate ao des-perdício de energia. A parceria entre aEletrobrás, concessionárias e escolastem alcançado resultados expressivos.Só em São Paulo, ações educacionais,em 2008, atingiram mais de 12 mil pro-fessores e 215 mil alunos, além de mem-bros das comunidades, totalizando qua-se um milhão de pessoas. No Brasil, oprojeto já envolveu cerca de 20 milhõesde alunos e 150 mil professores até 2008.

O coordenador de Eficiência Energéticada AES Eletropaulo, Fernando Bacellar,é categórico ao afirmar que o grande pro-blema das escolas é o projeto arquite-tônico que não privilegia a iluminação ea ventilação naturais. “Na maioria doscasos, não dá nem para fazer o retrofitarquitetônico”, conclui.

No Amazonas, além de formar milharesde alunos e centenas de professores,Emerson Saraiva, da Manaus Energia,comemora um ganho significativo: a Se-cretaria Estadual de Educação e Culturase comprometeu a inserir a meto-dologia“A natureza da paisagem – energia doProcel Educação básica”, de forma per-manente, na grade curricular dos alunos.

No Rio de Janeiro, duas concessionári-as desenvolvem o projeto do Procel naEducação Básica, devidamente capaci-

Notas¹ Pode ser acessado por: portalgeo.rio.rj.gov.br/protocolo/pcontrole/documentos/caderno_de_encargos_para_eficiencia_energetica.Pdf

² Materiais disponíveis nos sites:www.educacao.rj.gov.br/arq_pdf/manual_PROCEL_orientacoes_gerais_predios_publicos.pdfw w w . e d u c a c a o . r j . g o v . b r / a r q _ p d f /cartilha_dicas_manutencao.pdf

³ Segundo definição da concessionária Celpe,Energia Reativa é aquela que não produz tra-balho, mas é importante para criar o fluxo mag-nético nas bobinas dos motores, transforma-dores, geradores entre outros equipamentos.A utilização de energia reativa deve ser a me-nor possível. O excesso de energia reativa exi-ge, por exemplo: condutor de maior secção etransformador de maior capacidade, além deprovocar perdas por aquecimentos e queda detensão.

tadas pelo Procel Educação e várias es-colas estaduais de ensino fundamentale médio foram treinadas por elas. Atual-mente existe um entendimento da secre-taria com as concessionárias Ampla eLight para treinamento de um grupo mai-or de agentes multiplicadores. Além dis-so, a secretaria disponibiliza em sua pá-gina inicial na internet todo o conteúdoprogramático da concessionária/Procelna Educação Básica.

Considerações finais

Todo este debate leva a concluir que oprédio escolar deve receber tratamentoprioritário nos programas públicos deeconomia de energia, aproveitamentodos recursos naturais e sustentabilidade,até pelo caráter pedagógico envolvido noprocesso. Torna-se fundamental a cria-ção de uma política pública de eficiên-cia energética em prédios escolares, commecanismos de premiação, como incen-tivo, e selo para o monitoramento dosresultados.

A incorporação de conceitos de susten-tabilidade deve acontecer na fase de ela-boração do projeto arquitetônico, comoafirma a arquiteta Rosângela Fulche:“Edificações destinadas a quaisquer finsdevem, cada vez mais, incorporar con-ceitos de sustentabilidade desde a faseinicial de projeto”.

4 - FDE - Escola em Campinas - UNA Arquitetos

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética8

ESCOLAS, QUALIDADE AMBIENTAL E EDUCAÇÃO NOBRASIL

UMA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Giselle Arteiro Nielsen AzevedoArquiteta, Doutora, Profa Adjunta PROARQ – FAU/UFRJ.

Documento

O inventário do repertório tipológico dasedificações escolares no Brasil tem de-monstrado que o projeto padrão sempreesteve presente nas soluções adotadas,desde as primeiras unidades projetadasespecificamente para fins educacionais,no início da República, até os dias dehoje. Em cada momento histórico, essasedificações materializaram as práticaspedagógicas e as políticas públicas edu-cacionais vigentes, comungando com opróprio contexto histórico arquitetônico,no qual alguns exemplares configuraram-se como verdadeiros testemunhos emarcos referenciais da cultura e históriada sociedade. No entanto, nem sempreas condições ambientais foram devida-mente contempladas, resultando em pré-dios desvinculados das características fí-sico-climáticas do sítio e da realidadeonde se inseriam. A partir de uma con-textualização histórica, este artigo pre-tende então discutir a arquitetura esco-lar sob a ótica da qualidade ambiental,enfocando a filosofia educacional e omomento político/histórico que regeramesses projetos escolares.

O desenvolvimento da arquitetura esco-lar acompanhou as transformações so-ciais e econômicas ocorridas durantetodo o início da era da industrialização,quando as demandas existentes na novacidade industrial exigiam a instauraçãode novos equipamentos sociais. No Bra-sil, a fragmentação do ensino e o desca-so pela educação popular predominaramaté o final do Império. Foi somente como desenvolvimento industrial e urbano,aliado às transformações impostas como advento da República - entre as quais,assegurar educação à população - quea escola passa então a ser vista comoum equipamento essencial dessa novacidade industrial. As novas atribuiçõespúblicas vão exigir do Estado o planeja-

mento de instalações físicas específicaspara o funcionamento digno do ensinoformalizado.

Até a Primeira República, as escolas le-vavam adiante um programa quepriorizava a instrução preparatória parao ensino superior, com o propósito ex-clusivo de qualificação e “polimento” deuma classe elitizada, seguindo os mol-des ditados na Europa (AZEVEDO, 1995;2002). Essas instituições refletiam emsua arquitetura a superioridade das eli-tes dominantes, valorizando elementosvisuais que conferiam um caráter de re-quinte e imponência ao edifício, identifi-cando a escola com a cultura das elites.De 1889 a 1930, instituiu-se um períodode diversas reformas federais relaciona-das ao ensino secundário e superior. Omodelo educacional herdado do Impérioera finalmente discutido, colocando aeducação elitista em crise. Porém, nes-se período ainda não existia um planonacional de educação no país, cabendoaos estados da federação a responsabi-lidade pela administração de sua “instru-ção primária pública”. Ao Governo Cen-tral era atribuída a criação de instituiçõesde ensino secundário e superior, respon-sabilizando-se também pela educaçãono Distrito Federal.

Diante da descentralização do sistemaeducacional, alguns estados como SãoPaulo, por força de seu desenvolvimen-to econômico -, destacaram-se no setoreducativo, impulsionando a instrução nosseus diversos níveis. No período entre1890 a 1920, as escolas públicas paulis-tas obedeciam a projetos-tipo que compequenas adaptações eram construídosem diversas situações de sítio. A grandedisponibilidade de terrenos existente, fa-cilitando essa adaptação, bem como anecessidade de uma construção mais

massificada concorriam para a adoçãodesses projetos padronizados, não sónos prédios escolares, mas também emtodos os edifícios públicos.A solução es-pacial era bastante simplificada, na mai-oria das vezes com a mesma situaçãode planta e rigidez de simetria, retratan-do os conceitos da época sobre ensino.O ecletismo predominava como o estiloarquitetônico dessas escolas. As varia-ções de projeto, quando aconteciam,eram encontradas nas fachadas inspira-das nos moldes europeus que recebiamalgum tratamento formal diferenciado.

O crescimento dos centros urbanos re-velava preocupações em questões rela-cionadas à saúde e higiene, refletidastambém nas edificações escolares. Es-ses edifícios, além de responderem àsquestões pedagógicas, deveriam asse-gurar condições de higiene na constru-ção de suas instalações: as salas de auladeveriam ser claras, bem arejadas e ba-nhadas pelo sol; o posicionamento dosequipamentos escolares era estabeleci-do de forma a permitir boa iluminaçãono ambiente; a localização dos sanitári-os, externa ao corpo da edificação,complementava (...) “as posturas higiê-nicas claramente calcadas em soluçõesjá desenvolvidas no exterior” (RAMALHO& WOLFF, 1986, p. 67). A padronizaçãoda organização espacial das escolaspaulistas, racionalizava o projeto e aconstrução da edificação, mas não seinstituía uma interação consistente comas características físicas do sítio. Ape-sar das preocupações com a higiene daedificação, a relação do edifício com oambiente externo restringia-se em cana-lizar os elementos naturais, como o sole ventos, de modo a promover o contro-le e a vigilância da saúde no interior. Mas,o próprio empobrecimento dos progra-mas arquitetônicos dos prédios em rela-

9Edificações educacionais

ção aos modelos europeus, configuravamuitas vezes, adaptações problemáti-cas. Os projetos limitavam-se ao prédioprincipal, sem previsões para espaçoslivres cobertos, instalações e espaçosdestinados a práticas esportivas e servi-ços, e os acréscimos executados poste-riormente resultavam em soluções pre-cárias, muitas vezes bloqueando vãos deabertura e comprometendo as condiçõesde luminosidade e ventilação no interior.

No Rio de Janeiro, após os anos 1920,houve um rompimento com as tradiçõesarquitetônicas dos prédios escolares pú-blicos até então vigentes. A participaçãode Fernando de Azevedo na Diretoria deInstrução Pública da Prefeitura, inaugu-ra uma fase de transformações no pro-jeto educacional brasileiro. Importantecolaborador e ativista na área da educa-ção, Fernando de Azevedo dá início àreforma do ensino no Distrito federal,implementando uma verdadeira revolu-ção pedagógica no ensino primário, se-cundário e na preparação de professo-res. A década de 20 foi então marcadapela valorização da escola, promovidapor sua função social e caráter naciona-lista. Como conseqüência, o repertórioformal é então marcado pelo estilo neo-colonial na busca por uma identidadenacional, substituindo a inspiração nosestilos clássicos das correntes arquitetô-nicas européias. A linguagem moldadanas tradições do passado luso-brasileiroé marcada nitidamente pela utilização deelementos como os frontões curvilíneos,as portadas trabalhadas em argamassa,as telhas em capa e bica, as gelosias eos muxarabís no fechamento dos vãos,além do uso extensivo das galerias co-bertas em arcadas (SISSON, 1990).Essa relação com o passado local pro-porcionava uma adequação coerentecom a realidade brasileira, em termosfuncionais e de conforto ambiental, fa-vorecendo a ventilação natural, a prote-ção contra a radiação solar direta e aintegração com o ambiente externo (Ima-gem 1).

Após a Revolução de 30 - quando se ini-cia um período caracterizado por trans-formações políticas, econômicas e cul-turais na sociedade brasileira - o siste-ma educacional do país ganha contor-nos mais nítidos. O Governo Federal as-sume categoricamente sua posição de

integração, orientação e coordenaçãodas atividades isoladas de cada estadoe a educação pública passa então a fun-cionar como um todo, ao nível nacional.Na nova estruturação do ensino, a ima-gem da “escola nacionalista” ganha umafeição “(...) mais moderna, científica eprogressiva, preocupada com uma abor-dagem mais realista do Brasil” (DRAGO& PARAIZO, 1999). O pensamento pe-dagógico brasileiro começa então a so-frer um processo evolutivo e adquirir au-tonomia, a partir do desenvolvimento dasteorias da Escola Nova – baseadas nopensamento iluminista importado da Eu-ropa (GADOTTI, 1998) que criticam osmétodos da escola tradicional – autori-tária e disciplinadora.

No Rio de Janeiro, em 1935, AnísioTeixeira passa a ocupar o cargo de Se-cretário de Educação e Cultura, introdu-zindo um sistema de educação global,além de lançar um plano geral diretor deedificações escolares. Contribui de ma-neira efetiva à consolidação de normaseficientes para a construção de edifica-ções públicas escolares, adotando omáximo de eficiência e o mínimo de dis-pêndio. O plano desenvolvido envolveua análise das edificações existentes,quanto a aspectos diversos, dentre osquais, custos de manutenção e reformae princípios básicos de conforto ambien-tal - iluminação, aeração e relação com

o entorno. A remodelação da cidade doRio de Janeiro, a partir do Plano Aga-che, estendeu as inovações das escolasde Anísio Teixeira além do planejamen-to do prédio em si, impulsionando umplano abrangente da rede escolar.

O fortalecimento do Estado, que atraves-sava um momento de vigor econômico,faz incrementar realizações no campo daconstrução de edifícios públicos, impri-mindo uma marca de “modernização” nasconstruções governamentais(CAVALCANTI, 2001). Seguindo essatrajetória, os prédios escolares desta-cam-se como exemplos importantes daprimeira fase do movimento modernoque começava a se consolidar no antigoDistrito Federal. A arquitetura dessasescolas revelava um retorno às tendên-cias arquitetônicas da Europa do primei-ro pós-guerra, abandonando a valoriza-ção das tradições locais do passado efomentando ideais de ensino essencial-mente modernizadores como a sua ver-tente arquitetônica.

O repertório formal adotado compactua-va com a política educacional idealiza-da por Anísio Teixeira - a escola públicaracional, modulada e com espaçootimizado, de baixo custo e de amploatendimento à sociedade “urbano-indus-trial” emergente, procurando atender àscondições básicas de conforto ambiental,

5 - E. M. Estados Unidos, Rio Comprido – Rio de Janeiro/RJ(Fernando Nereu Sampaio e Gabriel Fernandes, 1929)

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética10

como ventilação, sombreamento e orien-tação adequadas. Comportando combi-nações de sólidos geométricos de linhaspuras, sem rebuscamentos e ornamen-tações, abandonam a simetria bi-laterale introduzem os quebra-sóis como solu-ção de sombreamento (imagem 2).

A linguagem morfológica da arquiteturamoderna continuou sendo adotada naconstrução de prédios escolares, acom-panhando as tendências dominantes doperíodo, durante as décadas de 40/50.O padrão construtivo de certas edifica-ções evidenciava, além do compromis-so estético e plástico, ocondicionamentotérmico natural; a utilização de elemen-tos como quebra-sóis (para proteção dasfachadas mais ensolaradas), cobogós,simplicidade dos volumes componentese pilotis, favorecendo o controle da inso-lação e a qualidade da ventilação.

Na década de 60, intensificam-se as dis-cussões pela ampliação do acesso aoensino público e gratuito, culminando napromulgação da Lei de Diretrizes e Ba-ses da Educação Nacional de 1961. Nopanorama da arquitetura escolar, desta-ca-se no governo de Carlos Lacerda, noRio de Janeiro, a implantação de um pro-grama de reestruturação e expansão doensino básico, resultando na construçãode uma série de escolas primárias.

Esses projetos, de autoria do arquitetoFrancisco Bologna, destacavam-se pelaadoção de uma unidade plástica vincu-

lada a um partido padronizado, mesclan-do elementos tradicionais e contemporâ-neos, como o uso do tijolo aparente, te-lha colonial de barro, estrutura em con-creto ou madeira. O vocabulário arquite-tônico das construções revelava algumainteração com as condições ambientais

- como o uso de telha cerâmica na co-bertura, onde se empregava beirais detelhado para proteção contra chuvas esombreamento das fachadas, além dosbrises em madeira utilizados nas es-quadrias (imagem 3).

A década de 70 é marcada, no âmbitofederal, pela sistematização e padroni-

zação de critérios para uma metodologiade projetos escolares, incluindo o plane-jamento da unidade escolar e de toda arede física. Vinculado ao Programa deExpansão e Melhoria do Ensino(Premen), através da iniciativa do MEC,é criado o Cebrace que oferecia aos pro-

jetistas, (...) “um modelo para caracteri-zação dos principais aspectos a seremconsiderados na elaboração, avaliaçãoe aprovação dos projetos escolares”(CEBRACE, 1976: 05).

De acordo com os critérios e recomen-dações do Cebrace (1976), as condiçõesambientais aparecem como requisito de

6 - E. M. República Argentina – Rio de Janeiro, arquiteto Enéas Silva (1935)

7 - Escola Doutor Cícero Penna, Copacabana – Rio de Janeiro, arq. FranciscoBologna (1964)

11Edificações educacionais

projeto, referindo-se a necessidade deindicar no mesmo condições favoráveisde ventilação, iluminação, cores e loca-lização. No entanto, essas recomenda-ções apresentavam-se num âmbito ge-ral, sem uma investigação aprofundadasobre as características físicas dos ma-teriais, os detalhes construtivos, que fa-vorecessem as condições de confortoambiental, os dados climáticos e, sem aformalização efetiva desses critérios.

A visão democrática da educação quecomeça a ser desenvolvida por educa-dores no Brasil, a partir da década de60, resultou em alguns projetos de gran-de impacto. No âmbito público, na déca-da de 80, inspirado nos projetos educa-cionais de Fernando de Azevedo e Aní-sio Teixeira (GADOTTI, 1998), Darcy Ri-beiro desenvolve no Rio de Janeiro, oambicioso projeto dos Centros Integra-dos de Educação Pública (Cieps). A pro-posta tinha como meta a educação inte-gral, dando apoio ao desenvolvimentodas crianças e à comunidade local, demaneira a tornar-se objeto de benfeitoriaonde fosse instalada. O projetoarquitetônico é de autoria de OscarNiemeyer, que adota como soluçãoarquitetônica um modelo padronizadoque pudesse resumir uma identidade demodernidade, oferecendo às classespopulares a oportunidade de uma esco-la dita mais “digna” e de mais qualidade.

Os Cieps constituíram verdadeiro mar-co simbólico da política educacional doGoverno de Leonel Brizola, sendo cons-truído em pontos estratégicos de gran-de visibilidade em todo o território esta-dual. As peças moduladas e pré-fabricadas idealizadas pelo arquitetocomo mar-cação e ritmo das fachadas,facilitavam sua produção em série,viabilizando a ambiciosa política públicade expansão do ensino. Porém, o casodos Cieps evidencia a fragilidade da uti-lização de projetos-padrão, sendo ado-tado sem uma análise aprofundada arespeito das espe-cificidades climáticase sócio-culturais de cada região, apre-sentando muitas vezes, dificuldades deimplantação e o comprometimento daqualidade ambiental.

Em São Paulo, a partir de 1975 - em fun-ção do significativo aumento da deman-

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da por salas de aula - o Governo esta-dual procurou racionalizar todo o siste-ma projetivo, resultando na criação daCompanhia de Construções Escolares doEstado de São Paulo (Conesp), sendopossível baratear o custo das obras e agi-lizar a construção, impondo, como con-seqüência, limitações às soluções ar-quitetônicas. O aperfeiçoamento dessasistemática resultou na elaboração deuma série de manuais de especificaçõesescolares, que se tornaram referênciapara diversos organismos que tratam doprojeto e construção de edificações esco-lares. Em 1987, surge a FDE, que reúnenuma única instituição, todos os órgãosestaduais que cuidavam de assuntos re-lativos à educação no estado, tanto sobos aspectos físicos quanto pedagógicos.

Nos dias de hoje, o edifício escolar ten-ta acompanhar, ainda que lentamente,as novas filosofias da educação e a umavisão diferenciada da criança daquela deséculos atrás. Ao mesmo tempo, o “fe-nômeno globalizante” - com suas ramifi-cações ecológicas e econômicas – imple-menta uma conscientização mundial deproteção ao meio-ambiente, refletindo nafilosofia e nas questões debatidas nasescolas e, principalmente, na relaçãousuário, ambiente construído e ambien-te natural. O desenvolvimento de umanova consciência de respeito à vida,internalizando papéis e responsabilida-des sociais, vai ao encontro com a cons-trução de uma abordagem mais abran-gente, que inclui a discussão dos concei-tos de sustentabilidade para a melhoriada qualidade de vida (AZEVEDO, 2002).No entanto, o panorama atual de nos-sas escolas públicas demonstra que assoluções arquitetônicas adotadas reca-em ainda quase sempre para uma pa-dronização.

É comum a adoção de soluções prontasou partidos arquitetônicos e componen-tes construtivos padronizados, sem umareflexão maior sobre os contextos físi-co-ambiental e sócio-cultural existentes.A fragilidade da utilização de projetos pa-dronizados é confirmada pelas dificulda-des e incoerências na implantação dasedificações, onde as soluções são qua-se que independentes dos terrenos ondeestão situadas, resultando em gastospara adaptação do edifício, salas de aulacom localização inadequada e áreas ex-

ternas com pouco ou nenhum tratamen-to paisagístico.

A produção atual da arquitetura escolardesconectada das relações pessoa-am-biente sinaliza a necessidade de umanova abordagem sobre a problemática,que reconheça sua multidisciplinaridade,abrangência e que pense sobre os signi-ficados do ambiente no processo deconstrução do conhecimento. Essa abor-dagem vai exigir uma mudança de atitu-de nas práticas tradicionais de concep-ção do edifício escolar, consolidando umcompromisso entre arquitetura, educa-ção e meio-ambiente (AZEVEDO, 2002).

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética12

DA ESCOLA MODERNA À ESCOLA CONTEMPORÂNEA

O RESGATE DO CONFORTO AMBIENTAL NOS PROJETOSESCOLARES ATUAIS

Arquiteta Vera HazanMestre em Planejamento Urbano e Regional, IPPUR/UFRJ; Doutoranda em Urbanismo, PROURB/FAU/UFRJ, Professora PUC-Rio.

Artigo

A história da arquitetura moderna con-funde-se com a história da industrializa-ção, que se processou em vários seto-res no século XX, entre os quais a cons-trução civil. Profissionais da área inicia-ram vários estudos a respeito da pré-fa-bricação e, conseqüentemente, da Co-ordenação Modular utilizada em pavi-lhões, hospitais, habitações populares,escolas etc, visando à padronização doscomponentes, necessária para raciona-lizar os custos e prazos das construções,principalmente em edificações de gran-de porte e projetos a serem reproduzi-dos, seja na arquitetura pública, seja naarquitetura privada.

Outro fator muito explorado na arquitetu-ra moderna, e resgatado recentementena arquitetura contemporânea, refere-seao conforto ambiental e à necessidadede utilização de recursos naturais para amelhoria da qualidade dos espaços.

No caso da arquitetura pública, e maisespecificamente das escolas, os partidosarquitetônicos que priorizam as ventila-ções cruzadas, iluminações naturais, in-clusive zenitais, proteções com brisesoleil, cobogós, venezianas e varandas,exploração de reuso das águas pluviaisetc encaixam-se no que se pode chamarde uma arquitetura ajustada aos padrõescontemporâneos, onde a qualidade doprojeto é verificada, principalmente, nouso e manutenção do edifício.

A preocupação com uma arquitetura sus-tentável, racionalização do sistema cons-trutivo, flexibilidade dos espaços esco-lares etc é comum tanto nos programaseducacionais nacionais quanto estrangei-ros. Apesar de se falar mais intensamen-te sobre a questão da sustentabilidadeda arquitetura pública nos dias de hoje,é nos projetos das décadas de 1920,

1930, 1940 e 1950 que encontramos asreferências que servem de base para osmelhores projetos atuais.

Dentre estas referências, encontram-seas obras de arquitetos estrangeiros comoRichard Neutra, fonte inspiradora paraprofissionais de todo o mundo, em fun-ção de sua arquitetura modular, precisa,arejada, e sobretudo projetada para aescala de seus usuários, e de brasilei-ros memoráveis, como FranciscoBologna, Affonso Eduardo Reidy, OscarNiemeyer e João Filgueiras Lima, o Lelé,que por um tempo se dedicaram a proje-tos escolares, reproduzidos em escalasmunicipais e estaduais.

Novos métodos, novaarquitetura escolar

A dedicação de grandes arquitetos mo-dernos ao tema escola deve-se, em par-te, à necessidade de ajustar a arquitetu-

ra aos programas criados pelos novosmétodos de ensino, como os estabeleci-dos por Rosa Montessori na Europa,John Dewey nos Estados Unidos e Aní-sio Teixeira no Brasil.

A escola urbana de planta compacta ho-rizontal sobre pilotis desenvolveu-se pri-meiramente na Suíça, com o projeto deHannes Meyer e Hans Wittwer para aPetersschule, em Basel (1926), reprodu-zido em diversos países europeus.

Nos Estados Unidos e no Brasil, tambémforam desenvolvidos projetos com o ob-jetivo de refletir as mudanças do ensinoe da sociedade da época. No Brasil, aproposta de Anísio Teixeira para a “novaescola” na década de 1930 contou comarquitetos como Wladimir Alves de Sou-za, Paulo Camargo deAlmeida eAffonsoEduardo Reidy, que projetaram um con-junto de escolas populares no Rio deJaneiro, conciliando o espaço escolarcom o novo método de ensino.

8 - Kester Avenue Elementary School, California, 1951/55; Projeto: Richard Neutra.

13Edificações educacionais

A influência de Neutra naarquitetura escolar e suascontribuições para umprojeto sustentável

Do ponto de vista metodológico, o proje-to arquitetônico de Neutra é visto de for-ma integral, com procedimentos sistemá-ticos que incluem desde a elaboraçãocriteriosa do programa arquitetônico, de-finição das relações funcionais até odimensionamento e desenho de mobiliá-rio a ser utilizado nos espaçose scolares.

Como arquiteto modernista, tinhapreocu-pações com a classificação e oordena-mento dos espaços em setoresfun-cionais, permitindo, ao mesmo tem-po, formas de controle das ações soci-ais e interação entre as diversas catego-rias de usuários, no caso alunos, profes-sores, funcionários etc.

Em termos de conforto ambiental,Neutrapreocupava-se em oferecer amplas aber-turas e áreas sombreadas, principalmen-te em cidades de clima mais quente,como na Califórnia, bem como adaptaras edificações às condições climáticasde cada lugar. O uso de pérgulas, brises,portas retráteis, jardins e áreas externasjunto às salas de aula mostram sua pre-ocupação com o uso da iluminação even-tilação naturais, e principalmente obem estar e o conforto das crianças.

A exploração de recursos e soluções sim-ples e eficazes, verificadas em seus pro-jetos, demonstram a possibilidade de seconceber edificações escolares de bai-

xo custo de construção e manutençãocom grande qualidade arquitetônica. Oarquiteto se valeu de sua experiência empré-fabricação e aplicação de componen-tes modulares na construção de unida-des habitacionais e edificações públicastanto na Europa como nos Estados Uni-dos, para fazer seus edifícios escolares.

A pré-fabricação, tão utilizada por Neu-tra, também fez parte da escola paulistade arquitetura, nos projetos de VilanovaArtigas, e tem sido resgatada por váriosarquitetos, como João Filgueiras deLima, o Lelé, cujo sistema construtivo éextremamente interessante, pois possi-bilita a reprodução do projeto com even-tuais adaptações necessárias em fun-ção do terreno, da quantidade de usuá-rios etc.

Como o arquiteto dirige uma fábrica deargamassa armada, esse sistema cons-trutivo acaba sendo bastante acessíveleconomicamente, bem como seu proces-so de rápida execução, atraindo gover-nos estaduais e municipais, interessadosna construção de equipamentos sociais.

A reprodutibilidade, a racionalizaçãoconstrutiva, a economia de recursos e aeficiência energética têm sido algumasdas questões fundamentais da discus-são atual, principalmente nas boas prá-ticas da arquitetura pública.

A escola paulista atual

Na década de 1990 e na primeira déca-da de 2000, com a criação dos Centros

Nessa mesma época, nos Estados Uni-dos, Richard Neutra propôs um projetode escola experimental em Los Angeles(1935), com um prédio horizontal de umsó andar, no meio de um espaço verdeque explorava a interação entre as salasde aulas e um pequeno jardim, atravésde portas retráteis de vidro, proporcio-nado uma maior flexibilidade e integra-ção entre os espaços, bem como a pos-sibilidade de diversas atividades para osestudantes.

Neutra embasava suas idéias sobrecomo o edifício, a natureza e a humani-dade se inter-relacionavam. Sua arquite-tura proporcionava permeabilidade e re-lação entre os espaços, com divisóriasmóveis de vidro, espelhos d’água e co-berturas que atravessavam os limites doedifício, criando espaços multifuncio-nais, ajustados às necessidades educa-cionais daquela época. Para o arquiteto,a arquitetura tinha o dever e a possibili-dade de auxiliar no processo do novo sis-tema educacional. Sua visão, de certaforma, firmava a arquitetura como partefundamental do processo de mudanças,elevando-se a importância da concepçãoarquitetônica para o processo educativo.

Os melhores exemplos da proposta deRichard Neutra são encontrados em seusprojetos para a Corona School (1935),em Bell, Califórnia e para a KesterAvenue Elementary School (1951/55),também na Califórnia. Na CoronaSchool, ele propôs salas sem hierarquiaentre professor e aluno, eliminando a es-trutura tradicional das antigas escolas.O espaço livre, com pé direito mais altoque o convencional, pátios como exten-são do espaço interno e móveis fáceisde movimentar, permitiam vários layoutse uma criatividade maior no ambienteescolar. Sua arquitetura tornou-se um ve-ículo para um novo projeto social, discu-tindo não apenas a imagem do edifícioescolar tradicional, mas também aformacomo o aprendizado deveria acontecer.

Além disso, a criação de jardins e a inte-ração com a natureza eram, segundoNeutra, muito importantes para a forma-ção da criança. Depois da CoronaSchool, o arquiteto desenvolveu esseconceito em muitas de suas obras, am-pliando suas experimentações, desde aquestão espacial até os métodos cons-trutivos. 9 - FDE - Escola em Campinas - UNA Arquitetos.

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética14

Educacionais Unificados (CEUs) e dasEscolas da Fundação para o Desenvol-vimento da Educação (FDE), vinculadaSecretaria da Educação do Estado deSão Paulo, novos projetos de qualidadesurgiram, renovando a escola paulistaconhecida através da arquitetura deVilanova Artigas, Paulo Mendes da Ro-cha, João Eduardo de Gennaro, entreoutros.

Com o crescimento de São Paulo e em-pobrecimento da periferia e áreas prole-tárias, as escolas passaram a ter um va-lor muito importante para a revitalizaçãodas áreas de população de baixa renda,geralmente sem equipamentos públicose com entorno físico degradado. Destaforma, além da significação funcional doprédio escolar, os arquitetos contratadospelo programa paulista tiveram o desa-fio de criar não somente uma identidadesociocultural local, como um símboloarquitetônico de grande valor para osmoradores.

Se, por um lado, os programas defini-ram normas construtivas essenciais ba-seadas no uso de elementos pré-fabri-cados de concreto armado – pilares, vi-gas e lajes alveolares –, assim como umsistema fixo de componentes funcionais,por outro eles também procuraram a di-

versificação dos projetos, contratando al-guns escritórios paulistas de prestígio,como Siegbert Zanettini, Tito Lívio Fras-cino, Eduardo de Almeida, HectorVigliecca, Paulo Bruna, MarcosAcayaba,Paulo Sophia, Ubyrajara Gilioli, AndradeMorettin, Vainer & Paoliello, Uma Arqui-tetos, MMBB, Nave, Angelo Bucci e Ar-quitetos Cooperantes, Brasil Arquitetu-ra, entre outros.

Os projetos foram definidos segundo olocal, a comunidade e as possibilidadesde verticalização ou horizontalizaçãopermitidas pela legislação. Como a mai-or parte encontra-se situada em lotes ur-banos, predominou a solução compactae verticalizada de quatro pavimentos,com a quadra esportiva colocada no ní-vel superior do edifício, aumentando, decerta forma, a visibilidade e a projeçãodas escolas nestas áreas.

A utilização de brises metálicos ou deconcreto, venezianas e painéis indus-triais translúcidos, telas metálicas perfu-radas, treliças de madeira e cobogóscerâmicos permitiram, na maioria dosprojetos, a interação dos espaços in-ternos e externos, estabelecendo umacomunicação visual entre o volume tran-slúcido da escola e a comunidade local.

10 e 11 - Escola em Campinas, S.P., projeto Andrade Morettin

12 - Escola estadual em Tremembé, SP, projeto Angelo Bucci e Álvaro Puntoni.

13 - Escola estadual em Tremembé, SP, projeto Angelo Bucci e Álvaro Puntoni.

15Edificações educacionais

Além disso, percebe-se uma maior pre-ocupação com a vedação externa, ante-paro à insolação na fachada norte, pro-teção da escola contra o vandalismo, eainda com o baixo consumo de energiae conforto ambiental para os seus usuá-rios. A iluminação e a ventilação natu-rais abundantes, o uso de proteções con-tra a insolação e aberturas zenitais dotipo shed, à semelhança de antigasedifica-ções industriais, que capturam etrazem para dentro da escola a luz solarproporcionam um ambiente adequado àedificação escolar, e ainda às necessi-dades de baixo consumo de energia, fun-damentais para a manutenção de equi-pamentos sociais.

Entre os projetos, destacam-se as Esco-las Cidade, de Andrade Morettin e Verti-cal do UNA arquitetos, ambas em Campi-nas, a Escola estadual em Tremembé,zona norte de São Paulo, projetada porAngelo Bucci e Álvaro Puntoni, a Escolaestadual Jardim Ipanema em Jaraguá,bairro do extremo oeste de São Paulo,projetada por Ubyrajara Gilioli, e a Esco-la em Santo André da Brasil Arquitetura.

Minami School e LycéeAlbert Camus, exemplos dearquitetura escolarcontemporâneainternacional

Minami School, Quioto - Japão

A Minami School, escola projetada peloarquiteto britânico Richard Rodgers em

Quioto, no Hemisfério Norte, foi conce-bida como uma grande casa, que ofere-ce, não somente espaços para o ensinode crianças entre 6 e 12 anos de idade,como também áreas de convivência paraa comunidade como um todo. O cora-ção da escola é um grande hall, que per-mite a interação entre o espaço externoe os dois níveis de sala de aula projeta-dos segundo uma modulação repetida.

Este grande hall também é modulado, econtém não somente as circulações,como também todos os demais espaçosde interação entre as salas. Os espaçosutilizados pela comunidade estão todosno nível inferior, para facilitar o acesso eo controle na escola. Uma seqüência devãos de iluminação modulados, viradospara o norte, proporcionam uma exce-lente iluminação neste coração do edifí-cio. A escolha de cores fortes como azul,amarelo, vermelho, utilizadas dentro damodulação espacial, servem de códigopara as crianças e os adultos, definindoas diferentes áreas e funções.

A estrutura em concreto armado, em par-te formada por material reutilizado, émodular, assim como a estrutura metáli-ca da cobertura. Os elementos de madei-ra, assim como os pisos e móveis foramfeitos no local, especialmente para a es-cola, aproveitando-se a mão de obra lo-cal. Painéis,brinquedos e equipamentosespeciais também foram especialmenteencomendados a um artista japonês.

Na Minami-Yamashiro School, a estru-tura em concreto armado aparente foiusada numa interpretação contemporâ-

nea de um antigo método construtivo,combinado com grandes superfícies devidro e simples componentes metálicos.

A escola, pensada de forma a tirar van-tagem da luminosidade natural e da ven-tilação proporcionada pela sua localiza-ção no alto da cidade, destaca-se napaisagem da cidade, representando algoimportante para os cidadãos, da mesmaforma que as escolas construídas emáreas carentes de São Paulo.

O edifício representa um novo foco deatenção para a comunidade, criando umelo entre a educação dentro e fora daescola, com espaços recreativos desti-nados não somente aos estudantes, mastambém aos seus familiares e membrosda comunidade, que utilizam alguns es-paços para cursos de extensão, confra-ternização etc.

A flexibilidade é fundamental para a or-ganização do programa, já que suas sa-las de aula podem ser organizadas se-gundo as diferentes necessidades cur-riculares, seja durante o dia, utilizadaspelos estudantes, seja à noite e em finsde semana, pelo resto da comunidade.A idéia de flexibilidade permite cada as-pecto do projeto, onde os dois níveis desalas de aula são montados segundouma malha reticulada modular quadra-da de 8,10 x 8,10 metros.

A estrutura reticulada cria uma armação,onde elementos modulares são inseridoscomo formas expressivas. Cores fortessão utilizadas para ajudar na legibilidadee distinção dos vários tipos de espaços,permitindo uma utilização mais segura eprazerosa de seus usuários.

14- Minami-Yamashiro School – exterior. 15 - Minami-Yamashiro School – interior.

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética16

18 - Lycée Albert Camus – interior 19- Lycée Albert Camus – exterior.

17 - Lycée Albert Camus – esquema de ventilação.

16 - Minami-Yamashiro School – piscina e exterior.

A cobertura alta e solta da edificaçãoatua como uma máquina de ventilaçãoe iluminação naturais. A fachada norteleva luz para o interior do edifício, en-quanto painéis de vidro abertos viabili-zam a entrada e a saída do ar, permitin-do um condicionamento térmico naturaleficiente para todas as estações do ano,questão fundamental para uma escolautilizada não somente para o ensino,como para atividades comunitárias aolongo do ano.

Lycée Albert Camus, França

O Lycée Albert Camus, localizado numazona de expansão na Coté d´Azur, foiprojetado pelo arquiteto britânicoNorman Foster, que estabeleceu como

premissa a construção de um edifício fle-xível, com uma estrutura aberta e o con-ceito de baixo consumo de energia, apro-

priado ao clima mediterrâneo, explora-do, principalmente através de sua cober-tura, das aberturas para a ventilaçãonatural em amplas circulações, cobertaspor abóbadas inspiradas na arquiteturaárabe.

Além disso, o arquiteto desenvolveu umsistema de troca de ar e proteção da in-solação, através da cobertura e dos gran-des brises-soleil metálicos, que permi-tem, tanto no verão quanto no inverno,um condicionamento ambiental confor-tável e saudável nos diversos ambien-tes da escola, sem o auxílio de meiosmecânicos de refrigeração.

Os materiais foram escolhidos de acor-do com o clima local e disponibilidadena região, utilizado em diversos projetosna França, economizando-se no deslo-camento, na mão de obra e no custo fi-nal da construção.

17Edificações educacionais

ESCOLA DE BOA VISTA – RORAIMA

Mauro Neves NogueiraArquiteto, Mestre pela UFRJ e Doutor pela USP, professor adjunto FAU/UFRJ.

Boas Práticas

Idéia do edifício

O edifício, construído de maneira sim-ples e econômica, responde às necessi-dades programáticas e se estrutura apartir do tipo arquitetônico “pátio” com oobjetivo de se compactar volumes e con-centrar circulações e áreas livres. O re-sultado integra suas partes em torno deum vazio – o pátio descoberto – focoespacial principal de todo o complexoescolástico.

Todos os volumes seguem o paralelismoda Av. Carlos Pereira de Melo, e os re-cintos de jogos e agrícolas seguem a ori-entação próxima ao eixo Norte-Sul, paramelhor prática esportiva. Com um só pa-vimento e telhados cerâmicos, exceto oda quadra poliesportiva, buscou-se umacontextualização do novo objeto no sí-tio ainda não densamente ocupado.

Sistema espacial

Criou-se um sistema espacial arquitetô-nico que se estrutura em torno do pátiodescoberto. Este intermedia os doisgrandes espaços cobertos: o pátio co-berto e a quadra poliesportiva. Igual pa-

pel, mas de maneira secundária, tem apraça esportiva, que relaciona a quadracom os recintos esportivos e agrícolas.Partindo do espaço do átrio e do pátiocoberto, e passando por aquele do pátiodescoberto, que se prolonga pela qua-dra poliespo-rtiva, tem-se, até chegar àpraça esportiva, um “continuum spatiale”,que define uma estrutura dorsal longitu-

dinal integra-dora de todas as funçõesda escola.

O espaço do pátio descoberto tem rela-ções transversais, através das galeriasNorte e Sul e das interrupções volumétri-cas dos blocos com a Av. Carlos Pereirade Melo e o Anfiteatro das Árvores. Tan-to o pátio coberto quanto a quadrapoliesportiva funcionam como “praçascobertas” em estreita relação com aque-las descobertas.

Acessos e sistema depercursos

Optou-se pela rua lateral, secundária eplana, como o único acesso à escola,objetivando fugir do fluxo de veículosmais intenso da Av. Carlos Pereira deMelo, e dar segurança aos alunos. As-sim evitou-se qualquer confusão numarua principal nos horários de pico. Ali seconcentram todos os acessos à escola:de pedestres, bicicletas e veículos depasseio e serviço controlados por umaguarita.

A estrutura primária de percurso compõe-se de uma galeria contínua que contor-na o pátio descoberto. Essa galeria con-

20 - Vista aérea

21 - Pátio coberto

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética18

tínua permite o acesso a todos os luga-res: acadêmicos, administrativos e deserviço. No seu lado oriental, está emcontinuidade com a quadra poliesportiva,permitindo uma integração de fluxos comos recintos esportivos e agrícolas.

Em paralelo com a estrutura de fluxoslongitudinais, há uma estrutura de per-cursos transversais que permite o aces-so, também, aos ambientes externos:Anfiteatro das Árvores, futuras salas deaula e campos de esporte e agrícola.

Zonas funcionais

A distribuição das funções no sítio se fezde maneira a agrupar, no Sul junto à rualateral, as atividades internas e, no Nor-te e Este, as externas.

O conjunto de funções administrativas ede serviço foi localizado logo na entra-da, para facilitar o acesso do público ex-terno à escola. Procurou-se concentrartoda a zona de serviço junto ao final doestacionamento, para agilizar a carga edescarga dos veículos de serviço.

O mesmo raciocínio foi adotado para alocalização da teleducação, biblioteca esalas de informática, logo na entrada,para facilitar o acesso de pessoas dacomunidade.

As salas de aulas completam o espaçodo pátio, ao Norte, e prolongam-se emdireção dos recintos externos.

O pátio coberto e a quadra poliesportivatêm uma diversidade de usos de manei-ra a se relacionarem funcionalmente como pátio descoberto. Assim, espetáculos,festas e manifestações artísticas e so-ciais tanto poderão acontecer no conjun-to desses ambientes, quanto em cadaum deles separadamente.

Sistema formal

O volume básico da escola, que se re-pete em torno do pátio, compõe-se de

formas pris-máticas encima-das por te-lhados de alturas variadas: os mais al-tos conformam as salas e aqueles maisbaixos, parte do sistema distributivo, asgalerias.

Na sucessão de formas que se apresen-tam ao longo do pátio, destacam-se osvolumes da biblioteca, do pátio cobertoe da quadra poliesportiva, com o objeti-vo de ressaltar formalmente importantesfunções: os lugares do conhecimento eda sociabilidade. Os volumes da teledu-cação, pré-escolar, biblioteca e o caste-lo d’água enfatizam formalmente suasfunções e estão ao longo da Av. CarlosPereira de Melo. São elementos referen-ciais na paisagem para sinalizar a pre-sença da escola no território local.

Um pórtico d´entrada, encimado por umaabóboda de arco abatido, assinala a en-trada da escola e coloca, aqueles queestão entrando, em continuidade com osistema espacial principal de todo o com-plexo: os pátios e a quadra.

Sistema construtivo,materiais e eficiênciaenergética

O sistema construtivo adotado é misto,pois utiliza, nas fundações e em outraspartes, um sistema trilítico de concretoarmado e, na cobertura, um sistema devigas e treliças metálicas para melhorresponder às necessidades espaciaisque exigem grandes vãos nas salas, pá-tio e quadra.

As paredes são de tijolos cerâmicos lo-cais revestidas e os tetos dos ambien-tes fechados são de frisos de PVC. Asparedes externas e os telhados de cerâ-mica, ajudados pelo isopor e manta dealumínio entre a telha e o forro, garan-tem a proteção térmica necessária parase evitar o calor do exterior.

Os telhados dos ambientes e galerias emtorno do pátio, inclusive do pátio cober-

to, são de telha cerâmica local com es-trutura de madeira nos pequenos vãos emetálica naqueles maiores; enquanto naquadra poliesportiva a telha é metálica.Assim têm-se áreas amplas bem ilumi-nadas naturalmente e com circulaçãocruzada para melhor responder ao climaequatorial.

A ventilação cruzada e a iluminação vin-da dos dois lados foram perseguidas emquase todos os ambientes, utilizando-se,além de janelas tradicionais, “clerestório”de venezianas fixas de PVC translúcido.

23 - Vista aérea

FICHA TÉCNICACliente: Fundação BradescoDenominação da obra: Escola de BoaVista – RoraimaTema: Projeto de Arquitetura, Sinalizaçãoe Urbanismo de uma EscolaEndereço da obra: Av. Carlos Pereira deMelo s/n, esquina da Rua Y1, JardimFloresta, Boa Vista – RoraimaÁrea do terreno: 22.972 m²Área construída: 5.000 m²Data do projeto: 09/2001 – 06/2002Data da obra: 04/2002 – 02/2003Equipe técnica:Fundação BradescoDiretoria: João Cariello, Ana Luiza Restanie Denise Aguiar Alvarez ValenteAdministrativo financeiro: JeffersonRomonResponsável pelo acompanhamento daobra: Antonio Carlos das NevesEngenharia: Odahir AffonsoProjeto de ArquiteturaStudio di Architettura Mauro NevesNogueira Ltda.Arquiteto titular: Mauro Neves NogueiraCoordenador: Marilena Nunes BernardinoArquiteto junior: Tatiana Letier PintoAprendizes de arquiteto: Ana Liege Jostde Figueiredo, Gustavo Luiz da SilvaMartins, Ronaldo Gonçalves Lima JuniorGerenciamentoEngebanc Engenharia e ServiçoLuciana TorrallesConstrutoraConstrutora TSEng. responsável pela obra: RubemLisboa de MelloEngenheiros: Antonio Carlos Oliveira,Marcos Elísio, Wedler de SantiProjetistas ComplementaresInstalações: José Cesar Sardinha FilhoEstrutura: CGR Consultoria e ProjetosLtda.Engenheiros: Carlos Alberto SantosCoelho da Rocha, Ronald WallConforto ambiental: Arkhitekton Arq. ePlanejamento Ltda., Eng. Ariaman Gomesdos SantosIncêndio: Eng. BringelFundações: Portella & Alarcon

22 - Sistema construtivo

19Edificações educacionais

EPOÉTICAS DA ADEQUAÇÃO: ALDEIA SOS DOAMAZONAS

Beatriz Santos de OliveiraArquiteta e Urbanista, Mestre e Doutora pela USP, professora da FAU/UFRJ.

Mirian Keiko Ito RovoArquiteta e Urbanista, Mestre pela UFRJ, professora da FAU/UFRJ.

A Aldeia SOS do Amazonas é um com-plexo que reúne edificações residenciais,de lazer e educativas (programa educa-tivo não convencional), que visa acolhercrianças em risco social fortalecendo osentido de família e comunidade (ima-gem 22). A Aldeia está ligada a um pro-grama maior que é a organização filan-trópica SOS Kinderdorf Internacional cri-ada em 1949, pelo pedagogo HermannGmeiner. A idéia é formar pequenas co-munidades com 10 a 12 casas-lares, di-ferenciando-se das instituições tradicio-nais, com famí-lias compostas por umamãe-social que cuida de até nove crian-ças. Essas devem viver e crescer comoqualquer outra criança normal, reinte-grando-se gradati-vamente à sociedade.

Compõe o conjunto 12 casas-lares, casadas tias, do dirigente, do zelador, escolade mães, alojamento de visitantes, tra-balho com terra, refeitório, garagem, la-vanderia e uma casa comunitária quefunciona como o centro administrativo enúcleo médico. As casas se integram aos

espaços de uso comum como auditório/teatro, jardim de infância, biblioteca in-fantil, áreas de esportes e lazer. A inser-ção destes espaços, que também sãofreqüentados pelas comunidades vizi-nhas, vem estimular a integração dascrianças à comunidade e também pre-pará-las visando o ensino integral, umensino que prepara o indivíduo para arealidade da vida, com experiências quecompletam a formação do indivíduo (edu-cação física, artística e fundamental).

As diversas edificações da Aldeia sãointerligadas pela sinuosa circulação co-berta construída em madeira e folhas depalmeira, onde podemos perceber cla-ras referências à cultura local, tanto noprocesso construtivo como no tipológico,

24 - Planta de situação

23 - Vista aérea da Aldeia SOS do Amazonas em fase final de construção

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética20

lembrando os grandes espaços comuni-tários das ocas indígenas.

Este local de funções múltiplas é pontu-ado por momentos em que as curvas dacobertura se alargam e o pé-direito cres-ce formando grandes abrigos alternati-vos onde podem ser realizadas diversasatividades, como o lazer das crianças emdias de chuva, atividades educativas oua simples circulação. É o pólo mais im-portante de convívio, espinha dorsal doprojeto, constituindo-se numa verdadei-ra rua-praça dessa pequena aldeia. Suaexistência permite a integração física esocial da comunidade.

A implantação das edificações acomo-dou-se aos desníveis do terreno, alteran-do minimamente suas característicasnaturais. No que se refere ao arranjo es-pacial, as edificações foram dispostas detal forma a possibilitar a ventilação cru-zada por todos os edifícios. A determi-nação das distâncias entre as casasmanteve uma aproximação entre elas,buscando o sentido de vizinhança da al-deia, ainda que resguardando a impor-tância da intimidade.

O partido arquitetônico das edificaçõesvisou a uma orientação adequada emrelação à trajetória do sol em Manaus,assim como em relação aos ventos do-minantes. Para as casas foi possível,pelas dimensões do terreno, adotar umaforma alongada o que permitiu tantoaberturas no sentido dos ventos para di-versos compartimentos, quanto oposicio-namento das menores dimen-sões do volume à orientação leste-oes-te como requer o clima. Reentrâncias esaliências determinadas para as faces do

volume permitem uma dinâmicavolumétrica interessante criando áreasde cheios e vazios, de sombras e luz.Esses recursos, além de dotar o volumede qualidade plástica, melhoram sobre-maneira a venti-lação e iluminação nosambientes ao permitir maior quantidadede paredes com aberturas e a captaçãoe canalização das brisas para o interiorda edificação.

O espaço interno das casas ficou distri-buído em duas alas: em um primeiro ní-vel e ao lado esquerdo da entrada prin-cipal, situa-se a ala de convívio e de ser-viços. Do lado direito, a um metro maisabaixo, a ala íntima. As soluções de de-senho para as esquadrias com venezia-nas móveis e janelas basculantes aper-feiçoam o fluxo do ar nos ambientes epermitem também o controle da passa-gem do ar e da luz. Além disso, nas pro-porções de suas formas, linhas e planosse harmonizam em rigorosa modulação,criando um jogo plástico pela combina-ção de materiais de natureza distinta: amadeira opaca e cálida, e a transparên-cia das superfícies de vidro.

A cobertura com grandes beirais prote-ge as paredes externas e o interior daschuvas e do sol. Sua inclinação visa aminimizar os efeitos da radiação solar epropiciar o escoamento adequado daságuas. O pé-direito alto, daí decorrente,contribui para que a ventilação cruzadaproporcionada pelas aberturas nas duasextremidades da cobertura retire o calorque atravessa as telhas cerâmicas. O pé-direito alto responde também a outrasfunções além das utilitárias. Na sala, porexemplo, lugar do convívio da família,determina a generosidade espacial do

ambiente e torna visível a riqueza plásti-ca da composição dos planos de fecha-mento das áreas íntimas e de serviço.

Nos quartos, assim como nos demaiscompartimentos da casa, forros de ma-deira funcionam como isolantes acústi-cos e térmicos. O seu desenho foi resol-vido pela conjugação de dois planos in-clinados que convergem para a linha dacumeeira. Uma abertura ao longo da li-nha de interseção entre os planos per-mite a saída de ar quente acumulado nointerior dos quartos.É possível ainda perceber na forma re-sultante dos quartos um caráter lúdico eeducativo com a sugestão da forma deuma pequena casa dentro da casa prin-cipal. A configuração formal estimula,através da relação pequena-casa/casa-maior, o sentimento de autonomia neces-sário às crianças em sua formação psi-cológica, ao mesmo tempo em que res-guarda o sentimento de proteção com aimagem do pequeno dentro do grande,dessa metáfora do útero, do aconchegodo lar e da figura da mãe.

FICHA TÉCNICANome do projeto: Aldeia SOS doAmazonasLocalização: Avenida da PenetraçãoNorte-Sul, 600 – Manaus – Amazonas 32Data da inauguração: 28 de outubro de1997Autor do projeto: Arquiteto SeverianoMario PortoÁrea construída: 6.431,22 m²Área total do terreno: 64.549,95 m²Autor do projeto de estruturas: SecopeEngenharia S/CProjeto de instalações: EPL – Engenha-ria, Comércio e Representações Ltda.Materiais especiais empregados: nacirculação de palha: cobertura de palhatipo buçu e estrutura (pilares) emmadeira acariquara. No auditório: pilaresem estrutura metálica.Data projeto original: 1993Data da construção: 1994 – 1997Data da inauguração: 1997Contato da Aldeia. Fone/Fax: 92 3651-3316 e-mail:[email protected] presente texto é uma adaptação doartigo Por um regionalismo eco-eficiente: a obra de Severiano MárioPorto no Amazonas. Autoras: BeatrizSantos de Oliveira e Mirian Keiko ItoRovo, disponível emwww.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp226.asp

25 - Planta baixa e corte longitudinal da casa-lar

21Edificações educacionais

COLÉGIO SANTO AGOSTINHO – NOVA LIMA / MGCOLÉGIO SANTO AGOSTINHO – NOVA LIMA / MGCOLÉGIO SANTO AGOSTINHO – NOVA LIMA / MGCOLÉGIO SANTO AGOSTINHO – NOVA LIMA / MGCOLÉGIO SANTO AGOSTINHO – NOVA LIMA / MG

Sebastião LopesArquiteto pela UFMG, consultor “ad hoc” em planejamento e projetos de edifícios educacionais.

26 - Colégio Santo Agostinho – Nova Lima/MG

O Colégio Santo Agostinho / Nova Limaestá situado num terreno de17.044,29m², é composto por três blo-cos. O Bloco 1 é um prédio com salasde aula, laboratórios e salas da admi-nistração, o Bloco 2 é um ginásiopoliesportivo e o Bloco 3 é um teatro comcapacidade de 400 lugares, totalizandoassim, uma área cons-truída de27.067,15m². O teatro será cons-truídoem uma segunda etapa em 2010.

O colégio tem capacidade para 2.000alunos por turno, possui 35 salas de aulae 25 espaços especializados, inaugura-

do em Agosto de 2007, hoje estão matri-culados 1.100 alunos.

O Colégio Santo Agostinho foi planeja-do para economizar o máximo de ener-gia elétrica. O seu interior é todo pinta-do com cores claras (marfim). As jane-las das salas são orientadas com pai-néis de basculantes de vidro e venezia-nas na parte superior que permitem umaventilação cruzada permanente. O pédireito da sala é de 3,60m e o pé direitodas varandas é de 2,50m. Essa diferen-ça permite uma ventilação permanenteentre a sala e o exterior, com venezia-

nas duplas nas salas e na fachada dasvarandas, sendo assim, o colégio nãopossui ar condicionado em nenhum am-biente. Todas as paredes externas sãoduplas (tijolos de oito furos) e nas facha-das menores, leste e oeste, foram colo-cados brises térmicos da HunterDouglas,na cor branca. Na fachada norte, existeuma varanda que tem uma cobertura emtelha termo acústica (E=30mm) com pédireito quádruplo para isolamento térmi-co das varandas e não permitir entradade chuva.

A cobertura do colégio e do ginásio poli-esportivo é em telhas brancas termoacústico (E=30mm). O interior do giná-sio e o salão têm cores claras e a faceinterior das telhas é branca.

Abaixo, no estacionamento, existe umacaixa d’água com capacidade de 250.000litros para reserva de água de chuva, quepor recalque manda essa água para as cai-xas suspensas (cor vermelha) para dar des-cargas em vasos sanitários, mictórios, lim-peza predial e irrigação dos jardins.

A piscina é aquecida por energia solar eos chuveiros dos vestiários dos alunossão aquecidos por gás passante. Nosjardins foram plantadas árvores frutífe-ras nativas e plantas ornamentais daMata Atlântica.

27 e 28 - Sala de Informática e salas de aula sem ar condicionado, com ventilação cruzada permanente – venezianas; iluminaçãoNatural e paredes com cores claras.

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética22

31 - Mapa das Zonas Bioclimáticas

Zona 8: Boa Vista – RR Escola Boa VistaManaus – AM Aldeia S.O.S.

- Aberturas grandes para ventilação e com sombreamento.- Paredes externas e cobertura leves e refletoras. Coberturas com telha debarro sem forro poderão ser aceitas, desde que as telhas não sejampintadas ou esmaltadas. Também serão aceitas coberturas comtransmitâncias térmicas acima dos valores tabelados, desde que atendamàs seguintes exigências: contenham aberturas para ventilação em, nomínimo, dois beirais opostos; e as aberturas para ventilação ocupem todaa extensão das fachadas respectivas.- Nestes casos, em função da altura total para ventilação. No verão, deve-se adotar ventilação cruzada permanente.Zona 3: Nova Lima – MG Colégio Santo Agostinho- Aberturas médias para ventilação e sombreamento de maneira quepermita o sol durante o inverno.- Paredes externas leves e refletoras e cobertura leve e isolada.- No verão, deve-se adotar ventilação cruzada como estratégias decondicionamento térmico passivo. No inverno, aquecimento solar naedificação e vedação interna pesada – inércia térmica.

FICHA TÉCNICACliente: Sociedade Inteligência eCoraçãoDescriminação da obra: Colégio SantoAgostinho / Nova LimaEndereço: Rua das Cores, 355 –Rodovia MG 30, KM 135 / Bairro Valedos CristaisÁrea construída total: 27.067,15m²Data do projeto: Março de 2006 38Data da execução da obra: Agosto 2007Equipe técnicaAutor: Arquiteto Sebastião de OliveiraLopesArquitetos colaboradores: RobertaOliveira, Pollyanna Drummond, RicardoFrança, Ian Guimarães, Tatiana Diniz,Eduardo Soares, Clarice Barbosa,Sheyla Bastos, Andrezza Goulart,Daniela Constantino, Laura Lopes,Jaqueline Vilela.Projetos complementares:Calculo estrutural: Engenheiro SebastiãoMendesSPC I: Engenheiro Félix MouraExecutor da obra: Sociedade Inteligênciae Coração

Hassan Fathy (1900-1989) – arquiteto pioneiro no uso da tecnologia adequada para construir no Egito,resgatou o uso de tijolo adobe e opôs-se aos desenhos e lay out dos edifícios tradicionais do Ocidente.Seus projetos consideram as condições climáticas e os antigos métodos construtivos. Sua metodologiasustentável se fundamenta em cinco princípios de climatização natural, que devem ser utilizados emconjunto, apresentados em seu livro “Construindo com o povo”:Materiais, elementos e componentes construtivos com grande inércia térmicaOs portugueses construíram, no Brasil, casas adequadas ao clima, utilizando materiais e elementosconstrutivos com grande inércia térmica (que custa a esquentar e a esfriar) como a taipa de supapo e/ou a de pilão. Recomenda-se o uso de paredes duplas de tijolos cerâmicos de ½ vez nas alvenariasexternas com um vazio entre elas.Ventilação cruzada que apropria a inversão térmica que acontece à noiteNo deserto utilizava-se esse fenômeno natural para purificar (com ar pleno de oxigênio) e refrigerar acasa. A sensação de calor é diferente da de temperatura alta, a ventilação causa uma sensação térmicaagradável. A ventilação cruzada além de permitir ar todo o dia e, de madrugada, o ar frio refrigera e limpaos edifícios.Idéia da gruta, do vale e do átrio ou pátio avarandadoNuma gruta, o ar fresco penetra expulsando o quente e a climatizando. Num vale, em meio a monta-nhas, o ar fresco desce e o refresca. O átrio ou o pátio interno avarandado, serve como uma grutaartificial para receber o ar fresco, e as frestas permitem ao ar atravessar a residência trocando de lugare propiciando uma brisa permanente.“Malkaf” (Pega Vento)Uma chaminé (±180x180cm) com a abertura orientada para os ventos dominantes, conduz o ar parauma saída junto a seu rodapé no interior. Ao pendurar uma sacola de couro, que ao gotejar água, estase quebra e evapora retirando o calor do ambiente, continuamente reduz a temperatura em até 10°Centre o interior e o exterior.Princípio de “quanto maior a razão entre as aberturas, maior será a ventilação”A chaminé promove o deslocamento de ar (cônica aumentar a velocidade) e criar uma brisa contínuanos edifícios, mesmo na ausência de vento. Um pátio interno, avarandado e ajardinado, é uma grandeabertura e as frestas de uma escada, um hall, funcionam do mesmo modo; com aberturas pequenas egrandes, a velocidade do vento aumenta.

29 e 30 - Ventilação Cruzada Permanente com venezianas nas salas de aula; pé-direitoquádruplo, varanda com 12m proteção fachada norte e iluminação natural e corte.

23Edificações educacionais

BOAS PRÁTICAS NUM PROJETO PARA ESCOLA

Alder Catunda TimbóArquiteto, Mestre Mestre em Urbanismo pela FAU/UFRJ; Professor PUC-Rio.

Catálogo

Introdução

“Os edifícios públicos se dividem emtrês classes: uma pertence à defesa,a outra à religião e outra à comodida-de. (...) Estes edifícios devem cons-truir-se em atenção à firmeza, como-didade e beleza.”1

Vitrúvio, Marco; De Architectura; (LivroI, Capítulo III)

Reporto-me aqui a este escrito de cercade dois mil anos não por passadismo,mas por crer que sempre algo deve serbuscado atrás para não perdemos o pró-prio rastro, apesar da citação em causafazer parte do repertório básico de todoarquiteto.

Lembrar neste caso nunca é demais, enum período da humanidade em que tan-tos balanços se fazem de nosso traçadosobre o globo terrestre, perceber antigosensinamentos talvez nos ajude a enten-der por que éramos mais sustentáveisaté uns 200 anos atrás.

Concordando ou não comigo, há que sepensar seriamente sobre os primeirosparágrafos do que Vitrúvio define como“essência da Arquitetura” a título de in-trodução ao seu compêndio sobre o as-sunto, onde diz que esta “é uma ciênciaadornada de muitas outras disciplinas e

conhecimentos e por seu juízo passamas obras das demais artes. É prática eteórica.”2 Ou seja, que este cerne transi-ta pelo compartilhar, pelo experimentare enfim pelo raciocinar sobre esse pro-cesso, trabalho este destinado à troca eao avanço para outras experiências.

Numa época em que a urgência de cer-tas atitudes envolve mais que nunca aamplitude de conhecimentos, acessíveise compartilháveis, capazes de conjugare otimizar soluções variadas, temos queperceber o quão carente somos de umplanejamento que permita contatos aber-tos entre disciplinas orientadas à cons-trução da cidade hoje. Isso merece ain-da maior interesse quando temos interfa-ces de diversas instâncias administrati-vas, como é o caso da implantação deuma escola.

Esse é um edifício público que por certonão se poderia entender como de defe-sa, a partir das categorias vitruvianas –apesar de representar o próprio bastiãoda cultura mesmo em regiões onde opoder público mais se ausenta – nemtampouco como religioso, ainda que astradições religiosas mantenham sempreestreita relação com o ensino.

No entanto, o estabelecimento escolarcertamente nos chama atenção para asquestões da comodidade, se pretende-

mos criar condições favoráveis ao apren-dizado e a convivência, o que inevitavel-mente nos remete às questões econô-micas referentes à mencionada susten-tabilidade, que por sua vez está relacio-nada a vários predicados que devem serincorporados ao próprio edifício.

Com isso, cresce de forma indubitável aimportância do projeto, como o melhorambiente para a troca e os contatos ne-cessários entre os vários profissionaisenvolvidos com esse objetivo e sua com-plexidade natural, onde o arquiteto fun-ciona como agenciador de sinergias – umpouco também como Vitrúvio queria aoafirmar que as partes da Arquitetura sãotrês: construção, gnomônica3 e maqui-naria, uma amplitude que envolve conhe-cimentos que na verdade têm origensbastante diversas.

No caso da escola, temos um modeloemblemático do poder hegemônico en-carregado de construí-la não só comoequipamento urbano de importância fun-damental como centro aglutinador comu-nitário, mas como ícone referencial da-quela ideologia no âmbito da memóriasocial.

Nessa mesma dimensão, seria sempredesejável que os arquitetos estivessemestreitamente vinculados aos processosoperacionais de construção, se quere-

“Todo o caminho se traça

dando-se passo e compasso.

O primeiro nos dá o desejo, o destino;

o segundo nos traz a razão e mesmo asoberba.

Um vem do desequilíbrio,

o outro do ponto de apoio preciso.”

32 - FDE – escola em Campinas – André Vainer e Guilherme Paoliello.

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética24

mos garantir a veracidade da prova dosconceitos e intenções que surgem docompartilhamento e da necessidade.

Novos paradigmas são referências paraas mudanças que nos são exigidas eesses nos impelem ao antes inusitado,tendendo a esquecer o planejamento queoriginou as ações, e ao desperdício deoportunidades por vezes bastante preci-osas. A experiência precisa, portanto, deciência de suas atitudes em busca deuma sistemática reflexiva, de observa-ção de suas invenções, no momento daobra e durante seu uso, como se requerem casos onde o edifício tende ou soli-cita sua expansão.

Requisitam-se então sistemas que per-mitam alternativas e variadas experiên-cias e que busquem ser mais ricos empossibilidades, no sentido de adaptar-semais facilmente aos recursos oferecidospara sua implantação, ainda que essesrequisitos exijam maior dedicação emseu encaminhamento e controle.

Para finalizar esse processo, ou melhor,reiniciá-lo, é solicitado mais uma vez omovimento racional de trazer a experi-ência para o campo do entendimento,buscando abrangência (espectro), rela-ção (interação), domínio e condução daidéia a novos limites e possibilidades. Eapesar de apontar para realidades futu-ras, esse movimento dirige-se antes detudo a seu ponto de partida: comparti-lhar raciocínios e experiências.

Razões

Dos temas programáticos, o do edifícioescolar é certamente um dos que maistem sido estudado, acompanhando asimplantações habitacionais. Talvez por setratar de um espaço para expansão deatividades antes desenvolvidas no am-biente do lar ou da comunidade próximado clã. Não é demais lembrar tambémde sua afinidade com a academia umavez que são recintos recíprocos, aosquais se pertencem física e intelectual-mente.

Em suas construções, encontramos umsimulacro dessas instituições comunitá-rias: da intimidade familiar à regulaçãodos códigos sociais, como resumo de umuniverso urbano e nacional. Cabe fazerentão um paralelo entre seus requisitos

e os da Arquitetura em geral, voltando aVitrúvio mas sem sair de nossa contem-poraneidade.

As questões vinculadas com o sucessodo edifício escolar precisam ser consi-deradas a partir de sua implantação notecido da cidade, em sua relação geo-gráfica com o solo, topografia, ventos eorientações favoráveis, articuladas coma acessibilidade, locação urbana e dis-ponibilidade de espaço satisfatórias aoprograma adotado.

Trata-se já aqui da firmeza construtivaque precisa se manifestar desde essasprimeiras decisões, mas que carece ain-da de ser acompanhada por opçõesconstrutivas adequadas à tecnologia,insumos e modos de produção locais,visando a rapidez da construção, baixodesperdício de materiais, energia e es-forço obreiro no processo construtivo,âmbito onde os sistemas pré-fabricados,pré-moldados ou de simples montagemem canteiro atingem altos níveis de efi-ciência – uma vez que dotados da flexi-bilidade anteriormente mencionada.

Ainda sob esses parâmetros, deve seravaliada a disposição das diversas fun-ções programadas para o desempenhoescolar: sua dimensão, locação, inter-relação, flexibilidade, acessibilidade...Dá-se início a um estudo mais nitidamen-te voltado para a comodidade de uso doedifício, onde as decisões debruçam con-tinuamente sobre tipologias já consagra-das, em seus “embates” com os contí-nuos avanços pedagógicos e técnicos.

Isso porque devem prever os aspectosocupacionais - que lidam com uma dinâ-mica que depende de certas disposições– além daqueles também relacionadoscom a relação entre estes espaços cria-dos e o contexto de sua implantação (naTerra e na cidade), assim como a boadistribuição dos recursos obtidos dosserviços urbanos, reafirmando o vínculoestreito entre firmeza e comodidade.

Espaços facilmente identificáveis, circu-lações precisas e amplas que se conju-gam com um bom aproveitamento da luz,dos ventos e das chuvas são qualidadesda boa escola de hoje como dos antigos

33 - FDE – Escola em Campinas – UNA Arquitetos

34 - FDE – Escola em Campinas - Andrade Morettin (Corte)

25Edificações educacionais

colégios missionários, imagem evocativae alegórica da instituição escolar.

Há portanto que se considerar sempreque a lógica até então perseguida esta-rá em todos os momentos submetida àaceitação de sua proposta por uma co-munidade - a mesma que gerou sua ne-cessidade – que visualiza na escola umaextensão de sua identidade familiar e co-munitária ou de uma projeção ideal-men-te construída de ascensão social.

Se essa afinidade pode ser entendidacomo um sentido de beleza em nossacultura, isto é como vemos determinadopor diversas motivações, sendo até en-tão a questão mais subjetiva a ser en-frentada, mas que a morfologia local au-xiliará a compreender, por traduzir a me-mória, o espírito e a matéria que estãopresentes na construção dessa obra co-letiva ininterrupta: a cidade como teste-munho da construção da civilização notempo. E com isso também podemos di-zer que ela reflete a técnica e as inten-ções que habitam o edifício, avalizando-o como referência cultural.

Experiência

Várias ações já foram feitas pelo poderpúblico no sentido do investimento emedificações escolares, criando progra-mas e modelos que se incorporam à his-tória das tipologias escolares, com exem-plos de uma arquitetura dotada de vári-os dos requisitos acima mencionados,explorados de acordo com as possibili-dades de sua época.

Todos têm por mérito o desenvolvimen-to de uma experiência continuada cal-cada sobre sistemas compositivos ouconstrutivos que servem como autênti-cos laboratórios arquitetônicos, no queconcerne ao desenvolvimento de proje-tos, aperfeiçoamento dos sistemas daconstrução e aproveitamento de recur-sos.

Um exemplo atual de iniciativa deste tipoé a experiência recente da Fundaçãopara o Desenvolvimento da Educação(FDE), que desde 1987 viabilizou a cons-trução de cerca de 820 novas escolas,além de ampliações, reformas e adequa-ções, implantando e gerindo programas,projetos e ações voltadas para o cresci-mento e o aprimoramento da rede públi-ca de ensino em São Paulo.

Criada para viabilizar a execução de po-líticas educacionais definidas por suaSecretaria da Educação, é também res-ponsável por iniciativas voltadas ao de-senvolvimento de ações que possibilitema integração da comunidade escolar àsociedade que a envolve, bem como pes-quisas voltadas ao aprimoramento dosistema pedagógico aplicado ao ensino.

Entre suas principais atribuições estãoa construção, reforma, adequação e ma-nutenção de escolas, motivo pelo qualdesenvolveu um sistema de estrutura eelementos (escadas, esquadrias, etc.),com estoque de peças catalogadas quepermite diversas composições, com ra-pidez de construção e baixo desperdí-cio, permitindo ainda a rápida substitui-

35 - FDE – escola em Campinas – UNAArquitetos(implantação).

36 - Projeto utilizando Catálogo FDE – Caio Vassão:Axonometria.

ção de elementos danificados, facilitan-do a manutenção.

Produz também bibliografia dedicada adiversos aspectos do estabelecimentoescolar, através de apresentação de mo-delos, manuais técnicos e catálogos que,ao passo que informam das experiênci-as acumuladas, abrem espaço à críticae ao debate arquitetônico dedicado aosedifícios públicos.

Tem adotado medidas de economia derecursos, tais como: bacias sanitáriascom volume de descarga reduzido; tor-neiras e válvulas de fechamento auto-mático em lavatórios, mictórios, bebe-douros e reservatórios para retenção daságuas de chuva além de outras iniciati-vas que merecem atenção de outras en-tidades públicas que lidam com equipa-mentos escolares.

Cabe agora dialogar com essa experi-ência, mas não através apenas de dis-cursos e textos, mas com experiênciascorrelatas que possam contribuirdialeticamente com essa empreitadapaulista, compartilhando problemas esucessos, enganos e possibilidades.

Notas:

1 Vitrúvio, Marco; Los diez Libros deArquitectura(Livro I, Capítulo III);Trad. José Ortiz y Sanz;Madrid, Ediciones Akal, 1987; 45

2 Vitrúvio, Marco; Los diez Libros deArquitectura(Livro I, Capítulo I);Trad. José Ortiz y Sanz;Madrid, Ediciones Akal, 1987;

3 Era atribuição do arquiteto ao tempo deVitrúvio planejar e construir relógios de sol eoutros instrumentos de medição do tempo.

Caderno de Boas Práticas em Arquitetura - Eficiência Energética26

Dicas

Fundação para o Desenvolvimento daEducação (FDE)

Criada em 1987, para viabilizar a execução das políticas edu-cacionais definidas pela Secretaria da Educação do Estadode São Paulo, implantando e gerindo programas, projetos eações destinadas a garantir o bom funcionamento, o cresci-mento e o aprimoramento da rede pública estadual de ensino.Tem como atribuições: construir escolas; reformar, adequar emanter os prédios, salas de aula e outras instalações. Dispo-nível em: www.fde.sp.gov.br/portal_fde/ e acessado em: 27de dezembro de 2008.

Fundo de Fortalecimento da Escola(Fundescola)

É um programa do Fundo Nacional de Desenvolvimento daEducação (FNDE/MEC), com a interface das secretarias esta-duais e municipais de Educação das regiões Norte, Nordestee Centro-Oeste e financiamento proveniente do Banco Mundi-al (Bird). Tem por objetivo promover um conjunto de açõespara a melhoria da qualidade das escolas do ensino funda-mental, ampliando a permanência das crianças nas escolaspúblicas, assim como a escolaridade nessas regiões do país.Disponível em: www.fnde.gov.br/home/index.jsp?arquivo=fundescola.html e acessado em: 27 de dezembro de 2008.

Minami-Yamashiro Elementary School

Quioto no Japão, um exemplar internacional projetado porRichard Rocher Partnership, conhecida por grandes edifíciostransparente, cheios de luz e espaços flexíveis com planta li-vre. Disponível em: architecture.about.com/od/greatbuildings/ig/Richard-Rogers-Partnership-/Minami-Yamashiro-School.htme acessado em: 27 de dezembro de 2008.

Um guia para: as tecnologias energéticasnas escolas

Elaborado pela Energie-Cités, a Universidade de SheffieldHallam e a Associação Nacional de Municípios PortuguesesENERGIE, busca destacar o potencial de aplicação alargadade tecnologias energéticas não-nucleares inovadoras e suacontribuição para a prestação de um serviço melhor aos cida-dãos, visando influenciar as comunidades científica e de en-genharia para a criação, estimulação, aquisição e utilizaçãode soluções energéticas mais limpas, eficientes e sustentá-veis para o seu próprio benefício bem como para o benefícioda sociedade em geral. Acreditam que as construções escola-res se diferem das demais por criar nas crianças uma consci-ência de cidadãos responsáveis e respeitadores do ambiente.O guia cita 15 casos de aplicação de soluções energéticassustentáveis em escolas de sete países europeus. Disponivelem: www.display-campaign.org/IMG/pdf/thermie_guide_pt.pdfe acessado em: 4 de setembro de 2008.

Projeto “Escola Ecossustentável”

Destinado, fundamentalmente, às escolas de ensino básico,com objetivo de encorajar ações e premiar o trabalho desen-volvido por cada escola em benefício do ambiente. A questãoé abordada nos currículos escolares, permeando toda a práti-ca educacional, visando a transformação de uma nova consci-ência em relação ao meio ambiente através da mudançacomportamental. Este programa constitui uma contribuiçãopara implementar a Agenda 21 local, por meio de ações de-senvolvidas pelos alunos e por toda comunidade educativaproporcionando-lhes a tomada de consciência de que simplesatitudes individuais podem no seu conjunto melhorar o Ambi-ente Global. Disponivel em: www.fiemg.org.br/Default.aspx?tabid=5377 e acessado em: 4 de setembro de 2008.

Agência Cascais Energia (ACE)

Está desenvolvendo juntamente com a Escola Básica AntónioPereira Coutinho um projeto para melhorar a eficiênciaenergética da escola através da utilização de energiasrenováveis como o aquecimento solar, a energia eólica e afotovoltaica. Conforme seu Engenheiro Fernando Pais, a idéiaé “monitorizar primeiro os consumos energéticos da escolapara depois verificar que recursos podem ser utilizados” eobjetivando uma redução da emissão do CO2 pela eficiênciaenergética. Disponível em: www.cascaisenergia.org/Default.aspx?ID=150& M=News&PID=396&NewsID=17 eacessado em: 4 de setembro de 2008.

Projeto Escola + Clara

Visa a divulgação e conscientização do uso racional e seguroda energia elétrica, buscando melhorar a qualidade da ilumi-nação elétrica nas salas de aula, reduzindo os gastos comenergia elétrica nas escolas, este projeto inicialmente atende-rá oito escolas da rede estadual no Vale do Itapocu: as Esco-las Alvino Tribess, Julius Karsten, Giardini Lenzi, HeleodoroBorges e João Romário Moreira, de Jaraguá do Sul; Luiz Delfinoe Miguel Couto (de Schroeder) e Teresa Ramos (Corupá). Dis-ponível em: www.jdv.com.br/index.php?Itemid=36&id=980&option=com_content&task=view e acessado em: 4 desetembro de 2008.

Centro Inter-escolar de Cachoeiro doItapemirim

No Espírito Santo, projeto arquitetônico de Magalhães BarrosPetrik Pozzana Associados / Arquitetos premiado pelo IAB em1978 na categoria de projeto/fins educacionais ou culturais. Oprojeto tinha como objetivo a criação de um micro-clima con-fortável através de um intenso sombreamento, ventilação cru-zada em todos os ambientes principais, tiragem forçada de arquente, correta proteção a insolação, servindo como um ele-mento didático para a comunidade.

27Edificações educacionais

ELETROBRÁS

Centrais Elétricas Brasileiras S.A.

Av. Presidente Vargas, 409 – 13°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20071-003Caixa Postal 1639Tel.: (21) [email protected]

ELETROBRÁS PROCEL

Programa Nacional de Conservação deEnergia Elétrica

Av. Rio Branco, 53 – 14°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20090-004Ligação Gratuita: 0800.560.506www.eletrobras.com/[email protected]

ELETROBRÁS PROCEL EDIFICA

Eficiência Energética em Edificações

Av. Rio Branco, 53 – 15°andarCentro – Rio de JaneiroCEP 20090-004Fax: (21)2514.5767Ligação Gratuita: 0800.560.506

IAB RJ

Instituto de Arquitetos do Brasil -Departamento Rio de Janeiro

Rua do Pinheiro, 10Flamengo - Rio de JaneiroCEP 22220-050Tel.: 2557.4192 / [email protected]

LISTA DE CADERNOS

1. Shopping Centers2. Edificações de Saúde3. Hospedagem4. Edificações Esportivas e de Lazer5. Edificações Unifamiliares6. Edificações Multifamiliares7. Ecovilas8. Edificações Educacionais

EXPEDIENTE

Cadernos de Boas Práticas em Arquitetura- Eficiência Energética nas Edificações

Conselho EditorialAna SeroaArmando MendesCarlos MurdochDayse GóisMarco MilazzoMauro AlmadaVera HazanResponsável TécnicaRuth JurbergRJ Planejamento Integrado LtdaEditoraMariane AzevedoDiagramadoraLeila FernandesRevisoraClaudia JurbergCapaQualiurb Design

CRÉDITOS

1. André Claudio V. C. de Mendonça in www.pbase.com/andremendonca/image/652514732 e 3. Cedidas por Vainer e Paoliello Arquitetos4. Cedidas por UNA Arquitetos5 e 6. TAVARES FILHO, A. Reflexões sobre a noção de TipoMorfológico e o projeto arquitetônico: Os casos das EscolasMunicipais Estados Unidos e República Argentina. Rio de Ja-neiro: PROARQ/FAU/UFRJ, 2005. (Dissertação de Mestrado)7. EHRLICH, D. Arquitetura Escolar da Rede Pública do Muni-cípio do Rio de Janeiro (1870-1970) - Ênfase na década de1960. Rio de Janeiro: PUC, 2002. Monografia (Especializaçãoem história da Arte)8. www.lausd.k12.ca.us/Kester_EL/index2.html9, 10 e 11. Cedida por Andrade Morettin Arquitetos Associa-dos12 e 13. Fotógrafo Nelson Kon. Cedidas pelo esc. Ângelo Bucci14, 15 e 16. Katsushisa Kida in www.richardrogers.co.uk/work/all_projects/minami_yamashiro_primary_school/occupation17, 18 e 19. www.fosterandpartners.com/Projects/0528/Default.aspx20, 21 e 22. Cedidas pelo Arquiteto Mauro Nogueira Neves23. Arquiteto Severiano Porto24 e 25. Arquiteta Keiko Rovo26 a 30. Cedidas pela ARQSOL31.Intervenção sobre mapa produzido pela NBR 15220-3 –ABNT32. Cedidas por Vainer e Paoliello Arquitetos33 e 35. Cedidas por UNA Arquitetos34. Cedida por Andrade Morettin Arquitetos Associados36. Cedida pelo Arquiteto Caio Vassão