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EDUCAÇÃO AMBIENTAL: NOVAS METODOLOGIAS PARA PRÁTICA DOCENTE COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Fátima Odete Cervi1

Dr. Glauco Nonose Negrão2

Resumo: Diante da problemática da carência de água potável no planeta e da necessidade de contribuir para reflexões que produzam transformações, cabe a escola e a comunidade encontrar possibilidades de, através de uma educação ambiental, sensibilizar os alunos e demais envolvidos para que ajam de modo responsável, conservando o ambiente, em especial a água, no presente para o futuro. Este artigo apresenta o desenvolvimento e os principais resultados da implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, com a carga horária de 32 horas/aulas, durante o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), com alunos da 1º série do Ensino Médio, no Colégio Estadual Professor Agostinho Pereira, Pato Branco-Pr. Foram utilizados diferentes instrumentos metodológicos para auxiliar o aluno na construção do conhecimento como vídeos, artigos, livro didático, palestras, debates e estudo de campo, a partir das observações do estado do manancial que abastece a cidade de Pato Branco, da observação do seu leito, da mata ciliar, da ocupação do solo nessas proximidades, verificando as mudanças que ocorreram ao longo dos anos na ocupação do solo e com isso a poluição e o assoreamento do mesmo, bem como o saneamento básico do município. As atividades realizadas contribuíram de maneira significativa para a construção conhecimentos, procedimentos e atitudes relacionados à Educação Ambiental. Estas atitudes desenvolvem nos alunos a capacidade de interagir com o conhecimento e com a vida da comunidade na qual estão inseridos.

Palavras-chave: metodologias; educação ambiental; recursos hídricos.

1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa foi realizada no Programa de Desenvolvimento Estadual

(PDE), da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná, no ano de

2016/2017. O PDE é uma política pública de Estado, regulamentada pela Lei

Complementar nº130, de 14 de julho de 2010, que estabelece o diálogo entre os

professores do ensino superior e da educação básica. Com o objetivo de orientar os

professores, o programa apresenta as linhas de estudos: Geografia e Ensino

Religioso: as manifestações socioespaciais da diversidade cultural; diálogos

curriculares com a diversidade; avaliação do processo ensino-aprendizagem na

1 Graduada em geografia pela Uneoest - Pr; pós-graduada em Ensino da geografia pela Uneoest.

Professora de Geografia da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, atualmente no Colégio Estadual Professor Agostinho Pereira – Pato Branco – PR. E-mail: fá[email protected] 2 Doutor em Educação Glauco Nonose Negrão – Universidade Estadual do Centro Oeste –

UNICENTRO, Departamento de Geografia-DEGEO. E-mail: [email protected]

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disciplina de Geografia; tecnologias e suas linguagens no ensino da Geografia e

Fundamentos teórico-metodológicos da Geografia, o qual norteia esta pesquisa.

O tema Educação Ambiental concerne em conceitos relacionados a atitudes,

cultura, qualidade de vida, respeito, cidadania, ética, sociedade, natureza e de

recursos naturais; possuindo caráter abrangente. Dentre os recursos naturais, a água

vem se tornando um elemento cada vez mais escasso. Isso se deve a diversos fatores

como o aumento da população e da demanda hídrica, impulsionados pela indústria e

crescimento econômico, pela poluição, desmatamento e mudanças climáticas. A

diminuição da disponibilidade de água potável deve ser gerenciada de forma eficiente,

procurando reduzir as perdas, visando beneficiar o maior número de pessoas.

Tomando como referência a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.

9.394/96) e as Diretrizes Curriculares de Geografia do Estado do Paraná, sentiu-se a

necessidade de se trabalhar a questão da água na escola, sendo considerada em

todos os conteúdos curriculares, de todos os níveis de ensino, sem exatamente

constituir-se com disciplina específica (PARANÁ, 2008).

Partindo dessa problemática existente em todo planeta, essa pesquisa discutiu

a Educação Ambiental e a gestão de recursos hídricos no âmbito escolar com os

alunos da 1º série do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor Agostinho Pereira,

município de Pato Branco – Pr.

A prática docente em Educação Ambiental pode propiciar às pessoas uma

sensibilização quanto às condições da água e desenvolver atitudes que lhes permitam

adotar uma posição consciente e participativa no uso desse recurso natural, visando

uma melhoria da qualidade de vida. Por meio de estudos e observações sobre o

manancial que abastece a cidade de Pato Branco; a qualidade da água no nosso

município e saneamento básico, buscou-se sensibilizar os alunos sobre a importância

da conservação e preservação desse líquido precioso que está correndo o risco de

grande contaminação, seja pela ação de agrotóxicos ou lixos sólidos urbanos,

causado pelo aumento da população na cidade.

Conforme apresentam Modaelli e Aguiar (2013), “temos a concentração de

populações, indústrias, atividades agrícolas e socioeconômicas nos centros urbanos”,

e uma falta de sensibilização quanto ao uso da capacidade hídrica das bacias

hidrográficas e dos aquíferos subterrâneos. Sob essas condições, a água disponível

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não será suficiente para atender a demanda populacional e a qualidade ideal da água

que estamos recebendo e ingerindo em nosso dia a dia.

Esta pesquisa se classifica como pesquisa de campo. Silveira e Córdova (2009,

p. 37) explicam que “a pesquisa de campo se caracteriza pelas investigações em que,

além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a

pessoas”. Em função da estruturação, a metodologia dividiu-se em trabalho com

grupos, através de atividades propostas pelo professor, tais como leitura de textos,

artigos referentes ao assunto, vídeos, debates, questionários, registro por meio de

imagens, o rio visitado e a mata ciliar, deposição do lixo, ocupação do solo nas

proximidades do rio e coleta de informações acerca da tubulação da rede de

distribuição; elementos presentes na unidade didática produzida pela autora no

segundo semestre de 2016. De posse de dados coletados e observações, foi efetuada

a sistematização do conhecimento, que se deu por meio de registro escrito e

confecção de gráficos e cartazes.

Na intenção de tornar o texto mais claro para o leitor, a estrutura desse artigo

está organizada em três partes. A primeira apresenta uma revisão de textos, artigos e

livros sobre os conteúdos abordados nas atividades, a segunda descreve a

implementação do Projeto de Intervenção, bem como a participação dos cursistas

GTR e a terceira apresenta as considerações finais sobre a pesquisa.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 REVISÃO TEÓRICA

2.1.1 Educação Ambiental

A Educação Básica de qualidade é um direito assegurado pela Constituição

Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A formação escolar é a base e

condição fundamental para o exercício pleno da cidadania e o acesso aos direitos

sociais, econômicos, civis e políticos. Conforme prevê as Diretrizes Curriculares

Educacionais (DCE’s), a educação deve proporcionar o desenvolvimento humano na

sua plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e valorizando as

diferenças.

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As DCNs têm origem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996,

que a atribui como incumbência da União "estabelecer, em colaboração com os

estados, Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação

Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e os

seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum" (BRASIL,

1996).

As diretrizes garantem que conteúdos básicos sejam ensinados para todos os

alunos, sem deixar de levar em consideração os diversos contextos nos quais eles

estão inseridos. Desse modo, as escolas devem trabalhar os conteúdos que lhe

parecerem necessários, considerando o perfil dos alunos que atendem, a região em

que estão inseridas e outros aspectos locais relevantes, neste caso, a educação

ambiental.

Cada vez mais tem-se se refletido sobre a importância da implantação de uma

Educação Ambiental efetiva e sensibilizadora devido ao acelerado processo de

degradação ambiental no planeta. Tem-se buscado formas para que ocorram

mudanças de atitudes e apropriação de posturas que alcancem o equilíbrio ambiental.

Essa discussão não é recente. Ela vem sendo difundida desde meados de

1970, quando em conferências mundiais foi anunciado, em todos os documentos

oficiais e resoluções, o termo Educação Ambiental e instituídos os seus princípios e

objetivos. Nota-se que o tema Educação Ambiental é amplamente divulgado em

projetos, programas e ações de forma tão comum, que acabam esvaziando o seu

sentido, perdendo a compreensão do que caracteriza a Educação Ambiental

(LOUREIRO, 2009).

Diante disso, se faz necessário provocar uma mudança social na Educação

Ambiental, ou seja, assumir o compromisso por uma Educação Ambiental com

responsabilidade social. Para o autor:

Educação ambiental é uma prática que dialoga com a questão ambiental. E no senso comum, essa educação visa a mudança de valores, atitudes e comportamento para o estabelecimento de uma outra relação entre o ser humano e a natureza, que deixe de ser instrumental e utilitarista, para se tornar harmoniosa e respeitadora dos limites ecológicos (LOUREIRO, 2009, p. 25-26).

A educação ambiental nasceu como um princípio e um instrumento da política

ambiental, como uma responsabilidade social de todos. Porém, ações educativas na

escola podem ser responsáveis pela formação de atitudes e sensibilidades

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ambientais. A Política Nacional do Meio Ambiente, definida através da Lei nº 6.938/81,

de 31 de agosto de 1981, apresenta a Educação Ambiental como um dos princípios

que garantem a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental,

necessária à vida, para que a partir disso, o país tenha condições ao desenvolvimento

socioeconômico, aos interesses da segurança a nacional e à proteção da dignidade

da vida humana. Cita ainda, que a Educação Ambiental deve ser oferecida em todos

os níveis de ensino e em programas específicos direcionados para a comunidade,

chamando, assim, todo o cidadão para uma participação na defesa do meio ambiente

(BRASIL, 1981).

2.1.2 Educação Ambiental na escola

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96) considerou

que a Educação Ambiental deve ser considerada em todos os conteúdos curriculares

de todos os níveis de ensino, “mas sem constituir disciplina específica, implicando

desenvolvimento de hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito à

natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola e da sociedade” (BRASIL, 1996).

Diante da lei, surge a necessidade de inserir Educação Ambiental no ambiente

escolar para que novas atitudes e hábitos sejam criados na melhoria de ações com o

ambiente, garantindo o cuidado com os recursos naturais e a sustentabilidade da

natureza. Bigotto defende que:

Uma das principais causas da problemática ambiental foi atribuída à ciência

moderna e à revolução industrial, que fizeram a distinção das ciências, o

fracionamento do conhecimento e a compartimentalização da realidade em

campos disciplinares confinados. Assim, iniciou-se uma busca por um método

que fosse capaz de reintegrar estes conhecimentos dispersos num campo

unificador do saber; um projeto para pensar as condições teóricas e para

estabelecer práticas de interdisciplinaridade (BIGOTTO, 2008, p. 29).

Propor educação ambiental na escola é educar para cidadania, contribuindo na

formação de sujeitos cidadãos, de direitos e deveres, e responsável na defesa da

qualidade de vida. A educação insere-se na própria teia da aprendizagem e assume

um papel estratégico nesse processo. Reigota, diz que:

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a educação ambiental na escola ou fora dela continuará a ser uma concepção radical de educação, não porque prefere – se a tendência rebelde do pensamento educacional contemporâneo, mas sim porque nessa época a nossa herança histórica e ecológica exigem alternativas radicais, justas e pacíficas (REIGOTA,1998, p.43).

A escola pode se transformar no espaço em que o aluno terá condições de

levantar situações e analisar a natureza, em especial a água, em um contexto

entrelaçado de práticas sociais. É evidente a importância da escola no processo de

formação, tanto social quanto ambiental, dos seus alunos. Comportamentos

ambientalmente corretos devem ser assimilados desde cedo pelas crianças e devem

fazer parte do seu dia a dia quando passam a conviver no ambiente escolar.

Segundo a UNESCO (2005, p. 44), “educação ambiental é uma disciplina bem

estabelecida que enfatiza a relação dos homens com o ambiente natural, as formas

de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos adequadamente” Desta

forma, faz-se necessário conscientizar o ser humano a preservar o lugar em que vive

e a cuidar da natureza que nela ele tira proveito e a modifica constantemente.

A Educação deve ser iniciada nos primeiros anos de vida, ainda em casa,

quando as crianças aprendem, com os exemplos dos pais, como deverão agir no

presente e no futuro. Assim, depois, de trabalhar na escola essa conscientização, a

educação com o meio ambiente pode ser outra. Para Reigota,

à escola cabe uma parcela de contribuição nessas novas buscas. Sendo um

espaço privilegiado de informação, de transmissão e produção de

conhecimentos, de criatividade, de possibilidades. Deve-se trabalhar na

perspectiva da superação de visões distorcidas, ingênuas, reducionistas das

novas gerações. Para isso cabe perguntar: como você professora/professor,

está trabalhando essas questões com seus alunos no cotidiano escolar?

(REIGOTA, 1999, p. 68).

A partir deste questionamento, no decorrer desse projeto, serão apresentadas

informações sobre a importância da água para os seres vivos e seus impactos; além

da discussão de gestão para reduzirmos as perdas e a escassez deste bem essencial

à vida na Terra.

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2.1.3 Ecopedagogia

A ecopedagogia é um conceito ainda em construção e é definido mais como

um movimento do que como uma Teoria da Educação. Segundo o professor Gadotti,

ela surge no Fórum Global 92, sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, Rio-

92. A mesma só tem sentido como projeto alternativo global, onde a preocupação não

está apenas na preservação da natureza ou no impacto das sociedades humanas,

mas num novo modelo de civilização sustentável do ponto de vista ecológico, que

implica na estrutura econômica, social e cultural. E está ligada a um projeto utópico:

mudar as relações humanas, sociais e ambientais que temos hoje (GADOTTI, 2000).

Para o autor, a Ecopedagogia está mais para uma educação sustentável,

para uma ecoeducação que não se preocupa apenas com uma relação saudável com

o meio ambiente, mas com uma relação mais íntima com a nossa existência, a partir

da vida cotidiana, e que este sentido está ligado ao futuro de toda humanidade e da

própria Terra. O papel da Educação sustentável ou ecológica é sensibilizar, alertar

que o modelo capitalista, poluidor e consumista, está levando ao esgotamento dos

recursos naturais.

A referência da Ecopedagogia, destaca alguns princípios básicos que podem

nos revelar a compreensão que os adeptos têm da Educação Ambiental:

• A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador,

em qualquer tempo ou lugar, em seus, modos, formal, não formal e informal,

promovendo a transformação e a construção da sociedade;

• A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar

cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a

autodeterminação dos povos e a soberania das nações;

• A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando

a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma

interdisciplinar;

• A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o

respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e

interação entre as culturas;

• A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores,

atitudes e ações. Deve converter cada oportunidade em experiências

educativas das sociedades sustentáveis;

• A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética

sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta,

respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida

pelos seres humanos (GADOTTI, 2000, p.98).

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A Ecopedagogia considera a Educação Ambiental como uma mudança de

mentalidade em relação à qualidade de vida, associada à busca do estabelecimento

de uma relação saudável e equilibrada com o contexto, com o outro e com o ambiente.

A Educação Ambiental é um conhecimento bastante inerente na compreensão

da integridade da vida, visto que o homem se sente distanciado das demais formas

de vida, e sendo assim não percebe que a água é de suma importância para a

manutenção da existência na superfície terrestre.

São grandes os desafios relativos ao meio ambiente a serem superados pela

sociedade e pela escola, na busca de uma melhoria dos indicadores de

desenvolvimento humano. Pereira acredita numa pedagogia que pense no todo e

assim define Ecopedagogia:

Pedagogicamente, pode-se afirmar que a Ecopedagogia se opõe às práticas educativas tradicionais, que sobrevivem ainda hoje num panorama que demanda uma nova postura da escola em relação às suas práticas, pois a sociedade passa pela mudança extrema de paradigmas, a era das incertezas·, a escola do futuro é aquela que parte de uma visão reducionista para uma análise holística, que pensa o todo, sem desconsiderar as partes (PEREIRA, 2007, p. 2845).

A Ecopedagogia ainda está em processo de formação, pode não resolver os

problemas ambientais. No entanto, pode colaborar para o despertar de uma sociedade

mais comprometida e responsável com suas ações no mundo, contribuindo para

sensibilização do aluno, para o problema da água do seu município.

2.2 METODOLOGIA

Essa pesquisa configurou-se como pesquisa de campo. Silveira e Córdova

(2009, p. 37) explicam que “a pesquisa de campo se caracteriza pelas investigações

em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados

junto a pessoas”.

Os sujeitos dessa pesquisa foram os alunos matriculados na 1º série do Ensino

Médio do Colégio Estadual Professor Agostinho Pereira – Pato Branco –Paraná,

período matutino. O colégio situa-se na Rua Dr. Sílvio Vidal, nº 252, centro.

Segundo o PPP (Projeto Político Pedagógico), O Colégio Estadual Professor

Agostinho Pereira enfrenta a disparidade social, a desestruturação das famílias, a

discriminação social torna a labuta diária dos profissionais que exercem as suas

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funções, um permanente exercício de compreensão, presteza e dedicação. No

período matutino, o colégio recebe alunos advindos do meio rural e do centro da

cidade. No período vespertino, recebe alunos de diferentes bairros. No noturno,

alunos trabalhadores, de todo o município. Isso caracteriza a diversidade da clientela.

Para estruturação do trabalho, a metodologia de caráter interdisciplinar, dividiu-

se em: trabalho com pequenos grupos, através de atividades propostas pelo professor

tais como leitura de textos referente ao assunto, debates, questionários, coleta de

amostra de água para fazer análise; registrar por meio de imagens o rio visitado,

observar a mata ciliar, questão do lixo, como é a ocupação do solo nas proximidades

do rio, coleta de informações acerca da tubulação da rede de distribuição. Durante o

processo, estabeleceu-se relações entre os conteúdos de Geografia, Biologia E

Química, superando uma visão especializada e fragmentada do conhecimento,

fomentando a interdependência da natureza e da vida.

De posse de dados, observações feitas e percebidas na pesquisa de campo,

promoveu-se a análise de dados, interpretação e validação das hipóteses e síntese

dos resultados, os quais foram apresentados à toda comunidade escolar.

2.3 RELATO DE IMPLEMENTAÇÃO

Este Projeto de Intervenção Pedagógica no Colégio foi implementado no

primeiro semestre de 2017 e está de acordo com as atividades previstas no Plano

Integrado de Formação Continuada - 2016, no Colégio Estadual Professor Agostinho

Pereira. Tem como objeto da intervenção os alunos da 1º série A – Ensino Médio. O

tempo de implementação ocorreu no prazo de 4 meses, perfazendo um total de 32

horas, distribuídas em aulas germinadas e nos dias de visitas, 4 horas, dada a

necessidade de locomoção.

Primeiramente, o Projeto de Intervenção Pedagógica e a Unidade Didática

foram apresentados à comunidade escolar para que todos tomassem conhecimento

sobre o trabalho a ser realizado no colégio.

O primeiro contato com os alunos se deu mediante a apresentação do projeto

sobre Educação Ambiental. Foi pontuado que a água vem se tornando um recurso

cada vez mais escasso, que a diminuição da disponibilidade de água potável deve ser

gerenciada de forma eficiente, procurando reduzir ao máximo as perdas, visando

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beneficiar o máximo de pessoas. E assim, despertou-se o interesse dos alunos pelo

projeto.

Os alunos foram receptivos por se tratar de um tema tão importante e foi

despertada a curiosidade em conhecer o manancial que abastece a cidade.

Iniciando as atividades, os alunos responderam um questionário para

averiguar os conhecimentos prévios trazidos por eles. O questionário, na coleta de

dados, Marconi e Lakatos (2002), definem como um instrumento constituído por uma

relação de perguntas que o entrevistado responde sozinho, assinalando ou

escrevendo as respostas.

Em círculo, foi feito a leitura das questões e criado um debate sobre o que

cada um respondeu. Com base nos dados levantados no questionário, noventa por

cento dos alunos não conheciam o rio que abastece a cidade e poucos o processo de

tratamento. Diante disso, sentiu-se a necessidade de uma aula expositiva sobre

Educação Ambiental, pesquisas e análise de textos sobre o tema.

Para dar início à fundamentação do conteúdo, optou-se pelo vídeo como

recurso didático. Segundo Miranda (2005) as mídias podem ser consideradas

excelentes ferramentas de potencialização da educação pois, extrapolam o campo da

educação formal em virtude de diferentes arranjos, levando o educando a concentrar-

se na história humana e aprender a olhar o mundo com outros olhos. Diante desse

pensamento, pode-se entender que os recursos audiovisuais favorecem o processo

educativo de maneira significativa, contribuindo, desta maneira, com a formação

integral do aluno.

O vídeo “Transposição do Rio São Francisco”, foi selecionado para identificar

e comparar diferentes paisagens próximas ao rio, a importância dos rios para a

sociedade e como base para as discussões posteriores. Durante a transmissão houve

uma interrupção devido a falha técnica. Neste momento, percebeu-se a necessidade

do professor estar preparado com diferentes estratégias para que não se perca o foco

da aula. Foi dado continuidade à aula, falando sobre o objetivo da obra, enquanto um

funcionário solucionava o problema. Em seguida, concluíram a visualização do vídeo.

Com a opinião dos alunos, foram elencados os pontos positivos e negativos da

transposição do rio. Dentre eles, vale citar como positivos, água potável para toda

população, água para produção e qualidade de vida; como negativos, diminuição das

águas do Rio São Francisco, diminuição da fauna e da flora, principalmente peixes,

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fonte de alimento e economia para os ribeirinhos. Até então pouca participação dos

alunos, o professor, sempre induzindo as respostas.

Para maior aprofundamento foi solicitado uma pesquisa em casa, seguindo o

roteiro: O que é uma nascente e foz de um rio? Estados favorecidos com a

transposição do Rio São Francisco; pontos positivos e negativos desse projeto. Ao

propor uma pesquisa aos alunos, o professor motiva uma aprendizagem autônoma,

possibilitando o aprender a aprender, onde o conhecimento seja construído de forma

significativa, na parceria entre aluno e professor. Segundo Moraes e Lima (2004, p

93), “a educação pela pesquisa é uma modalidade de educar voltada à formação de

sujeitos críticos e autônomos, capazes de intervir na realidade com qualidade formal

e política”, pois a partir da pesquisa os alunos se tornam capazes de questionar as

verdades e ir buscar as suas respostas.

Dando continuidade ao projeto, foi realizada a correção da pesquisa,

formação de grupos e leitura de um texto sobre Educação Ambiental. Com os grupos

já formados, os alunos produziram painéis (fotos 1 e 2) com o resultado das

discussões, da pesquisa, das observações. Esse trabalho foi produtivo, pois

percebeu-se maior participação dos alunos. Eles apresentaram, em forma de mural,

os conceitos e as discussões que consideraram pertinente para a comunidade

escolar.

A próxima etapa tinha como objetivo conhecer e estudar sobre a ocupação do

solo da bacia hidrográfica do rio Pato Branco, que é utilizada como manancial da

cidade. Esta situa-se no terceiro planalto paranaense, identificando os impactos

ambientais causados sobre esta bacia e também como a urbanização vem correndo

dentro da área que a bacia compreende, assim como o que diz respeito à faixa de

preservação de vegetação ciliar nas margens do rio.

Foto 1: alunos confecciondo cartazes Fonte: autora Foto 2: cartazes

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Foi proposto um estudo e análise do texto escrito por Jorge Eduardo

Chioqueta (2011), que descreve as características geográficas da bacia hidrográfica

proposta para o projeto. Após o estudo, os alunos responderam as questões em

grupos (fotos 3 e 4): O que são bacias hidrográficas? Quais são as suas funções?

Que rios formam a bacia hidrográfica que abastece nosso município? Qual a utilização

da água de uma bacia hidrográfica? Qual a importância da conservação da água, da

preservação do manancial e das nascentes?

Com objetivo de propiciar aos alunos situações de reflexão, análise, revisão do

aprendizado e busca da ampliação do saber sobre o tema, foram realizados debates

e leitura de outros textos sobre mananciais. Esses recursos favoreceram a

aprendizagem coletiva e puderam sanar as dúvidas que porventura ainda existiam.

Depois de muito estudos, conversas e pesquisas foi a vez conhecer o rio que

abastece a cidade, observar a mata ciliar e o seu entorno, conhecer o sistema de

abastecimento e tratamento da água e registrar o observado: fazer o estudo de campo.

A aula ou o estudo de campo auxilia o aluno a compreender melhor a

realidade que o cerca e relacioná-la com a teoria até aqui estudada. Segundo as

Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia (2008, p. 80) “a aula de campo é um

rico encaminhamento metodológico para analisar a área em estudo (urbano ou rural)

[...] Assim, a aula de campo jamais será apenas passeio, porque terá importante papel

pedagógico no ensino de geografia”.

Nesta etapa, barrou-se na questão do transporte gratuito, pois o colégio é

estadual e o transporte público é municipal e privado. Diante desse impasse, locou-se

um ônibus e os alunos dividiram a despesa. Contou-se com a presença de um técnico

da SANEPAR que acompanhou a visita (foto 5), e tirou todas as dúvidas que surgiram,

facilitando os registros dos alunos. Durante o estudo de campo, foi possível avaliar a

Foto 3: alunos em grupo fazendo o estudo do texto Foto 4: alunos em grupo fazendo o estudo do texto

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qualidade da água perceber o seu entorno, o cuidado com a preservação da mata, o

descuido por alguns quando se encontrou vários detritos jogados (foto 6).

Saindo do rio, foi a vez de conhecer a estação de tratamento da cidade,

localizada na Rua Itabira, esquina com a Paraná s/n. Lá, as técnicas Taís Luzia

Cadorin Peres e Adriana Maria Tedesco mostraram o local e falaram um pouco sobre

o funcionamento da estação (foto 7). De posse de dados coletados na visita de campo,

os alunos realizaram algumas atividades como questionário, debate e produção de

um gráfico de barras de acordo com respostas (anexo 1).

Percebe-se que há vegetação nas proximidades do rio e da captação, mas não

de acordo com o que pede a legislação. Existe um cuidado especial por parte dos

moradores das proximidades com a questão do lixo e esgoto. Não foram encontrados

lixo ou rede de esgoto aparente nos espaços observados. No entanto, sabe-se que é

comum no meio rural fazerem um buraco para servir de depósito para o esgoto

doméstico. Com o tempo, os dejetos desaparecem dando a impressão de um lugar

limpo e seguro quando, na verdade, ele penetra em regiões mais profundas,

contaminando solo e lençóis freáticos.

A próxima fase da implementação compreendia relacionar o que os alunos

haviam descoberto na pesquisa de campo com conhecimentos científicos sobre

saneamento básico com o texto de Miranda (2008). Foi feita a leitura do texto e análise

das estatísticas referentes à situação do esgotamento sanitário na região do país onde

está localizada a escola, comparando-as com as outras regiões do país e os motivos

desse índice. Em seguida, foram discutidas as condições no município: rede de

esgoto, destinação final do lixo do município - lixão ou aterro, qual desses locais

impacta minimamente o meio ambiente e por quê?

Durante o estudo e o debate, sentiu-se a necessidade de um aprofundamento

no assunto. Para tanto, foi agendado uma visita ao aterro sanitário e ao lixão municipal

Foto 5: visita à captação de água Foto 6: técnico da sanepar explanando Foto 7: visita à estação de tratamento

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(fotos 7 e 8) pois, acredita-se que a atividade de campo como metodologia de ensino,

é um excelente caminho para que o aprendizado se torne realmente significativo para

o aluno.

Sobre isso, Carbonell (2002) diz que os espaços fora da sala de aula despertam

a mente e a capacidade de aprender, pois se caracterizam como espaços

estimulantes que, se bem aproveitados, se classificam como um relevante cenário

para a aprendizagem. Ele acrescenta que este instrumento pedagógico se torna

eficiente por ser um método didático que auxilia o professor em suas aulas teóricas,

mas, não deve ser utilizado sem fundamentação prévia, tendo em vista que sua função

principal é a materialização da teoria.

Também foram realizadas as atividades do capítulo 11 do livro didático3 –

Hidrografia e Recursos Hídricos. O livro didático é uma importante ferramenta que se

tem à disposição, como apoio pedagógico. Para Saviani, “os livros didáticos serão o

instrumento adequado para a transformação da mensagem científica em mensagem

educativa [...] uma vez que os demais recursos não se prestam para a transmissão de

um corpo de conhecimentos sistematizados” (2007, p. 136).

Para que os alunos pudessem sanar dúvidas e um

maior aprofundamento, foi realizado uma palestra (foto

10) com o chefe da Sanepar Aderbal4, sobre água e seu

tratamento. A palestra com um profissional da área se

caracterizou como de grande importância no processo

de ensino-aprendizagem, já que o mesmo pode

3 SILVA, Edilson Adão Cândido da. Geografia em rede. 1ª ed. São Paolo: FTD, 2013.

4 Aderbal Luiz Roncato é gerente regional da Sanepar que atende 17 municípios da região sudoeste

do Paraná. Formado em geografia pela FESC – Clevelândia - Pr

Foto 8: visita ao aterro sanitário Foto 9: visita ao aterro sanitário

Foto 10: palestra com o técnico da sanepar

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esclarecer todas as dúvidas técnicas, de tratamento e distribuição da água, desde o

rio até chegar à torneira da escola ou de suas casas.

Depois da palestra foi o momento de registrar o aprendizado em maquetes. A

maquetes é um recurso didático-pedagógico que permite a visualização tridimensional

dos conteúdos estudados. Segundo Silva, 2012:

A maquete, além de representar o espaço Geográfico e o contexto nele inserido, representa o pensamento de quem a idealiza. Esse pensamento se manifesta na simbologia da representação, que é a linguagem. Enquanto linguagem, a maquete possibilita diminuir a distância entre os elementos de comunicação, estabelecendo-se melhor decodificação dos pontos, linhas, áreas, símbolos e signos, principalmente em relação à tridimensionalidade e às perspectivas (SILVA, 2012)

A última etapa, com o objetivo de socializar as informações levantadas durante

os estudos teóricos e de campo, foi marcada por uma apresentação dos resultados

da turma, objeto de estudo, para as demais turmas de primeiras séries do colégio e a

exposição, nos corredores, das atividades desenvolvidas durante o período de

implementação do projeto.

O processo avaliativo se deu durante todo o tempo de implementação através

da observação em relação à participação dos alunos nas atividades propostas e

também por meio de um relatório de aprendizagem individual, com base nas

anotações das visitas de campo, estudos teóricos, palestras e uma avaliação escrita

de caráter dissertativo.

2.3 DISCUSSÕES E REFLEXÕES DO GTR – GRUPO DE TRABALHO EM REDE

Durante a implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

no primeiro semestre de 2017, foram realizadas em paralelo as atividades do GTR -

Grupo de Trabalho em Rede. Através da plataforma Moodle do AVA – Ambiente

Virtual de Aprendizagem, os professores da Rede Pública Estadual de Ensino

discutiram e analisaram as etapas da presente pesquisa, dividida em três temáticas:

1 – Projeto de Intervenção Pedagógica; 2 – Produção Didático-pedagógica; 3 –

Implementação do Projeto.

A primeira etapa visava discutir a importância de uma Educação Ambiental na

escola e metodologias para desenvolver essa temática. Citam-se algumas falas:

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A educação ambiental é um processo de educação responsável por formar pessoas preocupadas com os problemas ambientais que busquem conservação e preservação de recursos naturais e sustentabilidade. Por esse motivo devemos levar a nossos alunos a informação e a formação de assuntos relacionados ao meio ambiente. Primeiramente uma explicação sobre pontos positivos e negativos que afetam o meio ambiente na escola que trabalho já foram desenvolvidos vários projetos sobre o meio ambiente e os alunos tem uma pequena noção. Podemos passar vídeo educativo para chamar a atenção dos problemas ambientais: através de textos, aula passeio, conscientizar com cartazes que possam chamar atenção para preservação e conservação do meio ambiente, sensibilizando o aluno a perceber os problemas que rodeiam o meio ambiente (M. T. E.).

Acredito que sensibilizando e levando o conhecimento e a realidade dos problemas ambientais assim podemos desenvolver uma consciência ambiental que faça a diferença no futuro (S. L. F.).

Sente-se a necessidade de se trabalhar a Educação Ambiental na escola e que

o aluno precisa ver, assistir e perceber que está inserido nesse meio e sentir-se parte

dele para que tome consciência de seus atos. Uma das metodologias mais

destacadas foi a visita a campo e análise do espaço onde o aluno vivencia, levando a

repensar as suas atitudes e práticas sociais.

Na segunda fase, a partir da leitura do material didático, da relação entre o

material e a realidade escolar e do projeto, o cursista deveria identificar um motivo que

considerasse relevante a proposição do estudo no PDE. Várias foram as

contribuições, bem como as relevâncias destacadas. Dentre elas,

O tema proposto se faz relevante pelo fato de que os recursos hídricos são nossa fonte de vida, sem água, o ser humano não sobrevive. As gerações passadas, anteriores a década de 70, somente viam nos recursos naturais, uma fonte de extrair lucro, acumular capital, "fazer dinheiro", achavam que os recursos atendiam a esta finalidade e não se esgotariam. As atuais gerações, já tem de certa forma um conhecimento maior acerca da utilização sustentável dos recursos naturais, logo, cabe a nós estarmos sempre enfatizando sobre a importância da preservação, do uso sustentável e do consumo consciente. Dessa forma, nós como escola estaremos criando gerações preocupadas e fiscalizadoras do uso desses recursos, que são finitos (M. C.).

Na terceira fase, o cursista deveria elencar um aspecto em que a ação de

implementação diferiu do que estava previsto no projeto de intervenção pedagógica

na escola. Comentar, caso encontrasse alguma disparidade no projeto com a prática,

se a mudança foi positiva, negativa ou necessária. Mediante todas as interações e

postagens realizadas, vale destacar:

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Pude perceber lendo o relato de implementação, que por algumas vezes, principalmente no início do projeto, os alunos demonstraram pouco interesse em participar dos debates acerca do tema, porém quando a atividade era prática, ir visitar o entorno do rio, avaliar seus problemas, entre outras coisas, eles estavam mais interessados, o que demonstra novamente a importância dos trabalhos de campo em nossa disciplina (M. C.).

O fato de 90% dos alunos não conhecerem o rio que abastece a cidade e nem como essa água foi tratada se fez necessário um tópico exclusivo com esse tema, ou seja, uma introdução para que o projeto pudesse ter sua continuidade sem percas. Essa exposição do tema com certeza foi de extrema importância que só enriqueceu ainda mais o objetivo do projeto, acredito que passou pela cabeça deles algum tipo de questionamento e preocupação que se essa fonte de água se tornar imprópria de onde tirariam esse recurso. Resumindo com certeza foi uma situação talvez até triste por eles não terem conhecimento disso, mas por outro lado abriu possibilidade para aquisição destes fatos (R. F. V.)

Deve-se estar sempre preparado para mudanças e imprevistos. Muitas vezes,

essas mudanças tornam-se essenciais para o processo ensino-aprendizagem. Neste

caso, esse desconhecimento inicial foi importante para se traçar novas estratégias de

aprofundamento do tema. Durante o processo, percebeu-se que quando os alunos

visualizam a problemática, motivam-se em conhecer e buscar alternativas de solução.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após uma análise de todo o processo desenvolvido durante o PDE, que vai

desde a elaboração do projeto, a produção didático-pedagógica, a intervenção na

escola, o GTR até a implementação do projeto, é possível elencar contribuições

positivas para os alunos envolvidos e para o professor, refletindo para toda

comunidade escolar.

Na implementação, tinha-se como objetivo principal discutir a Educação

Ambiental e a bacia hidrográfica de Pato Branco. Após o estudo e análise sobre os

impactos ambientais no manancial, sentiu-se a necessidade de aprofundar ainda mais

os assuntos voltados a preservação da mata ciliar, saneamento básico e o combate à

degradação do meio ambiente, estendendo a todos os alunos da escola. A maioria

dos participantes conhecem e se apresentaram sensíveis às questões ambientais a

nível nacional e no entorno, sentem a necessidade de ações individuais e coletivas

voltadas à preservação ambiental.

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O resultado das atividades despertou a sensibilidade não só dos alunos, mas

da comunidade escolar, quanto a importância de preservar as nascentes, bem como

usarmos de modo racional a água, já que a sociedade depende desta para seu uso e

consumo.

A pesquisa também investigou possibilidades metodológicas facilitadoras na

construção do conhecimento, práticas pedagógicas que auxiliam na formação de um

cidadão ecologicamente consciente, que foram desde estudos teóricos,

interdisciplinaridade, vídeos, questionários, construção de maquetes a estudo de

campo. Vale destacar que a aplicação da aula de campo, como recurso metodológico,

apresentou diversos aspectos positivos: alterou a rotina dos estudos; fez uma relação

ente a teoria e a prática, proporcionando uma melhor compreensão do assunto

estudado, além de um interesse maior pela disciplina.

Diante da proposta do programa PDE, conclui-se que a pesquisa propicia ao

educador aperfeiçoamento profissional e o aprimoramento das práticas pedagógicas

para a melhoria da qualidade do ensino. Por meio de reflexões, discussões e

construção participativa do conhecimento, ele passa por um processo de

transformação juntamente com os alunos, contribuindo significativamente no processo

ensino-aprendizagem.

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