educaçao fisica e qualidade de vida

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Resumo O estudo da qualidade de vida dos indivíduos se tornou um tema de destaque para a sociedade contemporânea. Todavia, pesquisas envolvendo a qualidade de vida devem considerar que esse é um tema complexo, que envolve aspectos objetivos e subjetivos, condições e estilos de vida, bemcomo fa- tores multidimensionais. Há uma ideia amplamente difundida na sociedade de que a atividade física, o exercício físico, práticas esportivas e atividades correlatas podem ter um impacto positivo na melho- ria da qualidade de vida da população. Contudo, em vários estudos esta relação é analisada sob o ponto de vista biológico, no qual são considerados apenas os indicadores de saúde. Tais práticas são objetos de estudo da área de Educação Física nas mais diversas perspectivas, como a biológica, psicológica, social e cultural. Portanto, a Educação Física deve procurar produzir conhecimentos que respeitem os preceitos científicos e procurar evidências que efetivamente esclareçam a dinâmica dessa relação. Nesse sentido, o rigor metodológico, particularmente a definição conceitual, é fundamental para que haja melhor compreensão dos resultados obtidos e quais as gene- ralizações efetivamente prováveis. Faz-se necessário ainda identificar as possibilidades e limitações de avaliações quantitativas, qualitativas e possíveis combinações. Palavras-chave: Educação Física, Qualidade de Vida, Atividade Física, Exercício Físico, Esporte. Ana Lúcia Padrão dos Santos Professora Doutora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. Departamento de Esporte Endereço: Av. Mello Moraes, 65, Cidade Universitária, CEP 05508- 030, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected] ; [email protected] Antonio Carlos Simões Professor Titular da Escola de Educação Física e Esporte da Univer- sidade de São Paulo. Departamento de Esporte Endereço: Av. Mello Moraes, 65, Cidade Universitária, CEP 05508- 030, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected] Educação Física e Qualidade de Vida: reflexões e perspectivas Physical Education and Quality of Life: reflections and perspectives Saúde Soc. São Paulo, v.21, n.1, p.181-192, 2012 181

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  • ResumoO estudo da qualidade de vida dos indivduos se tornou um tema de destaque para a sociedade contempornea. Todavia, pesquisas envolvendo a qualidade de vida devem considerar que esse um tema complexo, que envolve aspectos objetivos e subjetivos, condies e estilos de vida, bemcomo fa-tores multidimensionais. H uma ideia amplamente difundida na sociedade de que a atividade fsica, o exerccio fsico, prticas esportivas e atividades correlatas podem ter um impacto positivo na melho-ria da qualidade de vida da populao. Contudo, em vrios estudos esta relao analisada sob o ponto de vista biolgico, no qual so considerados apenas os indicadores de sade. Tais prticas so objetos de estudo da rea de Educao Fsica nas mais diversas perspectivas, como a biolgica, psicolgica, social e cultural. Portanto, a Educao Fsica deve procurar produzir conhecimentos que respeitem os preceitos cientficos e procurar evidncias que efetivamente esclaream a dinmica dessa relao. Nesse sentido, o rigor metodolgico, particularmente a definio conceitual, fundamental para que haja melhor compreenso dos resultados obtidos e quais as gene-ralizaes efetivamente provveis. Faz-se necessrio ainda identificar as possibilidades e limitaes de avaliaes quantitativas, qualitativas e possveis combinaes.Palavras-chave: Educao Fsica, Qualidade de Vida, Atividade Fsica, Exerccio Fsico, Esporte.

    Ana Lcia Padro dos SantosProfessora Doutora da Escola de Educao Fsica e Esporte da Universidade de So Paulo. Departamento de EsporteEndereo: Av. Mello Moraes, 65, Cidade Universitria, CEP 05508-030, So Paulo, SP, Brasil.E-mail: [email protected] ; [email protected]

    Antonio Carlos SimesProfessor Titular da Escola de Educao Fsica e Esporte da Univer-sidade de So Paulo. Departamento de EsporteEndereo: Av. Mello Moraes, 65, Cidade Universitria, CEP 05508-030, So Paulo, SP, Brasil.E-mail: [email protected]

    Educao Fsica e Qualidade de Vida: reflexes e perspectivasPhysical Education and Quality of Life: reflections and perspectives

    Sade Soc. So Paulo, v.21, n.1, p.181-192, 2012 181

  • AbstractThe study of the quality of life of individuals has become a prominent issue for contemporary society. However, research involving quality of life should consider that this is a complex issue that involves objective and subjective aspects, living conditions, lifestyles and multidimensional factors. There is a widespread idea in society that physical activity, exercise, sports and related activities can have a positive impact on improving the quality of life of the population. However, in several studies, this re-lationship is examined from the biological point of view, which considers only health indicators. Such practices are being studied in the area of Physical Education in various perspectives, such as biologi-cal, psychological, social, and cultural. Therefore, Physical Education should seek to produce knowl-edge that meets the scientific principles, and look for evidence that effectively clarifies the dynamics of this relationship. In this sense, methodological rigor, particularly the conceptual definition, is essential for a better understanding of the results and of which generalizations are actually likely to e proved. In addition, it is necessary to identify the possibilities and limitations of quantitative evaluations, qualitative evaluations and possible combinations.Keywords: Physical Education; Quality Of Life; Physical Activity; Exercise; Sport.

    Consideraes IniciaisO termo qualidade de vida tem sido usado frequen-temente pela sociedade moderna nas mais diversas circunstncias. possvel encontr-lo associado alimentao, ao transporte, segurana, ao ur-banismo, entre vrios outros aspectos de extrema relevncia para a vida cotidiana dos indivduos e da sociedade.

    A partir de uma anlise primria, parece razo-vel aceitar que mesmo fatores to distintos possam melhorar a qualidade de vida de uma pessoa ou de uma sociedade. Todavia, no s a sociedade em geral que usa esse termo repetidamente. O estudo da qualidade de vida desperta interesse na comu-nidade cientfica tambm, a qual produz cada vez mais estudos sobre o assunto. Os pesquisadores nessa rea procuram conceituar, compreender e relacionar o termo qualidade de vida de indivduos e grupos sociais a partir dos preceitos da cincia. Consequentemente, quando a reflexo sobre o tema ocorre no mbito acadmico, preciso considerar pa-rmetros rigorosos que permitam uma compreenso mais detalhada e precisa desse conceito.

    Tais parmetros incluem a delimitao de con-ceitos, a estrutura lgica de reflexo, a elaborao e o uso de instrumentos de medida adequados para comprovar ou refutar hipteses bsicas ou mesmo a possibilidade ou no da generalizao de resultados. Efetivamente, existe o esforo dos pesquisadores das mais diversas reas que tentam compreender o que realmente significa qualidade de vida.

    Na rea da sade, vrios estudos relacionam diversas prticas corporais, atividade fsica, exer-ccio fsico e prtica esportiva como fatores que so positivamente vinculados melhoria da qualidade de vida. No entanto, nem sempre h clareza concei-tual ou mesmo um delineamento preciso sobre tais prticas e a sua relao com a qualidade de vida.

    Partindo-se do pressuposto que os conceitos qualidade de vida e atividade fsica so relevantes para a sociedade em geral, torna-se fundamental analisar o qu efetivamente pode ser cientificamen-te comprovado dessa relao e qual a funo da cincia e da pesquisa cientfica na busca por ampliar e aprofundar o conhecimento humano sobre esses dois temas e as suas relaes. Torna-se oportuno

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  • entender como este tema est colocado no mbito da Educao Fsica de modo a extrapolar os limites dos indicadores biolgicos e de sade.

    A contribuio dos profissionais da rea de Edu-cao Fsica pode e deve ser oferecida sociedade, seja atravs da produo de conhecimento sobre o as-sunto, seja atravs da prpria atuao profissional. preciso considerar os aspectos biopsicossociais do movimento humano, suas manifestaes e evitar uma fragmentao metodolgica. Estudos que inves-tigam um aspecto muito particular do movimento e concluem que tal fator aprimorado leva melhoria da qualidade de vida das pessoas podem induzir compreenso equivocadamente determinista desta relao. O conceito de qualidade de vida subjetivo, complexo e multidimensional. O conceito e a deli-mitao do que significa atividade fsica tambm pode ter diferentes interpretaes. Assim, qualquer estudo sobre a relao desses dois aspectos deve ser precedido de uma reflexo conceitual.

    A Complexidade do TemaThomas e Nelson (2002) afirmam que a cincia tem a inteno de compreender e explicar fatos e situaes e, portanto, o processo investigativo deve ser siste-mtico e cauteloso. Neste caso, particularmente dois aspectos so essenciais: estabelecer os conceitos de qualidade de vida e termos relacionados s diver-sas formas de manifestaes de movimento humano, e procurar compreender sua interao.

    Machado (2000) acrescenta que o tema qualidade de vida passou a ser tratado cientificamente a partir da dcada de 70, a princpio com um forte vis pol-tico e que durante esse perodo houve um aumento significativo da produo literria na rea. Contudo, a partir da dcada de 80 que o conceito sobre a qua-lidade de vida comea a ser abordado, considerando-se diferentes dimenses. Para compreender melhor este fenmeno, estudos empricos foram feitos e destaca-se a tendncia de definies focalizadas e especficas que auxiliam a formao de uma base conceitual consistente para o avano da cincia. A dcada de 90 caracterizada pela concordncia entre os especialistas de que o conceito de qualida-de de vida remete inevitavelmente a dois aspectos centrais: a subjetividade e a multidimensionalidade,

    sendo, portanto, um conceito complexo. A anlise da literatura produzida at 1995 revela que ainda havia muitos problemas tericos e metodolgicos a serem solucionados. (Seidl e Zannon, 2004)

    Atualmente pesquisas sobre o assunto so reali-zadas nas mais variadas especialidades como socio-logia, medicina, enfermagem, psicologia, economia, geografia, histria social e filosofia. (Farquhar, 1995) Consequentemente, possvel notar a multi-dimensionalidade e a complexidade do construto que aparece refletido na diversidade de abordagens sobre o assunto. (Iglesias, 2002)

    Castelln e Pino (2003) indicam que as vrias formas de conceituar a qualidade de vida podem ser caracterizadas das seguintes maneiras:

    A. Como qualidade das condies de vida (seria um componente objetivo);

    B. Como a satisfao pessoal com as condies de vida (seria o componente subjetivo);

    C. Combinao das condies de vida com a satis-fao;

    D. Combinao das condies de vida e satisfao pessoal segundo o que considera o prprio sujeito em funo da sua escala de valores e aspiraes pessoais.

    Ros e colaboradores (1992) reiteram que a maio-ria dos autores afirma que necessria a conceitu-ao precisa para poder determinar o que uma boa ou m qualidade de vida, que parmetros a definem e que importncia tem seus componentes objetivos e subjetivos.

    Cada um dos componentes da qualidade de vida se dirige s determinadas reas relevantes de ava-liao e que recebem denominaes ligeiramente diferentes segundo os autores, mas para Castelln e Pino (2003) esses componentes podem ser agru-pados da seguinte forma:

    Bem-estar fsico;

    Bem-estar material;

    Bem-estar social;

    Desenvolvimento e atividade;

    Bem-estar emocional;

    Alm disso, mesmo em uma nica rea do sa-ber, o termo contempla diversos significados que expressam valores, experincias e conhecimentos

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  • individuais e coletivos que se encontram em con-textos, pocas e espaos distintos, o que imprime ao conceito a marca da relatividade cultural e a sua caracterstica de construo social. Tal relatividade resulta na abordagem do tema no mbito individual balizado por pelo menos trs parmetros: o par-metro histrico, que remete anlise do desenvol-vimento econmico, tecnolgico e social de uma sociedade; o parmetro cultural no qual esto inse-ridas as crenas, tradies e identidade de um povo; e o parmetro das classes sociais, no qual pesam os padres e referncias de bem-estar e condies de vida. Minayo e colaboradores (2000)

    Assim, alcanar algum consenso entre as diver-sas reas no campo do cuidado com a sade, alm de analisar a vasta produo sobre o tema fundamen-tal, inclusive para poder fazer uma distino precisa entre o termo qualidade de vida e outros temas natu-ralmente relacionados a esse conceito e que so fa-cilmente confundidos como sade, sintomas, estado de humor, estado funcional e estados particulares de sade. (Anderson e Burckhardt, 1999)

    O surgimento de novos paradigmas encaminha para a compreenso da doena e sade como um continuum, no qual tambm esto inseridos aspec-tos sociais, culturais, econmicos, estilos de vida e experincias pessoais. (Seidl e Zannon, 2004)

    A importncia da definio apropriada de um conceito implica a escolha de um melhor processo de estudo, segundo seus propsitos e contexto.

    Delinear fenmenos, estabelecer e desenvolver

    conceitos so processos fundamentais para o de-

    senvolvimento de qualquer rea de conhecimento.

    A criao de uma linguagem comum que deriva

    desses processos facilita a comunicao e reduz a

    possibilidade de interpretaes diferenciadas e as

    consequentes repercusses negativas na pesquisa

    e na prtica profissional. (Kimura, 1999, p. 10)

    A partir de conceitos cuidadosamente estabe-lecidos, foi criada uma srie de instrumentos de medidas que buscam analisar cientificamente a qualidade de vida.

    Dantas e colaboradores (2003) destacam que, en-tre os instrumentos genricos mais frequentemente utilizados pelos estudiosos no Brasil, esto o Medi-cal Outcomes Studies 36 Item Short Form (MOS SF-36), o ndice de Qualidade de Vida de Ferrans e

    Powers e o WHOQOL-100. O processo minucioso da construo desses instrumentos oferece a dimenso da complexidade de se estudar a qualidade de vida dos indivduos e da populao em geral.

    Lohr e colaboradores (1996) consideram que a escolha de um instrumento de medida deve levar em considerao alguns critrios, mais particu-larmente suas propriedades psicomtricas. Os atributos relacionados escolha do instrumento so os seguintes:

    O modelo conceitual e de medida;

    A confiabilidade;

    A validade;

    A responsividade;

    A interpretabilidade;

    A aplicabilidade;

    A possibilidade de uso de formas alternativas;

    A capacidade de adaptao cultural e lingustica;

    importante lembrar que no a medida que de-fine o mtodo ou o objeto de estudo, assim o primeiro atributo a ser considerado o modelo conceitual e de medida. O modelo conceitual compreende a lgica de raciocnio subjacente descrio dos conceitos que se pretende avaliar e a interao entre esses conceitos.

    Apesar de toda dificuldade existente em garan-tir que um nico instrumento possua todas essas propriedades, esses parmetros servem de critrios para a escolha dos instrumentos mais pertinentes para a estruturao de um estudo.

    Considerando tal diversidade de conceitos e a complexidade do tema, torna-se necessrio estabele-cer a convergncia de ideias a respeito do assunto.

    Parece haver um consenso que tal tema envolve uma gama de componentes que determinam o grau de contentamento do indivduo com a sua prpria vida. Cabe ainda destacar que tais componentes se alternam no decorrer da vida e proporcionam uma infinita e dinmica possibilidade de relaes. Assim, medir e avaliar a qualidade de vida de um indivduo ou populao um trabalho rduo, con-sequentemente interferir de maneira precisa e efetiva tambm parece ser complicado. No entanto, aps tais consideraes, inevitvel refletir sobre qual o papel da atividade fsica nesse conceito e

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  • qual a provvel relao entre a atividade fsica e a qualidade de vida das pessoas.

    Levando-se em conta que a atividade fsica, o exerccio fsico, as prticas esportivas e tantas outras manifestaes do movimento na vida das pessoas tm sido mencionadas como formas de melhorar a qualidade de vida dos indivduos, pre-ciso que a rea de Educao Fsica aprofunde seus conhecimentos e fundamente cientificamente tais concluses.

    Educao Fsica, Qualidade de Vida e Produo CientficaA atividade fsica, os exerccios fsicos e as prticas esportivas tm sido citadas como fatores importan-tes na vida das pessoas, portanto natural que a rea de Educao Fsica procure contribuir para a cons-truo do conhecimento a respeito do assunto.

    Aps a regulamentao da Educao Fsica em 1998 como profisso, alguns documentos surgiram para nortear tanto a prtica profissional quanto a formao profissional e em alguns casos o tema qualidade de vida mencionado. De certa forma, tais documentos e seus autores tornam-se refern-cias para a sociedade contempornea.

    A CARTA BRASILEIRA DE EDUCAO FSICA (Confef, 2000) define o objeto da Educao Fsica da seguinte forma:

    A Educao Fsica no Brasil, que invariavelmente

    deve constituir-se numa Educao Fsica de Quali-

    dade, sem distino de qualquer condio humana

    e sem perder de vista a formao integral das pes-

    soas, sejam crianas, jovens, adultos ou idosos, ter

    que ser conduzida pelos Profissionais de Educao

    Fsica como um caminho de desenvolvimento de

    estilos de vida ativos nos brasileiros, para que possa

    contribuir para a Qualidade de Vida da populao.

    (Confef, 2000, p. 4)

    Em outro documento referencial para a atuao profissional, o CDIGO DE TICA DOS PROFIS-SIONAIS DE EDUCAO FSICA (Confef, 2003), a relao entre a Educao Fsica e qualidade de vida expressa de maneira ainda mais intensa, no s porque reafirma as citaes anteriores, mas men-ciona o meio cientfico.

    A Educao Fsica afirma-se, segundo as mais atualizadas pesquisas cientficas, como atividade imprescindvel promoo e preservao da sade e conquista de uma boa qualidade de vida. CDI-GO DE TICA DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAO FSICA (Confef, 2003).

    A CARTA BRASILEIRA DE PREVENO INTE-GRADA NA REA DA SADE (Confef, 2004) eviden-cia que,

    A Profisso Educao Fsica, com seus conheci-

    mentos especficos sobre as diferentes condies,

    conceitos e possibilidades metodolgicas de pro-

    mover programas de atividades fsicas e esportivas

    para a sociedade, considerada por essa razo de

    forma contundente como elemento imprescindvel

    para a consecuo dos objetivos de sade e qua-

    lidade de vida da populao, quando aplicada de

    forma qualificada, competente, responsvel e tica,

    certamente poder contribuir significativamente

    para a melhoria da qualidade de vida da comuni-

    dade e fortalecimento dos anseios e dos direitos

    de cidadania.

    Ratificando tais pressupostos encontra-se o MANIFESTO MUNDIAL DA EDUCAO FSICA, o qual declara que h um reconhecimento histrico e universal de que a Educao Fsica um dos meios mais eficazes para a conduo das pessoas a uma melhor qualidade de vida. (FIEP, 2000)

    Tais afirmaes parecem deixar claro que a Educao Fsica tem um papel crucial na melhoria da qualidade de vida dos indivduos. No entanto, oportuno questionar como esse pensamento vem sendo fundamentado.

    O primeiro aspecto essencial distinguir os conceitos de atividade fsica.

    No entender de Hoffman e Harris (2002, p.20) de-nominaes tcnicas asseguram uma compreenso comum s pessoas que trabalham em um ambiente cientfico e profissional..

    Miles (2007) complementa que a atividade fsica um comportamento complexo e multidimensional. Muitas formas de atividade contribuem para o total de atividade fsica, o que inclui atividades ocupacio-nais, cuidados com a casa, atividades de transporte e atividades realizadas em momentos de lazer.

    Hoffman e Harris (2002, p. 22) lembram que a amplitude dos possveis conceitos de atividade fsica

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  • pode variar de um extremo exclusivo demais como: movimento voluntrio intencionalmente realizado com propsitos especficos e que requer quantida-de substancial de energia, ao extremo inclusivo demais como: todos os movimentos voluntrios e involuntrios realizados pelo homem.

    Alm da amplitude do conceito mais adequado para investigar aspectos relacionados atividade fsica, fundamental distingui-lo de outras prticas corporais como exerccio fsico, prticas esportivas, prticas de lazer, atividades domsticas, de traba-lho, de transporte e a composio de todas essas atividades.

    Devido a controvrsias histricas na evoluo da

    rea de Educao Fsica, sobre os conceitos de ativi-dade fsica, exerccio fsico e esporte, muitas vezes os estudos excluem a discusso sobre o conceito adotado. Porm, para que haja clareza nos conhe-cimentos produzidos sobre esta temtica crucial que este esclarecimento seja feito. No se trata de fazer prevalecer uma determinada abordagem sobre o que atividade fsica, exerccio fsico ou esporte, e sim tornar claro sobre o qu est se falando. indispensvel considerar os conceitos existentes para cada termo que se pretende estudar.

    Nos quadros 1, 2 e 3 so apresentados os conceitos de atividade fsica, exerccio fsico e esporte em dicio-nrios especficos da rea de Educao Fsica.

    Quadro 1 - Conceituao de atividade fsica segundo dicionrios especializados

    Barbanti (2003)O termo refere-se totalidade de movimentos executados no contexto do esporte, da aptido fsica, da recreao, da brincadeira, do jogo e do exerccio. Num sentido mais restrito todo movimento corporal, produzido por msculos esquelticos que provoca um gasto de energia. (p. 53)

    Matos e colaboradores (2005)

    Qualquer movimento corporal produzido por msculos e que resulta em maior dispndio de energia do que quando em repouso. (p. 26)

    Tubino e colaboradores (2007)

    A atividade fsica, que tambm expressa um exerccio fsico, pode ser explicada pelos atos motores das pessoas. Compreendem os movimentos corporais que fazem parte da vida humana. As atividades fsicas variam em volume e intensidade. (p. 856)

    Gonzlez e Fensterseifer (2008)

    Atividade Fsica (AF) entendida como qualquer movimento corporal produzido pelos msculos esquelticos do qual resultam dispndios energticos (Carpersen et al. 1985). MacArdle el al (2000) consideram que a AF exerce efeito profundo sobre consumo de energia humana, independentemente do sistema orgnico envolvido. (p. 33)

    Quadro 2 - Conceituao de exerccio fsico segundo dicionrios especializados

    Barbanti (2003)Sequncia planejada de movimentos repetidos sistematicamente com o objetivo de elevar o rendimento. (p. 249)

    Matos e colaboradores (2005)

    Considerado uma subcategoria da atividade fsica. Toda atividade fsica planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e manuteno de um ou mais componentes de aptido fsica. (p. 111)

    Tubino e colaboradores (2007)

    Tambm chamado de atividade fsica. As prticas esportivas so desenvolvidas por exerccios fsicos ou atividades fsicas, tambm chamadas de exerccios fsicos esportivos ou atividades fsicas esportivas. Os exerccios fsicos so os meios especficos da Educao Fsica. (p. 868)

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  • Importante enfatizar que Tubino e colaborado-res (2007) relatam a existncia de cinquenta e sete tipos de esporte relacionados ao conceito de esporte contemporneo, entre eles o esporte colegial, o cria-tivo, o de alto nvel, o de tempo livre, esporte-cio, esporte social, com motores, intelectivos, entre outros. Neste sentido, considerando os conceitos adotados pelos prprios autores, preciso analisar se possvel tratar, por exemplo, o esporte-cio ou o esporte intelectual como sinnimos de atividade fsica e exerccio fsico.

    O conceito adotado deve permitir que instrumen-tos de medida sejam elaborados de maneira adequa-da, que os resultados possibilitem comparaes e que promovam um maior conhecimento do tema.

    Segundo Reis e colaboradores (2000), existem v-rias formas para estimar os nveis de atividade fsica dos indivduos como dirios, questionrios, moni-tores de frequncia cardaca, sensores eletrnicos de movimento e pedmetros. Porm, a comparao dos resultados de estudos, considerando diferentes conceitos e instrumentos de pesquisa podem resul-tar em algumas inconsistncias.

    A anlise desses conceitos remete a algumas reflexes. Inicialmente nota-se que um nico termo pode ter amplitudes variveis, portanto, ao estudar um termo particularmente, necessrio determi-nar qual a abrangncia da abordagem. Deve-se considerar tambm que os termos atividade fsica, exerccio fsico ou esporte no so intercambiveis, ou seja, no podem ser adotados como sinnimos. Parece plausvel compreender que todo exerccio fsico atividade fsica, mas nem toda atividade fsica exerccio fsico. Em vrias circunstncias, esse raciocnio tambm se aplica ao esporte.

    A no observao criteriosa desses conceitos pode levar ao equvoco metodolgico, tanto na esco-lha de instrumentos de medida como no estabeleci-mento de concluses do estudo. Uma pesquisa que aborda a relao entre uma determinada prtica de exerccio fsico relacionada melhoria da qualidade de vida no deve usar o termo atividade fsica nas suas concluses finais, sob o risco de fazer gene-ralizaes indevidas e incluir, nas suas reflexes, atividades que no foram mensuradas.

    Quadro 3 - Conceituao de esporte segundo dicionrios especializados

    Barbanti (2003)

    uma atividade competitiva, institucionalizada, que envolve esforo fsico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas por indivduos cuja participao motivada pela combinao de fatores intrnsecos e extrnsecos. O critrio para comparao do que se realiza necessita da padronizao do equipamento e das instalaes, assim como da existncia de um procedimento quantitativo de comparao. (p. 229)

    Matos e colaboradores (2005)

    Desporto: esporte ou desporto toda atividade corporal consciente, ldica que envolve o confronto com algum adversrio humano ou com o prprio indivduo, de modo a alcanar objetivos nos planos simblicos e concreto, tendo suas regras estabelecidas e reguladas por federaes em nvel mundial e comuns a todos os pases. (p. 76)

    Tubino e colaboradores (2007)

    Fenmeno sociocultural cuja prtica considerada direito de todos e que tem no jogo o seu vnculo cultural e na competio seu elemento essencial, o qual deve contribuir para a formao e aproximao dos seres humanos ao reforar o desenvolvimento de valores como a moral, a tica, a solidariedade, a fraternidade e a cooperao, o que pode torn-lo um dos meios eficazes para a convivncia humana. (p. 37)

    Gonzlez e Fensterseifer (2008)

    Temos a ntida impresso que o termo complexo, amplo e passvel de vrias perspectivas de anlise. Visualizamos, no entanto, a possibilidade de entender o esporte moderno como uma atividade regrada e competitiva, em constante desenvolvimento, constituda e determinada conforme sua dimenso ou expectativa sociocultural e, finalmente, em franco processo de profissionalizao, mercantilizao e espetacularizao. (p. 126)

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  • Feitas tais consideraes, a etapa seguinte refletir sobre como tais termos se relacionam com a qualidade de vida. A anlise atenta de alguns fato-res que compem o conceito de qualidade de vida e atividade fsica torna plausvel o seguinte questio-

    namento: um indivduo que tem um grande gasto energtico dirio relacionado a muitas tarefas, in-cluindo atividades domsticas, de trabalho, de lazer, de transporte entre outras, tem melhor percepo em relao ao seu bem-estar emocional?

    Finalmente preciso considerar o conceito de esporte, e tal conceito merece um detalhamento ainda mais apurado. Indivduos que praticam es-porte durante seu tempo livre, como forma de lazer, tm uma experincia esportiva com caractersticas muito distintas de um atleta profissional.

    Marques e colaboradores (2010) contribuem com essa anlise ao declararem que os diversos contextos e significado do esporte, em virtude das normas e valores adotados, associam-se com fatores que compem a qualidade de vida de forma desigual. Consequentemente tal fenmeno no necessaria-mente resulte em uma situao tida como ideal, bem como pode contribuir ou no para produzir quadros

    de sade mais positivos. Os autores lembram dos problemas como as contuses resultantes de trei-namentos esportivos intensos e os casos de doping. Assim, para que se reafirme a relao positiva entre o esporte e a qualidade de vida, preciso considerar as demandas, possibilidades, objetivos e restries dos sujeitos que o praticam.

    Almeida e DeRose (2010) lembram que o fato de o esporte ter se transformado em um fenmeno mun-dial produz conflitos ticos, especialmente quando o uso poltico-econmico do esporte suplanta o objeti-vo da prtica esportiva em si. Natural questionar qual o impacto que este tipo de prtica esportiva tem na qualidade de vida dos atletas de alto rendimento.

    Figura 1 - Atividade fsica e a relao com os componentes da qualidade de vida

    Figura 2 - Exerccio fsico e a relao com os componentes da qualidade de vida

    No caso do exerccio fsico, parece que muitas pesquisas indicam a melhoria da percepo dos indivduos no que se refere ao bem-estar fsico, social e emocional. Contudo ainda falta verificar quanto tempo de aderncia a exerccio necessrio para que essas mudanas ocorram. Alm disso, algo intrigante o fato de que, apesar das comprovaes

    sobre o bem-estar fsico, social e emocional, que mo-tivo leva os indivduos a abandonarem a prtica de exerccios fsicos com tanta frequncia. necessrio investigar por que os exerccios fsicos no se tor-nam um hbito na vida das pessoas se essa prtica eleva a percepo de vrios fatores que integram os componentes de qualidade de vida.

    ATIVIDADE FSICA

    CONCEITO ADOTADORELAO

    Qualidade de Vida

    Domnios que Compem

    o Construto

    Bem-estar fsico

    Bem-estar material

    Bem-estar social

    Desenvolvimento e atividade

    Bem-estar emocional

    EXERCCIO FSICO

    CONCEITO ADOTADORELAO

    Qualidade de Vida

    Domnios que Compem

    o Construto

    Bem-estar fsico

    Bem-estar material

    Bem-estar social

    Desenvolvimento e atividade

    Bem-estar emocional

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  • Figura 3 - Esporte e a relao com os componentes da qualidade de vida

    Perspectivas de AnliseA literatura cientfica recente expressa algumas preocupaes acerca dos estudos que relacionam atividade fsica, exerccio fsico e prticas esporti-vas com a qualidade de vida dos indivduos.

    Blacklock e colaboradores (2007) acreditam que a literatura atual sobre atividade fsica e qualidade de vida necessita de uma investigao mais profunda no que se refere populao em geral e destacam que os estudos que obtiveram seus dados a partir de indivduos idosos ou com algum agravo de sade no podem produzir concluses que sejam aplicadas populao em geral. Os autores ponderam que podem existir muitos fatores demogrficos e de estilo de vida que talvez tenham maior influncia na percepo do indivduo em relao satisfao com a vida do que o nvel de atividade fsica.

    H uma tendncia mundial de investigar mais frequentemente atividades relacionadas ao lazer, porm nota-se tambm o aumento de interesse em atividades domsticas, de trabalho, de transporte e a composio de todas essas atividades e, neste sen-tido, os estudos sobre sua relao com a qualidade de vida est em fase inicial.

    preciso considerar, como argumentam Martins e Petroski (2000), que a prtica de atividade fsica fortemente influenciada por fatores como a dis-ponibilidade de recursos ambientais, econmicos e materiais, bem como sexo, idade, disponibilidade de tempo, crenas pessoais e autoconceito. Tais fatores teriam a capacidade de determinar o tipo de atividade fsica escolhida pelo indivduo, assim como a intensidade e regularidade em que a ativi-dade executada.

    Hallal e colaboradores (2005) afirmam que o nvel de atividade fsica de pessoas de baixa renda tende a ser alto, provavelmente porque essas pes-

    soas tendem a ter uma ocupao profissional com caractersticas de moderada a intensa exigncia fsica. Por outro lado, o tempo de atividade fsica relacionada ao lazer, o qual mais uma escolha do que uma obrigao mais frequente entre pessoas com uma condio econmica mais favorvel.

    Foster e colaboradores (2006) complementam esta reflexo ao fazer as seguintes indagaes:

    Que fatores ambientais causam impactos no com-portamento ativo e no comportamento sedentrio?

    Qual o peso da contribuio da organizao do ambiente em comparao com outros determinantes da atividade fsica como aspectos sociodemogrfi-cos, culturais e o contexto social?

    Dos aspectos relacionados ao ambiente, quais so aqueles que podem ser modificados para causar impacto na melhoria da sade atravs da atividade fsica?

    Hallal e colaboradores (2005) registram que uma das limitaes a serem superadas nas investigaes sobre o nvel de atividade fsica de indivduos a incomparabilidade de resultados em virtude da variao de instrumentos e pontos de corte incon-sistentes.

    Os diferentes mtodos para estimar atividade fsica tm vantagens e desvantagens, e tambm so mais ou menos adequados em funo do tipo de estudo a ser realizado. Apesar disso, difcil compa-rar medidas atravs de resultados provenientes de diferentes estimativas. Outro fator determinante diz respeito s propriedades do instrumento como a validade e a reprodutibilidade, que devem ser comprovadas, e isso ainda uma falha na maioria dos estudos realizados.

    Hallal e colaboradores (2007) ressaltam que o cenrio atual expressa:

    ESPORTE

    CONCEITO ADOTADORELAO

    Qualidade de Vida

    Domnios que Compem

    o Construto

    Bem-estar fsico

    Bem-estar material

    Bem-estar social

    Desenvolvimento e atividade

    Bem-estar emocional

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  • A grande dificuldade de desenvolver estudos sobre a atividade fsica nos quais os resultados possam ser comparados internacionalmente.

    A limitada capacidade dos instrumentos de contem-plar vrios domnios da atividade fsica.

    A dificuldade de estabelecer a validade dos instru-mentos, no somente em relao aos critrios obje-tivos de movimento ou aptido fsica, mas segundo uma variedade de contextos culturais e diferentes significados que podem ser aplicados para os mes-mos questionrios em diferentes pases.

    A necessidade do desenvolvimento de uma agenda de estudos que inclua o estabelecimento e o uso de um processo padronizado de aquisio de medidas e indicadores que causem impacto na implementa-o de uma estratgia global em diversos setores e populaes.

    Levasseur colaboradores (2008) salientam ainda que em funo de muitos estudos no se fun-damentarem em um modelo conceitual claramente estabelecido, as concluses advindas desses estudos tm seu poder explicativo enfraquecido.

    Embora a literatura em epidemiologia da atividade

    fsica venha crescendo quantitativamente no Bra-

    sil, limitaes metodolgicas dificultam a compa-

    rao entre os estudos, tornando a padronizao de

    instrumentos e definies essenciais para o avano

    cientfico da rea. (Hallal e col., 2007, p. 453).

    Para a produo de conhecimento consistente deste tema preciso considerar que:

    Oportunidades para ser ativo existem em vrias ati-vidades da vida cotidiana como tarefas domsticas, atividades de trabalho, de transporte e as realizadas em tempo livre;

    Os objetivos relacionados atividade fsica e quali-dade de vida podem ser distintos ao longo dos ciclos da vida de um indivduo.

    A natureza da relao entre atividade fsica e qua-lidade de vida tambm pode divergir em relao ao gnero, pois em algumas culturas os papis sociais de homens e mulheres so bastante distintos.

    fundamental analisar os resultados, consideran-

    do a metodologia de pesquisa empregada, a qual deve destacar o efeito dos instrumentos utilizados e a diferenciao entre estudos longitudinais e transversais, espaos e tempos distintos.

    Consideraes FinaisA delimitao conceitual fundamental na inves-tigao cientfica, tanto no que se refere ao termo qualidade de vida quanto a termos como atividade fsica, exerccio fsico, esporte e expresses corre-latas. Conceitos imprecisos podem gerar resultados e generalizaes equivocadas. Frequentemente os estudos das prticas corporais esto associados a indicadores de sade, que so importantes, mas no suficientes para entender a qualidade de vida. O uso indiscriminado deste termo pode trazer banalizao e desgaste das expresses, dificultando assim o seu entendimento e o dilogo com outras reas de estu-dos que tambm buscam construir conhecimento acerca da qualidade de vida dos indivduos e da sociedade.

    Ao investigar o conceito de qualidade de vida relacionado atividade fsica deve-se fazer a dis-tino entre atividade fsica, prticas esportivas, exerccio fsico ou qualquer outra prtica corporal. Alm disso, ainda premente compreender os tipos de prticas, o volume, a intensidade, a frequncia de tais prticas e qual sua relao com a qualidade de vida. O avano do conhecimento nesta rea depende da qualidade da metodologia empregada nos estudos produzidos.

    Neste sentido, a Educao Fsica, como rea de conhecimento ainda tem grandes desafios concei-tuais, tericos e metodolgicos a superar e uma ampla contribuio a fazer. Apesar de popularmente a ideia de atividade fsica e qualidade de vida es-tarem associadas, fundamental que a rea adote rigorosamente um procedimento cientfico, espe-cialmente no que se refere a sua especificidade, ou seja, o estudo do movimento humano no seu aspecto biolgico, psicolgico, sociocultural e desenvolva estudos pertinentes e relevantes que auxiliem a compreenso desta relao.

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    Recebido em: 12/05/2010Aprovado em: 28/01/2011

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