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Boletim Informativo das Pesquisas de Paleotocas no estado do Rio Grande do Sul Número 13 – Novembro de 2010 Site: www.ufrgs.br/paleotocas Distribuição Dirigida Responsável: Prof. Heinrich Frank Contato: [email protected] Fone: 51.30320382 EDITORIAL Este é o último número do TocaNews de 2010. Tivemos um ano extremamente produtivo, com a descoberta de várias dezenas de crotovinas e paleotocas. O ritmo de descobertas foi tão grande que temos uma lista de espera de 15 paleotocas cuja localização a gente sabe, onde temos apoiadores que nos dão o suporte necessário, mas ainda não tivemos tempo de investigar essas ocorrências. Mesmo estando em novembro, não é cedo demais para desejar todos um Feliz Natal. Enfim, as atividades do Natal Luz em Gramado já iniciaram há tempo. Portanto, desejamos a todos um FELIZ NATAL e um PRÓSPERO ANO NOVO de 2010. Que todos os projetos se concretizem, com muita realização pessoal e muita saúde. PROJETO PALEOTOCAS NA REVISTA DA UNESP A Universidade Estadual Paulista – UNESP possui uma revista, de muito boa qualidade e com uma tiragem grande, que publicou um artigo com 6 páginas sobre o Projeto Paleotocas em sua última edição. O repórter Igor nos acompanhou em nosso último trabalho de campo e registrou o levantamento de crotovinas e paleotocas, a confecção de moldes e todos os aspectos que envolvem a pesquisa. O artigo está disponível na internet: www.unesp.br/aci/revista/ed13/estudo-de-campo NOVA ESTRATÉGIA DE PESQUISA Nos últimos meses desenvolvemos uma nova estratégia de pesquisa de paleotocas que vem dando excelentes resultados. Estamos contactando as Inspetorias Veterinárias e de Zoonoses da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, município a município. Essas Inspetorias locais são responsáveis pelo controle da população de morcegos hematófagos, os “vampiros”, visando o combate à raiva herbívora. Os responsáveis locais conhecem, há anos, as “furnas” onde os vampiros se escondem. E algumas das “furnas” são paleotocas ! Por exemplo: das 11 furnas conhecidas para Viamão, 5 são paleotocas; das 6 furnas de Guaíba, 2 são paleotocas. Normalmente as furnas estão muito escondidas, impossíveis de encontrar sem auxílio. Em contrapartida, estamos informando às Inspetorias as paleotocas que estamos encontrando e que tem vampiros. PROJETO DE PESQUISA APROVADO O Projeto de Pesquisa enviado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi aprovado e está em fase de implementação. Com isso, o Projeto Paleotocas possui as verbas necessárias para expandir os trabalhos de campo e obter mais dados na pesquisa das paleotocas e dos seus construtores.

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Page 1: EDITORIAL NOVA ESTRATÉGIA DE PESQUISA · de duas tardes, cinco furos com 4 metros de profundidade alinhados perpendicularmente à direção da suposta paleotoca. Etapa 5 – Retroescavadeira

Boletim Informativo das Pesquisas de Paleotocas no estado do Rio Grande do Sul Número 13 – Novembro de 2010 Site: www.ufrgs.br/paleotocas Distribuição Dirigida Responsável: Prof. Heinrich Frank Contato: [email protected] Fone: 51.30320382

EDITORIAL Este é o último número do TocaNews de 2010. Tivemos um ano extremamente produtivo, com a descoberta de várias dezenas de crotovinas e paleotocas. O ritmo de descobertas foi tão grande que temos uma lista de espera de 15 paleotocas cuja localização a gente sabe, onde temos apoiadores que nos dão o suporte necessário, mas ainda não tivemos tempo de investigar essas ocorrências. Mesmo estando em novembro, não é cedo demais para desejar todos um Feliz Natal. Enfim, as atividades do Natal Luz em Gramado já iniciaram há tempo. Portanto, desejamos a todos um FELIZ NATAL e um PRÓSPERO ANO NOVO de 2010. Que todos os projetos se concretizem, com muita realização pessoal e muita saúde.

PROJETO PALEOTOCAS NA REVISTA DA UNESP

A Universidade Estadual Paulista – UNESP possui uma revista, de muito boa qualidade e com uma tiragem grande, que publicou um artigo com 6 páginas sobre o Projeto Paleotocas em sua última edição. O repórter Igor nos acompanhou em nosso último trabalho de campo e registrou o levantamento de crotovinas e paleotocas, a confecção de moldes e todos os aspectos que envolvem a pesquisa. O artigo está disponível na internet: www.unesp.br/aci/revista/ed13/estudo-de-campo

NOVA ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Nos últimos meses desenvolvemos uma nova estratégia de pesquisa de paleotocas que vem dando excelentes resultados. Estamos contactando as Inspetorias Veterinárias e de Zoonoses da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, município a município. Essas Inspetorias locais são responsáveis pelo controle da população de morcegos hematófagos, os “vampiros”, visando o combate à raiva herbívora. Os responsáveis locais conhecem, há anos, as “furnas” onde os vampiros se escondem. E algumas das “furnas” são paleotocas ! Por exemplo: das 11 furnas conhecidas para Viamão, 5 são paleotocas; das 6 furnas de Guaíba, 2 são paleotocas. Normalmente as furnas estão muito escondidas, impossíveis de encontrar sem auxílio. Em contrapartida, estamos informando às Inspetorias as paleotocas que estamos encontrando e que tem vampiros.

PROJETO DE PESQUISA APROVADO

O Projeto de Pesquisa enviado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi aprovado e está em fase de implementação. Com isso, o Projeto Paleotocas possui as verbas necessárias para expandir os trabalhos de campo e obter mais dados na pesquisa das paleotocas e dos seus construtores.

Page 2: EDITORIAL NOVA ESTRATÉGIA DE PESQUISA · de duas tardes, cinco furos com 4 metros de profundidade alinhados perpendicularmente à direção da suposta paleotoca. Etapa 5 – Retroescavadeira

TURISMO COM PALEOTOCAS ? Paleotocas são feições tão diferentes e curiosas que seu sucesso como atrativo turístico está

garantido desde já. Aguçam a imaginação das pessoas – um tatu gigante, uma preguiça gigante –

bichos que viviam ali no passado. Ao invés de ser um osso em um Museu, a Paleontologia esbarra

na gente praticamente no quintal de casa. Na maioria dos casos, não se trata de entrar na paleotoca,

que normalmente são muito baixas e úmidas, mas apreciar a entrada e ver o interior da paleotoca

pelas fotos expostas no painel ou placa que acompanha o atrativo.

Com o trabalho do Projeto Paleotocas, algumas paleotocas já estão começando a se

transformar em atrativos turísticos:

Paleotoca de Cristal (RS): na beira da BR-116, ao lado de um restaurante. A primeira

grande paleotoca descrita no Rio Grande do Sul, já houve interesse da Prefeitura de colocar uma

placa e proteger a entrada da paleotoca.

Paleotoca de Novo Hamburgo (RS): no Distrito de Lomba Grande, no Ecoparque

(www.ecoparquedalomba.com.br). A paleotoca que está sendo limpa e ajardinada. Será colocada

uma placa de 6 m2 com fotos e informações, enriquecendo o Ecoparque com mais um atrativo.

Paleotocas de São Joaquim (SC): a Prefeitura tem grande interesse em ajardinar e tornar

acessível o local onde foram descobertas várias paleotocas. Será ministrado um mini-curso a

interessados neste mês de novembro.

Paleotoca de Boqueirão do Leão (RS): uma paleotoca grande com enorme potencial

turístico: perto da cidade, facilmente acessível, é possível entrar pelo menos 10 metros, basta o

interesse de alguém para que seja um atrativo e tanto em Boqueirão.

Cada turista que entra na cidade deixa dinheiro: comprando um lanche, fazendo uma

refeição, abastecendo o carro, adquirindo uma lembrança, levando um produto colonial, pagando

uma entrada para um atrativo e levando fotografias com as quais vai fazer, de graça, propaganda do

local para outras pessoas. Investir em turismo é lucro certo, basta que o atrativo turístico se torne

conhecido.

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Paleotocas em Eventos Científicos Nestes últimos dois meses, os trabalhos científicos produzidos pelo Projeto Paleotocas foram apresentados em dois eventos científicos. Nos dias 25 e 26 de setembro transcorreu o II Encuentro Uruguayo de Espeleología, em Montevideo, promovido pelo Centro Espeleologico Uruguayo Mario Isola. Entramos em contato com o Centro e, em conjunto com o Geólogo Rafael Ogando, apresentamos um trabalho intitulado “Paleocuevas em la región de la Formación Tacuarembó (Cuenca del Paraná), Uruguay”. O trabalho discute as possibilidades de encontrar paleotocas nas regiões do Uruguai geologicamente semelhantes às regiões do Rio Grande do Sul onde o Projeto Paleotocas vem trabalhando. O trabalho conclui que deve haver pelo menos 35 paleotocas abertas nessas regiões. O trabalho pode ser visto no site www.ufrgs.br/paleotocas , no item “Produção Científica”. Entre os dias 30 de outubro de 6 de novembro transcorreu, na UNISINOS em São Leopoldo, o Simpósio Latinoamericano de Icnologia (SLIC 2010). Icnofósseis é o nome que se dá a vestígios de animais pré-históricos que não sejam ossos: pegadas, fezes fossilizadas, tubos (de vermes), paleotocas, etc. O Projeto Paleotocas participou com 3 trabalhos: o primeiro apresentou os megatúneis (Arroio da Bica, etc..), o segundo os túneis em terrenos graníticos (Porto Alegre – Viamão) e o terceiro fez o detalhamento de um dos 6 túneis do Parque Saint Hilaire (Porto Alegre).

O geólogo Rafael Ogando durante a apresentação do trabalho sobre paleotocas no Encontro Uruguaio de Espeleologia.

O Simpósio na Unisinos reuniu pesquisadores do Brasil, Argentina, Polônia, Estados Unidos, Canadá, Japão, Espanha, Hungria, etc.

Todos os resumos e pôsters apresentados estão disponíveis para download no site do Projeto Paleotocas, no item “Produção Científica”.

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NOVAS OCORRÊNCIAS

Apesar de termos encontrado várias paleotocas novas nestes últimos dois meses, vamos apresentar aqui apenas o caso da paleotoca do Sítio Strauch, um exemplo da dificuldade que a prospecção de paleotocas pode ser. Vamos apresentar a história em etapas. Etapa 1 – Levantamento das informações iniciais Etapa 2 – Pá e enxada Etapa 3 – Inspeção completa do terreno Diante disso, resolvemos investigar as redondezas do barranco. Tropeçando pela mata, acabamos descobrindo que havia 5 crateras, de tamanhos variados, alinhadas por 50 metros no terreno coxilha acima. Cinco crateras alinhadas e que lembravam muito as paleotocas da região de Porto Alegre, que sofrem colapso em vários pontos e você encontra crateras alinhadas com um túnel por baixo. Interpretamos isso com sendo um evidente sinal da existência da paleotoca.

Inicialmente recebemos a informação de que havia uma “caverna indígena” em um sítio de uns amigos em São Leopoldo, no Morro da Paula. Fomos conhecer o local: um pequeno barranco no meio do mato com um pequeno (30cm) buraco de onde “jorra água depois das chuvas” (seta na imagem). O antigo e já falecido proprietário, Bruno Schil, informou à família Strauch de que aquilo era o resto de uma “caverna indígena”, do tamanho de um “salão de baile”. Realmente parecia uma entrada desabada de uma paleotoca.

Trabalhamos por dois turnos com pá e enxada naquele buraquinho, tentando abrir o buraco para acessar a paleotoca. Não apareceu nada – pelo contrário, o buraco ficou cada vez menor, o barranco aumentou e de paleotoca nem sinal.

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Etapa 4 – Furos a trado Resolvemos investigar atrás do barranco em que já tínhamos escavado e fizemos, ao longo de duas tardes, cinco furos com 4 metros de profundidade alinhados perpendicularmente à direção da suposta paleotoca. Etapa 5 – Retroescavadeira Para desobstruir a entrada da paleotoca, o volume de terra a ser retirado era muito grande. Por isso, contratamos uma retroescavadeira que abriu o barranco. Esperávamos encontrar o contorno do teto da paleotoca no barranco assim criado mas – nada. Não apareceu paleotoca nenhuma. Mas da base do barranco, onde inicia uma camada de argila amarela muito dura e impermeável (“tabatinga”), verteu água abundante e constante: redescobrimos uma vertente histórica que já existia lá no Séc. XIX, abastecendo os leopoldenses em época de seca.

Para isso usamos um trado emprestado pelo Centro de Estudos de Geológica Costeira e Oceânica (CECO) da UFRGS. O trado parece um saca-rolha tamanho família. Realmente, dois furos vizinhos passaram, entre 3 e 4 metros de profundidade, por um metro de lama arenosa – o trado afundava facilmente nesse material. O furo ao lado passou por pouco mais de um palmo dessa lama. Interpretamos isso com sendo a entrada preenchida por barro da paleotoca. Já que os furos estavam distanciados em mais de um metro um do outro, a paleotoca deveria ter em torno de 2 metros de largura – um megatúnel ?

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Etapa 6 – Contenção das encostas Etapa 7 – Checagem das informações iniciais Para obter mais elementos sobre a posição exata da paleotoca, entramos em contato com duas pessoas que brincavam na paleotoca quando adolescentes e que hoje tem mais de 60 anos. A primeira pessoa apontou um local a mais de 100 metros de distância como sendo o local da paleotoca; as crateras alinhadas no terreno foram classificadas por ele como “buracos de tatu”. Entrevistamos a outra pessoa, que disse que tapou pessoalmente, com um trator de esteira, a entrada e a saída da paleotoca, e que pouco ou nada sobrou dela. “Tu chegou 50 anos atrasado”, foram suas palavras. Sobre a expressão “salão de baile”, disse considerar um exagero do Bruno. Etapa 8 – Novos furos a trado Inconformados com aquelas 5 crateras alinhadas, resolvemos, apesar do insucesso até agora, trabalhar com mais furos. Entre a terceira e quarta cratera abrimos mais 5 furos a trado, em uma linha perpendicular ao alinhamento das crateras. Até os 2 metros de profundidade não achamos nada. Aprofundamos os furos e já no segundo furo, a 3,1 metros de profundidade, a ponta do trado caiu para dentro de um vazio!!!!! Ali tinha um túnel, ao contrário de todos os comentários. Um vão de meio metro. Etapa 9 – Investigação por sonda Como a profundidade do túnel era muito elevada e uma escavação a esmo, sem mais dados, facilmente poderia se transformar em um insucesso, resolvemos descer uma sonda pelo furo de trado. Para isso, inventamos e construímos a Sonda Fênix 4. Consiste de segmentos de dois metros de comprimento de tubo PVC com 5 cm de diâmetro que são encaixados até atingir a profundidade desejada. Por dentro da sonda passa um cabo USB extra-longo confeccionado com um material

Para evitar a erosão da areia revolvida pela retroescavadeira pelas águas das chuvas trabalhamos por mais duas tardes na contenção. As areias foram espalhadas e distribuídas, foi colocada uma cobertura inicial de galhos e os barrancos foram protegidos com lona, além da colocação de costaneiras. Com mais tempo, será colocada serragem na superfície exposta e as lonas serão substituídas por uma contenção de costaneiras e pedras.

Page 7: EDITORIAL NOVA ESTRATÉGIA DE PESQUISA · de duas tardes, cinco furos com 4 metros de profundidade alinhados perpendicularmente à direção da suposta paleotoca. Etapa 5 – Retroescavadeira

especial (ferrite). Este cabo fica conectado a uma câmera de video de alta resolução (5 megapixels), encaixada na ponta da sonda. A iluminação para a câmera é garantida por uma lâmpada de testa (“headlight”) importada, de alta potência e pequeno tamanho, com três níveis de intensidade de luz, também encaixada no tubo. Na falta de um laptop, instalamos um microcomputador completo na boca do furo, com o auxílio de uma extensão a partir da casa da família Strauch. Usando uma tela LCD de 22 polegadas, descemos a Sonda Fênix 4 pelo furo até o túnel e filmamos, com toda a calma e com alta resolução, o túnel que passa naquele ponto. É um túnel com 50 cm de altura e um pouco menos de largura, com evidente sinal de erosão no piso. Pelo seu tamanho, certamente não era a “caverna indígena”, mas um túnel secundário.

A Sonda Fênix 4 pronta para a descida pelo furo de sondagem.

A equipe durante a investigação com a sonda.

Na tela do computador aparece a primeira imagem do túnel que desce a coxilha. Claramente se observa o piso erodido pela água da chuva.

170 graus para o outro lado, a continuação do túnel, algo confusa, mas até um grilo dá o ar de sua graça.

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Etapa 10 – Rechecagem das informações iniciais Para evitar algum engano quanto ao local original da paleotoca, levamos a segunda pessoa, anteriormente apenas entrevistada, para inspecionar o terreno. A pessoa confirmou que o local era esse e informou que as 5 crateras que havia agora no terreno não existiam naquela época em que a entrada e a saída foram tapadas com o trator de esteira. Etapa 11 – Mais furos a trado Encorajados pelo testemunho do segundo entrevistado, iniciamos a terceira linha de furos de trado, desta vez entre o furo que encontrou o túnel e os primeiros que afundaram na crotovina. Os dois primeiros furos de quatro metros não encontraram nada, o terceiro afundou em uma cavidade de pouco menos de 50 cm aos 2,2 metros. Descendo a Sonda Fênix 4 pelo furo, evidenciou-se uma situação complicada. Etapa 12 – Furos a trado adicionais Resolvemos então abrir uma quarta linha de furos, desta vez mais em baixo, para obter 3 pontos de observação desse misterioso túnel. Os primeiros 3 furos não encontraram nada até os 2,5 metros de profundidade. Depois tivemos que parar devido a obras no local. Em breve retomamos a furação. ENTÃO, VALEU A PENA ? Valeu muito a pena. Por várias razões: 1. Vimos que os “causos” de paleotocas que nos contam, baseados em lembranças de infância, precisam ser avaliados com muito cuidado. É possível que a testemunha se equivoque completamente em relação ao ponto exato do antigo túnel, ao tamanho do túnel, etc. 2. Mostramos que a furação a trado é um instrumento viável e muito prático na detecção de cavidades em subsuperfície. Mesmo dando muito trabalho, é uma metodologia que só pode ser recomendada. Simples, barata e rápida. 3. Fomos obrigados a inventar uma sonda com sistema de iluminação e câmera de vídeo. Os ajustes que estamos fazendo na sonda, na câmera e no equipamento de informática irão tornar este equipamento um item obrigatório em futuros trabalhos com paleotocas. 4. Finalmente, o que tem, afinal, no sítio Strauch ? Como se forma, se não for a partir de uma paleotoca, um túnel irregular e ramificado com mais de 50 metros de comprimento, a profundidades de até 3,5 metros ?? É o que vamos tentar descobrir nas próximas semanas.

Obrigado pela leitura.

A filmagem mostrou que se trata de uma fenda pouco larga (10-15) em arco, com o lado convexo para cima. Nada muito conclusivo, mas não se trata de uma paleotoca clássica.