paleotoca de cristal editorial ganhou proteÇÃo sítio

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PALEOTOCA EM TIMBÉ DO SUL É PESQUISADA A “Toca do Tatu”, em Timbé do Sul (SC), é uma paleotoca grande, em cujas paredes os índios desenharam dezenas de figuras. Quem reconheceu os grafismos como arte rupestre foi a equipe do Projeto Paleotocas e agora, alguns anos depois, os grafismos estão recebendo a atenção devida. Pesquisadores da área de Arqueologia da Universidade Federal de Santa Catarina estão analisando as figuras e as primeiras conclusões estão disponíveis. Esta situação nos deixa muito contentes, pois agora os grafismos estão preservados e pesquisados. PALEOTOCA DE CRISTAL GANHOU PROTEÇÃO Uma das primeiras paleotocas grandes – de 33 metros - descoberta e descrita no Rio Grande do Sul é a paleotoca em Cristal, ao lado da BR-116. Depois de muito tempo, o sítio recebe alguma atenção da Prefeitura. Muito menos que a proteção recebida pela paleotoca de Monte Bonito, em Pelotas, mas já é alguma coisa. PALEOTOCAS EM JORNAL No início de março foi publicada uma matéria sobre paleotocas no jornal “O Pioneiro”, de Caxias do Sul. Agradecemos pela divulgação e podemos comunicar que já recebemos duas informações sobre paleotocas. Uma já visitamos, constatando um túnel com 18 metros de comprimento, 2 metros de largura e 1 metro de altura. 37 março de 2016 EDITORIAL Após 7 anos investigando paleotocas, temos hoje um cenário de conhecimentos bem diferente. Graças aos esforços despendidos e à colaboração de centenas de pessoas, formamos um Banco de Dados respeitável sobre paleotocas. Publicamos uma grande quantidade de trabalhos. Mas as respostas para as perguntas nem de longe foram respondidas veja texto.

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PALEOTOCA EM TIMBÉ DO SUL É PESQUISADA

A “Toca do Tatu”, em Timbé do Sul

(SC), é uma paleotoca grande, em cujas

paredes os índios desenharam dezenas de

figuras. Quem reconheceu os grafismos como

arte rupestre foi a equipe do Projeto

Paleotocas e agora, alguns anos depois, os

grafismos estão recebendo a atenção devida.

Pesquisadores da área de Arqueologia da

Universidade Federal de Santa Catarina estão

analisando as figuras e as primeiras

conclusões estão disponíveis. Esta situação

nos deixa muito contentes, pois agora os

grafismos estão preservados e pesquisados.

PALEOTOCA DE CRISTAL GANHOU PROTEÇÃO

Uma das primeiras paleotocas grandes

– de 33 metros - descoberta e descrita no Rio

Grande do Sul é a paleotoca em Cristal, ao

lado da BR-116. Depois de muito tempo, o

sítio recebe alguma atenção da Prefeitura.

Muito menos que a proteção recebida pela

paleotoca de Monte Bonito, em Pelotas, mas

já é alguma coisa.

PALEOTOCAS EM JORNAL

No início de março foi publicada uma

matéria sobre paleotocas no jornal “O

Pioneiro”, de Caxias do Sul. Agradecemos

pela divulgação e podemos comunicar que já

recebemos duas informações sobre

paleotocas. Uma já visitamos, constatando um

túnel com 18 metros de comprimento, 2

metros de largura e 1 metro de altura.

37 – março de 2016

EDITORIAL

Após 7 anos investigando

paleotocas, temos hoje um cenário de

conhecimentos bem diferente. Graças aos

esforços despendidos e à colaboração de

centenas de pessoas, formamos um

Banco de Dados respeitável sobre

paleotocas. Publicamos uma grande

quantidade de trabalhos. Mas as respostas

para as perguntas nem de longe foram

respondidas – veja texto.

Perguntas sem respostas (1ª parte)

Com tantas paleotocas já encontradas, muitas já descritas e publicadas, bem como o

contínuo descobrimento de novas tocas, pode-se ficar com a impressão que já encontramos as

respostas às perguntas. Longe disso. Por exemplo:

1. Porque só aqui?

Qual é o motivo de encontrarmos paleotocas de grande mamíferos recentes apenas na

América do Sul? Porque não encontramos na América do Norte, para onde os mesmos animais

migraram depois do estabelecimento do Istmo do Panamá? Animais escavadores existem em toda e

qualquer fauna e, portanto, deve haver muitas tocas também. Tocas de crocodilos pré-históricos, por

exemplo, que já comentamos aqui no TocaNews. Deve haver – aliás bastante, inclusive no Brasil,

mas ninguém descreveu um sítio destes ainda.

Além disso, nos perguntamos por que há tocas em grande quantidade no Rio Grande do Sul

e em Santa Catarina e por que são tão raras em outros estados, inclusive em estados vizinhos como

Paraná e São Paulo. O Prof. Buchmann examinou centenas de cortes de estrada ao longo das

rodovias do Paraná, de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, voltando quase que com as

mãos abanando. E aqui no Sul, é rotina achar tocas nos barrancos.

No Uruguai, “colado” no Rio Grande do Sul, temos notícia de duas ou três tocas. Isso que a

geologia é semelhante; apenas o relevo é menos movimentado. No Paraguai, nada. É uma raridade

real ou apenas aparente porque faltou gente para pesquisar? É claro que em certas regiões – muito

planas – não haverá tocas, mas quando o relevo é um pouco movimentado deve haver muitas tocas.

2. Porque tão longas?

É uma questão que nos impressiona até hoje e para a qual não temos explicação. Tocas com

comprimentos originais superiores a 70 – 80 metros. Quando encontramos um resto de toca em uma

escavação qualquer, geralmente conseguimos avaliar com certa precisão o comprimento original da

toca, onde se situava a entrada dela. E sempre concluímos que os comprimentos originais eram de

muitas dezenas de metros.

O que obrigava estes bichos a cavar túneis tão profundos? Quero lembrar que cada metro de

túnel corresponde a 2 toneladas de material (areia/lama/barro, etc) que precisavam ser retiradas do

túnel. Dificilmente o motivo eram os predadores da época. Para fugir de temperaturas muito altas

(clima quente) ou muito baixas (clima frio) também não há a necessidade de túneis tão longos.

(continua)

A Gruta dos Índios de Paverama - RS

No site da Prefeitura de Paverama consta que “Há em Morro Bonito uma gruta com curiosos

e numerosos desenhos gravados em disposição sistemática nas lajes duras de arenito, dando

impressão de um mapa de aldeamento primitivo, ...”

Averiguamos esta ocorrência e chegamos à propriedade dos Hauenstein, onde fomos

informados que a gruta foi destruída há mais de 50 anos atrás. Visitamos o local – não tem nada,

apenas pedras quebradas cobertas por mato. As equipes que construíram a ferrovia na região no

início da década de 1960 precisavam de pedras e dinamitaram a gruta e parte do morro para

conseguir o material. Para o proprietário ficou uma “recompensa” mais que pífia: um maço de

cigarros da marca “TUFUMA” para cada carga de caminhão extraída do morro. Foram 2 anos de

extração de pedras naquele morro.

Mais tarde, por acaso, conseguimos uma fotocópia de uma das páginas do livro do Padre

Alberto Träsel. O Pe. Träsel é muito conhecido na região e, na época, copiou os desenhos rupestres

– a arte indígena – que ornamentava a gruta. Pelo desenho é possível reconhecer gravuras que

também tem na Pedra Grande em São Pedro do Sul (RS). Estas gravuras foram chamadas de Estilo

Pegadas pelos pesquisadores do PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas) que

foi executado no final dos anos 1960.

Esta gruta em Paverama, portanto, não existe mais e dos desenhos indígenas restou apenas a

imagem reproduzida abaixo.

Nossos trabalhos de campo continuam

Obrigado pelo

interesse e pela

leitura.

Paleotoca em Guaíba,

devidamente protegida com

portão e cadeado.

Paleotoca em São Francisco

de Paula.

Paleotoca em Porto Alegre.