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2 EDITORIAL

DILMA, LULA, O PT E OS DE CIMA DESCARREGAM A CRISE NAS NOSSAS COSTAS

DianaAssunção

QUEM SOMOS?

EXPEDIENTE

O Esquerda Diário no Brasil começou como um site que atingiu mais de 1 milhão de acessos e 1 000 cidades em menos de 6 meses. Somos o site mais acessado da esquerda brasileira, com uma média diária de dezenas de artigos que segue crescendo.Em setembro de 2015

começamos a imprimir o jornal para ampliar a chegada da informação e opinião pela esquerda sobre política, economia, cultura e a vida cotidiana para os trabalhadores e a juventude. Somos parte de uma rede

internacional de diários na Argentina, México, Chile, França, Espanha e outros países, com mais de 7 milhões de acessos e centenas de correspondentes na América Latina, Europa e EUA produzindo notícias em espanhol, inglês, francês e português.É um jornal do Movimento

Revolucionário de Traba-lhadores (MRT, ex-LER-QI),

que está em luta pela entrada do #MRTnoPSOL. Somos uma esquerda que não é o PT, que há muitos anos deixou de ser de esquerda e passou para o lado dos patrões e está descarregando a crise econômica e política nas costas dos trabalhadores.

Acompanhe o site, os vídeos e os áudios do Esquerda Diário na

internet.

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impressa.

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fortalecer essa iniciativa (ver contracapa).

Coordenação editorial: Marcelo Tupinambá

Conselho editorial: Val Lis-boa, Diana Assunção, Lean-dro Lanfredi, Thiago Flamé, Iuri Tonelo, André Augusto,Simone Ishibashi, Bernardo Aratu, Flávia Ferreira, Flávia Vale e Daniel Matos

Diagramação: Vanessa Dias e Juan Pablo

Ao ver este código, posicione a câmera (ou o leitor de QR code) de seu celular diante dele. Você será automaticamente redirecionado ao link relacionado ao assunto do Esquerda Diário na internet.

A situação está marcada pelos escândalos de corrupção, a crise do governo e a crise econômica. Cresce a insatisfação com os de cima, pois além da descrença com os políticos, sente-se cada dia mais os ataques. Aumenta a luz, fecham escolas, atacam direitos e salários, muitos estão no desemprego ou afundados em dívidas.

Cada vez mais aumenta a percepção de que todos os partidos da ordem, o PT, PMDB, PSDB e todos são “farinha do mesmo saco”. Mas a maioria vê em Dilma e no PT o principal responsável. Não poderia ser diferente se tratando do PT que comanda o governo federal desde 2002, sempre com Lula coordenando tudo “por trás” de Dilma.

Falam de “golpismo” para angariar apoio enquanto atacam

O petismo-lulismo seguem sua operação que coloca o centro na luta contra “o golpe” que estaria em curso. Querem movimentar alguma opinião pública a favor do governo como “menos pior”. Colocam como se Dilma não estaria governando porque a direita não deixa, mas ela está sim governando e descarregando o ajuste nas nossas costas.

A própria Dilma declarou em entrevista “de bastidores” quando questionada se havia clima de golpe: “não acho que ela tenha condições materiais de ocorrer não”. Dilma sabe que a burguesia nacional e imperialista não tem a linha até agora de derrubá-la, pois sua principal preocupação é garantir os ajustes e Dilma está sendo muito funcional controlando a burocracia sindical que poderia criar obstáculos. Ao mesmo tempo, a burguesia “deixa correr” as ameaças de “impeachment”. Faz isso porque desgasta Dilma, Lula e o PT, dificulta o “Lula 2018”, a pressiona em ceder mais espaço no governo para o PMDB e seguir sem fazer nenhum “ajuste” contra os capitalistas, sob a “ameaça” de que pode sofrer um “impeachment”.

Quando colocamos limite ao “clima de golpe”, não é porque PSDB, DEM, Bolsonaro, Aécio, Cunha, Temer e outros não sejam “tão ruins”, mas porque estão disciplinados pela burguesia que quer governabilidade para atacar. Os trabalhadores precisam repudiar veementemente essa direita racista, homofóbica, anti-trabalhador e anti-pobre, da qual Aécio e Cunha são alguns expoentes. O que estamos ressaltando é que não podemos achar que o governo é aliado nisso e precisa ser sustentado, ele está com a direita. Governo

e oposição se atacam dia-a-dia, mas estão todos unidos no ajuste contra os trabalhadores e o povo. O verdadeiro golpe em curso, é contra os trabalhadores e a juventude.

CUT e CTB são “braços sindicais” dos partidos do

governo dos ajustesA CUT é dirigida pelo PT. A CTB

pelo PCdoB. Ambos partidos do governo que estão aprovando os ajustes contra o povo. Não podemos cair no engano como se a central sindical fosse outra coisa. Tanto que no recente Congresso da CUT estão Dilma, Lula e todos juntos.

Apesar de aceitar fazer um ou outro ato de rua quando Dilma está ameaçada e para aparecer como quem luta, a burocracia sindical passou a ser agente da implementação dos ajustes ou negociadora de ataques “menos piores”, blo-queando, isolando ou dividin-do as lutas. Isso não significa que justamente por estarem desgastadas, podem fazer al-gum discurso de “esquerda” e até algumas greves, porém para defender nossos direitos e derrotar os ajustes esta burocracia pre-cisa ser derrota-da.

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3NACIONAL

DESTAQUE NA INTERNET

Pode a Rede de Marina se constituir como uma

nova mediação de centro-esquerda?

Marina Silva conseguiu finalmente a legalidade para a Rede Sustentabilidade. A maioria dos recém filiados com cargos vem do PT, PSOL e PCdoB. O artigo de Lendro Lanfredi analisa as tendências deste novo partido, desmascarando qualquer faceta de esquerda.

OS TRABALHADORES E A JUVENTUDE MOSTRAM DISPOSIÇÃO DE LUTA APESAR DAS DIREÇÕESNão é um cenário fácil para resistir aos ajustes devido a que as direções das principais centrais sindicais e das entidades nacionais do movimento estudantil são controladas por governistas ou pela oposição de direita. Isso faz com que a resistência aos ataques seja ainda aquém do necessário.

Muitas categorias tem demonstrado disposição

de luta. Foi isso que se demonstrou na recente greve dos correios, onde a adesão foi massiva apesar do controle da CTB e da traição aberta da CUT, que também traiu a luta do funcionalismo no Rio Grande do Sul e outras. A greve de bancários também é controlada pela CUT, que evitou que se ligasse a greve de Correios e aos petroleiros. Tudo para impedir a unidade de categorias chave do

funcionalismo e que tem histórico de lutas em comum. É que qualquer perda do controle levaria essas lutas a superar a própria burocracia e se enfrentar com “seu” governo. Também na indústria a política da burocracia foi claramente dividir cada uma das lutas das montadoras e defender o PPE, que é um ataque ao salário e direito dos trabalhadores.

A juventude secundarista de São Paulo também está dando um grande exemplo. Independente da passividade das direções, está protagonizando um grande movimento espontâneo e massivo contra o fechamento de escolas por Alckmin. Aqui também a direção da APEOESP da CUT está se negando a unificar a luta e as direções do movimento estudantil também.

POR UMA ESQUERDA PARA ENFRENTAR OS AJUSTES E O GOVERNO NA LUTA DE CLASSESAo invés de impulsionar uma política concreta para a luta de classes, o PSOL está no parlamento se somando aos objetivos petistas “contra a direita” só fazendo política contra o Cunha. Ao mesmo tempo, depois de uma ala do partido não aceitar participar das manifestações de 20/8 porque reconheciam que eram governistas, aderiram de conjunto a Frente Povo Sem Medo (ver pg 8 neste jornal), que serve somente para salvar o governo e a burocracia. Por isso, não vamos na manifestação domingueira de 8/11 convocada por essa Frente, que sequer vai afetar a produção e circulação.Por sua vez, o PSTU, apesar de denunciar Dilma e Lula e não integrar essa Frente, defende a derrubada de Dilma sem haver por hoje um sujeito para esse objetivo, os levará a se ligar a setores anti-Dilma pela direita, como foi a CGTB, com os quais o PSTU dizia estar construindo um “terceiro campo” pra manifestação do último 18/9

e que na última hora rompeu. A exigência que o PSTU faz de rejeição das contas de Dilma no TCU “pela esquerda” não tem como cumprir outro papel que não seja colocar a classe trabalhadora como “ala esquerda” da tática de “impeachment” que se apoia sobre a rejeição das contas “pela direita”. Não adianta discurso de “derrubar a Dilma com a greve geral” mas a política concreta é funcional à direita.Além disso, o PSTU se adapta ao modo petista e cutista de militar que não encara a luta de classes como centro. A manifestação do dia 18/9 foi importante por ter reunido milhares contra o governo e a direita, mas não basta organizar atos e encontros que também são inofensivos contra os ajustes e segue sem dar sequer um exemplo na luta de classes concreta. Não dirige nenhuma luta de forma exemplar nem presta solidariedade efetiva onde não dirige, que seria a forma de influenciar as bases da

CUT e outras centrais.Nada impede que a esquerda que se coloca como anti-governista saia da passividade na luta de classes e impulsione ações de solidariedade e coordenação entre as lutas. Qualquer luta vitoriosa contra o ajuste, é um passo fundamental da luta nacionalmente. Este é o exemplo que buscamos dar com todas as forças na recente greve de Correios, da prefeitura da USP e agora da juventude secundarista. Se a esquerda gira para a luta de classes é possível ser um fator para as lutas serem vitoriosas e golpear na base das centrais sindicais governistas com exemplos práticos distintos. Vamos participar das manifestações em outubro convocadas pelo Espaço de Unidade de Ação, mas sempre batalhando por essa perspectiva. Se a esquerda se unifica nessa perspectiva pode incomodar efetivamente a burocracia sindical, obriga-la a romper com o governo e impulsionar a luta contra o ajustes. Sem isso,

vai deixa-os tranquilos. O MTST também tem que romper com essa política que termina sendo de apoio ao governo. Ligada a essa luta para que cada luta possa vencer e ser exemplo na luta contra os ajustes, para que as direções rompam com o governo, a esquerda unificada pode colocar de pé uma grande luta nacional contra o PPE, os cortes e por uma resposta de fundo para a crise que passe pelo não pagamento da dívida pública e por impostos às grandes fortunas, para que a crise seja paga pelos capitalistas.

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Desde que o secretário estadual da Educação de São Paulo, Herman, apresentou seu plano de fechamento de centenas de escolas e demissão de milhares de professores, começaram a acontecer vários atos em todo o estado. Alunos se manifestaram nas ruas da zona norte, com mil estudantes numa manifestação impressionante, sul, leste e sudoeste da capital, bem como em mais de 40 munícipios do interior do estado. Em Santo André ocuparam a sede da Diretoria de Ensino contra a reestruturação. Ocuparam a Paulista, tendo inclusive sido reprimidos pela polícia, que prendeu pelo menos um aluno e um repórter na manhã de 09 de outubro. Uma verdadeira explosão da juventude, que está apontando o caminho de como barrar esse ataque.

Esse movimento, que em várias regiões foi espontâneo, precisa entrar em uma nova fase, dar um salto e se massificar. É urgente que unifiquemos as lutas para vencer. Para isso há que fazer com que as manifestações que já estão acontecendo nas regiões e cidades sejam coordenadas,

que confluam politicamente sob um único e mesmo grito de “Alckmin você não fechará nossas escolas”. Que reúna os estudantes, professores, trabalhadores das escolas, pais, e toda comunidade para demonstrar ativamente toda nossa força na defesa da Educação. Para isso as regiões devem formar comitês de mobilização, que reúnam professores, alunos e pais, e que se coordenem entre si.

É preciso que os professores, que também sofrerão as consequências de mais esse ataque de Alckmin, estejam na linha de frente dessa mobilização, ao lado dos estudantes. Não é o momento de ceder ao terrorismo das direções das escolas, ou ao falso discurso propagado pelo governo de que nada mudará para pior para os professores. Exigimos que a Apeoesp coloque seu imenso aparato a serviço do triunfo dessa luta, e que combata a pressão das direções das escolas contra os professores. Há que combater a burocracia da Apeoesp, cuja direção majoritária petista não organizou uma luta séria em defesa da Educação, o que implicaria em combater os ajustes que eles também desferem em âmbito nacional pelo governo Dilma.

Por tudo isso, a hora agora é de todos os professores impulsionarem esse movimento junto com os estudantes, chamando os trabalhadores e toda comunidade, que será profundamente afetada pelas mudanças. É preciso que os

Maíra Vicaya

A MAIS LIDA NA INTERNET

USP considera que trabalhadora não pode ter

produção intelectualPelo regimento da USP elitista um trabalhador nível básico não é capaz de produzir intelectualmente. A trabalhadora que teve suas publicações desqualificadas é Diana Soubihe Assunção, diretora do Sintusp, conhecida militante dos direitos das mulheres e dos trabalhadores, historiadora formada pela PUC-SP, do Conselho Editorial do Esquerda Diário e trabalhadora da USP.

UNIFICAR AS LUTAS CONTRA O FECHAMENTO DE ESCOLAS E SALAS POR ALCKMIN

EDUCAÇÃO4

Marcio Barbio

Alunos protestam contra o fechamento de escolas no estado de São Paulo

Façamos de 20 de outubro um dia de atos coordenados

em deFesa das escolas!

No dia 20 de outubro está sendo convocado pela Apeoesp um ato contra a reestruturação das escolas, em frente à Secretaria Estadual da Educação. É fundamental que os estudantes que estão adiante das mobilizações, se unam aos professores, que devem aderir ao movimento, bem como aos trabalhadores das escolas, pais, comunidade para fazer desse dia um marco da mobilização. É muito importante que façamos com que São Paulo seja tomado por atos e manifestações reais, como os que já vem acontecendo, que de maneira unificada possam romper o formalismo das manifestações da Apeoesp, e efetivamente colocar Alckmin na defensiva. Só com a força da explosão da juventude, aliada aos professores que nesse ano protagonizaram mais de três meses de greve e construíram comitês de greve, e dos trabalhadores e comunidade, que se poderá barrar os ajustes de Alckmin na Educação.

professores que lutaram no início do ano, constituíram diversos comandos de greve, coloquem sua experiência a serviço de barrar a restruturação, e desmascarem nas escolas o discurso que semeia a passividade.

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Pode ser individual, do seu local de trabalho, escola, universidade ou com sua família e amigos.

ParticiPe da camPanha do tire uma foto com o cartaz e nos envie!

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Em relação ao mês de julho, o emprego recuou 1,1% em agosto e em comparação a agosto de 2014 o desemprego é 7,1% maior. No acumulado do ano, de janeiro a agosto, o nível de emprego na indústria é 5,2% menor em relação

ao mesmo período do ano passado. Enquanto isso, o faturamento das empresas cresceu 0,7% em relação a julho, mostrando quem é que está pagando pela crise, os trabalhadores.

Em Contagem/MG, a gigante Vallourec, que produz tubos de aço sem costura, demitiu cerca de 250 trabalhadores no final de setembro. Seguindo a tendência na região, a Acument, autopeça que produz para as grandes montadoras, demitiu 35 trabalhadores no último final de semana do mês passado.

Nas grandes montadoras, a situação não é diferente: no dia 2 de outubro, a Mitsubishi demitiu 400 trabalhadores em Catalão/GO, e nas grandes do ABC paulista o PPE tem sido a forma de ajuste generalizada, que vem reduzindo os salários dos trabalhadores.

É preciso construir uma grande campanha nacional para que os trabalhadores parem de pagar por essa crise da indústria. Para isso é necessário romper com a política da burocracia da CUT e da Força Sindical, que são hoje as principais correias de transmissão dos ajustes entre os trabalhadores, aprovando a redução salarial e negociando demissões. Para acabar com o desemprego, precisamos exigir a redução de jornada de trabalho sem redução salarial, barrando o PPE e os ajustes. Assim, pagarão pela crise aqueles que a criaram: os patrões.

MUNDO OPERÁRIO

A greve começou em 6/10, contra o arrocho salarial da Federação Brasileira de Bancos, de 5,5% de reajuste. Para muitos bancários, ficou evidente

a manobra por parte das direções governistas da CUT/CTB de adiar a greve

para impedir a unificação com a dos correios e servidores federais.

Na primeira semana a greve se fortaleceu. Segundo o sindicato dos bancários de SP, a adesão foi de 52 mil bancários, paralisando 700 locais de trabalho, sendo 23 centros administrativos e 677 agências na capital paulista e região. No país paralisaram em torno de 10.818 locais de trabalho.

Em São Paulo, as correntes de oposição fizeram ações fechando totalmente concentrações importantes: os prédios da GIPES/SP (área de pessoal) e Brás, ambos da Caixa, e o prédio do Bradesco Telebanco na Santa Cecília, barrando inclusive terceirizados

buscando a aliança com estes trabalhadores. Mostramos uma prática combativa, onde não há espaço para acordos com a empresa sobre a entrada de gerentes e fura greve, nem para divisão com os terceirizados.

A greve pode se fortalecer mais. É fundamental que os bancários não deixem a greve na mão das direções burocráticas de nosso sindicato e construam a greve. Se a FEBRABAN consegue passar o arrocho salarial mesmo com lucros exorbitantes dos bancos, vão querer impor reajustes ainda menores em outras categorias.

Seguimos com entusiasmo os protestos dos estudantes em São Paulo contra Alckmin que quer precarizar ainda mais o ensino. Estar lado a lado deles é fundamental para barrar a política dos ajustes que são protagonizados tanto pelo PT como pelo PSDB e PMDB. É fundamental lutarmos contra o ajuste numa perspectiva mais ampla, porque ele se expressa tanto na tentativa de arrochar salários como no fechamento de escolas. Não podemos deixar!

Thais Oyola, delegada sindical da agência Sé de São Paulo

CRISE IMPÕE DEMISSÕES NAS COSTAS DOS TRABALHADORES

No último dia 29 de setembro, a cam-panha pela readmissão da trabalha-dora e cipeira da fábrica da JBS de Osasco, demitida pode defender as condições de trabalho dentro da em-presa, ganhou novo impulso. Cerca de 100 trabalhadores e jovens fecharam a avenida Paulista em frente à FIESP. O ato foi convocado por Sintusp, CSP

Conlutas, Movimento Mulheres em Luta, Pão e Rosas e o MRT.

Andreia Pires declarou, “estou aqui como ex-operária da JBS de-nunciando as péssimas condições de trabalho que a indústria de ali-mentos impõe aos trabalhadores do país inteiro. Mesmo com lucros milionários, a JBS é acusada de servir carne com larvas para seus funcionários. É uma vergonha que

uma empresa que doa milhões para os partidos nas eleições trate os trabalha-dores com esse descaso.”

Este pequeno exemplo mostra a im-portância dos trabalhadores se uni-ficarem para barrar as demissões. Acreditamos que a campanha pela readmissão de todos os trabalhadores

pode se disseminar por toda a indústria no país, começando pelas grandes montadoras que estão no centro da crise, mas chegando em todos os ra-mos. Exigindo a abertura dos livros de contabilidade da empresa para que mostrem para onde foram seus lucros e deixem claro de quem é a crise.

A campanha pela readmis-são de Andreia Pires continua-rá!

GREVE DOS BANCÁRIOS ENFRENTA AJUSTE DO GOVERNO DO PT E DOS BANQUEIROS ROMPER COM O ENTREGUISMO

DA BUROCRACIA E LUTA CONTRA AS DEMISSÕES E OS AJUSTES

CAMPANHA PELA READMISSÃO DE TRABALHADORA DA JBS GANHA NOVA FORÇA

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7ENTREVISTA COM TRABALHADORES DOS CORREIOS

COM GREVE, BARRARAM ATAQUE AO CONVÊNIO MÉDICOEsquerda Diário: Como você avalia o resultado da greve?

Natália Mantovan: Uma das principais demandas era a defesa do nosso convênio médico, que a ECT pretendia atacar. Barramos esse ataque. Agora, o Acordo Coletivo diz que para alterar o convênio é necessária a aprovação dos trabalhadores. Nesse sentido, o resultado foi positivo, impediu uma medida de ajuste num cenário nacional em que os trabalhadores estão sendo atacados pelo governo e pelas patronais. Só foi possível impor esse recuo porque mostramos a força dos trabalhadores mobilizados nas principais bases do

país, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, mesmo contra a vontade da burocracia sindical, como a CUT, que militou em defesa da empresa e do governo, e a CTB que foi forçada pela base a ir pra greve, e não fez nenhum esforço para impulsionar a luta para uma greve que pudesse ir por mais. Infelizmente, mesmo os sindicatos dirigidos pela esquerda, como a CSP-Conlutas e a Intersindical, não mostraram nenhum exemplo de como se organizar e enfrentar a burocracia. Acho que ainda há muito pelo que lutar, nossos salários e condições de trabalho estão muito precarizados, mas saímos fortalecidos, com perspectiva de nos reorganizar e preparar melhor as próximas batalhas.

Esquerda Diário: Como o MRT atuou na greve e qual papel cumpriu o Esquerda Diário?

Alexandre Brandão: Nos lugares onde estamos, como Cotia e Campinas, tentamos dar pequenos exemplos, como realizar reuniões na nossa unidade de preparação da greve, organizar fundo de greve pra bancar nossas ações de forma independente, e defendemos a importância de se ter um Comando Nacional com delegados, que poderia ser uma medida para se contrapor as burocracias sindicais. Através do Esquerda Diário buscamos dar toda a cobertura da greve do ponto de vista dos trabalhadores, e impulsionamos uma grande campanha de solidariedade a partir de companheiros de outras categorias, como trabalhadores da USP, professores, estudantes, metroviários, bancários, dando um exemplo de como fortalecer e moralizar a luta, e mostrando como ela é importante para toda a classe, combatendo a divisão por categorias. Achamos que se toda a esquerda atuasse desta forma poderíamos avançar muito mais.

LUTA CONTRA AJUSTES NA USPGREVE DA PREFEITURA DA USP DÁ EXEMPLO DE LUTA E SAI COM CONQUISTAS

Foram 10 dias de uma dura greve de uma das unidades mais combativas da USP: a Prefeitura. Uma luta contra as medidas de desmonte da unidade e a ameaça aos empregos, para resistir ao plano de ajustes que está atingindo o conjunto da USP. Com o apoio de diversos trabalhadores e estudantes, a greve conseguiu uma declaração de que não ocorrerão demissões nem corte de salários, e que eventuais transferências serão feitas com condições dignas de trabalho. As transferências não foram evitadas, porque uma unidade sozinha não pode barrar todos os ataques, porém se marcou com firmeza que o desmonte da Prefeitura não vai acontecer sem grande resistência.

Com reuniões todos os dias, os trabalhadores debatiam profundamente a tática e a estratégia de luta, buscando como se unificar com outros setores para lutar contra os ajustes.

Yuna Ribeiro, trabalhadora da Prefeitura e membro do Conselho Diretor de Base do Sintusp comentou: “Cada reunião foi muito importante. Ouvir, debater e argumentar com vários pontos de vista, fazer uma votação democrática e atuar de modo unificado foi parte decisiva de como conseguimos resistir. Mesmo com todas as dificuldades, a cada dúvida que surgia, havia sempre a certeza e confiança na organização dos trabalhadores. A democracia operária se exerceu com

muita força e sem isso não é possível buscar uma saída para os trabalhadores”.

Claudionor Brandão, histórico dirigente do Sintusp e demitido político apresentou conclusões. “ A luta contra o desmonte da USP continua, e mesmo na Prefeitura esta foi apenas uma batalha. Agradeço os apoios e ressalto que a solidariedade estudantil foi decisiva. O que quisemos mostrar nesta luta foi não somente que a organização e luta dos trabalhadores é poderosa como também diante deste cenário nacional é preciso que os setores da esquerda se coloquem ativamente na luta de classes pra enfrentar neste terreno os ajustes do PT e de outros partidos como o PSDB. Nós do MRT colocamos todas as nossas forças pra fazer forte a luta dos

trabalhadores da Prefeitura, com toda nossa juventude e companheiros de outras categorias todos os dias nos piquetes pela manhã. Essa é uma prática que ainda falta na esquerda. Recebemos muitos apoios na Prefeitura, mas se o conjunto da esquerda colocasse todo seu peso militante em conflitos da luta de classes, pra além de atos e encontros, acreditamos que na prática se avançaria pra uma alternativa classista e independente do governo e da oposição de direita. Esse caminho deve ser fortalecido. Estamos colocando todo peso para construir uma paralisação no dia 15/10 como parte da luta por generalizar a luta contra o desmonte e o ajuste em toda a USP, unificando com estudantes e professores e com as lutas em curso”.

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A Frente Povo Sem Medo foi lançada no dia 8/10 com objetivo declarado de ser uma “Frente Nacional de Mobilização”. Mas seu limite imposto pelos petistas e lulistas ficou claro desde o manifesto: ao poupar Dilma e o PT que governam o país, são os principais agentes do ajuste e os que fortalecem a chamada “ofensiva conservadora”, vão servir de ponto de apoio para a burocracia e seu governo. Também impedem o surgimento de um pólo de luta independente do governismo ao arrastar parte da esquerda para a armadilha petista de “todos contra o golpe contra Dilma”.

A Frente tenta aparecer como se não fosse composta por partidos, mas o PT e PCdoB são os dirigentes da CUT e da CTB e desta Frente junto ao MTST. Todos estavam juntos com Dilma e Lula no recente Congresso da CUT. Eles falam contra os ajustes para não se desgastar ainda mais na base, mas seus partidos estão aprovando os ajustes. Como desenvolvemos no editorial deste jornal (pg 2 e 3), esta burocracia sindical é agente da implementação dos ajustes ou negociadora de ataques “menos piores”, bloqueando, isolando ou dividindo as lutas. Não é coincidência, portanto, que no lançamento parecia não haver lutas em curso, nem necessidade de um plano de luta. Só votaram um ato inofensivo domingueiro em 8/11, que nem afeta a produção e circulação de mercadorias, única coisa que chegaram no “consenso”, que é “método” da Frente.

POLÍTICA

UMA FRENTE PARA DEIXAR DILMA, O PT E A BUROCRACIA SINDICAL SEM MEDO

Frente Povo Sem Medo

Os dirigentes da CUT e do MTST dizem o que o PSOL quer ocultar

sobre a FrenteLula está articulando uma Frente Brasil Popular (FBP), que é mais abertamente de apoio ao governo. O PSOL quer fazer parecer que a Frente Povo Sem Medo (FPSM) seria muito diferente, mas os dirigentes da CUT/PT e Boulos do MTST dizem a verdade.Douglas Izzo, presidente da CUT São Paulo: “a diferença é que esta Frente Povo Sem Medo é exclusiva de movimentos sociais e a FBP tem partidos na organização”. Vagner Freitas, presidente nacional da CUT disse “as duas frentes deverão ter lutas integradas e calendário conjunto” e no congresso da CUT “têm mesmo ideal de lutar pelas mesmas coisas”. Boulos, apesar de seus discursos contra o ajuste e de organizar mobilizações de exigência ao governo, se apresenta como seu defensor. Por isso foi convidado de honra no Congresso da CUT e na mesa que participou, segundo o site da CUT, disse que era importante os pontos comuns tanto da FBP como da FPSM, que seriam: a luta contra o golpismo, a luta contra o ajuste fiscal e a busca por saídas que impeçam que a conta da crise seja debitada dos trabalhadores, transferindo a conta para o “andar de cima”. CUT e Boulos querem unificar as duas Frentes e colocar ambas como linha de apoio ao PT e não na denúncia do governo ajsutador, que corta até mesmo no Minha Casa Minha Vida, caro ao MTST.

O PSOL PRECISA

ROMPER COM A FRENTE POVO

SEM MEDOEssa Frente mal surgiu e está mostrando a que veio. Chamamos o PSOL, suas correntes e sua militância a romper com essa Frente e construir um verdadeiro pólo ligado a luta de classes e anti-governista para combater os ajustes, o que só pode se dar com uma política de exigência e denúncia com a burocracia sindical e unificando forças da esquerda para trabalhar sob suas bases. Não há outra forma séria de “lutar contra os ajustes” e a “ofensiva conservadora” se não essa, as demais são caminhos que levam o PSOL para os braços do governismo. Também chamamos o PSOL a romper com a política de centrar a atuação de seus parlamentares somente contra Cunha, e passe a utilizar o peso de suas figuras para delimitar claramente uma esquerda anti-governista. Sem isso, o PSOL não vai se apresentar como verdadeira alternativa política frente à crise do PT.Essas são políticas que o MRT se propõe a combater dentro do PSOL, como questões indispensáveis para que este possa se transformar numa verdadeira alternativa frente a crise do PT, ao invés de ser seu ponto de apoio.

Dilma e Lula no Congresso da CUT, no mesmo palanque estava Guilherme Boulos do MTST

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9INTERNACIONAL

PTS NA FIT: É POSSÍVEL UMA ESQUERDA DA LUTA DE CLASSES QUE CONQUISTE PESO NO TERRENO ELEITORAL

Existe hoje um fenômeno na esquerda latinoamericana que se fortalece na Argentina e merece ser conhecido: a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT), e em particular o PTS (partido irmão do MRT, que compõe a FIT com o PO e a IS), cuja estratégia retoma o ensinamento dos clássicos marxistas em unificar a atuação dos revolucionários no parlamento com a intervenção na luta de classes contra os capitalistas. Trata-se de um exemplo que é de interesse de toda a esquerda e de todos que andam desiludidos com a possibilidade de uma política que não seja para enriquecer e para interesses individuais, sentimento que no Brasil é massivo devido à traição do PT.

O Partido dos Trabalhadores Socialistas, desde sua fundação no início da década de 1990 e com mais força depois das jornadas de 2001 na Argentina, escolheu construir-se nas principais concentrações operárias. Esta estratégia levou o partido a participar das principais experiências da luta de classes na década kirchnerista, fortalecendo uma tradição da luta independente dos trabalhadores junto com a esquerda.

Ligada a este desenvolvimento,

a FIT, surgida em 2011, longe de um “fenômeno eleitoral” é uma força material produto de uma década de luta dos trabalhadores na Argentina, atravessada por experiências de recuperação de comissões internas fabris e ocupações de fábricas desde 2001, como Zanon e a gráfica MadyGraf (ex-Donnelley), e grandes batalhas contra a burocracia sindical para recuperar os sindicatos como instrumentos de luta dos trabalhadores. Representa, em síntese, o “salto” de uma enorme camada de trabalhadores, mulheres e jovens, das lutas sindicais para a militância política anticapitalista.

Uma mostra disso são os 1800 candidatos operários, a maioria dos principais referentes da luta de classes na Argentina, que acompanham Nicolás Del Caño, dirigente do PTS e candidato a presidente pela FIT, na campanha eleitoral, o peso das mulheres em cada chapa (60% nacionalmente) e a juventude trabalhadora e estudantil que se soma à política desde a esquerda.

Atualmente, a FIT representa a quarta força política nacional na Argentina. Isto ocorre porque manteve a independência política dos trabalhadores frente aos partidos patronais. Denunciou os políticos corruptos da burguesia e deu exemplo como Deputado Federal na defesa do programa inspirado no primeiro governo dos

trabalhadores da história, a Comuna de Paris de 1871, de que todo alto funcionário de Estado ganhe o mesmo que uma professora e seja revogável, doando o restante às lutas dos trabalhadores como dos metalúrgicos de Lear, junto aos quais foi reprimido com balas de borracha nos piquetes da Rodovia Panamericana pela Polícia Federal.

Esta prática política, desconhecida no Brasil, é uma mostra poderosa de como é possível atuar de maneira revolucionária no parlamento sem separar-se da luta dos trabalhadores. O PT virou um partido dos patrões há tempos porque cada vez mais seu objetivo era somente eleitoral e de busca de privilégios. Infelizmente, outras correntes da esquerda como o PSOL, apesar de que são os parlamentares mais bem vistos pela população, não se vinculam com peso à luta de classes nem dão exemplo ganhando como um professor e doando o restante para as lutas, o que geraria novas esperanças na militância política.

O êxito eleitoral da FIT mostra o acerto em ligar a intervenção parlamentar à luta de classes

A maioria das organizações da esquerda separa a atuação nos parlamentos da intervenção na luta de classes e acabam sendo corrompidos

ou se afastam da vida e luta dos trabalhadores.

A experiência da FIT e do PTS é outra. Possível conquistar peso em setores de massas sem rebaixar o programa revolucionário, sem abandonar a luta para que o movimento operário se transforme em sujeito político, avance das lutas sindicais à militância política e construa um partido com independência de classe.

Nos espelhamos neste exemplo de Nicolás del Caño e do PTS para construir uma esquerda para fazer diferença na luta de classes no Brasil, superando a nefasta experiência do PT e gerando uma política verdadeiramente nova, que tem que ser revolucionária e dos trabalhadores.

ARGENTINA

AndréAugusto

“ Nos espelhamos neste exemplo de Nicolás del

Caño e do PTS para construir uma esquerda

para fazer diferença na luta de classes no Brasil, superando a nefasta experiência

do PT e gerando uma política verdadeiramente

nova, que tem que ser revolucionária e dos

trabalhadores.”DESTAQUE NA INTERNET

Palestina sangra: 25 palestinos assassinados e 1300 feridos em dez dias

A juventude palestina se enfrenta com pedras e facas a ocupação do Estado Sionista de Israel que tem um dos exércitos melhor aparelhados do mundo. Organizações solidárias com a Palestina estão chamando a mobilizar-se para repudiar a repressão e mostrar um forte apoio ao povo palestino.

Nicolas del Caño na luta dos trabalhadores de Lear

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10 TEORIA

A época de aparente calmaria no mundo e no Brasil ficou definitivamente pra trás. Foi colocado à geração atual o desafio de enfrentar os políticos, os empresários e poderosos no Brasil em meio a uma crise econômica - que os leva a querer descarregar seus prejuízos nos trabalhadores e mais pobres - e uma crise política, que tem feito se acirrar a disputa mesquinha por fatias do poder entre os partidos dominantes, com todo tipo de politicagem, corrupção, em suma, demonstração de que os políticos dos partidos dominantes fazem política sem nenhuma ligação com ideais ou anseios da população trabalhadora.

Em momentos de certa estabilidade no capitalismo, os políticos, juntos a grande mídia, tentam acalmar os ânimos e garantir lucros ainda maiores aos banqueiros e empresários. Foi assim que no nosso país o PT de Lula

e Dilma buscou enganar os trabalhadores, oferecendo altos volumes de crédito para consumo, financiando monopólios da educação privada para garantir vagas de ensino de faculdades despreparadas, criando empregos precários, sem estabilidade.

Quando a crise veio, foi tudo “pelos ares”: demissões e desemprego, inflação, dívidas enormes e impagáveis com seus juros altos, perda de bolsas de financiamento na faculdade. O sonho virou pesadelo.

Em momentos como esse se coloca mais importante do que nunca a necessidade de mudar o mundo, ter iniciativa. Os capitalistas, empresários e banqueiros irão nos oferecer apenas mais exploração e cortes de direitos. O que nós, trabalhadores, podemos oferecer?

Um dos fundadores da concepção de mundo histórica e científica dos trabalhadores, Karl Marx, dizia que a unificação cada vez mais ampla dos trabalhadores era um dos aspectos mais importantes de aprendizado em suas lutas; sua consciência de que

faz parte da mesma classe dos explorados, junto ao operário fabril, o motorista de ônibus, o gari da limpeza, o funcionário da universidade, em suma, os distintos ramos em que trabalhamos e que se percebemos nossa força e construirmos uma unidade política, estaria perdido o poder dos dominantes e sua gana de exploração.

Por isso a luta comum em cada greve e mobilização dos trabalhadores é um elemento fundamental de construir essa força social. Mas é um primeiro passo, já que os poderosos tem a mídia, os políticos dominantes, a justiça, a polícia etc, todos a seu favor. Então os trabalhadores tem que construir uma organização, um instrumento político, que possa fazer frente a força dos burgueses.

Uma organização dos trabalhadores deve, em primeiro lugar, ter clareza dos objetivos, que são libertar os trabalhadores da dominação dos empresários e banqueiros e a construção de uma nova sociedade emancipada; além disso, deve saber que os poderosos não vão “largar o osso”, mas será necessário muita força dos

trabalhadores para modificar a situação e transformar o mundo: será necessário uma completa revolução social, que mude de cima a baixo a sociedade.

Essa organização para ter toda essa força deve se constituir como um partido, mas não um partido qualquer. Um partido de trabalhadores, orientado pela revolução social e com nossos métodos e não os da política corrupta que vemos hoje.

Esse tipo de partido que aqui estamos propondo não tem nada a ver com o que foi o PT. Apesar de que muitos trabalhadores na base queriam que ele se transformasse numa ferramenta para a revolução, Lula e a direção deste partido impediram essa perspectiva e transformaram num mero meio para chegar ao poder e se transformou num partido como os outros.

Um partido revolucionário deve se construir nas lutas e nunca perder sua conexão com a base. Precisa estimular a auto-organização de cada local de trabalho, que serve tanto para cada greve, quanto como organismos que, com o avanço da luta de toda classe, pode se transformar em embrião das coordenações dos bairros, regiões e mesmo cidades (já mais organizados) pela política operária. Na revolução russa esses organismos chamavam soviets, que o stalinismo destruiu com medo que se voltasse contra eles. São como os alicerces de um futuro governo dos trabalhadores, com plena democracia nas bases, mas se enfrentando frontalmente contra a burguesia que queira retomar a velha exploração capitalista.

A IMPORTÂNCIA DO TRABALHADOR MILITANTE COMO UMA RESPOSTA À CRISE QUE VIVEMOS

IuriTonelo “Para modificar

a situação e transformar o mundo, será necessário

uma completa revolução social da classe operária.”

Lenin e Trotsky juntos na Revolução Russa

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Um governo dos trabalhadores permitira a planificação da economia e do conjunto da sociedade, revolucionando nossa produção em prol de nossas necessidades e não dos lucros das empresas. Uma revolução na educação, na saúde, um transporte público controlado e organizado pelos usuários trabalhadores. Permitiria arrancar a ciência das mãos dos que querem pesquisar por dinheiro, e passar aos que querem fazer uma ciência ligada a vida social. Permitiria abrir as salas dos caros cinemas, teatros, espetáculos para toda

TEORIADESTAQUE NA INTERNET

Ideologia: o que se esconde por trás dessa

palavra?Nesse artigo, Gilson Dantas debate o tema da ideologia, os aspectos fundamentais desse termo na análise marxista. O artigo está dividido em duas partes, que podem ser encontradas na seção de teoria do Esquerda Diário.

a população, levando arte e cultura para os que nunca tiveram acesso. Um governo de trabalhadores livremente associados, e não onde o dinheiro é o senhor e a vida é escravizada.

Precisamos construir as forças para essa luta. Criar uma atuação política que consiga difundir as ideias dos trabalhadores, com jornais, sites, panfletos. Mas também deve ter um funcionamento comum para nossa atuação nas greves e mobilizações práticas dos trabalhadores. Uma organização com absoluta liberdade de discussão, mas focada em mudar a realidade dos trabalhadores, nesse sentido, com uma prática comum para “batermos com um punho só” nos dominantes.

Esse é o convite mais verdadeiro que podemos nos fazer. Não ficar

apenas observando a crise no país devorar nossas condições de vida. Devemos dar uma resposta dos trabalhadores, dos que realmente fazem as coisas serem produzidas e reproduzidas no Brasil, que fazem o “mundo social girar”.

Se podemos botar uma fábrica para funcionar sem o patrão, se podemos botar os metrôs para rodar sem os

chefes, se podemos educar nas escolas sem supervisores, nós podemos também dar uma resposta à essa crise política. Para isso precisamos dos trabalhadores que estarão à frente de levar essa ideia a diante, dos que querem dedicar sua energia para transformar o mundo: os trabalhadores militantes.

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