ediÇÃo nº 02 • ano ii • maio 2017 -...

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SILICON DOCKS: CONHEÇA O VALE DO SILÍCIO IRLANDÊS Um conjunto de empresas inovadoras às margens do rio Liffey, em Dublin, transformou a Irlanda em hub global de tecnologia ‘BRASIL PRECISA INVESTIR EM TECNOLOGIA E INSPIRAÇÃO’ Curadora da Bett Educar Brasil, Vera Cabral afirma que o país precisa trabalhar sério para melhorar qualidade do ensino HIBRIDISMO É O CAMINHO DA DISRUPÇÃO NO ENSINO SUPERIOR Instituições adotam um modelo híbrido nos cursos de graduação para poder atender aos anseios da nova geração de estudantes EDIÇÃO Nº 02 • ANO II • MAIO 2017 no processo de ensino-aprendizagem A revolução

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SILICON DOCKS:CONHEÇA O VALE DOSILÍCIO IRLANDÊSUm conjunto de empresasinovadoras às margens do rio Liffey,em Dublin, transformou a Irlandaem hub global de tecnologia

‘BRASIL PRECISAINVESTIR EM TECNOLOGIAE INSPIRAÇÃO’Curadora da Bett Educar Brasil,Vera Cabral afirma que o país precisatrabalhar sério para melhorarqualidade do ensino

HIBRIDISMO É OCAMINHO DA DISRUPÇÃONO ENSINO SUPERIORInstituições adotam um modelohíbrido nos cursos de graduação parapoder atender aos anseios da novageração de estudantes

EDIÇÃO Nº 02 • ANO II • MAIO 2017

no processo de ensino-aprendizagem

A revolução

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2 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

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CARTA AO LEITOR

Inovar para transformar!

Aeducação transformadora está em alta no Brasil. O processo de ensino-aprendizagem não é mais como você o conheceu: as inovações tecnológi-cas que impactam o setor já são uma realidade. Virtual, aumentada ou

mista. E se tecnologia em si não resolve tudo, os recursos existentes e que cadavez mais se aprimoram — associados a estratégias e metodologias que pressupo-nham que todos podem aprender, em diferentes ritmos e formas — já seriam sufi-cientes para provocar uma melhora na qualidade da educação no país.

Já dizia o grande educador Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transfor-ma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.” Por isso, sem perder obonde do tempo, nasceu no ano passado, no meio desse cenário de mudançasconstantes, a publicação que veio consolidar a tradição editorial da FOLHADIRIGIDA no campo da Educação. Com o objetivo de interligar os mundos dosprofissionais que trabalham com a transferência de conhecimento e dos desen-volvedores de inovações tecnológicas que surgem a todo instante, em todos oscantos do mundo, em seis meses de existência a revista “Inovação & Educação”reestruturou sua identidade, e desse rebranding exigido pela ebulição do merca-do lançamos nossa nova marca: InovEduc.

A estreia oficial e em grande estilo durante a Bett Educar 2017 — maior eventode inovação tecnológica em Educação no país — vem como uma demonstraçãoclara de evolução de posicionamento, e nosso trabalho busca refletir isso. OInovEduc passa a funcionar a pleno vapor como novo portal, de acordo com ascaracterísticas de cada um dos canais de publicação: site, celular, tablet e revistaimpressa e digital. O formato se adequa a cada dispositivo. Conjugando conteú-do jornalístico, vídeos, artigos, mídiassociais e cursos, o portal terá comoobjetivo dar maior dinamismo,tornar mais ágil e fácil o aces-so aos assuntos desse temarelevante a professores,dirigentes de institui-ções educacionais, pes-quisadores, gestores,CEOs, investidores, empre-endedores e estudantes.

Entendemos que hoje nãofaltam recursos, mas pessoasque abram a mente para mu-dar a forma como se apren-de e ensina nas escolas denorte a sul do país. Mais do que aju-dar, as inovações tecnológicas podemser a saída para transformarmos a edu-cação no Brasil, garantindo aprendizagensde qualidade para todos e acabando com as enor-mes disparidades educacionais, que refletem eacentuam as diferenças sociais. Educação 3.0, ha-ckathon, personalização, robótica, IoT, RA, RV, AI,blockchain, high-speed learning. Fique tranquilo: o queé novo para você é novo para o país também. Está tudoaqui, e virá muito mais por aí.

Aproveite a leitura; aqui, na revista, e full time no portal InovEduc!

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4 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

CAPABem-vindo ao‘admirável mundo novo’Black mirror, O Exterminador do Futuroou The Jetsons — a tecnologia de ponta jábate à porta, e não é em um presentealternativo ou num futuro próximo que omundo físico e o digital se tornarão um só.A mesma Internet das Coisas (IoT) que criaaparelhos vestíveis e reinventa interiores deautomóveis vem revolucionar também aEducação. Página 36

COBERTURA

Campuseiros em festaDo sonho em “reescrever o código-fontedo mundo” à realidade como referênciamundial em eventos de tecnologia: saibacomo foi a décima edição da Campus Par-ty Brasil. Página 68

MERCADO

Virada de chaveNo caminho sem volta dos avanços tecnoló-gicos na Educação, CEOs, dirigentes e gesto-res precisam ter como principal alvo a mu-dança de ‘mindset’ de toda a equipe envolvi-da nesse processo. Página 30

OPINIÃO

Design ThinkingO designer, professor e sócio da consultoriaeducacional Fórmula XYZ Henrique Mon-nerat acredita que o caminho para reinven-tar a escola para do futuro passa pela me-todologia. Página 66

CASE

Liga 3.0Somando 45 anos de tradição no ensinosuperior, Celso Lisboa se reinventa e criamodelo próprio para transmitir conheci-mento em todas as áreas com uso da tec-nologia. Página 62

ENTREVISTA

Paulo BliksteinEspecialista em tecnologia aplicada à Edu-cação radicado na Stanford University,onde está à frente do Centro Lemann, nosEUA, fala sobre o modelo de ensino brasi-leiro. Página 12

TENDÊNCIA

‘Termômetro’ GartnerConheça quais são as sete maiores ten-dências em inovações tecnológicas parao mercado de Educação no ano de 2017apontadas pela líder mundial em pesqui-sa na área de TI. Página 42

EXPEDIENTE

PresidenteAdolfo Martins

CEOFernando Martins

Diretora InovEducAndréa Marini

Coordenadora InovEducElisa Ribeiro

EditoraEditoraEditoraEditoraEditoraDébora Thomé

DesignerTeresa Perrotta Carrione

ReportagemLuiz Fernando Caldeira (RJ)Paulo Chico (RJ)Renato Deccache (RJ)Alexandre de Miranda (RJ)Flavia Vargas (RJ)Larissa Siqueira (RJ)Giulliana Barbosa (RJ)Anderson Borges (RJ)Gustavo Portella (RJ)Fernanda Gomes (RJ)Cinthia Guedes (RJ)Igos Régis (SP)

Sitewww.inoveduc.com.br

Departamento ComercialGerente Geral - Ulisses OliveiraE-mail:E-mail:E-mail:E-mail:E-mail: [email protected].: el.: el.: el.: el.: (21) 3233-6307 / 96485-0880

Gerente São Paulo - João TaylorE-mail: E-mail: E-mail: E-mail: E-mail: [email protected].: el.: el.: el.: el.: (11) 3123-2243 / 99287-9643

Rio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRua do Riachuelo, 114 - Centro - RJCEP: 20230-014TTTTTel. fax:el. fax:el. fax:el. fax:el. fax: (21) 2461-0062

São PauloSão PauloSão PauloSão PauloSão PauloRua Barão de Itapetininga, 151 -Térreo - Centro - SPCEP: 01042-001TTTTTel. fax: el. fax: el. fax: el. fax: el. fax: (11) 3123-2222

Os artigos e opiniões de terceirospublicados nesta edição nãonecessariamente refletem aposição da revista

Fica proibida a reproduçãodas matérias sem a expressaautorização dos editorese sem a citação da fonte

INOVEDUC é umapublicação do GRUPOFOLHA DIRIGIDA

ÍNDICE

Filiada à

MULTIPLICADORES

Educação 3.0Autor de livros e especialista em estra-tégia digital, Carlos Nepomuceno afir-ma que instituições de ensino que nãoaderirem ao modelo estarão defasadasdentro em breve. Página 48

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Larissa Siqueira

O FIM DO ARCO-ÍRIS NA IRLANDASilicon Docks

O hub tecnológico europeu que pretende se tornarlíder global na área ainda é pouco explorado por brasileiros

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 7

MERCADO

“ESSA DISPONIBILIDADE DE UM

ECOSSISTEMA ROBUSTO E A PISCINA DE

TALENTOS PRONTOS É UM BENEFÍCIO DIRETO

PARA COMPANHIAS AMBICIOSAS BUSCANDO

ALCANÇAR CRESCIMENTO GLOBAL”

AIrlanda está entre os países com um dosmelhores sistemas educacionais domundo, configurando no TOP 10 glo-

bal em Qualidade de Educação e em atenderàs necessidades de uma economia competiti-va. Esses rankings fazem parte do Índice deCompetitividade Mundial (World Competitive-ness Yearbook - WCY) publicado pelo Interna-tional Institute for Management Development(IMD), na Suíça.

O país conta com uma força de trabalhotalentosa, jovem e flexível, com alta produti-vidade, e uma série de programas que bus-cam atender às demandas das empresas dopaís por profissionais qualificados. Um delesé o Springboard Programme, que auxilia pes-soas desempregadas a se recolocarem ao ga-

nhar novos treinamentos e habilidades. Oscursos são voltados para Tecnologia da Infor-mação, comunicação, línguas internacionaise serviços financeiros internacionais.

A Irlanda quer investir na área profissionaltecnológica. No 2016 Global Innovation Index,que reuniu 128 países, a Irlanda ficou em 7ºlugar. Já o plano de ação do governo de habili-dades tecnológicas pretende transformar a Ir-landa em líder global nessa área. A meta é aten-der a 74% da demanda da indústria de previ-são de habilidades tecnológicas de alto níveldo sistema educacional até 2018, estimada emmais de 60%. O país também tem um forteecossistema de pesquisas nacionais, com 14áreas prioritárias divididas em seis grandes gru-pos, incluindo Tecnologia e Inovação em Servi-ços e Processos de Negócios.

Diante de dados como esses, pode-se con-siderar a República da Irlanda como um hubtecnológico europeu. Prova disso é a região nacapital, Dublin, que concentra muitas empre-sas financeiras e tecnológicas de todos os por-tes na região apelidada de “Silicon Docks”. O

nome é uma referência ao Silicon Valley daCalifórnia, nos Estados Unidos, por ser um gran-de centro tecnológico que reúne diversas com-panhias dessa área. A região concentra escritó-rios de grandes empresas, inclusive presentesno vale norte-americano, como o Google. Oescritório em Dublin da gigante, por exemplo,emprega mais de 2.500 pessoas de mais de 65países, falando 45 diferentes idiomas.

O setor de Tecnologia da Informação e Comu-nicação é crescente no país. Nove das dez empre-sas no ranking mundial de TIC estão lá. A forçatambém vem de empresas de nicho nas áreas decibersegurança, cloud, traveltech, entre outras. Se-gundo a IDA Ireland, agência de InvestimentoDireto Estrangeiro do Governo, “essa disponibi-lidade de um ecossistema robusto e a piscina de

talentos prontos é um bene-fício direto para companhiasambiciosas buscando alcan-çar crescimento global”. “AIrlanda tornou-se o hub tec-nológico global de escolhaquando falamos de atrair asatividades de mercados estra-tégicas das companhias deTIC. Isso levou a Irlanda a ga-nhar a reputação de ser o co-ração de TIC da Europa.”

O Silicon Docks começoua ganhar forma com a chega-da do Google na região, em

2014, iniciando a ida de marcas tecnológicasglobais para lá. Esse grupo agora inclui as sedeseuropeias de grandes empresas, como Facebook,Twitter, LinkedIn e Dropbox. Segundo a IDA Ire-land, esse grupo de empresas foi atraído graçasa uma mistura de talentos globais, oportunida-des de seed-funding e baixa taxa de impostos,de 12,5%, com créditos de impostos para as em-presas que estejam envolvidas em pesquisa e de-senvolvimento.

A região das Docas, que margeia o rio Li-ffey e inclui ainda o Centro Internacional deServiços Financeiros (IFSC), inclui essas empre-sas, assim como Accenture, Airbnb, TripAdvi-sor, Indeed, HubSpot, Dogpatch Labs, ZOO Di-gital, Intercom, Wholeschool, Amazon, Grou-pon, Yelp, Zendesk, para citar apenas algumas.As empresas de fora são “atraídas” pela IDA,enquanto as startups ficam sob responsabilida-de da agência irmã Enterprise Ireland. O papelda IDA inclui facilitar a assistência em todos osestágios da jornada de investimento das com-panhias, como identificar a localização idealpara se estabelecer, encontrar parceiros e su-

FOTOS: IDA IRELAND

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8 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

MERCADO

porte financeiro, por exemplo.As Docklands, como também é conhecida

a região, apresenta um ecossistema talentosoque as companhias terão acesso, o que tornaessa a principal atração dessa parte de Dublin,segundo a IDA. Muitas incubadoras, inclusive,estão localizadas na região, como Polaris Do-gPatch Labs, Trinity College LaunchBox, Goo-gle Tech Hub, Accenture FinTech Accelerator eStart-up-next/TechStars.

Na capital irlandesa há mais de 250 empresas/operações internacionais de tecnologia, 1.200 star-tups que arrecadaram cerca de 900 milhões emfinanciamento em 2016 — e cerca de 25% dessasestão no Silicon Docks. O IFSC, por sua vez, abri-

ga 430 empresas de serviços financeiros interna-cionais e 800 entidades de fundos ou gerencia-das, além de metade dos 50 principais bancos domundo e metade das 20 seguradoras mundiais.

O Brasil é um dos muitos países onde a IDAIreland está presente. De acordo com o que a agên-cia no país observou, as empresas brasileiras bus-cam cada vez mais expandir seus negócios na Eu-ropa, e a Irlanda oferece atrativos para isso — pro-va de que grandes empresas norte-americanas detecnologia e farmacêuticos, ao expandir para omercado europeu, escolheram a Irlanda comobase. Isso aliado a desenvolver sua base de talen-tos e acessar as novas tecnologias usando a Irlan-da como um hub de inovação e talento.

Posição do país nos rankings

A Irlanda no Índice de Competitividade Mundial, que avalia a habili-dade das nações em criar e manter um ambiente onde as empresas pos-sam competir globalmente, fica no ranking de país mais competitivo em:

1º lugar na Eurozone 3º lugar na União Europeia 5º lugar na OECD 7º lugar Global

*Fonte: IMD World Competitiveness, 2016 - Key Rankings

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O ‘CASO’ ZENDESKO ‘CASO’ ZENDESKO ‘CASO’ ZENDESKO ‘CASO’ ZENDESKO ‘CASO’ ZENDESK

Uma das empresas que não nasceu em Dub-lin, mas decidiu fazer da capital irlandesa umade suas casas, foi a Zendesk. Segundo ColumTwomey, vice-presidente de Engenharia e di-retor na base europeia da Zendesk em Dub-lin, a Irlanda tem um grande hub de talento,com pessoas de várias áreas e habilidades.

“Uma das principais decisões para termosum escritório em Dublin foi a piscina de enge-nheiros experientes disponíveis para nós. A áreaé casa de uma massa de empresas de tecnolo-gia, tornando-a atrativa para contratações empotencial por toda a Europa e em muitos casosainda mais distante”, disse Twomey, comple-tando: “Nós sabíamos que ter um escritórioem Dublin significaria que poderíamos con-tratar realmente bons profissionais, então essaparecia uma escolha óbvia para a Zendesk”.

A Zendesk iniciou suas atividades na cida-

de justamente no coração das Docklands,região que incluía também outras empresasde tecnologia. Além disso, segundo o diretor,a região oferecia uma localização atrativa comfácil acesso para funcionários que moravammais distante, a disponibilidade de espaçospara escritórios de curto prazo, acesso a di-versos serviços e, principalmente, era o buzzque estavam procurando. “Graças à presen-ça de outras companhias de tecnologia existeuma espécie de efeito ‘tech hub’ que é bené-fico para todos os negócios na área”, disseColum Twomey sobre o Silicon Docks.

Mais tarde, porém, o escritório se mudoupara um espaço, dessa vez permanente, a umacurta distância das Docas. A empresa estáimersa nesse hub e promove uma série deencontros tecnológicos, trabalhos com uni-versidades locais e programas de estágio, alémde participar de eventos maiores de tecnolo-gia, como o Techies for Temple Street.

MERCADO

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10 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

ARTIGO

A escola no século XXI:virtualização das relações

Atecnologia por trás da rede mun-dial de computadores (WorldWide Web), conhecida pela al-

cunha de internet, é um meio de comu-nicação poderoso com capacidade deentregar aos seus usuários acesso amuitos conteúdos maravilhosos, masnão tem sobre estes conteúdos o con-trole de qualidade ou a censura comopontos fortes. Aliam-se a isto os dispo-sitivos móveis e o alcance das redes semfio, genericamente chamadas de Wi-Fi,e combinados, esses fatores podem pre-judicar a saúde física, cognitiva e psi-cológica dos usuários.

Em pouco mais de duas semanas esta-va tudo pronto para o envio do primeirocomunicado para as famílias dos alunos.Seria a primeira gincana de produçãocultural da escola e o blog seria utiliza-do como plataforma para colaboração.

O comunicado orientava a todas as fa-mílias: “...escrevam diretamente nos seusespaços de blog, junto com seus filhos,sobre os costumes de suas famílias e nar-rem fatos curiosos que possam ser com-partilhados. Os alunos em cada classe es-colherão uma das narrativas produzidaspara encenarem no dia das apresentações,para a qual todos já estão convidados. Fo-tos podem ser utilizadas à vontade”.

Em casa as crianças estavam empol-gadas com a possibilidade de terem suashistórias e fotos publicadas no blog daescola para que todo mundo pudessever. As famílias começaram a participare a escrever e a publicar e a anexar maise mais conteúdo e logo o espaço que aescola tinha disponível no blog estavaesgotado! Muitas fotos, centenas delas,e filminhos, muitos filminhos de celu-lar foram colocados. Eram festinhas deaniversário, viagens, passeios em famí-lia, comemorações das mais variadas.

Ninguém podia publicar mais nada. Oespaço havia sido esgotado!

A frustração foi geral. Quem publicouprimeiro estava lá com o seu material, osdemais, mais da metade dos alunos, nãoconseguiam publicar nada. Então come-çaram as discussões: “mas ninguém fa-lou para colocar vídeos... os arquivos sãogigantes... ocuparam todo o espaço dasdemais crianças”. Nem o informe agoraa escola conseguia enviar, pois não tinhamais espaço para uma frase que fosse.Então escreveram na agenda dos alunos:

“É favor que as famílias que publica-ram vídeos, deletem os arquivos e colo-quem apenas fotos, mas não mais doque dez fotos, para que todos possampublicar suas colaborações. A Direção!”

Com a colaboração de todos, o espaçofoi liberado e as demais crianças e suasfamílias puderam publicar suas narrativase fotografias. Em poucos dias estava tudolá, disponível, acessível para que todospudessem ver. “Que orgulho”, muitos paisdiziam. “Puxa que legal, nossas tradições,nossa cultura sendo compartilhada comtodo mundo”, pensavam outros.

A segunda-feira seria o dia da votação.As crianças em cada turma se reuniriamem suas salas e com a orientação dasprofessoras fariam a escolha da históriaque seria encenada pela sua turma. Cadaprofessora com o seu notebook na salade aula começou a projetar as históriasda turma e a ver as fotos.

A Diretora estava muito contente como engajamento de toda a comunidade.Seria um projeto cultural que “ficariamarcado na memória de todo mundo”,pensava ela. De sua sala ela mesmacomeçou a olhar alguns depoimentos efotos no blog. Quando ela abre o pri-meiro depoimento e começa a ler e aver as fotos ela fica absorta com o que

A atuação da gestão escolar frente ao fenômeno dasmídias sociais: Modalidades, Limites e Potencialidades

Marcus GarciaProfessor MarcusGarcia será um dospalestrantes da BettEducar 2017. Escritor,pedagogo e mentor. PossuiMestrado em Ciência,Gestão e Tecnologia daInformação, Especialização emGestão do Conhecimentonas Organizações eGraduação em Pedagogia.Autor de dezenas delivros e artigos nas áreaseducacional, gestão depessoas, carreira einteligência emocional.Site: www.marcusgarcia.com.br

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ARTIGO

presencia na tela do seu computadornovinho que a escola acabara de rece-ber. Quase no mesmo momento elacomeça a receber em sua sala todas asprofessoras: algumas entram assustadas,outras aos prantos, outras em estado dechoque, outras gritando desesperadas!

“Vocês viram o que está nos textos enas fotos do blog da escola?”

“O que nós vamos fazer?”“Como vamos explicar isso aos pais?”Logo o telefone da escola começa a to-

car, o celular das professoras e da diretoratambém. Em poucos minutos alguns paiscomeçam a chegar na escola. O caos seinstala e o mundo parece que vai desabar

com o alvoroço que se formou. Criançaschorando; professoras em estado de cho-que; mães e pais assustados. Alguns revol-tados. Outros preocupados: “será que maisalguém viu isso”? A polícia é chamada!

O blog da escola havia sido invadido.Os textos alterados com mensagens ul-trajantes e todas as fotos substituídas porfotos de pedofilia! Uma pichação digitalmaldosa, ultrajante, vil que afetou a todauma comunidade engajada e imbuída deutilizar os meios digitais, mas que nãoestava preparada para lidar com as ques-tões mais básicas de segurança de aces-so e colocou como senha dos acessos osmesmos nomes dos alunos. Um prato

cheio para os vândalos digitais e hackers.Esta narrativa é familiar para você? Já

passou por algo similar em sua contada internet? Sua conta na rede socialou mesmo em seu cartão de crédito oudo seu banco que foi invadido ou clo-nado? Mensagens maldosas, ultrajan-tes, bullying digital. Já passou por isto?Então você sabe: o que foi narrado épossível e acontece sim! Tome cuida-do! Cerque-se das precauções neces-sárias para se proteger neste maravilho-so, mas muito traiçoeiro, mundo digi-tal da internet.

Marcus Garcia será um dos palestrantes da Bett Educar 2017

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das, como o computador pessoal, a po-pularização da internet, a criação dedispositivos móveis, impressoras 3D earmazenamento em nuvem, a sala deaula atual pouco difere de uma da dé-cada de 1950.

Em meio à discussão de uma refor-ma educacional, a conclusão que sechega é que as mudanças precisam sermais profundas. Baseado nesse pensa-mento, um movimento que ganha cadavez mais adesão é o maker, na qual osestudantes saem do posto de meros ou-vintes e passam a criar, por meio daimplementação de atividades de apren-dizagem “mão na massa” em ambien-tes educacionais.

Um dos maiores defensores do mo-vimento maker é Paulo Blikstein, pro-fessor da Universidade de Stanford, nosEUA, e um dos maiores especialistas domundo em tecnologia aplicada à edu-cação. Em seus estudos recentes sobreo tema, chegou à conclusão de quequando alunos realizam experiênciasantes de serem submetidos à teoria achance de aprendizado aumenta em25%. “O fazer é método de ensino mui-to mais democrático do que as formastradicionais”, destacou.

Nesse cenário, Blikstein analisou queapesar de estarmos vivendo uma era denativos digitais, é preciso estimular o“fazer” para que esse grande volume

Dizer que o mundo mudou che-ga a ser um clichê, mas en-tender que o nosso processo

de aprendizado não acompanhou estamudança, apesar de óbvio, pode nãoser algo tão perceptível para os orga-nismos responsáveis por pensar o siste-ma educacional brasileiro. A insistên-cia em ver a escola como um local derepetição e não de criação entra emconflito com a geração dos chamados“nativos digitais”, que desde cedo têmo contato com toda informação pormeio de dispositivos, como smartpho-nes e tablets. O debate é profundo, ain-da mais levando em consideração quemesmo com avanços das últimas déca-

Considerado um dos maiores especialistas em tecnologia aplicada à educaçãono mundo, Paulo Blikstein aponta ‘o norte’ para o aprendizado

Igor Régis

AGORA’

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 13

de informaçãoexistente se canalizeem conhecimento prático.“Cerca de 80% dos chamados nativosdigitais sabem mexer em dispositivosmas, desses, apenas 50% conseguemcriar algo, como um brinquedo, um fil-me. Quando trazemos para um ambi-ente tecnológico e computacional, onúmero dos que criam cai pela meta-de”, explicou.

Em entrevista, o especialista aindasalientou que em um futuro breve ascompetências avaliadas serão diferen-tes em todo o mundo. Para ele, pon-tos como criatividade, programaçãoe habilidade computacional nortearão

o apren-dizado em todoo mundo, deixan-do para trás os pa-íses que se limita-rem a avaliar disci-plinas tradicionais. “Omovimento maker nãopode ser um modismo;tem que fazer partedas bases curricula-res”, completou Pau-lo Blikstein.

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Qual avaliação você faz do sistema educacio-nal brasileiro atual?Acho que este momento de crise é mais umaoportunidade para entender que o investimentoem Educação é fundamental para o país. Nãohá como sair da crise de forma sustentável senão temos educação de qualidade para todomundo. A questão é que uma Educação de qua-lidade se demora anos para conseguir. Só que épreciso começar em algum momento. Existe umditado que diz que existem dois momentos emque você pode oferecer educação de qualida-de: um é há 20 anos e outro é hoje. Precisamosrefundar o sistema educacional, pois a escolapública era a melhor escola e pode voltar a ser.

É possível implantar um modelo de educaçãomaker com baixo custo?Não é preciso que seja caro para inserir o mo-vimento maker nas escolas, mas precisa ser bemfeito. É preciso unir pessoas que sabem fazerisso, que têm experiência com escola e quesabem equacionar os custos e a formação deuma maneira inteligente. Existem máquinascaríssimas que não são boas para uma escola.Uma impressora 3D, por exemplo, não é umequipamento muito útil. Já uma cortadora alaser sim, pois é rápida, barata, dificilmentequebra e tem um poder didático muito maior.Outro exemplo são os kits de computação físi-ca, quem em muitos casos custam metade dopreço de um livro didático. Se as escolhas fo-

rem bem feitas é possível ter laboratórios dealta qualidade com custo relativamente baixo.

Você acredita que com as mudanças certas é pos-sível ter resultados em curto ou médio prazo?É possível começar em um curto prazo. O di-nheiro da Educação é muito mal gasto e utiliza-do em projetos mal desenhados, que em muitoscasos duram dois anos e acabam. Há muitos pro-jetos de tecnologia educacional que são feitos poruma empresa de tecnologia e vendidos para umsistema educacional que conta com um currícu-lo e formação ruins. Então aquele investimentoque pode ter sido alto, ao fim de dois anos vaipara o lixo. Se conseguirmos gastar bem o di-nheiro teremos um impacto grande e de longoprazo, em vez de ter vários pequenos projetos decurta duração e sem desenho inteligente. Tam-bém é extremamente importante entender que apesquisa é fundamental. Precisamos implantar osprojetos, e contar com pessoas que analisem osresultados para saber o que funciona e o que nãofunciona e mostrar os resultados do que dá certo.

Muito se discute sobre a participação dos pro-fessores neste processo de transformação daEducação. Nesse sentido o que seria mais difí-cil de enfrentar: a necessidade de qualificaçãopara um novo modelo de aula ou resistênciade parte da categoria?Qualquer sistema tem resistência a inovação, eem qualquer área. A inovação implica em as pes-

soas melhorarem o que elas fa-zem. Achar que a inovação naEducação não encontrará resis-tência é ser ingênuo. Eu vou àsescolas e pergunto “o que vo-cês fazem?”; em muitos casosouço “já faço coisas maker”.Quando vou analisar os proje-tos, são mesas com vidros decola, papéis e cartolina. São al-guns bons projetos que empol-gam as crianças, mas é neces-sário dar chance para que elaspossam ir além. Faz parte da im-plantação desse movimentoparar de achar que tudo émaker. Pegar três cartolinas ecola pode ser um bom come-ço, mas a escola pública nãopode se limitar a essas ferramen-tas. É necessário fazer muitomais até por uma questão deequidade, pois uma criança deescola particular tem impresso-

ENTREVISTA

Paulo Blikstein éprofessor na UniversidadeStanford, nos EUA, onde éradicado, e está à frentedo FabLearn do CentroLemann, que funciona lámesmo na instituição

IGOR RÉGIS

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 15

ra 3D, robótica e um laboratório cheio de coisas.É parte da nossa responsabilidade cívica querer olaboratório da escola pública tão bom quanto oda escola particular. Não quer dizer que não pos-samos começar com ferramentas mais simples,mas também não podemos dizer para a criançada escola pública que maker para ela é só carto-lina. Neste processo, o professor precisa ir aléme saber quais são as coisas mais interessantes queele pode fazer com os alunos, e batalhar parachegar lá, não só com as coisas básicas, mas tam-bém com as coisas avançadas.

Qual é o perfil do aluno atualmente?Nos últimos 20 anos, cada vez mais as criançasestão se desconectando da escola como únicolugar de aprendizado, conhecimento e socializa-ção. Hoje elas fazem tudo isso utilizando a inter-net e as redes sociais. Então o aluno fica cada vezmais distante da escola, pois ela tem um modeloque não faz mais sentido. Antes da invenção daescrita a passagem de conhecimento consistia so-mente em transmissão oral e memorização, atéque alguém descobriu que podia escrever. Esta-mos em um momento parecido, em que a infor-mação está em todo lugar e o importante é cons-truir conhecimento, com a articulação de dife-rentes informações permitindo que você faça algocom isso. Se você precisa saber alguma coisa naárea de Engenharia não basta só saber informa-ções sobre os materiais, mas saber como combi-

ná-los. O fundamental é saber que educação ba-seada em informação não tem mais sentido. Oque tem sentido é a articulação das informa-ções de uma forma que você possa entendercoisas mais complexas e fazer coisas mais com-plexas. Hoje o aluno está em corpo na sala deaula, mas a mente está em outro lugar.

Como retomar esse interesse dos alunos pelaescola?Se quisermos trazê-los de volta, precisamoscriar oportunidades para que se engajem e seapaixonem pelo saber. E não é só a atividademaker que pode fazer isso, mas artes, ciênciase tudo o mais. Precisamos abrir mão da ideiade que um conteúdo tem que ser passado obri-gatoriamente, pois em ambientes mais livresnão existe um conteúdo bem especificado; éuma experiência que você vai passar para oaluno e, à medida que se passa essa experiên-cia, ele vai adquirindo o conhecimento. Fazera escola ser um lugar novamente atrativo é fun-damental, pois agora eles vivem neste mundodigital. O fazer é um método de ensino muitomais democrático do que as formas tradicio-nais. Há um tipo de aluno que se dá muito bemno formato sentar, escutar e fazer prova. Masele vem sendo cada vez menor. Já para outrosgrupos, que não têm esse perfil e, tradicional-mente, não se dão bem na escola, é possívelutilizar atividades e fazer com que tenham mais

ENTREVISTA

A FabLearn divulga ideias,melhores práticas e

recursos para apoiar umacomunidade internacional

de educadores,pesquisadores e

formuladores de políticascomprometidos com a

integração dos princípiosde espaços educacionais

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16 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

chances de ter sucesso. Basta uma experiênciabem sucedida para que o aluno passe a ter ou-tra visão sobre si mesmo, aí passa a estudarmais para outras disciplinas, pois tem essa no-ção de que pode ir bem na escola. Ele só preci-sa começar por algum lugar.

Pesquisas internacionais e relevantes na áreaeducacional como o Pisa analisam os modelosde educação. Já se discute a utilização de no-vos modelos de avaliação como criatividade ehabilidades em tecnologia?Esses novos testes estão ainda muito no come-ço. Mas nos próximos cinco anos veremos pro-vas que avaliarão criatividade ou programaçãoe coisas computacionais. Ainda não está muitoclaro como essas avaliações vão acontecer,porque é meio contraditório aplicar uma provaem papel sobre habilidade computacional. Maso fato é que existe um interesse muito grandeem medir essas habilidades, e isso vai aconte-cer. Em breve nós teremos um mundo onde ospaíses serão avaliados por essas habilidades.

Como fica o Brasil nesse cenário? Consideran-do que a nossa educação tradicional ainda nãoé bem estruturada, é possível acompanhar es-ses novos parâmetros?Nós temos uma enorme infraestrutura para en-sinar disciplinas tradicionais, pois pensamosque só elas contam. Mas sim, e isso vai ser me-dido. Imagine um país como a Finlândia, ummodelo em educação criativa que virou um ex-portador de modelo educacional. Será fantás-

tico se no futuro o Brasil puder ser um exporta-dor de modelos educacionais. Precisamos co-meçar a nos preparar para uma realidade naqual as decisões de uma empresa ou da eco-nomia serão avaliadas a partir não só de co-nhecimentos em matemática, mas de soluçõescriativas para problemas. É importante não sópara escola, mas para o país como um todo sepreparar para esta nova realidade.

Qual a sua opinião sobre as mudanças queintegram a reforma do ensino médio propostapelo Ministério da Educação?A reforma educacional tenta acompanhar essamudança, mas ela precisa ser ainda mais ousa-da. Não é só mudar número de horas. É bomque o currículo seja mais flexível, mas ele pre-cisa ser mais ousado. Não adianta ser flexívelse tivermos matérias e conteúdos do século 19.É preciso utilizar conteúdos do século 21. Al-gumas partes da reforma são positivas, outrasmuito indefinidas. No geral, as mudanças pre-cisam ser mais ousadas. Não é só rearranjarhorário, é preciso olhar por um novo ângulo.Quando se pensa dentro da caixa, o seu espa-ço de reforma é muito pequeno. Quando seexpande e se modifica pensando em novos mo-delos, todas as outras coisas acabam se reen-quadrando. As aulas de ciências têm que serparte ciência e parte tecnologia. As criançasprecisam aprender a viver neste mundo que écompletamente diferente, e não podemos sertímidos nas mudanças. O tempo de mudar éagora, quando estamos mexendo com isso.

Além da FundaçãoLemann, são apoiadoresda FabLearn deStanford: Google,SuksapattanaFoundation, NSF eSchlumbergerExcellence in EducationDevelopment

ENTREVISTA

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18 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

Paulo Chico

Jogos estão entre asferramentas mais utilizadas dentro

das empresas que apostam naformação de seus quadros

ESCOLAS

Gamesjá invadem a

educaçãocorporativa

Nem só nos renomados centrosde pesquisa científica, nas em-presas de TI ou nos conglome-

rados de ensino reverberam os avançosdas tecnologias aplicadas à educação.Num segmento bastante específico, eaté por isso extremamente estratégico,é imperativa a adoção de medidas ino-vadoras nos processos de aprendizagem.Inovar é a palavra de ordem. E as esco-las de negócios, se quiserem continuara formar lideranças em larga escala, nãopodem fechar os olhos diante daquiloque deixou de ser tendência virtual —e já se configura realidade.

"Dois fatores contemplam essa neces-sidade de inovação. O primeiro é a con-corrência com o aumento de instituiçõesde ensino. O outro é a percepção de

desalinho entre a academia e o merca-do. As empresas desejam profissionaispreparados para lidar com situaçõescomplexas e sistêmicas. As escolas denegócios estão percebendo que as tradi-cionais metodologias não mais estão ge-rando resultados diferenciados. Diantedisso, se veem obrigadas a inovar", apon-tou Pedro Salanek Filho, professor do Ins-tituto Superior de Administração e Eco-nomia (ISAE), de Curitiba/PR.

Mestre com atuação nas disciplinasde Finanças Empresariais, Sustentabili-dade Corporativa e Planejamento Estra-tégico, Pedro Salanek explicou que, naprática, quem dita o ritmo e a direçãodas mudanças em curso são os própriosalunos. "O óbvio não é mais estimulan-te. Eles querem escutar histórias de vida

e ampliar seu networking em ambien-tes de aprendizagem. Nessa linha, sãonecessárias metodologias voltadas paraa análise de problemas e a reflexão so-bre soluções diversas. Os alunos que-rem alinhar o que está sendo debatidocom os problemas do cotidiano."

Na avaliação do especialista, desen-volver gestores para a sustentabilidadeempresarial não é vender cursos de pra-teleira, num cardápio com ementas pré-elaboradas. O ensino é aquilo que o do-cente “gostar de ensinar”. A aprendiza-gem é aquilo que o participante “desejaaprender”. E nem sempre as duas coisasestão alinhadas. Eis o desafio, cuja su-peração depende, em grande parte, deinvestimentos na inovação. Na tecnolo-gia embarcada na proposta de formação.

DE NEGÓCIOS

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 19

"As escolas de negócio que estão percebendoessa demanda, focada no participante, redesenhan-do seus conteúdos de forma customizada. Estãoaplicando atividades lúdicas, colocando alunos emações desafiadoras, criando obstáculos, dinâmicase jogos de resultados coletivos. A máxima perso-nalização é o caminho. É preciso afinar o conteú-do com o desejo de aprendizagem. Para isso, ins-tituições e professores precisam ter a sensibilidadede perceber o que os alunos desejam. Nesse pro-cesso, diria que as TICs não somente ajudam. Elassão mesmo fundamentais."

Neste ambiente, muda também o perfil doprofessor, que passa a ser um facilitador, e nãomais o único detentor do saber. "Entre as meto-dologias, podem ser citadas o PBL (ProblemBased Learning) e atividades ligadas ao Design

Thinking. O PBL não é tão recente como meto-dologia, mas apresenta ótimos resultados. Já oDT vem sendo muito aplicado atualmente, prin-cipalmente diante das situações complexasexigidas pelas estratégias de sustentabilidadeempresarial", indicou Pedro Salanek Filho.

O que não pode ser deixado de lado são ostreinamentos. "Certa vez estava conversando comum gestor de uma das empresas nas quais fiz con-sultoria. Ele me falou do volume de recursos quetinha gasto na reforma e na aquisição dos novosequipamentos, algo que ultrapassava a casa dos'milhões' de reais. Após toda essa explanação,perguntei quanto já tinha investido nas pessoasque iriam trabalhar e operar naquele ambiente...A resposta veio no silêncio e no olhar arregaladoque ele expressou", recordou Pedro.

Tecnologia que permite praticar a teoria"Os jogos de negócios, ou business games,

seguem a máxima do 'aprender fazendo'. Sãoexcelentes para consolidar conhecimentos, re-duzir o tempo de duração dos treinamentos etorná-los mais atrativos", avalia Antonio Dirceude Miranda, fundador do Grupo EducacionalBankRisk, que controla a BR Academy, queconta com um portfólio com mais de 20 dife-rentes jogos de empresas.

"Um grande ganho diz respeito à capilarida-de. Quando se opta pela entrega ou realizaçãodos jogos à distância, de forma síncrona ou as-síncrona, o céu é o limite! Existem casos de esta-rem, no mesmo jogo de empresas, mais de 1 milalunos ao mesmo tempo. Com respeito aos cus-tos, certamente entre dois treinamentos — umcom, outro sem jogos — o segundo tenderá arequerer um investimento mais elevado", disse.

Perguntado sobre valores, Antonio Dirceuestima que um treinamento presencial, que te-

nha a duração de dois dias e até 20 participan-tes, custe entre R$15 e R$20 mil. "Neste valor,estamos pagando royalties pela utilização dejogos já existentes, traduzindo-os e adaptando-os para a realidade brasileira. Desenvolver dozero é mais custoso, envolve pessoas multitare-fas e plataformas de TI de última geração. Háopções de jogos cada vez mais portáteis, ple-namente adaptáveis", garantiu Antonio.

"A crise afeta os investimentos. Mas, nocaso brasileiro, dado nosso atraso, o mercadodeverá se expandir pelo menos pelos próxi-mos cinco a dez anos. Também não podemosnos esquecer que as novas gerações que estãochegando ao mercado de trabalho, em suagrande maioria, já tiveram contato com algumtipo de jogo ou correlato. Isso exige que asinstituições de ensino apostem cada vez maisnestes recursos, se quiserem atrair, cativar ereter esses estudantes."

CASE

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20 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

TENDÊNCIA

Cursos de ensino superior se reinventam com modelo híbridode aprendizagem, quebrando de vez velhos ditames na aprendizagem

Paulo Chico

Ahistória do guarda-chuva vemde longa data. Seu berço foi aMesopotâmia, há 3.400 anos.

Mas somente no século XVIII ele se tor-nou popular. De lá para cá, se passa-ram séculos e em pouca coisa esse ob-jeto evoluiu. Melhor sorte teve a esco-la. Do formato tradicional, experiênci-as inovadoras embedadas de tecnolo-gia mudaram o formato da aprendiza-gem nas últimas décadas. Com exceçãodo guarda-chuva, acredite, nada mais

será como antes. Quer ver só? Como noscarros do futuro, o termo híbrido se apli-ca cada vez mais à educação.

Pesquisas entre alunos do ensino su-perior na Europa mostram que, na per-cepção dos estudantes, 40% das horasem sala de aula são gastas com a trans-missão de informações que podem seracessadas a partir de um clique nos com-putadores, tablets ou smartphones. Oconhecimento — agora mais difuso e dis-perso — está disponível em meios de

acesso mais fáceis, rápidos e baratos. Porisso, já há algum tempo faz pouco sen-tido reunir dezenas de alunos num mes-mo ambiente físico, levando em contao tempo perdido em deslocamentos eos gastos com a construção de prédiose a compra de equipamentos. É algoanacrônico, como ir à agência de umbanco pagar uma conta. Ou dirigir-seà pracinha do bairro, só para fazer umaligação telefônica em um orelhão. Ali-ás, eles ainda existem?

desafio da disrupção

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 21

TENDÊNCIA

"A demanda para a disruptura na educa-ção superior é emergente. Novos provedoresde ensino, sociedade, governos e mercado ne-cessitam de um modelo educacional mais co-nectado aos desafios contemporâneos. Emer-gem no mundo novas formas de distribuiçãode ensino e metodologias de aprendizagemcomo Moocs, adaptative learning e posturasativas. Universidades precisam rever seu pa-pel e retomar o protagonismo dessa discus-são. Porém, para isso, terão de sair de sua zonade conforto e buscar mudanças e inovaçõesdisruptivas do seu modelo milenar", apontouCarlos Longo, pró-reitor acadêmico da Uni-versidade Positivo e diretor da Associação Bra-sileira de Ensino a Distância (Abed).

"A universidade do futuro será ainda maishíbrida, com currículo multidisciplinar. Umaluno poderá estudar um conteúdo fornecidovia internet por Harvard, e ter aulas presen-ciais na USP com certificado da FGV. As gran-des inovações, a exemplo do que estamos fa-zendo na Universidade Positivo, serão as prá-ticas de ensino apoiadas nas tecnologias deinformação e comunicação, as famosas TICs.Por exemplo, o blended learning, combina-do com flipped classroom. Tudo isso, alémde desenvolver o conhecimento específico dadisciplina, cria um ambiente de interação, in-vestigação e criatividade que promove umnovo padrão educacional."

Nesta entrevista, o especialista em educa-ção a distância com passagens por diversas ins-tituições, como o Ibmec, confirmou que a der-rubada de fronteiras, tanto físicas quanto desaberes, é a tendência, a partir de exigênciasdo próprio mercado de trabalho. "Por meio docross knowledge, podemos ter alunos de Me-dicina tendo aulas com estudantes de Enge-nharia de Computação para aprendero desenvolvimento de softwares.Basta ver as inovações mais re-centes no campo das cirurgi-as. Assim, a universidadecumpre a missão de juntarteoria e prática, forma e fun-ção. É a inovação tecnológicacom funcionalidade."

Mas até que ponto as tec-nologias poderão baratear oacesso à educação? Num futu-ro próximo, aprender custará me-nos? Sobre essa questão, Carlos Lon-go fez uma distinção. "Acredito quesim. Porém, os cursos a distância deve-rão ficar mais sofisticados e, portanto, mais

caros do que hoje. E o ensino presencial sebarateará, pois se tornará híbrido. Isso já estáacontecendo, por exemplo, nos Estados Uni-dos. Após a crise de 2008, e com a falta definanciamento estudantil, as instituições deensino superior americanas tiveram baixas.Mas se transformaram, investiram em inova-ção, e hoje já existe mais de cinco milhõesde alunos matriculados na graduação."

Buscando sintonia com os desafios de ummundo em transformação, instituições domundo inteiro estão criando programas híbri-dos, que usam metodologias ativas para darvalor maior à experimentação e às trocas deconhecimento na sala de aula, investindo nosambientes virtuais para a disseminação de in-formação. "Nesse desafio serão bem-sucedi-das as universidades que souberem criar ca-minhos que permitam atender, com mais efi-ciência, às necessidades dos alunos e da soci-edade atual", apontou Longo.

Fatores como a alta do desemprego e o cor-te em programas sociais, como o Fies, ajudama explicar a recente queda do número de brasi-leiros matriculados na graduação. Só a partirda retomada do crescimento e do incrementoda inovação será possível garantir nova expan-são. Após séculos estagnada, a arte de apren-der vai ganhando novos contornos, em ritmoacelerado. As instituições antenadas corrematrás do tempo para não perderem o bonde dahistória. Para os alunos mais conservadores, pre-sos ao passado do quadro-negro e giz, fica adica: é hora de colocar de lado o velho guarda-chuva. E deixar-se molhar.

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22 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

ARTIGO

Laboratórios remotos,experiências reais

Praticar o que se aprende na teo-ria é fundamental para qualquerramo. Nem sempre é fácil. No

caso de Medicina, por exemplo, é ne-cessário encontrar doentes e estes do-entes não podem ser submetidos a ris-cos além dos que já está correndo devi-do à doença. Para isso existem os hos-pitais-escola. Alunos, acompanhadospor professores, veem o que acontece,apuram a sua capacidade de observar ediagnosticar e podem até mesmo suge-rir tratamentos. A palavra final, natural-mente, cabe ao professor, médico ca-pacitado que será o responsável pelasintercorrências que resultarem da apli-cação de qualquer medida profilática.Um médico não pode causar uma “pe-quena” hemorragia em uma pessoa ouquebrar “de leve” uma perna, paraaprender a suturar ou para aprender atratar uma fratura.

No caso das Engenharias tambémnão se pode colocar um aluno para pro-jetar ou responsabilizar-se pela constru-ção de um prédio ou de uma subesta-ção de transmissão de energia elétrica.Mas existe outra forma de adquirir co-nhecimentos práticos em uma Engenha-ria, sem arriscar-se a um desabamentoou a causar um curto-circuito em umacidade. Trata-se de reproduzir as condi-ções reais em um ambiente controlado,eventualmente reduzido. Em laborató-rios de diversas disciplinas de todos osramos da Engenharia, um aluno conse-gue realizar experimentos que, repro-duzindo condições da natureza em umambiente controlado, consolidam oaprendizado sem grandes riscos.

Porém, pesquisa e desenvolvimento,incluindo-se a construção e manuten-ção de laboratórios vêm com um custo.O total estimado dos gastos com pes-quisa no Brasil em 2016 foi de US$ 37bilhões. O que nos coloca no 10º lugarentre as 40 nações que mais investemem Pesquisa e Desenvolvimento. Mui-

to ou pouco? Um número significativo,sem dúvida, mas correspondente a ape-nas 1,21% do nosso Produto InternoBruto. Quem mais investe em pesquisasão os EUA, com US$ 514 bilhões, se-guido pela China, com US$ 396 bi-lhões. Em relação ao PIB, Israel e Co-reia disputam a taça de campeões, cominvestimentos na ordem de 4% de seusrespectivos Produtos Internos Brutos.

Além de ser um montante pequenoem relação ao PIB, a verba brasileira depesquisa e desenvolvimento é sujeita atoda espécie de contingenciamento.Cortes nas despesas públicas, realoca-ção de prioridades, crise, são alguns dosmotivos que levam ao encolhimento. Equando o dinheiro é curto, toda inicia-tiva que leve a obter o mesmo efeito commenores custos é bem-vinda.

A Tecnologia da Informação já vemapontando algumas soluções nesse senti-do. Simuladores, por exemplo. Os fenôme-nos da natureza são modelados por equa-ções matemáticas. Os simuladores ofere-cem uma interface gráfica para construção

de experimentos, operam as fórmulas quecalculam o resultado e apresentam, tam-bém de uma forma visual, o que seria de seesperar que tivesse acontecido.

Dessa forma, um aluno de Engenha-ria Elétrica pode construir um circuitoque tenha uma tomada e uma lâmpadaligadas entre si e verificar o que aconte-ce quando o circuito é fechado, comdiferentes valores para a tensão aplica-da. Pode-se, inclusive, aplicar uma so-brecarga e verificar que a lâmpada“queima”, sem o risco de um incêndio.

Mas uma simulação não é a mesmacoisa que um experimento que ocorrana prática. Como resolver o dilema? Porum lado, o custo de construir e manterum laboratório. Por outro lado, ter a ex-periência ocorrendo de fato, e não ape-nas como resultado de uma operaçãode fórmulas matemáticas.

Esse espaço está sendo ocupado pe-los laboratórios remotos. Um laborató-rio remoto consiste em usar uma rede decomputadores (usualmente a internet)para realizar remotamente experiênciasreais, ao contrário de virtuais/simuladas.A experiência está de fato montada e éoperada em um laboratório físico. O alu-no/pesquisador, por sua vez, pode es-tar localizado em qualquer outro lugar,que permita que o acesso seja feito.

Mas como isso, de fato, acontece? Noexemplo da nossa lâmpada, podemos terum circuito montado com uma câmerade vídeo apontada para a lâmpada. O alu-no aplica a tensão desejada e observacomo o brilho fica mais forte à medidaque a tensão aumenta. Naturalmente, emuma montagem como a descrita, a tensãomáxima será limitada, de forma a nãoqueimar a lâmpada e possibilitar que aexperiência seja repetida. Pode-se tambémcolocar um medidor de intensidade de

Marcelo KriegerMembro dos Conselhosde Administração da Marlin –empresa de desenvolvimentode sistemas e gestão deinfraestrutura de TI – e daDigitaliza – empresa deconversão e distribuiçãode eBooks – e diretor daEscola de Tecnologia daInformação na UniversidadeCastelo Branco. Mestreem Engenharia de Sistemaspela PUC-Rio

“UM BELO EXEMPLO

DE LABORATÓRIOS

REMOTOS

FUNCIONANDO NA

PRÁTICA É O PROJETO

VISIR+. (...) NO BRASIL,

OS PARTICIPANTES SÃO

A PUC-RIO, A UFSC,

O IFSC E A ABENGE “

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 23

ARTIGO

corrente no circuito e passar a informação da lei-tura da intensidade à tela do aluno. Essa monta-gem descrita tem a limitação de impedir que vá-rias pessoas controlem a experiência simultanea-mente. Um estará operando e outros estarão as-sistindo. Limitadores de tempo e passagem decontrole — tudo controlado pela interface deacesso — permitirão que todos tenham a sua opor-tunidade de executar a experiência.

As vantagens do uso de laboratórios remo-tos são: diminuem as restrições de hora de uti-lização e local de utilização das instalações;economia; melhora a qualidade das experiên-cias (podem ser repetidas quantas vezes foremnecessárias); e melhora a segurança (menos ris-co de ocasionar dano pessoal e material). A des-vantagem sobre os laboratórios físicos é tirardo aluno a oportunidade de operar, de fato, omeio físico, reduzindo a experiência de erraraté acertar na montagem da experiência.

Um belo exemplo de laboratórios remotosfuncionando na prática é o projeto Visir+. Con-siste na implantação de uma rede de laborató-rios remotos por um conjunto de instituiçõesde ensino superior de todo o mundo. Aqui noBrasil, os participantes do projeto são a PUC-Rio, a UFSC, o IFSC e a Abenge.

Na PUC-Rio, o projeto ficou a cargo do La-boratório LAMBDA, comandado pela Profa. Dra.Ana Pavani. Os experimentos estão acessíveis24/7 a qualquer pessoa com acesso à internet,através da plataforma Maxwell. https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/VISIR/index.html.

Visir é o acrônimo para Virtual InstrumentSystems in Reality. Foi desenvolvido pelo Blekin-ge Institute of Technology da Suécia. Consisteem um laboratório real, composto por protoboards,geradores de sinal, instrumentos de medição ecomponentes (resistores, capacitores, indutores,diodos, etc.) que permite a construção de ex-periências em circuitos elétricos e eletrônicos. Oaluno seleciona os componentes desejados e faza montagem na tela do computador (Figura 1).Quando isso acontece, o sistema prepara a ope-ração na instância do Visir que contém os com-ponentes. O aluno também define as grande-zas que deseja medir, conectando os instrumen-tos (no lado direito da figura) aos pontos dese-jados. A partir daí, basta clicar em “Perform Me-asurement”, para que o circuito seja ativado noVisir e o valor medido seja coletado. O Visirpermite que várias experiências sejam monta-das e operadas simultaneamente. O laborató-rio não fica “travado” em um experimento.

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24 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

Renato Deccache

Tecnologia baseada em inteligência artificialauxilia escola e professores a personalizar oprocesso de ensino-aprendizado

Ensino adaptativo:

MULTIPLICADORES

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 25

DIOGO MOREIRA Com o uso progressivo das tecnologias

da informação em sala de aula, umanova tendência ganha espaço no cam-

po da educação. Ferramentas que mapeiam aaprendizagem dos alunos têm permitido aquiloque muitos especialistas consideravam impos-sível: reverter a cultura da padronização e ajus-tar o ensino ao perfil de cada estudante. A edu-cação personalizada sempre existiu. A novi-dade, que promete revolucionar as práticas pe-dagógicas daqui em diante, é que ela pode seraplicada em larga escala.

Um estudo feito pelo Banco Interamericanode Desenvolvimento (BID) sobre introdução detecnologia em escolas da América Latina, Ín-dia e China, constatou: quando alunos recebe-ram apenas equipamentos, melhoraram em 4%as notas em Línguas e Matemática; quando as-sociava-se o uso dos dispositivos a estratégiasde aprendizagem personalizada, as notas au-mentaram, em média, 17%. "Sabemos que aspessoas não aprendem da mesma maneira nemno mesmo ritmo", destacou Claudio Sassaki, umdos fundadores da Geekie, empresa que desde2011 desenvolve plataformas educacionais.

A educação personalizada, ou ensino adap-tativo, tem sido possível graças ao uso de sof-twares que trabalham com inteligência artifici-al. A partir de práticas escolares corriqueirascomo resolver um teste, fazer dever de casa,ou assistir a um vídeo, estas ferramentas reú-nem informações sobre o perfil do aluno e pro-põem planos de estudo personalizados. Com

isso é possível propor desde exercícios bási-cos, para quem tem mais dificuldade, até ativi-dades mais desafiadoras, para quem estiver emum nível de aprendizagem avançado.

Para Claudio Sassaki, entre as principaisvantagens dessa tendência está a de conectaro aluno com a sala de aula e fazer com que oconteúdo seja adaptado a ele, e não o contrá-rio. "A personalização também pode auxiliarna pontualidade dos alunos em relação às ati-vidades, além trazer maior dinamismo às au-las, economia de tempo do professor e auto-nomia do aluno durante o seu processo deaprendizagem."

Mas o simples fato de utilizar uma platafor-ma de ensino adaptativo não é garantia de re-sultados educacionais expressivos. Para MarcioBoruchowski, criador e diretor da PlataformaEducare, é essencial monitorar a implementa-ção e o uso das ferramentas virtuais. "A tecno-logia não é um fim; É um meio. Por isso, temque ser acompanhada, ajustada, adaptada à ins-tituição de ensino. Cada uma é diferente daoutra, seja no aspecto humano ou ferramental,e ter alguém que seja o facilitador deste diálo-go tecnologia educacional - instituição de en-sino é fundamental."

Para o ensino adaptativo se tornar realidadeno país, ainda é preciso superar alguns garga-los. Um dos principais está relacionado à in-fraestrutura. Se, por um lado, o uso da internetno celular já é bastate difundido, em boa partedo país o atraso ainda é muito grande nas con-

dições de conectividade. Até porconta disso, a Geekie otimizou suasplataformas para tornar possíveluma boa experiência de navegaçãoaté mesmo com uma conexão 2Gde celular, ou seja, 250 kbps.

Outro desafio está relacionadoaos professores, que precisam não sósaber o que é inteligência artificial,mas se preparar para utilizar recur-sos tecnológicos. Para Marcio Boru-chowski, essa mudança cultural é oobjetivo mais complexo e de longoprazo para consolidar o uso da tec-nologia no campo da educação. "É amudança de não ver a tecnologiacomo algo contra o processo de en-sino-aprendizagem, que tira poderdo professor. Tecnologia tem quepermear o pensamento da escola eser uma ferramenta que potencializaa missão da instituição de ensino",destacou o CEO da Educare.

DIOGO MOREIRA

A disseminação do ensinoadapatativo, possível a partirdas plataformas de educaçãopersonalizada, requer uma mudançade cultura, principalmente porparte dos professores

MULTIPLICADORES

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26 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

Geekie Teste - A ferramenta consiste naaplicação de duas avaliações, uma diag-nóstica, no início do ano letivo, e outrade caráter somativo, no final. São gera-dos gráficos e relatórios detalhados de de-sempenho, além de interpretações peda-gógicas do nível de domínio dos alunos,que permitem elaborar ações pedagógicasassertivas, acompanhar o desenvolvimento everificar a evolução dos alunos em cada áreade conhecimento. Os dados permitem ao ges-tor tomar decisões pedagógicas, criar planos deação e reorientar práticas de maneira eficiente.

Geekie Games - Disponível para web e Android, a plataforma preparapara o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os alunos têm acesso a um plano de estudos persona-lizado que considera dificuldades, tempo diário para estudo, curso e universidade pretendidos. Quantomais se interage com a plataforma, mais apurados os dados gerados. E a partir da resolução de exer-cícios e simulados, o sistema indica aulas, videoaulas e resumos, criando uma trilha de aprendizagemindividual. Os simulados são elaborados com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI), com itens pré-testados e seguindo o modelo Enem.

Geekie Lab - A plataforma apoia professor e aluno no processo de aprendizagem a partir de um acervode aulas, videoaulas, resumos e exercícios, que podem ser acessados de computadores, celulares etablets. Permite o uso de metodologias de ensino híbrido, online e offline; execução mais rápida deatividades operacionais como corrigir exercícios, acompanhar o engajamento da turma e agendar detarefas de casa; e indicação de conteúdos complementares para suas turmas de acordo com suas difi-culdades ou com as temáticas discutidas em sala. A plataforma também auxilia o professor a ganhartempo — são cerca de 20 horas de economia por mês.

Educare - É uma ferramenta de reforço escolar e monitoria a distância, na qual é possível conectar-se aum professor ao vivo pela internet e tirar dúvidas no momento que precisa. O sistema gera relatóriosque permitem ao diretor pedagógico visualizar como cada aluno e o coletivo usam a plataforma, emque tipo de conceitos os estudantes têm mais dificuldades, entre outros indicadores. Permite à institui-ção tomar decisões individuais de forma mais assertiva, e compartilhar informações com pais e respon-sáveis para mostrar onde, quando e como o aluno pode melhorar o aprendizado.

Hackademia - É um portal criado com o objeivo de contribuir para a disseminação de informaçõessobre tecnologias educacionais. De acesso gratuito, ele também organiza eventos relacionados ao usode tecnologias no campo da educação, além de gerar subsídios para a mudança cultural da instituiçãode ensino e o fortalecimento dos educadores que querem se atualizar e aprender. O endereço éwww.hackademia.com.br

Veja algumassoluções de ensinopersonalizado

DIOGO MOREIRA

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 27

INFORME PUBLICITÁRIO

Uma das várias atribuições daCesgranrio nas avaliações nacionaisque realiza é a de capacitar osaplicadores de prova

Em 2017, a Fundação Cesgranrioaplicará o Exame Nacional do En-sino Médio (Enem) para 80% dos

candidatos, em 23 estados. Para darconta desse desafio, serão realizadosvários investimentos em infraestrutura eem pessoal. “Aumentaremos o númerode scanners e a mão de obra”, diz Alva-ro Freitas, superintendente do Departa-mento de Concursos.

Estima-se que 6,2 milhões de inscritosfiquem sob a tutela da Cesgranrio, quase 2milhões a mais que em 2016. Entre os es-tados sob a responsabilidade da institui-ção, estão Rio de Janeiro e São Paulo, quereúnem o maior número de candidatos.

O total de profissionais capacitadosvai passar de 500 mil para 700 mil. Umadas maiores preocupações é a adoçãode provas identificadas. “O aplicadornão poderá entregar o caderno para pes-soa diferente”, diz Alvaro Freitas.

A Cesgranrio também realiza o ExameNacional Desempenho dos Estudantes(Enade), voltado para concluintes de cur-sos de nível superior. Em 2016, o maiordesafio foi aplicar a prova individualizada,pois eram 18 tipos de cadernos de ques-tões. “Criamos um controle por pistolagempara nos certificarmos do conteúdo de cadaenvelope e malote”, disse Alvaro Freitas.

O Enade foi aplicado para 195,8 milestudantes de 13 cursos da área de Saúde

e cinco Superiores de Tecnologia. Foramempregados 1.075 coordenadores, 7,4 milchefes de sala e 6,4 mil aplicadores. “Oobjetivo é avaliar os cursos de graduaçãopor meio da aferição das competências,habilidades e conhecimentos dos estudan-tes, tanto os relativos aos conteúdos espe-cíficos da área de formação quanto os re-lacionados à realidade brasileira e mun-dial”, afirma Ana Carolina Letichevsky, su-perintendente do Departamento Acadê-mico da Cesgranrio.

A Avaliação Nacional da Alfabetiza-ção (ANA), que mede a proficiência emleitura, Matemática e Redação de 2,3milhões de alunos até o 3º ano do Fun-

DIVULGAÇÃO

damental, também foi feita pela Cesgran-rio. Uma das tarefas da Fundação foi qua-lificar os aplicadores e coordenadores.

"Entre outras ações, produzimos omaterial de treinamento, em vídeo e tex-to, e ministramos a capacitação nacionale nas sedes estaduais, onde vão os coor-denadores de polo. Estes, por sua vez, trei-nam os aplicadores", destaca Nilma Fon-tanive, coordenadora do Centro de Avali-ação da Cesgranrio. Segundo ela, para tra-balhar no dia da ANA, era exigida experi-ência no Magistério. “Precisávamos ga-rantir que a criança submetida à prova emqualquer lugar do país tivesse as mesmascondições e oportunidades.”

Dados do Enade dãoorigem a pesquisas

A Cesgranrio não só analisa o desempenho dequem faz o Enade, como produz estudos sobre omercado em áreas estratégicas para formar docen-tes. O mais recente é sobre a de História.

Os pesquisadores Kaizô Iwakami Beltrão (co-ordenador), Ricardo Servare Megahós, Marieta deMoraes Moreira e Moema de Poli Teixeira analisa-ram a evolução da oferta, perfil dos concluintes einserção no mercado de trabalho.

Concluiu-se que o número de cursos crescemais que a demanda e que o Magistério é a ocupa-ção mais comum dos formados em História. A re-muneração, quase sempre, é menor que a média dosocupados no país.

Oito anos de parceriacom a Fundação Bradesco

Em uma parceria que já dura oito anos, a Ces-granrio tem contribuído com a melhoria da qualidadenas escolas da Fundação Bradesco, que abrigam alu-nos de famílias de baixo poder aquisitivo.

Isto tem sido possível por meio da aplicaçãode avaliações no 2º, 5º e 8º anos do fundamentale no 3º ano do ensino médio. Os resultados têmapontado melhoria dos índices de proficiência dosalunos.

“A Fundação Bradesco lida com uma populaçãobem mais pobre, mas os alunos têm desempenhomelhor até que a média da rede privada no Saeb”, dizNilma Fontanive, coordenadora do Centro de Avalia-ção da Cesgranrio.

Criado em 2003, o Projeto "Apostan-do no Futuro", patrocinado, supervisio-nado, avaliado e coordenado pela Fun-dação Cesgranrio, proporciona acessoà cidadania nas comunidades PaulaRamos, Vila Santa Alexandrina, ParqueAndré Rebouças e Escadaria, no bairrodo Rio Comprido.

Idealizado por Claudio Saraiva, oprojeto atende crianças, adolescentes,

jovens, adultos e idosos, em ativida-des sociais, educacionais, culturais,esportivas, de lazer e de qualificaçãoprofissional.

A aceitação é aferida por avaliaçõesde mérito e impacto. Um dos diferenci-ais, inclusive, é o monitoramento feitopelas equipes de supervisão, de avalia-ção e pela coordenação geral.

Entre os resultados, estão a melhoria

no desempenho escolar; maior buscapor vacinas e exames de saúde; conso-lidação de hábitos de higiene; aumentoda autoestima; maior respeito e solida-riedade entre os moradores; e práticasde preservação ambiental.

"Esses e outros 'ganhos sociais' mos-tram que o 'Apostando no Futuro' é vito-rioso", ressalta Terezinha Saraiva, coorde-nadora de projetos sociais da Cesgranrio.

Projeto 'Apostando no Futuro' promove amplo acesso à cidadania

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INFORME PUBLICITÁRIO

Ao longo de seu primeiroano, Teatro Cesgranrio foipalco de apresentação depeças de estilos variados

Programa Teatro nas Escolasdeve alcançar 76 mil alunos

O programa Teatro nas Escolas, mantido pelo CentroCultural Cesgranrio, tem proporcionado a milhares deestudantes ambiência cultural e formação cidadã. Em2017, espera-se que a iniciativa alcance 76 mil alunosem 260 colégios da rede municipal do Rio.

A cada ano, é adotado um tema central. As temáticasaté agora foram: Resgate Cultural do Rio de Janeiro, em2015; Jogos Olímpicos, em 2016; e bullying, em 2017.

Após a peça, ocorre um debate para incentivar a refle-xão dos estudantes. Nesse ano, pela primeira vez, a Ces-granrio avalia o impacto do projeto nos colégios.

Todos os dias ocorrem apresentações nas escolas. Aprocura é tão grande que o Centro Cultural Cesgranrioconsidera expandir as exibições para o próximo ano.Segundo Leandro Bellini, o projeto foi muito bem-rece-bido por diretores e coordenadores pedagógicos: “Ain-da no primeiro mês de itinerância, recebemos uma quan-tidade inédita de solicitações. Com isso, já estamos comnossa agenda fechada até o mês de setembro.”

Após a apresentação das peças, alunos participam de debate

Inaugurado há cerca de um ano, oTeatro Cesgranrio já é um dos prin-cipais espaços culturais do Rio. Com

capacidade para 300 espectadores, járecebeu 10 mil pessoas, de váriosbairros da cidade. “Além de o teatroser lindo e aconchegante, temos umestacionamento para 80 carros, queé uma grande facilidade”, frisa Lean-dro Bellini, secretário-executivo de

Cultura da Cesgranrio.Neste primeiro ano, 16 peças foram

apresentadas. Uma curadoria selecio-na os espetáculos, pois o calendárionão é mais suficiente para todas as pro-duções interessadas.

A expectativa é que o público cres-ça 30% em 2017. O teatro recebe des-de peças do grande circuito a produ-ções de novos talentos, que têm difi-

culdade de conseguir patrocínio. “Ne-gociamos condições especiais para pe-ças que não têm esse tipo de suportefinanceiro”, comenta Bellini.

Além do teatro principal, a Cesgran-rio mantém o Teatro Beth Serpa, para100 pessoas. Localizado também noRio Comprido, ele é destinado princi-palmente à realização de eventos cul-turais para a comunidade.

Edupark incentiva debates nas escolas

O bullying foi tema de outro projeto do Centro Cultural Cesgranrio: o Edupark.Realizado em parceria com o Instituto Antares, ele alcançou 60 mil alunos dasredes municipal e estadual da cidade do Rio, em 2016. Pelo Edupark, um filmesobre um tema específico é exibido em escolas.

Ao longo da sessão, os estudantes usam um controle remoto para responderperguntas que surgem no telão. “Com isso, gera-se um relatório sobre como elesveem a problemática apresentada”, ressalta Leandro Bellini.

Este é o terceiro ano do Edupark, que busca incentivar a reflexão sobre temasdentro do universo dos jovens.

Várias novidades em pauta para 2017

A Fundação Cesgranrio, que já valoriza talentos do teatro, da pintura e daliteratura, criará um grande prêmio de dança em 2017. A premiação, pioneira noRio, está sendo elaborada com o apoio da bailarina Ana Botafogo, que integra oConselho de Cultura da Fundação.

Instituição privada que mais investe em cultura no Brasil sem uso de leis deincentivo, a Cesgranrio tem vários projetos em pauta. Entre eles, estão uma minis-série sobre a Vida de Cristo, o início da quinta oficina de atores e o lançamento deuma nova oficina voltada para o teatro musical.

Ainda em 2017, será realizada mais uma edição do Prêmio Rio de Literatura,com prêmios de até R$100 mil. Também ocorrerá a segunda edição do Elipse, umconcurso de curtas-metragens universitários. As 12 produções vencedoras serãoexibidas em um festival no Cine Odeon.

Curso gratuito com Isaac Karabtchevsky

O ano de 2017 tem sido especial para a Orquestra Sinfônica Cesgranrio.Com 25 apresentações previstas até dezembro, ela promoveu um curso gratui-to de regência com um dos maiores nomes da música clássica: o maestroIsaac Karabtchevsky.

Os 12 inscritos e 8 ouvintes tiveram aulas de 21 a 31 de março, com a parteteórica na Cesgranrio e a prática na Fundição Progresso. Ao final, participaram deum concerto na Sala Cecília Meirelles, no dia 1º de abril, em que cada um atuoucomo regente.

A Orquestra proporciona a universitários de Música a oportunidade de vive-rem o dia a dia de uma sinfônica. Além da Sala Cecília Meirelles, o grupo já seapresentou no Theatro Municipal, no Festival MIMO, nos Teatros do Sesi-RJ e emoutros grandes espaços culturais.

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INFORME PUBLICITÁRIO

Metodologia usadana FaculdadeCesgranrioincentiva trocade conhecimentosentre alunos

DIVULGAÇÃOMestrado em Avaliaçãocompleta 10 anos

Com a sua criação, a Faculdade Cesgran-Com a sua criação, a Faculdade Cesgran-Com a sua criação, a Faculdade Cesgran-Com a sua criação, a Faculdade Cesgran-Com a sua criação, a Faculdade Cesgran-rio incorporou o Mestrado Profissional emrio incorporou o Mestrado Profissional emrio incorporou o Mestrado Profissional emrio incorporou o Mestrado Profissional emrio incorporou o Mestrado Profissional emAAAAAvaliação, que completa 10 anos em 2017 e évaliação, que completa 10 anos em 2017 e évaliação, que completa 10 anos em 2017 e évaliação, que completa 10 anos em 2017 e évaliação, que completa 10 anos em 2017 e éo único do país na área.o único do país na área.o único do país na área.o único do país na área.o único do país na área.

O programa dura 24 meses, com duas aulasO programa dura 24 meses, com duas aulasO programa dura 24 meses, com duas aulasO programa dura 24 meses, com duas aulasO programa dura 24 meses, com duas aulaspor semana. O objetivo é formar profissionaispor semana. O objetivo é formar profissionaispor semana. O objetivo é formar profissionaispor semana. O objetivo é formar profissionaispor semana. O objetivo é formar profissionaispara planejarpara planejarpara planejarpara planejarpara planejar, conduzir e utilizar a avaliação de, conduzir e utilizar a avaliação de, conduzir e utilizar a avaliação de, conduzir e utilizar a avaliação de, conduzir e utilizar a avaliação desistemas, projetos, instituições e materiais.sistemas, projetos, instituições e materiais.sistemas, projetos, instituições e materiais.sistemas, projetos, instituições e materiais.sistemas, projetos, instituições e materiais.

Segundo a diretora do mestrado, LigiaSegundo a diretora do mestrado, LigiaSegundo a diretora do mestrado, LigiaSegundo a diretora do mestrado, LigiaSegundo a diretora do mestrado, LigiaElliot, o curso atrai estudantes de perfil dife-Elliot, o curso atrai estudantes de perfil dife-Elliot, o curso atrai estudantes de perfil dife-Elliot, o curso atrai estudantes de perfil dife-Elliot, o curso atrai estudantes de perfil dife-renciado. "Há pessoas das áreas de Saúde,renciado. "Há pessoas das áreas de Saúde,renciado. "Há pessoas das áreas de Saúde,renciado. "Há pessoas das áreas de Saúde,renciado. "Há pessoas das áreas de Saúde,empresarial, de instituições privadas e públi-empresarial, de instituições privadas e públi-empresarial, de instituições privadas e públi-empresarial, de instituições privadas e públi-empresarial, de instituições privadas e públi-cas, de universidades e das escolas.”cas, de universidades e das escolas.”cas, de universidades e das escolas.”cas, de universidades e das escolas.”cas, de universidades e das escolas.”

A primeira dissertação foi defendida emA primeira dissertação foi defendida emA primeira dissertação foi defendida emA primeira dissertação foi defendida emA primeira dissertação foi defendida em2009 e, desde então, 175 foram produzidas.2009 e, desde então, 175 foram produzidas.2009 e, desde então, 175 foram produzidas.2009 e, desde então, 175 foram produzidas.2009 e, desde então, 175 foram produzidas.Ligia Elliot destacou a relevância da integra-Ligia Elliot destacou a relevância da integra-Ligia Elliot destacou a relevância da integra-Ligia Elliot destacou a relevância da integra-Ligia Elliot destacou a relevância da integra-ção entrção entrção entrção entrção entre mestrado e graduação. "Te mestrado e graduação. "Te mestrado e graduação. "Te mestrado e graduação. "Te mestrado e graduação. "Também éambém éambém éambém éambém éimportante para o professor do mestrado terimportante para o professor do mestrado terimportante para o professor do mestrado terimportante para o professor do mestrado terimportante para o professor do mestrado tercontato com os alunos da graduação." Segun-contato com os alunos da graduação." Segun-contato com os alunos da graduação." Segun-contato com os alunos da graduação." Segun-contato com os alunos da graduação." Segun-do ela, há planos de abrir cursos de extensãodo ela, há planos de abrir cursos de extensãodo ela, há planos de abrir cursos de extensãodo ela, há planos de abrir cursos de extensãodo ela, há planos de abrir cursos de extensãode 16 horas, sobre temas como construção dede 16 horas, sobre temas como construção dede 16 horas, sobre temas como construção dede 16 horas, sobre temas como construção dede 16 horas, sobre temas como construção deinstrumentos, avaliação na escola, criação deinstrumentos, avaliação na escola, criação deinstrumentos, avaliação na escola, criação deinstrumentos, avaliação na escola, criação deinstrumentos, avaliação na escola, criação detestes, entre outros.testes, entre outros.testes, entre outros.testes, entre outros.testes, entre outros.

Instituição já possui novos cursos em pauta

AFaculdade Cesgranrio possuicursos superiores de tecnologiaem Gestão de Recursos Huma-

nos e em Gestão da Avaliação, pionei-ro no país. Ambos duram dois anos eadotam uma metodologia de aborda-gem transdisciplinar. "A formação foiestruturada em módulos justamentepara facilitar essa integração", afirmaGlauco Aguiar, coordenador do cursode Gestão da Avaliação.

No currículo de avaliação, as disci-plinas são planejadas com o intuito detrabalhar, junto aos alunos, as tecnolo-gias e metodologias próprias do curso,sempre de forma articulada com a par-te de gestão. No laboratório, os estu-

dantes vivenciam a prática do uso deinstrumentos avaliativos, pois as pesso-as precisam saber tratar a informação.

“A avaliação busca, através de cri-térios pré-determinados, verificar a va-lidade, a importância e a qualidade deprogramas em diferentes áreas - edu-cação, saúde, empresarial etc. - e, aci-ma de tudo, fazer sugestões para suamelhoria”, ressalta Glauco.

Segundo ele, há uma grande deman-da no mercado. "A Avaliação está cadavez mais presente em todos os setores,seja na área de saúde, de projetos, edu-cacional ou nas empresas", completa.

No curso de Gestão de Recursos Hu-manos, um dos objetivos é usar situa-

ções organizacionais reais para conju-gar teoria e prática. Busca-se tambémformar o aluno para trabalhar com atra-ção e retenção, recrutamento e seleção,treinamento e desenvolvimento, planode cargos e salários e outras áreas.

Marcelo Marujo, coordenador docurso de Gestão de RH, destaca aqualidade do corpo docente, forma-do por doutores ou mestres, com ex-periência na área empresarial. Outrodiferencial é o foco na sustentabili-dade. "O aluno desenvolve competên-cias, habilidades, atitudes e valorespara que possa ter uma visão dos pon-tos de vista político, social, econômi-co, ambiental e cultural.”

A Faculdade Cesgranrio iniciou 2017com ambiciosos planos de expansão,que incluem novos cursos superiores ede capacitação. Já tramitam no MEC asgraduações plenas em Sistemas de In-formação e Pedagogia, para formar pro-fissionais em áreas ligadas à Avaliação.

Também está nos planos a abertura decursos de graduação em Teatro (bachare-lado e licenciatura), em razão do grandeincentivo à produção cultural que temsido feito pela Cesgranrio. "Um dos obje-tivos é construir uma aproximação daFaculdade com a cultura, capaz de co-nectá-la ao desenvolvimento e ao bem-estar social. Por isso, vamos criar cursos eprogramas que visem à promoção cultu-ral", destaca o diretor acadêmico da Fa-culdade, Paulo Alcantara Gomes.

Também foram lançados 13 cursos de

capacitação, nas áreas empresarial ecultural. Entre eles, estão os de Atendi-mento ao Cliente, Gestão Estratégica dePessoas e o de Literatura Infantil. Alémdisso, está em pauta a abertura de cur-sos técnicos no segmento de Cultura."Formar e qualificar técnicos para aten-der a estas demandas das artes cênicas éfundamental", explica o diretor.

Sintonizada com as novas tendênci-as, a Faculdade Cesgranrio implantou umSistema de Gestão de Aprendizagem,uma plataforma digital que oferece re-cursos para dinamizar o ensino comochats online, em texto ou vídeo, entreprofessores e alunos fora dos horários deaulas. “Oferecendo-se meios de o alunoaferir o quanto ele está aprendendo, cri-amos mecanismos para melhorar a qua-lidade", ressalta Paulo Gomes.

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30 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

Renato Deccache

MERCADO

Integrar tecnologia e educação exige mais do que o uso de novosequipamentos — os obstáculos são tantos que é necessário implementarum verdadeiro processo de gestão de mudanças

Mudança além

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 31

MERCADO

Já não se discute mais sobre o papel que a tecno-logia terá na educação. Os inúmeros recursos quesurgem a cada dia, envolvendo inteligência arti-ficial, big data, personalização do ensino, entre

outras tendências, mostram que não há outro ca-minho: ou as instituições seguem essa diretriz ou, nocurto e médio prazo, perderão espaço no mercado.Virar a chave do ensino analógico para o digital não étarefa simples. Preparar e engajar professores para ouso de novas plataformas, ajustar a parte tecnológica,seguir novos parâmetros cognitivos são só alguns dosdesafios. E são tantos que, em vários casos, é precisoimplantar um processo de gestão de mudanças.

Como em qualquer planejamento, um dos pri-meiros passos é identificar os gargalos. E no caso dainserção de tecnologias no ensino, o mais frequentejá é consenso: a resistência que, em muitos casos, oprofessor oferece às mudanças. "Se o professor nãoadota a tecnologia em seu processo educativo ounão a utiliza adequadamente, o curso será pobre",ressaltou Juan Lucca, um dos diretores do GrupoD2L, multinacional canadense de sistemas de ges-tão de aprendizagem.

Mudança de 'mindset' deve sero primeiro objetivo

É preciso que os educadores abandonem para-digmas até então consolidados no modelo presenci-al. E isso leva tempo, por conta da dificuldade deentenderem nuances que caracterizam o ensino ba-seado em tecnologias, como a necessidade de o alu-no ter maior autonomia para aprender, mas sem dei-xar de ter um acompanhamento de quem ensina,mesmo que a distância.

É uma mudança de "mindset" que, segundo PauloRafael Monteiro Nascimento, diretor de EAD da Uni-versidade Tiradentes (Unit), que há alguns anos jáadota plataformas digitais, requer um esforço de mos-trar as possibilidades do uso da tecnologia. "Fizemosapresentações sobre como a tecnologia permitirá aoprofessor ganhar tempo, economizar recursos da ins-tituição e tornar os cursos mais dinâmicos."

O diretor da Unit reconhece que ainda não conse-guiu o engajamento pleno de seu corpo docente devi-do à presença de um modelo mental que ainda se ba-seia muito no presencial. Para ele, a pior estratégia a seseguir é a do enfrentamento com quem não se adap-tou aos novos paradigmas. "Para fazer uma mudançacomo essa, que é cultural, é necessário um trabalho deconvencimento. É mais fácil levar os professores quefazem parte da instituição, que já integram um timevencedor no presencial, a entender os benefícios trazi-

dos pela modalidade e adotá-los, que trazer pessoasde outro perfil para atuar com educação."

O cenário mais complexo da gestão de mudança éo de instituições que partem do zero, ou seja, que têmseus processos de ensino ainda centrados no modelopresencial. Segundo Juan Lucca, da D2L, é precisoentender por que a instituição de ensino deseja fazeruso da tecnologia para, a partir daí, estabelecer os for-matos mais adequados. "Uma vez que se entende oporquê, é possível definir metas e adotar um planeja-mento para que, durante a implementação da tecnolo-gia, diferentes objetivos possam ser cumpridos, comoaumentar o número de matrículas, ou diminuir a eva-são, ou estender o programa educativo."

Instituição de ensino também temde assumir viés inovador

Uma das estratégias consideradas eficientes é ado-tar formatos distintos de cursos onde a tecnologia temmaior ou menor presença. Na Unit, segundo PauloRafael Nascimento, há três tipos de programas: os pre-senciais, em que a tecnologia é usada no suporte aoaluno; os híbridos, com parte das atividades online eparte com a presença do estudante; e os realizadostotalmente a distância. Para o diretor de EAD, essadiversificação é válida em especial nos cursos que têmum paradigma muito bem construído no modelo pre-sencial, como os da área de Saúde. "Mudar esses cur-sos para 100% online exigiria um esforço hercúleo."

Um processo de gestão de mudança na direçãode um ensino pautado no digital vai além de pensarem como utilizar tecnologias. É preciso que a insti-tuição de ensino como um todo assuma um viés ino-vador, do contrário, a tendência é ocorrer um erroainda comum: o de utilizar computadores ou dispo-sitivos móveis a partir do modelo presencial. "Se umprofessor pega um livro, escaneia suas páginas e mi-nistra um curso a partir dele, não adianta nada. É umformato desestimulante. A tecnologia deve tornar ocurso dinâmico, enriquecedor", disse Juan Lucca.

Para isso, segundo o especialista da D2L, é precisoque se invista no desenho instrucional dos cursos, paraque as escolas e universidades possam colocar emprática estratégias de inovação pedagógica capazesde serem impulsionadas por investimentos em tecno-logia. Ele citou o exemplo da sala de aula invertida,estratégia na qual o aluno tem acesso ao conteúdoem casa, por meio de vídeos e outros materiais, eutiliza as aulas para discutir, se aprofundar e tirar dú-vidas. "Em vez de a aula ser uma palestra de um pro-fessor, ela se transforma em uma área de colaboraçãoe de desenvolvimento de competências."

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32 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

de acesso a materiais com maior rique-za de detalhes", afirmou Sandro Rigo,professor da Universidade do Vale doRio dos Sinos (Unisinos) e doutor emCiência da Computação.

Entre as novas tecnologias que estãoimpactando profundamente a área edu-cacional estão as lousas digitais, a rea-lidade aumentada (RA) e a realidadevirtual (RV). Já no campo das inovações,o BYOD começa a ser utilizado nas es-colas e universidades como recurso paratornar as aulas mais expositivas e dinâ-micas, sem a necessidade de se levar osalunos para laboratórios de informáticaou de ciências, por exemplo.

No lugar do quadro-negro e dogiz, as lousas digitais. Em vezdos livros tradicionais com

imagens meramente ilustrativas, livrosonde as imagens ganham movimentose interatividade com a utilização de appsde realidade aumentada e virtual, fa-cilmente acessados dos smartphones dealunos. Já o caderno com o dever de casadá lugar a trabalhos feitos por meio degames em tablets e celulares. A escolado futuro chegou e é preciso que, cadavez mais, as instituições de ensino este-jam preparadas para utilizar as novastecnologias, de forma a trazer conteú-dos pedagógicos de maior qualidade e

relevância para os alunos com aulas maisdinâmicas, interativas e divertidas.

"As tecnologias estão gerando impac-tos em diversos aspectos na educação.Por um lado, os alunos veem esses re-cursos como uma possibilidade de ex-ploração do conhecimento de modomais interativo e interessante, amplian-do a experimentação dos assuntos estu-dados. Já o professor pode contar cominstrumentos que ampliam a forma derelacionamento com os alunos e a for-ma de relacionamento dos estudantesentre si. A qualidade dos exemplos uti-lizados na exposição das matérias éampliada. Bem como as possibilidades

Realidade aumentada e realidade virtual — combinadasou não —, BYOD e as chamadas lousas digitais se tornarão

cada vez mais comuns nas novas salas de aulaLuiz Fernando Caldeira

tendências3

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TENDÊNCIA

BYODBYODBYODBYODBYOD

Vindo do mundo corporativo, o BYOD — Bring YourOwn Device (em português, traga o seu próprio apare-lho) — é uma tendência que vem ganhando cada vezmais adesão na área educacional. Embora ainda sejaum tabu em parte das instituições de ensino, que acre-ditam que os estudantes possam se dispersar ou aces-sar conteúdos impróprios, muitas escolas usam comorecurso os celulares, tablets e notebooks dos própriosalunos em salas de aulas para ajudar no aprofunda-mento das matérias.

A prática, além de trazer maior satisfação aos estu-dantes, que via de regra possuem equipamentos maisavançados e atualizados do que as próprias escolas,faz com que eles participem das atividades com maiorinteresse, utilizando-se da tecnologia. "O mais legal éque você também pode levar esse recurso para outrosespaços, para estudos de campo, para atividades den-tro e fora da escola. Você tem oportunidade de apro-veitar muito mais tudo o que a tecnologia traz de regis-tro em imagem e vídeo", disse a diretora técnica doInstituto Crescer, Luciana Allan.

A especialista destacou que a prática do BYODem sala de aula faz com que os laboratórios de in-

formática e ciências, por exemplo, caiam natural-mente em desuso. "Ao fazer uma pesquisa com

os alunos, temos ali acesso imediato à infor-mação. Podemos aplicar questionário, tabu-

lar dados e trabalhar uma série de outrascoisas de forma muito fácil. A dinâmica

das aulas mudou, ou seja, você deixade ter o laboratório, pois temos a tec-nologia dentro da sala de aula."

Ao permitir que os alunos utilizemseus próprios gadgets, o gestor edu-cacional estará viabilizando a ado-ção da tecnologia na rotina de estu-dos e, ao mesmo tempo, poderá ge-rar uma economia de gastos, já quenão haverá a necessidade de com-prar desktops e outros dispositivosque precisam de atualização e ma-nutenção constantes. Outra possibi-lidade é canalizar os recursos finan-ceiros para outros fins. "Com essa eco-

nomia, o gestor pode investir em umainternet de banda larga, wi-fi, projetores,

impressoras 3D, lousas digitais e diversosoutros recursos", destacou Luciana Allan.

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TENDÊNCIA

Lousas digitais

Esqueça as aulas meramente expositivas emque os professores falam e escrevem no qua-dro-negro para que os alunos anotem as infor-mações em seus cadernos. Embora a utiliza-ção no Brasil ainda seja tímida, se comparadoaos Estados Unidos e Europa, as lousas digi-tais estão ganhando cada vez mais espaço nasescolas (da educação infantil ou nível médio)e universidades e trazendo com elas aulas cadavez mais interativas e dinâmicas.

A lousa digital é uma espécie de tela decomputador gigante sensível ao toque e repro-duz Power Point, vídeos, games e quaisqueroutros conteúdos que estão na web. O profes-sor pode, por exemplo, ensinar Geografia commapas 3D e ainda utilizar recursos como Goo-gle Maps para tornar as aulas ainda mais elu-cidativas. Já os alunos e docentes podem es-crever na lousa por meio de um teclado virtu-al, ou até mesmo com os dedos.

"Os jovens já estão acostumados com o audi-ovisual, com a internet e as tecnologias. Então,para eles, é muito mais atrativa uma aula que useesses recursos do que uma simplesmente exposi-tiva. Os recursos audiovisuais são extremamenteimportantes para reter a atenção e o interesse,além de ajudar muito na absorção de conteúdo",disse Fernanda Brito, gerente de produto da em-presa ENG, que comercializa lousas para diver-sos segmentos, incluindo a área educacional.

Ao optar pela compra de uma lousa digi-

tal interativa, o gestor educacional precisa,antes, entender as necessidades de sua uni-dade de ensino, as características, funções einterações que cada aparelho apresenta —já que existem diversos modelos e fabrican-tes —, além de checar a existência de assis-tência técnica especializada no Brasil. O pre-ço pode variar de R$3 mil a R$350 mil, deacordo com a aplicabilidade e as tec-nologias que a instituição de ensinopretende implementar. Pode haver,ainda, custos com instalação e trei-namento de professores.

Em suma, é fundamentalanalisar a relação custo x be-nefício, aliando preço às van-tagens que a tecnologia podeoferecer. "Existem faculdadese institutos de ensino quebuscam lousas com tecnolo-gias mais robustas. Já outrasprocuram soluções mais delaboratórios, que é de umuso mais esporádico. O im-portante é ver qual é a apli-cação, fazer uma análise doprojeto educacional, doque se pretende usar eavaliar qual a tecnologiamais apropriada", orien-tou Fernando Brito.

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Realidade virtual e realidade aumentadaRealidade virtual e realidade aumentadaRealidade virtual e realidade aumentadaRealidade virtual e realidade aumentadaRealidade virtual e realidade aumentadaO aprendizado mediado por tecnologia é a

tendência da educação do futuro. Não somen-te por usar a linguagem e a ferramenta utiliza-das pelos jovens, mas sobretudo porque enri-quece a prática pedagógica, além de torná-lamais divertida. E dentro desse amplo leque deaparatos tecnológicos que ajudam no engaja-mento e interesse dos estudantes estão a reali-dade aumentada (RA) e a realidade virtual (RV).

Mas o qual a diferença de uma para o outra?Na RV o ambiente é 100% criado por compu-tadores, ou seja, totalmente virtual. Já na RA, oaluno mantém contato com o mundo real, po-rém utiliza-se da terceira dimensão para ampli-ar, aumentar um objeto, para entender melhorseu funcionamento. Gerente executivo de Edu-cação Profissional e Tecnológica do Senai, Feli-pe Morgado explicou que RV e RA vêm sendoamplamente utilizadas na área educacional, so-bretudo no trabalho de educação profissional.

Segundo Morgado, as duas tecnologias, quesão complementares, têm sido fundamentaispara uma melhor formação dos alunos para omercado de trabalho, já que permitem umasérie de simulações antes do contato com o prá-tica propriamente dita. "Nosso desafio é encur-tar essa distância entre a sala de aula e o que aindústria precisa. Nós temos que nos aproxi-mar o máximo possível daquilo que o jovemvai encontrar no mercado de trabalho", disse.

Com um aplicativo de RA, os alunos utili-zam a câmera do celular e/ou um óculos GearVR para reconhecimento em 3D de imagens delivros didáticos, onde os objetos impressos ga-nham movimento, imagem, som e interação. "Aodirecionar a câmera do celular, por exemplo,para a imagem de um multímetro (aparelho demedida elétrica) que está no livro, o aluno passaa enxergar as ondas elétricas, a simular a suautilização e entender melhor seu funcionamen-to. Ele testa o aparelho sem pegá-lo. Com aRA, o aluno vai estranhar menos no momen-to em que ele estiver tendo a prática", ex-plicou Felipe Morgado.

As três tecnologias de óculos mais co-muns para utilização da RA e RV são oGear VR, Rift e Hololens. Enquanto os ócu-los Gear VR capturam imagens reais pormeio de câmeras 360 graus, permitindouma visita técnico virtual interativa (passe-ar dentro de uma indústria, por exemplo),os óculos Rift proporcionam uma imersãototal em realidade virtual com simulação 3D.Com ele é possível um aluno aprender história

da arte visitando virtualmente o Museu do Lou-vre, na França.

Já os óculos Hololens combinam a RV coma RA. Com essa tecnologia é possível visuali-zar e manipular um conjunto de equipamen-tos, seja por comando de voz ou por meio degestos feito com as mãos. No campo da Saúde,por exemplo, estudantes de Medicina podemsimular cirurgias antes de efetivamente reali-zá-las em um paciente. "Vamos imaginar umapaciente que tenha um tumor no osso. O alu-no pode fazer primeiro a operação no campovirtual. Depois, no momento da cirurgia, elepode usar o virtual e o real ao mesmo tempo.O virtual estará orientando o profissional nahora da operação", explicou Felipe Morgado.

Sandro Rigo, da Unisinos, também chamouatenção para a importância da RA e RV noque tange à simulação da prática profissional."Os recursos de realidade aumentada e reali-dade virtual, juntos com outras tecnologias,permitem que os alunos visualizem com mai-or detalhe os seus objetos de estudo, e quetambém realizem simulações que não seriamviáveis de outra forma."

Embora os custos para aquisição da tecno-logia de RV e RA ainda sejam altos, eles estãosendo reduzidos gradativamente, já que hojeexiste uma diversidade muito grande de equi-pamentos e fornecedores. "Os produtos estãoem constante mudança de preços. A feira BettBrasil é um excelente local para contatar os for-necedores", recomendou Sandro Rigo.

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No futuro criado por James Ca-meron em 1991, máquinasconectadas pela inteligência

artificial chamada Skynet selam um des-tino nada animador para a humani-

dade. A guerra entre homens erobôs está no segundo fil-

me da saga O Extermina-dor do Futuro, block-

buster inundado deinovações tecnoló-gicas. Ao mesmotempo em queCameron levan-tava a bola parao público refletir,através da ficção,sobre inteligênciaartificial e outras

tecnologias, prin-cipalmente na seara

bélica/militar, na vidareal a embrionária inter-

net já era alvo de especu-lações futuristas.

No início dos anos 90, pesquisado-res previam que em poucas décadasuma gama de dispositivos eletrônicosconectados entre si, de celulares a TVs,passando por equipamentos industri-ais e geladeiras, fariam, sim, uma re-belião das máquinas com alcance atémesmo nas salas de aula. Contudo, ga-rantiam eles, essa revolução seria embenefício da humanidade.

O conceito para a comunicaçãoentre objetos por meio de sensoreswireless, inteligência artificial e na-notecnologia recebeu, anos depois,o nome de Internet das Coisas —com sigla em Inglês para Internet OfThings (IoT). Mas, afinal, as corpo-rações já estão antenadas para essenovo passo da conectividade que,para muitos, faz parte da quarta re-volução industrial ou indústria 4.0?Os mercados de serviços, saúde,energia e logística são os que maisapresentam avanços em IoT.

Mas as aplicações também se con-

A Internet of Things (Internet das Coisas), ou IoT, é a nova onda tecnológicaem progresso. Quais serão as implicações e os impactos na Educação?

Alexandre de Miranda

A revolução

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 37

CAPA

solidam rapidamentenas áreas de segurança,educação e o inimaginável.

Os empreendedores aten-tos sabem que são infinitas as possibi-lidades de negócios que podem serabertas pela IoT. O professor de em-preendedorismo do Instituto Superiorde Administração e Economia (Isae) deCuritiba, Daniel Filla, observou quedesenvolvedores e startups bem pre-parados são os maiores produtoresdessa nova revolução digital.

"Uma prova dessa tendência são osaparelhos vestíveis, especialmente ossmartwatches — um dos objetos dedesejo dos conectados. BMW, Tesla,e até mesmo o Google estão inves-tindo pesado nos chamados carrosautônomos. Com certeza será maisuma onda irreversível."

Na gestão escolar, a IoT terá papelimportante no acompanhamento davida acadêmica e na segurança das ins-tituições. Câmeras conectadas à inter-net, sensores capazes de reconheceralunos e funcionários, além de progra-mas que monitoram em tempo real avolta de um estudante para casa, sãopossíveis graças à IoT.

No processo de aprendizagem, a re-volução vai além e já ultrapassa o limi-te da sala de aula. Com a IoT, novos

métodos incrementame apoiam o ensino por meio de ob-

jetos pedagógicos conectados (sen-sores, óculos 3D, smartphones, lousasdigitais, etc). Esses objetos são respon-sáveis por alguns novos conceitos já emprática, como sala de aula invertida eaprendizagem móvel. Alunos com ne-cessidades especiais também podem re-ceber suporte de programas capazes dereconhecer suas deficiências e auxiliá-los em suas tarefas.

Países como Alemanha, Estados Uni-dos e Japão estão no ranking dos maispreparados sobre IoT em todas as áre-as. Contudo, existem promessas de quenão ficaremos para trás. O Ministérioda Ciência, Tecnologia, Inovações e Co-municações (MCTIC) encerrou em fe-vereiro uma consulta pública sobre asdiretrizes do Plano Nacional de IoT. Ogoverno quis ouvir a opinião de espe-cialistas e sociedade para apresentarum diagnóstico sobre os desafios e asoportunidades que virão com a IoT.

Outro fomento veio em 2015, coma Associação Brasileira de Internet dasCoisas (Abinc), organização sem finslucrativos formada por executivos eempreendedores do mercado de TI eTelecom. O objetivo da Abinc é tor-nar o Brasil um player mundial depeso em IoT.

PLANO NACIONAL DE IOTPesquisa feita em janeiro pela IDC Brasilaponta que os investimentos em IoT no paísdevem alavancar no segundo semestre com adefinição do Plano Nacional de IoT. Aprevisão é que o ecossistema de IoT no Brasildobre até o fim da década, superando US$ 13bilhões. O avanço estará conectado com ouso de Analytics e com computação emnuvem. Estima-se que até 2019 cerca de 43%dos dados de IoT serão tratados na nuvem.

ANALYTICS PARA EDUCAÇÃOFerramentas que coletam, medem, analisamdados de como estudantes agem nosambientes virtuais de aprendizagem. Oobjetivo é adaptar os dados de cada aluno àssuas necessidades.

AULA INVERTIDA(FLIPPED CLASSROOM)Princípio que propõe a inversão do modeloatual de ensino. Com o auxílio de dispositivosconectatos, o aluno estuda fora da escola osconteúdos indicados pelo professor. Na sala deaula, o docente intensifica o aprendizado comexercícios e conteúdos complementares.Dúvidas são esclarecidas e estudos de casosão propostos pelo professor.

CAMPUS INTELIGENTE(SMART CAMPUS)A IoT se aplica para a eficiência operacional dagestão do campus e dos prédios, como aenergética — para reduzir gastos de consumode iluminação e ar condicionado, por exemplo.Na logística, pode encurtar o tempo de procurapor vaga de estacionamento e auxiliar nasegurança com vídeo vigilância.

APRENDIZAGEM EM CONTEXTO(CONTEXTUAL LEARNING)Abordagem didática que visa aumentar amotivação do aluno e a relevância do objetoem estudo. Um exemplo seria o estudo develocidade em Física através do uso desensores acoplados a uma bicicleta e a umaplicativo no celular com dados em nuvem.

PLATAFORMA DE PROTOTIPAGEM(ARDUINO)Muito utilizada em experimentos na áreaeducacional com IoT. Essa plataforma é própriapara a integração com dispositivos eletrônicosbásicos, além de apresentar uma interface deprogramação simples. De custo baixo, oferecerecursos necessário para conexão wi-fi einterface com sensores diversos. O Arduino émuito popular entre profissionais e estudantesde tecnologia, pois possibilita implementaruma infinidade de aplicações por meio doconhecimento de programação.

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38 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

CAPA

O que vem por aí

O chamamento do MCTIC e daAbinc soa mais do que como um sim-ples convite. Todos os empreendedo-res em algum momento serão intima-dos pelo mercado para essa avalanchetecnológica que vem ganhando forçahá alguns anos. E o segmento educa-

cional já provou que não é exceção.Para o professor Alexandre MartinsDias, mestre em Ciências pelo ITA, es-pecialista em Física e Computação pelaPUC-MG e professor da Unifenas, aaplicação da IoT na Educação já é umarealidade, principalmente em pesqui-

sas nas instituições de ensino."As possibilidades da IoT na Edu-

cação são amplas, principalmente noauxílio em experimentos laboratori-ais nas universidades que requeirammonitoramento e intervenções. Os re-sultados das pesquisas observados

Educação não é exceção

Apontar com precisão comoserá o ambiente de ensino daquia poucos anos pode ser no míni-mo uma tarefa desafiadora. Ocerto é que gestores e profissio-nais devem estar atentos às ino-vações tecnológicas. A médio pra-zo, algumas inovações existentes,porém ainda discretas no proces-so pedagógico, devem ganharmais espaço.

Para Ricardo Santos, responsá-vel pela área de Educação da Cis-co no Brasil — a gigante ameri-cana de soluções tecnológicas —sistemas cada vez mais sofistica-dos e especializados em analyticspara a educação deverão levarmétodos como o aprendizadoadaptativo e o ensino personali-zado para um próximo nível. "Atémesmo a forma como montamosturmas e currículos para cada alu-no poderá ser melhorada e, as-sim, favorecer um melhor proces-so de aprendizagem."

Não é preciso esperar muitopara aplicar novas técnicas peda-gógicas apoiadas pela IoT. Já exis-tem sensores inteligentes que, co-nectados à internet, podem tornaro ensino de disciplinas como Ma-temática, Física e Biologia muitomais interessante para os alunos,de acordo com o especialista daCisco. Esses sensores podem co-letar, processar e reportar infor-

mações aos estudantes e profes-sores onde quer que eles estejam,envolvendo, por exemplo, custo,idade, temperatura e pressão.

"Há vários estudos e boas prá-ticas sendo aprimoradas em nívelinternacional, envolvendo senso-res e robótica para o estudo dediferentes matérias e que ajudama dar mais significado naquilo queos alunos aprendem e, assim, me-lhorar a qualidade do aprendiza-do", observou Ricardo Santos.

Já existem cerca de 26 bilhõesde dispositivos conectados à inter-net em todo o mundo. A previsãoé que em 2020 sejam 50 bilhões.Num futuro bem próximo, portan-to, veremos cada vez mais máqui-nas e programas inteligentes co-nectados atuando em qualquerárea. E para que não sejamos subs-tituídos por robôs, como nos su-geriu James Cameron, cabe à es-cola valorizar o que é humano.

Para o professor e pesquisadordo Centro de Tecnologia e Socie-dade da Fundação Getúlio VargasEduardo Magrani, a escola dehoje deve observar os avançostecnológicos para que os alunosno futuro não sejam engolidos poreles. "A escola deve perceber ra-pidamente como fazer um desper-tar de habilidades nos alunos paraque eles não sejam substituídospor softwares ou robôs."

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CAPA

dentro das universidades poderão, emum futuro próximo, estar disponíveispara toda a comunidade."

O especialista observa, ainda, queo mercado para a IoT na Educaçãoprecisa ser estimulado nas própriasinstituições de ensino superior. "Es-

pecificamente no contexto educaci-onal, há uma carência de recursospara atividades práticas que podemestimular o aprendizado e o proces-so criativo dos estudantes. Testes e si-mulações são necessários em todas asáreas. Porém, mais do que criar dis-

positivos, é preciso que as empresasestimulem a criação de novas tecno-logias dentro da universidade, atra-vés da pesquisa, pois é na academiaque se encontram os fundamentospara inovar e contribuir com os avan-ços tecnológicos."

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ARTIGO

Inovar na educaçãonão é opção. É necessidade.É urgente

Quantas vezes já ouvimos “nãoé assim que funciona” quan-do tentamos fazer algo diferen-te em uma instituição de ensi-

no! Sugerir mudanças radicais de horá-rios, de locais de aprendizagem, de prá-ticas pedagógicas, de apoio ao aluno ouforma de avaliação parece um ato derebeldia que assusta os alunos, seus pais,o departamento financeiro e, acima detudo, as estruturas de poder vigentes.

Tão antigas quanto a humanidade,as práticas educativas foram se desen-volvendo lentamente ao longo do tem-po: algumas habilidades e conhecimen-tos se aprendiam em casa, de pai parafilho ou mãe para filha, ou de pais parafilhos: bons modos, higiene, cozinhar,costurar, construir; outras se aprendiamem comunidade: caçar, plantar, colher,construir poços; outras se aprendiam nostemplos: valores e práticas religiosas;outras em locais específicos para reali-zar educação, tais como academias,universidades, bibliotecas ou o que sechama atualmente de escola: ler, escre-ver, calcular, filosofia, ciências.

O acesso ao conhecimento semprefoi controlado histórica e socialmente.Em cada momento histórico e em cadaregião, define-se o que cada membroda família e da comunidade deve apren-der, de maneira informal, em casa e nacomunidade, ou de maneira formal, nasescolas. Define-se socialmente o que osmeninos e as meninas devem aprender,quais classes sociais devem chegar aqual nível de conhecimento, o que devefazer parte do currículo e quais são oslivros aos quais se deve ter acesso, e oque não deve ser aprendido.

Conhecemos inúmeros exemplos deviolência quando alguma dessas barrei-ras sociais e históricas é rompida: Mala-la era uma menina que desejava estudar

em um local em que se diz que meninasnão estudam. Levou um tiro e, por sorte,sobreviveu. Galileu descobriu que a Ter-ra gira em torno do Sol, um conhecimen-to proibido para a sua época, e quasemorreu na fogueira. Hoje, no Brasil, apa-rentemente temos um sistema de ensinodemocrático, mas não é para todos.

A escola como a conhecemos hoje noBrasil recebe toda a população a partirdos 6 anos de idade para aprender osconteúdos curriculares importantes parao desenvolvimento acadêmico ou para oexercício de uma profissão. Em geral, osalunos passam em torno de 4 a 5 horasdo seu dia, 200 dias ao ano, em prédioscom corredores e salas, nas quais exis-tem carteiras enfileiradas e um professor.Há livros, cadernos e, dependendo daescola, há alguns recursos a mais comocomputadores, tablets e conteúdo onli-ne. As aulas, cujo início e fim são marca-dos pelo toque de algum sinal, incluematividades como ouvir o professor, reali-zar tarefas, realizar avaliações. A cadaano letivo, os alunos que tiverem atesta-do que obtiveram o conhecimento quese considera adequado passam para a pró-xima série. Ao final da Educação Básica,há provas, e quem passa segue para oEnsino Superior, onde também se estudaem prédios com corredores, salas, cartei-ras, professores, currículos e provas.Quem chega ao fim deste processo ob-tém um diploma. E quem não chega?Bem, fica pelo caminho, como tentaramfazer com a Malala e o Galileu.

Essa máquina de expulsar alunosdeixa muitos pelo caminho: somente76% dos jovens de 16 anos concluemo Ensino Fundamental e 58,5% dos jo-vens de 19 anos concluem o EnsinoMédio (Todos pela Educação, 2015).São 50% dos concluintes do EnsinoMédio que ingressam no Ensino Supe-

rior e ali a evasão continua.Esses altos índices de evasão não eram

considerados um problema significativono período industrial, em que havia mui-to emprego para realizar atividades bra-çais, e acreditava-se que era possível edesejável selecionar os melhores para re-alizar as atividades mais criativas na soci-edade. Essa escola que conhecemos, queexpulsa os alunos pelos mais variadosmotivos, é uma invenção do período in-dustrial. Ela não foi assim desde sempre,portanto, escola não tem que ser “assim”.

Em outros períodos históricos, comoa Idade Antiga ou a Idade Média, a Aca-demia, as Bibliotecas e as Universidadesde fato não estavam abertas a todos, masnão era um objetivo do sistema expulsarquem já tinha conseguido chegar lá, fos-se por mérito ou classe social.

E hoje, na Era da Informação, em perí-odo de transformações aceleradas, de re-pente, o mundo está descobrindo que essaescola típica do período industrial nãofunciona mais. Não há empregos paratantas pessoas sem instrução. Mesmo osempregos das pessoas instruídas podemacabar a qualquer momento. Teremos detrabalhar até uma idade muito mais avan-çada. O acesso à informação está à dis-posição de todos. A concorrência é glo-

Betina von StaaCoordenadora doCensoEAD.BR, da ABEDe designer Pedagógica naTransFor.Me

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bal. Quando estamos nos acostumando a umainovação tecnológica, surge outra. Diplomas nãosão suficientes para garantir tranquilidade profis-sional. Mesmo insuficientes, por vezes, são des-necessários. Conhecimento, muito conhecimen-to, conhecimento que nem sabemos que exis-te, e habilidades interpessoais são cada vez maisnecessários. Pergunta-se: As instituições de en-sino têm se configurado como espaços para,de fato, construir conhecimento atualizado?Têm oferecido oportunidades reais de desen-volvimento de habilidades interpessoais?

Sim, inovar é preciso. Não porque seja ne-cessário oferecer opções divertidas de aprendi-zagem ou adotar tecnologias de última geração.É urgente porque nossa sociedade não pode maisperder tanta capacidade produtiva. É urgenteporque, quando as instituições de ensino tradi-cionais não inovam ou garantem aprendizagem,os alunos desistem delas. É urgente porque,quando menos esperarmos, alguma invençãopode disponibilizar recursos para ajudar pesso-as de todas as idades a aprenderem o que preci-sam, tornando as escolas obsoletas.

“Inovar requer identificar problemas relevan-tes, compreendê-los de forma sistemática eidentificar soluções elegantes” (Keeley, 2013).Consideremos, então, que uma educação efe-tiva envolve motivação, acesso a conteúdo,persistência e prática (Friedmann, 2016).

Quem vai tomar para si a tarefa de apontaronde estão as oportunidades e motivar as pes-soas a aprenderem o que pode ser útil ou inte-ressante para elas: as escolas e universidades,os aplicativos online, a mídia, as redes sociais,os empregadores?

Quem dará acesso a conteúdo sempre atu-alizado: a Internet, as editoras, o professor, abiblioteca, a escola, a apostila, os repositóriosde conteúdo?

Quem ajudará os aprendizes quando estive-rem desmotivados: os aplicativos adaptativos epersonalizados, o tutor, o professor, os pais, osempregadores, os companheiros e os amigos?

Quem oferecerá oportunidades de desen-volvimento de práticas profissionais e habili-dades interpessoais: as escolas, os emprega-dores, os simuladores digitais, os amigos, oscolegas de trabalho?

Incluir as ações de motivar, disponibilizarconteúdo, dar apoio à aprendizagem e desen-volver práticas como prioridade nas ações edu-cativas é mais do que urgente. Como a listaacima permite inferir, elas podem ser realiza-das internamente ou externamente às institui-ções de ensino tradicionais – sejam os cursos

que elas oferecem presenciais ou a distância.Para os mais desavisados, pode parecer que a

necessidade de inovar esteja distante da realidadebrasileira. As escolas e universidades, mesmo di-ante de taxas elevadas de evasão, estão repletas dealunos por serem insuficientes para atender à de-manda. Os melhores conteúdos da Internet aindanão estão disponíveis gratuitamente em portugu-ês. Há muitos alunos acostumados ao modelo tra-dicional de ensino, e o mercado de trabalho se-gue valorizando o diploma em muitas áreas. Alémde tudo, o sistema educacional é bastante regu-lamentado, e a educação formal tem muitas nor-mas a seguir. No entanto, os ventos da inovaçãosopram rápido, as mudanças vêm de onde nemse imagina, e nunca é demais estar alerta para astendências globais no segmento da educação.

É diante de tanta urgência que estou muitofeliz por lançar uma coluna mensal no siteInovEduc. Aqui discutiremos aspectos relaci-onados à inovação na educação, que pode serformal ou informal, presencial ou mediada portecnologia e que, certamente, está diante deinfinitos desafios. Partiremos sempre do prin-cípio de que inovação é uma forma de resol-ver problemas, e não uma simples adoção denovidades. Estes problemas podem ser resol-vidos por meio de tecnologia, infraestrutura,práticas pedagógicas, práticas administrativas,tanto reluzentemente novas quanto aprovadase polidas pelo teste do tempo.

Aguardo vocês!

Betina von Staa será uma das palestrantes da Bett Educar 2017

Referências:

FRIEDMAN, Thomas. Thank you for being late. Farrar, Straus and Giroux, NovaIorque, 2016.

KEELEY, Larry; PIKKEL, Ryan; QUINN, Brian; WALTERS, Helen. Ten types of innova-tion: the discipline of building breakthroughs. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons Inc.,2013.

TODOS PELA EDUCAÇÃO. Indicadores da Educação. Disponível em http://www.todospelaeducacao.org.br/indicadores-da-educacao/5-metas?task=indicadoreducacaoHYPERLINK “http://www.todospela educacao.org.br/indicadores-da-educacao/5-metas?task= indicador_educacao&id_indicador=22#filtros”&HYPERLINK “http://www.todospelaeducacao.org.br/indicadores-da-educacao/5-metas?task=indicadoreducacao&idindicador=22#filtros”id_indicador=22#filtros. Acessado em 16/4/2017

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Renato Deccache

Cada vez mais nos aproximamosdo ambiente dominado pela In-ternet das Coisas, em que obje-

tos do dia a dia vão interagir com o serhumano de modo inteligente. Esse cená-rio afetará não só o comportamento pes-soal mas, sobretudo, o profissional. Paramostrar como esses recursos influenciarãoa economia em seus diversos setores o Gar-tner, líder mundial em pesquisa e aconse-

lhamento em Tecnologia da Informação,divulgou dez tendências de inovações tec-nológicas para o mercado em 2017.

Várias delas já estão presentes ou che-garão em breve nas instituições de ensino.Segundo Jan-Martin Lowendahl, vice-pre-sidente e analista emérito do Gartner, elasserão decisivas para a formação de umamalha digital inteligente, que integrará pes-soas, coisas e serviços por meio da inter-

net e tornará cada vez mais tênue a linhaque separa o mundo real do virtual.

Essa malha digital, segundo o espe-cialista, mudará os paradigmas do ensi-no no médio e curto prazo. "A educa-ção precisará ter escala e qualidade.Para isso, aprendizagem adaptativa epossibilidade de aprender em qualquerlugar serão decisivas. E não se pode fa-zer isso sem usar a tecnologia digital."

TENDÊNCIA

Líder mundial de pesquisa em TI, o Gartner adaptou para a educação asmaiores inovações tecnológicas para o mercado em 2017

Seterevoluções

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Principais inovações tecnológicas no campoda Educação segundo a Gartner

TENDÊNCIA

1 — AI e Aprendizagem Avançada da Máquina

A partir do desenvolvimento de sistemas que usam análise preditiva e de algoritmos,essa tendência proporcionará um ensino cada vez mais personalizado. Segundo Jan-Martin Lowendahl, na educação superior a inteligência artificial já permite "um tipode aprendizagem adaptativa baseada em como os estudantes interagem com o mate-rial de estudo e em como o software identifica de que forma eles aprendem melhor".

2 — Aplicativos Inteligentes

Segundo Jan-Martin Lowendahl, uma forma de utilizar esse tipo de recurso no ensinoé por meio das plataformas de aproximação, capazes de promover maior interaçãoentre estudantes e instituições de ensino. Empresas que atuam com Learning MassiveStrategies (LMS) já fazem uso dessa estratégia, com envio automático de conteúdospara os alunos a partir do desempenho deles em avaliações.

3 — Coisas Inteligentes

Essa tendência representará uma oportunidade para instituições de ensino irem além detornar seus ambientes pedagógicos tecnologicamente mais atraentes. As Intelligent Thin-gs não só vão ajudar os alunos a partir de modelos de programação. Essa tecnologiatambém vai evoluir para uma interação mais colaborativa, auxiliando na execução detarefas e pesquisas, por exemplo.

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TENDÊNCIA

4 — Realidade Virtual e Aumentada

Baseada em imagens 3D, essa tendência já está em várias aplicações no campo daeducação, como nos cursos de Medicina que a utilizam para estudo da Anatomia eem simulações de cirurgias. Sem falar na possibilidade de levar um estudante a co-nhecer os principais museus do mundo, ou mesmo de estar “presente” em fatoshistóricos. "Pode ser usada também no estudo da Arqueologia, no aprendizado demúsica e até mesmo para realizar um tour pelo campus para que seja possível aoaluno ter uma perspectiva melhor da instituição. E é uma tecnologia que tem ficadocada vez mais barata", destacou Jan-Martin Lowendahl.

5 — Blockchain

Trata-se de um grande banco de dados permanente e à prova de violação. No campoda educação, tem viabilizado estratégias de microcertificação no ensino superior.Cada nova formação do estudante é registrada em uma cadeia de blocos onde estãooutras que compõem seu histórico de qualificação. "É um emblema digital que vocêpode colocar em seu linking profile para dizer que tem uma nova habilidade", ressal-tou Jan-Martin Lowendahl. Ele citou como exemplo o blockcert, padrão aberto decertificação que permite, por um lado, que estudantes atestem formação (completaou parcial) a empregadores, que, por sua vez, têm meios seguros de validar as infor-mações recebidas de quem se candidata.

6 — Sistemas Conversacionais

Destaque para os chatbots, sistemas em que robôs interagem com indivíduos. Eles já sãousados em universidades para atender demandas administrativas, como emissão de docu-mentos, orientação para procedimentos de matrícula ou mesmo em cobranças de dívidas.Um banco de dados com informações sobre inúmeros tipos de interação faz com que,cada vez mais, esses sistemas adaptem-se ao que desejam os usuários. "Um exemplo deuso dos chatbots é para aconselhamento pedagógico", disse Jan-Martin Lowendahl.

7 — Arquitetura de Segurança Adaptável

Na medida em que a Internet das Coisas, aplicativos inteligentes e outros recursos setornarem realidade nas universidades, a segurança das informações tende a se tornarmais vulnerável. Por isso, Lowendahl acredita que será cada vez maior a preocupaçãodas instituições com a proteção de seus arquivos, em diferentes formatos. "A segurança ésempre uma questão importante no ensino superior. Por isso, quanto melhores as ferra-mentas que pudermos desenvolver para aumentar a proteção dos dados, melhor será."

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 45

MERCADO

da qualidade

Omundo todo está repensando aeducação de seus jovens. Inclu-sive a Finlândia, grande estrela

no mundo educacional já há alguns anos.O que provoca isso não são os recursos detecnologia para educação, mas o efeito dastransformações no cotidiano e na inserçãoprodutiva das pessoas. A educação reagea isso e precisa lançar mão desses recur-sos para dar conta dos seus próprios de-safios. Diante desses fatos, todos os paí-ses estão se adaptando e aprendendo e,ao que parece, nenhum tem a fórmulaainda, se é que ela existe.

Nesse cenário, como fica o Brasil?"Acho que se trabalharmos a sério po-demos pular etapas e mudar substanti-vamente o patamar de qualidade daeducação no país. Mas é preciso fazerdiferente. O modelo que temos e re-produzimos já evidenciou que não é ca-paz de dar conta de promover nemmesmo melhorias incrementais", disseVera Cabral, curadora do Bett Educar

Brasil 2017, que esteve em Londres, emjaneiro, para conferir as soluções apre-sentadas para o setor na Europa.

Para a especialista, uma entusiastados recursos tecnológicos em prol dastransformações da educação brasileira,atingir resultados positivos depende daconvergência de diversos fatores. Entreeles, objetivo, estratégia, metodologia,disponibilidade e, sobretudo, da vonta-de de inovar, buscar novas formas deestimular e promover aprendizagens. Éo que Vera Cabral chama de "sair dazona de conforto": aquele lugar onde oprofessor sabe e o aluno aprende quenão é mais verdade.

"Nem o professor sabe tudo, nem oaluno aprende desse jeito. As avaliaçõesestão aí para mostrar. Abrir espaço paratrabalhar junto, aprender junto, encarardesafios a serem solucionados conjun-tamente é o grande desafio. Mas muitosainda se escondem atrás dos problemasde conexão e de pouca disponibilidade

de equipamentos para não mudar nada.Em muitos locais vemos professores fa-zendo coisas extremamente inovadorase usando tecnologia em escolas com pou-quíssimos recursos."

Vera Cabral acredita que ainda sãomuitos os desafios a serem superados pe-las instituições brasileiras para alavancar aeducação, e afirmou que para iniciar essatransformação é preciso aprender a olhare entender o estudante do mundo de hoje.Os problemas estão, inclusive, em todosos segmentos — da educação básica até asuperior. Da mesma forma, as soluções.

Porém, para a curadora da Bett há maisinovações que implicam ganhos de quali-dade no ensino básico do que no superi-or, onde o uso da tecnologia diz respeitobasicamente ao negócio. "Limita-se, essen-cialmente, à educação a distância e, salvoexceções, associa-se a ganhos de escala, àcriação de uma educação de massa. Emgeral, o foco tem sido a redução de cus-tos, sacrificando a qualidade", criticou.

Curadora da Bett Educar Brasil, Vera Cabral afirma que associar novas tecnologiasà educação é o único caminho possível rumo à qualidade no ensino

Débora Thomé

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Uma pessoa não importa?” A fra-se, provocativa, foi o pontapéinicial para o desenvolvimen-

to do Trezentos, metodologia que trans-forma uma situação de falta de interes-se, isolamento e reprovação em um pa-norama de colaboração e aprendiza-gem significativa.

O cenário era exatamente esse: umaturma de mais de 200 alunos de Enge-nharia da Universidade de Brasília (UnB),disciplina de Cálculo 1, um alto índicede reprovação e um professor disposto avencer um desafio. “Como fazer com queos estudantes da primeira e da última fi-leiras tivessem o mesmo nível de interes-se, motivação e engajamento, e que nãofosse uma aprendizagem mecânica, queé facilmente esquecida, mas uma apren-

dizagem significativa e duradoura?”O criador é Ricardo Ramos Fragelli,

professor adjunto dos cursos de Engenha-ria da Faculdade UnB Gama. Por meiode suas pesquisas em novos métodos,técnicas e tecnologias para a Educação,recebeu 11 prêmios nacionais de insti-tuições como MEC, MCT, Capes, Abed,ABMES e Santander Universidades.

Criada em 2013, a metodologia foi ins-pirada no filme 300, no qual um pequenogrupo de soldados espartanos ganha bata-lhas de exércitos mais numerosos. A técni-ca utilizada na disciplina Cálculo 1 conse-guiu reduzir o índice de reprovação namatéria de 50% para 5%, além de mini-mizar fatores que causam mau desempe-nho, como ansiedade e nervosismo.

Funciona basicamente assim: aos es-

tudantes da turma é aplicada uma avali-ação individual. Com base no resultado,é feito o ordenamento por nota, da mai-or para a menor. Os estudantes são orga-nizados em grupos de quatro a seis inte-grantes, obedecendo a lista. O primeirogrupo é enumerado de 1 a 4, e os de-mais de 4 a 1, por exemplo. Por fim, osestudantes são agrupados pelo númeroatribuído, e isso faz com que cada grupotenha tanto estudantes com notas altasquanto alunos com mau desempenho.

Em cada grupo, o estudante com maiornota é denominado o líder. Quem teve ummau rendimento ganha o direito de refa-zer a avaliação, desde que cumpra algu-mas metas, definidas pelo professor. E parao cumprimento dessas metas, os estudan-tes contam com o apoio de todo o grupo.

Professor da UnB cria metodologia inspirada em filme homônimo, sobrea tática de guerra dos soldados espartanos, e adapta sistema à EAD

Flavia Vargas

300:aprendizagem ativae colaborativa

Resultadospráticos do‘Trezentos’■ Melhora de 50% para até95% de aprovação

■ Rendimento das turmassubiu 38%, em média

■ Alunos com baixorendimento tiveram melhoramédia de 103%

■ 90% dos estudantes seconsideram mais tranquilosnas provas

■ Depoimentos indicaram nosestudantes um sentimento decolaboração e integração

■ Em 85% dos relatos foramencontrados elementos daaprendizagem significativa

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 47

Os demais alunos recebem um acréscimona nota, de acordo com o nível de ajuda ofe-recido ao grupo.

“Eu tinha uma turma com 250 estudantes, enas atividades extraclasse cerca de 50 colabo-radores. Ou seja, éramos 300! A inspiração paracriação do método se completou com a histó-ria dos 300 soldados espartanos que formavamuma unidade praticamente impenetrável por sedefenderem mutuamente”, contou Ricardo.

Fragelli é um adepto declarado das metodolo-gias ativas e colaborativas, que proporcionammomentos de maior interação e aprendizagem.“O dinamismo do mundo moderno e a facilidadede acesso à informação tornam inevitável a refle-xão do professor sobre sua aula. Como um estu-dante que acessa a todo momento mídias sociais,videoaulas, textos interativos, simuladores, jogoseducativos, pode se comportar em uma aula ba-seada apenas em exposição de conceitos?”

O resultado concreto do Trezentos foi umaturma com cumplicidade e engajamento, sus-tentando a transformação necessária para al-cançar uma aprovação de até 95%. “Temos umalista de espera de mais de 100 estudantes quedesejam se matricular na disciplina, e algunsviajam vários quilômetros do seu campus deorigem para participar”, contou, orgulhoso.

Atualmente, mais de mil professores em to-das as regiões do país utilizam o Trezentos, alémde outros dois métodos também criados por Ri-cardo: Rei da Derivada e Summaê.

Para a educação básica, o método pode seraplicado também em qualquer matéria, mes-mo aquelas sem um histórico de reprovações,a partir dos 8 ou 9 anos de idade, pois é ne-cessário formar os grupos de colaboração e as

crianças devem ter certa habilidade para osencontros do grupo. “Talvez seja possível tra-balhar com crianças menores, com 6 e 7 anos,mas ainda não temos resultados dos nossos co-laboradores nesse contexto”, explica.

Na Educação a Distância (EAD), o Trezen-tos também está sendo aplicado. Fragelli vêessa modalidade como libertador para as me-todologias colaborativas.

No Trezentos, assim como na grande massade novos métodos educacionais, o aluno é cadavez mais protagonista no processo de aprendiza-gem. A figura do professor, no entanto, ainda éfator primordial na sua opinião.

“Entretanto, o professor deve se sentir um in-tegrante do grande grupo, pesquisador da liber-dade, orientador de novos caminhos para aaprendizagem e uma ponte para novos sonhos.O aluno sem o professor é tal qual barco vele-jando em um oceano, com mil caminhos a se-guir mas talvez sem coragem e motivação parapercorrê-los, podendo se sentir livre, mas geral-mente se percebendo aflito.”

Aliás, é sob esse tom poético que Ricardosegue sua missão educacional. Movido pelodesejo de transformar seus alunos em homens emulheres melhores, ele se dedica a ajudar estu-dantes com dificuldades de aprendizagem a su-perarem obstáculos intransponíveis e seremexemplos para outros em situação semelhante.

Além de aprender a disciplina e ser aprova-do no final do semestre, a lição mais valiosaque não pode deixar de ser aprendida é, se-gundo o professor, “olhar para o colega comdificuldades de aprendizagem e saber que amelhor forma de aprender é ensinando, e umaforma nobre de viver é ajudando”.

CASEEDUARDO LAM

OUNIER

Fragelli em doistempos: de soldadoespartano em umadas edições doSummaê, abaixo àesquerda, e com osalunos durante umdos eventos dométodo Rei dasDerivadas, à direita

JUAREZ IMBUZEIRO

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48 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

MULTIPLICADORES

Escolas precisam se adaptar o quanto antes às necessidades dos estudantesda nova geração, que estão cada vez mais conectados

Fernanda Gomes

Educação 3.0

Aliar a tecnologia ao ensino vemsendo uma tendência educaci-onal nos últimos anos. Entretan-

to, apenas trazer elementos tecnológi-cos para a sala de aula não será sufici-ente para se enquadrar no formatochamado Educação 3.0. Para isso, é pre-ciso entender que a Educação 3.0 vempara sanar as necessidades de uma Soci-edade 3.0 — composta por pessoas maisconectadas, dinâmicas, inovadoras, commaior habilidade para resolução de pro-blemas e mais propícias ao compartilha-mento e a trabalhar em equipes.

De acordo com Carlos Nepomuceno,especialista em estratégia digital e autordo livro “Educação 3.0”, a maneira comose aprende e se ensina é influenciadapelo modelo de comunicação em práti-ca na sociedade. O especialista explicou

que já atingimos o terceiro modelo, queé a chegada do digital. “Com a chegadado digital percebo o surgimento de umanova linguagem, a linguagem dos clicks,em que se pode ter um novo modelo deeducação, totalmente diferente do queestamos vivenciando hoje. Esse modeloé a Educação 3.0, uma educação dentrodo digital”, disse.

Para Nepomuceno, embora muitoseducadores procurem colocar tecnologi-as em sala de aula, não é a internet queentrará na escola, e sim a escola que en-trará na internet. “Em um processo de lon-go prazo, estamos migrando para o novomodelo de educação que não é a educa-ção a distância, mas um processo basea-do no que chamo de ’wazerização’.” Eleexplicou que há três grandes linhas deraciocínio que a escola tem como fun-

ção: passar conteúdo, certificar e dar oroteiro de educação. Contudo, esses pro-cessos estão ganhando novos formatos.

Já existem hoje no ambiente virtualpropostas de novas formas de ensino. Umadas tendências é oferecer gratuitamenteo conteúdo e o estudante só pagar pelacertificação. Segundo Nepomuceno, essemodelo já é realidade — a redução daimportância de um conteúdo que está dis-ponível online. Outra tendência é a faltade necessidade da certificação. ”Cada vezmais as pessoas vão lidar com problemase a capacidade de serem solucionadoras;pouco importará se elas têm um deter-minado diploma ou não”, comentou.

Para o especialista, das três funçõescentrais da escola haverá uma grande de-manda no que diz respeito ao roteiro.Isso se dará por causa da maior procura

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 49

MULTIPLICADORES

O caminho para a Educação 3.0 e a escola bimodalSegundo Nepomuceno, confunde-se mui-

to a Educação 3.0 com uma mudança de me-todologia de ensino, assim como defenderameducadores como Paulo Freire. Entretanto, énecessário compreender que essas são linhasque foram construídas dentro do mesmo am-biente de comunicação, o ambiente 2.0. Onovo ambiente, o 3.0, é decorrência de umprocesso de transformação que vem ocorren-do na sociedade, por causa de uma mudan-ça de mídia.

Na visão do especialista o jovem está emuma escola não compatível com o que ele pre-cisa, e não é porque já domina aparelhos tec-nológicos que não precisa da escola. Pelo con-trário, precisam de uma educação, de umasérie de formações para viver no mundo atual.“Os jovens estão órfãos de educação; não es-tão sendo preparados para usar a internet. Du-rante o período escolar estão sendo formadospara uma época do livro, do caderno e da en-ciclopédia, e essa época já passou”, afirmou.

O caminho para migrar para a Educação 3.0é baseado em alguns conceitos. Segundo o es-pecialista, um deles é o conceito da Gartner (con-sultoria que desenvolve tecnologias relaciona-das à introspecção necessária para tomadas de

decisões assertivas) sobre a escola bimodal.“Essa escola continua funcionando como a

escola tradicional que temos hoje, mas cria umaárea separada para experimentar a nova cultu-ra. Essa área separada não se relaciona com aárea tradicional. É uma área nova, que criaráum modelo de educação que nada tem a vercom o modelo em prática. É uma ruptura.”

O que se tem, atualmente, é uma escola comdisciplinas não integradoras. A nova escola pre-cisa ser baseada em problematização, proporquestões e desafios a serem resolvidos. É a par-tir dessas questões que os estudantes agrega-rão o conhecimento necessário para a solução.

Nepomuceno ainda afirmou que a escola éuma ferramenta da sociedade, não tem um fimem si mesma mas, sim, o objetivo de formar oser humano. Se o papel da educação é prepa-rar pessoas para a sociedade que existe, preci-sa ser mais compatível com a realidade atualpara ser útil ao aluno. “As instituições de ensi-no que não acompanharem o modelo 3.0 es-tarão defasadas. A escola tradicional está per-dendo valor, e as novas práticas de educaçãoestão ganhando valor. Os países mais desen-volvidos irão, cada vez mais, migrar para essenovo formato”, disse o especialista.

Missão da escola 3.0“A Escola 3.0 será muito mais práti-

ca e com foco em soluções”, afirmou oespecialista. Nepomuceno reforçou queum aspecto importante é que as escolascomecem a estudar o futuro, ou seja,que tenham ferramentas para especularo que vem pela frente.

“Hoje, as escolas não oferecem essapossibilidade; há apenas aulas sobrepassado, através do ensino de História”.Para ele, é preciso estudar futuro por-que o mundo vem mudando rapidamen-

te, inovações vão acontecer o tempotodo e o ser humano precisará estar pre-parado para tomar decisões assertivas.

“Começar a ver as certezas e incer-tezas para o futuro para preparar os es-tudantes melhor e os tornar mais ino-vadores é uma missão dessa escola 3.0.Outra missão é ensinar as pessoas a tra-balhar com a abundância de informa-ção, filtrando e sintetizando melhoresse fluxo”, afirmou.

De acordo com Nepomuceno, para o

por “solucionar problemas”, e com isso surgi-rão questionamentos como: quem será o me-lhor professor? Qual o melhor ensino para apren-der a solucionar esse problema? Essas e demaisperguntas pedem a necessidade de um roteiroeducacional, sendo a linguagem dos clicks umadas formas possíveis para montar este roteiro.

“Através dos clicks posso fazer um curso,

avaliar, e outro estudante ver minha opiniãosobre o curso para decidir se quer fazer tam-bém. Vamos viver uma mudança para estabe-lecer essa passagem para o autoaprendizado”,explicou. Nepomuceno também afirmou quereduzir a importância do conteúdo, a não cer-tificação e o autoaprendizado são as macro ten-dências para os rumos da educação.

Brasil a inovação na educação é estraté-gica e fundamental, pois o setor no paísainda é muito caro. “É preciso investimen-to em inteligência artificial, em ferramen-tas de autoaprendizado e em modelos quedirecionem o talento do aluno e o queele precisa aprender. Com isso, o ensinoseria muito melhor e mais barato. O Bra-sil precisa de uma educação barata e demassa”, disse Carlos Nepomuceno, quetambém é especialista em Cidades 3.0,Administração 3.0 e Consumidor 3.0.

motivospara adotar oconceito deeducação 3.0

A sociedade caminhapara a direção 3.0, emum novo modelo decomunicação.

A escola padrão emvigor não atende esatisfaz as novasgerações.

É preciso formarpessoas para asdemandas dasociedade atual.

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50 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

ARTIGO

Escolas devem refletir‘espírito’ de seu tempo

Quem observa com atenção oDavi, de Michelângelo, vêmuito mais que um mito nu,de curvas perfeitas e expres-

sões quase humanas. É possível enxer-gar no mármore trabalhado o espíritode uma época: a cidade de Florença,que encomendou a obra, respirava artee o mundo ocidental se voltava para ohomem; a Ciência despontava, crédu-la, e o Novo Mundo começava a surgirno horizonte até então finito.

Seria possível um Davi ser esculpidocom tanto esmero, em outra época?Difícil responder. Mas para o filósofoprussiano Herder — que era um críticodo ideal alemão de “estética clássica”’,no século 18, essa façanha seria impos-sível. Para ele, a verdadeira arte vai sem-pre refletir o espírito de seu tempo — asua contemporaneidade. O Davi sóexiste graças àquele tempo. A esse con-ceito, de “espírito do tempo”, ele deu onome de zeitgeist.

Assim como a arte, a sociedade e asinstituições respiram o zeitgeist e se mol-dam de acordo com ele. Difícil imagi-narmos hoje ir a um banco sem passarpelo mínimo de tecnologia em redes esistemas (quando não usamos um ban-co online). Em geral, empresas priva-das e algumas áreas do setor público(como a da saúde) têm mais facilidadede acompanhar as características do quelhes é contemporâneo. Já instituições

voltadas a conservar mitos do passado— como igrejas e templos — são maisresistentes.

Estranhamente, o universo da educa-ção — por vocação e equívoco político— está mais próximo do grupo resisten-te à contemporaneidade. Esse parado-xo se torna possível porque escolas sãoinstituições que acreditam muitas vezesserem guardiãs únicas de conhecimen-tos seculares; algo bem próximo dasigrejas. Mais do que um conservadoris-mo, sob o ponto de vista da filosofia, éum comportamento retrógrado.

Voltando ao zeitgeist, pensemos naobra “Os Operários”, de Tarsila do Ama-ral, que data do começo do século 20,da primeira fase do modernismo brasi-leiro. Lá estão representados o começoda industrialização do Brasil e a expan-são das cidades. Os diversos operáriossão uma massa, apesar da singularida-de de cada rosto. O crescimento popu-lacional e também urbano da época éjustamente quando o ensino politécni-co francês começa a moldar o currícu-lo brasileiro - era necessária uma edu-cação em massa e técnica, voltada àsnecessidades daquele tempo.

O fato é que, de lá para cá, muito pou-co mudou na educação. O século 20,chamado pelo historiador Eric Hobsba-wn de “era dos extremos”, pela veloci-dade e quantidade de transformaçõesvividas nas sociedades do mundo, pare-

AlexandreLe Voci SayadPalestrante da Bett Educar2017, CEO da ZeitGeist –Educação, Mídias e Cultura,membro do conselho diretivoda GAPMIL – aliança globalem mídias e educação daUNESCO – Paris, autor delivros, entre eles “Idade Mídia– Comunicação Reinventadana Escola” (Editora Aleph) ecolaborador do portalQuem Inova

“INCRIVELMENTE SÃO POUCAS AS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO QUE NAVEGAM

POR ESSES MARES DA ATUALIDADE. NÃO

POR ACASO, A EVASÃO DE ESTUDANTES

NAS ESCOLAS PÚBLICAS É CATASTRÓFICA”

ce não ter sequer resvalado nas escolas.Mas qual será o zeitgeist de hoje,

2017? Há muitos aspectos a serem lem-brados. Nesse cenário é importante con-siderar que a internet e as redes sociaisdeixaram o mundo menor, pois estrei-taram a relação entre pessoas, fizeramo conhecimento circular velozmente,impactaram modelos econômicos, re-lativizaram direitos autorais, verdadesabsolutas e ajudaram a derrubar gover-nos — por outro lado, causam polêmi-ca e transformam vidas diariamente.

Incrivelmente são poucas as instituiçõesde ensino que navegam por esses mares daatualidade. Não por acaso, a evasão de es-tudantes nas escolas públicas é catastró-fica. Faz pouco sentido hoje ficar assis-tindo pílulas de cinquenta minutos deaula sentado em uma cadeira desconfor-tável enquanto a vida pulsa do lado defora dos muros — o sol que queima nocéu parece dizer “volte para a vida!”.Basta examinarmos os dados comparati-vos do Pisa para percebermos que essemodelo escolar antiquado não só expul-sa talentos, mas deixa de cumprir o prin-cipal objetivo a quem resiste a ele: não é

capaz de ensinar o mínimo.Entretanto, uma análi-

se qualitativa nos exem-plos de sucesso nos indicaque algumas escolas ousa-ram — derrubaram osmuros (virtuais, que sejam)e de fato se misturaram aoque chamamos de cotidi-ano. Gestores antenadosinvestiram em ferramentaspara escutar os estudantes,identificaram demandas,

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 51

ARTIGO

esboçaram um modelo de educação interes-sante e que fizesse sentido ao seu público e sepermitiram experimentar, na prática.

Num olhar sistêmico, transformações sig-nificativas em educação são calcadas em trêspilares: redesenho curricular, formação de pro-fessores e gestão. Cada qual deles dialogandocom o espírito do “agora”. É comum a essesexemplos, práticas como a produção de co-municação pelos estudantes, a arte permean-do os projetos, os modelos inovadores de aulae a tecnologia como ponta de lança das mu-danças. No caso das escolas particulares, asque ousaram mudar, evitaram a falência e cres-ceram no número de alunos.

Mas há um ponto crucial que indica se ainstituição em questão fez apenas uma refor-ma na fachada ou resolveu de fato se moderni-zar: ela estaria pronta para mais uma transfor-mação? Afinal, amanhã o zeitgeist será outro.Sua característica principal é independer devontade humana: ele não para nunca. É umespírito incontrolável, invisível e liquefeito.

A escola contemporânea deve imprimir noseu DNA a cultura de antenar-se ao “agora”,como uma prática sistemática. Em outras pala-vras, a instituição não segue a vida; mas é par-te dela, moldando-se às transformações.

Alexandre Le Voci Sayad será um dos palestrantes da Bett Educar 2017

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Aulas em 3D, plataformas adap-tativas, gameficação, movimen-to maker e tecnologia assistiva.

As ferramentas podem ser novas ou atémesmo desconhecidas, mas são simplesformas de investimentos educacionais,hoje fundamentais para avanços na for-ma de ensinar. Não à toa, os cinco exem-plos citados estão entre as startups maisprocuradas do Brasil, no momento.

Você já pensou em ensinar a biolo-gia do cérebro com uma imagem 3D?Imagine, então, tornar o aprendizado nasala de aula mais divertido, com gamesque fazem o aluno gostar de estudar?As mudanças não param por aí. Hojetambém é possível utilizar plataformas

Gustavo Portella

adaptativas, que proporcionam à esco-la traçar estratégias tendo por base asmaiores dificuldades dos alunos.

Há ainda o Movimento Maker, coma lógica do "faça você mesmo", incen-tivando o estudante a ser criativo e,quem sabe, no futuro trabalhar comisso. A inclusão de deficientes é outrapauta crucial, tendo em vista as milha-res de habilidades que esse tipo de alu-no pode trabalhar.

TTTTTecnologia 3D otimiza aprecnologia 3D otimiza aprecnologia 3D otimiza aprecnologia 3D otimiza aprecnologia 3D otimiza aprendizadoendizadoendizadoendizadoendizado

Aula de Biologia. O tema é o funci-onamento do cérebro do ser humano.O professor abre a apostila, desenha o

órgão na lousa e começa a falar da ma-téria. Essa forma de aprendizado está,literalmente, ultrapassada. Fatalmente,a mensagem poderá não ser transmiti-da perfeitamente, criando naquele alu-no até certo desinteresse.

Foi para mudar esse cenário que a Tec-nologia 3D em Educação entrou no Bra-sil para não sair mais. Por meio dela, essaaula, por exemplo, fica muito mais atra-tiva. O aluno já pode tocar o cérebro,fatiá-lo, ver por dentro, rotacioná-lo e atémesmo fazer experiências em laborató-rio. É outro nível de aula, não é mesmo?

E uma das empresas que oferecemesse serviço no país é a XD Education,já há quatro anos no mercado. Diretor

MERCADO

Aulas com tecnologias 3D, plataformas adaptativas e gameficação sãoas ‘must have’ do mercado atual. Saiba onde mais investir

5 setores para

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MERCADO

e responsável pelo projeto, Frank Azulay ex-plicou como a ferramenta foi criada.

"A nossa solução é baseada em computaçãográfica digital em 3D. Temos animações que pos-sibilitam ao professor ter uma explicação maiselucidativa, porque tira o abstrato. O aluno pegana molécula, na célula e nos fenômenos que en-contraria dificuldades de imaginar." Azulay acres-centou que não é necessário a escola ter grandeestrutura para adquirir a Tecnologia 3D: "Só pre-cisamos de um ponto de energia."

Personalização para o aluno e o gestorPersonalização para o aluno e o gestorPersonalização para o aluno e o gestorPersonalização para o aluno e o gestorPersonalização para o aluno e o gestor

O que guia as atividades implementadasnuma escola? As respostas podem ser variadas.Mas imagine traçar os métodos de ensino ten-do por base dados preciosos, tais como disci-plinas ou até mesmo assuntos em que os alu-nos têm mais dificuldades. Essa é uma das pos-sibilidades que uma instituição com platafor-

mas adaptativas pode ter.Entre as empresas que ofe-

recem esse serviço no Brasilestá a Geekie, com três solu-ções: Geekie Teste, Geekie Lab

e Geekie Games. O primeiroé uma ferramenta de avalia-ção externa que auxilia a to-mada de decisões pedagó-

gicas e a eficiência do ensino, gerando in-formações sobre o desenvolvimento cogni-tivo de cada aluno.

Essa plataforma, disponível para estudantesdo 5º ano do ensino fundamental até a 3ª sériedo ensino médio, permite que o gestor tomedecisões pedagógicas baseadas em dados con-cretos quanto ao desenvolvimento da rede, daescola, da turma e de cada aluno.

"São duas avaliações ao longo do ano, umadiagnóstica, no início do ano letivo, e outra nofinal, de caráter somativo", disse a diretora deRelações Institucionais, Laís Rocha.

O Geekie Lab, por sua vez, é uma plata-forma de apoio ao professor, que oferece vi-deoaulas, resumos e exercícios. Já o GeekieGames é um aplicativo de preparação para oEnem e vestibulares.

Games tornam ensino mais divertidoGames tornam ensino mais divertidoGames tornam ensino mais divertidoGames tornam ensino mais divertidoGames tornam ensino mais divertido

Cada vez mais instituições de ensino e pro-fessores têm buscado ferramentas para tornar asaulas atrativas, e chamar atenção dos alunos,hoje conectados e sensíveis a distrações. Umadelas, que cumpre bem esse objetivo, é a game-ficação — o aprendizado com a ajuda de ga-mes. Tal método tem funcionado, principalmen-te, para fazer o aluno gostar de estudar.

Uma das empresas que oferecem essa fer-ramenta é a Studica Solution,cujo desenvolvedor principal é

Hugo Campos. Segundo ele, oaluno é cercado de muitas obri-

gações chatas no ambiente estu-dantil, como provas, cursos extra-

curriculares e notas. Os games che-gam, então, para tornar tudo mais

interessante e divertido."Alguém nessa situação vive sob

pressão e com uma perspectiva po-bre de quem ele pode se tornar. Ao

aplicar a gameficação no ambienteescolar, a perspectiva do aluno muda

e, na verdade, ele deixa de ver quemele é e passa a ver quem ele pode ser",

assinalou Hugo Campos.Hoje, a Studica Solution está presente

em algumas escolas, registrando ganhos sur-preendentes. A empresa utiliza técnicas que

desafiam os alunos a adquirir experiências."Um dos nossos jogos chama-se Jogos Ecoló-gicos e inclui um minijogo que embaralha aslixeiras e pontua o jogador quando coloca olixo na lixeira correta, ajudando a ensinar aimportância da reciclagem."

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MERCADO

Movimento Maker cresce no BrasilMovimento Maker cresce no BrasilMovimento Maker cresce no BrasilMovimento Maker cresce no BrasilMovimento Maker cresce no Brasil

Entre os setores da Educação que mais crescemno Brasil está o Movimento Maker, com a lógica do"faça você mesmo". Tal cultura tem como base aideia de que pessoas comuns podem construir, con-sertar, modificar e até fabricar os mais diversos ti-pos de objetos e projetos com as próprias mãos, oque potencializa a criatividade.

Entre as empresas do setor está a Engenho Maker,que vem ensinando a prática a estudantes desde asprimeiras séries do nível médio até o doutorado. Elaoferece cursos de formação e qualificação para pro-fessores, gestores de espaços e educadores em geral.

"Temos aproveitado estas ocupações para obser-var, aprender e monitorar, com o olhar prático e cien-tífico, as nossas próximas ações", assinalou o cofun-dador do Engenho Maker, José Michel.

Hoje a empresa atua bastante na iniciativa priva-da, mas enxerga boas perspectivas no setor público."O poder público tem atuado, ainda que timidamen-te, na cultura maker, mas é inegável que existe umlongo caminho para boas políticas públicas no setor."

Inclusão de deficientes em vogaInclusão de deficientes em vogaInclusão de deficientes em vogaInclusão de deficientes em vogaInclusão de deficientes em voga

O número de deficientes nas escolas brasileirasaumentou. Dados do Censo Escolar do Instituto Naci-onal de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-xeira (Inep) mostram que de 2005 a 2015 o salto foi oequivalente a 6,5 vezes, já que o número de alunosespeciais subiu de 114.834 para 750.983. Tais infor-mações só mostram que a inclusão na Educação écada vez mais necessária, sendo exigidos investimen-tos por parte das instituições de ensino do país.

A Assistiva Tecnologia e Educação oferece servi-ços de inclusão de deficientes na área de Educa-ção. Diretora da empresa, Rita Bersch defende umnovo modelo de escola, incluindo deficientes. Porisso, a Assistiva dispõe de uma série de serviços,que servem para compor essa nova escola.

Entre eles, está o Atendimento Educacional Es-pecializado (AEE), destinado a deficientes que fre-quentam classes comuns do ensino regular. "NoAEE, acompanhamos o processo de escolarizaçãodos alunos à medida em que identificamos, comeles, as barreiras à participação e ao aprendiza-do", explicou Rita Bersch.

Com esse serviço, um jovem cego, por exemplo,pode ter acesso a tudo que lhe for descrito. Issoporque leitores de telas proporcionam autonomianas informações disponibilizadas a ele em formatodigital. Outro serviço é o de Tecnologia Assistiva,que possibilita ao deficiente fazer algo que tenhadificuldade, como se comunicar, mover, praticaresportes e usar computadores, por exemplo.

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Você certamente já ouviu falar emhackathon, buzzword no meiosacadêmico e empresarial. O ter-

mo em si vem da junção das palavrasinglesas "hack" (o ato de programar comexcelência) e "marathon" (maratona) etem alguns sinônimos como hackatona,hackathão, hack day, hackfest, codepar-ty ou codefest. Todos têm em comum aideia de uma maratona de programaçãoem que vários hackers se reúnem parapassar horas a fio desvendando dados,sistemas lógicos e desenvolvendo solu-ções para algum problema.

Mas a verdade é que uma hackathonvai bem além da programação: é um esfor-ço conjunto de conhecimento, interação,desempenho, otimismo e aprendizado quetem se mostrado bastante benéfico paraempresas, universidades e a sociedadecomo um todo, pois incentiva a superaçãoe o trabalho em equipe em prol de um bemmaior. A Campus Party Brasil, por exem-plo, organiza hackathons desde 2012.

"Ideias realmente inovadoras deman-dam tempo e esforço para atingirem umbom nível de maturação. E mais: comonormalmente nascem incompletas, po-

dem estar espalhadas em cabeças dife-rentes. Numa hackathon, cria-se o am-biente propício para que elas sejam me-lhor desenvolvidas e, com o trabalho emgrupo, os participantes colaboram comquem tem padrões mentais e percepçõesdiferentes dos seus. E isso impulsiona odesenvolvimento de soluções inovado-ras", explicou Tonico Novaes, diretor-geral da Campus Party Brasil.

Na #CPB10, realizada em São Paulono início deste ano, o PNUD (Programadas Nações Unidas para o Desenvolvi-mento) propôs uma maratona de desen-volvimento com o objetivo de encontrarsoluções tecnológicas para os "17 Obje-tivos de Desenvolvimento Sustentável(ODS)" dispostos pela ONU, e tambémcomo forma de fomentar o empreende-dorismo inovador. Foram mais de 1.300participantes e 51 projetos desenvolvi-dos nas 100 horas da Big Hackathon.

"O chamado da Campus Party foi paraque os jovens sintam o futuro. Unindocriatividade, tecnologia e inovação, fo-ram formuladas soluções práticas para aimplementação dos Objetivos de Desen-volvimento Sustentável, o que demons-

tra que um mundo mais justo e inclusivoem 2030 não é apenas desejável mas fac-tível", explicou Haroldo Machado Filho,assessor sênior do PNUD.

No ano passado, uma parceria entre aIBM e o Olhar Digital rendeu, em feverei-ro, a realização do "Hackathon Guru Ele-trônico" no campus da Universidade Ma-ckenzie, em São Paulo — o desafio foi de-senvolver um app de compras para fazerjus a R$10 mil em prêmios —, e em agos-to, no campus da Universidade Positivo,em Curitiba, a IBM se uniu à BRF para pro-mover o "Hackit" com o objetivo de criarsoluções tecnológicas inovadoras para a in-dústria de alimentos. Em maio, durante doisdias, o auditório Horta Barbosa do Centrode Tecnologia (CT) sediou o primeiro Ha-ckathon da UFRJ, no Rio de Janeiro.

Mais recentemente, em fevereiro, aUniversidade Castelo Branco (UCB) or-ganizou a "Hackathon Castelo de Solu-ções" na sua unidade Centro, tambémno Rio de Janeiro, com a participaçãode oito equipes de estudantes debruça-dos sobre soluções para a área de Saú-de por meio da EAD. Rogério Gomes,coordenador de Projetos Educacionais

Você precisaorganizar uma

Débora Thomé

MULTIPLICADORES

O que move esses grandes encontros de mentes inovadoras éo desafio. Mas o que não pode faltar é diversão e café

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Nos dias de hoje, em que inovar é cru-cial, esse tipo de encontro pode ajudar acriar e/ou reforçar a cultura de inovaçãodentro de uma corporação. Assim, ela setorna mais ágil, integrada e preparada paralidar com desafios. Mas como organizaruma maratona de programação?

Primeiramente, é importante iden-tificar, no caso das empresas, que tipode problemas são enfrentados no dia adia para então escolher quais projetosserão executados na ação. É fundamen-tal que a ideia seja clara, compreensí-vel e inspiradora. Depois, é preciso for-mar as equipes com os interessados emparticipar da maratona.

Algumas empresas fazem hackathonscom equipes extra-quadro. Nesse caso,os participantes podem ser convidadosou recrutados em faculdades, portais ounas redes sociais da companhia. É umaforma interessante de atrair boas men-tes. Sem falar que a prática ajuda, ain-da, a identificar novos recursos huma-nos, geralmente com o seguinte perfil:jovens universitários, solteiros, sem fi-lhos, pouco experientes, sem vícios cor-

Vontade de aprender e inovar: como fazer uma hackathonporativos e, o mais importante, muitodispostos a aprender e criar. Esses ta-lentos são diamantes brutos: se lapida-dos, tornam-se muito mais valiosos.

O evento define que os projetos devemcomeçar do zero, no ambiente da hacka-thon. Grupos de quatro ou cinco pessoasdevem ser montados, de forma prévia ouno decorrer das horas iniciais do evento. Aformação de grupos interdisciplinares éincentivada pela organização da marioriadesses eventos, pois assim há um conheci-mento mais abrangente em cada grupo, eum potencial maior a ser aproveitado.

Como os participantes vão trabalharininterruptamente durante muitas horas,o local deve ser confortável — os inte-grantes das equipes vão se revezar parater momentos de descontração, confrater-nização e descanso. E uma boa alimenta-ção — quesito que é um tanto relativo,pois programadores são movidos a café,pizza e bebibas energéticas — deve sergarantida. Ah, sim, é claro: a internet dis-ponível deve ser rápida e não cair, jamais.

É preciso, também, definir platafor-ma — que deve ser suficientemente es-

tável para produzir menos erros e pro-blemas e mais soluções — e APIs. Oscritérios de avaliação dos projetos de-vem ser transparentes e de conhecimen-to geral. Oferecer um bom prêmio podetrazer ainda mais motivação. E nem pre-cisa necessariamente ser dinheiro: umaexperiência diferenciada, mentoria ouum programa de aceleração costuma serbem interessante para iniciantes.

Fato inegável é que as hackathonstrazem vários benefícios: valorizam focoem resultados de curto prazo e geraçãode oportunidades de negócio, estimu-lam a integração, auxiliam na identifi-cação de diferentes soluções (e protóti-pos) para um mesmo problema a umcusto relativamente baixo. Se bem or-ganizada, a hackathon motiva e trans-forma a forma de pensar tanto dentroquanto fora da empresa. Poucos vencemas maratonas, mas todos deixam lega-dos de grande valia para a sociedadenesse processo. A real finalidade é con-tribuir, participar e evoluir.

E aí, já se sente preparado para orga-nizar uma hackathon?

A ‘Big Hackathon’realizada na Campus Partyde São Paulo, em janeirodeste ano, reuniu 1.300participantes em 100horas de busca porsoluções inovadoras

da instituição e organizador do evento, só vêvantagens na metodologia e já estuda um ca-lendário para realizar a segunda edição da UCB.

"Uma hackathon busca reunir jovens e adul-tos das mais diversas áreas e instigá-los a de-senvolver um projeto de solução inovador, se-

jam serviços, produtos, aplicativos. Não dei-xem de participar desses eventos, que são ex-tremamente importantes para suas futuras car-reiras, num mundo de soluções ágeis que exi-gem cada vez mais de profissionais com pen-samento rápido e inovador."

IGOR RÉGIS

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MULTIPLICADORES

Quem começou?A história registra a primeirahackathon em 1999, nos EstadosUnidos. Desde então, tornou-seuma prática popular e se espalhoupelo mundo

Qual é a proposta?O objetivo é estimular opensamento, o planejamento e aexecução da inovação

Quem faz?Empresas inovadoras (comoFacebook e Google) promovemhackathons com frequência, comoforma de exercitar a criatividadede seus colaboradores e, dequebra, obter soluções paraquestões do dia a dia

Quanto tempo?A duração pode variar de algumashoras a semanas; depende do gostodos proponentes e/ou patrocinadores

DIVULGAÇÃO / UCB

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ARTIGO

Que escolas e professoresirão formar os profissionaisda revolução digital?

Éfato. O mundo mudou em uma ve-locidade jamais vista nas últimasdécadas e isso deve-se ao avanço

da quarta revolução, a aclamada revo-lução digital. Mas e a escola, acompa-nhou este processo de mudança? É fácilobservar que ainda não. Muitos atores,inclusive, costumam dizer que temosalunos do século XXI, com professoresdo século XX e metodologias do séculoXIX, totalmente desconexas dos desafi-os do mundo contemporâneo.

Nossas instituições continuam a re-petir um modelo pedagógico que nãoestá acompanhando, com algumas ra-ras exceções, as transformações sociaise econômicas, o que poderá deixar pro-fundas feridas no desenvolvimento pro-fissional das futuras gerações se nãopassar por uma urgente revisão das prá-ticas pedagógicas.

Para se adaptar aos novos tempos epreparar nossos jovens, entendo que aeducação deve contemplar cinco prin-cípios elementares: promover oportuni-dades de aprendizagem significativa,mobilizar competências contemporâne-as, implementar metodologias ativas einovadoras, repensar os tempos e espa-ços de aprendizagem e fazer uso dosREAs (Recursos Educacionais Abertos).

As mudanças na educação passam,inexoravelmente, pela chamada Trans-formação Digital, que está levando cor-porações tradicionais, seculares, a se-rem obrigadas a rever seus modelos denegócios para alicerçá-los na inovação,sob o risco de perder a liderança parastartups engendradas na garagem, lide-radas por jovens nativos digitais.

São estes os talentos que terão su-

cesso profissional e as escolas preci-sam dispor de mentores (não profes-sores), recursos tecnológicos (valelembrar que o celular já incorpora arotina das crianças desde os primei-ros anos de vida) e uma cultura peda-gógica, da mesma forma, sustentadapela inovação.

Os efeitos dos recursos digitais naspráticas pedagógicas têm revelado umcenário desafiador para gestores e pro-fessores na medida em que a escola, daforma como foi concebida na era agrá-ria, já não atende mais as demandas domercado de trabalho, que, da mesmamaneira, está cruzando a ponte entre arevolução industrial e a revolução digi-tal, passando a exigir dos profissionaiso desenvolvimento de competênciasque vão muito além do curriculum con-vencional, pensado para formar traba-lhadores com habilidades técnicas que,provavelmente, servirão muito pouco apartir da próxima década.

Um estudo recente da consultoriaErnst & Young sobre o futuro do merca-do de trabalho concluiu que até 2025,ou seja, em menos de dez anos, a inte-ligência artificial deverá substituir umem cada três empregos, levando a ex-tinção especialmente de profissõesoperacionais, como atendentes de te-lemarketing, caixas de supermercado,corretores de imóveis, digitadores dedados e trabalhadores rurais.

Em contrapartida, ocupações quedemandem criatividade, inovação, ca-pacidade de empreender e conheci-mento tecnológico terão cada vezmais relevância e darão espaço parao surgimento de carreiras inimaginá-

Luciana AllanDiretora do InstitutoCrescer para a Cidadania eDoutora em Educação pelaUniversidade de São Paulo(USP) com especializaçãoem tecnologiasaplicadas à educação

As escolas do futuro precisam de mentores, tecnologiase uma cultura pedagógica sustentada pela inovação

veis antes do advento da internet edas tecnologias disruptivas.

Uma lista criada pela empresa detendências Sparks & Honey relacionaalgumas destas profissões que estarãoem voga em um futuro não tão distan-te. Não vai demorar muito para surgi-rem designers especialistas em impres-

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 59

ARTIGO

são 3D e realidade virtual, curadores digitais,consultores para recomendar aplicativos, har-dwares e softwares e condutores de drones,entre outros novos profissionais.

A Ernst & Young ainda aponta mais algunsprofissionais do futuro: o triber, cuja missão éunir pessoas de diferentes culturas e perfis pararealizar em harmonia um projeto comum; oprofessor freelancer, que dará aulas pontuaisfocadas nas necessidades e demandas de cadaaluno, inclusive por videoconferência; e os fa-zendeiros urbanos, dedicados à produção dealimentos orgânicos nas áreas urbanas.

Mesmo imaginando que muitas profissões,como as conhecemos hoje, não irão desapare-cer no futuro, não há dúvidas de que a tecno-logia irá exercer um papel preponderante emqualquer que seja a área de atuação; do agro-negócio à nanotecnologia, da engenharia aodireito, do jornalismo à medicina.

Há uma transformação digital em andamen-to, porém ela precisa acompanhar a velocida-de com que as novas oportunidades laborais

se configuram. Empresas e empreendedores es-tão sendo desafiados a incorporar em seus ne-gócios ferramentas de inteligência artificial, ro-bótica, big data, social media, e-commerce,analytics, mobile, geolocalização. A cada diaé um novo desafio e uma nova demanda paraconseguir se diferenciar em um mercado cadavez mais competitivo e volátil.

É preciso ter claro que a transição para estanova escola, digitalizada, interconectada, mul-tidisciplinar, que adote metodologias ativas e queatue além das fronteiras das salas de aula, nãoserá apenas uma consequência das revoluçõesque as tecnologias digitais estão trazendo paratodas as áreas do conhecimento. Mas sim, umanecessidade frente ao novo perfil de aluno que,conectado e tendo novos modelos mentais, exi-ge de seus professores que lhes apresentem de-safios e deem feedback permanente.

Sua escola e seus professores estão prontospara esta revolução?

Luciana Allan será uma das palestrantes da Bett Educar 2017

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Nunca a Educação esteve tãoinovadora como hoje. E nuncaalunos, pais, professores e ges-

tores escolares sentiram tanto essasmudanças globais como agora. Isso éfato. Além da adequação às Novas Tec-nologias de Informação e Comunicação(NTICs), houve ainda uma reforma namaneira como os conhecimentos são

Transformações tecnológicas e digitais que impactam o cotidiano dosestudantes devem ser consideradas para reinventar o ensino

Giulliana Barbosa

Educação inovadora

transmitidos. De um modelo ‘engessa-do’, o ensino foi mais além e tornou-setambém uma troca de pensamentos narelação docente x estudante. Esta é achamada Educação Inovadora.

O termo, ainda não totalmente con-solidado no Brasil, é definido pela mes-tre em Psicologia de Crianças e Adoles-centes pela University College London

Fernanda Furia como “uma nova men-talidade com relação às formas deaprender e de ensinar”. A também fun-dadora do Playground da Inovação ementora do Social Good Brasil, acres-centou. “A Educação Inovadora propõeum foco maior nas competências e nãotanto no acúmulo de informações. Ca-pacidade de tomar decisões, de resol-

TENDÊNCIA

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 61

TENDÊNCIA

ver problemas complexos, de ser mais criativo,de colaborar, de gerir as próprias emoções e dese comunicar adequadamente são exemplos decompetências essenciais para navegarmos nomundo daqui para frente.”

Já o psicólogo (especialista em Psicologia doDesenvolvimento aplicada à Administração e àEducação), administrador, conferencista e fun-dador da Ethos - Desenvolvimento Humano eOrganizacional, José Ernesto Bologna, comple-mentou. “Para o rito tradicional, a única cola-boração e cooperação do aluno era, e ainda é,ficar quieto, prestar atenção, absorver o conteú-do e a linguagem, e repeti-los quando solicita-do. Agora um ensina o outro e eles convivem,pesquisam, interagem, discordam, concordam,‘encrencam’, defrontam-se, confrontam-se...Tudo semelhante à vida como é fora da escola.”

Hoje em dia um aluno pode descobrir umainfinidade de conteúdos sobre um determina-do tema em minutos, na internet. O papel doprofessor como um transmissor de informa-ção não faz mais tanto sentido, de acordo comFernanda. “A partir de agora, o professor assu-me uma função ainda mais importante, no meuponto de vista, que é o de ser um mentor e umfacilitador do processo de aprendizado e deamadurecimento do aluno. Ele deve deixar ascrianças e adolescentes mais livres e autôno-mos nas suas escolhas de como vão aprendermelhor. Isso exigirá dos professores mais cria-tividade e uma formação diferente.”

Essa nova função assumida pelos docen-tes, porém, traz consigo alguns obstáculos,elencados por José Ernesto Bologna. “O mai-or problema enfrentado é a própria cristaliza-ção dos seus atuais e antigos hábitos e valo-res, e a sua resistência a mudar, após tantosanos de mesmas práticas consolidadas. Alémdisso, certamente a dificuldade mais profun-da é quanto às técnicas e os investimentos ne-cessários, que afetam os empreendedores egestores, além da resistência dos pais maisconservadores e, certamente, a coragem doslíderes de tomarem as iniciativas. Os únicosque não apresentam nem oposição nem difi-culdades relevantes, como sempre, são os alu-nos. Infelizmente, os menos consideradosquando se trata de educação.”

Mas afinal, quais são as contribuições queas Novas Tecnologias de Informação e Comu-nicação, bem como a globalização, trouxe-ram para o aprendizado dos estudantes e paraos professores? Para o fundador da Ethos, elassão imensas — algumas já atuais e em uso,outras ainda potenciais, mas já visíveis. “Do

lado positivo, esperançoso e otimista, assisti-mos à possibilidade de um salto civilizatóriosem precedentes que, na melhor hipótese, po-derá democratizar globalmente o acesso à in-formação; criar a possibilidade de cada indi-víduo aprender e opinar de forma extensa ede se construir ‘coletivos virtuais’ com suasantropologias próprias.”

Dentro deste contexto, Fernanda Furia acres-centou que algumas ferramentas tecnológicastêm contribuído para que a experiência educa-cional seja mais divertida, personalizada eefetiva. Ela mencionou, como exemplos,o MOOC (termo em inglês que significa“curso online aberto e massivo”); plata-formas adaptativas de ensino para per-sonalizar a aprendizagem; ferramentasde gestão educacional e de comunicação;celulares em sala de aula; livros digitais erealidade aumentada; simuladores de ex-periências; gameficação; jogos; tutoriaisonline; atividadesmaker; tecnologiasvestíveis; e outros ins-trumentos.

Enfim, muitas mo-dificações foram feitase tantas novas tecnolo-gias estão surgindo. Sóque, mesmo assim, aindahá desafios a serem supera-dos. Bologna elencou seis de-les: o professor, o aluno, o gestor,o pai, o estado e o incessante mo-vimento da história das culturas edas mentalidades. E concluiu: “Tra-ta-se de mudar essencialmente asala de aula tradicional nas dire-ções comentadas, tentando fazercom que o professor tradicionalsaia dela e colabore com o futuro,antes que ele ‘caia sobre sua pró-pria cabeça’. No Brasil, algumasescolas privadas, ‘de ponta’, já en-tenderam, aderiram e assumiramo desafio de se transformar. A mai-oria nem sequer percebeu com aprofundidade necessária o contex-to mundial em que já vivemos, econtinuarão condenando a simesmas e aos seus alunos a umatraso relativo perigoso. Normal-mente, em toda parte, leva tem-po. Aqui levará mais. A boanotícia é que podemos rever-ter isso”, apontou.

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62 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

cesso de reinvenção foi demorado e tra-balhoso, mas deu certo. A LIGA é umametodologia pensada totalmente a par-tir das necessidades dos alunos. Para che-garmos à LIGA 3.0, passamos pela LIGAe a LIGA 2.0. Criamos, testamos e ajus-tamos. Junto a isso, foi fundamental, eudiria, criar uma cultura forte, onde todosos colaboradores tivessem voz ativa nasdecisões tomadas. Algumas pessoas nãose adaptaram e acabaram ficando pelocaminho, mas isso é natural quando háuma proposta de mudança tão forte. Nofim, tudo deu certo", disse Bertolini.

Muitos foram os fatores, segundo oCEO — educador físico de formação, masum apaixonado pela educação e inova-ções —, que ajudaram nessa transforma-ção. Um deles, foi o uso da tecnologiacomo facilitadora do processo, perpassan-do por treinamentos constantes. Outro foium plano financeiro e de marketing bemestruturado. "Acreditamos que uma insti-tuição de educação precisa estar antena-da e se reinventando junto com a socie-dade. Estamos revolucionando a educa-ção e garantindo acesso. Nossa metodo-logia é muito melhor do que a de faculda-des consideradas de 'primeira linha', co-brando mensalidades que os alunos con-

orientadas para o aperfeiçoar competên-cias. "A palavra de ordem não é mais ‘en-sinar’; nosso foco é na aprendizagem",explicou Bertolini. Com isso, muda tam-bém o papel do professor, que deixa deser o centro do processo de ensino-apren-dizagem e passa a atuar como um medi-ador do desenvolvimento de habilidadese competências. Uma mudança inclusi-ve física, porque as aulas são desenha-das para serem ministradas por dois pro-fessores, em salas "duplas".

Ou seja, a LIGA mexe em duas figurascentrais do ensino tradicional: o professore a sala de aula. Uma verdadeira disrup-ção no processo de aprendizagem. "Nósfizemos reformas físicas nas nossas insta-lações no Engenho Novo. Todas as salasde aula foram readaptadas para a metodo-logia. Elas foram transformadas em um es-pelho do ambiente de trabalho, onde osalunos ficam divididos em grupos, em vá-rias 'estações', e o professor, no lugar dotradicional tablado na frente da turma, fica‘passeando’ pela sala", pontuou o CEO.

Uma grande transformação que nãofoi fácil e nem rápida. Envolveu a cria-ção de uma nova cultura interna, quepudesse permitir a contribuição e o en-gajamento de todos os atores. "O pro-

Era uma vez uma instituição de en-sino superior carioca que decidiuque precisava mudar para voltar a

ter relevância no mercado educacionalbrasileiro. Fundado em 1971, o CentroUniversitário Celso Lisboa fez uma gran-de reforma para criar um novo modelode ensino, que prepara os alunos para omundo moderno. Sua implementaçãojá rendeu os primeiros frutos: a satisfa-ção de alunos e professores e uma qua-lidade de ensino crescente.

"Foi um trabalho longo e pesado, masextremamente compensador quando ve-mos os resultados com vários finais fe-lizes. A Celso Lisboa mudou a forma depensar a educação. Com isso, mudamosa sala de aula, a relação professor-alu-no e o processo ensino-aprendizagempela experiência em projetos que simu-lam o mercado de trabalho. Enfim, mu-damos tudo para mudar o futuro dequem estuda aqui", disse Rodolfo Ber-tolini, CEO da Celso Lisboa.

A nova metodologia, chamada LIGA3.0, é centrada na inovação. No lugardas aulas tradicionais, meramente expo-sitivas, a LIGA 3.0 é baseada em proble-matizações e desenvolvimento de pro-jetos, com construção multidisciplinar e

O tradicional centro universitário de 46 anos resolveu se reinventar e criouuma nova metodologia de ensino para combinar aprendizado e tecnologia

Débora Thomé

LIGA 3.0

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CASE

seguem pagar. É emocionante ver um aluno novoentrar na sua sala de aula e se deparar com algopensado exclusivamente para ele, para prepará-lo para os desafios do mercado de trabalho."

O corpo discente é hoje formado por 7.500alunos, sendo 6 mil na graduação e 1.500 napós-graduação, e a instituição abriu sua primei-ra filial nesses 46 anos de existência. A nova uni-dade já está em funcionamento, no coração doCentro do Rio de Janeiro. O prédio de 14 anda-res comporta 3 mil alunos, e o campus, chama-do Escola de Negócios, é voltado para cursosexclusivos do setor. A previsão é que, os doiscampi juntos, possibilitem um crescimento de30% no faturamento da instituição. O que sig-nifica a entrada de algo em torno dos R$ 90milhões nos cofres do centro universitário.

E a Celso Lisboa — que conta com 16 cur-sos de graduação, 35 de pós-graduação e di-versos cursos de extensão, nas áreas de gestão,saúde e engenharia — tem planos para crescerainda mais nos próximos anos, conforme ante-cipou Bertolini. "Nosso objetivo é atingir amarca dos 10 mil alunos até o fim deste ano e,

em 2020, chegar a 20 mil. Também pretende-mos abrir uma nova filial, em 2018 ou 2019,na Zona Oeste, e lançar cursos EAD. Os pri-meiros devem ser Administração e Pedagogia,para os quais já estamos com processo de libe-ração em andamento." Para isso, o desenho fi-nanceiro é de investir R$ 20 milhões na cons-trução de três novos campi no município doRio e chegar ao fim de 2020 com um fatura-mento anual de cerca de R$ 200 milhões.

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TENDÊNCIA

Em todo o país, é crescente o nú-mero de escolas que têm atenta-do para os benefícios do uso den-

tro do processo educacional de uma tec-nologia a cada dia mais presente emnosso cotidiano: a automação, ou, emoutras palavras, robótica. A medida vaiao encontro da tentativa de se moldaruma nova escola, em sintonia com umasociedade cada vez mais digital. O ob-jetivo é proporcionar ao aluno ativida-des mais dinâmicas, em contraposiçãoàs práticas passivas do passado. Não hápara onde, nem porquê fugir. A robóti-ca veio para ficar na educação.

Professor da Faculdade de Educa-ção da Universidade de Brasília (UnB)e um dos coordenadores do projetoEducação Científica, Tecnológica e

A automação vem conquistando cada vez mais espaço como alternativa nosprocessos educativos do país, com destaque para o uso de robôs

Anderson Borges

Robótica

Matemática, Gilberto Lacerda desta-cou que a utilização da robótica naeducação é uma oportunidade de apli-cação de conhecimento na resoluçãode um problema.

“As atividades de robótica têm umafinalidade essencialmente prática. En-tão, ela auxilia a criança, os jovens, nacapacidade de planejar, de prever re-sultados, de se envolver em um proces-so de produção com começo, meio efim”, observou o especialista, que acres-centou ao seu uso o incentivo ao traba-lho colaborativo, uma vez que as ativi-dades nas escolas, em geral, são desen-volvidas em grupo.

Lacerda apontou, também, que a ro-bótica traz ainda uma série de vanta-gens cognitivas ao ativar regiões do cé-

rebro relacionadas à resolução de pro-blemas e à recuperação de informaçõesestratégicas para se avançar no desen-volvimento de projetos.

A informação é corroborada peloneuropsicopedagogo Wilson Bueno,que também é analista de sistemas es-pecializado em robótica e proprietárioda Roblocks, uma escola dedicada aoensino da tecnologia a crianças. “Aorealizar uma atividade de concentra-ção e pensamento lógico matemático,como é a programação, só que semrequisitos de alfabetização, como é onosso caso, a criança desenvolve no-vas sinapses, novas conexões entre neu-rônios”, explicou. E essa nova rede é oque melhora a capacidade de absorçãode conhecimento.

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 65

TENDÊNCIA

Segundo Bueno, os números falam por si.“Nós conseguimos reter aproximadamente10% do que lemos, segundo evidências ci-entíficas. E quando a gente faz uso do cons-trucionismo, que é aplicar esse aprendizadode maneira concreta e, se possível, com co-laboração, a retenção se dá na ordem de 80%daquele conteúdo.”

Gilberto Lacerda, da UnB, apontou que asprincipais possibilidades de uso da robótica naeducação estão em projetos de diferentes dis-ciplinas. “Um professor de Biologia pode sevaler da robótica para o desenvolvimento depequenos robôs para desenvolver tarefas rela-cionadas à disciplina. Robôs que controlem,por exemplo, a umidade de uma planta.” Paraele, essa interdisciplinaridade é o que podeaumentar a presença da robótica nas escolas,assim como o interesse dos alunos.

O especialista alertou, porém, para o im-portante papel do gestor da escola no incenti-vo ao uso desse recurso, assim como de quais-quer outras inovações. “O gestor é como a cai-xa torácica da escola. É onde bate o coração.Os elementos que a gestão da escola propõe,incentiva, fomenta, permeiam junto aos pro-fessores, perpassam a sala de aula”, afirmouLacerda. “A sensibilidade do gestor para as ino-vações pode transformar a escola.”

Mas como qualquer avanço tecnológico, hálimitações à sua implementação, com uma

delas sendo justamente a material. Os kits parao desenvolvimento da robótica nas escolas ain-da são muito caros. Na Roblocks, Wilson Bue-no busca superar esse obstáculo por meio douso de materiais alternativos.

“O que eu defendo é uma robótica livre,com o uso tanto de sucata, quanto de eletrô-nica, mas em menor escala, para ficar algoque de fato seja profissional. E não precisa-mos usar todos os conceitos matemáticos portrás da eletrônica, que são muitos. Utilizamosuma visão prática”, esclareceu. O analista desistemas destacou ainda que essas alternati-vas ainda aumentam as possibilidades de cons-trução, limitadas no caso dos kits industriali-zados. Com relação aos custos, já existem ini-ciativas no intuito de oferecer kits de robóticamais baratos, que permitam a adoção desserecurso com mais facilidade.

Na avaliação do professor da Faculdadede Educação da UnB, no entanto, a princi-pal limitação está relacionada com a capa-citação dos professores. “E a solução é com-plexa. Porque ela depende de formação ini-cial de qualidade, da vontade intrínseca doprofessor em dinamizar a sala de aula, o quenão é uma coisa evidente. Depende de ummovimento da escola como um todo: políti-cas públicas, gestão da escola e a gestão dasala de aula. São diferentes níveis”, afirmouGilberto Lacerda.

Competições estimulam o crescimento da RobóticaPara a professora do Laboratório de Inteli-

gência e Robótica Aplicada da Pontifícia Uni-versidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Karla Figueiredo, uma das razões para arobótica estar cada vez mais presente nasescolas é a realização de eventos como aOlimpíada Brasileira de Robótica

Além de proporcionar um ambiente pro-pício para que os alunos testem os seus co-nhecimentos na área por meio das ativida-des propostas nas competições, esse tipo deevento serve como cartão de visita da robóti-ca para pais e alunos que até então não ti-nham conhecimento da possibilidade deaprendizado da matéria nas instituições.

“Acho que sem iniciativas como essas, arobótica não estaria no nível que está hojenas escolas. E não só pela OBR. Há muitasoutras competições no país”, afirmou a es-pecialista, que é coordenadora da Olimpía-

da Brasileira de Robóticano Rio de Janeiro.

E o interesse pelascompetições é cada vezmaior. No ano passado, aetapa do Rio de Janeiro daOBR contou com 207equipes, número bastantesuperior às 131 registradasem 2015, que já havia sidoo dobro das que participaramum ano antes. Em 2016, foram3 mil equipes em todo o país, to-talizando 12 mil participantes namodalidade prática. Na modalidade te-órica, o número de participantes foi de 111mil, segundo a organização do evento.

Diversas equipes brasileiras já participamde competições internacionais, sagrando-se,inclusive, campeãs em diferentes categorias.

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66 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

ARTIGO

Lugar de designé na escola

Adespeito de com quem vocêconversa sobre educação, aopinião unânime é de que a

escola precisa se reinventar para ade-quar-se às demandas do mundo atual.

Pesquisadores af irmam que aquarta revolução industrial, impul-sionada por tecnologias como a in-teligência artificial, o aprendizadode máquinas e a fabricação digital,irá mudar radicalmente o panoramadas competências necessárias parater sucesso no mercado de trabalhonos próximos anos.

Com o mundo mudando cada vezmais rapidamente, habilidades comocriatividade, inovação, pensamento crí-tico, comunicação, colaboração, apren-der a aprender e resolução de proble-mas passam a ser vistas como habilida-des de suma importância para se tersucesso na economia de hoje.

Segundo o relatório The Future of Jobspublicado em 2016 pelo Fórum Econô-mico Mundial, as 3 habilidades mais es-senciais para nossa economia em 2020serão, em primeiro lugar, a resoluçãode problemas complexos, em segundolugar, o pensamento crítico e, em ter-ceiro lugar, a criatividade.

Formuladores de políticas públicas,teóricos e profissionais da educação re-

ferem-se ao ensino das “Habilidades doSéculo 21” como um caminho seguropara melhor preparar nossos alunospara o futuro.

Acontece que ensinar essas habilida-des ainda é um grande desafio. De acor-do com o relatório The Nature of Pro-blem Solving - Using Research to Ins-pire 21st Century Learning, publicadoem 2017 pela OECD - Organisation forEconomic Co-operation and Develop-ment, existe pouca pesquisa sobre al-gumas dessas habilidades do século 21,sendo algumas difíceis de definir ou es-pecificar para que sejam mensuradas.O relatório afirma também que, emmuitos casos, é ainda mais difícil acharmétodos para desenvolvê-las dentro dasala de aula.

Como os métodos deDesign podem ajudar?

Muitas pessoas quando pensam so-bre Design pensam logo em coisas tan-gíveis, como um carro diferente, umaroupa estilosa ou produtos bem dese-nhados. Mas assim como o mundo setornou mais complexo e mais produ-tos e serviços passaram a existir, o De-sign também se ampliou. Hoje desig-ners ajudam a projetar aplicativos e atémesmo a redesenhar a experiência de

HenriqueMonneratDesigner de produto,professor de design e sócioda consultoria educacionalFormula XYZ. Website:www.formulaxyz.com /Twitter: @hiquemonnerat

“A IDEIA DE QUE DESIGNERS SÃO CRIATIVOS POR

NATUREZA É UMA IDEIA ESTEREOTIPADA E ESTÁ

LONGE DE REPRESENTAR A FORMA COM QUE

DESIGNERS GERAM SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS”

sacar dinheiro em Banco.O que une o trabalho dos diferen-

tes perfis de designers é o aspecto deresolverem problemas que fazem omundo ficar melhor para as pessoas eo fato de utilizarem para isso uma sé-rie de métodos e mentalidades de tra-balho, hoje popularizados pelo termoDesign Thinking.

Minha experiência como Designerde Produtos e como Professor de cursosde graduação e pós-graduação em De-sign faz-me acreditar que os métodos eas ferramentas de design podem ajudarprofessores escolares a desenvolver emseus alunos muitas das habilidades doséculo 21 e, ainda por cima, despertarneles a sensação e a motivação no sen-tido de que eles podem fazer a diferen-ça no mundo.

Designers aprendem queprecisam aprender sempre

A maioria dos problemas de designnão tem uma resposta clara e imedia-ta. Para gerar a solução ideal para umproblema, o designer usa de empatiapara interagir com os envolvidos em umproblema, de maneira a extrair delessuas necessidades e motivações antesde produzir qualquer ideia de solução.Pegando o exemplo de um aparelho ce-lular, isso envolveria desde o cliente doproduto ao fabricante, o dono da mar-ca até o vendedor da loja que vende oscelulares. No início de um projeto dedesign, a natureza do trabalho do de-signer é investigativa e o desafio do de-signer é construir uma visão clara e pró-pria sobre o problema e a cada novoprojeto ele precisa aprender a apren-der de novo. Só aí já foram utilizadasuma série das habilidades do século 21,comunicação, pensamento crítico,

Como o Design Thinking pode ajudar apreparar alunos para o futuro?

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 67

ARTIGO

aprender a aprender, e nós nem chegamos àparte criativa de um projeto.

A criatividade do designerestá em conectar o saber e o fazer

A ideia de que designers são criativos pornatureza é uma ideia estereotipada e está lon-ge de representar a forma com que designersgeram soluções para problemas. Designers es-tudam campos do conhecimento análogos aosproblemas e aprendem a utilizar técnicas paraconectar conceitos aparentemente díspares, demodo a gerar ideias inovadoras. Finalmente,designers usam técnicas específicas para ex-perimentar e testar a adequação de suas idei-as à realidade das pessoas envolvidas. Atravésda geração de desenhos, storyboards, ence-nações, construção de protótipos e a constan-te apresentação destes para avaliação dos en-volvidos no problema, o designer é capaz devalidar suas ideias e integrar novos conheci-mentos às suas soluções.

Como é possível observar, designers exer-citam sua criatividade de maneira bastanteestruturada e sistemática, o que pode ilumi-nar o caminho de educadores interessadosem novas formas de ensinar criatividade aosseus alunos.

Pensar como um designer:uma habilidade do futuro

Com uma sociedade que está mudando cadavez mais rápido, precisamos ser criativos ao pre-parar jovens para os desafios do futuro. DesignThinking apresenta para o mundo a maneiracom que designers pensam e resolvem proble-mas. Os métodos, ferramentas e as abordagenspromovidas pelo Design Thinking exercitam ha-bilidades importantes para o século 21 e po-dem ser ensinados, como é feito todos os diasnos cursos de formação de designers. Uma vezadaptado às necessidades e aos requisitos doambiente escolar, o Design Thinking pode ofe-recer um processo estruturado para alunos de-senvolverem habilidades importantíssimas e ad-quirirem a confiança necessária para solucio-nar problemas e ter sucesso no futuro.

1 1 1 1 1 Csapó, B and J. Funke (eds.) (2017), The Nature of Problem Solving:

Using Research to Inspire 21st Century Learning, OECD Publishing,

Paris. http://dx.doi.org/10.1787/9789264273955-en

2 2 2 2 2 World Economic Forum (2016), The Future of Jobs Report - Employ-

ment, Skills and Workforce Strategy for the Fourth Industrial Revoluti-

on. http://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs.pdf último

acesso em 19/04/2017

3 3 3 3 3 Organismo que elabora a cada 3 anos o programa de avaliação da

educação PISA

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68 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

Criar espaço para que as novas ge-rações digitais encontrem umlugar para reescrever o “código-

fonte do mundo”. Essa é a proposta daCampus Party, considerada o maiorevento de tecnologia do Brasil e quechegou em 2017 à sua décima edição.

Em uma década, o evento se tornoureferência mundial, vendo seu públicosaltar de 5 mil para 80 mil visitantes eganhar edições regionais. Além da tra-dicional Campus nacional em São Pau-lo, o evento contará com edições emBrasília (14 a 18 de junho), Salvador (9a 13 de agosto) e Pato Branco, no Para-ná (14 e 15 de outubro).

A expansão não ficou somente no nú-mero de edições, mas também na im-portância dos debates promovidos e dastendências que norteiam esta era da re-volução digital — que vai desde o uni-verso das redes sociais ao conceito decidades inteligentes, discutido ampla-mente na edição deste ano. “Muita coi-sa mudou, cresceu e se transformou dedez anos pra cá. A forma de comunica-ção é diferente e a economia é diferen-te. O ser humano não quer mais só ter

posses, ele aceita compartilhar. A Cam-pus Party acompanhou todas essas trans-formações”, destacou o diretor-geral daCampus Party BR, Tonico Novaes.

De fato, bastam apenas alguns mi-nutos para perceber o que gira em tor-no da Campus Party. A divisão da feiraem temas e espaços atrai pessoas dediferentes áreas e faixas etárias paracompartilhar o fascínio pela tecnologia.Um dos destaques é a Área Open, ondeacontecem as ações de patrocinadoresdo evento, responsáveis por atrair gran-de público. Na edição deste ano foramrealizadas batalhas de robôs, corrida dedrones e uma espécie de “show de ca-louros” promovido pelo Sebrae quepremiou as melhores ideias de startups.

Mas o local que chamou atenção, doponto de vista criativo, foi a Arena ondeos campuseiros ostentam computadores

#CPB10 bateu recorde de público e comprovou: tecnologia e educação andam juntas

Igor Régis

Presidente do Instituto Campus Party,Francesco Farruggia: “Hoje a CampusSão Paulo é uma referência mundial”

EVENTOS

A Campus Party Brasil

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 69

potentes, rápidos e curio-sos, além de entrarem emcontato com empreende-dores, gamers, cientistas emuitos outros criativos. Nolocal também acontecempalestras e workshops comatividades relacionadas aInovação, Ciência, Culturae Entretenimento Digital. Ealém de tudo isso ainda háespaço para acampar, quenão se resume a dormir, jáque o evento fica movimen-tado 24 horas por dia.

O sucesso de adesão ede resultados da edição doBrasil é considerado pelosorganizadores como funda-mental para o desenvolvi-mento da Campus Party emtodo o mundo. “O Brasil émuito importante para nós.Havíamos feito Campus Par-ty somente na Espanha, enunca saído de lá. Entãomontaram toda uma estru-tura e fizemos a primeiraCampus Party no Brasil. Isso

abriu as portas, pois hoje temos em Cin-gapura, Estados Unidos, México, Colôm-bia, Chile, Holanda, Inglaterra, Portugale Itália. E tudo isso só se tornou realidadedevido a essa primeira campus fora daEspanha”, lembrou o presidente do Insti-tuto Campus Party, Francesco Farruggia.

“Hoje a Campus São Paulo é umareferência mundial. Quando você fazuma edição não significa que é somenteo evento, que dura uma semana, massignifica entrar em um circuito de ci-dades inteligentes e entrar no circuitomundial de tecnologia”, completou.

Para Farruggia, a Campus não dis-cute somente o futuro da tecnologia,mas o futuro da maneira de ensinar epassar conhecimento. “Robótica, pro-gramação e games. Tudo isso é o futu-ro da educação. Se dermos os materi-ais, os jovens conseguem fazer o quequiserem. Eles aprendem. Entram noYoutube, em fóruns, pesquisam noGoogle. É questão apenas de deixar osjovens fazerem. Deixem eles partici-par da criação, do processo. Isso farámais sentido.”

FOTOS: DIVULGAÇÃO Evento ressaltou a importância da inovaçãotecnológica na educação

Lousa, sala de aula, um orador, um gru-po de alunos e conteúdos passados

de maneira decorativa. Apesar de todosos avanços tecnológicos das últimas dé-cadas, a visão de escola do fim do séculoXIX ainda é a mesma no início do sé-culo XXI, isso porque o método de en-sino tradicional e centenário ainda nor-teia as bases curriculares e o sistemaeducacional brasileiro.

No entanto, um grupo de startupsvem criando plataformas com soluçõesinovadoras para modificar a sala de aulae as formas de aprender. Esses modelossão conhecidos como Edtechs, que comoo próprio nome diz unem educação e tec-nologia por meio de aplicativos, strea-ming, robótica e outros recursos.

Em evento realizado em São Paulo noúltimo dia 30 de março, essas startups seuniram a empresários, educadores, ins-tituições educacionais e profissionais dosetor no Edtech Class, cujo objetivo foiapresentar inovações e discutir a trans-formação da educação em meio a essecenário de revolução digital.

A ação contou com a participaçãoda CEO da Microsoft no Brasil, Paula Be-llizia, que juntamente com Gustavo Cae-tano, CEO da Samba Tech, empresa pi-oneira na distribuição de vídeos onlinena América Latina, falou sobre a impor-tância de se manter a cultura da inova-ção nas empresas. A inteligência artifi-cial também foi pauta do encontro.

“Nossa maior missão como grande cor-poração é democratizar a inteligênciaartificial, pois ela vai revolucionar aeducação”, destacou Paula.

Outros painéis contaram com empre-sas de tecnologia e grandes grupos edu-cacionais discutindo o papel da univer-sidade e a necessidade de fazer um ensi-no autodirigido. Caio Dib, fundador doCaindo no Brasil, agência de notícias es-pecializada em educação, destacou quea inovação na educação não depende ex-clusivamente da tecnologia, mas de ummétodo mais ativo, no qual o aluno tam-bém seja protagonista, e que evite o ex-cesso de informações repetidas. “A ideiade aprender muito apenas para caso umdia precisar é absurda”, opinou ele.

O Edtech Class também apresentou aopúblico alguns projetos inovadores já con-sagrados no mercado que trazem alter-nativas ao ensino convencional, como aUdacity, uma universidade online comfoco em cursos de programação e tecno-logia, o Qrânio, aplicativo que ensina pormeio de jogos, e o Beenoculus, startupque une realidade virtual e educação.

O evento encerrou com um panora-ma sobre a educação em países emergen-tes e a evolução do quadro nos últimos15 anos em todos os níveis — alfabetiza-ção, educação básica e nível superior. Anecessidade de se adaptar o ensino às ne-cessidades do mercado também foi pau-ta. (Igor Régis)

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Bett Educar 2017

Já configurada como o maior eventode tecnologia e educação da AméricaLatina, a Bett Educar 2017 — que acon-tece de 10 a 13 de maio na capital pau-lista — terá a inovação ainda mais pre-sente. O evento abre espaço para ativi-dades e discussões de temas atuais im-prescindíveis para o presente e futuro daeducação brasileira, como futurismo,robótica, inteligência artificial, realida-de virtual, ensino e aprendizagem emambiente de sala de aula inteligente,personalização do ensino, interdiscipli-naridade e a adoção do STEAM.

O tema central do Congresso Bett Edu-car será “Inovação – Novos Horizontespara a Educação”, ancorado por cincoeixos norteadores: Práticas de Sala de Aula,

Formação de Professores, Aprendizagem,Políticas Educacionais e Gestão. As pales-tras serão ministradas por especialistas na-cionais e internacionais, num total de 133atividades realizadas em sete auditóriosdiferentes, sobre 28 temas em cinco ses-sões diárias, além de palestras magnas aofim de cada dia. Também serão ministra-dos 21 cursos certificados, cada um comquatro horas de duração.

Acontecem ainda, em paralelo, a FeiraBett Educar — venha visitar o InovEducno estande 46-D —, com diversas ativi-dades gratuitas organizadas pelos expo-sitores; Bett Edup – Fórum de Liderançasde Educação Particular, conteúdos vol-tados para a gestão estratégica de esco-las privadas; Bett IES - Encontro de Insti-

tuições de Ensino Superior, realizado emparceria com a Abed (Associação Brasi-leira de Educação a Distância) e o Semesp(Sindicato das Entidades Mantenedorasde Estabelecimentos de Ensino Superiorno Estado de São Paulo), concebido paraatender aos interesses estratégicos de ges-tores do segmento; e o Espaço do Saber,que concentrará atividades pertinentesao setor público.

A Bett Educar é um evento inspiradona Bett Show Londres, referência globaldo segmento, organizados nos dois paí-ses pela Ascential Events, braço da Ascen-tial plc, empresa internacional de mídiabusiness to business com um portfóliovoltado para eventos líderes de merca-do, produtos e serviços de informação.

Evento inspirado em congresso britânico de tecnologias para a educaçãoterá duração de quatro dias, realizado em São Paulo

DATAS DE EVENTOS

AGENDA

BETT EDUCAR BRASIL 2017BETT EDUCAR BRASIL 2017BETT EDUCAR BRASIL 2017BETT EDUCAR BRASIL 2017BETT EDUCAR BRASIL 2017Data: Data: Data: Data: Data: 10 a 13 de maio

LocalLocalLocalLocalLocal: São Paulo Expo Exhibition & Convention Cen-

ter (antigo Imigrantes Expo) - Rodovia dos Imigrantes,

Km 1,5 – São Paulo-SP

Horário: Horário: Horário: Horário: Horário: das 9h às 19h

Site:Site:Site:Site:Site: www.bettbrasileducar.com.br

NEWSCHOOLS SUMMITNEWSCHOOLS SUMMITNEWSCHOOLS SUMMITNEWSCHOOLS SUMMITNEWSCHOOLS SUMMITData:Data:Data:Data:Data: 16 e 17 de maioLocal:Local:Local:Local:Local: Burlingame, CA (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: www.newschools.org/about-us/summitEncontro anual de inovação em educação realizadodesde 1999, aborda projetos e discussões em tornoda escola ideal para preparar estudantes a alcançaremseus mais ambiciosos sonhos.

II CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIASII CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIASII CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIASII CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIASII CONGRESSO SOBRE TECNOLOGIASNA EDUCAÇÃO (CTRL+E 2017)NA EDUCAÇÃO (CTRL+E 2017)NA EDUCAÇÃO (CTRL+E 2017)NA EDUCAÇÃO (CTRL+E 2017)NA EDUCAÇÃO (CTRL+E 2017)

Data: Data: Data: Data: Data: 18 a 20 de maioLocal:Local:Local:Local:Local: Universidade Federal da Paraíba (UFBP)Site:Site:Site:Site:Site: ctrle2017.dcx.ufpb.brEvento organizado pelo Departamento de Ciências Exa-tas (DCX) da UFPB para promover troca de ideias so-bre práticas e pesquisas que busquem compreender,

DIVULGAÇÃO

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72 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

AGENDA

melhorar e ampliar o uso da informática em proces-sos de ensino e de aprendizagem nos mais diferentescontextos para a educação na era digital.

VII JORNADA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAVII JORNADA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAVII JORNADA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAVII JORNADA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAVII JORNADA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAData:Data:Data:Data:Data: 27 de maioLocal:Local:Local:Local:Local: Unisa - Universidade de Santo Amaro - SãoPauloSite: Site: Site: Site: Site: eadfa7.blogspot.com.brNovidades do uso de tecnologias em educação adistância e discussão de temas como games e ga-mificação em educação, metodologias ativas, pro-dução de vídeo em EAD.

NANANANANATIONAL CHARTIONAL CHARTIONAL CHARTIONAL CHARTIONAL CHARTER SCHOOLS CONFERENCETER SCHOOLS CONFERENCETER SCHOOLS CONFERENCETER SCHOOLS CONFERENCETER SCHOOLS CONFERENCEData:Data:Data:Data:Data: 11 a 14 de maioLocal:Local:Local:Local:Local: Washington, D.C.Site: Site: Site: Site: Site: www.publiccharters.org/involved/national-charter-schools-conferenceEducar. Inovar. Empenhar. A conferência reúne oportu-nidades de networking e atualização por meio de pa-lestras e 130 sessões de cases nacionais.

CPBSB - CAMPUS PARCPBSB - CAMPUS PARCPBSB - CAMPUS PARCPBSB - CAMPUS PARCPBSB - CAMPUS PARTY BRASÍLIATY BRASÍLIATY BRASÍLIATY BRASÍLIATY BRASÍLIAData: Data: Data: Data: Data: 14 a 18 de junho

CONANECONANECONANECONANECONANEData:Data:Data:Data:Data: 15 a 17 de junhoLocal:Local:Local:Local:Local: BrasíliaSite:Site:Site:Site:Site: conane.pro.brConferência Nacional de Alternativas para uma Nova Edu-cação marcada para logo depois do ENA — encontrobianual de profissionais da educação alternativa de vári-os países das Américas, nos dias 12 e 13 de junho.

PBL WORLDPBL WORLDPBL WORLDPBL WORLDPBL WORLDData:Data:Data:Data:Data: 20 a 22 de junhoLocal: Local: Local: Local: Local: Napa Valley, CASite:Site:Site:Site:Site: www.bie.org/intro/pblworldUma das conferências preliminares no campo educaci-onal para o chamado Project Based Learning (PBL).Reúne workshops, palestras e oportunidades de con-tato com a comunidade que está transformando o en-sino e o aprendizado. Voltado para professores, ins-trutores e gestores.

ISTEISTEISTEISTEISTEData:Data:Data:Data:Data: 25 a 28 de junhoLocal:Local:Local:Local:Local: San Antonio, TX (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: conference.iste.org/2017Com o lema "educadores estraordinários merecem umdesenvolvimento profissional extraordinário", o even-to promete mostrar estratégias testadas e criadas pe-las mais brilhantes mentes ligadas ao edtech e co-nectar educadores inovadores, líderes corajosos e asmelhores companhias do mundo no setor.

NEW TECH NETWORK CONFERENCENEW TECH NETWORK CONFERENCENEW TECH NETWORK CONFERENCENEW TECH NETWORK CONFERENCENEW TECH NETWORK CONFERENCEData:Data:Data:Data:Data: 6 a 10 de julhoLocal: Local: Local: Local: Local: Saint Louis, MO (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: newtechnetwork.org/resources/new-tech-annual-conference-2017A conferência reunirá pensadores de ponta em perso-nalização do ensino. Na ocasião, será possível um ne-tworking com experts e colaborar com quem está dis-posto a superar os limites em projetos em diversas áre-as por meio de experiências autênticas desenvolvidasem escolas do século 21 que preparam alunos comhabilidades vitais para se tornarem cidadãos produti-vos na economia global.

MMMMMICROSOFT INSPIREICROSOFT INSPIREICROSOFT INSPIREICROSOFT INSPIREICROSOFT INSPIREData: Data: Data: Data: Data: 9 a 13 de julhoLocal: Local: Local: Local: Local: Washington, D.C (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: partner.microsoft.com/en-US/inspireO evento possibilita o encontro com parceiros e fun-cionários da Microsoft, além de especialistas da in-dústria. No ano passado foram 16 mil pessoas de todoo mundo reunidas no Microsoft Inspire, uma semanacheia de networking, aprendizado e colaboração.

BBWORLDBBWORLDBBWORLDBBWORLDBBWORLDData: Data: Data: Data: Data: 25 a 27 de julhoLocal: Local: Local: Local: Local: New Orleans, LA (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: bbworld.comMais um evento que pro-mete reunir as grandesmentes da educaçãopara trocar ideias, com-partilhar melhores prá-ticas e enfrentar os mai-ores desafios educacio-nais da atualidade.

DISTDISTDISTDISTDISTANCE TEACHINGANCE TEACHINGANCE TEACHINGANCE TEACHINGANCE TEACHING& LEARNING CONFERENCE& LEARNING CONFERENCE& LEARNING CONFERENCE& LEARNING CONFERENCE& LEARNING CONFERENCE

Data:Data:Data:Data:Data: 25 a 27 de julhoLocal: Local: Local: Local: Local: Madison, WI (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: dtlconference.wisc.eduInovação. Inspiração. Conexão. A conferência, emsua 33ª edição, garante ser o lugar para aprendercom os melhorese se envolver com profissionaisda educação mesmo distantes.

SERIOUS PLASERIOUS PLASERIOUS PLASERIOUS PLASERIOUS PLAYYYYYData: Data: Data: Data: Data: 26 a 28 de julhoLocal: Local: Local: Local: Local: Chapel Hill, NC (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: seriousplayconf.comA proposta do encontro é reunir criadores de ga-mes e profissionais visionários do ensino para con-versas críticas sobre o design de jogos educativos,além de compartilhar conhecimento. O objetivo éexplorar oportunidades e os desafios potenciais doensino baseado em jogos, além de melhorar a efi-cácia de programas já existentes, usando dados paraaprimorar o setor.

CPBA - CAMPUS PARCPBA - CAMPUS PARCPBA - CAMPUS PARCPBA - CAMPUS PARCPBA - CAMPUS PARTY SALTY SALTY SALTY SALTY SALVVVVVADORADORADORADORADORData:Data:Data:Data:Data: 9 a 13 de agosto

23º CIAED23º CIAED23º CIAED23º CIAED23º CIAEDData: Data: Data: Data: Data: 27 a 30 de setembroLocal: Local: Local: Local: Local: Florianópolis (SC)Site:Site:Site:Site:Site: www.abed.org.br/hotsite/23-ciaed/pt/apresentacao

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INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017 73

AGENDA

CP WCP WCP WCP WCP Weekend - Pato Brancoeekend - Pato Brancoeekend - Pato Brancoeekend - Pato Brancoeekend - Pato BrancoData: Data: Data: Data: Data: 14 e 15 de outubro

INACOL BLENDED & ONLINEINACOL BLENDED & ONLINEINACOL BLENDED & ONLINEINACOL BLENDED & ONLINEINACOL BLENDED & ONLINELEARNING SYMPOSIUMLEARNING SYMPOSIUMLEARNING SYMPOSIUMLEARNING SYMPOSIUMLEARNING SYMPOSIUM

Data:Data:Data:Data:Data: 15 a 18 de outubroLocal: Local: Local: Local: Local: Charlotte, NC (EUA)Site:Site:Site:Site:Site: www.inacol.org/symposiumA conferência anual é o evento líder da indústriapara o chamado K-12 com aprendizagem baseadaem competências, híbrida e online. Voltado paraeducadores, profissionais do setor e especialistas,além de políticos e pesquisadores que trabalhampara transformar a educação. O tema de 2017 será"Personalizar o aprendizado: igualdade, acesso,qualidade".

BETT LABETT LABETT LABETT LABETT LATIN AMERICATIN AMERICATIN AMERICATIN AMERICATIN AMERICAData: Data: Data: Data: Data: 27 e 28 de outubroLocal: Local: Local: Local: Local: Cidade do MéxicoSite: Site: Site: Site: Site: www.latam.bettsummit.comMais de 2 mil líderes e educadores de toda a re-gião participarão da 4ª edição da Bett América La-tina Summit e Expo para discutir as tendências,os desafios e progressos na tecnologia da educa-ção em todo o mundo, com enfoque particular emLatina América.

CPMG2 - CAMPUS PARCPMG2 - CAMPUS PARCPMG2 - CAMPUS PARCPMG2 - CAMPUS PARCPMG2 - CAMPUS PARTY MINAS GERAISTY MINAS GERAISTY MINAS GERAISTY MINAS GERAISTY MINAS GERAISData:Data:Data:Data:Data: 1 a 5 de novembro

BETT ASIABETT ASIABETT ASIABETT ASIABETT ASIAData:Data:Data:Data:Data: 15 e 16 de novembroLocal:Local:Local:Local:Local: Kuala Lumpur

EXCELINED NAEXCELINED NAEXCELINED NAEXCELINED NAEXCELINED NATIONAL SUMMITTIONAL SUMMITTIONAL SUMMITTIONAL SUMMITTIONAL SUMMITON EDUCAON EDUCAON EDUCAON EDUCAON EDUCATION REFORMTION REFORMTION REFORMTION REFORMTION REFORM

Data: Data: Data: Data: Data: 30 de novembro a 2 de dezembroLocal: Local: Local: Local: Local: Washington, D.C. (EUA)Site: Site: Site: Site: Site: www.excelined.org/national-summitOrganizado pela ExcelinEd, o evento será o primei-ro encontro nacional de reformadores da educação.Reunirá políticos locais, líderes educacionais e de-fensores com informações abrangentes sobre evo-lução das leis, tendências, políticas bem-sucedidase as últimas inovações que transformam a educa-ção para o século 21.

BETT SHOW 2018BETT SHOW 2018BETT SHOW 2018BETT SHOW 2018BETT SHOW 2018Data: Data: Data: Data: Data: 24 a 27 de janeiro de 2018Local: Local: Local: Local: Local: Londres, Inglaterra (Reino Unido)Site: Site: Site: Site: Site: www.bettshow.comCom o objetivo de criar um futuro melhor transforman-do a educação, a Bett London reúne pessoas, ideias,práticas e tecnologias para que os professores e alu-nos possam atingir todo seu potencial.

Congresso Rio Educaçãoreserva um dia dediscussões sobretecnologia em educação

O Congresso Rio Educação, organizado pelo Sindicato dos Esta-belecimentos Particulares de Ensino (Sinepe), terá na edição de 2017um formato especial. O evento, que será realizado nos dias 29 e 30de setembro no Windsor Barra Hotel, apresentará, no dia de aber-tura, palestras com temas voltados para a tecnologia.

O evento terá a participação de Valdemar Setzer, professortitular, aposentado mas ativo, do Departamento de Ciências daComputação da USP, e Tony dos Santos, professor, engenheiro e,atualmente, diretor-presidente da Nuvem Mestra, empresa par-ceira premier do Google Suite For Education no Brasil e exterior.Juntos, integram a mesa-redonda marcada para o dia 29, quedebaterá a utilização da internet e seus desdobramentos.

Valdemar fez segredo em relação aos assuntos que abordarádurante o debate. Mas garantiu que mostrará aos participantestrês argumentos inquestionáveis sobre o uso da internet porcrianças e adolescentes.

"Já há uma farta literatura científica corroborando minhas idei-as, e o público em geral já está começando a ver os desastresque a internet está causando nos jovens", reiterou.

Abordando o impacto das gerações Y e Z (millenials) nasinstituições de ensino, Tony Santos, falará sobre as necessida-des de se adequarem às características desses jovens, que vêmtransformando modelos de família e refe-rências sociais.

"Falarei também das minhas vi-sitas a instituições de ensino noexterior e as inovações tecno-lógicas que elas aplicam naeducação", disse, ao ressal-tar que proporá uma dis-cussão com os demais par-ticipantes sobre os desa-fios a serem superadospela Educação.

O evento também pre-miará os alunos que par-ticiparão do concurso deredação promovido peloSinepe Rio, cujo tema será"O mundo digital e a rein-venção do humano". A com-petição destina-se a alunos dos8º e 9º anos do ensino funda-mental e de todas as séries do en-sino médio das escolas particulares as-sociadas ao sindicato.

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74 INOVEDUC | Folha Dirigida | maio 2017

NOTAS

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(Unesco) lançou, no início de abril, uma publicação que aborda iniciativasdo Brasil, Chile, Uruguai, da França e Argentina para medir o impacto das

novas tecnologias de informação e comunicação(TICs) em projetos pedagógicos.

O livro “Experiências Avaliativas de TecnologiasDigitais na Educação”, editado em parceria com aFundação Telefônica Vivo, objetiva fomentar o deba-te sobre a importância de monitorar programas deeducação relacionados ao mundo digital.

A publicação reúne as vivências de especialistas nosdiferentes países. Os parceiros esperam, com isso, auxi-liar no levantamento de custos e mostrar os benefíciosreais da introdução de novas tecnologias em sala de aula.

■■■■■ LIVRO DA UNESCO COMPILAEXPERIÊNCIAS DAS TICS NA EDUCAÇÃO

■ ■ ■ ■ ■ CONEXÃO VELOZ

Um acordo de cooperação foi assinado entre o Mi-nistério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu-nicações e o governo de Pernambuco para ampliar edesenvolver o backbone (rede de transporte de da-dos) da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)no estado.

A RNP é responsável por levar internet de alta ve-locidade via fibra óptica a instituições de ensino ecentros de pesquisa. Em alguns locais do Nordeste,incluindo Pernambuco, o acordo de cooperação prevêo fornecimento de velocidade de 100Gpbs, o que re-presenta mil vezes a velocidade máxima da redemóvel (4G).

■■■■■ MERCADO EM MOVIMENTO

A Somos Educação, maior empresa de educação básica do país, agora é dona da startupbrasileira AppProva. Fundada em 2012, a startup mineira já havia recebido investimentosde empresas como o fundo de venture capital eBricks, braço digital do grupo RBS, além deter sido acelerada por grupos como a Fundação Lemann e o Google.

Esse é mais um exemplo de como novas tecnologias desenvolvidas por startups podem transformar omodelo educacional atual.

Dona de marcas como Anglo, Ática e Red Balloon, a Somos Educação adquriu a startup depois que elaatingiu 8 mil escolas cadastradas na preparação de estudantes para grandes exames como Enem, Enade eOAB, entre outros.

O valor da transação não foi informado. Ao contrário da negociação da Studiare — plataforma de customizaçãode operações acadêmicas —, adquirida recentemente pela Kroton, outra gigante do mercado educacional, porpouco mais de R$4 milhões.

■■■■■ ESTUDO MUNDIAL REVELA:ALUNOS DE E-LEARNING SÃO ‘SOLITÁRIOS’

A plataforma de ensino online GoConqr divulgou, em abril, um estudo chamado “OnlineLearning Landscape Report”, onde revela que 79% dos usuários que estudam online preferemfazê-lo individualmente. A pesquisa mostrou também que, apesar do grande uso de redessociais pelos jovens, apenas 21% dos usuários do GoConqr fazem grupos de estudos.

Com 3.288.370O usuários de Boston a São Paulo, o GoConqr mostrou um crescimento doaprendizado colaborativo nas redes, apesar de a pesquisa revelar a preferência pelo estudo indi-vidual — um aumento de 38% do número de usuários cadastrados em grupos na GoConqr,entre abril e outubro de 2016.

O Brasil, por sinal, está acimada média, com mais de 30%dos usuários participando degrupos. Países como ReinoUnido, Estados Unidos e Aus-trália têm em média 20%.

■ ■ ■ ■ ■ CURSO SOBRE IOT

Leu nossa matéria de capa e ficou interessado em aprofundar seus conhecimen-tos em “Internet das Coisas”? O Code IoT, curso online e aberto ao público, estácom uma agenda até o fim do ano para ensinar programação, eletrônica básica edesenvolvimento de aplicativos Android.

Os cursos são gratuitos, graças auma parceria entre o LSI-TEC (Labo-ratório de Sistemas IntegráveisTecnológico) e a Samsung. Para par-ticipar, inscreva-se no site www.codeiot.com.br.

A proposta do Code IoT é que osalunos criem seus próprios objetosinteligentes para resolver problemasdo mundo real. As principais téc-nicas e tecnologias voltadas ao de-

senvolvimento de aplicaçõesem “Internet das Coisas” se-

rão incluídas no curso, como aprogramação de jogos e anima-ções, montagem de circuitos ele-trônicos e criação de aplicativospara dispositivos móveis.

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