galinha caipira - sistema alternativo

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    Sistema Alternativo de Criao de Galinha Caipira

    Tradicionalmente, as criaes domsticas de galinha caipira, praticadas nasunidades agrcolas familiares, se caracterizam pela sua forma de exploraoextensiva, na qual inexistem instalaes, bem como, a adoo de prticas de

    manejo que contemplem eficientemente os aspectos reprodutivos, nutricionaise sanitrios. Tal fato resulta em ndices de fertilidade e natalidade reduzidos.

    A alta mortalidade das crias, principalmente nas primeiras semanas de vida,aliada a um baixo desempenho das aves caracterizam uma atividade de baixaeficincia produtiva. Os problemas sanitrios tambm representam umobstculo ao sucesso da atividade, alm de consistirem em uma fonte potencialpara disseminao de doenas, em funo da convivncia das aves comoutros animais ou com pessoas no mesmo ambiente. Todos esses fatorestornam a criao de galinhas caipiras uma atividade incapaz de satisfazer snecessidades alimentares das famlias e, muito menos, de gerar lucro.

    Entretanto, a criao de galinhas caipiras uma atividade cujo mercado muito promissor, uma vez que, comumente, a oferta desse produto menor doque a demanda. Alm disso, a sua comercializao pode ser efetuada de mododireto (produtor-consumidor), ou com a existncia de, no mximo, umintermedirio, tornando compensadores e bastante atrativos os preos dosprodutos para o produtor.

    Dessa forma, a Embrapa Meio-Norte, por intermdio de sua equipe tcnica,idealizou um sistema alternativo de criao de galinhas caipiras, que consiste

    numa tecnologia dirigida ao agricultor familiar, capaz de organizar de formagerenciada a atividade de criao destas aves. Esse sistema alternativo decriao melhora a qualidade de vida das famlias, seja pela maior oferta decarne e ovos de qualidade na sua alimentao, seja pela possibilidade devenda do excedente, uma vez que aumenta de forma substancial e eficiente, acapacidade produtiva do plantel.

    Esse sistema est sendo validado na Comunidade Boi Manso, Regenerao,PI e consiste em um conjunto de tcnicas em que so empregadosprocedimentos simples e de fcil assimilao, que racionalizam a atividade semoner-la, utilizando mo-de-obra familiar ao longo de todo o ano, promovendo a

    fixao do homem no campo. O processo de validao est sendo efetivadomediante implantao de um ncleo modelo (unidade central) e por meio domonitoramento de oito ncleos perifricos (unidades perifricas) implantadospelos membros da comunidade assistida. Dentre as metas almejadas com aimplantao desse sistema destacam-se os seguintes:

    Atingir um desempenho produtivo e econmico superior ao dos sistemastradicionais, obtendo taxa de postura de 65%, taxa de fertilidade e deecloso de 85%, taxa de mortalidade de, no mximo, 10% e terminaodos frangos com aproximadamente 2,0 kg de peso vivo, aos 120 dias deidade.

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    Disponibilizar fontes de protena animal capazes de proporcionarmelhoria na dieta alimentar dos agricultores e de seus familiares e dosconsumidores.

    Diversificar as fontes de renda e empregar mo-de-obra familiar.

    A seleo das matrizes pode ser feita com base no plantel j existente, do qualso aproveitadas fmeas em fase de pr-postura, filhas de matrizes deconhecido desempenho produtivo. Recomenda-se, entretanto, que sejamintroduzidos reprodutores provenientes de outros plantis, que apresentem boacapacidade reprodutiva, adaptabilidade ao ambiente e ao sistema de manejoempregado, alm de um porte compatvel com o das matrizes, possibilitando oestabelecimento de um plantel no consangneo e capaz de atingir altosndices de produtividade.

    1 - Instalaes e Fases de Criao das Aves

    O sistema alternativo de criao de galinhas caipiras preconiza a construo deinstalaes simples e funcionais, a partir dos recursos naturais disponveis naspropriedades dos agricultores, tais como madeira redonda, estacas, palha debabau, etc. (Figura 10). O principal objetivo dessa instalao oferecer umambiente higinico e protegido, que no permita a entrada de predadores e queajude a amenizar os impactos de variaes extremas de temperatura eumidade, alm de assegurar o acesso das aves ao alimento e gua.

    Figura 10. Instalaes recomendadas para o sistema alternativo de criao de galinhascaipiras.

    Tais instalaes consistem em um galinheiro com rea til de 32,0 m2 edivises internas destinadas a cada fase de criao das aves: reproduo(postura e incubao), cria, recria e terminao (Figura 11). A rea dogalinheiro deve ser dimensionada de modo a proporcionar boa ventilao,luminosidade, drenagem, facilidade de acesso e disponibilidade de gua. O

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    piso deve ser revestido com uma camada de palha (cama) de 5 a 8 cm deespessura, distribuda de forma homognea, podendo-se utilizar vriosmateriais como maravalha ou serragem, palha, sabugo de milho triturado oucasca de cereais (arroz). A remoo e substituio da cama, bem como, adesinfeco do avirio com cal virgem devem ser peridicas.

    Figura 11. Planta baixa das instalaes para o sistema alternativo de criao de galinhascaipiras.

    Com exceo da rea destinada incubao e cria, as demais divisesinternas devem permitir o acesso a piquetes de pastejo, com dimensesvariveis, capazes de atender s necessidades das aves e de abrigar todo o

    plantel de cada fase de criao (Figura 12). Os piquetes devem ser cercadosde material semelhante ao utilizado no galinheiro e que seja capaz de evitar aentrada de predadores.

    Figura 12. Esquema da disposio das reas de pastejo do sistema alternativo de criao degalinhas caipiras.

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    A fase de reproduo se caracteriza por apresentar uma relao macho/fmeade 1:12, cujas aves devem possuir idade entre 6 e 24 meses. O peso vivoestabelecido para os machos deve ser de 2,0 a 3,5 kg, enquanto que, para asfmeas, de 1,6 a 2,5 kg. A substituio dos reprodutores deve ser semestral,tendo em vista que, tambm, a cada semestre, ocorrer a reposio das

    matrizes, que so oriundas do mesmo plantel e, portanto, filhas do reprodutorem servio.

    Nessa fase de criao, a instalao deve ter subdivises destinadas posturae incubao. Esse artifcio permite um maior controle sobre a postura, evitaperdas com a quebra de ovos, proporcionando-lhes maior higiene emanuteno de sua viabilidade.

    Na subdiviso de postura, as aves permanecem em regime semi-aberto, naqual a rea coberta de 3,75 m2, equipada com 2 a 4 ninhos de 0,35 m x 0,35m, 1 bebedouro de presso e 1 comedouro em forma de calha. O enchimento

    dos ninhos deve ser feito com o mesmo material utilizado na cama do avirio. Area de pastejo destinada a essa fase de 40,0 m2, onde as avescomplementam sua alimentao. A fase de postura dura aproximadamente 15dias, ao longo da qual o nmero de ovos por matriz varia de 10 a 14. Por suavez, na subdiviso de incubao, as aves que estiverem incubando seus ovos(chocando) permanecem em regime fechado, em uma rea de 2,25 m2,equipada com 3 a 4 ninhos de 0,35m X 0,35 m (Figura 13), 1 bebedouro depresso e 1 comedouro em forma de calha. O perodo de incubao dura 21dias, aps o qual, as matrizes devem retornar imediatamente para a diviso depostura onde, aps 11 dias de descanso, iniciaro um novo ciclo de postura.

    Figura 13. rea destinada postura, no sistema alternativo de criao de galinhas caipiras.

    No sistema de incubao natural, em que a prpria galinha quem choca osovos, um ciclo reprodutivo dura 47 dias. O nmero de ovos a ser chocado porcada matriz pode variar de 12 a 15, de acordo com o tamanho da mesma.Entretanto, possvel se utilizar chocadeiras eltricas as quais, embora

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    representem um custo adicional ao sistema de produo, podem ser adquiridasde forma coletiva. Seu maior benefcio, porm, consiste na reduo do cicloreprodutivo das matrizes para 26 dias, visto que, aps a fase de postura, asmesmas entram diretamente no perodo de descanso.Tal fato resulta em umaumento do nmero de ciclos anuais por matriz, passando de 7 para 13.

    Na fase de cria, os pintos permanecem desde o seu nascimento at os 30 diasde idade, em uma rea coberta de 2,25 m2, equipada com 1 comedouro tipobandeja e 1 bebedouro de presso. Essa diviso d acesso a um solrio de 2,0m2. Torna-se imprescindvel nesta fase a proteo trmica dos pintos, alm dofornecimento de gua e alimento. Nesta fase, tambm, se d incio aosprocedimentos para imunizao do plantel.A fase de recria inicia-se na quarta semana (aos 31 dias de idade dos pintos) ese estende at os 60 dias de idade, com os pintos permanecendo em regimesemi-aberto, em uma rea coberta de 3,75 m2, equipada com 2 bebedouros depresso e 2 comedouros em forma de calha. Nessa fase, embora a fonteprincipal de alimento seja a rao devidamente balanceada, a alimentao das

    aves pode ser complementada mediante uso de um piquete de pastejo comdimenso de 20,0 m2. O reforo na imunizao do plantel torna-se muitoimportante.A fase de terminao inicia-se aos 61 dias e estende-se at os 120 dias deidade, quando as aves apresentam peso vivo de aproximadamente 1,8 kg,estando prontas para o abate. A rea coberta destinada a essa fase de 20,0m2, equipada com poleiros, 4 bebedouros de presso e 4 comedouros emforma de calha (Figura 14). Nesta fase, as aves tm acesso a um piquete depastejo de 1.800,0 m2, o qual pode conter gramneas como a Brachiariahumidicola, alm de fruteiras como goiabeira, cajueiro e mangueira, queserviro como uma importante fonte de alimento, em complementao raofornecida.

    Figura 14. Diviso da rea de terminao no sistema alternativo de criao degalinhas caipiras.

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    2 - Manejo Produtivo

    Expectativa de Produo e Forma de Abate de Aves

    Para a estabilidade do plantel de um mdulo de criao de galinhas caipiras

    deve ser levada em conta a mortalidade mxima aceitvel de 10%, ficando oplantel assim configurado:

    01 reprodutor com 6 a 24 meses de idade. 12 matrizes com 6 a 24 meses de idade. 63 a 97 pintos em fase de cria (1 a 30 dias de idade). 60 a 92 pintos em fase de recria (31 a 60 dias de idade). 112 a 174 frangos em fase de terminao (61 a 120 dias).

    A variao no nmero de animais nas fases de cria, recria e terminaodecorre do tipo de sistema de produo adotado, que pode ser com incubao

    natural ou artificial (chocadeira). Na unidade modelo da Comunidade BoiManso, o mdulo de criao conduzido no sistema de incubao naturalapresentou, no perodo de janeiro a julho de 2002, resultados bastantesatisfatrios (Tabela 15).

    Tabela 15. Evoluo do plantel de aves no sistema alternativo de criao de galinhas caipiras,no perodo de janeiro a julho de 2002, na Comunidade Boi Manso, Regenerao, PI.

    O monitoramento da evoluo do plantel de aves uma ferramentaextremamente importante para se ter o controle dos fatores que podemcomprometer o sucesso da atividade. Por meio das informaes coletadas eanalisadas periodicamente, o criador pode gerenciar de forma mais eficiente asua criao, visto que, encontra meios para detectar possveis falhas ouproblemas que podem ocorrer ao longo das diferentes etapas da criao.

    Dessa forma, a fim de facilitar a coleta de informaes referentes a entradas e

    sadas de animais do plantel (nascimento, compra, morte, venda e consumo),bem como, aos dados de postura e incubao, podem ser utilizadas fichas deacompanhamento simples, conforme modelos:

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    Ficha 1. Modelo de ficha para controle mensal do plantel de galinhas caipiras.

    Categoria Estoque

    inicial

    Entrada Sada Estoque

    finalNascidos Compra Morte Consumo Venda

    Reprodutores

    Matrizes

    Pintos 130

    Pintos 3160

    Frangos 61-150

    Total geral

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    Ficha 2. Modelo de ficha para controle mensal de postura de galinha caipira.

    CONTROLE DE POSTURA MS____________/___________

    Nome: __________________________________________

    Comunidade: ______________________________________Municpio:__________________________________________

    Dia Postos Consumidos Vendidos Perdidos Incubados

    01

    02

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    TOTAL

    Ficha 3. Modelo de ficha para controle mensal de incubao de galinha caipira.

    CONTROLE DE INCUBAO MS_____________/___________

    Nome: ____________________________________________

    Comunidade: ______________________________________

    Municpio:__________________________________________

    Incubao Ovoscopia Ecloso Ovos

    cheios

    Ovos

    secosDia Ms Ovos Dia Ms Ovos Dia Ms Pintos

    01

    02

    03

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    06

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    TOTAL

    As aves prontas para o abate e destinadas comercializao so, em sua

    maioria, entregues vivas em restaurantes locais ou repassadas a terceiros(intermedirios ou consumidores finais). Mesmo assim, o abate uma prticacomum realizada pelos agricultores, quando as aves se destinam ao consumodomstico. Nesse caso, devem ser observados os aspectos higinicosadequados e os procedimentos necessrios para a obteno de carne de boaqualidade, principalmente com relao ao sabor, cor e textura. O abate emmaior escala requer uma observao mais criteriosa, que atenda aos requisitosda vigilncia sanitria, inclusive com relao manipulao dos resduos queatraem outros animais, como moscas, roedores e alguns carnvoros, alm deprovocarem mau cheiro e de contaminarem o ambiente.

    No perodo que antecede ao abate, recomenda-se deixar as aves em repouso,suspendendo, seis horas antes, o fornecimento de alimentos slidos a fim deevitar o rompimento dos intestinos e a contaminao da carcaa. Deve-setambm levar em considerao a disponibilidade de gua, a limpeza do local edos instrumentos que sero utilizados na escaldagem, depenao e corte dasaves, bem como, o uso de utenslios adequados para recepo de sangue,vsceras, penas e rejeitos.

    A fim de reduzir o sofrimento e a dor da ave durante a sangria, recomenda-serealizar a dessensibilizao, que pode ser obtida pelo desnucamento ou pelaperfurao da base da nuca. Nesse processo importante a conteno

    adequada da ave, para que no ocorram fraturas ou mesmo contuses quecomprometam a qualidade da carcaa, alm de facilitar a sangria. A sangriacompleta melhora a tonalidade da carne e possibilita a sua melhorconservao.

    Para a depenao das aves, recomenda-se que a gua esteja a umatemperatura de 65C, na qual a ave deve ser imersa por aproximadamentecinco minutos. Esta operao permite a retirada total das penas e pele daspernas e ps, sem causar danos carcaa.

    Aps a depenao, a carcaa dever ser lavada em gua corrente, quandoestar pronta para ser cortada e ter suas vsceras retiradas. O primeiro cortedeve ser feito no final do pescoo, possibilitando a extrao do papo e esfago.Um outro corte na regio da cloaca, permite a retirada das vsceras (moela,fgado, intestinos e outros). Cuidados especiais so necessrios para manter aintegridade de rgos que contenham alimentos e fezes. Aps essa operao,realiza-se uma nova lavagem da carcaa, tanto externa como internamente emgua corrente, deixando-a escorrer por 15 minutos.

    Para acondicionamento e armazenagem das carcaas, recomenda-se autilizao de sacos plsticos que permitam acomod-las com suas respectivas

    vsceras. Para armazenar o produto por perodos inferiores a 48 horas pode-serefrigerar a carne a uma temperatura de 2 a 8C. Para perodos maiores, por

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    estabelecida uma cobertura vacinal, alm do uso de antibiticos (Tabela12).

    Para o controle das doenas parasitrias, alm da limpeza deequipamentos e instalaes deve-se, tambm, estabelecer um plano decontrole de endo e ectoparasitas, que depender do monitoramento das

    condies das aves (Tabela 12).

    Tabela 12. Esquema de controle de doenas patognicos e parasitrias nas diferentes fasesdo desenvolvimento das aves.

    4 - Manejo Alimentar

    Tem como objetivo principal suprir as necessidades nutricionais das aves emtodos os seus estgios de desenvolvimento e produo, otimizando ocrescimento, a eficincia produtiva e a lucratividade da explorao, j que ocusto com alimentos representa 75% do custo total de produo.

    O manejo alimentar proposto para o sistema alternativo de criao de galinhas

    caipiras prev a integrao das atividades agropecurias, com oaproveitamento de resduos oriundos da atividade agrcola. Tal fato no spermite a reduo dos custos de produo, como tambm, a agregao devalores aos produtos, pois utiliza resduos agrcolas, como a parte area damandioca (folhas), que normalmente so abandonados no campo,transformando-os em protena animal. Alm da parte area da mandioca, que rica em protena, possvel se utilizar as razes de mandioca, suas cascas ecrueiras, que so subprodutos da fabricao da farinha e da goma demandioca (Figura 15).

    Figura 15. Fontes alternativas de alimento para a criao de galinhas caipiras.

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    Outra fonte de alimento rico em protena que normalmente poucoaproveitada, embora apresente enorme potencial para a alimentao degalinhas caipiras, o farelo de arroz, cujos teores de protena bruta so deaproximadamente 15%. Este produto resulta do processo de beneficiamentodos gros de arroz para consumo, sendo relativamente fcil de ser obtido,

    principalmente nas unidades agrcolas familiares que adotam o sistema decultivo do arroz.

    Por serem animais no ruminantes, as aves exigem que os alimentoscontenham pouca fibra vegetal e sejam fornecidos de forma balanceada edevidamente triturados, a fim de facilitar a digesto. Alimentos fibrososapresentam baixa digestibilidade, elevam os custos e atrasam odesenvolvimento das aves. Dessa forma, a dieta deve ser estabelecida deacordo com a exigncia nutricional de cada fase do seu desenvolvimento,sendo que a formulao da rao deve ser feita com base nos teores deprotena apresentados por cada um de seus componentes, na sua eficincia

    alimentar (Tabela 13).

    Tabela 13. Exemplo de uma rao formulada a partir de vrios ingredientes e considerando-seas diferentes fases de desenvolvimento das aves.

    Alm dos produtos indicados, podem-se utilizar vrios outros produtos, comofonte alternativa de alimentos para as aves, tais como fenos de feijo-guanduou leucena, ou vagens modas de faveira (Parkia platicephala), que umaespcie abundante no Piau. No caso de se utilizar qualquer uma dessas fontesde alimento, os seus teores de protena devem ser considerados, a fim de

    permitir a formulao correta das raes e proporcionar um desempenhoadequado das aves, conforme Tabela 14.

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    Tabela 14. Desempenho esperado para as aves no sistema alternativo de criao de galinhascaipiras.

    Os clculos para estimativa de desempenho advm da evoluo zootcnica da

    espcie, onde com base no consumo de rao (CR) e do ganho de peso (GP)de cada fase ou de todo o ciclo reprodutivo estima-se, tambm, a conversoalimentar (CA), que a razo entre as duas variveis inicialmente citadas.

    5 - Manejo Reprodutivo

    Consiste em uma srie de prticas que visam melhorar a eficincia do plantel,mediante cuidados com as aves (matrizes e reprodutores) e com os ovos.Algumas recomendaes relacionadas seleo e ao acondicionamento dosovos devem ser feitas aos criadores, a fim de orientar e gerar subsdios para aimplementao dessa atividade de forma mais eficiente.

    medida que ocorre a postura dos ovos, os mesmos devem ser recolhidos,limpos com pano mido e receber a inscrio do dia da postura. Em seguida,so selecionados de acordo com o tamanho e qualidade da casca. Os detamanho mdio devem ser destinados incubao e os de tamanho grande epequeno, ao consumo e/ou comercializao. Recomenda-se o seuacondicionamento em temperatura ambiente por no mximo sete dias, desdeque estejam em local arejado. J em geladeiras, podem ser acondicionadospor um perodo de at trinta dias. A posio de acondicionamento dos ovosdeve ser alterada constantemente, para que no ocorra aderncia da gema casca.

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    Tanto na incubao natural como artificial, os critrios de seleo eacondicionamento dos ovos so muito importantes. O procedimento de analisaros ovos durante a incubao (ovoscopia) possibilita, aps os primeiros dez diasde incubao, o recolhimento dos ovos no galados. A ovoscopia consiste emobservar o interior do ovo atravs de uma fonte de luz em ambiente escuro.

    Neste procedimento, percebe-se defeitos da casca (rachaduras edespigmentao), duplicidade de gema e presena de elementos estranhos.No caso da incubao, observa-se o desenvolvimento do embrio.

    6 - Custos

    Este sistema de criao foi desenvolvido para atender s necessidades deagricultores familiares de baixo poder aquisitivo. Dessa forma, suas instalaese seu modo de funcionamento foram dimensionados de forma que estejam aoalcance desses agricultores, pois preconiza a utilizao de materiais baratos ecompostos, em sua maioria, por recursos naturais existentes em suas

    propriedades (Tabela 16).

    Tabela 16. Valores oramentrios das obras e equipamentos referentes as instalaes dosistema alternativo de criao de galinha caipira.

    Entretanto, o sistema prev a utilizao de alguns equipamentos, comobalana e triturador de forragem, os quais, embora representem um adicionalconsidervel no custo total, podem ser adquiridos por meio de associaes,

    reduzindo consideravelmente o valor a ser empregado por cada agricultor, visto

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    que uma nica unidade destes equipamentos suficiente para atender adiversos mdulos de criao.