edição de setembro de 1999

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Page 1: Edição de setembro de 1999
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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 1

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias e artigos assinados nãoexpressam necessariamente a opinião darevista e são de inteira responsabilidade

dos autores.A sua reprodução ou aproveitamento,mesmo que parcial, só será permitida

mediante a citação da fonte e dos autores.

S e ç õ e s

ISSN 0103-0779

3 e 49 a 11

1223 a 25

2544 e 4553 a 57

60

Agribusiness ............................................................................Registro .................................................................................Novidades de Mercado ..................................................................Flashes ................................................................................Lançamentos Editoriais .................................................................Pesquisa em Andamento ..........................................................Entrevista .............................................................................Vida Rural - soluções caseiras .........................................................

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17

20

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39

46

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50

T e c n o l o g i a

Cultivares de pereira japonesa com frutos de película marrom:‘Housui’ e ‘Kousui’Artigo de Ivan Dagoberto Faoro e Shigeru Shiba .................................................

Gomose dos citros no Oeste CatarinenseArtigo de Luiz Augusto Ferreira Verona, Armando Corrêa Pachecoe Giovanina Fontanezzi Huang ..............................................................................

Teste de procedências e progênies de Eucalyptus viminalis Labill naregião Oeste de Santa CatarinaArtigo de Paulo Alfonso Floss, Dorli Mário Da Croce,João Augusto Müller Bohner e Antônio R. Higa ..................................................

Efeitos da rotação de culturas sobre o rendimento e qualidade dabatata no Litoral Sul CatarinenseArtigo de Simião Alano Vieira, Antonio Carlos Ferreira da Silvae Darci Antônio Althoff ........................................................................................

Avaliação de cultivares de milho e sorgo para ensilagem no Alto Vale do ItajaíArtigo de Jefferson Araujo Flaresso, Celomar Daison Grosse Edison Xavier de Almeida ..................................................................................

Prevalência de agentes da tristeza parasitária bovina embovinos de corte na região de clima Cfb – SCArtigo de Celso Augustinho Dalagnol, Edison Martins e Cláudio Roberto Madruga

Situação mundial e brasileira da cultura da pêraArtigo de Ivan Dagoberto Faoro, Roque Hentschke e Shigeru Shiba ....................

Bovinocultura catarinense: análise dos indicadoresArtigo de Ulisses de Arruda Córdova, José Antônio Ribas Ribeiroe Mário Luiz Vincenzi ...........................................................................................

R e p o r t a g e m

Pequena agroindústria gera empregos no Alto Vale do ItajaíReportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari .......................................................

Piscicultura atrai produtores rurais catarinensesReportagem de Paulo Sergio Tagliari ...............................................................

5 a 8

26 a 32

O p i n i ã o

Em busca do dinheiro perdidoEditorial ................................................................................................................

Carcinicultura: atividade emergente no Sul CatarinenseArtigo de Inácio Trevisan ......................................................................................

Código de Defesa do consumidor: nove anos protegendo o cidadãoArtigo de Paulo Sergio Tagliari .............................................................................

2

58

59

Com este número a revista AgropecuáriaCatarinense está fechando a sua 47a edição.

Neste ocasião destacamos as reportagenssobre piscicultura e pequenas agroindústriascatarinenses e as matérias técnicas: a situaçãomundial e brasileira de pêra, a gomose do citrosno Oeste Catarinense, o efeito da rotação deculturas sobre o rendimento da batata e o uso domilho e do sorgo para ensilagem, entre outras.

Se você já é nosso assinante, pense se nãoestá na hora de renovar a sua assinatura. Se não,saiba que estamos aguardando a sua proposta.Suas críticas e sugestões também serão bem--vindas.

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2 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

Edi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia lEdi tor ia l

REVISTA TRIMESTRAL COMITÊ DE PUBLICAÇÕES TÉCNICAS:PRESIDENTE: Osmar de MoraesSECRETÁRIO: Jorge BleicherMEMBROS: Airton Rodrigues Salerno, Antônio Carlos Ferreirada Silva, Carlos Leomar Kreuz, Celso AugustinhoDalagnol,Gilson José Marcinichen Gallotti, Jean Pierre Rosier,Jefferson Araujo Flaresso, Roger Delmar Flesch, YoshinoriKatsurayama

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Airton Spies, Antonio Carlos Ferreira da Silva, CanutoLeopoldo Alves Torres, Claudio Granzotto Paloschi, FredericoDenardi, Heuzer Saraiva Guimarães, Jean-Pierre Henri JosephDucroquet, Juarez José Vanni Müller, Luís Carlos RobainaEcheverria, Luís Claudio Fossati, Osvino Leonardo Koller, PedroPaulo Suski, Robert Henri Hinz, Rubson Rocha, Valério PietroMondin, Valmir José Vizzotto

JORNALISTA: Homero M. Franco (SC 00689 JP)

ARTE-FINAL: Janice da Silva Alves

DESENHISTAS: Vilton Jorge de Souza, Mariza T. Martins

CAPA: Osni Pereira

PRODUÇÃO EDITORIAL: Daniel Pereira, Janice da Silva Alves,Maria Teresinha Andrade da Silva, Marlete Maria da SilveiraSegalin, Rita de Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, VâniaMaria Carpes

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

COLABORAÇÃO ESPECIAL : Maria Salete Rogério Elias

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e Zulma MariaVasco Amorim - GMC/Epagri, C.P. 502, fones (0XX48)239-5595 e 239-5536, fax (0XX48) 239-5597, 88034-901Florianópolis, SC.Assinatura anual (4 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE : Florianópolis: GMC/Epagri - fone (0XX48)239-5673, fax (0XX48) 239-5597 - São Paulo, Rio de Janeiroe Belo Horizonte: Agromídia - fone (0XX11) 259-8566, fax(0XX11) 256-4786 - Porto Alegre: Agromídia - fone (0XX51)221-0530, fax (0XX51) 225-3178. Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis:

Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 -TrimestralEditada pela Epagri (1999- )1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa Catari-

nense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II. Empresade Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE SETEMBRO DE 1999

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação da Empre-sa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa CatarinaS.A. - Epagri , Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, CaixaPostal 502, fone (0XX48) 239-5500, fax (0XX48) 239-5597, 88034-901 Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, Internet:http://www.epagri.rct-sc.br, E-mail: [email protected]

CONSELHO DE MARKETING E COMUNICAÇÃOPRESIDENTE: Ainor Francisco LotérioSECRETÁRIO-EXECUTIVO: Celívio HolzMEMBROS: Darvil Sérgio Brum, Eonir Teresinha Malgaresi deGóis, Francisco da Cunha Silva, Glauco Olinger, Homero MiltonFranco, Irdes Teresinha Piccini, José Oscar Kurtz, Luiz CarlosVieira da Silva, Marília Hammel Tassinari, Márcia Corrêa Sampaio,Nazareno Dalsasso Angulski

EDITORAÇÃO: Editor-Executivo: Celívio Holz, Editores-Assis-tentes: Jorge Bleicher, Marília Hammel Tassinari, Paulo SergioTagliari

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura.

ISSN 0103-0779

Em busca do dinheiro perdidoEm busca do dinheiro perdidoEm busca do dinheiro perdidoEm busca do dinheiro perdidoEm busca do dinheiro perdidoNo passado distante, lá pelos idos de 40,

a pesquisa agropecuária era, praticamente,realizada pelo Governo Federal através deinstitutos, de abrangência regional, e esta-ções experimentais com menor alcance e demenor porte. A rede nacional era subordi-nada ao Ministério da Agricultura. AlgunsEstados tinham seus próprios institutos, aexemplo do Instituto Agronômico de Cam-pinas - IAC, em São Paulo, que chegou a sero mais famoso de toda a América Latina.

Para a difusão de técnicas de trabalho eprodução, o Ministério da Agricultura man-tinha nos Estados os serviços de fomentoagrícola incumbidos de distribuir gratuita-mente, emprestar ou revender, a preço decusto, sementes, adubos, máquinas agríco-las e outros fatores de produção aos produ-tores rurais. Nos Estados, as Secretarias deAgricultura mantinham serviços própriosde fomento, na mesma linha de ação.

A pesquisa e a assistência técnica priva-das praticamente inexistiam. Ambas eramfinanciadas pelo poder público.

Na mesma década citada o paternalismodo fomento agropecuário oficial começou aser contestado, quando surgiu a Associaçãode Crédito e Assistência Rural - Acar emMinas Gerais, com uma nova proposta:ajudar as famílias rurais prestando-lhesassistência técnica, econômica e social atra-vés de processos educativos, sempaternalismo e sem proselitismo político--partidário, características que fundamen-tavam os serviços de extensão rural. O bomexemplo da Acar fez nascer um órgão naci-onal, a Associação Brasileira de Crédito eAssistência Rural - Abcar, uma associaçãocivil sem fins lucrativos, de direito jurídicoprivado, que passou a colher recursos fi-nanceiros nacionais e internacionais paracustear os serviços de extensão que passa-ram a ser implantados nos Estados. A pre-sença financeira da Abcar representava de40 a 60% dos orçamentos das Acar estadu-

ais. Na proporção em que cresciam os recur-sos destinados à extensão, diminuíam as ver-bas destinadas às atividades de fomento agrí-cola do Ministério e das Secretarias de Agri-cultura.

Na década de 70, após um levantamentorealizado pela Abcar, constatou-se que osinstitutos e as estações experimentais de pes-quisa tinham muito pouca informação dispo-nível e útil para os agricultores familiares. Asurpreendente revelação anulava a afirma-ção de que “havia muitos resultados de pesqui-sa engavetado porque a extensão não os divul-gava”. Foi esta a causa que levou Cirne Lima,então ministro da Agricultura, a criar a Em-presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -Embrapa, empresa pública de direito jurídicoprivado, com a principal missão de executarpesquisas aplicadas, delegando às universida-des a maior parcela de responsabilidade rela-cionada à pesquisa básica ou pura. A Embrapaabsorveu toda a rede de pesquisa do Ministé-rio da Agricultura.

Em 1975, sob o falso argumento de asse-gurar recursos financeiros permanentes, foicriada a Empresa Brasileira de AssistênciaTécnica e Extensão Rural – Embrater, tam-bém empresa pública de direito jurídico priva-do, para substituir a Abcar, que por esse eoutros motivos foi extinta.

Alisson Paulinelli, então ministro da Agri-cultura, prestigiou a Embrater, que nos pri-meiros oito anos de vida teve fartos orçamen-tos. Tal fato reduzia, ainda mais, o orçamentodos serviços de fomento, tanto no nível federalquanto nas remessas para as Secretarias deAgricultura dos Estados.

Os recursos federais destinados à pesqui-sa através da Embrapa eram mais ou menosiguais aos concedidos à Embrater, um poucomais de meio milhão de dólares para cadaempresa. Aos recursos da Embrater soma-vam-se outro tanto proveniente dos tesourosestaduais, para compor os orçamentos dasEmpresas de Assistência Técnica e Extensão

Rural – Emater que substituíram as Acar.No governo Collor de Melo, a Embrater

foi extinta quando já estava bastantedesgastada por ter-se envolvido em ativida-des político-partidárias contrárias à ideolo-gia do Governo Federal. Com isso, cerca de50% do orçamento global da extensão noBrasil foi cortado. Santa Catarina, que con-tava com 50% do orçamento proveniente daEmbrater, passou a receber menos de 4%do Governo Federal. Essa redução drásticanos recursos para a extensão rural obrigouo Estado a bancar, praticamente sozinho, ocusteio dos serviços. Sob tais dificuldadesfinanceiras fez-se a fusão da pesquisa comos serviços de extensão e as despesas nãodiminuíram como era esperado, ao contrá-rio, aumentaram devido à extinção da As-sociação de Crédito e Assistência Rural doEstado de Santa Catarina – Acaresc, quetinha isenções fiscais que foram perdi-das.

Hoje, em movimento solidário, Associ-ação Brasileira das Empresas de Assistên-cia Técnica e Extensão Rural - Asbraer,Federação das Associações e Sindicatos deServidores da Extensão Rural - Faser, de-putados, senadores, líderes rurais, sindica-tos e cooperativas, apoiados pelo governa-dor do Estado de Santa Catarina, EsperidiãoAmim, pelo secretário da Agricultura, de-putado Odacir Zonta, procuram sensibili-zar o Governo Federal e conseguir a voltados recursos financeiros que chegavam aosEstados via ex-Embrater.

Também se sabe que nossa força detrabalho é quantitativamente menor queas demais que atuam no campo prestandoapoio aos produtores rurais catarinenses.Entretanto, é na Epagri, que ainda se con-centra um valioso capital humano e umafonte de conhecimentos, capazes de com-petir em qualidade com quaisquer serviçosde pesquisa e extensão existentes ou quevenham a existir em Santa Catarina.

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 3

AGRIBUSINESS

Durante o XI Congresso e IIReunião Latino-Americana deAgrometeorologia, realizado emjulho de 1999, em Florianópolis,aconteceu a mostra de equipa-mentos de tecnologia de pontavoltados para as áreas demeteorologia, agrometeorolo-gia e hidrologia. A GHF, de SãoPaulo, por exemplo, tem umequipamento que promove omonitoramento contínuo deparâmetros atmosféricos ehidrológicos úteis para a comu-nidade agrícola, defesa civil,setor de energia elétrica e tu-rismo, entre muitos outros.“Desta forma podemos obter, dehora em hora, informações detempo e clima que chegamnuma central, possibilitando aleitura durante todo o período”,explicou Hamilton Justino Vieira,chefe do Climerh/Epagri e pre-

sidente da Sociedade Brasileirade Agrometeorologia. Hoje aleitura é feita por pessoas, umavez por dia, nas 35 estaçõesmeteorológicas da Epagri espa-lhadas por Santa Catarina.

A JRC, empresa japonesa desistemas, além de apresentarequipamentos que dispo-nibilizam informações em tem-po real, tornando mais precisasas previsões de tempo e clima,possui um sistema que controlaa irrigação do arroz irrigado, in-dicado especialmente para gran-des áreas de plantio. Através desensores colocados na região doplantio, é possível obter infor-mações da condição do terreno,avaliando o desenvolvimento daplanta e controlando a irrigação,da semente até a colheita, alémde controlar e efetuar a misturado fertilizante.

Produção de trigo pode gerarProdução de trigo pode gerarProdução de trigo pode gerarProdução de trigo pode gerarProdução de trigo pode gerar280 mil empregos280 mil empregos280 mil empregos280 mil empregos280 mil empregos

O Brasil pode criar 280 milempregos diretos e indiretoscom a retomada da produção detrigo. Um estudo do pesquisa-dor da Embrapa Trigo, de PassoFundo, Ivo Ambrosi, indica quea diminuição do número depostos de trabalho foi causadapela redução da área plantadacom o cereal – que em 1987 erade 3,4 milhões de hectares epassou para pouco mais de 1milhão de hectares em 1995. Em1987, a produção nacional detrigo foi de 6,2 milhões de tone-ladas. A triticultura, além degerar empregos e renda, injeta-ria dinheiro na economia brasi-leira.

O país era, em 1987, quaseauto-suficiente na produção detrigo, pois o consumo interno éde cerca de 8 milhões de tonela-das. Em 1995, a produção caiupara 1,5 milhão de toneladas. Noano passado, foram cultivados1.678.500ha de trigo no Brasil ea produção foi de 2.727.500t, oque representa cerca de 30% doconsumo interno. A produtivi-dade média registrada foi de1.908kg/ha.

Dados da Companhia Nacio-nal do Abastecimento – Conabestimam para a próxima safraque a área plantada aumentepara 1,43 milhão de hectares, oque corresponde a 4,1% a maisem relação à safra passada. Comexceção do Paraná, onde há umatendência de redução do plantioem torno de 2%, os outros Esta-dos produtores vão aumentarsua área com trigo. O Rio Gran-de do Sul terá 10% a mais delavouras com esse cereal,Santa Catarina, 35% e São Pau-lo, 102%.

“A área plantada tende a sermaior em função da alta do dó-lar, que faz com que o mercadoseja mais favorável para asexportações”, afirma Ambrosi.“Essas áreas vêm aumentandodesde 1995, mas o estoque desementes não permite que ocrescimento seja muito grande”,pondera. O produtor prevêaumento da demanda por trigonacional, em função da cres-cente dificuldade de importar,motivada pela correção da taxacambial”, destaca. Outra razãoque leva os agricultores a optarpelo trigo é a alta produtividade,

que já chegou a cerca de 5 milquilos por hectare. Isto deve-se àscultivares desenvolvidas pelapesquisa, mais resistentes a doen-ças e aos estresses ambientais,além da superior qualidadepanificativa.

No estudo, o pesquisador fazuma estimativa do impacto daredução da atividade nos últimosanos. O setor de máquinas eequipamentos teve uma dimi-nuição de receita de 24,2 milhõesde reais anuais. Em média, cercade 500 tratores e 140 colheita-deiras não foram vendidos, anual-mente, para atender às necessi-dades da cultura. As perdas nossetores fornecedores de insumosforam ainda maiores. Como dei-xaram de ser cultivados 2,4 mi-lhões de hectares e não foramproduzidas 4,7 milhões de tonela-das de trigo, cerca de 237 milhõesde reais não circularam pela in-dústria de fertilizantes, 110 mi-lhões de reais pela cadeia de de-fensivos agrícolas, 37 milhões dereais pelos segmentos de com-bustíveis, lubrificantes e filtros,além de cerca de 29 milhões dereais que não foram gerados noemprego de mão-de-obra. “Po-de-se dizer que ao redor de 1,29bilhão de reais deixou de ser inje-tado na economia brasileira, se-mestralmente. Além disso, outromontante é sugado para a impor-tação do trigo que complementa oabastecimento interno”, frisaAmbrosi. “Esse dinheiro poderiavoltar a circular pela economiabrasileira com a retomada da pro-dução de trigo”, destaca o pesqui-sador.

Para Ambrosi, o aumento dacompetitividade do produtor bra-sileiro de trigo passa pela redu-ção do custo de produção porunidade produzida. Isto, tantopoderá ser obtido pela otimizaçãona utilização dos insumos quantopor um processo de harmoni-zação de políticas públicas quetornem as cadeias produtivasmenos expostas às políticas exter-nas de financiamento de suas ex-portações, das taxas de juro, datributação e da desvalorização cam-bial.

Mais informações com aEmbrapa Trigo, fone (0XX54)311-3444. Texto da JornalistaMagali Savoldi, e-mail: [email protected].

Novos motores MWMNovos motores MWMNovos motores MWMNovos motores MWMNovos motores MWM

Desde o primeiro motor pro-duzido, há 42 anos, para aplica-ção agrícola, a MWM tem parti-cipação ativa neste importantesegmento brasileiro equipandoalguns dos principais fabrican-tes nacionais de tratores, comoAgrale e Valtra-Valmet. Lídernacional nos segmentos demotobombas e grupos gerado-res na faixa de potência entre 50e 200 cv, a empresa possui 91e83% de participação, respectiva-mente.

Buscando ampliar aindamais sua liderança de mercado,a MWM lançou recentemente omotor MWM Série 10 de quatrocilindros, para aplicações emmotobombas e grupos gerado-res, em três versões – natural-mente aspirado, turbinado eturbinado com aftercooler. Compotências entre 87 e 155 cv, omotor é indicado para irrigação,

pulverização e máquinas agríco-las.

Já no mercado de grupo ge-radores, os produtos MWM demaior sucesso são o tradicio-nal MWM 229 e o MWM Série10 de seis cilindros, com grandeutilização em geração de ener-gia para máquinas e pro-priedades rurais. A empresapassa agora a comercializar onovo motor MWM Série 10 dequatro cilindros. Desenvolvidopara oferecer a máxima potên-cia com menores níveis de ruídoe emissão, a Série 4.10 será ofe-recida em três diferentes ver-sões para geradores: natural-mente aspirado, com 70 kVA;turbinado, com 100 kVA, eturbinado com aftercooler, com120 kVA de potência. Maioresinformações pelo fone (0XX11)5182-6766, e-mail [email protected].

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Equipamentos de alta tecnologiaEquipamentos de alta tecnologiaEquipamentos de alta tecnologiaEquipamentos de alta tecnologiaEquipamentos de alta tecnologiapara previsões de tempo auxiliam opara previsões de tempo auxiliam opara previsões de tempo auxiliam opara previsões de tempo auxiliam opara previsões de tempo auxiliam o

produtor ruralprodutor ruralprodutor ruralprodutor ruralprodutor rural

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4 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

AgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusinessAgribusiness

Novo geradorNovo geradorNovo geradorNovo geradorNovo geradorportátil da Coleman Powermateportátil da Coleman Powermateportátil da Coleman Powermateportátil da Coleman Powermateportátil da Coleman Powermate

Novos tubos de PVC da Akros paraNovos tubos de PVC da Akros paraNovos tubos de PVC da Akros paraNovos tubos de PVC da Akros paraNovos tubos de PVC da Akros paraestufas agrícolasestufas agrícolasestufas agrícolasestufas agrícolasestufas agrícolas

A Akros está desenvolven-do um novo tubo de PVC voltadopara o setor agrícola. O produtoé destinado à montagem de es-tufas para o cultivo dehortifrutigranjeiros e de mudasdiversas e está sendo utilizadopor cerca de 800 produtores, háum ano e meio, nos Estados deSanta Catarina, Rio Grande doSul e Paraná.

A montagem das estufas uti-liza o tubo de PVC rígido Akrose estacas de PVC, desenvolvidosespecialmente pela Akros parafazer a base da estufa. O mate-rial do tubo é flexível, resistenteao vento e com maior durabili-dade contra as intempéries. Atécnica é inédita no Brasil e uma

das grandes vantagens é que pos-sibilita uma redução de até 70% nouso de agrotóxico, em compara-ção ao utilizado em sistemas con-vencionais.

A estufa agrícola Akros pro-porciona um melhor aproveita-mento da área construída. Umtúnel com 5m de largura e 100mde comprimento, por exemplo,pode cultivar até 5.800 pés dealface por safra, podendo atin-gir até 11 safras no ano. Estetipo de estufa permite também amudança de local, sem compro-meter a qualidade do material daestufa.

Mais informações pelo fone(0XX11) 863-2747. Texto de Fáti-ma Fonseca.

UMC participará de GenomaUMC participará de GenomaUMC participará de GenomaUMC participará de GenomaUMC participará de Genomada cana-de-açúcarda cana-de-açúcarda cana-de-açúcarda cana-de-açúcarda cana-de-açúcar

A Universidade de Mogi dasCruzes – UMC participará doProjeto Genoma Cana, da Fun-dação de Amparo à Pesquisa doEstado de São Paulo – Fapesp,que tem como objetivo melho-rar geneticamente a cana-de--açúcar. O trabalho inicial seráseqüenciar 50 mil genes da canapara, com novas informações epesquisas, desenvolver umaplanta mais produtiva e resis-tente a doenças e a condições declima adversas.

O Projeto visa também des-cobrir formas de aumentar oteor de sacarose da cana, paratorná-la mais doce e receptivaao mercado, diminuir o tempode florada e produzir novos de-rivados.

Pesquisadores do Núcleo de

Biotecnologia da UMC atuarãonuma rede de 20 laboratóriosselecionados pela Fapesp, quefinanciará o projeto em parceriacom a Cooperativa dos Produto-res de Cana, Açúcar e Álcool deSão Paulo – Copersucar. OGenoma Cana reunirá inves-timentos da ordem de 6 milhõesde dólares em quatro anos,sendo que o projeto da UMCreceberá uma verba de 200 mildólares (aproximadamente 50mil dólares por ano, mediante oseqüenciamento de 4 mil rea-ções) e será coordenado peloprofessor Luiz Roberto Nunes,coordenador do Curso de Biolo-gia. Mais informações pelo fone(0XX11) 479-7057/fax (0XX11)4798-7198, com Eliane de Cas-tro.

Em uma época em que os pro-blemas com energia elétrica po-dem significar perdas substanci-ais, a Coleman Powermate apre-senta o seu gerador portátilPowerbase 4000ER Plus, um apa-relho concebido com a finalidadede proporcionar versatilidade eeconomia, ideal para ser usadoem residências, chácaras, sítios,pescarias ou em estabelecimen-tos comerciais como farmácias,supermercados, padarias, cantei-ros de obra, etc. Estes geradores,equipados com motores de quatrotempos Briggs & Sttratton à gaso-lina, com saída de 4.000W a 5.000Wde potência, são ideais para a ali-mentação de ferramentas elétri-cas, equipamentos de jardinagem,equipamentos de manutençãoexterna e outros aparelhos queexijam um fornecimento de ener-gia constante e seguro.

Entre os seus diferenciais

destacam-se o fato de possuí-rem silenciadores para absor-ção de ruídos, estrutura metáli-ca para proteção e transporte esuportes que garantem a estabi-lidade e evitam vibrações. Outrodetalhe importante é que osgeradores Powerbase 4000ERPlus possuem sensores de nívelde óleo que desligam o equipa-mento automaticamente casohaja falta de lubrificação, evi-tando assim que danos maioressejam causados ao motor, e tam-bém camisas de ferro fundido,que proporcionam maior dura-bilidade e robustez.

Mais informações pelos fo-nes (0XX11) 210-6590 e 210-5668. O serviço de atendimentoColeman Powermate está à dis-posição dos consumidores pelotelefone 0800-112320. Texto dajornalista Márcia RodriguesAlves.

Gerador portátil Powerbase 4000ER Pluso

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Agropecuária Catarinense

Uma das melhores revistas de agropecuária do país!

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 5

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Pequena agroindústria gera empregosPequena agroindústria gera empregosPequena agroindústria gera empregosPequena agroindústria gera empregosPequena agroindústria gera empregosno Alto Vno Alto Vno Alto Vno Alto Vno Alto Vale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaí

Reportagem e fotos de Paulo Sergio Tagliari

árdua lida do campo e os baixospreços pagos aos produtos

agropecuários estão desestimulandoos agricultores brasileiros que, aocontrário dos seus irmãos europeusou americanos, não recebem quasenenhum tipo de incentivo, seja naforma de crédito rural subsidiado, sejaem qualquer outro modo de apoio.Somado aos custos crescentes de pro-dução, isto está levando à aceleraçãodo êxodo rural com seus nefastos econhecidos resultados. Diante dessarealidade, a Epagri, já há alguns anos,vem desenvolvendo ações que promo-

vem novas alternativas técnico-eco-nômicas ao homem do campo. Entreestas destacam-se os cursos deprofissionalização rural, que ensinamnovas atividades aos agricultores ca-tarinenses, em especial os da pequenapropriedade rural de cunho familiar,que perfazem a grande maioria dosestabelecimentos agrícolas no Esta-do.

Assim sendo, a Epagri, desde oinício da década de 90, vem promoven-do cursos e treinamentos de profissio-nalização de agricultores em seus di-versos centros de treinamento, envol-

vendo os cursos de processamento decarne suína, carne ovina, carne depeixe, carne de aves, leite, frutas ehortaliças e também os cursos deprocessamento de cana-de-açúcar,panificação e produção artesanal devinho. O Governo Federal tambémestá começando a reconhecer a gran-de importância da pequena agroin-dústria rural e, neste ano, através doPrograma Nacional de Fortalecimen-to da Agricultura familiar – Pronaf,segmento Agroindústria, está desen-volvendo dois projetos pilotos, um noLitoral e outro no Oeste Catarinense,

A

#

Produtos da agroindústria artesanal catarinense apresentam altaqualidade e oportunizam uma renda alternativa aos produtores

rurais, gerando emprego no meio rural

Em diversos municípios doAlto Vale encontram-se pequenas

empresas familiares que buscamnovas alternativas, tendo em

vista a descapitalização

crescente na agriculturatradicional. A Epagri, através dos

cursos profissionalizantes deindústria artesanal, repassa

técnicas de processamento de

alimentos aos produtores,ajudando a fixar as famílias no

campo e gerando renda nascomunidades rurais.

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6 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

nos quais participam quase mil famí-lias de pequenos produtores rurais.Os projetos concedem empréstimo ajuros subsidiados e com prazo de ca-rência e a meta é incentivar os agri-cultores a gerarem mais renda emsuas propriedades, utilizando maté-ria-prima própria, desenvolvendoempregos diretos e indiretos.

Muitos produtores rurais têm sebeneficiado dos cursos profissio-nalizantes, realizando verdadeirastransformações em suas proprieda-des, em alguns casos mudando até deatividade. A reportagem da revistaAgropecuária Catarinense apresentaa seguir três exemplos de famíliasrurais da região do Alto Vale que, comcoragem e determinação, resolveraminvestir em novos ramos de negócio.

Trabalho para180 famílias

Até há poucos anos, a famíliaMoreira da comunidade de Serra doMirador, em Rio do Campo, SC, nãovia a hora de se livrar das dívidasjunto aos bancos que envolviam opagamento de um trator e custos das

lavouras, que cresciam ano a ano. Emabril de 1995, o Sr. Malcioni Moreiradecidiu que tinha que fazer algumacoisa urgente para mudar esta situa-ção de eterno empresário rural deve-dor e descapitalizado que, aliás, não énovidade para os agricultores. Foientão que enviou seu filho Madilciopara participar do curso profissio-nalizante de processamento de leiteno Centro de Treinamento de Agronô-mica-Cetrag, e daí por diante as coisasmudaram. E para melhor. Voltandodo curso, Madilcio, ajudado pelos ir-mãos Marcelo e Mariela, decidiu am-pliar uma pequena queijaria instaladana garagem ao lado da casa da família.Começou processando 70 litros diá-rios de leite e logo passou para 250litros, pegando a matéria-prima emprodutores vizinhos. Hoje o volumede produção atinge 5 mil litros ou 500queijos diariamente, e a famíliaMoreira, já com recursos próprios,construiu uma nova queijaria na en-trada da propriedade, equipada commodernos equipamentos, e conse-guiu pagar o trator e outras dívidasjunto aos bancos.

Mas o que mais se destaca no traba-

lho desta pequena agroindústria é acapacidade de gerar empregos na suaregião. Para se ter uma idéia, além damão-de-obra familiar, mais oito pes-soas trabalham na fábrica. A empresacompra leite de 180 famílias de Rio doCampo e municípios próximos. “O cam-po fornecendo trabalho para o própriocampo”, comenta a instrutoraTeresinha Pezente Colodel, da Epagri,que orienta tecnicamente os Moreirano laticínio e mostra alguns dados, nomínimo, interessantes. Em média, os180 produtores entregam 27,7 litrosdiários no laticínio (na verdade é o Sr.Malcioni, freteiro, que pega o leite decaminhão nas propriedades) e rece-bem de 23 a 25 centavos por litro;portanto, a renda mensal destas famí-lias, só no leite, soma cerca de 200reais. Os Moreira vendem os queijosdo tipo prato, lanche e colonial a 3,40reais/kg, portanto ficam com umamargem bruta de 1 real/kg (para cadaquilo de queijo são necessários 10litros de leite; logo, 24 centavos vezes10 é igual a 2,40 reais, que é o custo damatéria-prima). “Esta queijariaviabilizou a produção de leite para as180 famílias, já que os grandes laticí-nios ou cooperativas tendem a pagarmenos aos pequenos produtores (19centavos em média/litro), pois para agrande empresa pegar pouca produ-ção em várias propriedades fica inviávelpelo alto custo do frete”, raciocina oengenheiro agrônomo e administra-dor do Cetrag, Roberto Abati, e agre-ga ainda: “se em cada município ruralcatarinense ou brasileiro tivéssemosuma ou duas pequenas agroindústrias,certamente a condição social e econô-mica dos pequenos agricultores seriabem melhor, teríamos mais empregoe menos êxodo rural”.

Os cursos profissionalizantes nãotreinam só os produtores e fornecedo-res de matéria-prima; os técnicos en-volvidos na assistência também sãocapacitados e atualizados, informaRenata Muehlhausen, responsávelgeral pelos cursos de profissionalizaçãode agroindústria artesanal da Epagri.Ela diz que os instrutores dos cursosde processamento de alimentos reú-nem-se periodicamente para treina-mentos, reciclagem e desenvolvimen-to ou adaptação de novas tecnologias.

A queijaria dos

Moreira absorve a

produção de 180

famílias vizinhasna região

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Além disso, a capacitação dos instru-tores acontece não só no Estado, mastambém em outras regiões do país, oumesmo no exterior. Renata cita tam-bém o apoio importante que a Socie-dade Alemã para Cooperação TécnicaInternacional – GTZ prestou ao pro-grama de profissionalização, propor-cionando a vinda de especialistas in-ternacionais para repassar tecnologiasaos técnicos catarinenses.

Atualmente são os seguintes oscursos de profissionalização queobjetivam, paralelamente àcapacitação, também a melhoria daprodução e qualidade dos produtospara a agroindústria, envolvendo todaa cadeia produtiva: Produção de Hor-taliças (convencional e orgânica), GadoLeiteiro, Suinocultura, Avicultura,Fruticultura, Piscicultura eOvinocultura.

Produto com higiene equalidade

Os agricultores Wilson Doerner,Milton Deutner e Alério Eger, todosdo distrito de Rio Antinhas, municípiode Petrolândia, SC, resolveram seunir e criar uma pequena empresa no

oferecida ao cliente para que conhe-cesse o produto. A Comercial AntinhasLtda. hoje produz, além da lingüiçapura, salame tipo italiano, mortadela,lingüiça mista, lingüicinha frescal edefumados, vendidos a um preço mé-dio de 4 reais/peça. O volume semanalchega a 2.500kg de produto processa-do, gerando uma renda bruta de 8 milreais. Com este resultado a empresajá conseguiu comprar dois veículos,pagar a construção da unidadeagroindustrial e os equipamentos esobra ainda algum dinheiro para asfamílias proprietárias. São sete pes-soas envolvidas diretamente naagroindústria, sendo que as esposasdos sócios, Sras. Lili, Márcia e Zenita,têm tido papel fundamental no negó-cio. As duas primeiras foram as pio-neiras no curso profissionalizante,tendo feito as duas etapas do treina-mento junto com o Milton Deutner erepassado os conhecimentos aos de-mais. A firma possui ainda quatrofornecedores das carnes, grandes fri-goríficos que possuem o selo da fisca-lização federal, o Certificado de Inspe-ção Federal – CIF, fornecido pelo Mi-nistério da Agricultura. Atualmente aComercial Antinhas já tem acertificação estadual, o Serviço deInspeção Estadual – SIE, fornecidopela Cidasc, que semanalmente ins-peciona o empreendimento com vis-tas ao controle da higiene e qualidade

ramo de embutidos de carne. “Nósviemos de uma agricultura falida, semrecursos e sem futuro, e aí com muitoesforço e dedicação, com a ajuda docurso profissionalizante, resolvemosarriscar e agora nos dedicamos a estanova atividade”, declara WilsonDoerner e revela que começaram onegócio comercializando lingüiça decasa em casa; até amostra grátis era

Instrutores da Epagri desenvolvem novas tecnologias de processamento

de embutidos – Centro de Treinamento de Agronômica – Cetrag

Esposas dos

sócios têm

atividades

importantes naagroindústria #

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

dos produtos. “Nossa mortadela é es-pecial, tem qualidade, é de pura car-ne, não misturamos com resíduos oufarinhas”, ressalta Alério Eger, deolho em um novo curso que o Cetragpretende desenvolver, o deprocessamento de carne de aves, oqual vai atender a uma demanda cres-cente por este tipo de produto e possi-bilitar a oferta de produtos ainda maisdiferenciados pela empresa. A entre-ga da produção é feita de caminhonetapelos maridos, semanalmente, emrodízio, por uma das três regiões quecomercializam, Planalto, Alto Vale eGrande Florianópolis, abrangendocerca de 25 municípios.

Lídio Cembranel, extensionista daEpagri em Petrolândia, é um dos téc-nicos que têm acompanhado o cresci-mento da pequena empresa. “O iníciofoi difícil para eles, que estavam acos-tumados às lides agrícolas. O impor-tante é que tiveram entusiasmo emuita força de vontade”, atesta Lídioe agrega: “um dos itens de sucessodeste empreendimento é o ineditismodesta atividade. Estes produtores de-senvolveram um nicho ainda não ocu-pado do mercado local e regional”. Ainstrutora Teresinha Colodel ressal-ta que este tipo de atividade exige

altos investimentos e poucos são osque podem investir neste negócio.“Mas o importante é que existam al-guns poucos audaciosos, e estes pio-neiros abrem o caminho, promovem aligação dos produtores rurais com asempresas que iniciam um benefi-ciamento primário do produto, depoisvai para outra fase, como é o caso daComercial Antinhas, daí para os ata-cadistas e varejistas, até o consumi-dor final. Portanto, esta cadeia produ-tiva e de comercialização gera valio-sos empregos e renda, beneficiando asociedade como um todo”, completaTeresinha.

Produção impressiona

Mas nem só de laticínios e embuti-dos vive o Alto Vale. Ali perto, nopróprio município de Petrolândia, nodistrito de Londrina, encontra-se umapequena agroindústria de beneficia-mento de hortaliças e frutas, a Con-servas Israel, de propriedade do ex--agricultor Pedro Israel Filho, atualvice-prefeito, que emprega diretamen-te 22 pessoas em seu negócio, incluin-do a família (três filhos, duas filhas,duas noras e genros). A empresa játem até o C.I.F. e movimenta a produ-

ção durante sete meses, recebendoprodutos de 50 agricultores, além depossuir seis representantes que aten-dem aos três Estados sulinos. As ven-das são semanais e os freteiros são ospróprios filhos, que entregam de ca-minhão as mercadorias, tais comoconservas de cebola, picles, cenoura,pepino, beterraba, palmito, cogume-lo. Tem até conserva de cereja, que oSr. Israel importa do Chile emvasilhames e depois passa para vidrosde 125g.

O que impressiona nesta pequenaempresa é o volume de produção. Sóde pepino, para exemplificar, a em-presa processa cerca de 3 mil quilos/dia, sem falar na cebola, cenoura,etc. Portanto, durante sete meses eleatinge 630t de produto processado eembalado, a maioria em vidros de320g. Considerando que ele paga, emmédia, de 20 a 30 centavos pelo quilodas hortaliças, e vende o vidro noatacado entre 90 centavos e 1 real,logo ele obtém um lucro por unidadevendida. Ele também comercializa empotes de 2kg, mas em menor quanti-dade.

Para o engenheiro agrônomoRoberto Abati, o exemplo destasagroindústrias rurais é apenas umapequena parcela da realidade. “Sóno Alto Vale registramos 40 unida-des, sendo que 12 processam carne,19 trabalham com leite e 9, noprocessamento de frutas e hortali-ças, sem falar em outros pequenosnegócios como mel, leite bruto, pani-ficadoras, etc., totalizando cerca de100 empresas”, estima o técnico.Para ele e os demais técnicos daEpagri envolvidos na agroindus-trialização rural, o desenvolvimentoeconômico e social catarinense certa-mente passa pela pequena empresaagrícola, geradora de renda e empre-go. “Esperamos que as nossas lide-ranças, políticos e governantes aten-tem para estes números recém-apre-sentados, eles demonstram a realida-de de um setor que tem muito aoferecer e beneficiar, mas que tam-bém precisa de mais atenção e apoioem todas as esferas governamentais”,proclama.Empresa processa hortaliças oriundas de 50 famílias de Petrolândia, SC

o

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REGISTRO

ConsumidoresConsumidoresConsumidoresConsumidoresConsumidoresopinam sobreopinam sobreopinam sobreopinam sobreopinam sobre

produtos orgânicosprodutos orgânicosprodutos orgânicosprodutos orgânicosprodutos orgânicos

A contaminação do meio ambien-te e dos alimentos por resíduos in-dustriais e agrotóxicos tem levado oconsumidor a procurar produtos al-ternativos, mais saudáveis. No ras-tro desta crescente preferência dosconsumidores, surgem as feirasagroecológicas em várias cidadespelo Brasil afora, e os supermerca-dos reservam espaços cada vez maio-res aos chamados produtos orgâni-cos. Recentemente o Departamentode Economia da Universidade Fede-ral de Santa Catarina – UFSC desen-volveu uma pesquisa de opinião com150 pessoas em supermercados efeiras em Florianópolis, SC, para

avaliar as preferências e sugestõesdos consumidores em relação aos ali-mentos orgânicos, agroecológicos.

O estudo, desenvolvido pelo pro-fessor Celso Leonardo Weydmann e aacadêmica Fernanda Branco Farani,revelou que o consumidor de produtosorgânicos tem em sua maioria menosde 40 anos, um elevado grau deescolaridade e é integrante da classemédia. A pesquisa constatou queentre os produtos preferidos pelosconsumidores a alface se destaca,seguida mais de longe por cheiroverde, couve-flor, repolho e espinafre.As hortaliças se destacam ainda napreferência, havendo, no entanto, se-gundo a opinião dos entrevistados,espaço para outros produtos comofrutas e tubérculos, como a batata,que ainda são pouco comercializados.Quanto à qualidade dos orgânicos, amaioria dos consumidores considerou

boa e excelente, ao pas-so que quase um quartodos consumidores en-tende que a qualidadeprecisa melhorar.

Em relação ao pre-ço dos orgânicos, a maio-ria dos consumidoresentrevistados sustentouque costuma compararos valores entre os al-ternativos e convencio-nais, e que estão dispos-tos a pagar, no máximo,20% a mais. Este valor,inclusive, é similar aoutros encontrados empesquisas similaresconduzidas anterior-mente no Estado e país.

O estudo verificouque há necessidade deaprimorar a qualidadedas informações nasembalagens dos produ-tos. Por outro lado, cons-tatou-se que o consumi-dor confia no supermer-cado quanto à qualidadee procedência, mas oprodutor necessita deum selo de certificaçãoque também possa serreconhecido pelos con-

sumidores. Neste sentido, a Funda-ção de Apoio ao DesenvolvimentoRural Sustentável do Estado de San-ta Catarina – Fundagro, com a parti-cipação de supermercadistas, de pro-dutores e da Epagri, está lançando oprocesso de certificação orgânica emSanta Catarina. Com isso será possí-vel disciplinar a produção agroeco-lógica de alimentos, por meio daassistência técnica nas propriedadesrurais, bem como a fiscalização doprocesso de produção orgânica, cul-minando com a certificação, o cha-mado selo verde.

Para mais informações sobre otrabalho de entrevista, os interessa-dos podem contatar o professor Cel-so Weydmann no fone (0XX48) 331-9483 ou e-mail: [email protected] contato com a Fundagro o foneé (0XX48) 239-5586 e o e-mail é[email protected].

O arroz irrigado emO arroz irrigado emO arroz irrigado emO arroz irrigado emO arroz irrigado emSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta Catarina

O arroz é o terceiro produto agrí-cola do Estado de Santa Catarina,sendo superado apenas pelo fumo epelo milho (Instituto Cepa, 1997), e éo segundo colocado na produção na-cional. As variedades plantadas, queantes de 1970 tinham um potencialprodutivo de apenas 5.000kg/ha, hojechegam a produzir até 15.000kg/ha.A que se deve este aumento de pro-dutividade? Segundo o pesquisadorda Embrapa/Epagri, José OscarKurtz, que elaborou uma tese sobreo assunto – Arroz irrigado em SantaCatarina –, o aumento da produtivi-dade e da qualidade de arroz planta-do em Santa Catarina deve-se àsexcelentes variedades lançadas pelaEpagri e ao desenvolvimentotecnológico dos orizicultores. Kurtzobserva em seu trabalho que a con-tribuição da extensão rural e do Pro-grama de Aproveitamento de Vár-zeas Irrigáveis – Provárzeas foi deci-siva para o sucesso da orizicultura doEstado. O desenvolvimento socioeco-nômico nas regiões de cultivo do

Supermercados comercializam cada vez mais produtos

agroecológicos #

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10 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

arroz foi obtido graças ao trabalhointegrado da pesquisa, extensão ru-ral e assistência técnica, de financi-amento adequado, de preços justos ede uma política de desenvolvimento.

Dados do Instituto Cepa infor-mam que em 1998 foram cultivados104.806ha, nos quais foram produzi-das 611.326t, e que a produtividademédia do Estado (5.833kg/ha) é amais elevada do país. O arroz emSanta Catarina é plantado em cercade 12 mil propriedades, basicamentepequenas, em lavouras com médiade 9,5ha, que utilizam mão-de-obrafamiliar. Por sua vez, o parque in-dustrial, direta ou indiretamente,garante emprego para mais de 10mil pessoas. A cultura tem, portan-to, além de importância econômica,um grande significado social.

Inicialmente, as variedades eramaquelas trazidas pelos imigrantes ita-lianos. Posteriormente, passaram aser utilizadas as criadas em São Pau-lo pelo Instituto Agronômico de Cam-pinas – IAC – e, no Rio Grande doSul, pelo Instituto Riograndense doArroz – Irga. O potencial dessas va-riedades era baixo, não ultrapassan-do os 5.000kg/ha. No início da décadade 70, a Estação Experimental deUrussanga recomendou as primei-ras variedades de porte modernocom um potencial produtivo acimade 8.000kg/ha. Mas foi a partir de1976, com a criação da Empasc e daEstação Experimental de Itajaí, quesurgiram as notáveis variedades hojeplantadas em Santa Catarina, com

potencial produtivo em torno de15.000kg/ha.

O aumento da produtividade e daqualidade do arroz produzido em San-ta Catarina deve-se, além das cultiva-res lançadas pela Epagri, ao desenvol-vimento tecnológico dos orizicultores,conseguido através de cursos, treina-mentos e assistência técnica recebi-dos da própria Epagri, de cooperativase de particulares. Neste contexto, aadoção, no Sul do Estado, da prática decultivo pré-germinado é consideradafator fundamental à obtenção dos ín-dices de produtividade ora registrados.Há que se destacar também a ação doProvárzeas, do Ministério da Agricul-tura, executado pela Acaresc, que serevelou um instrumento de muitautilidade na obtenção dos resultadosalcançados.

A imprensa publicou que em 1999a produtividade média da região deMassaranduba foi de 7.500kg/ha. Seisso fosse extrapolado para o Estado,a produção seria de 975.000t, pra-ticamente suprindo as necessidadesdas indústrias, que hoje operam com32% de capacidade ociosa. No AltoVale do Itajaí, há arrozais produzindo12.000kg/ha. Portanto, a produtivi-dade média alcançada em SantaCatarina, apesar de ser a maiselevada do Brasil, poderá ser au-mentada. Assim, verifica-se que exis-te um estoque tecnológico capaz deelevar significativamente a produçãode arroz. O aumento imediato da pro-dução arrozeira passa pela adoção demelhores tecnologias pelos agriculto-

Seu anúncio na revista Agropecuária Catarinense

atinge as principais lideranças agrícolas

do Sul do Brasil.

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res, situação em que a Epagri deve-rá, necessariamente, estar presen-te.

O preço médio da saca de 50kg,em Massaranduba, em 1999, foi deR$ 16,00. Tomando como base o au-mento da produção devido ao au-mento da produtividade de 1976-97,isto é, 414.000t, tem-se o valor de R$132.480.000,00. Considerando que aparticipação da Epagri para essemontante, através dos seus serviçosde pesquisa e extensão rural, podeser estimada em 70%, podem sercreditados a ela R$ 92.736.000,00, sóno ano de 1997. Este montante ésuficiente para cobrir com folga ocusto total despendido pela Epagriem um ano. Contudo, amiúde, pes-soas se referem à Epagri como “em-presa deficitária”, tratamento nãoadequado para uma organização que,na realidade, é altamente rentávelpelo que tem propiciado aos agricul-tores, indústrias, comerciantes e pro-dutores.

Segundo José Oscar Kurtz, umaorganização pública deve ser avalia-da pelos resultados econômicos, so-ciais e políticos obtidos à luz dosobjetivos para os quais foi criada. Seassim não fosse, por analogia, poder--se-ia afirmar também que os servi-ços de saúde, segurança pública eensino público (principalmente aoscarentes) são altamente deficitários.Certamente, o custo do ensino éelevado, mas quem se queixa dissonão dimensiona o custo extraordiná-rio da ignorância.

Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 11

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Regist roRegist roRegist roRegist roRegist ro

Agricultura catarinense é referência nacionalAgricultura catarinense é referência nacionalAgricultura catarinense é referência nacionalAgricultura catarinense é referência nacionalAgricultura catarinense é referência nacional

A regulamentação do Banco da Terra, assinado pelopresidente Fernando Henrique Cardoso, foi a maior

conquista da agricultura brasileira nos últimos anos.Afirmo isso não porque fui o idealizador do projeto,durante meu mandato como senador da República,mas porque pude comprovar, na prática, o sucessoobtido pela Lei nº 6.188, de 31 de outubro de 1983,

que instituiu o Fundo de Terras doEstado de Santa Catarina.

Minha certeza no êxito do programa não se dá porvaidade pessoal. Meu entusiasmo tampouco é

conseqüência dos inegáveis benefícios advindos doprograma, ainda que eles sejam argumentos

inexoráveis. Em verdade, minha convicção no sucessoabsoluto do Banco da Terra deve ser creditada à

experiência vitoriosa do crédito fundiário, criado em1983, durante meu primeiro mandato como

governador do Estado. Naquela oportunidade, quandoentreguei ao agricultor Ivar Danieli a primeira carta

de crédito do programa, ouvi uma das maisimportantes lições: “o homem do campo

quer ter sua própria terra”.A resposta do agricultor tinha conotações bem mais

profundas do que se poderia imaginar. Com sutileza,Ivar Danieli mostrou-me que o setor agrícola não

precisava mais de paternalismo. O meio rural queriaoportunidades, valorização, financiamento.

Entendido o recado, o governo do Estadolançou, à época, o programa

troca-troca, que como o próprio nome sugere havia aparticipação de ambas as partes, diferentemente do

que ocorria no passado, quando aos agricultores eramexigidos bom resultado, produtividade e renda, mas

não lhes eram oferecidas condições para tanto.Embora lançado em um período de alta inflação einstabilidade econômica, a institucionalização do

programa troca-troca propiciou uma alternativa viávelpara o pagamento do financiamento obtido. Enquanto

o governo cedia recursos para a aquisição da terra,infra-estrutura, armazéns comunitários,

máquinas, sementes, equipamentos e insumosagrícolas, o agricultor pagava com

milho, feijão, arroz, café, soja, cebola, maçã, enfim,com a moeda digna, justa e equivalente.

Outra constatação do êxito do programa foi onúmero elevado de assentamentos. Em quatro anos,

foi assentado o dobro de famílias que o Incra assentou,em igual período, nos três Estados do sul. Cabe

destacar que em Santa Catarina nenhuma terra foidesapropriada e que o Incra tinha à sua disposição ostítulos da dívida agrária. Não se trata de fazercomparações, ressalte-se, entre o desempenho de cadaentidade, mas de enfatizar a facilidade que o créditofundiário proporcionou ao governo do Estado.A simplicidade para tratar da complicada questãoagrícola levou-me a entender que a descentralização éa estratégia mais adequada para os rumos daagricultura brasileira e que cabe ao governo de cadaEstado definir um amplo conjunto de ações, queincluem desde obras deinfra-estrutura básica à seleção de famílias a seremassentadas. Em vista disso, tomei a iniciativa depropor, em 1997, a regulamentação do programaBanco da Terra em nível nacional, com base nosresultados alcançados em Santa Catarina e no modelocatarinense de agricultura familiar. Com asinestimáveis contribuições do deputado federal HugoBiehl e do ex-governador Vilson Kleinübing,apresentei o Projeto de Lei Complementar nº 25/97,aprovado por unanimidade no Senado Federal e poresmagadora maioria na Câmara dos Deputados.

Regulamentado agora em nível nacional, o Bancoda Terra vai financiar terras e implementos parapessoas, associações e cooperativas. Com isso,pretende-se fixar o agricultor no campo e viabilizareconomicamente a pequena propriedade rural. É o quepoderíamos chamar de política fundiária de resultados,bem melhor do que o processo de desapropriação, nãoraramente litigioso e com conseqüências lamentáveis.Ao fomentar a formação de associações, grupos ecooperativas, as conquistas do Banco da Terra serãomais extensas. Os ganhos de escala na produção e nacomercialização serão multiplicados e maior será oacesso tanto ao crédito quanto à difusão detecnologias. Administrado de formadescentralizada, o programa destinará aos Estados,municípios e comunidades o devido espaço nadiscussão de temas importantes ao desenvolvimentoda questão, além de participação no processo dedistribuição de terras e na elaboração, execução eimplementação de projetos. Descentralizado, o Bancoda Terra funcionará da maneira quemais convém à sociedade: transparente e comcontornos democráticos, requisitos imprescindíveispara evitar distorções e assegurar seupragmático desempenho.

Esperidião AminGovernador do Estado de Santa Catarina

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NOVIDADES

DE MERCADO

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A Zeneca Brasil lançou re-centemente um novo fungi-cida de origem natural, oAmistar . Amistar, em grânulosdispersíveis, tem um novo prin-cípio ativo desenvolvido a partirde um composto natural produzi-do por um cogumelo comestíveleuropeu (Oudemanslellamucida).

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Azoxystrobin, pouco tóxico e debaixa dosagem, Amistar ofere-ce proteção sistêmica, transla-minar e de contato para diversasdoenças fúngicas, sendo regis-trado atualmente para as cultu-ras de batata e tomate (pintapreta) e feijão (ferrugem, man-cha angular e antracnose).

Mais informações pelo fone(0XX11) 536-0148.

Mythos tem ação preventivaMythos tem ação preventivaMythos tem ação preventivaMythos tem ação preventivaMythos tem ação preventivae curativae curativae curativae curativae curativa

Mythos é o fungicida preven-tivo/curativo da AgrEvo, indica-do no tratamento de doenças nasculturas de batata, cebola, uva,maçã, tomate e gladíolo. O produ-to, que pertence a um novo grupoquímico – o anilo pyrimida –, temcomo princípio ativo opyremethanil, na concentraçãode 300g i.a./litro, com formulaçãoem suspensão concentrada. Opyremethanil tem um novo me-canismo de ação, que interferena produção das enzimas neces-sárias ao desenvolvimento da

infecção. Além disso, controlaBotrytis e Alternaria, em geralmais resistentes a produtos não--pertencentes ao grupo anilopyrimidina.

Indicado para um programade rotação de produtos no mane-jo de resistência das doenças,Mythos é também um fungicidacom ação translaminar, que pe-netra rapidamente pela cutícula.Mais informações pelo fone(0XX11) 280-4721.

Texto da jornalista ReginaSion.

O Sal Bock é um suplementoorgano-mineral composto porminerais com base em cloreto desódio, ortofosfato bicálcico, en-xofre, óxido de magnésio e diver-sos microelementos e por ingre-dientes orgânicos (proteína eenergia) com base em grãos,farelos e NNP (nitrogênio não--protéico).

Algumas das vantagens douso do Sal Bock são: manter ativaa população microbiana dorúmen, estimular o apetite dosbovinos para consumir o pastoseco, suplementar os animais(com nutrientes orgânicos e mi-

nerais), manter o peso do reba-nho no período invernal e desecas, antecipar a idade de aba-te, aumentar o índicereprodutivo e aumentar a pro-dução de leite para os bezerros.

O Sal Bock foi lançado re-centemente pela Minerphós –Com. Ind. Zootécnica de Nutri-ção Animal Ltda, telefax (0XX44)623-3545, pela Diprorama –Distr. e Com. de ProdutosAgropecuários UmuaramaLtda., telefax (0XX47) 862-0051,e pela Epagri/Estação Experi-mental de Lages, fone (0XX49)224-4400.

Probiótico aumenta ganho de pesoProbiótico aumenta ganho de pesoProbiótico aumenta ganho de pesoProbiótico aumenta ganho de pesoProbiótico aumenta ganho de pesoem suínosem suínosem suínosem suínosem suínos

O Bio Plus 2B, probiótico lan-çado pela Chr. HansenBiosystems – empresa lídermundial em produtosmicrobiológicos para o setor desaúde animal -, chega ao merca-do nacional como a mais novaopção às indústrias do segmentode nutrição animal. O produto,adicionado à ração de suínos eaves em seu processo de fabrica-ção, é capaz de prevenir proble-mas intestinais e auxiliar no pro-cesso de engorda dos animais.

O produto, que integra a li-nha DFM’s (produtosmicrobiológicos para ração),apresenta duas espécies demicroorganismos vivos, Bacillussubtilis e Bacillus licheniformis,e se destina, especialmente, às

rações peletizadas. Osmicroorganismos do Bio Plus 2Bsão termorresistentes, podendosuportar o processo de peletização(transformação da ração em pe-quenos cilindros).

Segundo o gerente geral daChr. Hansen Biosystems, HansHenrik Knudsen, “a inclusão doBio Plus 2B no processo industrialde preparação das rações irá faci-litar o dia-a-dia dos produtores,que, ao alimentar suas criações, jáestarão cuidando da saúde dosanimais. Nossas pesquisas naEuropa também apontam para osensível ganho de peso, quandoutilizado conforme o recomenda-do”, conclui. Mais informações pelofone (0XX19) 243-3739.

Texto de Kátia Keller.

DuPont lança novo produtoDuPont lança novo produtoDuPont lança novo produtoDuPont lança novo produtoDuPont lança novo produto

A DuPont Produtos Agríco-las colocou no mercado, no mêsde maio, o fungicida Equation®,desenvolvido para o controle darequeima e pinta preta, doençasque podem trazer grandes pre-juízos a produtores de batata etomate.

Segundo o engenheiro agrô-nomo Cássio Greghi, da DuPont,“Equation® foi desenvolvido combase nos princípios ativos‘Cymoxanil’ e ‘Famoxate’, umadupla perfeita e poderosa no con-trole das duas principais amea-ças das culturas de batata e to-mate. Equation atua tanto den-tro quanto fora da planta, comuma eficiência nunca antes vis-ta”, complementa Greghi.

Embalado em sacos alumi-nizados de 80 e 2.000g, Equa-tion®, segundo o fabricante, éum produto de alta tecnologiaque oferece benefícios como do-sagens menores e precisas, me-nores riscos de contaminação efacilidade de transporte, manu-seio e armazenamento. Ele lem-bra que os investimentos iniciaisnas culturas de batata e tomate

são elevados. Portanto, o agricul-tor vem valorizando a ‘construção’de uma “planta protegida, práticafundamental para os bons resul-tados de qualidade de frutos eprodutividade”, comenta Greghi.

Cássio Greghi acrescenta queos fatores umidade e temperatu-ras amenas são um “prato cheio”para os fungos causadores dasdoenças, “que não avisam quandovão atacar e, quando o sinal darequeima, por exemplo, aparecena folha, o fungo já pode ter cau-sado grandes prejuízos aos agri-cultores”. Por isso, diz Greghi, aDuPont recomenda a adoção deum programa de aplicações pre-ventivas de Equation®.

A ação de Equation® dificultao aparecimento de fungos resis-tentes. O novo produto, de acordocom informações da DuPont, étambém seletivo às culturas detomate e batata e apresenta pro-longado efeito residual no contro-le da Pinta Preta.

Texto da Assessoria de Im-prensa da DuPont Brasil Produ-tos Agrícolas, fone (0XX11) 211-5368.

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Cultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêra

Cultivares de pereira japonesa com frutos deCultivares de pereira japonesa com frutos deCultivares de pereira japonesa com frutos deCultivares de pereira japonesa com frutos deCultivares de pereira japonesa com frutos depelícula marrom: ‘Housui’ e ‘Kousui’película marrom: ‘Housui’ e ‘Kousui’película marrom: ‘Housui’ e ‘Kousui’película marrom: ‘Housui’ e ‘Kousui’película marrom: ‘Housui’ e ‘Kousui’

Ivan Dagoberto Faoro e Shigeru Shiba

ousui e Kousui são as principaiscultivares de pereira japonesa

que produzem frutos com película mar-rom. Nas condições de Santa Catarina,a cultivar Housui é mais produtiva eapresenta frutos de maior tamanho e,por isso, tem a preferência dos produ-tores.

Como esta espécie ainda é desco-nhecida da grande parte dos produto-res e dos consumidores, faz-se neces-sário um intenso trabalho de marke-ting para aumentar o consumo brasi-leiro deste tipo de fruta.

Neste artigo são descritas as prin-cipais características das cultivaresHousui e Kousui, com o objetivo deinformar os técnicos e os produtoressobre esta nova opção de fruta declima temperado para as regiões maisfrias do Estado de Santa Catarina.Existe ainda uma tendência de que

quanto mais fria for a região maistardia será a colheita, e este fatorpoderá ser explorado comercialmenteno cultivo das pereiras japonesas cita-das, nas diferentes condições edafo-climáticas do Sul do Brasil.

‘Housui’

Origem

Housui em japonês significa “águaem abundância” ou “muita água”. Éuma cultivar da espécie Pyrus pyrifoliaNakai var. culta Nakai, obtida docruzamento entre ‘Yakumo’ x ‘Ri-14’,realizado em 1954 no Instituto Nacio-nal de Ciências em Plantas Frutífe-ras, em Tsukuba, Japão.

A seleção deu-se em 1963, e em1972 foi inicialmente registrada como‘Nashi Norin nº 8’. Posteriormente foi

lançada como ‘Housui’ pelo Ins-tituto Nacional de Ciências emPlantas Frutíferas, em Tsukuba/Japão (1). Atualmente é a segun-da cultivar mais plantada noJapão.

Planta

A planta apresenta vigor mé-dio a alto, produzindo numero-sos ramos, que tendem a curva-rem-se, podendo ocasionar aperda da dominância apical, queé fraca. Verifica-se a emissão derebentos (ramos “ladrões”) ver-ticais durante o verão, dandoum aspecto de densa massa deramos. As podas são essenciaisdurante a formação da plantapara manter o balanço ideal en-tre a frutificação e o crescimen-

to vegetativo. Muitas vezes os ramosdesenvolvem-se em ângulos de 30 a60o com a vertical (2).

As folhas são grandes, ovaladas,pontiagudas e de coloração verde-cla-ra.

É comum ocorrer o início da produ-ção a partir do terceiro/quarto anoapós o plantio. As plantas produzemgemas floríferas a partir das gemasaxilares laterais. Normalmente, afloração da ‘Kousui’ é mais intensaque a da ‘Housui’. A maior percenta-gem da frutificação dá-se em gemas deramos com um e dois anos de idade. Afrutificação efetiva pode ser menorem plantas jovens e influencia o hábi-to de crescimento da planta, causandoinclinação dos ramos. Plantas adultasgeralmente apresentam melhorfrutificação. Após a colheita dos fru-tos, se os ramos secundários ficareminclinados a 45o, há tendência de ha-ver maior formação de gemas axilaresfloríferas.

Para a quebra da dormência dasgemas floríferas, a planta necessitacerca de 720 horas de frio < 7,2oC.Para as condições da região de Caça-dor e Frei Rogério, uma boa induçãode brotação pode ser obtida com aaplicação de óleo mineral a 3% +cianamida hidrogenada a 0,25%, ummês antes da brotação normal (3).

Nas condições de São Joaquim, oflorescimento geralmente inicia noprimeiro decêndio de setembro (4);em Caçador e Fraiburgo, o flores-cimento geralmente inicia na segun-da quinzena de setembro.

A cv. Housui possui alelos S3S

5 de

incompatibilidade gametofítica (5).Apresenta compatibilidade depolinização com ‘Kousui’, ‘Nijisseiki’,

H

#Figura 1 – Housui

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Cultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêra

‘Suisei’, ‘Oku Sankichi’, ‘Niitaka’ e‘Choujuurou’, mas é incompatível com‘Shinseiki’. Para a região de São Joa-quim são indicadas como polinizadorasas cultivares Packham’s Triumph,Winter Nelis e Kousui (4). Para ascondições de Caçador e Fraiburgo sãoindicadas como polinizadoras a‘Kousui’ e ‘Japonesa’ ou ‘Kikusui’.Conjuntamente, é indicada apolinização manual e/ou o uso de bu-quê para melhor garantia dafrutificação.

É resistente à mancha de alternária(Alternaria alternata) (1) e à deficiên-cia de cálcio. É suscetível ao fogobacteriano (Erwinia amylovora) e éaltamente suscetível à sarna (Venturianashicola).

Frutos

Os frutos de ‘Housui’ apresentamexcelente qualidade para consumo innatura. Possuem formato arredonda-do e irregular, sendo o diâmetro mai-or que o comprimento. O tamanho égrande, sendo maior que os frutos da‘Kousui’. O pedúnculo é longo e deespessura média a fina. As cavidadespeduncular e pistilífera são pequenase rasas.

A película possui coloração mar-rom, totalmente coberta com“russeting” e com lenticelas salien-tes, de coloração marrom-clara; noponto de maturação, a película ficamarrom-dourada ou bronzeado-dou-rada (Figura 1).

A polpa é macia, de coloração bran-ca, textura fina, crocante, com médioa alto teor de açúcar, sem aroma emuito suculenta quando madura.

Nas condições de Caçador eFraiburgo, na safra de 1998 e no pontode colheita, os frutos apresentam fir-meza de 4,5lbs, teor de açúcar de12,4% Brix, o pH de 4,7 e pesaram emmédia 250g. No município de FreiRogério, na safra de 1998, a produtivi-dade foi de 14t/ha e o peso médio dofruto situou-se em 270,7g, em umpomar comercial com cinco anos deidade; já num pomar de oito anos, aprodutividade foi de 31,2t/ha e o pesomédio do fruto situou-se em 287,7g.Para efeito comparativo, em média, afirmeza dos frutos no Japão situa-se

em 4,2lbs, o teor de açúcar, em 12,1%Brix , o pH, em 4,67; os frutos pesamem média 432g e a produtividadesitua-se em 46,0kg/planta (6).

O raleio aumenta o tamanho dosfrutos, sendo que a preferência dosconsumidores é por frutos grandes.Quanto maior e mais maduro for ofruto, maior teor de açúcar tende aapresentar.

Embora ainda não se tenha consta-tado em Santa Catarina, a cv. Housuipossui leve suscetibilidade às seguin-tes desordens fisiológicas: mancha dapodridão da polpa (“flesh spot decay”),escurecimento da polpa (“corebrowning”) e pingo de mel (“watercore”). Esta última desordem temmaior incidência quando os frutos sãocolhidos após o ponto ideal dematuração (2). Eventualmente, a de-ficiência de cálcio pode ocasionar aformação de polpa dura.

Para obter melhor aparência e parareduzir os danos severos da mosca--das-frutas (Anastrepha sp), é práticaadotada pelos produtores catarinen-ses o ensacamento dos frutos quandoestes estão com o tamanho de umanoz, cerca de três semanas após afloração, geralmente no mês de outu-bro. Os sacos, de preferência, devempossuir coloração marrom e podemser confeccionados em papel mantei-ga resistente. Os frutos são muito

atrativos aos pássaros.

Colheita

A colheita, baseada na TabelaGeral de Cores de maturação (7), dá--se entre os números 3 e 4, sendo omelhor o número 4. Ou seja, quandoa base do fruto fica verde-amarelada.

O início da maturação dá-se geral-mente no final de janeiro (4) ao iníciode fevereiro.

Os frutos, quando colhidos no pon-to ideal de maturação e armazenadosem baixa temperatura, apresentamreduzida produção de etileno. Por isso,podem ser considerados quase quenão-climatéricos (2).

A capacidade de armazenagem dosfrutos é boa, podendo ficar de um atrês meses em câmara fria com altaumidade relativa. Suportam até dezdias em temperatura ambiente.

‘Kousui’

Origem

Kousui em japonês significa “águaboa”. É uma cultivar da espécie Pyruspyrifolia Nakai var. culta Nakai, obti-da do cruzamento realizado em 1941na cidade de Hiratsuka, Estado deKanagawa/Japão, entre ‘Kikusui’ x‘Wazekouzou’. Foi lançada pelo Insti-

Figura 2 – Kousui

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Cultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêra

tuto Nacional de Ciências em PlantasFrutíferas, em Tsukuba/Japão. Foiregistrada em 1959 como ‘Nashi Norinnº 3’. É considerada boa progenitorapara programas de melhoramentogenético e atualmente é a cultivarmais plantada no Japão.

Nas condições de Santa Catarina,os frutos produzidos são pequenos e,por isso, de menor valor comercialquando comparado com o da ‘Housui’.Observa-se que as plantas primeiroemitem as flores e após, as folhas. Acv. Kousui vem apresentandosuscetibilidade ao cancro dos ramos,levando muitas plantas à morte.

Planta

A planta é vigorosa a moderada-mente vigorosa e tende a produzirramos longos, meio finos e verticais,com bom crescimento, dando à plantaum formato piramidal. Os ramos late-rais possuem ângulo de 30 a 60o coma vertical. As folhas são verde-escu-ras, grandes, ovaladas e compridas.Em condições de baixa umidade asfolhas podem cair (2).

A necessidade de horas de frio <7,0oC para a quebra da dormênciasitua-se em 750 horas (8). Nas condi-ções da região de Caçador e Frei Rogé-rio, a aplicação de óleo mineral a 3%+ cianamida hidrogenada a 0,25% pro-porciona boa brotação (3).

Produz grande número de gemasaxilares floríferas. Raramente há for-mação de esporões em gemas axila-res. A maior percentagem dafrutificação dá-se em gemas nos ra-mos com um e dois anos de idade. Afrutificação efetiva é moderada a boaem plantas novas (2).

A cv. Kousui possui alelos S4S5 deincompatibilidade gametofítica (5).Apresenta incompatibilidade depolinização com ‘Shinseiki’ (7),‘Shinsui’, ‘Hakkou’ , ‘Syuugyoku’ (9)e ‘Waseaka’. As cultivares Housui,Nijisseiki, Suisei e Shinseiki apre-sentam pólen compatível com ‘Kousui’(2).

Para as condições de São Joaquim,SC, são indicadas como polinizadorasas cultivares Nijisseiki, Packham’sTriumph e Winter Nelis (4). Para a

região de Caçador, podem ser utiliza-das as cultivares Housui e Japonesa.Conjuntamente, é indicada apolinização manual e/ou o uso de bu-quê para melhor garantia dafrutificação.

Em São Joaquim, o início doflorescimento geralmente dá-se nasegunda dezena de setembro (9), omesmo ocorrendo em Caçador eFraiburgo.

É imune ao “pear necrotic spotvirus”, resistente à mancha dealternária (Alternaria alternata ), sus-cetível ao fogo bacteriano (Erwiniaamylovora ), altamente suscetível àsarna (Venturia nashicola) mas mo-deradamente resistente à sarna cau-sada pelo patógeno V. pirina (9).

Tem se mostrado suscetível aocancro, cujo patógeno isolado nas con-dições de Fraiburgo, SC foi Dothiorellasp, forma perfeita da Botryosphaeriasp. Esta doença apresenta grande se-veridade, principalmente após a poda,podendo ocasionar até a morte daplanta. Por isso, é importante a prote-ção dos cortes dos ramos logo após apoda. Em condições de baixa umida-de, as folhas são sensíveis à queima-dura (“leaf burn”), que pode ocasionaro desfolhamento da planta.

Tem sido verificada na Região Suldo Brasil a incidência da mosca-das--frutas (Anastrepha sp) nos frutos.

Frutos

O fruto desta cultivar possui for-mato arredondado a obovalado,assimétrico, sendo o diâmetro poucomaior que o comprimento. No Brasil,o tamanho é pequeno a médio. Opedúnculo do fruto é longo e de espes-sura média, com cavidade peduncularpequena e rasa e a pistilífera é média(9).

A película apresenta coloração ver-de-palha a marrom-dourado-escuraquando os frutos estão imaturos, for-mando uma camada corticosa comlenticelas brancas; no ponto de colhei-ta adquire coloração marrom-doura-da ou bronzeado-dourada (Figura 2).

A polpa é macia, de coloração bran-ca e textura fina, com médio a altoteor de açúcar, baixa acidez, sem

adstringência, sem grãos arenosos,suculenta, de excelente sabor doce,mas não-aromático.

Nas condições de Caçador, setedias após ficarem expostos em tempe-ratura ambiente, os frutos apresenta-ram peso médio de 196g, firmeza de4,94lbs, sólidos solúveis de 11,0% Brixe pH de 5,31. Para efeito comparativo,no Japão os frutos apresentam, emmédia, peso de 290g, firmeza de 4,3lbs,sólidos solúveis de 11,7% Brix e pH de5,12 (6). Destaca-se que quanto maiore mais maduro for o fruto, maior teorde açúcar apresenta.

Embora não tenham sido detecta-das ainda em Santa Catarina, os fru-tos raramente apresentam as seguin-tes desordens fisiológicas: mancha depodridão da polpa (“flesh spot decay”),escurecimento carpelar (“corebrowing”) e pingo de mel (“water core”)(2). É resistente à deficiência de cál-cio.

Colheita

A produção pode variar conformeas condições climáticas durante o ano(9). Geralmente, são necessárias vá-rias colheitas no período de duas se-manas para colher os frutos no pontocorreto de maturação e manter assima alta qualidade desses.

Tendo por base a tabela específicade cores para a cv. Kousui, para adefinição da maturação, o melhorponto situa-se no número 4; nestasituação, as sementes estãoescurecidas e a película do fruto ficacom coloração marrom-dourada, po-dendo então os frutos ser destinadospara a armazenagem ou mesmo paraconsumo imediato (2). Quando for uti-lizada a tabela geral de cores, a me-lhor nota para a colheita situa-se nonúmero 3, quando a base do frutoapresenta coloração verde-amarela-da.

A maturação inicia geralmente nofinal de janeiro (4), pouco antes oujunto com a ‘Housui’.

Os frutos de ‘Kousui’ apresentamcapacidade média de armazenagem,podendo ficar em câmara fria durantedois meses. É importante mantê-losdurante este período em condições de#

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Cultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêraCultivares de pêra

alta umidade, pois facilmente desi-dratam e perdem a crocância.

Os frutos, quando colhidos no pon-to ideal de maturação e armazenadosem baixa temperatura, apresentamreduzida produção de etileno. Por isso,podem ser considerados quase não--climatéricos (2). Para melhor degus-tação, o fruto deve ser consumidogelado e sem casca.

Literatura citada

1. KAJIURA, M.; KANATO, K.; MACHIDA,Y.; MAEDA, M.; KOZAKI, I.; TASHIRO,T.; KISHIMOTO,O.; SEIKE, K. NewJapanese pear cultivar ‘Hâkko’ and‘Hôsui’, division of fruit breeding.Tsukuba: Bulletin of the Fruit TreeResearch Station. Series A, n.1, p.1-12,1974.

2. WHITE, A.G.; CRANWELL, D.; DREWITT,B.; HALE, C.; LALLU, N.; MARSH, K.;WALKER, J. Nashi, asian pear in NewZealand. Wellington, 1990, 84p.

3. PETRI, J.L.; LEITE, G.B.; OGAWA, N.Indução da brotação em pereira japo-nesa. Agropecuária Catarinense, v.11,n.2, jun, p.52-54, 1998.

4. BRIGHENTI, E; PEREIRA, A.J. Pêra. In:EPAGRI. Recomendação de cultivarespara o Estado de Santa catarina 1997/98. Florianópolis, 1997, 159p. (EPAGRI.Boletim Técnico, 82).

5. ISHIMIZU, T.; NORIOKA, S.; NAKANISHI,T.; SAKIYAMA, F. S-genotype ofjapanese pear ‘Hosui’ Journal of theJapanese Society for HorticulturalSciences, Tokyo, v.67, n.1, p.35-38, 1998.

6. KOTOBUKI, K.; SATO,Y.; ABE, K.; SAITO,T.; OMURA, M.; KAJIURA, I.; OGATA,T.; OZONO, T.; SEIKE, K.;MACHIDA,Y.; KURIHARA, A.;SHIMURA, I. ‘Hougetsu’, a newJapanese pear cultivar. Bulletin of theFruit Tree Research Station, n.26, p.1-14, 1994.

7. KAJIURA, I.; OMURA,M.; SHIMURA, I.Determination of the optimun matu-rity for harvest and the best harvesting

index of Japanese pear (Pyrus serotinaRehd. var. culta) cv. ‘Hosui’. Bulletin ofthe Fruit Tree Research Station, SeriesA, n.8, p.1-12, 1981.

8. NISHIMOTO, N.; FUJISAKI, M. Chillingrequirement of buds of some deciduousfruits grown in southern Japan and themeans to break dormancy. ActaHorticulturae, n.395, p.153-160, 1995.

9. RIBEIRO, P. de A.; BRIGHENTI, E.;BERNARDI, J. Comportamento dealgumas cultivares de pereira Pyruscommunis L. e suas características nascondições no Planalto Catarinense.Florianópolis: Empasc, 1991, 53p.(EMPASC, Boletim Técnico, 56).

Ivan Dagoberto Faoro, eng. agr., M.Sc.,Cart.Prof. 4.699-D, Crea-SC, Epagri - Esta-ção Experimental de Caçador, C. P. 591, Fone(0XX49) 663-0211, fax (0XX49) 663-3211,89500-000 Caçador, SC; Shugeru Shiba,eng. agr., Agência de Cooperação Internaci-onal do Japão - JICA, Estação Experimentalde Caçador, C. P. 591, fone (0XX49) 663-0211,fax (0XX49) 663-3211, 89500-000 Caçador,SC.

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caminhados com exclusividade àAgropecuária Catarinense.

2. A linguagem deve ser fluente, evi-tando-se expressões científicas e téc-nicas de difícil compreensão. Reco-menda-se adotar um estilo técnico--jornalístico na apresentação da ma-téria.

3. Quando o autor se utilizar de infor-mações, dados ou depoimentos deoutros autores, há necessidade deque estes autores sejam referen-ciados no final do artigo, fazendo-seamarração no texto através de núme-ros, em ordem crescente, colocadosentre parênteses logo após a infor-mação que ensejou este fato. Reco-menda-se ao autor que utilize nomáximo cinco citações.

4. Tabelas deverão vir acompanhadasde título objetivo e auto-explicativo,bem como de informações sobre afonte, quando houver. Recomenda-selimitar o número de dados da tabela,a fim de torná-la de fácil manuseio ecompreensão. As tabelas deverão virnumeradas conforme a sua apresen-

tação no texto. Abreviaturas, quandoexistirem, deverão ser esclarecidas.

5. Gráficos e figuras devem ser acom-panhados de legendas claras e obje-tivas e conter todos os elementos quepermitam sua artefinalização pordesenhistas e sua compreensão pe-los leitores. Serão preparados empapel vegetal ou similar, emnanquim, e devem obedecer às pro-porções do texto impresso. Dessemodo a sua largura será de 5,7 centí-metros (uma coluna), 12,3 centíme-tros (duas colunas), ou 18,7 centíme-tro (três colunas). Legendas claras eobjetivas deverão acompanhar osgráficos ou figuras.

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9. Os artigos técnicos terão autoria, cons-tituindo portanto matéria assinada.Informações sobre os autores, quedevem acompanhar os artigos, são:títulos acadêmicos, instituições detrabalho, número de registro no con-selho da classe profissional (Crea,CRMV, etc.) e endereço. Na impres-são da revista os nomes dos autoresserão colocados logo abaixo do títuloe as demais informações no final dotexto.

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Cit rosCi t rosCi t rosCi t rosCi t ros

Gomose dos citros no Oeste CatarinenseGomose dos citros no Oeste CatarinenseGomose dos citros no Oeste CatarinenseGomose dos citros no Oeste CatarinenseGomose dos citros no Oeste Catarinense

Luiz Augusto Ferreira Verona, Armando Corrêa Pachecoe Giovanina Fontanezzi Huang

gomose, também conhecidacomo Phytophthora, é uma das

doenças mais comuns nos pomarescítricos do Oeste Catarinense. Suaimportância é grande porque causaredução de produtividade e morte deplantas. A necessidade de replantioem plantas de pomares, na RegiãoOeste Catarinense, devido a proble-mas fitossanitários, é estimada em5,0%, principalmente nos pomares emformação até o quarto ano, sendo quesomente a reposição de plantas comgomose é de 2 a 3%.

A gomose é causada por fungos desolo que atacam a planta em qualquerestádio de crescimento, nas raízes eno colo das plantas, causando podri-dões, o que faz com que essa doençaseja também conhecida como podri-dão do pé. No fruto pode ocasionarlesão endurecida, denominada podri-dão parda.

A doença pode ocorrer em viveirose em pomares. A utilização de mudasdoentes, oriundas de viveirosinfectados com Phytophthora, temcontribuído para a disseminação e aalta incidência dessa doença em po-mares de citros (1 e 2). O problema ébastante sério, agravando-se à medi-da que a população de citros cresce noOeste Catarinense, onde as condiçõesclimáticas, especialmente de umida-de e temperatura, têm se mostradofavoráveis ao fungo. Somente com oplanejamento envolvendo conheci-mentos do ambiente (solo, tempera-tura, umidade, etc.), da cultivar (qua-lidade da muda, adaptação, etc.) e dofungo, pode-se estabelecer métodosde prevenção e de controle queminimizem os problemas da gomose.

Conhecendo o causador dadoença

A doença é causada porPhytophthora citrophthora ePhytophthora nicotinae var .parasitica. Esses fungos podem de-senvolver estruturas que lhes permi-tem sobreviver por períodos variá-veis, dependendo das condições quí-micas, físicas e biológicas do solo. Ainfecção de plantas ocorre principal-mente através de zoosporos que têm

mobilidade e são produzidos em es-truturas denominadas esporângios.

A disseminação dos fungos é auxi-liada pela água do solo. Em condiçõesde água livre em abundância, associ-ada a longos períodos quentes, sãoliberados os zoosporos, que atraídospela planta e após encistar germiname penetram diretamente através deferimentos ou na zona de elongaçãodas extremidades das raízes (Figura1). A sobrevivência desse fungo nosolo se dá através de estruturas deno-

Figura 1 – Ciclo da gomose dos citros causada por Phytophthora citrophthora ePhytophthora nicotinae var. parasitica (estruturas do fungo e seu papel na

epidemiologia da doença). (Adaptado de Feichtenberger, 1989)

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minadas clamidosporos e de oosporos,ou na forma de micélio ou esporân-gios em raízes infectadas em decom-posição ou na matéria orgânica. Asespécies desse fungo possuem baixacapacidade de competição com outrosmicroorganismos do solo. Por essemotivo, plantas cultivadas em solosque abrigam microflora diversi-ficada com ação antagônica àPhytophthora são menos sujeitas adoenças (3).

Durante a primavera e o verão asdoenças provocadas por Phytophthorageralmente são mais graves devido àschuvas constantes e temperaturaselevadas. Além das condições climáti-cas, vários fatores favorecem o desen-volvimento dessa doença. Dentre eles,destacam-se alta umidade do solo,solos pesados e mal drenados,encharcamento do solo junto ao tron-co e raízes, ferimentos, suscetibilidadeda combinação copa/porta-enxerto eocorrência de outras enfermidades (1e 4).

Sintomas

Os sintomas de ataque de

Figura 2 – Muda de citros com danos

nas raízes e radicelas, causadas por

gomose

Figura 3 – Muda de citros com danos na

haste, causado por gomose

Figura 4 – Planta cítrica com gomose

Phytophthora podem variar de acor-do com o órgão da planta afetado (2):

• As sementes podem apodrecere as plântulas podem murchar e mor-rer.

• Em mudas de viveiro, podem servistas lesões nas folhas, hastes, bro-tos terminais, podridão de raízes,radicelas e formação de goma na has-te (Figuras 2 e 3). Com o ataque dofungo no solo, nas regiões do tronco ede raízes laterais, as cascas apodre-cem e as camadas mais internas ficamescuras e marrons. Quan-do o fungo ataca acima donível do solo, aparecemáreas mortas e de consis-tência firme na região deataque, no tronco ou nosramos principais, com pos-terior formação de racha-duras ou fendilhamentos.A Phytophthora pode ma-tar mudas e plantas jo-vens de citros caso o fungoataque toda ou quase todaa extensão da casca aoredor do tronco. Em virtu-de da destruição dos vasosliberianos nas regiões do

colo, das raízes e radicelas, a circula-ção da seiva na planta é afetada e ossintomas evoluem paraamarelecimento progressivo das fo-lhas, murcha, frutificação fora de épo-ca, produção de frutos pequenos emorte.

• Em plantas mais velhas, geral-mente o fungo ataca parcialmente otronco e a planta não morre. No en-tanto, a planta entra em declínio devi-do ao desfolhamento, morte dos pon-teiros e formação de novos surtosvegetativos mais curtos (Figura 4).Esse declínio da planta pode tambémser provocado pela podridão deradicelas. Em radicelas atacadas, essapodridão pode ser detectada quando acasca é facilmente removida e o câm-bio fica à mostra, com aparência de fioou barbante (2).

• Os frutos, principalmente aque-les próximos ao solo, são atingidosatravés de respingos de água em solocontaminado. A casca do frutoinfectado apresenta manchas mar-rom-pardas e apodrecimento de con-sistência firme, que também atinge apolpa do fruto. A maioria dos frutoscai ao solo e alguns permanecem en-rugados e secos, presos à planta pormuito tempo (1).

Prevenção e controlecurativo da gomose

Na Tabela 1 encontram-se as prin-cipais medidas para reduzir a inci-dência da gomose em pomares decitros.

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Cit rosCi t rosCi t rosCi t rosCi t ros

Prevenção da gomose

O fungo da gomose vive emambientes úmidos, e para reduzir a suaincidência, ao formar o pomar, oagricultor tem que adotar as seguintesmedidas:

1. Evitar o plantio em áreas de soloraso, mal drenadas e sujeitas aencharcamentos ou com problemas deassoreamento.

2. Não colocar esterco, restos vegetais,adubos ou terra em excesso, próximo àbase do tronco da planta.

3. Para laranjas, tangerinas, limas, pomelose híbridos, usar mudas nas quais,a altura da enxertia deve ser a 20cmdo solo. Para limão verdadeiro(Siciliano), usar mudas enxertadas a,no mínimo, 40cm de altura a partir docolo da planta, ou enxertadas nos ramosprincipais (5, 6).

4. Melhorar a aeração da parte inferiordas plantas, junto ao solo, com a podados ramos que surgirem abaixo daaltura de formação da copa.

5. Pincelar o tronco e a base dos ramosprincipais com uma pasta obtida apartir da mistura de 1kg de fungicida combase em cobre em 10 litros de água, pelomenos uma vez por ano (agosto-setem-bro). Ou pulverizar o tronco com produtocom base em cobre, com uma dosagemmais concentrada que a utilizada normal-mente nas pulverizações convencionais.

(A) Nível de suscetibilidade decrescente.(B) Comportamento aproximado dos principais porta-enxertos de citros quando infectados com fungos do gênero Phytophthora, principalmente

P. citrophthora (Sm. & Sm.) Leonian e P. nicotianae var. parasitica (Dastur) Waterh (7).

Tabela 1 – Prevenção, controle da gomose dos citros e comportamento dos principais porta-enxertos de citros quando infectados comfungos do gênero Phytophthora spp

Controle da gomose

O diagnóstico precoce da doença,quando a planta apresenta pequenaslesões na base, com poucos sintomasna copa, permite a recuperação daplanta. Em plantas que apresentem50% ou mais de área da circunferênciado tronco afetada, não há perspectivade controle eficiente da doença. Asprincipais medidas são:

1. Retirar a casca doente da áreainfectada da planta e, em seguida,fazer uma proteção do tecido sadiocom uma pasta cúprica.

2. Aplicar na projeção da copa daplanta produto com base em metalaxil(granulado).

3. Aplicar fungicida fosetil-alumínio naforma de pulverização nas plantas.

Suscetibilidade dosporta-enxertos à

gomose (Phytophthora spp)(A)

Susceti-bilidade(B)

Muito Alta Limão verdadeiro (Citruslimon)

Alta Laranja doce (C. sinensis)Lima ácida (C. aurantifolia)Limão rugoso (C. jambhiri)Pomelo (C. paradisi )Karma (C. karma )

Média Tangerina Sunki (C. sunki)Tangelo Orlando (C. parasidix C. reticulata)Limão Cravo (C. limonia)Tangerina Cleópatra (C.reshni)Limão volkameriano (C.volkameriana )Citranges Troyer e Carrizo(Poncirus trifoliata x C.sinensis)

Baixa Macrophylla (C.macrophylla )Laranja Azeda (C.aurantium )Seleções de trifoliata:Barnes, Davis, English,Limeira, Rubidoux, Texas(Poncirus trifoliata)

Porta-enxertos

Literatura citada

1. FEICHTENBERGER, E. Gomose dePhytophthora dos citros. Revista Laranja,Cordeirópolis, v.11, n.1, p.97-122, 1990.

2. TIMMER, L.W. Phytophthora - induced diseases.In. WHITESIDE, J.O.; GARNSEY, S.M.;TIMMER, L.W. Compendium of citrusdiseases. St.Paul: APS press, 1988. p.22-24.

3. ROSSETTI, V. Doenças dos citros. In: RODRI-GUES, O. VIEGAS, F.; POMPEU JUNIOR,J.; AMARO, A.A. 1991. Citricultura brasi-leira. Campinas: Fundação Cargill, 1991.v.2, p.668-715.

4. KROTZ, L.J. Fungal, bacterial, and nonparasiticdiseases and injuries originating in seedbed

nursery and orchard. In: REUTHER, W.;CALAVAN, E.C.; CARMAN, G.E. (eds) Thecitrus industry. Berkeley, 1978. v.4, p.1-66.

5. SANTA CATARINA. Secretaria do Desenvolvi-mento Rural e da Agricultura. Normas epadrões de produção de mudas para oEstado de Santa Catarina. Florianópolis:CESM-SC, 1996. 201p.

6. KOLLER, O.L; SOPRANO, E. Canopy budding:a method that reduces Phytophthoraproblems on citrus limon. Fruit , v.49, n.3,p.211-215, 1994.

7. FEICHTENBERGER, E. Gomose dePhytophthora dos citros. Limeira, SP: Se-cretaria da Agricultura e Abastecimento doEstado de São Paulo, 1989. 9p. BoletimTécnico da Festa da Laranja, 6).

Consulta realizada à homepage www.fundecitrus.com.br/gomose.html, e cd-rom TecnologiasAgropecuárias (CATI – SP).

Luiz Augusto Ferreira Verona, eng. agr., M.SC., Cart. Prof. 4.5170-D, Crea-SC, Epagri, Cen-tro de Pesquisa para Pequenas Propriedades, C.P. 791, fone (0XX49) 723-4877, fax (0XX49) 723-0600, 89801-970 Chapecó, SC; Armando CorrêaPacheco, eng. agr., M. SC., Cart. Prof. 783-D,Crea-SC, Epagri/Centro de Pesquisa para Peque-nas Propriedades, C. P. 791, fone (0XX49) 723-4877, fax (0XX49) 723-0600, 89801-970 Chapecó,SC e Giovanina Fontanezzi Huang, enga agra ,M. SC., Cart. Prof. 34.587-2, Crea-SC, Epagri,Centro de Pesquisa para Pequenas Proprieda-des, C. P. 791, fone (0XX49) 723-4877, fax (0XX49)723-0600, 89801-970 Chapecó, SC, e-mail:[email protected].

o

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TTTTTeste de procedências e progênies deeste de procedências e progênies deeste de procedências e progênies deeste de procedências e progênies deeste de procedências e progênies deEucalyptus viminalis Eucalyptus viminalis Eucalyptus viminalis Eucalyptus viminalis Eucalyptus viminalis Labill na regiãoLabill na regiãoLabill na regiãoLabill na regiãoLabill na região

Oeste de Santa CatarinaOeste de Santa CatarinaOeste de Santa CatarinaOeste de Santa CatarinaOeste de Santa Catarina

Paulo Alfonso Floss, Dorli Mário Da Croce,João Augusto Müller Bohner e Antônio R. Higa

Eucalyptus viminalis Labill ocor-re naturalmente na Austrália,

desde a ilha da Tasmânia (43oS) até adivisa entre Nova Gales do Sul (NSW)e Queensland (28oS), em altitudes quevariam desde o nível do mar até1.400m. As temperaturas mínimas domês mais frio, nesses locais, variamde –4 a 8oC. O número de geadas variadesde zero (ao nível do mar) até acimade 100 geadas anuais, nas altitudesmaiores, onde pode até nevar. A pre-cipitação média anual varia de 500 a2.000mm (1).

A espécie apresenta boa capacida-de de regeneração por brotação e de-senvolve-se bem em solos férteis eprofundos. A espécie não tolera solosencharcados e é suscetível a déficithídrico (1). Sua madeira apresentacoloração amarelo-rosada e aodesdobrá-la racha-se demasiadamen-te e tem pouca durabilidade na intem-périe quando não tratada. No entan-to, no Oeste de Santa Catarina estaespécie é aceita para desdobro emmuitas serrarias, principalmentequando as toras tiverem grandes di-mensões e forem de árvores com ida-de superior a quinze anos.

Em função da disponibilidade desementes, esta é a espécie do gêneroEucalyptus mais plantada, para finsenergéticos, nas regiões de ocorrên-cia de geada no sul do Brasil. Apesarde os povoamentos existentes apre-sentarem crescimento e formainsatisfatórios, a espécie é recomen-dada para plantio nos Estados do Rio

Grande do Sul, Paraná e SantaCatarina, principalmente em áreascom ocorrência de geadas severas (1).Normalmente, procedências deeucalipto de maiores latitudes e mai-ores altitudes são mais resistentes ageadas (2).

Todos os povoamentos implanta-dos com esta espécie são origináriosda procedência Canela, RS, ou d eáreas de coleta de sementes de reflo-restamentos provenientes desta pro-cedência, uma vez que as árvoresoriginárias deste material florescemprecocemente e produzem grande

quantidade de sementes. Estes ma-teriais com crescimento e formainsatisfatórios, além da possível basegenética restrita, tornando o melho-ramento genético improvável, podemser usados somente até que haja dis-ponibilidade de outras fontes de se-mentes (1).

Este trabalho tem por objetivo ava-liar a performance de diversas proce-dências de E. viminalis, visando sele-cionar material genético superior aodisponível no Brasil, para estabelecerum programa de produção de semen-tes melhoradas a curto prazo.

O

Eucalyptus viminalis com um ano de idade

Silvicul turaSilvicul turaSilvicul turaSilvicul turaSilvicul tura

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Silvicul turaSilvicul turaSilvicul turaSilvicul turaSilvicul tura

Metodologia

O teste combinado de procedên-cias e progênies foi implantado pelaEpagri em janeiro de 1987, na Flores-ta Nacional de Chapecó, região Oestede Santa Catarina, localizada na lati-tude 27o07’, longitude 52o37’ e 679mde altitude. O clima é classificado pelométodo de Köppen como Cfa, comtemperaturas médias das mínimas domês mais frio variando de 7,5 a 12,6oC.A precipitação nos meses que antece-deram o inverno no ano de implanta-ção do experimento foi assim distribu-ída: 38,0, 239,0 e 289,5mm, respecti-vamente, para os meses de março,abril e maio. Neste ano houve trezegeadas, sendo quatro no mês de maio,oito em junho e uma em agosto. To-dos os registros meteorológicos sãoda Estação Meteorológica do CPPP/Epagri, em Chapecó. As sementesutilizadas foram coletadas na Austrá-lia pela Embrapa Florestas e CSIRO-

Seed Centre (Tabela 1).O teste seguiu o delineamento hi-

erárquico em blocos casualizados, com10 repetições, em parcelas de 6 plan-tas por família (progênie), emespaçamento de 3,0 x 2,0m. No totalforam plantadas 141 progênies de 8procedências (Tabela 1). Cada mudafoi adubada na ocasião do plantio com130g na formulação NPK (10-20-10).Mesmo sendo implantado em nível deprogênie, este trabalho se ateve ape-nas a avaliar o material por procedên-cia.

Os danos causados pela geada fo-ram avaliados visualmente, caracte-rizando-se pela contagem do númerode plantas com mortalidade e do nú-mero de plantas queimadas pela gea-da mas que tiveram rebrota.

Resultados e discussão

As avaliações em nível de médiasde procedência (lotes de sementes) no

primeiro ano e aos cinco anos de idadesão apresentadas na Tabela 2. A taxade replantio médio foi de 13,73%. Amaioria das procedências apresentouíndices de replantio em torno da mé-dia. No entanto, as procedências14.523 e 14.525 apresentaram índiceselevados, 19,2 e 17,8%, respectiva-mente, e a procedência 14.512 apre-sentou um índice de replantio de ape-nas 8,2%.

A avaliação realizada no primeiroano de idade mostrou que 20,03% dasmudas foram mortas pelas geadas(MMG) e 15,69% das mudas, queima-das pelas geadas com rebrota (QCR),totalizando 35,72% das plantasdanificadas pelas geadas. Com rela-ção a esta variável, as procedênciaspodem ser agrupadas em: procedênci-as mais resistentes (em torno de 11%de mortalidade): 14.201, 14.511 e14.512; procedências menos resisten-tes (em torno de 33% da mortalidade):14.525 e 14.199 e o grupo de procedên-

cias com resistências in-termediárias (em torno de21% de mortalidade):14.198, 14.200 e 14.523.Com relação às plantasdanificadas pelas geadasmas que não morreram, aporcentagem média foi de15,69, não apresentandograndes discrepâncias en-tre as procedências (vari-ando de 13 a 21,4%).

Considerando-se somen-te os critérios relaciona-dos com danos causados

Tabela 1 – Informações sobre as sementes usadas no teste combinado de procedências e progênies de E.viminalis plantado em Chapecó, SC

Origem Lote Número de Latitude Longitude Altitude(Procedências) (Nº) famílias (S) (L) (m)

Cotter Flats – ACT 14.198 05 35o38’ 148 o50’ 1.10043km S of Bombala – NSW 14.199 21 37o13’ 149 o18’ 42016km SW of Bendoc – Victoria 14.200 22 37o15’ 148 o45’ 72014km SE of Bendoc – Victoria 14.201 24 37o15’ 148 o58’ 850Stewarts Brook S.F. Barrington – NSW 14.511 09 31o58’ 151 o23’ 1.300Canobolas S.F. Orange – NSW 14.512 16 33o24’ 149 o01’ 850 - 1.170Nullo Mt. Mudgee – NSW 14.523 20 32o43’ 152 o13’ 820 - 1.100Warung SF Coolah – NSW 14.525 24 31o45’ 149 o58’ 1.080

Tabela 2 – Percentual de mudas replantadas (MR), percentual de mudas mortas pela geada (MMG); percentual de mudas queimadas pelageada com rebrota (QCR); sobrevivência (SOB) aos 10 meses e 60 meses de idade, altura (H), diâmetro na altura do peito (DAP) e

volume cilíndrico com casca (VCC) aos 5 anos de idade por procedência

Avaliações aos 10 meses Avaliação aos 60 meses

MR MMG QCR SOB SOB H DAP VCC(%) (%) (%) (%) (%) (m) (cm) (m3/ha

Cotter Flats – ACT 14.198 05 12,3 18,0 13,0 80,3 69,0 13,6 13,3 269,2243km S of Bombala – NSW 14.199 21 12,2 32,0 18,9 64,5 60,6 16,6 14,4 347,2616km SW of Bendoc – Victoria 14.200 22 13,0 22,6 15,4 74,6 69,5 16,0 13,6 331,2614km SE of Bendoc – Victoria 14.201 24 14,1 10,3 13,9 86,3 79,2 15,0 13,0 318,68Stewarts Brook S.F. Barrington – NSW 14.511 09 13,0 11,3 13,7 85,2 76,7 12,4 10,7 196,33Canobolas S.F. Orange – NSW 14.512 16 8,2 10,6 13,4 86,7 75,0 13,0 11,3 213,53Nullo Mt. Mudgee – NSW 14.523 20 19,2 21,7 15,8 73,2 64,6 13,6 11,5 219,18Warung SF Coolah – NSW 14.525 24 17,8 33,7 21,4 60,3 48,9 11,6 9,9 108,24

Média geral - - 13,73 20,03 15,69 76,39 67,94 13,98 12,21 250,46

Origem(Procedências)

Lote(Nº)

Númerode

famílias

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Silvicul turaSilvicul turaSilvicul turaSilvicul turaSilvicul tura

pelas geadas (danos com e sem mor-tes), avaliados no primeiro ano deidade, podem-se incluir as procedên-cias 14.201, 14.511 e 14.512 entre asmais resistentes (menos de 25% dototal das plantas danificadas). Já asprocedências 14.199 e 14.525 foram asmais danificadas (acima de 50% dototal das plantas danificadas).

De modo geral, os danos causadospelas geadas devem-se à época doplantio, mês de janeiro, e às geadasprecoces, ocorridas quatro meses apóso plantio. Além disso, no mês de mar-ço houve déficit hídrico, com ocorrên-cia de apenas 38,0mm de precipita-ção, seguido de uma precipitação aci-ma da média no mês de abril(239,0mm). Este comportamento pro-piciou maior crescimento vegetativo,deixando as plantas mais suscetíveisa danos provocados pelas geadas.

Sob o ponto de vista técnico, so-mente o dano da geada não deve serusado como critério de seleção, umavez que o mais importante é a produ-ção volumétrica de madeira/área.Assim, os resultados da avaliação re-

alizada ao quinto ano de idade possibi-litam melhores subsídios para seleçãoda(s) melhor(es) procedência(s) paraplantio na região.

Comparando as médias de sobrevi-vência avaliadas aos 10 e 60 meses deidade, observa-se um decréscimo de8,45%, isto é, de 76,39 a 67,94%. Essamortalidade representa uma médiaanual de 2,11%, que está dentro doesperado. Em nível de procedências, amortalidade observada entre o pri-meiro e o último ano variou de 3,9 a11,7%, respectivamente, para as pro-cedências 14.199 e 14.512.

A espécie apresentou um volumecilíndrico (com casca) médio de 250m3/ha ao quinto ano de idade, ou seja, emtorno de 125m3 sólido/ha (fator deforma de 0,5), ou ainda 162,5 estéreos/ha (fator de empilhamento de 1,3).Esse volume corresponde a um Incre-mento Médio Anual – IMA de 32,5estéreos/ha.

As procedências de maior latitude,Bombala – NSW (lote de sementes nº14.199) e Bendoc (lotes de sementesnos 14.200 e 14.201), foram as que sedestacaram em incremento

volumétrico, apresentando vo-lumes cilíndricos com casca su-periores a 318,68m3/ha aos 5 anosde idade (ou IMA superior a 41,43estéreos/ha). A procedência demenor latitude avaliada, WarungS.F. Coolash-NSW (lote de se-mentes nº 14.525), apresentou amenor performance em cresci-mento volumétrico, com volu-me cilíndrico com casca de108,24m3/ha aos 5 anos de idade(ou IMA de 14,07 estéreos/ha).Estes resultados mostram que aprodutividade desta espécie estádiretamente relacionada com alatitude da origem da semente,o que reflete a importância e apotencialidade da escolha de pro-cedências das sementes para es-tabelecimentos de eucaliptais naregião.

Conclusões

Com base nos resultados obser-vados neste experimento, reco-menda-se que os plantios na re-

gião Oeste de Santa Catarina, sujeitaa geadas severas, sejam realizadoscom E. viminalis de Bombala – NSW– e Bendoc – Victoria, Austrália.

Agradecimentos

Ao Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos NaturaisRenováveis – Ibama – pela concessãoda área experimental na FlorestaNacional (Flona) de Chapecó.

Literatura citada

1. CARPANEZZI, A.A. et al. Zoneamento

ecológico para plantios florestais no

Estado de Santa Catarina. Curitiba:Embrapa-CNPF, 1988. 113p.(EMBRAPA-CNPF Documentos, 21).

2. HIGA, R.C.V. Efeito do ABA (ÁcidoAbscísico) na resistência a geadas deEucalyptus viminalis Labill. In: CON-GRESSO FLORESTAL PANAME-RICANO, 1; CONGRESSO FLORES-TAL BRASILEIRO, 7., 1993, Curitiba.Anais... Curitiba: Sociedade Brasileirade Silvicultura, 1993. p.396.

Paulo Alfonso Floss, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 21.797, Crea-SC, Epagri/CPPP, C.P. 791,fone (0XX49) 723-4877, fax (0XX49) 723-0600, 89801-970 Chapecó, SC; Dorli MárioDa Croce, eng. florestal, M.Sc., Cart. Prof.29.978, Crea-SC, Epagri/CPPP, C.P. 791, fone(0XX49) 723-4877, fax (0XX49) 723-0600,89801-970 Chapecó, SC; João Augusto

Müller Bohner, eng. florestal, Cart. Prof.21.418, Crea-SC, Epagri/CPPP, C.P. 791, fone(0XX49) 723-4877, fax (0XX49) 723-0600,89801-970 Chapecó, SC e Antônio R. Higa,eng. florestal, Ph.D., Cart. Prof. 52.583-D,Crea-SP, Embrapa, C.P. 319, 83411-000Colombo, PR.

Eucalyptus viminalis com seis anos de idade

o

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Defesa de tese via satéliteDefesa de tese via satéliteDefesa de tese via satéliteDefesa de tese via satéliteDefesa de tese via satélite quando houver uma barreira deárvores.

Para o cultivo de maracujárecomenda-se: propiciar condi-ções para o aumento da populaçãode mamangavas, como por exem-plo, colocando mourões em fasede putrefação próximo à cultura;promover a polinização manual;antecipar o plantio das mudas demaracujá nos locais com pouca

freqüência de geadas para osmeses de janeiro a abril, de for-ma que as floradas já iniciem apartir de outubro.

Para maiores informaçõescontatar com a Epagri EstaçãoExperimental de Urussanga,fone (0XX48) 465-1209, e com oCentro de Referência em Pes-quisa e Extensão Apícola –Cepea, fone (0XX48) 238-1176.

Kátia Nones, uma aluna daUniversidade Federal dePelotas, RS, e que desenvolveusua tese de mestrado dentro daEmbrapa Suínos e Aves, passoupela última avaliação do seu cursode uma forma bem diferente.Ela defendeu a sua tese,intitulada “Efeito da formulaçãode dietas sobre o desempenho,conversão de carcaça e composi-ção dos dejetos suínos”, via saté-lite. Kátia apresentou suas pes-quisas de Concórdia, em SantaCatarina, e os professores acom-panharam as conclusões da teseem Pelotas, no Rio Grande doSul, a mais de 1.000km de dis-tância.

A defesa de tese via satélitefoi possível porque a Embrapainstalou recentemente um sis-tema de teleconferência. Atra-vés de câmeras guiadas pela voze outros equipamentos, a defesa

de tese via satélite conseguiu seaproximar da tradicional. “A pri-meira experiência foi muito boa.No final da defesa de tese, fizemosuma avaliação do sistema e perce-bemos que ele poderá ser usadofreqüentemente”, analisou o pes-quisador da Embrapa Suínos eAves Gustavo Lima, orientadorda aluna que foi avaliada.

Promover o contato entre alu-na e professores via satélite re-presentou uma economia consi-derável. Um evento que exigiriatrês dias para ser feito e gastoscom viagens e estadas foi resolvi-do em 3 horas de satélite. Como aEmbrapa possui um canal de saté-lite à disposição, o custo final foipraticamente zero. A tendência éque a experiência da Embrapa seespalhe pelas universidades e ins-tituições de pesquisa.

Texto do jornalista Jean CarlosSouza.

Apicultura x maracujáApicultura x maracujáApicultura x maracujáApicultura x maracujáApicultura x maracujá

Recentes desentendimen-tos entre apicultores e produto-res de maracujá, no Sul do Esta-do, motivaram técnicos daEpagri, que trabalham nessessetores, a recomendar técnicassimples e especiais para umaconvivência equilibrada entreapicultura e cultivo de maracu-já.

A apicultura tem posição dedestaque na economia catari-nense e, no Sul do Estado, vemsendo praticada a apicultura mi-gratória, com colméias oriundasde diversas regiões, em buscadas floradas que ocorrem du-rante o verão e o outono, princi-palmente de eucaliptos. Coinci-dentemente, é nessa época queocorrem as floradas do maracu-já, Passiflora edulis flavicarpaflavicarpa, que poderá ter a suaprodução reduzida caso não fo-rem observadas algumas regrasbásicas: na ausência ou escassezde alimento apropriado, as abe-lhas (Apis melifera) podem seratraídas para as flores de mara-cujá, reduzindo a quantidade depólen das plantas e diminuindo

a chance das mamangavaspolinizarem as flores de maracu-já.

As orientações para os apicul-tores são: ampliar em quanti-dade e melhorar em qualidade apastagem apícola através de plan-tio de espécies apropriadas paraa época e a região; plantar cos-mos (Cosmos sulphureus), plantaornamental comum em áreasurbanas, conhecida como picão--amarelo, amor-de-moça ou falsopicão, como alternativa para for-necer néctar às abelhas durantea florada do maracujá; forneceralimentação suplementar paraas abelhas que atenda suas ne-cessidades protéicas; retardarpara após o dia 20 de fevereiro amigração das colméias para asáreas próximas a cultivos demaracujá; diminuir a quantidadede colméias para quatro famíliaspor hectare na florada doeucalipto, no período de 20 defevereiro a 31 de maio, propor-cionando maior produção/col-méia, e manter uma distânciamínima de 250m entre o apiário eo cultivo de maracujá ou 180m

Pesquisas da Epagri sãoPesquisas da Epagri sãoPesquisas da Epagri sãoPesquisas da Epagri sãoPesquisas da Epagri sãodestaques no Congressodestaques no Congressodestaques no Congressodestaques no Congressodestaques no CongressoBrasileiro de OlericulturaBrasileiro de OlericulturaBrasileiro de OlericulturaBrasileiro de OlericulturaBrasileiro de Olericultura

No período de 18 a 23/7/1999realizou-se na Unisul, em Tuba-rão, o 39º Congresso Brasileiro deOlericultura (hortaliças), promo-vido pela Sociedade deOlericultura do Brasil. O eventoreuniu mais de 600 participantesoriundos de todos os Estados bra-sileiros e também dos países doMercosul.

A programação do eventoconstou de nove conferências, comdestaque para “A ImportânciaMedicinal das Hortaliças” e outrosassuntos relacionados ao temacentral do congresso – AOlericultura no Mercosul.

O ponto alto do 39º CongressoBrasileiro de Olericultura foi, semdúvida, a apresentação de 411 tra-balhos técnico-científicos porrenomados pesquisadores do Bra-sil, Argentina e Uruguai.

Os trabalhos da Epagri “Siste-mas de rotação de culturas parabatatinha” e “Análise econômicade cultivos intensivos: enfoquetradicional x enfoque sistêmico”ficaram entre os dez melhorestrabalhos apresentados nesteevento. O primeiro foi conduzidona Estação Experimental deUrussanga, pelos pesquisadoresSimião Alano Vieira, AntonioCarlos Ferreira da Silva e DarciAntônio Althoff. A pesquisa provaque a rotação de culturas, práticamilenar esquecida nos dias atu-ais, aumenta em 100% a produti-vidade da batata, além de melho-rar a qualidade dos tubérculos,quando comparada aomonocultivo (sem rotação). Além

disto, a rotação de culturas, es-pecialmente com gramíneas (mi-lho, aveia, azevém, triticale eoutras), diminui drasticamentedoenças e pragas, principalmen-te do solo, reduzindo o uso deagrotóxicos e evitando a erosãoe, em conseqüência,minimizando os riscos ao meioambiente. O outro trabalho foirealizado na Epagri/EstaçãoExperimental de Itajaí pelo pes-quisador Irceu Agostini com acolaboração do pesquisador An-tonio Carlos Ferreira da Silva daEstação Experimental deUrussanga. Este trabalho reve-la que, com a simples substitui-ção da análise econômica tradi-cional (maximiza o lucro porhectare, pressupondo que a ter-ra é o recurso mais escasso) pelaanálise sistêmica, os produtorespodem obter lucros de até 40% amais. A análise sistêmica definequal o recurso mais escasso, queem cultivos intensivos (cultivode hortaliças) normalmente é amão-de-obra e/ou o capital paraaquisição de insumos, e comomaximizar o uso deste recurso.A análise econômica sistêmicaevita a tomada de decisõeserradas por parte dos produto-res ao utilizarem determinadastecnologias. Para maiores in-formações sobre os assuntos,os interessados podem contac-tar com os pesquisadores naEstação Experimental deUrussanga, fone/fax (0XX48)465-1209 e de Itajaí, fone/fax(0XX47) 346-5255.

FLASHES

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Embrapa Suínos e AvesEmbrapa Suínos e AvesEmbrapa Suínos e AvesEmbrapa Suínos e AvesEmbrapa Suínos e Avespromove eventospromove eventospromove eventospromove eventospromove eventos

SeqüenciamentoSeqüenciamentoSeqüenciamentoSeqüenciamentoSeqüenciamentogenético dagenético dagenético dagenético dagenético da

bactéria bactéria bactéria bactéria bactéria XyllelaXyllelaXyllelaXyllelaXyllelafastidiosafastidiosafastidiosafastidiosafastidiosa

O Projeto Genoma-Fapesptem o objetivo de realizar oseqüenciamento genético dabactéria responsável pelaClorose Variegata dos Citros –CVC ou doença do amarelinho,causada pela bactéria X.fastidiosa, doença que ameaçaseriamente a citricultura doEstado de São Paulo e do Brasil.A equipe de pesquisadores doprofessor Paulo Arruda,coordenador do Centro deBiologia Molecular e EngenhariaGenética da Unicamp,identificou nove genes dabactéria que pode ter relaçãodireta com a doença doamarelinho. Se essa hipótesefor comprovada, estará aberto ocaminho para odesenvolvimento de umcomposto capaz de bloquearesses genes e controlar a doença.

Para os produtores de amei-xa do Estado de Santa Catarinaesta é uma notícia alvissareira,pois a principal doença que estácausando sérios prejuízos aosnossos fruticultores é aescaldadura da folha da amei-xeira. A responsável por estadoença é uma bactéria denomi-nada de Xyllela fastidiosa, amesma bactéria estudada pelaUnicamp.

Os genes identificados pelaequipe de Paulo Arruda aparen-temente constituem um operon,ou seja, um conjunto de genessob controle de um mesmo re-gulador e com uma função me-tabólica definida – no caso, abiossíntese da goma xantana.

Como estamos vendo, exis-te uma alta probabilidade dosfruticultores, que hoje têm difi-culdades de produzir ameixa emSanta Catarina em virtude da X.fastidiosa, serem beneficiadoscom a pesquisa desenvolvidapela Unicamp. O controle daescaldadura da ameixeira per-mitirá que o Estado se destaqueno cultivo desta rosácea, pois ascondições climáticas são as me-lhores possíveis para esta espé-cie.

Estes resultados mostramcomo é importante o planeja-mento integrado da pesquisa noâmbito regional, nacional emuitas vezes internacional.

Constam do calendário daEmbrapa Suínos e Aves os se-guintes eventos:

• O II Encontro de Técnicos doCone Sul Especialistas em Siste-ma Intensivo de Suínos Criadosao Ar Livre – Siscal – deverá dis-cutir os problemas do sistema in-tensivo de suínos criados ao arlivre utilizado na Argentina, noUruguai, Paraguai, Chile e Brasil.Durante o evento, novas práticasde manejo deverão ser propostastrazendo diferentes soluções paraos problemas apontados. O en-contro será realizado nos dias 23e 24 de setembro, na Sede daEmbrapa Suínos e Aves, em Con-córdia, SC.

• O Simpósio Internacionalsobre Resíduos da ProduçãoAvícola: Alternativas de Aprovei-tamento e Qualidade Ambientalserá realizado nos dias 6 e 7 deoutubro de 1999, na Sede daEmbrapa Suínos e Aves, emConcórdia, SC. A realização des-se evento possibilitará discutir oimpacto da intensificação da pro-dução avícola no ambiente, oplanejamento da atividade (vi-sando reduzir o impactoambiental), a proposição de alter-nativas de utilização de resíduosoriundos da produção intensivadas aves, novas abordagens sobrea nutrição das aves frente ao pro-

blema da poluição ambiental porexcesso de nutrientes emitidos eo fornecimento de soluções parasustentabilidade do ambientefrente à intensiva produçãoavícola.

• No I Simpósio Internacionalsobre Nutrição de Aves estar-se--á promovendo um espaço especí-fico para a troca de informaçõesentre técnicos e instituições queatuam em nutrição de aves. Oevento será realizado nos dias 27e 28 de outubro, na Sede daEmbrapa Suínos e Aves, em Con-córdia, SC.

• No Seminário sobre Negóci-os Tecnológicos será possível dis-cutir o negócio tecnológico, suastécnicas, seus problemas e deba-ter realizações no estabelecimen-to de parcerias, envolvendo paco-tes e empresas de base tecnológica.Este seminário ocorrerá nos dias24 e 25 de novembro, na Sede daEmbrapa Suínos e Aves, em Con-córdia, SC.

Interessados em participarpoderão obter informaçõesdetalhadas junto à Área deComunicação Empresarial daEmbrapa Suínos e Aves, fone(0XX49) 442-8555, ramal 316, fax(0XX49) 442-8559, e-mail:[email protected] . Textoda jornalista Tânia Maria G.Scolari.

Santa Catarina sedia Congresso deSanta Catarina sedia Congresso deSanta Catarina sedia Congresso deSanta Catarina sedia Congresso deSanta Catarina sedia Congresso deAgrometeorologiaAgrometeorologiaAgrometeorologiaAgrometeorologiaAgrometeorologia

Foi aberto no dia 19 de julhopassado, em Florianópolis, o XICongresso Brasileiro deAgrometeorologia e II ReuniãoLatino-Americana de Agro-meteorologia, que contou com 540interessados inscritos e 430trabalhos incluídos nos anais, su-perando as expectativas dosorganizadores. O encontro discu-tiu a temática da agrometeoro-logia – ciência que combina infor-mações de tempo e clima aplicadaao setor agrícola – definindo osambientes preferenciais para ocultivo e a produção de espécies

vegetais e animais – em nívelnacional e internacional. Ostemas centrais abordados fo-ram: zoneamento agrícola eambiental, agrossistemas agrí-colas e ambientais, com ênfasena agricultura familiar, papeldos centros regionais demeteorologia para o suporteao monitoramento ambiental,agrícola e do setor de geração etransmissão de energia elétrica.A promoção do encontro foi daSociedade Brasileira deAgrometeorologia – SBA, Epagri,UFSC e Udesc.

Epagri instalaEpagri instalaEpagri instalaEpagri instalaEpagri instalaCentro deCentro deCentro deCentro deCentro de

Referência emReferência emReferência emReferência emReferência emPesquisa ePesquisa ePesquisa ePesquisa ePesquisa e

Extensão ApícolaExtensão ApícolaExtensão ApícolaExtensão ApícolaExtensão ApícolaO primeiro Centro de Refe-

rência em Pesquisa e ExtensãoApícola – Cepea do Brasil foiinstalado dia 13 de julho, na Ci-dade das Abelhas, situada naRodovia Virgílio Várzea, 2.600,em Florianópolis, SC. Na opor-tunidade o técnico agrícola NésioFernandes de Medeiros tomouposse como chefe do Cepea. Oprincipal objetivo da criação des-te Centro é o de promover apesquisa na área apícola (me-lhoramento genético e produ-ção de rainhas), prestar assis-tência técnica (só este ano jáestão programados 36 cursos decapacitação), prestação de ser-viço (reativação do laboratóriopara análise de produtos apícolas)e produção de cera alveolada. OCentro vai trabalhar em parce-ria com a Federação das Associ-ações de Apicultores de SantaCatarina, que tem cerca de 4 milassociados e congrega 59 associ-ações regionais. “Santa Catarinatem tradição apícola muito gran-de no Brasil e é importante estarentre as prioridades do atualgoverno”, disse Agenor SartoriCastagna, presidente da Fede-ração.

“Santa Catarina é o maiorprodutor de mel do Brasil, tem omaior número de apicultores –15 mil – e é a apicultura maisorganizada”, revelou AinorLotério, diretor da Epagri, expli-cando a instalação deste Centrono Estado e lembrando, ainda,que o mel catarinense é conside-rado o melhor do Brasil e já foipremiado como o melhor domundo. O objetivo é aumentar aprodutividade do mel catarinen-se, que ainda é baixa – cerca de15kg/mel/colméia/ano. “Nossameta é passar para 30kg de mel/colméia/ano”, disse Ainor, ga-rantindo que é possível, atravésde melhoramento genético –troca de rainhas – e manejo cor-reto das famílias preparando paraa florada. As regiões maioresprodutoras de mel de SantaCatarina são: Sul (principalmen-te o de eucalipto), GrandeFlorianópolis (silvestre) e Pla-nalto Norte (silvestre). A produ-ção anual de mel em SantaCatarina é de 9 mil toneladas.

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Grupo ChrGrupo ChrGrupo ChrGrupo ChrGrupo Chr. Hansen. Hansen. Hansen. Hansen. Hansenutiliza papel recicladoutiliza papel recicladoutiliza papel recicladoutiliza papel recicladoutiliza papel reciclado

Um exemplo de cidadaniamarca, no país, os 125 anos dogrupo dinamarquês Chr.Hansen. A filial brasileira da“holding”, sediada em Valinhos,SP, optou pela confecção de brin-des comemorativos com papelreciclado – manufaturado comresíduos de sementes de urucum– e trabalhados pelos detentosdo Presídio Masculino deFlorianópolis, SC.

A ação foi desenvolvida emconjunto com a Papel Feito àMão Terra – instituição catari-nense, de caráter privado, quemantém projeto de reabilitaçãode presidiários, oferecendo for-mação profissional e trabalhoremunerado na produção de pa-pel reciclado artesanalmente,comercializado em escala indus-trial.

Segundo o diretor geral daChr. Hansen do Brasil, SteenHedetoft, a filial forneceu a ma-téria-prima necessária para acolaboração dos papéis, os quaiscompuseram os brindes. “Os re-síduos da produção de corantesda Chr. Hansen, obtidos peloprocessamento de sementes deurucum, seguiram paraFlorianópolis para a confecção,pelos detentos, dos blocos de ano-tações para clientes e fornece-dores da empresa”, observa.

A diretora da Papel Feito àMão Terra, Zuleica Medeiros,explica que o projeto, desenvol-vido pela sua empresa, tem comoobjetivo permitir o desenvolvi-

mento integral do detento, suarecuperação e reintegração so-cial. “Nossa intenção é promo-ver a revalorização da cidada-nia, através de um trabalho eco-logicamente correto. Dessemodo, desde 1997, resolvemosaplicar a nossa técnica exclusivade produção de papel recicladoem benefício dos presidiários.Oferecendo condições de traba-lho, estamos inserindo-os naCampanha da Não-Violência, oque resulta na redução da rein-cidência, e possibilitando remis-são de pena, já que três dias detrabalho representam um dia amenos na prisão”, diz.

A Chr. Hansen trabalha comtrês divisões – de produtos farma-cêuticos (área de alercologia),ingredientes alimentícios eprodutos biológicos para nutriçãoe saúde animal – e cobre diversasáreas geográficas, como Escan-dinávia, Pacífico, Ásia, Europado Norte e do Sul, Leste Europeu,América do Norte e do Sul. Aunidade brasileira, sediada emValinhos há 22 anos, atua nasáreas de ingredientes alimen-tícios e produtos biológicos paranutrição e saúde animal; é aresponsável pela área corres-pondente a toda América do Sul,com exceção de Colômbia eEquador, e conta com 132 pes-soas em seu quadro funcional. AChr. Hansen pode ser encon-trada na internet no endereçohttp://www.chrhansen.com.Texto de Kátia Keller.

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LANÇAMENTOSEDITORIAIS

Cultura da erva-mate noEstado de Santa Catarina.Boletim Técnico nº 100. 81p.

Segundo os autores, enge-nheiros florestais Dorli MárioDa Croce e Paulo Alfonso Floss,o objetivo deste boletim é des-crever as principais pesquisasdesenvolvidas na cadeia produ-tiva da erva-mate, em SantaCatarina, destacando-se a pro-dução de sementes e mudas,plantio, tratos silviculturais, sis-temas agroflorestais, recupera-ção de ervais nativos através dadecepa, sistemas de poda, técni-cas de manejo, entre outros tra-balhos desenvolvidos pela Epagrie por outras instituições de pes-quisa do Sul do Brasil.

Segundo os autores, do Cen-tro de Pesquisa para PequenasPropriedades/Epagri, Chapecó,a produção brasileira de erva--mate é de aproximadamente450 mil toneladas por ano doproduto industrializado. O setorervateiro do país é composto de725 empresas processadoras,486 municípios produtores e temparticipação de 710 mil traba-lhadores diretos e indiretos. EmSanta Catarina existem 118empresas processadoras, 140municípios produtores e aproxi-madamente 19.000 proprieda-des rurais que têm na erva-materenda significativa para a suasustentabilidade. Existem 66.500trabalhadores direta ou indire-tamente ligados à atividadeervateira catarinense.

Curso profissionali-zante de processamento depescados. Boletim Didático n º28. 46p.

A finalidade deste boletim éampliar o conhecimento das pes-soas interessadas em conservare processar peixes. A publicaçãocomplementa os cursos minis-trados pela Epagri, por meio doPrograma Catarinense deProfissionalização de Produto-res Rurais. Este documentoapresenta alternativas deprocessamento artesanal dopescado, onde os objetivos sãoagregação de renda, melhoriada qualidade e aproveitamentoda matéria-prima disponível.

Avaliação do Potencialda Indústria Rural de Pe-queno Porte em SantaCatarina. Livro. 86p., ilustra-do.

Avaliação do Potencial da In-dústria Rural de Pequeno Porteem Santa Catarina é o título doprojeto financiado pela Empre-sa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária – Embrapa e executa-do pelos engenheiros agrôno-mos João Augusto V. de Oliveira(Epagri), Wilson Schmidt(UFSC), Valério A. Turnes(Epagri, Vanice D.B. Schmidt,Luciano Voigt, Thaise Guzzattie Sheila Maciel (contratados peloprojeto). Em quatro diferentesestudos procurou-se resgatarinformações básicas sobre anova realidade da pequenaagroindústria alimentar do Es-tado e, a partir dessa base deinformações, impulsionar novasações de pesquisa e desenvolvi-mento capazes de oferecer osuporte técnico necessário paraviabilizar o surgimento de novasiniciativas.

Os principais objetivos doprojeto foram: realizar umatipologia da indústria rural depequeno porte (IRPP) em SantaCatarina e avaliar sua impor-tância socioeconômica; analisaras condições gerais (ambiente)para a emergência ou, em al-guns casos, a consolidação des-tas indústrias de pequeno porteno setor alimentar; avaliar aspossibilidades de entrada dosprodutos das IRPPs nos canaistradicionais de distribuição; es-timar as condições decompetitividade dos produtos dasIRPPs e contribuir para a defini-ção das característicasmercadológicas (apresentação,embalagens e outras) dessesprodutos; antecipar e/ou siste-matizar as demandas que o se-tor das IRPPs necessitará colo-car frente ao poder público.

Os interessados pelo temapodem adquirir os resultadosdestes estudos no relatório pu-blicado recentemente pelas ins-tituições:

• Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Ruralde Santa Catarina S.A. – Epagri,fone (0XX48) 239-5500, fax(0XX48) 239-5597.

• Centro de Ciências Agrá-rias/Universidade Federal deSanta Catarina – CCA/UFSC,fone (0XX48) 334-2266, fax(0XX48) 334-2014.

• Centro de Estudos e Pro-moção da Agricultura de Grupo– Cepagro, fone (0XX48) 334-3176.

*Estas e outras publicações da Epagri podem ser adquiridas na sededa Empresa em Florianópolis, ou mediante solicitação ao seguinteendereço: GMC/Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis, SC,fone (0XX48) 239-5500.

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

Piscicultura atrai produtoresPiscicultura atrai produtoresPiscicultura atrai produtoresPiscicultura atrai produtoresPiscicultura atrai produtoresrurais catarinensesrurais catarinensesrurais catarinensesrurais catarinensesrurais catarinenses

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

Brasil ainda despende somassignificativas na importação de

pescados para o consumo humano,sendo que só em 1996 representaramcerca de 300 milhões de dólares. Mes-mo assim, o consumo médio nacionalé considerado ainda baixo pela Orga-nização Mundial da Saúde - OMS,beirando os 6kg por habitante ao ano,ao passo que o mínimo recomendadoé de 13kg/hab./ano. Em SantaCatarina, dadas as características to-pográficas, climáticas, hídricas efundiárias, a piscicultura de água doce

vem crescendo ativamente nos últi-mos quinze anos, saltando de 64t pro-duzidas em 1983 para 14 mil toneladasem 1998, um acréscimo surpreenden-te de 21.875%. Segundo informam ostécnicos do Projeto de Geração, Difu-são de Tecnologias e Assistência Téc-nica em Piscicultura de Água Doce daEpagri, o crescimento médio da pro-dução de peixes de 1993 a 1998 atinge33% ao ano, envolvendo 22.338 produ-tores em 262 municípios catarinen-ses.

A piscicultura em Santa Catarina é

A crise econômica brasileira e,especificamente, a descapitalizaçãoda agricultura têm forçado osprodutores rurais a buscar novasalternativas de renda e, com isso,evitado ou postergado a ameaça doêxodo rural. Uma das opções queestá surgindo é a produção depeixes de água doce, ou seja, apiscicultura. Os recursos hídricosrelativamente abundantes emSanta Catarina e a disponibilidadede subprodutos existentes napropriedade rural têm tornado apiscicultura uma atividadelucrativa e de alto cunho social,gerando emprego e renda no meiorural. Aspectos da recenteexperiência catarinense nesta áreasão mostrados na reportagem aseguir.

bastante antiga, sendo praticada ini-cialmente nas regiões de colonizaçãogermânica. A atividade começou adifundir-se e a organizar-se a partir dadécada de 70, em função da disponibi-lidade de assistência técnica com acriação do serviço de extensão pes-queira (ex-Acarpesc) e a instalação depostos e estações de piscicultura emvários municípios. Com a criação daEpagri no início da década de 90, quejuntou os serviços de extensão rural epesquisa, houve um grande incremen-to da atividade. Isto se deveu a mu-

O

Em Santa Catarina já existem mais de 20 mil produtores de peixe de água-doce,organizados em 51 associações municipais

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

danças na metodologia de acompa-nhamento da produção, aliadas à ins-talação do programa de profissio-nalização de piscicultores em 1991.Esta capacitação dos produtores ser-viu de importante estímulo à produ-ção, produtividade e qualidade, incen-tivando também a organização dospiscicultores. Existem hoje 51 associ-ações municipais, duas regionais euma associação estadual.

A maioria dos piscicultores são pe-quenos produtores rurais que, alémdas atividades agrícolas normais, in-cluíram essa nova alternativa em seusestabelecimentos. Existem também,em menor número, pequenos empre-sários e profissionais liberais que op-taram pela produção piscícola. A mai-oria dos piscicultores ainda utilizapouca tecnologia, mas o número da-queles que estão adotando novas téc-nicas vem aumentando em função daprofissionalização. O sistema de pro-dução que predomina no Estado é osemi-intensivo em policultivo, deno-minado orgânico ou natural por estarintegrado com outras atividades pe-cuárias (aves, suínos, bovinos, etc.).Este sistema trabalha com várias es-pécies de peixe num mesmo viveiro,mas cada uma com hábitos alimenta-res diferentes das outras. Assim, sãoaproveitados todos os alimentos natu-rais do viveiro (o plâncton, os vege-

tais, os organismos de fundo, etc.),reduzindo bastante os custos de pro-dução, quando comparados aos dossistemas que utilizam apenas rações.

Além de servir de importante fon-te de renda à agricultura familiar, apiscicultura de água doce está incen-tivando o crescimento de um parqueindustrial ligado ao setor, o qual en-volve fábricas de ração, de equipa-mentos, indústrias de processamentode pescado e de insumos (redes,reagentes, etc.), gerando emprego emtoda a cadeia produtiva. Para se teruma idéia dos recursos gerados pelaatividade anualmente, os técnicos doProjeto de Piscicultura de Água Doceestimam que eles somam cerca de 20milhões de reais, gerando mais de3.600 empregos diretos.

Entre as espécies de peixe maisutilizadas destacam-se a carpa co-mum, a tilápia, a carpa capim e obagre africano, as quais produziramem 1998, respectivamente, 4.975t,3.318t, 1.807t e 1.198t, sendo todasespécies de águas mornas. Quanto àsespécies de água fria, a única repre-sentante no Estado é a truta, com397t, produzida principalmente nasregiões de Joinville e Lages. As espé-cies de águas mornas distribuem-sepor quase toda Santa Catarina, abran-gendo municípios das Regiões Oeste,Alto Vale, Litoral Norte e Sul, Planal-

to Central e Norte. A produção dealevinos para as espécies de águasmornas concentra-se nos meses deoutubro a março, podendo ser esten-dida para o ano todo com a prática darecria (produção de alevinos II,alevinos III, peixes juvenis), o queviabiliza efetuar despescas e novospovoamentos de viveiros praticamen-te ao longo de todo o ano.

A comercialização se dá basica-mente na forma in natura através devenda direta na propriedade, pesque--pagues, feiras livres, mercados públi-cos e peixarias. Com a recente im-plantação de frigoríficos no Alto Valedo Itajaí e em Chapecó, novos produ-tos estão sendo oferecidos ao mercadona forma de filés e polpas congeladose embalados.

Enfoque ambiental

Liderando um grupo de 35 técnicosespecialistas (pesquisadores eextensionistas) distribuídosestrategicamente no Estado, o biólogoMauro Roczanski, do Projeto dePiscicultura de Água Doce, com sedeno Centro Integrado de Informaçõesde Recursos Ambientais – Ciram, daEpagri, revela que um dos grandesdesafios da sua equipe tem sido adifusão de novas técnicas paraaperfeiçoamento do sistema orgânicoou semi-intensivo. “Este sistema ébem mais eficiente do que o que vinhasendo utilizado pelos piscicultoresdurante muitos anos, isto é, o sistemaextensivo, com o povoamento deaçudes que não podiam ser drenados ecom mínimas possibilidades de manejodos peixes (alimentação e despes-cas), resultando em baixa produti-vidade”. E prossegue, “resultados têmdemonstrado que a prática deaproveitamento de produtos esubprodutos das propriedades ru-rais, em quantidades tecnicamenterecomendadas, consumidos pelospeixes ou reciclados via plâncton emais complementação através derações balanceadas, tem propor-cionado produtividades satisfatóriase boa lucratividade. Os peixesproduzidos nesse sistema têm boaformação de carcaça e mantêm as

Apesar do

crescimentoda

produção, o

consumo de

pescado no

Brasilainda é

baixo

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características de qualidade de carne,recebendo, portanto, preços diferen-ciados. Atualmente, está aumentandoo número de piscicultores que adotamcada vez mais práticas visando apreservação ambiental. Desenvolvema piscicultura em sistemas prati-camente fechados, abastecendo osviveiros apenas com água paracompensar infiltração e evapo-transpiração, dessa forma nãolançando despejos para os mananciaisexternos. A matéria orgânica existenteou aportada aos viveiros é trans-formada sob ação de microorganismoscomo bactérias, fungos, protozoários,etc., liberando substâncias comocarbono, nitrogênio, fósforo e outrasem formas assimiláveis pelas plantasclorofiladas aquáticas. Esses pequenosvegetais, além de produzirem ooxigênio necessário para os peixes,servem de suporte essencial paraformação da cadeira trófica (alimentar)nos viveiros, resultando emsignificativa produção de proteínaanimal desejada, que é o pescado”. Eacrescenta: “Para ajudar nestadifusão, contamos ainda com mais de200 técnicos municipais atuantes emtempo parcial nos seus municípios,sem os quais seria impossível alcançaros resultados hoje obtidos”.

A rizipiscicultura, ou seja, aprodução de peixes em lavouras dearroz, também é uma das modalidadesde piscicultura acompanhadas peloProjeto. Contribui para a redução depragas e ervas daninhas das lavourasde arroz através dos peixes,diminuindo o uso de agrotóxicos eadubos químicos e, por conseguinte,melhorando a qualidade ambiental.“Água de boa qualidade é o legado quepodemos deixar para os nossos filhose netos”, sustenta Mauro. Conta querecentemente foi elaborado um vídeopela Epagri (A Gota d’Água) emparceria com a ONG ambientalistaApremavi, com resultados surpreen-dentes. Foi muito bem aceito pelacomunidade técnica e pelos produtoresque já tiveram oportunidade deassistir. Nele se salienta a importânciada preservação da água na agriculturae na natureza, destacando apreocupação pela sua qualidade para

as futuras gerações.Um desafio que os técnicos estão

enfrentando diz respeito ao manejoda água. Utilizando viveiros do tipoaçude, o piscicultor não tem controleda água, a qual sai continuamentepara fora levando os dejetos e tambémnutrientes, poluindo riachos, várzeas,etc. Por isso, a recomendação da Epagrié que se utilizem viveiros do tipoderivação, nos quais se tem o controleda água, deixando entrar apenas osuficiente para manter o nível. Comisso, não sai água durante o cultivo eo ambiente permanece sadio. Outroproblema é a despesca: “ainda existemprodutores que não estão sabendofazer corretamente a despesca”,analisa o engenheiro agrônomo MatiasGuilherme Boll, da equipe do Projeto.Ele adianta que a Epagri estáorientando os piscicultores na fase dadespesca a baixar lentamente o nívelda água, pois esta água superficial nãoé problemática. Aconselha que, sepossível, este líquido vá para airrigação de eventuais lavouras queestejam perto dos viveiros dos peixes.“O que preocupa é o lodo do fundoonde está a concentração maior dematéria orgânica”, diz Matias. Nestecaso, os técnicos mostram aospiscicultores como manejar com

cuidado as redes de despesca, e atéestão sendo testados equipamentosque mexam o mínimo possível acamada de baixo, o leito dos viveiros.“Nosso esforço se concentra naquestão ambiental, na sustenta-bilidade deste sistema de produção depeixes. Penso que estamos no caminhocerto, os piscicultores estão ficandomais conscientes, todos sabemos quea qualidade da água é um ponto críticono processo, e nossa meta conjunta –técnicos e produtores – é produzir deacordo com a legislação ambiental,estimulando a produção e a produ-tividade com o mínimo de impactoambiental”, frisa o engenheiro. Valemencionar que não é só a Epagri quevem atuando nesta área. Diversasentidades ambientalistas, comoONGs, a Fatma, o Ibama e univer-sidades do Estado, estão envolvidasnum esforço conjunto e de parce-rias.

Alguns resultados desse trabalhojá estão aparecendo. A Epagri equi-pou algumas de suas estações expe-rimentais com modernos labora-tórios para análise de qualidade deágua. O biólogo e pesquisador SérgioTamassia, da Estação Experimentalde Ituporanga, no Alto Vale doItajaí, é um dos responsáveis pelo

Um dos cuidados ambientais recomenda o mínimo revolvimento do lodo no fundo

dos viveiros por ocasião da despesca

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monitoramento da qualidade da águade diversas unidades ou propriedadesde piscicultores, onde é avaliada aágua em diversos pontos: antes dosviveiros dos peixes, no viveiro, naágua que sai e na água que vem dasnascentes. São feitos levantamentosconstantes de itens como oxigêniodissolvido, pH, temperatura e vazãodas águas. Quinzenalmente os labo-ratórios medem os níveis de amônia,clorofila, fósforo, nitratos, turbidez,coliformes fecais/totais, DBO e nitro-gênio total, trabalho realizado com oapoio dos laboratórios do Senai deChapecó e Blumenau. A avaliação daqualidade das carnes dos peixes éoutro item relevante. Mede-se a pre-sença de coliformes como a Salmonellaspp e o Staphylococcus aureus, envol-vendo o Laboratório de Tecnologia deAlimentos da UFSC.

“Nem sempre são apenas os dejetosanimais os responsáveis por altosteores de nutrientes da água. Temosnotado que, também, as rações malbalanceadas podem contaminar oambiente, pois não sendo totalmentedigeríveis pelo organismo dos peixesvão parar no ambiente, criando pro-blemas”, esclarece Tamassia. Revela,ainda, um dado importante para aquestão ambiental: “recentes medi-

ções estão demonstrando que, emmuitos casos, as águas de rios ecórregos que chegam às propriedadesde piscicultores estão mais poluídasdo que as águas que saem dos viveirosdos peixes. Nos viveiros, elas passampelo processo de reciclagemmicrobiana e, por ocasião da despesca,saem com melhor qualidade ambientaldo que quando chegaram”.

Profissionalização epesquisa

Para aprimorar a piscicultura ca-tarinense, a capacitação dos piscicul-tores é um aspecto fundamental. Paraisso, os cursos de profissionalizaçãopermitem à Epagri chegar diretamen-te aos clientes levando tecnologia eorganização. O oceanógrafo FernandoSilveira, coordenador estadual de cur-sos de piscicultura, conta que a de-manda pelos cursos é bastante alta,tendo em vista que, atualmente, apiscicultura é uma das atividades demaior rentabilidade econômica naagropecuária. Segundo Fernando, oscursos abordam temas como técnicasde construção de viveiros, produçãode peixes, qualidade de água, meioambiente, organização dos produto-res, entre outros aspectos. As aulas

são tanto teóricas quanto práticas,incluindo visitas a propriedades depiscicultores já profissionalizados. Sóno ano passado, diz o técnico, passa-ram pelos cursos cerca de 640 pessoase mais de 2 mil produtores já foramprofissionalizados nos 121 cursos rea-lizados entre 1993 e 1998. Os cursosfuncionam nos centros de treinamen-to e estações experimentais da Epagri,em municípios como Chapecó, SãoMiguel, Campos Novos, Rio do Sul,Lages, Caçador, Araranguá, Tubarãoe Joinville (neste último, na Funda-ção Municipal 25 de Julho). “Váriosprodutores profissionalizados pelaextensão rural que utilizam as técni-cas e insumos recomendados têm al-cançado produtividades superioresa 8.000kg/ha/ano, bem maiores queos 1.500 a 3.000kg/ha/ano, que é amédia obtida nas principais regiõespiscícolas do Estado”, garante o biólo-go José Seno Regert, que participa daequipe do Projeto de Piscicultura jun-to ao Ciram.

E, dada a crescente demanda pelopescado de água doce, a Epagri resol-veu criar o Curso de Processamentode Carne de Peixe em que participamtambém (e principalmente) as mulhe-res dos piscicultores, donos de lancho-nete, etc. No curso são apresentadasmaneiras de preparar até 21 tiposdiferentes de pratos com base empeixe, entre pastéis, bolinhos, filés,fishburgers e outros.

Mas não ficam só na assistênciatécnica, na extensão e na capacitaçãoas ações do Projeto. Trabalhos depesquisa em parceria com diversasentidades (Embrapa, Univali, Senai,UFSC, etc.) procuram avaliar quali--quantitativamente os efluentes ge-rados na produção de peixes integra-dos a suínos e, também, determinarqual a quantidade mais adequada deadubo orgânico que pode ser aplicadadiariamente, por hectare, em vivei-ros sem afetar o meio ambiente. Ou-tro estudo importante diz respeito àcomparação entre crescimento, pro-dução e aspectos econômicos eambientais do sistema de policultivoutilizando diferentes alternativas desuplementação alimentar. A tilápia éobjeto de estudos específicos, como,

Experimento de avaliação do impacto ambiental de dejetos de suínos na

piscicultura na Escola Agrotécnica Federal de Concórdia – EAFC/UFSC

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

por exemplo, aperfeiçoamento do sis-tema de cultivo intensivo e manipula-ção genética na busca de indivíduostriplóides vizando a obtenção apenasde machos (para evitar a reproduçãonos viveiros). Os ensaios científicossão desenvolvidos principalmente nasunidades experimentais do Projeto,que são o Campo Experimental dePiscicultura de Camboriú - CEPC e aEscola Agrotécnica Federal de Con-córdia - EAFC/UFSC. Além daquelesestudos, na Estação Experimental deItajaí um grupo de pesquisadores emarroz irrigado, em cooperação com ospesquisadores do CEPC, vem condu-zindo ensaios sobre a produção depeixes em lavouras de arroz, arizipiscicultura.

A qualidade do produto também épreocupação do Projeto, que procuradeterminar a existência de contami-nação na pele e carne de peixes porbactérias patogênicas e parasitas nosdiferentes sistemas. Recente estudoem parceria com o Centro deTecnologia em Alimentos – Ctal, doSenai, em Chapecó, SC, e com a Uni-versidade do Oeste do Estado de San-ta Catarina - Unoesc expôs um resul-tado importante para a piscicultura.Técnicos do Ctal investigaram a exis-tência ou não de patógenos comoSalmonella, Staphylococcus aureouse coliformes totais/fecais em amos-tras colhidas em três viveiros integra-dos com suinocultura e em outro tra-tado com ração de peixes. A Salmonellaesteve ausente em todas as amostras.Os demais microorganismos foramencontrados com índices inferioresaos aceitos pela Organização Mundialda Saúde e pela legislação brasileira,com uma diferença insignificanteentre os dois sistemas. Para ooceanógrafo Osmar Tomazelli Júnior,do Centro de Pesquisa para PequenasPropriedades – CPPP, da Epagri, emChapecó, este resultado dos examesviabiliza a piscicultura integrada àsuinocultura no Estado. Segundo ele,agricultores cultivam peixes com apro-ximadamente 60 suínos/ha de vivei-ro, enquanto as amostras foram ex-traídas de viveiros com 150 suínos/ha.Tomazelli salienta que, no entanto,para o peixe não ser contaminado

após o abate deve ser manuseado deforma adequada, ou seja, com higienee técnica. Uma solução caseira é ircolocando os filés prontos numa águacom vinagre (10%), lavar bem as mãosno final e, só então, colocá-los nofreezer.

Piscicultores se tecnificam

A pequena propriedade agrícolafamiliar está em transformação fren-te aos desafios da globalização e àcompetitividade crescente no setor.Que o diga o produtor Aurima Knaul,da comunidade de Rio das Pedras, emAgrolândia, SC, que é o típico piscicul-tor profissionalizado. É empreende-dor e adota as novas tecnologiassugeridas pelos técnicos. De sua pro-priedade de 20ha, cultiva milho em10ha, tem doze a quinze cabeças degado, mas o forte é a suinocultura, suaatividade principal. Na pisciculturaestá há três anos e já é produtormodelo no Alto Vale, inclusive rece-bendo visitas de piscicultores de ou-tras regiões e Estados vizinhos. Umadas inovações que o Aurima adotou foio sistema vertical de fertilização, ondeos suínos têm contato direto com aágua do viveiro através de uma ram-pa. A construção é de cimento e ossuínos acostumam-se a largar seusdejetos numa lâmina d’água num doslados da baia. Este sistema está pro-vando ser mais higiênico e eficienteque os tradicionais chiqueiros de ma-deira, permitindo o dimensionamento

correto da quantidade de matéria or-gânica necessária à fertilização doviveiro. Outro sistema que igualmen-te vem dando resultados é o utilizadopelo piscicultor Sr. Nolberto Betta,também de Agrolândia. Neste caso, osistema de alvenaria é ripado esuspenso, os animais não têm contatocom a água e serve para aves tam-bém.

Para tomar conta da piscicultura,Aurima só necessita da ajuda de umfuncionário que já trabalha na suacriação de suínos. “ Eu só necessito demais gente na hora da despesca, quan-do temos que puxar as redes. Aí,precisamos de cinco ou seis pessoas,mas é só uma tarde ou manhã. Enfim,a piscicultura é uma atividade quenão requer muito esforço e te liberapara outras coisas”, fala satisfeito opiscicultor. E ele tem toda a razão deestar feliz. Os dados de sua produçãodurante os últimos três anos, acom-panhados pelo extensionista VictorKniess, da Epagri, registram umaperformance invejável apesar da sim-plicidade do projeto. Utilizando o seuviveiro de 7.000m2, ele conseguiu umaprodução total de 28.332kg de peixeem 1.182 dias de cultivo, resultandonuma produtividade de 11.573kg/ha/ano, que é praticamente o triplo damédia estadual. Da produção total,cerca de 68% é de tilápias, 25% ficamcom as carpas e os restantes 7% são debagre africano. Na ponta do lápis, ocusto unitário por quilo de peixe che-gou a 47 centavos e ele vendeu por 85

Piscicultor

Aurima Knauljunto ao

sistema

vertical de

fertilização

com lâminad’água

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

centavos, logo obteve um lucro líqui-do de mais de 80%. “Estamos aper-feiçoando o manejo do viveiro paraatingirmos duas a duas e meiadespescas por hectare ao ano”, apostao técnico Victor Kniess, que esperatambém aumentar ainda mais o ren-dimento do Aurima. “Hoje eu tirolimpo cerca de 5 mil reais por ano; nomilho, o máximo que eu consigo sãouns 700 reais, e o pessoal do arrozirrigado, que é a lavoura mais ren-tável no momento, tira no máximo2.500 reais/ha. Quem é que bate apiscicultura?”, desafia confiante o pis-cicultor.

A piscicultura no Alto Vale temalcançado bons resultados não só pelaqualificação de seus produtores e oapoio da assistência técnica e exten-são rural, mas também pela capacida-de de organização. A Associação Regi-onal dos Aqüicultores do Alto Vale doItajaí engloba atualmente 17 associa-ções da região espalhadas em 28 mu-nicípios, com 450 sócios. Um dessessócios é o Sr. Carlito Schütz, vizinhodo Aurima Knaul e que é presidenteda Associação de Aqüicultores deAgrolândia, a Aquia, fundada em 1995(o Aurima é o atual tesoureiro). Carlitorelata que o crescimento do númerode piscicultores é devido em muito aocompanheirismo que existe nas asso-ciações. Para exemplificar, ele citaque no momento da despesca existemgrupos formados, em média, por cincoa seis associados que ajudam na co-lheita dos peixes. Além disso, ocor-

rem reuniões mensais ou mesmo se-manais para discutir os problemasenfrentados pelos sócios em relação àcomercialização, às tecnologias, aosequipamentos e assim por diante.Carlito aponta a questão da qualidadedos alevinos como um grande desafioa ser vencido por todos. “Não existeainda uma fiscalização rigorosa paraprevenir a compra de peixes. No final,os peixes poderão apresentar defeitoscomo tamanho desuniforme, poucacapacidade de engorda, etc.” Com eleconcorda o presidente da associaçãoregional, o Sr. Renardo Schreiber, ex--prefeito de Agrolândia e grandeincentivador da piscicultura no AltoVale: “em recente encontro em Rio doSul, SC, produtores, autoridades etécnicos concordaram que a qualidadedos alevinos está baixa, o custo é altoe a mortalidade é grande. Então, oideal seria que pudéssemos incenti-var produtores de alevinos aqui naregião e, se possível, que a Cidasccolocasse seus fiscais, médicos veteri-nários, mais específicos a esta área”,propõe o presidente.

Organização ecomercializaçãogarantida

Já no município de Aurora, SC,também no Alto Vale, o associativismovem proporcionando igualmente óti-mos resultados. Conforme explica otécnico agrícola e extensionista

Claudemir Luiz Shappo, a Associaçãodos Aqüicultores de Aurora, que con-ta atualmente com 25 sócios, conse-guiu financiar, a fundo perdido, umprojeto de fomento à piscicultura novalor de 42 mil reais. Com isto, foipossível construir 26 viveirostecnificados numa área total de11,4ha. A estimativa inicial era de seproduzir uma média de 10t/ha/ano,mas a recente despesca de dois vivei-ros revelou produtividades de 14 a16t, valores que estão entusiasmandotécnicos e produtores. “Eu mesmonem acredito no que estou vendo”,confessa o técnico e emenda: “há pou-cos anos muitos desses piscicultorescriavam peixes em açudes, quase semnenhuma técnica, era mais produçãode subsistência, e agora estes produ-tores estão surpreendendo mesmo”.Shappo também conta que estão sen-do instaladas nove unidades de obser-vação envolvendo nove famílias deassociados. Estas unidades vão servirde modelo para visita de piscicultoreslocais e de outras regiões, a fim decompartilharem informações e apri-morarem suas técnicas. Para apoiar

Nolberto Betta

mostra o seu

sistema defertilização de

viveiro com

ripado

Aerador oxigena o viveiro do piscicultor

Carlito Schütz de Agrolândia, SC

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ReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem

esta associação e outros produtoresda região, existe no município de Au-rora um dos poucos e bons produtoresespecializados em transformar alevinoI (0,5 a 1,0g) em alevino II (10 a 50g).A firma é de Ildo Klaumann, quecomeçou há dez anos com engorda depeixes e nos últimos quatro anos seespecializou nesta técnica denomina-da recria. “A procura por peixes recri-ados é bem grande pois a sobrevivên-cia deles é mais alta”, diz Klaumann.A empresa conta com 30 tanques numaárea de 7,5ha e produz cerca de 4,5milhões de alevinos de tilápia, carpahúngara, carpa capim, cabeça grande,prateada, bagre africano e jundiá bran-co. Esta unidade de recria é importan-te para os piscicultores pois está pró-xima e tem facilidade de transporte,apresenta qualidade e confiabilidade,além de fornecimento contínuo du-rante o ano todo.

Além desse, os produtores catari-nenses, em especial os do Alto Vale doItajaí, contam com outro grande alia-do. Trata-se do Frigorífico Pompéia, aprimeira unidade catarinense parabeneficiamento da carne de pescadoem escala industrial. “Este frigoríficoé importante para a região poisviabiliza a comercialização de peixesde 400 famílias de pequenos e médiospiscicultores”, ressalta o extensionistaVictor Kniess. A indústria pode pro-cessar até 30t de pescado/dia masatualmente trabalha com 2 a 2,5t/dia,o que demonstra o potencial paraaproveitar bem mais produto dos pis-cicultores catarinenses. O gerente devendas, Ivan Pamplona, conta que osprodutos da empresa abrangem filésde pescado em embalagens congela-das de 500g, os quais têm seu destinopara supermercados. O produto tam-bém é apresentado em embalagens agranel de 12kg para servir hotéis,restaurantes e lanchonetes. O merca-do desta produção são as praças doParaná, São Paulo, Rio Grande do Sule Santa Catarina, principalmente.Outro produto de destaque é a polpa,ou seja, a carne de peixe moída queserve para bolinhos, pastéis, pizzas eoutras preparações. Esta polpa estásendo cogitada para ser utilizada namerenda escolar, tendo em vista a

qualidade do produto bastante apre-ciado pelas crianças e aprovado pelasmerendeiras que já o testaram nasescolas.

No Oeste Catarinense, outra inici-ativa industrial está nascendo. Insta-lou-se no município de Chapecó umaempresa processadora de pescados quevem trabalhando com a produção lo-cal, principalmente de carpas etilápias. A Cardume se especializouem produzir “petiscos” congelados paraservirem de aperitivos, como boli-nhos, croquetes, iscas, etc. Além des-tes, produzem filés congelados quepodem ser apresentados empanados,temperados ou em forma de hambúr-gueres. Com uma capacidade atual deprodução de 200kg/dia, esperam che-

gar até ao final do ano na marca dos500kg/dia. O objetivo é atingir 5.000kg/dia no mais breve espaço de tempopossível.

Também na região de Urussanga(Turvo), está em fase de implantaçãoum entreposto de pescado que vaiabsorver a produção dos peixes cria-dos nos sistemas convencional e derizipiscicultura, criando uma opçãode escoamento para os produtoreslocais.

Uma conclusão a que se chegouapós a implantação das indústrias:“está faltando peixe. O Estado precisaproduzir mais para atender à deman-da, cada vez maior”, queixam-se osindustriais. Portanto, produtores, omercado está aberto.

Produtores

associados

ajudando-semutuamente

na despesca

Frigorífico

leva o peixe

catarinense a

vários

Estados doBrasil

o

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Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

Efeitos da rotação de culturas sobre oEfeitos da rotação de culturas sobre oEfeitos da rotação de culturas sobre oEfeitos da rotação de culturas sobre oEfeitos da rotação de culturas sobre orendimento e qualidade da batata norendimento e qualidade da batata norendimento e qualidade da batata norendimento e qualidade da batata norendimento e qualidade da batata no

Litoral Sul CatarinenseLitoral Sul CatarinenseLitoral Sul CatarinenseLitoral Sul CatarinenseLitoral Sul Catarinense

Simião Alano Vieira, Antonio Carlos Ferreira da Silvae Darci Antônio Althoff

anta Catarina, embora seja umtradicional bataticultor e o quin-

to produtor nacional, com 9.994hacultivados, apresenta baixo rendi-mento de tubérculos (10,6t/ha) quan-do comparado à média do país (13,5t/ha). A atividade no Estado caracteri-za-se por envolver, aproximadamen-te, 17 mil produtores, em sua maioriapequenos proprietários, com baixo po-der aquisitivo, utilizando poucatecnologia. Conforme o último CensoAgropecuário, 99,3% dos agricultoresplantam menos de 10ha, com mão-de--obra predominantemente familiar,respondendo por 57,7 e 64,6% da pro-dução e da área cultivada, respectiva-mente (1).

O Litoral Sul Catarinense ocupaposição de destaque no cultivo da ba-tata, respondendo por 17% da áreacultivada e da produção estadual. Ape-sar de a bataticultura constituir-senuma das principais fontes de rendada pequena propriedade, dentro deuma visão empresarial, para muitosprodutores da região, a atividade temdeixado a desejar quanto à produtivi-dade, à qualidade e à competitividadedo produto visando os mercados maisexigentes. O estudo da cadeia produ-tiva da cultura, em Santa Catarina,evidencia que as principais alternati-vas para melhorar a bataticultura ca-tarinense e nacional são: melhorar e/ou viabilizar novos sistemas produti-vos, via aumento de tecnologias, comredução de custos, adoção de práticasculturais tais como rotação de cultu-ras, irrigação e, principalmente, atra-vés do uso de batata-semente de boaqualidade fitossanitária (2).

Princípio e vantagens darotação de culturas

A rotação de culturas, definidacomo o cultivo alternado de diferentesespécies vegetais no mesmo local e namesma estação do ano, é uma práticamilenar, esquecida nos dias atuais. Oprincípio desta prática é o de “matar opatógeno ou inseto de fome”. Ao culti-var-se uma espécie não suscetível, opatógeno ou praga fica sem alimento,sendo que sua população decresce eaté desaparece, e por isso não causaprejuízos para a cultura. Dentre ou-tras vantagens da rotação de culturas,destacam-se: diminuir a erosão, man-ter e melhorar a fertilidade do solo,bem como a textura e a estrutura;redução dos custos de produção,melhoria da produtividade e da quali-dade; diversificação de culturas napropriedade, resultando na maior efi-ciência dos fatoresde produção taiscomo terra, mão-de--obra e capital (3).

Efeitos darotação deculturas sobreas doenças epragas dabatata

As condições cli-máticas, que ocor-rem em quase todoo Litoral Catarinen-se, embora permi-tam o cultivo de atéduas safras de bata-

ta por ano (plantios de outono e inver-no), favorecem o aumento da incidên-cia de doenças e de pragas, agravadopelo monocultivo. Grande parte des-tas são de controle muito difícil, poisos pesticidas utilizados com sucessopara as doenças e pragas da parteaérea da batata são pouco eficazes oueconomicamente inviáveis para do-enças e pragas do solo.

A alternância de espécies, geral-mente, diminui a incidência de doen-ças e de pragas. Espécies semelhan-tes têm muitas doenças e pragas emcomum e por isso não deveriam serplantadas ao mesmo tempo e nem emseqüência. As solanáceas, tais comotomate, pimentão, batata e fumo, cul-tivados no Sul do Estado, apresentamdoenças e pragas comuns. O ciclo dosinsetos e das doenças é,freqüentemente, sintonizado com ociclo das plantas hospedeiras e, são,

S

Aspecto visual da cultura da batata após um ano de

rotação com o triticale. Epagri/Estação Experimental deUrussanga, SC, 1999 #

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34 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

geralmente, determinados por condi-ções climáticas e ecológicas. Quandoum hospedeiro muda de estádio, apraga procura outro semelhante; nãoencontrando, a população diminui e,se for por longo período, desaparece(4).

É desaconselhado o plantio de ba-tata em áreas que na safra anteriortenham sido cultivadas com plantasda mesma família botânica (tomate,beringela, pimentão e jiló) ou com aprópria batata. Plantas voluntáriasde batata (soqueira) e certas ervasdaninhas como o picão preto, abeldroega, a maria pretinha, o fumobravo, o estromônio e o quintilho sãohospedeiros de pragas e doenças (5). Arotação de culturas, além de evitar aconcentração exagerada de patógenose pragas do solo nos restos culturais,aumenta a disponibilidade de macro ede micronutrientes no solo, redun-dando em maior sanidade vegetal e,indiretamente, em maior produtivi-dade (6).

A rotação de culturas comgramíneas (milho, aveia, sorgo, ar-roz, cana-de-açúcar e outras) é umaprática recomendada para controlarou minimizar o efeito de diversasdoenças da batata (7, 8); entre estasdestacam-se a Pseudomonassolanacearum (murcha bacteriana), aErwinia sp (canela preta), a Erwiniacarotovora var. carotovora (podridãomole), a Streptomyces scabies (sar-na), a Rhizoctonia solani (rizoctoniose),a Helminthosporium solani (sarna

prateada) e aSclerotinia sclero-tiorum (esclero-tínia). A rotação deculturas é uma prá-tica obrigatória,não só devido aosproblemas origina-dos por doenças cau-sadas por patógenosresidentes no solo,como também de-vido aos que cau-sam doenças da fo-lhagem, pois aPhytophthora in-festans (requeima),que pode sobrevi-ver em tubérculospodres deixados nocampo, e a Alternaria solani (pintapreta), que sobrevive em restos cultu-rais, são capazes de permanecer viá-veis entre um plantio e outro da bata-ta; plantios consecutivos fazem comque o mais recente tenha, desde oinício do ciclo, um maior potencial deinóculo das doenças (9).

O controle de pragas na cultura dabatata tem sido feito exclusivamentecom a utilização de inseticidas devidoao desconhecimento de outros méto-dos por parte dos técnicos e debataticultores. Recomenda-se a utili-zação do controle integrado de pragas,o qual se baseia na aplicação conjuntade vários métodos de controle, entreeles a rotação de culturas, com objeti-vo principal de controlar as pragas de

solo (5). As princi-pais pragas visadassão: Diabroticaspeciosa (larva alfi-nete), Conoderusspp (bicho arame),Dyscinetus spp (bi-cho bolo), Phyrde-

nus sp (bichotromba de ele-fante), Epitrix spp(pulga do fumo),Agrotis ipsilon(lagarta rosca) ePhthorimaea oper-culella (traça),além dos nema-tóides, especial-

Aspecto visual do milho em sucessão à batata.

Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, 1999

Aspecto visual do triticale, uma das espécies utilizadas nos

sistemas de rotação da batata. Epagri/Estação

Experimental de Urussanga, SC, 1999

mente aqueles que causam severosdanos (galhas) nos tubérculos(Meloidogyne spp).

Apesar de a literatura recomendara prática da rotação de culturas parao controle de doenças e pragas dabatata, poucos trabalhos de pesquisaforam realizados visando a determi-nação dos sistemas mais eficientestécnica e economicamente. Com esteobjetivo realizou-se o presente traba-lho, visando aumentar a produtivida-de e melhorar a qualidade da batatano Litoral Sul Catarinense, bem comominimizar os problemas de doenças,pragas, uso indiscriminado de defen-sivos agrícolas e agressão ao meioambiente.

Metodologia

O experimento foi conduzido du-rante o outono/inverno (março a ju-lho) a partir de 1993, na Estação Expe-rimental de Urussanga, SC, situadana latitude de 28o31’S e longitude de49o19’W. GrW., numa altitude aproxi-mada de 50m. O solo da área experi-mental está classificado comoPodzólico Vermelho AmareloCascalhento Épico Eutrófico Ócrico,de topografia suave ondulada e textu-ra franco argilosa. A área onde ini-ciou-se a pesquisa foi ocupada comadubos verdes ou em pousio, no pe-ríodo de 1987-92, e por isso, provavel-mente, deveria estar livre da maioria

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Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

dos patógenos causadores de doençasnas culturas objetos da rotação (abatata, o milho, o sorgo, a aveia, otriticale, e a gorga).

Fez-se a correção da acidez nocivado solo com 5t de calcário dolomítico(PRNT 75%) e procederam-se àsadubações de manutenção para cadaespécie de acordo com a recomen-dação da Rede Oficial dos Labo-ratórios de Análise de Solos – Rolas,exceção feita para a aveia, que rece-beu apenas adubação nitrogenada, ea gorga, conduzida sem adubação.Na cultura da batata, a adubação debase, no período de 1996/98, constoude 50, 200 e 90kg/ha, respectiva-mente, de N, P2O5 e K 2O,complementada por 50kg de N/haem cobertura por ocasião da amon-toa. As práticas culturais foram rea-lizadas de acordo com a recomen-dação de cada espécie. No cultivo dabatata, plantada no espaçamento de0,80m entre linhas por 0,30m entreplantas, fez-se, em média, novetratamentos fitossanitários comfungicidas sistêmicos (cinco aplica-ções), intercalados com produtos decontato (quatro aplicações) e associa-dos com inseticidas (duas aplicações).Os experimentos não foram irriga-dos.

As cultivares utilizadas foram:batata (Baraka de 1993-95, EPAGRI361-Catucha de 1996-98); milho (XL560); sorgo (A-9902); triticale (CEP23), aveia e gorga (cultivarescomerciais). No plantio da batata uti-lizou-se, anualmente, batata-semen-te básica proveniente da Embrapa/Serviço de Produção de Semente Bá-sica, Gerência Local de Canoinhas,SC.

O trabalho de rotação e sucessãode culturas para a batata constou detrês sistemas de cultivo (Tabela 1). Agorga foi utilizada apenas como plan-ta de cobertura, com intuito deviabilizar o cultivo mínimo do milhoem sucessão à batata, sendo substitu-ída, a partir de 1996, pela vegetaçãonativa.

O delineamento experimentalutilizado foi de blocos ao acaso, quatrorepetições, com isolamento do efeitoano, nos sistemas com rotação (um e

Aspecto visual do milho em sucessão ao triticale, uma dasespécies utilizadas em rotação com a batata. Epagri/Estação

Experimental de Urussanga, SC, 1999

Tabela 1 – Sistemas de rotação de culturas para a batata, com espécies de inverno e deverão, no período de 1993-98, no Litoral Sul Catarinense Epagri/EEU, 1999

Ano

1993 1994 1995 1996 1997 1998

Sistema sem rotação (monocultivo)

Ba/M Ba/M Ba/M Ba/M Ba/M Ba/M

Sistemas de rotação de um ano com triticale

BaGo/M T/So BaGo/M T/So BaVn/M T/MT/So BaGo/M T/So BaVn/M T/M Ba/M

Sistemas de rotação de dois anos com triticale e aveia

BaGo/M T/M Av/So BaVn/M T/M Av/MT/M Av/So BaGo/M T/M Av/M Ba/M

Av/So BaGo/M T/M Av/So BaVn/M T/M

Nota: Ba = batata; T = triticale; Av = aveia; M = milho; So = sorgo; Go = gorga e Vn = vegetaçãonativa.

dois anos). A uni-dade experimentalmediu 25m2 (5 x5m) e a área útilvariou de acordocom cada espécie:batata (13,44m 2),milho (12,00m 2) ,sorgo (14,00m 2) ,triticale e aveia(1,00m2).

As avaliaçõesrealizadas no perío-do de 1993-98 fo-ram: produção degrãos (milho, sorgoe triticale); tubér-culos comerciais enão-comerciais (ba-tata); matéria seca(aveia); densidade inicial e final dabatata, do milho, do sorgo do triticalee acompanhamento anual da fertilida-de do solo. Os dados foram analisadossomente a partir de 1996, ano em quefoi completado o primeiro ciclo derotação de dois anos, para a batata ecom o mesmo histórico agrícola (Ta-bela 1).

As médias das produções de tubér-culos comerciais (> 33mm de diâme-tro) foram submetidas à análise davariância e comparadas entre si peloteste de Tukey no nível de 5% deprobabilidade.

Resultados e discussão

Os resultados obtidos revelaram asuperioridade incontestável dos siste-mas de rotação em relação aomonocultivo, quanto à produtividadee à qualidade dos tubérculos (Figuras1 e 2, Tabela 2).

Sistemas de rotação xprodutividade de tubérculos

Analisando-se os resultados a par-tir de 1996, quando se verificaram osefeitos da rotação de culturas, consta-

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tou-se em todos os anos de cultivo asuperioridade dos sistemas em rela-ção ao sem rotação (Tabela 2).

Os sistemas de rotação de cultu-

ras, em média, foram superiores quan-to a rendimento de tubérculos comer-ciais em 33, 110 e 167% quando com-parados ao monocultivo (sem rota-

Tabela 2 – Rendimento de tubérculos comerciais em três sistemas de culturas para abatata e vantagem comparativa quanto à produtividade dos sistemas de rotação, em

relação ao sem rotação, no Litoral Sul Catarinense, plantio de outono. Epagri/EEU, 1999

Rendimento de tubérculos VantagemSistemas de comerciais (t/ha) comparativacultivo dos sistemas

1996 1997 1998 Média(A) de rotação (%)

Sem rotação 14,5 5,8 7,2 9,2b 100Um ano de rotação 19,3 12,2 19,8 17,1a 186Dois anos de rotação 19,3 12,3 18,7 16,8a 182

(A) Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferiram entre si, pelo teste de Tukey,no nível de 5% de probabilidade.

Figura 1 – Rendimentos de tubérculos (t/ha) total, comercial e refugo nos três

sistemas de cultivo para a batata, no Litoral Sul Catarinense (média de três anos).

Epagri/EEU, 1999

Figura 2 – Rendimentos (t/ha) de tubérculos não-comerciais (refugos) obtidos em

três sistemas de cultivo para a batata, no Litoral Sul Catarinense (média de trêsanos). Epagri/EEU, 1999

ção), nos anos de 1996, 1997 e 1998,respectivamente. A baixa produtivi-dade alcançada no ano de 1997 podeser explicada, em grande parte, pelaforte estiagem ocorrida durante todoo ciclo da cultura. De uma maneirageral, as deficiências ocorridas (33mmem 1996; 185mm em 1997 e 39mm em1998) coincidiram com o período críti-co da batata, estendendo-se dos 15dias da emergência até aos 80 diasapós.

A análise conjunta dos dados (1996-98) acusou diferenças significativasentre os tratamentos, quanto ao ren-dimento comercial de tubérculos (Fi-gura 1 e Tabela 2). O rendimento detubérculos comerciais no sistema semrotação (batata após milho) foi signifi-cativamente inferior ao obtido comum ano de rotação (batata após gorga,milho, triticale e sorgo) e com doisanos (batata após gorga, milho,triticale, milho, aveia e sorgo). Osrendimentos de tubérculos do tipocomercial com um e dois anos derotação superaram o sistema semrotação em 86 e 82%, respectivamen-te.

Rotação x qualidade dostubérculos

Os resultados obtidos evidencia-ram que o sistema sem rotação apre-sentou o maior rendimento de tubér-culos não-comerciais (refugos) emrelação aos sistemas com um e doisanos de rotação, aumentando signifi-cativamente nos anos de 1997 e 1998,praticamente o dobro em relação aoano de 1996 (Figura 2).

Analisando-se a média obtida nostrês anos avaliados, quanto aos tubér-culos não-comerciais, no sistema semrotação, constatou-se que 35% dorendimento total de tubérculos foi derefugos (Figura 1). Este fato pode serexplicado, principalmente, pela altaincidência de sarna (Streptomycesscabies) favorecida pelo cultivo suces-sivo e estiagens ocorridas, especial-mente, no ano de 1997. Por outrolado, a menor quantidade de refugosno sistema com um ano de rotação(10,9%) e, principalmente, dois anos(7,6%), é explicada especialmente, pelo

Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

0

2468

101214161820

Tu

bér

culo

s (t

/ha)

Sem rotação Um ano de rotação Dois anos de rotação

TotalComercialRefugo

0

1

2

3

4

5

6

7

Tu

bér

culo

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ão-c

om

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ais

(t/h

a)

1996 1997 1998

Sem rotação

Um ano de rotação

Dois anos de rotação

Anos

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 37

uso de gramíneas nos sistemas, o queestá de acordo com outros trabalhos(5, 6, 7, 8 e 9). Embora não tenhahavido diferenças significativas entreos sistemas de rotação, observou-seque os tubérculos comerciais apre-sentaram melhor aspecto quando serealizou rotação de culturas por doisanos.

Rotação x doenças, pragas eplantas daninhas

Analisando-se os tubérculos não--comerciais, verificou-se uma elevadaocorrência de sarna no sistema demonocultivo (sem rotação). A maiorestiagem ocorrida durante todo ociclo da cultura agravou ainda maiseste problema no sistema sem rota-ção, em 1997, apesar da utilização,anualmente, de batata-semente li-vre da bactéria, o que comprova quea contaminação foi proveniente dosolo.

Embora em menor grau, obser-vou-se no sistema sem rotação, em1996, a incidência de Erwinia sp cau-sando as podridões dos tubérculos.Esta bactéria, no entanto, emborapermaneça no solo, não apresentoualta incidência no ano seguinte devidoao ambiente desfavorável (estiagemdurante todo o ciclo da cultura) etambém ao uso de batata-sementelivre da doença.

Em relação às pragas de solo ob-servou-se, visualmente, maior inci-dência, especialmente de larva alfine-te (Diabrotica speciosa), no sistemasem rotação e menor no sistema dedois anos de rotação. A maior incidên-cia de tubérculos alfinetados, por fica-rem mais sujeitos ao ataque de fungos

e bactérias no solo, explica a grandequantidade de tubérculos atacados pelasarna, no sistema sem rotação, o queestá de acordo com outros pesquisado-res (5). A cobertura do solo formadapelas diferentes espécies de plantasdaninhas ao longo do ano, a biomassapor elas deixadas sobre a superfície eo efeito alelopático diminuíram visu-almente e progressivamente a densi-dade de plantas invasoras, tornandocada vez mais fácil a prática do cultivomínimo e do plantio direto. Apenas omilho semeado em plantio direto, apósa vegetação nativa, que se estabele-ceu após a colheita da batata, necessi-tou da aplicação de herbicidadessecante.

Conclusões erecomendações

Com base nos resultados obtidos,conclui-se que:

• Os sistemas de cultivo para abatata, com um e dois anos de rota-ção, são eficientes para aumentar aprodutividade dos tubérculos no Lito-ral Sul Catarinense.

• O sistema de cultivo com doisanos de rotação produz tubérculoscom melhor qualidade.

• O cultivo sucessivo de batata namesma área (sem rotação), além dediminuir a produtividade, aumentadrasticamente a incidência de sarna,afetando diretamente a qualidade dostubérculos.

Em função dos resultados obtidossugere-se o esquema de rotação apre-sentado na Tabela 3.

Outras espécies de verão (sorgo,milheto) e de inverno (centeio etriticale) podem ser utilizadas em subs-

tituição total ou parcial por área cul-tivada, respectivamente ao milho, àaveia ou ao azevém, no sistema derotação e/ou sucessão à cultura dabatata. A rotação de culturas, emboraseja uma prática fundamental parao sucesso da bataticultura, prin-cipalmente nas pequenas proprie-dades, onde o cultivo é intensivo, éessencial que esteja associada a ou-tras tecnologias tais como o uso debatata-semente de boa qualidade(básica, registrada ou certificada),cultivar adaptada, irrigação e adu-bação equilibrada, bem como trata-mentos fitossanitários adequados erecomendados pelo técnico do muni-cípio, além de outras práticas cultu-rais.

Nas áreas onde o produtor vemplantando batata há muitos anossem fazer rotação, é bem provávelque o solo esteja com alto índice deinfestação por doenças e pragas.Neste caso, é muito importante quea rotação e a sucessão de culturassejam feitas pelo menos por umperíodo de dois anos e com gramí-neas.

É muito importante que os pro-dutores de batata se conscientizemde que a rotação de culturas paraesta espécie é uma necessidade im-prescindível para o sucesso da ativida-de. A adoção dessa prática, além dediversificar os cultivos, garante o usocontínuo do terreno, com raras exce-ções, mantendo estável a produção ea qualidade do produto, diminuindoriscos, especialmente nos anos desfa-voráveis para a cultura, proporcio-nando uma agricultura comsustentabilidade e menos dependentedos agrotóxicos.

Tabela 3 – Recomendação do esquema de rotação conforme a divisão da área

Espécies

Divisão Outono/ Primavera/ Outono/ Primavera/ Outono/ Primavera/ Outono/da área inverno verão inverno verão inverno verão inverno

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4

Área 1 Batata Milho Azevém Milho Aveia Milho BatataÁrea 2 Aveia Milho Batata Milho Aveia Milho AzevémÁrea 3 Aveia Milho Azevém Milho Batata Milho Azevém

Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

#

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Bata taBa ta taBa ta taBa ta taBa ta ta

Agradecimentos

Os autores agradecem a Embrapa/Serviço de Produção de SementesBásicas, Gerência Local de Canoinhas,SC, pelo fornecimento de batata-se-mente básica para condução destetrabalho.

Literatura citada

1. CENSO AGROPECUÁRIO – SantaCatarina: 1995 – 1996. Rio de Janeiro:IBGE, v.21, 1997. 286p.

2. SOUZA, Z. da S.; SILVA, A.C.F. da;BEPPLER, R.N. Cadeias produtivas do

Estado de Santa Catarina: Batata.Florianópolis: Epagri, 1998. 58p. Noprelo.

3. SANTOS, H.P. dos; REIS, E.M.; VIEIRA,S.A.; PEREIRA, L.R. Rotação de cultu-

ras e produtividade do trigo no RS .

Passo Fundo: EMBRAPA – CNPT,1987. 32p. (EMBRAPA – CNPT. Docu-mentos, 8).

4. BEETS, W.C. Multiple croping and tropical

farming system. Boulder: WESTVIEW,1982. 156p. il.

5. EMBRAPA-CNPH. Cultivo da batata.

Brasília, 1997. 35p. (EMBRAPA-CNPH.Instruções Técnicas, 8).

6. WINANDY, A.L. Práticas culturais para ocontrole de moléstias em batata-se-mente. Ipagro Informa , Porto Alegre,n.29, p.61-78, maio, 1987.

7. LOPES, C.A. Doenças bacterianas da bata-ta. Informe Agropecuário, Belo Hori-zonte, v.7, n.76, p.42-46, abr., 1981.

8. REIFSCHNEIDER, F.J.B. Produção de

batata. Brasília: Linha Gráfica, 1987.239p.

9. BISOGNIN, D.A. Recomendações técnicas

para o cultivo da batata no Rio Grande

do Sul e Santa Catarina. Santa Maria:UFSM/Centro de Ciências Agrárias,1996. 64p.

Simião Alano Vieira, eng. agr., M.Sc., Cart.

Prof. 6.307-D, Crea-SC, Embrapa/Epagri/

Estação Experimental de Urussanga, C.P. 49,

fone/fax (0XX48) 465-1209, 88840-000Urussanga, SC, e-mail: [email protected]

sc.br; Antonio Carlos Ferreira da Silva,

eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 9.820-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de

Urussanga, C.P. 49, fone/fax (0XX48) 465-

1209, 88840-000 Urussanga, SC, e-mail:[email protected] e Darci Antônio

Althoff, eng. agr. M.Sc., Cart. Prof. 846-D,

Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de

Urussanga, C.P. 49, fone/fax (0XX48) 465-1209, 88840-000 Urussanga, SC, e-mail:

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Page 40: Edição de setembro de 1999

Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 39

Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

AAAAAvaliação de cultivares de milho e sorgo paravaliação de cultivares de milho e sorgo paravaliação de cultivares de milho e sorgo paravaliação de cultivares de milho e sorgo paravaliação de cultivares de milho e sorgo paraensilagem no Alto Vensilagem no Alto Vensilagem no Alto Vensilagem no Alto Vensilagem no Alto Vale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaíale do Itajaí

Jefferson Araujo Flaresso, Celomar Daison Grosse Edison Xavier de Almeida

região do Alto Vale do Itajaí emSanta Catarina é composta de

pequenas propriedades localizadas,geralmente, em solo de relevodeclivoso. Nestes estabelecimentos,a atividade agropecuária édiversificada, sendo destaque apecuária leiteira.

A alimentação do rebanho érealizada, basicamente, através dautilização das pastagens naturalizadas,que apresentam rendimento deforragem concentrado no período deprimavera-verão. Devido a essacaracterística, torna-se necessária aprática da suplementação alimentar,principalmente no outono-inverno.Para amenizar esse problema, alémda utilização de pastagens de inverno,outra técnica que se tem destacado éa ensilagem. Dentre as várias plantasque se prestam para essa finalidade,tem-se recomendado o milho e o sorgo,dadas as características de altorendimento forrageiro, boa qualidade

e relativa facilidade de fermentaçãono silo. As forrageiras maisempregadas para ensilagem no AltoVale do Itajaí são o milho, o sorgo e ocapim-elefante, sendo as produ-tividades médias de matéria seca,respectivamente, de 7.120kg/ha,13.292kg/ha e 9.786kg/ha (1). Emavaliações realizadas no Vale do Itajaícom nove cultivares de sorgo, três demilho, uma de milheto e uma deteosinto, foi detectado um rendimentomédio de 13,7t/ha de matéria seca (2).Neste experimento a cultivar de sorgoBr – 506 rendeu 20,5t/ha, enquantoque o milho AG – 162 foi o destaque,com 12,8t/ha de matéria seca. Emoutro trabalho conduzido na EstaçãoExperimental de Itajaí constatou-seque o teor de proteína bruta enutrientes digestíveis totais foimais alto em panículas do que emcaules e folhas de cinco cultivares desorgo testadas, sendo que osrendimentos totais de matéria seca

variaram de 7 a 14t/ha (3). Do mesmomodo, trabalhorealizado em La-ges, SC, com mi-lho, confirmou aparticipação médiade espigas em tornode 50% em relaçãoao peso total dasplantas, concluin-do que quantomaior este valormelhor será o va-lor energético dasilagem (4).Portanto, para

uma produção ade-

quada de silagem é fundamental queo produtor tenha à disposição espé-cies e cultivares com melhor qualida-de e bom potencial produtivo, objetivoprincipal deste trabalho.

Metodologia

O experimento foi desenvolvido naEpagri/Estação Experimental deItuporanga, SC, localizada na regiãodo Alto Vale do Itajaí, com altitude de475m e clima subtropical úmido (Cfa),segundo a classificação de Köeppen.Utilizou-se o solo Cambissolo DistróficoÁlico, com topografia suave ondulada,que recebeu preparo convencional,calagem e adubação, conforme reco-mendações para produção de silagem(5).

Foram testadas treze cultivares demilho e oito de sorgo durante as sa-fras de 1995/96, 1996/97 e 1997/98,sendo as semeaduras realizadas em18/10/1995, 28/10/1996 e 12/11/1997,respectivamente. As unidades experi-mentais foram constituídas de parce-las de 6,0 x 6,0m (área útil de 4,0 x4,0m), sendo a semeadura realizadaem linhas espaçadas de 1,0m, comdesbastes para manter populações de60 mil e 120 mil plantas por hectare,respectivamente, para milho e sorgo.O delineamento estatístico utilizadofoi em blocos ao acaso, com três repe-tições. A colheita das plantas foi rea-lizada manualmente, por meio de cor-tes a 10cm da superfície do solo, noestágio de grão farináceo. Os princi-pais parâmetros avaliados foram: ren-dimento total de matéria seca, cicloda cultura (dias), altura média dasplantas (cm), número de espigas porVista parcial do experimento

A

#

Page 41: Edição de setembro de 1999

40 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

planta, percentagem de plantasacamadas, participação dos compo-nentes em percentagem de colmo,folha, espiga, palha e material morto.Além disso, avaliou-se a qualidade domaterial colhido em termos de prote-ína bruta (PB) e nutrientes digestíveistotais (NDT).

Resultados e discussão

Analisando-se os rendimentos to-tais de matéria seca obtidos nas trêssafras (Tabela 1), verificou-se que em1995/96 se destacaram as cultivaresde sorgo AG-2002 e DK-915 e as culti-vares de milho AG-1051, AG-5011 eXL-678. No ano seguinte (1996/97)foram obtidos os maiores rendimen-tos em função das melhores condiçõesdo solo onde as plantas se desenvolve-ram. Nesta safra os materiais maisprodutivos de sorgo foram AG-2002,DK-915, DK-916 e C-51, enquanto queentre as cultivares de milho destaca-ram-se AG-1051, AG-519, XL-660, P-3069, XL-330, C-805 e C-901. Na safra

ram-se as cultivares AG-1051, AG-5011, AG-519, P-3069 e XL-330.

Em relação ao ciclo das plantas, dasemeadura à colheita, foramregistrados (Tabela 2) 128, 122, 121 e119 dias, respectivamente, para ascultivares mais tardias AG-2002, DK-915, DK-916, AG-2006 e BR-700. Estascultivares tenderam a apresentarmaior altura em relação às mais pre-coces que foram colhidas com 103 dias(P-8118), 112 dias (C-51) e 113 dias(AG-2005). Com relação às cultivaresde milho observou-se que o ciclo foiem torno de 120 dias para as maistardias (XL-678, AG-1051), próximode 110 dias para as intermediárias(XL-660, AG-519, P-3232) e cerca de100 dias para as mais precoces (C-806,AG-122, C-805, C-901, P-3069, AG-5011, XL-330). No caso do milho tam-bém houve uma tendência de os ma-teriais mais tardios apresentaremmaior altura que os mais precoces.Com relação ao número de espigas oupanículas por planta, observou-se quetodas as cultivares de milho e sorgoapresentaram valores muito próxi-mos a um (Tabela 2). A resistência aoacamamento foi boa para a maioriados materiais, exceto para as cul-tivares C-806, XL-660 e C-805 de mi-lho e DK-915 e DK-916 de sorgo (Tabe-la 2).

Para produção de silagem de me-lhor qualidade é de fundamental im-portância o conhecimento da compo-sição da planta, em percentagem de

Tabela 1 – Rendimento total de matéria seca de milho e sorgo para ensilagem obtido nassafras de 1995/96, 1996/97 e 1997/98, no Alto Vale do Itajaí, SC. Epagri/EEIT, 1999

Rendimento de matéria seca(kg/ha)

1995/96 1996/97 1997/98 Médias

MilhoAG-1051 17.110 ab 23.869 ab 15.010 18.663 bcAG-5011 14.564 b 20.130 18.937 ab 17.877 cdAG-519 14.281 22.309 b 15.542 b 17.377 cdeXL-660 12.783 22.217 b 12.577 15.859 eAG-122 12.436 18.092 15.761 b 15.429 eP-3069 12.293 22.207 b 16.324 b 16.941 cdeXL-330 12.150 21.287 b 17.515 ab 16.983 cdeC-805 11.473 21.750 b 13.567 15.596 eC-901 10.390 21.227 b 16.327 b 15.981 deXL-678 14.542 b (A) (A) 14.542P-3232 10.710 (A) (A) 10.710C-808 11.266 19.727 (A) 15.496C-806 (A) (A) 14.087 14.087

SorgoAG-2002 18.325 ab 27.461 a 19.185 ab 21.657 aDK-915 15.705 ab 23.944 ab 20.460 a 20.036 abDK-916 14.016 25.528 ab (A) 19.772AG-2006 10.430 21.727 b (A) 16.079C-51 (A) 23.698 ab 16.593 b 20.145P-8118 (A) 15.774 16.449 b 16.112BR-700 (A) (A) 16.261 b 16.261AG-2005 (A) (A) 14.691 14.691

(A) Não avaliado.Nota: Médias na mesma coluna, seguidas da mesma letra, não diferem (P>0,05).

Cultivar de sorgo na época da colheita – estágio grão

farináceo

de 1997/98, as culti-vares de sorgo maisprodutivas foramAG-2002 e DK-915,enquanto que entreas cultivares de mi-lho destacaram-seAG-5011 e XL-330.Consultando outrostrabalhos conduzi-dos em outras regi-ões, observaram-sealguns com rendi-mentos semelhan-tes (6) e outros dife-rentes dos obtidosneste trabalho (7),que também apre-sentou as variaçõesentre as safras, fato esse que pode serexplicado pelas diferentes condiçõesedafoclimáticas onde foram desenvol-vidos os experimentos.

Considerando a média de três sa-fras, os sorgos com maiores rendi-mentos foram AG-2002 e DK-915, en-quanto que para os milhos destaca-

Cultivar

Page 42: Edição de setembro de 1999

Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 41

colmo, folha, espiga e palha (Tabela2). Considerando que o colmo apre-senta baixa qualidade nutricional, ascultivares de sorgo que apresentarammenor participação de colmo na com-posição da planta foram C-51, P-8118,AG-2005 e BR-700, respectivamentecom 31,3, 34,9, 35,0 e 36,2%, enquan-to que o AG-2002, DK-915 e DK-916tiveram altos valores, sendo respecti-vamente de 62,2, 51,2 e 49,0% (Tabela2). Com relação às plantas de milho,não houve diferenças muito acentua-das, havendo tendência de os materi-ais mais precoces como C-901, P-3069,C-805, AG-5011, XL-678 e C-805 apre-sentarem em torno de 30% de colmoem sua composição, contra um valorpróximo a 35% de materiais maistardios e de maior altura como AG-122, AG-1051, AG-519 e XL-660 (Tabe-la 3). No que diz respeito à participa-ção de folhas, observaram-se os mai-ores valores para os milhos XL-660,AG-122 e AG-5011, respectivamentecom 18,9, 17,5 e 17,3% de folhas em

Tabela 2 – Dias entre semeadura e colheita, altura da planta, espigas por planta,percentagem de plantas acamadas, participação de colmo, folha, espiga, palha e material morto de milho e sorgo para ensilagem no Alto

Vale do Itajaí, SC. Epagri/EEIT, 1999

Semeadura/ Altura Espiga ou Plantas Colmo Folha Espiga Palha MaterialCultivar colheita da planta panícula/planta acamadas (%) (%) (%) (%) morto

(dias) (cm) (nº) (%) (%)

MilhoAG–1051(C) 117 309 0,8 8,3 34,9 14,8 41,1 7,7 1,4AG–122 (C) 103 286 0,9 3,0 37,8 17,5 33,0 11,0 0,7AG–5011(C) 106 265 0,9 1,7 33,2 17,3 39,6 9,3 0,6AG–519 (C) 111 302 0,8 7,6 37,4 14,6 36,4 10,6 0,9C–805(C) 102 271 0,8 15,6 33,4 14,7 42,9 8,9 0,0C–806(A) 98 281 0,7 43,2 36,3 16,1 38,6 8,9 0,0C–808(B) 103 271 0,9 0,0 33,9 16,1 41,4 8,5 0,0C–901(C) 100 254 0,9 2,5 29,2 15,4 47,0 8,3 0,1P-3069(C) 101 260 0,9 5,9 31,6 15,5 44,1 8,7 0,1P-3232(A) 107 278 0,9 0,0 35,1 16,7 36,3 11,8 0,0XL-330 (C) 105 285 0,9 2,2 34,4 14,3 40,7 10,5 0,0XL-660 (C) 111 292 0,8 23,6 35,7 18,9 34,6 9,8 1,0XL-678 (A) 121 245 0,9 0,7 31,8 15,7 42,4 9,3 0,8

SorgoAG-2002(C) 128 343 0,8 10,3 62,2 11,8 22,7 - 3,3AG-2005(A) 113 194 0,9 0,0 35,0 15,4 47,4 - 2,1AG-2006(B) 121 239 0,9 0,0 46,7 16,8 34,8 - 1,6BR-700(A) 119 221 0,8 0,0 36,2 15,6 43,9 - 4,2C-51 (B) 112 184 0,9 0,0 31,3 17,9 48,9 - 1,9DK-915 (C) 122 303 0,8 55,8 51,2 11,6 35,8 - 1,5DK-916 (B) 119 288 0,9 50,0 49,0 14,4 35,4 - 1,1P-8118(B) 103 151 0,9 0,0 34,9 17,3 47,0 - 0,7

(A) Um ano de avaliação.(B) Dois anos de avaliação.(C) Três anos de avaliação.

sua composição. Ossorgos que se des-tacaram foram C-51, P-8118 e AG-2006, com 17,9, 17,3e 16,8% de folhas. Apalha é o componen-te de proteção naespiga, sendonutricionalmentede baixa qualidade.Na Tabela 2 obser-vam-se variaçõesentre as cultivares,com valores que vãode 7,7% de palha nomilho (AG-1051) até11,8% na cultivar P-3232. Segundo al-guns autores (6), oteor de palha ideal deve estar emtorno de 7,4%. Com relação ao compo-nente material morto não se encon-traram teores elevados nos mate-riais, evidenciando o aspecto de asfolhas permanecerem verdes até a

colheita, mantendo assim a qualidadedo material a ser ensilado. Na pro-dução de silagem de alta energia,a espiga é o componente maisimportante. As cultivares de milhoC-901, P-3069, C-805, XL-678, C-808,

Componentes de uma planta de milho – importante é a

participação de espigas

Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

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Page 43: Edição de setembro de 1999

42 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

AG-1051 e XL-330, respectivamentecom 47,0, 44,1, 42,9, 42,4, 41,4, 41,1 e40,7% de espigas em sua composição,destacaram-se das demais (Tabela 2).Já para os sorgos destacaram-se ascultivares C-51, AG-2005, P-8118 eBR-700, respectivamente com 48,9,

Cultivar de milho na época da colheita – estágio

grão farináceo

Tabela 3 – Proteína bruta e nutrientesdigestíveis totais de milho e sorgo para

ensilagem no Alto Vale do Itajaí, SC.Médias das safras 1995/96 e 1996/97.

Epagri, EEIT, 1999

Cultivar PB NDT(%) (%)

MilhoAG–1051(A) 8,2 54,7AG–122 (A) 7,9 54,8AG–5011(A) 8,5 54,4AG–519 (A) 7,8 51,6C–805(A) 7,9 56,7C–808(A) 8,2 55,7C–901(A) 8,2 57,9P-3069(A) 8,7 57,1P-3232(A) 7,7 54,8XL-330 (A) 7,9 58,4XL-660 (A) 8,2 58,9XL-678 (A) 7,8 55,9Média milho 8,0 55,9

SorgoAG-2002(B) 6,3 56,0AG-2006(B) 7,8 56,4DK-915 (B) 6,8 46,8DK-916 (B) 7,6 53,3P-8118(B) 9,4 54,8C-51 (B) 7,8 51,6Média sorgo 7,6 53,1

(A) Milho.(B) Sorgo.

47,4, 47,0 e 43,9%de panículas em suacomposição. Obser-va-se tanto paramilho quanto parasorgo uma tendên-cia de os materiaisde porte baixo apre-sentarem maiorexpressão para ocomponente espigaou panícula, fatoeste também obser-vado em outro tra-balho (6) o qualapresentou varia-ção de 45,0 a 67,2%desse componente.Uma silagem para

ser considerada deboa qualidade deve apresentar de 7,1a 8,0% de proteína bruta (PB) e de 64a 70% de nutrientes digestíveis totais(NDT) (6). Observa-se pela Tabela 3que todas as cultivares de milho apre-sentaram valores de PB satisfatórios,enquanto que entre os sorgos as culti-vares AG-2002 e DK-915 permanece-ram abaixo do padrão. O valor médiode PB foi maior para os milhos emrelação aos sorgos, alcançando 8,0 e7,6%, respectivamente (Tabela 3). Al-guns trabalhos (8) apontam teores dePB para milho variando de 8,3 a 9,0%,enquanto outros (9) detectaram valo-res inferiores variando de 5,1 a 6,5%.Na avaliação de NDT (Tabela 3) obser-va-se que, de maneira geral, os milhose os sorgos apresentaram valores abai-xo do padrão recomendado. Para seobter silagem de alta energia (NDT) acultivar deve apresentar alta propor-ção de espigas (6), fato este observadoapenas parcialmente entre as cultiva-res C-805, C-901, P-3069, XL-330 eXL-660 de milho e AG-2006 e P-8118de sorgos.

Conclusões erecomendações

Com base nos resultados obtidosconclui-se que as cultivares de milhoAG-1051, AG-5011, P-3069, XL-330, C-805, C-808 e C-901, bem como ascultivares de sorgo AG-2002, AG-2006,C-51 e P-8118, são as mais produtivas

e de melhor qualidade para ensilagem,no Alto Vale do Itajaí. As cultivares desorgo AG-2005 e BR-700 apresentaramexcelente proporção de panículas emsua composição, mas requerem pelomenos mais um ano de avaliação paraconfirmar os resultados e assim seremrecomendadas com maior segurança.

Levando em consideração que aensilagem é uma técnica que apre-senta alto custo, deve-se utilizá-la emperíodos críticos para alimentação dorebanho. Deve-se também fazer umaboa condução da cultura em termosde semeadura, adubação, controle deinvasoras, época correta da colheita,etc. E, além disso, escolher cultivaresque apresentem características de altorendimento de forragem aliado a umaboa qualidade de NDT, que pode seravaliada pela alta proporção de espi-gas na planta (pelo menos 40%).

Literatura citada

1. ALMEIDA, E.X. de.; GROSS, C.D.;FLARESSO, J.A.; FREITAS, E.A.G. de.Acompanhamento do processo de

ensilagem no Alto Vale do Itajaí, Santa

Catarina. Florianópolis: Epagri, 1993.61p. (EPAGRI. DOCUMENTOS, 144).

2. ALMEIDA, E.X. de.; TCACENCO, F.A.;STUCKER, H.; GROSS, C.D. Avaliaçãode cultivares de sorgo, milho, milheto eteosinto para o Vale do Itajaí.Agropecuária Catarinense, v.6, n.3,p.25-29. 1993.

3. TCACENCO, F.A.; SALERNO, A.R.;HILLESHEIM, A.; ALMEIDA, E.X. de.O sorgo forrageiro no Vale do Itajaí.Agropecuária Catarinense, Florianó-polis, v.2, n.3, p.37-39, set. 1989.

4. FREITAS, E.A.G. de. Silagem de milho:condicionantes do valor nutritivo.Agropecuária Catarinense, Florianó-polis, v.3, n.2, p.9-12, jun. 1990.

5. BARTZ, H.R., BISSANI, C.A., SCHERER,E.E. et al. Recomendações de adubação

e de calagem para os Estados do Rio

Grande do Sul e de Santa Catarina.3.ed. Passo Fundo, RS: SBCS – NúcleoRegional Sul, 1994. 224 p.

6. KEPLIN, L.A.S. Recomendação de sorgo emilho (silagem) safra 1992/93. RevistaBatavo, Castro, PR, v.1, n.8, p.16-19,1992.

Nutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animalNutrição animal

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 43

7. MOLINA, L.R.; GONÇALVES, L.C.;RODRIGUES, J.A.S. et al. Produção dematéria seca e das proporções de colmo,folha e panícula de seis híbridos desorgo. IN: REUNIÃO ANUAL DA SO-CIEDADE BRASILEIRA DE ZOO-TECNIA, 35, 1998, Botucatu, SP,Anais... Botucatu: SBZ, 1998, v.2,p.581-583.

8. HENRIQUE, W.; PERES, R.M.; VIANA,J.L. et al. Avaliação de três híbridos demilho para produção de silagem. IN:REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADEBRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 31,1994, Maringá, PR. Anais ... Maringá:SBZ, 1994. p.343.

9. QUADROS, F.L.F. de.; GENRO, T.R.M.;ARAUJO, B.E. de. et al. Qualidade dasilagem de híbridos de milho (Zea mays)e sorgo (Sorghum sp. ) IN: REUNIÃOANUAL DA SOCIEDADE BRASI-LEIRA DE ZOOTECNIA, 31, 1994,Maringá, PR. Anais ... Maringá: SBZ,1994. p.357.

Jefferson Araujo Flaresso, eng. agr.,M.Sc., Cart. Prof. 8196-D, Crea-SC, Epagri/Estação Experimental de Ituporanga, C.P.121, fone (0XX47) 833-1409, fax (0XX47) 833-1364, 88400-000 Ituporanga, SC, e-mail:[email protected]; Celomar Daison

Gross, eng. agr., M.Sc., Cart. Prof. 490-D,Crea-SC, Epagri, Regional de Rio do Sul, C.P.73, fone (0XX47) 821-2879, fax (0XX47) 821-2942, 89160-000 Rio do Sul, SC e Edison

Xavier de Almeida, eng. agr. D.Sc., Cart.Prof. 5373-D, Crea-SC, Epagri/EstaçãoExperimental de Ituporanga, C.P. 121, fone(0XX47) 833-1409, fax (0XX47) 833-136488400-000 Ituporanga, SC.

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I Encontro Catarinense sobre FitossanidadeI Encontro Catarinense sobre FitossanidadeI Encontro Catarinense sobre FitossanidadeI Encontro Catarinense sobre FitossanidadeI Encontro Catarinense sobre Fitossanidade

Período: 3 a 5 de novembro de 1999Local: Auditório da Reitoria da UFSC Florianópolis, SC

Maiores Informações:E-mail: [email protected], fone/fax (0XX48) 238-1176

Epagri-Cepea, Florianópolis, SCE-mail: [email protected], fone (0XX48) 334-2266Fax (0XX48) 334-2014, UFSC-CCA, Florianópolis, SC

Programa preliminarPalestras e mesas-redondas

Dia 3/11/1999- Situação atual e perspectivas futuras da fitossanidade em Santa Catarina- A importância da fitossanidade no contexto mercadológico global

Dia 4/11/1999- Lei dos Agrotóxicos e Receituário Agronômico- Tecnologia de aplicação de agrotóxicos- Ecotoxicologia: avaliação do impacto das práticas fitossanitárias no ambiente

natural- Agrometeorologia: estações de aviso- Transgenia: contextualização no manejo fitossanitário integrado- Controle de pragas, doenças e ervas daninhas em agricultura orgânica

Dia 5/11/1999- Laboratórios de identificação e diagnóstico como apoio à fiscalização e à extensão- Laboratório de Análise de Resíduos em Alimentos- Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina

Este livro abor-da os aspec-tos da culturada videira, des-de sua origematé a colheita.Publicado em1999, com364p. e ilustra-do. Por ape-nas R$ 35,00,você pode ad-quirir através

do fone/fax (0XX51) 331-1924.

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Integrado de PragasIntegrado de PragasIntegrado de PragasIntegrado de PragasIntegrado de Pragas

Período: 4 a 6 de novembro de 1999Local: Unoesc – Campus de Chapecó

Maiores informações:Unoesc/Departamento de Ciências Biológicas, C.P. 747

88809-000, Chapecó, SCFone (0XX49) 721-8215, fax (0XX49) 721-8000

E-mail: [email protected]

Coordenação geral: Flávio R.M. Garcia e José Maria Milanez

Promoção:Unoesc/Departamento de Ciências Biológicas e Epagri/CPPP

ApoioUdesc/CAV, Unisul, Unoesc, UNC,Alesc, Crea, Aeasc, Ocesc, Faesc,

Fetaesc

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44 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

PESQUISA EMANDAMENTO

Novas espécies deNovas espécies deNovas espécies deNovas espécies deNovas espécies deeucalipto para SCeucalipto para SCeucalipto para SCeucalipto para SCeucalipto para SC

Na região Oeste, o eucalipto foiintroduzido principalmente paraatender à demanda energética daagroindústria. A falta de matéria--prima (toras) para desdobro nas ser-rarias abriu mais uma alternativa deuso para as florestas de eucalipto.No entanto, as toras atualmente uti-lizadas são de povoamentos implan-tados para produção de energia, quenão foram manejadas adequadamen-te, resultando em madeira de baixaqualidade. Estudos realizados indi-cam que a velocidade com que amadeira de eucalipto irá penetrar nomercado dependerá unicamente daboa qualidade e da disponibilidade dematéria-prima.

Por causa da crescente demandapor informações sobre o eucalipto noEstado, pesquisadores do CPPP/Epagri/Chapecó introduziram novasespécies de eucalipto. O objetivo des-ses trabalhos de pesquisa é avaliarprocedências de espécies provenien-tes da Austrália, já amplamente di-fundidas, como o Eucalyptusviminalis e o E. dunnii, e de novasespécies como E. cypellocarpa, E.acmenioides, E. globulus, E. nitens,E. deanei e E. camaldulensis.

As principais características queestão sendo avaliadas são resistên-cia a geadas, crescimento, ramifica-ção, forma do tronco, floração (api-cultura, produção de sementes), qua-lidade da madeira, comportamentoquando submetido ao desdobro e tes-tes mecânicos com a madeira.

As primeiras observações mos-tram que todas as espécies resisti-ram às geadas no primeiro ano nosexperimentos implantados na Flo-resta Nacional de Chapecó, Oeste doEstado. Já em Vargem Bonita, Meio--Oeste do Estado, onde a área expe-rimental fica acima de 1.000m dealtitude, houve perda total da espé-cie Eucalyptus acmenioides.

Maiores informações podem serobtidas na Epagri de Chapecó, Cen-tro de Pesquisa para PequenasPropriedades, C.P. 791, fone (0XX49)723-4877, fax (0XX49) 723-0600,

89801-970 Chapecó, SC, com os enge-nheiros florestais Paulo Alfonso Floss(e-mail: [email protected]) e DorliMário Da Croce (e-mail: [email protected]).

Pau-amargo: árvorePau-amargo: árvorePau-amargo: árvorePau-amargo: árvorePau-amargo: árvorecondimentar econdimentar econdimentar econdimentar econdimentar e

medicinalmedicinalmedicinalmedicinalmedicinal

O pau-amargo constitui-se numaarvoreta de 2 a 15m de altura, chama-da Picrasma crenata ( Vell.) Engl., epertence à família das Simaroubáceas.Ocorre preferencialmente na Flores-ta Atlântica nas Áreas Pioneiras deInfluência Marinha, também conheci-das como Restinga Arbustiva. Apare-ce, ainda, mas de forma menos ex-pressiva, nas demais formações flo-restais de Santa Catarina, apresen-tando vasta mas irregular edescontínua dispersão pelo sul do Bra-sil. A madeira é mole, amarelada,extremamente amarga devido à pre-sença de um alcalóide e de umquassinóide que conferem à plantapropriedades medicinais digestivas,febrífugas e ativas contra o envenena-mento por cobras. Esse princípioamargo, extraído do lenho, também éutilizado pela indústria catarinensede alimentos para fabricação de bebi-das amargas do tipo “bitter”. Essaatividade vem sendo desenvolvida emSanta Catarina há mais de 60 anos, deforma extrativista, e agora há interes-se no cultivo do pau-amargo devido àcarência de matéria-prima na florestanativa. Assim a Epagri, por solicitaçãode industriais do setor, está acompa-nhando a fenologia da espécie naRestinga Arbustiva da Praia deTaquaras, em conjunto com a FURB,e também avalia formas de prolifera-ção da planta para a formação demudas. Até o momento, depois de umano de trabalho, verificou-se que asestacas não enraízam facilmente invivo e a proliferação in vitro tambémnão apresentou, até agora, resultadosanimadores. No entanto, as sementesestão germinando sob condições espe-ciais (ainda não completamente de-terminadas) e certamente constituir--se-ão na forma mais simples e baratade propagação da espécie.

Melhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticoMelhoramento genéticodo milhodo milhodo milhodo milhodo milho

O milho é o principal produtoagrícola em Santa Catarina. Os seto-res que dependem do milho, taiscomo o leite e as carnes (aves, suí-nos e bovinos), mostram com maiorintensidade a importância da cultu-ra do milho para a sustentação eco-nômica de Santa Catarina. As neces-sidades crescentes do complexoagroindustrial e a diminuição da áreade plantio nos últimos anos geraramum déficit superior a 1 milhão detoneladas de milho no Estado.

Em Santa Catarina predominamlavouras com menos de 10ha, sendoque cerca de 70,4% da produção demilho é proveniente de propriedadescom menos de 50ha.

Apesar de a produtividade médiaestadual (3.600kg/ha) superior amédia nacional (2.580kg/ha), existeum grande potencial a ser explo-rado. Aumentos de produção po-dem ser obtidos pela utilização maisintensiva das técnicas recomenda-das e pelo uso de cultivares maisprodutivas e adaptadas às condiçõesagroclimáticas das regiões produto-ras.

A elevação do custo de insumos, obaixo preço pago aos produtores e afalta de acesso ao crédito rural têmfeito com que os agricultores refor-cem a estratégia de evitar riscos,reduzindo assim os investimentosem materiais genéticos mais caros.Além disso, em torno de 30% dosagricultores ainda utilizam varieda-des não melhoradas e/ou híbridos desegunda geração.

Com a tendência crescente de seconstituir no Brasil oligopólios naárea de produção de sementes, hánecessidade da pesquisa pública tor-nar-se referência estratégica de for-ma a evitar elevação desenfreadados custos de sementes, em especialde milho.

Na criação de um programa demelhoramento de milho, é funda-mental dispor de uma população basecom variabilidade genética suficien-te. As populações resultantes decruzamentos múltiplos entre varie-

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 45

dades, híbridos ou outros tipos degermoplasma constituem os chama-dos compostos que são normalmen-te utilizados como populações basepara programas de melhoramento,principalmente em instituições depesquisa.

Com o objetivo de gerar um com-posto com base genética ampla, tole-rante a estresses ambientais e adap-tado às condições climáticas do Oes-te Catarinense, iniciou-se a forma-ção de um composto de milho.

Esse composto foi formado a par-tir do intercruzamento de genótiposjá avaliados nas condiçõesedafoclimáticas da região, sendo qua-tro híbridos e duas populações sinté-ticas. Com a utilização do métodoirlandês de recombinação, o compos-to foi conduzido para o equilíbrio deHardy-Weimberg, através da reali-zação de dois ciclos de recombinação.O primeiro, em 1997/98, em loteisolado, em apenas um local. O se-gundo ciclo foi conduzido durante asafra 1998/99, em três propriedadesrurais. Em dois locais foram coletadasinformações de produtividade degrãos, obtendo-se média de 4.800kg/ha.

Na próxima safra, o compostoserá submetido a ensaios de compe-tição de cultivares, onde poderá seravaliado o potencial genético destecomposto desenvolvido. Após estaetapa, este composto poderá ser uti-lizado em programas de melhora-mento intrapopulacional e assimserem obtidas variedades e/ou linha-gens para fins de obtenção de híbri-dos.

Este trabalho está sendo desen-volvido pelo Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades/Epagri, deChapecó e pelo CNPq. Mais informa-ções com o pesquisador HaroldoTavares Elias, pelo telefone (0XX49)723-4877 ou e-mail: [email protected].

A atividade leiteira noA atividade leiteira noA atividade leiteira noA atividade leiteira noA atividade leiteira noOeste CatarinenseOeste CatarinenseOeste CatarinenseOeste CatarinenseOeste Catarinense

Até meados da década de 80, asuinocultura representava a princi-pal alternativa econômica para a

maioria dos agricultores do Oeste Ca-tarinense. Entretanto, o Censo Agrí-cola do IBGE (1995-96) identificou al-terações na estrutura produtiva dasuinocultura de Santa Catarina. De1985 a 1996 observou-se uma diminui-ção de 55% no número de proprieda-des cuja principal atividade era a pro-dução de suínos. Neste período deu-seuma forte concentração no rebanhosilvícola. A competitividade reduziu aparticipação dos produtores de suí-nos, do Oeste Catarinense, nesta ati-vidade.

Em substituição à suinocultura, amaioria dos agricultores optou pelaprodução de leite, transformando aregião na principal bacia leiteira doEstado. Atualmente a produção deleite pode ser considerada a âncorasobre a qual se sustenta a pequenapropriedade familiar do Oeste Catari-nense. Na região a atividade é desen-volvida por 67 mil famílias, sendo que,destas, 38 mil têm no leite uma impor-tante fonte mensal de renda. Dados doCenso Agropecuário (IBGE 1995-96)mostram que o leite vendido nesteperíodo proporcionou uma receita de68 milhões de reais. A característicadistributiva dessa receita confere-lheum elevado poder multiplicador edinamizador da economia regional.Estima-se, com base nesses dados,que somente nas propriedades quehoje comercializam leite no OesteCatarinense estão envolvidas, diretaou indiretamente, mais de 200 milpessoas.

Atualmente, a produção e a trans-formação de leite no Oeste Catarinen-se vivem um momento decisivo, queenvolve a definição de modelos técni-co-econômicos. Isto terá reflexos nacompetitividade da produção, na dinâ-mica da economia regional, na defini-ção do número de oportunidades e danatureza das relações de trabalho(familiar ou assalariado), no uso dosrecursos naturais e na representa-tividade política da região. Devido àfalta de estudos específicos que con-templem a diversidade dos sistemasprodutivos da agricultura familiar daregião, estas definições estão sendotomadas com poucos critérios ou combase em estudos que não espelham a

realidade regional.Acredita-se que a construção de

um modelo (onde as etapas de produ-ção e transformação do leite ocor-ram de forma diversificada edesconcentrada e que resulte em umperfil agroindustrial que contemple,de forma equilibrada, grandes, mé-dias e pequenas empresas distribuí-das uniformemente no espaço regio-nal e produzindo uma pautadiversificada de produtos) possa cri-ar um ambiente favorável para odesenvolvimento regional que incor-pore as dimensões econômica, sociale ambiental.

Nesta perspectiva, e entendendoque não existe um único caminhopara desenvolver a atividade leiteirana região Oeste Catarinense, os pes-quisadores do Centro de Pesquisapara Pequenas Propriedades, daEpagri de Chapecó, Márcio Antoniode Mello, Milton Luiz Silvestro, Cló-vis Dorigon, Nelson Cortina e RubsonRocha estão conduzindo estudos quetêm o objetivo de orientar o desen-volvimento tecnológico e organiza-cional da produção, transformação ecomercialização do leite e seus deri-vados, possibilitando ao maior nú-mero de agricultores familiares apermanência na atividade. Nestesentido, na primeira etapa da pes-quisa, pretende-se descrever o perfilda atividade leiteira e diagnosticaros principais entraves presentes emcada elo da cadeia produtiva. Tam-bém se pretende identificar e avaliaras principais inovações tecnológicase organizacionais que estão sendoexperimentadas na região. Nestaetapa da pesquisa também se pre-tende discutir e propor ações políti-cas que visem aumentar ainda maisa heterogeneidade da atividade lei-teira na região com o objetivo demanter e incorporar o maior núme-ro de agricultores na atividade.

Para maiores informações sobreessa pesquisa entrar em contato como pesquisador Márcio Antônio deMello, no Centro de Pesquisa paraPequenas Propriedades, da Epagri,Chapecó, SC, fone (0XX49) 723-4877,fax (0XX49) 723-0600, e-mail:[email protected].

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Pesquisa em andamentoPesquisa em andamentoPesquisa em andamentoPesquisa em andamentoPesquisa em andamento

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46 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

Sanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animal

Prevalência de agentes da tristeza parasitáriaPrevalência de agentes da tristeza parasitáriaPrevalência de agentes da tristeza parasitáriaPrevalência de agentes da tristeza parasitáriaPrevalência de agentes da tristeza parasitáriabovina em bovinos de corte nabovina em bovinos de corte nabovina em bovinos de corte nabovina em bovinos de corte nabovina em bovinos de corte na

região de clima Cfb – SCregião de clima Cfb – SCregião de clima Cfb – SCregião de clima Cfb – SCregião de clima Cfb – SC11111

Celso Augustinho Dalagnol, Edison Martinse Cláudio Roberto Madruga

complexo tristeza parasitária bo-vina é constituído pela babesiose

(Babesia bovis, Babesia bigemina) eanaplasmose (Anaplasma marginale),doenças que causam graves prejuí-zos, constituindo fatores limitantes àbovinocultura. A Babesia e aAnaplasma são transmitidas por car-rapatos ixodídeos do gêneroBoophilus, sendo que para Anaplasmatambém são descritas transmissõesmecânicas por moscas hematófagas,agulhas hipodérmicas e material ci-rúrgico. Nas regiões onde a doença éendêmica, surtos de mortalidade sãofreqüentes.

A manifestação clínica da babesiosevaria de uma infecção bastante leve esem sintomas até uma doença agudae geralmente fatal, dependendo daespécie de Babesia envolvida e dasuscetibilidade do hospedeiro animal.Geralmente a forma mais patogênica,mais severa, é vista em bovinos adul-tos não expostos previamente ao pa-rasito.

A anaplasmose é assinalada comomais crítica que a babesiose, alcan-çando índices elevados de morbidadee mortalidade em bovinos durante arecria. Além disso, as vacas lactantesmostram um rápido decréscimo naprodução de leite e as vacas prenhespodem abortar devido à hipertermia.A perda de peso é rápida e são neces-sários meses para a recuperação,quando a morte do animal não ocor-rer. É comum complicações secundá-rias levarem o animal à debilidade e à

morte se o tratamento não for inicia-do a tempo, contudo o retardo nocrescimento é o sinal mais evidente.

A primeira identificação dababesiose no Brasil foi feita em bovi-nos recém-importados em 1901 (1).

Nos estudos de prevalência deanaplasmose realizados em quatroregiões do Estado de Minas Gerais, foiusado uma amostra de 865 animais,com 4, 4 a 12 e 12 a 24 meses de idade.Os testes utilizados foram poresfregaços corados giemsa e card-test.Para as raças holandesa, zebu e mes-tiça a prevalência foi de 91,7, 87,6 e87,8%, respectivamente. A prevalênciamédia por região variou de 86,1 a93,1%.

Reagiram positivamente aos tes-tes 48% dos bezerros com menos deum mês de idade (devido aos anticorposcolostrais), 34% dos bezerros com uma dois meses e 74,1% dos bezerros comdois a três vezes de idade (2).

No Mato Grosso do Sul foi realiza-da uma pesquisa que utilizou a técnicade anticorpos fluorescentes em sorosde bezerros das raças Nelore, Ibagé ecruzamentos Nelore x Fleckviech,Nelore x Chiamina e Nelore xCharolês, do nascimento ao desma-me. Os resultados obtidos permitiramconcluir que: de 3 a 4 dias de vidahouve correlação positiva esignificante entre os níveis deimunoglobulinas circulantes das va-cas e algumas raças e cruzamentos. Amédia do título sorológico apresentouum decréscimo nos níveis de

anticorpos entre 28 e 56 dias de idadecontra Babesia bigemina e entre 56 e84 dias contra Babesia bovis , já aprodução ativa de anticorpos paraBabesia bigemina foi aos 84 dias epara Babesia bovis, aos 112 dias (3).

De maneira geral, os níveis deanticorpos contra Babesia bigeminaforam mais elevados que os de Babesia

bovis e houve maior semelhança nacurva de anticorpos dos bezerros daraça Nelore e seus cruzamentos queos da raça Ibagé. Mesmo sendo consi-derada região de estabilidadeenzoótica, existe um período críticode baixa resistência humoral ondepoderão ocorrer casos clínicos debabesiose. Para Anaplasma marginalefoi observada uma relação positivaentre as imunoglobulinas séricas dasvacas e os colostros dos bezerros. Aproporção de bezerros sorolo-gicamente negativos aumentou aos30 dias e atingiu um máximo aos 60dias na maioria dos grupos. As primei-ras parasitemias foram observadasaos 30 dias de vida, atingindo a médiamais elevada aos 90 dias. O períodocrítico é em torno de 60 dias de idade,podendo ocorrer casos clínicos deanaplasmose (4).

O presente trabalho conduzido naEstação Experimental de Lagesobjetivou iniciar os estudos referen-tes à epidemiologia de tristeza parasi-tária bovina, determinandoprevalência de anticorpos contraBabesia bovis, Babesia bigemina eAnaplasma marginale em bovinos de

O

1. Cfb – Temperado úmido com verões frescos.

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 47

Sanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animalSanidade animal

corte com idade em torno de oito anove meses, na região de clima Cfb doEstado de Santa Catarina.

O tamanho da amostra foi de 596bovinos, terneiros com idade entreoito e nove meses, em cinco municí-pios, com a seguinte estratificação:Lages – 366, Santa Cecília – 72, Mafra– 50, Água Doce – 60, Bom Jardim daSerra – 60. A coleta foi feita de sangueperiférico que, após a coagulação, foicentrifugado para a separação do soro,para posterior exame sorológico. Fo-ram executados testes sorológicos pelatécnica de imunofluorescência indire-ta (IFI).

A prevalência de Babesia bovis,Babesia bigemina e Anaplasmamarginale está apresentada na Figu-ra 1. Para Babesia bovis a prevalênciavariou de 84 a 100%, para Babesiabigemina variou de 95 a 100%, paraAnaplasma marginale variou de 85 a98%.

Os resultados encontrados carac-terizam a região estudada comoendêmica ou de estabilidade enzoótica.

Agradecimentos

Os autores agradecem a colabora-ção dos produtores rurais que cede-

ram animais para coleta de sanguepara a realização deste trabalho:

Água Doce: Francisco Mendes; CidMendes. Bom Jardim da Serra:Aderbal Machado, Luzia Vieira Ma-chado, Antonio Carlos do Amaral Ve-lho. Lages: Afonso Maximiliano Ri-beiro, Laélio Bianchini da Costa Ávila,Antonio César Arruda, Celso Mariano,Valmor Ferreira. Mafra: ManoelPadilha, Rafael Pilatti, Carlo CésarPigatto, Rauen Agropecuária. SantaCecília: Jorge Schmacker, FernandoAdriano Driessen, Valmor Ely, Rogé-rio do Vale.

Literatura citada

1. FAJARDO, F.A. A piroplasmose bovina noRio de Janeiro. Revista Médica de SãoPaulo, v.4, p.18-30, 1901.

2. RIBEIRO, M.F.B; REIS, R. Prevalência daAnaplasmose em quatro regiões doEstado de Minas Gerais. Arquivo da

Escola de Veterinária da UFMG, BeloHorizonte, v.33, n.1, p.57-61, 1981.

3. MADRUGA, C.R.; AYCARD, E.; KESSLER,R.A.; SCHENK, M.A.M.; FIGUEI-REDO, G.R.; CURVO, J.B.E. Níveis deanticorpos anti-Babesia bigemina eBabesia bovis em bezerros de raçaNelore, Ibagé e cruzamento Nelore.Pesquisa Agropecuária Brasileira,Brasília, v.19, n.9, p.1163-1168, 1984.

4. MADRUGA, C.R.; KESSLER, R.H.; GO-MES, A.; SCHENK, M.A.M.ANDRADE, D.F. de. Níveis deanticorpos e parasitemia de Anaplasma

marginale, em área enzoótica, nos be-zerros de raça Nelore, Ibagé e cruza-mento de Nelore. Pesquisa Agropecu-ária Brasileira, Brasília, v.20, n.1, p.135-142, jan.1985.

5. COCHRAN, N.G. Sampling Techniques.3.ed. New York: John Wiley & Sons,1977. 428p.

Celso Agostinho Dalagnol, méd. vet.,M.Sc., CRMV-SC 0598, Epagri/Estação Expe-rimental de Lages, C.P. 181, fone/fax (0XX49)224-4400, 88502-970 Lages, SC; EdisonMartins, méd. vet., Ph.D., CRMV-SC 0449,Epagri/Estação Experimental de Lages, C.P.181, fone/fax (0XX49) 224-4400, 88502-970Lages, SC e Claudio Roberto Madruga,méd. vet., Ph.D., CRMV-MS 0587, Embrapa,C.P. 154, fone/fax (0XX67) 768-2000, 79100-000 Campo Grande, MS.

Classificação climática

Cfa = Clima Subtropical ÚmidoCfb = Clima Temperado Úmido

Figura 1 – Mapa do Estado de Santa Catarina apresentando a região de clima

Cfb e os municípios onde foram coletadas as amostras e suas prevalências

Babesia bovis: 84%

Babesia bigemina: 99%Anaplasma marginale: 85%

Babesia bovis: 100%

Babesia bigemina: 97%Anaplasma marginale: 98%

Babesia bovis: 100%

Babesia bigemina: 100%Anaplasma marginale: 85%

Babesia bovis: 98%Babesia bigemina: 95%

Anaplasma marginale: 88%

Babesia bovis: 99%Babesia bigemina: 100%

Anaplasma marginale: 89%

o

Mafra

Santa Cecília

Água Doce

Lages

Bom Jardim da Serra

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48 Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999

Situação mundial e brasileira daSituação mundial e brasileira daSituação mundial e brasileira daSituação mundial e brasileira daSituação mundial e brasileira dacultura da pêracultura da pêracultura da pêracultura da pêracultura da pêra

Ivan Dagoberto Faoro, Roque Hentschkee Shigeru Shiba

pêra é uma fruta cosmopolita.Os continentes com maior pro-

dução de pêra são a Ásia e a Europa,sendo que a China (5.615 mil tonela-das), Itália (937 mil toneladas) e osEUA (819 mil toneladas) foram ospaíses que apresentaram as maioresproduções em 1996. A produção chi-nesa, no qüinqüênio 1990-95, aumen-tou em 126%; na América do Sul, oaumento ficou em 72% no Chile e 52%na Argentina, enquanto no Brasil foide somente 12%.

A Europa, em 1993, destacou-secomo a maior exportadora mundial depêra, com 41,8% do total das exporta-ções mundiais, seguida pela Américado Sul (24,3%) e pela Ásia (10,8%) (1).Já em 1995, os países que apresenta-ram as maiores participações nas ex-portações mundiais foram: Argentina(222.403t), África do Sul (150.000t),Bélgica (148.372t) e Chile (146.841t)(2). O país que mais importou pêra foia Alemanha (161.292 t), seguida peloBrasil (3).

Na América do Sul, em 1996, osmaiores produtores de pêra foram aArgentina (320 mil toneladas) e oChile (250 mil toneladas), cujas pro-duções são voltadas basicamente paraa exportação. Estes valores ressaltamo avanço de produção e exportaçãoobtido pelo Chile, onde a área deplantio apresentou forte incremento,passando de 3.300ha em 1980 para,aproximadamente, 17.500ha em 1995(4).

Na Argentina, maior produtor depêra do Hemisfério Sul, com cerca de15 mil hectares plantados, as provín-cias de Rio Negro, Neuquém eMendoza destacam-se como as demaior produção, sendo a colheita rea-

lizada de janeiro a março. As exporta-ções para o Brasil concentram-se prin-cipalmente de fevereiro a maio. Dototal de 448.257t da produção argenti-na, em 1995, 49,6% foram exportados,19,4% foram consumidos no mercadointerno e 31% foram processados/en-latados (4).

As cultivares mais plantadas vari-am conforme os países. No ocidentesão mais cultivadas as pereiras do tipoeuropéia (Pyrus communis) e nos pa-íses orientais, as do tipo asiática(Pyrus pyrifolia, P. ussuriensis, P.bretschneideri e seus híbridos) (5).

Nos países da Comunidade Econô-mica Européia, a cultivar mais planta-da é ‘Conference’, com 21,0% da pro-dução, seguida por ‘Williams’, com11,9%, ‘Blanquilla’, com 10,0%, ‘AbateFetel’, com 9,5%, ‘Jules Guyot’, com6,7%, e ‘Comice’, com 6,5%. Nos EUA,são mais plantadas a ‘Williams’, com52,8% da produção, ‘d’Anjou’, com35,5%, ‘Bosc’, com 9,3%, e ‘Comice’,com 0,7% (2). Na Nova Zelândia, sãomais plantadas ‘Bosc’, ‘Comice’,‘Taylor’s Gold’, ‘Packham’s Triumph’e ‘Winter Nelis’. No Chile, a‘Packham’s Triumph’, com 37,4%,‘Beurre Bosc’, com 23,7%, ‘RedSensation’, com 11,4%, e ‘d’Anjou’,com 4,9% (3). No Japão, as mais plan-tadas são ‘Kousui’, com 36,8% da área,‘Housui’, com 22,0%, e ‘Nijisseiki’,com 20,2%. Na Argentina, a ‘Williams’,com 42% da área, ‘Packham’sTriumph’, com 32%, e ‘d’Anjou’, com10% (4).

No Brasil, as cultivares de altaqualidade mais plantadas, do tipo eu-ropéia, são a ‘William’s’, a ‘Max RedBartlett’ e a ‘Packham’s Triumph’. Asdo tipo asiática mais plantadas são as

cultivares Nijisseiki, Housui (6),Kousui, Oku Sankichi e Atago. Sãocultivados também clones do tipo pêrad’água e do tipo pêra dura (‘Kieffer’,‘Smidt’), além da ‘Garber’ e ‘Ya Li’.Nos últimos cinco anos, está crescen-do no sul do país, principalmente emSanta Catarina, o plantio de ‘Nijisseiki’e ‘Housui’.

Situação no Brasil

O cultivo da pereira de alta quali-dade no Brasil, em escala comercial,ainda é pequeno. Em 1993, na Com-panhia de Entrepostos e ArmazénsGerais de São Paulo – Ceagesp, asperas de origem nacional comer-cializadas representaram somente1,75% das importadas (2). As peque-nas áreas de plantio estão localizadasnos Estados de São Paulo, Minas Ge-rais, Paraná, Santa Catarina e RioGrande do Sul.

O plantio de cultivares de baixaqualidade tem favorecido as importa-ções de pêra fresca (Tabela 1), princi-palmente da Argentina e do Chile. DaArgentina são importadas mais de85% da pêra consumida no Brasil.

A pêra in natura foi o segundoproduto no dispêndio com importa-ções de frutas pelo Brasil e a conse-qüência disto é a evasão de divisas. Ovalor total com importações de pêrasituou-se em 46.137,4 milhões dedólares em 1990, passando a 91.674,6milhões de dólares em 1997, e em1998 reduziu para 58.974 milhões dedólares (Tabela 1).

Dentre as cultivares importadas, a‘d’Anjou’ é a mais comum e o seupreço geralmente é maior que o damaçã. As cultivares Williams e

PêraPêraPêraPêraPêra

A

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 49

Packham’s Triumph apresentam pre-ços inferiores aos da ‘d’Anjou”, sendoque a ‘Williams’ é comercializada du-rante a safra brasileira de maçã e a‘Packham’s Triumph’, na entressafra.

Nos dias atuais, em virtude princi-palmente da maior estabilidade daeconomia brasileira, da desvaloriza-ção do dólar frente ao real, do aumen-to da produção mundial de frutas e damelhor qualidade da pêra importadaem relação à nacional, verifica-se oaumento da demanda de frutas e,como conseqüência, o mercado brasi-leiro tem importado mais peras fres-cas. Tal fato provocou a redução dasvendas do produto de origem nacio-nal. Por isso, a pêra a ser produzida noBrasil deve apresentar qualidade pelomenos semelhante à da importada.

O alto valor de venda da frutaimportada ao consumidor e a baixaqualidade das peras produzidas noBrasil são as causas prováveis do bai-xo consumo aparente per capita brasi-leiro, estimado em 0,5kg/ano. Noentanto, se for considerada a quanti-dade de pêra importada em 1997 e1998, o consumo aparente per capitasituou-se em 1,0 e 0,8kg/ano, respec-tivamente. Em termos de variaçõesde preço das peras do tipo d’águaproduzidas no Brasil, entre os anos de1992 e 1996, têm sido obtidos naCeagesp, São Paulo os valores entre0,68 dólar a 1,89 dólar/Kg, ficando amédia em 1,05 dólar/kg.

No Estado de São Paulo, a culturateve o seu apogeu na década de 30,destacando-se os municípios de SãoRoque e Guarulhos, onde predomina-ram as cultivares do tipo d’água (‘Bran-ca’, ‘Bela Aliança’, ‘Joaquina’, ‘D’água

de Valinhos’ e ‘Branca de São Roque’),‘Madame Sieboldt’( = ‘Francesa’,‘Grazzine’ e ‘Branca Francesa’),‘Kieffer’ e ‘Smith’. Estas duas últimassão conhecidas também como ‘Parda’,‘Outono’, ‘Inverno’ e ‘D’água de Outo-no’. As cultivares do tipo europeu atéentão plantadas, devido à baixa quali-dade e ao conseqüente baixo retornoeconômico, apresentaram declínio emseu plantio. Na década de 50 os japo-neses introduziram as primeiras pe-reiras asiáticas, como a ‘Choujuurou’,‘Oku Sankichi’ e ‘Imamura Aki’ naregião de Presidente Prudente e, maistarde, a ‘Ya Li’ em Campos do Jordão(7). Em 1995, a estimativa da áreatotal de plantio era de 482ha (8).

Posteriormente, no Estado de SãoPaulo, foram plantadas cultivares de-senvolvidas pelo Instituto Agronômi-co de Campinas, destacando-se as cul-tivares Tenra, Triunfo e principal-mente a Seleta, que eram enxertadasem porta-enxerto de marmeleiro ‘Por-tugal’ ou comum. Esses pomares apre-sentaram incremento no final da dé-cada de 70 e início da década de 80,porém, por falta de tecnologia, quali-dade para competirem com as frutasimportadas e principalmente com asfrutíferas de retorno econômico maisrápido, como pessegueiro, ameixeira,videira, caquizeiro, goiabeira e figuei-ra (7), parte dos mesmos foram aban-donados ou erradicados, não havendo,em conseqüência, a expansão da cul-tura da pereira. Em 1987 o InstitutoAgronômico de Campinas – IAC lan-çou as cultivares Primorosa e Cente-nária.

Nesse Estado, existem iniciativasisoladas de plantio de pereira asiática

por parte de produtores japoneses,mesmo em pequena escala, principal-mente nos municípios de Araçatuba,Jaboticabal, Lutécia, Marília,Mirandópolis, Narandiba, PresidentePrudente (Espigão), Rancharia,Piraporzinho e Santa Fé do Sul, alémde Botucatu, São Miguel do Arcanjo,Ibiúna e Holambra. As principais cul-tivares são Atago e Oku Sankichi,seguidas por Housui e Kousui. Asprincipais polinizadoras são ‘Pêrad’Água’ e ‘Kieffer’, mas, em algunsdos pomares, não existe nenhumacultivar polinizadora, o que certamen-te proporciona baixas produções. Osporta-enxertos utilizados são P.pyrifolia , P. betulaefolia (“Manchumamenashi”), Pyrus calleryana(“Taiwan Mamenashi”), ‘kieffer’ e ‘pêrad’Água’.

No Estado do Paraná existem pou-cos produtores de pêra. Destacam-seas áreas de plantio com aproximada-mente 105ha (8), principalmente nosmunicípios de Araucária, CampinaGrande do Sul, Contenda, Castro,Rolândia, Santa Mariana, Porto Ama-zonas, Ponta Grossa e Palmas. A prin-cipal cultivar é a Ya Li, seguida porclones de pêra d’água, ‘Oku Sankichi’,‘Atago’, ‘Cascatense’ e ‘Housui’. Des-taca-se que tem crescido o plantiodesta última. As principaispolinizadoras são ‘Kieffer’, ‘Tsu Li’ e‘Pêra d’Água’. Os porta-enxertos maisutilizados são ‘Kieffer’ e ‘Pêra d’Água’,mas em Castro existem pés francos de‘Ya Li’ ou enxertados sobre ‘PêraDura’.

No Rio Grande do Sul, em 1994,existiam cerca de 1.170ha cultivadoscom pereira. O município de Veranó-polis, localizado na região serrana,onde a média de horas de frio < 7,2oCsitua-se entre 450 e 500 horas, apre-senta potencial para plantio de culti-vares com média exigência em friohibernal.

No Estado de Santa Catarina, em1998, a área de plantio foi de 245,8ha.Destes, somente 57,1ha foram plan-tados com cultivares do tipo japonesa,principalmente nos municípios de FreiRogério e Campo Belo do Sul, com,respectivamente, 18 e 14ha.

A estagnação da área plantada depereira no Brasil deve-se certamente

Tabela 1 – Quantidade, valor, consumo aparente habitante e preço médio da pêra innatura importada pelo Brasil, em cinco anos

AnoDescriminação

1990 1993 1996 1997 1998(B)

Quantidade (t) 86.700 85.685 330.901 162.194 116.933Valor (1.000 US$ FOB) 46.137,4 42.803,0 98.344,3 91.674,6 58.974,0Consumo aparente hab./ano (kg) (A) 0,6 0,6 2,0 1,0 0,8Preço médio (US$ FOB/kg)(A) 0,5 0,5 0,3 0,56 0,5

(A) Estimativa considerando somente a quantidade e o valor da pêra importada.(B) Informativo SBF, 1999.Fonte: Decex/Cacex, 1998.

PêraPêraPêraPêraPêra

#

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à baixa qualidade e produtividade obti-da, devido à falta de material genéticode qualidade, adaptado às condiçõesagroclimáticas do país (2), além deescassas informações sobre tratosculturais adequados à cultura. Outrofator preocupante são as perdas pós--colheita durante a comercializaçãoda pêra, sendo que em 1991/92, nacidade de São Paulo, situou-se em10%.

Literatura citada

1. MAIA,M.L.; AMARO,A.A.; GONSAL-VEZ,J.S.; SOUZA,S.A.M. Produção emercado de pêra e pêssego no Brasil.Informações Econômicas , São Paulo,v.26, n.2, p.33-48, 1996.

2. WORLD Pear Review. Pullman: Belrose,1998. 77p.

3. YURI,J.; TORRES,C. Pear production inChile: growing areas, cultivars, exportsand profitability. In: INTERNATIONALSYMPOSIUM ON PEAR GROWING,7., 1997, Talca, Chile. Abstracts..., Talca,Chile 1997. p.14.

4. GARRIZ,P.I.; BILDER.E.A. The pearindustry in Argentina. ChronicaHorticulturae , v.37, n.2, p.6-7, 1997.

5. FAORO,I.D. Cultivo da pereira no mundo.Agropecuária Catarinense , Florianó-polis, v.4, n.2, p.28-29, 1991.

6. FACHINELLO,J.C. Situazione e propettivedella frutticoltura temperata in Brasile.Rivista di Frutticoltura, n.3, p.39-44,1998.

7. CAMPO-DAL’ORTO,F.A.; OJIMA,M.;BARBOSA,W.; RIGITANO,O.;MARTINS,F.P.; CASTRO, J.L.de;SANTOS,R.R.de; SABINO,J.C . Vari-edades de pêra para o Estado de SãoPaulo. Campinas: Instituto Agronômi-co, 1996, 34p. (Boletim Técnico, 164).

8. MONDIN,V.P. Frutas de clima temperado:situação da safra 1997/98, previsão dasafra 1998/99. Videira, SC: Epagri/E.E.Videira, 1998, 16p.

Ivan Dagoberto Faoro, eng. agr, M.Sc.,Cart.Prof. 4.699-D, Crea-SC, Epagri/EstaçãoExperimental de Caçador, C.P. 591, fone(0XX49) 663-0211, fax (0XX49) 663-3211,89500-000 Caçador, SC; Roque Hentschke,eng. agr, M.Sc. Cart. Prof. 535-D,Crea-SC,Epagri, C.P. 502, fone (0XX48) 239-5533, fax(0XX48) 239-5597, 88034-901 Florianópolis,SC e Shigeru Shiba, eng. agr, Agência deCooperação Internacional do Japão – Jica,Epagri/Estação Experimental de Caçador, C.P.591, fone (0XX49) 663-0211, fax (0XX49) 663-3211, 89500-000 Caçador, SC, e-mail:[email protected].

PêraPêraPêraPêraPêra

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Índices agropecuáriosÍndices agropecuáriosÍndices agropecuáriosÍndices agropecuáriosÍndices agropecuários

Bovinocultura catarinense:Bovinocultura catarinense:Bovinocultura catarinense:Bovinocultura catarinense:Bovinocultura catarinense:análise dos indicadoresanálise dos indicadoresanálise dos indicadoresanálise dos indicadoresanálise dos indicadores11111

Ulisses de Arruda Córdova, José Antônio Ribas Ribeiroe Mário Luiz Vincenzi

s indicadores referentes a bovi-nocultura normalmente utiliza-

dos por instituições públicas e priva-das são: desfrute, natalidade, produ-ção de leite, idade da primeira cober-tura e idade de abate. Os dados refe-rentes ao Estado de Santa Catarinamostram um desfrute de 11 a 12%,taxa de natalidade de 50%, produçãode leite de 1.250kg/vaca/ano, idade daprimeira cobertura de 36 meses eidade de abate de novilhos de 42 a 48meses.

Existem divergências em relação aestas informações. No Planalto Cata-rinense desconhece-se, com raras ex-ceções, criadores que abatem novi-lhos aos 48 meses, entouram em ape-nas 3 anos e tenham índices de nata-lidade de 50%. As propriedades queutilizam registros alcançam indicado-res muito mais altos. O programa deGestão Agrícola da Epagri revela indi-cadores bem superiores aos citadosno parágrafo acima. Mesmo pequenaspropriedades, que enfrentam dificul-dades de escala, falta de capital e queutilizam um padrão mínimo detecnologia, alcançam esses índices –considerados como média catarinen-se.

Esta divergência entre dados ofici-ais e a realidade não é um problemaespecífico de Santa Catarina. O pes-quisador Afonso Simões Corrêa, daEmbrapa, Centro Nacional de Pesqui-sas de Gado de Corte, em 1986, cha-mava a atenção para a questão, em

nível nacional, e lembra que se nãotivesse ocorrido uma evolução dosindicadores técnicos o rebanho brasi-leiro não poderia crescer, em média,3% ao ano, como indicam os censosagropecuários realizados entre 1940 e19802.

Não resta dúvida que a produtivi-dade do rebanho brasileiro é baixa,mas há exagero em se admitir queessa produtividade seja, hoje, a mes-ma de 30 a 40 anos atrás. Afinal, aolongo desse tempo, o país mudou emtodos os setores, diversificou e desen-volveu sua economia e melhorou con-sideravelmente a infra-estrutura deapoio à produção. Introduziram-seraças de melhor desempenho e novasforrageiras, aumentou-se expressiva-mente a proporção de pastagens culti-vadas; desenvolveu-se a pesquisaagropecuária e a indústria de insumos,ampliando os meios de controle dedoenças que provocam perdas no re-banho (...) Dado o caráter extensivoda exploração, pouco se conhece so-bre a realidade da nossa pecuária decorte, suas perdas e índices reais deprodução (Corrêa, 1986) (1).

A utilização de dados pouco consis-tentes denigre não apenas abovinocultura do Estado, mas a ima-gem dos produtores e profissionais daárea. Certamente, a informação deque os indicadores de produtividadeestão estagnados há décadas, princi-palmente quando comparados ao avan-ço incontestável da suinocultura e

O

1. Parte da dissertação apresentada para obtenção do Grau de Mestre em Agroecossistemaspelo engenheiro agrônomo Ulisses de Arruda Córdova, junto ao Centro de Ciências Agráriasda UFSC.

2. Nesse período o rebanho brasileiro passou de 34.392.000 para 118.086.000 cabeças.

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Agropec. Catarin., v.12, n.3, set. 1999 51

avicultura, não anima os poderes pú-blicos a investirem no setor.

O objetivo do presente artigo édiscutir esses indicadores, a partir deinformações trabalhadas do CensoAgropecuário 1995-1996 (2) e outrosmais recentes. E que, com a aproxi-mação da situação real, seja possívelplanejar melhor esse importante se-tor da economia catarinense que, ape-sar das dificuldades inegáveis, tam-bém registra um progresso técnicosignificativo.

Análise dos indicadores

Desfrute

A primeira polêmica é quanto aoverdadeiro desfrute3. Na tentativa deaproximar esse índice da realidadeextraíram-se dados do CensoAgropecuário de SC – 1985 (2) e che-gou-se à conclusão que o desfrute é deaproximadamente 16,6% para SantaCatarina e 18,6% para o Planalto Ca-tarinense (Tabela 1). Pelo CensoAgropecuário 1995-1996, o desfrute éde 20,4 e 19,3%, respectivamente(2).Registre-se que esses dados são rela-tivos, pois consideram o número decabeças e não estão convertidos paraunidades de peso vivo. Como os ani-mais vendidos e abatidos para consu-mo de carne normalmente são adul-tos e portanto mais pesados que amédia do rebanho, a transformaçãotenderia a elevar os índices de desfru-tes estimados.

Outra maneira de estimar o des-frute é através da produção interna decarne bovina no Estado. Conforme oInstituto Cepa/SC (1996) (3), em 1993foi de 99.000t ou equivalente a 471.429cabeças. Como o rebanho era de3.017.369 bovinos (4), chega-se a umataxa de extração de 15,92%. Conside-rando que nesse ano foi abatido paraconsumo nas propriedades o mesmoíndice de 1985 (Tabela 1), ou seja,3,17% o que representa 95.690 ani-

mais, e que o crescimento vegetativodo rebanho catarinense em relação a1992 foi -1,0% (negativo) 4, o desfrutealcança 17,8% 5. Portanto, um dadobem próximo àquele encontrado apartir dos dados do IBGE.

O Anuário Estatístico da ProduçãoAnimal – Anualpec de 1996 (5) estimaos seguintes desfrutes anuais paraSanta Catarina: 1987, 19,8%; 1988,20,8%; 1989, 21,6%; 1990, 22,0%; 1992,21,6%; 1993, 22,6%; 1994, 22,3%; 1995,22,7% e 1996, 23,0%. Mas provavel-mente nesse sistema de cálculo, emque o desfrute está definido tecnica-mente como a quantidade de tonela-das de carne equivalente produzidaspelo total de toneladas de carne equi-valente carcaça do rebanho5 , estãoincluídos os animais trazidos de ou-tros Estados para abate em SantaCatarina que, segundo o Instituto Cepa/SC (1996), em média chegam a 31,5%(3). Descontando esse percentual, odesfrute cai para 15,75% em 1996. Noentanto, utilizando o mesmo raciocí-nio do parágrafo anterior e dados com-plementares 6 do Anualpec (1996), odesfrute ajustado fica em 18,4% (5).

Informações obtidas junto a seisPlanos de Regiões Administrativas 7

da Epagri, que abrangem 43 e 44,6%da área e dos municípios de SantaCatarina, respectivamente, após se-rem trabalhadas, apontam uma taxa

de extração média de 18,2%, calcula-da em função do número de cabeçasabatidas, com exceção de CamposNovos, em que o dado básico eraprodução de carne.

O médico veterinário Jurandi Soa-res Machado (comunicação pessoal),técnico do Instituto Cepa/SC e comgrande experiência no acompanha-mento da bovinocultura de corte emSanta Catarina, estima que o desfrutedo Estado está entre 15 e 17%. Esteíndice se aproxima muito do desfrutebrasileiro, que é de 16,6% segundoGramático (1996) e 16,3% conformePitombo (1995), citando dados do Con-selho Nacional de Pecuária de Corte(6 e 7).

O crescimento do desfrute em San-ta Catarina e no Brasil foi detectadodesde 1987, embora a ascensão tenhainiciado ainda antes. Essa evolução éexplicada por ganho de produtividade(5). Segundo Fonseca (1969), o au-mento da taxa de natalidade e a dimi-nuição da idade de abate são as razõesprincipais da ampliação de tal índice(8). E isso provavelmente ocorreu noEstado.

Taxa de natalidade

Para a taxa de natalidade, o Insti-tuto Cepa/SC (1996b) apresenta dadoscalculados a partir de informações dos

Tabela 1 – Situação do rebanho bovino em Santa Catarina e microrregiões do PlanaltoCatarinense (cabeças) e os respectivos índices de desfrute (%)

Total

Desfrute(%)

Campos de Lages 373.052 71.232 4.700 20,3Campos de Curitibanos 328.196 59.864 3.635 19,3Planalto de Canoinhas 172.031 19.743 2.941 13,2Planalto Catarinense 873.279 150.839 11.276 18,6(A)

Santa Catarina 2.742.896 370.049 86.986 16,7

(A) (150.839 + 11.276)/873.279 = 18,6.Fonte: IBGE – Censo Agropecuário – 1985; com exceção da taxa de desfrute.

Microrregião eSanta Catarina

Efetivo Vendidos Abatidos

3. Entendendo como desfrute a taxa de extração (animais vendidos + consumidos) incorporada ao crescimento vegetativo do rebanho.4. Rebanho catarinense era de 3.047.147 e 3.017.369, em 1992 e 1993, respectivamente (9).5. Sistema de cálculo: [{(471.429 + 95.690)/3.017.369} – 1,0] x 100 = 17,8%.6. Rebanho de 3.054.444 e 3.038.272, em 1995 e 1996, respectivamente. Animais abatidos na propriedade aumentam em 3,17% e crescimento

vegetativo negativo reduz em –0,53, logo = 15,75 + (3,17 – 0,53) = 18,4%.7. Florianópolis, Urussanga, São Miguel do Oeste, Campos Novos, Canoinhas e Rio do Sul.

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Censos Agropecuários de 1980 e1985(9), em que os valores são de 62 e64,9%, respectivamente. O CensoAgropecuário 1995-1996 – na análisede resultados – registra que no anoagrícola 1995-1996 nasceram 669,9mil bezerros (2). Com base nessa in-formação, obteve-se uma taxa de na-talidade de 61,8%. O mesmo Progra-ma de Gestão Agrícola, citado anteri-ormente, obteve as seguintes taxaspara o município de Urupema (médiade doze propriedades): 67% para bovi-nos de corte e 72% para gado de leite,segundo a Epagri (10 e 11). Deve-seconsiderar que Urupema utiliza pas-tagem cultivada anual de inverno emescala bem maior que a média doPlanalto Catarinense, e que quandose trata de rebanho leiteiro a natali-dade normalmente é superior à dogado de corte. Além disso, os produto-res de leite usam mais tecnologia. Éprovável, por isso, que a taxa de nata-lidade média para Santa Catarina es-teja mais próxima daquela determi-nada a partir dos Censos Agropecuá-rios do que das observadas.

Ainda sobre a taxa de natalidade,os dados divulgados pela FNP (1996)permitem calculá-la utilizando-se asseguintes informações sobre o efetivodo rebanho: vacas e novilhas de 2 a 3anos existentes em 1994, 899.388 e242.606, respectivamente (5). Comono ano seguinte havia 628.024terneiros(as) até 1 ano, mesmosupondo que todas as novilhas eas vacas existentes no rebanhocatarinense tivessem sidoentouradas8, ainda assim a taxade natalidade alcança 55%. Po-rém, em média, 22,6% dos bovi-nos abatidos em Santa Catarinano período de 1984 a 1986, sobinspeção federal, eram vacas9

(12). Se para o ano de 1995 essepercentual fosse mantido (oentoure foi de 938.732 matri-zes), a taxa de natalidade esti-mada subiria para 66,9%. Por-tanto, muito superior aos 50%

divulgados e apregoados. Isso semconsiderar que grande parte das vacasgordas abatidas são prenhas.

Os dados da campanha contra afebre aftosa, desenvolvida pela Cidascem 1996(13), também permitem esti-mar a taxa de natalidade, principal-mente em função de sua granderepresentatividade (obtidos de formadireta junto a aproximadamente180.000 produtores). O relatório finalda Campanha de Abril de 1996 indicaa existência de 507.184 terneiros(as) ede 1.087.210 fêmeas com mais de 2anos de idade. Considerando que nasúltimas etapas da referida campanhao rebanho tenha se mantido estável ecom proporção semelhante de matri-zes, e ainda que o descarte seja de22,6%, a taxa de natalidade fica em60,3%.

Produção de leite

Os dados referentes ao desfrute e àtaxa de natalidade, estimados ou cal-culados a partir das fontes citadas,encontram-se resumidos na Tabela 2.Destaca-se a uniformidade dos valo-res encontrados para ambos os casos,em que a diferença entre o menor e omaior indicador encontrado não ul-trapassou 11%.

Sobre a atividade leiteira, comonão há distinção nítida entre os reba-nhos das diversas aptidões, estão in-

cluídos dados de gado misto ou mes-mo de corte10 na produtividade médiada produção. Isso não ocorre em ou-tros países que mantêm maior con-trole sobre seus rebanhos. Dessa for-ma é muito difícil estimar a produçãodos rebanhos selecionados para essafinalidade, pois as informações dispo-níveis consideram simplesmente aprodução total de leite em função donúmero de vacas ordenhadas.

Segundo o Instituto Cepa/SC(1996), em 1993 a produção foi de1.168kg/vaca/ano, sendo ordenhadas629.709 vacas leiteiras (3). Como em1995 havia 628.184 terneiros(as) (5), enesse período não houve alteraçãosignificativa no rebanho11, deveriahaver o mesmo número aproximadode vacas de cria. Conclui-se que todasas matrizes em lactação foram consi-deradas ordenhadas e leiteiras, o queindiscutivelmente não reflete a reali-dade.

O mesmo Programa de GestãoAgrícola desenvolvido pela Epagri ob-teve informações em 476 proprieda-des rurais em todas as regiões deSanta Catarina (com exceção do Lito-ral Centro). Os principais índices téc-nicos registrados estão expressos deforma resumida na Tabela 3 e, maisuma vez, mostram dados muito dife-rentes daqueles divulgados como ofi-ciais. É evidente que se trata de umnúmero pequeno de propriedades

8. Logicamente que esta é uma situação hipotética, pois grande parte das vacas são descartadas e vendidas para abate e embora a maioria dosprodutores entourem aos dois anos, existem exceções.

9. Deve-se considerar que os pequenos abatedouros e açougues trabalham preferencialmente com vacas, em função do menor preço de aquisição.10. Em todo o Planalto Catarinense é comum vacas de corte serem ordenhadas no período da manhã, durante os meses de primavera-verão.11. De 1993 a 1995, o efetivo de bovinos passou de 3.016.752 para 3.054.444.

Tabela 2 – Desfrute e taxa de natalidade estimados para Santa Catarina, segundodiversas fontes bibliográficas

Desfrute Natalidade

Índice Taxa

% Relativo % Relativo

Censo Agrop. 1985 16,6 100,0 Cidasc, 1996 (E) 60,3 100,0Instituto Cepa/SC, 1996 17,8 107,2 Censo Agrop. 1995-1996 61,8 102,5Epagri, 1996b e d(A) 18,2 109,6 FIBGE/Cepa/SC, 1996 (B) 64,9 107,6FNP – Anualpec, 1996 18,4 110,8 FNP/Anualpec, 1996 66,9 110,9Censo Agrop. 1995-1996 19,3 118,0 - 0 -

(A) Informações de Planos Regionais (taxa de extração).(B) Dado estimado pelo Instituto Cepa/SC.

Fonte e ano dasinformações

Fonte e ano dasinformações

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(aproximadamente 0,2% do total doEstado), embora o Programa tenhacomo uma de suas premissas básicastrabalhar com propriedades típicas decada atividade. Deve-se considerarainda que os beneficiários recebemassistência permanente e participa-ram de treinamentos profissiona-lizantes em administração rural e so-bre as principais atividades formado-ras da renda da propriedade. Isso cer-tamente tem grande influência para oalcance de tais índices.

Os índices da Tabela 3 certamenteestão acima da média do rebanhocatarinense, mas são importantes pordois motivos: primeiro, porque de-monstram bem o potencial dabovinocultura em Santa Catarina,quando os produtores recebem assis-tência técnica e capacitação; segundo,evidenciam a importância de se traba-lhar com dados adequados às ativida-des, pois a simples separação em bovi-nos misto e de leite muda completa-mente a significância dos valores deprodutividade. Informações sobre pro-dução leiteira, sem considerar a apti-dão dos rebanhos, têm uma validadequestionável para planejamentos eformulação de políticas para o setor.

Idade da primeira cobertura ede abate

Quanto à idade de cobertura e deabate, a maioria das propriedades si-tua-se no intervalo entre 26 e 30 e 36

Tabela 3 – Desfrute(A) , taxa de natalidade e produção de leite obtidos por produtoresbeneficiários do Programa de Gestão Agrícola em Santa Catarina

Aptidão zootécnica Desfrute(B) Taxa de natalidade Leitedo rebanho (%) (%) kg/vaca/ano

Planalto CatarinenseBovinos mistos 19,6 69,0 1.835Bovinos de leite 24,2 84,0 3.155Bovinos de corte - 67,0 -

Santa CatarinaBovinos mistos 21,5 76,4 1.500Bovinos de leite 25,5 77,6 3.430

Fonte: Adaptado da Epagri (1996b e c) (11 e 14).(A) O desfrute foi calculado dividindo-se o crescimento vegetativo do rebanho em quilo pelo

peso em quilo no início do período, multiplicado por 100. Crescimento vegetativo dorebanho = kg vendidos – kg comprados + kg final – kg inicial + kg de autoconsumo (14).

(B) Alguns dados que apresentavam desfrute superior a 30% e taxa de natalidade superiora 90% foram desconsiderados.

e 42 meses, respectivamente, emboranão haja informações estatísticas con-firmando esses patamares. As propri-edades que utilizam pastagem culti-vada conseguem índices bem melho-res, principalmente quanto à idade determinação.

Conclusões

Em função dos argumentos expos-tos, os principais indicadores técnicosda bovinocultura de Santa Catarina,se ajustados para os seguintes valo-res, deverão expressar de maneiramais fiel a realidade no Estado:

• desfrute: 16,6 a 18,0%;• taxa de natalidade: 60,0 a 63,5%;• Idade de entoure: 24 a 30 meses;• Idade de abate: 36 a 42 meses.• produção de leite (kg/vaca/ano):

embora não se tenham conseguidodados para determinar com precisãoaceitável para o Estado de SantaCatarina, os dados do Programa deGestão Agrícola gerenciado pelaEpagri permitem estimar:

- aptidão mista: 1.500 a 1.835;- aptidão leite: 3.000 a 3.430Conclui-se que os indicadores ofici-

ais de produtividade, referentes àbovinocultura, estão em desarmoniacom a realidade. Mesmo assim, consi-derando-se os valores levantados pelapresente pesquisa, há necessidade deincrementá-los para que a bovino-cultura catarinense se torne competi-tiva.

Literatura citada

01. CORRÊA, A.S. Pesquisa de corte: Proble-mas e perspectivas de desenvolvimen-to. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1986. 73p. (EMBRAPA-CNPGC). Documentos, 33).

02. CENSO AGROPECUÁRIO – SantaCatarina: 1995-1996. Rio de Janeiro:IBGE, v.21, 1997. 286p.

03. INSTITUTO CEPA/SC. Síntese anual daagricultura de Santa Catarina – 1996.Florianópolis, 1997. 152p.

04. IBGE. Pesquisa da pecuária municipal –1993 e 1994. Florianópolis, 1995. 61p.

05. FNP – Consultoria & Comércio.ANUALPEC 96; anuário estatístico dapecuária de corte. São Paulo. 1996. 1v.

06. GRAMÁTICO, A.A. Maior rebanho domundo, quer ser o melhor. MancheteRural, Rio de Janeiro, v.9, n.106, p.60,abr., 1996.

07. PITOMBO, L.H. Números da pecuária decorte brasileira. DBO Rural, São Paulo,v.14, n.185-A, (Ed. especial), p.12-32,fev., 1996.

08. FONSECA, J.C.S. Pecuária de corte, pos-sibilidade de melhoramento. Lages:ACARESC, 1969. 14p. (Mimeo).

09. INSTITUTO CEPA/SC. Informações dearquivo. Florianópolis, 1996. (Listagemde computador).

10. EPAGRI. Manual de referência de admi-nistração rural – 1993: índices técnicose econômicos de propriedades agrícolastípicas e de atividades, SC. Florianópolis.1996. 180p.

11. EPAGRI. Gerência de Economia Rural.Resultado de análise de grupo: propri-edade número 200224; município deUrupema, ano agrícola 1994/1995.Florianópolis, 1996. 10p. (Listagem decomputador).

12. ANUÁRIO ESTATÍSTICO. Brasília – 1986:Ministério da Agricultura/SecretariaNacional de Defesa Agropecuária, 1987.

13. CIDASC. Relatório da campanha contraFebre Aftosa: etapa abril/96. Floria-nópolis, 1996. 4p.

Ulisses de Arruda Córdova, eng. agr.,M.Sc., Crea-SC 17.299, Epagri/Escritório Localde Urupema, C.P. 020, fone (0XX49) 236-1177, fax (0XX49) 236-1166, 88645-000Urupema, SC; José Antônio Ribas Ribei-ro, eng. agr., Ph.D., Crea-RS 5.555, UFSC/Centro de Ciências Agrárias, C.P. 476, fone(0XX48) 234-2266, fax (0XX48) 234-2014,88040-900 Florianópolis, SC e Mário LuizVicenci, eng. agr., M.Sc., Crea-RS 15.959,UFSC/Centro de Ciências Agrárias, C.P. 476,fone (0XX48) 234-2266, fax (0XX48) 234-2014, 88040-900 Florianópolis, SC.

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“O que queremos que a‘criatura’ faça? Eu digo: Guerra ePaz! O resto fazemos nós.”

Com essa concepção sobre opapel do Estado, o professorAlcides Abreu evidencia o caráterpolêmico e genial de seupensamento.

Graduado em Direito (emFlorianópolis) há 49 anos, foi umdos primeiros catarinenses arealizar um doutorado de Estadona Universidade de Paris(Sorbonne) em princípios dos anos50.

Além de cristalizar sua imagemcomo um arquiteto de idéias,Alcides Abreu foi o responsávelmaior pela criação de instituiçõescomo o Besc, Udesc, Telesc,Companhia de Desenvolvimento doPlanalto (Brasília), dentre outras.

Exercendo atualmente asfunções de secretário executivo doConselho de Desenvolvimento doEstado de Santa Catarina, oprofessor (como se auto-intitula)reconhece que sua formação básicamuito se deve a um outro mestre –o russo branco Júlio Alexis Marx,vindo da Geórgia, no Mar Cáspio,em 1917 – que lecionava parajovens que rejeitavam o sistemaescolar seriado, em Bom Retiro,SC (terra natal do professor).

Influenciado pelas leituras dosclássicos – com destaque paraAristóteles e São Thomás deAquino - o professor acredita que“o ato realiza a potência” e que umpaís é fruto dos aspectosqualitativos da população e daterra + capacidade militar +estratégia competente.

Num encontro recheado demuita erudição e idéias polêmicas,o professor Alcides Abreu concedeuesta entrevista a Francisco daCunha Silva (da Epagri e daUFSC/CCA) que, junto com oengenheiro agrônomo GlaucoOlinger (amigo do professor hámais de 50 anos), partilhou de umexercício sobre os rumos dapesquisa e da extensão rural emSanta Catarina.

Entrevista

Professor Alcides Abreu: um construtor do futuroProfessor Alcides Abreu: um construtor do futuroProfessor Alcides Abreu: um construtor do futuroProfessor Alcides Abreu: um construtor do futuroProfessor Alcides Abreu: um construtor do futuro

é que a guerra de hoje não tem maisexércitos. É uma guerra sem solda-dos. Uma guerra já não mais inter-romperia a atividade agropecuária.Por outro lado, existem 220 regiõesorganizadas que participam efetiva-mente dos escalões decisórios daUnião Européia. Essas organizaçõesregionais têm o poder de veto àsdecisões centrais para o caso de umaguerra, por exemplo.

A boa vontade que eu vejo naUnião Européia, principalmente nospaíses líderes como Alemanha e In-glaterra, abre a perspectiva dessemercado adicional de 160 bilhões dedólares. Precisamos estar organiza-dos e responder, com competência, aessas demandas, na forma em queelas forem manifestadas e não naforma como nós achamos que elasdevam ser manifestadas.

RAC – Qual a competência dosetor produtivo brasileiro para com-petir nesse mercado, frente a outrasnações como a China, por exemplo?

Alcides Abreu – Essa é a minhapergunta! A China e a Índia somam2,5 bilhões de habitantes. Os pa-drões de consumo desses dois paísestambém evoluirão em função da di-nâmica globalizante. Poderemosquestionar: que poder aquisitivo têma China e a Índia para assumir oconsumo? A China é, hoje, a segundaeconomia do planeta em termos depoder de compra. E a Índia não ficamuito longe. Quando você destaca asdez maiores economias em termosde paridade de poder de compra, aChina só perde para os Estados Uni-dos. Em terceiro lugar vem o Japão.E esse mundo – formado pelos dezmaiores em paridade de poder decompra – tem o tamanho do outromundo. As economias ditas periféri-cas equivalem, todas juntas, às eco-nomias centrais, quando se apropriaa paridade de poder de compra. Oque nós poderemos suprir nessemercado será fruto de nossa compe-tência ao eleger os projetos e a lo-gística compatíveis com o mercado.

RAC – No contexto da sociedadecontemporânea, onde o processo deglobalização já permeia as múltiplasdimensões da vida humana, qual opapel destinado à agricultura?

Alcides de Abreu – Na Cimeira,realizada no Rio de Janeiro no final doúltimo mês de junho, um documentoapresentado pela delegação alemãpreconizava uma aceleração na redu-ção progressiva dos subsídios à agri-cultura européia. Isto significaria ummercado adicional imediato de 160bilhões de dólares – que é o subsídio.Aberto esse mercado o que faremosnós? Que tipo de proposta tem o Bra-sil, ou os catarinenses, se um merca-do de 160 bilhões de dólares surgircomo oportunidade adicional para pa-íses produtores de “bens de átomo”?

RAC – Em decorrência das penú-rias vividas pelos europeus nas duasGuerras Mundiais, os países da UniãoEuropéia consideram inegociável ovalor estratégico conferido às ativida-des agrícolas. Eles chegam a pagarpara os agricultores permaneceremno campo. Como é que eles admiti-riam a retirada dos subsídios?

Alcides Abreu – Esse é um argu-mento que nós estamos usando emvez deles. Não é o que consta dosdocumentos apresentados na Cimei-ra, como este da Alemanha. A verdade

“O futuro é uma construção. Sou

um daqueles que olha o mundo eacha que pode mudá-lo”

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RAC – A título de referência,vamos examinar o caso de um pe-queno país localizado no “outro ladodo mundo”: Nova Zelândia. Com umaárea duas vezes e meia à de SantaCatarina e uma população menor(3,7 milhões), detém uma agricultu-ra das mais competitivas do planeta,com um mínimo de subsídios. Asso-ciando eficiência econômica egerencial à preservação da nature-za, a agricultura neozelandesa colo-ca seus produtos nos quatro cantosdo mundo, inclusive em SantaCatarina. Vale destacar que tanto aNova Zelândia quanto a Austrália,com dimensões continentais, locali-zam-se no mesmo hemisfério que oBrasil, acirrando ainda mais seu po-der de competitividade para suprir omercado europeu, localizado no he-misfério norte. Como fica o nosso“poder de fogo” frente a este quadro?

Alcides Abreu – Qual o poderefetivo da Nova Zelândia em termosde mercado agrícola planetário? Se oBrasil realmente assumir uma polí-tica de desenvolvimento conseqüen-te, poderá alcançar uma economiade quase quatro trilhões de dólares(nosso PIB hoje é de 804 bilhões dedólares). E se Santa Catarina semantiver na mesma posição em re-lação ao país, nós teremos um produ-to interno da ordem de 160 bilhõesde dólares: atingindo, provavelmen-te, o limite nas formas tradicionaisde produção. Teríamos então queevoluir para o novo, para uma econo-mia sem átomos. Uma economiaapenas com dígitos, embora, nofinal e sempre, a mesa será servidapor átomos. A maneira de obter osátomos que irão à mesa é que passa-rá a ser digital: as tecnologias. Estouconsciente de que átomos ainda se-rão comidos pelas pessoas nos próxi-mos 50 anos. Apenas esses átomosserão produzidos com o máximo efei-to de produtividade, de qualidade, derespeitabilidade ambiental. Se aNova Zelândia conseguir chegar lá,por que nós não chegaremos? Sevocê apanha Santa Catarina e diz:“eu posso, neste espaço, com os do-mínios que eu já tenho, duplicar asafra de grãos”. Se for essa a saída.

Que tipo de agricultura nós podemosconceber e imaginar? Essa que esta-ria inserida, por exemplo, aos 160bilhões de dólares adicionais de mer-cado, para o qual nós temos umavocação. Em quanto tempo nós pode-ríamos participar deste mercado, emcondições que a nós convenha? Essaseria a proposta a apresentar a umgrupo de técnicos aptos e dispostos aformular uma agenda para a agricul-tura catarinense, para os próximos 20anos.

RAC – O modelo convencional dedesenvolvimento, a reboque da revo-lução industrial, aponta para uma so-ciedade cada vez mais urbanizada. Nasegunda metade do século XX opercentual da população catarinenseno campo caiu de 75 para 25%. Aredução ocorreu até mesmo em ter-mos absolutos. Em que medida estaeconomia digital intensificará aindamais o esvaziamento dos campos?

Alcides Abreu – Em termos decidade e campo, Santa Catarina é umacoisa só. As variáveis que,pretensamente, são do homem quevive na cidade, são também rurais, nocaso catarinense. Nós temos umagrande cidade no campo ou um grandecampo na cidade. É uma questão ape-nas de se introduzirem alguns poucoselementos, tais como uma escola-rização mais intensa em nível de 2ºgrau. Se nós conseguirmos colocar90% dos jovens rurais de 15 a 17 anosna escola secundária, teremos a cida-de no campo, definitivamente. Se fi-zermos uma ofensiva para colocar ocampo na internet, ele acessaria oúltimo grito da tecnologia.

RAC – Quando se trata de alimen-tos e de matérias-primas advindas daagricultura existem peculiaridades declima, solo e cultura que não se repro-duzem em outras regiões. É o caso dacerveja Guiness (na Irlanda),do scotch(Escócia), dos vinhos brancos (Vale doMosel), dos vinhos tintos (Bordeaux),dos queijo gruyere (nos Alpes Suíços),das tulipas holandesas, dentre outros.A maçã Fuji produzida na serra cata-rinense, por exemplo, dificilmente seráobtida no Vale do São Francisco. Es-

sas peculiaridades não implicam umalogística diferenciada em relação aoutros setores da economia?

Alcides Abreu – A logística podeser diferente. A demanda é que édiferenciada. São os tais nichos demercado. Para a uva que se produzno Mosel existe um mercado quepode permanecer mesmo numa Eu-ropa não-agrícola. É o caso dos rarosvinhos adquiridos por multimilio-nários. Em 1972 apareceu e circulouo livro “O Choque do Futuro”. Lá, oToffler dizia mais ou menos o se-guinte: bom seria se nós separásse-mos do planeta algumas áreas signi-ficativas que, como tais, permane-cessem ao longo do século que vem,para que tivéssemos consciência enoção do que tenha sido o mundo noséculo XX. E aí teríamos o vinho doMosel, a cerveja da Irlanda e outrasespeciarias típicas de determinadoslugares, como exemplo do passadoque foi. Numa população estabiliza-da em 10 bilhões de consumidores(patamar este calculado pelas Na-ções Unidas), poderíamos ter estetipo diferenciado de oferta, validadopor nichos de mercado.

RAC – Historicamente a agricul-tura “vem fornecendo o couro para acorreia do setor urbano industrial”.Aí está o Plano Real que se valeu daagricultura para garantir a estabili-dade da moeda. Este papel deveráainda vigorar no próximo milênio?

Alcides Abreu – A economiagira em função de algumas variá-veis. A intervenção na economia paramanipular uma ou outra variávelnão é legítima do ponto de vista dasociedade como um todo. Você nãopode privilegiar um setor em detri-mento dos demais. Há uma agênciano Brasil que decide quem vai ven-cer e quem não vai prosperar: oBNDES. Se você apanha 1 bilhão dedólares no BNDES e, em lugar deaplicá-los na Oderbrecht, divide em10 mil contratos, você viabilizaria amicroeconomia de pequenos negóci-os. Quanto tempo você levaria paramobilizar as pessoas a assumirem 10mil contratos na agropecuária? Quan-to tempo se levaria para que esse#

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capital fosse efetivamente alocadonas propriedades rurais e produzisseresultados? Eu faço um exercíciopara o caso catarinense: que tipo deprograma nós deveríamos criar paraalocar 20 bilhões de dólares na agri-cultura, em função das 180 mil pro-priedades rurais que nós imaginás-semos que devessem permanecer nocampo? Uma fábrica tem agora, den-tro dela, condições objetivas parapropor uma expansão e obter os mei-os para tanto. E a agricultura? Estápreparada para o mesmo propósito?Veja aquele trabalho que vocês pro-puseram no sentido de duplicar aprodução de milho em quatro anos.Em quanto tempo efetivamente estameta se concretizará? Em que área,com que produtividade e a que cus-to?

RAC – A capacidade do meio ru-ral em gerar oportunidades de traba-lho e renda a baixo custo; de propor-cionar uma qualidade de vida me-lhor não implica outras dimensõesalém da econômica?

Alcides Abreu – De 1980 a 2000a economia brasileira zerou. A nossarenda per capita permaneceu prati-camente a mesma nos últimos 20anos. Nos anos 70 a economia brasi-leira cresceu 8% ao ano. Lembro-mebem que, no final dos anos 60, eracomum o recrutamento de pessoaldo meio rural para novos postos detrabalho nas fábricas de Blumenau,Joinville, Jaraguá do Sul, Brusque,dentre outros pólos. Não foi um êxodorural propriamente dito. Mas sim,uma oportunidade nova, adicional,numa economia em fase de expan-são. Nesses últimos 20 anos, en-quanto a economia brasileira cresciaa uma taxa bruta de 1,7% ao ano, acatarinense atingiu o nível de 3,7%.Temos aí mais uma prova do diferen-cial catarinense. No cenário brasi-leiro deu nisso que aí está: os mi-lhões de desempregados. Quantaspessoas nós estamos diplomando, porano, em Santa Catarina? Em tornode 10 mil. Nossa sociedade já temmais de 100 mil diplomados (cursosuperior) disponíveis. Multiplicaram--se também os egressos do 2 o grau. E

com qual perspectiva de emprego?Uma empresa rural é igual a umafábrica: pronta para aumentar seufaturamento em função da incorpora-ção de tecnologia e de algum espaçoadicional. Tomei conhecimento quesão 10 mil os certificados expedidospelas escolas técnicas de agricultura.Será que eles se capacitariam a serempresários rurais? Voltando à análi-se de um passado recente vale assina-lar, mais uma vez, que nos últimos 20anos chegamos praticamente à falên-cia nacional. Não conseguimos criarcondições objetivas de chegar ao ano2020 com 4 trilhões de dólares de PIB.Isto significaria crescer à razão de80% do nosso crescimento dos anos 70durante os próximos 20 anos. Tenhoaqui na revista “The Economist” umartigo demonstrando que, de 1975 a1997, a taxa média de crescimento daparidade de poder de compra no Brasilfoi de 4,4% ao ano. Isto com duasdécadas terríveis (anos 80 e 90) nomeio! Se nós crescêssemos 7% ao ano,nas próximas duas décadas, chegaría-mos aos 4 trilhões de dólares de PIB,

RAC – Será o crescimento econô-mico suficiente para proporcionar umavida mais afluente? Tomemos o casoda Europa Ocidental que, entre 1973 e1995, não gerou nenhum novo empre-go, apesar do seu crescimento econô-mico. Com compatibilizar crescimen-to econômico com distribuição de ri-queza?

Alcides Abreu – Existe um famo-so “outdoor” veiculado na Europa, ondeum casal alemão, um de frente para ooutro, caracteriza um ambiente deabsoluta falta de diálogo (estão mu-dos). Em baixo uma legenda anunci-ando: Europa 2010. Haveria, portan-to, apenas pessoas idosas, olhandouma para outra, sobrevivendo com asaltas pensões (“wellfare state”), en-quanto o país importa de 25 a 30milhões de trabalhadores para man-ter seu fluxo de expansão. Qual aorigem do segundo maior investimen-to no Brasil? É a Espanha, onde existea maior taxa européia de desemprego.A Espanha superou todos os outrosinvestidores estrangeiros no Brasil. Amaior vergonha brasileira é a con-

centração de renda. Se você a derru-ba, você muda o país! Veja este ma-terial que recortei da internet: aAlemanha exportou no mês de junhode 1999 47 bilhões de dólares. Igualàs exportações brasileiros duranteum ano!

Como explicar que um país (Ale-manha) que tem os maiores custossociais seja o segundo maior expor-tador do mundo? Só perde para osEstados Unidos, que é uma situaçãoanômala. E por falar em anomalia,vejamos algumas das distorções dapolítica tributária brasileira.

Em 1998 a economia brasileiratransferiu aos cofres públicos 42% doPIB de 804 bilhões de dólares! Quemficou com esse dinheiro? A Uniãoficou com 70%, os Estados com 26%e apenas 4% destinaram-se aos mu-nicípios que, um última análise, fo-ram os grandes responsáveis pelariqueza gerada. De cada 100 dólaresgerados pela economia brasileira ogoverno fica com 42. Presumidamen-te eles deveriam retornar à socieda-de. No entanto, o que volta aos mu-nicípios não passa de 4,3%. E se apirâmide fosse invertida: 70% para abase e 30% para o topo? Aí você diria:Mas não daria para fazer usinas elé-tricas, estradas, portos... e deveria?pergunto eu! O que queremos que a“criatura” (União) faça? Eu digo,Guerra e Paz. O resto fazemos nós!

RAC – Na esteira do liberalismoe do conseqüente “enxugamento” damáquina estatal, qual a perspectivapara os serviços de pesquisa e exten-são rural em Santa Catarina?

Alcides Abreu – Certa ocasiãoouvi uma palestra que afirmava oseguinte: “A riqueza americana estána prancheta do pesquisador”. Quan-do visitei a Universidade de Stanford,na Califórnia, ela possuía um orça-mento para pesquisa superior ao or-çamento do Estado de SantaCatarina. Nos Estados Unidos exis-tem 600 laboratórios aos quais setransferem meios em função de pro-gramas que criam, demandando re-cursos. Esses 600 laboratórios secredenciam perante a sociedadeamericana para descobrir as coisas e

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fazer as coisas. Por que não aqui?Durante 20 anos participei domestrado em Direito na UFSC. Fize-mos 200 dissertações. Essas disser-tações mudaram o que na sociedadebrasileira? O cristal líquidopesquisado na universidade mudouo quê? Quanto estamos gastando empesquisa e com que efeitos? Houveum momento em que o CNPq defi-niu que o Brasil precisaria de 500 milcientistas. E com a proposta obteverecursos internacionais para susten-tar o programa de formação de 500mil cientistas. Eu levei a sério essaproposta na minha área, que é asocial. E fiz uma proposta para umprograma quadrienal na área do Di-reito. A lei é um grande instrumentode transformação. E resultou emquê? Quantos, desses 500 mil cien-tistas, foram formados? Eu diria quetemos hoje em Santa Catarina aoredor de 10 mil cientistas que, nasuniversidades e um pouco fora delas,se candidatam a construtores do fu-turo. E quais as propostas de pesqui-sa que eles geraram para SantaCatarina? Os 600 laboratórios ame-ricanos que juntam milhares de pes-quisadores têm suas propostas.Quando marcaram a data para che-gar à lua, eles se puseram a campo.Que tipo de problema estamos que-rendo resolver aqui? Vamos nos de-ter na proposta concreta da duplica-ção da produção de milho.

Tenho comigo o trabalho do arrozirrigado do Dr. Kurtz 1, da Epagri. Hácoisa mais bonita do que isto? Mas,ao invés de exportarmos arroz,estamos importando 3 milhões detoneladas. Eu vi embalagens de 200gramas de arroz, embalado em papelcartonado, na Suíça, denotando serum produto nobre. Qual o percentualdo nosso PIB que está sendo investi-do em pesquisa? Não mais que 2%.Para quem tirou 42% da sociedade! Épreciso transformar empresas depesquisa, tipo Epagri, em tão boaspostulantes de recursos quanto aOderbrecht. A Oderbrecht como umsímbolo! É preciso chegar ao agentefinanceiro do governo (BNDES, porexemplo), credenciado pela compe-tência, com uma proposta capaz desensibilizar a sociedade. Se houver

amanhã uma mudança na economiabrasileira o que nós vamos fazer? Em1961 foi feito o primeiro empréstimono BID para o Dieter Schmitt, daFundação Tupy, em Joinville. O BIDmal estava saindo das fraldas e elepróprio, Dieter Schmitt, já estavabatendo à sua porta com um projeto.A Tupy é hoje o que é por aquele gesto,que resultou naquele grande comple-xo industrial, localizado no bairro BoaVista. Se a economia brasileira mudaramanhã, o que é que a agricultura vaifazer? Acho excelente que se tenhaum programa florestal para geraçãode renda nas pequenas unidades agrí-colas. Mas isto não deve impedir aformação de grandes complexos flo-restais. São duas coisas que devemandar simultaneamente. A florestaempresarial é também uma novaOderbrecht. Uma certa vez visitei umbanco na cidade norte-americana deFreemont (30 mil habitantes e 42 miltelefones). Passei uma manhã noNational Bank of Freemont. Haviadois gerentes. O gerente de campotinha uma agenda diária, como umextensionista de vocês, para acompa-nhar a execução dos seus financia-mentos e verificar os problemas.

RAC – Há uma tendência mundialde considerar os pequenos empreen-dedores como elementos fundamen-tais para irrigar o tecido social. Cadavez mais estão assumindo relevantepapel na geração de riqueza e bem--estar. Por que essa tendência aindanão se consolidou no campo?

Alcides Abreu – Trata-se de umaquestão de preparo. O campo, de umamaneira geral, não fez nem o 1º grau.As pessoas no campo estão tão beminformadas quanto às das cidades.Mas não sabem como transformaraquilo que lhes chega em informaçãoem ação concreta. Eu consegui listartudo o que se oferece de recursos parafazer coisas. A Caixa Econômica Fede-ral tem 16 programas; o Badesc tem25; o BNDES tem tudo o que se possaimaginar: desde um programamultissetorial, capaz de mudar a carade qualquer pequeno e médio municí-pio, a investimentos para uma fábricade automóveis. Eu ainda me lembrodo primeiro empréstimo que fizemos

no Besc (na época, BDE), na linhaindustrial. A análise feita resultouno seguinte diagnóstico: se conce-dermos os 5 mil cruzeiros solicita-dos, o empresário quebra. Com 6 milele prospera. Se você tiver o projeto,está equacionado e resolvido o pro-blema. Esse era o perfil de nossaproposta no início dos anos 60: umprojeto municipalizado, envolvendocomunidades ativas. E, agora, o go-vernador Esperidião Amim acres-centa o socialmente sustentável. É aidéia de desenvolvimento local inte-grado, socialmente sustentável, in-dicando o comprometimento com aidéia do emprego e não com as tec-nologias substitutivas do emprego.

RAC – Qual deveria ser o papelda Epagri nesse contexto?

Alcides Abreu – A Europa vailibertar-se dos subsídios. Aí está odesafio para uma instituição como aEpagri para identificar e propor ascondições de nos inferir no contextoque vai surgir. Tanto de mudançainterna quanto de visão mundial notocante a commodites nobres, quesão os átomos de comer. Propondoassim uma política de tecnologia parainovar e expandir. Em princípio, aque-le que seria um usuário potencial datecnologia nem sempre tem consci-ência da sua utilidade. Aquele geren-te do banco em Freemont, que junta-va capacidade decisória em termosde dinheiro e capacidade técnica dever e propor o que precisa. O agentede extensão tem, portanto, que tercompetência para viabilizar o negó-cio agrícola. Vamos ao nosso créditorural. O extensionista que tinha com-petência, ao visitar o agricultor, deidentificar gargalos tecnológicos ti-nha, ainda que de forma indireta,competência para definir o crédito.Não seria o caso de fazer uma cha-mada geral dos cientistas para, emcentros de excelência, articularem--se com técnicos com competênciapara decidir na área rural?

Tenho comigo uma relação de385 projetos – numa lista preliminar– capazes de gerar emprego e renda.No entanto, é imperativo e urgentemudar, via reforma tributária, a con-figuração do passeio do dinheiro.

o

1. Arroz Irrigado em Santa Catarina – A contribuição da Epagri. José Oscar Kurtz (1999).

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OPINIÃO

Carcinicultura:Carcinicultura:Carcinicultura:Carcinicultura:Carcinicultura:atividadeatividadeatividadeatividadeatividade

emergente noemergente noemergente noemergente noemergente noSul CatarinenseSul CatarinenseSul CatarinenseSul CatarinenseSul Catarinense

Inácio Trevisan

região da Amurel, localizadano Litoral Sul Catarinense,

abriga uma população de 312.258 ha-bitantes, sendo que 84% desta popu-lação reside no meio rural. Os princi-pais produtos agrícolas desta zonaagroecológica são arroz, batata, fumo,banana e a mandioca. Explora-se tam-bém a bovinocultura, a avicultura e oreflorestamento. Os dados do IBGEmostram que em Santa Catarina arenda do meio rural é inferior à domeio urbano. Nos municípios litorâ-neos do Sul de Santa Catarina arenda per capita encontra-se abaixoda média. Dentro deste contexto,explorando a diversidade natural daregião, o cultivo do camarão, isto é, acarcinicultura, é uma atividade eco-nômica potencial para as regiões deLaguna, Imaruí, Imbituba eJaguaruna. Corroborando com esta

expectativa obser-va-se que o consu-mo mundial de pes-cados e frutos domar vem aumen-tando considera-velmente, princi-palmente devido àcondição de seremprodutos saudá-veis. E nestas con-dições a aqüicul-tura apresenta-secomo atividade su-pridora desta de-manda.

Segundo os da-dos levantados pela Epagri (1997),aproximadamente 13% das proprieda-des se dedicam à cultura da mandiocae quase 10%, ao cultivo de cereais,principalmente o arroz. A outra ativi-dade importante no sul de SantaCatarina é a exploração dabovinocultura de leite. Em relação àmaricultura, a pesca extrativa, anual-mente, vem diminuindo na região eaumentando o desemprego. Os siste-mas produtivos com maior renda naoperação agrícola (ROA) na regiãosão: fumo, bovinocultura de leite, ar-roz, avicultura e olericultura. Anali-sando-se estes produtos observa-seuma margem bruta (R$/ha) para amandioca de 1.093; para o arroz, 1.352;

para o leite, 1.956 e para ofumo, 3.345. Entretanto,para a carcinicultura estamargem é de 4.239 reais porhectare.

Trabalhos desenvolvidosna Região Sul comprovamas potencialidades daaqüicultura. O repovoa-mento da Lagoa deIbiraquera, em Imbituba, eda Lagoa do Noca, em Lagu-na, são iniciativas bem suce-didas e já concretizadas quedemonstram o interesse dascomunidades locais na bus-ca do desenvolvimento sus-tentável. O acompanhamen-

to técnico e econômico de três fazen-das de carcinicultura no municípiode Laguna está confirmando a ativi-dade como ótima alternativa.

A potencialidade do cultivo de ca-marão na região da Amurel, a médioe longo prazo, é de mais de 8ha. Estaatividade poderá gerar na região oequivalente a mais de 3 mil empre-gos diretos e incrementar anualmenteuma renda bruta na região de 112milhões de reais. A carciniculturadesenvolvida com tecnologia e co-nhecimento atenderá as premissasdo desenvolvimento comsustentabilidade. Por exemplo, o mu-nicípio de Laguna possui a menorrenda per capita da Amurel e um altoíndice de desemprego, mas emcontrapartida apresenta o maior po-tencial da região para o cultivo decamarão.

O desafio que se apresenta para omomento, com esta nova atividade, éo de profissionalizar agentes técni-cos para dar o apoio tecnológico fun-damental para o desenvolvimento dacarcinicultura, com sustentabilidadeeconômica, social, tecnológica eambiental.

Inácio Trevisan, eng. agr., M.Sc., Cart.Prof. 2.033-P, Crea-RS, Epagri/Gerência

Regional de Tubarão, C.P. 301, fone/fax(0XX48) 626-0577, 88701-260 Tubarão, SC.

A

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CONJUNTURA

Código de DefesaCódigo de DefesaCódigo de DefesaCódigo de DefesaCódigo de Defesado consumidor:do consumidor:do consumidor:do consumidor:do consumidor:

nove anosnove anosnove anosnove anosnove anosprotegendo oprotegendo oprotegendo oprotegendo oprotegendo o

cidadãocidadãocidadãocidadãocidadãoPaulo Sergio Tagliari

dia 11 de março de 1991 pode serconsiderado uma data memorá-

vel para a sociedade brasileira. Foi quan-do entrou em vigor o Código de Defesa doConsumidor – CDC, uma compilação deleis que estavam esparsas e que agoraformam um bloco único e sólido. Muitosnão sabem, mas o Código brasileiro é umdos mais avançados do mundo, pois osjuristas e especialistas que o elabora-ram basearam-se no que há de maismoderno e eficiente nas legislações euro-péia, norte-americana e de outros paísesdesenvolvidos, bem como nas experiên-cias adquiridas ao longo de anos de prá-tica aqui no Brasil. Hoje a Argentina, oUruguai, o Paraguai, nossos vizinhos doMercosul, estão tentando atualizar suaslegislações com base no nosso Códigopara não ficarem atrás na corrida daqualidade e competitividade dos produ-tos e serviços. O CDC, além de ampliare aprimorar a defesa dos direitos docidadão, do consumidor brasileiro, temproporcionado a empresas, fabricantes,fornecedores, atacadistas, bancos, inclu-sive empresários e produtores rurais,entre outros, um poderoso instrumentonormatizador das relações de consumoque força o aprimoramento constante,melhorando os níveis de qualidade dosprodutos e serviços postos à disposiçãodos consumidores.

Com a criação do CDC os consumido-res ganharam um grande aliado, e istopropiciou o surgimento em diversos Es-tados de entidades civis de defesa doconsumidor. Ao mesmo tempo, desper-tou e reanimou as associações de donasde casa que andavam meio paradas eque agora conseguiram um novo ânimopara continuar seu importante trabalhode esclarecimento, campanhas contraabusos de preços e serviços, e assim pordiante. Muito importante também foi acriação dos serviços estaduais de defesado consumidor, os Procons, que ano apósano vêm se ampliando, não só pelos Es-tados, mas também em diversos muni-cípios pelo Brasil afora. No âmbito inter-nacional, existe uma entidade, aConsumers international, com sede naHolanda, que congrega importantes en-

tidades nacionais pelo mundo, e, no Bra-sil, o Instituto Brasileiro de Defesa doConsumidor – Idec é um dos seus afilia-dos. Recentemente, para congregar e for-talecer as entidades civis estaduais, foicriado o Fórum Nacional de EntidadesCivis de Defesa do Consumidor, coordena-do atualmente pelo Idec, que tem sede emSão Paulo. Em Santa Catarina, o Comitêde Defesa do Consumidor Organizado –Deconor e a Associação de Donas de Casade Defesa do Consumidor – Adocon sãomembros atuantes do Fórum, participan-do em campanhas, informando os consu-midores, protestando contra abusos e tra-balhando em conjunto com o Procon esta-dual, a OAB/SC e o Ministério Público.

O cidadão brasileiro hoje em dia, semdúvida alguma, está melhor amparadolegalmente do que há 10, 15 ou 20 anos. AImprensa também tem sido uma grandealiada do consumidor, divulgando os seusdireitos, mostrando a importância do CDCe incentivando cada pessoa a ser seu pró-prio fiscal, lutando pelos seus direitos. Eo resultado aí está. Os consórcios de carrose outros bens já estão respeitando mais osconsorciados, acabando com os habituaisabusos, as lojas estão mais cuidadosas navenda dos seus produtos, recebendo devolta os aparelhos defeituosos, os bancoscomeçam a devolver poupanças retidaspor ocasião dos Plano Verão, Collor, etc.,os alimentos nos supermercados já vêmda indústria rotulados contendo informa-ções cada vez mais detalhados sobre oproduto, tais como composição, data defabricação, prazo de validade, etc. Não sóo setor privado tem se adequado ao Códi-go, também as empresas públicas de ener-gia elétrica, água, telefone, etc. estão pro-curando oferecer mais e melhores serviçosaos seus clientes. A qualidade dos alimen-tos tem sido um item fundamental para oconsumidor. Com base no CDC, os órgãosde vigilância sanitária estão atentos,alertando os produtores a elaborar seusalimentos com cuidados especiais de higi-ene e segurança, beneficiando o consumi-dor e o próprio produtor, que assim agregamais valor ao seu produto pela elevação dequalidade.

Um dos trabalhos mais interessantesque algumas entidades estão desenvol-vendo, notadamente o Idec e mais outrasque pertencem ao Fórum (com a possívelparticipação do Deconor e da Adocon),num futuro próximo, diz respeito às pes-quisas de qualidade dos produtos. Paraque as donas de casa, os consumidores emgeral possam conhecer melhor as caracte-rísticas de determinado alimento ou equi-pamento, são escolhidos produtos (um oudois por mês) de larga utilização pelapopulação, tais como café, leite, pastadental, aparelhos elétricos, etc. Estes pro-dutos são rigorosamente testados em

laboratórios oficiais e particulares dereconhecida capacidade e idoneidade.Quando algumas marcas apresentaremalgum defeito ou má qualidade, o fabri-cante ou fornecedor serão alertados e arevista mensal do Idec, a ConsumidorS.A., divulgam à população. Aquelaspessoas que têm acesso à Internet tam-bém podem buscar estas informaçõesnos sites das entidades de defesa doconsumidor. Vale registrar que tambémo Instituto Nacional de Metrologia –Inmetro, entidade federal responsávelpelas medições gerais dos produtos (peso,volume, etc.) e fiscalização da regulagemde aparelhos medidores, vem realizandoavaliações de equipamentos e divulgan-do seus resultados via imprensa.

O direito à informação é uma dasmaiores vitórias para o consumidor, gra-ças ao nosso Código. E cada vez que umproduto chega ao mercado, seja ele novoou aperfeiçoamento ou modificação deum anterior, cabe ao fabricante prestartoda a informação disponível, inclusivealertando sobre potenciais riscos à saú-de e à segurança do consumidor. Umexemplo disso é o recente caso dos cha-mados produtos transgênicos, que estãolevantando grande polêmica no mundotodo. As entidades dos consumidores,frente às incertezas ainda quanto à se-gurança destes produtos, usando o bomsenso, estão cautelosas. Para protegeros direitos do consumidor, o Ministérioda Justiça, alertado pelas entidades ci-vis de defesa do consumidor, e pelosProcons, e respaldado pelo nosso Código,determinou que os alimentos modifica-dos geneticamente, os transgênicos, de-vam ser rotulados, ou seja, no produtodeve estar escrito claramente a sua na-tureza, composição, etc., bem como ospotenciais riscos à saúde e à segurançado consumidor. Isto é o que está registra-do no Artigo 31 do Código e, na verdade,vale para todo tipo de produto, sejatransgênico ou não. Portanto, além de terresguardados os seus direitos, o consu-midor passa a ter mais informações so-bre os novos produtos e o direito de esco-lha para poder decidir seguramente en-tre as alternativas que lhe são ofertadas.

Já são nove anos desde o estabeleci-mento do nosso Código de Defesa doConsumidor e, como se viu, inúmerosbenefícios foram ofertados aos cidadãosbrasileiros. Novos desafios aos direitosdo consumidor certamente virão pelafrente, e a sociedade brasileira deve es-tar ciente da existência e importânciavital do nosso CDC, unindo-se parapreservá-lo, defendê-lo e, se possível,também aprimorá-lo ainda mais.

Paulo Sergio Tagliari, eng. agr., M. Sc.,presidente do Deconor,Cart. Prof. 2782-DCrea-SC, Epagri, C.P. 502, fone (00XX48)239-5608, 88034-901 Florianópolis, SC.

O

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VIDA RURALSOLUÇÕES CASEIRAS

As frutas possuem sabor agradável eatraente e são excelentes fontes de vita-minas e minerais, essenciais ao bomfuncionamento do nosso organismo. Sãoprodutos que estão disponíveis em gran-de quantidade em época de safra, quan-do é necessária a sua transformaçãopara o consumo familiar na entressafra,evitando com isso o desperdício e propor-cionando um meio de aumentar a rendafamiliar. Uma das formas apropriadasé a transformação em geléia, que é umproduto obtido da combinação de sucodas frutas com açúcar.

Para haver geleificação, que vai darconsistência à geléia, é necessário que apectina, a acidez (pH) e a quantidade deaçúcar estejam equilibradas. As frutasnão devem estar muito maduras, devemestar com boa apresentação de cor, aro-ma e sabor. O açúcar completa, junta-mente com a pectina e a acidez, as condi-ções para haver geleificação. São utiliza-dos nas geléias a glicose e/ou o açúcarcomum, que também servem comoconservantes.

Quando utilizar açúcar, colocar 1kgpara 1 litro de suco de fruta. Quandoutilizar glicose, colocar 700g de açúcar e300g de glicose para 1 litro de suco. Aglicose é extraída do milho. Ela ajuda aconservar os doces, dá melhor cor e brilhoao produto, evita a formação de cristaise tem sabor menos doce que o açúcar.

A geleificação requer uma acidezmédia, ou seja, um valor de pH 3,1 a 3,4.Acima deste pH a geléia fica mole, en-quanto que abaixo fica dura, conforme

Figura 1. O excesso de acidez pode sercorrigido com a diluição do suco em água e,para a falta de acidez, adicionar suco delimão no final do processamento.

Importância da pectina

A pectina é uma substância encontra-da nos vegetais; é ela quem dá consistên-cia gelatinosa às geléias. Encontra-se napolpa das frutas, perto da casca, ao redordas sementes e caroços, principalmentenas frutas mais verdes Para saber se afruta é rica ou pobre em pectina, faça oseguinte teste: use 1 colher de suco dafruta e 1 colher de álcool e misture. Seformar gel firme, a fruta é rica em pectina;se formar pouco gel, a fruta tem qualidademédia em pectina; e se não formar gel, afruta é pobre em pectina.

As geléias feitas com sucos de frutaspobres em pectina resultam em um produ-to mole, sem a consistência própria degeléia, devendo ser adicionada a pectinaindustrial ou caseira. A pectina caseira(de maracujá ou de outras frutas) deveráser utilizada de acordo com o resultado doteste: teor rico - não acrescentar pectina;teor médio - acrescentar 200ml; teor pobre- 300ml/litro de suco.

Pectina de maracujá

Ingredientes: maracujá, água e limão.Tecnologia de fabricação: cortar e reti-

rar as sementes de maracujás firmes ebem lavados; colocar as cascas numa pa-nela, adicionar água e ferver até a polpa

amolecer; retirar a polpa, bater no liqüi-dificador e medir (para cada copo depolpa, usar 2 copos da água em que foramfervidas as cascas); adicionar 2 colheres(sopa) de suco de limão, levar ao fogonovamente e ferver por 10 minutos; dei-xar esfriar, coar, fazer o teste da pectinae armazenar.

Ponto da geléia

A geléia deve ficar pronta entre 30 e45 minutos. Uma forma de observar oponto é colocar 1 colher da mistura numprato, levar ao congelador e deixar atéesfriar: se formar uma consistência gela-tinosa, a geléia estará pronta. Ou, colo-car 1 colher de geléia em 1 copo com água.Se a geléia for até o fundo e não espalhar,estará pronta.

Nota: Retirar a panela do fogo en-quanto esperar o resultado do ponto.

Colocar a geléia quente nos vidrosquentes, tampar e virar o vidro (com atampa para baixo) por 3 minutos.Desvirar e não mexer até esfriar.Etiquetar e armazenar em local adequa-do.

Nota: Se o vidro não tiver tampa,usar parafina alimentícia.

Geléia de uva

Ingredientes: suco de uva, açúcar epectina, se necessário.

Tecnologia de fabricação: medir o sucode uva; acrescentar 50% do açúcar; levarao fogo; quando adquirir consistência,acrescentar o restante do açúcar e apectina; cozinhar até o ponto, embalar eetiquetar.

Geléia de banana

Ingredientes: suco de banana, açú-car, limão, pectina.

Tecnologia de fabricação: medir o suco(banana cozida em água e coada); acres-centar 50% do açúcar; levar ao fogo; quan-do adquirir consistência, acrescentar orestante do açúcar; adicionar a pectinano final do processamento, cozinhar atédar ponto, embalar e etiquetar.

Nota : Para mais orientações, parti-cipe dos Cursos de Profissionalização daIndústria Artesanal de Alimentos, daEpagri, fone (0XX48) 239-8074.

Como aproveitar as frutasComo aproveitar as frutasComo aproveitar as frutasComo aproveitar as frutasComo aproveitar as frutasno preparo de geléiasno preparo de geléiasno preparo de geléiasno preparo de geléiasno preparo de geléias

Grau de geleificação

Uniformidade Rigidez dada estrutura estrutura

Concentração Acidez Concentraçãode pectina (%) de açúcar (%)

0,5 1,0 1,5 pH 64,0 67,5 71,0

Ótimo (depende do Geléia Ótima Formaçãotipo de pectina) mole de cristais

2,7 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,7

Geléia mole Ótima Geléia dura

t t

t

t

t

t

t

ttt

t

t

t

t

Figura 1 – Influência dos componentes básicos de uma geléia no grau de geleificação

Fonte: Rauch, 1970, citado por Cetec.